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OLIVEIRA, Carla Barroso (1); SILVA, Iolanda Ferreira (2); Santos, André C. de Oliveira (3).
(1) Engenheira Civil graduada na Universidade da Amazônia – UNAMA, Mestranda do Programa de Pós-
Graduação em Construção Civil, PPG-CIV/UFSCar,
(2) Engenheira Civil graduada na Universidade da Amazônia – UNAMA,
(3) M.Sc, Engenheiro Civil,professor na Universidade da Amazônia – UNAMA
Endereço: Rua César Ricome, 425 – CEP: 13.560-510 Jardim Lutfalla – - São Carlos - SP.
Tel. (16)8169-4944 Endereço eletrônico: cah_barroso@hotmail.com
Resumo
No Brasil, a construção civil ainda é predominantemente artesanal caracterizada pela baixa produtividade e
principalmente pelo grande desperdício. Afinal, ainda utilizamos a alvenaria como material estrutural, um
dos mais antigos métodos construtivos que já demonstrou com exaustão todas suas vantagens e
desvantagens. Como as tentativas de torná-la um sistema com maior alcance internacional em construções
residenciais já se esgotaram, existem investimentos crescentes no desenvolvimento de tecnologias para
industrialização de sistemas construtivos aplicando materiais diversos. Desta forma, hoje o Brasil domina a
tecnologia de obras industrializadas, possibilitando a execução de construções com rapidez e qualidade.
Um desses sistemas é o "Light Steel Framing" constituído por painéis portantes, também conhecido no
Brasil como "construção a seco". Com intuito de verificar se esse sistema é economicamente viável quando
comparado ao convencional, será realizada uma análise de custo determinando o valor para execução do
projeto, de uma casa do tipo popular de 47,95 m², em cada um dos sistemas, mostrando também as
vantagens e desvantagens de cada um deles.
Palavra-Chave: Alvenaria, sistemas construtivos, obras industrializadas, painéis portantes.
Abstract
In Brazil, the civil construction still predominantly artisan characterized by low productivity and mainly by the
great wastefulness, therefore we still use the structural masonry as material, one of the oldest constructive
methods that already demonstrated with exhaustion all your advantages and disadvantages. As the attempts
to become it a system with bigger international reach in constructions of residences already had been
depleted, exist increasing investments in the development of technologies for industrialization constructive
systems applying diverse material. In such a way, today Brazil dominates the technology of industrialized
workmanships, making possible the execution of fast constructions with quality. One of these systems is the
"Light Steel Framing" constituted of frame panels, also known in Brazil as "Dry Construction". With intention
to verify if this system it is economically viable when compared with the conventional, the value for execution
of a project of a popular house with 47,95 m ² will be determined through a cost analysis of the systems, also
showing the advantages and disadvantages of each one of them.
Keywords: Mansory, constructive methods, industrialization constructive, Light Steel Framing.
2.1 Projeto
É necessário que todos os projetos estejam prontos antes do inicio da obra, para estudo
de eventuais problemas de execução e para compra de todos os materiais, evitando
atraso no cronograma da obra e desperdício de materiais.
2.2 Fundações
A casa em questão foi construída em Vila dos Cabanos, no Município de Barcarena, onde
o terreno é firme, logo sua fundação é direta. Para evitar que a umidade “suba” pelas
paredes da casa, foi feita a impermeabilização da fundação. Após a conclusão da
fundação, a área foi aterrada, e sobre o aterro compactado e nivelado, foi executada uma
camada impermeabilizadora em concreto magro fck = 9 Mpa com cinco centímetros.
2.3 Elevação
Concluída a base da casa, as elevações foram executadas com paredes em alvenaria de
tijolo cerâmico nas dimensões 10x15x25cm, assentados a prumo de 1/2 vez. Os tijolos
são assentados utilizando juntas verticais e horizontais, verificando a espessura e o
nivelamento das juntas.
2.6 Revestimento
O revestimento de uma parede de alvenaria com argamassa, faz com que ela fique mais
resistente e impermeável. O revestimento tradicional se compõe de três camadas:
Chapisco, emboço e reboco.
