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ESCOLA SUPERIOR PEDAGÓGICA DO CUANZA NORTE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS

TRABALHO DE FÍSICA MODERNA

Tema: Equação de Schrödinger.

O docente
Juan Rodriguez , Msc.

N´dalatando, Dezembro de 2023


ESCOLA SUPERIOR PEDAGÓGICA DO CUANZA NORTE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS

TRABALHO DE FÍSICA MODERNA

Tema: Equação de Schrödinger.

 Equação de Schrödinger em uma dimensão, poço quadrado infinito, poço


quadrado finito, oscilador harmônico simples, valores esperados e operadores, e
por fim, reflexos e transmissão de ondas.

4º Ano de Matemática- Regular


Grupo nº: 03
Integrantes
1- Amândio Tito Filipe
2- Benedito de Alvantino Lucas Francisco
3- Divaldo Augusto Fernando
4- Domingos Fernando Manuel
5- Gilda Jorge João
6- Joana Cahote Vicente
7- Machado de Barros
8- Stewart Miguel Arnaldo

O docente
Juan Rodriguez , Msc.

N´dalatando, Dezembro de 2023


Sumário

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ ii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
Equação de Schrödinger ............................................................................................................. 2
Normalização e Probabilidade ............................................................................................... 2
Propriedades de Funções de Onda Válidas........................................................................... 3
Poço quadrado infinito .............................................................................................................. 4
Poço quadrado finito ................................................................................................................... 6
Coeficiente De Transmissão (T) ............................................................................................. 8
Coeficiente de Reflexão (R) .................................................................................................... 8
Valores esperados e operadores ............................................................................................... 10
Operadores............................................................................................................................. 11
O Oscilador Harmônico Simples ............................................................................................. 13
Reflexão e Transmissão de Ondas ........................................................................................... 17
Degrau de Potencial .............................................................................................................. 18
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 24
DEDICATÓRIA

Aos nossos familiares, pessoas que nos apoiam de forma direita ou indiretamente, que
sempre estão ao nosso lado ajudando-nos a viver a vida com dignidade e honestidade.

i
AGRADECIMENTOS

À Deus Omnipotente e condutor por excelência da história dos homens na Educação.


A todos atores de educação (líderes espirituais, professores, gestores, alunos, pais e
encarregados de educação) com os quais nos cruzamos ao longo do nosso percurso
formativo, instrutivo e educacional.
Ao professor, Juan Rodriguez, pelo desafio que nos propôs para a realização deste
trabalho, visto que contribuiu de forma significativa no engrandecimento das nossas
capacidades investigativas.
Agradecemos aos colegas pelo esforço e destreza demonstrados, a todos que contribuíram
para a realização deste trabalho.

ii
INTRODUÇÃO

Quando se estuda a mecânica quântica, um dos temas interessante é aquele voltado ao


estudo das partículas. Para se descrever matematicamente o movimento de uma partícula
como o electrão, é necessário definir-se uma função que está associada a uma onda não
estacionária em três dimensões. Esta função, conhecida como função de onda, relaciona
os aspectos corpusculares e ondulatórios do electrão.
O modelo atómico de Schrödinger ou a equação de Schrödinger é uma forma de
descrever o átomo mediante a mecânica quântica. O autor do modelo atómico ou da
equação de Schrödinger é o cientista e físico austríaco Erwin Schrödinger, este mesmo
cientista teorizou que os comportamentos dos elementos dentro de átomos poderiam ser
explicados ao tratá-los matematicamente como ondas de matéria.
Neste trabalho, a partir das nossas investigações, buscamos compreender a equação de
Schrödinger em uma dimensão, poço quadrado infinito, poço quadrado finito, oscilador
harmônico simples, valores esperados e operadores, e por fim, reflexos e transmissão de
ondas.

1
Equação de Schrödinger

Para se descrever matematicamente o movimento de uma partícula como o electrão, é


necessário definir-se uma função ψ = ψ (x, y, z, t) que está associada a uma onda não
estacionária em três dimensões. Esta função, conhecida como função de onda, relaciona
os aspectos corpusculares e ondulatórios do electrão. Na verdade, a intensidade da função
de onda, |ψ| 2, representa a densidade da probabilidade de encontrar o electrão numa
dada posição do espaço.
A função de onda ψ é governada pela equação de Schrödinger
ħ2 2 𝜕𝜓
_ 𝛥 𝜓 + 𝐸𝑝𝜓 = 𝑖ħ
2𝑚 𝜕𝑡
onde Ep é a energia potencial na região considerada, = h / 2π e m é a massa da partícula
associada com esta função de onda. ∂ψ ∂t representa a derivada parcial* da função de
onda em ordem ao tempo, e ∇2ψ é o chamado laplaciano de ψ. A sua expressão depende
do sistema de coordenadas que estiver a ser utilizado. Em coordenadas cartesianas temos
∇2ψ = ∂2ψ/ ∂x2 + ∂2ψ/ ∂y2 + ∂ 2ψ/ ∂z2, onde ∂2 ψ/ ∂x2 é a segunda derivada parcial de ψ
em ordem a x.

Em geral, a função de onda ψ depende das variáveis x, y, z e t, isto é,


ψ = ψ (x, y, z, t). Para simplificar a análise seguinte, iremos considerar que a
variação de ψ com y e z é desprezável, e que temos ψ = ψ (x, t). Neste caso, a
equação de Schrödinger toma a forma
ħ2 𝜕 2 𝜓 𝜕𝜓
_ 2
+ 𝐸𝑝𝜓 = 𝑖ħ
2𝑚 𝜕𝑥 𝜕𝑡
Uma partícula livre move-se sem sofrer a ação de qualquer força, ou sentir o efeito
de qualquer energia potencial. Assim, a equação que governa a evolução da sua
função de onda é obtida da equação de Schrödinger fazendo Ep = 0 :
ħ2 𝜕 2 𝜓 𝜕𝜓
_ = 𝑖ħ
2𝑚 𝜕𝑥 2 𝜕𝑡
Esta equação tem como solução geral a função:
Ψ (x, t) = Ae-i(ωt-kx) + Be-i(ωt+kx) =A[cos (kx-ɷt) +isen(kx- ɷt)].

Normalização e Probabilidade

Se a energia potencial for conhecida, pode utilizar-se a equação de Shrödinger para se


obter a função de onda. Como esta é uma equação diferencial, a sua solução geral
depende de constantes de integração. Uma das condições que nos vai permitir
determinar o valor dessas constantes está relacionada com o significado físico da
função de onda. Na verdade, como já foi referido, a intensidade da função de onda

2
representa a densidade de probabilidade de se encontrar a partícula numa dada
posição. Admitamos que a figura seguinte mostra a variação da densidade de
probabilidade em função da distância x para uma determinada partícula.

