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PRÉ-VESTIBULAR

SEMIEXTENSIVO

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Sociologia
História

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DOM BOSCO - SISTEMA DE ENSINO
PRÉ-VESTIBULAR SEMIEXTENSIVO 1
Linguagens, códigos e suas tecnologias.
© 2019 – Pearson Education do Brasil Ltda.

Vice-presidência de Educação Juliano Melo Costa


Gerência editorial nacional Alexandre Mattioli
Gerência de produto Silvana Afonso
Autoria Erika Michela Carlos

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Coordenação editorial Luiz Molina Luz

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Edição de conteúdo Cesar da Costa Jr.

SC
Assistência de edição Ana Duarte, Raíssa Cardoso, Ana Carolina de Almeida Paulino

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Leitura crítica Curso São Carlos Ltda, Murilo Resende, Rafael Falasco
Preparação Adriana Bairrada, Ana Cortazzo, Luiz Gustavo M. Bazana, Cássio Dias Pelin,

O S
Cristiane Mansor, Denise Santos
Revisão Janaína Taís da Silva, Sandra Cortés, Luiz Gustavo M. Bazana

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Jacinara Albuquerque de Paula, Luiz Gustavo Micheletti Bazana
Gerência de Design Cleber Figueira Carvalho
Coordenação de Design Diogo Mecabo

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Edição de arte Débora Lima
Coordenação de pesquisa e
N X licenciamento Maiti Salla
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Pesquisa e licenciamento Cristiane Gameiro, Heraldo Colon, Andrea Bolanho, Sandra Sebastião, Shirlei Sebastião
Ilustrações Carla Viana
Projeto Gráfico Apis design integrado
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Diagramação Editorial 5
Capa Apis design integrado
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Imagem de capa mvp64/istock


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Produtor multimídia Cristian Neil Zaramella


PCP George Baldim, Paulo Campos
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Todos os direitos desta publicação reservados à


Pearson Education do Brasil Ltda.
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Av. Santa Marina. 1193 - Água Branca


São Paulo, SP – CEP 05036-001
Tel. (11) 4210-4450
www.pearson.com.br

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APRESENTAÇÃO

Um bom material didático voltado ao vestibular deve ser maior que um grupo de
conteúdos a ser memorizado pelos alunos. A sociedade atual exige que nossos jo-
vens, além de dominar conteúdos aprendidos ao longo da Educação Básica, conheçam
a diversidade de contextos sociais, tecnológicos, ambientais e políticos. Desenvolver
as habilidades a fim de obterem autonomia e entenderem criticamente a realida-
de e os acontecimentos que os cercam são critérios básicos para se ter sucesso no
Ensino Superior.
O Enem e os principais vestibulares do país esperam que o aluno, ao final do Ensino

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Médio, seja capaz de dominar linguagens e seus códigos; construir argumentações

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consistentes; selecionar, organizar e interpretar dados para enfrentar situações-proble-

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ma em diferentes áreas do conhecimento; e compreender fenômenos naturais, proces-
sos histórico-geográficos e de produção tecnológica.

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O Pré-Vestibular do Sistema de Ensino Dom Bosco sempre se destacou no mer-
cado editorial brasileiro como um material didático completo dentro de seu segmento

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educacional. A nova edição traz novidades, a fim de atender às sugestões apresentadas
pelas escolas parceiras que participaram do Construindo Juntos – que é o programa rea-
lizado pela área de Educação da Pearson Brasil, para promover a troca de experiências,

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o compartilhamento de conhecimento e a participação dos parceiros no desenvolvi-
mento dos materiais didáticos de suas marcas.
N X Assim, o Pré-Vestibular Semiextensivo Dom Bosco by Pearson foi elaborado por
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uma equipe de excelência, respaldada na qualidade acadêmica dos conhecimentos e
na prática de sala de aula, abrangendo as quatro áreas de conhecimento com projeto
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editorial exclusivo e adequado às recentes mudanças educacionais do país.


O novo material envolve temáticas diversas, por meio do diálogo entre os conteú-
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dos dos diferentes componentes curriculares de uma ou mais áreas do conhecimento,


com propostas curriculares que contemplem as dimensões do trabalho, da ciência, da
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tecnologia e da cultura como eixos integradores entre os conhecimentos de distintas


naturezas; o trabalho como princípio educativo; a pesquisa como princípio pedagógi-
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co; os direitos humanos como princípio norteador; e a sustentabilidade socioambiental


como meta universal.
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A coleção contempla todos os conteúdos exigidos no Enem e nos vestibulares de


todo o país, organizados e estruturados em módulos, com desenvolvimento teórico
associado a exemplos e exercícios resolvidos que facilitam a aprendizagem. Soma-se a
isso, uma seleção refinada de questões selecionadas, quadro de respostas e roteiro de
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aula integrado a cada módulo.


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SUMÁRIO

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HISTÓRIA 1

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS


HISTÓRIA 1 O

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HISTORIOGRAFIA E
HISTÓRIA 1

PRÉ-HISTÓRIA

LINHAS DE INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA:

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CAMPO DAS CIÊNCIAS HUMANAS

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• Linhas de interpretação

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da História: campo das
ciências humanas As crônicas históricas – relatos a respeito do passado no Ocidente – têm sua ori-
gem na Antiguidade greco-romana. Gregos e romanos se preocuparam em contar a

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• Perspectiva materialista:
marxismo história dos feitos humanos, normalmente ações políticas e campanhas militares, que
revelavam a valorização do ser humano, sua capacidade de intervenção no mundo e a

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• Perspectiva culturalista
preservação da memória dos antepassados como uma forma de explicação da situa-
• O que chamamos de Pré- ção na qual se encontravam.
-História?
História era nexo, razão do movimento do mundo, possibilidade de identificação

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• Hominização e no tempo e no espaço. Contudo, embora houvesse um esforço explicativo, não se
humanização
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• A vida humana antes do
pode considerar tais relatos como pertencentes ao universo daquilo que se conven-
cionou chamar ciências humanas.
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aparecimento da escrita É importante ressaltar que existem diferenças fundamentais entre os métodos
empregados no estudo da História no passado greco-romano e os utilizados no mun-
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HABILIDADES
do contemporâneo. Atualmente, somos herdeiros de uma cultura racionalista que
• Comparar pontos de vista se empenhou, desde o século XIX, em estabelecer leis que pudessem dar inteligi-
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expressos em diferentes bilidade ao movimento da história, conferindo-lhe um sentido. Em outras palavras, a


fontes sobre determinado
História tem a própria história.
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aspecto da cultura.
Assim, é possível falar em uma filosofia da História, em homens que desenvolve-
• Analisar a produção da
ram teorias, as quais procuravam estabelecer o motor do movimento histórico. Dessa
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memória pelas sociedades


forma, deve-se situar a historiografia contemporânea no universo das ciências sociais
humanas.
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constituídas no século XIX.


• Identificar registros de
Expoentes desse discurso científico a respeito das sociedades humanas estabelece-
práticas de grupos sociais
ram as linhas gerais que, em certo sentido, até hoje determinam discussões no campo
no tempo e no espaço.
das ciências humanas. Entre eles, encontram-se Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
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• Identificar em fontes
Os paradigmas da ciência histórica vêm dos debates em torno de ideias socio-
diversas o processo de
lógicas. Essa constatação é importante, uma vez que a escrita da história necessita
ocupação dos meios físicos
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e as relações da vida
de um arranjo que lhe confira certo grau de autenticidade ou possa tornar o relato
humana com a paisagem. histórico verificável. Entende-se, dessa forma, que sem uma teoria da história não há
a possibilidade de existir relato que possa ser considerado científico.
A exigência nas ciências humanas e, mais precisamente, no conhecimento da História,
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é a possibilidade de interpretação dos acontecimentos do passado com rigor científico.


A História não é o passado, mas a representação que se faz dele.
Platão foi um dos principais filósofos gregos que moldaram o pensamento ociden-
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tal. Uma das contribuições desse pensador foi a diferenciação do mundo real e ideal.
Para ele, o mundo sensível, ou seja, com o qual temos contato por meio de nossos sen-
tidos, é apenas uma cópia do mundo ideal. Aristóteles, outro filósofo grego, seguiu o
caminho contrário, dizendo que as ideias faziam parte da própria realidade sensível. Em
outras palavras, Platão e Aristóteles representam a oposição entre o material e o ideal.
Esse debate se estendeu ao longo dos séculos e, mais recentemente, foi reto-
mado pelos alemães Hegel e Marx. O primeiro seguia a linha idealista e, o segun-
do, a perspectiva materialista. Nesse sentido, pode-se assinalar duas vertentes
importantes que embasaram os trabalhos dos historiadores modernos: uma linha
que defende o materialismo e outra associada às questões das ideias, dos valores
compartilhados socialmente.

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PERSPECTIVA MATERIALISTA: • Modo de produção capitalista: caracterizado pela


acumulação de riquezas (capitais), pela proprieda-
MARXISMO

HISTÓRIA 1
de privada dos meios de produção e pela explora-
Karl Marx é, sem dúvida, um dos mais importan-
ção global de mercados de consumo e de recursos
tes pensadores da história do conhecimento. Dado o
naturais em uma tentativa de otimizar ganhos.
impacto prático de suas teorias, ele tem, ao mesmo
tempo, muitos críticos e defensores. Na maioria das • Modo de produção socialista: experiência de-
vezes, nem um grupo nem outro leu, de fato, sua obra. senvolvida inicialmente na Rússia, com a Revolu-
Concordando ou não com suas conclusões, é necessá- ção Bolchevique (1917), que Marx não chegou a
rio respeitar sua contribuição para o pensamento oci- assistir, mas foi seu propositor. Caracterizado pelo
dental, pois sua influência e o impacto de suas ideias controle estatal dos meios de produção, pela eco-
são inegáveis. nomia planificada e pela existência de um único
O chamado materialismo histórico-dialético, desen- partido, o Partido Comunista. Tal experiência ficou

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volvido por Karl Marx e Friedrich Engels, propõe o conhe- conhecida por socialismo real e durou até a dé-

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cimento da história das sociedades humanas no quadro cada de 1980.

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da luta pela sobrevivência, no qual ocorre a divisão social

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do trabalho, a estruturação de classes sociais e a orga-
PERSPECTIVA CULTURALISTA
nização de aparelhos institucionais que visam legitimar

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Tal interpretação da História sofreu influências diver-
mecanismos de exploração inerentes às sociedades hu-
sas ao longo do tempo, pois incorporou elementos da psi-

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manas. Assim, a história da humanidade seria a história
cologia, da antropologia cultural, da sociologia weberiana
da luta de classes: senhor versus escravo, nobres versus
e da linguística, entre outras áreas do conhecimento.
servos, proprietários versus proletários.
Sem desconsiderar aspectos materiais da exis-

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A base do desenvolvimento da História residiria
tência humana, a perspectiva culturalista busca
em uma dinâmica em que os detentores dos meios
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de produção (grupos dominantes) explorariam aqueles
que apenas possuíam a força de trabalho, os quais ven-
discorrer sobre formas de pensamento, estruturas
mentais e organização dos discursos, os quais são
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elementos que sustentam as interações humanas
deriam seu trabalho para garantir a sobrevivência, mas
em sociedade. Essa busca corresponderia a uma
nunca receberiam o que foi produzido de riqueza, con-
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história das mentalidades.


ferindo, dessa forma, mais poder a um grupo opressor:
Nesse sentido, a inteligibilidade da História não re-
a elite proprietária.
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sidiria na questão restrita da sobrevivência, mas atingi-


Essa relação, para Marx e Engels, deu-se primordial-
ria o universo das sensações humanas elaboradas em
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mente pela dominação da terra e, depois, pelo capital,


termos culturais.
que nada mais é do que o trabalho acumulado.
Exemplos dessa linha de interpretação podem ser
Essa vertente do pensamento sociológico repre-
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encontrados nos estudos sobre gêneros, como é o


senta parte significativa da historiografia produzida e
caso da história das mulheres. Muitos historiadores
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estrutura-se naquilo que Marx denominou modos de


analisam os papéis sociais dominantes que envolvem
produção. Em linhas gerais, tem-se o desenrolar da
a relação entre homem e mulher e que estabelecem
História de acordo com esta perspectiva:
normas de conduta, definindo a própria condição fe-
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• Modo de produção asiático: utilizado em civiliza- minina ao longo do tempo.


ções hidráulicas em que predominava uma espécie Outro aspecto abordado por essa perspectiva his-
tórica consiste na discussão sobre a ideia de raciona-
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de servidão ao Estado, o qual possuía um poder


transcendente (teocrático) e associado ao controle lidade e suas implicações em certos ordenamentos
das terras. políticos e de controle social, que contribuíram para
a justificação de perseguições políticas e exclusão de
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• Modo de produção escravista: característico da


grupos sociais ou de diferentes etnias. Regimes tota-
civilização greco-romana, em que há a instituição
litários, genocídios, construção de manicômios e de-
do trabalho escravo; do controle particular de ter-
senvolvimento de discursos tecnocráticos são alguns
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ras; de formas de atuação governamental, em que


exemplos dessa discussão ao longo da História.
não há necessariamente vinculação religiosa (teo-
Esse tipo de abordagem histórica trabalha com
crática); e do comércio como marca dinâmica des-
acontecimentos de longa duração, pois, se mudanças
sas sociedades.
na política e na economia possuem um ritmo mais
• Modo de produção feudal: iniciou-se com as inva- rápido, as de mentalidade são mais demoradas,
sões bárbaras no Império Romano. Caracteriza-se porém podem interferir de forma significativa nos
pela descentralização política (expressa no poder comportamentos políticos e econômicos. Sendo assim,
dos senhores de terra); pelo trabalho servil; pela ri- o motor da História não se encontraria nas condições
gidez na organização social, justificada de maneira materiais, mas naquilo pensado sobre as condições
sobrenatural (vontade divina); e pela atividade de materiais de existência, invertendo, aí, a perspectiva
subsistência, em que o comércio era reduzido. marxista da História.

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Como nos apresenta o historiador Fernand Braudel, cesso lento, que durou milhares de anos (20 milhões,
um dos fundadores dessa perspectiva, que elaborou a aproximadamente), em que modificações foram reali-
HISTÓRIA 1

noção da longa duração na história. zadas entre grupos hominídeos. Algumas favoreceram
A noção de longa duração nos remete à história es- a continuidade de suas vidas; outras os colocaram em
trutural, que dialoga com a antropologia, a linguística, a um beco sem saída evolutivo-adaptativo, levando-os
psicologia e algumas vertentes do pensamento socioló- à extinção. Estudiosos concordam que esse proces-
gico. Essa forma de colocação, na perspectiva cultura- so teve como lugar privilegiado o continente africano,
lista, não representa uma impossibilidade de mudança pois fósseis mais antigos que possibilitaram um co-
dessas estruturas mentais, mas um entendimento de nhecimento maior dessas variações foram encontra-
sua força de inércia, haja vista que muitas mudanças que dos nele.
ocorrem na História podem ser consideradas uma reno- Pode-se assinalar esse processo da seguinte forma:
vação do passado e da tradição, pois não alteram seus o fóssil mais antigo de um hominídeo foi encontrado

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fundamentos. Essa é outra chave para a compreensão no deserto da Etiópia, em 1974. São vestígios ósseos

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do movimento da História: mudar para não mudar. de uma fêmea de Australopithecus afarensis, apelidada

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de Lucy. Ao longo do tempo, foram descobertas várias

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outras espécies, como Homo habilis (há 1,8 milhão de
O QUE CHAMAMOS DE anos), Homo neanderthalensis (há 300 mil anos) e, cla-

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PRÉ-HISTÓRIA? ro, Homo sapiens (há 195 mil anos).
Em razão das dificuldades climáticas e da busca

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A periodização da História é, como se sabe, uma de novas áreas para exploração por uma população
construção. Suas divisões foram construídas com crité- que crescia, entre outros aspectos, o Homo sapiens
rio e método, é claro, mas não deixam de trazer certa africano chegou, por volta de 45 mil anos atrás, à Eu-

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subjetividade. ropa e à Ásia. Muitas das transformações fenotípicas
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O que chamamos de “Pré-História” é todo o perío- encontradas, envolvendo povos europeus, africanos,
do anterior à invenção da escrita, fato escolhido como asiáticos e americanos são relativamente recentes,
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marco inicial da chamada “História”. Essa nomenclatura remontando há 20 ou 15 mil anos, entre elas a pig-
é muito criticada. Primeiro porque sabemos ter havido mentação da pele.
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história antes da escrita. Havia disputas entre grupos, Quando os seres humanos saíram da África, a pig-
batalhas, culturas, pensamento religioso, pinturas ru- mentação escura da pele era importante, pois ajudava
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pestres, construção de monumentos e diversas inven- o corpo a se proteger da radiação solar. A redução da
ções e avanços tecnológicos que moldaram a história quantidade de melanina, a qual define a tez branca, só
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humana foram criados nesse período. aconteceu em grupos que viviam na Europa entre 6 mil
A escrita, utilizada como marco, foi criada de forma e 12 mil anos atrás.
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independente em lugares e tempos diversos. E até po- Essa alteração de melanina correspondeu a uma
vos que não a inventaram na sua forma mais complexa, vantagem na síntese de vitamina D. Assim, pode-
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como os maias ou os incas, construíram grandes e im- -se afirmar a existência de mudanças adaptativas,
portantes civilizações. as quais conferiram uma adequação do ser humano
Seja como for, este é o marco da periodização da a determinado meio ambiente. Várias gerações num
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história. Agora, vamos estudar como a espécie humana mesmo espaço foram consolidando diferenças entre
se formou até que começasse o primeiro período co- os grupos − sem, contudo, alterar significativamente o
nhecido por nós: a Idade da Pedra. Esta é dividida em padrão genético que define aquilo que denominamos
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Paleolítico, Mesolítico e Neolítico. Depois, conhecere- ser humano.


mos o período após o advento do trabalho com metais: Tais diferenças de superfície foram utilizadas em
a Idade do Metal. discursos racistas, os quais pretendiam legitimar a do-
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minação e a espoliação de grupos humanos diferentes.


Talvez as diferenças estejam mais no âmbito cultural,
HOMINIZAÇÃO E na visão de mundo e na organização das sociedades
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HUMANIZAÇÃO humanas do que em qualquer modificação genética


que tenha produzido seres fenotipicamente distintos.
A abordagem da história das sociedades humanas Por isso, o próprio discurso científico, que antes consi-
requer uma discussão prévia sobre um processo de derava a existência de raças, alterou seu paradigma do
hominização e outro de humanização daquilo que se século XIX e, atualmente, reporta ao conceito de etnia,
conhece por ser humano. encampando a ideia de cultura de valores compartilha-
dos por comunidades humanas.
PROCESSO DE HOMINIZAÇÃO
Decorre de transformações genéticas que per- PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
mitiram o surgimento do Homo sapiens, espécie de Com o processo de hominização, desenvolveu-se o
hominídeo da qual somos representantes. Foi um pro- de humanização. Basicamente, o segundo corresponde

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ao traço criador do hominídeo, ao aspecto faber (fabri- Tais instrumentos eram utilizados também para a defe-
cante), ou seja, reporta à cultura. Isso significa que, sa contra possíveis predadores.

HISTÓRIA 1
além de desenvolver aspectos biológicos (físicos), os Esses grupos eram nômades e viviam em peque-
hominídeos desenvolveram elementos de cultura ne- no número, alguns em cavernas, outros possivelmen-
cessários à sua sobrevivência, como elaboração de ar- te em acampamentos construídos por eles, utilizando
tifícios, os quais permitiram a transformação do meio materiais como galhos, troncos, folhas e cascas de
em que viviam para atender às suas necessidades. Isso árvores, que, por sua composição orgânica, não resis-
marca uma diferença essencial entre o ser humano e tiram ao tempo para testemunhar algumas de suas ha-
outros animais, pois não só a natureza teria atuado na bilidades. Assim, conclui-se que o ser humano já era
transformação do seu corpo como o próprio corpo mo- um fabricante nesse período. É do Paleolítico o conhe-
dificado atuou na transformação da natureza. cimento e a utilização do fogo por grupos humanos,
Em outras palavras, pode-se dizer que mudanças além do possível desenvolvimento de uma linguagem

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genéticas ao longo do processo de hominização fa- fundada na oralidade.

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voreceram a presença humana em várias partes do Grupos que habitavam cavernas deixaram impor-

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globo, pois fizeram com que o ser humano não se tantes registros de seu cotidiano ao representar ce-

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tornasse um animal de um nicho, mas, de forma mais nas do dia a dia nas paredes da gruta, denominadas
ampla, de nichos variados. Nesse sentido, haveria aí pinturas rupestres. Elas revelam atividades como

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uma questão notadamente ecológica, pois as habili- caça e cenas de reprodução e da comunidade em
dades conferidas pela genética permitiram-lhe alterar uma espécie de ritual, indicando o caráter mágico

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o próprio ambiente para que pudesse sobreviver. dessas representações.
Esse fator, que atuou em escala incomparável em Há registros como esses também no Brasil, espe-
relação a outros seres vivos, tornou o ser humano es- cialmente na região do atual Piauí. Mas uma outra pin-

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sencialmente um produtor, um fabricante que buscava tura rupestre sul-americana foge à regra. Na Patagônia,
sujeitar a natureza. Isso lhe dá seu traço fundamental
N X Argentina, há pinturas de mãos em uma caverna feitas
de Homo faber ou produtor. A discussão de problemas há aproximadamente 13 mil anos.
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ambientais e ecológicos do mundo globalizado passa
necessariamente pelo entendimento dessa condição MESOLÍTICO
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essencialmente humana.
Alguns autores afirmam que o Período Mesolítico
Os primeiros vestígios da atuação humana como
ocorreu após a última Era Glacial, por volta de 8000 a.C.
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fabricante são da chamada Pré-História. Vale ressal-


O aumento da temperatura e das chuvas favoreceu o
tar que a história oral também tem contribuído para
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desenvolvimento de florestas. Com a extinção de ani-


a fixação escrita de narrativas históricas desses indi-
mais de grande porte, os seres menores se multiplica-
víduos que não desenvolveram a escrita.
ram na Eurásia (extensão contínua de terra que engloba
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Contudo, em um primórdio no qual grupo nenhum


a Europa e a Ásia), alterando o padrão de caça e de
havia desenvolvido um sistema de escrita, pode-se
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coleta das comunidades humanas. Vara, arco e flecha


considerar as chamadas Idades da Pedra como expres-
fazem parte de novas ferramentas produzidas pelo ser
sões desse caráter fabricante inerente ao ser humano.
humano para sua sobrevivência.
Assim, na Pré-História teria havido uma Idade da Pedra,
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que pode ser dividida em três períodos: Paleolítico, Me-


solítico e Neolítico; e uma Idade dos Metais. NEOLÍTICO
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O arqueólogo Gordon Childe foi um estudioso im-


A VIDA HUMANA ANTES DO portante no esforço de compreender o ser humano
APARECIMENTO DA ESCRITA dito pré-histórico. Suas observações em sítios arqueo-
lógicos, seus métodos de pesquisa e suas elaborações
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PALEOLÍTICO teóricas marcadamente marxistas deram as bases dos


É difícil definir uma data para o início da fase fa- conhecimentos a respeito do período de vida humana
bricante do ser humano, mas pode-se afirmar que, anterior ao aparecimento da escrita. Trabalhando com
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desde tempos remotos, em um período chamado a ideia da organização social a partir da luta pela sobre-
pelos especialistas de Paleolítico (Idade da Pedra vivência e pensando na questão da atividade produtiva
Lascada), ele passou a produzir utensílios que o aju- como elemento diferenciador de grupos sociais, ele
daram em sua sobrevivência. Esse período é sub- colocou a discussão sobre o universo produtivo como
dividido pelos arqueólogos em Paleolítico Inferior, algo anterior ao chamado modo de produção asiático, o
Médio e Superior. qual foi abordado no módulo anterior.
De forma geral, grupos humanos que viveram Gordon Childe indicou a existência de uma revo-
nesses períodos vagavam em busca de alimento e já lução na Pré-História da humanidade que seria equi-
desenvolviam instrumentos de pedra lascada, os quais valente à Revolução Industrial, pois teria alterado pro-
permitiam a caça, a coleta e a pesca, como machados fundamente a vida dos seres humanos, como esta
de mão, pontas de lança e facas de variados tamanhos. alterou na contemporaneidade.

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De predador a produtor simples predadores, tornaram-se produtores em um


No Oriente, por volta de 10000 a.C., o ser humano sentido mais restrito, qual seja, o da produção de víve-
HISTÓRIA 1

teria deixado de ser um simples predador e iniciado sua res. Nesse quadro, houve a divisão do trabalho em uma
jornada produtiva na Terra. Essa mudança seria resultado comunidade que crescia e necessitava de regras de
de sua capacidade de observar recorrências da natureza, convívio coletivo. Tudo isso por meio de um movimento
percebendo que poderia utilizá-la em seu benefício. de longa duração que teria levado séculos.
A racionalização teria ganho um impulso nunca É importante ressaltar que nesse quadro de alte-
antes visto quando ele passou a domesticar animais, rações da vida do ser humano foram produzidas as
criando rebanhos e não dependendo exclusivamen- primeiras instituições, visando estabelecer regras do
te da caça para conseguir seu alimento. Além disso, convívio social. Nesse sentido, deve-se considerar os
a observação dos ciclos da natureza garantiu a saída primórdios das civilizações na Pré-História, pois o ser
do estágio de coletor para o de agricultor. Não se sabe humano teria deixado de se comportar como os outros

O
quem ou qual grupo humano fez isso primeiro, mas a animais na natureza ao estabelecer valores que defi-

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capacidade de imitação teria garantido a expansão do niam sua conduta.

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comportamento produtivo, alterando profundamente a A primeira instituição humana foi a família, estabele-

M IV
vida no período pré-histórico. cendo uma assimetria de relações expressa no binômio
No que diz respeito às mudanças, deve-se assinalar pais-filhos e definindo a ideia de autoridade. Alguns au-

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que a criação de rebanho reduz a mobilidade dos gru- tores afirmam, com base em estudos de mitologia, que
pos e o desenvolvimento da agricultura vincula o ser as primeiras organizações familiares eram matriarcais,

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humano a um domínio territorial. Assim, pode-se ob- pois, como a mulher teria desenvolvido o conhecimen-
servar o processo de sedentarização das comunidades, to sobre a agricultura, estabeleceu uma ordem no espa-
a divisão social do trabalho e o surgimento de popula- ço, garantindo a continuidade da produção.

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ções em áreas que permitiam a agricultura. Depois, num quadro de disputas pelo controle de
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A vida em pequenos grupos, característica do Pe- terras aráveis, os homens passaram a ter papel funda-
ríodo Paleolítico, deixou de predominar no período das mental para a comunidade produtora, instituindo-se um
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comunidades produtoras, pois a produção de alimen- modelo de organização familiar patriarcal. O importante
tos trouxe benefícios que garantiam o sustento de uma é que se reconheça a importância dessa primeira insti-
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população cada vez maior. Teria havido uma explosão tuição humana na garantia de laços de sangue, afetivos
demográfica nesses espaços. Assim, a revolução neolí- e de valores que asseguravam ordenamento aos gru-
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tica teria alterado qualitativamente a vida pré-histórica. pos humanos.


Haveria aí até mesmo uma dupla revolução, pois, na A família, contudo, possuía uma dimensão reduzida
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sequência, o ser humano teria construído um espaço em termos espaciais e de elementos agregados. Con-
artificial para sua vida, elevando muros e estabelecen- flitos intensos por terras entre vários grupos levaram
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do locais para culto, sepultamento dos mortos, moradia à necessidade de alianças e à ampliação dos laços de
e armazenamento da produção. A isso foi denominado parentesco. Teriam surgido, assim, os clãs, as tribos
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Revolução Urbana. associadas e, por fim, o Estado – uma organização de


Em que pesem todas essas mudanças na definição maior abrangência territorial e populacional.
de um conceito revolucionário atribuído à vida do ser O Período Neolítico representou um intervalo pe-
EM IA

humano pré-histórico, vários autores indicam um pro- queno da Pré-História, mas decisivo para o surgimento
cesso lento em que ele desenvolveu o pastoreio, que, de um modelo de civilização. Das pinturas rupestres,
o ser humano passou à arte da cerâmica, levando ao
ST ER

a princípio, foi algo complementar à coleta, não aban-


donando a caça e a agricultura. Sendo assim, o termo mundo, de forma nítida, uma ideia de modelagem e de-
"revolução" não seria o mais adequado para tratar dessa monstrou, assim, sua capacidade de atuação.
mudança qualitativa nesse período. Esse caráter lento
SI AT

estabelece uma ideia de continuação, gradualidade, Sentimento religioso


com agregações. No Período Paleolítico, o ser humano era movido
O ser humano é um grande observador desde o Pa- por um sentimento do mágico, aguçado com o enten-
M

leolítico, pois disso dependia sua sobrevivência. Com dimento de sua capacidade de ação. Em sua mente,
base nessas observações, alguns grupos compreende- todas as coisas eram animadas por forças poderosas
ram a importância do plantio de sementes e da domes- que necessitariam ser contempladas, apaziguadas ou
ticação dos animais, escolhendo os que atenderiam estimuladas.
melhor às suas necessidades. Isso já significava uma A atuação dessas forças provavelmente foi expres-
seleção artificial, pois era realizada tendo como critério sa pelos relatos orais e, também, pelos mitos, os quais
o interesse humano. instituíam ordens e espelhavam a natureza, colocando
Sistemas de irrigação de solo, barragens, diques o ser humano como mediador do mundo para harmo-
e silos foram construídos para atender à produção de nizá-lo. Isso significava obter benefícios para sua vida.
alimentos. Os grupos humanos foram deixando o no- Tumbas, sarcófagos e cemitérios são exemplos
madismo e passaram a viver em grandes grupos e, de de uma preocupação com o além e já aparecem no

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11

Período Neolítico. A “casa dos mortos” possuía vasos dos deuses). Mais tarde, o ferro passou a ser desen-
de cerâmica com objetos usados pelo falecido, em uma volvido em terras orientais e em alguns espaços da

HISTÓRIA 1
clara preocupação de deixá-los à disposição “daquilo” Europa. Novas campanhas militares reordenaram so-
que havia abandonado o corpo. Assim, do sentimento ciedades e aumentaram o grau de complexidade das
religioso para a sistematização de religiões, de ordens relações humanas.
divinas e poder político não foi um caminho difícil. Esta- Os vários conhecimentos produzidos não poderiam
vam dadas as bases de um modelo de civilização. ser perdidos e daí surgiu a necessidade de registrar
as criações, as descobertas, as invenções e as ideias
IDADE DOS METAIS desenvolvidas pela coletividade. A criação de símbolos
A Pré-História também contempla o domínio do ser que, associados, formavam ideogramas. Estes consti-
humano sobre os metais. A princípio, ouro, cobre e esta- tuíram os primeiros sistemas de escrita.
nho foram explorados. Da mistura dos dois últimos, ele O advento da escrita teria possibilitado a conserva-

O
produziu o bronze. Armas de bronze e joias em ouro eram ção de experiências e conhecimentos, favorecendo o

BO O
representativas de distinções sociais e poder político. acúmulo de repertórios utilizados no desenvolvimento

SC
Grupos que não tinham desenvolvido conhecimento das sociedades humanas. Tal prática inaugurou a Histó-

M IV
sobre metais foram submetidos a uma lógica que unia ria Antiga com a escrita cuneiforme, criada pelos sumé-
controle territorial, subsistência e poder mágico (ação rios na região da Baixa Mesopotâmia.

O S
D LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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12

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

HISTORIOGRAFIA

O
BO O
É a representação do passado construída com vestígios históricos, mé-

SC
M IV
todo e rigor científico
O que é História?

O S
D LU
O C
Qual é seu maior expoente?
N X
SI E
Karl Marx.
O

Perspectiva materialista Como a História é proposta?


EN S

A história da humanidade, para os materialistas, é a história da luta de


E U

classes pela obtenção dos meios de vida.


D E
A LD

Principais conceitos:
EM IA

Estrutura e longa duração.


ST ER

Perspectiva culturalista Como a História é proposta?


SI AT

A perspectiva culturalista privilegia as formas de pensamento e suas

consequências para indivíduos e sociedades.


M

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13

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
PRÉ-HISTÓRIA

Período:

O
3000000 a.C. a 10000 a.C.

BO O
Principais marcos históricos:

SC
Paleolítico

M IV
Início da produção de ferramentas em pedra lascada; domínio do fogo;

pinturas rupestres representam cenas do cotidiano dos grupos huma-

O S
nos.

D LU
O C
Período:

N X 10000 a.C. a 8000 a.C.


SI E
Principais marcos históricos:
Mesolítico Desenvolvimento de novos equipamentos de caça; mudanças climáti-
O

cas, como a última Era Glacial, alteram o padrão de caça das comunida-
EN S

des humanas.
E U
D E

Período:
A LD

10000 a.C. a 4000 a.C.

Principais marcos históricos:


EM IA

Utilização de pedras polidas para a fabricação de ferramentas, que se

Neolítico
ST ER

tornam cada vez mais sofisticadas; a prática agrícola e a domesticação

de animais proporcionam condições para a sedentarização dos grupos


SI AT

humanos; organização das comunidades e surgimento das primeiras ins-

tituições.
M

Período:

4500 a.C. a 3500 a.C.

Idade dos Metais Principais marcos históricos:


Desenvolvimento da metalurgia; melhorias na agricultura e na qua-

lidade de vida.

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14

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Com suas palavras e desenvolvendo o que aprendeu 3. Enem (adaptado) C3-H11


neste módulo, explique: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum des-
a) O que é História? Como os historiadores a constroem? tino biológico, psíquico, econômico define a forma que a
fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto
A História pode ser definida como a construção de uma representação
da civilização que elabora esse produto intermediário en-
tre o macho e o castrado que qualificam o feminino."
do passado. Os historiadores utilizam vestígios, as chamadas fontes
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
históricas, e seus métodos para, com rigor científico, construir o conhe-
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir
contribuiu para estruturar um movimento social. Qual é
cimento histórico.
a marca deste movimento e a perspectiva histórica que

O
poderia melhor estudá-lo?

BO O
a) Ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência

SC
sexual, melhor estudada em uma perspectiva mate-

M IV
b) Quais diferenças podem ser destacadas entre os rialista.
historiadores modernos e os da Grécia Antiga?
Cite exemplos de historiadores de cada uma des- b) Pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jor-
nada de trabalho, melhor estudada em uma perspec-

O S
sas épocas.
tiva materialista.

D LU
Apesar de se tratar, basicamente, da mesma disciplina, os historiadores c) Organização de protestos públicos para garantir a
igualdade de gênero, melhor estudada por uma pers-
modernos trabalham em um período pós-revolução científica. Portanto, pectiva culturalista.
d) Oposição de grupos religiosos para impedir os ca-

O C
têm métodos bem definidos e estão inseridos no que podemos chamar samentos homoafetivos, melhor estudada em uma
perspectiva materialista.
N X
de ciências humanas. Isso não acontecia na Grécia Antiga, quando eram e) Estabelecimento de políticas governamentais para
promover ações afirmativas, melhor estudada por
SI E
uma perspectiva culturalista.
narrados feitos da política e da guerra sem as mesmas preocupações.
Como visto no módulo, esse tipo de movimento pode ser melhor enten-
O

dido se estudado por uma perspectiva culturalista. No texto de Beauvoir,


Entre os modernos, é possível citar Karl Marx e Fernand Braudel. Entre entendemos também que não há nenhuma relação do movimento so-
cial com o Poder Judiciário, Legislativo, grupos religiosos ou com polí-
EN S

ticas governamentais de ação afirmativa. Percebemos, isso sim, uma


os gregos, Heródoto e Tucídides. organização de mobilizações públicas em busca da igualdade de gênero.
E U

Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-


tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais.
D E

Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo


2. UDESC – “A incompreensão do presente nasce fatalmen- e no espaço.
A LD

te da ignorância do passado. Mas talvez não seja menos


vão esgotar-se em compreender o passado se nada se sabe
do presente.”
Marc Bloch. Apologia da História ou o ofício do historiador.
EM IA

Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 65.

Assinale a alternativa que contém a definição de história 4. Fatec-SP – A forma como as sociedades organizam as
mais coerente com a citação do historiador Marc Bloch. suas atividades produtivas se transforma ao longo do tem-
ST ER

a) A História é a ciência que resgata o passado para ex- po e vem marcando mudanças históricas importantes.
plicar o presente e fazer previsões sobre o futuro. Na transição do Período Paleolítico para o Período Neo-
b) A História é uma ciência que visa promover o entrete- lítico, observam-se importantes mudanças na organiza-
SI AT

nimento dos espectadores do presente e um conhe- ção produtiva como, por exemplo:
cimento inútil sobre o passado.
a) o término do sistema de plantation.
c) A História é, tal como a literatura, uma narrativa sobre o
b) a formação das corporações de ofício.
passado determinada pela imaginação do historiador.
M

c) a construção de núcleos urbanos feudais.


d) A História é a ciência que se refugia no passado para
não compreender as questões do presente. d) o início das grandes organizações sindicais.
e) A História é uma ciência que formula questões sobre e) o surgimento da agricultura de subsistência.
o passado a partir de inquietações e experiências vi- As alternativas de A até D apresentam fenômenos históricos muito dis-
vidas no presente. tantes da transição do Paleolítico para o Neolítico. As plantations con-
figuram um modo de produção agrícola moderno, em geral utilizando
Como dito pela historiadora Marguerite Yourcenar, cada época escolhe
trabalho escravo. As corporações de ofício e os núcleos urbanos feu-
seu passado. Portanto, é correto dizer que as questões (ou inquieta-
dais fazem parte do processo de transição da Idade Média para a Idade
ções) e as experiências do presente influenciam o conhecimento histó-
Moderna. Por fim, as organizações sindicais são típicas do mundo pós-
rico, uma vez que moldam as questões formuladas.
-Revolução Industrial. A resposta correta, portanto, indica o surgimento
da agricultura de subsistência, que levou, lentamente, a um processo
de sedentarização.

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15

5. UECE – É admirável a variedade de habitats ocupados 6. FGV-SP – A transição do Paleolítico Superior para o

HISTÓRIA 1
pelos primeiros humanos que possivelmente iniciaram o Neolítico (entre 10000 a.C. e 7000 a.C.) foi acompanha-
povoamento da América em seu ponto mais meridional da por algumas mudanças básicas para a humanidade.
na Terra do Fogo, no extremo sul do continente. A chega- Entre essas, poderíamos citar:
da na América comprova a engenhosidade, adaptabilida- a) o aparecimento da linguagem falada.
de e capacidade migratória excepcional insuperável do
A teoria que abriga a proposi-
b) a domesticação dos animais e plantas, isto é: o apa-
a) Homo habilis. recimento da agricultura e do pastoreio.
ção da questão, relativamente
b) Homo neanderthalensis. à chegada do homem primitivo c) o aparecimento da magia e da arte.
no continente americano, é de-
c) Homo de denisova. nominada de "Transoceânica", d) o povoamento de amplas áreas antes não povoadas,
d) Homo sapiens. que supõe o seu deslocamento como a Europa Central e Ocidental.
da Polinésia (Oceania), na direção do sul da América, há cerca de 10 mil e) o aparecimento de vários novos instrumentos, como
anos, por meio de rudimentares transportes náuticos, obedecendo ao
fluxo natural de correntes marítimas específicas. A segunda teoria mais
a agulha de osso, os arpões, os anzóis, a machadi-
aceita é a de Bering, segundo a qual os primeiros homo sapiens teriam nha, a lança e a faca.

O
se utilizado de um estreito terrestre existente entre o extremo leste da A linguagem falada é anterior a esse período, assim como a arte e o

BO O
Ásia e o extremo oeste da América, com deslocamentos que datariam sentimento religioso, o povoamento da atual Europa, e os instrumentos

SC
de 50 mil anos atrás; uma faixa de 85 km que se achava congelada em citados. Desse período datam a domesticação de animais e plantas e o
face de determinada Era Glacial ocorrida durante esse período. início do processo de sedentarização.

M IV
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

O S
7. UFPB-PB (adaptado) – O conhecimento histórico evo- b) Indique uma diferença entre o conceito de economia de

D LU
luiu muito no Ocidente. Suas linguagens, teorias e con- Aristóteles e o conceito de economia no capitalismo.
ceitos exigem do historiador uma formação profissional
complexa e abrangente.

O C
Sobre a historiografia e sua evolução, é correto afir-
mar que:
N X
a) a História-crônica surgiu no século XIX, influenciada
pelo positivismo.
SI E
b) o conceito de representação é chave para a História-
-ciência, especialmente na investigação das realida-
O

des econômicas.
9. UFSC (adaptado) – Em relação a fontes e escrita da
c) a análise quantitativa é muito utilizada pela Nova His- História, é correto afirmar que:
EN S

tória Social para compreender o cotidiano e os mitos.


01) por muito tempo as pesquisas históricas privilegia-
d) a ciência da História surgiu na Antiguidade, fruto da
ram as fontes escritas, mas atualmente entende-se
E U

criação do método crítico por Heródoto.


que todo tipo de registro dos atos e pensamentos
e) a perspectiva do materialismo histórico-dialético foi da sociedade pode ser usado como fonte para a
uma contribuição do marxismo para a abordagem escrita da História, como, por exemplo, utensílios
D E

das estruturas econômico-sociais. domésticos, vestuário, fotografias, monumentos


ou mesmo registros orais.
A LD

8. Vunesp-SP (adaptado) – “Existem numerosos tipos de


02) a escrita da História depende da análise de fontes
alimentação que determinam diversos modos de vida, tan- e da interpretação de quem a analisa, por isso ela
to nos animais como nos homens... Os mais indolentes são deve ser entendida como uma versão.
pastores… Outros homens vivem da caça, alguns, por exem-
EM IA

04) a forma de dividir a História em quatro grandes


plo, vivem de pilhagem, outros vivem da pesca: são aqueles
épocas – Antiga, Média, Moderna e Contempo-
que vivem perto dos lagos, dos pântanos, dos rios ou de um rânea –, apesar de ser um invento europeu, deve
ST ER

mar piscoso; outros alimentam-se de pássaros ou de animais ser empregada para o entendimento do processo
selvagens. Mas, de um modo geral, a raça humana vive, prin- histórico dos diferentes povos do mundo.
cipalmente, da terra e do cultivo de seus produtos.”
08) os conceitos de tombamento e patrimônio imaterial
ARISTÓTELES. Política. Séc. IV a.C.
foram instituídos como forma de preservar bens
SI AT

a) Qual é o conceito de economia expresso pelo texto dos mais variados, materiais e imateriais, como
de Aristóteles? Esse conceito faz parte do mundo fotografias, livros, imóveis, cidades, receitas culi-
ideal ou real? nárias, que sejam considerados importantes para
a memória coletiva.
M

16) apesar da ampliação da noção de documentos his-


tóricos, os documentos oficiais ainda são tomados
pelos historiadores como as únicas legítimas fon-
tes para o conhecimento histórico.
32) os estudos históricos da atualidade procuram dar
voz a diferentes sujeitos, como mulheres, trabalha-
dores rurais, crianças etc.; no entanto, as pesqui-
sas sobre o passado ainda têm maior concentração
nas ações dos reis, generais, comandantes de re-
voltas e revoluções, pois são os atos dos grandes
governantes e líderes que modificam o rumo dos
acontecimentos.

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16

10. Unicamp-SP (adaptado) – "A história de todas as so- II. A domesticação de animais e o surgimento da agri-
HISTÓRIA 1

ciedades tem sido a história das lutas de classe. Classe cultura ocorreram apenas após a invenção da escrita,
oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia conquis- posterior, portanto, ao Neolítico.
tou a soberania política no Estado moderno, no qual III. A duração do Paleolítico é bem mais extensa que a
uma exploração aberta e direta substituiu a exploração do Neolítico, envolvendo níveis técnicos naturalmen-
velada por ilusões religiosas. te mais primitivos.
A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas
formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosófi- a) Todas as proposições são verdadeiras.
cas. Não é a consciência do homem que determina o seu b) Apenas as proposições I e II são verdadeiras.
ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ele c) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.
contrai que determinam a sua consciência." d) Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. São Paulo:
e) Todas as proposições são falsas.
Alfa-Ômega, s./d., vol. 1. p. 21-23; 301-302.

O
As proposições dos enunciados acima podem ser asso- 14. UFPE – Na Pré-História encontramos fases do desenvol-

BO O
ciadas ao pensamento conhecido como: vimento humano. Qual é a alternativa que apresenta ca-

SC
a) materialismo histórico, que compreende as socieda- racterísticas das atividades do homem na Fase Neolítica?

M IV
des humanas a partir de ideias universais indepen-
dentes da realidade histórica e social. a) Os homens praticavam uma economia coletora
de alimentos.

O S
b) materialismo histórico, que concebe a história a par-
tir da luta de classes e da determinação das formas b) Os homens fabricavam seus instrumentos para ob-
tenção de alimentos e abrigo.

D LU
ideológicas pelas relações de produção.
c) socialismo utópico, que propõe a destruição do capi- c) Os homens aprenderam a controlar o fogo.
talismo por meio de uma revolução e a implantação
d) Os homens conheciam uma economia comercial e já
de uma ditadura do proletariado.

O C
praticavam os juros.
d) socialismo utópico, que defende a reforma do capita-
lismo, com o fim da exploração econômica e a aboli- e) Os homens cultivavam plantas e domesticavam ani-
N X
ção do Estado por meio da ação direta. mais, tornando-se produtores de alimentos.
SI E
11. UPE (adaptado) – "A diversidade dos testemunhos his- 15. UFTPR – Tradicionalmente, podemos definir a Pré-
tóricos é quase infinita. Tudo o que o homem diz ou escre- -História como o período anterior ao aparecimento
da escrita. Portanto, esse período é anterior a 4000
O

ve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve infor-
mar sobre ele." a.C., pois foi por volta dessa época que os sumérios
desenvolveram a escrita cuneiforme. Com base nes-
EN S

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício de historiador.


Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. p. 79. se entendimento, qual é a alternativa que apresenta
características das atividades do homem na Fase Pa-
E U

Sobre as fontes históricas, com base no texto anterior,


leolítica?
assinale a alternativa correta.
a) Os homens aprenderam a polir a pedra. Desde en-
D E

a) O pensamento marxista aboliu a utilização de fontes


escritas nas pesquisas históricas. tão, conseguiram produzir instrumentos (lâminas de
corte, machados, serras com dentes de pedra mais
A LD

b) A afirmação do texto sintetiza a nova perspectiva his-


eficientes e mais bem-acabados.
toriográfica sobre as fontes históricas.
c) Os utensílios produzidos pelo homem se enquadram b) Os homens descobriram uma forma nova de obter
como registros arqueológicos e não como fontes alimentos: a agricultura, que os obrigou a conservar e
cozinhar os cereais.
EM IA

para o historiador.
d) Marc Bloch, no texto, defende a primazia das fon- c) Semeando a terra, criando gado, produzindo o próprio
tes escritas. alimento, os homens não tinham mais por que mudar
ST ER

e) A escola positivista foi a primeira a fazer uso da cha- constantemente de lugar e tornaram-se sedentários.
mada história oral. d) Os homens conheciam uma economia comercial e já
praticavam os juros.
12. IFSP – As pinturas rupestres no Paleolítico tinham um
SI AT

e) Os homens ainda não produziam seus alimentos, não


significado mágico porque:
plantavam e nem criavam animais. Em verdade, eles
a) expressavam o culto aos deuses. coletavam frutos, grãos e raízes, pescavam e caça-
b) expressavam os valores religiosos. vam animais.
M

c) expressavam deuses antropozoomórficos.


16. FGV-SP – Sobre a Revolução Urbana, pode-se afirmar
d) possuíam um caráter expressionista.
que:
e) ao representar cenas de caça e animais, os homens
da época desejavam sucesso na caça. a) ocorreu no final do Paleolítico, graças à utilização de
pedra polida pelo homem.
13. FCSCL-SP – Examine as três proposições, julgando se b) representou a intensificação do nomadismo.
são verdadeiras ou falsas. Em seguida, assinale a alter- c) começou quando os homens derrotaram o poder dos
nativa correta. sacerdotes e inauguraram as cidades-Estados.
I. A Pré-História, época compreendida entre o apareci-
d) ocorreu no final do Neolítico, quando se ampliou a
mento do homem sobre a Terra e o uso da escrita, é
agricultura irrigada.
dividida tradicionalmente em dois períodos: Paleolíti-
co e Neolítico. e) está ligada ao aparecimento da magia.

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17

17. UFG-GO – As pinturas rupestres são evidências mate- b) expressam uma concepção de tempo marcada pela

HISTÓRIA 1
riais do desenvolvimento intelectual dos seres huma- cronologia.
nos. Embora tradicionalmente estudadas pela Arqueo- c) indicam o predomínio da técnica sobre as forças da
logia, elas ajudaram a redefinir a concepção de que a natureza.
História se inicia com a escrita, pois: d) atestam as relações entre registros gráficos e mitos
de origem.
a) funcionam como códices velados de uma comunida- e) registram a supremacia do indivíduo sobre os mem-
de à espera de decifração. bros de seu grupo.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H15 O texto permite concluir que a agricultura começou a
"A regulação das relações de trabalho compõe uma es- ser praticada há cerca de:

O
trutura complexa, em que cada elemento se ajusta aos a) 365 anos.

BO O
demais. A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças
b) 460 anos.

SC
dessa vasta engrenagem. A presença de representantes

M IV
classistas na composição dos órgãos da Justiça do Traba- c) 900 anos.
lho é também resultante da montagem dessa vasta engre- d) 10 000 anos.
nagem. O poder normativo também reflete essa caracte- e) 460 000 anos.

O S
rística. Instituída pela Constituição de 1934, a Justiça do
20. Enem C6-H26

D LU
Trabalho só vicejou no ambiente político do Estado Novo
Instaurado em 1937." Segundo a explicação mais difundida sobre o povoa-
ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo. In: mento da América, grupos asiáticos teriam chegado a
PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: esse continente pelo Estreito de Bering, há 18 mil anos.

O C
Editora FGV, 1999. Dessa região, localizada no extremo noroeste do conti-
nente americano, esses grupos e seus descendentes
N X
A criação da referida instituição estatal na conjuntura
histórica abordada teve por objetivo:
teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, che-
gando até a porção sul do continente. Entretanto, por
SI E
a) legitimar os protestos fabris. meio de estudos arqueológicos realizados no Parque
b) ordenar os conflitos laborais. Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descober-
tos vestígios da presença humana que teriam até 50 mil
O

c) oficializar os sindicatos plurais.


anos de idade. Validadas, as provas materiais encontra-
d) assegurar os princípios liberais.
das pelos arqueólogos no Piauí:
EN S

e) unificar os salários profissionais.


a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram
E U

o Oceano Atlântico até o Piauí há 18 mil anos.


19. Enem C4-H16
b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na
Se compararmos a idade do planeta Terra, estimada em
América do Norte e, depois, povoou os outros con-
D E

quatro e meio bilhões de anos (4,5 · 109 anos), com a de tinentes.


uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a flo-
c) contestam a teoria de que o homem americano sur-
A LD

rescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42 anos. Ela


só conviveu com o homem moderno nas últimas quatro giu primeiro na América do Sul e, depois, cruzou o
Estreito de Bering.
horas e, há cerca de uma hora, viu-o começar a plantar
e a colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o
máquinas e de indústrias e, como denuncia uma ONG de Estreito de Bering há 18 mil anos.
EM IA

defesa do meio ambiente, foi nesses últimos sessenta e) contestam a teoria de que o povoamento da América
segundos que se produziu todo o lixo do planeta! teria iniciado há 18 mil anos.
ST ER
SI AT
M

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2
18

ANTIGUIDADE ORIENTAL:
HISTÓRIA 1

EGÍPCIOS E MESOPOTÂMICOS

CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS

O
BO O
ANTIGAS CIVILIZAÇÕES ORIENTAIS

SC
• Características gerais

M IV
das antigas civilizações
orientais A criação da escrita correspondeu a uma condição diferenciada para alguns gru-
pos humanos, pois permitiu registros materiais dos pensamentos e contribuiu para

O S
• Egípcios
ampliar horizontes e preservar conhecimentos. Dessa forma, o desenvolvimento de
• Mesopotâmicos
novas instituições, tecnologias, conhecimentos teóricos e práticos, além de mecanis-

D LU
• Civilizações que moldaram mos de controle, foi acelerado.
a História As civilizações que primeiro entraram para esse universo dos povos que desen-
• Persas volveram a escrita viveram no Oriente. Elas apresentaram certos aspectos semelhan-

O C
• Hebreus tes de organização política, econômica e social. Nesse sentido, pode-se assinalar a
• Fenícios N X estruturação de Estados teocráticos, os quais revelaram a importância de sistemas
religiosos no ordenamento social.
SI E
HABILIDADES Outra semelhança: o desenvolvimento de sistemas de irrigação do solo, aprovei-
• Interpretar historicamente tando as águas dos rios e, com isso, constituíram cidades às margens deles. Esse
O

e/ou geograficamente esforço consistiu, entre outros aspectos, na realização da produção agrícola, garantin-
fontes documentais acerca do subsistência de populações que cresciam em ritmo acelerado. Tais aglomerações
EN S

de aspectos da cultura. ficaram, por isso, conhecidas como civilizações de regadio (também chamadas de
fluviais ou hidráulicas).
E U

• Analisar a produção da
memória pelas sociedades Em termos gerais, houve o florescimento de complexas civilizações entre os rios
humanas. Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, e no Vale do Nilo, a nordeste do continente africa-
D E

• Associar manifestações no. Por essas áreas representarem juntas um arco que faz lembrar a lua crescente,
A LD

culturais do presente aos foram chamadas de Crescente Fértil.


seus processos históricos.

EGÍPCIOS DB_PV_V1_HIS1_ MOD03_M001


Egito Antigo
EM IA

O Egito Antigo desenvolveu- Mar Mediterrâneo 35°


Extensão do Antigo
-se ao longo das margens férteis Egito
ST ER

do Rio Nilo. Os povos que ini- Baixo


Egito Heliópolis
Deserto
da Arábia
Área inundada pelas
cheias do Nilo
Mênfis
cialmente ali se estabeleceram Saqqara Cidades principais
aprenderam a conviver com o Beni
Hassan Médio
Egito
ciclo das águas, desenvolvendo Tuna El-Quebel
SI AT

Tell El-Amarna

sofisticadas técnicas de agri- Abidos


Ma

Vale dos Reis Dendera


Karnak
cultura hidráulica. Isso fez com
rV

Vale das Rainhas


Tebas
erm

Esna
Edfu
que, com o passar dos séculos,
elh

Deserto
M

Kom Ombo
o

da Líbia Assuã
ocorresse uma unidade política Alto
Egito
Filae Trópico de Câncer

na região. Abu-Simbel
N

O Egito Antigo é uma das


NO NE

O L

civilizações mais antigas da NÚBIA SO SE


S
história. Por muito tempo, foi Escala aproximada
uma incógnita para o Ociden- 1: 27 500 000
0 275 550 km
te. Um dos obstáculos à cons-
Cada cm = 275 km
trução de conhecimento sobre
Representação do espaço onde se desenvolveu a civilização egípcia
essa civilização foi a dificul- antiga, da segunda catarata do Rio Nilo até o delta, no norte.
dade de entender sua escrita
Base cartográfica: IBGE.
hieroglífica.

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19

Apenas no século XIX a escrita desse povo foi de- Pode-se assinalar que a história do Egito Antigo foi
cifrada, pelo francês Jean-François Champollion, com marcada por movimentos de centralização e descen-

HISTÓRIA 1
base no estudo de uma pedra, encontrada na região tralização. Embora existissem nas fases pré-dinásticas
de Roseta, com inscrições em grego demótico e hieró- dois reinos – um no norte e outro no sul –, forças cen-
glifo. Sabendo que o texto era o mesmo nas duas lin- tralizadoras atuaram nas divisões administrativas me-
guagens e conhecendo o grego demótico, foi possível nores, conhecidas como nomos.
decifrar a escrita egípcia. Os nomos estavam vinculados uns aos outros, o
Desde então, todo esse universo foi sendo descortina- que permitia uma articulação que favorecia, em deter-
do, permitindo aos historiadores uma melhor compreen- minados contextos, o poder imperial. Este apresentava
são do modo de vida, da espiritualidade, da organização sinais de sua força de forma visível, por meio de gran-
política e da produção material e tecnológica dos antigos des obras públicas.
egípcios que se desenvolveram no vale do Rio Nilo.
ECONOMIA E SOCIEDADE

O
O Egito Antigo ordenou-se por meio de várias di-

BO O
nastias e impérios cuja complexidade de organização NO EGITO ANTIGO

SC
demonstra a sofisticação civilizacional ali desenvolvida. As atividades produtivas no Egito Antigo configura-

M IV
No mundo egípcio, não há separação entre natural ram divisões na sociedade e estabeleceram um orde-
e sobrenatural e a mitologia não é pura transcendência namento pautado por noções míticas expressivas das

O S
do mundo material. condições naturais. Em outras palavras, a economia
Mudanças dinásticas e conflitos pelo exercício do egípcia, assim como todos os outros aspectos dessa

D LU
poder estão contemplados de alguma forma em sua sociedade, estava intimamente ligada a uma estrutura
religiosidade e visão de mundo, sem que isso repre- social de inspiração religiosa.
sente uma corrupção de certos princípios ordenadores Agricultura e pecuária eram complementadas pela

O C
da comunidade. A luta entre os deuses Seth e Osíris, pesca e pela caça. Existiam restrições religiosas ao con-
a filiação divina ordenadora da trindade (Osíris, Ísis e
N X sumo de peixe e caça de certas aves, considerando que
Hórus), o tempo da existência condicionado pelo deus os animais constituíam parte do próprio ordenamento
SI E
Amon-Rá (Sol) são exemplos da variedade da própria divino, daí o culto a eles e a figuras antropozoomórficas
natureza e de seu sentido. no vale do Rio Nilo.
O

Percebia-se um universo no qual deuses, seres hu- Além das atividades de sustento, existiam outras
manos e natureza eram indissociáveis, não havendo se- como artesanato, ourivesaria, metalurgia, produção
EN S

paração entre a vida e a morte, o natural e o sobrenatu- cerâmica, tecelagem, construção naval e arquitetura.
ral, a ciência e a religião. Daí a dificuldade do Ocidente Hierarquias eram constituídas com base no grau de
E U

em compreender o mundo antigo egípcio, uma vez que complexidade de realização de cada uma delas. Assim,
entendemos esses elementos como opostos. um ourives ou tecelão poderia ter destaque em meio à
D E

O quadro natural representou uma fonte de inspira- população predominantemente camponesa.


ção para a organização de modelos políticos ao longo
A LD

Mercadores tinham papel relevante, pois dependia


da história do Egito Antigo, pois as tentativas de expli- deles a circulação de produtos por todo o vale do Rio
cação do movimento de cheias e vazantes do Rio Nilo Nilo. Contudo, estavam vinculados ao Estado e eram
forneceram elementos necessários ao ordenamento tutelados em suas atividades.
EM IA

político da região. O Rio Nilo contribuiu decisivamente


para a constituição de um imaginário em que divinda- CULTURA EGÍPCIA
des representavam forças da natureza, indicando o sen-
ST ER

A cultura egípcia foi marcada por uma arquitetura


tido da vida e seu renascimento. monumental; por uma estatuária que revela rigidez
Os deuses Osíris, Ísis e Hórus expressavam ordem e força em representações da vida cotidiana; por ex-
e duração, julgamento e condição da vida, uma mito- pressões do culto aos deuses como insígnias de sua
SI AT

logia que instituía na mente um espaço, o Egito, com força criadora, caracterizando um pensamento mítico
toda a sua diversidade biológica e ordenamento. Hórus, que ajustava ciclos da natureza na mente dos homens,
herdeiro do lugar constituído por seus pais, Osíris e Ísis, relacionando-os à ordem social e política; e por uma
M

deveria governar. estrutura cósmica que naturalizava relações sociais e


Essa justificativa mítica da vida expressou-se em fomentava ações produtivas humanas. O ser humano
hieróglifos, pinturas, esculturas, templos, palácios e câ- integrava-se à criação do universo pelos deuses.
maras funerárias que forneciam a informação (sinais) Assim, a palavra que traduzia o ordenamento divino
da natureza e formavam homens na crença dos po- também instituía o poder daqueles que a dominavam. O
deres divinos e da participação humana nesse cosmo Livro dos Mortos, os textos mágicos das paredes das pi-
dotado de forças poderosas. Assim, ciclos da natureza râmides, os rituais associados à nomeação das forças e a
encontravam equivalência no imaginário dos habitantes invocação das energias cósmicas representavam harmo-
do Vale do Nilo. O poder dos deuses era representado nização das diferenças e conservação do próprio universo.
pelo faraó, intermediário entre eles e os homens, a própria A escrita hieroglífica era a materialização no papiro da or-
divindade entre humanos. dem cósmica e integradora de forças religiosas e políticas.

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No que diz respeito a essa integração, encontram- cuneiforme. Desenvolveram uma arquitetura de tijolos
-se nas pirâmides exemplos de religiosidade (por serem e edificaram as cidades Ur, Uruk, Eridu, Lagash, entre
HISTÓRIA 1

câmaras mortuárias, erguidas graças à crença na exis- outras. Numa área pantanosa do sul, construíram sis-
tência após a morte) e de poder político (por revelarem temas de diques, barragens e canais de irrigação que
a capacidade dos faraós em mobilizar recursos huma- permitiram o crescimento da agricultura.
nos e materiais para suas construções). Assim, elas Com autonomia política, cidades-Estado eram gover-
representavam ícones de poder, pois, quanto maior a nadas por chefes religiosos – patesis. Mais tarde, esse
edificação, maior a capacidade do soberano em reunir sistema foi absorvido pelo código do imperador babilôni-
pessoas e recursos materiais para a realização de uma co Hamurabi, que afirmava que uma ofensa deveria ser
obra que seria sua última residência. paga pelo ofensor na mesma medida de seu crime, daí
Outro aspecto cultural a ser destacado é a noção de vem a expressão: “olho por olho, dente por dente”.
beleza e estética baseada na simetria, o que pode ser Os sumérios lançaram as bases das civilizações

O
notado na estatuária egípcia. Elas são matemáticas e mesopotâmicas, pois as várias invasões de outros gru-

BO O
marcavam a compreensão, por parte dos egípcios, de pos encontraram elementos culturais preexistentes e

SC
medidas que deveriam reger o universo. A própria cons- acabaram por absorvê-los. Por isso, são encontrados o

M IV
trução piramidal é indicativa dos estudos matemáticos mesmo tipo de arquitetura e de escrita entre habitantes
(geométricos) produzidos no Egito Antigo. da Mesopotâmia, além de mitologias e princípios de

O S
A religião caracterizava-se por ser politeísta antropo- justiça compartilhados por esses povos. A unificação
zoomórfica, representando suas divindades em forma de política da Mesopotâmia ocorreu pela primeira vez com

D LU
homens e animais. Amon-Rá (o Sol) era o deus supremo. o rei Sargão I, de Acádia, ao dominar as cidades-Estado
Osíris, Ísis e Hórus compunham a família sagrada. Osíris sumérias. Seu império foi destruído pelo povo guti, que
simbolizava o juiz supremo, que julgaria a alma depois chegou a dominar a Mesopotâmia por volta de 2000 a.C.

O C
da morte. Era bastante popular o culto ao boi Ápis, tido Segundo registros acadianos, os guti vinham do Monte
como símbolo de força e virilidade, que, por consequên-
N X Zagro, uma cordilheira a oeste do atual Irã.
cia também expressava o poder do faraó. Por volta de 2000 a.C., a região foi conquistada e
SI E
Os egípcios acreditavam na duplicidade e imortalidade unificada por um povo semita chamado amorita, que
da alma, que sofreria julgamento após a morte e reencarna- fundou a Babilônia e estabeleceu ali a capital de seu
O

ria sempre no mesmo corpo: daí a prática da mumificação. império, inaugurando a segunda fase importante da ci-
Dentre as obras arquitetônicas destacam-se templos vilização do Tigre-Eufrates.
EN S

como Karnak; pirâmides; mastabas – pirâmides trunca- Assírios, da região montanhosa do norte da Meso-
das com construção de túmulo subterrâneo; hipogeus potâmia, dispondo de superioridade militar (cavalos,
E U

– cavernas para enterro de mortos; obeliscos. Escultura carros de guerra etc.) e derrotando os inimigos pelo
e pintura tinham como expressão básica a religião. Os terror, dominaram o Primeiro Império Babilônico por
D E

egípcios não utilizavam perspectiva e expressavam o volta de 1300 a.C. Os assírios foram, por sua vez, des-
corpo humano em perfil. Desenvolveram, ainda, inúme- truídos em 612 a.C. por uma coligação entre caldeus
A LD

ros conhecimentos científicos, jurídicos e artísticos. (recém-instalados na Baixa Mesopotâmia) e medos (do
Planalto do Irã). O Império Caldeu ou Segundo Impé-

MESOPOTÂMICOS rio Babilônico teve vida curta. Seu principal soberano


EM IA

foi Nabucodonosor, que construiu os famosos jardins


Os primórdios da civilização oriental encontram- suspensos e tomou o Reino de Judá. Seu império foi
-se na Mesopotâmia, região compreendida entre os conquistado em 49 a.C. por Ciro, rei dos persas.
ST ER

rios Tigre e Eufrates e que atualmente corresponde


ao Iraque. Por causa de suas características geográfi- ACADIANOS
cas, era uma área aberta a uma infinidade de grupos Assim ficaram conhecidos por terem fundado uma
SI AT

humanos, que buscavam ali condições melhores para cidade ao norte de Sumer denominada Acad, por volta
a sobrevivência. Por isso, não é possível falar numa ci- de 2550 a.C. O fundador e principal líder foi Sargão, o
vilização mesopotâmica, mas em civilizações. Contudo, Antigo, que liderou a conquista das cidades sumérias
M

algumas comunidades se destacaram no conjunto dos ao sul, estabelecendo a primeira unidade política da
povos e são mais frequentemente lembradas. Dentre Mesopotâmia, o Império Acádio.
elas, encontram-se comunidades de sumérios, acadia- Os acadianos assimilaram a cultura suméria e am-
nos, babilônios, assírios e caldeus. pliaram a capacidade de produção agrícola entre os rios
Tigre e Eufrates. As conquistas foram ampliadas, con-
SUMÉRIOS figurando uma vasta extensão territorial que chegou a
Teriam sido os primeiros povoadores da região. Fixa- atingir o Mediterrâneo com vários povos tributários do
ram-se na parte mais meridional da Mesopotâmia, pró- Império Acádio-Sumeriano.
xima ao Golfo Pérsico, por volta de 4000 a.C. Criaram Em meio à anarquia, contudo, a rapidez das con-
um sistema de escrita em tabuletas de argila pautado quistas só teve equivalência com a rapidez da derro-
em sinais feitos na forma de cunha, daí ser chamada cada desse império, pois, após aproximadamente um

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21

século, os guti – povos nômades originários do Monte Embora marcados pelo caráter guerreiro, os as-
Zagros, ao norte – atacaram as forças acadianas, cau- sírios conduziram um império em que as atividades

HISTÓRIA 1
sando a desordem daquela organização política. Outros comerciais foram desenvolvidas, intercâmbios varia-
grupos humanos semitas – amoritas e elamitas – in- dos aconteceram e promoveram-se alguns conheci-
vadiram a região, constituindo um centro de poder: a mentos importantes como os do campo matemático.
cidade da Babilônia. O Império Assírio, depois de alguns séculos de exis-
tência, sucumbiu às investidas dos medos, os quais se
BABILÔNIOS associaram aos antigos babilônios, dando origem ao
Amoritas, invasores semitas originários do sul do povo caldeu. O chefe babilônico, Nabopolassar, e o rei
Deserto da Arábia, ocuparam a região central da Meso- dos medos, Ciaxares, uniram-se no combate ao do-
potâmia, estabelecendo-se na Babilônia. Desse lugar, mínio assírio e constituíram um novo reino, cuja base
começaram a empreender conquistas sobre grupos política se encontrava na Babilônia, daí serem conhe-
cidos como neobabilônicos ou caldeus. Em 612 a.C.,

O
humanos localizados nas proximidades. Foram séculos

BO O
de agitação e de campanhas militares até que o rei da Nínive caía sob as mãos de Nabopolassar, encerrando a

SC
Babilônia, Hamurabi, tornou-se imperador da Mesopo- história do poder assírio.

M IV
tâmia, estendendo seus domínios do sul ao norte.
O reinado de Hamurabi (1728-1686 a.C.) foi marca- CALDEUS

O S
do pela unificação política e, nesse sentido, jurídica, ao Organizaram um império mais poderoso que o dos
reunir leis que já existiam e estavam dispersas nas vá- assírios, conquistando o Reino de Judá, aprisionando

D LU
rias regiões em um código que recebeu seu nome. Ele o povo hebreu e levando-o à Babilônia, em 586 a.C.,
alegava tê-lo recebido dos deuses. episódio bíblico conhecido como o Cativeiro da Babi-
Pelo conjunto de leis a diversidade socioeconômica lônia. Nabopolassar teria inaugurado essa nova orga-

O C
existente na Mesopotâmia à época do Império Babilô- nização política, cujo centro de poder voltava a ser a
nico. As referências à agricultura, ao trabalho na con- cidade da Babilônia. Contudo, seu maior governante
N X
servação de diques/barragens, ao comércio de artigos foi Nabucodonosor II (604-561 a.C.), o imperador que
SI E
artesanais e à posse de animais são elementos que re- conquistou Jerusalém e estaria associado à constru-
velam uma teia de relações complexas dessa socieda- ção dos Jardins Suspensos da Babilônia.
de, alcançando pontos distantes desse império.
O

O império de Nabucodonosor não resistiu por


Sucessores de Hamurabi, no entanto, não conse- muito tempo após sua morte. Em 539 a.C., foi sub-
EN S

guiram preservar a unidade política mesopotâmica por metido pelo chefe dos persas, Ciro. Esse povo havia
causa das invasões de grupos como os cassitas e os conseguido, anos antes, sua autonomia em relação
E U

hititas. Além disso, agitações políticas promoveram a aos medas, que dominavam o Planalto do Irã. Logo
emancipação da Suméria. depois, houve o controle sobre toda aquela região e
D E

Ciro, que chefiou tal empreitada, dominou a Meso-


ASSÍRIOS potâmia, dando início a novo império e encerrando a
A LD

Por volta de 1300 a.C., em meio às agitações, os experiência caldeia de poder na Babilônia.
assírios, povo da parte mais setentrional da Mesopo-
tâmia, iniciaram um processo de conquistas militares, CULTURA MESOPOTÂMICA
construindo um novo império na região. Vários reinos
EM IA

Elementos culturais construídos pelos sumérios


foram subjugados por eles e o centro de poder meso-
foram adaptados por outros grupos humanos que se
potâmico dirigiu-se para o norte.
fixaram posteriormente na região.
ST ER

Cidades como Nínive, Assur, Kalakh e Dur Sharrukin


A presença de inúmeras comunidades de origem
destacaram-se entre as demais superando a Babilônia,
que entrou em decadência. Os assírios constituíram semítica, com estrutura linguística comum, permitiu o
um dos maiores impérios até aquele momento, incor- compartilhamento de ideias e realizações materiais e
SI AT

porando territórios da Palestina, da Fenícia e do Egito. foi um dos elementos agregadores de cultura. O ara-
Além disso, estenderam seus domínios até a foz dos maico tornou-se língua comum, fixada por meio da es-
rios Tigre e Eufrates. crita cuneiforme.
M

Muitos textos da escrita cuneiforme relatam violên- O desenvolvimento assimilado pela diversidade
cias praticadas no momento da conquista, visando des- populacional envolveu a matemática e, nesse sentido,
truir símbolos de poder do povo vencido e inaugurando os assírios foram exímios nessa ciência, explorando
seu ordenamento nas áreas atingidas. cálculos com casas decimais (base dez) e sexagesi-
Ocorreram muitas rebeliões dos povos submetidos, mais (base sessenta), associando cálculos com essa
desencadeando instabilidade em meio ao poder das base à circunferência.
cidades de Assur e Nínive. Quando os povos se revol- Divindades cultuadas pelos sumérios foram incor-
tavam, os assírios dispersavam tais populações nas ter- poradas à religião de outros povos, o que constituiu
ras imperiais para evitar novos levantes. Um dos povos um verdadeiro panteão mesopotâmico. Elas se con-
que sofreram esse processo foi o hebreu, que habitava fundiam principalmente com elementos da natureza
o Reino de Israel em 722 a.C. e cósmicos: céu, terra, água, ar, Sol, Lua, estrelas.

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22

Anu (céu), Enki ou Ea (água), Nergal (subterrâneo/mor- primeiras religiões monoteístas de largo alcance, o
tos), Shamash (Sol/justiça), Enlil ou Bel (vento e terra), judaísmo, e escreveram o Antigo Testamento, a pri-
HISTÓRIA 1

Marduk (deus supremo/domínio dos poderes), Ishtar meira parte da Bíblia.


ou Nin (fecundidade) foram algumas das divindades
cultuadas. Esse culto era realizado por uma representa- PERSAS
ção dos deuses em forma humana, daí dizer-se culto a
Localização
figuras antropomórficas.
Um gigantesco império cuja base se encontrava no
Diferentemente dos egípcios, que acreditavam na
planalto do atual Irã e se estendia até a região da Trácia,
existência após a morte, os mesopotâmicos afirmavam
nas proximidades do mundo macedônico e grego. Um
uma visão fatalista de mundo em que não havia espaço
império complexo que absorveu elementos dos mais
para o ser humano no além. Exemplo dessa concepção
variados grupos que habitaram seus domínios. Tais gru-
é encontrado na obra mais antiga de que se tem notí-
pos foram incorporados ao sistema administrativo persa,

O
cia: a Epopeia de Gilgamesh.
principalmente aos aparelhos de administração local.

BO O
Na epopeia, a possibilidade de vida eterna do ser
O povo persa empreendeu conquistas por meio de

SC
humano é perdida, fazendo com que ele se conforme e
campanhas militares e soube aproveitar as lideranças

M IV
aceite seu caráter mortal, diferente dos deuses. Nesse
dos conquistados em sua política imperialista.
sentido, governantes mesopotâmicos não foram vistos
A expansão do Império Persa representava também

O S
como os faraós do Egito Antigo.
a realização dos interesses de grupos que acompanha-
Um estudo das leis revela características fundamen-

D LU
vam o imperador. São vários os registros de tolerância
tais da vida coletiva. Existiam as que puniam casos de
sobre povos dominados que vão desde a construção de
difamação; crimes contra a família; delitos considerados
templos para seus deuses até o envolvimento direto,
ofensivos contra o corpo, individual ou familiar (estupro

O C
por meio de efetivos militares dos grupos assimilados,
e incesto), que podiam levar o criminoso à morte ou ao
em guerras expansionistas. Houve até comparações
desterro; transgressões contra o patrimônio alheio etc.
N X históricas entre a política de dominação assíria e a per-
Isso revela a complexidade das relações sociais cons-
sa, em que se ressaltava o caráter intolerante da pri-
SI E
truídas na Mesopotâmia.
meira em relação à postura de tolerância da segunda.
Conhecimentos astronômicos foram desenvolvidos
O

pelos mesopotâmicos e possuíam um conteúdo mági- ORIGEM E ORGANIZAÇÃO DO IMPÉRIO PERSA


co. Astros presidiam certos momentos de um tempo Persas e medos compreendiam o grupo dos
EN S

anual dividido em doze meses e, a cada domínio, as ários (grupos indo-europeus), que se estabeleceu
pessoas nasciam sob um signo, que irradiava tempera- na região do Planalto do Irã por volta de 1000 a.C.
E U

mentos e de alguma forma contribuía para sua predes- Eram tribos nômades que mantiveram parentescos
tinação. Daí a fixação dos signos do zodíaco e a criação intensificados após a sedentarização. Daí originou-
D E

do horóscopo. -se o termo “irã”, que significa "terra dos ários ou


arianos." Contudo, medos, situados mais ao norte,
A LD

ANTIGUIDADE ORIENTAL: exerceram poder político sobre grupos persas do sul


por um largo período de suas existências, exigindo
PERSAS, HEBREUS deles vários tributos.
EM IA

Apenas em 558 a.C., o líder persa Ciro (560-530


E FENÍCIOS a.C.) reuniu os vários grupos sob seu poder e derro-
ST ER

tou os medos, constituindo então a base do Impé-


CIVILIZAÇÕES QUE MOLDARAM A rio Persa. Pasárgada, Persépolis e Susa tornaram-se
importantes cidades no quadro de expansão em di-
HISTÓRIA reção à Mesopotâmia.
SI AT

O Mar Mediterrâneo, dos hebreus e fenícios; e o


Em poucos anos, Ciro passou a controlar um
Golfo Pérsico, aos persas.
vasto território com inúmeros grupos humanos,
Os persas deixaram um grande legado de cone-
dominando a Babilônia em 539 a.C. Ele liberou os
M

xão do Oriente com o Ocidente. Isso ocorreu por


hebreus do Cativeiro da Babilônia e entabulou rela-
meio de guerras e, principalmente, por meio de tro-
ções amistosas com povos submetidos, incorporan-
cas e comércio. Para isso, deixaram outras grandes
do vários elementos das culturas mesopotâmicas.
contribuições, como as estradas e um sistema de
Contudo, foi à época de Dario I (521-486 a.C.) que o
cobrança de impostos e circulação de informações
império atingiu seu auge.
(uma espécie de correio).
A ordem persa sobre inúmeros grupos diferentes
Aos fenícios devemos muito da tecnologia ma-
possibilitou contatos e intercâmbios que, sem isso,
rítima, as técnicas de administração e comércio, a
talvez não fossem possíveis. O dinamismo comer-
circulação de moedas e o alfabeto.
cial foi de tal magnitude que Dario ordenou a cunha-
Os hebreus moldaram cultural e religiosamen-
gem de moedas, conhecidas por dáricas. Estradas
te o futuro do Ocidente, desenvolveram uma das
foram construídas para a circulação de tropas, mas

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23

também serviam como integração comercial. Des- acentuada influência do pensamento religioso persa.
sa forma, membros das elites dos povos submeti- O diabo tornou-se a versão hebraica do Arimã definido

HISTÓRIA 1
dos também foram contemplados, pois a política de pelo zoroastrismo. No livro sagrado Avesta, atribuído a
Dario buscava o envolvimento dessas lideranças no Zoroastro, encontram-se os princípios da religião persa.
corpo administrativo do império.
Um exemplo dessa política de cooptação das elites HEBREUS
aparece nitidamente no estabelecimento de governos Até um tempo atrás, conhecer a história dos he-
provinciais (satrapias), em que os governantes (sá- breus era ler o documento que esse povo deixou ates-
trapas) eram, em parte, oriundos das lideranças dos tando sua crença monoteísta, o Antigo Testamento.
grupos dominados. O sistema administrativo criado Assim, boa parte da historiografia construída sobre
conciliava descentralização com a unidade do império, os hebreus assumiu o caráter fidedigno da narrativa
pois existiam funcionários reais conhecidos por “olhos bíblica, entendida como a verdadeira história hebrai-

O
e ouvidos do rei”, que fiscalizavam o governo dos sátra- ca. Contudo, pesquisas mais recentes realizadas pela

BO O
pas. A qualquer sinal de desobediência, tropas persas Universidade de Tel Aviv, em Israel, questionaram a his-

SC
eram mobilizadas. toriografia tradicional, ao menos no que diz respeito à

M IV
Esse governante determinou a construção de fase mais remota do povo judeu.
templos aos deuses dos povos submetidos como Deve-se levar em consideração a afirmação de al-

O S
forma de agradar a população e incorporar os sím- guns estudiosos de que povos antigos desenvolveram
bolos de poder desses grupos. Normalmente, nas mitologias para explicar o mundo, o que não foi diferen-

D LU
obras desses edifícios ordenava-se a inscrição do te com os hebreus. A diferença está em como esses
nome de Dario ao lado do deus mais importante da indivíduos monoteístas estabeleceriam sua mitologia,
população contemplada pela obra religiosa. pois relatos míticos associavam-se, normalmente, à

O C
Dario conheceu a decadência em sua movimen- existência de divindades. Assim, segundo a crença he-
tação expansionista. Ele pretendia dominar uma
N X braica, os princípios ordenadores de sua comunidade
área na Ásia Menor, colonizada pelos gregos na foram estabelecidos por meio da revelação divina por
SI E
região da Jônia; no entanto, as colônias se mobi- homens chamados patriarcas.
lizaram enfrentando um império gigantesco, o qual
O

chegou a utilizar elefantes em combates. Dario, seu HISTÓRIA TRADICIONAL DOS HEBREUS
filho Xerxes (485-464 a.C.) e, mais adiante, Dario III Os primórdios da comunidade hebraica têm suas
EN S

(336-330 a.C.) foram derrotados pelos gregos, e o raízes na Mesopotâmia, mais precisamente na cida-
Império Persa ruiu com a conquista empreendida de suméria de Ur. De lá teria saído Abraão, com um
E U

por Alexandre Magno em 331 a.C. Nascia ali o Im- pequeno grupo, que se fixou na Palestina cerca de
pério Macedônico. 2000 a.C. Hebreus viviam de atividades agropasto-
D E

ris e mantinham contatos na região.


CULTURA PERSA A primeira fase do povo hebreu ficou conhecida
A LD

Os persas assimilaram elementos de várias cultu- como Patriarcado, em virtude da existência de chefes
ras; contudo, havia um elemento original e digno de re- de família que conduziam a vida da comunidade. Estes
gistro: a religião. Eles tiveram um líder espiritual chama- foram, na sequência, Abraão, Isaac, Jacó, Josué e Moi-
EM IA

do Zoroastro ou Zaratustra, o qual pregava uma crença sés. Josué teria sido vendido pelos irmãos como es-
que envolvia princípios opostos: bem × mal. O primeiro cravo e seguido para o Egito, ocupando um importante
era Ormuz-Mazda, deus da vida, da criação e da justiça;
ST ER

cargo no poder egípcio.


o segundo, Arimã, era deus da morte, da destruição e A história associava a ida dos hebreus para o Egito
da injustiça. O universo era constituído de uma luta en- à ocupação dos hicsos que dominaram o Vale do Nilo
tre forças da criação e da destruição. naquele período. Como os dois povos mantinham boas
SI AT

A proposta religiosa de Zoroastro não envolvia o cul- relações, permitiram sua entrada. Após a expulsão dos
to ao mal, mas o reconhecimento de sua existência e a hicsos, a situação dos hebreus ficou difícil na convivên-
afirmação da busca do bem como compromisso moral cia com os egípcios. Por isso teriam se rebelado, sob o
M

do ser humano. Sua pregação destinava-se aos gover- comando de Moisés.


nantes e trabalhadores como forma de ação comum O episódio do Êxodo, de acordo com alguns histo-
em defesa da força criadora. riadores, teria iniciado a criação do Estado de Israel.
Zoroastro afirmava que defensores do bem seriam Após longa permanência no deserto, liderados por Jo-
protegidos das perversidades de Arimã e teriam garanti- sué, voltaram à Palestina e iniciaram a luta pelo contro-
do um lugar no além, numa espécie de paraíso. Segundo le da região, denominada por eles de Terra Prometida.
alguns autores, o dualismo persa teria influenciado os Nesse período, tribos hebraicas eram conduzidas
hebreus em sua sistematização religiosa. Contudo, para pelos juízes. Daí a fase denominada Juizado. Destaca-
estes, não havia uma divindade do mal, mas um anjo ram-se Otoniel, Gideão, Jefté, Sansão e Samuel. Essa
caído, Lúcifer. Dessa forma, o monoteísmo passou a fa- foi uma época de confrontos permanentes entre he-
zer parte da expressão religiosa hebraica, a qual sofreu breus e filisteus.

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24

O fim das disputas internas e a necessidade noteísmo ao mundo ocidental. Os textos sagrados
de união para controle da região possibilitaram estão reunidos na Torá, que foi inicialmente organi-
HISTÓRIA 1

a unificação das tribos, dando origem ao reinado. zada por Moisés e contém os cinco primeiros livros
O primeiro rei foi Saul, depois Davi e, na sequên- da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Números, Levítico e Deu-
cia, Salomão. Davi teria consolidado o controle de teronômio. Ao longo do tempo, sofreu sucessivas
vastos territórios por meio de atividades militares, alterações, principalmente por parte de pensadores
estendendo seus domínios às proximidades do Rio religiosos conhecidos como profetas.
Eufrates. Contudo, foi Salomão quem deu estrutura Discussões religiosas levaram à elaboração do
definitiva ao reino, com intensificação do comércio, Talmud, um conjunto de interpretação das escrituras.
estabelecimento de relações diplomáticas com ou- Mais tarde, principalmente durante o domínio romano,
tros grupos e construção de obras públicas, entre o judaísmo dividiu-se em três seitas: dos fariseus, dos
elas o Templo do Rei Salomão. saduceus e dos essênios. Estes últimos discordavam

O
Com a morte de Salomão, começou uma intensa dis- das alas mais conservadoras, opondo-se ao luxo e pre-

BO O
puta pelo controle político entre vários grupos hebraicos. gando uma vida mais mística e ascética.

SC
Resultou a divisão do reino em dois: as dez tribos Entre os escritos da cultura hebraica que defendem

M IV
do norte criaram o Reino de Israel e, as duas do sul, o o monoteísmo, destacam-se os Salmos, os Provérbios,
Reino de Judá. o Cântico dos Cânticos e o Livro de Jó. A obra mais

O S
Esses reinos sofreram domínios estrangeiros e não debatida e representativa do pensamento religioso e
duraram muito tempo. O primeiro a desaparecer foi o político dos hebreus é a Bíblia (Antigo Testamento).

D LU
de Israel, conquistado pelos assírios em 722 a.C., cujo Dentre as festas mais importantes, os judeus ce-
povo acabou se miscigenando com os demais povos lebram a Páscoa (saída do Egito), o Pentecostes (re-
da região. cebimento das Tábuas da Lei), o Sabbat (sétimo dia

O C
O Reino de Judá foi dominado pelos caldeus. Apri- da criação) e os Tabernáculos (aliança com Jeová).
sionados, foram conduzidos à Babilônia como escravos
N X
por Nabucodonosor II. Esse episódio ficou conhecido FENÍCIOS
SI E
como Cativeiro da Babilônia.
Os hebreus voltaram para sua terra após a conquis- LOCALIZAÇÃO
O

ta da Babilônia pelo rei persa Ciro. De volta à Palestina, Os fenícios habitaram a estreita faixa de terra que
tentaram reorganizar o Reino de Judá, sendo em segui- compreende o atual estado do Líbano. Essa área, cer-
EN S

da dominados pelos romanos e o reino transformado cada por cadeias de montanhas e florestas de cedros,
em província de Roma. não favorecia a atividade agrícola e, por isso, contribuiu
E U

para que a história daquela comunidade destoasse do


DIÁSPORA E SIONISMO modelo de regadio existente no Vale do Nilo e na Me-
D E

Uma série de dominações estrangeiras resultou sopotâmia. Dessa forma, pode-se entender que, em
no enfraquecimento do poder hebraico e, por fim, na razão de dificuldades de subsistência, surgiram comu-
A LD

decretação da Diáspora, em 70 d.C. Desde então, o nidades empenhadas na troca e na navegação.


povo hebreu se espalhou pelo mundo, preservando Desde o terceiro milênio antes de Cristo, povos de ori-
suas tradições e sua história, buscando manter, com gem semita estabeleceram-se naquele espaço e iniciaram
EM IA

isso, sua identidade. uma movimentação marítima que cobriu a Bacia do Me-
Dispersos, os judeus – aqueles que descendiam do diterrâneo de leste a oeste. Os fenícios, como os gregos
ST ER

Reino de Judá e os que passaram a professar princípios os chamaram, organizaram-se em cidades-Estado, man-
do judaísmo – não conseguiram formar uma pátria no tiveram ligações comerciais com vários povos por meio
decorrer de longos séculos, já que vagavam por várias de feitorias e, em alguns casos, de colônias, absorvendo
regiões da Europa e quase sempre vivendo no segre- culturas e amalgamando-as em seu universo social.
SI AT

gacionismo. No século XIX surgiu o sionismo, filosofia Os fenícios desenvolveram a agricultura (cereais, le-
política que pregava a volta desse povo à Palestina e a guminosas e linho) e a pecuária (ovelhas e cabras), mas
instituição de um Estado na região. Isso levou a ONU a planície era estreita e, nos seus limites, estava o Mar
M

à criação de um Estado judeu no Oriente Médio, atual Mediterrâneo. Desde sua origem, extraíam metais das
Estado de Israel. serras e madeira da floresta para produzir artesanato
Historicamente, o antissemitismo – preconceito e e embarcações, ficando mais conhecidos, então, por
hostilidade contra judeus – foi um problema nas civili- suas atividades marítimo-comerciais. Suas principais
zações europeias, alcançando, no século XX, sua forma cidades eram Biblos, Sídon, Tiro, Ugarit e Gebal.
mais cruel: os campos de concentração e de extermínio
do Partido Nazista na Alemanha dos anos 1930 e 1940. ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
Embora nos primórdios dessas cidades o poder es-
CULTURA HEBRAICA tivesse nas mãos da aristocracia (realeza), constituída
A cultura hebraica é centrada no judaísmo ou por linhagens antigas reconhecidas pela sociedade e
mosaísmo, religião que deu os fundamentos do mo- que atuavam principalmente no âmbito religioso, aos

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25

poucos houve o deslocamento dessa influência para Os fenícios desenvolveram conhecimentos sobre
homens que se destacavam nas atividades náuticas e as correntes marítimas, os ventos e suas direções.

HISTÓRIA 1
comerciais, constituindo a chamada talassocracia. Também costumavam observar a migração das aves,
Contudo, sempre existiu um espaço considerável pelas quais se dirigiam. Além disso, a necessidade
para sacerdotes que conciliavam vontades individuais de registrar atividades comerciais, uma espécie de
sob o pretexto de revelação dos desígnios dos deuses, contabilidade, contribuiu para a simplificação dos si-
alinhando interesses aristocráticos com comerciais. nais hieroglíficos egípcios, por meio da associação
aos sinais cuneiformes. Disso resultou a criação de
EXPANSÃO MARÍTIMA uma escrita conhecida como alfabeto. Essa sistema-
Os navios fenícios eram sofisticados para a época tização simplificada foi adotada e adaptada por gre-
e permitiam o aumento da velocidade ao aliar remos gos, etruscos e latinos, originando a escrita ocidental
à força dos ventos. Por utilizarem cobre e madeiras de em suas várias versões.

O
cedro, suas embarcações duravam mais, superando O alfabeto foi o maior legado fenício para o Ociden-

BO O
em técnica as que usavam o ferro. te. O quadro a seguir representa uma possibilidade

SC
Alguns historiadores assinalam que a atividade náu- de compreensão da derivação da escrita fenícia para a

M IV
tica foi tão desenvolvida no mundo antigo que permitiu egípcia e, por extensão, a adoção de sinais fenícios por
a esses povos passar pelo Estreito de Gibraltar e fazer gregos e romanos.

O S
incursões no Oceano Atlântico até que atingissem terri- Por causa de suas atividades marítimas e do con-
tórios da atual Inglaterra. tato com outros povos, os fenícios absorveram ele-

D LU
Os fenícios também estabeleceram entrepostos co- mentos de outras culturas, incorporando-os aos seus
merciais e colônias no norte da África, na ilha da Sicí- costumes, como a utilização de artefatos de bronze, o
lia, no sul da França e no sul da Península Ibérica, entre politeísmo e a antropomorfia. Outro exemplo são as

O C
outros lugares, comercializando couro e betume, vinho, sepulturas, decoradas de forma bastante similar às
vidrarias, pedras preciosas, perfumes, incenso, madeira
N X dos egípcios e mesopotâmios.
etc. Eles mantiveram fortes laços com o Egito dos faraós A adoração a diversos deuses, em especial àqueles
SI E
e praticaram o comércio com povos mesopotâmicos e ligados aos elementos da natureza, constituiu a religião
palestinos. Por isso, pode-se concluir que estabelece- do povo fenício. Alguns dos principais deuses celebra-
O

ram um império marítimo-comercial. Cartago, uma de dos eram Baal (deus da justiça e das chuvas), Astarté
suas colônias, foi herdeira desses circuitos, dominando (deusa da fecundidade e da beleza) e Aliyan (deus das
EN S

o comércio mediterrânico a partir do século VIII a.C. fontes). Em homenagem a essas divindades, sacerdo-
tes realizavam rituais ao ar livre – nos quais ocorriam
E U

CULTURA FENÍCIA sacrifícios de animais e até de humanos –, além de prá-


A produção cultural foi marcadamente funcional, ticas animistas (culto às árvores, às montanhas etc.).
D E

com foco principal no aprimoramento das atividades Os sacerdotes também cultuavam os deuses locais,
marítimo-comerciais, o que os levou a desenvolver ma- protetores de cada uma das cidades. No entanto, mes-
A LD

pas celestes para o estabelecimento de rotas comer- mo sendo uma sociedade dependente das atividades
ciais. Os fenícios orientavam-se pelo Sol durante o dia marítimas, as divindades ligadas ao mar não possuíam
e, à noite, guiavam-se pela Ursa Menor. importância para os fenícios.
EM IA
ST ER
SI AT
M

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26

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ANTIGUIDADE ORIENTAL:
EGITO E MESOPOTÂMIA

Desenvolvimento da escrita.

O
BO O
Formação de Estados teocráticos.

SC
M IV
Características gerais Desenvolvimento de sistemas de irrigação do solo.

O S
D LU
O C
N X Crescente Fértil.
SI E
Entre os rios Tigre e Eufrates.
O

Localização Vale do Rio Nilo.


EN S
E U
D E
A LD

Importância do Rio Nilo.


EM IA

Extremamente religiosos.
ST ER

Egípcios Acreditam na vida após a morte.


SI AT
M

Diferentes civilizações em uma mesma região (sumérios, acadianos, babilônicos,

assírios e caldeus).

Mesopotâmicos Não acreditam na vida após a morte.

Escrita cuneiforme.

Desenvolvimento da astrologia e da matemática.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
ANTIGUIDADE ORIENTAL:
PERSAS, HEBREUS E FENÍCIOS

Persas:

O
Golfo Pérsico, atual Irã.

BO O
SC
M IV
O S
Hebreus:

D LU
Localização Atual Palestina, leste do Mar Mediterrâneo.

O C
N X
SI E
Fenícios:
O

Atuais Síria e Líbano, leste do Mar Mediterrâneo.


EN S
E U
D E

Persas:
A LD

Formação de um grande império; organização administrativa; religião: princípio dualista


Características gerais
(bem × mal).
EM IA
ST ER

Hebreus:
SI AT

Escrevem e difundem a Bíblia. Princípios morais e culturais vinculados à visão religiosa

(monoteístas). Cultura ainda remanescente.


M

Fenícios:

Desenvolvimento da escrita alfabética, grandes navegadores e comerciantes marítimos.

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28

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. UEPA – Os escribas do Egito Antigo ocupavam uma 3. UNISC C3-H12


posição subalterna na hierarquia administrativa go- Há 25 anos era promulgada, no país, a Constituição de
vernamental diante da aristocracia burocrática. Sua 1988, rotulada como Carta Cidadã. O histórico das Cons-
posição social era inferior em relação aos conselhei- tituições no mundo contemporâneo tem marcos como a
ros do faraó, aos chefes da administração, à nobreza inglesa de 1688, a francesa do período jacobino e a nor-
territorial, à elite militar e aos sacerdotes. Mas as ca- te-americana da Guerra da Independência. No Brasil, o
racterísticas de seu ofício os afastavam de trabalhos histórico das Constituições revela as mudanças políticas
forçados e das arbitrariedades das elites, que subju- do Império, da República, do período getulista, do regi-
gavam e exploravam camponeses livres e escravos me militar e das redemocratizações. Essa cultura política
de origem estrangeira. Tal condição privilegiada se contemporânea não encontra paralelo no passado mais
explicava: antigo. Na Antiguidade, inexistia essa prática constitu-
a) pelas possibilidades de ascensão social dos escribas cional da relação entre Estado e sociedade; o que havia

O
que, em função do sucesso de suas carreiras, pode- eram códigos comportamentais, destinados à preserva-

BO O
riam ocupar posições no alto escalão da administra- ção das cidades ou à relação com os deuses.

SC
ção pública.

M IV
Nesse sentido, a mais antiga lei escrita da Antiguidade
b) por serem provenientes do meio social dos felás,
camponeses livres, que investiam na formação de que se tem registro é:
educacional de seus filhos mais inclinados ao ser- a) a Lei das Doze Tábuas, da Roma Antiga.

O S
viço público. b) o Código de Hamurabi, da Mesopotâmia.

D LU
c) pelo domínio dos escribas dos segredos da escrita c) o Papiro de Harris, da China Antiga.
demótica e dos hieróglifos, do cálculo e, por conse-
guinte, da organização das atividades da administra- d) o Código Canônico, dos países apostólicos.
ção pública. e) a Lei dos Faraós, do Egito antigo.

O C
Como visto no módulo, o Código de Hamurabi foi a primeira lei de que se tem
d) pelo domínio exclusivo dos escribas do idioma escri-
notícia, promulgado na Mesopotâmia por volta de 1772 a.C.
to, da matemática, da agrimensura e dos processos
N X
administrativos em geral.
e) pela dependência direta de faraós e altos funcioná-
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais.
SI E
rios reais relativa aos conhecimentos dos escribas, Habilidade: Analisar o papel da justiça como instituição na organização
que formavam uma corporação intelectual dotada de das sociedades.
poder político.
O

O que apreendemos do texto é que os escribas, apesar de não


fazerem parte do alto escalão da administração estatal, tinham po- 4. UPF-RS – As civilizações antigas localizadas no Oriente
EN S

sição de destaque e o privilégio de não precisar realizar trabalhos Médio basicamente se dividem em três: egípcia, me-
braçais. Isso graças ao seu conhecimento da escrita demótica e dos sopotâmica e hebraica. Sobre essas civilizações e suas
E U

hieróglifos e do cálculo. características comuns, é correto afirmar que:


a) suas relações sociais eram baseadas no princípio da
igualdade de todos os cidadãos perante os deuses.
D E

b) se desenvolveram na região do Crescente Fértil, nas


A LD

2. UNESP – É certo que as civilizações da Antiguidade le- proximidades de rios.


garam à posteridade um respeitável acervo cultural. No c) nelas existia uma teocracia absoluta baseada no co-
entanto, para superar um equívoco, assinale a alternati- mércio marítimo.
va incorreta: d) suas religiões primavam por uma vida após a morte,
a) A pintura egípcia revela belos exemplos de descrição com castigos ou recompensas eternas.
EM IA

de movimento, sendo a figura humana representada e) contavam com códigos de leis brandos e desprovi-
com a cabeça e os pés de perfil. dos de ética religiosa.
ST ER

b) Entre as civilizações mesopotâmicas que se de- Há poucas semelhanças entre essas civilizações, a não ser seu modo de
senvolveram no vale dos rios Tigre e Eufrates, pre- produção. Crescente Fértil é o nome dado ao processo de cheia dos rios
dominou, durante certo tempo, a forma asiática dessas regiões, que levavam detritos às áreas de várzea, fertilizando o
solo. Além disso, serviam como fontes de irrigação para as plantações.
de produção.
SI AT

c) No período denominado Homérico, houve a dissolu-


ção das comunidades gentílicas e a formação grada- 5. UEL-PR – “[...] essencialmente mercadores, exportavam
tiva das cidades-Estado da Grécia. pescado, vinhos, ouro e prata, armas, praticavam a pira-
d) A escrita egípcia era em caracteres cuneiformes. taria, e desenvolviam um intenso comércio de escravos no
M

e) O Direito Romano, sujeito a novas interpretações, Mediterrâneo [...].”


tornou-se parte importante do Código de Justiniano, O texto refere-se a características que identificam, na
influenciou juristas da Idade Média e até das fases Antiguidade Oriental, os:
históricas subsequentes.
Questão mais básica, que apresenta diversas afirmativas corretas, al-
a) fenícios.
gumas delas não relacionadas aos temas do módulo. É incorreto dizer, b) hebreus.
apesar de ser uma afirmativa comum, que a escrita egípcia utilizava ca-
racteres cuneiformes. Os hieróglifos utilizam símbolos de outra ordem. c) caldeus.
d) egípcios.
e) persas.
Os povos citados nas alternativas foram trabalhados neste módulo. A
questão é simples, pois basta relacionar o comércio e a navegação no
Mediterrâneo aos fenícios.

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6. UFPE – Entre os povos do Oriente Médio, os hebreus d) A religião hebraica passou por diversas fases,

HISTÓRIA 1
foram os que mais influenciaram a cultura da civiliza- evoluindo do politeísmo ao monoteísmo difundido
ção ocidental, uma vez que o cristianismo é conside- pelos profetas.
rado como uma continuação das tradições religiosas e) Os hebreus se organizaram social e economicamen-
hebraicas. te com base na propriedade da terra, o que deu início
A partir do texto anterior, assinale a alternativa incorreta: à Diáspora.
Todas as alternativas estão corretas, apesar de algumas serem bem es-
a) Originários da Arábia, os hebreus constituíram dois pecíficas. Para responder à questão, basta notar a contradição entre a
reinos: o de Judá e o de Israel na Palestina. base na propriedade da terra e a Diáspora. Uma refere-se à fixação em
b) As guerras geraram a unidade política dos hebreus. um só lugar, tendo posse dele. A outra refere-se a uma fuga em massa.
Essa unidade se firmou primeiro em torno de juízes
e, depois, em volta dos reis.
c) Os profetas surgiram na Palestina por volta dos sécu-
los VIII e VII a.C., quando ocorreu uma onda de pro-

O
testos dos trabalhadores contra os comerciantes.

BO O
SC
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

M IV
7. IFSul-RS – Este povo destacou-se pela organização 10. Fatec-SP – Ao longo do ano de 2015, o mundo assistiu

O S
e desenvolvimento de uma cultura militar. Encarava a à destruição de ruínas históricas milenares, localizadas
guerra como uma das principais formas de conquistar principalmente nos territórios atuais do Iraque e da Síria.

D LU
poder e desenvolver a sociedade. Era extremamente Militantes da organização política Estado Islâmico (EI)
cruel com os povos inimigos que conquistavam. Im- foram os autores da destruição. Segundo a imprensa
punha aos vencidos, castigos e crueldades como uma mundial, os militantes do EI acreditam que os sítios
forma de manter respeito e espalhar o medo entre os arqueológicos mesopotâmicos incentivam o abandono

O C
outros povos. da fé muçulmana e, por isso, devem ser destruídos.

N X
O texto acima se refere a qual povo da Antiguidade?
a) Caldeus
Na passagem da Pré-História para a Antiguidade, é
correto afirmar que as sociedades da Mesopotâmia:
SI E
b) Hititas a) foram as primeiras a desenvolver formas primitivas
c) Assírios de cristianismo, monoteísta, cujo principal culto
realizava-se em templos monumentais, na região da
O

d) Sumérios Palestina.
b) não construíram templos religiosos que tenham re-
EN S

8. UNESP – Os Estados teocráticos da Mesopotâ-


sistido ao tempo, o que leva os pesquisadores a su-
mia e do Egito evoluíram acumulando características
por que a religiosidade não era um fator significativo
E U

comuns e peculiaridades culturais. Os egípcios desen-


nesse período.
volveram a prática de embalsamar o corpo humano
porque: c) se organizavam de modo a separar a religião da vida
D E

pública, permitindo que os cultos religiosos ocorres-


a) se opunham ao politeísmo dominante na época. sem em cômodos anexos às edificações residen-
A LD

b) os seus deuses, sempre prontos para castigar os pe- ciais, no âmbito privado.
cadores, desencadearam o dilúvio.
d) divinizavam diversos componentes da natureza,
c) depois da morte a alma podia voltar ao corpo mumificado. como o raio, o fogo, o céu, a Lua e o Sol, entre ou-
d) construíram túmulos, em forma de pirâmides trunca- tros, e cada cidade tinha o seu deus ou deusa, honra-
EM IA

das, erigidos para a eternidade. dos com a construção de grandes templos.


e) os camponeses constituíam categoria social inferior. e) constituíram a primeira experiência histórica de so-
ciedade igualitária e ateia, na qual todos os mem-
ST ER

9. Fuvest-SP – A partir do III milênio a.C. desenvolveram- bros gozavam dos mesmos direitos e deveres,
-se, nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo, exercidos em edifícios públicos construídos com
como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, Estados teocráticos, diferentes finalidades.
fortemente organizados e centralizados e com extensa
SI AT

burocracia. Uma explicação para seu surgimento é: 11. UFSM-RS – A região da Mesopotâmia ocupa lugar
central na história da humanidade. Na Antiguidade, foi
a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos arte- berço da civilização sumeriana devido ao fato de:
sãos nas cidades, que só puderam ser contidas pela
M

imposição dos governos autoritários. a) ser ponto de confluência de rotas comerciais de po-
vos de diversas culturas.
b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes con-
tingentes humanos para realizar obras de irrigação. b) ter um subsolo rico em minérios, possibilitando o sal-
c) a influência das grandes civilizações do Extremo to tecnológico da Idade da Pedra para a Idade dos
Oriente, que chegou ao Oriente Próximo através das Metais.
caravanas de seda. c) apresentar um relevo peculiar e favorável ao isolamen-
d) a expansão das religiões monoteístas, que funda- to necessário para o crescimento socioeconômico.
mentavam o caráter divino da realeza e o poder abso- d) possuir uma área agriculturável extensa, favorecida
luto do monarca. pelos rios Tigre e Eufrates.
e) a introdução de instrumentos de ferro e a consequen- e) abrigar um sistema hidrográfico ideal para locomo-
te revolução tecnológica, que transformou a agricul- ção de pessoas e apropriado para desenvolvimento
tura dos vales e levou à centralização do poder. comercial.

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12. UFAM – Os persas foram, na Antiguidade, um dos po- 15. UPE (adaptado) – Entre os povos que se destacaram
HISTÓRIA 1

vos mais importantes a ocupar a região da Mesopotâ- na Antiguidade Oriental, os hebreus são considerados
mia. Sobre sua história e cultura é possível afirmar que: os únicos que sobreviveram ao desmoronamento de
a) a vitória de Dario I sobre os gregos marcou o iní- milenares impérios da história da humanidade. Sobre
cio da ascensão persa no Mediterrâneo, favore- a sociedade hebraica na época antiga, é incorreto afir-
cendo a expansão da escrita cuneiforme e dos mar que:
cultos monoteístas. a) havia escravidão, porém, o escravo poderia alcançar
b) desenvolveram uma religião própria, o zoroastrismo, sua liberdade, caso o patrão, castigando-o, inutilizas-
e começaram sua expansão territorial após as con- se seu olho ou lhe arrancasse um dente.
quistas lideradas por Ciro, o Grande. b) Salomão liderou o cisma do Reino de Judá e do Reino
c) famosos por suas obras arquitetônicas, os persas de Israel.
construíram na Babilônia as maiores pirâmides da
c) é no Antigo Testamento que se encontra sua história,
Mesopotâmia, tornando aquela cidade o centro de
especialmente a fase da escravidão no Egito, narrada

O
seu Império.
pelos livros “Números” e “Deuteronômio”.

BO O
d) o declínio do Império Persa foi marcado pela derrota
d) houve a presença de mulheres como dirigentes mili-

SC
de Xerxes para os assírios na Batalha de Susa.
tares na época dos Juízes, cuja autoridade era funda-

M IV
e) adotando uma religião que opunha, de forma ma- mentada na ideologia religiosa.
niqueísta, o bem e o mal, os persas dominaram o
comércio mediterrâneo após conquistar o Egito, e) durante muitos séculos, utilizou a língua hebraica, mas

O S
a Ásia Menor e a Macedônia, sob a liderança de a substituiu pelo aramaico, língua semita do ramo oci-
Nabucodonosor. dental, tomada oficial na época do domínio persa.

D LU
13. UFRS – Em relação aos povos da Antiguidade, é corre- 16. UEMS – A cultura hebraica (marcada por um profundo
to afirmar que: senso de religiosidade que perpassou sua arte e sua
literatura) deixou raízes profundas em toda a Europa e,

O C
a) os assírios foram submetidos por Nabucodonosor,
originando o episódio conhecido como o Cativeiro por extensão, na civilização ocidental, porque foi res-
ponsável pelo desenvolvimento do:
N X
da Babilônia.
b) os fenícios foram os criadores do alfabeto, posterior- a) ateísmo. c) judaísmo. e) zoroastrismo.
SI E
mente aperfeiçoado pelos gregos e latinos. b) hinduismo. d) mitraismo.
c) os hebreus criaram um quadro religioso caracterizado
17. ESPM-SP – “Durante muito tempo, sobre o solo da Ásia
O

pelo politeísmo e a mumificação.


d) os egípcios estabeleceram, em 300 a.C., o importan- não mais se obedecerá à lei dos persas. Não mais se pagará
tributo sob coação imperial. Não se cairá mais de joelhos
EN S

te Código de Hamurabi, um dos primeiros códigos


jurídicos escritos. para receber ordens. O Grande Rei não tem mais força. As
E U

e) os persas, após derrotarem as tropas de Alexandre, línguas não sentirão mais a mordaça. Um povo está desa-
conseguiram anexar o território grego ao seu império. tado e fala livremente. No seu chão sangrento, a Ilha de
Salamina, em que as ondas batem, retém em seu solo o
D E

14. FEI-SP – Podem ser consideradas características das poderio persa.”


civilizações da Antiguidade Oriental:
A LD

O texto apresenta um canto de libertação composto por


a) o monoteísmo e uma rígida divisão social. Ésquilo, criador da tragédia grega, em que se celebra:
b) o politeísmo e uma sociedade organizada de ma-
neira igualitária. a) a vitória dos gregos nas Guerras Médicas.
c) o politeísmo e uma rígida divisão social. b) a vitória dos gregos na Guerra do Peloponeso.
EM IA

d) o monoteísmo e uma sociedade organizada de ma- c) a vitória dos gregos nas Guerras Púnicas.
neira igualitária. d) a vitória dos gregos na Guerra de Troia.
ST ER

e) o politeísmo e uma sociedade de classes. e) a vitória de Alexandre da Macedônia sobre os persas.

ESTUDO PARA O ENEM


SI AT

18. UFRN C3-H11 Esses pronunciamentos do profeta Isaías estão ligados


Entre os hebreus da Antiguidade, os profetas eram a uma época da história hebraica em que ocorre:
considerados mensageiros de Deus, lembrando ao
M

a) a saída dos hebreus do Egito, sob o comando de Moi-


povo as demandas da justiça e da lei dadas por Javé. sés, e o estabelecimento em Canaã, conquistando as
Isaías, um dos profetas dessa época, em nome de terras dos povos que ali habitavam.
Javé proclamou: b) a imigração para o Egito, quando os hebreus recebe-
“Ai dos que decretam leis injustas; dos que escrevem ram terras férteis no delta do Rio Nilo, por influência
leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para de José, que exercia ali o cargo de governador.
arrebatarem o direito aos afl itos do meu povo, a fi m c) a formação de uma aristocracia, que enriquecera
de despojarem com o comércio e com a apropriação das terras dos
camponeses endividados.
as viúvas e roubarem os órfãos!” (Isaías 10:1-2).
d) a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor, quan-
“Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, do os judeus foram despojados de suas terras e de-
até que não haja mais lugar, e ficam como únicos morado- portados para a Babilônia.
res no meio da terra!” (Isaías 5:8).

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19. C3-H11 20. Enem C2-H10

HISTÓRIA 1
Leia o que segue: O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas
“Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Rabi Akiva diz: de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver
com os próprios olhos a grandiosidade do poder es-
“Este é um princípio maior da Torá”. (Midrash sobre o ver-
culpida em pedra há milênios: as Pirâmides de Gizeh,
sículo de Lev. 19:18). as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos
Rabi Akiva viveu na Judeia e pode ser considerado um construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transfor-
dos fundadores do judaísmo rabínico, ou seja, centrado mou em atração turística era, no passado, interpreta-
na figura do rabino. Viveu entre o ano 50 e 135, época do de forma muito diferente, pois:
na qual o cristianismo ainda começava a tomar forma. a) significava, entre outros aspectos, o poder que
Sobre isso, é correto afirmar que: os faraó s tinham para escravizar grandes contin-
gentes populacionais que trabalhavam nesses
a) O cristianismo serviu de grande influência aos he-
monumentos.
breus e à religião judaica.

O
b) representava para as populações do Alto Egito a

BO O
b) O cristianismo nasceu apenas graças à influência dos possibilidade de migrar para o sul e encontrar tra-
judeus, como vemos no mandamento “Amarás ao

SC
balho nos canteiros faraônicos.
próximo como a ti mesmo”.

M IV
c) significava a solução para os problemas econômi-
c) O judaísmo é uma das primeiras religiões monoteís- cos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deu-
tas, e influenciou o cristianismo como vemos no ses suas riquezas, construindo templos.

O S
mandamento “Amarás ao próximo como a ti mesmo”.
d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a
d) O judaísmo pode ser considerado uma religião cristã,

D LU
sociedade, obrigando os desocupados a trabalha-
uma vez que também segue mandamentos católicos rem em obras públicas, que engrandeceram o pró-
como “Amarás ao próximo como a ti mesmo”. prio Egito.
e) Rabi Akiva era um hebreu, fundador da religião ju- e) significava um peso para a população egípcia, que

O C
daica, que viria a influenciar também a fundação da condenava o luxo faraônico e a religião baseada em
religião cristã. crenças e superstições.
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3
32

GRÉCIA ANTIGA:
HISTÓRIA 1

PRIMÓRDIOS, DEMOCRACIA
E CULTURA

GREGOS: QUEM ERAM E ONDE VIVIAM?

O
BO O
Levando em conta que a história do Ocidente é tributária aos gregos e romanos

SC
• Gregos: quem eram e onde
da Antiguidade, e que os segundos foram, também, influenciados pelos primeiros,

M IV
viviam?
• Civilização cretense temos dimensão de quanto a Grécia Antiga é importante para compreendermos as
• Civilização micênica mudanças e permanências da história que lhe é posterior. Nas cidades-Estado gregas

O S
• Período Pré-Homérico foram criados, desenvolvidos, consolidados e ressignificados conhecimentos, em to-

D LU
• Período Homérico das as áreas, da maioria das grandes civilizações antigas. Os gregos, como Pitágoras,
• Período Arcaico conheciam, ainda que de forma limitada, os pensadores árabes, egípcios, indianos e
• A Grécia Antiga como ela é mesopotâmicos. Além disso, eles próprios desenvolveram um pensamento original
mais conhecida

O C
que moldou os rumos da história ocidental.
• Atenas
"Grego" é o gentílico utilizado para se referir a vários grupos humanos de origem
• Esparta N X
• Período Clássico
indo-europeia, ariana, que ocuparam a região balcânica e adjacências a partir do sécu-
lo XX a.C. e que se autodenominavam "helenos". Destacaram-se nesse processo de
SI E
• Período Helenístico
• Cultura grega ocupação jônios, aqueus, eólios e dórios. Tais povos compartilharam valores, estabe-
leceram mitologias comuns e constituíram uma visão de mundo que diferiu daquela
O

HABILIDADES gestada nas terras orientais.


• Identificar manifestações Na Ilha de Creta e na cidade de Micenas encontram-se as primeiras referências
EN S

ou representações da dos povos gregos em termos culturais e organizacionais.


diversidade do patrimônio
E U

cultural e artístico em
diferentes sociedades. CIVILIZAÇÃO CRETENSE
D E

• Identificar significados Comunidade originária da Península da Anatólia, atual Turquia, que, a partir de 3000
histórico-geográficos das
a.C., em levas sucessivas, deslocou-se para ilhas próximas e encontrou na maior ilha da
A LD

relações de poder entre as


nações. região as condições necessárias para seu desenvolvimento. Anatólios, de acordo com
• Comparar o significado pesquisas arqueológicas e linguísticas, seriam povos arianos que se deslocaram em
histórico-geográfico das tempos primitivos para aquela região. Contudo, o crescimento populacional e as rivalida-
EM IA

organizações políticas e des dos clãs que disputavam recursos teriam estimulado a busca por outros territórios.
socioeconômicas em escala Para isso, houve deslocamentos marítimos, possibilitados pelo desenvolvimento
local, regional ou mundial.
de uma arte náutica, ainda que, nesse período, as embarcações não se afastassem
ST ER

• Reconhecer a dinâmica da
organização dos movimen-
muito da faixa litorânea. Aos poucos, viagens mais longas foram realizadas e desbra-
tos sociais e a importância varam ilhas até a fixação de alguns grupos na Ilha de Creta.
da participação da coleti- Os anatólio-cretenses rivalizavam com os fenícios na atividade marítimo-comercial do
SI AT

vidade na transformação Mediterrâneo. Mantiveram ligações econômicas com o Egito faraônico e com inúmeras
da realidade histórico- áreas que circundavam o Mediterrâneo oriental. A própria escrita cretense foi desenvol-
-geográfica.
vida nos contatos com o mundo egípcio, originada da adaptação do sistema hieroglífico,
M

• Analisar o papel da justiça


como instituição na organi- ainda existindo dificuldades para sua compreensão de forma ampla na atualidade.
zação das sociedades. Avanços na atividade marítimo-comercial foram sentidos por volta de 1800 a.C.,
• Analisar a atuação dos mo- quando suntuosos palácios foram erguidos, expressando o poder mercantil da ilha.
vimentos sociais que contri- No quadro expansionista, a cidade que se destacou foi Cnossos. Em razão de seu
buíram para mudanças ou poder, desenvolveu-se a talassocracia, que exerceu forte influência na região, em
rupturas em processos de
especial, na área balcânica. Aos poucos, constituiu-se uma civilização a que se pode
disputa pelo poder.
denominar berço do Ocidente.
Essa comunidade ficou conhecida como minoica (associada ao lendário rei Minos).
Autores afirmam que o termo "minos" associava-se à dinastia ou expressão equiva-
lente a "faraó", no Egito. Tal civilização representou os primórdios do mundo ocidental.
Além de construírem cidades e palácios sofisticados, produziram grãos e artesanatos

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vendidos em vários locais, principalmente naqueles em que durou séculos, no qual elementos míticos e técni-
que havia pessoas com quem mantinham laços de pa- cos foram abandonados e/ou rearranjados em proveito

HISTÓRIA 1
rentesco e crenças comuns. dos conquistadores.
Povos que deram origem ao mundo grego, de forma Nesse processo, costuma-se estabelecer uma pe-
geral, foram influenciados pelo mundo cretense. riodização indicativa de mudanças significativas da ci-
Houve assimilação de um sistema de valores, vilização grega constituída. Normalmente, fala-se de
um imaginário que se tornou comum a cretenses Período Pré-Homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e
e aqueus, eólios, jônios e dórios (povos gregos). A Helenístico da história grega.
identidade cultural foi um recurso necessário à so- O conhecimento das fases mais antigas está as-
brevivência dos indo-europeus, que, aos poucos, es- sociado a trabalhos arqueológicos e de comparação
tabeleceram-se nas áreas adjacentes à Ilha de Creta, com textos produzidos posteriormente que tratavam
em especial, na região balcânica. de uma memória coletiva, alimentada por uma tradição

O
Contudo, entre os cretenses, o quadro não era ape- oral e repleta de fantasias.

BO O
nas de relações amistosas. Existiam conflitos entre os Discutir o mítico e o histórico na cultura grega é

SC
vários grupos que disputavam espaço e muitos preten- outra questão importante, pois os mitos influenciam

M IV
diam dominar Cnossos, capital da civilização cretense. a história, mas, neles, também é possível encontrar
Ataques eram constantes e contribuíram para a deca- elementos históricos. Isso facilita o entendimento do

O S
dência da ilha. passado, mas não estabelece claramente um limite en-
tre os dois. Nesse sentido, os trabalhos arqueológicos

D LU
CIVILIZAÇÃO MICÊNICA tornam-se fundamentais na confrontação com textos
A civilização micênica teve início com as conquistas que alimentaram a mitologia grega.
dos aqueus. Eles fizeram parte de uma segunda onda Apesar da dificuldade para se compreender a vida

O C
de ocupação ariana. Os aqueus eram grandes guerrei- grega em sua fase mítica e, também, a formação da
N X
ros e estabeleceram domínios variados, exigindo tribu-
tos de toda espécie dos povos submetidos. Tais povos,
pólis e sua posterior decadência, alguns aspectos rele-
vantes podem ser assinalados, respeitando-se a perio-
SI E
subordinados à ordem aqueia, tornaram-se servos. dização tradicional da história da Grécia Antiga.
A cidade de Micenas, localizada na Península do Pe-
O

loponeso, desenvolveu-se e prosperou principalmente PERÍODO PRÉ-HOMÉRICO


a partir do século XVI a.C. Utilização do bronze, desen- Nessa fase da história grega, ocorreram invasões
EN S

volvimento de técnicas agrícolas e da produção artesa- dos jônios, aqueus e eólios, os quais assimilaram ele-
nal foram traços fundamentais desse mundo micênico.
E U

mentos da civilização minoica e, posteriormente, mi-


Várias cidades foram criadas pelos aqueus e consti- cênica. Também houve o domínio sobre antigos habi-
tuíam reinos independentes que viviam em disputa. A tantes da região balcânica, conhecidos por pelágios ou
D E

principal, nesse espaço de conflito, foi Micenas. pelasgos, parentes dos anatólios da Ilha de Creta. Es-
A LD

Os micênicos atacaram a Ilha de Creta e absorve- ses processos de absorção envolveram permanências
ram parte de sua cultura. Nesse sentido, compartilhou- e rupturas que moldaram as cidades-Estado gregas.
-se um sistema mítico que dava ao ser humano uma
Dessas comunidades saíram grupos que estabe-
condição especial no mundo.
leceram domínios ao redor, iniciados por núcleos ur-
EM IA

A lenda do Minotauro e do labirinto revela o encon-


banos em que a produção era compartilhada pelos
tro de povos e de culturas. É representada pelo herói
grupos aparentados. Guerras faziam parte do cotidia-
ST ER

Teseu (homem da região balcânica), que matou o Mino-


no, no qual se disputavam terras e homens para o
tauro (ser metade touro, metade homem) e conseguiu
trabalho forçado. Apesar dos conflitos, é nesse perío-
escapar do labirinto usando um novelo de lã.
Por meio de relatos fantásticos que procuravam jus- do que se encontra um amálgama de contribuições
SI AT

tificar os fenômenos da natureza e responder aos ques- variadas, definindo o que se denomina antropocen-
tionamentos humanos, a mitologia foi enriquecida e con- trismo grego.
solidou uma visão de mundo em que o ser humano se O final desse período esteve associado a novas in-
M

destacava dos outros animais. Sua capacidade de inter- vasões realizadas pelos dórios. Tais ataques levaram à
venção na natureza passou a ser admirada, por imprimir diáspora dos povos já estabelecidos, configurando um
sua vontade ao universo em que estava inserido, mas, movimento de novas colonizações nas terras que mar-
na época, ainda em intensa negociação com os deuses. geavam o Mediterrâneo oriental e ocidental.
A civilização micênica também não resistiu às ondas Isso não só difundiu a cultura grega para outros es-
de invasão de novos grupos arianos de origem aqueia paços, contribuindo com novos arranjos no interior dos
e eólica. Essas comunidades encamparam realizações grupos humanos, mas também representou uma modi-
micênicas, conferindo uma articulação ainda maior às ficação política, pois a dispersão limitou o ordenamento
tradições antigas creto-micênicas. político-social no interior dos genos.
Não se pode entender essa movimentação civiliza- Genos eram grupos familiares nos quais toda a
cional sem levar em conta que foi um processo lento, produção era dividida entre seus membros. A auto-

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ridade era exercida pelo pai da família, líder inques- dizer que, embora compartilhassem de uma visão de
tionável, o qual conduzia o culto aos ancestrais, que mundo comum, de algo que permitia relativa proximi-
HISTÓRIA 1

permitia, entre outros aspectos, a manutenção da dade, havia na história de cada pólis um espaço para
unidade e a colaboração do grupo. Iniciava-se o Pe- a diferenciação no interior da Hélade. Nesse sentido,
ríodo Homérico. Os dórios sobressaíram-se, entre reconhecem-se Esparta e Atenas como exemplos cla-
outros aspectos, por terem desenvolvido armas de ros dessa diversidade.
ferro enquanto aqueus e eólios conheciam apenas o
bronze. Isso representou o fim da Idade do Bronze
do mundo grego. A GRÉCIA ANTIGA COMO ELA
PERÍODO HOMÉRICO É MAIS CONHECIDA
Essa fase conheceu, inicialmente, um retrocesso Os períodos Clássico e Helenístico englobam o

O
significativo, pois o comércio foi interrompido, as tro- auge de Atenas e Esparta, as duas cidades-Estado

BO O
cas foram dificultadas e a escrita, abandonada. Era a mais importantes da Grécia Antiga; o nascimento e a

SC
Idade do Ferro instituída pelos dórios. Grupos aqueus, consolidação da democracia; além da cultura grega,

M IV
eólios e jônios buscaram refúgio em terras mais orien- com o teatro e as obras de arte.
tais da região balcânica e chegaram a ocupar a Ásia Quando se fala da Antiguidade grega, geralmente

O S
Menor, deslocando também seus interesses para a são esses os assuntos tratados. Por consequência,
área do Helesponto, região em que arqueólogos en- também são os temas mais cobrados pelas bancas

D LU
contraram ruínas de uma cidade que consideraram ser de vestibulares. Conhecê-los significa entender me-
a antiga Troia. lhor não apenas a Antiguidade, mas também os ru-
Sabe-se que relatos fantásticos, associados a essa mos da história europeia e do Ocidente.

O C
cidade, contribuíram para a consolidação da cultura gre-
N X
ga, também conhecida como helênica. Obras como a ATENAS
Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero, teriam repre- Os recursos da Ática, região em Atenas estava loca-
SI E
sentado a cristalização de um conjunto dessas histó- lizada, não eram suficientes para garantir o sustento da
rias, já muito antigas na tradição oral, que colocavam o população. Uma vez que Atenas tinha saída para o mar,
O

ser humano como pertencente a uma raça de heróis. desde seus primórdios houve interesse em explorar o
Há nisso a afirmação de uma virtude essencialmente porto natural de Pireu para estabelecer rotas de comér-
EN S

humana ou de uma idealização que se expressa na ca- cio com outras cidades pelo mar.
pacidade de vencer obstáculos.
E U

Ao mesmo tempo em que essa cultura foi forjada SOCIEDADE ATENIENSE


em cantos que rememoravam ou construíam um pas- Foi organizada tendo como primeira referência o
D E

sado mítico, organizações gentílicas (baseadas nos ge- controle sobre as terras disponíveis. Famílias que con-
nos) passaram por processo de deterioração, pois a po- trolaram, nos primórdios da pólis, as melhores terras
A LD

pulação crescia e os recursos eram escassos, havendo constituíam a elite ateniense. Membros dessas famílias
ruptura do modelo de produção e distribuição comunal tradicionais eram chamados de eupátridas (bem-nasci-
e introdução da instituição da propriedade privada que dos). Além deles, existiam ainda pequenos proprietá-
EM IA

beneficiava alguns. rios, conhecidos por georgois, e homens que não deti-
Da desestruturação dos genos, depois de um perío- nham controle sobre terras, os thetas, mas eram livres
ST ER

do de agitações, houve a afirmação de fratrias (tribos) e desempenhavam atividades artesanais e marítimas,


hierarquizadas e, por último, a formação da pólis. Esta entre outras.
inaugurou uma nova fase da história grega, em que as Em razão do desenvolvimento do comércio, homens
divisões sociais ficaram mais nítidas e afirmava-se um que não tinham nascido na pólis participavam daquela
SI AT

poder aristocrático em detrimento do igualitarismo que sociedade, sendo chamados de metecos. Estes não
havia inaugurado. usufruíam dos direitos à cidadania e pagavam tributos
para comercializar. Existiam, ainda, escravos em grande
M

PERÍODO ARCAICO quantidade. Compras, endividamento e guerras eram


Esse período representou o momento de organiza- formas comuns de obtenção de mão de obra escrava.
ção das pólis. Instituições políticas foram concebidas e, Pode-se afirmar que quase metade da população era
assim, os homens considerados iguais, os cidadãos, constituída por homens não livres, o que significa dizer
podiam discutir assuntos comuns e tomar decisões que o escravismo foi intenso em Atenas.
reunidos em uma praça chamada ágora. Dentre as vá- Vários autores que tratam da chamada história
rias cidades criadas, duas tiveram destaque especial: temática e analisam a condição feminina ao longo
Atenas e Esparta. do tempo afirmam que a sociedade ateniense era
Cada uma delas tinha um governo próprio e toma- fortemente patriarcal. Mulheres eram consideradas
va as próprias decisões, restritas ao seu território. Isso até mesmo escravas domésticas. Dessa forma, era
caracterizou a diversidade do mundo grego. Significa nítida a assimetria da relação entre homem e mulher.

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A esse respeito, Chico Buarque de Holanda e Augusto POLÍTICA ATENIENSE


Boal compuseram, em 1976, a canção “Mulheres de Em relação à política, a cidade de Atenas passou

HISTÓRIA 1
Atenas”, na qual, ao tratar da mulher ateniense, estabe- por uma evolução: de governo aristocrático a governo
lecem uma comparação com a sociedade brasileira e democrático. O Período Arcaico foi mesmo a expressão
criticam a situação da condição feminina. do poder da aristocracia.
Embora Atenas estivesse associada à deusa da sa- A princípio, Atenas foi uma monarquia cujo rei era
bedoria Palas Atena, havia empecilhos para a participa- denominado basileus. Contudo, eupátridas passaram,
ção da mulher em vários espaços públicos, principal- a partir do século VII a.C., a controlar a vida política por
mente na política. Nesse sentido, pode-se afirmar que, meio do areópago e do arcontado. O primeiro era exer-
por uma questão cultural, o homem era visto como de- cido por juízes oriundos da aristocracia, e o segundo,
tentor de virtudes (virtú), ao contrário da mulher. constituído por nove governantes que dividiam a res-
A palavra virtú deu origem à ideia de virilidade, carac- ponsabilidade de tomar algumas decisões importantes.

O
terística pertinente ao homem e que faz referência ao seu Entre os arcontes, pode-se destacar arconte-epôni-

BO O
poder de intervenção, de acordo com os antigos gregos, mo, arconte-polemarco e arconte-basileus. O primeiro

SC
daí o impedimento à participação da mulher na política e era responsável pela administração (prefeitura); o se-

M IV
seu confinamento ao espaço doméstico. Isso remete a gundo era o chefe militar; e, o terceiro, uma espécie
uma questão importante: a educação ateniense. de supremo sacerdote. Além dessas instituições, havia

O S
ainda a Eclésia, principal assembleia popular que votava
EDUCAÇÃO ATENIENSE aprovando ou rejeitando propostas do areópago.

D LU
Em relação à educação, a formação do cidadão pas-
sava necessariamente pelo desenvolvimento da habili- ESPARTA
dade de comunicação: valorizava-se e cultivava-se a arte

O C
Cidade militarista desde os primórdios, fundada pe-
do bem falar, conhecida como retórica, e estudavam-se los dórios na região da Lacônia, ao sul da Península do
N X
técnicas de persuasão e argumentação. Isso era muito
importante para uma cidade que estabeleceu relações
Peloponeso. A região favorecia a prática da agricultura, a
qual abastecia de forma razoável a população. Entretan-
SI E
comerciais com vários lugares. to, o desenvolvimento dessa cidade-Estado se deu, ba-
Além de ser fundamental argumentar para convencer sicamente, com a exploração de antigos habitantes da
O

no plano comercial, o bom governo da cidade também região. Para isso, era necessário ter uma estrutura mili-
dependia dessa habilidade, pois apenas os cidadãos que tar forte, o que ajuda a explicar sua organização social.
EN S

compreendessem o valor da palavra poderiam contribuir


em um debate para a melhor tomada de decisão da pólis. SOCIEDADE ESPARTANA
E U

Em Atenas, existiam os sofistas, homens valoriza- Em Esparta, houve a constituição de uma socieda-
dos por ensinar a arte do convencimento. De acordo de rígida, marcada pelo princípio militar em que guer-
D E

com Platão, a crítica que Sócrates realizou em relação reiros ocupavam lugar de destaque e eram conheci-
A LD

aos sofistas permitiu o desenvolvimento da filosofia na dos como esparciatas.


cidade, mais precisamente a metafísica. Outros grupos, submetidos pelos dórios na Lacô-
Outro aspecto da educação ateniense está no de- nia, desenvolveram atividades artesanais, agrícolas e
senvolvimento de estudos matemáticos. A discussão comerciais que os colocavam em situação de inferio-
EM IA

sobre valores passava necessariamente pela medida ridade. Eram periecos. Alguns deles chegaram a parti-
das coisas, de sua razão e da proporção entre as coi- cipar de forças militares espartanas, subordinados aos
ST ER

sas, e tudo isso envolvia números. O sistema mone- chefes guerreiros esparciatas.
tário criado pelos atenienses já suscitava a questão Mais abaixo, nessa hierarquia social, encontravam-
das relações numéricas entre as coisas, facilitando as -se os hilotas. Estes eram oriundos de outras conquis-
trocas, ou seja, o comércio. Essa prática era realizada tas dos esparciatas em áreas mais afastadas da Lacô-
SI AT

com o aprendizado da música e, assim, o pensamento nia e trabalhavam como servos do estado. Não tinham
pitagórico foi absorvido pelos educadores atenienses. direitos e foram distribuídos nas terras conquistadas. O
Além da retórica e da matemática, a educação ate- resultado de seu trabalho era repartido entre famílias
M

niense foi pautada pelo interesse no desenvolvimento de de guerreiros espartanos.


atividades físicas e exercícios militares. Atenienses deve- Um aspecto que diferenciou Esparta de Atenas foi o
riam estar preparados para defender seu lugar de nasci- tratamento dado às mulheres. Espartanos valorizavam-nas
mento e demonstrar habilidades físicas nas competições relativamente. Elas participavam dos exercícios militares e
entre cidades gregas, que se realizavam em Olímpia. chegaram a ocupar cargos administrativos na pólis, não
Dessa forma, pode-se afirmar que era uma educa- sendo confinadas exclusivamente ao espaço doméstico.
ção abrangente, que visava realizar o ideal de mente sã Apesar dessa importância, não participavam da vida polí-
e de corpo são. O cidadão, apto a desempenhar várias tica, que era destinada aos melhores guerreiros. Como a
tarefas por meio dela, era o elemento fundamental da posição social elevada e a participação política estavam
política ateniense. Isso remete à organização política da associadas à atividade militar, a formação de guerreiros de
cidade no Período Arcaico. elite, em Esparta, era de fundamental importância.

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EDUCAÇÃO ESPARTANA expansão colonizadora, à articulação das cidades con-


Espartanos tiveram como fundamento educacional tra o expansionismo persa e à disseminação do mode-
HISTÓRIA 1

a preocupação de formar guerreiros. Até hoje costuma- lo democrático ateniense para algumas pólis. No final,
-se definir educação rígida como espartana. Existiam houve a decadência das cidades-Estado em virtude do
castigos físicos, crianças passavam fome em treina- conflito entre elas, mais precisamente a confrontação
mento militar e realizavam-se atividades físicas inten- entre Atenas a suas coligadas (Liga de Delos) e Espar-
sas; tudo isso com um único objetivo: constituir ho- ta e suas associadas (Liga do Peloponeso).
mens aptos a exercer o domínio sobre outros povos. Por volta do século VI a.C., as cidades gregas co-
Esparciatas recebiam formação militar desde os 7 nheceram um crescimento populacional intenso e
anos, desenvolviam habilidades militares e submetiam- muitos de seus habitantes não encontravam oportuni-
-se a exercícios constantes para melhorar o condiciona- dades no espaço diminuto da pólis. Dessa forma, um
mento físico. Além disso, eram ensinados a falar pou- movimento migratório teve início para outras áreas da

O
co, por isso o laconismo característico dessa cultura. Bacia do Mediterrâneo.

BO O
O importante era falar o que se desejava em poucas Populações migrantes levavam consigo modelos

SC
palavras. Dessa forma, não floresceu em Esparta uma de organização política e social que fundamentavam

M IV
elite de homens filiados à retórica e à filosofia, como novas cidades-Estado. Nesse processo colonizador,
aconteceu em Atenas. era a própria cultura grega que se difundia. Embora

O S
A discussão política acontecia apenas entre homens essas unidades constituídas usufruíssem de autono-
considerados iguais (homoioi), que já haviam dado provas

D LU
mia política, tinham ligações econômicas com áreas
de valor militar e, por isso, podiam participar das institui-
de origem de sua população. Isso incrementava tro-
ções políticas da cidade, fazendo valer seus interesses.
cas e garantia espaço às elites talassocráticas (funda-

O C
POLÍTICA ESPARTANA das na atividade mercantil).
A vida política em Esparta estava limitada à aris- Ao mesmo tempo em que o mundo grego prospe-
N X
tocracia militar. Seus elementos participavam de apa- rava, o Império Persa conquistava mais territórios no
SI E
relhos deliberativos e consultivos de tal forma que Oriente, aproximando-se das colônias situadas na re-
famílias importantes eram contempladas com um ver- gião da Jônia, na Ásia Menor; e dos domínios gregos e
O

dadeiro acordo entre pares. macedônios da região da Trácia.


Entre as instituições políticas, encontram-se: A ameaça persa avançou quando o exército do
EN S

• apela – constituída por homens acima de 30 anos e imperador Dario invadiu colônias da Jônia, colocan-
representava o órgão deliberativo; do em perigo todo o mundo grego. Houve pedido
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• gerúsia – espécie de conselho de anciãos. Apenas de ajuda dos habitantes atacados e Atenas passou a
28 idosos, que tivessem revelado grande valor mili- conduzir uma articulação que visava preservar a auto-
D E

tar, eram escolhidos para ocupar esse conselho; nomia daquela região.
• eforato – associava-se ao governo cotidiano da pólis. Essa preservação objetivava a defesa do próprio
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Isso se explicava por não haver encontros da apela modelo político, constituído no mundo grego como
no dia a dia da cidade. um todo, pois o que estava em questão era a autono-
Dessa forma, a apela escolhia cinco homens saídos mia da cidade-Estado. Dessa forma, foi relativamente
EM IA

dessa assembleia para governar a pólis. O governo era fácil para Atenas convencer outras cidades a partici-
definido pelos éforos junto à gerúsia e à diarquia. Esta par da campanha contra o exército invasor persa.
ST ER

era uma divisão ancestral de grupos dórios de linhagens O confronto recebeu o nome de Guerras Médicas
distintas que se uniram para controlar o Peloponeso. ou Guerras Greco-Pérsicas. Ao mesmo tempo em
Em Esparta, previa-se a existência de dois reis: um que Atenas desenvolvia esforços no campo militar
com função de chefe guerreiro, conduzindo homens
SI AT

para combater a invasão persa, modificações signifi-


em batalha; e o outro com função religiosa, uma espé- cativas aconteciam no âmbito político dessa cidade.
cie de supremo sacerdote que conseguiria o apoio dos Tais alterações não ocorreram da noite para o dia,
deuses nas campanhas militares espartanas.
M

mas fizeram parte de um processo em que a antiga


Todos os que participavam da vida política eram con- aristocracia (eupátridas) foi perdendo espaço políti-
siderados os melhores homens de Esparta, podendo-
co para outros grupos sociais. Um fator importan-
-se afirmar, assim, que seu governo era aristocrático e
te para isso foi o desenvolvimento comercial, que
dessa forma permaneceu até o fim. Isso significa apon-
possibilitou a ascensão de uma nova elite fundada
tar mais uma diferença em relação a Atenas, pois esta
na riqueza monetária, uma espécie de talassocracia.
modificou a estrutura aristocrática, caminhando para
Essa elite associou-se aos demiurgos, homens
um governo democrático.
oriundos da articulação entre alguns thetas e georgois
PERÍODO CLÁSSICO em atividades artesanais e marítimo-comerciais. Assim,
Inicialmente, esse período foi de esplendor, es- o legislador Sólon (594 a.C.), ao estabelecer uma refor-
tando associado ao intercâmbio comercial intenso, à ma política na qual abriu espaço para aqueles que com-

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37

provassem renda na Bulé (assembleia), aumentando, O ostracismo consistia em uma escolha feita pe-
assim, o número de participantes, teria dado o primeiro los cidadãos, que marcavam individualmente, em num

HISTÓRIA 1
passo para a quebra do princípio aristocrático do poder. caco de cerâmica, o nome do cidadão que supostamen-
Essa reforma inscreveu-se em um contexto de te era uma ameaça à democracia e que eles desejavam
agitações populares contra a lei draconiana que pre- banir da cidade. O mais votado era expulso por dez
via escravidão por dívidas na cidade. A abolição exi- anos e perdia os direitos políticos. Entretanto, existem
gia que se compensassem homens de negócio que controvérsias a esse respeito.
eram emprestadores e não teriam mais a possibili- A maior participação política em Atenas aconte-
dade de escravização como garantia do pagamento ceu exatamente na época das Guerras Médicas (492
das dívidas. a.C.-479 a.C.) e logo após a afirmação de sua supre-
O poder aristocrático foi ainda mais diminuído macia no mundo grego pelo legislador da cidade:
quando a cidade foi controlada por um tirano cha- Péricles. Esse auge democrático foi possível, entre

O
mado Psístrato (560 a.C.-527 a.C.). A tirania foi um outros fatores, em razão da cobrança de tributos rea-

BO O
fenômeno geral, pois várias cidades passaram por lizada por Atenas para fazer frente aos gastos milita-

SC
esse tipo de governo. Ela inseriu-se no quadro de lu- res no conflito com os persas.

M IV
tas entre aristocratas e integrantes dos setores po- Quando os persas desistiram da campanha, Atenas
pulares, como comerciantes e armadores. O tirano havia criado a Liga de Delos e administrava recursos

O S
chegava ao poder apoiado pela população em ações coletados das cidades participantes daquela confedera-
ção. Atenas era uma cidade com características impe-

D LU
contra a aristocracia e normalmente tinha origem
nos novos proprietários de terras, não provenientes rialistas, exercendo hegemonia sobre o mundo grego.
da aristocracia. Parte dos recursos destinados à formação do te-
souro de Delos era desviada por Atenas. Estes foram

O C
Psístrato realizou outra reforma e distribuiu terras
utilizados em benfeitorias na cidade e no pagamento de
ao povo ateniense, abalando o que mais conferia poder
N X
à aristocracia: a riqueza fundiária. No caso de Atenas,
salários aos cidadãos que participavam do governo de-
mocrático. Assim, por esse artifício os cidadãos tinham
SI E
regulamentou a questão agrária, distribuindo terras
mais tempo livre para se dedicar ao governo, e a ágora
e reduzindo a força política dos antigos proprietários.
passou a ser bastante frequentada.
O

Dessa forma, o regime de pequenas propriedades se No mundo grego, uma oposição cresceu em relação
impôs na Ática, reduzindo distâncias sociais. Além dis- ao imperialismo ateniense, capitaneada por Esparta,
EN S

so, estimulou a produção artesanal e o intercâmbio, que não se submeteu a Atenas e criou uma confede-
transformando a cidade no maior centro econômico do ração de cidades descontentes: a Liga do Peloponeso.
E U

mundo grego. Hostilidades entre as duas organizações configura-


Após esse período de tirania, Atenas caminhou ram uma guerra no interior do mundo grego. As cam-
D E

para a democracia, pois havia a necessidade de se panhas militares ficaram conhecidas como Guerra do
discutir a forma como ocorreria a participação política Peloponeso (431 a.C.-404 a.C.).
A LD

na cidade. Assim, quando a ameaça persa atingiu o Os confrontos enfraqueceram o mundo grego e o
mundo grego, as diferenças haviam sido reduzidas modelo político das cidades-Estado, dando início à de-
no interior da sociedade ateniense e já verificava-se cadência da pólis. Depois de várias campanhas milita-
EM IA

uma ampliação da participação política, graças ao le- res, os gregos foram conquistados pelos macedônios,
gislador Clístenes (565 a.C.-492 a.C.), considerado o que viviam mais ao norte da região balcânica. Esse
acontecimento encerra o Período Clássico e inaugura o
ST ER

pai da democracia.
Período Helenístico.
Clístenes ampliou a participação política, pois le-
vava em consideração homens livres, nascidos na
PERÍODO HELENÍSTICO
SI AT

pólis, com pais nascidos na cidade e residentes nos


demos (divisão administrativa no interior da pólis). A última fase da história grega antiga antes do
Dessa forma, não havia qualquer tipo de restrição domínio romano recebeu o nome de helenística e
pode ser descrita como o período em que os gregos
M

quanto à riqueza para a participação política na ágora


(praça). Contudo, muitos ainda tinham dificuldades passaram a ter contato intenso com o mundo orien-
tal. O motivo principal desse convívio vinculou-se à
econômicas ou dedicavam-se diretamente às ativida-
política imperial desenvolvida pelo rei da Macedônia,
des produtivas, por isso não dispunham de tempo
Alexandre Magno, o qual controlou as cidades e, ao
para participar da vida política.
reunir ambos os povos, conduziu seus guerreiros em
O direito estava garantido, mas o exercício do di- direção às terras do decadente Império Persa.
reito não era completamente realizado por todos os ci- Alexandre construiu um império unindo o oriente ao
dadãos que poderiam participar dos assuntos políticos. Ocidente. Seus domínios atingiram territórios nas proxi-
Alguns historiadores chegaram a afirmar que Clístenes midades do Rio Indo (Índia). A política desse imperador
foi responsável pelo estabelecimento do ostracismo visava misturar gregos e orientais. Aos poucos, houve
em Atenas. uma fusão de tradições distintas, constituindo o que se

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38

denominou cultura helenística ou helenismo. Mesmo ESTATUÁRIA


após a morte precoce de Alexandre, os gregos não se
HISTÓRIA 1

A produção escultórica grega variou ao longo de


esqueceram do que encontraram no Oriente e construí- seus quase dezoito séculos de existência. Pode-se as-
ram narrativas que refletiam essa experiência. sinalar, em linhas gerais, a existência de três fases de
produção estatuária.
CULTURA GREGA
Os gregos antigos consideravam que o ser humano • Estilo arcaico – arte que correspondeu a figuras
é um animal diferente dos demais em virtude de sua principalmente masculinas em uma constituição
capacidade de raciocinar e, nesse sentido, essa cultu- que lembra a rigidez e a imponência da arte egíp-
ra apresentava um caráter humanista. Dessa forma, foi cia antiga. Era um modelo simplificado em excesso,
constituída uma visão antropocêntrica assentada na muito rígido e menos próximo da natureza.
ideia principal de sua capacidade de transformar a na- • Estilo clássico – o bronze passou a ser utilizado
tureza e dar novos sentidos ao mundo, assumindo nele

O
como matéria-prima em muitas obras. As formas
posição de protagonista.

BO O
eram acentuadas com sinuosidades e detalhamen-
Assim, a produção artística grega não pode ser dis-

SC
tos que davam a impressão de organismo vivo e

M IV
sociada dessa visão. Do teatro à estatuária, da religião apresentavam naturalismo e harmonização por meio
à filosofia, da arquitetura às Olimpíadas, da música à de esquemas simétricos e de proporcionalidade.
pintura, em todos os âmbitos foi o ser humano que ocu-

O S
• Estilo helenístico – as obras apresentavam expressi-
pou lugar de destaque.
vidade e realismo acentuados, levando o observador

D LU
TEATRO a imaginar que os seres esculpidos eram reais e se
Na Grécia Antiga, o teatro era uma festa dedicada ao tornaram pedra ao olhar para alguma Medusa. Cau-
deus Dioniso, que por isso é conhecido como patrono sa espanto tamanho realismo. Rostos de estátuas

O C
da representação teatral. Os gregos utilizavam o teatro expõem a psicologia humana em que dor, felicidade
N X
como forma de ação pedagógica, por isso os temas bus- e desejo transbordam das figuras representadas. Há
uma dramaticidade que eterniza sentimentos huma-
cavam afirmar valores, estabelecer normas de conduta
SI E
nos no mármore ou no bronze.
e consolidar visões sobre o mundo. Essa civilização foi
responsável por instituir os gêneros comédia e tragédia.
PINTURA
O

As histórias representadas visavam provocar riso e


choro como expedientes de convencimento e percep- O desenvolvimento da pintura remonta à contribui-
EN S

ção da própria condição humana. De acordo com o pen- ção das civilizações minoica e micênica. A arte era feita
em vasos de cerâmica e representava cenas de guerra,
E U

sador alemão Friedrich Nietzsche, o período da grande


criatividade grega foi o da tragédia, na qual forças dioni- de festas e de atividades cotidianas. Cenas de relatos
síacas e apolíneas se contrapunham revelando a própria míticos foram preservadas, informando atos heroicos
D E

condição humana, pois Dioniso, deus da embriaguez, que moldaram a consciência do poder humano no mun-
do e sua capacidade de atuação.
A LD

e Apolo, deus da ordem e da luminosidade, represen-


tavam o próprio movimento humano: o movimento da
existência trágica. ARQUITETURA
Para se ter uma ideia do alcance da cultura grega, Normalmente identificada por três ordens clássicas
EM IA

vejamos o seguinte exemplo: Os filósofos alemães (dórica, jônica e coríntia), destaca-se pela utilização de
Nietzsche e Spengler estudaram o teatro grego e che- colunas, pois a técnica do arco para distribuição do peso
ST ER

garam a dois conceitos derivados desses deuses: o não havia sido desenvolvida, havendo a necessidade de
apolíneo e o dionisíaco. O apolíneo é ordenado, ilumi- colocá-las próximas umas das outras para garantir que
nado e centrado, enquanto o dionisíaco é imprevisível a construção não desabasse.
e ébrio.
SI AT

1. Ordem dórica – mais simples e menos rebuscada;


• Eurípedes escreveu tragédias como Medeia, As plataforma e colunas (tratadas com estrias verticais)
troianas, As suplicantes, As bacantes e As fenícias, encaixavam-se, mas o ajuste não era uniforme; capi-
M

entre outras obras.


tel sem ornamentação.
• Aristófanes foi o maior representante da comédia
grega. Entre suas obras, destacam-se Lisístrata, As 2. Ordem jônica – mais bem trabalhada; friso mais
vespas, As nuvens, Assembleia de mulheres, A paz uniforme envolvendo colunas e plataforma; capitel
e As rãs, entre outras. recebe ornamentação; recortes de pedra apresenta-
vam também riscas horizontais na base.
• Sófocles, um dos grandes autores do gênero trágico,
escreveu Ájax, Antígona e Édipo Rei, entre outras obras. 3. Ordem coríntia – mais rebuscada; colunas pos-
• Ésquilo ficou conhecido como o pai da tragédia. Ele suíam maior riqueza de detalhes; capitel recebia tra-
inovou fazendo com que seus inúmeros personagens tamento especial com imagens em baixo-relevo e re-
interagissem entre si, e não apenas com o público. En- presentações de plantas; recortes de pedras e frisos
tre suas peças, destacam-se Agamenon e Os persas. mais precisos.

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39

MÚSICA se das cidades-Estado, durante a decadência da pólis.


Não possuíam a pretensão das ciências anteriores e

HISTÓRIA 1
Os estudos de música no mundo grego vinculavam-
buscavam dar melhor condição de vida ao ser humano
-se ao desenvolvimento da matemática de Pitágoras. O
em situações de incertezas. Entre elas, destacam-se o
pensador da cidade de Samos teria desenvolvido uma
epicurismo, o estoicismo, o ceticismo e o cinismo.
teoria a respeito da origem do universo, associando-a à
combinação de medidas.
FESTIVAIS OLÍMPICOS
Considerava-se que a organização do espaço, com
tudo o que existia nele, era uma construção de rela- Desde 776 a.C., aconteceram encontros entre ci-
ções matemáticas perfeitas expressas em sons, a mú- dades para a realização de competições esportivas
sica das esferas. Assim, o universo era uma música, chamadas de festivais olímpicos, pois eram dedicadas
a qual não podia ser ouvida porque o ser humano não aos deuses que habitavam o Monte Olimpo, em espe-
fazia parte dessa composição. Só uma mente superior cial, Zeus. Embora fosse uma festa em homenagem

O
poderia acessá-la. Pensadores faziam cultos a Orfeu e a eles, eram os seres humanos que se destacavam,

BO O
pois se ressaltava a capacidade humana para superar
realizavam festivais de música conhecidos como can-

SC
obstáculos e prestigiava-se aquele que vencesse uma

M IV
tos orfeônicos, pois, de acordo com a mitologia, Orfeu
competição olímpica.
era poeta e médico e tinha alterado a natureza com o
encantamento produzido por sua composição musical.

O S
RELIGIÃO
Gregos são responsáveis por sistemas de notação
Os gregos eram politeístas e, suas divindades,

D LU
musical e modos de composição. Suas produções ga-
muito parecidas com os seres humanos, pois pos-
nhavam sons com lira (cordas) e aulo (instrumento de
suíam os mesmos sentimentos que estes. A diferença
sopro), além do coro.
estava na imortalidade dos deuses e no caráter efê-

O C
mero (mortal) dos seres humanos. A proximidade era
FILOSOFIA
N X
Uma das grandes contribuições do mundo grego
de tal ordem que as divindades podiam estabelecer
relações físicas íntimas com os humanos, podendo
SI E
para o Ocidente foi a filosofia. Pode-se considerar a gerar heróis–semideuses.
produção do pensamento grego filosófico com base na Algumas divindades gregas:
formação da pólis, pois, aos poucos, houve ruptura com
O

o pensamento mítico que tratava da cosmogonia (nas- • Zeus – senhor de todos os deuses do Olimpo.
EN S

cimento do universo) e apelava para entidades divinas • Hera – esposa de Zeus, protetora das mulheres e do
em sua explicação. A filosofia buscava a cosmologia, ou casamento.
E U

seja, o princípio do universo, logos, razão.


• Atena – filha de Zeus, protetora das artes e da sabedoria.
Nessa busca, houve divisão entre físicos e metafísi-
• Apolo – deus da luz.
D E

cos. Os primeiros procuravam um princípio material, a


physis, do universo. Entre os físicos, também conheci- • Ártemis – deusa da caça.
A LD

dos como pré-socráticos, encontram-se Tales de Mileto • Hermes – mensageiro dos deuses.
(água), Heráclito de Éfeso (fogo), Pitágoras de Samos
(número), Parmênides de Eleia (matéria invisível) e De- • Dioniso – deus do vinho, das festas e dos prazeres.
mócrito de Abdera (átomo). Entre os metafísicos, co- • Posêidon – deus das águas.
EM IA

nhecidos como socráticos, encontram-se Platão (teoria • Afrodite – deusa do amor e da beleza feminina.
das ideias) e Aristóteles (ato/potência).
ST ER

• Ares – deus da guerra.


No Período Helenístico, também existiram as cha-
madas filosofias menores. Surgiram no contexto da cri- • Héstia – deusa do lar.
SI AT
M

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40

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

CIVILIZAÇÃO GREGA

O
BO O
O termo "grego" é utilizado para se referir a:

SC
M IV
Vários grupos humanos que se estabeleceram na região balcânica a par-

O S
tir do século XX a.C.

D LU
O C
N X Povos que ocuparam a região:
SI E
Aqueus, eólios, jônios e dórios. Esses povos compartilharam valores cul-
O

Origens turais.
EN S
E U
D E
A LD
EM IA

Esses povos se autodenominavam:


ST ER

Helenos. Julgavam ter um ancestral em comum, o que, junto com o

comércio e aspectos culturais, lhes dava certa unidade.


SI AT
M

Os primórdios dessa cultura:


As primeiras referências aos modelos culturais e à organização política

dos gregos encontram-se na Ilha de Creta e em Micenas.

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41

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
Período Pré-Homérico:

Estabelecimento dos primeiros núcleos urbanos. Constantes conflitos

pela posse de terras. Genos: grupos familiares com produção distribuída

O
e controle exercido pelo patriarca.

BO O
SC
M IV
O S
D LU
O C
N X Período Homérico:
SI E
Relatos fantásticos consolidam a cultura grega. Obras atribuídas a Ho-
O

mero, como Ilíada e Odisseia, representam a afirmação do ser humano

como herói. O crescimento da população e a escassez de recursos na-


EN S

Características gerais
turais levam ao colapso da organização em genos, consolidando-se as
E U

fratrias (tribos) hierarquizadas e, por último, a formação de pólis (cidades),


D E

com divisões sociais mais nítidas.


A LD
EM IA

Período Arcaico:
ST ER

Organização das pólis, concepção de instituições políticas em que cida-

dãos tomam decisões na ágora (praça). Cada cidade grega se autogo-


SI AT

verna, mas compartilham variados aspectos culturais, permitindo relativa

unidade. Esparta e Atenas são exemplos clássicos dessa diversidade.


M

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42

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

GRÉCIA ANTIGA: DEMOCRACIA


E CULTURA

Características das principais cidades-Estado gregas

O
BO O
SC
M IV
Atenas: Esparta:

O S
Sociedade: eupátridas, georgoi e demiurgos (cidadãos), Sociedade: esparciatas homoioi (cidadãos), periecos (es-

D LU
metecos (estrangeiros), escravos. trangeiros), hilotas (escravos).

O C
Reivindicações exigindo o fim da escravidão por dívidas Diarquia: dois reis exercem o poder em tempo de guerra

N X
e reformas políticas abrem espaço para a participação de e oficiam cerimônias religiosas. Exército liderado pelos
SI E
outros grupos sociais; democracia. esparciatas.
O

Nem todos os habitantes de Atenas eram cidadãos e pou- Educação: voltada para o militarismo, sendo os homens
EN S

cos participavam das decisões políticas. treinados desde a infância, prestando serviço militar até
E U

Sociedade extremamente patriarcal, sem participação po- os 60 anos.


D E

lítica das mulheres, limitadas ao ambiente doméstico.


A LD

Na educação, enfoque para retórica, filosofia, estudos ma-

temáticos, música. Atividades físicas também com desta-


EM IA

que – mente sã em corpo são.


ST ER
SI AT
M

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43

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
Período Clássico Período Helenístico

O
BO O
SC
M IV
A explosão demográfica favorece o deslocamento popu- A desarticulação causada pela Guerra do Peloponeso faci-

O S
lacional para outras regiões da Bacia do Mediterrâneo. lita o domínio macedônico sobre as cidades gregas, con-

D LU
Nessa expansão colonizadora, cultura e modelos de orga- quistadas por Alexandre, o Grande. Intenso intercâmbio

O C
nização política e social gregos se difundem. Intercâmbio com o mundo oriental. As conquistas de Alexandre espa-

N X
comercial intenso entre as cidades gregas. lham a cultura grega até as proximidades da atual Índia. A
SI E
Guerras Médicas: articulação das cidades gregas contra fusão entre essas culturas constitui o helenismo.
O

invasões persas nas regiões colonizadas da Ásia Menor.


EN S

Guerra do Peloponeso: confrontação entre Atenas e


E U

suas coligadas (Liga de Delos) e Esparta e suas as-


D E

sociadas (Liga do Peloponeso). Enfraquecimento do


A LD

mundo grego e do modelo político das cidades-Estado.


EM IA
ST ER
SI AT
M

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44

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Fuvest-SP – “O aparecimento da pólis constitui, na c) A aristocracia e os estrangeiros, porque enquanto


história do pensamento grego, um acontecimento deci- os primeiros queriam os direitos somente para eles
sivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio mesmos, os povos não gregos queriam aproveitar-se
das instituições, só no fim alcançará todas as suas con- do conceito de igualdade para governar também.
sequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e formas d) Os magos e sacerdotes, pois estes defendiam que
variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode somente os deuses poderiam governar e não aceita-
situar entre os séculos VIII e VII a.C., marca um come- vam a corrupção típica do âmbito político.
ço, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as A questão trata, ao mesmo tempo, da definição do que é ser cidadão na
Grécia Antiga e das limitações dessa primeira forma de democracia. Ci-
relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja dadãos eram todos os homens livres, portanto escravos e mulheres não
originalidade será plenamente sentida pelos gregos.” podiam participar das decisões democráticas.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
Rio de Janeiro: Difel, 1981. (Adaptado) e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo

O
uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das trans-

BO O
Habilidade: Relacionar cidadania e democracia na organização das so-
formações provocadas pelo surgimento da pólis foi:

SC
ciedades.

M IV
a) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda
estratégia de comunicação era baseada na escrita e 3. UFRGS-RS – “Na sua narrativa da Guerra do Peloponeso,
no uso de imagens. Tucídides assim relata as práticas funerais atenienses: ‘Des-

O S
b) o isolamento progressivo de seus membros, que se cortejo participam livremente cidadãos e estrangeiros; e
preferiam o convívio familiar às relações travadas nos as mulheres da família estão presentes, ao túmulo, fazendo

D LU
espaços públicos. ouvir sua lamentação. Depositam-se, em seguida, os despo-
c) a manutenção de instituições políticas arcaicas, que jos no monumento público, situado na mais bela avenida da
reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina cidade, e onde as vítimas de guerra são sempre sepultadas –

O C
do monarca. à exceção dos mortos de Maratona: a estes, considerando-se
d) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa seu mérito excepcional, concedeu-se sepultura no próprio
N X
organização social dificultava a construção de identi-
dades culturais.
lugar da batalha. Uma vez que a terra recobre os mortos,
um homem escolhido pela pólis, reputado por distinguir-se
SI E
e) a constituição de espaços de expressão e discussão, intelectualmente e gozar de alta estima, pronuncia em sua
que ampliavam a divulgação das ações e ideias de honra um elogio apropriado; depois disto, todos se retiram.
seus membros. Assim têm lugar esses funerais; e, durante toda a guerra,
O

O texto utilizado na questão já inicia apontando o papel decisivo da pólis quando era o caso, aplicava-se o costume.’”
na história do pensamento grego. Havia espaços reservados à expres- Citado em LORAUX, N. A invenção de Atenas.
EN S

são e à discussão, como indica a alternativa correta. As outras alter-


Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. p. 39.
nativas têm palavras-chave que demonstram seus erros: "declínio da
oralidade", "isolamento de seus membros", "origem divina", "monarca"
E U

Assinale a alternativa correta a respeito da história da


e "organização social difusa".
Antiguidade grega, com base no texto apresentado.
a) Os ritos funerais na Grécia Antiga eram cerimônias
D E

2. Unirg-TO C5-H24 religiosas, destinadas apenas a conduzir ao paraíso


os heróis mortos.
A LD

“Conforme o historiador grego Tucídides, o estratego Pé-


ricles (499-429 a.C.) caracterizou o regime democrático b) Os metecos, participantes das práticas funerais, for-
do seguinte modo: ‘Vivemos sob uma forma de governo mavam parte do demos ateniense e possuíam os
mesmos direitos políticos que os cidadãos da pólis.
que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao
contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar c) Todos os soldados atenienses mortos nos confrontos
EM IA

outros. Seu nome, como tudo depende não de poucos mas com Esparta, em razão do grande mérito de seus fei-
tos, eram sepultados no próprio lugar da batalha.
da maioria, é democracia. Nela, enquanto no tocante às
ST ER

leis todos são iguais para a solução de suas divergências d) A cena descrita, ocorrida na democracia ateniense, indi-
privadas; quando se trata de escolher (se é preciso distin- ca o valor dado aos cidadãos mais eloquentes da cidade.
guir em qualquer setor), não é o fato de pertencer a uma e) A realização de um discurso fúnebre por alguém es-
classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honro- colhido na massa de cidadãos de Atenas revela o ca-
SI AT

sos; inversamente, a pobreza não é razão para que alguém, ráter secundário e improvisado da cerimônia.
As alternativas erradas apresentam informações que, além de não es-
sendo capaz de prestar serviços à cidade, seja impedido de tarem presentes no texto, são equivocadas. É possível dizer, isso sim,
fazê-lo pela obscuridade de sua condição.’” que o poder da oratória era algo valorizado e fazia parte, até mesmo, de
M

rituais fúnebres e homenagens.


TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Trad. Mário da Gama
Kury. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. p. 109.
4. UFGD-RS – Em Atenas, na Grécia Antiga, os ideais de
Apesar dos traços apresentados, o regime democrático democracia conviviam com a escravidão. Pedro Paulo
da Atenas clássica não englobava todas as pessoas que Funari, em sua obra Grécia e Roma (2002) destaca que
ali viviam. Assinale a alternativa que indica corretamen- não é “exagero dizer que a democracia ateniense de-
te grupos excluídos da democracia na antiga pólis. pendia da existência da escravidão” (p. 38).
a) As mulheres e os escravos, porque somente os Nessa perspectiva, considera-se que:
homens livres podiam participar da Assembleia a) os escravos de Atenas, em sua maioria, eram prisio-
do Povo. neiros de guerra e seus descendentes.
b) Os militares e as crianças, pois, como eram sujeitos b) a escravidão em Atenas era limitada, pois prevalecia
a ordens superiores, não poderiam respeitar a igual- a ideia de democracia plena, em que gradativamente
dade democrática. o sistema escravista ia desaparecendo.

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45

c) os grupos de escravos que viviam em Atenas eram 6. UDESC – “Mas, já que estamos a examinar qual é a cons-

HISTÓRIA 1
provenientes de Esparta, haja vista que Atenas e Es- tituição política perfeita, sendo essa constituição a que
parta eram rivais históricos desde o século III. mais contribui para a felicidade da cidade [...], os cidadãos
d) a democracia ateniense foi ímpar para pensar o sis- não devem exercer as artes mecânicas nem as profissões
tema democrático no Brasil após a Proclamação da mercantis; porque este gênero de vida tem qualquer coisa
República, em 1822. de vil e é contrário à virtude. É preciso mesmo, para que
e) os escravos atenienses eram de origem africana, so- sejam verdadeiros cidadãos, que eles não se façam lavra-
bretudo, dos países que compõem o sul da África. dores; porque o descanso lhes é necessário para fazer nas-
Até o século VI, o tráfico de africanos para Atenas era cer a virtude em sua alma, e para executar os deveres civis.”
significativo. ARISTÓTELES. A política. Livro IV, cap. VIII.
É incorreto dizer que o sistema escravista tendia ao desaparecimen- Com base na citação e em seus conhecimentos sobre
to, que os escravos de Atenas vinham de Esparta, ou mesmo do sul
da África. A alternativa D erra ao relacionar dois fenômenos distintos e a estrutura político-social da Grécia Antiga, assinale a
também apresenta uma data incorreta, já que a Proclamação da Repú- alternativa correta:

O
blica acontece em 1889. Entretanto, é correto dizer que a maioria dos
escravos atenienses eram prisioneiros de guerra e que essa condição a) A ideia de democracia grega está ligada ao fato de que

BO O
era hereditária. todos aqueles que habitavam uma cidade-Estado dispu-

SC
nham dos mesmos direitos e deveres, uma vez que todos

M IV
os trabalhos e profissões eram igualmente valorizados.
5. Fac. Direito de Franca-SP – “Uma das manifestações
b) A cidadania era uma forma de distinção social por-
culturais mais interessantes e influentes das cidades antigas
que nem todos os habitantes de uma cidade eram

O S
foi o teatro. Surgiu na cidade de Atenas, no século V a.C.” considerados cidadãos. Estrangeiros e mulheres, por
GUARINELLO, Norberto Luiz. A cidade na Antiguidade clássica. exemplo, não dispunham dos direitos de cidadania e

D LU
São Paulo: Atual, 2006. p. 6.
não tinham direito a voto nas assembleias.
É correto afirmar, com base no texto e em seus conhe- c) As profissões mercantis eram desencorajadas devi-
cimentos, que o teatro na Grécia Antiga: do à supremacia da Igreja Católica na administração

O C
política grega durante o Período Clássico. Nesse pe-
a) permitiu transpor as disputas políticas para o espaço
ríodo, a usura e o exercício do lucro eram vivamente
ficcional, uma vez que as peças tratavam apenas de
condenados por ferirem os princípios cristãos.
N Xquestões do presente.
b) surgiu como forma de homenagear deuses e incor-
d) Todos os homens que habitavam uma cidade eram
SI E
considerados cidadãos. A cidadania, na Grécia clássi-
porou temas e preocupações presentes na mitologia.
ca, era qualificada em ordens, sendo que os proprie-
c) contribuía para integrar nobres e escravos, homens tários de terras eram cidadãos de primeira ordem e
O

e mulheres, uma vez que todos participavam das os trabalhadores braçais de segunda ordem. Todos,
encenações. porém, tinham direito de voz e voto nas assembleias.
EN S

d) demonstrava a valorização das atividades artísticas, e) A ideia de cidadania, descrita por Aristóteles, é con-
uma vez que a dramatização era a principal disciplina siderada ainda hoje um ideal, uma vez que é plena-
E U

na formação das crianças. mente inclusiva e qualifica de forma igualitária todos


As peças do teatro grego, de forma geral, tratavam de sua mitologia
os trabalhos e profissões.
e rendiam homenagens aos deuses. As afirmativas das alternativas
Mesmo com conhecimento limitado sobre o tema, apenas com a inter-
incorretas misturam ideias e conceitos: não havia exclusividade a
D E

pretação do texto é possível notar a cidadania como forma de distinção,


temas presentes, integração entre nobres e escravos, nem é cor-
os “verdadeiros cidadãos”, uma vez que nem todos os habitantes da
reto dizer que o teatro era a principal disciplina na formação das
cidade tinham esse título. Entre as alternativas erradas, há incorreções
A LD

crianças.
como dizer que todos os habitantes eram cidadãos, citar a Igreja Cató-
lica em um contexto de Grécia Antiga, supor ordens e hierarquias entre
os cidadãos ou dizer que a cidadania da Grécia Antiga é um ideal atual.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
EM IA

7. UFPE – Os poemas homéricos são fontes históricas através da História.”


ST ER

para se conhecerem os primeiros tempos da cultura e GUARINELLO, N. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013.
da sociedade grega. No chamado Período Homérico: p. 8. (Adaptado)
a) a sociedade grega tinha na religião sua grande base Existe em nossa atualidade uma série de características
de poder.
SI AT

que podem ser consideradas, de alguma forma, “he-


b) os gregos conservaram formas de governo sem in- ranças” recebidas da Antiguidade greco-romana. Entre
tervenção da religião. elas, assinale a alternativa correta:
c) essa sociedade viveu as primeiras experiências de- a) A introdução da participação das mulheres nas deci-
M

mocráticas. sões políticas de seus países através do voto direto.


d) observa-se uma grande atuação dos principais filóso- b) A criação do ideal de República a partir da experiência
fos gregos. vivenciada na cidade grega de Atenas.
e) os gregos valorizaram o pacifismo e o teatro épico de c) A retomada de referências culturais e artísticas que
Aristófanes. têm sido reinterpretadas desde o Renascimento.
d) A maioria dos países ser composta de cidades-Esta-
8. UFJF-MG – Leia as afirmações a seguir. dos, independentes entre si, e não Estados de cará-
ter mais nacionalizado.
“A História chamada de Antiga faz parte do repertó-
e) O princípio jurídico do Direito Romano do “olho por
rio cultural do Ocidente. Ela representa para nós uma olho, dente por dente” que prevalece nas relações
espécie de História das nossas origens. A História diplomáticas internacionais.
Antiga é vista como o ponto inicial de nossa jornada

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46

9. PUC-SP sidades do grupo familiar, subsistindo outras for-


HISTÓRIA 1

“Em termos constitucionais mais convencionais, [na mas de trabalho paralelas à produção escravista.
Atenas antiga] o povo não só era elegível para car- Na escravidão colonial, o trabalho escravo era
gos públicos e possuía o direito de eleger adminis- fundamental e dominava plenamente a socieda-
tradores, mas também era seu o direito de decidir de brasileira, objetivando atender ao interesse
quanto a todos os assuntos políticos e o direito de mercantil e voltado para a exportação.
julgar, constituindo-se como tribunal, todos os casos II. O sistema escravista define-se, entre outras ca-
importantes civis e criminais, públicos e privados. A racterísticas, pelo fato de o cativo ser conside-
concentração da autoridade na Assembleia, a frag- rado como simples mercadoria e, portanto, ser
mentação e o rodízio dos cargos administrativos, a passível de estar sujeito a compra, venda, alu-
escolha por sorteio, a ausência de uma burocracia guel e penhora. Entretanto, essa característica
remunerada, as cortes com júri popular, tudo isso não foi observada na Grécia, onde os escravos
possuíam relativa autonomia e não podiam ser
servia para evitar a criação da máquina partidária e,
comprados.
portanto, de uma elite política institucionalizada.”

O
III. O escravismo marcou os diversos aspectos da

BO O
FINLEY, M. I. Democracia antiga e moderna.
Rio de Janeiro: Graal, 1988. p. 37. vida econômica, social, política e cultural em

SC
ambos os casos. Na Grécia Clássica, como o

M IV
A partir do texto, pode-se afirmar que a democra- escravo tinha maiores direitos dentro da socie-
cia, na Atenas antiga: dade, o princípio de cidadania era plenamente
a) limitava a atuação do conjunto da sociedade nas partilhado por um grande número de homens, ao

O S
decisões e nos assuntos políticos, que ficavam passo que, no Brasil, os escravos não possuíam
restritos à elite intelectual e econômica. nenhum direito à cidadania.

D LU
b) reconhecia a necessidade da tripartição do po- Assinale:
der, com a separação e a isonomia entre o Exe- a) se somente a assertiva I estiver correta.
cutivo, o Legislativo e o Judiciário.
b) se somente a assertiva II estiver correta.

O C
c) dependia do bom funcionamento do aparato ad-
c) se somente a assertiva III estiver correta.
ministrativo, composto por funcionários estáveis
N X
e por ampla hierarquia burocrática.
d) permitia a ampla manifestação dos cidadãos e
d) se somente as assertivas I e II estiverem corretas.
e) se somente as assertivas I e III estiverem corretas.
SI E
tinha mecanismos que impediam a perpetuação
das mesmas pessoas em cargos administrativos. 12. UFRR
O

“De todos os legados culturais deixados pelos gregos


10. UNESP – A civilização grega atingiu extraordinário de- antigos, os três que tiveram impacto mais óbvio na vida
senvolvimento. Os ideais gregos de liberdade e a cren- ocidental moderna são o atletismo, a democracia e o
EN S

ça na capacidade criadora do homem têm permanente drama. Nos dias de hoje, poucos indivíduos estudam
significado. Acerca do imenso e diversificado legado
E U

grego antigo e, no entanto, a maioria já assistiu (pelo


cultural grego, é correto afirmar que: menos na televisão) a um evento atlético, ou a políticos
a) a importância dos Jogos Olímpicos limitava-se aos empenhados em debate democrático ou à encenação de
D E

esportes. uma peça teatral.”


b) a democracia espartana era representativa. CARTLEDGE, Paul (Org.). Grécia Antiga.
A LD

São Paulo: Ediouro, 2009. p. 316.


c) a escultura helênica, embora desligada da religião,
valorizava o corpo humano. O Brasil, em 2016, sediou os Jogos Olímpicos. En-
d) os atenienses valorizavam o ócio e desprezavam os tretanto, as primeiras Olimpíadas realizaram-se em
negócios. 776 a.C. com apenas uma modalidade – a corrida
EM IA

de 200 metros, chamada Stadion. Durante sete dias,


e) poemas, com narrações sobre aventuras épicas,
são importantes para a compreensão do Período atletas de todas as cidades gregas, em sua maioria
jovens de famílias aristocráticas, reuniam-se para o
ST ER

Homérico.
festival olímpico.
11. Mackenzie-SP Sobre o surgimento dos Jogos Olímpicos, marque a
“O privilégio do homem livre não é a liberdade, mas alternativa correta:
SI AT

a ociosidade, que tem por complemento o trabalho a) A hegemonia dos gregos no Período Clássico per-
forçado dos outros, isto é, a escravatura.” (Aristóteles) mitiu que os Jogos Olímpicos ocorressem em luga-
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor do en- res como o Egito e a Índia.
b) Os Jogos Olímpicos surgiram na Grécia com a fi-
M

genho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer,


conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho cor- nalidade de acabar com a Batalha de Maratona, em
rente.” (Antonil, Cultura e Opulência do Brasil) 490 a.C.
c) Os Jogos Olímpicos permitiram que a Liga de De-
Desde a Antiguidade, diversas civilizações utiliza- los formasse novas alianças com povos no Medi-
ram-se de trabalhadores escravizados em atividades terrâneo.
produtivas e improdutivas. Apesar da semelhança d) Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga ocorriam a
entre a citação dos autores acima, o sistema escra- cada quatro anos, sendo um evento que incluía ce-
vista não foi o mesmo, seja na Grécia Clássica ou no rimônias religiosas e jogos esportivos em homena-
Brasil colonial. Considere as assertivas abaixo. gem a Zeus.
I. No escravismo clássico, apesar de a produção e) As Olimpíadas na Grécia ocorriam a cada seis anos
ser voltada para o mercado, o trabalho escravo e, caso estivessem em guerra, havia a trégua sa-
destinava-se, sobretudo, à satisfação das neces- grada, uma interrupção temporária da guerra.

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47

13. PUC-RS – Para responder à questão, considere as afir- 2. O poema expressa os valores esperados dos

HISTÓRIA 1
mativas abaixo, sobre a cidade-Estado (pólis), base da soldados espartanos: a coragem, o espírito de
organização sociopolítica da Grécia Antiga. combate e a cooperação com o coletivo.
I. Esparta, que englobava as regiões da Lacônia e da 3. Para sustentar o exército, o Estado espartano
Messênia, e Atenas, que correspondia a toda a re- formou a Liga do Peloponeso e distribuiu as ter-
gião da Ática, eram exceções quanto à grande di- ras conquistadas entre as cidades-Estado aliadas.
mensão territorial, se comparadas à maioria das de- 4. Esparta manteve uma elite militar, formada pela
mais cidades-Estado. educação rígida de suas crianças, que eram con-
II. As cidades-Estado consolidaram suas estruturas fun- troladas pelo Estado e separadas de suas famílias.
damentais no chamado Período Arcaico da história
grega e conheceram sua máxima expressão política Assinale a alternativa correta:
e cultural durante o Período Clássico. a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
III. A acrópole, parte alta da zona urbana da pólis, con- b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
centrava as atividades econômicas essenciais para o

O
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
sustento material da cidade, suplantando a produção

BO O
agrícola da zona rural nesse setor. d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

SC
IV. As cidades-Estado formavam unidades politicamen- e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

M IV
te autônomas e economicamente autossuficientes,
não tendo desenvolvido processos significativos de 16. UFPE – Para entender a História, é importante buscar
expansão territorial por colonização de novas áreas meios, a fim de explicá-la e poder compreender melhor

O S
até o Período Helenístico. as relações sociais e os mistérios do mundo. Na Anti-
guidade, a filosofia grega muito contribuiu para a refle-

D LU
Estão corretas apenas as afirmativas:
xão e, mesmo nos dias atuais, sua produção tem acen-
a) I e II. tuado destaque no pensamento ocidental. Com relação
b) II e III. à contribuição dos filósofos gregos, podemos afirmar

O C
c) III e IV. que:
d) I, II e IV. a) as teorias de Platão sedimentaram as bases do idea-
N X
e) I, III e IV. lismo, pois defendiam o relativismo político e se con-
trapunham aos ensinamentos de Sócrates.
SI E
14. UEMS – A religião grega era, sobretudo, antropomórfi- b) as reflexões dos sofistas causaram grande impacto
ca, dessa forma seus deuses tinham: na sociedade da época, com seu relativismo e seus
questionamentos sobre a existência da verdade.
O

a) as fraquezas, as paixões e as virtudes humanas, mas,


apesar de serem eternos e mais felizes do que os mor- c) a filosofia de Aristóteles sintetizou o pensamento do
mundo antigo, contribuindo para afirmar a possibilidade
EN S

tais, não fugiam ao fatalismo do destino, por vezes cruel.


do relativismo e a necessidade de certezas absolutas.
b) as conquistas latinas, as paixões esvoaçantes, e
E U

eram conhecidos como Zeus, Era e Atena. d) as reflexões de Sócrates sobre a ética e a virtude não
foram sistematizadas e eram totalmente contrárias
c) as mortes precoces, os amores prematuros, e eram
às reflexões de Aristóteles.
Mercúrio, Netuno e Dionísio.
D E

d) as populações com culto de origem oriental, era o e) a compreensão que os pré-socráticos tinham da for-
mação do universo pouco significou para o pensa-
A LD

deus do vinho, das águas e celestial.


mento filosófico, sobretudo as teorias de Demócrito
e) as deusas, os deuses, as festas, a sabedoria. e Parmênides.

15. UFPR – Considere o excerto de poema espartano 17. UERN (adaptado) – Leia o trecho.
do século VII a.C.:
EM IA

“A Ágora ou praça central era o espaço onde se reu-


“[...] Pois não há homem valente no combate, niam os cidadãos para discutir a vida política e decidir
se não suportar a vista da carnificina sangrenta sobre as ações a serem tomadas.” (Vainfas, 2010.)
ST ER

e não atacar, colocando-se de perto. [...] Ao analisarmos o texto, tendo em vista o contexto
É um bem comum para a cidade e todo o povo, da Grécia Antiga e o do Brasil atual em relação à
que um homem aguarde, de pés fincados, na primeira fila, participação política, é possível inferir que:
SI AT

encarniçado e todo esquecido da fuga vergonhosa, a) em ambos os casos, apesar de a ideia de demo-
expondo a sua vida e ânimo sofredor, cracia preconizar a participação de todos, exis-
e, aproximando-se, inspire confiança tiam (e existem) limites para o exercício pleno
M

desse direito.
com suas palavras ao que lhe fica ao lado”.
b) na Grécia, cidadão era apenas aquele que parti-
Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. In: Hélade:
cipava das gerúsias, por ser considerado homo
antologia da cultura grega. Coimbra: Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra Instituto de Estudos Clássicos,
politicus. No Brasil, só se considera cidadão o
4. ed., 1982. indivíduo com mais de 18 anos.
c) tanto na Grécia quanto no Brasil, a democracia
Com base nesse excerto, considere as afirmativas era (e é) caracterizada pela participação univer-
abaixo sobre os valores ressaltados no poema e sal, ou seja, de toda a população votante e em
sobre características da cidade-Estado de Esparta dia com suas obrigações eleitorais.
entre os séculos VII e V a.C.
d) como no Brasil o voto atual é direto e secreto, o
1. Esparta e Atenas compartilhavam do mesmo processo democrático torna-se mais transparen-
ideal militar expresso no poema, motivo pelo te e incorruptível, o que não era possível na Gré-
qual juntaram esforços na Liga de Delos. cia, devido ao controle de poder dos generais.

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48

ESTUDO PARA O ENEM


HISTÓRIA 1

18. Enem C1-H1 d) o poema épico adota uma postura crítica, comum no
“Uma conversação de tal natureza transforma o ou- Modernismo, nas obras de Oswald de Andrade.
vinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva e) há muitos poemas épicos no Simbolismo brasileiro,
a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma di- exaltando os nossos heróis, de autoria de Cruz e Sousa.
reção incomum: os temperamentais, como Alcibíades,
sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que 20. Enem C2-H9
são capazes, mas fogem porque receiam essa influên- “No período 750-338 a.C., a Grécia antiga era composta por
cia poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo cidades-Estado, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas,
a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta im- que eram independentes umas das outras, mas partilhavam
primir sua orientação.” algumas características culturais, como a língua grega. No
BRÉHIER, E. História da filosofia. centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto religioso fre-

O
São Paulo: Mestre Jou, 1977. quentado por habitantes de todas as cidades-Estado.

BO O
O texto evidencia características do modo de vida so- No período 1200-1600 d.C., na parte da Amazônia brasi-

SC
crático, que se baseava na: leira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há ves-

M IV
a) contemplação da tradição mítica. tígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de
b) sustentação do método dialético. madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitan-

O S
tes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a
c) relativização do saber verdadeiro.
centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas

D LU
d) valorização da argumentação retórica. havia roças, pomares e tanques para a criação de tartaru-
e) investigação dos fundamentos da natureza. gas. Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte
da população que lá vivia. ”
19. Unicsal (adaptado) C1-H1

O C
Folha de S.Paulo, ago. 2008. (Adaptado)
O poema épico é um dos mais antigos dos gêneros literá-
Apesar das diferenças históricas e geográficas existen-
N X
rios. Foi largamente elaborado na Antiguidade greco-latina,
tendo sido também produzido em momentos posteriores, tes entre as duas civilizações, elas são semelhantes pois:
SI E
a partir do modelo dos poemas homéricos, a Ilíada e a Odis- a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que
seia, e do poema épico latino Eneida, de Virgílio. Esse gêne- grandes epidemias dizimaram suas populações.
ro tem como principal objetivo exaltar os feitos dos heróis b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal
O

de um povo, preservando a sua memória e revela que: como foi concebida em Tebas.
a) foi elaborado, no Brasil, no período do Naturalismo, c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e in-
EN S

por Aluísio Azevedo. dependentes entre si.


b) o principal poeta épico da poesia de língua portugue- d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal
E U

sa é Luís Vaz de Camões, autor de Os lusíadas. como nas cidades-Estado da Grécia.


c) atualmente há uma intensa produção de poemas épi- e) as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filosofia
D E

cos em nosso país. tal como na Grécia.


A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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4
49

ROMA ANTIGA: DA ORIGEM À

HISTÓRIA 1
QUEDA DA REPÚBLICA,
IMPÉRIO E CULTURA

ORIGENS DE ROMA

O
BO O
SC
A origem de Roma, para os romanos, era contada por meio de lendas, histórias fan- • Origens de Roma

M IV
tásticas, mitos e outros recursos que buscavam dar sentido ao poder que Roma estava • Monarquia (de 753 a.C.
acumulando. Contudo, a análise de estudos arqueológicos mostra que essa civilização a 509 a.C.)

O S
resultou do entrecruzamento de grupos humanos diferentes: latinos, etruscos, sabi- • República (de 509 a.C.
nos, úmbrios, samnitas e gregos, sendo os dois primeiros os que mais contribuíram. a 27 a.C.)

D LU
Quando Roma foi fundada às margens do Mediterrâneo, a Península Itálica era ocu- • A defesa da república levou
pada por gauleses e etruscos, ao norte; italiotas (latinos, sabinos e outros), ao centro; ao império
e gregos, ao sul (Magna Grécia). • Império Romano

O C
Segundo as lendas, Roma teria sido fundada em 753 a.C. por Rômulo e Remo, con- • Cultura romana
forme narra Virgílio, poeta romano, em sua obra Eneida. No entanto, calcula-se que, por
N X
volta de 1000 a.C., foi edificada no Lácio, pelos latinos, como centro de defesa contra HABILIDADES
• Interpretar historicamente
SI E
ataques etruscos. Mais tarde, porém, juntou-se a povoados vizinhos, de origem grega.
e/ou geograficamente
Roma teve um caráter imperialista e, com isso, uma administração central forte, fontes documentais acerca
conquistando enorme área em torno do Mar Mediterrâneo e, depois, indo além dele.
O

de aspectos da cultura.
A fundação dessa que foi uma das maiores civilizações da História e que ajudou a • Analisar a produção da
EN S

moldar o futuro do Ocidente deu-se com a cidade de Roma e quase duzentos anos de memória pelas sociedades
monarquia. Com a expulsão do rei, começa um período importantíssimo e marcante humanas.
E U

na história de Roma: a República. • Associar as manifestações


culturais do presente aos
seus processos históricos.
D E

MONARQUIA (DE 753 a.C. A 509 a.C.) • Identificar as manifesta-


A LD

ções ou representações da
A evolução histórica de Roma no período monárquico não pode ser conhecida com diversidade do patrimônio
exatidão. As principais fontes desse período são as lendas, as quais contam que os cultural e artístico em
quatro primeiros reis eram sabinos e latinos, e os três últimos, etruscos. diferentes sociedades.
EM IA

A organização econômica, social e política de Roma na fase monárquica era mais • Comparar o significado
simples do que a das fases seguintes. A economia baseava-se nas atividades agro- histórico-geográfico das
organizações políticas e
pastoris – a terra era a riqueza fundamental. A sociedade dividia-se em patrícios (aris-
ST ER

socioeconômicas em escala
tocratas), clientes (agregados) e plebeus (estrangeiros). O poder político era exercido local, regional ou mundial.
pelo rei (administrador, juiz e comandante militar), com o auxílio do Senado (conselho • Analisar a atuação dos mo-
de anciãos) e da Assembleia Curiata (representação popular). vimentos sociais que contri-
SI AT

Atritos constantes ocorriam entre as aristocracias etrusca e latina. A situação buíram para mudanças ou
agravou-se com o rei Tarquínio, o Soberbo (um etrusco), por este não considerar as rupturas em processos de
sugestões dos patrícios no Senado. disputa pelo poder.
M

Estes últimos, então, aproximaram-se de elementos da plebe, sinalizando a possi-


bilidade de adquirir direitos políticos e civis em Roma se os ajudassem na expulsão de
Tarquínio. A proposta era a criação da República (a res publica ou a “coisa comum”) –
governo com decisões compartilhadas entre dois grupos sociais. A revolta eclodiu em
509 a.C., conduzida pela elite patrícia, sendo então proclamada a República em Roma.

REPÚBLICA (DE 509 a.C. A 27 a.C.)


Esse período é bastante longo, durando quase cinco séculos, mas pode ser de-
finido por dois aspectos fundamentais: a organização militar e a intensificação de
disputas internas entre patrícios e plebeus.

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50

O efetivo militar era necessário para impedir novas A primeira revolta dos plebeus ocorreu em 494 a.C.,
invasões e, ao mesmo tempo, sustentar o avanço ex- quando eles se retiraram de Roma para o Monte Sagrado,
HISTÓRIA 1

pansionista. Em questões domésticas, patrícios e ple- o que resultou na criação do cargo de tribuno da plebe,
beus reivindicavam participação mais significativa na com direito de veto; a segunda aconteceu em 450 a.C.,
vida política e civil da cidade. quando exigiram a redação da lei, então codificada na Lei
das Doze Tábuas, que se constituíram nas primeiras leis
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA romanas escritas; a terceira (445 a.C.) culminou com a
Com a implantação da República, o Senado transfor- aprovação da Lei Canuleia, a qual permitia o casamento
mou-se no órgão máximo de Roma e passou a contro- entre eles e a aristocracia; a quarta resultou na Lei Licínia
lar a administração e as finanças, além de decidir pela Sextia (366 a.C.), que praticamente aboliu a escravidão
guerra ou pela paz. Inicialmente, somente patrícios ti- por dívida e permitiu a participação plebeia no consulado.
nham acesso a esse órgão legislativo. Durante a quinta revolta (287 a.C.-286 a.C.), foi ob-

O
O Poder Executivo era exercido por dois cônsules, tida a vitória mais importante, quando o plebiscito pas-

BO O
principais magistrados que governavam em época de sou a ter força de lei pela Lei Hortênsia.

SC
paz: um cuidava do exército e, o outro, da administra- A luta dos plebeus foi longa e penosa, mas grada-

M IV
ção pública. Em época de guerra ou de calamidade pú- tivamente eles conquistaram o direito de participação
blica, assumia um ditador, o qual liderava com plenos em todas as magistraturas da República. A igualdade

O S
poderes apenas por seis meses. política foi alcançada pela Lei Ogúlnia (300 a.C.), última
Os pretores exerciam o Poder Judiciário: não só das leis que regulamentavam a participação da plebe

D LU
administravam, mas também interpretavam leis, ge- no poder. Porém, as desigualdades aumentavam, prin-
rando a “jurisprudência”. A baixa magistratura era ocu- cipalmente em decorrência das guerras.
pada pelos:

O C
• censores – faziam o recenseamento a cada cinco EXPANSIONISMO ROMANO
N X
anos e zelavam pelos bons costumes;
• edis – encarregados da conservação da cidade, do
As conquistas territoriais tiveram basicamente duas
motivações maiores: tomada de terras aráveis e expansão
SI E
policiamento, dos espetáculos públicos e do abas- da atividade comercial. O interesse em campos cultiváveis
tecimento; ocorreu principalmente na primeira fase dessa expansão,
O

quando legiões romanas atacaram etruscos, samnitas, sa-


• questores – encarregados da cobrança dos impos-
binos, úmbrios, celtas e gregos, dominando a Península
EN S

tos e dos tesouros públicos.


Itálica. Interesses comerciais intensificaram-se no decor-
Havia ainda pontífices, que cuidavam dos assuntos
E U

rer de toda a existência da vida romana da Antiguidade,


religiosos; e tribunos, que auxiliavam na elaboração das principalmente na busca pelo controle do Mediterrâneo.
leis. Entre eles, destacaram-se mais tarde, após uma
D E

série de lutas sociais, os tribunos da plebe, que tinham Conquista da Península Itálica
A LD

o direito de veto sobre decisões do Senado quando al- No começo de sua expansão, entre os séculos
guma lei era considerada perniciosa à plebe. V a.C. e III a.C., Roma empenhou-se em conquistar
Três assembleias populares ou “comícios” comple- a Península Itálica. Os motivos mais imediatos foram
tavam as instituições políticas republicanas: Assem- evitar a ameaça de invasão dos povos vizinhos, obter
EM IA

bleia Centurial – reunião do exército dividido em cen- gêneros necessários ao seu abastecimento e expandir
túrias, votava as principais leis do Estado; Assembleia o controle econômico por todo o Mar Mediterrâneo. Ini-
ST ER

Tribunícia – reunia-se na cidade, tendo cada tribo direito cialmente, dominou tribos latinas próximas da cidade e,
a um voto para nomear questores e edis; e Assembleia depois, estendeu seus domínios por toda a península,
Curial – examinava assuntos religiosos. até subjugar os gregos na Magna Grécia.
SI AT

LUTAS DA PLEBE Guerras Púnicas (264 a.C.-146 a.C.)


Mesmo após a proclamação da República, os plebeus Os conflitos entre Roma e a cidade fenícia de Car-
foram mantidos à margem da vida política, sem direitos tago (norte da África) ficaram conhecidos como Guer-
M

na cidade. Eles não participariam do Senado, transforma- ras Púnicas porque os romanos chamavam de poeni
do, na fase republicana, na grande Assembleia Patrícia e (fenícios) aos cartagineses. Inicialmente, a razão delas
no Consulado, espécie de Poder Executivo da República; passou pela disputa da Ilha da Sicília entre as duas cida-
nem atuariam nas magistraturas menores. des. Mas ampliaram-se, atingindo a luta pelo controle
A importância dos plebeus, entretanto, era a neces- do Mediterrâneo ocidental. Seu motivo imediato foi a
sidade que os patrícios tinham de forças para as cam- intervenção romana na Sicília. Àquela altura, Cartago ti-
panhas militares. Com isso, os plebeus começaram a nha mais poder que Roma, e enfrentar essa civilização
pressionar a aristocracia. Lutas entre patrícios e plebeus parecia algo impossível.
começaram em 494 a.C. e só terminaram por volta de Apesar disso, a Primeira Guerra Púnica encerrou-
286 a.C. No fim desse período, a plebe tinha conseguido -se com a vitória de Roma, que se apoderou da Sicí-
certa igualdade de direitos em relação aos patrícios. lia, da Sardenha e da Córsega; na segunda, partindo

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51

do sul da Espanha, o líder cartaginês Aníbal Barca Transformou-se o antigo modo de produção, no qual
atravessou os Alpes e invadiu a Península Itálica. Li- o indivíduo possuía seu lote e tinha direito ao usufruto

HISTÓRIA 1
derados por Cipião, o Africano, os romanos consegui- dos bens públicos (ager publicus). Comércio e guerras
ram vencer as tropas cartaginenses. acentuaram a desigualdade social entre pequenos pro-
Derrotada na Batalha de Zama (202 a.C.), Cartago prietários, que perderam terras e cidadania, sendo sub-
perdeu a soberania e os domínios no norte da África e jugados ao trabalho escravo, base essencial do novo
na Espanha, além de ser condenada ao pagamento de modo de produção que estava se formando.
uma pesada indenização. Roma tornou-se senhora do
Mediterrâneo ocidental e moldou seu exército para as CRISE DA REPÚBLICA E TENTATIVAS DE
futuras guerras que enfrentaria.
REFORMA
Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe (133 a.C.)
Repercussões das conquistas
e defendeu a realização de reforma agrária nos domí-

O
Entre os efeitos do expansionismo romano, podem-
nios romanos. Ao defender a Lei Agrária, contrariou os

BO O
-se destacar: drenagem de riquezas para Roma, con-
interesses da elite, que não pretendia ver seu poder

SC
centração fundiária, aumento da população escrava,
diminuído. A proposta alcançaria terras públicas, que

M IV
incremento da atividade comercial, conflitos entre se-
seriam distribuídas entre os plebeus. A aristocracia
nadores e generais pelo poder político na cidade e re-
romana reagiu e Tibério acabou executado com seus

O S
beliões de escravos.
partidários.
Tais efeitos configuraram uma situação de crise,

D LU
Após várias lutas civis, Caio Graco (irmão de Tibério)
pois Roma havia passado por uma transformação: de
também foi eleito tribuno. Ele propôs a Lei Frumentá-
cidade-Estado (autônoma), tornou-se capital centrali-
ria, que consistia na distribuição de trigo entre plebeus
zadora das decisões em relação a territórios e povos,

O C
até que pudessem produzir em suas terras. Seu plano
sem que suas estruturas políticas tivessem se altera-
era criar assentamentos à população empobrecida em
do significativamente.
N X áreas dominadas por Roma. Derrotado pela oposição,
Após dominar as orlas do Mediterrâneo, Roma sofreu
suicidou-se e seu projeto foi anulado.
SI E
profundas transformações econômicas. A agricultura na
Itália quase desapareceu, em razão de ser estimulada nas Revolta dos escravos
O

províncias, e seus campos ficaram incultos ou semiocu- Vendo as instabilidades da República romana, a
pados. Assim, Roma passou de centro produtor para dis- população escrava, sustentáculo da sociedade ro-
EN S

tribuidor, dependendo dessas regiões para sustentar seu mana, também se organizou e se mobilizou. Sob a
mercado consumidor. A balança comercial equilibrava-se
E U

chefia de Spartacus, gladiadores escravizados re-


graças aos tributos cobrados nesses territórios e que a voltaram-se no sul da Itália, formando um numero-
ela retornavam com as importações romanas. so exército, que ameaçou diretamente a cidade de
D E

Com as transformações econômicas, surgiu uma Roma, sendo sufocado, em seguida, pelo general
nova classe: “homens novos” ou équites (cavaleiros) –
A LD

Crasso. As revoltas de escravizados nesse período


quase sempre militares, cujos interesses se chocaram foram chamadas de Guerras Servis.
com os dos patrícios. Estes em parte foram arruina-
dos. Passaram a depender de cargos públicos para Primeiro triunvirato
EM IA

manter seu status, embora não mais desfrutassem Em meio à crise, Júlio César, Pompeu e Crasso con-
do monopólio do poder econômico. Enquanto isso, seguiram apoio do Senado para a organização de um
a plebe, com o afluxo de escravizados conquistados
ST ER

governo dos três generais, com o intuito de zelar pela


nessas guerras e a crise na agricultura, perdeu seu ordem pública. Contudo, a morte de Crasso no Oriente
trabalho e sentiu-se forçada a abandonar os campos, e o êxito de Júlio César nas conquistas da Gália, na re-
provocando forte êxodo rural. gião norte da península e na parte do sul da atual França
SI AT

Nos centros urbanos, a plebe passou a ser susten- determinaram a supremacia de César. Pompeu tramou
tada pelo Estado, que distribuía trigo e espetáculos cir- com o Senado a destituição de Júlio César do consu-
censes de graça, desenvolvendo-se a política do “pão e lado. César reagiu, marchando sobre Roma com seu
M

circo”. Ela se ligou aos ricos, a quem servia em troca de poderoso exército, tornando-se o ditador de Roma.
alimentos, dando origem a uma nova classe social em
Roma: os clientes. Ditadura de Júlio César
Ao lado dessa plebe organizada em razão das guer- A centralização política, em sintonia com os dese-
ras, afluía para Roma grande número de escravizados, jos dos cidadãos romanos empobrecidos, fez com que
comprados a baixo preço. A situação dos trabalhadores a ordem pública fosse restabelecida. Nesse contexto,
livres tornava-se cada vez mais difícil por causa da con- César exigiu do Senado o título de Ditador Vitalício e
corrência da mão de obra escravizada. Hereditário. Com poder autoritário, fez reformas que
Ao formarem um vasto império, as instituições re- beneficiaram a plebe, em especial na estrutura fundiá-
publicanas mostraram-se inadequadas e, por isso, co- ria. Seus objetivos eram ter apoio popular para seu go-
meçaram a se desintegrar. verno e conseguir a fidelidade de seus soldados.

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52

César ampliou também o raio de influência romana ras foram instituídas visando à assimilação e até o cargo
no Oriente, ao realizar uma ingerência no Egito dos Pto- de imperador foi disponibilizado aos que defendessem
HISTÓRIA 1

lomeus, pois Cleópatra se tornou rainha com o apoio a causa romana.


do ditador romano. Entretanto, havia uma conspiração A sedução do poder fez com que lideranças de po-
senatorial que visava pôr fim à ditadura e restabelecer vos submetidos passassem a apoiar Roma. O intercâm-
o poder do Senado. Essa conspiração culminou com o bio entre eles foi incrementado, dinamizando atividades
assassinato de Júlio César em 44 a.C. comerciais e produtivas sustentadas pelo escravismo.
Novas agitações tomaram conta da cidade após a Nesse contexto, a arrecadação estatal cresceu signifi-
morte de César. Generais aliados do ditador colocaram- cativamente e o poder público romano procurou aten-
-se contra o Senado e houve levantes da população. der às necessidades de uma vida urbana intensa ao
investir em obras como aquedutos, termas, banheiros
Segundo triunvirato públicos e casas de espetáculo (circo). Outro aspecto a
Marco Antônio, Otávio (sobrinho de Júlio César) e

O
ressaltar foi o surgimento do cristianismo na província

BO O
Lépido articularam um novo triunvirato com o respal- da Judeia durante o governo de Augusto. Porém, so-

SC
do dos senadores ameaçados. Disputas entre Otávio e mente na segunda metade do século I é que passou a

M IV
Marco Antônio impediram a continuidade do triunvirato. ser difundido pelo interior do império.
Marco Antônio foi para o Oriente e aproximou-se de
Cleópatra. Otávio buscou apoio do Senado contra Mar- ALTO IMPÉRIO (27 a.C.-235 d.C.)

O S
co Antônio, acusando-o de trair Roma por pretender um

D LU
casamento com a rainha do Egito, o que, em sua visão, Dinastia Júlio-Claudiana (14 d.C.-68 d.C.)
comprometeria o poder romano sobre as terras orien- Após a morte de Otávio, membros da família assu-
tais. Assim, teve origem uma nova guerra. miram o poder, destacando-se Tibério, Calígula, Cláudio

O C
Otávio venceu Marco Antônio (31 a.C.) e ao voltar a e Nero (54-68). Todos esses soberanos tenderam à ti-
Roma exigiu o título de Príncipe (princeps senatus – pri- rania cruel, estabelecendo terror em Roma, embora a
N X
meiro do Senado) e de Augusto (augustus – o sagrado sólida estrutura administrativa mantivesse relativa paz
SI E
ou o venerado, como os deuses). Essa fase do seu go- nas províncias.
verno (27 a.C.-14 d.C.) foi denominada Principado. Nero foi o imperador mais conhecido por ter ordena-
Em 14 d.C. intitulou-se imperador, assumindo defini- do a perseguição aos cristãos (64 d.C.), que se alongou
O

tivamente o comando supremo do exército; sumo pon- por quase dois séculos. Diante da pressão de seus opo-
EN S

tífice (chefe supremo da religião); e césar (incorporando sitores, ordenou que um escravo o matasse.
a ideia de governante voltado para o povo).
Dinastia Flaviana (69 d.C.-96 d.C.)
E U

Começou com Vespasiano, que reprimiu a revolta


A DEFESA DA REPÚBLICA judaica em Jerusalém. No ano 70, Tito, filho do impe-
D E

LEVOU AO IMPÉRIO
rador, tomou Jerusalém, provocando a diáspora dos
A LD

judeus. Ele sucedeu o pai. Em seu governo ocorreu a


Com o pretexto de defender a república, o Sena- erupção do Vesúvio, que sepultou as cidades de Pom-
do romano do período conspirou contra Júlio César e o peia e Herculano. Domiciano, último da dinastia, foi um
assassinou. O que se seguiu a esse golpe foi o fim da terrível tirano que morreu assassinado.
EM IA

república. A desestruturação da forma antiga de gover-


nar levou à instauração do império por Otávio Augusto. Dinastia Antonina (96 d.C.-192 d.C.)
ST ER

Trata-se de um período extenso, de mais de quatro Com a dinastia dos chamados Antônios, o império
séculos, ao longo dos quais Roma se expandiu ainda atingiu seu ponto mais alto. Destacam-se Nerva Trajano
mais, até que seu modelo entrasse em colapso e, sua (conquistador e realizador de obras públicas); Adriano
(governante pacifista e centralizador que reestruturou
SI AT

queda, somada à assimilação da cultura germânica,


desse início à Idade Média europeia. o Direito Romano); e Marco Aurélio (discípulo dos filó-
sofos estoicos, tornando-se depois um deles). Durante
seu governo, incursões de bárbaros germânicos ganha-
IMPÉRIO ROMANO
M

ram impulso e forçaram as fronteiras do Danúbio (Áus-


tria), chegando às margens do Mar Adriático.
PAX ROMANA
O principado de Otávio Augusto inaugurou a chama- BAIXO IMPÉRIO E CRISES INTERNAS
da Pax Romana. Nesse período, ocorreu assimilação da (235 d.C.-476 d.C.)
cultura romana por parte dos povos submetidos, por- As grandes guerras de conquista empreendidas
que postos administrativos foram franqueados aos que por Roma desde a república tinham, como vimos, três
aprendessem a falar a língua latina. grandes razões: a conquista de terras – utilizadas como
Aos poucos, ocorreu também um processo de ro- moeda de troca, pagamento, prêmio etc.; aumentar
manização do império, que garantiu, entre outros as- o afluxo de escravos; e ampliar a área de proteção a
pectos, a relativa tranquilidade do período. Magistratu- Roma. Com o fim das lutas pela expansão, a partir do

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53

século III, essa mão de obra reduziu-se consideravel- Constantino (306-337) aboliu a tetrarquia e restabele-
mente, assim como a disponibilidade de terras. Tal si- ceu a monarquia despótica nos moldes orientais, reunin-

HISTÓRIA 1
tuação teve como consequências o aumento do preço do novamente sob uma única autoridade a parte ociden-
dos escravos e a redução da produtividade. tal e oriental do império. Bizâncio passou a chamar-se
Pouco a pouco, famílias latifundiárias viram a redu- Constantinopla, tornando-se a capital. Por meio do Édito
ção de seus contingentes de mão de obra. A manuten- de Milão (313), deu liberdade de culto ao cristianismo.
ção dos que restavam tornou-se mais cara, incidindo, Com Teodósio (379-395), o cristianismo finalmente
consequentemente, sobre o preço final dos produtos. tornou-se a religião oficial do Estado romano pelo Édi-
A expansão romana provocou a especialização na pro- to de Tessalônica (391). Porém, em 395, com a morte
dução agrícola na orla do Mediterrâneo. Grande parte das do imperador, desfez-se definitivamente a unidade do
mercadorias adquiridas por Roma originava-se da impor- império: ficou dividido entre seus dois filhos, gerando
tação. O aumento do preço desses produtos transferiu o impérios romanos do Oriente e do Ocidente. O primei-

O
fluxo de riqueza do Ocidente para o Oriente. Uma política ro resistiu até 1453, isto é, até a tomada pelos turcos

BO O
inflacionária procurou diminuir os efeitos, mas conseguiu otomanos. A parte ocidental desapareceu em 476, com

SC
apenas agravá-los, provocando a crise do escravismo. as invasões germânicas.

M IV
Um lento êxodo urbano marcou progressivamente a Oficialmente, o ano 476 marca a data de encer-
imersão do mundo antigo e o nascimento de uma nova ramento do Império Romano do Ocidente com a

O S
ordem. Retirada para as villae (grandes propriedades), deposição de Rômulo Augustus, também conhecido
parte dos plebeus adaptou-se às novas condições. Um como Augustulus, por Odoacro, chefe dos bárbaros

D LU
novo sistema de trabalho, o colonato, foi progressiva- hérulos. Roma, “Senhora do Mundo”, curvava-se ante
mente substituindo a mão de obra escrava. os novos tempos.
Aos poucos, ocorreu a ruralização da economia. À

O C
crise econômica, somou-se a anarquia militar, com o
exército aclamando e depondo imperadores. A propa-
N X CULTURA ROMANA
gação do cristianismo, outro fator de desagregação do Os romanos admiravam elaborações sofisticadas
SI E
império, opunha-se à estrutura militar e escravista, sus- dos gregos em vários campos. Assim, assimilaram
tentáculo do Império Romano. A entrada de povos bár- seus valores, absorveram suas filosofias e constituíram
um espaço cultural comum marcado pelo antropocen-
O

baros, ocupando áreas despovoadas, arregimentados


para o serviço militar ou o trabalho agrícola, provocou trismo e pelo racionalismo. Contudo, houve inovações,
EN S

a chamada invasão pacífica. O enfraquecimento do go- aspectos originais que definem a cultura romana como
verno favoreceu cada vez mais as invasões armadas. utilitária, prática e funcional.
E U

Tentativas de solucionar as crises DIREITO


D E

A ampliação dos gastos do Estado imperial era um O Direito Romano é um exemplo do aspecto prá-
fator para o aumento de tributos, pois havia a necessida- tico da cultura romana, pois permitia a resolução de
A LD

de de arrecadar mais para fazer frente a novas despesas. conflitos e o convívio de povos diferentes. Princípios
Como se isso não bastasse, a inoperância das tropas discutidos com base nele atendiam à necessidade ad-
romanas em políticas de conquista favoreceu a pressão ministrativa que em muito superava o quadro das cida-
des-Estado gregas, contemplando os espaços público
EM IA

bárbara nas fronteiras do império. Alguns imperadores


tentaram soluções para um império cada vez mais deca- e privado. Pode ser dividido em:
dente e ameaçado, tanto por suas contradições internas • Jus Civile ou Jus Quiritum: Direito dos cidadãos ro-
ST ER

como pela pressão dos povos fora de suas fronteiras. manos;


Diocleciano (284-305), convencido de que o impé- • Jus Gentium: Direito comum a todos os povos;
rio não poderia ser governado por um único soberano, • Jus Naturale: regras da natureza, comum a todos os
SI AT

dividiu-o em duas partes – Ocidente e Oriente – esta- seres.


belecendo em cada uma um imperador, assistido cada Especialmente após a Lei das XII Tábuas, se cons-
qual por um coimperador. trói um sistema que influenciou o mundo ocidental até
M

A esse sistema deu-se o nome de tetrarquia (qua- os dias de hoje. A oralidade do Direito e os dispositivos
tro governantes). Na tentativa de manter a unidade do de defesa, a separação das leis em códigos e a ideia
império, Diocleciano decretou o latim como língua ofi- de que a pena deve ter uma finalidade são importantes
cial e estabeleceu a Lei do Preço Máximo e a Lei de heranças de Roma.
Utilidade Pública. A primeira visava conter o processo
inflacionário, penalizando a quem cobrasse pelo alimen- ARQUITETURA
to um valor acima do estipulado pelo Estado. A segunda Os romanos desenvolveram a técnica do arco na
correspondeu ao empenho do monarca em estimular o construção, permitindo a elaboração de formas arquite-
retorno ao campo. A ideia era distribuir terras aos in- tônicas mais complexas que as gregas e direcionadas
teressados em produzir, gerando uma possibilidade de a grandes obras públicas, entre elas aquedutos e casas
trabalho para fazer frente à crise do escravismo romano. de espetáculo.

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54

ESCULTURA gentílico. Espíritos de antepassados tinham nomes de


A estatuária romana, percebe-se a preocupação em Lares (protegiam a residência), Manes (almas dos mor-
HISTÓRIA 1

abordar grandes homens que participaram da constru- tos), Penates (cuidavam dos víveres) e Gênios (espíritos
ção do império. Diversas esculturas retratam figuras dos ancestrais).
públicas importantes na história de Roma e represen- Em toda casa romana, o fogo sagrado conservava-
tam cenas históricas emblemáticas que resgatam o -se aceso em um altar. Outra prática importante era a
passado desse povo, evidenciando, assim, o interesse tomada dos auspícios, ou seja, a consulta aos deuses
que tinham em preservar a memória. para conhecer o futuro, de especial significado em tem-
pos de guerra.
LITERATURA E FILOSOFIA
A literatura grega exerceu grande influência sobre a cul- Divindade Divindade
Função
tura romana. A produção literária, a princípio inspirada nos romana grega

O
modelos gregos, desenvolveu-se até a criação de uma li-

BO O
teratura original, cujo traço dominante foi o realismo latino. Júpiter Zeus deus do dia

SC
No século I a.C., já se podia falar de uma literatu-

M IV
ra “nacional” em Roma, por meio das obras de Catulo Juno Hera rainha dos deuses
(Poesia lírica), Lucílio (Poesia satírica) e Lucrécio (Da na-

O S
tureza das coisas, obra influenciada pelo epicurismo). Marte Ares deus da guerra
Na época de Augusto, considerada a de maior bri-

D LU
lhantismo nas letras latinas, destacaram-se Virgílio (Enei- deusa da Lua e da
Diana Ártemis
da), Horácio (Odes e Sátiras) e Ovídio (Metamorfoses e caça
Arte de amar) no gênero da poesia bucólica e épica.

O C
deusa do amor e da
No teatro, Roma privilegiou o gênero comédia, cujos Vênus Afrodite
beleza
N X
principais autores foram Plauto e Terêncio. A prosa e a
poesia satírica encontraram sua maior expressão em Ceres Deméter
deusa das plantas
SI E
que brotam
Petrônio (Satyricon). Na oratória, destaque para Cícero
(Catilinárias e Filípicas) e Catão (Da agricultura). No cam- deus do vinho,
O

po da história, os autores mais importantes foram Júlio Baco Dioniso das festas e dos
César (De Bello Galico – comentários sobre a Guerra da prazeres
EN S

Gália), Tito Lívio (História de Roma) e Plutarco. deus da medicina e


Esculápio Asclepius
No domínio da filosofia, pensadores romanos tam-
E U

da cura
bém receberam influência dos filósofos gregos do Perío- deus da luz e da
do Helenístico, principalmente das doutrinas do epicu- Febo Apolo
música
D E

rismo e estoicismo. Entre os seguidores do epicurismo,


destacam-se Lucrécio; e, do estoicismo, Sêneca e Mar-
A LD

Fortuna Tyche deusa da sorte


co Aurélio.
Iustitia Nêmesis deusa da justiça
RELIGIÃO
EM IA

Basicamente, deuses romanos foram os antigos deusa da arte e da


Minerva Atena
deuses gregos, acrescentados de outras divindades ao sabedoria
ST ER

longo da história do império. A cada povo conquista- deus dos mares e


Netuno Poseidon
do, o panteão romano aumentava em uma clara política oceanos
de assimilação e domínio, inclusive das divindades dos
grupos humanos controlados. O politeísmo foi uma das características da cultura
SI AT

O culto público era organizado por sacerdotes do romana até a oficialização do cristianismo pelo impe-
Estado pertencentes ao Colégio dos Pontífices, presidi- rador Teodósio, em 380, por meio do Édito de Tessa-
do pelo pontífice máximo. Um calendário oficial estabe- lônica. O quadro anterior apresenta a correspondência
M

lecia os dias fastos (úteis) e os dias nefastos (feriados), entre divindades romanas e gregas, bem como suas
fixados de acordo com a interpretação dos auspícios características.
(manifestações normais dos deuses) e prodígios (mani-
festações anormais dos deuses). Cristianismo
Jogos olímpicos, dedicados aos deuses, foram A crescente influência e a organização do cristianis-
realizados até a institucionalização do cristianismo por mo representaram o desenvolvimento de uma ideologia
Teodósio. O Édito de Tessalônica (380), que oficializou contrária a muitos aspectos da sociedade e da política
a religião cristã, encerrou o Festival Olímpico por ser romana. Ao afirmar a igualdade de todos perante Deus,
considerado expressão do paganismo. os cristãos atacavam o sistema escravista. A crença
A religião romana era animista e voltada para o cul- em um deus único contrariava a religião tradicional de
to aos antepassados. Assim, tinha caráter doméstico e Roma, bem como o caráter divino do imperador.

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55

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
ROMA ANTIGA: ORIGENS, MONARQUIA E REPÚBLICA

Origem mítica: Rômulo e Remo fundam uma cidade às margens do Rio Tibre.

O
Origens

BO O
SC
Origem histórica: Conjunto de povos: latinos, etruscos, sabinos, gregos; fundada às mar-

M IV
gens do Mar Mediterrâneo por volta de 753 a.C. Conquista de grande área em torno do Medi-
terrâneo, passando por vários períodos políticos até tornar-se imperialista.

O S
D LU
Economia: Com base em atividades agropastoris.

O C
N X Sociedade: Dividida em patrícios e plebeus.
SI E
Monarquia
(753 a.C.-509 a.C.)
O
EN S

Política: Exercida pelo rei, com o auxílio do Senado e da Assembleia Curiata.


E U
D E
A LD

Origem histórica: A revolta ocorrida em 509 a.C. possibilita a proclamação da República

Romana.
EM IA
ST ER

Política externa: Expansionismo.


SI AT

República Grupos sociais: Patrícios (direitos políticos) e plebeus (sem direitos políticos).
(509 a.C.-27 a.C.)
M

Política interna: Disputas internas de poder entre patrícios e plebeus.

Instituições: Senado, assembleias populares, poderes Executivo e Judiciário. Em 14 a.C.,

crises, guerras civis e reformas dão lugar ao império.

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56

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ROMA ANTIGA:
IMPÉRIO E CULTURA

O
Império
Cultura

BO O
(27 a.C.-476 d.C.)

SC
M IV
Pax Romana: Direito:

O S
D LU
Período de assimilação da cultura romana (língua latina) por parte Prático, público, privado.

dos povos submetidos. Apoio e comércio com base no escra-

O C
vismo.

N X Arquitetura:
SI E
Formas complexas.
Alto Império (27 a.C.-235 d.C.):
O

Estrutura administrativa controlada, construção de obras públicas,


EN S

reestruturação do Direito.
E U

Escultura:
D E

Preservação da memória.
A LD

Baixo Império (235 d.C.-476 d.C.):


Crise do escravismo, aumento de preços, colonato, crise econô-
EM IA

mica, invasões pacíficas e armadas, cristianismo. Literatura e filosofia:


ST ER

Realismo, helenismo.
SI AT
M

Religião:

Animismo politeísta e, depois, cristã monoteísta.

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57

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. ESPM-SP 3. Fuvest-SP C3-H15
“Cada vez mais conscientes de seus direitos, os plebeus “César não saíra de sua província para fazer mal algum,
solicitaram ter por escrito as leis que regulavam os confli- mas para se defender dos agravos dos inimigos, para
tos entre as pessoas. Até então existia o costume como lei, restabelecer em seus poderes os tribunos da plebe que
que era conhecida e interpretada somente pelos patrícios. tinham sido, naquela ocasião, expulsos da cidade, para
Nas leis escritas viam os plebeus, e com razão, a única ga- devolver a liberdade a si e ao povo romano oprimido pela
rantia para a segurança e a estabilidade. Assim, foi elabo- facção minoritária.”
rado este primeiro código legal escrito.” JÚLIO CÉSAR, Caio. A Guerra Civil. São Paulo:
Bárbara Pastor. Breve história de Roma: Monarquia e República. Estação Liberdade, 1999. p. 67.

Grande parcela da sociedade romana, durante a Repú- O texto, do século I a.C., retrata o cenário romano de:
blica, era constituída pelos plebeus, que viviam margi- a) implantação da Monarquia, quando a aristocracia per-

O
nalizados politicamente. A marginalização e o descon- seguia seus opositores e os forçava ao ostracismo,

BO O
tentamento levaram às lutas de classe em Roma. Assim para sufocar revoltas oligárquicas e populares.

SC
o texto deve ser relacionado com:
b) transição da República ao Império, período de refor-

M IV
a) o Corpus Juris Civilis. mulações provocadas pela expansão mediterrânica e
b) a Lei das XII Tábuas. pelo aumento da insatisfação da plebe.

O S
c) a Lei Frumentária. c) consolidação da República, marcado pela participação
política de pequenos proprietários rurais e pela imple-
d) o Edito do Máximo.

D LU
mentação de amplo programa de reforma agrária.
e) o Edito de Tessalônica.
d) passagem da Monarquia à República, período de con-
O Corpus Juris Civilis trata-se dos códigos de Justiniano. A Lei Fru- solidação oligárquica, que provocou a ampliação do
mentária foi proposta por Caio Graco com o objetivo de obrigar Roma poder e da influência política dos militares.

O C
a vender trigo a preços subsidiados para a plebe. O Edito do Máximo
estabelecia um teto aos preços de mercadorias e salários e foi decreta- e) decadência do Império, então sujeito a invasões es-
do por Diocleciano. O Edito de Tessalônica, Cunctos Populos ou De Fide trangeiras e à fragmentação política gerada pelas re-
N X
Catolica, decretado por Teodósio I, definia o cristianismo como religião
do Império Romano. A Lei das XII Tábuas, que responde corretamente à
beliões populares e pela ação dos bárbaros.
SI E
questão, foi a transição do Direito consuetudinário, ou seja, que segue
Apenas pela referência a Júlio César, é possível identificar a resposta
os costumes, para um código escrito. Este, ainda que favorecesse os
correta, uma vez que é equivocado falar em implantação da Monarquia,
patrícios, buscava eliminar as diferenças de classe. A temática das XII
consolidação da República, passagem da Monarquia à República, ou
O

tábuas era a seguinte: Tábuas I e II: Organização e procedimento judicial;


mesmo decadência do Império, uma vez que esses processos, apesar
Tábua III: Normas contra os inadimplentes; Tábua IV: Pátrio poder; Tábua
de terem de fato acontecido em algum momento, não são contemporâ-
V: Sucessões e tutela; Tábua VI: Propriedade; Tábua VII: Servidões; Tábua
neos a Júlio César. Este é um momento de fim da República e início do
EN S

VIII: Dos delitos; Tábua IX: Direito público; Tábua X: Direito sagrado; Tá-
Império, que começa de fato com Otávio Augusto.
buas XI e XII: Complementares.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
E U

tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes


2. IFCE grupos, conflitos e movimentos sociais.
“Consideremos o significado da palavra República. Ela vem Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos,
D E

do latim res publica, que quer dizer ‘coisa de todos’. Deno- econômicos ou ambientais ao longo da história.
mina, portanto, uma forma de governo em que o Estado e
A LD

o poder pertencem ao povo. No entanto, o que se observou


na fase inicial da República romana foi a instalação de uma 4. PUC-RS – As relações sociopolíticas conflitivas entre
organização política dominada apenas pelos patrícios. Não patrícios e plebeus marcaram o período histórico da Re-
houve a distribuição do poder entre todos, pois a maioria da pública, na Roma Antiga. Nesse contexto, a permissão
EM IA

população, os plebeus, não tinha, inicialmente, o direito de de casamentos entre membros desses dois grupos so-
participar das decisões políticas. Isso gerou grandes conflitos.” ciais, a partir de 445 a.C., produziu:
ST ER

COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. 2. ed. São Paulo: a) o enfraquecimento do poder político dos patrícios,
Saraiva, 2013, v. 1. p. 124. que contribuiu para a extinção do Senado.
Por conta da situação acima mencionada, os plebeus b) o aumento da população na península, que resultou
iniciaram uma longa luta em busca dos seus direitos, na diminuição das guerras de conquista para recruta-
SI AT

sobre a qual é incorreto afirmar-se que: mento de escravos.


a) a Lei das XII Tábuas, ainda que favorecesse os patrícios, c) o desaparecimento da instituição dos tribunos da
serviu para dar clareza às normas e aos costumes. plebe, em função da progressiva perda da identidade
M

b) a Lei Canuleia autorizava o casamento entre patrícios política plebeia.


e plebeus. d) o surgimento de uma nova aristocracia, que passou a
c) o Comício da Plebe deu aos patrícios o direito de de- controlar o acesso aos cargos públicos mais elevados.
cidirem pelos plebeus assuntos relativos aos interes- e) a relativa decadência do latifúndio escravista, devido
ses de ambos. à ampliação do acesso às terras do ager publicus aos
d) a Eleição de Magistrados deu aos plebeus a condição de novos grupos familiares.
ascenderem, aos poucos, aos principais cargos públicos. O casamento era uma instituição importante em Roma e servia basi-
camente para manter restritos os privilégios dos patrícios. Com a per-
e) a proibição da escravização por dívidas fez com que missão de casamentos entre patrícios e plebeus, uma nova aristocracia
nenhum romano fosse mais escravizado por conta de toma forma.
dívidas existentes.
Todas as alternativas, exceto a C, trazem afirmações corretas a respeito da
luta dos plebeus na política romana. É incorreto dizer que com o Comício
da Plebe os patrícios passaram a tomar decisões à revelia dos plebeus.

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58

5. Mackenzie-SP 6. UFRGS-RS – No bloco superior a seguir, são listados al-


HISTÓRIA 1

“Os generais os enganam quando os exortam a comba- guns líderes que atuaram no período republicano da Anti-
ter pelos templos de seus deuses, pelas sepulturas de seus ga Roma; no inferior, são atadas ações desses líderes.
pais. Isto porque de um grande número de romanos não Associe corretamente o bloco inferior ao superior.
há um só que tenha o seu altar doméstico, o seu jazigo fa-
1. Otávio
miliar. Eles combatem e morrem para alimentar a opulên-
cia e o luxo de outros. Dizem que são senhores do univer- 2. Caio Mário
so, mas eles não são donos sequer de um pedaço de terra.” 3. Tibério Graco
Apud Plutarco. Vidas paralelas. Barcelona: Ibéria, 1951, v. 4. p. 150. 4. Pompeu
Segundo Plutarco, essas foram palavras proferidas por ( 2 ) Operou uma reforma militar que permitiu o re-
Tibério Graco, político romano, em um discurso público. crutamento de soldados entre a população mais
A respeito da iniciativa promovida tanto por ele como pobre de Roma.
por seu irmão Caio, durante o período da República ro- ( 1 ) Acumulou uma série de títulos e cargos e acabou

O
mana (VI a.C. - I a.C.), podemos afirmar que: por estabelecer em Roma o sistema político im-

BO O
a) reafirmou o poder da aristocracia romana, confirman- perial.

SC
do o direito a terras e indenização em caso de expro- ( 3 ) Tentou implementar uma reforma que permitisse

M IV
priação nos períodos de guerra. a distribuição de terras públicas entre os cidadãos
b) os irmãos Graco reconheciam que a distribuição de mais pobres de Roma.
terras seria a solução para atender às necessidades

O S
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de uma plebe marginalizada. de cima para baixo, é:

D LU
c) defendiam uma maior participação política da classe a) 2 – 1 – 4.
de comerciantes para promover o desenvolvimento e
a expansão da economia romana. b) 1 – 2 – 4.
d) incitavam o povo a apoiar as ditaduras militares, sen- c) 2 – 1 – 3.

O C
do os generais do exército os únicos capazes de as- d) 1 – 2 – 3.
sumir o governo em época de crise. e) 3 – 4 – 2.
N X
e) os irmãos Graco, com o apoio do Senado e da aris-
tocracia romana, puderam promover uma reforma
Esta questão é mais fácil, pois trabalha com uma relação simples en-
SI E
tre os agentes históricos e suas ações. Talvez o que se destaque dos
social que aplacou o clima de tensão vivido na época. outros, e, portanto, seja o mais fácil dos alunos relacionarem, é Tibério
Trata-se aqui da interpretação de uma fonte primária, exercício básico do Graco. Sabendo das reformas que este tentou implantar, são eliminadas
três das cinco alternativas. Apesar de Caio Mário não ser tão conheci-
O

historiador. O excerto trata, especialmente em sua última frase, sobre


a posse da terra. As alternativas incorretas apontam para embates polí- do, é bastante conhecido o processo de transição da República para o
ticos, mas que não se aplicam ao que defendiam os irmãos Graco nem Império, sendo Otávio Augusto o primeiro imperador, após acumular
títulos e cargos.
EN S

ao que está presente no texto trabalhado.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
E U

7. Mackenzie-SP – As Guerras Púnicas, conflitos entre I. O Senado, instituição mais importante do período re-
D E

Roma e Cartago, no século II a.C., foram motivadas: publicano, que, no plano legislativo, aprovava as leis
a) pela disputa do controle do comércio no Mar Negro e votadas nas assembleias, propunha novas leis para
A LD

posse das colônias gregas. serem submetidas ao voto do povo, além de decidir
sobre medidas excepcionais, como a de atribuir o po-
b) pelo controle das regiões da Trácia e Macedônia e o der supremo aos cônsules.
monopólio do comércio no Mediterrâneo.
II. A ditadura ou uma magistratura extraordinária, do-
c) pelo domínio da Sicília e disputa pelo controle do co-
tada de poderes excepcionais, substitutiva do Impé-
EM IA

mércio no Mar Mediterrâneo.


rio, ao qual se recorria em momentos de particular
d) pela divisão do Império Romano entre os generais gravidade.
romanos e a submissão de Siracusa a Cartago.
ST ER

III. O tribuno da plebe, cuja função era defender indiví-


e) pelo conflito entre o mundo romano em expansão e duos e propriedades da plebe e administrar os jogos
o mundo bárbaro persa. públicos, sendo o poder dos tribunos derivado do
fato de serem invioláveis.
SI AT

8. UFAM
a) Apenas II é correta.
“Tal como a história dos gregos, também a dos romanos co-
meçou pelo desenvolvimento de instituições políticas assenta- b) Apenas I é correta.
das na cidade e elaboradas em benefício de uma comunidade c) Apenas III é correta.
M

de homens livres – os cidadãos – proprietários de terras e que d) I, II e III são corretas.


reivindicavam a descendência direta dos fundadores de sua e) I, II, e III são incorretas.
pátria. Em ambos os casos, estes cidadãos privilegiados conse-
guiram, no momento em que a vida urbana começou a ganhar 9. Uniceub-DF – Sobre a República romana, podemos
certa amplitude e consistência, eliminar a monarquia (cuja ori- afirmar que:
gem se confundia com a própria origem da pátria) dando iní- a) o chefe do governo era o presidente da República,
cio a instituições capazes de assegurar o seu domínio.” não podendo ser mulher, que tinha seus poderes li-
FLORENZANO, M. B. O mundo antigo: economia e sociedade. São mitados por um Congresso formado por deputados
Paulo: Brasiliense, 1986. p. 56. escolhidos pelo voto indireto.
O texto aponta que os cidadãos romanos percorreram b) os cônsules eram os magistrados mais importantes
uma trajetória política singular. Sobre as instituições lati- da República, porém seus mandatos eram de apenas
nas ao longo deste processo podemos destacar: um ano.

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59

c) a eleição para Senatorum Maximum, o chefe do go- 11. UFPR – Tendo em vista diferentes contextos históricos

HISTÓRIA 1
verno na República, era realizada no Senado, colegia- em que predominou a escravidão, identifique como ver-
do de senadores com mandato vitalício. dadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas que
d) sendo uma República parlamentarista, o primeiro- comparam a escravidão na Roma Antiga e a escravidão
-ministro era responsável pela formação do governo, no período colonial da América portuguesa:
ou seja, pela escolha dos magistrados. ( ) Na Roma Antiga os escravos eram mercadorias obti-
e) foi a primeira experiência democrática, quando a po- das no comércio triangular, enquanto que no período
pulação passou a escolher seus representantes pelo colonial brasileiro os escravos eram prisioneiros de
voto secreto. guerra ou apreendidos por motivo de dívida.
( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no pe-
10. Unicamp-SP ríodo colonial brasileiro, os escravos obedeciam a
“Por que as pessoas se casavam na Roma Antiga? Para es- uma hierarquia de funções, sendo utilizados para
posar um dote, um dos meios honrosos de enriquecer, e vários tipos de atividades – afazeres domésticos,
comércio e trabalho na agricultura.

O
para ter, em justas bodas, rebentos que, sendo legítimos,

BO O
perpetuassem o corpo cívico, o núcleo dos cidadãos. Os ( ) Tanto no período antigo de Roma quanto no perío-
do colonial brasileiro, a escravidão era considerada

SC
políticos não falavam exatamente em natalismo, futura
uma realidade natural, justificada por pensadores e

M IV
mão de obra, mas em sustento do núcleo de cidadãos que
por sacerdotes, mas também era questionada por
fazia a cidade perdurar exercendo a ‘função de cidadão’ ou opositores da escravidão dentro das próprias elites.
devendo exercê-la.”

O S
( ) Na Roma Antiga, as rebeliões de escravos eram
P. Ariès e G. Duby. História da vida privada. São Paulo: Companhia raras, pois eles viviam em boas condições e tinham

D LU
das Letras, 1990. v. 1. p. 47. (Adaptado)
a compra da alforria facilitada, enquanto no período
a) Por que o casamento tinha uma conotação política colonial brasileiro as rebeliões eram constantes
entre os cidadãos na Roma Antiga? devido às condições desumanas de tratamento e
à impossibilidade de alforria.

O C
Assinale a alternativa que apresenta a sequência corre-
ta, de cima para baixo:
N X a) F – V – F – V.
SI E
b) F – V – V – F.
c) V – F – F – V.
O

d) V – V – F – F.
e) F – F – V – V.
EN S

12. Sistema Dom Bosco – Sobre a civilização de Cartago,


E U

assinale a alternativa correta.


a) Fundada por colonizadores fenícios, a cidade de
Cartago sempre manteve relações amistosas com
D E

Roma.
A LD

b) As principais atividades econômicas de Cartago esta-


vam ligadas à agricultura.
c) O controle político de Cartago era exercido por sufe-
tas, Conselho e Assembleia do Povo.
EM IA

d) A religiosidade cartaginense não pussuía quaisquer


b) Indique dois grupos excluídos da cidadania durante a influências do pensamento fenício.
República romana (509 a.C.-27 a.C.). e) As Guerras Púnicas foram conflitos militares motiva-
ST ER

dos pela rivalidade entre cartaginenses e vândalos.

13. FGV-SP
“Não descreverei catástrofes pessoais de alguns dias in-
SI AT

felizes, mas a destruição de toda a humanidade, pois é


com horror que meu espírito segue o quadro das ruínas da
nossa época. Há vinte e poucos anos que, entre Constan-
M

tinopla e os Alpes Julianos, o sangue romano vem sendo


diariamente vertido. A Cítia, Trácia, Macedônia, Tessália,
Dardânia, Dácia, Épiro, Dalmácia, Panônia são devastadas
pelos godos, sármatas, quedos, alanos [...]; deportam e pi-
lham tudo. Quantas senhoras, quantas virgens consagra-
das a Deus, quantos homens livres e nobres ficaram na
mão dessas bestas! Os bispos são capturados, os padres
assassinados, todo tipo de religioso perseguido; as igrejas
são demolidas, os cavalos pastam junto aos antigos altares
de Cristo [...].”
São Jerônimo, Cartas apud Pedro Paulo Abreu Funari.
Roma: vida pública e vida privada, 2000.

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60

O excerto, de 396, remete a um contexto da história Com base nesse excerto, considere as afirmativas
HISTÓRIA 1

romana marcado pela: abaixo sobre os valores ressaltados no poema e


a) combinação da cultura romana com o cristianismo, sobre características da cidade-Estado de Esparta
além da desorganização do Estado romano, em meio entre os séculos VII e V a.C.
às invasões germânicas e de outros povos. 1. Esparta e Atenas compartilhavam do mesmo
b) reorientação radical da economia, porque houve o ideal militar expresso no poema, motivo pelo
abandono da relação com os mercados mediterrâ- qual juntaram esforços na Liga de Delos.
neos e o início de contato com o norte da Europa.
2. O poema expressa os valores esperados dos
c) expulsão dos povos invasores de origem não germâ- soldados espartanos: a coragem, o espírito de
nica, seguida da reintrodução dos organismos repre- combate e a cooperação com o coletivo.
sentativos da república romana.
3. Para sustentar o exército, o Estado espartano
d) crescente restrição à atuação da Igreja nas regiões formou a Liga do Peloponeso e distribuiu as terras
fronteiriças do império, porque o governo romano conquistadas entre as cidades-Estado aliadas.

O
acusava os cristãos de aliança com os invasores.

BO O
4. Esparta manteve uma elite militar, formada pela
e) retomada do paganismo e o consequente retorno da
educação rígida de suas crianças, que eram con-

SC
perseguição aos cristãos, responsabilizados pela gra-
troladas pelo Estado e separadas de suas famílias.

M IV
ve crise política do Império Romano.
Assinale a alternativa correta:
14. Fatec-SP – Em 2015, o noticiário internacional deu gran-

O S
de destaque à Grécia, país europeu que vivia uma grave a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
crise econômica e convocou a população para decidir, via b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.

D LU
referendo, as medidas que deveriam ser adotadas pelo c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
governo para gerir a crise. Parte da imprensa destacou o
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
caráter democrático de tal medida e, em muitos textos,
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

O C
lembrou que os gregos foram os criadores da democracia.
Assinale a alternativa que indica corretamente quais são 16. UPF-RS – Leia o fragmento do documento a seguir, que
N X
as principais diferenças entre as concepções de demo-
cracia na Antiguidade grega e no mundo contemporâneo:
trata da escravidão na Idade Antiga.
SI E
“Ao lidarmos com escravos, não deveríamos permitir que
a) Na Antiguidade grega, a democracia surgiu da neces-
sidade de administrar países cada vez maiores; nas fossem insolentes para conosco, nem deixá-los totalmen-
te sem controle. Aqueles cuja posição está mais próxima
O

democracias contemporâneas, a política ajuda a ad-


ministrar unidades menores, como as cidades. da dos homens livres deveriam ser tratados com respeito;
aqueles que são trabalhadores deveriam receber mais co-
EN S

b) Na Antiguidade grega, o espaço reservado à ativida-


de política eram os templos religiosos ou as residên- mida. Já que o consumo de vinho também torna homens
E U

cias das pessoas mais importantes; nas democracias livres insolentes [...], é claro que o vinho jamais deveria ser
contemporâneas, a atividade política se realiza no dado a escravos, ou só muito raramente.”
espaço público.
ARISTÓTELES. In: CARDOSO, Ciro Flamarion. O trabalho
D E

c) Na Antiguidade grega, política e religião eram esfe- compulsório na Antiguidade. Rio de Janeiro: Graal, 1984. p. 108.
ras sociais separadas; nas democracias contemporâ-
A LD

neas, a noção de cidadania vincula-se estreitamente Sobre a escravidão na Antiguidade, é correto afirmar que:
às concepções religiosas.
a) esteve presente com igual importância econômica
d) Nas democracias contemporâneas, a participação polí- em todas as sociedades mediterrâneas.
tica é vinculada à renda, com o voto censitário; na Gré-
cia Antiga, apenas os proprietários de terras, homens b) foi restrita às cidades-Estados da Grécia e à Roma
EM IA

e mulheres, tinham direito à participação política. republicana e imperial.


e) Nas democracias contemporâneas, o direito à partici- c) foi tão importante nas sociedades do Egito e da Me-
ST ER

pação política se estende a todos os grupos sociais; sopotâmia quanto nas da Grécia e de Roma.
na Grécia Antiga, apenas os homens livres nascidos d) foi marcante nas sociedades grega e romana só a
na pólis eram considerados cidadãos. partir de um determinado estágio do desenvolvimen-
to de ambas, quando surgiu a propriedade privada.
SI AT

15. UFPR – Considere o excerto de poema espartano e) era desconhecida nas chamadas sociedades hidráuli-
do século VII a.C.: cas do Egito e da Mesopotâmia e entre os hebreus e
“[...] Pois não há homem valente no combate, fenícios.
M

se não suportar a vista da carnificina sangrenta


17. UERN (adaptado) – Leia o trecho.
e não atacar, colocando-se de perto. [...]
É um bem comum para a cidade e todo o povo, “A Ágora ou praça central era o espaço onde se reu-
que um homem aguarde, de pés fincados, na primeira fila, niam os cidadãos para discutir a vida política e decidir
encarniçado e todo esquecido da fuga vergonhosa, sobre as ações a serem tomadas.” (Vainfas, 2010.)
expondo a sua vida e ânimo sofredor, Ao analisarmos o texto, tendo em vista o contexto da
e, aproximando-se, inspire confiança Grécia Antiga e o do Brasil atual em relação à participa-
com suas palavras ao que lhe fica ao lado”. ção política, é possível inferir que:
Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. In: Hélade:
antologia da cultura grega. Coimbra: Faculdade de Letras a) em ambos os casos, apesar de a ideia de democracia
da Universidade de Coimbra Instituto de Estudos Clássicos, preconizar a participação de todos, existiam (e exis-
4. ed., 1982. tem) limites para o exercício pleno desse direito.

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61

b) na Grécia, cidadão era apenas aquele que parti- sal, ou seja, de toda a população votante e em

HISTÓRIA 1
cipava das gerúsias, por ser considerado homo dia com suas obrigações eleitorais.
politicus. No Brasil, só se considera cidadão o d) como no Brasil o voto atual é direto e secreto, o
indivíduo com mais de 18 anos. processo democrático torna-se mais transparen-
c) tanto na Grécia quanto no Brasil, a democracia te e incorruptível, o que não era possível na Gré-
era (e é) caracterizada pela participação univer- cia, devido ao controle de poder dos generais.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H15 épocas do Império Romano, é possível entender se
“A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C., fi- em momentos de decadência de um império produz-
xou por escrito um velho direito costumeiro. No relativo -se mais ou menos poluição.
às dívidas não pagas, o código permitia, em última aná- e) a produção de metais é responsável por armazenar

O
lise, matar o devedor; ou vendê-lo como escravo ‘do outro o CO2 nas geleiras até os dias atuais. Ao analisar os

BO O
lado do Tibre’ – isto é, fora do território de Roma.” níveis de CO2, a pesquisadora pôde afirmar que a

SC
enorme produção de materiais bélicos foi uma das
CARDOSO, C. F. S. O trabalho compulsório na Antiguidade. Rio de

M IV
Janeiro: Graal, 1984.
causas da queda do Império Romano.

A referida lei foi um marco na luta por direitos na Roma 20. C1-H1

O S
Antiga, pois possibilitou que os plebeus: Leia um trecho da peça Júlio César, de William Shakespeare:
a) modificassem a estrutura agrária assentada no

D LU
latifúndio. “CINA – Ó César!...
b) exercessem a prática da escravidão sobre seus CÉSAR – Fora daqui! Queres virar o Olimpo?
devedores. DÉCIO – Grande César!...

O C
c) conquistassem a possibilidade de casamento com CÉSAR – Brutus não se ajoelhou sem obter nada?
os patrícios.
N X
d) ampliassem a participação política nos cargos políti-
cos públicos.
CASCA – Braços, falai por mim.
(Apunhalam César.)
SI E
e) reivindicassem as mudanças sociais com base no CÉSAR – Et tu, Brute? Então, que morra César. (Morre.)
conhecimento das leis. CINA – Morreu a tirania! Liberdade! Proclamai pelas ruas!
O

Liberdade!”
19. C4-H16
EN S

“O Império Romano era, de fato, enorme e seu exército SHAKESPEARE, William. Júlio César. Edição digital: Ridendo
Castigat Mores. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/
era gigante para os padrões da época. Por isso, nos tempos
eLibris/cesar.html>. Acesso em: 17 mar. 2018.
E U

áureos do império, a necessidade de metal para material


bélico era muito grande. Pensando nisso, um estudo de Tia A frase “Et tu, Brute?” (Até tu, Brutus?) acabou se tor-
Ghose pesquisou a queda do Império Romano de uma for- nando mais conhecida que a própria peça do escritor
D E

ma diferente da que costuma ser feita. A pesquisadora utili- inglês. Muitos acreditam que esse fato aconteceu real-
zou recortes de geleiras para descobrir a quantidade de CO2 mente. Sobre isso, é correto dizer que:
A LD

na atmosfera no período da queda de Roma. Qual a melhor a) a literatura se sobrepõe à história e cria representa-
explicação para o raciocínio desse estudo científico?” ções da verdade com valor científico, já que utiliza
GHOSE, Tia. Human Greenhouse Gas Emissions Traced to Roman fontes e método para construir uma representação
Times. Disponível em: <https://www.livescience.com/23678-me- da verdade, como é possível ver no texto da peça de
EM IA

thane-emissions-roman-times.html>. Acesso em: 17 mar. 2018. William Shakespeare.


a) a produção de metais é responsável por armazenar o b) A história serve à literatura como fonte de informa-
ST ER

CO2 nas geleiras até os dias atuais. Ao analisar os ní- ção, uma vez que a última se preocupa com a verda-
veis de CO2, a pesquisadora pôde afirmar que a enor- de empírica produzida pela primeira. Assim, as fontes
me poluição foi uma das causas da queda do Império históricas são o principal material da arte.
Romano. c) A literatura se volta à criação de significados por
SI AT

b) a produção de metais para material bélico produz meio da ficção, neste caso, um símbolo de traição,
CO2, que fica armazenado nas geleiras até os dias enquanto a história utiliza fontes e método para cons-
atuais. Ao comparar níveis desse gás em diferentes truir uma representação da verdade.
épocas do Império Romano, foi possível observar a d) Literatura e história andam juntas, já que ambas
M

queda na atividade produtiva romana. buscam construir representações baseadas em nar-


c) a atividade econômica no Império Romano produzia mui- rativas e enredos. Não havendo diferença nem nos
to CO2, que ficou armazenado nas geleiras. Com isso, é métodos nem nas fontes, como podemos observar
possível entender se em momentos de decadência de pela repercussão da peça de Shakespeare.
um império produz-se mais ou menos poluição. e) A história se volta à criação de significados pela fic-
d) a produção de metais para material bélico produz ção, neste caso, um símbolo de traição, enquanto a
CO2, que fica armazenado nas geleiras até os dias literatura utiliza fontes e método para construir uma
atuais. Ao comparar níveis desse gás em diferentes representação da verdade.

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5
62

FEUDALISMO: ORIGENS,
HISTÓRIA 1

POVOS GERMÂNICOS
E REINO FRANCO

PRIMÓRDIOS DO FEUDALISMO

O
BO O
Elementos de origem romana e valores dos grupos germânicos se fundiram em

SC
• Primórdios do feudalismo
um processo histórico que definiu todo um milênio.

M IV
• Povos germânicos
• Reino Franco A herança romana do colonato levou populações a permanecer em áreas rurais
• Entender o feudalismo que, no quadro das invasões a Roma, passaram a pagar tributos não mais ao império,

O S
• Política feudal mas aos senhores da guerra que dominavam as terras. A experiência do colonato, ins-

D LU
• Sociedade feudal tituída por Roma no contexto da crise do escravismo, foi, em boa medida, responsável
• Economia feudal pela mudança no tipo de trabalho, abrindo caminho para a servidão medieval.
• Cultura feudal
O COMITATUS

O C
HABILIDADES
Os servos não eram propriedades, como no caso da escravidão antiga. Eram tra-
N X
• Associar as manifestações
culturais do presente aos
balhadores livres vinculados a domínios territoriais, que deviam pagar tributos aos
senhores das terras, os guerreiros. Assim, houve vínculos de servidão característicos
SI E
seus processos históricos.
• Comparar pontos de vista de um modo de produção diferente do que existira no mundo ocidental antigo.
expressos em diferentes Se o colonato foi herança romana, vale lembrar a herança germânica igualmente
O

fontes sobre determinado importante: o comitatus. Essa tradição consistia em um juramento de fidelidade dos
aspecto da cultura. guerreiros das tribos germânicas ao guerreiro de maior destaque. O comitatus funda-
EN S

• Comparar o significado
mentou as relações entre guerreiros e estabeleceu hierarquias e laços de solidarie-
histórico-geográfico das
E U

organizações políticas e dade entre os homens da guerra. O guerreiro que se destacava na tribo tornava-se o
socioeconômicas em escala chefe político, pois todos os outros o seguiam em suas decisões.
local, regional ou mundial. Dessa forma, havia coesão do grupo que conduzia a vida das tribos e ordem ga-
D E

• Identificar registros sobre rantida por laços de solidariedade baseados na lógica da guerra. As invasões bárbaras
A LD

o papel das técnicas e imprimiram aos antigos territórios romanos a lógica do comitatus, estabelecendo um
tecnologias na organização
modelo político característico na Idade Média ocidental.
do trabalho e/ou da vida
social. As antigas elites que habitavam o Império Romano se articularam com esses gru-
• Analisar de maneira crítica pos guerreiros em um processo de formação de alianças e de composições familiares
EM IA

as interações da sociedade que garantiram a continuidade desses grupos que, agora, não dependiam mais de
com o meio físico, levando Roma para sustentar posições de poder em suas áreas de domínio.
ST ER

em consideração aspectos Além das heranças mencionadas, é importante estabelecer nexo com a religio-
históricos e/ou geográficos.
sidade cristã. Ao final do Império Romano, o cristianismo era a religião oficial pelo
• Relacionar o uso das
tecnologias com os Edito de Tessalônica (380), e a Igreja foi sendo constituída para estabelecer uma
SI AT

impactos socioambientais doutrina que acabasse com os conflitos internos da comunidade cristã que ordina-
em diferentes contextos riamente aconteciam.
histórico-geográficos. A queda do Império Romano do Ocidente fez da Igreja a principal instituição eu-
• Reconhecer a função dos
M

ropeia, que assegurava, em um mundo de divisões associadas ao domínio bárbaro,


recursos naturais na produ-
uma unidade em torno da fé cristã. Em contato com o mundo romano, os bárbaros,
ção do espaço geográfico,
relacionando-os com as que a princípio tinham crenças politeístas associadas à mitologia nórdica, aos poucos
mudanças provocadas se cristianizaram.
pelas ações humanas. A esse respeito, o historiador Jacques Le Goff afirma existir no período um pro-
cesso de assimilação-aculturação homogeneizante oriunda da religiosidade cristã, ve-
rificada já nos primórdios do Medievo.

POVOS GERMÂNICOS
Havia vários grupos diferentes de povos de origem germânica: visigodos, ostro-
godos, suevos, burgúndios, francos, vândalos, anglos e saxões, entre outros. Esses

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63

grupos fragmentados em tribos não tinham um chefe DINASTIA MEROVÍNGIA (496-751)


geral. Na organização tribal germânica, dominada pe- Em contato com o mundo cristão romano, Clóvis te-

HISTÓRIA 1
los homens da guerra, havia agricultores para cuidar do ria sido o primeiro chefe de origem germânica converti-
sustento da comunidade. A sociedade constituía-se, do ao cristianismo, por volta de 496. Toda a comunidade
portanto, de guerreiros e camponeses. franca o seguiu, e o reino assim criado se tornou defen-
Outro aspecto que deve ser ressaltado: a vida sor do cristianismo. Clóvis fundou a primeira dinastia
econômica era pontuada por trocas sem a prática de do Reino Franco, a dinastia merovíngia. Desde então,
cunhagem de moedas. O intercâmbio pautava-se no os reis meroveus ficaram conhecidos pela guerra em
escambo, dificultando o comércio mais intenso entre nome da fé cristã.
os vários grupos. Em decorrência disso, predominava Os reis meroveus favoreceram a fé cristã e, conse-
a economia de base agrária para subsistência, ou seja, quentemente, o poder da Igreja. Além deles, os ocupan-
que não visava produzir excedente comercializável. tes dos major domus, responsáveis pela administração

O
Os germânicos seguiam uma tradição oral, uma vez do palácio e demais propriedades reais, também atuaram

BO O
que não haviam desenvolvido a escrita. A ordem tribal nesse sentido.

SC
passava de pai para filho, de geração em geração, se- Pepino de Heristal ficou famoso por lutar contra

M IV
gundo o Direito consuetudinário. Consideravam a pala- os hunos e ampliar os domínios francos ao controlar
vra dada uma questão de honra; por isso a importância a Marca do Leste, atual território da Áustria. Seu des-

O S
do juramento de fidelidade dos guerreiros ao guerreiro cendente, Carlos Martel, ficou mais conhecido ainda ao
de maior destaque na tribo. O processo definia a obe- derrotar os islâmicos na Batalha de Poitiers, em 732.

D LU
diência, a ordem do grupo e a fonte do poder político. Contida a expansão islâmica que partiu da Península
As invasões germânicas alteraram profundamente Ibérica, o Reino Franco incorporou vários territórios a
a vida da Europa Ocidental, constituindo, por meio de oeste da antiga região da Gália. Por último, Pepino, o

O C
vários reinos organizados, os fundamentos da civiliza- Breve, combateu os lombardos que ameaçavam o pa-
ção medieval. Entre os vários reinos, destacou-se o
N X pado romano em 751.
Reino Franco. Os major domus atuaram de forma tão decisiva que
SI E
acabaram fundando uma nova dinastia entre os francos
REINO FRANCO e outros povos dominados, a dinastia carolíngia. Em 754,
O

com a aprovação papal, Pepino, o Breve, depôs Childe-


De acordo com alguns historiadores, os francos es- rico III e tornou-se rei dos francos. Como recompensa
EN S

tavam divididos, a princípio, em dois grandes grupos: pelo apoio, Pepino entregou as terras que tinham sido
sálios e ripuários. A unidade entre os francos aconte- tomadas dos lombardos na Península Itálica à Igreja, as
E U

ceu com Clóvis, filho de Childerico I, comandante fran- quais foram chamadas de Patrimônio de São Pedro.
co federado a Roma, que submeteu povos germânicos Pepino, o Breve, continuou sua política de conquis-
D E

de origem visigótica e alamânica. tas, estreitando ainda mais os laços com a Igreja roma-
DB_PV_V1_HIS1_MOD09_M003
na. Dominou povos dos quais exigiu conversão à fé cris-
A LD

Expansão do Reino Franco


0° Mar do
tã e ampliou as conquistas de seu pai, realizando novas
Norte
conversões ao cristianismo. Ao mesmo tempo que am-
FRÍSIA
pliava seus domínios, expandia e consolidava a fé cristã.
EM IA

SAXÔNIA

TURÍNGIA DINASTIA CAROLÍNGIA (751-987)


ST ER

NÊUSTRIA
AUTRÁSIA
Carlos Magno, filho de Pepino, o Breve, dominou
50°
tantos territórios que a Igreja o reconheceu como im-
SUÁBIA
OCEANO BAVÁRIA
perador do Ocidente. Contava muito para a Igreja a
ATLÂNTICO BORGONHA possibilidade de harmonização entre o poder espiritual
SI AT

AQUITÂNIA
CARINTIA
do papa e o poder temporal de Carlos Magno na afir-
GASCONHA REINO
M
AR LOMBARDO mação cristã na Europa. O rei franco foi então convi-
CA PROVENÇA
ES SEPITMANIA dado a passar o Natal do ano 800 em Roma, quando
M

PA M
NH ar
OL
A
Ad
riát
foi coroado, dando início ao Império Carolíngio. A partir
ico
Mar Mediterrâneo desse momento, Carlos Magno estreitou ainda mais
suas relações com a Igreja. Procurou fomentar as artes
Território franco
e a educação por meio do movimento conhecido como
Em 481
Conquistas de Clóvis
renascimento carolíngio.
Conquista NO
N
NE Escala aproximada Com o intuito de consolidar a civilização cristã que
1: 61 500 000
Conquista de Carlos Magno O L
0 615 1 230 km atendesse à sua ordem e à da Igreja, o imperador es-
Territórios dependentes SO
S
SE
Cada cm = 615 km timulou a criação de escolas monásticas e catedrais.
Expansão do Reino Franco desde os reis meroveus até o período da As escolas tinham como principal objetivo a forma-
dinastia carolíngia.
ção do clero e ensinavam que o bom cristão deveria
Base cartográfica: IBGE. aprender o respeito ao papa e ao imperador. O papa

DB_SE_2019_HIST1.indd 63 5/2/19 10:48


64

correspondia ao poder espiritual, e o imperador, ao po- O resultado do afrouxamento nas relações entre
der temporal. Essa obediência representava a garan- imperador e guerreiros logo se fez sentir com a revol-
HISTÓRIA 1

tia de ordem na sociedade europeia da época. Carlos ta dos netos de Carlos Magno, que aprisionaram o pai
Magno incentivou as artes, em especial as de caráter e dividiram as terras do império entre si. Terminada a
sagrado, como a música sacra, envolvendo os cantos experiência imperial dos carolíngios em 843, com o Tra-
gregorianos e o órgão na ritualística da Igreja. Houve tado de Verdun, iniciou-se o processo de fragmentação
apoio à preservação da memória do Império Romano, territorial típica do feudalismo. Os vínculos militares
pois o imperador sustentou monges copistas para fa- continuaram fundados no domínio de terras e na rela-
zer transcrição dos textos antigos e organizar acervos ção de suserania e vassalagem, marcando a lógica de
de livros, montando as bibliotecas. Todo esse esforço poder que definiu a política na Idade Média ocidental.
direcionou o renascimento carolíngio. O século da assinatura do Tratado de Verdun também
Outro aspecto importante do império de Carlos foi o das novas invasões à Europa Ocidental. Vikings,

O
Magno foi o desenvolvimento de uma política de de- sarracenos e magiares investiram a fim de fragmentar

BO O
fesa de seus domínios por meio da distribuição de ainda mais essas terras.

SC
terras entre seus melhores guerreiros, exigindo o

M IV
juramento de fidelidade. A Igreja também o ajudou
nessa empreitada, designando os missi dominici (en- POLÍTICA, ECONOMIA,
SOCIEDADE E CULTURA

O S
viados do senhor), fiscais que supervisionavam se as
ordens de Carlos Magno estavam sendo cumpridas

D LU
nas terras distribuídas.
A distribuição de terras feita por Carlos Magno ENTENDER O FEUDALISMO
exemplifica o que se convencionou chamar de relação Segundo os historiadores, feudalismo é um con-

O C
de suserania e vassalagem, elemento importante de ceito que tenta definir e esclarecer as lógicas políti-
solidariedade entre guerreiros no período medieval. As
N X ca, econômica e social da Europa Ocidental na Idade
alianças políticas estão associadas a domínios territo- Média.
SI E
riais cedidos por um guerreiro a outro guerreiro. Dessa Alguns historiadores tratam o feudalismo como
forma, garantia-se o sustento de um nobre pelo domí- modo de produção, dando ênfase ao aspecto econô-
O

nio territorial e pelos tributos que podia cobrar das po- mico que fomentou o surgimento de instituições polí-
pulações que viviam nas suas terras. A contrapartida ticas e culturais que ordenaram o continente europeu
EN S

de quem recebia o benefício consistia, entre outros as- durante séculos. Outros buscam a compreensão de
pectos, na participação militar ao lado do guerreiro que uma sensibilidade específica que ilumina aspectos da
E U

o beneficiasse. cultura material e imaterial no Medievo, colocando em


O imperador pagava seus melhores guerreiros não evidência a acomodação de tradições distintas em um
D E

com moedas, como se praticava no antigo Império Ro- período de crise, cuja costura teria concepções místi-
mano, mas com terras, normalmente localizadas nas cas orientais como linha. Tanto uma quanto outra abor-
A LD

regiões limítrofes dos seus domínios. Assim, todos os dagem concordam com a existência de um universo
guerreiros beneficiados procurariam preservar os va- feudal que pode ser pensado em várias dimensões:
lores das guerras, com a manutenção de suas terras. política, social, econômica e cultural. Nas abordagens
EM IA

Se cada guerreiro conseguisse preservar seu domínio, dos historiadores, variam apenas o grau de importância
o império de Carlos Magno também estaria protegido. dado a uma ou outra.
Isso trouxe uma consequência importante no período:
ST ER

os guerreiros beneficiados desejavam filhos homens a


POLÍTICA FEUDAL
quem pudessem ensinar a arte da guerra para defender a
terra contra uma possível invasão. Consolidou-se, assim, Quanto mais terra possui um guerreiro, maior é
SI AT

uma sociedade patriarcal e militarista por excelência. sua influência e seu poder político. Dessa forma, ter-
As relações fundadas nos domínios territoriais con- ra é feudo. O senhor da terra era o senhor feudal.
tinuaram, porém o Império Carolíngio não teve conti- As disputas territoriais e, consequentemente, polí-
M

nuidade muito além de Carlos Magno, pois o respeito ticas exigiam o estabelecimento de alianças defini-
dos guerreiros definia-se pela participação em campa- das também pelo domínio de terras. A suserania e
nhas. Se o imperador não dava mostras de valor mi- a vassalagem formam a base das alianças político-
litar, perdia o respeito dos guerreiros. Carlos Magno -militares que marcaram a relação entre nobres na
não teve problemas com indisciplina, mas seu filho, Idade Média.
Luís, o Piedoso, sim. Preocupado mais com questões Suserano é o nobre que doa um pedaço de sua ter-
de ordem teológica do que militares, Luís foi perdendo ra a outro senhor. Este, por meio de um juramento de
o apoio dos grandes guerreiros que viviam nas zonas fidelidade, torna-se vassalo do primeiro, isto é, assu-
de fronteira. Os missi dominici informavam sobre a me compromissos com seu suserano, especialmente
insubordinação, mas a situação ficava inalterada em o de participar militarmente ao lado do suserano em
razão da incapacidade do herdeiro. tempos definidos.

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65

A relação de suserania e vassalagem corresponde Durante a Idade Média, eram cobrados diversos tri-
à montagem de uma teia no grupo nobre (guerreiro), butos, entre os quais os mais recorrentes e duradouros

HISTÓRIA 1
pois um suserano é vassalo de outro nobre de quem foram os seguintes:
recebeu a terra, o que implica um quadro complexo de
• Corveia: trabalho exercido pelo camponês no man-
comunicações que, muitas vezes, impedia a ocorrência
so senhorial por alguns dias da semana, normalmen-
de guerra envolvendo homens que tinham algum tipo
te três. Toda a produção do manso senhorial destina-
de vínculo constituído por juramento.
va-se ao senhor feudal, o que lhe garantia parte da
A imagem anterior diz respeito ao ritual de home-
riqueza produzida pelos camponeses.
nagem que definia o benefício de um guerreiro e esta-
belecia suas obrigações para com o suserano. Nesse • Talha: tributo pago com parte da produção do man-
ritual, o vassalo jurava fidelidade a seu senhor. so servil em troca da proteção que o senhor dava aos
Assim, o complexo jogo político que obedecia a habitantes de sua terra.

O
uma rede de hierarquias e relações fundadas na terra • Banalidade: tributo associado ao uso de equipa-

BO O
assegurava a ordem pensada em relação ao poder mili- mentos pertencentes ao senhor feudal, como moi-

SC
tar, sustentada pela mística e pela religiosidade, identi- nhos, estradas, fornos etc. Em geral, o terceiro es-

M IV
ficando as relações políticas como ato de fé. tado pagava com o beneficiamento da produção do
feudo – moenda dos grãos e fabricação do pão para
SOCIEDADE FEUDAL

O S
o senhor, entre outros afazeres.
A dimensão social comunicava-se com a política, pois • Mão-morta: pagamento pelo reconhecimento de

D LU
se conferia status social aos homens da guerra, que cons- um novo chefe de família após a morte do pai. Con-
tituíam uma elite (aristocracia) detentora do controle das sistia normalmente na entrega de animais de criação
terras por hereditariedade. Tratava-se de uma nobreza de pelo filho mais velho da família camponesa que per-

O C
sangue, uma clivagem social definida pelo princípio nobi- dera o pai (chefe).
N X
liárquico de poder. A sociedade, dessa forma, dividia-se
basicamente em nobres e não nobres. Aos nobres cabia
• Capitação: tributo vinculado às populações que habi-
tavam vilas e cidades em um domínio feudal. Era um
SI E
a tarefa de zelar pela ordem, tendo as armas por recurso; imposto per capita, isto é, cobrado por cabeça ou por
os não nobres tinham a função de sustentar a coletivida- pessoa. Na maioria dos casos, o pagamento se dava
O

de, o que significava manter a si próprios e aos guerreiros. com atividades artesanais em benefício do senhor
Havia sim reunião de nobres e não nobres dentro da feudal, como de marcenaria, ferragem e construção.
EN S

instituição que se encontrava por toda parte: a Igreja.


Mantinha-se a assimetria, mas todos se conjugavam na
E U

1º– ano 2º– ano 3º– ano


comunidade cristã. Assim, os dois grupos sociais for-
neciam religiosos. Membros da nobreza ocupavam ele- Manso senhorial Cevada Pousio Trigo
D E

vados cargos da instituição (alto clero); os não nobres


Manso comunal Trigo Cevada Pousio
A LD

ficavam na base da hierarquia da Igreja (baixo clero).


Havia três ordens ou estamentos na sociedade me-
dieval: grupo dos oratores (clero), dos bellatores (nobre-
Manso servil Pousio Trigo Cevada

za guerreira) e dos laboratores (não nobres). Essa so-


EM IA

ciedade não valorizava o indivíduo, pois existia a crença O poder senhorial sustentava um leque enorme de
de que Deus havia determinado uma ordem social co- explorações no interior do feudo. Cada senhor se torna-
va, assim, um pequeno rei e imaginava-se com dignida-
ST ER

letivista, em que existiriam alguns homens destinados


à oração, outros à defesa (guerra) e muitos ao trabalho. de real, compondo com seus súditos os elementos de
Cada grupo, ao realizar aquilo para o que foi destinado, uma micro-ordem na sociedade feudal.
garantiria a solidariedade da comunidade cristã e a har-
SI AT

monia coletiva. De acordo com Adalberón de Laon: CULTURA FEUDAL


A Igreja sacramentava as relações políticas, econômi-
ECONOMIA FEUDAL cas e sociais no período medieval. Autores afirmam que
M

Na economia houve forte ruralização. A vida no interior houve uma feudo-clericalização das relações. A nobreza
do feudo era caracterizada pela produção de subsistência. usava as terras da Igreja, que não tinha o direito de primo-
Não havia a preocupação com excedentes comerciáveis genitura para herdar as terras dos pais. Assim, o aparelho
e a nobreza explorava a população campesina, forçada a administrativo da instituição religiosa dava-lhe a chance
produzir para si e para toda a sociedade. Dessa forma, o de realizar seu sonho de poder e riqueza. A mentalidade
excedente destinava-se ao pagamento de tributos. profundamente mística das populações favorecia a ela-
Quando havia comércio, acontecia uma espécie de boração de justificativas sobrenaturais que atendiam aos
escambo – troca de objeto por objeto (economia natural). anseios dos nobres. Essa mesma mentalidade era com-
Houve um processo de desmonetarização da economia partilhada pelos grupos aristocráticos que se associavam
europeia, que perdurou por séculos, expressando, em nas relações de suserania e vassalagem. Assim, a Igreja
parte, o caráter autossuficiente da unidade feudal. medieval perpassava todas as dimensões da vida.

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66

A instituição difundiu uma visão de mundo marcada- Os valores medievais daquela sociedade patriar-
mente teocêntrica, em que a fé era o maior valor. A busca cal instauravam um discurso de força que pretendia
HISTÓRIA 1

pelo paraíso celestial em uma história de decadência do impedir qualquer tipo de afirmação feminina no orde-
ser humano vicejava na teologia cristã medieval. O cami- namento. Muitas mulheres que se destacavam foram
nho da salvação associava-se à luta contra o mal. Violências consideradas bruxas ou feiticeiras e conheceram a vio-
e guerras foram empreendidas com base em um discurso lência da sociedade completamente dominada pelos
de mentalidade dualista, que afirmava a luta entre o bem homens.
e o mal. Alguns eram santificados; outros, demonizados. Apesar das violências praticadas nesse mundo
A doutrina da Igreja definia quem era quem nessa luta. marcado por guerras e agitações de toda ordem, a
Os que não a seguiam eram julgados hereges e combati- Igreja estabeleceu um conjunto de regras relativas
dos com extrema violência. A figura feminina sofreu com ao cristianismo e à conduta do cristão, confirmando
a visão misógina que lhe conferia a responsabilidade pela a existência de uma civilização cristã na Idade Média,

O
perdição da humanidade, pois teria sido a corrupção de que teria fortalecido os laços feudais e, de alguma

BO O
Eva responsável pela saída do homem do paraíso. Nisso forma, forjado os elementos fundamentais de uma

SC
estava a própria condenação do corpo como matéria ins- acomodação de tradições tão distintas como eram a

M IV
tável que expressa o pecado original da primeira mulher. romana e a germânica.

O S
D LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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67

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
FEUDALISMO: ORIGENS, POVOS
GERMÂNICOS E REINO FRANCO

O
Divididos em vários grupos:

BO O
SC
Povos germânicos Godos, ostrogodos, visigodos, lombardos, vândalos etc

M IV
O S
D LU
Fragmentação do poder:

O C
Guerreiros e camponeses, economia de base agrária (escambo), tradição
N X oral, transformações na sociedade europeia ocidental.
SI E
O
EN S
E U
D E

Dividido em dois grupos:


A LD

Sálios e ripuários.
Reino Franco
EM IA
ST ER

Dinastia merovíngia (496-751):

Política de conquistas junto à Igreja, consolidação da fé cristã.


SI AT
M

Dinastia carolíngia (751-987):

Conquista de territórios, Carlos Magno imperador do Ocidente, renasci-

mento carolíngio, papa e imperador (poder), política de defesa, domínio

territorial, Tratado de Verdun (843).

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68

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

FEUDALISMO: POLÍTICA, ECONOMIA, SOCIEDADE E CULTURA

Modo de produção feudal

O
Origens culturais:

BO O
Tradições distintas, mescla da tradição romana com a tradição germânica.

SC
M IV
O S
Exercício do poder:
Com base no domínio territorial.

D LU
O C
Força de trabalho:
Servidão medieval.
N X
SI E
Controle social:
O

Controle da Igreja.
EN S
E U

Contribuições romana e germânica para esse sistema:


Colonato (herança romana), comitato (herança germânica).
D E
A LD

Estrutura social
EM IA
ST ER

Política:
Rede de hierarquias e relações fundadas na terra.
SI AT

Sociedade:
Primeiro estado: Clero. Segundo estado: Nobreza. Terceiro estado: Servos, trabalhadores e não nobres.
M

Economia:
Unidade orgânica de economia e dominação política.

Cultura:
Visão de mundo teocêntrica.

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69

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. PUC-SP – O Império Carolíngio surgiu com a coroação 3. PUC-SP
de Carlos Magno em Roma por Leão III, no ano de 800. “A Idade Média repousa sobre a terra. Idade Média é ru-
Daí em diante, o poder imperial aumentou consideravel- ral. É sobre essa ruralidade que se articula o conjunto de
mente, pois: outras redes.”
a) a administração foi aprimorada, com a instituição dos LE GOFF, Jacques. Em busca da Idade Média. Rio de Janeiro:
missi dominici e das capitulares. Civilização Brasileira, 2008. p. 156.
b) o desenvolvimento cultural foi estimulado, inclusive
com a criação de escolas de ler e escrever. A frase pode ser considerada correta, entre outros mo-
tivos, porque:
c) Paulo Lombardo, Alcuíno e Eginhardo deram desta-
que à cultura da época. a) a organização social, na Idade Média, baseava-se na
relação dos diversos grupos sociais com a posse ou
d) todas estão corretas.
uso da terra.

O
e) todas estão incorretas.
b) a economia medieval é baseada na produção agrícola

BO O
A consolidação dos reinos francos é importante para o entendimen- em larga escala, destinada à exportação.

SC
to da Idade Média. Em oposição ao período no qual os senhores
c) as cidades desapareceram na Idade Média e todas as

M IV
feudais tinham o poder de fato, enquanto o rei o tinha apenas por
direito, no Império Carolíngio medidas como o aprimoramento da pessoas se transferiram para o campo.
administração, o desenvolvimento de escolas e o destaque à cultu-
ra da época ampliaram a força do rei. d) as atividades rurais, na Idade Média, ofereciam os

O S
capitais necessários para o desenvolvimento da
2. PUC-PR – Leia o texto abaixo. grande indústria.

D LU
“À morte de Carlos Magno, as instituições centrais do feu- e) a sociedade medieval retomava valores greco-roma-
dalismo já se encontravam presentes, sob o dossel de um nos e idealizava a vida nos campos
É incorreto dizer que a produção medieval é de larga escala, que to-
império centralizado pseudo-romano. De fato, em breve
das as pessoas se transferiram para o campo, que as atividades da

O C
se tornou claro que a rápida generalização dos benefícios Idade Média financiaram a indústria (isso pode ser dito sobre a ati-
e sua crescente hereditariedade tendiam a minar todo o vidade mercantilista, que é posterior) e os medievais retomaram os
N X
pesado aparelho de Estado carolíngio, cuja ambiciosa ex-
pansão nunca correspondera às suas reais capacidades de
greco-romanos (algo que foi feito apenas no renascimento cultural).
Entretanto, é correto dizer que, de uma forma ou de outra, todas
as posições sociais da época eram definidas com relação à terra.
SI E
integração administrativa, dado o nível extremamente bai-
xo das forças de produção nos séculos VIII e IX. A unidade
O

interna do império não tardou a ruir, no meio de guerras


civis de sucessão e de uma crescente regionalização da 4. UEL-PR – Embora a ideia de transformação seja uma
EN S

classe aristocrática que a mantinha. [...]. Ataques externos característica da modernidade, nos períodos anterio-
selvagens e inesperados, surgidos de todos os pontos car- res, na Europa, ocorreram diversas mudanças nos
E U

deais, da terra e do mar, de vikings, sarracenos e magiares, campos político, econômico, científico e cultural. Pode-
pulverizaram todo o sistema para-imperial de governação -se afirmar que, com o declínio do Império Romano na
dos condes que ainda subsistia.” Europa Ocidental, constituíram-se novas relações so-
D E

ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Porto: ciais entre os habitantes desses territórios, momento
Afrontamento, 1982. p. 156. que foi denominado pelos historiadores como período
A LD

medieval. Com relação a esse período, considere as


Sobre os fatores presentes na transição da Antiguidade afirmativas a seguir:
ao feudalismo na Europa Ocidental, estão corretas as
I. Carlos Magno libertou o seu império do poderio pa-
seguintes alternativas que indicam características des-
pal por intermédio de alianças militares realizadas
se período:
EM IA

com a nascente nobreza mercantil de Veneza.


I. Decadência econômica e estagnação técnica do Im- II. Os camponeses possuíam o direito de deixar as ter-
pério Romano. ras em que trabalhavam e migrar para os burgos pelo
ST ER

II. Incapacidade administrativa dos Estados nacionais acordo consuetudinário com os suseranos.
(como França, Alemanha e Itália) em fazer frente às III. Os chefes guerreiros comandavam seus seguidores
invasões bárbaras. no comitatus por meio de juramentos de fidelidade.
III. Crescente influência da Igreja Católica sobre os se- Os nobres também realizavam esse pacto entre si.
SI AT

nhores locais. IV. O grande medo da população era ocasionado pelas


IV. Progressivo papel desempenhado pela servidão nas invasões de bárbaros, pelas epidemias e pela fome.
relações econômicas e sociais. A crença em milagres se propagava rapidamente en-
M

V. Afastamento da nobreza das antigas cidades roma- tre a população.


nas e sua fixação nas áreas rurais. Assinale a alternativa correta:
a) Somente I e II. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) II, IV e V. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente IV e V. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Todas estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) I, III, IV e V. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Não é correto dizer que Carlos Magno rompeu com o poderio papal ou
A essa altura, é incorreto e anacrônico falar em Estados nacionais, relacioná-lo à nobreza mercantil veneziana, que lhe é posterior. Tam-
portanto a segunda afirmativa é incorreta. As outras afirmativas es- bém é incorreto dizer que os camponeses podiam deixar o local onde
tão corretas. moravam e trabalhavam. As outras afirmativas estão corretas.

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70

5. USF-SP – A queda do Império Romano do Ocidente 6. FGV-SP


HISTÓRIA 1

é o marco inicial da Idade Média. A queda do império, “A colisão catastrófica dos dois anteriores modos de pro-
provocada, principalmente pelas invasões bárbaras, ru- dução em dissolução, o primitivo e o antigo, veio a resultar
ralizou esse território, alterando completamente as rela- na ordem feudal, que se difundiu por toda a Europa.”
ções políticas, sociais e econômicas. Entretanto, outras
ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Porto:
regiões e impérios existentes estavam em ritmos e pro- Afrontamento, 1982. p. 140.
cessos históricos diferentes. A formação do feudalismo
é decorrente da fusão de elementos romanos e germâ- O autor refere-se a três tipos de formações econômico-
nicos. Assinale a opção que apresenta corretamente -sociais nesse pequeno trecho. A esse respeito é cor-
um desses elementos e sua explicação: reto afirmar:
a) Beneficium – os chefes militares romanos firmavam a) A síntese descrita refere-se à articulação entre o es-
laços de fidelidade com seus guerreiros, isto é, havia cravismo romano em crise e as formações sociais
um sentimento de reciprocidade no qual um deveria dos guerreiros germânicos.
ser fiel ao outro.

O
b) O escravismo predominava entre os povos germâni-
b) Vilas – correspondiam a pequenas propriedades si-

BO O
cos e tornou-se um ponto de intersecção com a so-
tuadas fora dos domínios do Império Romano, cuja ciedade romana.

SC
economia era marcada pela dinamização comercial e

M IV
c) A economia romana, baseada na pequena proprie-
o intercâmbio de povos oriundos do norte da África. dade familiar, foi transformada a partir das invasões
c) Colonato – consistiu num sistema criado durante germânicas dos séculos IV a VI.

O S
a gestão do imperador romano Constantino. Com d) Os povos germânicos desenvolveram a propriedade
a crise do Império Romano, os plebeus e escravos privada e as relações servis que permitiram a síntese

D LU
empobrecidos passaram a trabalhar para um senhor social com os romanos.
em troca de proteção. Dessa maneira, o colonato
causou uma grande retração na economia, motivada e) A transição para o escravismo feudal foi proporciona-
pelo êxodo urbano e pelo isolamento em feudos. da pelos conflitos constantes nas fronteiras romanas

O C
devido à ofensiva dos magiares.
d) Comitatus – correspondia a uma herança dos tempos As alternativas incorretas misturam conceitos ou trazem formações
do Império Carolíngio, quando os chefes militares, econômico-sociais inexistentes. É correto dizer, na visão de Perry
N X
após as batalhas, concediam terras aos guerreiros.
e) Escolástica – instituição criada pelos romanos que
Anderson, que a ordem feudal foi resultado da fusão do escravismo
romano, após o êxodo urbano, com a sociedade de guerreiros dos
SI E
povos germânicos.
concedia direito à propriedade privada durante o pe-
ríodo do Império Romano.
O

O beneficium era uma recompensa que os chefes militares davam


a quem havia demonstrado bravura nos campos de batalha. Não é
correto dizer que as vilas tinham dinâmica comercial ou qualquer rela-
EN S

ção com a África. O comitatus era a relação de honra e lealdade entre


suserano e vassalo. E a escolástica era uma escola filosófica da Igreja
E U

que buscava unir a fé cristã ao racionalismo.


D E

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
A LD

7. PUC-RS – Entre os reinos bárbaros, surgidos após as in- d) pois, enriquecida com as grandes doações de ter-
vasões germânicas e o fim do Império Romano, o Reino ras feitas pela burguesia, passou a se omitir, não se
Franco foi o mais importante, porque: preocupando mais com a construção de igrejas e
EM IA

a) os reis francos se converteram ao cristianismo e defen- mosteiros.


deram o Ocidente contra o avanço dos muçulmanos. e) servindo como instrumento de homogeneização cul-
b) promoveu o desenvolvimento das atividades comerciais tural diante da fragmentação política da sociedade
ST ER

entre o Ocidente e o Oriente, através das Cruzadas. feudal.


c) nesse período a sociedade feudal atingiu sua confor- 9. Unaerp-SP – O feudalismo, como todos os outros mo-
mação clássica e o apogeu econômico e cultural.
dos de produção, não surgiu repentinamente. Ele foi o
SI AT

d) houve uma centralização do poder e viveu-se um pe- resultado:


ríodo de paz externa e interna, o que permitiu contro-
lar o poder dos nobres sobre os servos. a) do surgimento da Igreja Católica Romana, institui-
ção que, de certa forma, tomou o lugar do Estado
e) os reis francos conseguiram realizar uma síntese
M

romano.
entre a cultura romana e a oriental, que serviria de
inspiração ao renascimento cultural do século XIV. b) de uma síntese entre a sociedade romana em
expansão e a sociedade bárbaro-germânica em
8. PUCCamp – Valendo-se de sua crescente influência re- decadência.
ligiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em c) das contribuições isoladas dos bárbaros e dos roma-
diversos setores da vida medieval: nos que deram aos feudos um caráter urbano.
a) como por exemplo nas universidades, onde dissemi- d) do fortalecimento do Estado e da fragmentação
naram o cultivo das línguas nacionais. política.
b) inclusive estimulando o avanço da ciência, sobretudo e) de uma lenta transformação que começou no final do
da medicina. Império Romano, passou pela invasão dos bárbaros-
c) impedindo a divulgação de conhecimentos científi- -germânicos no século V, atravessou o Império Caro-
cos através do estabelecimento do Index. língio e começou a se efetivar a partir do século IX.

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71

10. UFPR – Sobre a sociedade do Ocidente medieval, con- 13. UPF-RS – De forma geral, sobre a economia medieval,

HISTÓRIA 1
sidere as afirmativas abaixo: é correto afirmar que:
1. Na Alta Idade Média, ocorreu um acentuado proces- a) a moeda era largamente utilizada, o artesanato era a
so de urbanização, seguindo o modelo da urbanida- base da economia e, devido à forte influência religio-
de clássica. sa, as riquezas eram bem distribuídas entre todos os
habitantes.
2. Nessa sociedade, atribuía-se às crianças uma função
na organização social e familiar semelhante àquela b) a economia era baseada na agricultura, prevalecendo
estabelecida para os adultos. o sistema de trocas de mercadorias, com pouco uso
da moeda, e as relações comerciais com outras re-
3. A noção de solidariedade familiar é um traço essen- giões e feudos era pequena.
cial da sociedade medieval.
c) a pecuária era a base da economia, as terras tinham
4. As mulheres, na sociedade medieval, eram total- pouco valor econômico e todos os integrantes da so-
mente excluídas da sucessão. Quando casavam, re- ciedade estavam isentos de impostos.
cebiam como dote bens que seriam administrados

O
pelo marido. d) o artesanato era a base da economia, com os servos

BO O
recebendo salários dos senhores feudais, e a maio-
Assinale a alternativa correta: ria das terras estava concentrada nas mãos da Igreja

SC
a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. Católica.

M IV
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. e) a economia era baseada no comércio; a intensa troca
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. de mercadorias fazia com que as terras ficassem su-

O S
pervalorizadas.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

D LU
e) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. 14. FGV-SP
“A palavra ‘servo’ vem de ‘servus’ (latim), que significa ‘es-
11. PUC-PR – Dentre os vários reinos bárbaros que se for- cravo’. No período medieval, esse termo adquiriu um novo
maram na Europa, após a queda do Império Romano

O C
sentido, passando a designar a categoria social dos homens
ocidental, um teve grande destaque, em virtude de per-
não livres, ou seja, dependentes de um senhor. [...] A condi-
sonagens como Clóvis e Carlos Magno.
N X
O grupo germano organizador de tal reino foi o dos:
ção servil era marcada por um conjunto de direitos senho-
riais ou, do ponto de vista dos servos, de obrigações servis”.
SI E
a) saxões.
Luiz Koshiba. História: origens, estruturas e processos.
b) godos.
Assinale a alternativa que caracterize corretamente uma
O

c) ostrogodos.
dessas obrigações servis.
d) francos.
a) Dízimo era um imposto pago por todos os servos
EN S

e) vândalos.
para o senhor feudal custear as despesas de prote-
ção do feudo.
E U

12. PUC-RS – Para responder à questão, considere as se-


guintes afirmativas sobre o Império Carolíngio, consti- b) Talha era a cobrança pelo uso da terra e dos equipa-
mentos do feudo e não podia ser paga com mercado-
tuído a partir do Reino dos Francos durante a chamada
D E

rias e sim com moeda.


Alta Idade Média.
c) Mão-morta era um tributo anual e per capita, que recaía
A LD

I. A dinastia carolíngia, a partir de Pepino, o Breve, no sé- apenas sobre o baixo clero, os vilões e os cavaleiros.
culo VIII, buscou combater o poder temporal da Igreja
através do confisco de terras eclesiásticas e da dissolu- d) Corveia foi um tributo aplicado apenas no período de-
ção do chamado Patrimônio de São Pedro, na Itália. cadente do feudalismo e que recaía sobre os servos
mais velhos.
II. A partir do reinado de Carlos Magno, coroado “im-
EM IA

e) Banalidades eram o pagamento de taxas pelo uso


perador dos romanos” no ano de 800, a servidão
das instalações pertencentes ao senhor feudal, como
enfraqueceu-se consideravelmente na Europa, pois
o moinho e o forno.
ST ER

o Estado impunha aos nobres a transformação dos


servos da gleba em camponeses livres, para facilitar
15. Faap-SP – A doutrina de Platão influenciou os primeiros
o recrutamento militar.
filósofos medievais, Santo Agostinho, bispo de Hipona
III. Apesar de procurar centralizar o poder, Carlos Magno (354 a 430) e Boécio (480 a 524), autores de Confissões
SI AT

contribuiu para a descentralização política no império, ao e Consolação da filosofia, respectivamente. Mas a filo-
distribuir propriedades de terras e direitos vitalícios entre sofia que predominou na Idade Média foi a:
os vassalos, em troca de lealdade e de serviço militar.
a) sofística.
M

IV. O Tratado de Verdun, firmado entre os netos de Car-


b) epicurista.
los Magno após esses guerrearem entre si, dividia
o império em três partes, que passavam a constituir c) escolástica.
Estados apenas nominais, devido à consolidação da d) existencialista.
ordem política feudal. e) fenomenológica.
São corretas apenas as afirmativas:
16. UECE – Durante o período medieval, a Igreja Católica,
a) I e II. herdeira das tradições romanas, sobressaiu-se como a
b) II e III. mais poderosa instituição e grande baluarte da cultura
c) III e IV. europeia. À medida que avançava e convertia novos po-
vos ao cristianismo, ampliava mais ainda seu poderio
d) I, II e IV.
espiritual e material, e fundia a cultura romana com a
e) I, III e IV. dos povos convertidos.

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72

No que se refere ao papel da Igreja Católica na cultura 17. FDF


HISTÓRIA 1

europeia medieval, é correto afirmar que: “As diversas tradições mentais legadas aos homens da Alta Ida-
a) a educação formal espalhou-se pela Europa através de Média oscilam entre o desprezo e a valorização do trabalho.”
da Igreja Católica, à qual estavam ligadas as escolas LE GOFF, Jacques. Para uma outra Idade Média.
Petrópolis: Vozes, 2013. p. 140.
e as universidades medievais.
Entre as modalidades de trabalho que, na Alta Idade
b) a literatura medieval era dominada pelo tema religio-
Média, eram desprezadas e aquelas que eram valoriza-
so imposto pela Igreja Católica; nesse período não das, podemos citar, respectivamente:
se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro
Sagrado. a) a doutrinação política e a pregação dos religiosos jun-
to aos infiéis.
c) a filosofia escolástica nascida nas universidades cató-
b) a forja das armas dos nobres e a cópia de manuscri-
licas opunha-se à fusão da fé cristã com o pensamen- tos antigos.
to racional humanista.
c) o cultivo das terras e a ourivesaria desenvolvida

O
d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas fica- por artesãos.

BO O
ram livres de qualquer tipo de cerceamento religioso d) a vida contemplativa dos monges e a preparação mi-

SC
por parte da Igreja Católica. litar para o combate.

M IV
ESTUDO PARA O ENEM

O S
18. Enem C4-H18 b) utiliza a energia cinética do vento para movimentar

D LU
Na Idade Média, para elaborar preparados a partir um peso, utilizado, principalmente, para moer ali-
de plantas produtoras de óleos essenciais, as co- mentos, o que aumentou a produtividade e facilitou o
trabalho dos camponeses.
letas das espécies eram realizadas ao raiar do dia.
c) utiliza um sistema de pêndulo, movimentado pela

O C
Naquela época, essa prática era fundamentada mis-
ticamente pelo efeito mágico dos raios lunares, que energia elétrica do vento, para movimentar um
peso, utilizado para moer alimentos, o que au-
N X
seria anulado pela emissão dos raios solares. Com
a evolução da ciência, foi comprovado que a coleta mentou a produtividade e facilitou o trabalho dos
camponeses.
SI E
de algumas espécies ao raiar do dia garante a obten-
ção de material com maiores quantidades de óleos d) utiliza a energia cinética do vento, assim como o moi-
essenciais. nho antigo utilizava a energia potencial da água, para
O

movimentar um pêndulo utilizado, principalmente,


A explicação científica que justifica essa prática se para moer alimentos, o que aumentou a produtivida-
baseia na: de e facilitou o trabalho dos nobres.
EN S

a) volatilização das substâncias de interesse. e) utiliza a energia elétrica do vento, assim como o
E U

moinho antigo utilizava a energia potencial da água,


b) polimerização dos óleos catalisada pela radiação para movimentar um pêndulo utilizado para arejar
solar. ambientes fechados. Isso foi muito importante, prin-
D E

c) solubilização das substâncias de interesse pelo cipalmente, para os monastérios, onde os monges
orvalho. ficavam fechados.
A LD

d) oxidação do óleo pelo oxigênio produzido na


fotossíntese. 20. UNESP C1-H5
e) liberação das moléculas de óleo durante o pro- O cavaleiro é um dos principais personagens nas narra-
cesso de fotossíntese. tivas difundidas durante a Idade Média. Esse cavaleiro é
EM IA

principalmente um:
19. C4-H19 a) camponês, que usa sua montaria no trabalho cotidia-
Graças aos iluministas, que definiram a Idade Média no e participa de combates e guerras.
ST ER

como Idade das Trevas, costuma-se acreditar que não b) nobre, que conta com equipamentos adequados à
houve qualquer avanço tecnológico nesse período, o montaria e participa de treinamentos militares, tor-
que é um equívoco. Uma das grandes invenções me- neios e jogos.
dievais foi o moinho de vento. Sobre isso, é correto
SI AT

c) camponês, que consegue obter ascensão social


afirmar que: por meio da demonstração de coragem e valentia
a) utiliza um sistema de pesos e contrapesos, que nas guerras.
movimenta um pêndulo responsável por arejar am- d) nobre, que ocupa todo seu tempo com a preparação
M

bientes fechados. Isso foi muito importante, princi- militar para as Cruzadas contra os mouros.
palmente, para os monastérios, onde os monges e) nobre, que conquista novas terras por meio de sua
ficavam fechados. ação em torneios e jogos contra outros nobres.

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6
73

IMPÉRIO BIZANTINO E

HISTÓRIA 1
CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA
MEDIEVAL

A ORIGEM DE BIZÂNCIO

O
BO O
O Império Romano era tão grande, vasto e poderoso que cada uma de suas

SC
• A origem de Bizâncio
partes, após o rompimento, teve histórias completamente diferentes.

M IV
• Características gerais do
O Império Bizantino foi a continuação do Império Romano Oriental, que havia sido Império Bizantino
constituído após a morte do imperador Teodósio, no ano 395. A região mais oriental • Preservação do Direito

O S
do antigo Império Romano resistiu às invasões dos grupos bárbaros e a cidade de Romano

D LU
Constantinopla, antes conhecida por Bizâncio, manteve o controle político de terras e • Cristianismo bizantino
povos orientais. Por isso, fala-se em Império Bizantino na Idade Média. • Decadência do império
• Cultura bizantina
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO IMPÉRIO BIZANTINO • Islã

O C
• Origens do Islã
Romano por herança imperial, cristão de religião e helênico por influência grega,
N X
o Império Bizantino tomou uma forma essencialmente diversa, com várias etnias e
um misto de culturas, em que o poder político e o religioso eram, no final das contas,
• Preceitos islâmicos
• Divisão entre islamitas
SI E
• Expansão islâmica
o mesmo poder. Tendo como base forte poder central com perfil despótico, definiu- • A condição feminina na
-se pelo marcante avanço da economia comercial, fato que possibilitou reservas para sociedade islâmica
O

suportar as incursões bárbaro-germânicas. • Cultura islâmica


Além do comércio, a agricultura era desenvolvida, baseada em latifúndios e em
EN S

experiências do colonato e do escravismo, fator que garantiu o abastecimento da HABILIDADES


E U

população urbana durante séculos. • Associar as manifestações


culturais do presente aos
Embora as instituições políticas e administrativas fossem de origem latina, fizeram
seus processos históricos.
parte da formação cultural romana elementos da cultura helenística.
D E

• Comparar pontos de vista


Dentre as várias marcas do Império Bizantino, destaca-se a figura do impera- expressos em diferentes
A LD

dor, considerado comandante das forças militares, da Igreja, juiz supremo, enfim, fontes sobre determinado
representante da vontade de Deus. Dessa forma, o aparelho de Estado envolvia aspecto da cultura.
enorme quantidade de funcionários desempenhando funções que abrangiam ma- • Identificar as manifesta-
ções ou representações da
gistratura, cargos religiosos, arrecadatórios, fiscais e militares.
EM IA

diversidade do patrimônio
A economia experimentou intensa atividade comercial, envolvendo escravos, joias, cultural e artístico em
perfumes, especiarias, porcelanas, armas, peles e alimentos dentre os inúmeros ar- diferentes sociedades.
ST ER

tigos. O Estado controlava rigidamente o comércio interno e externo, estabelecia a • Identificar os significados
exclusividade na emissão monetária e vigiava as atividades artesanais por meio de histórico-geográficos das
guildas – reunião de artesãos de mesmo ofício. O Império Bizantino foi responsável relações de poder entre as
nações.
SI AT

pela preservação das tradições clássicas, sendo também veículo de transmissão des-
• Identificar registros de
ses valores para o Ocidente, com destaque para o direito (tradição romana) e a filoso- práticas de grupos sociais
fia (de tradição grega). Havia vários grupos diferentes de povos de origem germânica: no tempo e no espaço.
M

visigodos, ostrogodos, suevos, burgúndios, francos, vândalos, anglos, saxões, entre • Analisar a importância
outros. Esses grupos fragmentados em tribos não tinham um chefe geral. Na orga- dos valores éticos na
nização tribal germânica, dominada pelos homens da guerra, havia agricultores para estruturação política das
sociedades.
cuidar do sustento da comunidade. A sociedade constituía-se, portanto, de guerreiros
e camponeses.

PRESERVAÇÃO DO DIREITO ROMANO


Na história política bizantina, o imperador Justiniano (527-565) desenvolveu uma
política expansionista para combater os povos bárbaros que haviam destruído o Im-
pério Romano do Ocidente. Junto aos generais Belisário e Narsés, empreendeu a
conquista do norte da África, tomado dos vândalos; da Península Itálica, recuperada
dos ostrogodos; e de parte da Península Ibérica, retirada do controle dos visigodos.

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74

Justiniano afirmava que imprimiria a civilização nas ter- A Questão Iconoclasta teve início quando o impera-
ras que passassem a fazer parte do Império Bizantino. dor Leão III Isáurico (717-741) proibiu a presença de ima-
HISTÓRIA 1

Convocou magistrados e ordenou a compilação de uma gens nas igrejas, exortando a população a destruí-las.
obra legislativa para garantir o que ele entendia por civi- Os bispos ortodoxos reagiram negativamente ao apelo
lização. Disso resultou a criação do Corpus Juris Civilis do imperador, exortando o povo a defender as imagens.
(Corpo Jurídico Civil) em 533, que foi implantado logo O papa Gregório II, de Roma, também condenou e jul-
depois de reprimir o levante popular em Bizâncio contra gou herética a ordem do imperador. O imperador tinha
a tributação excessiva do Estado, conhecido como Re- apoio da população, que temia a idolatria no culto às
volta de Nika, em 532. imagens. A cristandade estava dividida. O filho de Leão
O Corpus Juris Civilis, dividido em quatro partes, III, imperador Constantino V, reuniu bispos na presença
preservou a tradição e a organização do Direito Roma- de um novo patriarca e estabeleceu decretos que proi-
no. A primeira parte, denominada Código, reuniu as leis biam as imagens. O imperador comparou o culto ima-

O
dos imperadores romanos desde Adriano. A segunda gético à idolatria, proibindo a imagem do próprio Cristo.

BO O
parte, com o nome de Digesto ou Pandectas, era uma Estavam lançadas as bases da futura Reforma Religiosa

SC
compilação de textos dos jurisconsultos – magistrados do Ocidente da época moderna, que condenou o culto

M IV
que escreviam sobre o entendimento deles a respeito às imagens. Vale lembrar: as imagens eram produzidas
das leis. Embora não fossem literalmente leis, ajudavam em mosteiros e comercializadas, o que, na visão do im-

O S
na Justiça romana e constituíam a jurisprudência. Além perador, indicava poder e corrupção da Igreja.
da garantia das leis dos imperadores e da jurisprudência A atuação dos imperadores nos assuntos religiosos,

D LU
necessária à realização da Justiça, o Corpus Juris Civilis nomeando patriarcas que conduziam a Igreja no Orien-
incluía, como terceira parte, as Institutas, espécie de te, expressava a ideia de Constantino conhecida como
manual contendo as bases do Direito Romano, dedicado cesaropapismo. Em alguns momentos, esse interven-

O C
aos jovens do império. Por último, as leis de Justiniano cionismo foi favorável ao poder imperial e, em outros
N X
não podiam configurar as antigas leis de Roma que esta- contextos, contribuiu para a crise do poder central.
vam no Código, criando-se a quarta parte – as Novelas. A própria cristandade dividiu-se quando o patriarca
SI E
O Direito tornou-se um instrumento de exercício Miguel de Cerulário rompeu com Roma, declarando uma
do poder. Por meio das leis, os imperadores adquiri- Igreja cristã separada da instituição conduzida pelo papa.
O

ram poderes praticamente sem limites, que garantiam Com o episódio conhecido por Cisma do Orien-
proteção e privilégio ao clero e aos grandes proprietá- te (1054), a cristandade passou a ter a Igreja Católica
EN S

rios, em detrimento da população de colonos e escra- Apostólica Romana, conduzida pelo papa, e a Igreja Or-
vos. Mantinha-se uma burocracia privilegiada com ele- todoxa Grega, sob direção do patriarca.
E U

vados tributos, provocando, de tempos em tempos,


levantes populares. DECADÊNCIA DO IMPÉRIO
D E

O Império Bizantino entrou em gradativo declínio


CRISTIANISMO BIZANTINO por vários fatores, que colaboraram com a sua desa-
A LD

A filosofia era aplicada ao cristianismo e tinha aval gregação: lutas palacianas pelo poder político; divisões
do imperador na busca de consolidar sua força na jun- religiosas que afetavam a ordem imperial; expansões
ção do pensamento lógico com o sentimento religioso. islâmica e bárbara sobre as terras bizantinas; estabe-
EM IA

Houve conflitos na definição de uma doutrina cristã. lecimento de rotas comerciais entre o Oriente e o Oci-
Tais diferenças de interpretação doutrinal vinculavam- dente, sem passar pela cidade de Constantinopla.
-se às variações na filosofia grega antiga, que permi-
ST ER

Por volta do século XIII, os problemas eram tantos


tiam leituras diferentes da mesma realidade. Dessa for- que o Estado, enfraquecido, não suportava mais as
ma, os conflitos religiosos acabavam afetando o poder pressões inimigas. A situação agravou-se com o ataque
político, uma vez que a justificativa para o império era dos cruzados financiados por Veneza (Quarta Cruzada),
SI AT

sobrenatural. Essa ideia criou sérias dificuldades políti- que derrotaram o governo de Constantinopla, com o
cas no império. objetivo de abrir a rota de comércio até então franquea-
Monofisismo, arianismo e iconoclastia foram algu- da aos mercadores de Gênova. Bizâncio (Constantino-
M

mas questões cristológicas importantes que marcaram pla) governava a si e seu entorno. Em 1453, os turco-
divisões na Igreja. -otomanos, conduzidos pelo sultão Maomé II, tomaram
Os monofisistas pregavam a existência de uma a cidade – evento histórico que marca o fim do Império
única natureza para Cristo, composta de elementos Bizantino e o início da Idade Moderna.
divinos, e negavam o dogma cristão romano da San-
tíssima Trindade. Os seguidores desse pensamento CULTURA BIZANTINA
sofreram perseguição por heresia. Os monofisistas A diversidade étnica do império e sua capacidade
afastaram-se para fundar igrejas dissidentes na Síria, de firmar os princípios de ordem naquela sociedade
no Egito e na Armênia. complexa foram determinantes para que uma cultura
O arianismo afirmava que, apesar de ser um ente su- tão rica fosse construída. As movimentações popula-
perior, Jesus era inferior ao Pai, apenas uma criatura sua. res em torno das disputas entre autoridades religiosas

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75

indicavam o envolvimento dos fiéis e o forte sentimen- se houvesse um homem em condição superior para tal
to religioso daquela civilização. cargo na comunidade. Os homens utilizavam a eleição

HISTÓRIA 1
Uma das maiores realizações do império no campo para a escolha do novo líder.
religioso foi a construção da Catedral de Santa Sofia em Embora existissem vários agrupamentos indepen-
Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), entre 532 e dentes, todas se reuniam na cidade de Meca, na Caa-
537, após repressão da Revolta de Nika (532). O império ba, templo onde praticavam culto politeísta em torno
mostrou, nessa gigantesca obra, sua poderosa relação de uma pedra escura (monolito). Os árabes cultuavam
com o cristianismo. Em termos de complexidade, ex- cerca de 365 divindades. Meca era o centro religioso,
pressão de poder imperial, mobilização de recursos hu- mas também econômico, pois as tribos realizavam tro-
manos e materiais, é possível compará-la às pirâmides cas comerciais nessa cidade. A movimentação desses
do Egito Antigo. grupos era constante. A palavra "árabe" significa “nôma-
Outro aspecto relevante da cultura bizantina são os de que vive sob sua tenda no deserto”. Dentre os vários

O
mosaicos. Os murais construídos com pequenos cubos grupos tribais que habitavam a região, destacavam-se

BO O
de pedras e vidros coloridos colados com argamassa os coraixitas, que controlavam algumas cidades da Pe-

SC
têm caráter de uma arte complexa. Os motivos reli- nínsula Arábica, em especial Meca. A família de Mao-

M IV
giosos estão associados ao poder do Estado imperial, mé fazia parte desse grupo, embora não fosse podero-
entre outras características. Os bizantinos também se sa. Vivia nas proximidades do templo (Caaba), cuidando

O S
dedicaram ao vitral mosaico. A técnica do mosaico pos- do espaço sagrado.
sibilita a produção de imagens sem choque com a ico- A vida de Maomé inicialmente foi muito difícil. As

D LU
noclastia, já que a junção das pecinhas dá apenas ilusão mudanças começaram quando ele passou a trabalhar
de imagem, sem ser de fato. para a rica viúva Khadija. Maomé aceitou a proposta
Características da pintura bizantina: de casamento dessa mulher, quinze anos mais velha,

O C
• inexistência de perspectiva e volume; que impôs a condição de ser sua única esposa. Ele se
N X tornou chefe de caravana, o que lhe propiciava manter
• figuras que representam temas religiosos e políticos
contato com muitas comunidades, inclusive de cristãos
(sacras e de imperadores);
SI E
e judeus que afirmavam a crença em Deus. As religiões
• figuras humanas expressas de forma alongada (es- cristã e judaica certamente influenciaram o pensamen-
guias); ausência de paisagem de fundo; uso de íco-
O

to místico de Maomé, que, por volta dos 40 anos, teve


nes e iluminuras; predomínio do mosaico. uma experiência sobrenatural: o anjo Gabriel apareceu
EN S

Os bizantinos tiveram especial interesse pela lite- a ele dizendo que só havia um Deus, Alá, e que ele
ratura clássica, preservando textos satíricos e líricos era o profeta, o último dos profetas, o escolhido para
E U

da tradição romana. Produziram extensa obra religiosa propagar a vontade divina expressa no Islã, palavra que
sobre debates doutrinários e procuraram guardar a his- significa "entrega, obediência, dedicação a Deus".
D E

tória e a filosofia dos antigos, em especial dos gregos. Acreditando ser o último de uma linhagem de profe-
tas, Maomé passou a pregar o Islã em Meca. Sua forma
A LD

A produção literária foi intensa e chegou a cerca de


3 mil obras. de expressar os ensinamentos atraiu muitos discípulos,
pois passava a mensagem divina por meio de um can-
to, tradição dos poetas tribais árabes muito valorizada
O ISLÃ
EM IA

à época. O fundador do islamismo não sabia escrever,


O islamismo foi a última das grandes religiões mo- mas os cantos divinos foram passados para a escrita
por seus seguidores na forma de suras ou suratas.
ST ER

noteístas a surgir e é posterior ao cristianismo e ao ju-


daísmo. É também a religião que mais cresce no mun- A pregação com forte adesão popular logo causou
do atual. incômodo aos sacerdotes de Meca, porque a atuação
do profeta entrava em choque com a concepção po-
SI AT

ORIGENS DO ISLÃ liteísta que divulgavam e, além disso, prejudicava as


Enquanto os bárbaros dominavam as antigas terras finanças. O comércio em Meca gerava grandes lucros
romanas no Ocidente e o Império Bizantino se manti- graças à peregrinação. Com Maomé, essas pessoas
M

nha calcado no poder religioso cesaropapista, herdado sentiram-se ameaçadas. Por isso, o profeta acabou ten-
de Constantino, a Península Arábica passava por uma do sérias dificuldades para manter-se na cidade, com
verdadeira revolução, que constituiu a base da civili- risco até de ser assassinado.
zação islâmica. A Península Arábica não tinha unidade Em 622, Maomé deixou Meca, dirigindo-se a Yatreb,
política, isto é, a organização dos grupos humanos se atual Medina (cidade do profeta). Essa saída, conhecida
definia por chefes tribais escolhidos em cada comuni- por Hégira, marcou o ano um do calendário islâmico.
dade instituída. Sua importância reside na mudança de atitude do profe-
Não havia concepção dinástica de poder, o que im- ta em relação às idolatrias realizadas em Meca. A possi-
portava apenas era a capacidade de atuar da melhor bilidade de existência do islamismo ficou condicionada
maneira para o bem-estar do grupo. O filho de um chefe à destruição dos cultos politeístas de Meca, revelação
tribal poderia não ser escolhido para conduzir o grupo, que recebeu durante sua estada na cidade de Yatreb.

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76

Todo fiel (muçulmano) deveria empreender esforços na discussões que deram origem aos sunitas e xiitas. São
defesa da fé em Alá. verdadeiros partidos políticos preservando o sunismo e
HISTÓRIA 1

De acordo com o Islã, esse esforço ou empenho, o xiismo primitivos.


conhecido por Jihad, é uma ação em defesa da verda-
deira fé, podendo ser educativa ou até uma guerra. Na- EXPANSÃO ISLÂMICA
quele momento, tratava-se do combate aos idólatras de Assentada na Jihad, a expansão islâmica apresenta-
Meca, o que se materializou em uma guerra santifica- va aos conquistados três opções: 1) conversão, ou seja,
da. Em 630, após anos de campanhas, Maomé entrou adesão ao islamismo, à mensagem de Deus contida no
vitorioso em Meca, unindo as várias tribos em torno Alcorão; 2) manutenção da religião dos grupos conquis-
de si. Nascia dessa experiência mística um Estado cujo tados, que deveriam pagar mais tributos; 3) morte.
líder incontestável era o profeta. Aquilo que dizia não Os grupos convertidos eram considerados irmãos
eram palavras suas, e sim de Alá. Assim se constituiu e podiam participar de novas campanhas militares, que

O
um Estado teocrático no mundo árabe, consolidando visavam à expansão da fé. Assim, o islamismo contava

BO O
uma religião monoteísta. Conclusão: a profunda mu- com a força de muitas comunidades, em uma dinâmica

SC
dança política no mundo tribal árabe ocorreu por meio quase irresistível. Podiam manter elementos culturais

M IV
da religião islâmica. próprios desde que não contrários aos ensinamentos
Ainda hoje, para entender as discussões políticas no do Alcorão. Disso se entende a diversidade no mundo

O S
mundo islâmico, deve-se considerar o aspecto religioso islâmico e a capacidade de assimilação cultural que fez
de muitas dessas questões, ou seja, identificar Estados do islamismo uma grande civilização na Idade Média.

D LU
que não passaram por um processo de laicização ou A expansão islâmica no norte da Índia originou mais
que, socialmente, estão embasados na religiosidade, um grupo importante, o sufi. Sufismo é uma corrente
como o Irã dos aiatolás e o Afeganistão dos talibãs, en- mística e contemplativa do Islã, constituída de tradições

O C
tre outros. hindus incorporadas ao islamismo e baseada na con-
N X versão de povos do norte do Subcontinente Indiano. O
PRECEITOS ISLÂMICOS sufismo prega a possibilidade de comunicação com o
SI E
Todos os fiéis devem seguir certos preceitos que divino por meio de meditação e técnicas de respiração
fazem parte da cultura islâmica: que conduzem ao êxtase supremo. A verdade, nesse
O

• Profissão de fé: “Existe um único Deus e Maomé é sentido, não pode ser aprendida, mas experimentada
seu profeta”. por esse êxtase.
EN S

• Oração voltada para Meca cinco vezes ao dia. A CONDIÇÃO FEMININA NA SOCIEDADE
E U

• Jejum durante o mês sagrado do Ramadã. ISLÂMICA


• Zakat não é esmola, mas uma espécie de justiça na Existem inúmeras controvérsias a respeito da con-
D E

sociedade. É obrigatório, efetivando a solidariedade dição feminina no mundo islâmico. Obras denunciam o
das pessoas de fé.
A LD

tratamento conferido às mulheres. Determinadas prá-


• Peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. ticas, incluindo até mesmo mutilação, são aceitas em
países islâmicos, mas o Alcorão não trata do assunto. É
DIVISÃO ENTRE ISLAMITAS uma questão difícil, porque se trata de elementos cultu-
EM IA

Após a unificação das tribos, Meca tornou-se eixo rais difundidos socialmente e que têm, por conta disso,
do Islã, a cidade sagrada que todo muçulmano deve a conivência de muitas mulheres islâmicas.
ST ER

visitar. Para os islâmicos, Maomé havia cumprido sua Pode-se inferir, com base no Alcorão, uma assime-
missão quando morreu, em 632. Contudo, eles neces- tria na relação entre homem e mulher, justificada pelo
sitavam de um guia, um chefe para conduzir a vida na desígnio divino.
Terra. Começaram as discussões em torno de quem
SI AT

Muito já foi escrito a respeito da intolerância islâmica,


seria o califa (sucessor). O debate dividiu o mundo is- do fundamentalismo radical que desrespeita culturas e
lâmico em dois grupos fundamentais: xiitas e sunitas. insere-se no universo da violência. É preciso relativizar
Os xiitas defendiam o caráter sagrado da família de
M

ou, ao menos, não generalizar a marca da intolerância


Maomé, sendo partidários de Ali, primo e genro do pro- ao mundo islâmico como um todo. Analisando o período
feta. Os sunitas, ao contrário, afirmavam que o impor- medieval, exemplos de convívio com a diversidade e de
tante não era ser da família de Maomé, mas ter uma admiração islâmica por elementos exógenos não faltam.
vida de virtudes como a do profeta. Essa vida de virtu-
des era contada na Sunna. Assim, os sunitas preten- CULTURA ISLÂMICA
diam convocar uma eleição segundo a antiga tradição
tribal, cujo critério de escolha seria o Livro das Virtudes. Filosofia
Apoiado pelos sunitas, Abu Bakr assumiu a condi- Os pensadores islâmicos tiveram acesso às obras
ção de califa, oficializando a divisão islâmica. Até hoje gregas antigas, que foram traduzidas para o árabe.
há componentes locais em disputa pelo controle do Es- Boa parte do patrimônio filosófico grego se preservou
tado em países islâmicos, não se referindo às primeiras nessa língua. Admiradores de Platão e Aristóteles,

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77

intelectuais muçulmanos escreveram tratados filosó- das coisas do mundo. Eles estudavam os elementos
ficos inspirados no pensamento grego, buscando uma constituintes da matéria, base da química hoje conheci-

HISTÓRIA 1
síntese entre o idealismo platônico e o materialismo da. A identificação desses elementos (químicos) possi-
aristotélico, entre outros aspectos. Al Kindi, Al Farabi, bilitou a realização de misturas que produziram álcoois,
Ibn Sina (Avicena), Al Ghazali, Ibn Rushd (Averróis) e ácidos, sais e bases. Impossível falar da química sem
Ibn Khaldun são alguns dos representantes dessa filo- abordar seu nascimento no mundo islâmico.
sofia islâmica medieval. Tendo como base estudos alquímicos, os islâmicos
desenvolveram medicamentos para tratar infecções,
Matemática produzindo, assim, uma farmacopeia primitiva. Contri-
Os islâmicos também incorporaram conhecimentos buíram para o estudo do corpo humano, seu funciona-
matemáticos do mundo hindu, como a noção do zero mento e sua condição saudável pautada na lógica dos
(vazio), desenvolvendo os algarismos arábicos, mais humores (líquidos) que circulam nele. A medicina oci-
tarde assimilados pelos europeus por possibilitar me-

O
dental medieval fundamentava-se nos conhecimentos

BO O
lhor aplicação matemática. Além da álgebra, a geome- islâmicos na área.

SC
tria desenvolveu-se principalmente porque o Alcorão

M IV
proíbe as representações humanas e de animais nas Arabescos
mesquitas, o que ajudou na valorização dos motivos Outro aspecto da cultura islâmica é a arte dos ara-
bescos. Com a proibição de representar figuras huma-

O S
geométricos na decoração islâmica.
nas ou de animais em templos, para evitar a idolatria,

D LU
Química e medicina a arte da decoração teve sentido mais abstrato, desta-
Podemos citar, também, como parte da cultura islâ- cando-se por desenhos pautados na geometria e nos
mica medieval, o desenvolvimento da alquimia, pois os motivos florais, especialmente na ornamentação das

O C
islâmicos valorizavam o entendimento da composição mesquitas (templos islâmicos).
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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78

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

IMPÉRIO BIZANTINO

Características

O
BO O
SC
M IV
Origem:

Continuação do Império Romano do Oriente no período medieval.

O S
Cristã, helênica e pluriétnica.

D LU
Despotismo com base em aspectos religiosos e políticos.

O C
Economia comercial e agrícola.

N X
Preservação das tradições clássicas (romana e grega).
SI E
O

Preservação do Direito Romano:


EN S

Corpus Juris Civilis (533) preservou o Direito Romano como instrumento de poder.
E U

Burocracia elevadora de tributos.


D E
A LD

Cultura e cristianismo:
EM IA

Catedral de Santa Sofia (532-537), mosaico, pintura religiosa e literatura clássica.


ST ER

Incentivo ao pensamento lógico e religioso, discussões cristológicas, contestação do poder de Roma.Cisma

do Oriente, intervencionismo imperial em assuntos religiosos.


SI AT
M

Decadência:
Conflitos pelo poder político, divisão religiosa, expansões islâmica e bárbara, rotas comerciais entre Oriente

e Ocidente.

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79

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA MEDIEVAL

Cronologia e características gerais

O
BO O
SC
M IV
Antecedentes:
Península da Arábia sem unidade política, povos árabes (tribos nômades), Meca (centro religioso e econômico).

O S
D LU
O C
N X
SI E
Origem e preceitos islâmicos:
Cultura árabe, propagação feita por Maomé, influências judaica e cristã, monoteísmo, rituais específicos.
O
EN S
E U
D E

Divisão e expansão:
A LD

Discussões acerca do Califa (sucessor), separação fundamental (xiitas e sunitas), disputa pelo controle do

Estado, expansão islâmica em nome da conversão, mensagem de Deus, manutenção religiosa.


EM IA
ST ER

Cultura:
SI AT

Questões de gênero com base no Alcorão, produção filosófica, conhecimento matemático, alquimia, medicina,

arabescos.
M

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80

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. PUC-PR – O Império Bizantino foi uma civilização na qual no Ocidente.


a religião tinha um lugar de grande destaque. Temas reli- d) defendiam a liberdade para todos os povos e pres-
giosos eram muito correntes entre a opinião pública em cindiam da adoção de um livro sagrado para orientar
geral. Em diversos setores da vida bizantina havia forte as orações.
influência religiosa. Em especial, na vida política havia e) tinham relações com a filosofia grega, desprezando o
uma conexão importante entre Estado e Igreja, chegando espiritualismo exagerado e organizando o poder dos
o imperador a ter um papel de destaque na vida religiosa sacerdotes.
em Bizâncio. Com base no exposto, indique o tipo de
A sociedade árabe era dividida politicamente em cidades e tribos rivais. As
regime político que se desenvolveu no Império Bizantino. pregações de Maomé, ainda em Meca, não agradavam a elite governante,
a) Califado. que controlava o comércio e lucrava com a peregrinação à cidade. Essa eli-
te temia que a pregação monoteísta acabasse com a prática da peregrina-
b) Monarquia absolutista. ção e afetasse o comércio, daí as perseguições que resultaram na Hégira.

O
c) Monarquia eletiva. Competência: Compreender os elementos culturais que constituem

BO O
d) Cesaropapismo. as identidades.

SC
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes do-
e) Sacro Império Romano. cumentais acerca de aspectos da cultura.

M IV
Seja como César, Kaiser ou Czar, o nome do romano Júlio César ficou
para sempre vinculado a uma posição de comando do Estado. No caso do 5. UFPR – A presença islâmica na Península Ibérica esten-
Império Bizantino, a Igreja estava aliada a essa esfera de poder. Era uma
de-se desde 711, data da Batalha de Guadalete, quando

O S
união de funções imperiais e pontificiais. Daí o termo "cesaropapismo".
os visigodos são vencidos pelos invasores árabes, até o
2. UECE – Os árabes tentaram várias vezes conquistar o

D LU
século XV, quando, em 1492, os reis católicos da Espa-
Império Bizantino, que resistiu graças ao seu sistema
nha conquistam o Reino de Granada, último núcleo mu-
defensivo bastante eficiente. Incursões à cidade de
çulmano na península. Tal convivência entre as culturas
Constantinopla, capital imperial, não tiveram êxito, fato
ocidental e árabe num mesmo espaço geográfico, du-
importante, porque, caso a conquistassem, eles:

O C
rante cerca de sete séculos, teve como consequência
a) teriam acesso à Europa em sua totalidade. principal:
N X
b) legitimariam o ensino do cristianismo.
c) adotariam a política expansionista bizantina.
a) a realização de uma síntese cultural que gera, nos sé-
culos medievais, uma cultura peninsular mais pobre do
SI E
d) fragmentariam o mundo islâmico. que em qualquer outra parte da cristandade ocidental.
A História da Europa foi construída junto a um mito: a suposta civilização
b) a interpretação e atualização da cultura clássica na
O

europeia por excelência. Sabemos que isso não existiu, pois a história da cristandade ocidental através das contribuições dos
Europa é marcada por migrações, movimentos de povos distintos, em árabes.
uma grande mistura de judeus, celtas e saxões, germânicos, greco-roma-
EN S

nos, e árabes. Por outro lado, os fatos que impediram invasões militares
c) uma simpatia permanente entre cristãos e árabes que
dos povos árabes são utilizados como marcos dessa suposta civilização limitou o movimento das Cruzadas na Terra Santa.
E U

pura. Daí a importância da resistência na cidade de Constantinopla. d) o atraso da Península Ibérica nas ciências ditas expe-
3. Uniube-MG – O Império Bizantino, após a queda de rimentais – medicina, astronomia, matemática, carto-
grafia e geografia.
Roma, gradativamente se afastou da influência ociden-
D E

tal e da autoridade exercida pelo papa. Em meados do e) o desenvolvimento de um estilo artístico nas mes-
quitas que privilegia as representações de figuras
A LD

século XI, após uma série de discordâncias, ocorreu o


Cisma do Oriente, que dividiu o cristianismo em duas humanas.
Os árabes muçulmanos nesse período eram (como a maioria ainda é)
partes. No Ocidente, a Igreja Católica Apostólica Roma- bastante tolerantes, e havia uma convivência com diversos povos. Na
na se manteve, mas, no Oriente, outra Igreja cristã foi Península Ibérica, intelectuais árabes traduziram diversas obras de au-
formada. Assinale o nome que recebeu a Igreja do Im- tores gregos e romanos e, dessa forma, contribuíram para a difusão da
EM IA

pério Bizantino: cultura clássica na Europa medieval, que vinha sendo sofisticada por eles
desde que a Grécia macedônia avançara sobre o Oriente.
a) Igreja Protestante.
ST ER

b) Igreja Cristã Ortodoxa Grega. 6. UFPE – A religião muçulmana foi eixo da cultura de mui-
tos povos e estimulou conquistas importantes no campo
c) Igreja Renascentista. das vitórias imperialistas. Possui semelhanças com a reli-
d) Igreja Supra Oriental. gião cristã, embora mantenha tradições vindas de outros
SI AT

e) Igreja Moderna. credos. A propósito, a religião muçulmana:


Até hoje, no Leste Europa predomina a Igreja Ortodoxa. Não é correto, ( V ) Cultua um único Deus, além de, como os cristãos,
a essa altura, falar em Igreja Protestante. O restante das alternativas acreditar na existência do bem e do mal.
remete a fatos que não existiram.
( F ) Ficou ausente dos feitos culturais da literatura me-
M

4. UESPI C1-H1 dieval, vinculando-se apenas às reflexões filosóficas.


( V ) Acredita nas revelações de Maomé, seu grande pro-
As pregações de Maomé não agradaram a grupos im-
feta, que prometia o paraíso para seus seguidores.
portantes, politicamente, da sociedade árabe. Suas con-
cepções e crenças: ( V ) Se rege pelo Livro do Alcorão, onde se pode en-
contrar os princípios que definem suas crenças e
a) adotavam o monoteísmo e tinham relações com o suas relações com o judaísmo.
cristianismo, conseguindo adesão de muitos que vi-
sitavam Meca. ( F ) Desconfia das promessas de um juízo final, embo-
ra acredite na existência do inferno e do paraíso.
b) eram elitistas, sem preocupação com a situação de mi-
séria da época e a violência das guerras entre as tribos. Não é correto afastar a religião muçulmana da literatura medieval. Da mes-
ma forma, é incorreto dizer que os muçulmanos não acreditam no juízo final.
c) desconsideravam as questões sociais e visavam fir-
mar um império poderoso para combater os cristãos

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81

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

HISTÓRIA 1
7. PUC-PR – O Império Bizantino ou Romano do Oriente 11 UEMS – O que foi a Revolta Nika que ocorreu no Impé-
existiu durante a Idade Média, sendo-lhe cronologica- rio Bizantino em 532 d.C.?
mente coincidente. Sobre o tema, assinale a alterna- a) Um movimento cultural que ocorreu na Europa para
tiva correta: difundir o Velho Testamento.
a) Seu período de maior esplendor e expansão ocorreu b) Um movimento contra o imperador Justiniano, pro-
sob o governo de Justiniano, que mandou fazer a co- vocado pelos seus inimigos políticos, os aristocratas
dificação das leis romanas. legitimistas.
b) Sua posição geográfica correspondia às terras da par- c) Uma tentativa de invasão dos bárbaros sobre o que
te ocidental do Império Romano. restava do Império Romano Ocidental.
c) Apresentava excessiva descentralização política, o d) Um conjunto de prescrições da Igreja Católica Roma-
que enfraquecia os imperadores (baliseus). na contra os bárbaros que invadiram Roma.

O
d) Reprimiu violentamente a heresia dos cátaros, que e) Uma tentativa de tomar o poder do imperador Augus-

BO O
ameaçava a sua unidade religiosa. to, por uma parte do exército romano.

SC
e) A força da cultura romana fez com que o latim fosse
12. UEM-PR – Sobre a arte do Império Bizantino, assinale o

M IV
língua de emprego geral.
que for correto:
8. UPE – Na Idade Média, Bizâncio era um importante cen- a) Em certo período do império, devido a um empobre-

O S
tro comercial e político. Merecem destaques seus fei- cimento geral, a pintura mural tomou, por vezes, o
tos culturais, mostrando senso estético apurado e uso lugar dos mosaicos.

