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EXTENSIVO
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MATERIAL DO
PROFESSOR
Um bom material didático voltado ao vestibular deve ser maior que um grupo de
conteúdos a ser memorizado pelos alunos. A sociedade atual exige que nossos jo-
vens, além de dominar conteúdos aprendidos ao longo da Educação Básica, conheçam
a diversidade de contextos sociais, tecnológicos, ambientais e políticos. Desenvolver
as habilidades a fim de obterem autonomia e entenderem criticamente a realida-
de e os acontecimentos que os cercam são critérios básicos para se ter sucesso no
Ensino Superior.
O Enem e os principais vestibulares do país esperam que o aluno, ao final do Ensino
Médio, seja capaz de dominar linguagens e seus códigos; construir argumentações
consistentes; selecionar, organizar e interpretar dados para enfrentar situações-proble-
ma em diferentes áreas do conhecimento; e compreender fenômenos naturais, proces-
sos histórico-geográficos e de produção tecnológica.
O Pré-Vestibular do Sistema de Ensino Dom Bosco sempre se destacou no mer-
cado editorial brasileiro como um material didático completo dentro de seu segmento
educacional. A nova edição traz novidades, a fim de atender às sugestões apresentadas
pelas escolas parceiras que participaram do Construindo Juntos – que é o programa rea-
lizado pela área de Educação da Pearson Brasil, para promover a troca de experiências,
o compartilhamento de conhecimento e a participação dos parceiros no desenvolvi-
mento dos materiais didáticos de suas marcas.
Assim, o Pré-Vestibular Extensivo Dom Bosco by Pearson foi elaborado por uma
equipe de excelência, respaldada na qualidade acadêmica dos conhecimentos e na prá-
tica de sala de aula, abrangendo as quatro áreas de conhecimento com projeto editorial
exclusivo e adequado às recentes mudanças educacionais do país.
O novo material envolve temáticas diversas, por meio do diálogo entre os conteú-
dos dos diferentes componentes curriculares de uma ou mais áreas do conhecimento,
com propostas curriculares que contemplem as dimensões do trabalho, da ciência, da
tecnologia e da cultura como eixos integradores entre os conhecimentos de distintas
naturezas; o trabalho como princípio educativo; a pesquisa como princípio pedagógi-
co; os direitos humanos como princípio norteador; e a sustentabilidade socioambiental
como meta universal.
A coleção contempla todos os conteúdos exigidos no Enem e nos vestibulares de
todo o país, organizados e estruturados em módulos, com desenvolvimento teórico
associado a exemplos e exercícios resolvidos que facilitam a aprendizagem. Soma-se a
isso, uma seleção refinada de questões selecionadas, quadro de respostas e roteiro de
aula integrado a cada módulo.
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ORIGENS MEDIEVAIS DO
HISTÓRIA 1
ESTADO MODERNO
O QUE É ESTADO?
BRITISH LIBRARY, LONDRES, REINO UNIDO
• O que é Estado?
• Esferas de poder na Idade
Média
• Tentativas de centralização
política na Idade Média
• Monarquias nacionais: uma
visão processual
HABILIDADES
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
organizações políticas e
socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial.
• Interpretar diferentes
representações gráficas e
cartográficas dos espaços
geográficos.
• Comparar diferentes pontos
de vista, presentes em
textos analíticos e inter-
pretativos, sobre situações
ou fatos de natureza A iluminura representa a coroação de
histórico-geográfica acerca um rei inglês, possivelmente Eduardo
III. Coleção do Corpus Christi College,
das instituições sociais,
Cambrigde, Inglaterra.
políticas e econômicas.
Podemos dizer que, desde as primeiras civilizações da História, já havia alguma
forma de Estado. Os Estados teocráticos da Mesopotâmia e do Egito, as cidades-Es-
tado gregas (com o desenvolvimento da democracia em Atenas), a república e o im-
pério em Roma, por exemplo, podem ser considerados, de alguma forma, um Estado.
Com a especialização do trabalho trazida pelos excedentes da agricultura, quando
boa parte das pessoas não precisava mais se dedicar a conseguir alimentos, passou a
existir uma instituição que comandava militares, escribas e funcionários (como cobra-
dores de tributos, mensageiros, cozinheiros, limpadores, construtores, entre outros),
sendo responsável, ainda, por atividades como recolher tributos e abrir estradas,
construir monumentos, palácios, templos etc.
Depois de um período de descentralização política, a Idade Média, falamos agora
de outra forma de Estado. Se, antes, o Estado controlava um conjunto de cidades,
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ESFERAS DE PODER NA IDADE MÉDIA passasse a representar um poder máximo, o caminho foi
As relações de poder no período medieval foram es- longo, cheio de idas e vindas, nada tranquilo ou amisto-
HISTÓRIA 1
truturadas com base em domínios territoriais envolven- so. Foram verdadeiros confrontos, que, em determinados
do homens da guerra e da Igreja. Assim, quanto maior o contextos, contribuíram para ampliar a força dos reis e,
domínio territorial, maior era o poder político e a influên- em outros, dificultaram o exercício pleno do poder real.
cia na sociedade europeia. Veja, a seguir, as grandes questões que pontuaram
Pode-se afirmar que as relações de suserania e o processo de formação das monarquias nacionais na
vassalagem estabeleciam uma rede de compromissos Baixa Idade Média.
entre os membros da nobreza guerreira, garantindo dis-
tinções em seu interior com base nas dimensões do TENTATIVAS DE CENTRALIZAÇÃO
feudo e da quantidade de vassalos que um senhor feu- POLÍTICA NA IDADE MÉDIA
dal tinha a seu dispor. Dessa forma, hierarquias foram
instituídas, associadas aos títulos de nobreza (marquês, Caso inglês
duque, grão-duque, conde, visconde etc.). O senhor Antes das invasões vikings na Inglaterra, no século
que tinha mais vassalos era considerado rei e estava no XI, a região era dividida em sete reinos: East Anglia,
topo da hierarquia dos nobres. Sussex, Wessex, Essex, Mércia, Nortúmbria e Kent.
Essa era a heptarquia anglo-saxônica, constituída por
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LEEMAGE/UIG/FOTOARENA
territórios conquistados, os quais foram transferidos
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HISTÓRIA 1
Cópia certificada da Magna Carta.
Leia, a seguir, um trecho da Magna Carta: devem ser separados e não deveriam se sobrepor,
exceto nos casos especiais de crise, tais como uma
João, pela graça de Deus, rei da Inglaterra, senhor
heresia papal ou um abuso tirânico. Ockham tem
da Irlanda, duque da Normandia e da Aquitânia,
muito a dizer, sobretudo, em favor da instituição
conde de Anjou, aos arcebispos, bispos, abades,
do papado, mas energicamente opõe-se à doutrina
condes, barões, justiças, monteiros, viscondes, pre-
papalista da plenitudo potestatis do papa e enfatica-
bostes, servidores e a todos os ofícios e fiéis, saúde.
mente nega, em princípio, a dependência do poder
[...] Ninguém será forçado a realizar mais serviços
secular ao poder eclesiástico. Como regra geral, a
do que aqueles aos que esteja obrigado em razão do
Igreja deveria deixar a política mundana. Por exem-
seu feudo de cavaleiro ou de outra livre tenência.
plo, a consagração pelo papa não era uma condição
[...] Nenhum homem livre será detido, aprisionado
necessária para a legitimidade do imperador.
ou despojado dos seus direitos ou bens ou colocado
PECORARO, Rossano (Org.). Os filósofos: clássicos da filosofia.
fora da lei ou exilado ou destituído da sua condição
Petrópolis: Vozes, 2008. p. 176. v. 1.
de qualquer maneira que seja. Não procederemos
contra ele pela força, nem enviaremos outros que o
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O novo papa recebeu forte pressão de Filipe IV. Assim, se alterava com o renascimento comercial e urbano
teve curso o processo inquisitorial contra a ordem. O da Baixa Idade Média.
HISTÓRIA 1
Tréves Mayence
Praga e o abastecimento das populações citadinas que cres-
reen
REINO DA Hapsoure Styria ciam, até o impacto da peste negra, delineavam uma
de G
Clermont
Lyon
Milão Carniola REINO DA encontrava nas realezas e nos grandes senhorios o su-
Meri
40° HUNGRIA
Avignon Ferrara
N Gênova
porte necessário a um ajustamento político no quadro
RT DE
AL
REINO DE Florença
UG
PO EINO
CASTELA E LEÃO
das transformações sociais.
R
Roma
Nápoles Bari
Além disso, os deslocamentos do campo para a ci-
EMIRADO DE
REINO DE
dade e a insurgência de camponeses que se opunham
GRANADA
Mar Mediterrâneo NÁPOLIS
à servidão dificultavam a ordem feudal. Muitos acredi-
ÁFRICA
tavam que um poder mais distante dos conflitos locais
Cidades NO
N
NE Escala aproximada poderia garantir uma ordem geral, com o estabeleci-
1: 38 000 000
Obediência à Roma O L
0 380 760 km mento de uma ordem jurídico-estatal que dissipasse os
Obediência à Avignon SO SE
S Cada cm = 380 km conflitos da época. Daí a associação com a figura do rei
MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. se tornar, com o tempo, inevitável.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007. A própria Igreja passou a observar a importância das
monarquias para a estabilidade europeia e a manuten-
ção da ordem cristã. Os contatos entre os senhores
MONARQUIAS NACIONAIS: UMA VISÃO de guerra e a Igreja já eram conhecidos e apreciados.
PROCESSUAL A diferença agora estava na definição de competên-
Apesar das tensões inerentes às disputas entre as cias entre Estado e Igreja. Imaginava-se que um podia
esferas de poder e de os Estados monárquicos medie- se apoiar no outro para um ordenamento duradouro.
vais serem relativamente fracos, o processo de centra- Exemplo disso são os reis católicos na Península Ibéri-
lização do poder político ocorreu de forma consistente ca, que atuaram em seus nomes e em nome da Igre-
ainda na Idade Média: ja, lutando contra populações islamizadas na região
Esse processo foi acompanhado pelo desenvolvi- centro-sul da península. As monarquias se revestiam
mento da burguesia, pela ação de reis que aderiram de uma autoridade cristã transferida do papado para a
ao espírito cruzadista e por arranjos no interior da no- propagação da fé em Cristo por meio de expedições
breza para garantir a ordem em uma sociedade que militares, as Cruzadas.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
ORIGENS MEDIEVAIS DO ESTADO MODERNO
Poder medieval
Características:
Descentralizado.
Baseado na terra.
Poder real:
Tentativas de centralização
Caso inglês:
Magna Carta.
Caso francês:
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. UECE-CE – Leia com bastante atenção a “Fórmula de Nenhum homem livre será detido, preso ou privado de
Tours”, relativa ao séc. VIII d.C., que expressa um juramento seus bens [...] ou levado de qualquer maneira [...] salvo em
pelo qual um homem livre se encomendava a um senhor: virtude de um julgamento legal por seus pares [...]. A nin-
“Ao magnífico Senhor [...], eu [...]. Sendo bem sabido por to- guém venderemos, recusaremos [...] o direito ou a justiça.
dos quão pouco tenho para me alimentar e vestir, apelei por Todos os mercadores poderão livre e seguramente sair da
esta razão para a vossa piedade, tendo vós decidido permitir- Inglaterra, aí vir e morar e aí passar, por terra ou por mar,
-me que eu me entregue e encomende ao vosso mundobur- para comprar e vender [...].
dus; o que fiz nas seguintes condições: devereis ajudar-me e Instituímos e concedemos aos nossos barões a garantia
sustentar-me tanto em víveres como em vestuário, enquanto seguinte: eles elegerão 25 barões de reino, que lhes aprou-
vos puder servir e merecer; e eu, enquanto for vivo, deverei verem, os quais deverão com todo o seu poder observar,
prestar-vos serviço e obediência como um homem livre, sem manter e fazer observar a paz e as liberdades que nós con-
que me seja permitido, em toda a minha vida, subtrair-me ao cedemos e confirmamos pela presente carta. [...]"
vosso poder e mundoburdus, mas antes deverei permanecer, Apud Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de
para todos os dias da minha vida, sob o vosso poder e defesa. História, volume II, 1976.
Logo, fica combinado que, se um de nós quiser deixar esta
convenção, pagará [...] soldos à outra parte e o acordo perma- O trecho refere-se:
necerá firme. Parece-nos pois conveniente que as duas partes a) à Declaração de Direitos, de 1689, na qual o rei Stuart
interessadas façam entre si e confirmem dois documentos do Jaime II perde todo o seu poder para o Conselho Co-
mesmo teor, o que assim fizeram.” mum dos 25 Barões, e que impõe a liberdade econô-
ESPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais.
mica e política no Reino da Inglaterra.
Lisboa: Sá da Costa Editora, 1972. b) ao Conselho Comum dos 25 Barões, órgão do qual
nascerá a Câmara dos Lordes, isto é, o Parlamento in-
Esse juramento era proferido em um ritual que funda- glês, em 1215, para limitar os abusos do rei João Sem-
mentava o sistema feudal. Após proferi-lo, um homem -Terra, garantindo a justiça e a liberdade econômica.
passava a ser:
c) à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
a) senhor feudal. de 1689, limitadora dos poderes do rei Tudor Henrique
A questão trata da dinâmica do
b) vassalo de um senhor. poder medieval, cuja transfor- VIII que, de forma violenta e arbitrária, aumentava os
mação foi estudada neste mó- impostos, prejudicando o comércio da Inglaterra.
c) domínio de um senhorio. dulo, e aborda a relação de um d) ao acordo da Guerra das Duas Rosas, que estabele-
d) suserano de um feudo. vassalo com seu senhor.
ceu o fim dos conflitos internos, em 1485, possibi-
litando ao rei Tudor Henrique VII a concentração do
2. Ibade-PB – Leia o texto:
poder em suas mãos, com o apoio do Conselho Co-
“VII. Que somente a ele (o papa) é lícito legislar segun- mum dos 25 Barões.
do as necessidades da época, formular leis novas, reunir e) às cláusulas da paz, estabelecidas após a Revolução
novas congregações, fundar uma abadia canônica e, por Puritana, em 1649, com a morte do rei Stuart Carlos
outro lado, dividir um bispado que seja rico e unir os que I, que favorecem os ricos comerciantes ingleses, re-
sejam pobres. presentados no Conselho Comum dos 25 Barões.
Questão que trata da resposta aos abusos de João Sem-Terra, uma das
VIII. Que somente a ele (o papa) é permitido usar a insíg- primeiras tentativas de centralização do poder na Idade Média. As outras
nia imperial. alternativas falam de momentos muito diferentes, que não têm relação
com o Conselho Comum dos 25 Barões no século XIII.
IX. Que somente os pés do papa podem ser beijados pelos
Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
príncipes todos."
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo
Gregorio VII. Dictatus Papae. uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se
O fragmento acima, extraído da Dictatus Papae, faz refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
parte das reformas gregorianas e refere-se ao conflito
entre as duas espadas ou gládios que na Baixa Idade 4. Mackenzie-SP – Sobre a Carta Magna inglesa de 1215,
Média representou o conflito entre o poder: é correto afirmar que:
a) foi assinada pelo rei João Sem-Terra, consolidando
a) temporal e os senhores feudais.
a separação entre a Inglaterra e o papa, tornando-o
b) temporal dos reis e as ordens mendicantes. chefe da Igreja.
c) temporal dos reis e o poder espiritual dos papas. b) determinou que os bens da Igreja passariam às mãos
d) espiritual dos papas e o poder espiritual dos patriar- da nobreza inglesa que apoiava o rei João Sem-Terra,
cas do Oriente. instituindo a monarquia constitucional.
e) espiritual do papa e o clero regular c) proclamou o rei João Sem-Terra Lorde Protetor da In-
Esta questão trabalha com a fonte do poder de cada estamento medieval. glaterra, Escócia e Irlanda, desencadeando uma onda
Neste módulo, falamos da gênese desse sistema, no qual o poder dos reis de nacionalismo extremado.
era temporal – ou seja, não religioso, secular –, enquanto o do papa era
espiritual. As reformas gregorianas citadas foram feitas pelo papa Gregório d) foi imposta pela nobreza inglesa ao rei João Sem-Ter-
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5. FGV-SP – Sobre a formação do absolutismo na França, 6. UFRN-RN (adaptado) – Desde a época dos apóstolos,
HISTÓRIA 1
é incorreto afirmar que: a Igreja cristã afirmava-se una, mas isso não a impedia
a) seus antecedentes situam-se, também, nos reinados de assumir características peculiares em diversos terri-
de Felipe Augusto, Luís IX e Felipe IV, entre os sécu- tórios. Em 1054, as diferenças no seio da cristandade
los XII e XIV. provocaram o Cisma do Oriente, que dividiu a Igreja Or-
b) fez-se necessária nesse processo a centralização dos todoxa e a Apostólica Romana. Entre 1378 a 1417, houve
exércitos, dos impostos, da Justiça e das questões o Cisma do Ocidente, que se caracterizou:
eclesiásticas. a) pelo fracionamento da Igreja Oriental em duas.
c) a abolição da soberania dos nobres feudais não teve b) pelo desmembramento do Tribunal da Inquisição,
um importante papel nesse contexto. com uma seção liderada pelo papa na Igreja Católica
d) a Guerra dos Cem Anos foi fundamental nesse Romana e outra chefiada pelo Patriarcado de Cons-
processo. tantinopla na Igreja Ortodoxa.
e) durante esse processo a aliança com a burguesia fez- c) pela separação entre o poder espiritual, comandado
-se necessária para conter e controlar a resistência pelo papa no Ocidente; e o poder temporal, exercido
de nobres feudais. pelo imperador bizantino no Oriente.
A monarquia nacional francesa teve como papel decisivo a centrali-
d) por divergências políticas que levaram o papado a ser
zação política na figura do rei. Para isso, houve uma desarticulação transferido para a cidade de Avignon e a Igreja Oci-
dos poderes descentralizados dos senhores feudais. dental a ter dois papas.
O Cisma do Ocidente, que faz parte das primeiras tentativas de cen-
tralização do poder na França, foi um rompimento do rei francês com
a Igreja Católica, fazendo de Avignon uma nova capital religiosa e no-
meando um segundo papa.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Fuvest-SP – No processo de formação dos Estados na- d) o conflito religioso, que instalou um papa em Avignon
cionais da França e da Inglaterra, podem ser identifica- e outro em Roma, perturbando por décadas a concór-
dos os seguintes aspectos: dia interna da Igreja.
a) fortalecimento do poder da nobreza e retardamento e) o confronto entre a Igreja de Roma e a de Constanti-
da formação do Estado moderno. nopla, que resultou na cisão entre os ramos grego e
b) ampliação da dependência do rei em relação aos se- romano do catolicismo.
nhores feudais e à Igreja.
10. Fuvest-SP – A peste, a fome e a guerra constituíram os
c) desagregação do feudalismo e centralização política. elementos mais visíveis e terríveis do que se conhece
d) diminuição do poder real e crise do capitalismo co- como a crise do século XIV. Como consequência dessa
mercial. crise, ocorrida na Baixa Idade Média:
e) enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o Es- a) o movimento de reforma do cristianismo foi inter-
tado e a Igreja. rompido por mais de um século, antes de reaparecer
com Lutero e iniciar a modernidade.
8. Unesp-SP – A respeito da formação das monarquias na- b) o campesinato, que estava em vias de conquistar a
cionais europeias na passagem da Idade Média para a liberdade, voltou novamente a cair, por mais de um
época moderna, é correto afirmar que: século, na servidão feudal.
a) o poder político dos monarcas firmou-se graças ao c) o processo de centralização e concentração do poder
apoio da nobreza, ameaçada pela força crescente da político intensificou-se até se tornar absoluto, no iní-
burguesia. cio da modernidade.
b) a expansão muçulmana e o domínio do Mar Mediter- d) o feudalismo entrou em colapso no campo, mas
râneo pelos árabes favoreceram a centralização. manteve sua dominação sobre a economia urbana
c) uma das limitações mais sérias dos soberanos era a até o fim do Antigo Regime.
proibição de organizarem exércitos profissionais. e) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos preju-
d) o poder real firmou-se contra a influência do papa e o dicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com a
ideal de unidade cristã, dominante no período medieval. burguesia.
e) a ação efetiva dos monarcas dependia da concordân-
cia dos principais suseranos do reino. 11. Mackenzie-SP
“Em 1215, os grandes senhores feudais da Inglaterra im-
9. UFRGS-RS (adaptado) – O assim denominado Gran- puseram ao rei João a assinatura da Magna Carta, na qual
de Cisma do Ocidente teve como uma de suas con- o obrigavam a reconhecer os antigos direitos da nobreza.
sequências: Em um dos seus trechos, o rei João admitia que ‘para me-
a) a Reforma Calvinista, que, ao pregar a predestinação e lhor pacificação da nossa disputa com os barões, [...] lhes
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picamente feudal, posteriormente veio a se tornar um “Em outubro de 1347, navios mercantes genoveses chega-
importante documento para garantir liberdades a todas ram ao Porto de Messina. Os marinheiros doentes tinham
as categorias sociais, na medida em que: estranhas inchações escuras, do tamanho de um ovo ou
a) a alta nobreza teve seus poderes políticos e econô- uma maçã, nas axilas e virilhas, que purgavam pus e san-
micos limitados devido às medidas tomadas pelo rei gue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras
João em favor dos camponeses. por todo o corpo. Sentiam muitas dores e morriam rapida-
b) o rei João concedia aos nobres rebeldes o direito de mente cinco dias depois dos primeiros sintomas.”
confiscarem seus castelos, terras e outras posses- TUCHMAN, Barbara W. Um espelho distante: o terrível século XIV.
sões, caso ele violasse a Magna Carta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.
c) a Assembleia dos Barões, prevista na Magna Carta, Cerca de 25 milhões de pessoas morreram entre os
levou à formação do Parlamento, com duas câmaras, anos de 1347 e 1350. Dentre os fatores que contribuí-
que exerciam funções legislativas e limitavam os po- ram para esse acontecimento destacamos:
deres reais.
a) a formação do modo de produção feudal.
d) a Câmara dos Lordes, que reunia os nobres leigos e
b) a decadência e posterior desaparecimento da dinas-
eclesiásticos escolhidos pelo rei, tornou-se o órgão
tia carolíngia na Europa medieval.
legislativo do Parlamento, cabendo-lhe o controle da
cobrança dos tributos do Estado. c) o aumento do intercâmbio comercial entre Europa e
Oriente após as Cruzadas.
e) o rei continuava tendo poder absoluto sobre as deci-
d) o fim da Guerra dos Cem Anos entre a França e a
sões, de modo que a Assembleia dos Barões possuía
Inglaterra devido à peste negra.
um caráter meramente decorativo.
e) a expansão marítima e comercial europeia e a desco-
12. Mackenzie-SP – A peste negra, que dizimou cerca de berta do Novo Mundo.
um terço da população europeia, as revoltas campone- 16. UFPE-PE (adaptado) – A Idade Média foi um período em
sas ocasionadas pelo precário equilíbrio da produção que ocorreram também articulações políticas que procu-
agrícola e a Guerra dos Cem Anos, entre França e Ingla- ravam fortalecer certas monarquias nacionais existentes.
terra, foram responsáveis: Na França, logo no início da Idade Média, houve tentativas
a) pela formação da sociedade feudo-clerical. de centralização política. Indique se as afirmações a seguir
b) pela crise do mercantilismo econômico. são verdadeiras (V) ou falsas (F) no que se refere à monar-
quia francesa no período dos Capetíngios:
c) pelo fortalecimento da nobreza em detrimento do po-
der real.
( ) houve fortalecimento da nobreza, na época de
d) pela aceleração da crise do absolutismo. Hugo Capeto, com uma política de esvaziamento
e) pela crise do feudalismo e consolidação do poder real. dos interesses da burguesia emergente.
( ) os contatos entre o rei Felipe Augusto e a bur-
13. UEL-PR – Uma das consequências das Cruzadas foi a guesia foram significativos, favorecendo o fortale-
consolidação do renascimento comercial europeu, ao: cimento do exército.
a) interromper a expansão dos francos do norte da Eu- ( ) o rei Felipe Augusto fracassou em suas tentativas
ropa e ao impedir que o comércio ficasse monopoli- de conquistar a Normandia, sendo derrotado pelo
zado pelas cidades de Antuérpia e Amsterdã. exército de João Sem-Terra.
b) expulsar os árabes do Mediterrâneo e ao permitir o ( ) no reinado de Felipe Augusto IV, as relações diplo-
domínio do comércio pelas cidades italianas na re- máticas se tornaram tensas com a Igreja Católica,
gião, principalmente Gênova e Veneza. que ameaçou o rei de excomunhão.
c) estender o controle comercial do pontificado romano ( ) existiram tentativas de centralização política, que
a todo o continente, favorecendo as cidades de Flan- ajudaram no fortalecimento de certos interesses
dres e Champagne. da burguesia emergente.
d) possibilitar a apropriação pelos mercadores euro-
17. Unifesp-SP – Ao longo da Baixa Idade Média, a Igreja (com
peus dos centros comerciais dominados pelos bre-
tões e florentinos. o papa à frente) e o Estado (com o imperador ou rei à fren-
te) mantiveram relações conflituosas como, por exemplo,
e) generalizar o comércio baseado na troca direta, her- durante a chamada “Querela das Investiduras”, nos séculos
dado dos povos germanos e saxões.
XI e XII, e a transferência do papado para Avignon, no sul da
França, no século XIV. Sobre essa disputa, indique:
14. Mackenzie-SP (adaptado) – O Cisma do Ocidente,
Cisma Papal ou Grande Cisma foi um momento de acir- a) Os motivos.
ramento na Igreja Católica e que durou de 1378 a 1417.
Uma de suas consequências foi:
a) a criação da Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
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HISTÓRIA 1
18. Enem C3-H11 descubro uma ideia pessoal e quero torná-la pública, atri-
“No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média buo-a a outrem e declaro: – Foi fulano de tal que o disse,
– no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvi- não sou eu. E para que acreditem totalmente nas minhas
mento urbano ligado às funções comercial e industrial – di- opiniões, digo: – O inventor foi fulano de tal, não sou eu.”
gamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade
um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades Média: textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000.
nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo
ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a Nos textos são apresentados pontos de vista distintos so-
um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma bre as mudanças culturais ocorridas no século XII no Oci-
dente. Comparando os textos, os autores discutem o(a):
atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual
– esse homem só aparecerá com as cidades.” a) produção do conhecimento face à manutenção dos
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. argumentos de autoridade da Igreja.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. b) caráter dinâmico do pensamento laico frente à estag-
nação dos estudos religiosos.
O surgimento da categoria mencionada no período em
c) surgimento do pensamento científico em oposição à
destaque no texto evidencia o(a):
tradição teológica cristã.
a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. d) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão do e razão.
trabalho. e) construção de um saber teológico científico.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar. 20. Enem C1-H1
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. “Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de
ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço
geográfico, através da pesquisa científica e da invenção
19. Enem C3-H15
tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa
Texto I aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o
“Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.”
da ciência a não ser lendo, com um amor sempre mais SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Ed. da Unicamp, 1984.
vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os
porcos! Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos O texto apresenta um espírito de época que afetou
Antigos. Para eles irão todos os meus cuidados e, todos também a produção artística, marcada pela constante
os dias, a aurora me encontrará entregue ao seu estudo.” relação entre:
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade a) fé e misticismo.
Média: textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000. b) ciência e arte.
Texto II c) cultura e comércio.
“A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admi- d) política e economia.
tir tudo o que parece vir dos modernos. Por isso, quando e) astronomia e religião.
• Os primeiros Estados
modernos
• Portugal e Espanha
• Guerras de reconquista
• França e Inglaterra
• Guerra dos Cem Anos
(1337-1453)
• Guerra das Duas Rosas
(1455-1485)
• Construção do absolutismo
real da época moderna
• Teóricos do Estado
moderno
HABILIDADES
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
organizações políticas e
socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial. Arte em azulejos representando a reconquista de Ceuta, fato fundador do Império Português, que, junto à
Espanha, foi pioneiro na formação dos Estados nacionais.
• Interpretar diferentes
representações gráficas e
No módulo anterior, você conheceu as origens medievais do Estado moderno e
cartográficas dos espaços
as primeiras tentativas de centralização do poder, em oposição ao poder descentra-
geográficos.
lizado e territorializado da Idade Média.
• Comparar diferentes pontos
Agora, você conhecerá a outra ponta desse processo: a formação dos primeiros
de vista, presentes em textos
Estados modernos. Vinculados à formação de exércitos nacionais, à influência da
analíticos e interpretativos,
sobre situações ou fatos burguesia que então se formava como uma classe poderosa e à necessidade de
de natureza histórico- padronização para facilitar a circulação de mercadorias, esses Estados foram es-
-geográfica acerca das senciais para consolidar a economia mercantilista que estão se afirmava e ganhava
instituições sociais, força. Como isso tudo aconteceu? É o que você verá a seguir.
políticas e econômicas.
PORTUGAL E ESPANHA
GUERRAS DE RECONQUISTA
O processo de formação das monarquias nacionais da Península Ibérica associa-
-se às campanhas contra os mouros (povos islâmicos) localizados no centro-sul da
região. Os pequenos reinos cristãos do norte empreenderam guerras segundo o
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17
HISTÓRIA 1
5ºL 5ºL
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO ATLÂNTICO
Reinos reconquistados
Portugal NO
N
NE Escala aproximada
Leão e Castela 1: 21 500 000
O L
Navarra 0 215 430 km
SO SE
Aragão S Cada cm = 215 km
Domínios muçulmanos
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A rendição de Granada (1882), de Francisco Pradilla Ortiz. Óleo sobre tela. A imagem retrata a rendição de Granada, último reduto islâmico, aos reis
Fernando e Isabela.
Mar Mediterrâneo
EMIRADO DE
GRANADA
N
Escala aproximada
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A princípio, a guerra foi um conflito pelo controle Foi no quadro da Guerra dos Cem Anos que os
do trono francês entre duas famílias aparentadas dos exércitos nacionais foram criados, os tribunais reais
HISTÓRIA 1
Capeto. A primeira detinha o título de realeza da In- passaram a ter maior poder e os interesses econômi-
glaterra, como já mencionado: a família Plantageneta. cos envolvendo comércio e manufaturas tiveram curso
Embora Plantageneta e Capeto fossem rivais, houve com o apoio do poder real.
um casamento entre a filha de Filipe IV, o Belo; e o rei
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Thomas Hobbes
NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO
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Em Leviatã, Thomas Hobbes propõe que em condi- Na obra Os seis livros da república (1675), Bodin
ção de natureza os homens encontram-se em estado traça um paralelo entre a organização do Estado e da
HISTÓRIA 1
de guerra, sendo a paz possível apenas se renunciarem família para extrair conclusões acerca do poder sobe-
ao poder de autogoverno em nome do poder do rei. rano do rei. De acordo com François Châtelet:
Isso dá ao poder um caráter contratual, estabelecen- (Bodin) Considera que a existência de um poder pú-
do o poder político por meio de um consentimento blico unificado e unificante é um dado de fato de toda
coletivo, ou seja, social, em nome da paz e de uma sociedade histórica; e pergunta sobre o que caracteriza
ordem possível. essencialmente esse poder. A resposta é clara e forte: a
A base do pensamento de Hobbes encontra-se ex- “potência soberana”, a que se exerce por meio de “um
pressa, de forma sintética, nas considerações de João reto governo de vários lares e do que lhes é comum”.
Paulo Monteiro, que diz: Esse é o “estado da república”, ou para falar breve-
“O homem é o lobo do homem” é uma das frases mais mente, o Estado [...] Deve-se observar, antes de mais
repetidas por aqueles que se referem a Hobbes. Essa nada, que o Estado pressupõe os “lares”, ou seja, as fa-
máxima aparece coroada por uma outra, menos cita- mílias; essas estão colocadas sob a autoridade paterna,
da, mas igualmente importante: “a guerra de todos que está por sua vez colocada sob a autoridade da po-
contra todos”. Ambas são fundamentais como sínte- tência soberana no que se refere às questões públicas.
se do que Hobbes pensa a respeito do estado natural CHÂTELET, François. História das ideias políticas. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2000. p. 46.
em que vivem os homens. O estado de natureza é o
modo de ser que caracterizaria o homem antes de Jacques Bossuet
seu ingresso no estado social. O altruísmo não seria,
entregá-lo a um soberano capaz de promover a paz. Na obra Política segundo as sagradas escrituras,
Não submetido a nenhuma lei, o soberano absolu- Bossuet procurou associar o poder do rei a uma inspi-
to é a própria fonte legisladora. A obediência a ele ração divina, defendendo a teoria do direito divino dos
deve ser total. reis. Conforme Bossuet:
MONTEIRO, João Paulo. Os pensadores. São Paulo: Todo o poder vem de Deus. Os governantes, pois,
Abril Cultural, 2000.
agem como ministros de Deus e seus representantes
na terra. Consequentemente, o trono real não é o tro-
no de um homem, mas o trono do próprio Deus. Re-
Jean Bodin sulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada e que
atacá-lo é sacrilégio. O poder real é absoluto. O prín-
cipe não precisa dar contas de seus atos a ninguém.
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
CENTRALIZAÇÃO DO PODER
Processo até a dinastia Tudor: A ausência de Ricardo Coração de Leão (Terceira Cruzada) for-
talece os barões ingleses. A tentativa de centralização de João Sem-Terra desagrada o clero e a nobreza.
Inglaterra
Imposição da Carta Magna, sujeitando o poder real. A derrota para a França na Guerra dos Cem Anos
gera crise interna, culminando na Guerra das Duas Rosas, que consolida a dinastia Tudor. Início da
centralização na Inglaterra.
Unificação: O processo de formação das monarquias nacionais de Portugal e da Espanha está asso-
Portugal:Torna-se o primeiro Estado moderno europeu após a Revolução de Avis. Associação do rei
Portugal e com a burguesia, que financia a monarquia em troca da expansão comercial.
Espanha
Espanha: É unificada após o casamento de Isabel (de Castela) e Fernando (de Aragão).
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. FGV-RJ C3-H15 d) derivou da disputa por territórios recém-descobertos
“Da mesma forma que a Terra Santa, ainda que com identi- por franceses no norte da África, mas que eram es-
dade menor, a Península Ibérica possibilitava a reunião das tratégicos para a expansão da economia inglesa, já
produtora de manufaturados.
ideias de paz (luta no exterior da cristandade), de Guerra
Santa (engrandecimento da Igreja em terra anteriormen- e) desenvolveu-se no contexto das reformas religiosas,
te cristã) e de peregrinação (corpo santo apostólico em obrigando cada nação europeia a se posicionar na
defesa ou não do papado, fator principal do conflito
Santiago de Compostela). A Reconquista revelou-se espe-
bélico entre franceses e ingleses.
cialmente atraente, o que é significativo, para o centro-sul A Guerra dos Cem Anos foi acompanhada por um longo processo de
francês [...] cujos cavaleiros foram os mais constantes par- centralização do poder na Inglaterra e na França. Não há relação entre
ticipantes ultramontanos da luta antimoura na península.” essa guerra e diferentes leituras econômicas, formação de aliança en-
tre Inglaterra e Portugal, disputa por territórios no norte da África ou
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros:
mesmo reformas religiosas.
feudoclericalismo e religiosidade em Castela medieval. São Paulo:
Hucitec, 1990. p. 161.
3. UFSC-SC – Identifique se são verdadeiras (V) ou fal-
Sobre a Reconquista ibérica, é correto afirmar que se sas (F) as afirmativas abaixo com relação à Guerra dos
trata de: Cem Anos:
a) um conjunto de guerras e conquistas territoriais cujas ( ) A guerra contribuiu para consolidar o regime feu-
motivações foram semelhantes àquelas que esti- dal na França e na Inglaterra.
mularam a ação dos cristãos durante as Cruzadas. ( ) Uma das causas da guerra foi o controle de terri-
b) um movimento dirigido pelos comerciantes caste- tórios franceses pela Inglaterra.
lhanos, interessados em se apropriar das riquezas e ( ) O principal objetivo de Joana d´Arc era levar o Del-
rotas mercantis do mundo islâmico. fim a Reims para ser coroado como Carlos VII, rei
c) um movimento sem vinculação às crenças religio- da França.
sas e devocionais cristãs e estimuladas pelo avanço ( ) A guerra não foi contínua e entre as razões da
científico precoce da Península Ibérica. interrupção das hostilidades estão as tréguas e a
d) uma incursão de cavaleiros a serviço da monarquia peste negra.
francesa com o intuito de anexar a Península Ibérica Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
e reestruturar o antigo Império Carolíngio. reta, de cima para baixo:
e) um movimento essencialmente religioso que visava
a combater o fanatismo muçulmano e estabelecer a) V – V – F – F d) F – V – F – F
monarquias cristãs que respeitassem a liberdade b) F – V – V – V e) F – F – V – V
religiosa na Península Ibérica. c) F – V – F – V
A Reconquista é um momento importante para a fundação dos Estados A primeira afirmativa é falsa porque não houve consolidação do regime
modernos, os primeiros da Europa: Portugal e Espanha. Está correto feudal, pelo contrário, houve a sua decadência e desestruturação enquan-
comparar essa guerra às Cruzadas, uma vez que havia a oposição entre to acontecia o processo de centralização do poder nas mãos dos reis.
os “fiéis” (católicos) e os “infiéis” (muçulmanos).
4. Fuvest-SP
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes “É praticamente impossível treinar todos os súditos de um
grupos, conflitos e movimentos sociais. [Estado] nas artes da guerra e ao mesmo tempo mantê-los
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, obedientes às leis e aos magistrados.”
econômicos ou ambientais ao longo da História.
(Jean Bodin, teórico do absolutismo, em 1578)
2. FGV-SP
Essa afirmação revela que a razão principal de as mo-
“Guerra dos Cem Anos – Denominação dada a uma sé- narquias europeias recorrerem ao recrutamento de
rie de conflitos ocorridos entre a França e a Inglaterra no mercenários estrangeiros, em grande escala, devia-se
período 1337-1475. O termo, que vem sendo considerado à necessidade de:
impróprio, é uma criação moderna dos historiadores do
a) conseguir mais soldados provenientes da burguesia,
século XIX, introduzido nos manuais escolares. [...]. Al-
a classe que apoiava o rei.
guns historiadores têm mesmo proposto que seja utilizada
a expressão ‘cem anos de guerra’ e não a tradicional.” b) completar as fileiras dos exércitos com soldados
profissionais mais eficientes.
AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e
conceitos históricos. Apud Luiz Koshiba. História: origens, estruturas c) desarmar a nobreza e impedir que esta liderasse as
e processos. demais classes contra o rei.
d) manter desarmados camponeses e trabalhadores
Sobre essa guerra, é correto afirmar que: urbanos e evitar revoltas.
a) decorreu diretamente da chamada crise do século e) desarmar a burguesia e controlar a luta de classes
XIV, pois a Inglaterra e a França tinham leituras diver- entre esta e a nobreza.
gentes da paralisia econômica que atingiu a Europa Jean Bodin é um dos intelectuais que teorizaram o Estado absolutista.
ocidental desde os primeiros anos desse século. No fragmento citado, ele discute como o poder central busca força
militar sem ficar vulnerável a rebeliões em seu próprio território.
b) resultou da imediata reação da França, aliada dos
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da inglesa, conseguiu conciliar os dois 6. Faap-SP – Principalmente a partir do século XVI, vários
HISTÓRIA 1
grupos. Henrique VII foi o primeiro rei da dinastia dos autores passam a desenvolver teorias justificando o
. O fim dos conflitos possibilitou um pe- poder real. São os legistas que, através de doutrinas
ríodo de concentração do poder na figura do rei, que leigas ou religiosas, tentam legalizar o absolutismo. Um
culminaria no absolutismo inglês dos séculos seguintes. deles é Maquiavel: afirma que a obrigação suprema do
governante é manter o poder e a segurança do país que
Assinale a alternativa que apresenta corretamente as
governa. Para isso deve usar de todos os meios dispo-
palavras que completam o texto na sequência em que
níveis, pois que “os fins justificam os meios.” Professou
aparecem:
suas ideias na famosa obra:
a) York; Lancaster; nobreza; Stuart.
a) Leviatã.
b) York; Lancaster; burguesia; Tudor.
b) Do direito da paz e da guerra.
c) York; Lancaster; burguesia; Stuart.
c) República.
d) Lancaster; York; nobreza; Tudor.
d) O príncipe.
e) Lancaster; York; burguesia; Stuart.
e) Política segundo as sagradas escrituras.
Maquiavel é um dos teóricos do Estado absolutista. Sua obra principal
A Guerra das Duas Rosas, entre as famílias York e Lancaster, é o centro e mais determinante é O príncipe, como foi visto neste módulo.
do processo de centralização do poder na Inglaterra sob a dinastia
Tudor, que inaugura o absolutismo inglês com o apoio da burguesia.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. FGV-SP – Sobre as relações entre os reinos ibéricos e e) o surgimento de uma vanguarda cultural religiosa e
a expansão ultramarina, é correto afirmar que a: a forte influência do ceticismo francês defensor do
a) centralização do poder no Reino Português só ocor- direito divino dos reis.
reu após a vitória contra os muçulmanos na Guerra
de Reconquista, o que garantiu o estabelecimento de 9. Uema-MA
alianças diplomáticas com os demais reinos ibéricos, “Para Thomas Hobbes, os seres humanos são livres em seu
condição para sanar a crise do feudalismo por meio estado natural, competindo e lutando entre si, por terem
da expansão ultramarina. relativamente a mesma força. Nesse estado, o conflito se
b) Guerra de Reconquista teve papel importante na orga- perpetua através de gerações, criando um ambiente de
nização do Estado português, uma vez que reforçou o tensão e medo permanente. Para esse filósofo, a criação de
poder do rei como chefe político e militar, garantindo a uma sociedade submetida à lei, na qual os seres humanos
centralização do poder, requisito para mobilizar recur- vivam em paz e deixem de guerrear entre si, pressupõe que
sos a fim de bancar a expansão marítima e comercial. todos renunciem à sua liberdade original. Nessa socieda-
c) canalização de recursos, organizada pelo Estado por- de, a liberdade individual é delegada a um só dos homens
tuguês para a expansão ultramarina, só foi possível que detém o poder inquestionável, o soberano.”
com a preciosa ajuda do capital dos demais reinos
MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e
da Península Ibérica na Guerra de Reconquista, in-
poder de um Estado eclesiástico e civil. Trad. João Paulo Monteiro e
teressados em expulsar o invasor muçulmano que
Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
havia fechado o rentável comércio no Mediterrâneo.
A teoria política de Thomas Hobbes teve papel funda-
d) expansão marítima e comercial precisou de recur-
sos promovidos pelo Reino Português, ainda não mental na construção do sistema político contempo-
unificado, que usou a Guerra de Reconquista para râneo que consolidou a(o):
garantir a sua unificação política contra os demais a) monarquia paritária.
reinos ibéricos, que lutavam ao lado dos muçulmanos b) despotismo soberano.
como forma de impedir o fortalecimento do futuro
Estado luso. c) monarquia republicana.
e) vitória do Reino de Portugal contra os muçulmanos d) monarquia absolutista.
foi garantida pela ajuda militar e financeira do Estado e) despotismo esclarecido.
espanhol, já unificado, o que permitiu também a ex-
pansão marítima e comercial, condição essencial para 10. UEMG-MG – O absolutismo como forma de governo
o fim da crise do feudalismo na Europa Ocidental. esteve presente na Península Ibérica, na França e na
Inglaterra, tendo impactado e influenciado as maiores
8. UEL-PR – Por volta do século XVI, associa-se à formação economias de seu tempo. Seus pensadores mais co-
das monarquias nacionais europeias: nhecidos e suas teorias foram:
a) a demanda de protecionismo por parte da burguesia a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo esta-
mercantil emergente e a circulação de um ideário va subordinado ao Estado; Thomas Hobbes, criador da
político absolutista. teoria do contrato; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que
b) a afirmação político-econômica da aristocracia feudal defenderam que o rei era um representante divino.
e a sustentação ideológica liberal para a centralização b) Nicolau Maquiavel e a teoria do contrato; Thomas
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d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o con- c) a história é compreendida como retilínea, portanto a
HISTÓRIA 1
trato social; Jacques Bossuet, que estabeleceu o ordem é resultado necessário do desenvolvimento
conceito de individualismo primordial; e Jean Bodin, e aprimoramento humano, sendo impossível que o
que defendeu a primazia da esfera governamental. caos se repita.
d) a ordem na política é inevitável, uma vez que o âm-
11. Uespi-PI – O poder dos reis tinha, na época do absolu- bito dos assuntos humanos é resultante da materia-
tismo, respaldo em ideias de filósofos, como Hobbes, e lização de uma vontade superior e divina.
fortalecia a centralização de suas ações colonizadoras
e) há uma ordem natural e eterna em todas as questões
no tempo das navegações. Os reis do absolutismo: humanas e em todo o fazer político, de modo que a es-
a) encontraram apoio dos papas da Igreja Católica, que tabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.
concordavam, sem problemas, com o autoritarismo
dos reis e a existência das riquezas vindas das colônias. 14. Mackenzie-SP – O florentino Nicolau Maquiavel (1469-
b) eram desfavoráveis ao crescimento político da burgue- -1527) rompeu com a religiosidade medieval, estabele-
sia, pois se aliavam com a nobreza latifundiária e de- cendo nítida distinção entre a moral individual e a moral
fensora da continuidade de princípios do feudalismo. pública. Em seu livro O príncipe, preconizava que:
c) dominaram na Europa moderna, contribuindo para a) o chefe de Estado deve ser um chefe de exército. O
diminuir o poder do papa e reorganizar a economia Estado em guerra deve renunciar a todo sentimento
conforme princípios do mercantilismo. de humanidade... O equilíbrio das forças está inscrito
d) fortaleceram as alianças políticas entre grupos da nos tratados. Mas os chefes de Estado não devem
aristocracia europeia que queriam a descentralização hesitar em trair sua palavra ou violar sua assinatura
administrativa dos governos. no interesse do Estado.
e) fizeram pactos com grupos da burguesia, embora b) somente a autoridade ilimitada do soberano poderia
fossem aliados da Igreja Católica e concordassem manter a ordem interna de uma nação. A ordem po-
com a teoria do “justo preço”. lítica internacional é a mais importante; sem ela se
estabeleceria o caos e a turbulência política.
12. Mackenzie-SP – Sobre as guerras de religião ocorridas c) na transformação do estado natural para o estado
na França durante o século XVI, é correto afirmar que: civil, legitima-se o poder absoluto do rei, uma vez
que o segundo monta-se a partir do indivíduo, que
a) decretaram o fim da dinastia dos Bourbons, através
cede seus direitos em troca de proteção contra a
do Edito de Nantes, proclamado na “Noite de São
violência e o caos do primeiro.
Bartolomeu”.
d) o trono real não é o trono de um homem, mas o trono
b) aceleraram o processo de consolidação do Estado
do próprio Deus... Os reis... são deuses e participam
absolutista, permitindo a chegada ao poder de reis
de alguma maneira da independência divina. O rei
protestantes aliados à burguesia mercantil católica.
vê mais longe e de mais alto; deve-se acreditar que
c) motivaram a aliança do Partido Huguenote com a ele vê melhor...
rainha Catarina de Médicis, provocando, na célebre
e) há três espécies de governo: o republicano, o mo-
“Noite de São Bartolomeu”, o massacre dos mem-
nárquico e o despótico... A liberdade política não se
bros da Santa Liga aliada da nobreza calvinista.
encontra senão nos governos moderados... Para que
d) expressaram o confronto político-religioso entre a não se possa abusar do poder, é preciso que pela
nobreza católica, liderada pelos Guises; e os Hugue- disposição das coisas, o poder faça parar o poder.
notes, ligados aos Bourbons, ocasionando crises no
processo de consolidação do absolutismo. 15. Instituto Federal – As monarquias exercem um for-
e) provocaram o confronto entre os Huguenotes, mem- te poder simbólico sobre as pessoas e a sociedade.
bros do Partido Papista, e os calvinistas integrantes Exemplo desse poder ocorreu há poucos meses (em
da Santa Liga, fortalecendo o absolutismo. 2011), quando o casamento do príncipe Wiliam com
Kate Middleton foi valorizado como um grande evento
13. UEL-PR – Leia o texto a seguir: da monarquia britânica. Os ingleses acompanharam
“A república de Veneza e o Ducado de Milão, ao norte; o todo o enlace, que foi transmitido para o mundo através
Reino de Nápoles, ao sul; os Estados Papais e a república da televisão e da internet. Podemos afirmar que esse
de Florença, no centro, formavam ao final do século XV o poder simbólico, sobretudo do rei, tem origem na An-
que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a cons- tiguidade, mas foi na Idade Moderna que os monarcas
tantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse ce- mais “investiram” na sua produção.
nário, o florentino Maquiavel desenvolveu reflexões sobre Leia as afirmativas abaixo referidas às várias estratégias
como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a utilizadas na produção do poder pelos monarcas dos
unificação e a regeneração da Itália.” Estados modernos:
SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o inte-
I. Produziram-se imagens que associavam o monarca a
lectual de virtú. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v. 2. um estadista empreendedor; assim como à justiça,
São Paulo: Ática, 2003. p. 11-24. (Adaptado) à virtude e à própria natureza da nação; a figura do
rei representa a cabeça do reino.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filoso- II. Produziu-se a associação da imagem do rei, da rainha
fia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta: e do príncipe à da Sagrada Família, à qual os católicos
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HISTÓRIA 1
REFORMA PROTESTANTE
RUPTURAS NA RELIGIÃO
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• Rupturas na religião
• Reforma religiosa
• O Renascimento e a Igreja
• Igreja Luterana
• Igreja Calvinista
• Igreja Anglicana
HABILIDADES
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
História.
• Comparar diferentes pontos
de vista, presentes em
Representação de Lutero discursando na chamada Dieta de Worms, um encontro do Sacro Império Romano- textos analíticos e inter-
Germânico que aconteceu na cidade de Worms, onde as ideias do reformador foram discutidas.
pretativos, sobre situações
ou fatos de natureza
Os séculos XVI e XVII foram marcados por mudanças significativas no mundo eu-
histórico-geográfica acerca
ropeu, desde transformações políticas, econômicas e sociais até rupturas em relação das instituições sociais,
à mentalidade religiosa medieval. políticas e econômicas.
Durante anos de intolerâncias e agitações, verdadeiros massacres foram realizados em
• Analisar a atuação dos mo-
nome da fé. Muitos foram lançados à fogueira por afirmarem coisas contrárias aos argu- vimentos sociais que contri-
mentos das autoridades, fossem elas religiosas ou temporais, católicas ou protestantes. buíram para mudanças ou
A passagem da Idade Média para os tempos modernos correspondeu, no âmbito rupturas em processos de
cultural, não apenas ao movimento renascentista, mas também a uma fratura signifi- disputa pelo poder.
cativa no pensamento religioso europeu, tornado visível com a proliferação de igrejas • Interpretar historicamente
cristãs que quebraram o monopólio da Igreja Católica sobre a cristandade ocidental. fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
REFORMA RELIGIOSA
SCHLOSSMUSEUM, WEIMAR, ALEMANHA
O RENASCIMENTO E A IGREJA
As questões envolvendo a Igreja Católica, que evi-
denciam descontentamento até mesmo no interior da
instituição, não eram novas. Porém, no contexto do
Renascimento e das transformações políticas e eco-
nômicas do continente, ganharam nova dimensão.
Material exclusivo para professores Martinho Lutero foi o iniciador da Reforma religiosa por criticar aquilo que
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É difícil afirmar a unidade de pensamento cristão Roma já estava competindo com Constantinopla
no período medieval, e as várias práticas que a Igreja como capital imperial do mundo cristão. A competi-
HISTÓRIA 1
Católica combatia por considerar heresias atestam as ção tornou-se ainda mais acirrada quando Constanti-
divisões no interior da cristandade europeia. A Igreja nopla tombou para o sultão otomano Mehmed II em
incorporou elementos do paganismo, colocando sobre 1453. Mehmed não apenas tomou a capital imperial de
eles um véu cristão, mas nem tudo foi absorvido pelas Constantino, renomeando-a e iniciando uma ambicio-
autoridades eclesiásticas, e aquilo que feria a doutrina sa campanha de reconstrução; ele também converteu
da Igreja era severamente combatido. a Basílica de Santa Sofia, uma das maiores igrejas da
Exemplo claro de intolerância encontra-se na doutrina cristandade, em mesquita. Roma e seus papas não de-
dos cátaros (puros), também conhecidos por albigenses, sejavam ser ultrapassados por Istambul e seus sultões.
Em abril de 1506, o papa Júlio II deu o passo inicial para
pois habitavam a cidade de Albi, na França. Eles abraça-
a nova Basílica de São Pedro ao escolher Donato Bra-
ram um pensamento que se chocava com a doutrina da
mante como seu arquiteto.
Igreja Católica. Acreditavam na metempsicose, ou seja,
BROTTON, Jerry. O bazar do Renascimento: da rota da seda a
na migração das almas. Além disso, reconheciam em Michelangelo. São Paulo: Grua Livros, 2009. p. 104.
sua comunidade homens puros, chamados de anjos, os
cátaros. Esses podiam tocar nas pessoas, retirando os Contudo, os gastos elevaram-se e os recursos da
pecados. Entretanto, o toque que redimia pecados podia Igreja foram escasseando. O papa Leão X, que deu
ser feito somente uma vez. Sendo assim, apenas quan- sequência aos trabalhos iniciados pelo papa Júlio II,
do alguém estava para morrer o “anjo” era chamado para decidiu, em 1510, aumentar os fundos destinados às
realizar o toque redentor. Logo, todos os pecados seriam obras estabelecendo uma diretriz. Os fiéis doadores de
redimidos, as máculas retiradas e o ser humano teria recursos para o término da construção da Basílica de
acesso ao paraíso no fim dos tempos. A Igreja Católica São Pedro receberiam um documento, cada um com
considerou o movimento uma heresia, sendo convocada seu nome. Esse documento redimia os pecados come-
uma cruzada contra os habitantes da cidade de Albi. Pou- tidos, garantindo o caminho para o paraíso. Isso ficou
cos sobreviveram e houve um massacre da população. conhecido como venda de indulgências.
Além disso, outras questões foram levantadas na O papado afirmava que o homem podia se salvar
Idade Média, como a realização do culto em língua po- pela fé e pelas obras, sendo a contribuição para a Igre-
pular, pois era feito em latim. Percebe-se que, se havia ja situada no campo das obras. Dessa forma, contribuir
unidade cristã, era apenas institucional, pois práticas re- era salvar-se pelas obras – no caso, a Basílica de São
ligiosas informam a diversidade de expressões cristãs Pedro. Isso causou indignação em vários membros da
no Medievo. instituição, que entendiam tal determinação papal como
Entretanto, as críticas à Igreja cresciam e eram permissividade incompatível com os princípios cristãos.
O homem da Igreja que inaugurou o debate aberto,
feitas por vários grupos sociais insatisfeitos com o
nesse sentido público da questão, foi o monge agosti-
comportamento de muitos membros da instituição
niano e professor de teologia da Universidade de Witten-
que exploravam a fé do povo. Cargos religiosos eram
berg, Martinho Lutero. Ao saber das instruções dadas ao
vendidos, cobrava-se para os fiéis se aproximarem de
clero alemão para arrecadar dinheiro para a Igreja, Lutero
relíquias (objetos sagrados), e, embora a Igreja afir-
decidiu escrever e publicar 95 teses discorrendo sobre
masse o celibato clerical, padres, freiras e até papas
os problemas da Igreja e se posicionando contra a ven-
tinham filhos. Assim, a Igreja era acusada de corrup- da de indulgências. O monge considerava essa prática
ção e venalidade. como falácia, engano, “uma troca de dinheiro por pro-
Nesse quadro de insatisfações, o Renascimento ini- messas ocas”, afirmando ser uma fraude.
cialmente foi visto pela Igreja como uma oportunidade
para reafirmar a autoridade papal em Roma, a grande
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A respeito da venda de indulgências e da atitude de “O justo há de viver pela fé.” Para Lutero essa fra-
Martinho Lutero, o estudioso da história da Igreja Eamon se isolada virava de cabeça para baixo todo o sis-
HISTÓRIA 1
Duffy escreveu: tema medieval de salvação. Santo não era, como
ensinava a Igreja, o ser humano que deixava de
Em toda a parte, as mentes piedosas estavam revolta-
pecar: santo era o pecador que depositava toda a
das com esse tipo de coisa, e já tinham sido muitos os
sua confiança em Deus. As boas ações, a penitên-
protestos contra semelhante abuso das indulgências.
cia, as indulgências em nada contribuíam para a
Mas Lutero não protestou contra o abuso: protes- salvação. A fé, a dependência infantil de Deus, era
tou contra as próprias indulgências. Monge devo- tudo. Havia um lugar para as boas ações na vida
to e escrupuloso, ele acabava de passar por uma do cristão, mas enquanto retribuição agradecida à
profunda crise espiritual. Assoberbado pela sen- salvação obtida, não como meio de obtê-la... Por-
sação de sua própria pecabilidade, achava terrível tanto, para Lutero, a indulgência para a Basílica
a ideia da justiça divina, e os remédios que a Igre- de São Pedro era uma trapaça cruel e blasfêmia,
ja oferecia através da confissão e dos atos de peni- uma troca de dinheiro por promessas ocas.
tência eram impotentes para lhe acalmar os temo- DUFFY, Eamon. Santos e pecadores: história dos papas.
res. O alívio lhe veio de uma frase de São Paulo: São Paulo: Cosac Naify, 1998. p. 154.
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Representação de
Martinho Lutero
fixando suas 95
teses na Igreja de
Wittenberg.
Algumas das 95 teses de Lutero: Deus, ou então o faz nos casos que lhe foram reser-
vados. Nestes casos, se desprezados, a dívida em
1a tese: Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: absoluto deixaria de ser anulada ou perdoada.
Arrependei-vos... etc., certamente quer que toda a 20a tese: Por isso o papa não quer dizer e nem com-
vida dos seus crentes na Terra seja contínuo e inin- preender com as palavras “perdão plenário de todas
terrupto arrependimento. as penas” o perdão de todo o tormento, mas tão só
2a tese: E esta expressão não pode e não deve ser inter- as penas por ele impostas.
pretada como referindo-se ao sacramento da penitência, 21a tese: Eis por que erram os apregoadores de indul-
isto é, à confissão e satisfação, a cargo dos sacerdotes. gências ao afirmarem ser o homem perdoado de to-
3a tese: Todavia não quer que apenas se entenda o das as penas e salvo mediante indulgência do papa.
arrependimento interno; o arrependimento interno 22a tese: Com efeito, o papa nenhuma pena dispensa
nem mesmo é arrependimento quando não produz às almas do purgatório das que, segundo os cânones
toda sorte de mortificação da carne. da Igreja, deviam ter expiado e pago na presente vida.
4a tese: Assim sendo, o arrependimento e o pesar, 23a tese: Verdade é que se houver qualquer perdão
isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o
plenário das penas, este apenas será dado aos mais
homem se desagradar de si mesmo, a saber, até à
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Lutero foi chamado para se retratar e renunciar ao que família tinha o apoio da Igreja Católica e, naquele con-
havia escrito. No entanto, o teólogo se recusou a fazer tal texto, os príncipes opositores perceberam que a defesa
HISTÓRIA 1
retratação e manteve sua posição. A partir daí, a Igreja foi di- de Martinho Lutero era uma oportunidade valiosa para
vidida entre religiosos que assumiam a posição papal como romper oficialmente com os Habsburgo. Aquela no-
verdadeira e outros que apoiavam as teses de Lutero. breza defensora de Lutero criou uma aliança, a Liga de
Patrick Collinson, historiador da Reforma, observa, Smalkaden, declarando guerra ao imperador.
de forma bastante vivaz: A respeito dos conflitos militares e políticos que
se intensificaram com a Reforma, o historiador Paul
O que aconteceu em 31 de outubro de 1517 foi com-
Kennedy escreveu:
parado a um homem que tateia subindo à torre de
uma igreja no escuro, pendurado a uma corda até [...] duas causas mais gerais foram as principais res-
perceber que está tocando um sino que acorda a ponsáveis pela transformação tanto na intensidade
aldeia inteira. Se Lutero apenas pretendia que suas como no âmbito geográfico da guerra europeia. A
teses iniciassem um debate acadêmico, ou que as te- primeira foi o advento da Reforma – provocada pela
nha “fixado” como gesto de desafio ou não, é coisa revolta pessoal de Martinho Lutero contra as indul-
que se tornou irrelevante em alguns meses. Os tex- gências papais em 1517 – que acrescentou rapida-
tos passaram às mãos dos impressores e em breve mente uma violenta e nova dimensão às tradicionais
chegaram ao domínio público em toda a Alemanha, rivalidades dinásticas do continente.
tanto em alemão quanto em latim. Por motivos socioeconômicos específicos, o advento
COLLINSON, Patrick. A Reforma. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006. p. 77. da Reforma Protestante – e a reação, na Contrarrefor-
ma contra a heresia – também tiveram a tendência de
Depois de várias controvérsias e tentativas frus- dividir as metades meridional e setentrional da Euro-
tradas da Igreja Católica em fazer Lutero renunciar às pa [...] A segunda razão para o padrão generalizado e
suas teses, em 1520 o monge agostiniano foi expul- interligado da guerra depois de 1500 foi a criação de
so e excomungado. uma combinação dinástica, a dos Habsburgos, para
Isso não o abalou e em clara confrontação decidiu criar formar uma rede de territórios que se estendiam de
uma igreja que ele afirmava recuperar o cristianismo pri- Gibraltar à Hungria, e da Sicília a Amsterdã, supe-
mitivo e original, desvirtuado pela Igreja Católica. Assim, rando em tamanho tudo o que já se vira antes na Eu-
nascia a primeira igreja reformada, a Igreja Luterana. ropa, desde a época de Carlos Magno, 700 anos antes.
KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transfor-
IGREJA LUTERANA mação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro:
Campus, 1991. p. 40.
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Assim, os cristãos seguidores de Lutero eram compara- O luteranismo foi, “desde o início, filho do livro
dos aos islâmicos. Carlos V não realizou o que pretendia e impresso”: graças a esse veículo, Lutero pôde trans-
HISTÓRIA 1
as dificuldades cresciam para a administração do império mitir, com força e precisão, sua mensagem de um
da família Habsburgo, mas a Paz de Augsburgo, assinada extremo a outro da Europa.
em 1555 depois de longo conflito nas terras alemãs, reco- ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas: de Maomé à
nheceu a existência da igreja reformada luterana. idade das Reformas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011. p. 223. v. 3.
A Igreja Luterana, agora oficializada, diferenciava-se Outro aspecto a ressaltar concerne às interpreta-
da Igreja Católica, entre outros aspectos, por defender a ções variadas da escritura sagrada que contribuíram
doutrina da justificação pela fé, ou seja, apenas a fé pode para a proliferação de outras igrejas reformadas. Ao
salvar o homem, negando, dessa forma, a salvação pe- propor a livre interpretação da Bíblia, Lutero abriu cami-
las obras em que se sustentava a venda de indulgências. nho para leituras diferenciadas, que, muitas vezes, se
Outro ponto importante dessa nova igreja dizia respeito chocavam. Dessa forma, uma leitura diferente acabava
à leitura da Bíblia. Ficou estabelecido que o fiel devia ter gerando outra igreja. Isso representava o fim do mono-
um contato direto com a escritura sagrada e que sua in- pólio da Igreja Católica no Ocidente.
terpretação era livre, o que ajudaria na afirmação da fé e
da salvação dos homens. Além de a Bíblia deixar de ser
publicada em latim, língua que só os doutos entendiam, e IGREJA CALVINISTA
ser produzida em línguas vernaculares (da população co-
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mum), havia a instituição de um culto na língua do povo, o
que facilitaria a compreensão da palavra de Deus.
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“Para que saibam os que procedem do Oriente e os nada, a sua única orientação consistente, nisto tendo
que vêm do Ocidente que além de mim não há outro. sido o berço do moderno “homem econômico”.
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Eu, Deus, formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:
o mal; eu, o Senhor, faço todas essas coisas” (Isaías). Pioneira, 1992. p. 124.
E indaga pela boca de Amós (Am. 3, 6): “Tocar-se-á a
O calvinismo, diferentemente do luteranismo, mais
trombeta na cidade sem que o povo estremeça? Suce-
circunscrito às terras alemãs, espalhou-se pela Europa,
derá algum mal à cidade sem que o Senhor o tenha
ganhando a adesão de vários cristãos. Na Inglaterra,
feito?” E nas “Lamentações” de Jeremias (Lm. 3, 38):
os calvinistas ficaram conhecidos como puritanos; na
“Acaso não procede do Altíssimo assim o mal como o
França, como huguenotes; na Escócia, por presbiteria-
bem?” Foi com essa mesma e incondicional devoção
nos; e, além disso, boa parte da população holandesa
ao “mistério” de uma soberania divina acima do bem
aderiu ao calvinismo.
e do mal, num “mix” muito particular, só seu, de lógi-
ca sistemática e senso de mistério, que o jovem jurista
convertido ao protestantismo completou, também IGREJA ANGLICANA
por necessidade lógica, a tese luterana de que não jaz
Se a Igreja Calvinista esteve mais intimamente ligada
nas obras meritórias o fundamento da salvação. [...]
ao desenvolvimento do capitalismo, a Igreja Anglicana foi
PIERUCCI, Antonio F. Calvino, 500. Folha de S.Paulo, 12 jul. 2009.
essencialmente vinculada à política. Foi uma instituição
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1207200904.
htm>. Acesso em: 10 ago. 2018. criada pelo rei da Inglaterra, Henrique VIII, em 1534. O mo-
narca pretendia aumentar seu poder aproveitando-se da
Em outras palavras, segundo Calvino, Deus havia reforma religiosa que afetava o poderio da Igreja Católica.
predestinado o ser humano. Portanto, não adiantava ler O problema estava em encontrar um pretexto para
a Bíblia várias vezes, pois a fé não seria encontrada em romper com o papa e confiscar o patrimônio da Igreja
sua leitura. Era importante ler a Bíblia, mas isso não Católica em território inglês. Contudo, a solução não
garantia salvação alguma, pois não mudaria a vontade tardou. Henrique VIII era casado com Catarina de Ara-
de Deus. O homem deveria carregar uma angústia até gão, tia do imperador católico Carlos V, que governava
o fim dos tempos, pois não era possível saber quem o Sacro Império Romano-Germânico e apoiava o cato-
havia sido eleito pelo divino para ir ao paraíso. licismo contra o luteranismo nas terras alemãs. Sua
Contudo, os calvinistas encontraram uma solução esposa não podia mais engravidar e havia concebido
para essa angústia de não saber se teriam sido esco- apenas uma filha para Henrique VIII, chamada Maria.
lhidos ou não por Deus para ir ao paraíso. Começou a O rei queria um filho homem e vivia um romance com
circular entre os seguidores de Calvino que Deus dava a cortesã Ana Bolena. Ele pediu ao papa a anulação de
um sinal da eleição. seu casamento com Catarina para poder se casar com
Para tanto, era importante fugir do pecado, ocu- Ana Bolena. A Igreja não o fez, o que levou o rei a procu-
pando o tempo com trabalho. Só aqueles que fugis- rar o Parlamento inglês para denunciar a ingerência do
sem do pecado teriam a resposta de Deus sobre sua papado romano em um assunto de Estado, pois seu ca-
eleição ainda vivendo na Terra. Há aqui um conteúdo samento envolvia um problema de sucessão ao trono.
novo, a valorização do trabalho, o que não existia no Como um poder fora da Inglaterra poderia decidir sobre
pensamento antigo e medieval, pois os homens acre- um assunto tão importante como a sucessão?
ditavam que o trabalho era um castigo de Deus. Ago- Henrique VIII contou com o apoio do Parlamento e
ra, o trabalho era condição necessária para o conheci- criou o Ato de Supremacia (1534), pelo qual estabele-
mento da ascese humana para o paraíso. ceu uma Igreja de Estado, a Igreja Anglicana, confis-
Aqueles que conseguissem acumular riquezas com cando os bens da Igreja Católica na Inglaterra. Dessa
uma vida de trabalho tinham a bênção de Deus, ou seja, forma, o rei passou a ter maior capacidade de atuação,
o sinal da eleição divina. Vale ressaltar que essa ética pois conseguiu recursos para realizar sua política. Isso
nova contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo. representou um grande passo para a afirmação da au-
O trabalho e a acumulação integram a lógica capitalista: toridade real na Inglaterra, ou seja, a Reforma Anglicana
o trabalho como fonte da riqueza e a acumulação como apresentava um claro sentido político.
um motor do capitalismo, ou seja, o lucro. Um dos pri- Pode-se perguntar sobre a postura da Igreja Católica
meiros intelectuais a defender explicitamente essa ideia diante de um quadro de questionamento da instituição: a
foi o sociólogo alemão Max Weber, na obra A ética pro- Santa Sé nada fez, apenas assistiu à perda de seu patri-
testante e o espírito do capitalismo, na qual ele afirma: mônio e à sangria de fiéis? A resposta é, evidentemente,
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ROTEIRO DE AULA
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REFORMA PROTESTANTE
Movimento religioso, político e econômico iniciado no século XVI, na Alemanha, com o objetivo de
O que foi?
restabelecer a primitiva fé cristã.
prensa de Gutenberg. Nova visão do mundo e do ser humano gerada pelo humanismo.
Alemanha – Lutero: Discorda da venda de indulgências e defende suas 95 teses contra a Igreja
Alemanha – Carlos V: Dieta de Worms para a retratação de Lutero. Dieta de Spira: príncipes protestantes
se opõem ao imperador. Pela Confissão de Augsburgo, a doutrina de Lutero é liberada (Paz de Augsburgo).
Expansão
França – João Calvino: Defende a riqueza como sinal de predestinação divina. Seus adeptos
Suíça – Ulrich Zwinglio: Teólogo suíço e principal líder da Reforma em seu país, estabelece um
governo protestante.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
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cendo aos dogmas religiosos e para alcançar o reino 6. Unifesp-SP – No século XVI, nas palavras de um estu-
HISTÓRIA 1
de Deus, fazendo boas obras. dioso, “reformar a Igreja significava reformar o mundo,
c) a Reforma Protestante, por ter sido um assunto re- porque a Igreja era o mundo”. Tendo em vista essa afir-
lacionado com a religião, procurou combater o inte- mação, é correto afirmar que:
resse econômico da burguesia em ter grandes lucros a) os principais reformadores, como Lutero, não se en-
nos seus negócios, assim como uma vocação ética, volveram nos desdobramentos políticos e socioeco-
cujo objetivo era a glorificação de Deus. nômicos de suas doutrinas.
d) o movimento da Reforma, que provocou uma pro- b) o papado, por estar consciente dos desdobramentos
funda crise ética na hegemonia do catolicismo no da Reforma, recusou-se a iniciá-la, até ser a isso obri-
mundo ocidental, foi prejudicado pelas alterações na gado por Calvino.
atividade comercial e no desenvolvimento do mer- c) a burguesia, ao contrário da nobreza e dos príncipes, ade-
cantilismo, que beneficiava a burguesia. riu à Reforma para se apoderar das riquezas da Igreja.
e) as doutrinas da Reforma Protestante, particularmen- d) os cristãos que aderiram à Reforma estavam preocu-
te do calvinismo, corresponderam à necessidade da pados somente com os benefícios materiais que dela
burguesia de uma justificativa ética para o lucro que adviriam.
obtinha com as suas atividades comerciais, que era e) o aparecimento dos anabatistas e outros grupos radi-
desconsiderado pela Igreja Católica. cais são a prova de que a Reforma extrapolou o cam-
Para a Igreja Católica, o lucro era um pecado. Era a chamada usura. As po da religião.
religiões protestantes, sobretudo o calvinismo, abriram espaço para uma Como foi visto neste módulo, as Reformas tiveram grande impacto na
interpretação do lucro e do acúmulo de riquezas como um sinal da pre- vida da Europa e, depois, do mundo naquele período. A Igreja estava,
destinação divina. há mais de mil anos, no centro do poder europeu, seja na Alta ou na
Baixa Idade Média, e mesmo no princípio da Idade Moderna. Portanto,
é flagrante o quanto esse rompimento teve desdobramentos em outros
campos além da religião.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Unifesp-SP d) a nova relação mais direta, mas íntima entre os fiéis
“Deus meu, não se cansando os hereges e os inimigos... de e Deus, intermediada pelos textos sagrados, incomo-
semear continuamente os seus erros e heresias no campo dava a Igreja, porque diminuía fortemente a autorida-
da cristandade, com tantos e tantos livros perniciosos que de do papa e do clero e quebrava a ordem social do
mundo medieval.
são republicados a cada dia, é necessário que não se dur-
e) as traduções mais livres da Bíblia permitiram a li-
ma, mas que nos esforcemos para extirpá-los ao menos
beralidade dos costumes, fazendo com que alguns
nos lugares onde isso seja possível.” protestantes não seguissem mais os valores morais
(Cardeal Robert Bellarmino, 1614) pregados pelo cristianismo.
Tendo em vista o contexto da época, pode-se inferir que 9. Puccamp-SP – O calvinismo foi:
os hereges e os inimigos aos quais o autor se refere
a) a doutrina que sintetizou as ideias dos reformadores
eram, principalmente, os:
que a antecederam, formulando o campo protestan-
a) jansenistas e os muçulmanos. te em torno dos princípios do cesaropapismo e culto
b) cátaros e os letrados. dos santos.
c) hussitas e os feiticeiros. b) apenas um prolongamento das ideias preconizadas
por Lutero, que admitia que o príncipe, além de exer-
d) anabatistas e os judeus. cer poder civil absoluto, devia vigiar e governar, por
e) protestantes e os cientistas. direito divino, a Igreja cristã.
c) um movimento originário na Suíça, como resultado
8. UFCG-PB – Em uma sociedade basicamente iletrada de convulsões sociais locais, que revelavam uma ma-
que ainda perdurava entre os séculos XIII e XV na Euro- nifestação de rebeldia contra as taxas cobradas pela
pa, o papel dos teólogos da Reforma foi extremamente Igreja e sobre a liberação da prática do divórcio.
importante para o letramento das pessoas comuns e d) o resultado das preocupações pessoais de Ulriko
para o aumento das possibilidades de cidadania. Zwinglio e dos problemas relacionados com o celi-
Sobre as conquistas intelectuais advindas com a Refor- bato clerical.
ma, é incorreto afirmar que: e) a mais extremada seita protestante em relação ao ca-
tolicismo e a mais próxima das questões levantadas,
a) a Reforma nasceu no próprio seio da Igreja e procu- em termos éticos, pelo rápido desenvolvimento do
rou dar visibilidade ao conjunto de valores que preco- capital comercial e financeiro.
nizavam o retorno às origens do cristianismo.
