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Cultura Documentos
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Coordenação editorial Luiz Molina Luz
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Edição de conteúdo Cesar da Costa Jr.
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Assistência editorial Ana Duarte, Raíssa Cardoso
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Leitura crítica Murilo Resende
Preparação e revisão Luiz Gustavo M. Bazana
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Gerência de Design Cleber Figueira Carvalho
Coordenação de Design Diogo Mecabo
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Edição de arte Débora Lima
Coordenação de pesquisa e
licenciamento Maiti Salla
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Pesquisa e licenciamento Cristiane Gameiro, Andrea Bolanho
Cartografia Allmaps/Pearson
N X Projeto gráfico Apis design integrado
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Diagramação Editorial 5
Capa Apis design integrado
Imagem de capa inoby/istock
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Um bom material didático voltado ao vestibular deve ser maior que um grupo de
conteúdos a ser memorizado pelos alunos. A sociedade atual exige que nossos jo-
vens, além de dominar conteúdos aprendidos ao longo da Educação Básica, conheçam
a diversidade de contextos sociais, tecnológicos, ambientais e políticos. Desenvolver
as habilidades a fim de obterem autonomia e entenderem criticamente a realida-
de e os acontecimentos que os cercam são critérios básicos para se ter sucesso no
Ensino Superior.
O Enem e os principais vestibulares do país esperam que o aluno, ao final do Ensino
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Médio, seja capaz de dominar linguagens e seus códigos; construir argumentações
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consistentes; selecionar, organizar e interpretar dados para enfrentar situações-proble-
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ma em diferentes áreas do conhecimento; e compreender fenômenos naturais, proces-
sos histórico-geográficos e de produção tecnológica.
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O Pré-Vestibular do Sistema de Ensino Dom Bosco sempre se destacou no mer-
cado editorial brasileiro como um material didático completo dentro de seu segmento
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educacional. A nova edição traz novidades, a fim de atender às sugestões apresentadas
pelas escolas parceiras que participaram do Construindo Juntos – que é o programa rea-
lizado pela área de Educação da Pearson Brasil, para promover a troca de experiências,
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o compartilhamento de conhecimento e a participação dos parceiros no desenvolvi-
mento dos materiais didáticos de suas marcas.
N X Assim, o Pré-Vestibular Extensivo Dom Bosco by Pearson foi elaborado por uma
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equipe de excelência, respaldada na qualidade acadêmica dos conhecimentos e na prá-
tica de sala de aula, abrangendo as quatro áreas de conhecimento com projeto editorial
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GETTY IMAG
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33 SEGUNDA REVOLUÇÃO
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INDUSTRIAL
TEMPO É DINHEIRO!
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A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre 1875 e 1945, dando continuidade
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• Tempo é dinheiro!
aos avanços tecnológicos que marcaram o trabalho nas indústrias, bem como o
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• Avanço nas comunicações
desenvolvimento dos meios de transporte. Esse período, junto à Primeira Revolu-
• Novas fontes de energia
ção Industrial, promoveu uma série de transformações na sociedade ao modificar
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• Metalurgia
as relações de trabalho, as percepções sobre o tempo e permitir o surgimento de
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• Meios de transporte lutas por direitos e melhores condições de vida.
• Produção em massa São desse período a descoberta de novas fontes de energia e as inovações nas
• Reflexos sociais da Revolu- formas de comunicação. A sociedade torna-se cada vez mais marcada pela produção
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ção Industrial e pelo consumo desenfreado, sendo guiada pelas ideias de eficiência e progresso.
O movimento da Segunda Revolução Industrial foi mais presente em países como
HABILIDADES N X
• Identificar registros sobre
Alemanha, Japão, Itália, Rússia e Estados Unidos e incidiu principalmente sobre os
ramos siderúrgico, automobilístico, bélico e naval.
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o papel das técnicas e
tecnologias na organização
produção.
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• Reconhecer transformações
técnicas e tecnológicas
que determinam as várias
formas de uso e apropria-
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por grandes avanços nas formas de comunicação.
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ao longo do século XIX. Sua manipulação e suas apli-
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cações foram descobertas e desenvolvidas por um
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grupo de cientistas, entre eles Galvani e Volta, que
aprimoraram a pilha; Ohm, Joule, Faraday e Thomas
Edison, cujos estudos possibilitaram o aperfeiçoamen-
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Thomas Edison (1847-1931), inventor da lâmpada elétrica.
to da lâmpada elétrica em 1878; Barlow, que inventou o
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Entre esses inventos, é possível destacar a criação motor elétrico; e Ampère, criador do gerador de ener-
do cabo telegráfico submarino, em 1866, por Cyrus W.
gia, entre outros.
Field; do telefone, em 1876, por Alexander Graham
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Bell; da lâmpada elétrica, em 1877, por Thomas Edison;
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do radiotelégrafo, em 1895, por Guglielmo Marconi; e
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do projetor cinematográfico, em 1895, por Auguste e
Louis Lumière.
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A revolução nas comunicações não estacionou com
as inovações do século XIX. No século XX, os meios de
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do século XX.
PICTORIAL PRESS LTD/ALAMY STOCK PHOTO
COLEÇÃO PARTICULAR
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dade, foi o petróleo. O estudo de suas propriedades como principal matéria-prima para as indústrias. A
permitiu que passasse a ser utilizado em larga escala possibilidade de manipular esse material garantiu o
como matéria-prima de combustíveis (gasolina, que- desenvolvimento de produtos mais resistentes.
rosene, óleo etc.). O primeiro poço foi perfurado nos Técnicas de produção metalúrgica foram incorpora-
Estados Unidos em 1859 por Edwin Drake. das à indústria e o avanço técnico possibilitou o aperfei-
Os avanços na petroquímica e a invenção de moto- çoamento de novas máquinas e, consequentemente, o
res de combustão interna possibilitaram uma revolução aumento da produção. Países como Inglaterra, Prússia
também nos meios de transporte, tendo em vista que, e, posteriormente, o Império Alemão, a Itália, o Japão
graças a essas inovações, carros menores começaram e os Estados Unidos tiveram grande avanço na meta-
a circular pelas ruas. lurgia já no fim do século XIX.
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NEUE NATIONALGALERIE, BERLIM, ALEMANHA
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Eisenwalzwerk (1875), de Adolph Menzel. Óleo sobre tela, 158 cm × 254 cm. A obra de Menzel mostra o interior de uma indústria metalúrgica na Silésia.
Expoente do realismo alemão, o artista retratou a massa trabalhadora. Com a indústria metalúrgica, ela representou a força produtiva moderna.
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Enquanto as ferrovias conectavam regiões distan- A exemplo dessa nova organização do trabalho,
tes, gerando desenvolvimento industrial e agrícola por pode-se comentar o modelo de negócio do norte-
onde passavam, as inovações técnicas viabilizaram a -americano Henry Ford, que promoveu a massificação
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criação e posterior popularização do automóvel. do automóvel por meio da produção em massa, bara-
O motor de combustão interna, somado ao proces- teando custos e contribuindo para sua popularização.
so de vulcanização da borracha, permitiu a criação de Ford introduziu o método de produção em massa na
pequenos automóveis. Em 1885, o alemão Nicolaus A. indústria, revolucionando o processo de produção fa-
Otto criou o primeiro motor, que foi aperfeiçoado por bril. Seus carros eram menos sofisticados e tinham
Daimler e Benz. A vulcanização da borracha foi desco- preços mais baixos, ao alcance do público consumidor.
berta em 1839 por Goodyear, o que colaborou com a
invenção do pneu por John Boyd Dunlop. Aviação
A produção automobilística movimentou a indústria O sonho de voar sempre povoou o imaginário huma-
no início do século XX. Isso ocorreu em virtude do no, desde as asas construídas por Dédalo na mitologia
surgimento de um novo bem de consumo e, também, clássica até as incríveis máquinas voadoras idealizadas
por Leonardo da Vinci. No entanto, a realização desse A proposta de Adam Smith (iluminista do século
sonho teve de esperar até 1709, quando o padre bra- XVIII) de divisão do trabalho para aumentar a produção
HISTÓRIA 1
sileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão inventou o passou a ser realmente aplicada. A chamada produção
balão de ar quente. A partir de então, multiplicaram-se em massa apresenta as seguintes características:
as experiências e descobertas no esforço de construir • produção em cadeia feita por uma equipe, na qual
uma máquina voadora mais pesada que o ar. cada indivíduo ou grupo de pessoas executa uma
O surgimento dos diferentes motores, bem como parte do trabalho até o produto final;
a descoberta de novas fontes de energia, permitiu su- • padronização de peças (parafusos, plugues, to-
cessivas experiências em várias partes do mundo a fim madas etc.), ou seja, uniformização de peças
de inventar um aparelho de transporte aéreo. Em 1903, de vasto uso, eliminando-se as especiais e so-
nos Estados Unidos, os irmãos Wright conseguiram fisticadas que encarecem o produto e tornam
“voar” por 12 segundos, quando sua máquina voadora difícil sua manutenção;
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foi impulsionada por uma catapulta. • especialização do trabalhador, gerando divisão do
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A primeira máquina a voar de modo totalmente au- trabalho. Cada operário torna-se técnico na fabri-
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tônomo, isto é, sem impulso, surgiu em 1906, quando cação ou montagem de uma parte específica do
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o brasileiro Santos Dummont, em Paris, fez seu voo produto, afastando-se cada vez mais do processo
de produção global dele.
em um aeroplano a motor, o 14-Bis, com total autossu-
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ficiência na decolagem e na aterrissagem. Sua criação
REFLEXOS SOCIAIS DA
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foi aperfeiçoada com o Demoiselle.
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A Revolução Industrial alterou em muito a vida co-
letiva e individual. Essa mudança pôde ser percebida
N X com o surgimento do proletariado urbano, que pas-
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sou a lutar por melhores condições de vida, originan-
do movimentos sociais que colocaram em questão a
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arma estratégica e letal. Carregado com bombas, era XIX, na Inglaterra. O debate em torno das leis traba-
capaz de explodir cidades inteiras, provocando pânico lhistas atingiu áreas industriais europeias ao longo do
período. O país foi o primeiro a sistematizar uma le-
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nas mais automatizadas, que produziam melhor e mais utópicos (Robert Owen e Charles Fourrier), dos socia-
rápido, mas também novas formas de divisão do traba- listas científicos (Marx e Engels) e dos anarquistas
lho, como o processo implementado por Henry Ford, (Bakunin e Kropotkin).
levaram à redução de custos e preços, popularizando Os socialistas utópicos não pretendiam mudar a
produtos e fazendo-os chegar aos consumidores de sociedade por meio da violência, mas pelo exemplo de
menor poder aquisitivo. solidariedade. Aqueles que compartilhavam as ideias
O modelo implementado por Ford ficou conhecido de Marx e Engels propunham a luta de classes e a
como fordismo. Em sua fábrica, o operário aguardava revolução operária. Os anarquistas defendiam a greve
na linha de produção a passagem das peças para mon- geral para a destruição do capitalismo, além do fim
tar sua parte, repetindo o mesmo movimento inúmeras do Estado e da Igreja, instituições que, segundo eles,
vezes e adaptando-se ao ritmo da máquina. escravizavam física e mentalmente os seres humanos.
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HISTÓRIA 1
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Jovens meninos e meninas trabalhando em uma indústria têxtil, em Massachusetts,
Estados Unidos. Foto de 1912, tirada por Lewis Hine. Os operários eram, em sua maioria,
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antigos artesãos que abandonaram suas ferramentas, pois não conseguiram competir com
a produção industrial. Porém, muitas vezes, crianças eram inseridas na pesada rotina de
trabalho nas fábricas.
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A difusão do sistema de produção industrial na Europa, nos Estados Unidos e
N X no Japão no fim do século XIX produziu outras alterações de organização empre-
sarial. As várias indústrias localizadas em um país começaram a se fundir para ter
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melhores condições de enfrentar as estrangeiras. Dessas fusões surgiram grandes
conglomerados, os quais promoveram a passagem do capitalismo concorrencial para
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tes africano e asiático e disputas por áreas que acirraram as tensões entre os estados
industrializados, em um cenário de conflitos que não parecia ter solução pacífica, o
que se confirmou com a eclosão da Primeira Guerra Mundial no início do século XX.
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Os comedores de batatas (1885), de Vincent van Gogh. Óleo sobre tela, 81,5 cm × 114,5 cm.
A obra retrata a condição de pobreza e vulnerabilidade dos grupos sociais que constituíam a
massa trabalhadora no século XIX, no contexto da Segunda Revolução Industrial.
ROTEIRO DE AULA
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SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Avanços tecnológicos
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Comunicação:
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• Cabo telegráfico submarino.
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• Telefone.
• Radiotelégrafo.
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N X • Projetor cinematográfico.
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Energia:
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• Energia elétrica.
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Transporte:
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• Automóvel.
• Avião.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
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1. Enem C1-H1
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inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cida-
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dão satisfeito e feliz.”
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MARTIUS, Carl Von. O estado do Direito entre os autóctones do Brasil.
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Cenas do filme Tempos modernos (Modern Times), EUA, 1936. Dire-
Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982.
ção: Charles Chaplin. Produção: Continental.
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista
A fi gura representada por Charles Chaplin critica o
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Von Martius:
modelo de produção do início do século XX, nos Esta-
a) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditan- dos Unidos da América, que se espalhou por diversos
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do que os índios, diferentemente do que fazia a mis- países e setores da economia e teve como resultado:
são europeia, respeitavam a flora e a fauna do país.
a) a subordinação do trabalhador à máquina, levando o
b) discriminava preconceituosamente as populações homem a desenvolver um trabalho repetitivo.
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originárias da América e advogava o extermínio
dos índios. b) a ampliação da capacidade criativa e da polivalência
funcional para cada homem em seu posto de trabalho.
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c) defendia uma posição progressista para o século
XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz. c) a organização do trabalho, que possibilitou ao traba-
lhador o controle sobre a mecanização do processo
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d) procurava impedir o processo de aculturação, ao de produção.
descrever cientificamente a cultura das populações
originárias da América. d) o rápido declínio do absenteísmo, o grande aumento
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dora europeia”, típica do século XIX. e) as novas técnicas de produção, que provocaram ga-
nhos de produtividade, repassados aos trabalhadores
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Von Martius considerava o indígena brasileiro um indivíduo atrasado como forma de eliminar as greves.
em seu tempo. Isso está associado a um sentimento da época que
Com a maior inserção de máquinas na indústria, o trabalhador perde sua
ficou conhecido como “fardo do homem branco”, já que seria missão
autonomia enquanto produtor de determinado produto, já que passa a
deste disciplinar os grupos tidos como “inferiores”. Essa ideia também
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documentais acerca de aspectos da cultura. 1881 [...]. A maior parte dos aparelhos expostos resultou
de descobertas moderníssimas [...]. O bonde que transpor-
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As inovações mencionadas:
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e) determinaram a expansão dos regimes democráticos b) busca de novos mercados consumidores para as
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e iniciaram a difusão dos conhecimentos científicos manufaturas e os capitais excedentes dos países
em diferentes sociedades. industrializados.
A Segunda Revolução Industrial caracteriza-se pela busca de novas c) manutenção da autonomia administrativa e dos go-
formas de fontes de energia e, com ela, novos aparelhos tecnológicos,
como os citados na questão.
vernos nativos nas áreas conquistadas.
d) procura de especiarias, ouro e produtos tropicais
4. Unifor-CE – A Segunda Revolução Industrial, ocorrida inexistentes na Europa.
fundamentalmente a partir da terceira década do século e) transferência de tecnologia, estimulada por uma po-
XIX, provocou profundas transformações no sistema lítica não intervencionista.
capitalista de produção. Sobre este fato histórico é in- A Segunda Revolução Industrial possibilitou a criação de diversos pro-
correto afirmar: dutos, disseminando a ideia de modernidade na Europa. O consumo foi
responsável pelo enriquecimento dos industriais, que buscavam maiores
a) Os principais setores da Segunda Revolução Indus- lucros e, para tanto, expandiram os mercados consumidores para além
trial foram o têxtil e o metalúrgico. do continente europeu.
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b) A Segunda Revolução Industrial provocou a concen- 6. Uerj-RJ
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tração e a centralização do capital.
“A Exposição de Paris de 1889 centrava-se na ‘Torre de
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c) A Segunda Revolução Industrial levou ao impe- Gustave Eiffel’ com 300 m de altura, mais de 7000 tonela-
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rialismo.
das e mais de um milhão de rebites. Tinha duas longas ga-
d) A Segunda Revolução Industrial foi baseada no pro- lerias devotadas às Belas-Artes e às artes decorativas; por
fundo avanço da ciência moderna e da tecnologia.
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detrás ficava o imponente ‘Palácio das Máquinas’.”
e) Durante a Segunda Revolução Industrial, a Ingla- Adaptado de: <www.esec-josefa-obidos.rcts.pt>.
terra perdeu o domínio da produção de bens in-
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dustrializados. As exposições internacionais iniciaram-se em Londres,
Os avanços científicos do século XIX, especialmente nas áreas petroquí- em 1851. A Torre Eiffel, um dos símbolos da cidade de
mica, bioquímica, elétrica e de transportes levaram ao que chamamos Paris, foi erguida para a exposição de 1889, comemorativa
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de Segunda Revolução Industrial. Foi uma época na qual os Estados do centenário da Revolução Francesa. Durante a expansão
Unidos já se tornavam o centro industrial do mundo, sobrepondo-se
(aos poucos) à Inglaterra, que havia sido o centro na Primeira Revo- capitalista europeia, no século XIX, essas exposições ti-
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lução Industrial. Um período de grandes monopólios e de disputa por
mercados consumidores, levando ao imperialismo, também chamado
veram como principal objetivo ressaltar a importância da:
a) cooperação financeira franco-britânica.
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neocolonialismo. A alternativa A, incorreta, traz características da Pri-
meira Revolução Industrial, em vez da Segunda. b) modernização tecnológica da produção.
c) consolidação das democracias burguesas.
