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PRÉ-VESTIBULAR

EXTENSIVO
2
MATERIAL DO
PROFESSOR

Material exclusivo para professores


conveniados ao Sistema
História
de Ensino
CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS
Dom Bosco
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DOM BOSCO - SISTEMA DE ENSINO
PRÉ-VESTIBULAR 2
Ciências humanas e suas tecnologias.
© 2019 – Pearson Education do Brasil Ltda.

Vice-presidência de Educação Juliano Melo Costa


Gerência editorial nacional Alexandre Mattioli
Gerência de produto Silvana Afonso
Autoria Bruno Jeuken
Coordenação editorial Luiz Molina Luz, Luciano Delfini
Edição de conteúdo Cesar da Costa Jr.
Assistência editorial Ana Duarte, Raíssa Cardoso
Leitura crítica Murilo Resende, Rafael Falasco
Preparação e revisão Luiz Gustavo M. Bazana
Gerência de Design Cleber Figueira Carvalho
Coordenação de Design Diogo Mecabo
Edição de arte Débora Lima
Coordenação de pesquisa e
licenciamento Maiti Salla
Pesquisa e licenciamento Cristiane Gameiro, Heraldo Colon, Andrea Bolanho, Sandra Sebastião, Shirlei Sebastião
Ilustrações Dayane Cabral
Cartografia Allmaps
Projeto gráfico Apis design integrado
Diagramação Editorial 5
Capa Apis design integrado
Imagem de capa inoby/istock
Produtor multimídia Cristian Neil Zaramella
PCP George Baldim

Todos os direitos desta publicação reservados à


Pearson Education do Brasil Ltda.
Av. Santa Marina. 1193 - Água Branca
São Paulo, SP – CEP 05036-001
Tel. (11) 3521-3500
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APRESENTAÇÃO

Um bom material didático voltado ao vestibular deve ser maior que um grupo de
conteúdos a ser memorizado pelos alunos. A sociedade atual exige que nossos jo-
vens, além de dominar conteúdos aprendidos ao longo da Educação Básica, conheçam
a diversidade de contextos sociais, tecnológicos, ambientais e políticos. Desenvolver
as habilidades a fim de obterem autonomia e entenderem criticamente a realida-
de e os acontecimentos que os cercam são critérios básicos para se ter sucesso no
Ensino Superior.
O Enem e os principais vestibulares do país esperam que o aluno, ao final do Ensino
Médio, seja capaz de dominar linguagens e seus códigos; construir argumentações
consistentes; selecionar, organizar e interpretar dados para enfrentar situações-proble-
ma em diferentes áreas do conhecimento; e compreender fenômenos naturais, proces-
sos histórico-geográficos e de produção tecnológica.
O Pré-Vestibular do Sistema de Ensino Dom Bosco sempre se destacou no mer-
cado editorial brasileiro como um material didático completo dentro de seu segmento
educacional. A nova edição traz novidades, a fim de atender às sugestões apresentadas
pelas escolas parceiras que participaram do Construindo Juntos – que é o programa rea-
lizado pela área de Educação da Pearson Brasil, para promover a troca de experiências,
o compartilhamento de conhecimento e a participação dos parceiros no desenvolvi-
mento dos materiais didáticos de suas marcas.
Assim, o Pré-Vestibular Extensivo Dom Bosco by Pearson foi elaborado por uma
equipe de excelência, respaldada na qualidade acadêmica dos conhecimentos e na prá-
tica de sala de aula, abrangendo as quatro áreas de conhecimento com projeto editorial
exclusivo e adequado às recentes mudanças educacionais do país.
O novo material envolve temáticas diversas, por meio do diálogo entre os conteú-
dos dos diferentes componentes curriculares de uma ou mais áreas do conhecimento,
com propostas curriculares que contemplem as dimensões do trabalho, da ciência, da
tecnologia e da cultura como eixos integradores entre os conhecimentos de distintas
naturezas; o trabalho como princípio educativo; a pesquisa como princípio pedagógi-
co; os direitos humanos como princípio norteador; e a sustentabilidade socioambiental
como meta universal.
A coleção contempla todos os conteúdos exigidos no Enem e nos vestibulares de
todo o país, organizados e estruturados em módulos, com desenvolvimento teórico
associado a exemplos e exercícios resolvidos que facilitam a aprendizagem. Soma-se a
isso, uma seleção refinada de questões selecionadas, quadro de respostas e roteiro de
aula integrado a cada módulo.

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SUMÁRIO

5 HISTÓRIA 1

171 HISTÓRIA 2

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HISTÓRIA 1

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ORIGENS MEDIEVAIS DO
HISTÓRIA 1

ESTADO MODERNO

O QUE É ESTADO?
BRITISH LIBRARY, LONDRES, REINO UNIDO

• O que é Estado?
• Esferas de poder na Idade
Média
• Tentativas de centralização
política na Idade Média
• Monarquias nacionais: uma
visão processual

HABILIDADES
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
organizações políticas e
socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial.
• Interpretar diferentes
representações gráficas e
cartográficas dos espaços
geográficos.
• Comparar diferentes pontos
de vista, presentes em
textos analíticos e inter-
pretativos, sobre situações
ou fatos de natureza A iluminura representa a coroação de
histórico-geográfica acerca um rei inglês, possivelmente Eduardo
III. Coleção do Corpus Christi College,
das instituições sociais,
Cambrigde, Inglaterra.
políticas e econômicas.
Podemos dizer que, desde as primeiras civilizações da História, já havia alguma
forma de Estado. Os Estados teocráticos da Mesopotâmia e do Egito, as cidades-Es-
tado gregas (com o desenvolvimento da democracia em Atenas), a república e o im-
pério em Roma, por exemplo, podem ser considerados, de alguma forma, um Estado.
Com a especialização do trabalho trazida pelos excedentes da agricultura, quando
boa parte das pessoas não precisava mais se dedicar a conseguir alimentos, passou a
existir uma instituição que comandava militares, escribas e funcionários (como cobra-
dores de tributos, mensageiros, cozinheiros, limpadores, construtores, entre outros),
sendo responsável, ainda, por atividades como recolher tributos e abrir estradas,
construir monumentos, palácios, templos etc.
Depois de um período de descentralização política, a Idade Média, falamos agora
de outra forma de Estado. Se, antes, o Estado controlava um conjunto de cidades,

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os campos e os recursos naturais, como a água dos rios, o Estado moderno controla
tudo isso, mas, agora, está vinculado à ideia de nação.
Nesse contexto, Inglaterra, França, Holanda, Espanha, Portugal e, posteriormente,

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Alemanha e Itália consolidam-se como Estados modernos. Passa a haver o controle
sobre determinado povo, em um território específico, com símbolos próprios e um
único governante. O que você verá a seguir é a origem dessa construção.

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ESFERAS DE PODER NA IDADE MÉDIA passasse a representar um poder máximo, o caminho foi
As relações de poder no período medieval foram es- longo, cheio de idas e vindas, nada tranquilo ou amisto-

HISTÓRIA 1
truturadas com base em domínios territoriais envolven- so. Foram verdadeiros confrontos, que, em determinados
do homens da guerra e da Igreja. Assim, quanto maior o contextos, contribuíram para ampliar a força dos reis e,
domínio territorial, maior era o poder político e a influên- em outros, dificultaram o exercício pleno do poder real.
cia na sociedade europeia. Veja, a seguir, as grandes questões que pontuaram
Pode-se afirmar que as relações de suserania e o processo de formação das monarquias nacionais na
vassalagem estabeleciam uma rede de compromissos Baixa Idade Média.
entre os membros da nobreza guerreira, garantindo dis-
tinções em seu interior com base nas dimensões do TENTATIVAS DE CENTRALIZAÇÃO
feudo e da quantidade de vassalos que um senhor feu- POLÍTICA NA IDADE MÉDIA
dal tinha a seu dispor. Dessa forma, hierarquias foram
instituídas, associadas aos títulos de nobreza (marquês, Caso inglês
duque, grão-duque, conde, visconde etc.). O senhor Antes das invasões vikings na Inglaterra, no século
que tinha mais vassalos era considerado rei e estava no XI, a região era dividida em sete reinos: East Anglia,
topo da hierarquia dos nobres. Sussex, Wessex, Essex, Mércia, Nortúmbria e Kent.
Essa era a heptarquia anglo-saxônica, constituída por
PRISMA ARCHIVO/ALAMY STOCK PHOTO

meio das invasões sobre as terras do antigo Império


Romano do Ocidente.
As invasões normandas determinaram uma unidade
política na região, garantindo laços de fidelidade entre
os barões (senhores feudais) e Guilherme, o Conquis-
tador. Essa alta nobreza inglesa era constituída pelos
guerreiros seguidores de Guilherme, a quem deveriam
jurar fidelidade não apenas por ser um grande guerrei-
ro, mas também porque ele havia conferido benefícios
em domínios territoriais após a conquista da antiga ter-
ra dos bretões, ou seja, por ser aquele que distribuiu
parte das terras conquistadas. A batalha por meio da
qual Guilherme tornou-se o senhor da Inglaterra, uni-
ficando os territórios, ocorreu em Hastings, em 1066.
Além de dominar as terras que correspondem à In-
glaterra atualmente, Guilherme atingiu a Normandia,
no norte da antiga Gália, aliando-se, na ocasião, a uma
família daquela região, a família Plantageneta. Seus
descendentes continuaram com o nome Plantageneta.
Eram, ao mesmo tempo, grandes senhores feudais do
norte da França e reis da Inglaterra pelo vínculo que
tinham com os barões ingleses.
NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO

A iluminura representa um vassalo se submetendo ao seu


futuro suserano.

Conclui-se que no período medieval houve monar-


quias, mas o espaço de atuação dos reis era relativo,
pois dependia de uma teia de relações e envolvia, ain-
da, o apoio da Igreja, instituição que detinha grandes
extensões de terra.
Entender a gênese do Estado moderno é compreen-
der que ele pode ser caracterizado por uma existência

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geograficamente estável, por instituições permanentes e
relativamente impessoais e pela aceitação da existência Imagem que
representa o
de uma autoridade suprema, base da lealdade dos súdi- primeiro rei
tos entre si e em relação a essa autoridade. As monar- da Inglaterra,

conveniados ao Sistema de Ensino


quias estruturadas na Baixa Idade Média representaram, Guilherme, o
Conquistador (em
em linhas gerais, as bases do que se conhece como os inglês, Willian, The
Estados da época moderna. Entretanto, para que o rei Conqueror).

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Isso já demonstra o poder de Guilherme sobre os

LEEMAGE/UIG/FOTOARENA
territórios conquistados, os quais foram transferidos
HISTÓRIA 1

para seus descendentes que viviam no norte da França.


Estes exigiam tributos e apoio militar para a realização
de campanhas no continente contra os reis da França,
os Capeto. Tal situação causava um mal-estar entre a di-
nastia Plantageneta, sucessora de Guilherme, e os ba-
rões, pois muitos desses vassalos ingleses percebiam
o interesse maior dos reis Plantageneta em dominar as
terras da Europa continental em sacrifício dos habitan-
tes das terras inglesas. Retrato de
Filipe IV, o Belo,
Esse mal-estar deu origem a um conflito aberto
conhecido pela
após a morte precoce do rei Ricardo Coração de Leão, força na condução
quando este regressava da Terceira Cruzada. Como da política
francesa e por
não tinha filhos, seu irmão, João Sem-Terra, assumiu o contrariar o papa
trono e exigiu mais tributos para novas campanhas na Bonifácio VIII.
Europa continental contra a tradicional família Capeto.
Alguns desses barões recusaram a tributação. O rei or- O rei francês, visando comprometer a ordem tem-
denou, então, que fossem aprisionados. Contra as pri- plária, denunciou a organização, afirmando que seus
sões que se seguiram, houve uma revolta generalizada. membros realizavam culto secreto ao diabo. A denún-
Da revolta à declaração de guerra a João Sem-Terra não cia era grave e passível de criação de processo inqui-
demorou muito. sitorial. A Igreja normalmente não exigia provas para a
O resultado foi uma derrota do rei, que assinou um abertura de um processo, bastava apenas a denúncia,
documento elaborado pelos barões no qual havia uma
pois acreditava-se que toda denúncia era de boa-fé.
clara limitação do poder real. Esse documento é conhe-
Contudo, por envolver os templários e por estar asso-
cido por Magna Carta. Seu texto afirma que qualquer
ciada a uma disputa política entre o poder temporal do rei
novo tributo só poderia ser criado com o consentimento
dos barões e que o rei não poderia prender qualquer pes- e o poder espiritual do papa, Bonifácio VIII não aceitou a
soa sem um processo formalizado. Alguns autores con- acusação de Filipe IV. Depois de provocações de parte a
sideram que, da Magna Carta, teria surgido o Parlamento parte, Filipe IV empreendeu uma campanha militar contra
inglês. Sabe-se que só mais tarde, com a aprovação dos o papa, o que culminou na transferência da sede da Igreja
Estatutos de Oxford (1258), à época do rei Henrique III, de Roma para Avignon, no sul da França. A respeito do po-
é que o Parlamento foi constituído com a exigência de der de Guilherme sobre as populações e os senhores das
reuniões com periodicidade anual. Assim, o caso inglês terras inglesas, existe um documento retirado da Anglo-
é bem representativo com relação ao conflito entre as -Saxon Chronicle for Years 1085-1086 que diz:
esferas de poder na Baixa Idade Média. Só a partir da
chamada Guerra dos Cem Anos é que se inicia o lento Ano 1085 [...]
processo de centralização do poder político na Inglaterra. Em meados do inverno o rei estava em Gloucester com
o seu conselho e manteve aí a Corte durante cinco dias
Caso francês [...] Depois disso o rei reuniu uma grande assembleia e
Outro exemplo de tentativa de centralização do po- falou muito seriamente com o seu conselho a respeito
der encontra-se na monarquia franca da família Capeto. do país, da maneira como era mantido e quem eram
Essa dinastia foi inaugurada por Hugo Capeto, guerrei- os seus detentores. Enviou então os seus homens atra-
ro que conseguiu defender as terras do centro-sul da vés da Inglaterra, a todos os condados, dizendo-lhes
França dos ataques normandos em 987. Desde então, que averiguassem quantas centenas de jugos possuía
foi alimentada a rivalidade entre os francos e os grupos (medida de superfície que correspondia à terra lavra-
do norte. Essa rivalidade foi ampliada na luta contra os da por uma junta de bois no intervalo de um ano), que
membros da família Plantageneta, que se tornaram her- terras tinha o rei, que gado havia nos vários condados
deiros de Guilherme, o Conquistador. e que rendimentos deveria receber anualmente de
Contudo, existiam certas limitações ao poder dos cada um. Ordenou que a inspeção fosse feita tão aper-
Capeto e, com o movimento cruzadista europeu, a si- tadamente que não houve um único jugo de terra nem

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tuação ficou mais complexa, pois a Ordem dos Templá- – chega uma vergonha dizer o que ele, no entanto, não
rios era constituída principalmente pela nobreza france- teve vergonha de fazer – houve um boi, uma vaca ou
sa, que não estava submetida diretamente aos reis da porco omitidos e não assentes nos registros; e então to-
dinastia Capeto, mas à autoridade papal. O rei Filipe IV, dos estes escritos lhe foram trazidos.

conveniados ao Sistema de Ensino


o Belo, no início do século XIV, quis destruir a Ordem Anglo-Saxon Chronicle for Years 1085-1086.
dos Cavaleiros Templários para confiscar seus bens e In: PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média:
textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000. p. 222.
aumentar seu poder.

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BRITISH LIBRARY, LONDRES, REINO UNIDO

HISTÓRIA 1
Cópia certificada da Magna Carta.

Leia, a seguir, um trecho da Magna Carta: devem ser separados e não deveriam se sobrepor,
exceto nos casos especiais de crise, tais como uma
João, pela graça de Deus, rei da Inglaterra, senhor
heresia papal ou um abuso tirânico. Ockham tem
da Irlanda, duque da Normandia e da Aquitânia,
muito a dizer, sobretudo, em favor da instituição
conde de Anjou, aos arcebispos, bispos, abades,
do papado, mas energicamente opõe-se à doutrina
condes, barões, justiças, monteiros, viscondes, pre-
papalista da plenitudo potestatis do papa e enfatica-
bostes, servidores e a todos os ofícios e fiéis, saúde.
mente nega, em princípio, a dependência do poder
[...] Ninguém será forçado a realizar mais serviços
secular ao poder eclesiástico. Como regra geral, a
do que aqueles aos que esteja obrigado em razão do
Igreja deveria deixar a política mundana. Por exem-
seu feudo de cavaleiro ou de outra livre tenência.
plo, a consagração pelo papa não era uma condição
[...] Nenhum homem livre será detido, aprisionado
necessária para a legitimidade do imperador.
ou despojado dos seus direitos ou bens ou colocado
PECORARO, Rossano (Org.). Os filósofos: clássicos da filosofia.
fora da lei ou exilado ou destituído da sua condição
Petrópolis: Vozes, 2008. p. 176. v. 1.
de qualquer maneira que seja. Não procederemos
contra ele pela força, nem enviaremos outros que o
GL ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO

façam, salvo em virtude de um julgamento legal dos


seus pares ou de acordo com a lei da região. [...]
Magna Carta, de 1215. Disponível em: <www.direitoshumanos.
usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-
at%C3%A9-1919/magna-carta-1215-magna-charta-libertatum.html>.
Acesso em: 10 ago. 2018.

O Cisma do Ocidente enfraqueceu a instituição religio-


sa em relação aos poderes temporais existentes na Euro-

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pa, animando pensadores medievais, como foi o caso do
franciscano Guilherme de Ockham, que, de acordo com o
filósofo Pedro Júnior, colocou a questão do exercício dos
poderes espiritual e temporal da seguinte maneira:

conveniados ao Sistema de Ensino A ideia política de base de Ockham é a de que o


poder espiritual e o poder temporal, normalmente,
Retrato do papa Bonifácio VIII, que excomungou o rei da
França, Filipe IV.

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O novo papa recebeu forte pressão de Filipe IV. Assim, se alterava com o renascimento comercial e urbano
teve curso o processo inquisitorial contra a ordem. O da Baixa Idade Média.
HISTÓRIA 1

resultado já era esperado: houve a destruição da ordem


Os principais acontecimentos do período da Baixa
templária e a execução de seus líderes.
Idade Média convergiram para a afirmação do po-
Esse episódio deu origem a uma divisão na Igreja
der político centralizado e para o nascimento do
Católica, pois os cardeais recusaram o comando da Igre-
Estado moderno. Esse processo foi, contudo, uma
ja realizado em Avignon, escolhendo um novo papa em
construção histórica difícil de ser concluída. Tratou
Roma. Assim, a cristandade teve dois papas ao mesmo de um processo que se foi “desenrolando ao longo
tempo, o que ficou conhecido como Cisma do Ocidente. dos séculos, em pequenas etapas sucessivas”.
É importante salientar que a divisão da Igreja Católica
BEDIN, Gilmar A. A Idade Média e o nascimento do Estado moderno. Ijuí:
oficialmente é datada de 1378, porém, desde 1309 já Ed. da Unijuí, 2008. p. 79.
funcionava o papado de Avignon. Entre 1378 e 1417, exis-
tiram ao mesmo tempo papas em Avignon e em Roma. No que diz respeito ao desenvolvimento da burgue-
sia mercantil, deve-se considerar que as dificuldades de
Grande Cisma realização do comércio em uma Europa dividida em vá-
REINO DA

REINO DA rios domínios territoriais contribuíram para que mercado-
NORUEGA REINO DA
ESCÓCIA
SUÉCIA res apoiassem reis, com o intuito de diminuir tributos,
IRLANDA
Mar do
REINO DA
unificar moedas e estabelecer uma força policial para dar
Norte DINAMARCA
REINO DA
segurança à atividade comercial, entre outros aspectos.
INGLATERRA Friesland As articulações entre as cidades por meio de rotas
OCEANO Londres
Zeeland
Brabant
Cleves
REINO DA comerciais e a integração entre as produções agrícolas
ATLÂNTICO Colônia
POLÔNIA
wich

Tréves Mayence
Praga e o abastecimento das populações citadinas que cres-
reen

REINO DA Hapsoure Styria ciam, até o impacto da peste negra, delineavam uma
de G

FRANÇA Basel Constance


Domain Tyrol Carinfhia nova concepção de organização político-territorial, que
diano

Clermont
Lyon
Milão Carniola REINO DA encontrava nas realezas e nos grandes senhorios o su-
Meri

40° HUNGRIA
Avignon Ferrara
N Gênova
porte necessário a um ajustamento político no quadro
RT DE
AL

REINO DE Florença
UG
PO EINO

CASTELA E LEÃO
das transformações sociais.
R

Roma
Nápoles Bari
Além disso, os deslocamentos do campo para a ci-
EMIRADO DE
REINO DE
dade e a insurgência de camponeses que se opunham
GRANADA
Mar Mediterrâneo NÁPOLIS
à servidão dificultavam a ordem feudal. Muitos acredi-
ÁFRICA
tavam que um poder mais distante dos conflitos locais
Cidades NO
N
NE Escala aproximada poderia garantir uma ordem geral, com o estabeleci-
1: 38 000 000
Obediência à Roma O L
0 380 760 km mento de uma ordem jurídico-estatal que dissipasse os
Obediência à Avignon SO SE
S Cada cm = 380 km conflitos da época. Daí a associação com a figura do rei
MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. se tornar, com o tempo, inevitável.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007. A própria Igreja passou a observar a importância das
monarquias para a estabilidade europeia e a manuten-
ção da ordem cristã. Os contatos entre os senhores
MONARQUIAS NACIONAIS: UMA VISÃO de guerra e a Igreja já eram conhecidos e apreciados.
PROCESSUAL A diferença agora estava na definição de competên-
Apesar das tensões inerentes às disputas entre as cias entre Estado e Igreja. Imaginava-se que um podia
esferas de poder e de os Estados monárquicos medie- se apoiar no outro para um ordenamento duradouro.
vais serem relativamente fracos, o processo de centra- Exemplo disso são os reis católicos na Península Ibéri-
lização do poder político ocorreu de forma consistente ca, que atuaram em seus nomes e em nome da Igre-
ainda na Idade Média: ja, lutando contra populações islamizadas na região
Esse processo foi acompanhado pelo desenvolvi- centro-sul da península. As monarquias se revestiam
mento da burguesia, pela ação de reis que aderiram de uma autoridade cristã transferida do papado para a
ao espírito cruzadista e por arranjos no interior da no- propagação da fé em Cristo por meio de expedições
breza para garantir a ordem em uma sociedade que militares, as Cruzadas.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
ORIGENS MEDIEVAIS DO ESTADO MODERNO

Poder medieval

Características:

Descentralizado.

Baseado na terra.

Exercido pela nobreza.

Poder real:

De direito, mas não de fato.

Dividido com uma rede de outros nobres.

Protagonismo dividido com a Igreja.

Tentativas de centralização

Caso inglês:

Expansão e centralização de Guilherme, o Conquistador.

Magna Carta.

Conflito entre as esferas de poder na Baixa Idade Média.

Caso francês:

Dinastia de Hugo Capeto.

Material exclusivo para professores Conflito de Filipe IV com os templários.

Transferência da sede da Igreja de Roma para Avignon, no sul da França.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. UECE-CE – Leia com bastante atenção a “Fórmula de Nenhum homem livre será detido, preso ou privado de
Tours”, relativa ao séc. VIII d.C., que expressa um juramento seus bens [...] ou levado de qualquer maneira [...] salvo em
pelo qual um homem livre se encomendava a um senhor: virtude de um julgamento legal por seus pares [...]. A nin-
“Ao magnífico Senhor [...], eu [...]. Sendo bem sabido por to- guém venderemos, recusaremos [...] o direito ou a justiça.
dos quão pouco tenho para me alimentar e vestir, apelei por Todos os mercadores poderão livre e seguramente sair da
esta razão para a vossa piedade, tendo vós decidido permitir- Inglaterra, aí vir e morar e aí passar, por terra ou por mar,
-me que eu me entregue e encomende ao vosso mundobur- para comprar e vender [...].
dus; o que fiz nas seguintes condições: devereis ajudar-me e Instituímos e concedemos aos nossos barões a garantia
sustentar-me tanto em víveres como em vestuário, enquanto seguinte: eles elegerão 25 barões de reino, que lhes aprou-
vos puder servir e merecer; e eu, enquanto for vivo, deverei verem, os quais deverão com todo o seu poder observar,
prestar-vos serviço e obediência como um homem livre, sem manter e fazer observar a paz e as liberdades que nós con-
que me seja permitido, em toda a minha vida, subtrair-me ao cedemos e confirmamos pela presente carta. [...]"
vosso poder e mundoburdus, mas antes deverei permanecer, Apud Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de
para todos os dias da minha vida, sob o vosso poder e defesa. História, volume II, 1976.
Logo, fica combinado que, se um de nós quiser deixar esta
convenção, pagará [...] soldos à outra parte e o acordo perma- O trecho refere-se:
necerá firme. Parece-nos pois conveniente que as duas partes a) à Declaração de Direitos, de 1689, na qual o rei Stuart
interessadas façam entre si e confirmem dois documentos do Jaime II perde todo o seu poder para o Conselho Co-
mesmo teor, o que assim fizeram.” mum dos 25 Barões, e que impõe a liberdade econô-
ESPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais.
mica e política no Reino da Inglaterra.
Lisboa: Sá da Costa Editora, 1972. b) ao Conselho Comum dos 25 Barões, órgão do qual
nascerá a Câmara dos Lordes, isto é, o Parlamento in-
Esse juramento era proferido em um ritual que funda- glês, em 1215, para limitar os abusos do rei João Sem-
mentava o sistema feudal. Após proferi-lo, um homem -Terra, garantindo a justiça e a liberdade econômica.
passava a ser:
c) à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
a) senhor feudal. de 1689, limitadora dos poderes do rei Tudor Henrique
A questão trata da dinâmica do
b) vassalo de um senhor. poder medieval, cuja transfor- VIII que, de forma violenta e arbitrária, aumentava os
mação foi estudada neste mó- impostos, prejudicando o comércio da Inglaterra.
c) domínio de um senhorio. dulo, e aborda a relação de um d) ao acordo da Guerra das Duas Rosas, que estabele-
d) suserano de um feudo. vassalo com seu senhor.
ceu o fim dos conflitos internos, em 1485, possibi-
litando ao rei Tudor Henrique VII a concentração do
2. Ibade-PB – Leia o texto:
poder em suas mãos, com o apoio do Conselho Co-
“VII. Que somente a ele (o papa) é lícito legislar segun- mum dos 25 Barões.
do as necessidades da época, formular leis novas, reunir e) às cláusulas da paz, estabelecidas após a Revolução
novas congregações, fundar uma abadia canônica e, por Puritana, em 1649, com a morte do rei Stuart Carlos
outro lado, dividir um bispado que seja rico e unir os que I, que favorecem os ricos comerciantes ingleses, re-
sejam pobres. presentados no Conselho Comum dos 25 Barões.
Questão que trata da resposta aos abusos de João Sem-Terra, uma das
VIII. Que somente a ele (o papa) é permitido usar a insíg- primeiras tentativas de centralização do poder na Idade Média. As outras
nia imperial. alternativas falam de momentos muito diferentes, que não têm relação
com o Conselho Comum dos 25 Barões no século XIII.
IX. Que somente os pés do papa podem ser beijados pelos
Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
príncipes todos."
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo
Gregorio VII. Dictatus Papae. uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se
O fragmento acima, extraído da Dictatus Papae, faz refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
parte das reformas gregorianas e refere-se ao conflito
entre as duas espadas ou gládios que na Baixa Idade 4. Mackenzie-SP – Sobre a Carta Magna inglesa de 1215,
Média representou o conflito entre o poder: é correto afirmar que:
a) foi assinada pelo rei João Sem-Terra, consolidando
a) temporal e os senhores feudais.
a separação entre a Inglaterra e o papa, tornando-o
b) temporal dos reis e as ordens mendicantes. chefe da Igreja.
c) temporal dos reis e o poder espiritual dos papas. b) determinou que os bens da Igreja passariam às mãos
d) espiritual dos papas e o poder espiritual dos patriar- da nobreza inglesa que apoiava o rei João Sem-Terra,
cas do Oriente. instituindo a monarquia constitucional.
e) espiritual do papa e o clero regular c) proclamou o rei João Sem-Terra Lorde Protetor da In-
Esta questão trabalha com a fonte do poder de cada estamento medieval. glaterra, Escócia e Irlanda, desencadeando uma onda
Neste módulo, falamos da gênese desse sistema, no qual o poder dos reis de nacionalismo extremado.
era temporal – ou seja, não religioso, secular –, enquanto o do papa era
espiritual. As reformas gregorianas citadas foram feitas pelo papa Gregório d) foi imposta pela nobreza inglesa ao rei João Sem-Ter-

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VII e instauraram a supremacia da Igreja Católica e a infalibilidade do papa. ra, limitando o poder real e obrigando-o a respeitar os
3. FGV-SP C5-H22 direitos tradicionais de seus vassalos.
Leia o documento a seguir: e) criou o Parlamento inglês bicameral, constituído pelas
câmaras dos Lordes e dos Comuns, impondo ao rei
"Não estabeleceremos no nosso reino nenhum subsídio

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João Sem-Terra a declaração de Direitos Bill of Rights.
ou escudagem (imposto) sem o consentimento comum do João Sem-Terra foi diretamente responsável pela instituição da Carta Mag-
nosso reino [...]. na em 1215, fato que mudou o sistema político e jurídico da Inglaterra.

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5. FGV-SP – Sobre a formação do absolutismo na França, 6. UFRN-RN (adaptado) – Desde a época dos apóstolos,

HISTÓRIA 1
é incorreto afirmar que: a Igreja cristã afirmava-se una, mas isso não a impedia
a) seus antecedentes situam-se, também, nos reinados de assumir características peculiares em diversos terri-
de Felipe Augusto, Luís IX e Felipe IV, entre os sécu- tórios. Em 1054, as diferenças no seio da cristandade
los XII e XIV. provocaram o Cisma do Oriente, que dividiu a Igreja Or-
b) fez-se necessária nesse processo a centralização dos todoxa e a Apostólica Romana. Entre 1378 a 1417, houve
exércitos, dos impostos, da Justiça e das questões o Cisma do Ocidente, que se caracterizou:
eclesiásticas. a) pelo fracionamento da Igreja Oriental em duas.
c) a abolição da soberania dos nobres feudais não teve b) pelo desmembramento do Tribunal da Inquisição,
um importante papel nesse contexto. com uma seção liderada pelo papa na Igreja Católica
d) a Guerra dos Cem Anos foi fundamental nesse Romana e outra chefiada pelo Patriarcado de Cons-
processo. tantinopla na Igreja Ortodoxa.
e) durante esse processo a aliança com a burguesia fez- c) pela separação entre o poder espiritual, comandado
-se necessária para conter e controlar a resistência pelo papa no Ocidente; e o poder temporal, exercido
de nobres feudais. pelo imperador bizantino no Oriente.
A monarquia nacional francesa teve como papel decisivo a centrali-
d) por divergências políticas que levaram o papado a ser
zação política na figura do rei. Para isso, houve uma desarticulação transferido para a cidade de Avignon e a Igreja Oci-
dos poderes descentralizados dos senhores feudais. dental a ter dois papas.
O Cisma do Ocidente, que faz parte das primeiras tentativas de cen-
tralização do poder na França, foi um rompimento do rei francês com
a Igreja Católica, fazendo de Avignon uma nova capital religiosa e no-
meando um segundo papa.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Fuvest-SP – No processo de formação dos Estados na- d) o conflito religioso, que instalou um papa em Avignon
cionais da França e da Inglaterra, podem ser identifica- e outro em Roma, perturbando por décadas a concór-
dos os seguintes aspectos: dia interna da Igreja.
a) fortalecimento do poder da nobreza e retardamento e) o confronto entre a Igreja de Roma e a de Constanti-
da formação do Estado moderno. nopla, que resultou na cisão entre os ramos grego e
b) ampliação da dependência do rei em relação aos se- romano do catolicismo.
nhores feudais e à Igreja.
10. Fuvest-SP – A peste, a fome e a guerra constituíram os
c) desagregação do feudalismo e centralização política. elementos mais visíveis e terríveis do que se conhece
d) diminuição do poder real e crise do capitalismo co- como a crise do século XIV. Como consequência dessa
mercial. crise, ocorrida na Baixa Idade Média:
e) enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o Es- a) o movimento de reforma do cristianismo foi inter-
tado e a Igreja. rompido por mais de um século, antes de reaparecer
com Lutero e iniciar a modernidade.
8. Unesp-SP – A respeito da formação das monarquias na- b) o campesinato, que estava em vias de conquistar a
cionais europeias na passagem da Idade Média para a liberdade, voltou novamente a cair, por mais de um
época moderna, é correto afirmar que: século, na servidão feudal.
a) o poder político dos monarcas firmou-se graças ao c) o processo de centralização e concentração do poder
apoio da nobreza, ameaçada pela força crescente da político intensificou-se até se tornar absoluto, no iní-
burguesia. cio da modernidade.
b) a expansão muçulmana e o domínio do Mar Mediter- d) o feudalismo entrou em colapso no campo, mas
râneo pelos árabes favoreceram a centralização. manteve sua dominação sobre a economia urbana
c) uma das limitações mais sérias dos soberanos era a até o fim do Antigo Regime.
proibição de organizarem exércitos profissionais. e) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos preju-
d) o poder real firmou-se contra a influência do papa e o dicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com a
ideal de unidade cristã, dominante no período medieval. burguesia.
e) a ação efetiva dos monarcas dependia da concordân-
cia dos principais suseranos do reino. 11. Mackenzie-SP
“Em 1215, os grandes senhores feudais da Inglaterra im-
9. UFRGS-RS (adaptado) – O assim denominado Gran- puseram ao rei João a assinatura da Magna Carta, na qual
de Cisma do Ocidente teve como uma de suas con- o obrigavam a reconhecer os antigos direitos da nobreza.
sequências: Em um dos seus trechos, o rei João admitia que ‘para me-
a) a Reforma Calvinista, que, ao pregar a predestinação e lhor pacificação da nossa disputa com os barões, [...] lhes

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o livre-arbítrio, acabou com a unidade da Igreja Católica. concedemos a garantia seguinte: os barões que elejam,
b) a Querela das Investiduras, travada entre o papa e o entre seus pares no reino, vinte e cinco, segundo a sua
imperador, e que versava sobre a proibição de leigos vontade, e estes vinte e cinco devem cumprir a paz e as
concederem a posse de cargos na Igreja. liberdades que nós lhes concedemos e confirmamos pelo

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c) a emergência do islamismo, que propiciou aos ára- documento presente [...]’ ”.
bes um ponto de união e identidade, mas os separou FRISCHAUER, Paul. Está escrito: documentos que assinalaram
dos ocidentais. épocas. São Paulo: Melhoramentos, 1972. p. 199.

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A Magna Carta, apesar de ser um estatuto jurídico ti- 15. Mackenzie-SP


HISTÓRIA 1

picamente feudal, posteriormente veio a se tornar um “Em outubro de 1347, navios mercantes genoveses chega-
importante documento para garantir liberdades a todas ram ao Porto de Messina. Os marinheiros doentes tinham
as categorias sociais, na medida em que: estranhas inchações escuras, do tamanho de um ovo ou
a) a alta nobreza teve seus poderes políticos e econô- uma maçã, nas axilas e virilhas, que purgavam pus e san-
micos limitados devido às medidas tomadas pelo rei gue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras
João em favor dos camponeses. por todo o corpo. Sentiam muitas dores e morriam rapida-
b) o rei João concedia aos nobres rebeldes o direito de mente cinco dias depois dos primeiros sintomas.”
confiscarem seus castelos, terras e outras posses- TUCHMAN, Barbara W. Um espelho distante: o terrível século XIV.
sões, caso ele violasse a Magna Carta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.
c) a Assembleia dos Barões, prevista na Magna Carta, Cerca de 25 milhões de pessoas morreram entre os
levou à formação do Parlamento, com duas câmaras, anos de 1347 e 1350. Dentre os fatores que contribuí-
que exerciam funções legislativas e limitavam os po- ram para esse acontecimento destacamos:
deres reais.
a) a formação do modo de produção feudal.
d) a Câmara dos Lordes, que reunia os nobres leigos e
b) a decadência e posterior desaparecimento da dinas-
eclesiásticos escolhidos pelo rei, tornou-se o órgão
tia carolíngia na Europa medieval.
legislativo do Parlamento, cabendo-lhe o controle da
cobrança dos tributos do Estado. c) o aumento do intercâmbio comercial entre Europa e
Oriente após as Cruzadas.
e) o rei continuava tendo poder absoluto sobre as deci-
d) o fim da Guerra dos Cem Anos entre a França e a
sões, de modo que a Assembleia dos Barões possuía
Inglaterra devido à peste negra.
um caráter meramente decorativo.
e) a expansão marítima e comercial europeia e a desco-
12. Mackenzie-SP – A peste negra, que dizimou cerca de berta do Novo Mundo.
um terço da população europeia, as revoltas campone- 16. UFPE-PE (adaptado) – A Idade Média foi um período em
sas ocasionadas pelo precário equilíbrio da produção que ocorreram também articulações políticas que procu-
agrícola e a Guerra dos Cem Anos, entre França e Ingla- ravam fortalecer certas monarquias nacionais existentes.
terra, foram responsáveis: Na França, logo no início da Idade Média, houve tentativas
a) pela formação da sociedade feudo-clerical. de centralização política. Indique se as afirmações a seguir
b) pela crise do mercantilismo econômico. são verdadeiras (V) ou falsas (F) no que se refere à monar-
quia francesa no período dos Capetíngios:
c) pelo fortalecimento da nobreza em detrimento do po-
der real.
( ) houve fortalecimento da nobreza, na época de
d) pela aceleração da crise do absolutismo. Hugo Capeto, com uma política de esvaziamento
e) pela crise do feudalismo e consolidação do poder real. dos interesses da burguesia emergente.
( ) os contatos entre o rei Felipe Augusto e a bur-
13. UEL-PR – Uma das consequências das Cruzadas foi a guesia foram significativos, favorecendo o fortale-
consolidação do renascimento comercial europeu, ao: cimento do exército.
a) interromper a expansão dos francos do norte da Eu- ( ) o rei Felipe Augusto fracassou em suas tentativas
ropa e ao impedir que o comércio ficasse monopoli- de conquistar a Normandia, sendo derrotado pelo
zado pelas cidades de Antuérpia e Amsterdã. exército de João Sem-Terra.
b) expulsar os árabes do Mediterrâneo e ao permitir o ( ) no reinado de Felipe Augusto IV, as relações diplo-
domínio do comércio pelas cidades italianas na re- máticas se tornaram tensas com a Igreja Católica,
gião, principalmente Gênova e Veneza. que ameaçou o rei de excomunhão.
c) estender o controle comercial do pontificado romano ( ) existiram tentativas de centralização política, que
a todo o continente, favorecendo as cidades de Flan- ajudaram no fortalecimento de certos interesses
dres e Champagne. da burguesia emergente.
d) possibilitar a apropriação pelos mercadores euro-
17. Unifesp-SP – Ao longo da Baixa Idade Média, a Igreja (com
peus dos centros comerciais dominados pelos bre-
tões e florentinos. o papa à frente) e o Estado (com o imperador ou rei à fren-
te) mantiveram relações conflituosas como, por exemplo,
e) generalizar o comércio baseado na troca direta, her- durante a chamada “Querela das Investiduras”, nos séculos
dado dos povos germanos e saxões.
XI e XII, e a transferência do papado para Avignon, no sul da
França, no século XIV. Sobre essa disputa, indique:
14. Mackenzie-SP (adaptado) – O Cisma do Ocidente,
Cisma Papal ou Grande Cisma foi um momento de acir- a) Os motivos.
ramento na Igreja Católica e que durou de 1378 a 1417.
Uma de suas consequências foi:
a) a criação da Igreja Cristã Ortodoxa Grega.

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b) a transferência da sede do papado para a cidade de
Avignon. b) Os resultantes e sua importância ou significação
histórica.
c) o conflito denominado Querela das Investiduras.

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d) a fundação da Igreja Cristã Protestante.
e) a divisão do clero em secular ortodoxo e regular
monástico.

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ESTUDO PARA O ENEM

HISTÓRIA 1
18. Enem C3-H11 descubro uma ideia pessoal e quero torná-la pública, atri-
“No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média buo-a a outrem e declaro: – Foi fulano de tal que o disse,
– no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvi- não sou eu. E para que acreditem totalmente nas minhas
mento urbano ligado às funções comercial e industrial – di- opiniões, digo: – O inventor foi fulano de tal, não sou eu.”
gamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade
um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades Média: textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000.
nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo
ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a Nos textos são apresentados pontos de vista distintos so-
um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma bre as mudanças culturais ocorridas no século XII no Oci-
dente. Comparando os textos, os autores discutem o(a):
atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual
– esse homem só aparecerá com as cidades.” a) produção do conhecimento face à manutenção dos
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. argumentos de autoridade da Igreja.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. b) caráter dinâmico do pensamento laico frente à estag-
nação dos estudos religiosos.
O surgimento da categoria mencionada no período em
c) surgimento do pensamento científico em oposição à
destaque no texto evidencia o(a):
tradição teológica cristã.
a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. d) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão do e razão.
trabalho. e) construção de um saber teológico científico.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar. 20. Enem C1-H1
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. “Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de
ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço
geográfico, através da pesquisa científica e da invenção
19. Enem C3-H15
tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa
Texto I aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o
“Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.”
da ciência a não ser lendo, com um amor sempre mais SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Ed. da Unicamp, 1984.
vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os
porcos! Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos O texto apresenta um espírito de época que afetou
Antigos. Para eles irão todos os meus cuidados e, todos também a produção artística, marcada pela constante
os dias, a aurora me encontrará entregue ao seu estudo.” relação entre:
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade a) fé e misticismo.
Média: textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000. b) ciência e arte.
Texto II c) cultura e comércio.
“A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admi- d) política e economia.
tir tudo o que parece vir dos modernos. Por isso, quando e) astronomia e religião.

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HISTÓRIA 1

A VOLTA DOS REIS

OS PRIMEIROS ESTADOS MODERNOS


ELIAS GARRIDO/SHUTTERSTOCK

• Os primeiros Estados
modernos
• Portugal e Espanha
• Guerras de reconquista
• França e Inglaterra
• Guerra dos Cem Anos
(1337-1453)
• Guerra das Duas Rosas
(1455-1485)
• Construção do absolutismo
real da época moderna
• Teóricos do Estado
moderno

HABILIDADES
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
organizações políticas e
socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial. Arte em azulejos representando a reconquista de Ceuta, fato fundador do Império Português, que, junto à
Espanha, foi pioneiro na formação dos Estados nacionais.
• Interpretar diferentes
representações gráficas e
No módulo anterior, você conheceu as origens medievais do Estado moderno e
cartográficas dos espaços
as primeiras tentativas de centralização do poder, em oposição ao poder descentra-
geográficos.
lizado e territorializado da Idade Média.
• Comparar diferentes pontos
Agora, você conhecerá a outra ponta desse processo: a formação dos primeiros
de vista, presentes em textos
Estados modernos. Vinculados à formação de exércitos nacionais, à influência da
analíticos e interpretativos,
sobre situações ou fatos burguesia que então se formava como uma classe poderosa e à necessidade de
de natureza histórico- padronização para facilitar a circulação de mercadorias, esses Estados foram es-
-geográfica acerca das senciais para consolidar a economia mercantilista que estão se afirmava e ganhava
instituições sociais, força. Como isso tudo aconteceu? É o que você verá a seguir.
políticas e econômicas.
PORTUGAL E ESPANHA
GUERRAS DE RECONQUISTA
O processo de formação das monarquias nacionais da Península Ibérica associa-
-se às campanhas contra os mouros (povos islâmicos) localizados no centro-sul da
região. Os pequenos reinos cristãos do norte empreenderam guerras segundo o

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espírito cruzadista da época, ou seja, com o propósito de luta contra os infiéis. Os
reinos de Leão, Castela, Aragão e Navarra foram os responsáveis pela organização
dessas campanhas, tendo à frente a figura de seus reis. Assim, os nobres orbitavam
a realeza e desejavam ampliar domínios a serviço dos reinos cristãos. Dessa forma,

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uma centralização política precoce se esboçou nessa região da Europa em pleno
período medieval, pois eram monarquias militarizadas, em que o rei era o chefe e
representante máximo dos cristãos.

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Reconquista da Península Ibérica (1080-1492)

HISTÓRIA 1
5ºL 5ºL
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO ATLÂNTICO

Santiago de Oviedo Santiago de Oviedo


Compostela Compostela
Leão NAVARRA Leão NAVARRA
Busgos Busgos
LEÃO Saragoça Barcelona Saragoça Barcelona
Porto Salamarca Porto Salamarca
ARAGÃO ARAGÃO
Coimbra CASTELA Coimbra LEÃO E CASTELA
Toledo 40ºN Toledo 40ºN
PORTUGAL PORTUGAL
VALÊNCIA Valência Valência
ESTREMADURA
Lisboa MÚRCIA Lisboa
Cordoba Mar Mediterrâneo Cordoba Mar Mediterrâneo
ANDALUZIA ANALUZIA
GRANADA GRANADA
Sevilha Granada Sevilha Granada
Faro Faro
Málaga Málaga
Cádiz Cádiz

Reinos reconquistados
Portugal NO
N
NE Escala aproximada
Leão e Castela 1: 21 500 000
O L
Navarra 0 215 430 km
SO SE
Aragão S Cada cm = 215 km
Domínios muçulmanos

Base cartográfica: IBGE.


MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

A princípio, o Condado Portucalense era vassalo do Reino de Leão. Contudo,


a área tornou-se autônoma em 1139, com a constituição da dinastia de Bor-
gonha (1139-1383). As campanhas contínuas permitiram a formação territorial
portuguesa e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento do comércio de produtos
que chegavam do Oriente. Lisboa era um ponto de entroncamento de rotas
comerciais que circundavam a Península Ibérica e atingiam o norte da Europa.
Assim, não tardou para que grupos de comerciantes apoiassem os reis, pois
havia enorme interesse em expandir o comércio controlando áreas no norte da
África, em especial Ceuta.
Entre 1383 e 1385, Portugal viveu uma revolução que garantiu sua autonomia,
tendo à frente a família de Avis, e que estreitou as relações entre reis e comercian-
tes, inaugurando as chamadas Grandes Navegações lusitanas. Portugal tornava-se
o primeiro Estado moderno europeu.
A respeito da afirmação do Estado moderno português, o historiador Humberto
Baquero Moreno diz:
Em Portugal, os reis usufruíam duma autoridade incontestada que se pautava por
uma extrema firmeza. Por mais duma vez o rei D. Pedro I emprega a expressão, no
protocolo de algumas de suas cartas, “de nossa certa ciência e poder absoluto”. Seu fi-
lho D. Fernando utiliza por vezes, em suas cartas, a fórmula “o Estado real que temos,
por Deus nos é dado para reger os nossos reinos”. A escolha de D. João I pela vontade
popular (Revolução de Avis) não obsta a que este monarca, de acordo com a tradição
dos seus antecessores, utilize “de nossa própria autoridade e livre vontade e de nosso
poder absoluto”, expressão que será igualmente utilizada pelos seus sucessores.
MORENO, Humberto Baquero. O princípio da época moderna. In: TENGARRINHA, José (Org.). História de
Portugal. São Paulo: Ed. da Unesp/Educ, 2000. p. 47. (Adaptado)

A formação da Espanha como monarquia nacional também está associada ao


quadro das guerras de reconquista na região e envolveu a união, por casamento,

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dos reinos de Castela e de Aragão.
Isabel (de Castela) casou-se com Fernando (de Aragão) em 1469, empreendendo
ações conjuntas contra os islâmicos que ainda dominavam parte da península. A

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ideia era otimizar recursos na luta contra os que eram considerados infiéis. Avanços
territoriais foram conseguidos até chegarem à última conquista, que consolidou o
Estado espanhol: a tomada de Granada (reduto islâmico), em 1492.

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PALÁCIO DO SENADO, MADRI, ESPANHA


HISTÓRIA 1

A rendição de Granada (1882), de Francisco Pradilla Ortiz. Óleo sobre tela. A imagem retrata a rendição de Granada, último reduto islâmico, aos reis
Fernando e Isabela.

Com isso, constituiu-se outro Estado forte na FRANÇA E INGLATERRA


Península Ibérica, que, obtendo informações dos
ganhos auferidos no expansionismo lusitano e pre- GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)
tendendo ampliar sua força na região, iniciou sua Enquanto Portugal e Espanha se estruturavam, o restan-
expansão ultramarina, levantando como bandeira a te da Europa vivia uma crise sem precedentes. O continen-
continuidade da expansão da fé cristã e, por exten- te foi assolado pela peste negra (1348-1353), que dizimou
são, dos poderes reais. aproximadamente um terço da população europeia. Além
disso, muitos passavam fome, pois a agricultura era desor-
Reinos da Península Ibérica ganizada. Os camponeses se revoltavam contra as novas
5º L
imposições da nobreza, que não admitia arrecadar menos
após a epidemia da peste negra. Na França, ocorreram
NAVARRA
as jacqueries, grandes agitações campesinas contra os
nobres. A ação camponesa, forte na França, foi acrescida
OCEANO ATLÂNTICO

por outra razão: a Guerra dos Cem Anos (1337-1453).


COROA DE
BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA, PARIS

REINO DE COROA DE ARAGÃO


PORTUGAL CASTELA 40º N

Mar Mediterrâneo

EMIRADO DE
GRANADA

N
Escala aproximada

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NO NE
1: 17 000 000
O L
0 170 340 km
SO SE
S Cada cm = 170 km

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Base cartográfica: IBGE.
MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007. Iluminura que representa a Batalha de Poitiers, uma das mais importantes
da Guerra dos Cem Anos.

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A princípio, a guerra foi um conflito pelo controle Foi no quadro da Guerra dos Cem Anos que os
do trono francês entre duas famílias aparentadas dos exércitos nacionais foram criados, os tribunais reais

HISTÓRIA 1
Capeto. A primeira detinha o título de realeza da In- passaram a ter maior poder e os interesses econômi-
glaterra, como já mencionado: a família Plantageneta. cos envolvendo comércio e manufaturas tiveram curso
Embora Plantageneta e Capeto fossem rivais, houve com o apoio do poder real.
um casamento entre a filha de Filipe IV, o Belo; e o rei

ARQUIVO NACIONAL, PARIS, FRANÇA


da Inglaterra, Eduardo II Plantageneta.
Desse casamento nasceu o príncipe Eduardo, que se
tornaria o rei da Inglaterra. A sucessão ao trono francês
estava garantida aos varões da família Capeto. Assim,
não haveria a possibilidade de os Plantageneta assu-
mirem o trono da França. Contudo, os filhos de Filipe IV
governaram sucessivamente sem deixar herdeiros.
Em 1337, Eduardo III, rei da Inglaterra, disse ter o san-
gue dos Capeto e, portanto, o direito de assumir o trono da
França. Os nobres do centro-sul da França não aceitaram
essa declaração e aclamaram a família Valois, parente dos
Capeto, como a legítima herdeira do trono. Assim, iniciava-
-se um confronto em que, de um lado, estava a família
Plantageneta e os barões ingleses e, de outro, a família
Valois e a nobreza francesa. Foi um conflito desgastante,
em que as nobrezas orbitavam os reis, favorecendo o pro-
cesso de centralização política na França e na Inglaterra.
Conforme o historiador Perry Anderson:
A lenta centralização concêntrica dos reis Capeto [...] Joana d´Arc foi um expoente da campanha francesa contra os
ingleses. Essa camponesa dizia ouvir vozes de São Miguel,
chegou a um final abrupto com a extinção da linha- de Santa Catarina e de Santa Margarida para que atuasse nas
gem em meados do século XIV, o que constituiu o campanhas, liderando os homens para o bem da França.
sinal para a eclosão da Guerra dos Cem Anos. A ex-
plosão de violentos conflitos internos no seio da alta GUERRA DAS DUAS ROSAS (1455-1485)
nobreza da França, sob o frágil domínio Valois, leva-
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ria enfim ao ataque anglo-borgonhês à monarquia
francesa do início do século XV, que despedaçou a
unidade do reino [...] A história geral da recuperação
posterior da monarquia francesa e da expulsão dos
exércitos franceses é bem conhecida. Para os nossos
propósitos, o legado mais importante da longa ordá-
lia que foi a Guerra dos Cem Anos seria sua contri-
buição final à emancipação fiscal e militar da monar-
quia em relação aos limites da primitiva organização
política medieval [...] com a criação de um exército Rosa Vermelha: símbolo dos Rosa Branca: símbolo dos
remunerado e regular, cuja artilharia se revelou a Lancaster. York.
arma decisiva para a vitória. Para erigir tal exército, a
A Inglaterra ainda passou por um confronto no in-
aristocracia francesa consentiu no primeiro imposto
terior na nobreza para que o Estado moderno se afir-
nacional de importância para ser cobrado pela mo-
masse. Esse confronto ficou conhecido como Guerra
narquia – a taille royale de 1439, que se tornaria a taille
das Duas Rosas, pois, como não havia herdeiro direto
dês gens d`armes regular, na década de 1440.
da família Plantageneta em 1455, duas famílias aparen-
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista. São Paulo:
Brasiliense, 1985. p. 87.
tadas disputaram o trono: a família de York, cujo brasão
era uma rosa branca; e a de Lancaster, que tinha no
Nesse trecho, Perry Anderson trata da recuperação brasão uma rosa vermelha. Esse conflito teve curso
da monarquia francesa e da expulsão dos exércitos, entre 1455 e 1485 e só terminou quando Henrique, da
fazendo referência à atuação da camponesa Joana d’Arc casa Tudor, firmou um acordo com nobres partidários

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à frente das tropas que defendiam a família Valois da in-
vestida inglesa no norte. Apesar de seu aprisionamento
e de sua execução por ser considerada herege pela
das outras famílias, sendo aclamado rei com o título de
Henrique VII. Desse acordo surgiu a dinastia que esta-
beleceu as bases do Estado moderno inglês: os Tudor.

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Igreja, os êxitos de Joana d’Arc animaram os franceses, Assim, pode-se afirmar que, durante os últimos sé-
geraram um sentimento de unidade com fortes traços culos da Idade Média, foram criadas as condições para
religiosos e confirmaram o poder da família Valois. a emergência dos Estados modernos.

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CONSTRUÇÃO DO ABSOLUTISMO REAL sua vontade, não sendo necessariamente caridoso ou


religioso, mas fazendo com que as pessoas vejam nele
DA ÉPOCA MODERNA
HISTÓRIA 1

a caridade e a religiosidade. Conforme escreveu:


Além do deslocamento do poder, na Baixa Idade
Média, dos senhores feudais e do papado romano para Assim, é necessário a um príncipe, para se man-
as monarquias, as transformações econômicas e so- ter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou
ciais também contribuíram para o reordenamento de deixe de valer-se disso, segundo a necessidade [...]
forças políticas no período. Nada faz estimar tanto um príncipe como os gran-
Contudo, tratar do Estado moderno requer com- des empreendimentos e o dar de si raros exemplos.
preender todo o esforço no âmbito intelectual que Temos, nos nossos tempos, Fernando de Aragão,
procurou justificar esse deslocamento, garantindo um atualmente rei de Espanha. A este príncipe pode-se
discurso legitimador do poder político centralizado nas chamar quase que de novo, porque de um rei fra-
mãos dos reis. co se tornou, pela fama e pela glória, o primeiro rei
Deve-se considerar que as trajetórias dos pensa- cristão; e se considerardes as suas ações, vereis que
dores da época foram variadas, alguns defendendo o são todas altíssimas, havendo algumas extraordiná-
poder real com argumentos religiosos; outros por meio rias. No começo de seu reinado, assaltou Granada
de um contrato entre homens; e, outros, apenas as- e esse empreendimento constituiu a base de seu
sinalando como um governante deveria se comportar Estado. Primeiro agiu despreocupadamente e com
para manter a ordem. No entanto, o elemento comum a certeza de que não seria impedido: os barões de
a todas as argumentações encontrava-se no poder do Castela, com a atenção presa na guerra referida, não
Estado, na ideia de uma soberania que alterava cla- cogitavam de fazer inovações. Fernando conquis-
ramente o eixo do exercício do poder, pois não era a tava, então, naquele meio, reputação e autoridade
fragmentação feudal típica nem o desejo universalista sobre eles, que disso não se apercebiam. Com di-
do papado romano, mas algo intermediário: a monar- nheiro da Igreja e do povo pôde manter exércitos e,
quia nacional. por uma longa guerra, assentar as bases de seu pró-
prio renome como militar. Além disso, para poder
TEÓRICOS DO ESTADO MODERNO lançar-se em maiores empresas, servindo-se sempre
Alguns intelectuais europeus se debruçaram sobre da religião, dedicou-se a uma piedosa crueldade
o tema do Estado, contribuindo, cada um à sua maneira, expulsando e livrando seu reino dos “marranos”,
para legitimar uma ordem política centralizada na figura exemplo que não pode ser mais miserável nem mais
do príncipe ou do rei. Entre os autores que defenderam estranho. Sob essa mesma capa de religião, assaltou
o poder do soberano, destacam-se Nicolau Maquiavel a África; levou a efeito a expedição na Itália; mais
(1469-1527), Thomas Hobbes (1588-1679), Jean Bodin tarde, assaltou a França, e assim sempre fez e urdiu
(1530-1596) e Jacques Bossuet (1627-1704). grandes coisas, que mantiveram sempre em suspen-
so e cheios de admiração os ânimos de seus súditos,
Nicolau Maquiavel empolgados pela espera do sucesso final desses fei-
tos. E nasceram estas suas ações de tal modo que,
PALAZZO VECCHIO, FLORENÇA

entre uma e outra, nunca deu tempo aos homens de


poder agir contra ele.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Rio de Janeiro: Ediouro, 1980.
p. 91 e 121.

Thomas Hobbes
NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO

Retrato de Nicolau Maquiavel (1469-1527).

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Na obra O príncipe, Maquiavel defende a dissocia-
ção entre religião e política e apresenta sugestões para
o exercício do poder de forma ampla.

conveniados ao Sistema de Ensino


O autor considera que o espaço da política é o da
representação, pois as pessoas julgam pelo que veem,
e não pelo que é. Assim, um príncipe deve fazer valer Retrato de Thomas Hobbes (1588-1679).

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Em Leviatã, Thomas Hobbes propõe que em condi- Na obra Os seis livros da república (1675), Bodin
ção de natureza os homens encontram-se em estado traça um paralelo entre a organização do Estado e da

HISTÓRIA 1
de guerra, sendo a paz possível apenas se renunciarem família para extrair conclusões acerca do poder sobe-
ao poder de autogoverno em nome do poder do rei. rano do rei. De acordo com François Châtelet:
Isso dá ao poder um caráter contratual, estabelecen- (Bodin) Considera que a existência de um poder pú-
do o poder político por meio de um consentimento blico unificado e unificante é um dado de fato de toda
coletivo, ou seja, social, em nome da paz e de uma sociedade histórica; e pergunta sobre o que caracteriza
ordem possível. essencialmente esse poder. A resposta é clara e forte: a
A base do pensamento de Hobbes encontra-se ex- “potência soberana”, a que se exerce por meio de “um
pressa, de forma sintética, nas considerações de João reto governo de vários lares e do que lhes é comum”.
Paulo Monteiro, que diz: Esse é o “estado da república”, ou para falar breve-
“O homem é o lobo do homem” é uma das frases mais mente, o Estado [...] Deve-se observar, antes de mais
repetidas por aqueles que se referem a Hobbes. Essa nada, que o Estado pressupõe os “lares”, ou seja, as fa-
máxima aparece coroada por uma outra, menos cita- mílias; essas estão colocadas sob a autoridade paterna,
da, mas igualmente importante: “a guerra de todos que está por sua vez colocada sob a autoridade da po-
contra todos”. Ambas são fundamentais como sínte- tência soberana no que se refere às questões públicas.
se do que Hobbes pensa a respeito do estado natural CHÂTELET, François. História das ideias políticas. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2000. p. 46.
em que vivem os homens. O estado de natureza é o
modo de ser que caracterizaria o homem antes de Jacques Bossuet
seu ingresso no estado social. O altruísmo não seria,

GALERIA UFFIZI, FLORENÇA, ITÁLIA


portanto, natural. No estado de natureza, o recurso
à violência generaliza-se, cada qual elaborando no-
vos meios de destruição do próximo, com o que a
vida se torna “solitária, pobre, sórdida, embrutecida
e curta, na qual cada um é lobo para o outro, em
guerra de todos contra todos”. Os homens não vi-
vem em cooperação natural, como fazem as abelhas
e as formigas. O acordo entre elas é natural; entre
os homens, só pode ser artificial. Nesse sentido, os
homens são levados a estabelecer contratos entre
si. Para o autor do Leviatã, o contrato é estabelecido
unicamente entre os membros do grupo, que, entre
si, concordam em renunciar a seu direito a tudo para Retrato de Jacques Bossuet (1627-1704).

entregá-lo a um soberano capaz de promover a paz. Na obra Política segundo as sagradas escrituras,
Não submetido a nenhuma lei, o soberano absolu- Bossuet procurou associar o poder do rei a uma inspi-
to é a própria fonte legisladora. A obediência a ele ração divina, defendendo a teoria do direito divino dos
deve ser total. reis. Conforme Bossuet:
MONTEIRO, João Paulo. Os pensadores. São Paulo: Todo o poder vem de Deus. Os governantes, pois,
Abril Cultural, 2000.
agem como ministros de Deus e seus representantes
na terra. Consequentemente, o trono real não é o tro-
no de um homem, mas o trono do próprio Deus. Re-
Jean Bodin sulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada e que
atacá-lo é sacrilégio. O poder real é absoluto. O prín-
cipe não precisa dar contas de seus atos a ninguém.
THE HISTORY COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO

BOSSUET, Jacques. Política segundo as sagradas escrituras, 1709.

De forma geral, pode-se afirmar que duas linhas


de entendimento do exercício do poder dos sobera-
nos predominaram ao longo da época moderna. Uma
defendia o caráter sagrado da autoridade real, sendo
importante, principalmente, no chamado absolutismo

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francês. A outra defendia uma visão contratualista para
o exercício do poder do soberano, havendo, dessa ma-
neira, um pacto entre governante e governado de tal
forma que os governados transferiam o poder para o

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rei em nome de uma ordem possível.
Assim, estavam lançadas as bases teóricas do Es-
Retrato de Jean Bodin (1530-1596). tado moderno absolutista.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

CENTRALIZAÇÃO DO PODER

Dinastia capetíngia inicia o processo de centralização. Conflitos


Unificação e centralização:
entre a Igreja e o rei (Cisma do Ocidente) e Guerra dos Cem Anos consolidam o poder real. Durante a
França
Guerra dos Cem Anos ocorre formação dos exércitos nacionais, maior controle da economia (cunhagem

de moedas), centralização da cobrança de impostos e monopólio do exercício da Justiça.

Unificação: Guilherme, o Conquistador, unifica os reinos ingleses.

Processo até a dinastia Tudor: A ausência de Ricardo Coração de Leão (Terceira Cruzada) for-

talece os barões ingleses. A tentativa de centralização de João Sem-Terra desagrada o clero e a nobreza.
Inglaterra
Imposição da Carta Magna, sujeitando o poder real. A derrota para a França na Guerra dos Cem Anos

gera crise interna, culminando na Guerra das Duas Rosas, que consolida a dinastia Tudor. Início da

centralização na Inglaterra.

Unificação: O processo de formação das monarquias nacionais de Portugal e da Espanha está asso-

ciado à reconquista dos territórios ocupados pelos árabes (Guerras de Reconquista).

Portugal:Torna-se o primeiro Estado moderno europeu após a Revolução de Avis. Associação do rei
Portugal e com a burguesia, que financia a monarquia em troca da expansão comercial.
Espanha

Espanha: É unificada após o casamento de Isabel (de Castela) e Fernando (de Aragão).

Em O príncipe, defende a dissociação entre religião e política e apresenta


Nicolau Maquiavel:
sugestões para o exercício do poder de forma ampla.

Segundo Hobbes, em condições naturais os homens encontram-se em estado


Thomas Hobbes:
de guerra, devendo, assim, renunciar ao autogoverno em nome do poder do rei. Sua principal obra é

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Leviatã.
Principais teóricos
absolutistas Na obra Política segundo as sagradas escrituras, associa o poder do rei a um
Jacques Bossuet:
direito que seria divino, sendo impossível ao homem questioná-lo.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. FGV-RJ C3-H15 d) derivou da disputa por territórios recém-descobertos
“Da mesma forma que a Terra Santa, ainda que com identi- por franceses no norte da África, mas que eram es-
dade menor, a Península Ibérica possibilitava a reunião das tratégicos para a expansão da economia inglesa, já
produtora de manufaturados.
ideias de paz (luta no exterior da cristandade), de Guerra
Santa (engrandecimento da Igreja em terra anteriormen- e) desenvolveu-se no contexto das reformas religiosas,
te cristã) e de peregrinação (corpo santo apostólico em obrigando cada nação europeia a se posicionar na
defesa ou não do papado, fator principal do conflito
Santiago de Compostela). A Reconquista revelou-se espe-
bélico entre franceses e ingleses.
cialmente atraente, o que é significativo, para o centro-sul A Guerra dos Cem Anos foi acompanhada por um longo processo de
francês [...] cujos cavaleiros foram os mais constantes par- centralização do poder na Inglaterra e na França. Não há relação entre
ticipantes ultramontanos da luta antimoura na península.” essa guerra e diferentes leituras econômicas, formação de aliança en-
tre Inglaterra e Portugal, disputa por territórios no norte da África ou
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros:
mesmo reformas religiosas.
feudoclericalismo e religiosidade em Castela medieval. São Paulo:
Hucitec, 1990. p. 161.
3. UFSC-SC – Identifique se são verdadeiras (V) ou fal-
Sobre a Reconquista ibérica, é correto afirmar que se sas (F) as afirmativas abaixo com relação à Guerra dos
trata de: Cem Anos:
a) um conjunto de guerras e conquistas territoriais cujas ( ) A guerra contribuiu para consolidar o regime feu-
motivações foram semelhantes àquelas que esti- dal na França e na Inglaterra.
mularam a ação dos cristãos durante as Cruzadas. ( ) Uma das causas da guerra foi o controle de terri-
b) um movimento dirigido pelos comerciantes caste- tórios franceses pela Inglaterra.
lhanos, interessados em se apropriar das riquezas e ( ) O principal objetivo de Joana d´Arc era levar o Del-
rotas mercantis do mundo islâmico. fim a Reims para ser coroado como Carlos VII, rei
c) um movimento sem vinculação às crenças religio- da França.
sas e devocionais cristãs e estimuladas pelo avanço ( ) A guerra não foi contínua e entre as razões da
científico precoce da Península Ibérica. interrupção das hostilidades estão as tréguas e a
d) uma incursão de cavaleiros a serviço da monarquia peste negra.
francesa com o intuito de anexar a Península Ibérica Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
e reestruturar o antigo Império Carolíngio. reta, de cima para baixo:
e) um movimento essencialmente religioso que visava
a combater o fanatismo muçulmano e estabelecer a) V – V – F – F d) F – V – F – F
monarquias cristãs que respeitassem a liberdade b) F – V – V – V e) F – F – V – V
religiosa na Península Ibérica. c) F – V – F – V
A Reconquista é um momento importante para a fundação dos Estados A primeira afirmativa é falsa porque não houve consolidação do regime
modernos, os primeiros da Europa: Portugal e Espanha. Está correto feudal, pelo contrário, houve a sua decadência e desestruturação enquan-
comparar essa guerra às Cruzadas, uma vez que havia a oposição entre to acontecia o processo de centralização do poder nas mãos dos reis.
os “fiéis” (católicos) e os “infiéis” (muçulmanos).
4. Fuvest-SP
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes “É praticamente impossível treinar todos os súditos de um
grupos, conflitos e movimentos sociais. [Estado] nas artes da guerra e ao mesmo tempo mantê-los
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, obedientes às leis e aos magistrados.”
econômicos ou ambientais ao longo da História.
(Jean Bodin, teórico do absolutismo, em 1578)
2. FGV-SP
Essa afirmação revela que a razão principal de as mo-
“Guerra dos Cem Anos – Denominação dada a uma sé- narquias europeias recorrerem ao recrutamento de
rie de conflitos ocorridos entre a França e a Inglaterra no mercenários estrangeiros, em grande escala, devia-se
período 1337-1475. O termo, que vem sendo considerado à necessidade de:
impróprio, é uma criação moderna dos historiadores do
a) conseguir mais soldados provenientes da burguesia,
século XIX, introduzido nos manuais escolares. [...]. Al-
a classe que apoiava o rei.
guns historiadores têm mesmo proposto que seja utilizada
a expressão ‘cem anos de guerra’ e não a tradicional.” b) completar as fileiras dos exércitos com soldados
profissionais mais eficientes.
AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e
conceitos históricos. Apud Luiz Koshiba. História: origens, estruturas c) desarmar a nobreza e impedir que esta liderasse as
e processos. demais classes contra o rei.
d) manter desarmados camponeses e trabalhadores
Sobre essa guerra, é correto afirmar que: urbanos e evitar revoltas.
a) decorreu diretamente da chamada crise do século e) desarmar a burguesia e controlar a luta de classes
XIV, pois a Inglaterra e a França tinham leituras diver- entre esta e a nobreza.
gentes da paralisia econômica que atingiu a Europa Jean Bodin é um dos intelectuais que teorizaram o Estado absolutista.
ocidental desde os primeiros anos desse século. No fragmento citado, ele discute como o poder central busca força
militar sem ficar vulnerável a rebeliões em seu próprio território.
b) resultou da imediata reação da França, aliada dos

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reinos de Castela e Aragão, à aliança econômica e 5. Unitau-SP – Com o fim da Guerra dos Cem Anos (1337-
militar entre a Inglaterra e Portugal, iniciando o mais -1453), o conflito entre os York e os Lancaster, famílias
sangrento conflito bélico da Europa moderna. inglesas de grandes proprietários de terra que se enfrenta-
ram na Guerra das Duas Rosas – a rosa branca simbolizava
c) desenrolou-se quase toda em território francês, com
os e a rosa vermelha, os .

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batalhas entremeadas por tréguas e períodos de paz,
Só em 1485, Henrique VII, que tinha laços de parentes-
e as suas origens se ligam à sucessão do trono fran-
cês, também disputado pela Inglaterra. co com os Lancaster e os York e que recebeu o apoio

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da inglesa, conseguiu conciliar os dois 6. Faap-SP – Principalmente a partir do século XVI, vários
HISTÓRIA 1

grupos. Henrique VII foi o primeiro rei da dinastia dos autores passam a desenvolver teorias justificando o
. O fim dos conflitos possibilitou um pe- poder real. São os legistas que, através de doutrinas
ríodo de concentração do poder na figura do rei, que leigas ou religiosas, tentam legalizar o absolutismo. Um
culminaria no absolutismo inglês dos séculos seguintes. deles é Maquiavel: afirma que a obrigação suprema do
governante é manter o poder e a segurança do país que
Assinale a alternativa que apresenta corretamente as
governa. Para isso deve usar de todos os meios dispo-
palavras que completam o texto na sequência em que
níveis, pois que “os fins justificam os meios.” Professou
aparecem:
suas ideias na famosa obra:
a) York; Lancaster; nobreza; Stuart.
a) Leviatã.
b) York; Lancaster; burguesia; Tudor.
b) Do direito da paz e da guerra.
c) York; Lancaster; burguesia; Stuart.
c) República.
d) Lancaster; York; nobreza; Tudor.
d) O príncipe.
e) Lancaster; York; burguesia; Stuart.
e) Política segundo as sagradas escrituras.
Maquiavel é um dos teóricos do Estado absolutista. Sua obra principal
A Guerra das Duas Rosas, entre as famílias York e Lancaster, é o centro e mais determinante é O príncipe, como foi visto neste módulo.
do processo de centralização do poder na Inglaterra sob a dinastia
Tudor, que inaugura o absolutismo inglês com o apoio da burguesia.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. FGV-SP – Sobre as relações entre os reinos ibéricos e e) o surgimento de uma vanguarda cultural religiosa e
a expansão ultramarina, é correto afirmar que a: a forte influência do ceticismo francês defensor do
a) centralização do poder no Reino Português só ocor- direito divino dos reis.
reu após a vitória contra os muçulmanos na Guerra
de Reconquista, o que garantiu o estabelecimento de 9. Uema-MA
alianças diplomáticas com os demais reinos ibéricos, “Para Thomas Hobbes, os seres humanos são livres em seu
condição para sanar a crise do feudalismo por meio estado natural, competindo e lutando entre si, por terem
da expansão ultramarina. relativamente a mesma força. Nesse estado, o conflito se
b) Guerra de Reconquista teve papel importante na orga- perpetua através de gerações, criando um ambiente de
nização do Estado português, uma vez que reforçou o tensão e medo permanente. Para esse filósofo, a criação de
poder do rei como chefe político e militar, garantindo a uma sociedade submetida à lei, na qual os seres humanos
centralização do poder, requisito para mobilizar recur- vivam em paz e deixem de guerrear entre si, pressupõe que
sos a fim de bancar a expansão marítima e comercial. todos renunciem à sua liberdade original. Nessa socieda-
c) canalização de recursos, organizada pelo Estado por- de, a liberdade individual é delegada a um só dos homens
tuguês para a expansão ultramarina, só foi possível que detém o poder inquestionável, o soberano.”
com a preciosa ajuda do capital dos demais reinos
MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e
da Península Ibérica na Guerra de Reconquista, in-
poder de um Estado eclesiástico e civil. Trad. João Paulo Monteiro e
teressados em expulsar o invasor muçulmano que
Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
havia fechado o rentável comércio no Mediterrâneo.
A teoria política de Thomas Hobbes teve papel funda-
d) expansão marítima e comercial precisou de recur-
sos promovidos pelo Reino Português, ainda não mental na construção do sistema político contempo-
unificado, que usou a Guerra de Reconquista para râneo que consolidou a(o):
garantir a sua unificação política contra os demais a) monarquia paritária.
reinos ibéricos, que lutavam ao lado dos muçulmanos b) despotismo soberano.
como forma de impedir o fortalecimento do futuro
Estado luso. c) monarquia republicana.
e) vitória do Reino de Portugal contra os muçulmanos d) monarquia absolutista.
foi garantida pela ajuda militar e financeira do Estado e) despotismo esclarecido.
espanhol, já unificado, o que permitiu também a ex-
pansão marítima e comercial, condição essencial para 10. UEMG-MG – O absolutismo como forma de governo
o fim da crise do feudalismo na Europa Ocidental. esteve presente na Península Ibérica, na França e na
Inglaterra, tendo impactado e influenciado as maiores
8. UEL-PR – Por volta do século XVI, associa-se à formação economias de seu tempo. Seus pensadores mais co-
das monarquias nacionais europeias: nhecidos e suas teorias foram:
a) a demanda de protecionismo por parte da burguesia a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo esta-
mercantil emergente e a circulação de um ideário va subordinado ao Estado; Thomas Hobbes, criador da
político absolutista. teoria do contrato; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que
b) a afirmação político-econômica da aristocracia feudal defenderam que o rei era um representante divino.
e a sustentação ideológica liberal para a centralização b) Nicolau Maquiavel e a teoria do contrato; Thomas

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do Estado. Hobbes e a teoria da supremacia do rei como repre-
c) as navegações e conquistas ultramarinas e o desejo sentante divino; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que
de implantação de uma economia mundial de livre defenderam a subordinação do indivíduo ao Estado.
mercado. c) Maquiavel, Jacques Bossuet e Jean Bodin, cujas

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d) o crescimento do contingente de mão de obra cam- teorias só se diferenciaram na aplicabilidade teoló-
ponesa e a presença da concepção burguesa de di- gica, bem como Thomas Hobbes, que preconizou o
tadura do proletariado. indivíduo como senhor de seus direitos.

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d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o con- c) a história é compreendida como retilínea, portanto a

HISTÓRIA 1
trato social; Jacques Bossuet, que estabeleceu o ordem é resultado necessário do desenvolvimento
conceito de individualismo primordial; e Jean Bodin, e aprimoramento humano, sendo impossível que o
que defendeu a primazia da esfera governamental. caos se repita.
d) a ordem na política é inevitável, uma vez que o âm-
11. Uespi-PI – O poder dos reis tinha, na época do absolu- bito dos assuntos humanos é resultante da materia-
tismo, respaldo em ideias de filósofos, como Hobbes, e lização de uma vontade superior e divina.
fortalecia a centralização de suas ações colonizadoras
e) há uma ordem natural e eterna em todas as questões
no tempo das navegações. Os reis do absolutismo: humanas e em todo o fazer político, de modo que a es-
a) encontraram apoio dos papas da Igreja Católica, que tabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.
concordavam, sem problemas, com o autoritarismo
dos reis e a existência das riquezas vindas das colônias. 14. Mackenzie-SP – O florentino Nicolau Maquiavel (1469-
b) eram desfavoráveis ao crescimento político da burgue- -1527) rompeu com a religiosidade medieval, estabele-
sia, pois se aliavam com a nobreza latifundiária e de- cendo nítida distinção entre a moral individual e a moral
fensora da continuidade de princípios do feudalismo. pública. Em seu livro O príncipe, preconizava que:
c) dominaram na Europa moderna, contribuindo para a) o chefe de Estado deve ser um chefe de exército. O
diminuir o poder do papa e reorganizar a economia Estado em guerra deve renunciar a todo sentimento
conforme princípios do mercantilismo. de humanidade... O equilíbrio das forças está inscrito
d) fortaleceram as alianças políticas entre grupos da nos tratados. Mas os chefes de Estado não devem
aristocracia europeia que queriam a descentralização hesitar em trair sua palavra ou violar sua assinatura
administrativa dos governos. no interesse do Estado.
e) fizeram pactos com grupos da burguesia, embora b) somente a autoridade ilimitada do soberano poderia
fossem aliados da Igreja Católica e concordassem manter a ordem interna de uma nação. A ordem po-
com a teoria do “justo preço”. lítica internacional é a mais importante; sem ela se
estabeleceria o caos e a turbulência política.
12. Mackenzie-SP – Sobre as guerras de religião ocorridas c) na transformação do estado natural para o estado
na França durante o século XVI, é correto afirmar que: civil, legitima-se o poder absoluto do rei, uma vez
que o segundo monta-se a partir do indivíduo, que
a) decretaram o fim da dinastia dos Bourbons, através
cede seus direitos em troca de proteção contra a
do Edito de Nantes, proclamado na “Noite de São
violência e o caos do primeiro.
Bartolomeu”.
d) o trono real não é o trono de um homem, mas o trono
b) aceleraram o processo de consolidação do Estado
do próprio Deus... Os reis... são deuses e participam
absolutista, permitindo a chegada ao poder de reis
de alguma maneira da independência divina. O rei
protestantes aliados à burguesia mercantil católica.
vê mais longe e de mais alto; deve-se acreditar que
c) motivaram a aliança do Partido Huguenote com a ele vê melhor...
rainha Catarina de Médicis, provocando, na célebre
e) há três espécies de governo: o republicano, o mo-
“Noite de São Bartolomeu”, o massacre dos mem-
nárquico e o despótico... A liberdade política não se
bros da Santa Liga aliada da nobreza calvinista.
encontra senão nos governos moderados... Para que
d) expressaram o confronto político-religioso entre a não se possa abusar do poder, é preciso que pela
nobreza católica, liderada pelos Guises; e os Hugue- disposição das coisas, o poder faça parar o poder.
notes, ligados aos Bourbons, ocasionando crises no
processo de consolidação do absolutismo. 15. Instituto Federal – As monarquias exercem um for-
e) provocaram o confronto entre os Huguenotes, mem- te poder simbólico sobre as pessoas e a sociedade.
bros do Partido Papista, e os calvinistas integrantes Exemplo desse poder ocorreu há poucos meses (em
da Santa Liga, fortalecendo o absolutismo. 2011), quando o casamento do príncipe Wiliam com
Kate Middleton foi valorizado como um grande evento
13. UEL-PR – Leia o texto a seguir: da monarquia britânica. Os ingleses acompanharam
“A república de Veneza e o Ducado de Milão, ao norte; o todo o enlace, que foi transmitido para o mundo através
Reino de Nápoles, ao sul; os Estados Papais e a república da televisão e da internet. Podemos afirmar que esse
de Florença, no centro, formavam ao final do século XV o poder simbólico, sobretudo do rei, tem origem na An-
que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a cons- tiguidade, mas foi na Idade Moderna que os monarcas
tantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse ce- mais “investiram” na sua produção.
nário, o florentino Maquiavel desenvolveu reflexões sobre Leia as afirmativas abaixo referidas às várias estratégias
como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a utilizadas na produção do poder pelos monarcas dos
unificação e a regeneração da Itália.” Estados modernos:
SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o inte-
I. Produziram-se imagens que associavam o monarca a
lectual de virtú. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v. 2. um estadista empreendedor; assim como à justiça,
São Paulo: Ática, 2003. p. 11-24. (Adaptado) à virtude e à própria natureza da nação; a figura do
rei representa a cabeça do reino.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filoso- II. Produziu-se a associação da imagem do rei, da rainha
fia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta: e do príncipe à da Sagrada Família, à qual os católicos

Material exclusivo para professores


a) a anarquia e a desordem no Estado são aplacadas têm respeito e/ou devoção.
com a existência de um príncipe que age segundo a III. Manutenção dos rituais simbólicos: as vestes rica-
moralidade convencional e cristã. mente ornadas, a prontidão dos serviços dos pajens
b) a estabilidade do Estado resulta de ações humanas e criados, as cerimônias de coroação, as aparições

conveniados ao Sistema de Ensino


concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo públicas cercadas de pompas.
que a realidade seja móvel e a ordem possa ser IV. A difusão da ideia de que o rei é a autoridade dele-
desfeita. gada por Deus para representá-lo na Terra.

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Assinale a alternativa correta: c) política de Rousseau, para quem a submissão à


HISTÓRIA 1

vontade geral é condição para experiências de


a) Somente I e IV estão corretas.
liberdade.
b) I, II e III estão corretas.
d) teológica de Santo Agostinho, que considera que
c) I, II e IV estão corretas. o processo de iluminação divina afasta os homens
d) Somente a afirmativa IV é correta. do pecado.
e) I, III e IV estão corretas. e) política de Hobbes, que conceitua a competição e a
desconfiança como condições básicas da natureza
16. Unesp-SP humana.
“A China é a segunda maior economia do mundo. Quer
garantir a hegemonia no seu quintal, como fizeram os Es- 17. PUC-MG – A Revolução do Mestre de Avis (1383-1385)
possibilitou a ascensão de uma nova dinastia em Portugal,
tados Unidos no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas
com D. João I, estendendo-se até 1580, quando ocorreu
temem por um atol de rochas desabitado que disputam
a União Ibérica. A vitória de D. João I, o mestre de Avis:
com a China. O Japão está de plantão por umas ilhotas de
pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem. Mes- a) implicou uma reorientação da política expansionista
portuguesa, ameaçando os interesses espanhóis na
mo o Vietnã desconfia mais da China do que dos Estados
região de Flandres.
Unidos. As autoridades de Hanói gostam de lembrar que
o gigante americano invadiu o México uma vez. O gigante b) proporcionou o alargamento territorial com uma po-
lítica agrária agressiva, visando à obtenção de recur-
chinês invadiu o Vietnã dezessete.”
sos destinados à colonização ultramarina.
PETRY, André. O século do Pacífico. Veja, 24 abr. 2013. (Adaptado)
c) contou com o apoio da França contra a Inglaterra e
A persistência histórica dos conflitos geopolíticos des- a Espanha, países rivais de Portugal nas disputas
critos na reportagem pode ser filosoficamente com- ultramarinas.
preendida pela teoria: d) deu uma nova orientação à política expansionista,
voltando-se para o ultramar, sendo a conquista de
a) iluminista, que preconiza a possibilidade de um esta- Ceuta seu marco inicial.
do de emancipação racional da humanidade.
e) viabilizou a organização da expedição de Vasco da
b) maquiavélica, que postula o encontro da virtude com Gama, com o Erário Real destinando somas elevadas
a fortuna como princípios básicos da geopolítica. para o empreendimento.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C2-H8 si. É entre si que renunciam, em proveito desse senhor, a
“Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que todo o direito e toda liberdade nocivos à paz.”
temido ou temido que amado. Responde-se que ambas CHEVALLIER, J. J. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos
as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, dias. Rio de Janeiro: Agir, 1995. (Adaptado)
é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja A proposta de organização da sociedade apresentada
de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, no texto encontra-se fundamentada na:
duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simulado- a) imposição das leis e na respeitabilidade ao soberano.
res, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem b) abdicação dos interesses individuais e na legitimi-
são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a dade do governo.
vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está c) alteração dos direitos civis e na representatividade
longe; mas quando ele chega, revoltam-se.” do monarca.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. d) cooperação dos súditos e na legalidade do poder
democrático.
A partir da análise histórica do comportamento humano
em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define e) mobilização do povo e na autoridade do Parlamento.
o homem como um ser:
20. Enem C3-H14
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o “A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades
bem a si e aos outros. do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de
alcançar êxito na política. espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e
imprevisíveis e inconstantes. outro homem não é suficientemente considerável para que
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré- um deles possa com base nela reclamar algum benefício a
-social e portando seus direitos naturais. que outro não possa igualmente aspirar.”
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
com seus pares. Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil,

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quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles:
19. Enem C3-H14
a) entravam em conflito.
“Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir ao contrato
uma soberania absoluta e indivisível. Ensina que, por um b) recorriam aos clérigos.
c) consultavam os anciãos.

conveniados ao Sistema de Ensino


único e mesmo ato, os homens naturais constituem-se em
sociedade política e submetem-se a um senhor, a um so- d) apelavam aos governantes.
berano. Não firmam contrato com esse senhor, mas entre e) exerciam a solidariedade.

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HISTÓRIA 1
REFORMA PROTESTANTE

RUPTURAS NA RELIGIÃO
IVY CLOSE IMAGES /ALAMY STOCK PHOTO

• Rupturas na religião
• Reforma religiosa
• O Renascimento e a Igreja
• Igreja Luterana
• Igreja Calvinista
• Igreja Anglicana

HABILIDADES
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
História.
• Comparar diferentes pontos
de vista, presentes em
Representação de Lutero discursando na chamada Dieta de Worms, um encontro do Sacro Império Romano- textos analíticos e inter-
Germânico que aconteceu na cidade de Worms, onde as ideias do reformador foram discutidas.
pretativos, sobre situações
ou fatos de natureza
Os séculos XVI e XVII foram marcados por mudanças significativas no mundo eu-
histórico-geográfica acerca
ropeu, desde transformações políticas, econômicas e sociais até rupturas em relação das instituições sociais,
à mentalidade religiosa medieval. políticas e econômicas.
Durante anos de intolerâncias e agitações, verdadeiros massacres foram realizados em
• Analisar a atuação dos mo-
nome da fé. Muitos foram lançados à fogueira por afirmarem coisas contrárias aos argu- vimentos sociais que contri-
mentos das autoridades, fossem elas religiosas ou temporais, católicas ou protestantes. buíram para mudanças ou
A passagem da Idade Média para os tempos modernos correspondeu, no âmbito rupturas em processos de
cultural, não apenas ao movimento renascentista, mas também a uma fratura signifi- disputa pelo poder.
cativa no pensamento religioso europeu, tornado visível com a proliferação de igrejas • Interpretar historicamente
cristãs que quebraram o monopólio da Igreja Católica sobre a cristandade ocidental. fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.

REFORMA RELIGIOSA
SCHLOSSMUSEUM, WEIMAR, ALEMANHA

O RENASCIMENTO E A IGREJA
As questões envolvendo a Igreja Católica, que evi-
denciam descontentamento até mesmo no interior da
instituição, não eram novas. Porém, no contexto do
Renascimento e das transformações políticas e eco-
nômicas do continente, ganharam nova dimensão.

Material exclusivo para professores Martinho Lutero foi o iniciador da Reforma religiosa por criticar aquilo que

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considerava ser um abuso da Igreja contra os fiéis: a venda de indulgências.
Ele rompeu o silêncio ao publicar as 95 teses, colocando em questão, entre
outros aspectos, a salvação pelas obras. Essa salvação era a justificativa do
papado romano para a venda de indulgências.

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É difícil afirmar a unidade de pensamento cristão Roma já estava competindo com Constantinopla
no período medieval, e as várias práticas que a Igreja como capital imperial do mundo cristão. A competi-
HISTÓRIA 1

Católica combatia por considerar heresias atestam as ção tornou-se ainda mais acirrada quando Constanti-
divisões no interior da cristandade europeia. A Igreja nopla tombou para o sultão otomano Mehmed II em
incorporou elementos do paganismo, colocando sobre 1453. Mehmed não apenas tomou a capital imperial de
eles um véu cristão, mas nem tudo foi absorvido pelas Constantino, renomeando-a e iniciando uma ambicio-
autoridades eclesiásticas, e aquilo que feria a doutrina sa campanha de reconstrução; ele também converteu
da Igreja era severamente combatido. a Basílica de Santa Sofia, uma das maiores igrejas da
Exemplo claro de intolerância encontra-se na doutrina cristandade, em mesquita. Roma e seus papas não de-
dos cátaros (puros), também conhecidos por albigenses, sejavam ser ultrapassados por Istambul e seus sultões.
Em abril de 1506, o papa Júlio II deu o passo inicial para
pois habitavam a cidade de Albi, na França. Eles abraça-
a nova Basílica de São Pedro ao escolher Donato Bra-
ram um pensamento que se chocava com a doutrina da
mante como seu arquiteto.
Igreja Católica. Acreditavam na metempsicose, ou seja,
BROTTON, Jerry. O bazar do Renascimento: da rota da seda a
na migração das almas. Além disso, reconheciam em Michelangelo. São Paulo: Grua Livros, 2009. p. 104.
sua comunidade homens puros, chamados de anjos, os
cátaros. Esses podiam tocar nas pessoas, retirando os Contudo, os gastos elevaram-se e os recursos da
pecados. Entretanto, o toque que redimia pecados podia Igreja foram escasseando. O papa Leão X, que deu
ser feito somente uma vez. Sendo assim, apenas quan- sequência aos trabalhos iniciados pelo papa Júlio II,
do alguém estava para morrer o “anjo” era chamado para decidiu, em 1510, aumentar os fundos destinados às
realizar o toque redentor. Logo, todos os pecados seriam obras estabelecendo uma diretriz. Os fiéis doadores de
redimidos, as máculas retiradas e o ser humano teria recursos para o término da construção da Basílica de
acesso ao paraíso no fim dos tempos. A Igreja Católica São Pedro receberiam um documento, cada um com
considerou o movimento uma heresia, sendo convocada seu nome. Esse documento redimia os pecados come-
uma cruzada contra os habitantes da cidade de Albi. Pou- tidos, garantindo o caminho para o paraíso. Isso ficou
cos sobreviveram e houve um massacre da população. conhecido como venda de indulgências.
Além disso, outras questões foram levantadas na O papado afirmava que o homem podia se salvar
Idade Média, como a realização do culto em língua po- pela fé e pelas obras, sendo a contribuição para a Igre-
pular, pois era feito em latim. Percebe-se que, se havia ja situada no campo das obras. Dessa forma, contribuir
unidade cristã, era apenas institucional, pois práticas re- era salvar-se pelas obras – no caso, a Basílica de São
ligiosas informam a diversidade de expressões cristãs Pedro. Isso causou indignação em vários membros da
no Medievo. instituição, que entendiam tal determinação papal como
Entretanto, as críticas à Igreja cresciam e eram permissividade incompatível com os princípios cristãos.
O homem da Igreja que inaugurou o debate aberto,
feitas por vários grupos sociais insatisfeitos com o
nesse sentido público da questão, foi o monge agosti-
comportamento de muitos membros da instituição
niano e professor de teologia da Universidade de Witten-
que exploravam a fé do povo. Cargos religiosos eram
berg, Martinho Lutero. Ao saber das instruções dadas ao
vendidos, cobrava-se para os fiéis se aproximarem de
clero alemão para arrecadar dinheiro para a Igreja, Lutero
relíquias (objetos sagrados), e, embora a Igreja afir-
decidiu escrever e publicar 95 teses discorrendo sobre
masse o celibato clerical, padres, freiras e até papas
os problemas da Igreja e se posicionando contra a ven-
tinham filhos. Assim, a Igreja era acusada de corrup- da de indulgências. O monge considerava essa prática
ção e venalidade. como falácia, engano, “uma troca de dinheiro por pro-
Nesse quadro de insatisfações, o Renascimento ini- messas ocas”, afirmando ser uma fraude.
cialmente foi visto pela Igreja como uma oportunidade
para reafirmar a autoridade papal em Roma, a grande
COLEÇÃO PARTICULAR

cidade da Antiguidade clássica. A ideia era reformar


Roma e realizar novas construções para ampliar o nú-
mero de peregrinos na cidade. Isso reforçaria o poder
do papa como líder espiritual da cristandade. Houve dis-
cussões para a reconstrução da antiga Basílica de São
Pedro em estilo que contrastava com o gótico medie-
val, retomando o arco inteiro das construções romanas.

Material exclusivo para professores


Sobre a construção da Basílica de São Pedro, con-
forme o historiador Jerry Brotton:
O maior problema que os sucessivos papas enfrenta-

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ram foi a renovação da esfacelada Basílica de São Pe-
dro, construída sobre o túmulo do santo por Constanti- Representação da venda de indulgências, uma das práticas criticadas
no na metade do século IV. pelos reformadores. Augsburg, 1530.

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A respeito da venda de indulgências e da atitude de “O justo há de viver pela fé.” Para Lutero essa fra-
Martinho Lutero, o estudioso da história da Igreja Eamon se isolada virava de cabeça para baixo todo o sis-

HISTÓRIA 1
Duffy escreveu: tema medieval de salvação. Santo não era, como
ensinava a Igreja, o ser humano que deixava de
Em toda a parte, as mentes piedosas estavam revolta-
pecar: santo era o pecador que depositava toda a
das com esse tipo de coisa, e já tinham sido muitos os
sua confiança em Deus. As boas ações, a penitên-
protestos contra semelhante abuso das indulgências.
cia, as indulgências em nada contribuíam para a
Mas Lutero não protestou contra o abuso: protes- salvação. A fé, a dependência infantil de Deus, era
tou contra as próprias indulgências. Monge devo- tudo. Havia um lugar para as boas ações na vida
to e escrupuloso, ele acabava de passar por uma do cristão, mas enquanto retribuição agradecida à
profunda crise espiritual. Assoberbado pela sen- salvação obtida, não como meio de obtê-la... Por-
sação de sua própria pecabilidade, achava terrível tanto, para Lutero, a indulgência para a Basílica
a ideia da justiça divina, e os remédios que a Igre- de São Pedro era uma trapaça cruel e blasfêmia,
ja oferecia através da confissão e dos atos de peni- uma troca de dinheiro por promessas ocas.
tência eram impotentes para lhe acalmar os temo- DUFFY, Eamon. Santos e pecadores: história dos papas.
res. O alívio lhe veio de uma frase de São Paulo: São Paulo: Cosac Naify, 1998. p. 154.
COLEÇÃO PARTICULAR

Representação de
Martinho Lutero
fixando suas 95
teses na Igreja de
Wittenberg.

Algumas das 95 teses de Lutero: Deus, ou então o faz nos casos que lhe foram reser-
vados. Nestes casos, se desprezados, a dívida em
1a tese: Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: absoluto deixaria de ser anulada ou perdoada.
Arrependei-vos... etc., certamente quer que toda a 20a tese: Por isso o papa não quer dizer e nem com-
vida dos seus crentes na Terra seja contínuo e inin- preender com as palavras “perdão plenário de todas
terrupto arrependimento. as penas” o perdão de todo o tormento, mas tão só
2a tese: E esta expressão não pode e não deve ser inter- as penas por ele impostas.
pretada como referindo-se ao sacramento da penitência, 21a tese: Eis por que erram os apregoadores de indul-
isto é, à confissão e satisfação, a cargo dos sacerdotes. gências ao afirmarem ser o homem perdoado de to-
3a tese: Todavia não quer que apenas se entenda o das as penas e salvo mediante indulgência do papa.
arrependimento interno; o arrependimento interno 22a tese: Com efeito, o papa nenhuma pena dispensa
nem mesmo é arrependimento quando não produz às almas do purgatório das que, segundo os cânones
toda sorte de mortificação da carne. da Igreja, deviam ter expiado e pago na presente vida.
4a tese: Assim sendo, o arrependimento e o pesar, 23a tese: Verdade é que se houver qualquer perdão
isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o
plenário das penas, este apenas será dado aos mais
homem se desagradar de si mesmo, a saber, até à

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perfeitos, que são muitos poucos.
entrada para a vida eterna.
24a tese: Logo, a maioria do povo é ludibriada com as
5a tese: O papa não quer e não pode dispensar de ou-
pomposas promessas do indistinto perdão, impres-
tras penas além das que impôs ao seu alvitre ou em
sionando-se o homem singelo com as penas pagas.

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acordo com os cânones, que são estatutos papais.
LUTERO. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/down-
6a tese: O papa não pode perdoar dívida, senão de- load/texto/95%20Teses%20de%20Lutero.pdf>.
clarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Acesso em: 10 ago. 2018.

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Lutero foi chamado para se retratar e renunciar ao que família tinha o apoio da Igreja Católica e, naquele con-
havia escrito. No entanto, o teólogo se recusou a fazer tal texto, os príncipes opositores perceberam que a defesa
HISTÓRIA 1

retratação e manteve sua posição. A partir daí, a Igreja foi di- de Martinho Lutero era uma oportunidade valiosa para
vidida entre religiosos que assumiam a posição papal como romper oficialmente com os Habsburgo. Aquela no-
verdadeira e outros que apoiavam as teses de Lutero. breza defensora de Lutero criou uma aliança, a Liga de
Patrick Collinson, historiador da Reforma, observa, Smalkaden, declarando guerra ao imperador.
de forma bastante vivaz: A respeito dos conflitos militares e políticos que
se intensificaram com a Reforma, o historiador Paul
O que aconteceu em 31 de outubro de 1517 foi com-
Kennedy escreveu:
parado a um homem que tateia subindo à torre de
uma igreja no escuro, pendurado a uma corda até [...] duas causas mais gerais foram as principais res-
perceber que está tocando um sino que acorda a ponsáveis pela transformação tanto na intensidade
aldeia inteira. Se Lutero apenas pretendia que suas como no âmbito geográfico da guerra europeia. A
teses iniciassem um debate acadêmico, ou que as te- primeira foi o advento da Reforma – provocada pela
nha “fixado” como gesto de desafio ou não, é coisa revolta pessoal de Martinho Lutero contra as indul-
que se tornou irrelevante em alguns meses. Os tex- gências papais em 1517 – que acrescentou rapida-
tos passaram às mãos dos impressores e em breve mente uma violenta e nova dimensão às tradicionais
chegaram ao domínio público em toda a Alemanha, rivalidades dinásticas do continente.
tanto em alemão quanto em latim. Por motivos socioeconômicos específicos, o advento
COLLINSON, Patrick. A Reforma. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006. p. 77. da Reforma Protestante – e a reação, na Contrarrefor-
ma contra a heresia – também tiveram a tendência de
Depois de várias controvérsias e tentativas frus- dividir as metades meridional e setentrional da Euro-
tradas da Igreja Católica em fazer Lutero renunciar às pa [...] A segunda razão para o padrão generalizado e
suas teses, em 1520 o monge agostiniano foi expul- interligado da guerra depois de 1500 foi a criação de
so e excomungado. uma combinação dinástica, a dos Habsburgos, para
Isso não o abalou e em clara confrontação decidiu criar formar uma rede de territórios que se estendiam de
uma igreja que ele afirmava recuperar o cristianismo pri- Gibraltar à Hungria, e da Sicília a Amsterdã, supe-
mitivo e original, desvirtuado pela Igreja Católica. Assim, rando em tamanho tudo o que já se vira antes na Eu-
nascia a primeira igreja reformada, a Igreja Luterana. ropa, desde a época de Carlos Magno, 700 anos antes.
KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transfor-

IGREJA LUTERANA mação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro:
Campus, 1991. p. 40.

O conflito entre os Habsburgo e os príncipes oposito-


NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/ALAMY STOCK PHOTO

res do poder internacional dessa família só terminou em


1555, quando foi assinada a Paz de Augsburgo pelo im-
perador Carlos V. Esse acordo definiu uma fórmula para
a paz, sintetizada na expressão cujus regio, ejus religius.
Isso significa que quem decide a Igreja a ser segui-
da é o príncipe. Assim, se o príncipe fosse luterano,
a população de sua terra seguiria a Igreja Luterana e,
se fosse católico, a população de seu principado seria
católica. Dessa forma, a Igreja estava submetida ao Es-
tado, entendido como o principado.
Deve-se considerar ainda que, em 1530, Carlos V
havia convocado uma Dieta em Augsburgo pretenden-
do a união entre os seguidores de Lutero e os da San-
ta Sé, pois estava em guerra contra o Império Turco e
pretendia a união dos cristãos contra os islâmicos na
tentativa de ressuscitar o espírito cruzadista.
Contudo, o que se viu foi a afirmação dos princí-
pios luteranos na Confissão de Augsburgo (documen-
to que afirmava os princípios do pensamento luterano)

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A Igreja Luterana recebeu o apoio de príncipes
Retrato de Martinho Lutero, o pioneiro da Reforma Protestante.
e a cristalização de diferenças inconciliáveis entre cris-
tãos naquele momento.
Em 1530, o cardeal Campeggio escreveu para o im-

conveniados ao Sistema de Ensino


alemães que faziam oposição ao imperador germâ- perador: “as opiniões diabólicas e hereges de Lutero [...]
nico Carlos V, pertencente a uma família tradicional devem ser castigadas e punidas de acordo com a lei e a
que monopolizava o poder, a família Habsburgo. Essa prática observadas na Espanha em relação aos mouros”.

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Assim, os cristãos seguidores de Lutero eram compara- O luteranismo foi, “desde o início, filho do livro
dos aos islâmicos. Carlos V não realizou o que pretendia e impresso”: graças a esse veículo, Lutero pôde trans-

HISTÓRIA 1
as dificuldades cresciam para a administração do império mitir, com força e precisão, sua mensagem de um
da família Habsburgo, mas a Paz de Augsburgo, assinada extremo a outro da Europa.
em 1555 depois de longo conflito nas terras alemãs, reco- ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas: de Maomé à
nheceu a existência da igreja reformada luterana. idade das Reformas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011. p. 223. v. 3.

A Igreja Luterana, agora oficializada, diferenciava-se Outro aspecto a ressaltar concerne às interpreta-
da Igreja Católica, entre outros aspectos, por defender a ções variadas da escritura sagrada que contribuíram
doutrina da justificação pela fé, ou seja, apenas a fé pode para a proliferação de outras igrejas reformadas. Ao
salvar o homem, negando, dessa forma, a salvação pe- propor a livre interpretação da Bíblia, Lutero abriu cami-
las obras em que se sustentava a venda de indulgências. nho para leituras diferenciadas, que, muitas vezes, se
Outro ponto importante dessa nova igreja dizia respeito chocavam. Dessa forma, uma leitura diferente acabava
à leitura da Bíblia. Ficou estabelecido que o fiel devia ter gerando outra igreja. Isso representava o fim do mono-
um contato direto com a escritura sagrada e que sua in- pólio da Igreja Católica no Ocidente.
terpretação era livre, o que ajudaria na afirmação da fé e
da salvação dos homens. Além de a Bíblia deixar de ser
publicada em latim, língua que só os doutos entendiam, e IGREJA CALVINISTA
ser produzida em línguas vernaculares (da população co-

COLEÇÃO PARTICULAR
mum), havia a instituição de um culto na língua do povo, o
que facilitaria a compreensão da palavra de Deus.
MUSEU DO PRADO, MADRI, ESPANHA

João Calvino afirmou diferenças em relação ao pensamento


reformador de Lutero, principalmente no que dizia respeito à
salvação dos homens.

João Calvino foi um teólogo que discordou de Lu-


tero. Talvez a leitura mais radical tenha sido feita por
este pensador religioso. Ele decidiu, por meio de um
Retrato de Carlos V a cavalo (1548), de Ticiano. Óleo sobre tela, estudo do Antigo Testamento, compreender quem era
332 cm × 279 cm. Museu do Prado, Espanha. A obra foi feita Deus e qual era sua identidade.
para celebrar a vitória militar sobre os protestantes em 1547, na
Batalha de Mühlberg. Ao ler o livro dos Profetas, encontrou uma respos-
ta radical. Deus não era amor, não era clemente, pois
Aqueles que optaram por seguir a Igreja reformada havia criado o bem e o mal, a luz e as trevas, a paz e a
tiveram de aprender a ler, e isso talvez tenha contribuí- guerra. Se o mal existia, era porque Deus desejou isso.
do para o desenvolvimento das áreas protestantes em A vontade d’Ele estava além do bem e do mal. Assim,
detrimento das católicas, pois a alfabetização tornava-se se alguém fosse para o inferno, era porque Deus havia
necessária e, alfabetizadas, as pessoas poderiam ler ou- definido. Da mesma forma, se alguém fosse para o pa-
tras obras além da Bíblia, o que, no mundo católico, não raíso era porque Deus havia determinado.
existia, pois a Igreja lia para os fiéis e interpretava a escri- Sobre esse caráter divino, o sociólogo Antonio F.

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tura sagrada. Assim, a pouca quantidade de leitores entre
os católicos também era uma limitação ao conhecimento
que se publicava na imprensa da época.
Pierucci escreveu:
Se pretende consistência, o “ensino da religião cristã”
tem que renunciar à figura do Deus amoroso e cle-

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Deve-se considerar, como afirma o estudioso Mircea mente [...] Nessa proeza de racionalização, o conhe-
Eliade, que a imprensa teve um papel decisivo para a ex- cimento minucioso que tinha da Bíblia o ajudou pra
pansão da Reforma Luterana. De acordo com o historiador: valer. Dou três exemplos, tirados por ele dos profetas:

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“Para que saibam os que procedem do Oriente e os nada, a sua única orientação consistente, nisto tendo
que vêm do Ocidente que além de mim não há outro. sido o berço do moderno “homem econômico”.
HISTÓRIA 1

Eu, Deus, formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:
o mal; eu, o Senhor, faço todas essas coisas” (Isaías). Pioneira, 1992. p. 124.
E indaga pela boca de Amós (Am. 3, 6): “Tocar-se-á a
O calvinismo, diferentemente do luteranismo, mais
trombeta na cidade sem que o povo estremeça? Suce-
circunscrito às terras alemãs, espalhou-se pela Europa,
derá algum mal à cidade sem que o Senhor o tenha
ganhando a adesão de vários cristãos. Na Inglaterra,
feito?” E nas “Lamentações” de Jeremias (Lm. 3, 38):
os calvinistas ficaram conhecidos como puritanos; na
“Acaso não procede do Altíssimo assim o mal como o
França, como huguenotes; na Escócia, por presbiteria-
bem?” Foi com essa mesma e incondicional devoção
nos; e, além disso, boa parte da população holandesa
ao “mistério” de uma soberania divina acima do bem
aderiu ao calvinismo.
e do mal, num “mix” muito particular, só seu, de lógi-
ca sistemática e senso de mistério, que o jovem jurista
convertido ao protestantismo completou, também IGREJA ANGLICANA
por necessidade lógica, a tese luterana de que não jaz
Se a Igreja Calvinista esteve mais intimamente ligada
nas obras meritórias o fundamento da salvação. [...]
ao desenvolvimento do capitalismo, a Igreja Anglicana foi
PIERUCCI, Antonio F. Calvino, 500. Folha de S.Paulo, 12 jul. 2009.
essencialmente vinculada à política. Foi uma instituição
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1207200904.
htm>. Acesso em: 10 ago. 2018. criada pelo rei da Inglaterra, Henrique VIII, em 1534. O mo-
narca pretendia aumentar seu poder aproveitando-se da
Em outras palavras, segundo Calvino, Deus havia reforma religiosa que afetava o poderio da Igreja Católica.
predestinado o ser humano. Portanto, não adiantava ler O problema estava em encontrar um pretexto para
a Bíblia várias vezes, pois a fé não seria encontrada em romper com o papa e confiscar o patrimônio da Igreja
sua leitura. Era importante ler a Bíblia, mas isso não Católica em território inglês. Contudo, a solução não
garantia salvação alguma, pois não mudaria a vontade tardou. Henrique VIII era casado com Catarina de Ara-
de Deus. O homem deveria carregar uma angústia até gão, tia do imperador católico Carlos V, que governava
o fim dos tempos, pois não era possível saber quem o Sacro Império Romano-Germânico e apoiava o cato-
havia sido eleito pelo divino para ir ao paraíso. licismo contra o luteranismo nas terras alemãs. Sua
Contudo, os calvinistas encontraram uma solução esposa não podia mais engravidar e havia concebido
para essa angústia de não saber se teriam sido esco- apenas uma filha para Henrique VIII, chamada Maria.
lhidos ou não por Deus para ir ao paraíso. Começou a O rei queria um filho homem e vivia um romance com
circular entre os seguidores de Calvino que Deus dava a cortesã Ana Bolena. Ele pediu ao papa a anulação de
um sinal da eleição. seu casamento com Catarina para poder se casar com
Para tanto, era importante fugir do pecado, ocu- Ana Bolena. A Igreja não o fez, o que levou o rei a procu-
pando o tempo com trabalho. Só aqueles que fugis- rar o Parlamento inglês para denunciar a ingerência do
sem do pecado teriam a resposta de Deus sobre sua papado romano em um assunto de Estado, pois seu ca-
eleição ainda vivendo na Terra. Há aqui um conteúdo samento envolvia um problema de sucessão ao trono.
novo, a valorização do trabalho, o que não existia no Como um poder fora da Inglaterra poderia decidir sobre
pensamento antigo e medieval, pois os homens acre- um assunto tão importante como a sucessão?
ditavam que o trabalho era um castigo de Deus. Ago- Henrique VIII contou com o apoio do Parlamento e
ra, o trabalho era condição necessária para o conheci- criou o Ato de Supremacia (1534), pelo qual estabele-
mento da ascese humana para o paraíso. ceu uma Igreja de Estado, a Igreja Anglicana, confis-
Aqueles que conseguissem acumular riquezas com cando os bens da Igreja Católica na Inglaterra. Dessa
uma vida de trabalho tinham a bênção de Deus, ou seja, forma, o rei passou a ter maior capacidade de atuação,
o sinal da eleição divina. Vale ressaltar que essa ética pois conseguiu recursos para realizar sua política. Isso
nova contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo. representou um grande passo para a afirmação da au-
O trabalho e a acumulação integram a lógica capitalista: toridade real na Inglaterra, ou seja, a Reforma Anglicana
o trabalho como fonte da riqueza e a acumulação como apresentava um claro sentido político.
um motor do capitalismo, ou seja, o lucro. Um dos pri- Pode-se perguntar sobre a postura da Igreja Católica
meiros intelectuais a defender explicitamente essa ideia diante de um quadro de questionamento da instituição: a
foi o sociólogo alemão Max Weber, na obra A ética pro- Santa Sé nada fez, apenas assistiu à perda de seu patri-
testante e o espírito do capitalismo, na qual ele afirma: mônio e à sangria de fiéis? A resposta é, evidentemente,

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não. Leia, a seguir, um trecho do Ato de Supremacia:
À medida que se foi estendendo a influência da con-
cepção de vida puritana (calvinista) – e isto, natural- O rei é o chefe supremo da Igreja da Inglaterra [...] Nes-
mente, é muito mais importante do que o simples ta qualidade, o rei tem todo o poder de reprimir, corri-

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fomento da acumulação de capital – ela favoreceu o gir erros, heresias, abusos [...] que sejam ou possam ser
desenvolvimento de uma vida econômica racional e formados legalmente por autoridade espiritual.
burguesa. Era a sua mais importante, e, antes de mais Ato de Supremacia, 1534.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
REFORMA PROTESTANTE

Movimento religioso, político e econômico iniciado no século XVI, na Alemanha, com o objetivo de
O que foi?
restabelecer a primitiva fé cristã.

Enriquecimento da Igreja Católica, impostos eclesiásticos, bens materiais do clero e venda

de indulgências. Questão das investiduras e conflitos entre os principados alemães e a Igreja.


Causas
Choques de doutrinas e interpretações teológicas, graças à ampla difusão da Bíblia após a invenção da

prensa de Gutenberg. Nova visão do mundo e do ser humano gerada pelo humanismo.

Alemanha – Lutero: Discorda da venda de indulgências e defende suas 95 teses contra a Igreja

Católica; obra: Liberdade cristã.

Alemanha – Carlos V: Dieta de Worms para a retratação de Lutero. Dieta de Spira: príncipes protestantes

se opõem ao imperador. Pela Confissão de Augsburgo, a doutrina de Lutero é liberada (Paz de Augsburgo).

Inglaterra – Henrique VIII: Estabelece o Ato de Supremacia (separação do Vaticano) e Elizabeth I,

com a Lei dos Trinta e Nove Artigos, consolida o anglicanismo.

Expansão

França – João Calvino: Defende a riqueza como sinal de predestinação divina. Seus adeptos

constituem os huguenotes (burguesia calvinista).

Suíça – Ulrich Zwinglio: Teólogo suíço e principal líder da Reforma em seu país, estabelece um

governo protestante.

Escócia – Stuarts (católicos): Foram derrotados no combate contra os presbiterianos (calvinis-

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tas), liderados por John Knox.

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Desmembramento do cristianismo: católicos × protestantes. Aumento do poder real, subordinando
Consequências
a Igreja ao Estado. Guerras de religião e emigração para as Américas.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. UEG-GO C3-H11 recebido com reverência e outro expurgado? Exceto que,


acerca disso, a regra seja prescrita pela Igreja?”

MUSÉE CALVI, NOYON, FRANÇA


CALVINO, J. A instituição da religião cristã. São Paulo:
Ed. da Unesp, 2007. p. 71. tomo I.

O texto acima refere-se:


a) à perspectiva reformista de salvação humana pelo
conjunto das obras e pelo conhecimento da Bíblia.
b) à afirmação do papel da Igreja como orientador do
conhecimento divino e como base para a salvação.
c) ao livre-arbítrio como guia para o conhecimento de
Deus e como validação dos escritos sagrados.
d) à valorização da verdade inserida nas Sagradas Escri-
turas e à crítica à intermediação da Igreja.
e) ao culto aos santos e ao Espírito Santo como cami-
nho para a compreensão dos desígnios de Deus.
Como vimos, os protestantes valorizavam as Escrituras acima de tudo,
RODRIGUES, Joelza Ester. História em documento: imagem e texto.
e, como consequência, viam como problemática a intermediação da
6o ano. São Paulo: FTD, 2001. p. 169. Igreja, que lia e interpretava as Escrituras à sua maneira e ditava aos fiéis
A gravura apresentada foi produzida no contexto da Re- como deviam segui-las.
forma Protestante, ocorrida na Alemanha no século XVI. 4. UFMG-MG – Leia estes trechos:
Ela critica qual prática católica? I. “Assim vemos que a fé basta a um cristão. Ele não
a) a de que a crença na infalibilidade do papa foi trans- precisa de nenhuma obra para se justificar.”
formada em dogma. II. “O rei é o chefe supremo da Igreja [...] Nesta quali-
b) a de que as indulgências eram um meio de livrar as dade, o rei tem todo o poder de examinar, reprimir,
almas do purgatório. corrigir [...] a fim de conservar a paz, a unidade e a
c) a de que a tradição da Igreja possuía um peso religio- tranquilidade do reino [...]”
so maior do que as Escrituras. III. “Por decreto de Deus, para manifestação de sua gló-
d) a de que a prática da usura era um pecado que impe- ria, alguns homens são predestinados à vida eterna
dia a salvação do fiel. e outros são predestinados à morte eterna.”
Esta questão trabalha mais com a análise da imagem do que com o A partir dessa leitura e considerando-se outros conheci-
conteúdo que a contextualiza. Na imagem, há uma balança, e o lado mentos sobre o assunto, é correto afirmar que as con-
com maior peso é o que tem a Bíblia, explicitamente mostrando que o
mais correto seria dar um peso maior às Escrituras do que à tradição da cepções expressas nos trechos I, II e III fazem referên-
Igreja Católica. cia, respectivamente, às doutrinas:
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das ins- a) católica, anglicana e ortodoxa.
tituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais. b) luterana, anglicana e calvinista.
Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo c) ortodoxa, luterana e católica.
e no espaço.
d) ortodoxa, presbiteriana e escolástica.
2. Unesp-SP – As reformas protestantes do princípio do Por mais que a primeira frase seja mais difícil de identificar, a segunda,
século XVI, entre outros fatores, reagiam contra: que fala sobre o rei como chefe supremo; e a terceira, que fala sobre
predestinação, podem ser imediatamente relacionadas ao anglicanismo
a) a venda de indulgências e a autoridade do papa, líder e ao calvinismo, respectivamente.
supremo da Igreja Católica.
b) a valorização, pela Igreja Católica, das atividades mer- 5. Senac-SP
cantis, do lucro e da ascensão da burguesia. “[...] a mudança do agir no campo da atividade ética levou
c) o pensamento humanista e permitiram uma ampla à necessidade de racionalizar a ação até o máximo, para
revisão administrativa e doutrinária da Igreja Católica. obter um sucesso terreno que era avaliado, antes de tudo,
em termos ético-religiosos. O mecanismo que daí nasceu e
d) as missões evangelizadoras, desenvolvidas pela Igre-
ja Católica na América e na Ásia. que estimulou não ao consumo, mas à poupança para poder
reinvestir em novas atividades econômicas teria dado lugar
e) o princípio do livre-arbítrio, defendido pelo Santo Ofí-
cio, órgão diretor da Igreja Católica. à acumulação primária, demonstrando assim a importância
do puritanismo como elemento propulsor do capitalismo.”
Há pontos corretos em algumas das alternativas erradas, mas a única
que foi formulada apenas com informações verdadeiras é a primeira. Norberto Bobbio et al. Dicionário de política. Brasília: Ed. da UnB, 1983.
A venda de indulgências, de “um lugar no céu”, era uma das principais
práticas combatidas pelos protestantes. Como estavam lutando contra A alternativa cuja afirmação relaciona-se corretamente
algo institucionalizado, posicionavam-se também contra o próprio papa. com as ideias do texto é:
3. FGV-SP (adaptado) a) a doutrina puritana defendia a ideia de que o cidadão
“Cresce entre muitos o erro perniciosíssimo de que o valor devotado aos ensinamentos da Igreja era um predes-

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da Escritura decorre da vontade da Igreja, como se depen- tinado para o sucesso, receberia em troca a salvação
desse do arbítrio humano a eternal e inviolável verdade de da alma e a ajuda para seus empreendimentos e pro-
Deus, pois, com grande desprezo pelo Espírito Santo, per- blemas econômicos.
guntam: quem nos fará crer que provém de Deus? Como b) o calvinismo foi uma das fontes principais do espírito

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nos certificamos de que chegou salva e intacta aos nossos capitalista porque disseminou a crença de que o fiel
dias? Quem pode nos persuadir de que este livro deve ser deveria mostrar sua aptidão para a salvação obede-

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cendo aos dogmas religiosos e para alcançar o reino 6. Unifesp-SP – No século XVI, nas palavras de um estu-

HISTÓRIA 1
de Deus, fazendo boas obras. dioso, “reformar a Igreja significava reformar o mundo,
c) a Reforma Protestante, por ter sido um assunto re- porque a Igreja era o mundo”. Tendo em vista essa afir-
lacionado com a religião, procurou combater o inte- mação, é correto afirmar que:
resse econômico da burguesia em ter grandes lucros a) os principais reformadores, como Lutero, não se en-
nos seus negócios, assim como uma vocação ética, volveram nos desdobramentos políticos e socioeco-
cujo objetivo era a glorificação de Deus. nômicos de suas doutrinas.
d) o movimento da Reforma, que provocou uma pro- b) o papado, por estar consciente dos desdobramentos
funda crise ética na hegemonia do catolicismo no da Reforma, recusou-se a iniciá-la, até ser a isso obri-
mundo ocidental, foi prejudicado pelas alterações na gado por Calvino.
atividade comercial e no desenvolvimento do mer- c) a burguesia, ao contrário da nobreza e dos príncipes, ade-
cantilismo, que beneficiava a burguesia. riu à Reforma para se apoderar das riquezas da Igreja.
e) as doutrinas da Reforma Protestante, particularmen- d) os cristãos que aderiram à Reforma estavam preocu-
te do calvinismo, corresponderam à necessidade da pados somente com os benefícios materiais que dela
burguesia de uma justificativa ética para o lucro que adviriam.
obtinha com as suas atividades comerciais, que era e) o aparecimento dos anabatistas e outros grupos radi-
desconsiderado pela Igreja Católica. cais são a prova de que a Reforma extrapolou o cam-
Para a Igreja Católica, o lucro era um pecado. Era a chamada usura. As po da religião.
religiões protestantes, sobretudo o calvinismo, abriram espaço para uma Como foi visto neste módulo, as Reformas tiveram grande impacto na
interpretação do lucro e do acúmulo de riquezas como um sinal da pre- vida da Europa e, depois, do mundo naquele período. A Igreja estava,
destinação divina. há mais de mil anos, no centro do poder europeu, seja na Alta ou na
Baixa Idade Média, e mesmo no princípio da Idade Moderna. Portanto,
é flagrante o quanto esse rompimento teve desdobramentos em outros
campos além da religião.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Unifesp-SP d) a nova relação mais direta, mas íntima entre os fiéis
“Deus meu, não se cansando os hereges e os inimigos... de e Deus, intermediada pelos textos sagrados, incomo-
semear continuamente os seus erros e heresias no campo dava a Igreja, porque diminuía fortemente a autorida-
da cristandade, com tantos e tantos livros perniciosos que de do papa e do clero e quebrava a ordem social do
mundo medieval.
são republicados a cada dia, é necessário que não se dur-
e) as traduções mais livres da Bíblia permitiram a li-
ma, mas que nos esforcemos para extirpá-los ao menos
beralidade dos costumes, fazendo com que alguns
nos lugares onde isso seja possível.” protestantes não seguissem mais os valores morais
(Cardeal Robert Bellarmino, 1614) pregados pelo cristianismo.
Tendo em vista o contexto da época, pode-se inferir que 9. Puccamp-SP – O calvinismo foi:
os hereges e os inimigos aos quais o autor se refere
a) a doutrina que sintetizou as ideias dos reformadores
eram, principalmente, os:
que a antecederam, formulando o campo protestan-
a) jansenistas e os muçulmanos. te em torno dos princípios do cesaropapismo e culto
b) cátaros e os letrados. dos santos.
c) hussitas e os feiticeiros. b) apenas um prolongamento das ideias preconizadas
por Lutero, que admitia que o príncipe, além de exer-
d) anabatistas e os judeus. cer poder civil absoluto, devia vigiar e governar, por
e) protestantes e os cientistas. direito divino, a Igreja cristã.
c) um movimento originário na Suíça, como resultado
8. UFCG-PB – Em uma sociedade basicamente iletrada de convulsões sociais locais, que revelavam uma ma-
que ainda perdurava entre os séculos XIII e XV na Euro- nifestação de rebeldia contra as taxas cobradas pela
pa, o papel dos teólogos da Reforma foi extremamente Igreja e sobre a liberação da prática do divórcio.
importante para o letramento das pessoas comuns e d) o resultado das preocupações pessoais de Ulriko
para o aumento das possibilidades de cidadania. Zwinglio e dos problemas relacionados com o celi-
Sobre as conquistas intelectuais advindas com a Refor- bato clerical.
ma, é incorreto afirmar que: e) a mais extremada seita protestante em relação ao ca-
tolicismo e a mais próxima das questões levantadas,
a) a Reforma nasceu no próprio seio da Igreja e procu- em termos éticos, pelo rápido desenvolvimento do
rou dar visibilidade ao conjunto de valores que preco- capital comercial e financeiro.
nizavam o retorno às origens do cristianismo.
10. UFPE-PE – A Reforma Protestante tem seus fundamen-

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b) os clérigos reformistas renovaram a abordagem da
tos iniciados nos estudos e na doutrina defendida por
teologia pastoral a fim de responder às angústias
Martinho Lutero. Sobre sua atuação como líder religio-
dos crentes, elaborando obras curtas sobre a moral
so, assinale a alternativa correta:
e a prática da fé.
a) Martinho Lutero foi um religioso católico pregador

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c) as traduções da Bíblia (como a de Gutenberg, 1456) de um novo cristianismo – o protestantismo – que
difundiram-se na Europa, permitindo aos leigos aces- apoiou os camponeses alemães na luta contra o re-
so mais fácil às Escrituras. gime de servidão.

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b) Martinho Lutero foi um monge agostiniano do século (02) Buscou resgatar as doutrinas teológico-filosóficas
HISTÓRIA 1

XVI; criticou a Igreja Católica por não aplicar o produto predominantes na Idade Média, caracterizadas
das indulgências às populações mais necessitadas. pelos conflitos entre a fé e a razão.
c) Martinho Lutero, reformador religioso, foi respon- (04) Constituiu-se um renascimento religioso, por se
sável pela tradução da Bíblia da língua latina para a contextualizar no processo geral de mudanças da
língua alemã, facilitando a difusão das ideias protes- Idade Média para a Idade Moderna.
tantes e fundando uma nova religião.
(08) Constituiu-se um marco cultural, uma vez que
d) Martinho Lutero, líder religioso alemão, lutou para nos remete da Idade Média à modernidade e, em
modificar preceitos e dogmas da Igreja Católica e sentido oposto, ao mundo antigo.
defendeu a livre leitura da Bíblia e a preservação dos
(16) Procurou recuperar o contato com as origens do
sacramentos do batismo e da eucaristia.
pensamento cristão, impregnadas de simplicida-
e) Martinho Lutero recebeu apoio dos camponeses de, de pureza e de amor à cultura.
alemães; em contrapartida, foi perseguido por prín-
cipes. A religião fundada por ele foi, portanto, uma (32) Caracterizou-se por um profundo revigoramento
religião popular. da espiritualidade católica e pela valorização da
vida voltada para as coisas do espírito.
11. Unemat-MT – Analise as afirmativas sobre a Reforma (64) Representou o fim da supremacia eclesiástica
religiosa: na Europa e o surgimento de diversas igrejas
I. A Igreja Anglicana conservou a estrutura e os dog- reformadas, denominadas genericamente de
mas da Igreja Católica, com pequenas alterações. protestantes.
Não foi feita uma reforma profunda nos costumes Dê como resposta a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
do clero, que passou a ser visto pela população
como um aliado da Coroa, o que facilitou o surgi- 13. UFPE-PE (adaptado) – Com relação à Reforma Protes-
mento e a disseminação de uma série de religiões
tante, indique se as afirmações a seguir são verdadeiras
puritanas e protestantes, normalmente persegui-
(V) ou falsas (F):
das pelos reis ingleses.
II. Lutero era um admirador dos escritos de João Huss, ( ) a doutrina calvinista, exaltando o trabalho e des-
herege queimado pela Igreja em 1415, especialmen- prezando o lazer e o luxo, foi a grande alavanca na
te de suas ideias sobre a liberdade da Igreja diante direção do capitalismo.
dos papas, sobre a liberdade de consciência indivi- ( ) tanto frei Martinho Lutero como o monge domini-
dual diante do concílio e sobre a necessidade de re- cano Tetzel defendiam as indulgências papais como
conduzir o mundo cristão à simplicidade apostólica. forma de perdão dos pecados na terra e no céu.
III. Um aspecto importante do calvinismo é a valorização ( ) o Parlamento inglês apoiou Henrique VIII no rom-
moral do trabalho e da poupança, que resulta numa pimento com a Igreja de Roma e aprovou, em
situação de bem-estar social e econômico, o que po- 1534, o Ato de Supremacia, que mantinha a Igreja
deria ser interpretado como sinal favorável de Deus da Inglaterra sob a autoridade do rei, surgindo a
à salvação do indivíduo. Igreja Nacional Anglicana independente de Roma.
IV. O anabatismo e o puritanismo representam movi-
mentos religiosos que estavam em convergência ( ) com o objetivo de evitar a expansão da Reforma,
com os poderes locais e proclamavam o princípio a Igreja Católica reagiu com o movimento da Con-
da individualidade, enfatizavam o discurso da pro- trarreforma.
priedade privada, assemelhando-se ao calvinismo, ( ) o movimento reformista na Alemanha funcionou
que determinava a desigualdade social através da como um fator de unidade nacional, provocando
teoria da predestinação. a unidade dos estados do sul com os estados
Assinale a alternativa que indica a(s) afirmativa(s) do norte.
correta(s):
14. Mackenzie-SP – As transformações religiosas do sé-
a) I
culo XVI, comumente conhecidas pelo nome de Refor-
b) II e III ma Protestante, representaram no campo espiritual o
c) I, II e IV que foi o Renascimento no plano cultural; um ajusta-
d) I, II e III mento de ideias e valores às transformações socioe-
e) II e IV conômicas da Europa. Dentre seus principais reflexos,
destacam-se:
12. UFBA-BA a) a expansão da educação escolástica e do poder
político do papado devido à extrema importância
“[...] comparar a Reforma com uma ponte que conduz não
atribuída à Bíblia.
só de períodos escolásticos até ao nosso mundo do livre
pensamento, mas, também, em direção oposta, adentro da b) o rompimento da unidade cristã, a expansão das práticas
capitalistas e o fortalecimento do poder das monarquias.
Idade Média – talvez ainda mais além, sob a forma de uma
transmissão cristã-católica, preservada do Cisma, de um c) a diminuição da intolerância religiosa e o fim das

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alegre amor à cultura.” guerras provocadas por pretextos religiosos.
(MANN, p. 13) d) a proibição da venda de indulgências, o término do
Índex e o fim do princípio da salvação pela fé e boas
Associando seus conhecimentos à análise do texto an- obras na Europa.

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terior, conclui-se que a Reforma: e) a criação pela Igreja Protestante da Companhia de Je-
(01) Significou a reafirmação doutrinária e a reorgani- sus em moldes militares para monopolizar o ensino
zação institucional da Igreja de Roma. na América do Norte.

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15. PUC-RJ b) os católicos e protestantes, naquele contexto, se

HISTÓRIA 1
“O ódio contra o clero, muito extenso, desempenhou assemelharam em relação ao ideal de evangelização
o seu papel [...]. A cobiça, o endividamento e os cálcu- dos povos, assim como no papel que exerceram na
los políticos também devem ser levados em conta. Mas formação da moral e dos costumes nas sociedades
a mensagem dos reformadores, respondeu – isto é in- coloniais na América através do controle das cons-
dubitável – a uma intensa sede espiritual que a Igreja ciências e das práticas da religiosidade popular.
oficial foi incapaz de satisfazer [...] os pregadores da Re- c) os reformadores que colonizaram a América – portu-
forma não necessitaram de nenhum apoio político para gueses, espanhóis e ingleses – praticaram severas
atrair seus partidários, ainda que esse apoio se fizesse perseguições às práticas identificadas como here-
necessário para consolidar os resultados alcançados sias, a exemplo das feitiçarias e bruxarias, punindo-se
pelo ataque inicial dos profetas. Não se pode esquecer feiticeiras e bruxas até mesmo com a condenação à
fogueira, a exemplo do que ocorreu na Nova Inglater-
que, em seus inícios, a Reforma foi um movimento espi-
ra, na cidade de Salem.
ritual com uma mensagem religiosa.”
Lucien Febvre apud MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI,
d) os reformadores protestantes pertenciam a um único
Flávio Costa; FARIA, Ricardo de Souza. História moderna através de grupo: os luteranos, que condenava o poder do papa
textos. São Paulo: Contexto, 2005. (Coleção Textos e Documentos, 3). e a venda de indulgências (perdão dos pecados). Os
católicos, a partir da Contrarreforma, adotaram mu-
Em relação aos movimentos religiosos que atingiram a danças radicais em relação aos dogmas da Igreja e
Europa no século XVI, é incorreto afirmar que: da fé católicas.
a) Lutero, apesar de não ter sido o primeiro teólogo a e) as ideias e práticas dos reformadores contribuíram
se posicionar de forma contrária à Igreja, apresenta-
para o enriquecimento da burguesia e, os luteranos,
va como um dos pontos centrais de seus questiona-
para a proteção da nobreza: a Igreja Católica justifica-
mentos a condenação da prática, coordenada pelos
próprios membros do clero católico, da venda de in- va o lucro como remuneração do trabalho, seguindo
dulgências, de relíquias e de cargos religiosos. a doutrina de Santo Tomás de Aquino. Já os luteranos
combateram os anabatistas, que pregavam o retorno
b) as reformas religiosas levaram a Europa a testemu-
ao igualitarismo do tempo dos apóstolos. Os purita-
nhar sangrentas rebeliões e guerras, que, apesar de
figurarem como motivadas por questões de cunho nos recomendavam o trabalho metódico e racional
estritamente religioso, estavam também associadas como forma de desenvolver a “vocação” do homem
a disputas políticas ou insatisfações das camadas para o êxito econômico.
menos favorecidas da população. 17. UEMG-MG – Em 31/10/1517, o então padre Martinho
c) o anglicanismo surgiu na Inglaterra sob o governo de Lutero publica as suas 95 teses, onde deixa clara sua
Henrique VIII. Este, sendo um religioso fervoroso, contrariedade com a forma religiosa católica e com seu
começou a questionar e, posteriormente, a criticar representante máximo, o então papa Leão X. Dois prin-
alguns dogmas como os sacramentos do matrimônio
cípios incomodavam muito Lutero: o primeiro era a ven-
e do celibato. Essa discordância teve como conse-
quência a ruptura definitiva com a Igreja Católica. da das indulgências e, o segundo, a infalibilidade papal.
Sobre a indulgência, Lutero disse:
d) a Contrarreforma foi a resposta dada pela Igreja Ca-
tólica a partir de duas frentes de ação: por um lado "27a tese: Pregam futilidades humanas quantos alegam
procurou corrigir alguns desvios de conduta de seus que, no momento em que a moeda soa ao cair na caixa, a
membros, alvos recorrentes de ataque dos reforma- alma se vai do purgatório.
dores; e por outro reafirmou os dogmas que foram
condenados pelas novas religiões. "28a tese: Certo é que, no momento em que a moeda soa
na caixa, vem o lucro, e o amor ao dinheiro cresce e au-
e) o calvinismo pregava a devoção à oração e ao trabalho
como valores edificadores daqueles que, segundo a menta; a ajuda, porém, ou a intercessão da lgreja tão só
doutrina da predestinação, estariam encaminhados correspondem à vontade e ao agrado de Deus."
ao paraíso. Os homens que não vivessem de acordo
com esses valores sinalizariam que seu destino seria A Reforma Luterana, de questionamento ao papa e
a danação no inferno. à sua autoridade, produziu profundas mudanças re-
ligiosas, políticas e sociais. Sendo a indulgência um
16. Urca-CE – Ao longo do século XX e no atual, a questão erro, então o povo não deveria obediência irrestrita,
religiosa esteve na base de muitos conflitos no mundo, estava se estimulando o livre pensar e o Iivre agir, e
a exemplo das guerras entre católicos e protestantes o poder gradativamente volta-se da Igreja para o ho-
na Irlanda. Todavia, os conflitos entre católicos e pro- mem. O alinhamento com qualquer ensino religioso
testantes remontam ao início da modernidade, quando deveria ser movido pela consciência, e não mais pela
ocorreu a Reforma Protestante na Europa. Esse movi- imposição papal.
mento representou a cisão do cristianismo, rompeu-se
a unidade da fé cristã e do domínio exercido pela Igreja Estava, portanto, em curso uma nova sociedade, refor-
Católica, que haviam caracterizado a Europa medieval. A mada, que iria produzir:
Igreja reagiu e organizou a Contrarreforma. Com relação a) uma polarização entre protestantes e católicos, com
às ideias e práticas dos reformistas (protestantes e da consequências somente na Alemanha.