10. UFPE-PE – A Reforma Protestante tem seus fundamen-
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b) Martinho Lutero foi um monge agostiniano do século (02) Buscou resgatar as doutrinas teológico-filosóficas
HISTÓRIA 1
XVI; criticou a Igreja Católica por não aplicar o produto predominantes na Idade Média, caracterizadas
das indulgências às populações mais necessitadas. pelos conflitos entre a fé e a razão.
c) Martinho Lutero, reformador religioso, foi respon- (04) Constituiu-se um renascimento religioso, por se
sável pela tradução da Bíblia da língua latina para a contextualizar no processo geral de mudanças da
língua alemã, facilitando a difusão das ideias protes- Idade Média para a Idade Moderna.
tantes e fundando uma nova religião.
(08) Constituiu-se um marco cultural, uma vez que
d) Martinho Lutero, líder religioso alemão, lutou para nos remete da Idade Média à modernidade e, em
modificar preceitos e dogmas da Igreja Católica e sentido oposto, ao mundo antigo.
defendeu a livre leitura da Bíblia e a preservação dos
(16) Procurou recuperar o contato com as origens do
sacramentos do batismo e da eucaristia.
pensamento cristão, impregnadas de simplicida-
e) Martinho Lutero recebeu apoio dos camponeses de, de pureza e de amor à cultura.
alemães; em contrapartida, foi perseguido por prín-
cipes. A religião fundada por ele foi, portanto, uma (32) Caracterizou-se por um profundo revigoramento
religião popular. da espiritualidade católica e pela valorização da
vida voltada para as coisas do espírito.
11. Unemat-MT – Analise as afirmativas sobre a Reforma (64) Representou o fim da supremacia eclesiástica
religiosa: na Europa e o surgimento de diversas igrejas
I. A Igreja Anglicana conservou a estrutura e os dog- reformadas, denominadas genericamente de
mas da Igreja Católica, com pequenas alterações. protestantes.
Não foi feita uma reforma profunda nos costumes Dê como resposta a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
do clero, que passou a ser visto pela população
como um aliado da Coroa, o que facilitou o surgi- 13. UFPE-PE (adaptado) – Com relação à Reforma Protes-
mento e a disseminação de uma série de religiões
tante, indique se as afirmações a seguir são verdadeiras
puritanas e protestantes, normalmente persegui-
(V) ou falsas (F):
das pelos reis ingleses.
II. Lutero era um admirador dos escritos de João Huss, ( ) a doutrina calvinista, exaltando o trabalho e des-
herege queimado pela Igreja em 1415, especialmen- prezando o lazer e o luxo, foi a grande alavanca na
te de suas ideias sobre a liberdade da Igreja diante direção do capitalismo.
dos papas, sobre a liberdade de consciência indivi- ( ) tanto frei Martinho Lutero como o monge domini-
dual diante do concílio e sobre a necessidade de re- cano Tetzel defendiam as indulgências papais como
conduzir o mundo cristão à simplicidade apostólica. forma de perdão dos pecados na terra e no céu.
III. Um aspecto importante do calvinismo é a valorização ( ) o Parlamento inglês apoiou Henrique VIII no rom-
moral do trabalho e da poupança, que resulta numa pimento com a Igreja de Roma e aprovou, em
situação de bem-estar social e econômico, o que po- 1534, o Ato de Supremacia, que mantinha a Igreja
deria ser interpretado como sinal favorável de Deus da Inglaterra sob a autoridade do rei, surgindo a
à salvação do indivíduo. Igreja Nacional Anglicana independente de Roma.
IV. O anabatismo e o puritanismo representam movi-
mentos religiosos que estavam em convergência ( ) com o objetivo de evitar a expansão da Reforma,
com os poderes locais e proclamavam o princípio a Igreja Católica reagiu com o movimento da Con-
da individualidade, enfatizavam o discurso da pro- trarreforma.
priedade privada, assemelhando-se ao calvinismo, ( ) o movimento reformista na Alemanha funcionou
que determinava a desigualdade social através da como um fator de unidade nacional, provocando
teoria da predestinação. a unidade dos estados do sul com os estados
Assinale a alternativa que indica a(s) afirmativa(s) do norte.
correta(s):
14. Mackenzie-SP – As transformações religiosas do sé-
a) I
culo XVI, comumente conhecidas pelo nome de Refor-
b) II e III ma Protestante, representaram no campo espiritual o
c) I, II e IV que foi o Renascimento no plano cultural; um ajusta-
d) I, II e III mento de ideias e valores às transformações socioe-
e) II e IV conômicas da Europa. Dentre seus principais reflexos,
destacam-se:
12. UFBA-BA a) a expansão da educação escolástica e do poder
político do papado devido à extrema importância
“[...] comparar a Reforma com uma ponte que conduz não
atribuída à Bíblia.
só de períodos escolásticos até ao nosso mundo do livre
pensamento, mas, também, em direção oposta, adentro da b) o rompimento da unidade cristã, a expansão das práticas
capitalistas e o fortalecimento do poder das monarquias.
Idade Média – talvez ainda mais além, sob a forma de uma
transmissão cristã-católica, preservada do Cisma, de um c) a diminuição da intolerância religiosa e o fim das
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HISTÓRIA 1
“O ódio contra o clero, muito extenso, desempenhou assemelharam em relação ao ideal de evangelização
o seu papel [...]. A cobiça, o endividamento e os cálcu- dos povos, assim como no papel que exerceram na
los políticos também devem ser levados em conta. Mas formação da moral e dos costumes nas sociedades
a mensagem dos reformadores, respondeu – isto é in- coloniais na América através do controle das cons-
dubitável – a uma intensa sede espiritual que a Igreja ciências e das práticas da religiosidade popular.
oficial foi incapaz de satisfazer [...] os pregadores da Re- c) os reformadores que colonizaram a América – portu-
forma não necessitaram de nenhum apoio político para gueses, espanhóis e ingleses – praticaram severas
atrair seus partidários, ainda que esse apoio se fizesse perseguições às práticas identificadas como here-
necessário para consolidar os resultados alcançados sias, a exemplo das feitiçarias e bruxarias, punindo-se
pelo ataque inicial dos profetas. Não se pode esquecer feiticeiras e bruxas até mesmo com a condenação à
fogueira, a exemplo do que ocorreu na Nova Inglater-
que, em seus inícios, a Reforma foi um movimento espi-
ra, na cidade de Salem.
ritual com uma mensagem religiosa.”
Lucien Febvre apud MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI,
d) os reformadores protestantes pertenciam a um único
Flávio Costa; FARIA, Ricardo de Souza. História moderna através de grupo: os luteranos, que condenava o poder do papa
textos. São Paulo: Contexto, 2005. (Coleção Textos e Documentos, 3). e a venda de indulgências (perdão dos pecados). Os
católicos, a partir da Contrarreforma, adotaram mu-
Em relação aos movimentos religiosos que atingiram a danças radicais em relação aos dogmas da Igreja e
Europa no século XVI, é incorreto afirmar que: da fé católicas.
a) Lutero, apesar de não ter sido o primeiro teólogo a e) as ideias e práticas dos reformadores contribuíram
se posicionar de forma contrária à Igreja, apresenta-
para o enriquecimento da burguesia e, os luteranos,
va como um dos pontos centrais de seus questiona-
para a proteção da nobreza: a Igreja Católica justifica-
mentos a condenação da prática, coordenada pelos
próprios membros do clero católico, da venda de in- va o lucro como remuneração do trabalho, seguindo
dulgências, de relíquias e de cargos religiosos. a doutrina de Santo Tomás de Aquino. Já os luteranos
combateram os anabatistas, que pregavam o retorno
b) as reformas religiosas levaram a Europa a testemu-
ao igualitarismo do tempo dos apóstolos. Os purita-
nhar sangrentas rebeliões e guerras, que, apesar de
figurarem como motivadas por questões de cunho nos recomendavam o trabalho metódico e racional
estritamente religioso, estavam também associadas como forma de desenvolver a “vocação” do homem
a disputas políticas ou insatisfações das camadas para o êxito econômico.
menos favorecidas da população. 17. UEMG-MG – Em 31/10/1517, o então padre Martinho
c) o anglicanismo surgiu na Inglaterra sob o governo de Lutero publica as suas 95 teses, onde deixa clara sua
Henrique VIII. Este, sendo um religioso fervoroso, contrariedade com a forma religiosa católica e com seu
começou a questionar e, posteriormente, a criticar representante máximo, o então papa Leão X. Dois prin-
alguns dogmas como os sacramentos do matrimônio
cípios incomodavam muito Lutero: o primeiro era a ven-
e do celibato. Essa discordância teve como conse-
quência a ruptura definitiva com a Igreja Católica. da das indulgências e, o segundo, a infalibilidade papal.
Sobre a indulgência, Lutero disse:
d) a Contrarreforma foi a resposta dada pela Igreja Ca-
tólica a partir de duas frentes de ação: por um lado "27a tese: Pregam futilidades humanas quantos alegam
procurou corrigir alguns desvios de conduta de seus que, no momento em que a moeda soa ao cair na caixa, a
membros, alvos recorrentes de ataque dos reforma- alma se vai do purgatório.
dores; e por outro reafirmou os dogmas que foram
condenados pelas novas religiões. "28a tese: Certo é que, no momento em que a moeda soa
na caixa, vem o lucro, e o amor ao dinheiro cresce e au-
e) o calvinismo pregava a devoção à oração e ao trabalho
como valores edificadores daqueles que, segundo a menta; a ajuda, porém, ou a intercessão da lgreja tão só
doutrina da predestinação, estariam encaminhados correspondem à vontade e ao agrado de Deus."
ao paraíso. Os homens que não vivessem de acordo
com esses valores sinalizariam que seu destino seria A Reforma Luterana, de questionamento ao papa e
a danação no inferno. à sua autoridade, produziu profundas mudanças re-
ligiosas, políticas e sociais. Sendo a indulgência um
16. Urca-CE – Ao longo do século XX e no atual, a questão erro, então o povo não deveria obediência irrestrita,
religiosa esteve na base de muitos conflitos no mundo, estava se estimulando o livre pensar e o Iivre agir, e
a exemplo das guerras entre católicos e protestantes o poder gradativamente volta-se da Igreja para o ho-
na Irlanda. Todavia, os conflitos entre católicos e pro- mem. O alinhamento com qualquer ensino religioso
testantes remontam ao início da modernidade, quando deveria ser movido pela consciência, e não mais pela
ocorreu a Reforma Protestante na Europa. Esse movi- imposição papal.
mento representou a cisão do cristianismo, rompeu-se
a unidade da fé cristã e do domínio exercido pela Igreja Estava, portanto, em curso uma nova sociedade, refor-
Católica, que haviam caracterizado a Europa medieval. A mada, que iria produzir:
Igreja reagiu e organizou a Contrarreforma. Com relação a) uma polarização entre protestantes e católicos, com
às ideias e práticas dos reformistas (protestantes e da consequências somente na Alemanha.
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20
HISTÓRIA 1
CONTRARREFORMA
• Concílio de Trento
• Inquisição
• Consequências
HABILIDADES
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
História.
• Comparar diferentes
pontos de vista, presentes
em textos analíticos e
interpretativos, sobre situa-
ções ou fatos de natureza
Auto de Fé presidido histórico-geográfica acerca
por São Domingos das instituições sociais,
de Gusmão (c. 1495), políticas e econômicas.
de Pedro Berruguete.
Têmpera e óleo • Analisar a atuação dos
sobre madeira, 154 movimentos sociais que
cm × 92 cm. Quadro contribuíram para mudanças
representando o Auto
de Fé, penitência
ou rupturas em processos
pública contra supostos de disputa pelo poder.
hereges executada pelos • Interpretar historicamente
inquisidores católicos.
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
No módulo anterior, você conheceu os processos que levaram à chamada Refor-
ma Protestante, cujo maior expoente foi Martinho Lutero. Houve um rompimento
sem precedentes dentro da Igreja Católica, até então a instituição mais poderosa
da Europa, que controlou o continente de diversas formas por mais de mil anos.
Luteranos, calvinistas, anglicanos e puritanos: foram muitas as novas vertentes das
chamadas religiões protestantes.
Em resposta a esse rompimento, que lhe causou uma inevitável perda de poder e
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REFORMA CATÓLICA
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Em 1545, na cidade de Trento, na Península Itálica, • legitimar as indulgências, mas proibir sua venda
o papa Paulo III convocou um concílio. Trata-se de uma (um dos pontos criticados pelos reformadores
HISTÓRIA 1
reunião de importantes figuras eclesiásticas liderada protestantes);
pelo papa. • rejeitar a ideia de predestinação, típica das reli-
Em 1563, após anos de reuniões e de muito traba- giões protestantes, e confirmar a salvação humana
lho, a Igreja Católica, em resposta à Reforma Protes- como resultado da fé em Deus e das boas ações;
tante que acontecia já há algum tempo, apresentou • reafirmar que a interpretação da Bíblia cabe apenas
um conjunto de decisões que guiariam a retomada da à Igreja (outro ponto de conflito com os protes-
unidade da fé católica e da disciplina eclesiástica. Al- tantes, que defendiam a interpretação dos fiéis);
gumas das decisões foram: • confirmar que o papa era sucessor de São Pedro;
• manter os sacramentos católicos (batismo, cris- • desenvolver um catecismo e criar seminários para
ma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e formar novos sacerdotes e manter o celibato, algo
unção dos enfermos); que as religiões protestantes haviam encerrado.
INQUISIÇÃO
A Inquisição e seus tribunais, que julgavam e puniam confissões de que precisavam. Uma das punições mais
hereges, foram criados pela Igreja Católica em 1231. comuns era a fogueira.
Com o tempo, foram perdendo força, até desaparecer.
Porém, seus métodos e procedimentos não foram es- CONSEQUÊNCIAS
quecidos. Para a história da Igreja, já milenar, pouco mais Estima-se que a quantidade de protestantes na Eu-
de dois séculos era um período bem recente. ropa tenha se reduzido à metade após a Contrarreforma
Por isso, com o avanço do protestantismo no século ou Reforma Católica. Enquanto isso, a fé católica foi
XVI, a Igreja Católica e alguns reis católicos, especial- expandida à força nas possessões coloniais portugue-
mente de Portugal e da Espanha, decidiram retomar sas e espanholas. Até hoje, o Brasil, colonizado pelos
as práticas da Inquisição. portugueses, e os demais países latino-americanos, de
De início, fizeram uma lista de livros proibidos com colonização espanhola, são majoritariamente católicos.
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
CONTRARREFORMA
Convocação do Concílio de Trento, que condenou o protestantismo, confirmou dogmas católicos, estabeleceu o
O que foi? Intensificação dos processos inquisitórios e criação da Companhia de Jesus, cujo objetivo era ampliar o número
de fiéis católicos.
Fundador:
Inácio de Loyola.
Característica básica:
Companhia Reunião de aspectos militares e religiosos.
de Jesus
Missão:
Conter o protestantismo e espalhar a fé católica pelo mundo, convertendo e catequizando.
Local:
Trento, na Península Itálica.
Período:
1545 a 1563.
Concílio de
Trento O que foi:
Reunião eclesiástica sancionada pelo papa para deliberar sobre assuntos sensíveis após a Reforma Protestante.
Uma das alterações foi a proibição da venda de indulgências. Por outro lado, houve permanências, como a negação
da predestinação.
Início:
Século XIII.
Retomada:
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
Uma questão que aprofunda o tema. Vimos que a Contrarreforma es-
1. Uniespar-PR – Sobre os elementos que caracterizaram teve vinculada à expansão marítima. Não só a Companhia de Jesus
a Reforma Católica, também conhecida como Contrar- chegou à colônia, como também o fez a Inquisição. Os métodos dos
reforma, ocorrida no século XVI, é correto: inquisidores na colônia e na metrópole, como mostra o trecho, eram
os mesmos.
a) a aproximação com os líderes da reforma religiosa,
especialmente Thomas Muntzer, que defendia uma 4. Unicamp-SP C2-H9
Igreja renovada e mais próxima do povo.
“Na formação das monarquias confessionais da época mo-
b) a criação da Companhia de Jesus, o estabelecimen- derna houve reforço das identidades territoriais, em função
to do Tribunal do Santo Ofício e a criação de uma
de critérios de caráter religioso ou confessional. Simulta-
lista de livros proibidos, chamada de Índex Librorum
Prohibitorum. neamente, houve uma progressiva incorporação da Igreja
ao corpo do Estado, através de medidas de caráter patrimo-
c) a expansão da Igreja Católica, especialmente pelos
nial e jurisdicional que procuravam uma maior sujeição das
continentes da América e Ásia, contando com as
alianças realizadas com luteranos e calvinistas, de estruturas e agentes eclesiásticos ao poder do príncipe. Na
modo a levar ao mundo uma nova Igreja instituída a busca pela homogeneização da fé dentro de um território
partir do Concílio de Trento em 1545. político, a Igreja cumpria também papel fundamental na
d) a partir do Concílio de Trento foi definido que a Igre- formação do Estado moderno por meio de seus mecanis-
ja Católica mudaria suas ações, aproximando-se da mos de disciplinamento social dos comportamentos.”
população e abandonando antigas práticas como as PALOMO, Frederico. A Contrarreforma em Portugal (1540-1700).
realizadas pela Inquisição, mas buscando a conver- Lisboa: Livros Horizonte, 2006. p. 52. (Adaptado)
são sincera dos pecadores.
Considerando o texto acima e seus conhecimentos
e) a expansão do catolicismo pelo Novo Mundo desco- sobre a Europa moderna, assinale a alternativa correta:
berto pelos ibéricos, reforçando um dos princípios
da Igreja Católica renovada com o Concílio de Trento: a) cada monarquia confessional adotou uma identidade
a predestinação, responsável por explicar o destino religiosa e medidas repressivas em relação às dissi-
dos homens na Terra. dências religiosas que poderiam ameaçar tal unidade.
Como foi visto neste módulo, a primeira resposta à Reforma Protestan- b) monarquias confessionais são aquelas unidades po-
te foi a criação da Companhia de Jesus pelo ex-militar Inácio de Loyola, líticas nas quais havia a convivência pacífica de duas
depois o Concílio de Trento e a volta da Inquisição (ou Tribunal do Santo
Ofício), acompanhada da lista de livros proibidos. ou mais confissões religiosas num mesmo território.
c) são consideradas monarquias confessionais os ter-
ritórios protestantes que se mostravam mais propí-
2. UFTM-MG – Podemos afirmar que um dos instrumen- cios ao desenvolvimento do capitalismo comercial,
tos da Contrarreforma, no século XVI, foi: tornando-se, assim, nações enriquecidas.
a) o estímulo à venda de indulgências. d) as monarquias confessionais contavam com a insti-
b) a tradução livre da Bíblia para as línguas nacionais. tuição do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em
c) a supressão do Tribunal do Santo Ofício. seu território, uma forma de controle cultural sobre
religiões politeístas.
d) a extinção da Companhia de Jesus e de outras or- Trata-se de uma questão que envolve interpretação de texto. Não cabe,
dens religiosas. como vimos, falar em convivência pacífica, territórios protestantes ou
e) a criação de uma lista de livros proibidos. mesmo em controle de religiões politeístas.
Reforçando o que vimos no exercício anterior, mais um exemplo de Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi-
como as bancas cobram o tema. Vimos que o Concílio de Trento reafir- cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
mou as indulgências, mas proibiu sua venda, manteve a interpretação a Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das organiza-
cargo da Igreja – vetando, portanto, as traduções –, retomou o Tribunal ções políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
do Santo Ofício e criou a Companhia de Jesus. A resposta correta é a
criação do Índex Librorum Prohibitorum. 5. FGV-SP – Leia o fragmento:
“Um famoso escândalo político foi o de Antônio Perez,
3. Unifesp-SP que em 1571 era secretário de Estado de Felipe II, tendo
“Convém ter muita advertência nas prisões que fizer nas alcançado um dos postos mais importantes na monarquia.
pessoas que hão de sair ao auto público, que se faça tudo Por rivalidades, viu-se envolvido em intrigas internacio-
com muita justificação pelo muito que importa à reputação nais. Conhecia todos os segredos da Coroa, tendo absoluto
e crédito do Santo Ofício e a honra e fazenda das ditas controle sobre o Tesouro. Foi acusado de vender cargos, de
pessoas, as quais depois de presas e sentenciadas não se suborno e de trair segredos do Estado. Felipe viu um cami-
lhes pode restituir o dano que se lhes der.” nho para atingi-lo: a Inquisição. Tinha de ser acusado de
(Do inquisidor-geral ao primeiro visitador na colônia, em 1591) heresia. Foi difícil encontrar provas contra seu catolicismo,
mas o confessor do rei conseguiu-as. Mesmo sendo íntimo
Essa afirmação indica que, na colônia, a Inquisição: amigo do inquisidor-mor e tendo o apoio da população
a) testou métodos de tortura que depois passou a uti- de Saragoça, Perez foi acusado de herege. Conseguiu fu-
lizar na metrópole. gir e morreu em Paris, e, conforme testemunhou o núncio
b) cuidou de não se entregar aos excessos repressivos apostólico da região, sempre viveu como fiel católico.”
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b) perdeu parte de suas atribuições e poderes a partir e a criação de um índice de livros proibidos as
HISTÓRIA 1
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Unicentro-PR – O papel fundamental desempenhado b) é revogado o celibato clerical; é confirmado o
pela impressão na divulgação das ideias protestantes dogma da transubstanciação, o reconhecimento
ficou claro desde o século XVI. Lutero estava perfeita- da transformação do pão e do vinho em corpo e
mente consciente do efeito positivo dessa invenção: sangue de Cristo.
“A imprensa é o último dom de Deus e o maior. De fato, por c) o Tribunal do Santo Ofício é reorganizado com o fim
esse meio, Deus queria tornar conhecida a causa da verda- de julgar e punir as heresias; são mantidos apenas
deira religião a toda a Terra, até as extremidades do mundo”. os sacramentos do batismo e da eucaristia.
(POTON, s/d, p. 36) d) a salvação é consequência das obras, entendidas
como as boas ações orientadas pelas autoridades
Para reagir contra a propaganda protestante, por meio eclesiásticas; são mantidos a hierarquia e o celi-
da imprensa, a Igreja Católica Romana: bato do clero.
a) expediu ordens para a destruição de todas as máqui- e) o papa só pode perdoar as penas que ele tenha
nas de impressão existentes nos países católicos. imposto por sua vontade; a fé constitui a única e
b) proibiu aos seus fiéis a leitura de livros religiosos verdadeira fonte de salvação.
considerados suspeitos, mesmo que não fossem
de origem protestante. 9. UEPG-PR – As Reformas protestante e católica (ou
c) criou a “Trégua de Deus” e a encarregou de fiscali- Contrarreforma) foram movimentos religiosos que sa-
zar e punir todos os clérigos que utilizassem textos cudiram a Europa no século XVI. A respeito de tais
impressos em suas paróquias. movimentos, assinale o que for correto:
d) organizou a Companhia de Jesus, destinada a deses- (01) O Concílio de Trento, onde se iniciou a reação ca-
timular o ensino da leitura entre crianças e jovens, tólica à Reforma Protestante, foi um acontecimen-
protegendo-os dos textos proibidos. to decisivo para a eliminação do Índex Librorum
e) recebeu apoio das monarquias europeias para sua Prohibitorum (índice dos livros proibidos), que,
campanha contra a imprensa, o que atrasou considera- durante o período medieval, regeu as ações e os
velmente a expansão do conhecimento no século XVI. princípios teológicos católicos.
(02) A venda de indulgências pela Igreja Católica pode
8. Facisb-SP – Na primeira metade do século XVI, os ser apontada como um dos principais motivos
questionamentos sobre a atuação da Igreja Católica para a deflagração da Reforma Protestante.
deram origem, na Europa, aos movimentos conheci- (04) Ao questionarem práticas adotadas pela Igreja
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10. Puccamp-SP – Considere os itens adiante: I. Os protestantes eram contrários à autoridade do papa
HISTÓRIA 1
I. Combate sistemático aos protestantes. e à intermediação dos padres na leitura da Bíblia.
II. Recuperação de áreas sob influência do protestantis- II. Os protestantes eram contrários ao casamento dos
mo através da educação, com a criação de colégios. padres e ao sacramento da confissão.
III. Difusão do catolicismo entre povos não cristãos, por III. As ideias protestantes tiveram grande aceitação por
meio da catequese. parte dos monarcas portugueses, espanhóis e ingleses.
IV. Contenção do protestantismo através dos Tribunais IV. Os jesuítas foram designados para a ação missio-
da Inquisição. nária nas terras da América, Ásia e África, a fim de
garantir a expansão da fé católica.
Eles identificam: V. O Concílio de Trento defi niu algumas ações para
a) as Ordenações Eclesiásticas de Calvino. reagir à expansão do protestantismo, como o forta-
b) o Ato de Supremacia de Henrique VIII. lecimento dos sacramentos e uma melhor formação
do clero para o atendimento dos fiéis.
c) a Dieta de Augsburgo.
Assinale a alternativa correta:
d) a Reforma Luterana.
e) a Contrarreforma. a) somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
b) somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
11. UEM-PR – Sobre as missões jesuíticas fundadas na épo- c) somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
ca colonial, na região que atualmente corresponde ao d) somente a afirmativa IV é verdadeira.
estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s):
e) somente as afirmativas III e V são verdadeiras.
(01) As missões dos jesuítas tinham o objetivo de
dominar os índios para facilitar sua escravização
14. UFPI-PI – Em relação ao contexto das reformas religio-
pelos demais colonos brancos.
sas do século XVI, é correto afirmar que:
(02) As missões ou reduções eram povoações onde
a) a Reforma Puritana possibilitou à Coroa portuguesa
moravam juntos os índios e os padres da Com-
efetivar seu rompimento definitivo com o catolicis-
panhia de Jesus.
mo romano.
(04) A expansão dos portugueses, já a partir do século
b) a Contrarreforma procurou conciliar a visão religiosa
XVI, sobre o território paranaense abriu o caminho
dos seguidores de Lutero com o pensamento dos
para o estabelecimento das reduções dos jesuítas.
seguidores de Calvino.
(08) A fundação de missões, por parte dos jesuítas,
c) os Tribunais da Inquisição ficaram responsáveis pela
objetivava a catequização dos índios e relacionava-
punição dos infiéis e pela censura aos livros consi-
-se aos objetivos de expansão do catolicismo, por
derados ofensivos à fé católica.
parte da Igreja Católica, como reação ao cresci-
mento da Reforma Protestante. d) a Contrarreforma opôs-se à Companhia de Jesus e
delegou à Igreja Anglicana a tarefa de combater a
(16) A região entre os rios Ivaí, Piquiri e Paraná, junta-
expansão protestante na Europa.
mente com a região dos Sete Povos das Missões,
no Rio Grande do Sul, são as únicas regiões do e) a Reforma Protestante fortaleceu a venda de relí-
Brasil que tiveram missões dos jesuítas. quias sagradas e aplicou o dinheiro das indulgências
na edificação de templos católicos.
12. UnB-DF (adaptado) – A Reforma Protestante rompeu a
unidade cristã existente na Europa e deu origem a uma 15. Ufes-ES (adaptado)
reforma religiosa na Igreja Católica, a chamada Contrar- “MOSTRA PROMETE ENTRAR PARA A HISTÓRIA [...]
reforma. A esse respeito, indique se as afirmações a Especializado em organizar mostras em que fique nítida
seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F): a relação entre arte e História, o espanhol Carlos Marti-
a) o combate ao lucro e à usura, bases da vida comercial nez Shaw diz que o Brasil está recebendo obras que, além
e financeira que se dinamizava ao final da Idade Média, da grande qualidade estética, podem ajudar o brasileiro a
mostrava o descompasso da Igreja romana em relação entender o que acontecia no país naquele momento. ‘Ne-
às transformações ocorridas na sociedade. nhum período foi mais importante para a Espanha do que
b) as ideias de Lutero centravam-se na salvação pela fé este. Nunca houve uma explosão tão grande de criativida-
e na leitura direta e interpretação pessoal do Evan- de e de riqueza’ – explica ele, dizendo que está na História
gelho, além de contestarem a supremacia da Igreja a explicação para o barroco do país ter tido predominância
sobre o Estado. dos retratos e imagens religiosas.”
c) exaltando o trabalho e a poupança na conduta hu- (Além da Contrarreforma, a pintura gira em volta da nobreza.
mana, Calvino consagrava valores morais e políticos O Globo, 11/7/2000)
defendidos pela burguesia mercantil.
O texto se refere à exposição de pinturas “Esplendores
d) a Contrarreforma significou a tentativa da Igreja
Católica de reorganizar-se com base em princípios de Espanha” no Museu Nacional de Belas Artes, no
liberais: abrandamento da hierarquia clerical e da Rio de Janeiro. O momento histórico no qual foram
autoridade papal, tolerância quanto aos hereges e produzidas as obras expostas foi marcado pela fase
conhecida como Contrarreforma, que visava:
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c) extinguir os dogmas e os rituais católicos para atrair c) apresenta, com realismo, os movimentos heréticos
HISTÓRIA 1
fiéis e proporcionar maior liberdade aos artistas. que contestavam a Igreja e pregavam o desapego
d) proibir os católicos de seguir as diretrizes do Concílio aos bens materiais.
de Trento, convocado pelos protestantes para divul- d) representa a indignação dos intelectuais ligados à
gar suas crenças e sua produção artística. Igreja Católica, os quais, sob a influência do huma-
e) expulsar da Espanha os jesuítas, que causaram a nismo, acusavam o alto clero de práticas imorais.
cisão da Igreja em razão dos abusos que cometiam e) registra uma cena cotidiana de atividades industriais
e das propostas que defendiam. realizadas no centro dos pequenos burgos europeus
em crescimento.
16. UEL-PR – Analise a figura a seguir:
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KUNSTHISTORISCHES MUSEUM, VIENA, ÁUSTRIA
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HISTÓRIA 1
a) somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
c) somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
d) somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
e) todas as afirmativas são verdadeiras.
21
TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO
HISTÓRIA 1
PARA O CAPITALISMO
HABILIDADES
• Analisar diferentes
processos de produção ou
circulação de riquezas e
suas implicações
socioespaciais.
• Analisar a ação dos Estados
nacionais no que se refere à
dinâmica dos fluxos popula-
cionais e no enfrentamento
de problemas de ordem
econômico-social. A obra retrata um porto francês em 1639, um símbolo da expansão europeia pelo mundo, guiada pela economia
mercantilista.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das
relações de poder entre A economia como área do conhecimento que estuda a produção e a distribuição
as nações. de recursos materiais surge somente no fim do século XVIII. Portanto, falar em “eco-
nomia” do Império Romano, da Idade Média ou mesmo do início da Idade Moderna
é, de certa forma, um anacronismo, isto é, uma ideia de um período utilizada para
explicar e compreender outro ao qual não pertence.
Em períodos anteriores, o que podemos analisar é como os recursos materiais
eram produzidos e distribuídos. No caso da Idade Média, essa produção era basica-
mente local. A mão de obra escravizada e de pessoas livres e pobres foi substituída
pelo trabalho dos servos, que produziam alimentos por meio da agricultura e da
Material exclusivo para professores pecuária. Produziam-se as ferramentas utilizadas no trabalho e, em menor escala,
os artigos de luxo da nobreza.
Com o renascimento comercial e urbano, vinculado também ao fortalecimento
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se formam e, então, dedicam-se a explorar e dominar das do Oriente, mas aponta para o enriquecimento do
o restante do mundo. Para superar o feudalismo, foi olhar europeu, que buscava amalgamar contribuições
HISTÓRIA 1
desenvolvido o capitalismo mercantil. e preservar a fé cristã, que, àquela altura, já havia se
consolidado na Europa.
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JAYSI/SHUTTERSTOCK
HISTÓRIA 1
Os burgos eram cidades muradas que surgiram na época do renascimento comercial e foram as bases do desenvolvimento de diversas cidades durante o
renascimento urbano.
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Avis (1383-1385). D. João, mestre da Ordem de Avis, cesso de colonização. Essa foi a política econômica do
tornou-se rei e apoiou investidas no norte da África, Estado moderno, que visava acumular a maior quan-
HISTÓRIA 1
dominando a cidade de Ceuta em 1415. Iniciava-se tidade de riquezas em suas fronteiras, de tal forma
o périplo africano, a aventura portuguesa na costa da que, quanto mais riqueza houvesse em seus limites,
África, que tinha, entre seus objetivos, encontrar um maior seria o poder do rei. Mas o que era entendido
caminho alternativo para as Índias, local em que imagi- como riqueza naquela época?
navam conseguir produtos valiosos e afirmar a fé cristã. Deve-se levar em conta que a ideia de riqueza tem
a própria historicidade. Se, hoje, considera-se riqueza
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E, de fato, o Estado moderno pôs em execução, com Dos reis partiam as nomeações para os altos cargos
maior ou menor intensidade, variando no tempo e no administrativos e na Casa de Contratação homologa-
HISTÓRIA 1
espaço, com êxitos ou frustrações ao longo de suas vam-se privilégios monopolistas na área colonial. Os
existências, a política econômica mercantilista, que funcionários do Estado metropolitano que tomavam as
preconizava, simultaneamente, a abolição das adua- decisões eram os reinóis, conhecidos como chapeto-
nas internas e consequente integração do mercado nes. Detinham os privilégios na sociedade colonial e
nacional, tarifas externas rigidamente protecionistas estavam acima dos criollos, homens brancos nascidos
para promover uma balança favorável do comércio na área colonial. Tanto os chapetones como os criollos
e consequente ingresso do bullión (ouro e prata), co- representavam uma minoria em um espaço marcado
lônias para complementar e autonomizar a economia pela presença maciça de mestiços e indígenas.
metropolitana. A consonância dessa política econô-
mica com a fase do capitalismo comercial que lhe é PORTUGAL
subjacente era, pois, perfeita; igualmente, o Estado
absolutista, ao praticá-la, se fortalecia pela aplicação
do fiscalismo régio, completando a rede das inter-re-
lações. [...] A colonização europeia moderna aparece,
assim, em primeiro lugar como um desdobramento da
FRANÇA
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Brasão
de Leão e
Castela.
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Os franceses realizaram incursões em todo o con- comunidade (mercado interno) e pequenas e médias
tinente, desde a América do Norte até a do Sul. Cria- propriedades.
HISTÓRIA 1
ram colônias em Quebec, no Vale do Mississipi, nas Já as últimas eram caracterizadas pelo trabalho es-
Antilhas, no norte da América do Sul e chegaram a se cravo, pela atividade monocultora (tabaco e algodão),
estabelecer por um tempo no Rio de Janeiro (França pela economia voltada para o mercado externo e pelos
Antártica). A exploração mineral foi a mais comum, mas latifúndios.
também desenvolveram a produção agrícola baseada
no trabalho escravo, no latifúndio e na monocultura. HOLANDA
INGLATERRA
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
Mercantilismo
Monopólio comercial.
Protecionismo:
Portugal: Extrativismo como principal atividade nos primeiros contatos. Alianças com certos grupos
indígenas e conflito com outros. Distribuição de grandes extensões de terra como forma de ocupação e
colonização efetiva.
Inglaterra: População que realizou a ocupação da América do Norte, as chamadas Treze Colônias. Buscava
Holanda: Algumas incursões na América do Norte, nas Antilhas e na América do Sul. Utilizavam o mo-
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. IFBA-BA (adaptado) Neste trecho, o escritor florentino descreveu o cenário
“Lisboa, agosto de 1499. D. Manoel escreve ao papa anun- urbano na época da peste negra (1348), a pandemia
ciando o retorno de Vasco da Gama da primeira viagem (doença epidêmica amplamente disseminada) que cau-
marítima à Índia e outorga-se um novo título: ‘Rei de Por- sou milhares de mortes por toda a Europa. Com base
tugal e dos Algarves d’aquém e d’além-mar em África, Se- no exposto:
nhor de Guiné e da Conquista da Navegação e Comércio a) estabeleça as relações entre as atividades comer-
da Etiópia, Arábia, Pérsia e […] Índia’. Respaldado pelas ciais das cidades italianas com o Oriente e a presen-
bulas pontificais e nas caravelas, el-rei podia se atribuir ça da peste negra no continente europeu.
o senhorio dos tratos e territórios longínquos que se co-
nectavam à Europa. Tudo se tornará bem mais complicado A Peste Bubônica chegou à Europa por meio, principalmente, dos roedo-
quando a metrópole tentar pôr em prática sua política no
ultramar.” res que chegavam em navios de mercadores, vindos do Oriente.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Trato dos viventes: formação do Bra-
sil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 11.
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Sobre o mercantilismo, pode-se afirmar que: Vermelho em função do número de tragédias que
HISTÓRIA 1
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Unesp-SP b) o reconhecimento do papel determinante da Coroa
“Ó mar salgado, quanto do teu sal no estímulo às navegações e no apoio financeiro aos
familiares dos navegadores.
São lágrimas de Portugal!
c) a crença religiosa como principal motor das navega-
Por te cruzarmos, quantas mães choraram ções, o que justifica o reconhecimento da grandeza
Quantos filhos em vão rezaram! da alma dos portugueses.
Quantas noivas ficaram por casar. d) a percepção das perdas e dos ganhos individuais
Para que fosses nosso, ó mar! e coletivos provocados pelas navegações e pelos
riscos que elas comportavam.
Valeu a pena?
e) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as di-
Tudo vale a pena ferenças entre os oceanos, que os levou a confundir
Se a alma não é pequena. a América com as Índias.
Quem quer passar além do Bojador 8. Fatec-SP – Quando a esquadra de Cabral chegou ao ter-
Tem que passar além da dor. ritório que hoje chamamos de Brasil, o escrivão Pero Vaz
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Relacionando esse trecho da carta de Caminha aos ob- 11. Uneal-AL – Sobre a prática do mercantilismo, é correto
HISTÓRIA 1
jetivos da colonização portuguesa na América, é correto afirmar:
afirmar que essa colonização foi: a) as colônias na América, a exemplo do Brasil, pos-
a) de povoamento, pois se encontraram ouro e prata suíam grande autonomia em sua organização ad-
na primeira viagem às novas terras. ministrativa e livre produção econômica, inclusive
permitindo-se a produção de manufaturas. Esta
b) de povoamento, já que havia pouca possibilidade de
situação era possível em virtude da existência de
as terras serem produtivas ou férteis.
cidades como Olinda e Salvador, que se igualavam
c) de exploração, pois se pretendia utilizar as águas dos politicamente às metrópoles europeias.
rios para a produção de energia elétrica.
b) a balança comercial favorável não consistia em uma
d) mercantilista, pois se demonstrava interesse em preocupação das metrópoles em relação às suas
metais preciosos e exploração da agricultura. atividades comerciais e exploração das colônias. O
e) mercantilista, já que a beleza do local era ideal para livre-comércio e a permanência da riqueza nas pró-
a exploração do mercado turístico. prias colônias eram necessários para o povoamento
da América e o fortalecimento econômico dos Esta-
9. PUC-RJ – Sobre a conquista espanhola da América nos dos absolutistas europeus.
séculos XV e XVI, assinale a afirmativa correta: c) entende-se por monopólio colonial a situação na qual
a) da conquista participaram soldados, clérigos, cronis- a colônia, a exemplo do Brasil, é quem define com
tas, marinheiros, artesãos e aventureiros, motivados quais países pretende manter relações comerciais.
pelo desejo de encontrar riquezas como o ouro e a d) o poder político centralizado pelos Estados nacionais
prata e também de expandir a fé católica expulsando europeus exerceu papel de destaque no desenvolvi-
os muçulmanos da América. mento do mercantilismo. As monarquias absolutistas
b) o ano de 1492 foi crucial não só pela chegada de funcionavam como grandes empresários do capita-
Colombo à América, como também pela conclusão lismo, possibilitando uma união de esforços para o
da unidade da monarquia espanhola levada adiante desenvolvimento das atividades mercantis que en-
pelos reis católicos com a conquista de Granada, volviam desde a mobilização de recursos técnicos
último reduto muçulmano na península. para navegação até a obtenção de financiamentos.
c) Hernán Cortés conquistou facilmente o Império e) o processo de expansão marítima europeia a partir
Asteca, na região do alto Peru, à época governado do século XV possibilitou descobrir novos territórios.
por Montezuma, com quem se aliou para derrotar Estas descobertas foram apenas o resultado do es-
outros povos indígenas que resistiram à dominação pírito aventureiro e sorte do acaso nas navegações
espanhola. oceânicas empreendidas por ingleses e franceses
que pioneiramente desbravaram o Oceano Atlântico.
d) desde o início da conquista, os indígenas contaram
com a proteção da Igreja Católica, que os reconhecia
como seres humanos que possuíam alma e, portan- 12. UFG-GO
to, não deveriam ser subjugados. "O usurário, que adquirir lucro sem nenhum trabalho e até
e) o Império Inca, no México, foi conquistado por dormindo, vai contra a palavra de Deus que diz 'Comerás
Francisco Pizarro, que enfrentou uma longa resis- teu pão com o suor de teu rosto'. Assim, o usurário não ven-
tência dos exércitos indígenas, militarmente su- de ao devedor nada que lhe pertença, apenas o tempo, que
periores e profundos conhecedores do território pertence a Deus. Disso não pode tirar qualquer proveito."
em que viviam. CHOBHAM, Thomas de, apud LE GOFF, J. A bolsa e a vida.
São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 39. (Adaptado)
10. UFRRJ-RJ – O texto abaixo trata das incursões fran-
cesas na América; entretanto, essas ainda não re- O texto acima apresenta o posicionamento da Igreja
presentavam que a França tivesse dado início à sua Católica diante da crescente atividade dos usurários,
expansão. nas cidades comerciais europeias (séc. XIII). Relacione
usura, tempo e trabalho no discurso eclesiástico.
“Ao longo do século XVI, os franceses estiveram na Amé-
rica, mas isso não significava uma atitude sistemática e
coerente desenvolvida pela Coroa. Era, no mais das ve-
zes, atuação de corsários e uns poucos indivíduos. Como
exemplo, pode-se mencionar as invasões do litoral brasi-
leiro [...] e algumas visitas à América do Norte.”
FARIA, R. de M. et al. História para o Ensino Médio.
Belo Horizonte: Lê, 1998. p. 182.
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13. UFRGS-RS – Durante a Baixa Idade Média, ocorreu em ocorreu nas primeiras navegações às terras encontra-
HISTÓRIA 1
Portugal a denominada Revolução de Avis (1383-1385), das por Cristóvão Colombo, que, inclusive, receberam
que resultou em uma mudança dinástica cuja principal a denominação de Novo Mundo. Assinale a alternativa
consequência foi: correta acerca das transformações históricas que pos-
a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das sibilitaram tais expedições:
pressões localistas que ainda sobreviviam nas pe-
quenas circunscrições territoriais do reino. a) o fim da guerra contra os muçulmanos que habita-
b) o surgimento de uma burguesia industrial cosmopo- vam seu território gerou as condições financeiras e
lita e afinada com a mentalidade capitalista que se políticas para que a Espanha adentrasse na aventura
instaurara na Europa. marítima em busca de atingir o comércio das espe-
c) o início das Grandes Navegações marítimas, que ciarias orientais.
resultaram no descobrimento da América e no re- b) a aliança com os muçulmanos do norte da África
conhecimento da Oceania pelos lusitanos. gerou as condições mercantis, tecnológicas e cul-
d) o início do processo de expansão ultramarina, que le- turais que possibilitaram a organização da expedição
varia às conquistas no Oriente, além da ocupação e do comandada por Cristóvão Colombo para as Índias;
desenvolvimento econômico da América portuguesa.
essa expedição acabou encontrando a América.
e) o surgimento de uma aristocracia completamente
independente do Estado, que tinha como projeto po- c) a aliança do rei espanhol com o rei da Itália possibili-
lítico mais relevante a expansão do ideal cruzadista. tou as condições financeiras, políticas e tecnológicas
necessárias à aventura marítima pelo Atlântico, pois
14. Cesgranrio-RJ – Durante o século XVII, grupos puri- os italianos eram hábeis comerciantes e bastante
tanos ingleses perseguidos por suas ideias políticas experientes na navegação do Mediterrâneo.
(antiabsolutistas) e por suas crenças religiosas (protes- d) o papel do Tribunal da Inquisição foi fundamental na
tantes calvinistas) abandonaram a Inglaterra, fixando-se
expansão marítima, pois, ao prender árabes, chama-
na costa leste da América do Norte, onde fundaram as
dos de “mouriscos”, forçava que revelassem os segre-
primeiras colônias. A colonização inglesa nessa região
foi facilitada: dos e as rotas para atingir o comércio com o Oriente.
a) pela propagação das ideias iluministas, que preconi-
16. PUC-RS (adaptado) – Considere o texto abaixo, de G.
zavam a proteção e o respeito aos direitos naturais
dos governados. F. de Oviedo, que relata o estabelecimento do Império
b) pelo desejo de liberdade dos puritanos em relação Espanhol na América, no livro L’ Histoire des Indies,
à opressão metropolitana. publicado no ano de 1555.
c) pelo abandono dessa região por parte da Espanha, “O almirante Colombo encontrou, quando descobriu
que então atuava no eixo México-Peru. esta Ilha Hispaniola, um milhão de índios e índias [...]
d) pela possibilidade de explorar grandes propriedades dos quais, e dos que nasceram desde então, não creio
agrárias com produção destinada ao mercado europeu. que estejam vivos, no presente ano de 1535, quinhentos,
e) pela consciência política dos colonos americanos, incluindo tanto crianças como adultos [...]. Alguns fize-
desde logo treinados nas lutas coloniais.
ram esses índios trabalhar excessivamente. Outros não
15. PUC-GO lhes deram nada para comer como bem lhes convinha.
O outro Além disso, as pessoas dessa região são naturalmente
tão inúteis, corruptas, de pouco trabalho, melancóli-
“Ele me olhou como se estivesse descobrindo o mundo.
Me olhou e reolhou em fração de segundo. Só vi isso por- cas, covardes, sujas, de má condição, mentirosas, sem
que estava olhando-o na mesma sintonia. A singulari- constância e firmeza [...]. Vários índios, por prazer e
zação do olhar. Tentei disfarçar virando o pescoço para a passatempo, deixaram-se morrer com veneno para não
direita e para a esquerda, como se estivesse fazendo um trabalhar. Outros se enforcaram pelas próprias mãos.
exercício, e numa dessas viradas olhei rapidamente para E quanto aos outros, tais doenças os atingiram que em
ele no volante. Ele me olhava e volveu rapidamente os pouco tempo morreram [...]. Quanto a mim, eu acre-
olhos, fingindo estar tirando um cisco da camisa. Era um ditaria antes que Nosso Senhor permitiu, devido aos
ser de meia-idade, os cabelos com alguns fios grisalhos,
grandes, enormes e abomináveis pecados dessas pes-
postura de gente séria, camisa branca, um cidadão comum
soas selvagens, rústicas e animalescas, que fossem eli-
que jamais flertaria com outra pessoa no trânsito. E as-
sim, enquanto o semáforo estava no vermelho para nós, minadas e banidas da superfície terrestre.”
ficou esse jogo de olhares que não queriam se fixar, mas Apud ROMANO, Ruggiero. Mecanismos da conquista colonial. São
observar o outro espécime que nada tinha de diferente e Paulo: Perspectiva, 1973. p. 76.
ao mesmo tempo tinha tudo de diferente. Ele era o outro
Considerando o contexto histórico, pode-se afirmar que
e isso era tudo. É como se, na igualdade de milhares de
humanos, de repente, o ser se redescobrisse num outro es- o texto de Oviedo representa:
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HISTÓRIA 1
extermínio decorrente da exploração colonial, cujos a) as relações profundas entre o Estado absolutista
pressupostos são correntes no universo cultural eu- e o nacionalismo levaram à intolerância e a tudo o
ropeu da época. que impedia o bem-estar dos súditos, unidos por
d) uma defesa, em termos racistas e preconceituosos, regulamentações e normas rígidas.
dos massacres promovidos pelos primeiros colonos b) as práticas econômicas intervencionistas do Estado
espanhóis, que agiam contra os interesses econô- absolutista tinham o objetivo específico de enrique-
micos do Estado absolutista. cer a nação, em especial os comerciantes, que impul-
e) uma visão irônica, de caráter naturalista e raciológico, sionavam o comércio externo, base da acumulação
a respeito da inutilidade da violência praticada pelos da época.
colonizadores civis espanhóis no chamado período c) o mercantilismo foi um sistema de poder, pois o
da Conquista. Estado absolutista implantou práticas econômicas
intervencionistas, cujo objetivo maior foi o fortaleci-
17. FGV-SP mento do poder político do próprio Estado.
“O Estado era tanto o sujeito como o objeto da política d) o Estado absolutista privilegiou sua aliada política,
econômica mercantilista. O mercantilismo refletia a con- a nobreza, ao adotar medidas não intervencionistas
cepção a respeito das relações entre o Estado e a nação que para preservar a concentração fundiária, já que a terra
imperava na época (séculos XVI e XVII). Era o Estado, não era a medida de riqueza da época.
a nação, o que lhe interessava.” e) a nação, compreendida como todos os súditos do
HECKSCHER , Eli F. La epoca mercantilista, 1943. p. 459-461. Estado absolutista, era o alvo maior de todas as me-
Apud Adhemar Marques et al (seleção). História moderna através de didas econômicas, isto é, o intervencionismo está
textos, 1989. p. 85. (Adaptado) intimamente ligado ao nacionalismo.
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HISTÓRIA 1
ABSOLUTISMO
O ESTADO SOU EU
• O Estado sou eu
CHESNOT/GETTY IMAGES
• Regime absolutista
• Absolutismo francês
• Absolutismo inglês
HABILIDADES
• Analisar diferentes
processos de produção
ou circulação de riquezas
e suas implicações
socioespaciais.
• Analisar a ação dos
Estados nacionais no
que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais
e ao enfrentamento de
problemas econômicos e
sociais.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das Estátua de Luís XIV, o Rei Sol, no Palácio de Versalhes.
relações de poder entre as
nações. Como vimos no módulo anterior, a produção local do feudalismo foi substituída
por uma economia global, o mercantilismo. Nesse processo, o poder descentralizado
da Idade Média foi substituído pelos Estados modernos, comandados pelo poder
absoluto do rei.
Poucos momentos históricos têm um símbolo mais completo e reconhecível.
Luís XIV é o rei absoluto por excelência. O Rei Sol, como era chamado, ao redor de
quem tudo e todos orbitavam.
A frase “O Estado sou eu” é atribuída a ele. Provavelmente, nunca foi dita, mas
sintetiza a ideia que estudaremos aqui. No absolutismo, o Estado era o rei e o rei
era o Estado.
REGIME ABSOLUTISTA
O processo de centralização política na Europa, como vimos, começou na Baixa Idade
Média, quando houve uma série de transformações econômicas e sociais, entre elas o
desenvolvimento das cidades e de grupos vinculados ao comércio de artigos orientais
e a atividades artesanais. A isso se denominou renascimento comercial e urbano.
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um aparelho de Estado; e, por último, a unificação de Embora Henrique IV tivesse se convertido ao cato-
pesos e medidas, colaborando para a padronização dos licismo, tinha boas relações com grupos calvinistas e
HISTÓRIA 1
referenciais de compra e intercâmbio. procurava desenvolver um governo de pacificação do
Assim, aos poucos, o poder real passou a ter uma país, em que participariam do aparelho de Estado tanto
importância maior, não apenas por favorecer um di- católicos como protestantes. Nesse sentido, destacou-
namismo econômico, mas também por possibilitar o -se em sua política interna a criação do Édito de Nan-
ordenamento em uma situação de mudanças sociais, tes, em 1598, pelo qual os calvinistas teriam direito de
agitações no campo e intensas mobilidades que preo- culto nas praças-fortes em que fossem maioria. Além
cupavam a nobreza, pois muitos nobres viam nisso disso, por essa medida, era estabelecida a igualdade
uma ameaça ao princípio nobiliárquico de poder que civil entre católicos e protestantes e, na prática, cargos
até então imperava na Europa. Essa acomodação de governamentais eram franqueados aos huguenotes.
vários interesses no Estado absolutista pode parecer Contudo, sua política foi criticada tanto por católicos
paradoxal, mas deve-se entendê-la como a construção como por calvinistas. Os católicos radicais acreditavam
de um ordenamento que garantia o atendimento de que o rei havia traído sua confiança. Os huguenotes
demandas sociais distintas. achavam a medida limitante, pois o culto protestante não
Dessa forma, estavam dadas as bases de afirma- estava liberado em todo o país. Mas o fator decisivo de
ção das chamadas monarquias nacionais ou Estados sua impopularidade esteve vinculado à política externa.
modernos. Henrique IV considerava que o Estado francês só
poderia ser poderoso em relação aos demais Estados
ABSOLUTISMO FRANCÊS europeus se enfraquecesse o poder internacional da
Na França, a família Bourbon chegou ao poder no família Habsburgo, que controlava terras ao leste, oes-
quadro das guerras de religião que afetaram profun- te, norte e sul da França.
damente o continente europeu. As disputas religiosas Assim, procurando minar o poder dos Habsburgo,
serviram de pano de fundo e pretexto para a contesta- Henrique IV inaugurou uma política de apoio aos ho-
ção da autoridade real na França, aumentando a rivali- landeses, que buscavam sua autonomia diante da Es-
dade entre as famílias aristocráticas Guise e Bourbon panha. No entanto, muitos franceses viam na posição
na busca pelo poder. De um lado, Henrique de Guise do rei, ao aliar-se aos holandeses, um sinal de que este
apresentava-se como defensor do catolicismo, enquan- não defendia o mundo católico, pois os holandeses
to os Bourbon, liderados por Henrique de Navarra, co- eram protestantes. Para piorar a situação, o rei passou
mandavam os huguenotes. a defender uma ação armada nas terras alemãs em
No massacre perpetrado contra os protestantes fran- defesa da União Evangélica, protestante, que lutava
ceses na Noite de São Bartolomeu, em 1572, milhares contra a Liga Católica, organização militar de príncipes
de huguenotes foram mortos, episódio que minou pro- católicos comandados pela família Habsburgo.
fundamente a autoridade real, fomentando ainda mais A situação do rei foi se complicando diante da popu-
a guerra civil instalada na França. Após o assassinato de lação católica, o que resultou em seu assassinato por
Henrique III, em 1589, as pretensões de Henrique de fanáticos católicos em 1610, deixando um filho menor
Navarra ao trono da França se consolidaram. Ele abdicou de idade como herdeiro, chamado Luís.
do protestantismo e foi, então, aclamado rei com o título
de Henrique IV, sendo o fundador da dinastia Bourbon. Governo de Luís XIII (1610-1643)
MUSEU NACIONAL DE VARSÓVIA, POLÔNIA
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Embora muitos comemorassem e acreditassem que o viram desprestigiados com a presença de um italiano
cardeal aplicaria uma política em consonância com as à frente de um Estado com poder centralizado. Em
HISTÓRIA 1
diretrizes da Contrarreforma católica, não foi isso o que pouco tempo, agitações ganharam terreno contra o
ocorreu. Richelieu afirmava que só tomaria decisões rei menor de idade e seu tutor. Essas movimenta-
em nome do rei se elas afirmassem o Estado francês. ções de contestação ficaram conhecidas como Fron-
A isso se denominou “razão de Estado”. da (1648-1653). Mazzarino, apesar das dificuldades,
O cardeal percebeu que a França só se tornaria combateu a Fronda e conseguiu vencê-la. Em meio às
poderosa se, de fato, enfraquecesse a família Habs- agitações, decidiu-se por construir um espaço em que
burgo. Nesse sentido, reafirmou o apoio do país aos o rei pudesse governar sem que houvesse pressões
holandeses, colocando a França em guerra contra a sociais, pois a Fronda havia dominado Paris, então sede
Espanha. Isso permitia o ataque a navios espanhóis do governo. Essa construção foi o Palácio de Versalhes.
que saíam da América carregados de ouro e prata e a
GASPARD WALTER/DREAMSTIME.COM
invasão de territórios americanos.
Além disso, Richelieu manteve os termos do Édito
de Nantes, apesar de ser membro da cúpula da Igreja
Católica. Seu governo favoreceu a centralização política
e o reconhecimento da autoridade real. Os êxitos ter-
ritoriais e econômicos contribuíram para que Luís XIII
o mantivesse no governo. Pode-se afirmar que, após a
maioridade de Luís XIII, Richelieu continuou a exercer
o poder em nome do rei como seu primeiro-ministro.
Além de a França conhecer a criação de um império
no estrangeiro, sua economia foi reforçada com estí-
mulos ao desenvolvimento manufatureiro. Esse setor,
assim como o comercial, estava principalmente em
mãos protestantes, o que explica a manutenção dos
termos do Édito de Nantes, pois Richelieu sabia que
uma ação contra os protestantes poderia ser danosa
Foto interna do luxuoso Palácio de Versalhes, que é visitado até hoje e é
à economia francesa e, por conseguinte, à capacidade um dos pontos turísticos mais famosos da França.
de arrecadação que sustentava o poder real.
O palácio foi construído com supervisão do próprio
Governo de Luís XIV (1643-1715) rei e tornou-se símbolo da autoridade real. O rei foi ser-
vido pelos mais importantes intelectuais, conseguindo
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Decadência do Estado absolutista francês alemães e holandeses. A Igreja Católica não anulou
Luís XV (1715-1774) continuou com altos gastos na seu casamento para não criar dificuldades com o impe-
HISTÓRIA 1
Corte e com uma política de guerras que consumiu os re- rador alemão, porém criou problemas com o rei inglês,
cursos do Estado, além de aumentar seu endividamento. que foi ao Parlamento acusar o poder papal de inter-
O maior exemplo da catástrofe militar desse rei foi a ferir em assuntos que diziam respeito aos ingleses.
derrota para a Inglaterra na chamada Guerra dos Sete Anos O Parlamento apoiou a iniciativa de Henrique VIII e o
(1756-1763), pois teve de entregar territórios e possessões resultado disso foi a criação do Ato de Supremacia,
francesas à Inglaterra, além de pagar uma dívida de guerra. em 1534. Esse documento permitiu o confisco dos
O último rei, Luís XVI (1774-1792), enfrentou a Revolu- bens da Igreja Católica e a criação de uma instituição
ção Francesa (1789-1799), movimento que colocou fim à religiosa vinculada ao Estado. O rei era o chefe dessa
história do absolutismo francês. Foi guilhotinado em 1793 instituição, o que lhe garantia um poder amplo sobre
pelos revolucionários, que proclamaram a república no país. a comunidade inglesa. Assim, à custa do poder e da
riqueza da Igreja Católica da Inglaterra, foi construído
ABSOLUTISMO INGLÊS o poder real absolutista de Henrique VIII.
Elizabeth I (1600).
Óleo sobre tela,
127 cm × 99 cm.
National Portrait
Gallery, Londres.
Retrato de Henrique VIII.
Dinastia Stuart
Henrique VIII ficou famoso, entre outros aspectos,
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
ABSOLUTISMO
Uma forma de organização do poder em um Estado controlado por um monarca com poderes
O que é
totais, sem influência de outras instituições ou agentes. Seu símbolo mais conhecido é Luís XIV,
absolutismo?
o Rei Sol.
Sistema monetário que apoia e facilita trocas comerciais. Exército permanente para defesa das ativi-
Benefícios trazidos
pelo Estado absolutista dades mercantis. Unificação tributária. Padronização de pesos e medidas para referenciais de compra
para o mercantilismo
e intercâmbio.
Absolutismo francês Luís XIII (dinastia dos Bourbon): Por ser menor de idade, teve como auxiliar o cardeal de
Luís XIV (dinastia dos Bourbon): Conhecido como Rei Sol, governou a França entre 1643 e
1715. Fez a nobreza ser subordinada e cortesã, vivendo sob seus olhares em Versalhes. Travou intensos
Fundada após os acordos que puseram fim ao conflito entre as famílias York e
Dinastia Tudor:
Lancaster na chamada Guerra das Duas Rosas (1455-1485).
Material exclusivo para professores Dinastia Stuart: Por ser uma família escocesa, havia um descontentamento dos súditos e da
nobreza e, além disso, nesse período houve muitas agitações no campo e nas cidades. É durante essa
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. FGV-SP – Em um dos diálogos da peça intitulada e) um poder total concentrado nas mãos da nobreza,
Henrique VIII, de William Shakespeare, encenada em no qual cabia aos juízes e deputados a tarefa de
1613, a rainha católica Catarina, primeira esposa do julgar e legislar.
rei, desabafava: Neste módulo sobre absolutismo, esta questão é importante para explo-
rar algumas características dessa forma de governo, como autoritarismo
“Mesmo aqui poderemos falar, pois, em consciência, até e poderes concentrados e centralizados.
hoje nada fiz que não pudesse revelar francamente em Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
qualquer parte. Prouvera ao céu que todas as mulheres tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
pudessem declarar a mesma coisa com igual liberdade. grupos, conflitos e movimentos sociais.
Meus senhores, uma felicidade sempre tive: isso de não li- Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo
e no espaço.
gar nunca importância ao fato de meus gestos comentados
serem por toda a gente, de ficarem sob a vista de todos, 3. UFG-GO – Leia o texto a seguir:
e como alvo dos ataques da inveja e da calúnia, tão certa
“É notório que os reis que deixaram boa memória, cada
me acho de ter vida limpa. Se vindes para examinar a mi-
um no seu tempo, buscaram a maneira de acrescentar as
nha conduta como esposa, sede francos. Sempre a verdade
suas rendas e fazendas, sem dano e prejuízo dos seus súdi-
ama linguagem rude.”
tos, para sustentar o seu estado real, a boa governança dos
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seus reinos, bem como a guarda e conservação deles para
O monarca Henrique VIII governou a Inglaterra entre a conquista e guerra.”
1509 e 1547. Durante esse turbulento período: ARCHIVO GENERAL DE SIMANCAS. Diversos de Castela. Livro
3, fólio 85.
a) o catolicismo foi consolidado na Inglaterra por ação
Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média:
direta do rei, que se manteve aliado a Roma contra textos e testemunhas. São Paulo: Ed. da Unesp, 2000. p. 256. (Adaptado)
os monarcas ibéricos.
Escrito no século XV, o texto é parte de uma instrução
b) a liberdade de culto foi implementada, favorecendo
régia de Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Ele
a constituição de diversos grupos religiosos após a
Reforma Protestante. revela, como aspecto característico das monarquias eu-
ropeias centralizadas, a organização das finanças régias:
c) o casamento civil, desvinculado da cerimônia religio-
sa, foi estabelecido como alternativa para os diversos a) considerando as despesas com a administração dos
matrimônios do rei. negócios militares.
d) uma nova religião se formou, marcada por uma estru- b) implementando uma política de favorecimento da
tura sacerdotal ligada diretamente ao Estado inglês burguesia emergente.
e aos interesses do rei. c) estabelecendo uma remuneração à nobreza pelos
e) medidas legais foram criadas para impedir as serviços burocráticos.
mulheres de participarem da linha sucessória na d) impondo o controle estatal às atividades econômicas
monarquia. privadas.
Henrique VIII é considerado o primeiro homem moderno. Em um perío-
do que, hoje, conhecemos como uma transição entre a Idade Média e e) justificando a intervenção na economia com base
a Idade Moderna, o monarca rompeu com a Igreja, o grande centro de nos princípios de autossuficiência.
poder na Idade Média, para que pudesse seguir sua vida de acordo com O texto faz referência aos primeiros passos do Estado nacional centra-
a própria vontade por meio de um divórcio e de um novo casamento. lizado, de administração racionalizada e burocrática. A Espanha é um
Nesse processo, criou uma nova Igreja, vinculada ao Estado, ou seja, a bom exemplo de Estado que passou por tais transformações necessá-
ele. Com isso, consolidou um Estado absolutista na Inglaterra. rias para a implementação do projeto de Estado nacional centralizado.
4. UnB-DF – Leia o texto que se segue, trecho da resposta
2. Fatec-SP C3-H11 do rei Luís XV ao Parlamento de Paris, em 1766.
“A França é uma monarquia. O rei representa a nação in- “É exclusivamente na minha pessoa que reside o poder
teira, e cada pessoa não representa outra coisa senão um soberano [...] é só de mim que os meus tribunais rece-
só indivíduo ante o rei. Em consequência, todo poder, toda bem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude dessa
autoridade, reside nas mãos do rei, e só deve haver no rei- autoridade, que eles não exercem senão em meu nome,
no a autoridade que ele estabelece. Deve ser o dono, pode permanece sempre em mim, e o seu uso não pode ser
escutar os conselhos, consultá-los, mas deve decidir. Deus voltado contra mim e a mim unicamente que pertence o
que fez o rei dar-lhe-á as luzes necessárias, contanto que Poder Legislativo sem dependência e sem partilha [...] a
mostre boas intenções.” ordem pública inteira emana de mim, e os direitos e inte-
Luís XIV. Memórias sobre a arte de governar. resses da nação, de que se ousa fazer um corpo separado
Podemos caracterizar o absolutismo monárquico posto do monarca, estão necessariamente unidos com os meus e
em prática nos países europeus durante a Idade Mo- repousam unicamente nas minhas mãos”.
derna como: Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de história.
a) uma aliança entre um monarca absolutista e a bur- Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue
guesia mercantil, a fim de dominar e excluir o poder os itens adiante, relativos ao Estado nacional moderno:
da nobreza.
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( V ) A expressão “maquiavelismo” pode ser entendida a e) rejeição dos princípios mercantilistas: dirigismo eco-
HISTÓRIA 1
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFRGS-RS – Pelo Edito de Nantes, em 1598, Henrique b) a marcante ausência do Estado e o liberalismo
IV da França: econômico.
a) reprimiu violentamente os protestantes em Paris, c) a essencial presença do Estado e o protecionismo
no acontecimento conhecido como A Noite de São alfandegário.
Bartolomeu. d) o apego à acumulação de metais e a ausência do
b) instituiu a cobrança de impostos territoriais somente Estado na política econômica.
para os protestantes franceses.
c) estabeleceu a igualdade política entre os diferentes 10. UFMG-MG – Considerando-se as características do
credos. Antigo Regime, é incorreto afirmar que:
d) diminuiu o poder dos católicos franceses, asseguran- a) a economia foi fortemente marcada pela atividade
do a supremacia política aos huguenotes. comercial, regida por concepções e práticas deno-
e) concentrou todo o poder em suas mãos, implantando minadas mercantilismo.
o absolutismo na França. b) a expansão comercial associada à expansão marítima
provocou forte migração e consequente despovoa-
8. Udesc-SC – É correto afirmar, em relação ao absolutismo: mento das cidades europeias.
a) As liberdades individuais e a preservação dos direitos c) a organização política predominante era fundamen-
alcançados pelos servos foram características do tada no absolutismo monárquico e se legitimou pela
período absolutista. teoria do direito divino dos reis.
b) A primeira revolução de caráter burguês e contra o d) o processo de ocupação e colonização de territórios
absolutismo ocorreu na França. além-mar ajudou a expandir a cultura e os valores
c) As disputas religiosas e entre igrejas não se relacio- da Europa.
navam de forma alguma com as práticas absolutistas.
d) Na França, os filósofos iluministas foram, em sua 11. Puccamp-SP – Dentre as instituições políticas do Esta-
esmagadora maioria, favoráveis à política absolutista. do moderno, aquela que mais o caracteriza é o:
e) O período das práticas absolutistas foi maior na Fran- a) absolutismo monárquico, nova forma política assumi-
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HISTÓRIA 1
pela tradição e pelo equilíbrio entre as classes sociais. d) II, III, IV e V são corretas.
e) absolutismo monárquico, que punha em prática uma e) Todas as afirmativas são corretas.
política econômica de características não interven-
cionistas, quase liberais – a política mercantilista. 15. Cesgranrio-RJ – A frase de Luís XIV, “L Etat c’est moi”
(O Estado sou eu), como definição da natureza do ab-
12. UFPR-PR – Jacques Bossuet utilizou argumentos ex- solutismo monárquico, significava:
traídos da Bíblia para justificar o poder absoluto e de
direito divino da realeza, com o lema: “Um rei, uma lei, a) a unidade do poder estatal, civil e religioso, com a
criação de uma Igreja francesa (nacional).
uma fé”. São características do absolutismo na França:
b) a superioridade do príncipe em relação a todas as
(01) A concentração dos mecanismos de governo nas classes sociais, reduzindo a um lugar humilde a bur-
mãos do rei. guesia enriquecida.
(02) A identificação entre nação e Coroa. c) a submissão da nobreza feudal pela eliminação de
(04) A influência do racionalismo iluminista como jus- todos os seus privilégios fiscais.
tificativa do poder absoluto e do “direito divino”. d) a centralização do poder real e absoluto do monarca
(08) A criação de um exército nacional permanente. na sua pessoa, sem quaisquer limites institucionais
(16) A ampla liberdade de expressão e de fé. reconhecidos.
e) o desejo régio de garantir ao Estado um papel de
13. Unaerp-SP – A política externa de Luís XIV, o Rei Sol, juiz imparcial no confl ito entre a aristocracia e o
teve como principal característica: campesinato.
a) a ruína da economia francesa em decorrência das suces-
sivas guerras que a França travou contra outros países 16. Uece-CE
para preservar sua supremacia na Europa, juntamente “A superioridade das monarquias sobre os senhores feu-
com os gastos vultosos para a manutenção da Corte. dais acentuou-se: os castelos feudais deixaram de ser in-
b) a consolidação do absolutismo monárquico através vulneráveis com o desenvolvimento da artilharia; a cria-
da redução dos poderes da alta burguesia. ção de exércitos profissionais, convertidos em poderosos
c) a concentração da autoridade política na pessoa do rei. sustentáculos das monarquias, libertaram-nas da até en-
d) por ter reduzido seus ministros à condição de meros tão imprescindível ajuda da nobreza feudal, cuja principal
funcionários, passar a fiscalizar, pessoalmente, todos instituição militar – a cavalaria – tornou-se inútil diante da
os negócios do Estado. infantaria com arcabuzes e mosquetes.”
e) a autossuficiência do país com a regulamentação da AQUINO, Rubim Leão et al. História das sociedades: das sociedades
produção, a criação de manufaturas do Estado e o modernas às sociedades atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro
incremento do comércio exterior. Técnico, 1983. p. 24.
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esta nobreza forneceu ao rei, no intuito de manter-se c) manutenção de forças militares locais que atuaram
HISTÓRIA 1
“amiga” do mesmo, conservando inúmeras regalias, como verdadeiras milícias aristocráticas na repressão
pode ser explicada pela(o): aos levantes camponeses.
a) composição de um corpo burocrático que absorve d) repressão que as monarquias empreenderiam às
a nobreza, tornando esse segmento autônomo em revoltas camponesas, restabelecendo a ordem no
relação às atividades agrícolas que são assumidas meio rural em proveito da aristocracia agrária.
pelo capital mercantil. e) completo restabelecimento das relações feudo-
b) subordinação dos negócios da burguesia emergente -vassálicas, freando temporariamente o processo
aos interesses da nobreza fundiária, obstaculizando de assalariamento da mão de obra e de entrada do
o desenvolvimento das atividades comerciais. capital mercantil no campo.
a) o Palácio de Versalhes.
b) o Museu Britânico.
c) a Catedral de Colônia.
d) a Casa Branca.
e) a pirâmide do faraó Quéops.
EXPANSÃO MARÍTIMA
23
HISTÓRIA 1
EUROPEIA
O MUNDO EUROPEU
• O mundo europeu
HABILIDADES
• Analisar a produção da
memória pelas sociedades
humanas.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das
relações de poder entre as
nações.
• Identificar registros de
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
Monumento à Era dos Descobrimentos ou Era das Grandes Navegações. Lisboa, Portugal.
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Mar do
Norte
ARENQUE Moscou
CARVÃO
Kiel
TECIDOS Gdansk
OCEANO Londres TECIDOS CENTEIO
Antiérpia
ATLÂNTICO ESTANHO
Bruges Magdeburg Varsóvia ESCRAVOS
Colônia PRATA
Rouen Bruxelas COBRE PRATA
Paris CARVÃO VINHO Praga
OURO
SAL Estramburgo Nuremberg COBRE
COURO
VINHO Munique Viena
Bréscia Verona FUSTÕES
Bordeaux Mântua EUROPA TRIGO
LÃ Milão
Toulousse Veneza FERRO ESCRAVOS
40° N Gênova Ferrara
Valladolid FERRO MADEIRA
TECIDOS
Bolonha
Cremona Florença Mar Negro
PRATA
Lisboa Toledo Barcelona
PAPEL Roma SEDA
Edirne
Valência ALIME Istambul
Sevilha Córdoba Palma Nápoles
Bursa
ÁSIA
Rabat
Granada
Palermo
ALGODÃO
ALUME
Foram várias as viagens portuguesas de cabotagem
Alepo
AÇUCAR
OURO
Fez Túnis
Kairouan
AÇUCAR
TRIGO AÇUCAR
ALGODÃO ao longo da costa africana, onde se construíram espa-
Marrakesh AÇUCAR
Alexandria
Dumyat que os lusitanos conseguissem ultrapassar o Cabo das
ALGODÃO
AÇUCAR
Cairo Tormentas (1488), mais tarde rebatizado com o nome
OURO
MARFIM
de Cabo da Boa Esperança.