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e a dinâmica das relações internacionais. Com a Segun- conhecido como Segunda Revolução Industrial. A ciência se desenvolvia
da Revolução Industrial emergiu o imperialismo, cuja e, cada vez mais, aliava-se à indústria. A química e as grandes inven-
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característica marcante foi o(a): ções são os destaques, que podem ser representadas pelas indústrias
farmacêuticas, petrolíferas e por indústrias do setor elétrico, como a
a) substituição das intervenções militares pelo uso da General Eletric. A modernização da produção era o grande objetivo a
diplomacia internacional. ser perseguido. Nesse sentido, as feiras eram um importante motor e,
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Fatec-SP d) as rodovias inglesas, graças a seu ótimo estado de
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“A produção em larga escala exigia não só a divisão de traba- conservação, foram responsáveis pelo aumento da
lho e ferramentas especializadas, mas também um sistema produção industrial.
organizado de transporte, comércio e crédito. Segundo todos e) as deficiências nas comunicações internas na Ingla-
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os testemunhos contemporâneos, as comunicações internas terra eram motivadas pelo péssimo calçamento das
da Inglaterra estavam muito longe de satisfazer as neces- estradas, impróprio para os cavalos de carga.
sidades dos industriais. As estradas inglesas, dependentes,
como estavam, na construção e consertos, de fiscais ama-
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9. Fuvest-SP – Identifique, entre as afirmativas a seguir, a 12. UFCE-CE – Apesar de alguns de seus aspectos fun-
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que se refere a consequências da Revolução Industrial: damentais terem surgido anteriormente, a Revolução
a) Redução do processo de urbanização, aumento da Industrial desenvolve-se, principalmente, no século
população dos campos e sensível êxodo urbano. XIX. Na Inglaterra e também no nordeste dos Estados
b) Maior divisão técnica do trabalho, utilização cons- Unidos, na futura Alemanha e na França, as atividades
tante de máquinas e afirmação do capitalismo como econômicas mudam.
modo de produção dominante. Assinale a alternativa que contém o aspecto da ativi-
c) Declínio do proletariado como classe na nova estrutu- dade econômica da Revolução Industrial ao qual cor-
ra social, valorização das corporações e manufaturas. respondem as seguintes características: fabricação
d) Formação, nos grandes centros de produção, das em série, fabricação a custo menor e fabricação em
associações de operários denominadas trade-u- grande quantidade.
nions, que promoveram a conciliação entre patrões a) Desenvolvimento do comércio.
e empregados.
b) Crescimento da produção manufatureira.
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e) Manutenção da estrutura das grandes propriedades,
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com as terras comunais, e da garantia plena dos c) Exploração dos recursos naturais.
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direitos dos arrendatários agrícolas. d) Desenvolvimento do transporte.
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e) Importação dos produtos manufaturados das colônias.
10. Fuvest-SP – Sobre a inovação tecnológica no sistema
fabril na Inglaterra do século XVIII, é correto afirmar 13. Uece-CE
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que ela: “Na manufatura e nos ofícios, o trabalhador serve-se dos
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a) foi adotada não somente para promover maior efi- instrumentos; na fábrica, ele serve a máquina. No primeiro
cácia da produção, como também para realizar a do- caso, ele é quem move o meio de trabalho; no segundo,
minação capitalista, na medida em que as máquinas ele só tem que acompanhar o movimento. Na manufatura,
submeteram os trabalhadores a formas autoritárias
os trabalhadores são membros de um mecanismo vivo; na
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de disciplina e a uma determinada hierarquia.
fábrica, são apenas os complementos vivos de um meca-
b) ocorreu graças ao investimento em pesquisa tecnoló-
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gica de ponta, feito pelos industriais que participaram
da Revolução Industrial.
nismo morto que existe independente deles.”
Karl Marx. O capital.
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c) nasceu do apoio dado pelo Estado à pesquisa nas Estas críticas de Marx ao sistema industrial nos revelam
universidades. algumas das transformações por que passava a econo-
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d) deu-se dentro das fábricas, cujos proprietários estimu- mia capitalista na metade do século XIX. Sobre estas
lavam os operários a desenvolver novas tecnologias. transformações, é correto afirmar que:
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e) foi única e exclusivamente o produto da genialida- a) a manufatura e a fábrica permitiram um enorme au-
de de algumas gerações de inventores, tendo sido mento da produtividade industrial, do qual se bene-
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adotada pelos industriais que estavam interessa- ficiaram os trabalhadores, pois passaram a trabalhar
dos em aumentar a produção e, por conseguinte, menos com maiores ganhos salariais.
os lucros. b) o desenvolvimento do sistema fabril, com a introdu-
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das do processo industrial inglês no final do século d) a fábrica dispensa o trabalho manual, executando
XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento todas as tarefas através de máquinas e o trabalhador
histórico, pode-se afirmar que: passa a ganhar seu salário sem trabalhar.
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d) as fábricas, de modo geral, tinham pouco controle Desta exposição conclui-se por que razão a Inglaterra
sobre o horário de trabalho dos operários, haja vista adotou decididamente, a partir de 1840, o:
as dificuldades de registro e a imprecisão dos reló-
gios naquele contexto. a) isolacionismo em sua política externa.
e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhado- b) intervencionismo estatal na economia.
res que cumpriam corretamente o horário de trabalho. c) capitalismo monopolista contrário à concorrência.
d) agressivo militarismo nas conquistas de colônias b) Fim da política de expansão imperialista dos países
HISTÓRIA 1
ultramarinas. europeus que haviam alcançado a industrialização.
e) livre-comércio no relacionamento entre as nações. c) Supremacia do sistema familiar de produção, que
passou a atender às necessidades do mercado
15. FEI-SP – Sobre a Revolução Industrial: consumidor.
I. Ocorreu principalmente por causa do acúmulo d) Concentração da produção industrial em grandes em-
de enormes capitais provenientes das atividades presas com o fortalecimento do capital monopolista.
mercantis.
e) Consolidação da livre-concorrência entre as empre-
II. Ocorreu principalmente na Inglaterra (Primeira Re- sas capitalistas facilitada pelo retorno da legislação
volução Industrial) e mais tarde em alguns países da colonial.
Europa Ocidental e nos EUA (Segunda Revolução
Industrial).
17. FGV-SP – A chamada Segunda Revolução Industrial,
III. Trouxe como consequência a abolição da escravidão ocorrida nas últimas décadas do século XIX, foi ca-
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em alguns países com o objetivo de ampliar os mer- racterizada:
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cados consumidores mundiais.
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a) pela concentração do processo de industrialização
Assinale, agora, a alternativa mais adequada:
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na Inglaterra e pela montagem do império colonial
a) I e II estão corretas. britânico.
b) III e II estão incorretas. b) pelo desenvolvimento da eletricidade e da siderurgia
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c) Todas estão incorretas. e pela expansão da industrialização para além do
continente europeu.
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d) Todas estão corretas.
c) pela industrialização e pela formação de Estados
e) I e III estão corretas.
nacionais no continente africano a partir das suas
antigas fronteiras culturais e linguísticas.
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16. Unirio-RJ – Na segunda metade do século XIX, con-
figurou-se uma nova etapa do processo de desenvol- d) pelo equilíbrio de forças entre as antigas colônias
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vimento da Revolução Industrial, que, dentre outras, europeias e os Estados europeus devido à difusão
apresentou a seguinte característica: da industrialização.
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a) Declínio das exportações de capitais para áreas de in- e) pela retração da economia mundial devido à me-
vestimento fora da Europa industrializada, tais como canização da produção e à diminuição da oferta de
a África e a Ásia. produtos industrializados.
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e início do século XX, nos EUA, período em que a eletri- força de trabalho e que lutavam pela melhoria das
condições de trabalho nas fábricas.
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Psicologia e Sociedade, n. 1, abr. 2007. desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-
De acordo com o texto, na primeira metade do século -fornos eram como as pirâmides, mostrando mais a es-
XX, o capitalismo produziu um novo espaço geoeco- cravização do homem que seu poder.”
nômico e uma revolução que está relacionada com a:
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d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam Diferente do continente americano, onde quase que a
HISTÓRIA 1
as fábricas revelava os avanços da engenharia e da totalidade das fronteiras obedecem a limites naturais,
arquitetura do período, transformando as cidades em a África apresenta as características citadas em virtude,
locais de experimentação estética e artística.
principalmente:
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores indus-
triais ocasionava o surgimento de aglomerados urba- a) da sua recente demarcação, que contou com térmi-
nos marcados por péssimas condições de moradia, cas cartográficas antes desconhecidas.
saúde e higiene. b) dos interesses de países europeus preocupados com
a partilha dos seus recursos naturais.
20. Enem C2-H7
c) das extensas áreas desérticas que dificultam a de-
“O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de
marcação dos “limites naturais”.
suas fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30%
por linhas retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a li- d) da natureza nômade das populações africanas, es-
mites naturais que geralmente coincidem com os de locais pecialmente aquelas oriundas da África Subsaariana.
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de habitação dos grupos étnicos”. e) da grande extensão longitudinal, o que demandaria
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MARTIN, A. R. Fronteiras e nações. São Paulo: Contexto, 1998. enormes gastos para demarcação.
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HISTÓRIA 1
LIBERALISMO
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O liberalismo é uma ideologia que pode ser definida como um conjunto de ideias
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• O liberalismo ontem e hoje
políticas e econômicas cuja premissa é a liberdade e a defesa de que a sociedade e
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• Economistas liberais
o Estado devem ter suas bases e justificativas nesse ideal. Esse pensamento evo-
• Sociedade burguesa
luiu muito ao longo da História, desde seu nascimento, em que buscava combater
O S
os poderes absolutos dos monarcas e seus monopólios sobre o comércio, até os • Capitalismo monopolista
D LU
dias de hoje, tornando-se um movimento diverso que discute o papel do Estado nas
HABILIDADES
liberdades políticas e econômicas dos indivíduos.
O pensamento liberal rejeita todo e qualquer poder absoluto. Assim, desde o fim • Identificar registros sobre
o papel das técnicas e
O C
do século XVII até o início do século XIX, o liberalismo burguês voltou-se contra o
tecnologias na organização
Antigo Regime. No século XX, o movimento combateu regimes totalitários e dita-
N X do trabalho e/ou da vida
duras, mas também a vontade popular. social.
O termo “liberalismo” possui vários significados, entre eles o político e o eco-
SI E
• Reconhecer transformações
nômico. O liberalismo político surgiu na Inglaterra e desenvolveu-se na França na
técnicas e tecnológicas
época do Iluminismo. Defendia a liberdade de pensamento, a igualdade de todos
O
O
• especialização e organização do trabalho;
BO O
• divisão internacional do trabalho.
SC
M IV
Entre os principais pensadores do liberalismo,
destacam-se:
• Adam Smith (1723-1790): em A riqueza das na-
O S
ções, defendeu que o trabalho, aliado ao capital,
D LU
é o fator determinante da riqueza. Para o econo-
mista, a eficácia do trabalho resulta de sua ade-
quada divisão. Para defender sua teoria, tentou
O C
demonstrar que dez operários, dividindo as tare-
fas de fabricação, são capazes de produzir 48 mil
N X Retrato de François Quesnay (século XVIII), de
autoria desconhecida. alfinetes por dia, enquanto um, realizando todas
SI E
as atividades sozinho, consegue fabricar apenas
Os fisiocratas defendiam uma economia regida pelo um alfinete. O aumento da produção possibilitaria
governo da natureza, em que a terra seria a fonte da ri-
O
necessário, segundo eles – caberia apenas a função • Stuart Mill (1806-1873): em Princípios da econo-
de proteger a propriedade individual, sem qualquer ou- mia política, sintetizou as teorias clássicas. Dife-
E U
tra interferência. A doutrina ficou expressa na máxima rentemente dos demais economistas, destacou-
proposta por Gournay: laissez-faire, laissez-passer; le -se pela preocupação com os problemas sociais.
D E
monde va de lui-même (“deixai fazer, deixai passar; o O interesse pela justiça social situa-o na transição
mundo caminha por si mesmo”). da escola clássica para o socialismo.
A LD
senvolvimento da escola clássica. Além de Smith, des- de pela pobreza deve-se ao desregramento dos
tacaram-se Stuart Mill, Thomas Malthus e David Ricardo. próprios pobres, que têm mais filhos do que po-
dem sustentar. Se a população não for contida,
ST ER
Ricardo também defendeu a ideia das vantagens com os laços coletivistas típicos das classes menos
comparativas, concebendo que os países deveriam favorecidas, nos quais a união e a ajuda mútua propi-
HISTÓRIA 1
se especializar no tipo de produção para a qual têm ciavam melhores condições de sobrevivência. Ele se
afinidade. Assim, por exemplo, se Portugal tem individualizou com suas opiniões e seus pensamentos
vocação para produzir vinho e a Inglaterra tecidos, revolucionários.
ambos deveriam se especializar nessas áreas e
SOCIEDADE BURGUESA
A burguesia é um grupo social consolidado no fim
da Idade Média, no contexto do renascimento comer-
cial. Os burgueses, de início, eram apenas habitantes
O
dos burgos, isto é, cidades fortificadas, e dedicavam-se
BO O
ao comércio, às finanças ou à manufatura.
SC
Ao longo da Idade Moderna, a burguesia cresceu
M IV
e fortaleceu-se com o desenvolvimento do sistema
colonial e os imensos lucros obtidos com a expansão
O S
marítima. Estes foram aplicados no financiamento do
Estado moderno absoluto como forma de manter a paz
D LU
e a coesão interna e para facilitar o comércio com a
adoção de moedas, impostos e sistemas de pesos e
O C
medidas unificados. Com isso, houve um acúmulo de Jantar no Ambassadeurs (1880), de Jean Beraud. Óleo sobre tela,
capital na Europa que possibilitou o financiamento da 35,5 cm × 45,5 cm. A obra retrata um jantar no Ambassadeurs, um
N X
Revolução Industrial no século XVIII.
Além de sua preponderância econômica, a burgue-
famoso café-concerto.
SI E
O passeio burguês no século XIX não é apenas um
sia muniu-se de um vasto escopo filosófico-ideológico,
prazer, preconizado pelos apóstolos da medicina
desde os pensadores humanistas até os filósofos ilu-
O
representar por grandes artistas em retratos, nos quais rificar sua posição.
exibiam sua riqueza material utilizando belas vestimen- ARIÈS, Philippe; DUBY, Georges (Org.). História da vida privada 4: da
D E
tas, em ambientes suntuosos e, por vezes, com a pre- Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das
sença de moedas de metais preciosos. Letras, 1991. p. 190.
A LD
o valor atribuído à arte, evidenciado em seus refinados que superaram suas divisões internas e alavancaram um
objetos de decoração. desenvolvimento autossustentado. No mesmo período,
ST ER
A obra do artista holandês Jan Vermeer é pródiga o capitalismo transformou-se profundamente, passando
em cenas que retratam a vida burguesa, com damas e da fase liberal para a monopolista. Dessa forma, conside-
cavalheiros ocupando seus interiores cuidadosamente ra-se que uma das principais características da Segunda
SI AT
típicos das casas burguesas com seus interiores acon- somente a uma ínfima minoria endinheirada – a dos
chegantes, demonstravam materialmente o gosto pela grandes e poderosos capitalistas –, estimulando ainda
intimidade e privacidade. mais a concentração do processo da produção.
É desse período também a proliferação de bibliote- Os capitalistas que não acompanharam o ritmo das
cas e salas de leitura, incentivada pela difusão da alfa- inovações técnicas foram eliminados do mercado, o
betização. Nesses espaços, eram realizados estudos que levou à monopolização de certos ramos industriais.
e discussões intelectuais. Do sistema empresarial atomizado, chegou-se à forma-
Isso nos mostra o desenvolvimento, no seio desse ção de gigantescos complexos industriais.
grupo social, do individualismo. O burguês fechou-se O sistema bancário é um exemplo desse processo
com seus objetos de afeição: retratos, cartas, livros e de concentração monopolista. Na feroz disputa por
bibelôs. Sua autonomia econômica levou-o a romper mercados, os bancos pequenos foram à falência, dei-
nos Estados Unidos, nove, com destaque especial para dois gigantes controlados
pelos grupos Rockefeller e Morgan.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
LIBERALISMO
Liberalismo político
O
BO O
SC
M IV
Quando se desenvolve: Definição:
O S
Entre os séculos XVII e XIX.
Defendia a liberdade de pensamento, a igualdade entre todos, a re-
D LU
presentação política da sociedade e o constitucionalismo. Tornou-se
O C
contraditório ao instituir o voto censitário e negar direitos aos operários.
N X
SI E
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Liberalismo econômico
EN S
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Capitalismo monopolista
M
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. Enem C5-H24 O trecho trata de uma ideia formulada por Adam Smith em A riqueza
das nações. O teórico refere-se a classes sociais diferentes e que,
Texto I portanto, lidam com o dinheiro de forma distinta, já que o primeiro, em
uma condição social melhor, tem a possibilidade de investir com seus
“O presidente do jornal de maior circulação do país des- rendimentos a fim de obter mais dinheiro por meio do lucro. O segundo,
tacava também os avanços econômicos obtidos naqueles de condição social mais baixa, relaciona-se com o dinheiro de forma
vinte anos, mas, ao justificar sua adesão aos militares em a usá-lo como uma forma de sustento, tendo menos possibilidade de
investimento e, nesse sentido, enriquecimento.
1964, deixava clara sua crença de que a intervenção fora
imprescindível para a manutenção da democracia.”
Disponível em: <oglobo.globo.com>. Acesso em: 1o set. 2013.
(Adaptado)
Texto II
O
“Nada pode ser colocado em compensação à perda das
BO O
liberdades individuais. Não existe nada de bom quando se
SC
aceita uma solução autoritária.”
M IV
FICO, C. A educação e o golpe de 1964. Disponível em:
<www.brasilrecente.com>. Acesso em: 4 abr. 2014. (Adaptado)
O S
do movimento político-militar de 1964 divergem ao fo-
D LU
carem, respectivamente:
3. Faap-SP – Os pensadores do liberalismo econômico,
a) razões de Estado – soberania popular. como Adam Smith, Malthus e outros defendiam:
b) ordenação da nação – prerrogativas religiosas. a) a intervenção do Estado na economia.
O C
c) imposição das forças armadas – deveres sociais. b) o mercantilismo como política econômica nacional.
d) normatização do Poder Judiciário – regras morais. c) a socialização dos meios de produção.
N X
e) contestação do sistema de governo – tradições
culturais.
d) a liberdade para as atividades econômicas.
SI E
e) a implantação do capitalismo de Estado.