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Contrarrreforma católica), podemos afirmar, exceto:
b) a livre interpretação da Bíblia pelos fiéis, a salvação
a) pregavam a crença na existência de Deus. Divergem, pela fé e o Estado livre das indulgências.
entretanto, em relação às ideias sobre as formas de
c) a corrupção do homem enquanto cidadão, motivando
obtenção da salvação da alma: para os católicos ela re-
a preocupação excessiva com a espiritualidade.

conveniados ao Sistema de Ensino


sultaria das boas obras realizadas na vida terrena; para
os luteranos, da fé em Deus e, para os calvinistas, a d) um fenômeno religioso com aceitação universal, que
salvação ocorreria por uma predestinação de Deus. passa a ser dominante em toda a Europa.

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ESTUDO PARA O ENEM


HISTÓRIA 1

18. Enem C3-H14 20. Fuvest-SP C3-H15


“Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passa- A reforma religiosa do século XVI provocou na Europa
gens, não apenas admite, mas necessita de exposições mudanças históricas significativas em várias esferas.
diferentes do significado aparente das palavras, parece- Indique transformações decorrentes da Reforma nos
-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em âmbitos:
último lugar.”
a) político e religioso;
GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas
de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São
Paulo: Ed. da Unesp, 2009. (Adaptado)

O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642)


cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tri-
bunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e
fé, problemática cara no século XVII. A declaração de
Galileu defende que:
a) a Bíblia, por registrar literalmente a palavra divina,
apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se
guia para a ciência.
b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da
natureza na Bíblia constitui uma referência primeira.
c) as diferentes exposições quanto ao significado das
palavras bíblicas devem evitar confrontos com os
dogmas da Igreja.
d) a Bíblia deve receber uma interpretação literal porque,
desse modo, não será desviada a verdade natural.
e) os intérpretes precisam propor, para as passagens b) socioeconômico.
bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado ime-
diato das palavras.

19. Unicamp-SP (adaptado) C1-H1


“A base da teologia de Martinho Lutero reside na ideia da
completa indignidade do homem, cujas vontades estão
sempre escravizadas ao pecado. A vontade de Deus per-
manece sempre eterna e insondável e o homem jamais
pode esperar salvar-se por seus próprios esforços. Para
Lutero, alguns homens estão predestinados à salvação e
outros à condenação eterna. O essencial de sua doutrina é
que a salvação se dá pela fé na justiça, graça e misericórdia
divinas.”
SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. São
Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 288-290. (Adaptado)

Segundo o texto, quais eram as ideias de Lutero sobre


a salvação?

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20

HISTÓRIA 1
CONTRARREFORMA

A RESPOSTA DA IGREJA CATÓLICA


• A resposta da Igreja
Católica
• A Contrarreforma ou
Reforma Católica
• Companhia de Jesus
MUSEU DO PRADO, MADRI, ESPANHA

• Concílio de Trento
• Inquisição
• Consequências

HABILIDADES
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
História.
• Comparar diferentes
pontos de vista, presentes
em textos analíticos e
interpretativos, sobre situa-
ções ou fatos de natureza
Auto de Fé presidido histórico-geográfica acerca
por São Domingos das instituições sociais,
de Gusmão (c. 1495), políticas e econômicas.
de Pedro Berruguete.
Têmpera e óleo • Analisar a atuação dos
sobre madeira, 154 movimentos sociais que
cm × 92 cm. Quadro contribuíram para mudanças
representando o Auto
de Fé, penitência
ou rupturas em processos
pública contra supostos de disputa pelo poder.
hereges executada pelos • Interpretar historicamente
inquisidores católicos.
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
No módulo anterior, você conheceu os processos que levaram à chamada Refor-
ma Protestante, cujo maior expoente foi Martinho Lutero. Houve um rompimento
sem precedentes dentro da Igreja Católica, até então a instituição mais poderosa
da Europa, que controlou o continente de diversas formas por mais de mil anos.
Luteranos, calvinistas, anglicanos e puritanos: foram muitas as novas vertentes das
chamadas religiões protestantes.
Em resposta a esse rompimento, que lhe causou uma inevitável perda de poder e

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influência, a Igreja Católica passou a fazer as próprias reformas, também conhecidas
como contrarreformas. O Concílio de Trento foi um momento decisivo, no qual foram
decididos os rumos da Igreja naquele momento. Depois, também tiveram grande
importância a volta da Inquisição, cujo objetivo era punir os hereges; e a Companhia

conveniados ao Sistema de Ensino


de Jesus, que pretendia espalhar o catolicismo pelo mundo.

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A CONTRARREFORMA OU COMPANHIA DE JESUS


HISTÓRIA 1

REFORMA CATÓLICA

CHRIS LAWRENCE/ALAMY STOCK PHOTO


NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/ALAMY
STOCK PHOTO

A Reforma e a Contrarreforma foram extremamente violentas com seus


opositores. Muitos homens foram lançados à fogueira em virtude de suas
crenças, o que expressa a intolerância religiosa que marcou a Europa no Igreja de Jesus em Roma, Itália. Esta igreja foi o centro da Companhia de Jesus.
início dos tempos modernos.
MUSEU DE BELAS ARTES DE LAUSANNE, SUÍÇA Essa foi uma das primeiras respostas dos cató-
licos à Reforma Protestante. O fundador da Ordem
dos Jesuítas, ou Companhia de Jesus, foi o ex-militar
espanhol Inácio de Loyola, que começou esse projeto
em 1534. Seis anos depois, em 1540, essa ordem foi
aprovada pelo papa Paulo III.
Os jesuítas reuniam os aspectos militares trazidos
pelo seu fundador e os preceitos religiosos típicos de uma
ordem que pertence à Igreja. Não por acaso, eram con-
siderados “soldados da Igreja” ou “soldados de Cristo”.
A guerra deles era, incialmente, contra os protestantes.
A principal estratégia dos jesuítas era investir na edu-
cação religiosa. Assim, criaram escolas ao redor do mun-
do todo, sempre fazendo parte das Grandes Navegações
e aproveitando esse momento de expansão marítima
para difundir a fé católica. Nesse contexto, também se
Massacre na noite de São Bartolomeu (1572-1584), de François Dubois.
dedicaram à conversão e à catequização dos povos na-
Óleo sobre tela, 94 cm × 154 cm. Musée Cantonal Des Beaux-Arts, Suíça. tivos nas colônias, tanto nas Américas como na África.
A pintura retrata a intolerância religiosa na França. Milhares de huguenotes
foram mortos a mando da Coroa francesa, governada pela rainha-mãe
Catarina de Médici, católica e intolerante em relação às práticas calvinistas.
CONCÍLIO DE TRENTO
MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA

A Igreja Católica considerou a Reforma Protestante


uma heresia e combateu os movimentos contrários
aos preceitos católicos de modo semelhante a como
fazia na Idade Média, ou seja, por meio dos Tribunais
Eclesiais: a Inquisição.
Assim, o Tribunal do Santo Ofício foi restaurado. O
papado romano tomou uma série de medidas com o
propósito de combater a heresia protestante e ampliar
o número de fiéis.
Houve preocupação com a formação do clero, já que
a Reforma havia sido inaugurada por Martinho Lutero,

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um homem da Igreja. Nesse sentido, foram criados
os seminários, com o objetivo de disciplinar o clero
no respeito à autoridade papal. A Igreja deveria cuidar
de seus integrantes para, assim, garantir a defesa da

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fé cristã católica.
Pintura representando um dos encontros do Concílio de Trento realizados
Veja, a seguir, mais detalhes sobre as medidas toma- entre 1545 e 1563.
das pela Igreja Católica para reagir ao avanço protestante.

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Em 1545, na cidade de Trento, na Península Itálica, • legitimar as indulgências, mas proibir sua venda
o papa Paulo III convocou um concílio. Trata-se de uma (um dos pontos criticados pelos reformadores

HISTÓRIA 1
reunião de importantes figuras eclesiásticas liderada protestantes);
pelo papa. • rejeitar a ideia de predestinação, típica das reli-
Em 1563, após anos de reuniões e de muito traba- giões protestantes, e confirmar a salvação humana
lho, a Igreja Católica, em resposta à Reforma Protes- como resultado da fé em Deus e das boas ações;
tante que acontecia já há algum tempo, apresentou • reafirmar que a interpretação da Bíblia cabe apenas
um conjunto de decisões que guiariam a retomada da à Igreja (outro ponto de conflito com os protes-
unidade da fé católica e da disciplina eclesiástica. Al- tantes, que defendiam a interpretação dos fiéis);
gumas das decisões foram: • confirmar que o papa era sucessor de São Pedro;
• manter os sacramentos católicos (batismo, cris- • desenvolver um catecismo e criar seminários para
ma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e formar novos sacerdotes e manter o celibato, algo
unção dos enfermos); que as religiões protestantes haviam encerrado.

INQUISIÇÃO

MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA


Galileu diante dos membros do Santo Ofício, de Joseph-Nicolas Robert-Fleury. A pintura representa o julgamento de Galileu Galilei
frente ao Vaticano.

A Inquisição e seus tribunais, que julgavam e puniam confissões de que precisavam. Uma das punições mais
hereges, foram criados pela Igreja Católica em 1231. comuns era a fogueira.
Com o tempo, foram perdendo força, até desaparecer.
Porém, seus métodos e procedimentos não foram es- CONSEQUÊNCIAS
quecidos. Para a história da Igreja, já milenar, pouco mais Estima-se que a quantidade de protestantes na Eu-
de dois séculos era um período bem recente. ropa tenha se reduzido à metade após a Contrarreforma
Por isso, com o avanço do protestantismo no século ou Reforma Católica. Enquanto isso, a fé católica foi
XVI, a Igreja Católica e alguns reis católicos, especial- expandida à força nas possessões coloniais portugue-
mente de Portugal e da Espanha, decidiram retomar sas e espanholas. Até hoje, o Brasil, colonizado pelos
as práticas da Inquisição. portugueses, e os demais países latino-americanos, de
De início, fizeram uma lista de livros proibidos com colonização espanhola, são majoritariamente católicos.

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a intenção de conter os protestantes, que, naquela Nos Estados Unidos, por outro lado, a maior parte da
época, já utilizam as imprensas criadas por Gutenberg população é protestante, dada sua colonização inglesa.
para reproduzir seus livros, especialmente a Bíblia, que É possível dizer, então, que a resposta católica cum-
era traduzida para outras línguas. Era o chamado Índex priu seu propósito e, mesmo com métodos violentos e

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Librorum Prohibitorum. questionáveis, conseguiu controlar o avanço do protes-
Os inquisidores tinham autorização do próprio papa tantismo e manteve o protagonismo da Igreja Católica
para torturar os acusados como forma de conseguir as no Ocidente.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

CONTRARREFORMA

Reação da Igreja Católica contra as críticas dos protestantes e a divisão do cristianismo.

Convocação do Concílio de Trento, que condenou o protestantismo, confirmou dogmas católicos, estabeleceu o

catecismo romano, manteve o celibato sacerdotal e criou os seminários.

O que foi? Intensificação dos processos inquisitórios e criação da Companhia de Jesus, cujo objetivo era ampliar o número

de fiéis católicos.

Fundador:
Inácio de Loyola.

Característica básica:
Companhia Reunião de aspectos militares e religiosos.
de Jesus
Missão:
Conter o protestantismo e espalhar a fé católica pelo mundo, convertendo e catequizando.

Local:
Trento, na Península Itálica.

Período:
1545 a 1563.
Concílio de
Trento O que foi:
Reunião eclesiástica sancionada pelo papa para deliberar sobre assuntos sensíveis após a Reforma Protestante.

Uma das alterações foi a proibição da venda de indulgências. Por outro lado, houve permanências, como a negação

da predestinação.

Início:
Século XIII.

Retomada:

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Século XVI.
Inquisição
Missão:
Combater hereges, julgá-los e puni-los, podendo inclusive fazer uso da prática da tortura e aplicar pena de morte

conveniados ao Sistema de Ensino por meio da fogueira.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
Uma questão que aprofunda o tema. Vimos que a Contrarreforma es-
1. Uniespar-PR – Sobre os elementos que caracterizaram teve vinculada à expansão marítima. Não só a Companhia de Jesus
a Reforma Católica, também conhecida como Contrar- chegou à colônia, como também o fez a Inquisição. Os métodos dos
reforma, ocorrida no século XVI, é correto: inquisidores na colônia e na metrópole, como mostra o trecho, eram
os mesmos.
a) a aproximação com os líderes da reforma religiosa,
especialmente Thomas Muntzer, que defendia uma 4. Unicamp-SP C2-H9
Igreja renovada e mais próxima do povo.
“Na formação das monarquias confessionais da época mo-
b) a criação da Companhia de Jesus, o estabelecimen- derna houve reforço das identidades territoriais, em função
to do Tribunal do Santo Ofício e a criação de uma
de critérios de caráter religioso ou confessional. Simulta-
lista de livros proibidos, chamada de Índex Librorum
Prohibitorum. neamente, houve uma progressiva incorporação da Igreja
ao corpo do Estado, através de medidas de caráter patrimo-
c) a expansão da Igreja Católica, especialmente pelos
nial e jurisdicional que procuravam uma maior sujeição das
continentes da América e Ásia, contando com as
alianças realizadas com luteranos e calvinistas, de estruturas e agentes eclesiásticos ao poder do príncipe. Na
modo a levar ao mundo uma nova Igreja instituída a busca pela homogeneização da fé dentro de um território
partir do Concílio de Trento em 1545. político, a Igreja cumpria também papel fundamental na
d) a partir do Concílio de Trento foi definido que a Igre- formação do Estado moderno por meio de seus mecanis-
ja Católica mudaria suas ações, aproximando-se da mos de disciplinamento social dos comportamentos.”
população e abandonando antigas práticas como as PALOMO, Frederico. A Contrarreforma em Portugal (1540-1700).
realizadas pela Inquisição, mas buscando a conver- Lisboa: Livros Horizonte, 2006. p. 52. (Adaptado)
são sincera dos pecadores.
Considerando o texto acima e seus conhecimentos
e) a expansão do catolicismo pelo Novo Mundo desco- sobre a Europa moderna, assinale a alternativa correta:
berto pelos ibéricos, reforçando um dos princípios
da Igreja Católica renovada com o Concílio de Trento: a) cada monarquia confessional adotou uma identidade
a predestinação, responsável por explicar o destino religiosa e medidas repressivas em relação às dissi-
dos homens na Terra. dências religiosas que poderiam ameaçar tal unidade.
Como foi visto neste módulo, a primeira resposta à Reforma Protestan- b) monarquias confessionais são aquelas unidades po-
te foi a criação da Companhia de Jesus pelo ex-militar Inácio de Loyola, líticas nas quais havia a convivência pacífica de duas
depois o Concílio de Trento e a volta da Inquisição (ou Tribunal do Santo
Ofício), acompanhada da lista de livros proibidos. ou mais confissões religiosas num mesmo território.
c) são consideradas monarquias confessionais os ter-
ritórios protestantes que se mostravam mais propí-
2. UFTM-MG – Podemos afirmar que um dos instrumen- cios ao desenvolvimento do capitalismo comercial,
tos da Contrarreforma, no século XVI, foi: tornando-se, assim, nações enriquecidas.
a) o estímulo à venda de indulgências. d) as monarquias confessionais contavam com a insti-
b) a tradução livre da Bíblia para as línguas nacionais. tuição do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em
c) a supressão do Tribunal do Santo Ofício. seu território, uma forma de controle cultural sobre
religiões politeístas.
d) a extinção da Companhia de Jesus e de outras or- Trata-se de uma questão que envolve interpretação de texto. Não cabe,
dens religiosas. como vimos, falar em convivência pacífica, territórios protestantes ou
e) a criação de uma lista de livros proibidos. mesmo em controle de religiões politeístas.
Reforçando o que vimos no exercício anterior, mais um exemplo de Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi-
como as bancas cobram o tema. Vimos que o Concílio de Trento reafir- cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
mou as indulgências, mas proibiu sua venda, manteve a interpretação a Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das organiza-
cargo da Igreja – vetando, portanto, as traduções –, retomou o Tribunal ções políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
do Santo Ofício e criou a Companhia de Jesus. A resposta correta é a
criação do Índex Librorum Prohibitorum. 5. FGV-SP – Leia o fragmento:
“Um famoso escândalo político foi o de Antônio Perez,
3. Unifesp-SP que em 1571 era secretário de Estado de Felipe II, tendo
“Convém ter muita advertência nas prisões que fizer nas alcançado um dos postos mais importantes na monarquia.
pessoas que hão de sair ao auto público, que se faça tudo Por rivalidades, viu-se envolvido em intrigas internacio-
com muita justificação pelo muito que importa à reputação nais. Conhecia todos os segredos da Coroa, tendo absoluto
e crédito do Santo Ofício e a honra e fazenda das ditas controle sobre o Tesouro. Foi acusado de vender cargos, de
pessoas, as quais depois de presas e sentenciadas não se suborno e de trair segredos do Estado. Felipe viu um cami-
lhes pode restituir o dano que se lhes der.” nho para atingi-lo: a Inquisição. Tinha de ser acusado de
(Do inquisidor-geral ao primeiro visitador na colônia, em 1591) heresia. Foi difícil encontrar provas contra seu catolicismo,
mas o confessor do rei conseguiu-as. Mesmo sendo íntimo
Essa afirmação indica que, na colônia, a Inquisição: amigo do inquisidor-mor e tendo o apoio da população
a) testou métodos de tortura que depois passou a uti- de Saragoça, Perez foi acusado de herege. Conseguiu fu-
lizar na metrópole. gir e morreu em Paris, e, conforme testemunhou o núncio
b) cuidou de não se entregar aos excessos repressivos apostólico da região, sempre viveu como fiel católico.”

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a que se habituara na metrópole. (Anita Novinsky, A Inquisição)
c) relaxou seu controle, conformando-se ao “não existe
A partir do texto, é correto concluir que a Inquisição
pecado abaixo do Equador”.
espanhola:
d) utilizou procedimentos que pouco diferiam dos em-
a) ampliou as suas prerrogativas nas nações europeias

conveniados ao Sistema de Ensino


pregados na metrópole.
menos fiéis ao poder do papado, com o intuito de
e) trabalhou em conjunto com a sua congênere espa- ampliar o número de seguidores.
nhola, visando maior eficácia.

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b) perdeu parte de suas atribuições e poderes a partir e a criação de um índice de livros proibidos as
HISTÓRIA 1

da Contrarreforma católica, conforme deliberação do principais medidas adotadas no Concílio.


Concílio de Trento. (02) Juntamente com a Reforma Católica, emergiu na
c) manteve, durante a sua existência secular, vínculos Europa um forte sentimento de intolerância reli-
essenciais com a questão religiosa, excepcionalmen- giosa, que resultou em conflitos entre católicos
te confundindo-se com a questão política. e protestantes, sendo a Noite de São Bartolomeu
d) resumiu sua atuação a alguns poucos casos exem- um dos episódios exemplares desse cenário.
plares, com o intuito de evitar a propagação do isla- (04) A Companhia de Jesus foi uma ordem criada com
mismo e das igrejas reformadas. o objetivo de levar o catolicismo para regiões
e) apesar de sua fundamentação religiosa, esteve vin- coloniais, como o caso da América portuguesa
culada ao Estado e serviu aos interesses de grupos e espanhola.
ligados ao poder. (08) A venda de indulgências (perdão parcial ou total
O contexto da Contrarreforma está vinculado à consolidação do poder de pecados fora dos sacramentos) foi fartamente
das monarquias nacionais, do mercantilismo como sistema econômi-
estimulada e praticada pelo clero no contexto da
co, das Grandes Navegações e do colonialismo. Portanto, tinha bases
religiosas, mas servia à política. Reforma Católica. O objetivo era atrair novos fiéis
com a promessa do perdão divino.
6. UEPG-PR – Ao pregar as 95 teses que criticavam aspec-
tos da doutrina católica na porta da Igreja de Wittenberg (16) A reafirmação da autoridade do papa, que a partir
(Alemanha), em 1521, Martinho Lutero deu início à cha- de então passou a ter a palavra final sobre os dog-
mada Reforma Protestante. A reação da Igreja Católica mas da Igreja Católica, foi outra decisão tomada
não tardou e, assim, teve início a chamada Reforma Cató- pela Reforma Católica e visava unificar todos os
lica (ou Contrarreforma). A respeito da Reforma Católica, fiéis sob a autoridade do pontífice, fortalecendo
a identidade e a fé católicas.
assinale o que for correto:
Como vimos, as indulgências foram mantidas, mas a venda proibida.
(01) As ações da Reforma Católica foram traçadas a Portanto, a única afirmativa errada é a 08.
partir do Concílio de Trento, sendo a catequização
de terras descobertas, a retomada da Inquisição

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Unicentro-PR – O papel fundamental desempenhado b) é revogado o celibato clerical; é confirmado o
pela impressão na divulgação das ideias protestantes dogma da transubstanciação, o reconhecimento
ficou claro desde o século XVI. Lutero estava perfeita- da transformação do pão e do vinho em corpo e
mente consciente do efeito positivo dessa invenção: sangue de Cristo.
“A imprensa é o último dom de Deus e o maior. De fato, por c) o Tribunal do Santo Ofício é reorganizado com o fim
esse meio, Deus queria tornar conhecida a causa da verda- de julgar e punir as heresias; são mantidos apenas
deira religião a toda a Terra, até as extremidades do mundo”. os sacramentos do batismo e da eucaristia.
(POTON, s/d, p. 36) d) a salvação é consequência das obras, entendidas
como as boas ações orientadas pelas autoridades
Para reagir contra a propaganda protestante, por meio eclesiásticas; são mantidos a hierarquia e o celi-
da imprensa, a Igreja Católica Romana: bato do clero.
a) expediu ordens para a destruição de todas as máqui- e) o papa só pode perdoar as penas que ele tenha
nas de impressão existentes nos países católicos. imposto por sua vontade; a fé constitui a única e
b) proibiu aos seus fiéis a leitura de livros religiosos verdadeira fonte de salvação.
considerados suspeitos, mesmo que não fossem
de origem protestante. 9. UEPG-PR – As Reformas protestante e católica (ou
c) criou a “Trégua de Deus” e a encarregou de fiscali- Contrarreforma) foram movimentos religiosos que sa-
zar e punir todos os clérigos que utilizassem textos cudiram a Europa no século XVI. A respeito de tais
impressos em suas paróquias. movimentos, assinale o que for correto:
d) organizou a Companhia de Jesus, destinada a deses- (01) O Concílio de Trento, onde se iniciou a reação ca-
timular o ensino da leitura entre crianças e jovens, tólica à Reforma Protestante, foi um acontecimen-
protegendo-os dos textos proibidos. to decisivo para a eliminação do Índex Librorum
e) recebeu apoio das monarquias europeias para sua Prohibitorum (índice dos livros proibidos), que,
campanha contra a imprensa, o que atrasou considera- durante o período medieval, regeu as ações e os
velmente a expansão do conhecimento no século XVI. princípios teológicos católicos.
(02) A venda de indulgências pela Igreja Católica pode
8. Facisb-SP – Na primeira metade do século XVI, os ser apontada como um dos principais motivos
questionamentos sobre a atuação da Igreja Católica para a deflagração da Reforma Protestante.
deram origem, na Europa, aos movimentos conheci- (04) Ao questionarem práticas adotadas pela Igreja

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dos pelo nome de Reforma Protestante. Em reação, Católica, John Wycliffe e Jan Huss tornaram-se
o catolicismo desencadeou a Contrarreforma. Entre precursores da Reforma Protestante.
os princípios dos reformistas protestantes e dos con- (08) A Companhia de Jesus foi instituída pela Igreja Cató-
trarreformistas, podemos destacar, respectivamente: lica durante o movimento da Contrarreforma com o

conveniados ao Sistema de Ensino


a) são fundados seminários de teologia para aprimorar objetivo de estabelecer um diálogo com as religiões
a formação do clero; a Bíblia deve ser interpretada protestantes que se originaram a partir do século
livremente pelos fiéis. XVI, dando início ao princípio do ecumenismo.

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10. Puccamp-SP – Considere os itens adiante: I. Os protestantes eram contrários à autoridade do papa

HISTÓRIA 1
I. Combate sistemático aos protestantes. e à intermediação dos padres na leitura da Bíblia.
II. Recuperação de áreas sob influência do protestantis- II. Os protestantes eram contrários ao casamento dos
mo através da educação, com a criação de colégios. padres e ao sacramento da confissão.
III. Difusão do catolicismo entre povos não cristãos, por III. As ideias protestantes tiveram grande aceitação por
meio da catequese. parte dos monarcas portugueses, espanhóis e ingleses.
IV. Contenção do protestantismo através dos Tribunais IV. Os jesuítas foram designados para a ação missio-
da Inquisição. nária nas terras da América, Ásia e África, a fim de
garantir a expansão da fé católica.
Eles identificam: V. O Concílio de Trento defi niu algumas ações para
a) as Ordenações Eclesiásticas de Calvino. reagir à expansão do protestantismo, como o forta-
b) o Ato de Supremacia de Henrique VIII. lecimento dos sacramentos e uma melhor formação
do clero para o atendimento dos fiéis.
c) a Dieta de Augsburgo.
Assinale a alternativa correta:
d) a Reforma Luterana.
e) a Contrarreforma. a) somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
b) somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
11. UEM-PR – Sobre as missões jesuíticas fundadas na épo- c) somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
ca colonial, na região que atualmente corresponde ao d) somente a afirmativa IV é verdadeira.
estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s):
e) somente as afirmativas III e V são verdadeiras.
(01) As missões dos jesuítas tinham o objetivo de
dominar os índios para facilitar sua escravização
14. UFPI-PI – Em relação ao contexto das reformas religio-
pelos demais colonos brancos.
sas do século XVI, é correto afirmar que:
(02) As missões ou reduções eram povoações onde
a) a Reforma Puritana possibilitou à Coroa portuguesa
moravam juntos os índios e os padres da Com-
efetivar seu rompimento definitivo com o catolicis-
panhia de Jesus.
mo romano.
(04) A expansão dos portugueses, já a partir do século
b) a Contrarreforma procurou conciliar a visão religiosa
XVI, sobre o território paranaense abriu o caminho
dos seguidores de Lutero com o pensamento dos
para o estabelecimento das reduções dos jesuítas.
seguidores de Calvino.
(08) A fundação de missões, por parte dos jesuítas,
c) os Tribunais da Inquisição ficaram responsáveis pela
objetivava a catequização dos índios e relacionava-
punição dos infiéis e pela censura aos livros consi-
-se aos objetivos de expansão do catolicismo, por
derados ofensivos à fé católica.
parte da Igreja Católica, como reação ao cresci-
mento da Reforma Protestante. d) a Contrarreforma opôs-se à Companhia de Jesus e
delegou à Igreja Anglicana a tarefa de combater a
(16) A região entre os rios Ivaí, Piquiri e Paraná, junta-
expansão protestante na Europa.
mente com a região dos Sete Povos das Missões,
no Rio Grande do Sul, são as únicas regiões do e) a Reforma Protestante fortaleceu a venda de relí-
Brasil que tiveram missões dos jesuítas. quias sagradas e aplicou o dinheiro das indulgências
na edificação de templos católicos.
12. UnB-DF (adaptado) – A Reforma Protestante rompeu a
unidade cristã existente na Europa e deu origem a uma 15. Ufes-ES (adaptado)
reforma religiosa na Igreja Católica, a chamada Contrar- “MOSTRA PROMETE ENTRAR PARA A HISTÓRIA [...]
reforma. A esse respeito, indique se as afirmações a Especializado em organizar mostras em que fique nítida
seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F): a relação entre arte e História, o espanhol Carlos Marti-
a) o combate ao lucro e à usura, bases da vida comercial nez Shaw diz que o Brasil está recebendo obras que, além
e financeira que se dinamizava ao final da Idade Média, da grande qualidade estética, podem ajudar o brasileiro a
mostrava o descompasso da Igreja romana em relação entender o que acontecia no país naquele momento. ‘Ne-
às transformações ocorridas na sociedade. nhum período foi mais importante para a Espanha do que
b) as ideias de Lutero centravam-se na salvação pela fé este. Nunca houve uma explosão tão grande de criativida-
e na leitura direta e interpretação pessoal do Evan- de e de riqueza’ – explica ele, dizendo que está na História
gelho, além de contestarem a supremacia da Igreja a explicação para o barroco do país ter tido predominância
sobre o Estado. dos retratos e imagens religiosas.”
c) exaltando o trabalho e a poupança na conduta hu- (Além da Contrarreforma, a pintura gira em volta da nobreza.
mana, Calvino consagrava valores morais e políticos O Globo, 11/7/2000)
defendidos pela burguesia mercantil.
O texto se refere à exposição de pinturas “Esplendores
d) a Contrarreforma significou a tentativa da Igreja
Católica de reorganizar-se com base em princípios de Espanha” no Museu Nacional de Belas Artes, no
liberais: abrandamento da hierarquia clerical e da Rio de Janeiro. O momento histórico no qual foram
autoridade papal, tolerância quanto aos hereges e produzidas as obras expostas foi marcado pela fase
conhecida como Contrarreforma, que visava:

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abandono das práticas de censura.
a) abolir a Inquisição e o Índex para flexibilizar a conduta
13. UFPR-PR – A Reforma Protestante e a Contrarrefor- do clero, facilitando a dedicação à arte sacra.
ma envolveram aspectos ligados à doutrina da religião b) reafirmar os princípios fundamentais da Igreja Ca-
cristã e à forma como se organizava a Igreja Católica tólica para conter o avanço do protestantismo e

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com sede em Roma. No contexto desses movimentos, exercer maior controle sobre a prática dos fiéis e
considere as afirmativas a seguir: dos clérigos católicos.

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c) extinguir os dogmas e os rituais católicos para atrair c) apresenta, com realismo, os movimentos heréticos
HISTÓRIA 1

fiéis e proporcionar maior liberdade aos artistas. que contestavam a Igreja e pregavam o desapego
d) proibir os católicos de seguir as diretrizes do Concílio aos bens materiais.
de Trento, convocado pelos protestantes para divul- d) representa a indignação dos intelectuais ligados à
gar suas crenças e sua produção artística. Igreja Católica, os quais, sob a influência do huma-
e) expulsar da Espanha os jesuítas, que causaram a nismo, acusavam o alto clero de práticas imorais.
cisão da Igreja em razão dos abusos que cometiam e) registra uma cena cotidiana de atividades industriais
e das propostas que defendiam. realizadas no centro dos pequenos burgos europeus
em crescimento.
16. UEL-PR – Analise a figura a seguir:
17. Unesp-SP
KUNSTHISTORISCHES MUSEUM, VIENA, ÁUSTRIA

“Galileu, talvez mais que qualquer outra pessoa, foi o res-


ponsável pelo surgimento da ciência moderna. O famoso
conflito com a Igreja Católica se demonstrou fundamental
para sua filosofia; é dele a argumentação pioneira de que
o homem pode ter expectativas de compreensão do fun-
cionamento do universo e que pode atingi-la através da
observação do mundo real.”
(Stephen Hawking. Uma breve história do tempo)

O “famoso conflito com a Igreja Católica” a que se


refere o autor corresponde:
a) à decisão de Galileu de seguir as ideias da Refor-
ma Protestante, favoráveis ao desenvolvimento das
ciências modernas.
b) ao julgamento de Galileu pela Inquisição, obrigando-o
https://www.alamy.com/search.html?qt=EDD7NJ&imgt=0 a renunciar publicamente às ideias de Copérnico.
Com base na figura e nos conhecimentos sobre a mo- c) à opção de Galileu de combater a autoridade política
dernidade, é correto afirmar que a pintura: do papa e a venda de indulgências pela Igreja.
a) representa, com ironia, as disputas religiosas entre d) à crítica de Galileu à livre interpretação da Bíblia, ao
católicos e protestantes, desencadeadas pela Re- racionalismo moderno e à observação da natureza.
forma Luterana. e) à defesa da superioridade da cultura grega da An-
b) registra o descontentamento e a revolta dos cam- tiguidade, feita por Galileu, sobre os princípios das
poneses germânicos com a opressão servil imposta ciências naturais.
pela Igreja Católica.

ESTUDO PARA O ENEM

18. Enem C1-H1 19. Udesc-SC C3-H11


“No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira Em 1545, o papa convocou uma reunião entre os mem-
denunciou Antônia Nóbrega à Inquisição. Segundo o de- bros mais importantes da Igreja Católica a fim de de-
poimento, esta lhe dava ‘uns pós não sabe de quê, e outros bater sobre questões doutrinárias e disciplinares. O
pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a Concílio de Trento, como ficou conhecida esta reunião,
beber em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo e durou 18 anos e foi motivado pelos questionamentos
serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-lhe à Igreja Católica, os quais se tornaram cada vez mais
dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas frequentes no início do século XVI, e que levaram à
e que os diabos lha ensinaram’.” Reforma Protestante.
ARAÚJO, E. O teatro dos vícios: transgressão e
transigência na sociedade urbana colonial. Brasília: Ed.
Analise as proposições em relação ao contexto:
da UnB/José Olympio, 1997.
I. A Reforma Protestante difundiu-se em várias regiões
da Europa, entre as quais as regiões que atualmente
Do ponto de vista da Inquisição:
compõem a Alemanha, Suíça, Inglaterra e Holanda.
a) o problema dos métodos citados no trecho residia na
dissimulação, que acabava por enganar o enfeitiçado. II. Martinho Lutero foi um crítico da Igreja Católica. Após
a publicação das suas críticas, conhecidas como 95
b) o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da
teses, que foram afixadas na porta da Igreja de Wit-
Igreja e somente a justiça do fogo poderia eliminá-lo.
tenberg, ele foi excomungado pelo papa Leão X.
c) os ingredientes em decomposiç ã o das poç õ es

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mágicas eram condenados porque afetavam a saúde III. Entre as novas doutrinas que surgiram com a Refor-
da população. ma Protestante estão o luteranismo, o calvinismo e
d) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, o anglicanismo.
pois eram perceptíveis suas tendências feministas. IV. A Reforma Protestante ocorreu juntamente com ou-

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e) os cristãos deviam preservar a instituição do casa- tras mudanças, como o aumento do poder dos reis
mento recorrendo exclusivamente aos ensinamentos e o fortalecimento dos Estados nacionais.
da Igreja.

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Assinale a alternativa correta:

HISTÓRIA 1
a) somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
c) somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
d) somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
e) todas as afirmativas são verdadeiras.

20. Unifesp-SP (adaptado) C3-H15


Com a Contrarreforma, Inácio de Loyola tomou o prota-
gonismo e teve papel importante em um dos primeiros
movimentos da reação católica. Comente o papel e
a importância de Inácio de Loyola para o catolicismo.

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21
TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO
HISTÓRIA 1

PARA O CAPITALISMO

DA ECONOMIA LOCAL PARA A ECONOMIA


• Da economia local para a
economia global
GLOBAL
• Início da expansão
europeia: capitalismo e

MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA


globalização
• Monarquias nacionais e
economia global
• Mercantilismo e
colonização
• Espanha
• Portugal
• França
• Inglaterra
• Holanda

HABILIDADES
• Analisar diferentes
processos de produção ou
circulação de riquezas e
suas implicações
socioespaciais.
• Analisar a ação dos Estados
nacionais no que se refere à
dinâmica dos fluxos popula-
cionais e no enfrentamento
de problemas de ordem
econômico-social. A obra retrata um porto francês em 1639, um símbolo da expansão europeia pelo mundo, guiada pela economia
mercantilista.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das
relações de poder entre A economia como área do conhecimento que estuda a produção e a distribuição
as nações. de recursos materiais surge somente no fim do século XVIII. Portanto, falar em “eco-
nomia” do Império Romano, da Idade Média ou mesmo do início da Idade Moderna
é, de certa forma, um anacronismo, isto é, uma ideia de um período utilizada para
explicar e compreender outro ao qual não pertence.
Em períodos anteriores, o que podemos analisar é como os recursos materiais
eram produzidos e distribuídos. No caso da Idade Média, essa produção era basica-
mente local. A mão de obra escravizada e de pessoas livres e pobres foi substituída
pelo trabalho dos servos, que produziam alimentos por meio da agricultura e da

Material exclusivo para professores pecuária. Produziam-se as ferramentas utilizadas no trabalho e, em menor escala,
os artigos de luxo da nobreza.
Com o renascimento comercial e urbano, vinculado também ao fortalecimento

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da burguesia, a cadeia de produção e de trocas de bens materiais torna-se mais
complexa. A Europa, antes voltada para si, abre-se para o mundo. A burguesia dá sus-
tentação à centralização do poder nas mãos dos reis, os primeiros Estados modernos

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se formam e, então, dedicam-se a explorar e dominar das do Oriente, mas aponta para o enriquecimento do
o restante do mundo. Para superar o feudalismo, foi olhar europeu, que buscava amalgamar contribuições

HISTÓRIA 1
desenvolvido o capitalismo mercantil. e preservar a fé cristã, que, àquela altura, já havia se
consolidado na Europa.

INÍCIO DA EXPANSÃO Esses processos de assimilação e adaptação im-


pulsionaram o comércio, as atividades artesanais
EUROPEIA: CAPITALISMO E e a criação de centros de estudos (universidades).
Acrescente-se a isso mudanças significativas na or-
GLOBALIZAÇÃO ganização política, que passava por uma centralização
Tratar de globalização é, de acordo com alguns es- nas mãos dos reis. De forma lenta, mas consistente,
tudiosos, compreender o processo de expansão euro- a vida europeia se alterava e o interesse desperto
peia do início dos tempos modernos e entender certos pelo mundo extraeuropeu consolidou-se em iniciati-
mecanismos relacionados à dinâmica capitalista. Nesse vas expansionistas que extrapolavam as motivações
sentido, as Grandes Navegações permitiram que os iniciais das Cruzadas.
europeus conquistassem novos territórios nos con- De acordo com Jerry Brotton:
tinentes africano, asiático e americano, inaugurando
uma exploração econômica de dimensões inusitadas, O comércio Oriente-Ocidente [...] ocorreu no Medi-
que fundamentou o processo de colonização europeia. terrâneo durante séculos, mas seu volume aumen-
Nessa movimentação estavam sendo lançadas as ba- tou depois do final das Cruzadas, quando o fluxo
ses do mundo globalizado. fácil de mercadorias entre as comunidades árabe e
O que se deve questionar é: Como foi a passagem cristã foi restabelecido. Desde o século XIV, Vene-
do feudalismo para o capitalismo? Como relacionar za derrotou competidores como Gênova e Florença
o capitalismo com uma globalização incipiente na para estabelecer seu domínio no comércio do Mar
época moderna? Vermelho e do Oceano Índico. Centros comerciais
e consulados venezianos e genoveses foram esta-
belecidos em Alexandria, Damasco, Aleppo e em
ALBUM/ORONOZ/FOTOARENA

outras regiões mais distantes. A Europa exportava


têxteis, especialmente tecidos de algodão, artigos de
vidro, sabão, papel, cobre, sal, frutas secas e, acima
de tudo, prata e ouro. As mercadorias importadas
do Oriente variavam de especiarias (pimenta-do-
-reino, noz-moscada, cravo-da-índia e canela), algo-
dão, seda, cetim, veludo e tapeçaria a ópio, tulipas,
sândalo, cavalos, ruibarbo e pedras preciosas, bem
como tinturas e pigmentos vívidos usados na indús-
tria têxtil e na pintura.
BROTTON, Jerry. O bazar do Renascimento: da rota da seda a
Michelangelo. São Paulo: Grua, 2009. p. 43.

Apesar do processo de monetarização exigido nas


trocas comerciais e da atuação de corporações de mer-
cadores que visavam garantir o êxito de sua emprei-
tada, dificuldades eram sentidas na coordenação de
esforços que dessem a estabilidade política necessária
ao bom andamento dos negócios.
Foi nesse quadro de tensões que os reis foram
Quadro representando a captura de Jerusalém, momento importante das
beneficiados, pois mercadores apostavam na organi-
Cruzadas, em 1099.
zação de um Estado com maior capacidade de atuação
Pode-se analisar o processo de expansão europeia e enxergavam no rei sua realização. Deve-se entender
definindo seu ponto de partida no movimento cruza- que a passagem do feudalismo para o capitalismo não

Material exclusivo para professores


dista, iniciado em 1095. Os contatos estabelecidos implicou apenas a perda do caráter autossuficiente do
com povos variados e suas respectivas culturas alte- feudo, mas correspondeu a uma importante mudança
raram a sensibilidade europeia, aguçando interesses no estatuto jurídico-político europeu, que caminhou
por produtos exóticos e ideias que contrastavam com rumo à centralização político-administrativa. O deba-

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o pensamento europeu. te em torno de como foi a passagem do feudalismo
Isso não significa que os ocidentais abandonaram para o capitalismo foi realizado principalmente por
suas crenças e só valorizaram as mercadorias oriun- intelectuais marxistas.

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JAYSI/SHUTTERSTOCK
HISTÓRIA 1

Os burgos eram cidades muradas que surgiram na época do renascimento comercial e foram as bases do desenvolvimento de diversas cidades durante o
renascimento urbano.

De acordo com Maurice Dobb, as contradições


do modo de produção feudal, em especial a luta de
MONARQUIAS NACIONAIS E
classes envolvendo senhores feudais e servos, teriam ECONOMIA GLOBAL
contribuído de modo decisivo para o desenvolvimento
As monarquias nacionais ou os Estados modernos
de forças produtivas capitalistas. A emergência das
contribuíram decisivamente para a expansão econômica
cidades favoreceu a fuga de camponeses, prejudicando
europeia do início da época moderna. Os próprios reis
os rendimentos dos senhores feudais.
fomentaram a atividade comercial como um meio de
Já Paul Sweezy considera que o comércio foi a
arrecadação tributária que lhes permitiria a afirmação
base da crise feudal, pois, de acordo com esse pen-
da autoridade diante do grupo nobre de sua influência.
sador, a economia feudal produz apenas valores de
Segundo alguns historiadores, a nobreza inte-
uso, e não de troca. Isso significa que a produção
ressava-se pela centralização política como forma
feudal vincula-se à utilização imediata de bens por sua
de manutenção da ordem em seus domínios, já que
comunidade, que não está voltada para a produção de
movimentações sociais campesinas começavam a
itens comercializáveis. Nos últimos séculos da Idade
estremecer os laços feudais.
Média, quando ocorreu uma expansão das atividades
Assim, o Estado moderno, além de apoiar as ativi-
comerciais, houve uma alteração significativa no uni-
dades mercantis e o grupo a elas associado, represen-
verso produtivo, pois o desenvolvimento das relações
tou uma possibilidade de ordenamento de determina-
de troca em uma sociedade que até então se pautava
dos grupos sociais, que puderam manter seu status e
pela produção de bens de uso corrompeu a estrutura
ampliar seu raio de ação sobre outras terras e outros
feudal, desestabilizando esse modo de produção.
povos. Nesse sentido, estavam sendo lançadas as
Assim, houve uma mudança do padrão produtivo,
bases da globalização.
ou seja, a passagem do modo de produção feudal para
Porém, esse processo de expansão europeia ga-
o capitalista. Nesse sentido, a época moderna é enten-
nhou uma dimensão maior a partir do momento que
dida como a transição do feudalismo para o capitalismo.
alguns desses Estados modernizados passaram a
Conforme Pierre Vilar:
desenvolver uma política sistemática de empreendi-
[...] ainda que seja correto que não se possa exagerar mentos no além-mar.
o caráter “fechado”, “natural” da economia feudal Em princípio, o Mar Mediterrâneo foi a grande re-
nas suas origens (a troca nunca foi “nula”), não é ferência de navegação. Várias rotas comerciais abran-
menos exato que bastante tarde ainda, nos séculos
giam o norte da África, a Península Itálica, a cidade de
XVII e XVIII, a sociedade rural, surgida do feuda-
Constantinopla e o sul da França e da Península Ibérica.
lismo, viveu durante muito tempo fechada em si
No entanto, o comércio era dominado por cidades au-
mesma, com um mínimo de trocas e de contatos em
tônomas da Península Itálica, como Gênova e Veneza,
moeda. A comercialização do produto agrícola foi
e pelos muçulmanos.

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sempre muito parcial.
Aos poucos, iniciativas das coroas ibéricas rom-
Contudo, no capitalismo evoluído, tudo é mercado-
peram os limites da expansão mediterrânea, abrindo
ria. Nesse sentido, como falar de “capitalismo” no
novos horizontes para a exploração europeia assentada

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século XV ou mesmo no século XVIII francês?
em monarquias centralizadas (modernas).
VILAR, Pierre. La transition du féodalisme au capitalisme. In: Sur le
féodalisme. Paris: Centre d’Estudes et de Recherches Marxistes/Édi- O primeiro país a se lançar na aventura pelo cha-
tions Sociales, 1971. p. 38. mado “Mar Oceano” foi Portugal, após a Revolução de

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Avis (1383-1385). D. João, mestre da Ordem de Avis, cesso de colonização. Essa foi a política econômica do
tornou-se rei e apoiou investidas no norte da África, Estado moderno, que visava acumular a maior quan-

HISTÓRIA 1
dominando a cidade de Ceuta em 1415. Iniciava-se tidade de riquezas em suas fronteiras, de tal forma
o périplo africano, a aventura portuguesa na costa da que, quanto mais riqueza houvesse em seus limites,
África, que tinha, entre seus objetivos, encontrar um maior seria o poder do rei. Mas o que era entendido
caminho alternativo para as Índias, local em que imagi- como riqueza naquela época?
navam conseguir produtos valiosos e afirmar a fé cristã. Deve-se levar em conta que a ideia de riqueza tem
a própria historicidade. Se, hoje, considera-se riqueza

MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA, LISBOA, PORTUGAL


como trabalho realizado, ou seja, produção, naquela
época o pensamento econômico afirmava ser o acú-
mulo de metais preciosos. Assim, a concepção de ri-
queza era o ouro e a prata e os Estados procuravam
concentrar a maior quantidade possível de moedas
confeccionadas com metais preciosos. Isso significava
uma capacidade ampliada do rei de desenvolver suas
políticas em relação aos súditos e a outros reinos rivais.
Essa prática era conhecida como metalismo.
Desse modo, com o intuito de aumentar seu grau
de poder, os reis desenvolveram práticas denominadas
mercantilistas, cuja finalidade era obter uma balança co-
mercial favorável, pois, como as moedas eram confeccio-
nadas com metal precioso, era fundamental vender mais
e comprar menos para concentrar recursos econômicos.
Para vender mais, um reino deveria ter acesso a
áreas do globo com produtos valiosos no mercado eu-
ropeu e, de preferência, ter exclusividade na obtenção
desses produtos. Assim, o monopólio foi uma das práti-
cas mercantilistas no contexto da expansão ultramarina.
Retrato de D. João I, fundador da dinastia de Avis em Portugal. Acrescente-se a isso o desenvolvimento do pro-
tecionismo alfandegário. A ideia era criar barreiras à
Enquanto Portugal e Espanha travavam uma dispu-
entrada de produtos que pudessem concorrer com
ta para garantir a exploração das terras do além-mar,
aqueles produzidos internamente, de tal forma que
outros Estados europeus começaram a se estruturar e
haveria uma redução das importações desnecessárias,
passaram, em pouco tempo, a concorrer com os países
limitando a saída de recursos do país.
ibéricos nessa expansão ultramarina. Entre eles, França
Essa barreira alfandegária consistia na criação de tri-
e Inglaterra tinham saído há pouco tempo da Guerra dos
butos reais que encareciam as mercadorias importadas,
Cem Anos (1337-1453) e estruturavam o aparelho de
desestimulando seu consumo. Caso houvesse importa-
Estado que permitiria suas movimentações marítimas.
ção, a tributação alfandegária daria mais recursos aos reis.
Assim, os Estados modernos deram, de fato, outra
magnitude para a expansão europeia que teve início Assim, de toda forma os reis aumentariam seu poder.
na Idade Média. Essa nova dimensão expansionista Boa parte das guerras realizadas entre as monar-
representa o início dos tempos modernos e, por assim quias nacionais ao longo da época moderna correspon-
dizer, da globalização capitalista. deu a disputas pela exploração de territórios no globo.
Nesse sentido, a expansão ultramarina permitiu a ex- A colonização europeia na América foi resultado, entre
ploração econômica e a difusão da cultura europeia cris- outros fatores, da concorrência entre os Estados mo-
tã. Elementos das áreas atingidas foram incorporados e dernos. A transferência de parte da população de um
isso envolveu desde aspectos da diversidade cultural, país europeu para o continente americano fazia parte
como hábitos alimentares, até de ordem natural, como de uma estratégia de defesa do domínio territorial vi-
madeira, marfim e ouro. A essa apropriação foram dados sando à exploração exclusiva. Os colonos passavam a
conteúdos europeus. Assim, a globalização tornava-se manter vínculos com o Estado metropolitano por meio
também uma tentativa de ocidentalização do mundo. de uma administração organizada no espaço de ocu-
pação que estava submetida diretamente ao rei. Esse

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tipo de vinculação é denominado pacto colonial. Assim,
MERCANTILISMO E por meio do pacto, a colônia só poderia vender suas
mercadorias para a metrópole e comprar desta os arti-
COLONIZAÇÃO gos de que necessitasse. Também chamado de exclu-

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Nesse contexto de exploração do mundo, ordena- sivo metropolitano, o sistema de colonização drenava
do pelas monarquias nacionais, a política econômica recursos da área colonizada para o Estado moderno.
era o mercantilismo, o qual esteve associado ao pro- Fernando A. Novais, estudioso do mercantilismo, diz:

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E, de fato, o Estado moderno pôs em execução, com Dos reis partiam as nomeações para os altos cargos
maior ou menor intensidade, variando no tempo e no administrativos e na Casa de Contratação homologa-
HISTÓRIA 1

espaço, com êxitos ou frustrações ao longo de suas vam-se privilégios monopolistas na área colonial. Os
existências, a política econômica mercantilista, que funcionários do Estado metropolitano que tomavam as
preconizava, simultaneamente, a abolição das adua- decisões eram os reinóis, conhecidos como chapeto-
nas internas e consequente integração do mercado nes. Detinham os privilégios na sociedade colonial e
nacional, tarifas externas rigidamente protecionistas estavam acima dos criollos, homens brancos nascidos
para promover uma balança favorável do comércio na área colonial. Tanto os chapetones como os criollos
e consequente ingresso do bullión (ouro e prata), co- representavam uma minoria em um espaço marcado
lônias para complementar e autonomizar a economia pela presença maciça de mestiços e indígenas.
metropolitana. A consonância dessa política econô-
mica com a fase do capitalismo comercial que lhe é PORTUGAL
subjacente era, pois, perfeita; igualmente, o Estado
absolutista, ao praticá-la, se fortalecia pela aplicação
do fiscalismo régio, completando a rede das inter-re-
lações. [...] A colonização europeia moderna aparece,
assim, em primeiro lugar como um desdobramento da

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expansão puramente comercial. Foi no curso da aber-
tura de novos mercados para o capitalismo mercantil
europeu que se descobriram as terras americanas, e
a primeira atividade aqui desenvolvida importou no
escambo, com os aborígenes, dos produtos naturais;
o povoamento decorreu, inicialmente, da necessidade
de garantir a posse em face da disputa pela partilha
do novo continente; complementar a produção para o
Brasão da
mercado europeu foi a forma de tornar rentáveis esses dinastia de
novos domínios. Transitava-se assim como que imper- Avis.
ceptivelmente do comércio para a colonização.
Os portugueses desenvolveram o extrativismo da ma-
NOVAIS, Fernando A. Estrutura e dinâmica do antigo sistema colonial.
São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 26-28. deira como atividade exclusiva no período que antecedeu
a colonização. Essa atividade foi substituída pela lavoura
Entre os países que desenvolveram colônias no de cana, pela pecuária e, por último, pela mineração. O
Novo Mundo estão Espanha, Portugal, França, Ingla- tráfico negreiro foi intenso e representou uma forma de
terra e Holanda. exploração econômica rentável para a Coroa por muito
tempo, contribuindo também para a organização de uma
ESPANHA sociedade mestiça e fundamentada no trabalho escravo.
A monarquia portuguesa implementou a coloniza-
ção por meio da distribuição de terras pelo sistema de
capitanias hereditárias, criando um governo-geral para
auxiliar as capitanias que tivessem dificuldades.
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FRANÇA
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Brasão
de Leão e
Castela.

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O processo de colonização espanhola na América
integrou a política de afirmação do Estado moderno e
envolveu o domínio de civilizações complexas, como a
Brasão de
asteca e a inca, repercutindo em um tipo de organiza-

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Armas da
ção administrativa altamente centralizada e conduzida França e
diretamente da Espanha por meio das ordenações reais Navarra.
e da Casa de Contratação, localizada em Sevilha.

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Os franceses realizaram incursões em todo o con- comunidade (mercado interno) e pequenas e médias
tinente, desde a América do Norte até a do Sul. Cria- propriedades.

HISTÓRIA 1
ram colônias em Quebec, no Vale do Mississipi, nas Já as últimas eram caracterizadas pelo trabalho es-
Antilhas, no norte da América do Sul e chegaram a se cravo, pela atividade monocultora (tabaco e algodão),
estabelecer por um tempo no Rio de Janeiro (França pela economia voltada para o mercado externo e pelos
Antártica). A exploração mineral foi a mais comum, mas latifúndios.
também desenvolveram a produção agrícola baseada
no trabalho escravo, no latifúndio e na monocultura. HOLANDA
INGLATERRA
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Brasão
neerlandês
antes de
Brasão da 1665.
dinastia
Tudor. Os holandeses fizeram algumas incursões na Amé-
rica do Norte, nas Antilhas e na América do Sul. Vale
Os ingleses ocuparam, no século XVII, territórios
ressaltar sua presença em Pernambuco entre 1630 e
na América do Norte, constituindo as chamadas Treze
1654, espaço que controlaram por meio do financia-
Colônias na costa oriental entre os Montes Apalaches
e o litoral. As colônias mais ao norte foram criadas por mento da atividade açucareira, refinando e distribuin-
grupos religiosos que pretendiam ter a liberdade de cul- do o produto para a Europa. Após sua expulsão, os
to, enquanto as colônias mais ao sul foram organizadas holandeses ocuparam as Antilhas, onde passaram a
por companhias de comércio que visavam à exploração produzir açúcar concorrente ao brasileiro, o que oca-
econômica. Daí a distinção clássica entre “colônias de sionou a decadência da atividade açucareira no Brasil.
povoamento” e “colônias de exploração”. As primeiras Dessa forma, a globalização se realizava no quadro do
tinham mão de obra livre, atividades manufatureiras desenvolvimento das forças capitalistas engendradas
e policultoras, uma economia voltada para a própria no continente europeu.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO

Acúmulo de metais preciosos.


Metalismo:

Receitas superiores às despesas.


Balança comercial favorável:

Mercantilismo
Monopólio comercial.
Protecionismo:

Colonialismo: Captação de recursos e mercado consumidor.

Dominação de sociedades complexas (incas e astecas). Comando dos reinóis, conhecidos


Espanha:
como chapetones, que estavam acima dos criollos (brancos nascidos na colônia). Os dois grupos eram

minoria, em uma sociedade colonial majoritariamente de nativos e mestiços.

Portugal: Extrativismo como principal atividade nos primeiros contatos. Alianças com certos grupos

indígenas e conflito com outros. Distribuição de grandes extensões de terra como forma de ocupação e

colonização efetiva.

Tentativas de colonização, entrando em áreas que teoricamente pertenciam a outras nações.


Colonização França:
Estabeleceram colônias em Quebec, no Vale do Mississipi, nas Antilhas e até no atual Rio de Janeiro, por

pouco tempo, na chamada França Antártica.

Inglaterra: População que realizou a ocupação da América do Norte, as chamadas Treze Colônias. Buscava

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a liberdade de culto que não tinham na Inglaterra. Mão de obra livre no Norte e trabalho escravo no Sul.

Holanda: Algumas incursões na América do Norte, nas Antilhas e na América do Sul. Utilizavam o mo-

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delo de produção de açúcar em larga escala em áreas que favoreciam seu cultivo. Chegaram a dominar o
Nordeste brasileiro, mas, após serem expulsos, ficaram nas Antilhas.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. IFBA-BA (adaptado) Neste trecho, o escritor florentino descreveu o cenário
“Lisboa, agosto de 1499. D. Manoel escreve ao papa anun- urbano na época da peste negra (1348), a pandemia
ciando o retorno de Vasco da Gama da primeira viagem (doença epidêmica amplamente disseminada) que cau-
marítima à Índia e outorga-se um novo título: ‘Rei de Por- sou milhares de mortes por toda a Europa. Com base
tugal e dos Algarves d’aquém e d’além-mar em África, Se- no exposto:
nhor de Guiné e da Conquista da Navegação e Comércio a) estabeleça as relações entre as atividades comer-
da Etiópia, Arábia, Pérsia e […] Índia’. Respaldado pelas ciais das cidades italianas com o Oriente e a presen-
bulas pontificais e nas caravelas, el-rei podia se atribuir ça da peste negra no continente europeu.
o senhorio dos tratos e territórios longínquos que se co-
nectavam à Europa. Tudo se tornará bem mais complicado A Peste Bubônica chegou à Europa por meio, principalmente, dos roedo-
quando a metrópole tentar pôr em prática sua política no
ultramar.” res que chegavam em navios de mercadores, vindos do Oriente.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Trato dos viventes: formação do Bra-
sil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 11.

Assinale a alternativa que relaciona corretamente o


b) explique duas consequências sociopolíticas da peste
texto ao contexto do qual ele fala:
negra na Europa no século XIV.
a) de acordo com o texto, as conquistas portuguesas ao
longo dos séculos XV e XVI foram legitimadas pelo A altíssima taxa de mortalidade do século XIV levou a uma exploração
poder do papa, chefe máximo da cristandade à épo-
ca, visto que o objetivo central dessas viagens era desmedida dos servos, e estes não a aceitaram passivamente. Revolta-
combater os muçulmanos e expandir o catolicismo.
b) os portugueses foram os pioneiros na expansão ma-
ram-se em diversos lugares. Para conter essas sublevações, os nobres
rítima europeia em virtude de terem reunido alguns
fatores favoráveis, como a centralização política, a
disponibilidade de capitais e o conhecimento de feudais recorriam à ajuda militar dos reis, o que contribuiu para o enfra-
técnicas de navegação de origem árabe e genovesa.
c) o título outorgado por D. Manoel a si próprio reflete quecimento do poder senhorial local em favor do fortalecimento do po-
os interesses dos portugueses sobre o continente
africano e asiático, principalmente a construção de
der real no contexto da formação das monarquias nacionais europeias.
relações diplomáticas com os chefes locais, a exem-
plo do que ocorreu no Reino do Congo.
d) a busca por metais preciosos impulsionou espanhóis 3. Unesp-SP – Entre os motivos do pioneirismo portu-
e portugueses a se lançarem sobre o oceano des- guês nas navegações oceânicas dos séculos XV e XVI,
conhecido, muito embora somente os espanhóis podem-se citar:
tenham efetivado suas conquistas, por meio da
descoberta de minas de prata na América do Sul. a) a influência árabe na Península Ibérica e a parceria
com os comerciantes genoveses e venezianos.
e) o retorno de Vasco da Gama a Portugal significou a
descoberta efetiva de uma rota transatlântica para b) a centralização monárquica e o desenvolvimento de
as Índias. No entanto, essa rota comercial mostrou- conhecimentos cartográficos e astronômicos.
-se pouco lucrativa, visto que foi somente com a c) a superação do mito do abismo do mar e o apoio
colonização do Brasil que os portugueses efetivaram financeiro e tecnológico britânico.
seu império ultramarino.
d) o avanço das ideias iluministas e a defesa do livre-
As alternativas incorretas, embora apresentem algumas informa- -comércio entre as nações.
ções verdadeiras, contêm erros como dizer que a rota para as
Índias não era lucrativa, que só os espanhóis tiveram sucesso ou e) o fim do interesse europeu pelas especiarias e a
que o objetivo principal das viagens era expandir o catolicismo. busca de formas de conservação dos alimentos.
Em um primeiro momento, a centralização e a concentração do poder
2. UFG-GO monárquico, após a Guerra de Reconquista, fazem Portugal sair na
frente. Após décadas de investimento desse governo central, foram
"Na cidade de Florença, nenhuma prevenção foi válida desenvolvidos conhecimentos de navegação baseados no que os
nem valeu a pena qualquer providência dos homens. A árabes e os genoveses já sabiam.
praga, a despeito de tudo, começou a mostrar, quase ao
principiar a primavera do ano referido [1348], de modo
horripilante e de maneira milagrosa, os seus efeitos. A 4. Cederj-RJ C2-H7
cidade ficou purificada de muita sujeira, graças a funcio-
“Os Estados monárquicos dos séculos XV e XVI encon-
nários que foram admitidos para esse trabalho. A entrada
traram, pois, neste tesouro de experiência e de regula-
nela de qualquer enfermo foi proibida. Muitos conselhos
mento, os primeiros elementos de sua política econômi-
foram divulgados para a manutenção do bom estado sa-

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ca; numa certa medida, o mercantilismo que começa a
nitário. Pouco adiantaram as súplicas humildes, feitas em
número muito elevado, às vezes por pessoas devotas iso- se afirmar na França e na Inglaterra na segunda metade
ladas, às vezes por procissões de pessoas, alinhadas, e às do século XV estendeu aos limites das jovens monar-
vezes por outros modos dirigidas a Deus." quias nacionais as preocupações e as práticas das cida-

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BOCCACCIO, Giovanni. Decameron. In: MOTA, Myriam B.;
des da Idade Média.”
BRAYCK, Patrícia R. História: das cavernas ao terceiro milênio. São DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo:
Paulo: Moderna, 1997. p. 91. Perspectiva, 1973. p. 16.

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Sobre o mercantilismo, pode-se afirmar que: Vermelho em função do número de tragédias que
HISTÓRIA 1

a) é um conjunto de teorias sobre o papel da moeda no ocorriam durante sua travessia.


processo de desenvolvimento europeu. Nesse sen- b) certeza de que o chamado Mar Oceano se conectava
tido, a acumulação de moedas é identificada como ao Pacífico por meio de uma passagem que poste-
inibidora do fortalecimento econômico de um país. riormente seria nomeada como Estreito de Gibraltar.
b) se constitui numa prática política protecionista que c) existência de monstros marinhos, ondas gigantescas
desestimula a importação e favorece a exportação de e outros tipos de ameaça no chamado Mar Tenebro-
produtos, eliminando o equilíbrio da balança comercial. so, como era conhecido o Atlântico.
c) suas políticas assentavam-se na certeza de que a ri- d) dúvida em relação à possibilidade de cincum-nave-
queza de uma nação tinha relação direta com o maior gação da Terra, pois a primeira volta completa ao
incremento na importação de produtos. Por isso, as mundo só ocorreu no final do século XVI, quando
políticas mercantilistas são essencialmente liberais. Colombo prosseguiu em sua busca de uma rota
d) está ancorado na manutenção de práticas locais de para as Índias.
produção de subsistência e na vinculação estreita e) necessidade de que em toda expedição houvesse
com a Igreja Católica. Dessa forma, a prática mer- um padre e um grande crucifixo, artifícios que impe-
cantilista é essencialmente católica. diriam qualquer ameaça durante a travessia, inclusive
O que se buscava no mercantilismo era a balança comercial favorá- epidemias como o escorbuto, causadas pela falta
vel. Para isso, era necessário importar menos e exportar mais. Isso de higiene.
ajuda a explicar a dinâmica do sistema colonial, no qual a colônia só Os estudiosos europeus, desde a Antiguidade, já sabiam que a Terra era
podia vender matéria-prima para a metrópole e comprar produtos dela, redonda e que não havia por quer temer um abismo no fim do chamado
estabelecendo-se, assim, a balança comercial favorável. “Mar Oceano”. Porém, no imaginário e nas crenças dos viajantes, havia a
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi- persistência desse mito, além do medo de supostos monstros marinhos
cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. e de outras ameaças mitológicas.
Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das rela-
ções de poder entre as nações.
6. Ufal-AL – A primeira característica do mercantilismo
era o metalismo, ou seja, a concepção de que a pros-
5. Puccamp-SP peridade de cada país:
“[...] os mitos e o imaginário fantástico medieval não fo- a) seria determinada pelo volume da sua produção
ram subitamente subtraídos da mentalidade coletiva euro- interna.
peia durante o século XVI. [...] Conforme Laura de Mello
b) dependeria do tamanho do território principal soma-
e Sousa, ‘parece lícito considerar que, conhecido o Índico do à área de suas colônias.
e desmitificado o seu universo fantástico, o Atlântico pas-
c) estaria ligada a uma balança comercial favorável,
sará a ocupar papel análogo no imaginário do europeu
geradora de grande superávit.
quatrocentista’.”
d) estaria na razão direta da quantidade de metais pre-
VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem: expectativas,
ciosos que possuísse.
projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498-1554).
São Paulo: Annablume, 2010. p. 197. e) dependeria da liberdade com que o comércio se ex-
pande sem a interferência do governo.
O imaginário que povoou as crenças dos viajantes no Neste módulo, estudamos a transição econômica do feudalismo para
contexto da expansão marítima europeia pressupunha a: o capitalismo mercantil e de que modo as Grandes Navegações estão
relacionadas com esse processo. Esta questão trabalha uma das carac-
a) presença de perigos mortais advindos de forças so- terísticas básicas do mercantilismo: o metalismo. Uma das missões dos
brenaturais no então denominado Mar Sangrento ou exploradores, inclusive, era encontrar metais preciosos.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Unesp-SP b) o reconhecimento do papel determinante da Coroa
“Ó mar salgado, quanto do teu sal no estímulo às navegações e no apoio financeiro aos
familiares dos navegadores.
São lágrimas de Portugal!
c) a crença religiosa como principal motor das navega-
Por te cruzarmos, quantas mães choraram ções, o que justifica o reconhecimento da grandeza
Quantos filhos em vão rezaram! da alma dos portugueses.
Quantas noivas ficaram por casar. d) a percepção das perdas e dos ganhos individuais
Para que fosses nosso, ó mar! e coletivos provocados pelas navegações e pelos
riscos que elas comportavam.
Valeu a pena?
e) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as di-
Tudo vale a pena ferenças entre os oceanos, que os levou a confundir
Se a alma não é pequena. a América com as Índias.
Quem quer passar além do Bojador 8. Fatec-SP – Quando a esquadra de Cabral chegou ao ter-
Tem que passar além da dor. ritório que hoje chamamos de Brasil, o escrivão Pero Vaz

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Deus ao mar o perigo e o abismo deu, de Caminha registrou, em uma longa carta ao rei, os prin-
cipais acontecimentos. Entre eles, Caminha destacou:
Mas nele é que espelhou o céu.”
“Nesta terra, até agora, não pudemos saber que haja
Entre outros aspectos da expansão marítima portugue- ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro.
sa a partir do século XV, o poema menciona:

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Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa
a) o sucesso da empreitada, que transformou Portugal que, querendo aproveitar, dar-se-á nesta terra tudo, por
na principal potência europeia por quatro séculos. bem das águas que tem.”

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Relacionando esse trecho da carta de Caminha aos ob- 11. Uneal-AL – Sobre a prática do mercantilismo, é correto

HISTÓRIA 1
jetivos da colonização portuguesa na América, é correto afirmar:
afirmar que essa colonização foi: a) as colônias na América, a exemplo do Brasil, pos-
a) de povoamento, pois se encontraram ouro e prata suíam grande autonomia em sua organização ad-
na primeira viagem às novas terras. ministrativa e livre produção econômica, inclusive
permitindo-se a produção de manufaturas. Esta
b) de povoamento, já que havia pouca possibilidade de
situação era possível em virtude da existência de
as terras serem produtivas ou férteis.
cidades como Olinda e Salvador, que se igualavam
c) de exploração, pois se pretendia utilizar as águas dos politicamente às metrópoles europeias.
rios para a produção de energia elétrica.
b) a balança comercial favorável não consistia em uma
d) mercantilista, pois se demonstrava interesse em preocupação das metrópoles em relação às suas
metais preciosos e exploração da agricultura. atividades comerciais e exploração das colônias. O
e) mercantilista, já que a beleza do local era ideal para livre-comércio e a permanência da riqueza nas pró-
a exploração do mercado turístico. prias colônias eram necessários para o povoamento
da América e o fortalecimento econômico dos Esta-
9. PUC-RJ – Sobre a conquista espanhola da América nos dos absolutistas europeus.
séculos XV e XVI, assinale a afirmativa correta: c) entende-se por monopólio colonial a situação na qual
a) da conquista participaram soldados, clérigos, cronis- a colônia, a exemplo do Brasil, é quem define com
tas, marinheiros, artesãos e aventureiros, motivados quais países pretende manter relações comerciais.
pelo desejo de encontrar riquezas como o ouro e a d) o poder político centralizado pelos Estados nacionais
prata e também de expandir a fé católica expulsando europeus exerceu papel de destaque no desenvolvi-
os muçulmanos da América. mento do mercantilismo. As monarquias absolutistas
b) o ano de 1492 foi crucial não só pela chegada de funcionavam como grandes empresários do capita-
Colombo à América, como também pela conclusão lismo, possibilitando uma união de esforços para o
da unidade da monarquia espanhola levada adiante desenvolvimento das atividades mercantis que en-
pelos reis católicos com a conquista de Granada, volviam desde a mobilização de recursos técnicos
último reduto muçulmano na península. para navegação até a obtenção de financiamentos.
c) Hernán Cortés conquistou facilmente o Império e) o processo de expansão marítima europeia a partir
Asteca, na região do alto Peru, à época governado do século XV possibilitou descobrir novos territórios.
por Montezuma, com quem se aliou para derrotar Estas descobertas foram apenas o resultado do es-
outros povos indígenas que resistiram à dominação pírito aventureiro e sorte do acaso nas navegações
espanhola. oceânicas empreendidas por ingleses e franceses
que pioneiramente desbravaram o Oceano Atlântico.
d) desde o início da conquista, os indígenas contaram
com a proteção da Igreja Católica, que os reconhecia
como seres humanos que possuíam alma e, portan- 12. UFG-GO
to, não deveriam ser subjugados. "O usurário, que adquirir lucro sem nenhum trabalho e até
e) o Império Inca, no México, foi conquistado por dormindo, vai contra a palavra de Deus que diz 'Comerás
Francisco Pizarro, que enfrentou uma longa resis- teu pão com o suor de teu rosto'. Assim, o usurário não ven-
tência dos exércitos indígenas, militarmente su- de ao devedor nada que lhe pertença, apenas o tempo, que
periores e profundos conhecedores do território pertence a Deus. Disso não pode tirar qualquer proveito."
em que viviam. CHOBHAM, Thomas de, apud LE GOFF, J. A bolsa e a vida.
São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 39. (Adaptado)
10. UFRRJ-RJ – O texto abaixo trata das incursões fran-
cesas na América; entretanto, essas ainda não re- O texto acima apresenta o posicionamento da Igreja
presentavam que a França tivesse dado início à sua Católica diante da crescente atividade dos usurários,
expansão. nas cidades comerciais europeias (séc. XIII). Relacione
usura, tempo e trabalho no discurso eclesiástico.
“Ao longo do século XVI, os franceses estiveram na Amé-
rica, mas isso não significava uma atitude sistemática e
coerente desenvolvida pela Coroa. Era, no mais das ve-
zes, atuação de corsários e uns poucos indivíduos. Como
exemplo, pode-se mencionar as invasões do litoral brasi-
leiro [...] e algumas visitas à América do Norte.”
FARIA, R. de M. et al. História para o Ensino Médio.
Belo Horizonte: Lê, 1998. p. 182.

Entre os motivos que levaram a França a iniciar tardiamen-


te sua expansão marítima e comercial, podemos destacar:
a) os problemas internos ligados à consolidação do
Estado nacional.
b) a derrota da França na violenta guerra contra a

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Alemanha.
c) a falta de associação entre a Coroa e a burguesia
francesa.
d) a violenta disputa entre calvinistas e luteranos.

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e) a não inclusão das classes superiores no projeto
expansionista.

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13. UFRGS-RS – Durante a Baixa Idade Média, ocorreu em ocorreu nas primeiras navegações às terras encontra-
HISTÓRIA 1

Portugal a denominada Revolução de Avis (1383-1385), das por Cristóvão Colombo, que, inclusive, receberam
que resultou em uma mudança dinástica cuja principal a denominação de Novo Mundo. Assinale a alternativa
consequência foi: correta acerca das transformações históricas que pos-
a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das sibilitaram tais expedições:
pressões localistas que ainda sobreviviam nas pe-
quenas circunscrições territoriais do reino. a) o fim da guerra contra os muçulmanos que habita-
b) o surgimento de uma burguesia industrial cosmopo- vam seu território gerou as condições financeiras e
lita e afinada com a mentalidade capitalista que se políticas para que a Espanha adentrasse na aventura
instaurara na Europa. marítima em busca de atingir o comércio das espe-
c) o início das Grandes Navegações marítimas, que ciarias orientais.
resultaram no descobrimento da América e no re- b) a aliança com os muçulmanos do norte da África
conhecimento da Oceania pelos lusitanos. gerou as condições mercantis, tecnológicas e cul-
d) o início do processo de expansão ultramarina, que le- turais que possibilitaram a organização da expedição
varia às conquistas no Oriente, além da ocupação e do comandada por Cristóvão Colombo para as Índias;
desenvolvimento econômico da América portuguesa.
essa expedição acabou encontrando a América.
e) o surgimento de uma aristocracia completamente
independente do Estado, que tinha como projeto po- c) a aliança do rei espanhol com o rei da Itália possibili-
lítico mais relevante a expansão do ideal cruzadista. tou as condições financeiras, políticas e tecnológicas
necessárias à aventura marítima pelo Atlântico, pois
14. Cesgranrio-RJ – Durante o século XVII, grupos puri- os italianos eram hábeis comerciantes e bastante
tanos ingleses perseguidos por suas ideias políticas experientes na navegação do Mediterrâneo.
(antiabsolutistas) e por suas crenças religiosas (protes- d) o papel do Tribunal da Inquisição foi fundamental na
tantes calvinistas) abandonaram a Inglaterra, fixando-se
expansão marítima, pois, ao prender árabes, chama-
na costa leste da América do Norte, onde fundaram as
dos de “mouriscos”, forçava que revelassem os segre-
primeiras colônias. A colonização inglesa nessa região
foi facilitada: dos e as rotas para atingir o comércio com o Oriente.
a) pela propagação das ideias iluministas, que preconi-
16. PUC-RS (adaptado) – Considere o texto abaixo, de G.
zavam a proteção e o respeito aos direitos naturais
dos governados. F. de Oviedo, que relata o estabelecimento do Império
b) pelo desejo de liberdade dos puritanos em relação Espanhol na América, no livro L’ Histoire des Indies,
à opressão metropolitana. publicado no ano de 1555.
c) pelo abandono dessa região por parte da Espanha, “O almirante Colombo encontrou, quando descobriu
que então atuava no eixo México-Peru. esta Ilha Hispaniola, um milhão de índios e índias [...]
d) pela possibilidade de explorar grandes propriedades dos quais, e dos que nasceram desde então, não creio
agrárias com produção destinada ao mercado europeu. que estejam vivos, no presente ano de 1535, quinhentos,
e) pela consciência política dos colonos americanos, incluindo tanto crianças como adultos [...]. Alguns fize-
desde logo treinados nas lutas coloniais.
ram esses índios trabalhar excessivamente. Outros não
15. PUC-GO lhes deram nada para comer como bem lhes convinha.
O outro Além disso, as pessoas dessa região são naturalmente
tão inúteis, corruptas, de pouco trabalho, melancóli-
“Ele me olhou como se estivesse descobrindo o mundo.
Me olhou e reolhou em fração de segundo. Só vi isso por- cas, covardes, sujas, de má condição, mentirosas, sem
que estava olhando-o na mesma sintonia. A singulari- constância e firmeza [...]. Vários índios, por prazer e
zação do olhar. Tentei disfarçar virando o pescoço para a passatempo, deixaram-se morrer com veneno para não
direita e para a esquerda, como se estivesse fazendo um trabalhar. Outros se enforcaram pelas próprias mãos.
exercício, e numa dessas viradas olhei rapidamente para E quanto aos outros, tais doenças os atingiram que em
ele no volante. Ele me olhava e volveu rapidamente os pouco tempo morreram [...]. Quanto a mim, eu acre-
olhos, fingindo estar tirando um cisco da camisa. Era um ditaria antes que Nosso Senhor permitiu, devido aos
ser de meia-idade, os cabelos com alguns fios grisalhos,
grandes, enormes e abomináveis pecados dessas pes-
postura de gente séria, camisa branca, um cidadão comum
soas selvagens, rústicas e animalescas, que fossem eli-
que jamais flertaria com outra pessoa no trânsito. E as-
sim, enquanto o semáforo estava no vermelho para nós, minadas e banidas da superfície terrestre.”
ficou esse jogo de olhares que não queriam se fixar, mas Apud ROMANO, Ruggiero. Mecanismos da conquista colonial. São
observar o outro espécime que nada tinha de diferente e Paulo: Perspectiva, 1973. p. 76.
ao mesmo tempo tinha tudo de diferente. Ele era o outro
Considerando o contexto histórico, pode-se afirmar que
e isso era tudo. É como se, na igualdade de milhares de
humanos, de repente, o ser se redescobrisse num outro es- o texto de Oviedo representa:

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pécime. Quando o semáforo ficou verde, nós nos olhamos a) o pensamento singular de um ideólogo extremista do
e acionamos os motores.” absolutismo espanhol, em oposição ao sistema do Real
GONÇALVES, Aguinaldo. Das estampas. São Paulo: Padroado e suas repercussões na América colonial.
Nankin, 2013. p. 130.

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b) a posição de um intelectual cristão renascentista que
O texto se refere a olhar “como se estivesse desco- busca denunciar o caráter semifeudal da expansão
brindo o mundo”. Essa forma de ver as coisas realmente ultramarina ibérica, sintetizado na figura de Colombo.

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c) uma justificativa, de fundo religioso-moral, para o Segundo o autor:

HISTÓRIA 1
extermínio decorrente da exploração colonial, cujos a) as relações profundas entre o Estado absolutista
pressupostos são correntes no universo cultural eu- e o nacionalismo levaram à intolerância e a tudo o
ropeu da época. que impedia o bem-estar dos súditos, unidos por
d) uma defesa, em termos racistas e preconceituosos, regulamentações e normas rígidas.
dos massacres promovidos pelos primeiros colonos b) as práticas econômicas intervencionistas do Estado
espanhóis, que agiam contra os interesses econô- absolutista tinham o objetivo específico de enrique-
micos do Estado absolutista. cer a nação, em especial os comerciantes, que impul-
e) uma visão irônica, de caráter naturalista e raciológico, sionavam o comércio externo, base da acumulação
a respeito da inutilidade da violência praticada pelos da época.
colonizadores civis espanhóis no chamado período c) o mercantilismo foi um sistema de poder, pois o
da Conquista. Estado absolutista implantou práticas econômicas
intervencionistas, cujo objetivo maior foi o fortaleci-
17. FGV-SP mento do poder político do próprio Estado.
“O Estado era tanto o sujeito como o objeto da política d) o Estado absolutista privilegiou sua aliada política,
econômica mercantilista. O mercantilismo refletia a con- a nobreza, ao adotar medidas não intervencionistas
cepção a respeito das relações entre o Estado e a nação que para preservar a concentração fundiária, já que a terra
imperava na época (séculos XVI e XVII). Era o Estado, não era a medida de riqueza da época.
a nação, o que lhe interessava.” e) a nação, compreendida como todos os súditos do
HECKSCHER , Eli F. La epoca mercantilista, 1943. p. 459-461. Estado absolutista, era o alvo maior de todas as me-
Apud Adhemar Marques et al (seleção). História moderna através de didas econômicas, isto é, o intervencionismo está
textos, 1989. p. 85. (Adaptado) intimamente ligado ao nacionalismo.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C2-H7 b) descrever a cultura local para enaltecer a prosperi-
“Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de dade portuguesa.
seres estranhos, chegados em barcos grandes como mon- c) transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o
tanhas, que montavam numa espécie de veados enormes, potencial econômico existente.
tinham cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos d) realçar a pobreza dos habitantes nativos para demar-
lançadores de fogo, Montezuma e seus conselheiros fica- car a superioridade europeia.
ram pensando: de um lado, talvez Quetzalcóatl houvesse
e) criticar o modo de vida dos povos autóctones para
regressado, mas, de outro, não tinham essa confirmação.” evidenciar a ausência de trabalho.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos.
São Paulo: Contexto, 2007. (Adaptado) 20. Enem C1-H1
A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada Na América inglesa, não houve nenhum processo
dos primeiros europeus à América, e sua origem estava sistemático de catequese e de conversão dos índios
relacionada ao: ao cristianismo, apesar de algumas iniciativas nes-
a) domínio da religião e do mito. se sentido. Brancos e índios confrontaram-se mui-
b) exercício do poder e da política. tas vezes e mantiveram-se separados. Na América
portuguesa, a catequese dos índios começou com
c) controle da guerra e da conquista.
o próprio processo de colonização, e a mestiçagem
d) nascimento da filosofia e da razão. teve dimensões significativas. Tanto na América in-
e) desenvolvimento da ciência e da técnica. glesa quanto na portuguesa, as populações indígenas
foram muito sacrificadas. Os índios não tinham defe-
19. Enem C1-H1 sas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram
“De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito derrotados pelas armas de fogo destes últimos e,
formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito gran- muitas vezes, escravizados.
de, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra
com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até ago- No processo de colonização das Américas, as popula-
ra, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa ções indígenas da América portuguesa:
alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em a) foram submetidas a um processo de doutrinação
si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela religiosa que não ocorreu com os indígenas da Amé-
se pode tirar me parece que será salvar esta gente.” rica inglesa.
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; b) mantiveram sua cultura tão intacta quanto à dos in-
FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: dígenas da América inglesa.
Contexto, 2001.
c) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o amplamente com os indígenas da América inglesa.

Material exclusivo para professores


projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o d) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa
relato enfatiza o seguinte objetivo: por terem suas terras devolvidas.
a) valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos e) resistiram, como os indígenas da América inglesa,
nativos. às doenças trazidas pelos brancos.

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22
HISTÓRIA 1

ABSOLUTISMO

O ESTADO SOU EU
• O Estado sou eu

CHESNOT/GETTY IMAGES
• Regime absolutista
• Absolutismo francês
• Absolutismo inglês

HABILIDADES
• Analisar diferentes
processos de produção
ou circulação de riquezas
e suas implicações
socioespaciais.
• Analisar a ação dos
Estados nacionais no
que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais
e ao enfrentamento de
problemas econômicos e
sociais.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das Estátua de Luís XIV, o Rei Sol, no Palácio de Versalhes.
relações de poder entre as
nações. Como vimos no módulo anterior, a produção local do feudalismo foi substituída
por uma economia global, o mercantilismo. Nesse processo, o poder descentralizado
da Idade Média foi substituído pelos Estados modernos, comandados pelo poder
absoluto do rei.
Poucos momentos históricos têm um símbolo mais completo e reconhecível.
Luís XIV é o rei absoluto por excelência. O Rei Sol, como era chamado, ao redor de
quem tudo e todos orbitavam.
A frase “O Estado sou eu” é atribuída a ele. Provavelmente, nunca foi dita, mas
sintetiza a ideia que estudaremos aqui. No absolutismo, o Estado era o rei e o rei
era o Estado.

REGIME ABSOLUTISTA
O processo de centralização política na Europa, como vimos, começou na Baixa Idade
Média, quando houve uma série de transformações econômicas e sociais, entre elas o
desenvolvimento das cidades e de grupos vinculados ao comércio de artigos orientais
e a atividades artesanais. A isso se denominou renascimento comercial e urbano.

Material exclusivo para professores


Nesse quadro, os reis passaram a ter um papel importante na vida coletiva,
pois eram necessárias ações que incentivassem e permitissem o desenvolvimento
dessas atividades urbanas.
Pode-se considerar como necessidades do novo quadro histórico a existência de

conveniados ao Sistema de Ensino


um sistema monetário mais amplo, que facilitasse as trocas comerciais; a organiza-
ção de exércitos permanentes para proteção das atividades mercantis; a unificação
de tributos, que permitisse a dinamização econômica com o respectivo reforço de

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um aparelho de Estado; e, por último, a unificação de Embora Henrique IV tivesse se convertido ao cato-
pesos e medidas, colaborando para a padronização dos licismo, tinha boas relações com grupos calvinistas e

HISTÓRIA 1
referenciais de compra e intercâmbio. procurava desenvolver um governo de pacificação do
Assim, aos poucos, o poder real passou a ter uma país, em que participariam do aparelho de Estado tanto
importância maior, não apenas por favorecer um di- católicos como protestantes. Nesse sentido, destacou-
namismo econômico, mas também por possibilitar o -se em sua política interna a criação do Édito de Nan-
ordenamento em uma situação de mudanças sociais, tes, em 1598, pelo qual os calvinistas teriam direito de
agitações no campo e intensas mobilidades que preo- culto nas praças-fortes em que fossem maioria. Além
cupavam a nobreza, pois muitos nobres viam nisso disso, por essa medida, era estabelecida a igualdade
uma ameaça ao princípio nobiliárquico de poder que civil entre católicos e protestantes e, na prática, cargos
até então imperava na Europa. Essa acomodação de governamentais eram franqueados aos huguenotes.
vários interesses no Estado absolutista pode parecer Contudo, sua política foi criticada tanto por católicos
paradoxal, mas deve-se entendê-la como a construção como por calvinistas. Os católicos radicais acreditavam
de um ordenamento que garantia o atendimento de que o rei havia traído sua confiança. Os huguenotes
demandas sociais distintas. achavam a medida limitante, pois o culto protestante não
Dessa forma, estavam dadas as bases de afirma- estava liberado em todo o país. Mas o fator decisivo de
ção das chamadas monarquias nacionais ou Estados sua impopularidade esteve vinculado à política externa.
modernos. Henrique IV considerava que o Estado francês só
poderia ser poderoso em relação aos demais Estados
ABSOLUTISMO FRANCÊS europeus se enfraquecesse o poder internacional da
Na França, a família Bourbon chegou ao poder no família Habsburgo, que controlava terras ao leste, oes-
quadro das guerras de religião que afetaram profun- te, norte e sul da França.
damente o continente europeu. As disputas religiosas Assim, procurando minar o poder dos Habsburgo,
serviram de pano de fundo e pretexto para a contesta- Henrique IV inaugurou uma política de apoio aos ho-
ção da autoridade real na França, aumentando a rivali- landeses, que buscavam sua autonomia diante da Es-
dade entre as famílias aristocráticas Guise e Bourbon panha. No entanto, muitos franceses viam na posição
na busca pelo poder. De um lado, Henrique de Guise do rei, ao aliar-se aos holandeses, um sinal de que este
apresentava-se como defensor do catolicismo, enquan- não defendia o mundo católico, pois os holandeses
to os Bourbon, liderados por Henrique de Navarra, co- eram protestantes. Para piorar a situação, o rei passou
mandavam os huguenotes. a defender uma ação armada nas terras alemãs em
No massacre perpetrado contra os protestantes fran- defesa da União Evangélica, protestante, que lutava
ceses na Noite de São Bartolomeu, em 1572, milhares contra a Liga Católica, organização militar de príncipes
de huguenotes foram mortos, episódio que minou pro- católicos comandados pela família Habsburgo.
fundamente a autoridade real, fomentando ainda mais A situação do rei foi se complicando diante da popu-
a guerra civil instalada na França. Após o assassinato de lação católica, o que resultou em seu assassinato por
Henrique III, em 1589, as pretensões de Henrique de fanáticos católicos em 1610, deixando um filho menor
Navarra ao trono da França se consolidaram. Ele abdicou de idade como herdeiro, chamado Luís.
do protestantismo e foi, então, aclamado rei com o título
de Henrique IV, sendo o fundador da dinastia Bourbon. Governo de Luís XIII (1610-1643)
MUSEU NACIONAL DE VARSÓVIA, POLÔNIA

Governo de Henrique IV (1589-1610)


MUSÉÉ DE L'AUDITOIRE, SAINTE-SUZANNE, FRANÇA

Material exclusivo para professores Retrato do cardeal de Richelieu.

conveniados ao Sistema de Ensino


O príncipe herdeiro Luís XIII, menor de idade, teve
como um importante auxiliar o duque Armand Jean
Retrato de Henrique IV acompanhado da família real. du Plessis, mais conhecido por cardeal de Richelieu.

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Embora muitos comemorassem e acreditassem que o viram desprestigiados com a presença de um italiano
cardeal aplicaria uma política em consonância com as à frente de um Estado com poder centralizado. Em
HISTÓRIA 1

diretrizes da Contrarreforma católica, não foi isso o que pouco tempo, agitações ganharam terreno contra o
ocorreu. Richelieu afirmava que só tomaria decisões rei menor de idade e seu tutor. Essas movimenta-
em nome do rei se elas afirmassem o Estado francês. ções de contestação ficaram conhecidas como Fron-
A isso se denominou “razão de Estado”. da (1648-1653). Mazzarino, apesar das dificuldades,
O cardeal percebeu que a França só se tornaria combateu a Fronda e conseguiu vencê-la. Em meio às
poderosa se, de fato, enfraquecesse a família Habs- agitações, decidiu-se por construir um espaço em que
burgo. Nesse sentido, reafirmou o apoio do país aos o rei pudesse governar sem que houvesse pressões
holandeses, colocando a França em guerra contra a sociais, pois a Fronda havia dominado Paris, então sede
Espanha. Isso permitia o ataque a navios espanhóis do governo. Essa construção foi o Palácio de Versalhes.
que saíam da América carregados de ouro e prata e a

GASPARD WALTER/DREAMSTIME.COM
invasão de territórios americanos.
Além disso, Richelieu manteve os termos do Édito
de Nantes, apesar de ser membro da cúpula da Igreja
Católica. Seu governo favoreceu a centralização política
e o reconhecimento da autoridade real. Os êxitos ter-
ritoriais e econômicos contribuíram para que Luís XIII
o mantivesse no governo. Pode-se afirmar que, após a
maioridade de Luís XIII, Richelieu continuou a exercer
o poder em nome do rei como seu primeiro-ministro.
Além de a França conhecer a criação de um império
no estrangeiro, sua economia foi reforçada com estí-
mulos ao desenvolvimento manufatureiro. Esse setor,
assim como o comercial, estava principalmente em
mãos protestantes, o que explica a manutenção dos
termos do Édito de Nantes, pois Richelieu sabia que
uma ação contra os protestantes poderia ser danosa
Foto interna do luxuoso Palácio de Versalhes, que é visitado até hoje e é
à economia francesa e, por conseguinte, à capacidade um dos pontos turísticos mais famosos da França.
de arrecadação que sustentava o poder real.
O palácio foi construído com supervisão do próprio
Governo de Luís XIV (1643-1715) rei e tornou-se símbolo da autoridade real. O rei foi ser-
vido pelos mais importantes intelectuais, conseguindo
AGE FOTOSTOCK/ALAMY STOCK PHOTO

atrair para o palácio uma nobreza que pretendia viver


de favores reais.
O ministro das finanças de Luís XIV foi Colbert,
responsável por aplicar uma política mercantilista no
país. Para tanto, incrementou atividades manufaturei-
ras e reforçou monopólios nas terras conquistadas,
estabelecendo proteção tarifária para a produção in-
terna. O resultado disso foi uma balança comercial
superavitária, isto é, as exportações eram maiores do
que as importações, o que contribuiu para a ampliação
do poder real.
A partir de 1661, Luís XIV passou a conduzir di-
retamente o governo e atraiu a atenção de reis e de
suas cortes. Todos queriam imitar o estilo francês de
governo. Membros da Igreja apressaram-se em afirmar
uma autoridade real de caráter divino, como o bispo
francês Jacques Bossuet, que escreveu a obra Políti-
ca segundo as sagradas escrituras, na qual defende a
Retrato do Rei Sol, Luís XIV.
teoria do direito divino do rei.

Material exclusivo para professores


Entre os reis da França, o mais importante foi Luís XIV,
o Rei Sol. No primeiro momento de seu reinado, o gover-
no esteve nas mãos de seu tutor, chamado Mazzarino.
O rei subordinou a nobreza territorial, transforman-
do boa parte dela em uma nobreza cortesã, que vivia
de subsídios reais e em contato direto com Luís XIV

conveniados ao Sistema de Ensino


O tutor era de origem italiana e fora apresentado no Palácio de Versalhes. Seu reinado foi marcado por
à família Bourbon pelo cardeal Richelieu. Mazzarino intensos conflitos com a Inglaterra, que custaram parte
conduziu um governo contestado por nobres que se dos recursos arrecadados pelo Estado.

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Decadência do Estado absolutista francês alemães e holandeses. A Igreja Católica não anulou
Luís XV (1715-1774) continuou com altos gastos na seu casamento para não criar dificuldades com o impe-

HISTÓRIA 1
Corte e com uma política de guerras que consumiu os re- rador alemão, porém criou problemas com o rei inglês,
cursos do Estado, além de aumentar seu endividamento. que foi ao Parlamento acusar o poder papal de inter-
O maior exemplo da catástrofe militar desse rei foi a ferir em assuntos que diziam respeito aos ingleses.
derrota para a Inglaterra na chamada Guerra dos Sete Anos O Parlamento apoiou a iniciativa de Henrique VIII e o
(1756-1763), pois teve de entregar territórios e possessões resultado disso foi a criação do Ato de Supremacia,
francesas à Inglaterra, além de pagar uma dívida de guerra. em 1534. Esse documento permitiu o confisco dos
O último rei, Luís XVI (1774-1792), enfrentou a Revolu- bens da Igreja Católica e a criação de uma instituição
ção Francesa (1789-1799), movimento que colocou fim à religiosa vinculada ao Estado. O rei era o chefe dessa
história do absolutismo francês. Foi guilhotinado em 1793 instituição, o que lhe garantia um poder amplo sobre
pelos revolucionários, que proclamaram a república no país. a comunidade inglesa. Assim, à custa do poder e da
riqueza da Igreja Católica da Inglaterra, foi construído
ABSOLUTISMO INGLÊS o poder real absolutista de Henrique VIII.

Dinastia Tudor Governo de Elizabeth I (1558-1603)


O processo de centralização política na Inglaterra re- Elizabeth I, após os governos complicados de seus
monta à Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e à Guerra irmãos Eduardo VI (1547-1553) e Maria I (1553-1558),
das Duas Rosas (1455-1485). Em 1485, o chefe da Casa retomou a política de seu pai, restaurando o Ato de
Tudor, Henrique, estabeleceu um acordo entre os mem- Supremacia que havia sido abolido por sua irmã, fo-
bros da nobreza inglesa pondo fim à luta das famílias York mentando ainda mais as manufaturas de lã com sub-
e Lancaster e seus aparentados pelo trono da Inglaterra. sídios do Estado. Nesse período, a expansão marítima
Henrique foi aclamado rei com o título de Henrique inglesa esteve associada à prática do corso, ou seja, à
VII, fundando a dinastia Tudor (1485-1603). Ele não teve pirataria de Estado. Os ataques frequentes às embar-
um poder absoluto, mas criou as bases da formação cações espanholas, que saíam da América carregadas
do Estado moderno inglês ao estabelecer a pacificação de metais preciosos, colocaram em conflito Inglaterra
nas terras da Inglaterra. Entre os governantes dessa e Espanha. O rei da Espanha, Filipe II, organizou uma
dinastia, destacam-se seu filho Henrique VIII e sua neta esquadra conhecida por Invencível Armada para inva-
Elizabeth I. dir a Inglaterra. No entanto, a vitória coube a Elizabeth,
que afirmou, dessa forma, a supremacia inglesa nos
Governo de Henrique VIII (1509-1547) mares. Foi a rainha que conduziu a sucessão ao trono
inglês, indicando a família Stuart como herdeira.
WALKER ART GALLERY, NATIONAL MUSEUMS, LIVERPOOL, REINO UNIDO

NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO

Elizabeth I (1600).
Óleo sobre tela,
127 cm × 99 cm.
National Portrait
Gallery, Londres.
Retrato de Henrique VIII.
Dinastia Stuart
Henrique VIII ficou famoso, entre outros aspectos,

Material exclusivo para professores


O reinado da família Stuart foi marcado por agita-
por romper com a Igreja Católica e constituir, com o aval ções sociais no campo e nas cidades, envolvendo des-
do Parlamento, uma igreja nacional, a Igreja Anglicana. de setores populares até grupos da nobreza desconten-
O pretexto para tal ruptura foi o pedido de anulação de tes com a política de uma família originária da Escócia.

conveniados ao Sistema de Ensino


seu casamento com Catarina de Aragão, católica e tia de A cronologia do reinado Stuart vincula-se, necessa-
Carlos V, o imperador do Sacro Império Romano-Germâ- riamente, às Revoluções Inglesas do século XVII, que
nico e defensor do catolicismo contra os protestantes serão estudadas mais adiante.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ABSOLUTISMO

Uma forma de organização do poder em um Estado controlado por um monarca com poderes

O que é
totais, sem influência de outras instituições ou agentes. Seu símbolo mais conhecido é Luís XIV,
absolutismo?
o Rei Sol.

Sistema monetário que apoia e facilita trocas comerciais. Exército permanente para defesa das ativi-
Benefícios trazidos
pelo Estado absolutista dades mercantis. Unificação tributária. Padronização de pesos e medidas para referenciais de compra
para o mercantilismo
e intercâmbio.

Luís XI (dinastia dos Valois): É considerado o consolidador do regime absolutista na França.

Governou a França entre 1589 e 1610. Em 1598, criou o


Henrique IV (dinastia dos Bourbon):
Édito de Nantes, pelo qual os calvinistas teriam direito de culto nas praças-fortes em que fossem maioria.

Absolutismo francês Luís XIII (dinastia dos Bourbon): Por ser menor de idade, teve como auxiliar o cardeal de

Richelieu, que foi o arquiteto do Estado absolutista francês.

Luís XIV (dinastia dos Bourbon): Conhecido como Rei Sol, governou a França entre 1643 e
1715. Fez a nobreza ser subordinada e cortesã, vivendo sob seus olhares em Versalhes. Travou intensos

conflitos com a Inglaterra.

Fundada após os acordos que puseram fim ao conflito entre as famílias York e
Dinastia Tudor:
Lancaster na chamada Guerra das Duas Rosas (1455-1485).

Rompeu com a Igreja Católica, confiscou suas terras e seus bens e


Henrique VIII (1509-1547):
passou a ser chefe do Estado e da Igreja, por meio do chamado Ato de Supremacia.

Após os governos complicados de seus irmãos, restaurou o Ato de


Elizabeth I (1558-1603):
Absolutismo inglês Supremacia, que há pouco havia sido abolido pela sua irmã. Consolidou o poderio naval dos ingleses e

fez a transição dos Tudor para os Stuart.

Material exclusivo para professores Dinastia Stuart: Por ser uma família escocesa, havia um descontentamento dos súditos e da

nobreza e, além disso, nesse período houve muitas agitações no campo e nas cidades. É durante essa

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dinastia que começam a germinar as Revoluções Inglesas.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. FGV-SP – Em um dos diálogos da peça intitulada e) um poder total concentrado nas mãos da nobreza,
Henrique VIII, de William Shakespeare, encenada em no qual cabia aos juízes e deputados a tarefa de
1613, a rainha católica Catarina, primeira esposa do julgar e legislar.
rei, desabafava: Neste módulo sobre absolutismo, esta questão é importante para explo-
rar algumas características dessa forma de governo, como autoritarismo
“Mesmo aqui poderemos falar, pois, em consciência, até e poderes concentrados e centralizados.
hoje nada fiz que não pudesse revelar francamente em Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
qualquer parte. Prouvera ao céu que todas as mulheres tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
pudessem declarar a mesma coisa com igual liberdade. grupos, conflitos e movimentos sociais.
Meus senhores, uma felicidade sempre tive: isso de não li- Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo
e no espaço.
gar nunca importância ao fato de meus gestos comentados
serem por toda a gente, de ficarem sob a vista de todos, 3. UFG-GO – Leia o texto a seguir:
e como alvo dos ataques da inveja e da calúnia, tão certa
“É notório que os reis que deixaram boa memória, cada
me acho de ter vida limpa. Se vindes para examinar a mi-
um no seu tempo, buscaram a maneira de acrescentar as
nha conduta como esposa, sede francos. Sempre a verdade
suas rendas e fazendas, sem dano e prejuízo dos seus súdi-
ama linguagem rude.”
tos, para sustentar o seu estado real, a boa governança dos
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/oitavo.html
seus reinos, bem como a guarda e conservação deles para
O monarca Henrique VIII governou a Inglaterra entre a conquista e guerra.”
1509 e 1547. Durante esse turbulento período: ARCHIVO GENERAL DE SIMANCAS. Diversos de Castela. Livro
3, fólio 85.
a) o catolicismo foi consolidado na Inglaterra por ação
Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média:
direta do rei, que se manteve aliado a Roma contra textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000. p. 256. (Adaptado)
os monarcas ibéricos.
Escrito no século XV, o texto é parte de uma instrução
b) a liberdade de culto foi implementada, favorecendo
régia de Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Ele
a constituição de diversos grupos religiosos após a
Reforma Protestante. revela, como aspecto característico das monarquias eu-
ropeias centralizadas, a organização das finanças régias:
c) o casamento civil, desvinculado da cerimônia religio-
sa, foi estabelecido como alternativa para os diversos a) considerando as despesas com a administração dos
matrimônios do rei. negócios militares.
d) uma nova religião se formou, marcada por uma estru- b) implementando uma política de favorecimento da
tura sacerdotal ligada diretamente ao Estado inglês burguesia emergente.
e aos interesses do rei. c) estabelecendo uma remuneração à nobreza pelos
e) medidas legais foram criadas para impedir as serviços burocráticos.
mulheres de participarem da linha sucessória na d) impondo o controle estatal às atividades econômicas
monarquia. privadas.
Henrique VIII é considerado o primeiro homem moderno. Em um perío-
do que, hoje, conhecemos como uma transição entre a Idade Média e e) justificando a intervenção na economia com base
a Idade Moderna, o monarca rompeu com a Igreja, o grande centro de nos princípios de autossuficiência.
poder na Idade Média, para que pudesse seguir sua vida de acordo com O texto faz referência aos primeiros passos do Estado nacional centra-
a própria vontade por meio de um divórcio e de um novo casamento. lizado, de administração racionalizada e burocrática. A Espanha é um
Nesse processo, criou uma nova Igreja, vinculada ao Estado, ou seja, a bom exemplo de Estado que passou por tais transformações necessá-
ele. Com isso, consolidou um Estado absolutista na Inglaterra. rias para a implementação do projeto de Estado nacional centralizado.
4. UnB-DF – Leia o texto que se segue, trecho da resposta
2. Fatec-SP C3-H11 do rei Luís XV ao Parlamento de Paris, em 1766.
“A França é uma monarquia. O rei representa a nação in- “É exclusivamente na minha pessoa que reside o poder
teira, e cada pessoa não representa outra coisa senão um soberano [...] é só de mim que os meus tribunais rece-
só indivíduo ante o rei. Em consequência, todo poder, toda bem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude dessa
autoridade, reside nas mãos do rei, e só deve haver no rei- autoridade, que eles não exercem senão em meu nome,
no a autoridade que ele estabelece. Deve ser o dono, pode permanece sempre em mim, e o seu uso não pode ser
escutar os conselhos, consultá-los, mas deve decidir. Deus voltado contra mim e a mim unicamente que pertence o
que fez o rei dar-lhe-á as luzes necessárias, contanto que Poder Legislativo sem dependência e sem partilha [...] a
mostre boas intenções.” ordem pública inteira emana de mim, e os direitos e inte-
Luís XIV. Memórias sobre a arte de governar. resses da nação, de que se ousa fazer um corpo separado
Podemos caracterizar o absolutismo monárquico posto do monarca, estão necessariamente unidos com os meus e
em prática nos países europeus durante a Idade Mo- repousam unicamente nas minhas mãos”.
derna como: Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de história.
a) uma aliança entre um monarca absolutista e a bur- Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue
guesia mercantil, a fim de dominar e excluir o poder os itens adiante, relativos ao Estado nacional moderno:
da nobreza.

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b) uma aliança bem-sucedida entre a burguesia e o ( V ) Formado na crise do sistema feudal, o Estado mo-
proletariado. derno opôs-se tanto aos particularismos urbanos,
feudais e regionais quanto ao universalismo da Igreja
c) uma forma de governo autoritária, cujo poder está
e ao antigo ideal romano-germânico de império.
centralizado nas mãos de uma pessoa que exerce

conveniados ao Sistema de Ensino


todas as funções do Estado. ( V ) Em O príncipe, Maquiavel defende a existência de
d) um sinônimo de tirania exercida pelo monarca sobre um Estado unificado, com um poder político forte,
seus súditos. centralizado e laico.

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( V ) A expressão “maquiavelismo” pode ser entendida a e) rejeição dos princípios mercantilistas: dirigismo eco-
HISTÓRIA 1

partir da concepção, presente em O príncipe, de que nômico e protecionismo alfandegário.


não há limite ético ou moral às ações do soberano, Mais uma questão que trata das principais características do absolu-
que, visando à manutenção da vida e do Estado, tismo, entre elas a autoridade total do rei. Não cabe falar em rejeição
do mercantilismo, práticas liberais, burgueses como empreendedores
está livre para o emprego de quaisquer meios. da expansão econômica e geográfica ou mesmo em doutrina política
( F ) A doutrina do direito divino dos reis, elaborada por medieval.
Thomas Hobbes, em seu livro Leviatã, constituiu
o único caminho de justificação teórica e de legiti- 6. PUC-RS – O Parlamento inglês, ao promulgar o chama-
mação ideológica do absolutismo. do Ato de Supremacia (Act of Supremacy), em 1534,
A última afirmativa é falsa porque Thomas Hobbes não foi o único teó- subordinou as leis da Igreja à soberania jurídica das
rico que legitimou e estabeleceu as bases intelectuais do absolutismo.
Há outros, como Jacques Bossuet, Jean Bodin e Nicolau Maquiavel. leis civis, concedendo ao rei Henrique VIII o poder de
“único chefe supremo da Igreja”. O resultado do Ato de
5. Unirio-RJ – O absolutismo monárquico manifestou-se Supremacia foi/foram:
de formas variadas, entre os séculos XVI e XVIII na a) a difusão do protestantismo calvinista, principalmen-
Europa, através de um conjunto de práticas e doutrinas te pela Escócia.
político-econômicas que fundamentavam a atuação do b) o início do expansionismo inglês, constituindo as
Estado nacional absoluto. Dentre essas práticas e dou- bases do seu império colonial.
trinas, identificamos corretamente a:
c) a centralização de poder, que esteve na base da Re-
a) condenação da doutrina política medieval que justi- forma Anglicana.
ficava a autoridade monárquica absoluta através do
direito divino dos reis. d) a implantação do catolicismo, que gerou repressão
tanto dos reformistas quanto do Parlamento inglês.
b) concentração dos poderes de governo e da autoridade
política na pessoa do rei, identificado com o Estado. e) os conflitos entre o rei e o Parlamento, pois o pri-
meiro buscava restaurar antigos direitos feudais re-
c) promoção política das burguesias nacionais, princi- tirados da Magna Carta de 1215.
pais empreendedores mercantis da expansão eco- Novamente uma questão que trata da Reforma Anglicana de Henrique
nômica e geográfica do Estado moderno absoluto. VIII, neste caso tendo como foco a centralização do poder envolvida no
rompimento com a Igreja Católica e a consequente acumulação dos
d) adoção de práticas capitalistas e liberais como fun- poderes seculares e religiosos nas mãos dos reis.
damento da organização econômica dos impérios
coloniais controlados pelas monarquias europeias.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFRGS-RS – Pelo Edito de Nantes, em 1598, Henrique b) a marcante ausência do Estado e o liberalismo
IV da França: econômico.
a) reprimiu violentamente os protestantes em Paris, c) a essencial presença do Estado e o protecionismo
no acontecimento conhecido como A Noite de São alfandegário.
Bartolomeu. d) o apego à acumulação de metais e a ausência do
b) instituiu a cobrança de impostos territoriais somente Estado na política econômica.
para os protestantes franceses.
c) estabeleceu a igualdade política entre os diferentes 10. UFMG-MG – Considerando-se as características do
credos. Antigo Regime, é incorreto afirmar que:
d) diminuiu o poder dos católicos franceses, asseguran- a) a economia foi fortemente marcada pela atividade
do a supremacia política aos huguenotes. comercial, regida por concepções e práticas deno-
e) concentrou todo o poder em suas mãos, implantando minadas mercantilismo.
o absolutismo na França. b) a expansão comercial associada à expansão marítima
provocou forte migração e consequente despovoa-
8. Udesc-SC – É correto afirmar, em relação ao absolutismo: mento das cidades europeias.
a) As liberdades individuais e a preservação dos direitos c) a organização política predominante era fundamen-
alcançados pelos servos foram características do tada no absolutismo monárquico e se legitimou pela
período absolutista. teoria do direito divino dos reis.
b) A primeira revolução de caráter burguês e contra o d) o processo de ocupação e colonização de territórios
absolutismo ocorreu na França. além-mar ajudou a expandir a cultura e os valores
c) As disputas religiosas e entre igrejas não se relacio- da Europa.
navam de forma alguma com as práticas absolutistas.
d) Na França, os filósofos iluministas foram, em sua 11. Puccamp-SP – Dentre as instituições políticas do Esta-
esmagadora maioria, favoráveis à política absolutista. do moderno, aquela que mais o caracteriza é o:
e) O período das práticas absolutistas foi maior na Fran- a) absolutismo monárquico, nova forma política assumi-

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ça do que na Inglaterra. da cujos fundamentos estavam expressos na Suma
Teológica de Tomás de Aquino.
9. Cederj-RJ – Para alguns autores, o absolutismo seria b) mercantilismo, que servia para justificar o enrique-
um sistema político ancorado no mercantilismo. Por cimento da Igreja Católica, mas não traduzia os in-
conseguinte, é correto afirmar que as principais carac- teresses do monarca absolutista.

conveniados ao Sistema de Ensino


terísticas do mercantilismo são: c) absolutismo monárquico, que intervinha na vida
a) a escassez de riquezas e o absenteísmo do Estado. econômica.

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d) liberalismo praticado pelos príncipes, mas limitado c) I, IV e V são corretas.

HISTÓRIA 1
pela tradição e pelo equilíbrio entre as classes sociais. d) II, III, IV e V são corretas.
e) absolutismo monárquico, que punha em prática uma e) Todas as afirmativas são corretas.
política econômica de características não interven-
cionistas, quase liberais – a política mercantilista. 15. Cesgranrio-RJ – A frase de Luís XIV, “L Etat c’est moi”
(O Estado sou eu), como definição da natureza do ab-
12. UFPR-PR – Jacques Bossuet utilizou argumentos ex- solutismo monárquico, significava:
traídos da Bíblia para justificar o poder absoluto e de
direito divino da realeza, com o lema: “Um rei, uma lei, a) a unidade do poder estatal, civil e religioso, com a
criação de uma Igreja francesa (nacional).
uma fé”. São características do absolutismo na França:
b) a superioridade do príncipe em relação a todas as
(01) A concentração dos mecanismos de governo nas classes sociais, reduzindo a um lugar humilde a bur-
mãos do rei. guesia enriquecida.
(02) A identificação entre nação e Coroa. c) a submissão da nobreza feudal pela eliminação de
(04) A influência do racionalismo iluminista como jus- todos os seus privilégios fiscais.
tificativa do poder absoluto e do “direito divino”. d) a centralização do poder real e absoluto do monarca
(08) A criação de um exército nacional permanente. na sua pessoa, sem quaisquer limites institucionais
(16) A ampla liberdade de expressão e de fé. reconhecidos.
e) o desejo régio de garantir ao Estado um papel de
13. Unaerp-SP – A política externa de Luís XIV, o Rei Sol, juiz imparcial no confl ito entre a aristocracia e o
teve como principal característica: campesinato.
a) a ruína da economia francesa em decorrência das suces-
sivas guerras que a França travou contra outros países 16. Uece-CE
para preservar sua supremacia na Europa, juntamente “A superioridade das monarquias sobre os senhores feu-
com os gastos vultosos para a manutenção da Corte. dais acentuou-se: os castelos feudais deixaram de ser in-
b) a consolidação do absolutismo monárquico através vulneráveis com o desenvolvimento da artilharia; a cria-
da redução dos poderes da alta burguesia. ção de exércitos profissionais, convertidos em poderosos
c) a concentração da autoridade política na pessoa do rei. sustentáculos das monarquias, libertaram-nas da até en-
d) por ter reduzido seus ministros à condição de meros tão imprescindível ajuda da nobreza feudal, cuja principal
funcionários, passar a fiscalizar, pessoalmente, todos instituição militar – a cavalaria – tornou-se inútil diante da
os negócios do Estado. infantaria com arcabuzes e mosquetes.”
e) a autossuficiência do país com a regulamentação da AQUINO, Rubim Leão et al. História das sociedades: das sociedades
produção, a criação de manufaturas do Estado e o modernas às sociedades atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro
incremento do comércio exterior. Técnico, 1983. p. 24.

O estabelecimento das monarquias absolutas, como enfa-


14. UFBA-BA (adaptado) tiza o texto citado, deu-se em conformidade com uma cen-
“A imagem do Rei Sol, como era chamado Luís XIV, que tralização política cada vez mais acentuada. Com relação
reinou até sua morte, em 1715, se construiu sobre a pintu- a esta centralização política, assinale a alternativa certa:
ra, a gravura, a escultura, a arquitetura, a música e a palavra a) a concentração de poderes nas mãos dos reis não
escrita ou oral.” signifi cou prejuízo político ou econômico para os
(ONOFRE, p. 74) senhores feudais.
Associando seus conhecimentos sobre absolutismo b) acordos entre setores burgueses e aristocráticos
monárquico ao texto anterior, pode-se afirmar: levaram ao absolutismo monárquico, cujo objetivo
maior era reprimir as sublevações de servos e cam-
I. A construção da imagem pública do rei absolutista poneses pobres.
evidencia uma defasagem entre teoria e prática do
c) financiados pelos burgueses e idolatrados pelos no-
absolutismo.
bres, os reis europeus exerciam um poder absoluto,
II. A utilização da arte como veículo de propaganda especialmente depois da Revolução Francesa.
política indica o interesse do monarca absolutista em d) a concentração de poderes nas mãos dos reis, em
promover o desenvolvimento cultural das camadas prejuízo dos senhores feudais, levou à instituição do
populares. absolutismo monárquico.
III. A preocupação com a difusão de uma imagem posi-
tiva perante a sociedade caracteriza o Rei Sol como 17. Unirio-RJ
o precursor do despotismo esclarecido. “Vou-me embora pra Pasárgada
IV. Os monarcas absolutos, assim como os políticos Lá sou amigo do rei
atuais, também buscavam, na construção de uma
imagem pública, formas para legitimar o exercício Lá tenho a mulher que eu quero
do poder. Na cama que escolherei
V. O apoio da nobreza, classe politicamente privilegiada

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Vou-me embora pra Pasárgada”
durante o Antigo Regime, era fundamental para a BANDEIRA, Manuel. Vou-me embora pra Pasárgada. In: Vou-me
governabilidade do Estado, já que, na prática, nin- embora pra Pasárgada e outros poemas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.
guém governa sem o apoio das camadas mais fortes
da população. O reino imaginário de Pasárgada e os privilégios dos

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amigos do rei podem ser comparados à situação da
a) II e III são corretas. nobreza europeia com a formação das monarquias
b) I, II e V são corretas. nacionais modernas. A razão fundamental do apoio que

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esta nobreza forneceu ao rei, no intuito de manter-se c) manutenção de forças militares locais que atuaram
HISTÓRIA 1

“amiga” do mesmo, conservando inúmeras regalias, como verdadeiras milícias aristocráticas na repressão
pode ser explicada pela(o): aos levantes camponeses.
a) composição de um corpo burocrático que absorve d) repressão que as monarquias empreenderiam às
a nobreza, tornando esse segmento autônomo em revoltas camponesas, restabelecendo a ordem no
relação às atividades agrícolas que são assumidas meio rural em proveito da aristocracia agrária.
pelo capital mercantil. e) completo restabelecimento das relações feudo-
b) subordinação dos negócios da burguesia emergente -vassálicas, freando temporariamente o processo
aos interesses da nobreza fundiária, obstaculizando de assalariamento da mão de obra e de entrada do
o desenvolvimento das atividades comerciais. capital mercantil no campo.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H11 Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por
“O que chamamos de Corte principesca era, essencialmente, um conjunto de estratégias que visavam sedimentar
o palácio do príncipe. Os músicos eram tão indispensáveis uma determinada noção de soberania. Neste sentido,
nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros a charge apresentada demonstra:
e os criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorati- a) a humanidade do rei, pois retrata um homem co-
vamente, de criados de libré. A maior parte dos músicos ficava mum, sem os adornos próprios à vestimenta real.
satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acon- b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura
tecia com as outras pessoas de ‘classe média’ na Corte; entre do rei com a vestimenta real representa o público e
os que não se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele sem a vestimenta real, o privado.
também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar.” c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhe-
ELIAS, Norbert. Mozart: sociologia de um gênio. São Paulo: Jorge cimento do público a figura de um rei despretensioso
Zahar, 1995. p. 18. (Adaptado) e distante do poder político.
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a
dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, elegância dos trajes reais em relação aos de outros
clero e 3º- Estado, é correto afirmar que o autor do texto, membros da Corte.
ao fazer referência à “classe média”, descreve a socieda- e) a importância da vestimenta para a constituição sim-
de utilizando a noção posterior de classe social a fim de: bólica do rei, pois o corpo político adornado esconde
os defeitos do corpo pessoal.
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe
dos músicos, que pertenciam ao 3º- Estado. 20. Enem C6-H26
b) destacar a consciência de classe que possuíam os mú- “O que se entende por Corte do Antigo Regime é, em pri-
sicos, ao contrário dos demais trabalhadores manuais. meiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe,
situação que os demais membros do 3º- Estado. dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa
d) distinguir, dentro do 3º- Estado, as condições em que dos reis, são consignadas no registro das despesas do Rei-
viviam os “criados de libré” e os camponeses. no da França sob a rubrica significativa de Casas Reais.”
e) comprovar a existência, no interior da Corte, de uma ELIAS, N. A sociedade de Corte. Lisboa: Estampa, 1987.
luta de classes entre os trabalhadores manuais.
Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande
19. Enem C1-H4 efetividade política e terminaram por se transformar em
patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é:
COLEÇÃO PARTICULAR

a) o Palácio de Versalhes.
b) o Museu Britânico.
c) a Catedral de Colônia.
d) a Casa Branca.
e) a pirâmide do faraó Quéops.

Charge anônima. BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Jorge

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Zahar, 1994.

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EXPANSÃO MARÍTIMA
23

HISTÓRIA 1
EUROPEIA

O MUNDO EUROPEU
• O mundo europeu

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• Do mar ao oceano
• Portugal e Espanha

HABILIDADES
• Analisar a produção da
memória pelas sociedades
humanas.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das
relações de poder entre as
nações.
• Identificar registros de
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.

Monumento à Era dos Descobrimentos ou Era das Grandes Navegações. Lisboa, Portugal.

A História que estudamos no Ocidente é, de fato, bastante eurocêntrica. A história


da Europa confunde-se com a história geral que estudamos e até mesmo com a história
do Brasil. É necessário entender essa característica de forma crítica e perceber que
nem todos os processos têm os europeus como o centro de tudo. Porém, quando
falamos da construção de um mundo todo conectado e integrado em uma economia
global, não há como ignorar o pioneirismo de portugueses e espanhóis. Após décadas
de investimento sem retorno, aproveitando conhecimentos trazidos à Península Ibérica
pelos muçulmanos, sofisticando-os e desenvolvendo novas tecnologias, Portugal foi
o primeiro Estado moderno a dominar completamente a navegação pelos oceanos.
Compartilhando vários dos pilotos, como eram chamados os chefes dessas navega-
ções, e contando, assim como Portugal, com o financiamento de banqueiros de cidades
como Veneza e Florença, a Espanha veio logo atrás. Inglaterra, Holanda e França, que
também constituíram Estados nacionais, puderam seguir os pioneiros na colonização
do mundo. Em pouco tempo, os europeus estavam em todos os cantos do globo.

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DO MAR AO OCEANO
Em princípio, o Mar Mediterrâneo foi a grande referência de navegação. Várias
rotas comerciais abrangiam o norte da África, a Península Itálica, a cidade de Cons-

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tantinopla e o sul da França e da Península Ibérica. No entanto, o comércio era
dominado por cidades autônomas da Península Itálica, como Gênova e Veneza, e
pelos muçulmanos.

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Aos poucos, iniciativas das coroas ibéricas rompe-

BIBLIOTECA NACIONAL DA POLÔNIA


ram os limites da expansão mediterrânea, abrindo novos
HISTÓRIA 1

horizontes para a exploração europeia assentada em


monarquias centralizadas, os Estados modernos. Os
pioneiros das Grandes navegações foram, também, os
primeiros Estados que se unificaram: Portugal e Espa-
nha. Os que se seguiram foram, da mesma forma, os
próximos a se unificar: Inglaterra, França e Holanda. Não
por coincidência, Alemanha e Itália, que só se unificaram
como Estados nacionais no século XIX, nunca tiveram
uma grande presença nas explorações desse período.

Interpretação de Jacob d’Angelo do mapa-múndi de Ptolomeu, de 1467.


PORTUGAL E ESPANHA
O primeiro país a se lançar à aventura no chamado
O Mediterrâneo só tem unidade pelo movimento
Mar Oceano foi Portugal, após a Revolução de Avis
dos homens, as ligações que implica, as rotas que
(1383-1385). D. João, mestre da Ordem de Avis, tornou-
o conduzem. Lucien Febvre escrevia: “O Mediterrâ-
-se rei e apoiou investidas no norte da África, dominan-
neo são rotas”, rotas de terra e mar, rotas dos rios
do a cidade de Ceuta (1415). Iniciava-se o chamado
e das ribeiras, imensa rede de ligações regulares e
périplo africano, a aventura portuguesa na costa da
fortuitas, de distribuição perene de vida, de quase
África, que tinha, entre outros objetivos, difundir a fé
circulação orgânica [...] O importante não é mostrar
cristã e buscar um caminho alternativo para as Índias,
o pitoresco [...].
local em que se imaginava conseguir produtos valiosos.
O importante é verificar o que uma tal rede implica

BIBLIOTECA NACIONAL, LISBOA, PORTUGAL


de aproximações, de história coerente, a que ponto o
movimento dos barcos, das bestas de carga, das via-
turas, das próprias pessoas, torna o Mediterrâneo
uno e, de um determinado ponto de vista, uniforme,
apesar das resistências locais.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico.
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995. p. 310.

Cidades e rotas de comércio em 1483


20° L

Mar do
Norte
ARENQUE Moscou
CARVÃO

Kiel
TECIDOS Gdansk
OCEANO Londres TECIDOS CENTEIO
Antiérpia
ATLÂNTICO ESTANHO
Bruges Magdeburg Varsóvia ESCRAVOS
Colônia PRATA
Rouen Bruxelas COBRE PRATA
Paris CARVÃO VINHO Praga
OURO
SAL Estramburgo Nuremberg COBRE
COURO
VINHO Munique Viena
Bréscia Verona FUSTÕES
Bordeaux Mântua EUROPA TRIGO
LÃ Milão
Toulousse Veneza FERRO ESCRAVOS
40° N Gênova Ferrara
Valladolid FERRO MADEIRA
TECIDOS
Bolonha
Cremona Florença Mar Negro
PRATA
Lisboa Toledo Barcelona
PAPEL Roma SEDA
Edirne
Valência ALIME Istambul
Sevilha Córdoba Palma Nápoles
Bursa
ÁSIA
Rabat
Granada
Palermo
ALGODÃO
ALUME
Foram várias as viagens portuguesas de cabotagem
Alepo
AÇUCAR
OURO
Fez Túnis
Kairouan
AÇUCAR
TRIGO AÇUCAR
ALGODÃO ao longo da costa africana, onde se construíram espa-
Marrakesh AÇUCAR

ços de exploração comercial chamados feitorias, até


VINHO
AÇUCAR Damasco
Mar Mediterrâneo

Alexandria
Dumyat que os lusitanos conseguissem ultrapassar o Cabo das
ALGODÃO
AÇUCAR
Cairo Tormentas (1488), mais tarde rebatizado com o nome
OURO
MARFIM
de Cabo da Boa Esperança.
MARFIM
ÁFRICA
ESCRAVOS ESCRAVOS
Enquanto Portugal buscava atingir o Oriente con-
Rotas de comércio N

População das cidades


NO NE Escala aproximada
1: 71 000 000
tornando a África, a Espanha financiava o navegador

Material exclusivo para professores


genovês Cristóvão Colombo. A expedição espanhola
O L
50 000 - 125 000 0 710 1 420 km
23 000 - 49 000 SO SE

15 000 - 22 000
S Cada cm = 710 km
também visava atingir o Oriente, mas de outra maneira:
Região mediterrânica, base de movimentações econômicas que
seguindo para o Ocidente.
originaram o capitalismo na Baixa Idade Média. O Mediterrâneo foi muito A respeito da expansão marítima conduzida pelos Es-

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importante como espaço de trocas civilizacionais desde o mundo antigo. tados ibéricos, o historiador Mário Curtis Giordani observa
MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo: que havia duas concepções geográficas distintas quanto à
Companhia das Letras, 2007.
rota marítima a ser seguida: a portuguesa e a espanhola.

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[...] Convém lembrar as duas concepções geográ- Em 1498, Portugal atingiu Calicute, no Subcontinen-
ficas que se defrontaram, nos últimos decênios do te Indiano. Os portugueses procuraram cristãos naque-

HISTÓRIA 1
século XV, com relação à rota marítima que deveria la região e obtiveram especiarias que garantiram um
ser percorrida para atingir-se a Ásia (mais precisa- lucro inimaginado para a época. A essa altura, a Coroa
mente a Índia) “donde aromas, pedras preciosas, portuguesa já havia firmado um acordo com a Espanha:
brocados e púrpuras, vinha também à Europa a o Tratado de Tordesilhas, o qual dividia o mundo a ser
fama de riquezas fabulosas”. descoberto entre os dois países. Em 1500, ocorreu a
Marcondes de Souza sintetiza essas duas concep- expedição oficial que sacramentou o domínio portu-
ções: “De um lado estava um pequeno grupo de guês na América: a viagem de Pedro Álvares Cabral.
cosmógrafos letrados, dos quais a história tem Em um curto intervalo de tempo, a França, gover-
conservado os nomes de Toscanalli, Monetario, nada por Francisco I, da dinastia Valois, questionou a
Behaim e Colombo, o qual, dando grande impul- divisão do mundo entre portugueses e espanhóis. Iro-
so às ideias clássicas da Antiguidade grega sobre nizando tal distribuição, o rei perguntou onde estava o
a redondeza da Terra e a pequena extensão dos testamento de Adão e Eva, documento que teria ga-
mares, dizia que navegando rumo ao Ocidente rantido a Portugal e Espanha as terras do Novo Mundo.
seria possível em curto espaço de tempo atingir Como essa declaração não existia, o rei afirmou que
a Ilha de Cipango e o litoral de Chatay. Eram os os franceses ocupariam o território.
partidários do chamado ciclo ocidental. Comba-

RIJKSMUSEUM, AMSTERDÃ, HOLANDA


tiam essa ideia os cosmógrafos portugueses, que
opinavam pela procura da rota marítima para a
Índia navegando ao longo da costa ocidental da
África até encontrar uma passagem ao sul desse
continente e, assim, penetrar no Oceano Índico.
Eram os adeptos do denominado ciclo oriental.
Dessas duas concepções geográficas resultaram o
descobrimento da América por Colombo e o en-
contro do caminho da Índia por Vasco da Gama”.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos séculos XVI e XVII na Europa.
Petrópolis: Vozes, 2003. p. 386.

Acreditando na esfericidade da Terra, Colombo apre-


sentou seu plano de navegação aos reis espanhóis
Representação de navio português atacado por veleiros holandeses em
Isabel e Fernando, sendo patrocinado pela rainha. As- 1602. Disputas por rotas marítimas e entrepostos comerciais colocaram em
sim, em 1492, antes de os portugueses chegarem ao conflito as monarquias nacionais europeias. Em pouco tempo, Portugal e
Espanha tiveram navios atacados por piratas e corsários. Estes últimos eram
Oriente, Cristóvão Colombo aportou em terras que, em
patrocinados principalmente pela França e pela Inglaterra.
seu entendimento, eram orientais.
De acordo com o historiador Cleber Prodanov, essa
UNIVERSAL ART ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO

movimentação europeia não apenas conferiu conteú-


dos ocidentais a elementos não europeus, mas tam-
bém estabeleceu contrapontos importantes que am-
pliaram horizontes e constituíram uma nova dimensão
histórica às relações humanas. Conforme declara:
O europeu chega na América, destrói tudo aquilo
que não faz parte da sua cultura, aquilo que não
consegue compreender. Aos poucos vai conseguin-
do assimilar e incorporar essas novas formas de re-
presentação cultural que lhe eram estranhas. Paula-
tinamente a questão do velho e do novo começa a
revelar-se. A própria denominação de Novo Conti-
nente está associada à existência do Velho.
Representação de Cristóvão Colombo apresentando a Fernão e Isabela
de Leão e de Castela seus argumentos para empreender as Grandes O Velho Mundo une-se ao Novo e, na experiência

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Navegações. da reprodução cultural, acaba gerando a denúncia e
a crítica de seus próprios valores; ou seja, introduz
O que aconteceu na incursão de Colombo foi a des- novos elementos ao cotidiano dos conquistadores e
coberta de um novo território para a exploração euro- gera uma América diferente da Europa colonizado-

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peia, conhecido atualmente por América, em home- ra e da própria América pré-hispânica.
nagem ao navegador Américo Vespúcio, que afirmou PRODANOV, Cleber. O mercantilismo e a América. São Paulo:
ser ele de enorme dimensão, quase um continente. Contexto, 1990. p. 29.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

EXPANSÃO EUROPEIA

Expansão marítima

A estagnação da economia europeia estimula a busca de novos mercados consumidores e fornecedores.


Causas:
O alto preço das especiarias.

Ascensão social da burguesia mercantil e fortalecimento do Estado nacional.

Ideais religiosos resultantes das Cruzadas: expansão do cristianismo.

Aperfeiçoamento técnico dos instrumentos de navegação: bússola, astrolábio, caravela e vela latina, entre outros.

Consequências: Queda do preço das especiarias.

Europa abastecida por produtos americanos.

Aumento da circulação de ouro e prata.

Circulação intensa da moeda.

Enriquecimento da burguesia.

Difusão da cultura europeia.

Restabelecimento da escravidão (africana e indígena).

Difusão do cristianismo pela catequização de povos nativos na África e na América.

Reconhecimento da esfericidade da Terra.

Desenvolvimento de áreas como astronomia, geografia, zoologia e botânica e de técnicas de navegação.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. Cesgranrio-RJ – Acerca da expansão marítima comercial 3. Fuvest-SP
implementada pelo Reino Português, podemos afirmar que: “Deve-se notar que a ênfase dada à faceta cruzadística da
a) a conquista de Ceuta marcou o início da expansão, expansão portuguesa não implica, de modo algum, que
ao possibilitar a acumulação de riquezas para a ma- os interesses comerciais estivessem dela ausentes – como
nutenção do empreendimento. tampouco o haviam estado das Cruzadas do Levante, em
b) a conquista da Baía de Arguim permitiu a Portugal boa parte manejadas e financiadas pela burguesia das re-
montar uma feitoria e manter o controle sobre im- públicas marítimas da Itália. Tão mesclados andavam os
portantíssima rota comercial intra-africana. desejos de dilatar o território cristão com as aspirações por
c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luanda possi- lucro mercantil que, na sua oração de obediência ao pon-
bilitou a montagem de grande rede de abastecimen- tífice romano, D. João II não hesitava em mencionar entre
to de escravos para o mercado europeu. os serviços prestados por Portugal à cristandade o trato do
d) o domínio português de Piro e Sídon e o consequente ouro da Mina, ‘comércio tão santo, tão seguro e tão ativo’
monopólio de especiarias do Oriente Próximo torna- que o nome do Salvador, ‘nunca antes nem de ouvir dizer
ram desinteressante a conquista da Índia. conhecido’, ressoava agora nas plagas africanas […]”.
e) a expansão da lavoura açucareira escravista na Ilha da THOMAZ, Luiz Felipe. D. Manuel, a Índia e o Brasil. Revista de
Madeira, após 1510, aumentou o preço dos escravos, História (USP), n. 161, 2o semestre de 2009, p. 16-17. (Adaptado)
tanto nos portos africanos quanto nas praças brasileiras.
Como visto neste módulo, Ceuta foi a primeira barreira a ser Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que
vencida e essa conquista foi um marco da expansão marítima a expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um
portuguesa. As demais alternativas mesclam fatos, momentos empreendimento:
e lugares diferentes de forma equivocada.
a) puramente religioso, bem diferente das Cruzadas
2. UFF-RJ – Considerando o processo de expansão da dos séculos anteriores, já que essas eram, na reali-
Europa moderna a partir dos séculos XV e XVI, pode- dade, grandes empresas comerciais financiadas pela
-se afirmar que Portugal e Espanha tiveram um papel burguesia italiana.
predominante. Esse papel, entretanto, dependeu, em b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era co-
larga medida, de uma rede composta por interesses: mum, à época, a concepção de que a expansão da
a) políticos, inerentes à continuidade dos interesses cristandade servia à expansão econômica e vice-versa.
feudais em Portugal; intelectuais, associados ao de- c) por meio do qual os desejos por expansão territorial
senvolvimento da imprensa, do hermetismo e da portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista de novos
astrologia no mundo ibérico; econômicos, vincula- mercados para a economia europeia mostrar-se-iam
dos aos interesses italianos na Espanha, nos quais incompatíveis.
a presença de Colombo é um exemplo; e sociais, d) militar, assim como as Cruzadas dos séculos ante-
vinculados ao poder do clero na Espanha. riores, e no qual objetivos econômicos e religiosos
b) políticos, vinculados ao processo de fragmentação po- surgiriam como complemento apenas ocasional.
lítica das monarquias absolutas ibéricas; sociais, asso- e) que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio
ciados ao desenvolvimento de novos setores sociais, intercontinental, a despeito de, oficialmente, autori-
como a nobreza; coloniais, decorrentes da política da dades políticas e religiosas afirmarem que seu único
Igreja Católica que via os habitantes do Novo Mundo objetivo era a expansão da fé cristã.
como o homem primitivo criado por Deus; e econômi- Esta questão envolve interpretação de texto e avaliação de conhe-
cos, presos aos interesses mouros na Espanha. cimento histórico. Além do aspecto religioso, de luta contra os
muçulmanos, considerados os infiéis, havia o interesse comercial,
c) políticos, vinculados às práticas racistas que envol- comprovado pelo trecho “comércio tão santo, tão seguro e tão
viam a atuação dos comerciantes ibéricos no Oriente; ativo”. A expansão marítima servia, ao mesmo tempo, à expansão
científicos, que viam na expansão a negação das teo- comercial e à difusão da religião em um contexto de Contrarreforma.
rias heliocêntricas; econômicos, ligados ao processo
de aumento do tráfico de negros para a Europa atra- 4. Unicamp-SP C6-H27
vés de alianças com os Países Baixos; e religiosos, Referindo-se à expansão marítima dos séculos XV e
marcados pela ação ampliada da Inquisição. XVI, o poeta português Fernando Pessoa escreveu, em
d) políticos, associados ao modelo republicano desenvol- 1922, no poema “Padrão”:
vido no Renascimento italiano; religiosos, decorrentes
“E ao imenso e possível oceano
da vitória católica nos processos da Reconquista ibé-
rica; econômicos, ligados ao movimento geral de de- Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
senvolvimento do mercantilismo; e sociais, inerentes Que o mar com fim será grego ou romano:
à vitória do campo sobre a cidade no mundo ibérico.
O mar sem fim é português.”
e) políticos, vinculados ao fortalecimento da centraliza-
ção dos Estados ibéricos; econômicos, provenientes PESSOA, Fernando. Mensagem: poemas esotéricos.
Madri: ALLCA XX, 1997. p. 49.
do avanço das atividades comerciais; religiosos, rela-
cionados com a importância do papado na Península Nestes versos, identificamos uma comparação entre
Ibérica; e intelectuais, decorrentes dos avanços cien-

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dois processos históricos. É válido afirmar que o poe-
tíficos da Renascença e que viram na expansão a rea- ma compara:
lidade de suas teorias sobre geografia e astronomia.
A expansão marítima é, essencialmente, a expansão do comércio. Era a) o sistema de colonização da Idade Moderna aos
importante para a nobreza e, sobretudo, para os burgueses. Foi pos- sistemas de colonização da Antiguidade clássica: a

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sível graças à centralização do poder em Portugal e na Espanha e, no navegação oceânica tornou possível aos portugueses
aspecto religioso, essas duas monarquias tinham o apoio do papa e o tráfico de escravos para suas colônias, enquanto
utilizaram tecnologias desenvolvidas em pleno Renascimento e, ainda,
conhecimentos de árabes e genoveses. gregos e romanos utilizavam servos presos a terra.

