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Horácio Wanderlei

Rodrigues
Horácio Wanderlei Rodrigues é Doutor em Direito
(Filosofia do Direito e da Política), Mestre em Direito
(Instituições Jurídico-Políticas) pela Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e Especialista de
Metodologia do Ensino do Direito pela Universidade
de Santa Cruz do Sul (UNISC). Atua, desde 1996,
como consultor para a criação e reestruturação de
Cursos de Graduação e de Pós-Graduação na área
do Direito.

Atualmente Horácio é professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Direito e Justiça Social


(PPGDJS) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Na UFSC foi Professor Titular de Teoria do Processo do Departamento de Direito (DIR) e Professor
Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD), de 1991 a 2016, tendo ocupado os
cargos de Coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ), Chefe do Departamento de Direito e
Coordenador do Curso de Graduação e do Mestrado Profissional em Direito e Acesso à Justiça.

Além disso, é membro do Instituto Iberoamericano do Direito Processual (IIDP) e sócio fundador do
Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI) e da Associação Brasileira
de Ensino do Direito (ABEDi).
A CIÊNCIA DO DIREITO PENSADA A PARTIR DE KARL POPPER
Muito se escreveu na área do Direito, nas últimas décadas do século
XX, criticando as propostas de construção de uma Ciência do Direito,
em especial aquela contida na teoria kelseniana. Entretanto, grande
parte da literatura desse período se restringiu a realizar uma crítica do
positivismo jurídico – crítica essa de diversos matizes, passando pelas
análises lingüísticas, epistemológicas, sociológicas e políticas, dentre
outras. Mas muito pouco foi apresentado em termos de opções que
permitam, de forma concreta, superar os problemas diagnosticados – e
nem mesmo para comprovar se os diagnósticos são corretos.
É nesse contexto que a pesquisa apresentada por Horácio Rodrigues se coloca, buscando encontrar
um caminho que permita superar essa prática histórica que tem mantido a área de Direito a margem
de grande parte dos avanços que o conhecimento e a ciência têm propiciado ao homem e à
sociedade, em especial no século XX e no início deste século XXI.

Horácio acredita ser possível trabalhar na área do Direito com uma estratégia metodológica diversa,
na qual a pesquisa não busque confirmar as hipóteses, mas seja crítica, utilizando a refutabilidade
como critério de demarcação, permitindo diferenciar ciência e não ciência – a pesquisa científica da
pesquisa profissional. E para a construção dessa estratégia propõe como ponto de partida o
Racionalismo Crítico de Karl Popper.
Popper acreditava ser papel da Filosofia analisar a produção do conhecimento. Em seus vários
trabalhos nessa área apresentou sua proposta, que ele mesmo resumia no seguinte esquema:

Nele P1 é o problema inicial, TE é a teoria explicativa, hipótese ou conjectura (em algumas de suas
obras aparece como TT), EE é a experiência empírica (incluindo a observação) e P2 é novo
problema resultante dos resultados da experiência (na realidade podem ser vário novos problemas,
P2 , P3 , P4, e assim sucessivamente).

Diante disso,o professor Horácio Wanderlei propõe a utilização desse esquema como base para a
construção de uma nova forma de realizar pesquisa na área do Direito – um novo modo de
compreensão e explicação dos fenômenos jurídicos.

-P1 seria um problema específico entre os problemas existentes nos âmbito social, político e
econômico;

-TE seria um modelo explicativo, uma teoria explicativa, uma hipótese ou conjectura de solução
para o problema (TE já teria de incluir elementos jurídicos – como por exemplo um projeto de lei,
ou mesmo já estar materializado em norma jurídicas);
-EE seriam as conseqüências empíricas decorrentes da aplicação das normas, se aprovadas - ou
seja, seria necessário verificar as normas jurídicas como os equivalentes formais das hipóteses
teóricas e as conseqüências de sua atuação e aplicação como experimentos empíricos. Ao fazer
isso, se passaria da discussão puramente teórica para o teste empírico da hipótese;

-P2 (regra geral P2 , P3 , P4 , etc.) seria (ou seriam, o que normalmente ocorrerá) o(s) novo(s)
problema(s) decorrente(s) do(s) resultado(s) da EE

Esse esquema, na forma sintetizada, pode ser utilizado para a pesquisa da efetividade de
hipóteses jurídicas apresentadas como solução de problemas de outras áreas, tais como a política,
a sociologia, a educação, a economia e a administração. Também pode ser utilizado para a
pesquisa em áreas consideradas jurídicas ou parajurídicas como a Sociologia do Direito.