A questão trata do período da ditadura militar no Brasil para compreen-
As ideias do liberalismo afastam-se da intervenção do Estado na eco-
der a liberdade individual, noção importante para o liberalismo estudado
nomia, bem como da participação igualitária de todos os setores da
O
2. Fuvest-SP
“Um comerciante está acostumado a empregar o seu di- 4. Unesp-SP
EM IA
nheiro principalmente em projetos lucrativos, ao passo que “Sendo os homens, conforme [...] dissemos, por natureza,
um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu em todos livres, iguais e independentes, ninguém pode ser ex-
despesas. Um frequentemente vê seu dinheiro afastar-se e pulso de sua propriedade e submetido ao poder de outrem
ST ER
voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa sem dar consentimento.”
do dinheiro, raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo.
diferentes afetam naturalmente os seus temperamentos e
“O patrimônio do pobre reside na força e destreza de suas
SI AT
a) contrapõe o lucro à renda, pois geram racionalidades A partir da leitura dos textos, é correto afirmar que:
e modos de vida distintos.
a) John Locke defende a democracia, isto é, a igualdade
b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em política entre os homens, ao passo que Adam Smith
face da estagnação medieval. privilegia o trabalho, portanto a desigualdade.
c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos b) John Locke funda sua teoria política liberal na defesa
rendimentos do campo. da propriedade privada, em sintonia com a defesa da
d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lu- livre-iniciativa proposta por Adam Smith.
cros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas. c) o consentimento para evitar o poder centralizado do
e) expõe as causas da estagnação da agricultura no rei, em John Locke, choca-se com a necessidade de
final do século XVIII. intervenção econômica, segundo Adam Smith.
HISTÓRIA 1
John Locke, enquanto o Estado não intervencionista “Não se veem, porventura [...] povos pobres em terras vas-
é o suporte da teoria econômica de Adam Smith. tíssimas, potencialmente férteis, em climas dos mais bené-
e) para John Locke, o consentimento é garantido pela ficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, uma po-
divisão dos poderes harmonizando-se com a defesa pulação numerosa vivendo na abundância em um território
da propriedade coletiva de Adam Smith. exíguo, até algumas vezes em terras penosamente conquis-
As ideias de John Locke e Adam Smith são liberais. Isso está demonstra- tadas ao oceano, ou em territórios que não são favorecidos
do no texto de Locke quando este defende que todos os seres humanos por dons naturais? Ora, se essa é a realidade, é por existir
são naturalmente iguais e livres, com direito à propriedade privada e
poder de escolha. No texto de Adam Smith, também há a defesa da uma causa sem a qual os recursos naturais [...] nada são [...].
livre-iniciativa. Portanto, ambos priorizam a ideia de liberdade individual Uma causa geral e comum de riqueza, causa que, atuando
e de escolha, rejeitando qualquer controle de terceiros sem que haja de modo desigual e vário entre os diferentes povos, explica
consentimento.
as desigualdades de riqueza de cada um deles [...]”
SMITH, Adam. Apud HUGON, Paul. História das doutrinas econômicas.
O
São Paulo: Atlas, 1973.
BO O
O texto anterior evidencia a preocupação, por parte de
SC
pensadores do século XVIII, com a fonte geradora de ri-
M IV
queza. As “escolas” econômicas do período – fisiocracia
5. PUC-MG – O pensamento fisiocrático na França e liberalismo – apresentavam, contudo, discordâncias
O S
pretendia: quanto a essa fonte.
a) a concessão de plena liberdade para o exercício Os elementos geradores de riqueza para a fisiocracia e
D LU
de atividades econômicas, resumida na expressão para o liberalismo eram, respectivamente:
laissez-faire.
a) terra e trabalho.
b) a manutenção das condições econômicas e políticas
estabelecidas na França no período mercantilista. b) agricultura e capital.
O C
c) a instituição do liberalismo político, combinado com c) indústria e comércio.
N Xa fixação, pelo Estado, de rígidas regras para as ati-
vidades econômicas.
d) metal precioso e tecnologia.
SI E
A ideia do trabalho é central para o liberalismo, já que entendia-se que
d) o fim do socialismo utópico de Fourier e a formação do as pessoas podiam enriquecer por meio do trabalho, de sua vontade e
proletariado de Karl Marx na Inglaterra do século XIX. da liberdade de fazer escolhas. Para os fisiocratas, a terra era a principal
O pensamento fisiocrático vigora na Europa no século XVIII com a ideia fonte de riqueza de uma nação.
O
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
EM IA
Já a produção de alimentos cresceria em progressão trabalho, a divisão entre vários homens daquilo que
aritmética e possuiria certo limite de produção, por de- anteriormente era produzido por um só.
pender de um fator fixo: a própria extensão territorial c) os parasitas, aqueles que não trabalham, não podem
dos continentes. Nesse contexto, essa teoria, ao longo participar e nem se beneficiar da riqueza produzida
dos anos, tem se revelado: pela coletividade.
a) verdadeira, visto que a produção de alimentos está d) uma maior colaboração entre produtores diretos ga-
estritamente relacionada à extensão de terras agri- rante uma maior socialização das riquezas e o Estado
cultáveis. do bem-estar social.
b) falsa, pois a população tenderia a crescer em pro-
gressão aritmética e a produção de alimentos em 14. Cesgranrio-RJ
progressão geométrica. “Que nunca percam de vista o soberano e a nação o fato
c) verdadeira, pois atualmente constata-se a falta de de a terra ser a única fonte das riquezas e que a agricultura
O
alimentos em muitos países em função de sua pe- as multiplica. Que a propriedade dos bens de raiz e das
BO O
quena extensão territorial. riquezas mobiliárias seja assegurada aos seus possuidores
SC
d) falsa, pois a produção de alimentos, com o uso de legítimos, pois a segurança da propriedade é o fundamen-
M IV
tecnologias, pode aumentar independentemente da to essencial da ordem econômica da sociedade.”
extensão espacial do plantio. QUESNAY, François. Maximes generales du government economique.
e) verdadeira, porque a população cresce em progres-
O S
são geométrica, principalmente nos países emer- François Quesnay, médico do rei francês, lançou as
gentes, como o Brasil. bases do pensamento liberal fisiocrata, o qual:
D LU
a) preconizava que o aumento populacional determina-
11. PUC-RS – Sobre as teorias malthusiana e a neomalthu- va a escassez de recursos naturais e, consequente-
siana, é correto afirmar que: mente, crises de abastecimento.
O C
a) a teoria malthusiana afirmava que a população cres- b) relacionava a necessidade de se manter a ordem
cia em progressão geométrica e a neomalthusiana socioeconômica ao montante de investimentos in-
N X
postulava que o crescimento populacional estacio-
naria no final de século XIX.
dustriais.
c) explicitava as aspirações das massas camponesas
SI E
b) a teoria malthusiana defendia o emprego da tecnolo- que tencionavam destruir o feudalismo.
gia como solução para amenizar a fome no mundo, d) defendia a valorização da nobreza territorial, a supre-
enquanto a neomalthusiana não considerava o papel macia e a centralização do poder real.
O
dicadas em:
12. Fuvest-SP a) liberal – redução dos preços das mercadorias.
ST ER
“No Ocidente, o período entre 1848 e 1875 é primariamente b) monopolista – ampliação da participação no mercado.
o do maciço avanço da economia do capitalismo industrial, c) monetarista – diminuição dos custos de comercia-
em escala mundial, da ordem social que o representa, das lização.
ideias e credos que pareciam legitimá-lo e ratificá-lo”. d) concorrencial – aumento da escala de compras da
SI AT
A “ordem social” e as “ideias e credos” a que se refere 16. Sistema Dom Bosco – Explique o que significa, no
o autor caracterizam-se, respectivamente, como: contexto dos liberais fisiocratas, a expressão laissez-
M
17. Sistema Dom Bosco – Preencha o quadro com as principais obras e ideias dos teóricos
HISTÓRIA 1
do liberalismo estudados neste módulo.
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SC
M IV
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Stuart Mill (1806-1873)
D LU
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incerta e está constantemente exposto à invasão de tercei- c) do absolutismo monárquico.
BO O
ros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo o d) do socialismo científico.
SC
homem igual a ele e, na maior parte, pouco observador da e) do anarquismo.
M IV
equidade e da justiça, o proveito da propriedade que pos-
sui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas
20. Fatec-SP C4-H18
circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que,
O S
embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e Adam Smith, teórico do liberalismo econômico, cuja
obra A riqueza das nações constitui o baluarte, a cartilha
D LU
não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em
do capitalismo liberal, considerava:
sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem
unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e a) a política protecionista e manufatureira como ele-
dos bens a que chamo de propriedade.” mento básico para desenvolver a riqueza da nação.
O C
Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. b) a necessária abolição das aduanas internas, das re-
gulamentações e das corporações então existentes
N X
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto
como uma tentativa de justificar:
nos países.
SI E
c) a propriedade privada como a raiz das infelicidades
a) a existência do governo como um poder oriundo da humanas, daí toda a economia ter de ser controlada
natureza. pelo Estado.
O
b) a origem do governo como uma propriedade do rei. d) a terra como fonte de toda a riqueza, enquanto a
c) o absolutismo monárquico como uma imposição da indústria e o comércio apenas transformavam ou
EN S
35
HISTÓRIA 1
DOUTRINAS SOCIAIS
O
BO O
Na segunda metade do século XIX, o descontentamento com as monarquias
SC
• Novas ideias de organiza-
M IV
nacionais e com o meio de produção instituído pela Revolução Industrial resultou em ção social
diversos movimentos sociais. Os anseios dos trabalhadores por melhores condições • Socialismo utópico ou
de vida foram organizados e defendidos por pensadores que ofereceram perspectivas
O S
romântico
sobre a sociedade capitalista que se formava. Esse grupo de teóricos desenvolveu • Socialismo científico
D LU
as doutrinas sociais do século XIX. • Anarquismo
Muitos autores identificam as origens das ideias socialistas no pensamento de
Platão, principalmente em suas concepções sobre a cidade ou sociedade perfeitas HABILIDADES
O C
descritas na obra A república. Essas ideias foram retomadas e reassimiladas durante • Analisar as lutas sociais e
o Renascimento por autores utópicos como Tomaso Campanela, na obra A cidade do
N X as conquistas obtidas no
sol, e Thomas Morus, em Utopia. Apesar da antiguidade dessas ideias, elas somente que se refere às mudanças
SI E
tomaram corpo com a Revolução Industrial, entre a segunda metade do século XVIII nas legislações ou nas
políticas públicas que pos-
e o início do século XIX.
sibilitaram a ampliação dos
O
Os socialistas propuseram reformas na sociedade e criticaram os inúmeros pro- direitos dos trabalhadores
blemas sociais criados com o estabelecimento do capitalismo e do liberalismo, resu- no século XIX.
EN S
midos na questão social, ou seja, na dificuldade de relacionamento entre burguesia • Analisar a atuação dos mo-
E U
e proletariado, entre capital e trabalho. Eles pretendiam uma completa reformulação vimentos sociais que contri-
da família e da sociedade. buíram para mudanças ou
Faziam parte do pensamento voltado à esquerda política e econômica o socialismo rupturas em processos de
D E
Comuna de Paris, em sessão de 1871. Foi a primeira tentativa na História de instauração de um governo socialista,
tendo início com uma revolução proletária na capital francesa, em 1871.
O
da metade do século XIX.
propriedade privada, recusava qualquer caminho que
BO O
• Robert Owen (1771-1858): diretor de uma gran-
favorecesse o poder do Estado. Defendeu a igual-
SC
de empresa têxtil na Inglaterra. Defendeu e criou
M IV
dade de condições e a solidariedade como únicas
melhores condições de trabalho para os operá-
perspectivas para uma nova sociedade.
rios, além de atendimento às famílias. Falido,
• Louis Blanc (1811-1882): idealizador das oficinas
O S
Owen fundou uma comunidade socialista em New
nacionais criadas pelo Estado, nas quais os trabalha-
Harmony, nos Estados Unidos, mas a experiência
D LU
dores autogerenciariam o próprio trabalho.
fracassou. De volta ao solo inglês, influenciou no
• Auguste Blanqui (1805-1881): dedicou sua vida à
surgimento das trade-unions.
atividade revolucionária, a qual concebia como fase
O C
preparatória para o golpe que realizaria a tomada
NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO
SOCIALISMO CIENTÍFICO
O
uma vida melhor. Assim, a comunidade fabril viveria de forma da sociedade, seja pela destruição das classes anta-
harmoniosa. Ele pensava iniciar um movimento por meio do gônicas [...]. A sociedade burguesa moderna, ergui-
qual todos os industriais, seguindo seu exemplo, constituiriam
uma sociedade igualitária. As empresas de Owen, porém,
da sobre as ruínas da sociedade feudal, não aboliu
M
faliram e o capitalismo continuou seu curso. os antagonismos de classes. Nada mais fez do que
substituir as antigas classes por outras, com novas
• Charles Fourier (1772-1837): filho de um comer- condições de opressão, com novas formas de luta
ciante francês, acreditava que somente por meio [...]. De todas as classes que até o presente momento
da socialização e da cooperação seria possível uma se opuseram à burguesia, somente o proletariado é
sociedade mais justa. Propôs a implantação dos uma classe verdadeiramente revolucionária. As ou-
falanstérios, comunidades agrárias coletivas, nos tras classes decaem e morrem com a grande indús-
quais seus ideais seriam postos em prática. Neles, tria; o proletariado, pelo contrário, é o seu produto
cooperativas de produção e consumo atuariam e mais característico.
seus rendimentos deveriam ser divididos entre tra- MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista.
balho, talento e capital. São Paulo: Boitempo, 1998.
HISTÓRIA 1
sua força e sua prole.
Marx e Engels, tomando como base as realidades
econômicas (materialismo dialético) da evolução histó-
rica da humanidade (materialismo histórico), formula-
ram princípios para o entendimento da História como
um caminho em direção a uma sociedade sem classes
e igualitária. Para eles, o desenvolvimento histórico é
determinado pela luta de classes: opressor (tese) ×
oprimido (antítese).
O materialismo histórico concebe a História como
O
uma sucessão de modos de produção. Na Antiguida-
BO O
Estátua de Karl Marx e Friedrich Engels em Berlim, Alemanha. À de, foi característico o modo de produção escravista,
SC
esquerda, representação de Marx. Nascido na Alemanha, estudou filosofia no qual se opunham amo e escravo. Na Idade Média,
M IV
e dedicou-se a explicar as origens dos movimentos operários, que no predominou o modo de produção feudal, com a opo-
século XIX marcavam a vida da Europa industrial.
sição senhor × servo. Na Idade Moderna, formou-se
O S
Marx e Engels conceberam o socialismo científico o modo de produção capitalista, no qual a burguesia
como ponto de convergência de três importantes linha- (tese) gerou a própria antítese (proletariado).
D LU
gens de pensadores europeus: a filosofia alemã (dialé- Marx e Engels afirmavam que os proletários forma-
tica de Hegel e Feuerbach); a economia política inglesa riam sua consciência de classe, organizando-se para
(Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e Stuart realizar a revolução socialista que instituiria uma socie-
O C
Mill) e a sociologia francesa (Saint-Simon e Fourier). dade na qual o proletariado, unido como força revolucio-
N X
Apropriando-se dessas ideias de forma crítica, Marx nária, retiraria a burguesia do poder político, passando
e Engels sistematizaram um ideário social, político e então a instituir a própria ditadura, etapa intermediária
SI E
econômico de grande força intelectual que, de acordo da evolução entre o capitalismo e o comunismo. Nessa
com eles, encontra-se no cerne de importantes movi- fase de transição, as classes sociais seriam abolidas e,
O
preensão científica do funcionamento da sociedade, daí veio a ser assimilada e repensada pelos filósofos de
esquerda somente no século XX, entre os quais des-
E U
fato de, em suas análises, privilegiarem o conceito de Os principais desdobramentos das lutas socialistas
revolucionárias foram a Revolução Bolchevique (Rússia,
A LD
A infraestrutura diz respeito às formas de reprodu- XX resultou em ditaduras burocráticas ferrenhas, que
ção da vida material ou modo de produção predomi- pouco têm a ver com os ideais democráticos do socia-
lismo em suas origens.
ST ER
ao dono do capital a única mercadoria com valor de tro- Goldwin (1756-1836), mas passaram a exercer influência
ca que possui: sua força de trabalho. Nesse processo, sobre o proletariado com os russos Mikhail Bakunin (1814-
o capital gera a mais-valia, considerando que os lucros -1876), autor da obra Catecismo do revolucionário; e Piotr
M
da produção não são repartidos de forma igual entre os Kropotkin (1842-1921), que escreveu A conquista do pão.
trabalhadores nem em relação ao trabalho executado. Os fundamentos ideológicos do movimento giram em
Para os autores, a parte destinada ao pagamento torno das reivindicações da independência do indivíduo e
do trabalhador (salário) é muito menor do que a riqueza da negação da ordem sociopolítica imposta pelo Estado.
produzida pelo trabalho realizado. Assim, enquanto a Para Bakunin e Kropotkin, o governo e o Estado seriam
burguesia enriquece apropriando-se da riqueza do tra- os causadores de todos os problemas sociais.
balho alheio, o operário recebe a menor remuneração Diferentemente dos marxistas, que consideravam
possível, suficiente apenas para seu sustento e de sua necessária a organização do Estado socialista para
prole em condições miseráveis. Dessa forma, o valor se atingir uma sociedade comunista, os anarquistas
excedente do trabalho, que serve ao aumento cada pregavam o fim do Estado e da propriedade privada,
vez maior do capital, denomina-se mais-valia. Nessas constituindo uma sociedade por meio de um conjunto
de pequenas comunidades cooperativas. Para Goldwin, militar e pela não aceitação da autoridade dos tribunais
a sociedade anarquista deveria se estabelecer pela vio- de justiça.
HISTÓRIA 1
lência, por meio de luta armada, greves e atentados. Algumas comunidades anarquistas foram estabe-
lecidas na Rússia, nos Estados Unidos, na Espanha e
O
um germe da morte da propriedade; e mais cedo ou
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mais tarde desaparecerão o privilégio e a servidão.
SC
Ao despotismo da vontade sucederá o reinado da
M IV
razão. Que sofistas e que preconceitos resistirão
diante da simplicidade destas proposições?