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b) o alcance da expansão marítima portuguesa da Idade b) rejeita a ideia de que a expansão marítima dos sé-
HISTÓRIA 1

Moderna aos processos de colonização da Antiguida- culos XV e XVI tenha provocado a globalização, pois
de clássica: enquanto o domínio grego e romano se muitos povos do mundo se desconheciam.
limitava ao Mar Mediterrâneo, o domínio português c) identifica a expansão marítima dos séculos XV e XVI
expandiu-se pelos oceanos Atlântico e Índico. com o atual contexto de globalização, destacando, em
c) a localização geográfica das possessões coloniais ambos, a completa internacionalização da economia.
dos impérios antigos e modernos: as cidades- d) compara a expansão marítima dos séculos XV e XVI
-Estado gregas e depois o Império Romano se com o atual contexto de globalização, demonstrando
limitaram a expandir seus domínios pela Europa, o papel central, em ambos, dos países ibéricos.
ao passo que Portugal fundou colônias na costa
do norte da África. e) relaciona a expansão marítima dos séculos XV e XVI
com o atual contexto de globalização, ressalvando,
d) a duração dos impérios antigos e modernos: enquanto porém, que são processos históricos distintos.
o domínio de gregos e romanos sobre os mares teve A questão trabalha com interpretação de texto, sem exigir conhecimen-
um fim com as guerras do Peloponeso e Púnicas, tos prévios. A diferenciação entre a globalização atual e o processo que
respectivamente, Portugal figurou como a maior po- começa com as Grandes Navegações é essencial. O autor relaciona os
tência marítima até a independência de suas colônias. dois processos, mas não os equipara – o que é correto.
Por meio de um poema de Fernando Pessoa, que escreveu sobre os 6. Fatec-SP – As caravelas foram um grande avanço tecno-
grandes momentos de Portugal quando o Império Português já era lógico no final do século XV. Graças a elas, foi possível
passado, a questão trabalha o quão revolucionárias foram as Grandes realizar viagens de longa distância de forma eficiente.
Navegações, que tiraram a Europa do Mar Mediterrâneo, ao qual ficara
limitada desde a Antiguidade. No trecho “mar com fim”, há uma referên- Centenas de homens embarcaram nas caravelas dos
cia ao Mediterrâneo, palco da história europeia desde a Antiguidade e, descobrimentos. Alguns buscavam enriquecimento rá-
no trecho “mar sem fim”, há uma alusão ao Oceano Atlântico. pido; outros, oportunidade de difundir a fé em Cristo.
Competência: Compreender a sociedade e a natureza, reconhecen- Estes homens eram atraídos pela aventura, porém as
do suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e surpresas nem sempre eram agradáveis. Nas embar-
geográficos.
cações, proliferavam doenças e a alimentação era pre-
Habilidade: Analisar de maneira crítica as interações da sociedade
cária. Sobre a época descrita no texto e considerando
com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/
ou geográficos. as informações apresentadas, é correto afirmar que as
viagens nas caravelas:
5. Unesp-SP a) foram realizadas no contexto da expansão do mer-
“Que significa o advento do século XVI? [...] Se essa pas- cantilismo europeu, visando também à ampliação
sagem de século tem hoje um sentido para nós, um sen- do catolicismo.
tido que talvez não tinha nos séculos anteriores, é porque b) não pretendiam descobrir novos territórios, apenas
vemos que aí é que surgem as primícias da globalização. estabelecer rotas para aventureiros e marginalizados
E essa globalização é mais que um processo de expansão da sociedade.
de origem ibérica, mesmo se o papel da península foi do- c) tinham como principal objetivo retirar as populações
minante. [...] Em 1500, ainda estamos bem longe de uma muçulmanas da Península Ibérica após as Guerras
economia mundial. No limiar do século XVI, a globaliza- de Reconquista.
ção corresponde ao fato de setores do mundo que se igno- d) eram feitas em condições precárias, pois eram clan-
ravam ou não se frequentavam diretamente serem postos destinas, ou seja, eram realizadas sem o consenti-
em contato uns com os outros.” mento das Coroas europeias.
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século (1480-1520), 1999. e) não ocorriam em condições apropriadas, embora a
maior parte dos tripulantes das caravelas pertences-
O texto: se à nobreza feudal.
Como vimos anteriormente, os contextos religioso, político e econômico
a) defende a ideia de que a expansão marítima dos são indissociáveis. Há o aspecto político do absolutismo, o econômico
séculos XV e XVI tenha provocado a globalização, do mercantilismo e o religioso da Contrarreforma. Tudo isso estava
pois tal expansão eliminou as fronteiras nacionais. envolvido nas Grandes Navegações e chegava às caravelas na forma
de marinheiros, aventureiros, pilotos (como eram chamados os coman-
dantes das embarcações) e religiosos catequizadores.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFG-GO – Desdobramento da expansão comercial eu- e) permitir ao colono desenvolver a produção de artigos
ropeia, a ocupação de terras na América portuguesa manufaturados, impulsionando a formação de um
consolidou o sistema colonial, fazendo do povoamento mercado interno.
um meio de:
a) absorver o excedente demográfico europeu, impul- 8. UFRN-RN – Nos séculos XV e XVI, com as chamadas
sionado pelo crescimento das atividades econômicas Grandes Navegações, os europeus chegaram às Améri-
mercantis. cas, onde iniciaram um processo de conquista e coloniza-
ção. Esses empreendimentos aceleraram a acumulação
b) assegurar a rentabilidade das atividades extrati-
vistas em patamar superior ao comércio de espe- do capital e garantiram o desenvolvimento do capitalis-
mo europeu, pois a burguesia mercantil europeia:

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ciarias no Oriente.
c) garantir aos colonos a propriedade privada da terra, a) utilizou a mão de obra assalariada colonial para ba-
bem como o acesso ao lucro decorrente do comércio ratear os custos dos produtos manufaturados na
com os países europeus. metrópole.

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d) efetivar a posse do extenso território pelos portu- b) quebrou o protecionismo econômico metropolitano,
gueses, permitindo a exploração agrícola com base abrindo o mercado nacional e favorecendo a eclosão
na grande propriedade. da Revolução Industrial.

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c) apropriou-se dos lucros advindos tanto do monopó- 10. UFRRJ-RJ – Leia o texto adiante, sobre a expansão

HISTÓRIA 1
lio comercial que as metrópoles mantinham com as comercial e marítima portuguesa e, com base nele,
colônias quanto do tráfico de escravos. responda às questões a seguir.

d) apossou-se da maior parcela dos lucros do comércio “Em 1498, o português Vasco da Gama consegue chegar a
Calicute, nas Índias, contornando o Cabo da Boa Esperan-
colonial, de modo a substituir, na metrópole, a mão
ça. Em seguida, as frotas portuguesas procuraram estabe-
de obra escrava pela mão de obra servil.
lecer um maior controle do Oceano Índico. À medida que
as rotas de navegação se consolidam, Portugal centraliza o
9. UEL-PR comércio das especiarias alterando o papel a ser desempe-
“Mais vale estar na charneca com uma velha carroça do nhado pelas cidades de Gênova e Veneza.”
que no mar num navio novo.” THEODORO, J. Descobrimentos e Renascimento.
São Paulo: Contexto, 1991. p. 20.
Provérbio holandês. In: SEBILLOT, P. Legendes, croyances
et supertitions de la mer. Paris: 1886. p. 73. a) Mencione duas razões que explicam o pioneirismo
português nas navegações e descobrimentos dos
“Ó mar salgado, quanto do teu sal séculos XV e XVI.
São lágrimas de Portugal?
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar para que
b) Estabeleça uma relação entre práticas mercantilistas
fosses nosso, ó mar!” e a assim chamada expansão comercial e marítima.
PESSOA, F. Obra poética. Rio de Janeiro:
Nova Aguillar, 1969. p. 82.

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o


tema da expansão marítima dos séculos XV e XVI, é
correto afirmar que as navegações: 11. Unesp-SP
a) constituíram uma realização sem precedentes na “As primeiras expedições na costa africana a partir da
história da humanidade, uma vez que foram muitos ocupação de Ceuta em 1415, ainda na terra de povos
berberes, foram registrando a geografia, as condições de
os obstáculos a serem superados nesse processo,
navegação e de ancoragem. Nas paradas, os portugue-
tais como a ameaça que representava o desconhe-
ses negociavam com as populações locais e sequestra-
cido e o fracasso de grande parte das expedições, vam pessoas que chegavam às praias, levando-as para
que desapareceram no mar. os navios para serem vendidas como escravas. Tal ato
b) propiciaram o fim do monopólio que espanhóis e italia- era justificado pelo fato de esses povos serem infiéis,
nos mantinham sobre o comércio das especiarias do seguidores das leis de Maomé, considerados inimigos
oriente através do domínio do mar Mediterrâneo, uma e, portanto, podiam ser escravizados, pois acreditavam
ser justo guerrear com eles. Mais ao sul, além do Rio
vez que foram os franceses e os portugueses, a despei-
Senegal, os povos encontrados não eram islamizados,
to das tentativas holandesas, que realizaram o périplo
portanto não eram inimigos, mas eram pagãos, igno-
africano e encontraram o caminho para as Índias. rantes das leis de Deus, e no entender dos portugueses
c) resultaram na hegemonia franco-britânica sobre os da época também podiam ser escravizados, pois ao se
mares, o que, a longo prazo, permitiu a realização converterem ao cristianismo teriam uma chance de sal-
da acumulação originária de capital e, através des- var suas almas na vida além desta.”
Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.
ta, o financiamento do processo de implantação da
indústria naval, o que prolongou esta hegemonia até O texto caracteriza:
o final da Primeira Guerra Mundial. a) o mercado atlântico de africanos escravizados em
d) propiciaram o domínio da Holanda sobre os mares, seu período de maior intensidade e o controle do
tráfico pelas companhias de comércio.
fazendo com que a colonização das novas terras des-
b) o avanço gradual da presença europeia na África e a
cobertas dependesse da marinha mercante daquele
conformação de um modelo de exploração da natu-
país para a manutenção das ligações comerciais en- reza e do trabalho.
tre os demais países europeus e suas colônias no c) as estratégias da colonização europeia e a sua bus-
restante do mundo. ca por uma exploração sustentável do continente

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e) representaram o triunfo da ciência e da tecnologia africano.
resultantes das concepções cartesianas e, conse- d) o caráter laico do Estado português e as suas ações
diplomáticas junto aos reinos e às sociedades orga-
quentemente, a destruição de lendas e mitos sobre nizadas da África.
o Novo Mundo, uma vez que as expedições revela-

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e) o pioneirismo português na expansão marítima e a
ram os limites do mundo e propiciaram rapidamente concentração de sua atividade exploradora nas áreas
formas seguras de transposição oceânica. centrais do continente africano.

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12. UFMG-MG 14. UEG-GO


HISTÓRIA 1

“Brigam Espanha e Holanda

BIBLIOTECA BRITÂNICA, LONDRES,


REINO UNIDO
Pelos direitos do mar
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar
O mar é das gaivotas
E de quem sabe navegar.

Brigam Espanha e Holanda


Pelos direitos do mar
Brigam Espanha e Holanda
Porque não sabem que o mar
É de quem o sabe amar.”
DINIZ, Leila. In: CAVALCANTI, Cláudia. Leila Diniz.
Henricus Martellus, 1489.
São Paulo: Brasiliense,1983.

BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON


DC, ESTADOS UNIDOS
A final da Copa do Mundo de 2010 reproduziu de modo
simbólico um conflito que tem origens históricas: a dispu-
ta entre Espanha e Holanda pela hegemonia do comércio
marítimo mundial no século XVII. Um evento diretamente
relacionado a essa disputa pelo domínio marítimo foi:
a) a criação da Companhia das Índias Ocidentais, pela
Holanda, com o objetivo de explorar as colônias e
possessões espanholas.
b) a Guerra dos Trinta Anos, motivada pelos interesses
ingleses e holandeses em estabelecer colônias no
continente africano.
c) a tomada do Cabo da Boa Esperança em 1650 pelas
Abraham Ortelius. Thestrum Orbis Terrarum, 1570. tropas portuguesas, que criam na região a Cidade
do Cabo.
A partir da análise e comparação desses mapas e con- d) a Guerra dos Emboabas, motivada pelo controle do co-
siderando-se outros conhecimentos sobre o assunto, mércio escravista nas regiões mineradoras brasileiras.
é correto afirmar que:
15. Unesp-SP
a) a cartografia europeia, por razões religiosas, não as-
similou o conhecimento dos povos indígenas acerca “Inserido em um empreendimento mercantil, financiado
dos continentes recém-descobertos. com o objetivo de exploração econômica para o fortale-
b) a concepção de um mundo fechado, em oposição à cimento do absolutismo espanhol, o navegante genovês
ideia de um cosmos aberto, dominou a cartografia [Cristóvão Colombo] encontra uma realidade na Amé-
europeia até o século XVII. rica que não permite a identificação das imaginadas ri-
quezas orientais, dando origem a uma dupla narrativa: a
c) as navegações alteraram o conhecimento do mundo,
à época, jogando por terra os mitos antigos sobre a do esperado e a do experimentado, em que o discurso é
inabitabilidade das zonas tórridas. pressionado pela necessidade de obter informações e um
projeto colonizador.”
d) os descobrimentos, em fins do século XV, resultaram
da expansão do conhecimento do mundo alcançado SILVA, Wilton Carlos Lima da. As terras inventadas, 2003.
(Adaptado)
pelos geógrafos do Renascimento.
Segundo o texto, o relato de Colombo:
13. Fatec-SP – Documentos da época dos grandes desco-
a) revela a convicção do navegador de que as novas ter-
brimentos deixam evidente o interesse das metrópoles
ras oferecem riquezas imediatas e poder planetário
ibéricas em colonizar as novas terras nos moldes do aos reis da Espanha.
mercantilismo.
b) expõe o esforço do navegador de conciliar o reco-
No início da colonização na América, as duas principais nhecimento da especifi cidade americana com as
atividades econômicas estimuladas por Portugal e Es- expectativas europeias ante a viagem.
panha foram, respectivamente, a: c) confirma o caráter casual da descoberta da América
a) cultura da mandioca e a mineração de ouro e prata. e o desconsolo do navegador diante das pressões

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comerciais da metrópole.
b) mineração de diamantes e a monocultura do tabaco.
d) demonstra a superioridade religiosa e tecnológica
c) produção de charque e a monocultura de cana-de-açúcar. dos navegadores europeus em relação aos nativos
d) monocultura de cana-de-açúcar e a mineração de americanos.
ouro e prata.

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e) mostra a decepção do navegador com o que encon-
e) monocultura de café e a exploração de metais pre- trou na América, pois não havia riquezas que justifi-
ciosos diversos. cassem a longa viagem.

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16. UFRN-RN – O fragmento textual seguinte se refere a 17. FGV-SP – Leia atentamente o poema “O Infante”, do

HISTÓRIA 1
uma característica de sociedades africanas em épocas poeta português Fernando Pessoa:
anteriores à expansão marítima e comercial europeia: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
“A forma como uma sociedade organiza a distribuição dos Deus quis que a terra fosse toda uma,
bens que produz ou adquire revela muito do caráter desta Que o mar unisse, já não separasse,
sociedade, de seus valores, usos e costumes. No caso das
Sagrou-te e foste desvendando a espuma.
sociedades de linhagens da África negra, todo o sistema
social estava baseado nas esferas da reciprocidade e da E a orla branca foi, de ilha em continente,
distribuição, como forma de garantir a coesão social do Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
grupo. Os velhos guardam a experiência e o conhecimento E viu-se a terra inteira, de repente,
dos costumes. Assim, não era uma sociedade dirigida pelos Surgir, redonda, do azul profundo.
mais produtivos e dinâmicos (como na lógica capitalista) e,
Quem te sagrou, criou-te português,
sim, pelos que guardavam a tradição e o saber mágico.”
Do mar por nós em ti nos deu sinal.
SILVA, Francisco C. T. da. Conquista e colonização da América
portuguesa. In: LINHARES, Maria Yedda (Org.). História geral do Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990. p. 48. (Adaptado) Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
Ao estabelecer uma comparação entre a organização O poema permite pensar sobre dois relevantes aconte-
social expressa no fragmento e as sociedades africa- cimentos históricos, que são, respectivamente:
nas exploradas pelos europeus à época das Grandes
a) o protagonismo marítimo lusitano nos séculos XV e
Navegações, é correto afirmar: XVI e a redução do seu império colonial no século XIX.
a) a organização da sociedade de linhagens sofreu mu- b) a descoberta do Brasil em 1500 e a perda de territó-
danças a partir da generalização do comércio escravis- rios no nordeste e na África com a invasão holandesa
ta promovida por interesses mercantilistas na África. no século XVII.
b) a existência prévia da escravidão na África possibili- c) a formação do Condado Portucalense, em 1142, e
tou a manutenção da sociedade de linhagens, sem a União Ibérica (1580-1640), período de extinção do
transformações sociais significativas. Império Português.
c) o papel social desempenhado pelas lideranças nati- d) a elaboração da ideia do Quinto Império Bíblico, relacio-
vas permaneceu inalterado apesar da ampla divulga- nado ao destino de Portugal e, depois, o fortalecimento
ção do cristianismo entre os povos africanos. dos partidos socialistas que tomaram o poder em 1910.
d) o conquistador europeu encarava a organização so- e) a invasão de Portugal por tropas napoleônicas em
cietária de linhagens como uma ameaça à sua domi- 1808, comandadas pelo general Junot, e a vinda da fa-
nação e, por isso, subjugou inicialmente os anciãos. mília real portuguesa para a América, no mesmo ano.

ESTUDO PARA O ENEM


18. UFF-RJ C2-H7 Voou três vezes a chiar,
A expansão marítima dos Estados ibéricos, no fim do E disse: ‘Quem é que ousou entrar
século XV, é o grande evento associado aos tempos
Nas minhas cavernas que não desvendo,
modernos. Entretanto, para esses Estados, os resulta-
dos econômicos e políticos nem sempre representaram Meus tectos negros do fim do mundo?’
sua entrada nesse novo tempo. Essa afirmação indica E o homem do leme disse, tremendo:
que, por mais ricos que Portugal e Espanha fossem, sua
história não pertenceria à história da Europa moderna. ‘El-Rei D. João Segundo.’“
PESSOA, Fernando. Poemas escolhidos. Ed. O Globo, 1997. p. 150.
Com base no texto, explique o porquê de os Estados
ibéricos não terem sido considerados como padrões A epopeia marítima portuguesa, descrita pelo poeta, foi
para o desenvolvimento da Europa moderna. revestida de ousadias e destemores; no entanto, ela
só foi possível porque Portugal, antes de outros países
europeus, reuniu as necessárias condições para a con-
quista dos mares. Cite e explique duas precondições
que possibilitaram o pioneirismo português no processo
de expansão marítima.

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19. Unirio-RJ
“O monstrengo que está no fim do mar
C4-H16

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Na noite de breu ergue-se a voar,
A roda da nau voou três vezes,

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20. Fuvest-SP C4-H16 b) Cite duas inovações técnicas de navegação adotadas


HISTÓRIA 1

Portugal, nos séculos XV e XVI, exerceu importante pelos portugueses.


papel no cenário europeu graças ao pioneirismo de sua
navegação pelo Atlântico.
a) Qual o objetivo da política portuguesa de incentivo
a navegação?
c) Quais as vantagens econômicas colhidas por Portu-
gal nessas viagens?

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24

HISTÓRIA 1
AMÉRICA ESPANHOLA

A ESPADA ESPANHOLA EM BUSCA DE


METAIS PRECIOSOS • A espada espanhola em
busca de metais preciosos

NIDAY PICTURE LIBRARY/ALAMY STOCK PHOTO


• Período pré-colombiano
• Maias
• Astecas
• Incas
• Colonização espanhola

HABILIDADES
• Analisar a produção da
memória pelas sociedades
humanas.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das
relações de poder entre as
nações.
• Identificar registros de
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.

A pintura representa a chegada de Hernán Cortez ao atual México, onde encontrou uma grande civilização, bem diferente
das que conhecia na Europa: os astecas. Cortez, posteriormente, também descobriria o Império Inca, nos Andes.

No módulo anterior, você estudou o avanço dos europeus sobre os mares e o


início da Era dos Descobrimentos. Agora, analisaremos com mais detalhes o caso
da América espanhola.
Como vimos, o capitalismo mercantil, também conhecido como mercantilismo,
estava se consolidando. Os primeiros Estados nacionais europeus a se formarem –
Portugal e Espanha e, depois, Inglaterra, França e Holanda – buscavam uma balança
comercial favorável, o acúmulo de metais preciosos e o protecionismo de suas
economias nacionais. Nesse contexto e para atingir esses objetivos, a colonização
era de suma importância.
No Novo Mundo, a espada espanhola passou por cima de todos os povos que
encontrou para conseguir o que queria: ouro e prata. Por muito tempo, os espanhóis
foram os únicos a encontrar esses metais preciosos em suas colônias, e isso repre-
sentou uma enorme vantagem para o império que então se formava.

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PERÍODO PRÉ-COLOMBIANO
A existência de um emaranhado de relações entre grupos humanos em determi-

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nados espaços da América permitiu o desenvolvimento de civilizações sofisticadas
em termos materiais, como atestaram as culturas maia, asteca e inca antes da
chegada dos europeus.

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N
NO NE Escala aproximada
1: 21 500 000
Império Inca O L
0 215 430 km
SO SE

Mesoamérica Império Inca S Cada cm = 215 km


HISTÓRIA 1

70° O
100°O

OCEANO Equador
OASISAMÉRICA 0°
ATLÂNTICO Quito

ARIDOAMÉRICA
Golfo do
México

AN
Trópico
de Câncer
Chan Chan

DE
S
Susa
Pachacamac Machu Picchu
Cuzco
OCEANO MESOAMÉRICA
Nazca Chuquiapo
PACÍFICO
Arequipa
OCEANO
PACÍFICO
N
NO NE Escala aproximada
1: 55 000 000 Catarpe
O L Tilcara
0 550 1 100 km
SO SE
órnio
S Cada cm = 550 km Capric
co de
Trópi
Coplapo
Mapa da região chamada Mesoamérica, onde uma cultura rica e
interessante começou a se desenvolver há milhares de anos, a
começar pelo povo olmeca. Os maias e, por último, os astecas,
que foram encontrados pelos espanhóis, são povos que tiveram
grande influência desse primeiro povo ancestral. O calendário Talca
de 365 dias (calculado de forma exata, como o que utilizamos
atualmente), as ruas largas e pavimentadas, a matemática
avançada, os incríveis trabalhos de engenharia e as técnicas de
cultivo do milho são algumas das características dessa cultura N
Escala aproximada
NO NE
mesoamericana. Império Inca 1: 21 500 000
O L
0 215 430 km
Rotas Inca SO SE
S Cada cm = 215 km

Região dos Andes, enorme cadeia montanhosa a oeste da América do Sul,


MAIAS onde se estendeu e se consolidou o Império Inca. Os incas dominaram
Os maias habitaram o sul do atual México (Pe- diversos outros povos, todos descendentes de uma cultura andina
bastante próxima, mas cada qual com sua cultura, seus costumes e sua
nínsula de Iucatã) e partes da América Central, que forma de se organizar. Dada sua força militar, o Império Inca subjugou a
correspondem aos territórios das atuais Guatemala, maioria desses povos e passou a cobrar impostos. Quando os espanhóis
Belize e Honduras. Sua organização remonta ao sé- chegaram, um poderoso sapa inca (nome dado ao governante dessa
civilização) havia acabado de falecer e seus filhos lutavam pela sucessão.
culo III da era cristã e foi marcada pela existência de
cidades-Estado, não constituindo, dessa forma, um
império unificado.

SHUTTERSTOCK
A economia maia era basicamente agrícola e
cultivava-se milho, cacau e batata. A plantação era
realizada, em princípio, nas áreas mais baixas, onde
existiam pântanos. A água era drenada por meio de
um complexo sistema de canais, permitindo o desen-
volvimento agrícola.
Outra prática comum na agricultura era a queimada
para limpar a terra. Isso desgastava o solo rapidamen-
te, o que teria induzido a busca de outros territórios,
colocando em rota de colisão as cidades maias. Ain- Ruínas de Palenque, importante cidade-Estado maia localizada na área mais
da no âmbito econômico, havia o intercâmbio entre ao norte de seus domínios. A arquitetura maia é reveladora de uma civilização
complexa no continente americano antes da chegada dos europeus.
grupos das várias cidades por algum tempo, em que
utilizavam como referencial de valor (moeda) semen-
tes de cacau. ASTECAS
A sociedade maia era constituída de forma rígida Também conhecidos por mexicas, estabeleceram-

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e hierarquizada e dividia-se basicamente em três -se no Vale do México por volta do século XII da era
escalões. No topo dessa estrutura encontrava-se cristã. Eram guerreiros que seguiram do norte para o
a elite governamental, formada pela família do go- sul, conquistando inúmeros povos e culturas. Absorve-
vernante. Em seguida, vinham os sacerdotes, os ram elementos culturais de outras civilizações, como

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agentes do Estado e os comerciantes. Na base da a dos olmecas (a mais antiga cultura da região), chichi-
estrutura social, estavam os agricultores e os tra- mecas e toltecas, entre outras. Seu poder originara-se
balhadores braçais. da atividade militar, incorporando elementos religiosos

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81

de povos dominados como forma de justificação de seu Apesar de a maior parte das realizações culturais
poderio político na região. e artísticas ter sido destruída pelos espanhóis no pro-

HISTÓRIA 1
Antes do domínio espanhol, os astecas haviam sido cesso de conquista e colonização, até hoje é possível
grandes conquistadores, exigindo tributos cobrados de admirar grandes construções astecas. Além disso, essa
uma a quatro vezes por ano dos povos submetidos. civilização utilizava a escrita pictográfica, o sistema nu-
Funcionários do Estado e escribas mantiveram regis- mérico vigesimal e o calendário solar, em que a cada
tros desses impostos, organizando a arrecadação e o 52 anos era completado um ciclo.
transporte das mercadorias. A respeito dos sacrifícios humanos, de acordo com
As famílias que controlavam o aparelho estatal eram León-Portilla, os astecas acreditavam que eram o povo
as principais beneficiadas, constituindo uma elite no inte- escolhido para preservar a ordem universal. O Sol deve-
rior da sociedade mexica. Outros grupos tinham destaque ria ser alimentado para que a produção de milho fosse
e estavam associados a atividades comerciais. Contudo, a generosa e a vida humana continuasse, pois havia uma
maior parte da população era constituída de camponeses associação entre o Sol, o milho e o ouro. Sendo assim,
e artesãos, que se submetiam às regras do Estado. o líquido vital dos homens deveria alimentar o Sol, por
isso a existência desse ritual.
F9 PHOTOS/SHUTTERSTOCK

INCAS
No altiplano andino desenvolveu-se uma sofisticada
civilização, conhecida como incaica. Suas origens ainda
são desconhecidas, mas sabe-se que habitou primeiro
a região de Huari e se estabeleceu na área de Cuzco,
no fim do século XIII.
Estudos arqueológicos registram a presença hu-
mana nos Andes há aproximadamente 14 mil anos.
A cultura mais antiga da região ficou conhecida por
chavin. Após o recuo das geleiras andinas, grupos de
caçadores e coletores passaram a se dedicar à pesca e
à agricultura por volta de 3500 a.C. Habitantes de áreas
mais interiores desenvolveram o cultivo de pimenta,
Pedra do Sol asteca, na qual encontra-se o calendário dessa amaranto, quinoa e milho. A partir do segundo milênio
civilização, com indicações astronômicas. são encontrados objetos de cerâmica no altiplano.

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Ruínas de Machu Picchu, um dos locais mais associados à cultura inca. A cidade foi um importante centro comercial e religioso durante o século XV e
atualmente é patrimônio mundial da Unesco.

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Provavelmente, o êxito da atividade agrícola pro- Os incas também realizavam sacrifícios humanos,
vocou crescimento demográfico, dando origem aos em especial de crianças ou mulheres jovens, como
HISTÓRIA 1

primeiros assentamentos urbanos. Alguns dos povoa- atestam pesquisas em sítios arqueológicos nas mon-
mentos chegaram a abrigar cerca de mil habitantes e tanhas chilenas.
eram dominados por centros cerimoniais, nos quais Quando da chegada dos espanhóis (século XVI),
apareceram os primeiros terraços e as construções o Império Inca passava por uma disputa pelo trono
piramidais (na área de Chavin de Huantar), o que acon- entre dois irmãos: o mais velho, Huáscar, e o outro,
teceu no primeiro milênio por volta de 900 a.C. Nessa Athaualpa. O conquistador espanhol Francisco Pizarro
época, era realizado o culto ao Jaguar (Puma). soube explorar esse conflito para empreender o do-
Os incas tinham como base de alimentação o cultivo mínio sobre o gigantesco império da América do Sul.
de batata e milho. A sociedade organizava-se de forma
hierárquica e o imperador era a figura máxima e consi-
derado descendente do deus Sol (Inti). Pode-se afirmar COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
a existência de um Estado teocrático nessa civilização. As civilizações asteca e inca acumularam metais pre-
Cuzco, capital inca, chegou a administrar uma po- ciosos sem conteúdo monetário e esse acúmulo pree-
pulação de aproximadamente 12 milhões de habitantes xistente foi intensamente explorado pelos espanhóis,
em um império que se estendeu, ao longo da costa que ocuparam o território americano rapidamente.
ocidental, do extremo sul do atual Chile até a área mais Além de extrair recursos minerais e alimentos, os
setentrional que corresponde atualmente ao Equador. espanhóis exploraram a mão de obra indígena por meio
da mita (trabalho remunerado na extração de metais
Expansão do Império Inca
preciosos) e da encomienda (trabalho obrigatório, es-
pecialmente em lavouras).
COLÔMBIA
Equador Cidades América espanhola

Quito Limites internacionais atuais
60° O
EQUADOR Pachacuti (1438-1463) VICE-REINO DA
Tupac Inca (1463-1471) NOVA ESPANHA
Tupac Inca (1471-1493) Trópico
de Câncer
BRASIL Huayana Capac (1493-1525)
CAPITANIA GERAL OCEANO
DE CUBA
Conquistas posteriores
ATLÂNTICO
Chan Chan CAPITANIA GERAL
DA GUATEMALA CAPITANIA GERAL
Chavin de
Huantar DA VENEZUELA
PERU
Pachacamac VICE-REINO DA
Cuzco Equador NOVA GRANADA
BOLÍVIA 0°
Nazca
Tiwanaku

OCEANO VICE-REINO AMÉRICA


OCEANO DO PERU PORTUGUESA
PACÍFICO PACÍFICO
CHILE
órnio VICE-REINO
Capric
co de
Trópi DO RIO DA
N rnio
ricó
Cap PRATA
NO NE

o de
O L pic
Tró
SO SE
ARGENTINA
S CAPITANIA GERAL
DO CHILE
Escala aproximada
1: 55 000 000
0 550 1 100 km

Cada cm = 550 km
N
NO NE Escala aproximada
1: 21 500 000
Representação da expansão do Império Inca e seus principais O L
0 215 430 km
governantes entre os séculos XV e XVI. SO SE
S Cada cm = 215 km
Base cartográfica: IBGE.
O mapa revela a constituição da aparelhagem administrativa colonial
diretamente subordinada à Coroa espanhola. Por meio dela, a
Apesar dessa sofisticação civilizacional, não hou- metrópole buscava preservar a exclusividade de exploração econômica
nos espaços americanos de povoamento espanhol.
ve entre os incas uma escrita. Ao menos é o que se MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo: Companhia
afirma até o momento. O que existia era uma espécie das Letras, 2007.

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de linguagem em nós de cordas, os quipus, utilizados
para a realização dos registros tributários do império. Vários autores têm destacado motivações que extrapo-
Havia também um complexo sistema religioso, laram o interesse comercial na expansão europeia do início
associado a observações astronômicas. Além de Inti dos tempos modernos. Sem dúvida, questões relativas

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(Sol), outras divindades populares eram Mama Cocha e ao pensamento religioso e, mais amplamente, ao imagi-
Viracocha, relacionadas, respectivamente, à agricultura/ nário europeu podem lançar luzes sobre o processo de
fertilidade e à criação do mundo. globalização inaugurado pelos Estados do Velho Mundo.

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A ideia do “paraíso terreal” perdido, a luta contra os

FRIEDRICH STARK/ALAMY STOCK PHOTO


chamados infiéis e o interesse de expansão da fé cristã

HISTÓRIA 1
são elementos fundamentais para a compreensão da
expansão europeia. Pode-se considerar, por exemplo,
que a ampliação dos Estados ibéricos teve forte caráter
de afirmação da fé cristã e de luta contra os conside-
rados infiéis.
O próprio Cristóvão Colombo tinha um desejo que
ia além da riqueza material. Aliás, ela era instrumento
para a realização da grande tarefa de reconquistar
Jerusalém dos infiéis. De acordo com o historiador
Marc Ferro:
Cristóvão Colombo não só espera enriquecer pes-
soalmente, junto com seus marinheiros, como quer
também que seus financiadores, os reis de Espa-
nha, enriqueçam, a fim de que possam compreen-
As fantasias do imaginário europeu encontraram na América um terreno
der a importância da empresa. Portanto, a riqueza fértil de disseminação. Histórias fantásticas, como a do Eldorado ou das
o interessa, acima de tudo, por significar reconhe- amazonas, foram algumas que se consolidaram no Novo Mundo.
cimento de seu papel de descobridor. Porém, essa

COLEÇÃO PARTICULAR
sede de dinheiro justifica-se mais ainda por uma
vocação religiosa que é nada menos do que a ex-
pansão do cristianismo. No seu diário, em data de
26 de dezembro de 1492, ele explica que espera en-
contrar ouro em tal quantidade que os reis possam
antes de três anos preparar e empreender ir con-
quistar a Santa Casa. A reconquista de Jerusalém,
foi esse um dos objetivos de Cristóvão Colombo,
obcecado pela ideia de Cruzada.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às
independências. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 23.

O historiador Edmundo O’Gorman defendeu a tese


de que a América não foi descoberta pelos europeus,
mas teria sido inventada, pois os conquistadores do
Figuras exóticas com cabeça ligada diretamente ao tronco foram construções
Velho Mundo projetavam sua imaginação sobre a terra europeias fantásticas a respeito dos habitantes do continente americano.
americana e seus habitantes, recriando o inferno ou o
paraíso terreal de acordo com as circunstâncias. Conforme a historiadora Janice Theodoro da Silva:
[...] os descobrimentos representavam uma grande
oportunidade para os povos ibéricos concretizarem
seus sonhos, construindo, reproduzindo e assimilan-
do na América todo o processo cultural de que eram
originários. O suporte econômico, embora tenha fa-
vorecido a realização dessa empresa, não explica os
diversos significados que assumiu a conquista.
SILVA, Janice Theodoro da. Descobrimentos e colonização. São Paulo:
Ática, 1989. p. 13.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

AMÉRICA ESPANHOLA

Maias:
Habitavam a Península de Yucatán, no México.

Organizados em cidades-Estados.

Desenvolveram a escrita hieroglífica, a matemática e a astronomia.

Astecas:
Com capital em Tenochtitlán, herdaram a cultura maia.

Constituíram um importante império, subjugando os demais povos da região.


América
pré-colombiana
Incas:
Habitavam os altiplanos dos Andes (Peru e Bolívia), com capital em Cuzco. Desenvolveram a agricultura de terra-

ços e a criação de lhamas.

Utilizavam ouro, prata, cobre e bronze.

Desenvolveram uma avançada engenharia para a construção de estradas e cidades de pedra.

Usavam o quipo como sistema de contagem.

Foco:
Extração de recursos minerais e vegetais, explorando mão de obra indígena.

Mita e encomienda.

Influência religiosa:
Colonização religiosa, expansão da fé cristã e luta contra os infiéis no contexto da Contrarreforma.

Colonização
espanhola Visão do Novo Mundo:
O imaginário europeu gerou visões fantásticas das terras conquistadas.

Dominação de sociedades complexas:

Material exclusivo para professores Rápida ocupação e dominação dos territórios dos impérios Inca e Asteca, já fragilizados por constantes conflitos

internos.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. PUC-RJ – Sobre a conquista espanhola da América nos 3. Cespe-DF
séculos XV e XVI, assinale a afirmativa correta: “Sem colonização não há uma boa conquista e, se a terra
a) Da conquista participaram soldados, clérigos, cronis- não é conquistada, as pessoas não serão convertidas. Por-
tas, marinheiros, artesãos e aventureiros, motivados tanto, o lema do conquistador deve ser colonizar”.
pelo desejo de encontrar riquezas como o ouro e a GÓMARA, Francisco López de. Historia general de las Indias.
prata e também de expandir a fé católica expulsando Madrid: 1852. p 181.
os muçulmanos da América.
b) O ano de 1492 foi crucial não só pela chegada de A apreciação acima, proferida por um eclesiástico do
Colombo à América, como também pela conclusão século XVI, expõe aspectos envolvidos no assentamen-
da unidade da monarquia espanhola levada adiante to e desenvolvimento do império espanhol na América.
pelos reis católicos com a conquista de Granada, Acerca desses aspectos, assinale a opção correta:
último reduto muçulmano na península. a) Na região andina, desde o primeiro momento, houve
c) Hernán Cortés conquistou facilmente o Império forte resistência ao avanço da conquista espanhola,
Asteca, na região do alto Peru, à época governado principalmente nas cidades de Potosí e La Plata.
por Montezuma, com quem se aliou para derrotar b) A área que atualmente pertence ao Chile foi a que
outros povos indígenas que resistiram à dominação menos resistência ofereceu à colonização espanhola,
espanhola. em virtude de sua baixa densidade demográfica e do
d) Desde o início da conquista, os indígenas contaram caráter tribal da população.
com a proteção da Igreja Católica, que os reconhecia c) A Mesoamérica, onde havia uma organização po-
como seres humanos que possuíam alma e, portan- lítico-administrativa pré-colombiana, é exemplo de
to, não deveriam ser subjugados. colonização de sucesso, uma vez que, nesse territó-
e) O Império Inca, no México, foi conquistado por Fran- rio, os espanhóis deram continuidade às estruturas
cisco Pizarro, que enfrentou uma longa resistência existentes.
dos exércitos indígenas, militarmente superiores e d) No Vice-Reino do Peru, os espanhóis permitiram que
profundos conhecedores do território em que viviam. o cargo de governador fosse exercido por membros
Estudar a colonização das Américas é reunir tudo o que foi visto nos das famílias da elite indígena, estratégia que perdu-
últimos módulos: a centralização do poder nas monarquias, o avanço rou até o fim da era colonial.
da burguesia e do mercantilismo, as Grandes Navegações e, final-
mente, o colonialismo. Todos esses elementos estão presentes na Ainda que não seja conhecida a estratégia de nomear governadores
alternativa correta. da elite indígena, pode-se responder à questão por eliminação das
alternativas incorretas: não houve resistência forte nos Andes; houve
resistência na área do Chile atual; e não houve continuidade das estru-
2. Fuvest-SP turas políticas na Mesoamérica.
“Quando Bernal Díaz avistou pela primeira vez a capital
asteca, ficou sem palavras. Anos mais tarde, as palavras
4. Uece-CE – No que diz respeito às civilizações pré-
viriam: ele escreveu um alentado relato de suas experiên- -colombianas que habitavam o continente americano
cias como membro da expedição espanhola liderada por antes da chegada de Cristóvão Colombo em 1492 e
Hernán Cortés rumo ao Império Asteca. Naquela tarde de suas respectivas localizações e desenvolvimento cul-
novembro de 1519, porém, quando Díaz e seus compa- tural, relacione as duas colunas abaixo, numerando a
nheiros de conquista emergiram do desfiladeiro e depara- coluna II de acordo com a coluna I:
ram-se pela primeira vez com o Vale do México lá embaixo,
Coluna I
viram um cenário que, anos depois, assim descreveram:
‘vislumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos 1. Astecas
o que dizer, nem se o que se nos apresentava diante dos 2. Incas
olhos era real’.” 3. Maias
RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janei-
4. Nazca
ro: Civilização Brasileira, 2006. p. 15-16. (Adaptado)

O texto mostra um aspecto importante da conquista Coluna II


da América pelos espanhóis, a saber: ( ) Peru – cerâmica policromada
a) a superioridade cultural dos nativos americanos em ( ) México – códices escritos em cortiça
relação aos europeus. ( ) Cordilheira dos Andes – cidade fortificada
b) o caráter amistoso do primeiro encontro e da posterior
( ) México, Guatemala, Belize – sistema de escrita
convivência entre conquistadores e conquistados.
c) a surpresa dos conquistadores diante de manifesta- A sequência correta, de cima para baixo, é:
ções culturais dos nativos americanos. a) 4, 1, 2, 3
d) o reconhecimento, pelos nativos, da importância dos b) 2, 3, 4, 1
contatos culturais e comerciais com os europeus. c) 1, 2, 3, 4
e) a rápida desaparição das culturas nativas da América

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d) 4, 3, 2, 1
espanhola.
Nesta questão, talvez a maior dúvida dos alunos seja entre astecas
A questão trabalha, principalmente, com interpretação de texto. As e maias. Pela região, ainda que não se conheça o aspecto de cultura
informações estão dadas, basta compreendê-las. O trecho-chave é o material, é possível relacionar o Peru com o povo nazca e, especifica-
final: “viram um cenário que, anos depois, assim descreveram: ‘vis- mente, a Cordilheira dos Andes com os incas.

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lumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos o que dizer, nem
se o que se nos apresentava diante dos olhos era real’.”

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5. Fuvest-SP C3-H15 6. Fuvest-SP


HISTÓRIA 1

“Podemos dar conta boa e certa que em quarenta anos, “As aldeias de índios estão forçadas a entregar certa quan-
pela tirania e ações diabólicas dos espanhóis, morreram tidade de seus membros aptos para realizar trabalhos [...],
injustamente mais de doze milhões de pessoas [...]”. durante um prazo determinado. Esses índios são compen-
Bartolomé de Las Casas (1474-1566). sados com certa quantidade de dinheiro e destinados aos
“A espada, a cruz e a fome iam dizimando a família selvagem.” mais variados tipos de serviços.”
Pablo Neruda (1904-1973). Esse trecho da obra de Sérgio Bagú, Economia da so-
As duas frases lidas colocam como causa da dizimação ciedade colonial, apresenta as condições de trabalho
das populações indígenas a ação violenta dos espanhóis compulsório:
durante a conquista da América. Pesquisas históricas re- a) dos diversos grupos indígenas das áreas colonizadas
centes apontam outra causa, além da já indicada, que foi: por espanhóis e portugueses.
a) a incapacidade das populações indígenas em se b) dos grupos indígenas das áreas espanholas subme-
adaptarem aos padrões culturais do colonizador. tidos à instituição da mita.
b) o conflito entre populações indígenas rivais, estimu- c) dos grupos indígenas das áreas portuguesas subme-
lado pelos colonizadores. tidas às regras da “guerra justa”.
c) a passividade completa das populações indígenas, d) dos grupos indígenas das áreas agrícolas de colo-
decorrente de suas crenças religiosas. nização espanhola submetidos ao regime de en-
d) a ausência de técnicas agrícolas por parte das popula- comienda.
ções indígenas, diante de novos problemas ambientais. e) dos grupos indígenas das áreas portuguesas e espa-
e) a série de doenças trazidas pelos espanhóis (varíola, nholas originários das “missões” dos jesuítas.
tifo e gripe), para as quais as populações indígenas Nesta questão, ao analisar a descrição do texto, que faz referência
a trabalhos forçados durante prazo determinado, compensado com
não possuíam anticorpos. A questão biológica é muito im- certa quantidade de dinheiro, os alunos poderão identificar que trata-
portante para entender a coloni-
zação das Américas. Ainda que os europeus estivessem em desvantagem, -se da mita.
por ter um oceano a ser atravessado, o que representava um desafio
logístico, tinham armas, cavalos e, principalmente, mesmo sem saber ao
certo, as doenças contra as quais os nativos não desenvolveram anticorpos.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das institui-
ções sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais. Habilidade: Avaliar criticamente conflitos
culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da História.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Cesgranrio-RJ – Na América colonial espanhola, no 9. UFMG-MG – Leia estes trechos, em que se trata das re-
século XVI, as populações nativas foram utilizadas em lações de trabalho nas colônias espanholas da América:
diversas relações de trabalho. Dentre essas, uma das
mais rentáveis para a Coroa foi a que permitia aos es- I. “As aldeias eram distribuídas entre os conquistado-
panhóis cobrarem tributos dos nativos em gêneros ou res, que passavam a explorar-lhes o sobretrabalho sem,
prestações de trabalhos nos campos. Essa forma de contudo, escravizar os índios. [...] podiam exigir tribu-
trabalho era denominada: tos em gêneros [...] ou prestações de trabalho [...] Os
a) mita. c) cabildos. e) ayuntamientos. colonizadores deveriam, em contrapartida, defender
as aldeias e evangelizar os índios.”
b) obrajes. d) encomienda.
8. Fatec-SP II. “Cada comunidade deveria fornecer, periodicamente,
“Em trezentos anos, a rica montanha de Potosí queimou [...] uma quantidade de trabalhadores para as atividades
oito milhões de vidas. Os índios eram arrancados das comu- coloniais [principalmente nas minas]. [...] Pelo trabalho
nidades agrícolas e empurrados, junto com suas mulheres e [...], os índios deveriam receber um salário, parte do
seus filhos, rumo às minas. De cada dez que iam aos altos pá- qual obrigatoriamente em moeda (ou metal), a fim de
ramos gelados, sete nunca regressavam. Luís Capoche, dono que pudessem pagar o tributo régio.”
de minas e de engenhos, escreveu que os caminhos estavam
III. “Na hacienda praticou-se, largamente, o sistema de
tão cobertos que parecia que se mudava o reino. Nas comuni-
endividamento de trabalhadores, a fim de retê-los na
dades, os indígenas viram voltar muitas mulheres aflitas, sem
propriedade. [...] o trabalhador recebia como salário
maridos; e muitos órfãos, sem seus pais, sabiam que na mina
um crédito na tienda de raya (onde retirava alimentos,
esperavam mil mortes e desastres. Os espanhóis percorriam
roupas etc.), além de um lote mínimo de subsistência.”
centenas de quilômetros em busca de mão de obra. Muitos
dos índios morriam pelo caminho, antes de chegar a Potosí VAINFAS, Ronaldo. Economia e sociedade na América espanhola. Rio
[...]. A conquista rompeu as bases daquelas civilizações. Pio- de Janeiro: Graal, 1984. p. 61-64.
res consequências do que o sangue e o fogo da guerra teve a
implantação de uma economia mineira.” Considerando-se as formas de exploração do trabalho
indígena neles descritas, os trechos I, II e III referem-se,

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GALEANO, E. As veias abertas da América Latina.
respectivamente, a:
De acordo com o texto, a forma de trabalho compulsório
a) peonaje, ejidos e plantation.
imposta aos indígenas era:
b) ayllu, plantation e obrajes.
a) mita. d) sesmarias.

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b) encomienda. e) capitação. c) encomienda, mita e peonaje.
c) corveia. d) obrajes, ayllu e ejidos.

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10. PUC-RJ – A conquista e a colonização europeias na Estão corretas apenas as afirmações:

HISTÓRIA 1
América, entre os séculos XVI e XVIII, condicionaram a) I, II e III.
a formação de sociedades coloniais diversas e parti-
culares. Sobre tais sociedades, podemos afirmar que: b) II, III e IV.
I. Nas áreas de colonização espanhola, explorou-se, c) I, III e IV.
exclusivamente, a força de trabalho das populações d) I e II.
ameríndias, sob a forma de relações servis, como a e) III e IV.
mita e a encomienda.
II. Nas áreas de colonização portuguesa, particularmen- 12. UFMG-MG – No final do século XV e início do XVI,
te nas regiões destinadas ao fabrico do açúcar, foi quando os europeus conquistaram o continente
empregada, em larga escala, a mão de obra escrava americano, este era habitado por inúmeros grupos
de negros africanos e/ou de indígenas locais. étnicos, com diferentes formas de organização eco-
III. Ao norte do litoral atlântico norte-americano, área de nômica e político-social.
colonização inglesa, houve o estabelecimento de pe-
quenas e médias propriedades, nas quais se utilizou Considerando-se o Império Inca, é incorreto afirmar que:
tanto o trabalho livre quanto a servidão por contrato. a) a agricultura, base da sua economia, era praticada nas
IV. Na região do Caribe, em áreas de colonização inglesa montanhas andinas, por meio de um sofisticado siste-
e francesa, assistiu-se à implantação da grande la- ma de produção, que incluía a irrigação e a adubação.
voura, voltada para a exportação e assentada no uso b) o Estado era centralizado, com o poder político con-
predominante da mão de obra de escravos africanos. centrado nas mãos do Inca, o imperador, e sua so-
Assinale a alternativa correta: ciedade era rigidamente hierarquizada.
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. c) seu domínio se estendia ao longo da Cordilheira
dos Andes, ocupando parte dos atuais territórios da
b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e noroeste
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. da Argentina.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. d) um deus criador e protetor da vida e da natureza era
e) Todas as afirmativas estão corretas. cultuado segundo uma doutrina monoteísta e, para
ele, foram construídos diversos templos.
11. Fuvest-SP – A imagem representa a morte de Atahual-
pa, o último imperador inca, em 1533, após a conquista 13. Unesp-SP
espanhola comandada por Francisco Pizarro. “A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América,
espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu
MUSEU DE ARTE DE LIMA, PERU

um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do


continente americano: caos e esbanjamento, incompe-
tência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias.
A experiência serviu pelo menos de lição à Coroa espa-
nhola, que tentou praticar no resto de suas possessões
americanas uma política mais racional de dominação e
de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja
poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim
como a instalação de uma rede administrativa densa e o
envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição
da catástrofe antilhana.”
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século (1480-1520): as origens da
Luis Montero. Os funerais do inca Atahualpa. Óleo sobre tela, 1865-1867. globalização, 1999. (Adaptado)

Analise as quatro afirmações seguintes, a respeito da “A instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e
empresa e da conquista colonial espanhola no Peru e próxima dos autóctones” contribuiu para a dominação
da representação presente na imagem. espanhola e portuguesa da América, uma vez que os
I. A conquista foi favorecida pelo conflito interno entre religiosos:
os dois irmãos incas, Atahualpa e Huáscar, aproveitado a) mediaram os conflitos entre grupos indígenas rivais
pelas forças espanholas lideradas por Francisco Pizarro. e asseguraram o estabelecimento de relações amis-
II. A produção agrícola das plantations escravistas tosas destes com os colonizadores.
constituiu-se na base econômica do Vice-Reinado b) aceitaram a imposição de tributos às comunidades
do Peru, controlado pelos espanhóis. indígenas, mas impediram a utilização de nativos na
III. Do lado esquerdo da pintura, há uma movimentação agricultura e na mineração.
conflituosa, na qual as mulheres incas são contidas
c) toleraram as religiosidades dos povos nativos e as-
por guardas espanhóis, contrastando com a expres-
sim conseguiram convencê-los a colaborar com o
são ordenada e solene do lado direito, composto

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avanço da colonização.
por religiosos e autoridades espanholas em torno
do corpo do imperador inca. d) rejeitaram os regimes de trabalho compulsório, mas
IV. A pintura revela o resgate de elementos históricos – estimularam o emprego de mão de obra indígena
importante para a construção do ideário nacionalista em obras públicas.

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no século XIX, no processo pós-independência e de e) desenvolveram missões de cristianização dos nativos
formação do Estado nacional peruano –, mas retrata os e facilitaram o emprego de mão de obra indígena na
personagens indígenas com trajes e feições europeus. empresa colonial.

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14. Fuvest-SP – Uma observação comparada dos regimes Eu


HISTÓRIA 1

de trabalho adotados nas Américas de colonização ibé- que não me sei


rica permite afirmar corretamente que, entre os séculos não me venho
XVI e XVIII: por ser
a) a servidão foi dominante em todo o mundo portu- busco apenas ser somenos
guês, enquanto no espanhol a mão de obra principal no viver,
foi assalariada. nada mais que isso!”
b) a liberdade foi conseguida plenamente pelas popu- VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia:
lações indígenas da América espanhola e da Amé- Poligráfica, 2010. p. 164, 544 e 552.
rica portuguesa, enquanto a dos escravos africanos
jamais o foi. Os versos do texto tratam da destruição da fauna e da
c) a escravidão de origem africana, embora presente flora em uma queimada e de tambores. Esse cenário
em várias regiões da América espanhola, esteve mais nos lembra a situação da América antes da conquista
generalizada na América portuguesa. dos europeus. O continente era habitado por cerca de
d) não houve escravidão africana nos territórios espa- 50 milhões de pessoas, que possuíam diversos níveis
nhóis, pois estes dispunham de farta oferta de mão culturais. Assinale a alternativa que indica corretamen-
de obra indígena. te tal diversidade entre os povos ameríndios e suas
respectivas regiões:
e) o Brasil forneceu escravos africanos aos territórios
espanhóis, que, em contrapartida, traficavam escra- a) Os tupiniquins, que povoavam o interior brasileiro,
vos indígenas para o Brasil e os povos moicanos, que povoavam o litoral norte-
-americano, ficaram famosos por sua crueldade nas
15. PUC-GO guerras, mas os primeiros nunca estabeleceram um
Queimada império, enquanto os últimos conseguiram edificar
cidades suntuosas com seus parcos recursos.
“À fúria da rubra língua b) Enquanto os maias possuíam enormes cidades no
do fogo atual território norte-americano, os povos quéchua,
na queimada do atual Brasil, eram caracterizados por sua habili-
envolve e lambe dade comercial. Eles abriram caminhos tão perfeitos
nas florestas que, posteriormente, vieram a ser utili-
o campinzal
zados nas construções de estradas atuais.
estiolado em focos
e nos c) Os povos incas, que habitavam a atual região da
Argentina, foram hábeis guerreiros e conseguiram
sinal.
expandir seu império até as terras da Venezuela. Con-
tudo, no conflito com os guaranis, que habitavam o
É um correr desesperado sul do Brasil, foram facilmente derrotados.
de animais silvestres d) Os povos astecas, que habitavam o atual território
o que vai, ali, pelo mundo mexicano, e os povos tupinambás, do litoral brasilei-
incendiado e fundo, ro, possuíam uma organização social bem distinta,
mas mantiveram a prática comum de sacrifícios hu-
talvez,
manos em rituais.
como o canto da araponga
nos vãos da brisa!” 16. UFSM-RS
“Os guerreiros constituíam um dos grupos mais impor-
Tambores na tempestade tantes na civilização asteca. No início, eram escolhidos en-
“[...] tre os indivíduos mais corajosos e valentes do povo. Com
o tempo, entretanto, a função de guerreiro começou a ser
E os tambores passada de pai para filho, e apenas algumas famílias, pri-
e os tambores vilegiadas, mantiveram o direito de ter guerreiros entre os
e os tambores seus membros.”
soando na tempestade, KARNAL, Leandro. A conquista do México. São Paulo: FTD, 1996. p. 13.
ao efêmero de sua eterna idade.
O texto faz referência à sociedade asteca, no século
XV, a qual era:
[...]
a) guerreira e sacerdotal, formada de uma elite política
Onde? que governava com tirania a massa de trabalhadores
Eu vos contemplo escravos negros.
à inércia do que me leva b) igualitária e guerreira, não conhecendo outra autori-
ao movimento dade senão a sacerdotal, que também era guerreira.
de naufragar-me c) comunal, com estruturas complexas, sendo dirigida

Material exclusivo para professores


eternamente por um Estado que contava com um aparelho admi-
na secura de suas águas nistrativo, judiciário e militar.
mais à frente! d) hierarquizada e guerreira, visto que o imperador era,
ao mesmo tempo, o general do exército asteca e o

conveniados ao Sistema de Ensino


Ó tambores, sumo pontífice sacerdotal.
ruflai, e) igualitária, guerreira e sacerdotal: todo guerreiro era
sacudi suas dores! um sacerdote e todo sacerdote era um guerreiro.

Dom Bosco
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17. Unesp-SP b) às condições de crise econômica das populações nati-

HISTÓRIA 1
“A conquista sanguinária da América espanhola é do- vas dominadas pelo império dos astecas e dos incas.
minada por [uma] paixão frenética. Rio da Prata, Rio do c) à ação da burguesia espanhola, que agiu isoladamen-
Ouro, Castela do Ouro, Costa Rica, assim se batizavam as te, dado o desinteresse do governo espanhol pelos
terras que os conquistadores desvendavam ao mundo [...]”
territórios americanos.
PRADO, Paulo. Retrato do Brasil, 1928.
d) ao acordo entre banqueiros e sábios europeus para
A “paixão frenética” da conquista da América a que se
ampliar o conhecimento científico e facilitar a explo-
refere o autor está relacionada:
ração econômica da região.
a) à irracionalidade da expansão comercial e marítima
europeia, realizada sem conhecimentos tecnológicos e) ao esforço de solucionar a crise da economia eu-
adequados. ropeia motivada pela escassez do meio circulante.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H13 com vários deuses, e a base da economia era a agri-
O canto triste dos conquistados: os últimos dias de cultura, principalmente o cultivo da batata e do milho.
Tenochtitlán
A principal característica da sociedade inca era a:
“Nos caminhos jazem dardos quebrados: a) ditadura teocrática, que igualava a todos.
os cabelos estão espalhados. b) existência da igualdade social e da coletivização da terra.
Destelhadas estão as casas, c) estrutura social desigual compensada pela coletivi-
Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém zação de todos os bens.
as tivesse tingido, d) existência de mobilidade social, o que levou à com-
posição da elite pelo mérito.
Nos escudos esteve nosso resguardo,
e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a
mas os escudos não detêm a desolação...” existência de uma aristocracia hereditária.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo:
Contexto, 2007. (Fragmento) 20. Enem C2-H8
“Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemu-
O texto é um registro asteca, cujo sentido está rela-
nhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores
cionado ao (à):
indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispa-
a) tragédia causada pela destruição da cultura desse niola em quatro anos, e que as terras da região não podem
povo. ser mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem
b) tentativa frustrada de resistência a um poder consi- podem mandar extrair à vontade.”
derado superior. Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud
c) extermínio das populações indígenas pelo exército AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos
espanhol. anos depois. São Paulo: Atual, 1991. (Adaptado)
d) dissolução da memória sobre os feitos de seus an- O documento permite identificar um interesse econô-
tepassados. mico espanhol na colonização da América a partir do
e) profetização das consequências da colonização da século XV. A implicação desse interesse na ocupação
América. do espaço americano está indicada na:
a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.
19. Enem C1-H1
b) promoção das guerras justas para conquistar o território.
O Império Inca, que corresponde principalmente aos
territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enor- c) imposição da catequese para explorar o trabalho
me contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, africano.
era o centro administrativo, com uma sociedade for- d) opção pela policultura para garantir o povoamento
temente estratificada e composta por imperadores, ibérico.
nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, e) fundação de cidades para controlar a circulação de
camponeses, escravos e soldados. A religião contava riquezas.

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25
ÁFRICA E ÁSIA ANTES E
HISTÓRIA 1

DEPOIS DA EXPANSÃO
EUROPEIA

O MUNDO FORA DA EUROPA


• O mundo fora da Europa

REALITY IMAGES/SHUTTERSTOCK
• África antes da expansão
europeia
• Reinos africanos
• Ásia antes da expansão
europeia
• Civilização chinesa
• Civilização indiana
• Colonialismo e
neocolonialismo

HABILIDADES
• Analisar a produção da
memória pelas sociedades
humanas.
• Interpretar diferentes
representações gráficas e
cartográficas dos espaços Templo Brihadisvara, em Tamil Nadu, na Índia, considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.
geográficos.
• Reconhecer a dinâmica A Europa foi, durante muito tempo, o lugar onde estavam concentradas as
da organização dos maiores potências do planeta. Ainda hoje, tem papel central nos rumos inter-
movimentos sociais e a nacionais da política e da economia.
importância da participação Porém, essa potência demorou muito

JORDI CAMÍ/ALAMY STOCK PHOTO


da coletividade na tempo para ser construída. Enquanto
transformação da realidade não havia por lá qualquer sociedade
histórico-geográfica. complexa consolidada, na África e na
Ásia algumas das maiores civilizações
da história da humanidade se desen-
volviam com vigor. Mali, Congo, Egito,
Índia e China são alguns exemplos.
Mas não é só isso.
Também havia sociedades simples
que devem ser lembradas e valoriza-
das. Sociedades tribais, nômades ou
seminômades, cujas tradições e cul-
tura marcaram para sempre a história
da África e da Ásia.

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À medida que os povos da Europa
constituíam grandes civilizações, os
primeiros contatos começaram, mas
a maior mudança ocorreu depois das

conveniados ao Sistema de Ensino


Grandes Navegações. Os impactos do
imperialismo europeu na África e na Mesquisa Sankoré, em Timbuktu, no Mali, país localizado
Ásia são sentidos até hoje. na África.

Dom Bosco
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ÁFRICA ANTES DA Embora povos que habitassem a África Subsaariana


apresentassem enorme diversidade de línguas, costu-

HISTÓRIA 1
EXPANSÃO EUROPEIA mes e formas de organização, é possível apontar al-
gumas características gerais desses habitantes, como
O continente africano é considerado o berço da
estrutura familiar, religiosidade, forma de comunicação
humanidade. Diversas pesquisas evidenciam que o
e, em algumas, organização política.
processo de hominização foi iniciado na África até se
No caso da estrutura familiar, solidariedade e laços de
chegar ao Homo sapiens. Uma diáspora ocorreu há
parentesco eram mantidos por meio do culto a ances-
cerca de 50 mil anos e definiu o povoamento de outros
trais comuns. Além disso, os homens garantiam status
espaços do globo terrestre e, entre eles, o do conti-
ao cuidar de várias mulheres. Sendo assim, a poligamia
nente europeu.
foi um traço característico de vários grupos africanos.
Foi no intervalo de tempo da diáspora até cerca
de 12 mil anos que as mudanças na cor da pele e em

BLICK WINKEL/ALAMY STOCK PHOTO


outras feições ocorreram, definindo um tipo humano
europeu característico, diferente daquele encontrado
nos grupos que permaneceram na África.
Tratar desses grupos humanos africanos é consi-
derar também diferenças que chegam aos dias atuais.
Nesse sentido, é muito difícil discorrer sobre a África
de forma homogênea, tanto do ponto de vista huma-
no como do físico. Essas distinções foram atuantes e
decisivas em boa parte da história do continente antes
de existir uma influência europeia.

África

Crianças de origem bantu na Namíbia.
M a r

V2_HIS1_MOD25 d i t e rDB_PV_V2_HIS1_
M

Isso não significa que as mulheres eram submissas,


e

r â n e o
M25_M001 Mapa da África an-
tes da Expansão Europeia. Atualizar trata- pois participavam de várias atividades no seio familiar,
mento visual do mapa disponível na página podiam se separar do marido e envolviam-se na escolha
Trópico de Câncer 51 de DB_PV_V2_HIS1, edição 2014.
Ma

[Arte: favor compor o título na gravata con- de outras mulheres para o esposo. Muitas tornavam-se
rV
erm

forme <título_mapa>:]
elh

conselheiras em assuntos religiosos e tribais.


o

No que se refere à religiosidade, encontra-se o poli-


teísmo como marca característica, principalmente nos
grupos ao sul do Saara. Ao norte, em razão da expansão
Equador
0° islâmica medieval, houve assimilação do monoteísmo.
OCEANO A religião é um forte elo comunitário que constitui li-
ÍNDICO deranças, definindo alianças e inimizades.
OCEANO
ATLÂNTICO Tradições tribais são transmitidas pela oralidade,
sendo esta uma das características mais marcantes da
Meridiano de Greenwich

Trópico de Capricórnio
cultura africana anterior à presença europeia. Contado-
res de histórias são reverenciados, pois transmitem,
por meio da narrativa dos acontecimentos do grupo, os
valores da coletividade, imprimindo elementos consti-
tuintes da identidade tribal.
Norte da Escala aproximada
Outro aspecto relevante que aproxima comunidades
N
NO NE
África 1: 112 500 000

Norte
O L 0 1125 2 250 km africanas concerne à organização política. Sociedades
subsaariana SO SE
S Cada cm = 1125 km
definiam-se por relações de parentesco e juramentos
Ao norte do Saara, situa-se a África Setentrional. Na Antiguidade, de fidelidade ao chefe de família. Estes se associavam
destacaram-se nessa região duas grandes civilizações: o Antigo por outras ligações de parentesco até a formação da
Egito e Cartago. Atualmente, o norte da África é uma região marcada
aldeia ou tribo. Como consequência, todos os chefes
pela diversidade cultural, com grande influência do islamismo.
Ao sul, existem diferentes etnias, culturas e línguas. Essa área é de famílias estavam vinculados, como uma espécie

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genericamente chamada de África Subsaariana. de clã, a um senhor considerado representante dos
Base cartográfica: IBGE. ancestrais, o chefe da tribo.
Além da existência de tribos e confederações tri-
Contudo, não há unidade cultural entre todos os bais, houve o desenvolvimento de alguns reinos im-

conveniados ao Sistema de Ensino


povos dessa imensa área. Os bantos, da região cen- portantes ao longo da história do continente africano
tral, por exemplo, têm modo de vida e língua muito no período anterior à intensificação dos contatos dos
diferentes dos khoisan, que vivem ao sul. europeus, verificada a partir da época moderna.

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REINOS AFRICANOS Uma dessas províncias era Songai, que em 1464 to-
De modo geral, os reinos africanos não coexistiram e mou várias cidades de Mali. Aos poucos, esse império
HISTÓRIA 1

alguns já estavam em decadência quando os europeus tornou-se o mais organizado da África Ocidental, com
começaram a conquistar a costa africana no século XV. uma eficiente rede de comunicação e utilização de es-
O Reino de Gana desenvolveu-se a sudoeste do cravos na agricultura, transformando em capital a cidade
Deserto do Saara em razão da proximidade com rotas de Tombuctu. Como na Antiguidade europeia, povos der-
de comércio transaariano. Aos poucos, dominou outras rotados nas guerras eram escravizados. Não era comum,
aldeias e tornou-se um império conhecido pela abun- porém, a existência de reinos escravistas. De modo geral,
dância de ouro. Os monarcas ganenses também eram a escravidão na África Antiga existia em pequena escala.
chefes militares e vistos como divinos pela população. As disputas tornaram-se acirradas entre os grupos que
O reinado teve grande destaque entre 500 e 1000 d.C., disputavam o comércio das áreas controladas por Songai
mas foi incorporado pelo Império Mali por volta de 1230. e, em 1591, o império foi destruído pelos marroquinos,
que buscavam controlar rotas de comércio transaarianas.
JOAN POLLOCK/ALAMY STOCK PHOTO

Na região sul da atual Nigéria (África Ocidental),


viveram povos como iorubás e edos. O reino edo mais
importante foi Benin, no qual se praticavam agricultura
e comércio. Os governantes (obás) eram considerados
divinos e seu apogeu foi entre os séculos XIV e XV,
quando passou a participar do comércio de escravos.
Os iorubás viveram em várias cidades independen-
tes (cidades-Estado). A mais importante delas foi Ifé,
Mercado ao lado de uma mesquita em Djenné, no Mali, na África. que também era o centro religioso da região. Seus
deuses eram chamados orixás e muitos escravos en-
Após conquistar o Reino de Gana, o Império Mali
viados ao Brasil faziam parte desse reino.
continuou ampliando seus domínios e favoreceu-se das
O Reino do Congo existiu na chamada África atlântica
minas de ouro e da cobrança de impostos das caravanas
central, na bacia do Rio Congo. Era uma sociedade bas-
do deserto. Existiam três rotas comerciais importantes:
tante hierarquizada, havia domínio autoritário das aldeias
a ocidental, que envolvia a região do Marrocos e da Argé-
vizinhas e praticava-se a escravidão em pequena escala.
lia; a central, estabelecendo contato com Túnis via Ghat;
Quando os europeus chegaram ao Reino do Congo, a
e a transcontinental, que passava por Egito, Fezzan, Ghat
capital, Banza Congo, era do tamanho das principais cida-
e Agades. A capital era a populosa NianI. Além dessa
des europeias da época e ficava na confluência de rotas
cidade, outras faziam parte de Mali, como Tombuctu (ou
comerciais. Desde o início, governantes desse reinado
Timbuktu), onde havia uma das maiores universidades
do mundo, com aproximadamente 25 mil estudiosos, a estabeleceram muitas relações comerciais com os portu-
Universidade Sankore, um importante centro islâmico gueses, fornecendo-lhes escravos, os quais foram manda-
do período. Nos séculos seguintes, o império não con- dos ao Brasil. No entanto, os próprios congoleses, alguns
seguiu manter o domínio das vastas áreas conquistadas séculos depois, acabaram dominados pelos europeus.
e sofreu com as rebeliões das províncias. Na costa oriental da África, floresceu um intenso
comércio de ouro e marfim, produtos que eram trocados
Rotas do Império Mali com comerciantes chineses, árabes e indianos, os quais

OCEANO Algers vinham pelo mar. Essa atividade impulsionou a criação


Tcemcen Tunis
ATLÂNTICO Fez de várias cidades-Estado e dos reinos de Zimbábue,
Marrakech Tripoli no interior do continente, e Monomotapa. Por volta de
Silimasa Ghadames
1400, foram construídas na região do Rio Zambeze im-
Tindouf
Uat pressionantes edificações de pedra, conhecidas como
Murzuk
zimbábues, com paredes de até 5 metros de altura e uni-
Trópico de Câncer
Ghat das por sobreposição de pedras, as quais provavelmente
Targhaza Hoggar eram utilizadas como centros religiosos e palácios.
Taouden
Awdaghast Tadmekka Dilma
Walata
Agadez

ÁSIA ANTES DA EXPANSÃO


Bao
Timbuksu
Greenwich

Kano Kanem

EUROPEIA
Djenne

Material exclusivo para professores


Gold

Limites internacionais
N Escala aproximada A história da região, que compreende a Índia e a
NO NE

atuais O L 0
1: 56 000 000
560 1 120 km
China, tem sua origem na Antiguidade. O desenvol-
Rotas vimento de atividades agrícolas nessa área do globo

conveniados ao Sistema de Ensino


SO SE
S Cada cm = 560 km

Rotas de ocupação que definiram o comércio no Império Mali rumo ao foi posterior ao do chamado Crescente Fértil, porém,
norte do continente. assim que aconteceu, fundamentou duas civilizações
Base cartográfica: IBGE.
sofisticadas: a chinesa e a indiana.

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CIVILIZAÇÃO CHINESA A organização estatal foi importante para o desen-


volvimento subsequente da agricultura e da indústria.

HISTÓRIA 1
PAUL SPRINGETT/ALAMY STOCK PHOTO

Os progressos foram impressionantes ainda antes da


era cristã no Ocidente. Os chineses entraram na era
dos metais e fabricaram vários instrumentos agrícolas
e armamentos, os quais sustentaram uma população
crescente. Para se ter uma ideia desse aumento, basta
observar um povo com cerca de 20 milhões de pessoas
no século IV a.C., que alcançou a marca de 60 milhões
no século I a.C.
Nesse período, os chineses desenvolveram o papel,
algo que só seria conhecido no Ocidente no fim da Ida-
de Média. Além disso, utilizaram o cavalo como força
motriz do arado por meio de um sistema de arreio em
Rio Amarelo, na China.
colar, o qual só foi conhecido no continente europeu
Por volta de 2700 a.C., os chineses iniciaram a no século XVIII.
produção agrícola de arroz e soja às margens do Rio O arado também tinha várias lâminas acopladas em
Amarelo, nas encostas dos vales, locais que facilitavam funis, que jogavam sementes nos sulcos abertos na
a retenção de água das chuvas e a irrigação do solo. terra, algo impressionante para os padrões tecnológi-
Entretanto, foi somente por volta do primeiro milênio cos agrícolas do Ocidente na mesma época.
que eles realizaram grandes obras, erigindo diques e Na dinastia Qin (Tchin) foi ordenada a construção
barragens e criando grandes sistemas de drenagem da Grande Muralha como forma de defesa contra
que permitiram a ampliação de espaços cultiváveis e investidas de grupos guerreiros das estepes que
da produção. ameaçavam o império. Aproveitaram o gás natural,
Aos poucos, grupos humanos constituídos em clãs utilizando-o como combustível para a evaporação da
foram se aproximando e as primeiras experiências es- água e a obtenção do sal, e edificaram poços para a
tatais aconteceram. Por volta do século V a.C., a região extração de água salobra. Isso demonstra a sofisticação
que corresponde à maior parte da China estava dividi- civilizacional chinesa.
da em dezessete pequenos estados. As disputas por
EFIRED/SHUTTERSTOCK

terras eram intensas, elemento que, provavelmente,


fundamentou a diferenciação social entre camponeses
e guerreiros na organização social.
Foi durante esse período que as ideias de Kung Fu
Tzu (Confúcio) se disseminaram e constituíram a base
da cultura chinesa. O termo “china” só passou a ser
utilizado mais tarde, quando o estado mais a oeste, Qin
(lê-se Tchin), em 318 a.C., iniciou a campanha vitoriosa
sobre outras organizações políticas, unificando o poder
na região.
Os ensinamentos de Confúcio falavam do respei-
to aos idosos, às tradições, ao governo adequado, à
ordem social e da preocupação com o estudo nos as-
suntos coletivos.
Eles foram utilizados para a formação de uma eli-
te estatal dos mandarins. Estes eram educados para
servir ao imperador, coletar impostos e cuidar da or-
dem pública nas províncias. Suas origens não eram
populares, mas aristocráticas, o que correspondia a
uma exploração dos camponeses e dos trabalhadores.
Nesse sentido, foi difundido um pensamento con-
Escavação próxima a Xiangyang, antiga capital de Qin, onde foram
servador, assentado em Confúcio, mas reforçado pelo
encontrados milhares de soldados de barro, que deveriam defender

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filósofo Mêncio (Meng-Tsu), que teria afirmado: o túmulo de Shi Huang Di. São mais de 7 mil estátuas elaboradas em
tamanho natural.
Os que trabalham com o cérebro governam os de-
mais; os que trabalham com o corpo são governados Os chineses foram governados por várias dinastias

conveniados ao Sistema de Ensino


por eles [...] Os que são governados sustentam os ao longo dos séculos, mas seus fundamentos esti-
outros; os que governam são sustentados pelo resto. veram associados às dinastias Qin e Han. Até hoje o
AYDON, Cyril. A história do homem. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 114. grupo étnico majoritário na China é o Han.

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MUSEU DO PALÁCIO, PEQUIM, CHINA


HISTÓRIA 1

Ilustração representando a dinastia Han.

A aristocracia vivia em grandes cidades e em meio A origem do hinduísmo associa-se à concepção


ao luxo, ostentando poder. Nesse contexto, ocorreram religiosa dos ários, que acreditavam na existência do
agitações políticas a algumas dinastias foram substi- deus Indra, inspirador de suas conquistas. De acordo
tuídas, preservando-se, porém, o Estado como marca como essa ideologia, a comunidade humana estava
característica do poder chinês. dividida em quatro castas que saíram do deus: brâ-
Aos povos, foram estabelecidas rotas comerciais manes, os sacerdotes; kshatriyas, a casta guerreira;
que ligavam a China a terras situadas no Ocidente. O vaishyas, constituída por agricultores e comerciantes;
budismo, originário da Índia, foi absorvido, transfor- e shudras, o grupo mais inferior, formado por arte-
mando-se em um novo elemento religioso. sãos e escravos. Ainda existiriam as castas que não
No período medieval, a expansão islâmica rumo ao tinham surgido do deus, sendo considerados párias.
Oriente estabeleceu contatos em princípio belicosos, Brâmanes e kshatriyas conduziam a vida política na
que deram origem a um importante intercâmbio, em cultura védica hindu.
que a porcelana e a seda eram produtos valiosos da A constituição de um império na região coube ao
produção chinesa. grupo dos máurias, que organizaram uma dinastia en-
tre os séculos V e II a.C. Nessa época, foi ganhando
CIVILIZAÇÃO INDIANA terreno uma nova religião, o budismo, que teve suas
A ocupação e o desenvolvimento humano no Sub- bases assentadas no pensamento de Sidharta Gauta-
continente Indiano tiveram suas origens há cerca de ma, que significa “Iluminado” e também é conhecido
6 mil anos. Os primeiros assentamentos datam de como Buda.
4000 a.C., na região do vale do Rio Indo. Contudo, foi
somente após a investida de povos do Cáucaso, no Subcontinente Indiano
norte da Índia, que uma civilização complexa adquiriu
feição. Os invasores eram povos arianos, que forjaram a
cultura védica por volta de 1500 a.C. na região. Ocupa-
ram primeiro o vale do Rio Ganges e, posteriormente, Harappa
dominaram toda a região central da Índia. Mehrgarh
TRAVEL STOCK/SHUTTERSTOCK

Mohenjo-Daro

Lothal
Mar Arábico
Golfo de
V2_HIS1_MOD25 DB_PV_V2_HIS1_
Bengala
M25_F008 Indianos no Rio
Ganges. Referência colada no original e
disponível em: < https://www.alamy.com/
search.html?qt=A64W1T&imgt=0 >. 15° N

OCEANO
ÍNDICO

75° N

N
Escala aproximada
Limites internacionais

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NO NE
1: 40 000 000
Sagrado para os hindus, o Rio Ganges ainda exerce enorme influência na atuais O L
0 400 800 km
religião e nos costumes indianos. Império Gupta SO
S
SE
Cada cm = 400 km

Os arianos praticavam o cultivo do arroz, desen- Representação de um dos primeiros espaços do Subcontinente Indiano

conveniados ao Sistema de Ensino


volveram conhecimentos sobre o ferro, criaram uma a ser ocupado e desenvolvido, tendo como base a produção agrícola.
Império Guita, IV a V a.C.
sociedade rígida e estratificada por meio de uma con-
Base cartográfica: IBGE.
cepção religiosa e difundiram o sânscrito.

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A filosofia budista era baseada na superação do Com as Grandes Navegações, as feitorias erguidas por
sofrimento humano por meio das virtudes do pensa- toda a costa africana e em diversos pontos da Ásia

HISTÓRIA 1
mento e das ações e alimentou a ideia da necessidade alteraram a lógica de produção desses povos.
de reencarnações como forma de atingir o nirvana, O tráfico negreiro intensificou certas práticas de es-
estado livre do sofrimento. cravização que aconteciam entre alguns povos africanos.
O imperador Asoka, da dinastia dos Máurias, adotou Incentivando-a, transformou pessoas em produtos em
o budismo, fazendo-o espalhar-se por várias áreas mais uma escala gigantesca e deixou marcas no continente
ao Oriente. Mas isso não significou uma intolerância africano que duram até hoje. Na Ásia, as Grandes Nave-
em relação a outras religiões. Havia uma diversidade gações abriram espaço para uma influência europeia que
religiosa que convivia com o budismo na Índia. se deu, primeiro, na economia e, depois, chegaria acom-
No que diz respeito à vida econômica, além da panhada de grandes armadas marítimas e exércitos.
agricultura do arroz, os hindus cultivaram trigo, ceva- O agigantamento do capitalismo fez surgir o exce-
da e algodão. Na pecuária, domesticaram gado zebu, dente de capitais, que exigia melhores condições de
búfalos, ovelhas, cabras, porcos e elefantes. Estes úl- lucro. Assim, boa parte desse capital deixou seus países
timos também foram utilizados em vários combates, de origem em busca de melhores oportunidades lucrati-
representando uma força irresistível aos seus inimigos. vas em outras áreas, especialmente nas regiões menos
Nos primeiros séculos da era cristã, a Índia foi con- desenvolvidas da África, da Ásia e da América Latina,
trolada por grupos do norte, partos. Estes, associados as quais dispunham de matérias-primas, mão de obra
aos kusham, organizaram o comércio da chamada rota barata, fontes de energia e mercados consumidores. Foi
da seda, ligando a China ao Ocidente romano. Esse a segunda onda de colonizações ou neocolonialismo.
domínio garantiu inúmeras riquezas, levando o Império Havia, ainda, a necessidade de aplicação dos capitais
Hindu ao seu período de esplendor, que, porém, mais excedentes da economia industrial e de obtenção de
adiante, no período medieval, conheceria a decadên- bases estratégicas visando à segurança do comércio
cia por conta das investidas islâmicas e das forças de marítimo nacional. Por esses motivos, Inglaterra, França,
príncipes que controlavam partes do império. Alemanha, Itália, Japão e Rússia converteram-se em paí-
No fim da Idade Média, os contatos comerciais en- ses imperialistas e acabaram por repartir a África, a Ásia
tre os islâmicos e os principados hindus garantiram um e a Oceania entre si. Para justificar os movimentos de
lucrativo comércio de seda e de especiarias produzidas dominação, as nações com ambições imperialistas ado-
no Subcontinente Indiano. taram um discurso humanitário e desenvolvimentista.
Para citar alguns exemplos: o sul da África foi do-
minado por holandeses e, depois, por ingleses – que
COLONIALISMO E estenderam seu império por todo o globo. Estes últimos

NEOCOLONIALISMO também dominaram o Egito e a Índia e se envolveram


em disputas na China. A Argélia passou a ter domínio
A história dos continentes asiático e africano, com francês e, o Congo, domínio belga. A Etiópia, único reino
diferentes civilizações e povos únicos e particulares, cristão da África, foi a única a ser colonizada por italianos.
começa a ser alterada gravemente após a colonização. O mundo, então, foi dividido entre as nações europeias.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ÁFRICA E ÁSIA ANTES E DEPOIS DA EXPANSÃO EUROPEIA

Importância histórica: Início do processo de hominização: berço da humanidade.

Norte da África: Antigo Egito e Cartago. Região fortemente influenciada pelo islamismo. Agricultura. Rotas

comerciais pelo Deserto do Saara e caravanas.

África África Subsaariana: Extrema diversidade geográfica, cultural, linguística e populacional.

Pontos de similaridade: estrutura familiar, religiosidade, organização política e oralidade.

Gana: Desenvolveu-se a partir do século VII, a sudoeste do Saara. Proximidade com as rotas comerciais tran-

saarianas. Abundante extração de ouro.

Conquistou o Reino de Gana por volta de 1230. Favoreceu-se com minas de ouro e cobrança de im-
Mali:
postos. Extensa rede de rotas comerciais em Benin. Região sul da atual Nigéria: agricultura e comércio bem

Reinos africanos
desenvolvidos; apogeu entre os séculos XIV e XV; envolvimento no tráfico de escravos.

Congo: África Central; sociedade hierarquizada; domínio autoritário sobre povos vizinhos; escravidão em pe-

quena escala.

Produção agrícola às margens do Rio Amarelo por volta de 2700 a.C. A partir do
Civilização chinesa:
século V a.C., as ideias de Confúcio são disseminadas, constituindo a base da atual cultura chinesa. Grande

desenvolvimento da agricultura e da indústria durante o Medievo. Fabricação de instrumentos agrícolas e arma-

mentos: civilização sofisticada. Várias dinastias governaram a China, mas seus fundamentos estão associados

Ásia às dinastias Qin e Han.

Os primeiros assentamentos no Vale do Indo datam de 4000 a.C. Povos arianos forjam a
Civilização indiana:
cultura local por volta de 1500 a.C. Desenvolveram o cultivo de arroz e a metalurgia. Sociedade rígida e hierarquizada,

em que o hinduísmo, com seu sistema de castas, teve papel importante. Os máurias constituem um império entre os

Material exclusivo para professores séculos V e II a.C. No mesmo período, o budismo ganha espaço. A rota da seda é organizada nos primeiros séculos da

era cristã. Domínio dos portos. Ao fim da Idade Média, é estabelecido um intenso comércio entre os povos islâmicos e

conveniados ao Sistema de Ensino os principados hindus.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. Enem C2-H9 3. FGV-SP
“No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi “Durante a Antiguidade e a Idade Média, a África perma-
centro de um comércio internacional onde tudo era nego- neceu relativamente isolada do resto do mundo. Em 1415,
ciado – sal, escravos, marfim etc. Havia também um gran- os portugueses conquistaram Ceuta, no norte do conti-
de comércio de livros de história, medicina, astronomia e nente, dando início à exploração de sua costa ocidental.”
matemática, além de grande concentração de estudantes. ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História.
A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida
por meio de um velho provérbio: ‘O sal vem do norte, o Acerca da África, na época da chegada dos portugueses
ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da em Ceuta, é correto afirmar que:
sabedoria vêm de Tombuctu’.” a) nesse continente havia a presença de alguns Estados
ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: organizados, como o Reino do Congo, e a explora-
MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto ção de escravos, mas não existia uma sociedade
Alegre: Ed. da UFRGS, 2008. (Adaptado) escravista.
b) assim como em parte da Europa, praticava-se a ex-
Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua
ploração do trabalho servil, que, com a presença
importância histórica no período mencionado era o(a):
europeia, transformou-se em trabalho escravo.
a) isolamento geográfico do Saara ocidental. c) a população se concentrava no litoral e o continente
b) exploração intensiva de recursos naturais. não conhecia formas mais elaboradas de organização
c) posição relativa nas redes de circulação. política, daí a denominação de povos primitivos.
d) tráfico transatlântico de mão de obra servil. d) os poucos Estados, organizados pelos bantos, en-
contravam-se no Norte e economicamente viviam da
e) competição econômica dos reinos da região. exploração dos escravos muçulmanos.
O Império Mali estava em uma localização geográfica favorável, não
sendo o Saara um fator de isolamento, mas um local favorável a trocas e) a escravidão e outras modalidades de trabalho com-
e rotas comerciais. A importância destas para as dinâmicas socioe- pulsório eram desconhecidas na África e foram in-
conômicas foi bastante estudada quando tratamos do renascimento troduzidas apenas no século XVI pelos portugueses
comercial e urbano europeu. e espanhóis.
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi- A questão mostra que a escravidão já existia no Congo, um dos rei-
cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. nos mais importantes para o tráfico negreiro instaurado pelas nações
Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das organiza- europeias no colonialismo e foi executada de forma não estrutural.
ções políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

4. Uece-CE
2. Unicamp-SP Por volta de 480 a.C., a China estava dividida em sete
“A longa presença de povos árabes no norte da África, principados que guerreavam entre si. Depois de prolon-
mesmo antes de Maomé, possibilitou uma interação cul- gadas guerras, em aproximadamente 221 a.C., Huang
tural, um conhecimento das línguas e costumes, o que fa- Ti, vitorioso, unificou a China e fundou a dinastia Chin.
cilitou posteriormente a expansão do islamismo. Por outro Sobre Huang Ti, é correto afirmar que:
lado, deve-se considerar a superioridade bélica de alguns a) dentre inúmeras realizações, adotou uma única es-
povos africanos, como os sudaneses, que efetivaram a con- crita e as mesmas leis para o país, e iniciou a cons-
versão e a conquista de vários grupos na região da Núbia, trução da Grande Muralha.
promovendo uma expansão do Islã que não se apoia na b) expandiu o Império Chinês para a Ásia continental,
presença árabe.” abriu a via da seda e iniciou o comércio com as pro-
ARNAUT, Luiz; LOPES, Ana Mônica. História da África: uma
víncias romanas do Oriente.
introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005. p. 29-30. (Adaptado) c) enfraqueceu o poder dos nobres chineses e enfren-
tou a invasão dos mongóis, liderada por Gengis Khan.
Sobre a presença islâmica na África, é correto afirmar que:
d) iniciou um dos períodos do auge da cultura chinesa
a) o princípio religioso do esforço de conversão, a jihad, quando ocorreu a invenção da pólvora, da impressão
foi marcado pela violência no norte da África e pela e da bússola.
aceitação do islamismo em todo o continente africano. A China é uma das civilizações que, de forma independente, criou um
sistema de escrita. A unificação da escrita foi importante para padroni-
b) os processos de interação cultural entre árabes e zar a difusão de informação e conhecimento e para unificar as leis. As
africanos, como os propiciados pelas relações co- demais alternativas citam fatos inverídicos ou que nunca aconteceram.
merciais, são anteriores ao surgimento do islamismo.
c) a expansão do islamismo na África ocorreu pela ação
dos árabes, suprimindo as crenças religiosas tradi- 5. Unesp-SP
cionais do continente.
“As primeiras expedições na costa africana a partir da ocu-
d) o islamismo é a principal religião dos povos africanos
pação de Ceuta em 1415, ainda na terra de povos berberes,
e sua expansão ocorreu durante a corrida imperialista
do século XIX. foram registrando a geografia, as condições de navegação

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Os povos do norte da África já tinham contato há muito tempo com
e de ancoragem. Nas paradas, os portugueses negociavam
os povos árabes, que estavam próximos geograficamente. Depois da com as populações locais e sequestravam pessoas que
expansão islâmica, o Império Mali, por exemplo, sob o comando de chegavam às praias, levando-as para os navios para serem
Mansa Musa, controlava uma longa rede comercial que ia do Marrocos
vendidas como escravas. Tal ato era justificado pelo fato de
ao Egito, conectando-se a rotas comerciais árabes pela cidade portuária

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de Suez, no Egito. esses povos serem infiéis, seguidores das leis de Maomé,
considerados inimigos e, portanto, podiam ser escraviza-
dos, pois acreditavam ser justo guerrear com eles. Mais ao

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sul, além do Rio Senegal, os povos encontrados não eram penetrar com maior facilidade pelo interior dos continen-
HISTÓRIA 1

islamizados, portanto não eram inimigos, mas eram pa- tes; a descoberta do quinino, alcaloide extraído de arbustos
gãos, ignorantes das leis de Deus e, no entender dos por- e utilizado como remédio, reduziu o elevado número de
tugueses da época, também podiam ser escravizados, pois mortes por causa da malária, doença que afetava os euro-
ao se converterem ao cristianismo teriam uma chance de peus no seu avanço pelo território africano.”
salvar suas almas na vida além desta.” AZEVEDO, Gislaine; SERIACOPI, Reinaldo. História: Ensino Mé-
MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano, 2007. dio. São Paulo: Ática, 2005. p. 335.

De acordo com o texto: Sobre isso, indique se as afirmações a seguir apresen-


tam informações verdadeiras (V) ou falsas (F) a respeito
a) a motivação da conquista europeia da África foi essen-
desse contexto histórico:
cialmente religiosa, destituída de caráter econômico.
b) os líderes políticos africanos apoiavam a catequização a) a associação entre os interesses econômicos dos go-
dos povos nativos pelos conquistadores europeus. vernos dos Estados nacionais europeus, das grandes
empresas e dos bancos para investir em regiões da
c) os africanos aceitavam a escravização e não resis- África, Ásia e América Latina.
tiam à presença europeia no continente.
b) a busca das potências imperialistas de assegurar o
d) os povos africanos reconheciam a ação europeia no controle exclusivo tanto das fontes de matérias-pri-
continente como uma cruzada religiosa e moral. mas – ferro, carvão e petróleo – como dos mercados
e) a escravização foi muitas vezes justificada pelos euro- consumidores para seus produtos industrializados.
peus como uma forma de redimir e salvar os africanos. c) a partilha da África na Conferência de Berlim, que
Ao interpretar o texto, mesmo sem conhecimento específico, é possível
chegar à resposta correta. Trechos como “eram pagãos, ignorantes
autorizou o retalhamento do território africano em
das leis de Deus [...] ao se converterem ao cristianismo teriam uma colônias das principais potências europeias da épo-
chance de salvar suas almas na vida além desta” permitem chegar à ca, como a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha e
resposta correta. a Bélgica.
d) a expansão da dominação imperialista para várias
6. UFSM-RS (adaptado) regiões da Ásia por parte de países ocidentais, como
a Grã-Bretanha na Índia e na China; a França na Indo-
“A exploração europeia na Ásia e na África, intensificada
china, e os Estados Unidos nas Filipinas.
na virada do século XIX para o século XX, deveu-se em V –V –V –V
grande parte aos avanços científicos e tecnológicos do Todas as frases estão corretas e podem servir como um resumo a
período. Graças ao barco a vapor, os europeus puderam respeito da exploração imperialista da África e da Ásia.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Cesgranrio-RJ 9. UMC-SP (adaptado) – Correlacione as duas colunas:
“Poder casar com várias mulheres era sinal de prestígio: (01) Os franceses exerceram protetorado sobre esta
quanto mais poderoso um chefe, mais mulheres ele tinha. região africana.
E isso valia tanto para as regiões islamizadas como para as (02) A Etiópia sofreu tentativas de ocupação mal su-
que mantinham as tradições locais”. cedidas em 1889 e foi submetida em 1935 por
MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano. São Paulo: essa nação europeia.
Ática, 2007. p. 31.
(03) Os ingleses tomaram essa antiga nação africana
A cultura europeia se diferenciava da africana e, quando depois da abertura do Canal de Suez.
os europeus passaram a se relacionar com as comuni- (04) Os ingleses dominaram essa região, que era ocu-
dades africanas, foram construídas teses que atribuíam pada por descendentes de holandeses.
à poligamia características de:
(05) Responsabilidade na liderança contra a pressão
a) prática social associada a formas de viver atrasadas inglesa que existia desde a Guerra do Ópio.
e combatidas pela religião católica. ( ) Sul da África.
b) diferença cultural, considerada de relacionamento
( ) Argélia.
produtivo demograficamente.
( ) Boxers, na China.
c) prática doentia associada à transgressão da sexualidade.
( ) Itália.
d) nova relação de parentesco, muito utilizada entre
os europeus. ( ) Egito.
e) disseminação das religiões pagãs entre os africanos,
que eram promíscuas e desordenadas. 10. Unir-RO (adaptado) – Sobre a expansão imperial do
século XIX, indique se as afirmações são verdadeiras
8. Uece-CE – Em 1206, um líder mongol, Gengis Khan, (V) ou falsas (F):
conseguiu reunir todas as tribos de sua gente e ergueu, a) contribuiu para que as potências europeias diminuís-
em poucos anos, um império colossal. Os combaten- sem suas rivalidades econômicas, políticas e milita-
tes, disciplinados e implacáveis, venciam todas as re- res, em razão das ações conjuntas desenvolvidas

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sistências. Cedendo às forças desse líder, o primeiro para promover a exploração colonial, especialmente
império a cair foi o Império: na África.
a) Romano, comandado por Júlio César. b) ao expandir a procura de petróleo, borracha, açúcar,
café, ouro e diamantes na América, no Oriente, na
b) Persa, dirigido pelo Califa Dario III.

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África e na Ásia, as potências imperiais contaram com
c) Indo-Europeu, liderado por Ogodai. a ação de missionários cristãos que empreenderam
d) Chinês, regido pela dinastia Song. com sucesso a conversão de todos os pagãos e infiéis.

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c) pautou-se pela exploração de colônias como comple- c) manteve, finalmente, seu estatuto de Império Celes-

HISTÓRIA 1
mentares à economia metropolitana e como áreas tial, mas ao preço de enormes perdas e concessões
de domínio político direto e indireto. às potências ocidentais.
d) implementou o novo colonialismo como um subpro- d) conseguiu fechar-se ao Ocidente graças à Rebelião
duto de uma era de rivalidade econômico-política Taiping, depois de derrotada pela Inglaterra na Guerra
entre as economias nacionais, intensifi cada pelo do Ópio.
protecionismo. e) resistiu vitoriosamente a todas as agressões do Oci-
dente até Pequim ser saqueada durante a Guerra
11. PUC-PR – A partir da segunda metade do século XIX, dos Boxers.
as potências europeias começaram a disputar áreas
coloniais na África, na Ásia e na Oceania. Seus objetivos 14. UFMS-MS – A respeito do processo de evolução que
eram a busca por fontes de matérias-primas, mercado favoreceu o surgimento do Homo sapiens moderno,
consumidor, mão de obra e oportunidades de investi- pode-se dizer que:
mento. As justificativas morais para essa colonização, a) recentes pesquisas arqueológicas atestam que a ori-
no entanto, estavam relacionadas com o que se chama- gem da humanidade se deu na Ásia e que o Homo
va de darwinismo social, cujo significado é: floresiensis, encontrado na Ilha da Flores, Indonésia,
a) o homem branco tinha a tarefa de cristianizar as foi a primeira espécie do gênero Homo conhecida
populações pagãs de outros continentes, res- em todo o planeta.
gatando-as de religiões animistas e de práticas b) ao que tudo indica, logo que o homem moderno sur-
antropofágicas. giu na África, há cerca de 120 mil anos, a diversidade
b) o homem branco de origem europeia estava imbuído ambiental do planeta induziu o processo de diversi-
de uma missão civilizadora, através da qual deveria ficação genética e morfológica da nossa espécie.
levar para seus irmãos de outras cores, incapazes de c) na década de 1970, na região de Lagoa Santa, em
fazer isso por si mesmos, as vantagens da civiliza- Minas Gerais, arqueólogos brasileiros e franceses
ção e do progresso, resgatando-os da barbárie e do desenterraram a famosa Luzia, nome que deram ao
atraso aos quais estavam submetidos. esqueleto de uma mulher que ali viveu há cerca de
c) os colonizadores europeus tinham a tarefa de ensinar 200 mil anos. Portanto, ao contrário do que se pen-
os princípios fundamentais da democracia, ensinan- sava, o Brasil é um fortíssimo candidato a ser o país
do aos povos colonizados o processo de governo onde pode ter surgido o homem moderno.
democrático, permitindo-lhes se afastar de governos d) o Homo sapiens moderno surgiu diretamente da evo-
tirânicos e autocratas. lução do Homo sapiens neanderthalensis e do Homo
d) a colonização tinha como tarefa repassar aos povos erectus, que viveram na Europa Centro-Oriental en-
colonizados os fundamentos da economia capitalis- tre 200 e 15 mil anos atrás.
ta, para que eles mesmos pudessem gerenciar as e) à medida que houve o processo de evolução biológi-
riquezas de seus territórios e, com isso, possibilitar ca, uma das tendências marcantes foi a diminuição
o desenvolvimento social de seu país. da capacidade craniana dos Australopitecus, os pri-
e) estudar, segundo uma perspectiva antropológica, a meiros hominídeos, até o Homo sapiens sapiens, a
organização das sociedades colonizadas e conhecer nossa espécie.
seus princípios religiosos, políticos, culturais e so-
ciais com o objetivo de ajudar a preservá-los. 15. Muitas pessoas tratam o continente africano como algo
único e homogêneo. Sobre a história da África, assinale
12. PUC-MG – A expansão imperialista, observada no de- a alternativa que contém apenas reinos africanos:
correr da segunda metade do século XIX e da primeira a) Mali, Cartago, Congo e Axum.
metade do século subsequente, apresentou como ele-
b) Egito, Mesopotâmia e Babilônia.
mentos constitutivos, exceto:
c) Cartago, Fenícia, Egito e Mesopotâmia.
a) a partilha territorial do mundo entre as principais
potências capitalistas, constituindo vastos impérios d) Zimbabue, Mesopotâmia, civilização védica e Cartago.
coloniais.
16. Unesp-SP
b) a crescente importância adquirida pela exportação
de capitais, através de investimentos realizados e “Os africanos não escravizavam africanos, nem se reco-
financiamentos concedidos. nheciam então como africanos. Eles se viam como mem-
bros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um
c) a formação de grandes conglomerados financeiros
e industriais, que passaram a controlar setores mais reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha
importantes da economia. os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. [...]
d) a difusão, no nível planetário, do conhecimento tec- Quando um chefe [...] entregava a um navio europeu um
nológico e do progresso material, integrando dife- grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem ne-
rentes povos e culturas. gros, mas [...] uma gente que, por ser considerada por ele
inimiga e bárbara, podia ser escravizada. [...] O comércio
13. Fuvest-SP – Na segunda metade do século XIX, em transatlântico [...] fazia parte de um processo de integra-
face do avanço do Ocidente na Ásia, a China: ção econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a

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a) tornou-se, como a Índia, uma colônia, com a única comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão, ta-
diferença de ser dominada por várias potências e não baco, café e outros bens tropicais, um processo no qual a
apenas pela Inglaterra. Europa entrava com o capital, as Américas com a terra e a
b) reagiu, como o Japão, realizando, ao mesmo tempo, África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa.”

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um processo de restauração imperial e de moderni- COSTA E SILVA, Alberto da. A África explicada aos meus filhos, 2008.
zação econômica. (Adaptado)

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Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de 17. Fuvest-SP


HISTÓRIA 1

escravos por africanos para europeus nos séculos XVI


“[...] e em lugar de ouro, de prata e de outros bens que
a XIX, o texto:
servem de moeda em outras regiões, aqui a moeda é
a) reconhece que a escravidão era uma instituição pre- feita de pessoas, que não são nem ouro, nem tecidos,
sente em todo o planeta e que a diferenciação entre mas sim criaturas. E a nós a vergonha e a de nossos
homens livres e homens escravos era definida pelas predecessores, de termos, em nossa simplicidade,
características raciais dos indivíduos. aberto a porta a tantos males [...]”
b) critica a interferência europeia nas disputas inter- Garcia II, rei do Congo, século XVII.
nas do continente africano e demonstra a rejeição
do comércio escravagista pelos líderes dos reinos e Comente os acontecimentos a que se refere o rei afri-
aldeias então existentes na África. cano e como estão relacionados à colônia brasileira.
c) diferencia a escravidão que havia na África da que
existia na Europa ou nas colônias americanas a partir
da constatação da heterogeneidade do continente
africano e dos povos que lá viviam.
d) afirma que a presença europeia na África e na Amé-
rica provocou profundas mudanças nas relações en-
tre os povos nativos desses continentes e permitiu
maior integração e colaboração interna.
e) considera que os únicos responsáveis pela escravização
de africanos foram os próprios africanos, que aproveita-
ram as disputas tribais para obter ganhos financeiros.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C1-H1 Com relação ao assunto tratado no texto, é correto
“A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currícu- afirmar que:
lo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, a) a colonização da África pelos europeus foi simultânea
oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre ao descobrimento desse continente.
História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o con- b) a existência de lucrativo comércio na África levou
teúdo programático incluirá o estudo da História da África os portugueses a desenvolverem esse continente.
e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, da escravidão no Brasil.
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, d) a exploração da África decorreu do movimento de
econômica e política pertinentes à História do Brasil, além expansão europeia do início da Idade Moderna.
de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro e) a colonização da África antecedeu as relações comer-
como data comemorativa do ‘Dia da Consciência Negra’.” ciais entre esse continente e a Europa.
Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 27 jul. 2010.
(Adaptado) 20. Enem C2-H7
“A conquista pelos ingleses de grandes áreas da Índia deu
A referida lei representa um avanço não só para a o impulso inicial à produção e venda organizada de ópio.
educação nacional, mas também para a sociedade
A Companhia das Índias Orientais obteve o monopólio da
brasileira porque:
compra do ópio indiano e depois vendeu licenças para mer-
a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas. cadores selecionados, conhecidos como ‘mercadores nativos’.
b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira. Depois de vender ópio na China, esses mercadores deposita-
c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e vam a prata que recebiam por ele com agentes da companhia
sua cultura. em Cantão, em troca de cartas de crédito; a companhia, por
d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso sua vez, usava a prata para comprar chá, porcelana e outros
à educação. artigos que seriam vendidos na Inglaterra.”
e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico- SPENCE, J. Em busca da China moderna. São Paulo: Companhia das
-racial do país. Letras, 1996. (Adaptado)
A análise das trocas comerciais citadas permite inter-
19. Enem C2-H7 pretar as relações de poder que foram estabelecidas.
“A identidade negra não surge da tomada de consciência de A partir desse pressuposto, o processo sócio-histórico
uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológi- identificado no texto é:
ca entre populações negras e brancas e(ou) negras e amare- a) a expansão político-econômica de países do Oriente,
las. Ela resulta de um longo processo histórico que começa iniciada nas últimas décadas do século XX.
com o descobrimento, no século XV, do continente africano b) a consolidação do cenário político entreguerras, na

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e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, desco- primeira metade do século XX.
brimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas c) o colonialismo europeu, que marcou a expansão eu-
com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colo- ropeia no século XV.
nização do continente africano e de seus povos.” d) o imperialismo, cujo ápice ocorreu na segunda me-

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MUNANGA, K. Algumas considerações sobre a diversidade e a tade do século XIX.
identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e e) as libertações nacionais, ocorridas na segunda me-
experiências. Brasília: Semtec/MEC, 2003. p. 37. tade do século XX.

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26
REVOLUÇÕES INGLESAS:

HISTÓRIA 1
POLÍTICA E ECONOMIA
(SÉCULOS XVII-XVIII)

A BURGUESIA ENTRE A RELIGIÃO


E A POLÍTICA • A burguesia entre a religião
e a política
• Dinastia Stuart

WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO


• Governo de Jaime I
(1603-1625)
• Governo de Carlos I
(1625-1649)
• República puritana
• Governo de Carlos II
(1660-1685)
• Governo de Jaime II
(1685-1688)

HABILIDADES
• Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos
movimentos sociais e a
importância da participação
da coletividade na
transformação da realidade
Retrato de Carlos I durante a guerra civil inglesa. histórico-geográfica.
• Analisar a atuação dos
O século XVII foi um período de grande movimentação política para os ingleses.
movimentos sociais
No período dos Tudor, um século antes, Henrique VIII foi responsável por uma grande que contribuíram para
mudança religiosa na Inglaterra e seu reinado buscou a emancipação da Igreja Cató- mudanças em processos de
lica, que até então tinha domínio político e espiritual sobre as monarquias europeias. disputa pelo poder.
O monarca converteria a si mesmo e a Inglaterra ao protestantismo, fundando a • Avaliar criticamente
Igreja Anglicana. conflitos culturais, sociais,
Essa mudança religiosa também beneficiou outra camada da sociedade, a já políticos e econômicos.
ascendente burguesia, que passou a concentrar mais propriedades e, assim, a fim
de defender seus interesses, buscou maior participação no exercício do poder.
A entrada da burguesia no jogo político levou a monarquia a perder sua importância
incontestável na tomada de decisões, uma vez que a sociedade pretendia participar
cada vez mais. Esse processo levou à consolidação do sistema parlamentarista na

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Inglaterra.

DINASTIA STUART

conveniados ao Sistema de Ensino


O reinado da família Stuart foi marcado por agitações sociais no campo e nas
cidades, envolvendo desde setores populares até grupos da nobreza descontentes
com a política de um clã originário da Escócia.

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A cronologia do reinado Stuart vincula-se, neces- capricho do rei e consideraram que a Igreja Presbi-
sariamente, às Revoluções Inglesas do século XVII: teriana não deveria ser absorvida e, também, que os
HISTÓRIA 1

• Governo de Jaime I (1603-1625). negócios não poderiam ser prejudicados com novas
• Governo de Carlos I (1625-1649). taxações.
• Revolução Puritana (1642-1649). Carlos I pretendia aumentar sua autoridade ao lu-
• Governo revolucionário de Cromwell (1649-1658). tar contra os presbiterianos e viu-se em uma situação
• Restauração monárquica dos Stuart (1660). em que o poder real ficara abalado com a negativa do
• Governo de Carlos II (1660-1685). Parlamento à sua solicitação de mais recursos para o
• Governo de Jaime II (1685-1688). confronto.
• Revolução Gloriosa (1688-1689). Isso o fez dissolver a instituição e decidir pela ele-
vação de impostos. Os ingleses consideraram a deci-
GOVERNO DE JAIME I (1603-1625) são real um desrespeito à tradição que existia desde
Governante que criou algumas dificuldades ao ten- a Magna Carta (1215), quando foi estabelecido que o
tar justificar seu poder como de origem divina. Na In- rei não podia criar impostos sem o consentimento de
glaterra, muitos consideravam que o poder do rei devia representantes da sociedade. O próprio Parlamento era
se ajustar aos interesses dos súditos, os quais tinham oriundo dessa tradição e a revolta gerada pela decisão
representação no Parlamento, e não se vincular à ideia de Carlos I ganhou feição de revolução.
de inspiração divina. O historiador José Jobson de Andrade Arruda, em
Jaime I empreendeu uma expansão ultramarina co- breve exposição sobre essa revolução, afirma:
lonizadora na América. As Treze Colônias inglesas na
América do Norte surgiram nessa época e o rei as con- O rei foi proibido de manter um exército permanen-
siderava um empreendimento que envolvia ingleses, te; a política tributária passava para o controle do
mas que era uma espécie de propriedade particular. Parlamento; a política religiosa deveria ser conduzi-
A essa consideração real houve oposição de ingleses da pelo Parlamento; pelo Ato Trienal, o Parlamento
em geral e do Parlamento especificamente, acirrando teria de ser convocado regularmente, ao menos de
as tensões políticas. três em três anos, sem o que poderia haver uma au-
O rei negociou com companhias de comércio para toconvocação [...]
transportar parte da população pobre que habitava as
Imediatamente, em vários condados, eclodiram re-
cidades ao Novo Mundo. O sistema envolvia pagamen-
beliões populares, invocando o Parlamento contra
to por meio de servidão temporária e supervisionada
os “papistas”. Eram principalmente camponeses,
pela monarquia até que os gastos de viagem e insta-
que mesmo nos movimentos insurrecionais urba-
lação fossem pagos a esses estabelecimentos. Além
nos tiveram notável participação [...] Coube a Oli-
disso, a tensão com grupos calvinistas (puritanos) cres-
ver Cromwell [...] criar o Novo Modelo do Exército
ceu e Jaime I acenou com a possibilidade de culto
(New Model Army), constituído de forma revolu-
livre na América. Assim, grupos de colonizadores eram
cionária, pois a ascensão não se fazia por nascimen-
constituídos por famílias protestantes que imaginavam
to, e sim por merecimento [...].
a possibilidade da liberdade de religião nas colônias
Consciente do perigo representado pelo rei, em
americanas.
constante ameaça de restauração, o exército força
Os ganhos econômicos e os deslocamentos po-
o julgamento e condenação do rei pelo Parlamento
pulacionais não reduziram as tensões em relação ao
depurado. No dia 30 de janeiro de 1649, Carlos I foi
poder real, principalmente por ser a família Stuart ca-
decapitado. A 6 de fevereiro a Câmara dos Lordes
tólica e perseguidora de protestantes (presbiterianos)
foi abolida. No dia seguinte a Câmara dos Comuns
na Escócia. Essa situação ficou bem visível no reinado
emitiu este comunicado: “Ficou provado pela expe-
do filho de Jaime I, coroado na Inglaterra com o título
riência que a função do rei neste país é inútil, one-
de Carlos I.
rosa e um perigo para a liberdade, a segurança e o
bem-estar do povo; por isso, de hoje em diante, tal
GOVERNO DE CARLOS I (1625-1649)
função fica abolida [...].”
No reinado de Carlos I, a tensão política provocou
ARRUDA, José Jobson de Andrade. A Revolução Inglesa. São Paulo:
uma guerra contra o rei, que desenvolveu uma política
Brasiliense, 2006. p. 74 e 81.
sistemática contra os calvinistas da Escócia, tentando
absorver o patrimônio da Igreja Presbiteriana.

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Os calvinistas iniciaram um conflito armado contra As forças leais ao rei lutaram ao lado de Carlos I
o rei. Assim, o monarca convocou o Parlamento para para mantê-lo no poder. Esses homens, que na histó-
que aprovasse os tributos necessários à guerra. ria da Inglaterra defenderam uma maior centralização
O Parlamento reuniu-se para discutir o assunto política, ficaram conhecidos por tories (conservadores),

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da elevação de tributos e, em sua maioria, os repre- enquanto aqueles que estavam associados à luta con-
sentantes se colocaram contra qualquer aumento tra o poder centralizado e pegaram em armas contra o
da carga tributária. Muitos acreditavam que era um monarca ficaram conhecidos como whigs.

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Assim, iniciava-se a primeira revolução inglesa do


século XVII: a Revolução Puritana (1642-1649). Seu lí-
REPÚBLICA PURITANA

HISTÓRIA 1
der, Oliver Cromwell, criou um exército revolucionário Cromwell criou um governo ditatorial que favoreceu
(Cabeças Redondas), que combateu tropas leais ao rei. setores comerciais e manufatureiros da economia in-
Essa guerra envolveu populares e nobres, cujo interes- glesa. Um exemplo dessa política encontra-se no es-
se maior era acabar com o poder de Carlos I. tabelecimento dos Atos de Navegação (1651-1652),
pelos quais o comércio exportador e importador foi
nacionalizado, ou seja, só podiam sair ou entrar pro-

GEORGIOS KOLLIDAS/SHUTTERSTOCK
dutos do país se estivessem em navios da Inglaterra.
Quase metade do comércio exportador-importador
inglês era feito em navios holandeses. Dessa forma,
a marinha mercante holandesa ficou prejudicada, en-
quanto a da Inglaterra foi favorecida. Os holandeses
tentaram comercializar nos portos ingleses e suas em-
barcações foram aprisionadas. Isso repercutiu em uma
guerra entre os dois países. Os ingleses venceram e,
com a vitória, a economia foi impulsionada.
Cromwell ainda ampliou o raio de ação política in-
glesa ao estabelecer o controle sobre o território da
Irlanda. Sem dúvida alguma, a Comunidade Livre, con-
duzida por ele, Lorde Protetor, ganhou mais espaço
para iniciativas econômicas.
Após a morte de Cromwell, houve movimentações
para o retorno da monarquia em nome da estabilidade da
Inglaterra, já que o governo era, para muitos, conduzido
pessimamente por Richard, filho do Lorde Protetor. Os
ingleses sentiram a morte de Cromwell e temiam uma ins-
tabilidade ainda maior se nada fosse feito contra Richard.
Nesse quadro de insegurança, começaram as nego-
ciações com o filho de Carlos I, rei decapitado na Revolu-
Retrato de Oliver Cromwell. Gravura produzida por E. Scriven e ção Puritana, que aceitou ser rei. O Parlamento impunha
publicada no Reino Unido em 1837. a condição de reconhecimento de suas prerrogativas para
reconhecer Carlos II como rei da Inglaterra, situação em
Após esses acontecimentos, foi proclamada a que foi prontamente atendido pelo membro da família
Comunidade Livre da Inglaterra, a qual, para alguns Stuart. Assim, foi restaurada a monarquia.
historiadores, teria representado a única experiência
republicana na história da Inglaterra. LEITURA COMPLEMENTAR
A história da Revolução Inglesa de 1649 a 1660 pode ser
Inglaterra – avanço das tropas revolucionárias contada em poucas palavras. O fuzilamento dos Levellers
5° O 5° O
por Cromwell, em Burford, tornou absolutamente inevi-
tável a restauração da monarquia e dos senhores, pois a
ruptura entre a grande burguesia e a pequena nobreza,
por um lado, e as forças populares, por outro, significava
ESCÓCIA ESCÓCIA
OCEANO
Mar do
OCEANO
Mar do que o seu governo poderia ser mantido por um exército
ATLÂNTICO Norte
ATLÂNTICO Norte
55° N 55° N
(o que, a longo prazo, provou ser extraordinariamente
dispendioso e de difícil controle) ou por um compromis-
IRLANDA IRLANDA so com os representantes da velha ordem que restavam.
N
INGLATERRA
N
INGLATERRA Mas, primeiro que tudo, havia tarefas a realizar.
NO NE NO NE

1. A conquista da Irlanda, com a expropriação dos pro-


ha

ha

c c
O L an O L an
ld aM ld aM
SO
S
SE Cana SO
S
SE Cana prietários de terras e dos camponeses – o primeiro gran-
Escala aproximada de triunfo do imperialismo inglês e a primeira grande

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Área de avanço 1: 24 500 000
das tropas 0 245 490 km derrota da democracia na Inglaterra, pois a pequena
Cada cm = 245 km burguesia do exército, não obstante os avisos de muitos
Representações comparando o avanço das tropas revolucionárias chefes Leveller, deixou-se desviar do estabelecimento
sobre espaços controlados pelas forças leais a Carlos I, indicando a

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dificuldade do rei em manter-se à frente do governo.
das suas próprias liberdades na Inglaterra e, iludida
por inúmeros slogans religiosos, destruiu as existentes
MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007. na Irlanda [...].

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LEITURA COMPLEMENTAR Carlos II chamou alguns membros importantes do


Parlamento para participar do Conselho Real e isso
HISTÓRIA 1

2. A conquista da Escócia, necessária para impedir o res-


facilitava o relacionamento entre o rei e a Casa dos Re-
tabelecimento ali da velha ordem; a Escócia estava aber-
presentantes, contribuindo para que decisões políticas
ta aos comerciantes ingleses através da união política.
fossem atendidas em suas necessidades financeiras,
3. Foi empreendida uma política comercial mais avança-
havendo, dessa forma, uma estabilidade político-eco-
da com o Ato de Navegação em 1651, o qual se tornou a
nômica no país.
base da prosperidade comercial da Inglaterra no século
Essa estabilidade foi abalada na sucessão ao trono,
seguinte [...].
pois Carlos II não tinha filhos e, com sua morte, o
4. Uma política imperialista requeria uma marinha po- poder devia ser passado a um parente próximo, seu
derosa, cujo desenvolvimento o rei Carlos não levara a
irmão Jaime.
efeito; sob Blake, a Comunidade começou a dominar
com algum proveito os mares, e a guerra contra a Es-
panha, em aliança com a França, trouxe à Inglaterra a GOVERNO DE JAIME II (1685-1688)
Jamaica e Dunquerque. O reinado de Jaime II foi conturbado e marcado, entre
5. A abolição dos domínios feudais significava que os outros aspectos, por certas disposições do rei contra o
proprietários de terras estabeleciam um direito absoluto Parlamento e setores protestantes. Embora a economia
às suas propriedades, em oposição ao rei [...]. inglesa continuasse a se desenvolver, houve tensões po-
líticas que os colocaram novamente em rota de colisão.
6. Uma restauração violenta da velha ordem no país
foi impossibilitada pela demolição de fortalezas, pelo
Jaime II era católico e afirmava que pretendia
desarmamento dos cavaleiros e pelo fato de lhes serem preservar-se dentro dessa fé, não aderindo ao angli-
cobrados impostos que quase os arruinaram, de modo canismo. Além desse fator de conflito, o rei chamou
que muitos se viram forçados a vender os seus domínios apenas católicos para compor o Conselho Real, des-
e a renunciar, consequentemente, ao prestígio social e prestigiando homens de Estado de origem protestan-
ao poder político [...]. te que se encontravam no Parlamento. Assim, houve
7. Por fim, para financiar as novas atividades dos go-
isolamento do monarca em relação a várias forças
vernos revolucionários, foram confiscadas e vendidas políticas inglesas.
as terras da Igreja, da Coroa e de muitos dos principais Outro fator que repercutiu negativamente entre os
realistas [...]. ingleses foi o segundo casamento com uma princesa ca-
tólica italiana, que lhe deu um filho, o qual seria o futuro
Se tivermos em mente estes pontos, não será necessário
rei da Inglaterra. Jaime II ainda fez pronunciamentos em
considerar em pormenor as revoluções políticas ocorri-
das nos onze anos que se seguiram. que afirmava não entender a necessidade de encontros
regulares do Parlamento. Nessa situação complexa, foi
Commonwealth, designação do governo na Inglaterra
gestada a Revolução Gloriosa (1688-1689).
sob Cromwell e o Parlamento, no período que decorre
O movimento eclodiu após as negociações entre Jai-
entre 1649 e 1660. Também Protectorate (N.T.).
me I e Guilherme de Orange, o qual era casado com sua
HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa:
Editorial Presença, 1995. p. 94-97. filha Maria. Guilherme era protestante e aceitou tornar-
-se rei da Inglaterra caso o movimento fosse vitorioso.
Jaime II fugiu para a Escócia e seguiu para a Fran-
GOVERNO DE CARLOS II (1660-1685) ça de Luís XIV, obtendo asilo. O rei não resistiu e a
O reinado do filho de Carlos I foi marcado pelo cres- revolução foi chamada de Gloriosa. Guilherme foi à
cimento econômico e pela ampliação da influência in- Inglaterra e, antes de ser aclamado rei, teve de assinar
glesa na Europa continental. um documento que ficou conhecido como Bill of Rights
A Inglaterra emprestou recursos para que Portugal (Declaração dos Direitos).
pagasse uma indenização aos holandeses pelos pre- Pela Declaração dos Direitos, Guilherme reconhe-
juízos causados com sua expulsão de Pernambuco e, cia que sua função estaria limitada à chefia de Estado,
em contrapartida, os flamengos voltariam a comprar e não à de governo. A fórmula política definida aí e
o açúcar controlado por Portugal. Isso foi definido pela que marca a história da Inglaterra até hoje diz: “O rei
Paz de Haia (1661). reina, mas não governa”.
A Inglaterra foi a grande beneficiada por ampliar A monarquia parlamentar inglesa ficou assim es-

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relações econômicas com os países da Europa conti- tabelecida: o rei é chefe de Estado, enquanto a chefia
nental em uma tentativa de isolar a França governada de governo fica a cargo do primeiro-ministro, saído de
pelo Rei Sol, Luís XIV. um consenso de maioria parlamentar.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
REVOLUÇÕES INGLESAS

Adepto da teoria do direito divino dos reis, descontenta o Parlamento ao almejar mais influência e poder.

Governo de
Jaime I
(1603-1625)

Enfrenta o Parlamento e acaba executado (Revolução Puritana).

Governo de
Carlos I
(1626-1649)

• Governo de Oliver Cromwell (Lorde Protetor).


República
Puritana • Desenvolvimento comercial e conquista da Irlanda.
(1649-1658)
• A instabilidade política após a morte de Cromwell leva ao retorno da monarquia.

Em seu reinado, há crescimento econômico e ampliação da influência inglesa na Europa. A estabilidade


Governo de
Carlos II política é abalada após a morte de Carlos II, que não deixa herdeiros e cujo trono é ocupado por seu irmão,
(1660-1685)
Jaime II.

Não adere ao anglicanismo, privilegiando os católicos na formação do Conselho Real, e faz declarações
Governo de
contra o Parlamento (Revolução Gloriosa).
Jaime II
(1685-1688)

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Governo de
Guilherme II
Assina a Declaração de Direitos, que põe fim ao absolutismo inglês e sujeita a Coroa aos poderes do

Parlamento.

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(1688-1702)

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. UFRN-RN 3. Fatec-SP C5-H22


“Os Cabeças Redondas (round heads) receberam esse Considere o texto a seguir:
nome pelo corte de cabelo que usavam: curto, de forma “Se você observar a Inglaterra no século XVII, verá que é
arredondada, desprezando a moda corrente dos cabelos uma potência de segunda classe, levando um embaixador
longos entre os membros da Corte. [...] A partir das vi- inglês, em 1640, a dizer que seu país não gozava de qual-
tórias militares sobre os Cavaleiros, conseguiram a rendi- quer consideração no mundo. O que era verdade. Mas já
ção do rei em 1646. Entretanto, Carlos I reorganizou seus no começo do século XVIII, a Inglaterra é a maior potência
soldados e recomeçou a guerra, sendo derrotado defini- mundial. Logo, alguma coisa aconteceu no meio disso. E
tivamente pelos Cabeças Redondas de Cromwell. Preso, eu creio que o que houve no meio foram a Guerra Civil e
Carlos I foi julgado pela Alta Corte de Justiça a mando do a Revolução que tiveram efeitos fundamentais. [...] O re-
Parlamento, sendo condenado à morte. Em janeiro de 1649 sultado foi que, se a Inglaterra no século XVII era importa-
o rei foi decapitado em frente ao Palácio de Whitehall, dora de cereais e padecia de fome e escassez, no fim desse
em Londres.” século já era exportadora e não havia mais fome. Tudo isso,
HILL, C. O eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa. como é óbvio, convergiu para a irrupção da Revolução In-
São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 179.
dustrial no final do século seguinte.”
Com relação aos fatos citados no texto acima, é correto Trecho da entrevista feita com o historiador Christopher Hill
afirmar que: à Folha de S.Paulo, em 10/08/1988.

a) o Parlamento, ao executar o rei, atacava um princí- Sobre as Revoluções Inglesas, ocorridas no século
pio central do Estado absolutista, que era a ideia da XVIII, é correto afirmar que:
origem divina do poder real e de sua incontestável
autoridade. a) o processo dessas revoluções foi inspirado nos ideais
iluministas do século XVIII, culminando, assim como
b) os Cabeças Redondas defendiam não apenas a ex- na França, na decapitação do rei.
tinção do regime monárquico como também a luta
armada contra nações que tivessem esse regime. b) Oliver Cromwell, apesar de ter comandado os
yeomen, acabou derrotado pelas tropas leais ao rei.
c) a Revolução Inglesa questionava a legitimidade do
Antigo Regime monárquico e desencadeou uma sé- c) foram um movimento que retardou a chegada da
rie de revoluções, pondo fim ao Estado moderno Revolução Industrial por terem levado a nação a
na Europa. afundar-se numa guerra civil sem fim.
d) a Revolução Inglesa estava afinada com os interes- d) serviram para fortalecer a figura do rei e da monar-
ses da nascente burguesia, mantendo alguns privi- quia absolutista em detrimento do Parlamento e da
légios da nobreza, ligada à Igreja Anglicana. gentry.
Um dos principais questionamentos do período das Revoluções In-
e) estabeleceram uma nova realidade política e reli-
glesas é quanto ao poder absoluto do monarca, que teria privilégios giosa, pois o Parlamento consolidou seus direitos,
e concentraria toda a riqueza em si e nas mãos dos nobres. O Parla- e os não anglicanos tiveram garantia de tolerância
mento, composto por diversas pessoas não necessariamente ligadas religiosa.
à nobreza, questionava o poder absoluto dos reis e procurava garantir Como é possível analisar na citação presente na questão, as Revoluções
uma maior participação na política inglesa. Inglesas contribuíram para o crescimento da Inglaterra, que, com a Re-
volução Industrial, tornou-se um dos países mais ricos no século XVIII.
Além disso, também contribuíram para o enfraquecimento do absolu-
2. Fuvest-SP tismo no país e permitiram a ascensão de outros grupos sociais, como
As chamadas “Revoluções Inglesas”, transcorridas entre a burguesia, que cada vez mais participava do poder político e religioso.
1640 e 1688, tiveram como resultados imediatos: Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo
a) a proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
e o fim dos monopólios comerciais. Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se
b) o surgimento da monarquia absoluta e as guerras refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
contra a França napoleônica. 4. UEG-GO
c) o reconhecimento do catolicismo como religião Nos séculos XVII e XVIII, as revoluções burguesas
oficial e o fortalecimento da ingerência papal nas convulsionaram o mundo. Com a crise do absolutismo
questões locais.
monárquico, elas transformaram o cenário político e os
d) o fim do anglicanismo e o início das demarcações regimes de governo até então presentes. Dentre essas
das terras comuns. revoluções, uma ficou famosa por ter respeitado o papel
e) o fortalecimento do Parlamento e o aumento, no político do rei, que continuaria sendo o chefe de Estado,
governo, da influência dos grupos ligados às ativi- ainda que tendo seus poderes reduzidos e controlados
dades comerciais. pelo Parlamento. Esta revolução foi a seguinte:
As Revoluções Inglesas contribuíram para o questionamento do a) Revolução Americana.
poder absoluto do monarca e para a ascensão de outros grupos b) Revolução de Avis.

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sociais na Inglaterra, como os burgueses, sendo boa parte desse
grupo formado por protestantes e integrantes da Igreja Anglicana, c) Revolução Francesa.
a religião oficial da Inglaterra.
d) Revolução Gloriosa.
A Revolução Gloriosa pertence ao grande processo das Revoluções
Inglesas do século XVII. A Revolução Americana ocorreu nos Estados

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Unidos, chamada assim em função da luta pela independência. A
Revolução de Avis e a Revolução Francesa ocorreram em solo francês.

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5. Mackenzie-SP 6. Unesp-SP

HISTÓRIA 1
A Revolução Gloriosa, na Inglaterra (1688-1689), marcou A Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa
o início de uma época de grande prosperidade para o (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII.
país, lançando as bases para o desenvolvimento capi- Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer
talista, e permitiu que o país fosse o pioneiro na Revo- que:
lução Industrial do século XVIII. Podemos estabelecer a) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no
uma relação entre os dois eventos porque: comércio marítimo, pois os conflitos internos pro-
a) o governo passou a impor a religião anglicana, dando vocaram forte redução da produção e exportação
fim aos conflitos religiosos e aos massacres entre de manufaturados.
católicos e protestantes, liberando mão de obra para b) resultaram na vitória política dos projetos popula-
as novas técnicas de produção. res e radicais dos cavadores e dos niveladores, que
b) o poder real, com a retomada do absolutismo, não defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos
encontra empecilhos para dar fim ao sistema feudal nobres.
e incentivar a prática capitalista para aumentar os c) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com
recursos do Tesouro Nacional. as disputas políticas e sociais, desembocaram na re-
c) o país, com o advento do parlamentarismo, passou tomada do poder pelos católicos e em perseguições
por transformações, como o acordo político e eco- contra protestantes.
nômico entre a burguesia e a nobreza rural, que, d) geraram um Estado monárquico em que o poder real
juntas, promoveram o desenvolvimento econômico. devia se submeter aos limites estabelecidos pela
d) tanto a tolerância religiosa quanto uma maior liber- legislação e respeitar as decisões tomadas pelo
dade de expressão política por parte da sociedade Parlamento.
civil, características do despotismo esclarecido, in- e) precederam as revoluções sociais que, nos dois
centivaram o desenvolvimento econômico. séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as
e) o desenvolvimento de uma monarquia, com carac- colônias na América, provocando a ascensão política
terísticas de um Estado liberal, permitiu a união de do proletariado industrial.
todas as classes sociais na Inglaterra, o que permitiu As Revoluções Inglesas contribuíram para o fortalecimento
a modificação das relações trabalhistas no campo. do Parlamento, promovendo a diminuição do poder absolu-
tista do rei.
As Revoluções Inglesas do século XVII contribuíram para o fortale-
cimento do Parlamento e, consequentemente, para a diminuição
do poder real. Com o parlamentarismo, há a emergência de novos
grupos sociais, como os burgueses, que passaram a intervir mais
na política inglesa e no comércio, estimulando o desenvolvimento
e o enriquecimento do país.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Uepa-PA – No período de 1649 a 1660, desenvolveu-se 8. Furg-RS – No século XVII, a Inglaterra foi revolvida por
na Inglaterra o regime republicano. Em 1651 Cromwell grandes turbulências políticas, econômicas e sociais.
procedeu à unificação da Inglaterra, Irlanda e Escócia, Trata-se da Revolução Inglesa, um período de cinquenta
tornando-se Lorde Protetor da comunidade britânica. anos de lutas, que representou o embate das velhas
Ainda em 1651, o Parlamento votou os Atos de Nave- estruturas feudais com as novas forças do capitalismo.
gação, segundo os quais: As alternativas abaixo apresentam características da
Revolução Inglesa.
a) os dirigentes britânicos buscavam monopolizar o
comércio e a navegação nos chamados sete mares, Assinale a alternativa incorreta:
afetando diretamente a Holanda, detentora até então a) promover o rompimento com o sistema feudal.
de enorme poder naval. b) promover a substituição do Estado absolutista pelo
b) os dirigentes ingleses determinaram que o transpor- Estado liberal capitalista.
te de quaisquer produtos de origem colonial, assim c) propiciar condições para o avanço do capitalismo
como das espécies monetárias, seria realizado por industrial.
navios de países europeus. d) implantar definitivamente a república na Inglaterra.
c) a Inglaterra declarava guerra à Holanda, uma vez que e) selar um compromisso entre burguesia urbana e
esta, buscando assegurar o poder naval, aprovou nobreza de terras cultivadas em moldes capitalistas.
a legislação mercantil que criou as companhias de
comércio. 9. UFC-CE – A Revolução de 1688, na Inglaterra, representou:
d) produtos como açúcar, tabaco, algodão, madeiras a) a diminuição do poder exercido pelo Parlamento.
tintoriais, produzidos ou fabricados em colônias b) a extinção do poder aristocrático com a adoção do
inglesas da América, da África ou da Ásia seriam voto popular.

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livremente exportados, desde que em navios não c) o restabelecimento do poder dos reis católicos du-
holandeses. rante várias décadas.
e) ficou determinada a quebra do monopólio inglês so- d) a derrota do absolutismo, tornando o Parlamento

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bre a navegação comercial mercantil, viabilizando a soberano político da nação.
participação dos demais produtores e respectivas e) a consolidação do poder do soberano, que podia
colônias no transporte marítimo comercial. suspender a execução das leis em caso de guerra.

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108

10. Mackenzie-SP Cromwell, pelo apoio que este recebeu da nobreza


HISTÓRIA 1

“As Revoluções [Inglesas e Francesa], além de outras pe- rural mais progressista, a chamada gentry.
culiaridades, são notórias como canteiros de ideologias, e) a Declaração dos Direitos, datada de 1689, limitou
particularmente ideologias populares de protesto. Em o poder político real e abriu caminho para a entrada
cada uma dessas revoluções esteve presente um elemento da Inglaterra numa era de prosperidade, reforçando
popular adicional que também lutava por um lugar ao sol.” sua modernização econômica.
Georges Rude.
13. Unimontes-MG
Assinale a alternativa que confirma a citação acima: “[…] Os lordes espirituais e temporais e os Comuns, hoje
[22 de janeiro de 1689] reunidos [...] constituindo em con-
a) nas Revoluções Inglesas do século XVII participaram
não só os líderes do Parlamento, os presbiterianos, mas junto a representação plena e livre da nação [...] declaram
também os niveladores e os sectários das classes in- [...] para assegurar os seus antigos direitos e liberdades:
feriores ou subalternas. Na Revolução Francesa, a bur- 1. Que o pretenso direito da autoridade real de suspender
guesia e seus aliados aristocratas e liberais tiveram de as leis ou a sua execução [...] é ilegal [...].
fazer frente aos camponeses e sans-culottes urbanos.
4. Que qualquer levantamento de dinheiro para a Coroa
b) os girondinos eram o grupo radical mais próximo aos ou para seu uso [...] sem o consentimento do Parlamento
ideais populares durante a Revolução Francesa e foram
[...] é ilegal; [...].
os responsáveis pela aprovação da Lei do Máximo.
c) na Revolução Francesa, a nobreza teve que se aliar 6. Que o recrutamento e a manutenção de um exército no
aos operários de Paris para poder impedir a onda de reino, em tempo de paz, sem o consentimento do Parla-
terror promovida pelos partidários de Robespierre mento, é ilegal; [...].
e, na Inglaterra, Oliver Cromwell foi obrigado a se 8. Que as eleições dos membros do Parlamento devem ser
aliar aos yeomen e aos gentry para poder impedir a livres; [...].
formação do protetorado.
13. Que, para remediar todos os agravos, e para a alteração,
d) durante as Revoluções Inglesas do século XVII, os
gentry se opuseram à nobreza de status e à aristo- ratificação e observação das leis, o Parlamento deve ser fre-
cracia rural devido à sua discordância com relação quentemente reunido [...].”
às leis de cercamento. COSTA, L. C. A.; MELLO, L. I. História moderna e contemporânea.
São Paulo: Scipione, 1993. p. 69.
e) o diretório, liderado pelas forças revolucionárias de
Gracco Babeuf, lançou as bases para a construção de O fragmento do documento acima faz parte da:
um regime socialista na França. Na Inglaterra, a Revo-
lução Puritana foi responsável pela Declaração de Di- a) Constituição dos Estados Unidos, pela qual se ga-
reitos, que estabeleceu concessões à classe operária. rantiam, entre outros, o direito à representatividade
política a todas as camadas sociais.
11. Unesp-SP – Gerald Winstanley, líder dos escavadores b) Carta de Costumes, aprovada pelo Parlamento inglês,
da Revolução Puritana na Inglaterra (1640-1660), definiu pela qual os direitos consuetudinários passariam a ser
a sua época como aquela em que “o Velho Mundo está garantidos e as arbitrariedades republicanas abolidas.
rodopiando como pergaminho no fogo”. Embora os es- c) Declaração de Direitos, assinada por Guilherme III, pela
cavadores tenham sido vencidos, a Revolução Inglesa qual a realeza inglesa ficou submetida ao Parlamento.
do século XVII trouxe mudanças significativas, dentre d) Constituição prussiana, aprovada após a vitória bur-
as quais destacam-se a: guesa na guerra civil, pela qual a coesão nacional foi
a) instituição do sufrágio universal e a ampliação dos mantida através de acordos entre o Estado e setores
direitos das assembleias populares. da sociedade.
b) separação entre Estado e religião e a anexação das
propriedades da Igreja Anglicana. 14. Efoa-MG – A Revolução Inglesa é considerada um dos
principais eventos da história da Inglaterra. Sobre essa
c) liberação das colônias da Inglaterra e a proibição da revolução, leia os itens abaixo:
exploração da mão de obra escrava.
I. O termo Revolução Inglesa abrange, na verdade,
d) abolição dos domínios feudais e a afirmação da so- duas revoluções, que fazem parte de um mesmo
berania do Parlamento. processo: a chamada Revolução Puritana de 1649 e
e) ampliação das relações internacionais e a concessão a Revolução Gloriosa de 1688.
de liberdade à Irlanda. II. A Revolução Inglesa foi uma das primeiras crises do
Antigo Regime, uma vez que resultou na instauração
12. UFPB-PB – Acerca da Revolução Inglesa, é correto afirmar: de uma monarquia com poderes limitados pela lei
a) a Revolução Gloriosa de 1688 é considerada pelos his- e pelo Parlamento.
toriadores como um movimento de instalação de uma III. Oliver Cromwell, que liderou as milícias do Parla-
ordem parlamentar forte, em contradição com as ins- mento contra as tropas reais na Revolução Puritana,
pirações absolutistas da Revolução Puritana de 1640. adotava como critério de promoções o merecimento
b) a principal consequência da Revolução Gloriosa foi o e não mais o nascimento.
estabelecimento da república e a imediata supressão IV. O Ato de Navegação, aprovado pelo Parlamento em

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da monarquia, como aconteceria cerca de 100 anos 1651, traduziu o espírito liberal da Revolução Inglesa
depois na Revolução Francesa. ao estabelecer que navios mercantes de quaisquer
c) a subida da Casa de Orange ao trono inglês (1688) países podiam entrar em portos ingleses.
representou a restauração do poder absolutista e a V. O compromisso entre rei e Parlamento estabeleci-

conveniados ao Sistema de Ensino


submissão do Parlamento. do pela Revolução Gloriosa inspirou-se na obra do
d) a classe dos yeomen, ou camponeses, foi contrá- filósofo Thomas Hobbes, e especialmente na sua
ria ao exército parlamentar antiabsolutista de Oliver concepção de contrato social.