MARFIM
ÁFRICA
ESCRAVOS ESCRAVOS
Enquanto Portugal buscava atingir o Oriente con-
Rotas de comércio N
15 000 - 22 000
S Cada cm = 710 km
também visava atingir o Oriente, mas de outra maneira:
Região mediterrânica, base de movimentações econômicas que
seguindo para o Ocidente.
originaram o capitalismo na Baixa Idade Média. O Mediterrâneo foi muito A respeito da expansão marítima conduzida pelos Es-
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[...] Convém lembrar as duas concepções geográ- Em 1498, Portugal atingiu Calicute, no Subcontinen-
ficas que se defrontaram, nos últimos decênios do te Indiano. Os portugueses procuraram cristãos naque-
HISTÓRIA 1
século XV, com relação à rota marítima que deveria la região e obtiveram especiarias que garantiram um
ser percorrida para atingir-se a Ásia (mais precisa- lucro inimaginado para a época. A essa altura, a Coroa
mente a Índia) “donde aromas, pedras preciosas, portuguesa já havia firmado um acordo com a Espanha:
brocados e púrpuras, vinha também à Europa a o Tratado de Tordesilhas, o qual dividia o mundo a ser
fama de riquezas fabulosas”. descoberto entre os dois países. Em 1500, ocorreu a
Marcondes de Souza sintetiza essas duas concep- expedição oficial que sacramentou o domínio portu-
ções: “De um lado estava um pequeno grupo de guês na América: a viagem de Pedro Álvares Cabral.
cosmógrafos letrados, dos quais a história tem Em um curto intervalo de tempo, a França, gover-
conservado os nomes de Toscanalli, Monetario, nada por Francisco I, da dinastia Valois, questionou a
Behaim e Colombo, o qual, dando grande impul- divisão do mundo entre portugueses e espanhóis. Iro-
so às ideias clássicas da Antiguidade grega sobre nizando tal distribuição, o rei perguntou onde estava o
a redondeza da Terra e a pequena extensão dos testamento de Adão e Eva, documento que teria ga-
mares, dizia que navegando rumo ao Ocidente rantido a Portugal e Espanha as terras do Novo Mundo.
seria possível em curto espaço de tempo atingir Como essa declaração não existia, o rei afirmou que
a Ilha de Cipango e o litoral de Chatay. Eram os os franceses ocupariam o território.
partidários do chamado ciclo ocidental. Comba-
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
EXPANSÃO EUROPEIA
Expansão marítima
Aperfeiçoamento técnico dos instrumentos de navegação: bússola, astrolábio, caravela e vela latina, entre outros.
Enriquecimento da burguesia.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. Cesgranrio-RJ – Acerca da expansão marítima comercial 3. Fuvest-SP
implementada pelo Reino Português, podemos afirmar que: “Deve-se notar que a ênfase dada à faceta cruzadística da
a) a conquista de Ceuta marcou o início da expansão, expansão portuguesa não implica, de modo algum, que
ao possibilitar a acumulação de riquezas para a ma- os interesses comerciais estivessem dela ausentes – como
nutenção do empreendimento. tampouco o haviam estado das Cruzadas do Levante, em
b) a conquista da Baía de Arguim permitiu a Portugal boa parte manejadas e financiadas pela burguesia das re-
montar uma feitoria e manter o controle sobre im- públicas marítimas da Itália. Tão mesclados andavam os
portantíssima rota comercial intra-africana. desejos de dilatar o território cristão com as aspirações por
c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luanda possi- lucro mercantil que, na sua oração de obediência ao pon-
bilitou a montagem de grande rede de abastecimen- tífice romano, D. João II não hesitava em mencionar entre
to de escravos para o mercado europeu. os serviços prestados por Portugal à cristandade o trato do
d) o domínio português de Piro e Sídon e o consequente ouro da Mina, ‘comércio tão santo, tão seguro e tão ativo’
monopólio de especiarias do Oriente Próximo torna- que o nome do Salvador, ‘nunca antes nem de ouvir dizer
ram desinteressante a conquista da Índia. conhecido’, ressoava agora nas plagas africanas […]”.
e) a expansão da lavoura açucareira escravista na Ilha da THOMAZ, Luiz Felipe. D. Manuel, a Índia e o Brasil. Revista de
Madeira, após 1510, aumentou o preço dos escravos, História (USP), n. 161, 2o semestre de 2009, p. 16-17. (Adaptado)
tanto nos portos africanos quanto nas praças brasileiras.
Como visto neste módulo, Ceuta foi a primeira barreira a ser Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que
vencida e essa conquista foi um marco da expansão marítima a expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um
portuguesa. As demais alternativas mesclam fatos, momentos empreendimento:
e lugares diferentes de forma equivocada.
a) puramente religioso, bem diferente das Cruzadas
2. UFF-RJ – Considerando o processo de expansão da dos séculos anteriores, já que essas eram, na reali-
Europa moderna a partir dos séculos XV e XVI, pode- dade, grandes empresas comerciais financiadas pela
-se afirmar que Portugal e Espanha tiveram um papel burguesia italiana.
predominante. Esse papel, entretanto, dependeu, em b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era co-
larga medida, de uma rede composta por interesses: mum, à época, a concepção de que a expansão da
a) políticos, inerentes à continuidade dos interesses cristandade servia à expansão econômica e vice-versa.
feudais em Portugal; intelectuais, associados ao de- c) por meio do qual os desejos por expansão territorial
senvolvimento da imprensa, do hermetismo e da portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista de novos
astrologia no mundo ibérico; econômicos, vincula- mercados para a economia europeia mostrar-se-iam
dos aos interesses italianos na Espanha, nos quais incompatíveis.
a presença de Colombo é um exemplo; e sociais, d) militar, assim como as Cruzadas dos séculos ante-
vinculados ao poder do clero na Espanha. riores, e no qual objetivos econômicos e religiosos
b) políticos, vinculados ao processo de fragmentação po- surgiriam como complemento apenas ocasional.
lítica das monarquias absolutas ibéricas; sociais, asso- e) que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio
ciados ao desenvolvimento de novos setores sociais, intercontinental, a despeito de, oficialmente, autori-
como a nobreza; coloniais, decorrentes da política da dades políticas e religiosas afirmarem que seu único
Igreja Católica que via os habitantes do Novo Mundo objetivo era a expansão da fé cristã.
como o homem primitivo criado por Deus; e econômi- Esta questão envolve interpretação de texto e avaliação de conhe-
cos, presos aos interesses mouros na Espanha. cimento histórico. Além do aspecto religioso, de luta contra os
muçulmanos, considerados os infiéis, havia o interesse comercial,
c) políticos, vinculados às práticas racistas que envol- comprovado pelo trecho “comércio tão santo, tão seguro e tão
viam a atuação dos comerciantes ibéricos no Oriente; ativo”. A expansão marítima servia, ao mesmo tempo, à expansão
científicos, que viam na expansão a negação das teo- comercial e à difusão da religião em um contexto de Contrarreforma.
rias heliocêntricas; econômicos, ligados ao processo
de aumento do tráfico de negros para a Europa atra- 4. Unicamp-SP C6-H27
vés de alianças com os Países Baixos; e religiosos, Referindo-se à expansão marítima dos séculos XV e
marcados pela ação ampliada da Inquisição. XVI, o poeta português Fernando Pessoa escreveu, em
d) políticos, associados ao modelo republicano desenvol- 1922, no poema “Padrão”:
vido no Renascimento italiano; religiosos, decorrentes
“E ao imenso e possível oceano
da vitória católica nos processos da Reconquista ibé-
rica; econômicos, ligados ao movimento geral de de- Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
senvolvimento do mercantilismo; e sociais, inerentes Que o mar com fim será grego ou romano:
à vitória do campo sobre a cidade no mundo ibérico.
O mar sem fim é português.”
e) políticos, vinculados ao fortalecimento da centraliza-
ção dos Estados ibéricos; econômicos, provenientes PESSOA, Fernando. Mensagem: poemas esotéricos.
Madri: ALLCA XX, 1997. p. 49.
do avanço das atividades comerciais; religiosos, rela-
cionados com a importância do papado na Península Nestes versos, identificamos uma comparação entre
Ibérica; e intelectuais, decorrentes dos avanços cien-
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b) o alcance da expansão marítima portuguesa da Idade b) rejeita a ideia de que a expansão marítima dos sé-
HISTÓRIA 1
Moderna aos processos de colonização da Antiguida- culos XV e XVI tenha provocado a globalização, pois
de clássica: enquanto o domínio grego e romano se muitos povos do mundo se desconheciam.
limitava ao Mar Mediterrâneo, o domínio português c) identifica a expansão marítima dos séculos XV e XVI
expandiu-se pelos oceanos Atlântico e Índico. com o atual contexto de globalização, destacando, em
c) a localização geográfica das possessões coloniais ambos, a completa internacionalização da economia.
dos impérios antigos e modernos: as cidades- d) compara a expansão marítima dos séculos XV e XVI
-Estado gregas e depois o Império Romano se com o atual contexto de globalização, demonstrando
limitaram a expandir seus domínios pela Europa, o papel central, em ambos, dos países ibéricos.
ao passo que Portugal fundou colônias na costa
do norte da África. e) relaciona a expansão marítima dos séculos XV e XVI
com o atual contexto de globalização, ressalvando,
d) a duração dos impérios antigos e modernos: enquanto porém, que são processos históricos distintos.
o domínio de gregos e romanos sobre os mares teve A questão trabalha com interpretação de texto, sem exigir conhecimen-
um fim com as guerras do Peloponeso e Púnicas, tos prévios. A diferenciação entre a globalização atual e o processo que
respectivamente, Portugal figurou como a maior po- começa com as Grandes Navegações é essencial. O autor relaciona os
tência marítima até a independência de suas colônias. dois processos, mas não os equipara – o que é correto.
Por meio de um poema de Fernando Pessoa, que escreveu sobre os 6. Fatec-SP – As caravelas foram um grande avanço tecno-
grandes momentos de Portugal quando o Império Português já era lógico no final do século XV. Graças a elas, foi possível
passado, a questão trabalha o quão revolucionárias foram as Grandes realizar viagens de longa distância de forma eficiente.
Navegações, que tiraram a Europa do Mar Mediterrâneo, ao qual ficara
limitada desde a Antiguidade. No trecho “mar com fim”, há uma referên- Centenas de homens embarcaram nas caravelas dos
cia ao Mediterrâneo, palco da história europeia desde a Antiguidade e, descobrimentos. Alguns buscavam enriquecimento rá-
no trecho “mar sem fim”, há uma alusão ao Oceano Atlântico. pido; outros, oportunidade de difundir a fé em Cristo.
Competência: Compreender a sociedade e a natureza, reconhecen- Estes homens eram atraídos pela aventura, porém as
do suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e surpresas nem sempre eram agradáveis. Nas embar-
geográficos.
cações, proliferavam doenças e a alimentação era pre-
Habilidade: Analisar de maneira crítica as interações da sociedade
cária. Sobre a época descrita no texto e considerando
com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/
ou geográficos. as informações apresentadas, é correto afirmar que as
viagens nas caravelas:
5. Unesp-SP a) foram realizadas no contexto da expansão do mer-
“Que significa o advento do século XVI? [...] Se essa pas- cantilismo europeu, visando também à ampliação
sagem de século tem hoje um sentido para nós, um sen- do catolicismo.
tido que talvez não tinha nos séculos anteriores, é porque b) não pretendiam descobrir novos territórios, apenas
vemos que aí é que surgem as primícias da globalização. estabelecer rotas para aventureiros e marginalizados
E essa globalização é mais que um processo de expansão da sociedade.
de origem ibérica, mesmo se o papel da península foi do- c) tinham como principal objetivo retirar as populações
minante. [...] Em 1500, ainda estamos bem longe de uma muçulmanas da Península Ibérica após as Guerras
economia mundial. No limiar do século XVI, a globaliza- de Reconquista.
ção corresponde ao fato de setores do mundo que se igno- d) eram feitas em condições precárias, pois eram clan-
ravam ou não se frequentavam diretamente serem postos destinas, ou seja, eram realizadas sem o consenti-
em contato uns com os outros.” mento das Coroas europeias.
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século (1480-1520), 1999. e) não ocorriam em condições apropriadas, embora a
maior parte dos tripulantes das caravelas pertences-
O texto: se à nobreza feudal.
Como vimos anteriormente, os contextos religioso, político e econômico
a) defende a ideia de que a expansão marítima dos são indissociáveis. Há o aspecto político do absolutismo, o econômico
séculos XV e XVI tenha provocado a globalização, do mercantilismo e o religioso da Contrarreforma. Tudo isso estava
pois tal expansão eliminou as fronteiras nacionais. envolvido nas Grandes Navegações e chegava às caravelas na forma
de marinheiros, aventureiros, pilotos (como eram chamados os coman-
dantes das embarcações) e religiosos catequizadores.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFG-GO – Desdobramento da expansão comercial eu- e) permitir ao colono desenvolver a produção de artigos
ropeia, a ocupação de terras na América portuguesa manufaturados, impulsionando a formação de um
consolidou o sistema colonial, fazendo do povoamento mercado interno.
um meio de:
a) absorver o excedente demográfico europeu, impul- 8. UFRN-RN – Nos séculos XV e XVI, com as chamadas
sionado pelo crescimento das atividades econômicas Grandes Navegações, os europeus chegaram às Améri-
mercantis. cas, onde iniciaram um processo de conquista e coloniza-
ção. Esses empreendimentos aceleraram a acumulação
b) assegurar a rentabilidade das atividades extrati-
vistas em patamar superior ao comércio de espe- do capital e garantiram o desenvolvimento do capitalis-
mo europeu, pois a burguesia mercantil europeia:
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c) apropriou-se dos lucros advindos tanto do monopó- 10. UFRRJ-RJ – Leia o texto adiante, sobre a expansão
HISTÓRIA 1
lio comercial que as metrópoles mantinham com as comercial e marítima portuguesa e, com base nele,
colônias quanto do tráfico de escravos. responda às questões a seguir.
d) apossou-se da maior parcela dos lucros do comércio “Em 1498, o português Vasco da Gama consegue chegar a
Calicute, nas Índias, contornando o Cabo da Boa Esperan-
colonial, de modo a substituir, na metrópole, a mão
ça. Em seguida, as frotas portuguesas procuraram estabe-
de obra escrava pela mão de obra servil.
lecer um maior controle do Oceano Índico. À medida que
as rotas de navegação se consolidam, Portugal centraliza o
9. UEL-PR comércio das especiarias alterando o papel a ser desempe-
“Mais vale estar na charneca com uma velha carroça do nhado pelas cidades de Gênova e Veneza.”
que no mar num navio novo.” THEODORO, J. Descobrimentos e Renascimento.
São Paulo: Contexto, 1991. p. 20.
Provérbio holandês. In: SEBILLOT, P. Legendes, croyances
et supertitions de la mer. Paris: 1886. p. 73. a) Mencione duas razões que explicam o pioneirismo
português nas navegações e descobrimentos dos
“Ó mar salgado, quanto do teu sal séculos XV e XVI.
São lágrimas de Portugal?
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar para que
b) Estabeleça uma relação entre práticas mercantilistas
fosses nosso, ó mar!” e a assim chamada expansão comercial e marítima.
PESSOA, F. Obra poética. Rio de Janeiro:
Nova Aguillar, 1969. p. 82.
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16. UFRN-RN – O fragmento textual seguinte se refere a 17. FGV-SP – Leia atentamente o poema “O Infante”, do
HISTÓRIA 1
uma característica de sociedades africanas em épocas poeta português Fernando Pessoa:
anteriores à expansão marítima e comercial europeia: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
“A forma como uma sociedade organiza a distribuição dos Deus quis que a terra fosse toda uma,
bens que produz ou adquire revela muito do caráter desta Que o mar unisse, já não separasse,
sociedade, de seus valores, usos e costumes. No caso das
Sagrou-te e foste desvendando a espuma.
sociedades de linhagens da África negra, todo o sistema
social estava baseado nas esferas da reciprocidade e da E a orla branca foi, de ilha em continente,
distribuição, como forma de garantir a coesão social do Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
grupo. Os velhos guardam a experiência e o conhecimento E viu-se a terra inteira, de repente,
dos costumes. Assim, não era uma sociedade dirigida pelos Surgir, redonda, do azul profundo.
mais produtivos e dinâmicos (como na lógica capitalista) e,
Quem te sagrou, criou-te português,
sim, pelos que guardavam a tradição e o saber mágico.”
Do mar por nós em ti nos deu sinal.
SILVA, Francisco C. T. da. Conquista e colonização da América
portuguesa. In: LINHARES, Maria Yedda (Org.). História geral do Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990. p. 48. (Adaptado) Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
Ao estabelecer uma comparação entre a organização O poema permite pensar sobre dois relevantes aconte-
social expressa no fragmento e as sociedades africa- cimentos históricos, que são, respectivamente:
nas exploradas pelos europeus à época das Grandes
a) o protagonismo marítimo lusitano nos séculos XV e
Navegações, é correto afirmar: XVI e a redução do seu império colonial no século XIX.
a) a organização da sociedade de linhagens sofreu mu- b) a descoberta do Brasil em 1500 e a perda de territó-
danças a partir da generalização do comércio escravis- rios no nordeste e na África com a invasão holandesa
ta promovida por interesses mercantilistas na África. no século XVII.
b) a existência prévia da escravidão na África possibili- c) a formação do Condado Portucalense, em 1142, e
tou a manutenção da sociedade de linhagens, sem a União Ibérica (1580-1640), período de extinção do
transformações sociais significativas. Império Português.
c) o papel social desempenhado pelas lideranças nati- d) a elaboração da ideia do Quinto Império Bíblico, relacio-
vas permaneceu inalterado apesar da ampla divulga- nado ao destino de Portugal e, depois, o fortalecimento
ção do cristianismo entre os povos africanos. dos partidos socialistas que tomaram o poder em 1910.
d) o conquistador europeu encarava a organização so- e) a invasão de Portugal por tropas napoleônicas em
cietária de linhagens como uma ameaça à sua domi- 1808, comandadas pelo general Junot, e a vinda da fa-
nação e, por isso, subjugou inicialmente os anciãos. mília real portuguesa para a América, no mesmo ano.
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24
HISTÓRIA 1
AMÉRICA ESPANHOLA
HABILIDADES
• Analisar a produção da
memória pelas sociedades
humanas.
• Identificar os significados
histórico-geográficos das
relações de poder entre as
nações.
• Identificar registros de
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
A pintura representa a chegada de Hernán Cortez ao atual México, onde encontrou uma grande civilização, bem diferente
das que conhecia na Europa: os astecas. Cortez, posteriormente, também descobriria o Império Inca, nos Andes.
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N
NO NE Escala aproximada
1: 21 500 000
Império Inca O L
0 215 430 km
SO SE
70° O
100°O
OCEANO Equador
OASISAMÉRICA 0°
ATLÂNTICO Quito
ARIDOAMÉRICA
Golfo do
México
AN
Trópico
de Câncer
Chan Chan
DE
S
Susa
Pachacamac Machu Picchu
Cuzco
OCEANO MESOAMÉRICA
Nazca Chuquiapo
PACÍFICO
Arequipa
OCEANO
PACÍFICO
N
NO NE Escala aproximada
1: 55 000 000 Catarpe
O L Tilcara
0 550 1 100 km
SO SE
órnio
S Cada cm = 550 km Capric
co de
Trópi
Coplapo
Mapa da região chamada Mesoamérica, onde uma cultura rica e
interessante começou a se desenvolver há milhares de anos, a
começar pelo povo olmeca. Os maias e, por último, os astecas,
que foram encontrados pelos espanhóis, são povos que tiveram
grande influência desse primeiro povo ancestral. O calendário Talca
de 365 dias (calculado de forma exata, como o que utilizamos
atualmente), as ruas largas e pavimentadas, a matemática
avançada, os incríveis trabalhos de engenharia e as técnicas de
cultivo do milho são algumas das características dessa cultura N
Escala aproximada
NO NE
mesoamericana. Império Inca 1: 21 500 000
O L
0 215 430 km
Rotas Inca SO SE
S Cada cm = 215 km
SHUTTERSTOCK
A economia maia era basicamente agrícola e
cultivava-se milho, cacau e batata. A plantação era
realizada, em princípio, nas áreas mais baixas, onde
existiam pântanos. A água era drenada por meio de
um complexo sistema de canais, permitindo o desen-
volvimento agrícola.
Outra prática comum na agricultura era a queimada
para limpar a terra. Isso desgastava o solo rapidamen-
te, o que teria induzido a busca de outros territórios,
colocando em rota de colisão as cidades maias. Ain- Ruínas de Palenque, importante cidade-Estado maia localizada na área mais
da no âmbito econômico, havia o intercâmbio entre ao norte de seus domínios. A arquitetura maia é reveladora de uma civilização
complexa no continente americano antes da chegada dos europeus.
grupos das várias cidades por algum tempo, em que
utilizavam como referencial de valor (moeda) semen-
tes de cacau. ASTECAS
A sociedade maia era constituída de forma rígida Também conhecidos por mexicas, estabeleceram-
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de povos dominados como forma de justificação de seu Apesar de a maior parte das realizações culturais
poderio político na região. e artísticas ter sido destruída pelos espanhóis no pro-
HISTÓRIA 1
Antes do domínio espanhol, os astecas haviam sido cesso de conquista e colonização, até hoje é possível
grandes conquistadores, exigindo tributos cobrados de admirar grandes construções astecas. Além disso, essa
uma a quatro vezes por ano dos povos submetidos. civilização utilizava a escrita pictográfica, o sistema nu-
Funcionários do Estado e escribas mantiveram regis- mérico vigesimal e o calendário solar, em que a cada
tros desses impostos, organizando a arrecadação e o 52 anos era completado um ciclo.
transporte das mercadorias. A respeito dos sacrifícios humanos, de acordo com
As famílias que controlavam o aparelho estatal eram León-Portilla, os astecas acreditavam que eram o povo
as principais beneficiadas, constituindo uma elite no inte- escolhido para preservar a ordem universal. O Sol deve-
rior da sociedade mexica. Outros grupos tinham destaque ria ser alimentado para que a produção de milho fosse
e estavam associados a atividades comerciais. Contudo, a generosa e a vida humana continuasse, pois havia uma
maior parte da população era constituída de camponeses associação entre o Sol, o milho e o ouro. Sendo assim,
e artesãos, que se submetiam às regras do Estado. o líquido vital dos homens deveria alimentar o Sol, por
isso a existência desse ritual.
F9 PHOTOS/SHUTTERSTOCK
INCAS
No altiplano andino desenvolveu-se uma sofisticada
civilização, conhecida como incaica. Suas origens ainda
são desconhecidas, mas sabe-se que habitou primeiro
a região de Huari e se estabeleceu na área de Cuzco,
no fim do século XIII.
Estudos arqueológicos registram a presença hu-
mana nos Andes há aproximadamente 14 mil anos.
A cultura mais antiga da região ficou conhecida por
chavin. Após o recuo das geleiras andinas, grupos de
caçadores e coletores passaram a se dedicar à pesca e
à agricultura por volta de 3500 a.C. Habitantes de áreas
mais interiores desenvolveram o cultivo de pimenta,
Pedra do Sol asteca, na qual encontra-se o calendário dessa amaranto, quinoa e milho. A partir do segundo milênio
civilização, com indicações astronômicas. são encontrados objetos de cerâmica no altiplano.
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Provavelmente, o êxito da atividade agrícola pro- Os incas também realizavam sacrifícios humanos,
vocou crescimento demográfico, dando origem aos em especial de crianças ou mulheres jovens, como
HISTÓRIA 1
primeiros assentamentos urbanos. Alguns dos povoa- atestam pesquisas em sítios arqueológicos nas mon-
mentos chegaram a abrigar cerca de mil habitantes e tanhas chilenas.
eram dominados por centros cerimoniais, nos quais Quando da chegada dos espanhóis (século XVI),
apareceram os primeiros terraços e as construções o Império Inca passava por uma disputa pelo trono
piramidais (na área de Chavin de Huantar), o que acon- entre dois irmãos: o mais velho, Huáscar, e o outro,
teceu no primeiro milênio por volta de 900 a.C. Nessa Athaualpa. O conquistador espanhol Francisco Pizarro
época, era realizado o culto ao Jaguar (Puma). soube explorar esse conflito para empreender o do-
Os incas tinham como base de alimentação o cultivo mínio sobre o gigantesco império da América do Sul.
de batata e milho. A sociedade organizava-se de forma
hierárquica e o imperador era a figura máxima e consi-
derado descendente do deus Sol (Inti). Pode-se afirmar COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
a existência de um Estado teocrático nessa civilização. As civilizações asteca e inca acumularam metais pre-
Cuzco, capital inca, chegou a administrar uma po- ciosos sem conteúdo monetário e esse acúmulo pree-
pulação de aproximadamente 12 milhões de habitantes xistente foi intensamente explorado pelos espanhóis,
em um império que se estendeu, ao longo da costa que ocuparam o território americano rapidamente.
ocidental, do extremo sul do atual Chile até a área mais Além de extrair recursos minerais e alimentos, os
setentrional que corresponde atualmente ao Equador. espanhóis exploraram a mão de obra indígena por meio
da mita (trabalho remunerado na extração de metais
Expansão do Império Inca
preciosos) e da encomienda (trabalho obrigatório, es-
pecialmente em lavouras).
COLÔMBIA
Equador Cidades América espanhola
0°
Quito Limites internacionais atuais
60° O
EQUADOR Pachacuti (1438-1463) VICE-REINO DA
Tupac Inca (1463-1471) NOVA ESPANHA
Tupac Inca (1471-1493) Trópico
de Câncer
BRASIL Huayana Capac (1493-1525)
CAPITANIA GERAL OCEANO
DE CUBA
Conquistas posteriores
ATLÂNTICO
Chan Chan CAPITANIA GERAL
DA GUATEMALA CAPITANIA GERAL
Chavin de
Huantar DA VENEZUELA
PERU
Pachacamac VICE-REINO DA
Cuzco Equador NOVA GRANADA
BOLÍVIA 0°
Nazca
Tiwanaku
o de
O L pic
Tró
SO SE
ARGENTINA
S CAPITANIA GERAL
DO CHILE
Escala aproximada
1: 55 000 000
0 550 1 100 km
Cada cm = 550 km
N
NO NE Escala aproximada
1: 21 500 000
Representação da expansão do Império Inca e seus principais O L
0 215 430 km
governantes entre os séculos XV e XVI. SO SE
S Cada cm = 215 km
Base cartográfica: IBGE.
O mapa revela a constituição da aparelhagem administrativa colonial
diretamente subordinada à Coroa espanhola. Por meio dela, a
Apesar dessa sofisticação civilizacional, não hou- metrópole buscava preservar a exclusividade de exploração econômica
nos espaços americanos de povoamento espanhol.
ve entre os incas uma escrita. Ao menos é o que se MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo: Companhia
afirma até o momento. O que existia era uma espécie das Letras, 2007.
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HISTÓRIA 1
são elementos fundamentais para a compreensão da
expansão europeia. Pode-se considerar, por exemplo,
que a ampliação dos Estados ibéricos teve forte caráter
de afirmação da fé cristã e de luta contra os conside-
rados infiéis.
O próprio Cristóvão Colombo tinha um desejo que
ia além da riqueza material. Aliás, ela era instrumento
para a realização da grande tarefa de reconquistar
Jerusalém dos infiéis. De acordo com o historiador
Marc Ferro:
Cristóvão Colombo não só espera enriquecer pes-
soalmente, junto com seus marinheiros, como quer
também que seus financiadores, os reis de Espa-
nha, enriqueçam, a fim de que possam compreen-
As fantasias do imaginário europeu encontraram na América um terreno
der a importância da empresa. Portanto, a riqueza fértil de disseminação. Histórias fantásticas, como a do Eldorado ou das
o interessa, acima de tudo, por significar reconhe- amazonas, foram algumas que se consolidaram no Novo Mundo.
cimento de seu papel de descobridor. Porém, essa
COLEÇÃO PARTICULAR
sede de dinheiro justifica-se mais ainda por uma
vocação religiosa que é nada menos do que a ex-
pansão do cristianismo. No seu diário, em data de
26 de dezembro de 1492, ele explica que espera en-
contrar ouro em tal quantidade que os reis possam
antes de três anos preparar e empreender ir con-
quistar a Santa Casa. A reconquista de Jerusalém,
foi esse um dos objetivos de Cristóvão Colombo,
obcecado pela ideia de Cruzada.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às
independências. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 23.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
AMÉRICA ESPANHOLA
Maias:
Habitavam a Península de Yucatán, no México.
Organizados em cidades-Estados.
Astecas:
Com capital em Tenochtitlán, herdaram a cultura maia.
Foco:
Extração de recursos minerais e vegetais, explorando mão de obra indígena.
Mita e encomienda.
Influência religiosa:
Colonização religiosa, expansão da fé cristã e luta contra os infiéis no contexto da Contrarreforma.
Colonização
espanhola Visão do Novo Mundo:
O imaginário europeu gerou visões fantásticas das terras conquistadas.
Material exclusivo para professores Rápida ocupação e dominação dos territórios dos impérios Inca e Asteca, já fragilizados por constantes conflitos
internos.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. PUC-RJ – Sobre a conquista espanhola da América nos 3. Cespe-DF
séculos XV e XVI, assinale a afirmativa correta: “Sem colonização não há uma boa conquista e, se a terra
a) Da conquista participaram soldados, clérigos, cronis- não é conquistada, as pessoas não serão convertidas. Por-
tas, marinheiros, artesãos e aventureiros, motivados tanto, o lema do conquistador deve ser colonizar”.
pelo desejo de encontrar riquezas como o ouro e a GÓMARA, Francisco López de. Historia general de las Indias.
prata e também de expandir a fé católica expulsando Madrid: 1852. p 181.
os muçulmanos da América.
b) O ano de 1492 foi crucial não só pela chegada de A apreciação acima, proferida por um eclesiástico do
Colombo à América, como também pela conclusão século XVI, expõe aspectos envolvidos no assentamen-
da unidade da monarquia espanhola levada adiante to e desenvolvimento do império espanhol na América.
pelos reis católicos com a conquista de Granada, Acerca desses aspectos, assinale a opção correta:
último reduto muçulmano na península. a) Na região andina, desde o primeiro momento, houve
c) Hernán Cortés conquistou facilmente o Império forte resistência ao avanço da conquista espanhola,
Asteca, na região do alto Peru, à época governado principalmente nas cidades de Potosí e La Plata.
por Montezuma, com quem se aliou para derrotar b) A área que atualmente pertence ao Chile foi a que
outros povos indígenas que resistiram à dominação menos resistência ofereceu à colonização espanhola,
espanhola. em virtude de sua baixa densidade demográfica e do
d) Desde o início da conquista, os indígenas contaram caráter tribal da população.
com a proteção da Igreja Católica, que os reconhecia c) A Mesoamérica, onde havia uma organização po-
como seres humanos que possuíam alma e, portan- lítico-administrativa pré-colombiana, é exemplo de
to, não deveriam ser subjugados. colonização de sucesso, uma vez que, nesse territó-
e) O Império Inca, no México, foi conquistado por Fran- rio, os espanhóis deram continuidade às estruturas
cisco Pizarro, que enfrentou uma longa resistência existentes.
dos exércitos indígenas, militarmente superiores e d) No Vice-Reino do Peru, os espanhóis permitiram que
profundos conhecedores do território em que viviam. o cargo de governador fosse exercido por membros
Estudar a colonização das Américas é reunir tudo o que foi visto nos das famílias da elite indígena, estratégia que perdu-
últimos módulos: a centralização do poder nas monarquias, o avanço rou até o fim da era colonial.
da burguesia e do mercantilismo, as Grandes Navegações e, final-
mente, o colonialismo. Todos esses elementos estão presentes na Ainda que não seja conhecida a estratégia de nomear governadores
alternativa correta. da elite indígena, pode-se responder à questão por eliminação das
alternativas incorretas: não houve resistência forte nos Andes; houve
resistência na área do Chile atual; e não houve continuidade das estru-
2. Fuvest-SP turas políticas na Mesoamérica.
“Quando Bernal Díaz avistou pela primeira vez a capital
asteca, ficou sem palavras. Anos mais tarde, as palavras
4. Uece-CE – No que diz respeito às civilizações pré-
viriam: ele escreveu um alentado relato de suas experiên- -colombianas que habitavam o continente americano
cias como membro da expedição espanhola liderada por antes da chegada de Cristóvão Colombo em 1492 e
Hernán Cortés rumo ao Império Asteca. Naquela tarde de suas respectivas localizações e desenvolvimento cul-
novembro de 1519, porém, quando Díaz e seus compa- tural, relacione as duas colunas abaixo, numerando a
nheiros de conquista emergiram do desfiladeiro e depara- coluna II de acordo com a coluna I:
ram-se pela primeira vez com o Vale do México lá embaixo,
Coluna I
viram um cenário que, anos depois, assim descreveram:
‘vislumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos 1. Astecas
o que dizer, nem se o que se nos apresentava diante dos 2. Incas
olhos era real’.” 3. Maias
RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janei-
4. Nazca
ro: Civilização Brasileira, 2006. p. 15-16. (Adaptado)
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“Podemos dar conta boa e certa que em quarenta anos, “As aldeias de índios estão forçadas a entregar certa quan-
pela tirania e ações diabólicas dos espanhóis, morreram tidade de seus membros aptos para realizar trabalhos [...],
injustamente mais de doze milhões de pessoas [...]”. durante um prazo determinado. Esses índios são compen-
Bartolomé de Las Casas (1474-1566). sados com certa quantidade de dinheiro e destinados aos
“A espada, a cruz e a fome iam dizimando a família selvagem.” mais variados tipos de serviços.”
Pablo Neruda (1904-1973). Esse trecho da obra de Sérgio Bagú, Economia da so-
As duas frases lidas colocam como causa da dizimação ciedade colonial, apresenta as condições de trabalho
das populações indígenas a ação violenta dos espanhóis compulsório:
durante a conquista da América. Pesquisas históricas re- a) dos diversos grupos indígenas das áreas colonizadas
centes apontam outra causa, além da já indicada, que foi: por espanhóis e portugueses.
a) a incapacidade das populações indígenas em se b) dos grupos indígenas das áreas espanholas subme-
adaptarem aos padrões culturais do colonizador. tidos à instituição da mita.
b) o conflito entre populações indígenas rivais, estimu- c) dos grupos indígenas das áreas portuguesas subme-
lado pelos colonizadores. tidas às regras da “guerra justa”.
c) a passividade completa das populações indígenas, d) dos grupos indígenas das áreas agrícolas de colo-
decorrente de suas crenças religiosas. nização espanhola submetidos ao regime de en-
d) a ausência de técnicas agrícolas por parte das popula- comienda.
ções indígenas, diante de novos problemas ambientais. e) dos grupos indígenas das áreas portuguesas e espa-
e) a série de doenças trazidas pelos espanhóis (varíola, nholas originários das “missões” dos jesuítas.
tifo e gripe), para as quais as populações indígenas Nesta questão, ao analisar a descrição do texto, que faz referência
a trabalhos forçados durante prazo determinado, compensado com
não possuíam anticorpos. A questão biológica é muito im- certa quantidade de dinheiro, os alunos poderão identificar que trata-
portante para entender a coloni-
zação das Américas. Ainda que os europeus estivessem em desvantagem, -se da mita.
por ter um oceano a ser atravessado, o que representava um desafio
logístico, tinham armas, cavalos e, principalmente, mesmo sem saber ao
certo, as doenças contra as quais os nativos não desenvolveram anticorpos.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das institui-
ções sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais. Habilidade: Avaliar criticamente conflitos
culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da História.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Cesgranrio-RJ – Na América colonial espanhola, no 9. UFMG-MG – Leia estes trechos, em que se trata das re-
século XVI, as populações nativas foram utilizadas em lações de trabalho nas colônias espanholas da América:
diversas relações de trabalho. Dentre essas, uma das
mais rentáveis para a Coroa foi a que permitia aos es- I. “As aldeias eram distribuídas entre os conquistado-
panhóis cobrarem tributos dos nativos em gêneros ou res, que passavam a explorar-lhes o sobretrabalho sem,
prestações de trabalhos nos campos. Essa forma de contudo, escravizar os índios. [...] podiam exigir tribu-
trabalho era denominada: tos em gêneros [...] ou prestações de trabalho [...] Os
a) mita. c) cabildos. e) ayuntamientos. colonizadores deveriam, em contrapartida, defender
as aldeias e evangelizar os índios.”
b) obrajes. d) encomienda.
8. Fatec-SP II. “Cada comunidade deveria fornecer, periodicamente,
“Em trezentos anos, a rica montanha de Potosí queimou [...] uma quantidade de trabalhadores para as atividades
oito milhões de vidas. Os índios eram arrancados das comu- coloniais [principalmente nas minas]. [...] Pelo trabalho
nidades agrícolas e empurrados, junto com suas mulheres e [...], os índios deveriam receber um salário, parte do
seus filhos, rumo às minas. De cada dez que iam aos altos pá- qual obrigatoriamente em moeda (ou metal), a fim de
ramos gelados, sete nunca regressavam. Luís Capoche, dono que pudessem pagar o tributo régio.”
de minas e de engenhos, escreveu que os caminhos estavam
III. “Na hacienda praticou-se, largamente, o sistema de
tão cobertos que parecia que se mudava o reino. Nas comuni-
endividamento de trabalhadores, a fim de retê-los na
dades, os indígenas viram voltar muitas mulheres aflitas, sem
propriedade. [...] o trabalhador recebia como salário
maridos; e muitos órfãos, sem seus pais, sabiam que na mina
um crédito na tienda de raya (onde retirava alimentos,
esperavam mil mortes e desastres. Os espanhóis percorriam
roupas etc.), além de um lote mínimo de subsistência.”
centenas de quilômetros em busca de mão de obra. Muitos
dos índios morriam pelo caminho, antes de chegar a Potosí VAINFAS, Ronaldo. Economia e sociedade na América espanhola. Rio
[...]. A conquista rompeu as bases daquelas civilizações. Pio- de Janeiro: Graal, 1984. p. 61-64.
res consequências do que o sangue e o fogo da guerra teve a
implantação de uma economia mineira.” Considerando-se as formas de exploração do trabalho
indígena neles descritas, os trechos I, II e III referem-se,
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HISTÓRIA 1
América, entre os séculos XVI e XVIII, condicionaram a) I, II e III.
a formação de sociedades coloniais diversas e parti-
culares. Sobre tais sociedades, podemos afirmar que: b) II, III e IV.
I. Nas áreas de colonização espanhola, explorou-se, c) I, III e IV.
exclusivamente, a força de trabalho das populações d) I e II.
ameríndias, sob a forma de relações servis, como a e) III e IV.
mita e a encomienda.
II. Nas áreas de colonização portuguesa, particularmen- 12. UFMG-MG – No final do século XV e início do XVI,
te nas regiões destinadas ao fabrico do açúcar, foi quando os europeus conquistaram o continente
empregada, em larga escala, a mão de obra escrava americano, este era habitado por inúmeros grupos
de negros africanos e/ou de indígenas locais. étnicos, com diferentes formas de organização eco-
III. Ao norte do litoral atlântico norte-americano, área de nômica e político-social.
colonização inglesa, houve o estabelecimento de pe-
quenas e médias propriedades, nas quais se utilizou Considerando-se o Império Inca, é incorreto afirmar que:
tanto o trabalho livre quanto a servidão por contrato. a) a agricultura, base da sua economia, era praticada nas
IV. Na região do Caribe, em áreas de colonização inglesa montanhas andinas, por meio de um sofisticado siste-
e francesa, assistiu-se à implantação da grande la- ma de produção, que incluía a irrigação e a adubação.
voura, voltada para a exportação e assentada no uso b) o Estado era centralizado, com o poder político con-
predominante da mão de obra de escravos africanos. centrado nas mãos do Inca, o imperador, e sua so-
Assinale a alternativa correta: ciedade era rigidamente hierarquizada.
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. c) seu domínio se estendia ao longo da Cordilheira
dos Andes, ocupando parte dos atuais territórios da
b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e noroeste
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. da Argentina.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. d) um deus criador e protetor da vida e da natureza era
e) Todas as afirmativas estão corretas. cultuado segundo uma doutrina monoteísta e, para
ele, foram construídos diversos templos.
11. Fuvest-SP – A imagem representa a morte de Atahual-
pa, o último imperador inca, em 1533, após a conquista 13. Unesp-SP
espanhola comandada por Francisco Pizarro. “A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América,
espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu
MUSEU DE ARTE DE LIMA, PERU
Analise as quatro afirmações seguintes, a respeito da “A instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e
empresa e da conquista colonial espanhola no Peru e próxima dos autóctones” contribuiu para a dominação
da representação presente na imagem. espanhola e portuguesa da América, uma vez que os
I. A conquista foi favorecida pelo conflito interno entre religiosos:
os dois irmãos incas, Atahualpa e Huáscar, aproveitado a) mediaram os conflitos entre grupos indígenas rivais
pelas forças espanholas lideradas por Francisco Pizarro. e asseguraram o estabelecimento de relações amis-
II. A produção agrícola das plantations escravistas tosas destes com os colonizadores.
constituiu-se na base econômica do Vice-Reinado b) aceitaram a imposição de tributos às comunidades
do Peru, controlado pelos espanhóis. indígenas, mas impediram a utilização de nativos na
III. Do lado esquerdo da pintura, há uma movimentação agricultura e na mineração.
conflituosa, na qual as mulheres incas são contidas
c) toleraram as religiosidades dos povos nativos e as-
por guardas espanhóis, contrastando com a expres-
sim conseguiram convencê-los a colaborar com o
são ordenada e solene do lado direito, composto
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HISTÓRIA 1
“A conquista sanguinária da América espanhola é do- vas dominadas pelo império dos astecas e dos incas.
minada por [uma] paixão frenética. Rio da Prata, Rio do c) à ação da burguesia espanhola, que agiu isoladamen-
Ouro, Castela do Ouro, Costa Rica, assim se batizavam as te, dado o desinteresse do governo espanhol pelos
terras que os conquistadores desvendavam ao mundo [...]”
territórios americanos.
PRADO, Paulo. Retrato do Brasil, 1928.
d) ao acordo entre banqueiros e sábios europeus para
A “paixão frenética” da conquista da América a que se
ampliar o conhecimento científico e facilitar a explo-
refere o autor está relacionada:
ração econômica da região.
a) à irracionalidade da expansão comercial e marítima
europeia, realizada sem conhecimentos tecnológicos e) ao esforço de solucionar a crise da economia eu-
adequados. ropeia motivada pela escassez do meio circulante.
25
ÁFRICA E ÁSIA ANTES E
HISTÓRIA 1
DEPOIS DA EXPANSÃO
EUROPEIA
REALITY IMAGES/SHUTTERSTOCK
• África antes da expansão
europeia
• Reinos africanos
• Ásia antes da expansão
europeia
• Civilização chinesa
• Civilização indiana
• Colonialismo e
neocolonialismo
HABILIDADES
• Analisar a produção da
memória pelas sociedades
humanas.
• Interpretar diferentes
representações gráficas e
cartográficas dos espaços Templo Brihadisvara, em Tamil Nadu, na Índia, considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.
geográficos.
• Reconhecer a dinâmica A Europa foi, durante muito tempo, o lugar onde estavam concentradas as
da organização dos maiores potências do planeta. Ainda hoje, tem papel central nos rumos inter-
movimentos sociais e a nacionais da política e da economia.
importância da participação Porém, essa potência demorou muito
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HISTÓRIA 1
EXPANSÃO EUROPEIA mes e formas de organização, é possível apontar al-
gumas características gerais desses habitantes, como
O continente africano é considerado o berço da
estrutura familiar, religiosidade, forma de comunicação
humanidade. Diversas pesquisas evidenciam que o
e, em algumas, organização política.
processo de hominização foi iniciado na África até se
No caso da estrutura familiar, solidariedade e laços de
chegar ao Homo sapiens. Uma diáspora ocorreu há
parentesco eram mantidos por meio do culto a ances-
cerca de 50 mil anos e definiu o povoamento de outros
trais comuns. Além disso, os homens garantiam status
espaços do globo terrestre e, entre eles, o do conti-
ao cuidar de várias mulheres. Sendo assim, a poligamia
nente europeu.
foi um traço característico de vários grupos africanos.
Foi no intervalo de tempo da diáspora até cerca
de 12 mil anos que as mudanças na cor da pele e em
África
0°
Crianças de origem bantu na Namíbia.
M a r
V2_HIS1_MOD25 d i t e rDB_PV_V2_HIS1_
M
r â n e o
M25_M001 Mapa da África an-
tes da Expansão Europeia. Atualizar trata- pois participavam de várias atividades no seio familiar,
mento visual do mapa disponível na página podiam se separar do marido e envolviam-se na escolha
Trópico de Câncer 51 de DB_PV_V2_HIS1, edição 2014.
Ma
[Arte: favor compor o título na gravata con- de outras mulheres para o esposo. Muitas tornavam-se
rV
erm
forme <título_mapa>:]
elh
Trópico de Capricórnio
cultura africana anterior à presença europeia. Contado-
res de histórias são reverenciados, pois transmitem,
por meio da narrativa dos acontecimentos do grupo, os
valores da coletividade, imprimindo elementos consti-
tuintes da identidade tribal.
Norte da Escala aproximada
Outro aspecto relevante que aproxima comunidades
N
NO NE
África 1: 112 500 000
Norte
O L 0 1125 2 250 km africanas concerne à organização política. Sociedades
subsaariana SO SE
S Cada cm = 1125 km
definiam-se por relações de parentesco e juramentos
Ao norte do Saara, situa-se a África Setentrional. Na Antiguidade, de fidelidade ao chefe de família. Estes se associavam
destacaram-se nessa região duas grandes civilizações: o Antigo por outras ligações de parentesco até a formação da
Egito e Cartago. Atualmente, o norte da África é uma região marcada
aldeia ou tribo. Como consequência, todos os chefes
pela diversidade cultural, com grande influência do islamismo.
Ao sul, existem diferentes etnias, culturas e línguas. Essa área é de famílias estavam vinculados, como uma espécie
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REINOS AFRICANOS Uma dessas províncias era Songai, que em 1464 to-
De modo geral, os reinos africanos não coexistiram e mou várias cidades de Mali. Aos poucos, esse império
HISTÓRIA 1
alguns já estavam em decadência quando os europeus tornou-se o mais organizado da África Ocidental, com
começaram a conquistar a costa africana no século XV. uma eficiente rede de comunicação e utilização de es-
O Reino de Gana desenvolveu-se a sudoeste do cravos na agricultura, transformando em capital a cidade
Deserto do Saara em razão da proximidade com rotas de Tombuctu. Como na Antiguidade europeia, povos der-
de comércio transaariano. Aos poucos, dominou outras rotados nas guerras eram escravizados. Não era comum,
aldeias e tornou-se um império conhecido pela abun- porém, a existência de reinos escravistas. De modo geral,
dância de ouro. Os monarcas ganenses também eram a escravidão na África Antiga existia em pequena escala.
chefes militares e vistos como divinos pela população. As disputas tornaram-se acirradas entre os grupos que
O reinado teve grande destaque entre 500 e 1000 d.C., disputavam o comércio das áreas controladas por Songai
mas foi incorporado pelo Império Mali por volta de 1230. e, em 1591, o império foi destruído pelos marroquinos,
que buscavam controlar rotas de comércio transaarianas.
JOAN POLLOCK/ALAMY STOCK PHOTO
Kano Kanem
EUROPEIA
Djenne
Limites internacionais
N Escala aproximada A história da região, que compreende a Índia e a
NO NE
atuais O L 0
1: 56 000 000
560 1 120 km
China, tem sua origem na Antiguidade. O desenvol-
Rotas vimento de atividades agrícolas nessa área do globo
Rotas de ocupação que definiram o comércio no Império Mali rumo ao foi posterior ao do chamado Crescente Fértil, porém,
norte do continente. assim que aconteceu, fundamentou duas civilizações
Base cartográfica: IBGE.
sofisticadas: a chinesa e a indiana.
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HISTÓRIA 1
PAUL SPRINGETT/ALAMY STOCK PHOTO
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Mohenjo-Daro
Lothal
Mar Arábico
Golfo de
V2_HIS1_MOD25 DB_PV_V2_HIS1_
Bengala
M25_F008 Indianos no Rio
Ganges. Referência colada no original e
disponível em: < https://www.alamy.com/
search.html?qt=A64W1T&imgt=0 >. 15° N
OCEANO
ÍNDICO
75° N
N
Escala aproximada
Limites internacionais
Os arianos praticavam o cultivo do arroz, desen- Representação de um dos primeiros espaços do Subcontinente Indiano
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A filosofia budista era baseada na superação do Com as Grandes Navegações, as feitorias erguidas por
sofrimento humano por meio das virtudes do pensa- toda a costa africana e em diversos pontos da Ásia
HISTÓRIA 1
mento e das ações e alimentou a ideia da necessidade alteraram a lógica de produção desses povos.
de reencarnações como forma de atingir o nirvana, O tráfico negreiro intensificou certas práticas de es-
estado livre do sofrimento. cravização que aconteciam entre alguns povos africanos.
O imperador Asoka, da dinastia dos Máurias, adotou Incentivando-a, transformou pessoas em produtos em
o budismo, fazendo-o espalhar-se por várias áreas mais uma escala gigantesca e deixou marcas no continente
ao Oriente. Mas isso não significou uma intolerância africano que duram até hoje. Na Ásia, as Grandes Nave-
em relação a outras religiões. Havia uma diversidade gações abriram espaço para uma influência europeia que
religiosa que convivia com o budismo na Índia. se deu, primeiro, na economia e, depois, chegaria acom-
No que diz respeito à vida econômica, além da panhada de grandes armadas marítimas e exércitos.
agricultura do arroz, os hindus cultivaram trigo, ceva- O agigantamento do capitalismo fez surgir o exce-
da e algodão. Na pecuária, domesticaram gado zebu, dente de capitais, que exigia melhores condições de
búfalos, ovelhas, cabras, porcos e elefantes. Estes úl- lucro. Assim, boa parte desse capital deixou seus países
timos também foram utilizados em vários combates, de origem em busca de melhores oportunidades lucrati-
representando uma força irresistível aos seus inimigos. vas em outras áreas, especialmente nas regiões menos
Nos primeiros séculos da era cristã, a Índia foi con- desenvolvidas da África, da Ásia e da América Latina,
trolada por grupos do norte, partos. Estes, associados as quais dispunham de matérias-primas, mão de obra
aos kusham, organizaram o comércio da chamada rota barata, fontes de energia e mercados consumidores. Foi
da seda, ligando a China ao Ocidente romano. Esse a segunda onda de colonizações ou neocolonialismo.
domínio garantiu inúmeras riquezas, levando o Império Havia, ainda, a necessidade de aplicação dos capitais
Hindu ao seu período de esplendor, que, porém, mais excedentes da economia industrial e de obtenção de
adiante, no período medieval, conheceria a decadên- bases estratégicas visando à segurança do comércio
cia por conta das investidas islâmicas e das forças de marítimo nacional. Por esses motivos, Inglaterra, França,
príncipes que controlavam partes do império. Alemanha, Itália, Japão e Rússia converteram-se em paí-
No fim da Idade Média, os contatos comerciais en- ses imperialistas e acabaram por repartir a África, a Ásia
tre os islâmicos e os principados hindus garantiram um e a Oceania entre si. Para justificar os movimentos de
lucrativo comércio de seda e de especiarias produzidas dominação, as nações com ambições imperialistas ado-
no Subcontinente Indiano. taram um discurso humanitário e desenvolvimentista.
Para citar alguns exemplos: o sul da África foi do-
minado por holandeses e, depois, por ingleses – que
COLONIALISMO E estenderam seu império por todo o globo. Estes últimos
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
Norte da África: Antigo Egito e Cartago. Região fortemente influenciada pelo islamismo. Agricultura. Rotas
Gana: Desenvolveu-se a partir do século VII, a sudoeste do Saara. Proximidade com as rotas comerciais tran-
Conquistou o Reino de Gana por volta de 1230. Favoreceu-se com minas de ouro e cobrança de im-
Mali:
postos. Extensa rede de rotas comerciais em Benin. Região sul da atual Nigéria: agricultura e comércio bem
Reinos africanos
desenvolvidos; apogeu entre os séculos XIV e XV; envolvimento no tráfico de escravos.
Congo: África Central; sociedade hierarquizada; domínio autoritário sobre povos vizinhos; escravidão em pe-
quena escala.
Produção agrícola às margens do Rio Amarelo por volta de 2700 a.C. A partir do
Civilização chinesa:
século V a.C., as ideias de Confúcio são disseminadas, constituindo a base da atual cultura chinesa. Grande
mentos: civilização sofisticada. Várias dinastias governaram a China, mas seus fundamentos estão associados
Os primeiros assentamentos no Vale do Indo datam de 4000 a.C. Povos arianos forjam a
Civilização indiana:
cultura local por volta de 1500 a.C. Desenvolveram o cultivo de arroz e a metalurgia. Sociedade rígida e hierarquizada,
em que o hinduísmo, com seu sistema de castas, teve papel importante. Os máurias constituem um império entre os
Material exclusivo para professores séculos V e II a.C. No mesmo período, o budismo ganha espaço. A rota da seda é organizada nos primeiros séculos da
era cristã. Domínio dos portos. Ao fim da Idade Média, é estabelecido um intenso comércio entre os povos islâmicos e
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. Enem C2-H9 3. FGV-SP
“No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi “Durante a Antiguidade e a Idade Média, a África perma-
centro de um comércio internacional onde tudo era nego- neceu relativamente isolada do resto do mundo. Em 1415,
ciado – sal, escravos, marfim etc. Havia também um gran- os portugueses conquistaram Ceuta, no norte do conti-
de comércio de livros de história, medicina, astronomia e nente, dando início à exploração de sua costa ocidental.”
matemática, além de grande concentração de estudantes. ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História.
A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida
por meio de um velho provérbio: ‘O sal vem do norte, o Acerca da África, na época da chegada dos portugueses
ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da em Ceuta, é correto afirmar que:
sabedoria vêm de Tombuctu’.” a) nesse continente havia a presença de alguns Estados
ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: organizados, como o Reino do Congo, e a explora-
MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto ção de escravos, mas não existia uma sociedade
Alegre: Ed. da UFRGS, 2008. (Adaptado) escravista.
b) assim como em parte da Europa, praticava-se a ex-
Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua
ploração do trabalho servil, que, com a presença
importância histórica no período mencionado era o(a):
europeia, transformou-se em trabalho escravo.
a) isolamento geográfico do Saara ocidental. c) a população se concentrava no litoral e o continente
b) exploração intensiva de recursos naturais. não conhecia formas mais elaboradas de organização
c) posição relativa nas redes de circulação. política, daí a denominação de povos primitivos.
d) tráfico transatlântico de mão de obra servil. d) os poucos Estados, organizados pelos bantos, en-
contravam-se no Norte e economicamente viviam da
e) competição econômica dos reinos da região. exploração dos escravos muçulmanos.
O Império Mali estava em uma localização geográfica favorável, não
sendo o Saara um fator de isolamento, mas um local favorável a trocas e) a escravidão e outras modalidades de trabalho com-
e rotas comerciais. A importância destas para as dinâmicas socioe- pulsório eram desconhecidas na África e foram in-
conômicas foi bastante estudada quando tratamos do renascimento troduzidas apenas no século XVI pelos portugueses
comercial e urbano europeu. e espanhóis.
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi- A questão mostra que a escravidão já existia no Congo, um dos rei-
cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. nos mais importantes para o tráfico negreiro instaurado pelas nações
Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das organiza- europeias no colonialismo e foi executada de forma não estrutural.
ções políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
4. Uece-CE
2. Unicamp-SP Por volta de 480 a.C., a China estava dividida em sete
“A longa presença de povos árabes no norte da África, principados que guerreavam entre si. Depois de prolon-
mesmo antes de Maomé, possibilitou uma interação cul- gadas guerras, em aproximadamente 221 a.C., Huang
tural, um conhecimento das línguas e costumes, o que fa- Ti, vitorioso, unificou a China e fundou a dinastia Chin.
cilitou posteriormente a expansão do islamismo. Por outro Sobre Huang Ti, é correto afirmar que:
lado, deve-se considerar a superioridade bélica de alguns a) dentre inúmeras realizações, adotou uma única es-
povos africanos, como os sudaneses, que efetivaram a con- crita e as mesmas leis para o país, e iniciou a cons-
versão e a conquista de vários grupos na região da Núbia, trução da Grande Muralha.
promovendo uma expansão do Islã que não se apoia na b) expandiu o Império Chinês para a Ásia continental,
presença árabe.” abriu a via da seda e iniciou o comércio com as pro-
ARNAUT, Luiz; LOPES, Ana Mônica. História da África: uma
víncias romanas do Oriente.
introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005. p. 29-30. (Adaptado) c) enfraqueceu o poder dos nobres chineses e enfren-
tou a invasão dos mongóis, liderada por Gengis Khan.
Sobre a presença islâmica na África, é correto afirmar que:
d) iniciou um dos períodos do auge da cultura chinesa
a) o princípio religioso do esforço de conversão, a jihad, quando ocorreu a invenção da pólvora, da impressão
foi marcado pela violência no norte da África e pela e da bússola.
aceitação do islamismo em todo o continente africano. A China é uma das civilizações que, de forma independente, criou um
sistema de escrita. A unificação da escrita foi importante para padroni-
b) os processos de interação cultural entre árabes e zar a difusão de informação e conhecimento e para unificar as leis. As
africanos, como os propiciados pelas relações co- demais alternativas citam fatos inverídicos ou que nunca aconteceram.
merciais, são anteriores ao surgimento do islamismo.
c) a expansão do islamismo na África ocorreu pela ação
dos árabes, suprimindo as crenças religiosas tradi- 5. Unesp-SP
cionais do continente.
“As primeiras expedições na costa africana a partir da ocu-
d) o islamismo é a principal religião dos povos africanos
pação de Ceuta em 1415, ainda na terra de povos berberes,
e sua expansão ocorreu durante a corrida imperialista
do século XIX. foram registrando a geografia, as condições de navegação
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sul, além do Rio Senegal, os povos encontrados não eram penetrar com maior facilidade pelo interior dos continen-
HISTÓRIA 1
islamizados, portanto não eram inimigos, mas eram pa- tes; a descoberta do quinino, alcaloide extraído de arbustos
gãos, ignorantes das leis de Deus e, no entender dos por- e utilizado como remédio, reduziu o elevado número de
tugueses da época, também podiam ser escravizados, pois mortes por causa da malária, doença que afetava os euro-
ao se converterem ao cristianismo teriam uma chance de peus no seu avanço pelo território africano.”
salvar suas almas na vida além desta.” AZEVEDO, Gislaine; SERIACOPI, Reinaldo. História: Ensino Mé-
MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano, 2007. dio. São Paulo: Ática, 2005. p. 335.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Cesgranrio-RJ 9. UMC-SP (adaptado) – Correlacione as duas colunas:
“Poder casar com várias mulheres era sinal de prestígio: (01) Os franceses exerceram protetorado sobre esta
quanto mais poderoso um chefe, mais mulheres ele tinha. região africana.
E isso valia tanto para as regiões islamizadas como para as (02) A Etiópia sofreu tentativas de ocupação mal su-
que mantinham as tradições locais”. cedidas em 1889 e foi submetida em 1935 por
MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano. São Paulo: essa nação europeia.
Ática, 2007. p. 31.
(03) Os ingleses tomaram essa antiga nação africana
A cultura europeia se diferenciava da africana e, quando depois da abertura do Canal de Suez.
os europeus passaram a se relacionar com as comuni- (04) Os ingleses dominaram essa região, que era ocu-
dades africanas, foram construídas teses que atribuíam pada por descendentes de holandeses.
à poligamia características de:
(05) Responsabilidade na liderança contra a pressão
a) prática social associada a formas de viver atrasadas inglesa que existia desde a Guerra do Ópio.
e combatidas pela religião católica. ( ) Sul da África.
b) diferença cultural, considerada de relacionamento
( ) Argélia.
produtivo demograficamente.
( ) Boxers, na China.
c) prática doentia associada à transgressão da sexualidade.
( ) Itália.
d) nova relação de parentesco, muito utilizada entre
os europeus. ( ) Egito.
e) disseminação das religiões pagãs entre os africanos,
que eram promíscuas e desordenadas. 10. Unir-RO (adaptado) – Sobre a expansão imperial do
século XIX, indique se as afirmações são verdadeiras
8. Uece-CE – Em 1206, um líder mongol, Gengis Khan, (V) ou falsas (F):
conseguiu reunir todas as tribos de sua gente e ergueu, a) contribuiu para que as potências europeias diminuís-
em poucos anos, um império colossal. Os combaten- sem suas rivalidades econômicas, políticas e milita-
tes, disciplinados e implacáveis, venciam todas as re- res, em razão das ações conjuntas desenvolvidas
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c) pautou-se pela exploração de colônias como comple- c) manteve, finalmente, seu estatuto de Império Celes-
HISTÓRIA 1
mentares à economia metropolitana e como áreas tial, mas ao preço de enormes perdas e concessões
de domínio político direto e indireto. às potências ocidentais.
d) implementou o novo colonialismo como um subpro- d) conseguiu fechar-se ao Ocidente graças à Rebelião
duto de uma era de rivalidade econômico-política Taiping, depois de derrotada pela Inglaterra na Guerra
entre as economias nacionais, intensifi cada pelo do Ópio.
protecionismo. e) resistiu vitoriosamente a todas as agressões do Oci-
dente até Pequim ser saqueada durante a Guerra
11. PUC-PR – A partir da segunda metade do século XIX, dos Boxers.
as potências europeias começaram a disputar áreas
coloniais na África, na Ásia e na Oceania. Seus objetivos 14. UFMS-MS – A respeito do processo de evolução que
eram a busca por fontes de matérias-primas, mercado favoreceu o surgimento do Homo sapiens moderno,
consumidor, mão de obra e oportunidades de investi- pode-se dizer que:
mento. As justificativas morais para essa colonização, a) recentes pesquisas arqueológicas atestam que a ori-
no entanto, estavam relacionadas com o que se chama- gem da humanidade se deu na Ásia e que o Homo
va de darwinismo social, cujo significado é: floresiensis, encontrado na Ilha da Flores, Indonésia,
a) o homem branco tinha a tarefa de cristianizar as foi a primeira espécie do gênero Homo conhecida
populações pagãs de outros continentes, res- em todo o planeta.
gatando-as de religiões animistas e de práticas b) ao que tudo indica, logo que o homem moderno sur-
antropofágicas. giu na África, há cerca de 120 mil anos, a diversidade
b) o homem branco de origem europeia estava imbuído ambiental do planeta induziu o processo de diversi-
de uma missão civilizadora, através da qual deveria ficação genética e morfológica da nossa espécie.
levar para seus irmãos de outras cores, incapazes de c) na década de 1970, na região de Lagoa Santa, em
fazer isso por si mesmos, as vantagens da civiliza- Minas Gerais, arqueólogos brasileiros e franceses
ção e do progresso, resgatando-os da barbárie e do desenterraram a famosa Luzia, nome que deram ao
atraso aos quais estavam submetidos. esqueleto de uma mulher que ali viveu há cerca de
c) os colonizadores europeus tinham a tarefa de ensinar 200 mil anos. Portanto, ao contrário do que se pen-
os princípios fundamentais da democracia, ensinan- sava, o Brasil é um fortíssimo candidato a ser o país
do aos povos colonizados o processo de governo onde pode ter surgido o homem moderno.
democrático, permitindo-lhes se afastar de governos d) o Homo sapiens moderno surgiu diretamente da evo-
tirânicos e autocratas. lução do Homo sapiens neanderthalensis e do Homo
d) a colonização tinha como tarefa repassar aos povos erectus, que viveram na Europa Centro-Oriental en-
colonizados os fundamentos da economia capitalis- tre 200 e 15 mil anos atrás.
ta, para que eles mesmos pudessem gerenciar as e) à medida que houve o processo de evolução biológi-
riquezas de seus territórios e, com isso, possibilitar ca, uma das tendências marcantes foi a diminuição
o desenvolvimento social de seu país. da capacidade craniana dos Australopitecus, os pri-
e) estudar, segundo uma perspectiva antropológica, a meiros hominídeos, até o Homo sapiens sapiens, a
organização das sociedades colonizadas e conhecer nossa espécie.
seus princípios religiosos, políticos, culturais e so-
ciais com o objetivo de ajudar a preservá-los. 15. Muitas pessoas tratam o continente africano como algo
único e homogêneo. Sobre a história da África, assinale
12. PUC-MG – A expansão imperialista, observada no de- a alternativa que contém apenas reinos africanos:
correr da segunda metade do século XIX e da primeira a) Mali, Cartago, Congo e Axum.
metade do século subsequente, apresentou como ele-
b) Egito, Mesopotâmia e Babilônia.
mentos constitutivos, exceto:
c) Cartago, Fenícia, Egito e Mesopotâmia.
a) a partilha territorial do mundo entre as principais
potências capitalistas, constituindo vastos impérios d) Zimbabue, Mesopotâmia, civilização védica e Cartago.
coloniais.
16. Unesp-SP
b) a crescente importância adquirida pela exportação
de capitais, através de investimentos realizados e “Os africanos não escravizavam africanos, nem se reco-
financiamentos concedidos. nheciam então como africanos. Eles se viam como mem-
bros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um
c) a formação de grandes conglomerados financeiros
e industriais, que passaram a controlar setores mais reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha
importantes da economia. os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. [...]
d) a difusão, no nível planetário, do conhecimento tec- Quando um chefe [...] entregava a um navio europeu um
nológico e do progresso material, integrando dife- grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem ne-
rentes povos e culturas. gros, mas [...] uma gente que, por ser considerada por ele
inimiga e bárbara, podia ser escravizada. [...] O comércio
13. Fuvest-SP – Na segunda metade do século XIX, em transatlântico [...] fazia parte de um processo de integra-
face do avanço do Ocidente na Ásia, a China: ção econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a
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26
REVOLUÇÕES INGLESAS:
HISTÓRIA 1
POLÍTICA E ECONOMIA
(SÉCULOS XVII-XVIII)
HABILIDADES
• Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos
movimentos sociais e a
importância da participação
da coletividade na
transformação da realidade
Retrato de Carlos I durante a guerra civil inglesa. histórico-geográfica.
• Analisar a atuação dos
O século XVII foi um período de grande movimentação política para os ingleses.
movimentos sociais
No período dos Tudor, um século antes, Henrique VIII foi responsável por uma grande que contribuíram para
mudança religiosa na Inglaterra e seu reinado buscou a emancipação da Igreja Cató- mudanças em processos de
lica, que até então tinha domínio político e espiritual sobre as monarquias europeias. disputa pelo poder.
O monarca converteria a si mesmo e a Inglaterra ao protestantismo, fundando a • Avaliar criticamente
Igreja Anglicana. conflitos culturais, sociais,
Essa mudança religiosa também beneficiou outra camada da sociedade, a já políticos e econômicos.
ascendente burguesia, que passou a concentrar mais propriedades e, assim, a fim
de defender seus interesses, buscou maior participação no exercício do poder.
A entrada da burguesia no jogo político levou a monarquia a perder sua importância
incontestável na tomada de decisões, uma vez que a sociedade pretendia participar
cada vez mais. Esse processo levou à consolidação do sistema parlamentarista na
DINASTIA STUART
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A cronologia do reinado Stuart vincula-se, neces- capricho do rei e consideraram que a Igreja Presbi-
sariamente, às Revoluções Inglesas do século XVII: teriana não deveria ser absorvida e, também, que os
HISTÓRIA 1
• Governo de Jaime I (1603-1625). negócios não poderiam ser prejudicados com novas
• Governo de Carlos I (1625-1649). taxações.
• Revolução Puritana (1642-1649). Carlos I pretendia aumentar sua autoridade ao lu-
• Governo revolucionário de Cromwell (1649-1658). tar contra os presbiterianos e viu-se em uma situação
• Restauração monárquica dos Stuart (1660). em que o poder real ficara abalado com a negativa do
• Governo de Carlos II (1660-1685). Parlamento à sua solicitação de mais recursos para o
• Governo de Jaime II (1685-1688). confronto.
• Revolução Gloriosa (1688-1689). Isso o fez dissolver a instituição e decidir pela ele-
vação de impostos. Os ingleses consideraram a deci-
GOVERNO DE JAIME I (1603-1625) são real um desrespeito à tradição que existia desde
Governante que criou algumas dificuldades ao ten- a Magna Carta (1215), quando foi estabelecido que o
tar justificar seu poder como de origem divina. Na In- rei não podia criar impostos sem o consentimento de
glaterra, muitos consideravam que o poder do rei devia representantes da sociedade. O próprio Parlamento era
se ajustar aos interesses dos súditos, os quais tinham oriundo dessa tradição e a revolta gerada pela decisão
representação no Parlamento, e não se vincular à ideia de Carlos I ganhou feição de revolução.
de inspiração divina. O historiador José Jobson de Andrade Arruda, em
Jaime I empreendeu uma expansão ultramarina co- breve exposição sobre essa revolução, afirma:
lonizadora na América. As Treze Colônias inglesas na
América do Norte surgiram nessa época e o rei as con- O rei foi proibido de manter um exército permanen-
siderava um empreendimento que envolvia ingleses, te; a política tributária passava para o controle do
mas que era uma espécie de propriedade particular. Parlamento; a política religiosa deveria ser conduzi-
A essa consideração real houve oposição de ingleses da pelo Parlamento; pelo Ato Trienal, o Parlamento
em geral e do Parlamento especificamente, acirrando teria de ser convocado regularmente, ao menos de
as tensões políticas. três em três anos, sem o que poderia haver uma au-
O rei negociou com companhias de comércio para toconvocação [...]
transportar parte da população pobre que habitava as
Imediatamente, em vários condados, eclodiram re-
cidades ao Novo Mundo. O sistema envolvia pagamen-
beliões populares, invocando o Parlamento contra
to por meio de servidão temporária e supervisionada
os “papistas”. Eram principalmente camponeses,
pela monarquia até que os gastos de viagem e insta-
que mesmo nos movimentos insurrecionais urba-
lação fossem pagos a esses estabelecimentos. Além
nos tiveram notável participação [...] Coube a Oli-
disso, a tensão com grupos calvinistas (puritanos) cres-
ver Cromwell [...] criar o Novo Modelo do Exército
ceu e Jaime I acenou com a possibilidade de culto
(New Model Army), constituído de forma revolu-
livre na América. Assim, grupos de colonizadores eram
cionária, pois a ascensão não se fazia por nascimen-
constituídos por famílias protestantes que imaginavam
to, e sim por merecimento [...].
a possibilidade da liberdade de religião nas colônias
Consciente do perigo representado pelo rei, em
americanas.
constante ameaça de restauração, o exército força
Os ganhos econômicos e os deslocamentos po-
o julgamento e condenação do rei pelo Parlamento
pulacionais não reduziram as tensões em relação ao
depurado. No dia 30 de janeiro de 1649, Carlos I foi
poder real, principalmente por ser a família Stuart ca-
decapitado. A 6 de fevereiro a Câmara dos Lordes
tólica e perseguidora de protestantes (presbiterianos)
foi abolida. No dia seguinte a Câmara dos Comuns
na Escócia. Essa situação ficou bem visível no reinado
emitiu este comunicado: “Ficou provado pela expe-
do filho de Jaime I, coroado na Inglaterra com o título
riência que a função do rei neste país é inútil, one-
de Carlos I.
rosa e um perigo para a liberdade, a segurança e o
bem-estar do povo; por isso, de hoje em diante, tal
GOVERNO DE CARLOS I (1625-1649)
função fica abolida [...].”
No reinado de Carlos I, a tensão política provocou
ARRUDA, José Jobson de Andrade. A Revolução Inglesa. São Paulo:
uma guerra contra o rei, que desenvolveu uma política
Brasiliense, 2006. p. 74 e 81.
sistemática contra os calvinistas da Escócia, tentando
absorver o patrimônio da Igreja Presbiteriana.
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HISTÓRIA 1
der, Oliver Cromwell, criou um exército revolucionário Cromwell criou um governo ditatorial que favoreceu
(Cabeças Redondas), que combateu tropas leais ao rei. setores comerciais e manufatureiros da economia in-
Essa guerra envolveu populares e nobres, cujo interes- glesa. Um exemplo dessa política encontra-se no es-
se maior era acabar com o poder de Carlos I. tabelecimento dos Atos de Navegação (1651-1652),
pelos quais o comércio exportador e importador foi
nacionalizado, ou seja, só podiam sair ou entrar pro-
GEORGIOS KOLLIDAS/SHUTTERSTOCK
dutos do país se estivessem em navios da Inglaterra.
Quase metade do comércio exportador-importador
inglês era feito em navios holandeses. Dessa forma,
a marinha mercante holandesa ficou prejudicada, en-
quanto a da Inglaterra foi favorecida. Os holandeses
tentaram comercializar nos portos ingleses e suas em-
barcações foram aprisionadas. Isso repercutiu em uma
guerra entre os dois países. Os ingleses venceram e,
com a vitória, a economia foi impulsionada.
Cromwell ainda ampliou o raio de ação política in-
glesa ao estabelecer o controle sobre o território da
Irlanda. Sem dúvida alguma, a Comunidade Livre, con-
duzida por ele, Lorde Protetor, ganhou mais espaço
para iniciativas econômicas.
Após a morte de Cromwell, houve movimentações
para o retorno da monarquia em nome da estabilidade da
Inglaterra, já que o governo era, para muitos, conduzido
pessimamente por Richard, filho do Lorde Protetor. Os
ingleses sentiram a morte de Cromwell e temiam uma ins-
tabilidade ainda maior se nada fosse feito contra Richard.