O S
I. A posse individual é a condição da vida social.
D LU
Cinco mil anos de propriedade o demonstram: a
propriedade é o suicídio da sociedade. A posse está
no direito; a propriedade está contra o direito. Su-
Ataque de grupo anarquista contra o restaurante Foyot, em
O C
Paris, França, em 1894. primi a propriedade conservando a posse e, com
esta única modificação, havereis mudado completa-
N X
Para Kropotkin, que rejeitava a violência, a socieda-
de anarquista seria estabelecida pelo não pagamento
mente as leis, o governo, a economia e as institui-
SI E
ções, eliminando o mal da terra.
dos impostos, pela recusa de prestação do serviço PROUDHON, Pierre-Joseph. Qu’est-ce que la proprieté (1840).
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EM IA
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M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
Socialismo utópico
O
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Pensadores: Definição:
SC
M IV
• Saint-Simon. Procurava mostrar os problemas da sociedade e como era possí-
O S
• Robert Owen. vel resolvê-los. Criticava a sociedade capitalista e apresentava as
D LU
• Charles Fourier. ideias básicas e propostas reformistas para a construção de uma
O C
• Louis Blanc.
N X
• Auguste Blanqui.
SI E
O
EN S
Socialismo científico
E U
D E
Pensadores: Definição:
A LD
• Karl Marx. Unindo economia, história, filosofia e política, Marx e Engels cons-
Anarquismo
M
Pensadores: Definição:
• William Goldwin. Teoria que defende a extinção de todas as formas de governo. Para
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
O
a) A alta burguesia é uma classe considerada revolucio- a Igreja o rejeitou através da encíclica Rerum nova-
BO O
nária, pois foi capaz de resistir à ideologia totalitária rum, lançada pelo papa Leão XIII.
SC
através do controle dos meios de comunicação. b) No socialismo utópico, a doutrina defendida por
M IV
b) A classe média, integrante da camada burguesa, foi Robert Owen e Charles Fourrier, prevaleciam as
identificada com os ideais do nacional-socialismo ideias de transformar a realidade por meio da luta
por defender a socialização dos meios de produção. de classes, da superação da mais-valia e da revolução
O S
socialista.
c) A pequena burguesia ou camada lúmpen é revolucio-
D LU
nária, identificando a alta burguesia como sua inimiga c) O socialismo científi co proposto por Karl Marx e
natural a ser destruída pela revolução. Friedrich Engels, através do Manifesto Comunista
de 1848, defendia uma interpretação socioeconômi-
d) A pequena burguesia ou classe média é uma classe
ca da história dos povos, denominada materialismo
antirrevolucionária, pois, embora esteja mais próxima
O C
histórico.
das condições materiais do proletariado, apoia a alta
burguesia. d) O anarquismo do russo Mikhail Bakunin defendia a
N X
e) O proletariado e a classe média formam as classes
revolucionárias, cuja missão é a derrubada da aristo-
formação de cooperativas, mas não negava a impor-
tância e a necessidade do Estado para a eliminação
SI E
das desigualdades.
cracia e a instauração do comunismo.
O materialismo histórico de Marx e Engels buscou compreender as
Segundo Marx, o caráter revolucionário estaria na classe dos trabalha- relações entre o trabalho e a produção de bens ao longo da História,
O
dores, os únicos que seriam capazes de transformar a relação entre defendendo assim que os meios de produção são determinantes para
o trabalho e o explorador. Os burgueses, representando a pequena caracterizar as sociedades.
ou a alta burguesia, pertencem à classe de detentores dos meios de
EN S
e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do “A história de todas as sociedades tem sido a história das
conhecimento e na vida social.
lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a
Habilidade: Analisar diferentes processos de produção ou circulação
burguesia conquistou a soberania política no Estado mo-
D E
Idade Moderna:
A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas
IV. Adam Smith (escocês), em sua obra A riqueza das
nações, afirmava que a única fonte de riqueza era o formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosófi-
trabalho, e não a terra. cas. Não é a consciência do homem que determina o seu
ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ele
EM IA
a) os três pensadores defendem o liberalismo clássico. tir da luta de classes e da determinação das formas
b) as três ideias propõem a ditadura do proletariado. ideológicas pelas relações de produção.
c) Adam Smith propõe o liberalismo clássico; Thomas c) socialismo utópico, que propõe a destruição do capi-
Malthus e Karl Marx, o socialismo utópico. talismo por meio de uma revolução e a implantação
de uma ditadura do proletariado.
d) Thomas Malthus e Adam Smith defendem o pensa-
mento liberal clássico e Karl Marx foi um dos autores d) socialismo utópico, que defende a reforma do ca-
do socialismo científico. pitalismo, com o fim da exploração econômica e a
abolição do Estado por meio da ação direta.
e) Karl Marx e Adam Smith são considerados anarquis-
O materialismo histórico é um conceito desenvolvido por Marx,
tas; e Thomas Malthus, socialista utópico.
consolidando a corrente do socialismo científico. Esse conceito diz
Marx é um dos principais pensadores do socialismo científico. Já respeito à relação histórica entre as populações e os meios de pro-
Adam Smith e Thomas Malthus são representantes do liberalismo, dução, compreendendo que a luta de classes e a revolução poriam
defendendo a liberdade econômica, individual e política. fim à exploração do trabalhador.
5. UFG-GO – Leia o texto a seguir: d) a aliança proletário-burguesa deveria ser buscada por
HISTÓRIA 1
Viva o esporte proletário! intermédio das práticas desportivas.
“A necessidade de esporte para a juventude é um fato in- e) os militantes deveriam conscientizar os operários de
que o futebol é um esporte alienante.
contestável. A burguesia se aproveita desse fato para cana-
lizar todos os jovens das fábricas para seus clubes. O fragmento do jornal evidencia que o posicionamento político estava
presente no cotidiano das pessoas, não sendo dissociado de outras
Que fazem os jovens nos clubes burgueses? práticas, como o futebol.
Defendem as cores desses clubes. Se o clube é de uma fá-
6. Fatec-SP
brica, é o nome e a cor da fábrica que defendem; a bur-
guesia cultiva neles a paixão e a luta contra a juventude de “Em 1848, dois jovens revolucionários alemães escreve-
outras empresas […] ram: ‘Assim, o desenvolvimento da grande indústria mina
sob os pés da burguesia as bases sobre as quais ela es-
Todo operário footballer deve ingressar nos clubes proletários.” tabeleceu o seu sistema de produção e de apropriação. A
O trabalhador gráfico, 25 jun. 1928. Apud DECCA, Maria burguesia produz, antes de mais nada, os seus próprios
O
Auxiliadora Guzzo de. Indústria, trabalho e cotidiano: Brasil – 1889 a
coveiros. A sua queda e a vitória do proletariado são igual-
BO O
1930. São Paulo: Atual, 1991. p. 71. (Adaptado)
mente inevitáveis.’“
SC
O fragmento do jornal conclama a uma prática orga-
M IV
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas em três tomos. Lisboa-Moscovo:
nizativa própria do movimento anarquista brasileiro, Edições Avante!/Edições Progresso, 1982.
segundo a qual:
Esse texto expressa princípios da ideologia:
O S
a) o exercício físico seria o meio para o fortalecimento
do espírito dos militantes. a) fascista. O trecho evidencia algumas das ideias
D LU
b) capitalista. propostas por Marx e Engels sobre a
b) a militância política deveria ser exercida em todas as relação entre burguesia e proletariado,
dimensões da vida do trabalhador. c) comunista. caracterizando algumas ideias acerca do
c) a participação dos cidadãos nos clubes de futebol d) iluminista. comunismo.
O C
das fábricas reforçaria a harmonia social. e) darwinista.
N X EXERCÍCIOS PROPOSTOS
SI E
7. UFJF-MG – Entre fins do século XIX e as primeiras dé- c) A História é feita pelos homens dentro de condicio-
cadas do século XX, os trabalhadores se organizavam na namentos herdados do passado.
O
defesa de seus interesses. Com base em seus conhe- d) A História não é feita pelo passado e sim pelas cir-
cimentos sobre o tema, marque a alternativa incorreta: cunstâncias das escolhas.
EN S
um governo popular na França, inspirado sobretudo "Veja você, meu amigo, te resta apenas um meio para não
pelos ideais anarquistas e socialistas. ser explorado, nem oprimido: demonstrar coragem. Se os
D E
b) A I Internacional, fundada em Londres em 1864, ex- trabalhadores que são tão numerosos se opuserem com
pressou uma das estratégias de luta dos trabalha- todas as suas forças aos patrões e a quaisquer formas de
A LD
dores, que consistia na organização de associações governo, estaremos bem próximos dos homens verdadei-
nacionais e internacionais. ramente livres".
c) As greves de 1918 e 1919, ocorridas no Brasil, cons- Fala da peça Uma comédia social, representada por operários de São
tituíram-se em exemplos de resistência operária, na Paulo nos anos de 1910. Nosso Século (1910-1930). São Paulo:
EM IA
maior parte das vezes, duramente reprimidas pelas Abril Cultural, 1981. (Adaptado)
autoridades policiais.
Durante a Primeira República (1889-1930), em cidades
d) Entre as conquistas obtidas pela luta dos trabalha-
ST ER
listas, que remontavam às teses de Bakunin e Marx, personagem, uma das ideologias que se fez presente no
respectivamente. movimento operário brasileiro, naquele momento, foi:
8. Uece-CE – Leia com atenção o texto a seguir: a) socialismo.
M
“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem b) anarquismo.
como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua esco- c) liberalismo.
lha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, d) cooperativismo.
legadas e transmitidas pelo passado”.
MARX, Karl. O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte.
10. PUC-MG – O chamado socialismo científico, formulado
São Paulo: Centauro, 2006. por Marx e Engels no século XIX, propunha:
a) a superação do capitalismo pela ação revolucionária
Baseado no texto, assinale a afirmação verdadeira: dos trabalhadores, aglutinados em torno da Interna-
a) A História não é construída pelos homens porque ela cional Socialista.
é predefinida pelo destino. b) a redução do papel do Estado na economia para
b) A História permite perceber que a realidade depende efetivar o controle direto pelo proletariado sobre os
unicamente das escolhas dos homens. meios de produção.
c) a supressão de toda legislação trabalhista e social, a) pelo acirramento das contradições políticas, econô-
HISTÓRIA 1
tida como mecanismo de alienação e cooptação do micas e sociais decorrentes do processo conhecido
proletariado. como Revolução Industrial.
d) a realização de sucessivas reformas na estrutura ca- b) pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que
pitalista, possibilitando a gradativa implantação do começaram a pontuar os países capitalistas a partir
comunismo avançado. da ocorrência da Revolução Russa.
c) pela afirmação dos Estados Unidos como potência
11. UEL-PR – O quadro a seguir, criado pelo italiano Giuseppe imperialista com interesses econômicos e políticos
Pellizza, é uma expressiva representação da emergência em várias regiões do planeta.
dos movimentos sociais no final do século XIX, ao mostrar d) pelo confronto entre vassalos e suseranos, no mo-
uma multidão de trabalhadores que, determinadamente, mento de ápice da crise do modo de produção feudal
avança para reivindicar seus direitos. Esse fenômeno de e de enfraquecimento da autoridade religiosa.
desenvolvimento das organizações coletivas, como o
e) pelo incremento das contestações populares às di-
movimento sindical e os partidos políticos, teve início na
O
retrizes políticas implantadas pelos regimes autoritá-
Europa e Estados Unidos do século XIX, espalhando-se
BO O
rios que floresceram na Europa, na primeira metade
por todo o mundo ocidental. do século XX.
SC
M IV
MUSEO DEL NOVECENTO, MILÃO, ITÁLIA
14. Fuvest-SP – O cartaz abaixo, parte de uma campanha
sindical pela redução da jornada diária de trabalho, foi
O S
divulgado em 1919 pela União Interdepartamental da
Confederação Geral dos Trabalhadores da Região do
D LU
Sena, na França.
COLEÇÃO PARTICULAR
O C
N X
SI E
Fonte: SCOTTI, A. II Quarto Stato di Giuseppe Pellizza da Volpedo.
Milano: TEA Arte, 1998.
O
na política.
a) anarquistas e marxistas.
b) revisionistas e revolucionários.
c) trotskistas e stalinistas.
d) socialistas e comunistas.
13. Fatec-SP –“A queda da burguesia e a vitória do proletaria- b) Identifique e analise a visão de luta social que a cena
do são igualmente inevitáveis [...] Os proletários nada têm principal do cartaz apresenta.
a perder com ela, a não ser as próprias cadeias. E têm um
mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos”.
Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista, de Marx
e Engels, foi escrito no contexto histórico marcado:
HISTÓRIA 1
sentados no cartaz – a mulher e os dois homens – se
relaciona com o contexto da Comuna de Paris.
COLEÇÃO PARTICULAR
O
BO O
SC
M IV
O S
16. FGV-SP – Na distinção entre “socialistas utópicos” e “so-
cialistas científicos”, são representantes dos primeiros:
D LU
a) L. Bianc, R. Owen e M. Bakunin.
b) C. Fouder, Saint-Simon e F. Engels.
c) M. Bakunin, Proudhon e A. Bebel.
O C
d) R. Owen, F. Engels e A. Bebel.
e) L. Blanc, Saint-Simon e Proudhon.
N X 17. FGV-SP – Leia com atenção as proposições abaixo:
SI E
I. “A história de qualquer sociedade até aos nossos
dias foi apenas a história da luta de classes. Homem
O
a) Descreva o contexto histórico que motivou a revolta uma guerra que acabava sempre ou por uma trans-
que deu origem à Comuna de Paris, em 1871. formação revolucionária da sociedade inteira, ou pela
E U
O
WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: deu tilt no progresso científico. São Paulo: Best News, 1991.
BO O
SC
De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Estado é explicada pela re-
M IV
núncia que os indivíduos fazem de sua liberdade natural quando, em troca da garantia
de direitos individuais, transferem a um terceiro o monopólio do exercício da força.
O conjunto dessas teorias é denominado:
O S
a) liberalismo.
D LU
b) despotismo.
c) socialismo.
d) anarquismo.
O C
e) contratualismo.
porque:
a) instituiu a participação política direta do povo.
D E
“Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um século em que se prega por toda a par-
te a liberdade das opiniões, acreditam ser seu dever recomendar a liberdade ilimitada. [...]
ST ER
Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem governo, da mesma forma
como ele começa a aprender a viver sem Deus”.
Declaração dos Anarquistas, 1883. Apud VOILLIARD, Odette et al. Documents d’ Histoire contemporaine
(1851-1971). Paris: Armand Colin, 1964.
SI AT
36
HISTÓRIA 1
MOVIMENTO OPERÁRIO
O
BO O
SOCIEDADE
SC
• Novas organizações para
M IV
uma nova sociedade
A Revolução Industrial, em suas diversas fases, demarcou uma mudança radical
• Contexto sociopolítico do
na sociedade que transformou o trabalho em diversos aspectos, entre eles a forma
O S
século XIX
de produção, os horários e a relação com o produto. As diversas mudanças ocorridas
• Tradionismo
no cenário industrial a partir do século XVIII e ao longo do século XIX foram respon-
D LU
sáveis pela construção de uma nova sociedade capitalista industrial. • Comuna de Paris
Como as formas de trabalho passaram a ser diferentes e novas para todos, • Organização operária
não havia regras ou acordos que orientassem o dia a dia dos trabalhadores em
O C
• Sindicalismo
seus locais de trabalho, isto é, as fábricas. Essa ausência deu espaço para que • Doutrina social da Igreja
N X
os trabalhadores fabris – os operários – não tivessem direitos garantidos. Subme-
tidos a longas jornadas de trabalho, recebiam baixos salários, eram expostos a HABILIDADES
SI E
ambientes com más condições de higiene e alimentação e dispunham de pouco • Interpretar historicamente
tempo para descansar. e/ou geograficamente
O
Gravura publicada no periódico La Ilustración Española y Americana, de 1886, que demonstra os agentes da polícia
dispersando os integrantes da greve do bonde.
De acordo com o historiador Jules Michelet, essa sociedade que surgiu, a princí-
pio, na Europa, foi marcada por duas características fundamentais: o extraordinário
avanço técnico-produtivo e as difíceis condições de trabalho nas fábricas, bem como a
miséria dos trabalhadores (crianças, mulheres e homens). A propósito das condições
de trabalho nas fábricas, Michelet faz a seguinte observação:
Que humilhação é ver o homem caído tão baixo [...]. Todas as suas aldeias foram destruídas e incen-
diante da máquina!... A cabeça dá voltas e o cora- diadas, e seus campos transformados em pastagens.
HISTÓRIA 1
ção se confrange quando, pela primeira vez, per- Soldados britânicos impuseram essa expulsão, e entra-
corremos essas casas enfeitiçadas, onde o ferro e o ram em choque com os habitantes. Uma velha, que se
cobre resplandecentes, polidos, parecem funcionar recusara a abandonar sua cabana, foi queimada. Dessa
sozinhos, pensar, querer, enquanto o homem débil maneira, a duquesa se apropriou de 794 000 acres de
e pálido faz as vezes de humilde servidor desses gi- terra que, desde épocas imemoriais, pertenciam ao clã.
gantes de aço. “Observa”, dizia-me um fabricante, MARX, Karl. O capital. In: HUBERMAN, Leo. História da riqueza do
“esta engenhosa e poderosa máquina que apanha homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. p. 176.
esses retalhos horrorosos e os faz passar, sem se en- O êxodo rural, provocado pela expulsão dos traba-
ganar nunca, por transformações complicadíssimas, lhadores de suas terras, favoreceu o surgimento de
até devolvê-los sob forma de tecidos tão belos quan- uma ampla massa de desempregados nas periferias
O
to as mais belas sedas de Verona!” das grandes cidades inglesas, os quais acabaram com-
BO O
Admirei-a tristemente; não me era possível deixar pondo o que Marx chamou de “exército industrial de
SC
de ver, ao mesmo tempo, aqueles lastimáveis rostos reserva”, pronto para vender sua força de trabalho em
M IV
de homens, aquelas jovens gastas, aquelas crianças troca de baixos salários.
deformadas; ou inchadas. A moderna empresa capitalista, resultante dos
O S
MICHELET, Jules. O povo. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 50-51. processos da Revolução Industrial, acarretou em uma
imensa transformação social, que provocou a completa
D LU
desestruturação das antigas formas de trabalho, ba-
O C
DO SÉCULO XIX N X meios de produção, ou seja, produziam por meios que
não lhes pertenciam, podendo vender apenas sua força
Desde o século XVI, na Inglaterra, ocorreram sig- de trabalho, e não os produtos propriamente ditos.