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São corretas apenas as afirmativas: d) o controle da política inglesa pela Câmara dos Lor-

HISTÓRIA 1
a) II, IV e V. des, representando a vitória da nobreza local durante
a Revolução Gloriosa.
b) I, II e III.
e) a consolidação da Inglaterra como potência econô-
c) I, III e IV. mica após o fortalecimento da burguesia no poder
d) II, III e V. inglês com a Revolução Gloriosa.
e) I, IV e V.
17. FGV-SP (adaptado)
15. Udesc-SC – Assinale a alternativa correta em relação à “A linha mais secular associa-se com os levellers e os
Revolução Inglesa, conhecida também por Revolução diggers, os quais, embora seus programas diferissem
Gloriosa: muito, ofereciam soluções políticas e sociais para os ma-
a) o liberalismo inglês foi derrotado, e os burgueses, con- les terrenos. Tais grupos surgiram dos acalorados debates,
trários a ele, foram chamados a participar do governo. realizados em Putney em 1647, entre oficiais do exército
b) os ingleses, depois de muitas lutas, conseguiram (favoráveis aos grandes comerciantes e donos das pro-
fazer um monarca se submeter a uma Carta de Prin- priedades rurais) e os ‘agitadores’, que representavam as
cípios elaborada pelo Parlamento. fileiras da tropa.”
c) o absolutismo inglês, muito mais antigo e vigoro- RUDE, George. Ideologia e protesto popular. Apud Adhemar Marques
so que o francês, fortaleceu-se ainda mais após a et al. História contemporânea através de textos.
revolução.
No contexto das Revoluções Inglesas do século XVII,
d) a glória da revolução consistia em produzir um novo
regime de forma pacífica, sem mortes, quando os os levellers se constituíam em um grupo:
problemas sociais há muito já tinham sido resolvidos. a) moderado, ligado à pequena nobreza rural, e defen-
e) a industrialização depois da revolução foi lenta e tardia. sor da articulação entre os interesses do rei Carlos I e
do Parlamento, além de reivindicar o poder religioso
16. ESCS-DF – As primeiras revoluções burguesas tiveram para os presbiterianos.
lugar na Inglaterra, no século XVII, com a Revolução b) extremista, com representantes entre os campone-
Puritana (1649-1658) e a Revolução Gloriosa (1688), ses sem terra, aliado aos presbiterianos, defensor de
expressando um confronto entre o Parlamento, sob uma sociedade que abolisse a propriedade privada e
a liderança da burguesia e da gentry, e os monarcas o dízimo pago à Igreja Anglicana.
da dinastia Stuart, com práticas absolutistas. Uma das c) moderado, ligado a médios proprietários rurais, e
consequências geradas por esses dois movimentos aliado ao novo modelo de Exército liderado por Oliver
revolucionários burgueses é: Cromwell; defendia o controle sobre o poder real e
a) o fortalecimento da nobreza inglesa através da cria- a ampliação do poder do Parlamento.
ção do sistema parlamentarista com a Revolução d) radical, pertencente à pequena burguesia urbana,
Gloriosa de 1688. que defendia uma série de transformações sociais,
b) a total falência do sistema econômico inglês em fun- como a restrição às grandes propriedades e a sepa-
ção do favorecimento do Estado inglês ao sistema ração entre Igreja e Estado.
manufatureiro da burguesia local. e) conciliador, formado pela grande burguesia urbana,
c) o retorno da Igreja Católica como religião oficial dos aliado da gentry e dos independentes; eram defen-
ingleses em função da aliança entre a burguesia e os sores da ampliação do poder do Parlamento e da
Estados Pontificiais na Revolução Puritana. liberdade econômica.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H12 a) redução da influência do papa – teocracia.
“Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real b) limitação do poder do soberano – absolutismo.
para suspender as leis ou seu cumprimento. c) ampliação da dominação da nobreza – república.
Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem d) expansão da força do presidente – parlamentarismo.
o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa,
e) restrição da competência do congresso – presiden-
ou em época e modo diferentes dos designados por ele cialismo.
próprio.
Que é indispensável convocar com frequência os Parla- 19. FGV-RJ C5-H23
mentos para satisfazer os agravos, assim como para corri- “A Reforma, a despeito de sua hostilidade à magia, esti-
gir, afirmar e conservar leis.” mulara o espírito de profecia. A abolição dos intermediá-
Declaração de Direitos. rios entre o homem e a divindade, bem como a ênfase na

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Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br>. consciência individual, deixavam Deus falar diretamente a
Acesso em: 20 dez. 2011. (Adaptado) seus eleitos. Era obrigação destes tornar conhecida a Sua
No documento de 1689, identifica-se uma particularida- mensagem. E Deus não fazia acepção de pessoas: preferia
de da Inglaterra diante dos demais Estados europeus falar a John Knox do que à sua rainha, Maria Stuart da

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na época moderna. A peculiaridade inglesa e o regime Escócia. O próprio Knox agradeceu a Deus ter-lhe dado
político que predominavam na Europa continental estão o dom de profetizar, que assim estabelecia que ele era um
indicados, respectivamente, em: homem de boa-fé.

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Na Inglaterra, as décadas revolucionárias deram ampla di-

HANS PENNIK/AP PHOTO/GLOW IMAGES


HISTÓRIA 1

fusão ao que praticamente constituía uma profissão nova


– a do profeta, quer na qualidade de intérprete dos astros,
ou dos mitos populares tradicionais, ou, ainda, da Bíblia.”
HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante
a Revolução Inglesa de 1640. Trad. Renato Janine Ribeiro. São
Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 103.

O texto se refere ao ambiente político e religioso da In-


glaterra no século XVII. A esse respeito é correto afirmar:
a) a insatisfação popular na Inglaterra era decorrente
da perspectiva protestante de manter os sacerdotes
como intermediários entre Deus e os homens.
b) os revolucionários basearam-se em princípios estrita-
mente racionais e científicos, em uma nítida ruptura
com as crenças e o profetismo da época. Fonte: <http://abcnews.go.com/blogs/
c) apesar de todas as disputas religiosas dos séculos headlines/2011/11/how-did-guy-fawkes-
XVI e XVII, os monarcas ingleses mantiveram-se -become-a-symbol-of-occupy-wall-street>.
neutros, o que permitiu a preservação da monarquia. Acesso em: 26 out. 2018.

d) para os revolucionários ingleses, Deus considerava


apenas os parlamentares como pessoas aptas a trans- Sobre os contextos do século XVII e do século XXI em
mitir a doutrina e indicar os caminhos da salvação. que a figura de Guy Fawkes aparece, identifique como
verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
e) a movimentação revolucionária esteve vinculada aos
conflitos religiosos decorrentes da chamada Reforma ( ) Guy Fawkes pertenceu a uma legião de oposi-
Protestante iniciada no século XVI. tores católicos à dinastia dos Stuart, que tentou
estabelecer um regime absolutista na Inglaterra
20. UFPR-PR (adaptado) C2-H10 ao longo do século XVII.
"Nas imagens vemos uma ilustração de Guy Fawkes, in- ( ) Atualmente, o uso da máscara de Guy Fawkes man-
glês católico morto em 1605 após tentar explodir o Parla- tém o ativismo católico do personagem original, ao
mento inglês na Conspiração da Pólvora, e um manifes- defender a opção preferencial pelos pobres e uma
tante inglês usando a máscara de Guy Fawkes em 2011 teologia de libertação através do ciberativismo.
(inspirada na graphic novel V de Vingança, transformada ( ) Enquanto Guy Fawkes foi demonizado como traidor
em filme em 2006) e portando um cartaz no qual se lê: 'O à Coroa inglesa desde o século XVII, atualmente
povo não deve temer seu governo'." as máscaras de Guy Fawkes representam a con-
testação ao autoritarismo e à injustiça, como no
movimento Ocupe Wall Street e em diversos pro-
PICTORIAL PRESS/ALAMY STOCK PHOTO

testos pelo mundo.


( ) Após a Conspiração da Pólvora, outras revoltas
ocorreram no século XVII na Inglaterra, culminan-
do na Revolução Puritana (1640) e na Revolução
Gloriosa (1688), seja por questões religiosas, seja
pelos cercamentos, seja por disputa de poder en-
tre a monarquia e o Parlamento.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
reta, de cima para baixo:
a) V – F – F – V
b) F – F – V – F
c) F – V – F – V
d) V – V – V – F
e) V – F – V – V

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27

HISTÓRIA 1
ILUMINISMO

LUZ E AÇÃO
• Luz e ação

CHÂTEAU DE MALMAISON, RUEIL-MALMAISON, FRANÇA


• Uma nova filosofia
• Política
• Sociedade
• Economia
• Impacto das ideias
iluministas

HABILIDADES
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças
ou rupturas em processos
de disputa pelo poder.
• Avaliar criticamente conflitos
culturais, sociais, políticos,
econômicos ou ambientais
ao longo da História.

Leitura da tragédia “O órfão da China”, de Voltaire, no salão de Madame Geoffrin (1812), de Anicet Charles Gabriel
Lemonnier. Óleo sobre tela, 129,5 cm × 196 cm. Neste quadro, estão representados, entre outros pensadores e
filósofos iluministas: Voltaire, D’Alambert, Quesnay, Denis Diderot, Montesquieu e Rousseau.

Alguém poderia dizer que as ideias, sozinhas, não mudam a História. Mas como
é possível dizer isso se as ideias também são história? Os movimentos intelectuais
também fazem parte dos processos de rupturas e permanências.
O Iluminismo, ou Século das Luzes, foi um importante rompimento com as ideias
que construíram a Idade Moderna. Locke, Maquiavel, Hobbes e Bossuet, entre ou-
tros, foram os principais teóricos do absolutismo. Rousseau, Montesquieu, Voltaire,
D’Alambert e Diderot, por sua vez, foram os pensadores que romperam com esse
sistema de governo e imaginaram uma nova forma de organizar o mundo.
Cada um desses movimentos intelectuais teve sua importância. O primeiro rom-
peu com o sistema medieval e começou a construção dos Estados modernos. Já o
segundo defendeu que esse Estado pertencia a todos os cidadãos de forma igual e
que o poder fosse dividido e controlado.
Das luzes do Iluminismo, mais tarde explodiria a ação dos revolucionários.

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UMA NOVA FILOSOFIA
A filosofia iluminista integrou um processo de laicização do pensamento europeu.
Esse processo foi inaugurado com o renascimento cultural da época moderna, quando

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se afirmou o método experimental como um caminho promissor para a aquisição do
conhecimento, assentado no apelo à razão, base da ciência moderna.

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Os pensadores do período afirmavam o poder da


razão como a única possibilidade de iluminação e co-
HISTÓRIA 1

A
FR
A NÇ nhecimento das leis que regem o mundo. Da com-
preensão da natureza para a de uma ordem necessária
S,
ARI

às sociedades humanas foi um passo relativamente


SALHES, P

curto, pois muitos entendiam que, com base em certos


princípios observáveis na natureza, era possível extrair
conclusões racionais acerca das várias dimensões da
DE VER

vida humana. O pensamento iluminista indagou sobre o


IO

ser humano, buscando integrá-lo a uma ordem racional.


LÁC

A razão faria o julgamento das esferas políticas, sociais


PA

e econômicas. O que não fosse passível de explicação


François-Marie Arouet, lógica deveria ser substituído. Pode-se entender, então,
também conhecido
como Voltaire. o impacto do Iluminismo no mundo europeu e por que
esse movimento representou uma verdadeira revolução.
O racionalismo ganhou cada vez mais espaço na so-
ciedade europeia e, no século XVII, deu um passo impor- POLÍTICA
tantíssimo com o desenvolvimento da matemática, tanto O Iluminismo questionou o poder absoluto dos reis,
de Newton, com o cálculo diferencial integral, como de afirmando que ele nada mais era do que representação
Descartes, com a geometria analítica. O próprio pensa- e, dessa forma, o governante não podia fazer o que
mento político inglês do século XVII alimentou estudos quisesse, mas aquilo que a maioria dos representados
sobre organização do poder que, em boa medida, favore- desejasse, a chamada vontade geral.
ceram a revolução política na França. As várias conquistas Além disso, o poder devia ser dividido, de acordo
no campo científico ensejaram estudos políticos, econô- com Montesquieu, em: Executivo, para realizar deter-
micos, sociais e da natureza, realizados no século XVIII. minações da lei; Legislativo, para criar leis; e Judiciário,
Exemplo nítido desse evento encontra-se nos es- com o objetivo de julgar com base nas leis, de tal forma
critos políticos de John Locke. O empirismo típico dos que não seria o império do rei, mas da lei.
ingleses teve sua expressão política na obra Segundo Sobre as leis, Montesquieu fez considerações im-
tratado do governo civil, publicada em 1690, após a portantes que marcaram o pensamento político até
Revolução Gloriosa, a qual havia limitado a autoridade os dias atuais:
do rei na Inglaterra.
De acordo com o estudioso François Châtelet: Assim que os homens estão em sociedade, perdem o
sentimento de sua fraqueza; a igualdade que existia
A obra política de John Locke teve uma influência entre eles finda, e o estado de guerra começa. Cada
considerável na intelectualidade europeia. Voltaire sociedade particular começa a sentir sua força; o que
será um ardente propagandista dela. Sua clareza, produz um estado de guerra de nação a nação. Os
sua concisão, mas também sua moderação e sua particulares, em cada sociedade, começam a sentir
preocupação com a experiência comum fizeram dela sua força; procuram colocar a seu favor as principais
o instrumento por excelência da luta contra a tirania vantagens desta sociedade; o que cria entre eles um
religiosa e política. As duas declarações dos direitos estado de guerra. Estes dois tipos de estado de guerra
do homem – a norte-americana, de 1787; e a france- fazem com que se estabeleçam leis entre os homens.
sa, de 1789 – inspiram-se diretamente nessa obra [...] Considerados como habitantes de um planeta tão
Com o Segundo tratado do governo civil (1690), John grande, a ponto de ser necessária a existência de dife-
Locke apresentou a fórmula liberal do Estado mo- rentes povos, existem leis na relação que estes povos
derno, potência soberana e legisladora e unidade de possuem entre si; é o direito das gentes. Considera-
uma multiplicidade de “súditos francos”. dos como membros de uma sociedade que deve ser
CHÂTELET, François. História das ideias políticas. Rio de Janeiro:
mantida, existem leis na relação entre aqueles que
Jorge Zahar, 2000. p. 60. governam e aqueles que são governados; é o direito
político. Elas existem ainda na relação que todos os
Todas essas contribuições do século XVII reforçaram a cidadãos possuem entre si; e é o direito civil. O direi-
crença no poder da razão no século XVIII, pensada como to das gentes está naturalmente baseado neste princí-
o único meio pelo qual seria possível obter conhecimento pio: que as diversas nações devem fazer umas às ou-
verdadeiro e, nesse sentido, muitos desejaram substituir tras, na paz, o maior bem e, na guerra, o menor mal

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a Bíblia por um documento que propagasse novos conhe- possível, sem prejudicar seus verdadeiros interesses.
cimentos produzidos pela razão: a Enciclopédia. MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo:
A Bíblia era entendida como um documento de fé, Martins Fontes, 2000. p. 7.
ligado à religião, enquanto a Enciclopédia era afirmada

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como um argumento de razão, vinculado à ciência. Nesse O que foi exposto por Montesquieu vai contra a
sentido, o importante era difundir o conhecimento cien- teoria de Hobbes, que afirma ser o estado de nature-
tífico, combatendo as trevas das afirmações religiosas. za o estado de guerra. Nesse sentido, Montesquieu

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aproxima-se do pensador Jean Jacques Rousseau, que ECONOMIA


acredita em um estado de natureza no qual o homem O pensamento do século XVIII defendeu o libera-

HISTÓRIA 1
era bom, tornando-se ruim com a civilização. Assim, lismo econômico contra os regimes de monopólio e
nas sociedades humanas a lei devia existir em defesa protecionismo existentes.
dos homens em suas relações comunitárias. Quanto mais se produzisse, mais rico se tornaria
um país. Esse pensamento colocava em questão o
SOCIEDADE metalismo, que configurava a política mercantilista,
No plano social, o pensamento iluminista colocou base do poder absoluto dos reis. A expressão que de-
em xeque o princípio nobiliárquico, isto é, os títulos de finiu o pensamento liberal na economia foi laissez-faire,
nobreza, os quais eram fundados na hereditariedade. laissez-passer (“deixai fazer, deixai passar”).
A ideia era dar condições para que o indivíduo pu- Na Inglaterra, o pensamento econômico liberal foi
desse demonstrar suas capacidades, em vez de se representado por Adam Smith, que em 1776 publicou a
submeter à condição de ancestralidade. Assim, como obra A riqueza das nações, um referencial do liberalismo
os homens eram iguais pela natureza, também deviam na economia. Esse estudo considera o trabalho como o
ser iguais perante a lei. elemento básico da riqueza e da produção de uma nação.
Dessa igualdade, ponto de partida da organização Assim, quanto mais se produz, ou seja, quanto mais se
social, aqueles que fossem mais talentosos ocupariam realiza trabalho, mas riqueza existe em um país.
um lugar de prestígio na sociedade. Substituía-se a Outra questão importante diz respeito não apenas à
sociedade de ordens, garantida pela hereditariedade, liberdade de produção defendida pelo pensador inglês,
pela do mérito, fundada no talento individual. Igualdade mas também à necessidade de liberação do comércio.
e liberdade eram pontos de partida para uma sociedade Assim, se um país produz bastante, deve ter condições
fraterna. Tais valores se realizariam no cidadão. para escoar sua produção livremente. Dessa forma,
Em Rousseau, encontra-se uma discussão funda- críticas aos sistemas de monopólio e ao protecionismo
mental a respeito da desigualdade dos homens, que fazem parte do pensamento econômico liberal.
permite o desenvolvimento da ideia de pacto social e De acordo com o liberalismo, a economia era regu-
de governo representativo como meios para minimizar lada por leis específicas e, se não existisse a interferên-
as diferenças sociais que o mundo civilizado criou entre cia do Estado, haveria autorregulação das forças econô-
os seres humanos. micas. Isso é conhecido como economia de mercado.
Na França, os pensadores também trataram da dimen-
COLEÇÃO PARTICULAR

são econômica, mas o país não se encontrava na mesma


condição produtiva da Inglaterra, que, àquela altura, viven-
ciava a Revolução Industrial. Assim, escritos de economia
afirmavam a liberdade, mas pensavam a riqueza como
bens da terra, ou seja, de raiz. A capacidade produtiva
que deveria ser ampliada estava no mundo rural.
Rousseau foi autor de várias
obras que contribuíram para IMPACTO DAS IDEIAS ILUMINISTAS
a reflexão no século XVIII, Dessa forma, o absolutismo, a sociedade de or-
desenvolvendo conceitos
utilizados na Revolução Francesa.
dens e o mercantilismo foram comprometidos pelas
Foi considerado precursor do ideias iluministas, que consideravam serem essas as
Romantismo ao questionar o características de um sistema que chamavam de Antigo
cogito, ergo sum (“penso, logo
existo”) de Descartes, afirmando:
Regime. Essa velha ordem deveria ser rompida e isso
“sinto, logo sou”. foi, em parte, realizado pelas revoluções.
COLEÇÃO PARTICULAR

Material exclusivo para professores


conveniados ao Sistema de Ensino Esta obra representa uma reunião na casa do filósofo Immanuel Kant, no último ano do século XVIII, o Século das Luzes.

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Pode-se considerar o pensamento iluminista revolucionário nas áreas mais desen-


volvidas da Europa. Contudo, sua influência não se limitou a elas. Os monarcas de
HISTÓRIA 1

países periféricos também assimilaram o racionalismo iluminista, mas fizeram uma


leitura diferente em seus Estados.
Os líderes e seus auxiliares que incorporaram o pensamento iluminista ficaram
conhecidos como déspotas esclarecidos. Eles mantiveram o poder centralizado e
realizaram reformas a fim de modernizar seus territórios.
As ações desses governantes eram justificadas por princípios baseados no ra-
cionalismo iluminista. Nesse sentido, buscaram submeter o clero aos interesses
do Estado, patrocinaram a Enciclopédia como forma de obtenção do conhecimento
racional, estimularam a produção manufatureira, reduziram gastos do aparelho de
Estado e deram incentivos ao estabelecimento de um ensino laico em suas terras,
realizando reformas no meio educacional.

Déspotas esclarecidos
• D. José I (Portugal): buscou manter as colônias como forma de poder do
Estado.
• Carlos III (Espanha): reforçou o poder por meio da prática mercantilista, cen-
tralizando-o na metrópole.
• Frederico II (1712-1786): governante prussiano que, entre outras realizações,
fundou escolas, promoveu a educação, estabeleceu uma política de tolerância
religiosa e incentivou a produção.
• Catarina II (1729-1796): czarina da Rússia. Apoiou os enciclopedistas finan-
ceiramente, construiu escolas, reformou e modernizou cidades, desenvolveu
uma política de ocidentalização do império e racionalizou a administração
pública, limitando a participação da Igreja.
• José II (1741-1790): imperador da Áustria. Aboliu a servidão, fundou esco-
las, concedeu liberdade de religião e criou impostos para o clero e para a
nobreza.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
ILUMINISMO

Movimento cultural e filosófico do século XVIII (Século das Luzes), originário na Inglaterra, desenvolvido principal-
mente na França e caracterizado por buscar explicações lógicas e racionais para a realidade.
O que foi? Defesa do racionalismo, da igualdade social e do individualismo.
Combate à ignorância religiosa, ao absolutismo e ao mercantilismo.

Cândido, ou o Otimismo.
Voltaire Defesa da liberdade de expressão. Principal obra:

Montesquieu Tripartição dos poderes. Principal obra: O espírito das leis.

A lei deve exprimir a vontade da maioria. Do contrato social.


Principal obra:
Rousseau

Enciclopedismo, sistematização e difu-


Diderot e
D’Alembert Principal obra: Enciclopédia.
são do conhecimento científico.

LIBERALISMO

Doutrina política e econômica que tornou-se a filosofia de sustentação do capitalismo e da burguesia.


O que foi?

Pai do liberalismo econômico.

Adam
Smith
Princípios defendidos:

Não intervenção do Estado na economia (laissez-faire,

A riqueza das nações. laissez-passer). Leis naturais como reguladoras da economia.


Principal obra:
Livre-concorrência, com base na lei da oferta e da procura.

Material exclusivo para professores Livre-cambismo, livre-iniciativa e liberdade de contrato de

trabalho. Defesa da propriedade privada.

conveniados ao Sistema de Ensino Divisão internacional do trabalho.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Unesp-SP São corretas apenas as afirmativas:


“O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a melhor a) I e II.
defesa é o próprio Iluminismo. ‘Por mais que seus valores b) II e III.
estejam sendo atacados por elementos como os fundamen-
c) III e IV.
talistas americanos e o islamismo radical, isto é, pela religião
organizada, o Iluminismo continua sendo a força intelectual d) I e III.
e cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo continua e) I e IV.
oferecendo uma arma contra o fanatismo’. Estas palavras
A afirmativa II está errada porque sugere que, para os iluministas,
do historiador britânico Anthony Pagden chegam em um o progresso social seria guiado por Deus. No entanto, o Iluminismo
momento em que algumas forças insistem em dinamitar a acreditava que o progresso era guiado pela razão, como assinala a
herança do Século das Luzes. ‘O Iluminismo é um proje- afirmativa III. A afirmativa IV é incorreta porque associa o Estado
absolutista (Antigo Regime) à liberdade e à igualdade. O Iluminismo,
to importante e em incessante evolução. Proporciona uma porém, era crítico ao Antigo Regime, por considerá-lo uma restrição
imagem de um mundo capaz tanto de alcançar certo grau de aos direitos naturais do ser humano, conforme descrito corretamente
universalidade quanto de libertar-se das restrições do tipo na afirmativa I.
de normas morais oferecidas pelas comunidades religiosas
3. PUC-RJ – Em meados do século XVIII, diversas monar-
e suas análogas ideologias laicas: o comunismo, o fascismo quias europeias se modernizaram com base nos ideais
e, agora, inclusive, o comunitarismo’, afirma Pagden.” iluministas para um programa de reformas que assegu-
SABOGAL, Winston Manrique. O Iluminismo continua rasse uma administração mais racional e eficiente do
oferecendo uma arma contra o fanatismo. Estado. Embora afirmassem agir em nome da “maior
Disponível em: <www.unisinos.br>. (Adaptado)
felicidade dos povos”, estes permaneciam excluídos da
No texto, o Iluminismo é entendido como: tomada de decisões políticas.
a) um impulso intelectual propagador de ideologias polí- Considerando as relações entre a cultura iluminista e as
ticas e religiosas contrárias à hegemonia do Ocidente. reformas promovidas pelos “soberanos esclarecidos”,
analise as afirmativas a seguir:
b) um movimento filosófico e intelectual de valorização
da razão, da liberdade e da autonomia, restrito ao I. Os soberanos reformadores concentraram seus es-
século XVIII. forços no desmantelamento de privilégios fiscais e
no redimensionamento dos poderes eclesiásticos,
c) uma tendência de pensamento legitimadora do domí-
como no caso de Frederico II na Prússia e de D. José I
nio colonialista e imperialista exercido pelas nações
e de seu ministro Pombal em Portugal.
europeias.
II. Os filósofos iluministas forneceram o tema da razão,
d) um projeto intelectual eurocêntrico baseado em ima-
da boa administração e da pública felicidade aos pro-
gens de mundo dotadas de universalidade teológica.
jetos absolutistas dos monarcas e o da liberdade à
e) uma experiência intelectual racional e emancipadora, oposição antiabsolutista.
de origem europeia, porém passível de universalização.
III. Os opositores do reformismo monárquico eram
No trecho indicado, o historiador Anthony Pagden descreve o juristas e magistrados tradicionalistas, a nobreza
Iluminismo como um projeto que, embora iniciado no século XVIII, fundiária e o alto clero, ameaçados pela dissolução
ainda hoje tem importância central no Ocidente e pode servir de
arma contra fanatismos religiosos ou laicos. Nesse sentido, é
da sociedade de ordens promovida pelos soberanos
incorreto dizer que o Iluminismo opõe-se à hegemonia do Oci- esclarecidos.
dente, restringe-se ao século XVIII e é eurocêntrico e teológico.
Assinale:
2. PUC-RJ – O Iluminismo, como movimento intelectual, a) se somente a afirmativa I estiver correta.
reuniu pensadores que abordaram a política, a organi- b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
zação social e a natureza de formas distintas. Pode-
mos, no entanto, encontrar um conjunto de princípios c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
comuns que dão identidade ao pensamento iluminista d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
europeu do século XVIII. Sobre esse movimento, ana- e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
lise as alternativas abaixo:
A afirmativa III está incorreta, pois os soberanos esclarecidos tiveram
I. As ideias Iluministas estão associadas às críticas ao como principais opositores as ordens religiosas. O projeto de moder-
Antigo Regime, em particular ao direito divino dos nização administrativa dos déspotas esclarecidos buscou restringir o
reis e aos privilégios hereditários, entendidos como poder dessas ordens no interior das monarquias europeias. Um exem-
contrários ao direito natural do homem. plo bastante representativo é o da disputa travada entre o reformista
Marquês de Pombal e a ordem dos jesuítas em Portugal e no Brasil.
II. Os iluministas defendiam que as sociedades huma-
nas tendiam para um estágio inevitável de progresso 4. IFGO-GO
material e espiritual que levaria à regeneração do
homem e que seria guiada por Deus. “[...] na última parte do século XVIII, [...] o evidente su-
cesso internacional do poderio capitalista britânico levou
III. A defesa da razão como principal recurso humano a maioria destes monarcas (ou melhor, seus conselheiros)

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para conhecer e explicar os fenômenos sociais e
a tentar programas de modernização intelectual, adminis-
naturais estava no centro da atitude intelectual dos
filósofos iluministas. trativa, social e econômica. Naquela época, os príncipes
adotavam o slogan do ‘Iluminismo’ do mesmo modo como
IV. A igualdade e a liberdade são, para os pensadores os governos de nosso tempo, por razões análogas, adotam

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do século XVIII, valores fundamentais e naturais, slogans de ‘planejamento’.”
que constituem a base política do nascente Estado
absolutista. HOBSBAWM, E. A Era das Revoluções. Paz e Terra, 10. ed., 1997.

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A história das ideias e dos movimentos intelectuais b) a lei inglesa, ao referir-se aos antigos direitos, preser-

HISTÓRIA 1
tem grande importância para compreendermos trans- vava a hierarquia, os privilégios exclusivos da nobreza
formações e características fundamentais da nossa so- sobre a propriedade e os castigos corporais como
ciedade. A esse respeito, assinale a alternativa correta: procedimento jurídico.
a) o poderio britânico, no século XVIII, se deve à con- c) no contexto da Revolução Francesa, a Declaração dos
quista de colônias no espaço afro-asiático. Direitos do Homem e do Cidadão significou o fim do
Antigo Regime, ainda que tenham sido mantidos os
b) o fato histórico descrito no texto ficou conhecido direitos tradicionais da nobreza.
como “despotismo esclarecido”.
d) os direitos do homem, por serem direitos dos hu-
c) no século XVIII, a Revolução Industrial organizou manos em relação uns aos outros, significam que
um cenário econômico homogêneo na Europa e, não pode haver privilégios nem direitos divinos, mas
em contrapartida, reforçou o atraso das nações do devem prevalecer os princípios da igualdade e uni-
continente americano. versalidade dos direitos entre os humanos.
d) a modernização político-econômica, no século XVIII, A alternativa correta é a única que se articula ao texto apresenta-
se deve ao surgimento dos chamados regimes ab- do na questão, no qual Lynn Hunt discute os avanços introduzidos
solutistas. pela Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) e pela
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França (1789).
e) o Iluminismo procurou conciliar a influência cultu- Esses documentos estabeleceram direitos humanos e defenderam
ral da Igreja com a racionalização das instituições sua universalidade, o que assegurava o princípio da igualdade entre
políticas. os seres humanos.

No texto, Eric Hobsbawm trata dos projetos de modernização em- Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
preendidos pelas monarquias europeias no fim do século XVIII. Esse tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
projeto ficou conhecido como “despotismo esclarecido”, pois os grupos, conflitos e movimentos sociais.
monarcas e seus conselheiros buscaram trazer para o interior do Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuí-
Antigo Regime elementos próprios do Iluminismo, também chamado ram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
de “Esclarecimento”.
6. Unesp-SP
“O pensamento iluminista, baseado no racionalismo, in-
5. Unicamp-SP C3-H13
dividualismo e liberdade absoluta do homem, ao criticar
“A igualdade, a universalidade e o caráter natural dos di-
todos os fundamentos em que se assentava o Antigo Regi-
reitos humanos ganharam uma expressão política direta
me, revelava as suas contradições e as tornava transparen-
pela primeira vez na Declaração da Independência ameri-
tes aos olhos de um número cada vez maior de pessoas.”
cana de 1776 e na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789. Embora se referisse aos ‘antigos direitos FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas, 1982.
(Adaptado)
e liberdades’ estabelecidos pela lei inglesa e derivados da
história inglesa, a Bill of Rights inglesa de 1689 não de- Entre as críticas ao Antigo Regime, mencionadas no
clarava a igualdade, a universalidade ou o caráter natural texto, podemos citar a rejeição iluminista do:
dos direitos. Os direitos são humanos não apenas por se a) princípio da igualdade jurídica.
oporem a direitos divinos ou de animais, mas por serem os
b) livre-comércio.
direitos de humanos em relação uns aos outros.”
c) liberalismo econômico.
HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 19. (Adaptado) d) republicanismo.
e) absolutismo monárquico.
Assinale a alternativa correta:
Princípio de igualdade jurídica, livre-comércio, liberalismo econômico
a) a prática jurídica da igualdade foi expressa na De- e republicanismo não eram características do Antigo Regime, o que
claração de Independência dos EUA e assegurada invalida as alternativas de A a D. Já o absolutismo monárquico era
nos países independentes do continente americano uma das principais características do Antigo Regime, extremamente
após 1776. criticado pelo Iluminismo por ser oposto aos direitos naturais do
ser humano.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UEL-PR – Leia o texto a seguir: a) o assenhoreamento de grandes quantidades de ter-
“Em geral, são necessárias as seguintes condições para ras no “Novo Mundo” por povos, utilizando-se da
autorizar o direito do primeiro ocupante de qualquer pe- força para afastar delas os outros homens.
daço de chão: primeiro, que esse terreno não esteja ainda b) a conciliação do trabalho e da necessidade para
habitado por ninguém; segundo, que dele só se ocupe a subsistência de cada um, independentemente da
porção de que se tem necessidade para subsistir; terceiro, prioridade temporal do ocupante.
que dele se tome posse não por uma cerimônia vã, mas c) a expulsão dos habitantes da terra, a declaração
pelo trabalho e pela cultura, únicos sinais de propriedade “isto é meu” e o convencimento dos demais sobre
que devem ser respeitados pelos outros, na ausência de a sua ocupação.
títulos jurídicos.”

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d) a ocupação de terras desabitadas, que, devido à sua
ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. Trad. Lourdes Machado. São
vastidão, estão para além da capacidade do primeiro
Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 44. (Coleção Os Pensadores.).
ocupante de cultivá-las.
Com base no texto e nos conhecimentos acerca da
e) a primeira ocupação da terra, limitada à esfera da sub-
questão do contratualismo em Rousseau, assinale a

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sistência e de sua real utilização, via cultivo da terra.
alternativa que apresenta corretamente as condições
que autorizam o direito do primeiro ocupante:

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8. UnB-DF – No século XVIII, o Iluminismo foi, sob vários


HISTÓRIA 1

aspectos, um movimento cultural que se estabeleceu


em consonância com os ideais humanistas difundidos
pelo Renascimento no começo da Idade Moderna.
Acerca do Iluminismo, assinale a opção correta:
a) a crença na capacidade humana de autoaperfeiçoa-
mento por meio da aquisição de conhecimento ra-
cional, ideal de progresso que se aplicava tanto ao
indivíduo quanto às diferentes coletividades, foi uma
característica marcante do pensamento iluminista.
11. PUC-RJ – Os parágrafos que se seguem foram extraí-
b) a maior parte dos pensadores iluministas compar-
dos do documento Declaração de Independência dos
tilhava atitude abertamente hostil às religiões e à
Estados Unidos, assinado pela unanimidade dos re-
religiosidade, como evidencia o fato de alguns dos
presentantes políticos das Treze Colônias, no Segundo
mais famosos filósofos iluministas, como Voltaire e
Congresso Continental no ano de 1776.
Jean-Jacques Rousseau, terem se declarado ateus.
“Quando no decurso da história do homem se torna ne-
c) por causa da sua oposição ao capitalismo industrial
cessário um povo quebrar os elos políticos que o liga-
então emergente, os autores associados ao Ilumi-
vam a outro e assumir, de entre os poderes terrenos, um
nismo mantiveram-se à distância das questões eco-
estatuto de diferenciação e igualdade ao qual as leis da
nômicas, o que explica o fato de a era do Iluminismo
natureza e do Deus da natureza lhe conferem o direito, o
não ter sido marcada por grandes realizações no âm-
respeito que é devido perante as opiniões da humanida-
bito do pensamento econômico.
de exige que esse povo declare as razões que o impelem
d) na França, o Iluminismo foi o grande suporte ideo-
à separação. [...]
lógico da revolução que pôs fim ao Antigo Regime
em 1789. Filósofos iluministas, como Denis Diderot [...] o povo tem direito a [...] instituir um novo governo,
e Montesquieu, lideraram ações revolucionárias e assentando os seus fundamentos nesses princípios e or-
desempenharam papel relevante no governo cons- ganizando os seus poderes do modo que lhe pareça mais
tituído após a Tomada da Bastilha. adequado à promoção de sua segurança [...].”
Fonte: <http://www.infopedia.pt/$declaracao-
de-independencia-dos-estados>.
9. Uerj-RJ
“O Iluminismo é a saída do homem do estado de tutela,
Assinale a alternativa que corresponde corretamente
pelo qual ele próprio é responsável. O estado de tute-
ao conjunto de ideias e ideais relacionados à época
la é a incapacidade de utilizar o próprio entendimento
histórica tratada pelo documento:
sem a condução de outrem. Cada um é responsável por
esse estado de tutela quando a causa se refere não a uma a) o liberalismo enquanto doutrina defendia a menor
insuficiência do entendimento, mas à insuficiência da re- intervenção possível do Estado na condução política
solução e da coragem para usá-lo sem ser conduzido por da sociedade.
outrem. Sapere aude!* Tenha a coragem de usar seu pró- b) o racionalismo científico renascentista atribuía ao ho-
prio entendimento. Essa é a divisa do Iluminismo. mem o poder de conhecimento e intervenção tanto na
Immanuel Kant (1784). natureza como na condução política das sociedades.
*Expressão latina que significa “tenha a coragem de saber, c) o nacionalismo partia do pressuposto de que a leal-
de aprender”. dade do indivíduo ao Estado-nação deveria estar
BOMENY, Helena; FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Tempos modernos, acima dos interesses pessoais ou dos interesses
tempos de sociologia. São Paulo: Ed. do Brasil, 2010. de determinados grupos.
d) o Iluminismo defendia, de modo geral, a ideia de
No contexto da expansão capitalista no século XIX, que o Estado deveria assegurar ao homem o direito
uma das ideias centrais do Iluminismo, de acordo de expressar sua consciência de forma autônoma,
com o texto, está associada diretamente à valori- bem como os direitos inalienáveis à vida e à busca
zação da:
da felicidade.
a) superioridade técnica.
e) as doutrinas sociais emergentes do contexto da so-
b) soberania econômica. ciedade industrial pregavam a ampliação da partici-
c) liberdade política. pação política à classe operária, além de melhores
d) razão científica. condições de vida para a mesma.

10. UnB-DF – Avalie a afirmativa:


12. Unesp-SP

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O Iluminismo, embora fosse, em grande parte, inspirado
“Encontrar uma forma de associação que defenda e pro-
em ideais da Antiguidade greco-romana, no que se refere
ao comportamento humano e ao perdão, opôs-se à visão teja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força
grega ao considerar o homem como senhor de suas ações comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obe-

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e como titular do poder de perdoar seu semelhante. dece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre
quanto antes. Esse, o problema fundamental cuja solução
o contrato social oferece. [...]

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Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu a) apontou a necessidade de limitar a liberdade indivi-

HISTÓRIA 1
poder sob a direção suprema da vontade geral, e recebe- dual para impedir que o excesso degenerasse em
mos, enquanto corpo, cada membro como parte indivisí- anarquismo.
vel do todo.” b) acentuou que o Estado não possui poder ilimitado,
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social, 1983. o qual nada mais é do que a somatória do poder dos
membros da sociedade.
O texto apresenta características:
c) visou defender a tese de que apenas a federalização
a) iluministas e defende a liberdade e a igualdade política é compatível com a democracia orgânica.
social plenas entre todos os membros de uma
sociedade. d) mostrou que, sem centralização e dependência dos
poderes ao Executivo, não há paz social.
b) socialistas e propõe a prevalência dos interesses
coletivos sobre os interesses individuais. e) procurou salientar que a sociedade industrial somen-
te se desenvolverá a partir de minucioso planejamen-
c) iluministas e defende a liberdade individual e a ne-
cessidade de uma convenção entre os membros de to econômico.
uma sociedade.
16. Fuvest-SP
d) socialistas e propõe a criação de mecanismos de
união e defesa de todos os trabalhadores. “Um comerciante está acostumado a empregar o seu
e) iluministas e defende o estabelecimento de um po- dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao pas-
der rigidamente concentrado nas mãos do Estado. so que um simples cavalheiro rural costuma empregar
o seu em despesas. Um frequentemente vê seu dinhei-
13. Unicamp-SP ro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro,
“A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento quando se separa do dinheiro, raramente espera vê-lo
constitui suficiente prova de que não é inato.” de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. os seus temperamentos e disposições em toda espécie
São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 13. de atividade. O comerciante é, em geral, um empreen-
O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia dedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus
parte: empreendimentos [...]”.
SMITH, Adam. A riqueza das nações. Livro III, capítulo 4.
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
aquisição deriva da experiência. Neste pequeno trecho, Adam Smith:
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhe- a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades
cimentos possam ser obtidos.
e modos de vida distintos.
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao ne-
b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em
gar a existência de ideias inatas.
face da estagnação medieval.
d) defende que as ideias estão presentes na razão des-
de o nascimento. c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos
rendimentos do campo.
14. Unicsal-AL d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lu-
“Sempre considerei as ações dos homens como as melho- cros e a dos cavalheiros com a ostentação de riquezas.
res intérpretes dos seus pensamentos.” e) expõe as causas da estagnação da agricultura no
John Locke. final do século XVIII.

A frase de John Locke nos remete ao Iluminismo e 17. Mackenzie-SP – Assinale a alternativa em que apare-
seus objetivos nos diversos âmbitos que formam a cem as principais ideias de Jean Jacques Rousseau em
vida em sociedade. Sobre o ideário iluminista, é cor- sua obra O contrato social:
reto afirmar que:
a) cada homem é inimigo do outro, está em guerra com
a) seu caráter popular afastou os intelectuais e aproxi- o próximo e por esta razão cria o Estado para sua
mou a pequena burguesia da nobreza togada. própria defesa e proteção.
b) o intelectualismo se tornou um obstáculo à expansão b) o Estado é uma realidade em si e é necessário
do Iluminismo, fato que minimizou sua influência nas
conservá-lo, reforçá-lo e eventualmente reformá-lo,
revoluções burguesas.
reconhecendo uma única finalidade: sua prosperi-
c) Adam Smith dissocia a liberdade econômica da li- dade e grandeza.
berdade política, fazendo prevalecer esta última em
detrimento da primeira. c) o governante deve dar um bom exemplo para que os
súditos o sigam. Através da educação e de rituais, os
d) a razão apresenta um poder emancipador capaz de
homens de capacidade aprenderiam e transmitiriam
tirar o homem da menoridade e libertá-lo da opressão
os valores do passado.
política e dos resquícios das trevas medievais.
e) o projeto iluminista não se opunha totalmente ao d) que as classes dirigentes tremam ante a ideia de

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mercantilismo nem ao absolutismo, já que preserva uma revolução! Os trabalhadores devem proclamar
em grande parte as instituições do Antigo Regime. abertamente que seu objetivo é a derrubada violenta
da ordem social tradicional.
15. Fatec-SP – As grandes revoluções burguesas do sé- e) a única esperança de garantir os direitos de cada

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culo XVIII refletem, em parte, algumas ideias dos indivíduo é a organização da sociedade civil, cedendo
filósofos iluministas, dentre as quais podemos des- todos os direitos à comunidade, para que seja politi-
tacar a que: camente justo o que a maioria decidir.

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ESTUDO PARA O ENEM


HISTÓRIA 1

18. Enem C5-H22 A visão de Rousseau em relação à natureza humana,


“É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que conforme expressa o texto, diz que:
quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua
ter sempre presente em mente o que é independência e o própria natureza.
que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que
b) as instituições sociais formam o homem de acordo
as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que
com a sua essência natural.
elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros
também teriam tal poder.” c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as
instituições sociais dependem dele.
MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo:
Nova Cultural, 1997. (Adaptado) d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar
absoluto.
A característica de democracia ressaltada por Montes-
e) as instituições sociais expressam a natureza humana,
quieu diz respeito:
pois o homem é um ser político.
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao
tomar as decisões por si mesmo. 20. Enem C3-H14
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à “A importância do argumento de Hobbes está em parte no
conformidade às leis. fato de que ele se ampara em suposições bastante plau-
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, síveis sobre as condições normais da vida humana. Para
nesse caso, livre da submissão às leis. exemplificar: o argumento não supõe que todos sejam de
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é fato movidos por orgulho e vaidade para buscar o domínio
proibido, desde que ciente das consequências. sobre os outros; essa seria uma suposição discutível que
e) ao direito de o cidadão exercer sua vontade de acor- possibilitaria a conclusão pretendida por Hobbes, mas de
do com seus valores pessoais. modo fácil demais. O que torna o argumento assustador e
lhe atribui importância e força dramática é que ele acredita
19. Enem C3-H14 que pessoas normais, até mesmo as mais agradáveis, po-
“O homem natural é tudo para si mesmo; é a unidade dem ser inadvertidamente lançadas nesse tipo de situação,
numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo que resvalará, então, em um estado de guerra.”
mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas
RAWLS, J. Conferências sobre a história da filosofia política.
uma unidade fracionária que se liga ao denominador, e São Paulo: WMF, 2012. (Adaptado)
cujo valor está em sua relação com o todo, que é o cor-
po social. As boas instituições sociais são as que melhor O texto apresenta uma concepção de filosofia política
sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência ab- conhecida como:
soluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu para a a) alienação ideológica.
unidade comum, de sorte que cada particular não se julgue b) microfísica do poder.
mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja
c) estado de natureza.
percebido no todo.”
ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação.
d) contrato social.
São Paulo: Martins Fontes, 1999. e) vontade geral.

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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
28

HISTÓRIA 1
O MUNDO DAS MÁQUINAS
• O mundo das máquinas

PRISMA ARCHIVO/ALAMY STOCK PHOTO


• As origens da revolução
• O carvão e as máquinas
• Os trabalhadores
• Movimentos de resistência
• Ludismo
• Cartismo
• Repensando o trabalho

HABILIDADES
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
História.

Representação de uma fábrica inglesa do século XIX.

No início, era a terra. A agricultura tinha papel central no modo de produzir a


vida e de vivê-la. As áreas banhadas por rios eram disputadas pelas civilizações, e
áreas produtoras de alimentos como o trigo eram estratégicas em qualquer guerra.
Depois, a atividade comercial também ganhou espaço. A circulação de merca-
dorias permitia que povos que nada produziam pudessem enriquecer. Com a revo-
lução comercial dos séculos XVI e XVII, nasce a classe comerciária por excelência,
a burguesia, que depois também dedica-se à produção de artesanato e, mais tarde,
de manufaturas.
E então veio a indústria. O processo desencadeado pela Revolução Industrial
alterou profundamente os rumos da História e mudou nossa forma de produzir bens
de consumo e de viver, influenciando inclusive o modo como nos relacionamos com
o tempo.

AS ORIGENS DA REVOLUÇÃO
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Alguns fatores, quando somados, ajudam a explicar como e por que a Revolução
Industrial ocorreu na Inglaterra. Esse assunto ainda é motivo de grande debate aca-

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dêmico, mas alguns aspectos são importantes em uma análise mais geral:
• houve um grande acúmulo de capital durante os séculos XVII e XVIII graças às
redes comerciais inglesas e sua poderosa frota naval;

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• a potência concorrente, a França, fora derrotada onde foram criadas e, depois, nos Países Baixos (Bél-
na Guerra dos Sete Anos; gica e Holanda). Mais tarde, chegariam também aos
HISTÓRIA 1

• a Revolução Gloriosa de 1688 ampliou os poderes Estados Unidos e a outros países, como Alemanha,
do Parlamento, criou instituições mais inclusivas, França e Itália.
que aumentaram a participação política de boa parte Antes da Revolução Industrial, as formas predomi-
da população, e inaugurou o Estado liberal inglês; nantes de produção de mercadorias eram o artesanato
• com dinheiro disponível e instituições inclusivas, e a manufatura. Para entender quão revolucionário foi
havia grande incentivo para a inovação e o Parla- esse processo, vamos destacar as particularidades de
mento favoreceu o enriquecimento da burguesia; cada forma:
• havia no território grande quantidade de carvão • Artesanato: trabalho manual auxiliado por ferra-
disponível; muito desse carvão era superficial, mentas, feito em casa ou em pequenas oficinas.
portanto de fácil extração; O artesão conhecia todo o processo de produ-
• o processo de cercamento de terras deixou muitas ção, de ponta a ponta e era o dono das matérias-
pessoas desempregadas e miseráveis, formando -primas e do lugar onde o trabalho era realizado.
um enorme contingente de mão de obra barata;

WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO


• os aristocratas, que não recebiam uma remunera-
ção do Estado como acontecia na França, viram com
bons olhos o avanço das manufaturas e da indus-
trialização e investiram nesses empreendimentos;
• já havia na Inglaterra um grande número de manu-
faturas, especialmente tecelagens, que se adap-
taram e se transformaram em indústrias.
NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/ALAMY STOCK PHOTO

Representação de um homem trabalhando no tear


na Inglaterra, no início da Revolução Industrial.

• Manufatura: acontecia como um trabalho arte-


sanal em maior escala. A forma do trabalho era
a mesma, mas havia a figura do dono, a quem
pertenciam a matéria-prima, as ferramentas e o
lugar onde o trabalho era desenvolvido. Aos pou-
cos, surgiram as linhas de montagem e começou
a ser construída a forma industrial de trabalhar.
Representação da extração de carvão na Inglaterra no início
do século XIX.

Após a criação das primeiras máquinas a vapor, o


BIBLIOTECA DO CONGRESSO,
WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS

processo avançou rapidamente. A agricultura e a cir-


culação de mercadorias deixaram de ser o centro da
economia e passaram a ser atividades auxiliares à pro-
tagonista: a fábrica.

Material exclusivo para professores


O CARVÃO E AS MÁQUINAS
O carvão mineral, disponível em abundância na In-
glaterra, alimentava as máquinas a vapor – e depois

conveniados ao Sistema de Ensino


também os trens. As máquinas potencializaram a pro-
dução e alteraram profundamente a vida das pessoas Representação de mulheres trabalhando na indústria têxtil na Inglaterra no
nos lugares onde chegavam. Primeiro, na Inglaterra, início da Revolução Industrial.

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• Maquinofatura: é a produção mecanizada que a 15 horas por dia. As crianças também trabalhavam e
surge com a Revolução Industrial. As formas de eram bastante requisitadas porque recebiam salários

HISTÓRIA 1
organizar o trabalho se sofisticaram, as tarefas ainda menores.
foram divididas e toda a estrutura pertencia a uma Famílias inteiras trabalhavam nas fábricas para que,
única pessoa: o local, as máquinas e a matéria- com a soma dos baixos salários, conseguissem so-
-prima. Ao trabalhador pertencia apenas a própria breviver. Seja nas minas de carvão ou nas fábricas,
força de trabalho. tinham péssimas condições de trabalho, com pouca
ou nenhuma segurança, em ambientes insalubres –
SOTK2011/ALAMY STOCK PHOTO

sujos, escuros e com o ar poluído – alimentação fraca


e nenhum período de descanso.
Não demoraria para que essas pessoas se mobi-
lizassem para mudar as condições de vida que lhes
eram impostas.

MOVIMENTOS DE
RESISTÊNCIA
LUDISMO

FLHC 15/ALAMY STOCK PHOTO


Representação do interior de uma fábrica na Inglaterra, no início da
Revolução Industrial.

O carvão e a máquina alimentada por ele amplia-


ram em um nível sem precedentes a produtividade e
a padronização da produção de bens materiais. Com
a divisão do trabalho, a pessoa que produz perdeu a
noção do processo produtivo, especializando-se em
apenas uma única tarefa, feita de forma repetitiva.
Ao mesmo tempo, ganha força a preferência por
este ou aquele produto de forma massificada, ou seja,
milhares de pessoas que preferiam o sapato de deter-
minada fábrica, o tecido de outra e os pregos de uma
terceira. Essa foi uma mudança importante: além da
produtividade industrial, a sofisticação dos produtos e
o fortalecimento de grandes marcas moldaram a forma
como nos relacionamos com o mercado.
Representação de trabalhadores destruindo máquinas no início da

OS TRABALHADORES Revolução Industrial.

Já vimos as mudanças importantes que a Revolu- Logo nas primeiras décadas da Revolução Industrial,
ção Industrial trouxe para o setor produtivo e, por con- a classe trabalhadora, com baixos salários e muitas
sequência, para o mercado. Agora, vamos falar sobre horas de trabalho, vivia na miséria. No início do sé-
quem de fato produzia: os operários. culo XIX, eclode o chamado ludismo, que remete ao
Com o objetivo principal de ampliar os lucros, o nome de um de seus supostos líderes, Ned Ludd. Por
capitalismo industrial precisava cortar custos e ampliar um lado, essas pessoas haviam perdido suas formas
as receitas. Com isso, a burguesia industrial poderia tradicionais de vida, substituídas pelo novo ritmo da
investir nas indústrias para melhorá-las e ampliá-las, sociedade industrial que tomava quase todas as horas
além de aumentar seu poder nessa nova sociedade. de seus dias. Por outro, várias dessas pessoas esta-
Portanto, a burguesia buscava reduzir impostos e frear vam ficando desempregadas, entregues a uma miséria
possíveis regulamentações, ampliar o mercado consu- ainda pior.
midor e contratar mão de obra barata. Por isso, um grupo de trabalhadores começou a

Material exclusivo para professores É nesse contexto que a burguesia industrial inglesa
começa a combater a escravidão e apoiar o liberalismo,
a fim de ampliar o mercado consumidor em outros
destruir as máquinas, responsabilizando-as simboli-
camente pela situação em que viviam. Por conta dos
altos prejuízos que causaram aos proprietários, foram

conveniados ao Sistema de Ensino


países, pois o trabalhador escravizado não tinha poder reprimidos e condenados à morte ou à deportação. A
de compra. Ao mesmo tempo, os baixos salários eram respeito disso, o historiador inglês E. P. Thompson, que
mantidos e a jornada de trabalho era extensa, chegando estudou a classe trabalhadora inglesa, observa:

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[...] podemos ver o movimento ludista como uma Quando Owen assumiu o controle dos cotonifícios
transição. Devemos encarar, através da destruição [fábricas de tecidos de algodão] de New Lanark, na
HISTÓRIA 1

das máquinas, os motivos dos indivíduos que bran- Escócia, os trabalhadores eram homens e mulheres
diam as marretas. Enquanto um “movimento do sujos, bêbados e de baixíssima confiabilidade – na-
próprio povo”, fica-se surpreendido não com seu quele tempo, trabalhar numa fábrica era sinal de fal-
atraso, mas com sua maturidade crescente. Longe ta de amor-próprio – e crianças de cinco a dez anos
de ser “primitivo”, ele demonstrou alto grau de dis- de idade, oriundas de orfanatos. [...] Owen conse-
ciplina e autocontrole. [...] foi uma fase de transição guiu, em vinte e cinco anos, criar uma comunidade
em que as águas do sindicalismo, represadas pelas de alto padrão de vida e nível de instrução consi-
Leis de Associação, lutaram por irromper e se con- derável, onde Owen era adorado. Pagava aos em-
verter numa presença manifesta e explícita. pregados salários altos, e os fazia trabalhar menos
THOMPSON, Edward Palmer. Um exército de justiceiros. In: A horas por dia do que qualquer de seus concorrentes;
formação da classe operária inglesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, além disso, sustentava-os em época de depressão
2002. p. 179. v. 3.
econômica. Limitou a uma quantia fixa os lucros a
serem pagos a seus sócios, aplicando o resto na co-
CARTISMO munidade para fazer melhorias. Não era evidente –
Owen perguntava insistentemente ao mundo – que
WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY
STOCK PHOTO

era assim que toda a sociedade deveria ser? Se todas


as crianças fossem educadas como ele educava os
filhos de seus empregados [...], instruindo-as sem
castigos nem violência, a espécie humana não se
transformaria? [...]
WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo:
Companhia das Letras, 1986. p. 91.

NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO


Ilustração que representa a luta dos cartistas contra os donos de fábricas
durante a Revolução Industrial.

Diferentemente dos ludistas, que reagiram a uma


situação de miséria, os cartistas fazem parte de um
contexto no qual os trabalhadores já estavam mais or-
ganizados e experientes. À ação conjunta dos operários
somou-se a capacidade de elaborar propostas políticas.
Esse movimento surgiu na Inglaterra em 1837 e rece-
beu esse nome porque as exigências foram feitas em
forma de carta.
As principais reivindicações eram:
• direito de voto para os trabalhadores;
• eleições anuais para o Parlamento;
• estabelecimento do voto secreto;
• jornadas de dez horas diárias;
• regulamentação do trabalho de mulheres e crianças.
Entre essas demandas, as mudanças na política e
no direito ao voto não foram conquistadas. Por outro
lado, os manifestantes conseguiram reduzir a jornada
de trabalho e regulamentar o trabalho infantil. Além Retrato de Robert Owen.
disso, ficou em evidência a capacidade de mobilização
e aspiração por uma classe trabalhadora mais forte. A inovação e a sofisticação do maquinário torna-
ram-se regra, e rapidamente o mundo industrial criou
REPENSANDO O TRABALHO novas tecnologias. Com os navios e os trens a vapor,

Material exclusivo para professores


Nesse contexto de lutas sociais dos trabalhado- o telégrafo e, depois, o telefone, o mundo sofreu pro-
res, alguns membros da burguesia industrial des- fundas transformações. Depois, em uma nova etapa da
tacaram-se como grandes aliados. Engels, um dos revolução, a energia elétrica, as pesquisas químicas e
principais pensadores do socialismo e do comunis- o desenvolvimento de motores a combustão levaram à

conveniados ao Sistema de Ensino


mo, era filho de industriais. Outra figura de desta- chamada Segunda Revolução Industrial. Esse processo
que foi Robert Owen, sobre quem fala o historiador começou na Inglaterra, no século XVIII, e até hoje está
Edmund Wilson: em andamento.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Principais causas

Acúmulo de capital graças às redes comerciais inglesas e sua poderosa frota naval.

Instituições inclusivas e maior participação política graças à Revolução Gloriosa de 1688.

Incentivo à inovação.

Apoio do Parlamento à burguesia.

Grande quantidade de carvão disponível. Muito desse carvão era superficial, portanto de fácil extração.

Enorme contingente de mão de obra barata.

Formas de produção

Artesanato: O artesão é dono do local, das ferramentas e da matéria-prima e conhece todo o processo de produção.

Manufatura: Há um dono das ferramentas, do local e da mão de obra, mas o trabalho ainda é feito de forma artesanal. Em alguns

casos, há divisão do trabalho e trabalho em série.

Maquinofatura: É a forma criada após a Revolução Industrial, na qual há um dono que detém todas as máquinas, o local e a ma-

téria-prima. O trabalhador tem apenas a força de trabalho. Há uma linha de produção, com trabalho segmentado.

Com isso, nenhum trabalhador conhece o processo todo.

Movimentos de resistência

Ludismo: Os trabalhadores reagiram à condição de miséria e destruíram máquinas, causando grandes prejuízos aos patrões. Foram

reprimidos com violência e condenados à morte ou à deportação.

Material exclusivo para professores


Cartismo: Movimento mais organizado, surgido em um contexto de politização da classe trabalhadora. As reivindicações foram

conveniados ao Sistema de Ensino


feitas por meio de cartas. Não conseguiram as mudanças políticas que desejavam (direito a voto e eleições anuais), mas

conquistaram a redução da jornada de trabalho e a regulamentação do trabalho infantil.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Unesp-SP C3-H11 a) Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra entre 1688


“Nem todos os homens se renderam diante das forças e 1689, que garantiu o fim do absolutismo na In-
irresistíveis do novo mundo fabril, e a experiência do glaterra e possibilitou o desenvolvimento social e
movimento dos quebradores de máquina demonstra econômico daquele país.
uma inequívoca capacidade dos trabalhadores para de- b) Revolução Francesa, que no fi nal do século XVIII
sencadear uma luta aberta contra o sistema de fábrica. criou um novo modelo social e econômico para o
De um lado, esse movimento de resistência visava in- mundo ocidental.
vestir contra as novas relações hierárquicas e autoritá- c) Revolução Industrial, que, principiando no século
rias introduzidas no interior do processo de trabalho XVIII, estabeleceu novas formas de organização do
fabril, e nessa medida a destruição das máquinas fun- trabalho na sociedade capitalista.
cionava como mecanismo de pressão contra a nova di- d) Revolução Haitiana, que teve início em 1791 e mar-
reção organizativa das empresas; de outro lado, inúme- cou a independência do país caribenho do domínio
ras atividades de destruição carregaram implicitamente francês, mas colocou-o sob o controle do capital
industrial inglês.
uma profunda hostilidade contra as novas máquinas e
contra o marco organizador da produção que essa tec- O fato de esta questão ser apresentada em um módulo sobre Revolu-
ção Industrial torna mais fácil sua resolução. Aqui, os alunos deverão
nologia impunha.” identificar como a Revolução Industrial alterou a forma de trabalhar
DECCA, Edgar de. O nascimento das fábricas, 1982. (Adaptado) e de viver e consolidou o capitalismo que vinha em formação desde
o mercantilismo.
De acordo com o texto, os movimentos dos quebrado- Competência: Entender as transformações técnicas e tecnológicas
res de máquinas, na Inglaterra do final do século XVIII e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
e início do XIX: conhecimento e na vida social.
Habilidade: Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecno-
a) expunham a rápida e eficaz ação dos sindicatos, ca- logias na organização do trabalho e/ou da vida social.
pazes de coordenar ações destrutivas em fábricas
de diversas partes do país.
b) representavam uma reação diante da ordem e da dis-
ciplinarização do trabalho, facilitadas pelo emprego
de máquinas na produção fabril. 3. UFPR-PR – Considere o fragmento a seguir:
c) indicavam o aprimoramento das condições de tra- “Afirmo que cada homem, e cada mulher, e cada criança
balho nas fábricas, que contavam com aparato de deve obter algo mais, na distribuição geral dos frutos
segurança interna contra atos de vandalismo. do trabalho, além de alimento, farrapos e uma miserá-
d) revelavam a ingenuidade de alguns trabalhadores, vel rede com uma manta pobre a cobri-la: e isso, sem
que não percebiam que as máquinas auxiliavam e ter de trabalhar doze ou quatorze horas por dia [...]
facilitavam seu trabalho. dos seis aos sessenta anos. Eles têm uma reivindicação,
e) simbolizavam a rebeldia da maioria dos trabalhado- uma sagrada e inviolável reivindicação por um pouco de
res, envolvidos com partidos e agrupamentos políti- comodidade e divertimento [...] por algum tempo livre
cos de inspiração marxista. razoável para essas discussões, e por alguns meios ou
O ludismo, movimento dos quebradores de máquinas, foi uma das informações que possam levá-los à compreensão dos
primeiras grandes manifestações dos operários enquanto classe.
Não cabe aqui falar em ação de sindicatos, aprimoramento de con-
seus direitos.”
dições de trabalho, ingenuidade dos trabalhadores ou em inspiração THELWALL, John. Os direitos da natureza. In: THOMPSON,
marxista. O ludismo foi uma reação imediata a uma nova forma de Edward P. A formação da classe operária inglesa. Rio de Janeiro:
trabalho que então se consolidava. Paz e Terra, 2004. p. 175-176.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das
instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos di- Sobre o período destacado no excerto, identifique
ferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afir-
Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no mativas:
tempo e no espaço.
a) o contexto se dá na Revolução Industrial na Inglaterra,
em que as condições de trabalho eram insalubres, mo-
tivo pelo qual muitos trabalhadores adoeciam ou fale-
2. Uece-CE C4-H16
ciam, causando a diminuição habitacional das cidades
Atente ao seguinte excerto: inglesas, uma das principais características do período.
“O crime [...] consistiu em herdar as piores feições do sis- b) o trecho se refere aos movimentos de trabalhadores
tema doméstico num contexto em que inexistiam as com- que sofriam as consequências da Revolução Indus-
pensações do lar: ‘ele sistematizou o trabalho das crianças trial. Um exemplo desses movimentos foram os ludis-
pobres e desocupadas, explorando-o com uma brutalida- tas, que se opunham ao desenvolvimento industrial
de tenaz’ [...] Na fábrica a máquina ditava as condições, destruindo máquinas, em revolta contra as condições
de trabalho sub-humanas e os baixos salários.
a disciplina, a velocidade e a regularidade da jornada de
trabalho, tornando-as equivalentes para o mais delicado c) nesse período houve a primeira Divisão Internacional
do Trabalho, na qual as matérias-primas eram trans-

Material exclusivo para professores


e o mais forte”.
formadas em produtos manufaturados que provi-
THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa. v. II: A
nham do Império Chinês, como o tecido.
maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 207.
d) o aumento populacional foi uma das características
Considerando os processos de transformação ocorridos da Revolução Industrial, entre os fatores que levaram

conveniados ao Sistema de Ensino


na sociedade ocidental, é correto afirmar que esse tre- a esse aumento está a intensa migração do campo
cho da obra do historiador inglês Edward P. Thompson para a cidade, motivada pela criação de empregos
se refere à: nas indústrias.

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Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- I. Foi responsável pela diminuição do trabalho artesa-

HISTÓRIA 1
reta, de cima para baixo: nal e aumento da produção de mercadorias manu-
faturadas por máquinas.
a) F – V – V – F
II. Provocou o aumento do êxodo rural motivado pela
b) V – V – F – F
criação de empregos nas indústrias e, consequen-
c) V – F – V – F temente, o aumento das cidades e da vida urbana.
d) F – V – F – V III. Estimulou, desde o início, pesquisadores, engenhei-
e) V – F – F – V ros e inventores a aperfeiçoar a indústria, fazendo
A primeira afirmativa está errada porque, apesar de as condições
com que surgissem novas tecnologias, tais como
serem de fato insalubres, essa não foi uma causa de diminuição o telégrafo, a fotografia, as locomotivas e barcos
da população. A terceira está errada porque a Inglaterra, durante a vapor.
a Revolução Industrial, tornou-se uma grande produtora de teci-
dos. O algodão vinha, principalmente, do sul dos Estados Unidos. Das proposições acima:
a) apenas I está correta.
b) apenas II está correta.
c) apenas I e II estão corretas.
d) apenas II e III estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.
Todas as afirmativas estão corretas e expressam mudanças trazidas
4. Unespar-PR – Sobre a situação da classe operária na pela Revolução Industrial.
Inglaterra durante a Revolução Industrial, no século XIX:
I. A condição de trabalho nas fábricas era precária,
marcada por baixos salários, jornadas de até 16 ho-
ras diárias e tendo que conviver com constantes
humilhações.
II. Os trabalhadores ingleses vivenciavam uma série
de conflitos com dirigentes políticos e empregado-
res, o que resultou em conquistas nas condições
de trabalho, como melhores salários, distribuição
dos lucros e redução da jornada de trabalho para 6. Puccamp-SP (adaptado) – Durante o século XVIII, a
8 horas diárias.
Revolução Industrial constituiu um fenômeno predomi-
III. Fora das fábricas, as condições eram difíceis; além nantemente inglês. Mas, a partir do século seguinte,
de habitações urbanas ruins, a falta de saneamento começou a se expandir para vários países, provocando
propagava as epidemias que causavam grande nú- grandes transformações na vida das pessoas, uma vez
mero de vítimas, especialmente nas camadas mais que, com:
pobres.
a) a redução das jornadas de trabalho nas fábricas de
IV. Apesar das longas jornadas de trabalho que deve- tecidos, a organização do mercado de trabalho se
riam ser cumpridas, os trabalhadores tiveram bene- desenvolveu de maneira a assegurar emprego a to-
fícios conquistados, especialmente o acesso a uma dos os assalariados das grandes cidades industriais
alimentação mais saudável e variada, assim como inglesas.
possibilidades de avanço na carreira, o que propor-
cionava melhorias nas condições de vida. b) a introdução das máquinas nas indústrias aumentou
a taxa de acumulação e do lucro das empresas, pos-
Estão corretas: sibilitando uma maior distribuição de renda por meio
a) somente as afirmativas I, II e III. da elevação do valor dos salários dos trabalhadores.
b) somente as afirmativas III e IV. c) a ascensão social dos artesãos, que reuniram seus
capitais e ferramentas em oficinas ou em fábricas,
c) somente as afirmativas I e III. aumentou os núcleos domésticos de produção e
d) somente as afirmativas II, III e IV. possibilitou a acumulação primitiva de capital ao
e) somente as afirmativas I e IV. operariado.
A afirmativa II está errada porque essas conquistas são muito posterio- d) o aumento da interferência do Estado na regulamen-
res. A afirmativa IV está errada porque não houve esse cenário favorável tação da jornada de trabalho, salário e na criação
aos trabalhadores nos primeiros anos da Revolução Industrial. de sindicatos deixou o trabalhador sem espaço de
manobra na luta por melhores condições de trabalho.
e) máquinas cada vez mais sofisticadas, a fábrica
tornou-se o local adequado para a produção, favo-
recendo a divisão do trabalho, a imposição do ho-
rário, da disciplina ao trabalhador e o aumento da
produtividade.
A Revolução Industrial provocou uma grande ruptura na produção

Material exclusivo para professores


dos bens materiais. Acompanhando essas mudanças, a rotina de
quem trabalha também mudou consideravelmente. Junto à difusão
das máquinas por países como Bélgica, Alemanha e França, também
5. UCS-RS – A Revolução Industrial foi um processo his- foi disseminada essa nova forma de trabalhar.
tórico que gerou importantes mudanças sociais, eco-

conveniados ao Sistema de Ensino


nômicas e técnicas que se projetam até os dias atuais.
Considere as seguintes afirmativas sobre a Revolução
Industrial e as mudanças trazidas por ela:

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 1

7. Puccamp-SP – Durante o processo de industrialização trial adotados em fábricas norte-americanas com o


na Europa, a exploração social foi intensa devido às objetivo de:
duras condições de trabalho impostas, contra as quais a) garantir horas de descanso remunerado ao operariado.
emergiram movimentos operários significativos no sé-
culo XIX, caso do: b) estabelecer parcerias entre empresários e os sindi-
catos operários.
a) bolchevismo, que aglutinou trabalhadores urbanos c) eliminar as tensões ideológicas que confrontavam
em uma entidade internacional que pregava a aliança patrões e empregados.
operário-camponês.
d) expandir a produção industrial como forma de ampliar
b) cartismo, que reivindicava o sufrágio universal e o mercado consumidor.
teve origem na Carta ao Povo, manifesto enviado e) aumentar a produtividade pelo controle dos movi-
ao Parlamento inglês com apoio de diversos se- mentos dos homens e das máquinas.
tores sociais.
c) taylorismo, que defendia a atuação de um conselho 10. Uece-CE – As profundas transformações vividas pela
de operários no gerenciamento das fábricas a fim de sociedade inglesa no final do século XVIII desencadea-
assegurar sua participação nos lucros. ram o processo de mudanças irreversíveis, configuran-
do o marco final da fase de transição do feudalismo para
d) ludismo, que promovia a destruição de máquinas, o capitalismo. Sobre este recorte histórico, é correto
a implantação do socialismo e a anulação dos cer- afirmar que se trata da:
camentos para que os operários retornassem ao
campo. a) Revolução Inglesa, também conhecida como Guerra
Civil inglesa.
e) anarcossindicalismo, que defendia o livre coletivis-
mo em substituição aos sindicatos e corporações b) Revolução Agrícola, com a difusão de novas técnicas
de trabalhadores. agrícolas.
c) Revolução Industrial, com as inovações técnicas.
8. PUC-PR – Considerando que a Revolução Industrial se
caracteriza por ser um processo contínuo, porém con- d) Revolução Política, com as alterações na estrutura
vencionalmente dividido em fases, avalie as seguintes social e econômica.
afirmações sobre a primeira fase dessa revolução:
I. Teve a preponderância da Inglaterra, especialmente 11. Ufac-AC
com o desenvolvimento da indústria têxtil. “A grande revolução de 1789-1848 foi o triunfo não da
‘indústria’ como tal, mas da indústria capitalista; não da
II. Caracterizou-se pela nova disciplina do trabalho, o
que modificou hábitos e costumes dos trabalhado- liberdade e da igualdade em geral, mas da classe média ou
res, que, em grande parte, provinham do campo. da sociedade ‘burguesa’ liberal; não da ‘economia moderna’
ou do ‘Estado moderno’, mas das economias e Estados em
III. Utilizou a mão de obra de famílias inteiras, incluindo
uma determinada região geográfica do mundo (parte da
mulheres e crianças.
Europa e alguns trechos da América do Norte), cujo cen-
IV. Impôs aos trabalhadores uma intensa divisão do tra- tro eram os Estados rivais e vizinhos da Grã-Bretanha e
balho e a racionalização do tempo, implementando França. A transformação de 1789-1848 é essencialmente o
o sistema conhecido como taylorismo.
levante gêmeo que se deu naqueles dois países e que dali
Estão corretas somente as afirmações: se propagou por todo o mundo.
a) I, III e IV. Mas não seria exagerado considerarmos esta dupla re-
b) I e III. volução – a francesa, bem mais política, e a industrial
(inglesa) – não tanto como uma coisa que pertença à his-
c) III e IV.
tória dos dois países que foram seus principais suportes
d) I, II, III e IV. e símbolos, mas sim como a cratera gêmea de um vulcão
e) I, II e III. regional bem maior. O fato de que as erupções simultâ-
neas ocorreram na França e na Inglaterra, e de que suas
9. Unicentro-PR características difiram tão pouco, não é nem acidental
“A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supremacia nem sem importância.”
burguesa na ordem econômica, ao mesmo tempo que ace- HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções.
lerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a formação da Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/2301094/A-Era-
classe operária. Inaugurava-se uma nova época, na qual a -das-Revolucoes- Eric-J-Hobsbawm>.
política, a ideologia e a cultura gravitariam entre dois polos: A respeito do contexto político e social das Revoluções
a burguesia industrial e o proletariado. Estavam fixadas as Francesa e Industrial, a leitura do texto de Hobsbawm
bases do progresso tecnológico e científico, visando à in- indica que:

Material exclusivo para professores


venção e ao aperfeiçoamento constantes de novos produtos
a) ambas, não por acaso, ocorreram em períodos conco-
e técnicas para o maior e melhor desempenho industrial.”
mitantes, com efeitos sobre os modos de vida, alteran-
VICENTINO, 1997, p. 289. do as relações de produção e ordenamentos políticos
que se estenderam para outras partes do mundo.

conveniados ao Sistema de Ensino


A análise do texto e os conhecimentos sobre a Re-
volução Industrial permitem afirmar que o fordismo b) o autor enquadra as duas revoluções como apenas
e o taylorismo foram programas de produção indus- uma grande revolução, embora em países diferentes,

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cujas consequências são a vitória da indústria, da 14. Fatec-SP

HISTÓRIA 1
igualdade e da economia moderna. “A produção em larga escala exigia não só a divisão de
c) o historiador afirma terem ocorrido consequências trabalho e ferramentas especializadas, mas também
exclusivas sobre a Grã-Bretanha e a França, com in- um sistema organizado de transporte, comércio e cré-
cidência sobre a indústria capitalista, a sociedade dito. Segundo todos os testemunhos contemporâneos,
burguesa e o Estado moderno. as comunicações internas da Inglaterra estavam muito
d) a citação considera a Revolução Francesa como po- longe de satisfazer as necessidades dos industriais. As
lítica, enquanto que a Revolução Inglesa seria de estradas inglesas, dependentes, como estavam, na cons-
caráter industrial, com repercussão de ambas sobre trução e consertos, de fiscais amadores e do estatuto
a formação dos Estados modernos e da criação das
relativo ao trabalho não especializado, eram, na maior
monarquias de caráter absoluto.
parte das vezes, impróprias para o tráfego rodoviário;
e) o texto caracteriza a coexistência das duas revoluções e o transporte mais em uso era o cavalo de carga, que
como uma casualidade histórica, sem significado, des-
viajava, às vezes, em filas de mais de cem, em calçadas
caracterizando o contexto social e político do período.
de pedra dispostas lado a lado ou ao meio das estradas”.
12. Unifal-MG – Assinale a alternativa incorreta sobre a (T. S. Ashton)
Revolução Industrial:
Dentre outras coisas, o texto se refere ao fato de que:
a) o principal combustível da Primeira Revolução Indus-
trial foi o carvão mineral. a) as ferrovias inglesas dependiam, para a sua manu-
tenção, de trabalhadores não apropriados à tarefa.
b) um dos episódios importantes da Revolução Indus-
trial foi o aperfeiçoamento do motor a vapor realiza- b) a divisão social do trabalho e as ferramentas espe-
do por James Watt na segunda metade do século cializadas provocaram um aumento significativo na
XVIII. A adoção da biela e da manivela transformou o produção.
movimento linear do pistão em movimento circular, c) as necessidades industriais na Inglaterra, apesar de
permitindo que o motor fosse acoplado a máquinas tudo, eram satisfeitas pelas estradas de pedra.
de fiar e a teares mecânicos. d) as rodovias inglesas, graças a seu ótimo estado de
c) alguns historiadores consideram que o desenvolvi- conservação, foram responsáveis pelo aumento da
mento da lançadeira volante por John Kay, em 1733, produção industrial.
foi um passo importante na série de invenções e e) as deficiências nas comunicações internas na Ingla-
aperfeiçoamentos mecânicos que contribuíram para terra eram motivadas pelo péssimo calçamento das
desencadear a Revolução Industrial. estradas, impróprio para os cavalos de carga.
d) a Revolução Industrial gerou movimentos de revolta
de trabalhadores que se sentiam ameaçados pela 15. Fuvest-SP – Identifique, entre as afirmativas a seguir, a
mecanização da produção. Uma das mais célebres que se refere a consequências da Revolução Industrial:
manifestações dessa revolta contra as máquinas foi o
chamado movimento ludista, derivado de Ned Ludd, a) redução do processo de urbanização, aumento da
o nome de um ativista político que pregava a destrui- população dos campos e sensível êxodo urbano.
ção das máquinas pelos trabalhadores. b) maior divisão técnica do trabalho, utilização cons-
e) a Revolução Industrial recebeu essa denominação tante de máquinas e afirmação do capitalismo como
porque foi uma inovação tecnológica de grande re- modo de produção dominante.
percussão econômica e social, que surgiu de forma c) declínio do proletariado como classe na nova estrutu-
abrupta e se irradiou de forma rápida e homogênea ra social, valorização das corporações e manufaturas.
pela Europa e pelos Estados Unidos da América no d) formação, nos grandes centros de produção, das asso-
final do século XVIII. ciações de operários denominadas trade unions, que
promoveram a conciliação entre patrões e empregados.
13. UFF-RJ – A Revolução Industrial ocorrida ao longo do e) manutenção da estrutura das grandes propriedades,
século XVIII está vinculada à história da Inglaterra no com as terras comunais, e da garantia plena dos
seu nascedouro. Entretanto, à medida que o capitalis- direitos dos arrendatários agrícolas.
mo foi-se consolidando, a ideia de Revolução Industrial
começou a ser associada a um conceito universal e 16. Fuvest-SP – Sobre a inovação tecnológica no sistema
ganhou vários sinônimos, dentre os quais: fabril na Inglaterra do século XVIII, é correto afirmar
a) republicanização, que orientava os novos processos que ela:
de organização da política, a intervenção no mercado a) foi adotada não somente para promover maior efi-
e a Revolução Francesa. cácia da produção, como também para realizar a
b) modernização, que indicava a manutenção da eco- dominação capitalista, na medida que as máquinas
nomia mercantilista, a centralização do Estado e o submeteram os trabalhadores a formas autoritárias
crescimento das camadas médias. de disciplina e a uma determinada hierarquia.
c) industrialização, que significava a alteração nos pro- b) ocorreu graças ao investimento em pesquisa tecnoló-
cessos de produção, a concretização da economia gica de ponta, feito pelos industriais que participaram
de mercado e a ascensão da burguesia. da Revolução Industrial.

Material exclusivo para professores


d) maquinização, que mostrava a crescente expansão c) nasceu do apoio dado pelo Estado à pesquisa nas
do artesanato, da agricultura e da fisiocracia como universidades.
modelos de crescimento. d) deu-se dentro das fábricas, cujos proprietários estimu-
e) tecnificação, que definia o processo industrial como lavam os operários a desenvolver novas tecnologias.

conveniados ao Sistema de Ensino


dependente das modificações na agricultura e tam- e) foi única e exclusivamente o produto da genialidade
bém do agrarismo, sendo controlado politicamente de algumas gerações de inventores, tendo sido ado-
pela nobreza urbana.

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tada pelos industriais que estavam interessados em nuição da jornada de trabalho em relação à época
HISTÓRIA 1

aumentar a produção e, por conseguinte, os lucros. anterior à Revolução Industrial.


b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psico-
17. Puccamp-SP lógicos significativos que marcou o desenvolvimento
“O duque de Bridgewater censurava os seus homens por da maquinofatura.
terem voltado tarde depois do almoço; estes se desculpa- c) os empresários de Londres controlavam com mais
ram dizendo que não tinham ouvido a badalada da 1 hora, rigor os horários dos trabalhadores, mas como com-
então o duque modificou o relógio, fazendo-o bater 13 pensação forneciam remuneração por produtividade
badaladas.” para os pontuais.
d) as fábricas, de modo geral, tinham pouco controle
Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriun-
sobre o horário de trabalho dos operários, haja vista
das do processo industrial inglês no final do século as dificuldades de registro e a imprecisão dos reló-
XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento gios naquele contexto.
histórico, pode-se afirmar que:
e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhado-
a) os trabalhadores foram beneficiados com a dimi- res que cumpriam corretamente o horário de trabalho.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C4-H16 mica da Inglaterra implantada a partir da Revolução In-
Texto I dustrial. A principal consequência para os trabalhadores
nas primeiras décadas do século XIX se manifestou
“O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nasci- por meio:
mento do sistema fabril em grande escala, representando
um aumento tremendo na produção, abrindo caminho na a) de petições enviadas ao Parlamento inglês na defesa
direção dos lucros, resultado do aumento da procura. Eram de direitos coletivos.
forças abrindo um novo mundo.” b) do descontentamento pelo aumento de preços dos
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. alimentos básicos e moradia.
Rio de Janeiro: Zahar, 1974. (Adaptado)
c) da conquista de direitos trabalhistas pela atuação
Texto II combativa dos sindicatos.
“Os edifícios das fábricas adaptavam-se mal à concentra- d) da destruição de máquinas que deterioravam as con-
ção de numerosa mão de obra, reunida para longos dias dições de vida e de trabalho.
de trabalho, numa situação árdua e insalubre. O trabalho e) da vitória sobre a burguesia, com a redução da jor-
nas fábricas destruiu o sistema doméstico de produção. nada de trabalho para oito horas.
Homens, mulheres e crianças deixavam os lugares onde
moravam para trabalhar em diferentes fábricas.” 20. Enem C4-H16
LEITE, M. M. Iniciação à história social contemporânea. “A prosperidade induzida pela emergência das
São Paulo: Cultrix, 1980. (Adaptado)
máquinas de tear escondia uma acentuada perda de
As estratégias empregadas pelos textos para abordar prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os
o impacto da Revolução Industrial sobre as sociedades tecelões temporários, passaram a ser denominados, de
que se industrializavam são, respectivamente: modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em
alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram
a) ressaltar a expansão tecnológica e deter-se no tra-
colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto
balho doméstico.
pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pe-
b) acentuar as inovações tecnológicas e priorizar as quenas propriedades para se concentrar na atividade
mudanças no mundo do trabalho.
de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares
c) debater as consequências sociais e valorizar a reor- mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima,
ganização do trabalho. os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos
d) indicar os ganhos sociais e realçar as perdas culturais. rendimentos.”
e) minimizar as transformações sociais e criticar os THOMPSON, E. P. The Making of the English Working Class.
avanços tecnológicos. Harmondsworth: Penguin Books, 1979. (Adaptado)

19. Enem C4-H20 Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução


“Os principais distúrbios começaram em Nottingham, Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque:
em 1811. Uma grande manifestação de malharistas, gri- a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas
tando por trabalho e por um preço mais liberal, foi dis- relações sociais.
solvida pelo exército. Naquela noite, sessenta armações b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inex-

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de malha foram destruídas na grande vila de Arnold por perientes.
amotinados que não tomaram nenhuma precaução em se c) os novos teares exigiam treinamento especializado
disfarçar e foram aplaudidos pela multidão.” para serem operados.
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. d) os artesãos, no período anterior, combinavam a te-

conveniados ao Sistema de Ensino


Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. (Fragmento) celagem com o cultivo de subsistência.
e) os trabalhadores não especializados se apropriaram
Esse texto diz respeito à nova realidade socioeconô-
dos lugares dos antigos artesãos nas fábricas.

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29

HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO FRANCESA

O MUNDO BURGUÊS
• O mundo burguês
MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA

• Revolução
• França pré-revolucionária
• Política
• Economia
• Sociedade
• Cultura
• Convocação dos Estados-
-gerais
• Processo revolucionário
• Assembleia Nacional
Constituinte (1789-1791)
• Assembleia Legislativa
(1791-1792)
• Convenção Nacional
(1792-1795)
• Diretório (1795-1799)

HABILIDADES
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças
ou rupturas em processos
A Liberdade guiando o povo (1830), de Eugène Delacroix. Óleo sobre tela, 260 cm × 325 cm. Museu do Louvre, de disputa pelo poder.
Paris, França. A obra é um símbolo da Revolução Francesa.
• Avaliar criticamente conflitos
culturais, sociais, políticos,
No módulo anterior, você conheceu o movimento intelectual que marcou o século
econômicos ou ambientais
XVIII, chamado Século das Luzes. No fim desse século, o absolutismo, criticado
ao longo da História.
pelos iluministas, encontrava-se em processo de decadência.
A França estava economicamente falida por conta dos gastos da monarquia e
sua Corte e em virtude dos altos custos das frequentes guerras contra a Inglaterra.
Além disso, uma seca persistente reduziu a produção agrícola, espalhando a fome
pela nação. No aspecto social, a nobreza e o clero tinham enormes privilégios fren-
te ao chamado terceiro estado, que reunia desde camponeses pobres até grandes
burgueses. Intelectualmente, as ideias iluministas eram cada vez mais disseminadas
entre os franceses, que começaram a se mobilizar.
A bomba estava plantada e prestes a explodir e mudaria a história da Europa e

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do mundo.

REVOLUÇÃO
A Revolução Francesa é um dos principais acontecimentos que marcam a entrada

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na contemporaneidade. Sua eclosão consistiu no colapso do chamado Antigo Regime
europeu, em que foram questionados a ordem absolutista, a sociedade de princípio
nobiliárquico e o sistema tributário que atingia duramente o terceiro estado francês.

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FRANÇA PRÉ-
BIBLIOTECA NACIONAL, PARIS, FRANÇA
HISTÓRIA 1

-REVOLUCIONÁRIA

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, ESTOCOLMO, SUÉCIA


Ilustração que representa mulheres marchando até o Palácio de Versalhes.

Embora a época moderna tenha rompido com al-


guns elementos da ordem feudal, também preservou
uma estrutura de poder nobiliárquica, isto é, baseada
em títulos de nobreza. Além disso, manteve certos
privilégios do clero, deixando ao terceiro estado o tra-
balho e as obrigações tributárias.
Assim, pode-se entender os tempos modernos
como uma época intermediária entre o mundo feudal
medieval e o capitalismo industrial da contemporanei-
dade. Em outras palavras, é um período em que con-
vivem elementos feudais em declínio e afirmam-se
pensamentos e atitudes típicos da contemporaneidade.
Nesse sentido, a Revolução Francesa pode ser con- Rainha Maria Antonieta e seus filhos (1785), de Adolf
Ulrik von Wertmuller. Esta pintura, produzida no período
siderada um momento de inflexão histórica, ou seja, pré-revolucionário, permite refletir sobre as dimensões
de ruptura com resquícios feudais presentes no Esta- políticas, econômicas, sociais e culturais da França.
do francês, impactando não somente na história da
França, mas também de todo o continente europeu. POLÍTICA
Ela representa, portanto, o fim de uma velha ordem. O exercício do poder real estava comprometido, pois
De acordo com o historiador Frédéric Bluche: os nobres questionavam a capacidade do rei para tratar
da crise financeira que ameaçava seus privilégios. Mui-
O Estado absolutista não é o apêndice de um suposto tos defendiam a diminuição da autoridade real, visando
modo de produção feudal, apêndice que estaria inse- deter movimentações contra a ordem nobiliárquica.
rido em um regime inalterado desde a Idade Média. Além da animosidade de setores da nobreza, no
Estado imperfeito, incompleto, convive com numero- terceiro estado havia agitações em virtude das dificul-
sos arcaísmos, como o estatuto feudal da terra, e tolera dades, sobretudo dos sans-culottes, para alimentar-
em proveito dos senhores alguns desmembramentos -se, e elementos da alta e da pequena burguesia não
menos importantes de seu poder. O feudalismo como aceitavam arcar com mais impostos para o sustento
sistema está morto na França há muito tempo; o antigo do Estado deficitário. As ideias iluministas passaram
vínculo feudo-vassálico, nervo da [sociedade] medie- a ser incorporadas como possibilidade de mudança na
val, ocupa doravante um lugar dos mais marginais; o organização político-institucional e fizeram surgir pen-
poder dos donos da terra, muito atenuado, comporta samentos reformadores e revolucionários na política.
sobretudo uma dimensão relacionada ao rendimento,
sob a forma de foros feudais e senhoriais; é melhor, ECONOMIA
pois, falar, em relação à França do século XVIII, de um Boa parte da riqueza da França encontrava-se nas
regime feudal-senhorial fraco que, tratando-se de um mãos da Igreja e da nobreza, grupos que detinham pri-
Estado, não dá mais o tom. Outro arcaísmo: esse mes- vilégios naquela sociedade de ordens. Essa riqueza, no
mo Estado absolutista se deixa dominar, na segunda entanto, servia à ostentação, e não a atividades produti-
metade do Século das Luzes, por representações nobi- vas que pudessem desenvolver e incentivar a economia.
liárias. Desse ponto de vista, a pré-revolução é carac- Além do clero e da nobreza, setores do terceiro esta-
do, mais precisamente da burguesia, buscavam melho-

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terizada por uma degenerescência do aspecto feudal-
-senhorial, que passa a nobiliário. Chateaubriand bem rar a condição econômica do país, porém encontravam
observou: “A aristocracia tem três idades sucessivas obstáculos na estrutura político-social do Antigo Regime.
– a idade da superioridade, a idade dos privilégios, Não obstante essas insatisfações, a realeza havia cria-

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a idade das vaidades; saída da primeira, degenera na do problemas sérios para as finanças do Estado ao desen-
segunda e se extingue na terceira.” volver políticas belicistas que consumiam seus recursos
e não havia incentivos à atividade econômica do país.
BLUCHE, Frédéric. Revolução Francesa. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 11.

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SOCIEDADE
Embora houvesse a possibilidade de integrantes
PROCESSO

HISTÓRIA 1
do terceiro estado passarem para a nobreza, espe- REVOLUCIONÁRIO
cialmente a togada, pois eram títulos nobiliárquicos No início do encontro, houve divisão de opiniões.
comprados do rei, a situação social ainda era marcada Elementos do terceiro estado defendiam a votação
por uma rigidez associada ao nascimento, ou seja, à por representante, ou seja, cada classe teria direito
hereditariedade. Assim, grupos tradicionais da nobreza a um voto. Boa parte do clero e da nobreza, porém,
mantinham um status social que correspondia a uma pretendia que fosse por estado, ou seja, a maioria dos
série de privilégios e benefícios do Estado francês, representantes de cada segmento decidiria o voto
causando descontentamentos nos não favorecidos. do estado.
O pensamento iluminista propunha outro tipo de Se fosse dessa última forma, provavelmente o ter-
ordenamento social, no qual os indivíduos teriam seu ceiro estado sairia do Palácio de Versalhes tendo de
status social mediante seu talento, ou seja, o mérito pagar mais impostos e não poderia se opor à decisão
pessoal. Isso mobilizava ainda mais a sociedade, que ali tomada, pois teria participado da reunião.
desejava mudanças na organização social. Quando o rei foi chamado para resolver o problema
CULTURA da votação e afirmou que nunca havia ocorrido esse ato
O racionalismo enciclopédico iluminista defendia por representação, o terceiro estado revoltou-se, pois
ideias contrárias ao poder da Igreja e a secularização sabia-se que o resultado seria danoso à classe. Esse
das relações políticas, econômicas e sociais. Liberdade, segmento ocupou uma sala vazia do palácio, entrou
igualdade e fraternidade condiziam com valores ditos nela, trancou-se e disse que só sairia se fosse elabo-
racionais que visavam ao engrandecimento dos indiví- rada uma Constituição para a França. Assim começara
duos e à afirmação de suas potencialidades. Assim, as a Revolução Francesa.
amarras que prendiam as pessoas a uma estrutura rigi- PERIODIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO FRANCESA
damente hierárquica, centralizadora e mística deveriam
• 1789: reunião dos Estados-gerais.
ser rompidas. Isso significava a criação de uma cultura
oposta aos valores do chamado Antigo Regime. • 1789-1791: Assembleia Nacional Constituinte.
• 1791-1792: Assembleia Legislativa.
CONVOCAÇÃO DOS • 1792-1795: Convenção Nacional.
• 1795-1799: Diretório.
ESTADOS-GERAIS
Luís XVI (1774-1792) enfrentava uma situação difícil: A Revolução Francesa durou dez anos e foi marcada
Estado deficitário, gastos elevados e insuficiência na por variações ao longo de seu curso. Daí os estudiosos
arrecadação para custeio das despesas estatais. O endi- dividirem o movimento revolucionário em fases.
vidamento havia atingido uma situação de esgotamento
e os banqueiros exigiam o pagamento de dívidas ante- ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
riores para conceder mais crédito ao Estado francês. (1789-1791)
A possibilidade de aumento da arrecadação encon-
ALBUM/AKG-IMAGES/FOTOARENA

trava-se na elevação de impostos. O terceiro estado,


porém, opunha-se ao pagamento de mais tributos.
Em 1787, por exemplo, um sujeito que pertencesse à
camada mais baixa da estrutura social gastava aproxi-
madamente 70% do que ganhava para comprar pão.
Foi nesse contexto que, em 1787, o rei convocou
uma reunião de notáveis, a qual envolveu banqueiros,
economistas, nobres e membros do clero para discutir
a tributação do Estado. No encontro, apresentou-se a
proposta de todos pagarem impostos, ou seja, clero,
nobreza e terceiro estado. Entretanto, o projeto rece-
beu oposição ferrenha da nobreza e do clero, que recu-
saram a decisão de Luís XVI, o que agravou a situação.

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Em 1789, pretendendo não assumir o ônus de uma
decisão impopular, o rei convocou a reunião dos Estados-
-gerais. Assim, representantes dos três estados reuni-
ram-se no Palácio de Versalhes para discutir o assunto

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tributário, e o que fosse decidido seria seguido por todos.
O clero escolheu 291 representantes; a nobreza, Abertura dos Estados-gerais em 5 de maio de 1789, de Isidore-Stanislaus
327; e, o terceiro estado, 578. Helman e Charles Monnet.

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Fase da elaboração da Magna Carta francesa. Nela, Leia, a seguir, um trecho da Constituição francesa so-
representantes de todos os estados participaram e a bre a realização dos princípios do pensamento iluminista:
HISTÓRIA 1

votação foi por pessoa. Houve avanços significativos


expressos na abolição dos privilégios feudais, na ela- A Assembleia Nacional, desejando estabelecer a
boração da Declaração dos Direitos do Homem e do Constituição francesa sobre a base dos princípios
Cidadão (igualdade jurídica dos homens), na criação que ela acaba de reconhecer e declarar, abole irrevo-
da Constituição Civil do Clero (subordinação da Igreja gavelmente as instituições que ferem a liberdade e a
ao Estado) e na afirmação dos princípios de liberdade, igualdade dos direitos.
igualdade e fraternidade que deviam reger a nação. Não há mais nobreza, nem pariato, nem distinções
Um acontecimento significativo da revolução foi a hereditárias, nem distinções de ordens, nem regime
Tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Muitos feudal, nem justiças patrimoniais, nem qualquer dos
autores afirmam que a queda da prisão real represen- títulos, denominações e prerrogativas que deles de-
tou o fim do arbítrio do rei e uma evidência de que os rivavam, nem qualquer ordem de cavalaria, de cor-
franceses estavam dispostos a defender os trabalhos porações ou condecorações para as quais se exigiram
constituintes utilizando armas, caso fosse necessário. provas de nobreza, ou que supunham distinções de
Houve repercussões do acontecimento por toda a Eu- nascença, nem qualquer outra superioridade senão
ropa. Conforme o historiador Jean Tullard: aquela de funcionários públicos no exercício de suas
funções. Não há mais, para qualquer parte da nação,
Os acontecimentos de Paris, desde a queda da Bas-
nem para qualquer indivíduo, privilégio algum, nem
tilha, haviam sido acompanhados em toda a Europa
exceção ao direito comum de todos os franceses. Não
com grande atenção. Escritores, cientistas, advoga-
há mais corporações profissionais, de artes e ofícios.
dos e médicos se inflamavam na Alemanha, Ingla-
A lei não reconhece os votos religiosos, nem qualquer
terra e na Itália pela Revolução Francesa. De Kant a
outro compromisso que seja contrário aos direitos na-
Wordsworth, de Goethe a Forster, o entusiasmo era
turais ou à Constituição.
bradado em uníssono, e a admiração pelas novas
Constituição Francesa de 1791. Disponível em: <www.fafich.ufmg.
ideias se manifestava ruidosamente. br/hist_discip_grad/ConstFranca1791.pdf>. Acesso em: 2 set. 2018.
TULLARD, Jean. História da Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1989. p. 116.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA (1791-1792)
BIBLIOTECA NACIONAL, PARIS, FRANÇA

Fase marcada pela agitação da nobreza e do clero, que


não aceitavam as limitações impostas pela Constituição.
Os nobres buscaram o apoio fora da França, mais
precisamente na Áustria, pois a esposa de Luís XVI era
austríaca. Na Áustria, organizou-se um exército que
invadiu a França, pretendendo restaurar o poder de
Luís XVI.
Para agravar o quadro, houve levantes na França
instigados pelo clero refratário, chamado assim porque
resistiu à subordinação da Igreja ao Estado.
Diante da situação, o governo francês dividiu-se cla-
ramente. De um lado estavam os jacobinos ou monta-
nheses, que sentavam-se sempre à esquerda no salão
de reuniões da Assembleia e defendiam a radicalização
do processo, com a eliminação do poder do rei e a pro-
clamação da república. De outro, encontravam-se os
girondinos ou brissotinos, homens conservadores per-
tencentes à alta burguesia, que sentavam-se à direita e
defendiam a negociação com os contrarrevolucionários.
A tomada da Bastilha (1789), de Jean-Pierre Houël. A obra representa Os jacobinos animaram a população parisiense con-
a tomada da Bastilha pelo povo parisiense. A Bastilha era a prisão real tra o rei, que já havia tentado fugir do país. O povo res-
que estabelecia a ideia da ordem absolutista. O fato foi considerado pondeu prontamente, atacando o Palácio das Tulherias,
tão importante que o dia 14 de julho é feriado nacional francês em
comemoração à Revolução Francesa. em que se encontrava Luís XVI. Estava organizada a

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Comuna Insurrecional de Paris.
A Constituição da França foi promulgada em setem- Assim, os jacobinos assumiram o controle do proces-
bro de 1791, estabelecendo uma monarquia limitada so revolucionário e proclamaram a república, realizando
por meio da divisão do poder em Executivo, Legislativo o julgamento sumário do rei. Considerado culpado, Luís

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e Judiciário. Além disso, a Magna Carta instituiu um XVI e sua esposa foram guilhotinados em 21 de janeiro
sistema de representação por voto censitário e passou de 1793. Iniciava-se a fase mais radical da Revolução
o poder de decisão política à Assembleia Legislativa. Francesa, conhecida como Convenção Nacional.

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CONVENÇÃO NACIONAL (1792-1795) para criar outra Magna Carta para a França: a Constitui-
Fase ditatorial em sua maior parte, as medidas eram ção do Ano III da República. Aprovada em 1795, esta-

HISTÓRIA 1
tomadas por um grupo eleito pela Convenção, constituin- beleceu que o governo ficaria a cargo de um diretório,
do o Comitê de Salvação Pública. Entre as decisões to- constituído de 5 homens eleitos em assembleia por
madas para fazer frente às invasões inimigas e às conspi- meio de voto censitário, o que indicava a recuperação
rações internas, destacaram-se a convocação obrigatória do poder da burguesia, pois só podia votar e se candi-
para a guerra, o estabelecimento da lei do preço máximo datar a cargos eletivos quem comprovasse renda.
e a instituição de empréstimo compulsório. Quem se
recusasse a atender às determinações era considerado DIRETÓRIO (1795-1799)
contrarrevolucionário e executado na guilhotina. Fase derradeira da Revolução Francesa. Embora a
burguesia reassumisse o controle do processo revolu-
COLEÇÃO PARTICULAR

cionário, existiam inúmeras agitações que dificultavam


o pleno exercício do poder por parte desse grupo.
Monarquistas insurgiram-se contra o governo bur-
guês, pretendendo o fim da experiência republicana.
Já os remanescentes dos jacobinos defendiam uma re-
pública em que todos os homens pudessem participar
da vida política sem qualquer impedimento econômico.

CLASSIC IMAGE/ALAMY STOCK PHOTO

Execução de Luís XVI (1793), de Georg Heinrich Sieveking. Franceses


revolucionários, em especial jacobinos, haviam proclamado a república.

A instauração do terror aconteceu quando o jaco- Retrato de François Noël


bino Robespierre assumiu o controle do Comitê. O Babeuf, importante líder
jacobino do período
dirigente desenvolveu uma teoria de governo revolucio- do Diretório. Com um
nário e aplicou-a sistematicamente. Os considerados pequeno grupo, pretendeu
inimigos da revolução foram executados. derrubar o governo na
chamada Conspiração dos
A república consolidava-se e novas divisões sur- Iguais (1796). O objetivo
giram no interior do grupo jacobino. Os mais radicais era acabar com as divisões
exigiam de Robespierre que todos os girondinos fos- sociais em classes e a
propriedade individual.
sem guilhotinados enquanto ainda era possível enviar
homens para a guilhotina. Assim, eles permaneceriam Napoleão Bonaparte conduziu as forças militares fran-
no poder após o período das investidas inimigas. cesas contra os exércitos inimigos da revolução. Foi res-
Outros jacobinos defendiam o fim das execuções na ponsável pela expulsão das tropas contrarrevolucionárias
guilhotina com a liberação dos presos, afinal, a vitória e credenciou-se para a manutenção da ordem interna
era certa e o caminho devia ser de confraternização necessária à realização dos interesses da burguesia.
entre os franceses. As turbulências do período eram aplacadas pela
Muitos foram executados a mando de Robespier- ação armada do general Napoleão Bonaparte. A todo
re, inclusive integrantes do clube jacobino, desde os o momento, a burguesia acionava Bonaparte para com-
mais radicais, conhecidos por raivosos, até os indul- bater grupos insurgentes.
gentes, isto é, os menos extremados. Isso consistiu Aos poucos, integrantes da burguesia perceberam
em uma luta no interior do grupo no momento em que que a possibilidade de garantia da ordem burguesa estava
as últimas tropas inimigas eram expulsas da França e nas mãos de Bonaparte, negociando com ele um golpe
repercutiu na possibilidade de a alta burguesia voltar que pudesse fazê-lo assumir o poder na França. Napoleão
à cena política, pois Robespierre isolava-se em relação era nobre, contava com o reconhecimento desse setor e
às forças políticas que criaram o grupo. tinha a admiração de parte dos jacobinos, pois foi nesse
Robespierre foi envolvido em uma conspiração co- período que ele conseguiu derrotar forças inimigas da re-

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nhecida como Reação Termidoriana, sendo acusado de volução. Dessa forma, se ele assumisse o poder, poderia
nada fazer para conter a crise econômica que atingia o acalmar grupos que se colocavam contra a burguesia.
país. Retirado da chefia do comitê, posteriormente foi Em 10 de novembro de 1799 (ou 18 de Brumário do
preso e executado. Era a reação da gironda e de outros ano 7, pelo calendário republicano), membros do Dire-

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grupos descontentes com os rumos da revolução. tório renunciaram coletivamente e Napoleão assumiu o
Em 1794, a Reação Termidoriana organizou novos tra- poder com o título de cônsul. Esse golpe determinou o
balhos constituintes e foi realizada uma nova convenção fim da Revolução Francesa e o início da Era Napoleônica.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

REVOLUÇÃO FRANCESA

Fase de conciliação sob a liderança da alta burguesia e aliança com a aristocracia.

Assembleia Tomada da Bastilha. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.


Nacional Constituinte
(1789-1791) Confisco de propriedades eclesiásticas. Extinção do regime feudal. Primeira Constituição francesa.

Liderança da alta e média burguesia. Disputas: deputados da direita (conservadores); deputados da

Assembleia Legislativa esquerda ou gironda (liberais); deputados do centro ou planície (independentes); deputados exaltados
(1791-1792)
ou da montanha (classes baixas), sob a liderança de Robespierre.

Execução de Luís XVI. Proclamação da república (21 de setembro de 1792).

Baixa burguesia e sans-culottes no poder. Período do Terror, sob a liderança de Robespierre (1793-1794).

Formação da primeira coligação europeia contra a França revolucionária.

Reação Termidoriana da alta burguesia que voltou ao poder. Execuções na guilhotina.


Convenção Nacional
(1792-1795) Descristianização da França. Sistema métrico decimal. Desenvolvimento cultural.

Abolição da escravatura. Reforma agrária. Nova Constituição

Domínio da alta burguesia. Anexação de territórios vizinhos: Nápoles, Suíça e estados da Igreja.

Segunda coligação contra a França revolucionária. Golpe de Napoleão: 18 de Brumário.

Napoleão: consolidação dos interesses da burguesia. Desequilíbrio político na França.

Diretório
Luta contra monarquias absolutistas.
(1795-1799)

Material exclusivo para professores Ascensão política da burguesia: consolidação dos interesses burgueses.

conveniados ao Sistema de Ensino


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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. IFPE-PE 3. Unesp-SP – Leia os dois artigos seguintes, extraídos
“Um país governado pelos proprietários está dentro da da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
ordem social; o país onde os não proprietários governam de 26 de agosto de 1789:
acha-se em estado de natureza.” “Artigo 1º: Os homens nascem e permanecem livres e
D’ANGLAS, Boissy. Apud SOBOUL, Albert. História da Revolução iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser
Francesa. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 400. fundamentadas senão sobre a utilidade comum.
Esse é um fragmento do discurso proferido por Boissy Artigo 6º: A lei é a expressão da vontade geral. Todos os
d’Anglas na apresentação do projeto de Constituição, cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou
em 23 de junho de 1795, no contexto da Revolução pelos seus representantes, na sua formação. Ela tem de
Francesa. O argumento sustentado pelo autor está, ser a mesma para todos, quer seja protegendo, quer seja
corretamente, sintetizado na defesa: punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos,
são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares
a) da reforma agrária.
e empregos públicos, segundo a capacidade deles, e sem
b) da igualdade civil. outra distinção que a de suas virtudes e talentos.”
c) do sufrágio universal.
a) Em qual contexto histórico foi elaborada a Declaração
d) da educação secular. dos Direitos do Homem e do Cidadão?
e) do voto censitário.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é o principal docu-
O fato de o texto falar em “proprietários” pode induzir à resposta da
reforma agrária, porém este não é o caso, como vimos neste módulo,
apesar de ter havido camponeses na Revolução Francesa. A palavra- mento que registra a conexão entre as ideias iluministas e a Revolução
-chave é “governar”: o voto censitário é aquele em que apenas quem
tem certo nível de renda e posses pode votar. Portanto, os proprie-
tários governavam, enquanto os não proprietários estavam gestando Francesa. Foi elaborada em agosto de 1789, logo após a Tomada da
um novo país.

Bastilha.

2. Unesp-SP b) Cite duas ideias expressas na Declaração que repre-


sentaram uma ruptura da prática política até então
BIBLIOTECA NACIONAL, PARIS, FRANÇA

vigente.
Entre essas ideias, é possível citar: todos os homens são iguais, devem

ter direitos iguais e a lei deve representar a vontade geral. Essa de-

claração representou, em vários aspectos, um antagonismo ao Antigo

Regime.

4. Puccamp-SP – Considere o texto abaixo:


(www.fafich.ufmg.br)
“A Constituição de 1791 estabeleceu a monarquia consti-
A gravura representa a marcha de mulheres revolucio-
tucional e consagrou a divisão de poderes − Executivo, Le-
nárias até o palácio real de Versalhes em 5 de outubro
gislativo, Judiciário. Porém, [...] estabeleceu que, para ser
de 1789. A participação das mulheres na Revolução
Francesa: eleitor e elegível, o indivíduo deveria possuir uma renda
bastante alta, o que excluía dessa condição pessoas de vida
a) levou à conquista do direito de voto, porém não do modesta. A Constituição estabeleceu o voto censitário, o
direito de exercer cargos executivos no novo governo
voto ao qual só têm direito pessoas com certo rendimento.
francês.
b) teve ressonância parcial nas decisões políticas, pois A França encontrava-se, pois, dividida em duas categorias
apenas as mulheres da alta burguesia envolveram-se de pessoas: os cidadãos ativos (com direitos políticos) e os
nos protestos políticos e civis. passivos (sem esses direitos). Estes, a maioria esmagadora da
c) foi notável nas manifestações e clubes políticos, nação, eram os cidadãos de ‘segunda classe’. A Constituição
porém seus direitos políticos e sociais não foram de 1791, no lugar da antiga divisão dos indivíduos em nobres
ampliados significativamente. e plebeus, tipicamente feudal, consagrou um novo princípio
d) originou a igualdade de direitos civis em relação aos de distinção entre os indivíduos: a riqueza. Daí em diante,
homens após a proclamação da Declaração dos Di- passaram a ficar, de um lado, os ricos; de outro, os pobres.”
reitos do Homem e do Cidadão. KOSHIBA, Luiz. História: origens, estruturas e processos. São
Paulo: Atual, 2000. p. 324. (Adaptado)
e) diminuiu bastante após os conflitos e a violência

Material exclusivo para professores


generalizada que marcaram a Tomada da Bastilha. A partir do texto, pode-se afirmar que, no curso da
Apesar da significativa participação das mulheres burguesas e cam- Revolução Francesa, a Constituição de 1791:
ponesas na revolução, isso não teve como consequência uma maior
inserção feminina na política. a) significou um retrocesso, ao limitar a cidadania aos
indivíduos detentores de um nível de rendimento.

conveniados ao Sistema de Ensino


b) consagrou o direito de liberdade a todos os homens,
conforme estabelecido na Declaração Universal.

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c) enfraqueceu o ideário nacionalista do povo francês d) o texto de 1789 utiliza o termo “homem” para desig-
HISTÓRIA 1

e fortaleceu a monarquia absolutista. nar todo o conjunto de cidadãos, sem distinção de


d) introduziu reformas inspiradas no ideal iluminista e classe e origem, enquanto o texto de 1791 substitui
fez da propriedade um direito coletivo. “homem” por “mulher”, a fim de reivindicar direitos
exclusivos para as cidadãs da classe burguesa.
e) promoveu o súdito a cidadão política e juridicamente,
mantendo a igualdade de todos perante a lei. e) o texto de 1789 defende que nenhum direito é válido
Com base no texto, é possível, mesmo sem conhecimento específico se não incluir todos os cidadãos, enquanto o texto de
das particularidades da Constituição de 1791, relacionar o trecho “Daí 1791 contradiz esse princípio ao privilegiar as mulhe-
em diante, passaram a ficar, de um lado, os ricos; de outro, os pobres” res, que reivindicavam maior espaço na sociedade
à alternativa correta. após a morte da rainha Maria Antonieta.
O trecho-chave para identificar a diferença entra uma carta constitu-
5. UFPR-PR C3-H13 cional e outra é “A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do
homem”.
Considere os seguintes excertos, produzidos no con-
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
texto da Revolução Francesa (1789-1799): tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26 grupos, conflitos e movimentos sociais.
de agosto de 1789) Habilidade: Analisar o papel da justiça como instituição na organização
das sociedades.
“Art. 1º – Os homens nascem e são livres e iguais em di-
reitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na 6. PUC-PR
utilidade comum.
A Revolução Francesa foi um dos momentos mais im-
Art. 2º – A finalidade de toda associação política é a con- portantes no processo de formação do mundo contem-
servação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. porâneo. Foi um movimento violento que sepultou o
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e absolutismo na cena política e o mercantilismo na eco-
a resistência à opressão. nomia, tendo um papel de grande destaque a burgue-
Art. 13º – Para a manutenção da força pública e para as sia, interessada em instituir um regime que atendesse
despesas de administração, é indispensável uma contri- aos seus interesses. Durante a revolução tomou forma
buição comum, que deve ser dividida entre os cidadãos de um corpo legislativo denominado Assembleia Nacional,
que tomou parte central na consolidação das reformas
acordo com suas possibilidades.”
objetivadas pela revolução. Dentre as principais refor-
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (se- mas realizadas na fase moderada da Revolução Fran-
tembro de 1791)* cesa (1789-1791) pela Assembleia Nacional, podemos
citar corretamente:
“Art. 1º – A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos
do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas a) abolição dos privilégios especiais do clero e da nobre-
no interesse comum. za; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão;
subordinação da Igreja ao Estado; elaboração de uma
Art. 2º – O objeto de toda associação política é a conser- Constituição para a França; reformas administrativas
vação dos direitos imprescritíveis da mulher e do homem. e judiciárias; e ajuda à economia francesa.
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança
b) Declaração Universal dos Direitos Humanos; elabo-
e, sobretudo, a resistência à opressão. ração do Edito de Nantes, que dava liberdade re-
Art. 13º – Para a manutenção da força pública e para as ligiosa para os não católicos; criação do Banco da
despesas de administração, as contribuições da mulher e França; legalização da anexação dos territórios da
do homem serão iguais; ela participa de todos os trabalhos margem esquerda do Reno; elaboração do Código
ingratos, de todas as fadigas, deve então participar tam- Civil francês.
bém da distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos, c) criação do Código Civil francês; criação do Banco da
das dignidades e da indústria.” França; elaboração da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão; elaboração das primeiras leis
* Essa declaração, escrita e proposta pela francesa Olympe de Gouges, trabalhistas que proibiam o trabalho infantil; conces-
não foi aprovada pela Assembleia Nacional; Olympe foi guilhotinada são do direito ao voto às mulheres.
por ordem de Robespierre em 1793.
d) direito de voto para todos os homens, independen-
Compare as duas declarações e assinale a alternativa temente da renda; favorecimento de legislação que
que identifica a principal diferença entre o texto de 1789 incentivava o capitalismo comercial; reforma do sis-
e o de 1791. tema educacional com a criação dos liceus clássicos
e de ofícios; maior autonomia para as províncias his-
a) o texto de 1791 estabelece direitos e obrigações tóricas da França; criação de uma estrutura descen-
detalhados e separados para homens e mulheres na tralizada de governo na França.
política e nos negócios, conforme o projeto burguês
de sociedade, enquanto o texto de 1789 defende um e) regulamentação das leis trabalhistas na França; ex-
ideal universalista, sem distinção social. tensão do direito de voto para todos os homens e
mulheres maiores de 18 anos; reconhecimento do
b) o texto de 1789 defende direitos universais, sem expli- direito de minorias; criação do Código Civil; a França
citar a questão de gênero, enquanto o texto de 1791 se tornou uma confederação descentralizada, dividi-
defende a igualdade de direitos entre os gêneros, da em cantões com alto grau de autonomia política;

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reivindicando a atuação feminina em assuntos con- elaboração da Constituição Civil do Clero.
siderados masculinos, como a política e os negócios.
Esta questão traz em sua alternativa correta um resumo das conquistas
c) o texto de 1791 defende a luta contra a opressão das mais imediatas da Revolução Francesa. Esse movimento, liderado por
mulheres após séculos de dominação monárquica na burgueses e camponeses, modificou as estruturas do Antigo Regime,

conveniados ao Sistema de Ensino


França, enquanto o texto de 1789 é contra a opressão remodelando seus pilares ao abolir privilégios, subordinar a Igreja ao
masculina causada pela predominância do clero e da Estado e os governantes a uma Constituição e, nesta última, consolidar
a ideia de direitos iguais a todos.
nobreza sobre o terceiro estado.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

HISTÓRIA 1
7. Unicamp-SP Essa afirmação pode ser considerada:

MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA


a) correta, pois a burguesia obteve, por meio de alian-
ças com outros países, capacidade militar suficiente
para impedir o surgimento de mobilizações em ou-
tros segmentos sociais.
b) correta, pois a Revolução Francesa nasceu da von-
tade burguesa de implantar a república e de impor
a política econômica mercantilista.
c) errada, pois a burguesia contou com o apoio do alto cle-
ro na luta contra o Iluminismo e a população rebelada.
d) correta, pois, além das ações burguesas, a Revolu-
ção Francesa contou com grandes mobilizações de
camponeses e trabalhadores urbanos.
e) errada, pois, à exceção da burguesia, os outros seg-
mentos sociais eram incapazes de transformar e
reorganizar a economia e a política francesas.

10. UFRN-RN – Os diversos grupos envolvidos na Revolu-


Observe a obra do pintor Delacroix, intitulada A Liber- ção Francesa interpretaram diferentemente os princí-
dade guiando o povo (1830), e assinale a alternativa pios teóricos que a fundamentaram. Uma interpretação
correta: desses princípios pode ser exemplificada no Manifesto
dos Iguais, que se expressava nos seguintes termos:
a) os sujeitos envolvidos na ação política representada “Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo
na tela são homens do campo com seus instrumen-
mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposi-
tos de ofício nas mãos.
ção, mas nem uma só vez pôde ver-se convertido em reali-
b) o quadro evoca temas da Revolução Francesa, como dade: a igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril
a bandeira tricolor e a figura da Liberdade, mas retra-
dicção da lei. E hoje, quando essa igualdade é exigida numa
ta um ato político assentado na teoria bolchevique.
voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: ‘Calai-vos,
c) o quadro mostra tanto o ideário da Revolução France-
miseráveis! A igualdade não é realmente mais do que uma
sa reavivado pelas lutas políticas de 1830 na França
quanto a posição política do pintor. quimera; contentai-vos com a igualdade relativa: todos sois
iguais em face da lei. Que quereis mais, miseráveis?’ Que
d) no quadro, vê-se uma barricada do front militar da
mais queremos? Queremos igualdade efetiva ou a morte.
guerra entre nobres e servos durante a Revolução
Francesa, sendo que a Liberdade encarna os ideais De que mais precisamos além da igualdade de direitos?
aristocráticos. Queremos vê-la entre nós, sob o teto das nossas casas.”
BABEUF, Graco. Manifesto dos Iguais. Disponível em: <www.
8. Unesp-SP marxists.org/portugues/babeuf/1796/mes/manifesto.htm>.
Acesso em: 17 set. 2012. (Adaptado)
“Os franceses não possuíam um grande vocabulário polí-
tico antes de 1789, pois a política se passava em Versalhes, Elaborado na fase do Diretório, esse Manifesto inspirou
no mundo distante da corte real. Quando as pessoas do a “Conspiração dos Iguais”, que foi sufocada, e seu líder,
povo começaram a participar da política [...], precisaram Graco Babeuf, preso e executado.
encontrar palavras para o que tinham visto e feito.”
No contexto da Revolução Francesa, esses aconteci-
DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette, 1990.
mentos evidenciam que:
A partir do texto, é correto afirmar que a Revolução a) o partido conservador, cujos membros eram conheci-
Francesa de 1789: dos como realistas, uniu-se à alta burguesia e lutava
a) criou novas categorias do pensamento político, como para restaurar a monarquia.
as noções de socialismo e liberalismo. b) a facção dos radicais, liderada por Robespierre, temia
b) implantou o sufrágio universal na escolha dos gover- a ascensão das massas operárias.
nantes e eliminou a influência política da nobreza e c) os ideais inspiradores do movimento revolucionário
da burguesia. foram aplicados na medida em que atenderam os
c) extinguiu imediatamente o poder real, instalou a re- interesses da burguesia.
pública e democratizou o país. d) as ideias radicais orientaram a ação dos jacobinos, que
d) provocou significativa ampliação da participação polí- assumiram a liderança do processo revolucionário.
tica dos franceses e renovou as formas de expressão
política. 11. PUC-RJ
e) afetou um número reduzido de franceses, pois as “A Revolução Francesa constitui um dos capítulos mais

Material exclusivo para professores


ações políticas e sociais se concentraram na capital, importantes da longa e descontínua passagem histórica
nova sede do governo. do feudalismo ao capitalismo. Com a revolução (cientí-
fica) do século XVII e a Revolução Industrial do século
9. UFTM-MG XVIII na Inglaterra, e ainda com a Revolução Americana

conveniados ao Sistema de Ensino


“A Revolução Francesa não deve ser considerada apenas de 1776, a Grande Révolution lança os fundamentos da
como uma revolução burguesa.” História contemporânea.”
FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas, 1982. MOTA, C. G. A Revolução Francesa.

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Entre as transformações promovidas pela revolução na 14. FGV-SP


HISTÓRIA 1

França, iniciada em 1789, é correto afirmar que: “Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as
a) os privilégios feudais e o regime de servidão foram cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na
abolidos, destruindo a base social que sustentava o ordem do dia.”
Antigo Regime absolutista francês. Discurso de Robespierre na Convenção.
b) a Revolução aboliu o trabalho servil e fortaleceu o
clero católico, instituindo uma série de medidas de A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais
caráter humanista. intensos da Revolução Francesa. Esse período carac-
terizou-se:
c) os revolucionários derrubaram o rei e proclamaram
uma república fundamentada no igualitarismo radical, a) pela fundação da monarquia constitucional, marcada
na qual a propriedade privada foi abolida. pelo funcionamento da Assembleia Nacional.
d) a revolução rompeu os laços com a Igreja Católica, b) pela organização do Diretório, marcado pela adoção
iniciando uma reforma de cunho protestante que se do voto censitário.
aproximava dos ideais da ética do capitalismo moderno. c) pela Reação Termidoriana, marcada pelo fortaleci-
mento dos setores conservadores.
e) a revolução, mesmo em seu momento mais radical,
não foi capaz de romper com as formas de proprie- d) pela convocação dos Estados-gerais, que pôs fim ao
dade e trabalho vigentes no Antigo Regime. absolutismo francês.
e) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radi-
12. Fatec-SP – Na introdução de um panfleto publicado calização da revolução.
em 1789, quando a Revolução Francesa era iminente,
o bispo Sieyès escreveu: 15. Fuvest-SP – Do ponto de vista social, pode-se afirmar,
sobre a Revolução Francesa:
“Devemos formular três perguntas:
a) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida
– O que é o terceiro estado? Tudo. e apropriada por uma só classe social, a burguesia,
– O que ele tem sido até agora na ordem política? Nada. única beneficiária da nova ordem.
– O que ele pede? Ser alguma coisa.” b) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não
conseguiu impedir o retorno das forças sociopolíticas
SIEYÈS, E. J. Qu’est-ce que le Tiers État? In: História contemporânea
do Antigo Regime.
através de textos. São Paulo: Contexto, 2001. p. 19.
c) nela coexistiram três revoluções sociais distintas:
Durante a Revolução Francesa, uma das principais rei- uma revolução burguesa, uma camponesa e uma
vindicações do terceiro estado foi a: popular urbana, a dos chamados sans-culottes.
a) instauração da igualdade civil, pondo fim aos privi- d) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao
légios. garantir as pequenas propriedades aos camponeses,
atrasou, em mais de um século, o processo econô-
b) limitação da participação popular nos assuntos do mico da França.
Estado.
e) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coe-
c) criação de um novo estamento, formado só pela sa, tanto do ponto de vista da riqueza, quanto do
burguesia. ponto de vista político, impediu que a burguesia
d) ascensão política dos nobres, em detrimento do a concluísse.
poder real.
e) ampliação do poder real, em detrimento do clero e 16. UFBA-BA
da nobreza. “1789, na França, foi um ano turbulento [...] Iniciava-se
a Revolução que destruiria o Antigo Regime na França
13. UnB-DF (adaptado) – A Revolução Francesa repre- e sacudiria as bases da sociedade ocidental da época.”
sentou um momento crucial de expansão de direitos (AQUINO, p.143)
no mundo ocidental. Tal expansão, no entanto, desen-
cadeou, ao longo dos séculos XIX e XX, um complexo Sobre esse movimento e seus reflexos em outras par-
processo em que nem todos esses direitos foram, si- tes do mundo, pode-se afirmar:
multaneamente, concedidos a todos os grupos sociais. (01) O critério da votação por Ordem, fi rmado nos
Acerca do processo da expansão de direitos civis, polí- Estados-gerais, foi rejeitado pelo terceiro estado,
ticos e sociais na França, nos vinte anos subsequentes que não se subordinou aos interesses da realeza.
ao início da Revolução Francesa, é correto afirmar que:
(02) O “Grande Medo”, originado da violência na zona
a) a Constituição francesa de 1791 aboliu a escravidão rural, repercutiu na Assembleia Nacional Consti-
tanto no território metropolitano quanto nas zonas tuinte, provocando o fortalecimento dos privilé-
coloniais, conferindo, com isso, direitos civis e polí- gios feudais.
ticos aos ex-escravos.
b) o Estado francês, logo nos primeiros anos após a To- (04) As reformas mais profundas empreendidas du-
mada da Bastilha, passou a garantir direitos políticos rante a Convenção corresponderam à atuação
aos homens de proveniência protestante e judia que da alta burguesia, que liderava a revolução na-
residiam no território francês. quele momento.

Material exclusivo para professores


c) o Código Civil francês, instituído por Napoleão Bona- (08) A igualdade, um dos princípios da Revolução Fran-
parte, concedeu às mulheres direitos políticos, como cesa, foi conquistada pelas camadas populares
o de votar nas eleições municipais e nas eleições com o término do movimento.
para o Parlamento nacional. (16) As coligações antifrancesas representaram, de

conveniados ao Sistema de Ensino


d) o período da Convenção Nacional, sob o comando um modo geral, o temor de governos conserva-
dos jacobinos, caracterizou-se pela ampla proteção dores europeus frente à divulgação dos ideais
aos direitos civis por parte do Estado. revolucionários.

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(32) O conflito anglo-francês, que resultou no Bloqueio a) romper com a Declaração de Independência dos Es-

HISTÓRIA 1
Continental decretado pela França, motivou a opo- tados Unidos, por esta não ter negado a escravidão.
sição da Inglaterra aos princípios do liberalismo b) recuperar os ideais cristãos de liberdade e igualda-
político e econômico. de, surgidos na época medieval e esquecidos na
(64) O ideário dos conjurados baianos de 1798 foi in- moderna.
fluenciado por princípios da França revolucionária. c) estimular todos os povos a se revoltarem contra seus
Dê como resposta a soma das alternativas corretas. governos, para acabar com a desigualdade social.
d) assinalar os princípios que, inspirados no Iluminismo,
17. Fuvest-SP – A Declaração dos Direitos do Homem e do iriam fundar a nova Constituição francesa.
Cidadão, votada pela Assembleia Nacional Constituinte e) pôr em prática o princípio: a todos, segundo suas ne-
francesa, em 26 de agosto de 1789, visava: cessidades, a cada um, de acordo com sua capacidade.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H14 toalhas limpas. Com a revolução, cozinheiros da Corte
“Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, e da nobreza perderam seus patrões, refugiados no
a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as con- exterior ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes
veniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império por conta própria. Apenas em 1835 o Dicionário da
da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a Academia Francesa oficializou a utilização da palavra
insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, “restaurante” com o sentido atual.
o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia A mudança do significado da palavra “restaurante” ilustra:
pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso
a) a ascensão das classes populares aos mesmos pa-
pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo drões de vida da burguesia e da nobreza.
encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de
grandeza do homem.”
hábitos populares e dos valores da nobreza.
HUNT, L. Revolução Francesa e vida privada. In: PERROT, M.
(Org.). História da vida privada: da Revolução Francesa à Primeira
c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos
Guerra. v. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. (Adaptado)
ideais e da visão de mundo da burguesia.
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais re-
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, volucionários, cujas origens remontam à Idade Média.
do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual
e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas cole-
dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução
tivas e de uma visão de mundo igualitária.
Francesa?
a) à alta burguesia, que desejava participar do poder 20. Enem C3-H12
legislativo francês como força política dominante. “Atualmente, a noção de que o bandido não está protegido
b) ao clero francês, que desejava justiça social e era pela lei tende a ser aceita pelo senso comum. Urge mobi-
ligado à alta burguesia. lizar todas as forças da sociedade para reverter essa noção
c) a militares oriundos da pequena e média burguesia, letal para o Estado Democrático de Direito, pois, como di-
que derrotaram as potências rivais e queriam reor- zia o grande Rui Barbosa, ‘A lei que não protege o meu
ganizar a França internamente. inimigo, não me serve’.”
d) à nobreza esclarecida, que, em função do seu conta- SAMPAIO, P. A. Todas as pessoas nascem livres e iguais em
to com os intelectuais iluministas, desejava extinguir dignidade e direitos. In: Os direitos humanos desafiando o século XXI.
o absolutismo francês. Brasília: OAB; Conselho Federal; Comissão Nacional de Direitos
Humanos, 2010.
e) aos representantes da pequena e média burguesia e
das camadas populares, que desejavam justiça social No texto, o autor estabelece uma relação entre demo-
e direitos políticos. cracia e direito que remete a um dos mais valiosos prin-
cípios da Revolução Francesa: a lei deve ser igual para
19. Enem C1-H1 todos. A inobservância desse princípio é uma ameaça
Algumas transformações que antecederam a Revolu- à democracia porque:
ção Francesa podem ser exemplificadas pela mudança a) resulta em uma situação em que algumas pessoas
de significado da palavra “restaurante”. Desde o final possuem mais direitos do que outras.
da Idade Média, a palavra restaurant designava caldos
b) diminui o poder de contestação dos movimentos
ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes
sociais organizados.
e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde
se vendiam esses caldos, usados para restaurar as c) favorece a impunidade e a corrupção por meio dos
forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam privilégios de nascimento.
a Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos res- d) consagra a ideia de que as diferenças devem se ba-
taurateurs, que serviam pratos requintados, descritos sear na capacidade de cada um.

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em páginas emolduradas e servidos não mais em me- e) restringe o direito de voto a apenas uma parcela da
sas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e com sociedade civil.

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HISTÓRIA 1

ERA NAPOLEÔNICA

A FRANÇA APÓS A REVOLUÇÃO


• A França após a revolução

PALÁCIO DE VERSALHES, PARIS, FRANÇA


• Era Napoleônica
• Do Diretório ao Consulado
• Consulado (1799-1804)
• Império (1804-1814)
• Congresso de Viena

HABILIDADES
• Reconhecer a dinâmica da
organização dos movimen-
tos sociais e a importância
da participação da coleti-
vidade na transformação
da realidade histórico-
-geográfica.
• Analisar a atuação dos mo-
vimentos sociais que contri-
buíram para mudanças ou
rupturas em processos de
disputa pelo poder.

Napoleão sobre o seu cavalo na Batalha de Wagram em 1809 (1860), de Horace Vernet. Gravura, 21,8 cm × 26,1 cm.

A chamada Era Napoleônica foi o período em que, após a Revolução Francesa, Na-
poleão Bonaparte passou a liderar a França, buscando desenvolvê-la nos moldes revo-
lucionários e promovendo uma política imperial em relação aos outros países europeus.
Neste módulo, serão aprofundadas as questões sobre o governo napoleônico e a
concentração do poder em suas mãos, que o levou a ser coroado imperador. Também
será abordada a reação dos demais países europeus contra as ideias revolucionárias
difundidas na sociedade do período.

ERA NAPOLEÔNICA
A Revolução Francesa foi encerrada pelo Golpe do 18 Brumário, realizado por
Napoleão com o apoio da burguesia, a qual conduzia o governo do Diretório em
1799. Contudo, seu governo como importante chefe político europeu não foi menos

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revolucionário. Aliás, o ideário da revolução foi difundido para terras não francesas
pela política expansionista de Bonaparte.
Compreender a Era Napoleônica exige reconhecer a existência de uma dupla
revolução na Europa na segunda metade do século XVIII.

conveniados ao Sistema de Ensino A primeira, realizada na Inglaterra, consistiu na mudança do padrão produtivo
no qual, mediado pela máquina e por uma nova fonte de energia – o vapor –, a

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humanidade mudou sua forma de relacionamento CONSULADO (1799-1804)


com a natureza. A Revolução Industrial inglesa trans- Nesse período, Napoleão estabeleceu um acordo

HISTÓRIA 1
formou qualitativamente o capitalismo, exigindo a com a Igreja Católica (1801) no qual afirmou o poder do
ampliação de mercados consumidores para o aten- Estado sobre o clero francês, acabando com a divisão
dimento dos interesses industriais. Dessa forma, existente entre membros da Igreja que se afirmavam
velhas concepções econômicas foram colocadas juramentados (seguidores das normas do Estado) ou re-
em xeque em nome da racionalidade produtiva, que fratários (seguidores apenas das ordens papais). Assim,
propunha a liberação das forças da economia. Essa todo o clero submeteu-se às determinações da França.
revolução conferiu enorme poder à Inglaterra e esti- O general praticamente impôs o acordo ao invadir terras
mulou debates em torno da ideia de desenvolvimen- da Península Itálica e mostrar seu poder bélico ao papa.
to econômico em todo o continente europeu. Grupos Napoleão criou o Banco da França, estabeleceu o
burgueses, principalmente da França, alimentavam ensino laico, criou uma moeda nova (o franco), esti-
esperanças de que algo similar ocorresse em seus mulou a indústria e apoiou a produção agrária visando
países.
atender a população, que ainda pagava caro pelo pão.
A outra revolução foi realizada na França a partir de
O resultado não tardou a aparecer: a economia
1789. Foi uma transformação política que colocou em
francesa recuperou-se rapidamente; o Banco Nacional
questão o poder absoluto e os desmandos de uma
financiou a produção da burguesia; o ensino laico pro-
Coroa que sustentava uma Corte parasitária e garantia
moveu conhecimentos nas ciências naturais; o franco
privilégios à Igreja em detrimento de grupos dinâmicos
favoreceu a monetarização das relações econômicas
da sociedade, pressionando o terceiro estado com tri-
no país; a indústria tornou-se uma realidade; e o preço
butações consideradas excessivas.
do pão caiu. Napoleão caminhava para tornar-se uma
Princípios revolucionários abalavam a sociedade
unanimidade.
de ordens, afirmavam igualdade jurídica dos homens
A fase do Consulado foi coroada com a criação, em
e conferiam legitimidade às diferenças sociais ape-
1804, de um novo código de leis, conhecido como Códi-
nas oriundas do talento individual, ou seja, do mérito
go Napoleônico, que expressava valores da Revolução
pessoal. Napoleão era um filho da revolução. Sua
Francesa e consolidava a ordem burguesa no país. A
ascensão foi possível graças ao credo revolucionário.
respeito das leis que constituíram esse ordenamento,
Bonaparte vinha da pequena nobreza, que não teria
grandes oportunidades naquela sociedade do Antigo podem-se destacar:
Regime. Seu envolvimento com a revolução o cre- • direito à propriedade privada;
denciou ao poder, principalmente em um quadro de • igualdade jurídica dos homens;
agitações internas que desestabilizaram o governo • casamento civil (visão contratualista);
do Diretório. • registro civil (afirmação de existência jurídica em
No governo de Napoleão, houve a continuidade da relação ao Estado);
revolução no sentido burguês, pois ele atendeu a esse • proibição de greves;
grupo social, pretendendo que fosse o caminho de afir- • abolição da servidão.
mação da França e de seu poder pessoal. Essas situa- O Código Napoleônico baseou-se em leis france-
ções guardavam estreita ligação entre si, uma vez que sas anteriores e no Direito Romano, tendo seguido o
a riqueza produzida nos empreendimentos burgueses Código Justiniano e o Corpus Juris Civilis, dividindo o
daria mais força ao Estado francês e a seu governante. Direito Civil em:
Assim, o compromisso de Bonaparte com a ordem era • pessoa;
associado ao crescimento econômico. • propriedade;
• aquisição da propriedade.
DO DIRETÓRIO AO CONSULADO
INTERFOTO/ALAMY STOCK PHOTO

A renúncia coletiva dos representantes do Di-


retório possibilitou a ascensão de Napoleão, que
tornou-se cônsul da república. O que foi alterado
em relação ao governo do Diretório reside no grau
de concentração de poder. Essa fase representou a
descentralização do poder político, enquanto o Con-
sulado significou concentração do poder nas mãos
do general Bonaparte.