Sendo |ψ|2 uma densidade de probabilidade, podemos afirmar que a probabilidade


de a partícula se encontrar num intervalo dx em torno da posição x é dada por |ψ|2 dx .
Isto significa que a probabilidade de a partícula se encontrar entre x1 e x2 é obtida de
x2
∫ |ψ|2 𝑑𝑥
x1

Obviamente, quando neste integral x1 = -∞ e x2 = +∞ , obtém-se a probabilidade de


a partícula se encontrar algures no universo. Essa probabilidade tem que ser igual a 1.
A condição
∞ ∞
∫−∞ |ψ|2 𝑑𝑥=∫−∞ ψ∗ 𝜓 𝑑𝑥 = 1

É conhecida como condição de normalização da função de onda.

Propriedades de Funções de Onda Válidas

Condições para a função de onda:


1. Para evitar probabilidades infinitas, a função de onda deve ser
finita em todos os pontos.
2. A função de onda deve ter um valor único (“single valued”).
3. A função de onda deve ser diferenciável duas vezes. Isto significa
que ela e suas derivadas devem ser contínuas. (Uma exceção
para esta regra ocorre quando o potencial V é infinito.)
4. Para normalizar uma função de onda, ela deve se aproximar de
zero quando x vai a infinito.
Nota: Soluções que não satisfazem estas propriedades em geral não correspondem a
situações fisicamente realizáveis.

3
Poço quadrado infinito

Consideremos agora uma partícula que se move livremente no interior de uma caixa
unidimensional de lado L e paredes perfeitamente rígidas e elásticas (as colisões da
partícula com as paredes são elásticas). As paredes desta caixa são obviamente uma
barreira ao movimento da partícula. Atendendo a que, por convenção, energias
potenciais positivas referem-se a fenómenos repulsivos, podemos associar o efeito
destas paredes a energias potenciais positivas infinitas. Por outro lado, como se
admite que a partícula se move livremente no interior da caixa, a energia potencial
nessa região deverá ser zero. Esta situação pode ser ilustrada pela figura seguinte

De acordo com a filosofia clássica, uma partícula no interior de uma caixa como esta
iria simplesmente mover-se de um lado para o outro, sem estar sujeita a qualquer
discretização da sua energia. Como veremos, a situação é muito diferente quando se
analisa este problema usando a mecânica quântica.
Admitamos que a partícula tem massa m, energia E e momento p = 2mE. Como a
energia potencial para 0 < x < L é zero, podemos afirmar que a função ψ(x) nessa
região é a que está associada a uma partícula livre:

ψ(x) = Aeikx + Be-ikx

onde k = √2mE /ℏ
Obviamente, a partícula não pode estar localizada no exterior da caixa, o que significa
que a função de onda toma o valor zero nessa região. Como a função de onda é uma
função contínua, isto obriga a que

ψ (o)=0
ψ (L)=0
Estas duas expressões (condições fronteira), vão permitir determinar o valor das
constantes A e B. Efetivamente, substituindo a função ψ (x) encontrada nas
expressões acima, leva a
A+B=0
√2𝑚𝐸𝐿 √2𝑚𝐸𝐿
A℮𝑖 ℏ + B℮−𝑖 ℏ =0

4
O que permite concluir que B = -A e*
√2𝑚𝐸𝐿
Asin [ ] =0

√2𝑚𝐸𝐿
As soluções não triviais desta equação são obtidas quando sin [ ]= 0 , isto é,

quando
√2𝑚𝐸𝐿
= nπ , n = 1,2,3,...

o que significa que a energia da partícula em causa pode tomar apenas os valores
𝑛2 𝜋 2 ℏ2
En = , n= 1,2,3,...
2𝑚𝐿2

Como pode ser facilmente verificado, a energia da partícula cresce com n. O valor
𝜋 2 ℏ2
menos elevado é obtido da equação anterior substituindo n por 1, sendo igual a E1 = 2𝑚𝐿2 .
O estado da partícula correspondente a este valor de n é conhecido como estado base. O
primeiro estado excitado está associado com n = 2, e tem uma energia quatro vezes mais
elevada do que a energia do estado base. A figura seguinte mostra o diagrama de níveis
de energia para a partícula considerada.

A função de onda correspondente a estes valores de energia é


𝐸𝑛 𝑡
𝑛𝜋𝑥
ψ(x,t)=2iA℮−𝑖 ℏ sin [ ] , n = 1,2,3,...
𝐿

A constante A pode ser determinada através da condição de normalização da função


de onda. Na verdade, sendo a distribuição de probabilidade da localização da partícula
dada por |ψn (x, t)|2 , devemos garantir que

∫−∞ |ψ𝑛 (x, t)|2 𝑑𝑥 = 1

Substituindo a função de onda encontrada na equação anterior, leva a


2
|2iA|=√𝐿

5
2
Admitindo que iA é um número real positivo, teremos então 2iA =√𝐿

2 𝑛𝜋𝑥
ψ(x,t)= √𝐿 sin [ ] , n =1,2,3,...
𝐿

A figura seguinte mostra a variação de ψ com x para alguns valores de n.

É interessante verificar que estas formas de onda são as obtidas para uma corda a
vibrar com as extremidades fixas.

Poço quadrado finito

Nesse exercício, estudaremos os estados estacionários de uma partícula de massa m e


energia E num poço de potencial quadrado finito unidimensional de largura 2a e
profundidade V0. Isto é,
−𝑉0 , 𝑠𝑒 − 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑎
V(x) = {
0 , 𝑠𝑒 𝑥 > 𝑎 𝑜𝑢 𝑥 < −𝑎
Analisaremos duas situações distintas: (a) o caso E> 0, onde há um contínuo de estados
e (b) a situação em que V0 < E < 0, onde temos estados ligados, com energias
quantizadas.
Notação:
 “Região I”: região correspondente a 𝑥 < −𝑎. Denotaremos a função de onda da
partícula nessa região por ψI(x);
 “Região II”: região correspondente a −𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑎. Denotaremos a função de onda
da partícula nessa região por ψI I(x);

6
 “Região I I I”: região correspondente a 𝑥 > 𝑎. Denotaremos a função de onda da
partícula nessa região por ψI I I(x);

PRIMEIRO CASO: E> 0


Nas regiões I e I I I, V (x) = 0 e a equação de Schrödinger independentemente do tempo
é:
ħ2 𝜕2 𝜓 𝜕𝜓
_ = 𝑖ħ 𝜕𝑡 (1.1)
2𝑚 𝜕𝑥 2