SI E
nificativas mudanças no que diz respeito à delimita- O que distingue a burguesia do proletariado é a pro-
ção da propriedade privada nos campos. Adotou-se a priedade e o controle dos meios de produção (máquinas,
política dos cercamentos (enclosures). Isso significou
O
produtivos das comunidades aldeãs medievais e permi- preço mais aviltante possível (lei da oferta e da procura).
tiu a expulsão de centenas de trabalhadores rurais de As condições miseráveis dos trabalhadores euro-
E U
suas terras. Os cercamentos permitiram a obtenção de peus nos séculos XVIII e XIX favoreceram o surgimen-
maiores lucros para seus proprietários, porém tiveram to de movimentos operários, marcados pelo péssimo
D E
As duras condições de trabalho no século XIX levaram só o proletariado que forneceu o exército revolucio-
à retomada dessa tradição de lutas com a formação das nário de 18 de março; ele teve a pequena burguesia
HISTÓRIA 1
trade-unions (união de trabalhadores), que por sua vez como aliada [...]. Unidos momentaneamente por mo-
dariam origem aos sindicatos. Isso, por um lado, con- tivos de ordem econômica e política, o proletariado e
tribuiu para a ampliação da capacidade de organização a pequena burguesia estavam-no mais estreitamente
dos trabalhadores, mas, por outro, impediu a unidade ainda pela febre patriótica que os consumia desde a
política do proletariado, pois associações das diferentes invasão, desde o sítio, desde a paz, principalmente
categorias podiam seguir tendências políticas diversas. uma paz ruinosa e infamante, da qual iam suportar
Os governos dos países mais avançados passaram a todo o peso e de quem já suportavam a humilhação.
tolerar o sindicalismo. Em 1871, a Inglaterra aprovou a Paris não podia aceitar a derrota: havia conservado
primeira lei reconhecendo o direito à associação sindical. intacta a tradição de 92 e acreditava ainda possível
O mesmo caminho foi seguido pela França, em 1884;
uma defesa revolucionária que libertaria o território
O
e pelos Estados Unidos, em 1886, quando foi fundada
aos sons da “Marselhesa”. Desde o dia 24 de feve-
BO O
a American Federation of Labor. Em 1903, o Decreto
reiro, o Comitê Executivo da Guarda Nacional havia
SC
no 979 permite a associação sindical de trabalhadores
M IV
se comprometido, “ao primeiro sinal da entrada dos
rurais e, em 1907, o Decreto no 1.637 regulamenta os
prussianos, a se lançar contra o inimigo invasor”.
sindicatos urbanos. Em 1948, o direito à organização
Havendo os jornais noticiado a chegada das tropas
O S
sindical foi reconhecido pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas de Bismarck, soa o rebate no dia 27 e 40 000 guardas
D LU
(ONU). Em 1878, no governo de Gladstone, primeiro- nacionais marcham de encontro ao inimigo a fim de
-ministro do Reino Unido, foi estabelecida uma lei que se opor à sua entrada na capital [...].
reduzia a jornada de trabalho de mulheres e crianças. LUQUET, P. et al A Comuna de Paris. Rio de Janeiro:
O C
Laemmert, 1968. p. 19.
COMUNA DE PARIS
N X Em meio às agitações francesas, concluía-se a uni-
A Comuna de Paris teve um caráter socialista: reuniu ficação alemã por meio do Tratado de Frankfurt, de
SI E
grupos de anarquistas, socialistas utópicos e socialistas 1871. A França entregou a região da Alsácia-Lorena à
científicos. O proletariado foi a base do governo, que tam- Alemanha e pagou-lhe uma pesada indenização. Gui-
O
bém contou com a participação da pequena burguesia. lherme I foi coroado kaiser do Império Alemão na Sala
Esse governo estabeleceu uma direção coletiva, a parti- dos Espelhos do Palácio de Versalhes. Assim, surgia o
EN S
cipação de mulheres, o confisco de propriedades da alta Segundo Reich (1871-1918). Restou o ressentimento
burguesia e o controle das fábricas pelos operários. No
E U
contra a experiência do governo independente de Paris. um dos fatores da Primeira Guerra Mundial.
A LD
O
Seu principal objetivo era articular o movimento operário
BO O
na Europa e unificar as diversas vertentes do pensamen-
SC
M IV
to socialista, entre elas os socialistas de esquerda, os
comunistas e os anarquistas. De acordo com o jornal
produzido por essa associação, ela alcançou o significa-
O S
tivo número de 8 milhões de membros. Para organizar
D LU
o movimento operário, a AIT promoveu alguns debates
que deram origem à Primeira Internacional.
Durante os congressos da AIT, manifestaram-se
O C
divergências entre as correntes socialistas em luta
Barricada: a Comuna de Paris (1871), de André Victor Édouard Devambez.
pelo poder. Eram disputas entre marxistas e segui-
N X
Óleo sobre tela, 140 cm × 107 cm. A pintura representa uma barricada
montada durante a Comuna de Paris. dores de Ferdinand Lassale, fundador da Associa-
SI E
ção Geral dos Trabalhadores Alemães e defensor do
sufrágio universal e das cooperativas de produção
ORGANIZAÇÃO OPERÁRIA
O
centros de correspondência comunista, cuja função de Paris, em 1871, quando a massa popular tentou o
seria pôr os diversos grupos europeus que trabalhavam estabelecimento de um Estado proletário na França,
D E
de redigir um manifesto para ambos os eventos. Disso não aceitavam qualquer alteração nas ideias de Marx.
resultou a publicação do Manifesto Comunista (1848), Delegados da Inglaterra e da França tentaram manter
no qual defenderam que as lutas entre as classes nas a Internacional contra a oposição dos revisionistas.
M
sociedades humanas levavam a contradições e, quando Os problemas internos aumentaram com o debate
há uma contradição insolúvel, a luta de classes chega sobre a guerra, a qual estava prestes a estourar. O
às vias de fato e, com isso, novas formas sociais são grupo liderado por Lenin considerava a guerra uma ma-
criadas, dando origem a uma nova etapa na História. tança entre trabalhadores, motivo pelo qual era contra
Portanto, para Marx e Engels, a ação revolucionária das a participação operária no conflito.
classes dominadas seria determinante para a superação Na França e na Alemanha, o partido operário que
da exploração do homem pelo homem. representava a social-democracia contribuiu para eleger
A liga tinha como lema “Todos os homens são ir- parlamentares favoráveis à deflagração da guerra, o que
mãos!”. Seu objetivo principal era “o estabelecimento do Lenin considerou uma traição.
Reino de Deus na Terra, com base nos ideais de amor Essa oposição entre as organizações socialistas foi
ao próximo, igualdade e justiça”. responsável pela falência da Segunda Internacional.
HISTÓRIA 1
que a extrema-direita nazifascista atuava na Europa, governos burgueses frente à influência do pensamento
recebendo o apoio de vários partidos europeus e dos revolucionário do marxismo entre os trabalhadores. Por
Estados Unidos. meio dessas ideias, os sindicatos conseguiriam a legali-
A Terceira Internacional herdou as tradições da AIT, zação das associações operárias, o reconhecimento do
sendo de fato sua continuadora. Sua organização re- direito de greve, a redução da jornada de trabalho, a re-
presentou um movimento revolucionário do operariado gulamentação do trabalho feminino e infantil, o descanso
por meio da criação de um Estado-maior do ponto de aos domingos e a criação de instituições de beneficência.
vista político e ideológico. Lenin foi seu principal idea-
lizador e organizador, apropriando-se das premissas do
marxismo revolucionário.
DOUTRINA SOCIAL DA
IGREJA
O
Por meio da Terceira Internacional, quadros dirigen-
BO O
tes e partidos políticos foram formados. Ela durou até
SC
A atitude da Igreja em relação à defesa dos des-
1943, quando a ascensão de Stalin, na Rússia, contra
M IV
privilegiados remonta ao sacerdote francês Lamenais
o apoio russo aos movimentos socialistas de outros (1782-1854). Em 1891, a encíclica Rerum novarum, do
países colocou um fim às tentativas de internacionali- papa Leão XIII, evidencia a doutrina social da Igreja.
O S
zação do socialismo. Na encíclica, a Igreja reconhece a existência da
D LU
“questão social”, consequência do desenvolvimento
Quarta Internacional capitalista, mas deixa clara a não aceitação da proposta
Convocada por Leon Trotski, tinha como objetivo socialista para esse assunto. Reconhecendo o direito à
O C
reunir trotskistas de todo o mundo para fazer oposição propriedade privada, aconselha que seja feita uma me-
ao stalinismo, criticar a burocracia soviética e discutir a lhor distribuição da riqueza. Constata a dificuldade do re-
N X
necessidade de um retorno ao internacionalismo ope-
rário. A reunião, realizada em Paris em 3 de setembro
lacionamento entre a burguesia e o proletariado, porém
SI E
discorda da luta de classes, recomendando uma atuação
de 1938, contou com a presença de 212 delegados que mais consistente do Estado para impedir a exploração do
representavam 11 países. O assassinato de Trotski no homem pelo homem e do trabalho feminino e infantil.
O
México, em 1940, e a Segunda Guerra Mundial colo- Ao mesmo tempo, apoia a criação de associações com
caram fim ao movimento.
EN S
xistas e, sobretudo, anarquistas. O princípio básico Nesse documento, a Igreja também defende que o
do sindicalismo é a defesa da necessidade de uma proletariado tenha o direito de formar um patrimônio
preparação econômica e moral da classe operária, que e os pais de família recebam um pagamento justo para
consistia em toda e qualquer atividade violenta que cobrir a manutenção de sua prole. A doutrina social
EM IA
pudesse enfraquecer a estrutura do capitalismo e pro- da Igreja representou, desse modo, uma tentativa de
mover a revolução social. humanização do capitalismo.
ST ER
SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
MOVIMENTO OPERÁRIO
Tradionismo
O que foi?
O
BO O
SC
M IV
As duras condições de trabalho no século XIX levaram à reto-
O S
D LU
(união de trabalhadores), as quais dariam origem aos sindicatos.
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Associação Internacional
N X dos Trabalhadores (AIT)
SI E
O
Segunda Internacional
ST ER
SI AT
França, 1889.
Os adeptos de Marx dividiram-se em duas facções: revisionis-
tas, que defendiam a revisão das ideias marxistas para que fi-
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
Terceira Internacional
O
Moscou, 1919 Manteve as tradições da AIT, representou um movimento revolucionário
BO O
SC
do operariado por meio da criação de um Estado-maior do ponto de vis-
M IV
ta político e ideológico. Lenin foi seu principal idealizador e organizador,
O S
apropriando-se das premissas do marxismo revolucionário.
D LU
Quarta Internacional
O C
N X
SI E
Onde e quando ocorreu? Como foi?
O
EN S
Paris, 1938.
Tinha como objetivo reunir trotskistas de todo o mundo para
E U
Sindicalismo
EM IA
Teóricos: Desenvolvimento:
ST ER
Antônio Labriola e Georges Sorel. Desenvolveu-se como reflexo das ideias socialistas e em consequência
SI AT
O que foi?
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
O
a) Marx e Engels demonstram uma grande empatia pela
representava a classe operária, provocou importan-
BO O
classe burguesa, na medida em que ambos possuíam
tes mudanças na legislação trabalhista da época. origem social nessa classe. Entendem também que o
SC
VI. O movimento cartista, movimento operário que surgiu proletariado cumpriu um papel importante na constru-
M IV
na primeira metade do século XIX, não se constituiu ção das sociedades capitalistas, mas que não o fariam
um fato isolado, pois foi precedido de greves, motins, de modo pleno sem a existência da burguesia e seus
insurreições e outras manifestações da classe operária. intelectuais, que forneciam as diretrizes necessárias
O S
VII. Na segunda metade do século XIX, e principalmen- para o desenvolvimento do capitalismo.
D LU
te com a formação das associações internacionais b) Para os autores, não haveria outra possibilidade de
dos trabalhadores, percebeu-se uma estreita relação a burguesia revolucionar os meios de produção, por
entre o marxismo e o movimento operário europeu. conseguinte, as relações de produção, que não fos-
Assinale a alternativa correta: se pelo modelo instituído pela Revolução Francesa,
O C
ocorrida em 1848. Daí a importância do Manifesto
a) Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. Comunista, escrito no mesmo ano, o que demons-
N X
b) Somente as afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.
tra que Marx e Engels concordavam com os ideais
comunistas da Revolução Francesa.
SI E
d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. c) Quando Marx e Engels escrevem que “tudo o que era
sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que
e) Todas as afirmativas são verdadeiras. era sagrado é profanado e os homens são obriga-
O
A afirmativa III é incorreta, pois em meados do século XIX houve greves e dos finalmente a encarar sem ilusões a sua posição
revoltas operárias em diversos países europeus, mas não uma greve geral social”, atestam quanto a revolução burguesa, com
EN S
rota da França na Guerra Franco-Prussiana de 1870. derno, trouxe consigo uma série de elementos que
A alternativa que melhor explica a Comuna de Paris é a C, porque não não apenas denunciaram os aspectos arcaicos das
é correto dizer que houve uma aliança entre todos os operários da sociedade antigas, suas formas arquetípicas de do-
Europa, que foi imaturo e facilmente derrotado, que foi um "manifesto" minação, seu primitivismo religioso e sua ineficácia
SI AT
apenas, nem que foi resultado da derrota na Guerra Franco-Prussiana. política, como também apresentaram a modernida-
É correto dizer que foi a primeira conquista do poder político, ainda que
tenha durado pouco tempo. de como novo projeto de sociedade, retirando os
indivíduos de sua passividade social e lançando-os
3. UFPR-PR C3-H14 no processo histórico de desenvolvimento de suas
M
HISTÓRIA 1
“O permanente revolucionar da produção, o abalar ininter- pa, contra as quais a burguesia determinou severa
rupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimen- repressão.
to eternos distinguem a época de todas as outras. Todas as b) das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas à des-
relações fixas e enferrujadas, com seu cortejo de representa- truição das máquinas e à exploração por elas causada.
ções e concepções são dissolvidas, todas as relações recém- c) da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores
-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo foram transformados em massa de manobra dos
que era sólido se volatiza, e os homens são por fim obrigados interesses burgueses.
a encarar com os olhos bem abertos a sua posição na vida.” d) de cercamento dos campos, com o deslocamento
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido de um grande contingente de despossuídos da sua
Comunista. (Adaptado) área rural de origem.
e) da Revolução Industrial, quando os criminosos eram
Em 1848, na defesa de uma nova sociedade, o Manifesto expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em
Comunista criticou as transformações advindas da moder-
O
outra ocupação, pela legislação vigente.
nização capitalista nos países da Europa ocidental. Dois
BO O
No texto, Marx afirma que, nos séculos XV e XVI, a população europeia
aspectos dessa modernização, então criticados, foram: tornou-se despossuída, pois foi vítima de expropriações. Ou seja, foi
SC
destituída de suas terras. Essa mão de obra não foi completamente
M IV
a) crescimento industrial – garantia de direitos sociais. absorvida nas atividades manufatureiras pelo nascente mercado de
b) aceleração tecnológica – aumento da divisão do trabalho capitalista e deu origem a uma massa de desempregados, os
trabalho. quais não foram reconhecidos nem protegidos pela legislação da época.
O S
c) mecanização da produção – elevação da renda sa- 6. UFPE-PE (adaptado) – A consolidação da sociedade
larial média. capitalista foi o resultado de muitas lutas e confrontos
D LU
entre projetos políticos dos mais diversos. O século
d) diversificação de mercados – valorização das corpo- XIX foi o cenário privilegiado desses confrontos e do
rações sindicais.
O Manifesto Comunista criticou a aceleração tecnológica, pois julgava
surgimento de propostas que denunciavam as injustiças
sociais trazidas pela ordem capitalista, entre elas, a
O C
que ela não era acompanhada pela melhoria nas condições de vida do
operariado. Já o aumento da divisão do trabalho foi criticado porque proposta dos anarquistas, que defendiam:
era tido como um elemento que agravava o estado de alienação do
N X
trabalhador.
5. UFRRJ-RJ
( F ) a socialização da propriedade territorial e a insta-
lação de governos centralizados comandados por
SI E
operários.
“A criação de um proletariado despossuído, [...] cultiva- ( F ) o fim das hierarquias políticas, com a formação de
dores vítimas de expropriações violentas repetidas, foi governos formados por assembleias populares so-
O
necessariamente mais rápida que sua absorção pelas nas- cialistas compostas de líderes dos partidos políticos.
centes manufaturas. [...] Forma-se uma massa de mendi- ( F ) a vitória dos ideais socialistas divulgados pelo
EN S
gos, ladrões e vagabundos. Desde o final do século XV e Manifesto Comunista de 1848, escrito por Marx
durante todo o século XVI na Europa ocidental foi criada e Engels.
E U
uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da atual ( V ) a destruição do Estado burguês e o fim da pro-
classe operária foram castigados por terem sido reduzidos priedade privada dos meios de produção.
à situação de vagabundos e pobres. A legislação os tratava
D E
de justa e igualitária.
MARX, Karl. O capital. Paris: Garnier-Flamarion, 1969.