D LU
das riquezas existentes no Império. Na sua arquitetura, b) O édito imperial de 726, que proibia as imagens reli-
a Igreja de Santa Sofia destacou-se pela: giosas, foi, durante muito tempo, respeitado em toda
a extensão do império.
a) sua afinação com o estilo gótico, com exploração dos
c) Com a queda de Constantinopla, os ícones deixaram

O C
vitrais e o uso de metais na construção dos altares.
de ser produzidos e, portanto, de circular, o que con-
b) simplicidade das suas linhas geométricas, negando tribuiu para o seu rápido desaparecimento como ex-
N Xa grandiosidade como nas outras obras existentes
em Bizâncio.
pressão artística.
d) A escultura tinha uma prática limitada no interior do
SI E
c) grande riqueza da sua construção, com uso de mo- Império, restringindo-se, na maioria das vezes, à or-
saicos coloridos e colunas de mármores suntuosas. namentação arquitetônica.
O

d) imitação que fazia dos templos gregos, com altares e) De uma maneira geral, pode-se afirmar que os produ-
dedicados aos mitos mais conhecidos, revelando tores de imagem estavam submetidos, no exercício
paganismo.
EN S

do seu ofício, a rígidas convenções estéticas.


e) consagração dos valores católicos medievais, em
13. UPE – O islamismo – religião pregada por Maomé e
E U

que a riqueza interior era importante em toda cultu-


ra existente. seus seguidores – tem hoje mais de 1 bilhão de fiéis
espalhados pelo mundo, sendo ainda predominante no
D E

9. PUC-PR – A história do Império Bizantino abrangeu um Oriente Médio, região onde surgiu. Um dos principais
período equivalente ao da Idade Média, apesar da insta- fundamentos da expansão muçulmana é a Guerra San-
A LD

bilidade social, decorrente, entre outros fatores: ta. A respeito dos muçulmanos, é correto afirmar que:
a) dos frequentes conflitos internos originados por con- a) a expansão árabe-muçulmana acabou por islamizar
trovérsias políticas e religiosas. uma série de povos, exclusivamente árabes.
b) da excessiva descentralização política que enfraque- b) o povo árabe palestino, atuando na revolução armada
EM IA

cia os imperadores. palestina, rejeita qualquer solução que não a liberta-


ção total do Estado de Israel.
c) da posição geográfica de sua capital, Constantinopla,
vulnerável aos bárbaros que com facilidade a inva- c) em Medina, a religião criada por Maomé, embora
ST ER

diam frequentemente. tenha crescido rapidamente e tenha criado a Guerra


Santa – Jihad – não teve caráter expansionista.
d) da constante intromissão dos imperadores de Roma
em sua política. d) a história do Líbano contemporâneo esteve sempre
ligada à busca de um certo equilíbrio entre várias co-
SI AT

e) da falta de um ordenamento jurídico para controle da munidades que compõem o país, especialmente as
vida social. duas mais importantes: xiitas e cristãos.
e) a facção dos fundamentalistas islâmicos pertence à
10. Fuvest-SP – Entre os fatores citados abaixo, assinale
M

corrente xiita, sendo que os mais radicais repudiam


aquele que não concorreu para a difusão da civilização os valores do mundo ocidental moderno.
bizantina na Europa Ocidental:
a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a 14. Vunesp – O islamismo, ideologia difundida a partir da
queda de Constantinopla. Alta Idade Média, em que o poder político confunde-se
b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a com o poder religioso, era dotado de certa heterogenei-
quebra da unidade da Igreja Católica. dade, o que pode ser constatado na existência de seitas
c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, co- rivais como:
nhecida como Corpus Juris Civilis. a) politeístas e monoteístas.
d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas. b) sunitas e xiitas.
e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas ita- c) cristãos e muezins.
lianas com os portos bizantinos nos mares Egeu d) sunitas e cristãos.
e Negro. e) xiitas e politeístas.

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82

15. UPE – Sobre a cultura islâmica, analise atentamente as 17. UFPR – Considere a seguinte afirmação sobre o ter-
HISTÓRIA 1

afirmativas abaixo. mo “bizantino”:


I. A cultura islâmica afirmou-se pela sua religiosidade e “É essencial lembrar que bizantino não tem conotação ét-
pela falta de descobertas em outras áreas da produ- nica, mas civilizacional [...]. O termo bizantino foi vulga-
ção cultural. rizado apenas a partir do século XVI, depois do desmem-
II. A interação da cultura islâmica com a ocidental trouxe bramento do império, que, em vida, se via como herdeiro e
contribuições importantes e renovadoras. continuador do império Romano.”
III. As conquistas territoriais dos árabes atingiram territó- FRANCO JR., Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. O
rios do continente europeu. Império Bizantino. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 7-8.
IV. As divisões internas do islamismo causaram dispu- a) Em que medida o Império Bizantino pode ser consi-
tas políticas que ainda permanecem na sociedade derado herdeiro e continuador do Império Romano?
contemporânea.
V. Não há semelhanças entre o islamismo e o cristianismo.

O
Após a análise, conclui-se que:

BO O
SC
a) todas as afirmativas estão corretas.

M IV
b) apenas as afirmativas I e V estão incorretas.
c) apenas as afirmativas III, IV e V estão corretas.

O S
d) apenas a alternativa V está incorreta.
e) apenas a afirmativa III está incorreta.

D LU
16. UPE – Muitas vezes, dá-se um destaque exagerado às
guerras comandadas pelos árabes nos tempos medie-
vais, enquanto as suas contribuições culturais perma-

O C
necem como exemplos da riqueza de seus feitos. Além
disso, as suas atividades comerciais dão mostras do
N X
dinamismo dos árabes, pois: b) Estabeleça as diferenças entre esses dois impérios
entre os séculos V e VII.
SI E
a) conseguiram dominar o comércio medieval, trazen-
do mercadorias do Oriente para Europa Central, em
grande quantidade.
O

b) utilizaram muitos instrumentos comerciais como


cartas de crédito e companhias de ações para facili-
EN S

tar os negócios.
c) centralizaram suas atividades em corporações esta-
E U

tais bastante produtivas, com manufaturas articula-


das com a exportação comercial.
d) desenvolveram rotas comerciais no Oceano Pacífico,
D E

por onde exportavam seda e pólvora para as cidades


da Ásia.
A LD

e) tiveram boas relações com as cidades francesas e


italianas durante os séculos finais da Idade Média,
vendendo-lhes especiarias do Oriente.
EM IA

ESTUDO PARA O ENEM


ST ER

18. FGV-SP C 3-H 14 sugeriram que o produto deveria ser excomungado, por
A Hégira, um dos eventos mais importantes do islamismo ser obra do diabo. O papa Clemente VIII (1592-1605), con-
e que marca o início do calendário islâmico, corresponde: tudo, resolveu provar a bebida. Tendo gostado do sabor,
SI AT

decidiu que ela deveria ser batizada para que se tornasse


a) à entrada triunfal de Maomé em Meca em 630.
uma ‘bebida verdadeiramente cristã’.”
b) ao casamento de Maomé com uma rica viúva, dona
de camelos. THORN, J. Guia do café. Lisboa: Livros e Livros, 1998. (Adaptado)
M

c) à fuga de Maomé e seus seguidores de Meca A postura dos clérigos e do papa Clemente VIII diante
para Medina. da introdução do café na Europa Ocidental pode ser ex-
d) à revelação de Maomé que lhe foi transmitida pelo plicada pela associação dessa bebida ao:
arcanjo Gabriel. a) ateísmo. d) islamismo
e) ao grande incêndio da Caaba em Meca em 615. b) judaísmo. e) protestantismo.
19. Enem C6-H27 c) hinduísmo.
“O café tem origem na região onde hoje se encontra a
20. Unirg-TO C1-H1
Etiópia, mas seu cultivo e consumo se disseminaram a
partir da Península Árabe. Aportou à Europa por Constan- Leia o fragmento.
tinopla e, finalmente, em 1615, ganhou a cidade de Veneza. “A civilização árabe foi o resultado da reunião de elementos
Quando o café chegou à região europeia, alguns clérigos culturais de muitos povos: árabes, persas, egípcios, bizanti-

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83

nos e ainda outros. Ela não é, assim, puramente muçulmana, De acordo com o exposto no fragmento, a cultura mu-

HISTÓRIA 1
uma vez que entre seus criadores contam-se muitos cristãos, çulmana caracterizou-se, na Idade Média, pela:
judeus e outros grupos religiosos. Apesar da diversidade das a) afirmação de um isolamento cultural provocado pelas
suas origens, os muçulmanos não realizaram apenas uma barreiras linguísticas.
justaposição mecânica de culturas anteriores nem foram uni-
b) ausência de originalidade gerada pela apropriação de
camente transmissores de conhecimentos antigos. Criaram
outras culturas.
conhecimentos novos, cujo meio de divulgação foi a língua
árabe, veículo do saber e da ciência durante a Idade Média.” c) agregação de elementos culturais diversos na cons-
trução de saberes.
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. A Península Ibérica entre o
Ocidente e o Oriente. São Paulo: Atual, 2002. p. 30. d) negação das culturas de origem cristã e judaica de-
corrente do seu caráter ortodoxo.

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CRISE DO FEUDALISMO:
HISTÓRIA 1

CRUZADAS

TEMPOS DE REESTRUTURAÇÃO

O
BO O
O cenário medieval transformou-se e modificou a forma como a sociedade se

SC
• Tempos de reestruturação
relacionava. Entre os fatores que levaram à crise da ordem feudal, destacam-se

M IV
• A Baixa Idade Média
as Cruzadas.
• Crise dos séculos XIV e XV

O S
• Papel da Igreja
• Universidades e filosofia FATORES DETERMINANTES DAS CRUZADAS

D LU
• Literatura
• Arte românica e gótica OCIDENTE EUROPEU
Muitos historiadores concordam que existiu, na ordem feudal, uma feudo-clerica-

O C
HABILIDADES lização das relações. Isso significa dizer que havia um processo de transmissão de
N X
• Interpretar histórica e/ou
geograficamente fontes
poder entre a nobreza feudal e o clero, o que é justificado, pois os nobres que não
receberiam terra pelo regime de sucessão (apenas o primogênito homem a herdava)
SI E
documentais acerca de
aspectos da cultura. tinham a chance de realizar seu desejo de poder administrando terras da Igreja, na
condição de bispo ou outro funcionário. A população só não poderia crescer muito,
• Analisar a produção da
O

memória pelas sociedades pois faltariam terras da instituição religiosa para todos os membros da nobreza.
humanas. Essa situação permaneceu sem grandes conflitos até o início século XI, pois as
EN S

• Associar as manifestações altas taxas de natalidade e mortalidade se traduziam em baixo crescimento vegeta-
culturais do presente aos tivo. Essa estabilidade do contingente populacional europeu contribuiu para a ordem
E U

seus processos históricos. feudal se manter sem grandes alterações. Em seguida, até meados do século XIV,
• Comparar pontos de vista houve uma inflexão na demografia europeia. A população cresceu significativamente,
D E

expressos em diferentes colocando em questão o modelo feudal, visto que muitos elementos da nobreza não
fontes sobre determinado
herdavam terra nem tinham espaço para ocupar os elevados cargos da instituição
A LD

aspecto da cultura.
eclesiástica. Dessa maneira se esboçou uma crise no sistema feudal. Os índices de
• Identificar as manifestações
ou representações da crescimento vegetativo e de expectativa de vida elevaram-se no período.
diversidade do patrimônio Os historiadores apresentam explicações variadas para o crescimento vertiginoso
EM IA

cultural e artístico em da população:


diferentes sociedades.
• A ausência de epidemias, por conta do enclausuramento do feudo ou por ques-
ST ER

tões climáticas, teria reduzido o índice de mortalidade.


• A suavização do clima, com invernos menos rigorosos, possibilitou produção
agrícola variada e diversificada em termos nutricionais.
SI AT

• Novos hábitos alimentares, com a introdução de leguminosas ricas em ferro e


outros nutrientes, melhoraram a qualidade de vida dos europeus.
• O desenvolvimento de técnicas agrícolas aumentou a produtividade no campo
M

– uso do arado pesado e do cavalo como animal de tração; criação do sistema


de rotação de cultura e divisão das terras aráveis em três partes, deixando um
terço em descanso periódico. Antes os camponeses dividiam as terras aráveis
em duas partes, cultivando metade a cada ano.
• Padrão de guerra envolvendo poucos homens – suserano e alguns vassalos.

ORIENTE
Os turco-otomanos islamizados avançavam pelas terras do Império Bizantino,
ameaçando a cristandade. Locais considerados sagrados pelos cristãos, como Je-
rusalém, foram controlados pelos islâmicos radicais, que fecharam as rotas de
peregrinação para judeus e cristãos.

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Houve, no século XI, uma divisão da cristandade, dem caridosa e sem caráter militar, após envolvimento
pois o patriarca de Constantinopla, Miguel de Cerulário, de nobres, passou a atuar na defesa dos peregrinos

HISTÓRIA 1
estabeleceu, em 1054, uma Igreja cristã independente ameaçados pelos islâmicos otomanos, assumindo ca-
de Roma, episódio conhecido por Cisma do Oriente. A ráter belicista, pois abrigava apenas militares comba-
partir daí passaram a existir duas igrejas cristãs: Igreja tentes nas terras orientais. Só em 1179, seguindo o
Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Ortodoxa pensamento de Santo Agostinho, a instituição decla-
Grega. A primeira chefiada pelo papa e, a segunda, pelo rou a luta contra os infiéis como Cruzada.
patriarca de Constantinopla.
Os papas não aceitavam a decisão unilateral do pa- Ordem Teutônica
triarca Miguel de Cerulário, contudo precisavam mos- Organizada pela nobreza alemã, a Ordem Teutônica
trar, aos cristãos do Oriente, sua importância na condu- surgiu no final do século XII com o intuito de combater
ção da vida dos fiéis. Em outras palavras, precisavam os infiéis. Politicamente, dominou a Europa, as terras

O
tornar-se visíveis no Oriente. da Polônia e da Lituânia. O papa Clemente III oficializou

BO O
a instituição, garantindo que se reportasse exclusiva-

SC
ORDENS DE CAVALARIA mente a ele. A Ordem Teutônica teve participação de al-

M IV
Diante dessa situação, o papa Urbano II convocou o gumas das famílias mais poderosas das terras alemãs,
Concílio de Clermont e fez um apelo à cristandade para como os Hohenzollern prussianos.

O S
unir-se contra os infiéis. Teve início a Cruzada, a Guerra As ordens construíram vasto conhecimento sobre o
Santa da cristandade contra os islâmicos. mundo oriental e enriqueceram por conta de doações

D LU
Ao propor a Cruzada, em 1095, o papa procurava dos fiéis, pagamentos de proteção e ataques às terras
resolver o problema relacionado ao crescimento demo- de controle islâmico. Embora fossem expressão de um
gráfico, pois muitos desprovidos de terras percebiam novo poder, estavam submetidas a rígida disciplina. O

O C
na campanha a oportunidade de obter riqueza e poder. próprio papa fazia a sagração do cavaleiro, que aceitava
N X
O empreendimento atendia à demanda europeia por o código de honra sobre a guerra e o sistema de hierar-
terras e representava a oportunidade de liberar os luga- quias em cada ordem de cavalaria. Isso revelava um im-
SI E
res sagrados do domínio muçulmano. O papado roma- portante conteúdo político no movimento cruzadista eu-
no poderia, assim, solucionar a crise feudal e ampliar ropeu, pois era a projeção do próprio poder papal que se
O

sua influência no Oriente. irradiava com a nobreza guerreira para as terras orientais.
Entende-se Cruzada como o movimento militar de As Cruzadas representaram na história mais que
EN S

caráter religioso para combater os infiéis. Era a Guerra interesse religioso ou territorial associado à Igreja e à
Santa da cristandade. nobreza. Seus efeitos modificaram a vida dos europeus
E U

Para além do interesse religioso, a nobreza guerreira e contribuíram para aprofundar a crise do feudalismo.
buscava, com o apoio da Igreja, realizar seus interesses
D E

territoriais. Muitos nobres sem terras pelo direito de primo- CRUZADAS OFICIAIS
As Cruzadas foram iniciadas quando o papa Urbano
A LD

genitura viam as ordens de cavalaria como portas para a


conquista de poder. Templários, hospitalários e teutônicos II, no Concílio de Clermont (1095), recorreu aos cristãos
foram os cavaleiros que mais tiveram projeção no período. a fim de libertar o Santo Sepulcro. A multidão entusias-
mada partiu para a Terra Santa, chefiada por Pedro, o
EM IA

Ordem dos Templários Eremita. Como não estavam preparados para a guerra,
A Ordem dos Templários originou-se da atuação do foram dizimados pelos húngaros e búlgaros. Seguiram-
ST ER

nobre Hugo de Payens, provavelmente pai de São Ber- -se outras expedições, chefiadas por senhores feudais
nardo, que organizou um grupo militar (1118) para atuar experimentados, e muitas chegaram a atingir Jerusalém.
nas estradas dando proteção aos peregrinos cristãos que A Primeira Cruzada ou Cruzada Senhorial (1096--
rumavam para Jericó e Jerusalém. Os templários a prin- 1099), formada por cerca de 1 milhão de pessoas, sob o
SI AT

cípio viviam na pobreza. Em 1128, a ordem, já conhecida comando de Godofredo de Bulhão, depois de enfrentar
como Cavalaria de Cristo, ganhava mais adeptos. Somen- numerosas dificuldades, tomou a cidade de Jerusalém
te em 1139 o papa Inocêncio II a reconheceu, relevando em 1099. O duque Godofredo recusou o título de rei
M

as considerações do próprio São Bernardo no tratado De de Jerusalém, preferindo ser chamado barão do Santo
Laude Novae Militiae. Hierarquizada e conduzida por um Sepulcro. O Reino de Jerusalém durou 87 anos.
grão-mestre, a organização responderia por seus atos Consequências do estabelecimento cristão: 1) in-
apenas ao papa, estando proibidas ingerências de pode- trodução do feudalismo na região; 2) organização das
res temporais e de outras autoridades eclesiásticas. ordens dos monges cavaleiros para defesa dos estados
cristãos – hospitalários e templários.
Ordem dos Hospitalários A Segunda Cruzada (1147-1149), comandada por Luís
A Ordem dos Hospitalários é anterior ao estabele- VII da França e pelo imperador Conrado III da Alema-
cimento das Cruzadas pelo papa Urbano II. Nasceu em nha, foi organizada porque o Reino de Jerusalém estava
1070, quando os mercadores financiaram construções ameaçado pelos turcos. Acabou derrotada pelos turcos.
religiosas nas proximidades do Santo Sepulcro. A or- Em 1187, o sultão Saladino apoderou-se de Jerusalém.

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A Terceira Cruzada ou Cruzada dos Reis (1189-1193) O despertar da curiosidade europeia influenciou a
foi chefiada pelos maiores soberanos da época: Ricardo incorporação de conhecimentos sobre doenças e seus
HISTÓRIA 1

Coração de Leão, da Inglaterra; Frederico Barba Ruiva, tratamentos (medicina islâmica); relações de medida
imperador da Alemanha; e Filipe Augusto, rei da França. e proporção, expressas nos algarismos arábicos (ma-
Frederico morreu em guerra na Síria; Filipe abandonou temática); e filosofia grega, preservada em textos de
a Cruzada para cuidar de seu trono; e Ricardo, após pensadores islâmicos, como Averróis e Avicena.
algumas vitórias, negociou com Saladino a libertação Além disso, movimentações no interior da nobreza
de Jerusalém. Em razão das rivalidades dos monarcas europeia ampliavam o poder de senhores feudais que de-
entre si e com a Igreja, a cruzada fracassou e o sultão tinham o título de rei. Os tribunais reais com precedência
Saladino continuou triunfante. em julgamentos colidiam com os tribunais eclesiásticos.
A Quarta Cruzada ou Cruzada Veneziana (1202- Exemplo disso foi a disputa entre o papa Bonifácio VIII e
1204), de todas as expedições para o Oriente, é a que o rei francês Filipe IV, o Belo, no início do século XIV. Esse

O
melhor explicita o caráter econômico do projeto. Con- conflito representou um choque entre autoridades que

BO O
vocada por Inocêncio III, tinha o objetivo de libertar Je- detinham poder espiritual e poder temporal. Os efeitos

SC
rusalém, sob domínio muçulmano desde 1187. A solici- políticos do movimento cruzadista europeu se fizeram

M IV
tação dessa cruzada veio de um príncipe grego deposto sentir na constituição das monarquias nacionais.
do trono imperial bizantino. Em troca da recuperação, Outro aspecto diz respeito à fabricação de moedas

O S
ele prometia submissão da igreja de Bizâncio a Roma. para dar conta do comércio que se intensificava. Mui-
Veneza entendeu as vantagens que teria se conquis- tos nobres estabeleceram sistemas de cunhagem de

D LU
tasse Constantinopla e atendeu à convocação do papa. moedas com metal precioso, contribuindo para o de-
Os venezianos fizeram o saque de Zara, cidade cristã senvolvimento de uma concepção metalista de riqueza
contra a qual estavam em guerra. Em seguida, domi- no continente europeu. Isso integrou os processos de

O C
naram Constantinopla. A riqueza de Bizâncio desviou monetarização da economia europeia e de dinamização
os olhos dos cruzados de Jerusalém, enquanto os ve-
N X de atividades produtivas nas cidades, como demonstra
nezianos aproveitaram para estabelecer-se nas ilhas e o desenvolvimento do artesanato.
SI E
apropriar-se do comércio. Essa cruzada nunca chegou Ademais, disputas entre elementos da nobreza por
efetivamente à Terra Santa e os venezianos tiveram de áreas de influência encontraram espaço de determina-
O

retornar à Europa depois de dois anos de luta. ção política que garantiria maior estabilidade, de modo a
A Quinta Cruzada (1217-1221), comandada pelo rei repercutir em movimentações sociais no terceiro esta-
EN S

André II da Hungria e João de Brienne, tinha o objetivo do. Agitações contra senhores feudais no campo e nas
de tomar o trono de Jerusalém. Também não teve êxito. cidades atingiram a esfera real. Muitos passavam a acre-
E U

A Sexta Cruzada (1228-1229), dirigida por Frederico II, ditar em neutralidade e justiça como aspectos intrinse-
obteve, mediante negociações com o sultão do Egito, a camente ligados à realeza. Numa perspectiva marxista,
D E

libertação de Jerusalém, Belém e Nazaré, mas por pou- havia interesse em preservar a ordem nobiliárquica que
co tempo. Em 1234, os egípcios invadiram novamente se comprometia no nível dos feudos. Os nobres vislum-
A LD

Jerusalém, determinando com isso novas Cruzadas. braram que a transferência do mando para a realeza era
A Sétima Cruzada (1248-1254) teve como chefe o a única possibilidade de preservação do poder.
rei Luís IX da França, que caiu prisioneiro dos turcos, Sabe-se que a sociedade europeia foi profundamen-
EM IA

sendo libertado com o pagamento de resgate. te afetada pelos contatos entre Ocidente e Oriente pro-
A Oitava Cruzada (1270) foi realizada pelo rei francês duzidos pelas Cruzadas. Assim, a própria ordem feudal
Luís IX, que desembarcou na Tunísia, onde morreu pou- sofreu alteração em consequência do processo de for-
ST ER

cas semanas depois. talecimento da realeza e da perda do caráter autossufi-


ciente do domínio feudal.
CONSEQUÊNCIAS DAS CRUZADAS Uma das consequências mais visíveis do movi-
SI AT

Os contatos com o mundo oriental se restabele- mento cruzadista europeu foi o renascimento urba-
ceram com o movimento cruzadista, que contribuiu no-comercial.
decisivamente para a assimilação de hábitos, ideias e
M

concepções orientais pelos europeus. Os produtos de-


senvolvidos e consumidos no Oriente despertaram o in-
CULTURA MEDIEVAL
teresse dos ocidentais. Especiarias, tecidos, porcelanas
e tapetes, por exemplo, passaram a integrar o comércio.
E RENASCIMENTO
Novas necessidades surgiam e o feudo não conseguia URBANO-COMERCIAL
supri-las. Os mercadores se aventuravam em contatos
crescentes com islâmicos que conheciam as rotas de UMA IDADE MÉDIA DE ALTOS E BAIXOS
comércio dos produtos que saíam da China e da Índia Ao abordar a Idade Média, por um lado, de desen-
para as terras que realizavam as Cruzadas. A convivência volvimentos e reestruturação, e, por outro, de crise,
religiosa tornou-se ponto importante no curso dos vários morte e decadência. No primeiro caso, veremos a im-
interesses econômicos e culturais desencadeados. portância que as cidades tiveram no espaço medieval

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87

europeu e as relações que se estabeleceram nelas. No


segundo caso, vamos estudar o que foi o período de
CRISE DOS SÉCULOS XIV

HISTÓRIA 1
crise dos séculos XIV e XV, que compõem a Baixa Idade
Média, quando diversos fatores levaram a uma queda
E XV
No século XIV, o desenvolvimento urbano e o cres-
geral da produção e ao aumento vertiginoso de mortes
cimento demográfico europeus sofreram abalo. A Eu-
da população europeia, graças à fome, às epidemias, às
ropa viveu uma grande crise, com drásticas reduções
guerras e às rebeliões.
populacionais e produtivas, além de situação de guerra
Da mesma forma, também estudaremos diversas
generalizada entre nobres associados às famílias reais
formas da cultura europeia, desenvolvidas ao longo da
inglesa e francesa.
Idade Média, relacionadas à Igreja, à criação das univer-
A expansão demográfica dos séculos anteriores es-
sidades e às artes, literatura e arquitetura.
timulou a abertura de novas terras para a agricultura,
para isso destruindo áreas de floresta. Terras de baixa
CIDADES

O
produtividade se incluíam no espaço agrícola, porque

BO O
As atividades comerciais privilegiaram o espaço urba-
as estruturas ainda feudais não conseguiam atender à

SC
no. Os mercadores, organizados em corporações, pro-

M IV
forte demanda de alimentos, cujos preços se elevavam.
moviam feiras que dinamizavam a vida nas cidades. A
A mudança na cobertura vegetal (desmatamento) con-
atuação conjunta garantia bons preços, acordos com ele-
tribuiu para alterar os índices pluviométricos. Fortes e

O S
mentos da nobreza e alguma facilidade de circulação pelo
mal distribuídas, as chuvas agravaram ainda mais a si-
continente ainda dividido em vários domínios territoriais.

D LU
tuação de escassez de alimentos.
Dentre as várias corporações de mercadores, desta-
O quadro piorou com a disseminação de doenças,
cou-se a Liga Hanseática (Teutônica), que controlava o
principalmente a Peste Negra (1348-1353), vinda do
comércio nas cidades do norte europeu.

O C
Oriente e transmitida pelas picadas de pulgas. Com
Algumas cidades conseguiam cartas de franquia de
a disseminação da doença da cidade para o campo,
nobres, estabelecendo autonomia política em relação aos
N X em cinco anos, um terço da população europeia pe-
domínios feudais. Outras se constituíam em comunas,
receu. A epidemia na forma bubônica matava entre
SI E
com instituições políticas próprias, embora muitas vezes
60% e 80% dos infectados em apenas quatro se-
ameaçadas por incursões de guerreiros que pretendiam
manas após a transmissão; na forma pneumônica,
O

“dar proteção”, mas lhes usurpavam a autonomia.


transmitida de pessoa para pessoa, a letalidade era
Já os burgos (cidades) nasceram de antigas cidades
de 100% em dois ou três dias. Filhos abandonavam
EN S

romanas (transformadas em sedes de bispado) ou em tor-


pais e vice-versa. Os efeitos da elevada quantidade
no de castelos e abadias. De início o povo construía fora
E U

de mortos atingiram o quadro produtivo e, assim, os


dos seus muros protetores. Os moradores desses burgos
que sobreviviam à doença tinham séria dificuldade
ficariam conhecidos pelo nome de burgueses e criariam
para conseguir alimento. Essa foi a grande fome.
D E

uma forma de riqueza móvel, representada pela moeda.


Camponeses se rebelavam contra novas taxações
A LD

CORPORAÇÕES DE OFÍCIO cobradas pela nobreza, que não aceitava a diminuição


Há um equívoco comum a respeito da Idade Média, de seus recolhimentos. As agitações camponesas se
pois muitos acham que não havia trocas ou comércio du- intensificaram nas terras francesas, pois os campone-
ses eram obrigados a pagar mais por causa da crise cau-
EM IA

rante esse período, o que não é verdade. Essas transa-


ções nunca deixaram de acontecer, e tinham certa impor- sada pela peste e pela guerra entre as nobrezas france-
tância no contexto medieval. O que houve no período de sa e inglesa, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Na
ST ER

que falamos agora foi um grande crescimento da econo- França, as rebeliões camponesas ficaram conhecidas
mia urbana baseada no comércio, com mais dinamismo por jacqueries ou Revoltas de Jacques.
e o desenvolvimento de várias atividades artesanais orga- A Guerra dos Cem Anos abalou as estruturas feu-
SI AT

nizadas em corporações de ofício, que reuniam profissio- dais, contribuindo para o processo de centralização do
nais como sapateiros, ferreiros, marceneiros e pedreiros. poder político na França e na Inglaterra. Esse conflito
De estrutura hierárquica, os mestres eram os que resultou da disputa pelo trono da França entre duas fa-
M

mais conheciam o ofício; abaixo deles estavam os jorna- mílias: Plantageneta e Valois.
leiros, depois os aprendizes. Por seguirem o princípio da A primeira guardava o título de realeza da Inglater-
não concorrência, as corporações de ofício constituíam ra, vários territórios no norte da França, além de rela-
irmandades que estabeleciam juntas o valor a cobrar ções de parentesco com a família dos Capetos, que
pelo trabalho. Como a Igreja tutelava as corporações não tinha herdeiros diretos. Os Valois representavam a
para não incorrerem no pecado da usura, chamavam o oposição tradicional dos nobres francos ao poder dos
preço estabelecido de “justo”. Cada corporação tinha um Plantagenetas do norte. Também tinham algum grau de
santo padroeiro e dava contribuições à Igreja dedicada a parentesco com os Capetos.
ele. Sua principal função: exercer controle sobre técni- No conjunto, as crises do século XIV determinaram
cas, formas e instrumentos de produção, ou seja, tudo o o colapso da ordem feudal e abriram caminho para um
que dizia respeito à qualidade do trabalho que realizava. novo ordenamento no continente europeu.

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PAPEL DA IGREJA que produzira uma atmosfera alimentadora da ideia da


As agitações e o caráter belicista que acompanha- verdade no além. Assim, o mundo inteligível de Platão
HISTÓRIA 1

ram a Idade Média não impediram que os valores cris- transmutava-se na Cidade de Deus, de Santo Agosti-
tãos difundidos pela Igreja, apoiada em poderes tempo- nho, em oposição à Cidade dos Homens, espaço das
rais que se alternaram com os séculos, constituíssem a imperfeições e da corrupção humana. Nessa perspec-
base da civilização medieval no Ocidente europeu. tiva, o homem deveria aguardar o dia do juízo final para
A Igreja procurou absorver elementos de tradições atingir a verdade divina.
distintas, inclusive o paganismo, amalgamando doutri- As mudanças na vida material europeia da Baixa
nas referenciais que pudessem pacificar as comunida- Idade Média também colaboraram para alterar a sensi-
des em nome de Cristo. O que ela não podia encampar bilidade, iniciando-se um movimento de valorização do
considerava heresia e prontamente combatia. As inde- mundo material. Assim, a Igreja procurava encampar
finições internas da instituição também deram margem essa mudança, dando-lhe um sentido cristão. Aristóte-

O
a interpretações relativas à fé que conduziram manifes- les se tornava, então, a possibilidade de uma teologia

BO O
tações consideradas heréticas pelo papado romano. abrangente do mundo terreno, que possibilitaria certo

SC
Apesar das questões doutrinárias que ensejaram as nível de especulação nas universidades que se consti-

M IV
heresias medievais, a cultura foi bem diversa, principal- tuíam a partir do século XIII.
mente considerando a Baixa Idade Média. Vários auto- Os estudos universitários tutelados pela Igreja in-

O S
res medievalistas concordam com a afirmação de que o cluíam gramática, retórica, lógica, matemática (aritmé-
Ocidente nasceu nessa época. Exemplo claro disso são tica), astronomia e geometria, entre outros campos.

D LU
as línguas faladas na Europa. Não se compreende a di- Havia especializações em direito, medicina e teologia.
versidade linguística europeia sem remontar às invasões O contexto da criação das universidades e da orga-
medievais de vários grupos humanos na Europa ocidental.

O C
nização de seus estudos interferiu no desenvolvimento
Em linhas gerais, vale conhecer algumas produções cultu- urbano-comercial, havendo necessária relação entre a
N X
rais da Idade Média para relacionar aspectos da vida polí-
tica, econômica e social aos valores que permearam esse
evolução do comércio e do meio intelectual.
SI E
período e dimensionar certas contribuições daquele mun- LITERATURA
do para o nosso, num jogo de rupturas e continuidades. Nesse universo urbano floresceu uma literatura
O

não religiosa, indicativa de preocupações terrenas por


UNIVERSIDADES E FILOSOFIA influência de várias ideias, buscando-se, assim, uma
EN S

Surgiram instituições responsáveis pela produção integração entre espiritualidade e prazer no mundo ma-
E U

não material e não artesanal, as universidades, que terial. Na literatura, são representativas dessa época
eram organizadas também de forma hierárquica, envol- as canções de gesta, que tratavam de grandes feitos
vendo mestres e aprendizes. Os estudantes seguiam militares, e o trovadorismo. As trovas abordavam ques-
D E

o método escolástico, assentado no argumento de tões relativas ao amor cortesão, à amizade, à ironia e
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autoridade, ou seja, o discurso racional, lógico, da au- ao escárnio em relação a figuras importantes da vida
toridade conferia caráter de verdade ao ensinamento pública ou a pessoas comuns em suas disposições co-
universitário, não havendo necessidade de prova ma- tidianas. Esboçava-se, dessa forma, um cuidado com
terial para afirmação do conhecimento. Esse método as relações humanas.
EM IA

resultou de uma teologia que procurava conciliar fé e Predominaram manifestações literárias épicas, des-
razão num quadro histórico em que questionamentos crevendo uma sociedade feudal viril, mas sem polimen-
ST ER

de toda ordem tinham estímulos do mundo oriental. to. A maior parte das obras tinha caráter religioso e era
O expoente máximo dessa teologia foi o pensador escrita em latim.
São Tomás de Aquino, cuja obra, Suma Teológica, con- Na poesia lírica, o tema principal dos trovadores pro-
SI AT

tinha argumentos lógicos sobre a existência de Deus, vençais era o amor e a mulher era a personagem cen-
sinalizando que a razão nada mais era que um atributo tral. Não houve obras grandiosas em ambos os gêneros,
humano conferido por Deus em seu desejo de que o lírico e épico. No fim da Idade Média, com o surgimento
M

homem o reconhecesse. Nesse sentido, a razão nunca do Humanismo, destacaram-se três grandes autores:
negaria a fé, mas a confirmaria, por meio de um en- • Dante Alighieri (1265-1321) – florentino, escre-
tendimento lógico e concatenado das ideias. Tomás de veu o longo poema A divina comédia, em home-
Aquino teve influência de Aristóteles, valorizado em nagem a sua amada Beatrice. O tema dominante
parte porque via no mundo material a possibilidade de é o terrível castigo do pecado e a alta recompensa
acesso ao conhecimento e à verdade, alterando funda- da virtude.
mentalmente a filosofia de Platão, para quem a verda- • Giovanni Boccaccio (1313-1375) – nasceu em Pa-
de seria encontrada somente no mundo inteligível, ou ris, mas de origem toscana, como Dante. Famoso
seja, fora do mundo das aparências. pelo Decameron, conjunto de contos, às vezes
O pensamento de Platão havia inspirado a teologia licenciosos, que retratam costumes italianos do
da Igreja na Alta Idade Média, época de instabilidades século XIV.

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• Petrarca (1304-1374) – autor de África. Outras obras termos construtivos, compunha-se do arco inteiro (ro-
importantes, muitas delas de autoria desconhecida mano), de paredes espessas com poucas aberturas (ja-

HISTÓRIA 1
ou transmitidas por meio da tradição popular e de re- nelas), mostrando sentido mais de horizontalidade que
latos orais são, por exemplo: Canção de Rolando; Rei de verticalidade. Pequenas e poucas janelas criavam um
Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda; Canção de ambiente interno de reduzida luminosidade, justificando
Mio Cid; Romance da Rosa e Canção dos Nibelungos. o psiquismo mais intimista, isto é, menos extrovertido.
As construções góticas, no contexto do renasci-
ARTE ROMÂNICA E GÓTICA mento comercial e urbano, indicavam o oposto: a ex-
A arquitetura gótica, vinculada à relativa estabilidade troversão e a comunicabilidade integravam o ambiente
das relações sociais. As construções demoravam entre de relativa estabilidade das relações humanas. Toda a
setenta e noventa anos para ficar prontas. Com arco ogi- comunidade buscava participar de obras que exaltas-
val e vitrais de influência bizantina, revelavam o esplendor sem a vida terrena em consonância com a espirituali-

O
da fé firmada em catedrais sofisticadas, monumentos da dade cristã.

BO O
religiosidade coletiva. De certa forma, opunham-se às Segundo alguns autores, as catedrais góticas sina-

SC
edificações românicas, pesadas e pouco luminosas, que lizam uma mentalidade já diferenciada no conjunto do

M IV
vigoraram entre o século X e meados do XII. período medieval, pois demonstram um pensamento
O estilo românico fez parte de um quadro ainda cristão em que há uma espécie de ascese (elevação)

O S
turbulento, saldo das invasões vikings e sarracenas na terrena. O cristão, ao entrar numa catedral gótica, é
Europa entre os séculos IX e X. Entende-se a arquite- inundado de luz, a luz celeste; ao mesmo tempo, sente-

D LU
tura românica como expressão material do espírito de -se numa nave que aponta para o céu, como se uma
insegurança dos europeus, cujas construções, robustas experiência celestial o elevasse na Terra. A arquitetura
e maciças, tinham aspecto de fortaleza, como se infor- gótica destacava-se por luminosidade e leveza associa-

O C
massem proteção no mundo marcado por guerras. Em das a formas.
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
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EM IA
ST ER
SI AT
M

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

CRISE DO FEUDALISMO: CRUZADAS

Motivações e consequências

O
BO O
SC
Império Bizantino:

M IV
Receber auxílio do Ocidente contra o avanço muçulmano. Em troca, vários imperadores

O S
prometeram reconhecer novamente a autoridade papal.

D LU
O C
Papado:

N X
Estender controle e autoridade a novas regiões. Aliviar a tensão social na Europa. Pôr fim ao Cisma do Oriente.
SI E
O
EN S

Nobreza:
E U

Conquista de novos territórios. Ascensão social. Perdão dos pecados.


D E
A LD

Comerciantes (Veneza e Gênova):


EM IA

Expandir atividades mercantis e obter lucros com o transporte de tropas. Superar Bizâncio na disputa pelo comércio

mediterrânico.
ST ER

Ordens:
SI AT

Proteger os peregrinos. Templários (1118), hospitalários (1070), teutônica (XII) – interesse religioso e da nobreza.
M

Consequências:

Renascimento urbano-comercial (influências culturais, comércio, especiarias, moedas), aumento do poder real, enfraque-

cimento dos senhores feudais, declínio do feudalismo.

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91

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
Cruzadas oficiais

Primeira Cruzada (1096-1099):


Bem-sucedida, cria o Reino Latino de Jerusalém.

O
BO O
SC
M IV
O S
Segunda Cruzada (1147-1149):

D LU
Tentativa de reconquistar territórios perdidos para os muçulmanos.

O C
N X Terceira Cruzada (1189-1193):
SI E
Cruzada dos Reis – Frederico Barba Ruiva (Alemanha), Filipe Augusto (França), Ricardo Coração de Leão (Inglaterra).
O
EN S
E U

Quarta Cruzada (1202-1204):


D E

Financiada pelos comerciantes de Veneza. Saque de Constantinopla.


A LD
EM IA

Quinta Cruzada (1217-1221):


Cruzada húngara. Captura de Damietta, no Egito.
ST ER
SI AT

Sexta Cruzada (1228-1229):


M

Liderada por Frederico II, da Alemanha.

Sétima Cruzada (1248-1254) e Oitava Cruzada (1270):


Organizadas por São Luís IX, da França.

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92

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

IDADE MÉDIA

Renascimento comercial e urbano

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
Cidades:

Atividades comerciais incentivam o desenvolvimento do espaço urbano (autonomia política, instituições

O C
políticas próprias, burgos).
N X
SI E
O
EN S
E U

Corporações de ofício:
D E

Dinamismo, atividades artesanais, corporações de ofício (controle da técnica), contribuições à Igreja.


A LD
EM IA
ST ER
SI AT

Crises (XIV-XV):
M

Redução populacional e produtiva, guerra generalizada, problemas climáticos, doenças, falta de alimento,

má distribuição de renda.

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93

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
Cultura medieval

O
BO O
Idade das Trevas?

SC
M IV
É equivocado considerar a Idade Média como um período de “trevas”. O desenvolvimento cultural desse

O S
período é preeminente.

D LU
O C
Igreja:
N X Incentivo aos valores cristãos, poder temporal, diversidade linguística, produções culturais.
SI E
O
EN S
E U

Filosofia:

Criação de universidades, método escolástico, conhecimento teológico, evolução comercial e


D E
A LD

intelectual.
EM IA

Literatura:
ST ER

Não religiosa, preocupações terrenas, integração entre espiritualidade e mundo material.


SI AT
M

Arte:

Arquitetura gótica (esplendor da fé) e germânica (expressão material).

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. PUC-RS – Considere as seguintes afirmativas sobre c) F - F - V - F - F.


as Cruzadas, movimento militar-religioso que ocorreu a d) F - F - V - V - V.
partir do século XI na Europa Ocidental.
e) F - F - F - F - F.
As Cruzadas: Como dito no enunciado, entre as motivações para as Cruzadas estava a
cessão dos “ódios intestinos”, portanto, a Europa não vivia um momento
I. foram também utilizadas pelos reinos cristãos da Eu- de harmonia. A reconquista do Santo Sepulcro não estava ligada à ideia
ropa para expulsar os árabes da Península Ibérica. de colonização e aquisição de escravos. Porém, uma das justificações
para a realização das Cruzadas esteve ligada à questão religiosa, buscan-
II. serviram como um enfrentamento ao decréscimo do defender a fé católica contra os inimigos da fé, neste caso, os mu-
populacional sofrido pela Europa no período, cons- çulmanos. Da mesma forma, como visto no módulo, duas expedições
tituindo-se em uma forma de conquista de mão de conhecidas são a “Cruzada Popular” e a “Cruzada dos Nobres”.
obra servil e escrava.
3. Vunesp C1-H1
III. deveriam, como iniciativas do papado, servir para

O
Mais ou menos a partir do século XI, os cristãos or-
consolidar a unidade espiritual na Europa Ocidental,

BO O
o que representaria um obstáculo para as contesta- ganizaram expedições em comum contra os muçul-
manos, na Palestina, para reconquistar os “lugares

SC
ções ao poder da Igreja, feitas por reis medievais e
santos” onde Cristo tinha morrido e ressuscitado. São

M IV
movimentos heréticos.
as Cruzadas [...]. Os homens e as mulheres da Idade
IV. determinaram a decadência das cidades indepen-
Média tiveram então o sentimento de pertencer a um
dentes do norte da Itália, como Gênova e Veneza,

O S
mesmo grupo de instituições, de crenças e de hábitos:
pois contribuíram para deslocar as rotas comerciais
mediterrânicas para o Atlântico. a cristandade.

D LU
Estão corretas as afirmativas: Segundo o texto, as Cruzadas:
a) I e II. a) contribuíram para a construção da unidade interna do
cristianismo, o que reforçou o poder da Igreja Católi-

O C
b) I e III. ca Romana e do papa.
c) III e IV. b) resultaram na conquista definitiva da Palestina pelos
N X
d) I, II e IV.
e) lI, IlI e IV.
cristãos e na decorrente derrota e submissão dos
muçulmanos.
SI E
As Cruzadas estavam ligadas à ideia de unidade espiritual da Igreja cristã, c) determinaram o aumento do poder dos reis e dos
tendo sido utilizadas também no espaço da Península Ibérica, auxiliando imperadores, uma vez que a derrota dos cristãos de-
O

na reconquista do território por parte dos reinos cristãos. Por outro lado, bilitou o poder político do papa.
não houve o objetivo de conseguir mão de obra escrava nem desloca-
mentos das rotas comerciais para o Atlântico. d) estabeleceram o caráter monoteísta do cristianismo
EN S

medieval, o que ajudou a reduzir a influência judaica


e muçulmana na Palestina.
E U

2. UPF-RS – Em 1095, durante o Concílio de Clermont e) definiram a separação oficial entre Igreja e Estado,
Ferrand, o papa Urbano II conclamou os guerreiros da estipulando funções e papéis diferentes para os líde-
fé para participarem de um movimento que iniciaria res políticos e religiosos.
D E

o avanço da cristandade sobre os povos não cristãos Como pode ser visto no texto do enunciado, as Cruzadas serviram para
na Terra Santa: “Cessem, pois, os ódios intestinos, a unidade interna do cristianismo.
A LD

apaguem-se os contenciosos, aplaquem-se as guerras Competência: Compreender os elementos culturais que constituem as
e sossegue toda discórdia e inimizade. Empreendei identidades.
o caminho do Santo Sepulcro, arrancai aquela terra Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes do-
àquele povo celerado e submetei-la a vós”. Consideran- cumentais acerca de aspectos da cultura
do essas incursões, denominadas Cruzadas, avalie as 4. Vunesp – Jamais a Europa esteve tão unida quanto nos
EM IA

seguintes afirmativas e marque V para as verdadeiras séculos XII e XIII, e essa unidade devia-se ao fato de
e F para as falsas: que os europeus daquele tempo tinham o sentimento
ST ER

( F ) A Europa estava vivenciando um período de har- de constituir um só povo [...].


monia e concórdia interna quando do apelo do O sentimento de unidade europeia mencionado no tex-
papa para as Cruzadas. to derivava, sobretudo:
( F ) O Santo Sepulcro seria reconquistado para fins de
SI AT

a) do empenho dos reis e imperadores de estabelecer


colonização e aquisição de escravos. laços diplomáticos e políticos entre os Estados nacio-
( V ) Os muçulmanos foram considerados inimigos de nais.
todos os cristãos. Assim, os cristãos se uniram b) da identificação religiosa proporcionada pelo cristia-
M

para o enfrentamento dos então considerados in- nismo e estimulada pelas Cruzadas.
fiéis muçulmanos.
c) da inexistência de conflitos armados no continente,
( V ) As Cruzadas constituíram-se de várias expedi- após a derrocada econômica e militar provocada pe-
ções ao Oriente visando à reconquista da Terra las temporadas anteriores de guerras e peste.
Santa. Foram destaques a Cruzada Popular e a
dos Nobres. d) da unidade entre o poder temporal e o poder espiri-
tual, exercidos em todo o continente pelo papa.
( V ) As Cruzadas foram empreendimentos militares
impulsionados pela ideia de Guerra Santa em de- e) do reconhecimento de que os diversos reinos ti-
fesa da fé católica. nham, nos invasores bárbaros, inimigos comuns e
deviam se associar para expulsá-los.
A sequência que preenche corretamente os parênteses é: Como estudamos, os sentimentos de unificação que envolveriam os
a) V - F - V - F - V. fiéis cristãos estariam ligados ao empreendimento das Cruzadas.

b) V - V - F - F - V.

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5. UFRGS-RS – Diversos fatores motivaram a denomina- 6. UFSJ-MG – A partir do século XI, os povoados deno-

HISTÓRIA 1
da “Crise do século XIV”, ocorrida na Europa da Baixa minados burgos começaram a crescer pelo desenvolvi-
Idade Média. mento do comércio. Artigos manufaturados, como teci-
Dentre esses fatores, pode-se citar corretamente: dos, eram produzidos, fazendo com que novas cidades
surgissem e as mais antigas se desenvolvessem. Esses
a) a disseminação das guerras pelo continente europeu, artesãos começaram a se organizar em corporações de
a quebra da produção de alimentos e a mortandade ofício estruturadas em associações de:
causada pela peste bubônica.
a) artesãos que reuniam todos aqueles que se dedica-
b) a efervescência religiosa das Cruzadas, a eclosão da vam ao mesmo ofício.
Revolução dos Trinta Anos e o despovoamento do Sa-
cro Império. b) associações de artesãos dos mais diversos ofícios
que se uniam com o objetivo de atuar no livre merca-
c) a eclosão da Guerra dos Sete Anos, a conquista da do.
França pelos muçulmanos e a epidemia de varíola.
c) artesãos de diversos ofícios e trabalhadores assala-
d) a deflagração da Guerra da Sucessão Espanhola, a

O
riados que se uniam com o objetivo de atuar no livre
dissolução da Liga Hanseática e a decadência das co-

BO O
mercado.
munas.

SC
d) camponeses que se reuniam para reivindicar maior
e) o advento da Reforma Protestante, o abandono dos

M IV
participação política nas cidades.
arroteamentos e a eclosão de guerras entre as cida-
As corporações de ofício eram associações de trabalhadores da mesma
des italianas. área, que buscavam cooperar visando proteger seu ofício. Nelas, havia

O S
Todas as alternativas comentam sobre processos ocorridos em períodos uma divisão hierárquica interna.
fora do século XIV. A chamada crise do século XIV está relacionada às

D LU
guerras, à fome e à peste daquele período.

O C
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
N X
7. UFPI – As Cruzadas influíram decisivamente na história
da Europa na Baixa Idade Média. A mais significativa de
a) o enfraquecimento do comércio italiano no Mar Me-
diterrâneo, em razão da insegurança e dos perigos
SI E
suas consequências foi: gerados pelos conflitos militares.
a) a reunificação das igrejas Católica e Ortodoxa, sepa- b) o fortalecimento da autoridade dos senhores feudais,
O

radas em 1054 pelo Cisma do Oriente. cujas finanças foram consolidadas com a exploração
b) um novo Cisma no cristianismo com o início da Refor- dos territórios do Oriente.
EN S

ma Protestante no século XVI. c) a difusão e a assimilação da cultura germânica pelo


c) a conquista dos lugares sagrados do cristianismo si- Império Bizantino, alterando significativamente o
E U

tuados na Ásia Ocidental. modo de viver dos povos orientais.


d) a “reabertura” do Mediterrâneo, que, possibilitando a d) a ampliação do universo cultural dos povos europeus,
reativação dos contratos entre Ocidente e Oriente, inten- possibilitada pelo contato com a rica cultura dos po-
D E

sificou o renascimento comercial e urbano na Europa. vos orientais.


A LD

e) o declínio do comércio, o desaparecimento da


vida urbana e a descentralização política no oci- 10. UFPA – O movimento das Cruzadas foi essencial para
dente da Europa. o quadro das transformações por que a Europa passa-
ria nos processos finais da Idade Média. Definida essa
8. Vunesp – O cavaleiro é um dos principais personagens questão, é possível assegurar-se em relação ao movi-
EM IA

nas narrativas difundidas durante a Idade Média. Esse mento cruzadista que:
cavaleiro é principalmente um: a) os efeitos imediatos das Cruzadas sobre a vida euro-
ST ER

a) camponês, que usa sua montaria no trabalho cotidia- peia foram de natureza política, já que contribuíram
no e participa de combates e guerras. para abalar sensivelmente o poder absoluto dos mo-
b) nobre, que conta com equipamentos adequados à narcas europeus.
montaria e participa de treinamentos militares, tor- b) em termos jurídicos, as Cruzadas contribuíram para
SI AT

neios e jogos. modificar o sistema da propriedade no feudalismo, já


c) camponês, que consegue obter ascensão social por que difundiram o começo da propriedade dominante
meio da demonstração de coragem e valentia nas no Extremo Oriente.
guerras.
M

c) os seus resultados abalaram seriamente o prestígio


d) nobre, que ocupa todo seu tempo com a preparação do papado, provocando, inclusive, a separação entre
militar para as Cruzadas contra os mouros. a Igreja de Roma e a de Constantinopla, fato de impli-
e) nobre, que conquista novas terras por meio de sua cações negativas para a autoridade clerical.
ação em torneios e jogos contra outros nobres. d) os efeitos sociais das Cruzadas fizeram-se sentir
principalmente sobre as relações de trabalho, já que
9. UFRN – Em 1095, atendendo ao apelo do papa Urbano os cruzados, ao retornarem do Oriente, defendiam a
II para que iniciassem uma guerra contra os muçulma- substituição da servidão pelo trabalho livre.
nos, os nobres cristãos, motivados por ideais religiosos e) as exigências das expedições contribuíram decisiva-
e econômicos, organizaram as Cruzadas. mente para o recuo da dominação árabe no Mediter-
Considerando-se o conjunto dessas expedições, que se râneo, abrindo os espaços para que as suas águas
prolongaram até 1270, pode-se destacar como uma de viessem a sustentar, mais tarde, parte das grandes
suas consequências: rotas do comércio europeu.

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11. Univesp – Leia o texto para responder à questão. III. Às motivações religiosas juntaram-se o espírito de
HISTÓRIA 1

“A todos os que partirem e morrerem no caminho, em ter- aventura e a possibilidade de ganhos materiais, o
ra ou mar, ou que perderem a vida combatendo os pagãos, que pouco a pouco transformou as Cruzadas numa
será concedida a remissão dos pecados. Que combatam verdadeira empresa de colonização.
os infiéis [...]. A terra que habitam é pequena e miserável Quais estão corretas?
para tão grande população, mas no território sagrado do a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III.
Oriente há extensões de onde jorram leite e mel. Tomai o b) Apenas II. d) Apenas I e II.
caminho do Santo Sepulcro, arrebatai aquela terra da raça
perversa e submetei-a a vós mesmos.” 14. FGV-SP – A partir de 1348, irrompeu na Europa, prove-
Papa Urbano II, Concílio de Clermont, 1095. In: DOMINGES, J.E. História niente do continente asiático, a chamada Peste Negra.
em Documento. Imagem e Texto. 2ªed. São Paulo: FTD, 2013. p.107. Seu efeito foi devastador, chegando a provocar a morte de
A aclamação de Urbano II é considerada o marco inicial mais de 25% da população europeia durante o século XIV.
das Cruzadas, expedições militares que Sobre a Peste Negra, podemos afirmar que:

O
a) travaram guerras contra os muçulmanos para retirar a) A epidemia foi responsável pela recuperação econô-

BO O
deles o controle de Jerusalém, a “Terra Santa” onde mica da Europa medieval após séculos de retração e

SC
se localiza o túmulo de Cristo. crises de abastecimento.

M IV
b) mobilizaram os hunos, os francos e os alanos, católi- b) Comunidades judaicas foram responsabilizadas pela
cos nômades que viviam no norte da Europa, contra epidemia e perseguidas pelos cristãos, que acionavam
o domínio do Império Romano. o sentimento antijudaico existente na Idade Média.

O S
c) rumaram para as Américas com o objetivo de comba- c) A epidemia provocou a busca de novas terras protegi-
ter o politeísmo e dominar as regiões auríferas ocu-

D LU
das do contágio com a peste, resultando na conquis-
padas pelos povos maia e asteca. ta do norte da África e da Palestina pelos europeus.
d) partiram de Portugal em direção à África para con- d) A epidemia freou o processo de dissolução do feuda-
quistar territórios, dominar rotas comerciais e cate- lismo e provocou a implementação de práticas escra-

O C
quisar os povos politeístas. vistas em toda a Europa Ocidental.
e) conquistaram as terras do Extremo Oriente, reto- e) A epidemia foi controlada ao final da Idade Média e
N X
mando o controle das regiões ocupadas por popula-
ções budistas e hindus.
desapareceu completamente do território europeu
nos séculos XVI e XVII.
SI E
12. UFRN – Na Copa do Mundo de futebol de 2010, realizada 15. Mackenzie-SP – A crise do sistema feudal agravou-se
na África do Sul, muitos brasileiros ficaram surpresos ao
O

no século XIV com o início da Guerra dos Cem Anos en-


saberem que várias nações do continente africano, como tre França e Inglaterra (1337-1453). Eduardo III, rei dos
Costa do Marfim, Nigéria, Gana e o próprio país sede do
EN S

ingleses, invadiu a França, declarando-se rei. A respeito


evento apresentavam influências linguísticas europeias. desse período, é correto afirmar que:
Isso ficava evidente, por exemplo, nos nomes dos joga-
E U

a) eclodiram, na França, revoltas de camponeses, fa-


dores estampados nas camisetas e nos hinos nacionais,
mintos e insatisfeitos com a superexploração, conhe-
cantados em inglês ou francês. Essas influências da In- cidas pelo nome de jacqueries, em alusão a Jacques
D E

glaterra e da França na África são resultantes: Bonhomme, expressão que os nobres usavam para
a) da expansão do cristianismo, estimulado pelos pro- designar o homem do campo.
A LD

pósitos das Cruzadas. b) a vitória dos ingleses sobre os exércitos de Joana


b) do neocolonialismo do século XIX, no contexto da Se- d’Arc, filha de humildes camponeses, nas batalhas de
gunda Revolução Industrial. Orleans, Reims, Paris, Toulouse e Compiégne, acaba-
c) da globalização, que promoveu o intercâmbio cultural ram por definir a sorte da guerra a seu favor, apesar
EM IA

mundial no século XX. da mítica religiosidade católica dos franceses.


d) do tráfico negreiro, que implantou colônias europeias c) após a vitória, a França mergulhou em um novo con-
no continente africano. flito, a Guerra das Duas Rosas, uma disputa pelo
ST ER

trono motivada pelos interesses monárquicos da


13. UFRGS-RS – Os séculos XI e XII constituem um período família Lancaster, que acabou sendo derrotada por
de expansão na Europa Ocidental marcado pelo cresci- Luís IX, em Toulouse.
mento demográfico e das cidades, pelo dinamismo da d) as transformações no modo de exploração feudal
SI AT

economia interna e pela extensão do comércio interna- acabaram por beneficiar a nobreza francesa, que per-
cional. Nesse ínterim, os europeus assumem uma atitu- maneceu neutra durante o conflito, enquanto o rei
de ofensiva, da qual um dos resultados são as Cruzadas. era obrigado a se aliar à burguesia para conseguir re-
cursos para armar seu exército.
M

Considere as afirmações abaixo a esse respeito:


e) ocorreu a morte de inúmeros camponeses ingleses
I. No início, as Cruzadas foram encorajadas pelos im-
em virtude da brutal retaliação dos franceses, que, de-
peradores bizantinos, os quais buscavam apoio con-
pois de expulsarem os ingleses de suas terras, passa-
tra os invasores que pressionavam as fronteiras do
ram a ocupar e explorar os territórios dos anglo-saxões.
Império do Oriente.
II. Nos séculos X e XI, numerosos foram os cristãos 16. UECE – A peste, a fome e a guerra constituíram os
que, para obter o perdão de suas faltas e assegurar a elementos mais visíveis daquela que ficou conhecida
saúde eterna de suas almas, realizaram longas e difí- como a crise do século XIV, na Europa. Como conse-
ceis viagens aos lugares santos da cristandade. Essa
quência dessa crise ocorrida na Baixa Idade Média:
tradição e a conquista turca no Oriente fizeram com
que a Guerra Santa contra os muçulmanos, já forjada a) o movimento de renascimento urbano foi iniciado e de-
nas Guerras de Reconquista da Península Ibérica, to- pois interrompido por mais de três séculos, reaparecen-
masse maior impulso. do somente na Revolução Industrial do século XVIII.

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97

b) os camponeses, que estavam em via de conquistar muralhas, eram, ao mesmo tempo, centros de co-

HISTÓRIA 1
a liberdade, voltaram a apoiar o sistema feudal por mércio e manufatura e de poder, isto é, politicamen-
mais alguns séculos como forma de superar a crise. te autônomas.
c) o processo de centralização e concentração do poder polí- c) diferiam das cidades de todas as épocas e lugares,
tico nas mãos dos reis, com o apoio da burguesia, intensi- pois o que se definia era, precisamente, o fato de se-
ficou-se até se tornar absoluto no início da modernidade. rem espaços fortificados, construídos para abrigarem
d) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos pre- a população rural durante as guerras feudais.
judicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com d) diferentemente de suas antecessoras greco-ro-
a burguesia. manas, eram principalmente centro de comércio
e manufatura e, diferentemente de suas sucesso-
17. Fuvest-SP – As cidades medievais: ras modernas, eram independentes politicamente,
a) não diferiam das cidades greco-romanas, uma vez dominando um entorno rural que lhes garantia o
que ambas eram, em primeiro lugar, centros políti- abastecimento.
co-administrativos e local de residência das classes e) eram separadas da economia feudal, pois, sendo

O
proprietárias rurais e, secundariamente, também esta incapaz de gerar qualquer excedente de produ-

BO O
centro de comércio e manufatura. ção, obrigava-as a importar alimentos e a exportar

SC
b) não diferiam das cidades da época moderna, uma manufaturas fora do mundo feudal, daí a importância

M IV
vez que ambas, além de serem cercadas por grossas estratégica do comércio na Idade Média.

ESTUDO PARA O ENEM

O S
D LU
18. Enem C1-H1 19. Enem C4-H19
“Os cruzados avançavam em silêncio, encontrando por
“Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade
todas as partes ossadas humanas, trapos e bandeiras. No
medieval nascido talvez de um profundo sentimento de
meio desse quadro sinistro, não puderam ver, sem estre-

O C
insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do
mecer de dor, o acampamento onde Gauthier havia dei-
mesmo modo no meio urbano, pois que uma das carac-
xado as mulheres e crianças. Lá os cristãos tinham sido
N X
surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no momento
terísticas da cidade era de ser limitada por portas e por
uma muralha.”
SI E
em que os sacerdotes celebravam o sacrifício da Missa. As
DUBY, G. et al. Séculos XIV-XV. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da
mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a fraqueza vida privada: da Europa feudal à Renascença.
ou a doença conservava sob as tendas, perseguidos até os São Paulo: Cia. das Letras, 1990. (Adaptado)
O

altares, tinham sido levados para a escravidão ou imolados


por um inimigo cruel. A multidão dos cristãos, massacrada As práticas e os usos das muralhas sofreram impor-
EN S

naquele lugar, tinha ficado sem sepultura.” tantes mudanças no final da Idade Média, quando
J. F. Michaud. História das Cruzadas. São Paulo: elas assumiram a função de pontos de passagem ou
E U

Editora das Américas, 1956 . (Adaptado) pórticos. Este processo está diretamente relaciona-
“Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de Chaaban, do do com:
D E

ano de 492 da Hégira, que os franj* se apossaram da Cidade a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas.
Santa, após um sítio de 40 dias. Os exilados ainda tremem b) a migração de camponeses e artesãos.
A LD

cada vez que falam nisso; seu olhar se esfria como se eles
ainda tivessem diante dos olhos aqueles guerreiros louros, c) a expansão dos parques industriais e fabris.
protegidos de armaduras, que espelham pelas ruas o sabre d) o aumento do número de castelos e feudos.
cortante, desembainhado, degolando homens, mulheres e e) a contenção das epidemias e doenças.
EM IA

crianças, pilhando as casas, saqueando as mesquitas.”


*franj = cruzados. 20. Enem C4-H16
Amin Maanuf. As Cruzadas vistas pelos árabes. 2. ed. São Paulo: “Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da
ST ER

Brasiliense, 1989. (Adaptado)


Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para sa-
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos, tisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento
que tratam das Cruzadas: progressivo das suas dimensões. Esse crescimento pros-
SI AT

I. Os textos referem-se ao mesmo assunto – as Cruza- seguiu durante todo o século XIII, e as abadias da Ordem
das, ocorridas no período medieval –, mas apresen- de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais
tam visões distintas sobre a realidade dos conflitos de criação de gado, desempenharam certamente um papel
religiosos desse período histórico. determinante nesse aperfeiçoamento.”
M

II. Ambos os textos narram partes de conflitos ocorri- DUBY, G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval.
dos entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Lisboa: Estampa, 1987. (Adaptado)
Média e revelam como a violência contra mulheres e
crianças era prática comum entre adversários. O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento
III. Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cru- da atividade pastoril e avanço técnico na Europa Oci-
zadas medievais e revelam como as disputas dessa dental feudal, que resultou do(a):
época, apesar de ter havido alguns confrontos milita-
res, foram resolvidas com base na ideia do respeito a) crescimento do trabalho escravo.
e da tolerância cultural e religiosa. b) desenvolvimento da vida urbana.
É correto apenas o que se afirma em: c) padronização dos impostos locais.
a) I. c) III. e) II e III. d) uniformização do processo produtivo.
b) II. d) I e II. e) desconcentração da estrutura fundiária.

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8
98

HUMANISMO,
RENASCIMENTO CULTURAL E
HISTÓRIA 1

RENASCENTISTAS
E SUAS OBRAS
UM NOVO RUMO OU O PRÓXIMO PASSO?

O
BO O
O período do Renascimento é objeto de grande discussão entre historiadores,

SC
• Um novo rumo ou o próximo
artistas, intelectuais e pensadores renascentistas contribuíram de forma significativa

M IV
passo?
• Humanismo para a cultura europeia e para influenciar os rumos da história de todo o mundo com
• Antecedentes do renasci- suas observações e descobertas.

O S
mento cultural
HUMANISMO

D LU
• O Renascimento como
ruptura
O Humanismo constituiu-se uma nova visão de mundo na época do Renascimen-
• O Renascimento como
to. É errôneo conceber o Humanismo e sua inserção no movimento renascentista
continuidade

O C
• Contexto do Renascimento
como simples imitação da Antiguidade. Trata-se, antes, de buscar fontes de inspira-
• Os pensadores e suas ção na cultura antiga.
N X
contribuições Esse movimento não foi descobridor, mas propagador das obras antigas. Durante
toda a Idade Média, a Igreja deteve o saber e a cultura, por isso guardava muitos
SI E
• Principais nomes do renas-
cimento científico textos antigos. Os humanistas quebraram esse monopólio. No século XIV, redescobri-
• Principais nomes do renas- ram-se as obras dos grandes autores gregos e romanos, mas houve muita dificuldade
O

cimento artístico no estudo das obras gregas que, em sua maioria, ainda não estavam traduzidas para o
• Principais nomes do renas- latim. Somente no século XV apareceram traduções sistemáticas dos textos gregos,
EN S

cimento literário
muitos trazidos do Oriente pelos bizantinos que haviam fugido da invasão otomana
E U

HABILIDADES de Constantinopla a partir de 1453. No ocaso da Idade Média, os humanistas, apesar


• Interpretar histórica e/ou da grande inspiração no mundo clássico, foram os responsáveis pelo amálgama que
geograficamente fontes seria matéria-prima cultural do Renascimento: a junção dos valores cristãos medievais
D E

documentais acerca de com os da cultura greco-romana.


aspectos da cultura.
A LD

A visão de mundo teocêntrica do Medievo determinava o sentido da vida segun-


• Identificar as manifesta-
do os dogmas da Igreja. O Humanismo revalorizou o ser humano pelo resgate da
ções ou representações da
diversidade do patrimônio cultura greco-romana, apresentando uma nova perspectiva filosófica apoiada nos
cultural e artístico em seguintes preceitos:
EM IA

diferentes sociedades.
• Racionalismo: o ser humano é um ser dotado de inteligência, devendo usá-la
• Identificar registros sobre
para compreender o mundo que o cerca por meio da razão.
ST ER

o papel das técnicas e


tecnologias na organiza- • Espírito crítico: ao pensar sobre o mundo, a humanidade deve esforçar-se por me-
ção do trabalho e/ou da lhorá-lo, corrigindo erros e criticando posicionamentos irracionais. Esse aspecto es-
vida social.
teve na base das críticas contra a Igreja Católica e influenciou a Reforma Religiosa.
SI AT

• Analisar a produção da
memória pelas sociedades • Criatividade: o homem passou a ser visto como dotado de grande capacidade cria-
humanas. dora, favorecendo o extraordinário desenvolvimento das artes no Renascimento.
• Associar as manifestações
M

culturais do presente aos


• Realismo: o gosto pela investigação racional tornou o homem renascentista
seus processos históricos. mais atento à observação e à reflexão sobre a realidade que o cercava. Isso
• Comparar pontos de vista repercutiu nas artes, em obras de extremo realismo.
expressos em diferentes • Hedonismo: vertente filosófica antiga que apregoa a busca da verdadeira virtu-
fontes sobre determinado
aspecto da cultura.
de nos prazeres.
• Classicismo: resgate e valorização de obras e valores clássicos.

ANTECEDENTES DO RENASCIMENTO CULTURAL


Na Baixa Idade Média, mudanças sensíveis ocorreram na vida europeia. O desen-
volvimento do comércio, por meio das Cruzadas, era indicativo de novas necessida-
des que a produção do feudo não supria.

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99

Os contatos com o mundo oriental fizeram ressur- Mirandola. Nela, observa-se o caráter especial do ser
gir questionamentos sobre a vida material, dando novo humano de se transformar em tudo o que quiser, dife-

HISTÓRIA 1
impulso à vida intelectual europeia. As universidades rentemente dos outros animais.
surgiram nesse contexto histórico. A valorização da Pico della Mirandola procurou evidenciar que, dife-
matemática, do direito e da medicina contribuiu para rentemente dos outros animais, o ser humano possui a
estabelecer uma cultura que apreciava cada vez mais a capacidade de raciocínio e de livre-arbítrio. O homem,
razão e tentava conciliá-la com a fé. assim, não tinha conteúdo preciso, pois sua qualidade
A maior expressão desse esforço era a escolástica dizia respeito à sua escolha, e a melhor escolha vinha
desenvolvida nas universidades. O pensamento escolás- da reflexão e do raciocínio. Mirandola era, portanto, um
tico recuperou a filosofia de Aristóteles, que afirmava ser defensor do caráter racional do homem.
possível tratar da verdade observando o mundo material. Em outra obra importante da Renascença, o pen-
O Renascimento tornou mais visível o cuidado eu- sador francês Michel de Montaigne também tratou da

O
ropeu com os assuntos relativos à natureza e sua com- condição humana.

BO O
preensão por meio da razão. Os pensadores da Renas- O Renascimento retratou temas pagãos que a men-

SC
cença acreditavam estar recuperando a época antiga e talidade medieval consideraria heréticos, o que é ou-

M IV
rompendo com o passado mais próximo, que chama- tro elemento a considerar nos argumentos relativos à
vam de período tenebroso ou Idade das Trevas. ruptura com a Idade Média e à ideia de retomada do

O S
A Idade Média não foi esse período tenebroso como mundo antigo.
os homens da Renascença quiseram fazer crer, mas Outro argumento contundente: afirmar a existência

D LU
vale compreender as razões que os levaram a construir de uma revolução científica, cuja inspiração residia no
esse mito sombrio. pensamento antigo.
O Renascimento, período entre os séculos XIV e A escolástica medieval, embora procurasse dar es-

O C
XVI, rompeu com alguns valores, mas deu continuidade paço à razão, com suas noções arraigadas na fé e no
N X
à Idade Média. No movimento da história, as rupturas
não são completas, pois elementos herdados de outra
dogmatismo, não havia conseguido libertar a humani-
dade da mentalidade que a colocava em condição de
SI E
época continuam em ação como forças inerciais. inferioridade, incapaz de se afirmar na vida.
Os pensadores da Renascença romperam com essa
O

O RENASCIMENTO COMO RUPTURA visão de mundo, de modo a consolidar uma perspectiva


otimista do ser humano em lugar de destaque. Nesse
Historiadores que defendem o movimento renas-
EN S

sentido, o movimento renascentista estabeleceu uma


centista como de ruptura com a Idade Média costu-
linha de compreensão do mundo diferente do modelo
E U

mam apoiar-se nos seguintes argumentos:


medieval, pois confiou na razão como caminho para a
• Houve retomada dos valores da Antiguidade gre- construção de um conhecimento sobre a natureza, via-
D E

co-romana por oposição aos valores medievais. bilizando a afirmação do ser humano no mundo. De que
forma isso aconteceu? Foi um processo lento.
A LD

• Houve afirmação de uma forma diferente de aqui-


sição do conhecimento, que apelava mais para a Nicolau Copérnico abriu o caminho quando escreveu
experiência que para a escolástica (argumento de a obra referencial Das revoluções celestiais. O cientis-
autoridade). ta fez observações do céu com o uso de instrumentos
EM IA

astronômicos, como astrolábios e quadrantes. Depois


• Existiu nítida defesa do indivíduo em relação à
de registrar certas informações sobre o movimento
ideia de sua universalidade, significando capacida-
dos corpos celestes, chegou à conclusão de que a Terra
ST ER

de de realização múltipla e particular de sua exis-


não estava em repouso, mas em movimento em torno
tência em oposição à visão coletivista que havia
do Sol, como outros corpos do céu. Por prudência, não
imperado no Medievo.
deu publicidade ao que registrara.
SI AT

Um primeiro argumento é categórico ao afirmar que Somente Galileu Galilei e Leonardo da Vinci estabe-
o Renascimento recuperou o racionalismo, o antropo- leceram com clareza o método experimental, consti-
centrismo e o hedonismo predominantes na cultura tuindo a base da ciência moderna.
M

clássica, rompendo com o misticismo, o teocentrismo Galileu autodenominava-se filósofo da natureza.


e a desvalorização do mundo material que predomina- Afirmava que a Bíblia era um livro de Deus, mas escrito
ram na Idade Média. pelos seres humanos, enquanto a natureza era outro
Dessa forma, as obras literárias, as esculturas, as pin- livro de Deus feito por Ele mesmo.
turas e a própria ciência produzidas na Renascença bus- Assim, os dois livros deveriam ser concordan-
cavam nos modelos gregos e romanos um ideal de vida tes, posto que divinos. Havia, contudo, mais faci-
que se contrapunha à vida e à mentalidade medievais. lidade de enganos na leitura da Bíblia do que da
Observa-se essa revalorização dos ideais greco-ro- natureza, porque esta não erra. Para Galileu, o ho-
manos em vários textos renascentistas. Por exemplo, o mem pode enxergar nela a verdade, obter o conhe-
antropocentrismo é cristalino na obra Discurso sobre a cimento de forma direta. O que encontra na natu-
dignidade do homem, do autor renascentista Pico della reza deve encontrar na Bíblia, segundo o princípio

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100

da não contradição. Colocou-se, dessa forma, na o homem consegue atingir porque é um ser racional
precedência do conhecimento sobre a natureza, e tem em si as relações de medida e de proporção. A
HISTÓRIA 1

tornando-se seu filósofo. Para esse pensador, o co- grande preocupação do artista do Renascimento estava
nhecimento provinha da experiência, da observa- em espelhar a natureza e conferir um caráter verossímil
ção e da matematização com o uso da razão. Esse à obra. Assim, a arte era uma espécie de imitação da
é o método experimental. vida. E só o homem é capaz de imitar.
A ciência moderna rompia, dessa maneira, com o O homem vitruviano, recuperado por Leonardo da
mundo medieval e sua visão estreita da capacidade Vinci, representava o modelo das relações de medida de
do homem, colocando-o como medida de todas as instauração do belo, isto é, o código. Os estudos sobre o
coisas por conseguir assimilar o código da natureza. corpo humano, com a dissecação de cadáveres, permiti-
Assim, o clássico tornou-se a base de uma concep- ram a obtenção de conhecimento por meio da experiên-
ção de mundo que acreditava na existência de leis e cia. O sistema circulatório, a musculatura e o esqueleto

O
nas relações de medida como expressão da harmo- eram observados e imitados nas obras de arte.

BO O
nia existente na natureza. Brunelleschi, um dos mais importantes arquitetos

SC
Outros pensadores, por oposição à mentalida- do Renascimento, criou a primeira experiência 3D ao

M IV
de medieval, contribuíram para o desenvolvimento geometrizar uma tela, matematizá-la e, com base nisso,
do racionalismo científico no Renascimento, como compor imagens obedecendo a certa proporção. Isso

O S
Giordano Bruno, Tycho Brahe, Johannes Kepler e dava a impressão visual de profundidade na tela, desen-
Francis Bacon. Embora com distinções quanto à volvendo a perspectiva.

D LU
abordagem científica, os pensadores da Renascen- Outra inovação diz respeito aos trabalhos de luz e
ça estabeleceram outra dimensão para o conheci- sombra (claro-escuro), que davam a ilusão de volume
mento do mundo, separando radicalmente os tem- na superfície plana. Assim, a arte imitava a vida, e o

O C
pos modernos da escolástica medieval. homem se tornava o centro das atenções, medida de
Outro argumento a favor do Renascimento como
N X todas as coisas.
ruptura: a valorização do indivíduo. A sociedade medie-
SI E
val tinha uma visão coletivista da sociedade. A divisão O RENASCIMENTO COMO CONTINUIDADE
da comunidade em três ordens constituía o elemento Os pensadores renascentistas não romperam com-
O

básico definidor das funções na Idade Média. Artistas pletamente com a Idade Média, pois os referenciais
começaram a ganhar destaque e assinar suas obras; religiosos cristãos estavam consolidados em suas ela-
EN S

mercadores enriqueceram, desejando marcar presença borações teóricas e criações artísticas de forma geral.
na sociedade; intelectuais ganharam espaço nas cortes Assim, os temas religiosos de tradição judaico-cristã
E U

reais como pensadores de um novo mundo; uma sensi- medieval foram recorrentes na produção renascentista.
bilidade diferente colocou o homem em contato direto Na pintura e na estatuária, revelam-se em obras como
D E

com Deus. Essas foram algumas características da valo- A criação de Adão, Juízo final, Anunciação (anjo Gabriel
rização do indivíduo no corpo social. anunciando a vinda do filho de Deus à Virgem Maria),
A LD

Além da retomada dos clássicos, a produção renas- Santa ceia (última ceia de Cristo com os apóstolos),
centista na literatura e nas artes plásticas colaborou de- Madona (Virgem Maria com o Menino Jesus no colo),
cisivamente para esclarecer o poder do homem, tanto Crucificação (morte de Cristo), Pietà (Virgem Maria com
EM IA

no âmbito macrocósmico quanto no universo particular Jesus tirado da cruz), Ressurreição, entre outras.
de cada existência humana. A princípio, a Igreja apoiou o movimento renascen-
O Renascimento também provocou rupturas na li- tista, inclusive financiando artistas, o que faz a arte
ST ER

teratura e na arte. renascentista ser também arte sacra, a exemplo da


No plano literário, vários autores procuraram afir- arte medieval.
mar os valores clássicos. Um exemplo é a obra Elogio Os temas religiosos aparecem na pintura e na es-
SI AT

da loucura, em que o autor, Erasmo de Roterdã, teceu tatuária medievais e renascentistas, indicando uma
considerações críticas à situação que vinha da Idade relação de continuidade entre Renascimento e Idade
Média, em especial ao poder da Igreja, com seus argu- Média. O tratamento plástico é diferente, mas a temá-
M

mentadores escolásticos que, segundo Erasmo, enga- tica é comum. Temas pagãos extraídos da Antiguidade
navam as pessoas por meio de discussões imaginárias, clássica também inspiraram a produção renascentista.
divagações esdrúxulas que em nada serviam à vida. Apesar de abordar temas pagãos, artistas e intelec-
Outro exemplo: neste trecho de Os lusíadas, de Ca- tuais do Renascimento mantiveram os vínculos com a ci-
mões, compreende-se o passado greco-romano como vilização cristã consolidada na Idade Média. Vale lembrar
inspiração para as ações dos renascentistas. que a Igreja Católica apoiou de início o movimento renas-
No plano das artes visuais ou artes plásticas, gran- centista, contratando artistas que trabalharam para a insti-
des artistas recuperaram o ideal clássico de beleza. Nos tuição numa perspectiva que revalorizava os antigos. Um
trabalhos, simetria significava harmonia oriunda de re- exemplo disso é a construção da Basílica de São Pedro.
lações de proporção e medida, que instauravam o belo. A Basílica de São Pedro representa bem a ideia que
Assim, haveria um código de beleza na obra de arte que as pessoas tinham de monumento na época. Para os

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101

renascentistas, a função de tais construções era evi- escritos, fomentou debates e criações com a perspec-
denciar certos valores ideais na qualidade de forma tiva do homem no centro das atenções, como medida

HISTÓRIA 1
arquitetônica. Por isso, deviam ficar em locais de bas- de todas as coisas.
tante visibilidade, dominando amplamente a paisagem O terceiro se relaciona com a circulação do co-
urbana. No caso da Basílica de São Pedro, a centrali- nhecimento. Havia certas limitações à circulação das
dade associa-se não apenas à cidade de Roma, mas a ideias clássicas, pela dificuldade de reprodução das
todo o mundo cristão, pelo conteúdo e pelo ideal. obras antigas. Durante a Idade Média, parte delas se
Ainda no quadro da continuidade em relação à conservara por meio do trabalho de transcrição dos
Idade Média, sugere-se uma reflexão sobre o nasci- monges copistas. Na Baixa Idade Média, com a cria-
mento da ciência com base no método experimental. ção das universidades, a procura por livros aumentou
Anteriormente, a ruptura com a escolástica medie- consideravelmente. Disso resultou a xilografia, ino-
val se assentou menos na experiência e mais no ar- vação técnica que consistia no entalhe de textos em

O
gumento da autoridade, apesar de alguns homens do tábuas de madeira, que se transformavam numa es-

BO O
Medievo defenderem o método experimental como pécie de carimbo para molhar na tinta e prensar no

SC
caminho seguro para aquisição do conhecimento. De papel. Sendo a madeira pouco resistente, as letras

M IV
alguma forma, antecipavam o pensamento de Galileu facilmente se quebravam, exigindo talhar outra tábua.
Galilei em defesa da experiência, da observação e da A solução para isso veio quando o alemão Gutenberg

O S
matematização, bases do método experimental. criou os tipos móveis em metal para fixar na prensa.
Recomenda-se então pensar o Renascimento como Essa revolução técnica favoreceu a multiplicação de

D LU
resultado de um processo de mudança de sensibilida- livros e sua aquisição por um maior número de pes-
des desenvolvidas, ainda que de forma incipiente, no soas. A constituição de bibliotecas particulares fez a
período medieval, particularmente a partir do século XI. Igreja perder o controle sobre o que se lia. Os edi-

O C
tores, homens de negócios, publicavam várias obras
CONTEXTO DO RENASCIMENTO
N X inspiradas nos clássicos. Dessa forma, consolidou-se
Explicar o movimento renascentista implica situá-lo a civilização do Renascimento.
SI E
no quadro histórico em que condições materiais e men-
tais sustentaram criações e desenvolvimentos do perío-
OS PENSADORES E SUAS
O

do. Nesse sentido, consideram-se os seguintes fatos:


• desenvolvimento urbano-comercial; CONTRIBUIÇÕES
EN S

• fuga dos sábios de Constantinopla para Roma; A seguir vamos conhecer os nomes e breves tra-
E U

• criação da imprensa. jetórias de sujeitos importantes para o movimento e


O primeiro fato situa-se principalmente no campo o período, separados por suas áreas de atuação, para
D E

das condições materiais. Um grupo de mercadores en- caracterizar os campos em que se encaixam e as inova-
ções que realizaram.
A LD

riquecidos, mas em condição social inferior à da nobre-


za, desenvolvia atividades comerciais no espaço citadi-
no. A questão que se colocava era: Como diferenciá-los PRINCIPAIS NOMES DO RENASCIMENTO
de outros grupos que formavam o terceiro estado? Um CIENTÍFICO
EM IA

caminho encontrado para isso foi o financiamento de • Nicolau Copérnico (1473-1543) – na obra Das
obras de arte, com a instituição do mecenato. Assim, revoluções celestiais, questionou a teoria do
ST ER

os artistas produziam obras por encomenda, sustenta- geocentrismo, a qual havia sido proposta por
dos materialmente pelo desenvolvimento urbano-co- Cláudio Ptolomeu e era defendida pela Igreja.
mercial. A nobreza envolveu-se também no processo Suas observações o levaram a afirmar o modelo
de financiamento, como a família Médici, de Florença,
SI AT

heliocêntrico.
que mantinha relações com mercadores e apoiou o re-
• Leonardo da Vinci (1452-1519) – artista, inven-
nascimento cultural europeu. Percebe-se aí a relação
tor e cientista, defendeu o método experimental
entre desenvolvimento urbano-comercial, mudança
M

para aquisição do conhecimento, além de formu-


social e Renascimento. Com suas cidades mercantis
lar questionamentos a respeito da composição do
e seus homens propensos à especulação, a Itália foi o
universo segundo uma concepção de uma linha
berço do Renascimento.
geometrizante dos espaços.
O segundo elemento informa o aspecto imaterial da
produção. Antes de Constantinopla ser dominada pelos • Américo Vespúcio (1454-1512) – navegador e
turco-otomanos islamizados, muitos eruditos fugiram pesquisador renascentista, filho de uma das famí-
levando obras que diziam respeito a eles próprios, pro- lias mais importantes de Florença. Seus estudos
duzidas no idioma grego. Pediram asilo em Roma, onde geográficos diziam que a Terra Nova era um con-
traduziram as obras para o latim. Em pouco tempo, o junto enorme de terras, definido como continen-
Ocidente passou a ter um conjunto formidável de infor- te. Em sua homenagem, o continente se chama
mações a respeito do mundo antigo, o qual estimulou América.

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102

• Paracelso (1493-1541) – considerado o Pai da da Capela Sistina, no Vaticano. É considerado o


Química no Ocidente, sob influência dos escritos precursor do estilo barroco na pintura.
HISTÓRIA 1

alquímicos do mundo islâmico. Considerava a vida • Leonardo da Vinci (1452-1519) – além de artis-
um processo químico, apresentando alguns ele- ta, foi estudioso de várias ciências, como física,
mentos que constituíam a matéria. matemática e anatomia. Elaborou tratados de
• Miguel Servet (1511-1553) – teólogo e médico, pintura e ótica; aperfeiçoou a técnica claro-escuro
desenvolveu estudos sobre a circulação sanguí- (sfumato). Pintor genial, suas obras encontram-se
nea, mais precisamente pulmonar. Foi considera- entre as mais célebres de toda a história da arte:
do herege e morto na fogueira. A Santa Ceia (um dos maiores exemplos de pintu-
• William Harvey (1578-1657) – conhecido médi- ra renascentista); Gioconda (retrato de Mona Lisa)
co inglês, realizou estudos sobre a circulação do e A virgem dos rochedos.
sangue a partir do motor (coração); afirmou a im- • Hieronymus Bosch (1450-1516) – holandês con-

O
portância da circulação sanguínea para envio de siderado precursor do realismo fantástico. Esque-

BO O
nutrientes às várias partes do corpo. cidas durante séculos, suas obras foram redesco-

SC
bertas no século XX pelos surrealistas. Principais

M IV
• Giordano Bruno (1548-1600) – defensor ferrenho
do heliocentrismo de Copérnico e da noção do criações: O jardim das delícias; A nave dos loucos;
universo infinito, foi também condenado à foguei- A tentação de Santo Antônio e O juízo final.

O S
ra pela Inquisição. • Pieter Bruegel (1525-1569) – inspirou-se em

D LU
• Galileu Galilei (1564-1642) – considerado funda- Bosch, destacando-se com as telas Torre de Babel
dor da ciência moderna, estabeleceu o método e Jogos de criança.
experimental para aquisição do conhecimento. O • Rembrandt (1609-1669) – a mais importante ex-

O C
grande pensador da Renascença teve de renun- pressão do Renascimento flamengo. Obras mais
ciar a seus escritos e à ideia do heliocentrismo e
N X conhecidas: Lição de anatomia e O samaritano.
do movimento da Terra para escapar da fogueira.
SI E
Mesmo assim, a Inquisição o condenou à prisão PRINCIPAIS NOMES DO RENASCIMENTO
domiciliar. Escreveu O mensageiro sideral e Os
LITERÁRIO
O

dois principais sistemas do universo; aperfeiçoou


e difundiu as teorias de Copérnico; fez estudos • Dante Alighieri (1265-1321) – grande pensador
EN S

sobre o relevo da Lua, os satélites de Júpiter e os italiano, escreveu A divina comédia, em que reali-
anéis de Saturno; formulou o princípio da inércia, za uma viagem pelo inferno, purgatório e paraíso
E U

as leis de queda dos corpos, o princípio da com- com o poeta romano Virgílio. Seus escritos forja-
posição dos movimentos e as leis do pêndulo; ram os fundamentos da língua italiana moderna.
D E

estabeleceu os princípios da dinâmica moderna; • Francesco Petrarca (1304-1374) – considerado


inventou o termômetro e a balança hidrostática. o Pai do Humanismo e teórico do Renascimen-
A LD

• Johannes Kepler (1571-1630) – figura importante to, criador do gênero soneto (estrutura de poema
da revolução científica do século XVII, ficou conheci- com 14 versos) e construtor da visão da Idade Mé-
do por estabelecer as leis do movimento planetário, dia como “período tenebroso”.
EM IA

que deu base para a teoria de gravitação universal • Giovanni Boccaccio (1313-1375) – humanista flo-
desenvolvida, posteriormente, por Isaac Newton. rentino autor de Decameron, obra com cem his-
ST ER

tórias (novelas) que tratam da natureza humana.


PRINCIPAIS NOMES DO RENASCIMENTO O encontro de dez jovens nobres (sete moças e
ARTÍSTICO três rapazes) em um castelo no contexto da Peste
SI AT

Negra é a base dessas narrativas.


• Donatello (1386-1466) – destacou-se com a obra
• Erasmo de Roterdã (1466-1536) – grande pensa-
Nossa Senhora e o menino Jesus.
dor renascentista, escreveu Elogio da loucura, obra
M

• Rafael Sanzio (1483-1520) – famoso pelas Madonas. que influenciou os pensadores da época e levou ao
• Ticiano (1477-1576) – autor de mais de 4 mil qua- surgimento do movimento erasmiano em defesa
dros. Obras mais famosas: Retrato do imperador de suas ideias, algumas geradas pela reforma reli-
Carlos V e A descida da cruz. giosa, embora Erasmo se mantivesse católico.
• Botticelli (1457-1510) – bastante influenciado • Gil Vicente (1470-1536) – autor dos Autos, peças
pelos temas e pela estética clássica, foi uma das importantes do teatro português renascentista;
maiores expressões do laicismo renascentista. foi um crítico dos costumes, usando de comici-
Quadros mais famosos: O nascimento de Vênus dade nos assuntos relativos ao caráter humano.
e Alegoria da primavera. • François Rabelais (1494-1533) – autor francês,
• Michelangelo Buonarroti (1475-1564) – notável escreveu Gargântua e Pantagruel, obras cômi-
autor dos afrescos A criação de Adão e Juízo final, cas que trabalham a crítica de costumes; muito

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103

popular, pretendia libertar as pessoas da menta- • Pico della Mirandola (1463-1494) – de grande
lidade medieval, marcada por superstições. erudição, tentou criar um sistema filosófico ba-

HISTÓRIA 1
• Luís Vaz de Camões (1525-1580) – um dos maio- seado no cristianismo que englobasse todas as
res escritores da língua portuguesa, sua obra mais linhas filosóficas. Perseguido pela Inquisição, con-
característica dos ideais renascentistas, Os lusía- seguiu refúgio em Florença, às expensas de Lou-
das, trata da epopeia do povo lusitano, represen- renço, o Magnífico.
tado por Vasco da Gama na viagem para a Índia. • Tommaso Campanella (1568-1639) – como tantos
• Miguel de Cervantes (1547-1616) – em Dom outros pensadores renascentistas, teve problemas
Quixote de la Mancha, o escritor sintetiza as mu- com o Santo Ofício e passou muitos anos nas pri-
danças que estavam acontecendo na sociedade sões da Inquisição. No cárcere, dedicou-se à refle-
em dois personagens principais: a insana e aris- xão filosófica, produzindo sua obra mais importante,
tocrática figura de Dom Quixote representa a de- A cidade do sol, em que expõe a concepção utópica

O
cadência da mentalidade e dos valores feudais; o de uma espécie de sociedade comunista na qual

BO O
grotesco e imediatista Sancho Pança associa-se não existem desigualdade, propriedade e família.

SC
M IV
aos valores populares e ao nascimento do mun- • Nicolau Maquiavel (1469-1527) – na dramaturgia,
do moderno. destaca-se a Mandrágora, comédia de crítica aos
costumes de seu tempo. Sua mais importante obra,

O S
• William Shakespeare (1564-1616) – considerado
um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, O príncipe, é um ensaio político que estabeleceu a

D LU
produziu peças envoltas de profundo humanismo base teórica do absolutismo monárquico. Maquiavel
e pensamento filosófico. Com seus dramas psico- é considerado fundador da ciência política moderna,
lógicos, explorou como poucos literatos o íntimo pois dissociou moral de política. Sua concepção polí-

O C
do ser humano. Obras que se destacam: Romeu tica resume-se em “os fins justificam os meios”.
e Julieta; Hamlet; Otelo; Júlio César e Cleópatra;
N X
Macbeth; Titus Andronicus; O rei Lear.
• Giordano Bruno (1548-1600) – filósofo e escri-
tor, foi instigado pelas ideias copernicanas. Rom-
SI E
• Thomas Morus (1478-1535) – autor de Utopia, peu com a concepção aristotélica de um mundo
considerada obra precursora do socialismo, pois fechado, compreendendo o universo como um
O

imaginou uma ilha onde não havia diferenças sistema aberto e infinito. Defendia concepções
sociais. Chanceler do rei Henrique VIII, dele dis- contrárias às da Igreja. O Tribunal da Inquisição
EN S

cordou quando do rompimento com o Vaticano, o condenou à morte na fogueira como herege
que determinou o surgimento da Igreja Anglicana, em 1600. Obra mais importante: Da causa, do
E U

sendo então condenado à morte. princípio e da unidade.


D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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104

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

HUMANISMO E
RENASCIMENTO CULTURAL

Humanismo

O
BO O
Mudança de mentalidade:

SC
M IV
Nova visão de mundo.

O S
D LU
Preceitos:

O C
Racionalismo, criticismo, criatividade, realismo, hedonismo, classicismo.

N X
SI E
O

Renascimento cultural
EN S
E U

Antecedentes:
D E

Na Baixa Idade Média surgem necessidades e questionamentos sobre a vida material; desenvolvimento
A LD

da razão.
EM IA

Rupturas:
ST ER

Revolução científica (controle e experiência), valores da Antiguidade, valorização do indivíduo.


SI AT

Continuidades:
M

Apoio da Igreja Católica nas criações teóricas e artísticas.

Contexto:
Desenvolvimento urbano-comercial, fuga dos sábios de Constantinopla para Roma, criação da imprensa.

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105

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
RENASCENTISTAS:
PRINCIPAIS NOMES

Renascimento científico:

O
BO O
Nicolau Copérnico (1473-1543), Leonardo da Vinci (1452-1519), Américo Vespúcio (1454-1512), Paracelso

SC
M IV
(1493-1541), Miguel Servet (1511-1553), William Harvey (1578-1657), Giordano Bruno (1548-1600), Galileu

O S
Galilei (1564-1642), Johannes Kepler (1571-1630).

D LU
O C
N X
SI E
O

Renascimento artístico:
EN S

Donatello (1386-1466), Rafael Sanzio (1483-1520), Ticiano (1477-1576), Botticelli (1457-1510), Michelangelo
E U

Buonarroti (1475-1564), Leonardo da Vinci (1452-1519), Hieronymus Bosch (1450-1516), Pieter Bruegel (1525-
D E

1569), Rembrandt (1609-1669).


A LD
EM IA
ST ER
SI AT

Renascimento literário:
M

Dante Alighieri (1265-1321), Francesco Petrarca (1304-1374), Giovanni Boccaccio (1313-1375), Erasmo de Ro-

terdã (1466-1536), Gil Vicente (1470-1536), François Rabelais (1494-1533), Luís Vaz de Camões (1525--1580),

Miguel de Cervantes (1547-1616), William Shakespeare (1564-1616), Thomas Morus (1478-1535), Pico della

Mirandola (1463-1494), Tommaso Campanella (1568-1639), Nicolau Maquiavel (1469-1527), Giordano Bruno

(1548-1600).

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106

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. UNESP como o de hoje. Sete mil leds, com luz difusa e ao mesmo
“Os centros artísticos, na verdade, poderiam ser defini- tempo intensa, permitem uma valorização sem prece-
dos como lugares caracterizados pela presença de um dentes das cores.”
número razoável de artistas e de grupos significativos de Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noti-
consumidores, que por motivações variadas – glorifica- cia/2014/10/vaticano-inaugura-nova-iluminacao-do-i terior-da-
ção familiar ou individual, desejo de hegemonia ou ânsia -capela-sistina.html>.
de salvação eterna – estão dispostos a investir em obras Patrimônio da humanidade, a obra de Michelangelo é
de arte uma parte das suas riquezas. Este último ponto um dos símbolos máximos do Renascimento. Sobre o
implica, evidentemente, que o centro seja um lugar ao contexto histórico em que foi produzida essa obra, é
qual afluem quantidades consideráveis de recursos even- correto afirmar que:
tualmente destinados à produção artística. Além disso, a) o artista retratou o resgate das culturas helenísticas,

O
poderá ser dotado de instituições de tutela, formação principalmente no que se refere às concepções mito-

BO O
e promoção de artistas, bem como de distribuição das lógicas e politeístas.

SC
obras. Por fim, terá um público muito mais vasto que o b) Michelangelo, o autor de “O juízo final”, manteve em

M IV
dos consumidores propriamente ditos: um público não sua obra-prima o princípio básico da arte renascentis-
homogêneo, certamente [...].” ta: o teocentrismo.
Carlo Ginzburg. A micro-história e outros ensaios, 1991. c) os humanistas preconizavam o estabelecimento de

O S
Os “centros artísticos” descritos no texto podem ser dogmas cristãos dissolvidos desde a expansão verti-
ginosa da Igreja Ortodoxa.

D LU
identificados:
d) a obra retrata ainda temas cristãos, retirados da Bí-
a) nos mosteiros medievais, onde se valorizava espe- blia, mas contém o realismo, humanismo e naturalis-
cialmente a arte sacra. mo característicos da Renascença.

O C
b) nas cidades modernas, onde floresceu o renascimen- Como vimos, é importante lembrar que o período renascentista não
to cultural. abandona crenças religiosas, mas coloca o ser humano como centro,
N X
c) nos centros urbanos romanos, onde predominava a
escultura gótica.
como ser racional e ativo.
SI E
d) nas cidades-Estados gregas, onde o estilo dórico era 4. UEPA C5-H23
hegemônico. “O teólogo humanista Tomas Morus publicou em 1516
O

e) nos castelos senhoriais, onde prevalecia a arquitetu- aquele que seria um dos mais importantes livros de
ra românica. todos os tempos. Trata-se de uma descrição conjectural
EN S

Como estudamos, as cidades passaram a ser importantes áreas de tro-


cas comerciais e culturais, e, nesse sentido, locais onde se impulsionou de um não lugar, numa ilha do Atlântico Sul, com uma
o movimento renascentista. baía esplendorosa e ao fundo uma cadeia de monta-
E U

nhas. Ali viveria um povo diferente: homens e mulhe-


2. Espcex-SP res solidários uns aos outros, sem diferenças sociais ou
econômicas decidindo os assuntos políticos em cole-
D E

“A partir do século XI, a Europa Ocidental foi palco de uma


série de mudanças: crescimento da população, avanço téc- tivo. De onde Morus havia tirado as informações? No
A LD

nico, aumento da produtividade agrícola, intensificação do prólogo, ele relata que conversara com marinheiros
comércio entre o Ocidente e o Oriente e ascensão da bur- irlandeses que haviam estado no Brasil e lhe contado
guesia (mercadores, armadores, banqueiros). Todas essas detalhes sobre o povo que lá vivia: eram os tupinam-
mudanças inspiraram uma nova visão do mundo, da arte e bás. Foi esse povo o modelo para a obra que irá in-
fluenciar todo um sonho do Ocidente.”
EM IA

do conhecimento, impulsionando, assim, um movimento


de grande renovação cultural, único na história do Oci- GOMES, Mércio Pereira. Bom selvagem, mau selvagem. Revista
dente: o Renascimento.” de História da Biblioteca Nacional.
ST ER

Ano 8/n o 91/abril 2013. p. 34.


BOULOS JR., 2011.
Identifique, nas alternativas abaixo, a obra e o período
São características do Renascimento: histórico a que o texto se refere:
a) antropocentrismo e misticismo.
SI AT

a) Elogio da loucura, que, junto com Ensaios, inicia-


b) hedonismo e antropocentrismo. va a época do Renascimento, cujas origens locali-
c) teocentrismo e individualismo. zam-se na Itália, mas que ganha uma grande pro-
jeção em Portugal e Espanha a partir do momento
d) teocentrismo e nacionalismo.
M

que esses dois países se projetam nas Grandes


e) misticismo e hedonismo. Navegações.
Como estudamos neste módulo, o antropocentrismo é uma característi-
ca do período renascentista, com a valorização do ser humano racional, b) Utopia, escrito no período de transição entre o cha-
bem como o hedonismo, ou seja, a valorização dos prazeres sensoriais, mado Medievo e os tempos modernos, quando
carnais e materiais. muitas mudanças ocorrem não só na percepção do
espaço geográfico, como também por acontecimen-
tos que apontam para mudanças culturais, pregadas
3. UERN inicialmente pelos humanistas.
“O Vaticano inaugurou a nova iluminação do interior da c) Gargântua e Pantagruel, que, escrito inicialmente em
Capela Sistina, que valoriza os detalhes de obras-primas francês, ganha notoriedade quando ocorre a Refor-
da história da arte. Quando ‘O juízo final’, a parede de ma e seu conteúdo passa a se constituir como mo-
afrescos considerada a maior obra do Humanismo, foi delo de sociedade a ser construída por essa nova
restaurada, há 20 anos, talvez o efeito obtido não fosse doutrina religiosa.

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107

d) Ensaios, que ganhou projeção após seu autor ter sido estabilidade econômica e desenvolveram estratégias

HISTÓRIA 1
condenado e morto pela Inquisição num momento de atração populacional, garantindo uma diversidade
em que a Igreja Católica, sentindo-se ameaçada pela e renovação cultural.
Reforma, passa a combater de forma drástica ideias e) Porque haviam desenvolvido técnicas agrícolas ino-
que apresentassem modelos que se contrapunham à vadoras, permitindo que o território italiano fosse co-
teologia católica. nhecido como um “celeiro de alimentos”, o que per-
e) Utopia, escrita em inglês inicialmente e logo publi- mitiu maior estruturação das cidades italianas e um
cada em diversos idiomas devido à projeção que ga- crescimento populacional, atraindo pessoas das mais
nham os livros em função da invenção da imprensa, diversas regiões do planeta com suas diferenças cul-
o que provoca na sociedade europeia da época o de- turais, impactando no que passou a ser conhecido
sejo de se aventurar por além-mar em busca desse como renascimento italiano.
lugar em que o ser humano era valorizado. Como estudamos, o estabelecimento de rotas comerciais foi decisivo
O livro tratado na questão é Utopia, que apresenta uma sociedade ima- para as trocas culturais que contribuíram para o movimento renascen-
ginária que vivia à maneira pensada pelos renascentistas e humanistas. tista e o mecenato foi uma das práticas necessárias para patrocinar e
incentivar os artistas.

O
Aliás, cabe dizer que essa obra foi muito influenciada pelas descobertas
europeias na América e pelo conhecimento dos povos nativos.

BO O
Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender 6. FGV-SP – Acerca do Renascimento:

SC
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo I. As características do homem no Renascimento são:

M IV
uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
racionalismo, individualismo, naturalismo e antropo-
Habilidade: Analisar a importância dos valores éticos na estruturação centrismo, em oposição aos valores medievais ba-
política das sociedades.
seados no teocentrismo.

O S
5. Unespar-PR – O Renascimento foi considerado um mar- II. O Renascimento não foi um processo homogêneo.

D LU
co de renovação artística, filosófica e cultural ocorrida na Seu desenvolvimento foi muito desigual e as mani-
Europa Ocidental a partir do século XV. Por que as cidades festações mais expressivas se deram nos campos
da Península Itálica foram o berço desse renascimento? das artes e das ciências, sendo que no campo artísti-
a) Porque tinham uma das mais fortes economias no co a literatura e as artes plásticas ocupavam lugar de

O C
final da Idade Média, em contato com o mundo destaque.
oriental, possibilitando importante intercâmbio cul- III. A arte renascentista tornou-se predominantemente
N Xtural. Além disso, possuíam burguesias comerciais
que atuavam como mecenas, patrocinando pintores,
religiosa, retratando a vida de santos, de clérigos e o
cotidiano cristão da época.
SI E
escultores e arquitetos. IV. A Itália foi o centro do Renascimento porque era o
b) Porque haviam estabelecido intenso comércio com o centro do pré-capitalismo e do desenvolvimento co-
O

continente americano, o que enriqueceu a burguesia mercial e urbano, que gerava os excedentes de capi-
comercial, que passou a investir no movimento cultu- tal mercantil para o investimento em obras de arte.
ral que surgia naquele momento, especialmente no
EN S

V. A ascensão do clero foi fundamental para que se de-


campo da literatura, pintura e arquitetura. senvolvesse nos Estados italianos um poderoso me-
E U

c) Porque receberam grande fluxo migratório de diver- cenato, plenamente identificado com as concepções
sos Estados a partir do século XV, especialmente da terrenas dominantes entre os eclesiásticos.
Alemanha, o que possibilitou o surgimento de um É correto apenas o afirmado em:
D E

movimento de renovação cultural e que teve maior


representação nas artes com artistas como Leonardo a) I, II, III. c) I, II, V. e) II, IV, V.
A LD

da Vinci e Michelangelo. b) I, II, IV. d) I, III, V.


Uma das características da arte renascentista é sua vinculação com a
d) Porque haviam sido atingidas com menor intensi- matemática, o estudo da perspectiva e a busca pela representação mais
dade pela Peste Negra que havia se alastrado pela realista do corpo.
maior parte das cidades europeias, por esse motivo
as cidades italianas conseguiram a manutenção da
EM IA

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
ST ER

7. UFF-RJ – O mundo moderno está associado, na sua ori- 8. UEL-PR – Nas obras Commentariolus e Revolução das
gem, à cultura renascentista. Invenções e descobertas só Orbes Celestes, Nicolau Copérnico formulou uma teoria
puderam ser realizadas porque os intelectuais renascen- que desafiou os dogmas da Igreja Católica Apostólica
SI AT

tistas reuniram tradições clássicas ocidentais e orientais, a Romana, ao conceber um novo modelo.
fim de dar novo sentido à ideia de HOMEM e NATUREZA. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os
Assinale a afirmativa que pode ser corretamente asso- valores culturais do Renascimento.
M

ciada ao Renascimento. a) Coloquialismo, fundamentalismo e escatologia.


a) O livro da natureza foi escrito em caracteres matemá- b) Formalismo, relativismo e misticismo.
ticos (Galileu). c) Gnosticismo, hermetismo e sofismo.
b) O homem é imagem e semelhança de Deus (Jean d) Heliocentrismo, antropocentrismo e racionalismo.
Bodin). e) Teocentrismo, aristotelismo e coloquialismo.
c) O mundo é perfeito porque é uma obra divina e, as-
9. Unicamp-SP
sim, só pode ser esférico (Marsílio Ficino).
“A primeira lei de Kepler demonstrou que os planetas se mo-
d) A perspectiva é o fundamento da relação entre espa- vem em órbitas elípticas e não circulares. A segunda lei mostrou
ço humano e natureza divina (Alberti). que os planetas não se movem a uma velocidade constante.”
e) A proporção é a qualidade matemática inadequada à PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São
representação do mundo natural (Leonardo da Vinci). Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 289. (Adaptado)

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108

É correto afirmar que as leis de Kepler: b) O texto apresenta Deus como centro do universo ao
HISTÓRIA 1

explorar a semelhança entre o homem e o divino.


a) confirmaram as teorias definidas por Copérnico e são
exemplos do modelo científico que passou a vigorar c) Hamlet apresenta o homem como uma obra-pri-
a partir da Alta Idade Média. ma nata, dialogando com a perspectiva filosófica
do empirismo.
b) confirmaram as teorias defendidas por Ptolomeu e
permitiram a produção das cartas náuticas usadas no d) O texto explora o hedonismo ao destacar o homem
período do descobrimento da América. como “infinito nas faculdades, na expressão e nos
movimentos”.
c) são a base do modelo planetário geocêntrico e se tor-
naram as premissas científicas que vigoram até hoje. e) Hamlet apresenta uma elegia ao homem, ilustran-
do o antropocentrismo característico do renasci-
d) forneceram subsídios para demonstrar o modelo pla-
mento cultural.
netário heliocêntrico e criticar as posições defendi-
das pela Igreja naquela época.
13. PUC-RJ – Os humanistas e artistas do Renascimento

O
10. UEG-GO – Conhecimento é a relação que se estabele- italiano apregoavam a “volta aos antigos” como funda-

BO O
ce entre o sujeito cognoscente e um objeto. Na Gré- mento de suas ações no presente.

SC
cia Antiga não havia fragmentação do conhecimento, Assinale a alternativa que expressa o que era entendido

M IV
e pensar sobre um assunto envolvia a totalidade dos por “volta aos antigos”.
outros. Os filósofos gregos da Antiguidade se preocu-
a) Dar continuidade ao pensamento medieval, em par-
pavam basicamente com os problemas do ser e do não ticular aos preceitos da escolástica, que apregoava a

O S
ser, da permanência e do movimento, da unidade e da conciliação da fé cristã com a razão fundada na tradi-
multiplicidade das ideias e das coisas. Já para o pen- ção grega de Platão e Aristóteles.

D LU
sador medieval, o problema principal era a conciliação
b) Tomar como fundamento exclusivamente as Escritu-
entre fé e razão.
ras Sagradas – o Antigo e o Novo Testamento – na
No Renascimento, surgem as seguintes grandes mo- medida em que as formas culturais deveriam estar a

O C
dificações: serviço da religião.
a) a união entre fé e razão, o fideísmo e o positivismo. c) Inspirar-se na arte e na cultura da civilização greco-ro-
N X
b) a união entre fé e razão, o teocentrismo e o interesse
mana, que teria sido desvalorizada pelo pensamento
medieval, o qual limitava a liberdade do indivíduo.
SI E
pela moral.
d) Imitar fielmente as atitudes dos homens da Antigui-
c) a valorização da fé em detrimento da razão, o cosmo-
dade, em seu modo de escrever, falar, esculpir, pin-
centrismo e o fideísmo.
O

tar, construir, se vestir, entre outras. Assim, sentiam-


d) a separação entre fé e razão, o antropocentrismo e o -se alcançando as glórias do passado.
interesse pelo saber ativo.
EN S

e) Reagir ao movimento que defendia a autoridade do


presente em relação ao antigo e exigia uma ruptura
11. UFRGS-RS – A partir da impressão em metal, concebi-
E U

total com o passado.


da pelo alemão Gutenberg, começam a multiplicar-se os
textos e obras literárias. A esse respeito, considere as 14. PUC-RS
seguintes afirmações.
D E

“A postura dos humanistas valorizava o que de divino ha-


I. A imprensa permitiu a difusão da Bíblia em línguas ver- via em cada homem, induzindo-o a expandir suas forças, a
A LD

náculas, reduzindo o papel desempenhado pelo clero. criar e a produzir, agindo sobre o mundo para transformá-
II. Na obra Dom Quixote de La Mancha, Miguel de Cervan- -lo de acordo com sua vontade e interesse.”
tes criou uma sátira aos ideais da cavalaria medieval. SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento.
III. Luís Vaz de Camões, em sua obra Os lusíadas, ins- São Paulo: Atual, 1985. p. 16.
EM IA

pirada na viagem de Vasco da Gama, narra os feitos O autor destaca no texto especificamente a característi-
marítimos portugueses. ca do Humanismo renascentista denominada:
ST ER

Quais estão corretas? a) cientificismo.


a) Apenas I. b) igualitarismo.
b) Apenas II. c) antropocentrismo.
SI AT

c) Apenas III. d) materialismo.


d) Apenas I e II. e) messianismo.
e) I, II e III
15. Unifal-MG – Entre o período final da época medieval e
M

12. UPE – "Que obra de arte é o homem! Que nobre na razão, o início da modernidade, a Europa viveu um conjunto
que infinito nas faculdades, na expressão e nos movimen- de transformações políticas, econômicas, sociais e cul-
tos, que determinado e admirável nas ações; que parecido a turais. No plano da cultura, tais transformações deram
um anjo de inteligência, que semelhante a um deus!" origem ao Renascimento e à Reforma Protestante. A
SHAKESPEARE, William. Hamlet.
respeito desses movimentos, assinale a alternativa cor-
São Paulo: Abril Cultural, 1976. p. 87. reta.
a) Os artistas e pensadores renascentistas tinham em
Partindo da análise da fala da personagem shakespea- comum uma visão de mundo baseada nos valores
riana, assinale a alternativa que a associa às característi- estéticos do barroco e nas concepções da Reforma
cas do renascimento cultural. Protestante. Em razão disso, os pintores e esculto-
a) A fala de Hamlet ilustra o teor teocêntrico do Renas- res do Renascimento elegiam como temas de suas
cimento ao associar o homem a anjos e deuses. obras somente os profetas e os anjos.

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109

b) Uma característica comum aos pensadores renas- d) assumiram forte conotação anticlerical e intensifica-

HISTÓRIA 1
centistas e protestantes era um profundo deísmo, ram as críticas renascentistas à conduta e ao poder
caracterizado, sobretudo, nas obras de Tomás de da Igreja Católica.
Aquino, de Lutero e de Leonardo da Vinci. e) retrataram o imaginário da burguesia comercial ascen-
c) A Reforma Protestante e o Renascimento constituí- dente na Itália e na Espanha do final da Idade Média.
ram movimentos homogêneos, que se desenvolve-
ram concomitantemente, e com igual intensidade, 17. Mackenzie-SP
nas mais diferentes regiões da Europa Ocidental. “A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma
d) Thomas More, ao narrar a existência de uma so- criatura rude, sem forma, a qual deveis moldar para que se
ciedade sem males na ilha de Utopia, sintetizou converta em um homem de verdade. Se esse ser moldado
os ideais renascentistas e protestantes dos quais se descuidar, continuareis tendo um animal; se, ao contrá-
era partidário. rio, ele se realizar com sabedoria, eu poderia quase dizer
e) O Humanismo, movimento intelectual vinculado ao que resultaria em um ser semelhante a Deus.”
Renascimento, tinha como centro de suas preocu- Erasmo de Roterdã.

O
pações o homem. Os humanistas consideravam o

BO O
No trecho anterior, datado de 1529, do filólogo e pensa-
homem obra de Deus e dotado de capacidade de dor da cidade holandesa de Roterdã, encontra-se mani-

SC
compreender, modificar e dominar a natureza. festa a presença do pensamento:

M IV
16. UNESP – Podemos afirmar que as obras A divina a) teocentrista, priorizando a ideia do sobrenatural e da
comédia, escrita por Dante Alighieri no início do século ligação do homem com o divino.

O S
XIV, e Dom Quixote, escrita por Miguel de Cervantes no b) experimentalista, em que todo e qualquer conhe-
início do século XVII: cimento humano se daria por meio da investigação

D LU
a) parodiaram as novelas de cavalaria e defenderam a científica.
hegemonia da Igreja Católica e da aristocracia, res- c) escolasticista, doutrina que admitia a fé como a única
pectivamente. fonte verdadeira de conhecimento.

O C
b) derivaram de registros orais e foram apenas organiza- d) antropocentrista, valorizando o homem e suas obras
das e sistematizadas na escrita de seus autores. como base para uma visão mais racional do mundo.
N X
c) contribuíram para a unificação e o estabelecimento
da forma moderna dos idiomas italiano e espanhol.
e) epicurista, apontando para uma postura ideológica
que configurou a transição para a Idade Moderna.
SI E
ESTUDO PARA O ENEM
O

18. Enem C1-H4 os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser
EN S

“Acompanhando a intenção da burguesia renascentista julgadas senão por matemáticos.”


de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o es- COPÉRNICO, Nicolau. De Revolutionibus orbium caelestium.
E U

paço geográfico, através da pesquisa científica e da in- “Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como
venção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar o navegador que embarca em um navio sem leme nem
nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movi-
D E

bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa


mento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experi-
A LD

sentimento.” mente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências


SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984. produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação hu-
O texto apresenta um espírito de época que afetou mana pode-se considerar verdadeira ciência se não passa
também a produção artística, marcada pela constante por demonstrações matemáticas.”
EM IA

relação entre: VINCI, Leonardo da. Carnets.

a) fé e misticismo. O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para


exemplificar o racionalismo moderno é:
ST ER

b) ciência e arte.
c) cultura e comércio. a) a fé como guia das descobertas.
d) política e economia. b) o senso crítico para se chegar a Deus.
c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
SI AT

e) astronomia e religião.
d) a importância da experiência e da observação.
19. Enem C1-H4 e) o princípio da autoridade e da tradição.
“[...] Depois de longas investigações, convenci-me por
M

fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de plane- 20. Enem C1-H1
tas que giram em volta dela e de que ela é o centro e “Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que
a chama. Que, além dos planetas principais, há outros temido ou temido que amado. Responde-se que ambas
de segunda ordem que circulam primeiro como satélites as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las,
em redor dos planetas principais e com estes em redor é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja
do Sol. [...] Não duvido de que os matemáticos sejam da de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer,
minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simulado-
conhecimento, não superficialmente mas duma maneira res, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem
aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a
Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem co- vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está
meter contra mim o abuso de invocar alguns passos da longe; mas quando ele chega, revoltam-se.”
Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

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110

A partir da análise histórica do comportamento humano c) guiado por interesses, de modo que suas ações são
HISTÓRIA 1

em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o imprevisíveis e inconstantes.


homem como um ser: d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o -social e portando seus direitos naturais.
bem a si e aos outros. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para al- com seus pares.
cançar êxito na política.

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9
111

ORIGENS MEDIEVAIS DO

HISTÓRIA 1
ESTADO MODERNO E
A VOLTA DOS REIS

O QUE É ESTADO?

O
BO O
Com a especialização do trabalho trazida pelos excedentes da agricultura, quando

SC
• O que é Estado?
boa parte das pessoas não precisava mais se dedicar a conseguir alimentos, passou a

M IV
• Esferas de poder na Idade
existir uma instituição que comandava militares, escribas e funcionários (como cobra- Média
dores de tributos, mensageiros, cozinheiros, limpadores, construtores, entre outros),

O S
• Tentativas de centralização
sendo responsável, ainda, por atividades como recolher tributos e abrir estradas, política na Idade Média

D LU
construir monumentos, palácios, templos etc. • Monarquias nacionais:
Depois de um período de descentralização política, a Idade Média, falamos agora processo de formação
de outra forma de Estado. Se, antes, o Estado controlava um conjunto de cidades, • Os primeiros Estados

O C
os campos e os recursos naturais, como a água dos rios, o Estado moderno controla • modernos
tudo isso, mas, agora, está vinculado à ideia de nação. • Portugal e Espanha
N X
Nesse contexto, Inglaterra, França, Holanda, Espanha, Portugal e, posteriormente,
Alemanha e Itália consolidam-se como Estados modernos. Passa a haver o controle
• Guerras de reconquista
SI E
• França e Inglaterra
sobre determinado povo, em um território específico, com símbolos próprios e um • Guerra dos Cem Anos
único governante. O que você verá a seguir é a origem dessa construção. (1337-1453)
O

• Guerra das Duas Rosas


ESFERAS DE PODER NA IDADE MÉDIA
EN S

(1455-1485)
As relações de poder no período medieval foram estruturadas com base em do- • Construção do absolutismo
E U

mínios territoriais envolvendo homens da guerra e da Igreja. Assim, quanto maior o real da época moderna
domínio territorial, maior era o poder político e a influência na sociedade europeia. • Teóricos do Estado
Pode-se afirmar que as relações de suserania e vassalagem estabeleciam uma rede moderno
D E

de compromissos entre os membros da nobreza guerreira, garantindo distinções em


A LD

seu interior com base nas dimensões do feudo e da quantidade de vassalos que um HABILIDADES
senhor feudal tinha a seu dispor. Dessa forma, hierarquias foram instituídas, associadas • Comparar o significado
aos títulos de nobreza (marquês, duque, grão-duque, conde, visconde etc.). O senhor histórico-geográfico das
organizações políticas e
que tinha mais vassalos era considerado rei e estava no topo da hierarquia dos nobres.
EM IA

socioeconômicas em escala
Conclui-se que no período medieval houve monarquias, mas o espaço de atuação local, regional ou mundial.
dos reis era relativo, pois dependia de uma teia de relações e envolvia, ainda, o apoio • Interpretar diferentes
ST ER

da Igreja, instituição que detinha grandes extensões de terra. representações gráficas e


Entender a gênese do Estado moderno é compreender que ele pode ser caracteriza- cartográficas dos espaços
do por uma existência geograficamente estável, por instituições permanentes e relativa- geográficos.
• Comparar diferentes pontos
SI AT

mente impessoais e pela aceitação da existência de uma autoridade suprema, base da


de vista, presentes em
lealdade dos súditos entre si e em relação a essa autoridade. As monarquias estrutura-
textos analíticos e inter-
das na Baixa Idade Média representaram, em linhas gerais, as bases do que se conhece pretativos, sobre situações
M

como os Estados da época moderna. Entretanto, para que o rei passasse a representar ou fatos de natureza
um poder máximo, o caminho foi longo, cheio de idas e vindas, nada tranquilo ou amisto- histórico-geográfica acerca
so. Foram verdadeiros confrontos, que, em determinados contextos, contribuíram para das instituições sociais,
políticas e econômicas.
ampliar a força dos reis e, em outros, dificultaram o exercício pleno do poder real.

TENTATIVAS DE CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA NA IDADE MÉDIA


Caso inglês
Antes das invasões vikings na Inglaterra, no século XI, a região era dividida em
sete reinos: East Anglia, Sussex, Wessex, Essex, Mércia, Nortúmbria e Kent. Essa
era a heptarquia anglo-saxônica, constituída por meio das invasões sobre as terras do
antigo Império Romano do Ocidente.

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112

As invasões normandas determinaram uma unidade Caso francês


política na região, garantindo laços de fidelidade entre Outro exemplo de tentativa de centralização do po-
HISTÓRIA 1

os barões (senhores feudais) e Guilherme, o Conquis- der encontra-se na monarquia franca da família Capeto.
tador. Essa alta nobreza inglesa era constituída pelos Essa dinastia foi inaugurada por Hugo Capeto, guerrei-
guerreiros seguidores de Guilherme, a quem deveriam ro que conseguiu defender as terras do centro-sul da
jurar fidelidade não apenas por ser um grande guerrei- França dos ataques normandos em 987. Desde então,
ro, mas também porque ele havia conferido benefícios foi alimentada a rivalidade entre os francos e os grupos
em domínios territoriais após a conquista da antiga ter- do norte. Essa rivalidade foi ampliada na luta contra os
ra dos bretões, ou seja, por ser aquele que distribuiu membros da família Plantageneta, que se tornaram her-
parte das terras conquistadas. A batalha por meio da deiros de Guilherme, o Conquistador.
qual Guilherme tornou-se o senhor da Inglaterra, uni- Contudo, existiam certas limitações ao poder dos
ficando os territórios, ocorreu em Hastings, em 1066. Capeto e, com o movimento cruzadista europeu, a si-

O
Além de dominar as terras que correspondem à In- tuação ficou mais complexa, pois a Ordem dos Templá-

BO O
glaterra atualmente, Guilherme atingiu a Normandia, rios era constituída principalmente pela nobreza france-

SC
no norte da antiga Gália, aliando-se, na ocasião, a uma sa, que não estava submetida diretamente aos reis da

M IV
família daquela região, a família Plantageneta. Seus dinastia Capeto, mas à autoridade papal. O rei Filipe IV,
descendentes continuaram com o nome Plantageneta. o Belo, no início do século XIV, quis destruir a Ordem

O S
Eram, ao mesmo tempo, grandes senhores feudais do dos Cavaleiros Templários para confiscar seus bens e
norte da França e reis da Inglaterra pelo vínculo que

D LU
aumentar seu poder.
tinham com os barões ingleses. O rei francês, visando comprometer a ordem tem-
Isso já demonstra o poder de Guilherme sobre os plária, denunciou a organização, afirmando que seus

O C
territórios conquistados, os quais foram transferidos membros realizavam culto secreto ao diabo. A denún-
para seus descendentes que viviam no norte da França. cia era grave e passível de criação de processo inqui-
N X
Estes exigiam tributos e apoio militar para a realização
de campanhas no continente contra os reis da França,
sitorial. A Igreja normalmente não exigia provas para a
abertura de um processo, bastava apenas a denúncia,
SI E
os Capeto. Tal situação causava um mal-estar entre a di- pois acreditava-se que toda denúncia era de boa-fé.
nastia Plantageneta, sucessora de Guilherme, e os ba- Contudo, por envolver os templários e por estar as-
O

rões, pois muitos desses vassalos ingleses percebiam sociada a uma disputa política entre o poder temporal do
o interesse maior dos reis Plantageneta em dominar as rei e o poder espiritual do papa, Bonifácio VIII não aceitou
EN S

terras da Europa continental em sacrifício dos habitan- a acusação de Filipe IV. Depois de provocações de par-
E U

tes das terras inglesas. te a parte, Filipe IV empreendeu uma campanha militar
Esse mal-estar deu origem a um conflito aberto contra o papa, o que culminou na transferência da sede
após a morte precoce do rei Ricardo Coração de Leão,
D E

da Igreja de Roma para Avignon, no sul da França.


quando este regressava da Terceira Cruzada. Como O novo papa recebeu forte pressão de Filipe IV. As-
A LD

não tinha filhos, seu irmão, João Sem-Terra, assumiu o sim, teve curso o processo inquisitorial contra a ordem.
trono e exigiu mais tributos para novas campanhas na O resultado já era esperado: houve a destruição da or-
Europa continental contra a tradicional família Capeto. dem templária e a execução de seus líderes.
Alguns desses barões recusaram a tributação. O rei or- Esse episódio deu origem a uma divisão na Igreja
EM IA

denou, então, que fossem aprisionados. Contra as pri- Católica, pois os cardeais recusaram o comando da Igre-
sões que se seguiram, houve uma revolta generalizada. ja realizado em Avignon, escolhendo um novo papa em
ST ER

Da revolta à declaração de guerra a João Sem-Terra não Roma. Assim, a cristandade teve dois papas ao mesmo
demorou muito. tempo, o que ficou conhecido como Cisma do Ocidente.
O resultado foi uma derrota do rei, que assinou um É importante salientar que a divisão da Igreja Católica
SI AT

documento elaborado pelos barões no qual havia uma oficialmente é datada de 1378, porém, desde 1309 já
clara limitação do poder real. Esse documento é conhe- funcionava o papado de Avignon. Entre 1378 e 1417, exis-
cido por Magna Carta. Seu texto afirma que qualquer tiram ao mesmo tempo papas em Avignon e em Roma.
M

novo tributo só poderia ser criado com o consentimen-


to dos barões e que o rei não poderia prender qualquer MONARQUIAS NACIONAIS: O PROCESSO
pessoa sem um processo formalizado. Mais tarde, com DE FORMAÇÃO
a aprovação dos Estatutos de Oxford (1258), à época Apesar das tensões inerentes às disputas entre as
do rei Henrique III, é que o Parlamento foi constituído esferas de poder e de os Estados monárquicos medie-
com a exigência de reuniões com periodicidade anual. vais serem relativamente fracos, o processo de centra-
Assim, o caso inglês é bem representativo com relação lização do poder político ocorreu de forma consistente
ao conflito entre as esferas de poder na Baixa Idade ainda na Idade Média.
Média. Só a partir da chamada Guerra dos Cem Anos é Esse processo foi acompanhado pelo desenvolvi-
que se inicia o lento processo de centralização do poder mento da burguesia, pela ação de reis que aderiram
político na Inglaterra. ao espírito cruzadista e por arranjos no interior da no-

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113

breza para garantir a ordem em uma sociedade que os mouros (povos islâmicos) localizados no centro-
se alterava com o renascimento comercial e urbano -sul da região. Os pequenos reinos cristãos do norte

HISTÓRIA 1
da Baixa Idade Média. empreenderam guerras segundo o espírito cruzadista
No que diz respeito ao desenvolvimento da burgue- da época, ou seja, com o propósito de luta contra os
sia mercantil, deve-se considerar que as dificuldades infiéis. Os reinos de Leão, Castela, Aragão e Navarra
de realização do comércio em uma Europa dividida foram os responsáveis pela organização dessas cam-
em vários domínios territoriais contribuíram para que panhas, tendo à frente a figura de seus reis. Assim,
mercadores apoiassem reis, com o intuito de diminuir os nobres orbitavam a realeza e desejavam ampliar
tributos, unificar moedas e estabelecer uma força po- domínios a serviço dos reinos cristãos. Dessa forma,
licial para dar segurança à atividade comercial, entre uma centralização política precoce se esboçou nessa
outros aspectos. região da Europa em pleno período medieval, pois eram
As articulações entre as cidades por meio de rotas monarquias militarizadas, em que o rei era o chefe e

O
comerciais e a integração entre as produções agrícolas representante máximo dos cristãos.

BO O
e o abastecimento das populações citadinas que cres- A princípio, o Condado Portucalense era vassalo do

SC
ciam, até o impacto da peste negra, delineavam uma Reino de Leão. Contudo, a área tornou-se autônoma

M IV
nova concepção de organização político-territorial, que em 1139, com a constituição da dinastia de Borgonha
encontrava nas realezas e nos grandes senhorios o su- (1139-1383). As campanhas contínuas permitiram a for-

O S
porte necessário a um ajustamento político no quadro mação territorial portuguesa e, ao mesmo tempo, o de-
das transformações sociais. senvolvimento do comércio de produtos que chegavam

D LU
Além disso, os deslocamentos do campo para a ci- do Oriente. Lisboa era um ponto de entroncamento de
dade e a insurgência de camponeses que se opunham rotas comerciais que circundavam a Península Ibérica e
à servidão dificultavam a ordem feudal. Muitos acredi- atingiam o norte da Europa. Assim, não tardou para que

O C
tavam que um poder mais distante dos conflitos locais grupos de comerciantes apoiassem os reis, pois havia
poderia garantir uma ordem geral, com o estabeleci-
N X enorme interesse em expandir o comércio controlando
mento de uma ordem jurídico-estatal que dissipasse os áreas no norte da África, em especial Ceuta.
SI E
conflitos da época. Daí a associação com a figura do rei Entre 1383 e 1385, Portugal viveu uma revolução
se tornar, com o tempo, inevitável. que garantiu sua autonomia, tendo à frente a família
O

A própria Igreja passou a observar a importância das de Avis, e que estreitou as relações entre reis e co-
monarquias para a estabilidade europeia e a manuten- merciantes, inaugurando as chamadas Grandes Nave-
EN S

ção da ordem cristã. Os contatos entre os senhores gações lusitanas. Portugal tornava-se o primeiro Estado
de guerra e a Igreja já eram conhecidos e apreciados. moderno europeu.
E U

A diferença agora estava na definição de competên- A formação da Espanha como monarquia nacional
cias entre Estado e Igreja. Imaginava-se que um podia também está associada ao quadro das guerras de re-
D E

se apoiar no outro para um ordenamento duradouro. conquista na região e envolveu a união, por casamento,
Exemplo disso são os reis católicos na Península Ibéri- dos reinos de Castela e de Aragão.
A LD

ca, que atuaram em seus nomes e em nome da Igre- Isabel (de Castela) casou-se com Fernando (de Ara-
ja, lutando contra populações islamizadas na região gão) em 1469, empreendendo ações conjuntas contra
centro-sul da península. As monarquias se revestiam os islâmicos que ainda dominavam parte da península.
EM IA

de uma autoridade cristã transferida do papado para a A ideia era otimizar recursos na luta contra os que
propagação da fé em Cristo por meio de expedições eram considerados infiéis. Avanços territoriais foram
militares, as Cruzadas. conseguidos até chegarem à última conquista, que
ST ER

consolidou o Estado espanhol: a tomada de Granada

OS PRIMEIROS ESTADOS (reduto islâmico), em 1492.


Com isso, constituiu-se outro Estado forte na Pe-
SI AT

MODERNOS nínsula Ibérica, que, obtendo informações dos ganhos


auferidos no expansionismo lusitano e pretendendo
A formação dos primeiros Estados modernos. Vin- ampliar sua força na região, iniciou sua expansão ultra-
M

culados à formação de exércitos nacionais, à influência marina, levantando como bandeira a continuidade da ex-
da burguesia que então se formava como uma classe pansão da fé cristã e, por extensão, dos poderes reais.
poderosa e à necessidade de padronização para facili-
tar a circulação de mercadorias, esses Estados foram
essenciais para consolidar a economia mercantilista
FRANÇA E INGLATERRA
que estão se afirmava e ganhava força.
GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)
Enquanto Portugal e Espanha se estruturavam, o
PORTUGAL E ESPANHA restante da Europa vivia uma crise sem precedentes.
GUERRAS DE RECONQUISTA O continente foi assolado pela peste negra (1348-1353),
O processo de formação das monarquias nacionais que dizimou aproximadamente um terço da população
da Península Ibérica associa-se às campanhas contra europeia. Além disso, muitos passavam fome, pois a

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114

agricultura era desorganizada. Os camponeses se re- das outras famílias, sendo aclamado rei com o título de
voltavam contra as novas imposições da nobreza, que Henrique VII. Desse acordo surgiu a dinastia que esta-
HISTÓRIA 1

não admitia arrecadar menos após a epidemia da peste beleceu as bases do Estado moderno inglês: os Tudor.
negra. Na França, ocorreram as jacqueries, grandes
agitações campesinas contra os nobres. A ação cam- CONSTRUÇÃO DO ABSOLUTISMO REAL
ponesa, forte na França, foi acrescida por outra razão:
DA ÉPOCA MODERNA
a Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
Além do deslocamento do poder, na Baixa Idade
A princípio, a guerra foi um conflito pelo controle
Média, dos senhores feudais e do papado romano para
do trono francês entre duas famílias aparentadas dos
as monarquias, as transformações econômicas e so-
Capeto. A primeira detinha o título de realeza da In-
ciais também contribuíram para o reordenamento de
glaterra, como já mencionado: a família Plantageneta.
forças políticas no período.
Embora Plantageneta e Capeto fossem rivais, houve
Contudo, tratar do Estado moderno requer com-

O
um casamento entre a filha de Filipe IV, o Belo; e o rei
preender todo o esforço no âmbito intelectual que

BO O
da Inglaterra, Eduardo II Plantageneta.
procurou justificar esse deslocamento, garantindo um

SC
Desse casamento nasceu o príncipe Eduardo, que
discurso legitimador do poder político centralizado nas

M IV
se tornaria o rei da Inglaterra. A sucessão ao trono
mãos dos reis.
francês estava garantida aos varões da família Capeto.
Deve-se considerar que as trajetórias dos pensa-

O S
Assim, não haveria a possibilidade de os Plantagene-
dores da época foram variadas, alguns defendendo o
ta assumirem o trono da França. Contudo, os filhos

D LU
poder real com argumentos religiosos; outros por meio
de Filipe IV governaram sucessivamente sem deixar
de um contrato entre homens; e, outros, apenas as-
herdeiros.
sinalando como um governante deveria se comportar
Em 1337, Eduardo III, rei da Inglaterra, disse ter o

O C
para manter a ordem. No entanto, o elemento comum
sangue dos Capeto e, portanto, o direito de assumir o
a todas as argumentações encontrava-se no poder do
trono da França. Os nobres do centro-sul da França não
N X Estado, na ideia de uma soberania que alterava cla-
aceitaram essa declaração e aclamaram a família Valois,
ramente o eixo do exercício do poder, pois não era a
SI E
parente dos Capeto, como a legítima herdeira do trono.
fragmentação feudal típica nem o desejo universalista
Assim, iniciava-se um confronto em que, de um lado,
do papado romano, mas algo intermediário: a monar-
O

estava a família Plantageneta e os barões ingleses e,


quia nacional.
de outro, a família Valois e a nobreza francesa. Foi um
EN S

conflito desgastante, em que as nobrezas orbitavam os


reis, favorecendo o processo de centralização política TEÓRICOS DO ESTADO MODERNO
E U

na França e na Inglaterra. Alguns intelectuais europeus se debruçaram sobre


Nesse trecho, Perry Anderson trata da recuperação o tema do Estado, contribuindo, cada um à sua maneira,
D E

da monarquia francesa e da expulsão dos exércitos, para legitimar uma ordem política centralizada na figura
fazendo referência à atuação da camponesa Joana d’Arc do príncipe ou do rei. Entre os autores que defenderam
A LD

à frente das tropas que defendiam a família Valois da in- o poder do soberano, destacam-se Nicolau Maquiavel
vestida inglesa no norte. Apesar de seu aprisionamento (1469-1527), Thomas Hobbes (1588-1679), Jean Bodin
e de sua execução por ser considerada herege pela (1530-1596) e Jacques Bossuet (1627-1704).
EM IA

Igreja, os êxitos de Joana d’Arc animaram os franceses,


Nicolau Maquiavel
geraram um sentimento de unidade com fortes traços
Na obra O príncipe, Maquiavel defende a dissocia-
religiosos e confirmaram o poder da família Valois.
ST ER

ção entre religião e política e apresenta sugestões para


Foi no quadro da Guerra dos Cem Anos que os
o exercício do poder de forma ampla.
exércitos nacionais foram criados, os tribunais reais
O autor considera que o espaço da política é o da
passaram a ter maior poder e os interesses econômi-
SI AT

representação, pois as pessoas julgam pelo que veem,


cos envolvendo comércio e manufaturas tiveram curso
e não pelo que é. Assim, um príncipe deve fazer valer
com o apoio do poder real.
sua vontade, não sendo necessariamente caridoso ou
M

religioso, mas fazendo com que as pessoas vejam nele


GUERRA DAS DUAS ROSAS (1455-1485) a caridade e a religiosidade.
A Inglaterra ainda passou por um confronto no in-
terior na nobreza para que o Estado moderno se afir- Thomas Hobbes
masse. Esse confronto ficou conhecido como Guerra Em Leviatã, Thomas Hobbes propõe que em condi-
das Duas Rosas, pois, como não havia herdeiro direto ção de natureza os homens encontram-se em estado
da família Plantageneta em 1455, duas famílias aparen- de guerra, sendo a paz possível apenas se renunciarem
tadas disputaram o trono: a família de York, cujo brasão ao poder de autogoverno em nome do poder do rei.
era uma rosa branca; e a de Lancaster, que tinha no Isso dá ao poder um caráter contratual, estabelecen-
brasão uma rosa vermelha. Esse conflito teve curso do o poder político por meio de um consentimento
entre 1455 e 1485 e só terminou quando Henrique, da coletivo, ou seja, social, em nome da paz e de uma
casa Tudor, firmou um acordo com nobres partidários ordem possível.

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115

Jean Bodin De forma geral, pode-se afirmar que duas linhas


de entendimento do exercício do poder dos sobera-

HISTÓRIA 1
Na obra Os seis livros da república (1675), Bodin traça
um paralelo entre a organização do Estado e da família nos predominaram ao longo da época moderna. Uma
para extrair conclusões acerca do poder soberano do rei. defendia o caráter sagrado da autoridade real, sendo
importante, principalmente, no chamado absolutismo
Jacques Bossuet francês. A outra defendia uma visão contratualista para
o exercício do poder do soberano, havendo, dessa ma-
Na obra Política segundo as sagradas escrituras, Bos- neira, um pacto entre governante e governado de tal
suet procurou associar o poder do rei a uma inspiração forma que os governados transferiam o poder para o
divina, defendendo a teoria do direito divino dos reis. rei em nome de uma ordem possível.

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116

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ORIGENS MEDIEVAIS DO ESTADO MODERNO

Poder medieval

O
Características:

BO O
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M IV
Descentralizado.

Baseado na terra.

O S
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Exercido pela nobreza.

O C
Poder real:
N X
De direito, mas não de fato.
SI E
Dividido com uma rede de outros nobres.
O

Protagonismo dividido com a Igreja.


EN S
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Tentativas de centralização
A LD

Caso inglês:
EM IA

Expansão e centralização de Guilherme, o Conquistador.


ST ER

Magna Carta.

Conflito entre as esferas de poder na Baixa Idade Média.


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M

Caso francês:

Dinastia de Hugo Capeto.

Conflito de Filipe IV com os templários.

Transferência da sede da Igreja de Roma para Avignon, no sul da França.

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117

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
CENTRALIZAÇÃO DO PODER

Dinastia capetíngia inicia o processo de centralização. Conflitos


Unificação e centralização:
entre a Igreja e o rei (Cisma do Ocidente) e Guerra dos Cem Anos consolidam o poder real. Durante a
França

O
Guerra dos Cem Anos ocorre formação dos exércitos nacionais, maior controle da economia (cunhagem

BO O
SC
de moedas), centralização da cobrança de impostos e monopólio do exercício da Justiça.

M IV
O S
Unificação: Guilherme, o Conquistador, unifica os reinos ingleses.

D LU
Processo até a dinastia Tudor: A ausência de Ricardo Coração de Leão (Terceira Cruzada) for-

talece os barões ingleses. A tentativa de centralização de João Sem-Terra desagrada o clero e a nobreza.

O C
Inglaterra
N X Imposição da Carta Magna, sujeitando o poder real. A derrota para a França na Guerra dos Cem Anos
SI E
gera crise interna, culminando na Guerra das Duas Rosas, que consolida a dinastia Tudor. Início da
O

centralização na Inglaterra.
EN S

Unificação: O processo de formação das monarquias nacionais de Portugal e da Espanha está asso-
E U

ciado à reconquista dos territórios ocupados pelos árabes (Guerras de Reconquista).


D E

Portugal:Torna-se o primeiro Estado moderno europeu após a Revolução de Avis. Associação do rei
A LD

Portugal e com a burguesia, que financia a monarquia em troca da expansão comercial.


Espanha
EM IA

Espanha: É unificada após o casamento de Isabel (de Castela) e Fernando (de Aragão).
ST ER

Em O príncipe, defende a dissociação entre religião e política e apresenta


Nicolau Maquiavel:
SI AT

sugestões para o exercício do poder de forma ampla.


M

Segundo Hobbes, em condições naturais os homens encontram-se em estado


Thomas Hobbes:
de guerra, devendo, assim, renunciar ao autogoverno em nome do poder do rei. Sua principal obra é

Leviatã.
Principais teóricos
absolutistas Na obra Política segundo as sagradas escrituras, associa o poder do rei a um
Jacques Bossuet:
direito que seria divino, sendo impossível ao homem questioná-lo.

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118

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Mackenzie-SP C1-H1 4. UFSC – Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as


Sobre a Carta Magna inglesa de 1215, é correto afir- afirmativas abaixo com relação à Guerra dos Cem Anos:
mar que: ( ) A guerra contribuiu para consolidar o regime feu-
dal na França e na Inglaterra.
a) foi assinada pelo rei João Sem-Terra, consolidando
a separação entre a Inglaterra e o papa, tornando-o ( ) Uma das causas da guerra foi o controle de terri-
chefe da Igreja. tórios franceses pela Inglaterra.
b) determinou que os bens da Igreja passariam às mãos ( ) O principal objetivo de Joana d´Arc era levar o Del-
da nobreza inglesa que apoiava o rei João Sem-Terra, fim a Reims para ser coroado como Carlos VII, rei
instituindo a monarquia constitucional. da França.
c) proclamou o rei João Sem-Terra Lorde Protetor da In- ( ) A guerra não foi contínua e entre as razões da
glaterra, Escócia e Irlanda, desencadeando uma onda interrupção das hostilidades estão as tréguas e a

O
de nacionalismo extremado. peste negra.

BO O
d) foi imposta pela nobreza inglesa ao rei João Sem-Ter- Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-

SC
ra, limitando o poder real e obrigando-o a respeitar os reta, de cima para baixo:

M IV
direitos tradicionais de seus vassalos. a) V – V – F – F d) F – V – F – F
e) criou o Parlamento inglês bicameral, constituído pelas b) F – V – V – V e) F – F – V – V
câmaras dos Lordes e dos Comuns, impondo ao rei

O S
João Sem-Terra a declaração de Direitos Bill of Rights. c) F – V – F – V
A primeira afirmativa é falsa porque não houve consolidação do regime
João Sem-Terra foi diretamente responsável pela instituição da Carta Mag-

D LU
feudal, pelo contrário, houve a sua decadência e desestruturação enquan-
na em 1215, fato que mudou o sistema político e jurídico da Inglaterra.
to acontecia o processo de centralização do poder nas mãos dos reis.
Competência: Compreender os elementos culturais que constituem as
identidades. 5. Unitau-SP – Com o fim da Guerra dos Cem Anos (1337-

O C
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes do- -1453), o conflito entre os York e os Lancaster, famílias
cumentais acerca de aspectos da cultura. inglesas de grandes proprietários de terra que se enfrenta-
2. FGV-SP – Sobre a formação do absolutismo na França,
N X
é incorreto afirmar que:
ram na Guerra das Duas Rosas – a rosa branca simbolizava
os e a rosa vermelha, os .
SI E
a) seus antecedentes situam-se, também, nos reinados Só em 1485, Henrique VII, que tinha laços de parentes-
de Felipe Augusto, Luís IX e Felipe IV, entre os sécu- co com os Lancaster e os York e que recebeu o apoio
los XII e XIV. da inglesa, conseguiu conciliar os dois
O

b) fez-se necessária nesse processo a centralização dos grupos. Henrique VII foi o primeiro rei da dinastia dos
exércitos, dos impostos, da Justiça e das questões . O fim dos conflitos possibilitou um pe-
EN S

eclesiásticas. ríodo de concentração do poder na figura do rei, que


c) a abolição da soberania dos nobres feudais não teve culminaria no absolutismo inglês dos séculos seguintes.
E U

um importante papel nesse contexto. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as


d) a Guerra dos Cem Anos foi fundamental nesse palavras que completam o texto na sequência em que
processo.
D E

aparecem:
e) durante esse processo a aliança com a burguesia fez- a) York; Lancaster; nobreza; Stuart.
A LD

-se necessária para conter e controlar a resistência


de nobres feudais. b) York; Lancaster; burguesia; Tudor.
A monarquia nacional francesa teve como papel decisivo a centralização c) York; Lancaster; burguesia; Stuart.
política na figura do rei. Para isso, houve uma desarticulação dos pode-
res descentralizados dos senhores feudais.
d) Lancaster; York; nobreza; Tudor.
EM IA

e) Lancaster; York; burguesia; Stuart.


3. UFRN (adaptado) – Desde a época dos apóstolos, a A Guerra das Duas Rosas, entre as famílias York e Lancaster, é o centro
Igreja cristã afirmava-se una, mas isso não a impedia do processo de centralização do poder na Inglaterra sob a dinastia
de assumir características peculiares em diversos ter- Tudor, que inaugura o absolutismo inglês com o apoio da burguesia.
ST ER

ritórios. Em 1054, as diferenças no seio da cristandade


provocaram o Cisma do Oriente, que dividiu a Igreja 6. Faap-SP – Principalmente a partir do século XVI, vários
Ortodoxa e a Apostólica Romana. Entre 1378 a 1417, autores passam a desenvolver teorias justificando o
poder real. São os legistas que, através de doutrinas
SI AT

houve o Cisma do Ocidente, que se caracterizou:


a) pelo fracionamento da Igreja Oriental em duas. leigas ou religiosas, tentam legalizar o absolutismo. Um
deles é Maquiavel: afirma que a obrigação suprema do
b) pelo desmembramento do Tribunal da Inquisição,
governante é manter o poder e a segurança do país que
com uma seção liderada pelo papa na Igreja Católica
M

governa. Para isso deve usar de todos os meios dispo-


Romana e outra chefiada pelo Patriarcado de Cons-
tantinopla na Igreja Ortodoxa. níveis, pois que “os fins justificam os meios.” Professou
suas ideias na famosa obra:
c) pela separação entre o poder espiritual, comandado
pelo papa no Ocidente; e o poder temporal, exercido a) Leviatã.
pelo imperador bizantino no Oriente. b) Do direito da paz e da guerra.
d) por divergências políticas que levaram o papado a ser c) República.
transferido para a cidade de Avignon e a Igreja Oci- d) O príncipe.
dental a ter dois papas.
e) Política segundo as sagradas escrituras.
O Cisma do Ocidente, que faz parte das primeiras tentativas de centrali-
zação do poder na França, foi um rompimento do rei francês com a Igre- Maquiavel é um dos teóricos do Estado absolutista. Sua obra principal
ja Católica, fazendo de Avignon uma nova capital religiosa e nomeando e mais determinante é O príncipe, como foi visto neste módulo.
um segundo papa.

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119

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

HISTÓRIA 1
7. Fuvest-SP – No processo de formação dos Estados 11. Mackenzie-SP – A peste negra, que dizimou cerca de
nacionais da França e da Inglaterra, podem ser identi- um terço da população europeia, as revoltas campone-
ficados os seguintes aspectos: sas ocasionadas pelo precário equilíbrio da produção
a) fortalecimento do poder da nobreza e retardamento agrícola e a Guerra dos Cem Anos, entre França e In-
da formação do Estado moderno. glaterra, foram responsáveis:
b) ampliação da dependência do rei em relação aos se- a) pela formação da sociedade feudo-clerical.
nhores feudais e à Igreja. b) pela crise do mercantilismo econômico.
c) desagregação do feudalismo e centralização política. c) pelo fortalecimento da nobreza em detrimento do po-
d) diminuição do poder real e crise do capitalismo comercial. der real.
e) enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o Es- d) pela aceleração da crise do absolutismo.
tado e a Igreja. e) pela crise do feudalismo e consolidação do poder real.

O
BO O
8. UNESP – A respeito da formação das monarquias na- 12. UEL-PR – Uma das consequências das Cruzadas foi a

SC
cionais europeias na passagem da Idade Média para a consolidação do renascimento comercial europeu, ao:

M IV
época moderna, é correto afirmar que: a) interromper a expansão dos francos do norte da Eu-
a) o poder político dos monarcas firmou-se graças ao ropa e ao impedir que o comércio ficasse monopoli-
apoio da nobreza, ameaçada pela força crescente da zado pelas cidades de Antuérpia e Amsterdã.

O S
burguesia. b) expulsar os árabes do Mediterrâneo e ao permitir o

D LU
b) a expansão muçulmana e o domínio do Mar Mediter- domínio do comércio pelas cidades italianas na re-
râneo pelos árabes favoreceram a centralização. gião, principalmente Gênova e Veneza.
c) uma das limitações mais sérias dos soberanos era a c) estender o controle comercial do pontificado romano
proibição de organizarem exércitos profissionais. a todo o continente, favorecendo as cidades de Flan-

O C
d) o poder real firmou-se contra a influência do papa e o dres e Champagne.
ideal de unidade cristã, dominante no período medieval. d) possibilitar a apropriação pelos mercadores euro-
N X
e) a ação efetiva dos monarcas dependia da concordân- peus dos centros comerciais dominados pelos bre-
tões e florentinos.
SI E
cia dos principais suseranos do reino.
e) generalizar o comércio baseado na troca direta, her-
9. UFRGS-RS (adaptado) – O assim denominado Grande dado dos povos germanos e saxões.
O

Cisma do Ocidente teve como uma de suas consequências:


a) a Reforma Calvinista, que, ao pregar a predestinação e 13. UEL-PR – Por volta do século XVI, associa-se à formação
EN S

o livre-arbítrio, acabou com a unidade da Igreja Católica. das monarquias nacionais europeias:
b) a Querela das Investiduras, travada entre o papa e o a) a demanda de protecionismo por parte da burguesia
E U

imperador, e que versava sobre a proibição de leigos mercantil emergente e a circulação de um ideário
concederem a posse de cargos na Igreja. político absolutista.
c) a emergência do islamismo, que propiciou aos ára-
D E

b) a afirmação político-econômica da aristocracia feudal


bes um ponto de união e identidade, mas os separou e a sustentação ideológica liberal para a centralização
A LD

dos ocidentais. do Estado.


d) o conflito religioso, que instalou um papa em Avignon c) as navegações e conquistas ultramarinas e o desejo de
e outro em Roma, perturbando por décadas a concór- implantação de uma economia mundial de livre mercado.
dia interna da Igreja. d) o crescimento do contingente de mão de obra cam-
e) o confronto entre a Igreja de Roma e a de Constanti-
EM IA

ponesa e a presença da concepção burguesa de di-


nopla, que resultou na cisão entre os ramos grego e tadura do proletariado.
romano do catolicismo. e) o surgimento de uma vanguarda cultural religiosa e
ST ER

a forte influência do ceticismo francês defensor do


10. Fuvest-SP – A peste, a fome e a guerra constituíram os direito divino dos reis.
elementos mais visíveis e terríveis do que se conhece
como a crise do século XIV. Como consequência dessa 14. UEMG – O absolutismo como forma de governo esteve
SI AT

crise, ocorrida na Baixa Idade Média: presente na Península Ibérica, na França e na Inglaterra,
a) o movimento de reforma do cristianismo foi inter- tendo impactado e influenciado as maiores economias
rompido por mais de um século, antes de reaparecer de seu tempo. Seus pensadores mais conhecidos e
com Lutero e iniciar a modernidade. suas teorias foram:
M

b) o campesinato, que estava em vias de conquistar a a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo esta-
liberdade, voltou novamente a cair, por mais de um va subordinado ao Estado; Thomas Hobbes, criador da
século, na servidão feudal. teoria do contrato; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que
c) o processo de centralização e concentração do poder defenderam que o rei era um representante divino.
político intensificou-se até se tornar absoluto, no iní- b) Nicolau Maquiavel e a teoria do contrato; Thomas
cio da modernidade. Hobbes e a teoria da supremacia do rei como repre-
d) o feudalismo entrou em colapso no campo, mas sentante divino; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que
manteve sua dominação sobre a economia urbana defenderam a subordinação do indivíduo ao Estado.
até o fim do Antigo Regime. c) Maquiavel, Jacques Bossuet e Jean Bodin, cujas
e) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos preju- teorias só se diferenciaram na aplicabilidade teoló-
dicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com a gica, bem como Thomas Hobbes, que preconizou o
burguesia. indivíduo como senhor de seus direitos.

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120

d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o con- protestantes aliados à burguesia mercantil católica.
HISTÓRIA 1

trato social; Jacques Bossuet, que estabeleceu o c) motivaram a aliança do Partido Huguenote com a
conceito de individualismo primordial; e Jean Bodin, rainha Catarina de Médicis, provocando, na célebre
que defendeu a primazia da esfera governamental. “Noite de São Bartolomeu”, o massacre dos mem-
bros da Santa Liga aliada da nobreza calvinista.
15. UESPI – O poder dos reis tinha, na época do absolutis-
d) expressaram o confronto político-religioso entre a
mo, respaldo em ideias de filósofos, como Hobbes, e
nobreza católica, liderada pelos Guises; e os Hugue-
fortalecia a centralização de suas ações colonizadoras
notes, ligados aos Bourbons, ocasionando crises no
no tempo das navegações. Os reis do absolutismo: processo de consolidação do absolutismo.
a) encontraram apoio dos papas da Igreja Católica, que e) provocaram o confronto entre os Huguenotes, mem-
concordavam, sem problemas, com o autoritarismo bros do Partido Papista, e os calvinistas integrantes
dos reis e a existência das riquezas vindas das colônias. da Santa Liga, fortalecendo o absolutismo.
b) eram desfavoráveis ao crescimento político da burgue-
sia, pois se aliavam com a nobreza latifundiária e de- 17. PUC-MG – A Revolução do Mestre de Avis (1383-1385)

O
fensora da continuidade de princípios do feudalismo. possibilitou a ascensão de uma nova dinastia em Portugal,

BO O
c) dominaram na Europa moderna, contribuindo para com D. João I, estendendo-se até 1580, quando ocorreu

SC
diminuir o poder do papa e reorganizar a economia a União Ibérica. A vitória de D. João I, o mestre de Avis:

M IV
conforme princípios do mercantilismo. a) implicou uma reorientação da política expansionista
d) fortaleceram as alianças políticas entre grupos da portuguesa, ameaçando os interesses espanhóis na

O S
aristocracia europeia que queriam a descentralização região de Flandres.
administrativa dos governos. b) proporcionou o alargamento territorial com uma po-

D LU
e) fizeram pactos com grupos da burguesia, embora lítica agrária agressiva, visando à obtenção de recur-
fossem aliados da Igreja Católica e concordassem sos destinados à colonização ultramarina.
com a teoria do “justo preço”. c) contou com o apoio da França contra a Inglaterra e

O C
a Espanha, países rivais de Portugal nas disputas
16. Mackenzie-SP – Sobre as guerras de religião ocorridas ultramarinas.
na França durante o século XVI, é correto afirmar que:
N X
a) decretaram o fim da dinastia dos Bourbons, através
do Edito de Nantes, proclamado na “Noite de São
d) deu uma nova orientação à política expansionista,
voltando-se para o ultramar, sendo a conquista de
SI E
Ceuta seu marco inicial.
Bartolomeu”.
e) viabilizou a organização da expedição de Vasco da
b) aceleraram o processo de consolidação do Estado Gama, com o Erário Real destinando somas elevadas
O

absolutista, permitindo a chegada ao poder de reis para o empreendimento.


EN S

ESTUDO PARA O ENEM


E U

18. Enem C1-H1 A proposta de organização da sociedade apresentada


“Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de no texto encontra-se fundamentada na:
ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço
D E

a) imposição das leis e na respeitabilidade ao soberano.


geográfico, através da pesquisa científica e da invenção
b) abdicação dos interesses individuais e na legitimi-
A LD

tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa dade do governo.


aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o
c) alteração dos direitos civis e na representatividade
espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.”
do monarca.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: d) cooperação dos súditos e na legalidade do poder
EM IA

Ed. da Unicamp, 1984. democrático.


O texto apresenta um espírito de época que afetou e) mobilização do povo e na autoridade do Parlamento.
ST ER

também a produção artística, marcada pela constante


relação entre: 20. Enem C3-H14
“A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades
a) fé e misticismo. do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre
SI AT

b) ciência e arte. um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de


c) cultura e comércio. espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se
d) política e economia. considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e
outro homem não é suficientemente considerável para que
M

e) astronomia e religião.
um deles possa com base nela reclamar algum benefício a
19. Enem C3-H14 que outro não possa igualmente aspirar.”
“Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir ao contrato HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
uma soberania absoluta e indivisível. Ensina que, por um
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil,
único e mesmo ato, os homens naturais constituem-se em
quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles:
sociedade política e submetem-se a um senhor, a um so-
berano. Não firmam contrato com esse senhor, mas entre a) entravam em conflito.
si. É entre si que renunciam, em proveito desse senhor, a b) recorriam aos clérigos.
todo o direito e toda liberdade nocivos à paz.” c) consultavam os anciãos.
CHEVALLIER, J. J. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos d) apelavam aos governantes.
dias. Rio de Janeiro: Agir, 1995. (Adaptado) e) exerciam a solidariedade.

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10
121

REFORMA PROTESTANTE

HISTÓRIA 1
E CONTRARREFORMA

É difícil afirmar a unidade de pensamento cristão no período medieval, e as várias

O
práticas que a Igreja Católica combatia por considerar heresias atestam as divisões

BO O
no interior da cristandade europeia. A Igreja incorporou elementos do paganismo,

SC
• Rupturas na religião

M IV
colocando sobre eles um véu cristão, mas nem tudo foi absorvido pelas autoridades • Reforma religiosa
eclesiásticas, e aquilo que feria a doutrina da Igreja era severamente combatido. • O Renascimento e a Igreja
Exemplo claro de intolerância encontra-se na doutrina dos cátaros (puros), tam-

O S
• Igreja Luterana
bém conhecidos por albigenses, pois habitavam a cidade de Albi, na França. Eles abra- • Igreja Calvinista

D LU
çaram um pensamento que se chocava com a doutrina da Igreja Católica. Acreditavam • Igreja Anglicana
na metempsicose, ou seja, na migração das almas. Além disso, reconheciam em sua
• A resposta da Igreja
comunidade homens puros, chamados de anjos, os cátaros. Esses podiam tocar nas Católica

O C
pessoas, retirando os pecados. Entretanto, o toque que redimia pecados podia ser • A Contrarreforma ou
feito somente uma vez. Sendo assim, apenas quando alguém estava para morrer o Reforma Católica
N X
“anjo” era chamado para realizar o toque redentor. Logo, todos os pecados seriam • Companhia de Jesus
SI E
redimidos, as máculas retiradas e o ser humano teria acesso ao paraíso no fim dos • Concílio de Trento
tempos. A Igreja Católica considerou o movimento uma heresia, sendo convocada • Inquisição
uma cruzada contra os habitantes da cidade de Albi. Poucos sobreviveram e houve
O

• Consequências
um massacre da população.
EN S

Além disso, outras questões foram levantadas na Idade Média, como a realização HABILIDADES
do culto em língua popular, pois era feito em latim. Percebe-se que, se havia unidade • Avaliar criticamente
E U

cristã, era apenas institucional, pois práticas religiosas informam a diversidade de ex- conflitos culturais, sociais,
pressões cristãs no Medievo. políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
D E

Entretanto, as críticas à Igreja cresciam e eram feitas por vários grupos sociais in-
História.
satisfeitos com o comportamento de muitos membros da instituição que exploravam a
A LD

fé do povo. Cargos religiosos eram vendidos, cobrava-se para os fiéis se aproximarem • Comparar diferentes pontos
de vista, presentes em
de relíquias (objetos sagrados), e, embora a Igreja afirmasse o celibato clerical, padres, textos analíticos e inter-
freiras e até papas tinham filhos. Assim, a Igreja era acusada de corrupção e venalidade. pretativos, sobre situações
Nesse quadro de insatisfações, o Renascimento inicialmente foi visto pela Igreja ou fatos de natureza
EM IA

como uma oportunidade para reafirmar a autoridade papal em Roma, a grande cidade histórico-geográfica acerca
da Antiguidade clássica. A ideia era reformar Roma e realizar novas construções para das instituições sociais,
ST ER

políticas e econômicas.
ampliar o número de peregrinos na cidade. Isso reforçaria o poder do papa como líder
• Analisar a atuação dos mo-
espiritual da cristandade. vimentos sociais que contri-
Contudo, os gastos elevaram-se e os recursos da Igreja foram escasseando. O buíram para mudanças ou
SI AT

papa Leão X, que deu sequência aos trabalhos iniciados pelo papa Júlio II, decidiu, rupturas em processos de
em 1510, aumentar os fundos destinados às obras estabelecendo uma diretriz. Os disputa pelo poder.
fiéis doadores de recursos receberiam um documento, cada um com seu nome. Esse • Interpretar historicamente
M

documento redimia os pecados cometidos, garantindo o caminho para o paraíso. Isso fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
ficou conhecido como venda de indulgências.
O papado afirmava que o homem podia se salvar pela fé e pelas obras, sendo a
contribuição para a Igreja situada no campo das obras. Dessa forma, contribuir era
salvar-se pelas obras. Isso causou indignação em vários membros da instituição, que
entendiam tal determinação papal como permissividade incompatível com os princí-
pios cristãos.
O homem da Igreja que inaugurou o debate aberto, nesse sentido público da ques-
tão, foi o monge agostiniano e professor de teologia da Universidade de Wittenberg,
Martinho Lutero. Ao saber das instruções dadas ao clero alemão para arrecadar di-
nheiro para a Igreja, Lutero decidiu escrever e publicar 95 teses discorrendo sobre

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122

os problemas da Igreja e se posicionando contra a ven- as dificuldades cresciam para a administração do império
da de indulgências. O monge considerava essa prática da família Habsburgo, mas a Paz de Augsburgo, assinada
HISTÓRIA 1

como falácia, engano, “uma troca de dinheiro por pro- em 1555 depois de longo conflito nas terras alemãs, reco-
messas ocas”, afirmando ser uma fraude. nheceu a existência da igreja reformada luterana.
Lutero foi chamado para se retratar e renunciar ao que A Igreja Luterana, agora oficializada, diferenciava-se
havia escrito. No entanto, o teólogo se recusou a fazer tal da Igreja Católica, entre outros aspectos, por defender a
retratação e manteve sua posição. A partir daí, a Igreja foi di- doutrina da justificação pela fé, ou seja, apenas a fé pode
vidida entre religiosos que assumiam a posição papal como salvar o homem, negando, dessa forma, a salvação pe-
verdadeira e outros que apoiavam as teses de Lutero. las obras em que se sustentava a venda de indulgências.
Depois de várias controvérsias e tentativas frus- Outro ponto importante dessa nova igreja dizia respeito
tradas da Igreja Católica em fazer Lutero renunciar às à leitura da Bíblia. Ficou estabelecido que o fiel devia ter
suas teses, em 1520 o monge agostiniano foi expul- um contato direto com a escritura sagrada e que sua in-

O
so e excomungado. terpretação era livre, o que ajudaria na afirmação da fé e

BO O
Isso não o abalou e em clara confrontação decidiu criar da salvação dos homens. Além de a Bíblia deixar de ser

SC
uma igreja que ele afirmava recuperar o cristianismo pri- publicada em latim, língua que só os doutos entendiam, e

M IV
mitivo e original, desvirtuado pela Igreja Católica. Assim, ser produzida em línguas vernaculares (da população co-
nascia a primeira igreja reformada, a Igreja Luterana. mum), havia a instituição de um culto na língua do povo, o

O S
que facilitaria a compreensão da palavra de Deus.