Ambas as funções ℮𝑖𝑝𝑥 e ℮−𝑖𝑝𝑥 , com

2𝑚𝐸
𝑝=√ (1.2)
ℏ2

satisfazem (1.1), de modo que as soluções são combinações lineares de ℮𝑖𝑝𝑥 (que
representa uma onda plana propagando da esquerda para a direita) e ℮−𝑖𝑝𝑥 (que
representa uma onda plana propagando da direita para a esquerda):
ψI(x)=A1℮𝑖𝑝𝑥 + B1℮−𝑖𝑝𝑥 (1.3)

ψI I I(x) = A3℮𝑖𝑝𝑥 + B3℮−𝑖𝑝𝑥 (1.4)


É importante notar que, uma vez escolhido que a partícula se desloca da esquerda para a
direira1 o primeiro termo do lado direito da equação (1.3) representa a onda incidente no
poço, enquanto que o segundo termo representa a componente refletida pelo poço. Já em
(1.3), o primeiro termo do lado direito da equação nos dá a onda transmitida pelo poço e,
assumindo que a partícula não sofre mais nenhuma reflexão nessa última região, devemos
ter B3 = 0.
Já na região I I, V (x) = -V0 e a equação de Schrödinger independentemente do tempo
fica
ħ2 𝜕2 𝜓
_ + 𝑉0𝜓 = 𝐸𝜓(𝑥) (1.5)
2𝑚 𝜕𝑥 2

Nesse caso, a solução é dada por


ψI I(x) = A2℮𝑖𝑝̃𝑥 + B2℮−𝑖𝑝̃𝑥 , (1.6)
onde

2𝑚(𝐸+𝑉0 )
𝑝̃ =√ (1.7)
ℏ2

Juntando as equações (1.3), (1.4) e (1.6) encontramos a forma geral da função de onda
de uma partícula com E < 0 num poço quadrado finito:

7
A1℮𝑖𝑝𝑥 + B1℮−𝑖𝑝𝑥 , 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 𝑎
𝜓(𝑥) = {A2 ℮𝑖𝑝̃𝑥 + B2 ℮−𝑖𝑝̃𝑥 , 𝑠𝑒 − 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑎 (1.8)
A3 ℮𝑖𝑝𝑥 , 𝑠𝑒 𝑎 ≤ 𝑥
Para determinarmos os coeficientes A1 a B3 de (1.8), precisamos usar as condições de
continuidade da função de onda e sua primeira derivada: 𝜓(𝑥) é uma conção contínua e
bem comportada (não diverge) em todo o espaço, logo ela deve ser contínua em x=a e
em x = -a :

 Em x=a : ψI I(a)= ψI I I(a) ⇒ A2 ℮𝑖𝑝̃𝑎 + 𝐵2 ℮−𝑖𝑝̃𝑎 = A3 ℮𝑖𝑝𝑎 (1.9)


 Em x=-a : ψI (-a)= ψI I(-a) ⇒ A1 ℮ −𝑖𝑝𝑎 𝑖𝑝𝑎
+ B1 ℮ =A2 ℮ −𝑖𝑝̃𝑎
+ 𝐵2 ℮𝑖𝑝̃𝑎 (1.10)
Do mesmo modo, para a primeira derivada de ψ(x):
𝒅ψI I (x) 𝒅ψII I (x) 𝑝
Em x=a | = | ⇒ A2 ℮𝑖𝑝̃𝑎 − 𝐵2 ℮−𝑖𝑝̃𝑎 = 𝑝̃ A3 ℮𝑖𝑝𝑎 (1.11)
𝒅𝒙 𝒙=𝒂 𝒅𝒙 𝒙=𝒂

𝒅ψI (x) 𝒅ψII (x) 𝑝̃


Em x= -a | = | ⇒ A2 ℮−𝑖𝑝̃𝑎 − 𝐵2 ℮𝑖𝑝̃𝑎 = 𝑝 [A2 ℮−𝑖𝑝̃𝑎 − 𝐵2 ℮𝑖𝑝̃𝑎 ]
𝒅𝒙 𝒙=−𝒂 𝒅𝒙 𝒙=−𝒂

As equações (1.9), (1.10), (1.11) e (1.12) definem um sistema de equações, cuja solução pode
ser facilmente encontrada após um pouco de álgebra:
̃ −𝑝)𝑎
℮𝑖(𝑝 2
A1 = A2 2𝑝(𝑝̃+𝑝) [4𝑝̃𝑝 cos(2𝑝̃𝑎) − 2𝑖(𝑝
̃ + 𝑝) sin(2𝑝
̃𝑎)] (1.13)

𝑝̃−𝑝
B1 = i A2 ℮𝑖(𝑝̃−𝑝)𝑎 sin(2𝑝
̃ 𝑎) (
𝑝
) , (1.14)

𝑝̃−𝑝
B2 = A2 ℮2𝑖𝑝̃𝑎 ( ̃+𝑝) e (1.15)
𝑝

̃
2𝑝
A3 =A2 ℮𝑖(𝑝̃−𝑝)𝑎 ( ̃+𝑝) . (1.16)
𝑝

Uma vez encontrados os coeficientes (1.13) a (1.16), podemos calcular os coeficientes de reflexão
e transmissão do poço, os quais estão relacionados, respectivamente, com as probabilidades da
partícula, vindo de x →-∞, ser refletida pelo poço ou atravessá-lo.

Coeficiente De Transmissão (T)

O coeficiente de transmissão é dado

𝐴 2
T = |𝐴3 | (1.17)
1

e levando (1.13) e (1.16) em (1.17), obtemos


4𝑝̃2 𝑝2
T=4𝑝̃2 𝑝2 +(𝑝̃2 −𝑝2)2 𝑠𝑖𝑛2 (2𝑝̃𝑎) (1.18)

Coeficiente de Reflexão (R)


O coeficiente de reflexão é dado por

8
𝐵 2
R = |𝐴1 | (1.19)
1

e levando (1.13) e (1.14) em (1.19), obtemos


(𝑝̃2 −𝑝2 )2 𝑠𝑖𝑛2 (2𝑝̃𝑎)
R = 4𝑝̃2 𝑝2+(𝑝̃2−𝑝2 )2 𝑠𝑖𝑛2 (2𝑝̃𝑎) (1.20)

Note que R +T = 1, conforme esperado.