Nas afirmações acima, marque V para verdadeiro e F
As transformações econômicas e sociais costumam para falso.
gerar profundas alterações no chamado “mundo do Os anarquistas não defendiam a instalação de governos comandados
EM IA
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. Sistema Dom Bosco – Sobre a Associação Internacional 8. Sistema Dom Bosco – Podemos ressaltar diversas
SI AT
dos Trabalhadores (AIT), assinale a alternativa correta: características dos congressos realizados pela AIT. Leia
a) A AIT tinha como um de seus objetivos unificar as as alternativas a seguir e assinale aquela que estiver
diferentes vertentes do pensamento socialista. incorreta em relação a essas características:
M
b) Foi fundada na França e reuniu trabalhadores de vá- a) Totalizaram-se quatro congressos e o assassinato
de Leon Trotski foi um dos motivos para que o mo-
rios países europeus e dos Estados Unidos, deixando
vimento chegasse ao seu fim.
o Reino Unido de fora da associação.
b) A Primeira Internacional ficou marcada por disputas
c) A associação obteve sucesso ao pacificar questões entre vertentes distintas do socialismo: entre mar-
críticas entre os diferentes grupos socialistas, prin- xistas e seguidores de Lassale e entre marxistas e
cipalmente entre bakuninistas e marxistas. bakuninistas.
d) Ainda que tivesse membros de vários países do mun- c) A Primeira Internacional foi encerrada após a derrota
do, o movimento teve poucos membros ao longo do da Comuna de Paris, uma vez que todos os seus
tempo, motivo pelo qual organizou apenas quatro membros eram integrantes da AIT.
encontros internacionais. d) A Segunda Internacional revelou divisões entre so-
e) Entre os ideais da AIT estava a luta pelos valores cialistas, sendo duas facções: os revisionistas e os
liberais e do livre-mercado. marxistas ortodoxos.
e) A Quarta Internacional foi convocada por Leon Trotski a) repressão às classes populares não passou de retó-
HISTÓRIA 1
O
e marque a alternativa correta: Com essa frase, que se tornou famosa, Marx e Engels
BO O
começavam o Manifesto Comunista no fervilhar de um
SC
a) A publicação do Manifesto Comunista surgiu no con- período de profundas agitações em toda a Europa,
M IV
texto dos congressos da Liga dos Justos. no período entre 1830 e 1848. Acerca dessa conjun-
b) O lema principal da Liga dos Justos foi “Liberdade, tura, podemos afirmar que:
igualdade e fraternidade”.
a) as barricadas de 1848, em Paris, exigiam mudanças
O S
c) Longe dos ideais comunistas, a Liga dos Justos sociais na França e culminaram com a queda da mo-
buscava direitos para os operários, mas desde que narquia de Luís Bonaparte.
D LU
respeitando as regras do livre-mercado.
b) com a formação do II Reich, em 1830, os estados
d) Um dos líderes da Liga dos Justos foi o filósofo e alemães unificados começaram a atender aos anseios
economista Adam Smith. nacionalistas dos movimentos sociais.
O C
e) Após participar da Revolta Blanquista, a Liga dos c) as vitórias do movimento cartista inglês criaram as
Justos foi dissolvida e seus membros presos. bases para o surgimento do Labour Party, intérprete
N X
10. Sistema Dom Bosco – Considere as assertivas a se-
das demandas operárias na vida política nacional.
d) a consolidação da Internacional Socialista, em 1848, uni-
SI E
guir, sobre o contexto político e social do século XIX, e
ficando os vários partidos social-democratas europeus,
assinale a alternativa correta: colocou em xeque os governos democrata-cristãos.
I. O grande êxodo rural levou a uma massa de de-
O
13. Unesp-SP
enquanto a primeira é a dona dos meios de produção,
“[...] Considerando que para os senhores não é possível
o segundo só tem sua força de trabalho para vender.
Nos pagarem um salário justo,
D E
para os operários e leis trabalhistas para proteger Considerando que sem os senhores, tudo será melhor
seus direitos, aspectos que se tornaram cada vez
piores com o tempo. [para nós,
a) Apenas a afirmativa II está correta. Considerando que os senhores nos ameaçam
EM IA
d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. Temeremos mais a miséria que a morte.
e) Todas as afirmativas estão corretas. Considerando que o que o governo nos promete sempre
11. UPE-PE Está muito longe de nos inspirar confiança,
SI AT
“Quando pensamos na relação entre o Estado e o movimento Nós decidimos tomar o poder
operário no Brasil da Primeira República, logo temos em men- Para podermos levar uma vida melhor.
te o velho jargão: a ‘questão social’ deveria ser tratada como
‘questão de polícia’. Há muito fora desconstruída a atribuição Considerando: vocês escutam os canhões,
M
dessa frase a Washington Luís, que, aliás, antes de ser presi- Outra linguagem não conseguem compreender,
dente da República, havia sido secretário de Segurança Públi- Deveremos então, sim, isso valerá a pena,
ca e governador de São Paulo, além de prefeito daquela capital
Apontar os canhões contra os senhores!”
durante o período das grandes greves, entre 1917 e 1919.”
Bertolt Brecht. Os dias da Comuna.
OLIVEIRA, Tiago Bernadon de. Pela reforma, contra a revolução:
notas sobre o reformismo e colaboracionismo na história do mo- Esse poema de Brecht refere-se à chamada Comuna
vimento operário brasileiro na Primeira República. Revista Crítica de Paris, de 1871. Como pode ser definida a inspiração
Histórica, Paraíba, ano III, n. 5, p. 33, jul. 2012. (Adaptado) política dos revolucionários de 1871?
A equivocada manutenção da responsabilidade da au-
toria dessa frase ao presidente deposto em 1930 teve
como principal consequência para o imaginário social
a ideia de que a:
HISTÓRIA 1
po pela elevação da especialização da mão de obra.
e) A inexistência de sindicatos, os quais só vieram a se
constituir depois de 1930.
16. Fatec-SP
“A queda da burguesia e a vitória do proletariado são
igualmente inevitáveis [...]. Os proletários nada têm a
perder com ela, a não ser as próprias cadeias. E têm um
mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos”.
Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista de Marx
e Engels, foi escrito no contexto histórico marcado:
O
a) pelo acirramento das contradições políticas, econô-
BO O
micas e sociais decorrentes do processo conhecido
SC
como Revolução Industrial.
M IV
b) pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que
começaram a pontuar os países capitalistas a partir
da ocorrência da Revolução Russa.
O S
c) pela afirmação dos Estados Unidos como potência
14. IFSP-SP (adaptado) – Qual era a representação do
imperialista com interesses econômicos e políticos
D LU
internacionalismo para o campo progressista?
em várias regiões do planeta.
d) pelo confronto entre vassalos e suseranos, no mo-
mento de ápice da crise do modo de produção feudal
O C
e de enfraquecimento da autoridade religiosa.
e) pelo incremento das contestações populares às di-
N X retrizes políticas implantadas pelos regimes autoritá-
rios que floresceram na Europa na primeira metade
SI E
do século XX.
O
17. Unicamp-SP
“Em julho de 1917, convocou-se, em São Paulo, uma
EN S
O
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa
d) simbolizou a vitória do ideário marxista.
BO O
e Industrial para a organização da classe operária. En-
quanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era e) representou a retomada dos valores do liberalismo.
SC
originária do significado da vitória revolucionária sobre
M IV
as classes dominantes, a “necessidade da mobilização 20. Enem C1-H1
permanente”, trazida pela Revolução Industrial, decorria “Na produção social que os homens realizam, eles entram
O S
da compreensão de que: em determinadas relações indispensáveis e independentes
de sua vontade; tais relações de produção correspondem a
a) a competitividade do trabalho industrial exigia um
D LU
um estágio definido de desenvolvimento das suas forças
permanente esforço de qualificação para o enfren- materiais de produção. A totalidade dessas relações cons-
tamento do desemprego. titui a estrutura econômica da sociedade – fundamento
b) a completa transformação da economia capita- real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e
O C
lista seria fundamental para a emancipação dos jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de
operários. consciência social.”
N X
c) a introdução das máquinas no processo produtivo MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.;
SI E
diminuía as possibilidades de ganho material para ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977. (Adaptado)
os operários. Para o autor, a relação entre economia e política esta-
belecida no sistema capitalista faz com que:
O
mais-valia.
e) a melhoria das condições de vida dos operários se- b) o trabalho se constitua como o fundamento real da
E U
“Sou um partidário da Comuna de Paris, que, por ter sido desenvolvimento econômico.
massacrada, sufocada no sangue pelos carrascos da rea- e) a burguesia revolucione o processo social de forma-
ção monárquica e clerical, tornou-se ainda mais viva, mais ção da consciência de classe.
EM IA
ST ER
SI AT
M
37
HISTÓRIA 1
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
E DA ALEMANHA
OS ÚLTIMOS A SE UNIFICAR
O
BO O
Enquanto as principais monarquias absolutistas da Europa, como Portugal, Es-
SC
• Os últimos a se unificar
panha, França e Inglaterra tiveram força e puderam existir graças ao processo de
M IV
• Unificação da Itália
unificação dos Estados durante a consolidação do mercantilismo, outras potências
• Unificação da Alemanha
europeias só o fizeram com o avanço do capitalismo industrial. Os objetivos da
O S
burguesia contemporânea ao desejar as unificações, pouco tempo depois da Revo- HABILIDADES
D LU
lução Francesa, eram semelhantes aos dos burgueses da Idade Moderna quando
• Identificar registros de
apoiaram a formação dos primeiros Estados nacionais: a unificação de impostos, a práticas de grupos sociais
padronização de moedas e a consolidação de mercados consumidores. no tempo e no espaço.
O C
Alemanha e Itália foram os últimos a se unificar e a entrada desses Estados
• Analisar a atuação dos mo-
nacionais no jogo político europeu teria consequências importantes nas décadas vimentos sociais que contri-
N X seguintes. Uma vez unificados, entraram na disputa imperialista das potências eu-
ropeias e ficaram lado a lado nas duas guerras mundiais que eclodiriam no início do
buíram para mudanças ou
SI E
rupturas em processos de
século seguinte. disputa pelo poder.
O
• Avaliar criticamente
PRISMA ARCHIVO/ALAMY STOCK PHOTO
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
E U
História.
D E
A LD
EM IA
ST ER
Gravura que representa a unificação italiana (1859-1924) e a atuação das tropas dos Estados Pontifícios.
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
SI AT
10° O
TRENTINO
Trento
LOMBARDIA Udine
SAVOIA Trieste
PIEMONTE Milão
VENEZA Veneza ÍSTRIA
Verona
Turim Parma
Gênova PARMA Bolonha
MODENA
NICE
Nice Florença
TOSCANA
ESTADOS
DA
IGREJA Mar Adriático
Roma
O
Nápoles
BO O
Sassari Taranto
Mar Tirreno
SC
Sardenha
40° N
M IV
Cagliari
Encontro de Vítor Emanuel II e Garibaldi em Teano, de Sebastiano de
REINO Albertis. Após esse encontro, a tendência republicana do movimento
O S
Palermo
DAS DUAS
SICÍLIAS
Mar Jônio de unificação italiana sujeitou-se ao ideal monarquista, encabeçado pelo
Mar Mediterrâneo Calatafimi Reino de Piemonte-Sardenha.
D LU
Marsala
O C
Anexações de 1859-1860 Território anexado O L
N X
Territórios incorporados em 1860
nas campanhas de Garibaldi e de
tropas piemontesas
Campanha de Garibaldi
Campanha de tropas do Piemonte
0
1 : 6 400 000
64
Cada cm = 64 km
128 km Franco-Prussiana obrigou Napoleão III a retirar as tropas
francesas que protegiam a Santa Sé.
SI E
World History Atlas: Mapping the Human Journey. Londres: Dorling
Kindersley, 2008.
PICTORE/ISTOCKPHOTO.COM
O
tarifas alfandegárias e possibilitou a unidade econômica primeira etapa com a Guerra dos Ducados (1863) contra
dos Estados germânicos, sob a liderança da Prússia. O a Dinamarca, anexando os territórios de Schleswig e
HISTÓRIA 1
crescimento econômico dos estados do norte permitiu Holstein. Desentendendo-se com a Áustria, Bismarck
o surgimento de uma fortalecida burguesia industrial declarou-lhe guerra, fato que iniciou a segunda fase,
nacionalista, ligada à indústria pesada e à mineração. conhecida como Guerra das Sete Semanas (1866). Os
Outro fator de unidade foi o desenvolvimento de fer- austríacos foram vencidos pelo exército prussiano, sob
rovias, estreitando ainda mais as relações entre eles. o comando do general Moltke, na Batalha de Sadowa.
Essas vitórias possibilitaram a formação da Confede-
Estados alemães antes da unificação
ração Germânica do Norte.
10° O
Restava ainda unificar o sul e os ricos territórios
fronteiriços da Alsácia-Lorena, então sob domínio fran-
Mar do Norte
DINAMARCA
Mar Báltico
cês. Procurando exaltar o nacionalismo alemão, Bis-
O
marck voltou-se contra a França de Napoleão III. Após
BO O
algumas questões diplomáticas, o incidente decisivo
SCHLESWIG
Schleswig Königsberg
Dantzig
SC
HOLSTEIN
Lubeck Stettin
ocorreu durante a questão sucessória da Espanha, na
M IV
Hamburgo
MECKLEMBURGO
PAÍSES OLDEMBURGO
Bremen HANÖVER
PRÚSSIA
qual generais espanhóis ofereceram a Coroa da Espa-
BAIXOS Berlim
Posen
RÚSSIA nha a Leopoldo Hohenzollern, parente de Guilherme I,
O S
PRÚSSIA
Dortmund
Leipzig
da Prússia.
Düsseldorf
BÉLGICA HESSE-KASSEL SAXÔNIA
Napoleão III quis evitar a expansão alemã na Es-
D LU
Breslau
TURINGIA
Colônia NASSAU Dresden
50° N
LUXEMBURGO
Frankfurt
HESSE
panha, perigosa para a França, propondo um encon-
Darmstadt
Metz
PALATINADO Nuremberg tro entre ele e o rei Guilherme I para discutir o pro-
Karlsruhe
BAVIERA ÁUSTRIA-HUNGRIA
ALSÁCIA-LORENA Stuttgart
blema. O monarca prussiano escreveu um telegrama,
O C
Ulm
FRANÇA Estrasburgo BADEN Munique
concordando com as negociações propostas pelo
WÜRTEMBERG
N X SUÍÇA
O
NO
SO
N
NE
SE
imperador. Bismarck alterou o teor da mensagem,
tornando-o ofensivo aos franceses, que, envoltos em
SI E
S
Prússia em 1815
forte nacionalismo, declararam guerra à Alemanha,
Anexação de Schleswig-Holstein (1866)
Incorporações em 1866
Escala aproximada
1 : 8 800 000 dando origem à Guerra Franco-Prussiana. O forte
O
0 88 176 km
Unificação resultante da adesão à guerra contra a França
Anexação resultante da Paz de Frankfurt (1871)
Cada cm = 88 km exército germânico obteve uma vitória fulminante
Confederação Germânica do Norte
em favor da Alemanha.
EN S
DUBY, Georges. Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2004. Napoleão III foi derrotado e aprisionado na Bata-
lha de Sedan, ocorrida em 1870, e a França rendeu-
E U
A Prússia, grande centro desse desenvolvimento, -se após Paris ter sido bombardeada. Napoleão III
sofria pressões da burguesia, que pretendia controlar as foi derrubado e os alemães só não ocuparam Paris
D E
despesas da monarquia. Os problemas internos foram so- porque operários franceses organizaram barricadas e
lucionados com a ascensão de Otto von Bismarck como estabeleceram o primeiro governo operário da Histó-
A LD
primeiro-ministro do rei Guilherme I. Bismarck era par- ria – a Comuna francesa –, que opunha-se ao acerto
tidário da teoria de que a unificação deveria ser obtida feito por liberais da alta burguesia, organizados fora
pela força militar, principalmente contra a Áustria, e de Paris, os quais proclamaram a república e assi-
EM IA
conduziu o processo de cima para baixo. Contando naram um acordo de paz com a Prússia, cedendo o
com um poderoso exército e hábil diplomacia, iniciou a território da Alsácia-Lorena.
ST ER
SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
Itália
O
BO O
Antecedentes: Causas: Consequências:
SC
M IV
O S
Vários reinos distintos na Península Itálica. A região norte era bem mais desenvol- A invasão dos Estados Pontifícios deixou a
D LU
vida e buscou a unificação para ampliar Igreja Católica insatisfeita e não houve reco-
seu mercado consumidor, unificar a nhecimento do Estado italiano por parte dela,
O C
moeda e os impostos. o que só foi resolvido em 1929, com o Tratado
N X de Latrão, assinado por Benito Mussolini.
SI E
O
EN S
Alemanha
E U
D E
39 estados que formavam a Confedera- A Prússia liderou a criação do Zollverein Criação do Segundo Reich alemão, desenvol-
EM IA
ção Germânica. (união aduaneira dos Estados germâni- vimento econômico e militar e aumento da
ST ER
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. UFU-MG italiana, como demonstra a escolha de Roma para
“Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo capital, contemplou todas as regiões.
filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o
herdeiros, in perpetuum. Está claramente demonstrado que, caráter autoritário e incompleto de ambas, decorren-
como bom filho e príncipe católico, prestaste inumeráveis tes do passado fascista, no caso italiano, e nazista,
serviços a tua mãe, a Santa Igreja, [...] Por isso, nós aten- no alemão.
demos às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autori-
governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a pro- tário das duas unificações, imposta pelo Piemonte,
teção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a
de Portugal [...]” alemã foi autoritária e aristocrática e a italiana foi
O
democrática e popular.
Disponível em: <http://ensina.rtp.pt/artigo/a-bula-manifestis-pro-
BO O
batum-o-documento-fundador-do-reino/>. Acesso em: 6 mar. 2018. e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas
SC
nada sugerem quanto ao caráter impositivo do pro-
Em 23 de maio de 1179, o papa Alexandre III emitiu
M IV
cesso liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck,
uma bula, declarando D. Afonso Henriques soberano na Alemanha.
de Portugal. Esse trecho do documento é testemunho Nesta questão, é importante analisar as frases clássicas sobre as
O S
do surgimento precoce da primeira nação europeia. A unificações da Itália e da Alemanha. Na primeira, a palavra-chave é
aliança entre a nobreza e a burguesia (abençoada pela “fizemos”, o que já denota a imposição e o autoritarismo. Na segunda,
D LU
Igreja) enfraqueceu os senhores feudais, dando início está subentendido um processo de dominação, não de unificação:
a Alemanha se fundiu à Prússia, que fora a grande liderança desse
ao aparecimento dos Estados nacionais. Esse processo processo.
se arrastaria até o século XIX, quando surgiu a última
nação por meio da unificação de reinos. De acordo com 4. PUC-MG – No processo de unificação da Itália de mea-
O C
as informações dadas, a nação referida no trecho em dos do século XIX, destacam-se, exceto:
destaque é: a) a preocupação da burguesia em evitar qualquer alian-
N X
a) Alemanha. ça com a massa camponesa.
SI E
b) Itália. b) a permanência de um sistema oligárquico que garan-
te os interesses dos grandes proprietários da terra.
c) França.
c) a ação dos liberais moderados, liderados por Cavour,
O
manha unifica-se em 1871, após a vitória na Guerra Franco-Prussiana. concretização da unidade italiana.