Nesse quadro de insegurança, começaram as nego-
ciações com o filho de Carlos I, rei decapitado na Revolu-
Retrato de Oliver Cromwell. Gravura produzida por E. Scriven e ção Puritana, que aceitou ser rei. O Parlamento impunha
publicada no Reino Unido em 1837. a condição de reconhecimento de suas prerrogativas para
reconhecer Carlos II como rei da Inglaterra, situação em
Após esses acontecimentos, foi proclamada a que foi prontamente atendido pelo membro da família
Comunidade Livre da Inglaterra, a qual, para alguns Stuart. Assim, foi restaurada a monarquia.
historiadores, teria representado a única experiência
republicana na história da Inglaterra. LEITURA COMPLEMENTAR
A história da Revolução Inglesa de 1649 a 1660 pode ser
Inglaterra – avanço das tropas revolucionárias contada em poucas palavras. O fuzilamento dos Levellers
5° O 5° O
por Cromwell, em Burford, tornou absolutamente inevi-
tável a restauração da monarquia e dos senhores, pois a
ruptura entre a grande burguesia e a pequena nobreza,
por um lado, e as forças populares, por outro, significava
ESCÓCIA ESCÓCIA
OCEANO
Mar do
OCEANO
Mar do que o seu governo poderia ser mantido por um exército
ATLÂNTICO Norte
ATLÂNTICO Norte
55° N 55° N
(o que, a longo prazo, provou ser extraordinariamente
dispendioso e de difícil controle) ou por um compromis-
IRLANDA IRLANDA so com os representantes da velha ordem que restavam.
N
INGLATERRA
N
INGLATERRA Mas, primeiro que tudo, havia tarefas a realizar.
NO NE NO NE
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SE Cana SO
S
SE Cana prietários de terras e dos camponeses – o primeiro gran-
Escala aproximada de triunfo do imperialismo inglês e a primeira grande
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
REVOLUÇÕES INGLESAS
Adepto da teoria do direito divino dos reis, descontenta o Parlamento ao almejar mais influência e poder.
Governo de
Jaime I
(1603-1625)
Governo de
Carlos I
(1626-1649)
Não adere ao anglicanismo, privilegiando os católicos na formação do Conselho Real, e faz declarações
Governo de
contra o Parlamento (Revolução Gloriosa).
Jaime II
(1685-1688)
Parlamento.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
a) o Parlamento, ao executar o rei, atacava um princí- Sobre as Revoluções Inglesas, ocorridas no século
pio central do Estado absolutista, que era a ideia da XVIII, é correto afirmar que:
origem divina do poder real e de sua incontestável
autoridade. a) o processo dessas revoluções foi inspirado nos ideais
iluministas do século XVIII, culminando, assim como
b) os Cabeças Redondas defendiam não apenas a ex- na França, na decapitação do rei.
tinção do regime monárquico como também a luta
armada contra nações que tivessem esse regime. b) Oliver Cromwell, apesar de ter comandado os
yeomen, acabou derrotado pelas tropas leais ao rei.
c) a Revolução Inglesa questionava a legitimidade do
Antigo Regime monárquico e desencadeou uma sé- c) foram um movimento que retardou a chegada da
rie de revoluções, pondo fim ao Estado moderno Revolução Industrial por terem levado a nação a
na Europa. afundar-se numa guerra civil sem fim.
d) a Revolução Inglesa estava afinada com os interes- d) serviram para fortalecer a figura do rei e da monar-
ses da nascente burguesia, mantendo alguns privi- quia absolutista em detrimento do Parlamento e da
légios da nobreza, ligada à Igreja Anglicana. gentry.
Um dos principais questionamentos do período das Revoluções In-
e) estabeleceram uma nova realidade política e reli-
glesas é quanto ao poder absoluto do monarca, que teria privilégios giosa, pois o Parlamento consolidou seus direitos,
e concentraria toda a riqueza em si e nas mãos dos nobres. O Parla- e os não anglicanos tiveram garantia de tolerância
mento, composto por diversas pessoas não necessariamente ligadas religiosa.
à nobreza, questionava o poder absoluto dos reis e procurava garantir Como é possível analisar na citação presente na questão, as Revoluções
uma maior participação na política inglesa. Inglesas contribuíram para o crescimento da Inglaterra, que, com a Re-
volução Industrial, tornou-se um dos países mais ricos no século XVIII.
Além disso, também contribuíram para o enfraquecimento do absolu-
2. Fuvest-SP tismo no país e permitiram a ascensão de outros grupos sociais, como
As chamadas “Revoluções Inglesas”, transcorridas entre a burguesia, que cada vez mais participava do poder político e religioso.
1640 e 1688, tiveram como resultados imediatos: Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo
a) a proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
e o fim dos monopólios comerciais. Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se
b) o surgimento da monarquia absoluta e as guerras refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
contra a França napoleônica. 4. UEG-GO
c) o reconhecimento do catolicismo como religião Nos séculos XVII e XVIII, as revoluções burguesas
oficial e o fortalecimento da ingerência papal nas convulsionaram o mundo. Com a crise do absolutismo
questões locais.
monárquico, elas transformaram o cenário político e os
d) o fim do anglicanismo e o início das demarcações regimes de governo até então presentes. Dentre essas
das terras comuns. revoluções, uma ficou famosa por ter respeitado o papel
e) o fortalecimento do Parlamento e o aumento, no político do rei, que continuaria sendo o chefe de Estado,
governo, da influência dos grupos ligados às ativi- ainda que tendo seus poderes reduzidos e controlados
dades comerciais. pelo Parlamento. Esta revolução foi a seguinte:
As Revoluções Inglesas contribuíram para o questionamento do a) Revolução Americana.
poder absoluto do monarca e para a ascensão de outros grupos b) Revolução de Avis.
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5. Mackenzie-SP 6. Unesp-SP
HISTÓRIA 1
A Revolução Gloriosa, na Inglaterra (1688-1689), marcou A Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa
o início de uma época de grande prosperidade para o (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII.
país, lançando as bases para o desenvolvimento capi- Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer
talista, e permitiu que o país fosse o pioneiro na Revo- que:
lução Industrial do século XVIII. Podemos estabelecer a) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no
uma relação entre os dois eventos porque: comércio marítimo, pois os conflitos internos pro-
a) o governo passou a impor a religião anglicana, dando vocaram forte redução da produção e exportação
fim aos conflitos religiosos e aos massacres entre de manufaturados.
católicos e protestantes, liberando mão de obra para b) resultaram na vitória política dos projetos popula-
as novas técnicas de produção. res e radicais dos cavadores e dos niveladores, que
b) o poder real, com a retomada do absolutismo, não defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos
encontra empecilhos para dar fim ao sistema feudal nobres.
e incentivar a prática capitalista para aumentar os c) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com
recursos do Tesouro Nacional. as disputas políticas e sociais, desembocaram na re-
c) o país, com o advento do parlamentarismo, passou tomada do poder pelos católicos e em perseguições
por transformações, como o acordo político e eco- contra protestantes.
nômico entre a burguesia e a nobreza rural, que, d) geraram um Estado monárquico em que o poder real
juntas, promoveram o desenvolvimento econômico. devia se submeter aos limites estabelecidos pela
d) tanto a tolerância religiosa quanto uma maior liber- legislação e respeitar as decisões tomadas pelo
dade de expressão política por parte da sociedade Parlamento.
civil, características do despotismo esclarecido, in- e) precederam as revoluções sociais que, nos dois
centivaram o desenvolvimento econômico. séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as
e) o desenvolvimento de uma monarquia, com carac- colônias na América, provocando a ascensão política
terísticas de um Estado liberal, permitiu a união de do proletariado industrial.
todas as classes sociais na Inglaterra, o que permitiu As Revoluções Inglesas contribuíram para o fortalecimento
a modificação das relações trabalhistas no campo. do Parlamento, promovendo a diminuição do poder absolu-
tista do rei.
As Revoluções Inglesas do século XVII contribuíram para o fortale-
cimento do Parlamento e, consequentemente, para a diminuição
do poder real. Com o parlamentarismo, há a emergência de novos
grupos sociais, como os burgueses, que passaram a intervir mais
na política inglesa e no comércio, estimulando o desenvolvimento
e o enriquecimento do país.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Uepa-PA – No período de 1649 a 1660, desenvolveu-se 8. Furg-RS – No século XVII, a Inglaterra foi revolvida por
na Inglaterra o regime republicano. Em 1651 Cromwell grandes turbulências políticas, econômicas e sociais.
procedeu à unificação da Inglaterra, Irlanda e Escócia, Trata-se da Revolução Inglesa, um período de cinquenta
tornando-se Lorde Protetor da comunidade britânica. anos de lutas, que representou o embate das velhas
Ainda em 1651, o Parlamento votou os Atos de Nave- estruturas feudais com as novas forças do capitalismo.
gação, segundo os quais: As alternativas abaixo apresentam características da
Revolução Inglesa.
a) os dirigentes britânicos buscavam monopolizar o
comércio e a navegação nos chamados sete mares, Assinale a alternativa incorreta:
afetando diretamente a Holanda, detentora até então a) promover o rompimento com o sistema feudal.
de enorme poder naval. b) promover a substituição do Estado absolutista pelo
b) os dirigentes ingleses determinaram que o transpor- Estado liberal capitalista.
te de quaisquer produtos de origem colonial, assim c) propiciar condições para o avanço do capitalismo
como das espécies monetárias, seria realizado por industrial.
navios de países europeus. d) implantar definitivamente a república na Inglaterra.
c) a Inglaterra declarava guerra à Holanda, uma vez que e) selar um compromisso entre burguesia urbana e
esta, buscando assegurar o poder naval, aprovou nobreza de terras cultivadas em moldes capitalistas.
a legislação mercantil que criou as companhias de
comércio. 9. UFC-CE – A Revolução de 1688, na Inglaterra, representou:
d) produtos como açúcar, tabaco, algodão, madeiras a) a diminuição do poder exercido pelo Parlamento.
tintoriais, produzidos ou fabricados em colônias b) a extinção do poder aristocrático com a adoção do
inglesas da América, da África ou da Ásia seriam voto popular.
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“As Revoluções [Inglesas e Francesa], além de outras pe- rural mais progressista, a chamada gentry.
culiaridades, são notórias como canteiros de ideologias, e) a Declaração dos Direitos, datada de 1689, limitou
particularmente ideologias populares de protesto. Em o poder político real e abriu caminho para a entrada
cada uma dessas revoluções esteve presente um elemento da Inglaterra numa era de prosperidade, reforçando
popular adicional que também lutava por um lugar ao sol.” sua modernização econômica.
Georges Rude.
13. Unimontes-MG
Assinale a alternativa que confirma a citação acima: “[…] Os lordes espirituais e temporais e os Comuns, hoje
[22 de janeiro de 1689] reunidos [...] constituindo em con-
a) nas Revoluções Inglesas do século XVII participaram
não só os líderes do Parlamento, os presbiterianos, mas junto a representação plena e livre da nação [...] declaram
também os niveladores e os sectários das classes in- [...] para assegurar os seus antigos direitos e liberdades:
feriores ou subalternas. Na Revolução Francesa, a bur- 1. Que o pretenso direito da autoridade real de suspender
guesia e seus aliados aristocratas e liberais tiveram de as leis ou a sua execução [...] é ilegal [...].
fazer frente aos camponeses e sans-culottes urbanos.
4. Que qualquer levantamento de dinheiro para a Coroa
b) os girondinos eram o grupo radical mais próximo aos ou para seu uso [...] sem o consentimento do Parlamento
ideais populares durante a Revolução Francesa e foram
[...] é ilegal; [...].
os responsáveis pela aprovação da Lei do Máximo.
c) na Revolução Francesa, a nobreza teve que se aliar 6. Que o recrutamento e a manutenção de um exército no
aos operários de Paris para poder impedir a onda de reino, em tempo de paz, sem o consentimento do Parla-
terror promovida pelos partidários de Robespierre mento, é ilegal; [...].
e, na Inglaterra, Oliver Cromwell foi obrigado a se 8. Que as eleições dos membros do Parlamento devem ser
aliar aos yeomen e aos gentry para poder impedir a livres; [...].
formação do protetorado.
13. Que, para remediar todos os agravos, e para a alteração,
d) durante as Revoluções Inglesas do século XVII, os
gentry se opuseram à nobreza de status e à aristo- ratificação e observação das leis, o Parlamento deve ser fre-
cracia rural devido à sua discordância com relação quentemente reunido [...].”
às leis de cercamento. COSTA, L. C. A.; MELLO, L. I. História moderna e contemporânea.
São Paulo: Scipione, 1993. p. 69.
e) o diretório, liderado pelas forças revolucionárias de
Gracco Babeuf, lançou as bases para a construção de O fragmento do documento acima faz parte da:
um regime socialista na França. Na Inglaterra, a Revo-
lução Puritana foi responsável pela Declaração de Di- a) Constituição dos Estados Unidos, pela qual se ga-
reitos, que estabeleceu concessões à classe operária. rantiam, entre outros, o direito à representatividade
política a todas as camadas sociais.
11. Unesp-SP – Gerald Winstanley, líder dos escavadores b) Carta de Costumes, aprovada pelo Parlamento inglês,
da Revolução Puritana na Inglaterra (1640-1660), definiu pela qual os direitos consuetudinários passariam a ser
a sua época como aquela em que “o Velho Mundo está garantidos e as arbitrariedades republicanas abolidas.
rodopiando como pergaminho no fogo”. Embora os es- c) Declaração de Direitos, assinada por Guilherme III, pela
cavadores tenham sido vencidos, a Revolução Inglesa qual a realeza inglesa ficou submetida ao Parlamento.
do século XVII trouxe mudanças significativas, dentre d) Constituição prussiana, aprovada após a vitória bur-
as quais destacam-se a: guesa na guerra civil, pela qual a coesão nacional foi
a) instituição do sufrágio universal e a ampliação dos mantida através de acordos entre o Estado e setores
direitos das assembleias populares. da sociedade.
b) separação entre Estado e religião e a anexação das
propriedades da Igreja Anglicana. 14. Efoa-MG – A Revolução Inglesa é considerada um dos
principais eventos da história da Inglaterra. Sobre essa
c) liberação das colônias da Inglaterra e a proibição da revolução, leia os itens abaixo:
exploração da mão de obra escrava.
I. O termo Revolução Inglesa abrange, na verdade,
d) abolição dos domínios feudais e a afirmação da so- duas revoluções, que fazem parte de um mesmo
berania do Parlamento. processo: a chamada Revolução Puritana de 1649 e
e) ampliação das relações internacionais e a concessão a Revolução Gloriosa de 1688.
de liberdade à Irlanda. II. A Revolução Inglesa foi uma das primeiras crises do
Antigo Regime, uma vez que resultou na instauração
12. UFPB-PB – Acerca da Revolução Inglesa, é correto afirmar: de uma monarquia com poderes limitados pela lei
a) a Revolução Gloriosa de 1688 é considerada pelos his- e pelo Parlamento.
toriadores como um movimento de instalação de uma III. Oliver Cromwell, que liderou as milícias do Parla-
ordem parlamentar forte, em contradição com as ins- mento contra as tropas reais na Revolução Puritana,
pirações absolutistas da Revolução Puritana de 1640. adotava como critério de promoções o merecimento
b) a principal consequência da Revolução Gloriosa foi o e não mais o nascimento.
estabelecimento da república e a imediata supressão IV. O Ato de Navegação, aprovado pelo Parlamento em
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São corretas apenas as afirmativas: d) o controle da política inglesa pela Câmara dos Lor-
HISTÓRIA 1
a) II, IV e V. des, representando a vitória da nobreza local durante
a Revolução Gloriosa.
b) I, II e III.
e) a consolidação da Inglaterra como potência econô-
c) I, III e IV. mica após o fortalecimento da burguesia no poder
d) II, III e V. inglês com a Revolução Gloriosa.
e) I, IV e V.
17. FGV-SP (adaptado)
15. Udesc-SC – Assinale a alternativa correta em relação à “A linha mais secular associa-se com os levellers e os
Revolução Inglesa, conhecida também por Revolução diggers, os quais, embora seus programas diferissem
Gloriosa: muito, ofereciam soluções políticas e sociais para os ma-
a) o liberalismo inglês foi derrotado, e os burgueses, con- les terrenos. Tais grupos surgiram dos acalorados debates,
trários a ele, foram chamados a participar do governo. realizados em Putney em 1647, entre oficiais do exército
b) os ingleses, depois de muitas lutas, conseguiram (favoráveis aos grandes comerciantes e donos das pro-
fazer um monarca se submeter a uma Carta de Prin- priedades rurais) e os ‘agitadores’, que representavam as
cípios elaborada pelo Parlamento. fileiras da tropa.”
c) o absolutismo inglês, muito mais antigo e vigoro- RUDE, George. Ideologia e protesto popular. Apud Adhemar Marques
so que o francês, fortaleceu-se ainda mais após a et al. História contemporânea através de textos.
revolução.
No contexto das Revoluções Inglesas do século XVII,
d) a glória da revolução consistia em produzir um novo
regime de forma pacífica, sem mortes, quando os os levellers se constituíam em um grupo:
problemas sociais há muito já tinham sido resolvidos. a) moderado, ligado à pequena nobreza rural, e defen-
e) a industrialização depois da revolução foi lenta e tardia. sor da articulação entre os interesses do rei Carlos I e
do Parlamento, além de reivindicar o poder religioso
16. ESCS-DF – As primeiras revoluções burguesas tiveram para os presbiterianos.
lugar na Inglaterra, no século XVII, com a Revolução b) extremista, com representantes entre os campone-
Puritana (1649-1658) e a Revolução Gloriosa (1688), ses sem terra, aliado aos presbiterianos, defensor de
expressando um confronto entre o Parlamento, sob uma sociedade que abolisse a propriedade privada e
a liderança da burguesia e da gentry, e os monarcas o dízimo pago à Igreja Anglicana.
da dinastia Stuart, com práticas absolutistas. Uma das c) moderado, ligado a médios proprietários rurais, e
consequências geradas por esses dois movimentos aliado ao novo modelo de Exército liderado por Oliver
revolucionários burgueses é: Cromwell; defendia o controle sobre o poder real e
a) o fortalecimento da nobreza inglesa através da cria- a ampliação do poder do Parlamento.
ção do sistema parlamentarista com a Revolução d) radical, pertencente à pequena burguesia urbana,
Gloriosa de 1688. que defendia uma série de transformações sociais,
b) a total falência do sistema econômico inglês em fun- como a restrição às grandes propriedades e a sepa-
ção do favorecimento do Estado inglês ao sistema ração entre Igreja e Estado.
manufatureiro da burguesia local. e) conciliador, formado pela grande burguesia urbana,
c) o retorno da Igreja Católica como religião oficial dos aliado da gentry e dos independentes; eram defen-
ingleses em função da aliança entre a burguesia e os sores da ampliação do poder do Parlamento e da
Estados Pontificiais na Revolução Puritana. liberdade econômica.
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27
HISTÓRIA 1
ILUMINISMO
LUZ E AÇÃO
• Luz e ação
HABILIDADES
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças
ou rupturas em processos
de disputa pelo poder.
• Avaliar criticamente conflitos
culturais, sociais, políticos,
econômicos ou ambientais
ao longo da História.
Leitura da tragédia “O órfão da China”, de Voltaire, no salão de Madame Geoffrin (1812), de Anicet Charles Gabriel
Lemonnier. Óleo sobre tela, 129,5 cm × 196 cm. Neste quadro, estão representados, entre outros pensadores e
filósofos iluministas: Voltaire, D’Alambert, Quesnay, Denis Diderot, Montesquieu e Rousseau.
Alguém poderia dizer que as ideias, sozinhas, não mudam a História. Mas como
é possível dizer isso se as ideias também são história? Os movimentos intelectuais
também fazem parte dos processos de rupturas e permanências.
O Iluminismo, ou Século das Luzes, foi um importante rompimento com as ideias
que construíram a Idade Moderna. Locke, Maquiavel, Hobbes e Bossuet, entre ou-
tros, foram os principais teóricos do absolutismo. Rousseau, Montesquieu, Voltaire,
D’Alambert e Diderot, por sua vez, foram os pensadores que romperam com esse
sistema de governo e imaginaram uma nova forma de organizar o mundo.
Cada um desses movimentos intelectuais teve sua importância. O primeiro rom-
peu com o sistema medieval e começou a construção dos Estados modernos. Já o
segundo defendeu que esse Estado pertencia a todos os cidadãos de forma igual e
que o poder fosse dividido e controlado.
Das luzes do Iluminismo, mais tarde explodiria a ação dos revolucionários.
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A
FR
A NÇ nhecimento das leis que regem o mundo. Da com-
preensão da natureza para a de uma ordem necessária
S,
ARI
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HISTÓRIA 1
era bom, tornando-se ruim com a civilização. Assim, lismo econômico contra os regimes de monopólio e
nas sociedades humanas a lei devia existir em defesa protecionismo existentes.
dos homens em suas relações comunitárias. Quanto mais se produzisse, mais rico se tornaria
um país. Esse pensamento colocava em questão o
SOCIEDADE metalismo, que configurava a política mercantilista,
No plano social, o pensamento iluminista colocou base do poder absoluto dos reis. A expressão que de-
em xeque o princípio nobiliárquico, isto é, os títulos de finiu o pensamento liberal na economia foi laissez-faire,
nobreza, os quais eram fundados na hereditariedade. laissez-passer (“deixai fazer, deixai passar”).
A ideia era dar condições para que o indivíduo pu- Na Inglaterra, o pensamento econômico liberal foi
desse demonstrar suas capacidades, em vez de se representado por Adam Smith, que em 1776 publicou a
submeter à condição de ancestralidade. Assim, como obra A riqueza das nações, um referencial do liberalismo
os homens eram iguais pela natureza, também deviam na economia. Esse estudo considera o trabalho como o
ser iguais perante a lei. elemento básico da riqueza e da produção de uma nação.
Dessa igualdade, ponto de partida da organização Assim, quanto mais se produz, ou seja, quanto mais se
social, aqueles que fossem mais talentosos ocupariam realiza trabalho, mas riqueza existe em um país.
um lugar de prestígio na sociedade. Substituía-se a Outra questão importante diz respeito não apenas à
sociedade de ordens, garantida pela hereditariedade, liberdade de produção defendida pelo pensador inglês,
pela do mérito, fundada no talento individual. Igualdade mas também à necessidade de liberação do comércio.
e liberdade eram pontos de partida para uma sociedade Assim, se um país produz bastante, deve ter condições
fraterna. Tais valores se realizariam no cidadão. para escoar sua produção livremente. Dessa forma,
Em Rousseau, encontra-se uma discussão funda- críticas aos sistemas de monopólio e ao protecionismo
mental a respeito da desigualdade dos homens, que fazem parte do pensamento econômico liberal.
permite o desenvolvimento da ideia de pacto social e De acordo com o liberalismo, a economia era regu-
de governo representativo como meios para minimizar lada por leis específicas e, se não existisse a interferên-
as diferenças sociais que o mundo civilizado criou entre cia do Estado, haveria autorregulação das forças econô-
os seres humanos. micas. Isso é conhecido como economia de mercado.
Na França, os pensadores também trataram da dimen-
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Déspotas esclarecidos
• D. José I (Portugal): buscou manter as colônias como forma de poder do
Estado.
• Carlos III (Espanha): reforçou o poder por meio da prática mercantilista, cen-
tralizando-o na metrópole.
• Frederico II (1712-1786): governante prussiano que, entre outras realizações,
fundou escolas, promoveu a educação, estabeleceu uma política de tolerância
religiosa e incentivou a produção.
• Catarina II (1729-1796): czarina da Rússia. Apoiou os enciclopedistas finan-
ceiramente, construiu escolas, reformou e modernizou cidades, desenvolveu
uma política de ocidentalização do império e racionalizou a administração
pública, limitando a participação da Igreja.
• José II (1741-1790): imperador da Áustria. Aboliu a servidão, fundou esco-
las, concedeu liberdade de religião e criou impostos para o clero e para a
nobreza.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
ILUMINISMO
Movimento cultural e filosófico do século XVIII (Século das Luzes), originário na Inglaterra, desenvolvido principal-
mente na França e caracterizado por buscar explicações lógicas e racionais para a realidade.
O que foi? Defesa do racionalismo, da igualdade social e do individualismo.
Combate à ignorância religiosa, ao absolutismo e ao mercantilismo.
Cândido, ou o Otimismo.
Voltaire Defesa da liberdade de expressão. Principal obra:
LIBERALISMO
Adam
Smith
Princípios defendidos:
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
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A história das ideias e dos movimentos intelectuais b) a lei inglesa, ao referir-se aos antigos direitos, preser-
HISTÓRIA 1
tem grande importância para compreendermos trans- vava a hierarquia, os privilégios exclusivos da nobreza
formações e características fundamentais da nossa so- sobre a propriedade e os castigos corporais como
ciedade. A esse respeito, assinale a alternativa correta: procedimento jurídico.
a) o poderio britânico, no século XVIII, se deve à con- c) no contexto da Revolução Francesa, a Declaração dos
quista de colônias no espaço afro-asiático. Direitos do Homem e do Cidadão significou o fim do
Antigo Regime, ainda que tenham sido mantidos os
b) o fato histórico descrito no texto ficou conhecido direitos tradicionais da nobreza.
como “despotismo esclarecido”.
d) os direitos do homem, por serem direitos dos hu-
c) no século XVIII, a Revolução Industrial organizou manos em relação uns aos outros, significam que
um cenário econômico homogêneo na Europa e, não pode haver privilégios nem direitos divinos, mas
em contrapartida, reforçou o atraso das nações do devem prevalecer os princípios da igualdade e uni-
continente americano. versalidade dos direitos entre os humanos.
d) a modernização político-econômica, no século XVIII, A alternativa correta é a única que se articula ao texto apresenta-
se deve ao surgimento dos chamados regimes ab- do na questão, no qual Lynn Hunt discute os avanços introduzidos
solutistas. pela Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) e pela
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França (1789).
e) o Iluminismo procurou conciliar a influência cultu- Esses documentos estabeleceram direitos humanos e defenderam
ral da Igreja com a racionalização das instituições sua universalidade, o que assegurava o princípio da igualdade entre
políticas. os seres humanos.
No texto, Eric Hobsbawm trata dos projetos de modernização em- Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
preendidos pelas monarquias europeias no fim do século XVIII. Esse tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
projeto ficou conhecido como “despotismo esclarecido”, pois os grupos, conflitos e movimentos sociais.
monarcas e seus conselheiros buscaram trazer para o interior do Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuí-
Antigo Regime elementos próprios do Iluminismo, também chamado ram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
de “Esclarecimento”.
6. Unesp-SP
“O pensamento iluminista, baseado no racionalismo, in-
5. Unicamp-SP C3-H13
dividualismo e liberdade absoluta do homem, ao criticar
“A igualdade, a universalidade e o caráter natural dos di-
todos os fundamentos em que se assentava o Antigo Regi-
reitos humanos ganharam uma expressão política direta
me, revelava as suas contradições e as tornava transparen-
pela primeira vez na Declaração da Independência ameri-
tes aos olhos de um número cada vez maior de pessoas.”
cana de 1776 e na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789. Embora se referisse aos ‘antigos direitos FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas, 1982.
(Adaptado)
e liberdades’ estabelecidos pela lei inglesa e derivados da
história inglesa, a Bill of Rights inglesa de 1689 não de- Entre as críticas ao Antigo Regime, mencionadas no
clarava a igualdade, a universalidade ou o caráter natural texto, podemos citar a rejeição iluminista do:
dos direitos. Os direitos são humanos não apenas por se a) princípio da igualdade jurídica.
oporem a direitos divinos ou de animais, mas por serem os
b) livre-comércio.
direitos de humanos em relação uns aos outros.”
c) liberalismo econômico.
HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 19. (Adaptado) d) republicanismo.
e) absolutismo monárquico.
Assinale a alternativa correta:
Princípio de igualdade jurídica, livre-comércio, liberalismo econômico
a) a prática jurídica da igualdade foi expressa na De- e republicanismo não eram características do Antigo Regime, o que
claração de Independência dos EUA e assegurada invalida as alternativas de A a D. Já o absolutismo monárquico era
nos países independentes do continente americano uma das principais características do Antigo Regime, extremamente
após 1776. criticado pelo Iluminismo por ser oposto aos direitos naturais do
ser humano.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UEL-PR – Leia o texto a seguir: a) o assenhoreamento de grandes quantidades de ter-
“Em geral, são necessárias as seguintes condições para ras no “Novo Mundo” por povos, utilizando-se da
autorizar o direito do primeiro ocupante de qualquer pe- força para afastar delas os outros homens.
daço de chão: primeiro, que esse terreno não esteja ainda b) a conciliação do trabalho e da necessidade para
habitado por ninguém; segundo, que dele só se ocupe a subsistência de cada um, independentemente da
porção de que se tem necessidade para subsistir; terceiro, prioridade temporal do ocupante.
que dele se tome posse não por uma cerimônia vã, mas c) a expulsão dos habitantes da terra, a declaração
pelo trabalho e pela cultura, únicos sinais de propriedade “isto é meu” e o convencimento dos demais sobre
que devem ser respeitados pelos outros, na ausência de a sua ocupação.
títulos jurídicos.”
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Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu a) apontou a necessidade de limitar a liberdade indivi-
HISTÓRIA 1
poder sob a direção suprema da vontade geral, e recebe- dual para impedir que o excesso degenerasse em
mos, enquanto corpo, cada membro como parte indivisí- anarquismo.
vel do todo.” b) acentuou que o Estado não possui poder ilimitado,
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social, 1983. o qual nada mais é do que a somatória do poder dos
membros da sociedade.
O texto apresenta características:
c) visou defender a tese de que apenas a federalização
a) iluministas e defende a liberdade e a igualdade política é compatível com a democracia orgânica.
social plenas entre todos os membros de uma
sociedade. d) mostrou que, sem centralização e dependência dos
poderes ao Executivo, não há paz social.
b) socialistas e propõe a prevalência dos interesses
coletivos sobre os interesses individuais. e) procurou salientar que a sociedade industrial somen-
te se desenvolverá a partir de minucioso planejamen-
c) iluministas e defende a liberdade individual e a ne-
cessidade de uma convenção entre os membros de to econômico.
uma sociedade.
16. Fuvest-SP
d) socialistas e propõe a criação de mecanismos de
união e defesa de todos os trabalhadores. “Um comerciante está acostumado a empregar o seu
e) iluministas e defende o estabelecimento de um po- dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao pas-
der rigidamente concentrado nas mãos do Estado. so que um simples cavalheiro rural costuma empregar
o seu em despesas. Um frequentemente vê seu dinhei-
13. Unicamp-SP ro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro,
“A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento quando se separa do dinheiro, raramente espera vê-lo
constitui suficiente prova de que não é inato.” de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. os seus temperamentos e disposições em toda espécie
São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 13. de atividade. O comerciante é, em geral, um empreen-
O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia dedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus
parte: empreendimentos [...]”.
SMITH, Adam. A riqueza das nações. Livro III, capítulo 4.
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
aquisição deriva da experiência. Neste pequeno trecho, Adam Smith:
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhe- a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades
cimentos possam ser obtidos.
e modos de vida distintos.
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao ne-
b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em
gar a existência de ideias inatas.
face da estagnação medieval.
d) defende que as ideias estão presentes na razão des-
de o nascimento. c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos
rendimentos do campo.
14. Unicsal-AL d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lu-
“Sempre considerei as ações dos homens como as melho- cros e a dos cavalheiros com a ostentação de riquezas.
res intérpretes dos seus pensamentos.” e) expõe as causas da estagnação da agricultura no
John Locke. final do século XVIII.
A frase de John Locke nos remete ao Iluminismo e 17. Mackenzie-SP – Assinale a alternativa em que apare-
seus objetivos nos diversos âmbitos que formam a cem as principais ideias de Jean Jacques Rousseau em
vida em sociedade. Sobre o ideário iluminista, é cor- sua obra O contrato social:
reto afirmar que:
a) cada homem é inimigo do outro, está em guerra com
a) seu caráter popular afastou os intelectuais e aproxi- o próximo e por esta razão cria o Estado para sua
mou a pequena burguesia da nobreza togada. própria defesa e proteção.
b) o intelectualismo se tornou um obstáculo à expansão b) o Estado é uma realidade em si e é necessário
do Iluminismo, fato que minimizou sua influência nas
conservá-lo, reforçá-lo e eventualmente reformá-lo,
revoluções burguesas.
reconhecendo uma única finalidade: sua prosperi-
c) Adam Smith dissocia a liberdade econômica da li- dade e grandeza.
berdade política, fazendo prevalecer esta última em
detrimento da primeira. c) o governante deve dar um bom exemplo para que os
súditos o sigam. Através da educação e de rituais, os
d) a razão apresenta um poder emancipador capaz de
homens de capacidade aprenderiam e transmitiriam
tirar o homem da menoridade e libertá-lo da opressão
os valores do passado.
política e dos resquícios das trevas medievais.
e) o projeto iluminista não se opunha totalmente ao d) que as classes dirigentes tremam ante a ideia de
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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
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HISTÓRIA 1
O MUNDO DAS MÁQUINAS
• O mundo das máquinas
HABILIDADES
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
História.
AS ORIGENS DA REVOLUÇÃO
Material exclusivo para professores
Alguns fatores, quando somados, ajudam a explicar como e por que a Revolução
Industrial ocorreu na Inglaterra. Esse assunto ainda é motivo de grande debate aca-
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• a potência concorrente, a França, fora derrotada onde foram criadas e, depois, nos Países Baixos (Bél-
na Guerra dos Sete Anos; gica e Holanda). Mais tarde, chegariam também aos
HISTÓRIA 1
• a Revolução Gloriosa de 1688 ampliou os poderes Estados Unidos e a outros países, como Alemanha,
do Parlamento, criou instituições mais inclusivas, França e Itália.
que aumentaram a participação política de boa parte Antes da Revolução Industrial, as formas predomi-
da população, e inaugurou o Estado liberal inglês; nantes de produção de mercadorias eram o artesanato
• com dinheiro disponível e instituições inclusivas, e a manufatura. Para entender quão revolucionário foi
havia grande incentivo para a inovação e o Parla- esse processo, vamos destacar as particularidades de
mento favoreceu o enriquecimento da burguesia; cada forma:
• havia no território grande quantidade de carvão • Artesanato: trabalho manual auxiliado por ferra-
disponível; muito desse carvão era superficial, mentas, feito em casa ou em pequenas oficinas.
portanto de fácil extração; O artesão conhecia todo o processo de produ-
• o processo de cercamento de terras deixou muitas ção, de ponta a ponta e era o dono das matérias-
pessoas desempregadas e miseráveis, formando -primas e do lugar onde o trabalho era realizado.
um enorme contingente de mão de obra barata;
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• Maquinofatura: é a produção mecanizada que a 15 horas por dia. As crianças também trabalhavam e
surge com a Revolução Industrial. As formas de eram bastante requisitadas porque recebiam salários
HISTÓRIA 1
organizar o trabalho se sofisticaram, as tarefas ainda menores.
foram divididas e toda a estrutura pertencia a uma Famílias inteiras trabalhavam nas fábricas para que,
única pessoa: o local, as máquinas e a matéria- com a soma dos baixos salários, conseguissem so-
-prima. Ao trabalhador pertencia apenas a própria breviver. Seja nas minas de carvão ou nas fábricas,
força de trabalho. tinham péssimas condições de trabalho, com pouca
ou nenhuma segurança, em ambientes insalubres –
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MOVIMENTOS DE
RESISTÊNCIA
LUDISMO
Já vimos as mudanças importantes que a Revolu- Logo nas primeiras décadas da Revolução Industrial,
ção Industrial trouxe para o setor produtivo e, por con- a classe trabalhadora, com baixos salários e muitas
sequência, para o mercado. Agora, vamos falar sobre horas de trabalho, vivia na miséria. No início do sé-
quem de fato produzia: os operários. culo XIX, eclode o chamado ludismo, que remete ao
Com o objetivo principal de ampliar os lucros, o nome de um de seus supostos líderes, Ned Ludd. Por
capitalismo industrial precisava cortar custos e ampliar um lado, essas pessoas haviam perdido suas formas
as receitas. Com isso, a burguesia industrial poderia tradicionais de vida, substituídas pelo novo ritmo da
investir nas indústrias para melhorá-las e ampliá-las, sociedade industrial que tomava quase todas as horas
além de aumentar seu poder nessa nova sociedade. de seus dias. Por outro, várias dessas pessoas esta-
Portanto, a burguesia buscava reduzir impostos e frear vam ficando desempregadas, entregues a uma miséria
possíveis regulamentações, ampliar o mercado consu- ainda pior.
midor e contratar mão de obra barata. Por isso, um grupo de trabalhadores começou a
Material exclusivo para professores É nesse contexto que a burguesia industrial inglesa
começa a combater a escravidão e apoiar o liberalismo,
a fim de ampliar o mercado consumidor em outros
destruir as máquinas, responsabilizando-as simboli-
camente pela situação em que viviam. Por conta dos
altos prejuízos que causaram aos proprietários, foram
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[...] podemos ver o movimento ludista como uma Quando Owen assumiu o controle dos cotonifícios
transição. Devemos encarar, através da destruição [fábricas de tecidos de algodão] de New Lanark, na
HISTÓRIA 1
das máquinas, os motivos dos indivíduos que bran- Escócia, os trabalhadores eram homens e mulheres
diam as marretas. Enquanto um “movimento do sujos, bêbados e de baixíssima confiabilidade – na-
próprio povo”, fica-se surpreendido não com seu quele tempo, trabalhar numa fábrica era sinal de fal-
atraso, mas com sua maturidade crescente. Longe ta de amor-próprio – e crianças de cinco a dez anos
de ser “primitivo”, ele demonstrou alto grau de dis- de idade, oriundas de orfanatos. [...] Owen conse-
ciplina e autocontrole. [...] foi uma fase de transição guiu, em vinte e cinco anos, criar uma comunidade
em que as águas do sindicalismo, represadas pelas de alto padrão de vida e nível de instrução consi-
Leis de Associação, lutaram por irromper e se con- derável, onde Owen era adorado. Pagava aos em-
verter numa presença manifesta e explícita. pregados salários altos, e os fazia trabalhar menos
THOMPSON, Edward Palmer. Um exército de justiceiros. In: A horas por dia do que qualquer de seus concorrentes;
formação da classe operária inglesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, além disso, sustentava-os em época de depressão
2002. p. 179. v. 3.
econômica. Limitou a uma quantia fixa os lucros a
serem pagos a seus sócios, aplicando o resto na co-
CARTISMO munidade para fazer melhorias. Não era evidente –
Owen perguntava insistentemente ao mundo – que
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Principais causas
Acúmulo de capital graças às redes comerciais inglesas e sua poderosa frota naval.
Incentivo à inovação.
Grande quantidade de carvão disponível. Muito desse carvão era superficial, portanto de fácil extração.
Formas de produção
Artesanato: O artesão é dono do local, das ferramentas e da matéria-prima e conhece todo o processo de produção.
Manufatura: Há um dono das ferramentas, do local e da mão de obra, mas o trabalho ainda é feito de forma artesanal. Em alguns
Maquinofatura: É a forma criada após a Revolução Industrial, na qual há um dono que detém todas as máquinas, o local e a ma-
téria-prima. O trabalhador tem apenas a força de trabalho. Há uma linha de produção, com trabalho segmentado.
Movimentos de resistência
Ludismo: Os trabalhadores reagiram à condição de miséria e destruíram máquinas, causando grandes prejuízos aos patrões. Foram
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
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Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- I. Foi responsável pela diminuição do trabalho artesa-
HISTÓRIA 1
reta, de cima para baixo: nal e aumento da produção de mercadorias manu-
faturadas por máquinas.
a) F – V – V – F
II. Provocou o aumento do êxodo rural motivado pela
b) V – V – F – F
criação de empregos nas indústrias e, consequen-
c) V – F – V – F temente, o aumento das cidades e da vida urbana.
d) F – V – F – V III. Estimulou, desde o início, pesquisadores, engenhei-
e) V – F – F – V ros e inventores a aperfeiçoar a indústria, fazendo
A primeira afirmativa está errada porque, apesar de as condições
com que surgissem novas tecnologias, tais como
serem de fato insalubres, essa não foi uma causa de diminuição o telégrafo, a fotografia, as locomotivas e barcos
da população. A terceira está errada porque a Inglaterra, durante a vapor.
a Revolução Industrial, tornou-se uma grande produtora de teci-
dos. O algodão vinha, principalmente, do sul dos Estados Unidos. Das proposições acima:
a) apenas I está correta.
b) apenas II está correta.
c) apenas I e II estão corretas.
d) apenas II e III estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.
Todas as afirmativas estão corretas e expressam mudanças trazidas
4. Unespar-PR – Sobre a situação da classe operária na pela Revolução Industrial.
Inglaterra durante a Revolução Industrial, no século XIX:
I. A condição de trabalho nas fábricas era precária,
marcada por baixos salários, jornadas de até 16 ho-
ras diárias e tendo que conviver com constantes
humilhações.
II. Os trabalhadores ingleses vivenciavam uma série
de conflitos com dirigentes políticos e empregado-
res, o que resultou em conquistas nas condições
de trabalho, como melhores salários, distribuição
dos lucros e redução da jornada de trabalho para 6. Puccamp-SP (adaptado) – Durante o século XVIII, a
8 horas diárias.
Revolução Industrial constituiu um fenômeno predomi-
III. Fora das fábricas, as condições eram difíceis; além nantemente inglês. Mas, a partir do século seguinte,
de habitações urbanas ruins, a falta de saneamento começou a se expandir para vários países, provocando
propagava as epidemias que causavam grande nú- grandes transformações na vida das pessoas, uma vez
mero de vítimas, especialmente nas camadas mais que, com:
pobres.
a) a redução das jornadas de trabalho nas fábricas de
IV. Apesar das longas jornadas de trabalho que deve- tecidos, a organização do mercado de trabalho se
riam ser cumpridas, os trabalhadores tiveram bene- desenvolveu de maneira a assegurar emprego a to-
fícios conquistados, especialmente o acesso a uma dos os assalariados das grandes cidades industriais
alimentação mais saudável e variada, assim como inglesas.
possibilidades de avanço na carreira, o que propor-
cionava melhorias nas condições de vida. b) a introdução das máquinas nas indústrias aumentou
a taxa de acumulação e do lucro das empresas, pos-
Estão corretas: sibilitando uma maior distribuição de renda por meio
a) somente as afirmativas I, II e III. da elevação do valor dos salários dos trabalhadores.
b) somente as afirmativas III e IV. c) a ascensão social dos artesãos, que reuniram seus
capitais e ferramentas em oficinas ou em fábricas,
c) somente as afirmativas I e III. aumentou os núcleos domésticos de produção e
d) somente as afirmativas II, III e IV. possibilitou a acumulação primitiva de capital ao
e) somente as afirmativas I e IV. operariado.
A afirmativa II está errada porque essas conquistas são muito posterio- d) o aumento da interferência do Estado na regulamen-
res. A afirmativa IV está errada porque não houve esse cenário favorável tação da jornada de trabalho, salário e na criação
aos trabalhadores nos primeiros anos da Revolução Industrial. de sindicatos deixou o trabalhador sem espaço de
manobra na luta por melhores condições de trabalho.
e) máquinas cada vez mais sofisticadas, a fábrica
tornou-se o local adequado para a produção, favo-
recendo a divisão do trabalho, a imposição do ho-
rário, da disciplina ao trabalhador e o aumento da
produtividade.
A Revolução Industrial provocou uma grande ruptura na produção
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
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HISTÓRIA 1
igualdade e da economia moderna. “A produção em larga escala exigia não só a divisão de
c) o historiador afirma terem ocorrido consequências trabalho e ferramentas especializadas, mas também
exclusivas sobre a Grã-Bretanha e a França, com in- um sistema organizado de transporte, comércio e cré-
cidência sobre a indústria capitalista, a sociedade dito. Segundo todos os testemunhos contemporâneos,
burguesa e o Estado moderno. as comunicações internas da Inglaterra estavam muito
d) a citação considera a Revolução Francesa como po- longe de satisfazer as necessidades dos industriais. As
lítica, enquanto que a Revolução Inglesa seria de estradas inglesas, dependentes, como estavam, na cons-
caráter industrial, com repercussão de ambas sobre trução e consertos, de fiscais amadores e do estatuto
a formação dos Estados modernos e da criação das
relativo ao trabalho não especializado, eram, na maior
monarquias de caráter absoluto.
parte das vezes, impróprias para o tráfego rodoviário;
e) o texto caracteriza a coexistência das duas revoluções e o transporte mais em uso era o cavalo de carga, que
como uma casualidade histórica, sem significado, des-
viajava, às vezes, em filas de mais de cem, em calçadas
caracterizando o contexto social e político do período.
de pedra dispostas lado a lado ou ao meio das estradas”.
12. Unifal-MG – Assinale a alternativa incorreta sobre a (T. S. Ashton)
Revolução Industrial:
Dentre outras coisas, o texto se refere ao fato de que:
a) o principal combustível da Primeira Revolução Indus-
trial foi o carvão mineral. a) as ferrovias inglesas dependiam, para a sua manu-
tenção, de trabalhadores não apropriados à tarefa.
b) um dos episódios importantes da Revolução Indus-
trial foi o aperfeiçoamento do motor a vapor realiza- b) a divisão social do trabalho e as ferramentas espe-
do por James Watt na segunda metade do século cializadas provocaram um aumento significativo na
XVIII. A adoção da biela e da manivela transformou o produção.
movimento linear do pistão em movimento circular, c) as necessidades industriais na Inglaterra, apesar de
permitindo que o motor fosse acoplado a máquinas tudo, eram satisfeitas pelas estradas de pedra.
de fiar e a teares mecânicos. d) as rodovias inglesas, graças a seu ótimo estado de
c) alguns historiadores consideram que o desenvolvi- conservação, foram responsáveis pelo aumento da
mento da lançadeira volante por John Kay, em 1733, produção industrial.
foi um passo importante na série de invenções e e) as deficiências nas comunicações internas na Ingla-
aperfeiçoamentos mecânicos que contribuíram para terra eram motivadas pelo péssimo calçamento das
desencadear a Revolução Industrial. estradas, impróprio para os cavalos de carga.
d) a Revolução Industrial gerou movimentos de revolta
de trabalhadores que se sentiam ameaçados pela 15. Fuvest-SP – Identifique, entre as afirmativas a seguir, a
mecanização da produção. Uma das mais célebres que se refere a consequências da Revolução Industrial:
manifestações dessa revolta contra as máquinas foi o
chamado movimento ludista, derivado de Ned Ludd, a) redução do processo de urbanização, aumento da
o nome de um ativista político que pregava a destrui- população dos campos e sensível êxodo urbano.
ção das máquinas pelos trabalhadores. b) maior divisão técnica do trabalho, utilização cons-
e) a Revolução Industrial recebeu essa denominação tante de máquinas e afirmação do capitalismo como
porque foi uma inovação tecnológica de grande re- modo de produção dominante.
percussão econômica e social, que surgiu de forma c) declínio do proletariado como classe na nova estrutu-
abrupta e se irradiou de forma rápida e homogênea ra social, valorização das corporações e manufaturas.
pela Europa e pelos Estados Unidos da América no d) formação, nos grandes centros de produção, das asso-
final do século XVIII. ciações de operários denominadas trade unions, que
promoveram a conciliação entre patrões e empregados.
13. UFF-RJ – A Revolução Industrial ocorrida ao longo do e) manutenção da estrutura das grandes propriedades,
século XVIII está vinculada à história da Inglaterra no com as terras comunais, e da garantia plena dos
seu nascedouro. Entretanto, à medida que o capitalis- direitos dos arrendatários agrícolas.
mo foi-se consolidando, a ideia de Revolução Industrial
começou a ser associada a um conceito universal e 16. Fuvest-SP – Sobre a inovação tecnológica no sistema
ganhou vários sinônimos, dentre os quais: fabril na Inglaterra do século XVIII, é correto afirmar
a) republicanização, que orientava os novos processos que ela:
de organização da política, a intervenção no mercado a) foi adotada não somente para promover maior efi-
e a Revolução Francesa. cácia da produção, como também para realizar a
b) modernização, que indicava a manutenção da eco- dominação capitalista, na medida que as máquinas
nomia mercantilista, a centralização do Estado e o submeteram os trabalhadores a formas autoritárias
crescimento das camadas médias. de disciplina e a uma determinada hierarquia.
c) industrialização, que significava a alteração nos pro- b) ocorreu graças ao investimento em pesquisa tecnoló-
cessos de produção, a concretização da economia gica de ponta, feito pelos industriais que participaram
de mercado e a ascensão da burguesia. da Revolução Industrial.
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tada pelos industriais que estavam interessados em nuição da jornada de trabalho em relação à época
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29
HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO FRANCESA
O MUNDO BURGUÊS
• O mundo burguês
MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA
• Revolução
• França pré-revolucionária
• Política
• Economia
• Sociedade
• Cultura
• Convocação dos Estados-
-gerais
• Processo revolucionário
• Assembleia Nacional
Constituinte (1789-1791)
• Assembleia Legislativa
(1791-1792)
• Convenção Nacional
(1792-1795)
• Diretório (1795-1799)
HABILIDADES
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças
ou rupturas em processos
A Liberdade guiando o povo (1830), de Eugène Delacroix. Óleo sobre tela, 260 cm × 325 cm. Museu do Louvre, de disputa pelo poder.
Paris, França. A obra é um símbolo da Revolução Francesa.
• Avaliar criticamente conflitos
culturais, sociais, políticos,
No módulo anterior, você conheceu o movimento intelectual que marcou o século
econômicos ou ambientais
XVIII, chamado Século das Luzes. No fim desse século, o absolutismo, criticado
ao longo da História.
pelos iluministas, encontrava-se em processo de decadência.
A França estava economicamente falida por conta dos gastos da monarquia e
sua Corte e em virtude dos altos custos das frequentes guerras contra a Inglaterra.
Além disso, uma seca persistente reduziu a produção agrícola, espalhando a fome
pela nação. No aspecto social, a nobreza e o clero tinham enormes privilégios fren-
te ao chamado terceiro estado, que reunia desde camponeses pobres até grandes
burgueses. Intelectualmente, as ideias iluministas eram cada vez mais disseminadas
entre os franceses, que começaram a se mobilizar.
A bomba estava plantada e prestes a explodir e mudaria a história da Europa e
REVOLUÇÃO
A Revolução Francesa é um dos principais acontecimentos que marcam a entrada
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FRANÇA PRÉ-
BIBLIOTECA NACIONAL, PARIS, FRANÇA
HISTÓRIA 1
-REVOLUCIONÁRIA
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SOCIEDADE
Embora houvesse a possibilidade de integrantes
PROCESSO
HISTÓRIA 1
do terceiro estado passarem para a nobreza, espe- REVOLUCIONÁRIO
cialmente a togada, pois eram títulos nobiliárquicos No início do encontro, houve divisão de opiniões.
comprados do rei, a situação social ainda era marcada Elementos do terceiro estado defendiam a votação
por uma rigidez associada ao nascimento, ou seja, à por representante, ou seja, cada classe teria direito
hereditariedade. Assim, grupos tradicionais da nobreza a um voto. Boa parte do clero e da nobreza, porém,
mantinham um status social que correspondia a uma pretendia que fosse por estado, ou seja, a maioria dos
série de privilégios e benefícios do Estado francês, representantes de cada segmento decidiria o voto
causando descontentamentos nos não favorecidos. do estado.
O pensamento iluminista propunha outro tipo de Se fosse dessa última forma, provavelmente o ter-
ordenamento social, no qual os indivíduos teriam seu ceiro estado sairia do Palácio de Versalhes tendo de
status social mediante seu talento, ou seja, o mérito pagar mais impostos e não poderia se opor à decisão
pessoal. Isso mobilizava ainda mais a sociedade, que ali tomada, pois teria participado da reunião.
desejava mudanças na organização social. Quando o rei foi chamado para resolver o problema
CULTURA da votação e afirmou que nunca havia ocorrido esse ato
O racionalismo enciclopédico iluminista defendia por representação, o terceiro estado revoltou-se, pois
ideias contrárias ao poder da Igreja e a secularização sabia-se que o resultado seria danoso à classe. Esse
das relações políticas, econômicas e sociais. Liberdade, segmento ocupou uma sala vazia do palácio, entrou
igualdade e fraternidade condiziam com valores ditos nela, trancou-se e disse que só sairia se fosse elabo-
racionais que visavam ao engrandecimento dos indiví- rada uma Constituição para a França. Assim começara
duos e à afirmação de suas potencialidades. Assim, as a Revolução Francesa.
amarras que prendiam as pessoas a uma estrutura rigi- PERIODIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO FRANCESA
damente hierárquica, centralizadora e mística deveriam
• 1789: reunião dos Estados-gerais.
ser rompidas. Isso significava a criação de uma cultura
oposta aos valores do chamado Antigo Regime. • 1789-1791: Assembleia Nacional Constituinte.
• 1791-1792: Assembleia Legislativa.
CONVOCAÇÃO DOS • 1792-1795: Convenção Nacional.
• 1795-1799: Diretório.
ESTADOS-GERAIS
Luís XVI (1774-1792) enfrentava uma situação difícil: A Revolução Francesa durou dez anos e foi marcada
Estado deficitário, gastos elevados e insuficiência na por variações ao longo de seu curso. Daí os estudiosos
arrecadação para custeio das despesas estatais. O endi- dividirem o movimento revolucionário em fases.
vidamento havia atingido uma situação de esgotamento
e os banqueiros exigiam o pagamento de dívidas ante- ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
riores para conceder mais crédito ao Estado francês. (1789-1791)
A possibilidade de aumento da arrecadação encon-
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Fase da elaboração da Magna Carta francesa. Nela, Leia, a seguir, um trecho da Constituição francesa so-
representantes de todos os estados participaram e a bre a realização dos princípios do pensamento iluminista:
HISTÓRIA 1
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CONVENÇÃO NACIONAL (1792-1795) para criar outra Magna Carta para a França: a Constitui-
Fase ditatorial em sua maior parte, as medidas eram ção do Ano III da República. Aprovada em 1795, esta-
HISTÓRIA 1
tomadas por um grupo eleito pela Convenção, constituin- beleceu que o governo ficaria a cargo de um diretório,
do o Comitê de Salvação Pública. Entre as decisões to- constituído de 5 homens eleitos em assembleia por
madas para fazer frente às invasões inimigas e às conspi- meio de voto censitário, o que indicava a recuperação
rações internas, destacaram-se a convocação obrigatória do poder da burguesia, pois só podia votar e se candi-
para a guerra, o estabelecimento da lei do preço máximo datar a cargos eletivos quem comprovasse renda.
e a instituição de empréstimo compulsório. Quem se
recusasse a atender às determinações era considerado DIRETÓRIO (1795-1799)
contrarrevolucionário e executado na guilhotina. Fase derradeira da Revolução Francesa. Embora a
burguesia reassumisse o controle do processo revolu-
COLEÇÃO PARTICULAR
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO FRANCESA
Assembleia Legislativa esquerda ou gironda (liberais); deputados do centro ou planície (independentes); deputados exaltados
(1791-1792)
ou da montanha (classes baixas), sob a liderança de Robespierre.
Baixa burguesia e sans-culottes no poder. Período do Terror, sob a liderança de Robespierre (1793-1794).
Domínio da alta burguesia. Anexação de territórios vizinhos: Nápoles, Suíça e estados da Igreja.
Diretório
Luta contra monarquias absolutistas.
(1795-1799)
Material exclusivo para professores Ascensão política da burguesia: consolidação dos interesses burgueses.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. IFPE-PE 3. Unesp-SP – Leia os dois artigos seguintes, extraídos
“Um país governado pelos proprietários está dentro da da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
ordem social; o país onde os não proprietários governam de 26 de agosto de 1789:
acha-se em estado de natureza.” “Artigo 1º: Os homens nascem e permanecem livres e
D’ANGLAS, Boissy. Apud SOBOUL, Albert. História da Revolução iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser
Francesa. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 400. fundamentadas senão sobre a utilidade comum.
Esse é um fragmento do discurso proferido por Boissy Artigo 6º: A lei é a expressão da vontade geral. Todos os
d’Anglas na apresentação do projeto de Constituição, cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou
em 23 de junho de 1795, no contexto da Revolução pelos seus representantes, na sua formação. Ela tem de
Francesa. O argumento sustentado pelo autor está, ser a mesma para todos, quer seja protegendo, quer seja
corretamente, sintetizado na defesa: punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos,
são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares
a) da reforma agrária.
e empregos públicos, segundo a capacidade deles, e sem
b) da igualdade civil. outra distinção que a de suas virtudes e talentos.”
c) do sufrágio universal.
a) Em qual contexto histórico foi elaborada a Declaração
d) da educação secular. dos Direitos do Homem e do Cidadão?
e) do voto censitário.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é o principal docu-
O fato de o texto falar em “proprietários” pode induzir à resposta da
reforma agrária, porém este não é o caso, como vimos neste módulo,
apesar de ter havido camponeses na Revolução Francesa. A palavra- mento que registra a conexão entre as ideias iluministas e a Revolução
-chave é “governar”: o voto censitário é aquele em que apenas quem
tem certo nível de renda e posses pode votar. Portanto, os proprie-
tários governavam, enquanto os não proprietários estavam gestando Francesa. Foi elaborada em agosto de 1789, logo após a Tomada da
um novo país.
Bastilha.
vigente.
Entre essas ideias, é possível citar: todos os homens são iguais, devem
ter direitos iguais e a lei deve representar a vontade geral. Essa de-
Regime.
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c) enfraqueceu o ideário nacionalista do povo francês d) o texto de 1789 utiliza o termo “homem” para desig-
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 1
7. Unicamp-SP Essa afirmação pode ser considerada:
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França, iniciada em 1789, é correto afirmar que: “Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as
a) os privilégios feudais e o regime de servidão foram cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na
abolidos, destruindo a base social que sustentava o ordem do dia.”
Antigo Regime absolutista francês. Discurso de Robespierre na Convenção.
b) a Revolução aboliu o trabalho servil e fortaleceu o
clero católico, instituindo uma série de medidas de A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais
caráter humanista. intensos da Revolução Francesa. Esse período carac-
terizou-se:
c) os revolucionários derrubaram o rei e proclamaram
uma república fundamentada no igualitarismo radical, a) pela fundação da monarquia constitucional, marcada
na qual a propriedade privada foi abolida. pelo funcionamento da Assembleia Nacional.
d) a revolução rompeu os laços com a Igreja Católica, b) pela organização do Diretório, marcado pela adoção
iniciando uma reforma de cunho protestante que se do voto censitário.
aproximava dos ideais da ética do capitalismo moderno. c) pela Reação Termidoriana, marcada pelo fortaleci-
mento dos setores conservadores.
e) a revolução, mesmo em seu momento mais radical,
não foi capaz de romper com as formas de proprie- d) pela convocação dos Estados-gerais, que pôs fim ao
dade e trabalho vigentes no Antigo Regime. absolutismo francês.
e) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radi-
12. Fatec-SP – Na introdução de um panfleto publicado calização da revolução.
em 1789, quando a Revolução Francesa era iminente,
o bispo Sieyès escreveu: 15. Fuvest-SP – Do ponto de vista social, pode-se afirmar,
sobre a Revolução Francesa:
“Devemos formular três perguntas:
a) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida
– O que é o terceiro estado? Tudo. e apropriada por uma só classe social, a burguesia,
– O que ele tem sido até agora na ordem política? Nada. única beneficiária da nova ordem.
– O que ele pede? Ser alguma coisa.” b) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não
conseguiu impedir o retorno das forças sociopolíticas
SIEYÈS, E. J. Qu’est-ce que le Tiers État? In: História contemporânea
do Antigo Regime.
através de textos. São Paulo: Contexto, 2001. p. 19.
c) nela coexistiram três revoluções sociais distintas:
Durante a Revolução Francesa, uma das principais rei- uma revolução burguesa, uma camponesa e uma
vindicações do terceiro estado foi a: popular urbana, a dos chamados sans-culottes.
a) instauração da igualdade civil, pondo fim aos privi- d) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao
légios. garantir as pequenas propriedades aos camponeses,
atrasou, em mais de um século, o processo econô-
b) limitação da participação popular nos assuntos do mico da França.
Estado.
e) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coe-
c) criação de um novo estamento, formado só pela sa, tanto do ponto de vista da riqueza, quanto do
burguesia. ponto de vista político, impediu que a burguesia
d) ascensão política dos nobres, em detrimento do a concluísse.
poder real.
e) ampliação do poder real, em detrimento do clero e 16. UFBA-BA
da nobreza. “1789, na França, foi um ano turbulento [...] Iniciava-se
a Revolução que destruiria o Antigo Regime na França
13. UnB-DF (adaptado) – A Revolução Francesa repre- e sacudiria as bases da sociedade ocidental da época.”
sentou um momento crucial de expansão de direitos (AQUINO, p.143)
no mundo ocidental. Tal expansão, no entanto, desen-
cadeou, ao longo dos séculos XIX e XX, um complexo Sobre esse movimento e seus reflexos em outras par-
processo em que nem todos esses direitos foram, si- tes do mundo, pode-se afirmar:
multaneamente, concedidos a todos os grupos sociais. (01) O critério da votação por Ordem, fi rmado nos
Acerca do processo da expansão de direitos civis, polí- Estados-gerais, foi rejeitado pelo terceiro estado,
ticos e sociais na França, nos vinte anos subsequentes que não se subordinou aos interesses da realeza.
ao início da Revolução Francesa, é correto afirmar que:
(02) O “Grande Medo”, originado da violência na zona
a) a Constituição francesa de 1791 aboliu a escravidão rural, repercutiu na Assembleia Nacional Consti-
tanto no território metropolitano quanto nas zonas tuinte, provocando o fortalecimento dos privilé-
coloniais, conferindo, com isso, direitos civis e polí- gios feudais.
ticos aos ex-escravos.
b) o Estado francês, logo nos primeiros anos após a To- (04) As reformas mais profundas empreendidas du-
mada da Bastilha, passou a garantir direitos políticos rante a Convenção corresponderam à atuação
aos homens de proveniência protestante e judia que da alta burguesia, que liderava a revolução na-
residiam no território francês. quele momento.
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(32) O conflito anglo-francês, que resultou no Bloqueio a) romper com a Declaração de Independência dos Es-
HISTÓRIA 1
Continental decretado pela França, motivou a opo- tados Unidos, por esta não ter negado a escravidão.
sição da Inglaterra aos princípios do liberalismo b) recuperar os ideais cristãos de liberdade e igualda-
político e econômico. de, surgidos na época medieval e esquecidos na
(64) O ideário dos conjurados baianos de 1798 foi in- moderna.
fluenciado por princípios da França revolucionária. c) estimular todos os povos a se revoltarem contra seus
Dê como resposta a soma das alternativas corretas. governos, para acabar com a desigualdade social.
d) assinalar os princípios que, inspirados no Iluminismo,
17. Fuvest-SP – A Declaração dos Direitos do Homem e do iriam fundar a nova Constituição francesa.
Cidadão, votada pela Assembleia Nacional Constituinte e) pôr em prática o princípio: a todos, segundo suas ne-
francesa, em 26 de agosto de 1789, visava: cessidades, a cada um, de acordo com sua capacidade.
30
HISTÓRIA 1
ERA NAPOLEÔNICA
HABILIDADES
• Reconhecer a dinâmica da
organização dos movimen-
tos sociais e a importância
da participação da coleti-
vidade na transformação
da realidade histórico-
-geográfica.
• Analisar a atuação dos mo-
vimentos sociais que contri-
buíram para mudanças ou
rupturas em processos de
disputa pelo poder.
Napoleão sobre o seu cavalo na Batalha de Wagram em 1809 (1860), de Horace Vernet. Gravura, 21,8 cm × 26,1 cm.
A chamada Era Napoleônica foi o período em que, após a Revolução Francesa, Na-
poleão Bonaparte passou a liderar a França, buscando desenvolvê-la nos moldes revo-
lucionários e promovendo uma política imperial em relação aos outros países europeus.
Neste módulo, serão aprofundadas as questões sobre o governo napoleônico e a
concentração do poder em suas mãos, que o levou a ser coroado imperador. Também
será abordada a reação dos demais países europeus contra as ideias revolucionárias
difundidas na sociedade do período.
ERA NAPOLEÔNICA
A Revolução Francesa foi encerrada pelo Golpe do 18 Brumário, realizado por
Napoleão com o apoio da burguesia, a qual conduzia o governo do Diretório em
1799. Contudo, seu governo como importante chefe político europeu não foi menos
conveniados ao Sistema de Ensino A primeira, realizada na Inglaterra, consistiu na mudança do padrão produtivo
no qual, mediado pela máquina e por uma nova fonte de energia – o vapor –, a
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HISTÓRIA 1
formou qualitativamente o capitalismo, exigindo a com a Igreja Católica (1801) no qual afirmou o poder do
ampliação de mercados consumidores para o aten- Estado sobre o clero francês, acabando com a divisão
dimento dos interesses industriais. Dessa forma, existente entre membros da Igreja que se afirmavam
velhas concepções econômicas foram colocadas juramentados (seguidores das normas do Estado) ou re-
em xeque em nome da racionalidade produtiva, que fratários (seguidores apenas das ordens papais). Assim,
propunha a liberação das forças da economia. Essa todo o clero submeteu-se às determinações da França.
revolução conferiu enorme poder à Inglaterra e esti- O general praticamente impôs o acordo ao invadir terras
mulou debates em torno da ideia de desenvolvimen- da Península Itálica e mostrar seu poder bélico ao papa.
to econômico em todo o continente europeu. Grupos Napoleão criou o Banco da França, estabeleceu o
burgueses, principalmente da França, alimentavam ensino laico, criou uma moeda nova (o franco), esti-
esperanças de que algo similar ocorresse em seus mulou a indústria e apoiou a produção agrária visando
países.
atender a população, que ainda pagava caro pelo pão.
A outra revolução foi realizada na França a partir de
O resultado não tardou a aparecer: a economia
1789. Foi uma transformação política que colocou em
francesa recuperou-se rapidamente; o Banco Nacional
questão o poder absoluto e os desmandos de uma
financiou a produção da burguesia; o ensino laico pro-
Coroa que sustentava uma Corte parasitária e garantia
moveu conhecimentos nas ciências naturais; o franco
privilégios à Igreja em detrimento de grupos dinâmicos
favoreceu a monetarização das relações econômicas
da sociedade, pressionando o terceiro estado com tri-
no país; a indústria tornou-se uma realidade; e o preço
butações consideradas excessivas.
do pão caiu. Napoleão caminhava para tornar-se uma
Princípios revolucionários abalavam a sociedade
unanimidade.
de ordens, afirmavam igualdade jurídica dos homens
A fase do Consulado foi coroada com a criação, em
e conferiam legitimidade às diferenças sociais ape-
1804, de um novo código de leis, conhecido como Códi-
nas oriundas do talento individual, ou seja, do mérito
go Napoleônico, que expressava valores da Revolução
pessoal. Napoleão era um filho da revolução. Sua
Francesa e consolidava a ordem burguesa no país. A
ascensão foi possível graças ao credo revolucionário.
respeito das leis que constituíram esse ordenamento,
Bonaparte vinha da pequena nobreza, que não teria
grandes oportunidades naquela sociedade do Antigo podem-se destacar:
Regime. Seu envolvimento com a revolução o cre- • direito à propriedade privada;
denciou ao poder, principalmente em um quadro de • igualdade jurídica dos homens;
agitações internas que desestabilizaram o governo • casamento civil (visão contratualista);
do Diretório. • registro civil (afirmação de existência jurídica em
No governo de Napoleão, houve a continuidade da relação ao Estado);
revolução no sentido burguês, pois ele atendeu a esse • proibição de greves;
grupo social, pretendendo que fosse o caminho de afir- • abolição da servidão.
mação da França e de seu poder pessoal. Essas situa- O Código Napoleônico baseou-se em leis france-
ções guardavam estreita ligação entre si, uma vez que sas anteriores e no Direito Romano, tendo seguido o
a riqueza produzida nos empreendimentos burgueses Código Justiniano e o Corpus Juris Civilis, dividindo o
daria mais força ao Estado francês e a seu governante. Direito Civil em:
Assim, o compromisso de Bonaparte com a ordem era • pessoa;
associado ao crescimento econômico. • propriedade;
• aquisição da propriedade.
DO DIRETÓRIO AO CONSULADO
INTERFOTO/ALAMY STOCK PHOTO
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Napoleão conseguiu apoio popular, da burguesia e e negociou com Espanha, Áustria, Prússia, Dinamarca
de setores da antiga nobreza, grupo que também pro- e Rússia o fechamento do comércio com a Inglaterra.
HISTÓRIA 1
curou contemplar. O próximo passo foi a convocação Entrava em cena o Bloqueio Continental.
de um plebiscito para decidir se ele poderia continuar Até 1812, Bonaparte foi o senhor da Europa e di-
governando a França como imperador. fundiu ideias revolucionárias por onde passou. Tropas
A essa altura, Bonaparte já dominava extensos ter- napoleônicas entravam nos territórios declarando prin-
ritórios da Europa, adquiridos com a invasão às regiões cípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Seu có-
belga e holandesa, além de controlar parte significativa digo de leis foi levado para todas as terras dominadas.
da Península Itálica. O resultado do plebiscito foi sua A Europa não seria mais a mesma.
aclamação como imperador dos franceses. O primeiro grande contratempo de Napoleão foi contra
Ele continuaria governando, pois o povo o aceita- a Rússia. Em 1807, Alexandre I havia assinado o Tratado de
va. Seu poder estava legitimado pelo desejo da cha- Tilsit com o general, comprometendo-se a comprar pro-
mada “vontade geral”, defendida no pensamento de dutos apenas da França. A indústria francesa, porém, era
Rousseau como a possibilidade de existência de um incipiente e não conseguia atender à demanda europeia.
governo soberano. Os russos aguardavam as mercadorias, mas estas não
chegavam. O czar, alegando a necessidade de obter pro-
IMPÉRIO (1804-1814) dutos que não eram entregues, rompeu o tratado de 1807.
Após a aclamação, o general iniciou uma pressão Diante disso, Napoleão organizou um exército podero-
sobre países continentais, objetivando impedir o comér- so a fim de invadir a Rússia. Segundo alguns historiadores,
cio dos estados europeus com a Inglaterra, país rival da cerca de 600 mil homens foram mobilizados para a cam-
França por, entre outros aspectos, dominar o mercado panha contra o Império Russo. Mas o que Bonaparte não
consumidor da Europa com seus produtos industriais. esperava era a ordem de destruição das plantações nos
arredores, por parte do czar, para que as tropas napoleô-
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Coroação de Napoleão Bonaparte (1805-1807), de Jacques-Louis David. PETER HORREE/ALAMY STOCK PHOTO
Óleo sobre tela, 621 cm × 979 cm. Após ser coroado imperador da
França, em 1804, Bonaparte tornou-se a maior figura política continental.
Enfrentou a Inglaterra e determinou o Bloqueio Continental em novembro
de 1806 em Berlim, na Alemanha.
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O encontro definiu a restauração da monarquia, le- A expressão mais conservadora do congresso fi-
gitimando no trono um novo rei da dinastia Bourbon, cou conhecida por Santa Aliança. Rússia, Prússia e
HISTÓRIA 1
Luís XVIII. Entretanto, muitos franceses não aceitavam Áustria uniram-se para preservar a ordem continen-
o retorno da família Bourbon e houve levantes em todo tal. Se houvesse qualquer movimentação contrária
o país. Napoleão encontrava-se confinado na Ilha de às determinações de Viena, tropas dos três estados
Elba e de lá conseguiu escapar, retornando à França. seriam mobilizadas.
De março a julho de 1815, Napoleão governou a Fran-
A Santa Aliança chegou a propor a recolonização
ça, mas a situação já não era a mesma. Com o exército
do continente americano, por considerar que o Novo
enfraquecido, diante de uma nova coalizão organizada
Mundo era uma extensão do Velho Mundo. Os Es-
pela Inglaterra, as derrotas se sucederam até a última
batalha em Waterloo, onde foi capturado e levado para tados Unidos, porém, posicionaram-se contra esse
a Ilha de Santa Helena, domínio inglês próximo à costa interesse e, na figura do presidente James Monroe,
africana. Estava encerrada a Era Napoleônica. reconheceram a independência da América ibérica por
meio da Doutrina Monroe, que afirmava “A América
para os americanos”.
CONGRESSO DE VIENA Apesar do conser vadorismo pronunciado no
Após a derrota definitiva de Napoleão, o Congresso Congresso de Viena, as forças liberais continuavam
de Viena, conduzido pelo ministro austríaco Metternich, ativas e o pensamento revolucionário havia se
definiu os princípios que ordenariam a Europa. O encon- disseminado na Europa. Novas revoluções viriam com
tro tinha o objetivo de recuperar a velha ordem ao esta- força arrebatadora.
belecer como princípio fundamental a “legitimidade”, ou
seja, era legítimo que todos os antigos governantes ou Europa após o Congresso de Viena
suas famílias recuperassem o governo de seus países. 0°
REINO DA FINLÂNDIA Cidades
Nesse sentido, previa-se a restauração das monarquias SUÉCIA
São Petersburgo Prússia
Império Austríaco
destituídas por Napoleão e pela Revolução Francesa.
o
Mar do França
áltic
Norte
Outro princípio firmado em Viena foi o do “equilíbrio Piemonte-Sardenha
B
GRÃ-BRETANHA DINAMARCA Império Russo
ar
M
europeu”, que implicava no reordenamento territorial Amsterdã
Hamburgo Países germânicos
PRÚSSIA IMPÉRIO RUSSO Liga das Confederações
europeu entre países visando estabelecer igualdade de
Londres
HOLANDA
Berlim
Varsóvia Germânicas
ESPANHA ESTADOS
o que impediria a ocorrência de novas guerras no conti-
SO SE
PIEMONTE- DO PAPA Negro S
-SARDENHA Roma
Constantinopla
nente. O critério utilizado para a definição do poder de Mar
Nápoles
IMPÉRIO OTOMANO
Escala aproximada
1: 51 000 000
cada país era o domínio territorial. Mediterrâneo
ich
Cada cm = 510 km
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
ERA NAPOLEÔNICA
Nascido em Córsega, na Itália, vinha da pequena nobreza e consagrou-se na campanha da Itália durante o
período revolucionário.
Napoleão Bonaparte
Combateu o levante realista de 1795.
Consolidação dos interesses da burguesia, mas também obteve apoio popular e de setores da antiga nobreza.
Em 1802, tornou-se cônsul vitalício e, por meio de plebiscito realizado em 1804, imperador.