SEGUNDO CASO: -V0 <E < 0


Vamos agora supor que a energia da partícula é negativa, E = -│E│, com 0 <E<V0.
Nesse caso, aparecerão estados nos quais a partícula encontra-se aprisionada no poço, os
estados ligados. Veremos que os níveis de energia dos estados ligados são quantizados.
Os passos para o cálculo da função de onda da partícula nesse caso são análogos àqueles
mostrados na seção anterior, de modo que não serão esmiuçados novamente aqui.
Resolvendo a equação de Schrödinger em cada uma das três regiões (regiões I, I I e I I
I) do potencial, encontramos a seguinte forma geral para os estados estacionários com
V0 < E < 0:
𝐶1 ℮𝑘𝑥 + 𝐷1 ℮−𝑘𝑥 , 𝑠𝑒 𝑥 ≤ −𝑎
𝜑(𝑥) = {C2 ℮𝑖𝑘̃𝑥 + D2 ℮−𝑖𝑘̃𝑥 , 𝑠𝑒 − 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑎 , com
𝐶3 ℮𝑘𝑥 + 𝐷3 ℮−𝑘𝑥 , 𝑠𝑒 𝑎 ≤ 𝑥

2𝑚│E│
𝐾=√ , (2.1)
ℏ2

2𝑚(𝑉0 −│E│)
𝑘̃ =√ ℏ2
, (2.2)

e C1, C2, C3, D1, D2 e D3, constantes a serem determinadas. Como a função de onda
não pode divergir nos limites x ⟶ ∞ e x ⟶ −∞ , devemos ter, necessariamente D1 = 0
e C3 = 0. Portanto,

𝐶1 ℮𝑘𝑥 = 𝜑1 (𝑥), 𝑠𝑒 𝑥 ≤ −𝑎
𝜑(𝑥) = {C2 ℮𝑖𝑘̃𝑥 + D2 ℮−𝑖𝑘̃𝑥 = 𝜑2 (𝑥), 𝑠𝑒 − 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑎 (2.3)
𝐷3 ℮−𝑘𝑥 = 𝜑3 (𝑥), 𝑠𝑒 𝑎 ≤ 𝑥
𝑑𝜑(𝑥)
Das condições de continuidade de 𝜑(𝑥) e sua primeira derivada tanto em x = a
𝑑𝑥
quanto em x = -a, encontramos o seguinte sistema de equações

9
̃ ̃
𝐶1 ℮−𝑘𝑎 = C2 ℮−𝑖𝑘𝑎 + D2 ℮𝑖𝑘𝑎
C2 ℮𝑖𝑘̃𝑎 + D2 ℮−𝑖𝑘̃𝑎 = 𝐷3 ℮−𝑘𝑎
𝜑(𝑥) = ̃
𝑖𝑘 Cuja a solução nos dá:
𝐶1 ℮−𝑘𝑎 = [C2 ℮−𝑖𝑘̃𝑎 − D2 ℮𝑖𝑘̃𝑎 ]
𝑘
̃𝑎 𝑖𝑘
{ C2 ℮
𝑖𝑘
− D2 ℮−𝑖𝑘̃𝑎 = ̃
𝐷3 ℮−𝑘𝑎
𝑘

̃
2𝑖𝑘
𝐶1 = C2 ℮(𝑘−𝑖𝑘̃)𝑎 (𝑘+𝑖𝑘̃) , (2.4)

̃
𝑘+𝑖𝑘 ̃
𝑘−𝑖𝑘
D2 = −C2 ℮2𝑖𝑘̃𝑎 (𝑘−𝑖𝑘̃) =−C2 ℮−2𝑖𝑘̃𝑎 (𝑘+𝑖𝑘̃) , (2.5)

̃
2𝑖𝑘
𝐷3 = −C2 ℮(𝑘+𝑖𝑘̃)𝑎 (𝑘−𝑖𝑘̃ ), (2.6)

e, como podemos concluir por (2.5), uma equação transcedental que relaciona k e 𝑘̃:

̃ 2
𝑘−𝑖𝑘 ̃
𝑘−𝑖𝑘
℮4𝑖𝑘̃𝑎 =(𝑘+𝑖𝑘̃) ⇒ ℮2𝑖𝑘̃𝑎 = ± (𝑘+𝑖𝑘̃) (2.7)

O coeficiente C2, por sua vez, é determinado normalizando da função de onda,


∞ −𝑎 𝑎 ∞
∫−∞ |φ(x)|2 𝑑𝑥 = 1 ⇒ ∫−∞ |𝜑𝐼 (x)|2 𝑑𝑥 ⇒ ∫−a |𝜑𝐼𝐼 (x)|2 𝑑𝑥 ⇒ ∫a |𝜑𝐼𝐼𝐼 (x)|2 𝑑𝑥 = 1

Valores esperados e operadores

O objetivo de toda teoria científica é explicar observações experimentais. Na mecânica


clássica, as soluções teóricas quase sempre envolvem o cálculo da posição de uma ou
mais partículas em função do tempo. Nos sistemas microscópicos, porém, efeitos
ondulatórios tornam isso impossível; temos que nos contentar com o cálculo da função
de onda Ψ(x, t) e da função distribuição de probabilidade |Ψ(x, t)|2. O máximo que
podemos conhecer a respeito da posição de uma partícula é a probabilidade de que uma
medição forneça um certo valor de x. O valor esperado de x é definido através da
equação.
+∞
〈x〉 = ∫−∞ 𝜓 ⋇ (𝑥, 𝑡)𝑥𝜓(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑥 (3.1)

O valor esperado de x é o valor médio de x que esperamos obter quando medimos a


posição de um grande número de partículas descritas pela mesma função de onda Ψ(x,
t). Como vimos, para uma partícula em um estado de energia definida, a distribuição de
probabilidade é independente do tempo. Nesse caso, o valor esperado de x é dado por:
+∞
〈x〉 = ∫−∞ 𝜓 ⋇ (𝑥)𝑥𝜓(𝑥) 𝑑𝑥 (3.2)

10
Assim, por exemplo, no caso de um poço quadrado infinito, é fácil mostrar por simetria
(ou por cálculo direto) que 〈x〉 = L/2, o ponto correspondente ao centro do poço. O valor
esperado de qualquer função f(x) é dado por:
+∞
〈 f(x)〉 = ∫−∞ 𝜓 ⋇ f(x)𝜓 𝑑𝑥 (3.3)

O valor esperado de 〈𝑥 2 〉 para um poço quadrado infinito de largura L, por exemplo,


pode ser calculado usando a Equação (3.3).
𝐿2 𝐿2
〈𝑥 2 〉 = −
3 2𝑛2 𝜋 2
Note que o resultado de uma medida não tem necessariamente uma alta probabilidade de
ser igual ao valor esperado. No caso de um elétron em um poço quadrado infinitoem um
estado com n par, por exemplo, a probabilidade de que x = L/2 é nula porque a função de
onda sen(nπx/L) = 0 para x =L/2. Mesmo assim, 〈x2〉 = L/2, já que a função de
probabilidade ψ*ψ é simétrica em relação ao centro do poço. Não se esqueça de que o
valor esperado é o valor mais provável da média de muitas medições.