2. UFPR-PR – A unificação alemã foi articulada pelo Reino da: O processo de unificação italiana foi feito por uma aliança entre as
D E
e) Prússia, devido à mobilização nacionalista da Confe- a) apesar de ter nascido antes da nação, o Estado ita-
deração Germânica durante a Guerra Franco-Prussia- liano, unificado em 1871, representou os interesses
na, apoiado em uma aliança com a grande burguesia dos não proprietários, o que implicou a defesa de
M
liberalismo, pois a estrutura fundiária, baseada na 6. Unicamp-SP – A unificação italiana mesclou as lutas
HISTÓRIA 1
grande propriedade, e a exclusão política dos não nacionais com as reivindicações dos camponeses que
proprietários permaneceram, encorajando os valo- queriam o fim do laço de servidão e o acesso à terra.
res nacionais, condição para diminuir as diferenças Mas essas reivindicações não foram atendidas.
regionais.
a) De que forma a unificação beneficiou a população do
d) em 1871, o processo de unificação e o sentimento norte da Itália em detrimento dos camponeses do sul?
nacional estavam intimamente ligados, na medida A unificação italiana melhorou a situação do país em relação às demais
em que a classe proprietária do centro da península,
vitoriosa na guerra contra a Áustria, absorveu os valo-
res populares nacionais, o que legitimou a formação potências europeias, mas apenas a população do norte foi beneficiada
do Estado autoritário, defensor das desigualdades
regionais. com a industrialização, enquanto a do sul foi utilizada como mão de obra
e) o Estado italiano nasceu antes da nação, em 1871,
como uma construção artificial, frágil e autoritária barata.
O
da alta burguesia do norte, cujos interesses de do-
BO O
minação excluíram as mudanças revolucionárias e
b) Quais as consequências sociais do aumento da mi-
SC
atrasaram a emergência do sentimento nacional,
séria entre os camponeses italianos do sul?
M IV
ainda estranho para a grande maioria das diferentes
regiões da península. Buscando melhores condições de vida e fugir da pobreza e da miséria,
Como, na Itália, a criação do Estado nacional foi uma construção, uma
O S
instituição quase totalmente abstrata – que se concretiza apenas nas
instituições políticas, de polícia, na bandeira e no hino –, não é imediata muitos camponeses do sul emigraram para outros países da América,
D LU
a relação entre as pessoas e o Estado recém-criado. Na Itália, esse
processo ocorreu sem a participação popular e sem o sentimento de
pertencimento a um suposto grupo de italianos. como os Estados Unidos e o Brasil.
Competência: Compreender os elementos culturais que constituem
O C
as identidades.
Habilidade: Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes
sobre determinado aspecto da cultura.
N X EXERCÍCIOS PROPOSTOS
SI E
7. Upel-RS – Leia o texto a seguir: 8. Cederj-RJ – A Guerra Franco-Prussiana foi um conflito
O
“Com a crescente expansão da industrialização do conti- ocorrido entre o Império da França e o Reino Prussiano
nente europeu, a partir de 1830, os pequenos estados ita- no final do século XIX. Muitos monumentos espalha-
EN S
lianos e alemães sentiram a necessidade de promover uma dos pela França homenageiam os mortos dessa guerra.
centralização, com o objetivo de conseguir equiparar-se Assinale a opção que melhor identifica a Guerra Franco-
E U
10. UFG-GO – A unificação italiana, no final do século XIX, e) O processo de unificação alemã contou com o apoio
HISTÓRIA 1
ameaçou a integridade territorial da Igreja. Esse im- da França, que, acossada pela supremacia britânica,
passe resultou: via no novo Estado um importante aliado na corrida
a) no reforço dos sentimentos nacionalistas na Itália, imperialista.
provocando a expropriação das terras da Igreja.
13. Uece-CE – As unificações alemã e italiana, em 1860-1871,
b) no envolvimento da Igreja em lutas nacionais, criando
aconteceram, segundo os historiadores, a partir da cha-
congregações para a expansão do catolicismo.
mada “via prussiana”. Isto significa que:
c) na adoção de atitudes liberais pelo papa Pio IX, como
a) foram realizadas de cima para baixo, isto é, a partir
forma de deter as forças fascistas.
de uma aliança entre a burguesia e a aristocracia.
d) na assinatura do Tratado de Latrão, em 1929, quando
b) as mudanças ocorridas naqueles países correspon-
Mussolini criou o Estado do Vaticano.
diam às expectativas plenas dos trabalhadores.
e) no Risorgimento, processo em que segmentos liga-
c) as mudanças foram feitas de baixo para cima, isto
dos à Igreja defenderam a Itália independente.
O
é, a partir de uma aliança entre setores populares e
BO O
setores intelectuais da classe média.
11. UFRGS-RS – Dentre as alternativas a seguir, assinale
SC
aquela que está correta em relação ao processo de d) as transformações políticas na Itália e na Alemanha
M IV
unificação italiana, concluída na segunda metade do se verificaram a partir de intervenções de potências
estrangeiras, especialmente da Prússia.
século XIX:
a) O Congresso de Viena concluiu o processo de inte-
O S
14. Unesp-SP – O desmonte do muro que dividia a cidade
gração nacional italiano na medida em que este veio de Berlim e o acordo sobre a reunificação alemã são
ao encontro dos interesses das elites locais.
D LU
fatores relevantes para a construção de uma nova Euro-
b) O processo de unificação nacional resultou das fortes pa. No entanto, a fundação do Estado moderno alemão
pressões da burguesia do sul do país, cuja economia remonta ao século XIX e se relaciona com a:
demandava um mercado interno homogêneo, dinâ-
O C
mico e integrado para a colocação da sua moderna a) cooperação abrangente entre a Prússia e a União
produção industrial. Soviética.
N X
c) A construção do Estado nacional implicou enfrentar e
expulsar as tropas de ocupação pertencentes aos im-
b) multiplicação das taxas alfandegárias, a revogação da
Liga Aduaneira, a aliança franco-prussiana e a ação
SI E
périos Britânico, Russo e Espanhol, estabelecidas na do papa.
Península Itálica desde os acontecimentos de 1848. c) cooperação pacífica, duradoura e estável entre todos
os Estados da Europa.
O
da existência e da soberania do Estado do Vaticano, pátria está subjugada, Paris desonrada e, amanhã, terá a
após as negociações da Questão Romana. canga prussiana presa em seu pescoço. Mas é ela, a bur-
A LD
acontecimentos que desencadearam esse processo a) à revolução social proletária e à resistência contra a
de unificação: invasão estrangeira da cidade.
ST ER
b) Zollverein ou união aduaneira alemã, abolição do re- 17. Unesp-SP – As unificações políticas da Alemanha e
HISTÓRIA 1
gime político federal no Império Alemão, diminuição da Itália, ocorridas na segunda metade do século XIX,
da influência dos junkers prussianos, dissolução da alteraram o equilíbrio político e social europeu. Entre
Aliança do Centeio e do Aço. os acontecimentos históricos desencadeados pelos
c) Unificação monetária alemã e fundação do Reichsbank, processos de unificações, encontram-se:
extensão das ferrovias, desaparecimento de numerosas a) a ascensão do bonapartismo na França e o levante
pequenas empresas após a crise financeira de 1873, operário em Berlim.
imposição do protecionismo alfandegário em 1879.
b) a aliança da Alemanha com a Inglaterra e a indepen-
d) Financiamento de seguros sociais pelo Reichsbank dência da Grécia.
para aliviar tensões, condução a um período de paz
c) o nacionalismo revanchista francês e a oposição do
social através da unidade alemã, privatização das
papa ao Estado italiano.
ferrovias, entrada da Alemanha na corrida colonial
ao anexar a Etiópia. d) a derrota da Internacional operária e o início da
União Europeia.
e) Sacrifício da agricultura à indústria, reforço da posi-
O
ção dos industriais determinado pelo “novo curso” e) o fortalecimento do Império Austríaco e a derrota
BO O
ligado ao chanceler Caprivi, formação, no Reichstag, dos fascistas na Itália.
SC
da maioria chamada “do Cartel”, favorável ao grande
M IV
capitalismo e a medidas antissindicais em 1879.
O S
ESTUDO PARA O ENEM
D LU
18. Enem C2-H7 a) o principal fator que possibilitou a unificação alemã
A primeira metade do século XX foi marcada por con- foi o desenvolvimento econômico e social dos Es-
flitos e processos que a inscreveram como um dos tados germânicos, iniciado com o estabelecimento
O C
do Zollverein – liga aduaneira que favoreceu os inte-
mais violentos períodos da história humana. Entre os
resses da burguesia.
principais fatores que estiveram na origem dos con-
N X
flitos ocorridos durante a primeira metade do século
XX estão:
b) a unificação alemã atendeu aos interesses de uma
aristocracia rural desejosa de formar um amplo mer-
SI E
cado nacional para seus produtos, alicerçando-se na
a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo ideia do patriotismo cultural e do nacionalismo popular.
e do totalitarismo.
c) na Alemanha, a unificação nacional ocorreu, princi-
O
19. UFRN-RN C3-H13 Antes de 1871, a Alemanha não era propriamente um país,
Sobre a unificação alemã no século XIX, Marionilde mas um território politicamente dividido em trinta e nove
Magalhães afirma: pequenos estados. Porém, desde 1834, o seu mercado
encontrava-se unificado através do Zollverein. E foi sobre
EM IA
“Desde o final do século XVIII, a criação de inúmeras asso- esta base que se construiu o Império Alemão, em 1871.
ciações resultou num determinado patriotismo cultural e po-
pular, num território dividido em Estados feudais dominados a) Cite o est ado alemão que liderou a mencionada
ST ER
unificação.
por uma aristocracia retrógrada. Tais associações se dirigem
à nação teuta, enfatizando o idioma, a cultura e as tradições
comunitárias, elementos para a elaboração de uma identida-
SI AT
38
HISTÓRIA 1
AMÉRICAS NO SÉCULO XIX
UM PERÍODO DEFINIDOR
O
BO O
No século XIX, com o avanço do capitalismo industrial e dos vários nacionalismos,
SC
• Um período definidor
o mundo começava a mudar. Na Europa, como visto no último módulo, a unificação
M IV
• Estados Unidos
da Itália e da Alemanha, somadas à Comuna de Paris e aos movimentos operários,
• México
colocou o Velho Mundo em ebulição. No Novo Mundo, a expansão dos Estados Uni-
O S
dos, a Revolução Mexicana, a independência de Cuba e a Guerra do Pacífico foram • Cuba
D LU
alguns dos principais fatos que marcaram o século nas Américas. Foi um período • Pacífico
definidor, que moldou o continente como o conhecemos hoje em dia.
É esse momento que você conhecerá melhor a seguir. HABILIDADES
O C
• Identificar registros de
GRANGER HISTORICAL PICTURE ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO
rupturas em processos de
disputa pelo poder.
EN S
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
E U
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
D E
História.
A LD
ESTADOS UNIDOS
SI AT
CANADÁ
WASHINGTON
MAINE
IG
WISCONSIN YORK MASSACHUSETTS
DO SUL
AN
WYOMING RHODE ISLAND
40°N
CONNECTICUT
PENSILVÂNIA
NEBRASKA IOWA NOVA JERSEY
OHIO
NEVADA
INDIANA DELAWARE
UTAH VIRGÍNIA
O
ILLINOIS OCIDENTAL
COLORADO MARYLAND
BO O
CALIFÓRNIA KANSAS VIRGÍNIA
MISSOURI KENTUCKY
CAROLINA
SC
TENNESSEE DO NORTE OCEANO
ARIZONA OKLAHOMA ARKANSAS
M IV
NOVO ATLÂNTICO
MÉXICO CAROLINA
DO SUL
ALABAMA
O S
PACÍFICO MÉXICO TEXAS
LOUISIANA ALASCA
1:15 640 000 FLÓRIDA Comprado
D LU
1:40 020 000 da Rússia
em 1867
O C
N
Treze Colônias Comprado da Inglaterra NO NE
em 1776 em 1842
O L
Cedido pela Inglaterra Cedido pela Grã-Bretanha
N X em 1783
Comprado da França
em 1803
em 1846
Territórios anexados do
México entre 1845 e 1853
SO
S
SE
Escala aproximada
SI E
Cedido pela Grã-Bretanha Comprado do México 1 : 46 000 000
em 1818 em 1853
0 460 920 km
Comprado em 1819 Limites estaduais atuais
Cada cm = 460 km
O
World History Atlas: Mapping the Human Journey. Londres: Dorling Kindersley, 2008.
EN S
O movimento das anexações, que ficou conhecido por Marcha para o Oeste
E U
vezes com apoio militar, conseguiram quebrar a resistência das nações indígenas
A LD
grande civilização no Novo Mundo e, para tanto, era fundamental ocupar os espaços
pouco povoados do continente, imprimindo sua cultura. Os indígenas eram vistos
ST ER
como selvagens e foram reduzidos, tendo suas terras tomadas pelo “homem branco”.
AUTRY NATIONAL CENTER, LOS ANGELES, ESTADOS UNIDOS
SI AT
M
O expansionismo dos Estados Unidos não se con- Américas fora do Brasil, não obteve a unidade nacional.
tentou apenas com a conquista do Oeste. A doutrina A intervenção francesa não era bem-vista pelos Estados
HISTÓRIA 1
do Destino Manifesto pregava que o país fora escolhido Unidos, que viam nela uma violação à Doutrina Monroe,
pela providência divina para cumprir sua missão civi- expressa pela máxima “A América para os americanos”.
lizadora. Com essa perspectiva, os norte-americanos Perdendo o apoio da França, o imperador foi preso e
conceberam a noção de fronteira como possibilidade fuzilado junto a alguns conservadores, sob o comando
de domínio sobre México, Antilhas, América Central de Juárez. Terminava o curto império de Maximiliano. Em
continental e ilhas do Pacífico. seu segundo governo, Juárez reduziu o poder do exército
A ideologia do Destino Manifesto marcou a ação geo- e iniciou um vasto programa social de governo. Após sua
política norte-americana a partir de meados do século XIX, morte, em 1875, assumiu o poder o ditador Porfírio Díaz.
principalmente no governo de Theodore Roosevelt, o qual
O
conhecida por Big Stick ou “Política do grande porrete”.
BO O
SC
GRANGER HISTORICAL PICTURE ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO
M IV
O S
D LU
O C
Estátua de Benito Juárez,
N X único presidente de origem
indígena da história do
SI E
México. Zocalo, Acapulco,
México.
O
CUBA
Os esforços de Cuba para conquistar sua inde-
EN S
América do Sul atraíram a Grã-Bretanha, grande im- rendas nacionais e o governo devolveu aos empresários
portadora, usuária e revendedora desses produtos. Os ingleses as jazidas expropriadas pelo governo peruano.
chilenos não tiveram dificuldades em atrair capitais No entanto, logo após a vitória chilena, registraram-se
britânicos, interessados na exploração intensiva desses desavenças entre Chile e Inglaterra. O Deserto do Ata-
depósitos. Isso implicava receber apoio econômico e cama, motivo do conflito entre Peru e Bolívia, era defini-
militar britânico. tivamente uma região chilena, contudo, sua riqueza não
Empresas inglesas, acobertadas pelo Chile, invadi- perdurou. Os avanços tecnológicos encontraram uma
ram gradativamente a região, explorando e construindo forma de produzir nitratos, fixando o nitrogênio do ar, o
uma ferrovia e concentrando-se no Porto de Antofagas- que provocou uma queda vertiginosa das exportações
ta. Um incidente aduaneiro entre Chile e Bolívia foi o de salitre e a consequente ruína da economia chilena.
O
pretexto para um desembarque militar chileno no porto Restou a miséria a ser repartida entre os con-
BO O
boliviano. As hostilidades estavam declaradas. tendores da Guerra do Pacífico. O Peru perdeu sua
SC
A Guerra do Pacífico eclodiu em 1879. Os boli- porção sul e a Bolívia ficou sem saída para o mar.
M IV
vianos viram-se impossibilitados de locomover suas As feridas do conflito não foram esquecidas e, até
débeis forças até o Deserto de Atacama, já sob domínio hoje, constituem-se em bandeiras do nacionalismo
O S
chileno. O Peru entrou no conflito, objetivando vanta- peruano e boliviano.
D LU
GRANGER HISTORICAL PICTURE ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO
O C
N X
SI E
O
EN S
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D E
A LD
EM IA
Gravura que representa a Guerra do Pacífico e mostra os peruanos destruindo as próprias embarcações para evitar que fossem capturadas pelos chilenos.
ST ER
SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
AMÉRICAS NO SÉCULO XIX
O
1803: Compra da Louisiana.
BO O
SC
1819:
M IV
Compra da Flórida.
O S
1845: Anexação do Texas.
D LU
1846: Anexação de Oregon.
O C
N X
1898: Anexação do Havaí.
SI E
O
Cuba
EN S
E U
Emenda Platt: Emenda constitucional que permitia aos Estados Unidos controlar Cuba.
A LD
México
EM IA
Guerra do Pacífico
Eclosão: 1879.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
O
e) O governo mexicano reconheceu a superioridade
BO O
civilizacional dos Estados Unidos e cedeu territórios
como o Texas e a Califórnia.
SC
M IV
f) O regime de grande propriedade, predominante nos
Progresso americano (1872).
territórios do Oeste, atraiu grandes fluxos migratórios.
O S
g) A construção de estradas de ferro, que acelerou a Essas mudanças contribuíram para a conquista de no-
expansão para o Oeste, foi possível graças à compra vos territórios e foram justificadas pelo seguinte con-
D LU
de terras indígenas.
junto de ideias:
A teoria do Destino Manifesto foi o grande símbolo e motor da expan-
são territorial dos Estados Unidos. Inclusive, servia para justificar a a) Doutrina Monroe.
violência contra grupos indígenas, uma vez que os brancos estavam, b) Política do Big Stick.
O C
supostamente, levando a civilização aos selvagens.
c) Política da Boa Vizinhança.
