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Dez características de Realismo e Naturalismo em Os Maias

1. Realismo e Naturalismo têm em comum a conceção de uma literatura que


representa, essencialmente, a realidade objetiva do seu tempo.

2. Ambas as correntes têm na origem práticas vindas das ciências naturais,


nomeadamente a prática da observação e da análise, transpostas em literatura para
a sociedade.

3. O Naturalismo privilegia a análise minuciosa e imparcial de personagens ou de


franjas sociais problemáticas, como a realidade da pobreza ou da prostituição. Veja-
se, no JHC, a posição de Carlos da Maia sobre o mundo da prostituição lisboeta.

4. No sentido de levarem a cabo a análise referida, ambas as estéticas dão grande


visibilidade à descrição.

5. Esta análise passa também pela preocupação de facultar o máximo de informação


sobre as personagens, com indicações minuciosas de hábitos, comportamentos,
conflitos íntimos, espaços frequentados ou habitados.

6. O romance naturalista apresenta personagens determinadas ou controladas pela


hereditariedade, pelo meio social e pela educação recebida. Os comportamentos das
personagens explicam-se – cientificamente – a partir dessas condicionantes.

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7. O romance realista não vai tão longe neste âmbito. Forças – de natureza irracional
ou trágica – irrompem e determinam o percurso das personagens: Carlos da Maia,
apesar da educação recebida, falha: é o seu destino.

8. O narrador do romance realista ou naturalista carateriza-se pela imparcialidade –


ao contrário do narrador do romance romântico.

9. Esta imparcialidade apresenta como uma das suas marcas o recurso ao discurso
indireto livre.

10. Ambas as escolas literárias apresentam uma «finalidade social e didática», pois
procuram apresentar aspetos da realidade tal como ela é, não recuando perante a
exibição de chagas sociais, no sentido de o leitor tomar delas consciência e da
necessidade de transformar a sociedade.

Síntese elaborada a partir de Conceição Jacinto e Gabriela Lança, Os Maias – Eça de Queirós – Análise da
obra, Porto, Porto Editora, 2014, p. 30 a 34, de Amélia Pinto Pais, História da literatura em Portugal – Volume 2 –
Época romântica, Porto, Areal Editores, 2004, p. 123 a 126, e de Carlos Reis, Português – 3º volume – Do
Romantismo ao Realismo, Lisboa, Ministério da Educação e Ciência, 1980, p. 81 a 84.

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