Operadores
Se pudéssemos expressar o momento p de uma partícula em função de x, poderíamos
calcular o valor esperado do momento, 〈𝑥 2 〉, usando a Equação (3.3) . Entretanto, isso é
impossível, já que, de acordo com o princípio de indeterminação, os valores de x e p não
podem ser determinados com precisão absoluta no mesmo instante. Assim, para calcular
〈p〉, precisamos conhecer a função de distribuição para o momento. Esta função pode ser
determinada a partir da função de onda ψ(x) usando os métodos de análise de Fourier.
ħ 𝜕
Também é possível calcular 〈p〉 usando a Equação (3.4), na qual ( 𝑖 𝜕𝑥) é um operador
matemático que age sobre a função de onda para produzir a componente x do momento.

+∞ ħ 𝜕
〈𝑃〉 = ∫−∞ 𝜓 ⋇ ( ) 𝜓 𝑑𝑥 (4.1)
𝑖 𝜕𝑥

Da mesma forma, o valor esperado do quadrado do momento, 〈𝑃2 〉, pode ser calculado
usando a equação
+∞ ħ 𝜕 ħ 𝜕
〈𝑃2 〉= ∫−∞ 𝜓 ⋇ ( 𝑖 𝜕𝑥) ( 𝑖 𝜕𝑥) 𝜓 𝑑𝑥 (4.2)

Note que, quando calculamos o valor esperado de uma grandeza, o operador que
representa essa grandeza age sobre a função ψ(x, t) e não sobre a função ψ*(x, t); a
posição correta do operador é entre ψ* e ψ. Este fato é irrelevante quando o
operador é uma constante ou uma função multiplicativa, mas pode se tornar
extremamente importante quando o operador inclui uma derivação, como é o caso
do operador momento. No caso do poço quadrado infinito, sabemos de antemão,
sem necessidade de realizar nenhum cálculo, que 〈𝑝2 〉 = 2mE, já que, nesse caso, E e
ħ 𝜕
p não variam com x no interior do poço e E = 𝑝2 /2m. A grandeza ( 𝑖 𝜕𝑥), que opera
sobre a função de onda na Equação (4.1) , é chamada operador momento e
representada pelo símbolo 𝑃𝑜𝑝 :

11
ħ 𝜕
𝑃𝑜𝑝 = (4.3)
𝑖 𝜕𝑥

Como por exemplo temos:


Valores Esperados de p e 𝑝2 Determine os valores de 〈p〉 e 〈𝑃2 〉 para a função de
onda do estado fundamental do poço quadrado infinito.
SOLUÇÃO Podemos ignorar a variação de Ψ com o tempo e escrever:

𝐿
2 𝑛𝑥 ħ 𝜕 2 𝑛𝑥
〈𝑃〉 = ∫ (√ sin ) ( ) (√ sin ) 𝑑𝑥
0 𝐿 𝐿 𝑖 𝜕𝑥 𝐿 𝐿

ℏ2𝜋 𝐿 𝑛𝑥 𝑛𝑥
〈𝑃〉 = ∫ ( sin ) ( cos )dx =0
𝑖𝐿𝐿 0 𝐿 𝐿

Como a probabilidade de que a partícula esteja se movendo no sentido positivo do eixo x


é igual à probabilidade de que esteja se movendo no sentido oposto, o momento médio é
nulo.

ℏ 𝜕 ħ 𝜕 𝜕2 𝜓 𝜋2 2 𝜋𝑥 ℏ2 𝜋 2
( ) 𝜓 = -ℏ2 𝜕𝑥 2 = −ℏ2 (− 𝐿2 √𝐿 sin )= 𝜓
𝑖 𝜕𝑥 𝑖 𝜕𝑥 𝐿 𝐿2

ℏ2 𝜋 2 𝐿 ∗ ℏ2 𝜋 2
〈𝑃2 〉 = ∫ 𝜓 𝜓𝑑𝑥 =
𝐿2 0 𝐿2
Por dedução, E1 = ħ2π2/2mL2, temos, como havíamos antecipado, 〈p2〉 = 2mE
A equação de Schrödinger independente do tempo pode ser escrita em termos de pop:
1
(2𝑚) 𝑃𝑜𝑝 2 𝜓(𝑥) + 𝑉(𝑥)𝜓(𝑥) = 𝐸𝜓(𝑥) Em que
ℏ 𝜕 ℏ 𝜕 𝜕2 𝜓
𝑃𝑜𝑝 2 𝜓(𝑥) = [ 𝜓(𝑥)]= -ℏ2 𝜕𝑥 2
𝑖 𝜕𝑥 𝑖 𝜕𝑥

Na mecânica clássica, a energia total H(x, t), expressa em termos das variáveis que
representam a posição e o momento, é chamada de função hamiltoniana: H = 𝑃2 /2m + V.
Substituindo o momento pelo operador momento, 𝑃0𝑝 , e supondo que o potencial não
varia com o tempo, obtemos o operador hamiltoniano, representado pelo símbolo 𝐻𝑜𝑝 :
2
𝑃𝑜𝑝
𝐻𝑜𝑝 = + 𝑉(𝑥)
2𝑚
Nesse caso, a equação de Schrödinger independente do tempo pode ser escrita na forma
𝐻𝑜𝑝 𝜓) = 𝐸𝜓
A vantagem de escrever a equação de Schrödinger desta forma é que fica mais fácil
generalizá-la para problemas mais complicados, como o de várias partículas em
movimento no espaço tridimensional: para obter o operador hamiltoniano do sistema,
simplesmente escrevemos a energia total do sistema em termos da posição e do momento
e substituímos as variáveis que representam o momento pelos operadores apropriados.