IGREJA LUTERANA Aqueles que optaram por seguir a Igreja reformada

D LU
tiveram de aprender a ler, e isso talvez tenha contribuí-
A Igreja Luterana recebeu o apoio de príncipes do para o desenvolvimento das áreas protestantes em
alemães que faziam oposição ao imperador germâ- detrimento das católicas, pois a alfabetização tornava-

O C
nico Carlos V, pertencente a uma família tradicional -se necessária e, alfabetizadas, as pessoas poderiam ler
que monopolizava o poder, a família Habsburgo. Essa
N X outras obras além da Bíblia, o que, no mundo católico,
família tinha o apoio da Igreja Católica e, naquele con- não existia, pois a Igreja lia para os fiéis e interpretava
SI E
texto, os príncipes opositores perceberam que a defesa a escritura sagrada. Assim, a pouca quantidade de lei-
de Martinho Lutero era uma oportunidade valiosa para tores entre os católicos também era uma limitação ao
O

romper oficialmente com os Habsburgo. Aquela no- conhecimento que se publicava na imprensa da época.
breza defensora de Lutero criou uma aliança, a Liga de Deve-se considerar, como afirma o estudioso Mir-
EN S

Smalkaden, declarando guerra ao imperador. cea Eliade, que a imprensa teve um papel decisivo para
O conflito entre os Habsburgo e os príncipes oposito- a expansão da Reforma Luterana.
E U

res do poder internacional dessa família só terminou em Outro aspecto a ressaltar concerne às interpreta-
1555, quando foi assinada a Paz de Augsburgo pelo im- ções variadas da escritura sagrada que contribuíram
D E

perador Carlos V. Esse acordo definiu uma fórmula para para a proliferação de outras igrejas reformadas. Ao
a paz, sintetizada na expressão cujus regio, ejus religius. propor a livre interpretação da Bíblia, Lutero abriu cami-
A LD

Isso significa que quem decide a Igreja a ser segui- nho para leituras diferenciadas, que, muitas vezes, se
da é o príncipe. Assim, se o príncipe fosse luterano, chocavam. Dessa forma, uma leitura diferente acabava
a população de sua terra seguiria a Igreja Luterana e, gerando outra igreja. Isso representava o fim do mono-
EM IA

se fosse católico, a população de seu principado seria pólio da Igreja Católica no Ocidente.
católica. Dessa forma, a Igreja estava submetida ao Es-
tado, entendido como o principado.
IGREJA CALVINISTA
ST ER

Deve-se considerar ainda que, em 1530, Carlos V


havia convocado uma Dieta em Augsburgo pretenden- João Calvino foi um teólogo que discordou de Lu-
do a união entre os seguidores de Lutero e os da San- tero. Talvez a leitura mais radical tenha sido feita por
SI AT

ta Sé, pois estava em guerra contra o Império Turco e este pensador religioso. Ele decidiu, por meio de um
pretendia a união dos cristãos contra os islâmicos na estudo do Antigo Testamento, compreender quem era
tentativa de ressuscitar o espírito cruzadista. Deus e qual era sua identidade.
M

Contudo, o que se viu foi a afirmação dos princí- Ao ler o livro dos Profetas, encontrou uma respos-
pios luteranos na Confissão de Augsburgo (documen- ta radical. Deus não era amor, não era clemente, pois
to que afirmava os princípios do pensamento luterano) havia criado o bem e o mal, a luz e as trevas, a paz e a
e a cristalização de diferenças inconciliáveis entre cris- guerra. Se o mal existia, era porque Deus desejou isso.
tãos naquele momento. A vontade d’Ele estava além do bem e do mal. Assim,
Em 1530, o cardeal Campeggio escreveu para o im- se alguém fosse para o inferno, era porque Deus havia
perador: “as opiniões diabólicas e hereges de Lutero [...] definido. Da mesma forma, se alguém fosse para o pa-
devem ser castigadas e punidas de acordo com a lei e a raíso era porque Deus havia determinado.
prática observadas na Espanha em relação aos mouros”. Segundo Calvino, Deus havia predestinado o ser
Assim, os cristãos seguidores de Lutero eram compara- humano. Portanto, não adiantava ler a Bíblia várias ve-
dos aos islâmicos. Carlos V não realizou o que pretendia e zes, pois a fé não seria encontrada em sua leitura. Era

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123

importante ler a Bíblia, mas isso não garantia salvação Henrique VIII contou com o apoio do Parlamento e
alguma, pois não mudaria a vontade de Deus. O ho- criou o Ato de Supremacia (1534), pelo qual estabele-

HISTÓRIA 1
mem deveria carregar uma angústia até o fim dos tem- ceu uma Igreja de Estado, a Igreja Anglicana, confis-
pos, pois não era possível saber quem havia sido eleito cando os bens da Igreja Católica na Inglaterra. Dessa
pelo divino para ir ao paraíso. forma, o rei passou a ter maior capacidade de atuação,
Contudo, os calvinistas encontraram uma solução pois conseguiu recursos para realizar sua política. Isso
para essa angústia de não saber se teriam sido esco- representou um grande passo para a afirmação da au-
lhidos ou não por Deus para ir ao paraíso. Começou a toridade real na Inglaterra, ou seja, a Reforma Anglicana
circular entre os seguidores de Calvino que Deus dava apresentava um claro sentido político.
um sinal da eleição.
Para tanto, era importante fugir do pecado, ocu-
pando o tempo com trabalho. Só aqueles que fugis-
A RESPOSTA DA IGREJA
CATÓLICA

O
sem do pecado teriam a resposta de Deus sobre sua

BO O
eleição ainda vivendo na Terra. Há aqui um conteúdo
A inevitável perda de poder e influência, a Igreja

SC
novo, a valorização do trabalho, o que não existia no

M IV
Católica passou a fazer as próprias reformas, também
pensamento antigo e medieval, pois os homens acre-
conhecidas como contrarreformas. O Concílio de Trento
ditavam que o trabalho era um castigo de Deus. Ago-
foi um momento decisivo, no qual foram decididos os

O S
ra, o trabalho era condição necessária para o conheci-
rumos da Igreja. Depois, também tiveram grande im-
mento da ascese humana para o paraíso.

D LU
portância a volta da Inquisição, cujo objetivo era punir
Aqueles que conseguissem acumular riquezas com
os hereges; e a Companhia de Jesus, que pretendia
uma vida de trabalho tinham a bênção de Deus, ou seja,
espalhar o catolicismo pelo mundo.
o sinal da eleição divina. Vale ressaltar que essa ética

O C
nova contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo.
O trabalho e a acumulação integram a lógica capitalista:
N X A CONTRARREFORMA OU
o trabalho como fonte da riqueza e a acumulação como
REFORMA CATÓLICA
SI E
um motor do capitalismo, ou seja, o lucro.
O calvinismo, diferentemente do luteranismo, mais A Igreja Católica considerou a Reforma Protestante
O

circunscrito às terras alemãs, espalhou-se pela Europa, uma heresia e combateu os movimentos contrários
ganhando a adesão de vários cristãos. Na Inglaterra, aos preceitos católicos de modo semelhante a como
EN S

os calvinistas ficaram conhecidos como puritanos; na fazia na Idade Média, ou seja, por meio dos Tribunais
França, como huguenotes; na Escócia, por presbiteria- Eclesiais: a Inquisição.
E U

nos; e, além disso, boa parte da população holandesa Assim, o Tribunal do Santo Ofício foi restaurado. O
aderiu ao calvinismo. papado romano tomou uma série de medidas com o
D E

propósito de combater a heresia protestante e ampliar


IGREJA ANGLICANA o número de fiéis.
A LD

Houve preocupação com a formação do clero, já que


Se a Igreja Calvinista esteve mais intimamente ligada a Reforma havia sido inaugurada por Martinho Lutero,
ao desenvolvimento do capitalismo, a Igreja Anglicana foi um homem da Igreja. Nesse sentido, foram criados
EM IA

essencialmente vinculada à política. Foi uma instituição os seminários, com o objetivo de disciplinar o clero
criada pelo rei da Inglaterra, Henrique VIII, em 1534. O mo- no respeito à autoridade papal. A Igreja deveria cuidar
narca pretendia aumentar seu poder aproveitando-se da
ST ER

de seus integrantes para, assim, garantir a defesa da


reforma religiosa que afetava o poderio da Igreja Católica. fé cristã católica.
O problema estava em encontrar um pretexto para
romper com o papa e confiscar o patrimônio da Igreja COMPANHIA DE JESUS
SI AT

Católica em território inglês. Contudo, a solução não Essa foi uma das primeiras respostas dos cató-
tardou. Henrique VIII era casado com Catarina de Ara- licos à Reforma Protestante. O fundador da Ordem
gão, tia do imperador católico Carlos V, que governava dos Jesuítas, ou Companhia de Jesus, foi o ex-militar
M

o Sacro Império Romano-Germânico e apoiava o cato- espanhol Inácio de Loyola, que começou esse projeto
licismo contra o luteranismo nas terras alemãs. Sua em 1534. Seis anos depois, em 1540, essa ordem foi
esposa não podia mais engravidar e havia concebido aprovada pelo papa Paulo III.
apenas uma filha para Henrique VIII, chamada Maria. Os jesuítas reuniam os aspectos militares trazidos
O rei queria um filho homem e vivia um romance com pelo seu fundador e os preceitos religiosos típicos de uma
a cortesã Ana Bolena. Ele pediu ao papa a anulação de ordem que pertence à Igreja. Não por acaso, eram con-
seu casamento com Catarina para poder se casar com siderados “soldados da Igreja” ou “soldados de Cristo”.
Ana Bolena. A Igreja não o fez, o que levou o rei a procu- A guerra deles era, incialmente, contra os protestantes.
rar o Parlamento inglês para denunciar a ingerência do A principal estratégia dos jesuítas era investir na edu-
papado romano em um assunto de Estado, pois seu ca- cação religiosa. Assim, criaram escolas ao redor do mun-
samento envolvia um problema de sucessão ao trono. do todo, sempre fazendo parte das Grandes Navegações

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124

e aproveitando esse momento de expansão marítima INQUISIÇÃO


para difundir a fé católica. Nesse contexto, também se A Inquisição e seus tribunais, que julgavam e puniam
HISTÓRIA 1

dedicaram à conversão e à catequização dos povos na- hereges, foram criados pela Igreja Católica em 1231.
tivos nas colônias, tanto nas Américas como na África. Com o tempo, foram perdendo força, até desaparecer.
Porém, seus métodos e procedimentos não foram es-
CONCÍLIO DE TRENTO quecidos. Para a história da Igreja, já milenar, pouco mais
Em 1545, na cidade de Trento, na Península Itálica, de dois séculos era um período bem recente.
o papa Paulo III convocou um concílio. Trata-se de uma Por isso, com o avanço do protestantismo no século
reunião de importantes figuras eclesiásticas liderada XVI, a Igreja Católica e alguns reis católicos, especial-
pelo papa. mente de Portugal e da Espanha, decidiram retomar
Em 1563, após anos de reuniões e de muito traba- as práticas da Inquisição.
lho, a Igreja Católica, em resposta à Reforma Protes- De início, fizeram uma lista de livros proibidos com

O
tante que acontecia já há algum tempo, apresentou a intenção de conter os protestantes, que, naquela

BO O
um conjunto de decisões que guiariam a retomada da época, já utilizam as imprensas criadas por Gutenberg

SC
unidade da fé católica e da disciplina eclesiástica. Al- para reproduzir seus livros, especialmente a Bíblia, que

M IV
gumas das decisões foram: era traduzida para outras línguas. Era o chamado Índex
• manter os sacramentos católicos (batismo, cris- Librorum Prohibitorum.

O S
ma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e Os inquisidores tinham autorização do próprio papa
unção dos enfermos); para torturar os acusados como forma de conseguir as

D LU
• legitimar as indulgências, mas proibir sua venda confissões de que precisavam. Uma das punições mais
(um dos pontos criticados pelos reformadores comuns era a fogueira.

O C
protestantes);
• rejeitar a ideia de predestinação, típica das reli-
CONSEQUÊNCIAS
N X
giões protestantes, e confirmar a salvação humana
como resultado da fé em Deus e das boas ações;
Estima-se que a quantidade de protestantes na
Europa tenha se reduzido à metade após a Contrar-
SI E
reforma ou Reforma Católica. Enquanto isso, a fé
• reafirmar que a interpretação da Bíblia cabe apenas católica foi expandida à força nas possessões colo-
à Igreja (outro ponto de conflito com os protes-
O

niais portuguesas e espanholas. Até hoje, o Brasil,


tantes, que defendiam a interpretação dos fiéis); colonizado pelos portugueses, e os demais países
EN S

• confirmar que o papa era sucessor de São Pedro; latino-americanos, de colonização espanhola, são
• desenvolver um catecismo e criar seminários para majoritariamente católicos. Nos Estados Unidos, por
E U

formar novos sacerdotes e manter o celibato, algo outro lado, a maior parte da população é protestante,
que as religiões protestantes haviam encerrado. dada sua colonização inglesa.
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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125

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
REFORMA PROTESTANTE

Movimento religioso, político e econômico iniciado no século XVI, na Alemanha, com o objetivo de resta-
O que foi?
belecer a primitiva fé cristã.

O
BO O
SC
M IV
Enriquecimento da Igreja Católica, impostos eclesiásticos, bens materiais do clero e venda de indulgências.

Questão das investiduras e conflitos entre os principados alemães e a Igreja. Choques de doutrinas e inter-

O S
Causas

D LU
pretações teológicas, graças à ampla difusão da Bíblia após a invenção da prensa de Gutenberg. Nova visão

do mundo e do ser humano gerada pelo humanismo.

O C
N X Alemanha – Lutero: Discorda da venda de indulgências e defende suas 95 teses contra a Igreja
SI E
Católica; obra: Liberdade cristã.
O

Alemanha – Carlos V: Dieta de Worms para a retratação de Lutero. Dieta de Spira: príncipes protestantes
EN S
E U

se opõem ao imperador. Pela Confissão de Augsburgo, a doutrina de Lutero é liberada (Paz de Augsburgo).
D E

Inglaterra – Henrique VIII: Estabelece o Ato de Supremacia (separação do Vaticano) e Elizabeth I,


A LD

com a Lei dos Trinta e Nove Artigos, consolida o anglicanismo.

Expansão
EM IA

França – João Calvino: Defende a riqueza como sinal de predestinação divina. Seus adeptos cons-
ST ER

tituem os huguenotes (burguesia calvinista).


SI AT

Suíça – Ulrich Zwinglio: Teólogo suíço e principal líder da Reforma em seu país, estabelece um

governo protestante.
M

Escócia – Stuarts (católicos): Foram derrotados no combate contra os presbiterianos (calvinistas),

liderados por John Knox.

Desmembramento do cristianismo: católicos × protestantes. Aumento do poder real, subordinando a


Consequências
Igreja ao Estado. Guerras de religião e emigração para as Américas.

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126

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

CONTRARREFORMA

Reação da Igreja Católica contra as críticas dos protestantes e a divisão do cristianismo.

Convocação do Concílio de Trento, que condenou o protestantismo, confirmou dogmas católicos, estabeleceu o

O
BO O
catecismo romano, manteve o celibato sacerdotal e criou os seminários.

SC
M IV
O que foi? Intensificação dos processos inquisitórios e criação da Companhia de Jesus, cujo objetivo era ampliar o número

O S
de fiéis católicos.

D LU
O C
Fundador:
N X Inácio de Loyola.
SI E
Característica básica:
Companhia Reunião de aspectos militares e religiosos.
O

de Jesus
Missão:
EN S

Conter o protestantismo e espalhar a fé católica pelo mundo, convertendo e catequizando.


E U
D E

Local:
A LD

Trento, na Península Itálica.

Período:
EM IA

1545 a 1563.
Concílio de
Trento O que foi:
ST ER

Reunião eclesiástica sancionada pelo papa para deliberar sobre assuntos sensíveis após a Reforma Protestante.

Uma das alterações foi a proibição da venda de indulgências. Por outro lado, houve permanências, como a negação
SI AT

da predestinação.
M

Início:
Século XIII.

Retomada:
Século XVI.
Inquisição
Missão:
Combater hereges, julgá-los e puni-los, podendo inclusive fazer uso da prática da tortura e aplicar pena de morte

por meio da fogueira.

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127

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das
1. UNESP – As reformas protestantes do princípio do sé-
culo XVI, entre outros fatores, reagiam contra: instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
a) a venda de indulgências e a autoridade do papa, líder Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo
supremo da Igreja Católica. e no espaço.
b) a valorização, pela Igreja Católica, das atividades mer- 4. Uniespar-PR – Sobre os elementos que caracterizaram
cantis, do lucro e da ascensão da burguesia. a Reforma Católica, também conhecida como Contrar-
c) o pensamento humanista e permitiram uma ampla reforma, ocorrida no século XVI, é correto:
revisão administrativa e doutrinária da Igreja Católica. a) a aproximação com os líderes da reforma religiosa,
d) as missões evangelizadoras, desenvolvidas pela Igre- especialmente Thomas Muntzer, que defendia uma
ja Católica na América e na Ásia. Igreja renovada e mais próxima do povo.
e) o princípio do livre-arbítrio, defendido pelo Santo Ofí- b) a criação da Companhia de Jesus, o estabelecimento do

O
cio, órgão diretor da Igreja Católica. Tribunal do Santo Ofício e a criação de uma lista de livros
proibidos, chamada de Índex Librorum Prohibitorum.

BO O
Há pontos corretos em algumas das alternativas erradas, mas a única
que foi formulada apenas com informações verdadeiras é a primeira.

SC
c) a expansão da Igreja Católica, especialmente pelos
A venda de indulgências, de “um lugar no céu”, era uma das principais
continentes da América e Ásia, contando com as

M IV
práticas combatidas pelos protestantes. Como estavam lutando contra
algo institucionalizado, posicionavam-se também contra o próprio papa. alianças realizadas com luteranos e calvinistas, de
2. UFMG – Leia estes trechos: modo a levar ao mundo uma nova Igreja instituída a

O S
partir do Concílio de Trento em 1545.
I. “Assim vemos que a fé basta a um cristão. Ele não
precisa de nenhuma obra para se justificar.” d) a partir do Concílio de Trento foi definido que a Igre-

D LU
ja Católica mudaria suas ações, aproximando-se da
II. “O rei é o chefe supremo da Igreja [...] Nesta quali- população e abandonando antigas práticas como as
dade, o rei tem todo o poder de examinar, reprimir, realizadas pela Inquisição, mas buscando a conver-
corrigir [...] a fim de conservar a paz, a unidade e a são sincera dos pecadores.

O C
tranquilidade do reino [...]”
e) a expansão do catolicismo pelo Novo Mundo desco-
III. “Por decreto de Deus, para manifestação de sua gló- berto pelos ibéricos, reforçando um dos princípios
N X ria, alguns homens são predestinados à vida eterna
e outros são predestinados à morte eterna.”
da Igreja Católica renovada com o Concílio de Trento:
a predestinação, responsável por explicar o destino
SI E
A partir dessa leitura e considerando-se outros conheci- dos homens na Terra.
mentos sobre o assunto, é correto afirmar que as con- Como foi visto neste módulo, a primeira resposta à Reforma Protestan-
te foi a criação da Companhia de Jesus pelo ex-militar Inácio de Loyola,
O

cepções expressas nos trechos I, II e III fazem referên- depois o Concílio de Trento e a volta da Inquisição (ou Tribunal do Santo
cia, respectivamente, às doutrinas: Ofício), acompanhada da lista de livros proibidos.
EN S

a) católica, anglicana e ortodoxa.


5. UFTM-MG – Podemos afirmar que um dos instrumen-
b) luterana, anglicana e calvinista.
E U

tos da Contrarreforma, no século XVI, foi:


c) ortodoxa, luterana e católica. a) o estímulo à venda de indulgências.
d) ortodoxa, presbiteriana e escolástica. b) a tradução livre da Bíblia para as línguas nacionais.
D E

Por mais que a primeira frase seja mais difícil de identificar, a segunda,
que fala sobre o rei como chefe supremo; e a terceira, que fala sobre c) a supressão do Tribunal do Santo Ofício.
A LD

predestinação, podem ser imediatamente relacionadas ao anglicanismo d) a extinção da Companhia de Jesus e de outras or-
e ao calvinismo, respectivamente.
dens religiosas.
3. Unifesp C3-H11
e) a criação de uma lista de livros proibidos.
No século XVI, nas palavras de um estudioso, “reformar Reforçando o que vimos no exercício anterior, mais um exemplo de
a Igreja significava reformar o mundo, porque a Igreja
EM IA

como as bancas cobram o tema. Vimos que o Concílio de Trento reafir-


era o mundo”.Tendo em vista essa afirmação, é correto mou as indulgências, mas proibiu sua venda, manteve a interpretação a
afirmar que: cargo da Igreja – vetando, portanto, as traduções –, retomou o Tribunal
do Santo Ofício e criou a Companhia de Jesus. A resposta correta é a
ST ER

a) os principais reformadores, como Lutero, não se en- criação do Índex Librorum Prohibitorum.
volveram nos desdobramentos políticos e socioeco-
nômicos de suas doutrinas.
6. UEPG-PR – Ao pregar as 95 teses que criticavam aspec-
b) o papado, por estar consciente dos desdobramentos tos da doutrina católica na porta da Igreja de Wittenberg
SI AT

da Reforma, recusou-se a iniciá-la, até ser a isso obri- (Alemanha), em 1521, Martinho Lutero deu início à cha-
gado por Calvino. mada Reforma Protestante. A reação da Igreja Católica
c) a burguesia, ao contrário da nobreza e dos príncipes, ade- não tardou e, assim, teve início a chamada Reforma
M

riu à Reforma para se apoderar das riquezas da Igreja. Católica (ou Contrarreforma). A respeito da Reforma
d) os cristãos que aderiram à Reforma estavam preo- Católica, assinale o que for correto:
cupados somente com os benefícios materiais que 01) As ações da Reforma Católica foram traçadas a par-
dela adviriam. tir do Concílio de Trento, sendo a catequização de
e) o aparecimento dos anabatistas e outros grupos radi- terras descobertas, a retomada da Inquisição e a
cais são a prova de que a Reforma extrapolou o cam- criação de um índice de livros proibidos as principais
po da religião. medidas adotadas no Concílio.
Como foi visto neste módulo, as Reformas tiveram grande impacto na 02) Juntamente com a Reforma Católica, emergiu na
vida da Europa e, depois, do mundo naquele período. A Igreja estava, Europa um forte sentimento de intolerância reli-
há mais de mil anos, no centro do poder europeu, seja na Alta ou na giosa, que resultou em conflitos entre católicos e
Baixa Idade Média, e mesmo no princípio da Idade Moderna. Portanto,
é flagrante o quanto esse rompimento teve desdobramentos em outros protestantes, sendo a Noite de São Bartolomeu um
campos além da religião. dos episódios exemplares desse cenário.

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128

04) A Companhia de Jesus foi uma ordem criada com o 16) A reafirmação da autoridade do papa, que a partir de
HISTÓRIA 1

objetivo de levar o catolicismo para regiões coloniais, então passou a ter a palavra final sobre os dogmas
como o caso da América portuguesa e espanhola. da Igreja Católica, foi outra decisão tomada pela
08) A venda de indulgências (perdão parcial ou total Reforma Católica e visava unificar todos os fiéis sob
de pecados fora dos sacramentos) foi fartamente a autoridade do pontífice, fortalecendo a identidade
estimulada e praticada pelo clero no contexto da e a fé católicas.
Reforma Católica. O objetivo era atrair novos fiéis 1 + 2 + 4 + 16 = 23
com a promessa do perdão divino. 08. Incorreto. Como vimos, as indulgências foram mantidas, mas a
venda proibida.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFCG-PB – Em uma sociedade basicamente iletrada apoiou os camponeses alemães na luta contra o re-
que ainda perdurava entre os séculos XIII e XV na Euro- gime de servidão.

O
pa, o papel dos teólogos da Reforma foi extremamente b) Martinho Lutero foi um monge agostiniano do século

BO O
importante para o letramento das pessoas comuns e XVI; criticou a Igreja Católica por não aplicar o produto

SC
para o aumento das possibilidades de cidadania. das indulgências às populações mais necessitadas.

M IV
Sobre as conquistas intelectuais advindas com a Refor- c) Martinho Lutero, reformador religioso, foi respon-
ma, é incorreto afirmar que: sável pela tradução da Bíblia da língua latina para a
língua alemã, facilitando a difusão das ideias protes-

O S
a) a Reforma nasceu no próprio seio da Igreja e procu- tantes e fundando uma nova religião.
rou dar visibilidade ao conjunto de valores que preco-

D LU
d) Martinho Lutero, líder religioso alemão, lutou para
nizavam o retorno às origens do cristianismo. modificar preceitos e dogmas da Igreja Católica e
b) os clérigos reformistas renovaram a abordagem da defendeu a livre leitura da Bíblia e a preservação dos
teologia pastoral a fim de responder às angústias sacramentos do batismo e da eucaristia.

O C
dos crentes, elaborando obras curtas sobre a moral e) Martinho Lutero recebeu apoio dos camponeses
e a prática da fé. alemães; em contrapartida, foi perseguido por prín-
N X
c) as traduções da Bíblia (como a de Gutenberg, 1456)
difundiram-se na Europa, permitindo aos leigos aces-
cipes. A religião fundada por ele foi, portanto, uma
religião popular.
SI E
so mais fácil às Escrituras.
10. Unemat-MT – Analise as afirmativas sobre a Reforma
d) a nova relação mais direta, mas íntima entre os fiéis
religiosa:
O

e Deus, intermediada pelos textos sagrados, incomo-


dava a Igreja, porque diminuía fortemente a autorida- I. A Igreja Anglicana conservou a estrutura e os dog-
EN S

de do papa e do clero e quebrava a ordem social do mas da Igreja Católica, com pequenas alterações.
mundo medieval. Não foi feita uma reforma profunda nos costumes
E U

e) as traduções mais livres da Bíblia permitiram a li- do clero, que passou a ser visto pela população
beralidade dos costumes, fazendo com que alguns como um aliado da Coroa, o que facilitou o surgi-
protestantes não seguissem mais os valores morais mento e a disseminação de uma série de religiões
D E

pregados pelo cristianismo. puritanas e protestantes, normalmente persegui-


das pelos reis ingleses.
A LD

8. PUCCamp-SP – O calvinismo foi: II. Lutero era um admirador dos escritos de João Huss,
a) a doutrina que sintetizou as ideias dos reformadores herege queimado pela Igreja em 1415, especialmen-
que a antecederam, formulando o campo protestan- te de suas ideias sobre a liberdade da Igreja diante
te em torno dos princípios do cesaropapismo e culto dos papas, sobre a liberdade de consciência indivi-
EM IA

dos santos. dual diante do concílio e sobre a necessidade de re-


b) apenas um prolongamento das ideias preconizadas conduzir o mundo cristão à simplicidade apostólica.
por Lutero, que admitia que o príncipe, além de exer- III. Um aspecto importante do calvinismo é a valorização
ST ER

cer poder civil absoluto, devia vigiar e governar, por moral do trabalho e da poupança, que resulta numa
direito divino, a Igreja cristã. situação de bem-estar social e econômico, o que po-
c) um movimento originário na Suíça, como resultado deria ser interpretado como sinal favorável de Deus
de convulsões sociais locais, que revelavam uma ma- à salvação do indivíduo.
SI AT

nifestação de rebeldia contra as taxas cobradas pela IV. O anabatismo e o puritanismo representam movi-
Igreja e sobre a liberação da prática do divórcio. mentos religiosos que estavam em convergência
d) o resultado das preocupações pessoais de Ulriko com os poderes locais e proclamavam o princípio
M

Zwinglio e dos problemas relacionados com o celi- da individualidade, enfatizavam o discurso da pro-
bato clerical. priedade privada, assemelhando-se ao calvinismo,
e) a mais extremada seita protestante em relação ao ca- que determinava a desigualdade social através da
tolicismo e a mais próxima das questões levantadas, teoria da predestinação.
em termos éticos, pelo rápido desenvolvimento do
Assinale a alternativa que indica a(s) afirmativa(s)
capital comercial e financeiro.
correta(s):
9. UFPE – A Reforma Protestante tem seus fundamentos a) I
iniciados nos estudos e na doutrina defendida por Mar- b) II e III
tinho Lutero. Sobre sua atuação como líder religioso,
c) I, II e IV
assinale a alternativa correta:
d) I, II e III
a) Martinho Lutero foi um religioso católico pregador
de um novo cristianismo – o protestantismo – que e) II e IV

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129

11. UFPE (adaptado) – Com relação à Reforma Protestan- e) o papa só pode perdoar as penas que ele tenha

HISTÓRIA 1
te, indique se as afirmações a seguir são verdadeiras imposto por sua vontade; a fé constitui a única e
(V) ou falsas (F): verdadeira fonte de salvação.
( ) a doutrina calvinista, exaltando o trabalho e des-
14. UEPG-PR – As Reformas protestante e católica (ou
prezando o lazer e o luxo, foi a grande alavanca na
direção do capitalismo. Contrarreforma) foram movimentos religiosos que sa-
cudiram a Europa no século XVI. A respeito de tais
( ) tanto frei Martinho Lutero como o monge domini- movimentos, assinale o que for correto:
cano Tetzel defendiam as indulgências papais como
forma de perdão dos pecados na terra e no céu. 01) O Concílio de Trento, onde se iniciou a reação cató-
lica à Reforma Protestante, foi um acontecimento
( ) o Parlamento inglês apoiou Henrique VIII no rom- decisivo para a eliminação do Índex Librorum Prohi-
pimento com a Igreja de Roma e aprovou, em bitorum (índice dos livros proibidos), que, durante
1534, o Ato de Supremacia, que mantinha a Igreja o período medieval, regeu as ações e os princípios
da Inglaterra sob a autoridade do rei, surgindo a teológicos católicos.

O
Igreja Nacional Anglicana independente de Roma.

BO O
02) A venda de indulgências pela Igreja Católica pode

SC
( ) com o objetivo de evitar a expansão da Reforma, ser apontada como um dos principais motivos para
a Igreja Católica reagiu com o movimento da Con-

M IV
a deflagração da Reforma Protestante.
trarreforma.
04) Ao questionarem práticas adotadas pela Igreja Ca-
( ) o movimento reformista na Alemanha funcionou tólica, John Wycliffe e Jan Huss tornaram-se pre-

O S
como um fator de unidade nacional, provocando cursores da Reforma Protestante.
a unidade dos estados do sul com os estados

D LU
08) A Companhia de Jesus foi instituída pela Igreja
do norte. Católica durante o movimento da Contrarreforma
com o objetivo de estabelecer um diálogo com
12. Mackenzie-SP – As transformações religiosas do as religiões protestantes que se originaram a

O C
século XVI, comumente conhecidas pelo nome de partir do século XVI, dando início ao princípio do
Reforma Protestante, representaram no campo espi- ecumenismo.
N X
ritual o que foi o Renascimento no plano cultural; um
ajustamento de ideias e valores às transformações 15. PUCCamp-SP – Considere os itens adiante:
SI E
socioeconômicas da Europa. Dentre seus principais
reflexos, destacam-se: I. Combate sistemático aos protestantes.
a) a expansão da educação escolástica e do poder II. Recuperação de áreas sob influência do protestantis-
O

político do papado devido à extrema importância mo através da educação, com a criação de colégios.
atribuída à Bíblia. III. Difusão do catolicismo entre povos não cristãos, por
EN S

b) o rompimento da unidade cristã, a expansão das meio da catequese.


práticas capitalistas e o fortalecimento do poder das
E U

monarquias. IV. Contenção do protestantismo através dos Tribunais


da Inquisição.
c) a diminuição da intolerância religiosa e o fim das
Eles identificam:
D E

guerras provocadas por pretextos religiosos.


d) a proibição da venda de indulgências, o término do a) as Ordenações Eclesiásticas de Calvino.
A LD

Índex e o fim do princípio da salvação pela fé e boas b) o Ato de Supremacia de Henrique VIII.
obras na Europa.
c) a Dieta de Augsburgo.
e) a criação pela Igreja Protestante da Companhia de Je-
sus em moldes militares para monopolizar o ensino d) a Reforma Luterana.
na América do Norte. e) a Contrarreforma.
EM IA

13. Facisb-SP – Na primeira metade do século XVI, os 16. UEM-PR – Sobre as missões jesuíticas fundadas na épo-
ST ER

questionamentos sobre a atuação da Igreja Católica ca colonial, na região que atualmente corresponde ao
deram origem, na Europa, aos movimentos conheci- estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s):
dos pelo nome de Reforma Protestante. Em reação, 01) As missões dos jesuítas tinham o objetivo de do-
o catolicismo desencadeou a Contrarreforma. Entre minar os índios para facilitar sua escravização pelos
SI AT

os princípios dos reformistas protestantes e dos con- demais colonos brancos.


trarreformistas, podemos destacar, respectivamente: 02) As missões ou reduções eram povoações onde mo-
a) são fundados seminários de teologia para aprimorar ravam juntos os índios e os padres da Companhia
a formação do clero; a Bíblia deve ser interpretada
M

de Jesus.
livremente pelos fiéis. 04) A expansão dos portugueses, já a partir do século
b) é revogado o celibato clerical; é confirmado o XVI, sobre o território paranaense abriu o caminho
dogma da transubstanciação, o reconhecimento para o estabelecimento das reduções dos jesuítas.
da transformação do pão e do vinho em corpo e 08) A fundação de missões, por parte dos jesuítas, ob-
sangue de Cristo. jetivava a catequização dos índios e relacionava-se
c) o Tribunal do Santo Ofício é reorganizado com o fim aos objetivos de expansão do catolicismo, por parte
de julgar e punir as heresias; são mantidos apenas da Igreja Católica, como reação ao crescimento da
os sacramentos do batismo e da eucaristia. Reforma Protestante.
d) a salvação é consequência das obras, entendidas 16) A região entre os rios Ivaí, Piquiri e Paraná, junta-
como as boas ações orientadas pelas autoridades mente com a região dos Sete Povos das Missões,
eclesiásticas; são mantidos a hierarquia e o celi- no Rio Grande do Sul, são as únicas regiões do
bato do clero. Brasil que tiveram missões dos jesuítas.

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130

17. UDESC – Em 1545, o papa convocou uma reunião entre teses, que foram afixadas na porta da Igreja de Wit-
HISTÓRIA 1

os membros mais importantes da Igreja Católica a fim tenberg, ele foi excomungado pelo papa Leão X.
de debater sobre questões doutrinárias e disciplina- III. Entre as novas doutrinas que surgiram com a Refor-
res. O Concílio de Trento, como ficou conhecida esta ma Protestante estão o luteranismo, o calvinismo e
reunião, durou 18 anos e foi motivado pelos questiona- o anglicanismo.
mentos à Igreja Católica, os quais se tornaram cada vez IV. A Reforma Protestante ocorreu juntamente com ou-
mais frequentes no início do século XVI, e que levaram tras mudanças, como o aumento do poder dos reis
à Reforma Protestante. e o fortalecimento dos Estados nacionais.
Analise as proposições em relação ao contexto: Assinale a alternativa correta:
I. A Reforma Protestante difundiu-se em várias regiões a) somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
da Europa, entre as quais as regiões que atualmente b) somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
compõem a Alemanha, Suíça, Inglaterra e Holanda.
c) somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.

O
II. Martinho Lutero foi um crítico da Igreja Católica. Após d) somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

BO O
a publicação das suas críticas, conhecidas como 95 e) todas as afirmativas são verdadeiras.

SC
M IV
ESTUDO PARA O ENEM

O S
18. Enem C3-H14 e) a Reforma Protestante fortaleceu a venda de relí-

D LU
“Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passa- quias sagradas e aplicou o dinheiro das indulgências
gens, não apenas admite, mas necessita de exposições na edificação de templos católicos.
diferentes do significado aparente das palavras, parece-
-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em 20. UEMG C3-H15

O C
último lugar.” Em 31/10/1517, o então Padre Martinho Lutero publica as
suas 95 teses, onde deixa clara sua contrariedade com a
N X
GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas
de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São
Paulo: Ed. da Unesp, 2009. (Adaptado)
forma religiosa Católica e com seu representante máximo,
o então Papa Leão X. Dois princípios incomodavam muito
SI E
Lutero: o primeiro era a venda das indulgências e o segun-
O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642)
do a Infalibilidade Papal.
cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tri-
O

bunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e Sobre a indulgência, Lutero disse:
fé, problemática cara no século XVII. A declaração de
EN S

Galileu defende que: 27ª- Tese “Pregam futilidades humanas quantos alegam
que, no momento em que a moeda soa ao cair na caixa, a
E U

a) a Bíblia, por registrar literalmente a palavra divina,


apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se alma se vai do purgatório.”
guia para a ciência.
28ª- Tese “Certo é que, no momento em que a moeda soa
D E

b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da


na caixa, vem o lucro, e o amor ao dinheiro cresce e au-
natureza na Bíblia constitui uma referência primeira.
A LD

menta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só


c) as diferentes exposições quanto ao significado das correspondem à vontade e ao agrado de Deus.”
palavras bíblicas devem evitar confrontos com os
dogmas da Igreja. http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm.
Acesso em 10/8/2014
d) a Bíblia deve receber uma interpretação literal porque,
EM IA

desse modo, não será desviada a verdade natural. A reforma luterana, de questionamento ao Papa e à
e) os intérpretes precisam propor, para as passagens sua autoridade, produziu profundas mudanças reli-
bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado ime-
ST ER

giosas, políticas e sociais. Sendo a indulgência um


diato das palavras. erro, então, o povo não deveria obediência irrestrita,
estava se estimulando o livre pensar, o livre agir, o
19. UFPI C3-H11 poder gradativamente voltar-se da igreja para o ho-
SI AT

Em relação ao contexto das reformas religiosas do sé- mem. O alinhamento com qualquer ensino religioso
culo XVI, é correto afirmar que: deveria ser movido pela consciência, e não mais pela
a) a Reforma Puritana possibilitou à Coroa portuguesa imposição papal.
efetivar seu rompimento definitivo com o catolicis-
M

Estava, portanto, em curso uma nova sociedade, refor-


mo romano. mada, que iria produzir
b) a Contrarreforma procurou conciliar a visão religiosa
dos seguidores de Lutero com o pensamento dos a) uma polarização entre protestantes e católicos, com
seguidores de Calvino. consequências somente na Alemanha.
c) os Tribunais da Inquisição ficaram responsáveis pela b) a livre interpretação da Bíblia pelos fiéis, a salvação
punição dos infiéis e pela censura aos livros consi- pela Fé e o Estado livre das indulgências.
derados ofensivos à fé católica. c) a corrupção do homem enquanto cidadão, motivando
d) a Contrarreforma opôs-se à Companhia de Jesus e a preocupação excessiva com a espiritualidade.
delegou à Igreja Anglicana a tarefa de combater a d) um fenômeno religioso com aceitação universal, que
expansão protestante na Europa. passa a ser dominante em toda a Europa.

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11
131

TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO

HISTÓRIA 1
PARA O CAPITALISMO E
ABSOLUTISMO

DA ECONOMIA LOCAL PARA A ECONOMIA

O
BO O
GLOBAL

SC
• Da economia local para a

M IV
economia global
A economia como área do conhecimento que estuda a produção e a distribuição • Início da expansão
de recursos materiais surge somente no fim do século XVIII. Portanto, falar em “eco- europeia: capitalismo e

O S
nomia” do Império Romano, da Idade Média ou mesmo do início da Idade Moderna globalização
é, de certa forma, um anacronismo, isto é, uma ideia de um período utilizada para

D LU
• Monarquias nacionais e
explicar e compreender outro ao qual não pertence. economia global
Em períodos anteriores, o que podemos analisar é como os recursos materiais • Mercantilismo e
eram produzidos e distribuídos. No caso da Idade Média, essa produção era basica- colonização

O C
mente local. A mão de obra escravizada e de pessoas livres e pobres foi substituída • Espanha
N X
pelo trabalho dos servos, que produziam alimentos por meio da agricultura e da
pecuária. Produziam-se as ferramentas utilizadas no trabalho e, em menor escala,
• Portugal
• França
SI E
os artigos de luxo da nobreza. • Inglaterra
Com o renascimento comercial e urbano, vinculado também ao fortalecimento • Holanda
O

da burguesia, a cadeia de produção e de trocas de bens materiais torna-se mais • O Estado sou eu
complexa. A Europa, antes voltada para si, abre-se para o mundo. A burguesia dá • Regime absolutista
EN S

sustentação à centralização do poder nas mãos dos reis, os primeiros Estados mo- • Absolutismo francês
dernos se formam e, então, dedicam-se a explorar e dominar o restante do mundo.
E U

• Absolutismo inglês
Para superar o feudalismo, foi desenvolvido o capitalismo mercantil.
HABILIDADES
D E

INÍCIO DA EXPANSÃO EUROPEIA: • Analisar diferentes


A LD

processos de produção ou
CAPITALISMO E GLOBALIZAÇÃO circulação de riquezas e
suas implicações
Tratar de globalização é, de acordo com alguns estudiosos, compreender o pro- socioespaciais.
EM IA

cesso de expansão europeia do início dos tempos modernos e entender certos • Analisar a ação dos Estados
mecanismos relacionados à dinâmica capitalista. Nesse sentido, as Grandes Navega- nacionais no que se refere à
ções permitiram que os europeus conquistassem novos territórios nos continentes dinâmica dos fluxos popula-
ST ER

cionais e no enfrentamento
africano, asiático e americano, inaugurando uma exploração econômica de dimensões de problemas de ordem
inusitadas, que fundamentou o processo de colonização europeia. Nessa movimen- econômico-social.
tação estavam sendo lançadas as bases do mundo globalizado. • Identificar os significados
SI AT

Pode-se analisar o processo de expansão europeia definindo seu ponto de partida histórico-geográficos das
no movimento cruzadista, iniciado em 1095. Os contatos estabelecidos com povos relações de poder entre
variados e suas respectivas culturas alteraram a sensibilidade europeia, aguçando inte- as nações.
M

resses por produtos exóticos e ideias que contrastavam com o pensamento europeu.
Isso não significa que os ocidentais abandonaram suas crenças e só valorizaram
as mercadorias oriundas do Oriente, mas aponta para o enriquecimento do olhar
europeu, que buscava amalgamar contribuições e preservar a fé cristã, que, àquela
altura, já havia se consolidado na Europa.
Esses processos de assimilação e adaptação impulsionaram o comércio, as
atividades artesanais e a criação de centros de estudos (universidades). Acrescente-
-se a isso mudanças significativas na organização política, que passava por uma
centralização nas mãos dos reis. De forma lenta, mas consistente, a vida europeia
se alterava e o interesse desperto pelo mundo extraeuropeu consolidou-se em
iniciativas expansionistas que extrapolavam as motivações iniciais das Cruzadas.

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132

Apesar do processo de monetarização exigido nas Assim, o Estado moderno, além de apoiar as atividades
trocas comerciais e da atuação de corporações de mer- mercantis e o grupo a elas associado, representou uma
HISTÓRIA 1

cadores que visavam garantir o êxito de sua emprei- possibilidade de ordenamento de determinados grupos
tada, dificuldades eram sentidas na coordenação de sociais, que puderam manter seu status e ampliar seu
esforços que dessem a estabilidade política necessária raio de ação sobre outras terras e outros povos. Nesse
ao bom andamento dos negócios. sentido, estavam sendo lançadas as bases da globalização.
Foi nesse quadro de tensões que os reis foram be- Porém, esse processo de expansão europeia ganhou
neficiados, pois mercadores apostavam na organização uma dimensão maior a partir do momento que alguns des-
de um Estado com maior capacidade de atuação e en- ses Estados modernizados passaram a desenvolver uma
xergavam no rei sua realização. Deve-se entender que a política sistemática de empreendimentos no além-mar.
passagem do feudalismo para o capitalismo não implicou
Em princípio, o Mar Mediterrâneo foi a grande referên-
apenas a perda do caráter autossuficiente do feudo, mas
cia de navegação. Várias rotas comerciais abrangiam o nor-

O
correspondeu a uma importante mudança no estatuto
te da África, a Península Itálica, a cidade de Constantinopla

BO O
jurídico-político europeu, que caminhou rumo à centra-
e o sul da França e da Península Ibérica. No entanto, o

SC
lização político-administrativa. O debate em torno de

M IV
comércio era dominado por cidades autônomas da Penín-
como foi a passagem do feudalismo para o capitalismo
foi realizado principalmente por intelectuais marxistas. sula Itálica, como Gênova e Veneza, e pelos muçulmanos.
Aos poucos, iniciativas das coroas ibéricas rompe-

O S
De acordo com Maurice Dobb, as contradições
do modo de produção feudal, em especial a luta de ram os limites da expansão mediterrânea, abrindo novos

D LU
classes envolvendo senhores feudais e servos, teriam horizontes para a exploração europeia assentada em
contribuído de modo decisivo para o desenvolvimento monarquias centralizadas (modernas).
O primeiro país a se lançar na aventura pelo cha-
de forças produtivas capitalistas. A emergência das

O C
mado “Mar Oceano” foi Portugal, após a Revolução de
cidades favoreceu a fuga de camponeses, prejudicando
Avis (1383-1385). D. João, mestre da Ordem de Avis,
N X
os rendimentos dos senhores feudais.
Já Paul Sweezy considera que o comércio foi a base
tornou-se rei e apoiou investidas no norte da África,
SI E
dominando a cidade de Ceuta em 1415. Iniciava-se
da crise feudal, pois, de acordo com esse pensador, a
o périplo africano, a aventura portuguesa na costa da
economia feudal produz apenas valores de uso, e não África, que tinha, entre seus objetivos, encontrar um
O

de troca. Isso significa que a produção feudal vincula-se caminho alternativo para as Índias, local em que imagi-
à utilização imediata de bens por sua comunidade, que
EN S

navam conseguir produtos valiosos e afirmar a fé cristã.


não está voltada para a produção de itens comerciali- Enquanto Portugal e Espanha travavam uma dispu-
E U

záveis. Nos últimos séculos da Idade Média, quando ta para garantir a exploração das terras do além-mar,
ocorreu uma expansão das atividades comerciais, hou- outros Estados europeus começaram a se estruturar e
D E

ve uma alteração significativa no universo produtivo, passaram, em pouco tempo, a concorrer com os países
pois o desenvolvimento das relações de troca em uma ibéricos nessa expansão ultramarina. Entre eles, França
A LD

sociedade que até então se pautava pela produção de e Inglaterra tinham saído há pouco tempo da Guerra dos
bens de uso corrompeu a estrutura feudal, desestabi- Cem Anos (1337-1453) e estruturavam o aparelho de
lizando esse modo de produção. Estado que permitiria suas movimentações marítimas.
Assim, os Estados modernos deram, de fato, outra
EM IA

Assim, houve uma mudança do padrão produtivo,


ou seja, a passagem do modo de produção feudal para magnitude para a expansão europeia que teve início
o capitalista. Nesse sentido, a época moderna é enten- na Idade Média. Essa nova dimensão expansionista
ST ER

dida como a transição do feudalismo para o capitalismo. representa o início dos tempos modernos e, por assim
dizer, da globalização capitalista.
Nesse sentido, a expansão ultramarina permitiu a ex-
MONARQUIAS NACIONAIS E
SI AT

ploração econômica e a difusão da cultura europeia cris-

ECONOMIA GLOBAL tã. Elementos das áreas atingidas foram incorporados e


isso envolveu desde aspectos da diversidade cultural,
M

As monarquias nacionais ou os Estados modernos como hábitos alimentares, até de ordem natural, como
contribuíram decisivamente para a expansão econômica madeira, marfim e ouro. A essa apropriação foram dados
europeia do início da época moderna. Os próprios reis conteúdos europeus. Assim, a globalização tornava-se
fomentaram a atividade comercial como um meio de também uma tentativa de ocidentalização do mundo.
arrecadação tributária que lhes permitiria a afirmação
da autoridade diante do grupo nobre de sua influência.
Segundo alguns historiadores, a nobreza interessa-
MERCANTILISMO E
va-se pela centralização política como forma de manu- COLONIZAÇÃO
tenção da ordem em seus domínios, já que movimen- Nesse contexto de exploração do mundo, ordenado
tações sociais campesinas começavam a estremecer pelas monarquias nacionais, a política econômica era o
os laços feudais. mercantilismo, o qual esteve associado ao processo de

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133

colonização. Essa foi a política econômica do Estado ESPANHA


moderno, que visava acumular a maior quantidade de O processo de colonização espanhola na América

HISTÓRIA 1
riquezas em suas fronteiras, de tal forma que, quanto integrou a política de afirmação do Estado moderno e
mais riqueza houvesse em seus limites, maior seria o envolveu o domínio de civilizações complexas, como a
poder do rei. Mas o que era entendido como riqueza asteca e a inca, repercutindo em um tipo de organiza-
naquela época? ção administrativa altamente centralizada e conduzida
A concepção de riqueza era o ouro e a prata e os diretamente da Espanha por meio das ordenações reais
Estados procuravam concentrar a maior quantidade e da Casa de Contratação, localizada em Sevilha.
possível de moedas confeccionadas com metais pre- Dos reis partiam as nomeações para os altos cargos
ciosos. Isso significava uma capacidade ampliada do rei administrativos e na Casa de Contratação homologa-
de desenvolver suas políticas em relação aos súditos vam-se privilégios monopolistas na área colonial. Os
e a outros reinos rivais. Essa prática era conhecida funcionários do Estado metropolitano que tomavam as

O
como metalismo. decisões eram os reinóis, conhecidos como chapeto-

BO O
Desse modo, com o intuito de aumentar seu grau nes. Detinham os privilégios na sociedade colonial e

SC
de poder, os reis desenvolveram práticas denominadas estavam acima dos criollos, homens brancos nascidos

M IV
mercantilistas, cuja finalidade era obter uma balança na área colonial. Tanto os chapetones como os criollos
comercial favorável, pois, como as moedas eram con- representavam uma minoria em um espaço marcado

O S
feccionadas com metal precioso, era fundamental ven- pela presença maciça de mestiços e indígenas.
der mais e comprar menos para concentrar recursos

D LU
econômicos. PORTUGAL
Para vender mais, um reino deveria ter acesso a Os portugueses desenvolveram o extrativismo da
áreas do globo com produtos valiosos no mercado madeira como atividade exclusiva no período que an-

O C
europeu e, de preferência, ter exclusividade na ob- tecedeu a colonização. Essa atividade foi substituída
tenção desses produtos. Assim, o monopólio foi uma
N X pela lavoura de cana, pela pecuária e, por último, pela
das práticas mercantilistas no contexto da expansão mineração. O tráfico negreiro foi intenso e representou
SI E
ultramarina. uma forma de exploração econômica rentável para a
Acrescente-se a isso o desenvolvimento do pro- Coroa por muito tempo, contribuindo também para a
O

tecionismo alfandegário. A ideia era criar barreiras à organização de uma sociedade mestiça e fundamen-
entrada de produtos que pudessem concorrer com tada no trabalho escravo.
EN S

aqueles produzidos internamente, de tal forma que A monarquia portuguesa implementou a coloniza-
haveria uma redução das importações desnecessárias, ção por meio da distribuição de terras pelo sistema de
E U

limitando a saída de recursos do país. capitanias hereditárias, criando um governo-geral para


Essa barreira alfandegária consistia na criação de tribu- auxiliar as capitanias que tivessem dificuldades.
D E

tos reais que encareciam as mercadorias importadas, de-


sestimulando seu consumo. Caso houvesse importação,
ESPANHA E PORTUGAL
A LD

a tributação alfandegária daria mais recursos aos reis.


Assim, de toda forma os reis aumentariam seu poder. Os franceses realizaram incursões em todo o con-
Boa parte das guerras realizadas entre as monar- tinente, desde a América do Norte até a do Sul. Cria-
EM IA

quias nacionais ao longo da época moderna correspon- ram colônias em Quebec, no Vale do Mississipi, nas
deu a disputas pela exploração de territórios no globo. Antilhas, no norte da América do Sul e chegaram a se
A colonização europeia na América foi resultado, entre
ST ER

estabelecer por um tempo no Rio de Janeiro (França


outros fatores, da concorrência entre os Estados mo- Antártica). A exploração mineral foi a mais comum, mas
dernos. A transferência de parte da população de um também desenvolveram a produção agrícola baseada
país europeu para o continente americano fazia parte no trabalho escravo, no latifúndio e na monocultura.
SI AT

de uma estratégia de defesa do domínio territorial vi-


sando à exploração exclusiva. Os colonos passavam a INGLATERRA
manter vínculos com o Estado metropolitano por meio Os ingleses ocuparam, no século XVII, territórios
M

de uma administração organizada no espaço de ocupa- na América do Norte, constituindo as chamadas Treze
ção que estava submetida diretamente ao rei. Esse tipo Colônias na costa oriental entre os Montes Apalaches
de vinculação é denominado pacto colonial. Assim, por e o litoral. As colônias mais ao norte foram criadas por
meio do pacto, a colônia só poderia vender suas mer- grupos religiosos que pretendiam ter a liberdade de cul-
cadorias para a metrópole e comprar desta os artigos to, enquanto as colônias mais ao sul foram organizadas
de que necessitasse. Também chamado de exclusivo por companhias de comércio que visavam à exploração
metropolitano, o sistema de colonização drenava recur- econômica. Daí a distinção clássica entre “colônias de
sos da área colonizada para o Estado moderno. povoamento” e “colônias de exploração”. As primeiras
Entre os países que desenvolveram colônias no tinham mão de obra livre, atividades manufatureiras e po-
Novo Mundo estão Espanha, Portugal, França, Ingla- licultoras, uma economia voltada para a própria comunida-
terra e Holanda. de (mercado interno) e pequenas e médias propriedades.

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134

Já as últimas eram caracterizadas pelo trabalho ABSOLUTISMO FRANCÊS


escravo, pela atividade monocultora (tabaco e algo- Na França, a família Bourbon chegou ao poder no qua-
HISTÓRIA 1

dão), pela economia voltada para o mercado externo dro das guerras de religião que afetaram profundamente
e pelos latifúndios. o continente europeu. As disputas religiosas serviram de
pano de fundo e pretexto para a contestação da autorida-
HOLANDA de real na França, aumentando a rivalidade entre as famí-
Os holandeses fizeram algumas incursões na Amé- lias aristocráticas Guise e Bourbon na busca pelo poder.
rica do Norte, nas Antilhas e na América do Sul. Vale De um lado, Henrique de Guise apresentava-se como
ressaltar sua presença em Pernambuco entre 1630 e defensor do catolicismo, enquanto os Bourbon, liderados
1654, espaço que controlaram por meio do financia- por Henrique de Navarra, comandavam os huguenotes.
mento da atividade açucareira, refinando e distribuin- No massacre perpetrado contra os protestantes fran-
do o produto para a Europa. Após sua expulsão, os ceses na Noite de São Bartolomeu, em 1572, milhares

O
holandeses ocuparam as Antilhas, onde passaram a de huguenotes foram mortos, episódio que minou pro-

BO O
produzir açúcar concorrente ao brasileiro, o que oca- fundamente a autoridade real, fomentando ainda mais

SC
sionou a decadência da atividade açucareira no Brasil. a guerra civil instalada na França. Após o assassinato de

M IV
Dessa forma, a globalização se realizava no quadro do Henrique III, em 1589, as pretensões de Henrique de
desenvolvimento das forças capitalistas engendradas Navarra ao trono da França se consolidaram. Ele abdicou

O S
no continente europeu. do protestantismo e foi, então, aclamado rei com o título
de Henrique IV, sendo o fundador da dinastia Bourbon.

D LU
O ESTADO SOU EU Governo de Henrique IV (1589-1610)
Luís XIV é o rei absoluto por excelência. O Rei Sol, Embora Henrique IV tivesse se convertido ao cato-

O C
como era chamado, ao redor de quem tudo e todos licismo, tinha boas relações com grupos calvinistas e
orbitavam. N X
A frase “O Estado sou eu” é atribuída a ele. No
procurava desenvolver um governo de pacificação do
país, em que participariam do aparelho de Estado tanto
SI E
absolutismo, o Estado era o rei e o rei era o Estado. católicos como protestantes. Nesse sentido, destacou-
-se em sua política interna a criação do Édito de Nan-
O

tes, em 1598, pelo qual os calvinistas teriam direito de


REGIME ABSOLUTISTA culto nas praças-fortes em que fossem maioria. Além
EN S

Os reis passaram a ter um papel importante na disso, por essa medida, era estabelecida a igualdade
civil entre católicos e protestantes e, na prática, cargos
E U

vida coletiva, pois eram necessárias ações que in-


centivassem e permitissem o desenvolvimento das governamentais eram franqueados aos huguenotes.
atividades urbanas. Contudo, sua política foi criticada tanto por católicos
D E

Pode-se considerar como necessidades do novo como por calvinistas. Os católicos radicais acreditavam
que o rei havia traído sua confiança. Os huguenotes
A LD

quadro histórico a existência de um sistema mone-


tário mais amplo, que facilitasse as trocas comer- achavam a medida limitante, pois o culto protestante não
ciais; a organização de exércitos permanentes para estava liberado em todo o país. Mas o fator decisivo de
proteção das atividades mercantis; a unificação de sua impopularidade esteve vinculado à política externa.
EM IA

tributos, que permitisse a dinamização econômica Henrique IV considerava que o Estado francês só
com o respectivo reforço de um aparelho de Esta- poderia ser poderoso em relação aos demais Estados
ST ER

do; e, por último, a unificação de pesos e medidas, europeus se enfraquecesse o poder internacional da
colaborando para a padronização dos referenciais de família Habsburgo, que controlava terras ao leste, oes-
compra e intercâmbio. te, norte e sul da França.
Assim, aos poucos, o poder real passou a ter uma Assim, procurando minar o poder dos Habsburgo,
SI AT

importância maior, não apenas por favorecer um di- Henrique IV inaugurou uma política de apoio aos ho-
namismo econômico, mas também por possibilitar o landeses, que buscavam sua autonomia diante da Es-
ordenamento em uma situação de mudanças sociais, panha. No entanto, muitos franceses viam na posição
M

agitações no campo e intensas mobilidades que preo- do rei, ao aliar-se aos holandeses, um sinal de que este
cupavam a nobreza, pois muitos nobres viam nisso não defendia o mundo católico, pois os holandeses
uma ameaça ao princípio nobiliárquico de poder que eram protestantes. Para piorar a situação, o rei passou
até então imperava na Europa. Essa acomodação de a defender uma ação armada nas terras alemãs em
vários interesses no Estado absolutista pode parecer defesa da União Evangélica, protestante, que lutava
paradoxal, mas deve-se entendê-la como a construção contra a Liga Católica, organização militar de príncipes
de um ordenamento que garantia o atendimento de católicos comandados pela família Habsburgo.
demandas sociais distintas. A situação do rei foi se complicando diante da popu-
Dessa forma, estavam dadas as bases de afirma- lação católica, o que resultou em seu assassinato por
ção das chamadas monarquias nacionais ou Estados fanáticos católicos em 1610, deixando um filho menor
modernos. de idade como herdeiro, chamado Luís.

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135

Governo de Luís XIII (1610-1643) O ministro das finanças de Luís XIV foi Colbert,
O príncipe herdeiro Luís XIII, menor de idade, teve responsável por aplicar uma política mercantilista no

HISTÓRIA 1
como um importante auxiliar o duque Armand Jean país. Para tanto, incrementou atividades manufaturei-
du Plessis, mais conhecido por cardeal de Richelieu. ras e reforçou monopólios nas terras conquistadas,
Embora muitos comemorassem e acreditassem que o estabelecendo proteção tarifária para a produção in-
cardeal aplicaria uma política em consonância com as terna. O resultado disso foi uma balança comercial
diretrizes da Contrarreforma católica, não foi isso o que superavitária, isto é, as exportações eram maiores do
ocorreu. Richelieu afirmava que só tomaria decisões que as importações, o que contribuiu para a ampliação
em nome do rei se elas afirmassem o Estado francês. do poder real.
A isso se denominou “razão de Estado”. A partir de 1661, Luís XIV passou a conduzir di-
O cardeal percebeu que a França só se tornaria retamente o governo e atraiu a atenção de reis e de
poderosa se, de fato, enfraquecesse a família Habs- suas cortes. Todos queriam imitar o estilo francês de

O
burgo. Nesse sentido, reafirmou o apoio do país aos governo. Membros da Igreja apressaram-se em afirmar

BO O
holandeses, colocando a França em guerra contra a uma autoridade real de caráter divino, como o bispo

SC
Espanha. Isso permitia o ataque a navios espanhóis francês Jacques Bossuet, que escreveu a obra Políti-

M IV
que saíam da América carregados de ouro e prata e a ca segundo as sagradas escrituras, na qual defende a
invasão de territórios americanos. teoria do direito divino do rei.

O S
Além disso, Richelieu manteve os termos do Édito O rei subordinou a nobreza territorial, transforman-
de Nantes, apesar de ser membro da cúpula da Igreja do boa parte dela em uma nobreza cortesã, que vivia

D LU
Católica. Seu governo favoreceu a centralização política de subsídios reais e em contato direto com Luís XIV
e o reconhecimento da autoridade real. Os êxitos ter- no Palácio de Versalhes. Seu reinado foi marcado por
ritoriais e econômicos contribuíram para que Luís XIII intensos conflitos com a Inglaterra, que custaram parte

O C
o mantivesse no governo. Pode-se afirmar que, após a dos recursos arrecadados pelo Estado.
N X
maioridade de Luís XIII, Richelieu continuou a exercer
o poder em nome do rei como seu primeiro-ministro.
Decadência do Estado absolutista francês
SI E
Luís XV (1715-1774) continuou com altos gastos na
Além de a França conhecer a criação de um império
Corte e com uma política de guerras que consumiu os re-
no estrangeiro, sua economia foi reforçada com estí-
cursos do Estado, além de aumentar seu endividamento.
O

mulos ao desenvolvimento manufatureiro. Esse setor,


O maior exemplo da catástrofe militar desse rei foi a
assim como o comercial, estava principalmente em
EN S

derrota para a Inglaterra na chamada Guerra dos Sete Anos


mãos protestantes, o que explica a manutenção dos
(1756-1763), pois teve de entregar territórios e possessões
termos do Édito de Nantes, pois Richelieu sabia que
E U

francesas à Inglaterra, além de pagar uma dívida de guerra.


uma ação contra os protestantes poderia ser danosa
O último rei, Luís XVI (1774-1792), enfrentou a Revolu-
à economia francesa e, por conseguinte, à capacidade
D E

ção Francesa (1789-1799), movimento que colocou fim à


de arrecadação que sustentava o poder real.
história do absolutismo francês. Foi guilhotinado em 1793
A LD

Governo de Luís XIV (1643-1715) pelos revolucionários, que proclamaram a república no país.
Entre os reis da França, o mais importante foi Luís XIV,
o Rei Sol. No primeiro momento de seu reinado, o gover-
ABSOLUTISMO INGLÊS
EM IA

no esteve nas mãos de seu tutor, chamado Mazzarino. Dinastia Tudor


O tutor era de origem italiana e fora apresentado O processo de centralização política na Inglaterra re-
ST ER

à família Bourbon pelo cardeal Richelieu. Mazzarino monta à Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e à Guerra
conduziu um governo contestado por nobres que se das Duas Rosas (1455-1485). Em 1485, o chefe da Casa
viram desprestigiados com a presença de um italiano Tudor, Henrique, estabeleceu um acordo entre os mem-
à frente de um Estado com poder centralizado. Em
SI AT

bros da nobreza inglesa pondo fim à luta das famílias York


pouco tempo, agitações ganharam terreno contra o e Lancaster e seus aparentados pelo trono da Inglaterra.
rei menor de idade e seu tutor. Essas movimenta- Henrique foi aclamado rei com o título de Henrique
ções de contestação ficaram conhecidas como Fron-
M

VII, fundando a dinastia Tudor (1485-1603). Ele não teve


da (1648-1653). Mazzarino, apesar das dificuldades, um poder absoluto, mas criou as bases da formação
combateu a Fronda e conseguiu vencê-la. Em meio às do Estado moderno inglês ao estabelecer a pacificação
agitações, decidiu-se por construir um espaço em que nas terras da Inglaterra. Entre os governantes dessa
o rei pudesse governar sem que houvesse pressões dinastia, destacam-se seu filho Henrique VIII e sua neta
sociais, pois a Fronda havia dominado Paris, então sede Elizabeth I.
do governo. Essa construção foi o Palácio de Versalhes.
O palácio foi construído com supervisão do próprio Governo de Henrique VIII (1509-1547)
rei e tornou-se símbolo da autoridade real. O rei foi ser- Henrique VIII ficou famoso, entre outros aspectos,
vido pelos mais importantes intelectuais, conseguindo por romper com a Igreja Católica e constituir, com o aval
atrair para o palácio uma nobreza que pretendia viver do Parlamento, uma igreja nacional, a Igreja Anglicana.
de favores reais. O pretexto para tal ruptura foi o pedido de anulação de

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136

seu casamento com Catarina de Aragão, católica e tia de Supremacia que havia sido abolido por sua irmã, fo-
Carlos V, o imperador do Sacro Império Romano-Germâ- mentando ainda mais as manufaturas de lã com sub-
HISTÓRIA 1

nico e defensor do catolicismo contra os protestantes sídios do Estado. Nesse período, a expansão marítima
alemães e holandeses. A Igreja Católica não anulou inglesa esteve associada à prática do corso, ou seja, à
seu casamento para não criar dificuldades com o impe- pirataria de Estado. Os ataques frequentes às embar-
rador alemão, porém criou problemas com o rei inglês, cações espanholas, que saíam da América carregadas
que foi ao Parlamento acusar o poder papal de inter- de metais preciosos, colocaram em conflito Inglaterra
ferir em assuntos que diziam respeito aos ingleses. e Espanha. O rei da Espanha, Filipe II, organizou uma
O Parlamento apoiou a iniciativa de Henrique VIII e o esquadra conhecida por Invencível Armada para inva-
resultado disso foi a criação do Ato de Supremacia, dir a Inglaterra. No entanto, a vitória coube a Elizabeth,
em 1534. Esse documento permitiu o confisco dos que afirmou, dessa forma, a supremacia inglesa nos
bens da Igreja Católica e a criação de uma instituição mares. Foi a rainha que conduziu a sucessão ao trono

O
religiosa vinculada ao Estado. O rei era o chefe dessa inglês, indicando a família Stuart como herdeira.

BO O
instituição, o que lhe garantia um poder amplo sobre
Dinastia Stuart

SC
a comunidade inglesa. Assim, à custa do poder e da

M IV
riqueza da Igreja Católica da Inglaterra, foi construído O reinado da família Stuart foi marcado por agita-
o poder real absolutista de Henrique VIII. ções sociais no campo e nas cidades, envolvendo des-
de setores populares até grupos da nobreza desconten-

O S
Governo de Elizabeth I (1558-1603) tes com a política de uma família originária da Escócia.

D LU
Elizabeth I, após os governos complicados de seus A cronologia do reinado Stuart vincula-se, necessa-
irmãos Eduardo VI (1547-1553) e Maria I (1553-1558), riamente, às Revoluções Inglesas do século XVII, que
retomou a política de seu pai, restaurando o Ato de serão estudadas mais adiante.

O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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137

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO

Acúmulo de metais preciosos.


Metalismo:

O
BO O
Receitas superiores às despesas.
Balança comercial favorável:

SC
M IV
O S
Mercantilismo

D LU
Monopólio comercial.
Protecionismo:

O C
N X Colonialismo: Captação de recursos e mercado consumidor.
SI E
O
EN S

Dominação de sociedades complexas (incas e astecas). Comando dos reinóis, conhecidos


Espanha:
E U

como chapetones, que estavam acima dos criollos (brancos nascidos na colônia). Os dois grupos eram

minoria, em uma sociedade colonial majoritariamente de nativos e mestiços.


D E
A LD

Portugal: Extrativismo como principal atividade nos primeiros contatos. Alianças com certos grupos

indígenas e conflito com outros. Distribuição de grandes extensões de terra como forma de ocupação e
EM IA

colonização efetiva.
ST ER

Tentativas de colonização, entrando em áreas que teoricamente pertenciam a outras nações.


Colonização França:
SI AT

Estabeleceram colônias em Quebec, no Vale do Mississipi, nas Antilhas e até no atual Rio de Janeiro, por

pouco tempo, na chamada França Antártica.


M

Inglaterra: População que realizou a ocupação da América do Norte, as chamadas Treze Colônias. Buscava
a liberdade de culto que não tinham na Inglaterra. Mão de obra livre no Norte e trabalho escravo no Sul.

Holanda: Algumas incursões na América do Norte, nas Antilhas e na América do Sul. Utilizavam o mo-
delo de produção de açúcar em larga escala em áreas que favoreciam seu cultivo. Chegaram a dominar o
Nordeste brasileiro, mas, após serem expulsos, ficaram nas Antilhas.

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138

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ABSOLUTISMO

Uma forma de organização do poder em um Estado controlado por um monarca com poderes

O que é

O
totais, sem influência de outras instituições ou agentes. Seu símbolo mais conhecido é Luís XIV,
absolutismo?

BO O
SC
o Rei Sol.

M IV
O S
D LU
Sistema monetário que apoia e facilita trocas comerciais. Exército permanente para defesa das ativi-
Benefícios trazidos
pelo Estado absolutista dades mercantis. Unificação tributária. Padronização de pesos e medidas para referenciais de compra
para o mercantilismo

O C
e intercâmbio.

N X
SI E
Luís XI (dinastia dos Valois): É considerado o consolidador do regime absolutista na França.
O
EN S

Governou a França entre 1589 e 1610. Em 1598, criou o


Henrique IV (dinastia dos Bourbon):
E U

Édito de Nantes, pelo qual os calvinistas teriam direito de culto nas praças-fortes em que fossem maioria.

Absolutismo francês Luís XIII (dinastia dos Bourbon): Por ser menor de idade, teve como auxiliar o cardeal de
D E

Richelieu, que foi o arquiteto do Estado absolutista francês.


A LD

Luís XIV (dinastia dos Bourbon): Conhecido como Rei Sol, governou a França entre 1643 e
1715. Fez a nobreza ser subordinada e cortesã, vivendo sob seus olhares em Versalhes. Travou intensos
EM IA

conflitos com a Inglaterra.


ST ER

Fundada após os acordos que puseram fim ao conflito entre as famílias York e
Dinastia Tudor:
SI AT

Lancaster na chamada Guerra das Duas Rosas (1455-1485).

Rompeu com a Igreja Católica, confiscou suas terras e seus bens e


Henrique VIII (1509-1547):
M

passou a ser chefe do Estado e da Igreja, por meio do chamado Ato de Supremacia.

Após os governos complicados de seus irmãos, restaurou o Ato de


Elizabeth I (1558-1603):
Absolutismo inglês
Supremacia, que há pouco havia sido abolido pela sua irmã. Consolidou o poderio naval dos ingleses e

fez a transição dos Tudor para os Stuart.

Dinastia Stuart: Por ser uma família escocesa, havia um descontentamento dos súditos e da

nobreza e, além disso, nesse período houve muitas agitações no campo e nas cidades. É durante essa

dinastia que começam a germinar as Revoluções Inglesas.

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139

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. UNESP – Entre os motivos do pioneirismo português Neste módulo sobre absolutismo, esta questão é importante para explo-
nas navegações oceânicas dos séculos XV e XVI, po- rar algumas características dessa forma de governo, como autoritarismo
dem-se citar: e poderes concentrados e centralizados.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
a) a influência árabe na Península Ibérica e a parceria tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
com os comerciantes genoveses e venezianos. grupos, conflitos e movimentos sociais.
b) a centralização monárquica e o desenvolvimento de Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo
conhecimentos cartográficos e astronômicos. e no espaço.
c) a superação do mito do abismo do mar e o apoio
financeiro e tecnológico britânico. 4. UFG-GO – Leia o texto a seguir:
d) o avanço das ideias iluministas e a defesa do livre- “É notório que os reis que deixaram boa memória, cada
-comércio entre as nações.
um no seu tempo, buscaram a maneira de acrescentar as

O
e) o fim do interesse europeu pelas especiarias e a suas rendas e fazendas, sem dano e prejuízo dos seus súdi-

BO O
busca de formas de conservação dos alimentos. tos, para sustentar o seu estado real, a boa governança dos

SC
Em um primeiro momento, a centralização e a concentração do poder
seus reinos, bem como a guarda e conservação deles para

M IV
monárquico, após a Guerra de Reconquista, fazem Portugal sair na
frente. Após décadas de investimento desse governo central, foram a conquista e guerra.”
desenvolvidos conhecimentos de navegação baseados no que os
ARCHIVO GENERAL DE SIMANCAS.
árabes e os genoveses já sabiam.

O S
Diversos de Castela. Livro 3, fólio 85.
Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média:
2. UFAL – A primeira característica do mercantilismo era o

D LU
textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000. p. 256. (Adaptado)
metalismo, ou seja, a concepção de que a prosperidade
Escrito no século XV, o texto é parte de uma instrução
de cada país:
régia de Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Ele
a) seria determinada pelo volume da sua produção revela, como aspecto característico das monarquias eu-

O C
interna. ropeias centralizadas, a organização das finanças régias:
b) dependeria do tamanho do território principal soma-
N Xdo à área de suas colônias.
c) estaria ligada a uma balança comercial favorável,
a) considerando as despesas com a administração dos
negócios militares.
SI E
b) implementando uma política de favorecimento da
geradora de grande superávit.
burguesia emergente.
d) estaria na razão direta da quantidade de metais pre-
c) estabelecendo uma remuneração à nobreza pelos
O

ciosos que possuísse.


serviços burocráticos.
e) dependeria da liberdade com que o comércio se ex-
d) impondo o controle estatal às atividades econômicas
EN S

pande sem a interferência do governo.


privadas.
Neste módulo, estudamos a transição econômica do feudalismo para
E U

o capitalismo mercantil e de que modo as Grandes Navegações estão e) justificando a intervenção na economia com base
relacionadas com esse processo. Esta questão trabalha uma das carac- nos princípios de autossuficiência.
terísticas básicas do mercantilismo: o metalismo. Uma das missões dos O texto faz referência aos primeiros passos do Estado nacional centra-
exploradores, inclusive, era encontrar metais preciosos.
D E

lizado, de administração racionalizada e burocrática. A Espanha é um


bom exemplo de Estado que passou por tais transformações necessá-
3. Fatec-SP C3-H11 rias para a implementação do projeto de Estado nacional centralizado.
A LD

“A França é uma monarquia. O rei representa a nação in-


teira, e cada pessoa não representa outra coisa senão um
só indivíduo ante o rei. Em consequência, todo poder, toda 5. Unirio-RJ – O absolutismo monárquico manifestou-se
autoridade, reside nas mãos do rei, e só deve haver no rei- de formas variadas, entre os séculos XVI e XVIII na
EM IA

no a autoridade que ele estabelece. Deve ser o dono, pode Europa, através de um conjunto de práticas e doutrinas
político-econômicas que fundamentavam a atuação do
escutar os conselhos, consultá-los, mas deve decidir. Deus
Estado nacional absoluto. Dentre essas práticas e dou-
ST ER

que fez o rei dar-lhe-á as luzes necessárias, contanto que


trinas, identificamos corretamente a:
mostre boas intenções.”
a) condenação da doutrina política medieval que justi-
Luís XIV. Memórias sobre a arte de governar.
ficava a autoridade monárquica absoluta através do
Podemos caracterizar o absolutismo monárquico posto direito divino dos reis.
SI AT

em prática nos países europeus durante a Idade Mo- b) concentração dos poderes de governo e da autoridade
derna como: política na pessoa do rei, identificado com o Estado.
a) uma aliança entre um monarca absolutista e a bur- c) promoção política das burguesias nacionais, princi-
M

guesia mercantil, a fim de dominar e excluir o poder pais empreendedores mercantis da expansão eco-
da nobreza. nômica e geográfica do Estado moderno absoluto.
b) uma aliança bem-sucedida entre a burguesia e o d) adoção de práticas capitalistas e liberais como fun-
proletariado. damento da organização econômica dos impérios
c) uma forma de governo autoritária, cujo poder está coloniais controlados pelas monarquias europeias.
centralizado nas mãos de uma pessoa que exerce e) rejeição dos princípios mercantilistas: dirigismo eco-
todas as funções do Estado. nômico e protecionismo alfandegário.
Mais uma questão que trata das principais características do absolutismo,
d) um sinônimo de tirania exercida pelo monarca sobre entre elas a autoridade total do rei. Não cabe falar em rejeição do mercan-
seus súditos. tilismo, práticas liberais, burgueses como empreendedores da expansão
e) um poder total concentrado nas mãos da nobreza, econômica e geográfica ou mesmo em doutrina política medieval.
no qual cabia aos juízes e deputados a tarefa de
julgar e legislar.

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140

6. PUC-RS – O Parlamento inglês, ao promulgar o chama- c) a centralização de poder, que esteve na base da Re-
HISTÓRIA 1

do Ato de Supremacia (Act of Supremacy), em 1534, forma Anglicana.


subordinou as leis da Igreja à soberania jurídica das d) a implantação do catolicismo, que gerou repressão
leis civis, concedendo ao rei Henrique VIII o poder de tanto dos reformistas quanto do Parlamento inglês.
“único chefe supremo da Igreja”. O resultado do Ato de e) os conflitos entre o rei e o Parlamento, pois o pri-
Supremacia foi/foram: meiro buscava restaurar antigos direitos feudais re-
a) a difusão do protestantismo calvinista, principalmen- tirados da Magna Carta de 1215.
te pela Escócia. Novamente uma questão que trata da Reforma Anglicana de Henrique
VIII, neste caso tendo como foco a centralização do poder envolvida no
b) o início do expansionismo inglês, constituindo as rompimento com a Igreja Católica e a consequente acumulação dos
bases do seu império colonial. poderes seculares e religiosos nas mãos dos reis.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

O
BO O
7. PUC-RJ – Sobre a conquista espanhola da América nos Estas descobertas foram apenas o resultado do es-
séculos XV e XVI, assinale a afirmativa correta: pírito aventureiro e sorte do acaso nas navegações

SC
oceânicas empreendidas por ingleses e franceses

M IV
a) da conquista participaram soldados, clérigos, cronis-
que pioneiramente desbravaram o Oceano Atlântico.
tas, marinheiros, artesãos e aventureiros, motivados
pelo desejo de encontrar riquezas como o ouro e a
9. UFRGS-RS – Durante a Baixa Idade Média, ocorreu em

O S
prata e também de expandir a fé católica expulsando
Portugal a denominada Revolução de Avis (1383-1385),
os muçulmanos da América.
que resultou em uma mudança dinástica cuja principal

D LU
b) o ano de 1492 foi crucial não só pela chegada de consequência foi:
Colombo à América, como também pela conclusão
da unidade da monarquia espanhola levada adiante a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das
pelos reis católicos com a conquista de Granada, pressões localistas que ainda sobreviviam nas pe-

O C
último reduto muçulmano na península. quenas circunscrições territoriais do reino.
b) o surgimento de uma burguesia industrial cosmopo-
N X
c) Hernán Cortés conquistou facilmente o Império Aste-
ca, na região do alto Peru, à época governado por Mon- lita e afinada com a mentalidade capitalista que se
instaurara na Europa.
SI E
tezuma, com quem se aliou para derrotar outros povos
indígenas que resistiram à dominação espanhola. c) o início das Grandes Navegações marítimas, que
d) desde o início da conquista, os indígenas contaram resultaram no descobrimento da América e no re-
O

com a proteção da Igreja Católica, que os reconhecia conhecimento da Oceania pelos lusitanos.
como seres humanos que possuíam alma e, portan- d) o início do processo de expansão ultramarina, que le-
EN S

to, não deveriam ser subjugados. varia às conquistas no Oriente, além da ocupação e do
e) o Império Inca, no México, foi conquistado por Fran- desenvolvimento econômico da América portuguesa.
E U

cisco Pizarro, que enfrentou uma longa resistência e) o surgimento de uma aristocracia completamente
dos exércitos indígenas, militarmente superiores e independente do Estado, que tinha como projeto po-
profundos conhecedores do território em que viviam. lítico mais relevante a expansão do ideal cruzadista.
D E

8. Uneal – Sobre a prática do mercantilismo, é correto 10. Cesgranrio-RJ – Durante o século XVII, grupos puritanos
A LD

afirmar: ingleses perseguidos por suas ideias políticas (antiabso-


lutistas) e por suas crenças religiosas (protestantes cal-
a) as colônias na América, a exemplo do Brasil, pos- vinistas) abandonaram a Inglaterra, fixando-se na costa
suíam grande autonomia em sua organização ad-
leste da América do Norte, onde fundaram as primeiras
ministrativa e livre produção econômica, inclusive
EM IA

colônias. A colonização inglesa nessa região foi facilitada:


permitindo-se a produção de manufaturas. Esta
situação era possível em virtude da existência de a) pela propagação das ideias iluministas, que preconi-
cidades como Olinda e Salvador, que se igualavam zavam a proteção e o respeito aos direitos naturais
ST ER

politicamente às metrópoles europeias. dos governados.


b) a balança comercial favorável não consistia em uma preo- b) pelo desejo de liberdade dos puritanos em relação
cupação das metrópoles em relação às suas atividades à opressão metropolitana.
comerciais e exploração das colônias. O livre-comércio
SI AT

c) pelo abandono dessa região por parte da Espanha,


e a permanência da riqueza nas próprias colônias eram que então atuava no eixo México-Peru.
necessários para o povoamento da América e o fortale- d) pela possibilidade de explorar grandes propriedades
cimento econômico dos Estados absolutistas europeus. agrárias com produção destinada ao mercado europeu.
M

c) entende-se por monopólio colonial a situação na qual e) pela consciência política dos colonos americanos,
a colônia, a exemplo do Brasil, é quem define com desde logo treinados nas lutas coloniais.
quais países pretende manter relações comerciais.
d) o poder político centralizado pelos Estados nacionais 11. UFRGS-RS – Pelo Edito de Nantes, em 1598, Henrique
europeus exerceu papel de destaque no desenvolvi- IV da França:
mento do mercantilismo. As monarquias absolutistas a) reprimiu violentamente os protestantes em Paris,
funcionavam como grandes empresários do capita- no acontecimento conhecido como A Noite de São
lismo, possibilitando uma união de esforços para o Bartolomeu.
desenvolvimento das atividades mercantis que en-
volviam desde a mobilização de recursos técnicos b) instituiu a cobrança de impostos territoriais somente
para navegação até a obtenção de financiamentos. para os protestantes franceses.
e) o processo de expansão marítima europeia a partir c) estabeleceu a igualdade política entre os diferentes
do século XV possibilitou descobrir novos territórios. credos.

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141

d) diminuiu o poder dos católicos franceses, asseguran- a) absolutismo monárquico, nova forma política assumi-

HISTÓRIA 1
do a supremacia política aos huguenotes. da cujos fundamentos estavam expressos na Suma
e) concentrou todo o poder em suas mãos, implantando Teológica de Tomás de Aquino.
o absolutismo na França. b) mercantilismo, que servia para justificar o enrique-
cimento da Igreja Católica, mas não traduzia os in-
12. UDESC – É correto afirmar, em relação ao absolu- teresses do monarca absolutista.
tismo: c) absolutismo monárquico, que intervinha na vida
a) As liberdades individuais e a preservação dos direitos econômica.
alcançados pelos servos foram características do d) liberalismo praticado pelos príncipes, mas limitado
período absolutista. pela tradição e pelo equilíbrio entre as classes sociais.
b) A primeira revolução de caráter burguês e contra o e) absolutismo monárquico, que punha em prática uma
absolutismo ocorreu na França. política econômica de características não interven-
c) As disputas religiosas e entre igrejas não se relacio- cionistas, quase liberais – a política mercantilista.

O
navam de forma alguma com as práticas absolutistas.

BO O
d) Na França, os filósofos iluministas foram, em sua 16. Unaerp-SP – A política externa de Luís XIV, o Rei Sol,

SC
esmagadora maioria, favoráveis à política absolutista. teve como principal característica:

M IV
e) O período das práticas absolutistas foi maior na Fran- a) a ruína da economia francesa em decorrência das
ça do que na Inglaterra. sucessivas guerras que a França travou contra outros
países para preservar sua supremacia na Europa,

O S
13. Cederj – Para alguns autores, o absolutismo seria um juntamente com os gastos vultosos para a manu-
sistema político ancorado no mercantilismo. Por con- tenção da Corte.

D LU
seguinte, é correto afirmar que as principais caracte- b) a consolidação do absolutismo monárquico através
rísticas do mercantilismo são: da redução dos poderes da alta burguesia.
a) a escassez de riquezas e o absenteísmo do Estado. c) a concentração da autoridade política na pessoa

O C
do rei.
b) a marcante ausência do Estado e o liberalismo
econômico. d) por ter reduzido seus ministros à condição de meros
N X
c) a essencial presença do Estado e o protecionismo
alfandegário.
funcionários, passar a fiscalizar, pessoalmente, todos
os negócios do Estado.
SI E
e) a autossuficiência do país com a regulamentação da
d) o apego à acumulação de metais e a ausência do
produção, a criação de manufaturas do Estado e o
Estado na política econômica.
incremento do comércio exterior.
O

14. UFMG – Considerando-se as características do Antigo


17. Cesgranrio-RJ – A frase de Luís XIV, “L Etat c’est moi”
EN S

Regime, é incorreto afirmar que:


(O Estado sou eu), como definição da natureza do ab-
a) a economia foi fortemente marcada pela atividade solutismo monárquico, significava:
E U

comercial, regida por concepções e práticas deno-


minadas mercantilismo. a) a unidade do poder estatal, civil e religioso, com a
criação de uma Igreja francesa (nacional).
b) a expansão comercial associada à expansão marítima
D E

provocou forte migração e consequente despovoa- b) a superioridade do príncipe em relação a todas as


mento das cidades europeias. classes sociais, reduzindo a um lugar humilde a bur-
A LD

guesia enriquecida.
c) a organização política predominante era fundamen-
tada no absolutismo monárquico e se legitimou pela c) a submissão da nobreza feudal pela eliminação de
teoria do direito divino dos reis. todos os seus privilégios fiscais.
d) o processo de ocupação e colonização de territórios d) a centralização do poder real e absoluto do monarca
EM IA

além-mar ajudou a expandir a cultura e os valores na sua pessoa, sem quaisquer limites institucionais
da Europa. reconhecidos.
ST ER

e) o desejo régio de garantir ao Estado um papel de


15. PUCCamp – Dentre as instituições políticas do Estado juiz imparcial no confl ito entre a aristocracia e o
moderno, aquela que mais o caracteriza é o: campesinato.
SI AT

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C1-H1 No processo de colonização das Américas, as popula-
ções indígenas da América portuguesa:
M

Na América inglesa, não houve nenhum processo


sistemático de catequese e de conversão dos índios a) foram submetidas a um processo de doutrinação
ao cristianismo, apesar de algumas iniciativas nes- religiosa que não ocorreu com os indígenas da Amé-
se sentido. Brancos e índios confrontaram-se mui- rica inglesa.
tas vezes e mantiveram-se separados. Na América b) mantiveram sua cultura tão intacta quanto à dos in-
portuguesa, a catequese dos índios começou com dígenas da América inglesa.
o próprio processo de colonização, e a mestiçagem
c) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu
teve dimensões significativas. Tanto na América in-
amplamente com os indígenas da América inglesa.
glesa quanto na portuguesa, as populações indígenas
foram muito sacrificadas. Os índios não tinham defe- d) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa
sas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram por terem suas terras devolvidas.
derrotados pelas armas de fogo destes últimos e, e) resistiram, como os indígenas da América inglesa,
muitas vezes, escravizados. às doenças trazidas pelos brancos.

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142

19. Enem C3-H11 d) distinguir, dentro do 3º- Estado, as condições em que


HISTÓRIA 1

“O que chamamos de Corte principesca era, essencial- viviam os “criados de libré” e os camponeses.
mente, o palácio do príncipe. Os músicos eram tão indis- e) comprovar a existência, no interior da Corte, de uma
pensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, luta de classes entre os trabalhadores manuais.
os cozinheiros e os criados. Eles eram o que se chamava,
um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior 20. Enem C6-H26
parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida “O que se entende por Corte do Antigo Regime é, em
a subsistência, como acontecia com as outras pessoas de primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França,
‘classe média’ na Corte; entre os que não se satisfaziam, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou
estava o pai de Mozart. Mas ele também se curvou às cir- de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da
cunstâncias a que não podia escapar.” imensa casa dos reis, são consignadas no registro das
ELIAS, Norbert. Mozart: sociologia de um gênio. São Paulo: Jorge despesas do Reino da França sob a rubrica significativa
Zahar, 1995. p. 18. (Adaptado) de Casas Reais.”

O
BO O
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime ELIAS, N. A sociedade de Corte. Lisboa: Estampa, 1987.
dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza,

SC
clero e 3º- Estado, é correto afirmar que o autor do texto, Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande

M IV
ao fazer referência à “classe média”, descreve a socieda- efetividade política e terminaram por se transformar em
de utilizando a noção posterior de classe social a fim de: patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é:

O S
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe a) o Palácio de Versalhes.
dos músicos, que pertenciam ao 3º- Estado. b) o Museu Britânico.

D LU
b) destacar a consciência de classe que possuíam os mú- c) a Catedral de Colônia.
sicos, ao contrário dos demais trabalhadores manuais.
d) a Casa Branca.
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma

O C
situação que os demais membros do 3º- Estado. e) a pirâmide do faraó Quéops.

N X
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M

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12
143

EXPANSÃO

HISTÓRIA 1
MARÍTIMA EUROPEIA E
AMÉRICA ESPANHOLA

O MUNDO EUROPEU

O
BO O
Após décadas de investimento sem retorno, aproveitando conhecimentos trazi-

SC
• O mundo europeu
dos à Península Ibérica pelos muçulmanos, sofisticando-os e desenvolvendo novas

M IV
• Do mar ao oceano
tecnologias, Portugal foi o primeiro Estado moderno a dominar completamente a • Portugal e Espanha
navegação pelos oceanos.

O S
• A espada espanhola em
Compartilhando vários dos pilotos, como eram chamados os chefes dessas na- busca de metais preciosos

D LU
vegações, e contando, assim como Portugal, com o financiamento de banqueiros • Período pré-colombiano
de cidades como Veneza e Florença, a Espanha veio logo atrás. Inglaterra, Holanda • Maias
e França, que também constituíram Estados nacionais, puderam seguir os pioneiros
• Astecas

O C
na colonização do mundo. Em pouco tempo, os europeus estavam em todos os
• Incas
cantos do globo.
N X • Colonização espanhola

DO MAR AO OCEANO
SI E
HABILIDADES
• Analisar a produção da
Em princípio, o Mar Mediterrâneo foi a grande referência de navegação. Várias rotas
O

memória pelas sociedades


comerciais abrangiam o norte da África, a Península Itálica, a cidade de Constantinopla humanas.
e o sul da França e da Península Ibérica. No entanto, o comércio era dominado por
EN S

• Identificar os significados
cidades autônomas da Península Itálica, como Gênova e Veneza, e pelos muçulmanos. histórico-geográficos das
E U

Aos poucos, iniciativas das coroas ibéricas romperam os limites da expansão relações de poder entre as
mediterrânea, abrindo novos horizontes para a exploração europeia assentada em nações.
monarquias centralizadas, os Estados modernos. Os pioneiros das Grandes navega- • Identificar registros de
D E

ções foram, também, os primeiros Estados que se unificaram: Portugal e Espanha. práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
A LD

Os que se seguiram foram, da mesma forma, os próximos a se unificar: Inglaterra,


• Analisar a produção da
França e Holanda. Não por coincidência, Alemanha e Itália, que só se unificaram
memória pelas sociedades
como Estados nacionais no século XIX, nunca tiveram uma grande presença nas humanas.
explorações desse período. • Identificar os significados
EM IA

histórico-geográficos das

PORTUGAL E ESPANHA relações de poder entre as


ST ER

nações.
O primeiro país a se lançar à aventura no chamado Mar Oceano foi Portugal, após • Identificar registros de
a Revolução de Avis (1383-1385). D. João, mestre da Ordem de Avis, tornou-se rei e práticas de grupos sociais
apoiou investidas no norte da África, dominando a cidade de Ceuta (1415). Iniciava- no tempo e no espaço.
SI AT

-se o chamado périplo africano, a aventura portuguesa na costa da África, que tinha,
entre outros objetivos, difundir a fé cristã e buscar um caminho alternativo para as
Índias, local em que se imaginava conseguir produtos valiosos.
M

Foram várias as viagens portuguesas de cabotagem ao longo da costa africana,


onde se construíram espaços de exploração comercial chamados feitorias, até que
os lusitanos conseguissem ultrapassar o Cabo das Tormentas (1488), mais tarde
rebatizado com o nome de Cabo da Boa Esperança.
Enquanto Portugal buscava atingir o Oriente contornando a África, a Espanha
financiava o navegador genovês Cristóvão Colombo. A expedição espanhola também
visava atingir o Oriente, mas de outra maneira: seguindo para o Ocidente.
Acreditando na esfericidade da Terra, Colombo apresentou seu plano de navega-
ção aos reis espanhóis Isabel e Fernando, sendo patrocinado pela rainha. Assim, em
1492, antes de os portugueses chegarem ao Oriente, Cristóvão Colombo aportou
em terras que, em seu entendimento, eram orientais.

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144

O que aconteceu na incursão de Colombo foi a des- colocando em rota de colisão as cidades maias. Ainda
coberta de um novo território para a exploração euro- no âmbito econômico, havia o intercâmbio entre grupos
HISTÓRIA 1

peia, conhecido atualmente por América, em home- das várias cidades por algum tempo, em que utilizavam
nagem ao navegador Américo Vespúcio, que afirmou como referencial de valor (moeda) sementes de cacau.
ser ele de enorme dimensão, quase um continente. A sociedade maia era constituída de forma rígida
Em 1498, Portugal atingiu Calicute, no Subcontinen- e hierarquizada e dividia-se basicamente em três es-
te Indiano. Os portugueses procuraram cristãos naque- calões. No topo dessa estrutura encontrava-se a elite
la região e obtiveram especiarias que garantiram um governamental, formada pela família do governante.
lucro inimaginado para a época. A essa altura, a Coroa Em seguida, vinham os sacerdotes, os agentes do Es-
portuguesa já havia firmado um acordo com a Espanha: tado e os comerciantes. Na base da estrutura social,
o Tratado de Tordesilhas, o qual dividia o mundo a ser estavam os agricultores e os trabalhadores braçais.
descoberto entre os dois países. Em 1500, ocorreu a
ASTECAS

O
expedição oficial que sacramentou o domínio portu-

BO O
guês na América: a viagem de Pedro Álvares Cabral. Também conhecidos por mexicas, estabeleceram-

SC
Em um curto intervalo de tempo, a França, gover- -se no Vale do México por volta do século XII da era

M IV
nada por Francisco I, da dinastia Valois, questionou a cristã. Eram guerreiros que seguiram do norte para o
divisão do mundo entre portugueses e espanhóis. Iro- sul, conquistando inúmeros povos e culturas. Absorve-

O S
nizando tal distribuição, o rei perguntou onde estava o ram elementos culturais de outras civilizações, como
testamento de Adão e Eva, documento que teria ga- a dos olmecas (a mais antiga cultura da região), chichi-

D LU
rantido a Portugal e Espanha as terras do Novo Mundo. mecas e toltecas, entre outras. Seu poder originara-se
Como essa declaração não existia, o rei afirmou que da atividade militar, incorporando elementos religiosos
os franceses ocupariam o território. de povos dominados como forma de justificação de seu

O C
poderio político na região.

A ESPADA ESPANHOLA
N X Antes do domínio espanhol, os astecas haviam sido
grandes conquistadores, exigindo tributos cobrados de
SI E
EM BUSCA DE METAIS uma a quatro vezes por ano dos povos submetidos.
Funcionários do Estado e escribas mantiveram regis-
PRECIOSOS
O

tros desses impostos, organizando a arrecadação e o


No Novo Mundo, a espada espanhola passou por transporte das mercadorias.
EN S

cima de todos os povos que encontrou para conseguir As famílias que controlavam o aparelho estatal eram
as principais beneficiadas, constituindo uma elite no
E U

o que queria: ouro e prata. Por muito tempo, os espa-


nhóis foram os únicos a encontrar esses metais precio- interior da sociedade mexica. Outros grupos tinham
sos em suas colônias, e isso representou uma enorme destaque e estavam associados a atividades comer-
D E

vantagem para o império que então se formava. ciais. Contudo, a maior parte da população era consti-
tuída de camponeses e artesãos, que se submetiam
A LD

às regras do Estado.
PERÍODO PRÉ-COLOMBIANO Apesar de a maior parte das realizações culturais
A existência de um emaranhado de relações entre e artísticas ter sido destruída pelos espanhóis no pro-
EM IA

grupos humanos em determinados espaços da América cesso de conquista e colonização, até hoje é possível
permitiu o desenvolvimento de civilizações sofisticadas admirar grandes construções astecas. Além disso, essa
ST ER

em termos materiais, como atestaram as culturas maia, civilização utilizava a escrita pictográfica, o sistema nu-
asteca e inca antes da chegada dos europeus. mérico vigesimal e o calendário solar, em que a cada
52 anos era completado um ciclo.
MAIAS A respeito dos sacrifícios humanos, de acordo com
SI AT

Os maias habitaram o sul do atual México (Penínsu- León-Portilla, os astecas acreditavam que eram o povo
la de Iucatã) e partes da América Central, que corres- escolhido para preservar a ordem universal. O Sol deve-
pondem aos territórios das atuais Guatemala, Belize e ria ser alimentado para que a produção de milho fosse
M

Honduras. Sua organização remonta ao século III da era generosa e a vida humana continuasse, pois havia uma
cristã e foi marcada pela existência de cidades-Estado, associação entre o Sol, o milho e o ouro. Sendo assim,
não constituindo, dessa forma, um império unificado. o líquido vital dos homens deveria alimentar o Sol, por
A economia maia era basicamente agrícola e cultiva- isso a existência desse ritual.
va-se milho, cacau e batata. A plantação era realizada,
em princípio, nas áreas mais baixas, onde existiam pân- INCAS
tanos. A água era drenada por meio de um complexo sis- No altiplano andino desenvolveu-se uma sofisticada
tema de canais, permitindo o desenvolvimento agrícola. civilização, conhecida como incaica. Suas origens ainda
Outra prática comum na agricultura era a queimada são desconhecidas, mas sabe-se que habitou primeiro
para limpar a terra. Isso desgastava o solo rapidamen- a região de Huari e se estabeleceu na área de Cuzco,
te, o que teria induzido a busca de outros territórios, no fim do século XIII.

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145

Estudos arqueológicos registram a presença hu- Quando da chegada dos espanhóis (século XVI),
mana nos Andes há aproximadamente 14 mil anos. o Império Inca passava por uma disputa pelo trono

HISTÓRIA 1
A cultura mais antiga da região ficou conhecida por entre dois irmãos: o mais velho, Huáscar, e o outro,
chavin. Após o recuo das geleiras andinas, grupos de Athaualpa. O conquistador espanhol Francisco Pizarro
caçadores e coletores passaram a se dedicar à pesca e soube explorar esse conflito para empreender o do-
à agricultura por volta de 3500 a.C. Habitantes de áreas mínio sobre o gigantesco império da América do Sul.
mais interiores desenvolveram o cultivo de pimenta,
amaranto, quinoa e milho. A partir do segundo milênio
são encontrados objetos de cerâmica no altiplano. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
Provavelmente, o êxito da atividade agrícola pro- As civilizações asteca e inca acumularam metais pre-
vocou crescimento demográfico, dando origem aos ciosos sem conteúdo monetário e esse acúmulo pree-
primeiros assentamentos urbanos. Alguns dos povoa- xistente foi intensamente explorado pelos espanhóis,

O
mentos chegaram a abrigar cerca de mil habitantes e que ocuparam o território americano rapidamente.

BO O
eram dominados por centros cerimoniais, nos quais Além de extrair recursos minerais e alimentos, os

SC
apareceram os primeiros terraços e as construções espanhóis exploraram a mão de obra indígena por meio

M IV
piramidais (na área de Chavin de Huantar), o que acon- da mita (trabalho remunerado na extração de metais
teceu no primeiro milênio por volta de 900 a.C. Nessa preciosos) e da encomienda (trabalho obrigatório, es-

O S
época, era realizado o culto ao Jaguar (Puma). pecialmente em lavouras).
Os incas tinham como base de alimentação o cultivo Vários autores têm destacado motivações que ex-

D LU
de batata e milho. A sociedade organizava-se de forma trapolaram o interesse comercial na expansão europeia
hierárquica e o imperador era a figura máxima e consi- do início dos tempos modernos. Sem dúvida, questões
derado descendente do deus Sol (Inti). Pode-se afirmar relativas ao pensamento religioso e, mais amplamen-

O C
a existência de um Estado teocrático nessa civilização. te, ao imaginário europeu podem lançar luzes sobre
Cuzco, capital inca, chegou a administrar uma po-
N X o processo de globalização inaugurado pelos Estados
pulação de aproximadamente 12 milhões de habitantes do Velho Mundo.
SI E
em um império que se estendeu, ao longo da costa A ideia do “paraíso terreal” perdido, a luta contra os
ocidental, do extremo sul do atual Chile até a área mais chamados infiéis e o interesse de expansão da fé cristã
O

setentrional que corresponde atualmente ao Equador. são elementos fundamentais para a compreensão da
Apesar dessa sofisticação civilizacional, não hou- expansão europeia. Pode-se considerar, por exemplo,
EN S

ve entre os incas uma escrita. Ao menos é o que se que a ampliação dos Estados ibéricos teve forte caráter
afirma até o momento. O que existia era uma espécie de afirmação da fé cristã e de luta contra os conside-
E U

de linguagem em nós de cordas, os quipus, utilizados rados infiéis.


para a realização dos registros tributários do império. O próprio Cristóvão Colombo tinha um desejo que
D E

Havia também um complexo sistema religioso, ia além da riqueza material. Aliás, ela era instrumento
associado a observações astronômicas. Além de Inti para a realização da grande tarefa de reconquistar Je-
A LD

(Sol), outras divindades populares eram Mama Cocha e rusalém dos infiéis.
Viracocha, relacionadas, respectivamente, à agricultura/ O historiador Edmundo O’Gorman defendeu a tese
fertilidade e à criação do mundo. de que a América não foi descoberta pelos europeus,
EM IA

Os incas também realizavam sacrifícios humanos, mas teria sido inventada, pois os conquistadores do
em especial de crianças ou mulheres jovens, como Velho Mundo projetavam sua imaginação sobre a terra
atestam pesquisas em sítios arqueológicos nas mon- americana e seus habitantes, recriando o inferno ou o
ST ER

tanhas chilenas. paraíso terreal de acordo com as circunstâncias.


SI AT
M

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146

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

EXPANSÃO EUROPEIA

Expansão marítima

O
BO O
SC
M IV
A estagnação da economia europeia estimula a busca de novos mercados consumidores e fornecedores.
Causas:
O alto preço das especiarias.

O S
Ascensão social da burguesia mercantil e fortalecimento do Estado nacional.

D LU
Ideais religiosos resultantes das Cruzadas: expansão do cristianismo.

O C
Aperfeiçoamento técnico dos instrumentos de navegação: bússola, astrolábio, caravela e vela latina, entre outros.

N X
SI E
O
EN S
E U
D E

Consequências: Queda do preço das especiarias.

Europa abastecida por produtos americanos.


A LD

Aumento da circulação de ouro e prata.

Circulação intensa da moeda.


EM IA

Enriquecimento da burguesia.
ST ER

Difusão da cultura europeia.


SI AT

Restabelecimento da escravidão (africana e indígena).

Difusão do cristianismo pela catequização de povos nativos na África e na América.


M

Reconhecimento da esfericidade da Terra.

Desenvolvimento de áreas como astronomia, geografia, zoologia e botânica e de técnicas de navegação.

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147

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
AMÉRICA ESPANHOLA

Maias: Habitavam a Península de Yucatán, no México.

Organizados em cidades-Estados.

O
BO O
Desenvolveram a escrita hieroglífica, a matemática e a astronomia.

SC
M IV
Astecas: Com capital em Tenochtitlán, herdaram a cultura maia.

O S
Constituíram um importante império, subjugando os demais povos da região.

D LU
América
pré-colombiana Habitavam os altiplanos dos Andes (Peru e Bolívia), com capital em Cuzco. Desenvolveram a agricultura

O C
Incas:
de terraços e a criação de lhamas.
N X Utilizavam ouro, prata, cobre e bronze.
SI E
Desenvolveram uma avançada engenharia para a construção de estradas e cidades de pedra.
O

Usavam o quipo como sistema de contagem.


EN S
E U
D E

Extração de recursos minerais e vegetais, explorando mão de obra indígena.


Foco:
A LD

Mita e encomienda.
EM IA
ST ER

Colonização religiosa, expansão da fé cristã e luta contra os infiéis no contexto da


Influência religiosa:
Contrarreforma.
SI AT

Colonização O imaginário europeu gerou visões fantásticas das terras conquistadas.


espanhola Visão do Novo Mundo:
M

Dominação de sociedades complexas:


Rápida ocupação e dominação dos territórios dos impérios Inca e Asteca, já fragilizados por constantes conflitos

internos.

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148

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Cesgranrio-RJ – Acerca da expansão marítima comercial 3. Fatec-SP – As caravelas foram um grande avanço tecno-
implementada pelo Reino Português, podemos afirmar que: lógico no final do século XV. Graças a elas, foi possível
a) a conquista de Ceuta marcou o início da expansão, realizar viagens de longa distância de forma eficiente.
ao possibilitar a acumulação de riquezas para a ma- Centenas de homens embarcaram nas caravelas dos
nutenção do empreendimento. descobrimentos. Alguns buscavam enriquecimento rá-
b) a conquista da Baía de Arguim permitiu a Portugal pido; outros, oportunidade de difundir a fé em Cristo.
montar uma feitoria e manter o controle sobre im- Estes homens eram atraídos pela aventura, porém as
portantíssima rota comercial intra-africana. surpresas nem sempre eram agradáveis. Nas embar-
cações, proliferavam doenças e a alimentação era pre-
c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luanda possi-
cária. Sobre a época descrita no texto e considerando
bilitou a montagem de grande rede de abastecimen-
to de escravos para o mercado europeu. as informações apresentadas, é correto afirmar que as

O
viagens nas caravelas:
d) o domínio português de Piro e Sídon e o consequente

BO O
monopólio de especiarias do Oriente Próximo torna- a) foram realizadas no contexto da expansão do mer-

SC
ram desinteressante a conquista da Índia. cantilismo europeu, visando também à ampliação

M IV
do catolicismo.
e) a expansão da lavoura açucareira escravista na Ilha da
Madeira, após 1510, aumentou o preço dos escravos, b) não pretendiam descobrir novos territórios, apenas
tanto nos portos africanos quanto nas praças brasileiras. estabelecer rotas para aventureiros e marginalizados

O S
Como visto neste módulo, Ceuta foi a primeira barreira a ser
da sociedade.
c) tinham como principal objetivo retirar as populações

D LU
vencida e essa conquista foi um marco da expansão marítima
portuguesa. As demais alternativas mesclam fatos, momentos muçulmanas da Península Ibérica após as Guerras
e lugares diferentes de forma equivocada. de Reconquista.
2. UFF-RJ – Considerando o processo de expansão da d) eram feitas em condições precárias, pois eram clan-

O C
Europa moderna a partir dos séculos XV e XVI, pode- destinas, ou seja, eram realizadas sem o consenti-
-se afirmar que Portugal e Espanha tiveram um papel mento das Coroas europeias.
N X
predominante. Esse papel, entretanto, dependeu, em
larga medida, de uma rede composta por interesses:
e) não ocorriam em condições apropriadas, embora a
maior parte dos tripulantes das caravelas pertences-
SI E
se à nobreza feudal.
a) políticos, inerentes à continuidade dos interesses Como vimos anteriormente, os contextos religioso, político e econômico
feudais em Portugal; intelectuais, associados ao de- são indissociáveis. Há o aspecto político do absolutismo, o econômico
O

senvolvimento da imprensa, do hermetismo e da do mercantilismo e o religioso da Contrarreforma. Tudo isso estava


astrologia no mundo ibérico; econômicos, vincula- envolvido nas Grandes Navegações e chegava às caravelas na forma
dos aos interesses italianos na Espanha, nos quais de marinheiros, aventureiros, pilotos (como eram chamados os coman-
EN S

dantes das embarcações) e religiosos catequizadores.


a presença de Colombo é um exemplo; e sociais,
vinculados ao poder do clero na Espanha.
E U

b) políticos, vinculados ao processo de fragmentação po- 4. PUC-RJ – Sobre a conquista espanhola da América nos
lítica das monarquias absolutas ibéricas; sociais, asso- séculos XV e XVI, assinale a afirmativa correta:
D E

ciados ao desenvolvimento de novos setores sociais, a) Da conquista participaram soldados, clérigos, cronis-
como a nobreza; coloniais, decorrentes da política da tas, marinheiros, artesãos e aventureiros, motivados
A LD

Igreja Católica que via os habitantes do Novo Mundo pelo desejo de encontrar riquezas como o ouro e a
como o homem primitivo criado por Deus; e econômi- prata e também de expandir a fé católica expulsando
cos, presos aos interesses mouros na Espanha. os muçulmanos da América.
c) políticos, vinculados às práticas racistas que envol- b) O ano de 1492 foi crucial não só pela chegada de
viam a atuação dos comerciantes ibéricos no Oriente;
EM IA

Colombo à América, como também pela conclusão


científicos, que viam na expansão a negação das teo- da unidade da monarquia espanhola levada adiante
rias heliocêntricas; econômicos, ligados ao processo pelos reis católicos com a conquista de Granada,
ST ER

de aumento do tráfico de negros para a Europa atra- último reduto muçulmano na península.
vés de alianças com os Países Baixos; e religiosos,
marcados pela ação ampliada da Inquisição. c) Hernán Cortés conquistou facilmente o Império
Asteca, na região do alto Peru, à época governado
d) políticos, associados ao modelo republicano desenvol- por Montezuma, com quem se aliou para derrotar
SI AT

vido no Renascimento italiano; religiosos, decorrentes outros povos indígenas que resistiram à dominação
da vitória católica nos processos da Reconquista ibé- espanhola.
rica; econômicos, ligados ao movimento geral de de-
senvolvimento do mercantilismo; e sociais, inerentes d) Desde o início da conquista, os indígenas contaram
M

à vitória do campo sobre a cidade no mundo ibérico. com a proteção da Igreja Católica, que os reconhecia
como seres humanos que possuíam alma e, portan-
e) políticos, vinculados ao fortalecimento da centraliza- to, não deveriam ser subjugados.
ção dos Estados ibéricos; econômicos, provenientes
do avanço das atividades comerciais; religiosos, rela- e) O Império Inca, no México, foi conquistado por Fran-
cionados com a importância do papado na Península cisco Pizarro, que enfrentou uma longa resistência
Ibérica; e intelectuais, decorrentes dos avanços cien- dos exércitos indígenas, militarmente superiores e
tíficos da Renascença e que viram na expansão a rea- profundos conhecedores do território em que viviam.
Estudar a colonização das Américas é reunir tudo o que foi visto nos
lidade de suas teorias sobre geografia e astronomia. últimos módulos: a centralização do poder nas monarquias, o avanço
A expansão marítima é, essencialmente, a expansão do comércio. Era da burguesia e do mercantilismo, as Grandes Navegações e, final-
importante para a nobreza e, sobretudo, para os burgueses. Foi pos- mente, o colonialismo. Todos esses elementos estão presentes na
sível graças à centralização do poder em Portugal e na Espanha e, no alternativa correta.
aspecto religioso, essas duas monarquias tinham o apoio do papa e
utilizaram tecnologias desenvolvidas em pleno Renascimento e, ainda,
conhecimentos de árabes e genoveses.

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149

5. UECE – No que diz respeito às civilizações pré-colom- 6. Fuvest-SP C3-H15

HISTÓRIA 1
bianas que habitavam o continente americano antes “Podemos dar conta boa e certa que em quarenta anos,
da chegada de Cristóvão Colombo em 1492 e suas pela tirania e ações diabólicas dos espanhóis, morreram
respectivas localizações e desenvolvimento cultural, injustamente mais de doze milhões de pessoas [...]”.
relacione as duas colunas abaixo, numerando a coluna Bartolomé de Las Casas (1474-1566).
II de acordo com a coluna I:
“A espada, a cruz e a fome iam dizimando a família selvagem.”
Coluna I
Pablo Neruda (1904-1973).
1. Astecas
As duas frases lidas colocam como causa da dizimação
2. Incas das populações indígenas a ação violenta dos espanhóis
3. Maias durante a conquista da América. Pesquisas históricas re-
4. Nazca centes apontam outra causa, além da já indicada, que foi:
a) a incapacidade das populações indígenas em se

O
Coluna II adaptarem aos padrões culturais do colonizador.

BO O
( ) Peru – cerâmica policromada b) o conflito entre populações indígenas rivais, estimu-

SC
lado pelos colonizadores.
( ) México – códices escritos em cortiça

M IV
c) a passividade completa das populações indígenas,
( ) Cordilheira dos Andes – cidade fortificada
decorrente de suas crenças religiosas.
( ) México, Guatemala, Belize – sistema de escrita d) a ausência de técnicas agrícolas por parte das popula-

O S
A sequência correta, de cima para baixo, é: ções indígenas, diante de novos problemas ambientais.

D LU
a) 4, 1, 2, 3 e) a série de doenças trazidas pelos espanhóis (varíola,
tifo e gripe), para as quais as populações indígenas
b) 2, 3, 4, 1
não possuíam anticorpos. A questão biológica é muito im-
c) 1, 2, 3, 4 portante para entender a coloni-

O C
zação das Américas. Ainda que os europeus estivessem em desvantagem,
d) 4, 3, 2, 1 por ter um oceano a ser atravessado, o que representava um desafio
Nesta questão, talvez a maior dúvida dos alunos seja entre astecas logístico, tinham armas, cavalos e, principalmente, mesmo sem saber ao
N X
e maias. Pela região, ainda que não se conheça o aspecto de cultura
material, é possível relacionar o Peru com o povo nazca e, especifica-
certo, as doenças contra as quais os nativos não desenvolveram anticorpos.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das institui-
SI E
mente, a Cordilheira dos Andes com os incas. ções sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, eco-
nômicos ou ambientais ao longo da História.
O
EN S

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
E U

7. UFG-GO – Desdobramento da expansão comercial eu- c) apropriou-se dos lucros advindos tanto do monopó-
ropeia, a ocupação de terras na América portuguesa lio comercial que as metrópoles mantinham com as
consolidou o sistema colonial, fazendo do povoamento colônias quanto do tráfico de escravos.
D E

um meio de: d) apossou-se da maior parcela dos lucros do comércio


colonial, de modo a substituir, na metrópole, a mão
A LD

a) absorver o excedente demográfico europeu, impul-


sionado pelo crescimento das atividades econômicas de obra escrava pela mão de obra servil.
mercantis.
b) assegurar a rentabilidade das atividades extrati- 9. Fatec-SP – Documentos da época dos grandes desco-
vistas em patamar superior ao comércio de espe- brimentos deixam evidente o interesse das metrópoles
EM IA

ciarias no Oriente. ibéricas em colonizar as novas terras nos moldes do


mercantilismo.
c) garantir aos colonos a propriedade privada da terra,
ST ER

bem como o acesso ao lucro decorrente do comércio No início da colonização na América, as duas principais
com os países europeus. atividades econômicas estimuladas por Portugal e Es-
d) efetivar a posse do extenso território pelos portu- panha foram, respectivamente, a:
gueses, permitindo a exploração agrícola com base a) cultura da mandioca e a mineração de ouro e prata.
SI AT

na grande propriedade.
b) mineração de diamantes e a monocultura do tabaco.
e) permitir ao colono desenvolver a produção de artigos
c) produção de charque e a monocultura de cana-de-
manufaturados, impulsionando a formação de um
-açúcar.
mercado interno.
M

d) monocultura de cana-de-açúcar e a mineração de


8. UFRN – Nos séculos XV e XVI, com as chamadas Gran- ouro e prata.
des Navegações, os europeus chegaram às Américas, e) monocultura de café e a exploração de metais pre-
onde iniciaram um processo de conquista e colonização. ciosos diversos.
Esses empreendimentos aceleraram a acumulação do
capital e garantiram o desenvolvimento do capitalismo 10. FGV-SP – Leia atentamente o poema “O Infante”, do
europeu, pois a burguesia mercantil europeia: poeta português Fernando Pessoa:
a) utilizou a mão de obra assalariada colonial para baratear “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
os custos dos produtos manufaturados na metrópole.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
b) quebrou o protecionismo econômico metropolitano,
abrindo o mercado nacional e favorecendo a eclosão Que o mar unisse, já não separasse,
da Revolução Industrial. Sagrou-te e foste desvendando a espuma.

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150

E a orla branca foi, de ilha em continente, 13. UFMG – No final do século XV e início do XVI, quando
HISTÓRIA 1

Clareou, correndo, até ao fim do mundo, os europeus conquistaram o continente americano, este
era habitado por inúmeros grupos étnicos, com diferentes
E viu-se a terra inteira, de repente,
formas de organização econômica e político-social.
Surgir, redonda, do azul profundo. Considerando-se o Império Inca, é incorreto afirmar que:
Quem te sagrou, criou-te português, a) a agricultura, base da sua economia, era praticada nas
Do mar por nós em ti nos deu sinal. montanhas andinas, por meio de um sofisticado siste-
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. ma de produção, que incluía a irrigação e a adubação.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!” b) o Estado era centralizado, com o poder político con-
centrado nas mãos do Inca, o imperador, e sua so-
O poema permite pensar sobre dois relevantes aconte- ciedade era rigidamente hierarquizada.
cimentos históricos, que são, respectivamente: c) seu domínio se estendia ao longo da Cordilheira dos An-
a) o protagonismo marítimo lusitano nos séculos XV e des, ocupando parte dos atuais territórios da Colômbia,

O
XVI e a redução do seu império colonial no século XIX. Equador, Peru, Bolívia, Chile e noroeste da Argentina.

BO O
b) a descoberta do Brasil em 1500 e a perda de territó- d) um deus criador e protetor da vida e da natureza era

SC
rios no nordeste e na África com a invasão holandesa cultuado segundo uma doutrina monoteísta e, para

M IV
no século XVII. ele, foram construídos diversos templos.
c) a formação do Condado Portucalense, em 1142, e
a União Ibérica (1580-1640), período de extinção do 14. Fuvest-SP – Uma observação comparada dos regimes

O S
Império Português. de trabalho adotados nas Américas de colonização ibéri-
ca permite afirmar corretamente que, entre os séculos

D LU
d) a elaboração da ideia do Quinto Império Bíblico, re-
XVI e XVIII:
lacionado ao destino de Portugal e, depois, o forta-
lecimento dos partidos socialistas que tomaram o a) a servidão foi dominante em todo o mundo portu-
poder em 1910. guês, enquanto no espanhol a mão de obra principal

O C
foi assalariada.
e) a invasão de Portugal por tropas napoleônicas em
1808, comandadas pelo general Junot, e a vinda da fa- b) a liberdade foi conseguida plenamente pelas populações
N X
mília real portuguesa para a América, no mesmo ano. indígenas da América espanhola e da América portu-
guesa, enquanto a dos escravos africanos jamais o foi.
SI E
11. Cesgranrio-RJ – Na América colonial espanhola, no c) a escravidão de origem africana, embora presente
século XVI, as populações nativas foram utilizadas em em várias regiões da América espanhola, esteve mais
generalizada na América portuguesa.
O

diversas relações de trabalho. Dentre essas, uma das


mais rentáveis para a Coroa foi a que permitia aos es- d) não houve escravidão africana nos territórios espa-
panhóis cobrarem tributos dos nativos em gêneros ou nhóis, pois estes dispunham de farta oferta de mão
EN S

prestações de trabalhos nos campos. Essa forma de de obra indígena.


trabalho era denominada:
E U

e) o Brasil forneceu escravos africanos aos territórios


a) mita. c) cabildos. e) ayuntamientos. espanhóis, que, em contrapartida, traficavam escra-
b) obrajes. d) encomienda. vos indígenas para o Brasil.
D E

12. PUC-RJ – A conquista e a colonização europeias na 15. PUC-GO


A LD

América, entre os séculos XVI e XVIII, condicionaram Queimada


a formação de sociedades coloniais diversas e parti-
“À fúria da rubra língua
culares. Sobre tais sociedades, podemos afirmar que:
do fogo
I. Nas áreas de colonização espanhola, explorou-se, na queimada
EM IA

exclusivamente, a força de trabalho das populações envolve e lambe


ameríndias, sob a forma de relações servis, como a o campinzal
mita e a encomienda.
ST ER

estiolado em focos
II. Nas áreas de colonização portuguesa, particularmen- e nos
te nas regiões destinadas ao fabrico do açúcar, foi sinal.
empregada, em larga escala, a mão de obra escrava
de negros africanos e/ou de indígenas locais.
SI AT

É um correr desesperado
III. Ao norte do litoral atlântico norte-americano, área de de animais silvestres
colonização inglesa, houve o estabelecimento de pe- o que vai, ali, pelo mundo
quenas e médias propriedades, nas quais se utilizou incendiado e fundo,
M

tanto o trabalho livre quanto a servidão por contrato. talvez,


IV. Na região do Caribe, em áreas de colonização inglesa como o canto da araponga
e francesa, assistiu-se à implantação da grande la- nos vãos da brisa!”
voura, voltada para a exportação e assentada no uso
predominante da mão de obra de escravos africanos. Tambores na tempestade
Assinale a alternativa correta:
“[...]
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. E os tambores
e os tambores
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
e os tambores
d) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. soando na tempestade,
e) Todas as afirmativas estão corretas. ao efêmero de sua eterna idade.

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151

[...] 16. UFSM-RS

HISTÓRIA 1
Onde? “Os guerreiros constituíam um dos grupos mais impor-
Eu vos contemplo tantes na civilização asteca. No início, eram escolhidos en-
à inércia do que me leva tre os indivíduos mais corajosos e valentes do povo. Com
ao movimento o tempo, entretanto, a função de guerreiro começou a ser
de naufragar-me passada de pai para filho, e apenas algumas famílias, pri-
eternamente vilegiadas, mantiveram o direito de ter guerreiros entre os
na secura de suas águas seus membros.”
mais à frente! KARNAL, Leandro. A conquista do México.
São Paulo: FTD, 1996. p. 13.
Ó tambores,
O texto faz referência à sociedade asteca, no século
ruflai,
XV, a qual era:
sacudi suas dores!

O
Eu a) guerreira e sacerdotal, formada de uma elite política

BO O
que não me sei que governava com tirania a massa de trabalhadores
escravos negros.

SC
não me venho

M IV
por ser b) igualitária e guerreira, não conhecendo outra autori-
busco apenas ser somenos dade senão a sacerdotal, que também era guerreira.
no viver, c) comunal, com estruturas complexas, sendo dirigida

O S
nada mais que isso!” por um Estado que contava com um aparelho admi-
nistrativo, judiciário e militar.

D LU
VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia:
Poligráfica, 2010. p. 164, 544 e 552. d) hierarquizada e guerreira, visto que o imperador era,
ao mesmo tempo, o general do exército asteca e o
Os versos do texto tratam da destruição da fauna e da
sumo pontífice sacerdotal.
flora em uma queimada e de tambores. Esse cenário nos

O C
lembra a situação da América antes da conquista dos euro- e) igualitária, guerreira e sacerdotal: todo guerreiro era
peus. O continente era habitado por cerca de 50 milhões um sacerdote e todo sacerdote era um guerreiro.
N X
de pessoas, que possuíam diversos níveis culturais. Assi-
nale a alternativa que indica corretamente tal diversidade 17. UNESP
SI E
entre os povos ameríndios e suas respectivas regiões: “A conquista sanguinária da América espanhola é do-
a) Os tupiniquins, que povoavam o interior brasileiro, minada por [uma] paixão frenética. Rio da Prata, Rio do
O

e os povos moicanos, que povoavam o litoral norte- Ouro, Castela do Ouro, Costa Rica, assim se batizavam
-americano, ficaram famosos por sua crueldade nas as terras que os conquistadores desvendavam ao mundo
EN S

guerras, mas os primeiros nunca estabeleceram um [...]”


império, enquanto os últimos conseguiram edificar PRADO, Paulo. Retrato do Brasil, 1928.
E U

cidades suntuosas com seus parcos recursos.


A “paixão frenética” da conquista da América a que se
b) Enquanto os maias possuíam enormes cidades no
refere o autor está relacionada:
atual território norte-americano, os povos quéchua,
D E

do atual Brasil, eram caracterizados por sua habili- a) à irracionalidade da expansão comercial e marítima
dade comercial. Eles abriram caminhos tão perfeitos europeia, realizada sem conhecimentos tecnológicos
A LD

nas florestas que, posteriormente, vieram a ser utili- adequados.


zados nas construções de estradas atuais. b) às condições de crise econômica das populações nati-
c) Os povos incas, que habitavam a atual região da vas dominadas pelo império dos astecas e dos incas.
Argentina, foram hábeis guerreiros e conseguiram c) à ação da burguesia espanhola, que agiu isoladamen-
EM IA

expandir seu império até as terras da Venezuela. Con- te, dado o desinteresse do governo espanhol pelos
tudo, no conflito com os guaranis, que habitavam o territórios americanos.
sul do Brasil, foram facilmente derrotados.
ST ER

d) Os povos astecas, que habitavam o atual território d) ao acordo entre banqueiros e sábios europeus para
mexicano, e os povos tupinambás, do litoral brasilei- ampliar o conhecimento científico e facilitar a explo-
ro, possuíam uma organização social bem distinta, ração econômica da região.
mas mantiveram a prática comum de sacrifícios hu- e) ao esforço de solucionar a crise da economia eu-
SI AT

manos em rituais. ropeia motivada pela escassez do meio circulante.

ESTUDO PARA O ENEM


M

18. UFU-MG C2-H7 Sobre as características socioculturais dos incas, é cor-


“No momento de sua descoberta, a América apresentava reto afirmar que
uma grande heterogeneidade etnográfica. A escala civili- a) cultuavam o Deus Uizlopochtli, os bairros eram ad-
zatória era muito variada desde as sociedades organizadas ministrados pelos calpullec, seus rituais religiosos
política e economicamente com um forte e bem estrutura- envolviam sacrifícios, a religião era politeísta e astral.
do aparelho estatal até as tribos de pescadores.” b) falavam o idioma quéchua, não possuíam escrita,
BRUIT, H. H. Bartolomé de Las Casas e a Simulação dos Vencidos: seus maiores templos eram dedicados ao Deus Inti,
Ensaio sobre a conquista hispânica da América. Campinas-SP: os representantes do poder estatal eram os curacas.
Editora Unicamp, 1995, p.42.
c) possuíam grande conhecimento sobre astronomia, uti-
Há um consenso de que dentre as sociedades pré-colom- lizavam escrita hieroglífica, tinham como supremo sa-
bianas de maior avanço estavam maias, astecas e incas. cerdote Ahaucan e, como chefe supremo, Halach Uinic.

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152

d) eram o grupo mais religioso, prisioneiros e condena- c) demonstra sustentação histórica e claro desenvolvi-
HISTÓRIA 1

dos eram chamados de tlatlacotin, tinham sistema de mento de pensamento lógico e racional.
numeração com base 20 e conheciam o número zero. d) procura justificar o fato de apenas os governantes
dos povos mesoamericanos poderem exercer ativi-
19. UNESP C4-H16 dades agrícolas.
Os deuses disseram entre si depois de criar o homem: e) revela a influência das fábulas europeias na constru-
“O que os homens comerão, oh deuses? Vamos já todos ção do imaginário dos povos mesoamericanos.
buscar o alimento.” Enquanto isso, as formigas vermelhas
estavam colhendo e carregando os grãos de milho que tra- 20. Enem C1-H1
ziam de dentro do Tonacatepetl (Montanha do Sustento). O Império Inca, que corresponde principalmente aos
O deus Quetzalcoatl encontrou as formigas e lhes disse: territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar
“Digam-me, onde vocês colheram os grãos de milho?”. enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade
Muitas vezes lhes perguntou, mas as formigas não quise- sagrada, era o centro administrativo, com uma so-

O
ram responder. Algum tempo depois, as formigas disseram ciedade fortemente estratificada e composta por

BO O
a Quetzalcoatl: “Lá.” E apontaram o lugar. Quetzalcoatl se imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do
transformou em formiga negra e as acompanhou. Desse

SC
governo, artesãos, camponeses, escravos e solda-
modo, Quetzalcoatl acompanhou as formigas vermelhas

M IV
dos. A religião contava com vários deuses, e a base
até o depósito, arranjou o milho e em seguida o levou a da economia era a agricultura, principalmente o cul-
Tamoanchan (moradia dos deuses e onde o homem havia tivo da batata e do milho.

O S
sido criado). Ali os deuses o mastigaram e o puseram na
A principal característica da sociedade inca era a:
nossa boca para nos robustecer.

D LU
(Apud Eduardo Natalino dos Santos. Cidades pré-hispânicas do a) ditadura teocrática, que igualava a todos.
México e da América Central, 2004.) b) existência da igualdade social e da coletivização da terra.
O texto asteca c) estrutura social desigual compensada pela coletivi-

O C
zação de todos os bens.
a) promove a divulgação das qualidades nutricionais do
milho para o fortalecimento dos guerreiros mesoa- d) existência de mobilidade social, o que levou à com-
N X
mericanos. posição da elite pelo mérito.
e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a
SI E
b) oferece uma explicação mítica para a importância do mi-
lho na base da alimentação dos povos mesoamericanos. existência de uma aristocracia hereditária.
O
EN S
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EM IA
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SI AT
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13
153

ÁFRICA E ÁSIA ANTES E

HISTÓRIA 1
DEPOIS DA EXPANSÃO
EUROPEIA

O MUNDO FORA DA EUROPA

O
BO O
A Europa foi, durante muito tempo, o lugar onde estavam concentradas as maio-

SC
• O mundo fora da Europa
res potências do planeta. Ainda hoje, tem papel central nos rumos internacionais

M IV
• África antes da expansão
da política e da economia. Porém, essa potência demorou muito tempo para ser europeia
construída. Enquanto não havia por lá qualquer sociedade complexa consolidada, • Reinos africanos

O S
na África e na Ásia algumas das maiores civilizações da história da humanidade se • Ásia antes da expansão
europeia

D LU
desenvolviam com vigor.
• Civilização chinesa
Também havia sociedades simples que devem ser lembradas e valorizadas. So- • Civilização indiana
ciedades tribais, nômades ou seminômades, cujas tradições e cultura marcaram • Colonialismo e

O C
para sempre a história da África e da Ásia. neocolonialismo
À medida que os povos da Europa constituíam grandes civilizações, os primeiros • A burguesia entre a religião
N X
contatos começaram, mas a maior mudança ocorreu depois das Grandes Navegações. e a política
• Dinastia Stuart
SI E
• Governo de Jaime I (1603-
ÁFRICA ANTES DA EXPANSÃO EUROPEIA 1625)
• Governo de Carlos I (1625-
O

O continente africano é considerado o berço da humanidade. Diversas pesquisas 1649)


evidenciam que o processo de hominização foi iniciado na África até se chegar ao • República puritana
EN S

Homo sapiens. Uma diáspora ocorreu há cerca de 50 mil anos e definiu o povoa- • Governo de Carlos II (1660-
1685)
E U

mento de outros espaços do globo terrestre e, entre eles, o do continente europeu.


• Governo de Jaime II (1685-
Foi no intervalo de tempo da diáspora até cerca de 12 mil anos que as mudanças
1688)
na cor da pele e em outras feições ocorreram, definindo um tipo humano europeu
D E

característico, diferente daquele encontrado nos grupos que permaneceram na África. HABILIDADES
A LD

Tratar desses grupos humanos africanos é considerar também diferenças que • Analisar a produção da
chegam aos dias atuais. Nesse sentido, é muito difícil discorrer sobre a África de memória pelas sociedades
humanas.
forma homogênea, tanto do ponto de vista humano como do físico. Essas distinções
• Interpretar diferentes
foram atuantes e decisivas em boa parte da história do continente antes de existir representações gráficas e
EM IA

uma influência europeia. cartográficas dos espaços


Contudo, não há unidade cultural entre todos os povos dessa imensa área. Os geográficos.
ST ER

bantos, da região central, por exemplo, têm modo de vida e língua muito diferentes • Reconhecer a dinâmica
da organização dos
dos khoisan, que vivem ao sul. movimentos sociais e a
Embora povos que habitassem a África Subsaariana apresentassem enorme importância da participação
SI AT

diversidade de línguas, costumes e formas de organização, é possível apontar algu- da coletividade na


mas características gerais desses habitantes, como estrutura familiar, religiosidade, transformação da realidade
histórico-geográfica.
forma de comunicação e, em algumas, organização política. • Interpretar historicamente
M

No caso da estrutura familiar, solidariedade e laços de parentesco eram mantidos e/ou geografi camente
por meio do culto a ancestrais comuns. Além disso, os homens garantiam status ao fontes documentais acerca
cuidar de várias mulheres. Sendo assim, a poligamia foi um traço característico de de aspectos da cultura.
vários grupos africanos. • Analisar a atuação dos
movimentos sociais
Isso não significa que as mulheres eram submissas, pois participavam de várias que contribuíram para
atividades no seio familiar, podiam se separar do marido e envolviam-se na escolha mudanças em processos de
de outras mulheres para o esposo. Muitas tornavam-se conselheiras em assuntos disputa pelo poder.
religiosos e tribais. • Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
No que se refere à religiosidade, encontra-se o politeísmo como marca caracte- políticos e econômicos.
rística, principalmente nos grupos ao sul do Saara. Ao norte, em razão da expansão
islâmica medieval, houve assimilação do monoteísmo. A religião é um forte elo
comunitário que constitui lideranças, definindo alianças e inimizades.

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154

Tradições tribais são transmitidas pela oralidade, As disputas tornaram-se acirradas entre os grupos que
sendo esta uma das características mais marcantes da disputavam o comércio das áreas controladas por Songai
HISTÓRIA 1

cultura africana anterior à presença europeia. Contado- e, em 1591, o império foi destruído pelos marroquinos,
res de histórias são reverenciados, pois transmitem, que buscavam controlar rotas de comércio transaarianas.
por meio da narrativa dos acontecimentos do grupo, os Na região sul da atual Nigéria (África Ocidental),
valores da coletividade, imprimindo elementos consti- viveram povos como iorubás e edos. O reino edo mais
tuintes da identidade tribal. importante foi Benin, no qual se praticavam agricultura
Outro aspecto relevante que aproxima comunidades e comércio. Os governantes (obás) eram considerados
africanas concerne à organização política. Sociedades divinos e seu apogeu foi entre os séculos XIV e XV,
definiam-se por relações de parentesco e juramentos quando passou a participar do comércio de escravos.
de fidelidade ao chefe de família. Estes se associavam Os iorubás viveram em várias cidades independen-
por outras ligações de parentesco até a formação da tes (cidades-Estado). A mais importante delas foi Ifé,

O
aldeia ou tribo. Como consequência, todos os chefes que também era o centro religioso da região. Seus

BO O
de famílias estavam vinculados, como uma espécie deuses eram chamados orixás e muitos escravos en-

SC
de clã, a um senhor considerado representante dos viados ao Brasil faziam parte desse reino.

M IV
ancestrais, o chefe da tribo. O Reino do Congo existiu na chamada África atlântica
Além da existência de tribos e confederações tri- central, na bacia do Rio Congo. Era uma sociedade bas-

O S
bais, houve o desenvolvimento de alguns reinos im- tante hierarquizada, havia domínio autoritário das aldeias
portantes ao longo da história do continente africano vizinhas e praticava-se a escravidão em pequena escala.

D LU
no período anterior à intensificação dos contatos dos Quando os europeus chegaram ao Reino do Congo, a
europeus, verificada a partir da época moderna. capital, Banza Congo, era do tamanho das principais cida-
des europeias da época e ficava na confluência de rotas

O C
REINOS AFRICANOS comerciais. Desde o início, governantes desse reinado
De modo geral, os reinos africanos não coexistiram e
N X estabeleceram muitas relações comerciais com os portu-
alguns já estavam em decadência quando os europeus gueses, fornecendo-lhes escravos, os quais foram manda-
SI E
começaram a conquistar a costa africana no século XV. dos ao Brasil. No entanto, os próprios congoleses, alguns
O Reino de Gana desenvolveu-se a sudoeste do séculos depois, acabaram dominados pelos europeus.
O

Deserto do Saara em razão da proximidade com rotas Na costa oriental da África, floresceu um intenso
de comércio transaariano. Aos poucos, dominou outras comércio de ouro e marfim, produtos que eram trocados
EN S

aldeias e tornou-se um império conhecido pela abun- com comerciantes chineses, árabes e indianos, os quais
dância de ouro. Os monarcas ganenses também eram vinham pelo mar. Essa atividade impulsionou a criação
E U

chefes militares e vistos como divinos pela população. de várias cidades-Estado e dos reinos de Zimbábue, no
O reinado teve grande destaque entre 500 e 1000 d.C., interior do continente, e Monomotapa.
D E

mas foi incorporado pelo Império Mali por volta de 1230.


Após conquistar o Reino de Gana, o Império Mali
A LD

continuou ampliando seus domínios e favoreceu-se das ÁSIA ANTES DA EXPANSÃO


minas de ouro e da cobrança de impostos das caravanas
do deserto. Existiam três rotas comerciais importantes: EUROPEIA
EM IA

a ocidental, que envolvia a região do Marrocos e da Argé- A história da região, que compreende a Índia e a
lia; a central, estabelecendo contato com Túnis via Ghat; China, tem sua origem na Antiguidade. O desenvol-
e a transcontinental, que passava por Egito, Fezzan, Ghat vimento de atividades agrícolas nessa área do globo
ST ER

e Agades. A capital era a populosa NianI. Além dessa foi posterior ao do chamado Crescente Fértil, porém,
cidade, outras faziam parte de Mali, como Tombuctu (ou assim que aconteceu, fundamentou duas civilizações
Timbuktu), onde havia uma das maiores universidades sofisticadas: a chinesa e a indiana.
SI AT

do mundo, com aproximadamente 25 mil estudiosos, a


Universidade Sankore, um importante centro islâmico CIVILIZAÇÃO CHINESA
do período. Nos séculos seguintes, o império não con- Por volta de 2700 a.C., os chineses iniciaram a produ-
M

seguiu manter o domínio das vastas áreas conquistadas ção agrícola de arroz e soja às margens do Rio Amarelo,
e sofreu com as rebeliões das províncias. nas encostas dos vales, locais que facilitavam a retenção
Uma dessas províncias era Songai, que em 1464 to- de água das chuvas e a irrigação do solo. Entretanto,
mou várias cidades de Mali. Aos poucos, esse império foi somente por volta do primeiro milênio que eles rea-
tornou-se o mais organizado da África Ocidental, com lizaram grandes obras, erigindo diques e barragens e
uma eficiente rede de comunicação e utilização de es- criando grandes sistemas de drenagem que permitiram
cravos na agricultura, transformando em capital a cidade a ampliação de espaços cultiváveis e da produção.
de Tombuctu. Como na Antiguidade europeia, povos der- Aos poucos, grupos humanos constituídos em clãs
rotados nas guerras eram escravizados. Não era comum, foram se aproximando e as primeiras experiências es-
porém, a existência de reinos escravistas. De modo geral, tatais aconteceram. Por volta do século V a.C., a região
a escravidão na África Antiga existia em pequena escala. que corresponde à maior parte da China estava dividi-

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155

da em dezessete pequenos estados. As disputas por CIVILIZAÇÃO INDIANA


terras eram intensas, elemento que, provavelmente, A ocupação e o desenvolvimento humano no Sub-

HISTÓRIA 1
fundamentou a diferenciação social entre camponeses continente Indiano tiveram suas origens há cerca de
e guerreiros na organização social. 6 mil anos. Os primeiros assentamentos datam de
Foi durante esse período que as ideias de Kung Fu Tzu 4000 a.C., na região do vale do Rio Indo. Contudo, foi
(Confúcio) se disseminaram e constituíram a base da cultu- somente após a investida de povos do Cáucaso, no
ra chinesa. O termo “china” só passou a ser utilizado mais norte da Índia, que uma civilização complexa adquiriu
tarde, quando o estado mais a oeste, Qin (lê-se Tchin), feição. Os invasores eram povos arianos, que forjaram a
em 318 a.C., iniciou a campanha vitoriosa sobre outras cultura védica por volta de 1500 a.C. na região. Ocupa-
organizações políticas, unificando o poder na região. ram primeiro o vale do Rio Ganges e, posteriormente,
Os ensinamentos de Confúcio falavam do respeito aos dominaram toda a região central da Índia.
idosos, às tradições, ao governo adequado, à ordem social Os arianos praticavam o cultivo do arroz, desen-

O
e da preocupação com o estudo nos assuntos coletivos. volveram conhecimentos sobre o ferro, criaram uma

BO O
Eles foram utilizados para a formação de uma eli- sociedade rígida e estratificada por meio de uma con-

SC
te estatal dos mandarins. Estes eram educados para cepção religiosa e difundiram o sânscrito.

M IV
servir ao imperador, coletar impostos e cuidar da or- A origem do hinduísmo associa-se à concepção
dem pública nas províncias. Suas origens não eram religiosa dos ários, que acreditavam na existência do

O S
populares, mas aristocráticas, o que correspondia a deus Indra, inspirador de suas conquistas. De acordo
uma exploração dos camponeses e dos trabalhadores. como essa ideologia, a comunidade humana estava

D LU
A organização estatal foi importante para o desenvolvi- dividida em quatro castas que saíram do deus: brâ-
mento subsequente da agricultura e da indústria. Os pro- manes, os sacerdotes; kshatriyas, a casta guerreira;
gressos foram impressionantes ainda antes da era cristã vaishyas, constituída por agricultores e comerciantes;

O C
no Ocidente. Os chineses entraram na era dos metais e e shudras, o grupo mais inferior, formado por arte-
fabricaram vários instrumentos agrícolas e armamentos,
N X sãos e escravos. Ainda existiriam as castas que não
os quais sustentaram uma população crescente. tinham surgido do deus, sendo considerados párias.
SI E
Nesse período, os chineses desenvolveram o papel, Brâmanes e kshatriyas conduziam a vida política na
algo que só seria conhecido no Ocidente no fim da Idade cultura védica hindu.
O

Média. Além disso, utilizaram o cavalo como força motriz A constituição de um império na região coube ao
do arado por meio de um sistema de arreio em colar, o qual grupo dos máurias, que organizaram uma dinastia entre
EN S

só foi conhecido no continente europeu no século XVIII. os séculos V e II a.C. Nessa época, foi ganhando terreno
O arado também tinha várias lâminas acopladas em uma nova religião, o budismo, que teve suas bases as-
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funis, que jogavam sementes nos sulcos abertos na sentadas no pensamento de Sidharta Gautama, que sig-
terra, algo impressionante para os padrões tecnológi- nifica “Iluminado” e também é conhecido como Buda.
D E

cos agrícolas do Ocidente na mesma época. A filosofia budista era baseada na superação do
Na dinastia Qin foi ordenada a construção da Gran-
A LD

sofrimento humano por meio das virtudes do pensa-


de Muralha como forma de defesa contra investidas mento e das ações e alimentou a ideia da necessidade
de grupos guerreiros das estepes que ameaçavam o de reencarnações como forma de atingir o nirvana,
império. Aproveitaram o gás natural, utilizando-o como estado livre do sofrimento.
EM IA

combustível para a evaporação da água e a obtenção do O imperador Asoka, da dinastia dos Máurias, adotou
sal, e edificaram poços para a extração de água salobra. o budismo, fazendo-o espalhar-se por várias áreas mais
Os chineses foram governados por várias dinastias
ST ER

ao Oriente. Mas isso não significou uma intolerância


ao longo dos séculos, mas seus fundamentos esti- em relação a outras religiões. Havia uma diversidade
veram associados às dinastias Qin e Han. Até hoje o religiosa que convivia com o budismo na Índia.
grupo étnico majoritário na China é o Han. No que diz respeito à vida econômica, além da
SI AT

A aristocracia vivia em grandes cidades e em meio agricultura do arroz, os hindus cultivaram trigo, ceva-
ao luxo, ostentando poder. Nesse contexto, ocorreram da e algodão. Na pecuária, domesticaram gado zebu,
agitações políticas a algumas dinastias foram substi- búfalos, ovelhas, cabras, porcos e elefantes. Estes úl-
M

tuídas, preservando-se, porém, o Estado como marca timos também foram utilizados em vários combates,
característica do poder chinês. representando uma força irresistível aos seus inimigos.
Aos povos, foram estabelecidas rotas comerciais Nos primeiros séculos da era cristã, a Índia foi con-
que ligavam a China a terras situadas no Ocidente. O trolada por grupos do norte, partos. Estes, associados
budismo, originário da Índia, foi absorvido, transfor- aos kusham, organizaram o comércio da chamada rota
mando-se em um novo elemento religioso. da seda, ligando a China ao Ocidente romano. Esse
No período medieval, a expansão islâmica rumo ao domínio garantiu inúmeras riquezas, levando o Império
Oriente estabeleceu contatos em princípio belicosos, Hindu ao seu período de esplendor, que, porém, mais
que deram origem a um importante intercâmbio, em adiante, no período medieval, conheceria a decadên-
que a porcelana e a seda eram produtos valiosos da cia por conta das investidas islâmicas e das forças de
produção chinesa. príncipes que controlavam partes do império.

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156

No fim da Idade Média, os contatos comerciais en- Essa mudança religiosa também beneficiou outra
tre os islâmicos e os principados hindus garantiram um camada da sociedade, a já ascendente burguesia, que
HISTÓRIA 1

lucrativo comércio de seda e de especiarias produzidas passou a concentrar mais propriedades e, assim, a fim
no Subcontinente Indiano. de defender seus interesses, buscou maior participa-
ção no exercício do poder.

COLONIALISMO E A entrada da burguesia no jogo político levou a


monarquia a perder sua importância incontestável na
NEOCOLONIALISMO tomada de decisões, uma vez que a sociedade pre-
tendia participar cada vez mais. Esse processo levou à
A história dos continentes asiático e africano, com consolidação do sistema parlamentarista na Inglaterra.
diferentes civilizações e povos únicos e particulares,
começa a ser alterada gravemente após a colonização.
Com as Grandes Navegações, as feitorias erguidas por DINASTIA STUART

O
BO O
toda a costa africana e em diversos pontos da Ásia
O reinado da família Stuart foi marcado por agita-

SC
alteraram a lógica de produção desses povos.
ções sociais no campo e nas cidades, envolvendo des-

M IV
O tráfico negreiro intensificou certas práticas de es-
de setores populares até grupos da nobreza descon-
cravização que aconteciam entre alguns povos africanos.
tentes com a política de um clã originário da Escócia.
Incentivando-a, transformou pessoas em produtos em

O S
A cronologia do reinado Stuart vincula-se, neces-
uma escala gigantesca e deixou marcas no continente
sariamente, às Revoluções Inglesas do século XVII.

D LU
africano que duram até hoje. Na Ásia, as Grandes Nave-
gações abriram espaço para uma influência europeia que
GOVERNO DE JAIME I (1603-1625)
se deu, primeiro, na economia e, depois, chegaria acom-
Governante que criou algumas dificuldades ao ten-

O C
panhada de grandes armadas marítimas e exércitos.
tar justificar seu poder como de origem divina. Na In-
O agigantamento do capitalismo fez surgir o exce-
N X
dente de capitais, que exigia melhores condições de
glaterra, muitos consideravam que o poder do rei devia
se ajustar aos interesses dos súditos, os quais tinham
SI E
lucro. Assim, boa parte desse capital deixou seus países
representação no Parlamento, e não se vincular à ideia
de origem em busca de melhores oportunidades lucrati-
de inspiração divina.
vas em outras áreas, especialmente nas regiões menos
O

Jaime I empreendeu uma expansão ultramarina co-


desenvolvidas da África, da Ásia e da América Latina,
lonizadora na América. As Treze Colônias inglesas na
EN S

as quais dispunham de matérias-primas, mão de obra


América do Norte surgiram nessa época e o rei as con-
barata, fontes de energia e mercados consumidores. Foi
siderava um empreendimento que envolvia ingleses,
E U

a segunda onda de colonizações ou neocolonialismo.


mas que era uma espécie de propriedade particular.
Havia, ainda, a necessidade de aplicação dos capitais
A essa consideração real houve oposição de ingleses
D E

excedentes da economia industrial e de obtenção de


em geral e do Parlamento especificamente, acirrando
bases estratégicas visando à segurança do comércio
as tensões políticas.
A LD

marítimo nacional. Por esses motivos, Inglaterra, França,


O rei negociou com companhias de comércio para
Alemanha, Itália, Japão e Rússia converteram-se em paí-
transportar parte da população pobre que habitava as
ses imperialistas e acabaram por repartir a África, a Ásia
cidades ao Novo Mundo. O sistema envolvia pagamento
e a Oceania entre si. Para justificar os movimentos de
EM IA

por meio de servidão temporária e supervisionada pela


dominação, as nações com ambições imperialistas ado-
monarquia até que os gastos de viagem e instalação fos-
taram um discurso humanitário e desenvolvimentista.
ST ER

sem pagos a esses estabelecimentos. Além disso, a ten-


são com grupos calvinistas (puritanos) cresceu e Jaime
REVOLUÇÕES INGLESAS: I acenou com a possibilidade de culto livre na América.
Assim, grupos de colonizadores eram constituídos por
SI AT

POLÍTICA E ECONOMIA famílias protestantes que imaginavam a possibilidade da

(SÉCULOS XVII-XVIII)
liberdade de religião nas colônias americanas.
Os ganhos econômicos e os deslocamentos popula-
M

cionais não reduziram as tensões em relação ao poder


A BURGUESIA ENTRE A RELIGIÃO real, principalmente por ser a família Stuart católica e
E A POLÍTICA perseguidora de protestantes (presbiterianos) na Escó-
O século XVII foi um período de grande movimen- cia. Essa situação ficou bem visível no reinado do filho
tação política para os ingleses. No período dos Tudor, de Jaime I, coroado na Inglaterra com o título de Carlos I.
um século antes, Henrique VIII foi responsável por uma
grande mudança religiosa na Inglaterra e seu reinado GOVERNO DE CARLOS I (1625-1649)
buscou a emancipação da Igreja Católica, que até então No reinado de Carlos I, a tensão política provocou
tinha domínio político e espiritual sobre as monarquias uma guerra contra o rei, que desenvolveu uma política
europeias. O monarca converteria a si mesmo e a Ingla- sistemática contra os calvinistas da Escócia, tentando
terra ao protestantismo, fundando a Igreja Anglicana. absorver o patrimônio da Igreja Presbiteriana.

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157

Os calvinistas iniciaram um conflito armado contra Cromwell ainda ampliou o raio de ação política in-
o rei. Assim, o monarca convocou o Parlamento para glesa ao estabelecer o controle sobre o território da

HISTÓRIA 1
que aprovasse os tributos necessários à guerra. Irlanda. Sem dúvida alguma, a Comunidade Livre, con-
O Parlamento reuniu-se para discutir o assunto da duzida por ele, Lorde Protetor, ganhou mais espaço
elevação de tributos e, em sua maioria, os represen- para iniciativas econômicas.
tantes se colocaram contra qualquer aumento da car- Após a morte de Cromwell, houve movimentações
ga tributária. Muitos acreditavam que era um capricho para o retorno da monarquia em nome da estabilidade da
do rei e consideraram que a Igreja Presbiteriana não Inglaterra, já que o governo era, para muitos, conduzido
deveria ser absorvida e, também, que os negócios pessimamente por Richard, filho do Lorde Protetor. Os
não poderiam ser prejudicados com novas taxações. ingleses sentiram a morte de Cromwell e temiam uma ins-
Carlos I pretendia aumentar sua autoridade ao lutar tabilidade ainda maior se nada fosse feito contra Richard.
contra os presbiterianos e viu-se em uma situação Nesse quadro de insegurança, começaram as nego-

O
em que o poder real ficara abalado com a negativa do ciações com o filho de Carlos I, rei decapitado na Revolu-

BO O
Parlamento à sua solicitação de mais recursos para ção Puritana, que aceitou ser rei. O Parlamento impunha

SC
o confronto. a condição de reconhecimento de suas prerrogativas para

M IV
Isso o fez dissolver a instituição e decidir pela ele- reconhecer Carlos II como rei da Inglaterra, situação em
vação de impostos. Os ingleses consideraram a deci- que foi prontamente atendido pelo membro da família

O S
são real um desrespeito à tradição que existia desde Stuart. Assim, foi restaurada a monarquia.
a Magna Carta (1215), quando foi estabelecido que o

D LU
rei não podia criar impostos sem o consentimento de GOVERNO DE CARLOS II (1660-1685)
representantes da sociedade. O próprio Parlamento era O reinado do filho de Carlos I foi marcado pelo cres-
oriundo dessa tradição e a revolta gerada pela decisão cimento econômico e pela ampliação da influência in-

O C
de Carlos I ganhou feição de revolução. glesa na Europa continental.
As forças leais ao rei lutaram ao lado de Carlos I
N X A Inglaterra emprestou recursos para que Portugal
para mantê-lo no poder. Esses homens, que na histó- pagasse uma indenização aos holandeses pelos pre-
SI E
ria da Inglaterra defenderam uma maior centralização juízos causados com sua expulsão de Pernambuco e,
política, ficaram conhecidos por tories (conservadores), em contrapartida, os flamengos voltariam a comprar
O

enquanto aqueles que estavam associados à luta con- o açúcar controlado por Portugal. Isso foi definido pela
tra o poder centralizado e pegaram em armas contra o Paz de Haia (1661).
EN S

monarca ficaram conhecidos como whigs. A Inglaterra foi a grande beneficiada por ampliar
Assim, iniciava-se a primeira revolução inglesa do
E U

relações econômicas com os países da Europa conti-


século XVII: a Revolução Puritana (1642-1649). Seu lí- nental em uma tentativa de isolar a França governada
der, Oliver Cromwell, criou um exército revolucionário pelo Rei Sol, Luís XIV.
D E

(Cabeças Redondas), que combateu tropas leais ao rei.


Carlos II chamou alguns membros importantes do Par-
Essa guerra envolveu populares e nobres, cujo interes-
A LD

lamento para participar do Conselho Real e isso facilitava


se maior era acabar com o poder de Carlos I.
o relacionamento entre o rei e a Casa dos Representan-
Após esses acontecimentos, foi proclamada a
tes, contribuindo para que decisões políticas fossem aten-
Comunidade Livre da Inglaterra, a qual, para alguns
didas em suas necessidades financeiras, havendo, dessa
EM IA

historiadores, teria representado a única experiência


republicana na história da Inglaterra. forma, uma estabilidade político-econômica no país.
Essa estabilidade foi abalada na sucessão ao tro-
ST ER

no, pois Carlos II não tinha filhos e, com sua morte, o


REPÚBLICA PURITANA poder devia ser passado a um parente próximo, seu
Cromwell criou um governo ditatorial que favoreceu irmão Jaime.
SI AT

setores comerciais e manufatureiros da economia in-


GOVERNO DE JAIME II (1685-1688)
glesa. Um exemplo dessa política encontra-se no es-
O reinado de Jaime II foi conturbado e marcado, entre
tabelecimento dos Atos de Navegação (1651-1652),
M

outros aspectos, por certas disposições do rei contra o


pelos quais o comércio exportador e importador foi
Parlamento e setores protestantes. Embora a economia
nacionalizado, ou seja, só podiam sair ou entrar pro-
dutos do país se estivessem em navios da Inglaterra. inglesa continuasse a se desenvolver, houve tensões po-
Quase metade do comércio exportador-importador líticas que os colocaram novamente em rota de colisão.
inglês era feito em navios holandeses. Dessa forma, Jaime II era católico e afirmava que pretendia pre-
a marinha mercante holandesa ficou prejudicada, en- servar-se dentro dessa fé, não aderindo ao anglicanis-
quanto a da Inglaterra foi favorecida. Os holandeses mo. Além desse fator de conflito, o rei chamou apenas
tentaram comercializar nos portos ingleses e suas em- católicos para compor o Conselho Real, desprestigian-
barcações foram aprisionadas. Isso repercutiu em uma do homens de Estado de origem protestante que se en-
guerra entre os dois países. Os ingleses venceram e, contravam no Parlamento. Assim, houve isolamento do
com a vitória, a economia foi impulsionada. monarca em relação a várias forças políticas inglesas.

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158

Outro fator que repercutiu negativamente entre os revolução foi chamada de Gloriosa. Guilherme foi à
HISTÓRIA 1

ingleses foi o segundo casamento com uma princesa Inglaterra e, antes de ser aclamado rei, teve de as-
católica italiana, que lhe deu um filho, o qual seria o sinar um documento que ficou conhecido como Bill
futuro rei da Inglaterra. Jaime II ainda fez pronuncia- of Rights (Declaração dos Direitos).
mentos em que afirmava não entender a necessidade Pela Declaração dos Direitos, Guilherme reco-
de encontros regulares do Parlamento. Nessa situação nhecia que sua função estaria limitada à chefia de
complexa, foi gestada a Revolução Gloriosa (1688-1689). Estado, e não à de governo. A fórmula política defi-
O movimento eclodiu após as negociações entre Jai- nida aí e que marca a história da Inglaterra até hoje
me I e Guilherme de Orange, o qual era casado com sua diz: “O rei reina, mas não governa”.
filha Maria. Guilherme era protestante e aceitou tornar-se A monarquia parlamentar inglesa ficou assim es-
rei da Inglaterra caso o movimento fosse vitorioso. tabelecida: o rei é chefe de Estado, enquanto a chefia

O
Jaime II fugiu para a Escócia e seguiu para a Fran- de governo fica a cargo do primeiro-ministro, saído

BO O
ça de Luís XIV, obtendo asilo. O rei não resistiu e a de um consenso de maioria parlamentar.

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159

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
ÁFRICA E ÁSIA ANTES E DEPOIS DA EXPANSÃO EUROPEIA

Importância histórica: Início do processo de hominização: berço da humanidade.

O
Norte da África: Antigo Egito e Cartago. Região fortemente influenciada pelo islamismo. Agricultura. Rotas

BO O
comerciais pelo Deserto do Saara e caravanas.

SC
M IV
O S
África África Subsaariana: Extrema diversidade geográfica, cultural, linguística e populacional.

Pontos de similaridade: estrutura familiar, religiosidade, organização política e oralidade.

D LU
O C
N X Gana: Desenvolveu-se a partir do século VII, a sudoeste do Saara. Proximidade com as rotas comerciais tran-

saarianas. Abundante extração de ouro.


SI E
O

Conquistou o Reino de Gana por volta de 1230. Favoreceu-se com minas de ouro e cobrança de im-
Mali:
EN S

postos. Extensa rede de rotas comerciais em Benin. Região sul da atual Nigéria: agricultura e comércio bem
E U

Reinos africanos desenvolvidos; apogeu entre os séculos XIV e XV; envolvimento no tráfico de escravos.
D E
A LD

Congo: África Central; sociedade hierarquizada; domínio autoritário sobre povos vizinhos; escravidão em pe-

quena escala.
EM IA

Produção agrícola às margens do Rio Amarelo por volta de 2700 a.C. A partir do
Civilização chinesa:
ST ER

século V a.C., as ideias de Confúcio são disseminadas, constituindo a base da atual cultura chinesa. Grande

desenvolvimento da agricultura e da indústria durante o Medievo. Fabricação de instrumentos agrícolas e arma-


SI AT

mentos: civilização sofisticada. Várias dinastias governaram a China, mas seus fundamentos estão associados

Ásia às dinastias Qin e Han.