CONGRESSO DE VIENA
Santa Aliança.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. FGV-RJ 3. Cesgranrio-RJ
Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França, em A criança deve ser protegida contra as práticas que
1799. A partir do chamado Golpe do 18 Brumário, tor- possam levar à discriminação racial, à discriminação
nou-se primeiro cônsul, depois primeiro cônsul vitalício religiosa ou a qualquer outra forma de discriminação.
e, posteriormente, imperador. Durante o seu governo:
2. UFRGS-RS C5-H22
Por volta de 1811, o Império Napoleônico atingiu o seu
apogeu. Direta ou indiretamente, Napoleão dominou
mais da metade do continente europeu. Tal conjuntura,
no entanto, reforçou os sentimentos nacionalistas da QUINO. Toda Mafalda, 1989. Lisboa: Publicações
população dessas regiões. A ideia de nação, inspirada Dom Quixote, p. 420.
nas próprias concepções francesas, passou a ser uma
arma desses nacionalistas contra Napoleão. Sabemos que, assim como na charge da Mafalda, tam-
bém durante as diversas fases da Revolução Francesa
Assinale a afirmação correta relativa à conjuntura acima discutiu-se a questão dos direitos humanos. Foi na Era
delineada: Napoleônica (1799-1815) que alguns desses direitos
a) após o Bloqueio Continental, em todos os Estados foram assegurados e vêm até os dias de hoje, como,
submetidos à dominação napoleônica, os operários por exemplo, a(o):
e os camponeses, beneficiados pela prosperidade a) propriedade privada.
econômica, atuaram na defesa de Napoleão contra
o nacionalismo das elites locais. b) organização sindical em todos os trabalhos urbanos.
b) a Inglaterra, procurando manter-se longe dos pro- c) jornada de trabalho de 8 horas diárias.
blemas do continente, isolou-se e não interveio nos d) greve por parte de todos os trabalhadores.
conflitos desencadeados pelos anseios de Napoleão e) voto universal, incluindo o direito de voto das mulheres.
de construir um império. Um desses direitos é a propriedade privada, ou seja, a liberdade
c) a Espanha, vinculada à França pela dinastia dos Bour- que as pessoas têm de posse (além de compra e venda) de alguma
bon desde o século XVIII, não reagiu à dominação propriedade. As leis trabalhistas e o voto universal, incluindo o fe-
francesa. Em nome do respeito às suas tradições e minino, ocorrem de formas diferentes e em momentos posteriores.
ao seu nacionalismo, a Espanha aceitou a soberania
estrangeira imposta por Napoleão.
d) em 1812, Napoleão estabeleceu sólida aliança com
o papa, provocando a adesão generalizada dos católi- 4. Unesp-SP
cos. Temporariamente, os surtos nacionalistas foram “Artigo 5º- – O comércio de mercadorias inglesas é proi-
controlados, o que o levou a garantir suas progressi- bido, e qualquer mercadoria pertencente à Inglaterra, ou
vas vitórias na Rússia. proveniente de suas fábricas e de suas colônias é declarada
e) herdeira da Filosofia das Luzes, a ideia de nação, tal boa presa. [...]
como difundida na França, fundou-se sobre uma con- Artigo 7º- – Nenhuma embarcação vinda diretamente da
cepção universalista do homem e de seus direitos Inglaterra ou das colônias inglesas, ou lá tendo estado,
naturais. Essa concepção, porém, pressupunha o prin-
desde a publicação do presente decreto, será recebida em
cípio do direito dos povos de dispor sobre si mesmos.
Os ideais iluministas de liberdade e igualdade estiveram presentes no porto algum.
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Esses artigos do Bloqueio Continental, decretado pelo da Revolução Francesa que inspiraram as lutas pela
HISTÓRIA 1
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. PUC-RJ – Como general, cônsul, e, depois, imperador, c) a adoção do Código Civil, que garantia a liberdade
Napoleão Bonaparte transformou a França de um país individual, a igualdade perante a lei e o direito à pro-
sitiado a uma potência expansionista com influência priedade privada.
em todo o continente europeu. No entanto, a expan- d) o estímulo, por parte das leis francesas, à criação
são francesa, com seus ideais burgueses, encontrou de sindicatos de trabalhadores, livres da influência
muitas resistências, principalmente entre as nações do Estado.
dominadas por setores aristocráticos. e) a estatização de toda a propriedade agrícola, comer-
Assinale a opção que identifica corretamente uma ação cial e industrial nas regiões dominadas pelo exército
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ca, pois Viena era uma das únicas cidades que não haviam a) o impedimento do retorno do uso de títulos de nobre-
HISTÓRIA 1
sido sacudidas pela revolução e a dinastia dos Habsburgos za, reivindicado pelos seus generais e pela burguesia
era o símbolo da ordem tradicional, da Contrarreforma, do francesa, que desejava tornar-se a nova elite do país.
Antigo Regime.” b) a criação do Código Civil, inspirado no Direito Roma-
REMOND, René. O século XIX: introdução à no e nas leis do período revolucionário, que, na sua
história do nosso tempo. essência, vigora até hoje na França.
c) a abolição da escravidão nas colônias francesas,
Acerca do Congresso de Viena (1815), é correto afir- reafi rmando o princípio da liberdade presente na
mar que: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
a) tornou-se a mais importante referência da vitória do d) a realização de uma reforma agrária, prometida, mas
liberalismo na Europa, na medida em que defendia não efetivada, pelos jacobinos, o que garantiu a po-
a legitimidade de todas as dinastias que aceitavam pularidade de Napoleão entre os camponeses.
a limitação dos seus poderes por meio de cartas e) a criação da Constituição Civil do Clero, que proibiu
constitucionais. toda forma de culto religioso no território francês.
b) países como Inglaterra, Portugal e Espanha, os
mais prejudicados com o expansionismo napo- 11. UEG-GO – Em 1804, Napoleão Bonaparte recebeu o
leônico, defendiam que a França deveria tornar-se título de imperador mediante um plebiscito. Durante
republicana, com o intuito de evitar novos surtos sua cerimônia de coroação, ele retirou do papa a coroa
revolucionários. e colocou-a em sua cabeça com as próprias mãos. Esse
c) foi orientado, entre outros, pelo princípio da legitimi- gesto ousado representou:
dade, que determinava a volta ao poder das antigas a) o rompimento entre a Igreja Católica Romana e o
dinastias reinantes no período pré-revolucionário, novo Estado revolucionário francês.
além do recebimento de volta dos territórios que b) que Napoleão estava assumindo todas as responsa-
possuíam em 1789. bilidades do Poder Moderador na França.
d) presidido pelo chanceler austríaco Metternich, mas c) que Napoleão, símbolo máximo da força da burgue-
controlado pelo chanceler francês Talleyrand, decidiu- sia, considerava-se mais importante que a tradição
-se por uma solução conciliatória após o caos napo- da Igreja.
leônico: haveria a restauração das dinastias, mas não
a volta das antigas fronteiras. d) a criação de uma religião de Estado, tendo como
figura central o imperador, a exemplo do anglicanis-
e) criou, a partir da sugestão do representante da Prús- mo inglês.
sia, um organismo multinacional, a Santa Aliança,
que detinha a tarefa de incentivar regimes absolu- 12. Mackenzie-SP
tistas a se modernizarem com o objetivo de sufocar
“O inimigo é cruel e implacável. Pretende tomar nossas
as lutas populares.
terras regadas com o suor de nossos rostos, tomar nosso
9. UFRGS-RS – Após a Revolução de 1789, a França vi- cereal, nosso petróleo, obtidos com o trabalho de nossas
veu um período de grande instabilidade, marcado pelo mãos. Pretende restaurar o domínio dos latifundiários,
radicalismo e pela constante ameaça externa. restaurar o czarismo [...] germanizar os povos da União
Soviética e torná-los escravos de príncipes e barões ale-
Assinale a alternativa correta em relação a esse período: mães [...] em caso de retirada forçada [...] todo o material
a) com a queda da Bastilha, símbolo do autoritaris- rodante tem que ser evacuado. Ao inimigo não se deve
mo real, os deputados da Assembleia Constituinte, deixar um único motor, um único vagão de trem, um único
aproveitando o momento político, proclamaram a quilo de cereal ou galão de combustível. Todos os artigos
república, pondo um termo final ao Antigo Regime. de valor [...] que não puderem ser retirados devem ser des-
b) em meio ao caos provocado pela fuga do rei e pela truídos sem falta.”
derrocada da monarquia, iniciou-se, em Paris, a cria-
ção de uma sociedade baseada nos ideais socialistas, Após 70 anos da 2ª- Guerra Mundial, o discurso acima,
a Comuna de Paris. de Joseph Stálin, nos remete:
c) o período conhecido como o Grande Terror foi prota- a) à invasão soviética ao território alemão, marco da
gonizado pelo jacobino Robespierre, que posterior- derrocada nazista frente à ofensiva Aliada nos fronts
mente foi derrubado por Napoleão, um general que ocidental e oriental.
se destacara por sua trajetória vitoriosa. b) à Operação Barbarosa, decorrente da assinatura do
d) o Golpe do 18 Brumário representou a queda do Dire- Pacto Ribbentrop-Molotov, estopim para a 2ª- Guerra
tório, regime que se pretendia representante dos in- Mundial.
teresses burgueses, mas que era inepto a governar. c) ao Anschluss, quando a anexação da Áustria pelo
e) durante um curto período de tempo, após a que- Terceiro Reich provocou a reação soviética contra
da da Bastilha, a França vivenciou uma monarquia os alemães.
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150
dos nacionalismos.
IV. O Bloqueio Continental possibilitou a hegemonia
do capitalismo industrial francês em toda a Europa.
V. O Congresso de Viena confi rmou, na Europa, os
avanços sociais e políticos conquistados durante a
Revolução Francesa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas III, IV e V.
Ordens de Napoleão: soldados franceses queimando importações
britânicas em 1810. e) I, II, III, IV e V.
HENDERSON, W. O. A Revolução Industrial.
São Paulo: Verbo/Edusp, 1979. p. 27. 16. Cesgranrio-RJ – O Golpe do 18 de Brumário de 1799,
no contexto da Revolução Francesa, derrubou o Di-
A explicação para o quadro anterior está: retório, instituiu o sistema do Consulado e elevou
a) na repulsa da população francesa aos produtos ingle- Napoleão Bonaparte à liderança política da França
ses vendidos na Europa continental, em geral muito revolucionária. Napoleão manteve-se no poder por
caros e de péssima qualidade. um período que se estendeu de 1799 até 1815, pe-
b) no protesto de operários franceses contra o de- ríodo esse denominado de Era Napoleônica, durante
semprego causado na Inglaterra pela introdução de o qual ocorreu a:
máquinas no processo produtivo (início da chamada a) consolidação interna do ideário burguês da revolução
Revolução Industrial). e a tentativa de sua imposição a diversos países
c) na disputa, até militar, entre uma Inglaterra já em da Europa com a expansão militar promovida por
acelerado estado de industrialização e uma França Napoleão.
que busca o mesmo intento, abrindo concorrência b) retomada do poder político pelos segmentos da no-
ao produto inglês. breza provincial francesa com a promulgação do im-
d) na tentativa francesa de evitar que matérias-primas pério (1804) como a força política legítima de governo
mais baratas oriundas da Inglaterra arruinassem os da França do período napoleônico.
produtos franceses. c) união de segmentos sociais distintos na defesa do
e) na revolta dos franceses contra o apoio dado pela mo- governo aristocrático e absolutista de Napoleão, tais
narquia inglesa à família real portuguesa quando esta como o campesinato e a nobreza, com o objetivo
decidiu retornar à Europa após sua estadia no Brasil. de evitar uma invasão estrangeira da França revo-
lucionária.
14. Unirio-RJ d) interferência direta das monarquias absolutas eu-
“Milhares de séculos decorrerão antes que as circunstân- ropeias na França, através da ação política da Santa
cias acumuladas sobre a minha cabeça vão encontrar um Aliança, ao encerrarem o processo revolucionário
outro na multidão para reproduzir o mesmo espetáculo.” com seu apoio à ascensão de Napoleão.
Napoleão Bonaparte. e) formação de diversas coligações que uniriam a
França revolucionária e a Inglaterra liberal contra
Sobre o período napoleônico (1799-1815), podemos
os Estados aristocráticos em defesa das conquis-
afirmar que: tas liberais promovidas no processo da Revolução
a) consolidou a revolução burguesa na França através Francesa.
da contenção dos monarquistas e jacobinos.
b) manteve as perseguições religiosas e o confi sco 17. Mackenzie-SP – Sobre o período napoleônico, é correto
das propriedades eclesiásticas iniciadas durante a afirmar que:
Revolução Francesa. a) as campanhas napoleônicas apoiaram o movimento
c) enfrentou a oposição do exército e dos camponeses denominado Conjura dos Iguais e disseminaram os
ao se fazer coroar imperador dos franceses. ideais do proletariado revolucionário francês.
d) favoreceu a aliança militar e econômica com a Ingla- b) de uma maneira geral, pode ser apontado como o
terra, visando à expansão de mercados. momento em que se consolidaram as instituições
e) anulou diversas conquistas do período revolucionário, burguesas na França.
tais como a igualdade entre os indivíduos e o direito c) Portugal, tradicional aliado da França, foi um dos pri-
de propriedade. meiros países a aderir ao Bloqueio Continental em
troca da ajuda na transferência da família real para a
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HISTÓRIA 1
18. UFMG-MG (adaptado) C2-H8 O contexto conturbado vivido pela Europa antes do
Congresso de Viena e os resultados deste foram,
Leia este texto:
respectivamente:
“Antes, Napoleão havia levado o grande exército à con- a) a Guerra dos Sete Anos, que colocou em confronto
quista da Europa. Se nada sobrou do império continental Inglaterra e França em função de disputas territo-
que ele sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Re- riais na América; a expulsão da França da Liga das
gime por toda parte onde encontrou tempo para fazê-lo; nações por ter desrespeitado regras internacionais
por isso também seu reinado prolongou a revolução; ele preestabelecidas.
foi o soldado desta, como seus inimigos jamais cessaram b) a disputa imperialista protagonizada pelas nações
de proclamar.” europeias em função da crise econômica vivida no
LEFBVRE, Georges. A Revolução Francesa. São Paulo:
século XIX; evitou-se provisoriamente um conflito
Ibrasa, 1966. p. 573. de proporções mundiais já que, por meio de conces-
sões, garantiu-se um equilíbrio político.
Tendo em vista a expansão dos ideais revolucionários c) a expansão napoleônica, que destronou reis e pro-
proporcionada pelas guerras conduzidas por Bonaparte, moveu a invasão e a ocupação militar sobre diversas
é correto afirmar que: regiões; a restauração das monarquias depostas por
Napoleão, legitimação das existentes à época e cria-
a) os governos sob influência de Napoleão investiram ção da Santa Aliança.
no fortalecimento das corporações de ofício e dos
d) a Primeira Grande Guerra, que foi consequência de
monopólios.
um momento marcado pelo nacionalismo exacerba-
b) as transformações provocadas pelas conquistas na- do e por rivalidades econômicas e territoriais; a im-
poleônicas implicaram o fortalecimento das formas posição de uma paz despreocupada com o equilíbrio
de trabalho compulsório. mundial, pois humilhava os derrotados.
c) Napoleão, em todas as regiões conquistadas, derru-
bou o sistema monárquico e implantou repúblicas. 20. Uema-MA C2-H6
d) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do O mapa abaixo representa a divisão geopolítica euro-
mapa europeu, pois fundiu pequenos territórios, an- peia no início do século XIX, destacando a estratégia mi-
tes autônomos, e criou, assim, Estados maiores. litar napoleônica conhecida como Bloqueio Continental.
e) os países da Península Ibérica, como Portugal e Es-
0°
NORUEGA
o
ltic
Norte DINAMARCA
Bá
GRÃ-BRETANHA r
Ma IMPÉRIO RUSSO
19. UEMG-MG C1-H1 Tllsit
IA
1807
ÁL
Londres
TF
HOLANDA PRÚSSIA
ES GRÃO-DUCADO
W
ATLÂNTICO Amiens
-se o Congresso de Viena, conferência de países europeus Paris
1813
Austerlitz
Vale 1805
que, após nove meses de deliberações, estabeleceu um
BE
SUÍÇA
SS
Viena
AR
FRANÇA ÁUSTRIA
plano de paz de longo prazo para o continente, que vivia
ÁB
REINO DA
IA
Bayona ITÁLIA
Vitória
um contexto político conturbado [...]. Para alcançar esse VALÁQUIA
AL
ETRÚRIA
Eb
ro
ESPANHA Istambul
criaram um mecanismo de pesos e contrapesos conhe- Cádiz Bailén
1806
Ilhas
Baleares Sardenha
REINO DE
NÁPOLES
IMPÉRIO TURCO
cido como ‘Concerto Europeu’ [...]. O Concerto Europeu Trafalgar Mar Mediterrâneo
1805 Sicília
wich
Bloqueio continental S
Cada cm = 540 km
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30
152
31 INDEPENDÊNCIA DOS
HISTÓRIA 1
ESTADOS UNIDOS
• América inglesa
• O comércio das Treze
Colônias
HABILIDADES
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos
movimentos sociais e a
importância da participação
da coletividade na
transformação da realidade
histórico-geográfica.
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças
ou rupturas em processos
de disputa pelo poder.
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
relações de poder entre
nações. Entrada triunfal de Washington em Nova York, 25 de novembro de 1783 (1879), de Edmund Restein
e Ludwig Restein. A obra representa a consagração de George Washington em Nova York ao final da
Guerra de Independência dos Estados Unidos (1775-1783).
AMÉRICA INGLESA
As Treze Colônias inglesas da América do Norte surgiram no contexto da expansão
ultramarina da Inglaterra, mais precisamente à época do reinado dos Stuart.
conveniados ao Sistema de Ensino definiram-se pela atuação de companhias de comércio, que estruturaram latifúndios mo-
nocultores voltados à exportação e com mão de obra predominantemente escravizada.
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153
Embora existissem essas diferenças, as Treze Co- de impostos. Situação desagradável para os colonos:
lônias mantinham uma relativa autonomia em relação pagar por um exército que, a rigor, estava ali para
HISTÓRIA 1
à Inglaterra, que vivia imersa em agitações contra a policiá-los [...].
família Stuart, exemplificadas pelas revoluções Pu- KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao
ritana e Gloriosa. século XXI. São Paulo: Contexto, 2010. p. 75.
AMÉRICA EUROPA
frutas, vinh
Tec tos ma n
DO NORTE Prod
u
ESPANHA
Peixe, cereais, madeira
ar r
ganho fácil a empresários ingleses.
c a
úc
oe
açú
,a
ç OCEANO A insistência do Parlamento em praticar uma política
Peix
laç m
Me , ru ATLÂNTICO
ço
intervencionista sem considerar os interesses coloniais
Ma
ela
Me
, ma
M Ru
de
m
laço
das
ira
deira
tilh
as
lim
, gad
en
AMÉRICA
O exemplo mais contundente foi a Festa do Chá de
tos
ÁFRICA
o
CENTRAL Escravos
etc
N Escala aproximada
BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS
NO NE
1: 110 000 000
O L 0 1100 2 200 km
SO SE
S Cada cm = 1100 km
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A assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos em 1776 (1819), de John Trumbull. Óleo sobre tela. 366 cm × 549 cm.
A reação do Parlamento inglês não tardou. Em 1774, O documento, aprovado em 4 de julho de 1776, foi
foram instituídas leis severas nas Treze Colônias, chama- intitulado Declaração dos Direitos do Homem. Nele,
das de Leis Intoleráveis. Entre as várias medidas, foram afirmavam-se os princípios iluministas, pois havia a
estabelecidos o fechamento do Porto de Boston, com a defesa do direito à vida, à liberdade e à busca da
exigência do pagamento de indenizações pelos prejuízos felicidade, os quais eram ameaçados pela Inglater-
causados à Companhia; a instituição do toque de recolher; ra e, portanto, defendia-se, ainda, o direito à revolta
e a proibição de reuniões em espaços abertos. Além dis- contra poderes tirânicos legitimados. Assim nascia o
so, mais tropas inglesas foram enviadas às colônias e foi primeiro país do continente americano: os Estados
exigido dos habitantes o custeio dessa ocupação militar. Unidos da América.
Em meio aos descontentamentos gerados pelas
BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS
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155
HISTÓRIA 1
Fac-símile da Declaração de Independência dos Estados
Unidos da América. Observe as assinaturas na parte inferior
do documento. Leia, a seguir, alguns trechos transcritos.
Consideramos estas verdades como evidentes por si trabalho escravizado realizado em grandes propriedades,
mesmas, que todos os homens foram criados iguais, nas quais produzia-se principalmente algodão e tabaco e
foram dotados pelo criador de certos direitos inalie- cuja economia era voltada para o mercado externo.
náveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a A Constituição do país deveria estabelecer princí-
busca da felicidade. pios pelos quais fosse possível o convívio de realidades
[...] Nós, por conseguinte, representantes dos Esta- tão diferentes. E isso foi de certa forma conseguido
dos Unidos da América, reunidos em Congresso Ge- com a afirmação do princípio federativo, que concedia
ral, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela autonomia aos estados.
retidão de nossas intenções, em nome e por auto- Além disso, a Magna Carta criou um regime presi-
ridade do bom povo destas colônias, publicamos e dencialista em que o chefe da nação é eleito por meio
declaramos solenemente: que estas colônias unidas de um sistema misto, envolvendo a população e repre-
são e de direito têm de ser estados livres e indepen- sentantes dos estados, de tal forma que o candidato à
dentes, que estão desoneradas de qualquer vassala- presidência só pode ser eleito com o apoio da maioria
gem para com a Coroa britânica [...]. dos estados.
Declaração de Independência dos Estados Unidos, 1776.
A Constituição estadunidense foi promulgada em
Disponível em: <www.historianet.com.br/conteudo/default. 1787, mas só entrou em vigor depois que todos os es-
aspx?codigo=214>. Acesso em: 2 set. 2018. tados confirmassem seu texto. Isso ocorreu em 1790.
Os Estados Unidos tornaram-se, então, uma república
A afirmação dessa independência envolveu uma federativa. A independência foi impactante em todo
guerra que durou até 1783, quando a Inglaterra reconhe- o continente, pois estimulou o questionamento das
ceu a autonomia das Treze Colônias em acordo firmado autoridades metropolitanas pelas elites coloniais tanto
na França. O conflito contou com o apoio da nação fran- na América portuguesa como na espanhola.
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
Ideias liberais do Iluminismo defendidas por Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin.
Política inglesa de aumento de impostos, com o objetivo de recuperação financeira da Inglaterra: leis do
Causas principais Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston): repressão de Boston.
(união indissolúvel).
Forma de governo
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. FGV-SP C5-H24 3. Unioeste-PR – Tomando como base a citação abaixo,
“São verdades incontestáveis para nós: que todos os ho- assinale a alternativa correta:
mens nascem iguais; que lhes conferiu o criador certos di- “A história escrita do mundo é, em larga medida, uma his-
reitos inalienáveis, entre os quais o de ‘vida, o de liberdade tória de guerras, porque os Estados em que vivemos nasce-
e o de buscar a felicidade’“. ram de conquistas, guerras civis ou lutas pela independência.
Declaração de Independência, 4 de julho de 1776. Ademais, os grandes estadistas da história escrita foram, em
geral, homens de violência, pois, ainda que não fossem guer-
Acerca da independência das Treze Colônias, é correto
reiros – e muitos o foram –, compreendiam o uso da violên-
afirmar que:
cia e não hesitavam em colocá-la em prática para seus fins”.
a) a ruptura com a metrópole foi efetivada pelas clas- KEEGAN, John. Uma história da guerra. São Paulo: Companhia das
ses sociais dominantes coloniais, o que fez com que Letras, 1995. p. 399.
as demandas dos mais pobres fossem barradas e
que não houvesse solução imediata para a questão a) a Guerra dos Cem Anos foi um conflito ininterrupto
escravista. ocorrido no século XVI que envolveu duas das prin-
cipais potências da Europa: Inglaterra e França. O
b) comandada pelos setores mais radicais da pequena
cenário era marcado por fortes crises e pelo cresci-
burguesia, os colonos criaram uma república federati-
mento da economia urbana e do comércio.
va, considerando como pilares fundamentais da nova
ordem institucional as igualdades política e social. b) o primeiro conflito bélico que teve proporções globais
ocorreu entre 1941 e 1945 e foi chamado de Primeira
c) sua efetivação só foi possível devido à fragilidade
Guerra Mundial, batizada por seus contemporâneos
econômica e militar da Inglaterra, envolvida com a
como “A Grande Guerra”.
Guerra dos Sete Anos com a França, além da aliança
militar dos colonos ingleses com a forte marinha de c) o processo de independência dos Estados Unidos ocor-
guerra da Espanha. reu na virada da década de 1770 para 1780. No Segundo
Congresso Continental, ocorrido no dia 4 de julho de
d) o desejo por parte dos colonos de emancipar-se da
1776, foi escrita a Declaração de Independência.
metrópole Inglaterra nasceu em uma conjuntura de
abertura da política colonial, na qual, a partir de 1770, d) entre 1965 e 1975, ocorreu a Guerra do Vietnã: uma
as Treze Colônias foram autorizadas a comerciar com batalha sangrenta e custosa, mas que marcou a
as Antilhas. maior vitória americana na Ásia durante o século XX e
a derrocada do comunismo naquela região do globo.
e) o processo de ruptura colonial foi facilitado em de-
corrência das identidades econômicas e políticas e) liderada por Fulgêncio Batista e patrocinado pelos
entre as colônias do Norte e as do Sul, praticantes Estados Unidos, a Revolução Cubana marcou o fim
de uma economia de mercado, com o uso da mão do regime comunista que foi instaurado na ilha de
de obra livre. Cuba por Fidel Castro e Che Guevara.
O processo de independência dos Estados Unidos está atrelado aos A alternativa C é a única que não apresenta equívocos em datas (como
anseios de liberdade econômica das classes dominantes frente às me- A e B) ou em fatos históricos (como D e E).
didas inglesas de controle do mercado da colônia, entre elas impostos
e taxações. Ainda que as Treze Colônias se respaldassem nos princípios 4. Puccamp-SP – Os primeiros tempos da história dos Es-
de liberdade, esta estava ligada mais ao mercado, existindo, ainda, a
utilização do trabalho escravo.
tados Unidos como nação independente foram marcados
pela Declaração de Independência, que celebrava a legí-
Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo tima busca por oportunidades, prosperidade e felicidade
uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. por todas as famílias, apregoando valores que mais tarde
Habilidade: Relacionar cidadania e democracia na organização das seriam associados ao chamado “sonho americano”. Corro-
sociedades. borou, posteriormente, para a difusão desses valores a:
a) implantação da Lei de Terras como medida prioritária
após a independência, incentivando o assentamento
2. EsPCEx-SP – Em 1781, o general inglês Cornwallis ren- das famílias de imigrantes em pequenos lotes adqui-
deu-se aos revoltosos norte-americanos na Batalha de ridos a preços simbólicos.
Yorktown, dando início às negociações que levaram a b) descoberta de ouro na Califórnia, que provocou uma
Inglaterra a reconhecer os Estados Unidos da América onda desenfreada de migrações para o Oeste, atrain-
como nação livre. do, inclusive, trabalhadores estrangeiros.
Na formação desse novo Estado, pode-se destacar: c) promulgação da Constituição dos Estados Unidos, com-
posta por um conjunto de leis que asseguravam o fim
a) um poder central forte e nenhuma autonomia política da escravidão, o voto universal e o sistema federativo.
e administrativa aos Estados-membros.
d) política de remoção indígena acompanhada da cria-
b) a adoção do sistema parlamentarista. ção de reservas, conjuntamente à campanha de que
c) a participação política dos indígenas e negros. o respeito à diversidade e a tolerância eram pilares
d) um poder central muito fraco e Estados-membros da sociedade americana.
com muita autonomia política e administrativa. e) transposição das fronteiras ao Sul, por meio da Guerra
de Secessão, que resultou na anexação de metade do
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5. EsPCEx-SP – Leia as afirmações abaixo. e do Deus da natureza lhe conferem o direito, o respeito
HISTÓRIA 1
I. Permitiu o acesso à cidadania a todos os norte- que é devido perante as opiniões da humanidade exige que
-americanos. esse povo declare as razões que o impelem à separação. [...]
II. Abalou o prestígio do rei na Inglaterra e provou que [...] o povo tem direito a [...] instituir um novo governo,
era possível fazer valer a soberania popular. assentando os seus fundamentos nesses princípios e or-
III. Trouxe prejuízos aos povos indígenas, pois suas ter- ganizando os seus poderes do modo que lhe pareça mais
ras, localizadas em sua maior parte a oeste do Mis- adequado à promoção de sua segurança [...].”
sissipi, passaram a ser atacadas pelos proprietários Disponível em: <www.infopedia.pt/$declaracao-de-independen-
de terra e comerciantes de peles de origem europeia. cia-dos-estados>. Acesso em: set. 2018.
IV. Propiciou a abolição da escravidão nos Estados Assinale a alternativa que corresponde corretamente
Unidos.
ao conjunto de ideias e ideais relacionados à época
São repercussões imediatas da independência norte- histórica tratada pelo documento:
-americana: a) o liberalismo enquanto doutrina defendia a menor
a) as afirmações I, II, III e IV. intervenção possível do Estado na condução política
da sociedade.
b) apenas as afirmações I e II.
b) o racionalismo científico renascentista atribuía ao
c) apenas as afirmações II e III.
homem o poder de conhecimento e intervenção
d) apenas as afirmações II e IV. tanto na natureza como na condução política das
e) apenas as afirmações III e IV. sociedades.
A independência dos Estados Unidos associou-se a interesses de gru- c) o nacionalismo partia do pressuposto de que a leal-
pos dominantes, entre eles latifundiários, que não colocavam em pauta dade do indivíduo ao Estado-nação deveria estar
a possibilidade de liberdade aos escravizados. A cidadania, portanto,
não estava ao alcance de parte dos habitantes da América do Norte.
acima dos interesses pessoais ou dos interesses
Pelo contrário, os nativos indígenas foram afetados pelos interesses de determinados grupos.
de donos de terras e comerciantes. d) o Iluminismo defendia, de modo geral, a ideia de
que o Estado deveria assegurar ao homem o direito
de expressar sua consciência de forma autônoma,
6. PUC-RJ – Os parágrafos que se seguem foram extraí- bem como os direitos inalienáveis à vida e à busca
dos do documento Declaração de Independência dos da felicidade.
Estados Unidos, assinado pela unanimidade dos re- e) as doutrinas sociais emergentes do contexto da so-
presentantes políticos das Treze Colônias, no Segundo ciedade industrial pregavam a ampliação da partici-
Congresso Continental no ano de 1776. pação política à classe operária, além de melhores
“Quando no decurso da história do homem se torna ne- condições de vida para a mesma.
cessário um povo quebrar os elos políticos que o ligavam a
A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi fundada nos
outro e assumir, de entre os poderes terrenos, um estatuto princípios iluministas de igualdade e de liberdade política, econômica
de diferenciação e igualdade ao qual as leis da natureza e de expressão.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UPE-PE – A passagem do século XVIII para o XIX foi 8. EsPCEx-SP – A independência dos Estados Unidos da
marcada por um desequilíbrio nas relações entre a Eu- América foi o primeiro grande indicador histórico da ruína do
ropa e o Novo Mundo. As lutas políticas na América Antigo Regime. Durante esse processo de independência:
estavam ligadas à resistência contra a colonização eu- a) a criação da Lei do Selo foi uma consequência do esforço
ropeia e às influências das ideias liberais. Sobre essa inglês em fortalecer o pacto colonial e levou os colonos
crise do Antigo Regime e suas implicações na América, americanos a efetuar um boicote comercial à Inglaterra.
assinale a alternativa correta: b) a Marcha para o Oeste despertou os sentimentos
a) a Guerra de Independência dos Estados Unidos acir- expansionistas e nacionalistas dos colonos america-
rou as tensões políticas preexistentes entre a França nos, incentivando os movimentos de independência.
e a Inglaterra, servindo de palco para um confronto c) o Primeiro e o Segundo Congresso Continental da
indireto entre essas duas nações. Filadélfia resultaram na suspensão dos tributos im-
b) as tensões políticas entre a Espanha e suas colônias postos por Townshend, exceto o que se referia ao
na América acabaram por reestruturar o Império Es- comércio do chá.
panhol, que, mediante as reformas bourbonianas, d) os colonos americanos receberam apoio militar da
conseguiu manter seu poderio na América até o final Holanda e da Espanha nas lutas pela emancipação.
do século XIX.
e) Thomas Jefferson exerceu um papel importante, tendo
c) as relações entre Portugal e a América portuguesa sido nomeado comandante das tropas americanas na
só se agravaram após a transmigração da família real guerra e se tornado o primeiro presidente americano.
para o Brasil em 1808, fugindo da invasão napoleônica.
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b) rompeu o pacto colonial mercantilista e criou uma 12. UFMG-MG – Observe o mapa, em que estão represen-
HISTÓRIA 1
sociedade liberal e democrática para todos os seto- tados os intercâmbios comerciais das colônias inglesas
res sociais. da América do Norte:
c) foi a primeira etapa das revoluções liberais, que, a 0°
tu rados
anufa
d) assinalou o início de uma sociedade capitalista, basea- AMÉRICA DO NORTE tos m
produ , ferragen
s
os EUROPA
o
da no trabalho assalariado, livre das instituições feudais. tecid urados
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Boston man
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Nova York
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ÁFRICA
10. UFPI-PI – Com relação à independência dos Estados
alimen
m
Trópico de Câncer
ru
Unidos, em 1776, é correto afirmar que: m
JAMAICA
a) a primeira Constituição dos Estados Unidos adotou Pequenas
Antilhas
escra
vos
a república federalista e presidencial como modelo N COSTA DO COSTA
DO OURO
de governo. AMÉRICA DO SUL
NO NE
MARFIM
Greenwich
Equador O L
b) a Declaração de Independência defendeu a implan- SO SE
0°
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“Consideramos [...] que todos os homens são criados iguais, a) a forma de governo estabelecida pelo povo deve ser
que são dotados pelo criador de certos direitos inalienáveis, preservada a qualquer preço.
que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felici- b) a realização dos direitos naturais independe da for-
dade. Que para garantir esses direitos são instituídos entre ma, dos princípios e da organização do governo.
os homens governos que derivam os seus justos poderes c) cabe ao povo determinar as regras sob as quais será
do consentimento dos governados; que toda vez que uma governado.
forma qualquer de governo ameace destruir esses fins, cabe
d) todos os homens têm direitos e deveres.
ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir um novo
e) cabe aos homens-governo estabelecer as regras
governo, assentando a sua fundação sobre tais princípios e
para o povo.
organizando-lhe os poderes da forma que pareça mais pro-
vável de proporcionar segurança e felicidade.” 16. Cesgranrio-RJ – No século XVIII, a revogação da Lei do
A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Selo causou grande tristeza aos políticos ingleses, o que,
Zahar, 2004. p. 53. entretanto, contrastava com a alegre movimentação dos
Sobre a Declaração de Independência dos Estados Uni- trabalhadores na beira do cais, em decorrência da reaber-
dos, é correto afirmar que: tura dos armazéns de manufaturados e da partida para a
a) defendia o princípio da igualdade de direitos dos se- América de inúmeros navios carregados de mercadorias.
res humanos, mas condenava o direito à rebelião Assinale a opção que explica corretamente a “tristeza”
como uma afronta à ordem social. dos políticos com a revogação da Lei do Selo:
b) o radicalismo da sua formulação, com respeito ao di- a) a revogação da Lei do Selo representou um golpe
reito de rebelião dos escravos, provocou forte reação nas pretensões inglesas de arrecadação, mediante
dos proprietários de escravos em toda a América. impostos, nas colônias americanas.
c) sua formulação foi baseada no ideário liberal-ilumi- b) a revogação da Lei do Selo significou a vitória dos
nista e acabou infl uenciando outros movimentos norte-americanos, que, assim, não mais precisariam
políticos na América e na Europa. pagar impostos sobre o chá, o ferro e o açúcar.
d) influenciada pelos tratadistas espanhóis, a declara- c) a pressão popular sobre o Parlamento aumentou, já
ção defendia a origem do poder divino e condenava que, com a revogação da Lei do Selo, do Chá e do
a desobediência dos subordinados. Açúcar, os membros das câmaras dos Lordes e dos
e) a declaração sustentava que os governos poderiam Comuns voltaram a ficar submetidos ao rei inglês.
cercear a liberdade dos indivíduos em nome da se- d) em meados do século XVIII, a metrópole inglesa per-
gurança e da felicidade coletivas. deu cerca da metade de seu mercado consumidor de
manufaturas face ao crescimento da produção colonial.
15. PUC-PR – Leia o texto a seguir e extraia a ideia central:
e) as Treze Colônias criaram impedimentos à atuação in-
“São verdades incontestáveis para nós: todos os homens glesa no continente americano, delimitando a ação da
nascem iguais; o criador lhes conferiu certos direitos ina- metrópole exclusivamente às áreas de plantation do Sul.
lienáveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de
buscar a felicidade; para assegurar esses direitos se consti- 17. Unesp-SP – Assinale a alternativa que indica o movi-
tuíram homens-governo cujos poderes justos emanam do mento que tornou mundialmente conhecidos os ideais
consentimento dos governados; sempre que qualquer for- representativos dos direitos humanos reconhecidos e
ma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo representados pela liberdade, igualdade e fraternidade:
o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo go- a) Independência dos Estados Unidos da América.
verno cujos princípios básicos e organização de poderes
b) Revolução Francesa.
obedeçam às normas que lhes pareçam mais próprias para
c) Cristianismo.
promover a segurança e a felicidade gerais.”
Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da
d) Catolicismo.
América. Ministério das Relações Exteriores, EUA. e) Iluminismo.
OCEANO
OCEANO
vidão, integrando a população de escravos ao projeto
PACÍFICO
de expansão por meio da doação de terras.
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e) instalou manufaturas nas áreas compradas e anexa- d) por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu
HISTÓRIA 1
das, visando utilizar a mão de obra barata das popu- forte influência no desencadeamento da indepen-
lações em trânsito. dência norte-americana.
e) ao romper o pacto colonial, a Revolução Francesa
19. Enem C5-H23 abriu o caminho para as independências das colônias
“Em 4 de julho de 1776, as Treze Colônias que vieram ibéricas situadas na América.
inicialmente a constituir os Estados Unidos da América
(EUA) declaravam sua independência e justificavam a rup- 20. Unesp-SP C5-H24
tura do pacto colonial. Em palavras profundamente sub- “Todos os homens são criados iguais, dotados pelo cria-
versivas para a época, afirmavam a igualdade dos homens dor de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram
e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar
vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o esses direitos, entre os homens se instituem governos, que
poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles derivam seus justos poderes do consentimento dos go-
direitos, derivava dos governados. vernados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a
destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-
Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo
-la ou aboli-la, e instituir um novo governo, assentando
foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos
seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus
mais tarde, em 1789, na França.”
poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabili-
COSTA, Emília Viotti da. Apresentação da coleção. In: Wladimir dade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade.”
Pomar. Revolução Chinesa. São Paulo: Ed. da Unesp, 2003. Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In:
(Adaptado) Harold Syrett (Org.). Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.
Considerando o texto acima, acerca da independência O documento expõe o vínculo da luta pela independên-
dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção cia das Treze Colônias com os princípios:
correta: a) liberais, que defendem a necessidade de impor re-
a) a independência dos EUA e a Revolução Francesa gras rígidas de protecionismo fiscal.
integravam o mesmo contexto histórico, mas se ba- b) mercantilistas, que determinam os interesses de
seavam em princípios e ideais opostos. expansão do comércio externo.
b) o processo revolucionário francês identificou-se com c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e
o movimento de independência norte-americana no de rebelião contra governos tirânicos.
apoio ao absolutismo esclarecido. d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a
c) tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas lutar pela própria salvação.
sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos e) católicos, que justificam a ação humana apenas em
considerados essenciais à dignidade humana. função da vontade e do direito divinos.
32 INDEPENDÊNCIA DA
HISTÓRIA 1
AMÉRICA ESPANHOLA
HABILIDADES
• Reconhecer a dinâmica da
organização dos movimen-
tos sociais e a importância
da participação da coleti-
vidade na transformação
da realidade histórico-
-geográfica.
• Analisar a atuação dos mo-
vimentos sociais que contri-
buíram para mudanças ou
rupturas em processos de
disputa pelo poder.
• Comparar o significado
histórico-geográfico das
relações de poder entre
nações.
• Associar manifestações Representação de Miguel Hidalgo, considerado o líder da independência mexicana. Museu da Independência, México.
culturais do presente aos
seus processos históricos. Seguindo os movimentos de base iluminista, a partir do século XIX surgiram diversas
lutas por independência nas colônias americanas. Neste módulo, o enfoque será dado às
colônias que pertenciam à Espanha, que aproveitaram um período de desestabilização
política da metrópole para buscar a independência e fundar novos Estados nacionais.
As dinâmicas das independências na América espanhola ocorreram de formas
semelhantes e foram o resultado de disputas entre, de um lado, as elites locais e,
de outro, a busca de alguns grupos por autonomia política e liberdade econômica
visando garantir os interesses da população. Nesse período, a América espanhola
conheceu seus “libertadores”, os quais foram importantes por atuarem em prol da
independência de diversos países e por difundirem o ideal de unidade.
O processo de colonização espanhola na América integrou a política de afirma-
ção do Estado moderno e envolveu o domínio de civilizações complexas, como a
asteca e a inca, repercutindo em um tipo de organização administrativa altamente
centralizada e conduzida diretamente da Espanha por meio das ordenações reais e
da Casa de Contratação, localizada em Sevilha.
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HISTÓRIA 1
do pela presença em massa de mestiços e indígenas. má envolvendo líderes das guerras de emancipação.
Os contatos entre chapetones e criollos eram mui- Simón Bolívar defendeu a autonomia integrada de toda
tas vezes tensos, assinalando um choque de interesses a América e a criação de um gigantesco país, no qual
entre colonos e metrópole desde o século XVI. Porém, a liberdade imperasse soberana. Entretanto, vários re-
foi no século XVIII que os conflitos intensificaram-se,
presentantes das áreas independentes não compare-
em virtude da decadência do Estado espanhol e de
ceram, incluindo o próprio Bolívar, que encontrava-se
tentativas de ampliação de recursos pelo expediente
em uma campanha no Peru.
tributário em áreas coloniais, as quais também res-
No congresso, o que se presenciou foi a predomi-
sentiram-se em relação às dificuldades de compra e
venda por parte da metrópole. Em meio à crise, os nância de interesses localizados dos grupos insurgen-
chapetones detinham regalias às custas dos criollos tes, representando a inviabilidade de realização do ideal
e da população pobre. As ideias iluministas também de unidade defendido por Bolívar. Dessa forma, houve
atingiram universidades criadas pela Espanha na área a proclamação de independências, as quais fragmen-
colonial e frequentadas pela elite criolla. Nesse contex- taram a América espanhola em vários países, predo-
to, a independência dos Estados Unidos foi outro fator minando a organização estatal republicana. Apenas o
que estimulou as conspirações contra a metrópole, México teve uma organização monárquica nos primei-
pois mostrava um caminho a ser seguido. ros anos de sua existência autônoma com o imperador
No século XIX, quando a Espanha passou por uma Agustín Itúrbide.
ocupação do imperador francês Napoleão Bonaparte, as
elites coloniais vislumbraram a chance de lutar contra os
chapetones, mobilizando setores populares na realização LEITURA COMPLEMENTAR
de campanhas militares, as quais forçavam a saída dos Os projetos de Bolívar e San Martín para a
reinóis e estabeleciam governos autônomos. As guerras América
tiveram início em 1810 e se estenderam até 1824.
Em 1822, em Guayaquil (no atual Equador), Bolívar
reúne-se com o argentino José de San Martín, que havia
GUERRAS DE liderado os movimentos de independência na Argen-
tina (1816) e no Chile (1819). Ambos estavam lá para
INDEPENDÊNCIA discutir a estratégia para tornar o então Vice-Reino do
As guerras de independência lideradas pela elite Peru independente da Espanha, o que acabou se con-
criolla contra autoridades metropolitanas na área colonial cretizando em 1824.
devem ser associadas à situação política europeia, mais Embora concordassem que as colônias deveriam se tornar
precisamente à história da Espanha entre 1810 e 1824. independentes da Espanha, os dois “libertadores” tinham
O quadro a seguir representa as mudanças políticas planos diferentes para os países da América espanhola.
ocorridas na metrópole e sua repercussão na América. San Martín acreditava que o melhor era que as ex-colô-
nias se tornassem monarquias, cujos chefes de Estado
Guerras de independência seriam príncipes europeus convidados para governá-las.
Primeira fase (1810-1814) Domínio francês na Espanha. Na visão de San Martín, essa seria uma forma de evitar
Segunda fase (1814-1816) Restauração do reinado de guerras civis e facilitar o reconhecimento da indepen-
Fernando VII. dência das ex-colônias por parte das potências estran-
geiras, especialmente as da Europa. Para Bolívar, as
Terceira fase (1816-1824) Vitórias e confirmação
ex-colônias deveriam se organizar numa única grande
(reconhecimento) das
república federativa, unidas sob um mesmo governo,
independências.
mais ou menos nos moldes dos Estados Unidos.
Reconhecimento das Doutrina Monroe: “A América
Como não chegaram a um acordo, os dois “libertadores”
independências pelos Estados para os americanos”.
seguiram caminhos diferentes: San Martín voltou para
Unidos
a Argentina, enquanto Bolívar se preparava para lutar
pela independência peruana.
Características específicas da
independência da América espanhola Em 1823, Bolívar, acompanhado de um grande exérci-
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a ajuda de tropas enviadas por Bolívar em Lima, derro- pela economia primário-exportadora, e a exploração das
tou os espanhóis na Batalha de Ayacucho. Era o último populações indígenas e mestiças.
reduto espanhol na América do Sul. Embora fosse mantida a estrutura colonial, isso não
Sucre proclamou, no dia 6 de agosto de 1825, a criação significou que agitações contra esse modelo não te-
da República da Bolívia, cujo território até então fazia nham ocorrido. O que predominou, porém, foram as
parte do Peru. O nome do novo país era uma homena- forças conservadoras das elites no exercício do poder
gem a Bolívar. A primeira constituição boliviana ficou na América espanhola.
pronta em 1826 e, ainda que jamais tenha sido usada,
Trópic Golfo do
o de Câncer México
CUBA
1898 REP. DOMINICANA
MÉXICO HAITI 1844
1821 BELIZE
1804 OCEANO
HONDURAS
GUATEMALA
1838 1838 ATLÂNTICO
NICARAGUÁ
EL SALVADOR 1838
1838 PANAMÁ
1903 VENEZUELA
COSTA RICA 1819
1838
COLÔMBIA GUIANAS
Equador 1819
EQUADOR 0°
1822
OCEANO PERU
BRASIL
1822
1822
PACÍFICO
BOLÍVIA
1825
PARAGUAI
1811
rnio
ricó ARGENTINA
Cap 1816
o de URUGUAI
pic 1828
Tró
CHILE
1818
Os criollos que conduziram a luta pelas independên- O mapa representa a fragmentação da América espanhola e indica a
diários que controlavam o governo ou disputavam-no MCEVEDY, Colin. Atlas de história moderna. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
entre si, utilizando a mão de obra da população pobre
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA
Mestiços e escravizados.
Classes sociais
Indígenas nas regiões de ouro.
da colônia
Africanos e seus descendentes nas regiões de cana-de-açúcar.
Sistema educacional.
Maçonaria.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
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167
HISTÓRIA 1
món Bolívar, e com base nos conhecimentos sobre “No movimento de independência atuam duas tendên-
as independências na América espanhola, assinale a cias opostas: uma, de origem europeia, liberal e utópica,
alternativa correta: que concebe a América espanhola como um todo unitário,
a) os movimentos de independência na América espanho- assembleia de nações livres; outra, tradicional, que rompe
la foram impulsionados pela tentativa de invasão napo- laços com a metrópole somente para acelerar o processo
leônica no Haiti recém-libertado. A Carta de Jamaica foi de dispersão do império.”
o documento que fundamentou esses movimentos. PAZ, Octavio. O labirinto da solidão, 1999. (Adaptado)
b) os movimentos de independência foram liderados por
mestiços e escravos que ansiavam conseguir a liberda- O texto refere-se às concepções em disputa no pro-
de expulsando os espanhóis. Aproveitando a ausência cesso de independência da América Latina. Tendo em
do rei Fernando VII, encarcerado por Napoleão, Bolívar vista a situação política das nações latino-americanas
escreveu a carta na Jamaica, chamando todas as co- no século XIX, é correto concluir que:
lônias a se unirem para formar uma grande federação a) os Estados independentes substituíram as rivalida-
contra a Coroa espanhola. des pela mútua cooperação.
c) Simón Bolívar foi o grande artífice das independên- b) os países libertos formaram regimes constitucionais
cias da América espanhola. Seu carisma e poder de estáveis.
mando permitiram unir todos os movimentos em
c) as antigas metrópoles ibéricas continuavam gover-
uma grande frente libertadora, que começou na Ar-
nando os territórios americanos.
gentina em 1816 e chegou até a Colômbia em 1821.
d) o conteúdo filosófico das independências sobrepôs-
d) o projeto de Simón Bolívar era tornar as colônias
-se aos interesses oligárquicos.
governadas pela Espanha em uma grande confedera-
ção de estados nos moldes das colônias americanas e) as classes dirigentes nativas foram herdeiras da an-
do Norte, porém as diferenças entre alguns líderes tiga ordem colonial.
no interior do movimento anticolonial não viam com
bons olhos esse projeto. Os criollos, descendentes de europeus, porém nativos da América,
foram os principais beneficiados após os processos de indepen-
e) a Carta de Jamaica foi a primeira declaração de in- dência.
dependência das colônias espanholas. Escrita no Competência: Compreender as transformações dos espaços geo-
formato da declaração de independência haitiana, gráficos como produto das relações socioeconômicas e culturais
declarava o fim da escravidão nas colônias e a expul- de poder.
são dos peninsulares das terras americanas. Habilidade: Comparar o significado histórico-geográfico das or-
Simón Bolívar tinha o projeto de unificar os países da América ganizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional
espanhola em um grande e poderoso país. Porém, suas ideias ou mundial.
não eram unanimidade, pois outros agentes não acreditavam
que essa seria a melhor opção para todos os países.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. FGV-SP – Sobre o México e o seu processo de eman- espanhol por causa da intervenção militar francesa;
cipação política, é correto afirmar: política do Congresso de Viena favorável à indepen-
a) foi iniciado em 1810, com forte caráter popular, e dência das colônias.
concluído em 1821, como um movimento de elite. e) interesse econômico da Inglaterra na independência
b) foi o único movimento de independência política co- das colônias; política de suspensão das restrições
mandado por escravos, libertos e mestiços. de importações, seguida pelo governo de José Bo-
naparte; aliança entre chapetones, colonos nascidos
c) foi inspirado no princípio de unidade latino-americana na Espanha, e criollos, nascidos nas colônias para
defendido por Simón Bolívar. promover a independência.
d) serviu de referência para os demais movimentos
emancipatórios americanos pelo seu republicanismo. 9. Unicamp-SP
e) foi marcado pela ausência de conflitos armados, ao “As revoluções de independência na América hispânica
contrário dos demais movimentos americanos. foram, ao mesmo tempo, um conflito militar, um processo
de mudança política e uma rebelião popular.”
8. Ufscar-SP – A independência das colônias espanholas ROJAS, Rafael. Las repúblicas de aire. Buenos Aires: Taurus, 2010. p. 11.
da América deveu-se a diversos fatores. Assinale a op-
São características dos processos de independência
ção na qual todos os fatores relacionados contribuíram
nas ex-colônias espanholas na América:
para essa independência.
a) o descontentamento com o domínio colonial e a agre-
a) política mercantilista da Espanha; influência da inde- gação de grupos que expressavam a heterogeneidade
pendência brasileira; interesse dos Estados Unidos étnica, regional, econômica e cultural do continente.
no comércio das colônias espanholas.
b) o caudilhismo, sob a liderança política criolla, e o discurso
b) monopólio comercial em benefício da metrópole; de- revolucionário de uma nova ordem política, que assegu-
sigualdade de direitos entre os criollos, nascidos nas rou profundas transformações econômicas na América.
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10. PUC-RS – O caudilhismo foi um fenômeno político pre- a) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que as
HISTÓRIA 1
sente em parte da América hispânica no decorrer do riquezas brasileiras eram essenciais para a estabili-
século XIX. É possível relacioná-lo com: dade econômica portuguesa e, no caso da América
a) os projetos federalistas, atuantes nas lutas de forma- hispânica, a colônia pouco contribuía financeiramente
ção e consolidação dos Estados nacionais. com a Espanha.
b) a defesa das tradições indígenas locais, contra a do- b) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que a
minação cultural europeia e norte-americana. unidade territorial do Brasil foi mantida no Estado
independente e, na América hispânica, houve forte
c) a proposta de unidade americana, formulada durante fragmentação política.
as lutas de independência.
c) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de que
d) a expansão dos interesses imperialistas norte-ameri- os principais líderes das lutas pela emancipação nacio-
canos nas áreas de colonização ibérica do continente.
nal eram os próprios representantes das metrópoles.
e) os anseios de democratização dos Estados nacionais,
d) diferem, entre outros motivos, pelo caráter pacífico,
a partir da adoção de uma política econômica liberal.
sem qualquer combate armado, do processo brasi-
leiro, enquanto na América hispânica as lutas pela
11. Unesp-SP emancipação se prolongaram por décadas.
“Era o fim. O general Simón José Antonio de la Santísima
e) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de
Trinidad Bolívar y Palacios ia embora para sempre. Tinha que, nos dois casos, o apoio militar inglês e norte-
arrebatado ao domínio espanhol um império cinco vezes -americano contribuiu decisivamente para a derrota
mais vasto que as Europas, tinha comandado vinte anos de das metrópoles.
guerras para mantê-lo livre e unido, e o tinha governado
com pulso firme até a semana anterior, mas na hora da 14. UFU-MG – No início do século XIX, a independência
partida não levava sequer o consolo de acreditarem nele. da América espanhola ocorreu num contexto político
O único que teve bastante lucidez para saber que na reali- internacional marcado por fatos. Dentre os fatos que
dade ia embora, e para onde ia, foi o diplomata inglês, que favoreceram a independência da América espanhola,
escreveu num relatório oficial a seu governo: ‘O tempo que podemos mencionar:
lhe resta mal dá para chegar ao túmulo’.” a) a Revolução Industrial espanhola.
MÁRQUEZ, Gabriel García. O general em seu labirinto, 1989. b) a derrota dos americanos na Guerra de Independên-
O perfil de Simón Bolívar, apresentado no texto, acentua cia dos Estados Unidos.
alguns de seus principais feitos, mas deve ser relativi- c) o despotismo esclarecido.
zado, uma vez que Bolívar: d) o triunfo do absolutismo de direito divino na Espanha.
a) foi um importante líder político, mas jamais desem- e) as guerras napoleônicas.
penhou atividades militares no processo de indepen-
dência da América hispânica. 15. Unisinos-RS
b) obteve sucesso na luta contra a presença britânica “Em determinados períodos da História, há mudanças
e norte-americana na América hispânica, mas jamais significativas que acontecem em curto espaço de tempo.
conseguiu derrotar os colonizadores espanhóis. Foi assim no início do século XIX, mais precisamente entre
c) defendeu a total unidade das Américas, mas jamais 1808 e 1824, na América de colonização espanhola”
obteve sucesso como comandante militar nas lutas
de independência das antigas colônias espanholas. PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da América
Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 25.
d) teve papel político e militar decisivo na luta de inde-
pendência da América hispânica, mas jamais gover- As autoras, neste trecho em particular, estão se refe-
nou a totalidade das antigas colônias espanholas. rindo a que conjuntura, especificamente?
e) atuou no processo de emancipação da América his- a) às diferentes revoltas de escravos nos vice-rei-
pânica, mas jamais exerceu qualquer cargo político nos espanhóis, as quais foram responsáveis pela
nos novos Estados nacionais. abolição do regime de trabalho compulsório na
América espanhola ao longo da primeira metade
12. Unesp-SP – Sobre as lutas pela independência na Amé- do século XIX.
rica hispânica, é correto afirmar que:
b) às lutas de indígenas e mestiços pela expulsão da
a) contaram com a participação política e militar direta Igreja Católica dos domínios espanhóis, haja vista
dos Estados Unidos e da Alemanha, interessados em sua sistemática tentativa de tornar cativa esta po-
ampliar sua presença comercial na região. pulação desde o século XV até aquele momento.
b) tiveram claro caráter popular, expresso na realização, c) ao movimento político iniciado pelas elites nativas no
após a emancipação, de reformas sociais profundas. início do século XIX, tendo em vista a substituição
c) impediram a modernização das economias coloniais do domínio espanhol sobre os territórios americanos
e reduziram a participação dos países da região no por uma monarquia constitucional soberana e inde-
comércio internacional. pendente do jugo europeu.
d) asseguraram a manutenção da unidade territorial e d) à constituição, no início do século XIX, de diferentes
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HISTÓRIA 1
“No processo de independência da América espanhola, de independência, dirigidos pelos grupos sociais
liberdade não era um conceito entendido de forma única. dominantes.
Para um representante da classe dominante venezuelana, c) os criollos desejavam destruir a velha ordem colonial por
Simón Bolívar, liberdade era sinônimo de rompimento meio da extinção da escravidão e da divisão de terras.
com a Espanha. Mas, principalmente, nações livres para d) o projeto de independência era homogêneo e lide-
comerciar com todos os países e livres para produzir. Já rado pelos criollos, defensores da liberdade econô-
para Dessalines, o líder da revolução escrava do Haiti, que mica, social e política.
alcançou a independência da França em 1804, a liberdade, e) o ideal de liberdade variou segundo a perspectiva e
antes que tudo, queria dizer o fim da escravidão, mas tam- os interesses dos diversos segmentos sociais.
bém carregava um conteúdo radical de ódio aos opresso-
res franceses. Para outros dominados e oprimidos como os 17. Fuvest-SP – Nas reivindicações dos movimentos políti-
índios mexicanos, a liberdade passava distante da Espanha cos que levaram à independência dos países da América
e muito próxima da questão da terra.” espanhola, encontram-se alguns traços comuns. Entre
eles, a:
PRADO, Maria Lígia. A formação das nações latino-americanas,
1987. (Adaptado) a) proposta de igualdade social e étnica.
b) proposição de aliança com a França revolucionária.
Com base no texto, pode-se concluir sobre o processo
de emancipação política das colônias na América que: c) defesa da liberdade de comércio.
a) os ideais de liberdade econômica prevaleceram entre d) adoção do voto universal masculino.
os escravos e os indígenas que participaram das lutas. e) decisão de separar o Estado da Igreja.
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PERÍODO JOANINO
HISTÓRIA 2
(1808-1821)
HABILIDADES
• Analisar as lutas sociais e
conquistas obtidas no que
se refere às mudanças nas
legislações ou nas políticas
públicas.
• Analisar diferentes
processos de produção
ou circulação de riquezas Este quadro de Henry L’Evêque mostra os preparativos para a partida de D. João VI e sua Corte para
o Brasil, escoltados por navios da Armada Inglesa.
e suas implicações
socioespaciais. No Brasil, as piadas de portugueses, nas quais o grande mote é mostrá-los de modo
• Analisar a ação dos caricaturado, já vêm de longa data. Nessa mesma linha, é comum, especialmente em
Estados nacionais no filmes e novelas, mas também em vários livros best-sellers, representar D. João VI
que se refere à dinâmica como um homem desleixado, traído pela mulher, trapalhão e facilmente enganado.
dos fluxos populacionais De fato, é verdade que ele e sua esposa, Carlota Joaquina, passaram vinte anos
e no enfrentamento de
sem dividir o mesmo quarto, e que seus casos extraconjugais são documentados
problemas de ordem
e conhecidos. Sua má fama, porém, não é merecida.
econômico-social.
D. João VI foi um grande estrategista, o único monarca europeu a ter enganado
Napoleão, manteve a relevância de um Império Português que já estava longe do
seu auge de outrora, foi capaz de manter a unidade de sua colônia nas Américas
– o Brasil – enquanto as colônias espanholas dividiram-se em pequenos países e
conseguiu manter para as próximas gerações de monarcas portugueses todas as
outras colônias pelo mundo.
O projeto já era antigo e, em tempos de crise, cogitava-se mudar o centro do
Império Português para a América, protegida pelo Oceano Atlântico, o que elevaria
os custos e dificultaria a logística de qualquer exército europeu invasor. D. João VI
foi o único capaz de executá-lo.
Com a chegada da família real e da Corte portuguesa, o Brasil tornou-se a sede do
governo lusitano. D. João aportou primeiro em Salvador, de onde, seis dias depois, decidiu
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HISTÓRIA 2
TRATADOS DE 1810 resses da aristocracia brasileira aos dos comerciantes
portugueses. Assim, houve a criação do Banco do Brasil,
No período joanino, várias realizações dinamizaram
da Junta do Comércio, da Junta da Agricultura e Nave-
a vida do país. O príncipe regente revogou o alvará de
gação, da Escola Médico-Cirúrgica da Bahia, da Acade-
sua mãe, D. Maria, o qual proibia o desenvolvimento
mia de Belas Artes, da Academia Militar e da Imprensa
de manufaturas no Brasil. Não havia, entretanto, capital
Régia, com a publicação da Gazeta do Rio de Janeiro.
suficiente nem política financeira para os interesses in-
Em 16 de fevereiro de 1815, D. João elevou o Brasil
dustriais, pois a aristocracia brasileira estava assentada
à categoria de reino, unindo-o ao Reino de Portugal e
na economia rural e escravista.
Algarves, que passou a denominar-se Reino Unido de
Além disso, a Inglaterra dificultava ao máximo as
Portugal, Brasil e Algarves.
importações de máquinas com o propósito de manter
Em 1816, chegou ao Brasil a Missão Artística Fran-
o Brasil como seu mercado consumidor e não como
cesa, destacando-se o pintor Jean-Baptiste Debret,
área de produção de artigos que pudessem concorrer
que retratou os costumes brasileiros do século XIX
com os dela.
e exerceu forte influência nas artes plásticas do país.
Em 1810, D. João assinou com a Inglaterra dois
acordos: o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado de
Material exclusivo para professores “Sua Alteza Real o Príncipe Regente Nosso Senhor,
no seio do novo império, que veio criar na América
meridional, levanta a sua voz e expõe com energia e
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neutralidade pacífica, que o pérfido Napoleão, Além disso, propunha uma Constituição que dividisse o
imperador dos franceses, por vezes vendeu e que poder em Executivo, Legislativo e Judiciário, afirmando
HISTÓRIA 2
logo ele mesmo quebrava para ter o pretexto de o princípio da liberdade, mas contrário à abolição do
nova negociação: patenteia as traições, as intrigas regime escravista. A dura repressão das tropas lusita-
e infames manobras que o mesmo imperador ma- nas aos rebeldes provocou mal-estar e intranquilidade
quinou por meio dos seus enviados e agentes, a fim no governo de D. João.
de perturbar a nação portuguesa, e abalar a estabi-
lidade do trono: enfim, depois de lembrar a toda a AS CORTES
Europa a execranda perfídia, com que o dito im- O movimento que colocou em xeque o poder
perador invadiu o Reino de Portugal e o ocupou, de D. João VI começara de fato em Portugal, cujos
declara Sua Alteza Real guerra a Napoleão e aos comerciantes estavam descontentes com a política
franceses, permite aos seus vassalos da Europa, do joanina. A abertura dos portos e os tratados de 1810
Brasil e domínios ultramarinos o repelir, por mar e passavam diretamente para a Inglaterra recursos que,
por terra, os seus inimigos e fazer-lhes guerra. De- antes, ficavam em parte com os metropolitanos. Eles
clara Sua Alteza nulos e de nenhum efeito todos os não entendiam o motivo de D. João VI permanecer no
tratados que o imperador dos franceses o obrigou Brasil e manter as vantagens da Inglaterra depois de
a assinar, e que jamais deporá as armas, senão de encerrada a ameaça napoleônica. Em Portugal, houve
acordo com o seu antigo e fiel aliado, Sua Majes- manifestações em defesa do retorno do rei, também
tade britânica, e que não consente nem consentirá inspiradas no ideário político liberal, como ocorrera em
em caso algum da cessão do Reino de Portugal, que 1817 em Pernambuco.
forma a mais antiga parte da herança, e dos direi- THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO
tos da sua real família. Este manifesto no qual tanto
reluz a verdade e a justiça da causa do Príncipe Re-
gente Nosso Senhor foi bem recebido na Europa, e
com especialidade pelos ingleses, e abriu os olhos
a muita gente, a quem Napoleão havia fascinado
com as suas imposturas e deslealdade.”
BIELINSKI, Alba Carneiro. Os fuzileiros navais na história do Brasil.
Disponível em: <https://docplayer.com.br/6127544-Os-fuzileiros-
navais-na-historia-do-brasil.html>. Acesso em: 6 set. 2018.
DESGASTE DE D. JOÃO
Os gastos com a Corte eram elevados e custeados
pela tributação às elites coloniais, que viam-se despres-
tigiadas no governo de D. João, pois arcavam com a
ampliação dos custos provocados pelo estabelecimen-
to da Corte em terras brasileiras e eram preteridas aos
portugueses nos cargos de governo.
O quadro agravou-se com a derrota definitiva de
Napoleão Bonaparte em 1815, porque D. João não
voltou a Portugal e elevou o Brasil à categoria de
Igreja da Irmandade dos Militares, inaugurada com a presença de D. João VI em
Reino Unido a Portugal e Algarves. Por um lado, o go- 28 de outubro de 1811. A tela é de 1820, feita pelo aquarelista Richard Bate.
verno no Brasil possibilitava manter o livre-cambismo
que interessava às elites coloniais; por outro, a falta Em 1820, o movimento ganhou impulso quando
de influência na tomada de decisões descontentava revolucionários da cidade do Porto atingiram Lisboa,
a muitos. decretando o estabelecimento das Cortes, as quais
Entre os grupos descontentes, estava o dos deveriam discutir e aprovar uma Constituição que
senhores de engenho do Nordeste, sobretudo de estabelecesse uma monarquia limitada, a divisão
Pernambuco. O açúcar, que outrora fora o motor de poderes e um governo representativo. Para tan-
da economia brasileira, sofria forte concorrência no to, D. João VI deveria retornar a Portugal e realizar
mercado externo. o juramento da Magna Carta lusitana. Convidados
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HISTÓRIA 2
[...] Durante todo o período joanino, houve no Rio
de Janeiro uma intensa atividade musical, distribuí- assegurava o sustento. Entre esses diletantes, en-
da basicamente em dois setores: o da Corte, onde a contravam-se ainda alguns professores, mecânicos
qualidade era imprescindível; e o de fora da Corte, e “barbeiros-cirurgiões”.
em que a funcionalidade era festiva e mítica. É im- No Rio de Janeiro já existia uma vida musical
portante pensar nisto, numa complexidade que sur- significativa para aqueles tempos históricos, com
ge no momento em que negros e mestiços são cha- compositores ativos e importantes, como Lobo de
mados para tocar em festas religiosas, muitas vezes Mesquita, que saiu de Minas e foi para o Rio, mor-
com seus instrumentos típicos e com suas próprias to em 1806; José Maurício Nunes Garcia, mestre de
interpretações. Arregimentar músicos, pintores e capela, compositor e organista, que se tornou uma
outros artífices para algum trabalho ou para abri- das maiores expressões da história da música no
lhantar alguma festa em caráter de urgência foi uma Brasil; e Gabriel Fernandes da Trindade, violinista
medida comum nos tempos de D. João VI. Na ver- e compositor, um dos mais prolíficos instrumen-
dade, era necessário atender um desejo de manter a tistas da colônia e do Brasil reino. Além desses
pompa, a ostentação e a visibilidade de um gosto; ilustres, tem-se ainda o vasto universo dos anôni-
mas para isso era necessário que houvesse mão de mos. A vinda da família real para o Brasil, junta-
obra suficiente. mente com alguns dos compositores e intérpretes
Muitas vezes não era possível. Em algumas situa- portugueses que serviram a Corte em Portugal,
ções, criava-se, literalmente, o artífice e artesão, influenciou o estilo e as práticas desses músicos
normalmente uma maioria de negros, mestiços e coloniais, “construindo” uma nova percepção do
brancos pobres, cujo desejo e habilidade eram for- gosto e uma nova maneira de observar o mundo
mulados pela ordem e obediência. Em algumas cir- das artes. O surgimento de instituições de Corte,
cunstâncias, para atender à demanda musical ou de como a Capela e a Câmara reais, favoreceu a ex-
outra atividade artesanal, o que valia era o poder de pansão da atividade musical, criou mais oportu-
um sobre o outro. O caso dos músicos pobres, dos nidades de trabalho e redefiniu a hierarquia entre
diletantes que estavam à mercê dessas relações de os músicos. As famílias aristocráticas que vieram
poder, não foi diferente. Robert Southey chega a fa- com D. João VI, ou que aqui se aproximaram dele,
lar de “devotos músicos” que eram chamados para contribuíram com seus comportamentos e hábitos
as festas das igrejas “muitas vezes por água”. de ouvir música em saraus e reuniões sociais. [...]
MONTEIRO, Maurício. Música na Corte do Brasil. Disponível
Os músicos diletantes ou amadores dividiam-
em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
-se entre os negros e mestiços, com seus lundus, mre000137.pdf>. Acesso em: 6 set. 2018.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
• Chegada da família real e de D. João ao Brasil. O país torna-se sede do governo lusitano.
• Abertura dos portos brasileiros com a Carta Régia de 1808, principalmente para a Inglaterra.
Processos principais
• Quebra do pacto colonial, passo fundamental para a independência.
Administração de
de Belas Artes e da imprensa.
D. João
• Em 1815, o Brasil recebeu o título de reino, unindo-se a Portugal e Algarves.
• D. João declarou guerra a Napoleão, incorporando territórios das Guianas que pertenciam à França.
Material exclusivo para professores • Revolução Pernambucana (ideias iluministas) de 1817 contra o governo de D. João VI.
• Em 1820, revolucionários da cidade do Porto posicionaram-se contra a permanência da família real no Brasil.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. FGV-SP – A instalação da Corte portuguesa no Rio de 3. UTFPR-PR C2-H7
Janeiro, em 1808, representou uma alternativa para um A transferência da Corte de D. João VI para a colônia por-
contexto de crise política na metrópole e a possibilidade tuguesa teve apoio do governo britânico, uma vez que:
de implementar as bases para a formação de um impé-
rio luso-brasileiro na América. Das alternativas abaixo, a) Portugal negociou o domínio luso na Península Ibéri-
assinale aquela que não diz respeito ao período joanino: ca com a Inglaterra, em troca de proteção estratégica
e bélica na longa viagem marítima ao Brasil.
a) ocupação da Guiana Francesa e da Província Cispla-
tina e sua incorporação ao Império Português, como b) em meio à crescente Revolução Industrial, os nego-
resultado da política externa agressiva adotada por ciantes ingleses precisavam expandir seus mercados
D. João. rumo às Américas, já que o europeu era insuficiente.
b) abertura dos portos da colônia às nações aliadas de c) o Bloqueio Continental imposto por Napoleão fechou
Portugal, como a Inglaterra, dando início a uma fase o comércio inglês com o continente europeu e a
de livre-comércio. instalação do governo luso no Brasil propiciou a re-
tomada dos negócios luso-anglicanos.
c) ocorreu uma inversão da relação entre metrópole e
colônia, já que a sede política do império passava do d) o exército napoleônico invadiu Portugal visando ins-
centro para a periferia. tituir o regime democrático republicano de paz e
comércio, em franca oposição ao expansionismo da
d) atendeu às exigências do comércio britânico, que monarquia britânica.
conseguiu isenções alfandegárias.
e) os ingleses pretendiam consolidar novos mercados
e) ocorreu a Revolução Pernambucana de 1817, que na América portuguesa, tendo em vistas antigas afi-
defendia o separatismo com o governo republicano nidades socioculturais com os ibéricos.
e a manutenção da escravidão. A transferência da Corte de D. João VI para o Brasil foi um episódio in-
Não houve isenção de impostos à Inglaterra após a abertura dos por- serido no contexto europeu das guerras napoleônicas. Buscando resistir
tos, e sim uma taxa preferencial, menor que a de outros países que à ofensiva francesa, Portugal aliou-se à Inglaterra, principal opositora
poderiam fazer negócios com o Brasil. de Napoleão naquele momento. Em troca do suporte inglês, D. João
VI instituiu políticas alfandegárias que garantiram taxas de importação
privilegiadas para a Inglaterra.
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi-
cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das rela-
ções de poder entre as nações.
2. UFES-ES – No início do século XIX, a transformação
do Brasil em sede da monarquia portuguesa levou D.
João VI a adotar medidas que mudaram o contexto so-
cioeconômico da antiga colônia. Dentre essas medidas,
podemos destacar:
I. A organização da maçonaria, constituída por grandes
latifundiários e comerciantes do Rio de Janeiro. 4. Ufes-ES – No Brasil colonial, noções de medicina e
II. A criação do Banco do Brasil, da Casa da Moeda e saúde eram estudadas em colégios da Companhia de
do Jardim Botânico. Jesus, onde também foram incorporados conhecimen-
tos sobre utilização terapêutica de plantas nativas. Os
III. A convocação de uma Assembleia Constituinte, que
estabeleceu a liberdade de comércio para os comer- jesuítas tornaram-se os verdadeiros enfermeiros e mé-
ciantes nacionais. dicos da colônia, somando-se a outros agentes de cura,
como físicos, cirurgiões, barbeiros e boticários. Mas as
IV. A criação da Faculdade de Medicina na Bahia, da primeiras escolas médicas foram, efetivamente, criadas
Imprensa Régia, da Escola Nacional de Belas-Artes
no Brasil, pelo príncipe regente D. João. Foram elas:
e da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
a) Escola de Cirurgia da Bahia e Escola Anatômica, Ci-
V. A assinatura de tratados de comércio e navegação
rúrgica e Médica do Rio de Janeiro, ambas em 1808.
com a Inglaterra, os quais favoreciam a comerciali-
zação de produtos portugueses pelas baixas tarifas b) Escola de Saúde Joana Angélica, na Bahia, e Escola
alfandegárias. de Enfermagem Ana Neri, no Rio de Janeiro, ambas
em 1810.