2.7 Pavimentação
Entre a camada impermeabilizadora e o piso existe a camada regularizadora, que serve
como preparação da base para assentamento de lajota cerâmica, é constituída em
argamassa de cimento e areia no traço de 1:5. O revestimento do piso é em lajota de
30x30 com PEI IV - Lisa sobre argamassa, com junta de dilatação de três mm,
devidamente rejuntada. O rodapé será da própria lajota com h=7 cm, devidamente
rejuntada.
O SBI (Swedish Institute of Steel Construction) registrou o termo “Light Steel Framing”
(LSF) para designar o sistema construtivo baseado em estrutura de aço leve.
Apesar de ser considerada uma tecnologia nova, a origem do sistema LSF remota ao
inicio do século XIX. Na verdade, historicamente se inicia com as habitações em madeira
construídas pelos colonizadores no território americano (colônia de povoamento) naquela
época. A partir daí, as construções em madeira, conhecidas como “Wood Frame”,
tornaram-se a tipologia residencial mais comum nos Estados Unidos.
Aproximadamente um século depois, por volta de 1933, com o grande desenvolvimento
da indústria do aço no EUA, foi lançado na Feira Mundial de Chicago o protótipo de uma
residência em LSF, que utilizava perfis de aço em substituição da estrutura de madeira.
O crescimento da economia americana e a abundância na produção de aço no período
pós-segunda guerra mundial, possibilitou a evolução nos processos de fabricação de
perfis formados a frio, e o uso dos perfis de aço, em substituição aos de madeira passou a
ANAIS DO 50º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2008 – 50CBC0123 4
ser vantajoso. Afinal o aço tem maior resistência e eficiência estrutural, garantindo a
capacidade da estrutura de absorver esforços provenientes de catástrofes naturais, tais
como terremotos e furacões.
No Japão, as primeiras construções em LSF começaram a aparecer após a Segunda
Guerra Mundial, quando foi necessário construir cerca de quatro milhões de casas
destruídas por bombardeios. A madeira, material usado na estrutura das casas, havia sido
fator agravante nos incêndios que se alastravam durante os ataques. Assim o governo
japonês restringiu o uso de madeira nas construções autoportante, até mesmo para
proteger os recursos florestais que poderiam ser exauridos e também promover
construções não-inflamáveis. Como resultado o Japão apresenta um mercado e uma
indústria altamente desenvolvidos na área de construção em perfis leves de aço.
No Brasil, a construção civil ainda é predominantemente artesanal caracterizada pela
baixa produtividade e principalmente pelo grande desperdício, porém, o país já começa a
dominar a tecnologia de obras industrializadas, tanto na área industrial quanto na
residencial, possibilitando a execução de construções com rapidez e qualidade. As
primeiras construções no processo “Steel Framing” começaram a ser implantadas em
1998, dando prosseguimento à necessidade de um produto industrializado e as vantagens
intrínsecas desse processo construtivo frente ao sistema tradicional; portanto, podemos
considerar que é um produto tecnológico novo no país, utilizado principalmente para
construção de residências uni familiares. Mas, este sistema pode ser utilizado em
diversos tipos de obras como hospitais, shoppings, residências e edifícios com até sete
andares.
Chamado nos Estados Unidos de "Light Steel Framing" é conhecido no Brasil como
"construção a seco". Podemos chamar de construção a seco aquela cujo processo
construtivo não utiliza argamassa ou elementos moldados no local, que implicam o
emprego da água, sendo amplamente utilizado em vários países agregando-se diferentes
tecnologias como concreto pré-moldado, madeira, estrutura metálica e sistemas mistos.
LSF é um sistema autoportante de construção a seco, composto por painéis de perfis
leves de aço galvanizado (180 g/m2), que suporta as cargas da edificação, com limite de
escoamento Fy=230 MPa, conforme norma NBR 7008. Os painéis podem ser tanto
internos quanto externos e são formados elementos verticais de seção transversal tipo Ue
conhecidos como montantes e elementos horizontais de seção transversal tipo U,
denominados guias.
Estes painéis associados a elementos de vedação, exercem a mesma função das
paredes das construções convencionais. Neste trabalho, adotamos as placas cimentícias
como elementos de vedação. Bruno Loturco (Téchne, n.79, out.2003) afirma que, por
definição, toda chapa delgada que contém cimento na composição é chamada de
cimentícia. E ressalva, que embora redundante, não deve haver confusão de conceitos
com a chamada "chapa verde", denominada tecnicamente de chapa de gesso acartonado
tipo RU. Pois, essa última, apesar de especificada para uso em áreas molháveis ou
sujeitas à ação da umidade de forma intermitente, não se enquadra na mesma categoria
das chapas cimentícias.