M

Os primeiros assentamentos no Vale do Indo datam de 4000 a.C. Povos arianos forjam a
Civilização indiana:
cultura local por volta de 1500 a.C. Desenvolveram o cultivo de arroz e a metalurgia. Sociedade rígida e hierarquizada,

em que o hinduísmo, com seu sistema de castas, teve papel importante. Os máurias constituem um império entre os

séculos V e II a.C. No mesmo período, o budismo ganha espaço. A rota da seda é organizada nos primeiros séculos da

era cristã. Domínio dos portos. Ao fim da Idade Média, é estabelecido um intenso comércio entre os povos islâmicos e

os principados hindus.

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160

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

REVOLUÇÕES INGLESAS

Adepto da teoria do direito divino dos reis, descontenta o Parlamento ao almejar mais influência e poder.
Governo de

O
Jaime I

BO O
(1603-1625)

SC
M IV
O S
D LU
Enfrenta o Parlamento e acaba executado (Revolução Puritana).
Governo de
Carlos I

O C
(1626-1649)

N X
SI E
O

• Governo de Oliver Cromwell (Lorde Protetor).


República
EN S

Puritana • Desenvolvimento comercial e conquista da Irlanda.


(1649-1658)
E U

• A instabilidade política após a morte de Cromwell leva ao retorno da monarquia.


D E
A LD

Em seu reinado, há crescimento econômico e ampliação da influência inglesa na Europa. A estabilidade política
Governo de
Carlos II é abalada após a morte de Carlos II, que não deixa herdeiros e cujo trono é ocupado por seu irmão, Jaime II.
EM IA

(1660-1685)
ST ER
SI AT

Não adere ao anglicanismo, privilegiando os católicos na formação do Conselho Real, e faz declarações contra
Governo de
Jaime II o Parlamento (Revolução Gloriosa).
M

(1685-1688)

Assina a Declaração de Direitos, que põe fim ao absolutismo inglês e sujeita a Coroa aos poderes do Parlamento.
Governo de
Guilherme II
(1688-1702)

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161

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. Unicamp-SP a) dentre inúmeras realizações, adotou uma única es-
“A longa presença de povos árabes no norte da África, mes- crita e as mesmas leis para o país, e iniciou a cons-
mo antes de Maomé, possibilitou uma interação cultural, um trução da Grande Muralha.
conhecimento das línguas e costumes, o que facilitou poste- b) expandiu o Império Chinês para a Ásia continental,
riormente a expansão do islamismo. Por outro lado, deve-se abriu a via da seda e iniciou o comércio com as pro-
considerar a superioridade bélica de alguns povos africanos, víncias romanas do Oriente.
como os sudaneses, que efetivaram a conversão e a conquista c) enfraqueceu o poder dos nobres chineses e enfren-
de vários grupos na região da Núbia, promovendo uma ex- tou a invasão dos mongóis, liderada por Gengis Khan.
pansão do Islã que não se apoia na presença árabe.” d) iniciou um dos períodos do auge da cultura chinesa
ARNAUT, Luiz; LOPES, Ana Mônica. História da África: uma quando ocorreu a invenção da pólvora, da impressão
introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005. p. 29-30. (Adaptado) e da bússola.
A China é uma das civilizações que, de forma independente, criou um

O
sistema de escrita. A unificação da escrita foi importante para padroni-
Sobre a presença islâmica na África, é correto afirmar que:

BO O
zar a difusão de informação e conhecimento e para unificar as leis. As
a) o princípio religioso do esforço de conversão, a jihad, demais alternativas citam fatos inverídicos ou que nunca aconteceram.

SC
foi marcado pela violência no norte da África e pela

M IV
aceitação do islamismo em todo o continente africano. 4. UEG-GO – Nos séculos XVII e XVIII, as revoluções
b) os processos de interação cultural entre árabes e burguesas convulsionaram o mundo. Com a crise do
absolutismo monárquico, elas transformaram o cenário

O S
africanos, como os propiciados pelas relações co-
merciais, são anteriores ao surgimento do islamismo. político e os regimes de governo até então presentes.

D LU
Dentre essas revoluções, uma ficou famosa por ter
c) a expansão do islamismo na África ocorreu pela ação
respeitado o papel político do rei, que continuaria sendo
dos árabes, suprimindo as crenças religiosas tradi-
cionais do continente. o chefe de Estado, ainda que tendo seus poderes re-
duzidos e controlados pelo Parlamento. Esta revolução

O C
d) o islamismo é a principal religião dos povos africanos foi a seguinte:
e sua expansão ocorreu durante a corrida imperialista
do século XIX. a) Revolução Americana.
N X
Os povos do norte da África já tinham contato há muito tempo com os po-
vos árabes, que estavam próximos geograficamente. Depois da expansão
b) Revolução de Avis.
SI E
islâmica, o Império Mali, por exemplo, sob o comando de Mansa Musa, c) Revolução Francesa.
controlava uma longa rede comercial que ia do Marrocos ao Egito, conec- d) Revolução Gloriosa.
tando-se a rotas comerciais árabes pela cidade portuária de Suez, no Egito.
A Revolução Gloriosa pertence ao grande processo das Revoluções
O

2. FGV-SP C1-H1 Inglesas do século XVII. A Revolução Americana ocorreu nos Estados
Unidos, chamada assim em função da luta pela independência. A
“Durante a Antiguidade e a Idade Média, a África perma-
EN S

Revolução de Avis e a Revolução Francesa ocorreram em solo francês.


neceu relativamente isolada do resto do mundo. Em 1415,
os portugueses conquistaram Ceuta, no norte do conti-
E U

5. Mackenzie-SP – A Revolução Gloriosa, na Inglaterra


nente, dando início à exploração de sua costa ocidental.” (1688-1689), marcou o início de uma época de grande
ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História. prosperidade para o país, lançando as bases para o de-
D E

Acerca da África, na época da chegada dos portugueses senvolvimento capitalista, e permitiu que o país fosse
em Ceuta, é correto afirmar que: o pioneiro na Revolução Industrial do século XVIII. Po-
A LD

demos estabelecer uma relação entre os dois eventos


a) nesse continente havia a presença de alguns Estados porque:
organizados, como o Reino do Congo, e a exploração
de escravos, mas não existia uma sociedade escravista. a) o governo passou a impor a religião anglicana, dando
fim aos conflitos religiosos e aos massacres entre
b) assim como em parte da Europa, praticava-se a ex-
EM IA

católicos e protestantes, liberando mão de obra para


ploração do trabalho servil, que, com a presença as novas técnicas de produção.
europeia, transformou-se em trabalho escravo.
b) o poder real, com a retomada do absolutismo, não
ST ER

c) a população se concentrava no litoral e o continente encontra empecilhos para dar fim ao sistema feudal
não conhecia formas mais elaboradas de organização e incentivar a prática capitalista para aumentar os
política, daí a denominação de povos primitivos. recursos do Tesouro Nacional.
d) os poucos Estados, organizados pelos bantos, en- c) o país, com o advento do parlamentarismo, passou
SI AT

contravam-se no Norte e economicamente viviam da por transformações, como o acordo político e eco-
exploração dos escravos muçulmanos. nômico entre a burguesia e a nobreza rural, que,
e) a escravidão e outras modalidades de trabalho compul- juntas, promoveram o desenvolvimento econômico.
sório eram desconhecidas na África e foram introduzidas
M

d) tanto a tolerância religiosa quanto uma maior liber-


apenas no século XVI pelos portugueses e espanhóis. dade de expressão política por parte da sociedade
A questão mostra que a escravidão já existia no Congo, um dos rei- civil, características do despotismo esclarecido, in-
nos mais importantes para o tráfico negreiro instaurado pelas nações centivaram o desenvolvimento econômico.
europeias no colonialismo e foi executada de forma não estrutural.
Competência: Compreender os elementos culturais que constituem e) o desenvolvimento de uma monarquia, com carac-
as identidades. terísticas de um Estado liberal, permitiu a união de
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes todas as classes sociais na Inglaterra, o que permitiu
documentais acerca de aspectos da cultura. a modificação das relações trabalhistas no campo.
3. UECE – Por volta de 480 a.C., a China estava dividida As Revoluções Inglesas do século XVII contribuíram para o fortale-
cimento do Parlamento e, consequentemente, para a diminuição
em sete principados que guerreavam entre si. Depois do poder real. Com o parlamentarismo, há a emergência de novos
de prolongadas guerras, em aproximadamente 221 a.C., grupos sociais, como os burgueses, que passaram a intervir mais
Huang Ti, vitorioso, unificou a China e fundou a dinastia na política inglesa e no comércio, estimulando o desenvolvimento
Chin. Sobre Huang Ti, é correto afirmar que: e o enriquecimento do país.

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162

6. UNESP – A Revolução Puritana (1640) e a Revolução tomada do poder pelos católicos e em perseguições
HISTÓRIA 1

Gloriosa (1688) transformaram a Inglaterra do século contra protestantes.


XVII. Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se d) geraram um Estado monárquico em que o poder real
dizer que: devia se submeter aos limites estabelecidos pela
a) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no legislação e respeitar as decisões tomadas pelo
comércio marítimo, pois os conflitos internos pro- Parlamento.
vocaram forte redução da produção e exportação e) precederam as revoluções sociais que, nos dois
de manufaturados. séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as
b) resultaram na vitória política dos projetos populares e colônias na América, provocando a ascensão política
radicais dos cavadores e dos niveladores, que defen- do proletariado industrial.
diam o fim da monarquia e dos privilégios dos nobres. As Revoluções Inglesas contribuíram para o fortalecimento do Parla-
mento, promovendo a diminuição do poder absolutista do rei.
c) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com
as disputas políticas e sociais, desembocaram na re-

O
BO O
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

SC
M IV
7. UECE – Em 1206, um líder mongol, Gengis Khan, con- c) os colonizadores europeus tinham a tarefa de ensinar
seguiu reunir todas as tribos de sua gente e ergueu, em os princípios fundamentais da democracia, ensinan-
do aos povos colonizados o processo de governo

O S
poucos anos, um império colossal. Os combatentes,
disciplinados e implacáveis, venciam todas as resistên- democrático, permitindo-lhes se afastar de governos
tirânicos e autocratas.

D LU
cias. Cedendo às forças desse líder, o primeiro império
a cair foi o Império: d) a colonização tinha como tarefa repassar aos povos
a) Romano, comandado por Júlio César. colonizados os fundamentos da economia capitalis-
ta, para que eles mesmos pudessem gerenciar as

O C
b) Persa, dirigido pelo Califa Dario III. riquezas de seus territórios e, com isso, possibilitar
c) Indo-Europeu, liderado por Ogodai. o desenvolvimento social de seu país.
N X
d) Chinês, regido pela dinastia Song. e) estudar, segundo uma perspectiva antropológica, a
organização das sociedades colonizadas e conhecer
SI E
8. UMC-SP (adaptado) – Correlacione as duas colunas: seus princípios religiosos, políticos, culturais e so-
01) Os franceses exerceram protetorado sobre esta ciais com o objetivo de ajudar a preservá-los.
O

região africana.
10. PUC-MG – A expansão imperialista, observada no de-
02) A Etiópia sofreu tentativas de ocupação mal suce-
correr da segunda metade do século XIX e da primeira
EN S

didas em 1889 e foi submetida em 1935 por essa


metade do século subsequente, apresentou como ele-
nação europeia.
mentos constitutivos, exceto:
E U

03) Os ingleses tomaram essa antiga nação africana


depois da abertura do Canal de Suez. a) a partilha territorial do mundo entre as principais
potências capitalistas, constituindo vastos impérios
04) Os ingleses dominaram essa região, que era ocu-
D E

coloniais.
pada por descendentes de holandeses.
b) a crescente importância adquirida pela exportação
A LD

05) Responsabilidade na liderança contra a pressão in- de capitais, através de investimentos realizados e
glesa que existia desde a Guerra do Ópio. financiamentos concedidos.
( ) Sul da África. c) a formação de grandes conglomerados financeiros
( ) Argélia. e industriais, que passaram a controlar setores mais
EM IA

importantes da economia.
( ) Boxers, na China.
d) a difusão, no nível planetário, do conhecimento tec-
( ) Itália. nológico e do progresso material, integrando dife-
ST ER

( ) Egito. rentes povos e culturas.

9. PUC-PR – A partir da segunda metade do século XIX, 11. Fuvest-SP – Na segunda metade do século XIX, em
as potências europeias começaram a disputar áreas face do avanço do Ocidente na Ásia, a China:
SI AT

coloniais na África, na Ásia e na Oceania. Seus objetivos


a) tornou-se, como a Índia, uma colônia, com a única
eram a busca por fontes de matérias-primas, mercado diferença de ser dominada por várias potências e não
consumidor, mão de obra e oportunidades de investi- apenas pela Inglaterra.
M

mento. As justificativas morais para essa colonização,


b) reagiu, como o Japão, realizando, ao mesmo tempo,
no entanto, estavam relacionadas com o que se chama-
um processo de restauração imperial e de moderni-
va de darwinismo social, cujo significado é:
zação econômica.
a) o homem branco tinha a tarefa de cristianizar as c) manteve, finalmente, seu estatuto de Império Celes-
populações pagãs de outros continentes, res- tial, mas ao preço de enormes perdas e concessões
gatando-as de religiões animistas e de práticas às potências ocidentais.
antropofágicas.
d) conseguiu fechar-se ao Ocidente graças à Rebelião
b) o homem branco de origem europeia estava imbuído Taiping, depois de derrotada pela Inglaterra na Guerra
de uma missão civilizadora, através da qual deveria do Ópio.
levar para seus irmãos de outras cores, incapazes de
fazer isso por si mesmos, as vantagens da civiliza- e) resistiu vitoriosamente a todas as agressões do Oci-
ção e do progresso, resgatando-os da barbárie e do dente até Pequim ser saqueada durante a Guerra
atraso aos quais estavam submetidos. dos Boxers.

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163

12. Muitas pessoas tratam o continente africano como algo d) implantar definitivamente a república na Inglaterra.

HISTÓRIA 1
único e homogêneo. Sobre a história da África, assinale e) selar um compromisso entre burguesia urbana e
a alternativa que contém apenas reinos africanos: nobreza de terras cultivadas em moldes capitalistas.
a) Mali, Cartago, Congo e Axum.
b) Egito, Mesopotâmia e Babilônia. 15. UFC-CE – A Revolução de 1688, na Inglaterra, representou:
c) Cartago, Fenícia, Egito e Mesopotâmia. a) a diminuição do poder exercido pelo Parlamento.
d) Zimbabue, Mesopotâmia, civilização védica e Cartago. b) a extinção do poder aristocrático com a adoção do
voto popular.
13. UEPA – No período de 1649 a 1660, desenvolveu-se c) o restabelecimento do poder dos reis católicos du-
na Inglaterra o regime republicano. Em 1651 Cromwell rante várias décadas.
procedeu à unificação da Inglaterra, Irlanda e Escócia, d) a derrota do absolutismo, tornando o Parlamento
tornando-se Lorde Protetor da comunidade britânica. soberano político da nação.
Ainda em 1651, o Parlamento votou os Atos de Nave- e) a consolidação do poder do soberano, que podia

O
gação, segundo os quais: suspender a execução das leis em caso de guerra.

BO O
a) os dirigentes britânicos buscavam monopolizar o

SC
comércio e a navegação nos chamados sete mares, 16. UNESP – Gerald Winstanley, líder dos escavadores da

M IV
afetando diretamente a Holanda, detentora até então Revolução Puritana na Inglaterra (1640-1660), definiu a
de enorme poder naval. sua época como aquela em que “o Velho Mundo está
rodopiando como pergaminho no fogo”. Embora os es-

O S
b) os dirigentes ingleses determinaram que o transpor-
te de quaisquer produtos de origem colonial, assim cavadores tenham sido vencidos, a Revolução Inglesa

D LU
como das espécies monetárias, seria realizado por do século XVII trouxe mudanças significativas, dentre
navios de países europeus. as quais destacam-se a:
c) a Inglaterra declarava guerra à Holanda, uma vez que a) instituição do sufrágio universal e a ampliação dos
esta, buscando assegurar o poder naval, aprovou a legis- direitos das assembleias populares.

O C
lação mercantil que criou as companhias de comércio. b) separação entre Estado e religião e a anexação das
propriedades da Igreja Anglicana.
N X
d) produtos como açúcar, tabaco, algodão, madeiras tin-
toriais, produzidos ou fabricados em colônias inglesas c) liberação das colônias da Inglaterra e a proibição da
SI E
da América, da África ou da Ásia seriam livremente exploração da mão de obra escrava.
exportados, desde que em navios não holandeses. d) abolição dos domínios feudais e a afirmação da so-
e) ficou determinada a quebra do monopólio inglês so- berania do Parlamento.
O

bre a navegação comercial mercantil, viabilizando a e) ampliação das relações internacionais e a concessão
participação dos demais produtores e respectivas de liberdade à Irlanda.
EN S

colônias no transporte marítimo comercial.


17. UDESC – Assinale a alternativa correta em relação à
E U

14. Furg-RS – No século XVII, a Inglaterra foi revolvida por Revolução Inglesa, conhecida também por Revolução
grandes turbulências políticas, econômicas e sociais. Gloriosa:
Trata-se da Revolução Inglesa, um período de cinquenta
D E

anos de lutas, que representou o embate das velhas a) o liberalismo inglês foi derrotado, e os burgueses, con-
estruturas feudais com as novas forças do capitalismo. trários a ele, foram chamados a participar do governo.
A LD

As alternativas abaixo apresentam características da b) os ingleses, depois de muitas lutas, conseguiram


Revolução Inglesa. fazer um monarca se submeter a uma Carta de Prin-
cípios elaborada pelo Parlamento.
Assinale a alternativa incorreta:
c) o absolutismo inglês, muito mais antigo e vigoroso que
a) promover o rompimento com o sistema feudal.
EM IA

o francês, fortaleceu-se ainda mais após a revolução.


b) promover a substituição do Estado absolutista pelo d) a glória da revolução consistia em produzir um novo
Estado liberal capitalista. regime de forma pacífica, sem mortes, quando os
ST ER

c) propiciar condições para o avanço do capitalismo problemas sociais há muito já tinham sido resolvidos.
industrial. e) a industrialização depois da revolução foi lenta e tardia.

ESTUDO PARA O ENEM


SI AT

18. Enem C1-H1 A referida lei representa um avanço não só para a


“A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currícu- educação nacional, mas também para a sociedade
M

lo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, brasileira porque:


oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre
a) legitima o ensino das ciências humanas nas es-
História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o con- colas.
teúdo programático incluirá o estudo da História da África
e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra b) divulga conhecimentos para a população afro-
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, -brasileira.
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e
econômica e política pertinentes à História do Brasil, além sua cultura.
de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso
como data comemorativa do ‘Dia da Consciência Negra’.” à educação.
Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 27 jul. 2010. e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-
(Adaptado) -racial do país.

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164

19. Enem C3-H12 seus eleitos. Era obrigação destes tornar conhecida a Sua
HISTÓRIA 1

“Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real mensagem. E Deus não fazia acepção de pessoas: preferia
para suspender as leis ou seu cumprimento. falar a John Knox do que à sua rainha, Maria Stuart da
Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem Escócia. O próprio Knox agradeceu a Deus ter-lhe dado
o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou o dom de profetizar, que assim estabelecia que ele era um
em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. homem de boa-fé.
Que é indispensável convocar com frequência os Parla- Na Inglaterra, as décadas revolucionárias deram ampla di-
mentos para satisfazer os agravos, assim como para corri- fusão ao que praticamente constituía uma profissão nova
gir, afirmar e conservar leis.” – a do profeta, quer na qualidade de intérprete dos astros,
Declaração de Direitos.
ou dos mitos populares tradicionais, ou, ainda, da Bíblia.”
Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br>. HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante
Acesso em: 20 dez. 2011. (Adaptado) a Revolução Inglesa de 1640. Trad. Renato Janine Ribeiro. São
Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 103.

O
No documento de 1689, identifica-se uma particularida-
O texto se refere ao ambiente político e religioso da In-

BO O
de da Inglaterra diante dos demais Estados europeus
na época moderna. A peculiaridade inglesa e o regime glaterra no século XVII. A esse respeito é correto afirmar:

SC
político que predominavam na Europa continental estão

M IV
a) a insatisfação popular na Inglaterra era decorrente
indicados, respectivamente, em: da perspectiva protestante de manter os sacerdotes
a) redução da influência do papa – teocracia. como intermediários entre Deus e os homens.

O S
b) limitação do poder do soberano – absolutismo. b) os revolucionários basearam-se em princípios estrita-
mente racionais e científicos, em uma nítida ruptura

D LU
c) ampliação da dominação da nobreza – república. com as crenças e o profetismo da época.
d) expansão da força do presidente – parlamentarismo. c) apesar de todas as disputas religiosas dos séculos
e) restrição da competência do congresso – presiden- XVI e XVII, os monarcas ingleses mantiveram-se

O C
cialismo. neutros, o que permitiu a preservação da monarquia.
d) para os revolucionários ingleses, Deus considerava
20. FGV-RJ N X C5-H23
“A Reforma, a despeito de sua hostilidade à magia, esti-
apenas os parlamentares como pessoas aptas a trans-
mitir a doutrina e indicar os caminhos da salvação.
SI E
mulara o espírito de profecia. A abolição dos intermediá- e) a movimentação revolucionária esteve vinculada aos
rios entre o homem e a divindade, bem como a ênfase na conflitos religiosos decorrentes da chamada Reforma
consciência individual, deixavam Deus falar diretamente a Protestante iniciada no século XVI.
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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14
165

ILUMINISMO E

HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

LUZ E AÇÃO

O
BO O
O Iluminismo, ou Século das Luzes, foi um importante rompimento com as ideias

SC
• Luz e ação
que construíram a Idade Moderna. Locke, Maquiavel, Hobbes e Bossuet, entre ou-

M IV
• Uma nova filosofia
tros, foram os principais teóricos do absolutismo. Rousseau, Montesquieu, Voltaire, • Política
D’Alambert e Diderot, por sua vez, foram os pensadores que romperam com esse

O S
• Sociedade
sistema de governo e imaginaram uma nova forma de organizar o mundo.
• Economia

D LU
Cada um desses movimentos intelectuais teve sua importância. O primeiro rom-
• Impacto das ideias
peu com o sistema medieval e começou a construção dos Estados modernos. Já o iluministas
segundo defendeu que esse Estado pertencia a todos os cidadãos de forma igual e
• O mundo das máquinas

O C
que o poder fosse dividido e controlado.
• As origens da revolução
Das luzes do Iluminismo, mais tarde explodiria a ação dos revolucionários.
N X
UMA NOVA FILOSOFIA
• O carvão e as máquinas
• Os trabalhadores
SI E
A filosofia iluminista integrou um processo de laicização do pensamento europeu. • Movimentos de resistência
Esse processo foi inaugurado com o renascimento cultural da época moderna, quando • Ludismo
O

se afirmou o método experimental como um caminho promissor para a aquisição do • Cartismo


conhecimento, assentado no apelo à razão, base da ciência moderna. • Repensando o trabalho
EN S

O racionalismo ganhou cada vez mais espaço na sociedade europeia e, no século


E U

XVII, deu um passo importantíssimo com o desenvolvimento da matemática, tanto HABILIDADES


de Newton, com o cálculo diferencial integral, como de Descartes, com a geometria • Analisar a atuação dos
analítica. O próprio pensamento político inglês do século XVII alimentou estudos movimentos sociais que
D E

contribuíram para mudanças


sobre organização do poder que, em boa medida, favoreceram a revolução política ou rupturas em processos
A LD

na França. As várias conquistas no campo científico ensejaram estudos políticos, de disputa pelo poder.
econômicos, sociais e da natureza, realizados no século XVIII. • Avaliar criticamente conflitos
Exemplo nítido desse evento encontra-se nos escritos políticos de John Locke. O culturais, sociais, políticos,
empirismo típico dos ingleses teve sua expressão política na obra Segundo tratado econômicos ou ambientais
EM IA

do governo civil, publicada em 1690, após a Revolução Gloriosa, a qual havia limitado ao longo da História.
a autoridade do rei na Inglaterra.
ST ER

Todas essas contribuições do século XVII reforçaram a crença no poder da razão


no século XVIII, pensada como o único meio pelo qual seria possível obter conheci-
mento verdadeiro e, nesse sentido, muitos desejaram substituir a Bíblia por um docu-
mento que propagasse novos conhecimentos produzidos pela razão: a Enciclopédia.
SI AT

A Bíblia era entendida como um documento de fé, ligado à religião, enquanto a


Enciclopédia era afirmada como um argumento de razão, vinculado à ciência. Nesse
sentido, o importante era difundir o conhecimento científico, combatendo as trevas
M

das afirmações religiosas.


Os pensadores do período afirmavam o poder da razão como a única possibilidade de
iluminação e conhecimento das leis que regem o mundo. Da compreensão da natureza
para a de uma ordem necessária às sociedades humanas foi um passo relativamente curto,
pois muitos entendiam que, com base em certos princípios observáveis na natureza, era
possível extrair conclusões racionais acerca das várias dimensões da vida humana. O pen-
samento iluminista indagou sobre o ser humano, buscando integrá-lo a uma ordem racional.
A razão faria o julgamento das esferas políticas, sociais e econômicas. O que não
fosse passível de explicação lógica deveria ser substituído. Pode-se entender, então,
o impacto do Iluminismo no mundo europeu e por que esse movimento representou
uma verdadeira revolução.

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166

POLÍTICA uma nação. Assim, quanto mais se produz, ou seja,


O Iluminismo questionou o poder absoluto dos reis, quanto mais se realiza trabalho, mas riqueza existe
HISTÓRIA 1

afirmando que ele nada mais era do que representação em um país.


e, dessa forma, o governante não podia fazer o que Outra questão importante diz respeito não apenas à
quisesse, mas aquilo que a maioria dos representados liberdade de produção defendida pelo pensador inglês,
desejasse, a chamada vontade geral. mas também à necessidade de liberação do comércio.
Além disso, o poder devia ser dividido, de acordo Assim, se um país produz bastante, deve ter condições
com Montesquieu, em: Executivo, para realizar deter- para escoar sua produção livremente. Dessa forma,
minações da lei; Legislativo, para criar leis; e Judiciário, críticas aos sistemas de monopólio e ao protecionismo
com o objetivo de julgar com base nas leis, de tal forma fazem parte do pensamento econômico liberal.
que não seria o império do rei, mas da lei. De acordo com o liberalismo, a economia era regu-
O que foi exposto por Montesquieu vai contra a lada por leis específicas e, se não existisse a interferên-
cia do Estado, haveria autorregulação das forças econô-

O
teoria de Hobbes, que afirma ser o estado de nature-

BO O
micas. Isso é conhecido como economia de mercado.
za o estado de guerra. Nesse sentido, Montesquieu

SC
Na França, os pensadores também trataram da di-
aproxima-se do pensador Jean Jacques Rousseau, que

M IV
mensão econômica, mas o país não se encontrava na
acredita em um estado de natureza no qual o homem
mesma condição produtiva da Inglaterra, que, àquela
era bom, tornando-se ruim com a civilização. Assim,
altura, vivenciava a Revolução Industrial. Assim, escri-

O S
nas sociedades humanas a lei devia existir em defesa
tos de economia afirmavam a liberdade, mas pensa-
dos homens em suas relações comunitárias.

D LU
vam a riqueza como bens da terra, ou seja, de raiz. A
capacidade produtiva que deveria ser ampliada estava
SOCIEDADE no mundo rural.
No plano social, o pensamento iluminista colocou

O C
em xeque o princípio nobiliárquico, isto é, os títulos de
IMPACTO DAS IDEIAS ILUMINISTAS
N X
nobreza, os quais eram fundados na hereditariedade.
A ideia era dar condições para que o indivíduo pu-
Dessa forma, o absolutismo, a sociedade de or-
SI E
dens e o mercantilismo foram comprometidos pelas
desse demonstrar suas capacidades, em vez de se
ideias iluministas, que consideravam serem essas as
submeter à condição de ancestralidade. Assim, como
características de um sistema que chamavam de Antigo
O

os homens eram iguais pela natureza, também deviam


Regime. Essa velha ordem deveria ser rompida e isso
ser iguais perante a lei.
foi, em parte, realizado pelas revoluções.
EN S

Dessa igualdade, ponto de partida da organização


Pode-se considerar o pensamento iluminista revolucio-
social, aqueles que fossem mais talentosos ocupariam
E U

nário nas áreas mais desenvolvidas da Europa. Contudo,


um lugar de prestígio na sociedade. Substituía-se a
sua influência não se limitou a elas. Os monarcas de paí-
sociedade de ordens, garantida pela hereditariedade,
D E

ses periféricos também assimilaram o racionalismo ilumi-


pela do mérito, fundada no talento individual. Igualdade
nista, mas fizeram uma leitura diferente em seus Estados.
e liberdade eram pontos de partida para uma sociedade
A LD

Os líderes e seus auxiliares que incorporaram o pen-


fraterna. Tais valores se realizariam no cidadão.
samento iluminista ficaram conhecidos como déspotas
Em Rousseau, encontra-se uma discussão funda-
esclarecidos. Eles mantiveram o poder centralizado e
mental a respeito da desigualdade dos homens, que
realizaram reformas a fim de modernizar seus territórios.
EM IA

permite o desenvolvimento da ideia de pacto social e


As ações desses governantes eram justificadas por
de governo representativo como meios para minimizar
princípios baseados no racionalismo iluminista. Nesse
ST ER

as diferenças sociais que o mundo civilizado criou entre


sentido, buscaram submeter o clero aos interesses do
os seres humanos.
Estado, patrocinaram a Enciclopédia como forma de
obtenção do conhecimento racional, estimularam a
ECONOMIA
SI AT

produção manufatureira, reduziram gastos do aparelho


O pensamento do século XVIII defendeu o libera-
de Estado e deram incentivos ao estabelecimento de
lismo econômico contra os regimes de monopólio e
um ensino laico em suas terras, realizando reformas
protecionismo existentes.
M

no meio educacional.
Quanto mais se produzisse, mais rico se tornaria
um país. Esse pensamento colocava em questão o
metalismo, que configurava a política mercantilista,
base do poder absoluto dos reis. A expressão que de-
O MUNDO DAS MÁQUINAS
No início, era a terra. A agricultura tinha papel cen-
finiu o pensamento liberal na economia foi laissez-faire,
tral no modo de produzir a vida e de vivê-la. As áreas
laissez-passer (“deixai fazer, deixai passar”).
banhadas por rios eram disputadas pelas civilizações,
Na Inglaterra, o pensamento econômico liberal foi
representado por Adam Smith, que em 1776 publicou e áreas produtoras de alimentos como o trigo eram
a obra A riqueza das nações, um referencial do libera- estratégicas em qualquer guerra.
lismo na economia. Esse estudo considera o trabalho Depois, a atividade comercial também ganhou es-
como o elemento básico da riqueza e da produção de paço. A circulação de mercadorias permitia que po-

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167

vos que nada produziam pudessem enriquecer. Com zaram a produção e alteraram profundamente a vida
a revolução comercial dos séculos XVI e XVII, nasce das pessoas nos lugares onde chegavam. Primeiro,

HISTÓRIA 1
a classe comerciária por excelência, a burguesia, que na Inglaterra, onde foram criadas e, depois, nos Paí-
depois também dedica-se à produção de artesanato e, ses Baixos (Bélgica e Holanda). Mais tarde, chegariam
mais tarde, de manufaturas. também aos Estados Unidos e a outros países, como
E então veio a indústria. O processo desencadeado Alemanha, França e Itália.
pela Revolução Industrial alterou profundamente os Antes da Revolução Industrial, as formas predomi-
rumos da História e mudou nossa forma de produzir nantes de produção de mercadorias eram o artesanato
bens de consumo e de viver, influenciando inclusive o e a manufatura. Para entender quão revolucionário foi
modo como nos relacionamos com o tempo. esse processo, vamos destacar as particularidades de
cada forma:

AS ORIGENS DA REVOLUÇÃO • Artesanato: trabalho manual auxiliado por ferra-

O
BO O
Alguns fatores, quando somados, ajudam a explicar mentas, feito em casa ou em pequenas oficinas.

SC
como e por que a Revolução Industrial ocorreu na Ingla- O artesão conhecia todo o processo de produ-

M IV
terra. Esse assunto ainda é motivo de grande debate ção, de ponta a ponta e era o dono das matérias-
acadêmico, mas alguns aspectos são importantes em -primas e do lugar onde o trabalho era realizado.

O S
uma análise mais geral: • Manufatura: acontecia como um trabalho arte-
sanal em maior escala. A forma do trabalho era

D LU
• houve um grande acúmulo de capital durante os
séculos XVII e XVIII graças às redes comerciais a mesma, mas havia a figura do dono, a quem
inglesas e sua poderosa frota naval; pertenciam a matéria-prima, as ferramentas e o
lugar onde o trabalho era desenvolvido. Aos pou-

O C
• a potência concorrente, a França, fora derrotada cos, surgiram as linhas de montagem e começou
na Guerra dos Sete Anos;
N X a ser construída a forma industrial de trabalhar.
• a Revolução Gloriosa de 1688 ampliou os poderes
SI E
• Maquinofatura: é a produção mecanizada que
do Parlamento, criou instituições mais inclusivas, surge com a Revolução Industrial. As formas de
que aumentaram a participação política de boa parte organizar o trabalho se sofisticaram, as tarefas
O

da população, e inaugurou o Estado liberal inglês; foram divididas e toda a estrutura pertencia a uma
EN S

• com dinheiro disponível e instituições inclusivas, única pessoa: o local, as máquinas e a matéria-
havia grande incentivo para a inovação e o Parla- -prima. Ao trabalhador pertencia apenas a própria
E U

mento favoreceu o enriquecimento da burguesia; força de trabalho.

• havia no território grande quantidade de carvão O carvão e a máquina alimentada por ele amplia-
D E

disponível; muito desse carvão era superficial, ram em um nível sem precedentes a produtividade e
a padronização da produção de bens materiais. Com
A LD

portanto de fácil extração;


a divisão do trabalho, a pessoa que produz perdeu a
• o processo de cercamento de terras deixou muitas noção do processo produtivo, especializando-se em
pessoas desempregadas e miseráveis, formando apenas uma única tarefa, feita de forma repetitiva.
um enorme contingente de mão de obra barata;
EM IA

Ao mesmo tempo, ganha força a preferência por


• os aristocratas, que não recebiam uma remunera- este ou aquele produto de forma massificada, ou seja,
ST ER

ção do Estado como acontecia na França, viram com milhares de pessoas que preferiam o sapato de deter-
bons olhos o avanço das manufaturas e da indus- minada fábrica, o tecido de outra e os pregos de uma
trialização e investiram nesses empreendimentos; terceira. Essa foi uma mudança importante: além da
produtividade industrial, a sofisticação dos produtos e
SI AT

• já havia na Inglaterra um grande número de manu-


o fortalecimento de grandes marcas moldaram a forma
faturas, especialmente tecelagens, que se adap-
como nos relacionamos com o mercado.
taram e se transformaram em indústrias.
M

Após a criação das primeiras máquinas a vapor, o


processo avançou rapidamente. A agricultura e a cir- OS TRABALHADORES
culação de mercadorias deixaram de ser o centro da Já vimos as mudanças importantes que a Revolu-
economia e passaram a ser atividades auxiliares à pro- ção Industrial trouxe para o setor produtivo e, por con-
tagonista: a fábrica. sequência, para o mercado. Agora, vamos falar sobre
quem de fato produzia: os operários.
Com o objetivo principal de ampliar os lucros, o
O CARVÃO E AS MÁQUINAS capitalismo industrial precisava cortar custos e ampliar
O car vão mineral, disponível em abundância as receitas. Com isso, a burguesia industrial poderia
na Inglaterra, alimentava as máquinas a vapor – e investir nas indústrias para melhorá-las e ampliá-las,
depois também os trens. As máquinas potenciali- além de aumentar seu poder nessa nova sociedade.

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168

Portanto, a burguesia buscava reduzir impostos e frear reprimidos e condenados à morte ou à deportação. A
possíveis regulamentações, ampliar o mercado consu- respeito disso, o historiador inglês E. P. Thompson, que
HISTÓRIA 1

midor e contratar mão de obra barata. estudou a classe trabalhadora inglesa, observa:
É nesse contexto que a burguesia industrial inglesa
começa a combater a escravidão e apoiar o liberalismo, CARTISMO
a fim de ampliar o mercado consumidor em outros Diferentemente dos ludistas, que reagiram a uma si-
países, pois o trabalhador escravizado não tinha poder tuação de miséria, os cartistas fazem parte de um contex-
de compra. Ao mesmo tempo, os baixos salários eram to no qual os trabalhadores já estavam mais organizados
mantidos e a jornada de trabalho era extensa, chegando e experientes. À ação conjunta dos operários somou-se
a 15 horas por dia. As crianças também trabalhavam e a capacidade de elaborar propostas políticas. Esse movi-
eram bastante requisitadas porque recebiam salários mento surgiu na Inglaterra em 1837 e recebeu esse nome
ainda menores. porque as exigências foram feitas em forma de carta.

O
Famílias inteiras trabalhavam nas fábricas para que, As principais reivindicações eram:

BO O
com a soma dos baixos salários, conseguissem so- • direito de voto para os trabalhadores;

SC
breviver. Seja nas minas de carvão ou nas fábricas,
• eleições anuais para o Parlamento;

M IV
tinham péssimas condições de trabalho, com pouca
ou nenhuma segurança, em ambientes insalubres – • estabelecimento do voto secreto;

O S
sujos, escuros e com o ar poluído – alimentação fraca • jornadas de dez horas diárias;
e nenhum período de descanso. • regulamentação do trabalho de mulheres e crianças.

D LU
Não demoraria para que essas pessoas se mobi-
lizassem para mudar as condições de vida que lhes Entre essas demandas, as mudanças na política e
eram impostas. no direito ao voto não foram conquistadas. Por outro

O C
lado, os manifestantes conseguiram reduzir a jornada
de trabalho e regulamentar o trabalho infantil. Além
MOVIMENTOS DE N X disso, ficou em evidência a capacidade de mobilização
SI E
RESISTÊNCIA e aspiração por uma classe trabalhadora mais forte.

REPENSANDO O TRABALHO
O

LUDISMO Nesse contexto de lutas sociais dos trabalhado-


Logo nas primeiras décadas da Revolução Industrial,
EN S

res, alguns membros da burguesia industrial des-


a classe trabalhadora, com baixos salários e muitas ho- tacaram-se como grandes aliados. Engels, um dos
E U

ras de trabalho, vivia na miséria. No início do século XIX, principais pensadores do socialismo e do comunis-
eclode o chamado ludismo, que remete ao nome de um mo, era filho de industriais.
D E

de seus supostos líderes, Ned Ludd. Por um lado, essas A inovação e a sofisticação do maquinário torna-
pessoas haviam perdido suas formas tradicionais de ram-se regra, e rapidamente o mundo industrial criou
A LD

vida, substituídas pelo novo ritmo da sociedade indus- novas tecnologias. Com os navios e os trens a vapor,
trial que tomava quase todas as horas de seus dias. Por o telégrafo e, depois, o telefone, o mundo sofreu pro-
outro, várias dessas pessoas estavam ficando desem- fundas transformações. Depois, em uma nova etapa da
pregadas, entregues a uma miséria ainda pior. revolução, a energia elétrica, as pesquisas químicas e
EM IA

Por isso, um grupo de trabalhadores começou a o desenvolvimento de motores a combustão levaram à


destruir as máquinas, responsabilizando-as simboli- chamada Segunda Revolução Industrial. Esse processo
ST ER

camente pela situação em que viviam. Por conta dos começou na Inglaterra, no século XVIII, e até hoje está
altos prejuízos que causaram aos proprietários, foram em andamento.
SI AT
M

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169

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
ILUMINISMO

Movimento cultural e filosófico do século XVIII (Século das Luzes), originário na Inglaterra, desenvolvido principal-
mente na França e caracterizado por buscar explicações lógicas e racionais para a realidade.

O que foi? Defesa do racionalismo, da igualdade social e do individualismo.

Combate à ignorância religiosa, ao absolutismo e ao mercantilismo.

O
BO O
SC
M IV
Voltaire Defesa da liberdade de expressão.
Principal obra: Cândido, ou o Otimismo.

O S
D LU
Montesquieu Tripartição dos poderes.
Principal obra: O espírito das leis.

O C
Rousseau A lei deve exprimir a vontade da maioria.
Principal obra: Do contrato social.
N X
SI E
Enciclopedismo, sistematização e difusão do co-
Diderot e
O

Enciclopédia.
D’Alembert Principal obra:
nhecimento científico.
EN S
E U

LIBERALISMO
D E
A LD

Doutrina política e econômica que tornou-se a filosofia de sustentação do capitalismo e da burguesia.

O que foi?
EM IA
ST ER

Pai do liberalismo econômico.


SI AT

Adam Não intervenção do Estado


Princípios defendidos:
Smith
M

na economia (laissez-faire, laissez-passer). Leis naturais

como reguladoras da economia.

A riqueza das nações. Livre-concorrência, com base na lei da oferta e da procura.


Principal obra:
Livre-cambismo, livre-iniciativa e liberdade de contrato de

trabalho. Defesa da propriedade privada.

Divisão internacional do trabalho.

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170

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Principais causas

O
Acúmulo de capital graças às redes comerciais inglesas e sua poderosa frota naval.

BO O
SC
Instituições inclusivas e maior participação política graças à Revolução Gloriosa de 1688.

M IV
Incentivo à inovação.

O S
Apoio do Parlamento à burguesia.

D LU
Grande quantidade de carvão disponível. Muito desse carvão era superficial, portanto de fácil extração.

O C
Enorme contingente de mão de obra barata.

N X
SI E
Formas de produção
O
EN S

Artesanato: O artesão é dono do local, das ferramentas e da matéria-prima e conhece todo o processo de produção.
E U
D E

Há um dono das ferramentas, do local e da mão de obra, mas o trabalho ainda é feito de forma artesanal. Em alguns casos, há
Manufatura:
A LD

divisão do trabalho e trabalho em série.

É a forma criada após a Revolução Industrial, na qual há um dono que detém todas as máquinas, o local e a matéria-prima.
EM IA

Maquinofatura:
O trabalhador tem apenas a força de trabalho. Há uma linha de produção, com trabalho segmentado. Com isso, nenhum trabalhador conhece o
ST ER

processo todo.
SI AT

Movimentos de resistência
M

Os trabalhadores reagiram à condição de miséria e destruíram máquinas, causando grandes prejuízos aos patrões. Foram reprimidos
Ludismo:
com violência e condenados à morte ou à deportação.

Movimento mais organizado, surgido em um contexto de politização da classe trabalhadora. As reivindicações foram feitas
Cartismo:
por meio de cartas. Não conseguiram as mudanças políticas que desejavam (direito a voto e eleições anuais), mas conquistaram a redução

da jornada de trabalho e a regulamentação do trabalho infantil.

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171

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. PUC-RJ – O Iluminismo, como movimento intelectual, c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
reuniu pensadores que abordaram a política, a organi- d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
zação social e a natureza de formas distintas. Pode-
mos, no entanto, encontrar um conjunto de princípios e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
A afirmativa III está incorreta, pois os soberanos esclarecidos tiveram
comuns que dão identidade ao pensamento iluminista como principais opositores as ordens religiosas. O projeto de moder-
europeu do século XVIII. Sobre esse movimento, ana- nização administrativa dos déspotas esclarecidos buscou restringir o
lise as alternativas abaixo: poder dessas ordens no interior das monarquias europeias. Um exem-
plo bastante representativo é o da disputa travada entre o reformista
I. As ideias Iluministas estão associadas às críticas ao Marquês de Pombal e a ordem dos jesuítas em Portugal e no Brasil.
Antigo Regime, em particular ao direito divino dos
reis e aos privilégios hereditários, entendidos como
contrários ao direito natural do homem. 3. UNESP
II. Os iluministas defendiam que as sociedades huma- “O pensamento iluminista, baseado no racionalismo, in-

O
nas tendiam para um estágio inevitável de progresso

BO O
dividualismo e liberdade absoluta do homem, ao criticar
material e espiritual que levaria à regeneração do todos os fundamentos em que se assentava o Antigo Regi-

SC
homem e que seria guiada por Deus.
me, revelava as suas contradições e as tornava transparen-

M IV
III. A defesa da razão como principal recurso humano tes aos olhos de um número cada vez maior de pessoas.”
para conhecer e explicar os fenômenos sociais e
FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas, 1982.
naturais estava no centro da atitude intelectual dos

O S
(Adaptado)
filósofos iluministas.

D LU
IV. A igualdade e a liberdade são, para os pensadores Entre as críticas ao Antigo Regime, mencionadas no
do século XVIII, valores fundamentais e naturais, texto, podemos citar a rejeição iluminista do:
que constituem a base política do nascente Estado a) princípio da igualdade jurídica.
absolutista.

O C
b) livre-comércio.
São corretas apenas as afirmativas: c) liberalismo econômico.
N X
a) I e II.
b) II e III.
d) republicanismo.
e) absolutismo monárquico.
SI E
c) III e IV. Princípio de igualdade jurídica, livre-comércio, liberalismo econômico
e republicanismo não eram características do Antigo Regime, o que
d) I e III.
invalida as alternativas de A a D. Já o absolutismo monárquico era
O

e) I e IV. uma das principais características do Antigo Regime, extremamente


A afirmativa II está errada porque sugere que, para os iluministas, criticado pelo Iluminismo por ser oposto aos direitos naturais do
EN S

o progresso social seria guiado por Deus. No entanto, o Iluminismo ser humano.
acreditava que o progresso era guiado pela razão, como assinala a afir-
mativa III. A afirmativa IV é incorreta porque associa o Estado absolutista 4. Unespar-PR – Sobre a situação da classe operária na
E U

(Antigo Regime) à liberdade e à igualdade. O Iluminismo, porém, era


crítico ao Antigo Regime, por considerá-lo uma restrição aos direitos Inglaterra durante a Revolução Industrial, no século XIX:
naturais do ser humano, conforme descrito corretamente na afirmativa I. I. A condição de trabalho nas fábricas era precária, marca-
D E

da por baixos salários, jornadas de até 16 horas diárias


e tendo que conviver com constantes humilhações.
2. PUC-RJ – Em meados do século XVIII, diversas monar-
A LD

quias europeias se modernizaram com base nos ideais II. Os trabalhadores ingleses vivenciavam uma série de
iluministas para um programa de reformas que assegu- conflitos com dirigentes políticos e empregadores, o
rasse uma administração mais racional e eficiente do que resultou em conquistas nas condições de traba-
Estado. Embora afirmassem agir em nome da “maior lho, como melhores salários, distribuição dos lucros
EM IA

felicidade dos povos”, estes permaneciam excluídos da e redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias.
tomada de decisões políticas. III. Fora das fábricas, as condições eram difíceis; além de
habitações urbanas ruins, a falta de saneamento pro-
ST ER

Considerando as relações entre a cultura iluminista e as pagava as epidemias que causavam grande número
reformas promovidas pelos “soberanos esclarecidos”, de vítimas, especialmente nas camadas mais pobres.
analise as afirmativas a seguir:
IV. Apesar das longas jornadas de trabalho que deve-
I. Os soberanos reformadores concentraram seus es- riam ser cumpridas, os trabalhadores tiveram bene-
SI AT

forços no desmantelamento de privilégios fiscais e fícios conquistados, especialmente o acesso a uma


no redimensionamento dos poderes eclesiásticos, alimentação mais saudável e variada, assim como
como no caso de Frederico II na Prússia e de D. José I possibilidades de avanço na carreira, o que propor-
e de seu ministro Pombal em Portugal. cionava melhorias nas condições de vida.
M

II. Os filósofos iluministas forneceram o tema da razão, Estão corretas:


da boa administração e da pública felicidade aos pro-
jetos absolutistas dos monarcas e o da liberdade à a) somente as afirmativas I, II e III.
oposição antiabsolutista. b) somente as afirmativas III e IV.
III. Os opositores do reformismo monárquico eram juris- c) somente as afirmativas I e III.
tas e magistrados tradicionalistas, a nobreza fundiária
d) somente as afirmativas II, III e IV.
e o alto clero, ameaçados pela dissolução da sociedade
de ordens promovida pelos soberanos esclarecidos. e) somente as afirmativas I e IV.
A afirmativa II está errada porque essas conquistas são muito posterio-
Assinale: res. A afirmativa IV está errada porque não houve esse cenário favorável
aos trabalhadores nos primeiros anos da Revolução Industrial.
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

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172

5. UCS-RS – A Revolução Industrial foi um processo his- países, provocando grandes transformações na vida das
HISTÓRIA 1

tórico que gerou importantes mudanças sociais, eco- pessoas, uma vez que, com:
nômicas e técnicas que se projetam até os dias atuais. a) a redução das jornadas de trabalho nas fábricas de
Considere as seguintes afirmativas sobre a Revolução tecidos, a organização do mercado de trabalho se de-
Industrial e as mudanças trazidas por ela: senvolveu de maneira a assegurar emprego a todos os
I. Foi responsável pela diminuição do trabalho artesa- assalariados das grandes cidades industriais inglesas.
nal e aumento da produção de mercadorias manu- b) a introdução das máquinas nas indústrias aumentou
faturadas por máquinas. a taxa de acumulação e do lucro das empresas, pos-
II. Provocou o aumento do êxodo rural motivado pela sibilitando uma maior distribuição de renda por meio
criação de empregos nas indústrias e, consequen- da elevação do valor dos salários dos trabalhadores.
temente, o aumento das cidades e da vida urbana. c) a ascensão social dos artesãos, que reuniram seus
III. Estimulou, desde o início, pesquisadores, engenhei- capitais e ferramentas em oficinas ou em fábricas, au-
ros e inventores a aperfeiçoar a indústria, fazendo mentou os núcleos domésticos de produção e possi-

O
com que surgissem novas tecnologias, tais como bilitou a acumulação primitiva de capital ao operariado.

BO O
o telégrafo, a fotografia, as locomotivas e barcos d) o aumento da interferência do Estado na regulamen-
a vapor.

SC
tação da jornada de trabalho, salário e na criação
de sindicatos deixou o trabalhador sem espaço de

M IV
Das proposições acima:
manobra na luta por melhores condições de trabalho.
a) apenas I está correta.
e) máquinas cada vez mais sofisticadas, a fábrica tornou-

O S
b) apenas II está correta. -se o local adequado para a produção, favorecendo a
c) apenas I e II estão corretas. divisão do trabalho, a imposição do horário, da disci-

D LU
d) apenas II e III estão corretas. plina ao trabalhador e o aumento da produtividade.
A Revolução Industrial provocou uma grande ruptura na produção dos
e) I, II e III estão corretas. bens materiais. Acompanhando essas mudanças, a rotina de quem tra-
Todas as afirmativas estão corretas e expressam mudanças trazidas balha também mudou consideravelmente. Junto à difusão das máquinas

O C
pela Revolução Industrial. por países como Bélgica, Alemanha e França, também foi disseminada
essa nova forma de trabalhar.
6. PUCCamp (adaptado) C6-H28
N X
Durante o século XVIII, a Revolução Industrial constituiu
Competência: Compreender a sociedade e a natureza, reconhecen-
do suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
SI E
um fenômeno predominantemente inglês. Mas, a partir geográficos.
do século seguinte, começou a se expandir para vários Habilidade: Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-
-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
O

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
EN S

7. UnB-DF – No século XVIII, o Iluminismo foi, sob vários se refere ao comportamento humano e ao perdão,
E U

aspectos, um movimento cultural que se estabeleceu opôs-se à visão grega ao considerar o homem como
em consonância com os ideais humanistas difundidos senhor de suas ações e como titular do poder de per-
pelo Renascimento no começo da Idade Moderna. doar seu semelhante.
D E

Acerca do Iluminismo, assinale a opção correta:


a) a crença na capacidade humana de autoaperfeiçoa-
A LD

mento por meio da aquisição de conhecimento ra-


cional, ideal de progresso que se aplicava tanto ao
indivíduo quanto às diferentes coletividades, foi uma
característica marcante do pensamento iluminista.
EM IA

b) a maior parte dos pensadores iluministas compar-


tilhava atitude abertamente hostil às religiões e à
ST ER

religiosidade, como evidencia o fato de alguns dos


mais famosos filósofos iluministas, como Voltaire e
Jean-Jacques Rousseau, terem se declarado ateus.
c) por causa da sua oposição ao capitalismo industrial en- 9. Unicamp-SP
SI AT

tão emergente, os autores associados ao Iluminismo


“A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento
mantiveram-se à distância das questões econômicas,
constitui suficiente prova de que não é inato.”
o que explica o fato de a era do Iluminismo não ter
M

LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano.


sido marcada por grandes realizações no âmbito do
São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 13.
pensamento econômico.
d) na França, o Iluminismo foi o grande suporte ideo- O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia
lógico da revolução que pôs fim ao Antigo Regime parte:
em 1789. Filósofos iluministas, como Denis Diderot a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
e Montesquieu, lideraram ações revolucionárias e aquisição deriva da experiência.
desempenharam papel relevante no governo cons- b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhe-
tituído após a Tomada da Bastilha. cimentos possam ser obtidos.
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao ne-
8. UnB-DF – Avalie a afirmativa: gar a existência de ideias inatas.
O Iluminismo, embora fosse, em grande parte, inspi- d) defende que as ideias estão presentes na razão des-
rado em ideais da Antiguidade greco-romana, no que de o nascimento.

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173

10. Uncisal 13. PUCCamp-SP – Durante o processo de industrializa-

HISTÓRIA 1
“Sempre considerei as ações dos homens como as melho- ção na Europa, a exploração social foi intensa devido
res intérpretes dos seus pensamentos.” às duras condições de trabalho impostas, contra as
John Locke.
quais emergiram movimentos operários significativos
no século XIX, caso do:
A frase de John Locke nos remete ao Iluminismo e
seus objetivos nos diversos âmbitos que formam a a) bolchevismo, que aglutinou trabalhadores urbanos
vida em sociedade. Sobre o ideário iluminista, é cor- em uma entidade internacional que pregava a aliança
reto afirmar que: operário-camponês.

a) seu caráter popular afastou os intelectuais e aproxi- b) cartismo, que reivindicava o sufrágio universal e
mou a pequena burguesia da nobreza togada. teve origem na Carta ao Povo, manifesto enviado
ao Parlamento inglês com apoio de diversos se-
b) o intelectualismo se tornou um obstáculo à expansão tores sociais.
do Iluminismo, fato que minimizou sua influência nas

O
revoluções burguesas. c) taylorismo, que defendia a atuação de um conselho

BO O
de operários no gerenciamento das fábricas a fim de
c) Adam Smith dissocia a liberdade econômica da li-

SC
assegurar sua participação nos lucros.
berdade política, fazendo prevalecer esta última em

M IV
detrimento da primeira. d) ludismo, que promovia a destruição de máquinas,
d) a razão apresenta um poder emancipador capaz de a implantação do socialismo e a anulação dos cer-
camentos para que os operários retornassem ao

O S
tirar o homem da menoridade e libertá-lo da opressão
política e dos resquícios das trevas medievais. campo.

D LU
e) o projeto iluminista não se opunha totalmente ao e) anarcossindicalismo, que defendia o livre coletivis-
mercantilismo nem ao absolutismo, já que preserva mo em substituição aos sindicatos e corporações
em grande parte as instituições do Antigo Regime. de trabalhadores.

O C
11. Fatec-SP – As grandes revoluções burguesas do sé- 14. PUC-PR – Considerando que a Revolução Industrial se
culo XVIII refletem, em parte, algumas ideias dos caracteriza por ser um processo contínuo, porém con-
N X
filósofos iluministas, dentre as quais podemos des- vencionalmente dividido em fases, avalie as seguintes
afirmações sobre a primeira fase dessa revolução:
SI E
tacar a que:
a) apontou a necessidade de limitar a liberdade indivi- I. Teve a preponderância da Inglaterra, especialmente
dual para impedir que o excesso degenerasse em
O

com o desenvolvimento da indústria têxtil.


anarquismo.
b) acentuou que o Estado não possui poder ilimitado, II. Caracterizou-se pela nova disciplina do trabalho, o
EN S

o qual nada mais é do que a somatória do poder dos que modificou hábitos e costumes dos trabalhado-
membros da sociedade. res, que, em grande parte, provinham do campo.
E U

c) visou defender a tese de que apenas a federalização III. Utilizou a mão de obra de famílias inteiras, incluindo
política é compatível com a democracia orgânica.
mulheres e crianças.
D E

d) mostrou que, sem centralização e dependência dos


poderes ao Executivo, não há paz social. IV. Impôs aos trabalhadores uma intensa divisão do tra-
A LD

e) procurou salientar que a sociedade industrial somen- balho e a racionalização do tempo, implementando
te se desenvolverá a partir de minucioso planejamen- o sistema conhecido como taylorismo.
to econômico.
Estão corretas somente as afirmações:
12. Mackenzie-SP – Assinale a alternativa em que apare-
EM IA

a) I, III e IV.
cem as principais ideias de Jean Jacques Rousseau em
sua obra O contrato social: b) I e III.
ST ER

a) cada homem é inimigo do outro, está em guerra com c) III e IV.


o próximo e por esta razão cria o Estado para sua d) I, II, III e IV.
própria defesa e proteção.
e) I, II e III.
b) o Estado é uma realidade em si e é necessário
SI AT

conservá-lo, reforçá-lo e eventualmente reformá-lo, 15. UECE – As profundas transformações vividas pela so-
reconhecendo uma única finalidade: sua prosperi- ciedade inglesa no final do século XVIII desencadearam
dade e grandeza. o processo de mudanças irreversíveis, configurando o
M

c) o governante deve dar um bom exemplo para que os marco final da fase de transição do feudalismo para
súditos o sigam. Através da educação e de rituais, os o capitalismo. Sobre este recorte histórico, é correto
homens de capacidade aprenderiam e transmitiriam afirmar que se trata da:
os valores do passado.
d) que as classes dirigentes tremam ante a ideia de a) Revolução Inglesa, também conhecida como Guerra
uma revolução! Os trabalhadores devem proclamar Civil inglesa.
abertamente que seu objetivo é a derrubada violenta b) Revolução Agrícola, com a difusão de novas técnicas
da ordem social tradicional. agrícolas.
e) a única esperança de garantir os direitos de cada c) Revolução Industrial, com as inovações técnicas.
indivíduo é a organização da sociedade civil, cedendo
todos os direitos à comunidade, para que seja politi- d) Revolução Política, com as alterações na estrutura
camente justo o que a maioria decidir. social e econômica.

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174

16. Unifal-MG – Assinale a alternativa incorreta sobre a e) a Revolução Industrial recebeu essa denominação
HISTÓRIA 1

Revolução Industrial: porque foi uma inovação tecnológica de grande re-


a) o principal combustível da Primeira Revolução Indus- percussão econômica e social, que surgiu de forma
trial foi o carvão mineral. abrupta e se irradiou de forma rápida e homogênea
pela Europa e pelos Estados Unidos da América no
b) um dos episódios importantes da Revolução Indus- final do século XVIII.
trial foi o aperfeiçoamento do motor a vapor realiza-
do por James Watt na segunda metade do século
17. Fuvest-SP – Identifique, entre as afirmativas a seguir, a
XVIII. A adoção da biela e da manivela transformou o
que se refere a consequências da Revolução Industrial:
movimento linear do pistão em movimento circular,
permitindo que o motor fosse acoplado a máquinas a) redução do processo de urbanização, aumento da
de fiar e a teares mecânicos. população dos campos e sensível êxodo urbano.
c) alguns historiadores consideram que o desenvolvi- b) maior divisão técnica do trabalho, utilização cons-
mento da lançadeira volante por John Kay, em 1733, tante de máquinas e afirmação do capitalismo como
foi um passo importante na série de invenções e

O
modo de produção dominante.
aperfeiçoamentos mecânicos que contribuíram para

BO O
desencadear a Revolução Industrial. c) declínio do proletariado como classe na nova estrutu-

SC
ra social, valorização das corporações e manufaturas.
d) a Revolução Industrial gerou movimentos de revolta

M IV
de trabalhadores que se sentiam ameaçados pela d) formação, nos grandes centros de produção, das asso-
mecanização da produção. Uma das mais célebres ciações de operários denominadas trade unions, que
promoveram a conciliação entre patrões e empregados.

O S
manifestações dessa revolta contra as máquinas foi o
chamado movimento ludista, derivado de Ned Ludd, e) manutenção da estrutura das grandes propriedades,

D LU
o nome de um ativista político que pregava a destrui- com as terras comunais, e da garantia plena dos
ção das máquinas pelos trabalhadores. direitos dos arrendatários agrícolas.

ESTUDO PARA O ENEM

O C
18. Enem C5-H22 a) de petições enviadas ao Parlamento inglês na defesa
N X
“É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que de direitos coletivos.
SI E
quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se b) do descontentamento pelo aumento de preços dos
ter sempre presente em mente o que é independência e o alimentos básicos e moradia.
que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que c) da conquista de direitos trabalhistas pela atuação
O

as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que combativa dos sindicatos.
elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros d) da destruição de máquinas que deterioravam as con-
EN S

também teriam tal poder.” dições de vida e de trabalho.


MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo: e) da vitória sobre a burguesia, com a redução da jor-
E U

Nova Cultural, 1997. (Adaptado) nada de trabalho para oito horas.


A característica de democracia ressaltada por Montes-
D E

quieu diz respeito: 20. Enem C4-H16


“A prosperidade induzida pela emergência das máquinas
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao
A LD

tomar as decisões por si mesmo. de tear escondia uma acentuada perda de prestígio.
Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à
temporários, passaram a ser denominados, de modo
conformidade às leis.
genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em alguns
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e,
EM IA

ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados


nesse caso, livre da submissão às leis.
lado a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas pro-
ST ER

proibido, desde que ciente das consequências. priedades para se concentrar na atividade de tecer. Redu-
e) ao direito de o cidadão exercer sua vontade de acor- zidos à completa dependência dos teares mecanizados ou
do com seus valores pessoais. dos fornecedores de matéria-prima, os tecelões ficaram
SI AT

expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.”


19. Enem C4-H20
THOMPSON, E. P. The Making of the English Working Class.
“Os principais distúrbios começaram em Nottingham, Harmondsworth: Penguin Books, 1979. (Adaptado)
em 1811. Uma grande manifestação de malharistas, gri-
M

tando por trabalho e por um preço mais liberal, foi dis- Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução
solvida pelo exército. Naquela noite, sessenta armações Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque:
de malha foram destruídas na grande vila de Arnold por a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas
amotinados que não tomaram nenhuma precaução em se relações sociais.
disfarçar e foram aplaudidos pela multidão.” b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inex-
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. perientes.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. (Fragmento) c) os novos teares exigiam treinamento especializado
para serem operados.
Esse texto diz respeito à nova realidade socioeconô-
mica da Inglaterra implantada a partir da Revolução In- d) os artesãos, no período anterior, combinavam a te-
dustrial. A principal consequência para os trabalhadores celagem com o cultivo de subsistência.
nas primeiras décadas do século XIX se manifestou e) os trabalhadores não especializados se apropriaram
por meio: dos lugares dos antigos artesãos nas fábricas.

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15
175

REVOLUÇÃO FRANCESA E

HISTÓRIA 1
ERA NAPOLEÔNICA

O MUNDO BURGUÊS

O
BO O
No fim desse século, o absolutismo, criticado pelos iluministas, encontrava-se

SC
• O mundo burguês

M IV
em processo de decadência. • Revolução
A França estava economicamente falida por conta dos gastos da monarquia e • França pré-revolucionária
sua Corte e em virtude dos altos custos das frequentes guerras contra a Inglaterra.

O S
• Política
Além disso, uma seca persistente reduziu a produção agrícola, espalhando a fome • Economia

D LU
pela nação. No aspecto social, a nobreza e o clero tinham enormes privilégios fren- • Sociedade
te ao chamado terceiro estado, que reunia desde camponeses pobres até grandes • Cultura
burgueses. Intelectualmente, as ideias iluministas eram cada vez mais disseminadas • Convocação dos Estados-

O C
entre os franceses, que começaram a se mobilizar. -gerais
N X
REVOLUÇÃO
• Processo revolucionário
• Assembleia Nacional
SI E
A Revolução Francesa é um dos principais acontecimentos que marcam a en- Constituinte (1789-1791)
trada na contemporaneidade. Sua eclosão consistiu no colapso do chamado Antigo • Assembleia Legislativa
O

Regime europeu, em que foram questionados a ordem absolutista, a sociedade (1791-1792)


de princípio nobiliárquico e o sistema tributário que atingia duramente o terceiro • Convenção Nacional
EN S

(1792-1795)
estado francês.
• Diretório (1795-1799)
E U

Embora a época moderna tenha rompido com alguns elementos da ordem feudal,
• A França após a revolução
também preservou uma estrutura de poder nobiliárquica, isto é, baseada em títulos
• Era Napoleônica
de nobreza. Além disso, manteve certos privilégios do clero, deixando ao terceiro
D E

• Do Diretório ao Consulado
estado o trabalho e as obrigações tributárias.
A LD

Assim, pode-se entender os tempos modernos como uma época intermediária • Consulado (1799-1804)
entre o mundo feudal medieval e o capitalismo industrial da contemporaneidade. • Império (1804-1814)
Em outras palavras, é um período em que convivem elementos feudais em declínio • Congresso de Viena
e afirmam-se pensamentos e atitudes típicos da contemporaneidade.
EM IA

HABILIDADES
Nesse sentido, a Revolução Francesa pode ser considerada um momento de
• Analisar a atuação dos
inflexão histórica, ou seja, de ruptura com resquícios feudais presentes no Estado movimentos sociais que
ST ER

francês, impactando não somente na história da França, mas também de todo o contribuíram para mudanças
continente europeu. Ela representa, portanto, o fim de uma velha ordem. ou rupturas em processos
de disputa pelo poder.
SI AT

• Avaliar criticamente conflitos


FRANÇA PRÉ-REVOLUCIONÁRIA culturais, sociais, políticos,
econômicos ou ambientais
ao longo da História.
M

POLÍTICA • Reconhecer a dinâmica da


O exercício do poder real estava comprometido, pois os nobres questionavam organização dos movimentos
a capacidade do rei para tratar da crise financeira que ameaçava seus privilégios. sociais e a importância da
Muitos defendiam a diminuição da autoridade real, visando deter movimentações participação da coletividade
na transformação da realida-
contra a ordem nobiliárquica.
de histórico--geográfica.
Além da animosidade de setores da nobreza, no terceiro estado havia agitações
em virtude das dificuldades, sobretudo dos sans-culottes, para alimentar-se, e ele-
mentos da alta e da pequena burguesia não aceitavam arcar com mais impostos para
o sustento do Estado deficitário. As ideias iluministas passaram a ser incorporadas
como possibilidade de mudança na organização político-institucional e fizeram surgir
pensamentos reformadores e revolucionários na política.

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176

ECONOMIA Foi nesse contexto que, em 1787, o rei convocou


Boa parte da riqueza da França encontrava-se nas uma reunião de notáveis, a qual envolveu banqueiros,
HISTÓRIA 1

mãos da Igreja e da nobreza, grupos que detinham pri- economistas, nobres e membros do clero para discutir
vilégios naquela sociedade de ordens. Essa riqueza, no a tributação do Estado. No encontro, apresentou-se a
entanto, servia à ostentação, e não a atividades produti- proposta de todos pagarem impostos, ou seja, clero,
vas que pudessem desenvolver e incentivar a economia. nobreza e terceiro estado. Entretanto, o projeto rece-
Além do clero e da nobreza, setores do terceiro beu oposição ferrenha da nobreza e do clero, que recu-
estado, mais precisamente da burguesia, buscavam saram a decisão de Luís XVI, o que agravou a situação.
melhorar a condição econômica do país, porém en- Em 1789, pretendendo não assumir o ônus de uma
contravam obstáculos na estrutura político-social do decisão impopular, o rei convocou a reunião dos Estados-
Antigo Regime. -gerais. Assim, representantes dos três estados reuni-
Não obstante essas insatisfações, a realeza havia ram-se no Palácio de Versalhes para discutir o assunto

O
criado problemas sérios para as finanças do Estado tributário, e o que fosse decidido seria seguido por todos.

BO O
ao desenvolver políticas belicistas que consumiam O clero escolheu 291 representantes; a nobreza,

SC
seus recursos e não havia incentivos à atividade eco- 327; e, o terceiro estado, 578.

M IV
nômica do país.
PROCESSO

O S
SOCIEDADE
Embora houvesse a possibilidade de integrantes REVOLUCIONÁRIO

D LU
do terceiro estado passarem para a nobreza, espe-
No início do encontro, houve divisão de opiniões.
cialmente a togada, pois eram títulos nobiliárquicos
Elementos do terceiro estado defendiam a votação por
comprados do rei, a situação social ainda era marcada

O C
representante, ou seja, cada classe teria direito a um
por uma rigidez associada ao nascimento, ou seja, à
voto. Boa parte do clero e da nobreza, porém, pretendia
N X
hereditariedade. Assim, grupos tradicionais da nobreza
mantinham um status social que correspondia a uma
que fosse por estado, ou seja, a maioria dos represen-
SI E
tantes de cada segmento decidiria o voto do estado.
série de privilégios e benefícios do Estado francês,
Se fosse dessa última forma, provavelmente o ter-
causando descontentamentos nos não favorecidos.
ceiro estado sairia do Palácio de Versalhes tendo de
O

O pensamento iluminista propunha outro tipo de


pagar mais impostos e não poderia se opor à decisão
ordenamento social, no qual os indivíduos teriam seu
EN S

ali tomada, pois teria participado da reunião.


status social mediante seu talento, ou seja, o mérito
Quando o rei foi chamado para resolver o problema
pessoal. Isso mobilizava ainda mais a sociedade, que
E U

da votação e afirmou que nunca havia ocorrido esse ato


desejava mudanças na organização social.
por representação, o terceiro estado revoltou-se, pois
D E

sabia-se que o resultado seria danoso à classe. Esse


CULTURA
segmento ocupou uma sala vazia do palácio, entrou
O racionalismo enciclopédico iluminista defendia
A LD

nela, trancou-se e disse que só sairia se fosse elabo-


ideias contrárias ao poder da Igreja e a secularização
rada uma Constituição para a França. Assim começara
das relações políticas, econômicas e sociais. Liberdade,
a Revolução Francesa.
igualdade e fraternidade condiziam com valores ditos
EM IA

racionais que visavam ao engrandecimento dos indiví- PERIODIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO FRANCESA


duos e à afirmação de suas potencialidades. Assim, as
• 1789: reunião dos Estados-gerais.
ST ER

amarras que prendiam as pessoas a uma estrutura rigi-


damente hierárquica, centralizadora e mística deveriam • 1789-1791: Assembleia Nacional Constituinte.
ser rompidas. Isso significava a criação de uma cultura • 1791-1792: Assembleia Legislativa.
oposta aos valores do chamado Antigo Regime.
SI AT

• 1792-1795: Convenção Nacional.


• 1795-1799: Diretório.
CONVOCAÇÃO DOS
M

A Revolução Francesa durou dez anos e foi marcada


ESTADOS-GERAIS por variações ao longo de seu curso.
Luís XVI (1774-1792) enfrentava uma situação difícil:
Estado deficitário, gastos elevados e insuficiência na ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
arrecadação para custeio das despesas estatais. O endi- (1789-1791)
vidamento havia atingido uma situação de esgotamento Fase da elaboração da Magna Carta francesa. Nela,
e os banqueiros exigiam o pagamento de dívidas ante- representantes de todos os estados participaram e a
riores para conceder mais crédito ao Estado francês. votação foi por pessoa. Houve avanços significativos
A possibilidade de aumento da arrecadação encon- expressos na abolição dos privilégios feudais, na ela-
trava-se na elevação de impostos. O terceiro estado, boração da Declaração dos Direitos do Homem e do
porém, opunha-se ao pagamento de mais tributos. Cidadão (igualdade jurídica dos homens), na criação

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177

da Constituição Civil do Clero (subordinação da Igreja A instauração do terror aconteceu quando o jaco-
ao Estado) e na afirmação dos princípios de liberdade, bino Robespierre assumiu o controle do Comitê. O

HISTÓRIA 1
igualdade e fraternidade que deviam reger a nação. dirigente desenvolveu uma teoria de governo revolucio-
Um acontecimento significativo da revolução foi a nário e aplicou-a sistematicamente. Os considerados
Tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Muitos inimigos da revolução foram executados.
autores afirmam que a queda da prisão real representou A república consolidava-se e novas divisões sur-
o fim do arbítrio do rei e uma evidência de que os fran- giram no interior do grupo jacobino. Os mais radicais
ceses estavam dispostos a defender os trabalhos cons- exigiam de Robespierre que todos os girondinos fos-
tituintes utilizando armas, caso fosse necessário. Houve sem guilhotinados enquanto ainda era possível enviar
repercussões do acontecimento por toda a Europa. homens para a guilhotina. Assim, eles permaneceriam
A Constituição da França foi promulgada em setem- no poder após o período das investidas inimigas.
bro de 1791, estabelecendo uma monarquia limitada Outros jacobinos defendiam o fim das execuções na

O
por meio da divisão do poder em Executivo, Legislativo guilhotina com a liberação dos presos, afinal, a vitória

BO O
e Judiciário. Além disso, a Magna Carta instituiu um era certa e o caminho devia ser de confraternização

SC
sistema de representação por voto censitário e passou entre os franceses.

M IV
o poder de decisão política à Assembleia Legislativa. Muitos foram executados a mando de Robespier-
re, inclusive integrantes do clube jacobino, desde os

O S
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA (1791-1792) mais radicais, conhecidos por raivosos, até os indul-
gentes, isto é, os menos extremados. Isso consistiu

D LU
Fase marcada pela agitação da nobreza e do clero, que
não aceitavam as limitações impostas pela Constituição. em uma luta no interior do grupo no momento em que
Os nobres buscaram o apoio fora da França, mais as últimas tropas inimigas eram expulsas da França e
precisamente na Áustria, pois a esposa de Luís XVI era repercutiu na possibilidade de a alta burguesia voltar

O C
austríaca. Na Áustria, organizou-se um exército que inva- à cena política, pois Robespierre isolava-se em relação
N X
diu a França, pretendendo restaurar o poder de Luís XVI. às forças políticas que criaram o grupo.
Para agravar o quadro, houve levantes na França Robespierre foi envolvido em uma conspiração co-
SI E
instigados pelo clero refratário, chamado assim porque nhecida como Reação Termidoriana, sendo acusado de
resistiu à subordinação da Igreja ao Estado. nada fazer para conter a crise econômica que atingia o
O

Diante da situação, o governo francês dividiu-se cla- país. Retirado da chefia do comitê, posteriormente foi
ramente. De um lado estavam os jacobinos ou monta- preso e executado. Era a reação da gironda e de outros
EN S

nheses, que sentavam-se sempre à esquerda no salão grupos descontentes com os rumos da revolução.
Em 1794, a Reação Termidoriana organizou novos
E U

de reuniões da Assembleia e defendiam a radicalização


do processo, com a eliminação do poder do rei e a pro- trabalhos constituintes e foi realizada uma nova con-
clamação da república. De outro, encontravam-se os venção para criar outra Magna Carta para a França:
D E

girondinos ou brissotinos, homens conservadores per- a Constituição do Ano III da República. Aprovada em
1795, estabeleceu que o governo ficaria a cargo de
A LD

tencentes à alta burguesia, que sentavam-se à direita e


defendiam a negociação com os contrarrevolucionários. um diretório, constituído de 5 homens eleitos em as-
Os jacobinos animaram a população parisiense con- sembleia por meio de voto censitário, o que indicava
tra o rei, que já havia tentado fugir do país. O povo res- a recuperação do poder da burguesia, pois só podia
EM IA

pondeu prontamente, atacando o Palácio das Tulherias, votar e se candidatar a cargos eletivos quem com-
em que se encontrava Luís XVI. Estava organizada a provasse renda.
ST ER

Comuna Insurrecional de Paris.


Assim, os jacobinos assumiram o controle do proces- DIRETÓRIO (1795-1799)
so revolucionário e proclamaram a república, realizando Fase derradeira da Revolução Francesa. Embora a
o julgamento sumário do rei. Considerado culpado, Luís burguesia reassumisse o controle do processo revolu-
SI AT

XVI e sua esposa foram guilhotinados em 21 de janeiro cionário, existiam inúmeras agitações que dificultavam
de 1793. Iniciava-se a fase mais radical da Revolução o pleno exercício do poder por parte desse grupo.
Francesa, conhecida como Convenção Nacional. Monarquistas insurgiram-se contra o governo bur-
M

guês, pretendendo o fim da experiência republica-


CONVENÇÃO NACIONAL (1792-1795) na. Já os remanescentes dos jacobinos defendiam
Fase ditatorial em sua maior parte, as medidas eram uma república em que todos os homens pudessem
tomadas por um grupo eleito pela Convenção, constituin- participar da vida política sem qualquer impedimento
do o Comitê de Salvação Pública. Entre as decisões to- econômico.
madas para fazer frente às invasões inimigas e às conspi- Napoleão Bonaparte conduziu as forças militares
rações internas, destacaram-se a convocação obrigatória francesas contra os exércitos inimigos da revolução.
para a guerra, o estabelecimento da lei do preço máximo Foi responsável pela expulsão das tropas contrarre-
e a instituição de empréstimo compulsório. Quem se volucionárias e credenciou-se para a manutenção da
recusasse a atender às determinações era considerado ordem interna necessária à realização dos interesses
contrarrevolucionário e executado na guilhotina. da burguesia.

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178

As turbulências do período eram aplacadas pela revolução conferiu enorme poder à Inglaterra e esti-
ação armada do general Napoleão Bonaparte. A todo mulou debates em torno da ideia de desenvolvimen-
HISTÓRIA 1

o momento, a burguesia acionava Bonaparte para com- to econômico em todo o continente europeu. Grupos
bater grupos insurgentes. burgueses, principalmente da França, alimentavam
Aos poucos, integrantes da burguesia perceberam esperanças de que algo similar ocorresse em seus
que a possibilidade de garantia da ordem burguesa estava países.
nas mãos de Bonaparte, negociando com ele um golpe A outra revolução foi realizada na França a partir de
que pudesse fazê-lo assumir o poder na França. Napoleão 1789. Foi uma transformação política que colocou em
era nobre, contava com o reconhecimento desse setor e questão o poder absoluto e os desmandos de uma
tinha a admiração de parte dos jacobinos, pois foi nesse Coroa que sustentava uma Corte parasitária e garantia
período que ele conseguiu derrotar forças inimigas da re- privilégios à Igreja em detrimento de grupos dinâmicos
volução. Dessa forma, se ele assumisse o poder, poderia da sociedade, pressionando o terceiro estado com tri-

O
acalmar grupos que se colocavam contra a burguesia. butações consideradas excessivas.

BO O
Em 10 de novembro de 1799 (ou 18 de Brumário do Princípios revolucionários abalavam a sociedade

SC
ano 7, pelo calendário republicano), membros do Dire- de ordens, afirmavam igualdade jurídica dos homens

M IV
tório renunciaram coletivamente e Napoleão assumiu o e conferiam legitimidade às diferenças sociais ape-
poder com o título de cônsul. Esse golpe determinou o nas oriundas do talento individual, ou seja, do mérito

O S
fim da Revolução Francesa e o início da Era Napoleônica. pessoal. Napoleão era um filho da revolução. Sua
ascensão foi possível graças ao credo revolucionário.

D LU
A FRANÇA APÓS A Bonaparte vinha da pequena nobreza, que não teria
grandes oportunidades naquela sociedade do Antigo
REVOLUÇÃO Regime. Seu envolvimento com a revolução o cre-

O C
denciou ao poder, principalmente em um quadro de
A chamada Era Napoleônica foi o período em que, agitações internas que desestabilizaram o governo
N X
após a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte passou do Diretório.
SI E
a liderar a França, buscando desenvolvê-la nos moldes No governo de Napoleão, houve a continuidade da
revolucionários e promovendo uma política imperial em revolução no sentido burguês, pois ele atendeu a esse
relação aos outros países europeus.
O

grupo social, pretendendo que fosse o caminho de afir-


Neste módulo, serão aprofundadas as questões so- mação da França e de seu poder pessoal. Essas situa-
EN S

bre o governo napoleônico e a concentração do poder ções guardavam estreita ligação entre si, uma vez que
em suas mãos, que o levou a ser coroado imperador. a riqueza produzida nos empreendimentos burgueses
E U

Também será abordada a reação dos demais países daria mais força ao Estado francês e a seu governante.
europeus contra as ideias revolucionárias difundidas Assim, o compromisso de Bonaparte com a ordem era
D E

na sociedade do período. associado ao crescimento econômico.


A LD

ERA NAPOLEÔNICA DO DIRETÓRIO AO CONSULADO


A renúncia coletiva dos representantes do Di-
A Revolução Francesa foi encerrada pelo Golpe do retório possibilitou a ascensão de Napoleão, que
18 Brumário, realizado por Napoleão com o apoio da
EM IA

tornou-se cônsul da república. O que foi alterado


burguesia, a qual conduzia o governo do Diretório em em relação ao governo do Diretório reside no grau
1799. Contudo, seu governo como importante chefe de concentração de poder. Essa fase representou a
ST ER

político europeu não foi menos revolucionário. Aliás, descentralização do poder político, enquanto o Con-
o ideário da revolução foi difundido para terras não sulado significou concentração do poder nas mãos
francesas pela política expansionista de Bonaparte. do general Bonaparte.
SI AT

Compreender a Era Napoleônica exige reconhecer Napoleão apresentava-se como uma espécie de
a existência de uma dupla revolução na Europa na se- déspota esclarecido, que tomava decisões e justifica-
gunda metade do século XVIII. va-as com o pensamento racionalista do Iluminismo.
M

A primeira, realizada na Inglaterra, consistiu na Em poucos meses, conseguiu a pacificação do país,


mudança do padrão produtivo no qual, mediado pela evitando agitações de jacobinos e monarquistas, que
máquina e por uma nova fonte de energia – o vapor tanto abalaram o Diretório.
–, a humanidade mudou sua forma de relacionamen-
to com a natureza. A Revolução Industrial inglesa CONSULADO (1799-1804)
transformou qualitativamente o capitalismo, exigin- Nesse período, Napoleão estabeleceu um acordo
do a ampliação de mercados consumidores para o com a Igreja Católica (1801) no qual afirmou o poder do
atendimento dos interesses industriais. Dessa for- Estado sobre o clero francês, acabando com a divisão
ma, velhas concepções econômicas foram colocadas existente entre membros da Igreja que se afirmavam
em xeque em nome da racionalidade produtiva, que juramentados (seguidores das normas do Estado) ou re-
propunha a liberação das forças da economia. Essa fratários (seguidores apenas das ordens papais). Assim,

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179

todo o clero submeteu-se às determinações da França. Napoleão tentou derrotar a Inglaterra por meio de
O general praticamente impôs o acordo ao invadir terras um confronto direto, porém perdeu a batalha marítima

HISTÓRIA 1
da Península Itálica e mostrar seu poder bélico ao papa. de Trafalgar. A dificuldade de vencer a marinha ingle-
Napoleão criou o Banco da França, estabeleceu o sa fez o imperador francês pensar em um bloqueio
ensino laico, criou uma moeda nova (o franco), esti- continental. A ideia era fechar o comércio dos países
mulou a indústria e apoiou a produção agrária visando do continente com a nação rival, os quais deveriam
atender a população, que ainda pagava caro pelo pão. comprar apenas da França, atendendo a interesses
O resultado não tardou a aparecer: a economia fran- burgueses e ampliando seu poder.
cesa recuperou-se rapidamente; o Banco Nacional finan- A Europa foi convulsionada pelas guerras de Na-
ciou a produção da burguesia; o ensino laico promoveu poleão. Entre 1805 e 1807, o imperador ampliou seus
conhecimentos nas ciências naturais; o franco favoreceu domínios territoriais, incorporou toda a Península Itá-
a monetarização das relações econômicas no país; a lica, reuniu os principados alemães na Confederação

O
indústria tornou-se uma realidade; e o preço do pão caiu. do Reno sob seu poder, anexou o Ducado de Varsóvia

BO O
Napoleão caminhava para tornar-se uma unanimidade. e negociou com Espanha, Áustria, Prússia, Dinamarca

SC
A fase do Consulado foi coroada com a criação, em e Rússia o fechamento do comércio com a Inglaterra.

M IV
1804, de um novo código de leis, conhecido como Códi- Entrava em cena o Bloqueio Continental.
go Napoleônico, que expressava valores da Revolução Até 1812, Bonaparte foi o senhor da Europa e di-

O S
Francesa e consolidava a ordem burguesa no país. A fundiu ideias revolucionárias por onde passou. Tropas
respeito das leis que constituíram esse ordenamento, napoleônicas entravam nos territórios declarando prin-

D LU
podem-se destacar: cípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Seu có-
• direito à propriedade privada; digo de leis foi levado para todas as terras dominadas.
A Europa não seria mais a mesma.

O C
• igualdade jurídica dos homens;
O primeiro grande contratempo de Napoleão foi
• casamento civil (visão contratualista); contra a Rússia. Em 1807, Alexandre I havia assinado
N X
• registro civil (afirmação de existência jurídica em o Tratado de Tilsit com o general, comprometendo-se
SI E
relação ao Estado); a comprar produtos apenas da França. A indústria fran-
• proibição de greves; cesa, porém, era incipiente e não conseguia atender
O

à demanda europeia. Os russos aguardavam as mer-


• abolição da servidão.
cadorias, mas estas não chegavam. O czar, alegando
EN S

O Código Napoleônico baseou-se em leis france- a necessidade de obter produtos que não eram entre-
sas anteriores e no Direito Romano, tendo seguido o gues, rompeu o tratado de 1807.
E U

Código Justiniano e o Corpus Juris Civilis, dividindo o Diante disso, Napoleão organizou um exército po-
Direito Civil em: deroso a fim de invadir a Rússia. Segundo alguns histo-
D E

• pessoa; riadores, cerca de 600 mil homens foram mobilizados


para a campanha contra o Império Russo. Mas o que
A LD

• propriedade;
Bonaparte não esperava era a ordem de destruição das
• aquisição da propriedade.
plantações nos arredores, por parte do czar, para que as
Napoleão conseguiu apoio popular, da burguesia e tropas napoleônicas fossem impedidas de prosseguir
EM IA

de setores da antiga nobreza, grupo que também pro- naquele ataque.


curou contemplar. O próximo passo foi a convocação Bonaparte ordenou que as tropas prosseguissem
até Moscou. O czar havia abandonado a cidade e orde-
ST ER

de um plebiscito para decidir se ele poderia continuar


governando a França como imperador. nado que a incendiassem. O tempo que Napoleão levou
A essa altura, Bonaparte já dominava extensos ter- para chegar à cidade coincidiu com o início do rigoroso
ritórios da Europa, adquiridos com a invasão às regiões inverno russo. Suas tropas perderam enorme quantida-
SI AT

belga e holandesa, além de controlar parte significativa de de soldados em razão da ausência de recursos para
da Península Itálica. O resultado do plebiscito foi sua enfrentar a neve. Napoleão saiu do território com cerca
aclamação como imperador dos franceses. de 30 mil homens exauridos. Iniciava-se a decadência
M

Ele continuaria governando, pois o povo o aceitava. Seu de seu império.


poder estava legitimado pelo desejo da chamada “vonta- Após a derrota na Rússia, seguiram-se outras. Coa-
de geral”, defendida no pensamento de Rousseau como lizões foram organizadas envolvendo Inglaterra, Áustria,
a possibilidade de existência de um governo soberano. Prússia, Rússia, Dinamarca e Espanha após a expul-
são das tropas francesas. Em 1814, sob a ameaça de
IMPÉRIO (1804-1814) destruição de seu país, Napoleão decidiu render-se. A
Após a aclamação, o general iniciou uma pressão França foi ocupada, o general foi enviado à Ilha de Elba
sobre países continentais, objetivando impedir o comér- e um encontro foi organizado em Viena, na Áustria, para
cio dos estados europeus com a Inglaterra, país rival da discutir a situação política na Europa.
França por, entre outros aspectos, dominar o mercado O encontro definiu a restauração da monarquia, le-
consumidor da Europa com seus produtos industriais. gitimando no trono um novo rei da dinastia Bourbon,

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180

Luís XVIII. Entretanto, muitos franceses não aceitavam europeu entre países visando estabelecer igualdade de
o retorno da família Bourbon e houve levantes em todo forças, a qual impediria o surgimento de qualquer outro
HISTÓRIA 1

o país. Napoleão encontrava-se confinado na Ilha de aventureiro que quisesse construir um império na Europa.
Elba e de lá conseguiu escapar, retornando à França. Os integrantes do Congresso de Viena considera-
De março a julho de 1815, Napoleão governou a Fran- vam que países com poderes equivalentes se respei-
ça, mas a situação já não era a mesma. Com o exército tariam, o que impediria a ocorrência de novas guerras
enfraquecido, diante de uma nova coalizão organizada no continente.
pela Inglaterra, as derrotas se sucederam até a última A expressão mais conservadora do congresso fi-
batalha em Waterloo, onde foi capturado e levado para cou conhecida por Santa Aliança. Rússia, Prússia e
a Ilha de Santa Helena, domínio inglês próximo à costa Áustria uniram-se para preservar a ordem continen-
africana. Estava encerrada a Era Napoleônica. tal. Se houvesse qualquer movimentação contrária
às determinações de Viena, tropas dos três estados
CONGRESSO DE VIENA

O
seriam mobilizadas.

BO O
A Santa Aliança chegou a propor a recolonização

SC
Após a derrota definitiva de Napoleão, o Congresso
do continente americano, por considerar que o Novo

M IV
de Viena, conduzido pelo ministro austríaco Metter-
nich, definiu os princípios que ordenariam a Europa. O Mundo era uma extensão do Velho Mundo. Os Es-
encontro tinha o objetivo de recuperar a velha ordem tados Unidos, porém, posicionaram-se contra esse

O S
ao estabelecer como princípio fundamental a “legiti- interesse e, na figura do presidente James Monroe,

D LU
midade”, ou seja, era legítimo que todos os antigos reconheceram a independência da América ibérica por
governantes ou suas famílias recuperassem o governo meio da Doutrina Monroe, que afirmava “A América
de seus países. Nesse sentido, previa-se a restaura- para os americanos”.

O C
ção das monarquias destituídas por Napoleão e pela Apesar do conser vadorismo pronunciado no
Revolução Francesa. Congresso de Viena, as forças liberais continuavam
N X
Outro princípio firmado em Viena foi o do “equilíbrio ativas e o pensamento revolucionário havia se
SI E
europeu”, que implicava no reordenamento territorial disseminado na Europa.
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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181

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO FRANCESA

Fase de conciliação sob a liderança da alta burguesia e aliança com a aristocracia.

Assembleia Tomada da Bastilha. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

O
Nacional Constituinte

BO O
(1789-1791) Confisco de propriedades eclesiásticas. Extinção do regime feudal. Primeira Constituição francesa.

SC
M IV
O S
D LU
Liderança da alta e média burguesia. Disputas: deputados da direita (conservadores); deputados da

Assembleia Legislativa

O C
esquerda ou gironda (liberais); deputados do centro ou planície (independentes); deputados exaltados
(1791-1792)
N X ou da montanha (classes baixas), sob a liderança de Robespierre.
SI E
O

Execução de Luís XVI. Proclamação da república (21 de setembro de 1792).


EN S

Baixa burguesia e sans-culottes no poder. Período do Terror, sob a liderança de Robespierre (1793-1794).
E U

Formação da primeira coligação europeia contra a França revolucionária.


D E

Reação Termidoriana da alta burguesia que voltou ao poder. Execuções na guilhotina.


Convenção Nacional
A LD

(1792-1795) Descristianização da França. Sistema métrico decimal. Desenvolvimento cultural.

Abolição da escravatura. Reforma agrária. Nova Constituição


EM IA
ST ER
SI AT

Domínio da alta burguesia. Anexação de territórios vizinhos: Nápoles, Suíça e estados da Igreja.
M

Segunda coligação contra a França revolucionária. Golpe de Napoleão: 18 de Brumário.

Napoleão: consolidação dos interesses da burguesia. Desequilíbrio político na França.

Diretório
Luta contra monarquias absolutistas.
(1795-1799)
Ascensão política da burguesia: consolidação dos interesses burgueses.

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182

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ERA NAPOLEÔNICA

Nascido em Córsega, na Itália, vinha da pequena nobreza e consagrou-se na campanha da Itália durante o

período revolucionário.
Napoleão Bonaparte

O
Combateu o levante realista de 1795.

BO O
SC
Com o Golpe do 18 Brumário, assumiu como primeiro-cônsul (1789).

M IV
O S
Reformas administrativas, educacionais e econômicas.

D LU
Criação de um novo código de leis: o Código Napoleônico.

Ações como Estímulo à indústria e à produção agrícola.

O C
governante
Criação do Banco da França.
N X
SI E
Consolidação dos interesses da burguesia, mas também obteve apoio popular e de setores da antiga nobreza.

Em 1802, tornou-se cônsul vitalício e, por meio de plebiscito realizado em 1804, imperador.
O
EN S

Expansão territorial, com o exército francês vitorioso em praticamente toda a Europa.


E U

Decreto do Bloqueio Continental contra a Inglaterra (1806), que não foi aceito pela Rússia e por Portugal.
Invasão a Portugal.
D E

Em 1808, fuga da família real para o Brasil.

Ações militares Campanha da Rússia (1812), que marcou o início do declínio.


A LD

Derrotado na Batalha de Leipzig, Bonaparte é exilado na Ilha de Elba e os Bourbon voltam ao comando sob
a liderança de Luís XVIII.

Fuga e retomada de Napoleão ao poder: governo dos cem dias.


EM IA

Derrota definitiva na Batalha de Waterloo e exílio em Santa Helena.


ST ER

CONGRESSO DE VIENA
SI AT
M

Princípios Do equilíbrio europeu e da legitimidade: proposta de Talleyrand.

Novo mapa político europeu (Carta do Congresso de Viena).

Confirmação da supremacia marítima da Inglaterra.

Resoluções
Controle do norte da Itália pela Áustria.

Formação da Confederação Germânica.


Santa Aliança.

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183

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. UNESP – Leia os dois artigos seguintes, extraídos da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (se-
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de tembro de 1791)*
26 de agosto de 1789: “Art. 1º – A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos
“Artigo 1º: Os homens nascem e permanecem livres e do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas
iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser no interesse comum.
fundamentadas senão sobre a utilidade comum. Art. 2º – O objeto de toda associação política é a conser-
Artigo 6º: A lei é a expressão da vontade geral. Todos os vação dos direitos imprescritíveis da mulher e do homem.
cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança
pelos seus representantes, na sua formação. Ela tem de e, sobretudo, a resistência à opressão.
ser a mesma para todos, quer seja protegendo, quer seja Art. 13º – Para a manutenção da força pública e para as
punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos, despesas de administração, as contribuições da mulher e

O
são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares do homem serão iguais; ela participa de todos os trabalhos

BO O
e empregos públicos, segundo a capacidade deles, e sem ingratos, de todas as fadigas, deve então participar tam-

SC
outra distinção que a de suas virtudes e talentos.” bém da distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos,

M IV
das dignidades e da indústria.”
a) Em qual contexto histórico foi elaborada a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão? * Essa declaração, escrita e proposta pela francesa Olympe de Gouges,

O S
não foi aprovada pela Assembleia Nacional; Olympe foi guilhotinada
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é o principal docu- por ordem de Robespierre em 1793.

D LU
mento que registra a conexão entre as ideias iluministas e a Revolução Compare as duas declarações e assinale a alternativa
que identifica a principal diferença entre o texto de 1789
e o de 1791.
Francesa. Foi elaborada em agosto de 1789, logo após a Tomada da

O C
a) o texto de 1791 estabelece direitos e obrigações
detalhados e separados para homens e mulheres na
N X
Bastilha.
política e nos negócios, conforme o projeto burguês
de sociedade, enquanto o texto de 1789 defende um
SI E
ideal universalista, sem distinção social.
b) o texto de 1789 defende direitos universais, sem
explicitar a questão de gênero, enquanto o texto
O

de 1791 defende a igualdade de direitos entre os


b) Cite duas ideias expressas na Declaração que represen- gêneros, reivindicando a atuação feminina em as-
EN S

taram uma ruptura da prática política até então vigente. suntos considerados masculinos, como a política e
os negócios.
E U

Entre essas ideias, é possível citar: todos os homens são iguais, devem
c) o texto de 1791 defende a luta contra a opressão das
mulheres após séculos de dominação monárquica na
ter direitos iguais e a lei deve representar a vontade geral. Essa de- França, enquanto o texto de 1789 é contra a opressão
D E

masculina causada pela predominância do clero e da


nobreza sobre o terceiro estado.
A LD

claração representou, em vários aspectos, um antagonismo ao Antigo


d) o texto de 1789 utiliza o termo “homem” para desig-
Regime. nar todo o conjunto de cidadãos, sem distinção de
classe e origem, enquanto o texto de 1791 substitui
“homem” por “mulher”, a fim de reivindicar direitos
EM IA

exclusivos para as cidadãs da classe burguesa.


e) o texto de 1789 defende que nenhum direito é válido
ST ER

se não incluir todos os cidadãos, enquanto o texto de


1791 contradiz esse princípio ao privilegiar as mulhe-
res, que reivindicavam maior espaço na sociedade
2. UFPR C3-H13 após a morte da rainha Maria Antonieta.
SI AT

Considere os seguintes excertos, produzidos no con- O trecho-chave para identificar a diferença entra uma carta constitu-
texto da Revolução Francesa (1789-1799): cional e outra é “A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do
homem”.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26 Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
de agosto de 1789) tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
M

grupos, conflitos e movimentos sociais.


“Art. 1º – Os homens nascem e são livres e iguais em di-
Habilidade: Analisar o papel da justiça como instituição na organização
reitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na das sociedades.
utilidade comum.
Art. 2º – A finalidade de toda associação política é a con-
3. PUC-PR – A Revolução Francesa foi um dos momentos
servação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem.
mais importantes no processo de formação do mundo
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e
contemporâneo. Foi um movimento violento que sepultou
a resistência à opressão.
o absolutismo na cena política e o mercantilismo na econo-
Art. 13º – Para a manutenção da força pública e para as mia, tendo um papel de grande destaque a burguesia, in-
despesas de administração, é indispensável uma contri- teressada em instituir um regime que atendesse aos seus
buição comum, que deve ser dividida entre os cidadãos de interesses. Durante a revolução tomou forma um corpo
acordo com suas possibilidades.” legislativo denominado Assembleia Nacional, que tomou

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184

parte central na consolidação das reformas objetivadas Assinale a afirmação correta relativa à conjuntura acima
HISTÓRIA 1

pela revolução. Dentre as principais reformas realizadas delineada:


na fase moderada da Revolução Francesa (1789-1791) pela a) após o Bloqueio Continental, em todos os Estados
Assembleia Nacional, podemos citar corretamente: submetidos à dominação napoleônica, os operários
a) abolição dos privilégios especiais do clero e da nobre- e os camponeses, beneficiados pela prosperidade
za; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; econômica, atuaram na defesa de Napoleão contra
subordinação da Igreja ao Estado; elaboração de uma o nacionalismo das elites locais.
Constituição para a França; reformas administrativas b) a Inglaterra, procurando manter-se longe dos pro-
e judiciárias; e ajuda à economia francesa. blemas do continente, isolou-se e não interveio nos
b) Declaração Universal dos Direitos Humanos; elabora- conflitos desencadeados pelos anseios de Napoleão
ção do Edito de Nantes, que dava liberdade religiosa de construir um império.
para os não católicos; criação do Banco da França; c) a Espanha, vinculada à França pela dinastia dos Bour-
legalização da anexação dos territórios da margem bon desde o século XVIII, não reagiu à dominação
esquerda do Reno; elaboração do Código Civil francês. francesa. Em nome do respeito às suas tradições e

O
c) criação do Código Civil francês; criação do Banco da ao seu nacionalismo, a Espanha aceitou a soberania

BO O
França; elaboração da Declaração dos Direitos do estrangeira imposta por Napoleão.

SC
Homem e do Cidadão; elaboração das primeiras leis d) em 1812, Napoleão estabeleceu sólida aliança com

M IV
trabalhistas que proibiam o trabalho infantil; conces- o papa, provocando a adesão generalizada dos católi-
são do direito ao voto às mulheres. cos. Temporariamente, os surtos nacionalistas foram

O S
d) direito de voto para todos os homens, independen- controlados, o que o levou a garantir suas progressi-
temente da renda; favorecimento de legislação que vas vitórias na Rússia.

D LU
incentivava o capitalismo comercial; reforma do sis- e) herdeira da Filosofia das Luzes, a ideia de nação,
tema educacional com a criação dos liceus clássicos tal como difundida na França, fundou-se sobre
e de ofícios; maior autonomia para as províncias his- uma concepção universalista do homem e de
tóricas da França; criação de uma estrutura descen- seus direitos naturais. Essa concepção, porém,

O C
tralizada de governo na França. pressupunha o princípio do direito dos povos de
e) regulamentação das leis trabalhistas na França; ex- dispor sobre si mesmos.
N X
tensão do direito de voto para todos os homens e
mulheres maiores de 18 anos; reconhecimento do
Os ideais iluministas de liberdade e igualdade estiveram presentes no
cenário francês desde a Revolução Francesa. Napoleão, para fortalecer
SI E
direito de minorias; criação do Código Civil; a França o território, utilizou símbolos nacionais como a formação de um exér-
se tornou uma confederação descentralizada, dividi- cito. O ideal da nação também ajudou a criar um modelo político que
da em cantões com alto grau de autonomia política; contemplou os direitos humanos.
O

elaboração da Constituição Civil do Clero. Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
Esta questão traz em sua alternativa correta um resumo das conquistas e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo
EN S

mais imediatas da Revolução Francesa. Esse movimento, liderado por uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
burgueses e camponeses, modificou as estruturas do Antigo Regime, Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se
remodelando seus pilares ao abolir privilégios, subordinar a Igreja ao
E U

refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.


Estado e os governantes a uma Constituição e, nesta última, consolidar
a ideia de direitos iguais a todos.
6. UFC-CE – Entre 1792 e 1815, a Europa esteve em
D E

guerra quase permanente. No final, os exércitos


4. FGV-RJ – Napoleão Bonaparte assumiu o poder na Fran- napoleônicos foram derrotados. Em seguida, as po-
ça, em 1799. A partir do chamado Golpe do 18 Brumário,
A LD

tências vencedoras, Rússia, Prússia, Grã-Bretanha e


tornou-se primeiro cônsul, depois primeiro cônsul vitalício Áustria, conjuntamente com a França, reuniram-se no
e, posteriormente, imperador. Durante o seu governo: Congresso de Viena, que teve como consequência
a) retomou as relações com a Igreja Católica e permitiu política a formação da Santa Aliança.
total autonomia dos seus sacerdotes.
EM IA

A partir do comentário acima, marque a alternativa que


b) estabeleceu uma monarquia parlamentarista, nos contenha duas decisões geopolíticas aprovadas pelo
moldes do sistema de governo vigente na Inglaterra. citado congresso:
ST ER

c) estabeleceu um novo Código Civil que manteve a a) defesa do liberalismo e auxílio aos movimentos so-
igualdade jurídica para os cidadãos do sexo mascu- cialistas na Europa.
lino e o direito à propriedade privada.
b) restabelecimento das fronteiras anteriores a 1789
d) procurou retomar antigas possessões marítimas e isolamento da França do cenário político europeu.
SI AT

francesas, envolvendo-se em uma guerra desgas-


c) valorização das aristocracias em toda a Europa con-
tante no Haiti e no Sudeste Asiático.
tinental e ascensão dos girondinos no governo da
e) aliou-se aos sans-culottes, grupos mais radicais da Re- França a partir de 1815.
M

volução Francesa, e, por isso, foi derrubado em 1814.


A reposta correta diz respeito ao estabelecimento do Código Civil
d) reentronização das casas reais destituídas pelos
e a alguns de seus preceitos. Napoleão não deu total liberdade à exércitos napoleônicos e criação de um pacto político
Igreja, tampouco adotou um regime semelhante ao da Inglaterra. de equilíbrio entre as potências europeias.
e) apoio aos movimentos republicanos e concentração
de poderes na Coroa britânica, permitindo a esta a
5. UFRGS-RS C5-H22 utilização da sua marinha de guerra como instrumen-
Por volta de 1811, o Império Napoleônico atingiu o seu to contrarrrevolucionário.
apogeu. Direta ou indiretamente, Napoleão dominou
Após a derrota de Napoleão, com o Congresso de Viena, ocorreu o
mais da metade do continente europeu. Tal conjuntura, retorno das casas reais ao poder.
no entanto, reforçou os sentimentos nacionalistas da
população dessas regiões. A ideia de nação, inspirada
nas próprias concepções francesas, passou a ser uma
arma desses nacionalistas contra Napoleão.

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185

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

HISTÓRIA 1
7. UFTM-MG 10. Fuvest-SP – Do ponto de vista social, pode-se afirmar,
“A Revolução Francesa não deve ser considerada apenas sobre a Revolução Francesa:
como uma revolução burguesa.” a) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida
FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas, 1982.
e apropriada por uma só classe social, a burguesia,
única beneficiária da nova ordem.
Essa afirmação pode ser considerada: b) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não
a) correta, pois a burguesia obteve, por meio de alian- conseguiu impedir o retorno das forças sociopolíticas
ças com outros países, capacidade militar suficiente do Antigo Regime.
para impedir o surgimento de mobilizações em ou- c) nela coexistiram três revoluções sociais distintas:
tros segmentos sociais. uma revolução burguesa, uma camponesa e uma
popular urbana, a dos chamados sans-culottes.
b) correta, pois a Revolução Francesa nasceu da von-
tade burguesa de implantar a república e de impor d) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao

O
a política econômica mercantilista. garantir as pequenas propriedades aos camponeses,

BO O
atrasou, em mais de um século, o processo econô-
c) errada, pois a burguesia contou com o apoio do alto cle-

SC
mico da França.
ro na luta contra o Iluminismo e a população rebelada.

M IV
e) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa,
d) correta, pois, além das ações burguesas, a Revolu- tanto do ponto de vista da riqueza, quanto do ponto de
ção Francesa contou com grandes mobilizações de vista político, impediu que a burguesia a concluísse.

O S
camponeses e trabalhadores urbanos.
e) errada, pois, à exceção da burguesia, os outros seg- 11. UFBA

D LU
mentos sociais eram incapazes de transformar e “1789, na França, foi um ano turbulento [...] Iniciava-se
reorganizar a economia e a política francesas. a Revolução que destruiria o Antigo Regime na França
e sacudiria as bases da sociedade ocidental da época.”
8. UnB-DF (adaptado) – A Revolução Francesa repre-

O C
(AQUINO, p.143)
sentou um momento crucial de expansão de direitos
no mundo ocidental. Tal expansão, no entanto, desen- Sobre esse movimento e seus reflexos em outras par-
N X
cadeou, ao longo dos séculos XIX e XX, um complexo
processo em que nem todos esses direitos foram, si-
tes do mundo, pode-se afirmar:
SI E
01) O critério da votação por Ordem, firmado nos Es-
multaneamente, concedidos a todos os grupos sociais. tados-gerais, foi rejeitado pelo terceiro estado, que
Acerca do processo da expansão de direitos civis, polí- não se subordinou aos interesses da realeza.
O

ticos e sociais na França, nos vinte anos subsequentes


02) O “Grande Medo”, originado da violência na zona ru-
ao início da Revolução Francesa, é correto afirmar que:
ral, repercutiu na Assembleia Nacional Constituinte,
EN S

a) a Constituição francesa de 1791 aboliu a escravidão provocando o fortalecimento dos privilégios feudais.
tanto no território metropolitano quanto nas zonas
E U

coloniais, conferindo, com isso, direitos civis e polí- 04) As reformas mais profundas empreendidas durante
ticos aos ex-escravos. a Convenção corresponderam à atuação da alta bur-
guesia, que liderava a revolução naquele momento.
b) o Estado francês, logo nos primeiros anos após a To-
D E

mada da Bastilha, passou a garantir direitos políticos 08) A igualdade, um dos princípios da Revolução Fran-
aos homens de proveniência protestante e judia que cesa, foi conquistada pelas camadas populares com
A LD

residiam no território francês. o término do movimento.


c) o Código Civil francês, instituído por Napoleão Bona- 16) As coligações antifrancesas representaram, de um
parte, concedeu às mulheres direitos políticos, como modo geral, o temor de governos conservadores eu-
o de votar nas eleições municipais e nas eleições ropeus frente à divulgação dos ideais revolucionários.
EM IA

para o Parlamento nacional. 32) O conflito anglo-francês, que resultou no Bloqueio


d) o período da Convenção Nacional, sob o comando Continental decretado pela França, motivou a opo-
dos jacobinos, caracterizou-se pela ampla proteção sição da Inglaterra aos princípios do liberalismo
ST ER

aos direitos civis por parte do Estado. político e econômico.


64) O ideário dos conjurados baianos de 1798 foi in-
9. FGV-SP fluenciado por princípios da França revolucionária.
SI AT

“Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as


Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na
ordem do dia.”
Discurso de Robespierre na Convenção.
12. Fuvest-SP – A Declaração dos Direitos do Homem e do
M

Cidadão, votada pela Assembleia Nacional Constituinte


A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais inten- francesa, em 26 de agosto de 1789, visava:
sos da Revolução Francesa. Esse período caracterizou-se: a) romper com a Declaração de Independência dos Es-
a) pela fundação da monarquia constitucional, marcada tados Unidos, por esta não ter negado a escravidão.
pelo funcionamento da Assembleia Nacional. b) recuperar os ideais cristãos de liberdade e igualdade,
b) pela organização do Diretório, marcado pela adoção surgidos na época medieval e esquecidos na moderna.
do voto censitário.
c) estimular todos os povos a se revoltarem contra seus
c) pela Reação Termidoriana, marcada pelo fortaleci- governos, para acabar com a desigualdade social.
mento dos setores conservadores.
d) assinalar os princípios que, inspirados no Iluminismo,
d) pela convocação dos Estados-gerais, que pôs fim ao
iriam fundar a nova Constituição francesa.
absolutismo francês.
e) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radi- e) pôr em prática o princípio: a todos, segundo suas ne-
calização da revolução. cessidades, a cada um, de acordo com sua capacidade.

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186

13. PUC-RJ – Como general, cônsul, e, depois, imperador, Quais estão corretas?
HISTÓRIA 1

Napoleão Bonaparte transformou a França de um país a) Apenas I e II.


sitiado a uma potência expansionista com influência
em todo o continente europeu. No entanto, a expan- b) Apenas I e III.
são francesa, com seus ideais burgueses, encontrou c) Apenas I, II e III.
muitas resistências, principalmente entre as nações d) Apenas III, IV e V.
dominadas por setores aristocráticos. e) I, II, III, IV e V.
Assinale a opção que identifica corretamente uma ação
implementada pelo governo napoleônico: 16. Cesgranrio-RJ – O Golpe do 18 de Brumário de 1799,
a) o estabelecimento do catolicismo cristão e romano no contexto da Revolução Francesa, derrubou o Diretó-
como religião de Estado. rio, instituiu o sistema do Consulado e elevou Napoleão
Bonaparte à liderança política da França revolucionária.
b) a descentralização das atividades econômicas, o que
Napoleão manteve-se no poder por um período que se
permitia que as economias locais prosperassem sem
estendeu de 1799 até 1815, período esse denominado

O
o pagamento de impostos.
de Era Napoleônica, durante o qual ocorreu a:

BO O
c) a adoção do Código Civil, que garantia a liberdade
a) consolidação interna do ideário burguês da revolução e

SC
individual, a igualdade perante a lei e o direito à pro-
a tentativa de sua imposição a diversos países da Eu-

M IV
priedade privada.
ropa com a expansão militar promovida por Napoleão.
d) o estímulo, por parte das leis francesas, à criação
de sindicatos de trabalhadores, livres da influência b) retomada do poder político pelos segmentos da

O S
do Estado. nobreza provincial francesa com a promulgação do
império (1804) como a força política legítima de go-

D LU
e) a estatização de toda a propriedade agrícola, comer- verno da França do período napoleônico.
cial e industrial nas regiões dominadas pelo exército
napoleônico. c) união de segmentos sociais distintos na defesa do
governo aristocrático e absolutista de Napoleão, tais
como o campesinato e a nobreza, com o objetivo de

O C
14. UEG-GO – Em 1804, Napoleão Bonaparte recebeu o
evitar uma invasão estrangeira da França revolucionária.
título de imperador mediante um plebiscito. Durante
N X
sua cerimônia de coroação, ele retirou do papa a coroa
e colocou-a em sua cabeça com as próprias mãos. Esse
d) interferência direta das monarquias absolutas eu-
ropeias na França, através da ação política da Santa
SI E
gesto ousado representou: Aliança, ao encerrarem o processo revolucionário
com seu apoio à ascensão de Napoleão.
a) o rompimento entre a Igreja Católica Romana e o
novo Estado revolucionário francês. e) formação de diversas coligações que uniriam a
O

França revolucionária e a Inglaterra liberal contra


b) que Napoleão estava assumindo todas as responsa- os Estados aristocráticos em defesa das conquis-
bilidades do Poder Moderador na França.
EN S

tas liberais promovidas no processo da Revolução


c) que Napoleão, símbolo máximo da força da burguesia, Francesa.
E U

considerava-se mais importante que a tradição da Igreja.


d) a criação de uma religião de Estado, tendo como 17. Mackenzie-SP – Sobre o período napoleônico, é correto
figura central o imperador, a exemplo do anglicanis- afirmar que:
D E

mo inglês. a) as campanhas napoleônicas apoiaram o movimento


denominado Conjura dos Iguais e disseminaram os
A LD

15. UFRGS-RS – Considere as afirmações a seguir, refe- ideais do proletariado revolucionário francês.
rentes ao período napoleônico: b) de uma maneira geral, pode ser apontado como o
I. Um dos objetivos do Bloqueio Continental era anular a momento em que se consolidaram as instituições
defasagem industrial da França em relação à Inglaterra. burguesas na França.
EM IA

II. As guerras napoleônicas produziram desdobramen- c) Portugal, tradicional aliado da França, foi um dos pri-
tos de cunho político na América do Sul. meiros países a aderir ao Bloqueio Continental em
troca da ajuda na transferência da família real para a
ST ER

III. A expansão napoleônica debilitou os fundamentos


do Antigo Regime europeu e estimulou o surgimento colônia, no Brasil.
dos nacionalismos. d) o império foi marcado pelos acordos de paz com a
IV. O Bloqueio Continental possibilitou a hegemonia Inglaterra, que via na França uma aliada na propagan-
SI AT

do capitalismo industrial francês em toda a Europa. da da mentalidade capitalista burguesa.


V. O Congresso de Viena confi rmou, na Europa, os e) a ascensão do império de Bonaparte foi concretizada
avanços sociais e políticos conquistados durante a a partir dos acordos políticos da Península Ibérica,
Revolução Francesa. evitando as lutas nacionalistas e oposicionistas.
M

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C1-H1 em 1789, multiplicaram-se diversos restaurateurs, que
Algumas transformações que antecederam a Revolu- serviam pratos requintados, descritos em páginas emol-
ção Francesa podem ser exemplificadas pela mudança duradas e servidos não mais em mesas coletivas e mal
de significado da palavra “restaurante”. Desde o final cuidadas, mas individuais e com toalhas limpas. Com a
da Idade Média, a palavra restaurant designava caldos revolução, cozinheiros da Corte e da nobreza perderam
ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes e seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados,
ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde se ven- e abriram seus restaurantes por conta própria. Apenas
diam esses caldos, usados para restaurar as forças dos em 1835 o Dicionário da Academia Francesa oficializou a
trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, utilização da palavra “restaurante” com o sentido atual.

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187

A mudança do significado da palavra “restaurante” ilustra: plano de paz de longo prazo para o continente, que vivia

HISTÓRIA 1
a) a ascensão das classes populares aos mesmos pa- um contexto político conturbado [...]. Para alcançar esse
drões de vida da burguesia e da nobreza. objetivo, os diplomatas presentes ao Congresso de Viena
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de criaram um mecanismo de pesos e contrapesos conhe-
hábitos populares e dos valores da nobreza. cido como ‘Concerto Europeu’ [...]. O Concerto Europeu
procurou substituir um arranjo unipolar por um sistema
c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos
ideais e da visão de mundo da burguesia. inovador de consultas plurilaterais. Esse esforço visava a
garantir a estabilidade europeia no pós-guerra”.
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais re-
volucionários, cujas origens remontam à Idade Média.

PRISMA ARCHIVO/ALAMY STOCK PHOTO


e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas cole-
tivas e de uma visão de mundo igualitária.

19. UFMG (adaptado) C2-H8

O
BO O
Leia este texto:

SC
“Antes, Napoleão havia levado o grande exército à con-

M IV
quista da Europa. Se nada sobrou do império continental
que ele sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Re-

O S
gime por toda parte onde encontrou tempo para fazê-lo;
por isso também seu reinado prolongou a revolução; ele

D LU
foi o soldado desta, como seus inimigos jamais cessaram
de proclamar.”
LEFBVRE, Georges. A Revolução Francesa. São Paulo:

O C
Ibrasa, 1966. p. 573.
Disponível em: <blog.itamaraty.gov.br/images/viena.jpg>.
Tendo em vista a expansão dos ideais revolucionários Acesso em: set. 2015.
N X
proporcionada pelas guerras conduzidas por Bonaparte,
é correto afirmar que:
O contexto conturbado vivido pela Europa antes do
SI E
Congresso de Viena e os resultados deste foram,
a) os governos sob influência de Napoleão investiram respectivamente:
no fortalecimento das corporações de ofício e dos a) a Guerra dos Sete Anos, que colocou em confronto
O

monopólios. Inglaterra e França em função de disputas territo-


b) as transformações provocadas pelas conquistas na- riais na América; a expulsão da França da Liga das
EN S

poleônicas implicaram o fortalecimento das formas nações por ter desrespeitado regras internacionais
de trabalho compulsório. preestabelecidas.
E U

b) a disputa imperialista protagonizada pelas nações


c) Napoleão, em todas as regiões conquistadas, derru-
europeias em função da crise econômica vivida no
bou o sistema monárquico e implantou repúblicas.
século XIX; evitou-se provisoriamente um conflito
D E

d) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do de proporções mundiais já que, por meio de conces-
mapa europeu, pois fundiu pequenos territórios, an- sões, garantiu-se um equilíbrio político.
A LD

tes autônomos, e criou, assim, Estados maiores. c) a expansão napoleônica, que destronou reis e pro-
e) os países da Península Ibérica, como Portugal e Es- moveu a invasão e a ocupação militar sobre diversas
panha, foram os únicos do continente europeu a não regiões; a restauração das monarquias depostas por
serem afetados pelas guerras napoleônicas. Napoleão, legitimação das existentes à época e cria-
EM IA

ção da Santa Aliança.


20. UEMG C1-H1 d) a Primeira Grande Guerra, que foi consequência de
ST ER

um momento marcado pelo nacionalismo exacerba-


“Há duzentos anos, em 9 de junho de 1815, encerrava- do e por rivalidades econômicas e territoriais; a im-
-se o Congresso de Viena, conferência de países europeus posição de uma paz despreocupada com o equilíbrio
que, após nove meses de deliberações, estabeleceu um mundial, pois humilhava os derrotados.
SI AT
M

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16
188

INDEPENDÊNCIA DOS
ESTADOS UNIDOS E
HISTÓRIA 1

INDEPENDÊNCIA DA
AMÉRICA ESPANHOLA
EM BUSCA DA LIBERDADE POLÍTICA E

O
BO O
ECONÔMICA

SC
• Em busca da liberdade

M IV
política e econômica
• América inglesa Antes de a Revolução Francesa acontecer, outra movimentação política baseada
nos valores iluministas iria surgir: a Revolução Americana de 1776, que levaria à
• O comércio das Treze

O S
Colônias Independência dos Estados Unidos da América.
Os habitantes das chamadas Treze Colônias eram obrigados a pagar as taxações e os

D LU
• Libertações das Américas
• Organização administrativa
impostos vindos da Inglaterra e a busca por liberdade ao fazer trocas comerciais pode
ser considerada um dos principais fatores na luta por independência dessas colônias.
• Guerras de independência

O C
HABILIDADES
N X
• Reconhecer a dinâmica
AMÉRICA INGLESA
da organização dos As Treze Colônias inglesas da América do Norte surgiram no contexto da expansão
SI E
movimentos sociais e a ultramarina da Inglaterra, mais precisamente à época do reinado dos Stuart.
importância da participação Iniciada a colonização, houve uma diferenciação: as colônias do Norte ficaram
O

da coletividade na marcadas pela presença de grupos puritanos, os quais realizaram uma ocupação
transformação da realidade
histórico-geográfica.
definida por meio de pequenas propriedades e mão de obra livre, voltada ao aten-
EN S

dimento de suas necessidades, com atividades policultoras e manufatureiras. As


• Analisar a atuação dos
colônias do Sul definiram-se pela atuação de companhias de comércio, que estru-
E U

movimentos sociais que


contribuíram para mudanças turaram latifúndios monocultores voltados à exportação e com mão de obra predo-
ou rupturas em processos minantemente escravizada.
D E

de disputa pelo poder. Embora existissem essas diferenças, as Treze Colônias mantinham uma rela-
• Comparar o significado tiva autonomia em relação à Inglaterra, que vivia imersa em agitações contra a
A LD

histórico-geográfico das família Stuart, exemplificadas pelas revoluções Puritana e Gloriosa.


relações de poder entre
nações. Dessa forma, sem rígido controle metropolitano, puderam desenvolver intercâm-
bios com outras áreas, intensificando suas economias. O principal exemplo dessa
• Associar manifestações
EM IA

culturais do presente aos reciprocidade encontra-se no chamado comércio triangular, que consistiu na compra de
seus processos históricos. melaço e rum da região das Antilhas e no escambo desses produtos na costa africana
ST ER

para a obtenção de escravizados, os quais, por sua vez, eram vendidos nas colônias
inglesas do Sul (Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia).

O COMÉRCIO DAS TREZE COLÔNIAS


SI AT

O desenvolvimento colonial foi ameaçado pelas mudanças ocorridas na Ingla-


terra ao longo do século XVIII. Após a Revolução Gloriosa, houve a organização da
M

monarquia parlamentar, que passou a adotar políticas voltadas ao desenvolvimento


da burguesia.
Interesses produtivos e necessidades de ampliação do mercado consumidor de
produtos explorados pelos ingleses levaram o Parlamento a tentar diminuir a auto-
nomia econômica da área colonial, aumentando o fluxo de capitais para a Inglaterra.
A situação das Treze Colônias piorou após a guerra entre ingleses e franceses,
conhecida como Guerra dos Sete Anos (1756-1763).
Faz parte dessa política de controle da área colonial, entre outras medidas, a
criação de impostos variados, taxações sobre a entrada de mercadorias e o es-
tabelecimento de medidas monopolistas. Os colonos não aceitavam a política do
Parlamento inglês e, pautados pelas ideias iluministas, afirmavam que não possuíam

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189

representantes na organização parlamentar e, portanto, O documento, aprovado em 4 de julho de 1776, foi


não podiam consentir em decisões das quais não parti- intitulado Declaração dos Direitos do Homem. Nele,

HISTÓRIA 1
ciparam. A oposição destes era expressa pela máxima afirmavam-se os princípios iluministas, pois havia a
“sem representação, sem taxação”. defesa do direito à vida, à liberdade e à busca da
As ideias de participação política eram inspiradas na felicidade, os quais eram ameaçados pela Inglater-
história das Revoluções Inglesas e, em especial, na obra ra e, portanto, defendia-se, ainda, o direito à revolta
do filósofo inglês John Locke. Muitos colonos leitores contra poderes tirânicos legitimados. Assim nascia o
de Locke repetiam seu pensamento de que, quando o primeiro país do continente americano: os Estados
Estado não cumprisse seus objetivos e não assegurasse Unidos da América.
aos seus cidadãos a defesa dos direitos naturais, os cida- A afirmação dessa independência envolveu uma
dãos teriam o dever de fazer uma revolução para depô-lo. guerra que durou até 1783, quando a Inglaterra reconhe-
O desgaste na relação entre os colonos e a Inglater- ceu a autonomia das Treze Colônias em acordo firmado

O
ra foi ampliado à medida que tributos eram aprovados na França. O conflito contou com o apoio da nação fran-

BO O
e medidas monopolistas eram esboçadas, garantindo cesa; de Luís XVI da Espanha, dominada pelos Bourbon;

SC
ganho fácil a empresários ingleses. e com a venda de armas holandesas aos colonos.

M IV
A insistência do Parlamento em praticar uma política As diferenças entre as colônias do Norte e do Sul
intervencionista sem considerar os interesses coloniais eram estruturais. As nortistas desenvolveram o trabalho

O S
provocou manifestações mais incisivas dos colonos. livre em pequenas e médias propriedades, em que as
O exemplo mais contundente foi a Festa do Chá de atividades econômicas eram diversificadas, havendo es-

D LU
Boston, em dezembro de 1773. paço para manufaturas. Já as sulistas eram marcadas pelo
A “festa” foi um episódio de confl ito declarado trabalho escravizado realizado em grandes propriedades,
entre a metrópole e a colônia e consistiu em um ata- nas quais produzia-se principalmente algodão e tabaco e

O C
que de colonos aos navios da Companhia das Índias cuja economia era voltada para o mercado externo.
Orientais inglesa, a qual havia recebido do Parlamento
N X A Constituição do país deveria estabelecer princí-
o monopólio de venda de chá nas Treze Colônias. Os pios pelos quais fosse possível o convívio de realidades
SI E
colonos, fantasiados de indígenas, invadiram navios tão diferentes. E isso foi de certa forma conseguido
estacionados no Porto de Boston e jogaram o carre- com a afirmação do princípio federativo, que concedia
O

gamento de chá ao mar. autonomia aos estados.


A reação do Parlamento inglês não tardou. Em 1774, Além disso, a Magna Carta criou um regime presi-
EN S

foram instituídas leis severas nas Treze Colônias, chama- dencialista em que o chefe da nação é eleito por meio
das de Leis Intoleráveis. Entre as várias medidas, foram de um sistema misto, envolvendo a população e repre-
E U

estabelecidos o fechamento do Porto de Boston, com a sentantes dos estados, de tal forma que o candidato à
exigência do pagamento de indenizações pelos prejuízos presidência só pode ser eleito com o apoio da maioria
D E

causados à Companhia; a instituição do toque de recolher; dos estados.


e a proibição de reuniões em espaços abertos. Além dis- A Constituição estadunidense foi promulgada em
A LD

so, mais tropas inglesas foram enviadas às colônias e foi 1787, mas só entrou em vigor depois que todos os es-
exigido dos habitantes o custeio dessa ocupação militar. tados confirmassem seu texto. Isso ocorreu em 1790.
Em meio aos descontentamentos gerados pelas Os Estados Unidos tornaram-se, então, uma república
EM IA

Leis Intoleráveis, foi realizado o Primeiro Congresso federativa. A independência foi impactante em todo
da Filadélfi a, que reuniu representantes das várias o continente, pois estimulou o questionamento das
colônias com o propósito de elaborar uma resposta autoridades metropolitanas pelas elites coloniais tanto
ST ER

conjunta às imposições do Parlamento inglês. Nele, na América portuguesa como na espanhola.


discutiu-se desde a possibilidade de negociações visan- Muitas colônias viam a possibilidade de eliminar
do à revogação dessas leis até o rompimento completo os vínculos com as respectivas metrópoles, permitir a
SI AT

por meio de uma declaração de independência. condução da política em suas terras e ampliar as ativi-
A possibilidade de rompimento naquele momento dades econômicas ao romper o monopólio comercial,
era menos plausível, pois as colônias mantinham outras base da exploração metropolitana. Dessa forma, a in-
M

relações econômicas importantes com a Inglaterra, as dependência dos Estados Unidos sinalizava o colapso
quais poderiam ser prejudicadas e, além disso, todos do antigo sistema colonial no continente americano.
os representantes sabiam do poder militar inglês. Uma
declaração de independência poderia dar origem a um
conflito violento. LIBERTAÇÕES DAS
Porém, dadas as dificuldades na negociação com
o Parlamento, que era insensível aos apelos dos colo- AMÉRICAS
nos e à possibilidade de acordo com a França, rival da As dinâmicas das independências na América espa-
Inglaterra, em uma campanha militar exitosa contra a nhola foram o resultado de disputas entre, de um lado,
metrópole, o Segundo Congresso da Filadélfia decidiu as elites locais e, de outro, a busca de alguns grupos
pela declaração de independência. por autonomia política e liberdade econômica visando

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190

garantir os interesses da população. Nesse período, O quadro a seguir representa as mudanças políticas
a América espanhola conheceu seus “libertadores”, ocorridas na metrópole e sua repercussão na América.
HISTÓRIA 1

os quais foram importantes por atuarem em prol da


independência de diversos países e por difundirem o Guerras de independência
ideal de unidade.
Primeira fase (1810-1814) Domínio francês na Espanha.
O processo de colonização espanhola na América
integrou a política de afirmação do Estado moderno e Segunda fase (1814-1816) Restauração do reinado de
envolveu o domínio de civilizações complexas, como a Fernando VII.
asteca e a inca, repercutindo em um tipo de organiza- Terceira fase (1816-1824) Vitórias e confirmação
ção administrativa altamente centralizada e conduzida (reconhecimento) das
diretamente da Espanha por meio das ordenações reais independências.
e da Casa de Contratação, localizada em Sevilha.
Reconhecimento das Doutrina Monroe: “A América

O
independências pelos Estados para os americanos”.

BO O
ORGANIZAÇÃO Unidos

SC
M IV
ADMINISTRATIVA Características específicas da
independência da América espanhola

O S
As nomeações para altos cargos administrativos e
da Casa de Contratação eram feitas pelos reis e homo-

D LU
Predomínio de repúblicas.
logavam privilégios monopolistas na área colonial. Os
reinóis, conhecidos como chapetones, eram funcionários Fragmentação territorial: disputas entre elites locais.
do Estado metropolitano que tomavam decisões e tinham Envolvimento de populares.

O C
privilégios na sociedade colonial. Eles ficavam acima dos
Expressão de poder após a independência: caudilhismo.
N X
criollos, os homens brancos nascidos na área colonial.
Ambos representavam a minoria em um espaço marcado Manutenção da estrutura colonial que conferia poder aos criollos.
SI E
pela presença em massa de mestiços e indígenas.
Os contatos entre chapetones e criollos eram mui- Os movimentos de independência chegaram a se
O

tas vezes tensos, assinalando um choque de interesses comunicar. Em 1826, houve um congresso no Pana-
entre colonos e metrópole desde o século XVI. Porém, má envolvendo líderes das guerras de emancipação.
EN S

foi no século XVIII que os conflitos intensificaram-se, Simón Bolívar defendeu a autonomia integrada de toda
em virtude da decadência do Estado espanhol e de
E U

a América e a criação de um gigantesco país, no qual


tentativas de ampliação de recursos pelo expediente a liberdade imperasse soberana. Entretanto, vários re-
tributário em áreas coloniais, as quais também res- presentantes das áreas independentes não compare-
D E

sentiram-se em relação às dificuldades de compra e ceram, incluindo o próprio Bolívar, que encontrava-se
venda por parte da metrópole. Em meio à crise, os
A LD

em uma campanha no Peru.


chapetones detinham regalias às custas dos criollos No congresso, o que se presenciou foi a predomi-
e da população pobre. As ideias iluministas também nância de interesses localizados dos grupos insurgen-
atingiram universidades criadas pela Espanha na área tes, representando a inviabilidade de realização do ideal
EM IA

colonial e frequentadas pela elite criolla. Nesse contex- de unidade defendido por Bolívar. Dessa forma, houve
to, a independência dos Estados Unidos foi outro fator a proclamação de independências, as quais fragmen-
que estimulou as conspirações contra a metrópole,
ST ER

taram a América espanhola em vários países, predo-


pois mostrava um caminho a ser seguido. minando a organização estatal republicana. Apenas o
No século XIX, quando a Espanha passou por uma México teve uma organização monárquica nos primei-
ocupação do imperador francês Napoleão Bonaparte, as ros anos de sua existência autônoma com o imperador
SI AT

elites coloniais vislumbraram a chance de lutar contra os Agustín Itúrbide.


chapetones, mobilizando setores populares na realização Os criollos que conduziram a luta pelas independên-
de campanhas militares, as quais forçavam a saída dos cias ficaram conhecidos por caudilhos. Eram latifun-
M

reinóis e estabeleciam governos autônomos. As guerras diários que controlavam o governo ou disputavam-no
tiveram início em 1810 e se estenderam até 1824. entre si, utilizando a mão de obra da população pobre
apadrinhada. Isso significou a manutenção da estrutura

GUERRAS DE colonial após as emancipações políticas, caracterizada


pela economia primário-exportadora, e a exploração das
INDEPENDÊNCIA populações indígenas e mestiças.
Embora fosse mantida a estrutura colonial, isso não
As guerras de independência lideradas pela elite significou que agitações contra esse modelo não te-
criolla contra autoridades metropolitanas na área colonial nham ocorrido. O que predominou, porém, foram as
devem ser associadas à situação política europeia, mais forças conservadoras das elites no exercício do poder
precisamente à história da Espanha entre 1810 e 1824. na América espanhola.

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191

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

O
BO O
Ideias liberais do Iluminismo defendidas por Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin.

SC
M IV
Política inglesa de aumento de impostos, com o objetivo de recuperação financeira da Inglaterra: leis do

O S
Açúcar, do Selo, do Aquartelamento, do Chá e da Moeda.

D LU
Causas principais Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston): repressão de Boston.

O C
N X
SI E
O
EN S

Primeiro Congresso Continental da Filadélfia (não separatista).


E U

Segundo Congresso Continental da Filadélfia (separatista).


D E

Declaração de Independência em 4 de julho de 1776 por Thomas Jefferson.


Independência
A LD
EM IA
ST ER

Confederação dos Estados Unidos da América.


SI AT

Constituição norte-americana de 1787: regime democrático, republicano, presidencialista e federativo


M

(união indissolúvel).
Forma de governo

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192

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA

O
BO O
Chapetones, espanhóis vindos da Europa.

SC
M IV
Criollos, filhos de espanhóis nascidos na colônia.

O S
Mestiços e escravizados.

Classes sociais

D LU
Indígenas nas regiões de ouro.
da colônia
Africanos e seus descendentes nas regiões de cana-de-açúcar.

O C
N X
SI E
O
EN S

Interesses da aristocracia colonial.


E U

Sistema mercantilista em crise.


D E

Causas internas Desigualdade social entre a burguesia colonial e a metropolitana.


A LD

Sistema educacional.

Maçonaria.
EM IA
ST ER

Ideário da doutrina iluminista.


SI AT

Independência dos Estados Unidos e Revolução Francesa como modelo.


M

Causas externas Domínio de Napoleão na Espanha (desinteresse pelas colônias).

Política externa inglesa que visava a formação de mercados consumidores.

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193

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. Espcex-SP – Em 1781, o general inglês Cornwallis ren- São repercussões imediatas da independência norte-
deu-se aos revoltosos norte-americanos na Batalha de -americana:
Yorktown, dando início às negociações que levaram a a) as afirmações I, II, III e IV.
Inglaterra a reconhecer os Estados Unidos da América
como nação livre. b) apenas as afirmações I e II.
c) apenas as afirmações II e III.
Na formação desse novo Estado, pode-se destacar:
d) apenas as afirmações II e IV.
a) um poder central forte e nenhuma autonomia política
e) apenas as afirmações III e IV.
e administrativa aos Estados-membros.
A independência dos Estados Unidos associou-se a interesses de gru-
b) a adoção do sistema parlamentarista. pos dominantes, entre eles latifundiários, que não colocavam em pauta
c) a participação política dos indígenas e negros. a possibilidade de liberdade aos escravizados. A cidadania, portanto,
não estava ao alcance de parte dos habitantes da América do Norte.
d) um poder central muito fraco e Estados-membros

O
Pelo contrário, os nativos indígenas foram afetados pelos interesses
com muita autonomia política e administrativa. de donos de terras e comerciantes.

BO O
e) a formação de um Estado com base em ideias oriun-

SC
4. Fatec-SP – As antigas colônias espanholas na Améri-
das do Iluminismo.

M IV
ca Latina não conseguiram sobreviver dentro de uma
Baseada nos ideais iluministas, a independência dos Estados Unidos unicidade política, acabando por fracionar-se em torno
prezou pela liberdade política e econômica e por um sistema presiden-
cialista e com estados autônomos, ainda que a participação política de polos econômicos e políticos liderados:

O S
estivesse voltada aos grupos economicamente dominantes. a) pelos espanhóis, que, não respeitando a subida de
José Bonaparte ao trono da Espanha, proclamaram

D LU
a república.
2. PUCCamp – Os primeiros tempos da história dos Estados b) pelos índios, cansados da exploração colonial.
Unidos como nação independente foram marcados pela c) pelos mestiços, que viviam explorados e que, toman-

O C
Declaração de Independência, que celebrava a legítima do consciência da sua miséria, lideraram a formação
busca por oportunidades, prosperidade e felicidade por to- de juntas governativas regionais.
N X
das as famílias, apregoando valores que mais tarde seriam
associados ao chamado “sonho americano”. Corroborou,
d) pelos criollos, que almejavam o poder político, crian-
do uma constelação de movimentos que não obede-
SI E
posteriormente, para a difusão desses valores a: ciam a um comando geral, apesar dos esforços de
a) implantação da Lei de Terras como medida prioritária alguns libertadores.
após a independência, incentivando o assentamento
O

e) pelo clero, uma vez que a Igreja no século XIX nortea-


das famílias de imigrantes em pequenos lotes adqui- va-se pelo princípio de “dividir para governar”.
ridos a preços simbólicos. Os criollos faziam parte de uma elite que, apesar de buscar a inde-
EN S

b) descoberta de ouro na Califórnia, que provocou uma pendência de seus países, tinha intenções políticas e econômicas
onda desenfreada de migrações para o Oeste, atrain- por trás de suas movimentações. Os interesses variados levavam-
E U

do, inclusive, trabalhadores estrangeiros. -nos a agir de forma localizada, sem obedecer a um comando.

c) promulgação da Constituição dos Estados Unidos, com-


D E

posta por um conjunto de leis que asseguravam o fim 5. UFPR – Observe as assertivas e marque a opção cor-
da escravidão, o voto universal e o sistema federativo. respondente às corretas.
A LD

d) política de remoção indígena acompanhada da cria-


Sobre a sociedade, a economia e a estrutura político-
ção de reservas, conjuntamente à campanha de que
-administrativa da América espanhola colonial, é correto
o respeito à diversidade e a tolerância eram pilares
da sociedade americana. afirmar que:
I. Através da mita e da encomienda, explorava-se a
EM IA

e) transposição das fronteiras ao Sul, por meio da Guerra


de Secessão, que resultou na anexação de metade do mão de obra indígena.
território antes pertencente ao México, despertando o II. Entre a minoria branca que constituía a população das
ST ER

entusiasmo da população pela política expansionista. colônias, havia os chapetones (brancos nascidos na
A descoberta de ouro na Califórnia levou a uma grande migração para Espanha) e os criollos (brancos nascidos na América).
o Oeste dos Estados Unidos, o que alimentou a ideia do “sonho ame- III. A máquina burocrática era exclusivamente contro-
ricano” e a busca por oportunidades e felicidade. A expansão rumo ao
lada pela Igreja.
Oeste provocou o extermínio de nativos em virtude dos conflitos e
SI AT

das disputas na região. IV. Os cabildos ou ayuntamientos (câmaras municipais),


de que faziam parte os regedores, mantiveram viva
a tradição de autogoverno, fator significativo quando
se desencadeou o processo de independência.
M

3. Espcex-SP – Leia as afirmações abaixo. Marque a opção com as assertivas corretas:


I. Permitiu o acesso à cidadania a todos os norte- a) apenas a assertiva II está correta.
-americanos. b) estão corretas as assertivas I e II.
II. Abalou o prestígio do rei na Inglaterra e provou que c) estão corretas as assertivas I e IV.
era possível fazer valer a soberania popular.
d) estão corretas as assertivas II e III.
III. Trouxe prejuízos aos povos indígenas, pois suas ter-
e) todas as assertivas estão corretas.
ras, localizadas em sua maior parte a oeste do Mis-
A mita e a encomienda eram formas de exploração do trabalho
sissipi, passaram a ser atacadas pelos proprietários indígena. Os grupos dominantes e em conflito de interesses nas
de terra e comerciantes de peles de origem europeia. colônias espanholas eram os chapetones e os criollos.
IV. Propiciou a abolição da escravidão nos Estados
Unidos.

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194

6. UNESP C2-H9 b) os países libertos formaram regimes constitucionais


HISTÓRIA 1

“No movimento de independência atuam duas tendên- estáveis.


cias opostas: uma, de origem europeia, liberal e utópica, c) as antigas metrópoles ibéricas continuavam gover-
que concebe a América espanhola como um todo unitário, nando os territórios americanos.
assembleia de nações livres; outra, tradicional, que rompe d) o conteúdo filosófico das independências sobrepôs-
laços com a metrópole somente para acelerar o processo -se aos interesses oligárquicos.
de dispersão do império.” e) as classes dirigentes nativas foram herdeiras da an-
PAZ, Octavio. O labirinto da solidão, 1999. (Adaptado) tiga ordem colonial.
Os criollos, descendentes de europeus, porém nativos da América, foram
O texto refere-se às concepções em disputa no pro- os principais beneficiados após os processos de independência.
cesso de independência da América Latina. Tendo em Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi-
vista a situação política das nações latino-americanas cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
no século XIX, é correto concluir que: Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das organiza-
ções políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

O
a) os Estados independentes substituíram as rivalida-

BO O
des pela mútua cooperação.

SC
M IV
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UPE – A passagem do século XVIII para o XIX foi mar- a) representou o fim do pacto colonial naquela parte

O S
cada por um desequilíbrio nas relações entre a Europa do continente americano, servindo de modelo para
e o Novo Mundo. As lutas políticas na América estavam os demais processos emancipatórios americanos.

D LU
ligadas à resistência contra a colonização europeia e b) rompeu o pacto colonial mercantilista e criou uma
às influências das ideias liberais. Sobre essa crise do sociedade liberal e democrática para todos os seto-
Antigo Regime e suas implicações na América, assinale res sociais.

O C
a alternativa correta: c) foi a primeira etapa das revoluções liberais, que, a
a) a Guerra de Independência dos Estados Unidos acir- partir de então, iriam propagar-se somente na Europa.
N X
rou as tensões políticas preexistentes entre a França
e a Inglaterra, servindo de palco para um confronto
d) assinalou o início de uma sociedade capitalista, basea-
da no trabalho assalariado, livre das instituições feudais.
SI E
indireto entre essas duas nações.
e) a ideologia de seus grandes líderes era a mesma
b) as tensões políticas entre a Espanha e suas colônias que caracterizaria, pouco tempo depois, a Revo-
na América acabaram por reestruturar o Império Es-
O

lução Inglesa.
panhol, que, mediante as reformas bourbonianas,
conseguiu manter seu poderio na América até o final
EN S

10. UFPI – Com relação à independência dos Estados Uni-


do século XIX. dos, em 1776, é correto afirmar que:
c) as relações entre Portugal e a América portuguesa
E U

só se agravaram após a transmigração da família real a) a primeira Constituição dos Estados Unidos adotou
para o Brasil em 1808, fugindo da invasão napoleônica. a república federalista e presidencial como modelo
de governo.
D E

d) a Guerra do Paraguai, envolvendo Brasil, Portugal, Para-


guai, Espanha e Inglaterra, é fruto direto desse contexto. b) a Declaração de Independência defendeu a implan-
tação de uma monarquia constitucional para dirigir
A LD

e) as conjurações Baiana e Mineira, ocorridas no início politicamente a futura nação.


do século XIX, são reflexos desse quadro de desequi-
líbrio político entre Portugal e sua colônia na América. c) a França negou ajuda aos norte-americanos, visto
que pretendia manter sua parceria com a Inglaterra
na exploração comercial da América do Norte.
EM IA

8. Espcex-SP – A independência dos Estados Unidos da


América foi o primeiro grande indicador histórico da ruína do d) a Espanha negou ajuda aos norte-americanos, dado
Antigo Regime. Durante esse processo de independência: que com a derrota da Holanda poderia intensificar
ST ER

seus acordos comerciais com os colonos do Sul.


a) a criação da Lei do Selo foi uma consequência do esforço
inglês em fortalecer o pacto colonial e levou os colonos e) a luta dos norte-americanos divulgou a perspectiva de
americanos a efetuar um boicote comercial à Inglaterra. se construir a unidade continental americana, baseada
no ideal iluminista de liberdade e igualdade social.
b) a Marcha para o Oeste despertou os sentimentos
SI AT

expansionistas e nacionalistas dos colonos america-


11. Cesgranrio-RJ – No século XVIII, a revogação da Lei
nos, incentivando os movimentos de independência.
do Selo causou grande tristeza aos políticos ingleses, o
c) o Primeiro e o Segundo Congresso Continental da que, entretanto, contrastava com a alegre movimenta-
M

Filadélfia resultaram na suspensão dos tributos im- ção dos trabalhadores na beira do cais, em decorrência
postos por Townshend, exceto o que se referia ao da reabertura dos armazéns de manufaturados e da
comércio do chá. partida para a América de inúmeros navios carregados
d) os colonos americanos receberam apoio militar da de mercadorias.
Holanda e da Espanha nas lutas pela emancipação.
Assinale a opção que explica corretamente a “tristeza”
e) Thomas Jefferson exerceu um papel importante, tendo dos políticos com a revogação da Lei do Selo:
sido nomeado comandante das tropas americanas na
guerra e se tornado o primeiro presidente americano. a) a revogação da Lei do Selo representou um golpe
nas pretensões inglesas de arrecadação, mediante
9. Mackenzie-SP – O processo da emancipação das Treze impostos, nas colônias americanas.
Colônias inglesas da América do Norte, na segunda b) a revogação da Lei do Selo significou a vitória dos
metade do século XVIII, é denominado de Revolução norte-americanos, que, assim, não mais precisariam
Americana, pois: pagar impostos sobre o chá, o ferro e o açúcar.

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195

c) a pressão popular sobre o Parlamento aumentou, já d) liberalismo político e econômico, adotado pelas

HISTÓRIA 1
que, com a revogação da Lei do Selo, do Chá e do cortes espanholas; enfraquecimento do governo
Açúcar, os membros das câmaras dos Lordes e dos espanhol por causa da intervenção militar francesa;
Comuns voltaram a ficar submetidos ao rei inglês. política do Congresso de Viena favorável à indepen-
d) em meados do século XVIII, a metrópole inglesa per- dência das colônias.
deu cerca da metade de seu mercado consumidor de e) interesse econômico da Inglaterra na independência
manufaturas face ao crescimento da produção colonial. das colônias; política de suspensão das restrições
e) as Treze Colônias criaram impedimentos à atuação in- de importações, seguida pelo governo de José Bo-
glesa no continente americano, delimitando a ação da naparte; aliança entre chapetones, colonos nascidos
metrópole exclusivamente às áreas de plantation do Sul. na Espanha, e criollos, nascidos nas colônias para
promover a independência.
12. UNESP – Assinale a alternativa que indica o movimen-
to que tornou mundialmente conhecidos os ideais re- 15. PUC-RS – O caudilhismo foi um fenômeno político pre-
presentativos dos direitos humanos reconhecidos e sente em parte da América hispânica no decorrer do

O
representados pela liberdade, igualdade e fraternidade: século XIX. É possível relacioná-lo com:

BO O
a) Independência dos Estados Unidos da América. a) os projetos federalistas, atuantes nas lutas de forma-

SC
ção e consolidação dos Estados nacionais.

M IV
b) Revolução Francesa.
b) a defesa das tradições indígenas locais, contra a do-
c) Cristianismo. minação cultural europeia e norte-americana.
d) Catolicismo.

O S
c) a proposta de unidade americana, formulada durante
e) Iluminismo. as lutas de independência.

D LU
d) a expansão dos interesses imperialistas norte-ameri-
13. FGV-SP – Sobre o México e o seu processo de eman- canos nas áreas de colonização ibérica do continente.
cipação política, é correto afirmar:
e) os anseios de democratização dos Estados nacionais,
a) foi iniciado em 1810, com forte caráter popular, e a partir da adoção de uma política econômica liberal.

O C
concluído em 1821, como um movimento de elite.
b) foi o único movimento de independência política co-
N X 16. UFU-MG – No início do século XIX, a independência
mandado por escravos, libertos e mestiços. da América espanhola ocorreu num contexto político
SI E
c) foi inspirado no princípio de unidade latino-americana internacional marcado por fatos. Dentre os fatos que
defendido por Simón Bolívar. favoreceram a independência da América espanhola,
d) serviu de referência para os demais movimentos podemos mencionar:
O

emancipatórios americanos pelo seu republicanismo. a) a Revolução Industrial espanhola.


e) foi marcado pela ausência de conflitos armados, ao b) a derrota dos americanos na Guerra de Independên-
EN S

contrário dos demais movimentos americanos. cia dos Estados Unidos.


c) o despotismo esclarecido.
E U

14. Ufscar-SP – A independência das colônias espanholas


da América deveu-se a diversos fatores. Assinale a op- d) o triunfo do absolutismo de direito divino na Espanha.
ção na qual todos os fatores relacionados contribuíram e) as guerras napoleônicas.
D E

para essa independência.


17. Fuvest-SP – Nas reivindicações dos movimentos políti-
A LD

a) política mercantilista da Espanha; influência da inde-


pendência brasileira; interesse dos Estados Unidos cos que levaram à independência dos países da América
no comércio das colônias espanholas. espanhola, encontram-se alguns traços comuns. Entre
eles, a:
b) monopólio comercial em benefício da metrópole; de-
sigualdade de direitos entre os criollos, nascidos nas a) proposta de igualdade social e étnica.
EM IA

colônias, e os chapetones, nascidos na Espanha; en- b) proposição de aliança com a França revolucionária.
fraquecimento da Espanha pelas guerras napoleônicas.
c) defesa da liberdade de comércio.
ST ER

c) influência das ideias políticas de Maquiavel; auxílio


militar brasileiro à independência dos territórios vizi- d) adoção do voto universal masculino.
nhos; exemplo da independência dos Estados Unidos. e) decisão de separar o Estado da Igreja.
SI AT

ESTUDO PARA O ENEM


18. UNESP C5-H24 O documento expõe o vínculo da luta pela independên-
“Todos os homens são criados iguais, dotados pelo cria- cia das Treze Colônias com os princípios:
M

dor de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a) liberais, que defendem a necessidade de impor re-
a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar gras rígidas de protecionismo fiscal.
esses direitos, entre os homens se instituem governos, que b) mercantilistas, que determinam os interesses de
derivam seus justos poderes do consentimento dos go- expansão do comércio externo.
vernados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a
c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e
destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá- de rebelião contra governos tirânicos.
-la ou aboli-la, e instituir um novo governo, assentando
d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a
seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus
lutar pela própria salvação.
poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabili-
e) católicos, que justificam a ação humana apenas em
dade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade.”
função da vontade e do direito divinos.
Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In:
Harold Syrett (Org.). Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.

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196

19. Fatec-SP C3-H11 “[...] não somos índios nem europeus, mas uma espécie
HISTÓRIA 1

Organizada com base na exploração estabelecida pelo intermediária entre os legítimos proprietários do conti-
mercantilismo metropolitano espanhol, a sociedade nente e os usurpadores espanhóis: em suma, sendo ame-
colonial apresentava, no topo da escala hierárquica: ricanos por nascimento e nossos direitos os da Europa,
temos de disputar estes aos do país e mantermo-nos nele
a) os criollos, grandes proprietários e comerciantes
que, por constituírem a elite colonial, participavam contra a invasão dos invasores – encontramo-nos, assim,
das câmaras municipais. na situação mais extraordinária e complicada.”
b) os chapetones, que ocupavam altos postos militares BOLÍVAR, Simón. Carta de Jamaica, 1815.
e civis.
c) os calpulletes, que ocupavam altos cargos adminis- Ao escrever esse texto, o autor refere-se à situação
trativos dos chamados ayuntamientos. ambígua dos:
d) os mestiços, que, por serem filhos de espanhóis, a) criollos, formados na tradição europeia, mas identi-
podiam estar à frente dos cargos político-adminis- ficados com o novo continente.

O
trativos. b) escravos negros americanos, que perderam seus

BO O
e) os curacas, donos de grande quantidade de terra, laços culturais com a África.

SC
que administravam os cabildos.

M IV
c) mulatos libertos nascidos na América, divididos entre
diferentes tradições culturais.
20. UFMG C3-H13
d) cholos, indígenas educados por europeus, afastados

O S
Leia este trecho: das suas raízes identitárias originais.

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SC
GETTY IMA
GES

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS


HISTÓRIA 2 O

4/9/19 10:32
1
198

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA
DO BRASIL: POVOS
HISTÓRIA 2

INDÍGENAS E EXPANSÃO
MARÍTIMA PORTUGUESA
BRASIL DE MUITOS POVOS INDÍGENAS

O
BO O
SC
• Brasil de muitos povos Normalmente, a história do Brasil é narrada tendo como marco inicial o ano de

M IV
indígenas 1500, colocando o interesse lusitano em explorar as terras e os grupos humanos
• Comunidades anteriores à atingidos pela expansão ultramarina como o início da história do Brasil. O desta-
chegada dos portugueses que dado a esse fato cria a impressão de que a história do nosso país está termi-

O S
• Comunidades posteriores nantemente ligada à da Europa, sem que haja qualquer elaboração mais complexa

D LU
à chegada dos portugueses acerca da contribuição dos nativos na constituição da sociedade brasileira.
• Portugal e a expansão Uma segunda perspectiva usa o ano de 1500 como referência, mas interpreta
marítima o descobrimento como um processo de conquista e interação entre portugueses,

O C
• Formação de Portugal indígenas, africanos e seus descendentes ou, em termos mais comuns na his-
toriografia moderna, com a chegada dos portugueses ao que hoje é o território
N X
• Estado moderno português
e Grandes Navegações brasileiro, deu-se o achamento e o consequente processo de construção do Brasil,
SI E
que prossegue até a atualidade. Muito mais coerente e completa, essa perspecti-
• Domínios portugueses no
va traz à tona a contribuição de outros povos além do europeu? Foram os nativos
Novo Mundo
que mostraram os caminhos das trilhas, o que e como se podia comer, como se
O

• Primeiros contatos entre


proteger, como caçar, entre outras tantas contribuições às intenções de conquista
portugueses e nativos
dos portugueses.
EN S

Esse enfoque num território formado pela união de diversos povos, em mo-
HABILIDADES
E U

mentos variados de sua história, está mais em consonância com as discussões


• Interpretar diferentes
teóricas e políticas do mundo contemporâneo. Isto não significa dizer que as ques-
representações gráficas e
tões relativas à exploração, inclusive capitalista, imposta a muitos desses povos
D E

cartográficas dos espaços


geográficos. não sejam importantes, elas são fundamentais. Entretanto, essa perspectiva é
A LD

importante para a compreensão das especificidades do Brasil no quadro do mun-


• Avaliar criticamente
do globalizado.
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
As migrações que presenciamos hoje podem ser de ordem natural, econômica,
política ou cultural, e ocorrem desde o início da história da humanidade. Assim,
EM IA

ambientais ao longo da
história. mesmo os primeiros habitantes do território brasileiro, chamados à época do des-
• Comparar pontos de vista
cobrimento de índios, vieram todos de outros lugares do mundo em fluxos migrató-
ST ER

expressos em diferentes rios oriundos, principalmente, da Ásia. Nesse sentido, é possível considerar linhas
fontes sobre determinado de explicação de seus deslocamentos para o continente americano. A mais aceita
aspecto da cultura. é aquela referente à passagem de grupos pelo Estreito de Bering, ligando a área
SI AT

• Interpretar historicamente que corresponde à Rússia ao Alasca, nos Estados Unidos. Outra linha de explicação
e/ou geograficamente trata de comunicações entre a área da Malásia e da Polinésia com as terras ame-
fontes documentais acerca ricanas por meio de navegação, existindo, além disso, movimentações marítimas
M

de aspectos da cultura. originárias da Austrália que teriam produzido certo povoamento da América.
• Identificar as manifesta- Tratar da história do Brasil é compreender diversos grupos humanos e suas
ções ou representações da interações a partir do século XVI. Alguns desses grupos se estabeleceram ante-
diversidade do patrimônio riormente e desenvolveram culturas que, no século XVI, passaram por acomoda-
cultural e artístico em ções e intervenções dos portugueses e dos povos africanos trazidos pelo tráfico
diferentes sociedades. negreiro lusitano.
Todas essas correntes levam em consideração a Era Glacial (de 28 mil a 10 mil
anos atrás), que teria congelado mares e diminuído o nível das águas do Oceano
Pacífico, permitindo passagens provisórias por ilhas atualmente submersas e por
conjuntos solidificados de água. Pesquisas de datação de ossadas humanas in-
formam, inquestionavelmente, a presença de comunidades humanas na América
desde pelo menos 13 mil anos.

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199

COMUNIDADES HUMANAS todo o continente americano. Sinais dessa diversidade


anterior à presença europeia podem ser demonstrados
ANTERIORES À CHEGADA

HISTÓRIA 2
nos estudos sobre as civilizações maia, asteca e inca –
DOS PORTUGUESES grupos humanos que atingiram o sedentarismo devido
Sobre a área correspondente ao Brasil, existem de- à sua complexidade organizacional –, além de povos
bates em torno da origem e da presença das primeiras nômades (atrelados à caça, pesca e coleta) e seminô-
comunidades humanas. O antropólogo Walter Neves de- mades, que desenvolviam agricultura de subsistência.
senvolveu uma teoria, calcada nos achados em Lagoa No Brasil, a diversidade foi significativa. Assim, pode-se
Santa (MG), em que afirma a precedência de caracteres assinalar a presença de um tronco humano conhecido
negroides nos primitivos habitantes do país. O crânio de por tupi. Existiam várias comunidades que falavam varia-
uma mulher, denominada Luzia, seria a prova definitiva ções da estrutura linguística tupi. Dentre tais comunida-
dessa anterioridade. O crânio foi datado em 11 500 anos, des, destacaram-se os Carijó, os Tupinambá, os Potigua-
o mais antigo encontrado em terras brasileiras.

O
ra, os Caeté, os Tape e os Tabajara, entre outros. Havia

BO O
Boa parte dos estudos genéticos a respeito dos também grupos que não tinham a estrutura da fala cal-

SC
povos indígenas os aproxima de grupos asiáticos, indi- cada no tupi. Estes eram chamados de Tapuia (palavra

M IV
cando outras possibilidades de entendimento da pre- indígena para bárbaros) pelos Tupi.
sença humana no Brasil. Isso poderia contribuir para a A partir da colonização, a população de nativos di-
defesa de outras linhas de interpretação da chegada

O S
minuiu dramaticamente. Principalmente pelas doenças
dos homens à América, como já mencionado. trazidas pelos europeus e pela caçada de índios, que

D LU
Além do povo de Luzia, há outro povo pré-colonial eram escravizados. Também, porque as armas trazidas
que se tornou bastante conhecido por pesquisas ar- pelos europeus foram utilizadas em guerras internas
queológicas, mas que não sobreviveu até a chegada dos povos indígenas brasileiros, que não deixaram de

O C
dos europeus, tendo desaparecido bem antes. É o cha- ter suas próprias rivalidades após o início do processo
mado povo dos sambaquis. de colonização. Com o crescimento do país, a constru-
N X
DB_PV_V1_HIS2_M01_M002 ção do Estado nacional e a posterior urbanização, os
SI E
Prováveis rotas do ser humano para o Brasil

indígenas foram sempre marginalizados e seguiram
OCEANO GLACIAL ÁRTICO sendo massacrados pelo avanço da agropecuária.
O

Círculo Polar Ártico


20 mil
anos 14 mil
anos COMUNIDADES POSTERIORES À
EN S

CHEGADA DOS PORTUGUESES


EUROPA AMÉRICA
ÁSIA
DO NORTE
OCEANO
ATLÂNTICO
As comunidades indígenas se organizavam em tribos
E U

Trópico de Câncer
60 mil OCEANO
Equador
ÁFRICA anos
PACÍFICO 12 mil
anos

que, com frequência, se comunicavam, mas mantinham
70 mil
anos OCEANO AMÉRICA sua autonomia. Cultivavam mandioca, batata-doce, abó-
D E

Trópico de Capricórnio
ÍNDICO DO SUL
OCEANIA
12 mil
bora e milho, porém eram atividades complementares
Greenwich

anos
e isso não impedia o deslocamento de tais grupos pelo
A LD

Grupos humanos com morfologia Escala aproximada N território. Sendo assim, conheciam trilhas e se desloca-
NO NE
similar a australianos e africanos 1: 480 000 000
0 3 095 km O L
vam com relativa facilidade.
Grupos humanos com morfologia
similar a asiáticos a americanos atuais Cada cm = 3 095 km
SO
S
SE É possível afirmar que grupos de horticultores se
EM IA

Representação da possível rota que teria dado origem à história do estabeleceram entre 6 000 e 5 000 anos atrás nas ter-
ser humano no Brasil. NEVES, Walter; HUBBE, Mark. Os primeiros da ras que correspondem ao Brasil e conseguiram produzir
América. In: Nossa História, ano 2, n. 22, ago. 2005. p. 17. (Adaptado) cerâmicas que atendiam às necessidades utilitárias (re-
ST ER

Base cartográfica: IBGE. cipientes de água e alimento). Além disso, os Tapuia (ex-
pulsos pelos Tupi) e os próprios Tupi produziram com ma-
Sambaquis são montes formados por conchas, mo- teriais orgânicos suas malocas, balaios e outros objetos.
SI AT

luscos, esqueletos de animais e humanos, utensílios O padre jesuíta Antônio Vieira, no século XVI, chegou
de pedra ou osso, resultado de um acúmulo proposital a afirmar em seus sermões que os indígenas viviam com
de grupos humanos. Há formações parecidas em diver- uma árvore, pois com as folhas e as cascas faziam sua
M

sos lugares do mundo. No Brasil o destaque é para a re- casa, com o tronco suas embarcações, com os galhos
gião de Santa Catarina, onde se encontram os maiores suas armas e com os frutos o alimento. Percebe-se uma
acúmulos do mundo. Alguns pesquisadores dizem que ordem ecológica à qual o nativo estava integrado e da
esses montes eram depósitos do que era considerado qual conseguia seu sustento sem que houvesse grande
lixo, outros acham que se tratava de acampamentos dano à natureza.
temporários, e há também aqueles que dizem serem As atividades das aldeias eram compartilhadas por
os sambaquis uma estrutura de sepultamento. homens e mulheres. Normalmente, elas cuidavam das
O que se pode afirmar com certeza é a diversidade sig- crianças e dos idosos, preparavam os alimentos e traba-
nificativa de povos na região onde hoje fica o Brasil. Havia lhavam na coleta e na agricultura. Aos homens cabia a
diversas organizações sociais, de ordenamentos políticos defesa da comunidade, a caça, a pesca, o preparo de er-
e de estágios de desenvolvimento técnico diferentes por vas para as festividades da aldeia, entre outros afazeres.