Assinale a opção que contêm as afirmativas corretas:
c) Escola de Anatomia da Bahia e Escola de Belas Artes
a) I e II. e Anatomia, no Rio de Janeiro, ambas em 1816.
b) I e V. d) Real Academia de Cirurgia da Bahia e Academia Real
c) II e IV. de Saúde, Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro,
ambas em 1821.
d) III e IV.
e) Escola de Farmácia de Ouro Preto e Escola Politéc-
e) IV e V.
nica do Rio de Janeiro, ambas em 1870.
Uma vez que o Brasil passou a ser Reino Unido a Portugal e Algarves, A questão cobra um tema pouco trabalhado: a história da medicina
e a Corte precisaria morar na América portuguesa, houve um esforço durante o Brasil colônia. A fundação das escolas médicas fez parte do
5. Fuvest-SP – Na edição de julho de 1818 do Correio e) ao projeto de D. João VI para que seu filho D. Pedro
HISTÓRIA 2
Braziliense, o jornalista Hipólito José da Costa, resi- se tornasse imperador do Brasil independente.
dente em Londres, publicou a seguinte avaliação sobre No excerto, o jornalista Hipólito José da Costa comenta o risco que D.
João correria se deixasse o Brasil em um momento de rearranjo político
os dilemas então enfrentados pelo Império Português na América. Trata-se de uma alusão aos processos de independência
na América: das colônias espanholas em curso à época.
“A presença de S.M. [Sua Majestade Imperial] no Brasil lhe 6. Uespi-PI – O historiador Oliveira Lima define D. João VI
dará ocasião para ter mais ou menos influência naqueles como um grande estadista. Com relação às medidas ado-
acontecimentos; a independência em que El-rei ali se acha tadas por esse monarca, logo após sua chegada ao Brasil,
das intrigas europeias o deixa em liberdade para decidir-se em 1808, destaca-se:
nas ocorrências, segundo melhor convier a seus interesses. a) a transposição da estrutura administrativa portugue-
Se volta para Lisboa, antes daquela crise se decidir, não sa, como tribunais, ministérios e cartórios, cujos car-
poderá tomar parte nos arranjamentos que a nova ordem gos foram preenchidos apenas por brasileiros.
de coisas deve ocasionar na América.” b) o estreitamento das relações comerciais com a Ingla-
terra, simbolizado pela abertura dos portos brasileiros
Nesse excerto, o autor referia-se: ao comércio exterior.
a) aos desdobramentos da Revolução Pernambucana c) a assinatura do Tratado de Madri com a Espanha,
do ano anterior, que ameaçara o domínio português distendendo as fronteiras territoriais da Região Sul
sobre o centro-sul do Brasil. do Brasil.
b) às demandas da Revolução Constitucionalista do Por- d) a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasi-
to, exigindo a volta imediata do monarca a Portugal. leiro (IHGB), no Rio de Janeiro, para construção de
c) à posição de independência de D. João VI em relação uma nova identidade para a nação recém-fundada.
às pressões da Santa Aliança para que interviesse e) a concessão do perdão para os participantes na Re-
nas guerras do Rio da Prata. volução Pernambucana, também reconhecida como
d) às implicações que os movimentos de independên- Revolução dos Padres.
cia na América espanhola traziam para a dominação Conforme abordado em questões anteriores, a Inglaterra auxiliou D.
portuguesa no Brasil. João VI em sua transferência para o Brasil. Por isso, o monarca instituiu
medidas que favoreceram os ingleses comercialmente.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFMT-MT – Em 2008, foi relembrada e comemorada 9. UnB-DF – Avalie a afirmativa abaixo:
uma data especialmente importante na história brasi-
Único caso de colônia que serviu de sede ao governo
leira, os 200 anos da chegada da família real ao Brasil
metropolitano, em face da expansão napoleônica sobre
e a consequente transferência da capital do reino para
a Península Ibérica, o Brasil foi elevado por D. João VI à
o Rio de Janeiro. A decisão de D. João VI de abandonar
condição de Reino Unido, no contexto de restauração
Portugal e vir para o Brasil deveu-se:
monárquica vivido pela Europa a partir do Congresso
a) ao expansionismo da Espanha, que, sob o reinado de Viena, sob a chancela do princípio da legitimidade.
de Felipe II, procurava restabelecer a União Ibérica.
b) à expansão francesa e à constituição do Império Na-
poleônico, uma vez que Portugal havia se negado a
apoiar o Bloqueio Continental contra a Inglaterra.
c) à tentativa das Cortes portuguesas reunidas na ci-
dade do Porto de estabelecerem uma monarquia
constitucional em Portugal.
d) aos movimentos de independência que desde a In-
confidência Mineira haviam se multiplicado no Brasil.
e) às riquezas do Brasil, que permitiriam sustentar mais
facilmente o luxo excessivo da Corte portuguesa.
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de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, c) eliminou o mecanismo básico que assegurava à me-
HISTÓRIA 2
podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa ter- trópole o monopólio de comércio.
ra nas lojas do Brasil.” d) atendeu interesses econômicos exclusivamente in-
GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, gleses e flamengos.
1990. p. 230. Publicado originalmente em 1824. (Adaptado) e) acentuou a crise econômica e financeira provocada
na Grã-Bretanha pelas práticas do Bloqueio Conti-
Esse trecho do diário da inglesa Maria Graham refere-se à
nental.
sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em 21
de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram
13. Fatec-SP – Tem sido apontado, como preparatório para
alguns efeitos:
a nossa independência, o período em que, devido à in-
a) do Ato de Navegação, de 1651, que retirou da In- versão metropolitana entre Portugal e Brasil (1808-1821),
glaterra o controle militar e comercial dos mares do D. João tomou a iniciativa de algumas medidas econô-
norte, mas permitiu sua interferência nas colônias micas, políticas e culturais.
ultramarinas do sul.
Assinale a alternativa que não se aplica ao período citado:
b) do Tratado de Methuen, de 1703, que estabeleceu a
troca regular de produtos portugueses por mercado- a) o Tratado de Aliança e Amizade, assinado com a In-
rias de outros países europeus, que seriam também glaterra, em 1810, tinha uma cláusula que afetava
distribuídas nas colônias. diretamente a economia brasileira, pois determinava
c) da Abertura dos Portos do Brasil às Nações Amigas, a gradual extinção do tráfico negreiro para o Brasil.
decretada por D. João em 1808 após a chegada da b) ocorreu a Abertura dos Portos Brasileiros às Nações
família real portuguesa à América. Amigas, de acordo com os interesses da aristocracia
d) do Tratado de Comércio e Navegação de 1810, que rural brasileira e dos negociantes ingleses, aos quais
deu início à exportação de produtos do Brasil para a In- não convinha mais o monopólio português sobre o
glaterra e eliminou a concorrência hispano-americana. comércio do Brasil.
e) da ação expansionista inglesa sobre a América do c) o Alvará de Liberdade Industrial não surtiu os efeitos
Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico após esperados porque, apesar dos incentivos às indús-
sua vitória sobre as tropas napoleônicas em 1815. trias têxtil e metalúrgica, no Brasil, qualquer possibi-
lidade de desenvolvimento esbarrava nos privilégios
concedidos à burguesia inglesa.
11. PUC-RS – O período que antecedeu a independência
do Brasil foi marcado pela presença da Coroa portugue- d) esse período começou com o reconhecimento ofi-
sa em sua colônia americana. Sobre esse processo, é cial do fato de não sermos mais colônia; assim, por
incorreto afirmar: iniciativa exclusiva de D. João, o Brasil foi elevado
à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves,
a) a primeira medida de D. João, o príncipe regente depois do Congresso de Viena.
de Portugal, ao desembarcar no Brasil, foi assinar
o decreto que estabelecia a Abertura dos Portos e) o período foi marcado pela crescente intervenção da
Brasileiros às Nações Amigas (1808), atendendo, Inglaterra, que, com o intuito de obter novos mer-
assim, aos interesses da Inglaterra, maior parceira cados consumidores para seus produtos industriais,
econômica da Coroa lusitana. passaria a incentivar movimentos de independência
sul-americanos, entre eles o do Brasil.
b) em 1810, D. João assinou tratado com a Inglaterra,
estabelecendo que os produtos ingleses importados
14. UERN-RN
pelo Brasil pagariam apenas 15% de tributos alfande-
gários nos portos brasileiros, enquanto que os portu- “O ano de 1808 guarda um significado profundo para a
gueses pagariam 16%, e os dos demais países, 25%. política e a economia daquelas partes do território ameri-
c) a Coroa portuguesa tomou várias medidas para cano que viriam a constituir o Estado brasileiro e para sua
modernizar a sua colônia americana, promovendo metrópole. Isso para não falar dos aspectos culturais e da
maior abertura comercial, fazendo investimentos em incidência que a transferência da Corte para o Rio de Ja-
infraestrutura e no desenvolvimento cultural do Rio neiro teve. O significado foi tão profundo que o historiador
de Janeiro, o que deu grande dinamismo à cidade. paulista Caio Prado Jr. considerou aquela data histórica
d) em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino um marco do início de nossa ‘Revolução da Independên-
Unido a Portugal e Algarves, deixando, assim, de cia’, a qual se daria entre 1808 e 1831.”
ser oficialmente uma colônia, decisão tomada por OLIVEIRA; RICUPERO, 2007. p. 197.
D. João devido ao receio de que o Brasil seguisse
o caminho das colônias espanholas e se separasse A “Revolução da Independência”, concebida por Caio
definitivamente da metrópole. Prado Jr., considera o ano de:
e) em 1820, foi deflagrada a Revolução do Porto, que, den- a) 1808 como data inicial desse processo, por entender
tre outras medidas, exigiu o retorno do Brasil à condição a Abertura dos Portos às Nações Amigas como mar-
de colônia portuguesa e a volta de D. João a Portugal, a co zero do comércio internacional do Brasil.
fim de reestabelecer o absolutismo nesse país. b) 1810 como o momento inicial da revolução, devido ao
ato do príncipe regente autorizando a reforma agrária,
12. UEMS-MS – A Carta Régia de 1808 abria os portos do preconizada pelos irmãos Andradas, componentes
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15. Emescam-ES – O interesse da Inglaterra com a vinda 17. Unicamp-SP – Sobre a transferência da Corte de
HISTÓRIA 2
da família real portuguesa para o Brasil, fato que ocorreu D. João VI para o Brasil, o historiador Kenneth Maxwell
em 1808, foi: afirma:
a) afastar Napoleão Bonaparte das possíveis conquistas “Novas instituições foram criadas pela Coroa portuguesa,
que seriam feitas no continente americano, confor- e a maioria delas foi estabelecida no Rio de Janeiro, que,
me acordo Portugal-França. assim, assumiu um papel centralizador dentro de uma
b) conseguir na América compensações econômicas América portuguesa que antes era muito fragmentada no
pelos prejuízos que estavam tendo na Europa, em ra- sentido administrativo. Houve resistência a isso, principal-
zão do Bloqueio Continental por Napoleão Bonaparte. mente em Pernambuco, em 1817. Mas, no final, o poder
c) dominar Portugal e conquistar colônias portuguesas central foi mantido.”
e espanholas como forma de pressionar Napoleão
Bonaparte a extinguir o Bloqueio Continental. MAXWELL, Kenneth. Para Maxwell, país não permite leituras
convencionais. Entrevista concedida a Marcos Strecker. Folha de
d) impedir que Napoleão Bonaparte fosse coroado im- S.Paulo, 25/11/2007. Mais. p. 5. (Adaptado)
perador do Reino Unido-Portugal-França.
e) fazer do Brasil uma base de conquistas das colônias a) Segundo o texto, quais as mudanças suscitadas pela
francesas na América. transferência da Corte portuguesa para o Rio de Ja-
neiro em 1808?
16. Uerj-RJ (adaptado)
“O enriquecimento da vida cultural do Rio de Janeiro, e até
mesmo do país, após 1808, decorreu, sobretudo, das ne-
cessidades da elite dominante. No ambiente acanhado da
sociedade americana, a novidade dos procedimentos ca-
racterísticos do círculo real exerceu extraordinário fascínio,
produzindo um poderoso efeito ‘civilizador’ em relação à
cidade. Em contrapartida, a Coroa não deixou de adotar
também medidas de controle mais eficientes. Após a tor-
menta da Revolução Francesa e ainda vivendo o turbilhão
do período napoleônico, era o medo dos princípios difun-
didos pelo Século das Luzes, especialmente as ‘perniciosas’
ideias francesas, que ditava essas cautelas.”
NEVES, Lúcia M. P. das; MACHADO, Humberto F. O império do b) Explique os objetivos do movimento de Pernambuco
Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. (Adaptado)
em 1817.
O texto aborda um duplo movimento provocado pela
presença da Corte portuguesa no Brasil: o estímulo às
atividades culturais na colônia e, ao mesmo tempo, o
controle conservador sobre essas atividades.
Indique duas ações da Coroa que enriqueceram a vida
cultural da cidade do Rio de Janeiro.
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HISTÓRIA 2
A imagem a seguir, do pintor Jean-Baptiste Debret, o Rio de Janeiro passou a ser identificado como
intitulada Um funcionário do governo sai a passeio com “nova Lisboa”.
a família, constitui um registro do cotidiano daqueles
que habitavam o Rio de Janeiro no tempo do governo
joanino (1808-1821). A partir da observação da gravura
e de seus conhecimentos sobre o período:
COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ, SÃO PAULO
OCEANO EUROPA
França
ATLÂNTICO
Mar Negro
Espanha
Portugal Mar
Mediterrâneo
PROCESSO DE
HISTÓRIA 2
INDEPENDÊNCIA
INDEPENDÊNCIA OU MORTE?
HABILIDADES
• Analisar as lutas sociais e
conquistas obtidas no que
se refere às mudanças nas
legislações ou nas políticas
públicas.
• Analisar diferentes
processos de produção
ou circulação de riquezas
e suas implicações
socioespaciais.
• Analisar a ação dos
Estados nacionais no
que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais
e no enfrentamento de
A Proclamação da Independência (1844), de François-René Moreaux. Óleo sobre tela, 2,44 m × 3,83 m. A obra
problemas de ordem representa D. Pedro I sendo aclamado pela multidão após dar a notícia da independência do Brasil.
econômico-social.
A frase é clássica e conhecida por muitos: “Independência ou morte!”. Mas, se
não houvesse independência, haveria morte? D. João VI, ao voltar para Portugal, teria
dito a D. Pedro I: “Se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar,
do que para algum desses aventureiros”. Será que esse monarca enfrentaria seu filho
em uma guerra a um oceano inteiro de distância? Haveria um combate como houve
na América espanhola ou nos Estados Unidos? Provavelmente, não.
A consideração de que todos os processos importantes da história brasileira,
sobretudo a independência, foram pacíficos e tranquilos é equivocada. Os combates
foram internos e os conflitos políticos realizados entre setores da própria sociedade
brasileira. A separação em relação a Portugal demorou a ocorrer, mas foi mais simples
do que manter o Brasil unido como uma só nação.
AS CAUSAS DA INDEPENDÊNCIA
A independência do Brasil não pode ser entendida como um fato isolado e resultante
da atitude impetuosa de um jovem príncipe. O processo de independência começou
no século XVIII, com os primeiros movimentos questionadores do pacto colonial, entre
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beneficiados pela liberdade econômica alcançada no período joanino, que viam
na permanência do príncipe a possibilidade de realizar a independência sem
envolver populares ou agitar escravos. A ideia era manter a estrutura colonial
que havia dado poder a essas elites, o que significava preservar o domínio de
grandes extensões de terra (latifúndios) e a economia voltada para o mercado
externo com o uso de mão de obra escrava.
Nesse sentido, D. Pedro aparecia como a figura-chave para a realização de uma
independência segura e sem sobressaltos.
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HISTÓRIA 2
Contrapondo-se a esse grupo, formou-se o Partido Brasileiro, estruturado na
aristocracia brasileira, e que pretendia maior descentralização político-administrativa,
de modo a garantir seus interesses em detrimento da ambição dos portugueses
que permaneceram no Brasil ao lado de D. Pedro.
Esse jogo de forças políticas deu origem à primeira Constituição do Brasil, em 1824,
consolidando o processo de independência e formando, de fato, uma nação com as
próprias regras e o próprio comando. Iniciaram-se, então, os reconhecimentos interna-
cionais da independência: os primeiros foram México e Estados Unidos.
Observe a imagem a seguir, que retrata o momento da declaração de independência:
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Dia do Fico: após manifestações populares, D. Pedro resiste às pressões das Cortes e decide ficar no Brasil.
1822
1822: D. Pedro assina a lei do “Cumpra-se”, diminuindo o poder da Corte portuguesa.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. PUC-RS – Sobre a independência do Brasil, afirma-se: III. A vinda da Corte portuguesa para o Brasil é consi-
derada como um fator que retardou o processo de
I. Implicou uma ruptura de laços políticos e econômi-
independência brasileiro, pois a presença do monar-
cos com Portugal, já que no Brasil seria adotado um
ca lusitano na América estreitou ainda mais os laços
regime político constitucional e Portugal manteria o
entre Brasil e Portugal, tornando o primeiro ainda
sistema absolutista.
mais dependente do segundo.
II. Pode ser considerada uma decorrência da vinda da
IV. A independência do Brasil foi marcada por um forte
Corte portuguesa para o Brasil em 1808, na medida
conflito entre o novo país e a sua antiga metrópole
em que esse acontecimento implicou um processo
europeia, devido à rejeição das elites político-eco-
crescente e difícil de ser revertido de autonomização
nômicas da antiga colônia portuguesa ao modelo
político-econômico da colônia.
agroexportador implantado pela Coroa lusitana, ba-
III. Está associada a uma profunda mudança estrutural seado na grande propriedade da terra e na mão de
interna, por colocar em cheque a base econômico- obra escrava.
-social que sustentou a exploração econômica do
Brasil durante o regime colonial. Estão corretas apenas as afirmativas:
IV. Sofreu resistência dentro do próprio país, tendo em a) I e II.
vista que determinadas províncias, como o Grão-Pará b) I e III.
e o Maranhão, tinham mais vínculos com Lisboa do
c) II e IV.
que com o Rio de Janeiro.
d) I, II e III.
Estão corretas apenas as afirmativas:
e) II, III e IV.
a) I e III. A afirmativa III está errada, pois a vinda da Corte para o Brasil é conside-
rada um fator que preparou o terreno para a posterior independência. A
b) II e IV.
afirmativa IV, por sua vez, está errada porque os conflitos decorrentes da
c) I, II e IV. independência foram internos, entre as elites de províncias brasileiras
contra o novo regime político, e não entre a ex-colônia e a metrópole,
d) I, III e IV. as quais mantiveram-se governadas pela mesma família real.
e) II, III e IV.
A afirmativa I está incorreta, pois a independência não implicou em 4. IFBA-BA C2-H7
um regime político constitucional, e sim em uma monarquia, ainda
fortemente marcada por traços do absolutismo sob o poder de D. Pedro. “A separação do Brasil de Portugal, tal como a das colônias
norte-americanas da Inglaterra, e da América espanhola
da Espanha, pode ser explicada, até certo ponto, em ter-
2. Fuvest-SP – Considerando-se o intervalo entre o con- mos de uma crise geral – econômica, política e ideológica
texto em que transcorre o enredo da obra Memórias de – do velho sistema colonial em todo o mundo Atlântico, no
um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almei- final do século XVIII e no início do século XIX.”
da, e a época de sua publicação, é correto afirmar que
BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: da
a esse período corresponde o processo de:
independência a 1870. São Paulo: Ed. da Universidade de São
a) reforma e crise do Império Português na América. Paulo/Imprensa Oficial do Estado; Brasília, DF: Fundação
b) triunfo de uma consciência nativista e nacionalista Alexandre de Gusmão, 2001. v. 3. p. 228-230.
na colônia.
De acordo com a ideia apresentada no texto, a inde-
c) independência do Brasil e formação de seu Estado pendência do Brasil se relaciona com a:
nacional.
a) luta na América e na Europa contra as restrições
d) consolidação do Estado nacional e de crise do regime impostas pelo pacto colonial e pela liberdade de
monárquico brasileiro. comércio.
e) proclamação da república e instauração da Primeira b) vontade pessoal do príncipe regente, D. Pedro, que
República. abdicou ao trono brasileiro para assumir a monarquia
Questão interdisciplinar que envolve história e literatura brasileira. É portuguesa.
necessário que os alunos saibam que a publicação de Memórias de
um sargento de milícias deu-se em 1854, em meados do século XIX, c) invasão militar napoleônica às Américas portugue-
e que seu enredo é ambientado no período joanino. sa e hispânica, impondo a formação de um império
francês no continente.
d) radicalização da política colonial portuguesa e do mo-
3. PUC-RS – Considere as afirmações abaixo sobre a crise nopólio comercial durante a permanência da Corte
do antigo sistema colonial e a independência do Brasil portuguesa na colônia.
(1822). e) vinda da Corte portuguesa para a colônia, responsá-
I. O movimento intelectual chamado de Iluminismo vel pela antecipação e pelo pioneirismo brasileiro na
teve grande influência na crise do antigo sistema luta por independência na América.
colonial, pois, além de criticar as bases do Antigo No texto, o autor afirma que a independência do Brasil foi um evento
Regime, como o absolutismo monárquico e os pri- articulado a uma crise global que espalhava-se desde o fim do século
XVIII pela Europa e pela América. A crise do antigo sistema colonial,
vilégios da nobreza, condenava também o sistema
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5. Unesp-SP – Os processos de independência política Na América espanhola, o fim do regime colonial resultou na formação
HISTÓRIA 2
no Brasil e na América hispânica: de diversos Estados-nações (Argentina, Uruguai, Bolívia e Chile, entre
outros). Já a antiga América portuguesa manteve-se unificada em uma
a) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que as única nação após o processo de independência.
riquezas brasileiras eram essenciais para a estabili-
dade econômica portuguesa e, no caso da América 6. Uece-CE – Acerca do processo de independência no
hispânica, a colônia pouco contribuía financeiramente Brasil, isto é, da separação política entre a colônia e a
com a Espanha. metrópole portuguesas em 1822, é correto afirmar-se
b) diferem, entre outros motivos, pelo fato de que a que:
unidade territorial do Brasil foi mantida no Estado a) culminou juntamente com o processo da consolida-
independente e, na América hispânica, houve forte ção da unidade nacional.
fragmentação política.
b) foi marcado por um movimento propriamente nacio-
c) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de que nalista e revolucionário.
os principais líderes das lutas pela emancipação nacio-
nal eram os próprios representantes das metrópoles. c) representou a imagem tradicional da colônia em
guerra contra a metrópole.
d) diferem, entre outros motivos, pelo caráter pacífico,
sem qualquer combate armado, do processo brasi- d) resultou de uma reação conservadora provocada por
leiro, enquanto na América hispânica as lutas pela interesses comuns de certos setores da elite brasi-
emancipação se prolongaram por décadas. leira, bem como do imperador.
A independência do Brasil foi um acordo entre D. Pedro e as elites e
e) assemelham-se, entre outros motivos, pelo fato de não colocou em questão estruturas sociais como a escravidão. Os gran-
que, nos dois casos, o apoio militar inglês e norte- des proprietários rurais foram privilegiados e houve estreitas relações
-americano contribuiu decisivamente para a derrota econômicas com Portugal.
das metrópoles.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFMG-MG – Analise estas duas representações do d) os artistas conseguem causar um mesmo efeito;
chamado Grito do Ipiranga, de 7 de setembro de 1822: descrever a independência do Brasil como um ato
solene, grandioso, sem participação popular e pro-
MUSEU PAULISTA/USP, SÃO PAULO
8. PUC-RS
“Em 1822, a América espanhola, de independência con-
quistada em oposição a uma metrópole e suas Cortes em
muitos aspectos tidas por opressoras, agora plenamente
reconhecida por uma potência de primeira grandeza como
eram os Estados Unidos, ofereceria um modelo para a in-
dependência do Brasil.”
Independência ou morte, de Pedro Américo (1888).
PIMENTA, João Paulo. A independência do Brasil e a experiência
hispano-americana (1808-1822). São Paulo: Hucitec, 2015. p. 448.
MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS,
RIO DE JANEIRO
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congressistas, o tupi-guarani, língua aglutinante, é a única tocracia. Forçado pelas circunstâncias, teve de
HISTÓRIA 2
capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação proclamar a independência.
com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nos- (04) No período colonial, ocorreram numerosos motins
sos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que e sedições, como a Aclamação de Amador Bueno,
aqui viveram e ainda vivem.” em São Paulo; a Guerra dos Emboabas e a Revolta
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma (1915). Rio de de Vila Rica, em Minas Gerais.
Janeiro: Mediafashion, 2008. (Adaptado) (08) A maçonaria no Brasil, no século XIX, defendia os
princípios liberais. As lojas maçônicas, em especial
A história narrada em Triste fim de Policarpo Quaresma as do Rio de Janeiro, tiveram papel importante no
se passa no momento de implantação do regime repu- movimento pela separação do Brasil de Portugal.
blicano no Brasil. Seu personagem principal, o Major
(16) A independência, proclamada por D. Pedro, foi
Quaresma, defende alguns projetos de reforma, um
aceita incondicionalmente por todas as províncias.
deles relatado no trecho citado.
Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
A justificativa do personagem para a adoção do tupi-
-guarani como língua oficial brasileira baseia-se na as-
13. Unifesp-SP – Realizada a emancipação política em
sociação entre nacionalidade e a ideia de:
1822, o Estado no Brasil:
a) valorização da cultura local. a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade
b) defesa da diversidade racial. dinástica, ao contrário do que ocorreu com os demais
c) preservação da identidade territorial. países da América do Sul.
d) independência da população autóctone. b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consoli-
dação, tal como ocorreu com os demais países da
10. Fuvest-SP – O reconhecimento da independência bra- América do Sul.
sileira por Portugal foi devido principalmente: c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo
a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atri- período monárquico e uma curta ocupação estrangeira.
buição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os
D. João VI. Estados Unidos, guerras externas e conflitos internos.
b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhan-
comerciais de 1810 com a Inglaterra. te ao argentino, apesar da forma exterior monárquica.
c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das
Cortes portuguesas. 14. Mackenzie-SP
d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o “A nação independente continuaria subordinada à economia
Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no colonial, passando do domínio português à tutela britânica.
Reino Unido. A fachada liberal construída pela elite europeizada ocultava
e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à In- a miséria e a escravidão da maioria dos habitantes do país.”
glaterra de indenização pelas invasões napoleônicas. Emília Viotti da Costa.
A interpretação correta do texto anterior sobre a inde-
11. Mackenzie-SP pendência brasileira seria:
“A independência brasileira é fruto mais de uma classe do a) a nossa independência caracterizou-se pelo proces-
que da nação tomada em seu conjunto.” so revolucionário que rompeu socialmente com o
Caio Prado Jr. passado colonial.
Identifique a alternativa que justifica e complementa b) a preservação da ordem estabelecida, isto é, escra-
o texto: vidão, latifúndios e privilégios políticos da elite, seria
a) a independência foi liderada pelas camadas popula- garantida pelo novo governo republicano.
res e acompanhada de profundas mudanças sociais. c) a rápida transformação da economia foi comandada
b) o movimento da independência foi uma ação da elite, pela elite política e econômica interessada na supe-
preservando seus interesses e privilégios. ração da ordem colonial.
c) os vários segmentos sociais uniram-se em função d) o espírito liberal de nossas elites não impediu que
da longa Guerra de Independência. elas mantivessem as estruturas arcaicas da escra-
vidão e do latifúndio, sendo a monarquia a garantia
d) os setores médios urbanos comandaram a luta, fazen-
de tais privilégios.
do prevalecer o modelo político dos radicais liberais.
e) o rompimento com a dependência inglesa foi inevitá-
e) a aristocracia rural não temia a participação da massa
vel, já que, após a independência, o governo passou
escrava no processo, extinguindo a escravidão logo
a incentivar o mercado interno e a industrialização.
após a independência.
15. PUC-MG – Sobre a independência do Brasil, é incorreto
12. UFSC-SC – Assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s)
afirmar que:
em relação ao processo de independência do Brasil e
some os números dos itens corretos: a) resultou de um processo político comandado pelos
grandes proprietários de terras.
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16. UFSM-RS (adaptado) – O quadro Independência ou uma forte adesão militar, popular e escravista à
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191
HISTÓRIA 2
PRIMEIRO REINADO
O FILHO DO REI
HABILIDADES
• Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
• Analisar a atuação dos mo-
vimentos sociais que contri-
buíram para mudanças em
processos de disputa pelo
poder.
• Avaliar criticamente
Primeiros sons do Hino da Independência (1922), de Augusto Bracet. Óleo sobre tela, 190 cm × 250 cm. conflitos culturais, sociais,
A obra representa o momento em que D. Pedro I teria composto o Hino da Independência Brasileira (1822). políticos e econômicos.
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dito, ao abdicar: “Aqui está a minha abdicação; desejo Embora proclamada, a independência não foi aceita
que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um por todos. Até 1823, governadores de algumas pro-
país que amei e que ainda amo”. víncias se negavam a acatá-la, sendo apoiados por
tropas portuguesas. José Bonifácio se encarregou de
ASSEMBLEIA CONSTITUINTE
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HISTÓRIA 2
Capa da Constituição de 1824. Juramento de D. Pedro I à Constituição de 1824.
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Decreto
Achando-se mutuamente ratificado o tratado assinado
nesta Corte aos vinte e nove de agosto do ano próxi-
mo passado pelos meus plenipotenciários e o senhor
D. João Sexto, rei de Portugal e Algarves, meu augus-
to pai, mediante o qual pondo-se o desejado termo a
guerra que infelizmente se fizera necessária entre os
dois Estados, foi justamente reconhecida a plena in-
dependência da nação brasileira, e a suprema digni-
dade, a que fui elevado pela unânime aclamação dos
D. Pedro I, duque de Bragança (c. 1798), de John Simpson. Óleo sobre
povos, com a categoria de Imperador Constitucional,
tela, 129,8 cm × 102 cm. Detalhe.
e seu Defensor Perpétuo; hei por bem ordenar que se
dê ao dito tratado a mais exata observância e execução, Artigo primeiro
como convém à santidade dos tratados celebrados en-
SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA reconhece o Bra-
tre as nações independentes e a inviolável boa-fé, com
sil na categoria de império independente, e sepa-
que são firmados, o visconde de Inhambupe de Cima,
rado dos reinos de Portugal e Algarves; e a seu
do meu Conselho de Estado, ministro e secretário dos
sobre todos muito amado, e prezado filho DOM
Negócios Estrangeiros, o tenha assim entendido, e faça
PEDRO por imperador, cedendo, e transferindo
executar, expedindo as devidas participações e exem-
de sua livre vontade a soberania do dito império
plares impressos para as estações competentes desta
ao mesmo seu filho e a seus legítimos sucessores,
Corte e províncias do império, com as ordens mais po-
SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA toma somente e
sitivas para que se cumpram e guardem como neles se
reserva para a sua pessoa o mesmo título.
contem. Palácio do Rio de Janeiro em dez de abril de
D. PEDRO I. Reconhecimento da Independência do Brasil por
mil oitocentos e vinte e seis. Portugal. Disponível em: <goo.gl/AbqRW9>.
Com a rubrica de SUA MAJESTADE IMPERIAL Acesso em: 15 nov. 2018.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
PRIMEIRO REINADO
1822
Reconhecimento da
independência
1823
Constituição de 1823
De caráter elitista, restringia as atribuições de D. Pedro (limitava seus poderes no âmbito legislativo), além
de restringir os direitos políticos dos portugueses. Assembleia Constituinte dissolvida por D. Pedro.
Constituição de 1824
Noite da Agonia.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2
7. Uece-CE – Atente ao que se diz a respeito dos dois c) conferiu ao imperador grandes poderes, estabelecen-
partidos políticos denominados Partido Português e Par- do uma monarquia de caráter absolutista.
tido Brasileiro, considerando os acontecimentos que d) estabeleceu uma monarquia parlamentar, seguindo
culminaram com o processo de emancipação política o modelo clássico do parlamentarismo inglês.
brasileira de 1822. e) criou o Poder Moderador, que funcionava como um
I. O Partido Português, composto em sua maioria por agente fiscalizador da harmonia e independência dos
comerciantes portugueses, gostaria de ver mantidos demais poderes.
os privilégios a eles proporcionados pela estrutura
colonial e desejava o retorno de Dom Pedro a Por- 10. FGV-SP – Observe o mapa:
tugal para que as medidas recolonizadoras fossem
aplicadas.
GRANDE COLÔMBIA
II. O Partido Brasileiro reunia burocratas, grandes pro- GUIANA
prietários de terras, advogados e investidores urba-
nos nascidos no Brasil. Esse grupo foi privilegiado
pela abertura dos portos de 1808 e gostaria que São Luís
Manaus
fosse mantida a elevação do Brasil a Reino Unido a Belém
Brasil durante o Primeiro Reinado, é incorreto afirmar que: PARAGUAI SÃO PAULO Rio de Janeiro
cial do Brasil.
c) o imperador D. Pedro I fazia gastos excessivos e Armelle Enders. A nova história do Brasil. p. 109.
não voltados ao desenvolvimento econômico, como
o financiamento da Guerra da Cisplatina, além de Os dados do mapa mostram que a emancipação política
existirem problemas na arrecadação de impostos. do Brasil:
d) o café, que seria o grande produto brasileiro de ex- a) efetivou-se com o chamado Grito do Ipiranga, porque
portação no século XIX, ainda não ocupava espaço todas as províncias do Brasil, imediatamente, passa-
significativo no comércio exterior do país. ram a obedecer às ordens vindas do Rio de Janeiro
e) havia grande carência em transportes, que, aliada na pessoa do imperador Dom Pedro I e romperam
às dimensões continentais do território brasileiro, todos os laços com as Cortes de Lisboa, defensoras
dificultava a integração econômica do novo país e o da recolonização brasileira.
adequado aproveitamento de suas riquezas naturais. b) ocorreu de forma homogênea, com a divisão da li-
derança do movimento emancipacionista entre os
9. IFBA-BA principais comandos regionais do Brasil e com a
constituição de acordos políticos que garantiram a
“Havendo esta assembleia perjurado ao tão solene jura- unidade territorial e a efetivação do federalismo.
mento, que prestou à nação, de defender a integridade do
c) dividiu as regiões brasileiras entre as defensoras de
império, sua independência e a minha dinastia: hei por
uma emancipação vinculada ao fim do tráfico de es-
bem, como imperador e defensor perpétuo do Brasil, dis- cravos, caso das províncias do Norte e do Nordeste,
solver a mesma assembleia e convocar já uma outra [...] a e as províncias do Centro-Sul, contrárias à separação
qual deverá trabalhar sobre o projeto de Constituição que definitiva de Portugal e favoráveis à constituição de
eu hei de em breve apresentar.” uma monarquia dual.
Decreto de D. Pedro I, de 12 de novembro de 1823. Apud BENE- d) foi um processo complexo, no qual não houve adesão
VIDES, P.; VIEIRA, R. A. A. Textos políticos da história do Brasil. imediata de algumas províncias ao Rio de Janeiro,
Fortaleza: Ed. da UFCE, s/d. p. 124. representado pelo poder do imperador Dom Pedro I,
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16. UFRRJ-RJ – Leia os textos a seguir, reflita e responda: d) o Poder Moderador era atribuição exclusiva do im-
HISTÓRIA 2
perador, conferindo a ele proeminência sobre os
“Após a independência política do Brasil, em 1822, era ne- demais poderes.
cessário organizar o novo Estado, fazendo leis e regula-
e) o Poder Executivo seria exercido pelos ministros de
mentando a administração por meio de uma Constituição. Estado, tendo estes total controle sobre o Poder
Para tanto, reuniu-se, em maio de 1823, uma Assembleia Moderador.
Constituinte composta por 90 deputados pertencentes à
aristocracia rural. [...] Na abertura dos trabalhos, o impera- 17. Unicamp-SP
dor D. Pedro I revelou sua posição autoritária, comprome- “Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi o
tendo-se a defender a futura Constituição desde que ela desejo de autonomia literária, tornado mais vivo depois da
fosse digna do Brasil e dele próprio.” independência. […] O Romantismo apareceu aos poucos
como caminho favorável à expressão própria da nação
VICENTINO, C.; DORIGO, G. História geral do Brasil.
São Paulo: Scipione, 2001.
recém-fundada, pois fornecia concepções e modelos que
permitiam afirmar o particularismo, e portanto a identida-
A independência política do Brasil, em 1822, foi cercada de, em oposição à metrópole […].”
de divergências, entre elas o desagrado do imperador CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo:
com a possibilidade, prevista no projeto constitucional, Humanitas, 2004. p. 19.
de o seu poder vir a ser limitado, o que resultou no Tendo em vista o movimento literário mencionado no
fechamento da Constituinte em novembro de 1823. trecho acima e seu alcance na história do período, é
Uma comissão, então, foi nomeada por D. Pedro I para correto afirmar que:
elaborar um novo projeto constitucional, outorgado por
a) o nacionalismo foi impulsionado na literatura com a
este imperador em 25 de março de 1824. vinda da família real em 1808, quando houve a intro-
Em relação à Constituição imperial de 1824, é correto dução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros
afirmar que nela: livros circularam no país.
b) o indianismo ocupou um lugar de destaque na afirma-
a) foi consagrada a extinção do tráfico de escravos ção das identidades locais, expressando um viés de-
devido à pressão da sociedade liberal do Rio de cadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.
Janeiro.
c) os autores românticos foram importantes no período
b) foi introduzido o sufrágio universal somente para os por produzirem uma literatura que expressava aspec-
homens maiores de 18 anos e alfabetizados, man- tos da natureza, da história e das sociedades locais.
tendo a exigência do voto secreto.
d) a população nativa foi considerada a mais original
c) foi abolido o padroado, assegurando ampla liberdade dentro do Romantismo e, graças à atuação dos lite-
religiosa a todos os brasileiros natos, limitando os ratos, os indígenas passaram a ter direitos políticos
cultos religiosos aos seus templos. que eram vetados aos negros.
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“Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais: contexto histórico de sua formulação. A Constituição
de 1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se com-
brasileiros” com o objetivo de garantir:
preendam os casados, e oficiais militares, que forem maio-
res de vinte e um anos, os bacharéis formados e clérigos de a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política
brasileira.
ordens sacras. [...]
b) a ampliação do direito de voto para a maioria dos
IV. Os religiosos, e quaisquer que vivam em comunidade brasileiros nascidos livres.
claustral. [...] c) a concentração de poderes na região produtora de
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis café, o Sudeste brasileiro.
por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.” d) o controle do poder político nas mãos dos grandes
Constituição Política do Império do Brasil (1824). proprietários e comerciantes.
Disponível em: <legislação.planalto.gov.br>. e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas
Acesso em: 27 abr. 2010. (Adaptado) decisões político-administrativas.
CRISE NO PRIMEIRO
HISTÓRIA 2
REINADO
Corte
• Crise política
• Política externa
• Abdicação do imperador
HABILIDADES
• Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
• Analisar a atuação dos
movimentos sociais
que contribuíram para
mudanças em processos de
disputa pelo poder.
• Avaliar criticamente
Retrato de D. Pedro I (1925), de conflitos culturais, sociais,
Oscar Pereira da Silva. Óleo sobre políticos e econômicos.
tela, 180 cm × 180 cm.
Como vimos nos módulos anteriores, a independência brasileira foi pacífica ape-
nas no que se refere aos confrontos contra a antiga metrópole. O fato de a transição
ter sido feita pelo filho do rei ajudou nesse aspecto. Porém, internamente, a situação
foi diferente.
Desde os tempos da colônia, era mais rápido e fácil se comunicar e fazer co-
mércio com a metrópole, do outro lado do Atlântico, do que com outras partes
da colônia. Por exemplo: havia mais trocas de informações, produtos e pessoas
entre Pernambuco e Lisboa do que entre Pernambuco e São Paulo ou mesmo
Salvador. O Brasil nunca havia sido um só; o único ponto em comum era a sub-
missão à Coroa portuguesa.
Nos primeiros anos da independência, a tendência era de desagregação. Cada
canto do país, especialmente o Nordeste, tinha os próprios projetos e não desejava
trocar a submissão a Portugal pela subserviência ao Rio de Janeiro. Portanto, do
início ao fim, o Primeiro Reinado foi uma grande e permanente crise política.
CRISE POLÍTICA
Após a dissolução da Assembleia e a outorga da Constituição, membros des-
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50º O
belados. A repressão foi violenta. Entre os líderes
Parnaíba
atingidos, destaca-se a execução de frei Caneca.
Campo Maior Essa atuação de D. Pedro I rendeu-lhe vários desa-
Natal fetos, iniciando seu processo de isolamento político
Pilar
Itabaiana João Pessoa e sua impopularidade. O desgaste atingiria, ainda, a
Goiana
Olinda política externa.
Recife
POLÍTICA EXTERNA
O governo argentino reclamava o controle da Pro-
víncia Cisplatina, incorporada ao território brasileiro à
época de D. João VI. Tropas argentinas entraram na
OCEANO região, iniciando a Guerra da Cisplatina (1825-1828).
ATLÂNTICO
O Brasil endividou-se e o resultado da campanha não
lhe foi favorável, pois a área tornou-se independente,
passando a ser chamada Uruguai. O episódio contribuiu
para aumentar as críticas ao imperador.
Trópico de Capricórnio
A morte de D. João VI em Portugal colocou D. Pedro I
Rio de Janeiro
na linha de sucessão ao trono português, mas este re-
Províncias nunciou em nome de sua filha, Maria da Glória. O irmão
rebeladas
NO
N
NE
Escala aproximada
1: 33 000 000
do imperador, D. Miguel, que também pretendia o trono,
Núcleos
revolucionários
O L 0 330 660 km deu um golpe nas Cortes, com o apoio de defensores
do absolutismo. Ao saber dos fatos, D. Pedro I procurou
SO SE
Forças de S Cada cm = 330 km
repressão
ajudar os partidários da filha contra o irmão.
Ao mesmo tempo que os rebeldes tentavam agregar mais regiões, as
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HISTÓRIA 2
luções em várias partes da Europa eram impulsionadas por parte dos que o associavam à morte de Badaró.
pelo levante que destituíra Carlos X, o rei absolutista da Quando voltou ao Rio de Janeiro, o imperador rece-
França. A associação dos fatos na França com a imagem beu uma festa em sua homenagem, a qual foi organizada
já desgastada de D. Pedro I tornou-se uma importante pelos portugueses. O evento terminou com a Noite das
arma da oposição ao imperador, vinculando seu modo Garrafadas, em 13 de março de 1831, e consistiu em
autoritário de governar ao absolutismo monárquico. um confronto com os brasileiros contrários à recepção.
Parte da imprensa ligada ao Partido Brasileiro inten- Em 5 de abril de 1831, D. Pedro I demitiu seus
sificou a campanha contra D. Pedro I. No Rio de Janeiro, ministros – todos brasileiros – e formou um ministério
o político e jornalista Evaristo da Veiga a fazia por meio com integrantes do Partido Português, o chamado Mi-
do jornal Aurora Fluminense. Em São Paulo, o médico e nistério dos Marqueses. A reação rápida e violenta do
jornalista italiano Líbero Badaró, radicado no Brasil, criti- povo contra a medida ganhou a adesão até da guarda
cava o imperador em seu Observador Constitucional. O pessoal do imperador.
assassinato de Badaró em uma emboscada, em novem- Diante dessa situação, em 7 de abril de 1831,
bro de 1830, embora não tivesse ligação direta com o D. Pedro I renunciou ao trono brasileiro em nome
imperador, acirrou os ânimos da oposição. do filho D. Pedro de Alcântara, seguindo para Por-
Com o intuito de preservar a imagem de D. Pedro I tugal, onde lutou contra seu irmão, tornando-se rei
e recuperar seu prestígio, integrantes do Partido Por- de Portugal com o título de D. Pedro IV. Assim se
tuguês buscaram fazer uma aproximação do imperador encerrou o Primeiro Reinado.
Com a abdicação de D. Pedro I chega a revolução da Independência ao termo natural de sua evolução: a consolida-
ção do “Estado nacional”. O Primeiro Reinado não passara de um período de transição em que a reação portuguesa,
apoiada no absolutismo precário do soberano, se conservara no poder. Situação absolutamente instável que se tinha
de resolver ou pela vitória da reação – a recolonização do país, que várias vezes, como vimos, ameaçou o curso natu-
ral da revolução – ou pela consolidação definitiva da autonomia brasileira, noutras palavras, do “Estado nacional”.
É este o resultado a que chegamos com a revolta de 7 de abril.
PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
CRISE NO PRIMEIRO
REINADO
Disputa com a Argentina pelo domínio da Província Cisplatina e pelo controle da banda oriental do Rio
da Prata.
Impopularidade de D. Pedro I.
Noite das Garrafadas: manifestações após a viagem de D. Pedro I; recepção interrompida por brasileiros.
Reformulação do ministério em 1832: apenas os portugueses fariam parte do que ficou conhecido como
Abdicação de
D. Pedro I Ministério dos Marqueses.
Material exclusivo para professores Passagem das forças armadas para a oposição.
D. Pedro I abdicou em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, que tinha apenas 5 anos.
conveniados ao Sistema de Ensino Ficou estabelecido o governo regencial até a maioridade do imperador.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. Uepa-PA – A crise política do I Império Brasileiro, que 3. UFPR-PR – Com a abdicação do imperador D. Pedro I
resultou na abdicação de D. Pedro I, teve como cerne a em 1831, o fracasso do Primeiro Reinado tomou corpo.
disputa entre a inclinação centralista-absolutista do mo- Com relação a isso, considere os fatos abaixo:
narca e a defesa do federalismo pelas elites econômicas I. A imigração europeia para o Brasil ocorrida nesse
regionais. A renúncia do imperador em 1831 resultou: período.
a) na transferência de poder às elites regionais e aos II. A eclosão da Guerra na Província Cisplatina (1825-1828)
regentes, ordem política que se mostrou frágil e abriu contra as Províncias Argentinas, a qual consumiu re-
caminho para levantes oposicionistas e populares. cursos do Estado em formação e cujo principal resul-
b) na transformação imediata de Pedro II em monarca tado foi a criação da República Oriental do Uruguai,
do Reino Português na linha de sucessão da Casa em 1828.
de Bragança. III. A indisposição do imperador nas negociações com
c) no fortalecimento de movimentos separatistas regio- os deputados das províncias do Brasil, que levou
nais, em desacordo com a manutenção do regime ao fechamento da Assembleia Constituinte, em 12
monárquico e da escravidão. de novembro de 1823, e à imposição de uma carta
d) no surgimento de grupos políticos republicanos, que constitucional em 1824.
seriam embrionários do movimento que promoveu a IV. A queda do gabinete dos Andradas, que levou o
Proclamação da República em 1889. imperador a se cercar de inúmeros portugueses,
e) na emergência de uma identidade nacional brasileira, egressos de Portugal ainda ao tempo do governo
em oposição a qualquer posição de mando de auto- de D. João VI.
ridades portuguesas em território nacional. Tiveram influência direta no desfecho do Primeiro Rei-
D. Pedro I abdicou em 1831 em favor de seu filho, que tinha apenas nado os fatos apresentados em:
5 anos e, por isso, não podia governar. Assim, o Brasil viveu um pe- a) II, III e IV, somente.
ríodo regencial até 1840, durante o qual houve revoltas separatistas
em diversas províncias. b) I, III e IV, somente.
c) III e IV, somente.
2. Unifor-CE C3-H15 d) I, II e III, somente.
Termos da abdicação de Dom Pedro I: e) I e II, somente.
“Usando do direito que a Constituição me concede, decla- A afirmativa I está incorreta, pois a imigração de europeus para o
ro que hei muito voluntariamente abdicado na pessoa do Brasil ocorreu apenas no Segundo Reinado.
meu mui amado e prezado filho o Sr. Pedro de Alcântara. 4. UPE-PE – A liberdade política exige lutas e enfrenta-
Boa Vista – 7 de abril de 1831, décimo de Independência mentos, muitas vezes, violentos. Em Pernambuco, a
e do Império. insatisfação da população levou à organização da Con-
D. Pedro I” federação do Equador, logo depois de 1822. Liderada
pelos liberais, a confederação tinha como objetivo:
Antonio Mendes Jr. et al. Brasil: história. Texto e consulta.
Império. São Paulo: Brasiliense, 1977. p. 200. a) afirmar um governo baseado numa monarquia consti-
tucional, segundo os modelos do Iluminismo francês.
Os fatos que conduziram à abdicação foram:
b) definir um governo democrático, com o fim imediato
a) repressão aos revolucionários da Confederação do da escravidão e do governo monárquico.
Equador, incorporação da Guiana Francesa e outorga c) reforçar a centralização política, sem, contudo, alterar
da Constituição. a Constituição de 1824 e suas normas básicas.
b) favorecimento aos comerciantes brasileiros em detri- d) criar uma república federativa, facilitando a descen-
mento dos portugueses, dívida externa elevada com tralização política e o fim do autoritarismo.
a Guerra da Cisplatina e falência do Banco do Brasil.
e) destruir o poder dos grandes latifundiários, procla-
c) repressão aos revolucionários da Confederação do mando uma Constituição radicalmente liberal.
Equador, perda da Província Cisplatina e falência do
Banco do Brasil. A Confederação do Equador foi uma revolta de caráter republicano
que visou separar províncias do Nordeste do Brasil por considerar
d) perda da Província Cisplatina, dissolução da Assem- D. Pedro I um monarca autoritário.
bleia Constituinte e punição exemplar aos pistoleiros 5. UEPG-PR – Sobre o I Império (1822-1831) e a formação
que executaram o jornalista Líbero Badaró. do Estado no Brasil, assinale o que for correto:
e) controle das finanças nacionais, respeito aos cons- (01) Esse período, além de marcar a organização do
tituintes que elaboraram a primeira Constituição e Estado, caracterizou-se pela disputa pelo controle
favorecimento aos comerciantes brasileiros. político nacional entre o imperador e a aristocracia
A Confederação do Equador, a derrota na Guerra da Cisplatina e a grave rural brasileira.
crise econômica (que culminou na falência do Banco do Brasil) foram
fatores decisivos na crise que levou à abdicação de D. Pedro I em 1831. (02) Em 1824, em Pernambuco, eclodiu a Confedera-
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti- ção do Equador, um movimento de protesto con-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes tra o autoritarismo de D. Pedro I e que pretendia
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(08) Na prática, o Poder Moderador, instituído pela b) a revolta começou com a exigência de que o pre-
HISTÓRIA 2
Constituição de 1824, dava grandes poderes ao sidente da Província de Pernambuco, indicado por
imperador. D. Pedro I, renunciasse ao cargo em favor do liberal
(16) A presença de um considerável grupo de portu- Manuel de Carvalho Pais de Andrade.
gueses ocupando cargos importantes no Estado c) a Confederação do Equador uniu Pernambuco e as
brasileiro produziu um grande desgaste entre D. províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
Pedro I e a aristocracia rural brasileira. d) cedendo às forças de repressão comandadas pelo
Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s). brigadeiro Francisco Lima e Silva, após cinco meses
31 (01 + 02 + 04 + 08 + 16). de resistência os rebeldes se entregaram, sendo, por
este motivo, anistiados.
6. Uece-CE – Dentre as afi rmações a seguir, assinale
Os rebeldes da Confederação do Equador não foram anistiados, mas
aquela que está incorreta no que diz respeito à Confe- duramente reprimidos. Frei Caneca, um dos líderes do movimento,
deração do Equador (1824): foi executado.
a) a Confederação do Equador estava afinada com os
ideais de federação que serviram de base para a im-
plantação da república dos Estados Unidos da América.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
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12. Fuvest-SP – Podemos afirmar que tanto na Revolução 16. UP-PR – A crise do I Reinado, que levou à abdicação
HISTÓRIA 2
Pernambucana de 1817 quanto na Confederação do de D. Pedro I, teve entre suas razões:
Equador de 1824: a) a pressão do Partido Restaurador.
a) o descontentamento com as barreiras econô- b) a aprovação do Ato Adicional.
micas vigentes foi decisivo para a eclosão dos
movimentos. c) a implantação do sistema parlamentarista.
b) os proprietários rurais e os comerciantes monopo- d) o fechamento da Assembleia Constituinte.
listas estavam entre as principais lideranças dos e) a invasão da Guiana Francesa.
movimentos.
c) a proposta de uma república era acompanhada de 17. Unicamp-SP
um forte sentimento antilusitano. “Passar de reino a colônia
d) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa É desar [derrota]
de suas principais bandeiras.
e) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de É humilhação
Recife, não se espalhando pelo interior. que sofrer jamais podia
brasileiro de coração.
13. Mackenzie-SP – A Confederação do Equador, movi-
A quadrinha acima reflete o temor vivido no Brasil depois
mento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824,
caracterizou-se por: do retorno de D. João VI a Portugal em 1821. Apesar de
seu filho Pedro ter ficado como regente, acirrou-se o an-
a) ser um movimento contrário às medidas da Corte
portuguesa, que visava favorecer o monopólio do tagonismo entre ‘brasileiros’ e ‘portugueses’ até que, em
comércio. dezembro de 1821, as Cortes de Portugal determinaram
b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolu- o retorno do príncipe. Se ele acatasse, tudo poderia acon-
tistas do Primeiro Reinado, sendo um movimento tecer. Inclusive, dizia D. Leopoldina, ‘uma confederação de
republicano. povos no sistema democrático como nos Estados livres da
c) garantir a integridade do território brasileiro e a cen- América do Norte.’ ”
tralização administrativa. SCHNOOR, Eduardo. Senhores do Brasil. Revista de História da
d) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e Biblioteca Nacional, n. 48. Rio de Janeiro, set. 2009, p. 36. (Adaptado)
demais associações absolutistas. a) Identifique os riscos temidos pelas elites do centro-
e) levar seu principal líder, frei Joaquim do Amor Divino -sul do Brasil com o retorno de D. João VI a Lisboa e
Caneca, à liderança da Constituinte de 1824. a pressão das Cortes para que D. Pedro I retornasse
a Portugal.
14. Unesp-SP – O fechamento da Assembleia Constituinte,
por D. Pedro I, em novembro de 1823:
a) impediu a tentativa de recolonização portuguesa e
eliminou a influência política da Igreja Católica.
b) isolou politicamente o imperador e determinou o
imediato final do Primeiro Reinado brasileiro.
c) representou a centralização do regime monárquico
e provocou reações separatistas.
d) ampliou a força política dos estados do Nordeste e
facilitou o avanço dos projetos federalistas.
e) assegurou o caráter liberal da nova Constituição e
aumentou os poderes do judiciário.
15. Acafe-SC – Crises e conflitos foram uma constante b) Explique o que foi a Confederação do Equador.
no Brasil durante o Primeiro Reinado (1822-1831).
Com relação a esse período, assinale a alternativa
incorreta:
a) a primeira Constituição, 1824, foi outorgada (impos-
ta) e consagrava formas desiguais de representação
política, como o voto censitário.
b) a Guerra de Farrapos, iniciada no Rio Grande do Sul
e posteriormente estendendo-se até Santa Catarina,
causou a abdicação de Dom Pedro I.
c) movimento com características republicanas, a Con-
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HISTÓRIA 2
PERÍODO REGENCIAL
UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO
D. Pedro I estava politicamente isolado quando renunciou ao trono brasileiro • Um período de transição
em 7 de abril de 1831. Assim, teve início o período regencial, pois seu filho her-
• Avanço liberal (1831-1837)
deiro, menor de idade, ainda não podia governar. As elites brasileiras assumiram
• Regência de Diogo Feijó
o controle político do Brasil.
Os nove anos de período regencial foram • Regresso conservador
marcados por grandes agitações político- • Golpe da Maioridade
-sociais e separatistas que ameaçaram a
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poder pelos liberais, principalmente moderados, que uniram-se aos moderados mais liberais e formaram o
representavam a maioria do Parlamento, em prejuízo Partido Progressista. Feijó ficou com o Partido Progres-
HISTÓRIA 2
dos exaltados, o que permitiu a adoção de medidas sista, que era minoria. A ferrenha oposição levou-o à
descentralizadoras. renúncia em 19 de novembro de 1837. Começou a se-
O Poder Moderador teve suas atribuições reduzi- gunda fase do período regencial, o regresso conserva-
das, não podendo, por exemplo, dissolver a Câmara dor, sob o comando do regente interino Araújo Lima.
dos Deputados.
Ainda em 1831, padre Diogo Feijó, ministro da Outra medida importante dos liberais foi a cria-
Justiça, criou a Guarda Nacional, conferindo poder ção do Código do Processo Criminal, em 1832, que
de polícia às elites agrárias provinciais, pois era uma concedia ao juiz de paz o poder de vida e morte
força militar que visava zelar pela ordem nas áreas de sobre os habitantes de sua jurisdição, descentrali-
poder dos eleitores. zando, assim, o poder de Justiça.
Isso representava a descentralização do poder de O problema dessa política foram as disputas en-
repressão conferido às elites locais. O chefe da Guarda tre os grupos locais pelo controle da Guarda Nacional
Nacional de cada área era um grande senhor de terras e pelo cargo de juiz de paz. A mobilização de apadri-
que recebia a patente de coronel. Daí originou-se a nhados, dependentes dessas elites que atuavam de
expressão “coronelismo” na história do Brasil, visan- forma armada, comprometia a ordem nas regiões.
do designar as lideranças políticas locais e regionais Esse sistema em que organizações políticas (es-
oriundas das oligarquias. tados ou províncias) se unem amplamente, porém
mantendo a autonomia, caracterizou a política des-
REGÊNCIA DE DIOGO FEIJÓ centralizadora ou federalista, que foi coroada com a
A descentralização criou um quadro de instabilidade criação do Ato Adicional à Constituição, em 1834. Por
política expressa em agitações que envolveram tanto esse ato, as províncias passavam a ter, no lugar dos
membros das elites como camadas médias e popu- Conselhos Gerais de Província, Assembleias Legisla-
lares da sociedade brasileira. Feijó tomou posse em tivas Provinciais, com poder de legislar sobre vários
12 de outubro de 1835, em um momento turbulento, assuntos e até reivindicar empréstimos no exterior.
marcado pela eclosão da Revolução Farroupilha, no Rio Além disso, foi criado o município neutro do Rio de
Grande do Sul; da Cabanagem, no Pará; e da Revolta Janeiro, capital do império, e extinguiu-se a Regên-
dos Malês, na Bahia. Muitos afirmavam que o país cia Trina Permanente, que deu lugar à Regência Una
corria o risco de fragmentação em consequência da Eletiva e Temporária, o que significava, para muitos, a
descentralização e vários liberais moderados assumi- possibilidade de revezamento no poder dos membros
ram uma postura conservadora. da elite até a emancipação do herdeiro, D. Pedro de
Exemplo disso foi a declaração do líder Bernardo Alcântara. Na ocasião, o regente único eleito foi o
Pereira de Vasconcelos, liberal moderado: liberal moderado padre Diogo Feijó. O Ato Adicional
Fui liberal; então a liberdade era nova no país, es- de 1834 também extinguiu o Conselho de Estado.
tava nas aspirações de todos, mas não nas leis; o
poder era tudo: fui liberal. Hoje, porém, é diverso
o aspecto da sociedade: os princípios democráticos
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HISTÓRIA 2
Os conservadores modificaram todas as medidas
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
PERÍODO REGENCIAL
Em razão do impedimento do futuro imperador em assumir o trono por conta da idade, a Assembleia Geral
Contexto elegeu três representantes entre os deputados, que formaram a regência responsável pelo governo do
Características: Tendência liberal. Anistia a presos políticos. Suspensão do Poder Moderador e do Con-
Regência
Trina Provisória selho de Estado. Reintegração do Ministério dos Brasileiros. Exclusão dos estrangeiros no Exército brasileiro.
Domínio dos grupos liberais. Destacou-se como ministro da Justiça durante a regência
Características:
permanente. As constantes revoltas e conflitos com o clero trouxeram desgaste político.
Regência
Una de Diogo Feijó
Centralização do poder: o governo central voltou a ter autonomia para nomear funcionários públicos e con-
Regência
Una de Pedro de
trolar organismos policiais e judiciários.
Araújo Lima
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. FGV-SP – A abdicação de D. Pedro I em 1831 deu início d) extinguiu as Assembleias Legislativas Provinciais.
ao chamado período regencial, sobre o qual se pode e) eliminou a vitaliciedade do Senado.
afirmar: O Ato Adicional de 1834 criou Assembleias Legislativas nas províncias,
transformou o Rio de Janeiro em município neutro e convocou eleições
I. As elites nacionais reformaram o aparato institucio- para um regente uno.
nal de modo a estabelecer maior descentralização
política.
4. Fuvest-SP – Em agosto de 1831, Feijó cria a Guarda
II. Foi um período convulsionado por revoltas, entre Nacional. Qual o papel dessa instituição militar no pe-
elas a Farroupilha e a Sabinada.
ríodo regencial e no Segundo Reinado?
III. D. Pedro II sucedeu ao pai e impôs, logo ao assumir
o trono, reformas no regime escravista. A Guarda Nacional era vinculada diretamente às elites regionais. Os
c) I e III.
na política nacional.
d) I, III e IV.
e) II e lV.
A afirmativa III é incorreta, pois não foi D. Pedro II quem sucedeu ao pai. 5. PUC-MG – O período regencial no Brasil (1830-1840) foi
Antes, houve nove anos de período regencial. D. Pedro II tampouco impôs um dos mais agitados da história política do país. Foram
reformas ao escravismo. Já a afirmativa IV está errada, pois na regência questões centrais do debate político que marcaram
o Poder Moderador foi enfraquecido e suspenso em alguns momentos.
esse período, exceto:
a) a questão do grau de autonomia das províncias.
2. UEL-PR C3-H12 b) a preocupação com a unidade territorial brasileira.
“[...] valorizava-se novamente o município, que fora es- c) os temas da centralização e descentralização do
quecido e manietado durante quase dois séculos. Resulta- poder.
va a nova lei na entrega aos senhores rurais de um pode- d) o acirramento das discussões sobre o processo abo-
roso instrumento de impunidade criminal, a cuja sombra licionista.
renascem os bandos armados restaurando o caudilhismo As discussões acerca do abolicionismo tornam-se bastante presentes
apenas no Segundo Reinado, e não na regência.
territorial [...]. O conhecimento de todos os crimes, mesmo
os de responsabilidade [...], pertencia à exclusiva compe-
tência do juiz de paz. Este saía da eleição popular, com- 6. UFRGS-RS – Associe os acontecimentos e medidas
petindo-lhe ainda todas as funções policiais e judiciárias: políticas do Brasil Império listados na coluna 1 com
expedições de mandatos de busca e sequestro, concessão as respectivas conjunturas políticas constantes na
de fianças, prisão de pessoas [...]” coluna 2.
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2
a) na Regência Una do padre Feijó, foi suspenso par- Os artigos devem ser relacionados com:
cialmente o uso do Poder Moderador pelos regentes.
a) a Constituição de 1891.
b) na Regência Una de Araújo Lima, promulgou-se a Lei
Interpretativa do Ato Adicional. b) o Código de Processo Criminal.
c) na Regência Trina Provisória, foram criados os parti- c) o Projeto da Mandioca.
dos Progressista, Regressista, Liberal e Conservador. d) o Código de Processo Civil.
d) na regência da princesa Isabel, eclodiu o movimento
e) o Ato Adicional de 1834.
oposicionista da Confederação do Equador.
e) na Regência Trina Permanente, foi criada a Guarda 11. UFC-CE – O Ato Adicional, decretado no período das
Nacional. regências no Brasil pela Lei n°- 16, de 12 de agosto de
1834, estabeleceu algumas modificações na Consti-
9. UFV-MG – Observe a imagem a seguir: tuição de 1824. Acerca dessas alterações, assinale a
alternativa correta:
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO
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HISTÓRIA 2
“[...] Nada mais liberal que um conservador na oposição; no qual se:
nada mais conservador que um liberal no governo.” a) confirmou o princípio político do republicanismo.
SILVA, Francisco de Assis; BASTOS, Pedro Ivo de Assis. História do b) constatou a influência política de ideários socialistas.
Brasil. São Paulo: Moderna, 1976. p. 107.
c) atribuiu a conquista de direitos humanos à luta
Analise as afirmativas a seguir, sobre a expressão acima. política.
I. Muito propagada no período regencial, mostra que, d) presenciou a emergência de diferentes projetos
embora com denominações diferentes, “conserva- políticos.
dores” e “liberais” possuíam basicamente os mes- e) reproduziu a forma norte-americana de manifesta-
mos interesses. ção política.
II. Muito propagada no período regencial, mostra que
“conservadores” e “liberais” possuíam posições 16. UFRRJ-RJ – O texto a seguir refere-se ao período da
políticas, sociais e econômicas muito distintas. política regencial no Brasil.
III. Muito propagada no período regencial, mostra que “A Câmara que se reunia em 1834 trazia poderes consti-
“conservadores” e “liberais” possuíam as mesmas tuintes para realizar a reforma constitucional prevista na
origens sociais e não se opunham, por exemplo, à lei de 12 de outubro de 1832. De seu trabalho resultou
escravidão. o Ato Adicional publicado a 12 de agosto de 1834 [...]
IV. Muito propagada no período regencial, mostra que O programa de reformas já fora estabelecido na lei de
“conservadores” e “liberais” possuíam concepções 12 de outubro, o Senado já manifestara sua concordância
políticas muito diferentes e defendiam a participação em relação ao mesmo e só havia em aberto questões de
popular no poder. pormenor. No decorrer das discussões poder-se-ia fixar
De acordo com essa análise, são corretas apenas as o grau maior ou menor das autonomias provinciais, mas
alternativas: já havia ficado decidido que não se adotaria a monarquia
a) I e llI. federativa, o que marcava como que um teto à ousadia
b) II e IV. dos constituintes.”
CASTRO, P. P. de. A experiência republicana: 1831-1840.
c) l e IV.
In: HOLANDA, S. B. de. História geral da civilização brasi-
d) Il e IIl. leira. v. 4. São Paulo: Difel, 1985. p. 37.
a) Cite duas reformas instituídas pelo Ato Adicional de
14. ESPM-SP
12 de agosto de 1834.
“Num momento da história do império conhecido como
‘avanço liberal’, durante as regências, foram adotadas al-
gumas medidas que concediam maior poder à represen-
tação local.”
AMARAL, Sonia Guarita do. O Brasil como império.
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HISTÓRIA 2
REVOLTAS REGENCIAIS
PAÍS EM EBULIÇÃO
Rebeliões do período regencial • País em ebulição
50º O
• Revolução Farroupilha
(1835-1845)
• Revolta dos Malês (1835)
Equador
• Cabanagem (1835-1840)
0º
• Sabinada (1837-1838)
• Balaiada (1838-1841)
AMAZONAS
GRÃO-PARÁ MARANHÃO CEARÁ RIO GRANDE
DO NORTE
PARAÍBA HABILIDADES
PIAUÍ
PERNAMBUCO • Analisar a atuação dos mo-
ALAGOAS
SERGIPE
vimentos sociais que contri-
BAHIA buíram para mudanças ou
GOIÁS
MATO GROSSO
rupturas em processos de
OCEANO disputa pelo poder.
ATLÂNTICO
MINAS
GERAIS
• Avaliar criticamente conflitos
ESPÍRITO SANTO culturais, sociais, políticos,
OCEANO
PACÍFICO SÃO PAULO econômicos ou ambientais
RIO DE JANEIRO
Capricórni
o ao longo da História.
Trópico de PARANÁ
• Analisar as lutas sociais
SANTA CATARINA e conquistas obtidas no
RIO GRANDE que se refere às mudanças
DO SUL
nas legislações ou nas
políticas públicas.
N
Revolução Farroupilha (1835-1845) NO NE
Cabanagem (1835-1840) O L
SO SE
Balaiada (1838-1841) S
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CABANAGEM (1835-1840)
A Cabanagem foi um movimento popular contra
as condições de pobreza e abandono e as políticas
governamentais elitistas. Indígenas, mestiços e es-
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SABINADA (1837-1838)
HISTÓRIA 2
conservadores liderados por Araújo Lima ao poder re-
gencial. Nesse período do regresso conservador, os li-
berais da Bahia, não aceitando a política centralizadora,
deram início a agitações que visavam impedir a perda de
autonomia da província. O movimento foi liderado pelo
médico e jornalista Francisco Sabino, representante da
classe média baiense, daí o nome atribuído à rebelião.
Populares atenderam ao apelo do médico por estarem
descontentes com seu estado de pobreza. Em 1837, o
levante em Salvador proclamou a República Baiense, que
existiria até a maioridade de D. Pedro de Alcântara.
Representação da Cabanagem, movimento popular ocorrido em Belém, no Pará. Em ação rápida, o governo regencial enviou tropas
que sitiaram a cidade de Salvador com o apoio de se-
nhores de engenho da região do Recôncavo Baiano. O
Os cabanos, como ficaram conhecidos os rebeldes
resultado foi o massacre da população, com cerca de 2
populares, lideraram uma agitação que chegou à cidade
mil mortes e 3 mil prisões. Francisco Sabino e outros
de Belém em 1835 e criaram um governo provisório que companheiros de mesma condição social foram presos,
durou cerca de nove meses. Sem condições de reali- mas receberam anistia.
zar uma política que contemplasse todos, o movimen-
to dividiu-se e enfraqueceu com a chegada das tropas BALAIADA (1838-1841)
imperiais. Depois que as forças regenciais recuperaram A origem da agitação, como outras na história do Bra-
Belém, os cabanos dirigiram-se ao interior, constituindo sil, associa-se à crise econômica e à pobreza extrema na
focos de resistência que foram destruídos aos poucos. região. O elemento catalisador foi a disputa entre mem-
A repressão violenta matou cerca de 30 mil pessoas, re- bros da elite pelo poder político na Província do Maranhão.
duzindo drasticamente a população da Província do Pará. Os liberais maranhenses (bem-te-vis), que estavam em
campanha contra os conservadores que governavam com
A Cabanagem do Pará é o único movimento político o apoio da regência de Araújo Lima, decidiram manipular
do Brasil em que os pobres tomam o poder, de fato. os populares contra o governo, inclusive provendo-os com
É o único e isolado episódio de extrema violência munição. O movimento saiu do controle da elite liberal e
social, quando os oprimidos – a ralé mais baixa, ne- passou a agir por conta própria, sob a liderança de Cosme
gros, tapuios, mulatos e cafuzos, além de brancos re- Bento, ex-escravo; e Manuel Francisco dos Anjos Ferreira,
baixados que parecem não ter direito à branquitude artesão que confeccionava balaios. Daí a inspiração para
[...] assumem o poder e reinam absolutos, eliminan- o nome do levante, que fortaleceu-se com a conquista
do quase todas as formas de opressão, arrebentando da cidade de Caxias pelos balaios.
com a hierarquia social, destruindo as forças mili- A repressão não tardou. Comandando cerca de 8 mil
tares e substituindo-as por algo que faz tremer os homens das forças imperiais, Luís Alves de Lima e Silva
poderosos: o povo em armas. atacou Caxias e massacrou os rebeldes. O sucesso de
CHIAVENATO, Júlio José. Cabanagem: o povo no poder. São Lima e Silva o fez barão de Caxias, credenciando-o a atuar
Paulo: Brasiliense, 1984. p. 12-14. contra outros levantes, como a Revolução Farroupilha.
COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ, SÃO PAULO
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS
Contexto
Em razão do impedimento do futuro imperador em assumir o trono por conta da idade, a Assembleia Geral elegeu três repre-
sentantes entre os deputados, os quais formaram a regência responsável pelo governo do país até a maioridade de D. Pedro II.
Revolução Farroupilha
1835-1845.
Período:
Motivos e demandas: Impostos sobre o sal e o charque. Mudanças nas taxas alfandegárias. Mais autonomia em relação ao poder central
da monarquia.
Local: Bahia.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Cabanagem
Local: Pará.
Período: 1835-1840.
Política repressiva do governo provincial, que excluía líderes locais. Situação de miséria da maior parte da população.
Motivos e demandas:
Sabinada
Local: Bahia.
Período: 1837-1838.
Eram contra a centralização política no Rio de Janeiro e o recrutamento compulsório. Repressão do movimento e
Motivos e demandas:
prisão dos líderes.
Consequência imediata: Repressão do movimento, retomada da cidade, cerca de 2 mil mortes e 3 mil prisões.
Balaiada
Local: Maranhão.
Período: 1838-1841.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
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d) a Praieira, em Pernambuco, que teve como objetivo e) revolta das camadas populares, especialmente ne-
HISTÓRIA 2
o fortalecimento da monarquia. gras e mestiças, contra o governo do regente Diogo
e) a Sabinada, na Bahia, caracterizada pelo antilusita- Feijó, porque este havia determinado que todos os
nismo da camada social média. portugueses fossem expulsos da Província do Pará
Ainda que os alunos não conheçam a Revolução Praieira, é possí- e a direção do governo provincial fosse entregue ao
vel chegar à resposta por eliminação. Neste módulo, estudamos barão do Marajó.
as principais revoltas do período regencial. A Praieira ocorreu O texto afirma que a Cabanagem de 1835-1837 teve raízes históricas
durante o Segundo Reinado e foi um movimento republicano, mais longínquas. Conforme descrito na alternativa A, ela mobilizou
não monarquista. elites locais que sentiam-se excluídas da política imperial, mas tam-
5. UFPA-PA C3-H13 bém setores populares (afrodescendentes, indígenas e mestiços) que
viviam na condição de miséria em decorrência da estrutura social que
Leia atentamente o texto a seguir, sobre a Cabanagem: se mantinha desde muito antes da independência do Brasil.