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Napoleão apresentava-se como uma espécie de
déspota esclarecido, que tomava decisões e justifica-
va-as com o pensamento racionalista do Iluminismo.

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Em poucos meses, conseguiu a pacificação do país,
evitando agitações de jacobinos e monarquistas, que
Gravura que representa Napoleão em uma reunião para a elaboração do
tanto abalaram o Diretório. Código Civil, publicado em 1804.

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Napoleão conseguiu apoio popular, da burguesia e e negociou com Espanha, Áustria, Prússia, Dinamarca
de setores da antiga nobreza, grupo que também pro- e Rússia o fechamento do comércio com a Inglaterra.
HISTÓRIA 1

curou contemplar. O próximo passo foi a convocação Entrava em cena o Bloqueio Continental.
de um plebiscito para decidir se ele poderia continuar Até 1812, Bonaparte foi o senhor da Europa e di-
governando a França como imperador. fundiu ideias revolucionárias por onde passou. Tropas
A essa altura, Bonaparte já dominava extensos ter- napoleônicas entravam nos territórios declarando prin-
ritórios da Europa, adquiridos com a invasão às regiões cípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Seu có-
belga e holandesa, além de controlar parte significativa digo de leis foi levado para todas as terras dominadas.
da Península Itálica. O resultado do plebiscito foi sua A Europa não seria mais a mesma.
aclamação como imperador dos franceses. O primeiro grande contratempo de Napoleão foi contra
Ele continuaria governando, pois o povo o aceita- a Rússia. Em 1807, Alexandre I havia assinado o Tratado de
va. Seu poder estava legitimado pelo desejo da cha- Tilsit com o general, comprometendo-se a comprar pro-
mada “vontade geral”, defendida no pensamento de dutos apenas da França. A indústria francesa, porém, era
Rousseau como a possibilidade de existência de um incipiente e não conseguia atender à demanda europeia.
governo soberano. Os russos aguardavam as mercadorias, mas estas não
chegavam. O czar, alegando a necessidade de obter pro-
IMPÉRIO (1804-1814) dutos que não eram entregues, rompeu o tratado de 1807.
Após a aclamação, o general iniciou uma pressão Diante disso, Napoleão organizou um exército podero-
sobre países continentais, objetivando impedir o comér- so a fim de invadir a Rússia. Segundo alguns historiadores,
cio dos estados europeus com a Inglaterra, país rival da cerca de 600 mil homens foram mobilizados para a cam-
França por, entre outros aspectos, dominar o mercado panha contra o Império Russo. Mas o que Bonaparte não
consumidor da Europa com seus produtos industriais. esperava era a ordem de destruição das plantações nos
arredores, por parte do czar, para que as tropas napoleô-
LEGACY1995/DREAMSTIME.COM

nicas fossem impedidas de prosseguir naquele ataque.


Bonaparte ordenou que as tropas prosseguissem até
Moscou. O czar havia abandonado a cidade e ordenado
que a incendiassem. O tempo que Napoleão levou para
chegar à cidade coincidiu com o início do rigoroso inverno
russo. Suas tropas perderam enorme quantidade de sol-
dados em razão da ausência de recursos para enfrentar a
neve. Napoleão saiu do território com cerca de 30 mil ho-
mens exauridos. Iniciava-se a decadência de seu império.

Coroação de Napoleão Bonaparte (1805-1807), de Jacques-Louis David. PETER HORREE/ALAMY STOCK PHOTO
Óleo sobre tela, 621 cm × 979 cm. Após ser coroado imperador da
França, em 1804, Bonaparte tornou-se a maior figura política continental.
Enfrentou a Inglaterra e determinou o Bloqueio Continental em novembro
de 1806 em Berlim, na Alemanha.

Napoleão tentou derrotar a Inglaterra por meio de


um confronto direto, porém perdeu a batalha marítima Napoleão no campo da Batalha de Eylau (1808), de Antoine-Jean Gros. Óleo
de Trafalgar. A dificuldade de vencer a marinha ingle- sobre tela, 521 cm × 784 cm. Em 1812, o exército de Napoleão Bonaparte
foi destruído pelo rigoroso inverno. De aproximadamente 600 mil soldados,
sa fez o imperador francês pensar em um bloqueio o general teria conseguido sair com cerca de 30 mil homens.
continental. A ideia era fechar o comércio dos países
do continente com a nação rival, os quais deveriam Após a derrota na Rússia, seguiram-se outras. Coa-
comprar apenas da França, atendendo a interesses lizões foram organizadas envolvendo Inglaterra, Áustria,

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burgueses e ampliando seu poder.
A Europa foi convulsionada pelas guerras de Na-
poleão. Entre 1805 e 1807, o imperador ampliou seus
Prússia, Rússia, Dinamarca e Espanha após a expul-
são das tropas francesas. Em 1814, sob a ameaça de
destruição de seu país, Napoleão decidiu render-se. A

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domínios territoriais, incorporou toda a Península Itá- França foi ocupada, o general foi enviado à Ilha de Elba
lica, reuniu os principados alemães na Confederação e um encontro foi organizado em Viena, na Áustria, para
do Reno sob seu poder, anexou o Ducado de Varsóvia discutir a situação política na Europa.

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O encontro definiu a restauração da monarquia, le- A expressão mais conservadora do congresso fi-
gitimando no trono um novo rei da dinastia Bourbon, cou conhecida por Santa Aliança. Rússia, Prússia e

HISTÓRIA 1
Luís XVIII. Entretanto, muitos franceses não aceitavam Áustria uniram-se para preservar a ordem continen-
o retorno da família Bourbon e houve levantes em todo tal. Se houvesse qualquer movimentação contrária
o país. Napoleão encontrava-se confinado na Ilha de às determinações de Viena, tropas dos três estados
Elba e de lá conseguiu escapar, retornando à França. seriam mobilizadas.
De março a julho de 1815, Napoleão governou a Fran-
A Santa Aliança chegou a propor a recolonização
ça, mas a situação já não era a mesma. Com o exército
do continente americano, por considerar que o Novo
enfraquecido, diante de uma nova coalizão organizada
Mundo era uma extensão do Velho Mundo. Os Es-
pela Inglaterra, as derrotas se sucederam até a última
batalha em Waterloo, onde foi capturado e levado para tados Unidos, porém, posicionaram-se contra esse
a Ilha de Santa Helena, domínio inglês próximo à costa interesse e, na figura do presidente James Monroe,
africana. Estava encerrada a Era Napoleônica. reconheceram a independência da América ibérica por
meio da Doutrina Monroe, que afirmava “A América
para os americanos”.
CONGRESSO DE VIENA Apesar do conser vadorismo pronunciado no
Após a derrota definitiva de Napoleão, o Congresso Congresso de Viena, as forças liberais continuavam
de Viena, conduzido pelo ministro austríaco Metternich, ativas e o pensamento revolucionário havia se
definiu os princípios que ordenariam a Europa. O encon- disseminado na Europa. Novas revoluções viriam com
tro tinha o objetivo de recuperar a velha ordem ao esta- força arrebatadora.
belecer como princípio fundamental a “legitimidade”, ou
seja, era legítimo que todos os antigos governantes ou Europa após o Congresso de Viena
suas famílias recuperassem o governo de seus países. 0°
REINO DA FINLÂNDIA Cidades
Nesse sentido, previa-se a restauração das monarquias SUÉCIA
São Petersburgo Prússia
Império Austríaco
destituídas por Napoleão e pela Revolução Francesa.

o
Mar do França

áltic
Norte
Outro princípio firmado em Viena foi o do “equilíbrio Piemonte-Sardenha

B
GRÃ-BRETANHA DINAMARCA Império Russo

ar
M
europeu”, que implicava no reordenamento territorial Amsterdã
Hamburgo Países germânicos
PRÚSSIA IMPÉRIO RUSSO Liga das Confederações
europeu entre países visando estabelecer igualdade de
Londres
HOLANDA
Berlim
Varsóvia Germânicas

forças, a qual impediria o surgimento de qualquer outro Paris CONFEDERAÇÃO


GERMÂNICA
50° N

aventureiro que quisesse construir um império na Europa. Bavária


Viena
FRANÇA
Os integrantes do Congresso de Viena consideravam IMPÉRIO AUSTRÍACO
Lombardia
NO
N
NE
Veneza
que países com poderes equivalentes se respeitariam, Gênova
Dalmácia
Mar
O L

ESPANHA ESTADOS
o que impediria a ocorrência de novas guerras no conti-
SO SE
PIEMONTE- DO PAPA Negro S
-SARDENHA Roma
Constantinopla
nente. O critério utilizado para a definição do poder de Mar
Nápoles
IMPÉRIO OTOMANO
Escala aproximada
1: 51 000 000
cada país era o domínio territorial. Mediterrâneo
ich

REINO DAS 0 510 1 020 km


DUAS SICÍLIAS
Greenw

Cada cm = 510 km
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK

O Congresso de Viena estabeleceu o reordenamento territorial


da Europa entre as potências da época, pretendendo com isso
a afirmação de equilíbrio entre os Estados a fim de evitar novas
guerras. No entanto, não considerou a emergência dos povos, os
quais lutariam para alterar a fisionomia político-territorial europeia, que
não considerava o direito de ter seu país e uma organização política
autônoma. Isso abriu caminho para novas revoluções.
Base cartográfica: IBGE.

O Congresso de Viena (1819), de Jean-Baptiste Isabey. Representantes


de países europeus encontraram-se em Viena para discutir como ficaria
a Europa após o período revolucionário francês e a Era Napoleônica. O
encontro tinha forte caráter conservador, pois imaginava o retorno da

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nobreza, ou seja, do Antigo Regime ao poder.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

ERA NAPOLEÔNICA

Nascido em Córsega, na Itália, vinha da pequena nobreza e consagrou-se na campanha da Itália durante o

período revolucionário.
Napoleão Bonaparte
Combateu o levante realista de 1795.

Com o Golpe do 18 Brumário, assumiu como primeiro-cônsul (1789).

Reformas administrativas, educacionais e econômicas.

Criação de um novo código de leis: o Código Napoleônico.

Estímulo à indústria e à produção agrícola.


Ações como
governante Criação do Banco da França.

Consolidação dos interesses da burguesia, mas também obteve apoio popular e de setores da antiga nobreza.

Em 1802, tornou-se cônsul vitalício e, por meio de plebiscito realizado em 1804, imperador.

Expansão territorial, com o exército francês vitorioso em praticamente toda a Europa.


Decreto do Bloqueio Continental contra a Inglaterra (1806), que não foi aceito pela Rússia e por Portugal.
Invasão a Portugal.
Em 1808, fuga da família real para o Brasil.
Ações militares Campanha da Rússia (1812), que marcou o início do declínio.
Derrotado na Batalha de Leipzig, Bonaparte é exilado na Ilha de Elba e os Bourbon voltam ao comando sob
a liderança de Luís XVIII.
Fuga e retomada de Napoleão ao poder: governo dos cem dias.
Derrota definitiva na Batalha de Waterloo e exílio em Santa Helena.

CONGRESSO DE VIENA

Princípios Do equilíbrio europeu e da legitimidade: proposta de Talleyrand.

Novo mapa político europeu (Carta do Congresso de Viena).

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Confirmação da supremacia marítima da Inglaterra.

Resoluções Controle do norte da Itália pela Áustria.

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Formação da Confederação Germânica.

Santa Aliança.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. FGV-RJ 3. Cesgranrio-RJ
Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França, em A criança deve ser protegida contra as práticas que
1799. A partir do chamado Golpe do 18 Brumário, tor- possam levar à discriminação racial, à discriminação
nou-se primeiro cônsul, depois primeiro cônsul vitalício religiosa ou a qualquer outra forma de discriminação.
e, posteriormente, imperador. Durante o seu governo:

@JOAQUIN SALVADOR LAVADO (QUINO)/FOTOARENA


a) retomou as relações com a Igreja Católica e permitiu
total autonomia dos seus sacerdotes.
b) estabeleceu uma monarquia parlamentarista, nos
moldes do sistema de governo vigente na Inglaterra.
c) estabeleceu um novo Código Civil que manteve a
igualdade jurídica para os cidadãos do sexo mascu-
lino e o direito à propriedade privada.
d) procurou retomar antigas possessões marítimas
francesas, envolvendo-se em uma guerra desgas-
tante no Haiti e no Sudeste Asiático.
e) aliou-se aos sans-culottes, grupos mais radicais da Re-
volução Francesa, e, por isso, foi derrubado em 1814.
A reposta correta diz respeito ao estabelecimento do Código Civil
e a alguns de seus preceitos. Napoleão não deu total liberdade à
Igreja, tampouco adotou um regime semelhante ao da Inglaterra.

2. UFRGS-RS C5-H22
Por volta de 1811, o Império Napoleônico atingiu o seu
apogeu. Direta ou indiretamente, Napoleão dominou
mais da metade do continente europeu. Tal conjuntura,
no entanto, reforçou os sentimentos nacionalistas da QUINO. Toda Mafalda, 1989. Lisboa: Publicações
população dessas regiões. A ideia de nação, inspirada Dom Quixote, p. 420.
nas próprias concepções francesas, passou a ser uma
arma desses nacionalistas contra Napoleão. Sabemos que, assim como na charge da Mafalda, tam-
bém durante as diversas fases da Revolução Francesa
Assinale a afirmação correta relativa à conjuntura acima discutiu-se a questão dos direitos humanos. Foi na Era
delineada: Napoleônica (1799-1815) que alguns desses direitos
a) após o Bloqueio Continental, em todos os Estados foram assegurados e vêm até os dias de hoje, como,
submetidos à dominação napoleônica, os operários por exemplo, a(o):
e os camponeses, beneficiados pela prosperidade a) propriedade privada.
econômica, atuaram na defesa de Napoleão contra
o nacionalismo das elites locais. b) organização sindical em todos os trabalhos urbanos.
b) a Inglaterra, procurando manter-se longe dos pro- c) jornada de trabalho de 8 horas diárias.
blemas do continente, isolou-se e não interveio nos d) greve por parte de todos os trabalhadores.
conflitos desencadeados pelos anseios de Napoleão e) voto universal, incluindo o direito de voto das mulheres.
de construir um império. Um desses direitos é a propriedade privada, ou seja, a liberdade
c) a Espanha, vinculada à França pela dinastia dos Bour- que as pessoas têm de posse (além de compra e venda) de alguma
bon desde o século XVIII, não reagiu à dominação propriedade. As leis trabalhistas e o voto universal, incluindo o fe-
francesa. Em nome do respeito às suas tradições e minino, ocorrem de formas diferentes e em momentos posteriores.
ao seu nacionalismo, a Espanha aceitou a soberania
estrangeira imposta por Napoleão.
d) em 1812, Napoleão estabeleceu sólida aliança com
o papa, provocando a adesão generalizada dos católi- 4. Unesp-SP
cos. Temporariamente, os surtos nacionalistas foram “Artigo 5º- – O comércio de mercadorias inglesas é proi-
controlados, o que o levou a garantir suas progressi- bido, e qualquer mercadoria pertencente à Inglaterra, ou
vas vitórias na Rússia. proveniente de suas fábricas e de suas colônias é declarada
e) herdeira da Filosofia das Luzes, a ideia de nação, tal boa presa. [...]
como difundida na França, fundou-se sobre uma con- Artigo 7º- – Nenhuma embarcação vinda diretamente da
cepção universalista do homem e de seus direitos Inglaterra ou das colônias inglesas, ou lá tendo estado,
naturais. Essa concepção, porém, pressupunha o prin-
desde a publicação do presente decreto, será recebida em
cípio do direito dos povos de dispor sobre si mesmos.
Os ideais iluministas de liberdade e igualdade estiveram presentes no porto algum.

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cenário francês desde a Revolução Francesa. Napoleão, para fortalecer Artigo 8º- – Qualquer embarcação que, por meio de uma
o território, utilizou símbolos nacionais como a formação de um exér-
cito. O ideal da nação também ajudou a criar um modelo político que declaração, transgredir a disposição acima, será apresada
contemplou os direitos humanos. e o navio e sua carga serão confiscados como se fossem
Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender propriedade inglesa.”

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e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo BONAPARTE, Napoleão. Bloqueio Continental. In: QUEIRÓS,
uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Kátia M. de Queirós Mattoso. Textos e documentos para o estudo da
Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se história contemporânea (1789-1963), 1977.
refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.

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Esses artigos do Bloqueio Continental, decretado pelo da Revolução Francesa que inspiraram as lutas pela
HISTÓRIA 1

imperador da França em 1806, permitem notar a dis- independência.


posição francesa de: e) o Congresso de Viena. A França de Napoleão assinou
a) estimular a autonomia das colônias inglesas na um pacto com a Áustria, Inglaterra e Rússia cujo ob-
América, que passariam a depender mais de seu jetivo maior era estabelecer uma trégua e reorganizar
comércio interno. todo o mapa europeu.
b) impedir a Inglaterra de negociar com a França uma As lutas pela independência da América espanhola tiveram forte
nova legislação para o comércio na Europa e nas influência dos ideais iluministas de liberdade e direitos humanos.
áreas coloniais.
c) provocar a transferência da Corte portuguesa para
o Brasil por meio da ocupação militar da Península
Ibérica.
d) ampliar a ação de corsários ingleses no norte do 6. UFC-CE C2-H9
Oceano Atlântico e ampliar a hegemonia francesa Entre 1792 e 1815, a Europa esteve em guerra quase
nos mares europeus. permanente. No final, os exércitos napoleônicos fo-
e) debilitar economicamente a Inglaterra, então em pro- ram derrotados. Em seguida, as potências vencedoras,
cesso de industrialização, limitando seu comércio Rússia, Prússia, Grã-Bretanha e Áustria, conjuntamente
com o restante da Europa. com a França, reuniram-se no Congresso de Viena, que
A disputa entre Inglaterra e França levou ao Bloqueio Continental teve como consequência política a formação da Santa
comandado por Napoleão Bonaparte como uma forma de diminuir o Aliança.
poder econômico e político da Inglaterra na Europa.
A partir do comentário acima, marque a alternativa que
contenha duas decisões geopolíticas aprovadas pelo
citado congresso:
a) defesa do liberalismo e auxílio aos movimentos so-
5. Ibmec-SP cialistas na Europa.
A expansão napoleônica no século XIX influenciou deci- b) restabelecimento das fronteiras anteriores a 1789
sivamente vários acontecimentos históricos no período. e isolamento da França do cenário político europeu.
Dentre esses acontecimentos, podemos destacar: c) valorização das aristocracias em toda a Europa con-
a) a independência dos Estados Unidos. Com a aten- tinental e ascensão dos girondinos no governo da
ção da Inglaterra voltada para as batalhas com a França a partir de 1815.
marinha napoleônica, os colonos americanos decla- d) reentronização das casas reais destituídas pelos
raram sua independência, vencendo rapidamente exércitos napoleônicos e criação de um pacto político
os ingleses. de equilíbrio entre as potências europeias.
b) a formação da Santa Aliança, um pacto militar en- e) apoio aos movimentos republicanos e concentração
tre Áustria, Prússia, Inglaterra e Rússia que evitou a de poderes na Coroa britânica, permitindo a esta a
eclosão de movimentos revolucionários na Europa e utilização da sua marinha de guerra como instrumen-
impediu a independência das colônias espanholas e to contrarrrevolucionário.
inglesas na América. Após a derrota de Napoleão, com o Congresso de Viena, ocorreu
c) a independência do Brasil. Com a ocupação de Portu- o retorno das casas reais ao poder.
gal pelas tropas napoleônicas, houve um enfraqueci- Competência: Compreender as transformações dos espaços geo-
mento da monarquia portuguesa que culminou com gráficos como produto das relações socioeconômicas e culturais
de poder.
as lutas pela independência e o rompimento de D.
Pedro I com Portugal. Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das or-
ganizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional
d) a independência das colônias espanholas. Em 1808, ou mundial.
a Espanha foi ocupada pelas tropas napoleônicas, ao
mesmo tempo em que se difundiam os ideais liberais

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. PUC-RJ – Como general, cônsul, e, depois, imperador, c) a adoção do Código Civil, que garantia a liberdade
Napoleão Bonaparte transformou a França de um país individual, a igualdade perante a lei e o direito à pro-
sitiado a uma potência expansionista com influência priedade privada.
em todo o continente europeu. No entanto, a expan- d) o estímulo, por parte das leis francesas, à criação
são francesa, com seus ideais burgueses, encontrou de sindicatos de trabalhadores, livres da influência
muitas resistências, principalmente entre as nações do Estado.
dominadas por setores aristocráticos. e) a estatização de toda a propriedade agrícola, comer-
Assinale a opção que identifica corretamente uma ação cial e industrial nas regiões dominadas pelo exército

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implementada pelo governo napoleônico: napoleônico.
a) o estabelecimento do catolicismo cristão e romano 8. FGV-SP
como religião de Estado.
“Os soberanos do Antigo Regime venceram Napoleão,
b) a descentralização das atividades econômicas, o que

conveniados ao Sistema de Ensino


em quem eles viam o herdeiro da revolução; e a escolha
permitia que as economias locais prosperassem sem
de Viena para a realização do Congresso, para a sede dos
o pagamento de impostos.
representantes de todos os Estados europeus, é simbóli-

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ca, pois Viena era uma das únicas cidades que não haviam a) o impedimento do retorno do uso de títulos de nobre-

HISTÓRIA 1
sido sacudidas pela revolução e a dinastia dos Habsburgos za, reivindicado pelos seus generais e pela burguesia
era o símbolo da ordem tradicional, da Contrarreforma, do francesa, que desejava tornar-se a nova elite do país.
Antigo Regime.” b) a criação do Código Civil, inspirado no Direito Roma-
REMOND, René. O século XIX: introdução à no e nas leis do período revolucionário, que, na sua
história do nosso tempo. essência, vigora até hoje na França.
c) a abolição da escravidão nas colônias francesas,
Acerca do Congresso de Viena (1815), é correto afir- reafi rmando o princípio da liberdade presente na
mar que: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
a) tornou-se a mais importante referência da vitória do d) a realização de uma reforma agrária, prometida, mas
liberalismo na Europa, na medida em que defendia não efetivada, pelos jacobinos, o que garantiu a po-
a legitimidade de todas as dinastias que aceitavam pularidade de Napoleão entre os camponeses.
a limitação dos seus poderes por meio de cartas e) a criação da Constituição Civil do Clero, que proibiu
constitucionais. toda forma de culto religioso no território francês.
b) países como Inglaterra, Portugal e Espanha, os
mais prejudicados com o expansionismo napo- 11. UEG-GO – Em 1804, Napoleão Bonaparte recebeu o
leônico, defendiam que a França deveria tornar-se título de imperador mediante um plebiscito. Durante
republicana, com o intuito de evitar novos surtos sua cerimônia de coroação, ele retirou do papa a coroa
revolucionários. e colocou-a em sua cabeça com as próprias mãos. Esse
c) foi orientado, entre outros, pelo princípio da legitimi- gesto ousado representou:
dade, que determinava a volta ao poder das antigas a) o rompimento entre a Igreja Católica Romana e o
dinastias reinantes no período pré-revolucionário, novo Estado revolucionário francês.
além do recebimento de volta dos territórios que b) que Napoleão estava assumindo todas as responsa-
possuíam em 1789. bilidades do Poder Moderador na França.
d) presidido pelo chanceler austríaco Metternich, mas c) que Napoleão, símbolo máximo da força da burgue-
controlado pelo chanceler francês Talleyrand, decidiu- sia, considerava-se mais importante que a tradição
-se por uma solução conciliatória após o caos napo- da Igreja.
leônico: haveria a restauração das dinastias, mas não
a volta das antigas fronteiras. d) a criação de uma religião de Estado, tendo como
figura central o imperador, a exemplo do anglicanis-
e) criou, a partir da sugestão do representante da Prús- mo inglês.
sia, um organismo multinacional, a Santa Aliança,
que detinha a tarefa de incentivar regimes absolu- 12. Mackenzie-SP
tistas a se modernizarem com o objetivo de sufocar
“O inimigo é cruel e implacável. Pretende tomar nossas
as lutas populares.
terras regadas com o suor de nossos rostos, tomar nosso
9. UFRGS-RS – Após a Revolução de 1789, a França vi- cereal, nosso petróleo, obtidos com o trabalho de nossas
veu um período de grande instabilidade, marcado pelo mãos. Pretende restaurar o domínio dos latifundiários,
radicalismo e pela constante ameaça externa. restaurar o czarismo [...] germanizar os povos da União
Soviética e torná-los escravos de príncipes e barões ale-
Assinale a alternativa correta em relação a esse período: mães [...] em caso de retirada forçada [...] todo o material
a) com a queda da Bastilha, símbolo do autoritaris- rodante tem que ser evacuado. Ao inimigo não se deve
mo real, os deputados da Assembleia Constituinte, deixar um único motor, um único vagão de trem, um único
aproveitando o momento político, proclamaram a quilo de cereal ou galão de combustível. Todos os artigos
república, pondo um termo final ao Antigo Regime. de valor [...] que não puderem ser retirados devem ser des-
b) em meio ao caos provocado pela fuga do rei e pela truídos sem falta.”
derrocada da monarquia, iniciou-se, em Paris, a cria-
ção de uma sociedade baseada nos ideais socialistas, Após 70 anos da 2ª- Guerra Mundial, o discurso acima,
a Comuna de Paris. de Joseph Stálin, nos remete:
c) o período conhecido como o Grande Terror foi prota- a) à invasão soviética ao território alemão, marco da
gonizado pelo jacobino Robespierre, que posterior- derrocada nazista frente à ofensiva Aliada nos fronts
mente foi derrubado por Napoleão, um general que ocidental e oriental.
se destacara por sua trajetória vitoriosa. b) à Operação Barbarosa, decorrente da assinatura do
d) o Golpe do 18 Brumário representou a queda do Dire- Pacto Ribbentrop-Molotov, estopim para a 2ª- Guerra
tório, regime que se pretendia representante dos in- Mundial.
teresses burgueses, mas que era inepto a governar. c) ao Anschluss, quando a anexação da Áustria pelo
e) durante um curto período de tempo, após a que- Terceiro Reich provocou a reação soviética contra
da da Bastilha, a França vivenciou uma monarquia os alemães.

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constitucional, mas, na prática, o rei ainda mantinha d) à estratégia soviética frente à invasão alemã, co-
a mesma autoridade de antes. nhecida como tática da “terra arrasada”, a mesma
utilizada pelos russos contra Napoleão, no início do
10. UFC-CE – Assinale a alternativa que apresenta cor- século XIX.

conveniados ao Sistema de Ensino


retamente uma realização de Napoleão Bonaparte, e) à Batalha de Stalingrado, uma das mais sangrentas
que representou uma consolidação das ideias da e memoráveis de todo o conflito, decisiva para a
Revolução Francesa: vitória nazista.

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13. UFRRJ-RJ III. A expansão napoleônica debilitou os fundamentos


HISTÓRIA 1

do Antigo Regime europeu e estimulou o surgimento


JOSSE/LEEMAGE/AFP

dos nacionalismos.
IV. O Bloqueio Continental possibilitou a hegemonia
do capitalismo industrial francês em toda a Europa.
V. O Congresso de Viena confi rmou, na Europa, os
avanços sociais e políticos conquistados durante a
Revolução Francesa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas III, IV e V.
Ordens de Napoleão: soldados franceses queimando importações
britânicas em 1810. e) I, II, III, IV e V.
HENDERSON, W. O. A Revolução Industrial.
São Paulo: Verbo/Edusp, 1979. p. 27. 16. Cesgranrio-RJ – O Golpe do 18 de Brumário de 1799,
no contexto da Revolução Francesa, derrubou o Di-
A explicação para o quadro anterior está: retório, instituiu o sistema do Consulado e elevou
a) na repulsa da população francesa aos produtos ingle- Napoleão Bonaparte à liderança política da França
ses vendidos na Europa continental, em geral muito revolucionária. Napoleão manteve-se no poder por
caros e de péssima qualidade. um período que se estendeu de 1799 até 1815, pe-
b) no protesto de operários franceses contra o de- ríodo esse denominado de Era Napoleônica, durante
semprego causado na Inglaterra pela introdução de o qual ocorreu a:
máquinas no processo produtivo (início da chamada a) consolidação interna do ideário burguês da revolução
Revolução Industrial). e a tentativa de sua imposição a diversos países
c) na disputa, até militar, entre uma Inglaterra já em da Europa com a expansão militar promovida por
acelerado estado de industrialização e uma França Napoleão.
que busca o mesmo intento, abrindo concorrência b) retomada do poder político pelos segmentos da no-
ao produto inglês. breza provincial francesa com a promulgação do im-
d) na tentativa francesa de evitar que matérias-primas pério (1804) como a força política legítima de governo
mais baratas oriundas da Inglaterra arruinassem os da França do período napoleônico.
produtos franceses. c) união de segmentos sociais distintos na defesa do
e) na revolta dos franceses contra o apoio dado pela mo- governo aristocrático e absolutista de Napoleão, tais
narquia inglesa à família real portuguesa quando esta como o campesinato e a nobreza, com o objetivo
decidiu retornar à Europa após sua estadia no Brasil. de evitar uma invasão estrangeira da França revo-
lucionária.
14. Unirio-RJ d) interferência direta das monarquias absolutas eu-
“Milhares de séculos decorrerão antes que as circunstân- ropeias na França, através da ação política da Santa
cias acumuladas sobre a minha cabeça vão encontrar um Aliança, ao encerrarem o processo revolucionário
outro na multidão para reproduzir o mesmo espetáculo.” com seu apoio à ascensão de Napoleão.
Napoleão Bonaparte. e) formação de diversas coligações que uniriam a
França revolucionária e a Inglaterra liberal contra
Sobre o período napoleônico (1799-1815), podemos
os Estados aristocráticos em defesa das conquis-
afirmar que: tas liberais promovidas no processo da Revolução
a) consolidou a revolução burguesa na França através Francesa.
da contenção dos monarquistas e jacobinos.
b) manteve as perseguições religiosas e o confi sco 17. Mackenzie-SP – Sobre o período napoleônico, é correto
das propriedades eclesiásticas iniciadas durante a afirmar que:
Revolução Francesa. a) as campanhas napoleônicas apoiaram o movimento
c) enfrentou a oposição do exército e dos camponeses denominado Conjura dos Iguais e disseminaram os
ao se fazer coroar imperador dos franceses. ideais do proletariado revolucionário francês.
d) favoreceu a aliança militar e econômica com a Ingla- b) de uma maneira geral, pode ser apontado como o
terra, visando à expansão de mercados. momento em que se consolidaram as instituições
e) anulou diversas conquistas do período revolucionário, burguesas na França.
tais como a igualdade entre os indivíduos e o direito c) Portugal, tradicional aliado da França, foi um dos pri-
de propriedade. meiros países a aderir ao Bloqueio Continental em
troca da ajuda na transferência da família real para a

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15. UFRGS-RS – Considere as afirmações a seguir, refe- colônia, no Brasil.
rentes ao período napoleônico: d) o império foi marcado pelos acordos de paz com a
I. Um dos objetivos do Bloqueio Continental era anu- Inglaterra, que via na França uma aliada na propagan-
lar a defasagem industrial da França em relação à da da mentalidade capitalista burguesa.

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Inglaterra. e) a ascensão do império de Bonaparte foi concretizada
II. As guerras napoleônicas produziram desdobramen- a partir dos acordos políticos da Península Ibérica,
tos de cunho político na América do Sul. evitando as lutas nacionalistas e oposicionistas.

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ESTUDO PARA O ENEM

HISTÓRIA 1
18. UFMG-MG (adaptado) C2-H8 O contexto conturbado vivido pela Europa antes do
Congresso de Viena e os resultados deste foram,
Leia este texto:
respectivamente:
“Antes, Napoleão havia levado o grande exército à con- a) a Guerra dos Sete Anos, que colocou em confronto
quista da Europa. Se nada sobrou do império continental Inglaterra e França em função de disputas territo-
que ele sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Re- riais na América; a expulsão da França da Liga das
gime por toda parte onde encontrou tempo para fazê-lo; nações por ter desrespeitado regras internacionais
por isso também seu reinado prolongou a revolução; ele preestabelecidas.
foi o soldado desta, como seus inimigos jamais cessaram b) a disputa imperialista protagonizada pelas nações
de proclamar.” europeias em função da crise econômica vivida no
LEFBVRE, Georges. A Revolução Francesa. São Paulo:
século XIX; evitou-se provisoriamente um conflito
Ibrasa, 1966. p. 573. de proporções mundiais já que, por meio de conces-
sões, garantiu-se um equilíbrio político.
Tendo em vista a expansão dos ideais revolucionários c) a expansão napoleônica, que destronou reis e pro-
proporcionada pelas guerras conduzidas por Bonaparte, moveu a invasão e a ocupação militar sobre diversas
é correto afirmar que: regiões; a restauração das monarquias depostas por
Napoleão, legitimação das existentes à época e cria-
a) os governos sob influência de Napoleão investiram ção da Santa Aliança.
no fortalecimento das corporações de ofício e dos
d) a Primeira Grande Guerra, que foi consequência de
monopólios.
um momento marcado pelo nacionalismo exacerba-
b) as transformações provocadas pelas conquistas na- do e por rivalidades econômicas e territoriais; a im-
poleônicas implicaram o fortalecimento das formas posição de uma paz despreocupada com o equilíbrio
de trabalho compulsório. mundial, pois humilhava os derrotados.
c) Napoleão, em todas as regiões conquistadas, derru-
bou o sistema monárquico e implantou repúblicas. 20. Uema-MA C2-H6
d) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do O mapa abaixo representa a divisão geopolítica euro-
mapa europeu, pois fundiu pequenos territórios, an- peia no início do século XIX, destacando a estratégia mi-
tes autônomos, e criou, assim, Estados maiores. litar napoleônica conhecida como Bloqueio Continental.
e) os países da Península Ibérica, como Portugal e Es-

NORUEGA

panha, foram os únicos do continente europeu a não SUÉCIA

serem afetados pelas guerras napoleônicas. Mar do

o
ltic
Norte DINAMARCA


GRÃ-BRETANHA r
Ma IMPÉRIO RUSSO
19. UEMG-MG C1-H1 Tllsit

IA
1807

ÁL
Londres

TF
HOLANDA PRÚSSIA
ES GRÃO-DUCADO
W

“Há duzentos anos, em 9 de junho de 1815, encerrava- OCEANO Lena


Waterloo 1806 Leipzig
DE VARSÓVIA 50°
N

ATLÂNTICO Amiens
-se o Congresso de Viena, conferência de países europeus Paris
1813
Austerlitz
Vale 1805
que, após nove meses de deliberações, estabeleceu um

BE
SUÍÇA

SS
Viena

AR
FRANÇA ÁUSTRIA
plano de paz de longo prazo para o continente, que vivia

ÁB
REINO DA

IA
Bayona ITÁLIA
Vitória
um contexto político conturbado [...]. Para alcançar esse VALÁQUIA
AL

ETRÚRIA
Eb

Arapiles Mar Negro


UG

ro

Lisboa Córsega Elba


objetivo, os diplomatas presentes ao Congresso de Viena Madri CATALUNHA
RT

1812 Ajácio Roma


PO

ESPANHA Istambul
criaram um mecanismo de pesos e contrapesos conhe- Cádiz Bailén
1806
Ilhas
Baleares Sardenha
REINO DE
NÁPOLES
IMPÉRIO TURCO
cido como ‘Concerto Europeu’ [...]. O Concerto Europeu Trafalgar Mar Mediterrâneo
1805 Sicília
wich

procurou substituir um arranjo unipolar por um sistema


Green

ARGÉLIA Tunísia Rodes Chipre


inovador de consultas plurilaterais. Esse esforço visava a
França e possessões diretas Escala aproximada
garantir a estabilidade europeia no pós-guerra”. Países dependentes NO
N
NE 1: 54 000 000
Vitórias de Napoleão O L 0 540 1 080 km
Derrotas de Napoleão SO SE
PRISMA ARCHIVO/ALAMY STOCK PHOTO

Bloqueio continental S
Cada cm = 540 km

Disponível em: <www.infoescola.com/historia>.


Acesso em: jun. 2014.

A linha de Bloqueio Continental que se estende de


Portugal até a Noruega, representada no mapa, revela
a intenção francesa de:
a) integrar a economia europeia, com a isenção das
tarifas alfandegárias.
b) fortalecer a França, garantindo-lhe a livre circulação
pelos portos britânicos.

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c) desenvolver a economia espanhola, consolidando
seu monopólio comercial na Península Ibérica.
d) isolar a Grã-Bretanha, impedindo-lhe o acesso a im-
portantes mercados da Europa continental.

conveniados ao Sistema de Ensino Disponível em: <blog.itamaraty.gov.br/images/viena.jpg>.


Acesso em: set. 2015.
e) inibir o comércio de escravos oriundos de portos
africanos, situados ao norte da Linha do Equador.

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31 INDEPENDÊNCIA DOS
HISTÓRIA 1

ESTADOS UNIDOS

EM BUSCA DA LIBERDADE POLÍTICA E


• Em busca da liberdade
política e econômica
ECONÔMICA
BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS

• América inglesa
• O comércio das Treze
Colônias

HABILIDADES
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos
movimentos sociais e a
importância da participação
da coletividade na
transformação da realidade
histórico-geográfica.
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças
ou rupturas em processos
de disputa pelo poder.
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
relações de poder entre
nações. Entrada triunfal de Washington em Nova York, 25 de novembro de 1783 (1879), de Edmund Restein
e Ludwig Restein. A obra representa a consagração de George Washington em Nova York ao final da
Guerra de Independência dos Estados Unidos (1775-1783).

Os ideais iluministas do século XVIII não foram disseminados apenas na Europa.


Eles ecoaram por todo o mundo, tomando um espaço considerável entre os sujeitos
que habitavam a América. Antes de a Revolução Francesa acontecer, outra movimen-
tação política baseada nos valores iluministas iria surgir: a Revolução Americana de
1776, que levaria à Independência dos Estados Unidos da América.
Os habitantes das chamadas Treze Colônias eram obrigados a pagar as taxações e os
impostos vindos da Inglaterra e a busca por liberdade ao fazer trocas comerciais pode
ser considerada um dos principais fatores na luta por independência dessas colônias.

AMÉRICA INGLESA
As Treze Colônias inglesas da América do Norte surgiram no contexto da expansão
ultramarina da Inglaterra, mais precisamente à época do reinado dos Stuart.

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Iniciada a colonização, houve uma diferenciação: as colônias do Norte ficaram mar-
cadas pela presença de grupos puritanos, os quais realizaram uma ocupação definida
por meio de pequenas propriedades e mão de obra livre, voltada ao atendimento de
suas necessidades, com atividades policultoras e manufatureiras. As colônias do Sul

conveniados ao Sistema de Ensino definiram-se pela atuação de companhias de comércio, que estruturaram latifúndios mo-
nocultores voltados à exportação e com mão de obra predominantemente escravizada.

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Embora existissem essas diferenças, as Treze Co- de impostos. Situação desagradável para os colonos:
lônias mantinham uma relativa autonomia em relação pagar por um exército que, a rigor, estava ali para

HISTÓRIA 1
à Inglaterra, que vivia imersa em agitações contra a policiá-los [...].
família Stuart, exemplificadas pelas revoluções Pu- KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao
ritana e Gloriosa. século XXI. São Paulo: Contexto, 2010. p. 75.

Dessa forma, sem rígido controle metropolitano,


Faz parte dessa política de controle da área colonial,
puderam desenvolver intercâmbios com outras áreas,
entre outras medidas, a criação de impostos variados,
intensificando suas economias. O principal exemplo
taxações sobre a entrada de mercadorias e o estabe-
dessa reciprocidade encontra-se no chamado comércio lecimento de medidas monopolistas. Os colonos não
triangular, que consistiu na compra de melaço e rum da aceitavam a política do Parlamento inglês e, pautados
região das Antilhas e no escambo desses produtos na pelas ideias iluministas, afirmavam que não possuíam
costa africana para a obtenção de escravizados, os quais, representantes na organização parlamentar e, portanto,
por sua vez, eram vendidos nas colônias inglesas do Sul não podiam consentir em decisões das quais não parti-
(Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia). ciparam. A oposição destes era expressa pela máxima
“sem representação, sem taxação”.

O COMÉRCIO DAS TREZE As ideias de participação política eram inspiradas na


história das Revoluções Inglesas e, em especial, na obra
COLÔNIAS do filósofo inglês John Locke. Muitos colonos leitores
de Locke repetiam seu pensamento de que, quando o
Comércio nas Treze Colônias Estado não cumprisse seus objetivos e não assegurasse
0° aos seus cidadãos a defesa dos direitos naturais, os cida-
INGLATERRA
dãos teriam o dever de fazer uma revolução para depô-lo.
man
ufatu
rado
s
s
O desgaste na relação entre os colonos e a Inglater-
utos agen os
Prod idos, ferr ufaturad
ra foi ampliado à medida que tributos eram aprovados
o

AMÉRICA EUROPA
frutas, vinh

Tec tos ma n
DO NORTE Prod
u

e medidas monopolistas eram esboçadas, garantindo


PORTUGAL
Sal,

ESPANHA
Peixe, cereais, madeira

ar r
ganho fácil a empresários ingleses.
c a
úc
oe
açú
,a
ç OCEANO A insistência do Parlamento em praticar uma política
Peix

laç m
Me , ru ATLÂNTICO
ço
intervencionista sem considerar os interesses coloniais
Ma

ela
Me
, ma

M Ru
de

m
laço

das
ira

deira

provocou manifestações mais incisivas dos colonos.


An Trópico de Câncer
,a

tilh
as
lim

, gad
en

AMÉRICA
O exemplo mais contundente foi a Festa do Chá de
tos

ÁFRICA
o

CENTRAL Escravos
etc

Boston, em dezembro de 1773.


.

N Escala aproximada
BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS

NO NE
1: 110 000 000
O L 0 1100 2 200 km
SO SE
S Cada cm = 1100 km

O esquema representa o comércio realizado nas Treze Colônias. As setas


vermelhas indicam atividades comerciais não controladas pela Coroa
inglesa. Os colonos comercializavam escravos, rum, melaço e açúcar.

O desenvolvimento colonial foi ameaçado pelas mu-


danças ocorridas na Inglaterra ao longo do século XVIII.
Após a Revolução Gloriosa, houve a organização da
monarquia parlamentar, que passou a adotar políticas
voltadas ao desenvolvimento da burguesia.
Interesses produtivos e necessidades de amplia-
ção do mercado consumidor de produtos explorados
pelos ingleses levaram o Parlamento a tentar diminuir
a autonomia econômica da área colonial, aumentando
o fluxo de capitais para a Inglaterra. A destruição do chá no porto de Boston (1846). Litografia. A obra representa
A situação das Treze Colônias piorou após a guerra a Festa do Chá de Boston de 1773.
entre ingleses e franceses, conhecida como Guerra dos A “festa” foi um episódio de confl ito declarado
Sete Anos (1756-1763). De acordo com o historiador

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entre a metrópole e a colônia e consistiu em um ata-
Leandro Karnal: que de colonos aos navios da Companhia das Índias
A Guerra dos Sete Anos estabelecera uma maior Orientais inglesa, a qual havia recebido do Parlamento
presença militar nas colônias. A Coroa decidiu man- o monopólio de venda de chá nas Treze Colônias. Os

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ter um exército regular na América, a um custo de colonos, fantasiados de indígenas, invadiram navios
400 mil libras por ano. Para o sustento desse exérci- estacionados no Porto de Boston e jogaram o carre-
to, os colonos passariam a ver aumentada sua carga gamento de chá ao mar.

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CAPITÓLIO, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS


HISTÓRIA 1

A assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos em 1776 (1819), de John Trumbull. Óleo sobre tela. 366 cm × 549 cm.

A reação do Parlamento inglês não tardou. Em 1774, O documento, aprovado em 4 de julho de 1776, foi
foram instituídas leis severas nas Treze Colônias, chama- intitulado Declaração dos Direitos do Homem. Nele,
das de Leis Intoleráveis. Entre as várias medidas, foram afirmavam-se os princípios iluministas, pois havia a
estabelecidos o fechamento do Porto de Boston, com a defesa do direito à vida, à liberdade e à busca da
exigência do pagamento de indenizações pelos prejuízos felicidade, os quais eram ameaçados pela Inglater-
causados à Companhia; a instituição do toque de recolher; ra e, portanto, defendia-se, ainda, o direito à revolta
e a proibição de reuniões em espaços abertos. Além dis- contra poderes tirânicos legitimados. Assim nascia o
so, mais tropas inglesas foram enviadas às colônias e foi primeiro país do continente americano: os Estados
exigido dos habitantes o custeio dessa ocupação militar. Unidos da América.
Em meio aos descontentamentos gerados pelas
BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS

Leis Intoleráveis, foi realizado o Primeiro Congresso


da Filadélfi a, que reuniu representantes das várias
colônias com o propósito de elaborar uma resposta
conjunta às imposições do Parlamento inglês. Nele,
discutiu-se desde a possibilidade de negociações visan-
do à revogação dessas leis até o rompimento completo
por meio de uma declaração de independência.
A possibilidade de rompimento naquele momento
era menos plausível, pois as colônias mantinham outras
relações econômicas importantes com a Inglaterra, as
quais poderiam ser prejudicadas e, além disso, todos Escrevendo a
os representantes sabiam do poder militar inglês. Uma Declaração de
Independência,
declaração de independência poderia dar origem a um 1776, de Jean

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conflito violento. Leon Gerome
Porém, dadas as dificuldades na negociação com Ferris. Da
esquerda para a
o Parlamento, que era insensível aos apelos dos colo- direita: Benjamin
nos e à possibilidade de acordo com a França, rival da Franklin, John

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Inglaterra, em uma campanha militar exitosa contra a Adams e Thomas
Jefferson,
metrópole, o Segundo Congresso da Filadélfia decidiu reunidos na
pela declaração de independência. Filadélfia.

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ARQUIVOS DO MUSEU NACIONAL, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS

HISTÓRIA 1
Fac-símile da Declaração de Independência dos Estados
Unidos da América. Observe as assinaturas na parte inferior
do documento. Leia, a seguir, alguns trechos transcritos.

Consideramos estas verdades como evidentes por si trabalho escravizado realizado em grandes propriedades,
mesmas, que todos os homens foram criados iguais, nas quais produzia-se principalmente algodão e tabaco e
foram dotados pelo criador de certos direitos inalie- cuja economia era voltada para o mercado externo.
náveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a A Constituição do país deveria estabelecer princí-
busca da felicidade. pios pelos quais fosse possível o convívio de realidades
[...] Nós, por conseguinte, representantes dos Esta- tão diferentes. E isso foi de certa forma conseguido
dos Unidos da América, reunidos em Congresso Ge- com a afirmação do princípio federativo, que concedia
ral, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela autonomia aos estados.
retidão de nossas intenções, em nome e por auto- Além disso, a Magna Carta criou um regime presi-
ridade do bom povo destas colônias, publicamos e dencialista em que o chefe da nação é eleito por meio
declaramos solenemente: que estas colônias unidas de um sistema misto, envolvendo a população e repre-
são e de direito têm de ser estados livres e indepen- sentantes dos estados, de tal forma que o candidato à
dentes, que estão desoneradas de qualquer vassala- presidência só pode ser eleito com o apoio da maioria
gem para com a Coroa britânica [...]. dos estados.
Declaração de Independência dos Estados Unidos, 1776.
A Constituição estadunidense foi promulgada em
Disponível em: <www.historianet.com.br/conteudo/default. 1787, mas só entrou em vigor depois que todos os es-
aspx?codigo=214>. Acesso em: 2 set. 2018. tados confirmassem seu texto. Isso ocorreu em 1790.
Os Estados Unidos tornaram-se, então, uma república
A afirmação dessa independência envolveu uma federativa. A independência foi impactante em todo
guerra que durou até 1783, quando a Inglaterra reconhe- o continente, pois estimulou o questionamento das
ceu a autonomia das Treze Colônias em acordo firmado autoridades metropolitanas pelas elites coloniais tanto
na França. O conflito contou com o apoio da nação fran- na América portuguesa como na espanhola.

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cesa; de Luís XVI da Espanha, dominada pelos Bourbon; Muitas colônias viam a possibilidade de eliminar
e com a venda de armas holandesas aos colonos. os vínculos com as respectivas metrópoles, permitir a
As diferenças entre as colônias do Norte e do Sul condução da política em suas terras e ampliar as ativi-
eram estruturais. As nortistas desenvolveram o trabalho dades econômicas ao romper o monopólio comercial,

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livre em pequenas e médias propriedades, em que as base da exploração metropolitana. Dessa forma, a in-
atividades econômicas eram diversificadas, havendo es- dependência dos Estados Unidos sinalizava o colapso
paço para manufaturas. Já as sulistas eram marcadas pelo do antigo sistema colonial no continente americano.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1

INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

Ideias liberais do Iluminismo defendidas por Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin.

Política inglesa de aumento de impostos, com o objetivo de recuperação financeira da Inglaterra: leis do

Açúcar, do Selo, do Aquartelamento, do Chá e da Moeda.

Causas principais Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston): repressão de Boston.

Primeiro Congresso Continental da Filadélfia (não separatista).

Segundo Congresso Continental da Filadélfia (separatista).

Declaração de Independência em 4 de julho de 1776 por Thomas Jefferson.


Independência

Confederação dos Estados Unidos da América.

Constituição norte-americana de 1787: regime democrático, republicano, presidencialista e federativo

(união indissolúvel).
Forma de governo

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 1
1. FGV-SP C5-H24 3. Unioeste-PR – Tomando como base a citação abaixo,
“São verdades incontestáveis para nós: que todos os ho- assinale a alternativa correta:
mens nascem iguais; que lhes conferiu o criador certos di- “A história escrita do mundo é, em larga medida, uma his-
reitos inalienáveis, entre os quais o de ‘vida, o de liberdade tória de guerras, porque os Estados em que vivemos nasce-
e o de buscar a felicidade’“. ram de conquistas, guerras civis ou lutas pela independência.
Declaração de Independência, 4 de julho de 1776. Ademais, os grandes estadistas da história escrita foram, em
geral, homens de violência, pois, ainda que não fossem guer-
Acerca da independência das Treze Colônias, é correto
reiros – e muitos o foram –, compreendiam o uso da violên-
afirmar que:
cia e não hesitavam em colocá-la em prática para seus fins”.
a) a ruptura com a metrópole foi efetivada pelas clas- KEEGAN, John. Uma história da guerra. São Paulo: Companhia das
ses sociais dominantes coloniais, o que fez com que Letras, 1995. p. 399.
as demandas dos mais pobres fossem barradas e
que não houvesse solução imediata para a questão a) a Guerra dos Cem Anos foi um conflito ininterrupto
escravista. ocorrido no século XVI que envolveu duas das prin-
cipais potências da Europa: Inglaterra e França. O
b) comandada pelos setores mais radicais da pequena
cenário era marcado por fortes crises e pelo cresci-
burguesia, os colonos criaram uma república federati-
mento da economia urbana e do comércio.
va, considerando como pilares fundamentais da nova
ordem institucional as igualdades política e social. b) o primeiro conflito bélico que teve proporções globais
ocorreu entre 1941 e 1945 e foi chamado de Primeira
c) sua efetivação só foi possível devido à fragilidade
Guerra Mundial, batizada por seus contemporâneos
econômica e militar da Inglaterra, envolvida com a
como “A Grande Guerra”.
Guerra dos Sete Anos com a França, além da aliança
militar dos colonos ingleses com a forte marinha de c) o processo de independência dos Estados Unidos ocor-
guerra da Espanha. reu na virada da década de 1770 para 1780. No Segundo
Congresso Continental, ocorrido no dia 4 de julho de
d) o desejo por parte dos colonos de emancipar-se da
1776, foi escrita a Declaração de Independência.
metrópole Inglaterra nasceu em uma conjuntura de
abertura da política colonial, na qual, a partir de 1770, d) entre 1965 e 1975, ocorreu a Guerra do Vietnã: uma
as Treze Colônias foram autorizadas a comerciar com batalha sangrenta e custosa, mas que marcou a
as Antilhas. maior vitória americana na Ásia durante o século XX e
a derrocada do comunismo naquela região do globo.
e) o processo de ruptura colonial foi facilitado em de-
corrência das identidades econômicas e políticas e) liderada por Fulgêncio Batista e patrocinado pelos
entre as colônias do Norte e as do Sul, praticantes Estados Unidos, a Revolução Cubana marcou o fim
de uma economia de mercado, com o uso da mão do regime comunista que foi instaurado na ilha de
de obra livre. Cuba por Fidel Castro e Che Guevara.
O processo de independência dos Estados Unidos está atrelado aos A alternativa C é a única que não apresenta equívocos em datas (como
anseios de liberdade econômica das classes dominantes frente às me- A e B) ou em fatos históricos (como D e E).
didas inglesas de controle do mercado da colônia, entre elas impostos
e taxações. Ainda que as Treze Colônias se respaldassem nos princípios 4. Puccamp-SP – Os primeiros tempos da história dos Es-
de liberdade, esta estava ligada mais ao mercado, existindo, ainda, a
utilização do trabalho escravo.
tados Unidos como nação independente foram marcados
pela Declaração de Independência, que celebrava a legí-
Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo tima busca por oportunidades, prosperidade e felicidade
uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. por todas as famílias, apregoando valores que mais tarde
Habilidade: Relacionar cidadania e democracia na organização das seriam associados ao chamado “sonho americano”. Corro-
sociedades. borou, posteriormente, para a difusão desses valores a:
a) implantação da Lei de Terras como medida prioritária
após a independência, incentivando o assentamento
2. EsPCEx-SP – Em 1781, o general inglês Cornwallis ren- das famílias de imigrantes em pequenos lotes adqui-
deu-se aos revoltosos norte-americanos na Batalha de ridos a preços simbólicos.
Yorktown, dando início às negociações que levaram a b) descoberta de ouro na Califórnia, que provocou uma
Inglaterra a reconhecer os Estados Unidos da América onda desenfreada de migrações para o Oeste, atrain-
como nação livre. do, inclusive, trabalhadores estrangeiros.
Na formação desse novo Estado, pode-se destacar: c) promulgação da Constituição dos Estados Unidos, com-
posta por um conjunto de leis que asseguravam o fim
a) um poder central forte e nenhuma autonomia política da escravidão, o voto universal e o sistema federativo.
e administrativa aos Estados-membros.
d) política de remoção indígena acompanhada da cria-
b) a adoção do sistema parlamentarista. ção de reservas, conjuntamente à campanha de que
c) a participação política dos indígenas e negros. o respeito à diversidade e a tolerância eram pilares
d) um poder central muito fraco e Estados-membros da sociedade americana.
com muita autonomia política e administrativa. e) transposição das fronteiras ao Sul, por meio da Guerra
de Secessão, que resultou na anexação de metade do

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e) a formação de um Estado com base em ideias oriun-
das do Iluminismo. território antes pertencente ao México, despertando o
Baseada nos ideais iluministas, a independência dos Estados Unidos entusiasmo da população pela política expansionista.
prezou pela liberdade política e econômica e por um sistema presiden- A descoberta de ouro na Califórnia levou a uma grande migração para
cialista e com estados autônomos, ainda que a participação política o Oeste dos Estados Unidos, o que alimentou a ideia do “sonho ame-

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estivesse voltada aos grupos economicamente dominantes. ricano” e a busca por oportunidades e felicidade. A expansão rumo ao
Oeste provocou o extermínio de nativos em virtude dos conflitos e
das disputas na região.

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5. EsPCEx-SP – Leia as afirmações abaixo. e do Deus da natureza lhe conferem o direito, o respeito
HISTÓRIA 1

I. Permitiu o acesso à cidadania a todos os norte- que é devido perante as opiniões da humanidade exige que
-americanos. esse povo declare as razões que o impelem à separação. [...]
II. Abalou o prestígio do rei na Inglaterra e provou que [...] o povo tem direito a [...] instituir um novo governo,
era possível fazer valer a soberania popular. assentando os seus fundamentos nesses princípios e or-
III. Trouxe prejuízos aos povos indígenas, pois suas ter- ganizando os seus poderes do modo que lhe pareça mais
ras, localizadas em sua maior parte a oeste do Mis- adequado à promoção de sua segurança [...].”
sissipi, passaram a ser atacadas pelos proprietários Disponível em: <www.infopedia.pt/$declaracao-de-independen-
de terra e comerciantes de peles de origem europeia. cia-dos-estados>. Acesso em: set. 2018.
IV. Propiciou a abolição da escravidão nos Estados Assinale a alternativa que corresponde corretamente
Unidos.
ao conjunto de ideias e ideais relacionados à época
São repercussões imediatas da independência norte- histórica tratada pelo documento:
-americana: a) o liberalismo enquanto doutrina defendia a menor
a) as afirmações I, II, III e IV. intervenção possível do Estado na condução política
da sociedade.
b) apenas as afirmações I e II.
b) o racionalismo científico renascentista atribuía ao
c) apenas as afirmações II e III.
homem o poder de conhecimento e intervenção
d) apenas as afirmações II e IV. tanto na natureza como na condução política das
e) apenas as afirmações III e IV. sociedades.
A independência dos Estados Unidos associou-se a interesses de gru- c) o nacionalismo partia do pressuposto de que a leal-
pos dominantes, entre eles latifundiários, que não colocavam em pauta dade do indivíduo ao Estado-nação deveria estar
a possibilidade de liberdade aos escravizados. A cidadania, portanto,
não estava ao alcance de parte dos habitantes da América do Norte.
acima dos interesses pessoais ou dos interesses
Pelo contrário, os nativos indígenas foram afetados pelos interesses de determinados grupos.
de donos de terras e comerciantes. d) o Iluminismo defendia, de modo geral, a ideia de
que o Estado deveria assegurar ao homem o direito
de expressar sua consciência de forma autônoma,
6. PUC-RJ – Os parágrafos que se seguem foram extraí- bem como os direitos inalienáveis à vida e à busca
dos do documento Declaração de Independência dos da felicidade.
Estados Unidos, assinado pela unanimidade dos re- e) as doutrinas sociais emergentes do contexto da so-
presentantes políticos das Treze Colônias, no Segundo ciedade industrial pregavam a ampliação da partici-
Congresso Continental no ano de 1776. pação política à classe operária, além de melhores
“Quando no decurso da história do homem se torna ne- condições de vida para a mesma.
cessário um povo quebrar os elos políticos que o ligavam a
A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi fundada nos
outro e assumir, de entre os poderes terrenos, um estatuto princípios iluministas de igualdade e de liberdade política, econômica
de diferenciação e igualdade ao qual as leis da natureza e de expressão.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UPE-PE – A passagem do século XVIII para o XIX foi 8. EsPCEx-SP – A independência dos Estados Unidos da
marcada por um desequilíbrio nas relações entre a Eu- América foi o primeiro grande indicador histórico da ruína do
ropa e o Novo Mundo. As lutas políticas na América Antigo Regime. Durante esse processo de independência:
estavam ligadas à resistência contra a colonização eu- a) a criação da Lei do Selo foi uma consequência do esforço
ropeia e às influências das ideias liberais. Sobre essa inglês em fortalecer o pacto colonial e levou os colonos
crise do Antigo Regime e suas implicações na América, americanos a efetuar um boicote comercial à Inglaterra.
assinale a alternativa correta: b) a Marcha para o Oeste despertou os sentimentos
a) a Guerra de Independência dos Estados Unidos acir- expansionistas e nacionalistas dos colonos america-
rou as tensões políticas preexistentes entre a França nos, incentivando os movimentos de independência.
e a Inglaterra, servindo de palco para um confronto c) o Primeiro e o Segundo Congresso Continental da
indireto entre essas duas nações. Filadélfia resultaram na suspensão dos tributos im-
b) as tensões políticas entre a Espanha e suas colônias postos por Townshend, exceto o que se referia ao
na América acabaram por reestruturar o Império Es- comércio do chá.
panhol, que, mediante as reformas bourbonianas, d) os colonos americanos receberam apoio militar da
conseguiu manter seu poderio na América até o final Holanda e da Espanha nas lutas pela emancipação.
do século XIX.
e) Thomas Jefferson exerceu um papel importante, tendo
c) as relações entre Portugal e a América portuguesa sido nomeado comandante das tropas americanas na
só se agravaram após a transmigração da família real guerra e se tornado o primeiro presidente americano.
para o Brasil em 1808, fugindo da invasão napoleônica.

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d) a Guerra do Paraguai, envolvendo Brasil, Portugal, 9. Mackenzie-SP – O processo da emancipação das Treze
Paraguai, Espanha e Inglaterra, é fruto direto desse Colônias inglesas da América do Norte, na segunda
contexto. metade do século XVIII, é denominado de Revolução
e) as conjurações Baiana e Mineira, ocorridas no iní- Americana, pois:

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cio do século XIX, são reflexos desse quadro de a) representou o fim do pacto colonial naquela parte
desequilíbrio político entre Portugal e sua colônia do continente americano, servindo de modelo para
na América. os demais processos emancipatórios americanos.

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b) rompeu o pacto colonial mercantilista e criou uma 12. UFMG-MG – Observe o mapa, em que estão represen-

HISTÓRIA 1
sociedade liberal e democrática para todos os seto- tados os intercâmbios comerciais das colônias inglesas
res sociais. da América do Norte:
c) foi a primeira etapa das revoluções liberais, que, a 0°

partir de então, iriam propagar-se somente na Europa. INGLATERRA

tu rados
anufa
d) assinalou o início de uma sociedade capitalista, basea- AMÉRICA DO NORTE tos m
produ , ferragen
s
os EUROPA

o
da no trabalho assalariado, livre das instituições feudais. tecid urados

i nh
ufat
Boston man

sal, frutas, v
Nova York

e) a ideologia de seus grandes líderes era a mesma Filadélfia


peixes, cer
eais, made
ESPANHA
PORTUGAL
que caracterizaria, pouco tempo depois, a Revo- AS TREZE ira serrada

eira etc
COLÔNIAS r
a
úc

mela
Charleston
lução Inglesa.

made
aç r
ca
oe çú

tos, mad
laç ,a

ço
me

ira, g
m
, ru OCEANO
ço
ela ATLÂNTICO

ado
ÁFRICA
10. UFPI-PI – Com relação à independência dos Estados

alimen
m
Trópico de Câncer
ru
Unidos, em 1776, é correto afirmar que: m

JAMAICA
a) a primeira Constituição dos Estados Unidos adotou Pequenas
Antilhas
escra
vos
a república federalista e presidencial como modelo N COSTA DO COSTA
DO OURO
de governo. AMÉRICA DO SUL
NO NE
MARFIM

Greenwich
Equador O L
b) a Declaração de Independência defendeu a implan- SO SE

tação de uma monarquia constitucional para dirigir S

politicamente a futura nação. Considerando-se as informações desse mapa e outros


c) a França negou ajuda aos norte-americanos, visto conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar que:
que pretendia manter sua parceria com a Inglaterra a) as Antilhas britânicas, com uma economia basicamente
na exploração comercial da América do Norte. extrativista, ocupavam um papel secundário tanto para
d) a Espanha negou ajuda aos norte-americanos, dado os interesses metropolitanos quanto nos intercâmbios
que com a derrota da Holanda poderia intensificar comerciais das colônias inglesas da América do Norte.
seus acordos comerciais com os colonos do Sul. b) as colônias inglesas do Norte e do Centro desenvol-
e) a luta dos norte-americanos divulgou a perspectiva de veram um intenso comércio intercontinental com
se construir a unidade continental americana, baseada as Antilhas, a África e a Europa, em detrimento das
no ideal iluminista de liberdade e igualdade social. colônias inglesas do Sul, que estavam isoladas.
c) o comércio intercolonial e intercontinental se desen-
11. UEL-PR – Leia o texto a seguir: volveu nas colônias inglesas da América do Norte,
“[...] A independência e a construção do novo regime repu- apesar das tentativas, ineficazes, de aplicação das
blicano foi um projeto levado adiante pelas elites das colô- Leis de Navegação por parte da metrópole.
nias. Escravos, mulheres e pobres não são os líderes desse d) os comerciantes metropolitanos compravam diver-
movimento. A independência norte-americana (EUA) é sos produtos manufaturados da América inglesa,
um fenômeno branco, predominantemente masculino e onde a atividade fabril era intensa em razão da abun-
latifundiário ou comerciante. [...]” dância de matérias-primas e de mão de obra barata.
KARNAL, L. Estados Unidos: da colônia à independência. São
Paulo: Contexto, 1990. p. 67. (Coleção Repensando a História). 13. Puccamp-SP
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pro-
cesso de independência dos Estados Unidos, é correto
afirmar que: Nova York New Hampshire
Massachusetts
a) o movimento de independência da América do Norte Rhode Island
Connecticut
não representou a união das Treze Colônias por um Pensilvânia Nova Jersey
Delaware
sentimento único de nação, mas sim um movimento Maryland
Virgínia

contra o domínio da Inglaterra, potencializado pelo Carolina do Norte


sentimento antibritânico. Carolina do Sul

b) a América do Norte independente, com as reformas Georgia

de caráter democrático, aboliu as diferenças entre os OCEANO


PACÍFICO OCEANO
habitantes da colônia, instituindo a prática da inclu- 0 525 Golfo do
ATLÂNTICO
México
são por meio de uma Constituição liberal. km
c) a colonização da América do Norte pela Inglaterra
diferenciou-se daquela feita na América do Sul pe- As Treze Colônias assinaladas no mapa travaram uma
los espanhóis e portugueses porque contou com a guerra por sua independência, que foi deflagrada após
organização e assistência da metrópole nesse em- certas determinações tomadas pela Inglaterra, dentre
preendimento de conquista e exploração. as quais pode-se citar:
d) a força do catolicismo foi preponderante no proces- a) o estabelecimento do monopólio comercial da In-
so de emancipação, pois incentivava o crescimento glaterra, que até então permitira o livre-comércio.
espiritual da população, libertação dos escravos e a b) a implantação de leis que impunham taxas e restri-
expansão territorial – crescimento que só seria pos- ções à comercialização dos produtos coloniais.

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sível cortando os laços com a metrópole.
c) a abolição da escravidão nas colônias do Norte a fim
e) um dos problemas apresentados no período de lutas de assegurar o aumento do mercado consumidor.
pela independência dos EUA foi a falta de um projeto
comum entre as colônias do Norte e as colônias do d) a proibição de comércio com as colônias inglesas do

conveniados ao Sistema de Ensino


Sul que não se harmonizavam quanto a um acordo Sul, produtoras de tabaco e algodão.
na forma de promulgar a Constituição estadunidense e) a extinção da Companhia das Índias Orientais como
do Norte e do Sul. forma de combater o contrabando.

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14. FGV-SP A ideia central do texto é:


HISTÓRIA 1

“Consideramos [...] que todos os homens são criados iguais, a) a forma de governo estabelecida pelo povo deve ser
que são dotados pelo criador de certos direitos inalienáveis, preservada a qualquer preço.
que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felici- b) a realização dos direitos naturais independe da for-
dade. Que para garantir esses direitos são instituídos entre ma, dos princípios e da organização do governo.
os homens governos que derivam os seus justos poderes c) cabe ao povo determinar as regras sob as quais será
do consentimento dos governados; que toda vez que uma governado.
forma qualquer de governo ameace destruir esses fins, cabe
d) todos os homens têm direitos e deveres.
ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir um novo
e) cabe aos homens-governo estabelecer as regras
governo, assentando a sua fundação sobre tais princípios e
para o povo.
organizando-lhe os poderes da forma que pareça mais pro-
vável de proporcionar segurança e felicidade.” 16. Cesgranrio-RJ – No século XVIII, a revogação da Lei do
A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Selo causou grande tristeza aos políticos ingleses, o que,
Zahar, 2004. p. 53. entretanto, contrastava com a alegre movimentação dos
Sobre a Declaração de Independência dos Estados Uni- trabalhadores na beira do cais, em decorrência da reaber-
dos, é correto afirmar que: tura dos armazéns de manufaturados e da partida para a
a) defendia o princípio da igualdade de direitos dos se- América de inúmeros navios carregados de mercadorias.
res humanos, mas condenava o direito à rebelião Assinale a opção que explica corretamente a “tristeza”
como uma afronta à ordem social. dos políticos com a revogação da Lei do Selo:
b) o radicalismo da sua formulação, com respeito ao di- a) a revogação da Lei do Selo representou um golpe
reito de rebelião dos escravos, provocou forte reação nas pretensões inglesas de arrecadação, mediante
dos proprietários de escravos em toda a América. impostos, nas colônias americanas.
c) sua formulação foi baseada no ideário liberal-ilumi- b) a revogação da Lei do Selo significou a vitória dos
nista e acabou infl uenciando outros movimentos norte-americanos, que, assim, não mais precisariam
políticos na América e na Europa. pagar impostos sobre o chá, o ferro e o açúcar.
d) influenciada pelos tratadistas espanhóis, a declara- c) a pressão popular sobre o Parlamento aumentou, já
ção defendia a origem do poder divino e condenava que, com a revogação da Lei do Selo, do Chá e do
a desobediência dos subordinados. Açúcar, os membros das câmaras dos Lordes e dos
e) a declaração sustentava que os governos poderiam Comuns voltaram a ficar submetidos ao rei inglês.
cercear a liberdade dos indivíduos em nome da se- d) em meados do século XVIII, a metrópole inglesa per-
gurança e da felicidade coletivas. deu cerca da metade de seu mercado consumidor de
manufaturas face ao crescimento da produção colonial.
15. PUC-PR – Leia o texto a seguir e extraia a ideia central:
e) as Treze Colônias criaram impedimentos à atuação in-
“São verdades incontestáveis para nós: todos os homens glesa no continente americano, delimitando a ação da
nascem iguais; o criador lhes conferiu certos direitos ina- metrópole exclusivamente às áreas de plantation do Sul.
lienáveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de
buscar a felicidade; para assegurar esses direitos se consti- 17. Unesp-SP – Assinale a alternativa que indica o movi-
tuíram homens-governo cujos poderes justos emanam do mento que tornou mundialmente conhecidos os ideais
consentimento dos governados; sempre que qualquer for- representativos dos direitos humanos reconhecidos e
ma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo representados pela liberdade, igualdade e fraternidade:
o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo go- a) Independência dos Estados Unidos da América.
verno cujos princípios básicos e organização de poderes
b) Revolução Francesa.
obedeçam às normas que lhes pareçam mais próprias para
c) Cristianismo.
promover a segurança e a felicidade gerais.”
Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da
d) Catolicismo.
América. Ministério das Relações Exteriores, EUA. e) Iluminismo.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C2-H6 Nos Estados Unidos, durante o século XIX, tal como
representada no mapa, a relação entre território e nação
CANADÁ
foi reconfigurada por uma política que:
a) transferiu as populações indígenas para territórios de
TERRITÓRIO
DE OREGON

fronteira anexados, protegendo a cultura protestante


LUISIANA COMPRADA
DA FRANÇA EM 1803
RECONHECIDO
dos migrantes fundadores da nação norte-americana.
CEDIDO PELO PELO TREZE

b) respondeu às ameaças europeias pelo fim da escra-


MÉXICO EM 1848 TRATADO COLÔNICAS
DE 1783 ORIGINAIS

OCEANO
OCEANO
vidão, integrando a população de escravos ao projeto
PACÍFICO
de expansão por meio da doação de terras.

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ANEXAÇÃO DO
ATLÂNTICO
TEXAS (1845)
ADQUIRIDO
EM 1853 FLÓRIDA
COMPRADA
EM 1819
c) assinou acordos com países latino-americanos, aju-
dando na reestruturação da economia desses países
MÉXICO após suas independências.

conveniados ao Sistema de Ensino


d) projetou o avanço de populações excedentes para
ALBUQUERQUE, M. M.; REIS, A. C. F.; CARVALHO, C. D.
além da faixa atlântica, reformulando fronteiras para
Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: Fename, 1977. (Adaptado)
o estabelecimento de um país continental.

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e) instalou manufaturas nas áreas compradas e anexa- d) por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu

HISTÓRIA 1
das, visando utilizar a mão de obra barata das popu- forte influência no desencadeamento da indepen-
lações em trânsito. dência norte-americana.
e) ao romper o pacto colonial, a Revolução Francesa
19. Enem C5-H23 abriu o caminho para as independências das colônias
“Em 4 de julho de 1776, as Treze Colônias que vieram ibéricas situadas na América.
inicialmente a constituir os Estados Unidos da América
(EUA) declaravam sua independência e justificavam a rup- 20. Unesp-SP C5-H24
tura do pacto colonial. Em palavras profundamente sub- “Todos os homens são criados iguais, dotados pelo cria-
versivas para a época, afirmavam a igualdade dos homens dor de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram
e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar
vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o esses direitos, entre os homens se instituem governos, que
poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles derivam seus justos poderes do consentimento dos go-
direitos, derivava dos governados. vernados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a
destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-
Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo
-la ou aboli-la, e instituir um novo governo, assentando
foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos
seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus
mais tarde, em 1789, na França.”
poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabili-
COSTA, Emília Viotti da. Apresentação da coleção. In: Wladimir dade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade.”
Pomar. Revolução Chinesa. São Paulo: Ed. da Unesp, 2003. Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In:
(Adaptado) Harold Syrett (Org.). Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.

Considerando o texto acima, acerca da independência O documento expõe o vínculo da luta pela independên-
dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção cia das Treze Colônias com os princípios:
correta: a) liberais, que defendem a necessidade de impor re-
a) a independência dos EUA e a Revolução Francesa gras rígidas de protecionismo fiscal.
integravam o mesmo contexto histórico, mas se ba- b) mercantilistas, que determinam os interesses de
seavam em princípios e ideais opostos. expansão do comércio externo.
b) o processo revolucionário francês identificou-se com c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e
o movimento de independência norte-americana no de rebelião contra governos tirânicos.
apoio ao absolutismo esclarecido. d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a
c) tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas lutar pela própria salvação.
sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos e) católicos, que justificam a ação humana apenas em
considerados essenciais à dignidade humana. função da vontade e do direito divinos.

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32 INDEPENDÊNCIA DA
HISTÓRIA 1

AMÉRICA ESPANHOLA

LIBERTAÇÕES DAS AMÉRICAS


• Libertações das Américas

KIM KARPELES/ALAMY STOCK PHOTO


• Organização administrativa
• Guerras de independência

HABILIDADES
• Reconhecer a dinâmica da
organização dos movimen-
tos sociais e a importância
da participação da coleti-
vidade na transformação
da realidade histórico-
-geográfica.
• Analisar a atuação dos mo-
vimentos sociais que contri-
buíram para mudanças ou
rupturas em processos de
disputa pelo poder.
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
relações de poder entre
nações.
• Associar manifestações Representação de Miguel Hidalgo, considerado o líder da independência mexicana. Museu da Independência, México.
culturais do presente aos
seus processos históricos. Seguindo os movimentos de base iluminista, a partir do século XIX surgiram diversas
lutas por independência nas colônias americanas. Neste módulo, o enfoque será dado às
colônias que pertenciam à Espanha, que aproveitaram um período de desestabilização
política da metrópole para buscar a independência e fundar novos Estados nacionais.
As dinâmicas das independências na América espanhola ocorreram de formas
semelhantes e foram o resultado de disputas entre, de um lado, as elites locais e,
de outro, a busca de alguns grupos por autonomia política e liberdade econômica
visando garantir os interesses da população. Nesse período, a América espanhola
conheceu seus “libertadores”, os quais foram importantes por atuarem em prol da
independência de diversos países e por difundirem o ideal de unidade.
O processo de colonização espanhola na América integrou a política de afirma-
ção do Estado moderno e envolveu o domínio de civilizações complexas, como a
asteca e a inca, repercutindo em um tipo de organização administrativa altamente
centralizada e conduzida diretamente da Espanha por meio das ordenações reais e
da Casa de Contratação, localizada em Sevilha.

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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
As nomeações para altos cargos administrativos e da Casa de Contratação eram

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feitas pelos reis e homologavam privilégios monopolistas na área colonial. Os reinóis,
conhecidos como chapetones, eram funcionários do Estado metropolitano que to-
mavam decisões e tinham privilégios na sociedade colonial. Eles ficavam acima dos

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criollos, os homens brancos nascidos na área colonial. Os movimentos de independência chegaram a se


Ambos representavam a minoria em um espaço marca- comunicar. Em 1826, houve um congresso no Pana-

HISTÓRIA 1
do pela presença em massa de mestiços e indígenas. má envolvendo líderes das guerras de emancipação.
Os contatos entre chapetones e criollos eram mui- Simón Bolívar defendeu a autonomia integrada de toda
tas vezes tensos, assinalando um choque de interesses a América e a criação de um gigantesco país, no qual
entre colonos e metrópole desde o século XVI. Porém, a liberdade imperasse soberana. Entretanto, vários re-
foi no século XVIII que os conflitos intensificaram-se,
presentantes das áreas independentes não compare-
em virtude da decadência do Estado espanhol e de
ceram, incluindo o próprio Bolívar, que encontrava-se
tentativas de ampliação de recursos pelo expediente
em uma campanha no Peru.
tributário em áreas coloniais, as quais também res-
No congresso, o que se presenciou foi a predomi-
sentiram-se em relação às dificuldades de compra e
venda por parte da metrópole. Em meio à crise, os nância de interesses localizados dos grupos insurgen-
chapetones detinham regalias às custas dos criollos tes, representando a inviabilidade de realização do ideal
e da população pobre. As ideias iluministas também de unidade defendido por Bolívar. Dessa forma, houve
atingiram universidades criadas pela Espanha na área a proclamação de independências, as quais fragmen-
colonial e frequentadas pela elite criolla. Nesse contex- taram a América espanhola em vários países, predo-
to, a independência dos Estados Unidos foi outro fator minando a organização estatal republicana. Apenas o
que estimulou as conspirações contra a metrópole, México teve uma organização monárquica nos primei-
pois mostrava um caminho a ser seguido. ros anos de sua existência autônoma com o imperador
No século XIX, quando a Espanha passou por uma Agustín Itúrbide.
ocupação do imperador francês Napoleão Bonaparte, as
elites coloniais vislumbraram a chance de lutar contra os
chapetones, mobilizando setores populares na realização LEITURA COMPLEMENTAR
de campanhas militares, as quais forçavam a saída dos Os projetos de Bolívar e San Martín para a
reinóis e estabeleciam governos autônomos. As guerras América
tiveram início em 1810 e se estenderam até 1824.
Em 1822, em Guayaquil (no atual Equador), Bolívar
reúne-se com o argentino José de San Martín, que havia
GUERRAS DE liderado os movimentos de independência na Argen-
tina (1816) e no Chile (1819). Ambos estavam lá para
INDEPENDÊNCIA discutir a estratégia para tornar o então Vice-Reino do
As guerras de independência lideradas pela elite Peru independente da Espanha, o que acabou se con-
criolla contra autoridades metropolitanas na área colonial cretizando em 1824.
devem ser associadas à situação política europeia, mais Embora concordassem que as colônias deveriam se tornar
precisamente à história da Espanha entre 1810 e 1824. independentes da Espanha, os dois “libertadores” tinham
O quadro a seguir representa as mudanças políticas planos diferentes para os países da América espanhola.
ocorridas na metrópole e sua repercussão na América. San Martín acreditava que o melhor era que as ex-colô-
nias se tornassem monarquias, cujos chefes de Estado
Guerras de independência seriam príncipes europeus convidados para governá-las.
Primeira fase (1810-1814) Domínio francês na Espanha. Na visão de San Martín, essa seria uma forma de evitar
Segunda fase (1814-1816) Restauração do reinado de guerras civis e facilitar o reconhecimento da indepen-
Fernando VII. dência das ex-colônias por parte das potências estran-
geiras, especialmente as da Europa. Para Bolívar, as
Terceira fase (1816-1824) Vitórias e confirmação
ex-colônias deveriam se organizar numa única grande
(reconhecimento) das
república federativa, unidas sob um mesmo governo,
independências.
mais ou menos nos moldes dos Estados Unidos.
Reconhecimento das Doutrina Monroe: “A América
Como não chegaram a um acordo, os dois “libertadores”
independências pelos Estados para os americanos”.
seguiram caminhos diferentes: San Martín voltou para
Unidos
a Argentina, enquanto Bolívar se preparava para lutar
pela independência peruana.
Características específicas da
independência da América espanhola Em 1823, Bolívar, acompanhado de um grande exérci-

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to, ocupou a cidade de Lima, que ainda era um forte
Predomínio de repúblicas.
reduto espanhol. Em Lima, Bolívar e o militar vene-
Fragmentação territorial: disputas entre elites locais.
zuelano Antonio José de Sucre planejaram os ataques
Envolvimento de populares.

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contra as forças espanholas. No dia 6 de agosto de
Expressão de poder após a independência: caudilhismo. 1824, Bolívar e Sucre derrotaram juntos o exército
Manutenção da estrutura colonial que conferia poder aos criollos. espanhol, na Batalha de Junín.

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apadrinhada. Isso significou a manutenção da estrutura


No dia 9 de dezembro daquele mesmo ano, Sucre, com colonial após as emancipações políticas, caracterizada
HISTÓRIA 1

a ajuda de tropas enviadas por Bolívar em Lima, derro- pela economia primário-exportadora, e a exploração das
tou os espanhóis na Batalha de Ayacucho. Era o último populações indígenas e mestiças.
reduto espanhol na América do Sul. Embora fosse mantida a estrutura colonial, isso não
Sucre proclamou, no dia 6 de agosto de 1825, a criação significou que agitações contra esse modelo não te-
da República da Bolívia, cujo território até então fazia nham ocorrido. O que predominou, porém, foram as
parte do Peru. O nome do novo país era uma homena- forças conservadoras das elites no exercício do poder
gem a Bolívar. A primeira constituição boliviana ficou na América espanhola.
pronta em 1826 e, ainda que jamais tenha sido usada,

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foi elaborada pelo próprio Bolívar. Essa constituição
refletia as influências do Iluminismo e de autores da
Antiguidade clássica (Roma e Grécia) no pensamento
político do libertador.
Bolívar encontrou dificuldades para manter o controle
sobre o vasto território da Grã-Colômbia. A unidade do
novo país estava sendo ameaçada por divisões internas
e movimentos separatistas.
Assim, o sonho de Bolívar de uma nova república fe-
deralista, nos moldes dos Estados Unidos, foi gradual-
mente sucumbindo aos interesses particulares de grupos
que tinham pouco ou nenhum respeito pelos princípios
liberais defendidos pelo principal líder da independên-
cia dos países hispano-americanos. [...]
VILELA, Túlio. América Independente (2): os projetos de Batalha de Pueblo Viejo (1832), de Carlos Paris. A Batalha de Pueblo Viejo,
Bolívar e San Martín. UOL Educação, 26 set. 2006. Disponível em: localidade situada próxima a Tampico, ocorreu em 1829 e foi a última
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/america- tentativa do governo espanhol de recuperar o México. Os mexicanos
-independente-2-os-projetos-de-bolivar-e-san-martin.htm>. saíram vitoriosos.
Acesso em: 2 set. 2018. (Adaptado)
Fragmentação da América espanhola
80° O
ESTADOS UNIDOS
THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO

Trópic Golfo do
o de Câncer México
CUBA
1898 REP. DOMINICANA
MÉXICO HAITI 1844
1821 BELIZE
1804 OCEANO
HONDURAS
GUATEMALA
1838 1838 ATLÂNTICO
NICARAGUÁ
EL SALVADOR 1838
1838 PANAMÁ
1903 VENEZUELA
COSTA RICA 1819
1838
COLÔMBIA GUIANAS
Equador 1819
EQUADOR 0°
1822

OCEANO PERU
BRASIL
1822
1822
PACÍFICO
BOLÍVIA
1825

PARAGUAI
1811

rnio
ricó ARGENTINA
Cap 1816
o de URUGUAI
pic 1828
Tró
CHILE
1818

Entrevista de Guayaquil (1843), de J. Collignon. A pintura representa N


Escala aproximada

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NO NE
o encontro entre Simón Bolívar e San Martín em Guayaquil, em 1822. América 1: 116 500 000
espanhola O L
0 1165 2 330 km
A conferência teria ocorrido em um escritório, porém o artista decidiu
SO SE
retratá-los em um espaço aberto e em meio à natureza. S Cada cm = 1165 km

Os criollos que conduziram a luta pelas independên- O mapa representa a fragmentação da América espanhola e indica a

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cias ficaram conhecidos por caudilhos. Eram latifun- data de independência de cada área fragmentada do domínio espanhol.

diários que controlavam o governo ou disputavam-no MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
entre si, utilizando a mão de obra da população pobre

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 1
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA

Chapetones, espanhóis vindos da Europa.

Criollos, filhos de espanhóis nascidos na colônia.

Mestiços e escravizados.

Classes sociais
Indígenas nas regiões de ouro.
da colônia
Africanos e seus descendentes nas regiões de cana-de-açúcar.

Interesses da aristocracia colonial.

Sistema mercantilista em crise.

Causas internas Desigualdade social entre a burguesia colonial e a metropolitana.

Sistema educacional.

Maçonaria.

Ideário da doutrina iluminista.

Independência dos Estados Unidos e Revolução Francesa como modelo.

Causas externas Domínio de Napoleão na Espanha (desinteresse pelas colônias).

Política externa inglesa que visava a formação de mercados consumidores.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1

1. Fatec-SP a) Quem foi Bolívar e qual sua importância nos proces-


sos de independência das colônias hispano-ameri-
As antigas colônias espanholas na América Latina não
canas? A qual processo político Bolívar se refere?
conseguiram sobreviver dentro de uma unicidade polí-
tica, acabando por fracionar-se em torno de polos eco- Simón Bolívar foi um dos principais líderes criollos responsáveis pela
nômicos e políticos liderados: libertação das Américas do domínio colonial espanhol. Participou de
a) pelos espanhóis, que, não respeitando a subida de combates, com a condução de tropas, e teve um papel intelectual ao
José Bonaparte ao trono da Espanha, proclamaram projetar uma ideia de América unida e republicana, em moldes simila-
a república. res aos Estados Unidos. No trecho citado na questão, Bolívar aborda
b) pelos índios, cansados da exploração colonial. o processo de desmembramento da América em vários países após
c) pelos mestiços, que viviam explorados e que, toman- as várias independências, revelando o distanciamento de seu projeto
do consciência da sua miséria, lideraram a formação pan-americano.
de juntas governativas regionais.
d) pelos criollos, que almejavam o poder político, crian-
do uma constelação de movimentos que não obede-
ciam a um comando geral, apesar dos esforços de
alguns libertadores.
b) De que maneira Bolívar se refere aos criollos no tex-
e) pelo clero, uma vez que a Igreja no século XIX nortea-
va-se pelo princípio de “dividir para governar”. to? Qual o papel político dos criollos nas indepen-
dências das colônias espanholas?
Os criollos faziam parte de uma elite que, apesar de buscar a inde-
pendência de seus países, tinha intenções políticas e econômicas No texto, Bolívar refere-se aos criollos como o retrato de uma identidade
por trás de suas movimentações. Os interesses variados levavam-
-nos a agir de forma localizada, sem obedecer a um comando. diferente e nova, que não seria exclusivamente indígena ou europeia.
Essa representação é positiva e esse grupo, detentor de poder político

2. UFPR-PR e econômico, estaria à frente dos movimentos de independência.

Observe as assertivas e marque a opção correspon-


dente às corretas.
4. Vunesp-SP
Sobre a sociedade, a economia e a estrutura político-
-administrativa da América espanhola colonial, é correto “Bolívar, durante os anos de luta pela independência, dei-
afirmar que: xara escritos cantos de louvor à liberdade e prognosticava
um porvir que faria da América um exemplo para o mun-
I. Através da mita e da encomienda, explorava-se a
do. Quinze anos depois, morria doente, desiludido e só.
mão de obra indígena.
Poucos dias antes de sua morte, escreveu uma carta [...] em
II. Entre a minoria branca que constituía a população das
que afirmava que nem mesmo os espanhóis desejariam re-
colônias, havia os chapetones (brancos nascidos na
Espanha) e os criollos (brancos nascidos na América). conquistar a América, tal o caos instalado [...]. Nosso des-
tino, dizia ele, era ser governado por pequenos tiranos.”
III. A máquina burocrática era exclusivamente contro-
lada pela Igreja. PRADO, Maria Lígia Coelho. América Latina no século XIX.

IV. Os cabildos ou ayuntamientos (câmaras municipais), As afirmações de Bolívar:


de que faziam parte os regedores, mantiveram viva
a) expressam opiniões pessoais de um líder político favo-
a tradição de autogoverno, fator significativo quando
se desencadeou o processo de independência. rável ao estabelecimento de governos anti-imperialistas.
b) revelam que o peso da herança do colonialismo era
Marque a opção com as assertivas corretas: maior do que supunham os heróis da independência.
a) apenas a assertiva II está correta. c) foram negadas pela experiência histórica concreta
b) estão corretas as assertivas I e II. da América Latina ao longo do século XIX.
c) estão corretas as assertivas I e IV. d) indicam o descontentamento da elite agrária, preju-
d) estão corretas as assertivas II e III. dicada pela adoção de princípios liberais.
e) todas as assertivas estão corretas. e) aplicam-se somente aos países do Caribe, que não
conseguiram atingir estabilidade após a independência.
A mita e a encomienda eram formas de exploração do trabalho
indígena. Os grupos dominantes e em conflito de interesses nas Embora Bolívar tivesse projetos de unificação, ao fim de sua vida
colônias espanholas eram os chapetones e os criollos. reconheceu a dificuldade de concretizar seu sonho, considerando a
diversidade da América, assim como os interesses políticos diversos
e questões coloniais ainda vivas.
3. Unicamp-SP
“Eu considero o estado atual da América como quando ar- 5. UFPR-PR
ruinado o Império Romano. Cada desmembramento for- “É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o mundo

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mou um sistema político, conforme os seus interesses e si- novo uma só nação com um só vínculo, que ligue suas par-
tuação. Nós, que apenas conservamos os vestígios do que tes entre si e com o todo. Já que tem uma mesma origem,
em outro tempo fomos, e que por outra parte, não somos uma mesma língua, mesmos costumes e uma religião, de-
índios, nem europeus, e sim uma meia espécie entre os le- veria, por conseguinte, ter um só governo que confede-

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gítimos proprietários do país e os usurpadores espanhóis.” rasse os diferentes Estados que haverão de formar-se [...].”
BOLÍVAR, Simón. Carta da Jamaica de 1815. Escritos políticos. Cam- Disponível em: <www.iela.ufsc.br/noticia/sim%C3%B3n-
pinas: Ed. da Unicamp. p. 61. (Adaptado) -bol%C3%ADvar-e-carta-da-jamaica>. Acesso em: 6 ago. 2017.

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Considerando o extrato da “Carta de Jamaica”, de Si- 6. Unesp-SP C2-H9

HISTÓRIA 1
món Bolívar, e com base nos conhecimentos sobre “No movimento de independência atuam duas tendên-
as independências na América espanhola, assinale a cias opostas: uma, de origem europeia, liberal e utópica,
alternativa correta: que concebe a América espanhola como um todo unitário,
a) os movimentos de independência na América espanho- assembleia de nações livres; outra, tradicional, que rompe
la foram impulsionados pela tentativa de invasão napo- laços com a metrópole somente para acelerar o processo
leônica no Haiti recém-libertado. A Carta de Jamaica foi de dispersão do império.”
o documento que fundamentou esses movimentos. PAZ, Octavio. O labirinto da solidão, 1999. (Adaptado)
b) os movimentos de independência foram liderados por
mestiços e escravos que ansiavam conseguir a liberda- O texto refere-se às concepções em disputa no pro-
de expulsando os espanhóis. Aproveitando a ausência cesso de independência da América Latina. Tendo em
do rei Fernando VII, encarcerado por Napoleão, Bolívar vista a situação política das nações latino-americanas
escreveu a carta na Jamaica, chamando todas as co- no século XIX, é correto concluir que:
lônias a se unirem para formar uma grande federação a) os Estados independentes substituíram as rivalida-
contra a Coroa espanhola. des pela mútua cooperação.
c) Simón Bolívar foi o grande artífice das independên- b) os países libertos formaram regimes constitucionais
cias da América espanhola. Seu carisma e poder de estáveis.
mando permitiram unir todos os movimentos em
c) as antigas metrópoles ibéricas continuavam gover-
uma grande frente libertadora, que começou na Ar-
nando os territórios americanos.
gentina em 1816 e chegou até a Colômbia em 1821.
d) o conteúdo filosófico das independências sobrepôs-
d) o projeto de Simón Bolívar era tornar as colônias
-se aos interesses oligárquicos.
governadas pela Espanha em uma grande confedera-
ção de estados nos moldes das colônias americanas e) as classes dirigentes nativas foram herdeiras da an-
do Norte, porém as diferenças entre alguns líderes tiga ordem colonial.
no interior do movimento anticolonial não viam com
bons olhos esse projeto. Os criollos, descendentes de europeus, porém nativos da América,
foram os principais beneficiados após os processos de indepen-
e) a Carta de Jamaica foi a primeira declaração de in- dência.
dependência das colônias espanholas. Escrita no Competência: Compreender as transformações dos espaços geo-
formato da declaração de independência haitiana, gráficos como produto das relações socioeconômicas e culturais
declarava o fim da escravidão nas colônias e a expul- de poder.
são dos peninsulares das terras americanas. Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das or-
Simón Bolívar tinha o projeto de unificar os países da América ganizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional
espanhola em um grande e poderoso país. Porém, suas ideias ou mundial.
não eram unanimidade, pois outros agentes não acreditavam
que essa seria a melhor opção para todos os países.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. FGV-SP – Sobre o México e o seu processo de eman- espanhol por causa da intervenção militar francesa;
cipação política, é correto afirmar: política do Congresso de Viena favorável à indepen-
a) foi iniciado em 1810, com forte caráter popular, e dência das colônias.
concluído em 1821, como um movimento de elite. e) interesse econômico da Inglaterra na independência
b) foi o único movimento de independência política co- das colônias; política de suspensão das restrições
mandado por escravos, libertos e mestiços. de importações, seguida pelo governo de José Bo-
naparte; aliança entre chapetones, colonos nascidos
c) foi inspirado no princípio de unidade latino-americana na Espanha, e criollos, nascidos nas colônias para
defendido por Simón Bolívar. promover a independência.
d) serviu de referência para os demais movimentos
emancipatórios americanos pelo seu republicanismo. 9. Unicamp-SP
e) foi marcado pela ausência de conflitos armados, ao “As revoluções de independência na América hispânica
contrário dos demais movimentos americanos. foram, ao mesmo tempo, um conflito militar, um processo
de mudança política e uma rebelião popular.”
8. Ufscar-SP – A independência das colônias espanholas ROJAS, Rafael. Las repúblicas de aire. Buenos Aires: Taurus, 2010. p. 11.
da América deveu-se a diversos fatores. Assinale a op-
São características dos processos de independência
ção na qual todos os fatores relacionados contribuíram
nas ex-colônias espanholas na América:
para essa independência.
a) o descontentamento com o domínio colonial e a agre-
a) política mercantilista da Espanha; influência da inde- gação de grupos que expressavam a heterogeneidade
pendência brasileira; interesse dos Estados Unidos étnica, regional, econômica e cultural do continente.
no comércio das colônias espanholas.
b) o caudilhismo, sob a liderança política criolla, e o discurso
b) monopólio comercial em benefício da metrópole; de- revolucionário de uma nova ordem política, que assegu-
sigualdade de direitos entre os criollos, nascidos nas rou profundas transformações econômicas na América.

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colônias, e os chapetones, nascidos na Espanha; en-
fraquecimento da Espanha pelas guerras napoleônicas. c) o uso dos princípios liberais de organização política
republicana e a criação imediata de exércitos nacio-
c) influência das ideias políticas de Maquiavel; auxílio nais que lutaram contra as forças espanholas.
militar brasileiro à independência dos territórios vizi-
nhos; exemplo da independência dos Estados Unidos. d) a participação de indígenas e camponeses, determi-

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nante para a consolidação do processo de indepen-
d) liberalismo político e econômico, adotado pelas dência em regiões como o México, e sua ausência
cortes espanholas; enfraquecimento do governo nas ações comandadas por Bolívar.

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10. PUC-RS – O caudilhismo foi um fenômeno político pre- a) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que as
HISTÓRIA 1

sente em parte da América hispânica no decorrer do riquezas brasileiras eram essenciais para a estabili-
século XIX. É possível relacioná-lo com: dade econômica portuguesa e, no caso da América
a) os projetos federalistas, atuantes nas lutas de forma- hispânica, a colônia pouco contribuía financeiramente
ção e consolidação dos Estados nacionais. com a Espanha.
b) a defesa das tradições indígenas locais, contra a do- b) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que a
minação cultural europeia e norte-americana. unidade territorial do Brasil foi mantida no Estado
independente e, na América hispânica, houve forte
c) a proposta de unidade americana, formulada durante fragmentação política.
as lutas de independência.
c) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de que
d) a expansão dos interesses imperialistas norte-ameri- os principais líderes das lutas pela emancipação nacio-
canos nas áreas de colonização ibérica do continente.
nal eram os próprios representantes das metrópoles.
e) os anseios de democratização dos Estados nacionais,
d) diferem, entre outros motivos, pelo caráter pacífico,
a partir da adoção de uma política econômica liberal.
sem qualquer combate armado, do processo brasi-
leiro, enquanto na América hispânica as lutas pela
11. Unesp-SP emancipação se prolongaram por décadas.
“Era o fim. O general Simón José Antonio de la Santísima
e) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de
Trinidad Bolívar y Palacios ia embora para sempre. Tinha que, nos dois casos, o apoio militar inglês e norte-
arrebatado ao domínio espanhol um império cinco vezes -americano contribuiu decisivamente para a derrota
mais vasto que as Europas, tinha comandado vinte anos de das metrópoles.
guerras para mantê-lo livre e unido, e o tinha governado
com pulso firme até a semana anterior, mas na hora da 14. UFU-MG – No início do século XIX, a independência
partida não levava sequer o consolo de acreditarem nele. da América espanhola ocorreu num contexto político
O único que teve bastante lucidez para saber que na reali- internacional marcado por fatos. Dentre os fatos que
dade ia embora, e para onde ia, foi o diplomata inglês, que favoreceram a independência da América espanhola,
escreveu num relatório oficial a seu governo: ‘O tempo que podemos mencionar:
lhe resta mal dá para chegar ao túmulo’.” a) a Revolução Industrial espanhola.
MÁRQUEZ, Gabriel García. O general em seu labirinto, 1989. b) a derrota dos americanos na Guerra de Independên-
O perfil de Simón Bolívar, apresentado no texto, acentua cia dos Estados Unidos.
alguns de seus principais feitos, mas deve ser relativi- c) o despotismo esclarecido.
zado, uma vez que Bolívar: d) o triunfo do absolutismo de direito divino na Espanha.
a) foi um importante líder político, mas jamais desem- e) as guerras napoleônicas.
penhou atividades militares no processo de indepen-
dência da América hispânica. 15. Unisinos-RS
b) obteve sucesso na luta contra a presença britânica “Em determinados períodos da História, há mudanças
e norte-americana na América hispânica, mas jamais significativas que acontecem em curto espaço de tempo.
conseguiu derrotar os colonizadores espanhóis. Foi assim no início do século XIX, mais precisamente entre
c) defendeu a total unidade das Américas, mas jamais 1808 e 1824, na América de colonização espanhola”
obteve sucesso como comandante militar nas lutas
de independência das antigas colônias espanholas. PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da América
Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 25.
d) teve papel político e militar decisivo na luta de inde-
pendência da América hispânica, mas jamais gover- As autoras, neste trecho em particular, estão se refe-
nou a totalidade das antigas colônias espanholas. rindo a que conjuntura, especificamente?
e) atuou no processo de emancipação da América his- a) às diferentes revoltas de escravos nos vice-rei-
pânica, mas jamais exerceu qualquer cargo político nos espanhóis, as quais foram responsáveis pela
nos novos Estados nacionais. abolição do regime de trabalho compulsório na
América espanhola ao longo da primeira metade
12. Unesp-SP – Sobre as lutas pela independência na Amé- do século XIX.
rica hispânica, é correto afirmar que:
b) às lutas de indígenas e mestiços pela expulsão da
a) contaram com a participação política e militar direta Igreja Católica dos domínios espanhóis, haja vista
dos Estados Unidos e da Alemanha, interessados em sua sistemática tentativa de tornar cativa esta po-
ampliar sua presença comercial na região. pulação desde o século XV até aquele momento.
b) tiveram claro caráter popular, expresso na realização, c) ao movimento político iniciado pelas elites nativas no
após a emancipação, de reformas sociais profundas. início do século XIX, tendo em vista a substituição
c) impediram a modernização das economias coloniais do domínio espanhol sobre os territórios americanos
e reduziram a participação dos países da região no por uma monarquia constitucional soberana e inde-
comércio internacional. pendente do jugo europeu.
d) asseguraram a manutenção da unidade territorial e d) à constituição, no início do século XIX, de diferentes

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impediram a fragmentação política da região. vice-reinos no território sob dominação espanhola,
e) foram controladas, na maior parte dos casos, pelas tendo em vista o maior controle e melhor adminis-
elites criollas, embora tenham contado com partici- tração das colônias espanholas na América.
pação popular. e) ao contexto das lutas pela independência política

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das diferentes porções do continente americano e
13. UFTM-MG – Os processos de independência política à decorrente formação de Estados nacionais repu-
no Brasil e na América hispânica: blicanos naquele vasto território.

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16. FMJ-SP b) o caráter popular esteve ausente dos movimentos

HISTÓRIA 1
“No processo de independência da América espanhola, de independência, dirigidos pelos grupos sociais
liberdade não era um conceito entendido de forma única. dominantes.
Para um representante da classe dominante venezuelana, c) os criollos desejavam destruir a velha ordem colonial por
Simón Bolívar, liberdade era sinônimo de rompimento meio da extinção da escravidão e da divisão de terras.
com a Espanha. Mas, principalmente, nações livres para d) o projeto de independência era homogêneo e lide-
comerciar com todos os países e livres para produzir. Já rado pelos criollos, defensores da liberdade econô-
para Dessalines, o líder da revolução escrava do Haiti, que mica, social e política.
alcançou a independência da França em 1804, a liberdade, e) o ideal de liberdade variou segundo a perspectiva e
antes que tudo, queria dizer o fim da escravidão, mas tam- os interesses dos diversos segmentos sociais.
bém carregava um conteúdo radical de ódio aos opresso-
res franceses. Para outros dominados e oprimidos como os 17. Fuvest-SP – Nas reivindicações dos movimentos políti-
índios mexicanos, a liberdade passava distante da Espanha cos que levaram à independência dos países da América
e muito próxima da questão da terra.” espanhola, encontram-se alguns traços comuns. Entre
eles, a:
PRADO, Maria Lígia. A formação das nações latino-americanas,
1987. (Adaptado) a) proposta de igualdade social e étnica.
b) proposição de aliança com a França revolucionária.
Com base no texto, pode-se concluir sobre o processo
de emancipação política das colônias na América que: c) defesa da liberdade de comércio.
a) os ideais de liberdade econômica prevaleceram entre d) adoção do voto universal masculino.
os escravos e os indígenas que participaram das lutas. e) decisão de separar o Estado da Igreja.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Unesp-SP C3-H13 a) os criollos, grandes proprietários e comerciantes
“É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o Novo que, por constituírem a elite colonial, participavam
Mundo uma única nação com um único vínculo que ligue das câmaras municipais.
as partes entre si e com o todo. Já que tem uma só origem, b) os chapetones, que ocupavam altos postos militares
uma só língua, mesmos costumes e uma só religião, deveria, e civis.
por conseguinte, ter um só governo que confederasse os c) os calpulletes, que ocupavam altos cargos adminis-
diferentes Estados que haverão de se formar; mas tal não é trativos dos chamados ayuntamientos.
possível, porque climas remotos, situações diversas, interesses d) os mestiços, que, por serem filhos de espanhóis,
opostos e caracteres dessemelhantes dividem a América.” podiam estar à frente dos cargos político-adminis-
BOLÍVAR, Simón. Carta da Jamaica (06/09/1815). trativos.
In: Simón Bolívar: política, 1983. e) os curacas, donos de grande quantidade de terra,
O texto foi escrito durante as lutas de independência que administravam os cabildos.
na América hispânica. Podemos dizer que:
20. UFMG-MG C3-H13
a) ao contrário do que afirma na carta, Bolívar não acei-
tou a diversidade americana e, em sua ação política Leia este trecho:
e militar, reagiu à iniciativa autonomista do Brasil.
“[...] não somos índios nem europeus, mas uma espécie
b) ao contrário do que afirma na carta, Bolívar combateu
as propostas de independência e unidade da América intermediária entre os legítimos proprietários do conti-
e se empenhou na manutenção de sua condição de nente e os usurpadores espanhóis: em suma, sendo ame-
colônia espanhola. ricanos por nascimento e nossos direitos os da Europa,
c) conforme afirma na carta, Bolívar defendeu a unidade temos de disputar estes aos do país e mantermo-nos nele
americana e se esforçou para que a América hispâni- contra a invasão dos invasores – encontramo-nos, assim,
ca se associasse ao Brasil na luta contra a hegemonia na situação mais extraordinária e complicada.”
norte-americana no continente. BOLÍVAR, Simón. Carta de Jamaica, 1815.
d) conforme afirma na carta, Bolívar aceitou a diversi-
dade geográfica e política do continente, mas tentou Ao escrever esse texto, o autor refere-se à situação
submeter o Brasil à força militar hispano-americana. ambígua dos:
e) conforme afirma na carta, Bolívar declarou diversas a) criollos, formados na tradição europeia, mas identi-
vezes seu sonho de unidade americana, mas, em sua ficados com o novo continente.
ação política e militar, reconheceu que as diferenças
internas eram insuperáveis. b) escravos negros americanos, que perderam seus
laços culturais com a África.
19. Fatec-SP C3-H11 c) mulatos libertos nascidos na América, divididos entre
Organizada com base na exploração estabelecida pelo diferentes tradições culturais.

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mercantilismo metropolitano espanhol, a sociedade d) cholos, indígenas educados por europeus, afastados
colonial apresentava, no topo da escala hierárquica: das suas raízes identitárias originais.

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GES
GETTY IMA
HISTÓRIA 2

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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PERÍODO JOANINO
HISTÓRIA 2

(1808-1821)

D. JOÃO VI DE BOBO NÃO TEM NADA

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• D. João VI de bobo não
tem nada
• Liberdade industrial e
tratados de 1810
• Administração de D. João
• Política externa de D. João
• Desgaste de D. João
• As Cortes

HABILIDADES
• Analisar as lutas sociais e
conquistas obtidas no que
se refere às mudanças nas
legislações ou nas políticas
públicas.
• Analisar diferentes
processos de produção
ou circulação de riquezas Este quadro de Henry L’Evêque mostra os preparativos para a partida de D. João VI e sua Corte para
o Brasil, escoltados por navios da Armada Inglesa.
e suas implicações
socioespaciais. No Brasil, as piadas de portugueses, nas quais o grande mote é mostrá-los de modo
• Analisar a ação dos caricaturado, já vêm de longa data. Nessa mesma linha, é comum, especialmente em
Estados nacionais no filmes e novelas, mas também em vários livros best-sellers, representar D. João VI
que se refere à dinâmica como um homem desleixado, traído pela mulher, trapalhão e facilmente enganado.
dos fluxos populacionais De fato, é verdade que ele e sua esposa, Carlota Joaquina, passaram vinte anos
e no enfrentamento de
sem dividir o mesmo quarto, e que seus casos extraconjugais são documentados
problemas de ordem
e conhecidos. Sua má fama, porém, não é merecida.
econômico-social.
D. João VI foi um grande estrategista, o único monarca europeu a ter enganado
Napoleão, manteve a relevância de um Império Português que já estava longe do
seu auge de outrora, foi capaz de manter a unidade de sua colônia nas Américas
– o Brasil – enquanto as colônias espanholas dividiram-se em pequenos países e
conseguiu manter para as próximas gerações de monarcas portugueses todas as
outras colônias pelo mundo.
O projeto já era antigo e, em tempos de crise, cogitava-se mudar o centro do
Império Português para a América, protegida pelo Oceano Atlântico, o que elevaria
os custos e dificultaria a logística de qualquer exército europeu invasor. D. João VI
foi o único capaz de executá-lo.
Com a chegada da família real e da Corte portuguesa, o Brasil tornou-se a sede do
governo lusitano. D. João aportou primeiro em Salvador, de onde, seis dias depois, decidiu

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abrir os portos brasileiros às nações amigas, principalmente à Inglaterra, com a assinatura
da Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, permitindo a importação de quaisquer gêneros,
fazendas e mercadorias transportados por navios pertencentes a países amigos de Por-

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tugal. Estava quebrado o pacto colonial, o primeiro passo para a independência do Brasil.
Depois, a família real e a Corte estabeleceram-se no Rio de Janeiro, de onde
D. João passou a governar a nação.

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LIBERDADE INDUSTRIAL E À medida que o aparelho burocrático-estatal era for-


mado, D. João demonstrava-se a favor de aliar os inte-

HISTÓRIA 2
TRATADOS DE 1810 resses da aristocracia brasileira aos dos comerciantes
portugueses. Assim, houve a criação do Banco do Brasil,
No período joanino, várias realizações dinamizaram
da Junta do Comércio, da Junta da Agricultura e Nave-
a vida do país. O príncipe regente revogou o alvará de
gação, da Escola Médico-Cirúrgica da Bahia, da Acade-
sua mãe, D. Maria, o qual proibia o desenvolvimento
mia de Belas Artes, da Academia Militar e da Imprensa
de manufaturas no Brasil. Não havia, entretanto, capital
Régia, com a publicação da Gazeta do Rio de Janeiro.
suficiente nem política financeira para os interesses in-
Em 16 de fevereiro de 1815, D. João elevou o Brasil
dustriais, pois a aristocracia brasileira estava assentada
à categoria de reino, unindo-o ao Reino de Portugal e
na economia rural e escravista.
Algarves, que passou a denominar-se Reino Unido de
Além disso, a Inglaterra dificultava ao máximo as
Portugal, Brasil e Algarves.
importações de máquinas com o propósito de manter
Em 1816, chegou ao Brasil a Missão Artística Fran-
o Brasil como seu mercado consumidor e não como
cesa, destacando-se o pintor Jean-Baptiste Debret,
área de produção de artigos que pudessem concorrer
que retratou os costumes brasileiros do século XIX
com os dela.
e exerceu forte influência nas artes plásticas do país.
Em 1810, D. João assinou com a Inglaterra dois
acordos: o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado de

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO


Comércio e Navegação. Entre outros aspectos, eles ga-
rantiam taxas de importação privilegiadas para a Inglater-
ra e o princípio de extraterritorialidade para os ingleses
que se estabeleciam no Brasil, ou seja, estes ficavam
submetidos apenas às leis e às autoridades inglesas.

Tratado de Aliança e Amizade


Dos 11 artigos, dois afetavam o Brasil:
• D. João comprometia-se a não estabelecer a In-
quisição no Brasil;
• determinava a gradual extinção do tráfico de es-
cravos para o Brasil.

Tratado de Comércio e Navegação


Principais características:
• facultava aos ingleses a nomeação de juízes com
Retrato de D. João, hoje no Museu Nacional de Belas
o objetivo de julgar os súditos britânicos no Brasil;
Artes do Rio de Janeiro. A iluminação de D. João,
• permitia a liberdade religiosa aos ingleses; assim como de seus atributos reais – o trono, o manto,
• estabelecia a taxa de 15% ad valorem para as im- a coroa e o cetro – salientam o caráter de realeza
suprema. Na visão de Debret, havia proximidade entre
portações de produtos ingleses (Portugal pagava
as imagens de D. João, Luís XIV e Luís XVI.
16% e os outros países, 24%);
• declarava livre o Porto de Santa Catarina. POLÍTICA EXTERNA DE D. JOÃO
D. João declarou guerra a Napoleão, incorporan-
ADMINISTRAÇÃO DE D. JOÃO do territórios das Guianas que pertenciam à França.
Aproveitando-se do domínio napoleônico na Espanha,
STOCKPHOTOSART/SHUTTERSTOCK

deu ordens para anexar a região do Prata, sendo criada


a Província Cisplatina, que tornou-se independente em
1828, com o nome de Uruguai.
Devido à invasão de Portugal pelas tropas napoleô-
nicas, D. João determinou a invasão de Caiena, sede
da administração francesa na Guiana. Em 2 de maio
de 1808, foi divulgado às potências da Europa e ao
mundo inteiro o Manifesto do Príncipe Regente, de-
clarando guerra à França:

Material exclusivo para professores “Sua Alteza Real o Príncipe Regente Nosso Senhor,
no seio do novo império, que veio criar na América
meridional, levanta a sua voz e expõe com energia e

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dignidade os sacrifícios que, por muitos anos, houve-
ra feito para conservar a tranquilidade do seu povo
Retrato de D. João VI, Portugal. comprando por muitos milhões de cruzados uma

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neutralidade pacífica, que o pérfido Napoleão, Além disso, propunha uma Constituição que dividisse o
imperador dos franceses, por vezes vendeu e que poder em Executivo, Legislativo e Judiciário, afirmando
HISTÓRIA 2

logo ele mesmo quebrava para ter o pretexto de o princípio da liberdade, mas contrário à abolição do
nova negociação: patenteia as traições, as intrigas regime escravista. A dura repressão das tropas lusita-
e infames manobras que o mesmo imperador ma- nas aos rebeldes provocou mal-estar e intranquilidade
quinou por meio dos seus enviados e agentes, a fim no governo de D. João.
de perturbar a nação portuguesa, e abalar a estabi-
lidade do trono: enfim, depois de lembrar a toda a AS CORTES
Europa a execranda perfídia, com que o dito im- O movimento que colocou em xeque o poder
perador invadiu o Reino de Portugal e o ocupou, de D. João VI começara de fato em Portugal, cujos
declara Sua Alteza Real guerra a Napoleão e aos comerciantes estavam descontentes com a política
franceses, permite aos seus vassalos da Europa, do joanina. A abertura dos portos e os tratados de 1810
Brasil e domínios ultramarinos o repelir, por mar e passavam diretamente para a Inglaterra recursos que,
por terra, os seus inimigos e fazer-lhes guerra. De- antes, ficavam em parte com os metropolitanos. Eles
clara Sua Alteza nulos e de nenhum efeito todos os não entendiam o motivo de D. João VI permanecer no
tratados que o imperador dos franceses o obrigou Brasil e manter as vantagens da Inglaterra depois de
a assinar, e que jamais deporá as armas, senão de encerrada a ameaça napoleônica. Em Portugal, houve
acordo com o seu antigo e fiel aliado, Sua Majes- manifestações em defesa do retorno do rei, também
tade britânica, e que não consente nem consentirá inspiradas no ideário político liberal, como ocorrera em
em caso algum da cessão do Reino de Portugal, que 1817 em Pernambuco.
forma a mais antiga parte da herança, e dos direi- THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO
tos da sua real família. Este manifesto no qual tanto
reluz a verdade e a justiça da causa do Príncipe Re-
gente Nosso Senhor foi bem recebido na Europa, e
com especialidade pelos ingleses, e abriu os olhos
a muita gente, a quem Napoleão havia fascinado
com as suas imposturas e deslealdade.”
BIELINSKI, Alba Carneiro. Os fuzileiros navais na história do Brasil.
Disponível em: <https://docplayer.com.br/6127544-Os-fuzileiros-
navais-na-historia-do-brasil.html>. Acesso em: 6 set. 2018.

DESGASTE DE D. JOÃO
Os gastos com a Corte eram elevados e custeados
pela tributação às elites coloniais, que viam-se despres-
tigiadas no governo de D. João, pois arcavam com a
ampliação dos custos provocados pelo estabelecimen-
to da Corte em terras brasileiras e eram preteridas aos
portugueses nos cargos de governo.
O quadro agravou-se com a derrota definitiva de
Napoleão Bonaparte em 1815, porque D. João não
voltou a Portugal e elevou o Brasil à categoria de
Igreja da Irmandade dos Militares, inaugurada com a presença de D. João VI em
Reino Unido a Portugal e Algarves. Por um lado, o go- 28 de outubro de 1811. A tela é de 1820, feita pelo aquarelista Richard Bate.
verno no Brasil possibilitava manter o livre-cambismo
que interessava às elites coloniais; por outro, a falta Em 1820, o movimento ganhou impulso quando
de influência na tomada de decisões descontentava revolucionários da cidade do Porto atingiram Lisboa,
a muitos. decretando o estabelecimento das Cortes, as quais
Entre os grupos descontentes, estava o dos deveriam discutir e aprovar uma Constituição que
senhores de engenho do Nordeste, sobretudo de estabelecesse uma monarquia limitada, a divisão
Pernambuco. O açúcar, que outrora fora o motor de poderes e um governo representativo. Para tan-
da economia brasileira, sofria forte concorrência no to, D. João VI deveria retornar a Portugal e realizar
mercado externo. o juramento da Magna Carta lusitana. Convidados

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Ademais, o Nordeste havia perdido o status de a participar da Assembleia Constituinte, membros
sede do governo-geral em 1763. Inspirada nas ideias da elite colonial brasileira, ao chegarem a Portugal,
iluministas, a insatisfação logo traduziu-se na Revolu- perceberam a proposta de anulação dos tratados
ção Pernambucana de 1817. A agitação estabeleceu de 1810 e de fechamento dos portos brasileiros, ou

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um governo provisório, que procurava ganhar apoio seja, a tentativa de recolonização do Brasil. Muitos
de outras áreas nordestinas. O movimento era contra voltaram criticando a postura das Cortes e desejando
o absolutismo de D. João VI, cuja mãe havia falecido. uma ruptura definitiva com Portugal.

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Música na Corte do Brasil modinhas e batuques, e brancos pobres, que nor-


malmente tinham uma outra ocupação que lhes

HISTÓRIA 2
[...] Durante todo o período joanino, houve no Rio
de Janeiro uma intensa atividade musical, distribuí- assegurava o sustento. Entre esses diletantes, en-
da basicamente em dois setores: o da Corte, onde a contravam-se ainda alguns professores, mecânicos
qualidade era imprescindível; e o de fora da Corte, e “barbeiros-cirurgiões”.
em que a funcionalidade era festiva e mítica. É im- No Rio de Janeiro já existia uma vida musical
portante pensar nisto, numa complexidade que sur- significativa para aqueles tempos históricos, com
ge no momento em que negros e mestiços são cha- compositores ativos e importantes, como Lobo de
mados para tocar em festas religiosas, muitas vezes Mesquita, que saiu de Minas e foi para o Rio, mor-
com seus instrumentos típicos e com suas próprias to em 1806; José Maurício Nunes Garcia, mestre de
interpretações. Arregimentar músicos, pintores e capela, compositor e organista, que se tornou uma
outros artífices para algum trabalho ou para abri- das maiores expressões da história da música no
lhantar alguma festa em caráter de urgência foi uma Brasil; e Gabriel Fernandes da Trindade, violinista
medida comum nos tempos de D. João VI. Na ver- e compositor, um dos mais prolíficos instrumen-
dade, era necessário atender um desejo de manter a tistas da colônia e do Brasil reino. Além desses
pompa, a ostentação e a visibilidade de um gosto; ilustres, tem-se ainda o vasto universo dos anôni-
mas para isso era necessário que houvesse mão de mos. A vinda da família real para o Brasil, junta-
obra suficiente. mente com alguns dos compositores e intérpretes
Muitas vezes não era possível. Em algumas situa- portugueses que serviram a Corte em Portugal,
ções, criava-se, literalmente, o artífice e artesão, influenciou o estilo e as práticas desses músicos
normalmente uma maioria de negros, mestiços e coloniais, “construindo” uma nova percepção do
brancos pobres, cujo desejo e habilidade eram for- gosto e uma nova maneira de observar o mundo
mulados pela ordem e obediência. Em algumas cir- das artes. O surgimento de instituições de Corte,
cunstâncias, para atender à demanda musical ou de como a Capela e a Câmara reais, favoreceu a ex-
outra atividade artesanal, o que valia era o poder de pansão da atividade musical, criou mais oportu-
um sobre o outro. O caso dos músicos pobres, dos nidades de trabalho e redefiniu a hierarquia entre
diletantes que estavam à mercê dessas relações de os músicos. As famílias aristocráticas que vieram
poder, não foi diferente. Robert Southey chega a fa- com D. João VI, ou que aqui se aproximaram dele,
lar de “devotos músicos” que eram chamados para contribuíram com seus comportamentos e hábitos
as festas das igrejas “muitas vezes por água”. de ouvir música em saraus e reuniões sociais. [...]
MONTEIRO, Maurício. Música na Corte do Brasil. Disponível
Os músicos diletantes ou amadores dividiam-
em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
-se entre os negros e mestiços, com seus lundus, mre000137.pdf>. Acesso em: 6 set. 2018.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

PERÍODO JOANINO (1808-1821)

• Chegada da família real e de D. João ao Brasil. O país torna-se sede do governo lusitano.

• Abertura dos portos brasileiros com a Carta Régia de 1808, principalmente para a Inglaterra.
Processos principais
• Quebra do pacto colonial, passo fundamental para a independência.

• Economia rural e escravista.

• Pouco desenvolvimento industrial.

• Dificuldade de importação de máquinas da Inglaterra.


Liberdade industrial e
tratados de 1810
• Em 1810, D. João assinou dois acordos com a Inglaterra: o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado

de Comércio e Navegação (importação privilegiada e extraterritorialidade).

• Formação do aparelho burocrático-estatal.

• Criação do Banco do Brasil, da Junta do Comércio, da Junta da Agricultura e Navegação, da Academia

Administração de
de Belas Artes e da imprensa.
D. João
• Em 1815, o Brasil recebeu o título de reino, unindo-se a Portugal e Algarves.

• D. João declarou guerra a Napoleão, incorporando territórios das Guianas que pertenciam à França.

• Gastos elevados com a Corte.

• Derrota de Napoleão Bonaparte em 1815.

• Descontentamento dos senhores de engenho do Nordeste e perda do status de sede do governo-


Política externa de
D. João
-geral em 1763.

Material exclusivo para professores • Revolução Pernambucana (ideias iluministas) de 1817 contra o governo de D. João VI.

• Em 1820, revolucionários da cidade do Porto posicionaram-se contra a permanência da família real no Brasil.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. FGV-SP – A instalação da Corte portuguesa no Rio de 3. UTFPR-PR C2-H7
Janeiro, em 1808, representou uma alternativa para um A transferência da Corte de D. João VI para a colônia por-
contexto de crise política na metrópole e a possibilidade tuguesa teve apoio do governo britânico, uma vez que:
de implementar as bases para a formação de um impé-
rio luso-brasileiro na América. Das alternativas abaixo, a) Portugal negociou o domínio luso na Península Ibéri-
assinale aquela que não diz respeito ao período joanino: ca com a Inglaterra, em troca de proteção estratégica
e bélica na longa viagem marítima ao Brasil.
a) ocupação da Guiana Francesa e da Província Cispla-
tina e sua incorporação ao Império Português, como b) em meio à crescente Revolução Industrial, os nego-
resultado da política externa agressiva adotada por ciantes ingleses precisavam expandir seus mercados
D. João. rumo às Américas, já que o europeu era insuficiente.
b) abertura dos portos da colônia às nações aliadas de c) o Bloqueio Continental imposto por Napoleão fechou
Portugal, como a Inglaterra, dando início a uma fase o comércio inglês com o continente europeu e a
de livre-comércio. instalação do governo luso no Brasil propiciou a re-
tomada dos negócios luso-anglicanos.
c) ocorreu uma inversão da relação entre metrópole e
colônia, já que a sede política do império passava do d) o exército napoleônico invadiu Portugal visando ins-
centro para a periferia. tituir o regime democrático republicano de paz e
comércio, em franca oposição ao expansionismo da
d) atendeu às exigências do comércio britânico, que monarquia britânica.
conseguiu isenções alfandegárias.
e) os ingleses pretendiam consolidar novos mercados
e) ocorreu a Revolução Pernambucana de 1817, que na América portuguesa, tendo em vistas antigas afi-
defendia o separatismo com o governo republicano nidades socioculturais com os ibéricos.
e a manutenção da escravidão. A transferência da Corte de D. João VI para o Brasil foi um episódio in-
Não houve isenção de impostos à Inglaterra após a abertura dos por- serido no contexto europeu das guerras napoleônicas. Buscando resistir
tos, e sim uma taxa preferencial, menor que a de outros países que à ofensiva francesa, Portugal aliou-se à Inglaterra, principal opositora
poderiam fazer negócios com o Brasil. de Napoleão naquele momento. Em troca do suporte inglês, D. João
VI instituiu políticas alfandegárias que garantiram taxas de importação
privilegiadas para a Inglaterra.
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi-
cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das rela-
ções de poder entre as nações.
2. UFES-ES – No início do século XIX, a transformação
do Brasil em sede da monarquia portuguesa levou D.
João VI a adotar medidas que mudaram o contexto so-
cioeconômico da antiga colônia. Dentre essas medidas,
podemos destacar:
I. A organização da maçonaria, constituída por grandes
latifundiários e comerciantes do Rio de Janeiro. 4. Ufes-ES – No Brasil colonial, noções de medicina e
II. A criação do Banco do Brasil, da Casa da Moeda e saúde eram estudadas em colégios da Companhia de
do Jardim Botânico. Jesus, onde também foram incorporados conhecimen-
tos sobre utilização terapêutica de plantas nativas. Os
III. A convocação de uma Assembleia Constituinte, que
estabeleceu a liberdade de comércio para os comer- jesuítas tornaram-se os verdadeiros enfermeiros e mé-
ciantes nacionais. dicos da colônia, somando-se a outros agentes de cura,
como físicos, cirurgiões, barbeiros e boticários. Mas as
IV. A criação da Faculdade de Medicina na Bahia, da primeiras escolas médicas foram, efetivamente, criadas
Imprensa Régia, da Escola Nacional de Belas-Artes
no Brasil, pelo príncipe regente D. João. Foram elas:
e da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
a) Escola de Cirurgia da Bahia e Escola Anatômica, Ci-
V. A assinatura de tratados de comércio e navegação
rúrgica e Médica do Rio de Janeiro, ambas em 1808.
com a Inglaterra, os quais favoreciam a comerciali-
zação de produtos portugueses pelas baixas tarifas b) Escola de Saúde Joana Angélica, na Bahia, e Escola
alfandegárias. de Enfermagem Ana Neri, no Rio de Janeiro, ambas
em 1810.
Assinale a opção que contêm as afirmativas corretas:
c) Escola de Anatomia da Bahia e Escola de Belas Artes
a) I e II. e Anatomia, no Rio de Janeiro, ambas em 1816.
b) I e V. d) Real Academia de Cirurgia da Bahia e Academia Real
c) II e IV. de Saúde, Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro,
ambas em 1821.
d) III e IV.
e) Escola de Farmácia de Ouro Preto e Escola Politéc-
e) IV e V.
nica do Rio de Janeiro, ambas em 1870.
Uma vez que o Brasil passou a ser Reino Unido a Portugal e Algarves, A questão cobra um tema pouco trabalhado: a história da medicina
e a Corte precisaria morar na América portuguesa, houve um esforço durante o Brasil colônia. A fundação das escolas médicas fez parte do

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de, na visão dos europeus, civilizar o que até então era uma colônia. projeto de modernização institucional que D. João empreendeu após
Nesse sentido, foram criadas instituições financeiras como o Banco sua chegada ao Brasil, em 1808.
do Brasil e a Casa da Moeda. O desenvolvimento cultural e científico,
por sua vez, foi estimulado pela criação da Faculdade de Medicina (na
Bahia), do Jardim Botânico, da Imprensa Régia, da Escola Nacional de
Belas-Artes e da Biblioteca Nacional (no Rio de Janeiro).

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5. Fuvest-SP – Na edição de julho de 1818 do Correio e) ao projeto de D. João VI para que seu filho D. Pedro
HISTÓRIA 2

Braziliense, o jornalista Hipólito José da Costa, resi- se tornasse imperador do Brasil independente.
dente em Londres, publicou a seguinte avaliação sobre No excerto, o jornalista Hipólito José da Costa comenta o risco que D.
João correria se deixasse o Brasil em um momento de rearranjo político
os dilemas então enfrentados pelo Império Português na América. Trata-se de uma alusão aos processos de independência
na América: das colônias espanholas em curso à época.
“A presença de S.M. [Sua Majestade Imperial] no Brasil lhe 6. Uespi-PI – O historiador Oliveira Lima define D. João VI
dará ocasião para ter mais ou menos influência naqueles como um grande estadista. Com relação às medidas ado-
acontecimentos; a independência em que El-rei ali se acha tadas por esse monarca, logo após sua chegada ao Brasil,
das intrigas europeias o deixa em liberdade para decidir-se em 1808, destaca-se:
nas ocorrências, segundo melhor convier a seus interesses. a) a transposição da estrutura administrativa portugue-
Se volta para Lisboa, antes daquela crise se decidir, não sa, como tribunais, ministérios e cartórios, cujos car-
poderá tomar parte nos arranjamentos que a nova ordem gos foram preenchidos apenas por brasileiros.
de coisas deve ocasionar na América.” b) o estreitamento das relações comerciais com a Ingla-
terra, simbolizado pela abertura dos portos brasileiros
Nesse excerto, o autor referia-se: ao comércio exterior.
a) aos desdobramentos da Revolução Pernambucana c) a assinatura do Tratado de Madri com a Espanha,
do ano anterior, que ameaçara o domínio português distendendo as fronteiras territoriais da Região Sul
sobre o centro-sul do Brasil. do Brasil.
b) às demandas da Revolução Constitucionalista do Por- d) a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasi-
to, exigindo a volta imediata do monarca a Portugal. leiro (IHGB), no Rio de Janeiro, para construção de
c) à posição de independência de D. João VI em relação uma nova identidade para a nação recém-fundada.
às pressões da Santa Aliança para que interviesse e) a concessão do perdão para os participantes na Re-
nas guerras do Rio da Prata. volução Pernambucana, também reconhecida como
d) às implicações que os movimentos de independên- Revolução dos Padres.
cia na América espanhola traziam para a dominação Conforme abordado em questões anteriores, a Inglaterra auxiliou D.
portuguesa no Brasil. João VI em sua transferência para o Brasil. Por isso, o monarca instituiu
medidas que favoreceram os ingleses comercialmente.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFMT-MT – Em 2008, foi relembrada e comemorada 9. UnB-DF – Avalie a afirmativa abaixo:
uma data especialmente importante na história brasi-
Único caso de colônia que serviu de sede ao governo
leira, os 200 anos da chegada da família real ao Brasil
metropolitano, em face da expansão napoleônica sobre
e a consequente transferência da capital do reino para
a Península Ibérica, o Brasil foi elevado por D. João VI à
o Rio de Janeiro. A decisão de D. João VI de abandonar
condição de Reino Unido, no contexto de restauração
Portugal e vir para o Brasil deveu-se:
monárquica vivido pela Europa a partir do Congresso
a) ao expansionismo da Espanha, que, sob o reinado de Viena, sob a chancela do princípio da legitimidade.
de Felipe II, procurava restabelecer a União Ibérica.
b) à expansão francesa e à constituição do Império Na-
poleônico, uma vez que Portugal havia se negado a
apoiar o Bloqueio Continental contra a Inglaterra.
c) à tentativa das Cortes portuguesas reunidas na ci-
dade do Porto de estabelecerem uma monarquia
constitucional em Portugal.
d) aos movimentos de independência que desde a In-
confidência Mineira haviam se multiplicado no Brasil.
e) às riquezas do Brasil, que permitiriam sustentar mais
facilmente o luxo excessivo da Corte portuguesa.