12
O Oscilador Harmônico Simples

Um dos problemas resolvidos por Schrödinger em seus primeiros artigos sobre


mecânica ondulatória foi de uma partícula sujeita ao potencial do oscilador harmônico
simples, como o de um pêndulo, que é dado por
1 1
V(x)=2 𝑘𝑥 2 = 2 𝑚𝜔2 𝑥 2

em que K é a constante de força e 𝜔 é a frequência angular de oscilação, definida por


ω=(K/m)1/2 = 2πf. A solução da equação de Schrödinger para este potencial é
particularmente importante porque pode ser aplicada a problemas como o da vibração de
moléculas em gases e sólidos.
Na mecânica clássica, uma partícula sujeita a este tipo de potencial fica em equilíbrio na
𝑑𝑦
origem (x = 0), em que V(x) é mínima e a força Fx = - 𝑑𝑥 é nula. Quando é afastada da
posição de equilíbrio, a partícula passa a oscilar entre x = -A e x = +A, os pontos nos
quais a energia cinética é nula e a energia total é igual à energia potencial. Estes pontos
são conhecidos como pontos de retorno clássicos. A distância A está relacionada à energia
total E através da equação
1
E=2 𝑚𝜔2 𝐴2

Classicamente, a probabilidade de que a partícula seja encontrada no intervalo dx é


proporcional ao tempo que a partícula passa nesse intervalo, que é igual a dx/v. A
velocidade da partícula pode ser calculada a partir da lei de conservação da energia:
1 1
𝑚𝑣 2 + 2 𝑚𝜔2 𝐴2 = E
2

A probabilidade clássica é, portanto,


𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑃𝑐 (𝑥)𝑑𝑥 ∝ =
𝑣
√( 2 ) (𝐸 − 1 𝑚𝜔 2 𝑥 2 )
𝑚 2

Função energia potencial do oscilador harmônico simples. Classicamente, a partícula está


confinada na região entre os “pontos de retorno” -A e +A.

13
Qualquer valor da energia E é permitido. A menor energia é E = 0, que corresponde ao
caso em que a partícula se encontra em repouso na origem.
A equação de Schrödinger para este problema é
ℏ2 𝜕2 𝜓(𝑥) 1
-2𝑚 + 2 𝑚𝜔2 𝑥 2 𝜓(𝑥) = 𝐸𝜓(𝑥)
𝜕𝑥 2

As técnicas matemáticas envolvidas na solução deste tipo de equação diferencial são


estudadas apenas em cursos avançados; por essa razão, vamos discutir o problema
qualitativamente. Em primeiro lugar, observamos que, como o potencial é simétrico
em relação à origem (x = 0), esperamos que a função distribuição de probabilidade |ψ(x)|2
também seja simétrica em relação à origem, isto é, possua o mesmo valor para -x e +x:
|𝜓(−𝑥)|2 = |𝜓(𝑥)|2
Isto significa que a função de onda ψ(x) deve ser simétrica, com ψ(-x) = +ψ(x), ou
antissimétrica, com ψ(-x) = -ψ(x). Podemos, portanto, simplificar a discussão
considerando apenas a região em que x é positivo e determinando por simetria as soluções
para x.

Suponha que a energia total da partícula seja E. Para x menor que o ponto de retorno
clássico A definido pela Equação já definida, a energia potencial V(x) é menor que a
energia total E; para x > A, V(x) > E. Para x < A, a equação de Schrödinger assume a
forma
𝜓"(𝑥) = −𝑘 2 𝜓(𝑥)
Onde
2𝑚
𝑘2 = [𝐸 − 𝑉(𝑥)]
ℏ2

e, portanto, a função ψ(x) se aproxima do eixo dos x e tem um comportamento oscilatório.


Para x > A, a equação de Schrödinger se torna
𝜓"(𝑥) = +∝2 𝜓(𝑥)
Onde
2𝑚
∝2 = [𝑉(𝑥) − 𝐸]
ℏ2
e, portanto, a função ψ(x) se afasta do eixo dos x. Apenas certos valores de E levam a
soluções bem comportadas, ou seja, que tendem a zero quando x → ∞. Os valores
permitidos de E no caso do oscilador harmônico simples devem ser calculados resolvendo
a equação de Schrödinger. O resultado é o seguinte:
1
𝐸𝑛 = (𝑛 + ) ℏ𝜔, 𝑛 = 0,1,2,3, …
2
Assim, a energia do estado fundamental é ħω/2 e o espaçamento dos níveis de energia é
constante; a distância entre níveis vizinhos é ħω.

14
Os gráficos posteriores mostram as funções de onda do estado fundamental (n = 0) e dos
dois primeiros estados excitados (n = 1 e n = 2) do oscilador harmônico simples. A função
de onda do estado fundamental tem a forma de uma curva gaussiana e a energia do estado,
E0 = ħω/2, é a menor energia compatível com o princípio de indeterminação.
As soluções permitidas da equação de Schrödinger, as funções de onda do oscilador
harmônico simples, têm a seguinte forma:
−𝑚𝜔𝑥 2⁄
𝜓𝑛 (𝑥) = 𝐶𝑛 ℮ 2ℏ 𝐻𝑛 (𝑥)
onde as constantes Cn são constantes de normalização e as funções Hn(x) são polinômios
de ordem n denominados polinômios de Hermite.13 As funções de onda para n = 0, 1 e 2
são:

−𝑚𝜔𝑥 2⁄
𝜓0 (𝑥) = 𝐴0 ℮ 2ℏ

𝑚𝜔 −𝑚𝜔𝑥 2⁄
𝜓1 (𝑥) = 𝐴1 √ ℮ 2ℏ

2𝑚𝜔𝑥 2 −𝑚𝜔𝑥 2⁄
𝜓2 (𝑥)=𝐴2 (1 − )℮ 2ℏ

Funções de onda do estado fundamental e dos dois primeiros estados excitados do


oscilador harmônico simples, ou seja, dos estados com n = 0, 1 e 2.

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Densidade de probabilidade ψn(x) do oscilador harmônico simples, em função da variável
adimensional u = (mω/ħ) x, para n = 0, 1, 2, 3 e 10. As curvas tracejadas são as densidades
de probabilidade clássicas para as mesmas energias; as retas verticais indicam os pontos
de retorno clássicos, x = ±A.
1As moléculas, ao vibrar, se comportam como osciladores harmônicos. Medindo a
frequência das vibrações, é possível determinar as constantes de força, a energia de
ligações químicas e outras propriedades dos sólidos.

Note que as funções de onda são simétricas para valores pares de n e antissimétricas para
valores ímpares de n. Os gráficos seguintes mostram as distribuições de probabilidade
ψ2n (x) para n = 0, 1, 2, 3 e 10 e as distribuições clássicas correspondentes.

É possível demonstrar que as funções de onda apresentam a seguinte propriedade:


+∞
∫−∞ 𝜓 ∗ 𝑛 𝑥 𝜓𝑚 𝑑𝑥 = 0 a menos que n= m±1
Esta propriedade leva a uma condição, conhecida como regra de seleção, para que as
transições (do tipo dipolo elétrico) entre os estados de um oscilador harmônico simples
sejam possíveis:
A diferença entre os números quânticos do estado final e do estado inicial deve ser igual
a +1 ou a -1.
Esta regra de seleção é expressa pela seguinte equação:

16
Níveis de energia do oscilador harmônico simples. As transições que obedecem à regra
de seleção Δn = ±1 estão indicadas por setas (setas apontando para baixo indicam
emissão; setas apontando para cima indicam absorção). Como o espaçamento dos
níveis é uniforme, a mesma energia ħω é emitida ou absorvida em todas as transições
permitidas. Para este potencial em particular, a frequência do fóton emitido ou absorvido
é igual à frequência de oscilação, o que está de acordo com as previsões da teoria clássica.
Como a diferença de energia entre dois estados vizinhos é ħω, esta é a energia do fóton
emitido ou absorvido em uma transição do tipo dipolo elétrico.