“É preciso compreender que se fazer cabano no Pará era Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
uma opção difícil e que precisa ser analisada à luz de todo tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais.
um modo de pensar e de estratégias de lutas, que, em cer-
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuí-
to modo, constituíam a vida cotidiana daqueles homens e ram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
mulheres de 1835-1837, porém que foram gestados muito
6. Fatec-SP – Leia o texto:
tempo antes, entre pessoas concretas que vinham de inú-
meros lugares, com línguas, tradições e trabalhos diferen- Em abril de 1831, D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil
ciados dentro da realidade amazônica”. em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, que tinha,
então, cinco anos de idade. Uma regência foi criada para
RICCI, Magda. De la independencia a la Revolución Cabana: la
Amazonia y el nacimiento de Brasil (1808-1840). In: PEREZ, José governar até que D. Pedro II, como ficaria conhecido,
Manuel Santos; PETIT, Pere. La Amazonia brasileña en perspectiva his- atingisse a maioridade e pudesse ser coroado.
tórica. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2006. p. 88.
Durante o período regencial, a política brasileira foi
A Cabanagem, um dos mais expressivos movimentos marcada:
sociais do Brasil, ocorrido no Pará, no século XIX, tem a) pela intensificação da política expansionista do regen-
suas raízes históricas na: te Feijó, que acentuou os conflitos internacionais no
a) opressão histórica que índios e tapuios sofreram do Cone Sul (guerras da Cisplatina e do Paraguai) e pelo
domínio português, e a própria luta empreendida con- aumento progressivo da dívida externa brasileira.
tra os privilégios das elites portuguesas, que foram b) pela fragmentação do império, marcada pela perda
mantidos após a independência do país, deixando de territórios fronteiriços (Província Cisplatina, Ama-
esta gente pobre e até mesmo remediados e abasta- zônia colombiana) nos combates com as tropas de
dos, excluídos da participação política e dos negócios Simón Bolívar e José de San Martín.
do governo provincial. c) pelo pacto federativo, conduzido pelo jovem impera-
b) diferença no tratamento dos assuntos políticos, esta- dor, que favoreceu as demandas dos regionalistas,
belecida pelo governo provincial, entre os que eram concedendo autonomia administrativa às províncias.
nativos, como os índios e os tapuios, e aqueles que d) pela promulgação da primeira Constituição do império,
eram de nacionalidade estrangeira, ou que pelo me- que sofreu forte resistência das elites regionais por seu
nos tivessem um título nobiliárquico outorgado pelo caráter centralizador, pela criação do Poder Moderador
imperador do Brasil. e pela extensão do direito de voto aos analfabetos.
c) memória de exploração que a sociedade nativa amazô- e) pela criação das Assembleias Legislativas Provinciais
nica tinha do cativeiro imposto pelos senhores de es- e pela eclosão de rebeliões em diversas províncias,
cravos portugueses durante as lutas de independência, sendo algumas de caráter popular (como a Cabana-
considerando-se que essas lutas levaram a Província gem) e outras comandadas pelas elites regionais
do Pará a sofrer um período de escassez de produtos (caso da Guerra dos Farrapos).
alimentícios, especialmente da farinha de mandioca. As políticas expansionistas no Cone Sul não se deram no período
regencial (a Guerra da Cisplatina ocorreu no Primeiro Reinado e, a
d) época em que os “malvados” cabanos, sem qual-
Guerra do Paraguai, no Segundo Reinado). O Império Brasileiro não
quer sentimento humanitário e sem comando re- foi fragmentado como nas antigas possessões espanholas. O pacto
volucionário, trucidavam todos aqueles que fossem federativo não foi conduzido pelo jovem imperador D. Pedro II, mas
simpatizantes do governo regencial ou tivessem pelos políticos liberais durante a regência. A primeira Constituição foi
propriedades fundiárias na Ilha de Marajó. outorgada em 1824, e não promulgada na regência. A única alternativa
que não contém informações equivocadas é a E.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFG-GO – A ocorrência de rebeliões, tais como a Ca- c) mobilização das camadas populares pelos segmen-
banagem (1835-1840), no Pará; a Sabinada (1837-1838), tos da elite, objetivando o controle do poder nas
na Bahia; e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão, de- referidas províncias.
terminou a caracterização da regência como um perío- d) tentativa de restabelecer o Poder Moderador, trans-
do conturbado. Todavia, a ocorrência de rebeliões tão ferindo-o para a Regência Una como forma de resistir
distintas apresenta como aspecto comum a: às reformas liberais.
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(1831-1840), é correto afirmar que: “Durante a época das regências e mesmo depois dela, vá-
a) indicavam o descontentamento de diferentes se- rias revoltas contestaram o poder central e ameaçaram a
tores sociais com as medidas de cunho liberal e unidade nacional.”
antiescravista dos regentes, expressas no Ato CASTELLI JUNIOR, Roberto. História: texto e contexto.
Adicional. São Paulo: Scipione, 2006. p. 426.
b) algumas, como a Farroupilha (RS) e a Cabanagem
(PA), foram organizadas pelas elites locais e não Nesse contexto, pode-se afirmar sobre as rebeliões do
conseguiram mobilizar as camadas mais pobres e período regencial que:
os escravos. a) a Balaiada, no Maranhão, foi um símbolo da luta aris-
c) provocavam a crise da Guarda Nacional, espécie de tocrática contra a falta de legitimidade da regência
milícia que atuou como poder militar da independên- que se mantém mesmo depois da proclamação da
cia do país até o início do Segundo Reinado. maioridade do imperador Pedro II.
d) a Revolta dos Malês (BA) e a Balaiada (MA) foram as b) os Farroupilhas conseguiram impor a separação do
únicas que colocaram em risco a ordem estabeleci- Rio Grande do Sul, obrigando o governo central a
da, sendo sufocadas pelo duque de Caxias. negociar com os estancieiros rebeldes, aumentando
a taxação sobre o charque estrangeiro.
e) expressavam o grau de instabilidade política que se
seguiu à abdicação, o fortalecimento das tendências c) a Sabinada causou grandes danos econômicos ao
federalistas e a mobilização de diferentes setores Estado imperial, obrigando os regentes a contratar
sociais. soldados ingleses que lutaram durante muitos anos
para garantir o domínio regencial sobre a Bahia.
9. Fuvest-SP d) a Cabanagem identificou os interesses da aristocra-
“Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso, as- cia nordestina à antiga luta republicana, associando
o projeto de separação da região ao interesse dos
sustado; o governo consome o tempo em vãs recomenda-
comerciantes portugueses em recuperar o mono-
ções [...] O vulcão da anarquia ameaça devorar o império: pólio comercial.
aplicai a tempo o remédio.”
e) os escravos malês na Bahia aliaram-se aos proprietá-
Padre Antônio Feijó, em 1836. rios rurais para lutar contra o centralismo regencial e
Essa reflexão pode ser explicada como uma reação à: pela proclamação de uma república democrática, nos
moldes do antigo projeto dos conjurados baianos.
a) revogação da Constituição de 1824, que fornecia os
instrumentos adequados à manutenção da ordem. 12. Unesp-SP – A Revolta dos Malês, ocorrida em 1835,
b) intervenção armada brasileira na Argentina, que cau- na Bahia, contou com ampla participação popular e de-
sou grandes distúrbios nas fronteiras. fendeu, entre outras propostas:
c) disputa pelo poder entre São Paulo, centro eco- a) a rejeição ao catolicismo e a construção de uma or-
nômico importante, e Rio de Janeiro, sede do dem islâmica.
governo. b) a manutenção da escravidão de africanos e a amplia-
d) crise decorrente do declínio da produção cafeeira, ção da escravização de indígenas.
que produziu descontentamento entre proprietários c) o retorno de D. Pedro I e o restabelecimento da mo-
rurais. narquia absolutista.
e) eclosão de rebeliões regionais, entre elas a Cabana- d) a ampliação das relações diplomáticas e comerciais
gem; no Pará, e a Farroupilha; no Sul do país. com os países africanos.
e) o reconhecimento dos direitos e deveres de todo
10. Unesp-SP – Entre as várias rebeliões ocorridas no
cidadão brasileiro.
período regencial, destaca-se a chamada Guerra dos
Farrapos, iniciada em 1835. O conflito:
13. PUC-RJ – Durante o período imperial brasileiro, instau-
a) prosseguiu até a metade da década seguinte, quando rou-se uma ordem política caracterizada pelo centralis-
o governo do Segundo Império aumentou os impos- mo e unitarismo. Houve, contudo, manifestações de
tos de importação dos produtos bovinos argentinos contestação a essa ordem, destacando-se aquelas que
e anistiou os revoltosos. possuíam caráter separatista e a defesa de propostas
b) demonstra que as disputas comerciais entre Brasil e de maior autonomia para as províncias. Assinale a op-
Argentina se iniciaram logo depois da independência ção que identifica corretamente duas dessas revoltas:
e desde então se agravaram, até atingir a atual riva- a) Revolta dos Malês e Cabanagem.
lidade entre os dois países.
b) Guerra dos Farrapos e Revolução Praieira.
c) permitiu a adoção de um regime federalista no Bra-
sil, uma vez que as negociações entre o governo c) Balaiada e Revolta do Vintém.
imperial e os rebeldes determinaram a autonomia d) Sabinada e Revolta do Quebra-Quilos.
política rio-grandense. e) Revolta da Chibata e Revolta da Vacina.
d) revela a impossibilidade de estabelecer relações po-
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A superação da crise, que coincidiu com o fim do pe- revolta contra a política de impostos vigente e por
HISTÓRIA 2
ríodo regencial, deveu-se à: anseios separatistas de parte da elite.
a) antecipação da maioridade do príncipe herdeiro. c) Sabinada, originada no Maranhão, em regiões pau-
b) consolidação da Regência Una e Permanente. pérrimas de cultivo de algodão e protagonizada por
c) formação e consolidação do Partido Republicano. trabalhadores livres e escravos, que contaram com
o apoio de parte da elite local.
d) fundação das agremiações abolicionistas.
e) volta imediata de D. Pedro I às terras brasileiras. d) Guerra dos Palmares, conflito desencadeado pela
repressão aos quilombolas liderados por Zumbi dos
15. UFRGS-RS – A respeito da Revolta dos Malês, ocorrida Palmares, com o apoio de pequenos agricultores da
na cidade de Salvador em 1835, é correto afirmar que região de Alagoas.
ela foi um movimento liderado por: e) Revolta da Chibata, que mobilizou um grande contin-
a) escravos oriundos da África Oriental, inspirados na gente de escravos revoltados contra os maus-tratos
independência do Haiti. e a prática das chicotadas em praça pública na cidade
b) escravos e libertos de origem africana, que profes- do Rio de Janeiro.
savam a religião muçulmana.
c) escravos nascidos no Brasil e grupos excluídos do 17. Unespar-PR – Sobre as revoltas provinciais deflagradas
processo político-partidário. no período regencial, considere as seguintes alterna-
d) escravos e índios aldeados no Recôncavo, que pro- tivas:
testavam contra a exploração. I. A Cabanagem – PA (1835-1840) foi um movimento
e) populares que se inspiraram na Revolta dos Alfaiates. popular com a participação de índios, caboclos e
negros que se opôs à regência e ocupou, por alguns
16. Puccamp-SP meses, o governo da província.
“O universo ficcional de Machado de Assis é povoado
II. A Revolução Farroupilha – RS/SC (1835-1845) foi uma
pelos tipos sociais que se mesclavam na sociedade flumi-
revolta motivada, sobretudo, pela política tributária
nense do século XIX: proprietários, rentistas, comerciantes,
do governo regencial, que, por sua vez, conseguiu
homens pobres mas livres e escravos. Cruzam seus inte-
conter o movimento, punir os líderes e impor as
resses e medem-se em seus poderes ou em sua falta de
tarifas que causaram o início do movimento.
poder. É essa a configuração das personagens das obras-
-primas Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmur- III. A Sabinada – BA (1837-1838) pregava a república
ro. A tragédia do negro escravizado está exposta em con- federativa, estabelecendo em 1837 o novo regime
tos violentos, e o capricho dos senhores proprietários dá na BA, o qual se manteria até a maioridade do futuro
o tom a narradores como Brás Cubas e Bento Santiago, o imperador. Após reação dos senhores de engenho
Bentinho, que contam suas histórias de modo a apresentar do Recôncavo e do governo central (com a Armada)
com ar de naturalidade a prática das violências pessoais ou a capital da BA foi retomada.
sociais mais profundas.” IV. As revoltas Cabanagem, Revolução Farroupilha e Sa-
TÁVOLA, Bernardim da. Inédito. binada tinham em comum demandas regionais não
atendidas pelo governo central. Em nenhum caso
Violências sociais abundaram no período regencial,
momento em que eclodiram rebeliões populares que seus líderes pretendiam ampliar as conquistas para
foram duramente reprimidas, caso da: o âmbito nacional.
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b) Quais os significados das revoltas provinciais para a c) foi causada essencialmente pelo descontentamen-
HISTÓRIA 2
consolidação do modelo político imperial? to dos estancieiros gaúchos com os altos impostos
que eram obrigados a pagar e com os baixos preços
estabelecidos pelo governo para a venda de gado,
charque, couros e peles ao restante do país.
d) a Guerra dos Farrapos, que durou dez anos, iniciou-se
em 1893, quando os farroupilhas exigiram a des-
tituição do novo presidente da província, Antônio
Rodrigues Fernandes Braga. Em setembro daquele
ano, as tropas do chefe farroupilha Bento Gonçalves
ocuparam Porto Alegre e proclamaram a independên-
cia do Rio Grande do Sul.
e) a Guerra dos Farrapos terminou em negociações
com o governo, os quais acabaram favorecendo os
c) O que levava as elites agricultoras e pecuaristas a se
interesses da burguesia urbana de Porto Alegre, Pe-
rebelarem contra o poder central do império?
lotas e Rio Grande. Os estancieiros, que mais se
dedicaram ao processo revolucionário, pouco foram
beneficiados.
SEGUNDO REINADO:
HISTÓRIA 2
POLÍTICA
• Política interna
• Revoltas liberais
• Parlamentarismo às
avessas
• Economia do século XIX
• Imigração e Lei de Terras
• Política externa
• O Prata e a Guerra do
Paraguai
HABILIDADES
• Identificar registros de
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
• Analisar as lutas sociais
e conquistas obtidas no
que se refere às mudanças
nas legislações ou nas
políticas públicas.
• Reconhecer a dinâmica
da organização dos
movimentos sociais e a
importância da participação
da coletividade na
Pintura de 1842 representando a coroação de D. Pedro II, ocorrida em 18 de julho de 1841.
transformação da realidade
histórico-geográfica.
No módulo anterior, vimos mais detalhes do turbulento período regencial. Com
o chamado Golpe da Maioridade, D. Pedro II é coroado imperador do Brasil aos • Avaliar criticamente
14 anos de idade. conflitos culturais, sociais,
políticos, econômicos
Sua biografia pode ser descrita de duas maneiras: por um lado, como um homem
ou ambientais ao longo
ilustrado, preparado desde o berço para comandar uma nação, além de culto, erudito,
da História.
poliglota, patrocinador das ciências e das artes e reconhecido como tal por grandes
nomes como Graham Bell, Victor Hugo e Louis Pasteur. Por outro lado, D. Pedro II
pode ser definido como um defensor de privilégios e governante de respostas len-
tas, além de ter sido fiador da escravidão e, por isso, ser relacionado ao atrasado
passado rural brasileiro.
Foi preparado para governar, porém não realizou grandes feitos. Venceu a Guerra
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O Golpe da Maioridade conduzido pelos liberais por Primavera dos Povos, indicando um ideário diferen-
inaugurou o Segundo Reinado brasileiro. Aos 14 anos, ciado que questionava a miséria do povo e os privilégios
D. Pedro de Alcântara foi aclamado D. Pedro II, assesso- das elites.
rado pelos liberais, que encabeçaram a convocação de
eleições para a organização de uma nova assembleia. PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS
Para vencer, usaram de vários expedientes, inclusive Em 1847, foi aprovada a lei de criação do cargo de
intimidação física. O resultado foi a vitória liberal nas presidente do Conselho de Ministros, equivalente ao
“eleições do cacete”, como ficaram conhecidas. de primeiro-ministro. A monarquia brasileira tornou-
Os deputados eleitos não chegaram a tomar pos- -se parlamentar, aparentemente seguindo o modelo
se em razão das denúncias de fraude, que levaram o britânico. De fato, o imperador escolhia o chefe de
imperador a anular as eleições. Ele demitiu o gabinete gabinete, não o Parlamento. Dessa forma, o regime
ministerial liberal e convocou outro, constituído pelos parlamentar brasileiro desvirtuou o modelo britânico,
conservadores. Essa decisão levou os liberais a se rebe- ficando conhecido por “parlamentarismo às avessas”.
larem contra o governo: em São Paulo, comandados por
REVOLTAS LIBERAIS
Em razão do despreparo militar e da falta de expe-
riência dos rebelados, o barão de Caxias desmante-
lou facilmente os movimentos liberais de São Paulo e
Minas Gerais, em 1842. Depois deles, em 1848, veio
a Revolta Praieira, de caráter antilusitano, contra os
privilégios dos portugueses na Província de Pernam-
buco, os quais empregavam apenas conterrâneos em
suas grandes casas comerciais, deixando parte da po-
pulação sem trabalho. Criou-se, na província, um forte
sentimento de hostilidade aos grandes proprietários.
Retrato de D. Pedro aos
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HISTÓRIA 2
to de navios negreiros, afetando o abastecimento de O modelo parlamentarista implantado no Segun-
mão de obra escrava no Brasil. Ainda que a abolição do Reinado atendia às necessidades de D. Pedro II
definitiva da escravidão ocorresse somente em 1888, de acomodar os interesses de liberais e conserva-
a Lei Eusébio de Queirós encareceu o braço escravo e dores, cujas diferenças ideológicas eram pequenas.
liberou recursos, antes aplicados no tráfico, para outros Os dois grupos tinham muito em comum: ambos re-
setores da economia. presentavam as elites latifundiárias e escravocratas,
A economia do país ainda estava baseada na lavou- cuja produção agrícola visava às exportações. Dessa
ra de exportação e logo teve início o desenvolvimento forma, existia um espaço possível para negociação
manufatureiro. A revogação da Tarifa Alves Branco, em no sistema governamental, a exemplo do Ministério
1860, levou Mauá, o maior empreendedor do Brasil da Conciliação ou Gabinete da Conciliação, que vi-
Império, à falência, em 1864. gorou de 1853 a 1857. Dele faziam parte os liberais
A relação entre braço escravo e lavoura de expor- e os conservadores, capitaneados pelo imperador.
tação diminuiu com a entrada de italianos e alemães
como trabalhadores livres na área cafeeira, a mais di-
nâmica da agroexportação. Economia no Segundo Reinado
Nas primeiras décadas do século XIX, a cafeicultura O século XIX, especialmente a partir da segunda
ganhou força no Rio de Janeiro, estendendo-se para o metade, representou uma fase de desenvolvimento
Vale do Paraíba e, depois, o Oeste Paulista, em virtu- e modernização dos meios de transporte e comu-
de da existência da terra roxa, que oferecia condições nicação no Brasil. Vários produtos de alto valor co-
favoráveis para esse tipo de plantio. mercial no mercado externo, como cacau, algodão e
O café produzido no Vale do Paraíba tinha estrutura café, ganharam destaque na pauta de exportações
tradicional, tipicamente colonial e com base no trabalho brasileiras. O trabalho escravo vinha gradativa-
escravo. Além disso, enfrentava dificuldade no escoa- mente sendo substituído pelo assalariado, exercido
mento da produção pelo Porto do Rio de Janeiro, até basicamente por imigrantes. Durante o Segundo
onde chegava transportado basicamente por tropas de Reinado, o café foi o principal produto da economia
burros e mulas, pois a introdução das ferrovias nessa brasileira, além de carro-chefe das exportações, po-
região ocorreu apenas na década de 1860. rém não o único.
Mesmo assim, a produção cafeeira representava a
base econômica para a ascensão da aristocracia flumi- Contribuições dos principais produtos
nense no comando do aparelho de Estado, passando a para exportação (em % sobre o valor
ter hegemonia sobre a classe dominante do império. global de exportação)
A ausência de uma mentalidade empresarial, o não Produto 1841-1850 1851-1860 1861-1870 1871-1880
aprimoramento das técnicas de produção e o próprio
desgaste do solo impuseram limites à produção ca- Café 41,4 48,8 45,5 56,6
feeira no Vale do Paraíba, abrindo espaço para o Oeste Açúcar 26,7 21,2 12,3 11,8
Paulista tornar-se a região cafeeira mais importante do
Algodão 7,5 6,2 18,3 9,5
país a partir de 1850. Nessa região, estruturou-se uma
forma produtiva mais moderna, com a transição do Fumo 1,8 2,6 3,0 3,4
trabalho escravo para o assalariado e a construção de Cacau 1,0 1,0 0,9 1,2
ferrovias, as quais facilitaram e baratearam o transporte
do café para o Porto de Santos. Total 78,4 79,8 80,0 82,5
SILVA, H. S.; VILELA, A. V.; SUZIGAN, W. Apud: SINGER, P. O
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Dr. Pereira Barreto, grande divulgador das condições italianos e alemães, estabelecendo-lhes um regime
favoráveis da região ao plantio do café, incentivou os de trabalho assalariado com relativa autonomia.
HISTÓRIA 2
agricultores a investirem na cafeicultura. A partir de Mesmo que subsidiados pelo governo e com ple-
então, formaram-se grandes fazendas de café, dentre no direito de procurar outras fazendas e trabalhos,
elas, a maior foi a Fazenda Monte Alegre. os imigrantes muitas vezes ficavam presos a dívidas
lnicialmente, o trabalho nas fazendas era realizado e contratos que os obrigavam a trabalhar em condi-
por escravos. Essa foi a mão de obra responsável ções precárias.
pela formação das fazendas. Com os primeiros mo-
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HISTÓRIA 2
vestidos na ampliação dos cafezais, eram utilizados para
melhorar o transporte, o sistema de créditos e as comu- O PRATA E A GUERRA DO PARAGUAI
nicações. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho: Além dos problemas com a Inglaterra, situações
importantes marcavam a política internacional brasileira
O trabalho escravo e o café foram os dois grandes pi-
no Sul, com a participação de Uruguai, Argentina e Pa-
lares que sustentaram o império do Brasil. A região do
raguai. As questões remontavam ao Primeiro Reinado
Vale do Paraíba, cuja cafeicultura foi garantida pela es-
e à disputa entre Brasil e Argentina pelo território da
cravidão, a partir dos anos 1850, configurou-se finan-
Cisplatina, que resultou na criação do Uruguai e na
ceiramente como uma das mais importantes do país.
Guerra da Cisplatina.
CARVALHO, José Murilo de et al. A construção nacional (1830-1889).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 99.
A disputa por influência no governo uruguaio co-
locou novamente os dois países em lados opostos.
Sobre esse momento da história brasileira, a histo- O Brasil apoiava o Partido Colorado e, a Argentina, o
riadora Emília Viotti da Costa observa: Blanco. Mais adiante, o Paraguai passou a ter interes-
ses expansionistas que envolviam o território uruguaio,
Através do sistema de clientela e patronagem, as complicando o quadro político na região. Na década de
elites brasileiras consolidaram sua hegemonia sobre 1850, as questões da região do Prata puseram Brasil e
os demais grupos sociais – o que contribuiu em par- Argentina em rota de colisão. Entre 1851 e 1852, foram
te para a estabilidade relativa do sistema político. realizadas campanhas militares do Brasil contra Manuel
Ainda mais importante para a manutenção dessa Oribe, caudilho uruguaio apoiado pela Argentina, que
estabilidade foi a contínua expansão da economia por sua vez, era governada por outro caudilho: Juan
de exportação, favorecida pelo crescimento do mer- Manuel Rosas. A atuação brasileira foi vitoriosa e garan-
cado internacional no decorrer do século XIX, e a tiu a hegemonia na região, com o auxílio de lideranças
crescente demanda de produtos tropicais. argentinas das províncias de Corrientes e Entre Ríos.
O desenvolvimento econômico, no entanto, teve O Paraguai, que se distanciara dos fatos do início da
efeitos contraditórios. Ao mesmo tempo que confe- década de 1850, iniciou sua política expansionista na
riu relativa estabilidade ao regime, assegurando a área. À época da independência paraguaia, em 1811, par-
sobrevivência da economia agrária e exportadora, te das elites criollas de Assunção não aceitou submeter-
estimulou a urbanização e o desenvolvimento do -se aos comerciantes de Buenos Aires (portenhos), que
mercado interno, gerando cisões entre setores da controlavam as atividades mercantes no Rio da Prata.
elite. Os debates na Câmara e no Senado a propósito O ditador paraguaio Gaspar Francia decidiu, então,
da Lei de Terras e da política de mão de obra reve- isolar o país e passou a incentivar a produção para o
lam, já nos meados do século, os primeiros sintomas mercado interno após expropriar terras da elite agrária
dessa cisão que se agravaria a partir de 1870. aliada aos portenhos e transformá-las em “estâncias da
A expansão do mercado internacional e a revolução pátria”. Com a morte de Francia, assumiu o poder Carlos
no sistema de transportes abriram novas possibili- Antônio López, que promoveu o crescimento econô-
dades para a agricultura brasileira no século XIX. mico, principalmente com a produção de erva-mate e
O desenvolvimento da cultura cafeeira em Minas, o estímulo à exportação, que o levou a interessar-se
Rio e São Paulo tornou urgente a solução de dois pelo controle da navegação fluvial nos rios Paraguai e
problemas interdependentes: o da mão de obra e o Paraná e pelo livre trânsito no Porto de Buenos Aires.
da propriedade da terra. Os fazendeiros das áreas Em 1862, com sua morte, o governo passou ao filho,
novas, preocupados com a iminência da abolição do Solano López, cuja principal meta político-econômica
tráfico de escravos e esperando encontrar na imigra- era a construção do Grande Paraguai, que abrangeria
ção a solução para o problema da força de trabalho, parte da Argentina (Corrientes e Entre Ríos) e do Brasil
propuseram uma legislação com o objetivo de im- (Mato Grosso), com forte influência sobre o Uruguai, o
pedir o acesso fácil à terra e de forçar os imigrantes que lhe daria saída para o mar, já que o Paraguai estava
ao trabalho nas fazendas. Os setores mais tradicio- cercado no centro-sul por Brasil, Argentina e Uruguai.
nais, apoiados por alguns intelectuais europeizados O Brasil via a movimentação de Solano López como
que se identificavam com o pensamento ilustrado, uma ameaça à livre navegação pela Bacia do Prata,
defendiam uma política colonizadora baseada na fundamental ligação do Mato Grosso com o litoral e
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Questão Christie
A Questão Christie foi outra disputa interna-
cional que marcou o Segundo Reinado. O nome
remete ao embaixador inglês no Brasil, William D.
Nova Palmira, no Rio Grande do Sul, onde soldados brasileiros se Christie, pivô do rompimento das relações diplomá-
reuniram para combater na Guerra do Paraguai, em 1865.
ticas do Brasil com a Inglaterra entre 1863 e 1865. O
primeiro incidente causador da ruptura das relações
DUNCAN1890/ISTOCKPHOTO.COM
foi o naufrágio, em 1861, do navio inglês Príncipe de
Gales próximo ao litoral do Rio Grande do Sul. A car-
ga da embarcação foi recuperada, mas desapareceu
no porto. O embaixador inglês exigiu o pagamento
de uma indenização pelo roubo das mercadorias. A
situação agravou-se quando, em 1862, marinheiros
ingleses embriagados foram presos por promover
arruaças na capital do império, no Rio de Janeiro.
De acordo com o embaixador, a Inglaterra tinha
direito de extraterritorialidade no Brasil e, por isso,
os súditos da Coroa inglesa poderiam receber voz
de prisão somente de autoridades inglesas. Christie
exigiu um pedido oficial de desculpas do governo
brasileiro, ameaçando bloquear a Baía de Guanabara
pela marinha real inglesa caso não fosse pronta-
mente atendido.
Essa questão foi arbitrada internacionalmente
Representação de navios brasileiros afundados por ataques paraguaios. pelo rei da Bélgica, Leopoldo II, que deu ganho de
causa ao Brasil. A indenização que o imperador já
A participação efetiva dos escravizados que eram havia pago não foi devolvida e a Inglaterra não se
alforriados para lutar pela pátria contribuiu efetivamen- desculpou pelas ações na costa brasileira contra o
te para a defesa, no meio militar, do fim do regime império. O governo brasileiro, então, rompeu rela-
escravista. Após a vitória brasileira, impulsionada na ções diplomáticas com a Inglaterra, as quais foram
chamada Dezembrada, com triunfos em Itororó, Avaí, reatadas somente em 1865.
Lomas Valentinas e Angostura, Caxias retirou-se do
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
SEGUNDO REINADO: POLÍTICA
O Segundo Reinado foi instalado com o Golpe da Maioridade, em que D. Pedro II assumiu o trono aos
14 anos e reinou por 49 anos. O período foi marcado pelo fortalecimento da economia, em grande parte
Contexto
decorrente do estabelecimento da produção cafeeira e da relativa estabilidade política.
Política externa
Era em grande parte dependente da produção do café, que apoiava-se no trabalho escravo. Houve tentativas
de industrialização, principalmente por iniciativa do barão de Mauá, mas a indústria não se consolidou no
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
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4. Uece-CE – Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico “A pintura histórica alcançou no século XIX importante lu-
HISTÓRIA 2
de escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras. Esta gar no projeto político do Segundo Reinado. Esse gênero
lei, em linhas gerais, determinou que: artístico mantinha intenso diálogo com a produção do Ins-
I. Todo proprietário registrasse suas terras, ficando tituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Por meio da pin-
proibida a doação de propriedades ou qualquer outra tura histórica, forjou-se um passado épico e monumental,
forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por em que toda a população pudesse se sentir representada
meio da compra. nos eventos gloriosos da história nacional. O trabalho de
II. Se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, Araújo Porto-Alegre como crítico de arte e diretor da Aca-
impedindo que os posseiros mais pobres obtives- demia Imperial de Belas Artes possibilitou a visibilidade da
sem a propriedade do solo onde plantavam. pintura histórica com seus pintores oficiais, Pedro Américo
III. Ficasse assegurado o direito dos imigrantes – cujo e Victor Meirelles.”
trabalho, em muitos casos, substituiria o trabalho CASTRO, Isis Pimentel de. Adaptado de periodicos.ufsc.br.
dos escravos – de se tornarem proprietários das
terras onde laboravam. Considerando as imagens das telas e as informações do
IV. Fossem possíveis a aquisição e a posse de terras texto, as pinturas históricas para o governo do Segundo
públicas, a baixo custo, pelos grandes proprietários, Reinado tinham a função essencial de:
seus herdeiros e descendentes. a) consolidar o poder militar.
Estão corretas as complementações contidas em: b) difundir o pensamento liberal.
a) I, II, III e IV. c) garantir a pluralidade política.
b) I e II, apenas. d) fortalecer a identidade nacional.
c) II, III e IV, apenas. De acordo com o texto, a pintura histórica do século XIX tinha como
objetivo forjar um passado que fosse capaz de fomentar um sentimento
d) I, III e IV, apenas. de nacionalidade em toda a população brasileira.
A afirmativa III está errada porque a Lei de Terras assegurava o controle Competência: Compreender os elementos culturais que constituem
das terras pela elite brasileira, que não pretendia que imigrantes e seus as identidades.
descendentes tivessem condições de adquirir terras. Já a afirmativa
IV está errada porque essa lei também acabou com o sistema de dis- Habilidade: Analisar a produção da memória pelas sociedades hu-
tribuição de terras públicas. manas.
5. Uerj-RJ C1-H2
A FALA DO TRONO 6. Unesp-SP – As poucas fábricas que subsistiram duran-
te as décadas de 1840 a 1870 se mantiveram graças a
MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2
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12. Fatec-SP – Na segunda metade do século XIX, a b) uma lei que autorizava a marinha inglesa a apresar
HISTÓRIA 2
cafeicultura dinamizou profundamente a economia navios negreiros em qualquer parte do oceano.
brasileira ao: c) um tratado pelo qual o governo brasileiro privilegiava
a) transferir o eixo econômico do país do litoral nordes- a importação de mercadorias britânicas.
tino para a região centro-sul. d) uma imposição legal de libertação dos recém-nasci-
b) liberar capitais que seriam aplicados na instalação dos, filhos de mãe escrava.
de indústrias de base e de energia. e) uma proibição de importação de produtos brasileiros
c) abandonar o modelo agroexportador em benefício para que não concorressem com os das colônias
de um modelo urbano-industrial. antilhanas.
d) incentivar a criação de pequenas propriedades pro-
16. Fuvest-SP
dutoras que utilizavam o trabalho livre.
“Naquela época não tinha maquinaria, meu pai trabalha-
e) estimular a diversificação das atividades econômicas
va na enxada. Meu pai era de Módena, minha mãe era de
internas e a modernização da economia.
Capri e ficaram muito tempo na roça. Depois a família veio
morar nessa travessa da Avenida Paulista; agora está tudo
13. UFT-TO – O ano de 1850 significou, de fato, um mar-
mudado, já não entendo nada dessas ruas”.
co decisivo na história do Segundo Reinado. No poder
desde 1848, estava um ministério nitidamente con- Esse trecho de um depoimento de um descendente de imi-
servador, Araújo Lima (marquês de Olinda), Euzébio grante, transcrito na obra Memória e sociedade, de Ecléa
de Queiroz, Paulino José Soares de Souza e Joaquim Bosi, constitui um documento importante para a análise:
José Rodrigues Torres. Esse ministério legislaria sobre
a) do processo de crescimento urbano paulista no início
questões fundamentais: o problema da estrutura agrá- do século atual, que desencadeou crises constantes
ria, a questão da escravidão e o incentivo à imigração. entre fazendeiros de café e industriais.
São medidas vinculadas a esse ministério: b) da imigração europeia para o Brasil, organizada pelos
a) a Lei de Terras, a abolição do tráfico de escravos e a fazendeiros de café nas primeiras décadas do século
reforma da Guarda Nacional. XX, baseada em contratos de trabalho conhecidos
como “sistema de parceria”.
b) a abolição do tráfico de escravos, a criação de corpos
de voluntários para combater na Guerra do Paraguai c) da imigração italiana, caracterizada pela contratação
e a reforma da Guarda Nacional. de mão de obra estrangeira para a lavoura cafeeira e
do posterior processo de migração e de crescimento
c) a Lei do Sexagenário, a criação de corpos de voluntá- urbano de São Paulo.
rios para combater na Guerra do Paraguai e a abolição
d) do percurso migratório italiano promovido pelos gover-
do tráfico de escravos.
nos italiano e paulista, que organizavam a transferên-
d) a Lei de Terras, a Lei do Ventre Livre e a reforma da cia de trabalhadores rurais para o setor manufatureiro.
Guarda Nacional. e) da crise na produção cafeeira da primeira década
e) a Lei do Sexagenário, a Lei de Terras e a Lei do do século XX, que forçou os fazendeiros paulistas a
Ventre Livre. desempregar milhares de imigrantes italianos, ace-
lerando o processo de industrialização.
14. Fatec-SP – Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada
no Brasil a Lei Eusébio de Queirós (ministro da Justiça), 17. Unesp-SP
que abolia o tráfico negreiro em nosso país. Em decor- “Art. 3º- – O governo paraguaio se reconhece obrigado à
rência dessa lei, o governo imperial brasileiro aprovou celebração do Tratado da Tríplice Aliança de 1º- de maio de
outra, “a Lei de Terras”. 1865, entendendo-se estabelecido desde já que a navegação
Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta: do Alto Paraná e do Rio Paraguai nas águas territoriais
da república deste nome fica franqueada aos navios de
a) a Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades guerra e mercantes das nações aliadas, livres de todo e
pelos imigrantes que passaram a chegar ao Brasil.
qualquer ônus, e sem que se possa impedir ou estorvar-se
b) a Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos de nenhum modo a liberdade dessa navegação comum.”
imigrantes, mas facilitou aos negros libertos o aces-
so a elas. Acordo Preliminar de Paz Celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai
com o Paraguai (20 de junho de 1870). In: Paulo Bonavides e Roberto
c) o governo imperial, temendo o controle das terras Amaral (Org.). Textos políticos da história do Brasil, 2002. (Adaptado)
pelos coronéis, inspirou-se no Act Homesteade ame-
ricano para realizar uma distribuição de terras aos O tratado de paz imposto pelos países vencedores da
camponeses mais pobres. guerra contra o Paraguai deixa transparente um dos
d) a Lei de Terras visava aumentar o valor das terras e motivos da participação do Estado brasileiro no conflito:
obrigar os imigrantes a vender sua força de trabalho a) o domínio de jazidas de ouro e prata descobertas
para os cafeicultores. nas províncias centrais.
e) o objetivo do governo imperial, com esta lei, era b) o esforço em manter os acordos comerciais celebra-
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18. Enem C5-H22 “Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa
“Decreto-lei 3.509, de 12 de setembro de 1865 dos Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também
Art. 1º- – O cidadão guarda-nacional que por si apresentar os tons da natureza do ‘Novo Mundo’, cravejado de estre-
outra pessoa para o serviço do Exército por tempo de nove las representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o
anos, com a idoneidade regulada pelas leis militares, ficará cabeção de penas de papo de tucano em volta do pescoço,
isento não só do recrutamento, senão também do serviço D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. O monarca ja-
da Guarda Nacional. O substituído é responsável por o mais foi tão tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco,
que o substituiu, no caso de deserção.” coroado como um César em meio a coqueiros e paineiras,
Arquivo Histórico do Exército. Ordem do dia do Exército, n. 455,
D. Pedro transformava-se em sinônimo da nacionalidade.”
1865. (Adaptado) SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca
nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (Adaptado)
No artigo, tem-se um dos mecanismos de formação
dos “Voluntários da Pátria”, encaminhados para lutar na No Segundo Reinado, a monarquia brasileira recorreu
Guerra do Paraguai. Tal prática passou a ocorrer com ao simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A
muita frequência no Brasil nesse período e indica o(a): análise da imagem e do texto revela que o objetivo de
tal estratégia era:
a) forma como o Exército brasileiro se tornou o mais
bem equipado da América do Sul. a) exaltar o modelo absolutista e despótico.
b) incentivo dos grandes proprietários à participação b) valorizar a mestiçagem africana e nativa.
dos seus filhos no conflito. c) reduzir a participação democrática e popular.
c) solução adotada pelo país para aumentar o contin- d) mobilizar o sentimento patriótico e antilusitano.
gente de escravos nos conflitos. e) obscurecer a origem portuguesa e colonizadora.
d) envio de escravos para os conflitos armados, visando
sua qualificação para o trabalho. 20. Enem C5-H24
e) fato de que muitos escravos passaram a substituir “Em 1881, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma
seus proprietários em troca de liberdade. na lei eleitoral brasileira, a fim de introduzir o voto direto.
A grande novidade, porém, ficou por conta da exigência
19. Enem C1-H1 de que os eleitores soubessem ler e escrever. As conse-
quências logo se refletiram nas estatísticas. Em 1872, havia
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO
SEGUNDO REINADO:
HISTÓRIA 2
CULTURA E CRISE
PROBLEMAS NA CORTE
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO
• Problemas na Corte
• Aspectos culturais
• Literatura
• Música
• O indígena e o
afrodescendente na
cultura brasileira
• Crise na monarquia
• Questão política
• Questão militar
• Questão religiosa
• Questão abolicionista
HABILIDADES
• Identificar registros de
Charge publicada no jornal ilustrado e humorístico O Mequetrefe, do Rio de Janeiro, em 9 de janeiro de 1878.
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
Essa charge retrata de modo irônico a situação do governo de D. Pedro II no Se-
gundo Reinado. Cada um dos cavalos representa um dos partidos: o Conservador, • Analisar as lutas sociais
e conquistas obtidas no
à esquerda; e o Liberal, à direita, que revezavam-se no poder. O eixo central desse
que se refere às mudanças
carrossel é o próprio imperador, já envelhecido, e quem o faz girar é uma velha
nas legislações ou nas
diplomacia, já sem forças para manter o movimento. políticas públicas.
Havia, é verdade, uma onda de novidades culturais no Brasil, desde Chiquinha
• Reconhecer a dinâmica
Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no país, até as primeiras obras
da organização dos
de Machado de Assis, um autor afrodescendente em meio a uma sociedade racista movimentos sociais e a
e escravista. Mas a monarquia estava em crise, e esta não teria mais volta. importância da participação
da coletividade na
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passado brasileiro, que apresentava o colonizador por- maior expressão. Às expensas do imperador D. Pedro II,
tuguês como o civilizador, romantizava a representação estudou música na Itália, onde compôs sua mais famo-
do indígena, apresentado como o bom selvagem, e pra- sa ópera, O guarani, inspirada no romance homônimo
ticamente ignorava o afrodescendente e a escravidão, de José de Alencar.
elementos considerados indesejáveis para a imagem Enquanto as elites cultuavam Carlos Gomes, o
que o império desejava difundir. povo expressava-se por meio de outros ritmos, que
as camadas aristocráticas acabaram absorvendo, pelo
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
menos em parte.
Dois compositores, nascidos em famílias de classe
média, tiveram reconhecimento: Ernesto Nazareth e
Chiquinha Gonzaga. Esta última teve de enfrentar to-
dos os preconceitos contra a mulher que desejava ser
artista na sociedade patriarcal brasileira.
AGÊNCIA ESTADO
conveniados ao Sistema de Ensino “poeta dos escravos”, com O Retrato de Castro Alves,
navio negreiro.
poeta da terceira geração
romântica brasileira.
.
GONZAGA, Chiquinha. Ó abre alas (1899). Disponível em:
<www.chiquinhagonzaga.com/acervo/?musica=o-abre-alas>.
Acesso em: 15 set. 2018.
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HISTÓRIA 2
A análise acerca da queda da monarquia bra-
O nativismo e o nacionalismo foram incorporados
sileira concentra-se em torno de quatro grandes
como expressões constitutivas da nacionalidade bra-
questões:
sileira e valorizaram ora as elites, que lutaram contra
o domínio português, ora os indígenas, que eram miti- • Questão política: descompasso da represen-
ficados como seres com os mais altos valores morais tação e organização política com a economia
e éticos. Em nenhum momento o afrodescendente foi nacional.
apontado como componente da cultura e da naciona- • Questão militar: interesse militar em aumentar
lidade brasileiras. sua participação política no país.
Até a literatura abolicionista, que denunciava os • Questão religiosa: indignação do império contra
maus-tratos contra os afrodescendentes, não valorizou os bispos que discriminavam os maçons.
os escravizados como elementos nacionais e limitou-
• Questão abolicionista: oposição da elite escra-
-se a criticar a desumanidade cometida por uma nação
vocrata à Lei Áurea.
que se dizia cristã. Quando aparece, a referência ao
afrodescendente o deprecia, como se pode ler na His-
tória geral do Brasil, escrita e publicada em 1854 por
Francisco Adolfo de Varnhagen, que despreza a con-
QUESTÃO POLÍTICA
A partir do Segundo Reinado, a expansão do café
tribuição cultural dessa parcela da sociedade porque
como principal produto de exportação do Brasil trouxe
seus integrantes “pervertiam os costumes por seus
grande desenvolvimento econômico para as províncias
hábitos menos decorosos”.
do Rio de Janeiro e de São Paulo.
A elite intelectual também não reconhecia as mani-
Em um primeiro momento, o Rio de Janeiro, na
festações populares, de origem africana ou não, porque
condição de maior produtor, gerou uma elite escravo-
a ideia de cultura considerava e valorizava apenas as
crata e conservadora que ocupou os principais cargos
ideias de origem europeia, restritas ao pequeno gru-
políticos junto ao imperador D. Pedro II.
po que tinha acesso à educação formal e podia viajar
O avanço do café para o Oeste Paulista, a partir de
à Europa em busca de inspiração para pensar sobre
1850, criou condições para o surgimento de uma nova
a identidade cultural brasileira. Apesar disso, o maior
elite cafeicultora, ligada muito mais ao trabalho livre
expoente da cultura brasileira do século XIX, Joaquim
e assalariado dos imigrantes que ao do escravo. Em
Maria Machado de Assis, era mulato.
termos políticos, os barões do café do Oeste Paulista
pretendiam influir mais nas decisões, porém o sistema
CRISE NA MONARQUIA pouco maleável do governo imperial não conseguia
assimilar os novos interesses. Assim, a nova elite ca-
Após a Guerra do Paraguai, a monarquia como sis-
feicultora buscava uma alternativa política à estrutura
tema de governo entrou em declínio. Além das conse-
imperial por meio do modelo republicano.
quências do conflito, outros fatores contribuíam para
Em 1872, com o desdobramento da questão polí-
isso, como as transformações econômicas e sociais
tica, foi criado o Partido Republicano e, em 1873, na
no país a partir de meados do século XIX, que deram
Convenção de Itu (cidade do interior paulista), fundou-
proeminência política a grupos sociais, como cafeicul-
-se o Partido Republicano Paulista (PRP), que rapida-
tores do Oeste Paulista, comerciantes e banqueiros.
mente converteu-se em um instrumento de combate
Diante de tantas mudanças, a monarquia, na figura
à monarquia, vindo a ser de extrema relevância no
de D. Pedro II, apresentava-se inoperante, inspirando
processo que culminou na derrubada do império e na
até críticas e charges irônicas.
implantação da república no Brasil, em novembro de
1889. O principal partido político do país até o fim da
INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS/USP,
SÃO PAULO
QUESTÃO MILITAR
A atuação militar vitoriosa na Guerra do Paraguai
aumentou o prestígio da cúpula das forças armadas,
sobretudo do Exército brasileiro. Muitos pronunciamen-
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Constant, que defendia a república, seguindo o pen- possibilitou aprovar a Lei do Ventre Livre, seguindo o
samento do francês Auguste Comte, considerado o princípio do Direito Romano: partus ventre sequitor.
pai do positivismo. Mais uma vez pressionado, em 1885 o governo san-
cionou a Lei do Sexagenário, também conhecida por Lei
QUESTÃO RELIGIOSA Saraiva-Cotegipe, decretando a alforria dos escravizados
O entendimento do conflito entre o papado romano que atingissem a idade de 60 anos. Ambas as leis podem
e o governo imperial deve ser feito à luz da Constituição ser analisadas como medidas para retardar a abolição,
brasileira de 1824. A Magna Carta estabeleceu o regi- visto que o governo imperial tinha o apoio de setores
me do padroado, pelo qual o chefe da Igreja Católica ligados ao regime escravista, principalmente das elites
no Brasil era o imperador. Para serem válidas no país, nordestina e carioca – segmentos sociais que não acom-
as decisões do papa precisavam da ordem de “cumpra- panharam as mudanças no sistema de trabalho realizadas
-se” do imperador. Assim, o clero católico submetido na cafeicultura paulista e não viam com bons olhos o fim
ao Estado imperial fazia parte de seu corpo burocrático. do regime escravista, pois consideravam a propriedade
A crise das relações entre o papado romano e o sobre os escravizados um símbolo de poder e de status
governo de D. Pedro II esteve vinculada à postura social e não aceitavam a perda dessa condição.
conservadora do papa Pio IX, que, por meio da Bula Tanto a Lei do Ventre Livre como a do Sexagenário
Syllabus, de 1864, determinou a expulsão das irmanda- não ofereceram grandes melhorias às condições dos
des religiosas de qualquer pessoa que fizesse parte da africanos e seus descendentes na sociedade brasileira.
maçonaria. O fato relacionava-se à campanha de unifi- Os filhos de escravizados nasciam livres, mas sem
cação política da Itália, desenvolvida por membros da possibilidades de sair das casas e fazendas onde seus
maçonaria italiana que colocaram em xeque o controle pais continuavam escravos. Dessa forma, acabavam
territorial da Igreja Católica na região. ajudando os pais no trabalho e prestando serviços aos
A elite brasileira era, em boa parte, maçônica. O senhores de escravos. Com a extenuante rotina de
que aconteceu no Brasil foi a interdição da ordem do trabalho, aliada às péssimas condições de vida e saúde
papa, ou seja, da Bula Syllabus. Bispos de Olinda e a que eram submetidos, os escravizados dificilmente
de Belém que seguiram as determinações papais fo- chegavam aos 60 anos e, quando isso acontecia, a
ram presos e condenados a trabalhos forçados, o que situação não lhes possibilitava trabalhar e sustentar-se.
abalou as relações entre Igreja e Estado e provocou o
descontentamento da população católica. A monarquia Lei do Ventre Livre, 28 de setembro de 1871
perdia, assim, mais uma de suas bases. A princesa imperial regente, em nome de Sua Majes-
tade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a
QUESTÃO ABOLICIONISTA todos os súditos do império que a Assembleia Geral
decretou e ela sancionou a lei seguinte:
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HISTÓRIA 2
das de café e que seguia pela porção paulista do Vale
vista, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea abolindo o
do Paraíba e terminava no famoso complexo Jaba-
regime escravista no Brasil em 13 de maio de 1888.
quara, instalado em área vizinha à cidade portuária
Após essa decisão imperial, os oligarcas escravistas
de Santos. [...] A partir de 1884, o grupo [de aboli-
aderiram à ideia da instalação da república, ficando co-
cionistas] encaminhou o maior número possível de
nhecidos como “republicanos do 14 de maio”, ou seja,
escravos para o Ceará, província marginal ao centro
deixaram de ser monarquistas somente porque foram
de interesses do império, com pequeno contingente
atingidos pela decisão imperial do fim da escravidão.
de cativos, por onde a campanha abolicionista avan-
Com número reduzido de defensores, a monarquia
çou rapidamente e onde a abolição ocorreu quatro
ruiu em 15 de novembro de 1889, iniciando-se a repú-
anos antes do que no resto do país, à semelhança da
blica no Brasil.
província do Amazonas. [...]
Apesar de o término da escravidão já ser esperado
por muitos, a Lei Áurea determinou a passagem para a Nesse momento tornavam-se mais fortes, também,
oposição ao governo imperial dos cafeicultores do Vale outros tipos de solidariedade escrava, cimentados
do Paraíba, base política que respondia por boa parte por laços de parentesco, casamento, apadrinhamento,
da sustentação do império. A adesão desses cafeicul- ou expressos nas irmandades negras, que igualmen-
tores ao movimento republicano representou um golpe te proliferaram no contexto. E, como as autoridades
decisivo para a continuidade do império. perdiam a olhos vistos instrumentos para conter a
Lei Áurea, 13 de março de 1888 onda de insubmissão, a saída era recorrer a toda sorte
de negociação. Contratos entre senhores e libertos;
A princesa imperial regente, em nome de Sua Ma-
promessas de salário e autonomia; apostas no futuro.
jestade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a
Tudo se convertia em filosofia e prática de gradualis-
todos os súditos do império que a Assembleia Geral
mo, na esperança de retardar o inevitável. [...]
decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1º- – É declarada extinta desde a data desta lei a A libertação tardara demais e representou o rom-
escravidão no Brasil. pimento do último laço forte da monarquia: os ca-
feicultores perderam a esperança de ver seus bens
Art. 2º- – Revogam-se as disposições em contrário.
“ressarcidos” e divorciaram-se, de maneira litigio-
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o co- sa, de seu antigo aliado. Comemorada no estrangei-
nhecimento e execução da referida lei pertencer, que a ro como uma vitória do governo imperial, a lei de
cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente 13 de maio foi recebida no Brasil, após a explosão
como nela se contém. inicial de júbilo, com muita expectativa, e se consti-
Lei Áurea. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ tuiu no ato mais popular do império. [...] A própria
lim/LIM3353.htm>. Acesso em: 8 set. 2018.
maneira como a abolição foi apresentada – como
um presente e não como uma conquista – levou a
LEITURA COMPLEMENTAR
uma percepção equivocada de todo esse processo
Finalmente... a abolição marcado pelo envolvimento decisivo dos próprios
Nas últimas décadas do século XIX, e com apoio de escravos na luta.
abolicionistas, multiplicaram-se refúgios de escravos SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa Maria. Brasil: uma biografia. São
Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 307-311.
em torno da área urbana do Rio de Janeiro [...]
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Criação da Academia Imperial de Belas Artes, com nomes como Pedro Américo e Victor
Artes plásticas:
Meirelles.
Carlos Gomes (O guarani); Chiquinha Gonzaga, primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Música:
Cultura
Já mais ao fim da monarquia, surgiu o realismo, cujo maior expoente foi Machado de Assis.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. FGV-SP C3-H11 II. Durante o período regencial, os governantes dei-
O excerto a seguir faz parte do parecer de uma comis- xaram de ser hereditários e passaram a ser sele-
são da Câmara dos Deputados sobre a lei de 1871, que cionados por eleições, o que leva a historiografia a
considerar essa fase como sendo a primeira expe-
discutia a escravidão no Brasil.
riência republicana no país, pois os regentes eram
“Sem educação nem instrução, embebe-se nos vícios escolhidos pelo voto universal direto.
mais próprios do homem não civilizado. Convivendo III. O Segundo Reinado foi um período de grande es-
com gente de raça superior, inocula nela os seus maus tabilidade política da história imperial, pois o im-
hábitos. Sem jus ao produto do trabalho, busca no roubo perador D. Pedro II ficou quase 50 anos no poder,
os meios de satisfação dos apetites. Sem laços de famí- governando com o apoio de um só partido, o Partido
lia, procede como inimigo ou estranho à sociedade, que Conservador.
o repele. Vaga Vênus arroja aos maiores excessos aquele IV. Dentre os fatores que contribuíram para a crise do
ardente sangue líbico; e o concubinato em larga escala é regime imperial, podemos elencar o conflito do im-
tolerado, quando não animado, facultando-se assim aos perador com o Exército, a crise entre a monarquia
jovens de ambos os sexos, para espetáculo doméstico, o e a Igreja e, por fim, a abolição da escravidão, que
mais torpe dos exemplos. Finalmente, com as degradan- levou a elite cafeicultora fluminense a romper poli-
tes cenas da servidão, não pode a mais ilustrada das so- ticamente com a monarquia.
ciedades deixar de corromper-se.” Estão corretas apenas as afirmativas:
Apud CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis historiador, 2003. a) I e III.
No trecho, há um argumento: b) I e IV.
a) político, que reconhece a importância da emanci- c) II e III.
pação dos escravos, ainda que de forma paulatina, d) I, II e IV.
para a construção de novos elementos de cidada- e) II, III e IV.
nia social, condição mínima para o país abandonar
A afirmativa II está errada porque não existiu voto universal direto duran-
a violência cotidiana e sistemática contra a maioria te o período regencial. Já a afirmativa III não corresponde à realidade,
da população. pois no Segundo Reinado houve muita instabilidade política e trocas
b) social, que assinala a inconsistência da defesa do de poder entre os partidos Liberal e Conservador.
fim da escravidão no país, em razão da incapacidade
dos homens escravizados de participar das estrutu-
ras hierárquicas e culturais, estabelecidas ao longo 3. A respeito da crise do império no Segundo Reinado,
dos séculos, durante os quais prevaleceu o trabalho explique de que maneira ela está associada à questão:
compulsório. a) religiosa;
c) econômico, que distingue os cidadãos ativos dos
A monarquia perdeu prestígio junto ao clero.
passivos, estes considerados um estorvo para as
atividades produtivas, fossem na agricultora ou na
procura de metais preciosos, por causa da desmoti-
vação para o trabalho, elemento central para explicar
a estagnação econômica do país. b) militar;
d) cultural, que se consubstancia na impossibilidade da O Exército tornou-se opositor do império e passou a apoiar a causa repu-
convivência entre homens livres e homens libertos
e tenderia a produzir efeitos sociais devastadores, blicana, influenciado sobretudo pelo ideal positivista francês.
como tensões raciais violentas e permanentes, a
exemplo do que já ocorria no Sul dos Estados Unidos.
e) moral, que aponta para os malefícios que a experiên-
cia da escravidão provoca nos próprios escravos e
que esses malefícios terminam por contaminar toda c) da abolição.
a sociedade, mostrando, em síntese, que os brancos A abolição da escravidão gerou o descontentamento das elites rurais e
eram muito prejudicados pela ordem escravocrata.
O excerto aponta a escravidão como um elemento que corrompe a
escravocratas.
sociedade moralmente, favorecendo os vícios, a prostituição e o des-
respeito à ordem familiar, por exemplo.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-
tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes 4. Ufscar-SP
grupos, conflitos e movimentos sociais.
“A questão religiosa iniciada em 1872, considerada um dos
Habilidade: Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo
fatores da Proclamação da República, opôs os bispos de
e no espaço.
Olinda e do Pará à monarquia de Pedro II. Confrontando
a determinação do Estado brasileiro, o bispo D. Vital man-
teve-se intransigente, afirmando que o governo imperial,
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Esta posição do bispo de Olinda, D. Vital Maria de Oli- 6. IFPE-PE – A escola de samba Paraíso do Tuiutí desfi-
HISTÓRIA 2
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UFPR-PR – Leia o texto abaixo: 4. A quilombolagem se constituiu na unidade básica
“[...] O quilombo aparecia onde quer que a escravidão sur- de resistência, fruto das contradições estruturais do
gisse. Não era simples manifestação tópica. Muitas vezes, sistema escravista, e sua dinâmica refletia a negação
surpreende pela capacidade de organização, pela resistên- desse sistema.
cia que oferece; destruído parcialmente dezenas de vezes e Assinale a alternativa correta:
novamente aparecendo, em outros locais, plantando a sua
a) somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
roça, constituindo suas casas, reorganizando a sua vida so-
cial e estabelecendo novos sistemas de defesa. O quilombo b) somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
não foi, portanto, apenas um fenômeno esporádico. Cons- c) somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
tituía-se em fato normal dentro da sociedade escravista. Era d) somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
reação organizada de combate a uma forma de trabalho e) somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
contra a qual se voltava o próprio sujeito que a sustentava.”
MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala. Editora Conquista, Rio de 8. PUC-RJ – A abolição do tráfico de escravos a partir de
Janeiro, 1972. p. 87. 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, provocou signi-
A respeito da história dos quilombos no Brasil, consi- ficativas mudanças na vida brasileira. Dentre elas, é
dere as seguintes afirmativas: correto afirmar que:
1. Foi uma forma de organização dos escravos libertos, a) houve um deslocamento imediato de mão de obra es-
que não encontraram lugar na sociedade brasileira crava das áreas decadentes para a região cafeicultora
pós-abolição. do Vale do Paraíba, o que provocou um agravamento
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c) os capitais liberados do tráfico de escravos foram “Essa ideia de que as pessoas saíram correndo e comemo-
HISTÓRIA 2
aplicados em atividades de modernização econômica rando, isso é lenda. Depois do 13 de maio, meu bisavô e a
do país e que a inevitável extinção futura da escra- maioria dos escravos continuaram vivendo onde trabalha-
vidão suscitou debates sobre a questão da substi- vam. Registros históricos mostram que alguns receberam
tuição da mão de obra e os primeiros ensaios de um pedaço de terra para plantar. Mas poucos passaram a
imigração estrangeira para o Brasil.
ganhar ordenado, e houve quem recebesse uma porcen-
d) a abolição do tráfico de escravos para o Brasil levou tagem do café que plantava e colhia − conta o historiador
a Inglaterra a decretar o Bill Aberdeen, lei que con- Robson Luís Machado Martins, que pesquisa a história de
seguiu estancar em definitivo o comércio de cativos
sua família, e a do Brasil, desde a década de 1990.”
no Oceano Atlântico, incrementando a produção in-
dustrial na região. O Globo, 12/5/2013. (Adaptado)
e) a proibição do tráfico de escravos incentivou a subs- A fotografia e a reportagem registram aspectos particula-
tituição do regime de produção em larga escala para
res sobre os significados da abolição, os quais podem ser
exportação na lavoura brasileira pelo cultivo em peque-
associados aos seguintes fatores do contexto da época:
nas propriedades com mão de obra livre, o que levou
ao surgimento de um mercado interno expressivo. a) crise monárquica − exclusão social.
b) estagnação política − ruptura econômica.
9. Unicamp-SP
c) expansão republicana − reforma fundiária.
“Como os abolicionistas americanos previram, os proble-
d) transição democrática − discriminação profissional.
mas da escravidão não cessariam com a abolição. O racismo
continuaria a acorrentar a população negra às esferas mais 11. PUC-PR – No auge do Segundo Reinado, o Brasil viu o
baixas da sociedade dos Estados Unidos. Mas se tivessem desenvolvimento econômico do café provocando mudan-
tido a oportunidade de fazer uma viagem pelo Brasil de seus ças socioeconômicas relevantes, que marcaram inclusive
sonhos – o país imaginado por tanto tempo como o lugar o início do período republicano. Sobre essa influência do
sem racismo – eles teriam concluído que entre o inferno e o café no Segundo Reinado, assinale a alternativa correta:
paraíso não há uma tão grande distância afinal.” a) Ao contrário da aristocracia açucareira, participante
AZEVEDO, Célia M. M. Abolicionismo: Estados Unidos e Brasil, apenas da produção, a aristocracia cafeeira agia em
uma história comparada (século XIX). São Paulo: Annablume, 2003. todas as áreas financeiras ligadas direta ou indire-
p. 205. (Adaptado) tamente ao seu produto, como a compra de equi-
Sobre o tema, é correto afirmar que: pamentos e do excedente de produção de outros
cafeicultores. Desse modo, distanciava-se somente
a) a experiência da escravidão aproxima a história dos de financiamentos e empréstimos a outros produto-
EUA e do Brasil, mas a questão do racismo tornou-se res, atividades restritas aos banqueiros.
uma pauta política apenas nos EUA da atualidade.
b) Havia uma divisão no setor. Os cafeicultores do Oeste
b) os abolicionistas norte-americanos tinham uma visão Paulista, interessados na abolição dos escravos, já inicia-
idealizada do Brasil, pois não identificavam o racismo vam o uso da mão de obra assalariada em substituição
como um problema em nosso país. da escrava. Contudo, os produtores do Vale do Paraíba
c) a imagem de inferno e paraíso na questão racial tam- usavam amplamente a mão de obra escrava e exigiam
bém é adequada às divisões entre o Sul e o Norte indenizações no início das discussões pela abolição.
dos EUA, pois a questão racial impactou apenas uma c) A cafeicultura do Oeste Paulista vinha empregando
parte daquele país. melhorias técnicas na produção do café ao mesmo
d) a abolição foi uma etapa da equiparação de direitos tempo em que diversificando seus investimentos em
nas sociedades norte-americana e brasileira, pois outros setores financeiros. Mas, na política, permane-
os direitos civis foram assegurados, em ambos os ciam alinhados com a monarquia, contrários às ideias
países, no final do século XIX. progressistas e republicanas que surgiam no país.
d) No sul do país, os imigrantes europeus, financiados
10. Uerj-RJ – A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de por capital inglês, iniciaram a produção industrial bra-
1888, reuniu uma multidão em frente ao Paço Imperial, sileira voltada para o mercado externo.
no Rio de Janeiro. e) Mesmo continuando com a economia de monocultu-
ra para exportação, aos poucos a produção industrial,
COLEÇÃO PARTICULAR
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d) promover ampla reforma constitucional de caráter d) à ambição de iniciar um programa de expansão im-
HISTÓRIA 2
17. Fuvest-SP
“No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países lati-
no-americanos, as décadas de 1870 e 1880 foram um período
de reforma e de compromisso com as mudanças. De manei-
ra geral, podemos dizer que tal movimento foi uma reação às
Ela expressa: novas realidades econômicas e sociais resultantes do desen-
a) a punição exemplar do papa Pio IX ao regente do volvimento capitalista não só como fenômeno mundial mas
trono, que, desrespeitando as determinações do também em suas manifestações especificamente brasileiras.”
Vaticano, decretou plena liberdade de culto no Brasil. COSTA, Emília Viotti da. Brasil: a era da reforma (1870-1889). In:
b) o ressentimento do clero católico contra o impe- Leslie Bethell. História da América Latina. v. 5. São Paulo: Edusp,
rador, que resolveu pôr fim à união Igreja-Estado, 2002. (Adaptado)
assegurada pela Constituição outorgada em 1824 A respeito das mudanças ocorridas na última década do
por D. Pedro I. império do Brasil, cabe destacar a reforma:
c) a atitude de fraqueza de D. Pedro II perante o repre- a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos
sentante máximo da Igreja Católica, que o obrigou eletivos do império, ao mesmo tempo em que proi-
a renunciar definitivamente ao direito de exercer biu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a
o padroado. participação eleitoral dos setores populares.
d) o impasse político criado pela questão religiosa, b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como
que abalou a relação entre Igreja-Estado, apesar política oficial para as relações entre o Estado bra-
da anistia concedida pelo imperador D. Pedro II aos sileiro e o poder papal, o que permitiu ao império
bispos rebeldes. ganhar suporte internacional.
15. Fuvest-SP – O descontentamento do Exército, que c) fiscal, com a incorporação integral das demandas fe-
derativas do movimento republicano por meio da revi-
culminou na questão militar no final do império, pode
são dos critérios de tributação provincial e municipal.
ser atribuído:
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato
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HISTÓRIA 2
18. Enem C3-H15 de forma tão intensa por uma causa comum, nem mesmo
“Enquanto as rebeliões agitavam o país, as tendências po- durante a Guerra do Paraguai. Envolvendo todas as regiões
líticas no centro dirigente iam se definindo. Apareciam em e classes sociais, carregou multidões a comícios e manifesta-
germe os dois grandes partidos imperiais – o Conservador ções públicas e mudou de forma dramática as relações polí-
e o Liberal. Os conservadores reuniam magistrados, buro- ticas e sociais que até então vigoravam no país.”
cratas, uma parte dos proprietários rurais, especialmente GOMES, L. 1889. São Paulo: Globo, 2013. (Adaptado)
do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e os grandes co-
merciantes, entre os quais muitos portugueses. Os liberais O movimento social citado teve como seu principal
veículo de propagação o(a):
agrupavam a pequena classe média urbana, alguns padres
e proprietários rurais de áreas menos tradicionais, sobretu- a) imprensa escrita. d) clero católico.
do de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.” b) oficialato militar. e) câmara de represen-
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. c) corte palaciana. tantes.
EXERCÍCIOS INTERDISCIPLINARES
21. Ufscar-SP – Inglaterra, século XVIII. Hargreaves paten- que capturam e digerem. Entretanto, os organismos do
teia sua máquina de fiar; Arkwright inventa a fiandeira Reino Plantae são classificados quanto à sua nutrição
hidráulica; James Watt introduz a importantíssima má- como autótrofos. Os organismos autótrofos são aqueles
quina a vapor. Tempos modernos! que sintetizam moléculas orgânicas a partir de:
As máquinas a vapor, sendo máquinas térmicas reais, a) água e glicose. b) água, O2 e proteínas.
operam em ciclos de acordo com a segunda lei da ter- c) substâncias orgânicas. d) água, CO e proteínas.
modinâmica. Sobre estas máquinas, considere as três e) substâncias inorgânicas.
afirmações seguintes:
I. Quando em funcionamento, rejeitam para a fonte 23. Ufscar-SP (adaptado) – A queda na produção de ce-
fria parte do calor retirado da fonte quente. reais, às vésperas da Revolução Francesa de 1789, de-
sencadeou uma crise econômica e social. Assinale a
II. No decorrer de um ciclo, a energia interna do vapor
de água se mantém constante. alternativa que apresenta um efeito da diminuição da
oferta de alimentos e suas consequências econômicas:
III. Transformam em trabalho todo o calor recebido da
fonte quente. a) na alta dos preços dos gêneros alimentícios, na re-
dução do mercado consumidor de manufaturados e
É correto o contido apenas em: no aumento do desemprego.
a) I. d) I e II. b) no aumento da exploração francesa sobre o seu im-
b) II. e) II e III. pério colonial, na reação da elite colonial e no início
c) III. do movimento de independência.
22. UFF-RJ (adaptado) – O Jardim Botânico do Rio de Janei- c) no abrandamento da exploração senhorial sobre os
ro, fundado por Dom João VI, já tem mais de 200 anos de servos, na divisão das terras dos nobres emigrados
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Material exclusivo para professores
conveniados ao Sistema de Ensino
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I
MATERIAL DO PROFESSOR
Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS
HISTÓRIA 1
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II
APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA 1
HISTÓRIA
O material que você tem em mãos foi concebido e atualizado para se ajustar tanto às novas deman-
das do ensino de História como da avaliação feita pelas bancas dos diversos vestibulares e, especial-
mente, do Enem. O ensino também tem história e, entre diversas mudanças, a informação não é mais
o foco da educação, mas sim a compreensão e a produção de conhecimento. Sabemos que, além do
Material do Professor
conteúdo, dos roteiros de aula, da enorme coletânea de questões dos principais vestibulares do país e
do Enem, totalmente atualizadas, e das respostas comentadas, os alunos terão também o seu apoio.
Como professor, é importante que você tenha clareza dessas novas abordagens da educação e da
avaliação dos estudantes. São jovens que têm qualquer informação ao seu dispor, bastando para isso
acessar a internet e serem superestimulados por vídeos, fotos e jogos complexos e cheios de ação. Com
base nesse contexto, é comum que se sintam entediados, que não encontrem sentido no contato com
informações que podem acessar de forma instantânea e que percam o interesse nas explicações que
oferecemos. Esse é o nosso desafio. O tempo todo devemos lançar o foco nos processos que orientam
os fatos e, sempre que possível, trazer a história para o tempo presente, mostrando aos estudantes as
conexões entre o que encontram nas aulas de História e o que acontece em suas próprias vidas.
É indispensável que os estudantes reconheçam que a "informação" é um "conjunto de dados" or-
ganizado, estruturado, com alguma análise. “D. João era um rei português" e "D. Pedro I era seu filho”
são dois dados, mas “D. João veio ao Brasil em 1808 e D. Pedro I declarou a independência em 1822”
é uma informação. É importante ajudá-los a reconhecer que "conhecimento", por sua vez, é saber que
quando D. João chega ao Brasil em 1808, um processo de independência que havia começado com as
insurreições do final do século XVIII (como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana) se intensifi-
ca, já que o Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino Unido a Portugal. Então, em 1822, quando
essa situação ambígua se encontrava insustentável, uma conciliação entre colonos e colonizadores
levou o Brasil a se tornar independente, mas sob o reinado de um filho do rei português.
Esse é o conhecimento que os exames vestibulares e, especialmente, o Enem, esperam dos
alunos atualmente. Os dados e as informações são fornecidos clara e abertamente. Algo que era a
resposta de uma pergunta hoje está no enunciado. Os estudantes devem ser capazes de dominar
linguagens e códigos, construir argumentações, elaborar respostas aos diversos questionamentos,
relacionar distintas áreas do conhecimento. Devem também relacionar passado e presente, propor
ideias para o futuro, identificar, reconhecer e relacionar processos históricos, antigos ou atuais.
Justamente por isso este material traz também indicações de leitura, de vídeos, filmes, docu-
mentários e atividades que podem ser propostas à turma, tanto em sala de aula como em visitas
guiadas, presenciais ou à distância, a instituições que são espaços de memória. O que queremos
é prepará-los não apenas para os vestibulares, mas para que sejam produtores de conhecimento.
Se conseguirmos isso, os exames de admissão nas universidades serão o que devem ser: o início
de uma longa jornada em busca do conhecimento. Para isso, devemos explorar aspectos como:
• Desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpreta-
ção de fontes e testemunhos passados e presentes, considerando diferentes contextos e
linguagens na sua produção. Selecionamos para este material questões que trabalham com
charges, cenas de filmes, poemas, romances, notícias veiculadas na mídia, canções, artigos
científicos, entre outras fontes.
• O desenvolvimento de habilidades por meio da leitura e interpretação de imagens, como obras de
arte, fotografias, ilustrações do período em estudo ou posteriores a ele. Muitos casos remetem a
produções posteriores, dada a impossibilidade de usar imagens de época, normalmente por inexis-
tirem. Nesses casos, recomendamos ressaltar a diferença cronológica entre o fato e a ilustração,
explorando a visão da época sobre o fato histórico passado. É importante ressaltar que a produção
de imagens é, também, uma produção de discursos. Para citar um exemplo: o quadro de Pedro
Américo Independência ou morte foi feito bem depois do 7 de setembro de 1822, e está carregado
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III
HISTÓRIA 1
protagonistas da história da abolição da escravidão, além da princesa Isabel. A história do
voto feminino deve ter como protagonista as sufragistas, não apenas os legisladores ou
mesmo o governante. A história da redemocratização deve estar centrada naqueles que
lutaram contra a ditadura, não nos generais que conduziram a transição.
A elaboração deste material pauta-se na correção de conceitos e de informações básicas, evitando
Material do Professor
o anacronismo, o voluntarismo e o nominalismo. Regula-se ainda pela coerência e adequação meto-
dológicas; pelos preceitos éticos, furtando-se aos preconceitos e vinculações ideológicas que possam
comprometer a objetividade da ciência histórica.
Previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica referentes ao Ensino Médio,
as competências e habilidades são desenvolvidas conforme os conteúdos programáticos de cada eta-
pa. Nesse sentido, a concepção do material prioriza, em relação aos processos históricos: a leitura e a
interpretação de fontes documentais de natureza diversa, em diferentes linguagens; o estabelecimen-
to de relações que envolvem continuidades e permanências, rupturas e transformações; a investigação
e a compreensão para reconhecer o papel do indivíduo na construção deles.
Esperamos, com esse material, ajudá-lo no desafio de oferecer aos estudantes os inúmeros cami-
nhos para compreender as relações com o passado, fomentando neles, frente aos acontecimentos
históricos, o posicionamento crítico e a contextualização sociocultural.