8. Fuvest-SP – Em novembro de 1807, a família real portu-


guesa deixou Lisboa e, em março de 1808, chegou ao
Rio de Janeiro. O acontecimento pode ser visto como:
a) incapacidade dos Braganças de resistirem à pressão
da Espanha para impedir a anexação de Portugal.
b) ato desesperado do príncipe regente, pressionado
pela rainha-mãe, Dona Maria I.
10. Fuvest-SP
c) execução de um velho projeto de mudança do
centro político do Império Português, invocado em “Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas
épocas de crise. inglesas, tais como celeiros e armazéns não diferentes do

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d) culminância de uma discussão popular sobre a que chamamos na Inglaterra de armazéns italianos, de se-
neutralidade de Portugal com relação à guerra cos e molhados, mas, em geral, os ingleses aqui vendem
anglo-francesa. suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou fran-
e) exigência diplomática apresentada por Napoleão Bo- ceses. [...] As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias

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naparte, então primeiro-cônsul da França. inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres
saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça

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de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, c) eliminou o mecanismo básico que assegurava à me-

HISTÓRIA 2
podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa ter- trópole o monopólio de comércio.
ra nas lojas do Brasil.” d) atendeu interesses econômicos exclusivamente in-
GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, gleses e flamengos.
1990. p. 230. Publicado originalmente em 1824. (Adaptado) e) acentuou a crise econômica e financeira provocada
na Grã-Bretanha pelas práticas do Bloqueio Conti-
Esse trecho do diário da inglesa Maria Graham refere-se à
nental.
sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em 21
de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram
13. Fatec-SP – Tem sido apontado, como preparatório para
alguns efeitos:
a nossa independência, o período em que, devido à in-
a) do Ato de Navegação, de 1651, que retirou da In- versão metropolitana entre Portugal e Brasil (1808-1821),
glaterra o controle militar e comercial dos mares do D. João tomou a iniciativa de algumas medidas econô-
norte, mas permitiu sua interferência nas colônias micas, políticas e culturais.
ultramarinas do sul.
Assinale a alternativa que não se aplica ao período citado:
b) do Tratado de Methuen, de 1703, que estabeleceu a
troca regular de produtos portugueses por mercado- a) o Tratado de Aliança e Amizade, assinado com a In-
rias de outros países europeus, que seriam também glaterra, em 1810, tinha uma cláusula que afetava
distribuídas nas colônias. diretamente a economia brasileira, pois determinava
c) da Abertura dos Portos do Brasil às Nações Amigas, a gradual extinção do tráfico negreiro para o Brasil.
decretada por D. João em 1808 após a chegada da b) ocorreu a Abertura dos Portos Brasileiros às Nações
família real portuguesa à América. Amigas, de acordo com os interesses da aristocracia
d) do Tratado de Comércio e Navegação de 1810, que rural brasileira e dos negociantes ingleses, aos quais
deu início à exportação de produtos do Brasil para a In- não convinha mais o monopólio português sobre o
glaterra e eliminou a concorrência hispano-americana. comércio do Brasil.
e) da ação expansionista inglesa sobre a América do c) o Alvará de Liberdade Industrial não surtiu os efeitos
Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico após esperados porque, apesar dos incentivos às indús-
sua vitória sobre as tropas napoleônicas em 1815. trias têxtil e metalúrgica, no Brasil, qualquer possibi-
lidade de desenvolvimento esbarrava nos privilégios
concedidos à burguesia inglesa.
11. PUC-RS – O período que antecedeu a independência
do Brasil foi marcado pela presença da Coroa portugue- d) esse período começou com o reconhecimento ofi-
sa em sua colônia americana. Sobre esse processo, é cial do fato de não sermos mais colônia; assim, por
incorreto afirmar: iniciativa exclusiva de D. João, o Brasil foi elevado
à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves,
a) a primeira medida de D. João, o príncipe regente depois do Congresso de Viena.
de Portugal, ao desembarcar no Brasil, foi assinar
o decreto que estabelecia a Abertura dos Portos e) o período foi marcado pela crescente intervenção da
Brasileiros às Nações Amigas (1808), atendendo, Inglaterra, que, com o intuito de obter novos mer-
assim, aos interesses da Inglaterra, maior parceira cados consumidores para seus produtos industriais,
econômica da Coroa lusitana. passaria a incentivar movimentos de independência
sul-americanos, entre eles o do Brasil.
b) em 1810, D. João assinou tratado com a Inglaterra,
estabelecendo que os produtos ingleses importados
14. UERN-RN
pelo Brasil pagariam apenas 15% de tributos alfande-
gários nos portos brasileiros, enquanto que os portu- “O ano de 1808 guarda um significado profundo para a
gueses pagariam 16%, e os dos demais países, 25%. política e a economia daquelas partes do território ameri-
c) a Coroa portuguesa tomou várias medidas para cano que viriam a constituir o Estado brasileiro e para sua
modernizar a sua colônia americana, promovendo metrópole. Isso para não falar dos aspectos culturais e da
maior abertura comercial, fazendo investimentos em incidência que a transferência da Corte para o Rio de Ja-
infraestrutura e no desenvolvimento cultural do Rio neiro teve. O significado foi tão profundo que o historiador
de Janeiro, o que deu grande dinamismo à cidade. paulista Caio Prado Jr. considerou aquela data histórica
d) em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino um marco do início de nossa ‘Revolução da Independên-
Unido a Portugal e Algarves, deixando, assim, de cia’, a qual se daria entre 1808 e 1831.”
ser oficialmente uma colônia, decisão tomada por OLIVEIRA; RICUPERO, 2007. p. 197.
D. João devido ao receio de que o Brasil seguisse
o caminho das colônias espanholas e se separasse A “Revolução da Independência”, concebida por Caio
definitivamente da metrópole. Prado Jr., considera o ano de:
e) em 1820, foi deflagrada a Revolução do Porto, que, den- a) 1808 como data inicial desse processo, por entender
tre outras medidas, exigiu o retorno do Brasil à condição a Abertura dos Portos às Nações Amigas como mar-
de colônia portuguesa e a volta de D. João a Portugal, a co zero do comércio internacional do Brasil.
fim de reestabelecer o absolutismo nesse país. b) 1810 como o momento inicial da revolução, devido ao
ato do príncipe regente autorizando a reforma agrária,
12. UEMS-MS – A Carta Régia de 1808 abria os portos do preconizada pelos irmãos Andradas, componentes

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Brasil colônia às nações amigas. Sobre o acordo cons- de seu gabinete.
tante nessa carta, pode-se afirmar que ele: c) 1815 como ponto máximo da organização política do
a) trouxe acentuada expansão ao lucrativo comércio novo governo, devido à institucionalização do Poder
triangular português. Moderador.

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b) dificultou a articulação da economia brasileira com d) 1822 como a data de conclusão do processo de
o capitalismo liberal. independência, devido à promulgação da primeira
Constituição do país.

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15. Emescam-ES – O interesse da Inglaterra com a vinda 17. Unicamp-SP – Sobre a transferência da Corte de
HISTÓRIA 2

da família real portuguesa para o Brasil, fato que ocorreu D. João VI para o Brasil, o historiador Kenneth Maxwell
em 1808, foi: afirma:
a) afastar Napoleão Bonaparte das possíveis conquistas “Novas instituições foram criadas pela Coroa portuguesa,
que seriam feitas no continente americano, confor- e a maioria delas foi estabelecida no Rio de Janeiro, que,
me acordo Portugal-França. assim, assumiu um papel centralizador dentro de uma
b) conseguir na América compensações econômicas América portuguesa que antes era muito fragmentada no
pelos prejuízos que estavam tendo na Europa, em ra- sentido administrativo. Houve resistência a isso, principal-
zão do Bloqueio Continental por Napoleão Bonaparte. mente em Pernambuco, em 1817. Mas, no final, o poder
c) dominar Portugal e conquistar colônias portuguesas central foi mantido.”
e espanholas como forma de pressionar Napoleão
Bonaparte a extinguir o Bloqueio Continental. MAXWELL, Kenneth. Para Maxwell, país não permite leituras
convencionais. Entrevista concedida a Marcos Strecker. Folha de
d) impedir que Napoleão Bonaparte fosse coroado im- S.Paulo, 25/11/2007. Mais. p. 5. (Adaptado)
perador do Reino Unido-Portugal-França.
e) fazer do Brasil uma base de conquistas das colônias a) Segundo o texto, quais as mudanças suscitadas pela
francesas na América. transferência da Corte portuguesa para o Rio de Ja-
neiro em 1808?
16. Uerj-RJ (adaptado)
“O enriquecimento da vida cultural do Rio de Janeiro, e até
mesmo do país, após 1808, decorreu, sobretudo, das ne-
cessidades da elite dominante. No ambiente acanhado da
sociedade americana, a novidade dos procedimentos ca-
racterísticos do círculo real exerceu extraordinário fascínio,
produzindo um poderoso efeito ‘civilizador’ em relação à
cidade. Em contrapartida, a Coroa não deixou de adotar
também medidas de controle mais eficientes. Após a tor-
menta da Revolução Francesa e ainda vivendo o turbilhão
do período napoleônico, era o medo dos princípios difun-
didos pelo Século das Luzes, especialmente as ‘perniciosas’
ideias francesas, que ditava essas cautelas.”
NEVES, Lúcia M. P. das; MACHADO, Humberto F. O império do b) Explique os objetivos do movimento de Pernambuco
Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. (Adaptado)
em 1817.
O texto aborda um duplo movimento provocado pela
presença da Corte portuguesa no Brasil: o estímulo às
atividades culturais na colônia e, ao mesmo tempo, o
controle conservador sobre essas atividades.
Indique duas ações da Coroa que enriqueceram a vida
cultural da cidade do Rio de Janeiro.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C2-H7 O projeto industrializante de D. João, conforme expres-
so no alvará, não se concretizou. Que características
Leia o texto:
desse período explicam esse fato?
“Eu, o príncipe regente, faço saber aos que o presen- a) a ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o
te alvará virem: que desejando promover e adiantar a fechamento das manufaturas portuguesas.
riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as b) a dependência portuguesa da Inglaterra e o predomí-
nio industrial inglês sobre suas redes de comércio.

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manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar
toda e qualquer proibição que haja a este respeito no c) a desconfiança da burguesia industrial colonial diante
Estado do Brasil.” da chegada da família real portuguesa.
Alvará de Liberdade para as Indústrias (1o de abril de d) o confronto entre a França e a Inglaterra e a posição
dúbia assumida por Portugal no comércio internacional.

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1808). In: BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos
da história do Brasil. v. 1. Brasília: Senado Federal, 2002. e) o atraso industrial da colônia provocado pela perda
(Adaptado) de mercados para as indústrias portuguesas.

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19. PUC-RJ C1-H1 b) Explique por que durante o governo de D. João VI

HISTÓRIA 2
A imagem a seguir, do pintor Jean-Baptiste Debret, o Rio de Janeiro passou a ser identificado como
intitulada Um funcionário do governo sai a passeio com “nova Lisboa”.
a família, constitui um registro do cotidiano daqueles
que habitavam o Rio de Janeiro no tempo do governo
joanino (1808-1821). A partir da observação da gravura
e de seus conhecimentos sobre o período:
COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ, SÃO PAULO

20. PUC-MG C3-H15


O mapa a seguir mostra a Europa Ocidental nos anos
a) Apresente dois elementos que identificam a posição iniciais do século XIX.
dos diferentes grupos sociais na hierarquia da socie-
dade da época. Justifique.
Grã-Bretanha
e Irlanda Mar do
Norte
ÁSIA
Amsterdã

OCEANO EUROPA
França
ATLÂNTICO

Mar Negro
Espanha
Portugal Mar
Mediterrâneo

A situação assinalada resultou na vinda da Corte portu-


guesa para o Brasil, em 1808. Portanto, o mapa retrata:
a) o Tratado de Comércio e Navegação, assinado entre
D. João e Lord Strangford, que garantia liberdade
comercial para ingleses e portugueses.
b) o Tratado de Fontainebleau, assinado por França e
Espanha, que supunha a invasão de Portugal e a di-
visão de suas colônias.
c) a Convenção Secreta, acordo entre Inglaterra e Portu-
gal que determinava a defesa marítima dos lusitanos
pelos ingleses.
d) o Bloqueio Continental determinado por Napoleão
Bonaparte, que proibia os países europeus de co-
mercializarem com os ingleses.

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PROCESSO DE
HISTÓRIA 2

INDEPENDÊNCIA

INDEPENDÊNCIA OU MORTE?

MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO


• Independência ou morte?
• As causas da independência

HABILIDADES
• Analisar as lutas sociais e
conquistas obtidas no que
se refere às mudanças nas
legislações ou nas políticas
públicas.
• Analisar diferentes
processos de produção
ou circulação de riquezas
e suas implicações
socioespaciais.
• Analisar a ação dos
Estados nacionais no
que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais
e no enfrentamento de
A Proclamação da Independência (1844), de François-René Moreaux. Óleo sobre tela, 2,44 m × 3,83 m. A obra
problemas de ordem representa D. Pedro I sendo aclamado pela multidão após dar a notícia da independência do Brasil.
econômico-social.
A frase é clássica e conhecida por muitos: “Independência ou morte!”. Mas, se
não houvesse independência, haveria morte? D. João VI, ao voltar para Portugal, teria
dito a D. Pedro I: “Se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar,
do que para algum desses aventureiros”. Será que esse monarca enfrentaria seu filho
em uma guerra a um oceano inteiro de distância? Haveria um combate como houve
na América espanhola ou nos Estados Unidos? Provavelmente, não.
A consideração de que todos os processos importantes da história brasileira,
sobretudo a independência, foram pacíficos e tranquilos é equivocada. Os combates
foram internos e os conflitos políticos realizados entre setores da própria sociedade
brasileira. A separação em relação a Portugal demorou a ocorrer, mas foi mais simples
do que manter o Brasil unido como uma só nação.

AS CAUSAS DA INDEPENDÊNCIA
A independência do Brasil não pode ser entendida como um fato isolado e resultante
da atitude impetuosa de um jovem príncipe. O processo de independência começou
no século XVIII, com os primeiros movimentos questionadores do pacto colonial, entre

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eles a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana e, ainda, no século XVII, com o
nascimento do sentimento nativista. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil,
a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves e a Abertura dos
Portos às Nações Amigas criaram condições para o desenvolvimento desse processo.

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Após treze anos no Brasil, D. João não resistiu às pressões e, em 1821,
retornou a Portugal. Deixou o filho D. Pedro como príncipe regente, com au-
toridade para tomar decisões políticas. As Cortes pressionaram D. Pedro para

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também retornar a Portugal e, nesse contexto, surgiu um movimento composto


pela aristocracia rural, por camadas intermediárias da população e por todos os

HISTÓRIA 2
beneficiados pela liberdade econômica alcançada no período joanino, que viam
na permanência do príncipe a possibilidade de realizar a independência sem
envolver populares ou agitar escravos. A ideia era manter a estrutura colonial
que havia dado poder a essas elites, o que significava preservar o domínio de
grandes extensões de terra (latifúndios) e a economia voltada para o mercado
externo com o uso de mão de obra escrava.
Nesse sentido, D. Pedro aparecia como a figura-chave para a realização de uma
independência segura e sem sobressaltos.
THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO

HISTORIC IMAGES/ALAMY STOCK PHOTO


Representação de
Toussaint Louverture, líder
da Revolução Haitiana. A
independência do Haiti
José Bonifácio deixou muitos senhores
de Andrada e de escravos preocupados,
Silva (1902), de pois fora realizada pelos
Benedito Calixto. negros que não aceitavam
Óleo sobre tela, a política de restauração do
140 cm × 100 cm. escravismo apregoada por
José Bonifácio, Napoleão Bonaparte. Assim,
o patriarca da membros da elite brasileira
independência, temiam a possibilidade de
foi responsável os escravos se rebelarem
pelas articulações caso o movimento pela
entre o Partido independência ganhasse
Brasileiro e a adesão das camadas
D. Pedro. populares.
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO

Sessão das Cortes de Lisboa

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(1922), de Oscar Pereira da
Silva. Óleo sobre tela, 315
cm × 262 cm. Durante os
trabalhos parlamentares,
deputados brasileiros, com

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destaque para Antônio
Carlos de Andrada, sofreram
insultos e até agressões
físicas dos portugueses.

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Uma outra proposta de independência


HISTÓRIA 2

Joaquim Gonçalves Ledo destacou-se como político libe-

HISTORIC IMAGES/ALAMY STOCK PHOTO


ral, confrontando-se várias vezes com o conservadorismo
de José Bonifácio. Ele defendia a independência imedia-
ta e a implantação de uma república federalista como
a que vigorava nos Estados Unidos.
Seus partidários eram contrários ao absolutismo
dos reis portugueses, mas sabiam que a saída do
príncipe regente do Brasil representava uma ameaça
ao processo de independência.
Por isso, quando as Cortes portuguesas exigiram que
D. Pedro voltasse à Europa para completar os estudos, seus
partidários exigiram a permanência dele aqui.
Do Dia do Fico ao Grito do Ipiranga
As manifestações de apoio ao príncipe regente contribuíram para a decisão
de D. Pedro de permanecer no Brasil. O Dia do Fico, 9 de janeiro de 1822,
assinalou a ruptura clara do regente com a Corte. As tropas portuguesas que
recusaram-se a jurar fidelidade ao príncipe regente viram-se obrigadas a deixar
o Rio de Janeiro e esboçou-se a criação de um exército nacional e a formação
de um ministério sob a chefia de José Bonifácio.

BIBLIOTECA MARIO DE ANDRADE, SÃO PAULO


Representação da aclamação de D.
Pedro no Campo de Santana, em 1822.
Litografia presente no livro Viagem
pitoresca através do Brasil, publicado
em 1839 por Jean-Baptiste Debret.

Nos primeiros meses de 1822, os políticos brasileiros começaram a organizar a


independência junto ao futuro monarca. Em maio, D. Pedro determinou que qualquer
decreto das Cortes portuguesas só poderia vigorar no Brasil com seu consentimento
e com a ordem de “Cumpra-se”. Ainda em maio, o príncipe foi aclamado defensor
perpétuo do Brasil. Em junho, convocou uma Assembleia Constituinte para analisar as
leis portuguesas. Esperando uma reação portuguesa aos últimos acontecimentos, em
1o de agosto o regente assinou um decreto declarando inimigas as tropas portuguesas
que desembarcassem no Brasil. Em 6 de agosto, um manifesto dirigido às nações
amigas, escrito por José Bonifácio e assinado por D. Pedro, anunciava a independência.
O decreto ressaltava que o Brasil continuaria reino-irmão de Portugal e dava garantias
aos grandes proprietários e senhores de escravos de que não haveria mudanças na
estrutura social e no sistema de trabalho.
A independência ocorreu no mês seguinte, com o Grito do Ipiranga. Em 7 de

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setembro de 1822, iniciava-se o Primeiro Reinado.
A independência declarada por D. Pedro foi um acordo estabelecido entre o
governo e as elites para não ser colocada em questão a ordem colonial que lhes
conferia poder. Sabendo da importância estratégica, D. Pedro exerceu o poder aten-

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dendo em primeiro lugar a seus interesses, muitas vezes em detrimento das elites
que o haviam apoiado. Os portugueses que viviam no Brasil articularam-se a fim de
não perder espaço para os brasileiros na administração. Comerciantes, militares e

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funcionários do reino uniram-se para defender o poder centralizado em D. Pedro.


Gradativamente, o Partido Português tomava corpo.

HISTÓRIA 2
Contrapondo-se a esse grupo, formou-se o Partido Brasileiro, estruturado na
aristocracia brasileira, e que pretendia maior descentralização político-administrativa,
de modo a garantir seus interesses em detrimento da ambição dos portugueses
que permaneceram no Brasil ao lado de D. Pedro.
Esse jogo de forças políticas deu origem à primeira Constituição do Brasil, em 1824,
consolidando o processo de independência e formando, de fato, uma nação com as
próprias regras e o próprio comando. Iniciaram-se, então, os reconhecimentos interna-
cionais da independência: os primeiros foram México e Estados Unidos.
Observe a imagem a seguir, que retrata o momento da declaração de independência:
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO

Independência ou morte (1888), de


Pedro Américo. Óleo sobre tela,
415 cm × 760 cm. A obra retrata o
momento histórico conhecido como O
Grito do Ipiranga.

Note a representação menos gloriosa presente no quadro de Pedro Américo. A


obra Independência ou morte foi, anos após a independência, encomendada pelo
governo imperial para construir uma imagem forte e heroica de D. Pedro. Inspirada
em um quadro que representava Napoleão Bonaparte, retrata o governante brasileiro
com a mesma pompa e exaltação.
A declaração da independência
Faltava só o ato final, e ele aconteceria em São Paulo, como nem mesmo os Andra-
da – José Bonifácio e seus irmãos –, tão acusados de praticar um bairrismo paulista,
poderiam sonhar. Depois de ter contornado problemas nas províncias do Rio de
Janeiro e de Minas Gerais, D. Pedro partiu em 14 de agosto de 1822 para São Paulo,
acompanhado de pequena comitiva. [...]
O objetivo de D. Pedro em São Paulo era apaziguar os ânimos depois da sublevação
que ficou conhecida como a Bernarda de Francisco Inácio. [...] De toda maneira, a
hora de voltar ao Rio aproximava-se. [...] O motivo veio fácil: em 28 de agosto che-
gava ao Rio de Janeiro o brigue Três Corações, trazendo as rotineiras más notícias
de Lisboa: as Cortes ordenavam a volta imediata do príncipe, o fim de uma série de
medidas que consideravam privilégios brasileiros, e acusavam de traição os minis-
tros que cercavam o regente. [...] Diante da notícia, D. Pedro, como era bem do seu
caráter, alvoroçou-se e saiu em disparada em direção a São Paulo. Mas a seu encon-
tro vinham a galope os mensageiros de José Bonifácio, que o alcançaram no meio
do caminho: “no alto da colina próxima do Riacho Ipiranga”. Foi então, em cima de
um pequeno declive, de onde podia se avistar a pacata cidade de São Paulo, mais ou
menos às quatro horas da tarde, que o príncipe recebeu a correspondência das mãos

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do major Antônio Ramos Cordeiro. [...] Assoberbado pelo mal-estar, fatigado pela
viagem, mas convocado pelo momento, D. Pedro formalizou o que já era realidade:
arrancou a fita azul-clara e branca (as cores constitucionais portuguesas) que osten-
tava no chapéu, lançou tudo por terra, desembainhou a espada, e em alto e bom som

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gritou: “É tempo! [...] Independência ou morte! [...] Estamos separados de Portugal”.
SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa Maria. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras,
2015. p. 215-219.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Chegada da família real ao Brasil.


1808

O Brasil torna-se Reino Unido a Portugal e Algarves.


1815

Início da regência do príncipe D. Pedro.


1821

Dia do Fico: após manifestações populares, D. Pedro resiste às pressões das Cortes e decide ficar no Brasil.
1822
1822: D. Pedro assina a lei do “Cumpra-se”, diminuindo o poder da Corte portuguesa.

Proclamação da independência em 7 de setembro de 1822.

Primeira Constituição brasileira.


1824

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. PUC-RS – Sobre a independência do Brasil, afirma-se: III. A vinda da Corte portuguesa para o Brasil é consi-
derada como um fator que retardou o processo de
I. Implicou uma ruptura de laços políticos e econômi-
independência brasileiro, pois a presença do monar-
cos com Portugal, já que no Brasil seria adotado um
ca lusitano na América estreitou ainda mais os laços
regime político constitucional e Portugal manteria o
entre Brasil e Portugal, tornando o primeiro ainda
sistema absolutista.
mais dependente do segundo.
II. Pode ser considerada uma decorrência da vinda da
IV. A independência do Brasil foi marcada por um forte
Corte portuguesa para o Brasil em 1808, na medida
conflito entre o novo país e a sua antiga metrópole
em que esse acontecimento implicou um processo
europeia, devido à rejeição das elites político-eco-
crescente e difícil de ser revertido de autonomização
nômicas da antiga colônia portuguesa ao modelo
político-econômico da colônia.
agroexportador implantado pela Coroa lusitana, ba-
III. Está associada a uma profunda mudança estrutural seado na grande propriedade da terra e na mão de
interna, por colocar em cheque a base econômico- obra escrava.
-social que sustentou a exploração econômica do
Brasil durante o regime colonial. Estão corretas apenas as afirmativas:
IV. Sofreu resistência dentro do próprio país, tendo em a) I e II.
vista que determinadas províncias, como o Grão-Pará b) I e III.
e o Maranhão, tinham mais vínculos com Lisboa do
c) II e IV.
que com o Rio de Janeiro.
d) I, II e III.
Estão corretas apenas as afirmativas:
e) II, III e IV.
a) I e III. A afirmativa III está errada, pois a vinda da Corte para o Brasil é conside-
rada um fator que preparou o terreno para a posterior independência. A
b) II e IV.
afirmativa IV, por sua vez, está errada porque os conflitos decorrentes da
c) I, II e IV. independência foram internos, entre as elites de províncias brasileiras
contra o novo regime político, e não entre a ex-colônia e a metrópole,
d) I, III e IV. as quais mantiveram-se governadas pela mesma família real.
e) II, III e IV.
A afirmativa I está incorreta, pois a independência não implicou em 4. IFBA-BA C2-H7
um regime político constitucional, e sim em uma monarquia, ainda
fortemente marcada por traços do absolutismo sob o poder de D. Pedro. “A separação do Brasil de Portugal, tal como a das colônias
norte-americanas da Inglaterra, e da América espanhola
da Espanha, pode ser explicada, até certo ponto, em ter-
2. Fuvest-SP – Considerando-se o intervalo entre o con- mos de uma crise geral – econômica, política e ideológica
texto em que transcorre o enredo da obra Memórias de – do velho sistema colonial em todo o mundo Atlântico, no
um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almei- final do século XVIII e no início do século XIX.”
da, e a época de sua publicação, é correto afirmar que
BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: da
a esse período corresponde o processo de:
independência a 1870. São Paulo: Ed. da Universidade de São
a) reforma e crise do Império Português na América. Paulo/Imprensa Oficial do Estado; Brasília, DF: Fundação
b) triunfo de uma consciência nativista e nacionalista Alexandre de Gusmão, 2001. v. 3. p. 228-230.
na colônia.
De acordo com a ideia apresentada no texto, a inde-
c) independência do Brasil e formação de seu Estado pendência do Brasil se relaciona com a:
nacional.
a) luta na América e na Europa contra as restrições
d) consolidação do Estado nacional e de crise do regime impostas pelo pacto colonial e pela liberdade de
monárquico brasileiro. comércio.
e) proclamação da república e instauração da Primeira b) vontade pessoal do príncipe regente, D. Pedro, que
República. abdicou ao trono brasileiro para assumir a monarquia
Questão interdisciplinar que envolve história e literatura brasileira. É portuguesa.
necessário que os alunos saibam que a publicação de Memórias de
um sargento de milícias deu-se em 1854, em meados do século XIX, c) invasão militar napoleônica às Américas portugue-
e que seu enredo é ambientado no período joanino. sa e hispânica, impondo a formação de um império
francês no continente.
d) radicalização da política colonial portuguesa e do mo-
3. PUC-RS – Considere as afirmações abaixo sobre a crise nopólio comercial durante a permanência da Corte
do antigo sistema colonial e a independência do Brasil portuguesa na colônia.
(1822). e) vinda da Corte portuguesa para a colônia, responsá-
I. O movimento intelectual chamado de Iluminismo vel pela antecipação e pelo pioneirismo brasileiro na
teve grande influência na crise do antigo sistema luta por independência na América.
colonial, pois, além de criticar as bases do Antigo No texto, o autor afirma que a independência do Brasil foi um evento
Regime, como o absolutismo monárquico e os pri- articulado a uma crise global que espalhava-se desde o fim do século
XVIII pela Europa e pela América. A crise do antigo sistema colonial,
vilégios da nobreza, condenava também o sistema

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como ficou conhecida, inseriu-se no contexto mais amplo de crise do
colonial e o monopólio comercial. Antigo Regime e das revoluções burguesas inspiradas nos princípios
II. Os conflitos na Europa decorrentes da expansão do Iluminismo.
do Império Napoleônico estiveram na base desse Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi-
processo, na medida em que Napoleão, tentando cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

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bloquear o acesso da Inglaterra ao mercado colonial Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das rela-
ibérico, invadiu Espanha e Portugal, precipitando, ções de poder entre as nações.
assim, o processo de independência da América.

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5. Unesp-SP – Os processos de independência política Na América espanhola, o fim do regime colonial resultou na formação
HISTÓRIA 2

no Brasil e na América hispânica: de diversos Estados-nações (Argentina, Uruguai, Bolívia e Chile, entre
outros). Já a antiga América portuguesa manteve-se unificada em uma
a) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que as única nação após o processo de independência.
riquezas brasileiras eram essenciais para a estabili-
dade econômica portuguesa e, no caso da América 6. Uece-CE – Acerca do processo de independência no
hispânica, a colônia pouco contribuía financeiramente Brasil, isto é, da separação política entre a colônia e a
com a Espanha. metrópole portuguesas em 1822, é correto afirmar-se
b) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que a que:
unidade territorial do Brasil foi mantida no Estado a) culminou juntamente com o processo da consolida-
independente e, na América hispânica, houve forte ção da unidade nacional.
fragmentação política.
b) foi marcado por um movimento propriamente nacio-
c) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de que nalista e revolucionário.
os principais líderes das lutas pela emancipação nacio-
nal eram os próprios representantes das metrópoles. c) representou a imagem tradicional da colônia em
guerra contra a metrópole.
d) diferem, entre outros motivos, pelo caráter pacífico,
sem qualquer combate armado, do processo brasi- d) resultou de uma reação conservadora provocada por
leiro, enquanto na América hispânica as lutas pela interesses comuns de certos setores da elite brasi-
emancipação se prolongaram por décadas. leira, bem como do imperador.
A independência do Brasil foi um acordo entre D. Pedro e as elites e
e) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de não colocou em questão estruturas sociais como a escravidão. Os gran-
que, nos dois casos, o apoio militar inglês e norte- des proprietários rurais foram privilegiados e houve estreitas relações
-americano contribuiu decisivamente para a derrota econômicas com Portugal.
das metrópoles.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFMG-MG – Analise estas duas representações do d) os artistas conseguem causar um mesmo efeito;
chamado Grito do Ipiranga, de 7 de setembro de 1822: descrever a independência do Brasil como um ato
solene, grandioso, sem participação popular e pro-
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO

tagonizado por D. Pedro.

8. PUC-RS
“Em 1822, a América espanhola, de independência con-
quistada em oposição a uma metrópole e suas Cortes em
muitos aspectos tidas por opressoras, agora plenamente
reconhecida por uma potência de primeira grandeza como
eram os Estados Unidos, ofereceria um modelo para a in-
dependência do Brasil.”
Independência ou morte, de Pedro Américo (1888).
PIMENTA, João Paulo. A independência do Brasil e a experiência
hispano-americana (1808-1822). São Paulo: Hucitec, 2015. p. 448.
MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS,
RIO DE JANEIRO

O caráter exemplar que a independência da América


espanhola representou, segundo o texto, para aque-
les que lutavam pela independência do Brasil pode ser
identificado, por exemplo, na:
a) capacidade de manter a coesão territorial da antiga
colônia, que acabou por gerar uma única e poderosa
nação.
b) subserviência imediata aos interesses comerciais
e políticos norte-americanos, que rapidamente se
Proclamação da independência, de François René-Moreaux (1844). impuseram sobre toda a América.
c) disposição de defender princípios emancipacionis-
A partir da análise dessas duas representações e con-
tas e enfrentar militar e politicamente as forças da
siderando-se outros conhecimentos sobre o assunto,
metrópole.
é correto afirmar que, em ambas:
d) possibilidade de estabelecer laços comerciais ime-
a) a disposição dos atores coletivos e individuais, bem diatos e lucrativos com as antigas colônias portugue-
como dos aspectos que compõem o cenário, é di- sas do litoral africano.
ferenciada e expressa uma visão particular sobre D.
Pedro; na primeira, como o protagonista central; na 9. Uerj-RJ
segunda, como líder de uma ação popular.
“Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, certo de que a
b) as mesmas concepções históricas e estéticas fun-
língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também

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damentam e explicam a participação dos mesmos
grupos sociais e personagens históricos; o príncipe, de que, por esse fato, o falar e o escrever, em geral, se
militares, mulheres, camponeses e crianças. veem na humilhante contingência de sofrer continua-
mente censuras ásperas dos proprietários da língua;
c) D. Pedro, embora seja o protagonista, se destaca de
usando do direito que lhe confere a Constituição, vem

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modo diferente; na primeira, ele recebe o apoio de
diversos grupos sociais; na segunda, a participação pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani
das camadas populares é mais restrita. como língua oficial e nacional do povo brasileiro. Senhores

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congressistas, o tupi-guarani, língua aglutinante, é a única tocracia. Forçado pelas circunstâncias, teve de

HISTÓRIA 2
capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação proclamar a independência.
com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nos- (04) No período colonial, ocorreram numerosos motins
sos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que e sedições, como a Aclamação de Amador Bueno,
aqui viveram e ainda vivem.” em São Paulo; a Guerra dos Emboabas e a Revolta
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma (1915). Rio de de Vila Rica, em Minas Gerais.
Janeiro: Mediafashion, 2008. (Adaptado) (08) A maçonaria no Brasil, no século XIX, defendia os
princípios liberais. As lojas maçônicas, em especial
A história narrada em Triste fim de Policarpo Quaresma as do Rio de Janeiro, tiveram papel importante no
se passa no momento de implantação do regime repu- movimento pela separação do Brasil de Portugal.
blicano no Brasil. Seu personagem principal, o Major
(16) A independência, proclamada por D. Pedro, foi
Quaresma, defende alguns projetos de reforma, um
aceita incondicionalmente por todas as províncias.
deles relatado no trecho citado.
Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
A justificativa do personagem para a adoção do tupi-
-guarani como língua oficial brasileira baseia-se na as-
13. Unifesp-SP – Realizada a emancipação política em
sociação entre nacionalidade e a ideia de:
1822, o Estado no Brasil:
a) valorização da cultura local. a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade
b) defesa da diversidade racial. dinástica, ao contrário do que ocorreu com os demais
c) preservação da identidade territorial. países da América do Sul.
d) independência da população autóctone. b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consoli-
dação, tal como ocorreu com os demais países da
10. Fuvest-SP – O reconhecimento da independência bra- América do Sul.
sileira por Portugal foi devido principalmente: c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo
a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atri- período monárquico e uma curta ocupação estrangeira.
buição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os
D. João VI. Estados Unidos, guerras externas e conflitos internos.
b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhan-
comerciais de 1810 com a Inglaterra. te ao argentino, apesar da forma exterior monárquica.
c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das
Cortes portuguesas. 14. Mackenzie-SP
d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o “A nação independente continuaria subordinada à economia
Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no colonial, passando do domínio português à tutela britânica.
Reino Unido. A fachada liberal construída pela elite europeizada ocultava
e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à In- a miséria e a escravidão da maioria dos habitantes do país.”
glaterra de indenização pelas invasões napoleônicas. Emília Viotti da Costa.
A interpretação correta do texto anterior sobre a inde-
11. Mackenzie-SP pendência brasileira seria:
“A independência brasileira é fruto mais de uma classe do a) a nossa independência caracterizou-se pelo proces-
que da nação tomada em seu conjunto.” so revolucionário que rompeu socialmente com o
Caio Prado Jr. passado colonial.
Identifique a alternativa que justifica e complementa b) a preservação da ordem estabelecida, isto é, escra-
o texto: vidão, latifúndios e privilégios políticos da elite, seria
a) a independência foi liderada pelas camadas popula- garantida pelo novo governo republicano.
res e acompanhada de profundas mudanças sociais. c) a rápida transformação da economia foi comandada
b) o movimento da independência foi uma ação da elite, pela elite política e econômica interessada na supe-
preservando seus interesses e privilégios. ração da ordem colonial.
c) os vários segmentos sociais uniram-se em função d) o espírito liberal de nossas elites não impediu que
da longa Guerra de Independência. elas mantivessem as estruturas arcaicas da escra-
vidão e do latifúndio, sendo a monarquia a garantia
d) os setores médios urbanos comandaram a luta, fazen-
de tais privilégios.
do prevalecer o modelo político dos radicais liberais.
e) o rompimento com a dependência inglesa foi inevitá-
e) a aristocracia rural não temia a participação da massa
vel, já que, após a independência, o governo passou
escrava no processo, extinguindo a escravidão logo
a incentivar o mercado interno e a industrialização.
após a independência.
15. PUC-MG – Sobre a independência do Brasil, é incorreto
12. UFSC-SC – Assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s)
afirmar que:
em relação ao processo de independência do Brasil e
some os números dos itens corretos: a) resultou de um processo político comandado pelos
grandes proprietários de terras.

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(01) A independência do Brasil, a sete de setembro de
1822, atendeu aos interesses da elite social do Bra- b) girou em torno de D. Pedro I com o objetivo de ga-
sil Colônia e da burguesia portuguesa favorecida rantir a unidade do país.
pelo decreto de Abertura dos Portos de 1808. c) proporcionou mudanças radicais na estrutura de pro-

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(02) A revolta em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, dução para beneficiar as elites.
liderada pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, d) continuou a produção a atender às exigências do
apressou os planos de D. Pedro, apoiado pela aris- mercado internacional.

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16. UFSM-RS (adaptado) – O quadro Independência ou uma forte adesão militar, popular e escravista à
HISTÓRIA 2

morte, de Pedro Américo, concluído em 1888, é uma re- emancipação.


presentação do 7 de setembro de 1822, quando o Brasil
rompeu com Portugal. Essa representação enaltece o 17. UFC-CE – A respeito da independência do Brasil, é
fato e enfatiza a bravura do herói D. Pedro, ocultando que: correto afirmar que:
a) o fim do pacto colonial, decretado na Conjuração Baia- a) implicou em transformações radicais da estrutura pro-
na, conduziu à ruptura entre Brasil e Portugal. dutiva e da ordem social sob o regime monárquico.
b) o processo de emancipação política se iniciara com a ins- b) significou a instauração do sistema republicano de
talação da Corte portuguesa no Brasil e que as medidas governo, como o dos outros países da América Latina.
de D. João puseram fim ao monopólio metropolitano. c) trouxe consigo o fim do escravismo e a implementa-
c) o Brasil continuara a ser uma extensão política e admi- ção do trabalho livre como única forma de trabalho
nistrativa de Portugal, mesmo depois do 7 de setembro. e o fim do domínio metropolitano.
d) a Abertura dos Portos e a Revolução Pernambucana d) implicou em autonomia política e em reformas modera-
se constituíram nos únicos momentos decisivos da das na ordem social decorrentes do novo status político.
separação Brasil-Portugal. e) decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joa-
e) a separação estava consumada e o processo es- quina e Pedro I, e teve como consequência imediata
tava completo, visto que havia, em todo o Brasil, a abertura dos portos.

ESTUDO PARA O ENEM

18. Enem C2-H9 e) da expulsão de vários líderes negros independentis-


“A transferência da Corte trouxe para a América portugue- tas, que defendiam a implantação de uma república
sa a família real e o governo da metrópole. Trouxe também, negra, a exemplo do Haiti.
e sobretudo, boa parte do aparato administrativo portu-
guês. Personalidades diversas e funcionários régios conti- 20. Enem C4-H16
nuaram embarcando para o Brasil atrás da Corte, dos seus “Após a independência, integramo-nos como expor-
empregos e dos seus parentes após o ano de 1808.” tadores de produtos primários à divisão internacional
NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O
no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Brasil especializou-se na produção, com braço escravo
importado da África, de plantas tropicais para a Europa
Os fatos apresentados se relacionam ao processo de e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento
independência da América portuguesa por terem:
de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos.
a) incentivado o clamor popular por liberdade. Éramos um país essencialmente agrícola e tecnicamen-
b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana. te atrasado por depender de produtores cativos. Não se
c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial. poderia confiar a trabalhadores forçados outros instru-
d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português. mentos de produção que os mais toscos e baratos. O
atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora.
e) provocado os movimentos separatistas das províncias.
Era do exterior que vinham os bens de consumo que
19. Enem C3-H13 fundamentavam um padrão de vida ‘civilizado’, marca
“No tempo da independência do Brasil, circulavam nas que distinguia as classes cultas e ‘naturalmente’ domi-
classes populares do Recife trovas que faziam alusão à re- nantes do povaréu primitivo e miserável. [...] E de fora
volta escrava do Haiti: vinham também os capitais que permitiam iniciar a
construção de uma infraestrutura de serviços urbanos,
‘Marinheiros e caiados
de energia, transportes e comunicações.”
Todos devem se acabar, SINGER, Paul. Evolução da economia e vinculação internacional.
Porque só pardos e pretos In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Org.). Brasil: um século de
transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 80.
O país hão de habitar.’ ”
AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Levando-se em consideração as afirmações acima, rela-
Recife: Cultura Acadêmica, 1907. tivas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da in-
dependência política (1822), é correto afirmar que o país:
O período da independência do Brasil registra conflitos
raciais, como se depreende: a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvi-
mento alcançado no período colonial.
a) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que cir-
culavam entre a população escrava e entre os mestiços b) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão
pobres, alimentando seu desejo por mudanças. e fundamentou a produção no trabalho livre.
b) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava c) se tornou dependente da economia europeia por
a rejeição à opressão da metrópole, como ocorreu realizar tardiamente sua industrialização em relação

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na Noite das Garrafadas. a outros países.
c) do apoio que escravos e negros forros deram à mo- d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi
narquia com a perspectiva de receber sua proteção introduzido no país sem trazer ganhos para a infraes-
contra as injustiças do sistema escravista. trutura de serviços urbanos.

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d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos e) teve sua industrialização estimulada pela Grã-
demonstravam contra os marinheiros, porque estes -Bretanha, que investiu capitais em vários setores
representavam a elite branca opressora. produtivos.

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HISTÓRIA 2
PRIMEIRO REINADO

O FILHO DO REI

MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO


• O filho do rei
• Divisões na elite
• Assembleia Constituinte
• Constituição Outorgada
de 1824
• Reconhecimento da inde-
pendência

HABILIDADES
• Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
• Analisar a atuação dos mo-
vimentos sociais que contri-
buíram para mudanças em
processos de disputa pelo
poder.
• Avaliar criticamente
Primeiros sons do Hino da Independência (1922), de Augusto Bracet. Óleo sobre tela, 190 cm × 250 cm. conflitos culturais, sociais,
A obra representa o momento em que D. Pedro I teria composto o Hino da Independência Brasileira (1822). políticos e econômicos.

Já podeis, da pátria filhos,


Ver contente a mãe gentil!
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!


Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.
[...]
Hino da Independência. Letra de Evaristo da Veiga e Música de D. Pedro I, 1822.
Disponível em: <www2.planalto.gov.br/conheca-a-presidencia/acervo/simbo-
los-nacionais/hinos/hino-da-independencia>. Acesso em: 11 set. 2018.

D. Pedro I foi uma figura controversa e ambígua, como o processo de indepen-

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dência. Ele foi o primeiro líder do país livre, responsável pela primeira Constituição
brasileira e supostamente o autor do Hino da Independência.
Chegou ao Brasil com menos de 10 anos e aqui viveu por vinte de seus trinta e
cinco anos de vida. Aos 24 anos, foi responsável pelos atos simbólicos de indepen-

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dência, atuou como líder no processo de transição, levou plebeus que havia conhecido
na boemia do Rio de Janeiro para o centro da Corte e estendeu até onde pôde sua
estadia no Brasil, Não houve confronto armado contra Portugal e o processo foi resol-

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vido politicamente e com o pagamento de indenizações. A guerra da independência


Segundo o pesquisador Neill Macaulay, D. Pedro I teria
HISTÓRIA 2

dito, ao abdicar: “Aqui está a minha abdicação; desejo Embora proclamada, a independência não foi aceita
que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um por todos. Até 1823, governadores de algumas pro-
país que amei e que ainda amo”. víncias se negavam a acatá-la, sendo apoiados por
tropas portuguesas. José Bonifácio se encarregou de

DIVISÕES NA ELITE organizar um exército. Adquiriu navios e contratou


mercenários estrangeiros, franceses e ingleses, prin-
A independência formal do Brasil é analisada por cipalmente.
muitos historiadores como um movimento elitista, re-
Mas a principal base na resistência armada contra
presentando um arranjo de interesses da elite agroex-
portadora, em grande parte membros da maçonaria, as tropas lusas foi constituída de milícias civis, con-
que estava associada aos capitalistas britânicos. vocadas em caso de necessidade. Os maiores con-
Os historiadores Mary del Priore e Renato Venancio frontos com tropas portuguesas ocorreram na Bahia
consideram essa visão incompleta, por não permitir e no Pará, justamente as províncias que abrigavam
vislumbrar divisões entre os membros dessa elite: grande número de comerciantes cujos interesses se
vinculavam a Portugal. Houve lutas ainda no Rio
[...] pois para compreendermos a especificidade
de Janeiro, no Maranhão, Piauí, Rio Grande do Sul,
de nosso processo de independência, é necessário
em São Paulo e na Cisplatina, mas, em todos os ca-
lembrarmos que ele conviveu com outros projetos
sos, o povo foi sempre usado como “bucha de ca-
alternativos, pois, há muito, uma elite colonial as-
nhão”, ou seja, não lhe cabia conduzir ou discutir
pirava à ruptura com Portugal. Tais propostas de
o processo de independência, mas somente lutar.
independência, contudo, tinham uma forte marca
regional, como fica claro na denominação de duas A participação popular se revestiu de um nativis-
delas: a Inconfidência Mineira e a Revolução Per- mo radical dirigido contra a figura do português. A
nambucana (ocorrida em 1817). ideia de “nação” não passava de uma ideia artificial
DEL PRIORE, Mary; VENANCIO, Renato. Uma breve história do
tanto para o povo quanto para as elites. Não havia
Brasil. São Paulo: Planeta, 2010. p. 164. integração nacional: a economia mantinha-se volta-
da para o exterior e as relações das províncias com a
A presença da Corte no Rio de Janeiro, entre 1808 e
Europa eram muito mais fortes que as relações das
1821, projetou um modelo de independência que foi cana-
províncias entre si.
lizado posteriormente para a figura do príncipe D. Pedro.
Com o auxílio de José Bonifácio, D. Pedro buscou D. Maria Quitéria de Jesus lutou em defesa do impe-
reorganizar o Estado. No entanto, deu continuidade à rador contra as tropas fiéis a Portugal. Por seus atos
burocracia vigente no governo de D. João, a qual, por de bravura em combate na Bahia, foram-lhe confe-
sua vez, foi herdada de Lisboa. ridas as honras de 1º Cadete, sendo recebida no dia
Um desdobramento imediato desse fato foi que 20 de agosto, no Rio de Janeiro, pelo imperador em
o Brasil manteve a integridade territorial do período pessoa, que a condecorou com a Imperial Ordem do
colonial, diferentemente do que ocorreu na América Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com o seguinte pro-
espanhola, onde houve grande fragmentação do terri- nunciamento:
tório, dando origem a muitos Estados soberanos. “Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o
distintivo que assinala os Serviços Militares que com
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO

denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à


Causa da Independência deste Império, na porfiosa
restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe
o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial
do Cruzeiro.”
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. São Paulo: Ed. da
Unesp; Salvador: Ed. da UFBA, 2001.

ASSEMBLEIA CONSTITUINTE

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Em dezembro de 1822, D. Pedro foi reconhecido
imperador do Brasil, tornando-se D. Pedro I. Em 1823,
convocou eleições para a organização de uma Assem-
Maria Quitéria (1920),

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de Domenico Failutti.
bleia Constituinte com a função de elaborar uma Cons-
Óleo sobre tela, tituição para o país, firmando a autonomia em relação
155 cm × 253,5 cm.
a Portugal.

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ARQUIVO NACIONAL, RIO DE JANEIRO

ARQUIVO NACIONAL, RIO DE JANEIRO

HISTÓRIA 2
Capa da Constituição de 1824. Juramento de D. Pedro I à Constituição de 1824.

Os trabalhos constituintes indicavam o caminho para A Constituição de 1824 estabelecia:


uma Magna Carta de caráter elitista, que restringia as atri- • uma monarquia unitária;
buições de D. Pedro. Os desentendimentos logo vieram • um governo monárquico, hereditário, constitucio-
à tona e criou-se um impasse, pois o imperador não acei- nal e representativo;
tava as limitações a seus poderes. Ao abrir os trabalhos • o catolicismo como religião oficial;
constituintes, declarou que esperava uma Constituição
• a submissão da Igreja ao Estado;
digna do Brasil e dele. O anteprojeto constitucional apro-
• o voto censitário e descoberto;
vado pela Assembleia, conhecido como Constituição da
• eleições indiretas por meio dos eleitores de paró-
Mandioca ou Projeto Antônio Carlos, foi recusado pelo
imperador, pois limitava seus poderes no âmbito legis- quia e de província. Eleitores de paróquia elegiam
lativo e restringia os direitos políticos dos portugueses. eleitores de província e, estes, os deputados;
Em 11 de dezembro de 1823, o imperador orde- • quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário
nou o cerco ao prédio onde funcionava a Assembleia e Moderador. O Executivo era de competência do
Constituinte. imperador e de seus ministros. O Legislativo era
Em resposta, os deputados recusaram-se a deixar exercido pela Assembleia Geral, composta pela Câ-
o local, onde permaneceram até o dia seguinte, no epi- mara dos Deputados (eleita por quatro anos) e pelo
sódio que ficou conhecido como Noite da Agonia. Com Senado (vitalício). O Judiciário era exercido pelo Su-
a pressão de D. Pedro I, a Assembleia foi dissolvida e o premo Tribunal de Justiça. O Moderador, poder pes-
imperador afirmou que apresentaria uma Constituição soal e exclusivo do imperador, era a chave de todo o
para o país. Após a dissolução da Constituinte, que sistema, à medida que legalizava seu autoritarismo
marcou a ruptura do imperador com a aristocracia ru- e permitia a existência do conselho de Estado, vita-
ral brasileira, a crise política seria quase permanente. lício e nomeado pelo imperador. Esse quarto poder
José Bonifácio, braço direito do imperador, preferiu o ficava acima dos demais e zelava pela harmonia do
exílio diante da manifestação de absolutismo, a qual Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
ficou ainda mais evidente quando D. Pedro I constituiu Na prática, D. Pedro I passava a controlar todos os

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um conselho de Estado para redigir uma Constituição. poderes por meio desse expediente.

CONSTITUIÇÃO OUTORGADA DE 1824 RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA


Dissolvida a Assembleia Constituinte, D. Pedro I Embora a proclamação de independência do Brasil

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nomeou um conselho de Estado composto por dez tenha ocorrido em setembro de 1822, o reconheci-
integrantes a fim de elaborar a Constituição, a qual mento da autonomia por outros países só aconteceu
seria outorgada em 5 de março de 1824. pela primeira vez em 1824, quando os Estados Unidos,

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inspirados na Doutrina Monroe, reconheceram o Brasil

PINACOTECA DO ESTADO, SÃO PAULO


como país independente.
HISTÓRIA 2

Na Europa, essa relutância se dava porque Portugal


não o fazia, situação que perdurou até 1825, quando
foram concluídas as negociações entre os governos
brasileiro e português, mediadas pela Inglaterra. O
Brasil assumiu uma dívida de 2 milhões de libras com
a Inglaterra, recurso esse repassado a Portugal como
indenização.

Decreto
Achando-se mutuamente ratificado o tratado assinado
nesta Corte aos vinte e nove de agosto do ano próxi-
mo passado pelos meus plenipotenciários e o senhor
D. João Sexto, rei de Portugal e Algarves, meu augus-
to pai, mediante o qual pondo-se o desejado termo a
guerra que infelizmente se fizera necessária entre os
dois Estados, foi justamente reconhecida a plena in-
dependência da nação brasileira, e a suprema digni-
dade, a que fui elevado pela unânime aclamação dos
D. Pedro I, duque de Bragança (c. 1798), de John Simpson. Óleo sobre
povos, com a categoria de Imperador Constitucional,
tela, 129,8 cm × 102 cm. Detalhe.
e seu Defensor Perpétuo; hei por bem ordenar que se
dê ao dito tratado a mais exata observância e execução, Artigo primeiro
como convém à santidade dos tratados celebrados en-
SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA reconhece o Bra-
tre as nações independentes e a inviolável boa-fé, com
sil na categoria de império independente, e sepa-
que são firmados, o visconde de Inhambupe de Cima,
rado dos reinos de Portugal e Algarves; e a seu
do meu Conselho de Estado, ministro e secretário dos
sobre todos muito amado, e prezado filho DOM
Negócios Estrangeiros, o tenha assim entendido, e faça
PEDRO por imperador, cedendo, e transferindo
executar, expedindo as devidas participações e exem-
de sua livre vontade a soberania do dito império
plares impressos para as estações competentes desta
ao mesmo seu filho e a seus legítimos sucessores,
Corte e províncias do império, com as ordens mais po-
SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA toma somente e
sitivas para que se cumpram e guardem como neles se
reserva para a sua pessoa o mesmo título.
contem. Palácio do Rio de Janeiro em dez de abril de
D. PEDRO I. Reconhecimento da Independência do Brasil por
mil oitocentos e vinte e seis. Portugal. Disponível em: <goo.gl/AbqRW9>.
Com a rubrica de SUA MAJESTADE IMPERIAL Acesso em: 15 nov. 2018.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
PRIMEIRO REINADO

1822

D. Pedro I foi declarado imperador do Brasil.

Reconhecimento da
independência

Apenas em 1825, mediante o pagamento de 2 milhões de libras a Portugal, a título de indenização.

1823

Organização da Assembleia Constituinte.

Constituição de 1823

De caráter elitista, restringia as atribuições de D. Pedro (limitava seus poderes no âmbito legislativo), além

de restringir os direitos políticos dos portugueses. Assembleia Constituinte dissolvida por D. Pedro.

Constituição de 1824

Noite da Agonia.

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Tendência absolutista.

Instalação do Poder Moderador.

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Catolicismo como religião oficial.

Relação Estado-Igreja (padroado).

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. Unesp-SP – A primeira Constituição brasileira, de 4. Ufal-AL


1824, foi: “Estabelecido no Brasil pela Constituição Imperial de 1824,
a) aprovada pela Câmara dos Deputados e estabeleceu outorgada pelo imperador Dom Pedro I e posteriormente
o voto censitário. referendada pelas então poderosas Câmaras Municipais
b) imposta por Portugal e determinou o monopólio por- do império, era definido, nos termos da própria Constitui-
tuguês do comércio colonial. ção, como ‘a chave de toda a organização política’, sendo
c) outorgada pelo imperador e definiu a existência de ‘delegado privativamente ao imperador, como chefe su-
quatro poderes. premo da nação, e seu primeiro representante, para que
d) promulgada por uma Assembleia Constituinte e con- incessantemente vele sobre a manutenção da indepen-
centrou a autoridade no Poder Executivo. dência, equilíbrio, e harmonia dos mais poderes políticos’.”
e) determinada pela Inglaterra e estabeleceu o fim do Artigo 98. Disponível em: <www.causaimperial.org.br>.
tráfico de escravos. Acesso em: 9 dez. 2013. (Adaptado)
A primeira Constituição brasileira foi outorgada por D. Pedro I em O texto se refere ao poder:
1824 e instituía a existência de quatro poderes no Brasil. Além dos
tradicionais poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, havia um a) Executivo.
quarto, o Moderador. Este era exclusivo do imperador e permitia-lhe
ter, na prática, o controle dos demais.
b) Judiciário.
c) Moderador.
d) Legislativo.
2. Uece-CE – Observe o seguinte enunciado: e) Divino.
“Com a dissolução da Assembleia Constituinte, em 12 de O texto faz referência ao Poder Moderador, exclusivo do imperador
novembro de 1823, aumentou a insatisfação com o gover- e por meio do qual ele poderia se sobrepor aos demais poderes.
no de D. Pedro I, sobretudo no Nordeste. Em 2 de julho de
1824, em Pernambuco, Manuel Carvalho Paes de Andrade 5. Unesp-SP – O Brasil assistiu, nos últimos meses de
lança o manifesto que dá origem ao movimento. Contu- 1822 e na primeira metade de 1823:
do, antes da manifestação ocorrida no Recife, apoiada por a) ao reconhecimento da independência brasileira pelos
Cipriano Barata e por Joaquim da Silva Rabelo (o frei Ca- Estados Unidos, pela Inglaterra e por Portugal.
neca), ambos experientes revoltosos, a Província do Ceará b) ao esforço do imperador para impor seu poder às
já tinha sua manifestação contrária ao imperador, ocorrida províncias que não haviam aderido à independência.
no município de Nova Vila do Campo Maior (hoje Quixe- c) à libertação da Província Cisplatina, que se tornou
ramobim), em 9 de janeiro de 1824 e liderada por Gonçalo independente e recebeu o nome de Uruguai.
Inácio de Loyola Albuquerque e Melo (o padre Mororó)”. d) à pacífica unificação de todas as partes do território
O movimento ocorrido no Brasil durante o império a que nacional, sob a liderança do governo central, no Rio
o enunciado acima se refere é denominado: de Janeiro.
e) à confirmação, pelas Cortes portuguesas e pela As-
a) Revolução Pernambucana. sembleia Constituinte, do poder constitucional do
b) Revolução Praieira. imperador.
c) Contestado. Até 1823, governadores de diversas províncias negaram-se a acatar a
independência, sendo apoiados por tropas portuguesas. A Bahia e o
d) Confederação do Equador. Pará foram os dois principais focos de conflito. O império empregou
milícias civis e mercenários europeus nos combates.
O enunciado refere-se à Confederação do Equador, revolta que
ocorreu em Pernambuco em 1824 e tinha caráter liberal, separa-
tista e republicano.
6. Uespi-PI C5-H24
Em 1988, foi promulgada, através da Assembleia Cons-
3. Uece-CE tituinte eleita pelo voto popular, a Constituição conhe-
“Tivemos nossas guerras de independência, só que não cida como “Constituição Cidadã”. Mas nem todas as
para realizá-la, mas sim para sustentá-la”. Constituições brasileiras tiveram essa feição, a exemplo
da outorgada em 1824 por D. Pedro I, pela qual:
FRANCES, Daniel. História do Brasil. Fortaleza:
Premius, 2004. p. 187. a) foi instituído o Poder Moderador.
A partir da frase anterior, entende-se que a indepen- b) se extinguiu o Poder Judiciário.
dência brasileira de 1822 representou: c) consolidou-se a vitória do Partido Brasileiro.
a) uma ruptura completa com a metrópole colonizadora d) estabeleceu-se a separação entre os poderes ecle-
e a vitória dos grupos defensores da república no siástico e civil.
Brasil. e) se conseguiu o desenvolvimento do que se conven-
b) um ato político-administrativo, porém, na prática, a cionou chamar de questão militar.
continuidade da ordem econômica e social. Diferentemente da Constituição de 1988, a primeira Constituição bra-

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sileira, de 1824, não contou com a participação popular e instituiu o
c) a ruptura da ordem econômica com a abolição da Poder Moderador, o qual conferia ao imperador o poder de decidir
escravatura e o fim da estrutura do latifúndio. sobre os outros três poderes.
d) a diminuição radical dos desníveis socioeconômicos Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
herdados do período colonial. e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo

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O trecho sugere que a independência de 1822 não tornou o Brasil uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
de fato independente, o que se articula com o descrito na alterna- Habilidade: Relacionar cidadania e democracia na organização das
tiva correta. sociedades.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

HISTÓRIA 2
7. Uece-CE – Atente ao que se diz a respeito dos dois c) conferiu ao imperador grandes poderes, estabelecen-
partidos políticos denominados Partido Português e Par- do uma monarquia de caráter absolutista.
tido Brasileiro, considerando os acontecimentos que d) estabeleceu uma monarquia parlamentar, seguindo
culminaram com o processo de emancipação política o modelo clássico do parlamentarismo inglês.
brasileira de 1822. e) criou o Poder Moderador, que funcionava como um
I. O Partido Português, composto em sua maioria por agente fiscalizador da harmonia e independência dos
comerciantes portugueses, gostaria de ver mantidos demais poderes.
os privilégios a eles proporcionados pela estrutura
colonial e desejava o retorno de Dom Pedro a Por- 10. FGV-SP – Observe o mapa:
tugal para que as medidas recolonizadoras fossem
aplicadas.
GRANDE COLÔMBIA
II. O Partido Brasileiro reunia burocratas, grandes pro- GUIANA
prietários de terras, advogados e investidores urba-
nos nascidos no Brasil. Esse grupo foi privilegiado
pela abertura dos portos de 1808 e gostaria que São Luís
Manaus
fosse mantida a elevação do Brasil a Reino Unido a Belém

Portugal e Algarves. PARÁ


MARANHÃO CEARÁ RIO
GRANDE
Acerca das duas proposições acima, é correto afirmar DO NORTE
PARAÍBA
que: PIAUÍ
PERNAMBUCO
PERU ALAGOAS
a) ambas são verdadeiras. SERGIPE
IMPÉRIO Salvador
b) I é falsa e II é verdadeira. MATO GROSSO
DO BRASIL
BAHIA
c) ambas são falsas. La Paz GOIAS
d) I é verdadeira e II é falsa.
MINAS
Sucre GERAIS
OCEANO
8. PUC-RS – Sobre a situação econômica e financeira do ATLÂNTICO

Brasil durante o Primeiro Reinado, é incorreto afirmar que: PARAGUAI SÃO PAULO Rio de Janeiro

a) o Brasil passava por uma forte crise no comércio de Assunção

exportação devido à queda das suas vendas externas SANTA CATARINA


PROVÍNCIAS UNIDAS
de açúcar no mercado europeu. DO RIO DA PRATA RIO GRANDE Fronteiras internacionais
DO SUL
b) a situação brasileira se agravou na medida em que, Fronteiras provinciais
CHILE CISPLATINA
depois do declínio da produção aurífera colonial, a Santiago Montevidéu
Regiões leais a Lisboa

Inglaterra perdeu o interesse de ser parceira comer- Buenos Aires


Zonas de conflito

cial do Brasil.
c) o imperador D. Pedro I fazia gastos excessivos e Armelle Enders. A nova história do Brasil. p. 109.
não voltados ao desenvolvimento econômico, como
o financiamento da Guerra da Cisplatina, além de Os dados do mapa mostram que a emancipação política
existirem problemas na arrecadação de impostos. do Brasil:
d) o café, que seria o grande produto brasileiro de ex- a) efetivou-se com o chamado Grito do Ipiranga, porque
portação no século XIX, ainda não ocupava espaço todas as províncias do Brasil, imediatamente, passa-
significativo no comércio exterior do país. ram a obedecer às ordens vindas do Rio de Janeiro
e) havia grande carência em transportes, que, aliada na pessoa do imperador Dom Pedro I e romperam
às dimensões continentais do território brasileiro, todos os laços com as Cortes de Lisboa, defensoras
dificultava a integração econômica do novo país e o da recolonização brasileira.
adequado aproveitamento de suas riquezas naturais. b) ocorreu de forma homogênea, com a divisão da li-
derança do movimento emancipacionista entre os
9. IFBA-BA principais comandos regionais do Brasil e com a
constituição de acordos políticos que garantiram a
“Havendo esta assembleia perjurado ao tão solene jura- unidade territorial e a efetivação do federalismo.
mento, que prestou à nação, de defender a integridade do
c) dividiu as regiões brasileiras entre as defensoras de
império, sua independência e a minha dinastia: hei por
uma emancipação vinculada ao fim do tráfico de es-
bem, como imperador e defensor perpétuo do Brasil, dis- cravos, caso das províncias do Norte e do Nordeste,
solver a mesma assembleia e convocar já uma outra [...] a e as províncias do Centro-Sul, contrárias à separação
qual deverá trabalhar sobre o projeto de Constituição que definitiva de Portugal e favoráveis à constituição de
eu hei de em breve apresentar.” uma monarquia dual.
Decreto de D. Pedro I, de 12 de novembro de 1823. Apud BENE- d) foi um processo complexo, no qual não houve adesão
VIDES, P.; VIEIRA, R. A. A. Textos políticos da história do Brasil. imediata de algumas províncias ao Rio de Janeiro,
Fortaleza: Ed. da UFCE, s/d. p. 124. representado pelo poder do imperador Dom Pedro I,

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pois essas províncias continuaram fiéis às Cortes de
A Constituição outorgada por D. Pedro I, em 1824, foi
Lisboa, levando a guerras de independência.
criticada pelos brasileiros, principalmente, porque:
e) diferencia-se radicalmente das experiências da América
a) garantiu a indissolubilidade ao Poder Legislativo e o espanhola porque a América portuguesa obteve a sua

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direito de vetar projetos imperiais. independência sem que houvesse qualquer movimento
b) estabeleceu o sufrágio universal e a periodicidade de resistência armada por parte dos colonos ou da
dos poderes Legislativo e Judiciário. metrópole, interessados em uma separação negociada.

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11. Uece-CE – Sobre o processo que resultou no pronun- Assinale a alternativa:


HISTÓRIA 2

ciamento de D. Pedro I, no dia 9 de janeiro de 1822, a) se I, II e III forem corretas.


para a multidão reunida diante do Paço Imperial (o Dia
do Fico), considere as seguintes afirmações: b) se apenas II e III forem corretas.
I. O processo representou o desacordo com Portugal, c) se apenas I e II forem corretas.
que exigia o seu regresso a Lisboa. d) se apenas I e III forem corretas.
II. O processo representou o fortalecimento do Partido e) se apenas a I for correta.
Brasileiro, explícito na composição do novo ministério.
III. O processo representou o rompimento dos laços 14. UFSC-SC – Sobre o Primeiro Reinado brasileiro
políticos formais com Portugal. (1822-1831), é correto afirmar que:
É correto o que se afirma: (01) O rápido crescimento econômico do país após a
a) em I, II e III. independência, baseado na consolidação do café
como principal produto nacional de exportação,
b) apenas em I. garantiu a estabilidade política que caracterizou
c) apenas em III. o reinado de D. Pedro I.
d) apenas em I e III. (02) Ao estabelecer o sufrágio censitário, a primeira
Constituição brasileira, promulgada em 1824, sus-
12. FGV-SP – No Brasil, durante o Primeiro Império, a si- tentava a tese liberal de que “todos os homens
tuação financeira era precária pelo fato de que: nascem livres e iguais”.
a) o comércio de importação entrou em colapso com (04) A Confederação do Equador, que eclodiu no Nor-
a vinda da família real (1808). deste em 1824, foi um movimento revolucionário
b) os Estados Unidos faziam concorrência aos nossos de tendência liberal, separatista e republicana.
produtos, especialmente o açúcar. (08) A oposição interna contra D. Pedro I reduziu-se
c) os principais produtos de exportação – açúcar e al- com a conquista da Província Cisplatina, ocorri-
godão – não eram suficientes para o equilíbrio da da após a guerra travada entre 1825 e 1828 que
balança comercial do país. resultou na separação da República da Banda
Oriental do Uruguai.
d) o capitalismo inglês se recusava a fornecer emprés-
timos para a agricultura. (16) Após a ruptura definitiva com Portugal em se-
tembro de 1822, grupos políticos alinhados com
e) o sistema bancário era praticamente inexistente, só
a Corte portuguesa resistiram ao comando de D.
tendo sido fundado o Banco do Brasil em 1850.
Pedro I em algumas províncias do império.
13. IFSP-SP – Compare os dois excertos dados: Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
“D. Pedro I, por graça de Deus e unânime aclamação dos
povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do 15. Uepa-PA – Leia o texto para responder à questão.
Brasil: fazemos saber a todos os nossos súditos, que tendo-
“[...] Sendo pois chegada a época de ver o Brasil a justi-
-nos requerido os povos deste império, junto em câmaras,
ça da sua causa de acordo com os interesses e as vistas
que nós quanto antes jurássemos e fizéssemos jurar o pro-
de Inglaterra não cessarei de lembrar a V. Sra. quanto
jeto da Constituição [...]”
importa aproveitar tão felizes circunstâncias; elas são
Preâmbulo da Constituição Política do Império Brasileiro, 1824. tão favoráveis que, sendo manejadas com aptidão e ha-
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em As- bilidade de V. Sra., darão em resultado o reconhecimen-
sembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado to pronto e formal deste império pela Inglaterra, sem
democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos talvez haver precisão de o fazer dependente de condi-
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, ções algumas; pois bem longe de estarmos agora em
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores circunstâncias de propor e pedir, mui pelo contrário, a
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem pre- própria Inglaterra sentirá por si mesma a necessidade
conceitos [...] promulgamos, sob a proteção de Deus, a se- de reconhecer a nossa independência e contrabalançar
guinte Constituição [...]” a influência do governo [francês], que ora domina os
Preâmbulo da Constituição da República conselhos de Madrid e de Lisboa [...]”
Federativa do Brasil, 1988. Arquivo da Independência, v. I. p. 56.
I. As duas Constituições foram feitas por Assembleias
Constituintes (no século XIX, chamadas de câmaras) A correspondência de Carvalho e Mello, secretário
e, portanto, as duas Cartas foram promulgadas. dos Negócios Estrangeiros do Brasil em 1824, revela
características da diplomacia brasileira no sentido do
II. Na primeira Constituição brasileira há a ideia de
que o Poder Executivo existe pela graça de Deus, reconhecimento da independência. No texto, fica evi-
enquanto na atual a Assembleia Constituinte se co- dente o interesse em:
locou sob a proteção de Deus. a) utilizar o cenário político europeu favoravelmente ao

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III. A Constituição imperial trazia quatro poderes, sendo Brasil.
o Poder Moderador o mais importante, pois dele b) oferecer a abolição do tráfico negreiro como con-
dependiam os outros poderes; na Constituição de dição.
1988, não se apresenta a superioridade de nenhum c) resistir ao pagamento de indenização em dinheiro.

conveniados ao Sistema de Ensino


poder sobre os demais, pois tornou-se fundamen-
tal, à época, a busca da igualdade perante a lei e a d) buscar fazer acordo com Portugal e Espanha.
prática da justiça. e) participar do jogo de alianças internacionais.

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16. UFRRJ-RJ – Leia os textos a seguir, reflita e responda: d) o Poder Moderador era atribuição exclusiva do im-

HISTÓRIA 2
perador, conferindo a ele proeminência sobre os
“Após a independência política do Brasil, em 1822, era ne- demais poderes.
cessário organizar o novo Estado, fazendo leis e regula-
e) o Poder Executivo seria exercido pelos ministros de
mentando a administração por meio de uma Constituição. Estado, tendo estes total controle sobre o Poder
Para tanto, reuniu-se, em maio de 1823, uma Assembleia Moderador.
Constituinte composta por 90 deputados pertencentes à
aristocracia rural. [...] Na abertura dos trabalhos, o impera- 17. Unicamp-SP
dor D. Pedro I revelou sua posição autoritária, comprome- “Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi o
tendo-se a defender a futura Constituição desde que ela desejo de autonomia literária, tornado mais vivo depois da
fosse digna do Brasil e dele próprio.” independência. […] O Romantismo apareceu aos poucos
como caminho favorável à expressão própria da nação
VICENTINO, C.; DORIGO, G. História geral do Brasil.
São Paulo: Scipione, 2001.
recém-fundada, pois fornecia concepções e modelos que
permitiam afirmar o particularismo, e portanto a identida-
A independência política do Brasil, em 1822, foi cercada de, em oposição à metrópole […].”
de divergências, entre elas o desagrado do imperador CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo:
com a possibilidade, prevista no projeto constitucional, Humanitas, 2004. p. 19.
de o seu poder vir a ser limitado, o que resultou no Tendo em vista o movimento literário mencionado no
fechamento da Constituinte em novembro de 1823. trecho acima e seu alcance na história do período, é
Uma comissão, então, foi nomeada por D. Pedro I para correto afirmar que:
elaborar um novo projeto constitucional, outorgado por
a) o nacionalismo foi impulsionado na literatura com a
este imperador em 25 de março de 1824. vinda da família real em 1808, quando houve a intro-
Em relação à Constituição imperial de 1824, é correto dução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros
afirmar que nela: livros circularam no país.
b) o indianismo ocupou um lugar de destaque na afirma-
a) foi consagrada a extinção do tráfico de escravos ção das identidades locais, expressando um viés de-
devido à pressão da sociedade liberal do Rio de cadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.
Janeiro.
c) os autores românticos foram importantes no período
b) foi introduzido o sufrágio universal somente para os por produzirem uma literatura que expressava aspec-
homens maiores de 18 anos e alfabetizados, man- tos da natureza, da história e das sociedades locais.
tendo a exigência do voto secreto.
d) a população nativa foi considerada a mais original
c) foi abolido o padroado, assegurando ampla liberdade dentro do Romantismo e, graças à atuação dos lite-
religiosa a todos os brasileiros natos, limitando os ratos, os indígenas passaram a ter direitos políticos
cultos religiosos aos seus templos. que eram vetados aos negros.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C1-H2 19. Enem C5-H22
“É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, da ca-
“Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde
pital do império a mais remota e insignificante de suas
Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidá-
aldeolas, congrega-se unânime para comemorar o dia
rios prepararam uma série de manifestações a favor do
que o tirou dentre as nações dependentes para colocá-
imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e lu-
-lo entre as nações soberanas, e entregou-lhe os seus
minárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março,
destinos, que até então haviam ficado a cargo de um
povo estranho.” tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como
Gazeta de Notícias, 7 set. 1883. a Noite das Garrafadas, durante os quais os ‘brasileiros’
apagavam as fogueiras ‘portuguesas’ e atacavam as casas
As festividades em torno da independência do Brasil iluminadas, sendo respondidos com cacos de garrafas
marcam o nosso calendário desde os anos imediata- jogadas das janelas.”
mente posteriores ao 7 de setembro de 1822. Essa
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil imperial.
comemoração está diretamente relacionada com:
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. (Adaptado)
a) a construção e manutenção de símbolos para a for-
mação de uma identidade nacional. Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracteriza-
b) o domínio da elite brasileira sobre os principais car- ram pelo aumento da tensão política. Nesse sentido, a
gos políticos, que se efetivou logo após 1822. análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no
c) os interesses de senhores de terras que, após a Rio de Janeiro revela:

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independência, exigiram a abolição da escravidão. a) estímulos ao racismo.
d) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo b) apoio ao xenofobismo.
imperial para a expulsão de estrangeiros do país.
c) críticas ao federalismo.

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e) a consciência da população sobre os seus direitos
adquiridos posteriormente à transferência da Corte d) repúdio ao republicanismo.
para o Rio de Janeiro. e) questionamentos ao autoritarismo.

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20. Enem C5-H24 A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do


HISTÓRIA 2

“Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais: contexto histórico de sua formulação. A Constituição
de 1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se com-
brasileiros” com o objetivo de garantir:
preendam os casados, e oficiais militares, que forem maio-
res de vinte e um anos, os bacharéis formados e clérigos de a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política
brasileira.
ordens sacras. [...]
b) a ampliação do direito de voto para a maioria dos
IV. Os religiosos, e quaisquer que vivam em comunidade brasileiros nascidos livres.
claustral. [...] c) a concentração de poderes na região produtora de
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis café, o Sudeste brasileiro.
por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.” d) o controle do poder político nas mãos dos grandes
Constituição Política do Império do Brasil (1824). proprietários e comerciantes.
Disponível em: <legislação.planalto.gov.br>. e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas
Acesso em: 27 abr. 2010. (Adaptado) decisões político-administrativas.

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CRISE NO PRIMEIRO

HISTÓRIA 2
REINADO

CRISE NA POLÍTICA, CRISE NA CORTE


• Crise na política, crise na
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Corte
• Crise política
• Política externa
• Abdicação do imperador

HABILIDADES
• Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais
que contribuíram para
mudanças em processos de
disputa pelo poder.
• Avaliar criticamente
Retrato de D. Pedro I (1925), de conflitos culturais, sociais,
Oscar Pereira da Silva. Óleo sobre políticos e econômicos.
tela, 180 cm × 180 cm.

Como vimos nos módulos anteriores, a independência brasileira foi pacífica ape-
nas no que se refere aos confrontos contra a antiga metrópole. O fato de a transição
ter sido feita pelo filho do rei ajudou nesse aspecto. Porém, internamente, a situação
foi diferente.
Desde os tempos da colônia, era mais rápido e fácil se comunicar e fazer co-
mércio com a metrópole, do outro lado do Atlântico, do que com outras partes
da colônia. Por exemplo: havia mais trocas de informações, produtos e pessoas
entre Pernambuco e Lisboa do que entre Pernambuco e São Paulo ou mesmo
Salvador. O Brasil nunca havia sido um só; o único ponto em comum era a sub-
missão à Coroa portuguesa.
Nos primeiros anos da independência, a tendência era de desagregação. Cada
canto do país, especialmente o Nordeste, tinha os próprios projetos e não desejava
trocar a submissão a Portugal pela subserviência ao Rio de Janeiro. Portanto, do
início ao fim, o Primeiro Reinado foi uma grande e permanente crise política.

CRISE POLÍTICA
Após a dissolução da Assembleia e a outorga da Constituição, membros des-

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contentes da elite nordestina logo manifestaram-se contra o estabelecido pelo im-
perador. Em 1824, eclodiu a Confederação do Equador. Províncias do Nordeste, de
Pernambuco ao Ceará, declararam-se independentes do restante do Brasil, formando

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os Estados Confederados do Equador, uma república nordestina.

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Confederação do Equador De imediato, D. Pedro I enviou tropas, incluindo


um exército mercenário, exigindo a rendição dos re-
HISTÓRIA 2

50º O
belados. A repressão foi violenta. Entre os líderes
Parnaíba
atingidos, destaca-se a execução de frei Caneca.
Campo Maior Essa atuação de D. Pedro I rendeu-lhe vários desa-
Natal fetos, iniciando seu processo de isolamento político
Pilar
Itabaiana João Pessoa e sua impopularidade. O desgaste atingiria, ainda, a
Goiana
Olinda política externa.
Recife

POLÍTICA EXTERNA
O governo argentino reclamava o controle da Pro-
víncia Cisplatina, incorporada ao território brasileiro à
época de D. João VI. Tropas argentinas entraram na
OCEANO região, iniciando a Guerra da Cisplatina (1825-1828).
ATLÂNTICO
O Brasil endividou-se e o resultado da campanha não
lhe foi favorável, pois a área tornou-se independente,
passando a ser chamada Uruguai. O episódio contribuiu
para aumentar as críticas ao imperador.
Trópico de Capricórnio
A morte de D. João VI em Portugal colocou D. Pedro I
Rio de Janeiro
na linha de sucessão ao trono português, mas este re-
Províncias nunciou em nome de sua filha, Maria da Glória. O irmão
rebeladas
NO
N
NE
Escala aproximada
1: 33 000 000
do imperador, D. Miguel, que também pretendia o trono,
Núcleos
revolucionários
O L 0 330 660 km deu um golpe nas Cortes, com o apoio de defensores
do absolutismo. Ao saber dos fatos, D. Pedro I procurou
SO SE
Forças de S Cada cm = 330 km
repressão
ajudar os partidários da filha contra o irmão.
Ao mesmo tempo que os rebeldes tentavam agregar mais regiões, as

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tropas imperiais organizavam a repressão no Rio de Janeiro.
Base cartográfica: IBGE.
FABIO MARRA/FOLHAPRESS

D. Miguel I reinou de 1828 a 1834, quando perdeu as chamadas


guerras liberais.

Portugal vivia uma guerra civil. Esse envolvimen-


to do imperador dava sinais, a muitos membros da

Material exclusivo para professores elite brasileira, do comprometimento com questões


portuguesas, e não brasileiras. Nesse contexto polí-
tico, o Partido Brasileiro e o Partido Português, cujas

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confrontações eram cotidianas, ganharam forma no
Painel de Cícero Dias que narra momentos da Confederação do Equador e Brasil. O primeiro era contrário ao imperador, enquan-
da saga de frei Caneca, na Casa da Cultura de Recife (PE). to o segundo o apoiava.

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ABDICAÇÃO DO IMPERADOR com políticos de Minas Gerais. Em visita aos mineiros


Em 1830, a situação ficou ainda mais tensa. Revo- no início de 1831, D. Pedro I foi recebido com frieza

HISTÓRIA 2
luções em várias partes da Europa eram impulsionadas por parte dos que o associavam à morte de Badaró.
pelo levante que destituíra Carlos X, o rei absolutista da Quando voltou ao Rio de Janeiro, o imperador rece-
França. A associação dos fatos na França com a imagem beu uma festa em sua homenagem, a qual foi organizada
já desgastada de D. Pedro I tornou-se uma importante pelos portugueses. O evento terminou com a Noite das
arma da oposição ao imperador, vinculando seu modo Garrafadas, em 13 de março de 1831, e consistiu em
autoritário de governar ao absolutismo monárquico. um confronto com os brasileiros contrários à recepção.
Parte da imprensa ligada ao Partido Brasileiro inten- Em 5 de abril de 1831, D. Pedro I demitiu seus
sificou a campanha contra D. Pedro I. No Rio de Janeiro, ministros – todos brasileiros – e formou um ministério
o político e jornalista Evaristo da Veiga a fazia por meio com integrantes do Partido Português, o chamado Mi-
do jornal Aurora Fluminense. Em São Paulo, o médico e nistério dos Marqueses. A reação rápida e violenta do
jornalista italiano Líbero Badaró, radicado no Brasil, criti- povo contra a medida ganhou a adesão até da guarda
cava o imperador em seu Observador Constitucional. O pessoal do imperador.
assassinato de Badaró em uma emboscada, em novem- Diante dessa situação, em 7 de abril de 1831,
bro de 1830, embora não tivesse ligação direta com o D. Pedro I renunciou ao trono brasileiro em nome
imperador, acirrou os ânimos da oposição. do filho D. Pedro de Alcântara, seguindo para Por-
Com o intuito de preservar a imagem de D. Pedro I tugal, onde lutou contra seu irmão, tornando-se rei
e recuperar seu prestígio, integrantes do Partido Por- de Portugal com o título de D. Pedro IV. Assim se
tuguês buscaram fazer uma aproximação do imperador encerrou o Primeiro Reinado.

PALÁCIO GUANABARA, RIO DE JANEIRO


A abdicação do primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I (1911), de Aurélio de Figueiredo. Na madrugada de 7 de abril de 1831, D. Pedro I entrega ao major
Miguel de Frias o documento em que abdica do trono brasileiro. Em seguida, parte para Portugal e torna-se D. Pedro IV.

Com a abdicação de D. Pedro I chega a revolução da Independência ao termo natural de sua evolução: a consolida-
ção do “Estado nacional”. O Primeiro Reinado não passara de um período de transição em que a reação portuguesa,
apoiada no absolutismo precário do soberano, se conservara no poder. Situação absolutamente instável que se tinha
de resolver ou pela vitória da reação – a recolonização do país, que várias vezes, como vimos, ameaçou o curso natu-
ral da revolução – ou pela consolidação definitiva da autonomia brasileira, noutras palavras, do “Estado nacional”.
É este o resultado a que chegamos com a revolta de 7 de abril.
PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

CRISE NO PRIMEIRO
REINADO

Oposição liberal à política centralizadora de D. Pedro I.

Crise financeira (desequilíbrio da balança comercial).


Contexto
Alta taxa de importação e exportação incipiente.

Empréstimos aos bancos ingleses e emissão de moedas desregulada.

Insatisfação política, problemas econômicos e longa tradição liberalista.


Confederação do
Equador (1824) Movimento revolucionário de caráter emancipacionista e republicano (união das províncias de Pernambuco).

Disputa com a Argentina pelo domínio da Província Cisplatina e pelo controle da banda oriental do Rio

da Prata.

Aumento da dívida brasileira.


Guerra Cisplatina
(1825-1828)
Com a mediação da Inglaterra, o conflito cessou e foi criado um estado independente na região: a

República Oriental do Uruguai.

Impopularidade de D. Pedro I.

Noite das Garrafadas: manifestações após a viagem de D. Pedro I; recepção interrompida por brasileiros.

Organização do Ministério dos Brasileiros em 1831.

Reformulação do ministério em 1832: apenas os portugueses fariam parte do que ficou conhecido como
Abdicação de
D. Pedro I Ministério dos Marqueses.

Material exclusivo para professores Passagem das forças armadas para a oposição.

D. Pedro I abdicou em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, que tinha apenas 5 anos.

conveniados ao Sistema de Ensino Ficou estabelecido o governo regencial até a maioridade do imperador.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. Uepa-PA – A crise política do I Império Brasileiro, que 3. UFPR-PR – Com a abdicação do imperador D. Pedro I
resultou na abdicação de D. Pedro I, teve como cerne a em 1831, o fracasso do Primeiro Reinado tomou corpo.
disputa entre a inclinação centralista-absolutista do mo- Com relação a isso, considere os fatos abaixo:
narca e a defesa do federalismo pelas elites econômicas I. A imigração europeia para o Brasil ocorrida nesse
regionais. A renúncia do imperador em 1831 resultou: período.
a) na transferência de poder às elites regionais e aos II. A eclosão da Guerra na Província Cisplatina (1825-1828)
regentes, ordem política que se mostrou frágil e abriu contra as Províncias Argentinas, a qual consumiu re-
caminho para levantes oposicionistas e populares. cursos do Estado em formação e cujo principal resul-
b) na transformação imediata de Pedro II em monarca tado foi a criação da República Oriental do Uruguai,
do Reino Português na linha de sucessão da Casa em 1828.
de Bragança. III. A indisposição do imperador nas negociações com
c) no fortalecimento de movimentos separatistas regio- os deputados das províncias do Brasil, que levou
nais, em desacordo com a manutenção do regime ao fechamento da Assembleia Constituinte, em 12
monárquico e da escravidão. de novembro de 1823, e à imposição de uma carta
d) no surgimento de grupos políticos republicanos, que constitucional em 1824.
seriam embrionários do movimento que promoveu a IV. A queda do gabinete dos Andradas, que levou o
Proclamação da República em 1889. imperador a se cercar de inúmeros portugueses,
e) na emergência de uma identidade nacional brasileira, egressos de Portugal ainda ao tempo do governo
em oposição a qualquer posição de mando de auto- de D. João VI.
ridades portuguesas em território nacional. Tiveram influência direta no desfecho do Primeiro Rei-
D. Pedro I abdicou em 1831 em favor de seu filho, que tinha apenas nado os fatos apresentados em:
5 anos e, por isso, não podia governar. Assim, o Brasil viveu um pe- a) II, III e IV, somente.
ríodo regencial até 1840, durante o qual houve revoltas separatistas
em diversas províncias. b) I, III e IV, somente.
c) III e IV, somente.
2. Unifor-CE C3-H15 d) I, II e III, somente.
Termos da abdicação de Dom Pedro I: e) I e II, somente.
“Usando do direito que a Constituição me concede, decla- A afirmativa I está incorreta, pois a imigração de europeus para o
ro que hei muito voluntariamente abdicado na pessoa do Brasil ocorreu apenas no Segundo Reinado.
meu mui amado e prezado filho o Sr. Pedro de Alcântara. 4. UPE-PE – A liberdade política exige lutas e enfrenta-
Boa Vista – 7 de abril de 1831, décimo de Independência mentos, muitas vezes, violentos. Em Pernambuco, a
e do Império. insatisfação da população levou à organização da Con-
D. Pedro I” federação do Equador, logo depois de 1822. Liderada
pelos liberais, a confederação tinha como objetivo:
Antonio Mendes Jr. et al. Brasil: história. Texto e consulta.
Império. São Paulo: Brasiliense, 1977. p. 200. a) afirmar um governo baseado numa monarquia consti-
tucional, segundo os modelos do Iluminismo francês.
Os fatos que conduziram à abdicação foram:
b) definir um governo democrático, com o fim imediato
a) repressão aos revolucionários da Confederação do da escravidão e do governo monárquico.
Equador, incorporação da Guiana Francesa e outorga c) reforçar a centralização política, sem, contudo, alterar
da Constituição. a Constituição de 1824 e suas normas básicas.
b) favorecimento aos comerciantes brasileiros em detri- d) criar uma república federativa, facilitando a descen-
mento dos portugueses, dívida externa elevada com tralização política e o fim do autoritarismo.
a Guerra da Cisplatina e falência do Banco do Brasil.
e) destruir o poder dos grandes latifundiários, procla-
c) repressão aos revolucionários da Confederação do mando uma Constituição radicalmente liberal.
Equador, perda da Província Cisplatina e falência do
Banco do Brasil. A Confederação do Equador foi uma revolta de caráter republicano
que visou separar províncias do Nordeste do Brasil por considerar
d) perda da Província Cisplatina, dissolução da Assem- D. Pedro I um monarca autoritário.
bleia Constituinte e punição exemplar aos pistoleiros 5. UEPG-PR – Sobre o I Império (1822-1831) e a formação
que executaram o jornalista Líbero Badaró. do Estado no Brasil, assinale o que for correto:
e) controle das finanças nacionais, respeito aos cons- (01) Esse período, além de marcar a organização do
tituintes que elaboraram a primeira Constituição e Estado, caracterizou-se pela disputa pelo controle
favorecimento aos comerciantes brasileiros. político nacional entre o imperador e a aristocracia
A Confederação do Equador, a derrota na Guerra da Cisplatina e a grave rural brasileira.
crise econômica (que culminou na falência do Banco do Brasil) foram
fatores decisivos na crise que levou à abdicação de D. Pedro I em 1831. (02) Em 1824, em Pernambuco, eclodiu a Confedera-
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti- ção do Equador, um movimento de protesto con-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes tra o autoritarismo de D. Pedro I e que pretendia

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grupos, conflitos e movimentos sociais. separar as províncias do Norte e do Nordeste do
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, restante do país.
econômicos ou ambientais ao longo da História. (04) A Constituição de 1824 estabeleceu o voto cen-
sitário, que exigia que o eleitor e/ou candidatos

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tivessem uma renda mínima permanente, o que
excluiu a maior parte da população brasileira do
cenário político ao longo de todo o império.

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(08) Na prática, o Poder Moderador, instituído pela b) a revolta começou com a exigência de que o pre-
HISTÓRIA 2

Constituição de 1824, dava grandes poderes ao sidente da Província de Pernambuco, indicado por
imperador. D. Pedro I, renunciasse ao cargo em favor do liberal
(16) A presença de um considerável grupo de portu- Manuel de Carvalho Pais de Andrade.
gueses ocupando cargos importantes no Estado c) a Confederação do Equador uniu Pernambuco e as
brasileiro produziu um grande desgaste entre D. províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
Pedro I e a aristocracia rural brasileira. d) cedendo às forças de repressão comandadas pelo
Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s). brigadeiro Francisco Lima e Silva, após cinco meses
31 (01 + 02 + 04 + 08 + 16). de resistência os rebeldes se entregaram, sendo, por
este motivo, anistiados.
6. Uece-CE – Dentre as afi rmações a seguir, assinale
Os rebeldes da Confederação do Equador não foram anistiados, mas
aquela que está incorreta no que diz respeito à Confe- duramente reprimidos. Frei Caneca, um dos líderes do movimento,
deração do Equador (1824): foi executado.
a) a Confederação do Equador estava afinada com os
ideais de federação que serviram de base para a im-
plantação da república dos Estados Unidos da América.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

7. Marinha – O primeiro conflito internacional de que o d) apoio aos atos do imperador.


Brasil participou após sua independência foi a Guerra e) reação à política imperial.
da Cisplatina (1825-1828). A respeito dessa guerra, é
correto afirmar que:
10. PUC-MG – Dentre os vários fatores que podem ser
a) a independência da Cisplatina, sob o nome de Repú- apontados no sentido de se explicar o descontentamen-
blica Oriental do Uruguai, foi um de seus resultados.
to da população com o governo de D. Pedro I (1822-
b) devido ao maior poderio naval argentino, a Esquadra
1931), destacam-se, exceto:
Imperial Brasileira fez uso intensivo da guerra de corso.
c) a causa principal desse conflito foi a invasão para- a) o profundo desequilíbrio observado nas fi nanças
guaia à Província do Mato Grosso. públicas.
d) a vitória brasileira se deu em consequência de sua b) o estilo visivelmente centralista e absolutista do
estratégia naval de bloqueio do Rio da Prata. governo.
e) ao bloquear o Rio Paraná, a Tríplice Aliança, formada c) o imobilismo do Estado frente à questão da abolição
por Brasil, Argentina e Uruguai, deu um duro golpe da escravidão.
na Força Naval Paraguaia.
d) o desastroso resultado verificado ao término da Guer-
8. UFPE-PE – Na(s) questão(ões) a seguir, escreva nos ra da Cisplatina.
parênteses a letra (V) se a afirmativa for verdadeira ou e) o clientelismo e a corrupção reinantes nas diversas
(F) se for falsa:
esferas do poder.
Na manhã de 13 de fevereiro de 1825, na porta da
Igreja do Pátio do Terço, em Recife, frei Caneca foi des- 11. UFPE-PE – A independência do Brasil despertou interes-
pojado de suas ordens e executado. Considera(m)-se ses conflitantes tanto na área econômica quanto na área
atividade(s) revolucionária(s) do frei:
política. Qual das alternativas apresenta esses conflitos?
( ) Jornalista, redator de O Diário Novo, jornal praieiro
responsável pela agitação intelectual da Revolu- a) os interesses econômicos dos comerciantes portu-
ção de 1848 em Pernambuco. gueses se chocaram com o “liberalismo econômico”
praticado pelos brasileiros e subordinado à hegemo-
( ) Frei Caneca participou da Revolução de 1817, cujo
ideário republicano era semelhante ao da Revolu- nia da Inglaterra.
ção de 1824. b) a possibilidade de uma sociedade baseada na igual-
( ) Frei Caneca dirigiu, durante o Primeiro Reinado, dade e na liberdade levou a jovem nação a abolir
um periódico revolucionário intitulado Sentinela a escravidão.
da Liberdade na Guarita de Pernambuco.
c) as colônias espanholas tornaram-se independentes
( ) Frei Caneca insurge-se contra a Constituição Ou- dentro do mesmo modelo brasileiro: monarquia
torgada, logo após a dissolução da Constituinte
absolutista.
em 1823.
( ) Dirigiu e foi redator principal do jornal O Tífi s d) a Guerra da Independência dividiu as províncias bra-
Pernambucano, que combatia o absolutismo do sileiras entre o Partido Português e o Partido Brasi-
imperador Pedro I e incitava à rebelião. leiro, levando as províncias do Grão-Pará, Maranhão,

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Bahia e Cisplatina a apoiarem, por unanimidade, a
9. UEL-PR – A Confederação do Equador, em 1824, se independência.
caracterizou como um movimento de:
e) os republicanos, os monarquistas constitucionalistas
a) emancipação política de Portugal.

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e os absolutistas lutaram lado a lado pela indepen-
b) oposição à abertura dos portos. dência, não deixando que as suas diferenças dificul-
c) garantia à política inglesa. tassem o processo revolucionário.

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12. Fuvest-SP – Podemos afirmar que tanto na Revolução 16. UP-PR – A crise do I Reinado, que levou à abdicação

HISTÓRIA 2
Pernambucana de 1817 quanto na Confederação do de D. Pedro I, teve entre suas razões:
Equador de 1824: a) a pressão do Partido Restaurador.
a) o descontentamento com as barreiras econô- b) a aprovação do Ato Adicional.
micas vigentes foi decisivo para a eclosão dos
movimentos. c) a implantação do sistema parlamentarista.
b) os proprietários rurais e os comerciantes monopo- d) o fechamento da Assembleia Constituinte.
listas estavam entre as principais lideranças dos e) a invasão da Guiana Francesa.
movimentos.
c) a proposta de uma república era acompanhada de 17. Unicamp-SP
um forte sentimento antilusitano. “Passar de reino a colônia
d) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa É desar [derrota]
de suas principais bandeiras.
e) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de É humilhação
Recife, não se espalhando pelo interior. que sofrer jamais podia
brasileiro de coração.
13. Mackenzie-SP – A Confederação do Equador, movi-
A quadrinha acima reflete o temor vivido no Brasil depois
mento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824,
caracterizou-se por: do retorno de D. João VI a Portugal em 1821. Apesar de
seu filho Pedro ter ficado como regente, acirrou-se o an-
a) ser um movimento contrário às medidas da Corte
portuguesa, que visava favorecer o monopólio do tagonismo entre ‘brasileiros’ e ‘portugueses’ até que, em
comércio. dezembro de 1821, as Cortes de Portugal determinaram
b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolu- o retorno do príncipe. Se ele acatasse, tudo poderia acon-
tistas do Primeiro Reinado, sendo um movimento tecer. Inclusive, dizia D. Leopoldina, ‘uma confederação de
republicano. povos no sistema democrático como nos Estados livres da
c) garantir a integridade do território brasileiro e a cen- América do Norte.’ ”
tralização administrativa. SCHNOOR, Eduardo. Senhores do Brasil. Revista de História da
d) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e Biblioteca Nacional, n. 48. Rio de Janeiro, set. 2009, p. 36. (Adaptado)
demais associações absolutistas. a) Identifique os riscos temidos pelas elites do centro-
e) levar seu principal líder, frei Joaquim do Amor Divino -sul do Brasil com o retorno de D. João VI a Lisboa e
Caneca, à liderança da Constituinte de 1824. a pressão das Cortes para que D. Pedro I retornasse
a Portugal.
14. Unesp-SP – O fechamento da Assembleia Constituinte,
por D. Pedro I, em novembro de 1823:
a) impediu a tentativa de recolonização portuguesa e
eliminou a influência política da Igreja Católica.
b) isolou politicamente o imperador e determinou o
imediato final do Primeiro Reinado brasileiro.
c) representou a centralização do regime monárquico
e provocou reações separatistas.
d) ampliou a força política dos estados do Nordeste e
facilitou o avanço dos projetos federalistas.
e) assegurou o caráter liberal da nova Constituição e
aumentou os poderes do judiciário.

15. Acafe-SC – Crises e conflitos foram uma constante b) Explique o que foi a Confederação do Equador.
no Brasil durante o Primeiro Reinado (1822-1831).
Com relação a esse período, assinale a alternativa
incorreta:
a) a primeira Constituição, 1824, foi outorgada (impos-
ta) e consagrava formas desiguais de representação
política, como o voto censitário.
b) a Guerra de Farrapos, iniciada no Rio Grande do Sul
e posteriormente estendendo-se até Santa Catarina,
causou a abdicação de Dom Pedro I.
c) movimento com características republicanas, a Con-

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federação do Equador, em Pernambuco (1824), foi
uma revolta contra o autoritarismo de Dom Pedro I.
d) nessa época, o catolicismo era a religião oficial do
Império Brasileiro.

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e) a política externa do Brasil foi desastrosa, inclusive
com uma guerra contra a Argentina (Guerra da Cis-
platina), que muito desgastou o país e o imperador.

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ESTUDO PARA O ENEM


HISTÓRIA 2

18. Uerj-RJ C3-H15 a) a elite carioca insistia em ajudar os flagelados do


Trecho da carta de despedida de D. Pedro I a seu filho Nordeste.
Pedro II: b) havia uma excessiva centralização de poder nas
“Meu querido filho e imperador [...] Deixar filhos, pátria e mãos do imperador.
amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra c) o Brasil ainda se encontrava sob o domínio dos reis
ilibada, não pode haver maior glória. Lembre-se sempre de Portugal.
de seu pai, ame a sua e a minha pátria, siga os conselhos d) D. Pedro não permitia a realização de cultos não ca-
que lhe derem aqueles que cuidarem de sua educação, e tólicos.
conte que o mundo o há de admirar [...] Eu me retiro para e) Pernambuco perdera o seu lugar de capital da Corte
a Europa: assim é necessário para que o Brasil sossegue, imperial.
e que Deus permita, e possa para o futuro chegar àquele
grau de prosperidade de que é capaz. 20. Unirio-RJ C3-H11
Adeus, meu amado filho, receba a bênção de seu pai, que “[...] É sabido que a independência desencadeou um mo-
se retira saudoso e sem mais esperanças de o ver.” mento lusófono e nativista de troca de nomes de batis-
D. Pedro de Alcântara, 12 de abril de 1831. mo. Há casos conhecidos de ‘tupinização’ de sobrenomes.
Disponível em: <revistadehistoria.com.br> Como o de um ramo da família pernambucana Galvão,
Ainda permanece a imagem de Pedro I como um dos que passou a chamar-se Carapeba. [...]
responsáveis pela autonomia política do Brasil. Con- Havia na elite imperial um fascínio pelos astecas, os quais,
tudo, nove anos após proclamar o 7 de setembro de aparecendo como a sociedade mais civilizada da América
1822, o imperador abdicava de seu trono e retornava à pré-colombiana, inspiravam a maneira mais civilizada de
Europa. A instabilidade política e econômica foi a marca
declarar-se pró-americano. O próprio regente D. Pedro, fu-
de seu breve reinado.
turo D. Pedro I, toma o nome de Guatimazin, o último im-
Cite um setor da sociedade brasileira da época que se perador asteca, ao aderir, em 1822, à loja maçônica Grande
opunha à manutenção do governo de Pedro I e uma Oriente do Brasil [...].
razão para essa oposição. Em seguida, aponte um mo-
tivo para a instabilidade econômica que caracterizou Os excessos da imagem indígena que se pretendia colar ao
esse governo. império suscitaram, anos mais tarde, uma reação do histo-
riador, médico homeopata e polígrafo alagoano Mello Mo-
raes, ascendente do poeta Vinícius de Moraes. [...]”
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida privada e ordem privada
no império. In: História da vida privada no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.

Para a análise do trecho dentro de uma perspectiva


política, deve-se ressaltar que:
a) demonstra conscientização política e necessidade
de se afirmar como um Estado independente que
buscou através do índio a legitimação do poder da
elite brasileira.
b) a busca pela valorização indígena e a perseguição
ao elemento lusitano está presente na Assembleia
Constituinte de 1823 e também na Constituição de
1824, pois tanto o projeto constitucional como a
Constituição não concede qualquer direito político
aos portugueses.
c) houve uma mobilização popular pela necessidade
19. Cederj-RJ C3-H15
de se afirmar como brasileiro, pois o voto instituído
“[...] do Rio nada, não queremos nada.”
pela Constituição de 1824 alijava os portugueses e
Com essa frase, frei Caneca encerrou um artigo mani- beneficiava a participação dos brasileiros.
festo no jornal Tífis Pernambucano em 1824, dentro do d) mostra, politicamente, a figura indígena ganhando
movimento que ficou conhecido como a Confederação importância e que a essa foi dado o direito à cidada-
do Equador. Nesse texto, expôs suas críticas ao gover- nia desde o projeto constitucional de 1823.
no do imperador Pedro I, cuja sede estava na cidade
e) a elite brasileira, aliada a D. Pedro, promove o 7 de
do Rio de Janeiro.
setembro, tem como interesse claro a retirada do ele-
Assinale a afirmativa que apresenta uma das razões mento lusitano do poder administrativo e a valorização

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para as críticas feitas no artigo-manifesto: dos brasileiros pelo projeto constitucional de 1823.

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HISTÓRIA 2
PERÍODO REGENCIAL

UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO
D. Pedro I estava politicamente isolado quando renunciou ao trono brasileiro • Um período de transição
em 7 de abril de 1831. Assim, teve início o período regencial, pois seu filho her-
• Avanço liberal (1831-1837)
deiro, menor de idade, ainda não podia governar. As elites brasileiras assumiram
• Regência de Diogo Feijó
o controle político do Brasil.
Os nove anos de período regencial foram • Regresso conservador
marcados por grandes agitações político- • Golpe da Maioridade
-sociais e separatistas que ameaçaram a

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integridade do país. Algumas representa- HABILIDADES
ram a divisão da aristocracia rural quanto • Analisar a atuação dos
à orientação política e governamental e movimentos sociais
no que diz respeito à maior autonomia que contribuíram para
das províncias ou à maior centralização mudanças ou rupturas
em processos de disputa
administrativa. Além disso, também en-
pelo poder.
volveram as lutas das camadas médias
e populares por melhores condições de • Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
vida e pelo direito de participação política
políticos, econômicos ou
nos destinos do país.
ambientais ao longo da
O período regencial dividiu-se em duas História.
fases: de avanço liberal e de regresso
• Analisar as lutas sociais
conservador. A primeira compreende as Padre Diogo Antônio Feijó, primeiro regente uno do
e conquistas obtidas no
duas Regências Trinas e a Regência Una período regencial, uma experiência republicana em que se refere às mudanças
pleno regime monárquico. No conturbado contexto
de Diogo Feijó e, a segunda, a Regência político, suas posições liberais provocaram a reação nas legislações ou nas
Una de Pedro de Araújo Lima. das elites conservadoras e da Igreja Católica. políticas públicas.

AVANÇO LIBERAL (1831-1837)


Nessa fase político-administrativa do Brasil, havia três agremiações políticas:
• Partido Restaurador: seus componentes, conhecidos como caramurus,
pretendiam o retorno de D. Pedro I e a restauração da monarquia centrali-
zadora e autoritária.
• Partido Liberal Moderado: seus componentes, conhecidos como chimangos,
eram grandes proprietários que defendiam a escravidão e o latifúndio. Dividiam-
-se entre os que desejavam maior descentralização política e os favoráveis a
manter a centralização nos moldes instituídos por D. Pedro I.
• Partido Liberal Exaltado: seus componentes, alguns latifundiários e outros
das camadas médias da população, conhecidos como farroupilhas ou jurujubas,
defendiam a descentralização político-administrativa do Brasil por meio do fe-

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deralismo característico dos Estados Unidos. Alguns defendiam abertamente
a mudança de regime de monarquia para república.

Constituiu-se uma Regência Trina Provisória até o Legislativo eleger os regentes

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permanentes, conforme definia a Constituição de 1824. Os liberais ajustaram suas
diferenças com o intuito de compor a maioria e, com isso, ter condições de escolher
os membros do grupo para o governo regencial. Desse ajuste resultou o controle do

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poder pelos liberais, principalmente moderados, que uniram-se aos moderados mais liberais e formaram o
representavam a maioria do Parlamento, em prejuízo Partido Progressista. Feijó ficou com o Partido Progres-
HISTÓRIA 2

dos exaltados, o que permitiu a adoção de medidas sista, que era minoria. A ferrenha oposição levou-o à
descentralizadoras. renúncia em 19 de novembro de 1837. Começou a se-
O Poder Moderador teve suas atribuições reduzi- gunda fase do período regencial, o regresso conserva-
das, não podendo, por exemplo, dissolver a Câmara dor, sob o comando do regente interino Araújo Lima.
dos Deputados.
Ainda em 1831, padre Diogo Feijó, ministro da Outra medida importante dos liberais foi a cria-
Justiça, criou a Guarda Nacional, conferindo poder ção do Código do Processo Criminal, em 1832, que
de polícia às elites agrárias provinciais, pois era uma concedia ao juiz de paz o poder de vida e morte
força militar que visava zelar pela ordem nas áreas de sobre os habitantes de sua jurisdição, descentrali-
poder dos eleitores. zando, assim, o poder de Justiça.
Isso representava a descentralização do poder de O problema dessa política foram as disputas en-
repressão conferido às elites locais. O chefe da Guarda tre os grupos locais pelo controle da Guarda Nacional
Nacional de cada área era um grande senhor de terras e pelo cargo de juiz de paz. A mobilização de apadri-
que recebia a patente de coronel. Daí originou-se a nhados, dependentes dessas elites que atuavam de
expressão “coronelismo” na história do Brasil, visan- forma armada, comprometia a ordem nas regiões.
do designar as lideranças políticas locais e regionais Esse sistema em que organizações políticas (es-
oriundas das oligarquias. tados ou províncias) se unem amplamente, porém
mantendo a autonomia, caracterizou a política des-
REGÊNCIA DE DIOGO FEIJÓ centralizadora ou federalista, que foi coroada com a
A descentralização criou um quadro de instabilidade criação do Ato Adicional à Constituição, em 1834. Por
política expressa em agitações que envolveram tanto esse ato, as províncias passavam a ter, no lugar dos
membros das elites como camadas médias e popu- Conselhos Gerais de Província, Assembleias Legisla-
lares da sociedade brasileira. Feijó tomou posse em tivas Provinciais, com poder de legislar sobre vários
12 de outubro de 1835, em um momento turbulento, assuntos e até reivindicar empréstimos no exterior.
marcado pela eclosão da Revolução Farroupilha, no Rio Além disso, foi criado o município neutro do Rio de
Grande do Sul; da Cabanagem, no Pará; e da Revolta Janeiro, capital do império, e extinguiu-se a Regên-
dos Malês, na Bahia. Muitos afirmavam que o país cia Trina Permanente, que deu lugar à Regência Una
corria o risco de fragmentação em consequência da Eletiva e Temporária, o que significava, para muitos, a
descentralização e vários liberais moderados assumi- possibilidade de revezamento no poder dos membros
ram uma postura conservadora. da elite até a emancipação do herdeiro, D. Pedro de
Exemplo disso foi a declaração do líder Bernardo Alcântara. Na ocasião, o regente único eleito foi o
Pereira de Vasconcelos, liberal moderado: liberal moderado padre Diogo Feijó. O Ato Adicional
Fui liberal; então a liberdade era nova no país, es- de 1834 também extinguiu o Conselho de Estado.
tava nas aspirações de todos, mas não nas leis; o
poder era tudo: fui liberal. Hoje, porém, é diverso
o aspecto da sociedade: os princípios democráticos
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tudo ganharam, e muito comprometeram; a socie-


dade, que então corria risco pelo poder, corre risco
pela desorganização e pela anarquia [...]
VASCONCELOS, Bernardo Pereira de. In: LINHARES, Maria Yedda
(Org.). História geral do Brasil. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

O próprio regente uno Diogo Feijó, percebendo


ameaças à ordem oligárquica e ao território nacional,
pediu ao Parlamento mais poderes para enfrentar a si-
tuação. Parte do Parlamento concluiu pela necessidade
de “interpretar o Ato Adicional e coibir as liberdades
democráticas”, conforme palavras do deputado de opo-
sição Rodrigues Torres.
Com o apoio da elite dominante, a oposição forta-

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lecia-se e a Igreja criticou as declarações públicas de
Feijó contra o celibato e sua interferência clerical na
política interna do país, o que agravou a situação.
Pedro de Araújo Lima, segundo regente
uno, pôs fim ao avanço liberal e deu
início ao regresso conservador. Entre os

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ministros nomeados por Araújo Lima,
Com a morte de D. Pedro I em Portugal, em 1834, os estava o recém-adepto do conservadorismo
restauradores uniram-se aos moderados conservadores, Bernardo Pereira de Vasconcelos, ministro
formando o Partido Regressista, enquanto os exaltados da Justiça e do Império.

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REGRESSO CONSERVADOR GOLPE DA MAIORIDADE

HISTÓRIA 2
Os conservadores modificaram todas as medidas

MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO


descentralizadoras do período anterior, estabelecen-
do uma política claramente centralizadora. Além dis-
so, tiveram de lidar com outros levantes: a Revolta da
Sabinada, na Bahia (1837); e a Balaiada, no Maranhão
(a partir de 1838).
No período conservador, houve a criação da Lei
Interpretativa do Ato Adicional, que limitava o poder
de atuação das Assembleias Legislativas Provinciais
ao estabelecer a nomeação do seu presidente pelo
poder central. O presidente escolhido pelo regente
tinha poder de veto às decisões da Assembleia. As-
sim, qualquer decisão provincial que não atendesse Retrato de D. Pedro II quando criança, em 1830.
aos interesses do poder central podia ser anulada Com a fase do regresso conservador, os liberais
pelo presidente nomeado. perderam espaço na política nacional e começaram a
Duas alterações significativas de caráter descen- conspirar contra o governo conservador. Com o propó-
tralizador que haviam vigorado no início da regência sito de abreviar a regência de Araújo Lima, instauraram
apareceram na reformulação do Código de Processo uma campanha de antecipação da maioridade do her-
Criminal: as competências do juiz de paz ficaram redu- deiro, D. Pedro de Alcântara.
zidas e atreladas ao poder central, ou seja, ao regente; Os conservadores não viam a emancipação de D. Pe-
e a definição da patente de coronel das Guardas Na- dro de forma negativa. Muitos até creditavam justamente
ao príncipe a preservação da integridade territorial e a pa-
cionais provinciais passou a ser dos regentes.
cificação do país. A proposta dos liberais golpistas ganhou
A anulação das medidas político-administrativas terreno e apoio de muitos conservadores. O Parlamento
descentralizadoras não foi suficiente para conter as brasileiro declarou o filho de D. Pedro I maior de idade aos
agitações sociais. A Farroupilha, a Cabanagem e a 14 anos. Assim, em 1840, encerrava-se o período regen-
Balaiada exemplificam a instabilidade desse período. cial e tinha início o Segundo Reinado da história do Brasil.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

PERÍODO REGENCIAL

Em razão do impedimento do futuro imperador em assumir o trono por conta da idade, a Assembleia Geral

Contexto elegeu três representantes entre os deputados, que formaram a regência responsável pelo governo do

país até a maioridade de Pedro II.

Regentes: Campos Vergueiro, Carneiro de Campos e brigadeiro Lima e Silva.

Características: Tendência liberal. Anistia a presos políticos. Suspensão do Poder Moderador e do Con-
Regência
Trina Provisória selho de Estado. Reintegração do Ministério dos Brasileiros. Exclusão dos estrangeiros no Exército brasileiro.

Francisco de Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José Costa Carvalho.


Regentes:

Criação da Guarda Nacional e do Código de Processo Criminal. Ato adicional de 1834:


Características:
Regência Assembleias Legislativas nas províncias; criação do município neutro do Rio de Janeiro; eleições para regente uno.
Trina Permanente

Domínio dos grupos liberais. Destacou-se como ministro da Justiça durante a regência
Características:
permanente. As constantes revoltas e conflitos com o clero trouxeram desgaste político.
Regência
Una de Diogo Feijó

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Características: Predomínio de grupos conservadores. Repressão aos movimentos revolucionários.

Centralização do poder: o governo central voltou a ter autonomia para nomear funcionários públicos e con-
Regência
Una de Pedro de
trolar organismos policiais e judiciários.
Araújo Lima

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. FGV-SP – A abdicação de D. Pedro I em 1831 deu início d) extinguiu as Assembleias Legislativas Provinciais.
ao chamado período regencial, sobre o qual se pode e) eliminou a vitaliciedade do Senado.
afirmar: O Ato Adicional de 1834 criou Assembleias Legislativas nas províncias,
transformou o Rio de Janeiro em município neutro e convocou eleições
I. As elites nacionais reformaram o aparato institucio- para um regente uno.
nal de modo a estabelecer maior descentralização
política.
4. Fuvest-SP – Em agosto de 1831, Feijó cria a Guarda
II. Foi um período convulsionado por revoltas, entre Nacional. Qual o papel dessa instituição militar no pe-
elas a Farroupilha e a Sabinada.
ríodo regencial e no Segundo Reinado?
III. D. Pedro II sucedeu ao pai e impôs, logo ao assumir
o trono, reformas no regime escravista. A Guarda Nacional era vinculada diretamente às elites regionais. Os

IV. O exercício do Poder Moderador pelos regentes e


pelo Exército conferia estabilidade ao regime. oficiais eram eleitos nas próprias províncias. Dessa forma, ela repre-

As afirmativas corretas são: sentou um movimento de descentralização do poder imperial e pos-


a) I e II.
b) I, II e III. sibilitou às elites domínio político e econômico e intensa participação

c) I e III.
na política nacional.
d) I, III e IV.
e) II e lV.
A afirmativa III é incorreta, pois não foi D. Pedro II quem sucedeu ao pai. 5. PUC-MG – O período regencial no Brasil (1830-1840) foi
Antes, houve nove anos de período regencial. D. Pedro II tampouco impôs um dos mais agitados da história política do país. Foram
reformas ao escravismo. Já a afirmativa IV está errada, pois na regência questões centrais do debate político que marcaram
o Poder Moderador foi enfraquecido e suspenso em alguns momentos.
esse período, exceto:
a) a questão do grau de autonomia das províncias.
2. UEL-PR C3-H12 b) a preocupação com a unidade territorial brasileira.
“[...] valorizava-se novamente o município, que fora es- c) os temas da centralização e descentralização do
quecido e manietado durante quase dois séculos. Resulta- poder.
va a nova lei na entrega aos senhores rurais de um pode- d) o acirramento das discussões sobre o processo abo-
roso instrumento de impunidade criminal, a cuja sombra licionista.
renascem os bandos armados restaurando o caudilhismo As discussões acerca do abolicionismo tornam-se bastante presentes
apenas no Segundo Reinado, e não na regência.
territorial [...]. O conhecimento de todos os crimes, mesmo
os de responsabilidade [...], pertencia à exclusiva compe-
tência do juiz de paz. Este saía da eleição popular, com- 6. UFRGS-RS – Associe os acontecimentos e medidas
petindo-lhe ainda todas as funções policiais e judiciárias: políticas do Brasil Império listados na coluna 1 com
expedições de mandatos de busca e sequestro, concessão as respectivas conjunturas políticas constantes na
de fianças, prisão de pessoas [...]” coluna 2.

Em relação ao período regencial brasileiro, o texto Coluna 1


refere-se: 1 – Avanço liberal.
a) ao Ato Adicional.
2 – Regresso conservador.
b) à Lei de Interpretação.
c) ao Código de Processo Criminal. Coluna 2
d) à criação da Guarda Nacional. ( ) Aprovação do Código de Processo Criminal.
e) à instituição dos Conselhos de Províncias. ( ) Criação da Guarda Nacional.
O Código de Processo Criminal implementado pelos políticos liberais
em 1832 concedeu ao juiz de paz amplos poderes sobre os habitantes ( ) Definição dos partidos políticos imperiais.
de sua jurisdição. Isso implicou em uma descentralização da Justiça,
que passava a ser exercida com maior autonomia pelas províncias. ( ) Aprovação do Ato Adicional.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes ( ) Lei de Interpretação do Ato Adicional.
grupos, conflitos e movimentos sociais.
Habilidade: Analisar o papel da justiça como instituição na organização A sequência numérica correta de preenchimento dos
das sociedades. parênteses, de cima para baixo, é:
a) 1 – 1 – 2 – 2 – 1.

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b) 1 – 2 – 1 – 2 – 1.
3. Fuvest-SP – O período regencial foi politicamente mar- c) 1 – 1 – 2 – 1 – 2.
cado pela aprovação do Ato Adicional, que: d) 2 – 1 – 2 – 1 – 2.
a) criou o Conselho de Estado. e) 2 – 2 – 1 – 1 – 2.

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O Código de Processo Criminal, a Guarda Nacional e o Ato Adicional
b) implantou a Guarda Nacional. foram medidas liberais, enquanto a definição dos partidos políticos
imperiais e a posterior interpretação do Ato Adicional fizeram parte do
c) transformou a Regência Trina em Regência Una. chamado regresso conservador.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2

7. UFRGS-RS – O cargo de juiz de paz teve suas fun- 10. ESPM-SP


ções regulamentadas pelo Código de Processo Cri- “No século XIX, quando o Brasil era um império, ocorreu a
minal de 1832. Esses juízes representavam o libera- aprovação de medida que continha algumas significativas
lismo brasileiro durante o período regencial. Esses
decisões, tais como:
magistrados eram:
a) nomeados diretamente pelo imperador, exercendo Art. 1º- – Câmaras dos Distritos e Assembleias substitui-
as funções de chefe de polícia. rão os Conselhos Gerais, sendo estabelecido em todas
b) designados diretamente pelo ministro da Justiça, as províncias com o título de Assembleias Legislativas
exercendo as funções de promotor público. Provinciais.
c) eleitos pelos cidadãos para exercer funções conci- Art. 26º- – Se o imperador não tiver parente algum que
liatórias e de qualificação eleitoral. reúna as qualidades exigidas, será o império governado,
d) eleitos pelos deputados gerais para administrar os durante a sua menoridade, por um regente eletivo e tem-
bens dos órfãos e de pessoas ausentes. porário, cujo cargo durará quatro anos, renovando-se para
e) indicados pelo presidente provincial para pacificar os esse fim a eleição de quatro em quatro anos.
conflitos pela terra.
Art. 32º- – Fica suprimido o Conselho de Estado.”
8. UFRGS-RS – Assinale a alternativa correta em relação MATTOS, Ilmar Rohloff de. O império da boa sociedade: a
aos eventos políticos ocorridos no período regencial: consolidação do Estado imperial brasileiro.

a) na Regência Una do padre Feijó, foi suspenso par- Os artigos devem ser relacionados com:
cialmente o uso do Poder Moderador pelos regentes.
a) a Constituição de 1891.
b) na Regência Una de Araújo Lima, promulgou-se a Lei
Interpretativa do Ato Adicional. b) o Código de Processo Criminal.
c) na Regência Trina Provisória, foram criados os parti- c) o Projeto da Mandioca.
dos Progressista, Regressista, Liberal e Conservador. d) o Código de Processo Civil.
d) na regência da princesa Isabel, eclodiu o movimento
e) o Ato Adicional de 1834.
oposicionista da Confederação do Equador.
e) na Regência Trina Permanente, foi criada a Guarda 11. UFC-CE – O Ato Adicional, decretado no período das
Nacional. regências no Brasil pela Lei n°- 16, de 12 de agosto de
1834, estabeleceu algumas modificações na Consti-
9. UFV-MG – Observe a imagem a seguir: tuição de 1824. Acerca dessas alterações, assinale a
alternativa correta:
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO

a) o Conselho de Estado foi reorganizado para que fos-


se possível conter os conflitos provinciais.
b) os presidentes provinciais passaram a ser eleitos e
a ter o poder de aprovar leis e resoluções referentes
ao controle dos impostos.
c) o estabelecimento da Regência Una, ao invés da
Regência Trina, significou a eleição de um único re-
gente, com mandato até a maioridade de D. Pedro II.
d) as Assembleias Legislativas Provinciais foram criadas
para proporcionar autonomia política e administrati-
va às províncias no intuito de atender às demandas
locais.
e) a Corte, com sede no Rio de Janeiro, por meio da
aliança entre progressistas e regressistas, continuou
centralizando as ações em defesa da Constituição
Brito e Braga, Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional (1840-1845). de 1824.
Com relação à Guarda Nacional, criada durante o impé- 12. Uespi-PI – Durante o governo regencial, foi criada no
rio, é correto afirmar que: Brasil a Guarda Nacional (1831), que teve entre seus
a) funcionava como única força armada que podia de- objetivos:
fender os interesses dos escravistas e coibir a fuga a) apoiar o reinado de D. Pedro I na consolidação da
dos escravos. independência.
b) objetivava o controle da Corte e da burocracia impe- b) proteger os grupos que lideravam a oposição à aris-
rial, alvos frequentes de manifestações populares tocracia rural.

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de descontentamento.
c) substituir as tropas das milícias do Exército e reforçar
c) tinha por finalidade a garantia da segurança e da or-
o poder das elites agrárias.
dem, defendendo a Constituição, a obediência às leis
e a integridade do império. d) proteger as fronteiras quanto a possíveis invasões,

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d) atuava na defesa das fronteiras externas brasileiras, sobretudo as do Nordeste.
impedindo a expansão dos países platinos em dire- e) conter as rebeliões e motins que pudessem pertur-
ção ao território brasileiro. bar a ordem institucional militar.

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13. UFSJ-MG O texto refere-se a um período da história brasileira

HISTÓRIA 2
“[...] Nada mais liberal que um conservador na oposição; no qual se:
nada mais conservador que um liberal no governo.” a) confirmou o princípio político do republicanismo.
SILVA, Francisco de Assis; BASTOS, Pedro Ivo de Assis. História do b) constatou a influência política de ideários socialistas.
Brasil. São Paulo: Moderna, 1976. p. 107.
c) atribuiu a conquista de direitos humanos à luta
Analise as afirmativas a seguir, sobre a expressão acima. política.
I. Muito propagada no período regencial, mostra que, d) presenciou a emergência de diferentes projetos
embora com denominações diferentes, “conserva- políticos.
dores” e “liberais” possuíam basicamente os mes- e) reproduziu a forma norte-americana de manifesta-
mos interesses. ção política.
II. Muito propagada no período regencial, mostra que
“conservadores” e “liberais” possuíam posições 16. UFRRJ-RJ – O texto a seguir refere-se ao período da
políticas, sociais e econômicas muito distintas. política regencial no Brasil.
III. Muito propagada no período regencial, mostra que “A Câmara que se reunia em 1834 trazia poderes consti-
“conservadores” e “liberais” possuíam as mesmas tuintes para realizar a reforma constitucional prevista na
origens sociais e não se opunham, por exemplo, à lei de 12 de outubro de 1832. De seu trabalho resultou
escravidão. o Ato Adicional publicado a 12 de agosto de 1834 [...]
IV. Muito propagada no período regencial, mostra que O programa de reformas já fora estabelecido na lei de
“conservadores” e “liberais” possuíam concepções 12 de outubro, o Senado já manifestara sua concordância
políticas muito diferentes e defendiam a participação em relação ao mesmo e só havia em aberto questões de
popular no poder. pormenor. No decorrer das discussões poder-se-ia fixar
De acordo com essa análise, são corretas apenas as o grau maior ou menor das autonomias provinciais, mas
alternativas: já havia ficado decidido que não se adotaria a monarquia
a) I e llI. federativa, o que marcava como que um teto à ousadia
b) II e IV. dos constituintes.”
CASTRO, P. P. de. A experiência republicana: 1831-1840.
c) l e IV.
In: HOLANDA, S. B. de. História geral da civilização brasi-
d) Il e IIl. leira. v. 4. São Paulo: Difel, 1985. p. 37.
a) Cite duas reformas instituídas pelo Ato Adicional de
14. ESPM-SP
12 de agosto de 1834.
“Num momento da história do império conhecido como
‘avanço liberal’, durante as regências, foram adotadas al-
gumas medidas que concediam maior poder à represen-
tação local.”
AMARAL, Sonia Guarita do. O Brasil como império.

Aponte entre as alternativas aquela que apresente duas


reformas liberais:
a) Ato Adicional – Reforma do Código de Processo
Criminal.
b) Lei de Terras – Lei Saraiva Cotegipe.
c) Lei Rio Branco – Código de Processo Criminal.
d) Tarifa Alves Branco – Lei Interpretativa do Ato Adicional.
e) Código de Processo Criminal – Ato Adicional. b) Aponte a razão pela qual se costuma dizer que a re-
gência correspondeu a uma “experiência republicana”.
15. Cefet-MG
“[...] nasci e me criei no tempo da regência; e que neste
tempo o Brasil vivia, por assim dizer, muito mais na pra-
ça pública do que mesmo no lar doméstico; ou, em outros
termos, vivia em uma atmosfera tão essencialmente política
que o menino [...] em casa muito depressa aprendia a fa-
lar liberdade e pátria [...], começava logo a ler e aprender a
constituição política do império. Daqui resultava que não só
o cidadão extremamente se interessava por tudo quanto di-
zia respeito à vida pública; mas que não se apresentava um
motivo, por mais insignificante que fosse de regozijo nacio-
nal ou político, que imediatamente todos não se comoves-

Material exclusivo para professores


sem [...] e se tratasse de pôr na rua uma bonita alvorada.
[...] eu vou dizer o que é que então se tinha por costume de
chamar de alvorada. Quando se tratava [...] de regozijo geral
por qualquer ato político ou público, apenas a noite come-

conveniados ao Sistema de Ensino


çava a escurecer, toda a vila tratava logo de iluminar-se [...].”
REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas recordações. Belo
Horizonte: Imprensa Oficial, 1987 (1887). p. 67-68. (Adaptado)

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17. UnB-DF (adaptado) – Julgue a afirmativa a seguir:


HISTÓRIA 2

Assim como a palmatória serviu de instrumento de


opressão aos alunos, a Guarda Nacional, criada pelo
ministro da Justiça, o padre Feijó, serviu para reprimir
as forças anárquicas contrárias às aristocracias locais.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Enem C3-H11 b) Feijó foi o primeiro dos regentes e representou um
Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou rompimento com o Brasil agrário por ter vencido um
um período marcado por inúmeras crises: as diversas rico fazendeiro.
forças políticas lutavam pelo poder e as reivindica- c) havia no período regencial o entrechoque dos po-
ções populares eram por melhores condições de vida derosos de cada uma das regiões do país, que, até
e pelo direito de participação na vida política do país. a independência e formação do Estado-nação, não
Os conflitos representavam também o protesto contra tinham um poder central para disputar.
a centralização do governo. Nesse período, ocorreu d) por ser um clérigo, Feijó transformou o Estado brasi-
também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento leiro em uma instituição católica e que regia o país a
do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual partir dos princípios religiosos de Roma, com quem
era fundamental a manutenção da escravidão e do tinha boas relações.
tráfico negreiro.
20. Unesp-SP C3-H14
O contexto do período regencial foi marcado: “A escravatura, que realmente tantos males acarreta para
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da a civilização e para a moral, criou no espírito dos bra-
monarquia. sileiros este caráter de independência e soberania, que
b) por várias crises e pela submissão das forças políti- o observador descobre no homem livre, seja qual for o
cas ao poder central. seu estado, profissão ou fortuna. Quando ele percebe
c) pela luta entre os principais grupos políticos que rei- desprezo ou ultraje da parte de um rico ou poderoso, de-
vindicavam melhores condições de vida. senvolve-se imediatamente o sentimento de igualdade; e
d) pelo governo dos chamados regentes, que promove- se ele não profere, concebe ao menos, no momento, este
ram a ascensão social dos “barões do café”. grande argumento: não sou escravo. Eis aqui no nosso
e) pela convulsão política e por novas realidades eco- modo de pensar a primeira causa da tranquilidade de que
nômicas que exigiam o reforço de velhas realidades goza o Brasil: o sentimento de igualdade profundamente
sociais. arraigado no coração dos brasileiros.”
FEIJÓ, Padre Diogo Antônio. Apud Miriam Dolhnikoff.
19. C3-H15 O pacto imperial, 2005.
“No dia 7 de abril de 1835, Diogo Antônio Feijó – um pa- O texto, publicado em 1834 pelo padre Diogo Antônio
dre taciturno e sombrio, filósofo que cultuava Kant e clé- Feijó:
rigo em luta com Roma por ser contra o celibato – venceu
a eleição contra o rico senador Holanda Cavalcanti por a) parece rejeitar a escravidão, mas identifica efeitos
positivos que ela teria provocado entre os brasileiros.
menos de seiscentos votos e se tornou o primeiro regente
uno. Foi, basicamente, uma vitória de Minas Gerais, pois b) caracteriza a escravidão como uma vergonha para
Feijó tinha muitos adversários no Rio e em São Paulo, e todos os brasileiros e defende a completa igualdade
entre brancos e negros.
Cavalcanti, fazendeiro em Pernambuco, era o candidato
do Nordeste.” c) defende a escravidão, pois a considera essencial para
a manutenção da estrutura fundiária.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Leya, 2012.
p. 196. (Adaptado) d) revela as ambiguidades do pensamento conservador
brasileiro, pois critica a escravidão, mas enfatiza a
Ao ler o texto, é possível entender que: importância comercial do tráfico escravagista.
a) Feijó foi eleito por Minas Gerais, e por isso beneficiou e) repudia a escravidão e argumenta que sua manuten-
seu estado em detrimento de estados como São ção demonstra o desrespeito brasileiro aos princípios
Paulo, Rio de Janeiro e Nordeste. da igualdade e da fraternidade.

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217

HISTÓRIA 2
REVOLTAS REGENCIAIS

PAÍS EM EBULIÇÃO
Rebeliões do período regencial • País em ebulição
50º O
• Revolução Farroupilha
(1835-1845)
• Revolta dos Malês (1835)
Equador
• Cabanagem (1835-1840)

• Sabinada (1837-1838)
• Balaiada (1838-1841)
AMAZONAS
GRÃO-PARÁ MARANHÃO CEARÁ RIO GRANDE
DO NORTE

PARAÍBA HABILIDADES
PIAUÍ
PERNAMBUCO • Analisar a atuação dos mo-
ALAGOAS
SERGIPE
vimentos sociais que contri-
BAHIA buíram para mudanças ou
GOIÁS
MATO GROSSO
rupturas em processos de
OCEANO disputa pelo poder.
ATLÂNTICO
MINAS
GERAIS
• Avaliar criticamente conflitos
ESPÍRITO SANTO culturais, sociais, políticos,
OCEANO
PACÍFICO SÃO PAULO econômicos ou ambientais
RIO DE JANEIRO
Capricórni
o ao longo da História.
Trópico de PARANÁ
• Analisar as lutas sociais
SANTA CATARINA e conquistas obtidas no
RIO GRANDE que se refere às mudanças
DO SUL
nas legislações ou nas
políticas públicas.

N
Revolução Farroupilha (1835-1845) NO NE

Cabanagem (1835-1840) O L

SO SE
Balaiada (1838-1841) S

Guerra dos Cabanos (1832-1834) Escala aproximada


1: 51000 000
Sabinada (1837)
0 510 1020 km
Revolta dos Malês (1835) Cada cm = 510 km

Base cartográfica IBGE.

Como vimos, o processo de independência do Brasil não envolveu combates ex-


ternos e não houve confrontos contra a antiga metrópole nem guerras de libertação.
O que ocorreu foram batalhas internas que se seguiram desde o Primeiro Reinado
até o início do Segundo, e que se deram principalmente no período regencial.
O período de 1831 a 1840 foi marcado por violentas revoltas com tendências

Material exclusivo para professores


político-liberais que eclodiram em diversas partes do país e, em alguns casos, amea-
çaram sua unidade territorial.
A participação popular nessas rebeliões, apesar de malsucedida, ganhou autono-
mia e radicalidade inusitadas. Conheceremos agora os principais focos de ebulição

conveniados ao Sistema de Ensino


desse momento de transição entre o Primeiro e o Segundo reinados, decisivos para
a manutenção da unidade territorial brasileira.

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REVOLUÇÃO FARROUPILHA (1835-1845) Sobre as tropas de cavalaria da Farroupilha, Giuseppe


Garibaldi, participante ativo dos primeiros anos da revo-
HISTÓRIA 2

Movimento iniciado por estancieiros criadores de


gado contra a elevada tributação sobre os produtos lução, afirmou:
derivados de sua pecuária, principalmente a carne Eu vi corpos de tropas mais numerosos, batalhas
charqueada. O preço da carne produzida no Rio Gran- mais disputadas; mas nunca vi, em nenhuma parte,
de do Sul ficou mais alto que a vendida ao Brasil pelos homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhan-
uruguaios e argentinos. Com o tempo, a campanha tes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas
passou a ser motivada por conflitos internos entre as fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dig-
elites sul-rio-grandenses, opondo o grupo litorâneo, namente pela causa sagrada das nações.
GARIBALDI, Giuseppe. Memórias. Buenos Aires: Biblioteca
vinculado ao governo regencial, ao interiorano ou far- de La Nación, 1910. p. 110.
roupilha, que via na política regencial um obstáculo à
afirmação de seu poder. REVOLTA DOS MALÊS (1835)
A situação na Província da Bahia era muito difícil, por-
MUSEU JULIO DE CASTILHOS, PORTO ALEGRE

que boa parte da população era constituída de escravos,


afrodescendentes e mestiços libertos que viviam em
condição de penúria. Os maus-tratos comuns e a explo-
ração intensa eram responsáveis por um clima de tensão
permanente. A organização da revolta contra essa explo-
ração teve a participação de africanos e descendentes
de origem islâmica, os malês, que realizavam cultos
Retrato de Bento particulares e conheciam a escrita e a língua árabes.
Gonçalves, um dos

COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ, SÃO PAULO


mais importantes
líderes da Revolução
Farroupilha. Preso
em 1836, fugiu
da cadeia no ano
seguinte com a ajuda
de membros da
maçonaria.

A atuação farroupilha estendeu-se à Província de


Santa Catarina, sendo proclamadas duas repúblicas:
Rio-Grandense (no Rio Grande do Sul) e Juliana (em
Santa Catarina). A Farroupilha, uma das mais longas
revoltas da história do Brasil, iniciou-se em 1835 e ter-
minou somente em 1845 por meio de um acordo feito
com duque de Caxias. Houve anistia geral aos revolto- Vendedor de palmito (1835), de Jean-Baptiste Debret. Esta litografia de
Debret representa um escravizado de origem islâmica.
sos com sua integração às forças do Exército brasileiro,
desfecho bem diferente dos movimentos de caráter A ação pretendia libertar os africanos da escra-
popular na história do Brasil, como a Cabanagem, a vidão. A agitação, iniciada na madrugada de 25 de
Revolta dos Malês, a Sabinada e a Balaiada. janeiro de 1835, estendeu-se ao longo do dia, com
vários combates entre os rebeldes e as forças po-
MUSEU JULIO DE CASTILHOS, PORTO ALEGRE

liciais de Salvador. A rebelião foi contida e houve


fuzilamento de alguns participantes, açoitamento
público de outros e deportação ou venda da maioria
para outras áreas do Brasil.

CABANAGEM (1835-1840)
A Cabanagem foi um movimento popular contra
as condições de pobreza e abandono e as políticas
governamentais elitistas. Indígenas, mestiços e es-

Material exclusivo para professores


cravizados combateram o governo provincial do Pará
nomeado pela regência. A princípio, setores das oli-
garquias não contempladas mobilizaram populares,
pretendendo assumir o controle da província. Entre-

conveniados ao Sistema de Ensino


tanto, os anseios da população pobre por melhorias
Carga de cavalaria (1916), de Guilherme Litran. Óleo sobre tela, 395 cm × nas condições de vida afastaram os grupos oligárqui-
620 cm. cos do movimento.