Horácio destaca ainda que, no Direito e nas Ciências Humanas e Sociais em geral, a expressão
experimento não tem o mesmo sentido das Ciências Exatas e da Natureza, uma vez que, nelas
não é possível isolar variáveis e estabelecer controles efetivos; na realidade o que se faz é
observar os resultados decorrentes das decisões tomadas anteriormente.
EDUCAÇÃO JURÍDICA ATIVA
Caminhos para a Docência na Era Digital
O professor Horácio destaca a transição para uma abordagem mais
interdisciplinar em detrimento da tradicional multidisciplinaridade. Essa a
transição de uma abordagem multidisciplinar para uma mais
interdisciplinar indica uma evolução na maneira como abordamos
problemas e questões complexas. A multidisciplinaridade envolve a
colaboração de diferentes disciplinas sem uma integração profunda entre
elas, enquanto a interdisciplinaridade busca a integração efetiva e a
colaboração entre diferentes campos de estudo.
Uma perspectiva formativa interdisciplinar destaca a importância de promover a sinergia entre diversas
disciplinas para abordar desafios complexos de maneira mais holística, ou seja, de forma mais integral.
Isso envolve a quebra de barreiras entre as áreas de conhecimento, incentivando a colaboração e a
troca de ideias entre especialistas de diferentes campos.

Além disso, para o professor, uma abordagem interdisciplinar geralmente enfatiza a importância de
desenvolver habilidades de pensamento crítico, resolução de problemas e comunicação eficaz, pois os
profissionais precisam ser capazes de trabalhar em equipe, entender perspectivas diversas e integrar
conhecimentos para enfrentar desafios do mundo real.
O professor Horácio Wanderlei Rodrigues apresenta a importância de
incorporar a perspectiva da propriedade intelectual na área de software no
campo do direito. Ele enfatizou a necessidade de os alunos se prepararem
para um mundo jurídico em constante evolução, destacando a importância
da atualização constante diante das mudanças tecnológicas. Rodrigues
argumentou que o modelo tradicional de advocacia do século 20 está
obsoleto e instou a uma abordagem mais alinhada com o mundo 4.0.

Ele também abordou a subjetividade única do direito, tornando-o menos suscetível à automação em
comparação com outras profissões, como contabilidade. Além disso, o professor destacou a
necessidade de os cursos de direito se adaptarem aos novos mercados de trabalho, como a
inteligência artificial e a tecnologia jurídica. Ele enfatizou a importância de os profissionais do direito
se manterem atualizados para permanecerem competitivos no mercado.

Finalmente, o professor discutiu a ponderação entre a fascinante inovação tecnológica e as questões


fundamentais e elementares do direito, especialmente em contextos locais, como os desafios
enfrentados pelos povos indígenas no Tocantins. Ele ressaltou a importância de equilibrar a
modernidade com a necessidade contínua de abordar questões básicas e humanistas no campo
jurídico.
Referências Bibliográficas
-https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/intuitio/article/download/5931/4290

-https://www.escavador.com/sobre/1135537/horacio-wanderlei-rodrigues
LIBERDADE DE ENSINAR NO DIREITO EDUCACIONAL BRASILEIRO
- Horácio Wanderlei Rodrigues realizou esse artigo com
objetivo de realizar uma análise jurídica centrada na
Constituição Federal, dando ênfase em uma certa oposição
presente no Direito Educacional brasileiro.

LIBERDADE DE CONTROLE PÚBLICO


ENSINO X
A LIBERDADE DE ENSINAR COMO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL
- O autor apresenta alguns incisos do Artigo 206 da Constituição Federal de 1988 que
dizem:

Art. 206. O ensino será ministrado nos seguintes princípios:


II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
VII- garantia de padrão de qualidade.

Esses incisos auxiliam na compreensão de que essas normas orientadoras


fundamentais do Direito Educacional brasileiro garantem o fato da ideia de liberdade e
pluralismo serem inerentes ao processo de ensino-aprendizagem, implicando em um
processo baseado na flexibilidade, porém sempre mantendo um padrão de qualidade.
Ao se tratar das instituições de ensino superior (IES) privadas, Horácio apresenta o
artigo 209, que diz:

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:


I- cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II- autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Para garantir que a qualidade do ensino seja preservada, a CF estabelece a


necessidade de avaliação pelo poder público. Ou seja, deve ser garantida a flexibilidade
para que as IES proponham seus métodos pedagógicos, porém existe uma certa
restrição, pois haverão processos de autorização e avaliação para garantir o padrão de
qualidade.

Em resumo, pode-se afirmar que o princípio fundamental é o da liberdade de ensinar,


porém haverá condições: manutenção do padrão de qualidade a cargo do Poder
Público e cumprimento das normas gerais da educação brasileira, presentes na CF a
cargo das Instituições de Ensino Superior.

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