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200

A guerra era constante e fazia parte da afirmação A primeira dinastia portuguesa foi constituída pela
das identidades e da renovação do grupo e incluía nis- família de Borgonha, que continuou as guerras contra
HISTÓRIA 2

so, em alguns casos, a realização de rituais antropofá- os mouros (islâmicos), sendo estas campanhas milita-
gicos. Enquanto os grupos tupis e não tupis (tapuias) res justificadas pelo espírito cruzadista da época. Entre
edificavam sua história nas terras que correspondem 1139 e 1383, a dinastia de Borgonha constituiu o terri-
atualmente ao Brasil, um povo na Europa, os lusitanos, tório português e assistiu ao incremento da atividade
desenvolvia uma história diferente. comercial em seus domínios, pois suas terras partici-
pavam de um circuito comercial que tinha como força
ANTROPOFAGIA: UMA QUESTÃO CULTURAL gravitacional o Mar Mediterrâneo. Lisboa já se tornava
De todos os aspectos culturais dos nativos indíge- entreposto da rota comercial que se dirigia para a Euro-
nas, o que mais causou espanto, medo e curiosidade pa setentrional.
nos europeus foi o ritual de antropofagia praticado por As crises dos séculos XIV e XV – pestes, fome e
alguns povos, ato em que um ser humano é devora-

O
guerras (como a Guerra dos Cem Anos) – alteraram o

BO O
do por outros. Considerada extrema e anticristã pelos panorama do comércio europeu em relação à distri-

SC
habitantes do Velho Mundo, tal prática tinha alcançado buição de mercadorias, desviando as rotas comerciais

M IV
status de celebração entre os Tapuia e os Tupi. para o Oceano Atlântico e o Estreito de Gibraltar. As ro-
Com base na vingança e no desejo de manter as tas terrestres que ligavam as cidades italianas à região
qualidades físicas e intelectuais do capturado, os índios

O S
de Flandres se esvaziaram, enquanto Portugal foi bene-
realizavam grandes cerimônias, testemunhadas pelo ficiado pela intensificação da atividade mercantil, o que

D LU
alemão Hans Staden, que viveu como prisioneiro dos contribuiu para fortalecer um novo segmento social: a
Tupinambá entre 1554 e 1557. burguesia mercantil.
Os reis de Borgonha viam nesse grupo a possibili-
MODOS DIFERENTES DE VIVER

O C
dade de fortalecer-se economicamente, passando a
No Brasil havia muitos povos com variadas cultu-
N X estimulá-lo; enquanto isso, a nobreza agrária via seus in-
ras. É um erro reduzi-los somente a uma palavra: ín-
teresses prejudicados pela intensificação do êxodo rural.
dio. Na verdade, a expressão surgiu na errônea visão
SI E
europeia de que as Américas seriam as Índias e, por
decorrência, seus habitantes, os índios. Isso criou um ESTADO MODERNO PORTUGUÊS E
O

conceito errôneo da visão eurocêntrica de que todos GRANDES NAVEGAÇÕES


os povos que habitavam o continente tinham o mes-
EN S

Somente após a Revolução de Avis (1383-1385)


mo modo de vida.
que Portugal se estruturou como um Estado moder-
E U

Tanto no Brasil como no resto das Américas viviam


no, funcionando com uma monarquia centralizada, o
variados povos com culturas muito diferentes entre si,
que foi importantíssimo para as Grandes Navegações.
e desconhecidas pelos europeus, o que causou grande
D E

Essa monarquia passou a apoiar a atividade comercial,


espanto a eles. O antropólogo Darcy Ribeiro fez uma
pois estava interessada em controlar, primeiro, as ro-
A LD

análise sobre o contato dessas culturas com a dos re-


tas comerciais no norte da África e, depois, as rotas
cém-chegados portugueses.
para as Índias. Para tanto, foram mais de setenta anos
de investimentos em tecnologias marítimas sem que
PORTUGAL E A EXPANSÃO
EM IA

houvesse algum retorno. Até que os portugueses con-


seguiram seus primeiros sucessos, como foi o caso da
MARÍTIMA tomada de Ceuta pelos lusitanos em 1415, marco inicial
ST ER

Os europeus, e precisamente os portugueses, che- da era das navegações.


garam à costa brasileira. Fará descobertas incríveis so- A Revolução de Avis beneficiou principalmente no-
bre os bastidores das Grandes Navegações e, assim, bres e burgueses. No caso da burguesia, as atividades
SI AT

compreenderá as circunstâncias que levaram Portugal a comerciais passavam a ser garantidas pelo Estado, que
tomar a frente nesse processo histórico e como foram também era abastecido de mais recursos com o bom
os primeiros contatos entre eles e os povos nativos do desempenho dos mercadores. Dessa forma, o Estado
M

chamado Novo Mundo. passava a promover ações com o intuito de atender às


demandas mercantis.
FORMAÇÃO DE PORTUGAL Assim, iniciou-se o périplo africano, a aventura portu-
A história de Portugal remonta à Idade Média, quan- guesa na costa da África que buscava uma rota alterna-
do grupos de guerreiros cristãos se dirigiram à Penín- tiva para conseguir os produtos valorizados na Europa,
sula Ibérica, interessados em combater os islâmicos e produzidos no Oriente e controlados pelos mercadores
conquistar terras. Dessas campanhas militares surgi- das cidades do norte da Itália, como Gênova e Veneza.
ram pequenos reinos cristãos na parte mais setentrio- Aos poucos, os lusitanos exploraram o litoral ocidental
nal da península. Dentre eles, nasceu Portugal, origina- africano, construindo feitorias e entabulando relações
do da ruptura entre o Condado Portucalense e o reino com vários grupos daquele continente. Os ganhos com
de Leão, em 1139. a exploração desse litoral financiavam novas expedições.

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201

A cidade de Ceuta, no norte da África. Sendo um Essa expedição foi sigilosa, pois havia uma con-
grande entreposto comercial de ouro em pó e marfim, corrência em curso entre Portugal e Espanha. Os es-

HISTÓRIA 2
Portugal tencionava tomá-la dos controladores árabes, panhóis tinham iniciado sua expansão ultramarina com
já que sua importância maior estava associada à sua Cristóvão Colombo, em 1492. Embora Colombo afir-
posição estratégica, tornando-se ponto comercial marí- masse ter atingido o Oriente, as desconfianças eram
timo de passagem entre o norte e o sul da Europa. várias e Portugal exigia um acordo com a Espanha para
O próximo passo constituía-se em superar o temido definição de áreas exclusivas de exploração marítima.
cabo Bojador, local onde tantas embarcações haviam A primeira tentativa de acordo foi estabelecida pelo
desaparecido, incapazes de se distanciar das correntes papa Alexandre VI, a Bula Inter Coetera (1493). Por esse
marítimas que as jogavam contra o litoral. Sua conquis- documento, seriam contadas cem léguas a oeste das
ta foi dificultada como resultado da passagem do He- ilhas de Cabo Verde e traçado um meridiano de polo a
misfério Norte para o Hemisfério Sul, exigindo que os polo. As terras situadas a oeste desse meridiano seriam

O
portugueses reaprendessem a navegar nessa região, da Espanha, e as outras de Portugal. Contudo, por con-

BO O
visto que correntes marítimas, ventos e estrelas se selho de Duarte Pacheco Pereira, entre outros, Portugal

SC
comportavam de forma distinta. não aceitou, pois a ideia era a de que a medida de cem

M IV
Conforme avançavam pela costa africana, os por- léguas era muito pequena para definir as áreas de exclu-
tugueses construíam ao longo dela feitorias, pontos sividade com Portugal recebendo a parte situada a leste.

O S
comerciais fortificados que permitiam aos navega- O resultado da pressão portuguesa foi a assinatura do
dores dar continuidade às conquistas náuticas e au- Tratado de Tordesilhas (1494), que estabeleceu o meri-

D LU
ferir ganhos que patrocinavam novas expedições. diano a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.
Os resultados desse financiamento não tardaram. En- Assim, Duarte Pacheco Pereira, cristão-novo (judeu
tre 1487 e 1488, Bartolomeu Dias, a serviço de Portu- recém-convertido), realizou uma expedição secreta

O C
gal, conseguiu transpor o cabo das Tormentas no Ex- para averiguar o que coube a Portugal pelo Tratado de
tremo Sul do continente africano, o qual foi rebatizado
N X Tordesilhas, tendo atingido a região do atual estado do
como cabo da Boa Esperança, pois estava aberto o Maranhão em 1498.
SI E
caminho para as Índias. A viagem de Vasco da Gama, A expedição oficial só chegou à costa brasileira, con-
em 1498, confirmou a expectativa da Coroa portugue- duzida por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500.
O

sa, pois o navegador atingiu Calicute, cidade localizada Eram iniciados, assim, os primeiros contatos com os
no subcontinente indiano, conseguindo produtos por nativos em uma história de integrações e intolerâncias
EN S

preços baixos em relação aos trazidos por meio das ro- que delinearam, com base em interesses econômicos
tas mediterrânicas. Com isso, Lisboa tornou-se rival de e religiosos lusitanos.
E U

Veneza, superando o comércio veneziano.


PRIMEIROS CONTATOS ENTRE PORTUGUESES
E NATIVOS
D E

DOMÍNIOS PORTUGUESES NO NOVO MUNDO


Os portugueses estabeleceram feitorias ao longo
A LD

No mesmo ano de 1498, outra expedição foi finan- do litoral, a exemplo do que já realizavam no continente
ciada pela Coroa lusitana e mantida em sigilo por muito africano, entregando espelhos, correntes, machados,
tempo. O comandante dessa viagem era considerado facas e outros artigos aos nativos em troca da madeira
um dos maiores cosmógrafos europeus, Duarte Pache- avermelhada, chamada pau-brasil. Encontrada na Mata
EM IA

co Pereira. Atlântica, era utilizada nas tinturarias europeias, pois


Tal expedição resultou em um relatório entregue ao dela se extraía um corante natural vermelho-púrpuro,
ST ER

rei e denominado Esmeraldo de situ orbis, em que o muito valorizado na Europa.


navegador relatava o que havia encontrado. Mencionou Em 1501, a Coroa portuguesa decretou o monopólio
a existência de uma terra, apresentando características real da exploração da madeira, ou seja, só as pessoas
SI AT

de sua fauna e flora, além de tratar de grupos humanos autorizadas pela Coroa poderiam retirar a madeira me-
ali localizados. Esse documento foi a primeira referên- diante pagamento de tributo. Esses primeiros momen-
cia portuguesa a um território no continente americano, tos da presença portuguesa no Brasil não implicaram o
M

representando um marco de inauguração dos contatos povoamento lusitano, por isso ficou conhecido como
portugueses que construíram o Brasil. fase pré-colonial de nossa história (1500-1532).

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202

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

BRASIL DE MUITOS
POVOS INDÍGENAS

Origem dos diversos grupos humanos:

O
BO O
Povos vindos principalmente da Ásia.

SC
Primeiras

M IV
comunidades
Fenótipo:

O S
Caracteres negroides.

D LU
Principais troncos:

O C
Macrotupi e Macrogê.
N X
SI E
Comunidades:

Carijó, Tupinambá, Potiguara, Caeté, Tape, Tabajara e Tapuia.


O
EN S

Comunidades
E U

indígenas
Organização da vida material e espiritual:
D E

Cultivo de alimentos (batata, mandioca, abóbora), produção de objetos


A LD

(cerâmicas e materiais orgânicos), ordem ecológica, divisão do trabalho

entre homens e mulheres, rituais.


EM IA
ST ER

Significado de antropofagia:
SI AT

Alimentar-se de carne humana para adquirir simbolicamente as qualida-


M

des do guerreiro morto.

Antropofagia e
diversidades culturais

Evento histórico desestabilizador:

Contato entre nativos e europeus.

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203

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
PORTUGAL E
EXPANSÃO MARÍTIMA

Ruptura entre o Condado Portucalense e o Reino de Leão (1139), dinastia

O
BO O
portuguesa – família Borgonha.

SC
Formação de Portugal

M IV
O S
D LU
O C
Estruturação do Estado moderno (centralização monárquica) após a Re-
N X volução de Avis (1383-1385), promoção de demandas mercantil (périplo
SI E
africano), expansão ultramarina – garantiu ascensão econômica.
O

Estado moderno
EN S

português e
Grandes Navegações
E U
D E
A LD

Início de outra expedição (1498) – continente americano, Tratado de Tor-


EM IA

desilhas (1494) – atingiu a região do Maranhão em 1498, chegada da


ST ER

expedição oficial ao Brasil (1500) com Pedro Álvares Cabral.


Domínio português
do Novo Mundo
SI AT
M

Portugueses não conheciam a vida tribal, primeiros contatos baseados

no escambo (trocavam artigos por madeira – pau-brasil), declararam o


Portugueses e nativos
monopólio real da exploração de madeira (1501) – rota de exploração eco-

nômica.

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204

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. UFPB – Sobre os povos indígenas no Brasil, pode-se d) os tupis do litoral não precisavam conhecer a agricul-
afirmar: tura porque tinham pesca abundante e muitos frutos
I. Eles viviam em aldeias formadas por grandes casas, do mar de conchas, que formaram os “sambaquis”.
cada uma delas habitada por dezenas de pessoas liga- e) os índios brasileiros, como um todo, não tinham ho-
das pelo casamento e parentesco. Embora não tives- mogeneidade nas suas variadas culturas e nações.
sem chefes formais, os seus grandes guerreiros deti- Como visto neste módulo, não havia unidade entre os povos indí-
nham um enorme prestígio, o que lhes permitia alguns genas. Eram todos nativos, mas as semelhanças paravam por aí.
Muitos, inclusive, eram rivais históricos.
privilégios, como o de possuírem várias esposas.
II. Alguns desses povos, como os Potiguara da Paraíba,
ofereceram grande resistência à colonização portugue-
sa, enquanto outros, como os Tupiniquim de São Paulo, 4. PUC-RS – Para responder à questão, considere as afir-
apoiaram os europeus em suas guerras contra outros mações sobre a viagem de Pedro Álvares Cabral, que

O
povos tupis. Os portugueses utilizaram muito bem as aportou no litoral brasileiro em abril de 1500, dando ori-

BO O
rivalidades entre os índios como arma de conquista. gem ao “descobrimento do Brasil”.

SC
III. Os tupis possuíam uma economia bastante simples, I. A expedição foi um empreendimento estatal co-

M IV
baseada no cultivo de plantas, como trigo e milho, e mandado e controlado pela Coroa portuguesa, sem
na criação de pequenos animais, como cabras e gali- que houvesse participação de investimentos priva-
nhas. Algumas aldeias possuíam pequenos celeiros, dos na sua montagem e execução.

O S
onde a produção era armazenada e monopolizada
II. A viagem de Cabral contou com o apoio da Igreja
pelos chefes hereditários.

D LU
Católica, que desejava expandir o cristianismo para
Está(ão) correta(s) apenas: além da Europa; ademais, o reconhecimento oficial
a) II. c) I. e) III. da Igreja conferia legitimidade às novas conquistas.
III. A escolha do comandante da esquadra portugue-

O C
b) II e III. d) I e II.
sa teve como principais critérios a competência e
A terceira afirmativa está incorreta ao mencionar o trigo (que não existia a experiência profissional de Cabral, sinalizando o
N X
nas Américas) e a armazenagem de provisões em celeiros monopoliza-
dos por chefes hereditários.
2. Vunesp C1-H1
rompimento do Estado português com os privilé-
gios aristocráticos na sua burocracia.
SI E
Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do pro- IV. A expedição tinha como objetivo final estabelecer
rotas comerciais de especiarias com o Oriente; a
cesso colonizador. O europeu, com visão de mundo cal-
“descoberta do Brasil”, porém, estava entre os re-
O

cada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua


sultados possíveis, devido ao interesse português
cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de em controlar a navegação no Atlântico Sul.
EN S

meados do século XVI, há um decréscimo da população


indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Estão corretas apenas as afirmativas:
E U

Os fatores que mais contribuíram para o citado decrés- a) I e II. d) I, III e IV.
cimo foram: b) II e IV. e) II, III e IV.
D E

a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas mi- c) I, II e III.


nas de prata do Potosi. Todo o projeto das Grandes Navegações teve investimentos priva-
A LD

dos, especialmente de banqueiros venezianos e genoveses. Tam-


b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e bém é incorreto dizer que o Estado português tenha rompido com a
entre índios e brancos. sua burocracia aristocrática.
c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o
espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais.
EM IA

5. FEI-SP – O processo de expansão marítima da Penín-


d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a explora-
ção do trabalho indígena na extração da borracha. sula Ibérica iniciou-se ainda nos fins da Idade Média. A
Espanha, ainda dividida e tendo parte de seu território
ST ER

e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a ocupado pelos mouros “andou atrás” de Portugal.
escravidão dos índios era praticada, prioritariamente,
por grupos que viviam nas áreas litorâneas e que es- Podemos afirmar que foram fatores decisivos do pio-
tavam, portanto, mais sujeitos a influências culturais neirismo português em termos expansionistas, exceto:
de povos residentes fora da América.
SI AT

A análise correta desse processo de extermínio dos nativos é aquela


a) O processo de centralização política e administrativa
que leva em conta tanto as doenças quanto a escravização. Também é precoce do país, a partir da Revolução de Aviz.
correto dizer que os povos nativos do litoral estavam mais vulneráveis b) A presença de uma nobreza fortalecida que, a partir
à ação do colonizador. dos impostos feudais, propiciou o capital necessário
M

Competência: Compreender os elementos culturais que constituem


as identidades. à empreitada expansionista.
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes c) A formação de quadros preparados para as grandes
documentais acerca de aspectos da cultura. aventuras marítimas na Escola de Sagres.
3. FGV-SP – Com relação aos indígenas brasileiros, pode-
-se afirmar que: d) O contato e o aproveitamento da cultura moura por
parte dos portugueses.
a) os primitivos habitantes do Brasil viviam na etapa pa-
leolítica do desenvolvimento humano. e) O incentivo governamental à expansão.
Houve, em Portugal, uma centralização política pioneira com relação
b) os índios brasileiros não aceitaram trabalhar para os ao resto da Europa, e com isso havia uma capacidade de investimen-
colonizadores portugueses na agricultura não por to estatal que, por mais de 70 anos, incentivou os estudos necessá-
preguiça, e sim porque não conheciam a agricultura. rios às Grandes Navegações, aproveitando muito do conhecimento
dos chamados “mouros”, os muçulmanos que chegaram à Península
c) os índios brasileiros falavam todos a chamada “língua Ibérica durante a expansão islâmica. O grande símbolo dessa em-
geral” tupi-guarani. preitada é a Escola de Sagres. Mal comparando, é a Nasa de Portu-
gal no início da modernidade.

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205

6. Cesgranrio-RJ – Com a expansão marítima dos sécu- d) a projeção da autoridade soberana e centralizadora

HISTÓRIA 2
los XV/XVI, os países ibéricos desenvolveram a ideia de das respectivas coroas e sobre tudo e todos situados
“império ultramarino” significando: no interior desse “império”.
a) a ocupação de pontos estratégicos e o domínio das e) a junção da autoridade temporal com a espiritual atra-
rotas marítimas, a fim de assegurar a acumulação do vés da criação do Império da Cristandade.
capital mercantil. A questão exige atenção, há outras alternativas que em si estão cor-
retas, mas que não estão relacionadas ao conceito de “Império Ultra-
b) o estabelecimento das regras que definem o Siste- marino”. Esse é um conceito que leva o poder das metrópoles a todos
ma Colonial nas relações entre as metrópoles e as os seus territórios pelo mundo, e é algo que se manteve vivo até os
demais áreas do “império” para estabelecer as ideias anos 70 do século XX! A ditadura de Salazar em Portugal, por exemplo,
de liberdade comercial. proclamava uma nação ultramarina.

c) a integração econômica entre várias partes de cada


“império” através do comércio intercolonial e da livre
circulação dos indivíduos.

O
BO O
SC
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

M IV
7. UFSM-RS – Sobre a organização econômica, social e a) sendo nômades, ocuparam a faixa amazônica, des-

O S
política das comunidades indígenas brasileiras, no perío- locando-se durante milhares de anos, do Marajó a
do inicial da conquista do território pelos portugueses, é Piratininga.

D LU
correto afirmar: b) sedentários, viviam da coleta de recursos marítimos
I. Os nativos viviam em regime de comunidade primi- e de pequenas caças.
tiva, em que a terra era de propriedade privada dos c) as pesquisas arqueológicas demonstram que tais po-
casais e os instrumentos de trabalho eram de pro-

O C
vos desenvolveram instrumentos de pedra polida e
priedade coletiva. de ossos.
N X
II. A divisão das tarefas era por sexo e por idade; as
mulheres cozinhavam, cuidavam das crianças, plan-
d) na chegada dos primeiros invasores europeus, esses
povos já se encontravam subjugados por outros gru-
SI E
tavam e colhiam; os homens participavam de ativida- pos sedentários.
des guerreiras, da caça, da pesca e da derrubada da e) esses povos viveram na faixa litorânea, entre o Es-
floresta para fazer a lavoura. pírito Santo e o Rio Grande do Sul, basicamente dos
O

III. A sociedade era organizada em classes sociais, sen- recursos que o mar oferecia.
do o excedente da produção controlado pelos chefes
EN S

das aldeias, responsáveis pela distribuição dos bens 10. Unioeste-PR – Quanto aos índios brasileiros, a partir
entre os indígenas. dos estudos sociológicos já feitos e existentes hoje,
E U

IV. Os indígenas brasileiros não praticavam o comércio está correto dizer que:
pois tudo que produziam destinava-se à subsistên- a) estão em via de extinção posto serem culturas primi-
cia, realizando apenas trocas rituais de presentes. tivas e atrasadas com relação à sociedade brasileira,
D E

Está(ão) correta(s): daí se inviabilizarem como grupo social.


A LD

a) apenas I e II. d) apenas IV. b) não há mais índios no país, posto que só existiram
índios quando da descoberta do Brasil e no período
b) apenas I e III. e) apenas II e IV. Colonial, quando pelas guerras, doenças e outros
c) apenas III. fatores advindos do contato com os colonizadores,
vieram a se extinguir.
EM IA

8. UFES – Os Tupiniquim, uma das maiores nações indí- c) apesar das desigualdades sociais imensas que so-
genas brasileiras, possuíam as seguintes características freram e sofrem, marginalizando-os, eles continuam
no período colonial:
ST ER

presentes marcando, atualmente, muito melhor suas


I. Viviam da pesca, da caça, da coleta de frutos e raízes identidades e pertencimentos culturais específicos,
proporcionada pelas florestas e matas. abrindo e conquistando espaços políticos dentro da
II. Tiveram suas manifestações culturais, tradições e ri- sociedade brasileira.
SI AT

tos cerceados, nas regiões onde foram encampados d) não mais existem índios no Brasil, pois que todos
pelos aldeamentos jesuítas. eles já entraram na sociedade brasileira, adquirindo
III. Exploravam latifúndios respeitados pela colonização os bens e serviços desta, daí não haver mais nenhu-
branca e viviam pacificamente com os portugueses ma cultura indígena pura, verdadeira, a qual possa-
M

no interior do Brasil. mos nos referir como legitimamente indígena.


IV. Ocupavam parte do litoral brasileiro, na faixa com- 11. UFU-MG – A questão da demarcação de terras indíge-
preendida entre o sul da Bahia e o Paraná.
nas tem ao longo do tempo suscitado diversos confli-
Em relação às proposições acima, está correto o que tos. Mais recentemente, observou-se a possibilidade de
se afirma: modificar os critérios de demarcação, pois, conforme
a) apenas em I, II e III. d) apenas em I, II e IV. seus críticos, os regulamentos vigentes possibilitariam
a ação de “indígenas civilizados”, ou seja, aqueles que
b) apenas em II, III e IV. e) em todas elas. supostamente teriam perdido sua identidade indígena,
c) apenas em I, III e IV. e que agora a reivindicavam com o intuito de obter ter-
ras. No centro deste debate, encontra-se a definição do
9. FGV-SP – Sobre os povos dos sambaquis, é incorreto que é ser indígena, enfim, a definição dos critérios defi-
afirmar que: nidores de uma etnia:

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206

Para os estudos antropológicos atuais, define-se uma a) novos caminhos para o Oriente, novos mercados,
HISTÓRIA 2

etnia por meio da: metais preciosos e propagar a fé cristã.


a) identificação da presença de traços fenotípicos co- b) escravos africanos, cana-de-açúcar, metais preciosos
muns a uma população, atrelados ao cultivo de uma e catequizar os indígenas.
tradição cultural. c) escravos e ouro, desvendar os segredos dos ma-
b) ocupação territorial de um país específico e pela per- res e descobrir correntes marítimas desconheci-
sistência de traços culturais tradicionais. das.
c) identificação de uma concepção, partilhada por uma d) ouro e marfim, expandir o protestantismo e romper o
população, da existência de uma trajetória histórica monopólio árabe-veneziano no Mediterrâneo.
comum que funda uma identidade. e) pau-brasil, testar os novos conhecimentos náuticos e
d) identificação de traços raciais comuns a uma popula- conhecer novas rotas.
ção, aliados a elementos culturais específicos.
15. PUC-MG – O expansionismo marítimo europeu, nos sé-

O
12. UECE – A descoberta de novas terras por navegadores culos XV-XVI, gerou uma autêntica “Revolução Comer-

BO O
portugueses e espanhóis alimentou a imaginação dos cial”, caracterizada por, exceto:

SC
europeus e fomentou uma visão paradisíaca do Novo a) Incorporação de áreas do continente americano e

M IV
Mundo. Com respeito a esta “visão do paraíso” nos tró- africano às rotas tradicionais do comércio.
picos, é correto afirmar: b) Ascensão das potências mercantis atlânticas, como
a) Os europeus esperavam encontrar monstros e outras Portugal e Espanha.

O S
entidades mitológicas, o que se confirmou na presença c) Afluxo de metais preciosos da América para o Orien-
de animais pré-históricos e seres humanos estranhos.

D LU
te, resultante do escambo de mercadorias.
b) Os temores com relação ao inesperado levavam mui- d) Deslocamento parcial do eixo econômico do Mediter-
tas vezes os europeus a demonstrar uma violência de- râneo para o Atlântico.
sumana contra os nativos do chamado Novo Mundo.
e) Perda do monopólio do comércio de especiarias por

O C
c) As descrições dos novos territórios, com suas florestas parte dos italianos.
exuberantes e seus pássaros exóticos, vinham confir-
N X
mar as expectativas de descoberta do Paraíso na Terra.
d) O encontro com seres de uma nova cultura, em um
16. Fuvest-SP – O período 1450-1550, de transição da Me-
dievalidade para a Modernidade, conheceu dentre ou-
SI E
ambiente natural diferente, criou um clima propício tras características:
ao entendimento mútuo e ao respeito pela vida hu-
a) decadência econômica e racionalização da vida religiosa.
mana, como era pregado pelos religiosos europeus.
O

b) revalorização do aristotelismo e consolidação do Es-


13. UERJ – O mundo conhecido pelos europeus no século tado absolutista.
EN S

XV abrangia apenas os territórios ao redor do Mediter- c) forte efervescência religiosa e intensa expansão comercial.
râneo. Foram as navegações dos séculos XV e XVI que
E U

d) avanço do liberalismo burguês e recuo do feudalismo.


revelaram ao Velho Mundo a existência de outros conti- e) hegemonia europeia francesa e despontar da arte gótica.
nentes e povos.
D E

Um dos objetos dos europeus, ao entrarem em comuni- 17. UEL-PR – Por volta do século XVI, associa-se à formação
cação com esses povos, era a: das monarquias nacionais europeias:
A LD

a) busca de metais preciosos, para satisfazer uma Euro- a) a demanda de protecionismo por parte da burguesia
pa em crise. mercantil emergente e a circulação de um ideário po-
lítico absolutista.
b) procura de escravos, para atender à lavoura açucarei-
ra nos países ibéricos. b) a afirmação político-econômica da aristocracia feudal
EM IA

e a sustentação ideológica liberal para a centralização


c) ampliação de mercados consumidores, para desafo-
do Estado.
gar o mercado saturado.
c) as navegações e conquistas ultramarinas e o desejo de
ST ER

d) expansão da fé cristã, para combater os infiéis con-


implantação de uma economia mundial de livre mercado.
vertidos ao protestantismo.
d) o crescimento do contingente de mão de obra cam-
14. Unirio-RJ – Inúmeros escritores e poetas portugueses re- ponesa e a presença da concepção burguesa de dita-
SI AT

trataram o imaginário que acompanhou o homem ibérico na dura do proletariado.


sua aventura pelos mares nunca dantes navegados. Temo- e) o surgimento de uma vanguarda cultural religiosa e
res e fantasias não o impediram de se lançar às águas do a forte influência do ceticismo francês defensor do
mar Oceano, arriscando-se em busca, principalmente, de: direito divino dos reis.
M

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C1-H2 [...] É preciso congelar essas ideias colonizadoras, porque elas
Os textos referem-se à integração do índio à chamada são irreais e hipócritas e também genocidas. [...] Nós, índios,
civilização brasileira. queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua,
I.“Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de nos nossos costumes.”
um pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal Articulador dos
social e até fisicamente. A justificativa é a de que somos ape- Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas,
nas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus. Folha de S.Paulo, 31 de agosto de 1994.

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207

II.“O Brasil não terá índios no final do século XXI [...] E por A observação do cronista português Pero de Magalhães

HISTÓRIA 2
que isso? Pela razão muito simples que consiste no fato de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R
o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades na língua mencionada demonstra a:
primitivas que existiram no mundo. A história não é outra a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.
coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem,
por conta própria ou por difusão da cultura, a passar do pa- b) dominação portuguesa imposta aos índios no início
da colonização.
leolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio civilizatório.”
Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S.Paulo, 2 de setembro c) superioridade da sociedade europeia em relação à
de 1994. sociedade indígena.

Pode-se afirmar, segundo os textos, que: d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas
pelos portugueses.
a) Tanto Terena quanto Jaguaribe propõem ideias ina-
dequadas, pois o primeiro deseja a aculturação feita e) dificuldade experimentada pelos portugueses no
pela “civilização branca”, e o segundo, o confinamen- aprendizado da língua nativa.

O
to de tribos.

BO O
b) Terena quer transformar o Brasil numa terra só de 20. PUC-SP C1-H1

SC
índios, pois pretende mudar até mesmo a língua do “Quem quer passar além do Bojador,

M IV
país, enquanto a ideia de Jaguaribe é anticonstitucio-
nal, pois fere o direito à identidade cultural dos índios. Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

O S
c) Terena compreende que a melhor solução é que os
brancos aprendam a língua tupi para entender melhor Mas nele é que espelhou o céu.”

D LU
o que dizem os índios. Jaguaribe é de opinião que,
até o final do século XXI, seja feita uma limpeza étni- PESSOA, Fernando. “Mar Português”. In: Obra poética. Rio de Janeiro:
ca no Brasil. José Aguilar, 1960. p. 19.
d) Terena defende que a sociedade brasileira deve res-

O C
peitar a cultura dos índios e Jaguaribe acredita na ine- O trecho de Fernando Pessoa fala da expansão marítima
vitabilidade do processo de aculturação dos índios e portuguesa. Para entendê-lo, devemos saber que:
N Xde sua incorporação à sociedade brasileira
e) Terena propõe que a integração indígena deve ser
a) “Bojador” é o ponto ao extremo sul da África e
que atravessá-lo significava encontrar o caminho
SI E
lenta, gradativa e progressiva, e Jaguaribe propõe para o Oriente.
que essa integração resulte de decisão autônoma b) a “dor” representa as doenças, desconhecidas
O

das comunidades indígenas. dos europeus, mas existentes nas terras a serem
conquistadas pelas expedições.
19. Enem C1-H4
EN S

"A língua de que usam, por toda a costa, carece de três c) o “mar” citado é o oceano Índico, onde estão loca-
lizadas as Índias, objeto principal dos navegadores.
E U

letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R,


coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, d) o “abismo” refere-se à crença, então generalizada,
nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem de que a Terra era plana e que, num determinado
ponto, acabaria, fazendo caírem os navios.
D E

terem, além disto, conta, nem peso, nem medida."


GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província e) a menção a “Deus” indica a suposição, à época,
A LD

de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: de que o Criador era contrário ao desbravamento
Zahar, 2004. (Adaptado) dos mares e que puniria os navegadores.
EM IA
ST ER
SI AT
M

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2
208

BRASIL COLÔNIA:
HISTÓRIA 2

FORMAÇÃO TERRITORIAL E
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

CONQUISTA E OCUPAÇÃO DO LITORAL

O
BO O
Inicialmente, o Brasil não despertou o interesse dos europeus. No entanto, com

SC
• Conquista e ocupação
as primeiras expedições, encontrou-se grande quantidade de madeira para tinta – o

M IV
do litoral
• Razões do povoamento pau-brasil –, e isso fez a coroa portuguesa fundar feitorias ao longo do litoral brasilei-
ro, dentre elas Cabo Frio e Cananeia. Posteriormente, quando os portugueses reco-

O S
• Colonização
nheceram a necessidade de colonizar o território, fundaram vilas, como São Vicente,
• A colonização de fato: a

D LU
Olinda e Salvador.
América portuguesa
O cultivo do açúcar foi o elemento de fixação de colonos portugueses no Brasil. Ao
• As capitanias hereditárias mesmo tempo, foi preciso organizar um sistema de defesa ao contrabando de pau-

O C
• Governo-geral -brasil e às tentativas de invasões, principalmente dos franceses. Por isso, surgiram
• Conselho Ultramarino fortes ao longo do litoral. Mais tarde, muitos deles se transformaram em vilas, como
N X
• União Ibérica Laguna, Belém, Fortaleza, Natal e Rio de Janeiro.
SI E
• Tratados de Limites
RAZÕES DO POVOAMENTO
HABILIDADES O primeiro momento da exploração portuguesa na América coincidiu com o da
O

• Identificar os significados
concorrência entre os Estados modernos que se organizavam na Europa. O rei da
França chegou a perguntar, ironizando o acordo entre Portugal e Espanha (Tratado
EN S

histórico-geográficos das
relações de poder entre de Tordesilhas), onde é que se encontrava o testamento de Adão e Eva dizendo que
E U

as nações. as terras do “Novo Mundo” pertenciam àqueles dois países. Dessa forma, a França
• Analisar diferentes entrava na expansão ultramarina moderna como concorrente de Portugal. Não só os
franceses, mas os ingleses entravam nessa disputa e encontravam na prática do cor-
D E

processos de produção
ou circulação de riquezas so e da pirataria expedientes práticos e não onerosos de exploração econômica.
A LD

e suas implicações Nesse sentido, incursões, principalmente de franceses, na costa brasileira, colo-
socioespaciais. cavam em xeque o monopólio lusitano da madeira. Portugal, preocupado com a pos-
• Analisar a ação dos sibilidade da perda de controle sobre a área na América, ordenou expedições guarda-
Estados nacionais no -costeiras, que pouco ajudaram nesse sentido. Depois de frustradas tais expedições,
EM IA

que se refere à dinâmica a coroa decidiu-se pela transferência de população para essas terras do além-mar, ou
dos fluxos populacionais seja, optou pela colonização.
ST ER

e no enfrentamento de Além das ameaças estrangeiras, o povoamento foi estimulado pela necessidade
problemas de ordem de colonização voltada para a produção do açúcar, em função da queda do preço das
econômico-social.
especiarias das Índias Orientais.
SI AT

COLONIZAÇÃO
O primeiro esforço português nesse sentido foi a expedição conduzida por Martim
M

Afonso de Souza, em 1532. O nobre tinha três tarefas: defender a costa, buscar rique-
zas e povoar aquele espaço. Fundou a primeira vila portuguesa no Brasil, São Vicente,
no litoral de São Paulo, naquele mesmo ano. Iniciava-se a colonização portuguesa na
América, contudo a expedição custou muito a Portugal.
As primeiras vilas do Brasil surgiram ao longo do litoral, no processo de ocupação
portuguesa: São Vicente, Santos, Olinda, Salvador. Algumas se originaram de feitorias;
outras, de fortes para a defesa da região, como Rio de Janeiro, Natal, Fortaleza e Belém.
O núcleo de povoamento que não possuía autonomia administrativa era deno-
minado arraial. Com o tempo, e com o crescimento populacional e econômico, era
elevado à categoria de vila ou cidade, com as seguintes características:
• instalação do pelourinho, marco de pedra gravada, simbolizando posse e autorida-
de portuguesas;

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209

• instituía-se a câmara municipal ou câmara dos ho- Gado povoa o interior do Nordeste
mens-bons, como órgão administrativo local, ocu- Trazido para movimentar os engenhos de açúcar, o

HISTÓRIA 2
pada pelos homens-bons; ou seja, os homens com gado bovino teve problemas para se desenvolver nas
mais de 25 anos, emancipados, brancos e de fé ca- regiões canavieiras, por falta de pastagem. Diante da
tólica que podiam ocupar cargos políticos; proibição, pela coroa, em 1701, de criação de gado na
• eleição do alcaide, que detinha, na vila, o poder exe- região do açúcar, que interessava mais ao mercado
cutivo e judiciário; externo, os criadores de gado passaram a deslocar a
• a justiça era feita pelo juiz de vintena, nos casos co- criação para o interior, usando os vales dos rios, princi-
muns, e pelo juiz de fora, nomeado pelo governador- palmente Itapecuru, Parnaíba, Canindé e São Francisco.
-geral, nos casos especiais. Duas foram as regiões consideradas zonas de irradia-
ção do gado: a de Olinda e a de Salvador.
A atuação da câmara municipal era grande e forte
O gado criado no Vale do São Francisco desem-
junto à população da vila. Embora sujeita à administra-

O
penhou papel especial. Ao mesmo tempo serviu ao
ção central, ela decidia sobre defesa, abastecimento,

BO O
abastecimento do mercado consumidor da região açu-
impostos, salários e sobre toda a vida de seus habitan-

SC
careira do Nordeste e da região mineradora de Minas

M IV
tes. Porém seu poder estava nas mãos dos senhores
Gerais. Assim, a atividade pecuária do São Francisco
de engenho – denominados homens-bons – que, por
possibilitou a “unidade nacional”, por ser a primeira área
meio das câmaras, garantiam seus interesses enquan-

O S
de ligação entre duas regiões brasileiras.
to classe dominante.

D LU
Embora a maior parte do atual litoral brasileiro, pelo Paulistas empobrecidos, aventureiros
Tratado de Tordesilhas, já pertencesse a Portugal, boa a caminho
porção dele precisou ser reconquistada. Isso ocorreu Os engenhos de açúcar de São Vicente não tiveram

O C
devido às diversas invasões, principalmente por parte o mesmo desenvolvimento que os de Pernambuco. O
da França e da Holanda. Os franceses estabeleceram- fracasso da economia da região gerou estagnação eco-
N X
-se no Rio de Janeiro por 12 anos (1555-1567). Expul- nômica e necessidade de superação da crise, por parte
SI E
sos de lá, atacaram sucessivamente a Paraíba, o Rio da população vicentina. Uma saída para a crise foram
Grande do Norte, o Ceará e, mais tarde, o Maranhão as expedições para o interior, que de alguma forma pu-
(1594-1615).
O

dessem ser lucrativas e, ao mesmo tempo, tentassem


Após muitas lutas, os portugueses reconquista- redinamizar a economia açucareira.
ram essas regiões. Já os holandeses dominaram boa
EN S

Não possuindo capital para importar escravos afri-


parte do litoral nordestino por um período de quase canos, os vicentinos armaram-se à caça de populações
E U

24 anos (1630-1654) e também acabaram expulsos indígenas. A princípio, a caça ao índio visava à mão de
pelos portugueses. Embora Portugal tivesse reconhe- obra para os canaviais paulistas. Posteriormente, tor-
D E

cido a posse flamenga na região, os luso-brasileiros, nou-se atividade comercial, pois índios aprisionados po-
em uma luta renhida, reconquistaram a posse do ter- deriam ser vendidos para outras regiões da colônia. As
A LD

ritório no primeiro movimento nativista brasileiro: a bandeiras paulistas, via de regra, tinham como caminho
Insurreição Pernambucana. de entrada o Rio Tietê. Depois, outros rios do interior
brasileiro serviram de caminho para os bandeirantes.
Conquista da região Norte
EM IA

Durante o domínio espanhol (1580-1640), o limi- Costuma-se dividir o bandeirantismo em dois ciclos:
te de Tordesilhas deixou de ter valor, já que todas as • ciclo de caça ao índio – quando os bandeirantes
ST ER

terras da América do Sul pertenciam à Espanha. Tal dirigiam-se principalmente para o Sul, atacando as
período foi bastante favorável para que os portugue- missões jesuíticas espanholas de Guairá (PR), dos
ses penetrassem no interior do continente. Após a Sete Povos e de Tapes (RS), sob o comando de ban-
expulsão dos franceses do Maranhão, em 1615, os deirantes como Antônio Raposo Tavares, Manuel
SI AT

portugueses estabeleceram-se na foz do Rio Amazo- Preto e Fernão Dias Paes Leme;
nas, fundando ali o forte de Nossa Senhora de Belém, • ciclo do ouro e diamante – com a expansão para
em torno do qual, mais tarde, surgiu a cidade de Be- as regiões auríferas da Bahia, Minas Gerais, Goiás e
M

lém. Dali, partiram várias expedições para o interior Mato Grosso.


da Floresta Amazônica. Havia dois movimentos diferentes: as entradas e as
A primeira delas, organizada por Pedro Teixeira, atra- bandeiras. As entradas eram financiadas pela coroa, e ti-
vessou a região, chegando até o Equador. Depois, mui- nham o objetivo de expandir o território da colônia. Já as
tas outras expedições a desbravaram, principalmente bandeiras eram particulares e visavam lucro. Existiam três
as organizadas pelos droguistas – à procura das drogas tipos de bandeiras: as de apresamento, que buscavam in-
do Sertão (urucum, canela, guaraná, ervas medicinais) dígenas para escravizar; as de prospecção, que buscavam
– e pelos missionários, que buscavam catequizar os ín- metais preciosos; e as de contrato, para combater índios e
dios. Mais tarde, tal região seria motivo de disputa po- negros quilombolas. Mais tarde, apareceram as monções,
lítica entre Espanha – antiga proprietária legal da região bandeiras que aconteciam em expedições fluviais impor-
– e Portugal, que a ocupara de fato. tantíssimas para levar mantimentos às regiões das minas.

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210

DB_PV_V1_HIS2_MOD04_M001
A COLONIZAÇÃO DE FATO: Brasil colônia – capitanias hereditárias
HISTÓRIA 2

Equador

A AMÉRICA PORTUGUESA

MARANHÃO
MARANHÃO

Acontece que, apenas com esse comércio de ca- CEARÁ

botagem, ou seja, indo de porto em porto navegando RIO GRANDE


apenas longitudinalmente pelo litoral, as possessões

MERIDIANO DE TORDESILHAS
portuguesas nas Américas estavam muito vulneráveis. ITAMARACÁ

Os franceses cada vez mais avançavam sobre o terri- PERNAMBUCO

tório, sendo a França Antártica, atual Rio de Janeiro, a BAÍA DE TODOS-OS-SANTOS


mais bem-sucedida ação colonizadora dos franceses –
apesar de relativamente curta. ILHÉUS
OCEANO
Ao perceber que poderia perder espaço, a Coroa

O
ATLÂNTICO
PORTO SEGURO
portuguesa resolveu colonizar de fato seu território

BO O
americano. A primeira das ações repetiu um formato já

SC
ESPÍRITO SANTO

M IV
utilizado em ilhas próximas a Portugal, colonizadas bem
SÃO TOMÉ
antes. Foi o sistema de capitanias, que concedia gran- Trópico de Capricórnio SÃO VICENTE
SANTO AMARO
des faixas de terra a particulares, que então ficavam

O S
SÃO VICENTE
responsáveis por sua colonização. A segunda, decor- SANTANA

D LU
rente do fracasso retumbante da primeira, foi instituir
no Brasil um governo-geral.

AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

O C
Limites das
O sistema de capitanias hereditárias consistia na dis-
N
capitanias Escala aproximada NO NE
1: 42 000 000
N X
tribuição de lotes de terra para grupos heterogêneos que
viam a possibilidade de enobrecimento com aquisições
Linha do Tratado
de Tordesilhas
Domínio espanhol
0 420 km

Cada cm = 420 km
O

SO
S
L

SE
SI E
territoriais no Novo Mundo; a partir de então, eram cha- A tarefa de colonização era custosa, diferentemente do sistema de
feitorias, e a Coroa optou por transferir a empreitada para a iniciativa
mados de donatários. Esses nobres ficavam encarrega-
O

particular. Assim, foi criado o sistema de capitanias hereditárias.


dos de povoar e defender do ataque de estrangeiros a
Base cartográfica: IBGE.
parte de terra que lhes cabia, entre outros aspectos. Eram
EN S

administradores das terras em nome da Coroa portugue- Apesar do empenho da Coroa, o sistema de capitanias
E U

sa e podiam passar o governo para seus descendentes. hereditárias não logrou êxito, pois as dificuldades dos do-
Esse sistema foi fundamentado em dois documen- natários eram enormes. O custo da empreitada era alto
tos básicos: a Carta de Doação e o Foral. A Carta de e a possibilidade de ganho, a princípio, pequena. Além
D E

Doação definia a dimensão do território e as compe- disso, ataques de indígenas e de corsários dificultavam o
A LD

tências do donatário, definindo propriamente a posse controle da região recebida, sendo as condições climáti-
da terra. Além disso, instituía o poder judicial dos do- cas outro empecilho ao povoamento da capitania. A capi-
natários e incluía, entre os seus deveres, o de distribuir tania de Pernambuco, de Duarte Coelho, e a capitania de
terras àqueles que quisessem cultivá-las. São Vicente, de Martim Afonso de Sousa, foram as que
EM IA

O Foral contemplava, principalmente, as questões conseguiram manter uma população e realizar incursões
relativas à exploração da terra e dos indígenas, estabele- eficientes sobre os grupos nativos, preservando-se. A ca-
ST ER

cendo o sistema de tributação da Coroa e a possibilidade pitania de Pernambuco já desenvolvia a lavoura de cana
de participação do donatário nas riquezas que, porventu- por essa época e se destacava no conjunto das capitanias.
ra, fossem descobertas. Sobre metais preciosos, o do-
cumento definia, por exemplo, que 20% deles seriam da GOVERNO-GERAL
SI AT

Coroa; sobre outras atividades, o donatário tinha direito a O governo-geral foi uma forma encontrada pela Coroa
10% do que fosse desenvolvido em sua área de adminis- portuguesa para centralizar o poder, de modo a coordenar
tração. A distribuição legal do uso da terra pelo sistema a ação dos donatários, tornando mais efetiva a presença
M

lusitano de sesmarias era outro aspecto do Foral. do Estado português no Brasil, manifestada a partir da
A primeira dinastia portuguesa foi constituída pela fa- pessoa do governador-geral na possessão colonial.
mília de Borgonha, que continuou as guerras contra os Entre os deveres de um governador-geral estavam:
mouros (islâmicos), sendo essas campanhas militares resolver os conflitos com os indígenas por meio de guer-
justificadas pelo espírito cruzadista da época. Entre 1139 ras ou de alianças; possibilitar o desenvolvimento eco-
e 1383, a dinastia de Borgonha constituiu o território por- nômico da colônia; ampliar a colonização com a criação
tuguês e assistiu ao incremento da atividade comercial de novas vilas; promover o plantio da cana-de-açúcar; e
em seus domínios, pois suas terras participavam de um defender a população colonial. Outros cargos adminis-
circuito comercial que tinha como força gravitacional o trativos foram criados para auxiliar o governador-geral
Mar Mediterrâneo. Lisboa já se tornava entreposto da em suas obrigações. O ouvidor-mor tinha como função
rota comercial que se dirigia para a Europa Setentrional. cuidar das questões jurídicas no interior da colônia;

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211

o capitão-mor tinha a função de defender o território de CONSELHO ULTRAMARINO


ataques internos e externos; e, por fim, o provedor-mor Além da experiência centralizadora do governo-

HISTÓRIA 2
cuidava das finanças. Entre os governadores-gerais -geral, em 1642, foi criado, por determinação da Coroa
mais relevantes, pode-se destacar: portuguesa, o Conselho Ultramarino, que passou a ter a
função de centralizar a administração de todo o Império
Tomé de Sousa (1549-1553)
Português. Esse órgão fiscalizava a contabilidade das
Deu início à construção da cidade de São Salva-
colônias e o cumprimento dos contratos comerciais fei-
dor da Bahia de Todos-os-Santos, o primeiro centro
tos com o governo português.
administrativo do Brasil. O povoado, construído com
Seu intuito era ampliar o rigor do pacto colonial so-
ajuda de alguns indígenas, contava com prédios ad-
bre o Brasil, de modo a aumentar significativamente a
ministrativos, armazéns, um posto de alfândega, uma
arrecadação de impostos dos colonos. O Estado portu-
cadeia e poucas moradias cobertas de palha; para fe-
guês procurou reduzir a autoridade das Câmaras Muni-
char o complexo urbano, foi erguida uma paliçada de

O
cipais, limitando a autonomia dos homens-bons com a

BO O
madeira, que protegia os moradores do povoado dos
introdução de um novo funcionário metropolitano, o juiz

SC
constantes ataques indígenas. Também intensificou a
de fora, responsável por representar os interesses da

M IV
procura por metais preciosos e ajudou a fundar em
Coroa portuguesa. Essas medidas pretendiam reerguer
Salvador o primeiro bispado do Brasil.
a economia e a administração portuguesas, debilitadas

O S
Duarte da Costa (1553-1558) pelos 60 anos em que Portugal permaneceu sob domí-
nio da Espanha, o que lhe custou parte considerável de

D LU
Intensificou os problemas de relacionamento en-
tre portugueses e nativos, sendo incapaz de impedir seu império colonial marítimo.
o surgimento da Confederação dos Tamoios, união de
UNIÃO IBÉRICA

O C
diversos povos indígenas que combatiam os invaso-
res lusitanos. Em meio a esse problema, um grupo de Com a morte do cardeal D. Henrique, último rei da
N X
protestantes franceses atracou na Baía de Guanabara
e fundou uma colônia na região: a França Antártica.
dinastia de Avis, em 1580, o governo português pas-
sou para controle da Coroa espanhola, sob o comando
SI E
Duarte da Costa foi substituído em 1558 por Mem de do rei Filipe II, da dinastia Habsburgo. Assim, Portugal
Sá. Este, em 1560, deu início a outra campanha para foi administrado pela Coroa espanhola por 60 anos:
O

expulsar os franceses. de 1580 a 1640. Essa união interessou a boa parte da


nobreza e da burguesia mercantil portuguesa, já que,
EN S

Mem de Sá (1558-1572) nesse momento, a Espanha se tornava a maior potên-


E U

Tomando duas posições bem distintas. Com os cia europeia e, Portugal não seria tratado como nação
indígenas rebeldes travou combates até conseguir conquistada, mas, sim, como nação unida.
debelá-los; com os índios que viviam sob a tutela dos O domínio espanhol, a Espanha criou um órgão, o Con-
D E

clérigos, tentou agrupá-los nas missões, ensinando selho das Índias, para administrar suas colônias e, logica-
A LD

os valores e os costumes da sociedade católica eu- mente, o Brasil estava submisso a ele durante o período
ropeia. Mem de Sá passou a incentivar o tráfico de em que houve o domínio espanhol. Essa administração
escravizados africanos, como forma de combater o favoreceu a política expansionista além das Tordesilhas.
cativeiro dos indígenas.
EM IA

Contando com a ajuda dos indígenas tamoios, os TRATADOS DE LIMITES


franceses da França Antártica resistiram a várias inves- A União Ibérica teve importante papel no processo
ST ER

tidas portuguesas. Entretanto, em 1567, sem o apoio de expansão territorial, pois permitiu aos colonos portu-
dos tamoios – pacificados pelos jesuítas José de An- gueses no Brasil ultrapassar os limites de Tordesilhas,
chieta e Manuel da Nóbrega –, acabaram por se render invadindo a porção espanhola do continente. Nesse
e deixaram a região. Posteriormente, os portugueses contexto, muitas vilas foram fundadas, estradas aber-
SI AT

romperam a aliança com os tamoios, que foram escra- tas e melhorias realizadas pelos luso-brasileiros em ter-
vizados com base no princípio da guerra justa. ras espanholas. No entanto, a separação das Coroas
Após dez anos de intensos trabalhos, Mem de Sá ibéricas, em 1640, tornou necessária nova discussão
M

pediu ao rei D. Sebastião licença do cargo e a nomea- sobre os limites coloniais de cada país na América.
ção de um substituto. Foi atendido, mas a frota que O principal problema situava-se na região da Bacia
trazia D. Luís Fernandes de Vasconcelos foi atacada e do Rio da Prata, cobiçada havia muito tempo pelos por-
destruída pelos franceses, e assim Mem de Sá teve tugueses, pois era por ela que se escoava a extração
de continuar no cargo. Foi seu sobrinho, Estácio de de prata das minas de Potosí, situadas atualmente na
Sá, que fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Bolívia. Nessa área, colonos portugueses, em busca de
Janeiro, depois de os portugueses derrotarem os prata, e indígenas fundaram os povoados de Parana-
franceses – há, ainda hoje, uma escola de samba na guá, em 1648, e Curitiba, em 1668. Em 1680, a mando
cidade que leva seu nome. Mem de Sá morreu es- do rei D. Afonso VI, o governador do Rio de Janeiro,
quecido pelo governo português em 1572, ainda em Manuel Lobo, fundou em frente a Buenos Aires, na ou-
terras brasileiras. tra margem do Rio da Prata, a Colônia do Sacramento.

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212

Em uma semana, a colônia foi atacada e ocupada por E nesse ponto chegaram a um acordo. Pelo Tratado
tropas espanholas. Procurando evitar o confronto, o rei de Madrid, a Colônia do Sacramento e todo o atual ter-
HISTÓRIA 2

de Portugal, auxiliado por representantes da Coroa in- ritório do Uruguai ficavam para a Espanha; em compen-
glesa, decidiu travar negociações com a Espanha. sação, Portugal ficava com a região dos Sete Povos das
A tática deu certo e, em 1681, por meio do Trata- Missões, atualmente Rio Grande do Sul, e com todas
do de Lisboa, Portugal conseguiu o reconhecimento da as terras desbravadas pelos luso-brasileiros, desde o
posse da região e recuperou a Colônia do Sacramento. século XVI. Apesar de o Tratado de Madrid ter definido
Entretanto, os conflitos não cessaram por completo e, a posse da Colônia do Sacramento para a Espanha, o
no século XVIII, Portugal decidiu colonizar a região do problema persistiu, pois os indígenas e os jesuítas de
Rio Grande do Sul e garantir definitivamente sua posse. Sete Povos das Missões não concordavam com os ter-
Oficialmente, os primeiros colonos da região eram mili- mos do acordo, dando início às Guerras Guaraníticas.
tares e, posteriormente, o governo português passou a O problema persistiu até 1777, quando foi assinado o

O
incentivar a imigração de colonos das Ilhas Açores, que Tratado de Santo Ildefonso, que restituiu Sete Povos

BO O
trouxeram da Europa algumas cabeças de gado, que das Missões aos espanhóis, os quais, em troca, devol-

SC
nos pampas se reproduziram rapidamente. Os colonos veriam a Ilha de Santa Catarina, ocupada meses antes.

M IV
fundaram a cidade de Porto Alegre, na época batizada E assim, de acordo em acordo, o Brasil foi ganhando
com o nome de Porto dos Casais. a configuração geográfica atual, sendo a última altera-

O S
Somente o povoamento da região não conseguiu ção definida em 1903, já em pleno período republicano,
resolver os conflitos entre Portugal e Espanha quanto com a assinatura do Tratado de Petrópolis, que formali-

D LU
à ocupação da Bacia do Prata. O problema só foi de- zou a incorporação do Acre ao território brasileiro.
vidamente resolvido em 1750, quando se reuniram, Como é possível notar, desde o descobrimento do
em Madri, o diplomata espanhol José de Carvajal e o Brasil, passando pelos períodos de colônia, império e

O C
defensor de Portugal Alexandre de Gusmão. Usando república, diversas foram as configurações espaciais de
o princípio jurídico do uti possidetis, Gusmão baseava
N X nosso território. É preciso lembrar que a primeira defini-
sua defesa no princípio de que o verdadeiro dono das ção territorial que o país teve foi feita antes mesmo de
SI E
terras era a nação que de fato as tinha colonizado. ser “descoberto”.
O governo espanhol concordava com esses termos, As delimitações que se seguiram atenderam a di-
O

desde que os portugueses permanecessem afasta- ferentes propósitos, em sua maioria políticos e comer-
dos da região por onde era contrabandeada a prata ciais, e foram responsáveis pela formação das frontei-
EN S

de Potosí. ras que conhecemos atualmente.


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D E
A LD
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SI AT
M

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213

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
BRASIL: FORMAÇÃO TERRITORIAL

CONQUISTA E OCUPAÇÃO DO LITORAL

O
BO O
SC
M IV
Motivações econômicas e defesa da colônia:

O S
Pau-brasil: interesse inicial português para extração e proteção; estabelecimento de feitorias e fortes ao longo do litoral.

D LU
O C
Ameaça estrangeira:
N X
SI E
Incursões francesas colocaram em risco o monopólio português sobre o comércio de madeira; expedições guarda-costas organiza-

das pelos portugueses para proteger o litoral brasileiro. A queda do preço das especiarias obtidas nas possessões portuguesas do
O

Oriente estimulou a produção de açúcar no litoral brasileiro. Ameaça estrangeira e produção do açúcar: necessidade de ocupação
EN S
E U

efetiva do território, com a transferência de população para colonizar o território brasileiro.


D E
A LD
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ENTRADAS
M

O que eram:

Expedições financiadas pela coroa portuguesa para explorar e ampliar o território da colônia.

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214

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

BANDEIRAS E MONÇÕES

O que eram:

O
BO O
Organizadas por particulares, visavam lucro (não tinham relação direta com a coroa).

SC
M IV
O S
D LU
Bandeiras de apresamento:

O C
Buscavam indígenas para aprisionar e escravizar, lucrando com a venda dos cativos.
N X
SI E
O
EN S
E U

Bandeiras de prospecção:
D E

Buscavam áreas com pedras preciosas e metais valiosos.


A LD
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ST ER

Bandeiras de contrato:

Eram contratadas para combater índios e negros quilombolas.


SI AT
M

Monções:

Apareceram só depois, levavam mantimentos às áreas das minas em Minas Gerais e Mato Grosso, e lucravam com a venda.

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215

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
BRASIL COLÔNIA: ESTRUTURA
ADMINISTRATIVA

O
Tentativa do governo português:

BO O
SC
Transferir para a iniciativa privada os custos da colonização, fomentando

M IV
Capitanias hereditárias
a ocupação do território.

O S
D LU
O C
Divisão do território:
N X Em 15 faixas paralelas distribuídas entre 13 donatários com direito à pos-
SI E
se, mas a terra continuava pertencendo ao rei.
O
EN S
E U

Direitos dos donatários:


D E

Fundar vilas e conceder sesmarias, exercer justiça, cobrar impostos e


A LD

escravizar indígenas.
EM IA
ST ER

Deveres dos donatários:

Garantir a defesa e a colonização do território, pagar impostos sobre os lucros


SI AT

obtidos na exploração, zelar pelo monopólio real na exploração do pau-brasil.


M

Causas do fracasso do sistema de capitanias:

Carência de recursos, inexperiência administrativa dos donatários, des-

centralização administrativa, dificuldades logísticas e isolamento do terri-

tório, constantes ataques indígenas e franceses.

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216

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

Tomé de Sousa (1549-1553):

Fundação de Salvador (primeira capital do Brasil), intensificação da busca

Governo-geral por ouro, fundação do primeiro bispado.

O
BO O
SC
M IV
O S
Duarte da Costa (1553-1558):

D LU
Combate à Confederação dos Tamoios, invasão francesa no Rio de Janeiro –

O C
França Antártica.

N X
SI E
O
EN S

Mem de Sá (1558-1572):
E U

Expulsão dos franceses, pacificação dos grupos indígenas, incentivo ao


D E

tráfico de escravizados africanos.


A LD
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SI AT
M

1493:

Bula Inter Coetera: divisão do Novo Mundo entre Portugal e Espanha.


Tratados de limites

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217

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
1494:

Tratado de Tordesilhas: contestação portuguesa à divisão anterior, limite

fixado em 370 léguas após o Arquipélago de Cabo Verde, incluindo gran-

de faixa do litoral sul-americano sob domínio português.

O
BO O
1713:

SC
M IV
Tratado de Utrecht: realizado com a França, fixando limites do Amapá

O S
ao Oiapoque.

D LU
O C
1750:
N X Tratado de Madrid: Colônia do Sacramento para Espanha e Sete Povos
SI E
das Missões para Portugal.
O
EN S
E U

1761:
D E

Tratado de El Pardo: anulação do Tratado de Madrid.


A LD
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ST ER

1777:

Tratado de Santo Ildefonso: Colônia do Sacramento e Sete Povos das


SI AT

Missões para Espanha.


M

1801:

Tratado de Badajoz: Sete Povos das Missões para Portugal.

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218

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. UEL-PR – No Brasil Colônia, a pecuária teve um papel a) o modelo de colonização dependente da iniciativa
decisivo na: privada, que se revelava pouco eficaz nos Açores e
a) ocupação das áreas litorâneas. na Madeira.
b) expulsão dos assalariados do campo. b) as feitorias que vinham dando provas de eficiência
c) formação e exploração dos minifúndios. como fortificações sólidas para a defesa da terra.
d) fixação do escravo na agricultura. c) as semelhanças das culturas pré-cabralinas do Brasil
e) expansão para o interior. e pré-colombianas da América Central.
Uma questão fácil para começar. Como vimos neste módulo, as ter- d) os negócios da Índia em crescente lucratividade,
ras mais próximas ao litoral, na Zona da Mata, eram utilizadas para sem riscos de prejuízos e decepções.
o cultivo de cana e algumas poucas culturas de subsistência, o que e) a descoberta de metais preciosos nas terras altas
deslocou a pecuária para o interior, para o sertão.
sul-americanas voltadas para o Pacífico.
2. Fuvest-SP – No século XVII, contribuíram para a pene-
No mesmo período em que os franceses avançavam sobre o território por-

O
tração para o interior brasileiro: tuguês nas Américas, os espanhóis encontraram o rei de prata, como cha-

BO O
a) o desenvolvimento das culturas da cana-de-açúcar e mado pelos nativos sul-americanos. Os metais preciosos do Império Inca

SC
do algodão. levaram os portugueses a realizar uma colonização mais efetiva, temendo
perder possíveis riquezas para os franceses.

M IV
b) o apresamento de indígenas e a procura de riquezas
minerais. 5. CFTRJ-RJ – O regimento Tomé de Sousa, de 1548,
c) a necessidade de defesa e o combate aos franceses. tentava corrigir os rumos da colonização portuguesa

O S
d) o fim do domínio espanhol e a restauração da monar- no Brasil com a criação do governo-geral. Essa medida
quia portuguesa. acelerou o desenvolvimento econômico de algumas re-

D LU
e) a Guerra dos Emboabas e a transferência da capital giões do Brasil e sua ocupação.
da colônia para o Rio de Janeiro. Entre as tarefas destinadas ao governador-geral estavam:
Questão que faz referência, sem citar, às bandeiras. Diferente das entra-
das, que eram financiadas pela coroa e tinham o objetivo de explorar e a) A substituição dos capitães donatários por auxiliares,

O C
ampliar o território da colônia, as bandeiras tinham dois objetivos principais: como o provedor-mor e o capitão-mor.
capturar e escravizar indígenas e procurar riquezas minerais.
3. Cesgranrio-RJ C3-H13 b) Centralizar a administração colonial, promovendo a
N X
A expansão da colonização portuguesa na América, a par-
tir da segunda metade do século XVIII, foi marcada por
melhor exploração do território.
c) Distribuir o poder entre as Câmaras Municipais típi-
SI E
um conjunto de medidas, dentre as quais podemos citar: cas das colônias de povoamento norte-americanas.
a) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimin- d) Dinamizar o pacto colonial, ampliando as atividades
O

do-se as práticas mercantilistas. comerciais brasileiras com outros países da Europa.


Uma das razões para o fracasso das capitanias foi a distância do poder da
b) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e metrópole, que não conseguia regular, controlar, incentivar e apoiar a coloni-
EN S

oeste, para garantir a posse dos territórios por Portugal. zação, além da descentralização total do poder na colônia. Com o governo-
c) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das mis- -geral esses dois problemas foram solucionados, ainda que parcialmente.
E U

sões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do 6. UNESP – A implantação do sistema de governo-geral,


planalto central. em 1548, não representou a extinção do modelo ad-
d) a expansão da lavoura de cana para o interior, incenti- ministrativo anterior, descentralizado, das donatarias.
D E

vada pela alta dos preços no mercado internacional. Assinale a alternativa diretamente relacionada com o
e) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial governo Tomé de Sousa:
A LD

aos ingleses, para conter o expansionismo espanhol. a) Incorporação do reino português à Coroa espanhola
Essa questão extrapola o recorte temporal deste módulo, mas é impor- pela morte do rei D. Sebastião em Alcácer-Quibir.
tante para entender como o processo de formação do território brasileiro
não se resumiu apenas aos primeiros anos de colonização. Vemos que b) Fundação de São Paulo de Piratininga e da cidade de
ainda no século XVIII as bandeiras ainda apareciam com grande importân- São Sebastião do Rio de Janeiro.
EM IA

cia na expansão da colônia.


Competência: Compreender a produção e o papel histórico das institui- c) Criação do bispado de Salvador, o primeiro do Brasil.
ções sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes gru- d) Assinatura do Tratado de Madrid, restabelecendo os limi-
pos, conflitos e movimentos sociais.
ST ER

Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram tes naturais previstos no Tratado de Tordesilhas de 1494.
para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. e) Os franceses expulsos desistiram de contestar a so-
4. UEL-PR – A instalação do governo-geral em 1549 contri- berania lusitana no Brasil.
buiu para que a colonização do Brasil passasse de transi- Questão que trabalha os principais feitos de cada um dos três governa-
SI AT

dores-gerais do Brasil deste período. A fundação de São Paulo aconte-


tória para efetiva. Havia um forte motivo que alimentava ceu seis anos depois, em 1554; a União Ibérica não foi um feito relacio-
as esperanças dos portugueses: os espanhóis, nas terras nado ao governo de Tomé de Sousa e aconteceu somente em 1580. A
expulsão dos franceses se deu com Mem de Sá, tendo em vista que o
vizinhas, encontraram o que buscavam. Ao tomar medidas fundador do Rio de Janeiro foi seu sobrinho, Estácio de Sá. Por fim, o
procurando assegurar a posse sobre o vasto território, a Tratado de Madrid é bem posterior, data de 1750, e, portanto, não tem
M

Coroa portuguesa estava motivada pelas notícias sobre: nenhuma relação com Tomé de Sousa. Seu feito foi, isso sim, ajudar a
fundar a cidade de Salvador e ali fundar o primeiro bispado do Brasil.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Cesgranrio-RJ – A expansão da colonização portugue- c) O bandeirismo paulista, que destruiu parte das mis-
sa na América, a partir da segunda metade do século sões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras
XVIII, foi marcada por um conjunto de medidas, dentre do planalto central.
as quais podemos citar: d) A expansão da lavoura da cana para o interior, incen-
a) O esforço para ampliar o comércio colonial, suprimin- tivada pela alta dos preços no mercado internacional.
do-se as práticas mercantilistas. e) As alianças políticas e a abertura do comércio co-
lonial aos ingleses, para conter o expansionismo
b) A instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e
espanhol.
oeste, para garantir a posse dos territórios por Portugal.

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219

8. Unicamp-SP – "A história de São Paulo no século XVII se 11. Unicamp-SP – Sobre o papel da cabotagem no proces-

HISTÓRIA 2
confunde com a história dos povos indígenas. Os índios não so de formação do território brasileiro, é correto afirmar:
se limitaram ao papel de tábula rasa dos missionários ou víti- a) A cabotagem viabilizou o comércio marítimo entre os
mas passivas dos colonizadores. Foram participantes ativos e principais portos do território no período colonial. Todavia,
conscientes de uma história que foi pouco generosa com eles." esse sistema de transporte veio a encerrar suas ativida-
John M. Monteiro. Sangue nativo. Revista de História da Biblioteca des no final do século XIX, quando o transporte ferroviário
Nacional. Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/ passou a responder por todas as trocas interprovinciais.
capa/sangue-nativo>. Acesso em: 14 jun. 2013. (Adaptado) b) A cabotagem consistiu num primitivo sistema de trans-
portes do início da colonização, articulando os portos das
Sobre a atuação dos indígenas no período colonial, po-
principais cidades. Trata-se de um elemento primordial
de-se afirmar que:
para a formação do território brasileiro, pois permitiu sua
a) a escravidão foi por eles aceita, na expectativa de sua proi- precoce unificação e completa articulação inter-regional.
bição pela Coroa portuguesa, por pressão dos jesuítas. c) A cabotagem teve importante papel no longo proces-
b) sua participação nos aldeamentos fez parte da inte- so de formação do território brasileiro, transportando

O
gração entre os projetos religioso e bélico de domínio pessoas, mercadorias e informações entre os principais

BO O
português, executados por jesuítas e bandeirantes. portos desde o período colonial. No século XX, perdeu

SC
c) a existência de alianças entre indígenas e portugue- importância para o sistema de transporte rodoviário.

M IV
ses não exclui as rivalidades entre grupos indígenas d) A cabotagem foi implantada no Brasil no final do século
e entre os nativos e os europeus. XIX, fazendo uso de modernos navios a vapor para ar-
d) a adoção do trabalho remunerado dos indígenas nos ticular o comércio interprovincial. Atualmente, concorre

O S
engenhos de São Vicente contrasta com as práticas com os sistemas ferroviário e rodoviário para transportar
de trabalho escravo na Bahia e Pernambuco. cargas, particularmente aquelas conteinerizadas.

D LU
9. Mackenzie-SP – A historiografia tradicional atribui ao 12. Unirio-RJ – A definição dos limites do Brasil colonial em
bandeirismo o alargamento do território brasileiro para diversos tratados, durante o século XVIII, foi o resultado
além de Tordesilhas. político de vários movimentos, dentre os quais se des-

O C
taca na região sul o(a):
Sobre esta atividade é correto afirmar que:
a) interesse português no rio da Prata, materializado na
N X
a) jamais se converteu em elemento repressor, atacan-
do quilombos ou aldeias indígenas.
fundação da Colônia do Sacramento.
b) necessidade natural de ocupação de novas terras
SI E
b) as Missões do Sul foram preservadas dos ataques para a “plantation” canavieira.
paulistas, devido à presença dos jesuítas espanhóis.
c) proteção portuguesa aos aldeamentos indígenas, con-
c) na verdade, o bandeirismo era a forma de sobrevi- trariando a política espanhola de escravização do gentio.
O

vência para mestiços vicentinos, rudes e pobres e a


d) disputa pela posse das zonas mineradoras na região
expansão territorial ocorreu de forma inconsciente
platina.
EN S

como subproduto de sua atividade.


e) interferência do Papado na negociação do Tratado de
d) eram empresas totalmente financiadas pelo governo
Madri para resguardar as zonas missioneiras.
E U

colonial, tendo por objetivo alargar o território para


além de Tordesilhas. 13. Unaerp-SP – Em 1534, o governo português concluiu
e) era exercida exclusivamente pelo espírito de aventura dos que a única forma de ocupação do Brasil seria por meio
D E

brancos vinculados à elite proprietária vicentina, cujas la- da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamen-
vouras de cana apresentavam grande prosperidade. te, todo o extenso território brasileiro. Essa colonização
A LD

dirigida pelo governo português se deu com base na:


10. Vunesp – "Nas primeiras três décadas que se seguiram à a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado
passagem da armada de Cabral, além das precárias guarni- do Brasil.
ções das feitorias [...], apenas alguns náufragos [...] e 'lan- b) criação do sistema de governo-geral e Câmaras
EM IA

çados' atestavam a soberania do rei de Portugal no litoral Municipais.


americano do Atlântico Sul." c) criação das capitanias hereditárias.
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil:
ST ER

d) montagem do sistema colonial.


uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008.
e) criação e distribuição das sesmarias.
Os lançados citados no texto eram:
a) funcionários que recebiam, da Coroa, a atribuição ofi- 14. Unirio-RJ – A colonização brasileira no século XVI foi
organizada sob duas formas administrativas, capitanias
SI AT

cial de gerenciar a exploração comercial do pau-brasil


e das especiarias encontradas na colônia portuguesa. hereditárias e governo-geral. Assinale a afirmativa que ex-
b) militares portugueses encarregados da proteção ar- pressa corretamente uma característica desse período:
mada do litoral brasileiro, para impedir o atracamento a) As capitanias, mesmo havendo um processo de ex-
M

de navios de outros países, interessados nas rique- ploração econômica na maior parte delas, garantiram
zas naturais da colônia. a presença portuguesa na América, apesar das difi-
c) comerciantes portugueses encarregados do tráfico culdades financeiras da Coroa.
de escravos, que atuavam no litoral atlântico da África b) As capitanias representavam a transposição para as áreas
e do Brasil e asseguravam o suprimento de mão de coloniais das estruturas feudais e aristocráticas europeias.
obra para as colônias portuguesas. c) As capitanias, sendo empreendimentos privados,
d) donatários das primeiras capitanias hereditárias, que favoreceram a transferência de colonos europeus,
assumiram formalmente a posse das novas terras assegurando a mão de obra necessária à lavoura.
coloniais na América e implantaram as primeiras la- d) O governo-geral permitiu a direção da Coroa na pro-
vouras para o cultivo da cana-de-açúcar. dução do açúcar, o que assegurou o rápido povoa-
e) súditos portugueses enviados para o litoral do Brasil ou mento do território.
para a costa da África, geralmente como degredados, e) O governo-geral extinguiu as donatarias, interrompendo
que acabaram por se tornar precursores da colonização. o fluxo de capitais privados para a economia do açúcar.

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220

15. PUCCamp-SP – A solução escolhida pelo governo por- 17. Fuvest-SP – Comente o problema do regime de capita-
HISTÓRIA 2

tuguês ao decidir-se pela colonização do Brasil, para ga- nias hereditárias e sua relação com a criação do gover-
rantir tanto a posse das terras brasileiras contra a amea- no-geral, em 1548.
ça estrangeira quanto à sua valorização, foi:
a) a proibição de que a criação de gado fosse feita no
sertão, fora da área canavieira.
b) a doação de sesmarias para a instalação de enge-
nhos de produção açucareira.
c) o bandeirismo de apresamento para ataque das mis-
sões jesuíticas espanholas.
d) o estabelecimento de feitorias no litoral e a realização
do escambo de pau-brasil.
e) o estímulo à emigração de portugueses para a região

O
mineradora.

BO O
SC
16. UERJ – Um dos principais problemas brasileiros da atuali-

M IV
dade é a questão da concentração da propriedade da terra.
Os meios de comunicação de massa (rádio, televisão, jor-
nal) trazem, todos os dias, matérias sobre invasões promo-

O S
vidas por camponeses sem terra, mas a falta de terra para
quem realmente trabalha nela não é um problema atual.

D LU
Um instrumento de distribuição de terra do período colonial
que comprova a longa duração deste problema no Brasil é:
a) o Regimento Geral. c) os Tratados de Saragoça.

O C
b) a Carta de Sesmaria. d) o Tratado de Tordesilhas.

N X ESTUDO PARA O ENEM


SI E
18. Enem C4-H16 justiça e prover nas coisas que cumprirem a meus serviços
“Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao e aos negócios de minha fazenda e a bem das partes [...]”
O

ver os franceses e os outros dos países longínquos terem Regimento de Tomé de Sousa, 1549.
tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil.
É correto afirmar que, nesse trecho de documento, se
EN S

Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta per-


faz referência:
gunta: 'Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses
E U

e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aque- a) à criação do governo-geral, com sede na Bahia.
cer? Não tendes madeira em vossa terra?'” b) à implantação do vice-reinado no Rio de Janeiro.
c) à implementação da capitania-sede em São Vicente.
D E

LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças


Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.
d) ao estabelecimento de capitanias hereditárias, no
A LD

O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz Nordeste.


um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinam-
bá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade 20. Unifeso-RJ C3-H14
europeia e a indígena no sentido: “O governo-geral foi instituído por D. João III, em 1548,
para coordenar as práticas colonizadoras do Brasil. Consisti-
EM IA

a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sis-


temas culturais. riam estas últimas em dar às capitanias hereditárias uma as-
sistência mais eficiente e promover a valorização econômica
b) da preocupação com a preservação dos recursos
ST ER

e o povoamento das áreas não ocupadas pelos donatários.”


ambientais.
ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de. Pequena história da formação
c) do interesse de ambas em uma exploração comercial social brasileira. Rio de Janeiro: Graal, 1984. p. 180.
mais lucrativa do pau-brasil.
SI AT

d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. As afirmativas abaixo identificam corretamente algu-
mas atribuições do governador-geral, à exceção de:
e) da preocupação com o armazenamento de madeira
para os períodos de inverno. a) Estimular e realizar expedições desbravadoras de re-
giões interiores, visando, entre outros aspectos, à des-
M

19. UFMG C3-H11 coberta de metais preciosos.


Leia este trecho do documento: b) Visitar e fiscalizar as capitanias hereditárias e reais,
especialmente aquelas que vivenciavam problemas
“Eu el-rei faço saber a vós [...] fidalgo de minha casa que quanto ao povoamento e à exploração das terras.
vendo eu quanto serviço de Deus e meu é conservar e c) Distribuir sesmarias, particularmente para os benefi-
enobrecer as capitanias e povoações das terras do Brasil ciários que comprovassem rendas e meios de valori-
e dar ordem e maneira com que melhor e seguramente se zar economicamente as terras recebidas.
possam ir povoando para exaltamento da nossa santa fé e d) Regular as alianças com tribos indígenas, controlan-
proveito de meus reinos e senhorios e dos naturais deles do e limitando a ação das ordens religiosas, em espe-
ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma fortaleza cial da Companhia de Jesus.
e povoação grande e forte em um lugar conveniente para e) Organizar a defesa da costa e promover o desenvolvi-
daí se dar favor e ajuda às outras povoações e se ministrar mento da construção naval e do comércio de cabotagem.

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3
221

ECONOMIA AÇUCAREIRA E
TRÁFICO DE ESCRAVIZADOS,

HISTÓRIA 2
DOMINAÇÃO ESTRANGEIRA,
SOCIEDADE E CULTURA COLONIAL

O BRASIL ADOÇA O MUNDO

O
BO O
Antes das Grandes Navegações e do período colonial – tanto no Brasil como no • O Brasil adoça o mundo

SC
Caribe –, o açúcar era um bem valiosíssimo na Europa. • Economia e sociedade

M IV
Com o mundo conectado pelas naus e caravelas, e com o consequente avanço açucareiras
da colonização, esses produtos ficaram muito mais baratos, mais comuns, mas não • Sociedade açucareira

O S
deixaram de ser lucrativos. • Negócio açucareiro

D LU
O comércio de açúcar se oferece como uma opção viável e lucrativa, facilmente • Tráfico de escravizados
africanos
aplicável ao território português na América. Durante longos anos, sem concorrência,
• Reação dos africanos
o Brasil foi o maior exportador de açúcar do mundo. Mesmo depois, com a concorrên-
escravizados

O C
cia do Caribe holandês, a colônia portuguesa seguiu preponderante.
• Domínios estrangeiros
sobre o Brasil
N X
ECONOMIA E SOCIEDADE AÇUCAREIRAS • Cenário europeu
SI E
• França Antártica
A atividade açucareira está associada à grande lavoura de cana-de-açúcar no litoral
• França Equinocial
brasileiro. A economia do açúcar foi marcada pela necessidade de elevados investi-
O

• Domínio espanhol (de 1580


mentos iniciais, pois, para sua produção, era necessário, além da lavoura, a utilização a 1640)
intensa de mão de obra e de uma máquina para a transformação da matéria-prima, a
EN S

• Holanda conquista
cana, em produto final, o açúcar. o Nordeste brasileiro
E U

Essa máquina era o engenho, o qual era dividido em casa da moenda, casa da caldei- • Economia e sociedade
ra e casa de purgar, e a mão de obra utilizada foi a africana, por meio do trabalho escravo. mineradoras
Essa economia foi definida pelo sistema de plantation, caracterizado pelo latifún- • À procura do ouro
D E

dio monocultor, escravista e voltado para o mercado externo. Isso definia uma econo- • Em busca de diamantes
A LD

mia altamente especializada que atendia aos objetivos de uma metrópole ansiosa por • Sociedade aurífera
transferir rendas da área colonial. • Cobrança de impostos
• Tratado de Methuen
SOCIEDADE AÇUCAREIRA • Crise do modelo e medidas
EM IA

Uma sociedade rígida e patriarcal foi forjada no litoral do Brasil, tendo como base pombalinas
a produção de açúcar. O senhor de engenho, morador da casa-grande, era o patriarca • Cultura na colônia
ST ER

em torno do qual orbitavam homens pobres, os seus dependentes. A massa de escra-


HABILIDADES
vizados à disposição do senhor de engenho era um indicador de seu poder, marcado
• Identificar manifestações ou
também pelos seus domínios territoriais. O tráfico negreiro foi intenso para a área do
representações da diversidade
Nordeste, do século XVI até meados do século XVII. Esse tráfico contribuiu também
SI AT

do patrimônio cultural e artís-


para o enriquecimento da metrópole, pois era um mecanismo de drenagem de rique- tico em diferentes sociedades.
zas para Portugal, ao menos nos seus primeiros tempos. • Identificar os significados
A mão de obra indígena foi preterida em favor da africana, pois os nativos se recu- histórico-geográficos das
M

savam a trabalhar de forma extenuante na agricultura. Eles conheciam as terras, o que relações de poder entre as
nações.
lhes permitia fugir com maior facilidade, e tinham relações identitárias que permitiam
• Comparar o significado
fazer rebeliões conjuntas, o que não acontecia com a população vinda da África.
histórico-geográfico das
O proprietário de terras e de escravizados tinha um papel de destaque social. organizações políticas e
Dentro de seus domínios, ele tinha o poder de decidir e interferir na vida de todos, socioeconômicas em escala
incluindo na de sua mulher. local, regional ou mundial.
Fora dos limites de sua propriedade rural, o senhor de engenho também tinha • Identificar registros sobre
grande influência nas cidades e nas vilas. Com seus pares, decidia os rumos da po- o papel das técnicas e tec-
nologias na organização do
lítica local, dominando as Câmaras Municipais. Por meio do exercício do cargo de
trabalho e/ou da vida social.
homens-bons, representantes da vila eram eleitos de forma censitária e tomavam as
decisões dentro das vilas coloniais.

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222

NEGÓCIO AÇUCAREIRO Crise da economia do açúcar


HISTÓRIA 2

A saída dos holandeses, após o desgaste político-mili-


Fator de colonização
tar na Insurreição Pernambucana, representou uma crise
O litoral do Nordeste representou o primeiro centro da economia açucareira, pois eles dominaram a produção
de colonização. Até meados do século XVIII, a região nor- açucareira nas Antilhas, na América Central, concorrendo
destina concentrou as mais significativas práticas econô- com o Brasil, o que estabeleceu o fim da preponderância
micas e sociais do Brasil, sendo a empresa açucareira o do açúcar brasileiro no mercado europeu.
núcleo central da atividade socioeconômica do Nordeste. Entre 1654 e 1693, a economia colonial viveu uma
Dentro da região Nordeste, os grandes centros crise que só foi superada com a descoberta, no interior
produtores de açúcar foram Pernambuco e Bahia; as do país, das primeiras jazidas de ouro. Com o tempo,
capitanias possuíam solo fértil e bom regime de chu- parte da força de trabalho do país foi deslocada para
vas, além de estarem mais próximas do mercado con- região das minas, atual estado de Minas Gerais.

O
sumidor europeu. São Vicente também teve papel de

BO O
destaque no início da colonização, mas posteriormente TRÁFICO DE ESCRAVIZADOS AFRICANOS

SC
sucumbiu. Incapaz de concorrer com o polo nordestino,

M IV
Indianos e muçulmanos vinham ao litoral africano
que praticava preços menores, favorecidos pelo frete
em busca de produtos como ouro, marfim, aromas e,
de valor inferior ao pago por seu açúcar, São Vicente

O S
claro, escravizados. Entre os anos de 650 e 1600, cer-
retrocedeu para uma economia de subsistência.
ca de 8 milhões de escravizados foram levados para

D LU
No Brasil, o primeiro engenho foi instalado em São
o mundo muçulmano, que inclui regiões do norte da
Vicente, em 1532. Seu sucesso comercial foi tamanho
África, da Península Arábica e aquelas banhadas pelo
que Portugal incentivou a instalação de outras unida-
Oceano Índico.
des; em 1580, a colônia possuía 115 dessas unidades HIST2_M5_MAPA001

O C
espalhadas pelo litoral. Rotas do comércio de escravizados
N X
O clima tropical era o ideal para o cultivo da planta.
Outro fator importante foi o solo fértil de massapê, de

Constantinopla
SI E
Lisboa Mar
cor bem escura, quase preta, encontrado na região li- Tanger Argel
M
dit

e
errâneo
torânea do Nordeste brasileiro. Como não existia um Trípoli
O

Cairo
cuidado em preservar os recursos naturais e pratica-
mente todos os produtores rurais se dedicaram a essa

Ma
EN S

Trópico de Câncer

rV
atividade, o esgotamento do solo era muito rápido; e,

erm
elh
E U

para manter suas plantações, os senhores de engenho

o
SENEGAL
abriam novas fronteiras em meio à Mata Atlântica, que
COSTA DO
começou, assim, a ser devastada pelo fogo das inten- SERRA LEOA
D E

OURO
sas atividades agrícolas. Equador LUANGO
A LD

Participação holandesa OCEANO


ÍNDICO
Portugal não foi o único país a se beneficiar da pro- OCEANO Luanda ANGOLA MOÇAMBIQUE
ATLÂNTICO Benguela
dução açucareira; a Holanda também lucrou com essa
EM IA

atividade econômica. Os holandeses financiavam parte


da produção, participavam do refino do açúcar e de sua Trópico de Capricórnio
ST ER

distribuição no mercado europeu, o que os definia, as- NO


N
NE
Greenwich

sim, como parceiros dos portugueses. O L

No entanto, quando, em 1580, Portugal passou para SO


S
SE

o domínio espanhol, os problemas com a Holanda co-


SI AT

Principais fontes de
meçaram. A família que assumiu o controle de Portugal escravos africanos Escala aproximada
1: 116 000 000
estava em guerra com os Países Baixos. Principais rotas de
0 1 160 2 320 km

Os espanhóis, conduzidos pelo rei Filipe II, decre-


M

comércio de escravos Cada cm = 1 160 km


africanos
taram bloqueio econômico à Holanda como tentativa Mapa das rotas de comércio de escravizados no Saara e na costa
de enfraquecer a área e vencer o movimento de inde- oriental da África.
pendência da região. Os holandeses reagiram e criaram Base cartográfica: IBGE.
duas companhias de comércio, a das Índias Orientais
e a das Índias Ocidentais, atacando áreas de domínio Quando os portugueses entraram em contato com
português e espanhol. Foi dessa forma que invadiram os povos africanos, o tráfico de escravizados já era uma
Salvador entre 1624 e 1625 e, depois, Pernambuco, es- prática habitual no continente. Com sua chegada, no
tendendo seus domínios pelo Nordeste brasileiro até entanto, o tráfico de escravizados alcançou um volume
o Maranhão. Esse último domínio começou em 1630 excepcionalmente grande, transformando-se em uma
e só terminou após a Insurreição Pernambucana, em atividade altamente lucrativa e intercontinental. Eles fo-
1654, conforme estudaremos adiante. ram os pioneiros na escravidão moderna.

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223

Eles trocavam pessoas por tecidos e produtos ma- A comunidade só deixou de existir em 1697, quando
nufaturados de todo tipo. o governador da região contratou uma expedição do

HISTÓRIA 2
O comércio de escravizados constituía um fator bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Enfra-
importante no desenvolvimento das economias euro- quecidos após diversos ataques, os ex-escravizados
peias nos séculos XV ao XVIII. À época, muitas nações e seu último líder, Zumbi, lutaram até o fim, mas aca-
europeias eram governadas por monarquias absolutis- baram dominados. Nos últimos anos, a data da morte
tas, que adotaram um conjunto de práticas econômicas de Zumbi, 20 de novembro, tem sido celebrada como
cuja finalidade principal era o acúmulo de riquezas. Es- símbolo da resistência da população afrodescendente
sas práticas compunham o chamado mercantilismo. Os durante a escravidão.
cativos utilizados como mão de obra nas colônias eram
parte dessa imensa engrenagem política e econômica,
cujo objetivo central era a obtenção de vultosos lucros DOMÍNIOS ESTRANGEIROS

O
por parte dos europeus. A grande maioria dos africanos
SOBRE O BRASIL

BO O
trazidos para o Brasil pertencia aos seguintes grupos

SC
étnicos: bantos, aprisionados no Congo, Moçambique

M IV
e Angola; sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e CENÁRIO EUROPEU
Costa do Marfim; maleses e sudaneses convertidos ao No início da colonização portuguesa, o Estado lusi-

O S
islamismo, sempre lembrados por serem os que mais tano esteve na iminência de perder parte de seus do-
se rebelaram contra a escravidão, uma vez que, diferen- mínios americanos para outras nações europeias que

D LU
temente dos outros africanos que sempre estavam em lutavam por um quinhão da América ibérica logo após
pé de guerra, a religião muçulmana era um ponto de completar o processo de unificação do poder político.
união entre esses escravizados. Essas nações que realizaram tardiamente sua unifica-

O C
Em solo americano, esses cativos desempenhavam ção foram prejudicadas pelo estabelecimento do Tra-
todos os tipos de funções – das domésticas (escraviza-
N X tado de Tordesilhas, pois tal acordo garantia apenas
dos de dentro), passando por atividades menos opres- a Portugal e à Espanha o direito de explorar as terras
SI E
soras, como os escravizados de ganho, que tinham cer- americanas. Isso excluía e condenava qualquer iniciati-
ta liberdade de ir e vir, pois tinham de pagar uma taxa va de outros Estados que pretendessem se lançar em
O

sobre seus trabalhos para seu dono, até os escraviza- direção ao mar e buscar colônias ou mesmo rotas para
dos que tinham de trabalhar nas fazendas e nas minas o ainda lucrativo comércio com o Oriente.
EN S

de ouro e diamantes (escravizados do eito).


Para conseguir a submissão de seus escravizados, FRANÇA ANTÁRTICA
E U

seus donos utilizavam várias táticas. Ao comprar um A expedição comandada por Nicolas Durand de Vil-
escravo, procurava-se separá-lo de seus familiares e legaignon partiu de Havre, na França, em 1555, com o
D E

amigos e misturá-lo a outros de tribos rivais, tudo para objetivo de fundar uma colônia na América. Segundo a
impedir sua organização e futuros atos de rebeldia.
A LD

ideia inicial, tal colônia seria pautada pela liberdade re-


ligiosa, uma vez que boa parte da Europa estava sendo
REAÇÃO DOS AFRICANOS ESCRAVIZADOS devastada por guerras.
Todavia, os escravizados africanos reagiram, usando A expedição chegou à Baía de Guanabara em 1555,
EM IA

métodos como rebeliões, suicídios, abortos e fugas, construindo um baluarte de madeira no litoral. As péssi-
em especial, para os quilombos. A palavra quilombo mas condições de vida do local levaram os colonos a se
ST ER

significa acampamento na maioria das línguas bantas indispor com o comandante, já que o isolamento físico
da África Central e Centro-Ocidental. No Brasil, os qui- impedia o acesso a bens de primeira necessidade.
lombos tornaram-se locais de habitação e subsistência Apesar de todas as dificuldades, os franceses con-
de escravizados foragidos. Muitos surgiram em lugares seguiram fincar posição, buscando o apoio dos tamoios
SI AT

de difícil acesso, geralmente em áreas de elevação e e de mais 290 colonos trazidos da Europa. Quando, em
de mata fechada, que eram desbravadas por foragidos fevereiro de 1560, Mem de Sá chegou à Baía de Guana-
e transformadas em moradia. bara, encontrou o local à beira do colapso.
M

Existiram quilombos em praticamente todas as re- Os franceses conseguiram resistir por mais sete
giões do país. O maior de todos, porém, foi o dos Pal- anos; a perda do apoio na Confederação dos Tamoios
mares, que, de acordo com estimativas, chegou a ter foi determinante para que fossem expulsos por seu so-
20 mil habitantes. Esse quilombo localizava-se em uma brinho, Estácio de Sá, em 1567.
região cheia de palmeiras e de difícil acesso: a Serra da
Barriga. O local à época pertencia à capitania de Per- FRANÇA EQUINOCIAL
nambuco, mas atualmente fica no estado de Alagoas. Aproveitando-se do fato de a região Norte do Bra-
A existência de um grande quilombo incomoda- sil não ter sido ainda ocupada pelos portugueses, em
va muito os senhores de engenho, pois a comuni- 1612, os franceses fundaram a cidade de São Luís, hoje
dade servia de estímulo a novas fugas. Dezenas de capital do estado do Maranhão, batizada em homena-
expedições foram realizadas para destruir Palmares. gem ao rei Luís XIII.

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224

A expedição, liderada por Daniel de la Touche de la Ra- Essa resistência conseguiu conter o avanço holandês
vardière, chegou ao Maranhão em julho do mesmo ano, até a chegada do auxílio militar espanhol para expulsar
HISTÓRIA 2

e já em setembro começou a construção da fortaleza que os invasores.


deu origem à cidade de São Luís. Quando a notícia che- A escolha de Pernambuco como alvo da invasão
gou ao conhecimento do rei espanhol Filipe II, que desde holandesa ocorreu por um motivo óbvio: era a maior
1580 mantinha os reinos ibéricos sob seu domínio, ele produtora de açúcar da colônia. Assim, em fevereiro de
determinou que os invasores fossem expulsos. Em no- 1630, os holandeses bombardearam a cidade de Olin-
vembro de 1615, uma força militar luso-brasileira, coman- da. Ajudados por Domingos Fernandes Calabar, os ho-
dada por Jerônimo de Albuquerque, venceu os franceses. landeses conseguiram ocupar Pernambuco.

DOMÍNIO ESPANHOL (DE 1580 A 1640) Administração holandesa


Com a morte de D. Sebastião, Portugal passou por A Companhia das Índias Ocidentais conseguiu, du-
um período de decadência, passando o trono português rante anos, permanecer em solo brasileiro e acumular

O
grandes lucros por meio da produção de açúcar. Ao longo

BO O
para o domínio espanhol (1580-1640).
de todo o período de domínio holandês no Brasil, o mo-

SC
Mesmo estando sob a tutela do reino espanhol, Por-

M IV
tugal continuou gozando de certa liberdade: a estrutura mento de maior progresso correspondeu ao governo de
administrativa, a língua portuguesa, os funcionários pú- Maurício de Nassau, que se estendeu de 1637 a 1644.
blicos e até mesmo as leis foram preservados. O inte- Durante seu governo, Pernambuco se tornou uma

O S
resse espanhol estava focado nas riquezas lusitanas. região ainda mais rica e próspera. Desenvolvimento

D LU
Durante o período de união com a Espanha, Portugal foi científico e cultural, obras de assistência de toda ordem
dilapidado; suas colônias foram alvo de ataques france- e organismos administrativos davam à sede do gover-
ses, ingleses e holandeses, países que disputavam o no da Nova Holanda um esplendor que a destacava no

O C
controle das rotas marítimas mercantis e que sofriam meio de todas as colônias americanas.
com o monopólio espanhol, uma vez que esta nação, Nassau eliminou o último foco de resistência dos in-
N X
com a incorporação do Império Português, passou a vasores, pacificando a região. Depois, como forma de se
SI E
dominar os principais centros distribuidores de espe- aproximar da elite latifundiária, tratou de recuperar os en-
ciarias e escravos no mundo. genhos destruídos pela guerra, prevenindo a criação de
Ao mesmo tempo, a primeira metade do século XVII novos focos de resistência; concedeu empréstimos aos
O

conheceu um dos mais importantes e sangrentos confli- proprietários de terras para erguerem novos engenhos.
Com essas medidas, conseguiu aumentar a produ-
EN S

tos da história europeia: a Guerra dos Trinta Anos (1618-


1648). Após esse conflito, a situação europeia havia ção de açúcar e incentivar a produção de gêneros ali-
E U

sofrido uma grande mudança. A Espanha saiu da guer- mentícios de primeira necessidade. Por fim, urbanizou
ra obrigada a abandonar sua posição de país de grande Recife e concedeu liberdade de culto à população colo-
D E

influência na Europa. Ao mesmo tempo, a França erguia- nial. Nassau foi um grande administrador. Amante das
-se como grande potência. De outro lado, a Inglaterra e a artes e das ciências, para promovê-las em terras brasi-
A LD

Holanda despontavam como principais potências navais, leiras, trouxe naturalistas e arquitetos, que registraram
como poderosas esquadras militares e frotas comerciais. a fauna e a flora da região.

HOLANDA CONQUISTA O NORDESTE Expulsão holandesa


EM IA

Em 1640, depois de 60 anos, Portugal conseguiu


BRASILEIRO restaurar sua autonomia política ao aclamar D. João IV
ST ER

Invasão holandesa como rei. Durante a União Ibérica, os domínios portu-


Em 1582, a Holanda conseguiu sua independência gueses foram severamente reduzidos como reflexo das
em relação à poderosa Espanha de Filipe II. Essa foi invasões estrangeiras ocorridas durante o domínio es-
SI AT

uma resposta contra a política de intolerância religiosa panhol. Das colônias mais significativas restava apenas
do monarca espanhol, que, católico fervoroso, tentou o Brasil, e com um agravante: sua região mais rica, o
impor sua religião aos protestantes. Nordeste açucareiro, estava sob domínio holandês, fato
M

Em resposta à rebelião, que se transformou em que não poderia perdurar por muito tempo.
independência, Filipe II decretou o fechamento dos Ao mesmo tempo, a Holanda e a Companhia das Ín-
portos do Brasil e de Portugal aos navios holandeses. dias Orientais passaram a viver forte crise interna. Nassau
Diante de tal situação, um grupo de investidores criou a viu-se obrigado a retornar à Holanda. A saída de Nassau
Companhia das Índias Ocidentais, em 1621, que tinha causou grande comoção na região. As relações entre ho-
como missão inicial e mais importante restabelecer o landeses e luso-brasileiros ficaram mais acirradas. Uma
comércio de açúcar com o Brasil. série de fatores gerou o início da guerra de expulsão dos
A preparação para a invasão do Nordeste brasileiro holandeses, conhecida como Insurreição Pernambucana
consumiu três anos, vindo a ocorrer em maio de 1624. A (1645-1654): o fim da tolerância religiosa dos tempos de
esquadra tomou a capital brasileira, Salvador, sem gran- Nassau, uma crise produtiva, a consequente queda no pre-
de dificuldade. Embora tenham tomado a capital, os ho- ço do açúcar no mercado internacional e, por fim, as imen-
landeses enfrentaram resistência no interior da Bahia. sas dívidas dos donos de engenho com a Companhia.

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225

Pode-se compreender a longa duração do conflito pela Toda e qualquer atividade que não fosse a extração de dia-
inexistência de recursos que permitissem aos colonos e a mantes foi desencorajada ou proibida na localidade.

HISTÓRIA 2
Portugal expulsar os holandeses. Essa foi a primeira Insur- Os diamantes chegavam à Europa pelo mesmo ca-
reição Pernambucana. minho do ouro: transportados em lombos de mulas e/
Esse foi o primeiro grande movimento nativista, no ou carros de boi até o porto do Rio de Janeiro e de lá
qual se uniram brancos, negros e indígenas em uma eram embarcados para o Velho Mundo.
causa comum. Com a expulsão dos holandeses, o Tra-
tado de Paz de Haia estabelecia que Portugal indeni- SOCIEDADE AURÍFERA
zaria a Holanda, além de permitir a permanência, no O governo português, logo no início do século XVIII
Brasil, de famílias holandesas que assim o desejassem. (1702), pôs a exploração do ouro sob seu controle por
Com a guerra no Brasil e sua expulsão, os holande- meio da criação do regimento dos superintendentes,
ses levaram consigo mudas de cana-de-açúcar, trans- guardas-mores e oficiais-deputados. A descoberta de

O
ferindo o negócio açucareiro para as Antilhas. Nessa uma jazida deveria ser comunicada à superintendência

BO O
região, os holandeses obtiveram êxito na produção das minas e, em seguida, passava para o controle de

SC
de açúcar, o que levou à queda de preços no mer- um guarda-mor, que realizava a divisão da área em lotes

M IV
cado internacional, por conta do excesso de oferta, de exploração (datas auríferas).
derrubando a produção açucareira em Pernambuco. A sociedade aurífera era mais fluida que a sociedade

O S
Dessa forma, o período do Brasil holandês assinalou açucareira, pois, além dos grandes exploradores, os ho-
a decadência do negócio açucareiro e a necessidade

D LU
mens pobres (os faiscadores) podiam participar da ativi-
da Coroa portuguesa de buscar novas fontes de ri- dade aurífera. A concentração humana também é outro
queza pelo território colonial, abrindo espaço para o aspecto importante dessa atividade. A notícia da desco-
processo de expansão territorial e interiorização da berta de ouro no Brasil atraiu milhares de portugueses,

O C
população colonial. que imaginavam conseguir uma riqueza fácil. Assim, a
N X
ECONOMIA E SOCIEDADE
área mineradora viveu um surto urbanizador, com a cons-
tituição de várias vilas e cidades no interior. Atividades de
SI E
suporte eram necessárias para tal concentração humana,
MINERADORAS principalmente no que diz respeito à alimentação.
O

Dessa forma, grupos intermediários surgiram nes-


À PROCURA DO OURO sa sociedade colonial, atendendo à atividade mais im-
EN S

O ouro encontrado no Brasil em quantidade eco- portante. Como Portugal não tinha condições de suprir
E U

nomicamente favorável e, portanto, que interessava à toda a demanda colonial, desenvolveram-se atividades
Coroa portuguesa somente passou a ser extraído nos manufatureiras na região aurífera.
finais do século XVII. De início, a atividade mineradora
D E

apenas complementava a atividade açucareira. Assim, COBRANÇA DE IMPOSTOS


A LD

os vicentinos (habitantes de São Vicente) desceram O ouro era controlada pela Coroa, que dividia as jazi-
pelo atual litoral de São Paulo e do Paraná à procura de das em datas. Uma data ficava para quem encontrasse
ouro nos riachos das encostas da Serra do Mar. Com o a jazida e as outras eram arrendadas para quem qui-
crescimento dos núcleos de mineração, desenvolveu- sesse entrar na atividade. Além do arrendamento das
EM IA

-se outro tipo de expedição: as monções. datas, o Estado lusitano ganhava com a cobrança de
Como o ouro brasileiro era de aluvião, seu processo tributos sobre a extração aurífera. Dentre os principais
ST ER

de exploração ocorreu de forma bastante rudimentar. tributos estão o quinto, a finta e a capitação.
De início, a extração, feita pela faiscação nas margens Para realizar a exploração de uma lavra, era neces-
dos rios, usava a mão de obra livre. Com a descoberta sária grande quantidade de dinheiro para arcar com os
custos de um número mínimo de escravos e para com-
SI AT

das grandes minas, sobretudo em Minas Gerais, a ex-


tração denominada lavra passou a basear-se na mão de prar ferramentas apropriadas para tal trabalho. Somen-
obra escrava, com técnicas um pouco mais avançadas. te assim seria possível escavar e extrair dos veios das
rochas e dos morros o ouro necessário para compensar
M

EM BUSCA DE DIAMANTES tamanho investimento.


Foi por volta de 1726 que foram descobertos dia- Os lotes das lavras eram distribuídos pelo governo
mantes em Minas Gerais, notícia que animou o gover- português, por meio da Intendência das Minas, aos pro-
no português a organizar a exploração da região. Em prietários particulares, de acordo com o número de es-
1729, o governo português criou o Distrito Diamantino, cravos que a pessoa possuísse; quanto maior o número
subordinando a localidade a si próprio para restringir a de escravos, maiores eram os lotes.
exploração de diamantes à Coroa portuguesa. Na região das minas, praticamente inexistiam ativi-
A extração de diamantes foi vigiada com severidade dades industriais e agrícolas. Como não se pensava em
com o objetivo de impedir o contrabando, que havia se tor- nenhum tipo de trabalho sem a presença de pessoas
nado comum na região aurífera. A população do distrito foi escravizadas, seus donos não autorizavam a utilização
isolada, para não manter contato com o restante da colônia. deles em outra atividade que não fosse a mineração.

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226

O quinto, instituído pela Coroa, era uma exigência de Pombal procurou modernizar a administração de
que a quinta parte, ou seja, vinte por cento (20%) do ouro Portugal, separando os interesses públicos dos priva-
HISTÓRIA 2

extraído deveria ser direito do Estado lusitano. Como mui- dos, uma vez que os administradores metropolitanos
tos desviavam o ouro em pó, mais fácil de ser sonegado, usavam seus poderes e cargos em benefício próprio,
a Coroa criou as Casas de Fundição em 1725, proibindo a prática conhecida por patrimonialismo e que acabou
circulação do ouro em pó. Apenas poderia circular o ouro sendo incorporada à estrutura social brasileira.
em barra, já descontado o quinto, pela Casa de Fundição. Com a morte do rei D. José I, seu amigo e protetor,
A finta era uma cobrança anual de ouro que subs- o marquês de Pombal, que havia acumulado tantas ini-
tituiu o quinto. Deveriam ser cobradas 100 arrobas de mizades, caiu em desgraça e foi demitido do cargo pela
ouro da população livre da área. Era uma espécie de rainha Maria I, a Louca, em 1777, episódio conhecido
quinto estimado. O problema é que a escassez das ja- por Viradeira. A ascensão de D. Maria I também signi-
zidas contribuía para os atrasos no pagamento da finta, ficaria a suspensão de parte considerável das medidas

O
mais tarde cobrado como derrama. implantadas por Pombal, mas não daquelas que amplia-

BO O
A capitação era um imposto sobre o escravo utili- vam o arrocho fiscal sobre a colônia.

SC
zado na mineração. Eram cobrados 17 gramas de ouro
CULTURA NA COLÔNIA

M IV
por escravo (por cabeça).
As exigências metropolitanas estimularam movi- Papel dos jesuítas

O S
mentos rebeldes que visavam alterar a política do Esta- A vida cultural na colônia era bastante pobre, no en-
do em relação à área mineradora. O aparelho repressor tanto foram registrados alguns destaques. O primeiro

D LU
do Estado combateu as agitações, mas não removeu se refere ao papel dos padres jesuítas, dentre os quais
os descontentamentos. dois se destacaram no início da obra da Companhia:
Manuel de Nóbrega (o primeiro chefe dos jesuítas) e

O C
TRATADO DE METHUEN José de Anchieta.
Desde 1703, a Coroa portuguesa vinha obedecendo
N X
ao Tratado de Methuen – um acordo alfandegário feito
Arte barroca
A arquitetura desenvolveu-se com os sobrados e sola-
SI E
com a Inglaterra que definia uma redução na taxa de im-
res. A casa-grande era o símbolo do poder do senhor de
portação de vinho português na alfândega da Inglaterra
engenho. As igrejas, principalmente das áreas minerado-
O

e, em contrapartida, estabelecia a isenção do pagamento


ras, representavam o poder das grandes famílias locais.
de imposto para a Coroa portuguesa sobre o tecido inglês
Os conventos expressavam o poder das ordens religiosas.
EN S

–, também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos,


O Barroco se caracterizou por representar o confli-
que gerava uma balança comercial desfavorável para Por-
E U

to humano diante dos valores espirituais e dos ensina-


tugal em relação à Inglaterra, pois suas exportações de
mentos religiosos. Foi também a arte da Contrarrefor-
vinho não conseguiam pagar as importações de tecido.
ma, uma das expressões artísticas mais importantes
D E

Assim, parte do ouro arrecadado por Portugal foi utilizada


da história brasileira. Floresceu em várias regiões do
para pagar a diferença das importações-exportações por-
A LD

Brasil entre os séculos XVII e XVIII, mas alcançou mais


tuguesas com a Inglaterra, ou seja, os ingleses também
destaque na Bahia, em Recife e nas áreas urbanizadas
foram beneficiados com a produção mineradora brasileira.
de Minas Gerais. Essas três regiões tinham o maior
desenvolvimento econômico no país e, portanto, mais
CRISE DO MODELO E MEDIDAS
EM IA

recursos para financiar obras artísticas.


POMBALINAS Apesar de nascido no continente europeu, o barro-
ST ER

O marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei D. José co brasileiro, em especial o mineiro, ganhou traços pró-
I (1750-1777), tentou diminuir a dependência em relação à prios. No país, o Barroco ganhou destaque inicial nas
Inglaterra, estimulando manufaturas na área colonial para construções de igrejas católicas. Tais igrejas, geralmen-
reduzir as importações que vinham daquele país. Além
SI AT

te talhadas em madeira de lei, têm ricos detalhes orna-


disso, procurou reforçar o controle sobre a área colonial dos em ouro em pó. Praticamente toda a arte barroca
criando companhias privilegiadas de comércio, extinguin- brasileira gravitou em torno da religião, uma vez que a
do o sistema de hereditariedade das capitanias, transfe- Igreja era praticamente o único local de convívio social
M

rindo a capital para o Rio de Janeiro (1763) e expulsando da época. No campo da escultura, o destaque foi Antô-
os jesuítas do Brasil e, posteriormente, de Portugal. Suas nio Francisco Lisboa, mais conhecido pelo apelido de
medidas foram impactantes na época e Pombal ficou co- Aleijadinho, que, além de fazer belíssimas obras enta-
nhecido como um déspota esclarecido, pois utilizou a ra- lhando madeira ou pedra-sabão, foi responsável pelo or-
zão na tentativa de modernizar o Estado português. namento de igrejas inteiras. Suas obras são marcadas
No ano de 1759, alegando que os jesuítas haviam se por grande apelo religioso e impressionante realismo.
tornado uma força paralela dentro do Estado português No campo da pintura, o mais destacado entre todos
e tinham construído no Brasil um império separado do os artistas foi Manuel da Costa Ataíde. Mestre Ataíde
de Portugal, Pombal os expulsou do país e de seus do- utilizava cores vivas, sendo que sua obra mais conhe-
mínios coloniais, o que lhe permitiu realizar uma grande cida e aclamada está no teto da nave da Igreja de São
reforma no ensino, dando ao país caráter laico. Francisco de Assis, em Ouro Preto.

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227

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
ECONOMIA AÇUCAREIRA E
TRÁFICO DE ESCRAVIZADOS

Atividade:

O
Grande lavoura de cana-de-açúcar, elevados investimentos, transforma-

BO O
Economia açucareira

SC
ção da matéria-prima em produto final, sistema plantation, transferência

M IV
de renda da área colonial.

O S
D LU
Sociedade:

O C
Modelo patriarcal, tráfico negreiro, domínios territoriais, senhores de en-

N X genho influentes na política local.


SI E
O
EN S

Negócio:
E U

Nordeste (Bahia e Pernambuco) centralizou a maior parte das práticas


D E

econômicas e sociais, negócio açucareiro como núcleo das atividades


A LD

socioeconômicas, financiamento e lucro holandês, crise do negócio açu-

careiro – saída dos holandeses.


EM IA
ST ER

Interesse econômico:
SI AT

Atividade lucrativa intercontinental, a escravidão moderna foi a base do


Tráfico de escravizados
trabalho nas colônias.
M

Números:

O Brasil é o país que recebeu o maior número de escravos no continente

americano – 4 a 5 milhões.

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228

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

DOMINAÇÃO ESTRANGEIRA,
SOCIEDADE E CULTURA COLONIAL

O
Cenário europeu:

BO O
SC
Luta de outras nações europeias para dominar a América, tensões entre
Domínios estrangeiros

M IV
monarquias nacionais, contestação do Tratado de Tordesilhas.

O S
D LU
O C
N X
SI E
França Antártica:
O

Expedição de Nicolas Durand de Villegaignon para fundar uma colônia na


EN S
E U

América (1555); expedição chegou à Baía de Guanabara, fundamentada

na liberdade religiosa.
D E
A LD
EM IA
ST ER

França Equinocial:
SI AT

Expedição liderada por Touche de La Ravardière, chegou ao Maranhão e

fundou a cidade de São Luís.


M

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229

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
Domínio espanhol (1580-1640):

Com a morte de D. Sebastião, o trono passou para o domínio espanhol.

O
BO O
SC
M IV
O S
Brasil holandês:

D LU
Interesse no comércio de açúcar – invasão em Recife e Salvador; Compa-

O C
nhia das Índias; governo de Maurício de Nassau (1637-1644); desenvolvi-

N X mento científico e cultural; expulsão holandesa (1645-1654).


SI E
O
EN S
E U
D E

Ouro:
A LD

Economicamente favorável; descoberta de grandes minas; exploração

da Coroa portuguesa (XVII); processo de extração rudimentar e escrava.


EM IA

Economia e sociedade
mineradoras
ST ER
SI AT
M

Diamantes:

Descoberta em Minas Gerais (1726); criação do Distrito Diamantino

(1729); enviados em grande quantidade à Europa pelo caminho do ouro.

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230

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

Sociedade aurífera:

Controle da exploração do ouro pelo governo português; divisão em lotes

de exploração (datas auríferas).

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
Cobrança de impostos:

Quinto (20% à Coroa portuguesa), finta (cobrança anual), capitação (17

O C
gramas de ouro por escravo).
N X
SI E
O
EN S
E U

Tratado de Methuen:
D E
A LD

Acordo alfandegário entre Inglaterra e Portugal; parte do ouro arrecadado

por Portugal foi usada para pagar diferenças das importações-exportações.


EM IA
ST ER
SI AT

Marquês de Pombal:
M

Procurou diminuir a dependência com a Inglaterra; estimulação de ma-

nufaturas na área colonial; transferência da capital para o Rio de Janeiro;

tentativa de modernizar o Estado português.

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231

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
Jesuítas:

O
Papel na catequização e na obra da Companhia – Manuel de Nóbrega e

BO O
Cultura na colônia

SC
José de Anchieta.

M IV
O S
D LU
O C
N X Barroco:
SI E
Arquitetura (sobrados e solares), casa-grande, igrejas, conventos, pintu-
O

ras em igrejas.
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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232

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. Mackenzie-SP – No Brasil do século XVI, a sociedade a) a formação de uma sociedade mais aberta à mobilida-
tinha, no engenho, o centro de sua organização. de social na zona açucareira que na zona mineradora.
b) o apoio da metrópole à atividade pastoril, priorizando
Assinale a alternativa que não atesta a importância do o setor de subsistência.
engenho no período colonial.
c) os conflitos entre jesuítas, que defendiam a preser-
a) Alguns engenhos funcionavam como unidades de vação dos valores culturais africanos, e os colonos.
produção autossuficientes, pois, além de oficinas d) a ausência da ação inquisitorial da Igreja, por causa da
para reparos de suas instalações, produziam alimen- grande distância entre a colônia e a metrópole.
tos necessários à sobrevivência de seus moradores. e) a dispersão do poder político, associado ao poder eco-
b) A grande propriedade era monocultora e também es- nômico.
cravocrata, voltada para o mercado externo, sendo a Não é correto falar em mobilidade econômica nesse período nem em
apoio à atividade pastoril, que acontecia de forma marginal. Sobre os
montagem da estrutura de produção açucareira um
jesuítas, não havia defesa da cultura africana ou mesmo indígena. A

O
empreendimento de alto custo. Inquisição, ao contrário do que se afirma, se fez presente também na

BO O
c) Os senhores de engenhos, por serem proprietários colônia. Por outro lado, é correto falar em dispersão do poder político e

SC
de terras e escravizados, detinham o poder político de vinculação deste com o poder econômico.
4. PUC-RS – Sobre o processo de exploração colonial do

M IV
e controlavam as Câmaras Municipais, sendo deno-
minados de “homens-bons”, estendendo esse poder Brasil por Portugal, é correto afirmar:
para o interior de sua família. a) Em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e Minas

O S
de Ouro, em decorrência da descoberta de ouro e do
d) No engenho também havia alguns tipos de trabalha-
início da extração aurífera na região de Minas Gerais.
dores assalariados, como o feitor, o mestre de açú-

D LU
car, o capelão ou padre, que se sujeitavam ao poder b) Caracterizou-se por relativa estabilidade política, na
medida em que, durante a colonização, não ocorre-
e à influência do grande proprietário de terras.
ram movimentos revolucionários de contestação ao
e) Os grandes engenhos contavam com toda a infraestrutu- Pacto Colonial.

O C
ra não apenas para atender às necessidades básicas de c) Foi dividido em três ciclos de exploração econômica:
sobrevivência, mas voltadas à atividade intelectual que produção açucareira, no litoral da região Nordeste;
N X
tornava o engenho centro de discussões comerciais.
A questão pede a questão incorreta. Apesar de ser um estilo de ativida-
mineração, no Sudeste e Centro-Oeste; e extrativis-
mo da borracha, no Norte.
SI E
de cada vez menos utilizado, é necessário ter atenção. Todas as frases d) Levou ao desenvolvimento das manufaturas locais,
estão corretas, exceto a última, justamente por dizer que o engenho era
um centro comercial e intelectual completo, com toda a infraestrutura,
como consequência da exploração de ouro durante o
quando na verdade o que acontecia era exatamente o oposto. período da mineração (século XVIII), o que permitiu o
O

acúmulo de capital e a criação de um mercado inter-


no na colônia.
2. Unifor-CE – O Complexo Econômico Nordestino estru-
e) Teve como base do trabalho a mão de obra escrava,
EN S

turou-se no Nordeste do Brasil ao longo dos séculos


que era trazida da África, tendo em vista que, por re-
XVI e XVII, a partir da produção de cana-de-açúcar para ceio de rebelião das populações originais da colônia,
E U

exportação. Essa produção articulou-se com a pecuária não houve escravidão indígena.
no interior da região. Sobre esse período da história eco- Mesmo não conhecendo a data e o nome correto da capitania criada assim
nômica do Brasil pode-se afirmar que: que foram descobertas as minas de ouro, é possível eliminar as alternativas
D E

erradas. Não houve estabilidade política, os ciclos de exploração incluíram


I. O aproveitamento do escravizado indígena revelou- também a extração de pau-brasil, não houve desenvolvimento de manufatu-
-se inviável na escala requerida, o que levou ao apro-
A LD

ras, nem houve receio de rebelião por parte dos indígenas.


fundamento da importação de africanos. 5. Fuvest-SP C4-H18
II. A criação de gado no interior do Nordeste ocorreu, A respeito dos espaços econômicos do açúcar e do
especialmente, para abastecer a região açucareira de ouro no Brasil colonial, é correto afirmar:
carne e animais de tiro. a) A pecuária no sertão nordestino surgiu em resposta
EM IA

III. O crescimento dessas economias se dava intensi- às demandas de transporte da economia mineradora.
vamente incorporando as mais modernas técnicas b) A produção açucareira estimulou a formação de uma
rede urbana mais ampla do que a atividade aurífera.
ST ER

produtivas.
IV. As “invasões holandesas” foram consequências do c) O custo relativo do frete dos metais preciosos viabili-
alto interesse comercial e financeiro dos holandeses zou a interiorização da colonização portuguesa.
no negócio do açúcar. d) A mão de obra escrava indígena foi mais empregada
SI AT

na exploração do ouro do que na produção de açúcar.


V. O desenvolvimento de uma economia açucareira nas
Antilhas, depois da expulsão dos holandeses do Bra- e) Ambas as atividades produziram efeitos similares so-
sil, em nada prejudicou o florescimento da Região bre a formação de um mercado interno colonial.
Nordeste do Brasil. A pecuária não foi desenvolvida para obter transporte, mas carne e cou-
M

ro; não houve uma rede urbana na produção açucareira; na exploração


Está correto o que se afirma em: do ouro, a mão de obra predominante já era a de africanos escravizados;
e o aquecimento do mercado interno foi muito maior na mineração do
a) III, IV e V. c) II, III e IV. e) I, III, e V. que na produção de açúcar.
Competência: Entender as transformações técnicas e tecnológicas e
b) I, II, IV. d) I, II, V. seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhe-
Não é correto dizer que as técnicas mais modernas eram utilizadas. O sis- cimento e na vida social.
tema escravista tende a ficar desatualizado porque as técnicas tendem a Habilidade: Analisar diferentes processos de produção ou circulação de
reduzir o esforço do trabalho e, para os donos de escravizados, isso não era riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
uma prioridade. Sobre o açúcar das Antilhas, o que ocorreu foi o contrário:
6. UFRN – No século XVII, os holandeses conquistaram o
o preço do açúcar caiu e o Brasil sofreu bastante com essa concorrência.
nordeste da América portuguesa (Brasil) e imprimiram
3. Unic-MT – O período colonial brasileiro estendeu-se do características próprias a essas áreas coloniais. O apo-
século XVI ao início do século XIX, apresentando, entre geu do governo holandês deu-se à época da administra-
suas características: ção do príncipe João Maurício de Nassau (1637-1644).

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233

Considerando-se o governo de Nassau e comparando- c) os holandeses doavam terras de suas colônias para

HISTÓRIA 2
-o com a colonização portuguesa, pode-se afirmar que: que os homens-bons construíssem seus engenhos
de açúcar, enquanto a Coroa portuguesa vendia ter-
a) a colonização holandesa aprovava a libertação dos ne-
ras aos senhores de engenhos.
gros, índios e mestiços, ao passo que a colonização
portuguesa defendia a escravidão dos negros africa- d) os holandeses desenvolviam a produção açucareira
nos e dos ameríndios. utilizando o engenho movido a vapor, ao passo que a
Coroa portuguesa expandia sua produção utilizando-
b) a colonização holandesa permitia a convivência entre
-se do engenho a tração animal.
protestantes, católicos e judeus, enquanto a coloni-
A respeito da abordagem religiosa, essa é a diferença primordial entre os
zação portuguesa proibia a prática de qualquer outra
portugueses, que eram católicos, e os holandeses, protestantes. Havia a
religião que não fosse o catolicismo. proibição de todo e qualquer culto que não fosse o católico na coloniza-
ção portuguesa, enquanto, na holandesa, havia mais liberdade religiosa.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

O
BO O
7. Uncisal – Quanto à economia no século XVI no Brasil, d) tanto em uma como em outra, desenvolveram-se

SC
dadas as afirmativas: formas mistas e sofisticadas de trabalho livre e de

M IV
I. A agromanufatura do açúcar forneceu a base econô- trabalho compulsório.
mica para a valorização colonial do Brasil. e) por serem diferentes e independentes uma da outra,
II. Ao açúcar subordinavam-se o extrativismo do pau- não se pode estabelecer qualquer tentativa de com-

O S
-brasil e a pecuária. paração entre ambas.

D LU
III. A utilização, em larga escala, de trabalhadores escra-
vizados, a disponibilidade de terras e a expansão do 10. UECE – Enquanto na maioria das regiões do Brasil as
setor de consumo externo concorreram para o en- primeiras vilas e cidades surgiram no litoral (Igaraçu e
riquecimento da classe proprietária e da burguesia Olinda, em Pernambuco; Vila do Pereira, Ilhéus, Santa

O C
comercial portuguesa e flamenga. Cruz e Porto Seguro, na Bahia; e São Vicente, Cananeia
IV. Ainda, nesse período, persistiam os interesses e Santos, em São Paulo), no Ceará, os povoados e as
N X metalistas.
Verifica-se que está(ão) correta(s):
primeiras vilas surgiram tanto no litoral (Aquiraz em
1700 e Fortaleza, ocupada desde 1603 e elevada à cate-
SI E
goria de vila em 1726) como no interior (Icó, colonizada
a) IV, apenas. d) I, II e III, apenas. desde 1683 e elevada à categoria de vila em 1738).
b) I e II, apenas. e) I, II, III e IV. Com relação a esses fatos, é incorreto dizer que:
O

c) III e IV, apenas. a) nos primeiros momentos da colonização, a produção


açucareira, realizada próxima ao litoral, bem como o
EN S

8. Cesgranrio-RJ – O senhor de engenho é título a que comércio de exportação deste produto, fizeram com
muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, que a maioria das vilas e cidades se desenvolvesse
E U

obedecido e respeitado de muitos. O comentário de na zona litorânea.


Antonil, escrito no século XVIII, pode ser considerado b) a existência de uma atividade econômica relevante
característico da sociedade colonial brasileira porque:
D E

no interior do Ceará – a pecuária bovina – contribuiu


a) a condição de proprietário de terras e de homens ga- para que vilas surgissem também longe do litoral.
A LD

rantia a preponderância dos senhores de engenho na c) as relações entre as atividades econômicas e a urbani-
sociedade colonial. zação da colônia são determinantes para o processo de
b) a autoridade dos senhores restringia-se aos escravi- povoamento e interiorização da colonização brasileira.
zados, não se impondo às comunidades vizinhas e a d) desde o início, enquanto a colonização se interioriza-
outros proprietários menores. va no restante do Brasil, no Ceará ela somente ocor-
EM IA

c) as dificuldades de adaptação às áreas coloniais levaram reu com a cultura do algodão no século XIX.
os europeus a organizar uma sociedade com mínima di-
ST ER

ferenciação e forte solidariedade entre seus segmentos. 11. UFR-RJ – Leia o texto sobre o tráfico de escravos.
d) as atividades dos senhores de engenho não se limitavam “O Brasil se distinguiu por ter sido o maior receptor de afri-
à agroindústria, pois controlavam o comércio de exporta- canos escravizados em toda a história mundial. O historiador
ção, o tráfico negreiro e a economia de abastecimento. Robert Conrad propôs a cifra de 5,5 milhões de africanos in-
SI AT

e) o poder político dos senhores de engenho era asse- troduzidos no Brasil de um total calculado por Philip Curtin
gurado pela metrópole através da sua designação de 9,4 milhões que sobreviveram à travessia atlântica e che-
para os mais altos cargos da administração colonial. garam vivos a algum porto no continente americano. […] O
M

tráfico se prolongou por tanto tempo e ganhou tão enorme


9. Unifesp – Com relação à economia do açúcar e da pe- volume porque do outro lado do Atlântico havia produtores
cuária no Nordeste durante o período colonial, é correto de gêneros tropicais de exportação que precisavam comprar a
afirmar que: força de trabalho necessária ao escravismo colonial.”
a) por serem as duas atividades essenciais e comple- GORENDER, Jacob. Brasil em preto e branco: o passado escravista
mentares, portanto as mais permanentes, foram as que não passou: São Paulo: Senac, 2000. p. 32-33; 43-44.
que mais usaram escravizados.
b) a primeira, tecnologicamente mais complexa, recor- Em relação ao trabalho e à vida do escravizado na área
ria à escravidão, e a segunda, tecnologicamente mais colonial portuguesa na América, é correto afirmar que:
simples, ao trabalho livre. a) por causa de uma propensão dos negros à promiscui-
c) a técnica era rudimentar em ambas, na agricultura dade sexual, os escravos não constituíram famílias.
por causa da escravidão, e na criação de animais por b) nas áreas mais dinâmicas da produção agrário-expor-
atender ao mercado interno. tadora, predominou o trabalho de origem africana.

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234

c) o emprego de escravos impunha custo de vigilância a) o intervencionismo regulador metropolitano na re-


HISTÓRIA 2

menos elevado do que ocorre no emprego de traba- gião das Minas, o desaparecimento da produção
lhadores assalariados. açucareira do Nordeste e a instalação do Tribunal da
d) nos primeiros séculos da colonização, tanto o escra- Inquisição na capitania.
vo como o trabalhador livre recebiam salário. b) a solução temporária de problemas financeiros em
e) em geral, o escravo era um trabalhador qualificado, Portugal, alguma articulação entre áreas distantes da
apropriado a tarefas de uma agricultura baseada em colônia e o deslocamento de seu eixo administrativo
tecnologias exigentes. para o centro-sul.
c) a separação e autonomia da capitania das Minas Gerais,
12. Unicamp-SP – “As plantações de mandioca encontradas pe- a concessão do monopólio da extração dos metais aos
las saúvas cortadeiras nas roças indígenas eram apenas uma paulistas e a proliferação da profissão de ourives.
entre várias outras. Em muitas situações, a composição histó- d) a proibição do ingresso de ordens religiosas em Minas
ria 2 das folhas favorecia a escolha de outras plantas e a folha- Gerais, o enriquecimento generalizado da população e o
êxito no controle do contrabando.

O
gem da mandioca era cortada apenas quando as preferidas
e) o incentivo da Coroa à produção das artes, o afrou-

BO O
das saúvas não eram suficientes. Já na agricultura comercial,
machados e foices de ferro permitiam abrir clareiras em uma xamento do sistema de arrecadação de impostos e a

SC
escala maior, resultando em grande homogeneidade da flora. importação dos produtos para a subsistência direta-

M IV
Nas lavouras de mandioca de fins do século XVII e do início mente da metrópole.
do século XVIII, as folhas da mandioca tornavam-se uma das
15. Fuvest-SP – No século XVIII a produção do ouro provo-

O S
poucas opções das formigas. Depois de mais algumas colhei-
cou muitas transformações na colônia. Entre elas pode-
tas, a infestação das formigas tornava-se insuportável, por ve-

D LU
mos destacar:
zes causando o completo despovoamento humano da área.”
a) a urbanização da Amazônia, o início da produção do taba-
CABRAL, Diogo. O Brasil é um grande formigueiro: território, ecologia co, a introdução do trabalho livre com os imigrantes.
e a história ambiental da América Portuguesa – parte 2. In: HALAC. b) a introdução do tráfico africano, a integração do índio, a

O C
História ambiental latinoamericana y caribeña. Belo Horizonte, v. IV, n. 1, desarticulação das relações com a Inglaterra.
p. 87-113, set. 2014-fev. 2015. (Adaptado)
c) a industrialização de São Paulo, a produção de café
N X
A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos sobre
História do Brasil Colônia, assinale a alternativa correta:
no Vale do Paraíba, a expansão da criação de ovinos
em Minas Gerais.
SI E
a) A principal diferença entre as lavouras indígenas e a d) a preservação da população indígena, a decadência
agricultura comercial colonial estava no uso de quei- da produção algodoeira, a introdução de operários
europeus.
O

madas pelos europeus, o que não era praticado pelas


populações autóctones. e) o aumento da produção de alimentos, a integração de
novas áreas por meio da pecuária e do comércio, a mu-
EN S

b) Comparadas à mandioca cultivada pelos indígenas,


as novas espécies de mandioca trazidas da Europa dança do eixo econômico para o Sul.
E U

eram menos resistentes às formigas cortadeiras, e


por isso mais suscetíveis à infestação. 16. Unicamp-SP – Entre 1580 e 1640, Portugal enfrentou
uma delicada situação política: de um lado, passou a
c) Os colonizadores introduziram no território colonial
pertencer à União Ibérica e, de outro, viu os holandeses
D E

novas espécies de mandioca e milho, que desequi-


libraram o sistema agrícola ameríndio, baseado no dominarem Pernambuco, através da Companhia das Ín-
A LD

sistema rotativo de plantação. dias Ocidentais, a partir de 1630.


d) A agricultura comercial tendia à homogeneização da a) O que foi a União Ibérica?
flora nas lavouras da América portuguesa, combinando
tradições europeias de plantio com práticas indígenas.
EM IA

13. Fuvest-SP – Foram, respectivamente, fatores importan-


tes na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na
ST ER

sua posterior expulsão:


a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e
os desentendimentos entre Maurício de Nassau e a
Companhia das Índias Ocidentais.
SI AT

b) a participação da Holanda na economia do açúcar e


o endividamento dos senhores de engenho com a
Companhia das Índias Ocidentais.
M

c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a re-


sistência e não aceitação do domínio estrangeiro pela
população.
d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colo-
b) Dê três motivos para a invasão holandesa no Brasil.
nial e o fim da dominação espanhola em Portugal.
e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a
mudança de interesses da Companhia das Índias
Ocidentais.

14. Fuvest-SP – A exploração dos metais preciosos encontra-


dos na América Portuguesa, no final do século XVII, trouxe
importantes consequências tanto para a colônia quanto
para a metrópole. Entre elas:

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235

a) pelos acordos diplomáticos entre Portugal e Espa-

HISTÓRIA 2
nha, que definiam que as áreas mineradoras, embora
estivessem em território sob domínio português, fos-
sem exploradas prioritariamente por espanhóis.
b) pelas sucessivas revoltas contra os impostos na re-
gião das Minas, que paralisavam seguidamente a ex-
ploração do minério e desperdiçavam a oportunidade
17. Vunesp de enriquecimento rápido.
c) pela forte dependência comercial de Portugal com a
“A Portugal, a economia do ouro proporcionou apenas
Inglaterra, que fazia com que boa parte do ouro obti-
uma aparência de riqueza [...]. Como agudamente ob- do no Brasil fosse transferido para os cofres ingleses.
servou o marquês de Pombal, na segunda metade do
d) pela incapacidade portuguesa de explorar e transportar
século XVIII, o ouro era uma riqueza puramente fictícia o ouro brasileiro, o que levava a Coroa de Portugal a con-
para Portugal.” ceder a estrangeiros os direitos de extração do minério.

O
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil, 1971. (Adaptado) e) pelo grande contrabando existente na região das Mi-

BO O
A afirmação do texto, relativa à economia do ouro no nas Gerais que não era reprimido pelos portugueses

SC
Brasil colonial, pode ser explicada: e impedia que os minérios chegassem à metrópole.

M IV
ESTUDO PARA O ENEM

O S
18. Enem C4-H18 b) atividade culinária exercida pelos moradores cozi-

D LU
“O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa nheiros que viviam nas regiões das minas.
pelos árabes no séculoVIII, durante a Idade Média, mas foi prin- c) atividade mercantil exercida pelos homens que trans-
cipalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua portavam gado e mercadoria.
procura foi aumentando. Nessa época, passou a ser importado

O C
d) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que
do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da necessitavam dispor de alimentos.
Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente
N X
caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.”
e) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no
auge da exploração do ouro.
SI E
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716).
São Paulo: Atual, 1996. 20. FGV-RJ C2-H7
Considerando o conceito do antigo sistema colonial, o Navegamos pelo espaço de quatro dias, até que, a dez de
O

açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar iní- novembro, encontramos a barra de um grande rio chama-
cio à colonização brasileira, em virtude de: do de Guanabara, pelos nativos (devido à sua semelhança
EN S

a) O lucro obtido com seu comércio ser muito vantajoso. com um lago) e de Rio de Janeiro pelos primeiros desco-
b) Os árabes serem aliados históricos dos portugueses.
E U

bridores do local. [...] o Senhor de Villegagnon, para se ga-


c) A mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente. rantir contra possíveis ataques selvagens, que se ofendem
d) As feitorias africanas facilitarem a comercialização com extrema facilidade, e também contra os portugueses,
D E

desse produto. se estes alguma vez quisessem aparecer por ali, fortificou
e) Os nativos da América dominarem uma técnica de o lugar da melhor maneira que pôde. Os víveres eram-nos
A LD

cultivo semelhante. fornecidos pelos selvagens e constituídos dos alimentos


do país, a saber, peixes e veação diversa, constante de car-
19. Enem C1-H3 ne de animais selvagens (pois eles, diferentemente de nós,
“Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos não criam gado), além de farinha feita de raízes [...] Pão
EM IA

e cidades do Brasil colonial. A palavra 'tropeiro' vem de 'tropa e vinho não havia. Em troca destes víveres, recebiam de
que', no passado, se referia ao conjunto de homens que trans- nós alguns objetos de pequeno valor, como facas, podões
portavam gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita e anzóis.
ST ER

coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O THEVET, André. As singularidades da França Antártica.
tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo Belo Horizonte/São Paulo, Itatia/Edusp. 1978, p. 93-94.
auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tar-
O frei franciscano André Thevet esteve em terras bra-
SI AT

de, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu


grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por sileiras entre 1555 e 1556, junto com outros franceses
isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e pro- comandados por Nicolas de Villegagnon. A leitura do
dutos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por trecho do relato dessa expedição permite
M

toucinho, feijão-preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e a) constatar a aceitação, pelo reino francês, da partilha do
coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Novo Mundo realizada por portugueses e espanhóis.
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho b) identificar as diferenças entre as práticas coloniais e
com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com o tratamento dispensado aos indígenas pelos portu-
farofa e couve picada. O feijão-tropeiro é um dos pratos típi- gueses e franceses.
cos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era pre- c) perceber as diferenças culturais entre os povos indí-
parado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.” genas e os conquistadores europeus.
Disponível em: <http://www.tribunadoplanalto.com.br>.
d) reconhecer a necessidade da escravidão africana
A criação do feijão-tropeiro na culinária brasileira está como base para a montagem das estruturas produ-
relacionada à: toras coloniais.
a) atividade comercial exercida pelos homens que tra- e) diferenciar as orientações religiosas dos protestantes
balhavam nas minas. franceses das referências católicas ibéricas.

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4
236

REVOLTAS NATIVISTAS E
HISTÓRIA 2

REBELIÕES EMANCIPACIONISTAS

ACOMODADO E PACÍFICO JAMAIS

O
BO O
Ao longo de toda sua história, desde o contato entre europeus e povos nativos até

SC
• Acomodado e pacífico
hoje, o Brasil foi palco de diversos embates políticos, e muitos deles se resolveram

M IV
jamais
• Características das apenas com revoltas, insurgências, rebeliões, inconfidências, mobilizações, cada qual
revoltas nativistas e com as características de seu próprio tempo, mas, em comum, todas tendo a luta

O S
emancipacionistas como meio de alcançar seus objetivos.

D LU
• Revolta de Beckman – 1684
• Guerra dos Emboabas – CARACTERÍSTICAS DAS REVOLTAS NATIVISTAS E
1708-1709 EMANCIPACIONISTAS

O C
• Guerra dos Mascates –
As rebeliões reivindicatórias sem intenção de romper vínculos com Portugal foram:
1710-1711
N X
• Revolta de Vila Rica – 1720
Revolta de Beckman (1684), Guerra dos Emboabas (1708-1709), Guerra dos Mascates
(1710-1711), Revolta de Vila Rica (1720). As conspirações de caráter emancipacionista
SI E
• 1789: Inconfidência Mineira que defendiam o rompimento com Portugal foram: Inconfidência Mineira (1789), In-
• 1794: Conjuração do Rio de confidência Baiana (1798).
O

Janeiro Os movimentos coloniais tiveram influência de valores e ideais iluministas, mas


• 1798: Conjuração Baiana também procuraram ajuda efetiva dos Estados Unidos em seu processo de eman-
EN S

cipação, como aponta o excerto da carta de Thomas Jefferson ao conterrâneo John


HABILIDADES Jay, em que comenta o pedido de ajuda feito por um mineiro em 1786, véspera da
E U

• Interpretar histórica e/ou Inconfidência Mineira.


geograficamente fontes
D E

documentais acerca de REVOLTA DE BECKMAN – 1684


aspectos da cultura.
A LD

A Revolta de Beckman foi um movimento contra a Companhia de Comércio do


• Reconhecer a dinâmica da
organização dos movimen- Maranhão, que detinha o monopólio comercial na região, concedido pela Coroa. Além
tos sociais e a importância disso, os colonos queriam a expulsão dos jesuítas, que se colocavam contra a escra-
da participação da coleti- vização dos nativos.
EM IA

vidade na transformação Mesmo antes de conseguir eleger seus representantes, Tomás Beckman, irmão
da realidade histórico- de Manuel, foi enviado a Portugal como emissário dos revoltosos. Sua missão era
-geográfica.
ST ER

jurar fidelidade e lealdade da população maranhense à Coroa portuguesa.


• Analisar a atuação dos O governo metropolitano deu resposta rápida e violenta. Executou Tomás e enviou
movimentos sociais novo governador para sufocar a rebelião. Os principais líderes foram presos, e Ma-
que contribuíram para nuel, enforcado. Posteriormente, os colonos conseguiram provar que a Companhia
SI AT

mudanças em processos de
era ineficiente, e Portugal a extinguiu em 1685.
disputa pelo poder.
• Avaliar criticamente GUERRA DOS EMBOABAS – 1708-1709
M

conflitos culturais, sociais,


políticos e econômicos. Foi uma revolta paulista contra os emboabas – nome dado aos portugueses vindos
de outras regiões, que pretendiam explorar as jazidas de ouro descobertas pela ação
bandeirante. Os paulistas desejavam exclusividade na exploração do ouro, mas não
conseguiram impedir a atividade dos recém-chegados.
A disputa pela região das minas levou a vários enfrentamentos entre paulistas e
emboabas. Na campanha mais famosa, chamada Capão da Traição, aproximadamente
300 paulistas foram cercados e obrigados a entregar suas armas, sendo traídos pelos
emboabas, que os mataram e lançaram os corpos no Rio das Mortes.
Tentando pacificar a região, a Coroa portuguesa criou a Capitania de São Paulo e
Minas do Ouro, elevou São Paulo à categoria de cidade, mas manteve a área minera-
dora aberta a quem desejasse explorá-la.

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237

GUERRA DOS MASCATES – 1710-1711 Para Portugal, a crise financeira não resultava de
Uma disputa entre senhores de engenho de Olinda e acordos malfeitos ou falta de investimentos em seto-

HISTÓRIA 2
comerciantes de Recife. Aqueles queriam impedir a au- res estratégicos da economia, mas, sim, da sonegação
tonomia de Recife, destruindo o Pelourinho erguido, que de impostos pelos colonos no Brasil, contra os quais
representava sua autonomia em relação a Olinda. A elite instituiu a derrama – imposto que obrigava a população
rural da Vila de Olinda enfrentava dificuldades financeiras a abrir mão de pertences pessoais para atingir as cem
desde a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), arrobas anuais de ouro em tributos. Tal medida aumen-
principalmente diante da concorrência do açúcar produzi- tou o descontentamento popular.
do pelos holandeses nas Antilhas. Apesar da decadência, O governo português ainda decretou impedimento
Olinda continuava a comandar a capitania. Os comercian- de qualquer manufatura no Brasil pelo Alvará de 1785.
tes portugueses em Recife ganharam apoio da Coroa Tudo dependeria de importação, portanto. Temendo a
para elevação do lugarejo à condição de vila, colocando propagação de ideais revolucionários, proibiu a impres-

O
em questão o domínio político de Olinda na capitania. são de jornais e revistas e determinou que somente

BO O
Sentindo-se prejudicada, Olinda iniciou ataque a Re- portugueses ocupariam cargos administrativos no Bra-

SC
cife, gerando disputa entre os senhores de engenho e sil. Diante de tais circunstâncias, um grupo de colonos

M IV
os comerciantes, chamados de mascates. Em 1711, o passou a reunir-se secretamente em Vila Rica, atual
governo metropolitano interveio, mantendo a decisão Ouro Preto. A conspiração contra o governo português

O S
de elevar Recife à categoria de vila. com objetivo de expandir-se para todo o Brasil começa-
ria em Ouro Preto no dia da derrama.

D LU
REVOLTA DE VILA RICA – 1720 Inspirados pelas ideias iluministas e pela declaração
A Revolta de Felipe dos Santos ou Revolta de Vila de independência dos Estados Unidos, os rebeldes ti-
Rica foi motivada pelos crescentes tributos que o Es- nham altas pretensões, caso tomassem o poder:

O C
tado português impunha à região das Minas Gerais. • proclamar a república, seguindo o modelo da Consti-
N X
O estopim da rebelião foi o fato de o governo metro-
politano proibir a circulação de ouro em pó no Brasil,
tuição dos Estados Unidos;
• instalar a primeira universidade do Brasil, que seria
SI E
exigindo sua transformação em barra nas casas de
em Vila Rica;
fundição, para ocorrer cobrança automática do quinto.
• iniciar a produção manufatureira;
O

Houve descontentamento geral com as medidas, que


diminuiriam os lucros e a capacidade de contrabando • reformar o exército;
EN S

dos mineradores. • transformar São João del Rei em capital.


Um grupo de colonos, entre eles o garimpeiro Feli-
E U

O tema escravista ficou sem solução, porque mui-


pe dos Santos, liderou a marcha que partiu de Vila Rica tos inconfidentes eram proprietários de negros escra-
em direção a Mariana, sede do governo da capitania. O vizados. Admitia-se a abolição somente para cativos
D E

governador viu-se obrigado a prometer atendimento às nascidos no Brasil. A falta de consenso atribuiu ares eli-
reivindicações de não instalação da Casa de Fundição e
A LD

tistas à Inconfidência Mineira. Quando o governador da


isenção dos impostos sobre o comércio local. região, Visconde de Barbacena, começasse a cobrança,
Satisfeitos, os colonos voltaram a Vila Rica e o go- os rebeldes o prenderiam e declarariam a Independên-
vernador pôde reagrupar suas tropas e contra-atacar. cia do Brasil. Tiradentes iria ao Rio de Janeiro divulgar o
EM IA

A maioria dos presos foi deportada para Lisboa, mas movimento e buscar apoio nacional.
alguém deveria ser castigado para servir de exemplo, e Aparentemente tudo estava pronto, mas havia um
ST ER

foi escolhido um dos mais pobres mineradores que li- delator entre os conspiradores. Em troca do perdão de
deraram a marcha. Felipe dos Santos acabou enforcado dívidas, o tenente-coronel Joaquim Silvério dos Reis de-
e esquartejado. Como resultado do motim, a instalação nunciou o plano e o nome dos envolvidos. O visconde sus-
das casas de fundição foi suspensa, sendo instituída só
SI AT

pendeu a derrama e conseguiu prender todos os rebeldes.


em 1725. Tiradentes foi enforcado e teve o corpo esquarteja-
do distribuído pelas cidades onde buscara apoio para
1789: INCONFIDÊNCIA MINEIRA
M

a insurreição, que sequer saiu da fase conspiratória. A


Em meados do século XVIII, o Estado português cabeça exposta publicamente em Vila Rica deveria evi-
passava por dificuldades econômicas, em parte pela tar novas revoltas.
dependência econômica da Inglaterra. Como de costu-
me, para resolver o problema, aumentou o rigor fiscal 1794: CONJURAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
sobre os colonos brasileiros, que já enfrentavam efeitos As ideias libertárias chegaram às elites cariocas.
da extração decadente de ouro. Assim, a conspiração “Os reis são uns tiranos”, pronunciavam os membros
estava associada ao quadro de decadência da produção da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, influenciados
das minas e ao atraso no pagamento de impostos, em pelas ideias liberais e republicanas da época. Acusados
especial a finta. A decisão da Coroa de cobrar a derra- de organizar um movimento revolucionário, os mem-
ma (impostos atrasados) definiu a sedição, que preten- bros foram presos, e a sociedade, desfeita. Sufocava-
dia romper vínculos com a metrópole. -se o movimento ainda na fase de conjuração.

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238

1798: CONJURAÇÃO BAIANA de fundar a República Baiense. Depois de fazerem uma


A Inconfidência Baiana, também conhecida como proclamação baseada nas ideias iluministas, propaga-
HISTÓRIA 2

Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, teve cará- das pela loja maçônica local (Loja dos Cavaleiros da
ter mais popular que as inconfidências anteriores, cujos Luz), os líderes foram denunciados, presos, e quatro
participantes incluíam soldados e alfaiates desejosos deles, enforcados em praça pública.

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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239

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
REVOLTAS NATIVISTAS

O
Rebeliões reivindicatórias que não tinham como objetivo o rompimento

BO O
SC
dos laços com Portugal.

M IV
O que foram?

O S
D LU
O C
N X
SI E
Local:
O

São Luís, Maranhão.


EN S
E U

Causas:
D E

Criação da Companhia de Comércio do Maranhão e proibição da escravização


A LD

indígena.
EM IA

Revolta de Beckman
(1684)
ST ER
SI AT

Desfecho:

Um novo governador foi designado para o Maranhão; Beckman foi preso


M

e executado; a companhia foi extinta.

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240

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

Local:
São Paulo – Minas Gerais.

Causas:
Revolta paulista contra os emboabas – portugueses vindos de outras

O
BO O
regiões que pretendiam explorar as jazidas de ouro descobertas pela

SC
M IV
ação bandeirante; os paulistas desejavam exclusividade na exploração

Guerra dos Emboabas

O S
do ouro, mas não conseguiram impedir a atividade dos recém-chegados.
(1708-1709)

D LU
Desfecho:

O C
Para pacificar a região, a Coroa portuguesa criou a capitania de São Paulo
N X e Minas do Ouro, elevou São Paulo à categoria de cidade, mas manteve
SI E
a área mineradora aberta a quem desejasse explorá-la.
O
EN S
E U
D E
A LD

Local:
Pernambuco.
EM IA
ST ER

Causas:
Criação das Casas de Fundição.
SI AT

Guerra dos Mascates


M

(1710-1711)

Desfecho:
Intervenção da Coroa portuguesa, que confirmou o status de vila de Recife.

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241

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
Local:
Minas Gerais.

O
BO O
SC
Causas:

M IV
Luta entre Olinda e Recife motivada pela elevação de Recife à categoria de

O S
vila. Olindenses chamavam pejorativamente os recifenses de mascates.

D LU
Revolta de Felipe dos

O C
Santos (1720)
N X
SI E
Desfecho:
O

Repressão imediata; o governador prendeu, julgou, condenou, enforcou


EN S

e esquartejou Felipe dos Santos.


E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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242

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS

Principal objetivo:

O
BO O
Mudanças políticas da Coroa portuguesa em relação ao Brasil, que oca-

SC
M IV
sionaram a intenção de romper vínculos com Portugal.
O que foram?

O S
D LU
O C
N X
SI E
Principais influências:

Iluminismo francês e Independência dos Estados Unidos.


O
EN S
E U
D E
A LD

Local:
EM IA

Minas Gerais.
Inconfidência
Mineira (1789)
ST ER
SI AT
M

Causas:
Tributação excessiva e cobrança da derrama; revolta da elite e de intelectuais.

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243

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
Inconfidentes:

Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto,

Silvério dos Reis, padre Rolim, Álvares Maciel, Joaquim José da Silva

Xavier (Tiradentes), entre outros.

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
Objetivos:

O C
Proclamação da república, estímulo à industrialização, serviço militar obrigató-
N X
SI E
rio, tolerância religiosa; início do movimento planejado para o dia da derrama.
O
EN S
E U
D E

Desfecho:
A LD

Denúncia do movimento por Silvério dos Reis, prisão e julgamento dos

principais conjurados, devassa.


EM IA
ST ER
SI AT

Sentenças:
M

Degredo ou prisão perpétua para os envolvidos, com exceção de Tiradentes,

sentenciado à morte e executado (21 de abril de 1792).

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244

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

Local:
Conjuração Baiana Salvador.
(1798)

O
O que foi:

BO O
SC
Movimento popular apoiado pela loja maçônica Cavaleiros da Luz.

M IV
O S
D LU
O C
Causas:
N X Preços dos alimentos e discriminação racial.
SI E
O
EN S
E U

Líderes:
João de Deus, Manuel Faustino (alfaiates), Lucas Dantas e Luís Gonzaga
D E
A LD

das Virgens (soldados).


EM IA
ST ER

Objetivos:
Fim da escravidão e segregação racial, abolição de privilégios e proclama-
SI AT

ção da República Baiense, ideias revolucionárias.


M

Desfecho:
Após denúncia do movimento, líderes enforcados e esquartejados (1799).

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245

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. PUC-RS C3-H11 c) A Revolta de Vila Rica de 1720, que teve a lideran-
Associe as revoltas coloniais às suas características ça de Felipe dos Santos, foi motivada pela crise da
essenciais. economia aurífera e tinha como principal objetivo a
independência do Brasil.
Revoltas coloniais d) A maior parte dos conflitos nos trezentos anos de
1. Revolta dos Beckman. administração portuguesa não teve por finalidade a
2. Guerra dos Emboabas. separação do Brasil em relação a Portugal.
3. Guerra dos Mascates. e) Não há registros de participação popular e muito me-
nos de escravos em nenhum dos conflitos ocorridos
4. Revolta de Vila Rica. na América portuguesa.
5. Inconfidência Mineira. Como vimos neste módulo, a maior parte das revoltas e dos movimentos du-
rante a colônia não tinham por finalidade se emancipar da metrópole. Não era

O
Características essenciais uma ideia que estava completamente formada à época, e imaginar que as

BO O
pessoas deveriam querer a emancipação do domínio colonial é anacrônico, ou
( ) Transcorrido em Pernambuco, entre 1709 e 1710,

SC
seja, seria levar a ideia de uma época a outra de forma forçada e equivocada.
o movimento caracterizou-se pela oposição entre

M IV
os comerciantes de Recife contra os senhores de 3. UFRN – A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a
engenho de Olinda, tendo como base a tentativa Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas
dos mercadores recifenses em conseguir maior do século XVIII, podem ser caracterizadas como:

O S
autonomia política e cobrar as dívidas dos produ-
tores de açúcar olindenses. a) movimentos isolados em defesa de ideias liberais,

D LU
nas diversas capitanias, com a intenção de se cria-
( ) Deflagrada no Maranhão, em 1684, a revolta teve
rem governos republicanos.
como base o descontentamento com a proibição
da escravidão indígena, decretada pela Coroa por- b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que

O C
tuguesa, a pedido da Companhia de Jesus, me- resultaram num sentimento nacionalista, visando à
dida que prejudicou a extração das “drogas do independência política.
N X sertão” pelos colonos europeus. c) manifestações de rebeldia localizadas, que contesta-
( ) Ocorrido em Minas Gerais, em 1720, sob a lide- vam aspectos da política econômica de dominação
SI E
rança de Felipe dos Santos, o levante teve como do governo português.
causa a oposição ao sistema de taxação da Co-
d) manifestações das camadas populares das regiões
roa portuguesa, que resolveu estabelecer quatro
envolvidas contra as elites locais, negando a autori-
O

Casas de Fundição na região mineradora, como


dade do governo metropolitano.
forma de cobrar o quinto (imposto de vinte por
EN S

cento) sobre o ouro. Como é possível ver na resposta correta, a característica geral dessas revol-
tas era uma contestação econômica e, no máximo, a respeito da dominação
( ) Sucedido em Minas Gerais, no ano de 1708, o exercida pela Coroa portuguesa, não tendo caráter emancipatório.
E U

conflito opôs os paulistas (bandeirantes), primei-


ros aventureiros a descobrir e ocupar a zona da
mineração, contra os “forasteiros”, os seja, os gru- 4. Vunesp – A Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração
D E

pos que chegaram depois na região, originários do Baiana (1798) tiveram semelhanças e diferenças signifi-
reino ou de outras capitanias. cativas. É correto afirmar que:
A LD

A numeração correta, de cima para baixo, é: a) as duas revoltas tiveram como objetivo central a luta
pelo fim da escravidão.
a) 3 – 1 – 4 – 2. d) 2 – 3 – 4 – 5.
b) a revolta mineira teve caráter eminentemente popu-
b) 1 – 2 – 3 – 5. e) 3 – 4 – 5 – 2. lar, e a baiana, aristocrático e burguês.
EM IA

c) 3 – 4 – 1 – 2.
c) a revolta mineira propunha a independência brasilei-
Apesar de, neste módulo, ainda não ter sido estudada a Inconfidência Mi- ra, e a baiana, a manutenção dos laços com Portugal.
neira, todos os outros fatos já são conhecidos e a Inconfidência é o único
ST ER

processo que não está incluso na resposta. A Revolta dos Mascates, como d) as duas revoltas obtiveram vitórias militares no início,
vimos, aconteceu em Pernambuco e foi realizada por comerciantes. A Revol- mas acabaram derrotadas.
ta de Beckman aconteceu no Maranhão, partindo de um descontentamento
com a proibição da escravidão indígena. A Revolta de Vila Rica, como o próprio e) as duas revoltas incorporaram e difundiram ideias e
nome sugere, aconteceu em Minas Gerais e se opunha à taxação da Coroa
princípios iluministas.
SI AT

portuguesa. Por fim, a Guerra dos Emboabas aconteceu em São Paulo e em


Minas Gerais, e foi um conflito entre paulistas e forasteiros. Diferentemente das revoltas nativistas, que foram anteriores, as incon-
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das instituições fidências mineira e baiana aconteceram já sob a influência dos autores
sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, confli- iluministas e, no caso baiano, também da Revolução Francesa.
tos e movimentos sociais.
M

Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e


no espaço. 5. Cesgranrio-RJ – O bicentenário da Conjuração Baiana
(1798) recorda as rebeliões que, no final do século XVIII,
2. UEPB – Considerando os conflitos sociais que ocorre-
tinham em comum refletir a crise do sistema colonial,
ram no período colonial, é correto afirmar:
a qual pode ser retratada pelas opções a seguir, com
a) Todos os conflitos ocorridos no período colonial entre exceção de uma. Assinale-a.
colonos e forças metropolitanas são considerados
precursores da independência, sendo iniciados por a) Penetração das ideias iluministas e liberais em parce-
grupos de colonos sempre oprimidos que buscavam la da elite colonial.
mais liberdade, igualdade e fraternidade. b) Insatisfação crescente com as tradicionais restrições
b) Foram movimentos nativistas que, estimulados pelo e o fiscalismo do sistema colonial.
antiabsolutismo e por ideias liberais, lutavam pela in- c) Influência dos movimentos externos como a Indepen-
dependência do Brasil. dência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.

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246

d) Politização das camadas populares, incluindo a mas- b) Esta inconfidência baiana caracterizou-se por res-
HISTÓRIA 2

sa escrava, constantemente rebelada, em aliança tringir-se à participação de uma elite de letrados e


com a burocracia colonial. brancos livres influenciados pelos princípios revo-
lucionários franceses.
e) Liderança das elites coloniais na quase totalidade dos
movimentos de rebelião. c) Em tal conjuração, a difusão das ideias liberais não
acarretou crítica às contradições da sociedade es-
Essa questão pede a alternativa incorreta, que pode ser identificada na re- cravocrata.
lação da conjuração com a burocracia colonial, o que é equivocado – ape-
sar de a politização das camadas populares ser uma informação correta. d) Este movimento, também conhecido como Incon-
fidência Mineira, teve um papel singular no con-
6. UFF-RJ – O lema liberal “Liberdade, Igualdade e Fra- texto da crise do sistema colonial, revelando suas
ternidade” consagrado pela Revolução Francesa influen- contradições e sua decadência.
ciou, sobremaneira, as chamadas inconfidências ocorri- e) Um de seus principais motivos foi a prolongada crise
das em fins do século XVIII no Brasil colônia. Assinale do setor cafeeiro que se arrastou ao longo da segun-
a opção que apresenta informações corretas sobre a da metade do século XVIII.

O
chamada Conjuração dos Alfaiates.

BO O
A Conjuração dos Alfaiates é outro nome para a Conjuração Baiana, como
a) Envolveu a participação de mulatos, negros livres

SC
vimos neste módulo. Havia nesse movimento uma participação muito mais
e escravos, refletindo não somente a preocupação ampla e popular, participavam várias classes sociais e diferentes raças. Além

M IV
com a liberdade, mas também com o fim da domi- disso, tinha caráter emancipacionista.
nação colonial.

O S
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

D LU
7. Cesgranrio-RJ – A colonização brasileira foi sempre ( ) teve amplas repercussões na colônia e ameaçou o
marcada por confrontos que refletiam a diversidade de governo português com suas estratégias militares.
interesses presentes na sociedade colonial, como pode ( ) formulou um manifesto baseado nas ideias iluminis-

O C
ser observado: tas, conseguindo a adesão do clero e dos comercian-
a) nos conflitos internos, sem conteúdo emancipacionis- tes, insatisfeitos com as cobranças de impostos.
N X
ta, como as Guerras dos Emboabas e dos Mascates.
b) nos ideais monárquicos e democráticos defendidos
( ) conseguiu fortalecer a ideia de abolição da escra-
vatura, com apoio dos grandes comerciantes da
SI E
pelos mineradores e agricultores na Conjuração região.
Mineira. ( ) foi um movimento dirigido contra a cobrança de
O

c) nos projetos imperiais adotados pela Revolução tributos, sem as propostas libertárias presentes
Pernambucana de 1817 por influência da burocracia em outras rebeliões do século XVIII.
EN S

lusitana. ( ) ficou limitada aos protestos feitos na região das


d) nas reações contrárias aos monopólios, como na Minas, sendo liderada por Felipe dos Santos, que,
E U

Conjuração Baiana, organizada pelos comerciantes afinal, foi punido por Portugal.
locais.
e) nas características nacionalistas de todos os movi- 10. Fuvest-SP – A elevação de Recife à condição de vila; os
D E

mentos ocorridos no período colonial, como nas Re- protestos contra a implantação das Casas de Fundição
voltas do Rio de Janeiro e de Beckman. e contra a cobrança de quinto; a extrema miséria e ca-
A LD

restia reinantes em Salvador, no final do século XVIII, fo-


8. Unibero-SP – A Guerra dos Emboabas (1707-1709) e a ram episódios que colaboraram, respectivamente, para
Inconfidência Mineira (1789) foram revoltas ocorridas no as seguintes sublevações coloniais:
Brasil. Sobre elas, assinale a alternativa correta. a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência Mineira e Con-
EM IA

a) Ambas tinham o objetivo de separar o Brasil de Por- juração dos Alfaiates.


tugal e ocorreram na região da mineração. b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui e Revolta
b) A primeira é considerada uma revolução separatista dos Malês.
ST ER

e mais radical do que a segunda, tendo ocorrido na c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência Mineira e
região de São Paulo e liderada pelos bandeirantes. Revolta do Maneta.
c) Tanto a primeira como a segunda foram influencia- d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe dos San-
das pelas ideias iluministas e pela independência das
SI AT

tos e Revolta dos Malês.