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SABINADA (1837-1838)

THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO


A renúncia de padre Diogo Feijó em 1837 levou os

HISTÓRIA 2
conservadores liderados por Araújo Lima ao poder re-
gencial. Nesse período do regresso conservador, os li-
berais da Bahia, não aceitando a política centralizadora,
deram início a agitações que visavam impedir a perda de
autonomia da província. O movimento foi liderado pelo
médico e jornalista Francisco Sabino, representante da
classe média baiense, daí o nome atribuído à rebelião.
Populares atenderam ao apelo do médico por estarem
descontentes com seu estado de pobreza. Em 1837, o
levante em Salvador proclamou a República Baiense, que
existiria até a maioridade de D. Pedro de Alcântara.
Representação da Cabanagem, movimento popular ocorrido em Belém, no Pará. Em ação rápida, o governo regencial enviou tropas
que sitiaram a cidade de Salvador com o apoio de se-
nhores de engenho da região do Recôncavo Baiano. O
Os cabanos, como ficaram conhecidos os rebeldes
resultado foi o massacre da população, com cerca de 2
populares, lideraram uma agitação que chegou à cidade
mil mortes e 3 mil prisões. Francisco Sabino e outros
de Belém em 1835 e criaram um governo provisório que companheiros de mesma condição social foram presos,
durou cerca de nove meses. Sem condições de reali- mas receberam anistia.
zar uma política que contemplasse todos, o movimen-
to dividiu-se e enfraqueceu com a chegada das tropas BALAIADA (1838-1841)
imperiais. Depois que as forças regenciais recuperaram A origem da agitação, como outras na história do Bra-
Belém, os cabanos dirigiram-se ao interior, constituindo sil, associa-se à crise econômica e à pobreza extrema na
focos de resistência que foram destruídos aos poucos. região. O elemento catalisador foi a disputa entre mem-
A repressão violenta matou cerca de 30 mil pessoas, re- bros da elite pelo poder político na Província do Maranhão.
duzindo drasticamente a população da Província do Pará. Os liberais maranhenses (bem-te-vis), que estavam em
campanha contra os conservadores que governavam com
A Cabanagem do Pará é o único movimento político o apoio da regência de Araújo Lima, decidiram manipular
do Brasil em que os pobres tomam o poder, de fato. os populares contra o governo, inclusive provendo-os com
É o único e isolado episódio de extrema violência munição. O movimento saiu do controle da elite liberal e
social, quando os oprimidos – a ralé mais baixa, ne- passou a agir por conta própria, sob a liderança de Cosme
gros, tapuios, mulatos e cafuzos, além de brancos re- Bento, ex-escravo; e Manuel Francisco dos Anjos Ferreira,
baixados que parecem não ter direito à branquitude artesão que confeccionava balaios. Daí a inspiração para
[...] assumem o poder e reinam absolutos, eliminan- o nome do levante, que fortaleceu-se com a conquista
do quase todas as formas de opressão, arrebentando da cidade de Caxias pelos balaios.
com a hierarquia social, destruindo as forças mili- A repressão não tardou. Comandando cerca de 8 mil
tares e substituindo-as por algo que faz tremer os homens das forças imperiais, Luís Alves de Lima e Silva
poderosos: o povo em armas. atacou Caxias e massacrou os rebeldes. O sucesso de
CHIAVENATO, Júlio José. Cabanagem: o povo no poder. São Lima e Silva o fez barão de Caxias, credenciando-o a atuar
Paulo: Brasiliense, 1984. p. 12-14. contra outros levantes, como a Revolução Farroupilha.
COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ, SÃO PAULO

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conveniados ao Sistema de Ensino Representação da repressão
à Balaiada por Johann Moritz
Rugendas.

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS

Contexto

Em razão do impedimento do futuro imperador em assumir o trono por conta da idade, a Assembleia Geral elegeu três repre-

sentantes entre os deputados, os quais formaram a regência responsável pelo governo do país até a maioridade de D. Pedro II.

Revolução Farroupilha

Local: Rio Grande do Sul.

1835-1845.
Período:

Revoltosos: Elite (grandes fazendeiros).

Motivos e demandas: Impostos sobre o sal e o charque. Mudanças nas taxas alfandegárias. Mais autonomia em relação ao poder central

da monarquia.

Consequência imediata: Medidas protecionistas ao charque do Rio Grande do Sul.

Revolta dos Malês

Local: Bahia.

Período: Madrugada de 25 de janeiro de 1835.

Classes populares (africanos de origem islâmica, os malês).


Revoltosos:

Maus-tratos e exploração de escravizados e mestiços. Pretendiam libertar os escravizados.


Motivos e demandas:

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Consequência imediata: Repressão do movimento, fuzilamentos, açoitamentos públicos e deportação ou venda de participantes da revolta

para outras áreas do Brasil.

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
Cabanagem

Local: Pará.

Período: 1835-1840.

Revoltosos: Elite e populares.

Política repressiva do governo provincial, que excluía líderes locais. Situação de miséria da maior parte da população.
Motivos e demandas:

Consequência imediata: Dura repressão e morte de cerca de 30 mil pessoas.

Sabinada

Local: Bahia.

Período: 1837-1838.

Camadas médias de Salvador.


Revoltosos:

Eram contra a centralização política no Rio de Janeiro e o recrutamento compulsório. Repressão do movimento e
Motivos e demandas:
prisão dos líderes.

Consequência imediata: Repressão do movimento, retomada da cidade, cerca de 2 mil mortes e 3 mil prisões.

Balaiada

Local: Maranhão.

Período: 1838-1841.

Revoltosos: Elite (liberais × conservadores) e classes populares (indígenas, mestiços e afrodescendentes).

Material exclusivo para professores


Motivos e demandas: Disputa pelo poder entre bem-te-vis (liberais) e cabanos (conservadores); recrutamento compulsório.

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Repressão do movimento e pacificação do Maranhão.
Consequência imediata:

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. UFRGS-RS (adaptado) – No bloco 1, são citadas 3. UPF-RS – Analise o fragmento a seguir.


cinco rebeliões ocorridas no Brasil durante o período “No Brasil, nos anos seguintes à abdicação, em 7 de abril
regencial; no bloco 2, são mencionadas as razões de de 1831, os liberais federalistas promoveram movimentos
ocorrência dessas rebeliões. Associe adequadamente políticos e armados no Ceará (1831-1832), em Pernambu-
o bloco 1 com o bloco 2: co (1831-1835), em Minas Gerais (1833-1835), na Bahia
Bloco 1 (1837-1838), no Grão-Pará (1835-1840), no Maranhão
(1838-1841) e no Mato Grosso (1834). Com a intervenção
1. Abrilada. 4. Sabinada.
das camadas sociais subalternizadas livres e escravizadas,
2. Cabanagem. 5. Balaiada. alguns desses movimentos ganharam forte conteúdo so-
cial, como a Balaiada (1838-1841), no Maranhão; e a Ca-
3. Levante Malê.
banagem (1835-1836), no Grão-Pará.”
Bloco 2 MAESTRI, Mário. Breve história do Rio Grande do Sul. Passo Fundo:
( ) Movimento popular ocorrido na Bahia, em 1835, Ed. da Universidade de Passo Fundo, 2010. (Adaptado)
com o objetivo de tomar o poder em Salvador e O Rio Grande do Sul se inseriu nesse contexto de re-
de estendê-lo para a região do Recôncavo. voltas quando eclodiu a chamada Revolução Farroupilha
( ) Movimento popular ocorrido no Pará, que levou (1835-1845). Sobre essa guerra, considere as afirma-
ao desligamento do império e à Proclamação da ções a seguir:
República.
I. Constitui associação ingênua deduzir que o qualifica-
( ) Movimento surgido da disputa entre conserva- tivo “farroupilha” provém de “farrapo”, condição em
dores e liberais no Maranhão, com a participação que estariam as vestimentas dos soldados republica-
também de índios, negros e mestiços. nos nos momentos finais do conflito. A denominação
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, deveu-se ao fato de que, no Brasil, os liberais exal-
de cima para baixo, é: tados eram conhecidos como “farroupilhas”, isto é,
como revolucionários, razão pela qual o movimento
a) 1 – 3 – 5 d) 5 – 3 – 4 passou à história como Revolução Farroupilha.
b) 2 – 4 – 3 e) 3 – 2 – 5 II. O projeto de Constituição da República Rio-Granden-
c) 3 – 4 – 1 se inspirava-se na Carta estadunidense, que asse-
gurava os direitos aos cidadãos livres e desconhecia
Os movimentos da Abrilada e da Sabinada não estão representados os dos trabalhadores escravizados.
em nenhum dos itens do bloco 2, que tratam, respectivamente, III. O então barão de Caxias, prestigiado pela repressão
da Revolta dos Malês (tomada de Salvador), da Cabanagem (movi- da Balaiada, no Maranhão, assumiu a chefia da pro-
mento republicano no Pará) e da Balaiada (movimento multiétnico
no Maranhão). víncia e das tropas do império. Nas cidades, Caxias
2. UFRGS-RS – A organização do Império Brasileiro, distribuía carne à população e contratava o serviço
no século XIX, foi marcada por uma série de tensões das famílias pobres para costurar fardamentos para
sociais, políticas e militares. Um dos episódios mais as tropas imperiais, em uma clara política de con-
relevantes desse período foi a chamada Guerra dos quista da simpatia dos sul-rio-grandenses livres.
Farrapos (1835-1845). IV. Os farroupilhas propuseram a reorganização dos la-
tifúndios por meio de um projeto de reforma agrá-
Sobre o conflito, considere as seguintes afirmações:
ria, o qual consistia na distribuição de lotes para os
I. A promulgação da Lei Feijó (1831), que tinha por escravos que haviam lutado em suas fileiras e para
objetivo fomentar o tráfico de africanos para o Brasil, os imigrantes que os haviam apoiado. Em resumo,
contrariando assim os interesses republicanos das defendiam a justiça social. Essa postura é comemo-
elites políticas da Província de São Pedro, foi um dos rada até hoje nos desfiles do Dia do Gaúcho, que
fatos desencadeadores da guerra. ocorrem, anualmente, em 20 de setembro.
II. A Guerra dos Farrapos também pode ser inserida Está correto o que se afirma em:
dentro de uma conjuntura platina na qual têm impor-
tância as relações mantidas entre lideranças sul-rio- a) I, apenas. d) I, II e III, apenas.
-grandenses e elites político-econômicas uruguaias. b) I e II, apenas. e) I, II, III e IV.
III. O Corpo de Cavalaria dos Lanceiros Negros, formado c) III, apenas.
por parte da população escrava habitante da provín- A afirmativa IV é incorreta, pois os revoltosos farroupilhas não propunham
cia, foi dizimado pelas tropas imperiais na chamada a reforma agrária, tampouco a justiça social e o benefício da população es-
cravizada. Inclusive, enquanto o império anistiou os revoltosos de origem
“surpresa de Porongos”. elitista, dizimou os afrodescendentes que participaram da insurgência.
Quais estão corretas? 4. UFMG-MG – O Império Brasileiro presenciou, nos anos
a) Apenas I. 30, a emergência de movimentos revolucionários.
b) Apenas II. Todas as alternativas apresentam movimentos desse
c) Apenas I e II. período, exceto:

Material exclusivo para professores


d) Apenas lI e III. a) a Balaiada, no Maranhão, que se caracterizou por
sucessivas e ininterruptas rebeliões da população
e) I, lI e III.
sertaneja escrava.
A afirmativa I é incorreta, pois a Guerra dos Farrapos não teve relação
b) a Cabanagem, na Província do Pará, que foi uma das

conveniados ao Sistema de Ensino


com a Lei Feijó, de 1831. Ela iniciou-se em 1835, liderada pela elite lutas mais violentas do período regencial.
pecuária do Rio Grande do Sul, contra as tributações impostas pelo c) a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, marcada pelas
império a seus produtos. aspirações do patriciado urbano e rural da região.

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d) a Praieira, em Pernambuco, que teve como objetivo e) revolta das camadas populares, especialmente ne-

HISTÓRIA 2
o fortalecimento da monarquia. gras e mestiças, contra o governo do regente Diogo
e) a Sabinada, na Bahia, caracterizada pelo antilusita- Feijó, porque este havia determinado que todos os
nismo da camada social média. portugueses fossem expulsos da Província do Pará
Ainda que os alunos não conheçam a Revolução Praieira, é possí- e a direção do governo provincial fosse entregue ao
vel chegar à resposta por eliminação. Neste módulo, estudamos barão do Marajó.
as principais revoltas do período regencial. A Praieira ocorreu O texto afirma que a Cabanagem de 1835-1837 teve raízes históricas
durante o Segundo Reinado e foi um movimento republicano, mais longínquas. Conforme descrito na alternativa A, ela mobilizou
não monarquista. elites locais que sentiam-se excluídas da política imperial, mas tam-
5. UFPA-PA C3-H13 bém setores populares (afrodescendentes, indígenas e mestiços) que
viviam na condição de miséria em decorrência da estrutura social que
Leia atentamente o texto a seguir, sobre a Cabanagem: se mantinha desde muito antes da independência do Brasil.
“É preciso compreender que se fazer cabano no Pará era Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
uma opção difícil e que precisa ser analisada à luz de todo tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais.
um modo de pensar e de estratégias de lutas, que, em cer-
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuí-
to modo, constituíam a vida cotidiana daqueles homens e ram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
mulheres de 1835-1837, porém que foram gestados muito
6. Fatec-SP – Leia o texto:
tempo antes, entre pessoas concretas que vinham de inú-
meros lugares, com línguas, tradições e trabalhos diferen- Em abril de 1831, D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil
ciados dentro da realidade amazônica”. em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, que tinha,
então, cinco anos de idade. Uma regência foi criada para
RICCI, Magda. De la independencia a la Revolución Cabana: la
Amazonia y el nacimiento de Brasil (1808-1840). In: PEREZ, José governar até que D. Pedro II, como ficaria conhecido,
Manuel Santos; PETIT, Pere. La Amazonia brasileña en perspectiva his- atingisse a maioridade e pudesse ser coroado.
tórica. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2006. p. 88.
Durante o período regencial, a política brasileira foi
A Cabanagem, um dos mais expressivos movimentos marcada:
sociais do Brasil, ocorrido no Pará, no século XIX, tem a) pela intensificação da política expansionista do regen-
suas raízes históricas na: te Feijó, que acentuou os conflitos internacionais no
a) opressão histórica que índios e tapuios sofreram do Cone Sul (guerras da Cisplatina e do Paraguai) e pelo
domínio português, e a própria luta empreendida con- aumento progressivo da dívida externa brasileira.
tra os privilégios das elites portuguesas, que foram b) pela fragmentação do império, marcada pela perda
mantidos após a independência do país, deixando de territórios fronteiriços (Província Cisplatina, Ama-
esta gente pobre e até mesmo remediados e abasta- zônia colombiana) nos combates com as tropas de
dos, excluídos da participação política e dos negócios Simón Bolívar e José de San Martín.
do governo provincial. c) pelo pacto federativo, conduzido pelo jovem impera-
b) diferença no tratamento dos assuntos políticos, esta- dor, que favoreceu as demandas dos regionalistas,
belecida pelo governo provincial, entre os que eram concedendo autonomia administrativa às províncias.
nativos, como os índios e os tapuios, e aqueles que d) pela promulgação da primeira Constituição do império,
eram de nacionalidade estrangeira, ou que pelo me- que sofreu forte resistência das elites regionais por seu
nos tivessem um título nobiliárquico outorgado pelo caráter centralizador, pela criação do Poder Moderador
imperador do Brasil. e pela extensão do direito de voto aos analfabetos.
c) memória de exploração que a sociedade nativa amazô- e) pela criação das Assembleias Legislativas Provinciais
nica tinha do cativeiro imposto pelos senhores de es- e pela eclosão de rebeliões em diversas províncias,
cravos portugueses durante as lutas de independência, sendo algumas de caráter popular (como a Cabana-
considerando-se que essas lutas levaram a Província gem) e outras comandadas pelas elites regionais
do Pará a sofrer um período de escassez de produtos (caso da Guerra dos Farrapos).
alimentícios, especialmente da farinha de mandioca. As políticas expansionistas no Cone Sul não se deram no período
regencial (a Guerra da Cisplatina ocorreu no Primeiro Reinado e, a
d) época em que os “malvados” cabanos, sem qual-
Guerra do Paraguai, no Segundo Reinado). O Império Brasileiro não
quer sentimento humanitário e sem comando re- foi fragmentado como nas antigas possessões espanholas. O pacto
volucionário, trucidavam todos aqueles que fossem federativo não foi conduzido pelo jovem imperador D. Pedro II, mas
simpatizantes do governo regencial ou tivessem pelos políticos liberais durante a regência. A primeira Constituição foi
propriedades fundiárias na Ilha de Marajó. outorgada em 1824, e não promulgada na regência. A única alternativa
que não contém informações equivocadas é a E.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFG-GO – A ocorrência de rebeliões, tais como a Ca- c) mobilização das camadas populares pelos segmen-
banagem (1835-1840), no Pará; a Sabinada (1837-1838), tos da elite, objetivando o controle do poder nas
na Bahia; e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão, de- referidas províncias.
terminou a caracterização da regência como um perío- d) tentativa de restabelecer o Poder Moderador, trans-
do conturbado. Todavia, a ocorrência de rebeliões tão ferindo-o para a Regência Una como forma de resistir
distintas apresenta como aspecto comum a: às reformas liberais.

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a) reivindicação popular pela abolição da escravatura, e) rejeição ao regime monárquico, revelador da per-
tornando inviável o apoio das camadas médias ur- manência do privilégio concedido aos portugueses
banas aos movimentos contra a ordem regencial. desde a colônia.
b) influência da experiência republicana da América his-

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pânica, decorrente da proximidade intelectual entre
as elites imperiais e os criollos.

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8. Unesp-SP – Sobre as revoltas do período regencial 11. IFBA-BA


HISTÓRIA 2

(1831-1840), é correto afirmar que: “Durante a época das regências e mesmo depois dela, vá-
a) indicavam o descontentamento de diferentes se- rias revoltas contestaram o poder central e ameaçaram a
tores sociais com as medidas de cunho liberal e unidade nacional.”
antiescravista dos regentes, expressas no Ato CASTELLI JUNIOR, Roberto. História: texto e contexto.
Adicional. São Paulo: Scipione, 2006. p. 426.
b) algumas, como a Farroupilha (RS) e a Cabanagem
(PA), foram organizadas pelas elites locais e não Nesse contexto, pode-se afirmar sobre as rebeliões do
conseguiram mobilizar as camadas mais pobres e período regencial que:
os escravos. a) a Balaiada, no Maranhão, foi um símbolo da luta aris-
c) provocavam a crise da Guarda Nacional, espécie de tocrática contra a falta de legitimidade da regência
milícia que atuou como poder militar da independên- que se mantém mesmo depois da proclamação da
cia do país até o início do Segundo Reinado. maioridade do imperador Pedro II.
d) a Revolta dos Malês (BA) e a Balaiada (MA) foram as b) os Farroupilhas conseguiram impor a separação do
únicas que colocaram em risco a ordem estabeleci- Rio Grande do Sul, obrigando o governo central a
da, sendo sufocadas pelo duque de Caxias. negociar com os estancieiros rebeldes, aumentando
a taxação sobre o charque estrangeiro.
e) expressavam o grau de instabilidade política que se
seguiu à abdicação, o fortalecimento das tendências c) a Sabinada causou grandes danos econômicos ao
federalistas e a mobilização de diferentes setores Estado imperial, obrigando os regentes a contratar
sociais. soldados ingleses que lutaram durante muitos anos
para garantir o domínio regencial sobre a Bahia.
9. Fuvest-SP d) a Cabanagem identificou os interesses da aristocra-
“Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso, as- cia nordestina à antiga luta republicana, associando
o projeto de separação da região ao interesse dos
sustado; o governo consome o tempo em vãs recomenda-
comerciantes portugueses em recuperar o mono-
ções [...] O vulcão da anarquia ameaça devorar o império: pólio comercial.
aplicai a tempo o remédio.”
e) os escravos malês na Bahia aliaram-se aos proprietá-
Padre Antônio Feijó, em 1836. rios rurais para lutar contra o centralismo regencial e
Essa reflexão pode ser explicada como uma reação à: pela proclamação de uma república democrática, nos
moldes do antigo projeto dos conjurados baianos.
a) revogação da Constituição de 1824, que fornecia os
instrumentos adequados à manutenção da ordem. 12. Unesp-SP – A Revolta dos Malês, ocorrida em 1835,
b) intervenção armada brasileira na Argentina, que cau- na Bahia, contou com ampla participação popular e de-
sou grandes distúrbios nas fronteiras. fendeu, entre outras propostas:
c) disputa pelo poder entre São Paulo, centro eco- a) a rejeição ao catolicismo e a construção de uma or-
nômico importante, e Rio de Janeiro, sede do dem islâmica.
governo. b) a manutenção da escravidão de africanos e a amplia-
d) crise decorrente do declínio da produção cafeeira, ção da escravização de indígenas.
que produziu descontentamento entre proprietários c) o retorno de D. Pedro I e o restabelecimento da mo-
rurais. narquia absolutista.
e) eclosão de rebeliões regionais, entre elas a Cabana- d) a ampliação das relações diplomáticas e comerciais
gem; no Pará, e a Farroupilha; no Sul do país. com os países africanos.
e) o reconhecimento dos direitos e deveres de todo
10. Unesp-SP – Entre as várias rebeliões ocorridas no
cidadão brasileiro.
período regencial, destaca-se a chamada Guerra dos
Farrapos, iniciada em 1835. O conflito:
13. PUC-RJ – Durante o período imperial brasileiro, instau-
a) prosseguiu até a metade da década seguinte, quando rou-se uma ordem política caracterizada pelo centralis-
o governo do Segundo Império aumentou os impos- mo e unitarismo. Houve, contudo, manifestações de
tos de importação dos produtos bovinos argentinos contestação a essa ordem, destacando-se aquelas que
e anistiou os revoltosos. possuíam caráter separatista e a defesa de propostas
b) demonstra que as disputas comerciais entre Brasil e de maior autonomia para as províncias. Assinale a op-
Argentina se iniciaram logo depois da independência ção que identifica corretamente duas dessas revoltas:
e desde então se agravaram, até atingir a atual riva- a) Revolta dos Malês e Cabanagem.
lidade entre os dois países.
b) Guerra dos Farrapos e Revolução Praieira.
c) permitiu a adoção de um regime federalista no Bra-
sil, uma vez que as negociações entre o governo c) Balaiada e Revolta do Vintém.
imperial e os rebeldes determinaram a autonomia d) Sabinada e Revolta do Quebra-Quilos.
política rio-grandense. e) Revolta da Chibata e Revolta da Vacina.
d) revela a impossibilidade de estabelecer relações po-

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líticas e diplomáticas na América Latina após a inde- 14. UEL-PR – No contexto histórico das transformações
pendência política e durante o período de formação ocorridas no século XIX, que envolveram questões da
dos Estados nacionais. identidade nacional e da política no Brasil após a abdica-
e) impediu a continuação do período regencial e levou ção de D. Pedro I, ocorreu uma grave crise institucional.

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à aceitação de outra exigência dos participantes da As tentativas de superação por meio das regências pro-
revolta: a antecipação da maioridade do futuro im- vocaram uma série de revoltas, como a Sabinada (BA),
perador Pedro II. a Balaiada (MA) e a Cabanagem (PA).

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A superação da crise, que coincidiu com o fim do pe- revolta contra a política de impostos vigente e por

HISTÓRIA 2
ríodo regencial, deveu-se à: anseios separatistas de parte da elite.
a) antecipação da maioridade do príncipe herdeiro. c) Sabinada, originada no Maranhão, em regiões pau-
b) consolidação da Regência Una e Permanente. pérrimas de cultivo de algodão e protagonizada por
c) formação e consolidação do Partido Republicano. trabalhadores livres e escravos, que contaram com
o apoio de parte da elite local.
d) fundação das agremiações abolicionistas.
e) volta imediata de D. Pedro I às terras brasileiras. d) Guerra dos Palmares, conflito desencadeado pela
repressão aos quilombolas liderados por Zumbi dos
15. UFRGS-RS – A respeito da Revolta dos Malês, ocorrida Palmares, com o apoio de pequenos agricultores da
na cidade de Salvador em 1835, é correto afirmar que região de Alagoas.
ela foi um movimento liderado por: e) Revolta da Chibata, que mobilizou um grande contin-
a) escravos oriundos da África Oriental, inspirados na gente de escravos revoltados contra os maus-tratos
independência do Haiti. e a prática das chicotadas em praça pública na cidade
b) escravos e libertos de origem africana, que profes- do Rio de Janeiro.
savam a religião muçulmana.
c) escravos nascidos no Brasil e grupos excluídos do 17. Unespar-PR – Sobre as revoltas provinciais deflagradas
processo político-partidário. no período regencial, considere as seguintes alterna-
d) escravos e índios aldeados no Recôncavo, que pro- tivas:
testavam contra a exploração. I. A Cabanagem – PA (1835-1840) foi um movimento
e) populares que se inspiraram na Revolta dos Alfaiates. popular com a participação de índios, caboclos e
negros que se opôs à regência e ocupou, por alguns
16. Puccamp-SP meses, o governo da província.
“O universo ficcional de Machado de Assis é povoado
II. A Revolução Farroupilha – RS/SC (1835-1845) foi uma
pelos tipos sociais que se mesclavam na sociedade flumi-
revolta motivada, sobretudo, pela política tributária
nense do século XIX: proprietários, rentistas, comerciantes,
do governo regencial, que, por sua vez, conseguiu
homens pobres mas livres e escravos. Cruzam seus inte-
conter o movimento, punir os líderes e impor as
resses e medem-se em seus poderes ou em sua falta de
tarifas que causaram o início do movimento.
poder. É essa a configuração das personagens das obras-
-primas Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmur- III. A Sabinada – BA (1837-1838) pregava a república
ro. A tragédia do negro escravizado está exposta em con- federativa, estabelecendo em 1837 o novo regime
tos violentos, e o capricho dos senhores proprietários dá na BA, o qual se manteria até a maioridade do futuro
o tom a narradores como Brás Cubas e Bento Santiago, o imperador. Após reação dos senhores de engenho
Bentinho, que contam suas histórias de modo a apresentar do Recôncavo e do governo central (com a Armada)
com ar de naturalidade a prática das violências pessoais ou a capital da BA foi retomada.
sociais mais profundas.” IV. As revoltas Cabanagem, Revolução Farroupilha e Sa-
TÁVOLA, Bernardim da. Inédito. binada tinham em comum demandas regionais não
atendidas pelo governo central. Em nenhum caso
Violências sociais abundaram no período regencial,
momento em que eclodiram rebeliões populares que seus líderes pretendiam ampliar as conquistas para
foram duramente reprimidas, caso da: o âmbito nacional.

a) Guerra de Canudos, que implicou a resistência ar- a) I, II e III estão corretas.


mada, na Bahia, de milhares de famílias em torno b) II e IV estão corretas.
do líder religioso Antônio Conselheiro, resultando
c) I, III e IV estão corretas.
em grande massacre.
b) Farroupilha, conflito iniciado no Rio Grande do Sul, d) Todas estão corretas.
que durou cerca de dez anos e foi motivado pela e) II, III e IV estão corretas.

ESTUDO PARA O ENEM


18. Unicamp-SP C3-H15 a) Segundo o texto, o que diferenciava a Cabanagem
“Iniciada como conflito entre facções da elite local, a Ca- da Farroupilha?
banagem, no Pará (1835-1840), aos poucos fugiu ao con-
trole e tornou-se uma rebelião popular. A revolta paraense
atemorizou até mesmo liberais como Evaristo da Veiga.
Para ele, tratava-se de gentalha, crápula, massas brutas.
Em outras revoltas, o conflito entre elites não transbordava
para o povo. Tratava-se, em geral, de províncias em que

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era mais sólido o sistema da grande agricultura e da gran-
de pecuária. Neste caso está a revolta Farroupilha, no Rio
Grande do Sul, que durou de 1835 a 1845.”
José Murilo de Carvalho. A construção da ordem: a elite imperial.

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In: Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003. p. 252-253. (Adaptado)

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b) Quais os significados das revoltas provinciais para a c) foi causada essencialmente pelo descontentamen-
HISTÓRIA 2

consolidação do modelo político imperial? to dos estancieiros gaúchos com os altos impostos
que eram obrigados a pagar e com os baixos preços
estabelecidos pelo governo para a venda de gado,
charque, couros e peles ao restante do país.
d) a Guerra dos Farrapos, que durou dez anos, iniciou-se
em 1893, quando os farroupilhas exigiram a des-
tituição do novo presidente da província, Antônio
Rodrigues Fernandes Braga. Em setembro daquele
ano, as tropas do chefe farroupilha Bento Gonçalves
ocuparam Porto Alegre e proclamaram a independên-
cia do Rio Grande do Sul.
e) a Guerra dos Farrapos terminou em negociações
com o governo, os quais acabaram favorecendo os
c) O que levava as elites agricultoras e pecuaristas a se
interesses da burguesia urbana de Porto Alegre, Pe-
rebelarem contra o poder central do império?
lotas e Rio Grande. Os estancieiros, que mais se
dedicaram ao processo revolucionário, pouco foram
beneficiados.

20. FGV-SP C3-H15


“Documentos inéditos descobertos na Inglaterra relatam
que, apenas 13 anos depois de proclamada a independên-
cia, o governo brasileiro pediu auxílio militar às grandes
potências da época – Inglaterra e França – para reprimir
a Cabanagem [...] no Pará. [...] Em 1835, o regente Diogo
19. PUC-PR C3-H13 Antônio Feijó reuniu-se secretamente com os embaixado-
“O Rio Grande do Sul era um caso especial entre as re- res da França e da Grã-Bretanha. Durante a reunião, Feijó
giões brasileiras desde os tempos da colônia. Por sua posi- pediu ajuda militar, de 300 a 400 homens para cada um
ção geográfica, formação econômica e vínculos sociais, os dos países, no intuito de ajudar o governo central brasilei-
gaúchos tinham muitas ligações com o mundo platino, em ro a acabar com a rebelião.”
especial com o Uruguai. Os chefes de grupos militarizados Luís Indriunas. Folha de S.Paulo, 13 out. 1999.
da fronteira – os caudilhos –, que eram também criado- A partir das informações apresentadas pelos documentos
res de gado, mantinham extensas relações naquele país. encontrados, é correto afirmar que o período regencial:
Aí possuíam terra e se ligavam, pelo casamento, a muitas
a) foi marcado pela disputa política entre regressistas
famílias da elite.”
e progressistas, que defendiam, respectivamente,
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: a escravidão e a imediata abolição da escravatura.
Edusp, 2008. p. 91.
b) pode ser considerado parte de um momento especial
Com base no exposto, é correto afirmar em relação à de construção do Estado nacional no Brasil, durante
Revolução Farroupilha: o qual a unidade territorial esteve em perigo.
a) foi uma guerra civil que levou ao confronto dois gru- c) não apresentou grande preocupação por parte das
pos políticos rivais no Rio Grande do Sul: os mara- autoridades regenciais e nem da aristocracia rural,
gatos e os farroupilhas. Estes últimos exigiam mu- apesar das inúmeras rebeliões espalhadas pelo país.
danças profundas no governo, acusando-o de não d) teve como característica marcante a ampliação da
atender às necessidades da província. participação popular por meio do voto universal e
b) os farroupilhas exigiam maior autonomia da província da criação do Conselho de Representantes das Pro-
em relação ao governo central, o que, no decorrer víncias do Império.
da luta, resultou na proclamação de uma república e) teve como momento mais importante a aprovação do
federal na Região Sul do Brasil, que englobava tam- Ato Adicional de 1834, que estabeleceu medidas políti-
bém Santa Catarina e partes do Paraná. co-administrativas voltadas para a centralização política.

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SEGUNDO REINADO:

HISTÓRIA 2
POLÍTICA

O ILUSTRE ERUDITO DO ATRASO


• O ilustre erudito do atraso
MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO

• Política interna
• Revoltas liberais
• Parlamentarismo às
avessas
• Economia do século XIX
• Imigração e Lei de Terras
• Política externa
• O Prata e a Guerra do
Paraguai

HABILIDADES
• Identificar registros de
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
• Analisar as lutas sociais
e conquistas obtidas no
que se refere às mudanças
nas legislações ou nas
políticas públicas.
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos
movimentos sociais e a
importância da participação
da coletividade na
Pintura de 1842 representando a coroação de D. Pedro II, ocorrida em 18 de julho de 1841.
transformação da realidade
histórico-geográfica.
No módulo anterior, vimos mais detalhes do turbulento período regencial. Com
o chamado Golpe da Maioridade, D. Pedro II é coroado imperador do Brasil aos • Avaliar criticamente
14 anos de idade. conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos
Sua biografia pode ser descrita de duas maneiras: por um lado, como um homem
ou ambientais ao longo
ilustrado, preparado desde o berço para comandar uma nação, além de culto, erudito,
da História.
poliglota, patrocinador das ciências e das artes e reconhecido como tal por grandes
nomes como Graham Bell, Victor Hugo e Louis Pasteur. Por outro lado, D. Pedro II
pode ser definido como um defensor de privilégios e governante de respostas len-
tas, além de ter sido fiador da escravidão e, por isso, ser relacionado ao atrasado
passado rural brasileiro.
Foi preparado para governar, porém não realizou grandes feitos. Venceu a Guerra

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do Paraguai, mas endividou o país. Embora fosse amigo de grandes intelectuais,
pouco fez pela educação, enquanto países como a Argentina já tinham um Ministé-
rio da Educação e construíam escolas. Era considerado esclarecido, mas atrasou a
abolição da escravidão. E, embora tido como moderno, boicotou projetos de grandes

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empreendedores, como o barão de Mauá.
D. Pedro II é uma figura controversa: foi um ilustre imperador e um erudito, mas,
também, o precursor do atraso.

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POLÍTICA INTERNA Alguns historiadores relacionam a Revolta Praieira


aos acontecimentos de 1848 na Europa, conhecidos
HISTÓRIA 2

O Golpe da Maioridade conduzido pelos liberais por Primavera dos Povos, indicando um ideário diferen-
inaugurou o Segundo Reinado brasileiro. Aos 14 anos, ciado que questionava a miséria do povo e os privilégios
D. Pedro de Alcântara foi aclamado D. Pedro II, assesso- das elites.
rado pelos liberais, que encabeçaram a convocação de
eleições para a organização de uma nova assembleia. PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS
Para vencer, usaram de vários expedientes, inclusive Em 1847, foi aprovada a lei de criação do cargo de
intimidação física. O resultado foi a vitória liberal nas presidente do Conselho de Ministros, equivalente ao
“eleições do cacete”, como ficaram conhecidas. de primeiro-ministro. A monarquia brasileira tornou-
Os deputados eleitos não chegaram a tomar pos- -se parlamentar, aparentemente seguindo o modelo
se em razão das denúncias de fraude, que levaram o britânico. De fato, o imperador escolhia o chefe de
imperador a anular as eleições. Ele demitiu o gabinete gabinete, não o Parlamento. Dessa forma, o regime
ministerial liberal e convocou outro, constituído pelos parlamentar brasileiro desvirtuou o modelo britânico,
conservadores. Essa decisão levou os liberais a se rebe- ficando conhecido por “parlamentarismo às avessas”.
larem contra o governo: em São Paulo, comandados por

MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO


Tobias de Aguiar; e, em Minas Gerais, por Teófilo Otoni.

REVOLTAS LIBERAIS
Em razão do despreparo militar e da falta de expe-
riência dos rebelados, o barão de Caxias desmante-
lou facilmente os movimentos liberais de São Paulo e
Minas Gerais, em 1842. Depois deles, em 1848, veio
a Revolta Praieira, de caráter antilusitano, contra os
privilégios dos portugueses na Província de Pernam-
buco, os quais empregavam apenas conterrâneos em
suas grandes casas comerciais, deixando parte da po-
pulação sem trabalho. Criou-se, na província, um forte
sentimento de hostilidade aos grandes proprietários.
Retrato de D. Pedro aos
COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ, SÃO PAULO

25 anos, em 1850, pintado


pelo Visconde de Meneses.

O regime parlamentar é pautado na ideia de des-


centralização política. No caso do Brasil, havia centrali-
zação, pois o imperador escolhia o governante, mesmo
que este não tivesse o apoio da maioria parlamentar.
Além disso, o imperador detinha o Poder Moderador,
então plenamente restabelecido. Nesse quadro de cen-
tralização político-institucional, o império representava
a ordem que fora ameaçada durante o Primeiro Reinado
e as regências e garantia tranquilidade à aristocracia
rural, exercendo o poder em seu benefício.

ECONOMIA DO SÉCULO XIX


Tendo em vista o aumento na arrecadação das
tarifas alfandegárias, uma vez que o Brasil importa-
Praça da Boa Vista, em Recife (século XIX), de F. H. Carls.
va produtos industrializados, sobretudo da Inglaterra,
Acrescente-se a isso o descontentamento da ala o governo brasileiro aprovou, em 1844, a Tarifa Alves
mais radical do Partido Liberal, formada pelos praianos, Branco, que elevava os impostos sobre produtos im-
com a nomeação de um conservador para a presidência portados em 30%. A medida teve efeito protecionista,
da província. Entre os liberais radicais estavam Borges pois o encarecimento dos produtos importados levou

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da Fonseca e Pedro Ivo, que se associaram a populares ao desenvolvimento de manufaturas internas para res-
descontentes em defesa da proclamação de uma repú- ponder à demanda pela ausência daqueles. O setor
blica. Os praianos também propunham a nacionalização manufatureiro recebeu investimentos, destacando-se
do comércio e a expulsão dos portugueses. O governo a atuação do maior empresário brasileiro do império:

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imperial agiu prontamente e derrotou as forças praiei- o barão de Mauá. Favorecendo os investimentos e a
ras comandadas por Pedro Ivo, que foi aprisionado e diversificação econômica, a Lei Eusébio de Queirós,
enviado para o Rio de Janeiro. de 1850, proibiu o tráfico negreiro para o país. Ela veio

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em resposta à pressão inglesa, que, por meio da Lei


Bill Aberdeen, de 1845, determinara o aprisionamen- Parlamento e elites

HISTÓRIA 2
to de navios negreiros, afetando o abastecimento de O modelo parlamentarista implantado no Segun-
mão de obra escrava no Brasil. Ainda que a abolição do Reinado atendia às necessidades de D. Pedro II
definitiva da escravidão ocorresse somente em 1888, de acomodar os interesses de liberais e conserva-
a Lei Eusébio de Queirós encareceu o braço escravo e dores, cujas diferenças ideológicas eram pequenas.
liberou recursos, antes aplicados no tráfico, para outros Os dois grupos tinham muito em comum: ambos re-
setores da economia. presentavam as elites latifundiárias e escravocratas,
A economia do país ainda estava baseada na lavou- cuja produção agrícola visava às exportações. Dessa
ra de exportação e logo teve início o desenvolvimento forma, existia um espaço possível para negociação
manufatureiro. A revogação da Tarifa Alves Branco, em no sistema governamental, a exemplo do Ministério
1860, levou Mauá, o maior empreendedor do Brasil da Conciliação ou Gabinete da Conciliação, que vi-
Império, à falência, em 1864. gorou de 1853 a 1857. Dele faziam parte os liberais
A relação entre braço escravo e lavoura de expor- e os conservadores, capitaneados pelo imperador.
tação diminuiu com a entrada de italianos e alemães
como trabalhadores livres na área cafeeira, a mais di-
nâmica da agroexportação. Economia no Segundo Reinado
Nas primeiras décadas do século XIX, a cafeicultura O século XIX, especialmente a partir da segunda
ganhou força no Rio de Janeiro, estendendo-se para o metade, representou uma fase de desenvolvimento
Vale do Paraíba e, depois, o Oeste Paulista, em virtu- e modernização dos meios de transporte e comu-
de da existência da terra roxa, que oferecia condições nicação no Brasil. Vários produtos de alto valor co-
favoráveis para esse tipo de plantio. mercial no mercado externo, como cacau, algodão e
O café produzido no Vale do Paraíba tinha estrutura café, ganharam destaque na pauta de exportações
tradicional, tipicamente colonial e com base no trabalho brasileiras. O trabalho escravo vinha gradativa-
escravo. Além disso, enfrentava dificuldade no escoa- mente sendo substituído pelo assalariado, exercido
mento da produção pelo Porto do Rio de Janeiro, até basicamente por imigrantes. Durante o Segundo
onde chegava transportado basicamente por tropas de Reinado, o café foi o principal produto da economia
burros e mulas, pois a introdução das ferrovias nessa brasileira, além de carro-chefe das exportações, po-
região ocorreu apenas na década de 1860. rém não o único.
Mesmo assim, a produção cafeeira representava a
base econômica para a ascensão da aristocracia flumi- Contribuições dos principais produtos
nense no comando do aparelho de Estado, passando a para exportação (em % sobre o valor
ter hegemonia sobre a classe dominante do império. global de exportação)
A ausência de uma mentalidade empresarial, o não Produto 1841-1850 1851-1860 1861-1870 1871-1880
aprimoramento das técnicas de produção e o próprio
desgaste do solo impuseram limites à produção ca- Café 41,4 48,8 45,5 56,6
feeira no Vale do Paraíba, abrindo espaço para o Oeste Açúcar 26,7 21,2 12,3 11,8
Paulista tornar-se a região cafeeira mais importante do
Algodão 7,5 6,2 18,3 9,5
país a partir de 1850. Nessa região, estruturou-se uma
forma produtiva mais moderna, com a transição do Fumo 1,8 2,6 3,0 3,4
trabalho escravo para o assalariado e a construção de Cacau 1,0 1,0 0,9 1,2
ferrovias, as quais facilitaram e baratearam o transporte
do café para o Porto de Santos. Total 78,4 79,8 80,0 82,5
SILVA, H. S.; VILELA, A. V.; SUZIGAN, W. Apud: SINGER, P. O
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO

Brasil no contexto do capitalismo internacional (1889-1930).


In: FAUSTO, Boris. (Org.). História geral da civilização brasileira.
São Paulo: Difel, 1975.

O café chega ao Oeste Paulista – Ribeirão Preto


As primeiras mudas de café chegaram a Ribeirão
Preto por volta de 1860. Eram plantadas em peque-
na quantidade. Na década de 1870, o café começou

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a ser produzido em grande escala, pois até então era
considerado uma planta de quintal.
As mudas de café Bourbon, trazidas pelo Dr. Luís

conveniados ao Sistema de Ensino


Pereira Barreto (médico e cientista), encontraram
na região condições favoráveis de plantio: o clima
Estrada de ferro ligando o interior paulista ao Porto de Santos, em 1870.
quente e a terra roxa (latossolo vermelho-escuro).

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Dr. Pereira Barreto, grande divulgador das condições italianos e alemães, estabelecendo-lhes um regime
favoráveis da região ao plantio do café, incentivou os de trabalho assalariado com relativa autonomia.
HISTÓRIA 2

agricultores a investirem na cafeicultura. A partir de Mesmo que subsidiados pelo governo e com ple-
então, formaram-se grandes fazendas de café, dentre no direito de procurar outras fazendas e trabalhos,
elas, a maior foi a Fazenda Monte Alegre. os imigrantes muitas vezes ficavam presos a dívidas
lnicialmente, o trabalho nas fazendas era realizado e contratos que os obrigavam a trabalhar em condi-
por escravos. Essa foi a mão de obra responsável ções precárias.
pela formação das fazendas. Com os primeiros mo-

THE PRINT COLLECTOR/ALAMY STOCK PHOTO


vimentos abolicionistas e as proibições ao trabalho
escravo, a mão de obra foi, aos poucos, sendo substi-
tuída por imigrantes, principalmente italianos, que
trabalhavam em regime de colonato.
LASTÓRIA, Andrea Coelho (Org.). Atlas escolar histórico, geográfico e
ambiental de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto: FFCLRP/USP, 2008. v. 1.

NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/ALAMY STOCK PHOTO


Os italianos contribuíram para o enriquecimento cultural brasileiro em
vários aspectos. São exemplos a culinária e o acréscimo de palavras ao
vocabulário.

Essa transição do trabalho escravo para o assala-


riado contou com uma legislação que, de forma grada-
tiva, condenou o regime escravista. Os legisladores,
membros da elite, temendo os efeitos da abolição em
seu poder político-econômico, buscaram criar leis que
limitassem a liberdade de quem caminhava em meio
a agitações e estratégias dos abolicionistas. Nesse
sentido, compreende-se a criação da Lei de Terras, de
1850, que acabou com o sistema de distribuição de
terras públicas, estabelecendo a propriedade privada
aos que já a possuíam e a aquisição exclusivamente
Representação do café sendo estocado. Brasil, século XIX. por meio da compra. Ex-escravos, assim, ficavam im-
possibilitados de se tornar proprietários de terras em
A expansão cafeeira durante o império deixou mar- razão de sua falta de recursos. Isso também atendia ao
cas importantes: melhora da economia brasileira em interesse de manter o controle territorial com a elite,
relação às primeiras décadas da monarquia, entrada que então importava mão de obra da Europa e não
de grande número de imigrantes e surgimento de uma pretendia que os imigrantes ou seus descendentes
sociedade que começava a urbanizar-se. Além disso, tivessem condições civis para a aquisição de terras
a expansão cafeeira contribuiu para a estabilidade po- por meio de sesmaria (distribuição de terras públicas
lítica e a hegemonia dos cafeicultores no interior da a homens livres).
aristocracia brasileira. Como em outros momentos da história brasileira, a
economia cafeeira só se estabeleceu graças ao sofri-
IMIGRAÇÃO E LEI DE TERRAS mento e à exploração do trabalho escravo. Os produto-
O primeiro momento da imigração chamava-se res de café do Vale do Paraíba representaram um dos
sistema de parceria ou colonato. A experiência co- pilares políticos do governo de D. Pedro II e, em termos
meçou em 1847, nas fazendas do senador Nicolau de econômicos, ainda mantinham práticas mercantilistas.
Campos Vergueiro, na região de Limeira. Consistia O desenvolvimento nacional esteve intimamente ligado
no adiantamento feito pelo fazendeiro para a viagem à lavoura cafeeira. A modernidade que se delineava no
e as primeiras despesas do imigrante, que ficava im- mundo chegava, enfim, ao Brasil.

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pedido de sair da fazenda até a liquidação da dívida. D. Pedro II caracterizou-se por defender as artes e
Caso contrário, deveria pagar 6% de juros. Em pouco as ciências. A cidade do Rio de Janeiro, capital do país,
tempo o sistema fracassou, porque o imigrante, cada modernizava-se com a abertura de muitas lojas e com
vez mais endividado com o fazendeiro, tornava-se pra- a implantação de serviços de iluminação pública e de

conveniados ao Sistema de Ensino


ticamente escravizado. coleta de lixo. Surgiram fábricas, bancos, estradas de
Dadas as pressões internacionais e o bloqueio das ferro, companhias de importação e exportação e bondes
imigrações, o governo passou a financiar a vinda de para servir ao transporte público, entre outras inovações.

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Os capitais produzidos pela exportação de café per-


mitiram esse surto de modernidade. Além de serem rein-
POLÍTICA EXTERNA

HISTÓRIA 2
vestidos na ampliação dos cafezais, eram utilizados para
melhorar o transporte, o sistema de créditos e as comu- O PRATA E A GUERRA DO PARAGUAI
nicações. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho: Além dos problemas com a Inglaterra, situações
importantes marcavam a política internacional brasileira
O trabalho escravo e o café foram os dois grandes pi-
no Sul, com a participação de Uruguai, Argentina e Pa-
lares que sustentaram o império do Brasil. A região do
raguai. As questões remontavam ao Primeiro Reinado
Vale do Paraíba, cuja cafeicultura foi garantida pela es-
e à disputa entre Brasil e Argentina pelo território da
cravidão, a partir dos anos 1850, configurou-se finan-
Cisplatina, que resultou na criação do Uruguai e na
ceiramente como uma das mais importantes do país.
Guerra da Cisplatina.
CARVALHO, José Murilo de et al. A construção nacional (1830-1889).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 99.
A disputa por influência no governo uruguaio co-
locou novamente os dois países em lados opostos.
Sobre esse momento da história brasileira, a histo- O Brasil apoiava o Partido Colorado e, a Argentina, o
riadora Emília Viotti da Costa observa: Blanco. Mais adiante, o Paraguai passou a ter interes-
ses expansionistas que envolviam o território uruguaio,
Através do sistema de clientela e patronagem, as complicando o quadro político na região. Na década de
elites brasileiras consolidaram sua hegemonia sobre 1850, as questões da região do Prata puseram Brasil e
os demais grupos sociais – o que contribuiu em par- Argentina em rota de colisão. Entre 1851 e 1852, foram
te para a estabilidade relativa do sistema político. realizadas campanhas militares do Brasil contra Manuel
Ainda mais importante para a manutenção dessa Oribe, caudilho uruguaio apoiado pela Argentina, que
estabilidade foi a contínua expansão da economia por sua vez, era governada por outro caudilho: Juan
de exportação, favorecida pelo crescimento do mer- Manuel Rosas. A atuação brasileira foi vitoriosa e garan-
cado internacional no decorrer do século XIX, e a tiu a hegemonia na região, com o auxílio de lideranças
crescente demanda de produtos tropicais. argentinas das províncias de Corrientes e Entre Ríos.
O desenvolvimento econômico, no entanto, teve O Paraguai, que se distanciara dos fatos do início da
efeitos contraditórios. Ao mesmo tempo que confe- década de 1850, iniciou sua política expansionista na
riu relativa estabilidade ao regime, assegurando a área. À época da independência paraguaia, em 1811, par-
sobrevivência da economia agrária e exportadora, te das elites criollas de Assunção não aceitou submeter-
estimulou a urbanização e o desenvolvimento do -se aos comerciantes de Buenos Aires (portenhos), que
mercado interno, gerando cisões entre setores da controlavam as atividades mercantes no Rio da Prata.
elite. Os debates na Câmara e no Senado a propósito O ditador paraguaio Gaspar Francia decidiu, então,
da Lei de Terras e da política de mão de obra reve- isolar o país e passou a incentivar a produção para o
lam, já nos meados do século, os primeiros sintomas mercado interno após expropriar terras da elite agrária
dessa cisão que se agravaria a partir de 1870. aliada aos portenhos e transformá-las em “estâncias da
A expansão do mercado internacional e a revolução pátria”. Com a morte de Francia, assumiu o poder Carlos
no sistema de transportes abriram novas possibili- Antônio López, que promoveu o crescimento econô-
dades para a agricultura brasileira no século XIX. mico, principalmente com a produção de erva-mate e
O desenvolvimento da cultura cafeeira em Minas, o estímulo à exportação, que o levou a interessar-se
Rio e São Paulo tornou urgente a solução de dois pelo controle da navegação fluvial nos rios Paraguai e
problemas interdependentes: o da mão de obra e o Paraná e pelo livre trânsito no Porto de Buenos Aires.
da propriedade da terra. Os fazendeiros das áreas Em 1862, com sua morte, o governo passou ao filho,
novas, preocupados com a iminência da abolição do Solano López, cuja principal meta político-econômica
tráfico de escravos e esperando encontrar na imigra- era a construção do Grande Paraguai, que abrangeria
ção a solução para o problema da força de trabalho, parte da Argentina (Corrientes e Entre Ríos) e do Brasil
propuseram uma legislação com o objetivo de im- (Mato Grosso), com forte influência sobre o Uruguai, o
pedir o acesso fácil à terra e de forçar os imigrantes que lhe daria saída para o mar, já que o Paraguai estava
ao trabalho nas fazendas. Os setores mais tradicio- cercado no centro-sul por Brasil, Argentina e Uruguai.
nais, apoiados por alguns intelectuais europeizados O Brasil via a movimentação de Solano López como
que se identificavam com o pensamento ilustrado, uma ameaça à livre navegação pela Bacia do Prata,
defendiam uma política colonizadora baseada na fundamental ligação do Mato Grosso com o litoral e

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distribuição de pequenos lotes aos imigrantes, aos a capital do país. A Argentina, governada à época por
quais encaravam não como substitutos dos escra- Bartolomeu Mitre, tornou-se aliada do Brasil na luta
vos, mas como agentes civilizados. A Lei de Terras contra o expansionismo paraguaio. Em 1864, teve iní-
de 1850 reforçaria, no entanto, o poder dos latifun- cio a Guerra do Paraguai. O Uruguai também pactuou

conveniados ao Sistema de Ensino


diários em detrimento do pequeno proprietário. com o Brasil, sendo instituída a Tríplice Aliança, que
COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república. 6. ed. São Paulo: pretendia sufocar as forças paraguaias. O longo conflito
Ed. da Unesp, 1999. p. 13-14. estendeu-se até 1870.

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conflito, alegando estar debilitado. Nomeado para seu

THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO


lugar, o conde d’Eu, genro do imperador, conseguiria
HISTÓRIA 2

acabar com as forças paraguaias e a própria vida de


Solano López na Cordilheira dos Andes em 1870.
O fim do conflito teve como consequência a des-
truição do Paraguai e o fortalecimento do abolicionismo
e do Exército brasileiro, além do grande aumento da
dívida externa do Brasil, que muitas vezes recorreu à
Inglaterra para se sustentar na guerra.

Questão Christie
A Questão Christie foi outra disputa interna-
cional que marcou o Segundo Reinado. O nome
remete ao embaixador inglês no Brasil, William D.
Nova Palmira, no Rio Grande do Sul, onde soldados brasileiros se Christie, pivô do rompimento das relações diplomá-
reuniram para combater na Guerra do Paraguai, em 1865.
ticas do Brasil com a Inglaterra entre 1863 e 1865. O
primeiro incidente causador da ruptura das relações

DUNCAN1890/ISTOCKPHOTO.COM
foi o naufrágio, em 1861, do navio inglês Príncipe de
Gales próximo ao litoral do Rio Grande do Sul. A car-
ga da embarcação foi recuperada, mas desapareceu
no porto. O embaixador inglês exigiu o pagamento
de uma indenização pelo roubo das mercadorias. A
situação agravou-se quando, em 1862, marinheiros
ingleses embriagados foram presos por promover
arruaças na capital do império, no Rio de Janeiro.
De acordo com o embaixador, a Inglaterra tinha
direito de extraterritorialidade no Brasil e, por isso,
os súditos da Coroa inglesa poderiam receber voz
de prisão somente de autoridades inglesas. Christie
exigiu um pedido oficial de desculpas do governo
brasileiro, ameaçando bloquear a Baía de Guanabara
pela marinha real inglesa caso não fosse pronta-
mente atendido.
Essa questão foi arbitrada internacionalmente
Representação de navios brasileiros afundados por ataques paraguaios. pelo rei da Bélgica, Leopoldo II, que deu ganho de
causa ao Brasil. A indenização que o imperador já
A participação efetiva dos escravizados que eram havia pago não foi devolvida e a Inglaterra não se
alforriados para lutar pela pátria contribuiu efetivamen- desculpou pelas ações na costa brasileira contra o
te para a defesa, no meio militar, do fim do regime império. O governo brasileiro, então, rompeu rela-
escravista. Após a vitória brasileira, impulsionada na ções diplomáticas com a Inglaterra, as quais foram
chamada Dezembrada, com triunfos em Itororó, Avaí, reatadas somente em 1865.
Lomas Valentinas e Angostura, Caxias retirou-se do

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ROTEIRO DE AULA

HISTÓRIA 2
SEGUNDO REINADO: POLÍTICA

O Segundo Reinado foi instalado com o Golpe da Maioridade, em que D. Pedro II assumiu o trono aos

14 anos e reinou por 49 anos. O período foi marcado pelo fortalecimento da economia, em grande parte
Contexto
decorrente do estabelecimento da produção cafeeira e da relativa estabilidade política.

Revoluções liberais: São Paulo e Minas Gerais (1842), Recife (1848).

Entre gabinetes conservadores e liberais. O primeiro-ministro, chefe do Executivo,


Disputa pelo poder:
Política interna era escolhido pelo imperador (parlamentarismo às avessas).

Incidentes entre cidadãos brasileiros e ingleses geraram um impasse diplomático


Questão Christie:
entre o Brasil e a Inglaterra, que reataram relações diplomáticas em 1865.

Disputas entre Brasil e Argentina sobre a supremacia na configuração política do


Questão do Prata:
Uruguai. Blanco: partido político favorável à Argentina. Colorado: partido político favorável ao Brasil.

Política externa

Aniquilou a estrutura econômica paraguaia, reduziu drasticamente sua popu-


Questão do Paraguai:
lação, fortaleceu o domínio geopolítico brasileiro na região do Prata e profissionalizou o Exército brasileiro.

Era em grande parte dependente da produção do café, que apoiava-se no trabalho escravo. Houve tentativas

de industrialização, principalmente por iniciativa do barão de Mauá, mas a indústria não se consolidou no

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Economia período. Tem início o desenvolvimento de um mercado consumidor interno, principalmente com a crescente

leva de imigrantes europeus. Implantação e melhorias da rede de transportes.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2

1. Unesp-SP Sobre o Golpe da Maioridade e a visão de José de


Alencar a esse respeito, é correto afirmar que:
INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS/USP, SÃO PAULO

a) o golpe foi uma manobra das elites políticas, que


criaram uma forma de alterar a Constituição e con-
templar os seus interesses durante o período regen-
cial, fato criticado por Alencar ao fazer uma anedota
com o chocolate.
b) ao entregar o poder a um jovem de 14 anos, alegando
ser maior de 18, os políticos do império manifesta-
vam uma ousada visão política para evitar a influência
da Inglaterra nos assuntos brasileiros, preservando
seus interesses como donos de escravos.
c) o golpe foi uma resposta dos conservadores às
propostas liberais que pretendiam estabelecer a
república no país, e Alencar apontou uma prática
política dos parlamentares que é recorrente na his-
tória do país.
d) José de Alencar expressou sua decepção com os
políticos e, ao registrar sua visão sobre o Clube da
Agostini, 5 fev. 1887. Apud Renato Lemos. Uma história do Brasil Maioridade, o escritor contribuiu para inibir procedi-
através da caricatura, 2006. mentos semelhantes durante o império, asseguran-
do uma transição pacífica e legal para a república,
É correto interpretar a charge, que representa D. Pedro II em 1889.
e foi publicada em 1887, como uma: No texto, José de Alencar critica a falta de seriedade dos políticos que
discutiam a maioridade, acusando-os de estarem interessados apenas
a) demonstração da exaustão provocada pela diversida- em “devorar chocolate” – que, metaforicamente, expressa a defesa de
de de atividades exercidas pelo imperador. interesses puramente particulares, sem uma verdadeira preocupação
b) valorização do esforço do imperador em manter-se com o futuro do país.
atualizado em relação ao que acontecia no país.
c) crítica à passividade e à inoperância do imperador em
meio a um período de dificuldades no país.
d) denúncia da baixa qualidade da imprensa monárquica 3. Unesp-SP
e de suas insistentes críticas ao imperador.
“O fato de ser a única monarquia na América levou os
e) celebração da serenidade e harmonia das relações governantes do império a apontarem o Brasil como um
sociais no país durante o império. solitário no continente, cercado de potenciais inimigos.
A charge mostra o imperador dormindo enquanto segura um jornal
intitulado O Paiz (O País). Ela data de 1887, fim do Segundo Reinado, Temia-se o surgimento de uma grande república liderada
quando o império encontrava-se abalado por sérias crises políticas. Na por Buenos Aires, que poderia vir a ser um centro de atra-
charge, o monarca é criticado por negligenciar as demandas sociais que ção sobre o problemático Rio Grande do Sul e o isolado
surgiam em um período de crise.
Mato Grosso. Para o império, a melhor garantia de que a
Argentina não se tornaria uma ameaça concreta estava no
fato de Paraguai e Uruguai serem países independentes,
com governos livres da influência argentina.”
2. Unicamp-SP Francisco Doratioto. A Guerra do Paraguai, 1991.
“O escritor José de Alencar relata como ocorriam as reu-
Segundo o texto, uma das preocupações da política
niões do Clube da Maioridade, realizadas na casa de seu
externa brasileira para a região do Rio da Prata, durante
pai em 1840. Discutia-se nessas ocasiões a antecipação da o Segundo Reinado, era:
maioridade do imperador D. Pedro II, então com apenas 14
anos, para que ele pudesse assumir o trono antes do tem- a) estimular a participação militar da Argentina na Trí-
plice Aliança.
po determinado pela Constituição. No fim da vida, José de
Alencar rememora os episódios de sua infância e chega a b) limitar a influência argentina e preservar a divisão
uma surpreendente conclusão: os políticos que frequenta- política na área.
vam sua casa na ocasião iam lá não porque estavam pen- c) facilitar a penetração e a influência política britânicas
sando no futuro do país, mas apenas para devorar tabletes na área.
e bombons de chocolate. Conforme o relato do escritor, os d) impedir a autonomia política e o desenvolvimento
membros do Clube da Maioridade, discutindo altos assun- econômico do Paraguai.
tos na sala de sua casa, pareciam realmente gente séria e e) integrar a economia brasileira às economias para-
preocupada com os destinos do Brasil, até que chegava a guaia e uruguaia.
hora do chocolate. De acordo com o texto, o império temia que uma expansão argentina

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pusesse em risco a unidade territorial brasileira. Por isso, era interessan-
Para Alencar, a discussão política no Brasil se resumia a te para o Brasil que o Paraguai e o Uruguai se mantivessem autônomos
um ‘devorar de chocolate’, isto é, cada um defendia apenas e não fossem anexados pela Argentina.
seus interesses particulares e nada mais.”

conveniados ao Sistema de Ensino


Daniel Pinha Silva. O império do chocolate. Disponível em:
<www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/o-imperio-do-
chocolate>. Acesso em: 1º ago. 2016. (Adaptado)

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4. Uece-CE – Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico “A pintura histórica alcançou no século XIX importante lu-

HISTÓRIA 2
de escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras. Esta gar no projeto político do Segundo Reinado. Esse gênero
lei, em linhas gerais, determinou que: artístico mantinha intenso diálogo com a produção do Ins-
I. Todo proprietário registrasse suas terras, ficando tituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Por meio da pin-
proibida a doação de propriedades ou qualquer outra tura histórica, forjou-se um passado épico e monumental,
forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por em que toda a população pudesse se sentir representada
meio da compra. nos eventos gloriosos da história nacional. O trabalho de
II. Se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, Araújo Porto-Alegre como crítico de arte e diretor da Aca-
impedindo que os posseiros mais pobres obtives- demia Imperial de Belas Artes possibilitou a visibilidade da
sem a propriedade do solo onde plantavam. pintura histórica com seus pintores oficiais, Pedro Américo
III. Ficasse assegurado o direito dos imigrantes – cujo e Victor Meirelles.”
trabalho, em muitos casos, substituiria o trabalho CASTRO, Isis Pimentel de. Adaptado de periodicos.ufsc.br.
dos escravos – de se tornarem proprietários das
terras onde laboravam. Considerando as imagens das telas e as informações do
IV. Fossem possíveis a aquisição e a posse de terras texto, as pinturas históricas para o governo do Segundo
públicas, a baixo custo, pelos grandes proprietários, Reinado tinham a função essencial de:
seus herdeiros e descendentes. a) consolidar o poder militar.
Estão corretas as complementações contidas em: b) difundir o pensamento liberal.
a) I, II, III e IV. c) garantir a pluralidade política.
b) I e II, apenas. d) fortalecer a identidade nacional.
c) II, III e IV, apenas. De acordo com o texto, a pintura histórica do século XIX tinha como
objetivo forjar um passado que fosse capaz de fomentar um sentimento
d) I, III e IV, apenas. de nacionalidade em toda a população brasileira.
A afirmativa III está errada porque a Lei de Terras assegurava o controle Competência: Compreender os elementos culturais que constituem
das terras pela elite brasileira, que não pretendia que imigrantes e seus as identidades.
descendentes tivessem condições de adquirir terras. Já a afirmativa
IV está errada porque essa lei também acabou com o sistema de dis- Habilidade: Analisar a produção da memória pelas sociedades hu-
tribuição de terras públicas. manas.

5. Uerj-RJ C1-H2
A FALA DO TRONO 6. Unesp-SP – As poucas fábricas que subsistiram duran-
te as décadas de 1840 a 1870 se mantiveram graças a
MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO

privilégios de exploração, de subvenções governamen-


tais na forma de empréstimos e isenções de direitos de
importação; em certas regiões, como o único substituto
possível à produção agrícola decadente; enquanto, em
outras, as dificuldades de comunicação e o alto custo
do transporte atuavam como meios de proteção.
Uma série de acontecimentos iria, contudo, reanimar
as atividades industriais no fim da década de sessenta.
O avanço industrial brasileiro nas três primeiras décadas
do Segundo Reinado:
a) foi estimulado pelas obras de infraestrutura desen-
volvidas pelo governo imperial e pelo crescimento
acelerado do mercado interno.
b) dependeu, sobretudo, de investimentos estrangeiros
e do apoio tecnológico britânico.
Pedro Américo, 1873. c) foi limitado pela política governamental de estimular
a descentralização da economia e apoiar a monocul-
BATALHA NAVAL DO RIACHUELO (Guerra do Paraguai) tura açucareira.
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO

d) dependeu, sobretudo, do empreendedorismo de


alguns industriais e da expansão geral da economia
brasileira no período.
e) foi limitado em função da forte pressão norte-ame-
ricana para que o Brasil importasse a maioria dos
manufaturados e industrializados que consumia.
O desenvolvimento industrial brasileiro entre as décadas de 1840 e
1860 limitou-se ao empreendedorismo de alguns poucos investidores,
não tendo constituído uma política de Estado. Foi, contudo, favoreci-

Material exclusivo para professores


do pela conjuntura econômica do período, em que a decadência da
produção agrícola demandou a diversificação da economia brasileira.

conveniados ao Sistema de Ensino Victor Meirelles, 1872.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2

7. Mackenzie-SP – O Golpe da Maioridade que colocou O texto se refere:


Pedro II no trono em 1840 representou: a) à política positivista durante a 1ª República no RS, que
a) a vitória dos liberais que retornaram ao governo, se orientava pela doutrina de Augusto Comte e tinha
convidados para formar o primeiro ministério do Se- como um de seus lemas: “conservar melhorando”.
gundo Reinado.
b) ao conflito político entre o partido português, que
b) a ascensão dos conservadores afastados do poder queria conservar o Brasil nas mãos de Portugal, e
desde o Avanço Liberal. o partido brasileiro, que queria libertar o Brasil da
c) o enfraquecimento do regime monárquico e o cres- dominação colonial, no início do século XIX.
cimento do republicanismo. c) à política parlamentar no Império Brasileiro, que fazia
d) o declínio da aristocracia rural já que o novo governo aparentemente distinção entre políticos liberais e
não apoiava a manutenção de seus privilégios. conservadores.
e) o fortalecimento da democracia, fato comprovado d) à ideologia liberal inglesa, vinda para o Brasil no sé-
na primeira eleição do Segundo Reinado, a “eleição culo XIX, que entrou em conflito com a liberal norte-
do cacete”. -americana, divulgada desde a Conjuração Mineira.
e) aos conservadores e liberais, no período regencial,
8. Unesp-SP – Leia os versos e responda. que se distinguiam ideologicamente por programas
políticos opostos.
“Por subir Pedrinho ao trono,
Não fique o povo contente; 10. UCB-DF – O período conhecido como Segundo Reina-
Não pode ser coisa boa do, na história do Brasil, ocorreu após a antecipação da
Servindo com a mesma gente. maioridade de D. Pedro II e coincidiu com o apogeu da
monarquia brasileira. A respeito desse momento histó-
Quem põe governança
rico, indique se as afirmações a seguir são verdadeiras
Na mão de criança (V) ou falsas (F):
Põe geringonça ( ) O início do Segundo Reinado foi marcado, eco-
No papo de onça.” nomicamente, pela presença hegemônica da
(Versos anônimos. In Lilia Moritz Schwarcz, produção escravista-exportadora, principalmen-
“As barbas do imperador”) te de açúcar e café.
( ) O fraco processo de urbanização e a ausência
a) A qual episódio da história brasileira os versos fazem de novos produtos na economia brasileira, na
referência? segunda metade do século XIX, fortaleceram
a monarquia e enfraqueceram novas iniciativas
econômicas no país.
( ) O barão de Mauá foi uma figura economicamente
importante no período do Segundo Império. Cons-
trução de estradas de ferro e de linha telegráfica
para estabelecer a comunicação entre o Brasil e
a Europa são destaques de sua intervenção na
b) Indique duas características do sistema político vi- economia.
gente no Segundo Império.
( ) A entrada de imigrantes, principalmente italianos,
para trabalhar nas lavouras de café ocorreu de
forma bastante diferenciada do trabalho escravo.
Bons salários e boas condições de trabalho nas
lavouras cafeeiras foram atrativos importantes
para a vinda desses migrantes.

11. Fatec-SP – Irineu Evangelista de Sousa (barão de Mauá)


foi talvez o maior empreendedor brasileiro do século
XIX. Fundador e dirigente de diversas empresas, ele foi
peça-chave em vários empreendimentos inovadores no
Segundo Reinado, como, por exemplo, a:
a) implantação do sistema de parceria para o cultivo e
beneficiamento do café, em São Paulo.
b) criação da Companhia Siderúrgica Nacional e da
Companhia Hidrelétrica do São Francisco.

Material exclusivo para professores


c) introdução de imigrantes europeus na condição de
colonos em sua fazenda de Ibicaba.
9. UFRS-RS – Considere o texto a seguir. d) introdução da energia elétrica na iluminação pública
das cidades brasileiras.

conveniados ao Sistema de Ensino


“Nada mais conservador que um liberal no poder. Nada
mais liberal que um conservador na oposição...” e) instalação da primeira ferrovia do país e do primeiro
(Oliveira Viana) cabo submarino intercontinental.

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12. Fatec-SP – Na segunda metade do século XIX, a b) uma lei que autorizava a marinha inglesa a apresar

HISTÓRIA 2
cafeicultura dinamizou profundamente a economia navios negreiros em qualquer parte do oceano.
brasileira ao: c) um tratado pelo qual o governo brasileiro privilegiava
a) transferir o eixo econômico do país do litoral nordes- a importação de mercadorias britânicas.
tino para a região centro-sul. d) uma imposição legal de libertação dos recém-nasci-
b) liberar capitais que seriam aplicados na instalação dos, filhos de mãe escrava.
de indústrias de base e de energia. e) uma proibição de importação de produtos brasileiros
c) abandonar o modelo agroexportador em benefício para que não concorressem com os das colônias
de um modelo urbano-industrial. antilhanas.
d) incentivar a criação de pequenas propriedades pro-
16. Fuvest-SP
dutoras que utilizavam o trabalho livre.
“Naquela época não tinha maquinaria, meu pai trabalha-
e) estimular a diversificação das atividades econômicas
va na enxada. Meu pai era de Módena, minha mãe era de
internas e a modernização da economia.
Capri e ficaram muito tempo na roça. Depois a família veio
morar nessa travessa da Avenida Paulista; agora está tudo
13. UFT-TO – O ano de 1850 significou, de fato, um mar-
mudado, já não entendo nada dessas ruas”.
co decisivo na história do Segundo Reinado. No poder
desde 1848, estava um ministério nitidamente con- Esse trecho de um depoimento de um descendente de imi-
servador, Araújo Lima (marquês de Olinda), Euzébio grante, transcrito na obra Memória e sociedade, de Ecléa
de Queiroz, Paulino José Soares de Souza e Joaquim Bosi, constitui um documento importante para a análise:
José Rodrigues Torres. Esse ministério legislaria sobre
a) do processo de crescimento urbano paulista no início
questões fundamentais: o problema da estrutura agrá- do século atual, que desencadeou crises constantes
ria, a questão da escravidão e o incentivo à imigração. entre fazendeiros de café e industriais.
São medidas vinculadas a esse ministério: b) da imigração europeia para o Brasil, organizada pelos
a) a Lei de Terras, a abolição do tráfico de escravos e a fazendeiros de café nas primeiras décadas do século
reforma da Guarda Nacional. XX, baseada em contratos de trabalho conhecidos
como “sistema de parceria”.
b) a abolição do tráfico de escravos, a criação de corpos
de voluntários para combater na Guerra do Paraguai c) da imigração italiana, caracterizada pela contratação
e a reforma da Guarda Nacional. de mão de obra estrangeira para a lavoura cafeeira e
do posterior processo de migração e de crescimento
c) a Lei do Sexagenário, a criação de corpos de voluntá- urbano de São Paulo.
rios para combater na Guerra do Paraguai e a abolição
d) do percurso migratório italiano promovido pelos gover-
do tráfico de escravos.
nos italiano e paulista, que organizavam a transferên-
d) a Lei de Terras, a Lei do Ventre Livre e a reforma da cia de trabalhadores rurais para o setor manufatureiro.
Guarda Nacional. e) da crise na produção cafeeira da primeira década
e) a Lei do Sexagenário, a Lei de Terras e a Lei do do século XX, que forçou os fazendeiros paulistas a
Ventre Livre. desempregar milhares de imigrantes italianos, ace-
lerando o processo de industrialização.
14. Fatec-SP – Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada
no Brasil a Lei Eusébio de Queirós (ministro da Justiça), 17. Unesp-SP
que abolia o tráfico negreiro em nosso país. Em decor- “Art. 3º- – O governo paraguaio se reconhece obrigado à
rência dessa lei, o governo imperial brasileiro aprovou celebração do Tratado da Tríplice Aliança de 1º- de maio de
outra, “a Lei de Terras”. 1865, entendendo-se estabelecido desde já que a navegação
Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta: do Alto Paraná e do Rio Paraguai nas águas territoriais
da república deste nome fica franqueada aos navios de
a) a Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades guerra e mercantes das nações aliadas, livres de todo e
pelos imigrantes que passaram a chegar ao Brasil.
qualquer ônus, e sem que se possa impedir ou estorvar-se
b) a Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos de nenhum modo a liberdade dessa navegação comum.”
imigrantes, mas facilitou aos negros libertos o aces-
so a elas. Acordo Preliminar de Paz Celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai
com o Paraguai (20 de junho de 1870). In: Paulo Bonavides e Roberto
c) o governo imperial, temendo o controle das terras Amaral (Org.). Textos políticos da história do Brasil, 2002. (Adaptado)
pelos coronéis, inspirou-se no Act Homesteade ame-
ricano para realizar uma distribuição de terras aos O tratado de paz imposto pelos países vencedores da
camponeses mais pobres. guerra contra o Paraguai deixa transparente um dos
d) a Lei de Terras visava aumentar o valor das terras e motivos da participação do Estado brasileiro no conflito:
obrigar os imigrantes a vender sua força de trabalho a) o domínio de jazidas de ouro e prata descobertas
para os cafeicultores. nas províncias centrais.
e) o objetivo do governo imperial, com esta lei, era b) o esforço em manter os acordos comerciais celebra-

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proteger e regularizar a situação das dezenas de dos pelas metrópoles ibéricas.
quilombos que existiam no Brasil. c) a garantia de livre trânsito nas vias de acesso a pro-
víncias do interior do país.
15. Fuvest-SP – O Bill Aberdeem, aprovado pelo Parlamen- d) o projeto governamental de proteger a nação com

conveniados ao Sistema de Ensino


to inglês em 1845, foi: fronteiras naturais.
a) uma lei que abolia a escravidão nas colônias inglesas e) o monopólio governamental do transporte de mer-
do Caribe e da África. cadorias a longa distância.

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ESTUDO PARA O ENEM


HISTÓRIA 2

18. Enem C5-H22 “Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa
“Decreto-lei 3.509, de 12 de setembro de 1865 dos Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também
Art. 1º- – O cidadão guarda-nacional que por si apresentar os tons da natureza do ‘Novo Mundo’, cravejado de estre-
outra pessoa para o serviço do Exército por tempo de nove las representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o
anos, com a idoneidade regulada pelas leis militares, ficará cabeção de penas de papo de tucano em volta do pescoço,
isento não só do recrutamento, senão também do serviço D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. O monarca ja-
da Guarda Nacional. O substituído é responsável por o mais foi tão tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco,
que o substituiu, no caso de deserção.” coroado como um César em meio a coqueiros e paineiras,
Arquivo Histórico do Exército. Ordem do dia do Exército, n. 455,
D. Pedro transformava-se em sinônimo da nacionalidade.”
1865. (Adaptado) SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca
nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (Adaptado)
No artigo, tem-se um dos mecanismos de formação
dos “Voluntários da Pátria”, encaminhados para lutar na No Segundo Reinado, a monarquia brasileira recorreu
Guerra do Paraguai. Tal prática passou a ocorrer com ao simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A
muita frequência no Brasil nesse período e indica o(a): análise da imagem e do texto revela que o objetivo de
tal estratégia era:
a) forma como o Exército brasileiro se tornou o mais
bem equipado da América do Sul. a) exaltar o modelo absolutista e despótico.
b) incentivo dos grandes proprietários à participação b) valorizar a mestiçagem africana e nativa.
dos seus filhos no conflito. c) reduzir a participação democrática e popular.
c) solução adotada pelo país para aumentar o contin- d) mobilizar o sentimento patriótico e antilusitano.
gente de escravos nos conflitos. e) obscurecer a origem portuguesa e colonizadora.
d) envio de escravos para os conflitos armados, visando
sua qualificação para o trabalho. 20. Enem C5-H24
e) fato de que muitos escravos passaram a substituir “Em 1881, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma
seus proprietários em troca de liberdade. na lei eleitoral brasileira, a fim de introduzir o voto direto.
A grande novidade, porém, ficou por conta da exigência
19. Enem C1-H1 de que os eleitores soubessem ler e escrever. As conse-
quências logo se refletiram nas estatísticas. Em 1872, havia
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO

mais de 1 milhão de votantes; já em 1886, pouco mais de


100 mil cidadãos participaram das eleições parlamentares.
Houve um corte de quase 90 por cento do eleitorado.”
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. (Adaptado)

Nas últimas décadas do século XIX, o império do Bra-


sil passou por transformações como as descritas, que
representaram a:
a) ascensão dos “homens bons”.
b) restrição dos direitos políticos.
Xilogravura, 1869. O c) superação dos currais eleitorais.
indígena, representando
o império, coroa com
d) afirmação do eleitorado monarquista.
louros o monarca. e) ampliação da representação popular.

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SEGUNDO REINADO:

HISTÓRIA 2
CULTURA E CRISE

PROBLEMAS NA CORTE
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO

• Problemas na Corte
• Aspectos culturais
• Literatura
• Música
• O indígena e o
afrodescendente na
cultura brasileira
• Crise na monarquia
• Questão política
• Questão militar
• Questão religiosa
• Questão abolicionista

HABILIDADES
• Identificar registros de
Charge publicada no jornal ilustrado e humorístico O Mequetrefe, do Rio de Janeiro, em 9 de janeiro de 1878.
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
Essa charge retrata de modo irônico a situação do governo de D. Pedro II no Se-
gundo Reinado. Cada um dos cavalos representa um dos partidos: o Conservador, • Analisar as lutas sociais
e conquistas obtidas no
à esquerda; e o Liberal, à direita, que revezavam-se no poder. O eixo central desse
que se refere às mudanças
carrossel é o próprio imperador, já envelhecido, e quem o faz girar é uma velha
nas legislações ou nas
diplomacia, já sem forças para manter o movimento. políticas públicas.
Havia, é verdade, uma onda de novidades culturais no Brasil, desde Chiquinha
• Reconhecer a dinâmica
Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no país, até as primeiras obras
da organização dos
de Machado de Assis, um autor afrodescendente em meio a uma sociedade racista movimentos sociais e a
e escravista. Mas a monarquia estava em crise, e esta não teria mais volta. importância da participação
da coletividade na

ASPECTOS CULTURAIS transformação da realidade


histórico-geográfica.
Logo no início do século XIX, o Brasil viveu uma situação política ímpar em re- • Avaliar criticamente
lação ao restante da América: a transferência da Corte portuguesa, que instalou-se conflitos culturais, sociais,
na cidade do Rio de Janeiro, em 1808. Como a nação passou do status de colônia políticos, econômicos
para o de sede do Reino Português, houve várias implicações culturais. ou ambientais ao longo
A Academia Imperial de Belas Artes, instalada no Rio de Janeiro em 1826, teve da História.
papel fundamental na formação do pensamento artístico brasileiro durante o Segundo
Reinado, implantando o ensino de arte em moldes semelhantes aos das escolas
europeias e ditando os padrões de recepção e produção das artes plásticas durante
boa parte do século XIX.

Material exclusivo para professores


Artistas como Pedro Américo e Victor Meirelles foram professores da academia
e expressaram o envolvimento da Academia Imperial com a produção da pintura
histórica, que prezava pelo desenvolvimento de trabalhos vinculados ao interesse

conveniados ao Sistema de Ensino


do Estado em construir a imagem do Brasil como nação. Nesse sentido, retratos
do imperador, cenas de batalhas e fatos históricos objetivavam construir imagens
idealizadas das origens e da trajetória da nação brasileira.

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Assim, a pintura histórica produzida durante o Se- MÚSICA


gundo Reinado construiu uma imagem idealizada do A música brasileira teve em Carlos Gomes sua
HISTÓRIA 2

passado brasileiro, que apresentava o colonizador por- maior expressão. Às expensas do imperador D. Pedro II,
tuguês como o civilizador, romantizava a representação estudou música na Itália, onde compôs sua mais famo-
do indígena, apresentado como o bom selvagem, e pra- sa ópera, O guarani, inspirada no romance homônimo
ticamente ignorava o afrodescendente e a escravidão, de José de Alencar.
elementos considerados indesejáveis para a imagem Enquanto as elites cultuavam Carlos Gomes, o
que o império desejava difundir. povo expressava-se por meio de outros ritmos, que
as camadas aristocráticas acabaram absorvendo, pelo
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO

menos em parte.
Dois compositores, nascidos em famílias de classe
média, tiveram reconhecimento: Ernesto Nazareth e
Chiquinha Gonzaga. Esta última teve de enfrentar to-
dos os preconceitos contra a mulher que desejava ser
artista na sociedade patriarcal brasileira.

AGÊNCIA ESTADO

Primeira missa no Brasil (1860), de Victor Meirelles. Óleo sobre


tela, 268 cm × 356 cm. Este foi um dos quadros mais emblemáticos
produzidos pela Academia Imperial de Belas Artes.

Retrato de Chiquinha Gonzaga,


LITERATURA 1877. Foi a primeira pianista
O Romantismo marcou boa parte da vida artística do de choro, a primeira mulher a
Segundo Reinado. Os primeiros escritores românticos reger uma orquestra no Brasil e
compôs “Ó abre alas”, a primeira
enalteceram a natureza e o indígena, este uma personi- marcha carnavalesca do país.
ficação do homem brasileiro. Destacaram-se Gonçalves
Dias, com I-Juca Pirama e Os timbiras; e José de Alen- Ó abre alas
car, com O guarani e Iracema, por exemplo. Ó abre alas
A segunda geração romântica abandonou o india-
Que eu quero passar
nismo e voltou-se para os sentimentos interiores e o
pessimismo, por influência do inglês Lord Byron e do Ó abre alas
francês Alfred de Musset. Nessa fase, distinguem-se Que eu quero passar
os poetas Álvares de Azevedo, com Lira dos vinte anos;
Casimiro de Abreu, com Primaveras; Eu sou da lira
e Fagundes Varela, com a obra Não posso negar
Cântico do calvário. Eu sou da lira
A terceira geração ro-
Não posso negar
mântica adotou temas
relacionados aos proble-
Ó abre alas
COLEÇÃO PARTICULAR

mas sociais e nacionais.


Influenciados pelo fran- Que eu quero passar
cês Victor Hugo, ficaram Ó abre alas
consagrados na literatu- Que eu quero passar
ra Joaquim Manuel de
Macedo, com a obra A Rosa de Ouro

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moreninha; Manuel An- É que vai ganhar
tônio de Almeida, com
Rosa de Ouro
Memórias de um sargento
de milícias; e Castro Alves, o É que vai ganhar

conveniados ao Sistema de Ensino “poeta dos escravos”, com O Retrato de Castro Alves,
navio negreiro.
poeta da terceira geração
romântica brasileira.
.
GONZAGA, Chiquinha. Ó abre alas (1899). Disponível em:
<www.chiquinhagonzaga.com/acervo/?musica=o-abre-alas>.
Acesso em: 15 set. 2018.

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O INDÍGENA E O AFRODESCENDENTE NA Queda da monarquia


CULTURA BRASILEIRA

HISTÓRIA 2
A análise acerca da queda da monarquia bra-
O nativismo e o nacionalismo foram incorporados
sileira concentra-se em torno de quatro grandes
como expressões constitutivas da nacionalidade bra-
questões:
sileira e valorizaram ora as elites, que lutaram contra
o domínio português, ora os indígenas, que eram miti- • Questão política: descompasso da represen-
ficados como seres com os mais altos valores morais tação e organização política com a economia
e éticos. Em nenhum momento o afrodescendente foi nacional.
apontado como componente da cultura e da naciona- • Questão militar: interesse militar em aumentar
lidade brasileiras. sua participação política no país.
Até a literatura abolicionista, que denunciava os • Questão religiosa: indignação do império contra
maus-tratos contra os afrodescendentes, não valorizou os bispos que discriminavam os maçons.
os escravizados como elementos nacionais e limitou-
• Questão abolicionista: oposição da elite escra-
-se a criticar a desumanidade cometida por uma nação
vocrata à Lei Áurea.
que se dizia cristã. Quando aparece, a referência ao
afrodescendente o deprecia, como se pode ler na His-
tória geral do Brasil, escrita e publicada em 1854 por
Francisco Adolfo de Varnhagen, que despreza a con-
QUESTÃO POLÍTICA
A partir do Segundo Reinado, a expansão do café
tribuição cultural dessa parcela da sociedade porque
como principal produto de exportação do Brasil trouxe
seus integrantes “pervertiam os costumes por seus
grande desenvolvimento econômico para as províncias
hábitos menos decorosos”.
do Rio de Janeiro e de São Paulo.
A elite intelectual também não reconhecia as mani-
Em um primeiro momento, o Rio de Janeiro, na
festações populares, de origem africana ou não, porque
condição de maior produtor, gerou uma elite escravo-
a ideia de cultura considerava e valorizava apenas as
crata e conservadora que ocupou os principais cargos
ideias de origem europeia, restritas ao pequeno gru-
políticos junto ao imperador D. Pedro II.
po que tinha acesso à educação formal e podia viajar
O avanço do café para o Oeste Paulista, a partir de
à Europa em busca de inspiração para pensar sobre
1850, criou condições para o surgimento de uma nova
a identidade cultural brasileira. Apesar disso, o maior
elite cafeicultora, ligada muito mais ao trabalho livre
expoente da cultura brasileira do século XIX, Joaquim
e assalariado dos imigrantes que ao do escravo. Em
Maria Machado de Assis, era mulato.
termos políticos, os barões do café do Oeste Paulista
pretendiam influir mais nas decisões, porém o sistema
CRISE NA MONARQUIA pouco maleável do governo imperial não conseguia
assimilar os novos interesses. Assim, a nova elite ca-
Após a Guerra do Paraguai, a monarquia como sis-
feicultora buscava uma alternativa política à estrutura
tema de governo entrou em declínio. Além das conse-
imperial por meio do modelo republicano.
quências do conflito, outros fatores contribuíam para
Em 1872, com o desdobramento da questão polí-
isso, como as transformações econômicas e sociais
tica, foi criado o Partido Republicano e, em 1873, na
no país a partir de meados do século XIX, que deram
Convenção de Itu (cidade do interior paulista), fundou-
proeminência política a grupos sociais, como cafeicul-
-se o Partido Republicano Paulista (PRP), que rapida-
tores do Oeste Paulista, comerciantes e banqueiros.
mente converteu-se em um instrumento de combate
Diante de tantas mudanças, a monarquia, na figura
à monarquia, vindo a ser de extrema relevância no
de D. Pedro II, apresentava-se inoperante, inspirando
processo que culminou na derrubada do império e na
até críticas e charges irônicas.
implantação da república no Brasil, em novembro de
1889. O principal partido político do país até o fim da
INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS/USP,
SÃO PAULO

década de 1920 era o PRP.

QUESTÃO MILITAR
A atuação militar vitoriosa na Guerra do Paraguai
aumentou o prestígio da cúpula das forças armadas,
sobretudo do Exército brasileiro. Muitos pronunciamen-

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tos na imprensa tratavam de assuntos internos do país
e da própria corporação. O tenente-coronel Sena Ma-
dureira, por exemplo, apoiou e homenageou um jan-
gadeiro que recusara-se a transportar escravizados. O

conveniados ao Sistema de Ensino


governo imperial demitiu-o do comando do quartel por
D. Pedro II lendo os jornais do dia. Publicação no Diário Popular de 18
de novembro de 1888. Essa caricatura mostra a visão dos críticos da ato de insubordinação. Outros incidentes acirraram as
monarquia e do imperador ao representá-lo como sonolento e preguiçoso. tensões entre os militares e o governo. Acrescente-se

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que o pensamento positivista disseminava-se na Escola de setembro de 1871, a ascensão do visconde do


Militar por meio, entre outros, do professor Benjamin Rio Branco à presidência do Conselho de Ministros
HISTÓRIA 2

Constant, que defendia a república, seguindo o pen- possibilitou aprovar a Lei do Ventre Livre, seguindo o
samento do francês Auguste Comte, considerado o princípio do Direito Romano: partus ventre sequitor.
pai do positivismo. Mais uma vez pressionado, em 1885 o governo san-
cionou a Lei do Sexagenário, também conhecida por Lei
QUESTÃO RELIGIOSA Saraiva-Cotegipe, decretando a alforria dos escravizados
O entendimento do conflito entre o papado romano que atingissem a idade de 60 anos. Ambas as leis podem
e o governo imperial deve ser feito à luz da Constituição ser analisadas como medidas para retardar a abolição,
brasileira de 1824. A Magna Carta estabeleceu o regi- visto que o governo imperial tinha o apoio de setores
me do padroado, pelo qual o chefe da Igreja Católica ligados ao regime escravista, principalmente das elites
no Brasil era o imperador. Para serem válidas no país, nordestina e carioca – segmentos sociais que não acom-
as decisões do papa precisavam da ordem de “cumpra- panharam as mudanças no sistema de trabalho realizadas
-se” do imperador. Assim, o clero católico submetido na cafeicultura paulista e não viam com bons olhos o fim
ao Estado imperial fazia parte de seu corpo burocrático. do regime escravista, pois consideravam a propriedade
A crise das relações entre o papado romano e o sobre os escravizados um símbolo de poder e de status
governo de D. Pedro II esteve vinculada à postura social e não aceitavam a perda dessa condição.
conservadora do papa Pio IX, que, por meio da Bula Tanto a Lei do Ventre Livre como a do Sexagenário
Syllabus, de 1864, determinou a expulsão das irmanda- não ofereceram grandes melhorias às condições dos
des religiosas de qualquer pessoa que fizesse parte da africanos e seus descendentes na sociedade brasileira.
maçonaria. O fato relacionava-se à campanha de unifi- Os filhos de escravizados nasciam livres, mas sem
cação política da Itália, desenvolvida por membros da possibilidades de sair das casas e fazendas onde seus
maçonaria italiana que colocaram em xeque o controle pais continuavam escravos. Dessa forma, acabavam
territorial da Igreja Católica na região. ajudando os pais no trabalho e prestando serviços aos
A elite brasileira era, em boa parte, maçônica. O senhores de escravos. Com a extenuante rotina de
que aconteceu no Brasil foi a interdição da ordem do trabalho, aliada às péssimas condições de vida e saúde
papa, ou seja, da Bula Syllabus. Bispos de Olinda e a que eram submetidos, os escravizados dificilmente
de Belém que seguiram as determinações papais fo- chegavam aos 60 anos e, quando isso acontecia, a
ram presos e condenados a trabalhos forçados, o que situação não lhes possibilitava trabalhar e sustentar-se.
abalou as relações entre Igreja e Estado e provocou o
descontentamento da população católica. A monarquia Lei do Ventre Livre, 28 de setembro de 1871
perdia, assim, mais uma de suas bases. A princesa imperial regente, em nome de Sua Majes-
tade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a
QUESTÃO ABOLICIONISTA todos os súditos do império que a Assembleia Geral
decretou e ela sancionou a lei seguinte:
THE HISTORY COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO

Art. 1º- – Os filhos da mulher escrava que nascerem


no império desde a data desta lei serão considera-
dos de condição livre.
§1º- – Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob
a autoridade dos senhores de suas mães, os quais
terão obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de
oito anos completos. Chegando o filho da escrava
a esta idade, o senhor da mãe terá a opção ou de
receber do Estado a indenização de 600$000 ou de
utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21
anos completos. No primeiro caso o governo recebe-
rá o menor e lhe dará destino, em conformidade da
presente lei. A indenização pecuniária acima fixada
será paga em títulos de renda com o juro anual de
Retrato de Joaquim Nabuco. Intelectual, orador, 6%, os quais se considerarão extintos no fim de trin-
ta anos. A declaração do senhor deverá ser feita den-

Material exclusivo para professores


poeta e um dos grandes diplomatas da história
do Brasil, foi um notável abolicionista e teve
tro de trinta dias, a contar daquele em que o menor
papel importante, ao lado das lutas dos próprios
escravizados, na abolição da escravidão. chegar à idade de oito anos e, se a não fizer, então
ficará entendido que opta pelo arbítrio de utilizar-se

conveniados ao Sistema de Ensino


Com o término da Guerra do Paraguai, o movi- dos serviços do mesmo menor.
mento abolicionista ganhou defensores e colocou Lei do Ventre Livre. Disponível em: <www.planalto.gov.br/
em questão a ordem escravocrata no país. Em 28 ccivil_03/leis/lim/LIM2040.htm>. Acesso em: 8 set. 2018.

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Contrariando a aristocracia, que contava com uma


Havia ainda outra rota de fuga para longe das fazen-
política imperial impeditiva da quebra da ordem escra-

HISTÓRIA 2
das de café e que seguia pela porção paulista do Vale
vista, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea abolindo o
do Paraíba e terminava no famoso complexo Jaba-
regime escravista no Brasil em 13 de maio de 1888.
quara, instalado em área vizinha à cidade portuária
Após essa decisão imperial, os oligarcas escravistas
de Santos. [...] A partir de 1884, o grupo [de aboli-
aderiram à ideia da instalação da república, ficando co-
cionistas] encaminhou o maior número possível de
nhecidos como “republicanos do 14 de maio”, ou seja,
escravos para o Ceará, província marginal ao centro
deixaram de ser monarquistas somente porque foram
de interesses do império, com pequeno contingente
atingidos pela decisão imperial do fim da escravidão.
de cativos, por onde a campanha abolicionista avan-
Com número reduzido de defensores, a monarquia
çou rapidamente e onde a abolição ocorreu quatro
ruiu em 15 de novembro de 1889, iniciando-se a repú-
anos antes do que no resto do país, à semelhança da
blica no Brasil.
província do Amazonas. [...]
Apesar de o término da escravidão já ser esperado
por muitos, a Lei Áurea determinou a passagem para a Nesse momento tornavam-se mais fortes, também,
oposição ao governo imperial dos cafeicultores do Vale outros tipos de solidariedade escrava, cimentados
do Paraíba, base política que respondia por boa parte por laços de parentesco, casamento, apadrinhamento,
da sustentação do império. A adesão desses cafeicul- ou expressos nas irmandades negras, que igualmen-
tores ao movimento republicano representou um golpe te proliferaram no contexto. E, como as autoridades
decisivo para a continuidade do império. perdiam a olhos vistos instrumentos para conter a
Lei Áurea, 13 de março de 1888 onda de insubmissão, a saída era recorrer a toda sorte
de negociação. Contratos entre senhores e libertos;
A princesa imperial regente, em nome de Sua Ma-
promessas de salário e autonomia; apostas no futuro.
jestade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a
Tudo se convertia em filosofia e prática de gradualis-
todos os súditos do império que a Assembleia Geral
mo, na esperança de retardar o inevitável. [...]
decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1º- – É declarada extinta desde a data desta lei a A libertação tardara demais e representou o rom-
escravidão no Brasil. pimento do último laço forte da monarquia: os ca-
feicultores perderam a esperança de ver seus bens
Art. 2º- – Revogam-se as disposições em contrário.
“ressarcidos” e divorciaram-se, de maneira litigio-
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o co- sa, de seu antigo aliado. Comemorada no estrangei-
nhecimento e execução da referida lei pertencer, que a ro como uma vitória do governo imperial, a lei de
cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente 13 de maio foi recebida no Brasil, após a explosão
como nela se contém. inicial de júbilo, com muita expectativa, e se consti-
Lei Áurea. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ tuiu no ato mais popular do império. [...] A própria
lim/LIM3353.htm>. Acesso em: 8 set. 2018.
maneira como a abolição foi apresentada – como
um presente e não como uma conquista – levou a
LEITURA COMPLEMENTAR
uma percepção equivocada de todo esse processo
Finalmente... a abolição marcado pelo envolvimento decisivo dos próprios
Nas últimas décadas do século XIX, e com apoio de escravos na luta.
abolicionistas, multiplicaram-se refúgios de escravos SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa Maria. Brasil: uma biografia. São
Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 307-311.
em torno da área urbana do Rio de Janeiro [...]

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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2

SEGUNDO REINADO: CULTURA E CRISE

Criação da Academia Imperial de Belas Artes, com nomes como Pedro Américo e Victor
Artes plásticas:
Meirelles.

Carlos Gomes (O guarani); Chiquinha Gonzaga, primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Música:

Cultura

Romantismo: Joaquim Manuel de Macedo (A moreninha); Manuel Antônio de Almeida (Me-


Literatura:
mórias de um sargento de milícias); e Castro Alves, o “poeta dos escravos” (O navio negreiro).

Já mais ao fim da monarquia, surgiu o realismo, cujo maior expoente foi Machado de Assis.

A queda da monarquia resultou, basicamente, do conflito do regime com três


instituições do Brasil imperial:
A submissão da Igreja ao Estado e os conflitos com a maçonaria, apoiada pelo imperador, desa-
Igreja:
gradavam a Igreja, que tinha forte influência política.

Fortalecidos após a Guerra do Paraguai, os militares passaram a apoiar o regime republicano;


Crise Exército:
prisões de militares aumentaram o ressentimento contra o império.

Após a abolição da escravidão, os grandes fazendeiros e a elite rural


Aristocracia escravagista:
sentiram-se prejudicados economicamente e deixaram de apoiar a monarquia.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

HISTÓRIA 2
1. FGV-SP C3-H11 II. Durante o período regencial, os governantes dei-
O excerto a seguir faz parte do parecer de uma comis- xaram de ser hereditários e passaram a ser sele-
são da Câmara dos Deputados sobre a lei de 1871, que cionados por eleições, o que leva a historiografia a
considerar essa fase como sendo a primeira expe-
discutia a escravidão no Brasil.
riência republicana no país, pois os regentes eram
“Sem educação nem instrução, embebe-se nos vícios escolhidos pelo voto universal direto.
mais próprios do homem não civilizado. Convivendo III. O Segundo Reinado foi um período de grande es-
com gente de raça superior, inocula nela os seus maus tabilidade política da história imperial, pois o im-
hábitos. Sem jus ao produto do trabalho, busca no roubo perador D. Pedro II ficou quase 50 anos no poder,
os meios de satisfação dos apetites. Sem laços de famí- governando com o apoio de um só partido, o Partido
lia, procede como inimigo ou estranho à sociedade, que Conservador.
o repele. Vaga Vênus arroja aos maiores excessos aquele IV. Dentre os fatores que contribuíram para a crise do
ardente sangue líbico; e o concubinato em larga escala é regime imperial, podemos elencar o conflito do im-
tolerado, quando não animado, facultando-se assim aos perador com o Exército, a crise entre a monarquia
jovens de ambos os sexos, para espetáculo doméstico, o e a Igreja e, por fim, a abolição da escravidão, que
mais torpe dos exemplos. Finalmente, com as degradan- levou a elite cafeicultora fluminense a romper poli-
tes cenas da servidão, não pode a mais ilustrada das so- ticamente com a monarquia.
ciedades deixar de corromper-se.” Estão corretas apenas as afirmativas:
Apud CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis historiador, 2003. a) I e III.
No trecho, há um argumento: b) I e IV.
a) político, que reconhece a importância da emanci- c) II e III.
pação dos escravos, ainda que de forma paulatina, d) I, II e IV.
para a construção de novos elementos de cidada- e) II, III e IV.
nia social, condição mínima para o país abandonar
A afirmativa II está errada porque não existiu voto universal direto duran-
a violência cotidiana e sistemática contra a maioria te o período regencial. Já a afirmativa III não corresponde à realidade,
da população. pois no Segundo Reinado houve muita instabilidade política e trocas
b) social, que assinala a inconsistência da defesa do de poder entre os partidos Liberal e Conservador.
fim da escravidão no país, em razão da incapacidade
dos homens escravizados de participar das estrutu-
ras hierárquicas e culturais, estabelecidas ao longo 3. A respeito da crise do império no Segundo Reinado,
dos séculos, durante os quais prevaleceu o trabalho explique de que maneira ela está associada à questão:
compulsório. a) religiosa;
c) econômico, que distingue os cidadãos ativos dos
A monarquia perdeu prestígio junto ao clero.
passivos, estes considerados um estorvo para as
atividades produtivas, fossem na agricultora ou na
procura de metais preciosos, por causa da desmoti-
vação para o trabalho, elemento central para explicar
a estagnação econômica do país. b) militar;
d) cultural, que se consubstancia na impossibilidade da O Exército tornou-se opositor do império e passou a apoiar a causa repu-
convivência entre homens livres e homens libertos
e tenderia a produzir efeitos sociais devastadores, blicana, influenciado sobretudo pelo ideal positivista francês.
como tensões raciais violentas e permanentes, a
exemplo do que já ocorria no Sul dos Estados Unidos.
e) moral, que aponta para os malefícios que a experiên-
cia da escravidão provoca nos próprios escravos e
que esses malefícios terminam por contaminar toda c) da abolição.
a sociedade, mostrando, em síntese, que os brancos A abolição da escravidão gerou o descontentamento das elites rurais e
eram muito prejudicados pela ordem escravocrata.
O excerto aponta a escravidão como um elemento que corrompe a
escravocratas.
sociedade moralmente, favorecendo os vícios, a prostituição e o des-
respeito à ordem familiar, por exemplo.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes 4. Ufscar-SP
grupos, conflitos e movimentos sociais.
“A questão religiosa iniciada em 1872, considerada um dos
Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo
fatores da Proclamação da República, opôs os bispos de
e no espaço.
Olinda e do Pará à monarquia de Pedro II. Confrontando
a determinação do Estado brasileiro, o bispo D. Vital man-
teve-se intransigente, afirmando que o governo imperial,

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2. PUC-RS – Para responder à questão, considere as em lugar de ‘conformar-se com o juízo do vigário de Jesus
afirmações abaixo sobre o período imperial brasileiro Cristo, como cumpria ao governo de um país católico, pre-
(1822-1889): tende que, rejeitando este juízo irrefragável, eu reconheça
I. O Primeiro Reinado caracterizou-se pelos constantes o dele, nesta questão religiosa, e o considere acima do juí-

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conflitos entre o imperador e as elites do país, tendo zo infalível do romano pontífice.’“
em vista que D. Pedro I praticamente governou de Apud GERSON, Brasil. O regalismo brasileiro.
forma autoritária, desconsiderando o Legislativo. Rio de Janeiro: Cátedra, 1978. p. 196.

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Esta posição do bispo de Olinda, D. Vital Maria de Oli- 6. IFPE-PE – A escola de samba Paraíso do Tuiutí desfi-
HISTÓRIA 2

veira, exprime: lou no carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Meu


a) a concepção de que o poder temporal emana de Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”. Em 2018,
Deus e de que deve ser absoluto. nos 130 anos da Lei Áurea, a agremiação realizou uma
crítica a esse marco legal que, sem nenhuma indeni-
b) o dogma da infalibilidade do papa e o esforço de
zação ou compensação para os recém-libertos, sem
romanização do clero brasileiro.
nenhuma política de emprego ou de acesso à terra,
c) a proibição papal de participação dos católicos nas dificultou a integração dos ex-escravos na sociedade.
questões políticas e sociais. Além daquele presente no título do enredo, o processo
d) a noção de que o poder da Igreja é político e de que abolicionista vem suscitando outros questionamentos
o papa deve ser obedecido. entre os estudiosos do tema. Uma dessas indagações
e) o dogma segundo o qual a salvação depende dos é quanto à participação popular na luta pelo fim da es-
decretos infalíveis do papa. cravidão, pressionando o governo por mudanças na lei
No excerto, o bispo D. Vital mostra-se indignado com o fato de que o escravista. Entre as estratégias colocadas em prática
imperador almejava impor sua vontade contra os desígnios de um clero pelo movimento abolicionista estavam:
que tinha no papa uma referência inquestionável.
I. Organizar eventos artísticos e passeatas.
5. PUC-PR – Na conjuntura do II Reinado Brasileiro, tem II. Ingressar com processos na Justiça e ações parla-
destaque, no quadro da Proclamação da República: mentares.
I. Interferência inglesa na política imperial. III. Incentivar fugas e resistências armadas.
II. Abolição da escravatura. IV. Comprar passagens de retorno para a África.
III. Questão militar. V. Usar espaços cedidos pela Igreja Católica para mo-
IV. Questão religiosa. bilizações.
V. Pressão do setor industrial urbano. Estão corretas apenas as estratégias contidas em:
Estão corretas: a) I, IV e V.
a) apenas I e IV. b) II, III e V.
b) apenas I e III. c) I, II e IV.
c) apenas II, III e IV. d) I, II e III.
d) apenas III, IV e V. e) III, IV e V.
e) apenas I, III e V. As afirmativas IV e V estão incorretas porque o movimento abolicionista
A afirmativa I está errada porque não houve participação da Inglaterra não financiou passagens de retorno para a África, tampouco utilizou
na Proclamação da República. A afirmativa IV, por sua vez, está in- espaços eclesiásticos para suas manifestações.
correta porque não houve, no Brasil daquele momento, pressão do
setor industrial urbano, cuja existência havia sido frustrada durante o
Segundo Reinado.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFPR-PR – Leia o texto abaixo: 4. A quilombolagem se constituiu na unidade básica
“[...] O quilombo aparecia onde quer que a escravidão sur- de resistência, fruto das contradições estruturais do
gisse. Não era simples manifestação tópica. Muitas vezes, sistema escravista, e sua dinâmica refletia a negação
surpreende pela capacidade de organização, pela resistên- desse sistema.
cia que oferece; destruído parcialmente dezenas de vezes e Assinale a alternativa correta:
novamente aparecendo, em outros locais, plantando a sua
a) somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
roça, constituindo suas casas, reorganizando a sua vida so-
cial e estabelecendo novos sistemas de defesa. O quilombo b) somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
não foi, portanto, apenas um fenômeno esporádico. Cons- c) somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
tituía-se em fato normal dentro da sociedade escravista. Era d) somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
reação organizada de combate a uma forma de trabalho e) somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
contra a qual se voltava o próprio sujeito que a sustentava.”
MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala. Editora Conquista, Rio de 8. PUC-RJ – A abolição do tráfico de escravos a partir de
Janeiro, 1972. p. 87. 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, provocou signi-
A respeito da história dos quilombos no Brasil, consi- ficativas mudanças na vida brasileira. Dentre elas, é
dere as seguintes afirmativas: correto afirmar que:
1. Foi uma forma de organização dos escravos libertos, a) houve um deslocamento imediato de mão de obra es-
que não encontraram lugar na sociedade brasileira crava das áreas decadentes para a região cafeicultora
pós-abolição. do Vale do Paraíba, o que provocou um agravamento

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das questões platinas em decorrência do incentivo
2. O quilombo marcou sua presença durante todo o daqueles países vizinhos à produção para exportação.
período escravista, existindo praticamente em toda
b) os países da região platina montaram um tráfico clan-
a extensão do território nacional.
destino de escravos de maneira a tornar os seus

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3. Sua estrutura social respondia a uma lógica particu- produtos mais competitivos no comércio interna-
larmente militar, que visava desestabilizar a estrutura cional, desbancando, desta forma, a produção das
social dos senhores de escravos. Antilhas inglesas.

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c) os capitais liberados do tráfico de escravos foram “Essa ideia de que as pessoas saíram correndo e comemo-

HISTÓRIA 2
aplicados em atividades de modernização econômica rando, isso é lenda. Depois do 13 de maio, meu bisavô e a
do país e que a inevitável extinção futura da escra- maioria dos escravos continuaram vivendo onde trabalha-
vidão suscitou debates sobre a questão da substi- vam. Registros históricos mostram que alguns receberam
tuição da mão de obra e os primeiros ensaios de um pedaço de terra para plantar. Mas poucos passaram a
imigração estrangeira para o Brasil.
ganhar ordenado, e houve quem recebesse uma porcen-
d) a abolição do tráfico de escravos para o Brasil levou tagem do café que plantava e colhia − conta o historiador
a Inglaterra a decretar o Bill Aberdeen, lei que con- Robson Luís Machado Martins, que pesquisa a história de
seguiu estancar em definitivo o comércio de cativos
sua família, e a do Brasil, desde a década de 1990.”
no Oceano Atlântico, incrementando a produção in-
dustrial na região. O Globo, 12/5/2013. (Adaptado)
e) a proibição do tráfico de escravos incentivou a subs- A fotografia e a reportagem registram aspectos particula-
tituição do regime de produção em larga escala para
res sobre os significados da abolição, os quais podem ser
exportação na lavoura brasileira pelo cultivo em peque-
associados aos seguintes fatores do contexto da época:
nas propriedades com mão de obra livre, o que levou
ao surgimento de um mercado interno expressivo. a) crise monárquica − exclusão social.
b) estagnação política − ruptura econômica.
9. Unicamp-SP
c) expansão republicana − reforma fundiária.
“Como os abolicionistas americanos previram, os proble-
d) transição democrática − discriminação profissional.
mas da escravidão não cessariam com a abolição. O racismo
continuaria a acorrentar a população negra às esferas mais 11. PUC-PR – No auge do Segundo Reinado, o Brasil viu o
baixas da sociedade dos Estados Unidos. Mas se tivessem desenvolvimento econômico do café provocando mudan-
tido a oportunidade de fazer uma viagem pelo Brasil de seus ças socioeconômicas relevantes, que marcaram inclusive
sonhos – o país imaginado por tanto tempo como o lugar o início do período republicano. Sobre essa influência do
sem racismo – eles teriam concluído que entre o inferno e o café no Segundo Reinado, assinale a alternativa correta:
paraíso não há uma tão grande distância afinal.” a) Ao contrário da aristocracia açucareira, participante
AZEVEDO, Célia M. M. Abolicionismo: Estados Unidos e Brasil, apenas da produção, a aristocracia cafeeira agia em
uma história comparada (século XIX). São Paulo: Annablume, 2003. todas as áreas financeiras ligadas direta ou indire-
p. 205. (Adaptado) tamente ao seu produto, como a compra de equi-
Sobre o tema, é correto afirmar que: pamentos e do excedente de produção de outros
cafeicultores. Desse modo, distanciava-se somente
a) a experiência da escravidão aproxima a história dos de financiamentos e empréstimos a outros produto-
EUA e do Brasil, mas a questão do racismo tornou-se res, atividades restritas aos banqueiros.
uma pauta política apenas nos EUA da atualidade.
b) Havia uma divisão no setor. Os cafeicultores do Oeste
b) os abolicionistas norte-americanos tinham uma visão Paulista, interessados na abolição dos escravos, já inicia-
idealizada do Brasil, pois não identificavam o racismo vam o uso da mão de obra assalariada em substituição
como um problema em nosso país. da escrava. Contudo, os produtores do Vale do Paraíba
c) a imagem de inferno e paraíso na questão racial tam- usavam amplamente a mão de obra escrava e exigiam
bém é adequada às divisões entre o Sul e o Norte indenizações no início das discussões pela abolição.
dos EUA, pois a questão racial impactou apenas uma c) A cafeicultura do Oeste Paulista vinha empregando
parte daquele país. melhorias técnicas na produção do café ao mesmo
d) a abolição foi uma etapa da equiparação de direitos tempo em que diversificando seus investimentos em
nas sociedades norte-americana e brasileira, pois outros setores financeiros. Mas, na política, permane-
os direitos civis foram assegurados, em ambos os ciam alinhados com a monarquia, contrários às ideias
países, no final do século XIX. progressistas e republicanas que surgiam no país.
d) No sul do país, os imigrantes europeus, financiados
10. Uerj-RJ – A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de por capital inglês, iniciaram a produção industrial bra-
1888, reuniu uma multidão em frente ao Paço Imperial, sileira voltada para o mercado externo.
no Rio de Janeiro. e) Mesmo continuando com a economia de monocultu-
ra para exportação, aos poucos a produção industrial,
COLEÇÃO PARTICULAR

estimulada pelo barão de Mauá, suplantou o café,


principalmente após o fim da Tarifa Alves Branco,
que aumentava consideravelmente as taxas sobre
os artigos importados.

12. Unesp-SP – A maioridade do príncipe D. Pedro foi an-


tecipada, em 1840, para que ele pudesse assumir o
trono brasileiro. Entre os objetivos do chamado Golpe
da Maioridade, podemos citar o esforço de:
a) obter o apoio das oligarquias regionais, insatisfeitas

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com a centralização política ocorrida durante o pe-
ríodo regencial.
b) ampliar a autonomia das províncias e reduzir a interfe-
rência do poder central nas unidades administrativas.

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c) abolir o Ato Adicional de 1834 e aumentar os efeitos
Fotografia de Antonio Luiz Ferreira. federalistas da Lei Interpretativa do Ato, editada seis
anos depois.

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d) promover ampla reforma constitucional de caráter d) à ambição de iniciar um programa de expansão im-
HISTÓRIA 2

liberal e democrático no país, reagindo ao centralis- perialista na América Latina.


mo da Constituição de 1824. e) à predominância do poder civil, que não prestigiava os
e) restabelecer a estabilidade política, comprometida militares e lhes proibia o debate político pela imprensa.
durante o período regencial, e conter revoltas de
caráter regionalista. 16. UFPE-PE – Sobre o papel dos militares no cenário que
antecedeu a Proclamação da República no Brasil, ana-
13. Uerj-RJ – O romance Iracema, de José de Alencar, pu- lise as afirmações abaixo:
blicado em 1865, influenciou artistas como José Maria 1. Mudanças na estrutura social do Exército, ao longo
de Medeiros, que nele encontraram inspiração para do século XIX, deixaram a liderança dessa institui-
representar imagens do Brasil e do povo brasileiro no ção e a elite aristocrática brasileira afastadas. Dessa
período imperial (1822-1889). forma, faltou à monarquia o apoio do Exército.
Na construção da identidade nacional durante o impé- 2. Os baixos salários, as péssimas condições em que atua-
rio do Brasil, identifica-se a valorização dos seguintes vam os militares brasileiros nas guerras que o império
aspectos: promoveu e questões ideológicas relativas à escravidão
a) clima ameno/índole guerreira dos ameríndios. levaram os militares a apoiar os ideais republicanos.
b) grandeza territorial/integração racial das etnias. 3. Militares do Exército fundaram o Clube Militar, que era
uma associação corporativista permanente para defen-
c) extensão litorânea/sincretismo religioso do povo. der a abolição, o fim da Guerra do Paraguai e a república.
d) natureza tropical/herança cultural dos grupos nativos. 4. Os militares liderados por Caxias, o mais bem-su-
cedido dos generais brasileiros, organizaram um
14. UFMG-MG – Observe a charge de Bordalo Pinheiro, ataque pela imprensa às instituições monárquicas
publicada em O Mosquito, em setembro de 1875. com vistas à Proclamação da República.
5. As crises entre os militares e o governo brasileiro a partir
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO

de 1883 foram consequência de uma insatisfação geral


em relação à participação daqueles militares na vida so-
cial e política do Brasil: os militares estavam proibidos
de se pronunciarem através da imprensa e eram trans-
feridos de uma região para outra por questões políticas.
Estão corretas apenas:
a) 3, 4 e 5. c) 1, 2, 4 e 5. e) 2, 3 e 4.
b) 1, 2 e 5. d) 1, 3 e 5.

17. Fuvest-SP
“No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países lati-
no-americanos, as décadas de 1870 e 1880 foram um período
de reforma e de compromisso com as mudanças. De manei-
ra geral, podemos dizer que tal movimento foi uma reação às
Ela expressa: novas realidades econômicas e sociais resultantes do desen-
a) a punição exemplar do papa Pio IX ao regente do volvimento capitalista não só como fenômeno mundial mas
trono, que, desrespeitando as determinações do também em suas manifestações especificamente brasileiras.”
Vaticano, decretou plena liberdade de culto no Brasil. COSTA, Emília Viotti da. Brasil: a era da reforma (1870-1889). In:
b) o ressentimento do clero católico contra o impe- Leslie Bethell. História da América Latina. v. 5. São Paulo: Edusp,
rador, que resolveu pôr fim à união Igreja-Estado, 2002. (Adaptado)
assegurada pela Constituição outorgada em 1824 A respeito das mudanças ocorridas na última década do
por D. Pedro I. império do Brasil, cabe destacar a reforma:
c) a atitude de fraqueza de D. Pedro II perante o repre- a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos
sentante máximo da Igreja Católica, que o obrigou eletivos do império, ao mesmo tempo em que proi-
a renunciar definitivamente ao direito de exercer biu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a
o padroado. participação eleitoral dos setores populares.
d) o impasse político criado pela questão religiosa, b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como
que abalou a relação entre Igreja-Estado, apesar política oficial para as relações entre o Estado bra-
da anistia concedida pelo imperador D. Pedro II aos sileiro e o poder papal, o que permitiu ao império
bispos rebeldes. ganhar suporte internacional.
15. Fuvest-SP – O descontentamento do Exército, que c) fiscal, com a incorporação integral das demandas fe-
derativas do movimento republicano por meio da revi-
culminou na questão militar no final do império, pode
são dos critérios de tributação provincial e municipal.
ser atribuído:
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato

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a) às pressões exercidas pela Igreja junto aos militares
empregadas para a composição da administração
para abolir a monarquia.
imperial, com a adoção de um sistema unificado de
b) à propaganda do militarismo sul-americano na im- concursos para preenchimento de cargos públicos.
prensa brasileira.
e) militar, que abriu espaço para que o alto-comando do

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c) às tendências ultrademocráticas das forças armadas, Exército, vitorioso na Guerra do Paraguai, assumis-
que desejavam conceder maior participação política se um maior protagonismo na gestão dos negócios
aos analfabetos. internos do império.

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ESTUDO PARA O ENEM

HISTÓRIA 2
18. Enem C3-H15 de forma tão intensa por uma causa comum, nem mesmo
“Enquanto as rebeliões agitavam o país, as tendências po- durante a Guerra do Paraguai. Envolvendo todas as regiões
líticas no centro dirigente iam se definindo. Apareciam em e classes sociais, carregou multidões a comícios e manifesta-
germe os dois grandes partidos imperiais – o Conservador ções públicas e mudou de forma dramática as relações polí-
e o Liberal. Os conservadores reuniam magistrados, buro- ticas e sociais que até então vigoravam no país.”
cratas, uma parte dos proprietários rurais, especialmente GOMES, L. 1889. São Paulo: Globo, 2013. (Adaptado)
do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e os grandes co-
merciantes, entre os quais muitos portugueses. Os liberais O movimento social citado teve como seu principal
veículo de propagação o(a):
agrupavam a pequena classe média urbana, alguns padres
e proprietários rurais de áreas menos tradicionais, sobretu- a) imprensa escrita. d) clero católico.
do de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.” b) oficialato militar. e) câmara de represen-
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. c) corte palaciana. tantes.

No texto, o autor compara a composição das forças 20. Enem C1-H2


políticas que atuaram no Segundo Reinado (1840-1889). “O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez
Dois aspectos que caracterizam os partidos Conserva- da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes,
dor e Liberal estão indicados, respectivamente, em: e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Mere-
a) abolição da escravidão – adoção do trabalho as- cem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patrio-
salariado. tas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores
b) difusão da industrialização – conservação do latifún- de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a
dio monocultor. pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser
c) promoção do protecionismo – remoção das barreiras executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado,
alfandegárias. esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e
d) preservação do unitarismo – ampliação da descen- ganhar por todos, visto que pagou por todos.”
tralização provincial. ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.
e) implementação do republicanismo – continuação da
monarquia constitucional. No processo de transição para a república, a narrativa
machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa:
19. Enem C3-H13 a) redenção cristã e cultura cívica.
“O movimento abolicionista, que levou à libertação dos es- b) veneração aos santos e radicalismo militar.
cravos pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888, foi a primeira c) apologia aos protestantes e culto ufanista.
campanha de dimensões nacionais com participação po- d) tradição messiânica e tendência regionalista.
pular. Nunca antes tantos brasileiros se haviam mobilizado e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.

EXERCÍCIOS INTERDISCIPLINARES
21. Ufscar-SP – Inglaterra, século XVIII. Hargreaves paten- que capturam e digerem. Entretanto, os organismos do
teia sua máquina de fiar; Arkwright inventa a fiandeira Reino Plantae são classificados quanto à sua nutrição
hidráulica; James Watt introduz a importantíssima má- como autótrofos. Os organismos autótrofos são aqueles
quina a vapor. Tempos modernos! que sintetizam moléculas orgânicas a partir de:
As máquinas a vapor, sendo máquinas térmicas reais, a) água e glicose. b) água, O2 e proteínas.
operam em ciclos de acordo com a segunda lei da ter- c) substâncias orgânicas. d) água, CO e proteínas.
modinâmica. Sobre estas máquinas, considere as três e) substâncias inorgânicas.
afirmações seguintes:
I. Quando em funcionamento, rejeitam para a fonte 23. Ufscar-SP (adaptado) – A queda na produção de ce-
fria parte do calor retirado da fonte quente. reais, às vésperas da Revolução Francesa de 1789, de-
sencadeou uma crise econômica e social. Assinale a
II. No decorrer de um ciclo, a energia interna do vapor
de água se mantém constante. alternativa que apresenta um efeito da diminuição da
oferta de alimentos e suas consequências econômicas:
III. Transformam em trabalho todo o calor recebido da
fonte quente. a) na alta dos preços dos gêneros alimentícios, na re-
dução do mercado consumidor de manufaturados e
É correto o contido apenas em: no aumento do desemprego.
a) I. d) I e II. b) no aumento da exploração francesa sobre o seu im-
b) II. e) II e III. pério colonial, na reação da elite colonial e no início
c) III. do movimento de independência.
22. UFF-RJ (adaptado) – O Jardim Botânico do Rio de Janei- c) no abrandamento da exploração senhorial sobre os
ro, fundado por Dom João VI, já tem mais de 200 anos de servos, na divisão das terras dos nobres emigrados

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existência. Nele estão situados acervos de mais de 8 000 e na suspensão dos direitos constitucionais.
espécies de plantas nacionais e de várias partes do mun- d) na decretação, pelo rei absolutista, da lei do preço
do. O Jardim Botânico foi expandido em 15 000 m2 e as máximo dos cereais, na expansão territorial francesa
estufas das orquídeas, bromélias, cactos e das plantas e nas guerras entre países europeus.

conveniados ao Sistema de Ensino


insetívoras foram reformadas. Este último grupo de plan- e) na intensificação do comércio exterior francês e no
tas, também conhecido como plantas carnívoras, chama aumento da exportação de tecidos para a Inglaterra,
muito a atenção por poder obter nutrientes dos animais que foi compensada pela compra de vinhos ingleses.

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I

MATERIAL DO PROFESSOR

Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS

HISTÓRIA 1

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AGES

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GETTY IM

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II

APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA 1

HISTÓRIA
O material que você tem em mãos foi concebido e atualizado para se ajustar tanto às novas deman-
das do ensino de História como da avaliação feita pelas bancas dos diversos vestibulares e, especial-
mente, do Enem. O ensino também tem história e, entre diversas mudanças, a informação não é mais
o foco da educação, mas sim a compreensão e a produção de conhecimento. Sabemos que, além do
Material do Professor

conteúdo, dos roteiros de aula, da enorme coletânea de questões dos principais vestibulares do país e
do Enem, totalmente atualizadas, e das respostas comentadas, os alunos terão também o seu apoio.
Como professor, é importante que você tenha clareza dessas novas abordagens da educação e da
avaliação dos estudantes. São jovens que têm qualquer informação ao seu dispor, bastando para isso
acessar a internet e serem superestimulados por vídeos, fotos e jogos complexos e cheios de ação. Com
base nesse contexto, é comum que se sintam entediados, que não encontrem sentido no contato com
informações que podem acessar de forma instantânea e que percam o interesse nas explicações que
oferecemos. Esse é o nosso desafio. O tempo todo devemos lançar o foco nos processos que orientam
os fatos e, sempre que possível, trazer a história para o tempo presente, mostrando aos estudantes as
conexões entre o que encontram nas aulas de História e o que acontece em suas próprias vidas.
É indispensável que os estudantes reconheçam que a "informação" é um "conjunto de dados" or-
ganizado, estruturado, com alguma análise. “D. João era um rei português" e "D. Pedro I era seu filho”
são dois dados, mas “D. João veio ao Brasil em 1808 e D. Pedro I declarou a independência em 1822”
é uma informação. É importante ajudá-los a reconhecer que "conhecimento", por sua vez, é saber que
quando D. João chega ao Brasil em 1808, um processo de independência que havia começado com as
insurreições do final do século XVIII (como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana) se intensifi-
ca, já que o Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino Unido a Portugal. Então, em 1822, quando
essa situação ambígua se encontrava insustentável, uma conciliação entre colonos e colonizadores
levou o Brasil a se tornar independente, mas sob o reinado de um filho do rei português.
Esse é o conhecimento que os exames vestibulares e, especialmente, o Enem, esperam dos
alunos atualmente. Os dados e as informações são fornecidos clara e abertamente. Algo que era a
resposta de uma pergunta hoje está no enunciado. Os estudantes devem ser capazes de dominar
linguagens e códigos, construir argumentações, elaborar respostas aos diversos questionamentos,
relacionar distintas áreas do conhecimento. Devem também relacionar passado e presente, propor
ideias para o futuro, identificar, reconhecer e relacionar processos históricos, antigos ou atuais.
Justamente por isso este material traz também indicações de leitura, de vídeos, filmes, docu-
mentários e atividades que podem ser propostas à turma, tanto em sala de aula como em visitas
guiadas, presenciais ou à distância, a instituições que são espaços de memória. O que queremos
é prepará-los não apenas para os vestibulares, mas para que sejam produtores de conhecimento.
Se conseguirmos isso, os exames de admissão nas universidades serão o que devem ser: o início
de uma longa jornada em busca do conhecimento. Para isso, devemos explorar aspectos como:
• Desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpreta-
ção de fontes e testemunhos passados e presentes, considerando diferentes contextos e
linguagens na sua produção. Selecionamos para este material questões que trabalham com
charges, cenas de filmes, poemas, romances, notícias veiculadas na mídia, canções, artigos
científicos, entre outras fontes.
• O desenvolvimento de habilidades por meio da leitura e interpretação de imagens, como obras de
arte, fotografias, ilustrações do período em estudo ou posteriores a ele. Muitos casos remetem a
produções posteriores, dada a impossibilidade de usar imagens de época, normalmente por inexis-
tirem. Nesses casos, recomendamos ressaltar a diferença cronológica entre o fato e a ilustração,
explorando a visão da época sobre o fato histórico passado. É importante ressaltar que a produção
de imagens é, também, uma produção de discursos. Para citar um exemplo: o quadro de Pedro
Américo Independência ou morte foi feito bem depois do 7 de setembro de 1822, e está carregado

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de discursos de exaltação, além de ter sido inspirado no quadro Napoleão III na Batalha de Solferi-
no, pintura de Meissonier. Todas essas análises devem permear esse tipo de estudo.
• A história como algo feito “de baixo para cima”. Devemos mostrar aos alunos como, no pas-

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sado, o estudo de História já foi uma grande coletânea de governantes e generais, com pita-
das de homens ricos e poderosos. A abordagem completa, bem informada, atual e consoli-
dada é aquela que mostra como os movimentos sociais, as lutas populares, as insurreições

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III

e rebeliões, os protestos e as greves protagonizaram, ao longo da História, enfrentamentos


e conciliações com os detentores do poder econômico e político. São os escravizados os

HISTÓRIA 1
protagonistas da história da abolição da escravidão, além da princesa Isabel. A história do
voto feminino deve ter como protagonista as sufragistas, não apenas os legisladores ou
mesmo o governante. A história da redemocratização deve estar centrada naqueles que
lutaram contra a ditadura, não nos generais que conduziram a transição.
A elaboração deste material pauta-se na correção de conceitos e de informações básicas, evitando

Material do Professor
o anacronismo, o voluntarismo e o nominalismo. Regula-se ainda pela coerência e adequação meto-
dológicas; pelos preceitos éticos, furtando-se aos preconceitos e vinculações ideológicas que possam
comprometer a objetividade da ciência histórica.
Previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica referentes ao Ensino Médio,
as competências e habilidades são desenvolvidas conforme os conteúdos programáticos de cada eta-
pa. Nesse sentido, a concepção do material prioriza, em relação aos processos históricos: a leitura e a
interpretação de fontes documentais de natureza diversa, em diferentes linguagens; o estabelecimen-
to de relações que envolvem continuidades e permanências, rupturas e transformações; a investigação
e a compreensão para reconhecer o papel do indivíduo na construção deles.
Esperamos, com esse material, ajudá-lo no desafio de oferecer aos estudantes os inúmeros cami-
nhos para compreender as relações com o passado, fomentando neles, frente aos acontecimentos
históricos, o posicionamento crítico e a contextualização sociocultural.

CONTEÚDO
HISTÓRIA 1
Volume Módulo Conteúdo
17 Origens medievais do Estado Moderno
18 A volta dos reis
19 Reforma protestante
20 Contrarreforma
21 Transição do Feudalismo para o Capitalismo
22 Regime Absolutista
23 Expansão marítima europeia
24 América espanhola
2
25 África e Ásia antes e depois da expansão europeia
26 Revoluções inglesas: política e economia (séculos XVII-XVIII)
27 Iluminismo
28 Revolução Industrial
29 Revolução Francesa
30 Era napoleônica
31 Independência dos Estados Unidos
32 Independência da América espanhola

HISTÓRIA 2
Volume Módulo Conteúdo
9 Período joanino (1808-1821)
10 Processo de independência
11 Primeiro Reinado

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2
12
13
14
Crise no Primeiro Reinado
Período regencial
Revoltas regenciais

conveniados ao Sistema de Ensino 15


16
Segundo Reinado: política
Segundo Reinado: cultura e crise

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IV

17 ORIGENS MEDIEVAIS DO ESTADO MODERNO


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo que se pergunta é sobre o Cisma do Ocidente.


Ressalte os motivos que levaram ao fim do sistema Neste caso, trata-se do confronto da França com
feudal e à consolidação dos Estados nacionais. Comen- a Igreja romana, que levou o Ocidente a ter, por
te que essa mudança se deu de forma processual. As- um período, dois papas.
sim, algumas estruturas (de relações, de trabalho e de
Material do Professor

10. C
pensamento) vigentes no sistema feudal foram incor-
poradas à nova organização política. Ao abordar a unifi- No final do módulo anterior, estudamos o proces-
cação de cada um dos estados analisados no módulo, so de decadência da Idade Média, com mortes
destaque a importância desse processo para os desdo- pela peste e pela fome, guerras, Cruzadas e o
bramentos seguintes do período moderno, por exem- início dos diversos renascimentos. Esta questão
plo, as Grandes Navegações e as reformas religiosas. trabalha esse momento e o relaciona ao processo
de centralização e concentração do poder e à for-
Para ir além mação gradual do absolutismo.
Sobre a Baixa Idade Média e o período de centralização 11. C
do poder, indicamos o filme O incrível exército de Bran-
A Assembleia dos Barões foi um dos elementos que
caleone (Itália, 1966. Direção de Mario Monicelli). Neste
deu origem ao sistema parlamentar inglês. Esse pro-
filme, Brancaleone forma um exército com o objetivo de
cesso abriu espaço para a representação das cama-
conquistar um feudo e ter o próprio “pedaço de terra”.
das populares no centro das decisões políticas.
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de:
• ARGAN, G. C. Clássico anticlássico: o Renascimen- 12. E
to de Brunelleschi a Brueghel. São Paulo: Compa-
A crise do feudalismo e a consolidação do poder
nhia das Letras, 1999.
centralizado nas mãos do rei foram resultado de
• BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e um longo processo, do qual fazem parte a peste
no Renascimento. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1993. negra e a Guerra dos Cem Anos.

• DUBY, G. Idade Média, Idade dos Homens: do 13. B


amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das As cidades citadas são alguns dos principais
Letras, 2001. exemplos do que foi o renascimento comercial
e urbano na Europa do início da Idade Moderna.
• LE GOFF, J. O apogeu da cidade medieval. São Pau- Esse processo está intimamente ligado às Cru-
lo: Martins Fontes, 1992. zadas e, não por acaso, dali saem os principais
mecenas dos artistas renascentistas.
Exercícios Propostos
14. B
7. C
A questão explica brevemente o Cisma e trata da
Como foi visto no módulo, tanto em um caso transferência do papado para Avignon, o que faz
como em outro houve uma desconstrução das di-
parte da tentativa do rei francês de centralizar o
nâmicas de poder feudais e um processo de cen-
poder em suas mãos, principalmente na França,
tralização política gradual. Não é correto falar em
mas buscando influência por toda a Europa.
retardamento da formação do Estado moderno,
dependência em relação aos senhores feudais, 15. C
diminuição do poder real ou enfraquecimento da A questão trata da circulação de pessoas como
burguesia, pois houve foi justamente o contrário. meio de transmissão da peste, que matou mi-
lhões de pessoas na Europa no século XIV. Por
8. D outro lado, essa circulação também esteve asso-
Este é um ponto essencial dos processos estu- ciada ao renascimento comercial e urbano.
dados. Antes, durante a Idade Média, o poder era
descentralizado e, com isso, a Igreja tinha grande 16. F, V, F, V, V

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protagonismo. Com o fortalecimento do rei e a A primeira afirmativa é falsa porque não houve
centralização de funções e poderes, toma forma esvaziamento dos interesses da burguesia, pelo
um poder tão grande quanto o da Igreja. contrário. A terceira é falsa porque Felipe Augusto
conquistou a Normandia.

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9. D
Todas as alternativas fazem referência a fatos e 17. a) A disputa por poder político na Europa me-
processos que realmente ocorreram. Porém, o dieval teve em seu centro o conflito entre o Esta-

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V

do, simbolizado pelo rei; e a Igreja, representada e os já tradicionais e milenares argumentos de


pelo papa. autoridade da Igreja, tão poderosa no Medievo,

HISTÓRIA 1
b) O resultado é o fim da Europa feudalista e medie- entravam em choque.
val, uma vez que o poder majoritário da Igreja foi subs-
Competência: Compreender a produção e o pa-
tituído pelo poder temporal (secular/leigo) do rei.
pel histórico das instituições sociais, políticas e
econômicas, associando-as aos diferentes gru-
Estudo para o Enem pos, conflitos e movimentos sociais.

Material do Professor
18. B
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
A questão trabalha um texto de um dos grandes
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
historiadores do século XX: Jacques Le Goff. O
ao longo da História.
texto fala sobre a divisão do trabalho, que, com o
desenvolvimento urbano, passa a permitir o sur- 20. B
gimento da figura do intelectual, fato esse que foi O enunciado já pede uma resposta relacionada às
importante para a transição da Idade Média para artes. Portanto, a resposta correta já fica mais fácil.
a Idade Moderna. Fé e misticismo seriam características medievais;
cultura e comércio guardam certa relação, se pen-
Competência: Compreender a produção e o pa- sarmos nos mecenas, mas não seria correto esta-
pel histórico das instituições sociais, políticas e belecer essa associação, considerando o enuncia-
econômicas, associando-as aos diferentes gru- do. O mesmo vale para as outras duas alternativas.
pos, conflitos e movimentos sociais. O que houve nesse momento foi a relação entre o
desenvolvimento da ciência (ainda não exatamen-
Habilidade: Identificar registros de práticas de te como ciência, mas vale o termo) e as artes.
grupos sociais no tempo e no espaço.
Competência: Compreender os elementos cultu-
19. A rais que constituem as identidades.
Nesta questão, é colocada uma lupa sobre um
momento de transição: as transformações entre Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
o fim da Idade Média e o início da Idade Moder- graficamente fontes documentais acerca de as-
na. Nesse contexto, a produção de conhecimento pectos da cultura.

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VI

18 A VOLTA DOS REIS


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo correta como um guia para entender a importância


Ao mostrar os processos de volta dos reis, comple- de cada um deles: a subordinação do indivíduo ao
tando o tema que começou a ser trabalhado no módulo Estado, para Maquiavel; o caráter divino do rei,
anterior, ressalte a importância dos intelectuais nesse para Bossuet e Jean Bodin; e o contrato teoriza-
contexto, os quais surgem com o renascimento urbano do, para Hobbes.
Material do Professor

e com a disseminação de universidades pela Europa


no fim da Idade Média. Eles deram as bases teóricas 11. C
para a superação do feudalismo e a consolidação do É incorreto falar em apoio dos papas ou aliança
absolutismo, assim como os iluministas darão as bases com a Igreja, relacionar a burguesia a apoio aos
para a superação desse mesmo absolutismo. princípios do feudalismo, ou mesmo falar em
descentralização administrativa. Por outro lado,
Para ir além é correto dizer que os absolutistas dominaram a
Proponha aos alunos que produzam uma cronologia Europa moderna, reduziram o poder da Igreja (e
da transição da Idade Média para a Idade Moderna, do papa) e lideraram a transição econômica para
tendo como foco a centralização e a concentração do o capitalismo mercantil.
poder. Os países envolvidos podem ser Portugal, Espa-
12. D
nha, Inglaterra e França. Nessa linha do tempo, como
um resumo, eles podem destacar em cada um dos A questão trabalha as turbulências no processo
momentos a relação do fato com algum dos teóricos de consolidação do absolutismo, mostrando que
do absolutismo. não foi um processo linear e inevitável. As guerras
de religião na França expuseram um confronto
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
entre a nobreza católica e os Bourbons.
picos de:
• BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Jorge 13. B
Zahar, 1994. Não é correto relacionar a teoria de Maquiavel a
• ELIAS, N. O processo civilizador. Rio de Janeiro: qualquer moralidade cristã, história retilínea, or-
Jorge Zahar, 1995. v. 1. dem política inevitável ou mesmo estável. O que
esse teórico dizia é que a estabilidade depende das
• OLIVIERI, A. C. O Renascimento. São Paulo: ações humanas, em geral duras, sugerindo que o
Ática, 2007. príncipe, não podendo ser amado, fosse temido.