CONTEÚDO
HISTÓRIA 1
Volume Módulo Conteúdo
17 Origens medievais do Estado Moderno
18 A volta dos reis
19 Reforma protestante
20 Contrarreforma
21 Transição do Feudalismo para o Capitalismo
22 Regime Absolutista
23 Expansão marítima europeia
24 América espanhola
2
25 África e Ásia antes e depois da expansão europeia
26 Revoluções inglesas: política e economia (séculos XVII-XVIII)
27 Iluminismo
28 Revolução Industrial
29 Revolução Francesa
30 Era napoleônica
31 Independência dos Estados Unidos
32 Independência da América espanhola
HISTÓRIA 2
Volume Módulo Conteúdo
9 Período joanino (1808-1821)
10 Processo de independência
11 Primeiro Reinado
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IV
10. C
pensamento) vigentes no sistema feudal foram incor-
poradas à nova organização política. Ao abordar a unifi- No final do módulo anterior, estudamos o proces-
cação de cada um dos estados analisados no módulo, so de decadência da Idade Média, com mortes
destaque a importância desse processo para os desdo- pela peste e pela fome, guerras, Cruzadas e o
bramentos seguintes do período moderno, por exem- início dos diversos renascimentos. Esta questão
plo, as Grandes Navegações e as reformas religiosas. trabalha esse momento e o relaciona ao processo
de centralização e concentração do poder e à for-
Para ir além mação gradual do absolutismo.
Sobre a Baixa Idade Média e o período de centralização 11. C
do poder, indicamos o filme O incrível exército de Bran-
A Assembleia dos Barões foi um dos elementos que
caleone (Itália, 1966. Direção de Mario Monicelli). Neste
deu origem ao sistema parlamentar inglês. Esse pro-
filme, Brancaleone forma um exército com o objetivo de
cesso abriu espaço para a representação das cama-
conquistar um feudo e ter o próprio “pedaço de terra”.
das populares no centro das decisões políticas.
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de:
• ARGAN, G. C. Clássico anticlássico: o Renascimen- 12. E
to de Brunelleschi a Brueghel. São Paulo: Compa-
A crise do feudalismo e a consolidação do poder
nhia das Letras, 1999.
centralizado nas mãos do rei foram resultado de
• BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e um longo processo, do qual fazem parte a peste
no Renascimento. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1993. negra e a Guerra dos Cem Anos.
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V
HISTÓRIA 1
b) O resultado é o fim da Europa feudalista e medie- entravam em choque.
val, uma vez que o poder majoritário da Igreja foi subs-
Competência: Compreender a produção e o pa-
tituído pelo poder temporal (secular/leigo) do rei.
pel histórico das instituições sociais, políticas e
econômicas, associando-as aos diferentes gru-
Estudo para o Enem pos, conflitos e movimentos sociais.
Material do Professor
18. B
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
A questão trabalha um texto de um dos grandes
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
historiadores do século XX: Jacques Le Goff. O
ao longo da História.
texto fala sobre a divisão do trabalho, que, com o
desenvolvimento urbano, passa a permitir o sur- 20. B
gimento da figura do intelectual, fato esse que foi O enunciado já pede uma resposta relacionada às
importante para a transição da Idade Média para artes. Portanto, a resposta correta já fica mais fácil.
a Idade Moderna. Fé e misticismo seriam características medievais;
cultura e comércio guardam certa relação, se pen-
Competência: Compreender a produção e o pa- sarmos nos mecenas, mas não seria correto esta-
pel histórico das instituições sociais, políticas e belecer essa associação, considerando o enuncia-
econômicas, associando-as aos diferentes gru- do. O mesmo vale para as outras duas alternativas.
pos, conflitos e movimentos sociais. O que houve nesse momento foi a relação entre o
desenvolvimento da ciência (ainda não exatamen-
Habilidade: Identificar registros de práticas de te como ciência, mas vale o termo) e as artes.
grupos sociais no tempo e no espaço.
Competência: Compreender os elementos cultu-
19. A rais que constituem as identidades.
Nesta questão, é colocada uma lupa sobre um
momento de transição: as transformações entre Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
o fim da Idade Média e o início da Idade Moder- graficamente fontes documentais acerca de as-
na. Nesse contexto, a produção de conhecimento pectos da cultura.
14. A
Exercícios Propostos
A resposta da questão anterior, mais simples, aju-
7. B da a responder a esta. Não podendo ser amado,
A alternativa correta situa a Guerra da Reconquis- o príncipe deve ser temido, segundo Maquiavel.
ta como a causa da centralização do poder e da Por isso, deve ser chefe do exército, não ter sen-
organização do Estado, o qual era o único capaz timento de humanidade e sempre privilegiar os
de mobilizar recursos para garantir a empreitada interesses do Estado.
da expansão marítima e comercial.
15. E
8. A Apesar de colocar o poder do rei absoluto com o
O mercantilismo foi a base de sustentação dos poder divino, como diziam teóricos como Bossuet,
Estados Nacionais na Europa desse momento his- não havia associação da imagem da família real à
tórico de que falamos. Os Estados espanhol, portu- imagem da Sagrada Família. O poder era do rei.
guês, francês e o holandês, especialmente, tinham
de lidar com a burguesia, que então ganhava força. 16. E
Como foi visto, Hobbes foi o teórico dos con-
9. D tratos, e a base filosófica disso é que a compe-
Mais uma questão que utiliza a obra de um dos teó- tição e a desconfiança são condições naturais
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VII
tica agrária, mas sim conquistas territoriais; não de organização da sociedade apresentada no texto
houve apoio de qualquer potência e a organização encontra-se fundamentada na abdicação dos inte-
HISTÓRIA 1
da expedição de Vasco da Gama foi feita muito resses individuais e na legitimidade do governo.
depois, quase um século mais tarde.
Competência: Compreender a produção e o papel
Estudo para o Enem histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
18. C
Material do Professor
conflitos e movimentos sociais.
A questão trabalha apenas a interpretação do tex-
to, sendo possível chegar à resposta mesmo sem Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
conhecer a teoria de Maquiavel. O trecho “in- presentes em textos analíticos e interpretativos,
gratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
de lucro” é revelador dos interesses que, para o gráfica acerca das instituições sociais, políticas e
autor, guiam o ser humano, e da imprevisibilidade econômicas.
que essa característica carrega.
20. A
Competência: Compreender as transformações Hobbes é o teórico dos contratos e, como vimos,
dos espaços geográficos como produto das rela- a base filosófica disso trata do conflito, da des-
ções socioeconômicas e culturais de poder. confiança e da busca por interesses próprios dos
seres humanos de forma geral.
Habilidade: Analisar a ação dos Estados nacio-
nais no que se refere à dinâmica dos fluxos po- Competência: Compreender a produção e o papel
pulacionais e no enfrentamento de problemas de histórico das instituições sociais, políticas e eco-
ordem econômico-social. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
19. B
Com a análise do trecho, especialmente a pas- Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista, pre-
sagem “os homens naturais constituem-se em sentes em textos analíticos e interpretativos, sobre si-
sociedade política e submetem-se a um senhor, tuação ou fatos de natureza histórico-geográfica acer-
a um soberano”, pode-se concluir que a proposta ca das instituições sociais, políticas e econômicas.
19 REFORMA PROTESTANTE
HISTÓRIA 1
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IX
HISTÓRIA 1
17. B Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
Ao contestar o poder do papa e da Igreja Ca- graficamente fontes documentais acerca de as-
tólica, Lutero traz para as pessoas uma maior pectos da cultura.
responsabilidade sobre seu destino. Reforça o
20. a) A Reforma significou o enfraquecimento do po-
Material do Professor
individualismo, que também é um dos elementos
do Renascentismo. Por defender a livre interpre- der papal e o fortalecimento do poder absoluto do
tação da Bíblia, Lutero enfraquece os padres, que rei. O maior exemplo é Henrique VIII, na Inglaterra,
eram subordinados ao papa. que ao romper com a Igreja Católica e criar a Igreja
Anglicana centralizou o poder do Estado e da reli-
Estudo para o Enem gião. No que diz respeito à religião, a Reforma per-
mitiu acabar com o pretenso universalismo da Igreja
18. E Católica e permitiu a livre interpretação da Bíblia.
Galileu não era contra qualquer religião, e pelo que b) A Reforma de Lutero abriu caminho para o
se vê tinha consideração pelas Escrituras. Apenas calvinismo, que por sua vez pregava a salvação
não achava que a Bíblia servisse para investigar a por meio do acúmulo da riqueza. Essa crença
natureza, porque isso não era assunto da fé. Mes- religiosa, em um momento de transição do sis-
mo não sendo um reformador, Galileu fazia parte tema econômico, esteve bastante alinhada aos
dos homens de ciência que ajudaram a contestar o
ideais e objetivos capitalistas – inclusive os esti-
poder do papa e da Igreja Católica nesse período.
mulando e alimentando, como mostrou Weber. A
usura, ou lucro, não era mais vista como pecado.
Competência: Compreender a produção e o papel
No aspecto social, a Reforma estimulou revol-
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
tas camponesas e, com o auxílio da imprensa
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
de Gutenberg, a Bíblia foi mais bem distribuída
conflitos e movimentos sociais.
e difundida, traduzida para várias línguas, dando
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista, acesso a grande parte da população, o que in-
presentes em textos analíticos e interpretativos, centivou e auxiliou a alfabetização, uma vez que
sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo- todos podiam ler e interpretar o texto sagrado.
gráfica acerca das instituições sociais, políticas
e econômicas. Competência: Compreender a produção e o papel
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
19. Analisando o texto, é possível perceber que, para nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
Lutero, o homem não pode salvar-se pelos próprios conflitos e movimentos sociais.
esforços, apenas pela fé na justiça divina. O refor-
mador acreditava na predestinação – algumas pes- Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
soas nasceriam predestinadas à salvação e outras, rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
à condenação. ao longo da História.
20 CONTRARREFORMA
HISTÓRIA 1
peus, apoiaram esse processo, que teve como epicen- responder à questão por eliminação.
tro a Península Itálica. Nela estava a cidade de Roma,
onde ficava a sede do catolicismo e onde foi fundada 9. Soma: 6 (02 + 04).
a Companhia de Jesus; e Trento, onde foi realizado A primeira afirmativa está errada, pois o Concílio
o concílio reformista. O poder religioso, mesmo não de Trento não eliminou o índice de livros proibi-
sendo tão extenso e indiscutível como fora na Idade dos. E, a última, porque a Companhia de Jesus
Média, ainda era significativo e importante. Para a Igreja nada tinha a ver com diálogo, e sim com o com-
Católica, era importante retomar seu protagonismo e bate aos protestantes e com a expansão da fé
conter os protestantes. Para os monarcas, interessava católica.
que a Igreja da qual faziam parte continuasse poderosa.
10. E
Para ir além Questão mais simples, que cobra apenas que os
É interessante discutir os efeitos das religiões na alunos reconheçam as principais características
colonização, sem que haja hierarquias a esse respeito. da Contrarreforma. Por estar apresentada em um
Deixando claro que colonização é colonização, sem res- módulo com este tema, a resposta fica mais fácil.
salvas, e que, portanto, não há colonizador melhor ou Em uma prova, a afirmativa I deveria eliminar to-
pior, é possível identificar algumas diferenças entre a das as alternativas que apresentam protestantes,
América católica e a América protestante. Como a inter- e isso seria suficiente para chegar à resposta.
pretação da Bíblia, para os protestantes, era livre, e sua
11. Soma: 10 (02 + 08).
difusão foi ampliada pelas traduções e pela imprensa
de Gutenberg, houve um incentivo à alfabetização. Por Questão mais específica, mas que trata de um
isso, Estados Unidos e Canadá constituíram-se como assunto deste módulo: os jesuítas. A primeira
países letrados, enquanto a América Latina constituiu- afirmativa está errada porque este não era um
-se como uma série de países analfabetos. Os alunos objetivo, apenas, talvez, uma consequência. A 04
poderão pesquisar outras diferenças importantes entre está errada porque as missões jesuíticas ficavam
uma e outra religião e fazer uma tabela comparativa. no atual Rio Grande do Sul, em uma tentativa de
Recomenda-se, ainda, o fi lme As bruxas de Salém expandir os domínios portugueses. A 16 está erra-
(EUA, 1996. Direção de Nicholas Hytner). da porque houve missões jesuíticas em diversos
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- pontos do território da colônia.
picos de:
12. V, V, V, F
• DAVIDSON, N. S. A Contrarreforma. São Paulo:
Martins Fontes, 1991. A última afirmativa está errada porque não há
qualquer relação da Contrarreforma com precei-
• SANTANA, S. R. Inquisição ibérica. São Paulo: Áti- tos liberais nem tolerância de hereges e diminui-
ca, 1999. ção da autoridade do papa.
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XI
a Contrarreforma, pois a primeira fez parte da nas colônias da América. O texto trata disso e,
segunda. E a Reforma Protestante, na verdade, ao analisá-lo, vemos que, para a Igreja, seus en-
HISTÓRIA 1
combateu a venda de relíquias. sinamentos deveriam ser os únicos guias da vida
de qualquer pessoa.
15. B
Questão que trata apenas de definir o que foi a Competência: Compreender os elementos cul-
Contrarreforma. As alternativas erradas foram turais que constituem as identidades.
Material do Professor
construídas de forma a afirmar o contrário do que Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
efetivamente aconteceu. A única completamente graficamente fontes documentais acerca de as-
correta define exatamente o que foi esse processo. pectos da cultura.
16. A 19. E
Questão que exige interpretação de imagem, algo Questão sobre o Concílio de Trento que, na verda-
cada vez mais cobrado pelos vestibulares. A con-
de, cobra que o aluno conheça o contexto dessa
fusão e a baderna do quadro são representadas
reunião eclesiástica. Todas as afirmativas estão
de forma pouco violenta e sem realismo (não há
corretas e podem ser utilizadas como um resumo
cores escuras, sangue, rostos tristes ou de so-
desse processo.
frimento detalhados com clareza, nem qualquer
elemento que passe uma impressão de dor e Competência: Compreender a produção e o papel
angústia). Com isso, é transmitida uma ideia de histórico das instituições sociais, políticas e eco-
comicidade e ironia. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
17. B
Vimos neste módulo um quadro que representa Habilidade: Identificar registros de práticas de
esse momento, o julgamento de Galileu. Por eli- grupos sociais no tempo e no espaço.
minação: o cientista não seguiu as ideias protes-
tantes, não combateu a autoridade do papa nem 20. Inácio de Loyola organizou a Companhia de Je-
a venda de indulgências, não criticou nem reafir- sus, os soldados de Cristo. Os jesuítas tinham
mou a livre interpretação da Bíblia nem defendeu o objetivo de resgatar a credibilidade da Igreja e
a superioridade da cultura grega. Como vimos no ampliar sua base de fiéis, além de combater os
excerto, trata-se de um conflito de ideias cientí- protestantes. Para isso, incentivaram a educação
ficas contra ideias religiosas. religiosa em todo o mundo e catequizaram os
indígenas nas colônias.
Estudo para o Enem
Competência: Compreender a produção e o papel
18. E histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Questão que trata, como é recorrente no Enem, nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
de interpretação de texto. Como vimos, a Inqui- conflitos e movimentos sociais.
sição surge em meados do século XIII com o
objetivo de combater qualquer heresia. No con- Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
texto da Contrarreforma, o Tribunal do Santo Ofí- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
cio atuou não somente na Europa, mas também ao longo da História.
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XIII
HISTÓRIA 1
ções socioeconômicas e culturais de poder.
15. A
As alianças citadas nas alternativas erradas não Habilidade: Identificar os significados histórico-
são corretas, e a Inquisição correu paralelamente -geográficos das relações de poder entre as nações.
às Grandes Navegações, mas não foi fundamental
19. A
Material do Professor
para que ela acontecesse. Já a Guerra de Recon-
quista, como foi visto neste módulo, foi essencial Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta que vale
para a formação do Estado moderno espanhol e muito a pena ser lida, pois é uma importante fon-
sua empreitada marítima. te histórica, além de muito bem escrita. Analisan-
do o trecho citado na questão, podemos perceber
16. C que, na perspectiva do escrivão português, era
Apesar de não ter mais a força que possuía na essencial catequizar os povos nativos encontra-
Idade Média, a religião e, especialmente, a ins- dos, lembrando que falamos de um contexto de
tituição Igreja Católica ainda tinha muito poder e Contrarreforma católica. Isso foi levado a cabo
influência. O encontro dos europeus com os po- e revela muito do país que o Brasil é hoje, nota-
vos indígenas nas Américas e os confrontos que damente católico, só perdendo espaço para reli-
giões protestantes depois de quase 1 500 anos.
acabaram em extermínio precisavam, portanto,
ser legitimados pela religião.
Competência: Compreender os elementos cul-
17. C turais que constituem as Identidades.
Mercantilismo e absolutismo caminham juntos Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
pela História. A economia mercantil precisa de graficamente fontes documentais acerca de as-
um Estado forte, interventor, que controle pre- pectos da cultura.
ços e impostos, que desestimule a importação e
facilite a exportação, que financie a expansão ma- 20. A
rítima e controle as colônias, que extraia metais Como visto na questão anterior, que se voltava ao
preciosos dela etc. Em contrapartida, ao controlar Brasil, esta questão mostra que o procedimento
a economia dessa forma, o Estado, que já é forte, na América espanhola foi o mesmo. Catequização
se fortalece ainda mais e expande sua capacidade dos nativos em um contexto de Contrarreforma
de controle. católica, buscando ampliar a base de fiéis. Na
perspectiva dos religiosos, estavam salvando as
Estudo para o Enem almas dos povos indígenas.
18. A Competência: Compreender os elementos cul-
A questão trata do encontro entre europeus e turais que constituem as Identidades.
povos nativos da América na perspectiva dos na-
tivos e mostra como esse fato pode ter sido lido Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
como um fenômeno relacionado à religião e aos graficamente fontes documentais acerca de as-
mitos dos próprios povos nativos. pectos da cultura.
22 REGIME ABSOLUTISTA
HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo europeias se deu por conta de uma suposta mi-
Ao trabalhar com o regime absolutista, procure gração para as colônias, o que não aconteceu.
fazer paralelos com formas de governo vigentes nos
dias de hoje, para que o tema não fique muito abstrato 11. C
para os alunos. Na questão 18, desenvolva com os
Material do Professor
8. E 15. D
Por eliminação: não é correto falar em liberdades A frase que abre este módulo – e que provavel-
individuais como características do período absolutis- mente nunca foi dita – é o objeto desta questão,
ta; a Revolução Francesa não foi a primeira revolução que busca analisar seu simbolismo. Esse é o sim-
burguesa contra o absolutismo (houve, antes, a Re- bolismo do Rei Sol: não havia limites ao poder do
volução Inglesa); não podemos separar os conflitos rei, tudo e todos, portanto, deveriam orbitá-lo. O
religiosos e o poder absolutista; e os iluministas Estado é o rei e o rei é o Estado.
foram os teóricos que contestaram o absolutismo.
16. B
9. C A alternativa correta afirma que a monarquia absoluta
Entre os elementos que caracterizavam o mercan- teve apoio da burguesia nesse primeiro momento e,
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XV
a formação das cortes, que ficavam à beira do Deve ser destacada a preocupação com a “boa
rei, bajulando-o e aproximando-se dele o máximo imagem” do monarca, sempre apresentado em
HISTÓRIA 1
que podiam. Nesse contexto, os reis absolutos luxuosas vestimentas, ocultando defeitos físicos
reprimiam camponeses para favorecer grandes que afetassem sua imagem de poder absoluto.
nobres proprietários de terras. Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades.
Estudo para o Enem
Material do Professor
Habilidade: Comparar pontos de vista expressos
18. C
em diferentes fontes sobre determinado aspecto
A questão trabalha os estamentos dos Estados da cultura.
absolutistas. Como vemos, a Igreja mantém es-
paço importante na sociedade, apesar de perder 20. A
poder. O importante é notar, também, que o cha- O Palácio de Versalhes, como vimos, é um dos
mado terceiro estado era o mais heterogêneo: mais luxuosos entre tantos outros palácios eu-
tinha músicos, camponeses e ricos burgueses. ropeus e está muito bem preservado. É um mo-
Competência: Compreender a produção e o papel numento da história francesa e, nos dias atuais,
histórico das instituições sociais, políticas e eco- é visitado por milhares de turistas todos os dias.
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, Competência: Compreender a sociedade e a na-
conflitos e movimentos sociais. tureza, reconhecendo suas interações no espaço
em diferentes contextos históricos e geográficos.
Habilidade: Identificar registros de práticas de
grupos sociais no tempo e no espaço. Habilidade: Identificar em fontes diversas o pro-
cesso de ocupação dos meios físicos e as rela-
19. E ções da vida humana com a paisagem.
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XVII
havia recuperado o tempo perdido, já despontava e Espanha, mesmo com grande desenvolvimento
como uma das grandes potências da navegação econômico e vastos impérios, não se libertaram
HISTÓRIA 1
e buscava as próprias colônias. A criação dessa das amarras medievais.
companhia, de capital privado, levou a Holanda a Competência: Compreender as transformações
dominar possessões espanholas e portuguesas. dos espaços geográficos como produto das rela-
ções socioeconômicas e culturais de poder.
15. B
Material do Professor
O que está em discussão nesta questão é o se- Habilidade: Identificar os significados histórico-
guinte: Colombo buscava uma rota para as Índias, -geográficos das relações de poder entre as nações.
o que se via por lá era uma pujança comercial nos
portos, que tinham à disposição do viajante teci- 19. Entre os fatores que explicam o pioneirismo
dos, especiarias e pigmentos para tingir panos, português estão a formação de uma burguesia
entre outros produtos valiosos no período. Ao comercial, a centralização política após a Guer-
chegar à América, não encontrou nada disso, mas ra de Reconquista e a Revolução de Avis, e os
era necessário relatar o que havia encontrado. investimentos em tecnologia de navegação que
permitiram a expansão comercial.
16. A
Competência: Entender as transformações técni-
Neste módulo, tratamos das Grandes Navega-
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
ções e de seus impactos positivos na história do
planeta. Nesta questão, notamos que também de produção, no desenvolvimento do conheci-
houve severos impactos negativos. A expansão mento e na vida social.
marítima e comercial, regida pelo mercantilismo,
Habilidade: Identificar registros sobre o papel
desestruturou o continente africano e desorga-
nizou-o profundamente. As consequências são das técnicas e tecnologias na organização do tra-
sentidas por parte dos países africanos até hoje. balho e/ou da vida social.
24 AMÉRICA ESPANHOLA
HISTÓRIA 1
algumas das estruturas administrativas existentes nes- A afirmativa II está errada porque a principal ati-
sas sociedades antes da chegada dos espanhóis foram vidade econômica da colônia espanhola no atual
apropriadas pelos colonizadores e enfatize a existência Peru foi a mineração.
de permanências no processo das descobertas.
12. D
Para ir além Todas as afirmativas estão corretas e podem ser
Indique aos alunos o filme Aguirre, a cólera dos utilizadas como informação para a resolução de
deuses (Alemanha, 1972. Direção de Werner Herzog). outras questões. Só é incorreto dizer que havia
O filme aborda a busca do conquistador espanhol pelo cultos monoteístas entre os incas.
Eldorado. Outro filme que pode ser utilizado para traba-
lhar com o tema discutido no módulo é Zama (Brasil, 13. E
2017. Direção de Lucrecia Martel). Os jesuítas são o braço religioso da expansão
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- marítima e das colonizações. No contexto da
picos de: Contrarreforma, buscavam salvar as almas dos
• BELLOTTO, M. L.; CORRÊA, A. M. M. A Améri- indígenas e, assim, expandir a fé católica pelo
ca Latina de colonização espanhola: antologia de mundo. Ao fazê-lo, ensinavam-lhes a língua e a
textos históricos. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1979. religião e preparavam-nos para o trabalho.
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XIX
HISTÓRIA 1
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
Estudo para o Enem graficamente fontes documentais acerca de as-
pectos da cultura.
18. B
Analisando o poema, podemos concluir que o 20. E
Material do Professor
texto narra a impotência dos astecas frente às
Com base no que foi discutido neste módulo, de-
espadas, às armas de fogo, aos cavalos e às
vemos descartar as alternativas que fazem referên-
doenças trazidas pelos europeus.
cia à expulsão dos indígenas, que eram essenciais
Competência: Compreender a produção e o papel como mão de obra; às guerras justas (que são
histórico das instituições sociais, políticas e eco- mais típicas da América portuguesa); à catequese
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, de africanos escravizados; e à policultura agrícola.
conflitos e movimentos sociais. A leitura mais correta é relacionar a fundação de
cidades ao controle da circulação de riquezas.
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
sociais que contribuíram para mudanças ou rup- Competência: Compreender as transformações
turas em processos de disputa pelo poder. dos espaços geográficos como produto das rela-
ções socioeconômicas e culturais de poder.
19. E
Não cabe aqui falar em ditadura, igualdade social, Habilidade: Analisar a ação dos Estados nacio-
coletivização dos bens ou mobilidade social. Por ou- nais no que se refere à dinâmica dos fluxos po-
tro lado, é correta a leitura de que entre os incas não pulacionais e no enfrentamento de problemas de
havia a possibilidade de mudança de extrato social. ordem econômico-social.
Comentários sobre o módulo do enunciado, descartar Julio César e Dario III, ambos
A história da expansão europeia na África e na Ásia muito anteriores. A dinastia Song dura de 960 a 1279,
costuma ser trabalhada junto ao conteúdo das Grandes e os mongóis chegaram à China em 1207-1208. Po-
Navegações. No entanto, de alguns anos para cá, esse rém, o enunciado pede que os alunos indiquem qual
conteúdo tem dado abertura para o estudo de elemen- foi o primeiro império a cair e, quando chegaram à
Material do Professor
tos culturais desses espaços, em especial dos países China, os mongóis já passavam por uma longa ex-
africanos. Inúmeras questões de vestibulares buscam, pansão territorial, tendo conquistado outros povos.
por meio da análise da expansão portuguesa na África e
9. 4 – 1 – 5 – 2 – 3
das relações travadas no tráfico negreiro, resgatar ele-
mentos da memória africana que valorizem sua cultura e Para facilitar a leitura dessa divisão colonial, de-
sua identidade. Nesse sentido, é importante estabelecer vemos relacionar os boxers à Guerra do Ópio; a
essas relações em sala de aula para que os alunos sejam Argélia à França; o sul da África a holandeses e
capazes de compreendê-las ao resolver as questões. ingleses; a Etiópia (único reino cristão da África)
à Itália; e os ingleses ao Egito.
Para ir além 10. F – F – V – V
Leve para a sala de aula o texto da Lei 10.639, de 9
A primeira afirmativa é errada porque, nesse mo-
de janeiro de 2003, pela qual a inclusão dos conteúdos
mento, houve um acirramento das rivalidades,
de História e Cultura Afro-Brasileira tornou-se obrigató-
não uma diminuição. A segunda, porque não hou-
ria. O texto da lei pode ser encontrado no site da pre-
ve conversão de todos os fiéis de outras religiões.
sidência da República. Estimule discussões sobre as
motivações dessa lei e sua importância. Disponível em: 11. B
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.639.htm>.
A alternativa correta sintetiza o discurso do coloni-
Acesso em: 27 ago. 2018. zador. Apesar de ter interesses políticos e, princi-
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- palmente, econômicos nessa nova onda de colo-
picos de: nização, os europeus buscaram uma justificativa
• FAGE, J. D. História da África. Lisboa: Edições moral e adotaram um discurso desenvolvimentista.
70, 1995.
12. D
• MOKHTAR, G. (Coord.). História geral da África: a Apesar de esse ser o discurso europeu, não houve
África Antiga. São Paulo: Ática/Unesco, 1983. v. 2. tal difusão de tecnologia e progressos nas colônias.
• RANDLES, W. G. L. Da Terra plana ao globo ter-
restre. Lisboa: Gradiva, 1990. 13. C
A China, por ser um império forte e milenar, já
Exercícios Propostos acostumado a seguidos ataques, entre eles o dos
mongóis liderados por Gengis Khan, conseguiu
7. A resistir ao poderio europeu e se manter como
O choque de culturas entre europeus e africanos um império independente. Porém, teve de fazer
representou, também, um embate religioso, uma concessões, especialmente aos ingleses.
vez que o colonialismo foi acompanhado, primei-
ro, pela Contrarreforma católica e, depois, no neo- 14. B
colonialismo, por uma moral cristã impregnada Voltando bastante na linha do tempo, esta ques-
entre os europeus (fossem católicos ou protes- tão chama a atenção para a importância central da
tantes). Nesse sentido, com esse viés religioso, história dos povos do continente africano, onde
os europeus consolidaram também uma visão nossa espécie surgiu e primeiro se desenvolveu,
eurocêntrica e hierarquizada da cultura e encara- tendo migrado posteriormente.
ram a Europa como a referência do avanço e da
civilidade, enquanto os povos dominados eram 15. A
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XXI
HISTÓRIA 1
Como vimos neste módulo, a ascensão da bur-
ras europeias como justificativa moral para o siste- guesia na Europa e a necessidade de conquistar
ma escravagista que executaram em suas colônias. novas rotas comerciais para essa classe após
As lutas tribais africanas abasteciam os barcos dos a tomada de Constantinopla (que, antes, era a
traficantes com prisioneiros de suas guerras e o principal rota para as Índias) foram os principais
Novo Mundo tornou-se mercado consumidor da fatores que motivaram a expansão colonial. De-
Material do Professor
força de trabalho africana. A enorme escala em que pois, com o acúmulo de capital, houve uma nova
esse tráfico de pessoas escravizadas aconteceu e investida durante o século XIX.
a violência do dia a dia desse trabalho forçado não
têm precedentes na história da humanidade. Competência: Compreender as transformações
dos espaços geográficos como produto das rela-
Estudo para o Enem ções socioeconômicas e culturais de poder.
ocorreram posteriormente, como a Revolução France- ções Inglesas houve o fortalecimento do Parlamento.
sa. Pode-se, ainda, abordar a mudança de tratamento
quanto a esse processo, uma vez que antes tratava-se 12. E
do período como a Revolução Inglesa, no singular, e A Declaração de Direitos marca a limitação do
hoje compreende-se que houve um processo de diver- poder do monarca e o desenvolvimento da legis-
sas fases, tratado no plural. lação inglesa. O fortalecimento do Parlamento foi
decisivo para a maior participação dos burgueses
Para ir além na política, os quais, por sua vez, contribuíram
Indicamos a exibição do filme Morte ao rei (Reino para o desenvolvimento econômico do país.
Unido, 2003. Direção de Mike Barker), que aborda parte
da Revolução Inglesa, mostra as disputas políticas que 13. C
levaram à revolução e destaca personagens importan- O documento citado na questão evidencia que o
tes no processo. Sugerimos a leitura da Declaração de Parlamento, com a Declaração de Direitos, limitou
Direitos de 1689, elaborada pelo Parlamento inglês. o poder do monarca, dando fim ao absolutismo.
Disponível em:
14. B
<www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decbill.htm>.
A Revolução Inglesa pode ser entendida como
Pode-se, ainda, incluir trechos da obra Leviatã, de
Revoluções Inglesas, no plural, como é tratado
Thomas Hobbes. Disponível em:
no módulo, pois houve uma série de conflitos e
<www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_ transformações que fizeram parte de um grande
hobbes_leviatan.pdf>. processo, especialmente no que diz respeito ao
Acessos em: nov. 2018. questionamento do absolutismo. Com o fortale-
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: cimento do Parlamento, houve a limitação dos
• HILL, C. A Revolução Inglesa de 1640. Belo Hori- poderes dos reis e a participação de outros mem-
zonte: Editorial Presença, 1985. bros da sociedade civil, que não necessariamente
possuem laços ou parentesco com a nobreza.
Exercícios Propostos
15. B
7. A Um dos aspectos fundamentais a serem tratados nes-
Como vimos neste módulo, os Atos de Nave- te módulo é o fortalecimento do Parlamento e, com
gação, ao favorecer a indústria naval e os mer- isso, a contestação do governo absolutista inglês.
cadores, contribuíram decisivamente para o
crescimento econômico, impulsionando o mer- 16. E
cantilismo inglês. A burguesia passou a ter mais acesso à política e,
com isso, trabalhou em prol de seus interesses e de
8. D seu país, fortalecendo economicamente a Inglaterra.
A Inglaterra permaneceu uma monarquia, mas
com a presença do Parlamento, limitando o po- 17. D
der do monarca. Nesta questão, são abordados grupos específicos
presentes no período das Revoluções Inglesas,
9. D como os diggers e os levellers. Os diggers são
Como vimos, o desenvolvimento do Parlamento considerados um grupo mais radical, enquanto
foi crucial para a transformação da Inglaterra nes- os levellers são tidos como moderados, já que
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XXIII
HISTÓRIA 1
centradas no monarca.
20. E
Competência: Compreender a produção e o papel
histórico das instituições sociais, políticas e eco- No período, identifica-se Guy Fawkes como per-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, tencente a um grupo católico que defendia o Es-
tado absolutista, embora hoje sua imagem já não
Material do Professor
conflitos e movimentos sociais.
esteja atrelada ao catolicismo. Também percebe-
Habilidade: Analisar o papel da justiça como ins- -se uma mudança no significado da utilização da
tituição na organização das sociedades.
imagem de Fawkes. A Conspiração da Pólvora
19. E faz parte do processo das Revoluções Inglesas,
As transformações na Inglaterra, como as reformas em que destacam-se a Revolução Puritana e a
protestantes ocorridas no século XVI, foram funda- Revolução Gloriosa.
mentais para o desenvolvimento das Revoluções
Inglesas um século depois. Com as mudanças re- Competência: Compreender as transformações
ligiosas, há a emergência de novos grupos sociais, dos espaços geográficos como produto das rela-
os quais serão atores centrais no questionamento ções socioeconômicas e culturais de poder.
do Antigo Regime absolutista inglês.
Habilidade: Reconhecer a dinâmica da organiza-
Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
cos para compreender e valorizar os fundamentos ção dos movimentos sociais e a importância da
da cidadania e da democracia, favorecendo uma participação da coletividade na transformação da
atuação consciente do indivíduo na sociedade. realidade histórico-geográfica.
27 ILUMINISMO
HISTÓRIA 1
tiva na independência dos Estados Unidos, na Revolução dos deuses. Já os iluministas romperam com a
Francesa e influenciaram movimentos emancipacionistas tradição religiosa e defenderam a autonomia do
no Brasil, impactando no pensamento ocidental até hoje. ser humano em relação ao plano divino.
11. D
Para ir além
Uma boa forma de consolidar esse conhecimento A questão exige que os alunos associem a Decla-
ração de Independência dos Estados Unidos ao
e organizá-lo é pedir aos alunos que relacionem as
contexto do Iluminismo. As alternativas B, C e E
principais ideias de alguns pensadores iluministas e
estão incorretas porque fazem referência a cor-
identifiquem como essa ideia se faz presente na so-
rentes de pensamento e características próprias
ciedade ocidental atual.
de outros períodos históricos (Renascimento,
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
nacionalismo e doutrinas sociais). Já o liberalis-
picos de:
mo da alternativa A, embora contemporâneo ao
• FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos.
documento citado, não está presente no trecho
São Paulo: Brasiliense, 1981.
em questão.
• GRESPAN, J. L. da S. Revolução Francesa e Ilumi-
12. C
nismo. São Paulo: Contexto, 2003.
No texto, Rousseau, pensador do Iluminismo e
• RONAN, C. A. História ilustrada da ciência. Rio de não do socialismo, defende a autonomia de cada
Janeiro: Jorge Zahar, 1987. indivíduo, a qual, por sua vez, deve estar de acor-
do com a vontade do conjunto de cidadãos que
• RUSSELL, B. História da filosofia ocidental. São compõem a sociedade.
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.
13. A
Exercícios Propostos No texto, o autor afirma que o conhecimento é
obtido, mas não é inato – o que invalida as alter-
7. E
nativas B e D. A alternativa C está incorreta, pois
No trecho, Rousseau afirma que a terra é de direi- o empirismo considerava o conhecimento como
to de quem a ocupou primeiro, desde que a utilize fruto da experiência, e não apenas da razão, como
apenas para sua subsistência e que a cultive com no modelo cartesiano.
o esforço de seu trabalho.
14. D
8. A
Para o Iluminismo, a razão é um instrumento
Pensadores como Voltaire e Rousseau não se que possibilita a emancipação do ser humano
declararam ateus, assim como Diderot e Mon- e o progresso da sociedade. Por meio dela, o
tesquieu não participaram das ações revolucio- indivíduo pode pensar e agir por si próprio, rom-
nárias de 1789. Os iluministas não se opuseram pendo com as dominações políticas e morais que
ao capitalismo industrial e é incorreto dizer que lhe são impostas. Nesse sentido, a razão é tida
a Era das Luzes não trouxe grandes realizações como a “luz” que permite o avanço em relação ao
ao pensamento econômico. pensamento religioso da Idade Média, chamada
pejorativamente de “Idade das Trevas”.
9. D
O texto sinaliza para a importância do pensamen- 15. B
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XXV
HISTÓRIA 1
No trecho, o autor afirma que as instituições
coletivos da sociedade. sociais desnaturam o ser humano, ou seja, re-
tiram dele sua individualidade e o tornam parte
16. A
fracionária de um todo maior – o corpo social –, o
No trecho, Adam Smith contrapõe lucro a renda. O
que justifica a alternativa A. Conforme trabalhado
primeiro seria característico dos comerciantes, en-
neste módulo, para Rousseau o homem era natu-
Material do Professor
quanto o segundo dos cavalheiros rurais. O autor
não defende um em detrimento do outro. Apenas ralmente bom, porém corrompido pela sociedade.
indica os diferentes comportamentos gerados por
cada um deles. Enquanto o comerciante é auda- Competência: Compreender a produção e o papel
cioso, pois emprega seu dinheiro visando o lucro, histórico das instituições sociais, políticas e eco-
o cavalheiro rural é um empreendedor tímido, que nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
não espera o retorno do dinheiro investido. conflitos e movimentos sociais.
28 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
HISTÓRIA 1
8. E 16. A
A afirmativa IV está errada porque o sistema des- Esta questão relaciona o avanço tecnológico à
crito é o fordismo. dominação de classe que a acompanhou. Junto
ao aumento na produtividade foi consolidado o
9. E
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XXVII
para serem mais exatos e houve a necessidade Competência: Entender as transformações técni-
de organizar os fusos horários mundiais para que cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
HISTÓRIA 1
os horários dos trens fossem marcados com exa- de produção, no desenvolvimento do conheci-
tidão, pois as horas do relógio passaram a ditar mento e na vida social.
o ritmo do trabalho.
Habilidade: Selecionar argumentos favoráveis ou
Estudo para o Enem contrários às modificações impostas pelas novas
Material do Professor
18. B tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
A questão exige que os textos sejam interpre- 20. D
tados e comparados. Não cabe, após a análise,
falar em trabalho doméstico, valorização da reor- A invenção do tear modificou a relação entre os
ganização do trabalho, realçar perdas culturais ou trabalhadores e seus contratantes, que passaram
criticar os avanços tecnológicos. a ser seus patrões. A habilidade, por conta das
máquinas, deixou de ser um diferencial impor-
Competência: Entender as transformações técni- tante. Os novos teares não exigiam treinamento
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos especializado e os artesãos não tinham lugar nas
de produção, no desenvolvimento do conheci- fábricas. O mais correto é dizer que os artesãos,
mento e na vida social.
antes da industrialização, combinavam a tecela-
gem com o cultivo de subsistência.
Habilidade: Identificar registros sobre o papel
das técnicas e tecnologias na organização do tra-
Competência: Entender as transformações técni-
balho e/ou da vida social.
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
19. C de produção, no desenvolvimento do conheci-
Nas primeiras décadas do século XIX, desde o mento e na vida social.
início da Revolução Industrial, os trabalhadores
realizaram seus primeiros movimentos, como o Habilidade: Identificar registros sobre o papel
ludismo e o cartismo, e, depois, começaram a se das técnicas e tecnologias na organização do tra-
organizar enquanto classe. balho e/ou da vida social.
29 REVOLUÇÃO FRANCESA
HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo pôs aos camponeses, uma vez que a revolução
Tem sido recorrente o uso de fontes de época, havia sido completa, e a aplicação das ideias se-
como discursos de Robespierre ou produções dos ilu- guiu o que era mais interessante àquela classe.
ministas nas questões de vestibulares. Exige-se dos
alunos a capacidade de interpretar fontes e relacioná- 11. A
Material do Professor
-las a processos históricos. Por isso, sugerimos, sem- A alternativa correta é um bom resumo da impor-
pre que possível, o trabalho com esses documentos tância da Revolução Francesa: foi um movimento
em sala de aula. que aboliu a sustentação do Antigo Regime, os
Salientamos, ainda, a importância de relacionar as privilégios feudais e a servidão.
ideias iluministas aos processos revolucionários, tanto
o francês como o americano. 12. A
Esta questão chama a atenção para as principais
Para ir além rupturas causadas pela Revolução Francesa.
Sugerimos a exibição do filme Danton: o processo
da revolução (França, 1983. Direção de Andrzej Wajda), 13. B
que apresenta o conflito entre Danton e Robespierre Ainda sobre as importantes rupturas da Revolu-
na fase do Terror da Revolução Francesa. ção Francesa, é possível citar a abertura religiosa
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: do país, apaziguando antigos conflitos que abala-
• GRESPAN, J. L. da S. Revolução Francesa e Ilu- ram as monarquias absolutistas francesas.
minismo. São Paulo: Contexto, 2003.
14. E
Exercícios Propostos O trecho é claro ao comunicar a radicalização do
movimento, principalmente na passagem “passar
7. C a foice por todas as cabeças”.
As artes trazem em sua substância o discurso
de quem a produziu, e isso é importante para 15. C
analisar qualquer obra. Neste caso, os ideais de li- Mais uma questão que mostra o caráter hetero-
berdade da Revolução Francesa, que foi estudada gêneo da Revolução Francesa, que, muitas vezes,
neste módulo, foram representados nesta obra. de forma equivocada, é tida apenas como uma
revolução burguesa. É importante trazer à tona
8. D a importante participação de camponeses e dos
A linguagem é construída permanentemente. Pela chamados sans-culottes e, em cada uma dessas
análise do trecho, vemos que o povo francês não classes, das mulheres ao lado dos homens.
tinha vocabulário político, uma vez que nunca partici-
pava das discussões e das decisões sobre os rumos 16. Soma: 81 (01 1 16 1 64).
da nação. Com as rupturas da revolução, parte do A afirmativa 02 está errada porque não houve
povo passa a participar das atividades políticas, o fortalecimento dos privilégios feudais, muito pelo
que contribuiu para renovar as formas de expressão. contrário. A 04 está errada porque nesse mo-
mento a pequena e média burguesia tinham mais
9. D poder, liderados por Robespierre. A afirmativa 32
Esse é um ponto importante a ser lembrado: a está errada porque esse fato é posterior.
Revolução Francesa foi uma revolução burguesa,
de fato, mas não se limitou a isso. Em virtude 17. D
da crise econômica pela qual a França passava A Declaração dos Direitos do Homem e do Cida-
naquele momento, os camponeses famintos e dão é um documento, uma fonte história essencial
falidos se juntaram à pequena e à grande bur- para compreender de forma clara e direta a relação
guesia na revolução. das ideias iluministas com a Revolução Francesa.
10. C
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XXIX
HISTÓRIA 1
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, pectos da cultura.
conflitos e movimentos sociais.
20. A
Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
Seguindo os princípios básicos do Iluminismo
presentes em textos analíticos e interpretativos,
aplicados na Revolução Francesa, a lei deve ser
sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
Material do Professor
igual para todos. Porém, esse é um ideal, isto é,
gráfica acerca das instituições sociais, políticas
um objetivo maior que está sempre no horizon-
e econômicas.
te. Não é algo que acontece repentinamente, e
19. B sim parte de um processo ainda em construção.
Portanto, ainda que essa seja a meta, ainda há
Esta questão mostra como as mudanças históricas
diferenças na aplicação das leis.
acontecem não apenas nas estruturas, mas tam-
bém em aspectos sociais e culturais que acompa-
Competência: Compreender a produção e o papel
nham esses processos. A burguesia, como grande
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
vitoriosa desse processo, mesmo entre aquelas
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
classes que participaram da revolução, apropriou
conflitos e movimentos sociais.
e transformou hábitos de outras classes.
Competência: Compreender os elementos cul- Habilidade: Analisar o papel da justiça como ins-
turais que constituem as identidades. tituição na organização das sociedades.
30 ERA NAPOLEÔNICA
HISTÓRIA 1
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XXXI
HISTÓRIA 1
uma aliança com Portugal. estabelecida no Congresso de Viena, e ocorre o
retorno das casas reais.
Estudo para o Enem
Competência: Compreender os elementos cul-
18. D turais que constituem as identidades.
Material do Professor
As guerras napoleônicas alteraram as fronteiras
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
europeias, pois diversos estados que adotavam
graficamente fontes documentais acerca de as-
o modelo do Antigo Regime foram destituídos de
pectos da cultura.
sua legitimidade e anexados a partes administrati-
vas do Império Francês comandado por Napoleão. 20. D
O Bloqueio Continental foi uma estratégia de-
Competência: Compreender as transformações
senvolvida por Napoleão para que a Inglaterra
dos espaços geográficos como produto das rela-
ficasse isolada do comércio com outros países
ções socioeconômicas e culturais de poder.
europeus, enfraquecendo sua economia e seu
poder político.
Habilidade: Analisar a ação dos estados nacionais
no que se refere à dinâmica dos fluxos populacio- Competência: Compreender as transformações
nais e no enfrentamento de problemas de ordem dos espaços geográficos como produto das rela-
econômico-social. ções socioeconômicas e culturais de poder.
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XXXIII
HISTÓRIA 1
Ainda que a Independência dos Estados Unidos
tenha sido a primeira movimentação baseada nos -americano, o questionamento do poder da me-
ideais iluministas, foi a Revolução Francesa que trópole. Ainda que sejam processos diferencia-
tornou os ideais de liberdade, igualdade e frater- dos, possuem pontos de contato, especialmente
nidade mundialmente conhecidos. no que concerne aos elementos iluministas e a
mudança de perspectiva quanto ao papel do Es-
Material do Professor
tado, da nação e do cidadão.
Estudo para o Enem
Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
18. D cos para compreender e valorizar os fundamentos
Observa-se no mapa o território inicial dos Esta- da cidadania e da democracia, favorecendo uma
dos Unidos, com as Treze Colônias, bem como atuação consciente do indivíduo na sociedade.
outras áreas que foram adquiridas ao longo do
século XIX. Foi um projeto expansionista dos mi- Habilidade: Analisar a importância dos valores
grantes fundadores e houve conflitos em muitas éticos na estruturação política das sociedades.
regiões com populações indígenas, as quais fo-
ram gradativamente deslocadas para o Oeste. 20. C
Tendo como referência os ideais iluministas, a
Competência: Compreender as transformações Declaração de Independência dos Estados Unidos
dos espaços geográficos como produto das rela- faz um questionamento sobre a questão do poder
ções socioeconômicas e culturais de poder. e defende a participação do cidadão na política
e na vida do país. O documento é redigido com
Habilidade: Interpretar diferentes representações base nesses preceitos.
gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
19. C cos para compreender e valorizar os fundamentos
Como vimos neste módulo e no anterior, os ideais ilu- da cidadania e da democracia, favorecendo uma
ministas foram fundamentais para o questionamento atuação consciente do indivíduo na sociedade.
da ordem da época, o Antigo Regime. Com as ideias
de liberdade e igualdade, as colônias também pas- Habilidade: Relacionar cidadania e democracia
saram a questionar o poder da metrópole. Portanto, na organização das sociedades.
tratar de alguns modos de organização da colônia, federalistas, os quais buscavam o poder regional
evidencia-se o desenvolvimento de um grupo social e localizado, ideia que acompanhou a formação
novo, os criollos, filhos de chapetones, que passa- dos Estados nacionais da América espanhola.
ram a questionar a condição de explorados. Líderes
como Simón Bolívar e San Martín são representantes 11. D
desse grupo, que lutava pela libertação da América Simón Bolívar foi um agente importante na li-
espanhola, com projetos diferenciados e de inspira- bertação das ex-colônias espanholas, mas nunca
ções iluministas. chegou a governá-las unidas.
12. E
Para ir além
Indicamos a leitura do livro O general em seu labi- Os processos de independência tiveram a partici-
rinto, de Gabriel García Márquez, romance inspirado na pação de diversos setores da sociedade da Amé-
trajetória de Simón Bolívar. Com a leitura do livro, é pos- rica espanhola, porém a liderança e os resultados
sível analisar a história das independências da América voltaram-se para a elite criolla.
espanhola e realizar um aprofundamento nas ideias do
13. B
pan-americanismo. Propomos, ainda, a leitura da Carta
da Jamaica, escrita por Simón Bolívar. Disponível em: Ainda que houvesse um ideal entre alguns liber-
tadores de unir todo o território das ex-colônias
<www.cpihts.com/PDF/Simon%20Bolivar.pdf>. espanholas, uma grande diferença entre os pro-
Acesso em: nov. 2018. cessos de independência do Brasil e da América
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- espanhola encontra-se na unidade territorial que
picos de: o Brasil conseguiu manter.
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XXXV
grupos, que percebiam sua realidade e atrelavam Os chapetones, espanhóis que detinham domí-
a ideia de liberdade conforme suas demandas nios na América espanhola, formavam o topo da
HISTÓRIA 1
sociais e econômicas. escala hierárquica, uma vez que eram nascidos na
Europa e tinham prestígio e posses na América.
17. C
As independências da América espanhola tiveram Competência: Compreender a produção e o papel
influência do Iluminismo, com ideais de liberdade histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
Material do Professor
e igualdade, entre elas a liberdade econômica.
conflitos e movimentos sociais.
MATERIAL DO PROFESSOR
Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS
HISTÓRIA 2
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II
e que D. João VI foi responsável por inovações como alianças firmadas com Portugal no contexto das
a contratação da Missão Artística Francesa e a criação guerras napoleônicas.
do Jardim Botânico, do Banco do Brasil, da Casa da
Moeda e da Biblioteca Real, entre outras instituições. 11. E
A Revolução do Porto de 1820 não defendia o
absolutismo, e sim uma monarquia limitada, com
Para ir além divisão de poderes e governo representativo.
Sugerimos a exibição do fi lme Carlota Joaquina
(Brasil, 1995. Direção de Carla Camurati). De maneira 12. C
bem-humorada, o filme aborda a estada da família real Durante séculos, as relações entre Portugal e Bra-
portuguesa no Rio de Janeiro. sil foram baseadas no pacto colonial, que obrigava
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- a colônia a comercializar exclusivamente com a
picos de: metrópole. O pacto foi rompido quando o Brasil
passou a comercializar diretamente com outras
• JANCSÓ, I. (Org.). Independência: história e histo-
nações sem o intermédio de Portugal.
riografia. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2005.
9. A afirmativa está correta. O Congresso de Vie- 16. Entre as várias ações da Coroa, podem ser cita-
na de 1815 representou uma reação das monar- das a criação da Academia de Belas Artes e da
quias europeias contra a expansão napoleônica. Imprensa Régia, a contratação da Missão Artística
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III
b) A Revolução Pernambucana de 1817 teve cará- da mulher branca, cujo papel social era limitado
ter liberal e defendeu a separação do Brasil em re- ao espaço privado do lar.
HISTÓRIA 2
lação à Corte portuguesa. A intenção era romper b) Com a instalação da Corte de D. João VI, o
com o domínio colonial e instaurar uma república Rio de Janeiro tornou-se o centro administrativo
federativa nos moldes dos Estados Unidos. da América portuguesa, que antes era bastante
fragmentada. O rei criou uma série de instituições
Estudo para o Enem a fim de modernizar o Rio de Janeiro e atender às
Material do Professor
demandas da Corte, além de fomentar novas ma-
18. B
nifestações culturais. A missão francesa da qual
Portugal possuía um lugar secundário no cenário Debret fez parte é um dos principais exemplos
geopolítico europeu do período. No contexto das desse incentivo à alta cultura em conformidade
guerras napoleônicas, aliou-se à Inglaterra para com o gosto da nobreza europeia.
escapar da invasão francesa. Por essa razão, após
a chegada da Corte ao Brasil, foram instituídas Competência: Compreender os elementos cul-
medidas que favoreceram a importação de pro- turais que constituem as identidades.
dutos industriais ingleses.
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
Competência: Compreender as transformações
graficamente fontes documentais acerca de as-
dos espaços geográficos como produto das rela-
pectos da cultura.
ções socioeconômicas e culturais de poder.
10 PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
HISTÓRIA 2
Uma comparação entre a independência brasileira e benefícios que Portugal obteve nesse acordo.
as realizadas na América espanhola ou nos Estados
Unidos pode ser interessante porque cada uma delas 11. B
teve um desdobramento importante. Não houve, no Caio Prado Jr. afirma que a independência foi um
Brasil, uma guerra de independência, mas, por outro processo levado a cabo por uma única classe e
lado, ocorreram batalhas internas para garantir a uni- não representou os interesses de todos os mem-
dade do território. bros da nação. Foi um movimento das elites com
o objetivo de assegurar seus privilégios, confor-
me descrito na alternativa correta.
Para ir além
As produções audiovisuais sobre a independência 12. Soma: 12 (04 + 08).
do Brasil são, em geral, muito caricatas e mostram
A burguesia portuguesa não foi favorecida pela
esse processo de forma simplista, por isso não é re-
abertura dos portos em 1808. A Inconfidência
comendado sugerir filmes, séries ou novelas sobre
Mineira, liderada por Tiradentes, ocorreu no fim
o assunto. Uma opção extracurricular interessante é
do século XVIII e não teve relação com a indepen-
montar um quadro comparativo das independências
dência proclamada por D. Pedro em 1822, a qual
de todos os países das Américas.
não foi aceita por todas as províncias e suscitou
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- vários conflitos internos.
picos de:
13. B
• JANCSÓ, I. (Org.). Independência: história e his-
toriografia. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2005. Após a independência, o novo Estado-nação
precisou ser reconhecido pelas demais nações
• MELLO, E. C. de. A outra independência: o fe- globais e erradicar os conflitos internos que se
deralismo pernambucano de 1817 a 1824. São opuseram às transformações.
Paulo: Ed. 34, 2004.
14. D
Exercícios Propostos No texto, Emília Viotti da Costa afirma que o
liberalismo era apenas uma fachada das elites
7. A brasileiras, que não demonstraram interesse em
Na primeira imagem, D. Pedro ocupa o centro resolver os problemas da escravidão e da miséria
do quadro, como protagonista. Os populares que assolavam grandes parcelas da população.
são escassos e encontram-se marginalizados à
esquerda. Já na segunda imagem, o imperador 15. C
ocupa um lugar mais discreto, como líder de uma A independência não modificou radicalmente as
ação popular. Está rodeado pelo povo, que festeja estruturas de produção, uma vez que não discutiu
bem ao centro do quadro. a questão da escravidão e continuou beneficiando
os grandes proprietários rurais.
8. C
A independência do Brasil foi orientada por princípios 16. B
emancipacionistas (próximos daqueles que haviam Com a instalação da Corte em 1808, os portos
guiado os Estados Unidos e as ex-colônias espanho- brasileiros foram abertos, o que pôs fim ao ex-
las) e implicou no confronto político entre D. Pedro clusivo metropolitano anteriormente imposto por
e as Cortes portuguesas, que queriam seu retorno Portugal. Isso representou um importante passo
9. A 17. D
No trecho, Policarpo Quaresma afirma que o tupi- A independência do Brasil pode ser considerada
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V
HISTÓRIA 2
18. B nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
A abertura dos portos, ocorrida após a vinda Corte conflitos e movimentos sociais.
para o Brasil, representou uma ruptura com o
pacto colonial, o qual garantia a Portugal exclusi- Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
vidade no comércio com a colônia. sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
Material do Professor
turas em processos de disputa pelo poder.
Competência: Compreender as transformações
dos espaços geográficos como produto das rela-
20. C
ções socioeconômicas e culturais de poder.
No texto, Paul Singer afirma que, com a indepen-
Habilidade: Comparar o significado histórico- dência, não houve preocupação em industrializar
-geográfico das organizações políticas e socioe- o Brasil. O país manteve-se exportador de produ-
conômicas em escala local, regional ou mundial. tos agrícolas e importador de bens de consumo
europeus, o que o colocou em posição de atraso
19. A e de dependência econômica.
A Revolução Haitiana, iniciada em 1791, foi uma
insurgência de negros escravizados que rompeu Competência: Entender as transformações técni-
com o colonialismo francês e com a escravidão. cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
Serviu de inspiração para movimentos insurgen- de produção, no desenvolvimento do conheci-
tes em outros locais da América, como a Conju- mento e na vida social.
ração Baiana de 1798, e despertou o medo das
elites brasileiras, que temiam que a independên- Habilidade: Identificar registros sobre o papel
cia acarretasse o fim da escravidão e a tomada das técnicas e tecnologias na organização do tra-
do poder pelos afrodescendentes. balho e/ou da vida social.
11 PRIMEIRO REINADO
HISTÓRIA 2
presso na alternativa D.
práticas continuaram vigentes no novo sistema. Leve-
-os a identificar as permanências e oriente-os a avaliar 11. D
o processo de forma crítica, desmistificando possíveis A afirmativa II está incorreta, pois naquele contexto
ideias de D. Pedro I como herói da nação ou de um novo o Partido Brasileiro era opositor de D. Pedro, que ti-
Brasil após o processo de independência. A constitui- nha ao seu lado comerciantes portugueses. O novo
ção do Primeiro Reinado é comumente comparada a Ministério, composto no início de 1822, foi chefiado
outros processos de independência da América em por José Bonifácio, aliado do futuro imperador.
razão das peculiaridades brasileiras, como a manuten-
ção da monarquia. 12. C
A economia do Brasil no Primeiro Reinado era
Para ir além baseada na exportação de produtos agrícolas e na
importação de produtos manufaturados e indus-
Uma possibilidade de desdobramento envolvendo o
trializados da Europa, sobretudo da Inglaterra, o
tema abordado neste módulo é a análise da formação
que gerava uma balança comercial desfavorável.
das vertentes políticas brasileiras que se estenderiam
pelo século seguinte. Após a constituição do Brasil 13. B
como nação, os partidos começam a tomar forma e a
A afirmativa I está incorreta, pois a Constituição
polarização política tornou-se visível. O jogo de forças
de 1824 não foi promulgada, e sim outorgada
entre o Partido Português e o Partido Brasileiro segui-
por D. Pedro I.
ria até o Segundo Reinado, com o Partido Liberal e o
Partido Conservador. 14. Soma: 20 (04 + 16).
Em Às armas, cidadãos!, o historiador José Murilo
O café não foi o principal produto de exportação
de Carvalho traça o perfil das manifestações favoráveis
brasileiro durante o Primeiro Reinado. A Consti-
à independência brasileira. Na obra, o autor reúne pan-
tuição de 1824 não foi promulgada, e sim outor-
fletos, manuscritos e cartazes que foram espalhados
gada. O voto censitário não assegurava a igual-
pelas paredes e pelos postes de várias cidades brasi-
dade entre os homens, pois excluía grande parte
leiras de 1820 a 1823, ilustrando aspectos importantes
da população em virtude da renda. A Guerra da
do processo de independência.
Cisplatina só fez crescer a oposição a D. Pedro I,
Exercícios Propostos uma vez que exigiu grandes gastos.
7. A 15. A
Ambas as alternativas são verdadeiras e citam No excerto, afirma-se que a Inglaterra interessou-se
os dois grupos distintos que constituíram o jogo em reconhecer a independência do Brasil para se
de forças presente no Brasil no contexto da in- opor aos governos de Portugal e Espanha, naquele
dependência em 1822: o Partido Brasileiro e o momento fortemente influenciados pela França.
Partido Conservador.
16. D
8. B Tema bastante recorrente nas questões deste
A Inglaterra não perdeu o interesse em ser parcei- módulo, o Poder Moderador é um dos pontos
ra comercial do Brasil durante o Primeiro Reinado. mais importantes da Constituição Outorgada de
Pelo contrário, foi o país que mais se beneficiou 1824.
pelas vantagens fiscais desde 1808, quando hou-
ve a abertura dos portos, o que intensificou-se 17. C
9. C
Questão interdisciplinar que une História e Lite-
ratura. Pode ser respondida apenas por meio da
interpretação do texto citado. Antonio Candido
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VII
HISTÓRIA 2
18. A da cidadania e da democracia, favorecendo uma
A independência é considerada o ato de fundação atuação consciente do indivíduo na sociedade.
da nação brasileira e, por isso, é celebrada em
festejos cívicos desde os anos imediatamente Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas
posteriores à sua proclamação. Esses festejos es- obtidas no que se refere às mudanças nas legis-
Material do Professor
tão associados à construção de uma memória que lações ou nas políticas públicas.
visa instituir uma identidade nacional no Brasil.
20. D
Competência: Compreender os elementos cul- O documento evidencia a exclusão das camadas
turais que constituem as identidades. mais baixas da sociedade na participação políti-
ca, que ficou restrita aos grandes proprietários
Habilidade: Analisar a produção da memória pe- e aos comerciantes em razão do voto censitário
instituído pela Constituição de 1824.
las sociedades humanas.
Comentários sobre o módulo muitos anos após a morte de frei Caneca. A ter-
O fim do Primeiro Reinado foi marcado por uma ceira afirmativa também é falsa, pois o periódico
crise sucessória ao trono português e por uma crise Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco
no recém-criado Estado nacional brasileiro. D. Pedro I era dirigido por Cipriano Barata.
estava sem apoio e os principais setores da sociedade
Material do Professor
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IX
Algarves, o que fazia parte do projeto das Cortes nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
portuguesas, as quais solicitavam a volta de D. conflitos e movimentos sociais.
HISTÓRIA 2
Pedro para Portugal. Assim, as Cortes portugue-
sas tinham interesse em devolver o país à condi- Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
ção de colônia, enquanto a elite brasileira buscava rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
dar continuidade ao processo de emancipação. ao longo da História.
b) A Confederação do Equador foi uma revolta 19. B
Material do Professor
iniciada em Pernambuco e teve frei Caneca como
A Confederação do Equador teve como objetivo
um de seus principais líderes. De cunho liberal,
criar uma república composta por províncias do
republicano e federativo, criticava o autoritarismo
Nordeste, por considerar o governo de D. Pedro I
de D. Pedro I e a excessiva centralização admi-
autoritário e sem espaço para a autonomia provin-
nistrativa no Rio de Janeiro, capital do império.
cial. Assim, o Rio de Janeiro, sede do império, era
O movimento expandiu-se e decretou a indepen-
criticado por centralizar o poder em detrimento
dência das províncias do Nordeste, de Pernam-
das demais províncias.
buco ao Ceará. No entanto, foi interrompido por
uma forte repressão do governo imperial, que Competência: Compreender a produção e o papel
puniu severamente os participantes. O próprio histórico das instituições sociais, políticas e eco-
frei Caneca chegou a ser executado. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
Estudo para o Enem
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
18. Os traficantes de escravos, muito ricos e podero- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
sos desde o século XVII, discordavam do acordo ao longo da História.
assinado com a Inglaterra pelo fim do tráfico de
escravos. Os comerciantes nativos não estavam 20. E
satisfeitos com as vantagens e os privilégios dos O trecho citado aborda a adoção de sobrenomes
comerciantes portugueses e ingleses. Os gran- indígenas por diversos brasileiros no contexto
des proprietários de terras e de escravos, por sua da independência, o que indica um forte desejo
vez, estavam descontentes com os altos impos- de se distanciar da tradição legada por Portugal
tos, com o Poder Moderador, com a centralização e pela colonização.
da política na figura de D. Pedro e com a proibição
do tráfico de escravos. Na economia, havia a crise Competência: Compreender a produção e o papel
do açúcar e muitos gastos com a estruturação do histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Estado, além de dívidas com as guerras internas nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
e a Guerra da Cisplatina. conflitos e movimentos sociais.
13 PERÍODO REGENCIAL
HISTÓRIA 2
Comentários sobre o módulo que expandiram seu poder por meio do controle
Trabalhe o período regencial como um todo, sem dessa força armada.
necessariamente explicar e abordar detalhadamente
cada uma das regências, o que leva a uma memoriza- 13. A
ção pouco produtiva. A frase é clara na denúncia das semelhanças en-
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XI
HISTÓRIA 2
18. E
Competência: Compreender a produção e o papel
O período regencial foi marcado por intensas
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
disputas políticas entre os partidos que ocupa-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
vam o poder e por revoltas provinciais que rei-
conflitos e movimentos sociais.
vindicavam a separação do império. Conforme
descrito no enunciado, também foi caracterizado Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
Material do Professor
pelo surgimento de uma nova realidade econômi- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
ca, o café, a qual se beneficiou de antigas formas ao longo da História.
de organização social como a escravidão.
20. A
Competência: Compreender a produção e o papel No texto, Diogo Feijó defende um aspecto posi-
histórico das instituições sociais, políticas e eco- tivo da escravidão: ela geraria nos homens livres
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, um forte sentimento de insubordinação em nome
conflitos e movimentos sociais. da liberdade e da igualdade. Essa argumentação
não demonstra qualquer preocupação com a po-
Habilidade: Identificar registros de práticas de pulação escravizada.
grupos sociais no tempo e no espaço.
Competência: Compreender a produção e o papel
19. C histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
O texto evidencia as disputas entre elites de di-
conflitos e movimentos sociais.
ferentes regiões. O autor afirma que padre Diogo
Feijó era apoiado sobretudo por Minas Gerais, ten- Habilidade: Comparar diferentes pontos de vista,
do inimigos em São Paulo, no Rio de Janeiro e no presentes em textos analíticos e interpretativos,
Nordeste, região sob influência do pernambucano sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
Holanda Cavalcanti. Conforme indica a alternativa gráfica acerca das instituições sociais, políticas
correta, essas tensões tiveram origem na indepen- e econômicas.
14 REVOLTAS REGENCIAIS
HISTÓRIA 2
dos nesse período e os da atualidade. É importante que A Revolta dos Malês foi conduzida por uma po-
os alunos estabeleçam paralelos entre as lutas sociais pulação escravizada que era originária de países
e as conquistas de classes. africanos de religião muçulmana.
13. B
Para ir além
As revoltas regenciais colocaram à prova a unidade Apenas a alternativa B apresenta duas revoltas
territorial brasileira e podem ser usadas como contra-argu- de caráter separatista ocorridas durante o impé-
mento à ideia de que o Brasil é um país pacífico e inerte. rio. Na Cabanagem, referida na alternativa A, o
Uma atividade extra que pode ser feita é uma redação foco não foi a separação, mas sim a melhoria nas
sobre o tema, tendo como base as revoltas regenciais. condições de vida da população pobre.
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de
A casa das sete mulheres, de Letícia Wierzchowski, que 14. A
conta a trajetória de Bento Gonçalves e de seus familiares O cenário de crise e instabilidade só foi sanado
durante o processo da Revolução Farroupilha. com o fim do período regencial, quando D. Pedro II
assumiu o trono mesmo não tendo atingido a maio-
Exercícios Propostos ridade legal. Para tanto, foi promovida a Campanha
da Maioridade.
7. C
Todas as mobilizações referidas pelo enunciado tive- 15. B
ram propósitos separatistas e de se desligar do poder Os escravizados e libertos que conduziram a Re-
central do império, favorecendo os interesses locais. volta dos Malês eram originários de países afri-
canos adeptos do islamismo. Uma das principais
8. E reivindicações do movimento foi acabar com a
As revoltas regenciais inseriram-se em um con- imposição do catolicismo pelo império.
texto de grave crise política e institucional que se
arrastava desde o Primeiro Reinado e culminou na 16. B
abdicação do imperador em 1831. Tiveram caráter As revoltas citadas nas alternativas A, D e E não
federalista, pois ambicionavam a emancipação ocorreram no período regencial. A Sabinada, men-
das províncias e mobilizaram vários setores so- cionada na alternativa C, ocorreu na Bahia, e não
ciais. Por exemplo, basta pensar no aspecto alta- no Maranhão.
mente elitista da Farroupilha, no Rio Grande do
Sul; e no caráter popular da Cabanagem, no Pará. 17. C
A afirmativa II está errada, pois a Farroupilha en-
9. E cerrou-se com uma mudança nas políticas tarifárias
No texto, o regente Feijó expressa seu temor em por parte do império e com a anistia dos líderes
relação à “anarquia” no império, ou seja, à frag- revoltosos. A punição foi reservada apenas para os
mentação política e institucional em decorrência afrodescendentes que participaram do movimento
de revoltas regionais e separatistas. e foram exterminados pela repressão imperial.
10. A
Estudo para o Enem
A Guerra dos Farrapos foi uma das mais longas
revoltas da história do Brasil e estendeu-se até 18. a) Segundo o texto, a Cabanagem iniciou-se como
1845. Foi encerrada com um acordo com o impé- uma revolta de elite, mas rapidamente assumiu
rio, representado na figura de duque de Caxias, caráter popular; enquanto a Farroupilha manteve-
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XIII
dado Estado-nação. Por isso, o governo imperial Competência: Compreender a produção e o papel
empenhou-se em reprimi-las, fosse pela força, histórico das instituições sociais, políticas e eco-
HISTÓRIA 2
fosse pela negociação (como na Farroupilha). nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
c) As elites agricultoras e pecuaristas queriam asse-
gurar o controle que exerciam nas províncias e alcan- Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
çar maior participação na política imperial, rompendo sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
Material do Professor
com a centralização demasiada. Pretendiam, ainda, turas em processos de disputa pelo poder.
assegurar seus privilégios sociais e econômicos.
20. B
Competência: Compreender a produção e o papel O texto deixa claro o temor que o regente Diogo
histórico das instituições sociais, políticas e eco- Feijó tinha em relação às revoltas separatistas,
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, que poderiam fragmentar a unidade territorial do
conflitos e movimentos sociais. Brasil. Por isso o empenho em reprimi-las, che-
gando a recorrer às potências europeias.
Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais Competência: Compreender a produção e o papel
ao longo da História. histórico das instituições sociais, políticas e eco-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
19. C conflitos e movimentos sociais.
Os estancieiros gaúchos que lideraram a Farrou-
pilha revoltaram-se contra a política tributária do Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
império que favorecia os produtos pecuários do rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
Uruguai e não os da província do Rio Grande do Sul. ao longo da História.
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XV
HISTÓRIA 2
brasileiro nas mãos da velha elite latifundiária.
Habilidade: Analisar as lutas sociais e conquistas
15. B obtidas no que se refere às mudanças nas legis-
A Lei Bill Aberdeen de 1848 inseriu-se no con- lações ou nas políticas públicas.
texto da pressão inglesa sobre as demais nações
19. E
Material do Professor
para erradicar o tráfico de escravizados e o siste-
ma escravista. Com isso, a Inglaterra ambicionava No texto, Lilia Schwarcz analisa como a imagem
expandir os mercados para seus produtos indus- construída em torno do imperador recorreu a ale-
trializados e assegurar suas zonas de influência. gorias que evocavam um Brasil tropical e natural.
Embora não fosse isenta de elementos europeus,
16. C essa imagem apoiava-se em características que
O depoente afirma que seus pais, imigrantes ita- distinguiam o Brasil em relação ao Velho Mundo:
lianos, chegaram ao Brasil e trabalharam no cam- café, tabaco (importantes produtos da economia
po para apenas mais tarde se transferirem para agroexportadora do país), fauna e flora tropicais
São Paulo. Ele também menciona as transforma- e o Cruzeiro do Sul.
ções ocorridas na cidade ao longo das décadas.
Competência: Compreender os elementos cul-
17. C turais que constituem as identidades.
O artigo permitiu que Brasil, Argentina e Uruguai
tivessem livre trânsito, isento de qualquer tarifa, Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
nas águas dos rios Alto Paraná e Paraguai que graficamente fontes documentais acerca de as-
fizessem parte do território paraguaio. pectos da cultura.
20. B
Estudo para o Enem
O texto evidencia a diminuição drástica no nú-
18. E mero de eleitores entre 1872 e 1886 e relaciona
O artigo citado possibilitava que os cidadãos se esse fato à reforma eleitoral de 1882, que ex-
isentassem de servir à Guarda Nacional caso indi- cluiu os analfabetos da participação política e do
cassem alguém para substituí-los. Tendo em vista direito à cidadania. É importante lembrar que no
o contexto escravocrata e censitário do período, os Brasil havia um número imenso de analfabetos,
cidadãos referidos eram os grandes proprietários ru- uma vez que o país ainda estava muito distante
rais. Estes, por terem a posse sobre a vida de seus de políticas massivas de educação e inclusão
escravos, podiam transformá-los em “voluntários socioeconômica.
compulsórios”. Como recompensa, os escravizados
que sobreviveram à Guerra do Paraguai obtiveram Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
a liberdade. Dessa forma, a medida consistiu em cos para compreender e valorizar os fundamentos
um importante mecanismo de reestruturação social da cidadania e da democracia, favorecendo uma
no contexto de crise do império e do escravismo. atuação consciente do indivíduo na sociedade.
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XVII
HISTÓRIA 2
República em 1889, levada a cabo pelos militares. turas em processos de disputa pelo poder.
16. B 20. A
A afirmativa 3 está errada porque a Guerra do Pa- No texto, Machado de Assis aponta o caráter cris-
raguai encerrou-se em 1870, não correspondendo tão da memória construída acerca de Tiradentes
Material do Professor
a um acontecimento no período imediatamente no contexto de Proclamação da República e evi-
anterior à Proclamação da República. Ademais, dencia o aspecto cívico dessa figura, que tinha
não havia consenso acerca da abolição entre os por objetivo fomentar o sentimento de naciona-
militares. Já a afirmativa 4 está incorreta porque lidade em toda a população.
duque de Caxias não fez parte do movimento
republicano de crítica à monarquia. Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades.
17. A
Conforme trabalhado em questões do módulo an- Habilidade: Analisar a produção da memória pe-
terior, a reforma eleitoral de 1872 excluiu grande las sociedades humanas.
número de brasileiros da participação política ao
proibir o voto de analfabetos. Exercícios Interdisciplinares
19. A 23. A
O principal meio de propagação dos ideais aboli- Com uma menor oferta de alimentos, seu preço su-
cionistas foi a imprensa. biu vertiginosamente. A população, em grande parte
empobrecida e faminta, passava a gastar tudo o que
Competência: Compreender a produção e o papel tinha em alimentos, quando conseguia comprá-los,
histórico das instituições sociais, políticas e eco- não restando dinheiro para a compra de produtos
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, manufaturados. Com a queda desse consumo, o
conflitos e movimentos sociais. desemprego aumentou, o que agravou o problema.