Reflexão e Transmissão de Ondas

Até agora, estivemos interessados em problemas de estados ligados, nos quais a energia
potencial era maior que a energia total para grandes valores de x. Nesta seção, vamos
discutir alguns exemplos simples de estados não ligados, ou seja, de estados para os quais
E > V(x) quando x tende a +∞ ou a -∞ (ou ambos). Nesse tipo de problema, d2ψ(x)/dx2 e
ψ(x) têm sinais opostos nas regiões em que E > V(x) e portanto, nessas regiões, ψ(x) se
aproxima do eixo dos x e não se torna infinita para grandes valores de |x|. Isso significa
que qualquer valor de E é permitido. Funções de onda desse tipo não são normalizáveis,
já que ψ(x) não tende a zero quando x tende a +∞ ou a -∞ (ou ambos) e, em consequência,
+∞
∫ |𝜓(𝑥)|2 𝑑𝑥 → ∞
−∞

A solução rigorosa deste tipo de problema seria a combinação de um número infinito de


ondas planas em um pacote de ondas de largura finita que fosse normalizável. Para nossos
propósitos, porém, basta limitar a integral a dois limites arbitrários finitos a e b, o que
permite que a função ψ(x) seja normalizada. Funções de onda desse tipo são encontradas
com frequência no espalhamento de feixes de partículas por potenciais e por isso é comum
normalizá-las em termos da densidade de partículas do feixe, ρ. Assim,

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𝑏 𝑏 𝑏
∫𝑎 |𝜓(𝑥)|2 𝑑𝑥 =∫𝑎 ρ 𝑑𝑥 = ∫𝑎 dN 𝑑𝑥 = 𝑁
em que dN é o número de partículas no intervalo dx e N é o número de partículas no
intervalo (b - a). Como vamos ver, mesmo neste caso em que a energia não é quantizada,
o fato de as soluções da equação de Schrödinger apresentarem um comportamento
ondulatório leva a alguns resultados muito interessantes.
Degrau de Potencial
Considere uma região na qual a energia potencial é descrita por uma função degrau,
definida da seguinte forma:
V(x)= 0 para x < 0
V(x)= 𝑉0 para 𝑥 > 0
Estamos interessados no que acontece quando um feixe de partículas, todas com a mesma
energia total E, movendo-se da esquerda para a direita, encontra o degrau de potencial.
A resposta clássica é simples. Para x < 0, a partícula está se movendo para a direita com
uma velocidade v = (2E/m)1/2. Em x = 0, é submetida a uma força impulsiva. Se a energia
total E é menor que V0, a partícula inverte seu movimento e passa a se mover para a
esquerda com a mesma velocidade, ou seja, é refletida pelo degrau. Se a energia total E é
maior que V0, a partícula continua a se mover para a direita, mas com uma velocidade
menor, dada por v = [2(E - V0)/m]1/2. Este problema clássico corresponde ao de uma bola
de massa m que está rolando em uma superfície plana e encontra uma rampa de altura y0
= V0/mg. Se a energia cinética inicial da bola é menor que V0, a bola sobe parcialmente
a ladeira e depois rola de volta para a esquerda, chegando à superfície plana com uma
velocidade igual à inicial. Se a energia cinética inicial é maior que V0, a bola chega ao
alto da ladeira e continua a rolar para a direita com menor velocidade.
O resultado da mecânica quântica é semelhante ao resultado clássico se E < 𝑉0
, mas bem diferente se E > V0 . A equação de Schrödinger nas duas regiões do espaço é
dada por

d2 ψ(x)
Região I (x<0) = −k12 ψ(x)
dx2

𝑑2 𝜓(𝑥)
Região II (x> 0) = −𝑘22 𝜓(𝑥)
𝑑𝑥 2

√2𝑚𝐸 √2𝑚(𝐸−𝑉0 )
𝑘1 = e 𝑘2 =
ℏ ℏ

V(x)
V0

0 x
Degrau de potencial. Classicamente, uma partícula proveniente da esquerda, com uma
energia total E maior que V0, é sempre transmitida; a variação de potencial em x = 0
simplesmente dá origem a uma força impulsiva que reduz a velocidade da partícula.

18
Por outro lado, uma onda proveniente da esquerda é parcialmente transmitida e
parcialmente refletida porque o comprimento de onda muda abruptamente em x = 0.
As soluções gerais são

Região I ( x < 0 ) ψI(x) = 𝐴℮𝑖𝑘1 𝑥 + 𝐵℮−𝑖𝑘1 𝑥


Região II (x> 0) ψII(x) = 𝐷℮𝑖𝑘2 𝑥 + 𝐶℮−𝑖𝑘2 𝑥

Particularizando estas soluções para o problema que estamos examinando, no qual as


partículas se movem da esquerda para a direita, vemos que o primeiro termo da Equação
representa o feixe original, já que, multiplicando Aeik1x pela parte temporal de Ψ(x, t), e-
iωt
, obtemos uma onda plana (isto é, um feixe de partículas livres) se movendo para a
direita. O segundo termo, Be-ik1x, representa partículas se movendo para a esquerda na
região I. Na Equação, D = 0, já que o segundo termo representa partículas se movendo
inicialmente da direita para a esquerda na região II e não existe nenhuma partícula nesta
situação. Assim, a constante A é conhecida (pois o termo Aeik1x, como vimos, pode ser
normalizado em termos da densidade de partículas do feixe), a constante D é nula e os
valores de B e C devem ser calculados de tal forma que a solução geral satisfaça as
condições de contorno do problema. Para determinar os valores de B e C, aplicamos a
condição de continuidade às funções ψ(x) e dψ/dx em x = 0, exigindo que ψI(0) = ψII(0)
e dψI(0)/dx = dψII(0)/dx. Para que ψ seja contínua em x = 0, é preciso que
ψI(0) = 𝐴 + 𝐵= ψII(0) = C
ou
𝐴 + 𝐵=C
Para que dψ/dx seja contínua em x = 0, é preciso que
𝑘1 𝐴 − 𝑘1 𝐵 = 𝑘2 𝐶
As partículas se movem da esquerda para a direita com energia total E > V0. O
comprimento de onda da onda incidente (região I) é menor do que o da onda transmitida
(região II). Como k2 < k1, |C|2 > |A|2; além disso, T < 1.
Resolvendo o sistema de Equações considerando B e C como incógnitas, obtemos:
1 1
𝑘1 − 𝑘2 𝐸 ⁄2 − (𝐸 − 𝑉0 ) ⁄2
𝐵= 𝐴= 1 1 𝐴
𝑘1 + 𝑘2 𝐸 ⁄2 + (𝐸 − 𝑉0 ) ⁄2