14. A
Exercícios Propostos
A resposta da questão anterior, mais simples, aju-
7. B da a responder a esta. Não podendo ser amado,
A alternativa correta situa a Guerra da Reconquis- o príncipe deve ser temido, segundo Maquiavel.
ta como a causa da centralização do poder e da Por isso, deve ser chefe do exército, não ter sen-
organização do Estado, o qual era o único capaz timento de humanidade e sempre privilegiar os
de mobilizar recursos para garantir a empreitada interesses do Estado.
da expansão marítima e comercial.
15. E
8. A Apesar de colocar o poder do rei absoluto com o
O mercantilismo foi a base de sustentação dos poder divino, como diziam teóricos como Bossuet,
Estados Nacionais na Europa desse momento his- não havia associação da imagem da família real à
tórico de que falamos. Os Estados espanhol, portu- imagem da Sagrada Família. O poder era do rei.
guês, francês e o holandês, especialmente, tinham
de lidar com a burguesia, que então ganhava força. 16. E
Como foi visto, Hobbes foi o teórico dos con-
9. D tratos, e a base filosófica disso é que a compe-
Mais uma questão que utiliza a obra de um dos teó- tição e a desconfiança são condições naturais

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ricos do absolutismo, neste caso, Thomas Hobbes,
para relacionar sua teoria ao Estado absolutista.
aos humanos. Daí a necessidade da celebração
de contratos.

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10. A 17. D
A questão resume o que foi estudado a respeito Portugal não tinha interesse na região de Flan-
dos teóricos do absolutismo. Utilize a resposta dres; não houve alargamento territorial com polí-

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VII

tica agrária, mas sim conquistas territoriais; não de organização da sociedade apresentada no texto
houve apoio de qualquer potência e a organização encontra-se fundamentada na abdicação dos inte-

HISTÓRIA 1
da expedição de Vasco da Gama foi feita muito resses individuais e na legitimidade do governo.
depois, quase um século mais tarde.
Competência: Compreender a produção e o papel
Estudo para o Enem histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
18. C

Material do Professor
conflitos e movimentos sociais.
A questão trabalha apenas a interpretação do tex-
to, sendo possível chegar à resposta mesmo sem Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
conhecer a teoria de Maquiavel. O trecho “in- presentes em textos analíticos e interpretativos,
gratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
de lucro” é revelador dos interesses que, para o gráfica acerca das instituições sociais, políticas e
autor, guiam o ser humano, e da imprevisibilidade econômicas.
que essa característica carrega.
20. A
Competência: Compreender as transformações Hobbes é o teórico dos contratos e, como vimos,
dos espaços geográficos como produto das rela- a base filosófica disso trata do conflito, da des-
ções socioeconômicas e culturais de poder. confiança e da busca por interesses próprios dos
seres humanos de forma geral.
Habilidade: Analisar a ação dos Estados nacio-
nais no que se refere à dinâmica dos fluxos po- Competência: Compreender a produção e o papel
pulacionais e no enfrentamento de problemas de histórico das instituições sociais, políticas e eco-
ordem econômico-social. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
19. B
Com a análise do trecho, especialmente a pas- Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista, pre-
sagem “os homens naturais constituem-se em sentes em textos analíticos e interpretativos, sobre si-
sociedade política e submetem-se a um senhor, tuação ou fatos de natureza histórico-geográfica acer-
a um soberano”, pode-se concluir que a proposta ca das instituições sociais, políticas e econômicas.

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VIII

19 REFORMA PROTESTANTE
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo referindo, principalmente ao calvinismo. Com a


Por meio do estudo da Reforma Protestante e das ideia de predestinação, ser rico significa ter sido
religiões que surgiram nesse período, é possível fazer predestinado por Deus a ter sucesso e prospe-
uma análise da influência das doutrinas religiosas na vida ridade. Por isso, o desenvolvimento comercial e
social e econômica da sociedade. Lembre-se de que as financeiro passou a ser guiado pela religião.
Material do Professor

questões de testes avaliativos relativas às reformas, por


vezes, fazem relações com o conteúdo da formação dos 10. C
Estados nacionais, principalmente no que diz respeito As alternativas erradas dão a Lutero uma roupa-
aos Países Baixos e à Inglaterra. Se possível, traga para gem de líder político e social ou simplesmente
a sala de aula trechos dos escritos dos reformistas e incorrem em equívocos, como a preservação de
auxilie os alunos a interpretá-los, pois esse tipo de ati- certos sacramentos. Apesar de a Reforma ter tido
vidade, além de levá-los a desenvolver um pensamento desdobramentos além da religião, Lutero foi, so-
historiográfico, é recorrente nos exames de vestibular. bretudo, um líder religioso, que traduziu a Bíblia
e defendeu suas teses.
Para ir além
Indicamos o fi lme O nome da rosa (EUA, 1986. 11. D
Direção de Jean-Jacques Annaud), baseado no livro Anabatistas e puritanos foram protestantes dissi-
homônimo de Umberto Eco, que trabalha questões da dentes, que romperam tanto com a Igreja Católica
política interna da Igreja Católica e acompanha a ação como com as outras igrejas protestantes, não se
de um tribunal da Inquisição. Uma atividade interes- assemelhando da forma como foi proposta na
sante pode ser comparar o momento de fundação das afirmativa IV.
religiões protestantes com práticas comuns dessas
igrejas na atualidade. 12. Soma: 94 (02 + 04 + 08 + 16 + 64).
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- A primeira afirmativa não está correta porque a
picos de: doutrina católica não foi reafirmada; a penúltima
• BLOCH, E. Thomas Münzer, teólogo da revolução. está errada porque não houve tal revigoramento
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1973. da espiritualidade católica, pelo contrário.

• FEBVRE, L. Martin Lutero: um destino. México: 13. V, F, V, V, F


Fondo de Cultura Económica, 1966. A segunda afirmativa é falsa porque os protes-
• TREVOR-ROPER, H. R. Religião, Reforma e trans- tantes combatiam as indulgências, não as defen-
formação social. Lisboa: Presença, 1981. diam; a última é falsa porque não houve tal caráter
unificador no movimento reformista.
• WEBER, M. A ética protestante e o espírito do ca-
pitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 14. B
A questão resume bem as relações de causa e
Exercícios Propostos consequência envolvidas na Reforma religiosa. A
Igreja Católica, até então única na Europa Central
7. E e Ocidental, teve sua unidade rompida e passou
Pela data do texto (1614) e pela citação a “livros a ter concorrência, as práticas capitalistas foram
perniciosos”, é possível inferir que trata-se dos aceitas em uma nova moral cristã, especialmente
protestantes e intelectuais, ou cientistas – o ter- no calvinismo, e as monarquias absolutistas se for-
mo utilizado pela questão, “cientistas”, já começa taleceram na medida em que o papa perdeu força.
a ser apropriado nesse contexto, uma vez que a
revolução científica estava em curso. 15. C
A fonte de discordância entre Henrique VIII com
8. E o papa não foi o fato de ele ser um religioso fer-
Não é correto dizer que a Reforma Protestante voroso, profundo conhecedor de teologia, mas

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causou uma flexibilização dos costumes e valores apenas o fato de que ele não teve permissão para
morais. O que houve, de fato, foi a livre interpre- se divorciar e casar com outra mulher.
tação da Bíblia, sem intermédio da Igreja.
16. D

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9. E Mesmo não conhecendo ainda os detalhes da
Quando Weber fala da “ética protestante” para Contrarreforma, é possível identificar a resposta
explicar o surgimento do capitalismo, ele está se incorreta ao ler a afirmação: “Os reformadores

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IX

protestantes pertenciam a um único grupo”, o Competência: Compreender os elementos cul-


que é falso. turais que constituem as identidades.

HISTÓRIA 1
17. B Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
Ao contestar o poder do papa e da Igreja Ca- graficamente fontes documentais acerca de as-
tólica, Lutero traz para as pessoas uma maior pectos da cultura.
responsabilidade sobre seu destino. Reforça o
20. a) A Reforma significou o enfraquecimento do po-

Material do Professor
individualismo, que também é um dos elementos
do Renascentismo. Por defender a livre interpre- der papal e o fortalecimento do poder absoluto do
tação da Bíblia, Lutero enfraquece os padres, que rei. O maior exemplo é Henrique VIII, na Inglaterra,
eram subordinados ao papa. que ao romper com a Igreja Católica e criar a Igreja
Anglicana centralizou o poder do Estado e da reli-
Estudo para o Enem gião. No que diz respeito à religião, a Reforma per-
mitiu acabar com o pretenso universalismo da Igreja
18. E Católica e permitiu a livre interpretação da Bíblia.
Galileu não era contra qualquer religião, e pelo que b) A Reforma de Lutero abriu caminho para o
se vê tinha consideração pelas Escrituras. Apenas calvinismo, que por sua vez pregava a salvação
não achava que a Bíblia servisse para investigar a por meio do acúmulo da riqueza. Essa crença
natureza, porque isso não era assunto da fé. Mes- religiosa, em um momento de transição do sis-
mo não sendo um reformador, Galileu fazia parte tema econômico, esteve bastante alinhada aos
dos homens de ciência que ajudaram a contestar o
ideais e objetivos capitalistas – inclusive os esti-
poder do papa e da Igreja Católica nesse período.
mulando e alimentando, como mostrou Weber. A
usura, ou lucro, não era mais vista como pecado.
Competência: Compreender a produção e o papel
No aspecto social, a Reforma estimulou revol-
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
tas camponesas e, com o auxílio da imprensa
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
de Gutenberg, a Bíblia foi mais bem distribuída
conflitos e movimentos sociais.
e difundida, traduzida para várias línguas, dando
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista, acesso a grande parte da população, o que in-
presentes em textos analíticos e interpretativos, centivou e auxiliou a alfabetização, uma vez que
sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo- todos podiam ler e interpretar o texto sagrado.
gráfica acerca das instituições sociais, políticas
e econômicas. Competência: Compreender a produção e o papel
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
19. Analisando o texto, é possível perceber que, para nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
Lutero, o homem não pode salvar-se pelos próprios conflitos e movimentos sociais.
esforços, apenas pela fé na justiça divina. O refor-
mador acreditava na predestinação – algumas pes- Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
soas nasceriam predestinadas à salvação e outras, rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
à condenação. ao longo da História.

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X

20 CONTRARREFORMA
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo Portanto, as questões erradas misturam fatos de


A respeito da Contrarreforma, é importante de- um processo e de outro, e por mais que estejam
monstrar como há um jogo de poder por trás dos pro- corretos podem estar relacionados ao processo
cessos estudados. As monarquias católicas – Portugal errado. Como vimos, a Reforma acaba com o ce-
e Espanha –, então os mais poderosos Estados euro- libato clerical e essa informação é suficiente para
Material do Professor

peus, apoiaram esse processo, que teve como epicen- responder à questão por eliminação.
tro a Península Itálica. Nela estava a cidade de Roma,
onde ficava a sede do catolicismo e onde foi fundada 9. Soma: 6 (02 + 04).
a Companhia de Jesus; e Trento, onde foi realizado A primeira afirmativa está errada, pois o Concílio
o concílio reformista. O poder religioso, mesmo não de Trento não eliminou o índice de livros proibi-
sendo tão extenso e indiscutível como fora na Idade dos. E, a última, porque a Companhia de Jesus
Média, ainda era significativo e importante. Para a Igreja nada tinha a ver com diálogo, e sim com o com-
Católica, era importante retomar seu protagonismo e bate aos protestantes e com a expansão da fé
conter os protestantes. Para os monarcas, interessava católica.
que a Igreja da qual faziam parte continuasse poderosa.
10. E
Para ir além Questão mais simples, que cobra apenas que os
É interessante discutir os efeitos das religiões na alunos reconheçam as principais características
colonização, sem que haja hierarquias a esse respeito. da Contrarreforma. Por estar apresentada em um
Deixando claro que colonização é colonização, sem res- módulo com este tema, a resposta fica mais fácil.
salvas, e que, portanto, não há colonizador melhor ou Em uma prova, a afirmativa I deveria eliminar to-
pior, é possível identificar algumas diferenças entre a das as alternativas que apresentam protestantes,
América católica e a América protestante. Como a inter- e isso seria suficiente para chegar à resposta.
pretação da Bíblia, para os protestantes, era livre, e sua
11. Soma: 10 (02 + 08).
difusão foi ampliada pelas traduções e pela imprensa
de Gutenberg, houve um incentivo à alfabetização. Por Questão mais específica, mas que trata de um
isso, Estados Unidos e Canadá constituíram-se como assunto deste módulo: os jesuítas. A primeira
países letrados, enquanto a América Latina constituiu- afirmativa está errada porque este não era um
-se como uma série de países analfabetos. Os alunos objetivo, apenas, talvez, uma consequência. A 04
poderão pesquisar outras diferenças importantes entre está errada porque as missões jesuíticas ficavam
uma e outra religião e fazer uma tabela comparativa. no atual Rio Grande do Sul, em uma tentativa de
Recomenda-se, ainda, o fi lme As bruxas de Salém expandir os domínios portugueses. A 16 está erra-
(EUA, 1996. Direção de Nicholas Hytner). da porque houve missões jesuíticas em diversos
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- pontos do território da colônia.
picos de:
12. V, V, V, F
• DAVIDSON, N. S. A Contrarreforma. São Paulo:
Martins Fontes, 1991. A última afirmativa está errada porque não há
qualquer relação da Contrarreforma com precei-
• SANTANA, S. R. Inquisição ibérica. São Paulo: Áti- tos liberais nem tolerância de hereges e diminui-
ca, 1999. ção da autoridade do papa.

Exercícios Propostos 13. C


A afirmativa II está errada porque os protestan-
7. B tes acabaram com o celibato. Já a III, porque os
Como os vestibulares são métodos de seleção monarcas portugueses e espanhóis, católicos,
para as universidades, o tema da proibição de foram os principais apoiadores da Contrarreforma.
certos livros é muito recorrente. É um tema que
aproxima os princípios acadêmicos do conteúdo 14. C

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histórico que se estuda. Esta é mais uma questão As alternativas erradas relacionam fatos e pro-
que avalia esse momento da Igreja Católica. cessos da Reforma e da Contrarreforma de forma
equivocada. A Coroa portuguesa era católica e
8. B não rompeu com o catolicismo. A Contrarrefor-

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Atenção para o que se pede: a questão solicita ma não atuou na conciliação de nenhuma religião
um destaque da Reforma e outro da Contrarre- protestante, pois atuava contra todas elas. Não
forma. Separados por ponto e vírgula e na ordem. houve oposição entre a Companhia de Jesus e

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XI

a Contrarreforma, pois a primeira fez parte da nas colônias da América. O texto trata disso e,
segunda. E a Reforma Protestante, na verdade, ao analisá-lo, vemos que, para a Igreja, seus en-

HISTÓRIA 1
combateu a venda de relíquias. sinamentos deveriam ser os únicos guias da vida
de qualquer pessoa.
15. B
Questão que trata apenas de definir o que foi a Competência: Compreender os elementos cul-
Contrarreforma. As alternativas erradas foram turais que constituem as identidades.

Material do Professor
construídas de forma a afirmar o contrário do que Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
efetivamente aconteceu. A única completamente graficamente fontes documentais acerca de as-
correta define exatamente o que foi esse processo. pectos da cultura.
16. A 19. E
Questão que exige interpretação de imagem, algo Questão sobre o Concílio de Trento que, na verda-
cada vez mais cobrado pelos vestibulares. A con-
de, cobra que o aluno conheça o contexto dessa
fusão e a baderna do quadro são representadas
reunião eclesiástica. Todas as afirmativas estão
de forma pouco violenta e sem realismo (não há
corretas e podem ser utilizadas como um resumo
cores escuras, sangue, rostos tristes ou de so-
desse processo.
frimento detalhados com clareza, nem qualquer
elemento que passe uma impressão de dor e Competência: Compreender a produção e o papel
angústia). Com isso, é transmitida uma ideia de histórico das instituições sociais, políticas e eco-
comicidade e ironia. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
17. B
Vimos neste módulo um quadro que representa Habilidade: Identificar registros de práticas de
esse momento, o julgamento de Galileu. Por eli- grupos sociais no tempo e no espaço.
minação: o cientista não seguiu as ideias protes-
tantes, não combateu a autoridade do papa nem 20. Inácio de Loyola organizou a Companhia de Je-
a venda de indulgências, não criticou nem reafir- sus, os soldados de Cristo. Os jesuítas tinham
mou a livre interpretação da Bíblia nem defendeu o objetivo de resgatar a credibilidade da Igreja e
a superioridade da cultura grega. Como vimos no ampliar sua base de fiéis, além de combater os
excerto, trata-se de um conflito de ideias cientí- protestantes. Para isso, incentivaram a educação
ficas contra ideias religiosas. religiosa em todo o mundo e catequizaram os
indígenas nas colônias.
Estudo para o Enem
Competência: Compreender a produção e o papel
18. E histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Questão que trata, como é recorrente no Enem, nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
de interpretação de texto. Como vimos, a Inqui- conflitos e movimentos sociais.
sição surge em meados do século XIII com o
objetivo de combater qualquer heresia. No con- Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
texto da Contrarreforma, o Tribunal do Santo Ofí- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
cio atuou não somente na Europa, mas também ao longo da História.

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XII

21 TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo brasileiras para gerar energia. Entre as alternati-


Este módulo inicia a abordagem do tema das Gran- vas que falam em mercantilismo, o que é correto,
des Navegações, pois a expansão marítima e o mer- exclui-se facilmente a que supõe um mercado
cantilismo andam juntos. A transição do feudalismo de turismo.
para o capitalismo acontece, principalmente, graças
Material do Professor

ao renascimento comercial. Em pouco tempo, Cons- 9. B


tantinopla foi tomada e era necessário descobrir rotas Como vimos neste módulo, há uma relação es-
pelo mar para continuar fazendo negócios. Os Estados treita entre a centralização do poder monárquico,
modernos, centralizados com o apoio da burguesia, a capacidade de planejar, financiar e apoiar as
muito interessada nesse projeto, agem como fiado- Grandes Navegações e as descobertas e coloni-
res e propagadores do mercantilismo. Nesse mesmo zações de cunho mercantilista. Isso fica claro na
contexto, a busca por metais precisos nas colônias do alternativa correta.
Novo Mundo é parte essencial do processo. É interes-
10. A
sante relacionar o metalismo mercantil com a ideia de
acumulação primitiva de capitais, que está por trás No início do século XVI, ao contrário de Espa-
até da Revolução Industrial: os capitais acumulados nha e Portugal, a França ainda buscava construir
durante o colonialismo financiaram o projeto de indus- um Estado nacional, envolvida ainda nas guerras
trialização na Europa. religiosas. Por esse motivo, seu processo de co-
lonização ocorreu somente após os ibéricos já
terem avançado.
Para ir além
Pensando em possíveis provas de vestibular, é in-
11. D
teressante que os alunos montem quadros com as
características políticas e produtivas (ou econômicas) A alternativa correta resume bem o contexto polí-
de três sistemas: feudalismo, capitalismo mercantil e tico e institucional por trás do mercantilismo e do
qual esse sistema econômico fez parte: a centra-
capitalismo industrial. Outra proposta pode ser explicar
lização e a concentração do poder, a capacidade
o chamado “padrão ouro”, no qual o lastro da economia
de encarar a empreitada, cara, trabalhosa e de
mundial era baseado nas reservas de ouro de um país.
longo prazo, que foram as Grandes Navegações,
Esse padrão esteve ativo até a Conferência de Bretton
e o consequente desenvolvimento de atividades
Woods, em julho de 1944, que o substituiu pelo dólar.
mercantis e acumulação de metais preciosos.
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
picos de: 12. A Igreja condenava o lucro, a chamada a usura ou
• GREENBLATT, S. Possessões maravilhosas: o des- empréstimo a juros, porque acreditava que, primei-
lumbramento do Novo Mundo. São Paulo: Edusp, ro, o dinheiro deveria vir do trabalho e, segundo,
1996. porque o tempo é divino e, portanto, não poderia
ser comercializado como faziam aqueles que co-
• RAMOS, F. P. No tempo das especiarias: o império
bravam juros crescentes à medida que crescia o
da pimenta e do açúcar. São Paulo: Contexto, 2004.
tempo da dívida. É possível traçar um paralelo entre
• RODNEY, H. (Org.). A transição do feudalismo para a condenação do lucro pela Igreja Católica, de um
o capitalismo. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. lado, e, de outro, a difusão do protestantismo que
considerava a riqueza um sinal de bênção divina.
Exercícios Propostos
13. D
7. D A Revolução de Avis e a Guerra de Reconquista
Apenas com a interpretação do texto, mesmo foram momentos importantes e decisivos para a
sem conhecimento específico sobre o assunto, formação do Estado moderno português.
é possível concluir que trata-se da contraposição Com a análise dos mapas, um anterior às navega-
entre perdas individuais e ganhos coletivos. As ções e outro posterior, é notável o quanto o co-

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perdas particulares e familiares que as viagens nhecimento do planeta foi sofisticado e ampliado.
causavam em contraste com a grandiosidade dos
feitos. 14. B
No caso norte-americano, a religião puritana teve

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8. D um papel fundamental na formação de uma nova
Não é correto dizer que a colonização portuguesa sociedade. Parte dos colonos que migraram para
fosse de povoamento ou que utilizasse as águas a América do Norte professava a fé protestante

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XIII

e tinha uma mentalidade de predestinação divina Competência: Compreender as transformações


para colonizar aquela terra. dos espaços geográficos como produto das rela-

HISTÓRIA 1
ções socioeconômicas e culturais de poder.
15. A
As alianças citadas nas alternativas erradas não Habilidade: Identificar os significados histórico-
são corretas, e a Inquisição correu paralelamente -geográficos das relações de poder entre as nações.
às Grandes Navegações, mas não foi fundamental
19. A

Material do Professor
para que ela acontecesse. Já a Guerra de Recon-
quista, como foi visto neste módulo, foi essencial Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta que vale
para a formação do Estado moderno espanhol e muito a pena ser lida, pois é uma importante fon-
sua empreitada marítima. te histórica, além de muito bem escrita. Analisan-
do o trecho citado na questão, podemos perceber
16. C que, na perspectiva do escrivão português, era
Apesar de não ter mais a força que possuía na essencial catequizar os povos nativos encontra-
Idade Média, a religião e, especialmente, a ins- dos, lembrando que falamos de um contexto de
tituição Igreja Católica ainda tinha muito poder e Contrarreforma católica. Isso foi levado a cabo
influência. O encontro dos europeus com os po- e revela muito do país que o Brasil é hoje, nota-
vos indígenas nas Américas e os confrontos que damente católico, só perdendo espaço para reli-
giões protestantes depois de quase 1 500 anos.
acabaram em extermínio precisavam, portanto,
ser legitimados pela religião.
Competência: Compreender os elementos cul-
17. C turais que constituem as Identidades.
Mercantilismo e absolutismo caminham juntos Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
pela História. A economia mercantil precisa de graficamente fontes documentais acerca de as-
um Estado forte, interventor, que controle pre- pectos da cultura.
ços e impostos, que desestimule a importação e
facilite a exportação, que financie a expansão ma- 20. A
rítima e controle as colônias, que extraia metais Como visto na questão anterior, que se voltava ao
preciosos dela etc. Em contrapartida, ao controlar Brasil, esta questão mostra que o procedimento
a economia dessa forma, o Estado, que já é forte, na América espanhola foi o mesmo. Catequização
se fortalece ainda mais e expande sua capacidade dos nativos em um contexto de Contrarreforma
de controle. católica, buscando ampliar a base de fiéis. Na
perspectiva dos religiosos, estavam salvando as
Estudo para o Enem almas dos povos indígenas.
18. A Competência: Compreender os elementos cul-
A questão trata do encontro entre europeus e turais que constituem as Identidades.
povos nativos da América na perspectiva dos na-
tivos e mostra como esse fato pode ter sido lido Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
como um fenômeno relacionado à religião e aos graficamente fontes documentais acerca de as-
mitos dos próprios povos nativos. pectos da cultura.

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XIV

22 REGIME ABSOLUTISTA
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo europeias se deu por conta de uma suposta mi-
Ao trabalhar com o regime absolutista, procure gração para as colônias, o que não aconteceu.
fazer paralelos com formas de governo vigentes nos
dias de hoje, para que o tema não fique muito abstrato 11. C
para os alunos. Na questão 18, desenvolva com os
Material do Professor

Não é correto associar o absolutismo com um teóri-


alunos uma análise sobre a burocracia, para que eles co religioso como Tomás de Aquino nem relacionar
consigam perceber práticas do modelo absolutista o mercantilismo como justificativa para o enrique-
que ainda são comuns. Por fim, auxilie-os a compreen- cimento da Igreja. Do mesmo modo, é equivocado
der a importância desse sistema de governo para o afirmar que havia qualquer limitação ao poder dos
desenvolvimento do mercantilismo e suas práticas. príncipes ou que existia uma política econômica não
intervencionista. Por outro lado, é correto falar que
Para ir além o Estado absolutista interferia na vida econômica.
O filme Maria Antonieta (França, 2006. Direção de
Sofia Coppolla) permite que os alunos compreendam a 12. Soma: 11 (01 + 02 + 08).
divisão dos estados na França, bem como visualizem a A terceira afirmativa (04) relaciona o Iluminismo à
forma como viviam os monarcas absolutistas e como justificativa do poder absolutista, porém os ilumi-
se constituíam suas cortes. nistas contestaram os poderes do rei absoluto. A
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- última afirmativa está errada por pressupor uma
picos de: liberdade de expressão e fé.

• ANDERSON, P. Linhagens do Estado absolutista. 13. A


São Paulo: Brasiliense, 1985.
Como foi visto neste módulo, o Estado absolutis-
• ARIÉS, P.; DUBY, G. História da vida privada. São ta teve sua importância na história da Europa e
Paulo: Companhia das Letras, 1994. v. 3. do mundo, mas, especialmente no caso francês,
• RIBEIRO, R. J. A etiqueta no Antigo Regime: também foi responsável pela ruína da nação. As
do sangue à doce vida. 2. ed. São Paulo: Bra- longas guerras, sobretudo contra a Inglaterra, e a
siliense, 1987. luxuosa e suntuosa Corte geravam gastos vultosos
que esvaziaram os cofres.
Exercícios Propostos
14. C
7. C
A segunda afirmativa está errada porque fala em pro-
As guerras civis religiosas abalaram a França
paganda política, o que é anacrônico; a terceira está
no início do processo de consolidação do poder
errada porque relaciona o absolutismo ao despotis-
absolutista. Essa situação foi apaziguada com o
mo esclarecido, um fenômeno político posterior.
Edito de Nantes, de Henrique IV.

8. E 15. D
Por eliminação: não é correto falar em liberdades A frase que abre este módulo – e que provavel-
individuais como características do período absolutis- mente nunca foi dita – é o objeto desta questão,
ta; a Revolução Francesa não foi a primeira revolução que busca analisar seu simbolismo. Esse é o sim-
burguesa contra o absolutismo (houve, antes, a Re- bolismo do Rei Sol: não havia limites ao poder do
volução Inglesa); não podemos separar os conflitos rei, tudo e todos, portanto, deveriam orbitá-lo. O
religiosos e o poder absolutista; e os iluministas Estado é o rei e o rei é o Estado.
foram os teóricos que contestaram o absolutismo.
16. B
9. C A alternativa correta afirma que a monarquia absoluta
Entre os elementos que caracterizavam o mercan- teve apoio da burguesia nesse primeiro momento e,

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tilismo está o protecionismo: tributar produtos im- com poderes totais, buscava reprimir sublevações.
portados e subsidiar produtos nacionais. Para isso,
era importante um Estado forte e centralizador. 17. D
Com a centralização do poder nas mãos dos reis,

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10. B o poder da nobreza foi reduzido, muito diferente
Todas as afirmativas estão corretas, só é equi- do que ocorria nas relações de suserania e vas-
vocado dizer que o despovoamento das cidades salagem da Idade Média. Nesse processo, houve

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XV

a formação das cortes, que ficavam à beira do Deve ser destacada a preocupação com a “boa
rei, bajulando-o e aproximando-se dele o máximo imagem” do monarca, sempre apresentado em

HISTÓRIA 1
que podiam. Nesse contexto, os reis absolutos luxuosas vestimentas, ocultando defeitos físicos
reprimiam camponeses para favorecer grandes que afetassem sua imagem de poder absoluto.
nobres proprietários de terras. Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades.
Estudo para o Enem

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Habilidade: Comparar pontos de vista expressos
18. C
em diferentes fontes sobre determinado aspecto
A questão trabalha os estamentos dos Estados da cultura.
absolutistas. Como vemos, a Igreja mantém es-
paço importante na sociedade, apesar de perder 20. A
poder. O importante é notar, também, que o cha- O Palácio de Versalhes, como vimos, é um dos
mado terceiro estado era o mais heterogêneo: mais luxuosos entre tantos outros palácios eu-
tinha músicos, camponeses e ricos burgueses. ropeus e está muito bem preservado. É um mo-
Competência: Compreender a produção e o papel numento da história francesa e, nos dias atuais,
histórico das instituições sociais, políticas e eco- é visitado por milhares de turistas todos os dias.
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, Competência: Compreender a sociedade e a na-
conflitos e movimentos sociais. tureza, reconhecendo suas interações no espaço
em diferentes contextos históricos e geográficos.
Habilidade: Identificar registros de práticas de
grupos sociais no tempo e no espaço. Habilidade: Identificar em fontes diversas o pro-
cesso de ocupação dos meios físicos e as rela-
19. E ções da vida humana com a paisagem.

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XVI

23 EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo 9. A


Ao trabalhar este módulo, dois pontos são essen- É equivocado falar em monopólio de italianos e
ciais para o aprendizado: espanhóis no comércio de especiarias e em he-
1 – A centralização do poder, formando Estados gemonia franco-britânica. Do mesmo modo, é
modernos, foi essencial para que se pudesse fazer o incorreto falar de um suposto domínio holandês
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planejamento e o investimento necessários à emprei- sobre os mares ou de concepções cartesianas.


tada das Grandes Navegações. Estas eram necessárias Descartes é um iluminista e, portanto, pertence
e desejadas pela burguesia, principalmente após a to- a um período bem posterior.
mada de Constantinopla, em 1453, que fechou a rota
terrestre do Oriente até as Índias. A burguesia não tinha 10. a) O pioneirismo português nas Grandes Navega-
meios para financiar e emplacar a expansão marítima, ções deve ser explicado pela centralização política
mas os governos centralizados sim. de Portugal, a qual foi essencial para financiar e
ser fiadora das décadas de pesquisa e sofisticação
2 – Uma vez em plena realização, as Grandes Na-
de técnicas navais após a Guerra de Reconquista
vegações integraram o mundo, reduziram viagens que
contra os mouros na Península Ibérica. Outro fator
duravam entre alguns meses e vários anos e encontra-
importante foi a Revolução de Avis (1383-1385), que
ram o que, para os europeus, era o Novo Mundo. Esses
consolidou este Estado e promoveu uma aproxima-
encontros, que aconteceram graças aos exploradores
ção entre o rei e a burguesia mercantil, interessada
que participaram dessas grandes aventuras, definiram
no processo de expansão marítima para o qual a
os rumos da história do mundo.
participação de um Estado forte e centralizado era
condição primordial.
Para ir além b) As conquistas das Grandes Navegações aumen-
Recomende aos alunos o filme 1492: a conquista
taram os lucros para a burguesia mercantil e a arre-
do paraíso (Espanha, França e Inglaterra, 1992. Direção
cadação de impostos do Estado, sendo benéficas
de Ridley Scott). aos dois grupos que estimularam essa empreitada.
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
picos de: 11. B
• AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. As viagens de Como vimos neste módulo, é equivocado falar em
Américo Vespúcio. São Paulo: Atual, 2004. exploração sustentável ou em Estado laico. Tam-
bém não cabe falar em exploração na área central
• ______. Terra à vista. São Paulo: Atual, 2005.
do continente africano, uma vez que houve ape-
• BUENO, E. A viagem do descobrimento. Rio de nas feitorias na costa. A primeira alternativa está
Janeiro: Estação Brasil, 2016. errada porque remete a um assunto que não foi
abordado no texto.
• MURRAY, J. África: o despertar de um continente.
Madrid: Ediciones Del Prado, 1997. v. 1. 12. C
A análise dos mapas, um anterior às Grandes
• RANDLES, W. G. L. Da Terra plana ao globo terres- Navegações e outro posterior, permite concluir
tre. Lisboa: Gradiva, 1990. que elas alteraram o conhecimento do mundo à
época, sofisticando-os e ampliando-os.
Exercícios Propostos
13. D
7. D
Os espanhóis, alimentando seus desejos mer-
Como vimos, o mercantilismo foi um dos elemen- cantilistas, encontraram prata e ouro em suas
tos que favoreceu o desenvolvimento das Grandes possessões coloniais e exploraram esses metais
Navegações. Como não havia encontrado metais com o trabalho escravo dos povos nativos. No
preciosos no Brasil, o Estado português demorou a Brasil, com mão de obra negra, de escravizados
colonizar o território. Porém, ao se sentir ameaçado vindos de alguns dos portos da costa africana,
pelos franceses, ocupou extensas áreas e desenvol-

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a solução foi explorar a plantação latifundiária.
veu a exploração agrícola para a produção de açúcar.
14. A
8. C Como vimos, Portugal e Espanha foram os pri-

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O capitalismo mercantil proporcionou à Europa meiros a centralizar o poder de suas monarquias
uma acumulação de capital que, mais tarde, fi- e, consequentemente, pioneiros na expansão
nanciaria seu capitalismo industrial. marítima e comercial. No século XVII, a Holanda

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XVII

havia recuperado o tempo perdido, já despontava e Espanha, mesmo com grande desenvolvimento
como uma das grandes potências da navegação econômico e vastos impérios, não se libertaram

HISTÓRIA 1
e buscava as próprias colônias. A criação dessa das amarras medievais.
companhia, de capital privado, levou a Holanda a Competência: Compreender as transformações
dominar possessões espanholas e portuguesas. dos espaços geográficos como produto das rela-
ções socioeconômicas e culturais de poder.
15. B

Material do Professor
O que está em discussão nesta questão é o se- Habilidade: Identificar os significados histórico-
guinte: Colombo buscava uma rota para as Índias, -geográficos das relações de poder entre as nações.
o que se via por lá era uma pujança comercial nos
portos, que tinham à disposição do viajante teci- 19. Entre os fatores que explicam o pioneirismo
dos, especiarias e pigmentos para tingir panos, português estão a formação de uma burguesia
entre outros produtos valiosos no período. Ao comercial, a centralização política após a Guer-
chegar à América, não encontrou nada disso, mas ra de Reconquista e a Revolução de Avis, e os
era necessário relatar o que havia encontrado. investimentos em tecnologia de navegação que
permitiram a expansão comercial.
16. A
Competência: Entender as transformações técni-
Neste módulo, tratamos das Grandes Navega-
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
ções e de seus impactos positivos na história do
planeta. Nesta questão, notamos que também de produção, no desenvolvimento do conheci-
houve severos impactos negativos. A expansão mento e na vida social.
marítima e comercial, regida pelo mercantilismo,
Habilidade: Identificar registros sobre o papel
desestruturou o continente africano e desorga-
nizou-o profundamente. As consequências são das técnicas e tecnologias na organização do tra-
sentidas por parte dos países africanos até hoje. balho e/ou da vida social.

17. A 20. a) O objetivo dessa política portuguesa de incen-


tivo à navegação foi a descoberta de novas rotas
Mais uma questão que trabalha, principalmente,
comerciais da Europa para o Oriente, uma vez
interpretação de texto. O trecho de “Que o mar
que a rota por terra, passando por Constantino-
unisse, já não separasse” até “E viu-se a terra in-
pla, havia sido dominada.
teira, de repente” fala do protagonismo lusitano nas
Grandes Navegações. Já o trecho de “Do mar por b) Entre as inovações técnicas de navegação adota-
nós em ti nos deu sinal” até “Cumpriu-se o Mar, das pelos portugueses, podem ser citados o astro-
e o Império se desfez/Senhor, falta cumprir-se Por- lábio, as velas das caravelas e naus, a utilização da
tugal!” fala da decadência de seu império colonial. bússola e o conhecimento das correntes marítimas.
c) A descoberta dos caminhos para o Oriente pelo
Estudo para o Enem Atlântico, passando pelo Cabo das Tormentas,
permitiu aos portugueses o domínio do comércio
18. A questão não é da banca do Enem, mas trabalha
das especiarias. Depois, as viagens portuguesas
uma relação importante de informações, leva o
pelo Atlântico permitiram o desenvolvimento de
aluno a pensar e construir conhecimentos com
colônias, principalmente na América, nas terras
as informações de que dispõe e desenvolve as
habilidades de redação. A resposta deve ao me- que atualmente constituem o Brasil.
nos citar que os ibéricos atuavam principalmente Competência: Entender as transformações técni-
na circulação de mercadorias e não na produção. cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
Eram, portanto, vulneráveis a crises. Outro aspec- de produção, no desenvolvimento do conheci-
to importante a ser mencionado é a presença da mento e na vida social.
Igreja e a devoção dos ibéricos ao catolicismo,
que os fechou ao protestantismo, o qual, para Habilidade: Identificar registros sobre o papel
autores como Marx Weber, foi essencial para de- das técnicas e tecnologias na organização do tra-
senvolver o espírito capitalista. Portanto, Portugal balho e/ou da vida social.

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XVIII

24 AMÉRICA ESPANHOLA
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo sivamente a força de trabalho das populações


Explore a questão da preservação patrimonial e cultu- indígenas. Houve também, em menor escala, o
ral das sociedades pré-colombianas. Aproveite para trazer trabalho dos negros escravizados.
informações sobre sítios arqueológicos e monumentos
preservados nessas regiões. Destaque o fato de que 11. C
Material do Professor

algumas das estruturas administrativas existentes nes- A afirmativa II está errada porque a principal ati-
sas sociedades antes da chegada dos espanhóis foram vidade econômica da colônia espanhola no atual
apropriadas pelos colonizadores e enfatize a existência Peru foi a mineração.
de permanências no processo das descobertas.
12. D
Para ir além Todas as afirmativas estão corretas e podem ser
Indique aos alunos o filme Aguirre, a cólera dos utilizadas como informação para a resolução de
deuses (Alemanha, 1972. Direção de Werner Herzog). outras questões. Só é incorreto dizer que havia
O filme aborda a busca do conquistador espanhol pelo cultos monoteístas entre os incas.
Eldorado. Outro filme que pode ser utilizado para traba-
lhar com o tema discutido no módulo é Zama (Brasil, 13. E
2017. Direção de Lucrecia Martel). Os jesuítas são o braço religioso da expansão
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- marítima e das colonizações. No contexto da
picos de: Contrarreforma, buscavam salvar as almas dos
• BELLOTTO, M. L.; CORRÊA, A. M. M. A Améri- indígenas e, assim, expandir a fé católica pelo
ca Latina de colonização espanhola: antologia de mundo. Ao fazê-lo, ensinavam-lhes a língua e a
textos históricos. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1979. religião e preparavam-nos para o trabalho.

• BERNAND, C.; GRUZINSKI, S. História do Novo 14. C


Mundo: da descoberta à conquista, uma experiên- Como vimos em outra questão, na América es-
cia europeia (1492-1550). São Paulo: Edusp, 1997. panhola também foi empregada a mão de obra
• CARDOSO, C. F. América pré-colombiana. São Pau- de negros escravizados, porém em menor escala
lo: Brasiliense, 1981. se comparada à utilização na colônia portuguesa,
o atual Brasil.
• CORTEZ, H. O fim de Montezuma. Porto Alegre:
L&PM, 1996. 15. D
Exercícios Propostos Esta questão trabalha mais com a interpretação
dos textos do que com o conhecimento especí-
7. D fico. O que está sendo cobrado é uma análise de
A chave para a resolução desta questão encon- semelhanças e diferenças entre povos nativos
tra-se no trecho “em gêneros ou prestação de distintos: os astecas e os tupinambás. Os aste-
trabalhos nos campos”. Como o trabalho é nas cas formavam uma sociedade complexa e eram
lavouras, trata-se da encomienda. agricultores, enquanto os tupinambás estavam
organizados em uma sociedade simples e eram
8. A caçadores e coletores seminômades. Porém, a
A chave para a resolução desta questão encontra- prática do sacrifício ritual era um ponto em co-
-se no trecho “Os índios eram arrancados das mum entre os dois povos.
comunidades agrícolas e empurrados, junto com
suas mulheres e seus filhos, rumo às minas”. 16. D
Como o trabalho é nas minas, trata-se da mita. As alternativas incorretas apresentam alguns erros
pontuais. É equivocado falar em trabalho de escra-
9. C vizados negros na Mesoamérica pré-colombiana,
Com o que vimos nas questões anteriores, é pos- bem como em sociedade igualitária ou comunal.

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sível identificar com facilidade a encomienda e a
mita. Por eliminação, o endividamento para reter 17. E
o trabalhador na propriedade consiste no peonaje. O meio circulante a que se refere a alternativa
correta é o dinheiro com lastro (acúmulo de me-

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10. C tais preciosos), necessário para essas economias
A afirmativa I está errada porque nas áreas de capitalistas que se formavam e que buscavam,
colonização espanhola não foi explorada exclu- por princípio mercantilista, uma balança comercial

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XIX

favorável (exportando mais do que importando). Competência: Compreender os elementos cul-


Daí a importância crucial das colônias. turais que constituem as identidades.

HISTÓRIA 1
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
Estudo para o Enem graficamente fontes documentais acerca de as-
pectos da cultura.
18. B
Analisando o poema, podemos concluir que o 20. E

Material do Professor
texto narra a impotência dos astecas frente às
Com base no que foi discutido neste módulo, de-
espadas, às armas de fogo, aos cavalos e às
vemos descartar as alternativas que fazem referên-
doenças trazidas pelos europeus.
cia à expulsão dos indígenas, que eram essenciais
Competência: Compreender a produção e o papel como mão de obra; às guerras justas (que são
histórico das instituições sociais, políticas e eco- mais típicas da América portuguesa); à catequese
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, de africanos escravizados; e à policultura agrícola.
conflitos e movimentos sociais. A leitura mais correta é relacionar a fundação de
cidades ao controle da circulação de riquezas.
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
sociais que contribuíram para mudanças ou rup- Competência: Compreender as transformações
turas em processos de disputa pelo poder. dos espaços geográficos como produto das rela-
ções socioeconômicas e culturais de poder.
19. E
Não cabe aqui falar em ditadura, igualdade social, Habilidade: Analisar a ação dos Estados nacio-
coletivização dos bens ou mobilidade social. Por ou- nais no que se refere à dinâmica dos fluxos po-
tro lado, é correta a leitura de que entre os incas não pulacionais e no enfrentamento de problemas de
havia a possibilidade de mudança de extrato social. ordem econômico-social.

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XX

25 ÁFRICA E ÁSIA ANTES E DEPOIS DA EXPANSÃO EUROPEIA


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo do enunciado, descartar Julio César e Dario III, ambos
A história da expansão europeia na África e na Ásia muito anteriores. A dinastia Song dura de 960 a 1279,
costuma ser trabalhada junto ao conteúdo das Grandes e os mongóis chegaram à China em 1207-1208. Po-
Navegações. No entanto, de alguns anos para cá, esse rém, o enunciado pede que os alunos indiquem qual
conteúdo tem dado abertura para o estudo de elemen- foi o primeiro império a cair e, quando chegaram à
Material do Professor

tos culturais desses espaços, em especial dos países China, os mongóis já passavam por uma longa ex-
africanos. Inúmeras questões de vestibulares buscam, pansão territorial, tendo conquistado outros povos.
por meio da análise da expansão portuguesa na África e
9. 4 – 1 – 5 – 2 – 3
das relações travadas no tráfico negreiro, resgatar ele-
mentos da memória africana que valorizem sua cultura e Para facilitar a leitura dessa divisão colonial, de-
sua identidade. Nesse sentido, é importante estabelecer vemos relacionar os boxers à Guerra do Ópio; a
essas relações em sala de aula para que os alunos sejam Argélia à França; o sul da África a holandeses e
capazes de compreendê-las ao resolver as questões. ingleses; a Etiópia (único reino cristão da África)
à Itália; e os ingleses ao Egito.
Para ir além 10. F – F – V – V
Leve para a sala de aula o texto da Lei 10.639, de 9
A primeira afirmativa é errada porque, nesse mo-
de janeiro de 2003, pela qual a inclusão dos conteúdos
mento, houve um acirramento das rivalidades,
de História e Cultura Afro-Brasileira tornou-se obrigató-
não uma diminuição. A segunda, porque não hou-
ria. O texto da lei pode ser encontrado no site da pre-
ve conversão de todos os fiéis de outras religiões.
sidência da República. Estimule discussões sobre as
motivações dessa lei e sua importância. Disponível em: 11. B
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.639.htm>.
A alternativa correta sintetiza o discurso do coloni-
Acesso em: 27 ago. 2018. zador. Apesar de ter interesses políticos e, princi-
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- palmente, econômicos nessa nova onda de colo-
picos de: nização, os europeus buscaram uma justificativa
• FAGE, J. D. História da África. Lisboa: Edições moral e adotaram um discurso desenvolvimentista.
70, 1995.
12. D
• MOKHTAR, G. (Coord.). História geral da África: a Apesar de esse ser o discurso europeu, não houve
África Antiga. São Paulo: Ática/Unesco, 1983. v. 2. tal difusão de tecnologia e progressos nas colônias.
• RANDLES, W. G. L. Da Terra plana ao globo ter-
restre. Lisboa: Gradiva, 1990. 13. C
A China, por ser um império forte e milenar, já
Exercícios Propostos acostumado a seguidos ataques, entre eles o dos
mongóis liderados por Gengis Khan, conseguiu
7. A resistir ao poderio europeu e se manter como
O choque de culturas entre europeus e africanos um império independente. Porém, teve de fazer
representou, também, um embate religioso, uma concessões, especialmente aos ingleses.
vez que o colonialismo foi acompanhado, primei-
ro, pela Contrarreforma católica e, depois, no neo- 14. B
colonialismo, por uma moral cristã impregnada Voltando bastante na linha do tempo, esta ques-
entre os europeus (fossem católicos ou protes- tão chama a atenção para a importância central da
tantes). Nesse sentido, com esse viés religioso, história dos povos do continente africano, onde
os europeus consolidaram também uma visão nossa espécie surgiu e primeiro se desenvolveu,
eurocêntrica e hierarquizada da cultura e encara- tendo migrado posteriormente.
ram a Europa como a referência do avanço e da
civilidade, enquanto os povos dominados eram 15. A

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considerados atrasados e bárbaros. Mesopotâmia e Babilônia ficam no Oriente Pró-
ximo, e a civilização védica fica na atual Índia.
8. D
Mesmo não conhecendo especificamente a história 16. C

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dos mongóis liderados por Gengis Khan, é possível Apesar de ser fato que já havia escravidão entre os
responder à questão. A banca testa a análise dos povos africanos, esta era bem diferente daquela
alunos, que podem, pela data apontada logo no início que foi executada pelas potências colonizadoras.

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XXI

17. O rei africano Garcia II fala da utilização do escravis- 19. D


mo tradicional africano pelas potências colonizado-

HISTÓRIA 1
Como vimos neste módulo, a ascensão da bur-
ras europeias como justificativa moral para o siste- guesia na Europa e a necessidade de conquistar
ma escravagista que executaram em suas colônias. novas rotas comerciais para essa classe após
As lutas tribais africanas abasteciam os barcos dos a tomada de Constantinopla (que, antes, era a
traficantes com prisioneiros de suas guerras e o principal rota para as Índias) foram os principais
Novo Mundo tornou-se mercado consumidor da fatores que motivaram a expansão colonial. De-

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força de trabalho africana. A enorme escala em que pois, com o acúmulo de capital, houve uma nova
esse tráfico de pessoas escravizadas aconteceu e investida durante o século XIX.
a violência do dia a dia desse trabalho forçado não
têm precedentes na história da humanidade. Competência: Compreender as transformações
dos espaços geográficos como produto das rela-
Estudo para o Enem ções socioeconômicas e culturais de poder.

18. E Habilidade: Identificar os significados histórico-


-geográficos das relações de poder entre as nações.
A educação é um meio difusor de cultura e uma
ferramenta para desconstruir preconceitos e 20. D
ideias equivocadas que são repetidas de forma
Como vimos neste módulo, uma das áreas de
automática fora dessa instituição. Daí a importân-
influência imperialista dos ingleses foi a Índia, no
cia de uma lei que traga para o ambiente escolar
contexto do neocolonialismo europeu no século
conteúdos tão importantes que, normalmente,
XIX, quando essa nação estendeu seus domínios
ficavam de lado ou nem sequer eram citados.
por todo o globo.
Competência: Compreender os elementos cul- Competência: Compreender as transformações
turais que constituem as identidades. dos espaços geográficos como produto das rela-
ções socioeconômicas e culturais de poder.
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
graficamente fontes documentais acerca de as- Habilidade: Identificar os significados histórico-
pectos da cultura. -geográficos das relações de poder entre as nações.

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XXII

26 REVOLUÇÕES INGLESAS: POLÍTICA E ECONOMIA (SÉCULOS XVII-XVIII)


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo tes grupos sociais, como membros do Parlamen-


O módulo buscou mostrar como as Revoluções In- to, camponeses e religiosos.
glesas modificaram o cenário político inglês e discutiu
seus principais pontos, personagens e eventos. Essas 11. D
revoluções podem ser comparadas com outras que Como vimos neste módulo, no período das Revolu-
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ocorreram posteriormente, como a Revolução France- ções Inglesas houve o fortalecimento do Parlamento.
sa. Pode-se, ainda, abordar a mudança de tratamento
quanto a esse processo, uma vez que antes tratava-se 12. E
do período como a Revolução Inglesa, no singular, e A Declaração de Direitos marca a limitação do
hoje compreende-se que houve um processo de diver- poder do monarca e o desenvolvimento da legis-
sas fases, tratado no plural. lação inglesa. O fortalecimento do Parlamento foi
decisivo para a maior participação dos burgueses
Para ir além na política, os quais, por sua vez, contribuíram
Indicamos a exibição do filme Morte ao rei (Reino para o desenvolvimento econômico do país.
Unido, 2003. Direção de Mike Barker), que aborda parte
da Revolução Inglesa, mostra as disputas políticas que 13. C
levaram à revolução e destaca personagens importan- O documento citado na questão evidencia que o
tes no processo. Sugerimos a leitura da Declaração de Parlamento, com a Declaração de Direitos, limitou
Direitos de 1689, elaborada pelo Parlamento inglês. o poder do monarca, dando fim ao absolutismo.
Disponível em:
14. B
<www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decbill.htm>.
A Revolução Inglesa pode ser entendida como
Pode-se, ainda, incluir trechos da obra Leviatã, de
Revoluções Inglesas, no plural, como é tratado
Thomas Hobbes. Disponível em:
no módulo, pois houve uma série de conflitos e
<www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_ transformações que fizeram parte de um grande
hobbes_leviatan.pdf>. processo, especialmente no que diz respeito ao
Acessos em: nov. 2018. questionamento do absolutismo. Com o fortale-
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: cimento do Parlamento, houve a limitação dos
• HILL, C. A Revolução Inglesa de 1640. Belo Hori- poderes dos reis e a participação de outros mem-
zonte: Editorial Presença, 1985. bros da sociedade civil, que não necessariamente
possuem laços ou parentesco com a nobreza.
Exercícios Propostos
15. B
7. A Um dos aspectos fundamentais a serem tratados nes-
Como vimos neste módulo, os Atos de Nave- te módulo é o fortalecimento do Parlamento e, com
gação, ao favorecer a indústria naval e os mer- isso, a contestação do governo absolutista inglês.
cadores, contribuíram decisivamente para o
crescimento econômico, impulsionando o mer- 16. E
cantilismo inglês. A burguesia passou a ter mais acesso à política e,
com isso, trabalhou em prol de seus interesses e de
8. D seu país, fortalecendo economicamente a Inglaterra.
A Inglaterra permaneceu uma monarquia, mas
com a presença do Parlamento, limitando o po- 17. D
der do monarca. Nesta questão, são abordados grupos específicos
presentes no período das Revoluções Inglesas,
9. D como os diggers e os levellers. Os diggers são
Como vimos, o desenvolvimento do Parlamento considerados um grupo mais radical, enquanto
foi crucial para a transformação da Inglaterra nes- os levellers são tidos como moderados, já que

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se período e seu fortalecimento contribuiu para apoiaram o fortalecimento do parlamentarismo.
acabar com o absolutismo inglês.
Estudo para o Enem
10. A

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Apesar de a Revolução Francesa não ser abordada 18. B
neste módulo, atenta-se para os movimentos das Como estudamos neste módulo, o Parlamento
Revoluções Inglesas e a participação de diferen- interferiu para limitar os poderes dos reis, isto

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XXIII

é, contestando o Antigo Regime absolutista, em Habilidade: Analisar a importância dos valores


que todas as decisões e as riquezas estão con- éticos na estruturação política das sociedades.

HISTÓRIA 1
centradas no monarca.
20. E
Competência: Compreender a produção e o papel
histórico das instituições sociais, políticas e eco- No período, identifica-se Guy Fawkes como per-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, tencente a um grupo católico que defendia o Es-
tado absolutista, embora hoje sua imagem já não

Material do Professor
conflitos e movimentos sociais.
esteja atrelada ao catolicismo. Também percebe-
Habilidade: Analisar o papel da justiça como ins- -se uma mudança no significado da utilização da
tituição na organização das sociedades.
imagem de Fawkes. A Conspiração da Pólvora
19. E faz parte do processo das Revoluções Inglesas,
As transformações na Inglaterra, como as reformas em que destacam-se a Revolução Puritana e a
protestantes ocorridas no século XVI, foram funda- Revolução Gloriosa.
mentais para o desenvolvimento das Revoluções
Inglesas um século depois. Com as mudanças re- Competência: Compreender as transformações
ligiosas, há a emergência de novos grupos sociais, dos espaços geográficos como produto das rela-
os quais serão atores centrais no questionamento ções socioeconômicas e culturais de poder.
do Antigo Regime absolutista inglês.
Habilidade: Reconhecer a dinâmica da organiza-
Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
cos para compreender e valorizar os fundamentos ção dos movimentos sociais e a importância da
da cidadania e da democracia, favorecendo uma participação da coletividade na transformação da
atuação consciente do indivíduo na sociedade. realidade histórico-geográfica.

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XXIV

27 ILUMINISMO
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo tintos. O texto refere-se às diferentes concep-


A respeito do Iluminismo, destaque que foi um movi- ções entre o Iluminismo e a Grécia Antiga no que
mento filosófico e acadêmico, que contou com as trocas diz respeito ao lugar da religião. Para os antigos
e colaborações típicas do meio acadêmico. As ideias, re- gregos, o homem não era agente das próprias
volucionárias ao seu tempo, tomaram forma e ação obje- ações. Estas estavam submetidas aos desejos
Material do Professor

tiva na independência dos Estados Unidos, na Revolução dos deuses. Já os iluministas romperam com a
Francesa e influenciaram movimentos emancipacionistas tradição religiosa e defenderam a autonomia do
no Brasil, impactando no pensamento ocidental até hoje. ser humano em relação ao plano divino.

11. D
Para ir além
Uma boa forma de consolidar esse conhecimento A questão exige que os alunos associem a Decla-
ração de Independência dos Estados Unidos ao
e organizá-lo é pedir aos alunos que relacionem as
contexto do Iluminismo. As alternativas B, C e E
principais ideias de alguns pensadores iluministas e
estão incorretas porque fazem referência a cor-
identifiquem como essa ideia se faz presente na so-
rentes de pensamento e características próprias
ciedade ocidental atual.
de outros períodos históricos (Renascimento,
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
nacionalismo e doutrinas sociais). Já o liberalis-
picos de:
mo da alternativa A, embora contemporâneo ao
• FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos.
documento citado, não está presente no trecho
São Paulo: Brasiliense, 1981.
em questão.
• GRESPAN, J. L. da S. Revolução Francesa e Ilumi-
12. C
nismo. São Paulo: Contexto, 2003.
No texto, Rousseau, pensador do Iluminismo e
• RONAN, C. A. História ilustrada da ciência. Rio de não do socialismo, defende a autonomia de cada
Janeiro: Jorge Zahar, 1987. indivíduo, a qual, por sua vez, deve estar de acor-
do com a vontade do conjunto de cidadãos que
• RUSSELL, B. História da filosofia ocidental. São compõem a sociedade.
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.
13. A
Exercícios Propostos No texto, o autor afirma que o conhecimento é
obtido, mas não é inato – o que invalida as alter-
7. E
nativas B e D. A alternativa C está incorreta, pois
No trecho, Rousseau afirma que a terra é de direi- o empirismo considerava o conhecimento como
to de quem a ocupou primeiro, desde que a utilize fruto da experiência, e não apenas da razão, como
apenas para sua subsistência e que a cultive com no modelo cartesiano.
o esforço de seu trabalho.
14. D
8. A
Para o Iluminismo, a razão é um instrumento
Pensadores como Voltaire e Rousseau não se que possibilita a emancipação do ser humano
declararam ateus, assim como Diderot e Mon- e o progresso da sociedade. Por meio dela, o
tesquieu não participaram das ações revolucio- indivíduo pode pensar e agir por si próprio, rom-
nárias de 1789. Os iluministas não se opuseram pendo com as dominações políticas e morais que
ao capitalismo industrial e é incorreto dizer que lhe são impostas. Nesse sentido, a razão é tida
a Era das Luzes não trouxe grandes realizações como a “luz” que permite o avanço em relação ao
ao pensamento econômico. pensamento religioso da Idade Média, chamada
pejorativamente de “Idade das Trevas”.
9. D
O texto sinaliza para a importância do pensamen- 15. B

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to racional, que possibilita ao ser humano romper As revoluções burguesas do século XVIII, em
com o estado de tutela, no qual ele não pensa por consonância com o pensamento iluminista,
si próprio, mas é conduzido por outrem. romperam com o absolutismo, no qual o Estado
possuía poder ilimitado e centrado na figura do

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10. A afirmativa está correta. rei. Lembremos, por exemplo, da frase atribuída
Questão difícil, pois exige que os alunos articu- a Luís XIV, “o Estado sou eu”. Para os filósofos
lem conteúdos e períodos históricos muito dis- iluministas e para a burguesia revolucionária, o

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XXV

Estado deveria basear-se nos ideais de liberdade 19. A


e igualdade e, portanto, representar os interesses

HISTÓRIA 1
No trecho, o autor afirma que as instituições
coletivos da sociedade. sociais desnaturam o ser humano, ou seja, re-
tiram dele sua individualidade e o tornam parte
16. A
fracionária de um todo maior – o corpo social –, o
No trecho, Adam Smith contrapõe lucro a renda. O
que justifica a alternativa A. Conforme trabalhado
primeiro seria característico dos comerciantes, en-
neste módulo, para Rousseau o homem era natu-

Material do Professor
quanto o segundo dos cavalheiros rurais. O autor
não defende um em detrimento do outro. Apenas ralmente bom, porém corrompido pela sociedade.
indica os diferentes comportamentos gerados por
cada um deles. Enquanto o comerciante é auda- Competência: Compreender a produção e o papel
cioso, pois emprega seu dinheiro visando o lucro, histórico das instituições sociais, políticas e eco-
o cavalheiro rural é um empreendedor tímido, que nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
não espera o retorno do dinheiro investido. conflitos e movimentos sociais.

17. E Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,


Conforme apresentado neste módulo, para Rous- presentes em textos analíticos e interpretativos,
seau, o governo representativo era um meio de sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
amenizar a desigualdade que caracterizava a ci- gráfica acerca das instituições sociais, políticas
vilização. Nessa lógica, assegurar a vontade da e econômicas.
maioria seria a melhor forma de garantir as liber-
dades individuais de cada indivíduo. 20. C
Conforme trabalhado neste módulo, para Hobbes
Estudo para o Enem o estado de natureza do ser humano era um es-
tado de guerra. Ou, como argumenta J. Rawls,
18. B
para o filósofo inglês qualquer pessoa, mesmo a
Segundo o texto de Montesquieu, a liberdade po-
mais pacífica delas, poderia em algum momento
lítica presente na democracia está condicionada
se inclinar ao comportamento violento.
à obediência das leis. O autor acreditava que se
não existissem leis os cidadãos interfeririam na
Competência: Compreender a produção e o papel
liberdade uns dos outros.
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Competência: Utilizar os conhecimentos históri- nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
cos para compreender e valorizar os fundamentos conflitos e movimentos sociais.
da cidadania e da democracia, favorecendo uma
atuação consciente do indivíduo na sociedade. Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
presentes em textos analíticos e interpretativos,
Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
obtidas no que se refere às mudanças nas legis- gráfica acerca das instituições sociais, políticas
lações ou nas políticas públicas. e econômicas.

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XXVI

28 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo 10. C


A Revolução Industrial moldou o mundo em que A questão exige que os alunos compreendam
vivemos de uma forma permanente e irreversível. que o processo do qual se fala no enunciado, a
Alguns autores consideram-na mais importante que transição do feudalismo para o capitalismo, tem
as revoluções políticas (Revolução Inglesa, Revolução
Material do Professor

como centro uma mudança econômica. Isso ex-


Francesa e Independência dos Estados Unidos). De clui as alternativas que falam da política e, pela
lá para cá, o mundo deixou de ser majoritariamente data (século XVIII), também é excluída a Revolu-
rural para ser predominantemente urbano e a atividade ção Agrícola.
agrária deixou de ser o centro da produção de valor,
dando lugar à indústria. Essa transformação profunda 11. A
no modo de produção e na forma de vida deve ser Trata-se de uma questão que envolve interpreta-
explorada ao longo de todo o módulo, destacando-se, ção de texto. Pelo que se lê no excerto, o autor
ainda, a mudança na relação com o tempo. apresenta as duas revoluções – uma política e,
outra, econômica – como as bases de um novo
Para ir além período da História.
Para compreender o processo de formação da
classe trabalhadora e sua consolidação, recomenda- 12. E
-se assistir ao filme Germinal (França, 1993. Direção A Revolução Industrial não surgiu de forma abrup-
de Claude Berri). ta e sua difusão não foi homogênea, portanto a
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- última alternativa está incorreta.
picos de:
• HOBSBAWM, E. Da Revolução Industrial inglesa ao 13. C
imperialismo. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
É incorreto falar em republicanização, por tratar-
• ______. A Era das Revoluções: 1789 -1848. 12. ed. -se de um fenômeno político. É equivocado di-
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. zer que houve uma manutenção da economia
mercantilista ou uma expansão do artesanato.
• ––––––. A Era do Capital. 2. ed. Rio de Janeiro: Da mesma forma, é errado falar em processo
Paz e Terra, 1979. industrial dependente do agrarismo.
• THOMPSON, E. P. A formação da classe operária 14. C
inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Apenas com a interpretação do texto é possível
concluir que trata-se das péssimas condições das
Exercícios Propostos estradas, que eram de pedras e sobre as quais
7. B andavam cavalos, já ultrapassadas em um con-
O bolchevismo é um fenômeno russo do século texto de Revolução Industrial.
XX; o taylorismo é uma forma de organizar o tra-
15. B
balho na fábrica, não um movimento operário; o
ludismo foi de fato um movimento operário que A alternativa correta expressa as consequências
destruía as máquinas, mas não promovia o socia- imediatas da Revolução Industrial. O trabalho foi
lismo; o anarcossindicalismo foi um fenômeno segmentado e auxiliado por máquinas, e com
um pouco posterior que, por meio dos sindicatos, esse impulso o capitalismo consolidou-se na
buscava um controle operário da economia. Europa.

8. E 16. A
A afirmativa IV está errada porque o sistema des- Esta questão relaciona o avanço tecnológico à
crito é o fordismo. dominação de classe que a acompanhou. Junto
ao aumento na produtividade foi consolidado o
9. E

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controle da classe trabalhadora pela classe pro-
O fordismo e o taylorismo não tinham como ob- prietária.
jetivo o bem-estar do trabalhador, como apre-
sentado nas primeiras alternativas. Também não 17. B

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visavam a ampliação do mercado consumidor, e A percepção do tempo e a forma de lidar com
sim um controle cada vez maior dos trabalhadores ele mudaram radicalmente após a Revolução In-
e das máquinas. dustrial. Os relógios precisaram ser sofisticados

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XXVII

para serem mais exatos e houve a necessidade Competência: Entender as transformações técni-
de organizar os fusos horários mundiais para que cas e tecnológicas e seu impacto nos processos

HISTÓRIA 1
os horários dos trens fossem marcados com exa- de produção, no desenvolvimento do conheci-
tidão, pois as horas do relógio passaram a ditar mento e na vida social.
o ritmo do trabalho.
Habilidade: Selecionar argumentos favoráveis ou
Estudo para o Enem contrários às modificações impostas pelas novas

Material do Professor
18. B tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
A questão exige que os textos sejam interpre- 20. D
tados e comparados. Não cabe, após a análise,
falar em trabalho doméstico, valorização da reor- A invenção do tear modificou a relação entre os
ganização do trabalho, realçar perdas culturais ou trabalhadores e seus contratantes, que passaram
criticar os avanços tecnológicos. a ser seus patrões. A habilidade, por conta das
máquinas, deixou de ser um diferencial impor-
Competência: Entender as transformações técni- tante. Os novos teares não exigiam treinamento
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos especializado e os artesãos não tinham lugar nas
de produção, no desenvolvimento do conheci- fábricas. O mais correto é dizer que os artesãos,
mento e na vida social.
antes da industrialização, combinavam a tecela-
gem com o cultivo de subsistência.
Habilidade: Identificar registros sobre o papel
das técnicas e tecnologias na organização do tra-
Competência: Entender as transformações técni-
balho e/ou da vida social.
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
19. C de produção, no desenvolvimento do conheci-
Nas primeiras décadas do século XIX, desde o mento e na vida social.
início da Revolução Industrial, os trabalhadores
realizaram seus primeiros movimentos, como o Habilidade: Identificar registros sobre o papel
ludismo e o cartismo, e, depois, começaram a se das técnicas e tecnologias na organização do tra-
organizar enquanto classe. balho e/ou da vida social.

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XXVIII

29 REVOLUÇÃO FRANCESA
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo pôs aos camponeses, uma vez que a revolução
Tem sido recorrente o uso de fontes de época, havia sido completa, e a aplicação das ideias se-
como discursos de Robespierre ou produções dos ilu- guiu o que era mais interessante àquela classe.
ministas nas questões de vestibulares. Exige-se dos
alunos a capacidade de interpretar fontes e relacioná- 11. A
Material do Professor

-las a processos históricos. Por isso, sugerimos, sem- A alternativa correta é um bom resumo da impor-
pre que possível, o trabalho com esses documentos tância da Revolução Francesa: foi um movimento
em sala de aula. que aboliu a sustentação do Antigo Regime, os
Salientamos, ainda, a importância de relacionar as privilégios feudais e a servidão.
ideias iluministas aos processos revolucionários, tanto
o francês como o americano. 12. A
Esta questão chama a atenção para as principais
Para ir além rupturas causadas pela Revolução Francesa.
Sugerimos a exibição do filme Danton: o processo
da revolução (França, 1983. Direção de Andrzej Wajda), 13. B
que apresenta o conflito entre Danton e Robespierre Ainda sobre as importantes rupturas da Revolu-
na fase do Terror da Revolução Francesa. ção Francesa, é possível citar a abertura religiosa
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: do país, apaziguando antigos conflitos que abala-
• GRESPAN, J. L. da S. Revolução Francesa e Ilu- ram as monarquias absolutistas francesas.
minismo. São Paulo: Contexto, 2003.
14. E
Exercícios Propostos O trecho é claro ao comunicar a radicalização do
movimento, principalmente na passagem “passar
7. C a foice por todas as cabeças”.
As artes trazem em sua substância o discurso
de quem a produziu, e isso é importante para 15. C
analisar qualquer obra. Neste caso, os ideais de li- Mais uma questão que mostra o caráter hetero-
berdade da Revolução Francesa, que foi estudada gêneo da Revolução Francesa, que, muitas vezes,
neste módulo, foram representados nesta obra. de forma equivocada, é tida apenas como uma
revolução burguesa. É importante trazer à tona
8. D a importante participação de camponeses e dos
A linguagem é construída permanentemente. Pela chamados sans-culottes e, em cada uma dessas
análise do trecho, vemos que o povo francês não classes, das mulheres ao lado dos homens.
tinha vocabulário político, uma vez que nunca partici-
pava das discussões e das decisões sobre os rumos 16. Soma: 81 (01 1 16 1 64).
da nação. Com as rupturas da revolução, parte do A afirmativa 02 está errada porque não houve
povo passa a participar das atividades políticas, o fortalecimento dos privilégios feudais, muito pelo
que contribuiu para renovar as formas de expressão. contrário. A 04 está errada porque nesse mo-
mento a pequena e média burguesia tinham mais
9. D poder, liderados por Robespierre. A afirmativa 32
Esse é um ponto importante a ser lembrado: a está errada porque esse fato é posterior.
Revolução Francesa foi uma revolução burguesa,
de fato, mas não se limitou a isso. Em virtude 17. D
da crise econômica pela qual a França passava A Declaração dos Direitos do Homem e do Cida-
naquele momento, os camponeses famintos e dão é um documento, uma fonte história essencial
falidos se juntaram à pequena e à grande bur- para compreender de forma clara e direta a relação
guesia na revolução. das ideias iluministas com a Revolução Francesa.

10. C

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Estudo para o Enem
O trecho mais importante para entender a respos-
ta é “De que mais precisamos além da igualdade 18. E
de direitos? Queremos vê-la entre nós, sob o teto A liderança de Robespierre na Revolução Fran-

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das nossas casas”, que diz respeito a não bastar cesa, que teve diversos momentos, foi a mais
que os direitos fossem declarados, eles haviam radical e violenta, e a base de seu poder, naquele
de ser realizados. Porém, a burguesia se sobre- contexto, era a pequena e média burguesia.

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XXIX

Competência: Compreender a produção e o papel Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-


histórico das instituições sociais, políticas e eco- graficamente fontes documentais acerca de as-

HISTÓRIA 1
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, pectos da cultura.
conflitos e movimentos sociais.
20. A
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
Seguindo os princípios básicos do Iluminismo
presentes em textos analíticos e interpretativos,
aplicados na Revolução Francesa, a lei deve ser
sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-

Material do Professor
igual para todos. Porém, esse é um ideal, isto é,
gráfica acerca das instituições sociais, políticas
um objetivo maior que está sempre no horizon-
e econômicas.
te. Não é algo que acontece repentinamente, e
19. B sim parte de um processo ainda em construção.
Portanto, ainda que essa seja a meta, ainda há
Esta questão mostra como as mudanças históricas
diferenças na aplicação das leis.
acontecem não apenas nas estruturas, mas tam-
bém em aspectos sociais e culturais que acompa-
Competência: Compreender a produção e o papel
nham esses processos. A burguesia, como grande
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
vitoriosa desse processo, mesmo entre aquelas
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
classes que participaram da revolução, apropriou
conflitos e movimentos sociais.
e transformou hábitos de outras classes.
Competência: Compreender os elementos cul- Habilidade: Analisar o papel da justiça como ins-
turais que constituem as identidades. tituição na organização das sociedades.

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XXX

30 ERA NAPOLEÔNICA
HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo 9. D


O módulo buscou sistematizar o período denomi- O 18 de Brumário é a data conhecida pelo golpe
nado Era Napoleônica, que engloba os diversos pro- de Napoleão Bonaparte e marca o fim do proces-
cessos ocorridos na França e na Europa no governo so revolucionário da Revolução Francesa.
de Napoleão Bonaparte. A chegada do militar ao po-
Material do Professor

der teve relação direta com a Revolução Francesa e 10. B


seus desdobramentos, no qual destacam-se o papel A adoção do Código Civil foi significativa no perío-
da burguesia e dos ideais iluministas, como igualdade do e vários elementos desse código permanecem
e liberdade. Também discutiu-se a reorganização da até hoje como princípios.
Europa após a derrota de Napoleão, demonstrando os
rearranjos de fronteiras e o retorno das casa reais em 11. C
diversos países.
A autocoroação de Napoleão Bonaparte traz um
simbolismo de força maior e representa uma
Para ir além centralização de poder em sua figura, ainda que
Indicamos a realização de atividade com a iconogra- ligado à Igreja Católica.
fia de Napoleão, em razão da diversidade de pinturas
que foi feita no período. Podemos citar as produções de 12. D
Jacques-Louis David (Napoleão Bonaparte atravessan- A questão aborda uma tática de guerra da Rús-
do os Alpes e O imperador Napoleão em seu escritório
sia, remetendo a um momento histórico também
em Tuileries), Jean-Auguste Dominique Ingrès (Napo-
presente na Era Napoleônica.
leão no seu trono imperial) e Paul Delaroche (Bonaparte
cruzando os Alpes), entre outros artistas. 13. C
Com o uso de imagens, é possível problematizar
A imagem representa a queima de produtos ingle-
com os alunos os símbolos utilizados e a diferença de
ses que, no período, estavam em grande desenvol-
representação entre elas, além de propor uma discus-
vimento comercial. Assim, com a destruição desses
são acerca do que é real e criação nas produções ima-
produtos, a França desejava ganhar a concorrência.
géticas. Sugerimos a leitura do Código Civil de 1804,
elaborado por Napoleão Bonaparte.
14. A
As versões em francês e inglês são as que seguem.
Disponíveis em: Durante a Era Napoleônica, Bonaparte aliou-se
à Igreja Católica e promoveu uma campanha im-
<www.assemblee-nationale.fr/evenements/code-civil-1804-1.
perialista a fim de expandir o território francês.
asp>; <www.napoleon-series.org/research/government/c_
Também empreendeu medidas para desenvolver
code.html>.
o comércio, entre elas a ligação forte com a bur-
Acessos em: nov. 2018. guesia e a disputa com a Inglaterra.
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
picos de: 15. C
• BONAPARTE, N. Sobre a guerra: a arte da batalha
A Era Napoleônica contribuiu para o desenvolvi-
e estratégia. São Paulo: Civilização Brasileira, 2015.
mento do nacionalismo, além da criação do Có-
• ENGLUND, S. Napoleão: uma biografia política. Rio digo Civil, promovendo elementos de inspiração
de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. iluminista, como a liberdade. O desejo de desen-
volver as trocas comerciais acirrou as disputas
com a Inglaterra, culminando no Bloqueio Con-
Exercícios Propostos
tinental. Os ideais nacionais e iluministas tam-
7. C bém foram disseminados na América espanhola,
Como vimos neste módulo, a adoção do Código contribuindo para os movimentos de libertação.
Civil foi umas das ações de Napoleão Bonaparte e
teve inspiração nas ideias iluministas de liberdade 16. A

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individual e igualdade. Napoleão aliou-se à burguesia com o propósito
de construir um império mais moderno e rico. A
8. D expansão territorial fez parte de sua política.
O Congresso de Viena decidiu a volta das casas

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reais, mas não o retorno das antigas fronteiras. Nes- 17. B
se sentido, não foram instaladas repúblicas nem No período napoleônico, destaca-se a importância
mecanismos de limitação de poder desses grupos. da burguesia para o desenvolvimento da França.

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XXXI

É equivocado falar de disseminação de ideais do anexação de vários territórios ao Império Fran-


proletariado nesse período e da existência de cês. Após sua derrota, é formada a Santa Aliança,

HISTÓRIA 1
uma aliança com Portugal. estabelecida no Congresso de Viena, e ocorre o
retorno das casas reais.
Estudo para o Enem
Competência: Compreender os elementos cul-
18. D turais que constituem as identidades.

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As guerras napoleônicas alteraram as fronteiras
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
europeias, pois diversos estados que adotavam
graficamente fontes documentais acerca de as-
o modelo do Antigo Regime foram destituídos de
pectos da cultura.
sua legitimidade e anexados a partes administrati-
vas do Império Francês comandado por Napoleão. 20. D
O Bloqueio Continental foi uma estratégia de-
Competência: Compreender as transformações
senvolvida por Napoleão para que a Inglaterra
dos espaços geográficos como produto das rela-
ficasse isolada do comércio com outros países
ções socioeconômicas e culturais de poder.
europeus, enfraquecendo sua economia e seu
poder político.
Habilidade: Analisar a ação dos estados nacionais
no que se refere à dinâmica dos fluxos populacio- Competência: Compreender as transformações
nais e no enfrentamento de problemas de ordem dos espaços geográficos como produto das rela-
econômico-social. ções socioeconômicas e culturais de poder.

19. C Habilidade: Interpretar diferentes representa-


Com a política expansionista de Napoleão, o mapa ções gráficas e cartográficas dos espaços geo-
da Europa alterou-se significativamente, com a gráficos.

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XXXII

31 INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo A Revolução Americana foi o primeiro movimento


O módulo abordou as transformações ocorridas baseado nos ideais iluministas e inspirou uma
nos Estados Unidos em relação direta com o con- série de outras lutas por independência e liber-
texto europeu e, sobretudo, com a Inglaterra. Tratou dade que ecoaram pela América, ainda que esti-
da organização das primeiras colônias que se esta- vessem ligadas aos interesses de grupos sociais
Material do Professor

beleceram na região e sua relação com os aspectos dominantes.


econômicos e religiosos. O desenvolvimento das co-
lônias em solo americano deu origem a conflitos com 10. A
a metrópole, a Inglaterra, em virtude da cobrança de Com o auxílio de nações europeias adversárias
impostos e das taxas comerciais, levando grupos da Inglaterra, os Estados Unidos conseguiram
locais a se organizarem em prol da independência. sua independência, adotando o modelo republi-
cano e federalista e com sistema presidencialista
Para ir além baseando-se nas ideias iluministas.
Indicamos a realização de uma atividade com o site
do Museu Smithsonian, especializado em história dos 11. A
Estados Unidos. Disponível em: A independência dos Estados Unidos foi condu-
<http://americanhistory.si.edu/exhibitions/american-revolution- zida por grupos dominantes, deixando de lado
world-war>. as demandas de outros habitantes da América
do Norte. A movimentação estava vinculada aos
É possível navegar e conhecer o acervo do museu
interesses econômicos e, por isso, era uma re-
por meio de imagens e exibições on-line e problematizar
volta contra as taxações e os impostos ingleses
a história veiculada pela instituição. Para esta atividade,
na colônia.
pode-se desenvolver um trabalho interdisciplinar com
Língua Inglesa, já que o site encontra-se nesse idioma. 12. C
Sugerimos a leitura da Declaração de Independên-
Como representado no mapa, as Treze Colônias rea-
cia dos Estados Unidos, traduzida para o português.
lizavam o comércio intercolonial e intercontinental,
Disponível em:
fazendo trocas com diversas regiões, apesar das ten-
<https://agal-gz.org/faq/lib/exe/fetch.php?media=gze-
tativas da Inglaterra de evitar essa movimentação.
ditora:declaracao_da_independencia_eua.pdf>.
Acessos em: nov. 2018. 13. B
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- Os impostos e as taxações que a Inglaterra ten-
picos de: tou implementar em sua colônia levaram os ha-
• KARNAL, L. História dos Estados Unidos. São bitantes das Treze Colônias à revolta e aos movi-
Paulo: Contexto, 2007. mentos pela independência.
• RAPHAEL, R. Os mitos da fundação dos Estados
Unidos. São Paulo: Civilização Brasileira, 2006. 14. C
A Declaração de Independência dos Estados
Exercícios Propostos Unidos foi baseada nos ideais iluministas, de-
fendendo a liberdade política, econômica e de
7. A
expressão, além da igualdade de condições entre
A disputa entre a França e a Inglaterra ocorreu di- as pessoas, mesmo que fossem necessárias a
versas vezes ao longo da História, como na Guer- revolta e a deposição de tiranos.
ra dos Sete Anos, entre 1756 e 1763, por disputas
de territórios da América, da qual a Inglaterra saiu 15. C
vitoriosa. A Guerra de Independência contribuiu
Baseada nos ideais iluministas, a Declaração de Inde-
para o acirramento das disputas já existentes,
pendência dos Estados Unidos defendia que o povo
uma vez que a França apoiou as colônias.
deveria determinar seus governantes e suas leis.

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8. A
16. A
Entre as diversas medidas de taxação, a Lei do
Selo foi uma tentativa inglesa de arrecadar mais A Lei do Selo foi uma das tentativas inglesas de
dinheiro de sua colônia, o que levou os colonos taxar os produtos que entravam os saíam dos

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a se revoltarem contra essas medidas. portos de suas colônias. Uma vez revogada, a
busca por maior arrecadação por parte dos in-
9. A gleses frustrou-se.

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XXXIII

17. B no contexto francês, observa-se o levante quanto


aos privilégios da nobreza e, no contexto norte-

HISTÓRIA 1
Ainda que a Independência dos Estados Unidos
tenha sido a primeira movimentação baseada nos -americano, o questionamento do poder da me-
ideais iluministas, foi a Revolução Francesa que trópole. Ainda que sejam processos diferencia-
tornou os ideais de liberdade, igualdade e frater- dos, possuem pontos de contato, especialmente
nidade mundialmente conhecidos. no que concerne aos elementos iluministas e a
mudança de perspectiva quanto ao papel do Es-

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tado, da nação e do cidadão.
Estudo para o Enem
Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
18. D cos para compreender e valorizar os fundamentos
Observa-se no mapa o território inicial dos Esta- da cidadania e da democracia, favorecendo uma
dos Unidos, com as Treze Colônias, bem como atuação consciente do indivíduo na sociedade.
outras áreas que foram adquiridas ao longo do
século XIX. Foi um projeto expansionista dos mi- Habilidade: Analisar a importância dos valores
grantes fundadores e houve conflitos em muitas éticos na estruturação política das sociedades.
regiões com populações indígenas, as quais fo-
ram gradativamente deslocadas para o Oeste. 20. C
Tendo como referência os ideais iluministas, a
Competência: Compreender as transformações Declaração de Independência dos Estados Unidos
dos espaços geográficos como produto das rela- faz um questionamento sobre a questão do poder
ções socioeconômicas e culturais de poder. e defende a participação do cidadão na política
e na vida do país. O documento é redigido com
Habilidade: Interpretar diferentes representações base nesses preceitos.
gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
19. C cos para compreender e valorizar os fundamentos
Como vimos neste módulo e no anterior, os ideais ilu- da cidadania e da democracia, favorecendo uma
ministas foram fundamentais para o questionamento atuação consciente do indivíduo na sociedade.
da ordem da época, o Antigo Regime. Com as ideias
de liberdade e igualdade, as colônias também pas- Habilidade: Relacionar cidadania e democracia
saram a questionar o poder da metrópole. Portanto, na organização das sociedades.

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XXXIV

32 INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA


HISTÓRIA 1

Comentários sobre o módulo movimentação social diversa, ainda que os resulta-


O módulo abordou as transformações ocorridas dos não tenham favorecido a todos os envolvidos.
no continente americano, com enfoque nas Américas
Central e do Sul e na América Latina, que no período 10. A
encontravam-se sob o domínio colonial espanhol. Ao Podemos relacionar o caudilhismo aos projetos
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tratar de alguns modos de organização da colônia, federalistas, os quais buscavam o poder regional
evidencia-se o desenvolvimento de um grupo social e localizado, ideia que acompanhou a formação
novo, os criollos, filhos de chapetones, que passa- dos Estados nacionais da América espanhola.
ram a questionar a condição de explorados. Líderes
como Simón Bolívar e San Martín são representantes 11. D
desse grupo, que lutava pela libertação da América Simón Bolívar foi um agente importante na li-
espanhola, com projetos diferenciados e de inspira- bertação das ex-colônias espanholas, mas nunca
ções iluministas. chegou a governá-las unidas.

12. E
Para ir além
Indicamos a leitura do livro O general em seu labi- Os processos de independência tiveram a partici-
rinto, de Gabriel García Márquez, romance inspirado na pação de diversos setores da sociedade da Amé-
trajetória de Simón Bolívar. Com a leitura do livro, é pos- rica espanhola, porém a liderança e os resultados
sível analisar a história das independências da América voltaram-se para a elite criolla.
espanhola e realizar um aprofundamento nas ideias do
13. B
pan-americanismo. Propomos, ainda, a leitura da Carta
da Jamaica, escrita por Simón Bolívar. Disponível em: Ainda que houvesse um ideal entre alguns liber-
tadores de unir todo o território das ex-colônias
<www.cpihts.com/PDF/Simon%20Bolivar.pdf>. espanholas, uma grande diferença entre os pro-
Acesso em: nov. 2018. cessos de independência do Brasil e da América
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- espanhola encontra-se na unidade territorial que
picos de: o Brasil conseguiu manter.

• PRADO, M. L. A formação das nações latino-ame- 14. E


ricanas. São Paulo: Ed. da Unicamp, 1987. As guerras napoleônicas abalaram a Europa no início
• ___________. América Latina no século XIX. São do século XIX, momento em que os ideais da Revolu-
Paulo: Edusp, 2004. ção Francesa foram disseminados, na medida em que
Napoleão conquistava mais territórios na Europa e
apoiava lideranças aliadas a ele. O caso brasileiro é um
Exercícios Propostos dos mais emblemáticos, dado que a corte portuguesa
mudou-se para o Brasil, elevando a colônia à categoria
7. A de Reino Unido, dando início ao processo histórico
Os movimentos pela independência no México de independência, para evitar o domínio napoleônico
caracterizaram-se por serem iniciados por forças sobre Portugal. Mas na América Espanhola esse fato
populares, mas terminaram por meio de articula- também teve influência. Com a metrópole dominada
ções da elite local, as quais determinaram a inde- por um líder herdeiro da Revolução Francesa, que de-
pendência do país de acordo com seus interesses. fendia os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade,
o processo de independência foi acelerado e várias
8. B lideranças influenciadas por Napoleão apareceram,
A questão apresenta fatores que influenciaram a in- como é o caso de Simón Bolívar.
dependência da América espanhola em mais de uma
alternativa. Porém, só a opção B apresenta exclusi- 15. E
vamente fatores que de fato atuaram como causas Os movimentos pelas independências da América

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nesse contexto. A luta contra as desigualdades de ori- espanhola aconteceram durante o século XIX e
gem, em tempos pós-Revolução Francesa, e o enfra- questionaram o poder político e econômico con-
quecimento da Espanha pós-Napoleão, são centrais. centrado nas mãos da metrópole.

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9. A 16. E
As independências da América espanhola foram A citação no enunciado da questão ressalta que
caracterizadas por sua oposição à metrópole e pela o conceito de liberdade era diverso nos variados

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XXXV

grupos, que percebiam sua realidade e atrelavam Os chapetones, espanhóis que detinham domí-
a ideia de liberdade conforme suas demandas nios na América espanhola, formavam o topo da

HISTÓRIA 1
sociais e econômicas. escala hierárquica, uma vez que eram nascidos na
Europa e tinham prestígio e posses na América.
17. C
As independências da América espanhola tiveram Competência: Compreender a produção e o papel
influência do Iluminismo, com ideais de liberdade histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,

Material do Professor
e igualdade, entre elas a liberdade econômica.
conflitos e movimentos sociais.

Estudo para o Enem Habilidade: Identificar registros de práticas de


grupos sociais no tempo e no espaço.
18. E
Simón Bolívar alimentava o sonho de uma unida- 20. A
de entre as Américas. Mas como se pode ver na Ao escrever este texto, Simón Bolívar trata dos
carta, reconhecia as diferenças inerentes a um criollos, descendentes de espanhóis, mas nasci-
espaço tão grande e diverso. dos em terras americanas. Esse grupo foi um dos
mais importantes na formação dos movimentos
Competência: Compreender a produção e o papel por independência na América espanhola.
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, Competência: Compreender a produção e o papel
conflitos e movimentos sociais. histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos conflitos e movimentos sociais.
sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
turas em processos de disputa pelo poder. Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
19. B turas em processos de disputa pelo poder.

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I

MATERIAL DO PROFESSOR

Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS

HISTÓRIA 2

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ES

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G
GETTY IMA

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II

9 PERÍODO JOANINO (1808-1821)


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo 10. C


Ao trabalhar a vinda da família real para o Brasil, Maria Graham refere-se à forte presença de mer-
discuta as mudanças sociais e culturais que ocorreram cadorias inglesas no Brasil, fenômeno decorren-
no período. Comente que a presença da Corte no Rio te da Abertura dos Portos Brasileiros às Nações
de Janeiro implicou em mudanças no espaço urbano Amigas. A Inglaterra destacou-se em virtude das
Material do Professor

e que D. João VI foi responsável por inovações como alianças firmadas com Portugal no contexto das
a contratação da Missão Artística Francesa e a criação guerras napoleônicas.
do Jardim Botânico, do Banco do Brasil, da Casa da
Moeda e da Biblioteca Real, entre outras instituições. 11. E
A Revolução do Porto de 1820 não defendia o
absolutismo, e sim uma monarquia limitada, com
Para ir além divisão de poderes e governo representativo.
Sugerimos a exibição do fi lme Carlota Joaquina
(Brasil, 1995. Direção de Carla Camurati). De maneira 12. C
bem-humorada, o filme aborda a estada da família real Durante séculos, as relações entre Portugal e Bra-
portuguesa no Rio de Janeiro. sil foram baseadas no pacto colonial, que obrigava
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- a colônia a comercializar exclusivamente com a
picos de: metrópole. O pacto foi rompido quando o Brasil
passou a comercializar diretamente com outras
• JANCSÓ, I. (Org.). Independência: história e histo-
nações sem o intermédio de Portugal.
riografia. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2005.

• NOVAIS, F. A. A independência política do Brasil. 13. D


São Paulo: Hucitec, 1996. O Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido
apenas em 1815, e o período joanino foi iniciado
• SILVA, J. B. de A. Projetos para o Brasil. São Paulo: em 1808, quando a Corte portuguesa transferiu-
Companhia das Letras, 1998. -se para a colônia.

Exercícios Propostos 14. A


Caio Prado Jr., conforme citado, considerou
7. B
1808 o início da “Revolução da Independência”
A transferência da Corte para o Brasil representou do Brasil, processo que se estenderia até 1831.
uma estratégia de D. João VI contra a ofensiva A abertura dos portos referida na alternativa A
napoleônica. Para tanto, Portugal aliou-se à In- representou uma importante ruptura com o pacto
glaterra. colonial que submetia todo o comércio brasileiro
a Portugal.
8. C
Questão que exige conhecimento aprofundado 15. B
dos alunos, que devem estar cientes de que a No contexto das guerras napoleônicas, a Fran-
mudança da Corte para o Brasil havia sido co- ça impôs que as nações europeias cortassem
gitada anteriormente por Portugal. As demais relações comerciais com a Inglaterra. Portugal
alternativas apresentam informações incorretas recusou-se a aderir ao Bloqueio Continental e
e, nesse sentido, a questão pode ser respondida aliou-se à Inglaterra, a qual auxiliou no desloca-
corretamente se os alunos conhecerem aspectos mento da Corte para o Brasil e, em troca, obteve
básicos do período. facilidades fiscais no comércio com a colônia.

9. A afirmativa está correta. O Congresso de Vie- 16. Entre as várias ações da Coroa, podem ser cita-
na de 1815 representou uma reação das monar- das a criação da Academia de Belas Artes e da
quias europeias contra a expansão napoleônica. Imprensa Régia, a contratação da Missão Artística

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Foi nesse sentido que D. João VI unificou Brasil Francesa e a música produzida nos eventos da
e Portugal na condição de reino unido, buscando Corte.
garantir o regime monárquico tanto na metrópole
como em sua mais importante possessão colo- 17. a) De acordo com o texto, com a transferência da

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nial. Nesta questão, é importante que os alunos Corte para o Brasil houve a centralização admi-
tenham em mente questões do período trabalha- nistrativa da colônia no Rio de Janeiro e a criação
das nos módulos de História Geral. de diversas instituições.

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III

b) A Revolução Pernambucana de 1817 teve cará- da mulher branca, cujo papel social era limitado
ter liberal e defendeu a separação do Brasil em re- ao espaço privado do lar.

HISTÓRIA 2
lação à Corte portuguesa. A intenção era romper b) Com a instalação da Corte de D. João VI, o
com o domínio colonial e instaurar uma república Rio de Janeiro tornou-se o centro administrativo
federativa nos moldes dos Estados Unidos. da América portuguesa, que antes era bastante
fragmentada. O rei criou uma série de instituições
Estudo para o Enem a fim de modernizar o Rio de Janeiro e atender às

Material do Professor
demandas da Corte, além de fomentar novas ma-
18. B
nifestações culturais. A missão francesa da qual
Portugal possuía um lugar secundário no cenário Debret fez parte é um dos principais exemplos
geopolítico europeu do período. No contexto das desse incentivo à alta cultura em conformidade
guerras napoleônicas, aliou-se à Inglaterra para com o gosto da nobreza europeia.
escapar da invasão francesa. Por essa razão, após
a chegada da Corte ao Brasil, foram instituídas Competência: Compreender os elementos cul-
medidas que favoreceram a importação de pro- turais que constituem as identidades.
dutos industriais ingleses.
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
Competência: Compreender as transformações
graficamente fontes documentais acerca de as-
dos espaços geográficos como produto das rela-
pectos da cultura.
ções socioeconômicas e culturais de poder.

Habilidade: Identificar os significados histórico- 20. D


-geográficos das relações de poder entre as nações. A Corte portuguesa veio para o Brasil após ser
atacada por Napoleão Bonaparte por não ter acei-
19. a) Na imagem, pode-se identificar o poder patriar- to o Bloqueio Continental.
cal que regia as famílias da época, uma vez que o
homem está à frente dos demais. Ele era o líder Competência: Compreender a produção e o papel
e o guia da família. A mulher vem após os filhos, histórico das instituições sociais, políticas e eco-
dos quais cuidava. Os escravos vêm ao fundo, o nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
que evidencia a rígida hierarquia que regia aquela conflitos e movimentos sociais.
sociedade. Os pés descalços eram um dos prin-
cipais elementos que caracterizavam a condição Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
de escravidão. Os escravos domésticos, empre- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
gados nas tarefas da casa, eram responsabilidade ao longo da História.

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IV

10 PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo 10. D


No processo de independência brasileiro, o povo A independência do Brasil representou um acordo
esteve à parte. Nesse sentido, retome o conteúdo entre a monarquia portuguesa e D. Pedro, herdei-
sobre as demais independências na América e as for- ro dessa monarquia e encarregado de governar
mas como a população participou desses movimentos. a ex-colônia. A alternativa C apresenta um dos
Material do Professor

Uma comparação entre a independência brasileira e benefícios que Portugal obteve nesse acordo.
as realizadas na América espanhola ou nos Estados
Unidos pode ser interessante porque cada uma delas 11. B
teve um desdobramento importante. Não houve, no Caio Prado Jr. afirma que a independência foi um
Brasil, uma guerra de independência, mas, por outro processo levado a cabo por uma única classe e
lado, ocorreram batalhas internas para garantir a uni- não representou os interesses de todos os mem-
dade do território. bros da nação. Foi um movimento das elites com
o objetivo de assegurar seus privilégios, confor-
me descrito na alternativa correta.
Para ir além
As produções audiovisuais sobre a independência 12. Soma: 12 (04 + 08).
do Brasil são, em geral, muito caricatas e mostram
A burguesia portuguesa não foi favorecida pela
esse processo de forma simplista, por isso não é re-
abertura dos portos em 1808. A Inconfidência
comendado sugerir filmes, séries ou novelas sobre
Mineira, liderada por Tiradentes, ocorreu no fim
o assunto. Uma opção extracurricular interessante é
do século XVIII e não teve relação com a indepen-
montar um quadro comparativo das independências
dência proclamada por D. Pedro em 1822, a qual
de todos os países das Américas.
não foi aceita por todas as províncias e suscitou
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- vários conflitos internos.
picos de:
13. B
• JANCSÓ, I. (Org.). Independência: história e his-
toriografia. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2005. Após a independência, o novo Estado-nação
precisou ser reconhecido pelas demais nações
• MELLO, E. C. de. A outra independência: o fe- globais e erradicar os conflitos internos que se
deralismo pernambucano de 1817 a 1824. São opuseram às transformações.
Paulo: Ed. 34, 2004.
14. D
Exercícios Propostos No texto, Emília Viotti da Costa afirma que o
liberalismo era apenas uma fachada das elites
7. A brasileiras, que não demonstraram interesse em
Na primeira imagem, D. Pedro ocupa o centro resolver os problemas da escravidão e da miséria
do quadro, como protagonista. Os populares que assolavam grandes parcelas da população.
são escassos e encontram-se marginalizados à
esquerda. Já na segunda imagem, o imperador 15. C
ocupa um lugar mais discreto, como líder de uma A independência não modificou radicalmente as
ação popular. Está rodeado pelo povo, que festeja estruturas de produção, uma vez que não discutiu
bem ao centro do quadro. a questão da escravidão e continuou beneficiando
os grandes proprietários rurais.
8. C
A independência do Brasil foi orientada por princípios 16. B
emancipacionistas (próximos daqueles que haviam Com a instalação da Corte em 1808, os portos
guiado os Estados Unidos e as ex-colônias espanho- brasileiros foram abertos, o que pôs fim ao ex-
las) e implicou no confronto político entre D. Pedro clusivo metropolitano anteriormente imposto por
e as Cortes portuguesas, que queriam seu retorno Portugal. Isso representou um importante passo

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a Portugal e a manutenção do pacto colonial. para a emancipação política consumada em 1822.

9. A 17. D
No trecho, Policarpo Quaresma afirma que o tupi- A independência do Brasil pode ser considerada

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-guarani adequa-se melhor que o português à rea- uma reforma moderada na ordem social, uma vez
lidade nacional, pois este veio de fora, enquanto que não aboliu a escravidão e manteve os privilé-
o primeiro é originário de nossa terra. gios dos grandes proprietários rurais.

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V

Estudo para o Enem Competência: Compreender a produção e o papel


histórico das instituições sociais, políticas e eco-

HISTÓRIA 2
18. B nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
A abertura dos portos, ocorrida após a vinda Corte conflitos e movimentos sociais.
para o Brasil, representou uma ruptura com o
pacto colonial, o qual garantia a Portugal exclusi- Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
vidade no comércio com a colônia. sociais que contribuíram para mudanças ou rup-

Material do Professor
turas em processos de disputa pelo poder.
Competência: Compreender as transformações
dos espaços geográficos como produto das rela-
20. C
ções socioeconômicas e culturais de poder.
No texto, Paul Singer afirma que, com a indepen-
Habilidade: Comparar o significado histórico- dência, não houve preocupação em industrializar
-geográfico das organizações políticas e socioe- o Brasil. O país manteve-se exportador de produ-
conômicas em escala local, regional ou mundial. tos agrícolas e importador de bens de consumo
europeus, o que o colocou em posição de atraso
19. A e de dependência econômica.
A Revolução Haitiana, iniciada em 1791, foi uma
insurgência de negros escravizados que rompeu Competência: Entender as transformações técni-
com o colonialismo francês e com a escravidão. cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
Serviu de inspiração para movimentos insurgen- de produção, no desenvolvimento do conheci-
tes em outros locais da América, como a Conju- mento e na vida social.
ração Baiana de 1798, e despertou o medo das
elites brasileiras, que temiam que a independên- Habilidade: Identificar registros sobre o papel
cia acarretasse o fim da escravidão e a tomada das técnicas e tecnologias na organização do tra-
do poder pelos afrodescendentes. balho e/ou da vida social.

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VI

11 PRIMEIRO REINADO
HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo 10. D


Destaque a forma como o Brasil organizou-se após O mapa evidencia os conflitos ocorridos entre
a independência, discutindo permanências e rupturas. algumas províncias e a Corte de D. Pedro I após
Converse com os alunos sobre o que efetivamente a independência, o que está corretamente ex-
mudou com a proclamação da independência e quais
Material do Professor

presso na alternativa D.
práticas continuaram vigentes no novo sistema. Leve-
-os a identificar as permanências e oriente-os a avaliar 11. D
o processo de forma crítica, desmistificando possíveis A afirmativa II está incorreta, pois naquele contexto
ideias de D. Pedro I como herói da nação ou de um novo o Partido Brasileiro era opositor de D. Pedro, que ti-
Brasil após o processo de independência. A constitui- nha ao seu lado comerciantes portugueses. O novo
ção do Primeiro Reinado é comumente comparada a Ministério, composto no início de 1822, foi chefiado
outros processos de independência da América em por José Bonifácio, aliado do futuro imperador.
razão das peculiaridades brasileiras, como a manuten-
ção da monarquia. 12. C
A economia do Brasil no Primeiro Reinado era
Para ir além baseada na exportação de produtos agrícolas e na
importação de produtos manufaturados e indus-
Uma possibilidade de desdobramento envolvendo o
trializados da Europa, sobretudo da Inglaterra, o
tema abordado neste módulo é a análise da formação
que gerava uma balança comercial desfavorável.
das vertentes políticas brasileiras que se estenderiam
pelo século seguinte. Após a constituição do Brasil 13. B
como nação, os partidos começam a tomar forma e a
A afirmativa I está incorreta, pois a Constituição
polarização política tornou-se visível. O jogo de forças
de 1824 não foi promulgada, e sim outorgada
entre o Partido Português e o Partido Brasileiro segui-
por D. Pedro I.
ria até o Segundo Reinado, com o Partido Liberal e o
Partido Conservador. 14. Soma: 20 (04 + 16).
Em Às armas, cidadãos!, o historiador José Murilo
O café não foi o principal produto de exportação
de Carvalho traça o perfil das manifestações favoráveis
brasileiro durante o Primeiro Reinado. A Consti-
à independência brasileira. Na obra, o autor reúne pan-
tuição de 1824 não foi promulgada, e sim outor-
fletos, manuscritos e cartazes que foram espalhados
gada. O voto censitário não assegurava a igual-
pelas paredes e pelos postes de várias cidades brasi-
dade entre os homens, pois excluía grande parte
leiras de 1820 a 1823, ilustrando aspectos importantes
da população em virtude da renda. A Guerra da
do processo de independência.
Cisplatina só fez crescer a oposição a D. Pedro I,
Exercícios Propostos uma vez que exigiu grandes gastos.

7. A 15. A
Ambas as alternativas são verdadeiras e citam No excerto, afirma-se que a Inglaterra interessou-se
os dois grupos distintos que constituíram o jogo em reconhecer a independência do Brasil para se
de forças presente no Brasil no contexto da in- opor aos governos de Portugal e Espanha, naquele
dependência em 1822: o Partido Brasileiro e o momento fortemente influenciados pela França.
Partido Conservador.
16. D
8. B Tema bastante recorrente nas questões deste
A Inglaterra não perdeu o interesse em ser parcei- módulo, o Poder Moderador é um dos pontos
ra comercial do Brasil durante o Primeiro Reinado. mais importantes da Constituição Outorgada de
Pelo contrário, foi o país que mais se beneficiou 1824.
pelas vantagens fiscais desde 1808, quando hou-
ve a abertura dos portos, o que intensificou-se 17. C

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após a independência.

9. C
Questão interdisciplinar que une História e Lite-
ratura. Pode ser respondida apenas por meio da
interpretação do texto citado. Antonio Candido

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A Constituição de 1824 conferiu grandes poderes afirma que, após a independência, o Romantismo
a D. Pedro I e instituiu o Poder Moderador. Por favoreceu a identidade nacional que precisava ser
isso, foi considerada absolutista. construída para a nação recém-fundada.

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VII

Estudo para o Enem Competência: Utilizar os conhecimentos históri-


cos para compreender e valorizar os fundamentos

HISTÓRIA 2
18. A da cidadania e da democracia, favorecendo uma
A independência é considerada o ato de fundação atuação consciente do indivíduo na sociedade.
da nação brasileira e, por isso, é celebrada em
festejos cívicos desde os anos imediatamente Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas
posteriores à sua proclamação. Esses festejos es- obtidas no que se refere às mudanças nas legis-

Material do Professor
tão associados à construção de uma memória que lações ou nas políticas públicas.
visa instituir uma identidade nacional no Brasil.
20. D
Competência: Compreender os elementos cul- O documento evidencia a exclusão das camadas
turais que constituem as identidades. mais baixas da sociedade na participação políti-
ca, que ficou restrita aos grandes proprietários
Habilidade: Analisar a produção da memória pe- e aos comerciantes em razão do voto censitário
instituído pela Constituição de 1824.
las sociedades humanas.

19. E Competência: Utilizar os conhecimentos históri-


cos para compreender e valorizar os fundamentos
O Primeiro Reinado foi marcado por forte oposi- da cidadania e da democracia, favorecendo uma
ção a D. Pedro I, acusado de autoritarismo, uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
vez que havia dissolvido uma Constituinte para
outorgar uma Constituição que lhe conferia o Po- Habilidade: Relacionar cidadania e democracia
der Moderador. na organização das sociedades.

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VIII

12 CRISE NO PRIMEIRO REINADO


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo muitos anos após a morte de frei Caneca. A ter-
O fim do Primeiro Reinado foi marcado por uma ceira afirmativa também é falsa, pois o periódico
crise sucessória ao trono português e por uma crise Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco
no recém-criado Estado nacional brasileiro. D. Pedro I era dirigido por Cipriano Barata.
estava sem apoio e os principais setores da sociedade
Material do Professor

encontravam-se insatisfeitos, o que levou o impera- 9. E


dor a abdicar e voltar para Portugal. Como D. Pedro II A Confederação do Equador declarou a indepen-
era menor de idade, com a abdicação a instabilidade dência de províncias do Nordeste brasileiro contra
agravou-se e deu início às regências, um dos períodos as políticas de D. Pedro I, consideradas autoritárias.
mais conturbados da história brasileira.
10. C
Para ir além A abolição da escravidão não constituía uma pau-
Como comentado no módulo anterior, as produções ta dos opositores ao Primeiro Reinado.
audiovisuais sobre esse tema tendem a ser simplistas
11. A
e caricatas. Portanto, uma boa maneira de trabalhar
este tópico é estabelecer paralelos entre esse período Com a independência, os comerciantes portugue-
conturbado e de transição na história do Brasil com ses tiveram seus privilégios nas relações comer-
outros momentos de nossa história. ciais com o Brasil afetados, algo que já se iniciara
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: desde a abertura dos portos, em 1808. A Ingla-
terra foi a principal beneficiada desse processo.
• CARVALHO, J. M. de. A monarquia brasileira. Rio
de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1993.
12. C
• COSTA, S. C. da. As quatro coroas de D. Pedro I. A Revolução Pernambucana e a Confederação do
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. Equador assumiram um forte caráter antilusitano,
uma vez que D. Pedro I era o herdeiro direto da
• HOLANDA, S. B. de. O Brasil monárquico: o pro- monarquia portuguesa, o que era considerado uma
cesso de emancipação. 4. ed. São Paulo: Difusão continuidade em relação ao antigo sistema colonial.
Europeia do Livro, 1976.
13. B
• LIMA, M. O. O Império Brasileiro. São Paulo:
A Confederação do Equador decretou a separação
Edusp, 1989.
de províncias do Nordeste, que formariam uma re-
• LUSTOSA, I. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das pública, e opunha-se às políticas de D. Pedro I, tidas
Letras, 2007. como excessivamente centralizadoras e autoritárias.

• SCANTIMBURGO, J. de. O Poder Moderador. São 14. C


Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1980. Com o fechamento da Assembleia Constituinte,
em 1823, D. Pedro I passou a ser visto como
• VAINFAS, R. Dicionário do Brasil imperial. Rio de um monarca autoritário e absolutista. As elites
Janeiro: Objetiva, 2002. liberais regionais demandavam um modelo fede-
rativo, com maior autonomia para as províncias, o
Exercícios Propostos que culminou em movimentos separatistas, como
a Confederação do Equador.
7. A
A Guerra da Cisplatina opôs Brasil e Argentina em 15. B
uma disputa pelo controle da Província da Cispla- A Guerra dos Farrapos estendeu-se de 1835 a
tina. O conflito foi encerrado com a intermediação 1845, intervalo que compreende o período re-
da Inglaterra e nenhum dos países saiu vitorioso. gencial e o Segundo Reinado.
A região tornou-se um Estado independente, a

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República Oriental do Uruguai. 16. D
Como já comentado, após o fechamento da Assem-
8. F, V, F, V, V
bleia Constituinte, em 1823, D. Pedro I passou a ser
A questão cobra informações detalhadas a respei- criticado como um monarca autoritário e absolutista.

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to de frei Caneca, o que não costuma ser aborda-
do nos materiais didáticos. A primeira afirmativa é 17. a) As elites brasileiras temiam que o Brasil dei-
falsa. O jornal O Diário Novo foi fundado em 1842, xasse de fazer parte do Reino Unido a Portugal e

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IX

Algarves, o que fazia parte do projeto das Cortes nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
portuguesas, as quais solicitavam a volta de D. conflitos e movimentos sociais.

HISTÓRIA 2
Pedro para Portugal. Assim, as Cortes portugue-
sas tinham interesse em devolver o país à condi- Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
ção de colônia, enquanto a elite brasileira buscava rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
dar continuidade ao processo de emancipação. ao longo da História.
b) A Confederação do Equador foi uma revolta 19. B

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iniciada em Pernambuco e teve frei Caneca como
A Confederação do Equador teve como objetivo
um de seus principais líderes. De cunho liberal,
criar uma república composta por províncias do
republicano e federativo, criticava o autoritarismo
Nordeste, por considerar o governo de D. Pedro I
de D. Pedro I e a excessiva centralização admi-
autoritário e sem espaço para a autonomia provin-
nistrativa no Rio de Janeiro, capital do império.
cial. Assim, o Rio de Janeiro, sede do império, era
O movimento expandiu-se e decretou a indepen-
criticado por centralizar o poder em detrimento
dência das províncias do Nordeste, de Pernam-
das demais províncias.
buco ao Ceará. No entanto, foi interrompido por
uma forte repressão do governo imperial, que Competência: Compreender a produção e o papel
puniu severamente os participantes. O próprio histórico das instituições sociais, políticas e eco-
frei Caneca chegou a ser executado. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
Estudo para o Enem
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
18. Os traficantes de escravos, muito ricos e podero- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
sos desde o século XVII, discordavam do acordo ao longo da História.
assinado com a Inglaterra pelo fim do tráfico de
escravos. Os comerciantes nativos não estavam 20. E
satisfeitos com as vantagens e os privilégios dos O trecho citado aborda a adoção de sobrenomes
comerciantes portugueses e ingleses. Os gran- indígenas por diversos brasileiros no contexto
des proprietários de terras e de escravos, por sua da independência, o que indica um forte desejo
vez, estavam descontentes com os altos impos- de se distanciar da tradição legada por Portugal
tos, com o Poder Moderador, com a centralização e pela colonização.
da política na figura de D. Pedro e com a proibição
do tráfico de escravos. Na economia, havia a crise Competência: Compreender a produção e o papel
do açúcar e muitos gastos com a estruturação do histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Estado, além de dívidas com as guerras internas nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
e a Guerra da Cisplatina. conflitos e movimentos sociais.

Competência: Compreender a produção e o papel Habilidade: Identificar registros de práticas de


histórico das instituições sociais, políticas e eco- grupos sociais no tempo e no espaço.

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X

13 PERÍODO REGENCIAL
HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo que expandiram seu poder por meio do controle
Trabalhe o período regencial como um todo, sem dessa força armada.
necessariamente explicar e abordar detalhadamente
cada uma das regências, o que leva a uma memoriza- 13. A
ção pouco produtiva. A frase é clara na denúncia das semelhanças en-
Material do Professor

tre os liberais e os conservadores, o que invalida


Para ir além as afirmativas II e IV. Os alunos podem chegar à
Explore mais uma etapa do trabalho sugerido no resposta mesmo sem conhecimento aprofundado
módulo anterior, mostrando o jogo de forças entre os do tema, apenas pela interpretação. No contexto
partidos Liberal e Conservador que então se formavam. da regência, a frase referia-se ao fato de que os
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: dois partidos divergiam no modelo político a ser
• MATTOS, I. R. O tempo saquarema: a formação do empregado pelo império (federalismo × centrali-
Estado imperial. São Paulo: Hucitec, 2001. zação), não tocando em questões estruturais da
sociedade, como a escravidão.
• WERNET, A. O período regencial (1831-1840). São
Paulo: Global, 1982. 14. E
O texto caracteriza as reformas liberais como res-
Exercícios Propostos ponsáveis por conferir maior poder às províncias.
O Código de Processo Criminal atuou nesse sen-
7. C tido por descentralizar a Justiça, colocando-a sob
Os juízes de paz eram eleitos pelos cidadãos das o poder do juiz de paz eleito em cada província. O
províncias e tinham poder sobre o processo elei- Ato Adicional ampliou a autonomia das províncias
toral e em relação a questões que afetassem a com a criação de Assembleias Provinciais.
todos os que estivessem sob sua jurisdição.
15. D
8. B O período regencial foi marcado por intensas dis-
A Regência Una de Araújo Lima foi marcada pelo putas entre diferentes projetos políticos. Naque-
regresso conservador, no qual foi instituída uma lei le momento, opuseram-se os partidos Liberal e
de interpretação do Ato Adicional aprovado durante Conservador e suas muitas ramificações, como
o período em que os liberais controlaram o poder. liberais moderados, liberais exaltados, chimangos
e caramurus, entre outras.
9. C
A Guarda Nacional tinha como principais propósi- 16. a) O Ato Adicional de 1834 criou as Assembleias
tos assegurar o respeito à Constituição em vigor Legislativas nas províncias, o que contribuiu
e conter rebeliões separatistas nas províncias. para uma maior autonomia provincial e para a
Dessa forma, teve papel decisivo tanto na con- descentralização do poder imperial. Além disso,
solidação da unidade do Estado-nação como na transformou a Regência Trina em Regência Una
manutenção do poder das elites regionais. e convocou eleições para regente uno.
b) Naquele momento, o modelo de república em
10. E
mente era o da república federativa adotado pe-
Os artigos citados fazem parte do Ato Adicional los Estados Unidos. A autonomia provincial con-
de 1834, medida tomada pelos liberais, de caráter quistada nesse período correspondia aos anseios
federalista e descentralizador, e responsável por federalistas de parcelas da elite brasileira. Nesse
ampliar a autonomia das províncias. sentido, a eleição de um regente uno por um pe-
ríodo de quatro anos também foi considerada um
11. D
avanço republicano em relação à centralização do
Conforme trabalhado na questão anterior, o Ato poder na figura do imperador durante o Primeiro
Adicional ampliou a autonomia das províncias, Reinado e à Regência Trina que governou após a

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descentralizando o poder antes exclusivo ao Rio abdicação de D. Pedro I, em 1831.
de Janeiro, capital do império.
17. A afirmação está correta. Por meio da Guarda
12. C Nacional, as elites provinciais puderam exercer

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A Guarda Nacional substituiu o Exército, pois ti- grande controle sobre as populações locais e con-
nha seus oficiais eleitos nas próprias províncias. Era ter revoltas que ameaçassem a unidade territorial
vinculada diretamente às elites dessas regiões, do império.

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XI

Estudo para o Enem dência do país, que forjou um Estado-nação centra-


lizado, contrariando os interesses das elites locais.

HISTÓRIA 2
18. E
Competência: Compreender a produção e o papel
O período regencial foi marcado por intensas
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
disputas políticas entre os partidos que ocupa-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
vam o poder e por revoltas provinciais que rei-
conflitos e movimentos sociais.
vindicavam a separação do império. Conforme
descrito no enunciado, também foi caracterizado Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-

Material do Professor
pelo surgimento de uma nova realidade econômi- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
ca, o café, a qual se beneficiou de antigas formas ao longo da História.
de organização social como a escravidão.
20. A
Competência: Compreender a produção e o papel No texto, Diogo Feijó defende um aspecto posi-
histórico das instituições sociais, políticas e eco- tivo da escravidão: ela geraria nos homens livres
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, um forte sentimento de insubordinação em nome
conflitos e movimentos sociais. da liberdade e da igualdade. Essa argumentação
não demonstra qualquer preocupação com a po-
Habilidade: Identificar registros de práticas de pulação escravizada.
grupos sociais no tempo e no espaço.
Competência: Compreender a produção e o papel
19. C histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
O texto evidencia as disputas entre elites de di-
conflitos e movimentos sociais.
ferentes regiões. O autor afirma que padre Diogo
Feijó era apoiado sobretudo por Minas Gerais, ten- Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
do inimigos em São Paulo, no Rio de Janeiro e no presentes em textos analíticos e interpretativos,
Nordeste, região sob influência do pernambucano sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
Holanda Cavalcanti. Conforme indica a alternativa gráfica acerca das instituições sociais, políticas
correta, essas tensões tiveram origem na indepen- e econômicas.

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XII

14 REVOLTAS REGENCIAIS
HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo entre os revoltosos e o império, que alterou suas


O período das regências foi bastante conturbado e políticas fiscais para atender às exigências dos
o estudo das revoltas regenciais leva a explorar, princi- estancieiros gaúchos.
palmente, as habilidades da competência 5. Trabalhe as
questões que envolvem os movimentos sociais ocorri- 12. A
Material do Professor

dos nesse período e os da atualidade. É importante que A Revolta dos Malês foi conduzida por uma po-
os alunos estabeleçam paralelos entre as lutas sociais pulação escravizada que era originária de países
e as conquistas de classes. africanos de religião muçulmana.

13. B
Para ir além
As revoltas regenciais colocaram à prova a unidade Apenas a alternativa B apresenta duas revoltas
territorial brasileira e podem ser usadas como contra-argu- de caráter separatista ocorridas durante o impé-
mento à ideia de que o Brasil é um país pacífico e inerte. rio. Na Cabanagem, referida na alternativa A, o
Uma atividade extra que pode ser feita é uma redação foco não foi a separação, mas sim a melhoria nas
sobre o tema, tendo como base as revoltas regenciais. condições de vida da população pobre.
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de
A casa das sete mulheres, de Letícia Wierzchowski, que 14. A
conta a trajetória de Bento Gonçalves e de seus familiares O cenário de crise e instabilidade só foi sanado
durante o processo da Revolução Farroupilha. com o fim do período regencial, quando D. Pedro II
assumiu o trono mesmo não tendo atingido a maio-
Exercícios Propostos ridade legal. Para tanto, foi promovida a Campanha
da Maioridade.
7. C
Todas as mobilizações referidas pelo enunciado tive- 15. B
ram propósitos separatistas e de se desligar do poder Os escravizados e libertos que conduziram a Re-
central do império, favorecendo os interesses locais. volta dos Malês eram originários de países afri-
canos adeptos do islamismo. Uma das principais
8. E reivindicações do movimento foi acabar com a
As revoltas regenciais inseriram-se em um con- imposição do catolicismo pelo império.
texto de grave crise política e institucional que se
arrastava desde o Primeiro Reinado e culminou na 16. B
abdicação do imperador em 1831. Tiveram caráter As revoltas citadas nas alternativas A, D e E não
federalista, pois ambicionavam a emancipação ocorreram no período regencial. A Sabinada, men-
das províncias e mobilizaram vários setores so- cionada na alternativa C, ocorreu na Bahia, e não
ciais. Por exemplo, basta pensar no aspecto alta- no Maranhão.
mente elitista da Farroupilha, no Rio Grande do
Sul; e no caráter popular da Cabanagem, no Pará. 17. C
A afirmativa II está errada, pois a Farroupilha en-
9. E cerrou-se com uma mudança nas políticas tarifárias
No texto, o regente Feijó expressa seu temor em por parte do império e com a anistia dos líderes
relação à “anarquia” no império, ou seja, à frag- revoltosos. A punição foi reservada apenas para os
mentação política e institucional em decorrência afrodescendentes que participaram do movimento
de revoltas regionais e separatistas. e foram exterminados pela repressão imperial.

10. A
Estudo para o Enem
A Guerra dos Farrapos foi uma das mais longas
revoltas da história do Brasil e estendeu-se até 18. a) Segundo o texto, a Cabanagem iniciou-se como
1845. Foi encerrada com um acordo com o impé- uma revolta de elite, mas rapidamente assumiu
rio, representado na figura de duque de Caxias, caráter popular; enquanto a Farroupilha manteve-

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e com a anistia dos revoltosos, os quais eram -se liderada pela elite pecuarista gaúcha que queria
integrantes da alta elite pecuarista da região. assegurar seus interesses comerciais.
b) As revoltas provinciais ocorridas entre 1824 e

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11. B 1848 representaram um entrave à política de cen-
Conforme trabalhado na questão anterior, a re- tralização administrativa defendida pelo império
volta dos farroupilhas terminou em um acordo e ameaçaram a unidade territorial do recém-fun-

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XIII

dado Estado-nação. Por isso, o governo imperial Competência: Compreender a produção e o papel
empenhou-se em reprimi-las, fosse pela força, histórico das instituições sociais, políticas e eco-

HISTÓRIA 2
fosse pela negociação (como na Farroupilha). nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
c) As elites agricultoras e pecuaristas queriam asse-
gurar o controle que exerciam nas províncias e alcan- Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
çar maior participação na política imperial, rompendo sociais que contribuíram para mudanças ou rup-

Material do Professor
com a centralização demasiada. Pretendiam, ainda, turas em processos de disputa pelo poder.
assegurar seus privilégios sociais e econômicos.
20. B
Competência: Compreender a produção e o papel O texto deixa claro o temor que o regente Diogo
histórico das instituições sociais, políticas e eco- Feijó tinha em relação às revoltas separatistas,
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, que poderiam fragmentar a unidade territorial do
conflitos e movimentos sociais. Brasil. Por isso o empenho em reprimi-las, che-
gando a recorrer às potências europeias.
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais Competência: Compreender a produção e o papel
ao longo da História. histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
19. C conflitos e movimentos sociais.
Os estancieiros gaúchos que lideraram a Farrou-
pilha revoltaram-se contra a política tributária do Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
império que favorecia os produtos pecuários do rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
Uruguai e não os da província do Rio Grande do Sul. ao longo da História.

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XIV

15 SEGUNDO REINADO: POLÍTICA


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo a distinção entre liberais e conservadores como


O Segundo Reinado foi um período longo e, por- duas correntes políticas opostas, mas que se
tanto, muito variado. Comente que, inicialmente, o igualavam uma vez que estivessem no poder,
reinado de D. Pedro II significou a estabilização de um dado que as forças políticas externas aos car-
país em convulsão. Ressalte que, ao longo de seu go- gos – grupos econômicos, especialmente a elite
Material do Professor

verno, a medição de forças entre a centralização e o agrária – mantinham suas demandas.


federalismo intensificou-se. A divisão de forças entre
conservadores e liberais estava consolidada e esses 10. V: No Segundo Reinado, como em muitos pe-
partidos começaram a se alternar no centro do poder, ríodos anteriores, o Brasil manteve-se como um
tendo o imperador D. Pedro II como eixo principal. Foi país exportador de produtos agrícolas e a base
um período definidor para a nação brasileira, tanto na da economia agrária e exportadora foi o trabalho
política como no aspecto social, reafirmando até nas escravo.
cidades o sistema escravista e todo o preconceito que F: Na segunda metade do século XIX, houve ex-
decorre dessa naturalização da violência. pansão e diversificação da economia brasileira.
V: O barão de Mauá, além de promover a indus-
Para ir além trialização, criou a primeira ferrovia do país e o
Sugerimos a exibição do filme Mauá: o imperador
primeiro cabo submarino que ligava o Brasil à
e o rei (Brasil: 1999. Direção de Sérgio Rezende), que
Europa.
mostra as transformações econômicas do país na cha-
mada Era Mauá (século XIX). F: Os imigrantes europeus tiveram tratamento
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- diferenciado daquele concedido aos escraviza-
picos de: dos africanos, mas não desfrutaram de boas
condições de trabalho ou salário. A autonomia
• CARVALHO, J. M. de. A construção da ordem: a
dos imigrantes era relativa, pois em muitos casos
elite política imperial brasileira. Brasília: Ed. da UnB,
eles ficavam presos aos proprietários rurais por
1981.
dívidas e contratos que os forçavam a trabalhar
• ____________. Teatro de sombras: a política impe- em condições precárias.
rial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
11. E
• DOLHNIKOFF, M. O pacto imperial: origens do fe- A atuação do barão de Mauá ligou-se a uma ten-
deralismo no Brasil. São Paulo: Globo, 2005. tativa de industrialização e modernização tecno-
lógica do Brasil. Entre seus empreendimentos,
Exercícios Propostos constam a instalação da primeira ferrovia do país
e do primeiro cabo submarino intercontinental.
7. A
Não cabe, nesse contexto, falar em democracia, 12. E
declínio da aristocracia rural ou enfraquecimento Conforme já trabalhado em questões anteriores,
da monarquia. A questão ficaria mesmo entre o na segunda metade do século XIX a economia
avanço dos conservadores ou vitória dos liberais – brasileira expandiu-se e diversificou-se e a ca-
as duas correntes políticas mais importantes da feicultura foi a principal agente desse processo.
época. Neste caso, trata-se de uma vitória liberal.
13. A
8. a) O Golpe da Maioridade. A Lei de Terras, a abolição do tráfico negreiro e a
b) A disputa política entre os partidos Liberal e reforma da Guarda Nacional foram medidas apro-
Conservador, que tinham em comum o fato de vadas em 1850, ou seja, no período mencionado
estarem ligados à elite econômica e política da no texto. Todas as outras alternativas apresentam
época. A partir de 1847, ocorre o “parlamentaris- medidas que datam de outros momentos da his-
mo às avessas”, cujo maior e mais predominante tória do Brasil.

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poder era o Moderador.
14. D
9. C Com a abolição do tráfico negreiro, o império pas-
Das respostas apresentadas, apenas a terceira sou a substituir gradativamente a mão de obra es-

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alternativa dá conta do momento estudado. Du- crava pela de imigrantes europeus assalariados.
rante a república, essa oposição não tinha tanta Nesse sentido, a Lei de Terras aumentou o valor
preponderância quanto no Império, quando havia das terras para impedir que os imigrantes e seus

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XV

descendentes conseguissem a posse das terras da cidadania e da democracia, favorecendo uma


trabalhadas, o que manteve o controle territorial atuação consciente do indivíduo na sociedade.

HISTÓRIA 2
brasileiro nas mãos da velha elite latifundiária.
Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas
15. B obtidas no que se refere às mudanças nas legis-
A Lei Bill Aberdeen de 1848 inseriu-se no con- lações ou nas políticas públicas.
texto da pressão inglesa sobre as demais nações
19. E

Material do Professor
para erradicar o tráfico de escravizados e o siste-
ma escravista. Com isso, a Inglaterra ambicionava No texto, Lilia Schwarcz analisa como a imagem
expandir os mercados para seus produtos indus- construída em torno do imperador recorreu a ale-
trializados e assegurar suas zonas de influência. gorias que evocavam um Brasil tropical e natural.
Embora não fosse isenta de elementos europeus,
16. C essa imagem apoiava-se em características que
O depoente afirma que seus pais, imigrantes ita- distinguiam o Brasil em relação ao Velho Mundo:
lianos, chegaram ao Brasil e trabalharam no cam- café, tabaco (importantes produtos da economia
po para apenas mais tarde se transferirem para agroexportadora do país), fauna e flora tropicais
São Paulo. Ele também menciona as transforma- e o Cruzeiro do Sul.
ções ocorridas na cidade ao longo das décadas.
Competência: Compreender os elementos cul-
17. C turais que constituem as identidades.
O artigo permitiu que Brasil, Argentina e Uruguai
tivessem livre trânsito, isento de qualquer tarifa, Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
nas águas dos rios Alto Paraná e Paraguai que graficamente fontes documentais acerca de as-
fizessem parte do território paraguaio. pectos da cultura.

20. B
Estudo para o Enem
O texto evidencia a diminuição drástica no nú-
18. E mero de eleitores entre 1872 e 1886 e relaciona
O artigo citado possibilitava que os cidadãos se esse fato à reforma eleitoral de 1882, que ex-
isentassem de servir à Guarda Nacional caso indi- cluiu os analfabetos da participação política e do
cassem alguém para substituí-los. Tendo em vista direito à cidadania. É importante lembrar que no
o contexto escravocrata e censitário do período, os Brasil havia um número imenso de analfabetos,
cidadãos referidos eram os grandes proprietários ru- uma vez que o país ainda estava muito distante
rais. Estes, por terem a posse sobre a vida de seus de políticas massivas de educação e inclusão
escravos, podiam transformá-los em “voluntários socioeconômica.
compulsórios”. Como recompensa, os escravizados
que sobreviveram à Guerra do Paraguai obtiveram Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
a liberdade. Dessa forma, a medida consistiu em cos para compreender e valorizar os fundamentos
um importante mecanismo de reestruturação social da cidadania e da democracia, favorecendo uma
no contexto de crise do império e do escravismo. atuação consciente do indivíduo na sociedade.

Competência: Utilizar os conhecimentos históri- Habilidade: Relacionar cidadania e democracia


cos para compreender e valorizar os fundamentos na organização das sociedades.

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XVI

16 SEGUNDO REINADO: CULTURA E CRISE


HISTÓRIA 2

Comentários sobre o módulo substituição da mão de obra, promovendo cam-


Exploramos vários aspectos da história no Segun- panhas de atração de imigrantes europeus para
do Reinado, destacando a forma como os diferentes trabalharem nas lavouras cafeeiras do país. Esse
setores da vida social se conectavam nesse período. A momento histórico caracterizou-se pela moder-
análise dos fatores que desencadearam a abolição da nização e diversificação da economia brasileira.
Material do Professor

escravidão e a queda da monarquia evidencia a conexão


entre economia, política e sociedade. No volume 3 9. B
da coleção, dando sequência aos módulos de História No texto, a autora afirma que, para os abolicio-
do Brasil, trataremos da Primeira República. Apesar nistas americanos, o Brasil era um paraíso idílico
do recorte temático, a crise do Segundo Reinado e a no qual não existia o racismo característico dos
cultura do período são indissociáveis do que vem na Estados Unidos.
sequência. No aspecto cultural, no fim da monarquia já
tínhamos a transição do romantismo para o realismo – 10. A
Machado de Assis já estava em atividade – e a música A abolição da escravidão de 1888 inseriu-se no
da virada do século XIX para o XX tem suas bases ainda contexto de crise do império, que cairia no ano
no período monárquico. Em termos políticos, a Procla- seguinte, 1889. A reportagem, no entanto, aponta
mação da República explica-se pela própria monarquia. para a arquitetura da exclusão que foi desenha-
da no pós-abolição. De acordo com o texto, na
Para ir além maior parte dos casos os antigos escravos não se
Promova um debate com os alunos para eles perce- tornaram trabalhadores assalariados, tampouco
berem o processo em sua totalidade. Esse trabalho de- tiveram acesso a melhores condições de vida.
senvolve a capacidade de compreender e construir uma
narrativa histórica. As revoltas que ocorreram no período, 11. B
bem como a movimentação em torno da abolição são A economia cafeeira contribuiu para a crise do
temas bastante explorados no Enem e em vestibulares. Segundo Reinado à medida que, no interior do
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- setor, dois grupos entraram em oposição, um
picos de: deles do Oeste Paulista, contrário à escravidão.
• ALENCASTRO, L. F. de (Org.). História da vida pri-
vada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 12. E
1997. v. 2. O período regencial entrou para a história do Bra-
sil como um momento de grave instabilidade po-
• CARVALHO, J. M. de. Teatro de sombras: a política lítica e de sérios riscos para a unidade territorial,
imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. ameaçada por diversas revoltas separatistas nas
províncias. O Golpe da Maioridade de 1840 foi um
• COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república:
acordo entre as elites, que buscaram reforçar a
momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977.
centralidade administrativa e o poder do Estado.
• MATOS, O. N. de. Café e ferrovias: a evolução ferro-
viária de São Paulo e o desenvolvimento da cultura 13. D
cafeeira. São Paulo: Alfa-Ômega/Editora Sociologia Após a formação do Estado-nação, o Brasil bus-
e Política, 1974. cou construir uma identidade nacional em que
a natureza tropical e a herança indígena eram
Exercícios Propostos reforçadas como contrapontos a Portugal e ao
passado colonial.
7. C
A afirmativa 1 é incorreta, pois os quilombos não 14. D
foram espaços de escravos libertos no pós-aboli- Um dos elementos que caracterizaram a crise mo-
ção. Foram, na verdade, espaços de resistência nárquica das décadas de 1870 e 1880 foi a questão
de escravizados fugidos durante o período escra- religiosa, na qual o clero opôs-se ao imperador
em defesa dos valores propagados pelo Vaticano.

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vocrata. Já a afirmativa 3 está incorreta porque
a estrutura social dos quilombos não estava ba-
seada na lógica militar. 15. E
Os militares, sobretudo após o triunfo na Guerra

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8. C do Paraguai, passaram a demandar cada vez mais
Com a Lei Eusébio de Queirós, o Estado brasi- espaço na política e na sociedade. Dessa maneira,
leiro passou a se preocupar com um projeto de opondo-se ao império, o Exército aderiu aos ideais

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XVII

positivistas e republicanos, especialmente de matriz Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos


francesa. Essa questão culminou na Proclamação da sociais que contribuíram para mudanças ou rup-

HISTÓRIA 2
República em 1889, levada a cabo pelos militares. turas em processos de disputa pelo poder.

16. B 20. A
A afirmativa 3 está errada porque a Guerra do Pa- No texto, Machado de Assis aponta o caráter cris-
raguai encerrou-se em 1870, não correspondendo tão da memória construída acerca de Tiradentes

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a um acontecimento no período imediatamente no contexto de Proclamação da República e evi-
anterior à Proclamação da República. Ademais, dencia o aspecto cívico dessa figura, que tinha
não havia consenso acerca da abolição entre os por objetivo fomentar o sentimento de naciona-
militares. Já a afirmativa 4 está incorreta porque lidade em toda a população.
duque de Caxias não fez parte do movimento
republicano de crítica à monarquia. Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades.
17. A
Conforme trabalhado em questões do módulo an- Habilidade: Analisar a produção da memória pe-
terior, a reforma eleitoral de 1872 excluiu grande las sociedades humanas.
número de brasileiros da participação política ao
proibir o voto de analfabetos. Exercícios Interdisciplinares

Estudo para o Enem 21. A


O funcionamento descrito na primeira afirmação
18. D está correto. A segunda afirmação está errada
Enquanto o Partido Conservador defendia uma porque, como no decorrer do ciclo a temperatura
centralização cada vez maior do poder na capital varia, a energia interna também sofrerá variação.
do império, os liberais defendiam o federalismo, ou A última afirmação também está errada porque
seja, maior autonomia política para as províncias. é impossível transformar todo o calor recebido
em trabalho, uma vez que sempre há uma perda.
Competência: Compreender a produção e o papel
histórico das instituições sociais, políticas e eco- 22. C
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
Autótrofo é um organismo que produz o próprio
conflitos e movimentos sociais.
alimento. Considerando que as plantas utilizam
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu- minerais, água e gás carbônico para produzir seu
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais alimento, esses seres vivos criam moléculas or-
ao longo da História. gânicas utilizando substâncias inorgânicas.

19. A 23. A
O principal meio de propagação dos ideais aboli- Com uma menor oferta de alimentos, seu preço su-
cionistas foi a imprensa. biu vertiginosamente. A população, em grande parte
empobrecida e faminta, passava a gastar tudo o que
Competência: Compreender a produção e o papel tinha em alimentos, quando conseguia comprá-los,
histórico das instituições sociais, políticas e eco- não restando dinheiro para a compra de produtos
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, manufaturados. Com a queda desse consumo, o
conflitos e movimentos sociais. desemprego aumentou, o que agravou o problema.

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