Treze Colônias inglesas, mas só a segunda teve êxito
nos seus objetivos. e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos e
Conjuração dos Alfaiates.
d) A primeira foi bem-sucedida, garantindo aos paulistas a
M

posse da região da mineração, enquanto a segunda foi


11. UFMG – O século XVIII foi palco de uma série de movi-
reprimida pela Coroa portuguesa antes de acontecer.
mentos e sedições, nos quais, em diferentes graus e a
e) Ambas ocorreram na mesma região do Brasil, con- partir de diferentes estratégias, os vassalos da América
tra a dominação portuguesa na área da mineração, portuguesa procuraram redefinir o formato de suas rela-
no entanto somente a segunda teve influência das ções com a Coroa portuguesa.
ideias iluministas europeias.
Considerando esse contexto, é correto afirmar que:
9. UFPE – Portugal enfrentou resistências para manter sua a) a revolta de Felipe dos Santos, em Minas Gerais, na
dominação sobre o Brasil. Algumas rebeliões revelaram primeira metade desse século, reforçou os mecanis-
a insatisfação da população diante das cobranças dos mos de controle sobre os vassalos.
tributos e das formas de dominação existentes. Na re- b) a revolta do Vintém e a do Quebra-quilos, na segunda
gião das Minas Gerais, em 1720, houve a Revolta de Vila metade desse século, ao desafiarem a Coroa, coloca-
Rica, a qual: ram em crise a sede do vice-reinado.

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247

c) a revolta dos Távora procurou estabelecer novos limi- livre e fim das distinções de raça e de cor.”

HISTÓRIA 2
tes para a cobrança do Subsídio Literário, destinado à c) “o movimento reflete o clima de tensão social e po-
educação dos vassalos. lítica vivida na região. Foi nesta região que se desen-
d) os conflitos entre paulistas e emboabas, nas Minas volveu a maioria das sociedades secretas que divul-
Gerais, levaram à instalação das casas de fundição garam os ideais revolucionários de liberdade.”
nessa Capitania. d) “foi um movimento que abortou antes de se iniciar,
mas que mostrou um sintoma de desagregação do
12. Faap-SP – A Revolta dos Irmãos Beckman, a Guerra dos Império português na América. Embora não tenha
Mascates, a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Felipe recebido influência direta da Revolução Francesa os
dos Santos são movimentos denominados nativistas. ideais iluministas e liberais estavam presentes no
Cite duas características básicas desses movimentos. movimento.”
e) “defendendo o federalismo, os insurretos preten-
diam proclamar a independência e organizar o gover-
no com base nos princípios de soberania popular e

O
participação das camadas mais pobres nas decisões

BO O
políticas.”

SC
M IV
16. UFPI – A crise do antigo sistema colonial no Brasil
expressa-se, inicialmente, através dos chamados movi-
mentos nativistas, acentuando-se com os movimentos

O S
de independência nacional. Esses movimentos de rebe-
lião colonial, assim como o processo de emancipação

D LU
política do Brasil, estão ligados às transformações do
mundo ocidental no final do século XVIII. Considerando-
-se esse enunciado, é correto afirmar que:

O C
13. UFPE (adaptado) – A crise do sistema colonial foi uma a) o desenvolvimento de indústrias no Brasil, algo que
construção histórica. Muitas rebeliões aconteceram e se acentua desde o início do século XVIII, tende a
N X
evidenciaram os descontentamentos dos colonos com
as atitudes da metrópole. No Brasil colonial, tivemos:
reforçar o pacto colonial, na medida em que os novos
industriais passam a ver o Brasil como uma reserva
SI E
de mercado para os seus produtos.
( ) a Revolta dos Mascates, que ameaçou o domínio
português com as alianças políticas feitas entre os b) a crise referida deu-se de forma localizada no Bra-
sil, na medida em que os principais movimentos de
O

comerciantes do Recife e a aristocracia de Olinda.


emancipação partiram de centros importantes como
( ) a Inconfidência Mineira, que defendia, influencia- Rio de Janeiro e São Paulo.
EN S

da pelas ideias iluministas, o fim imediato da es-


c) a emancipação política, no caso brasileiro, seguiu-se
cravidão. de uma nítida separação entre os grupos portugue-
E U

( ) a Inconfidência Baiana, em 1798, que contou com ses, hostilizados como agentes da metrópole, e os
a liderança marcante dos grandes proprietários de colonos brasileiros, interessados na constituição de
terra e a participação dos maçons na divulgação um Estado republicano.
D E

das ideias liberais. d) as reações ao domínio português foram movimentos


( ) a Guerra dos Emboabas, que ameaçou o domínio autóctones das elites coloniais, não se ligando ao
A LD

português, no século XVIII, com a ação dos rebel- processo geral da crise do antigo regime.
des que conseguiram o controle e a exploração e) as rebeliões coloniais só podem ser compreendidas
das minas de ouro. dentro de um quadro mais geral, marcado por ideias
liberais, eclodidas a partir de eventos como as revolu-
EM IA

14. UFTPR – Os principais movimentos que refletiram a cri- ções francesa e americana, que propunham a supe-
se do sistema colonial brasileiro tiveram vários pontos ração do antigo regime.
em comum, mas apenas um deles discutiu a abolição
ST ER

da escravatura e contava com a participação das cama- 17. Unicamp-SP


das mais pobres. Esse enunciado se refere à: “O conceito de independência surge mais nítido nas Mi-
a) Inconfidência Mineira. nas Gerais: a situação colonial pesa para esses homens
SI AT

b) Sabinada. proprietários; o problema é mais colonial que social. Já na


Bahia de 1798, a inquietação é orientada por elementos da
c) Confederação do Equador.
baixa esfera e a revolução é pensada contra a opulência; o
d) Conjuração Baiana. problema é mais social que colonial.”
M

e) Cabanagem. Carlos Guilherme Motta. Ideia de revolução no Brasil. São Paulo:


Cortez,
15. UEL-PR – A Inconfidência Mineira foi uma conspiração 1989. p. 115. (Adaptado)
que ocorreu em Vila Rica, hoje Ouro Preto, com caráter Comparando os movimentos da Inconfidência Mineira e
separatista. Sobre esse movimento é correto afirmar da Conjuração Baiana, responda:
que:
a) O que aqueles dois movimentos tinham em comum?
a) “foi um mero sintoma da generalização do pensa-
mento socialista que vai explodir na geração seguin-
te. Apesar de sua existência efêmera representou
um marco de resistência colonial contra a opressão
metropolitana [...]”.
b) “inspirada nos ideais revolucionários franceses, visa-
va à igualdade social, liberdade de comércio, trabalho

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248
HISTÓRIA 2

b) Em quais aspectos se diferenciavam?

ESTUDO PARA O ENEM

O
BO O
SC
18. Unifesp-SP C3-H11 20. Enem C1-H1

M IV
“Não resta outra coisa senão cada um defender-se por si “Ai, palavras, ai, palavras,
mesmo; duas coisas são necessárias... a fim de se recuperar que estranha potência, a vossa!

O S
a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios.”
todo o sentido da vida
Manuel Beckman, 1684.
principia à vossa porta;

D LU
As duas principais reivindicações do líder da Revolta que
Ieva seu nome são: o mel do amor cristaliza
a) a revogação do monopólio da Companhia de Comér- seu perfume em vossa rosa;
cio do estado do Maranhão e a expulsão dos jesuítas

O C
sois o sonho e sois a audácia,
que se opunham à escravidão indígena.
b) a saída dos portugueses do Grão-Pará e Maranhão e calúnia, fúria, derrota...
N X
a supressão dos aldeamentos indígenas, que mono-
polizavam as chamadas “drogas do sertão”.
A liberdade das almas,
SI E
ai! com letras se elabora...
c) a repressão ao contrabando estrangeiro, que preju-
E dos venenos humanos
dicava os negócios dos atacadistas portugueses, e a
sois a mais fina retorta:
O

liberdade para importar negros escravizados.


d) a expulsão dos holandeses do Nordeste, que mo- frágil, frágil como o vidro
nopolizavam o comércio do açúcar, e a reedição da
EN S

e mais que o aço poderosa!


guerra justa, que proibia a escravidão indígena.
Reis, impérios, povos, tempos,
E U

e) a revogação do monopólio comercial da metrópole


sobre o Norte e Nordeste da colônia e a proibição pelo vosso impulso rodam [...]."
para importar escravos negros. MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985
D E

(fragmento).
19. Especex-SP/Aman-RJ C3-H13
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro
A LD

No início do século XVIII, a concorrência das Antilhas fez


da inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no
com que o preço do açúcar brasileiro caísse no mercado
episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no
europeu. Os proprietários de engenho, em Pernambu-
entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a se-
co, para minimizar os efeitos desta crise, recorreram a
guinte relação entre o homem e a linguagem:
EM IA

empréstimos junto aos comerciantes da Vila de Recife.


Esta situação gerou um forte antagonismo entre estas a) A força e a resistência humanas superam os danos
partes, que se acirrou quando D. João V emancipou poli- provocados pelo poder corrosivo das palavras.
ST ER

ticamente Recife, deixando esta de ser vinculada a Olin- b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm
da. Tal fato desobrigou os comerciantes de Recife do seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.
recolhimento de impostos a favor de Olinda. O conflito c) O significado dos nomes não expressa de forma
que eclodiu em função do acima relatado foi a justa e completa a grandeza da luta do homem pela
SI AT

a) Revolta de Beckman. vida.


b) Guerra dos Mascates. d) Renovando o significado das palavras, o tempo permi-
te às gerações perpetuar seus valores e suas crenças.
c) Guerra dos Emboabas.
M

e) Como produto da criatividade humana, a linguagem


d) Insurreição Pernambucana. tem seu alcance limitado pelas intenções e pelos
e) Conjuração dos Alfaiates. gestos.

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5
249

PERÍODO JOANINO (1808-

HISTÓRIA 2
1821) E PROCESSO
DE INDEPENDÊNCIA

D. JOÃO VI DE BOBO NÃO TEM NADA

O
BO O
D. João VI foi um grande estrategista, o único monarca europeu a ter enganado Napo-

SC
• D. João VI de bobo não
leão, manteve a relevância de um Império Português que já estava longe do seu auge de

M IV
tem nada
outrora, foi capaz de manter a unidade de sua colônia nas Américas – o Brasil – enquanto
• Liberdade industrial e
as colônias espanholas dividiram-se em pequenos países e conseguiu manter para as

O S
tratados de 1810
próximas gerações de monarcas portugueses todas as outras colônias pelo mundo.
• Administração de D. João

D LU
O projeto já era antigo e, em tempos de crise, cogitava-se mudar o centro do
Império Português para a América, protegida pelo Oceano Atlântico, o que elevaria • Política externa de D. João
os custos e dificultaria a logística de qualquer exército europeu invasor. D. João VI • Desgaste de D. João
foi o único capaz de executá-lo.

O C
• As Cortes
Com a chegada da família real e da Corte portuguesa, o Brasil tornou-se a sede do • Independência ou morte?
N X
governo lusitano. D. João aportou primeiro em Salvador, de onde, seis dias depois, decidiu
abrir os portos brasileiros às nações amigas, principalmente à Inglaterra, com a assinatura
• As causas da
SI E
independência
da Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, permitindo a importação de quaisquer gêneros,
fazendas e mercadorias transportados por navios pertencentes a países amigos de Por- HABILIDADES
O

tugal. Estava quebrado o pacto colonial, o primeiro passo para a independência do Brasil.
• Analisar as lutas sociais e
Depois, a família real e a Corte estabeleceram-se no Rio de Janeiro, de onde D. João conquistas obtidas no que
EN S

passou a governar a nação. se refere às mudanças nas


E U

legislações ou nas políticas


LIBERDADE INDUSTRIAL E TRATADOS DE 1810 públicas.
• Analisar diferentes
D E

No período joanino, várias realizações dinamizaram a vida do país. O príncipe


processos de produção
regente revogou o alvará de sua mãe, D. Maria, o qual proibia o desenvolvimento de
A LD

ou circulação de riquezas
manufaturas no Brasil. Não havia, entretanto, capital suficiente nem política finan- e suas implicações
ceira para os interesses industriais, pois a aristocracia brasileira estava assentada socioespaciais.
na economia rural e escravista.
• Analisar a ação dos
Além disso, a Inglaterra dificultava ao máximo as importações de máquinas com
EM IA

Estados nacionais no
o propósito de manter o Brasil como seu mercado consumidor e não como área de que se refere à dinâmica
produção de artigos que pudessem concorrer com os dela.
ST ER

dos fluxos populacionais


Em 1810, D. João assinou com a Inglaterra dois acordos: o Tratado de Aliança e e no enfrentamento de
Amizade e o Tratado de Comércio e Navegação. Entre outros aspectos, eles garantiam problemas de ordem
taxas de importação privilegiadas para a Inglaterra e o princípio de extraterritorialidade econômico-social.
SI AT

para os ingleses que se estabeleciam no Brasil, ou seja, estes ficavam submetidos


apenas às leis e às autoridades inglesas.
Tratado de Aliança e Amizade
M

Dos 11 artigos, dois afetavam o Brasil:


• D. João comprometia-se a não estabelecer a Inquisição no Brasil;
• determinava a gradual extinção do tráfico de escravos para o Brasil.
Tratado de Comércio e Navegação
Principais características:
• facultava aos ingleses a nomeação de juízes com o objetivo de julgar os súditos
britânicos no Brasil;
• permitia a liberdade religiosa aos ingleses;
• estabelecia a taxa de 15% ad valorem para as importações de produtos ingleses
(Portugal pagava 16% e os outros países, 24%);
• declarava livre o Porto de Santa Catarina.

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250

ADMINISTRAÇÃO DE D. JOÃO AS CORTES


HISTÓRIA 2

À medida que o aparelho burocrático-estatal era for- O movimento que colocou em xeque o poder
mado, D. João demonstrava-se a favor de aliar os inte- de D. João VI começara de fato em Portugal, cujos
resses da aristocracia brasileira aos dos comerciantes comerciantes estavam descontentes com a política
portugueses. Assim, houve a criação do Banco do Brasil, joanina. A abertura dos portos e os tratados de 1810
da Junta do Comércio, da Junta da Agricultura e Navega- passavam diretamente para a Inglaterra recursos que,
ção, da Escola Médico-Cirúrgica da Bahia, da Academia antes, ficavam em parte com os metropolitanos. Eles
de Belas Artes, da Academia Militar e da Imprensa Régia, não entendiam o motivo de D. João VI permanecer no
com a publicação da Gazeta do Rio de Janeiro. Brasil e manter as vantagens da Inglaterra depois de
Em 16 de fevereiro de 1815, D. João elevou o Brasil encerrada a ameaça napoleônica. Em Portugal, houve
à categoria de reino, unindo-o ao Reino de Portugal e manifestações em defesa do retorno do rei, também
Algarves, que passou a denominar-se Reino Unido de inspiradas no ideário político liberal, como ocorrera em

O
1817 em Pernambuco.

BO O
Portugal, Brasil e Algarves.
Em 1820, o movimento ganhou impulso quando

SC
Em 1816, chegou ao Brasil a Missão Artística Fran-
revolucionários da cidade do Porto atingiram Lisboa,

M IV
cesa, destacando-se o pintor Jean-Baptiste Debret,
que retratou os costumes brasileiros do século XIX decretando o estabelecimento das Cortes, as quais
deveriam discutir e aprovar uma Constituição que es-

O S
e exerceu forte influência nas artes plásticas do país.
tabelecesse uma monarquia limitada, a divisão de po-

D LU
POLÍTICA EXTERNA DE D. JOÃO deres e um governo representativo. Para tanto, D. João
VI deveria retornar a Portugal e realizar o juramento
D. João declarou guerra a Napoleão, incorporan-
da Magna Carta lusitana. Convidados a participar da
do territórios das Guianas que pertenciam à França.

O C
Assembleia Constituinte, membros da elite colonial
Aproveitando-se do domínio napoleônico na Espanha,
brasileira, ao chegarem a Portugal, perceberam a pro-
deu ordens para anexar a região do Prata, sendo criada
N X posta de anulação dos tratados de 1810 e de fecha-
a Província Cisplatina, que tornou-se independente em
mento dos portos brasileiros, ou seja, a tentativa de
SI E
1828, com o nome de Uruguai.
recolonização do Brasil. Muitos voltaram criticando a
postura das Cortes e desejando uma ruptura definitiva
DESGASTE DE D. JOÃO
O

com Portugal.
Os gastos com a Corte eram elevados e custeados
EN S

pela tributação às elites coloniais, que viam-se despres-


tigiadas no governo de D. João, pois arcavam com a INDEPENDÊNCIA OU
E U

ampliação dos custos provocados pelo estabelecimen-


to da Corte em terras brasileiras e eram preteridas aos MORTE?
D E

portugueses nos cargos de governo.


A consideração de que todos os processos im-
O quadro agravou-se com a derrota definitiva de Na-
A LD

portantes da história brasileira, sobretudo a indepen-


poleão Bonaparte em 1815, porque D. João não voltou
dência, foram pacíficos e tranquilos é equivocada. Os
a Portugal e elevou o Brasil à categoria de Reino Unido
combates foram internos e os conflitos políticos rea-
a Portugal e Algarves. Por um lado, o governo no Brasil
lizados entre setores da própria sociedade brasileira.
EM IA

possibilitava manter o livre-cambismo que interessava


A separação em relação a Portugal demorou a ocorrer,
às elites coloniais; por outro, a falta de influência na
mas foi mais simples do que manter o Brasil unido
ST ER

tomada de decisões descontentava a muitos.


como uma só nação.
Entre os grupos descontentes, estava o dos senho-
res de engenho do Nordeste, sobretudo de Pernambu-
co. O açúcar, que outrora fora o motor da economia bra-
AS CAUSAS DA
SI AT

sileira, sofria forte concorrência no mercado externo.


Ademais, o Nordeste havia perdido o status de
sede do governo-geral em 1763. Inspirada nas ideias
INDEPENDÊNCIA
M

iluministas, a insatisfação logo traduziu-se na Revolu- O processo de independência começou no século


ção Pernambucana de 1817. A agitação estabeleceu XVIII, com os primeiros movimentos questionadores
um governo provisório, que procurava ganhar apoio do pacto colonial, entre eles a Inconfidência Mineira
de outras áreas nordestinas. O movimento era contra e a Conjuração Baiana e, ainda, no século XVII, com o
o absolutismo de D. João VI, cuja mãe havia falecido. nascimento do sentimento nativista. A transferência
Além disso, propunha uma Constituição que dividisse o da Corte portuguesa para o Brasil, a elevação do Brasil
poder em Executivo, Legislativo e Judiciário, afirmando à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves e a
o princípio da liberdade, mas contrário à abolição do Abertura dos Portos às Nações Amigas criaram condi-
regime escravista. A dura repressão das tropas lusita- ções para o desenvolvimento desse processo.
nas aos rebeldes provocou mal-estar e intranquilidade Após treze anos no Brasil, D. João não resistiu às
no governo de D. João. pressões e, em 1821, retornou a Portugal. Deixou o

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251

filho D. Pedro como príncipe regente, com autoridade Brasil continuaria reino-irmão de Portugal e dava garan-
para tomar decisões políticas. As Cortes pressionaram tias aos grandes proprietários e senhores de escravos

HISTÓRIA 2
D. Pedro para também retornar a Portugal e, nesse de que não haveria mudanças na estrutura social e no
contexto, surgiu um movimento composto pela aristo- sistema de trabalho.
cracia rural, por camadas intermediárias da população A independência ocorreu no mês seguinte, com o
e por todos os beneficiados pela liberdade econômica Grito do Ipiranga. Em 7 de setembro de 1822, iniciava-
alcançada no período joanino, que viam na permanência -se o Primeiro Reinado.
do príncipe a possibilidade de realizar a independência A independência declarada por D. Pedro foi um acor-
sem envolver populares ou agitar escravos. A ideia era do estabelecido entre o governo e as elites para não ser
manter a estrutura colonial que havia dado poder a colocada em questão a ordem colonial que lhes confe-
essas elites, o que significava preservar o domínio de ria poder. Sabendo da importância estratégica, D. Pedro
grandes extensões de terra (latifúndios) e a economia exerceu o poder atendendo em primeiro lugar a seus

O
voltada para o mercado externo com o uso de mão de interesses, muitas vezes em detrimento das elites que

BO O
obra escrava. o haviam apoiado. Os portugueses que viviam no Bra-

SC
Nesse sentido, D. Pedro aparecia como a figura- sil articularam-se a fim de não perder espaço para os

M IV
-chave para a realização de uma independência segura brasileiros na administração. Comerciantes, militares e
e sem sobressaltos. funcionários do reino uniram-se para defender o poder

O S
Nos primeiros meses de 1822, os políticos brasilei- centralizado em D. Pedro. Gradativamente, o Partido
ros começaram a organizar a independência junto ao Português tomava corpo.

D LU
futuro monarca. Em maio, D. Pedro determinou que Contrapondo-se a esse grupo, formou-se o Partido
qualquer decreto das Cortes portuguesas só poderia Brasileiro, estruturado na aristocracia brasileira, e que
vigorar no Brasil com seu consentimento e com a pretendia maior descentralização político-administrati-

O C
ordem de “Cumpra-se”. Ainda em maio, o príncipe va, de modo a garantir seus interesses em detrimento
N X
foi aclamado defensor perpétuo do Brasil. Em junho,
convocou uma Assembleia Constituinte para analisar
da ambição dos portugueses que permaneceram no
Brasil ao lado de D. Pedro.
SI E
as leis portuguesas. Esperando uma reação portuguesa Esse jogo de forças políticas deu origem à primei-
aos últimos acontecimentos, em 1o de agosto o regen- ra Constituição do Brasil, em 1824, consolidando o
O

te assinou um decreto declarando inimigas as tropas processo de independência e formando, de fato, uma
portuguesas que desembarcassem no Brasil. Em 6 nação com as próprias regras e o próprio comando.
EN S

de agosto, um manifesto dirigido às nações amigas, Iniciaram-se, então, os reconhecimentos internacio-


escrito por José Bonifácio e assinado por D. Pedro, nais da independência: os primeiros foram México e
E U

anunciava a independência. O decreto ressaltava que o Estados Unidos.


D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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252

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

PERÍODO JOANINO (1808-1821)

• Chegada da família real e de D. João ao Brasil. O país torna-se sede do governo lusitano.

• Abertura dos portos brasileiros com a Carta Régia de 1808, principalmente para a Inglaterra.

O
Processos principais

BO O
• Quebra do pacto colonial, passo fundamental para a independência.

SC
M IV
O S
D LU
• Economia rural e escravista.

• Pouco desenvolvimento industrial.

O C
• Dificuldade de importação de máquinas da Inglaterra.
N X
Liberdade industrial e
tratados de 1810
SI E
• Em 1810, D. João assinou dois acordos com a Inglaterra: o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado

de Comércio e Navegação (importação privilegiada e extraterritorialidade).


O
EN S
E U

• Formação do aparelho burocrático-estatal.


D E

• Criação do Banco do Brasil, da Junta do Comércio, da Junta da Agricultura e Navegação, da Academia


A LD

Administração de
de Belas Artes e da imprensa.
D. João
• Em 1815, o Brasil recebeu o título de reino, unindo-se a Portugal e Algarves.
EM IA
ST ER

• D. João declarou guerra a Napoleão, incorporando territórios das Guianas que pertenciam à França.
SI AT

• Gastos elevados com a Corte.


M

• Derrota de Napoleão Bonaparte em 1815.

• Descontentamento dos senhores de engenho do Nordeste e perda do status de sede do governo-


Política externa de
D. João
-geral em 1763.

• Revolução Pernambucana (ideias iluministas) de 1817 contra o governo de D. João VI.

• Em 1820, revolucionários da cidade do Porto posicionaram-se contra a permanência da família real no Brasil.

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253

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Chegada da família real ao Brasil.


1808

O
BO O
SC
M IV
O S
O Brasil torna-se Reino Unido a Portugal e Algarves.
1815

D LU
O C
Início da regência do príncipe D. Pedro.
N X
1821
SI E
O
EN S

Dia do Fico: após manifestações populares, D. Pedro resiste às pressões das Cortes e decide ficar no Brasil.
1822
E U

1822: D. Pedro assina a lei do “Cumpra-se”, diminuindo o poder da Corte portuguesa.

Proclamação da independência em 7 de setembro de 1822.


D E
A LD
EM IA

Primeira Constituição brasileira.


1824
ST ER
SI AT
M

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254

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. FGV-SP – A instalação da Corte portuguesa no Rio de a) Portugal negociou o domínio luso na Península Ibéri-
Janeiro, em 1808, representou uma alternativa para um ca com a Inglaterra, em troca de proteção estratégica
contexto de crise política na metrópole e a possibilidade e bélica na longa viagem marítima ao Brasil.
de implementar as bases para a formação de um impé- b) em meio à crescente Revolução Industrial, os nego-
rio luso-brasileiro na América. Das alternativas abaixo, ciantes ingleses precisavam expandir seus mercados
assinale aquela que não diz respeito ao período joanino: rumo às Américas, já que o europeu era insuficiente.
a) ocupação da Guiana Francesa e da Província Cisplatina c) o Bloqueio Continental imposto por Napoleão fechou
e sua incorporação ao Império Português, como resul- o comércio inglês com o continente europeu e a
tado da política externa agressiva adotada por D. João. instalação do governo luso no Brasil propiciou a re-
b) abertura dos portos da colônia às nações aliadas de tomada dos negócios luso-anglicanos.
Portugal, como a Inglaterra, dando início a uma fase
d) o exército napoleônico invadiu Portugal visando ins-
de livre-comércio.

O
tituir o regime democrático republicano de paz e
c) ocorreu uma inversão da relação entre metrópole e

BO O
comércio, em franca oposição ao expansionismo da
colônia, já que a sede política do império passava do monarquia britânica.

SC
centro para a periferia.

M IV
e) os ingleses pretendiam consolidar novos mercados
d) atendeu às exigências do comércio britânico, que na América portuguesa, tendo em vistas antigas afi-
conseguiu isenções alfandegárias. nidades socioculturais com os ibéricos.

O S
e) ocorreu a Revolução Pernambucana de 1817, que A transferência da Corte de D. João VI para o Brasil foi um episódio inserido
defendia o separatismo com o governo republicano no contexto europeu das guerras napoleônicas. Buscando resistir à ofensiva
francesa, Portugal aliou-se à Inglaterra, principal opositora de Napoleão naque-

D LU
e a manutenção da escravidão. le momento. Em troca do suporte inglês, D. João VI instituiu políticas alfan-
Não houve isenção de impostos à Inglaterra após a abertura dos portos, degárias que garantiram taxas de importação privilegiadas para a Inglaterra.
e sim uma taxa preferencial, menor que a de outros países que poderiam Competência: Compreender as transformações dos espaços geográficos
fazer negócios com o Brasil. como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

O C
Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das relações
de poder entre as nações.

N X
2. UFES – No início do século XIX, a transformação do
Brasil em sede da monarquia portuguesa levou D. João
SI E
VI a adotar medidas que mudaram o contexto socioe- 4. PUC-RS – Sobre a independência do Brasil, afirma-se:
conômico da antiga colônia. Dentre essas medidas, I. Implicou uma ruptura de laços políticos e econômi-
podemos destacar:
O

cos com Portugal, já que no Brasil seria adotado um


I. A organização da maçonaria, constituída por grandes regime político constitucional e Portugal manteria o
latifundiários e comerciantes do Rio de Janeiro. sistema absolutista.
EN S

II. A criação do Banco do Brasil, da Casa da Moeda e II. Pode ser considerada uma decorrência da vinda da
E U

do Jardim Botânico. Corte portuguesa para o Brasil em 1808, na medida


III. A convocação de uma Assembleia Constituinte, que em que esse acontecimento implicou um processo
estabeleceu a liberdade de comércio para os comer- crescente e difícil de ser revertido de autonomização
D E

ciantes nacionais. político-econômico da colônia.


IV. A criação da Faculdade de Medicina na Bahia, da III. Está associada a uma profunda mudança estrutural
A LD

Imprensa Régia, da Escola Nacional de Belas-Artes interna, por colocar em cheque a base econômico-
e da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. -social que sustentou a exploração econômica do
V. A assinatura de tratados de comércio e navegação Brasil durante o regime colonial.
com a Inglaterra, os quais favoreciam a comerciali- IV. Sofreu resistência dentro do próprio país, tendo em
EM IA

zação de produtos portugueses pelas baixas tarifas vista que determinadas províncias, como o Grão-Pará
alfandegárias. e o Maranhão, tinham mais vínculos com Lisboa do
que com o Rio de Janeiro.
ST ER

Assinale a opção que contêm as afirmativas corretas:


a) I e II. Estão corretas apenas as afirmativas:
b) I e V. a) I e III.
SI AT

c) II e IV. b) II e IV.
d) III e IV. c) I, II e IV.
e) IV e V.
d) I, III e IV.
M

Uma vez que o Brasil passou a ser Reino Unido a Portugal e Algarves,
e a Corte precisaria morar na América portuguesa, houve um esforço e) II, III e IV.
de, na visão dos europeus, civilizar o que até então era uma colônia. A afirmativa I está incorreta, pois a independência não implicou em
Nesse sentido, foram criadas instituições financeiras como o Banco um regime político constitucional, e sim em uma monarquia, ainda
do Brasil e a Casa da Moeda. O desenvolvimento cultural e científico, fortemente marcada por traços do absolutismo sob o poder de D. Pedro.
por sua vez, foi estimulado pela criação da Faculdade de Medicina (na
Bahia), do Jardim Botânico, da Imprensa Régia, da Escola Nacional de
Belas-Artes e da Biblioteca Nacional (no Rio de Janeiro).
5. UNESP – Os processos de independência política no
Brasil e na América hispânica:
a) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que as
3. UTFPR C2-H7
riquezas brasileiras eram essenciais para a estabili-
A transferência da Corte de D. João VI para a colônia dade econômica portuguesa e, no caso da América
portuguesa teve apoio do governo britânico, uma hispânica, a colônia pouco contribuía financeiramente
vez que: com a Espanha.

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255

b) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que a unidade 6. UECE – Acerca do processo de independência no Brasil,

HISTÓRIA 2
territorial do Brasil foi mantida no Estado independente e, isto é, da separação política entre a colônia e a metrópole
na América hispânica, houve forte fragmentação política. portuguesas em 1822, é correto afirmar-se que:
c) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de que a) culminou juntamente com o processo da consolidação
os principais líderes das lutas pela emancipação nacio- da unidade nacional.
nal eram os próprios representantes das metrópoles.
b) foi marcado por um movimento propriamente naciona-
d) diferem, entre outros motivos, pelo caráter pacífico, lista e revolucionário.
sem qualquer combate armado, do processo brasi-
leiro, enquanto na América hispânica as lutas pela c) representou a imagem tradicional da colônia em guerra
emancipação se prolongaram por décadas. contra a metrópole.
e) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de que, d) resultou de uma reação conservadora provocada por
nos dois casos, o apoio militar inglês e norte-americano interesses comuns de certos setores da elite brasileira,
contribuiu decisivamente para a derrota das metrópoles. bem como do imperador.

O
Na América espanhola, o fim do regime colonial resultou na formação A independência do Brasil foi um acordo entre D. Pedro e as elites e
de diversos Estados-nações (Argentina, Uruguai, Bolívia e Chile, entre não colocou em questão estruturas sociais como a escravidão. Os gran-

BO O
outros). Já a antiga América portuguesa manteve-se unificada em uma des proprietários rurais foram privilegiados e houve estreitas relações

SC
única nação após o processo de independência. econômicas com Portugal.

M IV
O S
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

D LU
7. UFMT – Em 2008, foi relembrada e comemorada uma
data especialmente importante na história brasileira,

O C
os 200 anos da chegada da família real ao Brasil e a
consequente transferência da capital do reino para o
N X
Rio de Janeiro. A decisão de D. João VI de abandonar
Portugal e vir para o Brasil deveu-se:
SI E
a) ao expansionismo da Espanha, que, sob o reinado
de Felipe II, procurava restabelecer a União Ibérica.
O

b) à expansão francesa e à constituição do Império Na-


poleônico, uma vez que Portugal havia se negado a
apoiar o Bloqueio Continental contra a Inglaterra.
EN S

c) à tentativa das Cortes portuguesas reunidas na ci-


E U

dade do Porto de estabelecerem uma monarquia


constitucional em Portugal.
d) aos movimentos de independência que desde a In-
D E

confidência Mineira haviam se multiplicado no Brasil.


e) às riquezas do Brasil, que permitiriam sustentar mais
A LD

facilmente o luxo excessivo da Corte portuguesa.


10. PUC-RS – O período que antecedeu a independência
8. Fuvest-SP – Em novembro de 1807, a família real portu- do Brasil foi marcado pela presença da Coroa portugue-
guesa deixou Lisboa e, em março de 1808, chegou ao sa em sua colônia americana. Sobre esse processo, é
EM IA

Rio de Janeiro. O acontecimento pode ser visto como: incorreto afirmar:


a) incapacidade dos Braganças de resistirem à pressão a) a primeira medida de D. João, o príncipe regente
da Espanha para impedir a anexação de Portugal. de Portugal, ao desembarcar no Brasil, foi assinar
ST ER

o decreto que estabelecia a Abertura dos Portos


b) ato desesperado do príncipe regente, pressionado
Brasileiros às Nações Amigas (1808), atendendo,
pela rainha-mãe, Dona Maria I.
assim, aos interesses da Inglaterra, maior parceira
c) execução de um velho projeto de mudança do econômica da Coroa lusitana.
SI AT

centro político do Império Português, invocado em


épocas de crise. b) em 1810, D. João assinou tratado com a Inglaterra,
estabelecendo que os produtos ingleses importados
d) culminância de uma discussão popular sobre a pelo Brasil pagariam apenas 15% de tributos alfande-
neutralidade de Portugal com relação à guerra
M

gários nos portos brasileiros, enquanto que os portu-


anglo-francesa. gueses pagariam 16%, e os dos demais países, 25%.
e) exigência diplomática apresentada por Napoleão Bo-
c) a Coroa portuguesa tomou várias medidas para
naparte, então primeiro-cônsul da França.
modernizar a sua colônia americana, promovendo
maior abertura comercial, fazendo investimentos em
9. UnB-DF – Avalie a afirmativa abaixo: infraestrutura e no desenvolvimento cultural do Rio
Único caso de colônia que serviu de sede ao gover- de Janeiro, o que deu grande dinamismo à cidade.
no metropolitano, em face da expansão napoleônica d) em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino
sobre a Península Ibérica, o Brasil foi elevado por D. Unido a Portugal e Algarves, deixando, assim, de
João VI à condição de Reino Unido, no contexto de ser oficialmente uma colônia, decisão tomada por
restauração monárquica vivido pela Europa a partir D. João devido ao receio de que o Brasil seguisse
do Congresso de Viena, sob a chancela do princípio o caminho das colônias espanholas e se separasse
da legitimidade. definitivamente da metrópole.

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256

e) em 1820, foi deflagrada a Revolução do Porto, que, 14. UFSC – Assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s) em
HISTÓRIA 2

dentre outras medidas, exigiu o retorno do Brasil à relação ao processo de independência do Brasil e some
condição de colônia portuguesa e a volta de D. João os números dos itens corretos:
a Portugal, a fi m de reestabelecer o absolutismo
(01) A independência do Brasil, a sete de setembro de
nesse país.
1822, atendeu aos interesses da elite social do Bra-
sil Colônia e da burguesia portuguesa favorecida
11. UEMS – A Carta Régia de 1808 abria os portos do Brasil pelo decreto de Abertura dos Portos de 1808.
colônia às nações amigas. Sobre o acordo constante
(02) A revolta em Minas Gerais e no Rio de Janeiro,
nessa carta, pode-se afirmar que ele:
liderada pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier,
a) trouxe acentuada expansão ao lucrativo comércio apressou os planos de D. Pedro, apoiado pela aris-
triangular português. tocracia. Forçado pelas circunstâncias, teve de
b) dificultou a articulação da economia brasileira com proclamar a independência.
o capitalismo liberal. (04) No período colonial, ocorreram numerosos motins

O
c) eliminou o mecanismo básico que assegurava à me- e sedições, como a Aclamação de Amador Bueno,

BO O
trópole o monopólio de comércio. em São Paulo; a Guerra dos Emboabas e a Revolta
de Vila Rica, em Minas Gerais.

SC
d) atendeu interesses econômicos exclusivamente in-

M IV
gleses e flamengos. (08) A maçonaria no Brasil, no século XIX, defendia os
e) acentuou a crise econômica e financeira provocada na princípios liberais. As lojas maçônicas, em especial
Grã-Bretanha pelas práticas do Bloqueio Continental. as do Rio de Janeiro, tiveram papel importante no

O S
movimento pela separação do Brasil de Portugal.
12. Fatec-SP – Tem sido apontado, como preparatório para (16) A independência, proclamada por D. Pedro, foi

D LU
a nossa independência, o período em que, devido à in- aceita incondicionalmente por todas as províncias.
versão metropolitana entre Portugal e Brasil (1808-1821), Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
D. João tomou a iniciativa de algumas medidas econô-

O C
micas, políticas e culturais.
15. Unifesp – Realizada a emancipação política em 1822,
Assinale a alternativa que não se aplica ao período citado: o Estado no Brasil:
N X
a) o Tratado de Aliança e Amizade, assinado com a In- a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade
SI E
glaterra, em 1810, tinha uma cláusula que afetava dinástica, ao contrário do que ocorreu com os demais
diretamente a economia brasileira, pois determinava países da América do Sul.
a gradual extinção do tráfico negreiro para o Brasil. b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consoli-
O

b) ocorreu a Abertura dos Portos Brasileiros às Nações dação, tal como ocorreu com os demais países da
Amigas, de acordo com os interesses da aristocracia América do Sul.
EN S

rural brasileira e dos negociantes ingleses, aos quais c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo
não convinha mais o monopólio português sobre o período monárquico e uma curta ocupação estrangeira.
E U

comércio do Brasil.
d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os
c) o Alvará de Liberdade Industrial não surtiu os efeitos Estados Unidos, guerras externas e conflitos internos.
esperados porque, apesar dos incentivos às indús-
D E

e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhan-


trias têxtil e metalúrgica, no Brasil, qualquer possibi- te ao argentino, apesar da forma exterior monárquica.
lidade de desenvolvimento esbarrava nos privilégios
A LD

concedidos à burguesia inglesa.


16. PUC-MG – Sobre a independência do Brasil, é incorreto
d) esse período começou com o reconhecimento ofi- afirmar que:
cial do fato de não sermos mais colônia; assim, por
iniciativa exclusiva de D. João, o Brasil foi elevado a) resultou de um processo político comandado pelos
EM IA

à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves, grandes proprietários de terras.


depois do Congresso de Viena. b) girou em torno de D. Pedro I com o objetivo de ga-
rantir a unidade do país.
ST ER

e) o período foi marcado pela crescente intervenção da


Inglaterra, que, com o intuito de obter novos mer- c) proporcionou mudanças radicais na estrutura de pro-
cados consumidores para seus produtos industriais, dução para beneficiar as elites.
passaria a incentivar movimentos de independência d) continuou a produção a atender às exigências do
sul-americanos, entre eles o do Brasil.
SI AT

mercado internacional.

13. Fuvest-SP – O reconhecimento da independência bra- 17. UFC-CE – A respeito da independência do Brasil, é
sileira por Portugal foi devido principalmente: correto afirmar que:
M

a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atri- a) implicou em transformações radicais da estrutura pro-
buição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a dutiva e da ordem social sob o regime monárquico.
D. João VI.
b) significou a instauração do sistema republicano de
b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos governo, como o dos outros países da América Latina.
comerciais de 1810 com a Inglaterra. c) trouxe consigo o fim do escravismo e a implementa-
c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das ção do trabalho livre como única forma de trabalho
Cortes portuguesas. e o fim do domínio metropolitano.
d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o d) implicou em autonomia política e em reformas modera-
Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no das na ordem social decorrentes do novo status político.
Reino Unido. e) decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joa-
e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à In- quina e Pedro I, e teve como consequência imediata
glaterra de indenização pelas invasões napoleônicas. a abertura dos portos.

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257

ESTUDO PARA O ENEM

HISTÓRIA 2
18. Enem C2-H7 c) do apoio que escravos e negros forros deram à mo-
Leia o texto: narquia com a perspectiva de receber sua proteção
contra as injustiças do sistema escravista.
“Eu, o príncipe regente, faço saber aos que o presente al- d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos
vará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza demonstravam contra os marinheiros, porque estes
nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas representavam a elite branca opressora.
e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer e) da expulsão de vários líderes negros independentis-
proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil.” tas, que defendiam a implantação de uma república
Alvará de Liberdade para as Indústrias (1o de abril de 1808).
negra, a exemplo do Haiti.
In: BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil.
v. 1. Brasília: Senado Federal, 2002. (Adaptado) 20. Enem C4-H16
“Após a independência, integramo-nos como exportado-

O
O projeto industrializante de D. João, conforme expres- res de produtos primários à divisão internacional do traba-

BO O
so no alvará, não se concretizou. Que características lho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil espe-

SC
desse período explicam esse fato? cializou-se na produção, com braço escravo importado da

M IV
a) a ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o África, de plantas tropicais para a Europa e a América do
fechamento das manufaturas portuguesas. Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia

O S
b) a dependência portuguesa da Inglaterra e o predomí- por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país essen-
nio industrial inglês sobre suas redes de comércio. cialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender

D LU
c) a desconfiança da burguesia industrial colonial diante de produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalha-
da chegada da família real portuguesa. dores forçados outros instrumentos de produção que os
d) o confronto entre a França e a Inglaterra e a po- mais toscos e baratos. O atraso econômico forçou o Brasil
a se voltar para fora. Era do exterior que vinham os bens

O C
sição dúbia assumida por Portugal no comércio
internacional. de consumo que fundamentavam um padrão de vida ‘ci-
vilizado’, marca que distinguia as classes cultas e ‘natural-
N X
e) o atraso industrial da colônia provocado pela perda
de mercados para as indústrias portuguesas. mente’ dominantes do povaréu primitivo e miserável. [...]
SI E
E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar
19. Enem C3-H13 a construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de
energia, transportes e comunicações.”
“No tempo da independência do Brasil, circulavam nas
O

classes populares do Recife trovas que faziam alusão à re- SINGER, Paul. Evolução da economia e vinculação internacional.
In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Org.). Brasil: um século de
volta escrava do Haiti:
EN S

transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 80.


‘Marinheiros e caiados Levando-se em consideração as afirmações acima, re-
E U

Todos devem se acabar, lativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da


independência política (1822), é correto afirmar que
Porque só pardos e pretos
D E

o país:
O país hão de habitar.’ ” a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvi-
A LD

mento alcançado no período colonial.


AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos.
Recife: Cultura Acadêmica, 1907. b) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão
e fundamentou a produção no trabalho livre.
O período da independência do Brasil registra conflitos c) se tornou dependente da economia europeia por
EM IA

raciais, como se depreende: realizar tardiamente sua industrialização em relação


a) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, a outros países.
ST ER

que circulavam entre a população escrava e entre d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi
os mestiços pobres, alimentando seu desejo por introduzido no país sem trazer ganhos para a infraes-
mudanças. trutura de serviços urbanos.
b) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava e) teve sua industrialização estimulada pela Grã-
SI AT

a rejeição à opressão da metrópole, como ocorreu -Bretanha, que investiu capitais em vários setores
na Noite das Garrafadas. produtivos.
M

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6
258

PRIMEIRO REINADO E CRISE


HISTÓRIA 2

NO PRIMEIRO REINADO

O FILHO DO REI

O
BO O
• O filho do rei D. Pedro I foi uma figura controversa e ambígua, como o processo de indepen-

SC
dência. Ele foi o primeiro líder do país livre, responsável pela primeira Constituição

M IV
• Divisões na elite
brasileira e supostamente o autor do Hino da Independência.
• Assembleia Constituinte
Chegou ao Brasil com menos de 10 anos e aqui viveu por vinte de seus trinta

O S
• Constituição Outorgada
e cinco anos de vida. Aos 24 anos, foi responsável pelos atos simbólicos de inde-
de 1824

D LU
pendência, atuou como líder no processo de transição, levou plebeus que havia
• Reconhecimento da inde- conhecido na boemia do Rio de Janeiro para o centro da Corte e estendeu até
pendência
onde pôde sua estadia no Brasil. Não houve confronto armado contra Portugal e o
• Crise na política, crise na

O C
processo foi resolvido politicamente e com o pagamento de indenizações. Segundo
Corte o pesquisador Neill Macaulay, D. Pedro I teria dito, ao abdicar: “Aqui está a minha
N X
• Crise política
• Política externa
abdicação; desejo que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um país que
amei e que ainda amo”.
SI E
• Abdicação do imperador

DIVISÕES NA ELITE
O

HABILIDADES
• Interpretar historicamente A independência formal do Brasil é analisada por muitos historiadores como
EN S

e/ou geograficamente um movimento elitista, representando um arranjo de interesses da elite agroex-


E U

fontes documentais acerca portadora, em grande parte membros da maçonaria, que estava associada aos
de aspectos da cultura. capitalistas britânicos.
• Analisar a atuação dos
D E

A presença da Corte no Rio de Janeiro, entre 1808 e 1821, projetou um modelo de


movimentos sociais que independência que foi canalizado posteriormente para a figura do príncipe D. Pedro.
A LD

contribuíram para mudanças Com o auxílio de José Bonifácio, D. Pedro buscou reorganizar o Estado. No en-
em processos de disputa
tanto, deu continuidade à burocracia vigente no governo de D. João, a qual, por sua
pelo poder.
vez, foi herdada de Lisboa.
• Avaliar criticamente Um desdobramento imediato desse fato foi que o Brasil manteve a integri-
EM IA

conflitos culturais, sociais,


dade territorial do período colonial, diferentemente do que ocorreu na América
políticos e econômicos.
espanhola, onde houve grande fragmentação do território, dando origem a muitos
ST ER

Estados soberanos.

ASSEMBLEIA CONSTITUINTE
SI AT

Em dezembro de 1822, D. Pedro foi reconhecido imperador do Brasil, tornando-


-se D. Pedro I. Em 1823, convocou eleições para a organização de uma Assembleia
Constituinte com a função de elaborar uma Constituição para o país, firmando a
M

autonomia em relação a Portugal.


Os trabalhos constituintes indicavam o caminho para uma Magna Carta de caráter
elitista, que restringia as atribuições de D. Pedro. Os desentendimentos logo vieram
à tona e criou-se um impasse, pois o imperador não aceitava as limitações a seus
poderes. Ao abrir os trabalhos constituintes, declarou que esperava uma Constitui-
ção digna do Brasil e dele. O anteprojeto constitucional aprovado pela Assembleia,
conhecido como Constituição da Mandioca ou Projeto Antônio Carlos, foi recusado
pelo imperador, pois limitava seus poderes no âmbito legislativo e restringia os
direitos políticos dos portugueses.
Em 11 de dezembro de 1823, o imperador ordenou o cerco ao prédio onde fun-
cionava a Assembleia Constituinte.

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259

Em resposta, os deputados recusaram-se a deixar brasileiro e português, mediadas pela Inglaterra. O


o local, onde permaneceram até o dia seguinte, no epi- Brasil assumiu uma dívida de 2 milhões de libras com

HISTÓRIA 2
sódio que ficou conhecido como Noite da Agonia. Com a Inglaterra, recurso esse repassado a Portugal como
a pressão de D. Pedro I, a Assembleia foi dissolvida e o indenização.
imperador afirmou que apresentaria uma Constituição
para o país. Após a dissolução da Constituinte, que
marcou a ruptura do imperador com a aristocracia ru- CRISE NA POLÍTICA, CRISE
ral brasileira, a crise política seria quase permanente.
José Bonifácio, braço direito do imperador, preferiu o
NA CORTE
exílio diante da manifestação de absolutismo, a qual Desde os tempos da colônia, era mais rápido e fácil
ficou ainda mais evidente quando D. Pedro I constituiu se comunicar e fazer comércio com a metrópole, do
um conselho de Estado para redigir uma Constituição. outro lado do Atlântico, do que com outras partes da
colônia. O Brasil nunca havia sido um só; o único ponto

O
BO O
CONSTITUIÇÃO OUTORGADA DE 1824 em comum era a submissão à Coroa portuguesa.

SC
Dissolvida a Assembleia Constituinte, D. Pedro I Nos primeiros anos da independência, a tendência

M IV
nomeou um conselho de Estado composto por dez era de desagregação. Cada canto do país, especialmen-
integrantes a fim de elaborar a Constituição, a qual te o Nordeste, tinha os próprios projetos e não desejava

O S
seria outorgada em 5 de março de 1824. trocar a submissão a Portugal pela subserviência ao
Rio de Janeiro. Portanto, do início ao fim, o Primeiro
A Constituição de 1824 estabelecia:

D LU
Reinado foi uma grande e permanente crise política.
• uma monarquia unitária;
• um governo monárquico, hereditário, constitucio- CRISE POLÍTICA

O C
nal e representativo; Após a dissolução da Assembleia e a outorga da
Constituição, membros descontentes da elite nordes-
N X
• o catolicismo como religião oficial;
tina logo manifestaram-se contra o estabelecido pelo
SI E
• a submissão da Igreja ao Estado; imperador. Em 1824, eclodiu a Confederação do Equa-
• o voto censitário e descoberto; dor. Províncias do Nordeste, de Pernambuco ao Ceará,
declararam-se independentes do restante do Brasil,
O

• eleições indiretas por meio dos eleitores de paró-


formando os Estados Confederados do Equador, uma
quia e de província. Eleitores de paróquia elegiam
EN S

república nordestina.
eleitores de província e, estes, os deputados;
De imediato, D. Pedro I enviou tropas, incluindo um
E U

• quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário exército mercenário, exigindo a rendição dos rebela-
e Moderador. O Executivo era de competência do dos. A repressão foi violenta. Entre os líderes atingidos,
D E

imperador e de seus ministros. O Legislativo era destaca-se a execução de frei Caneca. Essa atuação de
exercido pela Assembleia Geral, composta pela D. Pedro I rendeu-lhe vários desafetos, iniciando seu
A LD

Câmara dos Deputados (eleita por quatro anos) e processo de isolamento político e sua impopularidade.
pelo Senado (vitalício). O Judiciário era exercido O desgaste atingiria, ainda, a política externa.
pelo Supremo Tribunal de Justiça. O Moderador,
poder pessoal e exclusivo do imperador, era a cha- POLÍTICA EXTERNA
EM IA

ve de todo o sistema, à medida que legalizava seu


O governo argentino reclamava o controle da Pro-
autoritarismo e permitia a existência do conselho
ST ER

víncia Cisplatina, incorporada ao território brasileiro à


de Estado, vitalício e nomeado pelo imperador.
época de D. João VI. Tropas argentinas entraram na
Esse quarto poder ficava acima dos demais e ze-
região, iniciando a Guerra da Cisplatina (1825-1828).
lava pela harmonia do Executivo, do Legislativo
O Brasil endividou-se e o resultado da campanha não
SI AT

e do Judiciário.
lhe foi favorável, pois a área tornou-se independente,
Na prática, D. Pedro I passava a controlar todos os passando a ser chamada Uruguai. O episódio contri-
poderes por meio desse expediente. buiu para aumentar as críticas ao imperador.
M

A morte de D. João VI em Portugal colocou D.


RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA Pedro I na linha de sucessão ao trono português,
Embora a proclamação de independência do Brasil mas este renunciou em nome de sua filha, Maria da
tenha ocorrido em setembro de 1822, o reconheci- Glória. O irmão do imperador, D. Miguel, que também
mento da autonomia por outros países só aconteceu pretendia o trono, deu um golpe nas Cortes, com o
pela primeira vez em 1824, quando os Estados Unidos, apoio de defensores do absolutismo. Ao saber dos
inspirados na Doutrina Monroe, reconheceram o Brasil fatos, D. Pedro I procurou ajudar os partidários da
como país independente. filha contra o irmão.
Na Europa, essa relutância se dava porque Portugal Portugal vivia uma guerra civil. Esse envolvimen-
não o fazia, situação que perdurou até 1825, quando to do imperador dava sinais, a muitos membros da
foram concluídas as negociações entre os governos elite brasileira, do comprometimento com questões

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260

portuguesas, e não brasileiras. Nesse contexto polí- Com o intuito de preservar a imagem de D. Pedro I
tico, o Partido Brasileiro e o Partido Português, cujas e recuperar seu prestígio, integrantes do Partido Por-
HISTÓRIA 2

confrontações eram cotidianas, ganharam forma no tuguês buscaram fazer uma aproximação do imperador
Brasil. O primeiro era contrário ao imperador, enquan- com políticos de Minas Gerais. Em visita aos mineiros
to o segundo o apoiava. no início de 1831, D. Pedro I foi recebido com frieza
por parte dos que o associavam à morte de Badaró.
ABDICAÇÃO DO IMPERADOR Quando voltou ao Rio de Janeiro, o imperador re-
Em 1830, a situação ficou ainda mais tensa. cebeu uma festa em sua homenagem, a qual foi or-
Revoluções em várias partes da Europa eram im- ganizada pelos portugueses. O evento terminou com
pulsionadas pelo levante que destituíra Carlos X, o a Noite das Garrafadas, em 13 de março de 1831, e
rei absolutista da França. A associação dos fatos na consistiu em um confronto com os brasileiros contrá-
França com a imagem já desgastada de D. Pedro I rios à recepção.

O
tornou-se uma importante arma da oposição ao im- Em 5 de abril de 1831, D. Pedro I demitiu seus

BO O
perador, vinculando seu modo autoritário de governar ministros – todos brasileiros – e formou um ministério

SC
ao absolutismo monárquico. com integrantes do Partido Português, o chamado Mi-

M IV
Parte da imprensa ligada ao Partido Brasileiro inten- nistério dos Marqueses. A reação rápida e violenta do
sificou a campanha contra D. Pedro I. No Rio de Janeiro, povo contra a medida ganhou a adesão até da guarda

O S
o político e jornalista Evaristo da Veiga a fazia por meio pessoal do imperador.
do jornal Aurora Fluminense. Em São Paulo, o médico Diante dessa situação, em 7 de abril de 1831, D.

D LU
e jornalista italiano Líbero Badaró, radicado no Brasil, Pedro I renunciou ao trono brasileiro em nome do
criticava o imperador em seu Observador Constitucio- filho D. Pedro de Alcântara, seguindo para Portugal,
nal. O assassinato de Badaró em uma emboscada, em onde lutou contra seu irmão, tornando-se rei de Por-

O C
novembro de 1830, embora não tivesse ligação direta tugal com o título de D. Pedro IV. Assim se encerrou
N X
com o imperador, acirrou os ânimos da oposição. o Primeiro Reinado.
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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261

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
PRIMEIRO REINADO

1822

O
D. Pedro I foi declarado imperador do Brasil.

BO O
SC
M IV
Reconhecimento da

O S
independência

D LU
Apenas em 1825, mediante o pagamento de 2 milhões de libras a Portugal, a título de indenização.

O C
N X
SI E
1823
O
EN S

Organização da Assembleia Constituinte.


E U
D E

Constituição de 1823
A LD
EM IA

De caráter elitista, restringia as atribuições de D. Pedro (limitava seus poderes no âmbito legislativo), além
ST ER

de restringir os direitos políticos dos portugueses. Assembleia Constituinte dissolvida por D. Pedro.
SI AT
M

Constituição de 1824

Noite da Agonia.

Tendência absolutista.

Instalação do Poder Moderador.

Catolicismo como religião oficial.

Relação Estado-Igreja (padroado).

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262

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

CRISE NO PRIMEIRO
REINADO

Oposição liberal à política centralizadora de D. Pedro I.

O
BO O
Crise financeira (desequilíbrio da balança comercial).

SC
Contexto

M IV
Alta taxa de importação e exportação incipiente.

O S
Empréstimos aos bancos ingleses e emissão de moedas desregulada.

D LU
O C
Insatisfação política, problemas econômicos e longa tradição liberalista.
Confederação do
N X
Equador (1824) Movimento revolucionário de caráter emancipacionista e republicano (união das províncias de Pernambuco).
SI E
O
EN S
E U

Disputa com a Argentina pelo domínio da Província Cisplatina e pelo controle da banda oriental do Rio

da Prata.
D E

Aumento da dívida brasileira.


A LD

Guerra Cisplatina
(1825-1828)
Com a mediação da Inglaterra, o conflito cessou e foi criado um estado independente na região: a

República Oriental do Uruguai.


EM IA

Impopularidade de D. Pedro I.
ST ER
SI AT

Noite das Garrafadas: manifestações após a viagem de D. Pedro I; recepção interrompida por brasileiros.
M

Organização do Ministério dos Brasileiros em 1831.

Reformulação do ministério em 1832: apenas os portugueses fariam parte do que ficou conhecido como
Abdicação de
D. Pedro I Ministério dos Marqueses.

Passagem das forças armadas para a oposição.

D. Pedro I abdicou em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, que tinha apenas 5 anos.

Ficou estabelecido o governo regencial até a maioridade do imperador.

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263

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. UNESP – A primeira Constituição brasileira, de 1824, foi: b) definir um governo democrático, com o fim imediato
a) aprovada pela Câmara dos Deputados e estabeleceu da escravidão e do governo monárquico.
o voto censitário. c) reforçar a centralização política, sem, contudo, alterar
b) imposta por Portugal e determinou o monopólio por- a Constituição de 1824 e suas normas básicas.
tuguês do comércio colonial. d) criar uma república federativa, facilitando a descen-
c) outorgada pelo imperador e definiu a existência de tralização política e o fim do autoritarismo.
quatro poderes. e) destruir o poder dos grandes latifundiários, procla-
d) promulgada por uma Assembleia Constituinte e con- mando uma Constituição radicalmente liberal.
centrou a autoridade no Poder Executivo. A Confederação do Equador foi uma revolta de caráter republicano que
visou separar províncias do Nordeste do Brasil por considerar D. Pedro
e) determinada pela Inglaterra e estabeleceu o fim do I um monarca autoritário.
tráfico de escravos.

O
A primeira Constituição brasileira foi outorgada por D. Pedro I em 1824 e

BO O
instituía a existência de quatro poderes no Brasil. Além dos tradicionais

SC
poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, havia um quarto, o Mode-
rador. Este era exclusivo do imperador e permitia-lhe ter, na prática, o

M IV
5. UEPG-PR – Sobre o I Império (1822-1831) e a formação
controle dos demais.
do Estado no Brasil, assinale o que for correto:
2. UNESP – O Brasil assistiu, nos últimos meses de 1822 (01) Esse período, além de marcar a organização do

O S
e na primeira metade de 1823: Estado, caracterizou-se pela disputa pelo controle
político nacional entre o imperador e a aristocracia

D LU
a) ao reconhecimento da independência brasileira pelos rural brasileira.
Estados Unidos, pela Inglaterra e por Portugal.
(02) Em 1824, em Pernambuco, eclodiu a Confedera-
b) ao esforço do imperador para impor seu poder às ção do Equador, um movimento de protesto con-
províncias que não haviam aderido à independência.

O C
tra o autoritarismo de D. Pedro I e que pretendia
c) à libertação da Província Cisplatina, que se tornou separar as províncias do Norte e do Nordeste do
independente e recebeu o nome de Uruguai. restante do país.
N X
d) à pacífica unificação de todas as partes do território (04) A Constituição de 1824 estabeleceu o voto cen-
SI E
nacional, sob a liderança do governo central, no Rio sitário, que exigia que o eleitor e/ou candidatos
de Janeiro. tivessem uma renda mínima permanente, o que
e) à confirmação, pelas Cortes portuguesas e pela Assem- excluiu a maior parte da população brasileira do
O

bleia Constituinte, do poder constitucional do imperador. cenário político ao longo de todo o império.
Até 1823, governadores de diversas províncias negaram-se a acatar a (08) Na prática, o Poder Moderador, instituído pela Consti-
EN S

independência, sendo apoiados por tropas portuguesas. A Bahia e o tuição de 1824, dava grandes poderes ao imperador.
Pará foram os dois principais focos de conflito. O império empregou
(16) A presença de um considerável grupo de portu-
E U

milícias civis e mercenários europeus nos combates.


gueses ocupando cargos importantes no Estado
brasileiro produziu um grande desgaste entre D.
3. UESPI C5-H24 Pedro I e a aristocracia rural brasileira.
D E

Em 1988, foi promulgada, através da Assembleia Cons- Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
A LD

tituinte eleita pelo voto popular, a Constituição conhe- 31 (01 + 02 + 04 + 08 + 16).


cida como “Constituição Cidadã”. Mas nem todas as
Constituições brasileiras tiveram essa feição, a exemplo
da outorgada em 1824 por D. Pedro I, pela qual:
EM IA

a) foi instituído o Poder Moderador.


b) se extinguiu o Poder Judiciário. 6. UECE – Dentre as afirmações a seguir, assinale aquela
ST ER

c) consolidou-se a vitória do Partido Brasileiro. que está incorreta no que diz respeito à Confederação
d) estabeleceu-se a separação entre os poderes ecle- do Equador (1824):
siástico e civil. a) a Confederação do Equador estava afinada com os
e) se conseguiu o desenvolvimento do que se conven- ideais de federação que serviram de base para a im-
SI AT

cionou chamar de questão militar. plantação da república dos Estados Unidos da América.
Diferentemente da Constituição de 1988, a primeira Constituição brasileira, de b) a revolta começou com a exigência de que o pre-
1824, não contou com a participação popular e instituiu o Poder Moderador, o
qual conferia ao imperador o poder de decidir sobre os outros três poderes.
sidente da Província de Pernambuco, indicado por
D. Pedro I, renunciasse ao cargo em favor do liberal
M

Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e


valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma Manuel de Carvalho Pais de Andrade.
atuação consciente do indivíduo na sociedade. c) a Confederação do Equador uniu Pernambuco e as
Habilidade: Relacionar cidadania e democracia na organização das socie- províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
dades.
d) cedendo às forças de repressão comandadas pelo
brigadeiro Francisco Lima e Silva, após cinco meses
4. UPE – A liberdade política exige lutas e enfrentamentos, de resistência os rebeldes se entregaram, sendo, por
muitas vezes, violentos. Em Pernambuco, a insatisfação este motivo, anistiados.
da população levou à organização da Confederação do Os rebeldes da Confederação do Equador não foram anistiados, mas
Equador, logo depois de 1822. Liderada pelos liberais, duramente reprimidos. Frei Caneca, um dos líderes do movimento,
foi executado.
a confederação tinha como objetivo:
a) afirmar um governo baseado numa monarquia consti-
tucional, segundo os modelos do Iluminismo francês.

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264

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2

7. UECE – Atente ao que se diz a respeito dos dois partidos 11. UFSC – Sobre o Primeiro Reinado brasileiro (1822-
políticos denominados Partido Português e Partido Brasi- 1831), é correto afirmar que:
leiro, considerando os acontecimentos que culminaram (01) O rápido crescimento econômico do país após a
com o processo de emancipação política brasileira de 1822. independência, baseado na consolidação do café
I. O Partido Português, composto em sua maioria por co- como principal produto nacional de exportação,
merciantes portugueses, gostaria de ver mantidos os garantiu a estabilidade política que caracterizou
privilégios a eles proporcionados pela estrutura colonial o reinado de D. Pedro I.
e desejava o retorno de Dom Pedro a Portugal para que (02) Ao estabelecer o sufrágio censitário, a primeira
as medidas recolonizadoras fossem aplicadas. Constituição brasileira, promulgada em 1824, sus-
II. O Partido Brasileiro reunia burocratas, grandes proprie- tentava a tese liberal de que “todos os homens
tários de terras, advogados e investidores urbanos nas- nascem livres e iguais”.
cidos no Brasil. Esse grupo foi privilegiado pela abertura (04) A Confederação do Equador, que eclodiu no Nor-

O
dos portos de 1808 e gostaria que fosse mantida a deste em 1824, foi um movimento revolucionário

BO O
elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves. de tendência liberal, separatista e republicana.

SC
(08) A oposição interna contra D. Pedro I reduziu-se com
Acerca das duas proposições acima, é correto afirmar que:

M IV
a conquista da Província Cisplatina, ocorrida após a
a) ambas são verdadeiras. c) ambas são falsas. guerra travada entre 1825 e 1828 que resultou na se-
b) I é falsa e II é d) I é verdadeira e II paração da República da Banda Oriental do Uruguai.

O S
verdadeira. é falsa. (16) Após a ruptura definitiva com Portugal em se-
tembro de 1822, grupos políticos alinhados com
8. PUC-RS – Sobre a situação econômica e financeira do

D LU
a Corte portuguesa resistiram ao comando de D.
Brasil durante o Primeiro Reinado, é incorreto afirmar que: Pedro I em algumas províncias do império.
a) o Brasil passava por uma forte crise no comércio de
exportação devido à queda das suas vendas externas Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).

O C
de açúcar no mercado europeu.
12. Marinha – O primeiro conflito internacional de que o
b) a situação brasileira se agravou na medida em que, de-
Brasil participou após sua independência foi a Guerra
N X
pois do declínio da produção aurífera colonial, a Inglater-
ra perdeu o interesse de ser parceira comercial do Brasil. da Cisplatina (1825-1828). A respeito dessa guerra, é
correto afirmar que:
SI E
c) o imperador D. Pedro I fazia gastos excessivos e
não voltados ao desenvolvimento econômico, como a) a independência da Cisplatina, sob o nome de Repú-
o financiamento da Guerra da Cisplatina, além de blica Oriental do Uruguai, foi um de seus resultados.
O

existirem problemas na arrecadação de impostos. b) devido ao maior poderio naval argentino, a Esquadra
d) o café, que seria o grande produto brasileiro de ex- Imperial Brasileira fez uso intensivo da guerra de corso.
EN S

portação no século XIX, ainda não ocupava espaço c) a causa principal desse conflito foi a invasão para-
significativo no comércio exterior do país. guaia à Província do Mato Grosso.
E U

e) havia grande carência em transportes, que, aliada d) a vitória brasileira se deu em consequência de sua
às dimensões continentais do território brasileiro, estratégia naval de bloqueio do Rio da Prata.
dificultava a integração econômica do novo país e o e) ao bloquear o Rio Paraná, a Tríplice Aliança, formada
D E

adequado aproveitamento de suas riquezas naturais. por Brasil, Argentina e Uruguai, deu um duro golpe
na Força Naval Paraguaia.
A LD

9. UECE – Sobre o processo que resultou no pronuncia-


mento de D. Pedro I, no dia 9 de janeiro de 1822, para 13. UFPE – Na(s) questão(ões) a seguir, escreva nos pa-
a multidão reunida diante do Paço Imperial (o Dia do rênteses a letra (V) se a afirmativa for verdadeira ou
Fico), considere as seguintes afirmações: (F) se for falsa:
EM IA

I. O processo representou o desacordo com Portugal, Na manhã de 13 de fevereiro de 1825, na porta da


que exigia o seu regresso a Lisboa. Igreja do Pátio do Terço, em Recife, frei Caneca foi des-
II. O processo representou o fortalecimento do Partido pojado de suas ordens e executado. Considera(m)-se
ST ER

Brasileiro, explícito na composição do novo ministério. atividade(s) revolucionária(s) do frei:


III. O processo representou o rompimento dos laços ( ) Jornalista, redator de O Diário Novo, jornal
políticos formais com Portugal. praieiro responsável pela agitação intelectual
É correto o que se afirma: da Revolução de 1848 em Pernambuco.
SI AT

a) em I, II e III. c) apenas em III. ( ) Frei Caneca participou da Revolução de 1817,


b) apenas em I. d) apenas em I e III. cujo ideário republicano era semelhante ao da
Revolução de 1824.
M

10. FGV-SP – No Brasil, durante o Primeiro Império, a si- ( ) Frei Caneca dirigiu, durante o Primeiro Reinado,
tuação financeira era precária pelo fato de que: um periódico revolucionário intitulado Sentinela
a) o comércio de importação entrou em colapso com da Liberdade na Guarita de Pernambuco.
a vinda da família real (1808). ( ) Frei Caneca insurge-se contra a Constituição Outorga-
b) os Estados Unidos faziam concorrência aos nos- da, logo após a dissolução da Constituinte em 1823.
sos produtos, especialmente o açúcar. ( ) Dirigiu e foi redator principal do jornal O Tífis
c) os principais produtos de exportação – açúcar e Pernambucano, que combatia o absolutismo do
algodão – não eram suficientes para o equilíbrio imperador Pedro I e incitava à rebelião.
da balança comercial do país.
14. UEL-PR – A Confederação do Equador, em 1824, se
d) o capitalismo inglês se recusava a fornecer em-
préstimos para a agricultura. caracterizou como um movimento de:
e) o sistema bancário era praticamente inexistente, a) emancipação política de Portugal.
só tendo sido fundado o Banco do Brasil em 1850. b) oposição à abertura dos portos.

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265

c) garantia à política inglesa. a) ser um movimento contrário às medidas da Corte

HISTÓRIA 2
d) apoio aos atos do imperador. portuguesa, que visava favorecer o monopólio do
e) reação à política imperial. comércio.
b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolu-
15. PUC-MG – Dentre os vários fatores que podem ser tistas do Primeiro Reinado, sendo um movimento
apontados no sentido de se explicar o descontentamen- republicano.
to da população com o governo de D. Pedro I (1822- c) garantir a integridade do território brasileiro e a cen-
1831), destacam-se, exceto: tralização administrativa.
a) o profundo desequilíbrio observado nas fi nanças d) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e
públicas. demais associações absolutistas.
b) o estilo visivelmente centralista e absolutista do governo. e) levar seu principal líder, frei Joaquim do Amor Divino
c) o imobilismo do Estado frente à questão da abolição Caneca, à liderança da Constituinte de 1824.
da escravidão.
d) o desastroso resultado verificado ao término da Guerra 17. UP-PR – A crise do I Reinado, que levou à abdicação

O
da Cisplatina. de D. Pedro I, teve entre suas razões:

BO O
e) o clientelismo e a corrupção reinantes nas diversas a) a pressão do Partido Restaurador.

SC
esferas do poder. b) a aprovação do Ato Adicional.

M IV
16. Mackenzie-SP – A Confederação do Equador, movi- c) a implantação do sistema parlamentarista.
mento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824, d) o fechamento da Assembleia Constituinte.

O S
caracterizou-se por: e) a invasão da Guiana Francesa.

D LU
ESTUDO PARA O ENEM
18. Enem C1-H2 e) Pernambuco perdera o seu lugar de capital da Corte

O C
“É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, da capital imperial.

N X
do império a mais remota e insignificante de suas aldeolas,
congrega-se unânime para comemorar o dia que o tirou
20. Unirio-RJ
“[...] É sabido que a independência desencadeou um mo-
C3-H11
SI E
dentre as nações dependentes para colocá-lo entre as na-
mento lusófono e nativista de troca de nomes de batismo.
ções soberanas, e entregou-lhe os seus destinos, que até
Há casos conhecidos de ‘tupinização’ de sobrenomes. Como
então haviam ficado a cargo de um povo estranho.”
O

o de um ramo da família pernambucana Galvão, que passou


Gazeta de Notícias, 7 set. 1883.
a chamar-se Carapeba. [...]
As festividades em torno da independência do Brasil
EN S

Havia na elite imperial um fascínio pelos astecas, os quais, apa-


marcam o nosso calendário desde os anos imediata- recendo como a sociedade mais civilizada da América pré-co-
mente posteriores ao 7 de setembro de 1822. Essa
E U

lombiana, inspiravam a maneira mais civilizada de declarar-se


comemoração está diretamente relacionada com: pró-americano. O próprio regente D. Pedro, futuro D. Pedro I,
a) a construção e manutenção de símbolos para a for- toma o nome de Guatimazin, o último imperador asteca, ao
D E

mação de uma identidade nacional. aderir, em 1822, à loja maçônica Grande Oriente do Brasil [...].
b) o domínio da elite brasileira sobre os principais car- Os excessos da imagem indígena que se pretendia colar ao
A LD

gos políticos, que se efetivou logo após 1822. império suscitaram, anos mais tarde, uma reação do historia-
c) os interesses de senhores de terras que, após a dor, médico homeopata e polígrafo alagoano Mello Moraes,
independência, exigiram a abolição da escravidão.
ascendente do poeta Vinícius de Moraes. [...]”
d) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida privada e ordem privada no
EM IA

imperial para a expulsão de estrangeiros do país. império. In: História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia
e) a consciência da população sobre os seus direitos das Letras, 1997.
adquiridos posteriormente à transferência da Corte
Para a análise do trecho dentro de uma perspectiva
ST ER

para o Rio de Janeiro.


política, deve-se ressaltar que:
19. Cederj C3-H15 a) demonstra conscientização política e necessidade de
se afirmar como um Estado independente que buscou
“[...] do Rio nada, não queremos nada.”
SI AT

através do índio a legitimação do poder da elite brasileira.


Com essa frase, frei Caneca encerrou um artigo manifesto b) a busca pela valorização indígena e a perseguição ao
no jornal Tífis Pernambucano em 1824, dentro do movimen- elemento lusitano está presente na Assembleia Cons-
to que ficou conhecido como a Confederação do Equador. tituinte de 1823 e também na Constituição de 1824,
M

Nesse texto, expôs suas críticas ao governo do imperador pois tanto o projeto constitucional como a Constituição
Pedro I, cuja sede estava na cidade do Rio de Janeiro. não concede qualquer direito político aos portugueses.
Assinale a afirmativa que apresenta uma das razões c) houve uma mobilização popular pela necessidade de
para as críticas feitas no artigo-manifesto: se afirmar como brasileiro, pois o voto instituído pela
Constituição de 1824 alijava os portugueses e benefi-
a) a elite carioca insistia em ajudar os flagelados do ciava a participação dos brasileiros.
Nordeste.
d) mostra, politicamente, a figura indígena ganhando im-
b) havia uma excessiva centralização de poder nas portância e que a essa foi dado o direito à cidadania
mãos do imperador. desde o projeto constitucional de 1823.
c) o Brasil ainda se encontrava sob o domínio dos e) a elite brasileira, aliada a D. Pedro, promove o 7 de se-
reis de Portugal. tembro, tem como interesse claro a retirada do elemen-
d) D. Pedro não permitia a realização de cultos não to lusitano do poder administrativo e a valorização dos
católicos. brasileiros pelo projeto constitucional de 1823.

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7
266

PERÍODO REGENCIAL E
HISTÓRIA 2

REVOLTAS REGENCIAIS

UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO

O
BO O
Os nove anos de período regencial foram marcados por grandes agitações político-

SC
• Um período de transição
-sociais e separatistas que ameaçaram a integridade do país. Algumas representaram

M IV
• Avanço liberal (1831-1837)
a divisão da aristocracia rural quanto à orientação política e governamental e no que
• Regência de Diogo Feijó
diz respeito à maior autonomia das províncias ou à maior centralização administrativa.

O S
• Regresso conservador
Além disso, também envolveram as lutas das camadas médias e populares por me-

D LU
• Golpe da Maioridade lhores condições de vida e pelo direito de participação política nos destinos do país.
• País em ebulição O período regencial dividiu-se em duas fases: de avanço liberal e de regresso
• Revolução Farroupilha conservador. A primeira compreende as duas Regências Trinas e a Regência Una de

O C
(1835-1845) Diogo Feijó e, a segunda, a Regência Una de Pedro de Araújo Lima.
• Revolta dos Malês (1835)
N X
• Cabanagem (1835-1840)
AVANÇO LIBERAL (1831-1837)
SI E
• Sabinada (1837-1838)
Nessa fase político-administrativa do Brasil, havia três agremiações políticas:
• Balaiada (1838-1841)
• Partido Restaurador: seus componentes, conhecidos como caramurus, pretendiam
O

HABILIDADES o retorno de D. Pedro I e a restauração da monarquia centralizadora e autoritária.


EN S

• Analisar a atuação dos • Partido Liberal Moderado: seus componentes, conhecidos como chimangos,
movimentos sociais eram grandes proprietários que defendiam a escravidão e o latifúndio. Dividiam-
E U

que contribuíram para -se entre os que desejavam maior descentralização política e os favoráveis a
mudanças ou rupturas manter a centralização nos moldes instituídos por D. Pedro I.
D E

em processos de disputa • Partido Liberal Exaltado: seus componentes, alguns latifundiários e outros
pelo poder.
das camadas médias da população, conhecidos como farroupilhas ou jurujubas,
A LD

• Avaliar criticamente defendiam a descentralização político-administrativa do Brasil por meio do fe-


conflitos culturais, sociais, deralismo característico dos Estados Unidos. Alguns defendiam abertamente
políticos, econômicos ou
a mudança de regime de monarquia para república.
ambientais ao longo da
EM IA

História. Constituiu-se uma Regência Trina Provisória até o Legislativo eleger os regentes
• Analisar as lutas sociais permanentes, conforme definia a Constituição de 1824. Os liberais ajustaram suas
ST ER

e conquistas obtidas no diferenças com o intuito de compor a maioria e, com isso, ter condições de escolher os
que se refere às mudanças membros do grupo para o governo regencial. Desse ajuste resultou o controle do poder
nas legislações ou nas pelos liberais, principalmente moderados, que representavam a maioria do Parlamento,
SI AT

políticas públicas. em prejuízo dos exaltados, o que permitiu a adoção de medidas descentralizadoras.
O Poder Moderador teve suas atribuições reduzidas, não podendo, por exemplo,
dissolver a Câmara dos Deputados.
M

Ainda em 1831, padre Diogo Feijó, ministro da Justiça, criou a Guarda Nacional,
conferindo poder de polícia às elites agrárias provinciais, pois era uma força militar
que visava zelar pela ordem nas áreas de poder dos eleitores.
Isso representava a descentralização do poder de repressão conferido às elites locais.
O chefe da Guarda Nacional de cada área era um grande senhor de terras que recebia
a patente de coronel. Daí originou-se a expressão “coronelismo” na história do Brasil,
visando designar as lideranças políticas locais e regionais oriundas das oligarquias.

REGÊNCIA DE DIOGO FEIJÓ


A descentralização criou um quadro de instabilidade política expressa em agitações que
envolveram tanto membros das elites como camadas médias e populares da sociedade
brasileira. Feijó tomou posse em 12 de outubro de 1835, em um momento turbulento,

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267

marcado pela eclosão da Revolução Farroupilha, no Rio


Grande do Sul; da Cabanagem, no Pará; e da Revolta dos
REGRESSO CONSERVADOR

HISTÓRIA 2
Malês, na Bahia. Muitos afirmavam que o país corria o Os conservadores modificaram todas as medidas
risco de fragmentação em consequência da descentrali- descentralizadoras do período anterior, estabelecendo
zação e vários liberais moderados assumiram uma postura uma política claramente centralizadora. Além disso,
conservadora. tiveram de lidar com outros levantes: a Revolta da Sa-
O próprio regente uno Diogo Feijó, percebendo binada, na Bahia (1837); e a Balaiada, no Maranhão (a
ameaças à ordem oligárquica e ao território nacional, partir de 1838).
pediu ao Parlamento mais poderes para enfrentar a si- No período conservador, houve a criação da Lei
tuação. Parte do Parlamento concluiu pela necessidade Interpretativa do Ato Adicional, que limitava o poder
de “interpretar o Ato Adicional e coibir as liberdades de atuação das Assembleias Legislativas Provinciais
democráticas”, conforme palavras do deputado de opo- ao estabelecer a nomeação do seu presidente pelo
poder central. O presidente escolhido pelo regente

O
sição Rodrigues Torres.

BO O
Com o apoio da elite dominante, a oposição forta- tinha poder de veto às decisões da Assembleia. As-

SC
lecia-se e a Igreja criticou as declarações públicas de sim, qualquer decisão provincial que não atendesse

M IV
Feijó contra o celibato e sua interferência clerical na aos interesses do poder central podia ser anulada pelo
política interna do país, o que agravou a situação. presidente nomeado.

O S
Com a morte de D. Pedro I em Portugal, em 1834, Duas alterações significativas de caráter descen-
os restauradores uniram-se aos moderados conser- tralizador que haviam vigorado no início da regência

D LU
vadores, formando o Partido Regressista, enquanto apareceram na reformulação do Código de Processo
os exaltados uniram-se aos moderados mais liberais Criminal: as competências do juiz de paz ficaram redu-
e formaram o Partido Progressista. Feijó ficou com zidas e atreladas ao poder central, ou seja, ao regente;

O C
o Partido Progressista, que era minoria. A ferrenha e a definição da patente de coronel das Guardas Nacio-
oposição levou-o à renúncia em 19 de novembro de nais provinciais passou a ser dos regentes.
N X
1837. Começou a segunda fase do período regencial, A anulação das medidas político-administrativas
SI E
o regresso conservador, sob o comando do regente descentralizadoras não foi suficiente para conter as
interino Araújo Lima. agitações sociais. A Farroupilha, a Cabanagem e a Ba-
laiada exemplificam a instabilidade desse período.
O

Outra medida importante dos liberais foi a cria-

GOLPE DA MAIORIDADE
EN S

ção do Código do Processo Criminal, em 1832, que


concedia ao juiz de paz o poder de vida e morte
E U

sobre os habitantes de sua jurisdição, descentrali- Com a fase do regresso conservador, os liberais
zando, assim, o poder de Justiça. perderam espaço na política nacional e começaram a
conspirar contra o governo conservador. Com o propó-
D E

O problema dessa política foram as disputas


entre os grupos locais pelo controle da Guarda Na- sito de abreviar a regência de Araújo Lima, instauraram
A LD

cional e pelo cargo de juiz de paz. A mobilização uma campanha de antecipação da maioridade do her-
de apadrinhados, dependentes dessas elites que deiro, D. Pedro de Alcântara.
atuavam de forma armada, comprometia a ordem Os conservadores não viam a emancipação de
nas regiões. D. Pedro de forma negativa. Muitos até creditavam
EM IA

Esse sistema em que organizações políticas (es- justamente ao príncipe a preservação da integridade
tados ou províncias) se unem amplamente, porém territorial e a pacificação do país. A proposta dos libe-
ST ER

mantendo a autonomia, caracterizou a política des- rais golpistas ganhou terreno e apoio de muitos con-
centralizadora ou federalista, que foi coroada com servadores. O Parlamento brasileiro declarou o filho
a criação do Ato Adicional à Constituição, em 1834. de D. Pedro I maior de idade aos 14 anos. Assim, em
SI AT

Por esse ato, as províncias passavam a ter, no lugar 1840, encerrava-se o período regencial e tinha início o
dos Conselhos Gerais de Província, Assembleias Segundo Reinado da história do Brasil.
Legislativas Provinciais, com poder de legislar sobre
PAÍS EM EBULIÇÃO
M

vários assuntos e até reivindicar empréstimos no


exterior. Além disso, foi criado o município neutro
O período de 1831 a 1840 foi marcado por violentas
do Rio de Janeiro, capital do império, e extinguiu-
revoltas com tendências político-liberais que eclodiram
-se a Regência Trina Permanente, que deu lugar à
em diversas partes do país e, em alguns casos, amea-
Regência Una Eletiva e Temporária, o que signifi-
çaram sua unidade territorial.
cava, para muitos, a possibilidade de revezamento
A participação popular nessas rebeliões, apesar de
no poder dos membros da elite até a emancipação
malsucedida, ganhou autonomia e radicalidade inusita-
do herdeiro, D. Pedro de Alcântara. Na ocasião, o
das. Conheceremos agora os principais focos de ebu-
regente único eleito foi o liberal moderado padre
lição desse momento de transição entre o Primeiro e
Diogo Feijó. O Ato Adicional de 1834 também ex-
o Segundo reinados, decisivos para a manutenção da
tinguiu o Conselho de Estado.
unidade territorial brasileira.

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268

REVOLUÇÃO FARROUPILHA (1835-1845) Os cabanos, como ficaram conhecidos os rebeldes


populares, lideraram uma agitação que chegou à cidade
HISTÓRIA 2

Movimento iniciado por estancieiros criadores de


de Belém em 1835 e criaram um governo provisório
gado contra a elevada tributação sobre os produtos
que durou cerca de nove meses. Sem condições de
derivados de sua pecuária, principalmente a carne
realizar uma política que contemplasse todos, o mo-
charqueada. O preço da carne produzida no Rio Gran-
vimento dividiu-se e enfraqueceu com a chegada das
de do Sul ficou mais alto que a vendida ao Brasil pelos
tropas imperiais. Depois que as forças regenciais re-
uruguaios e argentinos. Com o tempo, a campanha
cuperaram Belém, os cabanos dirigiram-se ao interior,
passou a ser motivada por conflitos internos entre as
constituindo focos de resistência que foram destruídos
elites sul-rio-grandenses, opondo o grupo litorâneo,
aos poucos.
vinculado ao governo regencial, ao interiorano ou far-
roupilha, que via na política regencial um obstáculo à
SABINADA (1837-1838)
afirmação de seu poder.

O
A atuação farroupilha estendeu-se à Província de A renúncia de padre Diogo Feijó em 1837 levou

BO O
os conservadores liderados por Araújo Lima ao poder
Santa Catarina, sendo proclamadas duas repúblicas:

SC
regencial. Nesse período do regresso conservador, os

M IV
Rio-Grandense (no Rio Grande do Sul) e Juliana (em
liberais da Bahia, não aceitando a política centraliza-
Santa Catarina). A Farroupilha, uma das mais longas
dora, deram início a agitações que visavam impedir
revoltas da história do Brasil, iniciou-se em 1835 e ter-

O S
a perda de autonomia da província. O movimento foi
minou somente em 1845 por meio de um acordo feito
liderado pelo médico e jornalista Francisco Sabino,

D LU
com duque de Caxias. Houve anistia geral aos revolto-
representante da classe média baiense, daí o nome
sos com sua integração às forças do Exército brasileiro,
atribuído à rebelião. Populares atenderam ao apelo do
desfecho bem diferente dos movimentos de caráter
médico por estarem descontentes com seu estado de

O C
popular na história do Brasil, como a Cabanagem, a
pobreza. Em 1837, o levante em Salvador proclamou
Revolta dos Malês, a Sabinada e a Balaiada.
N X
REVOLTA DOS MALÊS (1835)
a República Baiense, que existiria até a maioridade de
D. Pedro de Alcântara.
SI E
Em ação rápida, o governo regencial enviou tropas
A situação na Província da Bahia era muito difícil, que sitiaram a cidade de Salvador com o apoio de se-
O

porque boa parte da população era constituída de escra- nhores de engenho da região do Recôncavo Baiano.
vos, afrodescendentes e mestiços libertos que viviam O resultado foi o massacre da população. Francisco
EN S

em condição de penúria. Os maus-tratos comuns e a Sabino e outros companheiros de mesma condição


exploração intensa eram responsáveis por um clima social foram presos, mas receberam anistia.
E U

de tensão permanente. A organização da revolta con-


tra essa exploração teve a participação de africanos BALAIADA (1838-1841)
D E

e descendentes de origem islâmica, os malês, que A origem da agitação, como outras na história
realizavam cultos particulares e conheciam a escrita
A LD

do Brasil, associa-se à crise econômica e à pobre-


e a língua árabes. za extrema na região. O elemento catalisador foi a
A ação pretendia libertar os africanos da escravidão. disputa entre membros da elite pelo poder político
A agitação, iniciada na madrugada de 25 de janeiro de na Província do Maranhão. Os liberais maranhen-
EM IA

1835, estendeu-se ao longo do dia, com vários comba- ses (bem-te-vis), que estavam em campanha contra
tes entre os rebeldes e as forças policiais de Salvador. os conservadores que governavam com o apoio da
ST ER

A rebelião foi contida e houve fuzilamento de alguns regência de Araújo Lima, decidiram manipular os
participantes, açoitamento público de outros e depor- populares contra o governo, inclusive provendo-os
tação ou venda da maioria para outras áreas do Brasil. com munição. O movimento saiu do controle da elite
SI AT

liberal e passou a agir por conta própria, sob a lide-


CABANAGEM (1835-1840) rança de Cosme Bento, ex-escravo; e Manuel Fran-
A Cabanagem foi um movimento popular contra cisco dos Anjos Ferreira, artesão que confeccionava
M

as condições de pobreza e abandono e as políti- balaios. Daí a inspiração para o nome do levante, que
cas governamentais elitistas. Indígenas, mestiços fortaleceu-se com a conquista da cidade de Caxias
e escravizados combateram o governo provincial do pelos balaios.
Pará nomeado pela regência. A princípio, setores das A repressão não tardou. Comandando cerca de
oligarquias não contempladas mobilizaram popula- 8 mil homens das forças imperiais, Luís Alves de
res, pretendendo assumir o controle da província. Lima e Silva atacou Caxias e massacrou os rebeldes.
Entretanto, os anseios da população pobre por me- O sucesso de Lima e Silva o fez barão de Caxias,
lhorias nas condições de vida afastaram os grupos credenciando-o a atuar contra outros levantes, como
oligárquicos do movimento. a Revolução Farroupilha.

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269

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
PERÍODO REGENCIAL

Em razão do impedimento do futuro imperador em assumir o trono por conta da idade, a Assembleia Geral

Contexto

O
elegeu três representantes entre os deputados, que formaram a regência responsável pelo governo do

BO O
SC
país até a maioridade de Pedro II.

M IV
O S
Regentes: Campos Vergueiro, Carneiro de Campos e brigadeiro Lima e Silva.

D LU
Características: Tendência liberal. Anistia a presos políticos. Suspensão do Poder Moderador e do Con-
Regência

O C
Trina Provisória selho de Estado. Reintegração do Ministério dos Brasileiros. Exclusão dos estrangeiros no Exército brasileiro.

N X
SI E
O
EN S

Francisco de Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José Costa Carvalho.


Regentes:
E U
D E

Criação da Guarda Nacional e do Código de Processo Criminal. Ato adicional de 1834:


Características:
Regência Assembleias Legislativas nas províncias; criação do município neutro do Rio de Janeiro; eleições para regente uno.
A LD

Trina Permanente
EM IA
ST ER

Domínio dos grupos liberais. Destacou-se como ministro da Justiça durante a regência
Características:
SI AT

permanente. As constantes revoltas e conflitos com o clero trouxeram desgaste político.


Regência
Una de Diogo Feijó
M

Características: Predomínio de grupos conservadores. Repressão aos movimentos revolucionários.

Centralização do poder: o governo central voltou a ter autonomia para nomear funcionários públicos e con-
Regência
Una de Pedro de
trolar organismos policiais e judiciários.
Araújo Lima

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270

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS

Contexto

O
BO O
Em razão do impedimento do futuro imperador em assumir o trono por conta da idade, a Assembleia Geral elegeu três repre-

SC
M IV
sentantes entre os deputados, os quais formaram a regência responsável pelo governo do país até a maioridade de D. Pedro II.

O S
D LU
Revolução Farroupilha

O C
N X Local: Rio Grande do Sul.
SI E
Período: 1835-1845.
O

Revoltosos: Elite (grandes fazendeiros).


EN S
E U

Motivos e demandas: Impostos sobre o sal e o charque. Mudanças nas taxas alfandegárias. Mais autonomia em relação ao poder central

da monarquia.
D E
A LD

Consequência imediata: Medidas protecionistas ao charque do Rio Grande do Sul.


EM IA

Revolta dos Malês


ST ER

Local: Bahia.
SI AT

Período: Madrugada de 25 de janeiro de 1835.


M

Revoltosos: Classes populares (africanos de origem islâmica, os malês).

Motivos e demandas: Maus-tratos e exploração de escravizados e mestiços. Pretendiam libertar os escravizados.

Consequência imediata: Repressão do movimento, fuzilamentos, açoitamentos públicos e deportação ou venda de participantes da revolta

para outras áreas do Brasil.

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271

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
Cabanagem

Local: Pará.

Período: 1835-1840.

O
Revoltosos: Elite e populares.

BO O
SC
M IV
Motivos e demandas: Política repressiva do governo provincial, que excluía líderes locais. Situação de miséria da maior parte da população.

O S
Consequência imediata: Dura repressão e morte de cerca de 30 mil pessoas.

D LU
O C
Sabinada
N X
SI E
Local: Bahia.
O

Período: 1837-1838.
EN S

Revoltosos: Camadas médias de Salvador.


E U

Motivos e demandas: Eram contra a centralização política no Rio de Janeiro e o recrutamento compulsório. Repressão do movimento
D E

e prisão dos líderes.


A LD

Consequência imediata: Repressão do movimento, retomada da cidade, cerca de 2 mil mortes e 3 mil prisões.
EM IA
ST ER

Balaiada
SI AT

Local: Maranhão.
M

Período: 1838-1841.

Revoltosos: Elite (liberais × conservadores) e classes populares (indígenas, mestiços e afrodescendentes).

Motivos e demandas: Disputa pelo poder entre bem-te-vis (liberais) e cabanos (conservadores); recrutamento compulsório.

Consequência imediata: Repressão do movimento e pacificação do Maranhão.

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272

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. FGV-SP – A abdicação de D. Pedro I em 1831 deu início ao Quais estão corretas?


chamado período regencial, sobre o qual se pode afirmar: a) Apenas I. d) Apenas lI e III.
I. As elites nacionais reformaram o aparato institucional
b) Apenas II. e) I, lI e III.
de modo a estabelecer maior descentralização política.
c) Apenas I e II.
II. Foi um período convulsionado por revoltas, entre
A afirmativa I é incorreta, pois a Guerra dos Farrapos não teve relação com a
elas a Farroupilha e a Sabinada. Lei Feijó, de 1831. Ela iniciou-se em 1835, liderada pela elite pecuária do Rio
III. D. Pedro II sucedeu ao pai e impôs, logo ao assumir Grande do Sul, contra as tributações impostas pelo império a seus produtos.
o trono, reformas no regime escravista.
IV. O exercício do Poder Moderador pelos regentes e
5. UFMG – O Império Brasileiro presenciou, nos anos 30,
pelo Exército conferia estabilidade ao regime.
a emergência de movimentos revolucionários.
As afirmativas corretas são: Todas as alternativas apresentam movimentos desse

O
período, exceto:

BO O
a) I e II. A afirmativa III é incorreta, pois não foi D. Pedro
II quem sucedeu ao pai. Antes, houve nove anos

SC
b) I, II e III. de período regencial. D. Pedro II tampouco impôs a) a Balaiada, no Maranhão, que se caracterizou por

M IV
reformas ao escravismo. Já a afirmativa IV está sucessivas e ininterruptas rebeliões da população
c) I e III. errada, pois na regência o Poder Moderador foi sertaneja escrava.
d) I, III e IV. enfraquecido e suspenso em alguns momentos.
b) a Cabanagem, na Província do Pará, que foi uma das

O S
e) II e lV. lutas mais violentas do período regencial.
c) a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, marcada pelas

D LU
2. Fuvest-SP – O período regencial foi politicamente mar- aspirações do patriciado urbano e rural da região.
cado pela aprovação do Ato Adicional, que:
d) a Praieira, em Pernambuco, que teve como objetivo
a) criou o Conselho de Estado. o fortalecimento da monarquia.

O C
b) implantou a Guarda Nacional. e) a Sabinada, na Bahia, caracterizada pelo antilusita-
c) transformou a Regência Trina em Regência Una. nismo da camada social média.
N X
d) extinguiu as Assembleias Legislativas Provinciais. Ainda que os alunos não conheçam a Revolução Praieira, é possível che-
gar à resposta por eliminação. Neste módulo, estudamos as principais
SI E
e) eliminou a vitaliciedade do Senado. revoltas do período regencial. A Praieira ocorreu durante o Segundo
O Ato Adicional de 1834 criou Assembleias Legislativas nas províncias, Reinado e foi um movimento republicano, não monarquista.
transformou o Rio de Janeiro em município neutro e convocou eleições 6. Fatec-SP – Leia o texto: C3-H13
O

para um regente uno.


Em abril de 1831, D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil
em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, que tinha,
EN S

então, cinco anos de idade. Uma regência foi criada para


3. Fuvest-SP – Em agosto de 1831, Feijó cria a Guarda governar até que D. Pedro II, como ficaria conhecido,
E U

Nacional. Qual o papel dessa instituição militar no pe- atingisse a maioridade e pudesse ser coroado.
ríodo regencial e no Segundo Reinado?
Durante o período regencial, a política brasileira foi marcada:
A Guarda Nacional era vinculada diretamente às elites regionais. Os a) pela intensificação da política expansionista do regen-
D E

te Feijó, que acentuou os conflitos internacionais no


Cone Sul (guerras da Cisplatina e do Paraguai) e pelo
A LD

oficiais eram eleitos nas próprias províncias. Dessa forma, ela repre-
aumento progressivo da dívida externa brasileira.
b) pela fragmentação do império, marcada pela perda
sentou um movimento de descentralização do poder imperial e pos-
de territórios fronteiriços (Província Cisplatina, Ama-
zônia colombiana) nos combates com as tropas de
EM IA

sibilitou às elites domínio político e econômico e intensa participação Simón Bolívar e José de San Martín.
c) pelo pacto federativo, conduzido pelo jovem impera-
dor, que favoreceu as demandas dos regionalistas,
ST ER

na política nacional.
concedendo autonomia administrativa às províncias.
d) pela promulgação da primeira Constituição do império,
4. UFRGS-RS – A organização do Império Brasileiro, no sécu-
que sofreu forte resistência das elites regionais por seu
lo XIX, foi marcada por uma série de tensões sociais, polí-
SI AT

caráter centralizador, pela criação do Poder Moderador


ticas e militares. Um dos episódios mais relevantes desse e pela extensão do direito de voto aos analfabetos.
período foi a chamada Guerra dos Farrapos (1835-1845).
e) pela criação das Assembleias Legislativas Provinciais
Sobre o conflito, considere as seguintes afirmações: e pela eclosão de rebeliões em diversas províncias,
M

I. A promulgação da Lei Feijó (1831), que tinha por sendo algumas de caráter popular (como a Cabana-
objetivo fomentar o tráfico de africanos para o Brasil, gem) e outras comandadas pelas elites regionais
contrariando assim os interesses republicanos das (caso da Guerra dos Farrapos).
elites políticas da Província de São Pedro, foi um dos As políticas expansionistas no Cone Sul não se deram no período re-
fatos desencadeadores da guerra. gencial (a Guerra da Cisplatina ocorreu no Primeiro Reinado e, a Guerra
do Paraguai, no Segundo Reinado). O Império Brasileiro não foi frag-
II. A Guerra dos Farrapos também pode ser inserida mentado como nas antigas possessões espanholas. O pacto federativo
dentro de uma conjuntura platina na qual têm impor- não foi conduzido pelo jovem imperador D. Pedro II, mas pelos políticos
tância as relações mantidas entre lideranças sul-rio- liberais durante a regência. A primeira Constituição foi outorgada em
-grandenses e elites político-econômicas uruguaias. 1824, e não promulgada na regência. A única alternativa que não contém
informações equivocadas é a E.
III. O Corpo de Cavalaria dos Lanceiros Negros, formado Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
por parte da população escrava habitante da provín- tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
cia, foi dizimado pelas tropas imperiais na chamada grupos, conflitos e movimentos sociais.
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuí-
“surpresa de Porongos”. ram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

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273

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

HISTÓRIA 2
7. UFRGS-RS – O cargo de juiz de paz teve suas funções e) conter as rebeliões e motins que pudessem pertur-
regulamentadas pelo Código de Processo Criminal bar a ordem institucional militar.
de 1832. Esses juízes representavam o liberalismo
brasileiro durante o período regencial. Esses magis- 11. UnB-DF (adaptado) – Julgue a afirmativa a seguir:
trados eram:
Assim como a palmatória serviu de instrumento de
a) nomeados diretamente pelo imperador, exercendo opressão aos alunos, a Guarda Nacional, criada pelo
as funções de chefe de polícia.
ministro da Justiça, o padre Feijó, serviu para reprimir
b) designados diretamente pelo ministro da Justiça, as forças anárquicas contrárias às aristocracias locais.
exercendo as funções de promotor público.
c) eleitos pelos cidadãos para exercer funções conci-
liatórias e de qualificação eleitoral.

O
d) eleitos pelos deputados gerais para administrar os

BO O
bens dos órfãos e de pessoas ausentes.

SC
e) indicados pelo presidente provincial para pacificar os

M IV
conflitos pela terra.

8. UFRGS-RS – Assinale a alternativa correta em relação

O S
aos eventos políticos ocorridos no período regencial:

D LU
a) na Regência Una do padre Feijó, foi suspenso par-
cialmente o uso do Poder Moderador pelos regentes.
12. UFG-GO – A ocorrência de rebeliões, tais como a
b) na Regência Una de Araújo Lima, promulgou-se a Lei
Cabanagem (1835-1840), no Pará; a Sabinada (1837-
Interpretativa do Ato Adicional.

O C
1838), na Bahia; e a Balaiada (1838-1841), no Ma-
c) na Regência Trina Provisória, foram criados os parti- ranhão, determinou a caracterização da regência
dos Progressista, Regressista, Liberal e Conservador.
N X
d) na regência da princesa Isabel, eclodiu o movimento
como um período conturbado. Todavia, a ocorrência
de rebeliões tão distintas apresenta como aspecto
SI E
oposicionista da Confederação do Equador. comum a:
e) na Regência Trina Permanente, foi criada a Guarda a) reivindicação popular pela abolição da escravatura,
Nacional. tornando inviável o apoio das camadas médias ur-
O

banas aos movimentos contra a ordem regencial.


9. UFC-CE – O Ato Adicional, decretado no período das b) influência da experiência republicana da América his-
EN S

regências no Brasil pela Lei n°- 16, de 12 de agosto de pânica, decorrente da proximidade intelectual entre
1834, estabeleceu algumas modificações na Consti- as elites imperiais e os criollos.
E U

tuição de 1824. Acerca dessas alterações, assinale a c) mobilização das camadas populares pelos segmen-
alternativa correta: tos da elite, objetivando o controle do poder nas
D E

a) o Conselho de Estado foi reorganizado para que fos- referidas províncias.


se possível conter os conflitos provinciais. d) tentativa de restabelecer o Poder Moderador, trans-
A LD

b) os presidentes provinciais passaram a ser eleitos e ferindo-o para a Regência Una como forma de resistir
a ter o poder de aprovar leis e resoluções referentes às reformas liberais.
ao controle dos impostos. e) rejeição ao regime monárquico, revelador da per-
c) o estabelecimento da Regência Una, ao invés da manência do privilégio concedido aos portugueses
EM IA

Regência Trina, significou a eleição de um único re- desde a colônia.


gente, com mandato até a maioridade de D. Pedro II.
d) as Assembleias Legislativas Provinciais foram criadas 13. UNESP – Sobre as revoltas do período regencial (1831-
ST ER

para proporcionar autonomia política e administrati- 1840), é correto afirmar que:


va às províncias no intuito de atender às demandas a) indicavam o descontentamento de diferentes setores
locais. sociais com as medidas de cunho liberal e anties-
e) a Corte, com sede no Rio de Janeiro, por meio da cravista dos regentes, expressas no Ato Adicional.
SI AT

aliança entre progressistas e regressistas, continuou b) algumas, como a Farroupilha (RS) e a Cabanagem
centralizando as ações em defesa da Constituição (PA), foram organizadas pelas elites locais e não
de 1824. conseguiram mobilizar as camadas mais pobres
M

e os escravos.
10. UESPI – Durante o governo regencial, foi criada no c) provocavam a crise da Guarda Nacional, espé-
Brasil a Guarda Nacional (1831), que teve entre seus cie de milícia que atuou como poder militar da
objetivos: independência do país até o início do Segundo
Reinado.
a) apoiar o reinado de D. Pedro I na consolidação da
independência. d) a Revolta dos Malês (BA) e a Balaiada (MA) foram
as únicas que colocaram em risco a ordem esta-
b) proteger os grupos que lideravam a oposição à aris-
belecida, sendo sufocadas pelo duque de Caxias.
tocracia rural.
e) expressavam o grau de instabilidade política que
c) substituir as tropas das milícias do Exército e reforçar
se seguiu à abdicação, o fortalecimento das ten-
o poder das elites agrárias.
dências federalistas e a mobilização de diferentes
d) proteger as fronteiras quanto a possíveis invasões, setores sociais.
sobretudo as do Nordeste.

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274

14. UNESP – Entre as várias rebeliões ocorridas no período a) escravos oriundos da África Oriental, inspirados na
HISTÓRIA 2

regencial, destaca-se a chamada Guerra dos Farrapos, independência do Haiti.


iniciada em 1835. O conflito: b) escravos e libertos de origem africana, que profes-
a) prosseguiu até a metade da década seguinte, savam a religião muçulmana.
quando o governo do Segundo Império aumentou
os impostos de importação dos produtos bovinos c) escravos nascidos no Brasil e grupos excluídos do
argentinos e anistiou os revoltosos. processo político-partidário.
b) demonstra que as disputas comerciais entre Brasil d) escravos e índios aldeados no Recôncavo, que pro-
e Argentina se iniciaram logo depois da indepen- testavam contra a exploração.
dência e desde então se agravaram, até atingir a e) populares que se inspiraram na Revolta dos Alfaiates.
atual rivalidade entre os dois países.
c) permitiu a adoção de um regime federalista no 17. Unespar-PR – Sobre as revoltas provinciais defla-
Brasil, uma vez que as negociações entre o go- gradas no período regencial, considere as seguintes
verno imperial e os rebeldes determinaram a au- alternativas:

O
tonomia política rio-grandense.

BO O
I. A Cabanagem – PA (1835-1840) foi um movimento
d) revela a impossibilidade de estabelecer relações

SC
popular com a participação de índios, caboclos e
políticas e diplomáticas na América Latina após

M IV
negros que se opôs à regência e ocupou, por al-
a independência política e durante o período de guns meses, o governo da província.
formação dos Estados nacionais.
II. A Revolução Farroupilha – RS/SC (1835-1845) foi

O S
e) impediu a continuação do período regencial e
levou à aceitação de outra exigência dos partici- uma revolta motivada, sobretudo, pela política tribu-
tária do governo regencial, que, por sua vez, conse-

D LU
pantes da revolta: a antecipação da maioridade do
futuro imperador Pedro II. guiu conter o movimento, punir os líderes e impor
as tarifas que causaram o início do movimento.
15. UNESP – A Revolta dos Malês, ocorrida em 1835, na III. A Sabinada – BA (1837-1838) pregava a república

O C
Bahia, contou com ampla participação popular e defen- federativa, estabelecendo em 1837 o novo regime
deu, entre outras propostas: na BA, o qual se manteria até a maioridade do
N X
a) a rejeição ao catolicismo e a construção de uma
ordem islâmica.
futuro imperador. Após reação dos senhores de
engenho do Recôncavo e do governo central (com
SI E
a Armada) a capital da BA foi retomada.
b) a manutenção da escravidão de africanos e a am-
pliação da escravização de indígenas. IV. As revoltas Cabanagem, Revolução Farroupilha e
Sabinada tinham em comum demandas regionais
O

c) o retorno de D. Pedro I e o restabelecimento da


monarquia absolutista. não atendidas pelo governo central. Em nenhum
caso seus líderes pretendiam ampliar as conquis-
EN S

d) a ampliação das relações diplomáticas e comer- tas para o âmbito nacional.


ciais com os países africanos.
E U

e) o reconhecimento dos direitos e deveres de todo a) I, II e III estão corretas.


cidadão brasileiro. b) II e IV estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
D E

16. UFRGS-RS – A respeito da Revolta dos Malês, ocorrida


na cidade de Salvador em 1835, é correto afirmar que d) Todas estão corretas.
A LD

ela foi um movimento liderado por: e) II, III e IV estão corretas.

ESTUDO PARA O ENEM


EM IA

18. Enem C3-H11 e) pela convulsão política e por novas realidades


Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou econômicas que exigiam o reforço de velhas rea-
ST ER

um período marcado por inúmeras crises: as diversas lidades sociais.


forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações
populares eram por melhores condições de vida e 19. PUC-PR C3-H13
pelo direito de participação na vida política do país. “O Rio Grande do Sul era um caso especial entre as regiões
SI AT

Os conflitos representavam também o protesto contra brasileiras desde os tempos da colônia. Por sua posição geo-
a centralização do governo. Nesse período, ocorreu gráfica, formação econômica e vínculos sociais, os gaúchos
também a expansão da cultura cafeeira e o surgi- tinham muitas ligações com o mundo platino, em especial
M

mento do poderoso grupo dos “barões do café”, para com o Uruguai. Os chefes de grupos militarizados da fron-
o qual era fundamental a manutenção da escravidão teira – os caudilhos –, que eram também criadores de gado,
e do tráfico negreiro. mantinham extensas relações naquele país. Aí possuíam ter-
O contexto do período regencial foi marcado: ra e se ligavam, pelo casamento, a muitas famílias da elite.”
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. p. 91.
monarquia. Com base no exposto, é correto afirmar em relação à
b) por várias crises e pela submissão das forças políti- Revolução Farroupilha:
cas ao poder central.
a) foi uma guerra civil que levou ao confronto dois gru-
c) pela luta entre os principais grupos políticos que rei- pos políticos rivais no Rio Grande do Sul: os mara-
vindicavam melhores condições de vida. gatos e os farroupilhas. Estes últimos exigiam mu-
d) pelo governo dos chamados regentes, que promove- danças profundas no governo, acusando-o de não
ram a ascensão social dos “barões do café”. atender às necessidades da província.

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275

b) os farroupilhas exigiam maior autonomia da província potências da época – Inglaterra e França – para reprimir

HISTÓRIA 2
em relação ao governo central, o que, no decorrer a Cabanagem [...] no Pará. [...] Em 1835, o regente Diogo
da luta, resultou na proclamação de uma república Antônio Feijó reuniu-se secretamente com os embaixado-
federal na Região Sul do Brasil, que englobava tam- res da França e da Grã-Bretanha. Durante a reunião, Feijó
bém Santa Catarina e partes do Paraná. pediu ajuda militar, de 300 a 400 homens para cada um
c) foi causada essencialmente pelo descontentamen- dos países, no intuito de ajudar o governo central brasilei-
to dos estancieiros gaúchos com os altos impostos ro a acabar com a rebelião.”
que eram obrigados a pagar e com os baixos preços
Luís Indriunas. Folha de S.Paulo, 13 out. 1999.
estabelecidos pelo governo para a venda de gado,
charque, couros e peles ao restante do país. A partir das informações apresentadas pelos documentos
d) a Guerra dos Farrapos, que durou dez anos, iniciou-se encontrados, é correto afirmar que o período regencial:
em 1893, quando os farroupilhas exigiram a destituição a) foi marcado pela disputa política entre regressistas
do novo presidente da província, Antônio Rodrigues e progressistas, que defendiam, respectivamente,
Fernandes Braga. Em setembro daquele ano, as tro-

O
a escravidão e a imediata abolição da escravatura.
pas do chefe farroupilha Bento Gonçalves ocuparam

BO O
Porto Alegre e proclamaram a independência do Rio b) pode ser considerado parte de um momento especial
de construção do Estado nacional no Brasil, durante

SC
Grande do Sul.
o qual a unidade territorial esteve em perigo.

M IV
e) a Guerra dos Farrapos terminou em negociações
com o governo, os quais acabaram favorecendo os c) não apresentou grande preocupação por parte das
interesses da burguesia urbana de Porto Alegre, autoridades regenciais e nem da aristocracia rural,

O S
Pelotas e Rio Grande. Os estancieiros, que mais apesar das inúmeras rebeliões espalhadas pelo país.
se dedicaram ao processo revolucionário, pouco d) teve como característica marcante a ampliação da

D LU
foram beneficiados. participação popular por meio do voto universal e
da criação do Conselho de Representantes das Pro-
20. FGV-SP C3-H15 víncias do Império.

O C
“Documentos inéditos descobertos na Inglaterra relatam e) teve como momento mais importante a aprovação do
que, apenas 13 anos depois de proclamada a independên- Ato Adicional de 1834, que estabeleceu medidas políti-
N X
cia, o governo brasileiro pediu auxílio militar às grandes co-administrativas voltadas para a centralização política.
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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8
276

SEGUNDO REINADO:
HISTÓRIA 2

POLÍTICA, CULTURA E CRISE

O ILUSTRE ERUDITO DO ATRASO

O
BO O
Com o chamado Golpe da Maioridade, D. Pedro II é coroado imperador do Brasil

SC
• O ilustre erudito do atraso
aos 14 anos de idade.

M IV
• Política interna
Sua biografia pode ser descrita de duas maneiras: por um lado, como um homem
• Revoltas liberais
ilustrado, preparado desde o berço para comandar uma nação, além de culto, erudito,

O S
• Parlamentarismo às avessas
poliglota, patrocinador das ciências e das artes e reconhecido como tal por grandes no-
• Economia do século XIX

D LU
mes como Graham Bell, Victor Hugo e Louis Pasteur. Por outro lado, D. Pedro II pode ser
• Imigração e Lei de Terras definido como um defensor de privilégios e governante de respostas lentas, além de ter
• Política externa sido fiador da escravidão e, por isso, ser relacionado ao atrasado passado rural brasileiro.

O C
• O Prata e a Guerra do Foi preparado para governar, porém não realizou grandes feitos. Venceu a Guerra
Paraguai do Paraguai, mas endividou o país. Embora fosse amigo de grandes intelectuais,
N X
• Problemas na Corte pouco fez pela educação, enquanto países como a Argentina já tinham um Ministé-
rio da Educação e construíam escolas. Era considerado esclarecido, mas atrasou a
SI E
• Aspectos culturais
• Literatura abolição da escravidão. E, embora tido como moderno, boicotou projetos de grandes
empreendedores, como o barão de Mauá.
O

• Música
• O indígena e o afrodescen-
D. Pedro II é uma figura controversa: foi um ilustre imperador e um erudito, mas,
também, o precursor do atraso.
EN S

dente na cultura brasileira


• Crise na monarquia
E U

• Questão política POLÍTICA INTERNA


• Questão militar O Golpe da Maioridade conduzido pelos liberais inaugurou o Segundo Reinado
D E

• Questão religiosa brasileiro. Aos 14 anos, D. Pedro de Alcântara foi aclamado D. Pedro II, assessorado
A LD

• Questão abolicionista pelos liberais, que encabeçaram a convocação de eleições para a organização de uma
nova assembleia. Para vencer, usaram de vários expedientes, inclusive intimidação
HABILIDADES física. O resultado foi a vitória liberal nas “eleições do cacete”, como ficaram conhecidas.
• Identificar registros de Os deputados eleitos não chegaram a tomar posse em razão das denúncias de
EM IA

práticas de grupos sociais fraude, que levaram o imperador a anular as eleições. Ele demitiu o gabinete minis-
no tempo e no espaço. terial liberal e convocou outro, constituído pelos conservadores. Essa decisão levou
ST ER

• Analisar as lutas sociais e os liberais a se rebelarem contra o governo: em São Paulo, comandados por Tobias
conquistas obtidas no que de Aguiar; e, em Minas Gerais, por Teófilo Otoni.
se refere às mudanças nas
legislações ou nas políticas
REVOLTAS LIBERAIS
SI AT

públicas.
Em razão do despreparo militar e da falta de experiência dos rebelados, o barão
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos de Caxias desmantelou facilmente os movimentos liberais de São Paulo e Minas
Gerais, em 1842. Depois deles, em 1848, veio a Revolta Praieira, de caráter antilu-
M

movimentos sociais e a
importância da participação sitano, contra os privilégios dos portugueses na Província de Pernambuco, os quais
da coletividade na empregavam apenas conterrâneos em suas grandes casas comerciais, deixando
transformação da realidade parte da população sem trabalho. Criou-se, na província, um forte sentimento de
histórico-geográfica. hostilidade aos grandes proprietários.
• Avaliar criticamente conflitos Acrescente-se a isso o descontentamento da ala mais radical do Partido Liberal,
culturais, sociais, políticos, formada pelos praianos, com a nomeação de um conservador para a presidência da
econômicos ou ambientais
província. Entre os liberais radicais estavam Borges da Fonseca e Pedro Ivo, que se
ao longo da História.
associaram a populares descontentes em defesa da proclamação de uma república.
Os praianos também propunham a nacionalização do comércio e a expulsão dos
portugueses. O governo imperial agiu prontamente e derrotou as forças praieiras
comandadas por Pedro Ivo, que foi aprisionado e enviado para o Rio de Janeiro.

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277

Alguns historiadores relacionam a Revolta Praieira aos O café produzido no Vale do Paraíba tinha estrutura
acontecimentos de 1848 na Europa, conhecidos por Pri- tradicional, tipicamente colonial e com base no trabalho

HISTÓRIA 2
mavera dos Povos, indicando um ideário diferenciado que escravo. Além disso, enfrentava dificuldade no escoa-
questionava a miséria do povo e os privilégios das elites. mento da produção pelo Porto do Rio de Janeiro, até
onde chegava transportado basicamente por tropas de
PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS burros e mulas, pois a introdução das ferrovias nessa
Em 1847, foi aprovada a lei de criação do cargo de região ocorreu apenas na década de 1860.
presidente do Conselho de Ministros, equivalente ao Mesmo assim, a produção cafeeira representava a
de primeiro-ministro. A monarquia brasileira tornou- base econômica para a ascensão da aristocracia flumi-
-se parlamentar, aparentemente seguindo o modelo nense no comando do aparelho de Estado, passando a
britânico. De fato, o imperador escolhia o chefe de ter hegemonia sobre a classe dominante do império.
gabinete, não o Parlamento. Dessa forma, o regime A ausência de uma mentalidade empresarial, o não

O
parlamentar brasileiro desvirtuou o modelo britânico, aprimoramento das técnicas de produção e o próprio

BO O
ficando conhecido por “parlamentarismo às avessas”. desgaste do solo impuseram limites à produção cafeeira

SC
O regime parlamentar é pautado na ideia de des- no Vale do Paraíba, abrindo espaço para o Oeste Paulista

M IV
centralização política. No caso do Brasil, havia centrali- tornar-se a região cafeeira mais importante do país a partir
zação, pois o imperador escolhia o governante, mesmo de 1850. Nessa região, estruturou-se uma forma produtiva

O S
que este não tivesse o apoio da maioria parlamentar. mais moderna, com a transição do trabalho escravo para o
Além disso, o imperador detinha o Poder Moderador, assalariado e a construção de ferrovias, as quais facilitaram

D LU
então plenamente restabelecido. Nesse quadro de cen- e baratearam o transporte do café para o Porto de Santos.
tralização político-institucional, o império representava A expansão cafeeira durante o império deixou marcas
a ordem que fora ameaçada durante o Primeiro Reinado importantes: melhora da economia brasileira em relação

O C
e as regências e garantia tranquilidade à aristocracia às primeiras décadas da monarquia, entrada de grande
rural, exercendo o poder em seu benefício. número de imigrantes e surgimento de uma sociedade
N X
ECONOMIA DO SÉCULO XIX
que começava a urbanizar-se. Além disso, a expansão ca-
SI E
feeira contribuiu para a estabilidade política e a hegemo-
Tendo em vista o aumento na arrecadação das tarifas nia dos cafeicultores no interior da aristocracia brasileira.
alfandegárias, uma vez que o Brasil importava produtos
O

industrializados, sobretudo da Inglaterra, o governo brasi- IMIGRAÇÃO E LEI DE TERRAS


leiro aprovou, em 1844, a Tarifa Alves Branco, que elevava
EN S

O primeiro momento da imigração chamava-se sis-


os impostos sobre produtos importados em 30%. A me-
tema de parceria ou colonato. A experiência começou
E U

dida teve efeito protecionista, pois o encarecimento dos


em 1847, nas fazendas do senador Nicolau de Campos
produtos importados levou ao desenvolvimento de manu-
Vergueiro, na região de Limeira. Consistia no adianta-
faturas internas para responder à demanda pela ausência
D E

daqueles. O setor manufatureiro recebeu investimentos, mento feito pelo fazendeiro para a viagem e as primeiras
despesas do imigrante, que ficava impedido de sair da
A LD

destacando-se a atuação do maior empresário brasileiro


do império: o barão de Mauá. Favorecendo os investi- fazenda até a liquidação da dívida. Caso contrário, de-
mentos e a diversificação econômica, a Lei Eusébio de veria pagar 6% de juros. Em pouco tempo o sistema
Queirós, de 1850, proibiu o tráfico negreiro para o país. fracassou, porque o imigrante, cada vez mais endividado
EM IA

Ela veio em resposta à pressão inglesa, que, por meio da com o fazendeiro, tornava-se praticamente escravizado.
Lei Bill Aberdeen, de 1845, determinara o aprisionamento Dadas as pressões internacionais e o bloqueio das
imigrações, o governo passou a financiar a vinda de
ST ER

de navios negreiros, afetando o abastecimento de mão de


obra escrava no Brasil. Ainda que a abolição definitiva da italianos e alemães, estabelecendo-lhes um regime de
escravidão ocorresse somente em 1888, a Lei Eusébio de trabalho assalariado com relativa autonomia.
Queirós encareceu o braço escravo e liberou recursos, an- Mesmo que subsidiados pelo governo e com pleno
SI AT

tes aplicados no tráfico, para outros setores da economia. direito de procurar outras fazendas e trabalhos, os imi-
A economia do país ainda estava baseada na lavou- grantes muitas vezes ficavam presos a dívidas e contra-
ra de exportação e logo teve início o desenvolvimento tos que os obrigavam a trabalhar em condições precárias.
M

manufatureiro. A revogação da Tarifa Alves Branco, em Essa transição do trabalho escravo para o assalaria-
1860, levou Mauá, o maior empreendedor do Brasil do contou com uma legislação que, de forma gradativa,
Império, à falência, em 1864. condenou o regime escravista. Os legisladores, membros
A relação entre braço escravo e lavoura de expor- da elite, temendo os efeitos da abolição em seu poder
tação diminuiu com a entrada de italianos e alemães político-econômico, buscaram criar leis que limitassem a
como trabalhadores livres na área cafeeira, a mais di-
liberdade de quem caminhava em meio a agitações e es-
nâmica da agroexportação.
tratégias dos abolicionistas. Nesse sentido, compreende-
Nas primeiras décadas do século XIX, a cafeicultura
-se a criação da Lei de Terras, de 1850, que acabou com o
ganhou força no Rio de Janeiro, estendendo-se para o
sistema de distribuição de terras públicas, estabelecendo
Vale do Paraíba e, depois, o Oeste Paulista, em virtu-
a propriedade privada aos que já a possuíam e a aquisi-
de da existência da terra roxa, que oferecia condições
favoráveis para esse tipo de plantio. ção exclusivamente por meio da compra. Ex-escravos,

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278

assim, ficavam impossibilitados de se tornar proprietários aliada aos portenhos e transformá-las em “estâncias da
de terras em razão de sua falta de recursos. Isso também pátria”. Com a morte de Francia, assumiu o poder Carlos
HISTÓRIA 2

atendia ao interesse de manter o controle territorial com a Antônio López, que promoveu o crescimento econô-
elite, que então importava mão de obra da Europa e não mico, principalmente com a produção de erva-mate e
pretendia que os imigrantes ou seus descendentes tives- o estímulo à exportação, que o levou a interessar-se
sem condições civis para a aquisição de terras por meio de pelo controle da navegação fluvial nos rios Paraguai e
sesmaria (distribuição de terras públicas a homens livres). Paraná e pelo livre trânsito no Porto de Buenos Aires.
Os produtores de café do Vale do Paraíba represen- Em 1862, com sua morte, o governo passou ao filho,
taram um dos pilares políticos do governo de D. Pedro Solano López, cuja principal meta político-econômica
II e, em termos econômicos, ainda mantinham práticas era a construção do Grande Paraguai, que abrangeria
mercantilistas. O desenvolvimento nacional esteve in- parte da Argentina (Corrientes e Entre Ríos) e do Brasil
timamente ligado à lavoura cafeeira. A modernidade (Mato Grosso), com forte influência sobre o Uruguai, o

O
que se delineava no mundo chegava, enfim, ao Brasil. que lhe daria saída para o mar, já que o Paraguai estava

BO O
D. Pedro II caracterizou-se por defender as artes e cercado no centro-sul por Brasil, Argentina e Uruguai.

SC
as ciências. A cidade do Rio de Janeiro, capital do país, O Brasil via a movimentação de Solano López como

M IV
modernizava-se com a abertura de muitas lojas e com uma ameaça à livre navegação pela Bacia do Prata, fun-
a implantação de serviços de iluminação pública e de damental ligação do Mato Grosso com o litoral e a capital

O S
coleta de lixo. Surgiram fábricas, bancos, estradas de do país. A Argentina, governada à época por Bartolomeu
ferro, companhias de importação e exportação e bondes Mitre, tornou-se aliada do Brasil na luta contra o expan-

D LU
para servir ao transporte público, entre outras inovações. sionismo paraguaio. Em 1864, teve início a Guerra do
Os capitais produzidos pela exportação de café Paraguai. O Uruguai também pactuou com o Brasil, sen-
permitiram esse surto de modernidade. Além de se- do instituída a Tríplice Aliança, que pretendia sufocar as

O C
rem reinvestidos na ampliação dos cafezais, eram forças paraguaias. O longo conflito estendeu-se até 1870.
utilizados para melhorar o transporte, o sistema de
N X A participação efetiva dos escravizados que eram
créditos e as comunicações. alforriados para lutar pela pátria contribuiu efetivamen-
SI E
te para a defesa, no meio militar, do fim do regime

POLÍTICA EXTERNA escravista. Após a vitória brasileira, impulsionada na


O

chamada Dezembrada, com triunfos em Itororó, Avaí,


O PRATA E A GUERRA DO PARAGUAI Lomas Valentinas e Angostura, Caxias retirou-se do
EN S

Além dos problemas com a Inglaterra, situações im- conflito, alegando estar debilitado. Nomeado para seu
lugar, o conde d’Eu, genro do imperador, conseguiria
E U

portantes marcavam a política internacional brasileira no


Sul, com a participação de Uruguai, Argentina e Paraguai. acabar com as forças paraguaias e a própria vida de
As questões remontavam ao Primeiro Reinado e à disputa Solano López na Cordilheira dos Andes em 1870.
D E

entre Brasil e Argentina pelo território da Cisplatina, que O fim do conflito teve como consequência a des-
truição do Paraguai e o fortalecimento do abolicionismo
A LD

resultou na criação do Uruguai e na Guerra da Cisplatina.


A disputa por influência no governo uruguaio co- e do Exército brasileiro, além do grande aumento da
locou novamente os dois países em lados opostos. dívida externa do Brasil, que muitas vezes recorreu à
O Brasil apoiava o Partido Colorado e, a Argentina, o Inglaterra para se sustentar na guerra.
EM IA

Blanco. Mais adiante, o Paraguai passou a ter interes-


ses expansionistas que envolviam o território uruguaio, PROBLEMAS NA CORTE
ST ER

complicando o quadro político na região. Na década de Havia, uma onda de novidades culturais no Brasil,
1850, as questões da região do Prata puseram Brasil e desde Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger
Argentina em rota de colisão. Entre 1851 e 1852, foram uma orquestra no país, até as primeiras obras de Ma-
realizadas campanhas militares do Brasil contra Manuel
SI AT

chado de Assis, um autor afrodescendente em meio a


Oribe, caudilho uruguaio apoiado pela Argentina, que uma sociedade racista e escravista. Mas a monarquia
por sua vez, era governada por outro caudilho: Juan estava em crise, e esta não teria mais volta.
Manuel Rosas. A atuação brasileira foi vitoriosa e garan-
M

tiu a hegemonia na região, com o auxílio de lideranças


argentinas das províncias de Corrientes e Entre Ríos. ASPECTOS CULTURAIS
O Paraguai, que se distanciara dos fatos do início da Logo no início do século XIX, o Brasil viveu uma si-
década de 1850, iniciou sua política expansionista na tuação política ímpar em relação ao restante da Améri-
área. À época da independência paraguaia, em 1811, par- ca: a transferência da Corte portuguesa, que instalou-se
te das elites criollas de Assunção não aceitou submeter- na cidade do Rio de Janeiro, em 1808. Como a nação
-se aos comerciantes de Buenos Aires (portenhos), que passou do status de colônia para o de sede do Reino
controlavam as atividades mercantes no Rio da Prata. Português, houve várias implicações culturais.
O ditador paraguaio Gaspar Francia decidiu, então, A Academia Imperial de Belas Artes, instalada no
isolar o país e passou a incentivar a produção para o Rio de Janeiro em 1826, teve papel fundamental na
mercado interno após expropriar terras da elite agrária formação do pensamento artístico brasileiro durante

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279

o Segundo Reinado, implantando o ensino de arte em O INDÍGENA E O AFRODESCENDENTE


moldes semelhantes aos das escolas europeias e di-
NA CULTURA BRASILEIRA

HISTÓRIA 2
tando os padrões de recepção e produção das artes
plásticas durante boa parte do século XIX. O nativismo e o nacionalismo foram incorporados
Artistas como Pedro Américo e Victor Meirelles como expressões constitutivas da nacionalidade bra-
foram professores da academia e expressaram o en- sileira e valorizaram ora as elites, que lutaram contra
volvimento da Academia Imperial com a produção da o domínio português, ora os indígenas, que eram miti-
pintura histórica, que prezava pelo desenvolvimento ficados como seres com os mais altos valores morais
de trabalhos vinculados ao interesse do Estado em e éticos. Em nenhum momento o afrodescendente foi
construir a imagem do Brasil como nação. Nesse sen- apontado como componente da cultura e da naciona-
tido, retratos do imperador, cenas de batalhas e fatos lidade brasileiras.
históricos objetivavam construir imagens idealizadas Até a literatura abolicionista, que denunciava os
maus-tratos contra os afrodescendentes, não valorizou

O
das origens e da trajetória da nação brasileira.

BO O
Assim, a pintura histórica produzida durante o Se- os escravizados como elementos nacionais e limitou-

SC
gundo Reinado construiu uma imagem idealizada do -se a criticar a desumanidade cometida por uma nação

M IV
passado brasileiro, que apresentava o colonizador por- que se dizia cristã. Quando aparece, a referência ao
tuguês como o civilizador, romantizava a representação afrodescendente o deprecia, como se pode ler na His-

O S
do indígena, apresentado como o bom selvagem, e pra- tória geral do Brasil, escrita e publicada em 1854 por
ticamente ignorava o afrodescendente e a escravidão, Francisco Adolfo de Varnhagen, que despreza a con-

D LU
elementos considerados indesejáveis para a imagem tribuição cultural dessa parcela da sociedade porque
que o império desejava difundir. seus integrantes “pervertiam os costumes por seus
hábitos menos decorosos”.

O C
LITERATURA A elite intelectual também não reconhecia as mani-
O Romantismo marcou boa parte da vida artística do festações populares, de origem africana ou não, porque
N X
Segundo Reinado. Os primeiros escritores românticos a ideia de cultura considerava e valorizava apenas as
SI E
enalteceram a natureza e o indígena, este uma personi- ideias de origem europeia, restritas ao pequeno gru-
ficação do homem brasileiro. Destacaram-se Gonçalves po que tinha acesso à educação formal e podia viajar
Dias, com I-Juca Pirama e Os timbiras; e José de Alen-
O

à Europa em busca de inspiração para pensar sobre


car, com O guarani e Iracema, por exemplo. a identidade cultural brasileira. Apesar disso, o maior
EN S

A segunda geração romântica abandonou o india- expoente da cultura brasileira do século XIX, Joaquim
nismo e voltou-se para os sentimentos interiores e o Maria Machado de Assis, era mulato.
E U

pessimismo, por influência do inglês Lord Byron e do


francês Alfred de Musset. Nessa fase, distinguem-se
CRISE NA MONARQUIA
D E

os poetas Álvares de Azevedo, com Lira dos vinte anos;


Casimiro de Abreu, com Primaveras; e Fagundes Varela,
Após a Guerra do Paraguai, a monarquia como sis-
A LD

com a obra Cântico do calvário.


tema de governo entrou em declínio. Além das conse-
A terceira geração romântica adotou temas rela-
quências do conflito, outros fatores contribuíam para
cionados aos problemas sociais e nacionais. Influen-
isso, como as transformações econômicas e sociais
ciados pelo francês Victor Hugo, ficaram consagrados
EM IA

no país a partir de meados do século XIX, que deram


na literatura Joaquim Manuel de Macedo, com a obra
proeminência política a grupos sociais, como cafeicul-
A moreninha; Manuel Antônio de Almeida, com Me-
ST ER

tores do Oeste Paulista, comerciantes e banqueiros.


mórias de um sargento de milícias; e Castro Alves, o
Diante de tantas mudanças, a monarquia, na figura
“poeta dos escravos”, com O navio negreiro.
de D. Pedro II, apresentava-se inoperante, inspirando
MÚSICA até críticas e charges irônicas.
SI AT

A música brasileira teve em Carlos Gomes sua


maior expressão. Às expensas do imperador D. Pedro QUESTÃO POLÍTICA
II, estudou música na Itália, onde compôs sua mais A partir do Segundo Reinado, a expansão do café
M

famosa ópera, O guarani, inspirada no romance homô- como principal produto de exportação do Brasil trouxe
nimo de José de Alencar. grande desenvolvimento econômico para as províncias
Enquanto as elites cultuavam Carlos Gomes, o do Rio de Janeiro e de São Paulo.
povo expressava-se por meio de outros ritmos, que Em um primeiro momento, o Rio de Janeiro, na
as camadas aristocráticas acabaram absorvendo, pelo condição de maior produtor, gerou uma elite escravo-
menos em parte. crata e conservadora que ocupou os principais cargos
Dois compositores, nascidos em famílias de classe políticos junto ao imperador D. Pedro II.
média, tiveram reconhecimento: Ernesto Nazareth e O avanço do café para o Oeste Paulista, a partir
Chiquinha Gonzaga. Esta última teve de enfrentar to- de 1850, criou condições para o surgimento de uma
dos os preconceitos contra a mulher que desejava ser nova elite cafeicultora, ligada muito mais ao trabalho
artista na sociedade patriarcal brasileira. livre e assalariado dos imigrantes que ao do escravo.

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280

Em termos políticos, os barões do café do Oeste Pau- abalou as relações entre Igreja e Estado e provocou o
lista pretendiam influir mais nas decisões, porém o descontentamento da população católica. A monarquia
HISTÓRIA 2

sistema pouco maleável do governo imperial não con- perdia, assim, mais uma de suas bases.
seguia assimilar os novos interesses. Assim, a nova
elite cafeicultora buscava uma alternativa política à QUESTÃO ABOLICIONISTA
estrutura imperial por meio do modelo republicano. Com o término da Guerra do Paraguai, o movimento
Em 1872, com o desdobramento da questão polí- abolicionista ganhou defensores e colocou em questão
tica, foi criado o Partido Republicano e, em 1873, na a ordem escravocrata no país. Em 28 de setembro de
Convenção de Itu (cidade do interior paulista), fundou- 1871, a ascensão do visconde do Rio Branco à presi-
-se o Partido Republicano Paulista (PRP), que rapida- dência do Conselho de Ministros possibilitou aprovar
mente converteu-se em um instrumento de combate a Lei do Ventre Livre, seguindo o princípio do Direito
à monarquia, vindo a ser de extrema relevância no Romano: partus ventre sequitor.

O
processo que culminou na derrubada do império e na Mais uma vez pressionado, em 1885 o governo san-

BO O
implantação da república no Brasil, em novembro de cionou a Lei do Sexagenário, também conhecida por Lei

SC
1889. O principal partido político do país até o fim da Saraiva-Cotegipe, decretando a alforria dos escraviza-

M IV
década de 1920 era o PRP. dos que atingissem a idade de 60 anos. Ambas as leis
podem ser analisadas como medidas para retardar a
QUESTÃO MILITAR

O S
abolição, visto que o governo imperial tinha o apoio de
A atuação militar vitoriosa na Guerra do Paraguai setores ligados ao regime escravista, principalmente

D LU
aumentou o prestígio da cúpula das forças armadas, das elites nordestina e carioca – segmentos sociais
sobretudo do Exército brasileiro. Muitos pronunciamen- que não acompanharam as mudanças no sistema de
tos na imprensa tratavam de assuntos internos do país trabalho realizadas na cafeicultura paulista e não viam

O C
e da própria corporação. O tenente-coronel Sena Ma- com bons olhos o fim do regime escravista, pois con-
dureira, por exemplo, apoiou e homenageou um jan-
N X sideravam a propriedade sobre os escravizados um
gadeiro que recusara-se a transportar escravizados. O símbolo de poder e de status social e não aceitavam a
SI E
governo imperial demitiu-o do comando do quartel por perda dessa condição.
ato de insubordinação. Outros incidentes acirraram as Tanto a Lei do Ventre Livre como a do Sexagenário
O

tensões entre os militares e o governo. Acrescente-se não ofereceram grandes melhorias às condições dos
que o pensamento positivista disseminava-se na Escola africanos e seus descendentes na sociedade brasileira.
EN S

Militar por meio, entre outros, do professor Benjamin Os filhos de escravizados nasciam livres, mas sem
Constant, que defendia a república, seguindo o pen- possibilidades de sair das casas e fazendas onde seus
E U

samento do francês Auguste Comte, considerado o pais continuavam escravos. Dessa forma, acabavam
pai do positivismo. ajudando os pais no trabalho e prestando serviços aos
D E

senhores de escravos. Com a extenuante rotina de


QUESTÃO RELIGIOSA trabalho, aliada às péssimas condições de vida e saúde
A LD

O entendimento do conflito entre o papado romano a que eram submetidos, os escravizados dificilmente
e o governo imperial deve ser feito à luz da Constituição chegavam aos 60 anos e, quando isso acontecia, a
brasileira de 1824. A Magna Carta estabeleceu o regi- situação não lhes possibilitava trabalhar e sustentar-se.
EM IA

me do padroado, pelo qual o chefe da Igreja Católica Contrariando a aristocracia, que contava com uma
no Brasil era o imperador. Para serem válidas no país, política imperial impeditiva da quebra da ordem escra-
as decisões do papa precisavam da ordem de “cumpra- vista, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea abolindo o
ST ER

-se” do imperador. Assim, o clero católico submetido regime escravista no Brasil em 13 de maio de 1888.
ao Estado imperial fazia parte de seu corpo burocrático. Após essa decisão imperial, os oligarcas escravistas
A crise das relações entre o papado romano e o aderiram à ideia da instalação da república, ficando co-
SI AT

governo de D. Pedro II esteve vinculada à postura nhecidos como “republicanos do 14 de maio”, ou seja,
conservadora do papa Pio IX, que, por meio da Bula deixaram de ser monarquistas somente porque foram
Syllabus, de 1864, determinou a expulsão das irmanda- atingidos pela decisão imperial do fim da escravidão.
M

des religiosas de qualquer pessoa que fizesse parte da Com número reduzido de defensores, a monarquia
maçonaria. O fato relacionava-se à campanha de unifi- ruiu em 15 de novembro de 1889, iniciando-se a repú-
cação política da Itália, desenvolvida por membros da blica no Brasil.
maçonaria italiana que colocaram em xeque o controle Apesar de o término da escravidão já ser esperado
territorial da Igreja Católica na região. por muitos, a Lei Áurea determinou a passagem para a
A elite brasileira era, em boa parte, maçônica. O oposição ao governo imperial dos cafeicultores do Vale
que aconteceu no Brasil foi a interdição da ordem do do Paraíba, base política que respondia por boa parte
papa, ou seja, da Bula Syllabus. Bispos de Olinda e da sustentação do império. A adesão desses cafeicul-
de Belém que seguiram as determinações papais fo- tores ao movimento republicano representou um golpe
ram presos e condenados a trabalhos forçados, o que decisivo para a continuidade do império.

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281

ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
SEGUNDO REINADO: POLÍTICA

O Segundo Reinado foi instalado com o Golpe da Maioridade, em que D. Pedro II assumiu o trono aos

14 anos e reinou por 49 anos. O período foi marcado pelo fortalecimento da economia, em grande parte

O
Contexto

BO O
decorrente do estabelecimento da produção cafeeira e da relativa estabilidade política.

SC
M IV
O S
D LU
Revoluções liberais: São Paulo e Minas Gerais (1842), Recife (1848).

O C
Entre gabinetes conservadores e liberais. O primeiro-ministro, chefe do Executivo,
Política interna Disputa pelo poder:
N X era escolhido pelo imperador (parlamentarismo às avessas).
SI E
O
EN S

Incidentes entre cidadãos brasileiros e ingleses geraram um impasse diplomático


Questão Christie:
entre o Brasil e a Inglaterra, que reataram relações diplomáticas em 1865.
E U
D E

Disputas entre Brasil e Argentina sobre a supremacia na configuração política do


Questão do Prata:
A LD

Uruguai. Blanco: partido político favorável à Argentina. Colorado: partido político favorável ao Brasil.

Política externa
EM IA
ST ER

Aniquilou a estrutura econômica paraguaia, reduziu drasticamente sua popu-


Questão do Paraguai:
lação, fortaleceu o domínio geopolítico brasileiro na região do Prata e profissionalizou o Exército brasileiro.
SI AT
M

Era em grande parte dependente da produção do café, que apoiava-se no trabalho escravo. Houve tentativas

de industrialização, principalmente por iniciativa do barão de Mauá, mas a indústria não se consolidou no

Economia período. Tem início o desenvolvimento de um mercado consumidor interno, principalmente com a crescente

leva de imigrantes europeus. Implantação e melhorias da rede de transportes.

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282

ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

SEGUNDO REINADO: CULTURA E CRISE

O
BO O
SC
Criação da Academia Imperial de Belas Artes, com nomes como Pedro Américo e Victor
Artes plásticas:

M IV
Meirelles.

O S
D LU
Carlos Gomes (O guarani); Chiquinha Gonzaga, primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Música:

O C
Cultura
N X Literatura: Romantismo: Joaquim Manuel de Macedo (A moreninha); Manuel Antônio de Almeida (Me-
SI E
mórias de um sargento de milícias); e Castro Alves, o “poeta dos escravos” (O navio negreiro).
O

Já mais ao fim da monarquia, surgiu o realismo, cujo maior expoente foi Machado de Assis.
EN S
E U
D E

A queda da monarquia resultou, basicamente, do conflito do regime com três


A LD

instituições do Brasil imperial:


A submissão da Igreja ao Estado e os conflitos com a maçonaria, apoiada pelo imperador, desa-
Igreja:
gradavam a Igreja, que tinha forte influência política.
EM IA
ST ER

Fortalecidos após a Guerra do Paraguai, os militares passaram a apoiar o regime republicano;


Crise Exército:
prisões de militares aumentaram o ressentimento contra o império.
SI AT
M

Após a abolição da escravidão, os grandes fazendeiros e a elite rural


Aristocracia escravagista:
sentiram-se prejudicados economicamente e deixaram de apoiar a monarquia.

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283

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. UNESP dificuldades de comunicação e o alto custo do trans-
porte atuavam como meios de proteção.
INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS/USP, SÃO PAULO

Uma série de acontecimentos iria, contudo, reanimar


as atividades industriais no fim da década de sessenta.
O avanço industrial brasileiro nas três primeiras décadas
do Segundo Reinado:
a) foi estimulado pelas obras de infraestrutura desen-
volvidas pelo governo imperial e pelo crescimento
acelerado do mercado interno.
b) dependeu, sobretudo, de investimentos estrangeiros
e do apoio tecnológico britânico.
c) foi limitado pela política governamental de estimular

O
a descentralização da economia e apoiar a monocul-

BO O
tura açucareira.

SC
d) dependeu, sobretudo, do empreendedorismo de

M IV
alguns industriais e da expansão geral da economia
brasileira no período.
Agostini, 5 fev. 1887. Apud Renato Lemos. Uma história do Brasil através e) foi limitado em função da forte pressão norte-ame-

O S
da caricatura, 2006. ricana para que o Brasil importasse a maioria dos
É correto interpretar a charge, que representa D. Pedro II manufaturados e industrializados que consumia.

D LU
O desenvolvimento industrial brasileiro entre as décadas de 1840 e 1860
e foi publicada em 1887, como uma: limitou-se ao empreendedorismo de alguns poucos investidores, não
a) demonstração da exaustão provocada pela diversida- tendo constituído uma política de Estado. Foi, contudo, favorecido pela
de de atividades exercidas pelo imperador. conjuntura econômica do período, em que a decadência da produção

O C
agrícola demandou a diversificação da economia brasileira.
b) valorização do esforço do imperador em manter-se Competência: Entender as transformações técnicas e tecnológicas
atualizado em relação ao que acontecia no país. e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
N X c) crítica à passividade e à inoperância do imperador em
meio a um período de dificuldades no país.
conhecimento e na vida social.
Habilidade: Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecno-
SI E
logias no processo de territorialização da produção.
d) denúncia da baixa qualidade da imprensa monárquica
e de suas insistentes críticas ao imperador. 4. PUC-RS – Para responder à questão, considere as
afirmações abaixo sobre o período imperial brasileiro
O

e) celebração da serenidade e harmonia das relações


sociais no país durante o império. (1822-1889):
A charge mostra o imperador dormindo enquanto segura um jornal I. O Primeiro Reinado caracterizou-se pelos constantes
EN S

intitulado O Paiz (O País). Ela data de 1887, fim do Segundo Reinado, conflitos entre o imperador e as elites do país, tendo
quando o império encontrava-se abalado por sérias crises políticas. Na
em vista que D. Pedro I praticamente governou de
E U

charge, o monarca é criticado por negligenciar as demandas sociais que


surgiam em um período de crise. forma autoritária, desconsiderando o Legislativo.
2. UECE – Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico de II. Durante o período regencial, os governantes dei-
escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras. Esta lei, xaram de ser hereditários e passaram a ser sele-
D E

em linhas gerais, determinou que: cionados por eleições, o que leva a historiografia a
considerar essa fase como sendo a primeira expe-
A LD

I. Todo proprietário registrasse suas terras, ficando


proibida a doação de propriedades ou qualquer outra riência republicana no país, pois os regentes eram
forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por escolhidos pelo voto universal direto.
meio da compra. III. O Segundo Reinado foi um período de grande esta-
II. Se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, bilidade política da história imperial, pois o imperador
EM IA

impedindo que os posseiros mais pobres obtives- D. Pedro II ficou quase 50 anos no poder, governando
sem a propriedade do solo onde plantavam. com o apoio de um só partido, o Partido Conservador.
III. Ficasse assegurado o direito dos imigrantes – cujo IV. Dentre os fatores que contribuíram para a crise do
ST ER

trabalho, em muitos casos, substituiria o trabalho regime imperial, podemos elencar o conflito do im-
dos escravos – de se tornarem proprietários das perador com o Exército, a crise entre a monarquia
terras onde laboravam. e a Igreja e, por fim, a abolição da escravidão, que
IV. Fossem possíveis a aquisição e a posse de terras levou a elite cafeicultora fluminense a romper poli-
SI AT

públicas, a baixo custo, pelos grandes proprietários, ticamente com a monarquia.


seus herdeiros e descendentes. Estão corretas apenas as afirmativas:
Estão corretas as complementações contidas em: a) I e III. c) II e III. e) II, III e IV.
M

a) I, II, III e IV. c) II, III e IV, apenas. b) I e IV. d) I, II e IV.


b) I e II, apenas. d) I, III e IV, apenas. A afirmativa II está errada porque não existiu voto universal direto duran-
A afirmativa III está errada porque a Lei de Terras assegurava o controle te o período regencial. Já a afirmativa III não corresponde à realidade,
das terras pela elite brasileira, que não pretendia que imigrantes e seus pois no Segundo Reinado houve muita instabilidade política e trocas
descendentes tivessem condições de adquirir terras. Já a afirmativa IV de poder entre os partidos Liberal e Conservador.
está errada porque essa lei também acabou com o sistema de distri-
buição de terras públicas. 5. PUC-PR – Na conjuntura do II Reinado Brasileiro, tem
3. UNESP C4-H17 destaque, no quadro da Proclamação da República:
As poucas fábricas que subsistiram durante as décadas I. Interferência inglesa na política imperial.
de 1840 a 1870 se mantiveram graças a privilégios de II. Abolição da escravatura.
exploração, de subvenções governamentais na forma
III. Questão militar.
de empréstimos e isenções de direitos de importação;
em certas regiões, como o único substituto possível à IV. Questão religiosa.
produção agrícola decadente; enquanto, em outras, as V. Pressão do setor industrial urbano.

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284

Estão corretas: Entre as estratégias colocadas em prática pelo movi-


HISTÓRIA 2

a) apenas I e IV. d) apenas III, IV e V. mento abolicionista estavam:


b) apenas I e III. e) apenas I, III e V. I. Organizar eventos artísticos e passeatas.
c) apenas II, III e IV. II. Ingressar com processos na Justiça e ações parla-
A afirmativa I está errada porque não houve participação da Inglaterra na mentares.
Proclamação da República. A afirmativa IV, por sua vez, está incorreta porque III. Incentivar fugas e resistências armadas.
não houve, no Brasil daquele momento, pressão do setor industrial urbano,
cuja existência havia sido frustrada durante o Segundo Reinado. IV. Comprar passagens de retorno para a África.
6. IFPE – A escola de samba Paraíso do Tuiutí desfilou no V. Usar espaços cedidos pela Igreja Católica para mo-
carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Meu Deus, bilizações.
meu Deus, está extinta a escravidão?”. Em 2018, nos Estão corretas apenas as estratégias contidas em:
130 anos da Lei Áurea, a agremiação realizou uma críti-
ca a esse marco legal que, sem nenhuma indenização a) I, IV e V. c) I, II e IV. e) III, IV e V.
ou compensação para os recém-libertos, sem nenhuma b) II, III e V. d) I, II e III.

O
política de emprego ou de acesso à terra, dificultou a

BO O
As afirmativas IV e V estão incorretas porque o movimento abolicionista
integração dos ex-escravos na sociedade. Além daquele

SC
não financiou passagens de retorno para a África, tampouco utilizou
presente no título do enredo, o processo abolicionista espaços eclesiásticos para suas manifestações.

M IV
vem suscitando outros questionamentos entre os es-
tudiosos do tema. Uma dessas indagações é quanto
à participação popular na luta pelo fim da escravidão,

O S
pressionando o governo por mudanças na lei escravista.

D LU
O C
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
N X
7. Mackenzie-SP – O Golpe da Maioridade que colocou
Pedro II no trono em 1840 representou:
Fundador e dirigente de diversas empresas, ele foi peça-
-chave em vários empreendimentos inovadores no Segun-
SI E
a) a vitória dos liberais que retornaram ao governo, do Reinado, como, por exemplo, a:
convidados para formar o primeiro ministério do Se- a) implantação do sistema de parceria para o cultivo e
gundo Reinado. beneficiamento do café, em São Paulo.
O

b) a ascensão dos conservadores afastados do poder b) criação da Companhia Siderúrgica Nacional e da


desde o Avanço Liberal. Companhia Hidrelétrica do São Francisco.
EN S

c) o enfraquecimento do regime monárquico e o cres- c) introdução de imigrantes europeus na condição de


cimento do republicanismo. colonos em sua fazenda de Ibicaba.
E U

d) o declínio da aristocracia rural já que o novo governo d) introdução da energia elétrica na iluminação pública
não apoiava a manutenção de seus privilégios. das cidades brasileiras.
D E

e) o fortalecimento da democracia, fato comprovado na pri- e) instalação da primeira ferrovia do país e do primeiro
meira eleição do Segundo Reinado, a “eleição do cacete”. cabo submarino intercontinental.
A LD

8. UCB-DF – O período conhecido como Segundo Reinado, 10. Fatec-SP – Na segunda metade do século XIX, a cafeicul-
na história do Brasil, ocorreu após a antecipação da maiori- tura dinamizou profundamente a economia brasileira ao:
dade de D. Pedro II e coincidiu com o apogeu da monarquia a) transferir o eixo econômico do país do litoral nordes-
brasileira. A respeito desse momento histórico, indique se tino para a região centro-sul.
EM IA

as afirmações a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F): b) liberar capitais que seriam aplicados na instalação
( ) O início do Segundo Reinado foi marcado, eco- de indústrias de base e de energia.
ST ER

nomicamente, pela presença hegemônica da pro- c) abandonar o modelo agroexportador em benefício


dução escravista-exportadora, principalmente de de um modelo urbano-industrial.
açúcar e café. d) incentivar a criação de pequenas propriedades pro-
( ) O fraco processo de urbanização e a ausência de dutoras que utilizavam o trabalho livre.
SI AT

novos produtos na economia brasileira, na segunda e) estimular a diversificação das atividades econômicas
metade do século XIX, fortaleceram a monarquia e internas e a modernização da economia.
enfraqueceram novas iniciativas econômicas no país.
( ) O barão de Mauá foi uma figura economicamente 11. UFT-TO – O ano de 1850 significou, de fato, um mar-
M

importante no período do Segundo Império. Cons- co decisivo na história do Segundo Reinado. No poder
trução de estradas de ferro e de linha telegráfica para desde 1848, estava um ministério nitidamente con-
estabelecer a comunicação entre o Brasil e a Europa servador, Araújo Lima (marquês de Olinda), Euzébio
são destaques de sua intervenção na economia. de Queiroz, Paulino José Soares de Souza e Joaquim
( ) A entrada de imigrantes, principalmente italianos, José Rodrigues Torres. Esse ministério legislaria sobre
para trabalhar nas lavouras de café ocorreu de questões fundamentais: o problema da estrutura agrá-
forma bastante diferenciada do trabalho escravo. ria, a questão da escravidão e o incentivo à imigração.
Bons salários e boas condições de trabalho nas São medidas vinculadas a esse ministério:
lavouras cafeeiras foram atrativos importantes a) a Lei de Terras, a abolição do tráfico de escravos e a
para a vinda desses migrantes. reforma da Guarda Nacional.
b) a abolição do tráfico de escravos, a criação de corpos
9. Fatec-SP – Irineu Evangelista de Sousa (barão de Mauá) de voluntários para combater na Guerra do Paraguai
foi talvez o maior empreendedor brasileiro do século XIX. e a reforma da Guarda Nacional.

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285

c) a Lei do Sexagenário, a criação de corpos de voluntá- c) abolir o Ato Adicional de 1834 e aumentar os efeitos

HISTÓRIA 2
rios para combater na Guerra do Paraguai e a abolição federalistas da Lei Interpretativa do Ato, editada seis
do tráfico de escravos. anos depois.
d) a Lei de Terras, a Lei do Ventre Livre e a reforma da d) promover ampla reforma constitucional de caráter
Guarda Nacional. liberal e democrático no país, reagindo ao centralis-
e) a Lei do Sexagenário, a Lei de Terras e a Lei do Ven- mo da Constituição de 1824.
tre Livre. e) restabelecer a estabilidade política, comprometida
durante o período regencial, e conter revoltas de
12. Fatec-SP – Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada caráter regionalista.
no Brasil a Lei Eusébio de Queirós (ministro da Justiça),
que abolia o tráfico negreiro em nosso país. Em decor- 15. UERJ – O romance Iracema, de José de Alencar, pu-
rência dessa lei, o governo imperial brasileiro aprovou blicado em 1865, influenciou artistas como José Maria
outra, “a Lei de Terras”. de Medeiros, que nele encontraram inspiração para
representar imagens do Brasil e do povo brasileiro no

O
Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta:
período imperial (1822-1889).

BO O
a) a Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades
Na construção da identidade nacional durante o império do

SC
pelos imigrantes que passaram a chegar ao Brasil.
Brasil, identifica-se a valorização dos seguintes aspectos:

M IV
b) a Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos imigran-
tes, mas facilitou aos negros libertos o acesso a elas. a) clima ameno/índole guerreira dos ameríndios.
c) o governo imperial, temendo o controle das terras b) grandeza territorial/integração racial das etnias.

O S
pelos coronéis, inspirou-se no Act Homesteade ame- c) extensão litorânea/sincretismo religioso do povo.
ricano para realizar uma distribuição de terras aos d) natureza tropical/herança cultural dos grupos nativos.

D LU
camponeses mais pobres.
d) a Lei de Terras visava aumentar o valor das terras e 16. Fuvest-SP – O descontentamento do Exército, que
obrigar os imigrantes a vender sua força de trabalho culminou na questão militar no final do império, pode
para os cafeicultores.

O C
ser atribuído:
e) o objetivo do governo imperial, com esta lei, era a) às pressões exercidas pela Igreja junto aos militares
proteger e regularizar a situação das dezenas de
N Xquilombos que existiam no Brasil.
para abolir a monarquia.
b) à propaganda do militarismo sul-americano na im-
SI E
prensa brasileira.
13. PUC-RJ – A abolição do tráfico de escravos a partir de
c) às tendências ultrademocráticas das forças armadas,
1850, com a Lei Eusébio de Queirós, provocou signi- que desejavam conceder maior participação política
O

ficativas mudanças na vida brasileira. Dentre elas, é aos analfabetos.


correto afirmar que:
d) à ambição de iniciar um programa de expansão im-
EN S

a) houve um deslocamento imediato de mão de obra es- perialista na América Latina.


crava das áreas decadentes para a região cafeicultora
e) à predominância do poder civil, que não prestigiava os
E U

do Vale do Paraíba, o que provocou um agravamento


militares e lhes proibia o debate político pela imprensa.
das questões platinas em decorrência do incentivo
daqueles países vizinhos à produção para exportação.
17. UFPE – Sobre o papel dos militares no cenário que an-
D E

b) os países da região platina montaram um tráfico clandes-


tecedeu a Proclamação da República no Brasil, analise
tino de escravos de maneira a tornar os seus produtos
as afirmações abaixo:
A LD

mais competitivos no comércio internacional, desban-


cando, desta forma, a produção das Antilhas inglesas. 1. Mudanças na estrutura social do Exército, ao longo do
século XIX, deixaram a liderança dessa instituição e a
c) os capitais liberados do tráfico de escravos foram
elite aristocrática brasileira afastadas. Dessa forma, fal-
aplicados em atividades de modernização econômica
do país e que a inevitável extinção futura da escra- tou à monarquia o apoio do Exército.
EM IA

vidão suscitou debates sobre a questão da substi- 2. Os baixos salários, as péssimas condições em que atua-
tuição da mão de obra e os primeiros ensaios de vam os militares brasileiros nas guerras que o império
promoveu e questões ideológicas relativas à escravidão
ST ER

imigração estrangeira para o Brasil.


d) a abolição do tráfico de escravos para o Brasil levou levaram os militares a apoiar os ideais republicanos.
a Inglaterra a decretar o Bill Aberdeen, lei que conse- 3. Militares do Exército fundaram o Clube Militar, que era
guiu estancar em definitivo o comércio de cativos no uma associação corporativista permanente para defen-
der a abolição, o fim da Guerra do Paraguai e a república.
SI AT

Oceano Atlântico, incrementando a produção industrial


na região. 4. Os militares liderados por Caxias, o mais bem-sucedido
e) a proibição do tráfico de escravos incentivou a substi- dos generais brasileiros, organizaram um ataque pela
tuição do regime de produção em larga escala para ex- imprensa às instituições monárquicas com vistas à Pro-
M

portação na lavoura brasileira pelo cultivo em pequenas clamação da República.


propriedades com mão de obra livre, o que levou ao 5. As crises entre os militares e o governo brasileiro a partir
surgimento de um mercado interno expressivo. de 1883 foram consequência de uma insatisfação geral
em relação à participação daqueles militares na vida
14. UNESP – A maioridade do príncipe D. Pedro foi an- social e política do Brasil: os militares estavam proibidos
tecipada, em 1840, para que ele pudesse assumir o de se pronunciarem através da imprensa e eram trans-
trono brasileiro. Entre os objetivos do chamado Golpe feridos de uma região para outra por questões políticas.
da Maioridade, podemos citar o esforço de: Estão corretas apenas:
a) obter o apoio das oligarquias regionais, insatisfeitas
a) 3, 4 e 5. d) 1, 3 e 5.
com a centralização política ocorrida durante o pe-
ríodo regencial. b) 1, 2 e 5. e) 2, 3 e 4.
b) ampliar a autonomia das províncias e reduzir a interfe- c) 1, 2, 4 e 5.
rência do poder central nas unidades administrativas.

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286

ESTUDO PARA O ENEM


HISTÓRIA 2

18. Enem C5-H22 Envolvendo todas as regiões e classes sociais, carregou


“Decreto-lei 3.509, de 12 de setembro de 1865 multidões a comícios e manifestações públicas e mudou
Art. 1º- – O cidadão guarda-nacional que por si apresentar de forma dramática as relações políticas e sociais que
outra pessoa para o serviço do Exército por tempo de nove até então vigoravam no país.”
anos, com a idoneidade regulada pelas leis militares, ficará GOMES, L. 1889. São Paulo: Globo, 2013. (Adaptado)
isento não só do recrutamento, senão também do serviço O movimento social citado teve como seu principal
da Guarda Nacional. O substituído é responsável por o veículo de propagação o(a):
que o substituiu, no caso de deserção.”
a) imprensa escrita.
Arquivo Histórico do Exército. Ordem do dia do Exército, n. 455,
1865. (Adaptado) b) oficialato militar.
No artigo, tem-se um dos mecanismos de formação c) corte palaciana.

O
dos “Voluntários da Pátria”, encaminhados para lutar d) clero católico.

BO O
na Guerra do Paraguai. Tal prática passou a ocorrer e) câmara de representantes.