1
2𝑘1 2𝐸 ⁄2
𝐶= 𝐴= 1 1 𝐴
𝑘1 + 𝑘2 𝐸 ⁄2 + (𝐸 − 𝑉0 ) ⁄2
As Equações podem ser usadas para calcular as amplitudes relativas da onda refletida e
da onda transmitida, respectivamente. Também é possível definir os coeficientes de
reflexão (R) e transmissão (T) como as intensidades relativas dos feixes refletido e
transmitido:

19
|𝐵|2 𝑘1 − 𝑘2 2
𝑅= =( )
|𝐴|2 𝑘1 + 𝑘2
𝑘1 |𝐶|2 4𝑘1 𝑘2
𝑇= =
𝑘2 |𝐴|2 (𝑘1 + 𝑘2 )2
Logo: R+T=1
Entre as consequências do fato de que as soluções da equação de Schrödinger apresentam
um comportamento ondulatório, podemos destacar as seguintes:

 O coeficiente de reflexão R não é nulo para E > V0. Assim, ao contrário do que
acontece no caso clássico, algumas partículas são refletidas pelo degrau de
potencial, mesmo que tenham energia suficiente para ultrapassá-lo. (Este
fenômeno é análogo à reflexão de ondas eletromagnéticas na interface de dois
meios com índices de refração diferentes.)
 O valor de R depende da diferença entre k1 e k2, mas não depende do sinal da
diferença; em outras palavras, o coeficiente de reflexão seria o mesmo se as
partículas estivessem se movendo de uma região de potencial maior para uma
região de potencial menor.
Como k = p/ħ = 2π/λ, o comprimento de onda muda quando as partículas passam pelo
degrau. À primeira vista, a amplitude da onda transmitida deveria ser necessariamente
menor que a da onda incidente; lembre-se, porém, de que |ψ|2 é proporcional à
densidade de partículas. Como as partículas se movem mais lentamente na região II (k2
< k1), |ψII|2 pode ser inicialmente maior que |ψI|2, a variação com o tempo de um pacote
de ondas incidente em um degrau de potencial, para E > V0.
Vamos agora considerar o caso em que E < V0. Classicamente, esperamos que todas as
partículas sejam refletidas em x = 0. No caso quântico, observamos que k2 na Equação
agora é um número imaginário. Assim,

ψII(x) = 𝑪℮𝒊𝒌𝟐 𝒙 = 𝑪℮−∝𝒙

é uma função exponencial real, na qual ∝= √𝟐𝒎(𝑽𝟎 − 𝑬)/ℏ (Escolhemos a raiz


positiva para que ψII → 0 para x → ∞.) Isso significa que o numerador e o denominador
do lado direito da são complexos conjugados e, portanto, |B|2 = |A|2, R = 1 e T = 0. A
variação de R e T com a razão E/V0, na qual E é a energia das partículas e V0 a altura do
degrau. Em concordância com o resultado clássico, para E/V0 < 1 todas as partículas são
refletidas de volta para a região I. Entretanto, outro resultado interessante da solução
quântica é que nem todas as partículas são refletidas no ponto x = 0. Como ψII é uma
função exponencial decrescente, a densidade de partículas na região II é proporcional a

20
Variação com o tempo de um pacote de ondas unidimensional que representa uma
partícula incidente em um degrau de potencial, para E >V0. A posição de uma partícula
clássica está indicada por um ponto. Observe que parte do pacote é transmitida e parte
é refletida, embora a energia da partícula representada pelo pacote seja suficiente para
transpor a barreira. Os picos estreitos são causados pela descontinuidade de V(x) em x=0.

As partículas incidentes se movem da esquerda para a direita com energia total E < V0. A
onda que penetra na região II é uma exponencial decrescente; o valor de R neste caso é
igual a 1 e nenhuma energia é transmitida.

Coeficiente de reflexão R e coeficiente de transmissão T de um degrau de potencial V0


em função da energia E (em unidades de V0).
|𝜓𝐼𝐼 (𝑥)|2 = |𝑪|𝟐 ℮−𝟐∝𝒙

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a função de onda para o caso em que E < V0. A função de onda não se anula para x > 0,
mas a amplitude diminui exponencialmente, como no caso do poço de potencial finito. A
onda penetra ligeiramente na região classicamente proibida (x > 0), mas, em seguida, é
totalmente refletida (Como foi visto, isso não significa que partículas com energia cinética
negativa sejam observadas nessa região, já que observar uma partícula nessa região
introduz uma indeterminação no momento que corresponde a uma energia cinética
mínima maior que V0 - E.). Esta situação é semelhante à da reflexão interna total na ótica
clássica.

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CONCLUSÃO

Em síntese, a exploração do tema da Equação de Schrödinger em uma dimensão


proporcionou uma compreensão profunda e abrangente sobre os fenômenos quânticos
subjacentes. Desde a análise do Poço Quadrado Infinito até o estudo do Poço Quadrado
Finito, foram examinadas as nuances dos sistemas quânticos confinados e as implicações
de diferentes potenciais na natureza discreta dos níveis de energia. Além disso, a
discussão sobre valores esperados e operadores revelou como as propriedades dos
operadores afetam a medição e a previsão dos resultados em sistemas quânticos. A
introdução do Oscilador Harmônico Simples ampliou a compreensão sobre sistemas mais
realistas e suas energias quantizadas. Por fim, a análise da reflexão e transmissão de ondas
ofereceu insights sobre a natureza das fronteiras e barreiras, destacando a dualidade onda-
partícula e suas implicações na mecânica quântica. Este estudo abrangeu elementos
fundamentais da física quântica, demonstrando a riqueza e complexidade da Equação de
Schrödinger e seus aplicativos na descrição dos sistemas quânticos em uma dimensão.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MUNHOZ, Marcelo G.Física Moderna I (Aula 14). S. Paulo- Brasil.


CARVALHO, Maria Inês Barbosa (2001). Equação de Schrödinger. Porto- Portugal.
TREBINO, Rick. Equação de Schrödinge (Aula 4).
TREVISAN, Thaís Victa.Mecânica Quântica I. Campinas-Brasil

TRIPLER, Paul A. e LLEWELLIN, Ralph A.(2017).Física Moderna (6ª ed.). Florida-


Estados Unidos de América.

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