Estas placas foram desenvolvidas na época da expansão do uso da cerâmica nos EUA,
para substituir o gesso acartonado (dry wall) e madeira, que apresentavam limitações
principalmente em áreas externas e úmidas. As placas de concreto resolvem essas
deficiências, podendo ser utilizadas em superfícies externas, locais úmidos ou quentes.
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Desta forma, apresentaremos a seguir as etapas do processo construtivo do sistema LSF,
com fechamento em placa cimentícia, de acordo com as técnicas adotadas pela empresa
A.
3.1 Projetos
Assim como na construção convencional, é necessário que todos os projetos estejam
prontos antes do inicio da obra. Apesar de ser uma obra industrializada, a arquitetura
pode ser concebida em qualquer estilo, em qualquer tamanho, e com diferentes
distribuições internas, com ou sem desníveis, obedecendo é claro as características
técnicas dos materiais utilizados.
3.2 Fundações
Com a aplicação do sistema LSF, a casa terá uma menor solicitação de cargas do
conjunto estrutural, o que permite a utilização do radier apoiado sobre terreno. O radier é
uma laje armada que recebe e distribui os esforços da edificação ao terreno de modo
uniforme. Apesar de ser a fundação mais utilizada quando se refere ao sistema LSF,
dependendo do tipo de solo e das necessidades do projeto estrutural, outros tipos de
fundação podem ser utilizados, de acordo com o cálculo estrutural que indicará o tipo de
fundação mais adequado. Para efeito de orçamento, consideramos o radier com a
espessura de 15 (quinze) centímetros.
Para execução deste tipo de fundação, o terreno é limpo e nivelado, para que seja
marcada no solo a área para implantação da edificação, a qual é compactada
manualmente. Os pontos de hidráulica (água fria e esgoto) são distribuídos, como pode
ser observado na figura 1, para que em seguida seja aplicada uma camada de brita ou
seixo, sobre a qual será estendida uma manta asfáltica, formando uma barreira
impermeável entre o solo e o concreto da fundação posteriormente lançado.
Figura 1 - A fundação do tipo radier já funciona como contra piso e calçada. Neste caso, os ralos e tubos de
esgoto também já devem ter sido colocados. (ABCP, 2006)
3.3 Elevações
3.3.1 Montagem dos Painéis.
Os principais perfis usados na montagem dos painéis são "guias" e "montantes", como
mostra a figura 2.
3.3.2 Contraventamento
As placas de fechamento externo também podem atuar como diafragma rígido,
possibilitando um aumento da resistência do painel. Porém, nem todas as placas
apresentam características estruturais para resistir à ação das cargas horizontais.
Portanto, nos casos em que são utilizadas placas de fechamento que não sejam
estruturais, é necessário o uso de um Sistema de ligação entre os elementos principais da
estrutura para aumentar a rigidez do conjunto, seria o contraventamento em “X”. No caso
da placa adotada, em nosso orçamento, em painéis pequenos e paredes internas, o
contraventamento é feito pela própria placa cimentícia, desde que as mesmas sejam
aplicadas de forma a promover o contrafiamento entre as placas das duas faces opostas
de uma parede.
3.6 Revestimento
Como a placa é lisa, dispensa a execução de chapisco, emboço e reboco, ou seja, pode
receber diretamente sobre ela a pintura, textura, papel de parede, peças de granito ou
mármore, azulejos ou revestimentos cerâmicos nas áreas molhadas, variando de acordo
com o projeto. Em nosso orçamento, consideramos a aplicação de Cerâmica nas paredes
da área do Banheiro e Cozinha. Considerando essas áreas revestidas em azulejo de
20x20cm sobre argamassa pronta na altura de 1,60 m e o rejunte flexível. Enquanto que
nas paredes internas e externas das demais dependências, consideramos pintura em tinta
acrílica com 03 demãos.