SC
com muita frequência no Brasil nesse período e in-

M IV
dica o(a): 20. Enem C1-H2
a) forma como o Exército brasileiro se tornou o mais “O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez
bem equipado da América do Sul. da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes,

O S
e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Mere-
b) incentivo dos grandes proprietários à participação
cem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patrio-

D LU
dos seus filhos no conflito.
tas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores
c) solução adotada pelo país para aumentar o contin-
de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a
gente de escravos nos conflitos.
pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser
d) envio de escravos para os conflitos armados, visando

O C
executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado,
sua qualificação para o trabalho.
esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e
N X
e) fato de que muitos escravos passaram a substituir
seus proprietários em troca de liberdade.
ganhar por todos, visto que pagou por todos.”
ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.
SI E
19. Enem C3-H13 No processo de transição para a república, a narrativa
“O movimento abolicionista, que levou à libertação dos machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa:
O

escravos pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888, foi a a) redenção cristã e cultura cívica.
primeira campanha de dimensões nacionais com par- b) veneração aos santos e radicalismo militar.
EN S

ticipação popular. Nunca antes tantos brasileiros se ha- c) apologia aos protestantes e culto ufanista.
viam mobilizado de forma tão intensa por uma causa d) tradição messiânica e tendência regionalista.
E U

comum, nem mesmo durante a Guerra do Paraguai. e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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I

MATERIAL DO PROFESSOR

Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U

HISTÓRIA 1
D E
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M
AGES
GETTY IM

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II

APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA 1

HISTÓRIA
O material que você tem em mãos foi concebido e atualizado para se ajustar tanto às novas
demandas do ensino de História como da avaliação feita pelas bancas dos diversos vestibulares e,
especialmente, do Enem. O ensino também tem história e, entre diversas mudanças, a informação
não é mais o foco da educação, mas sim a compreensão e a produção de conhecimento. Sabemos
Material do Professor

que, além do conteúdo, dos roteiros de aula, da enorme coletânea de questões dos principais
vestibulares do país e do Enem, totalmente atualizadas, e das respostas comentadas, os alunos
terão também o seu apoio.
Como professor, é importante que você tenha clareza dessas novas abordagens da educação e

O
da avaliação dos estudantes. São jovens que têm qualquer informação ao seu dispor, bastando para

BO O
isso acessar a internet e serem superestimulados por vídeos, fotos e jogos complexos e cheios de

SC
ação. Com base nesse contexto, é comum que se sintam entediados, que não encontrem sentido

M IV
no contato com informações que podem acessar de forma instantânea e que percam o interesse
nas explicações que oferecemos. Esse é o nosso desafio. O tempo todo devemos lançar o foco

O S
nos processos que orientam os fatos e, sempre que possível, trazer a história para o tempo pre-
sente, mostrando aos estudantes as conexões entre o que encontram nas aulas de História e o

D LU
que acontece em suas próprias vidas.
É indispensável que os estudantes reconheçam que a "informação" é um "conjunto de dados"

O C
organizado, estruturado, com alguma análise. “Dom João era um rei português" e "Dom Pedro I era
seu filho” são dois dados, mas “Dom João veio ao Brasil em 1808 e Dom Pedro I declarou a inde-
N X
pendência em 1822” é uma informação. É importante ajudá-los a reconhecer que "conhecimento",
por sua vez, é saber que quando Dom João chega ao Brasil em 1808, um processo de independên-
SI E
cia que havia começado com as insurreições do final do século XVIII (como a Inconfidência Mineira
e a Conjuração Baiana) se intensifica, já que o Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino Unido
O

a Portugal. Então, em 1822, quando essa situação ambígua se encontrava insustentável, uma con-
ciliação entre colonos e colonizadores levou o Brasil a se tornar independente, mas sob o reinado
EN S

de um filho do rei português.


E U

Esse é o conhecimento que os exames vestibulares e, especialmente, o Enem, esperam


dos alunos atualmente. Os dados e as informações são fornecidos clara e abertamente. Algo
que era a resposta de uma pergunta hoje está no enunciado. Os estudantes devem ser capa-
D E

zes de dominar linguagens e códigos, construir argumentações, elaborar respostas aos diver-
A LD

sos questionamentos, relacionar distintas áreas do conhecimento. Devem também relacionar


passado e presente, propor ideias para o futuro, identificar, reconhecer e relacionar processos
históricos, antigos ou atuais.
Justamente por isso, esse material traz também indicações de leitura, de vídeos, filmes,
EM IA

documentários e atividades que podem ser propostas à turma, tanto em sala de aula como
em visitas guiadas, presenciais ou à distância, a instituições que são espaços de memória. O
ST ER

que queremos é prepará-los não apenas para os vestibulares, mas para que sejam produtores
de conhecimento. Se conseguirmos isso, os exames de admissão nas universidades serão o
que devem ser: o início de uma longa jornada em busca do conhecimento. Para isso, devemos
SI AT

explorar aspectos como:

• Desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpreta-


M

ção de fontes e testemunhos passados e presentes, considerando diferentes contextos e


linguagens na sua produção. Selecionamos para este material questões que trabalham com
charges, cenas de filmes, poemas, romances, notícias veiculadas na mídia, canções, artigos
científicos, entre outras fontes.
• O desenvolvimento de habilidades por meio da leitura e interpretação de imagens,
como obras de arte, fotografias, ilustrações do período em estudo ou posteriores a ele.
Muitos casos remetem a produções posteriores, dada a impossibilidade de usar ima-
gens de época, normalmente por inexistirem. Nesses casos, recomendamos ressaltar
a diferença cronológica entre o fato e a ilustração, explorando a visão da época sobre o
fato histórico passado. É importante ressaltar que a produção de imagens é, também,
uma produção de discursos. Para citar um exemplo: o quadro de Pedro Américo Inde-

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III

HISTÓRIA 1
pendência ou morte foi feito bem depois do 7 de setembro de 1822, e está carregado
de discursos de exaltação, além de ter sido inspirado no quadro Napoleão III na Batalha
de Solferino, pintura de Meissonier. Todas essas análises devem permear este tipo
de estudo.
• A história como algo feito “de baixo para cima”. Devemos mostrar aos alunos como, no

Material do Professor
passado, o estudo de História já foi uma grande coletânea de governantes e generais,
com pitadas de homens ricos e poderosos. A abordagem completa, bem informada,
atual e consolidada é aquela que mostra como os movimentos sociais, as lutas popu-
lares, as insurreições e rebeliões, os protestos e as greves protagonizaram, ao longo
da história, enfrentamentos e conciliações com os detentores do poder econômico e

O
político. São os escravizados os protagonistas da história da abolição da escravidão,

BO O
além da princesa Isabel. A história do voto feminino deve ter como protagonista as

SC
sufragistas, não apenas os legisladores ou mesmo o governante. A história da rede-

M IV
mocratização deve estar centrada naqueles que lutaram contra a ditadura, não nos
generais que conduziram a transição.

O S
A elaboração deste material pauta-se na correção de conceitos e de informações básicas,

D LU
evitando o anacronismo, o voluntarismo e o nominalismo. Regula-se ainda pela coerência e
adequação metodológicas; pelos preceitos éticos, furtando-se aos preconceitos e vinculações
ideológicas que possam comprometer a objetividade da ciência histórica.

O C
Previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica referentes ao En-
N X
sino Médio, as competências e habilidades são desenvolvidas conforme os conteúdos pro-
gramáticos de cada etapa. Nesse sentido, a concepção do material prioriza, em relação aos
SI E
processos históricos: a leitura e a interpretação de fontes documentais de natureza diversa,
em diferentes linguagens; o estabelecimento de relações que envolvem continuidades e
O

permanências, rupturas e transformações; a investigação e a compreensão para reconhecer


o papel do indivíduo na construção deles.
EN S

Esperamos, com esse material, ajudá-lo no desafio de oferecer aos estudantes os inúmeros
E U

caminhos para compreender as relações com o passado, fomentando neles, frente aos aconte-
cimentos históricos, o posicionamento crítico e a contextualização sociocultural.
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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IV

CONTEÚDO
HISTÓRIA 1

HISTÓRIA 1
Volume Módulo Conteúdo
1 Historiografia e Pré-história
Material do Professor

2 Antiguidade Oriental: egípcios e mesopotâmicos


3 Grécia antiga: primórdios, democracia e cultura
4 Roma antiga: da origem à queda da república, império e cultura

O
5 Feudalismo: origens, povos germânicos e reino franco

BO O
6 Império Bizantino e civilização islâmica medieval

SC
M IV
7 Crise do feudalismo: Cruzadas
8 Humanismo, renascimento cultural e renascentistas e suas obras

O S
1 9 Origens medievais do Estado Moderno e a volta dos reis

D LU
10 Reforma protestante e contrarreforma
11 Transição do feudalismo para o capitalismo e absolutismo

O C
12 Expansão marítima europeia e América Espanhola
N X
13 África e Ásia antes e depois da expansão europeia
SI E
14 Iluminismo e Revolução Industrial
15 Revolução francesa e Era Napoleônica
O

Independência dos Estados Unidos e Independência da América


16
Espanhola
EN S
E U

HISTÓRIA 2
Volume Módulo Conteúdo
D E

Introdução à história do Brasil: povos indígenas e expansão


A LD

1
marítima portuguesa
2 Brasil colônia: formação territorial e estrutura administrativa
EM IA

Economia açucareira e tráfico de escravizados, dominação


3
estrangeira, sociedade e cultura colonial
2
ST ER

4 Revoltas nativistas e rebeliões emancipacionistas


5 Período Joanino (1808-1821) e processo de Independência
6 Primeiro reinado e crise no primeiro Reinado
SI AT

7 Período Regencial e revoltas regenciais


8 Segundo Reinado: política, cultura e crise
M

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V

1 HISTORIOGRAFIA E PRÉ-HISTÓRIA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 9. 11 (01 + 02 + 08).
Ao trabalhar tópico “Linhas de interpretação da His- É correto dizer que a pesquisa histórica privilegiou
tória: campo das ciências humanas”, o mais importan- documentos escritos durante muito tempo, espe-
te é mostrar que a História é uma entre várias áreas cialmente a escola positivista. Hoje, além da expan-
do conhecimento que estudam os seres humanos em são da noção de fonte histórica, não há um tipo de

Material do Professor
sociedade, com a diferença de que seus objetos se fonte histórica privilegiada em relação às outras.
constituem com o acréscimo de mais um elemento – o Da mesma forma, é necessário reconhecer que há
tempo –; e dois processos principais – as mudanças e uma influência subjetiva na escrita da História, uma
as permanências. Dessa forma, salta aos olhos aquilo vez que a narrativa recebe as influências do historia-
que chamamos de contexto. Cada sociedade tem seu dor e do próprio tempo. Também é correto afirmar

O
passado, cada época tem seu passado, e cada qual que o tombamento de patrimônios históricos pre-

BO O
guarda as próprias mudanças e permanências. Um con- serva aquilo que é considerado importante para as

SC
ceito interessante a ser trabalhado é o de anacronismo,

M IV
sociedades humanas.
que consiste em um erro de cronologia que atribui a
uma época ou agente histórico ideias, sentimentos, 10. B

O S
opiniões ou ações que não pertencem ao seu tempo. Esta questão trabalha diretamente com uma das es-

D LU
Para o tópico “Hominização e humanização”, sugere- colas estudadas neste módulo, a marxista. O mate-
-se explorar o sentido das duas palavras, procurando rialismo histórico-dialético trabalha com a oposição
demonstrar como o processo de hominização, com o recíproca entre classes, na qual uma é dominante e
processo de evolução biológica, permitiu a esse ser de-

O C
a outra, dominada. Essas relações se dão no campo
senvolver o processo de humanização, dando destaque da produção da vida material.
N X
para a diferenciação dos dois conceitos.
11. B
SI E
Para ir além De forma simples, a questão mostra a relação di-
Indicamos a leitura e discussão de tópicos de: reta da Escola dos Annales (da qual Marc Bloch
O

• MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comu- foi um dos primeiros líderes) com a expansão da
noção de fonte histórica. Ao dizer que "Tudo o que
EN S

nista. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.


o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo
• LÉVÊQUE, P. As primeiras civilizações: da Idade da
E U

o que toca” pode virar fonte histórica, Marc Bloch


Pedra aos povos semitas. Lisboa: Edições 70, 2009. foge da restrição a documentos escritos, sem
• PROUS, A. O Brasil antes dos brasileiros: a Pré- descartá-los.
D E

-História do nosso país. Rio de Janeiro: Zahar, 2007


12. E
A LD

Exercícios propostos Não é correto dizer que as pinturas rupestres ti-


nham relação com religião, portanto as primeiras
7. E
três alternativas são incorretas. Da mesma forma,
EM IA

Como visto no módulo, o materialismo histórico-dia- falar em expressionismo – um movimento artísti-


lético foi desenvolvido por Karl Marx para explicar a co – é incorreto, pois não tem qualquer relação
dinâmica da história, para ele uma história de luta de
ST ER

com esse período histórico, seria um anacronis-


classes, a partir das estruturas econômico-sociais. A mo. É correto dizer que, ao representar caças
alternativa A erra ao relacionar a História-crônica ao bem-sucedidas, os homens da época buscavam o
positivismo do século XIX. A representação aponta- sucesso na caça, como se houvesse uma relação
SI AT

da na alternativa B não tem qualquer relação com as mágica entre a representação e a realidade.
realidades econômicas. Na alternativa C, a análise
quantitativa está incorretamente relacionada à Nova 13. C
M

História Social. E, a respeito da alternativa D, não Não é correto dizer que a agricultura e o pastoreio
havia método crítico na História da Grécia Antiga. surgiram só após a invenção da escrita. Muitos
autores até defendem que os registros escritos
8. a) É aquilo que podemos chamar de “economia na- surgiram graças ao excedente criado pela domes-
tural”, na qual os seres humanos extraem da nature- ticação de plantas e animais.
za aquilo de que precisam para o seu sustento. Essa
economia está baseada no mundo real ou material. 14. E
b) Diferentemente da “economia” em Aristóteles, a As alternativas incorretas citam processos de pe-
economia capitalista visa o lucro. Há também dife- ríodos distintos, alguns anteriores – fabricação de
renças de tecnologia, a diferença entre a produção instrumentos e controle do fogo –, outros poste-
para a subsistência e para o mercado etc. riores – economia comercial.

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VI

15. E econômicas, associando-as aos diferentes grupos,


conflitos e movimentos sociais.
HISTÓRIA 1

O Paleolítico é o período anterior à sedentarização


possibilitada pela domesticação de animais e plan-
tas. Portanto, os homens ainda eram caçadores e Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais,
coletores, como indicado na alternativa correta. sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao lon-
go da História.
16. C
19. D
Material do Professor

O Paleolítico é o primeiro período da Pré-Histó-


ria, portanto é o início da Idade da Pedra. Sendo Esta questão segue uma tradição no Enem: a pro-
assim, é incorreto falar em metais, cultivo de posta de análise de múltiplos textos e posterior
plantas, domesticação de animais ou mesmo de comparação entre eles. Um dos textos até fala em
pensamento religioso, tudo ainda em formação. fontes documentais, mas o ponto principal dos dois
é a dificuldade de elaborar uma narrativa completa

O
BO O
17. B sobre as motivações da Guerra do Paraguai, em di-

SC
Além do conteúdo de História, a questão também ferentes vertentes historiográficas.

M IV
trabalha a interpretação de texto. É mostrada
nesses dois excertos a divergência acadêmica a Competência: Compreender a produção e o papel

O S
respeito de uma Revolução Neolítica, como tam- histórico das instituições sociais, políticas e econô-
bém foi trabalhado neste capítulo. Um defende a micas, associando-as a diferentes grupos, conflitos

D LU
transformação radical; o outro, a simultaneidade e movimentos sociais.
da caça e da coleta e do princípio da agricultura.
Essa questão trabalha com a noção importante Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais,

O C
de que a agricultura e a domesticação de animais sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao lon-
não substituem a caça e a coleta, mas a comple- go da História.
N X
mentam. É a esse debate que os textos fazem 20. E
SI E
referência.
Esta questão do Enem trabalha com a polêmica
Estudo para o Enem acerca da ocupação da América. Nesse debate,
O

a datação dos sítios arqueológicos é muito im-


18. B portante e fonte de muitas disputas. Inclusive,
EN S

Esta questão trabalha com um caso prático da aná- as tecnologias utilizadas para a datação de um ou
E U

lise marxista da História, baseada no conceito de outro vestígio são alvos de disputa.
luta de classes. Nesse sentido, a criação da Justiça
do Trabalho é uma forma de conciliação de classes Competência: Compreender a sociedade e a na-
D E

que historicamente se veem em conflito. Assim, a tureza, reconhecendo suas interações no espaço
A LD

resposta correta é dizer que o objetivo da instituição em diferentes contextos históricos e geográficos.
é ordenar os conflitos laborais.
Habilidade: Identificar em fontes diversas o pro-
Competência: Compreender a produção e o pa- cesso de ocupação dos meios físicos e as rela-
EM IA

pel histórico das instituições sociais, políticas e ções da vida humana com a paisagem.
ST ER
SI AT
M

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VII

2 ANTIGUIDADE ORIENTAL: EGÍPCIOS E MESOPOTÂMICOS

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 9. B
Ao trabalhar o tópico “Características gerais das Os fatos citados nas alternativas incorretas têm
antigas civilizações orientais”, mostre que, apesar da pouca ou nenhuma relação com a criação de uma
diversidade de povos e civilizações, havia alguns as- burocracia estatal ou citam eventos que, no caso
pectos que uniam os mesopotâmicos. Os semitas, por do Egito Antigo, não aconteceram. É correto dizer

Material do Professor
exemplo, incluem arameus, assírios, babilônios, sírios, que a agricultura e o volume da colheita, além do
hebreus, fenícios e caldeus, com uma mesma origem processo de sedentarização, tornaram a socieda-
histórica e aproximações linguísticas. de mesopotâmica mais complexa, o que teria exi-
A respeito dos egípcios, a mensagem mais impor- gido maior controle e burocracia.
tante é que trata-se de uma das grandes civilizações

O
mais antigas da História – tão antiga para os romanos, 10. D

BO O
por exemplo, quanto os romanos são antigos para as Nesta questão, é trabalhada a relação entre o iní-

SC
sociedades do tempo presente – e que, nessa socie-

M IV
cio do processo de sedentarização, a criação das
dade, a religião era indissociável de todos os aspectos primeiras cidades e o pensamento abstrato utili-
da vida: o social, o econômico, o produtivo, o técnico zado pelas religiões. Como vimos, nesse período

O S
e científico. Não havia separação de natural e sobre- as ideias religiosas estavam estreitamente liga-

D LU
natural, de religioso e secular. A religião era, para os das a elementos da natureza e, por consequência,
egípcios, a própria existência. aos ciclos de plantio e colheita.
Ao trabalhar os persas, é possível mostrar como
essa civilização não tem uma existência isolada, mas 11. D

O C
fez parte de um processo de longa duração na história A questão trabalha, basicamente, a agricultura
N X
da Mesopotâmia, e que deixa marcas que permane-
cem até nossos dias.
como um fator essencial para a sedentarização e,
com isso, um princípio da civilização. Para tanto,
SI E
Sobre os hebreus e fenícios, como se pode veri car era necessário ter água e solo fértil, daí a alterna-
pelas questões de vestibular, os conteúdos mais impor- tiva correta citar os rios Tigre e Eufrates.
O

tantes são os legados históricos desses povos.


12. B
EN S

Para ir além Como visto neste módulo, a religião da Pérsia era


o zoroastrismo. Outro fato correto que direciona
E U

Indicamos a leitura e a discussão de tópicos de:


o aluno à resposta é a expansão persa sob o co-
• CARDOSO, C. F. Modo de produção asiático. Rio de mando de Ciro.
D E

Janeiro: Campus, 1990.


13. B
A LD

• ______. O Egito Antigo. São Paulo: Brasiliense, Na introdução deste módulo, foram mencionadas
1986. as contribuições de cada um dos povos que foram
estudados. Entre as contribuições históricas dos
• DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos.
EM IA

fenícios, está o alfabeto.


São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1997. 2 v.
14. C
ST ER

• FARIA, J. F. (Org.). História de Israel e as pesquisas


mais recentes. Petrópolis: Vozes, 2003. O monoteísmo era uma característica da religião dos
hebreus, o que até foi uma de suas grandes con-
Exercícios propostos tribuições históricas. Isso pode confundir o aluno.
SI AT

Você deve chamar a atenção deles para o que pede a


7. C questão, que são as características gerais da Antigui-
Como visto no módulo, entre os povos estudados, dade Oriental. Portanto, podemos falar em politeís-
M

os assírios destacavam-se pela cultura militar e mo, já que monoteísmo foi uma exceção, e em rígida
agressiva. divisão social, com pouca ou nenhuma mobilidade.

8. C 15. C
A questão trabalha como um elemento da cren- A primeira alternativa fala em “patrão”, o que é
ça religiosa egípcia. Nesse caso, uma vez que um anacronismo, e indica algo que não acontecia.
acreditavam na vida da alma após a morte, o cor- Também é incorreto, nesse contexto, mencionar a
po deveria ser preservado e os bens da pessoa presença de mulheres dirigentes. Sobre a língua, o
mantidos junto ao sarcófago porque, como ainda aramaico é ancestral, anterior ao hebraico. Sobre o
estava vivo, era possível que a alma retornasse cisma dos reinos hebraicos, isso aconteceu após a
ao corpo. morte de Salomão.

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VIII

16. C noteístas. É correto dizer que o judaísmo é uma das


religiões monoteístas mais antigas, e certamente a
HISTÓRIA 1

A questão relaciona o povo hebreu ao judaísmo, a


primeira das três mais importantes religiões oci- mais antiga entre as três grandes religiões do mun-
dentais, e rica fonte da cultura judaico-cristã. do ocidental. Como visto, essa religião infuenciou de
forma decisiva os preceitos da religião cristã, que en-
17. A tão começava a florescer.
O conteúdo será mais bem trabalhado nos próxi- Competência: Compreender a produção e o pa-
Material do Professor

mos módulos, quando formos tratar de Grécia An- pel histórico das instituições sociais, políticas e
tiga. Porém, é uma passagem histórica que está econômicas, associando-as aos diferentes gru-
relacionada aos persas, e aqui cabe esse aprofun- pos, conflitos e movimentos sociais.
damento. Os persas eram chamados também de
medos. Portanto, as Guerras Médicas foram as Habilidade: Identificar registros de práticas de

O
batalhas entre gregos e persas, das quais os pri- grupos sociais no tempo e no espaço.

BO O
meiros saíram vitoriosos. 20. A

SC
M IV
O Egito Antigo tinha sua organização política
Estudo para o Enem constituída por uma monarquia teocrática em

O S
18. C que o Faraó era considerado um “deus” na terra.
Este exercia autoridade absoluta concentrando

D LU
A questão trabalha os diferentes períodos da his-
em suas mãos poder político e religioso. A forma
tória antiga dos hebreus. Interpretando o excerto,
de trabalho estabelecida no Egito era a servidão
é possível concluir que se trata da concentração
coletiva e a escravidão. Nesse sentido, o faraó

O C
de terra por apropriação.
comandava esses trabalhadores não somente na
Competência: Compreender a produção e o pa-
N X
pel histórico das instituições sociais, políticas e
produção da agricultura, mas também na constru-
ção monumentos que tinham como objetivo de-
SI E
econômicas, associando-as aos diferentes gru- monstrar o seu poder e cultuar os deuses.
pos, conflitos e movimentos sociais.
Competência: Compreender a sociedade e a na-
O

Habilidade: Identificar registros de práticas de


tureza, reconhecendo suas interações no espaço
grupos sociais no tempo e no espaço.
em diferentes contextos históricos e geográficos.
EN S

19. E Habilidade: Identificar em fontes diversas o pro-


E U

As alternativas incorretas relacionam de forma equi- cesso de ocupação dos meios físicos e as rela-
vocada as infuências históricas entre as religiões mo- ções da vida humana com a paisagem.
D E
A LD
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SI AT
M

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IX

3 GRÉCIA ANTIGA: PRIMÓRDIOS, DEMOCRACIA E CULTURA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo está correta. Por extensão, por eliminação, o alu-
O mais importante a ser trabalhado aqui são os se- no pode concluir que a primeira afirmativa tam-
guintes temas: a ocupação dos jônios, aqueus, eólios bém está correta.
e dórios; a consolidação de cidades-Estado autônomas
10. E
e independentes; e as obras Ilíada e Odisseia, suas ca-

Material do Professor
racterísticas e importância histórica. Os Jogos Olímpicos gregos tinham importância
É também importante destacar contribuições do política e cultural; não houve democracia em Es-
pensamento grego, que por meio da linguagem mítica parta; a escultura grega não era desligada da reli-
buscava expressar o que é o ser humano em todas as gião; os atenienses eram grandes comerciantes.
suas dimensões. Ao tratar da democracia, saliente a Por outro lado, o período homérico da história

O
diferença entre a democracia grega e o conceito que grega pode ser estudado devido às narrações mi-

BO O
temos hoje sobre ela. tológicas feitas principalmente por Homero.

SC
M IV
11. A
Para ir além
Na comparação entre a escravidão na Grécia Clás-
Indicamos a leitura e posterior discussão de

O S
sica e no Brasil Colonial, cabe constatar a restri-
tópicos de: ção de direitos políticos aos cativos e a existência

D LU
• BALDRY, H. C. A Grécia Antiga: cultura e vida. Lis- de negócios de compra e venda de escravos em
boa: Verbo, 1969. ambos os casos.

O C
• CARDOSO, C. F. A cidade-Estado antiga. São Pau- 12. D
lo: Ática, 1987. Os Jogos Olímpicos foram criados pelos gregos
N X
• FÉLIX, L.; GOETTEMS, M. (Org.). Cultura grega antigos, com a finalidade de homenagear os deu-
SI E
clássica. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1989. ses que residiam no Monte Olimpo, especialmen-
• GODOY, L. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga. te Zeus. Realizados a cada quatro anos, represen-
tavam também o congraçamento dos gregos, pois
O

São Paulo: Nova Alexandria, 1996


até mesmo conflitos existentes entre eles eram
Exercícios propostos
EN S

interrompidos para a realização dos jogos.


7. A
E U

13. A
Trata-se de um período anterior à democracia. As acrópoles da Grécia Antiga constituíam um
Quando falamos de Antiguidade, temos uma
D E

conjunto de edificações construídas no ponto


grande maioria de civilizações com o poder ba- mais elevado das cidades-Estado. Inicialmente
A LD

seado na religião. Era o caso, de certa forma, das serviam como ponto de proteção contra invaso-
cidades-Estado gregas. A democracia, que se res e, por isso, eram cercadas por muralhas. Com
desenvolve posteriormente, especialmente nos o passar do tempo, passaram a atender funções
séculos VI e V a.C., é uma inovação, um marco religiosas e/ou administrativas.
EM IA

histórico, que traz o debate e o espaço público


para o centro do poder. 14. A
ST ER

A palavra-chave é “antropomórfica”, ou seja, for-


8. C mas humanas. Algumas alternativas se arriscam
A cultura greco-romana, ou cultura clássica, é a colocar os nomes dos deuses, mas ao afirma-
SI AT

considerada base da civilização ocidental. Reto- rem três nomes, excluem muitos outros. O mais
madas pelos renascentistas, a partir do século correto é dizer que os deuses gregos tinham,
XV, questões como filosofia, arte, olimpíadas, de- como os humanos, paixões, virtudes e um desti-
M

mocracia, direito e cristianismo, além das línguas no por vezes cruel.


(grego e latim), são consideradas fundantes da
15. B
cultura ocidental.
As afirmativas corretas mostram nada mais do
9. A que uma interpretação do texto da questão. Na
A incorreção da terceira afirmativa é dizer que afirmativa 2, são analisados os valores esparta-
o essencial para o sustento material da cidade- nos presentes no texto; na afirmativa 4, fala-se da
-Estado estava na acrópole, o que é falso. Já na educação espartana, voltada ao militarismo.
quarta, dizer que não houve expansão territorial
16. B
por colonização também é um erro. Como visto
neste módulo, as cidades-Estado se consolidaram As afirmativas corretas mostram nada mais do
no Período Arcaico, portanto a segunda afirmativa que uma interpretação do texto da questão. Na

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X

afirmativa 2, são analisados os valores esparta- 19. B


nos presentes no texto; na afirmativa 4, fala-se da
HISTÓRIA 1

Apesar de não ser do Enem, esta questão tra-


educação espartana, voltada ao militarismo. balha com interdisciplinaridade, como acontece
17. A com aquela banca. Relaciona-se aqui o gênero
épico da Ilíada e da Odisseia, obras que ajudaram
Esta questão também trata de uma relação entre a a moldar o pensamento, a história e a literatura
cidadania na Grécia Antiga e nas sociedades atuais, do Ocidente, com a poesia épica de Luís Vaz de
porém de forma mais crítica. O que é necessário en-
Material do Professor

Camões, um herdeiro do Renascimento, que re-


tender é que tanto lá como cá a democracia é reco- tomou a cultura greco-romana.
nhecida como um regime do qual todos participam,
mas existiam/existem limites para o pleno exercício Competência: Compreender os elementos cultu-
desse direito. As questões incorretas fogem a essa rais que constituem as identidades.

O
interpretação e trazem dados incorretos.

BO O
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-

SC
Estudo para o Enem graficamente fontes documentais acerca de as-

M IV
18. B pectos da cultura.
Esta questão trata, além de História, de Filoso- 20. C

O S
fia. A dialética socrática consistia em uma divisão
As duas civilizações tinham cidades autônomas e

D LU
entre maiêutica e ironia. Havia um debate entre
independentes entre si.
posicionamentos distintos que são confrontados
com o objetivo de gerar novos conhecimentos. Competência: Compreender as transformações

O C
Competência: Compreender os elementos cultu- dos espaços geográficos como produto das rela-
ções socioeconômicas e culturais de poder.
N X
rais que constituem as identidades.
SI E
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo- Habilidade: Comparar o significado histórico-
graficamente fontes documentais acerca de as- -geográfico das organizações políticas e socioe-
conômicas em escala local, regional ou mundial.
O

pectos da cultura.
EN S
E U
D E
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SI AT
M

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XI

4 ROMA ANTIGA: DA ORIGEM À QUEDA DA REPÚBLICA, IMPÉRIO E CULTURA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo Exercícios propostos
É necessário dar atenção à origem de Roma, mos- 7. C
trando, ao mesmo tempo, que ela é repleta de mitos e
A questão trabalha com temporalidades e espa-
lendas, como a história de Rômulo e Remo, e, também
ços. Conhecendo o espaço de que trata a ques-
muito importante, que esse processo é contemporâ-
tão, é possível perceber que Mar Negro, Mace-

Material do Professor
neo à Grécia. É comum que muitos alunos achem, até
dônia e mundo bárbaro persa não dizem respeito
pela sequência dos materiais didáticos, que Roma co-
aos conflitos entre Roma e Cartago. Conhecendo
meça quando a Grécia “termina” (assim mesmo, entre
o tempo em que isso acontece, é possível des-
aspas). Isso não é verdade. Inclusive, a Magna Grécia,
cartar a alternativa que trata de Império.
que Alexandre, o Grande já dominara, foi conquistada

O
por Roma em seu processo de expansão. 8. B

BO O
Outro fator importante é mostrar que a Roma repu-

SC
As afirmativas II e III tratam de fatos ou dinâmicas
blicana é, não sem alguma polêmica, o período mais

M IV
da política romana que não existiram. Contudo, é
importante e pujante de Roma. A instituição do Se-
correto falar que o Senado era a instituição mais
nado, como aconteceu na República, é uma inovação
importante da República, aprovava leis e tomava

O S
decorrente, claro, da democracia grega, mas bastante
decisões sobre medidas excepcionais.

D LU
original e muito importante para a época.
É preciso salientar os movimentos sociais – lutas dos 9. B
plebeus, revoltas de escravos – como conquistas sociais Os chefes do governo da República romana eram
determinadas por mobilizações coletivas. Ressalte que

O C
os cônsules, escolhidos pelo Senado, e tinham
a cultura romana caracterizou-se pela diversidade cultu- mandato de apenas um ano. Não cabe aqui falar em
N X
ral, pois dentro dos seus domínios coabitavam variadas
etnias, bastando dar atenção à enorme extensão alcan-
democracia popular com voto secreto, nem em par-
lamentarismo, muito menos em presidencialismo.
SI E
çada por Roma, desde a Península Ibérica até o Oriente
Próximo, dominando todo o Mediterrâneo. É preciso ter 10. a) O casamento assegurava a manutenção dos
O

cuidado para não passar aos alunos uma visão heroica privilégios da elite, os patrícios.
sobre as conquistas e os feitos, pois, como qualquer im- b) Escravos, ex-escravos, mulheres, crianças, es-
EN S

pério, foi construído pela força da dominação, havendo trangeiros.


E U

uma tênue linha entre a história e a memória de exalta-


ção. É necessário mostrar como os feitos dos romanos 11. B
foram excepcionais e o quanto contribuíram para moldar O comércio triangular faz parte do contexto colo-
D E

o mundo ocidental, sem deixar de mostrar suas contra- nial da Idade Moderna. Não é correto dizer que há
A LD

dições, as relações de poder e as heranças negativas. escravidão melhor ou pior, tampouco que as re-
Em contrapartida, também é necessário salientar as beliões de escravos eram raras na Roma Antiga.
reações por parte dos povos dominados. Um aspecto
importante é o surgimento do cristianismo nos domí- 12. C
EM IA

nios romanos, não tanto como crença, mas, sobretudo, O controle político era exercído pelos sufetas,
como loso a de vida proposta pelos seus fundadores. principais funcionários do Estado, que possuíam
ST ER

poder civil e religioso, mas não militar, pelo Con-


Para ir além selho, composto por anciãos, e pela Assembleia
Indicamos a leitura e posterior discussão de tópicos de: do Povo, composta por algumas famílias nobres.
SI AT

• BARBOSA, R. C. A mulher na Roma Clássica: re-


13. A
presentações e interpretações. In: LIMA, E. de;
ARIAS NETO, J. M.; ALMEIDA, M. de (Org.). Vio- Apenas interpretando o texto, sem mais informa-
ções, é possível inferir que se trata do momen-
M

lência e direitos: 500 anos de lutas. Anais do VII


Encontro Regional de História. Curitiba: Aos Quatro to de perseguição aos cristãos, cuja fé partia do
Ventos, 2001. pressuposto de que todos são iguais perante
Deus e, portanto, não há como imperadores ou
• CHELIK, M. História Antiga: de seus primórdios à
qualquer outra pessoa possuírem algo de divino.
queda de Roma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1984.
• CARCOPINO, J. A vida cotidiana em Roma e no 14. E
auge do império. São Paulo: Companhia das Le- A escravidão na Antiguidade difere da moderna
tras, 1988. por não apresentar determinação de base “racial”.
• GARRAFFONI, R. S. Gladiadores na Roma Antiga: O afluxo de escravos, por sua vez, atingiu o auge
dos combates às paixões cotidianas. São Paulo: com a expansão romana pelo Mediterrâneo. Os
Anablume, 2005. imperadores cristãos mantiveram o regime de

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XII

trabalho escravo e estes, assim como ocorreu no 19. B


Brasil colonial, podiam alcançar a liberdade por
HISTÓRIA 1

Esta questão trabalha com Química e História, am-


meio de compra ou cessão. plia as noções de fonte histórica e avalia o conheci-
15. B mento a respeito do método científico. A alternativa
correta leva em conta que as geleiras acumulam ca-
A primeira afirmação é falsa, pois Atenas não foi madas de gelo em que é possível saber de que épo-
pautada no medelo militarista aspartano. A afirma- ca é cada camada. Ao analisar a quantidade de CO2
ção 3 está incorreta, pois Esparta criou a Liga do
Material do Professor

armazenada em cada uma delas, é possível compa-


Peloponeso com a finalidade de rivalizar com a Liga rar os níveis de emissão desse gás em diferentes
de Delos, e não para sutentar seu exército. momentos do Império Romano. Sabendo que esse
16. D gás estava vinculado às atividades produtivas, espe-
cialmente para a produção de material bélico, a redu-
Embora a escravidão também existisse em ou-

O
ção nas emissões é um forte indício da decadência

BO O
tras sociedades antigas, na Grécia ela surgiu pela
gradual do Império Romano.

SC
primeira vez como força de trabalho preponde-

M IV
rante. Mas foi em Roma, a partir da conquista do
Competência: Entender as transformações técni-
Mediterrâneo, que ela alcançou sua máxima ex-
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
pressão na Antiguidade.

O S
de produção, no desenvolvimento do conheci-
mento e na vida social.

D LU
17. A
Apesar da inovação política que a democracia ate- Habilidade: Identificar registros sobre o papel
niense representou, ela trazia consigo um conceito das técnicas e tecnologias na organização do tra-

O C
de cidadania excludente: mulheres, estrangeiros e balho e/ou da vida social.
escravos não eram considerados cidadãos e, por
N X
isso, não participavam da vida política da cidade- 20. C
SI E
-Estado. No Brasil atual, apesar de a Constituição Esta questão trabalha com história e literatura. A
brasileira prever o direito de voto a todos aqueles famosa passagem de William Shakespeare, de fato,
O

com mais de 16 anos, o fato de a democracia ser se sobrepôs à história em certa medida. Muitos
indireta impede os cidadãos de definirem os rumos acreditam que César realmente disse “Et tu, Bru-
EN S

do país. te!” como suas últimas palavras. Isso acontece por


conta do poder que os significados criados pela arte
E U

Estudo para o Enem possuem. Porém, é necessário diferenciar as preo-


cupações e os méritos da literatura e da História.
D E

18. E A literatura trabalha com ficções, têm narrativas


Ao apresentar no texto a fixação de leis consue- como a história, mas está muito mais preocupada
A LD

tudinárias em códigos escritos, a questão aponta com os enredos e as significações artísticas. A his-
para a resposta correta, que trata do conheci- tória, por sua vez, é uma ciência que utiliza fontes
mento das leis. históricas para obter informações e, portanto, não
EM IA

pode criá-las. Deve seguir um método, seja ele qual


Competência: Compreender a produção e o pa- for, e comprovar seus pontos de vista.
pel histórico das instituições sociais, políticas e
ST ER

econômicas, associando-as aos diferentes gru- Competência: Compreender os elementos cultu-


pos, conflitos e movimentos sociais. rais que constituem as identidades.
SI AT

Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu- Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais graficamente fontes documentais acerca de as-
ao longo da História. pectos da cultura.
M

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XIII

5 FEUDALISMO: ORIGENS, POVOS GERMÂNICOS E REINO FRANCO

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo A alternativa correta mostra como essa transfor-
Saliente que a Alta Idade Média resultou da dissolu- mação foi lenta e passou por diversos cenários,
ção do Império Romano do Ocidente, em decorrência desde Roma até a queda dos reinos francos.
de crises internas e externas e da formação de novos 10. D
reinos no Ocidente europeu, como o Reino Franco.

Material do Professor
A única afirmativa errada é a primeira, que des-
Recomendamos cuidado com o conceito de “bárbaro”,
creve um processo oposto ao que de fato acon-
para evitar a concepção errônea de relacioná-lo a sel-
teceu. Durante a Idade Média, especialmente na
vageria ou inferioridade cultural. Mostre que, como os
Alta Idade Média, houve um processo de êxodo
gregos, os romanos de fato utilizavam esse termo em
urbano e descentralização do poder.
oposição a “civilização”, mas que isso não é necessa-

O
riamente uma verdade histórica. O termo “vândalo” é 11. D

BO O
exemplo disso. Esse povo germânico, um dos chama-

SC
Questão simples, apenas de xação. Dado o que

M IV
dos “bárbaros”, que batalhou contra Roma na região de foi visto no módulo, trata-se do Reino dos Francos.
Cartago (por volta de 460), passou a ser associado à
destruição e ao desrespeito ao bem público. 12. C

O S
É importante salientar que o longo período de trans- As afirmativas I e II estão erradas porque fazem refe-

D LU
formações desde a queda do Império Romano do Oci- rência, respectivamente, a uma tentativa de comba-
dente até a formação da Europa feudal, passando pelos te ao poder da Igreja e ao enfraquecimento da ser-
reinos bárbaros, possibilitou uma nova estrutura socio- vidão. O que aconteceu, na verdade, foi o contrário.

O C
política centrada no poder e no uso da terra: o feudalis- 13. B
N X
mo. A Igreja foi um dos sustentáculos desse sistema.
Destaque a diferença entre a condição de vassalo e
É incorreto dizer que a pecuária, o artesanato ou
SI E
o comércio eram a base da economia, ou mesmo
a de servo na estrutura feudal. que havia larga utilização de moeda. Entretanto, é
correto dizer que a economia era baseada na agri-
O

Para ir além cultura, especialmente de trigo e cevada, com pou-


co contato comercial ou de trocas entre feudos.
EN S

Indicamos a leitura e discussão de tópicos de:


14. E
E U

• ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao feu-


dalismo. Porto: Afrontamento, 1982. O dízimo era um imposto pago à Igreja; a talha
podia ser paga com mercadoria; a mão-morta era
D E

• BARK , W. C. Origens da Idade Média. Rio de Janei- paga por servos e a corveia não foi aplicada ape-
ro: Jorge Zahar, 1979.
A LD

nas em um período de decadência.


• LE GOFF, J. A civilização do Ocidente medieval. 15. C
Lisboa: Estampa, 1983. 2 v.
As filosofias sofística e epicurista foram desen-
EM IA

• ______. O apogeu da cidade medieval. São Paulo: volvidas na Grécia Antiga. O existencialismo e a
Martins Fontes, 1992 fenomenologia são contemporâneos. A escolásti-
ST ER

ca, resposta correta, era a corrente filosófica da


Igreja medieval que buscava a conciliação e a uni-
Exercícios propostos
dade entre a fé cristã e o racionalismo.
7. A
SI AT

16. A
A influência da Igreja Católica nas sociedades
medievais acontece muito por causa dos reinos As novelas de cavalaria são um contraexemplo à alter-
nativa B. A escolástica, ao contrário do que se afirma-
M

francos que lhe foram anteriores. A conversão


dos reis ao cristianismo é um momento muito va, buscava aliar a fé católica a um pensamento racio-
importante nesse processo. nal. Também é incorreto dizer que as artes plásticas
do período não passavam por um cerceamento reli-
8. E gioso. Os vitrais, as pinturas e as esculturas da época
Aqui vemos o papel central da Igreja Católica na vida tinham quase exclusivamente temas religiosos.
medieval, como vetor de cultura e controle social,
17. C
com influência na vida dos servos e dos nobres.
Apesar de central para a vida medieval, o cultivo
9. E das terras era desprezado, era um trabalho dos
Mais uma questão que trabalha o processo histó- servos. O trabalho dos ourives, que basicamente
rico que levou à consolidação do sistema feudal. serviam aos nobres, era valorizado.

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XIV

Estudo para o Enem Competência: Entender as transformações téc-


nicas e tecnológicas e seu impacto nos proces-
HISTÓRIA 1

18. A
sos de produção, no desenvolvimento do conhe-
Esta questão trata de conteúdos de História e
cimento e na vida social.
Química. Como são óleos, não é possível afirmar
que haja solubilização pelo orvalho. Também é in- Habilidade: Reconhecer as transformações téc-
correto dizer que haja produção de oxigênio na nicas e tecnológicas que determinam as várias
fotossíntese, o mesmo não se pode afirmar em
Material do Professor

formas de uso e apropriação dos espaços rural


relação ao óleo. O que ocorre é que, com o calor
e urbano.
dos primeiros raios solares, há a volatilização das
substâncias que os medievais desejavam extrair. 20. B
Apesar de não ser da banca do Enem, esta ques-
Competência: Entender as transformações téc-

O
nicas e tecnológicas e seu impacto nos proces- tão é ótima para estudar para essa prova, pois

BO O
sos de produção, no desenvolvimento do conhe- trabalha a interdisciplinaridade dos conteúdos de

SC
história e de literatura. Por uma via ou outra, o

M IV
cimento e na vida social.
aluno precisa saber que, além das guerras, os ca-
Habilidade: Analisar diferentes processos de
valeiros participavam de grandes eventos, como

O S
produção ou circulação de riquezas e suas impli-
torneios, jogos e justas, e para isso tinham seu
cações socioespaciais.

D LU
treinamento. Esse personagem foi figura de inú-
19. B meras novelas de cavalaria, cuja principal caracte-
Apesar de não ser do Enem, esta questão traba- rística era o amor cortês.

O C
lha conteúdos de História e Física de forma inter-
disciplinar, o que acontece muito nessa banca. É
N X Competência: Compreender os elementos cultu-
possível saber, com o conhecimento de História, rais que constituem as identidades.
SI E
que quem trabalhava eram os servos, e, portan-
to, estes é que operavam os moinhos. Com os Habilidade: Identificar as manifestações ou re-
O

conhecimentos de Física, pode-se deduzir que se presentações da diversidade do patrimônio cultu-


trata da energia cinética do vento. ral e artístico em diferentes sociedades.
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XV

6 IMPÉRIO BIZANTINO E CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA MEDIEVAL

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo desse contexto importante para a história do
É importante demonstrar a existência e as relações Leste Europeu.
de três culturas que se tocavam, pelo conflito ou pela
11. B
negociação: o mundo feudal, o Império Bizantino e o
islã. Na condição de herdeiro da cultura greco-romana, Como visto no módulo, essa revolta aconteceu

Material do Professor
o mundo bizantino teve vida própria, considerando que por motivos tributários. A aristocracia voltou-se
preservou essa cultura, absorveu outras no decorrer contra Justiniano pelos tributos excessivos co-
dos seus mil anos de sobrevivência, ao mesmo tempo brados por seu governo. Apesar dessa motiva-
que se tornou o centro do elo entre o Ocidente e o ção, eram inimigos políticos.
Oriente. 12. E

O
Ao trabalhar a cultura árabe, cuide para evitar todo

BO O
O édito proibia o culto a imagens religiosas, mas
e qualquer juízo de valor sobre suas bases. A contri-

SC
acabou sendo desrespeitado em diversos centros
buição árabe para a humanidade foi de suma impor-

M IV
e, até mesmo, foi razão para debate e polêmica.
tância, tanto na criação cientí ca e artística como na
Também não é correto dizer que os ícones deixa-
preservação, interpretação e difusão da cultura clássi-

O S
ram de ser uma expressão artística daquela região.
ca greco-romana.

D LU
13. D
Para ir além A expansão islâmica foi muito além da Penínsu-
Indicamos a leitura e discussão de tópicos de: la Arábica, e os palestinos não buscavam libertar

O C
• BESANÇON, A. A iconoclastia: o ciclo antigo. In: A o Estado de Israel. Como vimos, a religião teve,
imagem proibida: uma história intelectual da icono- sim, caráter expansionista. E não é correto rela-
N X
clastia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. cionar o fundamentalismo a uma ou outra verten-
SI E
• JEDIN, H. Concílios ecumênicos: história e doutri- te do islamismo. Mesmo não conhecendo a his-
na. São Paulo: Herder, 1961. tória do Líbano, é possível, por exclusão, chegar
à resposta correta.
O

• ANDRADE FILHO, R. Os muçulmanos na Penínsu-


la Ibérica. São Paulo: Contexto, 1989. 14. B
EN S

• ARMSTRONG, K. O Islã. Rio de Janeiro: Objetiva, Questão um pouco mais simples, que pede apenas
E U

2001. a nomeação dos dois grupos nos quais o islamismo


foi dividido após a morte de Maomé: sunitas e xiitas.
Exercícios propostos
D E

15. D
7. A
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Como vimos neste módulo e em várias outras


De fato, o governo de Justiniano foi uma época
questões, é incorreto dizer que não há semelhan-
de ouro do Império Bizantino e deixou como lega-
ças entre o islamismo e o cristianismo. A come-
do a preservação do Direito Romano.
çar pelo monoteísmo, são bastante semelhantes,
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8. C inclusive pelo caráter expansionista.


Nas obras arquitetônicas bizantinas (templos,
16. A
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mosteiros e palácios) há elementos romanos, mas


também persas e gregos. A Igreja de Santa Sofia Esta questão ajuda a desconstruir uma imagem
refletia uma ideia segundo a qual o templo era uma negativa a respeito dos muçulmanos. Além da
enorme contribuição científica na aritmética, na
SI AT

alegoria do ser humano. A beleza interior, e não a


aparência externa, era um ideal a ser alcançado. álgebra, na trigonometria, na astronomia e na
medicina, entre outras áreas, também imple-
9. A mentaram diversas inovações na área comer-
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Não é correto falar em descentralização política, cial. Dizer que árabes são grandes negociadores
vulnerabilidade de Constantinopla, intromissão é um estereótipo, porém é correto dizer que fo-
de imperadores romanos ou mesmo de falta de ram alguns árabes que criaram inovações impor-
um ordenamento jurídico. Por outro lado, confli- tantes nessas áreas.
tos internos e controvérsias religiosas marcaram
o Império Bizantino. 17. a) Os bizantinos também se consideravam mem-
bros do Império Romano. Os que viviam no Ociden-
10. B
te é que utilizavam a denominação “Império Roma-
A Reforma Protestante acontece em outro con-
no do Oriente”. A legislação era baseada no código
texto, já na transição para a Idade Moderna. Por
romano reformulado por Justiniano. O território
outro lado, as outras afirmativas fazem parte

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XVI

oriental foi herança das conquistas romanas, assim 19. D


como a hierarquia social e a organização cristã do
HISTÓRIA 1

Por estar em um módulo sobre o Islã, fica fácil


Estado. responder a esta questão. De qualquer forma, ela
b) A grande diferença é que o Império do Oriente, é interessante porque relaciona a disseminação
ou Bizantino, teve uma unidade firme e permane- do café pelo mundo com um conteúdo estudado
ceu relativamente estável durante muito tempo.
aqui: a expansão islâmica.
Material do Professor

Já o do Ocidente não era mais um império a essa


altura; estava esfacelado e o sistema feudal em Competência: Compreender a sociedade e a na-
breve iria vigorar naquela região. tureza, reconhecendo suas interações no espaço
em diferentes contextos históricos e geográficos.
Estudo para o Enem

O
Habilidade: Analisar de maneira crítica as intera-

BO O
18. C ções da sociedade com o meio físico, levando em

SC
As alternativas misturam eventos que não acon- consideração aspectos históricos e/ou geográficos.

M IV
teceram a eventos que não dizem respeito à
20. C
Hégira. Essa ruptura se deu com a jornada de

O S
Maomé e seus seguidores de Meca para Yathrib, Mais uma questão que trabalha a civilização ára-

D LU
depois chamada Medina. be como uma união de diferentes culturas e um
Competência: Compreender a produção e o pa- vetor de preservação e disseminação delas. O
pel histórico das instituições sociais, políticas e ponto central nessa cultura árabe é a construção

O C
econômicas, associando-as aos diferentes gru- dos saberes, como dito na alternativa correta.
N X
pos, conflitos e movimentos sociais.
Competência: Compreender os elementos cultu-
SI E
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista, rais que constituem as identidades.
presentes em textos analíticos e interpretativos,
O

sobre situação ou fatos de natureza histórico- Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
-geográfica acerca das instituições sociais, políti- graficamente fontes documentais acerca de as-
EN S

cas e econômicas. pectos da cultura.


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XVII

7 CRISE DO FEUDALISMO: CRUZADAS

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 11. A
Estamos abordando a crise do sistema feudal, ten- O fundamento primordial das Cruzadas era de ca-
do as Cruzadas como uma das principais causas dessa ráter religioso, uma vez que os muçulmanos há
decadência. É importante falar sobre as consequências muito vinham pressionando a Europa Ocidental.
trazidas por essas expedições armadas, por auxiliarem Tendo como ponto de partida a conquista da Terra

Material do Professor
na reabertura de rotas comerciais por terra e por mar – Santa, as Cruzadas acabaram funcionando como
o que levará ao renascimento comercial e urbano que fator de expansão territorial para os europeus, de
veremos no próximo módulo –, além do contato com fortalecimento cristandade e, posteriormente, de
o outro, os muçulmanos, no Oriente. O contato com reabertura econômica entre Ocidente e Oriente.
o outro, considerado infiel, deve ser ressaltado, evi-

O
12. B
denciando as ordens e diversas Cruzadas oficiais que

BO O
foram organizadas. Um dos movimentos que marcaram os países e

SC
cujos efeitos são observados até hoje foi o neo-

M IV
colonialismo, processo de nova colonização dos
Para ir além
territórios africanos e asiáticos, garantindo ma-

O S
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: téria-prima e mercado consumidor. Na proposta

D LU
• FLETCHER, R. A cruz e o crescente: cristianismo desta questão, não há qualquer relação com o
e Islã, de Maomé à Reforma. Rio de Janeiro: Nova movimento das Cruzadas.
Fronteira, 2003. 13. D

O C
• MAALOUF, A. As Cruzadas vistas pelos árabes. Entre os objetivos das corporações de ofício es-
N X
São Paulo: Brasiliense, 2001. tavam o monopólio e a preservação das técnicas
de produção. Eles buscavam manter o ofício ape-
SI E
• DUBY, G. Guerreiros e camponeses: os primórdios
nas para seu grupo e isolar o acesso de terceiros
do crescimento econômico europeu do século VII
aos meios de produção.
O

ao século XII. Lisboa: Editorial Estampa, 1980.


14. B
• DURANT, W. A idade da fé. Rio de Janeiro: Record,
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2002. A Peste Negra foi um evento desastroso e as


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tentativas de explicação de suas causas envol-


veram motivos religiosos, entre os quais os que
Exercícios propostos
relacionavam as epidemias aos infiéis e às prá-
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7. D ticas hereges.
Como estudado no módulo, as Cruzadas benefi-
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ciaram a expansão comercial e cultural, favore- 15. A


cendo o contato com outras partes da Europa e Como vimos no módulo, as jacqueries foram re-
do Oriente Médio. Como consequência, houve a beliões populares na França, ocorridas em razão
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intensificação do chamado renascimento comer- da crise gerada pela Peste Negra e pelas guerras.
cial e urbano.
16. C
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8. B Não há como afirmar que o renascimento urbano


A cavalaria estava essencialmente vinculada ao foi interrompido e reiniciado com a Revolução In-
estrato nobre da sociedade. Entre os motivos dustrial, assim como o campesinato não estava em
SI AT

para isso estava a possibilidade de esse grupo um movimento de conquistar liberdade. Sabe-se
conseguir os armamentos e montaria para o ofí- que a nobreza teve grandes perdas em virtude da
cio da cavalaria. baixa produção durante a crise do século XIV. Por
M

outro lado, o rei, com o apoio da burguesia, poderia


9. D contribuir para a resolução do período de crise.
O contato entre Oriente e Ocidente, possibilitado
pelas Cruzadas, significou a ampliação das trocas 17. D
culturais entre os povos. Como estudamos, as cidades medievais estavam
ligadas ao comércio e à manufatura e eram cer-
10. E cadas por muralhas fora das quais se encontrava
O processo das Cruzadas resultaria na reabertura um largo espaço rural.
de rotas comerciais via Mediterrâneo.

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XVIII

Estudo para o Enem nicas e tecnológicas e seu impacto nos proces-


sos de produção, no desenvolvimento do conhe-
HISTÓRIA 1

18. D
cimento e na vida social.
Como se pode observar, são pontos de vista de
dois lados do conflito, assim como se pode notar Habilidade: Reconhecer as transformações
da violência contra mulheres e crianças. Por outro técnicas e tecnológicas que determinam as vá-
lado, sabe-se que os conflitos não estavam ba- rias formas de uso e apropriação dos espaços
seados em tolerância cultural e religiosa.
Material do Professor

rural e urbano.

Competência: Compreender os elementos cultu- 20. B


rais que constituem as identidades. Retomando o estudo das Cruzadas e com
base no trecho citado, podemos compreender a
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-

O
expansão marítima portuguesa dos séculos XV e
graficamente fontes documentais acerca de as-

BO O
XVI, situando a expansão cristã nesse contexto.
pectos da cultura.

SC
Não se pode dizer que o empreendimento era

M IV
19. A exclusivamente religioso, militar ou comercial.
A questão se refere ao renascimento comercial e Competência: Compreender as transformações

O S
urbano, portanto, a mudança dos usos das mura- dos espaços geográficos como produto das rela-

D LU
lhas estaria ligada ao crescimento das atividades ções socioeconômicas e culturais de poder.
comerciais e urbanas, uma vez que seriam luga-
Habilidade: Comparar o significado histórico-
res de passagem, assim como de trocas.
-geográfico das organizações políticas e socioe-

O C
Competência: Entender as transformações téc- conômicas em escala local, regional ou mundial.
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XIX

8 HUMANISMO, RENASCIMENTO CULTURAL E RENASCENTISTAS E SUAS OBRAS

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo dizia que a Terra era o centro do universo, teoria
Abordamos o Renascimento sob dois aspectos: defendida pela Igreja.
rupturas e continuidades. Demonstre que o movimen-
10. D
to renascentista foi uma conjuntura de fatos e, como
tal, teve longa duração – entre os séculos XIV e XVII – Como vimos, o Humanismo trouxe transforma-

Material do Professor
e afetou todas as áreas do conhecimento. Supere a ções na relação entre fé e razão, substituindo o
visão estanque de que foi um mero movimento artís- teocentrismo pelo antropocentrismo, e interes-
tico. Ao mesmo tempo que resgatou valores huma- sou-se pelo saber científico e pelo empirismo.
nísticos da Antiguidade clássica, criou outra visão de
11. E
mundo. Demonstre que tal cultura não estava morta,

O
e sim preservada na Igreja, no mundo bizantino e na Todas as afirmativas apresentam informações

BO O
cultura árabe. Trabalhe o termo "Renascimento", que corretas sobre seu contexto, como a importân-

SC
não significa o renascer de algo morto, mas o revigo- cia da imprensa na difusão do texto escrito, bem

M IV
rar de “valores adormecidos”. como dos objetivos das principais obras do perío-
Os principais nomes do Renascimento, dividindos do, como Dom Quixote e Os lusíadas.

O S
por áreas, fazendo uma pequena biogra a e relacionan-
12. E
do suas principais obras. Ressalte a importância históri-

D LU
ca desses intelectuais e suas obras, opondo sempre as A citação demonstra uma valorização do ser hu-
duas visões entre as características de ruptura e conti- mano como ser racional e dotado de ação para
nuidade com a cultura medieval. investigação do universo, que seria a noção do

O C
antropocentrismo.
N X
Para ir além
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de:
13. C
Como estudado no módulo, o retorno à Antigui-
SI E
• BAXANDALL, M. O olhar renascente: pintura e dade clássica foi um dos focos do movimento re-
experiência social na Itália da Renascença. Rio de nascentista.
O

Janeiro: Paz e Terra, 1991.


14. C
EN S

• BURKE, P. O Renascimento. Lisboa: Texto & O antropocentrismo, ou seja, o ser humano no


Grafia, 2008. centro, incorporava o ideal da investigação cientí-
E U

• CARUSO, F. Arte, física e geometria no Renasci- fica que deveria ser empenhado para o conheci-
mento. Ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Cen- mento do universo.
D E

tro Brasileiro de Pesquisas Físicas, 2010. 15. E


A LD

Como estudado no módulo, o humanismo está


Exercícios propostos na base das ideias do movimento renascentista.
7. A 16. C
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De acordo com as ideias renascentistas, o universo As obras de Alighieri e Cervantes foram marcos
e o mundo natural devem seguir uma ordenação, das línguas de seus respectivos territórios de origem.
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que pode – e deve – ser investigada pelo racionalis-


mo humano, por meio da matemática, por exemplo. 17. D
Erasmo de Roterdã foi um humanista, cujas ca-
8. D racterísticas estão presentes em sua obra. Da
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O período renascentista apresentou um pensa- mesma forma, sua obra valoriza a figura humana,
mento humanista, não separado de crenças reli- apresentando um perfil antropocêntrico.
giosas, mas centrado na ideia de ação e produção
M

humana. Esse pensamento engloba o racionalis- Estudo para o Enem


mo, na investigação científica, e o antropocentris-
18. B
mo, ou seja, o ser humano como centro. Essas
investigações científicas levaram a diversas teo- Uma das características do movimento renascen-
rias, como o heliocentrismo, que dizia que o sol tista foi a aplicação de investigação científica para
estava no centro do Sistema Solar. áreas do conhecimento como a arte, aproximan-
do assim a matemática, a geometria e o estudo
9. D das perspectivas à produção artística.
Como estudamos, o modelo planetário heliocên-
trico defendia que o Sol era o centro do universo, Competência: Compreender os elementos cultu-
diferentemente da visão corrente na época, que rais que constituem as identidades.

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XX

Habilidade: Comparar pontos de vista expressos Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
em diferentes fontes sobre determinado aspecto graficamente fontes documentais acerca de as-
HISTÓRIA 1

da cultura. pectos da cultura.

19. D 20. C
Nicolau Maquiavel pode ser inserido entre os pen- Como um humanista, Leonardo Da Vinci dedicou-se à
sadores que refletiram sobre a natureza humana. investigação do mundo ao seu redor, fazendo pesquisas
Em O príncipe, o autor orienta como um líder mo- científicas nos mais diversos ramos do conhecimento.
Material do Professor

nárquico deve agir, pensando que a ação humana é Competência: Compreender os elementos cultu-
sempre dotada de interesses e egoísmo. rais que constituem as identidades.
Habilidade: Identificar as manifestações ou repre-
Competência: Compreender os elementos cultu-
rais que constituem as identidades. sentações da diversidade do patrimônio cultural e
artístico em diferentes sociedades.

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XXI

9 ORIGENS MEDIEVAIS DO ESTADO MODERNO E A VOLTA DOS REIS

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 10. C
Ressalte os motivos que levaram ao fim do sistema No final do módulo anterior, estudamos o proces-
feudal e à consolidação dos Estados nacionais. Algu- so de decadência da Idade Média, com mortes
mas estruturas (de relações, de trabalho e de pensa- pela peste e pela fome, guerras, Cruzadas e o
mento) vigentes no sistema feudal foram incorporadas início dos diversos renascimentos. Esta questão

Material do Professor
à nova organização política. Ao abordar a unificação de trabalha esse momento e o relaciona ao processo
cada um dos estados analisados no módulo, destaque de centralização e concentração do poder e à for-
a importância desse processo para os desdobramentos mação gradual do absolutismo.
seguintes do período moderno.
Ao mostrar os processos de volta dos reis, comple- 11. E

O
tando o tema que começou a ser trabalhado no módulo A crise do feudalismo e a consolidação do poder

BO O
anterior, ressalte a importância dos intelectuais nesse centralizado nas mãos do rei foram resultado de

SC
contexto, os quais surgem com o renascimento urbano um longo processo, do qual fazem parte a peste

M IV
e com a disseminação de universidades pela Europa no negra e a Guerra dos Cem Anos.
fim da Idade Média.

O S
12. B

D LU
Para ir além As cidades citadas são alguns dos principais
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: exemplos do que foi o renascimento comercial
• DUBY, G. Idade Média, Idade dos Homens: do e urbano na Europa do início da Idade Moderna.

O C
amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Esse processo está intimamente ligado às Cru-
Letras, 2001. zadas e, não por acaso, dali saem os principais
N X
• LE GOFF, J. O apogeu da cidade medieval. São Pau-
mecenas dos artistas renascentistas.
SI E
lo: Martins Fontes, 1992. 13. A
• ELIAS, N. O processo civilizador. Rio de Janeiro: O mercantilismo foi a base de sustentação dos
O

Jorge Zahar, 1995. v. 1. Estados Nacionais na Europa desse momento


• OLIVIERI, A. C. O Renascimento. São Paulo: Áti- histórico de que falamos. Os Estados espanhol,
EN S

ca, 2007. português, francês e o holandês, especialmen-


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te, tinham de lidar com a burguesia, que então


Exercícios propostos ganhava força.
D E

7. C 14. A
Como foi visto no módulo, tanto em um caso
A LD

A questão resume o que foi estudado a respeito


como em outro houve uma desconstrução das di- dos teóricos do absolutismo. Utilize a resposta
nâmicas de poder feudais e um processo de cen- correta como um guia para entender a importân-
tralização política gradual. Não é correto falar em cia de cada um deles: a subordinação do indiví-
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retardamento da formação do Estado moderno, duo ao Estado, para Maquiavel; o caráter divino
dependência em relação aos senhores feudais, do rei, para Bossuet e Jean Bodin; e o contrato
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diminuição do poder real ou enfraquecimento da teorizado, para Hobbes.


burguesia, pois houve foi justamente o contrário.
15. C
8. D É incorreto falar em apoio dos papas ou aliança
SI AT

Este é um ponto essencial dos processos estu- com a Igreja, relacionar a burguesia a apoio aos
dados. Antes, durante a Idade Média, o poder era princípios do feudalismo, ou mesmo falar em
descentralização administrativa. Por outro lado,
M

descentralizado e, com isso, a Igreja tinha grande


protagonismo. Com o fortalecimento do rei e a é correto dizer que os absolutistas dominaram a
centralização de funções e poderes, toma forma Europa moderna, reduziram o poder da Igreja (e
um poder tão grande quanto o da Igreja. do papa) e lideraram a transição econômica para
o capitalismo mercantil.
9. D
Todas as alternativas fazem referência a fatos e 16. D
processos que realmente ocorreram. Porém, o A questão trabalha as turbulências no processo
que se pergunta é sobre o Cisma do Ocidente. de consolidação do absolutismo, mostrando que
Neste caso, trata-se do confronto da França com não foi um processo linear e inevitável. As guerras
a Igreja romana, que levou o Ocidente a ter, por de religião na França expuseram um confronto
um período, dois papas. entre a nobreza católica e os Bourbons.

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XXII

17. D sociedade política e submetem-se a um senhor,


a um soberano”, pode-se concluir que a proposta
HISTÓRIA 1

Portugal não tinha interesse na região de Flan-


dres; não houve alargamento territorial com polí- de organização da sociedade apresentada no texto
tica agrária, mas sim conquistas territoriais; não encontra-se fundamentada na abdicação dos inte-
houve apoio de qualquer potência e a organização resses individuais e na legitimidade do governo.
da expedição de Vasco da Gama foi feita muito
Competência: Compreender a produção e o papel
depois, quase um século mais tarde.
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Material do Professor

nômicas, associando-as aos diferentes grupos,


Estudo para o Enem conflitos e movimentos sociais.
18. B
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
O enunciado já pede uma resposta relacionada às presentes em textos analíticos e interpretativos,

O
artes. Portanto, a resposta correta já fica mais fácil. sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-

BO O
Fé e misticismo seriam características medievais; gráfica acerca das instituições sociais, políticas e

SC
cultura e comércio guardam certa relação, se pen- econômicas.

M IV
sarmos nos mecenas, mas não seria correto esta-
belecer essa associação, considerando o enuncia- 20. A

O S
do. O mesmo vale para as outras duas alternativas. Hobbes é o teórico dos contratos e, como vimos,
O que houve nesse momento foi a relação entre o

D LU
a base filosófica disso trata do conflito, da des-
desenvolvimento da ciência (ainda não exatamen- confiança e da busca por interesses próprios dos
te como ciência, mas vale o termo) e as artes. seres humanos de forma geral.

O C
Competência: Compreender os elementos cultu- Competência: Compreender a produção e o papel
rais que constituem as identidades.
N X histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
SI E
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo- conflitos e movimentos sociais.
graficamente fontes documentais acerca de as-
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
O

pectos da cultura.
presentes em textos analíticos e interpretativos,
19. B
EN S

sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-


Com a análise do trecho, especialmente a pas- gráfica acerca das instituições sociais, políticas
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sagem “os homens naturais constituem-se em e econômicas.


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XXIII

10 REFORMA PROTESTANTE E CONTRARREFORMA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 9. C
Por meio do estudo da Reforma Protestante e das As alternativas erradas dão a Lutero uma roupa-
religiões que surgiram nesse período, é possível fa- gem de líder político e social ou simplesmente
zer uma análise da influência das doutrinas religiosas incorrem em equívocos, como a preservação de
na vida social e econômica da sociedade. Lembre-se certos sacramentos. Apesar de a Reforma ter tido

Material do Professor
de que as questões de testes avaliativos relativas às desdobramentos além da religião, Lutero foi, so-
reformas, por vezes, fazem relações com o conteúdo bretudo, um líder religioso, que traduziu a Bíblia
da formação dos Estados nacionais, principalmente e defendeu suas teses.
no que diz respeito aos Países Baixos e à Inglaterra.
A respeito da Contrarreforma, é importante de- 10. D

O
monstrar como há um jogo de poder por trás dos Anabatistas e puritanos foram protestantes dissi-

BO O
processos estudados. As monarquias católicas – Por- dentes, que romperam tanto com a Igreja Católica

SC
como com as outras igrejas protestantes, não se

M IV
tugal e Espanha –, então os mais poderosos Estados
europeus, apoiaram esse processo, que teve como assemelhando da forma como foi proposta na
epicentro a Península Itálica. Nela estava a cidade afirmativa IV.

O S
de Roma, onde cava a sede do catolicismo e onde

D LU
foi fundada a Companhia de Jesus; e Trento, onde 11. V, F, V, V, F
foi realizado o concílio reformista. O poder religioso, A segunda afirmativa é falsa porque os protes-
mesmo não sendo tão extenso e indiscutível como tantes combatiam as indulgências, não as defen-

O C
fora na Idade Média, ainda era signi cativo e impor- diam; a última é falsa porque não houve tal caráter
tante. Para a Igreja Católica, era importante retomar unificador no movimento reformista.
N X
seu protagonismo e conter os protestantes. Para os
monarcas, interessava que a Igreja da qual faziam 12. B
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parte continuasse poderosa. A questão resume bem as relações de causa e
consequência envolvidas na Reforma religiosa. A
O

Para ir além Igreja Católica, até então única na Europa Central


e Ocidental, teve sua unidade rompida e passou
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Indicamos o fi lme O nome da rosa (EUA, 1986.


Direção de Jean-Jacques Annaud), baseado no livro a ter concorrência, as práticas capitalistas foram
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homônimo de Umberto Eco, que trabalha questões da aceitas em uma nova moral cristã, especialmente
política interna da Igreja Católica e acompanha a ação no calvinismo, e as monarquias absolutistas se
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de um tribunal da Inquisição. fortaleceram na medida em que o papa perdeu


Sugerimos também a leitura e discussão de tó- força.
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picos de: 13. B


• FEBVRE, L. Martin Lutero: um destino. México: Atenção para o que se pede: a questão solicita
Fondo de Cultura Económica, 1966. um destaque da Reforma e outro da Contrarre-
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forma. Separados por ponto e vírgula e na ordem.


• DAVIDSON, N. S. A Contrarreforma. São Paulo:
Portanto, as questões erradas misturam fatos de
Martins Fontes, 1991
ST ER

um processo e de outro, e por mais que estejam


corretos podem estar relacionados ao processo
Exercícios propostos errado. Como vimos, a Reforma acaba com o ce-
SI AT

7. E libato clerical e essa informação é suficiente para


responder à questão por eliminação.
Não é correto dizer que a Reforma Protestante
causou uma flexibilização dos costumes e valores 14. 6 (02 + 04).
M

morais. O que houve, de fato, foi a livre interpre- A primeira afirmativa está errada, pois o Concílio
tação da Bíblia, sem intermédio da Igreja. de Trento não eliminou o índice de livros proibi-
dos. E, a última, porque a Companhia de Jesus
8. E
nada tinha a ver com diálogo, e sim com o com-
Quando Weber fala da “ética protestante” para bate aos protestantes e com a expansão da fé
explicar o surgimento do capitalismo, ele está se católica.
referindo, principalmente ao calvinismo. Com a
ideia de predestinação, ser rico significa ter sido 15. E
predestinado por Deus a ter sucesso e prospe- Questão mais simples, que cobra apenas que os
ridade. Por isso, o desenvolvimento comercial e alunos reconheçam as principais características
financeiro passou a ser guiado pela religião. da Contrarreforma. Por estar apresentada em um

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XXIV

módulo com este tema, a resposta fica mais fácil. sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
Em uma prova, a afirmativa I deveria eliminar to- gráfica acerca das instituições sociais, políticas
HISTÓRIA 1

das as alternativas que apresentam protestantes, e econômicas.


e isso seria suficiente para chegar à resposta.
19. C
16. 10 (02 + 08).
As alternativas erradas relacionam fatos e processos
Questão mais específica, mas que trata de um da Reforma e da Contrarreforma de forma equivocada.
Material do Professor

assunto deste módulo: os jesuítas. A primeira A Coroa portuguesa era católica e não rompeu com
afirmativa está errada porque este não era um o catolicismo. A Contrarreforma não atuou na conci-
objetivo, apenas, talvez, uma consequência. A 04
liação de nenhuma religião protestante, pois atuava
está errada porque as missões jesuíticas ficavam
contra todas elas. Não houve oposição entre a Com-
no atual Rio Grande do Sul, em uma tentativa de
panhia de Jesus e a Contrarreforma, pois a primeira

O
expandir os domínios portugueses. A 16 está erra-

BO O
fez parte da segunda. E a Reforma Protestante, na
da porque houve missões jesuíticas em diversos

SC
pontos do território da colônia. verdade, combateu a venda de relíquias.

M IV
Competência: Compreender a produção e o papel
17. E
histórico das instituições sociais, políticas e eco-

O S
Questão sobre o Concílio de Trento que, na verda-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
de, cobra que o aluno conheça o contexto dessa

D LU
conflitos e movimentos sociais.
reunião eclesiástica. Todas as afirmativas estão
corretas e podem ser utilizadas como um resumo Habilidade: Identificar registros de práticas de
desse processo. grupos sociais no tempo e no espaço.

O C
N X
Estudo para o Enem 20. B
Ao contestar a autoridade do papa e da Igreja Cató-
SI E
18. E lica, Lutero deu ao homem maior responsabilidade
Galileu era não só um sujeito capaz da mais con- na tomada de decisões acerca de seu destino (livre
O

vincente retórica, como também um sujeito capaz interpretação da Bíblia, salvação apenas por meio
das afirmações mais difíceis. Perante o forte dis- da fé), reforçando o individualismo característico
EN S

curso religioso – forte, porém inapropriado para do movimento renescentista. No que diz respeito
a ciência –, Galileu cumpriu a delicada tarefa de
E U

ao Estado, Lutero recebeu aopoio de muitos prín-


afirmar uma ciência nova baseada puramente na
cipes do Sacro Império, que desejavam se livrar
matemática, distante da fé e de qualquer autori-
D E

da influência da Igreja Católica.


dade que não fosse a experiência.
A LD

Competência: Compreender a produção e o papel


Competência: Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e eco-
histórico das instituições sociais, políticas e eco- nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
EM IA

conflitos e movimentos sociais.


Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
ST ER

Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,


presentes em textos analíticos e interpretativos, ao longo da História.
SI AT
M

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XXV

11 TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO E ABSOLUTISMO

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 9. D
Este módulo inicia a abordagem do tema das Gran- A Revolução de Avis e a Guerra de Reconquista
des Navegações, pois a expansão marítima e o mer- foram momentos importantes e decisivos para a
cantilismo andam juntos. A transição do feudalismo formação do Estado moderno português.
para o capitalismo acontece, principalmente, graças
Com a análise dos mapas, um anterior às navega-

Material do Professor
ao renascimento comercial. Em pouco tempo, Cons-
ções e outro posterior, é notável o quanto o co-
tantinopla foi tomada e era necessário descobrir rotas
nhecimento do planeta foi sofisticado e ampliado.
pelo mar para continuar fazendo negócios. Os Estados
modernos, centralizados com o apoio da burguesia,
10. B
muito interessada nesse projeto, agem como fiado-

O
res e propagadores do mercantilismo. Nesse mesmo No caso norte-americano, a religião puritana teve

BO O
contexto, a busca por metais precisos nas colônias do um papel fundamental na formação de uma nova

SC
Novo Mundo é parte essencial do processo. sociedade. Parte dos colonos que migraram para

M IV
Ao trabalhar com o regime absolutista, procure fazer a América do Norte professava a fé protestante
paralelos com formas de governo vigentes nos dias de e tinha uma mentalidade de predestinação divina

O S
hoje, para que o tema não fique muito abstrato para para colonizar aquela terra.

D LU
os alunos.
11. C
Para ir além As guerras civis religiosas abalaram a França
no início do processo de consolidação do poder

O C
Pensando em possíveis provas de vestibular, é in-
teressante que os alunos montem quadros com as absolutista. Essa situação foi apaziguada com o
N X
características políticas e produtivas (ou econômicas)
de três sistemas: feudalismo, capitalismo mercantil e
Edito de Nantes, de Henrique IV.
SI E
capitalismo industrial. Outra proposta pode ser explicar 12. E
o chamado “padrão ouro”, no qual o lastro da economia Por eliminação: não é correto falar em liberdades
O

mundial era baseado nas reservas de ouro de um país. individuais como características do período abso-
Esse padrão esteve ativo até a Conferência de Bretton lutista; a Revolução Francesa não foi a primeira
EN S

Woods, em julho de 1944, que o substituiu pelo dólar. revolução burguesa contra o absolutismo (houve,
E U

Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: antes, a Revolução Inglesa); não podemos sepa-
• RODNEY, H. (Org.). A transição do feudalismo para rar os conflitos religiosos e o poder absolutista; e
os iluministas foram os teóricos que contestaram
D E

o capitalismo. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.


o absolutismo.
• ANDERSON, P. Linhagens do Estado absolutista.
A LD

São Paulo: Brasiliense, 1985.


13. C
• ARIÉS, P.; DUBY, G. História da vida privada. São
Entre os elementos que caracterizavam o mercan-
Paulo: Companhia das Letras, 1994. v. 3.
tilismo está o protecionismo: tributar produtos im-
EM IA

portados e subsidiar produtos nacionais. Para isso,


Exercícios propostos era importante um Estado forte e centralizador.
ST ER

7. B
14. B
Como vimos neste módulo, há uma relação es-
treita entre a centralização do poder monárquico, Todas as afirmativas estão corretas, só é equi-
SI AT

a capacidade de planejar, financiar e apoiar as vocado dizer que o despovoamento das cidades
Grandes Navegações e as descobertas e coloni- europeias se deu por conta de uma suposta mi-
zações de cunho mercantilista. Isso fica claro na gração para as colônias, o que não aconteceu.
M

alternativa correta.
15. C
8. D Não é correto associar o absolutismo com um
A alternativa correta resume bem o contexto polí- teórico religioso como Tomás de Aquino nem re-
tico e institucional por trás do mercantilismo e do lacionar o mercantilismo como justificativa para
qual esse sistema econômico fez parte: a centra- o enriquecimento da Igreja. Do mesmo modo, é
lização e a concentração do poder, a capacidade equivocado afirmar que havia qualquer limitação
de encarar a empreitada, cara, trabalhosa e de ao poder dos príncipes ou que existia uma política
longo prazo, que foram as Grandes Navegações, econômica não intervencionista. Por outro lado, é
e o consequente desenvolvimento de atividades correto falar que o Estado absolutista interferia na
mercantis e acumulação de metais preciosos. vida econômica.

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XXVI

16. A graficamente fontes documentais acerca de as-


pectos da cultura.
HISTÓRIA 1

Como foi visto neste módulo, o Estado absolutis-


ta teve sua importância na história da Europa e
19. C
do mundo, mas, especialmente no caso francês,
também foi responsável pela ruína da nação. As A questão trabalha os estamentos dos Estados
longas guerras, sobretudo contra a Inglaterra, e absolutistas. Como vemos, a Igreja mantém es-
a luxuosa e suntuosa Corte geravam gastos vul- paço importante na sociedade, apesar de perder
Material do Professor

tosos que esvaziaram os cofres. poder. O importante é notar, também, que o cha-
mado terceiro estado era o mais heterogêneo:
17. D tinha músicos, camponeses e ricos burgueses.
A frase que abre este módulo – e que provavel- Competência: Compreender a produção e o papel
mente nunca foi dita – é o objeto desta questão, histórico das instituições sociais, políticas e eco-

O
que busca analisar seu simbolismo. Esse é o sim-

BO O
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
bolismo do Rei Sol: não havia limites ao poder do

SC
conflitos e movimentos sociais.

M IV
rei, tudo e todos, portanto, deveriam orbitá-lo. O
Estado é o rei e o rei é o Estado. Habilidade: Identificar registros de práticas de
grupos sociais no tempo e no espaço.

O S
Estudo para o Enem

D LU
20. A
18. A O Palácio de Versalhes, como vimos, é um dos
mais luxuosos entre tantos outros palácios eu-
Como visto na questão anterior, que se voltava ao

O C
ropeus e está muito bem preservado. É um mo-
Brasil, esta questão mostra que o procedimento
numento da história francesa e, nos dias atuais,
na América espanhola foi o mesmo. Catequização
N X
dos nativos em um contexto de Contrarreforma
é visitado por milhares de turistas todos os dias.
SI E
católica, buscando ampliar a base de fiéis. Na Competência: Compreender a sociedade e a na-
perspectiva dos religiosos, estavam salvando as tureza, reconhecendo suas interações no espaço
O

almas dos povos indígenas. em diferentes contextos históricos e geográficos.


Competência: Compreender os elementos cul-
EN S

Habilidade: Identificar em fontes diversas o pro-


turais que constituem as Identidades.
cesso de ocupação dos meios físicos e as rela-
E U

Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo- ções da vida humana com a paisagem.
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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XXVII

12 EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA E AMÉRICA ESPANHOLA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo possessões coloniais e exploraram esses metais
Ao trabalhar este módulo, dois pontos são essen- com o trabalho escravo dos povos nativos. No
ciais para o aprendizado: Brasil, com mão de obra negra, de escravizados
1 – A centralização do poder, formando Estados vindos de alguns dos portos da costa africana,
modernos, foi essencial para que se pudesse fazer o a solução foi explorar a plantação latifundiária.

Material do Professor
planejamento e o investimento necessários à emprei-
tada das Grandes Navegações. Estas eram necessárias 10. A
e desejadas pela burguesia, principalmente após a to- Mais uma questão que trabalha, principalmente,
mada de Constantinopla, em 1453, que fechou a rota interpretação de texto. O trecho de “Que o mar
terrestre do Oriente até as Índias. A burguesia não tinha unisse, já não separasse” até “E viu-se a terra

O
meios para financiar e emplacar a expansão marítima, inteira, de repente” fala do protagonismo lusitano

BO O
mas os governos centralizados sim. nas Grandes Navegações. Já o trecho de “Do mar

SC
2 – Uma vez em plena realização, as Grandes Na- por nós em ti nos deu sinal” até “Cumpriu-se o

M IV
vegações integraram o mundo, reduziram viagens que Mar, e o Império se desfez/Senhor, falta cumprir-
duravam entre alguns meses e vários anos e encontra- -se Portugal!” fala da decadência de seu império

O S
ram o que, para os europeus, era o Novo Mundo. Esses colonial.

D LU
encontros, que aconteceram graças aos exploradores
que participaram dessas grandes aventuras, definiram 11. D
os rumos da história do mundo. A chave para a resolução desta questão encon-
Destaque o fato de que algumas das estruturas tra-se no trecho “em gêneros ou prestação de

O C
administrativas existentes nessas sociedades antes trabalhos nos campos”. Como o trabalho é nas
N X
da chegada dos espanhóis foram apropriadas pelos
colonizadores e enfatize a existência de permanências
lavouras, trata-se da encomienda.
SI E
no processo das descobertas. 12. C
A afirmativa I está errada porque nas áreas de
O

Para ir além colonização espanhola não foi explorada exclu-


Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: sivamente a força de trabalho das populações
EN S

• AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. As viagens de indígenas. Houve também, em menor escala, o


E U

Américo Vespúcio. São Paulo: Atual, 2004. trabalho dos negros escravizados.

• ______. Terra à vista. São Paulo: Atual, 2005. 13. D


D E

• CARDOSO, C. F. América pré-colombiana. São Pau- Todas as afirmativas estão corretas e podem ser
A LD

lo: Brasiliense, 1981. utilizadas como informação para a resolução de


• CORTEZ, H. O fim de Montezuma. Porto Alegre: outras questões. Só é incorreto dizer que havia
L&PM, 1996 cultos monoteístas entre os incas.
EM IA

14. C
Exercícios propostos
Como vimos em outra questão, na América es-
ST ER

7. D panhola também foi empregada a mão de obra


Como vimos, o mercantilismo foi um dos elemen- de negros escravizados, porém em menor escala
tos que favoreceu o desenvolvimento das Grandes se comparada à utilização na colônia portuguesa,
SI AT

Navegações. Como não havia encontrado metais o atual Brasil.


preciosos no Brasil, o Estado português demorou a
colonizar o território. Porém, ao se sentir ameaçado 15. D
M

pelos franceses, ocupou extensas áreas e desenvol- Esta questão trabalha mais com a interpretação
veu a exploração agrícola para a produção de açúcar. dos textos do que com o conhecimento especí-
fico. O que está sendo cobrado é uma análise de
8. C semelhanças e diferenças entre povos nativos
O capitalismo mercantil proporcionou à Europa distintos: os astecas e os tupinambás. Os aste-
uma acumulação de capital que, mais tarde, fi- cas formavam uma sociedade complexa e eram
nanciaria seu capitalismo industrial. agricultores, enquanto os tupinambás estavam
organizados em uma sociedade simples e eram
9. D caçadores e coletores seminômades. Porém, a
Os espanhóis, alimentando seus desejos mer- prática do sacrifício ritual era um ponto em co-
cantilistas, encontraram prata e ouro em suas mum entre os dois povos.

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XXVIII

16. D Habilidade: Identificar os significados histórico-


-geográficos das relações de poder entre as nações.
HISTÓRIA 1

As alternativas incorretas apresentam alguns erros


pontuais. É equivocado falar em trabalho de escra-
vizados negros na Mesoamérica pré-colombiana, 19. B
bem como em sociedade igualitária ou comunal. O texto se refere à importância do milho na ali-
mentação asteca e utiliza uma linguagem mito-
17. E
lógica, que compreende elementos mágicos e
Material do Professor

O meio circulante a que se refere a alternativa sobrenaturais, como no caso da divindade Quet-
correta é o dinheiro com lastro (acúmulo de me- zalcoatl (serpente emplumada).
tais preciosos), necessário para essas economias
capitalistas que se formavam e que buscavam, Competência: Entender as transformações técni-
por princípio mercantilista, uma balança comercial cas e tecnológicas e seu impacto nos processos

O
favorável (exportando mais do que importando). de produção, no desenvolvimento do conheci-

BO O
Daí a importância crucial das colônias. mento e na vida social.

SC
M IV
Estudo para o Enem Habilidade: Identificar registros sobre o papel
das técnicas e tecnologias na organização do tra-

O S
18. B balho e/ou da vida social.

D LU
A civilização inca foi caracterizada por ter formado 20. E
um grande império teocrático na região andina
na América do Sul, por falar o idioma quéchua e Não cabe aqui falar em ditadura, igualdade social,

O C
por não ter desenvolvido uma forma de escrita. coletivização dos bens ou mobilidade social. Por ou-
Sua principal divindade era o Deus Sol (Inti) e tro lado, é correta a leitura de que entre os incas não
N X
complexo o seu sistema administrativo, cujos... havia a possibilidade de mudança de extrato social.
SI E
cujos altos funcionários e líderes locais (nobreza) Competência: Compreender os elementos cul-
eram denominados de curacas. turais que constituem as identidades.
O

Competência: Compreender as transformações Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-


EN S

dos espaços geográficos como produto das rela- graficamente fontes documentais acerca de as-
ções socioeconômicas e culturais de poder. pectos da cultura.
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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XXIX

13 ÁFRICA E ÁSIA ANTES E DEPOIS DA EXPANSÃO EUROPEIA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 11. C
A história da expansão europeia na África e na A China, por ser um império forte e milenar, já
Ásia costuma ser trabalhada junto ao conteúdo das acostumado a seguidos ataques, entre eles o dos
Grandes Navegações. No entanto, de alguns anos mongóis liderados por Gengis Khan, conseguiu
para cá, esse conteúdo tem dado abertura para o resistir ao poderio europeu e se manter como

Material do Professor
estudo de elementos culturais desses espaços, em um império independente. Porém, teve de fazer
especial dos países africanos. concessões, especialmente aos ingleses.
O módulo também buscou mostrar como as Revolu-
ções Inglesas modifiaram o cenário político inglês e dis- 12. A
cutiu seus principais pontos, personagens e eventos. Mesopotâmia e Babilônia ficam no Oriente Pró-

O
ximo, e a civilização védica fica na atual Índia.

BO O
Para ir além

SC
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: 13. A

M IV
• FAGE, J. D. História da África. Lisboa: Edições Como vimos neste módulo, os Atos de Nave-
70, 1995. gação, ao favorecer a indústria naval e os mer-

O S
cadores, contribuíram decisivamente para o
• MOKHTAR, G. (Coord.). História geral da África: a

D LU
crescimento econômico, impulsionando o mer-
África Antiga. São Paulo: Ática/Unesco, 1983. v. 2. cantilismo inglês.
• HILL, C. A Revolução Inglesa de 1640. Belo Ho-

O C
rizonte: Editorial Presença, 1985 14. D
A Inglaterra permaneceu uma monarquia, mas
N X
Exercícios propostos com a presença do Parlamento, limitando o po-
SI E
der do monarca.
7. D
Mesmo não conhecendo especificamente a histó- 15. D
O

ria dos mongóis liderados por Gengis Khan, é pos- Como vimos, o desenvolvimento do Parlamento
sível responder à questão. A banca testa a análise
EN S

foi crucial para a transformação da Inglaterra nes-


dos alunos, que podem, pela data apontada logo se período e seu fortalecimento contribuiu para
E U

no início do enunciado, descartar Julio César e acabar com o absolutismo inglês.


Dario III, ambos muito anteriores. A dinastia Song
dura de 960 a 1279, e os mongóis chegaram à 16. D
D E

China em 1207-1208. Porém, o enunciado pede Como vimos neste módulo, no período das Re-
A LD

que os alunos indiquem qual foi o primeiro impé- voluções Inglesas houve o fortalecimento do
rio a cair e, quando chegaram à China, os mongóis Parlamento.
já passavam por uma longa expansão territorial,
tendo conquistado outros povos. 17. B
EM IA

Um dos aspectos fundamentais a serem tratados


8. 4 – 1 – 5 – 2 – 3
neste módulo é o fortalecimento do Parlamento
ST ER

Para facilitar a leitura dessa divisão colonial, de- e, com isso, a contestação do governo absolu-
vemos relacionar os boxers à Guerra do Ópio; a tista inglês.
Argélia à França; o sul da África a holandeses e
SI AT

ingleses; a Etiópia (único reino cristão da África)


à Itália; e os ingleses ao Egito.
Estudo para o Enem
18. E
M

9. B
A educação é um meio difusor de cultura e uma
A alternativa correta sintetiza o discurso do coloni- ferramenta para desconstruir preconceitos e
zador. Apesar de ter interesses políticos e, princi- ideias equivocadas que são repetidas de forma
palmente, econômicos nessa nova onda de colo- automática fora dessa instituição. Daí a importân-
nização, os europeus buscaram uma justificativa cia de uma lei que traga para o ambiente escolar
moral e adotaram um discurso desenvolvimentista. conteúdos tão importantes que, normalmente,
ficavam de lado ou nem sequer eram citados.
10. D
Apesar de esse ser o discurso europeu, não houve Competência: Compreender os elementos cul-
tal difusão de tecnologia e progressos nas colônias. turais que constituem as identidades.

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XXX

Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo- 20. E


graficamente fontes documentais acerca de as-
HISTÓRIA 1

As transformações na Inglaterra, como as re-


pectos da cultura. formas protestantes ocorridas no século XVI,
foram fundamentais para o desenvolvimento
19. B
das Revoluções Inglesas um século depois.
Como estudamos neste módulo, o Parlamento Com as mudanças religiosas, há a emergência
interferiu para limitar os poderes dos reis, isto de novos grupos sociais, os quais serão atores
Material do Professor

é, contestando o Antigo Regime absolutista, em centrais no questionamento do Antigo Regime


que todas as decisões e as riquezas estão con- absolutista inglês.
centradas no monarca.
Competência: Compreender a produção e o papel Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
histórico das instituições sociais, políticas e eco- cos para compreender e valorizar os fundamentos

O
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, da cidadania e da democracia, favorecendo uma

BO O
conflitos e movimentos sociais. atuação consciente do indivíduo na sociedade.

SC
M IV
Habilidade: Analisar o papel da justiça como ins- Habilidade: Analisar a importância dos valores
tituição na organização das sociedades. éticos na estruturação política das sociedades.

O S
D LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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XXXI

14 ILUMINISMO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo ao lugar da religião. Para os antigos gregos, o
A respeito do Iluminismo, destaque que foi um homem não era agente das próprias ações. Estas
movimento filosófico e acadêmico, que contou com estavam submetidas aos desejos dos deuses. Já
as trocas e colaborações típicas do meio acadêmico. os iluministas romperam com a tradição religiosa
As ideias, revolucionárias ao seu tempo, tomaram e defenderam a autonomia do ser humano em

Material do Professor
forma e ação objetiva na independência dos Esta- relação ao plano divino.
dos Unidos, na Revolução Francesa e influenciaram
movimentos emancipacionistas no Brasil. 9. A
Destacar que os filósofos iluministas contribuí- No texto, o autor afirma que o conhecimento é
ram de maneiras diferentes e em diversas áreas do obtido, mas não é inato – o que invalida as alter-

O
conhecimento. nativas B e D. A alternativa C está incorreta, pois

BO O
o empirismo considerava o conhecimento como

SC
Desde questões morais, religiosas e políticas até
fruto da experiência, e não apenas da razão, como

M IV
as de cunho econômico ou filosófico, os ideais dos
no modelo cartesiano.
pensadores iluministas promoveram o processo de

O S
conscientização mundial.
10. D
A Revolução Industrial moldou o mundo em que

D LU
Para o Iluminismo, a razão é um instrumento
vivemos de uma forma permanente e irreversível.
que possibilita a emancipação do ser humano
Alguns autores consideram-na mais importante e o progresso da sociedade. Por meio dela, o
que as revoluções políticas (Revolução Inglesa, Revo-

O C
indivíduo pode pensar e agir por si próprio, rom-
lução Francesa e Independência dos Estados Unidos). pendo com as dominações políticas e morais que
N X
De lá para cá, o mundo deixou de ser majoritariamente
rural para ser predominantemente urbano e a ativida-
lhe são impostas. Nesse sentido, a razão é tida
como a “luz” que permite o avanço em relação ao
SI E
de agrária deixou de ser o centro da produção de valor, pensamento religioso da Idade Média, chamada
dando lugar à indústria. Essa transformação profunda pejorativamente de “Idade das Trevas”.
O

no modo de produção e na forma de vida deve ser


explorada ao longo de todo o módulo, destacando-se, 11. B
EN S

ainda, a mudança na relação com o tempo.


As revoluções burguesas do século XVIII, em
E U

consonância com o pensamento iluminista,


Para ir além romperam com o absolutismo, no qual o Estado
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de:
D E

possuía poder ilimitado e centrado na figura do


• FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. rei. Lembremos, por exemplo, da frase atribuída
A LD

São Paulo: Brasiliense, 1981. a Luís XIV, “o Estado sou eu”. Para os filósofos
iluministas e para a burguesia revolucionária, o
• GRESPAN, J. L. da S. Revolução Francesa e Ilumi-
Estado deveria basear-se nos ideais de liberdade
nismo. São Paulo: Contexto, 2003.
e igualdade e, portanto, representar os interesses
EM IA

• HOBSBAWM, E. Da Revolução Industrial inglesa ao coletivos da sociedade.


imperialismo. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
ST ER

• ______. A Era das Revoluções: 1789 -1848. 12. ed. 12. E


Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000 Conforme apresentado neste módulo, para Rous-
seau, o governo representativo era um meio de
SI AT

Exercícios propostos amenizar a desigualdade que caracterizava a ci-


vilização. Nessa lógica, assegurar a vontade da
7. A maioria seria a melhor forma de garantir as liber-
M

Pensadores como Voltaire e Rousseau não se dades individuais de cada indivíduo.


declararam ateus, assim como Diderot e Mon-
tesquieu não participaram das ações revolucio- 13. B
nárias de 1789. Os iluministas não se opuseram O bolchevismo é um fenômeno russo do século
ao capitalismo industrial e é incorreto dizer que XX; o taylorismo é uma forma de organizar o tra-
a Era das Luzes não trouxe grandes realizações balho na fábrica, não um movimento operário; o
ao pensamento econômico. ludismo foi de fato um movimento operário que
destruía as máquinas, mas não promovia o socia-
8. A afirmativa está correta. lismo; o anarcossindicalismo foi um fenômeno
O texto refere-se às diferentes concepções entre um pouco posterior que, por meio dos sindicatos,
o Iluminismo e a Grécia Antiga no que diz respeito buscava um controle operário da economia.

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XXXII

14. E Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas


obtidas no que se refere às mudanças nas legis-
HISTÓRIA 1

A afirmativa IV está errada porque o sistema des-


crito é o fordismo. lações ou nas políticas públicas.

15. C 19. C
A questão exige que os alunos compreendam Nas primeiras décadas do século XIX, desde o
que o processo do qual se fala no enunciado, a início da Revolução Industrial, os trabalhadores
Material do Professor

transição do feudalismo para o capitalismo, tem realizaram seus primeiros movimentos, como o
como centro uma mudança econômica. Isso ex- ludismo e o cartismo, e, depois, começaram a se
clui as alternativas que falam da política e, pela organizar enquanto classe.
data (século XVIII), também é excluída a Revolu-
Competência: Entender as transformações técni-
ção Agrícola.
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos

O
BO O
16. E de produção, no desenvolvimento do conheci-

SC
mento e na vida social.
A Revolução Industrial não surgiu de forma abrup-

M IV
ta e sua difusão não foi homogênea, portanto a Habilidade: Selecionar argumentos favoráveis ou
última alternativa está incorreta. contrários às modificações impostas pelas novas

O S
tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
17. B

D LU
A alternativa correta expressa as consequências 20. D
imediatas da Revolução Industrial. O trabalho foi A invenção do tear modificou a relação entre os

O C
segmentado e auxiliado por máquinas, e com esse trabalhadores e seus contratantes, que passaram
impulso o capitalismo consolidou-se na Europa. a ser seus patrões. A habilidade, por conta das
N X
Estudo para o Enem
máquinas, deixou de ser um diferencial impor-
tante. Os novos teares não exigiam treinamento
SI E
especializado e os artesãos não tinham lugar nas
18. B fábricas. O mais correto é dizer que os artesãos,
O

Segundo o texto de Montesquieu, a liberdade po- antes da industrialização, combinavam a tecela-


lítica presente na democracia está condicionada gem com o cultivo de subsistência.
EN S

à obediência das leis. O autor acreditava que se


E U

não existissem leis os cidadãos interfeririam na Competência: Entender as transformações técni-


liberdade uns dos outros. cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
de produção, no desenvolvimento do conheci-
D E

Competência: Utilizar os conhecimentos his- mento e na vida social.


tóricos para compreender e valorizar os funda-
A LD

mentos da cidadania e da democracia, favore- Habilidade: Identificar registros sobre o papel


cendo uma atuação consciente do indivíduo na das técnicas e tecnologias na organização do tra-
sociedade. balho e/ou da vida social.
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M

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XXXIII

15 REVOLUÇÃO FRANCESA E ERA NAPOLEÔNICA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo de forma equivocada, é tida apenas como uma
Tem sido recorrente o uso de fontes de época, revolução burguesa. É importante trazer à tona
como discursos de Robespierre ou produções dos ilu- a importante participação de camponeses e dos
ministas nas questões de vestibulares. Exige-se dos chamados sans-culottes e, em cada uma dessas
alunos a capacidade de interpretar fontes e relacioná- classes, das mulheres ao lado dos homens.

Material do Professor
-las a processos históricos.
O módulo buscou sistematizar o período denomi- 11. 81 (01 1 16 1 64).
nado Era Napoleônica, que engloba os diversos pro- A afirmativa 02 está errada porque não houve
cessos ocorridos na França e na Europa no governo fortalecimento dos privilégios feudais, muito pelo
de Napoleão Bonaparte. A chegada do militar ao po-

O
contrário. A 04 está errada porque nesse mo-

BO O
der teve relação direta com a Revolução Francesa e mento a pequena e média burguesia tinham mais

SC
seus desdobramentos, no qual destacam-se o papel poder, liderados por Robespierre. A afirmativa 32

M IV
da burguesia e dos ideais iluministas, como igualdade está errada porque esse fato é posterior.
e liberdade. Também discutiu-se a reorganização da

O S
Europa após a derrota de Napoleão, demonstrando os 12. D
rearranjos de fronteiras e o retorno das casa reais em A Declaração dos Direitos do Homem e do Cida-

D LU
diversos países. dão é um documento, uma fonte história essencial
para compreender de forma clara e direta a relação
Para ir além das ideias iluministas com a Revolução Francesa

O C
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de:
N X 13. C
• GRESPAN, J. L. da S. Revolução Francesa e Ilu-
Como vimos neste módulo, a adoção do Código
SI E
minismo. São Paulo: Contexto, 2003.
Civil foi umas das ações de Napoleão Bonaparte e
• BONAPARTE, N. Sobre a guerra: a arte da bata- teve inspiração nas ideias iluministas de liberdade
O

lha e estratégia. São Paulo: Civilização Brasileira, individual e igualdade.


2015.
EN S

14. C
• ENGLUND, S. Napoleão: uma biogra a política.
E U

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005 A autocoroação de Napoleão Bonaparte traz um


simbolismo de força maior e representa uma
centralização de poder em sua figura, ainda que
D E

Exercícios propostos ligado à Igreja Católica.


A LD

7. D
Esse é um ponto importante a ser lembrado: a 15. C
Revolução Francesa foi uma revolução burguesa, A Era Napoleônica contribuiu para o desenvolvi-
de fato, mas não se limitou a isso. Em virtude mento do nacionalismo, além da criação do Có-
EM IA

da crise econômica pela qual a França passava digo Civil, promovendo elementos de inspiração
naquele momento, os camponeses famintos e iluminista, como a liberdade. O desejo de desen-
ST ER

falidos se juntaram à pequena e à grande bur- volver as trocas comerciais acirrou as disputas
guesia na revolução. com a Inglaterra, culminando no Bloqueio Con-
tinental. Os ideais nacionais e iluministas tam-
SI AT

8. B bém foram disseminados na América espanhola,


Ainda sobre as importantes rupturas da Revolu- contribuindo para os movimentos de libertação.
ção Francesa, é possível citar a abertura religiosa
M

do país, apaziguando antigos conflitos que abala- 16. A


ram as monarquias absolutistas francesas. Napoleão aliou-se à burguesia com o propósito
de construir um império mais moderno e rico. A
9. E expansão territorial fez parte de sua política.
O trecho é claro ao comunicar a radicalização do
movimento, principalmente na passagem “passar 17. B
a foice por todas as cabeças”. No período napoleônico, destaca-se a importância
da burguesia para o desenvolvimento da França.
10. C É equivocado falar de disseminação de ideais do
Mais uma questão que mostra o caráter hetero- proletariado nesse período e da existência de
gêneo da Revolução Francesa, que, muitas vezes, uma aliança com Portugal.

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XXXIV

Estudo para o Enem Competência: Compreender as transformações


dos espaços geográficos como produto das rela-
HISTÓRIA 1

18. E ções socioeconômicas e culturais de poder.


Esta questão mostra como as mudanças históricas
acontecem não apenas nas estruturas, mas tam- Habilidade: Analisar a ação dos estados nacionais
bém em aspectos sociais e culturais que acompa- no que se refere à dinâmica dos fluxos populacio-
nham esses processos. A burguesia, como grande nais e no enfrentamento de problemas de ordem
vitoriosa desse processo, mesmo entre aquelas econômico-social.
Material do Professor

classes que participaram da revolução, apropriou


e transformou hábitos de outras classes. 20. C
Competência: Compreender os elementos cul- Com a política expansionista de Napoleão, o mapa
turais que constituem as identidades. da Europa alterou-se significativamente, com a

O
anexação de vários territórios ao Império Fran-

BO O
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo- cês. Após sua derrota, é formada a Santa Aliança,

SC
graficamente fontes documentais acerca de as- estabelecida no Congresso de Viena, e ocorre o

M IV
pectos da cultura. retorno das casas reais.

19. D

O S
Competência: Compreender os elementos cul-
As guerras napoleônicas alteraram as fronteiras turais que constituem as identidades.

D LU
europeias, pois diversos estados que adotavam
o modelo do Antigo Regime foram destituídos de Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
sua legitimidade e anexados a partes administrati- graficamente fontes documentais acerca de as-

O C
vas do Império Francês comandado por Napoleão. pectos da cultura.
N X
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XXXV

16 INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS E INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA

HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo 10. A
O módulo abordou as transformações ocorridas Com o auxílio de nações europeias adversárias
nos Estados Unidos em relação direta com o con- da Inglaterra, os Estados Unidos conseguiram
texto europeu e, sobretudo, com a Inglaterra. Tratou sua independência, adotando o modelo republi-
da organização das primeiras colônias que se esta- cano e federalista e com sistema presidencialista

Material do Professor
beleceram na região e sua relação com os aspectos baseando-se nas ideias iluministas.
econômicos e religiosos. O desenvolvimento das co-
lônias em solo americano deu origem a conflitos com 11. A
a metrópole, a Inglaterra, em virtude da cobrança de A Lei do Selo foi uma das tentativas inglesas de
impostos e das taxas comerciais, levando grupos taxar os produtos que entravam os saíam dos

O
locais a se organizarem em prol da independência. portos de suas colônias. Uma vez revogada, a

BO O
O módulo abordou as transformações ocorridas busca por maior arrecadação por parte dos in-

SC
M IV
no continente americano, com enfoque nas Américas gleses frustrou-se.
Central e do Sul e na América Latina, que no período
encontravam-se sob o domínio colonial espanhol. Ao 12. B

O S
tratar de alguns modos de organização da colônia, Ainda que a Independência dos Estados Unidos

D LU
evidencia-se o desenvolvimento de um grupo social tenha sido a primeira movimentação baseada nos
novo, os criollos, filhos de chapetones, que passaram ideais iluministas, foi a Revolução Francesa que
a questionar a condição de explorados. tornou os ideais de liberdade, igualdade e frater-

O C
nidade mundialmente conhecidos.
Para ir além
N X
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: 13. A
SI E
• KARNAL, L. História dos Estados Unidos. São Os movimentos pela independência no México
Paulo: Contexto, 2007. caracterizaram-se por serem iniciados por forças
populares, mas terminaram por meio de articula-
O

• RAPHAEL, R. Os mitos da fundação dos Estados


Unidos. São Paulo: Civilização Brasileira, 2006. ções da elite local, as quais determinaram a inde-
EN S

pendência do país de acordo com seus interesses.


• PRADO, M. L. A formação das nações latino-ame-
ricanas. São Paulo: Ed. da Unicamp, 1987.
E U

14. B
• ___________. América Latina no século XIX. São
A questão apresenta fatores que influenciaram a in-
Paulo: Edusp, 2004
D E

dependência da América espanhola em mais de uma


alternativa. Porém, só a opção B apresenta exclusi-
A LD

Exercícios propostos vamente fatores que de fato atuaram como causas


7. A nesse contexto. A luta contra as desigualdades de ori-
gem, em tempos pós-Revolução Francesa, e o enfra-
A disputa entre a França e a Inglaterra ocorreu di-
EM IA

quecimento da Espanha pós-Napoleão, são centrais.


versas vezes ao longo da História, como na Guer-
ra dos Sete Anos, entre 1756 e 1763, por disputas
15. A
ST ER

de territórios da América, da qual a Inglaterra saiu


vitoriosa. A Guerra de Independência contribuiu Podemos relacionar o caudilhismo aos projetos
para o acirramento das disputas já existentes, federalistas, os quais buscavam o poder regional
uma vez que a França apoiou as colônias. e localizado, ideia que acompanhou a formação
SI AT

dos Estados nacionais da América espanhola.


8. A
Entre as diversas medidas de taxação, a Lei do 16. E
M

Selo foi uma tentativa inglesa de arrecadar mais As guerras napoleônicas abalaram a Europa no início
dinheiro de sua colônia, o que levou os colonos do século XIX, momento em que os ideais da Revolu-
a se revoltarem contra essas medidas. ção Francesa foram disseminados, na medida em que
Napoleão conquistava mais territórios na Europa e
9. A apoiava lideranças aliadas a ele. O caso brasileiro é um
A Revolução Americana foi o primeiro movimento dos mais emblemáticos, dado que a corte portuguesa
baseado nos ideais iluministas e inspirou uma mudou-se para o Brasil, elevando a colônia à categoria
série de outras lutas por independência e liber- de Reino Unido, dando início ao processo histórico
dade que ecoaram pela América, ainda que esti- de independência, para evitar o domínio napoleônico
vessem ligadas aos interesses de grupos sociais sobre Portugal. Mas na América Espanhola esse fato
dominantes. também teve influência. Com a metrópole dominada

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XXXVI

por um líder herdeiro da Revolução Francesa, que de- 19. B


fendia os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade,
HISTÓRIA 1

Os chapetones, espanhóis que detinham domí-


o processo de independência foi acelerado e várias nios na América espanhola, formavam o topo da
lideranças influenciadas por Napoleão apareceram, escala hierárquica, uma vez que eram nascidos na
como é o caso de Simón Bolívar. Europa e tinham prestígio e posses na América.

17. C Competência: Compreender a produção e o papel


Material do Professor

As independências da América espanhola tiveram histórico das instituições sociais, políticas e eco-
influência do Iluminismo, com ideais de liberdade nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
e igualdade, entre elas a liberdade econômica. conflitos e movimentos sociais.

Habilidade: Identificar registros de práticas de


Estudo para o Enem

O
grupos sociais no tempo e no espaço.

BO O
18. C

SC
20. A

M IV
Tendo como referência os ideais iluministas, a Ao escrever este texto, Simón Bolívar trata dos
Declaração de Independência dos Estados Unidos criollos, descendentes de espanhóis, mas nasci-
faz um questionamento sobre a questão do poder

O S
dos em terras americanas. Esse grupo foi um dos
e defende a participação do cidadão na política mais importantes na formação dos movimentos

D LU
e na vida do país. O documento é redigido com por independência na América espanhola.
base nesses preceitos.
Competência: Compreender a produção e o papel

O C
Competência: Utilizar os conhecimentos históri- histórico das instituições sociais, políticas e eco-
cos para compreender e valorizar os fundamentos nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
N X
da cidadania e da democracia, favorecendo uma conflitos e movimentos sociais.
SI E
atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
Habilidade: Relacionar cidadania e democracia sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
O

na organização das sociedades. turas em processos de disputa pelo poder.


EN S
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I

MATERIAL DO PROFESSOR

Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS

O
BO O
SC
M IV
O S
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O C
N X
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O
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HISTÓRIA 2
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II

1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO BRASIL: POVOS INDÍGENAS E EXPANSÃO


HISTÓRIA 2

MARÍTIMA PORTUGUESA

Comentários sobre o módulo serviços não tradicionais. Também é um equívoco


O trato da questão indígena exige cuidado para a considerar suas culturas primitivas.
superação de uma visão eurocêntrica de suas culturas. 11. C
Material do Professor

Culturas, porque existia nas Américas e no Brasil gran-


Com a análise do texto no enunciado, podemos
de diversidade de etnias e costumes. Reduzir toda essa
concluir que não é a condição atual do povo indí-
diversidade ao termo e conceito índio incorre no erro
gena que o faz indígena. É um absurdo dizer que
histórico da negação de suas identidades.
apenas por utilizarem serviços, roupas, equipamen-
A expansão marítima e a colonização colocaram

O
tos, ou outros objetos não tradicionais, por falarem
em confronto mundos extremamente diferentes, do

BO O
português, trabalharem nas cidades ou o que quer
qual as populações americanas pré-colombianas so-

SC
que seja, os descendentes dos povos nativos não
freram profundos reveses, embora não tenham sido

M IV
são mais indígenas. Como mostra a alternativa cor-
totalmente destruídas, pois se mantêm – em maior
reta, é a trajetória histórica e o aparato cultural em
ou menor escala – no seio das populações america-

O S
comum que constroem a identidade.
nas, principalmente da América Latina.

D LU
12. C
Para ir além De fato, em um primeiro momento a impressão
Indicamos a leitura e discussão de tópicos de: era de um paraíso na Terra, como dito na respos-

O C
• GRUPIONI, Luís D. B. Índios no Brasil. São Paulo: ta correta. Muito relacionam, inclusive, os relatos
Global, 2005.
N X sobre o novo mundo com o pensamento iluminis-
• RICARDO, Carlos Alberto. A sociodiversidade na- ta que surgia na Europa, como a Utopia, de Tho-
SI E
tiva contemporânea no Brasil. In: Povos indígenas mas More, ou mesmo o mito do bom selvagem
no Brasil. São Paulo: Instituto Socioambiental, de Rousseau.
O

1991/1995. 13. A
• CIDADE, Hernâni. Portugal histórico-cultural. Lisboa:
EN S

Vivendo um período chamado mercantilismo, os pri-


Presença, 1985. meiros Estados a se lançarem ao mar procuravam
E U

• SARAIVA, José Hermano. História concisa de Por- metais preciosos. A Espanha acabou por encontrá-
tugal. 23. ed. Sintra: Europa-América, 2005. -los. Portugal, não. Pelo menos a princípio. E jus-
D E

tamente por isso atrasou em algumas décadas a


Exercícios Propostos colonização do Brasil.
A LD

7. E
14. A
Não é correto falar em propriedade privada nesse
contexto, muito menos em classes sociais com Assim como na questão anterior, vemos a busca
por metais preciosos e novos mercados (ou no-
EM IA

excedente de produção. As outras afirmativas es-


tão corretas. vas rotas para as especiarias) como central para
as Grandes Navegações. Tratando-se das nações
ST ER

8. D Ibéricas, podemos falar também de expansão da


A única afirmativa incorreta fala em latifúndios e em fé cristã pelo mundo.
convivência pacífica com os portugueses, dois erros
SI AT

15. C
graves. As demais afirmativas estão corretas.
Os metais extraídos das Américas não iam para o
9. A Oriente, mas, sim, para as metrópoles europeias.
M

Todas as afirmações são verdadeiras, exceto a As outras afirmativas estão corretas. Analise-as
primeira. Não houve formação de sambaquis na para absorver mais informação sobre o assunto.
região amazônica.
16. C
10. C As alternativas erradas trazem fatos ou inexisten-
Não há como negar a violência sofrida historica- tes ou que fazem referência a outro período. O
mente por povos indígenas. Por outro lado, graças mais correto é falar em efervescência religiosa,
aos seus próprios esforços, esses grupos têm pois trata-se também do período da Reforma e da
conquistado mais espaço de algumas décadas Contrarreforma na cristandade europeia, e de ex-
para cá. É incorreto dizer que não existem mais pansão comercial graças às rotas para as Índias e
índios no Brasil apenas porque utilizam bens e às Grandes Navegações.

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III

17. A 19. D

HISTÓRIA 2
A formação das monarquias nacionais está rela- O autor do texto citado, Pero de Magalhães Gân-
cionada a diversos fatores, vários deles econômi- davo, demonstra a incapacidade do europeu do
cos. A burguesia emergente procurava: padroniza- século XVI de compreender as diferenças cultu-
ção de pesos e medidas (para facilitar o comércio), rais dos povos nativos.
unificação monetária (para facilitar as transações
Competência: Compreender os elementos cultu-
financeiras), proteção estatal (à propriedade pri-
rais que constituem as identidades.

Material do Professor
vada e à circulação de bens), e protecionismo
econômico (tributação de produtos estrangeiros Habilidade: Comparar pontos de vista expressos
concorrentes). em diferentes fontes sobre determinado aspecto
da cultura.
Estudo para o Enem 20. D

O
BO O
18. D Mais uma questão tratando do famoso poema de

SC
Como vemos pelo texto, apenas pela interpreta- Fernando Pessoa. Dessa vez, o que está sendo

M IV
ção do que é dito – como é comum nessa banca – cobrado é a interpretação do termo “abismo”, re-
Jaguaribe acha que é inevitável que os índios se- lacionando-o à crença dominante não na época do

O S
jam incorporados à sociedade, enquanto Terena poeta, mas na época da qual ele fala.
se preocupa com o respeito à cultura indígena.

D LU
Competência: Compreender os elementos cultu-
Competência: Compreender os elementos cultu- rais que constituem as identidades.
rais que constituem as identidades.
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-

O C
Habilidade: Analisar a produção da memória pe- graficamente fontes documentais acerca de as-
las sociedades humanas.
N X pectos da cultura.
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O
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M

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IV

2 BRASIL COLÔNIA: FORMAÇÃO TERRITORIAL E ESTRUTURA ADMINISTRATIVA


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo do território já foi estudada aqui. Como vimos,


A configuração geográfica precisa ser trabalhada não era o objetivo dos bandeirantes expandir o
com as questões socioeconômicas da época: mostre território, a não ser no caso das chamadas En-
que a serra do mar foi um impeditivo inicial, não encon- tradas – financiadas pela Coroa justamente com
esse objetivo. A alternativa correta mostra justa-
Material do Professor

trado, por exemplo, na colonização dos EUA. A cidade


de São Paulo foi a primeira fundada além da serra e mente isso.
estava desde o início em um ponto muito bem localiza- 10. E
do, central, na rede de trilhas indígenas; foi aquela que
Em um primeiro momento, é incorreto falar em
mais prosperou.
funcionários da burocracia, militares, comerciantes

O
O trato dos conteúdos deve focar a importância da
ou mesmo donatários. Em geral, eram súditos de

BO O
formação territorial brasileira e a administração colonial
qualquer outra condição, que chegavam ao território

SC
como base da organização geopolítica do Estado bra-

M IV
como degredados.
sileiro. A con guração geográ ca precisa ser trabalhada
com as questões socioeconômicas da época, embora o 11. C

O S
conteúdo sobre a economia do Brasil Colônia seja visto
Essa questão aprofunda os métodos da ocupação
apenas no próximo módulo.

D LU
no início da colonização. A navegação de cabo-
Demonstre como muitos aspectos da administra-
tagem era o principal meio de transporte lateral
ção portuguesa da época ainda permanecem vigentes
pelo litoral brasileiro, sendo substituída apenas
na nossa cultura, como as Câmaras Municipais, alguns

O C
com o advento do transporte a motor.
aspectos legais e até mesmo parte do pensamento so-
N X
ciopolítico, como o poder das elites aristocráticas em
várias regiões brasileiras.
12. A
Como vimos, o mercantilismo era a política eco-
SI E
nômica do período da colonização. Como um de
Para ir além seus principais pontos estava a exploração de
O

Indicamos a leitura e discussão de tópicos de: metais preciosos. Por isso, o Rio da Prata tinha
grande importância para os colonizadores euro-
EN S

• BETHENCOURT, Francisco; CHAUDHURI, Kirti. His-


tória da expansão portuguesa. Lisboa: Círculo dos peus, e consequentemente era alvo de disputas.
E U

Leitores, 1998. v. 3.
13. C
• BETHELL, Leslie. História da América Latina. São
Questão mais simples apenas para fixação. Como
D E

Paulo: Edusp, 2002. v. 2.


a Coroa portuguesa não tinha dinheiro nem pes-
• BETHELL, Leslie. História da América Latina. São
A LD

soas suficientes para colonizar o Brasil, o modelo


Paulo: Edusp, 2002. v. 2. adotado foi o das capitanias hereditárias.
• BOXER, Charles R. O império marítimo português.
14. B
São Paulo: Companhia das Letras, 2002
EM IA

Alguns historiadores negam e contestam a uti-


Exercícios Propostos lização do conceito de “feudais” para as capi-
ST ER

tanias hereditárias. De qualquer forma, a ideia


7. B
é compreensível e ajuda a explicar a diferença,
Faz parte da expansão portuguesa na América por exemplo, nas colonizações brasileira e norte-
(adiantando alguns assuntos do próximo módulo) -americana. A primeira aconteceu muito antes, no
SI AT

a ocupação da região sul da colônia. As missões início da Idade Moderna; nesse sistema que dava
jesuíticas e indígenas foram uma das principais poderes de vida ou morte ao donatário – como se
formas de realizar essa ocupação. fosse, nessa leitura, um senhor feudal. Enquan-
M

8 C to a colonização norte-americana aconteceu com


Essa questão trabalha a diversidade de grupos muito mais pessoas, vindas de um país que esta-
indígenas na região do atual Brasil. Posto que ti- va no início de uma Revolução Industrial, e com
nham suas próprias rivalidades, alguns se aliaram um poder muito menos concentrado.
aos portugueses, outros aos franceses, outros se
15. B
mantiveram hostis a qualquer europeu. Não hou-
ve uma unidade nessas relações. Nesse contexto, é incorreto falar em mineração,
em feitorias, missões jesuíticas ou mesmo em
9. C proibição de criação de gado no sertão (o que
O tratado de Tordesilhas será assunto do próximo nunca aconteceu). Trata-se do sistema de sesma-
módulo, porém, sua importância no alargamento rias para a fundação de engenhos de açúcar.

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V

16. B Habilidade: Identificar registros sobre o papel das


técnicas e tecnologias na organização do trabalho

HISTÓRIA 2
Mesmo tema da questão anterior: as sesmarias.
A diferença é que aqui está sendo feita uma re- e/ou da vida social.
lação com o problema atual da concentração de 19. A
terras, os grandes latifúndios – muitos deles im-
produtivos. Essa é uma herança das sesmarias e, A questão não é da banca do Enem, porém trata-se
complementando o assunto, também da Lei de de uma análise de texto como é comum que se faça
nessas provas. É uma fonte primária, o regimento

Material do Professor
Terras do século XIX, que foi feita com base na
renda, no pagamento, o que ajudou a manter a de Tomé de Sousa, de 1549, que cria o governo-ge-
concentração da propriedade da terra. ral e a primeira capital brasileira, Salvador, na Bahia
Competência: Compreender a produção e o papel
17. O regime de capitanias foi utilizado de forma pio- histórico das instituições sociais, políticas e econô-

O
neira na Ilha da Madeira. No Brasil, não deu tão micas, associando-as aos diferentes grupos, confli-

BO O
certo por vários fatores: extensão territorial muito tos e movimentos sociais.

SC
grande, descentralização administrativa e pouco

M IV
ou nenhum contato do poder da Coroa, ataques in- Habilidade: Identificar registros de práticas de
dígenas, falta de recursos dos donatários etc. Por grupos sociais no tempo e no espaço.

O S
isso, Portugal resolveu intervir no processo de colo- 20. E
nização, centralizando o comando no governo-geral.

D LU
Também se trata aqui de uma questão de análise de
texto sobre a instituição do governo-geral. Dessa vez,
Estudo para o Enem uma análise bibliográfica e não de fonte primária. Ao

O C
18. A analisar o que é dito, é possível identificar o esforço
A relação com o trabalho é uma das diferenças português em defender a costa brasileira e desenvol-
N X
mais marcantes entre nativos e colonizadores. ver a construção naval para que isso fosse possível.
SI E
A lógica por traz dele é absolutamente distinta. Competência: Compreender a produção e o papel
Não havia, para os nativos, a lógica do mercado. histórico das instituições sociais, políticas e econô-
O

Portanto, não faria sentido para eles que alguém micas, associando-as aos diferentes grupos, confli-
enfrentasse os mares para recolher o que para tos e movimentos sociais.
EN S

eles era apenas “lenha”.


Habilidade: Comparar diferentes pontos de vis-
E U

Competência: Entender as transformações técni- ta, presentes em textos analíticos e interpreta-


cas e tecnológicas e seu impacto nos processos de tivos, sobre situação ou fatos de natureza his-
produção, no desenvolvimento do conhecimento e
D E

tórico-geográfica acerca das instituições sociais,


na vida social. políticas e econômicas.
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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VI

3 ECONOMIA AÇUCAREIRA E TRÁFICO DE ESCRAVIZADOS, DOMINAÇÃO ESTRANGEIRA,


HISTÓRIA 2

SOCIEDADE E CULTURA COLONIAL

Comentários sobre o módulo pelo anacronismo, havia de fato uma tradição me-
Mostre que a produção de açúcar foi o motor da dieval ainda viva nesse modelo de colonização.
colonização em seu início e a saída encontrada pelos O senhor de engenho tinha poderes de vida e
morte, de mando e desmando, sobre todos que
Material do Professor

portugueses para corrigir o fracasso das capitanias


hereditárias, uma vez que empreendeu uma produ- estavam em suas terras.
ção lucrativa. Mostre que, assim como outros mo-
9. B
mentos brasileiros, o ciclo do açúcar teve seu auge e
sua decadência. Entre outros fatores, cabe citar que O principal produto do Brasil colonial nesse perío-
do, e para o qual todos os recursos eram desti-

O
a monocultura esgota o solo e isso reduz a qualidade

BO O
e a quantidade da produção. Além disso e justamen- nados, era o açúcar. Nele, a base do trabalho era

SC
te por isso, mostre como essa lógica de produção escrava e a escala de produção era bastante gran-

M IV
necessita de grandes extensões de terra e isso signi- de para a época. No caso da pecuária do sertão,
ficou um enorme desmatamento da Mata Atlântica. quem a empreendia eram pessoas livres e pobres,

O S
Salientar as duas bases econômicas do Brasil Co- com pouca densidade tecnológica ou de capital.
lônia – açúcar e mineração –, caracterizando as socie-

D LU
10. D
dades formadas nas respectivas regiões, diferencian-
Vemos aqui um caso diferente, não relacionado
do-as. Ambas as produções tiveram seu auge e suas
à produção de açúcar nem às minas de metais
crises. É importante demonstrar os re exos sociopolí-

O C
preciosos. O que podemos concluir é que a ocu-
ticos que elas provocaram em nível micro e macro na
pação do território brasileiro teve motivação pura-
N X
história brasileira. Micro, no sentido local e temporal;
macro nos sentidos interno da colônia, externo da Eu-
mente econômica.
SI E
ropa. É também relevante mostrar a relação das mi- 11. B
nas com o desenvolvimento de São Paulo, que, com
Novamente relaciona-se a produção açucareira ao
O

os tropeiros e as monções (que levavam mantimentos


trabalho escravo, condição sem a qual não teria
às minas pela via uvial), enriqueceu muito com as
havido este empreendimento na colônia.
EN S

vendas in acionadas na região das minas.


12. D
E U

Para ir além O ponto principal desta questão é a monocultura:


Indicamos também a leitura e discussão de tó- o avanço das plantações de cana, que desmatava
D E

picos de: a Mata Atlântica, e, ao longo do ano todo, plan-


A LD

• HOORNAERT, Eduardo. A Igreja Católica no Brasil tava-se única e exclusivamente a cana-de-açúcar.


colonial. In: BETHELL, Leslie. História da América
Latina. São Paulo: Edusp, 1999. 13. B
A ocupação holandesa ocorreu em decorrência
EM IA

• _____. História da Igreja no Brasil: primeira época. da participação no mercado mundial de açúcar;
Petrópolis: Vozes, 1979. um dos pontos que ocasionaram a expulsão dos
ST ER

holandeses foi o endividamento dos senhores de


• ARAÚJO, Emanoel (Curador). O universo mágico
engenho com a Companhia das Índias Ociden-
do barroco brasileiro. São Paulo: Sesi, 1998.
tais, empresa privada que administrava os em-
preendimentos do açúcar no Brasil holandês.
SI AT

• BAZIN, Germain. A arquitetura religiosa barroca no


Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1983
14. B
Com os empreendimentos na região das minas,
M

Exercícios Propostos
não desapareceu a produção açucareira, não hou-
7. E ve separação de Minas Gerais, nem as ordens
Todas as afirmativas descrevem corretamente a religiosas foram proibidas de ingressas ali. A co-
economia do Brasil no século XVI, período no qual brança de impostos não foi afrouxada, muito pelo
ainda tinha força a produção do açúcar, que no sé- contrário, foi intensificada.
culo seguinte perderia espaço para a mineração.
15. E
8. A Com a atividade mineradora, o centro de geração
O senhor de engenho, em uma possível leitura, de riquezas no Brasil se deslocou da região Nor-
tinha papel semelhante ao de um senhor feudal. deste para as regiões Sul e Sudeste. Também é
Apesar de essa análise ser um pouco criticada correto afirmar que o processo de desbravamento

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VII

e ocupação das terras de regiões do interior, sem o Competência: Entender as transformações téc-
qual não teriam sido descobertas as minas de me- nicas e tecnológicas e seu impacto nos proces-

HISTÓRIA 2
tais preciosos, proporcionou também outras ativi- sos de produção, no desenvolvimento do conhe-
dades econômicas, como a agricultura e a pecuária. cimento e na vida social.

16. a) A União Ibérica foi um período em que os es- Habilidade: Analisar diferentes processos de
panhóis se apossaram do trono português em de- produção ou circulação de riquezas e suas impli-
corrência da falta de um sucessor que pudesse as- cações socioespaciais.

Material do Professor
sumir o governo de Portugal. Em termos gerais, a 19. C
Espanha acreditava que o processo de unificação
Os tropeiros recebiam esse nome por conta das
pudesse ampliar as divisas dos cofres hispânicos e
tropas de animais que levavam para transportar
reforçar o papel de liderança da Espanha no proces-
alimentos, encomendas e até ouro. Foram incen-

O
so de evangelização dos nativos americanos.
tivados pela descoberta de regiões mineradoras e

BO O
b) Entre os motivos que explicam a invasão holande- a necessidade de indivíduos que levassem manti-

SC
sa ao Brasil, podemos salientar o interesse holandês mentos para a região das minas.

M IV
em explorar a economia açucareira em terras brasi-
leiras, combater o embargo comercial hispânico e a Competência: Compreender os elementos cultu-

O S
participação dos flamencos da indústria açucareira, rais que constituem as identidades.
e enfraquecer economicamente a Espanha, então Habilidade: Associar as manifestações culturais

D LU
maior opositora do recém-formado Estado holandês. do presente aos seus processos históricos.
17. C
20. C

O C
Como vimos neste módulo, Portugal tinha sua
O texto descreve algumas diferenças cultu-
economia bastante dependente da Inglaterra, o
N X rais existentes entre índigenas e europeus: "Os
que vai se desdobrar até o Tratado de Methuen,
v´veres eram-nos fornecidos pelos selvagens e
SI E
e também depois. O próprio Marquês de Pom-
constiuídos dos alimentos do país, a saber, peixes
bal tentou, sem grande sucesso, tornar Portu-
e veação diversa, constante de carne de animais
O

gal menos dependente da economia inglesa.


selvagens (pois eles, diferentemente de nós, não
criam gado), além de farinha feita de raízes [...] Pão
EN S

Estudo para o Enem


e vinho não havia".
18. A
E U

Como visto, o açúcar era raro, caríssimo e chegava Competência: Compreender as transformações
a fazer parte do testamento de herança de reis e dos espaços geográficos como produto das rela-
D E

rainhas. Com a vastidão das terras da colônia e a ções socioeconômicas e culturais de poder.
A LD

necessidade de tornar sua ocupação rentável, Por-


Habilidade: Identificar os significados histórico-
tugal optou pela produção de açúcar por causa da
-geográficos das relações de poder entre as nações.
alta lucratividade.
EM IA
ST ER
SI AT
M

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VIII

4 REVOLTAS NATIVISTAS E REBELIÕES EMANCIPACIONISTAS


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo e revoltas. O correto é dizer que nos conflitos


As revoltas coloniais devem ser estudadas em como a Guerra dos Emboabas e dos Mascates
duas perspectivas: da reação à exploração colonial não havia um caráter independentista ou eman-
(movimentos nativistas, no aspecto econômico), mas cipacionista.
Material do Professor

também da não contestação dos laços coloniais. O


8. E
pacto colonial, em seus aspectos econômicos, era
contestado, mas não a relação metrópole-colônia. Comparando duas revoltas que ocorreram em
É importante que, neste módulo, seja aproveitada a Minas Gerais, a questão mostra o limite das re-
oportunidade de romper com a ideia de passividade voltas da época. Lutavam contra as intervenções
portuguesas na região, mas apenas a Inconfidên-

O
do povo brasileiro. Ao contrário, demonstre que a prá-

BO O
tica da metrópole era sempre repressora a qualquer cia, que é posterior, chegou a ter influência dos

SC
movimento na colônia, que nunca deixou de aconte- ideais iluministas.

M IV
cer. Destaque: dentro da própria colônia havia repres-
9. F, F, F, V, V
são das elites coloniais contra as camadas populares.

O S
Mencione o massacre a populações indígenas e a Não é correto dizer que essas revoltas, seja a
luta dos escravos negros. Nesse sentido, evidencie de Vila Rica ou qualquer outra, tiveram impacto

D LU
que a maioria das revoltas na colônia não visava à em toda a colônia. Também não foi, diferente-
mudança das suas estruturas sociais. mente das inconfidências, influência iluminista.
Trabalhe o conteúdo da Inconfidência Mineira com Não é correto dizer, portanto, que fortaleceu as

O C
o objetivo de superar a visão de senso comum que ideias abolicionistas.
N X
atribui a Tiradentes um feito heroico, para situá-lo
devidamente na história do Brasil e mostrar que sua 10. E
SI E
imagem atual foi uma construção dos primeiros anos Dado o que foi estudado neste módulo, é pos-
da República – que buscava seus heróis e a legitima- sível responder a essa questão mesmo sem co-
O

ção e o apoio que não tinham no momento em que nhecer ainda os detalhes do Motim do Pitangui e
os militares tomaram o poder. Deve car claro a todos da Revolta dos Malês. Sabemos que o primeiro
EN S

os alunos, por ser importante e, por isso, muito co- movimento se trata da Guerra dos Mascates, e
brado pelos vestibulares, que: 1 – Conjuração Baiana pelas características da segunda sabemos que
E U

e Incondência Mineira tiveram caráter republicano e não se trata da Revolta de Felipe dos Santos.
emancipacionista; 2 – que a Conjuração Baiana foi po-
D E

pular e racialmente diversa, enquanto a Incon dência 11. A


Mineira foi branca e elitista; 3 – que, talvez justamen- A questão mostra como as revoltas não tiveram
A LD

te por isso, os baianos tinham como bandeira o m da resultado, uma vez que elas foram suprimidas, e
escravidão, e os mineiros, não. os mecanismos de controle foram aprimorados e
reforçados.
EM IA

Para ir além
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: 12. Eram revoltas de caráter local/regional, com in-
ST ER

teresses econômicos e objetivos claros, imedia-


• ALDEN, Dauril. O período final do Brasil Colô- tos, sem nenhuma pretensão de romper laços
nia 1750-1808. In: BETHELL, Leslie. História da com a metrópole.
América Latina. São Paulo: Edusp, 1999. v. 2.
SI AT

• FIGUEIREDO, Luciano. Rebeliões no Brasil colo- 13. F, F, F, F, F


nial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Como vimos no módulo anterior, nem a Guerra dos
Mascates nem a dos Emboabas ofereceram amea-
M

• FREIRE, Américo et al. História em curso – o Bra-


ça ao domínio português. Neste módulo, vimos
sil e suas relações com o mundo ocidental. Rio
que a Inconfidência Mineira não tinha como ban-
de Janeiro: Ed. da FGV, 2008.
deira o fim da escravidão. Também neste módulo,
• INÁCIO, Inês da Conceição; LUCA, Tânia Regina. vimos que a Conjuração Baiana foi formada por
Documentos do Brasil colonial. São Paulo: Ática, populares, não tendo sido um movimento elitista.
1993
14. D
Exercícios Propostos Se falamos de um movimento popular que além
7. A de suas bandeiras de liberdade e emancipação
As alternativas erradas citam momentos posterio- também defendia a abolição da escravatura, fala-
res ou definem de forma equivocada conjurações mos da Conjuração Baiana.

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IX

15. D Habilidade: Identificar registros de práticas de


Como vimos neste módulo, não havia no caso mi- grupos sociais no tempo e no espaço.

HISTÓRIA 2
neiro uma luta pela abolição, defesa do federalismo,
19. B
muito menos do socialismo. Na alternativa C, ve-
mos uma afirmação de que Minas Gerais foi onde A Guerra dos Mascates (1710-11) foi uma revolta
se formaram sociedades secretas, o que não cor- nativista ocorrida em Pernambuco, motivada por
responde à realidade. dívidas contraídas pelos latifundiários de Olinda

Material do Professor
em um processo de empobrecimento devido à cri-
16. E se açucareira. Recife era o local de residência dos
A Inconfidência Mineira foi influenciada pela Inde- comerciantes portugueses, pejorativamente deno-
pendência dos EUA, que foi anterior, e aconteceu minados como mascates, que souberam explorar
no mesmo ano da Revolução Francesa. Essa últi- o delicado momento financeiro da elite fundiária

O
ma, por sua vez, influenciou os conjurados baia- de Pernambuco. A autonomia política concedida

BO O
nos da Conjuração dos Alfaiates, especialmente a aos mascates pela Coroa portuguesa foi o estopim

SC
sua segunda fase, a jacobina, muito mais violenta. para a invasão dos olindenses ao pelourinho de

M IV
Recife. Os mascates foram apoiados pelo governo
17. a) Defendiam a instauração da República e a eman- português que concretizou a repressão violenta.

O S
cipação da colônia, ou seja, sua independência da Após a vitória dos comerciantes, Recife foi elevada
metrópole – apesar de não almejar uma unidade a capital da província, despertando um profundo

D LU
nacional, apenas uma liberdade local. sentimento antilusitano em Olinda. Desse modo,
de acordo com o enunciado da questão, a resposta
b) A primeira era mais elitista, com as poucas ex- correta é letra B- Guerra dos Mascates.

O C
ceções, notadamente Tiradentes, tendo sido os
mais severamente punidos. Já a segunda tinha Competência: Compreender a produção e o pa-
N X
caráter mais popular, envolvendo diversos setores pel histórico das instituições sociais, políticas e
econômicas, associando-as aos diferentes gru-
SI E
da sociedade, incluindo escravos, o que se refletiu
em suas pautas: a Inconfidência Mineira não tinha pos, conflitos e movimentos sociais.
como pauta a abolição da escravatura, a Conjura-
O

Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos


ção Baiana, sim.
sociais que contribuíram para mudanças ou ruptu-
EN S

ras em processos de disputa pelo poder.


Estudo para o Enem
E U

20. B
18. A
Nesse poema, Cecília Meireles reflete sobre o
D E

Trata-se de uma leitura de fonte primária, uma fala


homem e a linguagem e mostra que as relações
de Manuel Beckman. Como vimos neste módulo,
humanas têm seu equilíbrio vinculado ao signifi-
A LD

essa revolta se opunha aos jesuítas porque os in-


cado das palavras. Trata-se, aqui, de uma interdis-
tegrantes queriam escravizar indígenas livremente,
ciplinaridade entre Língua Portuguesa e História.
ato combatido pelos religiosos. Também buscavam
o fim da Companhia de Comércio do estado do Ma- Competência: Compreender a produção e o pa-
EM IA

ranhão, mostrando o elemento econômico que ha- pel histórico das instituições sociais, políticas e
via em comum a todas as revoltas nativistas. econômicas, associando-as aos diferentes gru-
ST ER

pos, conflitos e movimentos sociais.


Competência: Compreender a produção e o pa-
pel histórico das instituições sociais, políticas e Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
SI AT

econômicas, associando-as aos diferentes gru- sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
pos, conflitos e movimentos sociais. turas em processos de disputa pelo poder.
M

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X

5 PERÍODO JOANINO (1808-1821) E PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo Nesta questão, é importante que os alunos te-


Ao trabalhar a vinda da família real para o Brasil, nham em mente questões do período trabalhadas
discuta as mudanças sociais e culturais que ocorreram nos módulos de História Geral.
no período. Comente que a presença da Corte no Rio
10. E
Material do Professor

de Janeiro implicou em mudanças no espaço urbano


e que D. João VI foi responsável por inovações como A Revolução do Porto de 1820 não defendia o
a contratação da Missão Artística Francesa e a criação absolutismo, e sim uma monarquia limitada, com
do Jardim Botânico, do Banco do Brasil, da Casa da divisão de poderes e governo representativo.
Moeda e da Biblioteca Real, entre outras instituições.
11. C

O
No processo de independência brasileiro, o povo

BO O
esteve à parte. Nesse sentido, retome o conteúdo so- Durante séculos, as relações entre Portugal e Bra-

SC
bre as demais independências na América e as formas sil foram baseadas no pacto colonial, que obrigava

M IV
como a população participou desses movimentos. Não a colônia a comercializar exclusivamente com a
houve, no Brasil, uma guerra de independência, mas, metrópole. O pacto foi rompido quando o Brasil

O S
por outro lado, ocorreram batalhas internas para garan- passou a comercializar diretamente com outras
tir a unidade do território. nações sem o intermédio de Portugal.

D LU
12. D
Para ir além
O Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido

O C
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de:
apenas em 1815, e o período joanino foi iniciado
• JANCSÓ, I. (Org.). Independência: história e histo- em 1808, quando a Corte portuguesa transferiu-
N X
riografia. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2005. -se para a colônia.
SI E
• NOVAIS, F. A. A independência política do Brasil.
São Paulo: Hucitec, 1996. 13. D
O

• JANCSÓ, I. (Org.). Independência: história e histo- A independência do Brasil representou um acordo


riogra a. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2005. entre a monarquia portuguesa e D. Pedro, herdei-
EN S

ro dessa monarquia e encarregado de governar


• MELLO, E. C. de. A outra independência: o fede-
a ex-colônia. A alternativa C apresenta um dos
E U

ralismo pernambucano de 1817 a 1824. São Paulo:


benefícios que Portugal obteve nesse acordo.
Ed. 34, 2004
D E

14. 12 (04 + 08).


Exercícios Propostos A burguesia portuguesa não foi favorecida pela aber-
A LD

7. B tura dos portos em 1808. A Inconfidência Mineira, li-


A transferência da Corte para o Brasil representou derada por Tiradentes, ocorreu no fim do século XVIII
uma estratégia de D. João VI contra a ofensiva e não teve relação com a independência proclamada
EM IA

napoleônica. Para tanto, Portugal aliou-se à In- por D. Pedro em 1822, a qual não foi aceita por todas
glaterra. as províncias e suscitou vários conflitos internos.
ST ER

8. C 15. B
Questão que exige conhecimento aprofundado Após a independência, o novo Estado-nação
precisou ser reconhecido pelas demais nações
SI AT

dos alunos, que devem estar cientes de que a


mudança da Corte para o Brasil havia sido co- globais e erradicar os conflitos internos que se
gitada anteriormente por Portugal. As demais opuseram às transformações.
M

alternativas apresentam informações incorretas


16. C
e, nesse sentido, a questão pode ser respondida
corretamente se os alunos conhecerem aspectos A independência não modificou radicalmente as
básicos do período. estruturas de produção, uma vez que não discutiu
a questão da escravidão e continuou beneficiando
9. A afirmativa está correta. O Congresso de Viena os grandes proprietários rurais.
de 1815 representou uma reação das monarquias
europeias contra a expansão napoleônica. Foi 17. D
nesse sentido que D. João VI unificou Brasil e Por- A independência do Brasil pode ser considerada
tugal na condição de reino unido, buscando garan- uma reforma moderada na ordem social, uma vez
tir o regime monárquico tanto na metrópole como que não aboliu a escravidão e manteve os privilé-
em sua mais importante possessão colonial. gios dos grandes proprietários rurais.

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XI

Estudo para o Enem Competência: Compreender a produção e o papel


histórico das instituições sociais, políticas e eco-

HISTÓRIA 2
18. B nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
Portugal possuía um lugar secundário no cená- conflitos e movimentos sociais.
rio geopolítico europeu do período. No contexto
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
das guerras napoleônicas, aliou-se à Inglaterra
sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
para escapar da invasão francesa. Por essa razão,
turas em processos de disputa pelo poder.

Material do Professor
após a chegada da Corte ao Brasil, foram instituí-
das medidas que favoreceram a importação de
20. C
produtos industriais ingleses.
Competência: Compreender as transformações No texto, Paul Singer afirma que, com a indepen-
dos espaços geográficos como produto das rela- dência, não houve preocupação em industrializar

O
ções socioeconômicas e culturais de poder. o Brasil. O país manteve-se exportador de produ-

BO O
tos agrícolas e importador de bens de consumo
Habilidade: Identificar os significados histórico-

SC
europeus, o que o colocou em posição de atraso

M IV
-geográficos das relações de poder entre as nações.
e de dependência econômica.
19. A Competência: Entender as transformações técni-

O S
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
A Revolução Haitiana, iniciada em 1791, foi uma

D LU
de produção, no desenvolvimento do conheci-
insurgência de negros escravizados que rompeu
mento e na vida social.
com o colonialismo francês e com a escravidão.
Serviu de inspiração para movimentos insurgen- Habilidade: Identificar registros sobre o papel

O C
tes em outros locais da América, como a Conju- das técnicas e tecnologias na organização do tra-
ração Baiana de 1798, e despertou o medo das
N X balho e/ou da vida social.
elites brasileiras, que temiam que a independên-
SI E
cia acarretasse o fim da escravidão e a tomada
do poder pelos afrodescendentes.
O
EN S
E U
D E
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ST ER
SI AT
M

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XII

6 PRIMEIRO REINADO E CRISE NO PRIMEIRO REINADO


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo O novo Ministério, composto no início de 1822,


Destaque a forma como o Brasil organizou-se após foi chefiado por José Bonifácio, aliado do futuro
a independência, discutindo permanências e rupturas. imperador.
A constituição do Primeiro Reinado é comumente com-
10. C
Material do Professor

parada a outros processos de independência da Amé-


rica em razão das peculiaridades brasileiras, como a A economia do Brasil no Primeiro Reinado era ba-
manutenção da monarquia. seada na exportação de produtos agrícolas e na
O fim do Primeiro Reinado foi marcado por uma importação de produtos manufaturados e indus-
crise sucessória ao trono português e por uma crise trializados da Europa, sobretudo da Inglaterra, o
que gerava uma balança comercial desfavorável.

O
no recém-criado Estado nacional brasileiro. D. Pedro I

BO O
estava sem apoio e os principais setores da sociedade
11. 20 (04 + 16).

SC
encontravam-se insatisfeitos, o que levou o impera-

M IV
dor a abdicar e voltar para Portugal. Como D. Pedro II O café não foi o principal produto de exporta-
era menor de idade, com a abdicação a instabilidade ção brasileiro durante o Primeiro Reinado. A

O S
agravou-se e deu início às regências, um dos períodos Constituição de 1824 não foi promulgada, e sim
mais conturbados da história brasileira outorgada. O voto censitário não assegurava a

D LU
igualdade entre os homens, pois excluía grande
parte da população em virtude da renda. A Guerra
Para ir além
da Cisplatina só fez crescer a oposição a D. Pedro

O C
Em Às armas, cidadãos!, o historiador José Murilo I, uma vez que exigiu grandes gastos.
de Carvalho traça o perfil das manifestações favoráveis
N X
à independência brasileira. Na obra, o autor reúne pan-
fletos, manuscritos e cartazes que foram espalhados
12. A
SI E
A Guerra da Cisplatina opôs Brasil e Argentina em
pelas paredes e pelos postes de várias cidades brasi- uma disputa pelo controle da Província da Cispla-
leiras de 1820 a 1823, ilustrando aspectos importantes
O

tina. O conflito foi encerrado com a intermediação


do processo de independência. da Inglaterra e nenhum dos países saiu vitorioso.
EN S

Sugerimos também a leitura e discussão de tó- A região tornou-se um Estado independente, a


picos de: República Oriental do Uruguai.
E U

• COSTA, S. C. da. As quatro coroas de D. Pedro I.


Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. 13. F, V, F, V, V
D E

• HOLANDA, S. B. de. O Brasil monárquico: o pro- A questão cobra informações detalhadas a respei-
to de frei Caneca, o que não costuma ser aborda-
A LD

cesso de emancipação. 4. ed. São Paulo: Difusão


Europeia do Livro, 1976 do nos materiais didáticos. A primeira afirmativa é
falsa. O jornal O Diário Novo foi fundado em 1842,
muitos anos após a morte de frei Caneca. A ter-
Exercícios Propostos
EM IA

ceira afirmativa também é falsa, pois o periódico


7. A Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco
era dirigido por Cipriano Barata.
ST ER

Ambas as alternativas são verdadeiras e citam


os dois grupos distintos que constituíram o jogo
de forças presente no Brasil no contexto da in- 14. E
dependência em 1822: o Partido Brasileiro e o A Confederação do Equador declarou a inde-
SI AT

Partido Conservador. pendência de províncias do Nordeste brasileiro


contra as políticas de D. Pedro I, consideradas
8. B autoritárias.
M

A Inglaterra não perdeu o interesse em ser parcei-


ra comercial do Brasil durante o Primeiro Reinado. 15. C
Pelo contrário, foi o país que mais se beneficiou A abolição da escravidão não constituía uma pau-
pelas vantagens fiscais desde 1808, quando hou- ta dos opositores ao Primeiro Reinado.
ve a abertura dos portos, o que intensificou-se
após a independência. 16. B
A Confederação do Equador decretou a separa-
9. D ção de províncias do Nordeste, que formariam
A afirmativa II está incorreta, pois naquele con- uma república, e opunha-se às políticas de D.
texto o Partido Brasileiro era opositor de D. Pedro, Pedro I, tidas como excessivamente centraliza-
que tinha ao seu lado comerciantes portugueses. doras e autoritárias.

DB_SE_2019_HIST2_MP.indd 12 4/9/19 09:36


XIII

17. D Assim, o Rio de Janeiro, sede do império, era cri-


ticado por centralizar o poder em detrimento das

HISTÓRIA 2
Como já comentado, após o fechamento da Assem-
bleia Constituinte, em 1823, D. Pedro I passou a ser demais províncias.
criticado como um monarca autoritário e absolutista. Competência: Compreender a produção e o papel
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Estudo para o Enem nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
18. A conflitos e movimentos sociais.

Material do Professor
A independência é considerada o ato de fundação Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
da nação brasileira e, por isso, é celebrada em rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
festejos cívicos desde os anos imediatamente ao longo da História.
posteriores à sua proclamação. Esses festejos es-

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tão associados à construção de uma memória que 20. E

BO O
visa instituir uma identidade nacional no Brasil. O trecho citado aborda a adoção de sobrenomes

SC
indígenas por diversos brasileiros no contexto

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Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades. da independência, o que indica um forte desejo
de se distanciar da tradição legada por Portugal

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Habilidade: Analisar a produção da memória pe- e pela colonização.
las sociedades humanas.

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Competência: Compreender a produção e o papel
19. B histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
A Confederação do Equador teve como objetivo

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conflitos e movimentos sociais.
criar uma república composta por províncias do
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Nordeste, por considerar o governo de D. Pedro I au-
toritário e sem espaço para a autonomia provincial.
Habilidade: Identificar registros de práticas de
grupos sociais no tempo e no espaço.
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XIV

7 PERÍODO REGENCIAL E REVOLTAS REGENCIAIS


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo 12. C


Trabalhe o período regencial como um todo, sem Todas as mobilizações referidas pelo enunciado tive-
necessariamente explicar e abordar detalhadamente ram propósitos separatistas e de se desligar do poder
cada uma das regências, o que leva a uma memoriza- central do império, favorecendo os interesses locais.
ção pouco produtiva.
Material do Professor

O período das regências foi bastante conturbado e 13. E


o estudo das revoltas regenciais leva a explorar, prin- As revoltas regenciais inseriram-se em um con-
cipalmente, as habilidades da competência 5. texto de grave crise política e institucional que se
Trabalhe as questões que envolvem os movimentos arrastava desde o Primeiro Reinado e culminou na
sociais ocorridos nesse período e os da atualidade.

O
abdicação do imperador em 1831. Tiveram caráter

BO O
federalista, pois ambicionavam a emancipação das

SC
Para ir além províncias e mobilizaram vários setores sociais.

M IV
Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de: Por exemplo, basta pensar no aspecto altamente
elitista da Farroupilha, no Rio Grande do Sul; e no
• MATTOS, I. R. O tempo saquarema: a formação do

O S
caráter popular da Cabanagem, no Pará.
Estado imperial. São Paulo: Hucitec, 2001.

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14. A
• WERNET, A. O período regencial (1831-1840). São
A Guerra dos Farrapos foi uma das mais longas
Paulo: Global, 1982.
revoltas da história do Brasil e estendeu-se até

O C
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- 1845. Foi encerrada com um acordo com o impé-
picos de A casa das sete mulheres, de Letícia Wier- rio, representado na figura de duque de Caxias,
N X
zchowski, que conta a trajetória de Bento Gonçalves
e de seus familiares durante o processo da Revolu-
e com a anistia dos revoltosos, os quais eram
integrantes da alta elite pecuarista da região.
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ção Farroupilha.
15. A
O

Exercícios Propostos A Revolta dos Malês foi conduzida por uma po-
pulação escravizada que era originária de países
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7. C
africanos de religião muçulmana.
Os juízes de paz eram eleitos pelos cidadãos das
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províncias e tinham poder sobre o processo elei- 16. B


toral e em relação a questões que afetassem a Os escravizados e libertos que conduziram a Re-
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todos os que estivessem sob sua jurisdição. volta dos Malês eram originários de países afri-
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canos adeptos do islamismo. Uma das principais


8. B reivindicações do movimento foi acabar com a
A Regência Una de Araújo Lima foi marcada pelo imposição do catolicismo pelo império.
regresso conservador, no qual foi instituída uma lei
17. C
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de interpretação do Ato Adicional aprovado durante


o período em que os liberais controlaram o poder. A afirmativa II está errada, pois a Farroupilha en-
cerrou-se com uma mudança nas políticas tarifárias
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9. D por parte do império e com a anistia dos líderes


Conforme trabalhado na questão anterior, o Ato revoltosos. A punição foi reservada apenas para os
Adicional ampliou a autonomia das províncias, afrodescendentes que participaram do movimento
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descentralizando o poder antes exclusivo ao Rio e foram exterminados pela repressão imperial.
de Janeiro, capital do império.
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10. C Estudo para o Enem


18. E
A Guarda Nacional substituiu o Exército, pois ti-
nha seus oficiais eleitos nas próprias províncias. Era O período regencial foi marcado por intensas dis-
vinculada diretamente às elites dessas regiões, putas políticas entre os partidos que ocupavam o
que expandiram seu poder por meio do controle poder e por revoltas provinciais que reivindicavam a
dessa força armada. separação do império. Conforme descrito no enun-
ciado, também foi caracterizado pelo surgimento de
11. A afirmação está correta. Por meio da Guarda Na- uma nova realidade econômica, o café, a qual se
cional, as elites provinciais puderam exercer grande beneficiou de antigas formas de organização social
controle sobre as populações locais e conter revoltas como a escravidão.
que ameaçassem a unidade territorial do império.

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XV

Competência: Compreender a produção e o papel Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos


histórico das instituições sociais, políticas e eco- sociais que contribuíram para mudanças ou rup-

HISTÓRIA 2
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, turas em processos de disputa pelo poder.
conflitos e movimentos sociais.
20. B
Habilidade: Identificar registros de práticas de
grupos sociais no tempo e no espaço. O texto deixa claro o temor que o regente Diogo
Feijó tinha em relação às revoltas separatistas, que

Material do Professor
19. C poderiam fragmentar a unidade territorial do Brasil.
Os estancieiros gaúchos que lideraram a Farrou- Por isso o empenho em reprimi-las, chegando a
pilha revoltaram-se contra a política tributária do recorrer às potências europeias.
império que favorecia os produtos pecuários do Competência: Compreender a produção e o pa-
Uruguai e não os da província do Rio Grande do Sul. pel histórico das instituições sociais, políticas e

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econômicas, associando-as aos diferentes gru-

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Competência: Compreender a produção e o papel
pos, conflitos e movimentos sociais.

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histórico das instituições sociais, políticas e eco-

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nômicas, associando-as aos diferentes grupos, Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais,
conflitos e movimentos sociais. sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao lon-

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go da História.

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XVI

8 SEGUNDO REINADO: POLÍTICA, CULTURA E CRISE


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo F: Na segunda metade do século XIX, houve ex-


O Segundo Reinado foi um período longo e, portanto, pansão e diversificação da economia brasileira.
muito variado. Comente que, inicialmente, o reinado de D. V: O barão de Mauá, além de promover a indus-
Pedro II significou a estabilização de um país em convul- trialização, criou a primeira ferrovia do país e o
Material do Professor

são. Ressalte que, ao longo de seu governo, a medição de primeiro cabo submarino que ligava o Brasil à
forças entre a centralização e o federalismo intensificou- Europa.
-se. A divisão de forças entre conservadores e liberais
estava consolidada e esses partidos começaram a se F: Os imigrantes europeus tiveram tratamento
alternar no centro do poder, tendo o imperador D. Pedro diferenciado daquele concedido aos escraviza-
dos africanos, mas não desfrutaram de boas

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II como eixo principal. Foi um período definidor para a

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nação brasileira, tanto na política como no aspecto social, condições de trabalho ou salário. A autonomia

SC
reafirmando até nas cidades o sistema escravista e todo o dos imigrantes era relativa, pois em muitos casos

M IV
preconceito que decorre dessa naturalização da violência. eles ficavam presos aos proprietários rurais por
Exploramos vários aspectos da história no Segun- dívidas e contratos que os forçavam a trabalhar
em condições precárias.

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do Reinado, destacando a forma como os diferentes
setores da vida social se conectavam nesse período. A

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9. E
análise dos fatores que desencadearam a abolição da
escravidão e a queda da monarquia evidencia a cone- A atuação do barão de Mauá ligou-se a uma ten-
xão entre economia, política e sociedade. No aspecto tativa de industrialização e modernização tecno-

O C
cultural, no m da monarquia já tínhamos a transição lógica do Brasil. Entre seus empreendimentos,
constam a instalação da primeira ferrovia do país
N X
do romantismo para o realismo – Machado de Assis
já estava em atividade – e a música da virada do sé- e do primeiro cabo submarino intercontinental.
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culo XIX para o XX tem suas bases ainda no período
10. E
monárquico. Em termos políticos, a Proclamação da
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República explica-se pela própria monarquia. Conforme já trabalhado em questões anteriores,


na segunda metade do século XIX a economia
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Para ir além brasileira expandiu-se e diversificou-se e a ca-


feicultura foi a principal agente desse processo.
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Sugerimos a leitura e discussão de tópicos de:


• CARVALHO, J. M. de. A construção da ordem: 11. A
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a elite política imperial brasileira. Brasília: Ed. A Lei de Terras, a abolição do tráfico negreiro e a
da UnB, 1981. reforma da Guarda Nacional foram medidas apro-
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• ____________. Teatro de sombras: a política im- vadas em 1850, ou seja, no período mencionado
perial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. no texto. Todas as outras alternativas apresentam
• COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: medidas que datam de outros momentos da his-
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momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977. tória do Brasil.


• MATOS, O. N. de. Café e ferrovias: a evolução 12. D
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ferroviária de São Paulo e o desenvolvimento


Com a abolição do tráfico negreiro, o império pas-
da cultura cafeeira. São Paulo: Alfa-Ômega/
sou a substituir gradativamente a mão de obra es-
Editora Sociologia e Política, 1974.
crava pela de imigrantes europeus assalariados.
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Nesse sentido, a Lei de Terras aumentou o valor


Exercícios Propostos das terras para impedir que os imigrantes e seus
7. A descendentes conseguissem a posse das terras
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Não cabe, nesse contexto, falar em democracia, trabalhadas, o que manteve o controle territorial
declínio da aristocracia rural ou enfraquecimento brasileiro nas mãos da velha elite latifundiária.
da monarquia. A questão ficaria mesmo entre o
13. C
avanço dos conservadores ou vitória dos liberais –
as duas correntes políticas mais importantes da Com a Lei Eusébio de Queirós, o Estado brasi-
época. Neste caso, trata-se de uma vitória liberal. leiro passou a se preocupar com um projeto de
substituição da mão de obra, promovendo cam-
8. V: No Segundo Reinado, como em muitos perío- panhas de atração de imigrantes europeus para
dos anteriores, o Brasil manteve-se como um país trabalharem nas lavouras cafeeiras do país. Esse
exportador de produtos agrícolas e a base da eco- momento histórico caracterizou-se pela moder-
nomia agrária e exportadora foi o trabalho escravo. nização e diversificação da economia brasileira.

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XVII

14. E o contexto escravocrata e censitário do período,


os cidadãos referidos eram os grandes proprie-

HISTÓRIA 2
O período regencial entrou para a história do Brasil
como um momento de grave instabilidade política e tários rurais. Estes, por terem a posse sobre a
de sérios riscos para a unidade territorial, ameaçada vida de seus escravos, podiam transformá-los em
por diversas revoltas separatistas nas províncias. O “voluntários compulsórios”. Como recompensa,
Golpe da Maioridade de 1840 foi um acordo entre os escravizados que sobreviveram à Guerra do
as elites, que buscaram reforçar a centralidade ad- Paraguai obtiveram a liberdade. Dessa forma, a

Material do Professor
ministrativa e o poder do Estado. medida consistiu em um importante mecanismo
de reestruturação social no contexto de crise do
15. D império e do escravismo.
Após a formação do Estado-nação, o Brasil bus- Competência: Utilizar os conhecimentos históricos
cou construir uma identidade nacional em que a para compreender e valorizar os fundamentos da

O
natureza tropical e a herança indígena eram refor- cidadania e da democracia, favorecendo uma atua-

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çadas como contrapontos a Portugal e ao passado ção consciente do indivíduo na sociedade.

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colonial.

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Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas
16. E obtidas no que se refere às mudanças nas legisla-

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ções ou nas políticas públicas.
Os militares, sobretudo após o triunfo na Guerra

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do Paraguai, passaram a demandar cada vez mais
19. A
espaço na política e na sociedade. Dessa maneira,
opondo-se ao império, o Exército aderiu aos ideais O principal meio de propagação dos ideais abolicio-
nistas foi a imprensa.

O C
positivistas e republicanos, especialmente de ma-
triz francesa. Essa questão culminou na Proclama- Competência: Compreender a produção e o papel
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ção da República em 1889, levada a cabo pelos
militares.
histórico das instituições sociais, políticas e econô-
micas, associando-as aos diferentes grupos, confli-
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tos e movimentos sociais.
17. B
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
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A afirmativa 3 está errada porque a Guerra do Para- sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas
guai encerrou-se em 1870, não correspondendo a
EN S

em processos de disputa pelo poder.


um acontecimento no período imediatamente an-
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terior à Proclamação da República. Ademais, não 20. A


havia consenso acerca da abolição entre os milita- No texto, Machado de Assis aponta o caráter cris-
res. Já a afirmativa 4 está incorreta porque duque
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tão da memória construída acerca de Tiradentes no


de Caxias não fez parte do movimento republicano contexto de Proclamação da República e evidencia
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de crítica à monarquia. o aspecto cívico dessa figura, que tinha por objetivo
fomentar o sentimento de nacionalidade em toda
Estudo para o Enem a população.
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18. E Competência: Compreender os elementos cultu-


O artigo citado possibilitava que os cidadãos se rais que constituem as identidades.
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isentassem de servir à Guarda Nacional caso indi- Habilidade: Analisar a produção da memória pelas
cassem alguém para substituí-los. Tendo em vista sociedades humanas.
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Material do Professor HISTÓRIA 2 XVIII

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