3.7 Pavimentação
A fundação do tipo radier já funciona como contrapiso e calçada, e dispensa a camada
regularizadora, antes do assentamento do piso. A pavimentação pode ser de qualquer
tipo, mas neste trabalho adotamos o mesmo revestimento de piso da casa executada em
construção convencional, lajota de 30x30cm PEI IV - Lisa sobre argamassa, com junta de
dilatação de 3 mm, devidamente rejuntada. O rodapé é da mesma cerâmica, com h=7 cm
devidamente rejuntado.
Para os subsistemas que diferiram de um sistema para outro, foi elaborada uma
composição de preços para cada um deles, quantificando a mão de obra e o material
necessário, viabilizando assim a análise comparativa dos dois. São eles: Movimento de
terra, Fundações, Elevação, Cobertura, Revestimentos e Pavimentação. As composições
de preços do sistema LSF foram elaboradas tendo como base um orçamento fornecido
pela empresa A, enquanto que as composições da casa construída no sistema
convencional foram baseadas em índices das Tabelas de Composições de Preços para
Orçamentos – TCPO e ainda, em informações fornecidas pela empresa B.
Podemos observar que alguns subsistemas estão sem valor para o sistema LSF. É o caso
do “movimento de terra”, que no sistema convencional é composto por dois serviços:
escavação manual e aterro, os quais são dispensados no sistema LSF, em função da
fundação em radier. O mesmo ocorre no subsistema “revestimento”, o qual, normalmente,
é composto por três camadas: Chapisco, emboço e reboco. Porém, como o acabamento
da placa cimentícia é liso, dispensa a execução do revestimento.
5 CONCLUSÃO
A análise comparativa nos mostra que o sistema convencional possui um custo reduzido.
Além do custo reduzido o sistema convencional tem outras vantagens, como por exemplo:
Mão de obra abundante, ele aceita qualquer tipo de revestimento devido sua boa
aderência, tem um bom isolamento acústico, boa resistência ao fogo, impermeabilidade
satisfatória e grande durabilidade. Sua grande desvantagem é o tempo de execução e
alto índice de desperdício de materiais.
Já casa construída no sistema LSF tem um preço de custo, por metro quadrado, em torno
de 8,5% superior ao da casa construída no sistema convencional. Fazendo uma análise
rápida da tabela, poderíamos supor que a razão pela qual o emprego do sistema LSF em
estruturas de edificações tem sido pouco expressivo em nosso país se comparado ao
potencial de nosso parque industrial, considerando que o Brasil é um dos maiores
produtores mundiais de aço.
No entanto, se analisarmos cuidadosamente a tabela acima, vemos que um dos serviços
que mais contribui para essa diferença é “Elevação”, o qual tem um custo, no sistema
LSF, quase quatro vezes superior, quando comparado ao sistema convencional.
Porém, apesar do alto custo, a elevação em placa cimentícia tem suas vantagens. Entre
elas:
• A placa permite fazer paredes leves de 50 kg/m², isto é, por exemplo, 1/3 do que
pesaria uma parede convencional, resultando na alta a velocidade de aplicação e
em menores custos de fundações, estruturas e transporte.
Tais vantagens podem justificar o elevado custo final da casa, principalmente se forem
levadas em consideração também, as vantagens do sistema LSF, o qual é totalmente
industrializado, sem restrições arquitetônicas, reciclável, com mão-de-obra reduzida
devido sua fácil montagem. Ainda tem alta durabilidade resistindo à ação do tempo.
Segundo o teste do IPT, o aço galvanizado tem durabilidade de 200 anos em meio
agressivo, ou seja, exposto às intempéries. Porém, como no sistema LSF o aço
galvanizado fica confinado dentro da parede, desta forma, a durabilidade é ainda maior.
Outra vantagem é que a fabricação da estrutura pode ser feita em paralelo com a
execução das fundações, possibilitando o trabalho em diversas frentes de serviços
simultaneamente. Há também uma diminuição de formas e escoramentos, e a montagem
da estrutura não é afetada pela ocorrência de chuvas, o que resulta uma redução
aproximada de 30% dos prazos de construção quando comparada ao sistema
convencional. Neste sistema, a obra corre em ritmo acelerado, já que as etapas
obedecem rigorosamente a um cronograma e um projeto de montagem pré-determinado.
Garantindo assim, a rapidez no retorno do capital investido.
Referências
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