2. PUC-RJ – Assinale a alternativa que não caracteriza
N X d) Doutrina do Destino Manifesto.
de modo correto o rápido processo de urbanização
A doutrina do Destino Manifesto guiou os norte-americanos em seu
SI E
e modernização ocorrido nas Américas entre 1870 processo de expansão territorial, que não respeitou povos indígenas
e 1920: nem grupos de populações mexicanas.
a) Os Estados Unidos experimentaram, no período,
O
uma industrialização em grande escala e altamente 4. UnB-DF – Com relação à história da América Latina no
concentrada, acompanhada de rápida urbanização. A século XIX, julgue o próximo item:
EN S
expansão comercial e financeira para além de suas O século XIX foi marcado, no México, por dois períodos
fronteiras atingiu países vizinhos da América Central em que se tentou consolidar um regime político mo-
E U
HISTÓRIA 1
Observe atentamente o mapa a seguir, de fins de 1880: a) os territórios conquistados pelo Chile durante a Guer-
ra do Pacífico, também conhecida como a Guerra
50° O do Salitre.
b) as áreas cedidas à Inglaterra, potência imperialista na
PERU
América Latina durante o século XIX, para exploração
Arica BOLÍVIA
Território peruano de Tacna de cobre, nitrato, salitre e guano.
20° S Território peruano de Arica c) os territórios do Peru, Bolívia e Chile disputados pe-
Território peruano de Tarapacá
los franceses e ingleses, interessados nas reservas
Território boliviano de Atacama
carboníferas e minerais da região.
Antofagasta N
ARGENTINA
NO NE
d) os pontos estratégicos reivindicados pelos Estados
Unidos na área do Pacífico junto aos governos do
O L
CHILE
SO SE
S
Escala aproximada
Chile, Peru e Bolívia.
O
OCEANO 1 : 37 000 000
e) os últimos territórios sob o domínio espanhol liber-
BO O
PACÍFICO 0 370 740 km
SC
do século XIX.
M IV
Após a Guerra do Pacífico, o Chile ampliou seus territórios e fechou o
acesso ao mar para a Bolívia.
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográficos
O S
como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Habilidade: Interpretar diferentes representações gráficas e cartográ-
D LU
ficas dos espaços geográficos.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
O C
7. Fuvest-SP – No século XIX, o surgimento do transporte c) baseava-se no princípio do multiculturalismo e impe-
N X
ferroviário provocou profundas modificações em diver- diu a propagação de projetos ou ideologias racistas
sas partes do mundo, possibilitando maior e melhor no Sul e no Norte dos Estados Unidos.
SI E
circulação de pessoas e mercadorias entre grandes d) derivou de princípios calvinistas e rejeitava a valo-
distâncias. Dentre tais modificações, as ferrovias: rização do individualismo e do aventureirismo nas
a) facilitaram a integração entre os Estados nacionais campanhas militares de conquista territorial, privile-
O
latino-americanos, ampliaram a venda do café brasi- giando as ações coordenadas pelo Estado.
leiro para os países vizinhos e estimularam a cons- e) defendia a necessidade de se preservar a natureza e
EN S
tituição de amplo mercado regional. impediu o prosseguimento das guerras contra indíge-
b) permitiram que a cidade de Manchester se conectas- nas, na conquista do Centro e do Oeste do território
E U
c) facilitaram a integração comercial do Ocidente com o nhecemos hoje, são uma construção recente. A Marcha
A LD
Extremo Oriente, substituíram o transporte de mer- para o Oeste, com o discurso do Destino Manifesto,
cadorias pelo Mar Mediterrâneo e despertaram o propunha-se a ocupar um espaço “vazio” e destinado
sonho de integração mundial. aos cidadãos estadunidenses. Nesse sentido, a leitura
d) permitiram uma ligação mais rápida e ágil, nos Es- que podemos fazer é:
tados Unidos, entre a Costa Leste e a Costa Oeste, a) o desrespeito dos Estados Unidos aos direitos da
EM IA
sonho de estender o princípio da “união” até o Pacífico tadunidenses ignoravam a presença das populações
foi chamado de “Destino Manifesto”. nativas, que foram dizimadas ou isoladas.
A concepção de “Destino Manifesto”, cunhada nos Es-
tados Unidos da década de 1840: 10. Unesp-SP
“Dado que o presidente eleito Donald Trump articulou
a) difundiu a ideia de que os norte-americanos eram
uma visão coerente dos assuntos externos, parece que os
um povo eleito e contribuiu para justificar o desbra-
vamento de fronteiras e a expansão em direção ao Estados Unidos devem rejeitar a maioria das políticas do
Oeste. período pós-1945. Para Trump, a Otan é um mau negócio,
b) tinha origem na doutrina judaica e enfatizava que os a corrida nuclear é algo bom, o presidente russo Vladimir
homens deviam temer a Deus e respeitar a todos Putin é um colega admirável, os grandes negócios vanta-
os semelhantes, independentemente de sua etnia josos apenas para nós, norte-americanos, devem substituir
ou posição social. o livre-comércio.
Com seu estilo peculiar, Trump está forçando uma pergunta a) Identifique uma diferença na maneira do chefe índio
HISTÓRIA 1
que, provavelmente, deveria ter sido levantada há 25 anos: os e dos brancos entenderem a relação entre o homem
Estados Unidos devem ser uma potência global, que mante- e a natureza.
nha a ordem mundial – inclusive com o uso de armas, o que
Theodore Roosevelt chamou, como todos sabem, de Big Stick?
Curiosamente, a morte da União Soviética e o fim da Guer-
ra Fria não provocaram imediatamente esse debate. Na dé-
cada de 1990, manter um papel de liderança global para os
Estados Unidos parecia barato – afinal, outras nações paga-
ram pela Guerra do Golfo Pérsico de 1991. Nesse conflito
e nas sucessivas intervenções norte-americanas na antiga
Iugoslávia, os custos e as perdas foram baixos. Então, no
início dos anos 2000, os americanos foram compreensivel-
O
mente absorvidos pelas consequências do 11 de setembro e
BO O
pelas guerras e ataques terroristas que se seguiram. Agora,
SC
para melhor ou para pior, o debate está nas nossas mãos.”
M IV
Eliot Cohen. “Should the U.S. still carry a ‘big stick’?”. www.
latimes.com, 18/1/2017. (Adaptado)
O S
A chamada “Política do Big Stick”, desenvolvida pelo
presidente norte-americano Theodore Roosevelt, ma-
b) Explique as consequências, para a população indíge-
D LU
nifestou-se por meio:
na dos Estados Unidos, do contato com os brancos.
a) do respeito ao princípio da autonomia e da indepen-
dência dos povos nativos do continente americano.
O C
b) dos estímulos financeiros à recuperação econômica
dos países latino-americanos, após a depressão eco-
N X
nômica de 1929.
c) das contínuas intervenções diretas e indiretas em
SI E
assuntos internos dos países latino-americanos.
d) da elevação das taxas alfandegárias na entrada de
mercadorias europeias nos Estados Unidos, após a
O
crise de 1929.
e) da repressão às manifestações por direitos civis nos 13. Unifesp-SP
EN S
Estados Unidos da década de 1960. “[...] os continentes americanos, pela condição livre e in-
E U
cubano.
Sobre essa mensagem, é correto afirmar que:
b) o domínio econômico dos Estados Unidos sobre os
cassinos e hotéis da ilha. a) tornou-se letra morta, pelo fato de esse mesmo go-
verno iniciar uma política neocolonial no continente.
c) a intervenção americana na política cubana e a criação
EM IA
12. Ufscar-SP
interesse pelo continente americano em geral.
“Se vendemos nossa terra a vós, deveis conservá-la à parte,
como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem e) ficou conhecida como a Doutrina Monroe, a qual, na-
branco possa ir sorver a brisa aromatizada pelas flores dos quele momento, expressava os interesses de toda
M
a América.
bosques. Assim consideraremos vossa proposta de comprar
nossa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condi-
14. Unesp-SP – A expansão territorial dos Estados Unidos,
ção: o homem branco terá que tratar os animais desta terra
no século XIX, foi o resultado da compra da Luisiana
como se fossem seus irmãos. francesa pelo governo central, da anexação de territó-
Sou um selvagem e não compreendo outro modo. Tenho rios mexicanos, da distribuição de pequenos lotes de
visto milhares de búfalos apodrecerem nas pradarias, dei- terra para colonos pioneiros, da expansão das redes de
xados pelo homem branco que neles atira de um trem em estradas de ferro, assim como da anexação de terras
movimento. Sou um selvagem e não compreendo como o indígenas. Esse processo expansionista foi ideologica-
fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o mente justificado pela doutrina do Destino Manifesto,
búfalo, que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos.” segundo a qual:
Carta do chefe índio Seattle ao presidente dos Estados Unidos, que a) o direito pertence aos povos mais democráticos e
pretendia comprar as terras de sua tribo em 1855. laboriosos.
b) o mundo deve ser transformado para o engrandeci- b) Tendo em vista o cenário internacional contempo-
HISTÓRIA 1
mento da humanidade. râneo e a atuação dos EUA, é possível estabelecer
c) o povo americano deve garantir a sobrevivência eco- alguma relação entre a atual política externa norte-
nômica das sociedades pagãs. -americana e as ideias expressas no texto? Justifique
sua resposta.
d) as terras pertencem aos seus descobridores e pri-
meiros ocupantes.
e) a nação deve conquistar o continente que a Provi-
dência lhe reservou.
O
a) a um avanço natural para o Oeste, tendo em vista a
BO O
chegada de um imenso contingente de imigrantes
SC
europeus.
M IV
b) aos acordos com as lideranças indígenas, Sioux e
Apache, tradicionalmente aliadas aos brancos.
O S
c) à vitória na guerra contra o México, que, derrotado,
foi obrigado a ceder quase a metade de seu território.
D LU
d) à compra de territórios da Inglaterra e Rússia, que
assumiram uma posição pragmática diante do avanço
norte-americano para o Oeste. 17. Unirio-RJ
O C
e) à compra de territórios da França e da Espanha, que “[...] era como se os Estados Unidos tivessem como ob-
estavam, naquele período, atravessando graves cri- jetivo uma missão civilizatória junto aos povos da Amé-
N Xses econômicas na Europa.
rica Latina.”
CROLY, Herbert. The Promisse of American Life.
SI E
16. Unesp-SP
“Nós, americanos, somos um povo peculiar, escolhido – o A consolidação do capitalismo nos Estados Unidos da
Israel de nosso tempo; carregamos a arca das liberdades América, ao longo do século XIX, identificou-se em seu
O
do mundo […]. Deus predestinou, e a humanidade espe- processo de expansão territorial, que se relaciona cor-
ra grandes feitos da nossa raça; e grandes coisas sentimos retamente com o(a):
EN S
em nossa alma. O resto das nações precisa, brevemente, a) Destino Manifesto, que fundamentava a distinção
estar na nossa retaguarda. Somos os pioneiros do mun- política e econômica entre os estados sulistas es-
E U
do; a guarda avançada mandada através da terra virgem cravocratas e os nortistas industriais.
de coisas não experimentadas, para abrir no Novo Mundo b) fim da Guerra Hispano-Americana, que acarretou a
D E
Luisiana e o Oregon.
Cuba, Porto Rico e uma ilhota que se chama, eloquente- b) Explique as razões de Mark Twain para sua proposta.
HISTÓRIA 1
O
povo deste continente tem o direito de decidir o próprio
BO O
a) Nomeie esse processo e cite uma de suas principais
destino. Se, porventura, uma parte desse povo, consti-
características econômicas.
SC
tuindo um Estado independente, pretendesse unir-se à
M IV
nossa Confederação, esta seria uma questão que só a ele
e a nós caberia determinar, sem qualquer interferência
O S
estrangeira.”
Primeira mensagem anual do presidente Polk ao Congresso dos
D LU
Estados Unidos. In: SYRETT, H. C. (Org.). Documentos históricos dos
Estados Unidos, Cultrix, s/d.
O C
va a crença do presidente Polk na expansão do território
americano. O conjunto de ideias que melhor explicita
N X essa crença é:
SI E
a) o New Deal.
b) a Doutrina Truman e o New Deal.
O
39
HISTÓRIA 1
IMPERIALISMO
A COLONIZAÇÃO CAPITALISTA
O
BO O
Estudamos o colonialismo levado a cabo pelas primeiras potências europeias a se
SC
• A colonização capitalista
unificar, as quais lançaram-se ao mundo com as Grandes Navegações. Esse processo
M IV
• Neocolonialismo
teve como consequências a acumulação de capital, que permitiu o desenvolvimento
• Partilha da África
do capitalismo moderno; as ideias iluministas, que deram as bases intelectuais das
O S
revoluções que ocorreram na Europa; e as inovações da Revolução Industrial, que • Imperialismo europeu na
Ásia
D LU
transformaram a forma de se relacionar com o mundo, inaugurando um período
mais urbano que agrícola.
É nesse contexto que acontecem as últimas unificações na Europa – Alemanha
HABILIDADES
O C
e Itália – lideradas justamente pelas burguesias industriais. E, na esteira desse pro-
cesso, a Europa fica pequena para esses donos de indústrias. Consequentemente, • Identificar registros de
N X
essa questão vira um problema de Estado. Alimentadas pelo nacionalismo que vinha
sendo construído desde o início do século XIX, as nações europeias começaram a
práticas de grupos sociais
no tempo e no espaço.
SI E
disputar territórios pelo mundo em uma nova onda de colonizações. É o neocolo- • Analisar a atuação dos mo-
nialismo ou imperialismo, que estudaremos a seguir. vimentos sociais que contri-
O
ambientais ao longo da
História.
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
Charge de 1876 que simboliza o imperialismo capitalista e representa dois gigantes disputando a posse da Ásia.
O agigantamento do capitalismo fez surgir o ex- Até o fim do século XVIII, o continente africano era
cedente de capitais. Assim, boa parte desse capital um gigante desconhecido pelos europeus. No sécu-
deixou seus países de origem em busca de melhores lo XIX, o ímpeto imperialista favoreceu as incursões
oportunidades lucrativas em outras áreas, especial- exploratórias do interior do continente. A produção in-
mente nas regiões menos desenvolvidas da África, da dustrial avançava em muitas regiões europeias, como
Ásia e da América Latina, haja vista que dispunham de França, Países Baixos e Prússia, além da Inglaterra.
matérias-primas, mão de obra barata, fontes de energia Esse processo se acelerou e se expandiu com a unifi-
e mercados consumidores. cação da Itália e da Alemanha, estabelecendo Estados
Também havia a necessidade de aplicação dos capi- nacionais formados a partir de 1870, sob a liderança da
tais excedentes da economia industrial e de obtenção burguesia industrial, comercial e financeira, que reunia
de bases estratégicas visando à segurança do comércio condições necessárias para consolidar sua produção
O
marítimo nacional. Por esses motivos, Inglaterra, Fran-
BO O
industrial.
ça, Alemanha, Itália, Japão e Rússia converteram-se em
SC
O Estado nacional, controlado pela burguesia, pas-
M IV
países imperialistas e acabaram por repartir o mundo sava a fomentar e a facilitar a industrialização à medida
colonial entre si: África, Ásia e Oceania. que permitia o controle de áreas coloniais capazes de
Para justificar os movimentos de dominação, as
O S
absorver parte da produção e, ao mesmo tempo, forne-
nações com ambições imperialistas adotaram um dis- cer matérias-primas. Com isso em vista, a dominação e
D LU
curso de caráter humanitário e desenvolvimentista. a exploração do continente africano foram perpetradas
Segundo o historiador Héctor Bruit: pelas principais nações europeias.
O C
A política colonizadora imperialista fundamen-
tural entre as espécies, com o predomínio dos ani- Argélia em 1830. Em 1876, Leopoldo II da Bélgica
mais e plantas mais capazes, ela existia também na organizou, em Bruxelas, um congresso de delegados
sociedade: “A luta pela sobrevivência entre os ani- das sociedades científicas de toda a Europa, no qual
mais correspondia à concorrência capitalista; a se- seriam discutidas ações filantrópicas e científicas para
leção natural não era nada além da livre troca dos ajudar a África.
produtos entre os homens; a sobrevivência do mais O congresso foi, na verdade, uma articulação po-
capaz, do mais forte, era demonstrada pela forma lítica: no encerramento, Leopoldo II propôs a criação
criativa dos gigantes da indústria, que engoliam os de um comitê que prosseguisse com o trabalho da
competidores mais fracos, em seu caminho para o conferência e se dispôs a ser o presidente. Foi criada,
enriquecimento”. então, a Associação Internacional Africana e, depois,
BRUIT, Héctor. O imperialismo. São Paulo: Atual, 1986. p. 9. o Comitê de Estudos do Alto Congo para iniciar a
HISTÓRIA 1
que posteriormente arrogou-se proprietário particular entre 1889 e 1902 e anexaram as regiões bôeres à
do Congo. colônia do Cabo. Dessa forma, surgiu uma nova colônia
sob domínio inglês, a União Sul-Africana, em 1910, com
A partilha da África no século XIX
elevado grau de autonomia.
M a r
Alemanha e Itália, excluídas da partilha territorial em
M
e
d i
função de seu processo de unificação interna, também
TUNÍSIA t e r
r â n e o
MARROCOS
RIO DE ORO
ARGÉLIA LÍBIA
precisavam de mercados para sua crescente produção
industrial.
Ma
Trópico de Câncer EGITO
rVe
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O acirramento das disputas territoriais, sobretudo
elh
o
ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA
ERITREIA SOMALILÂNDIA
a partir de 1870, resultou na organização da Confe-
O
SUDÃO
NCESA
FRANCESA
GÂMBIA ANGLO-EGÍPCIO
BO O
PROTETORADO
rência de Berlim (1885), quando buscou-se equilibrar
PORTO
GUINÉ DA SOMALILÂNDIA
TOGO
NIGÉRIA
FR A
COSTA
SERRA LEOA DO ABISSÍNIA
SC
a distribuição do território africano entre as nações
IAL
ITALIANA
M IV
TO
FERNANDO PÓ PROTETORADO
industrializadas. Apesar de contemplar algumas de-
UA
O S
ALEMÃ
OCEANO
PROTETORADO
DE NIASALÂNDIA as tensões políticas que estavam surgindo.
ANGOLA
ATLÂNTICO RODÉSIA
Participaram da Conferência de Berlim, organizada
D LU
DO NORTE
E
Greenwich
IQU
RODÉSIA
ÁFRICA DO
por Bismarck, todas as grandes nações industrializadas
B
DO SUL MADAGÁSCAR
AM
SUDOESTE
OÇ
ALEMÃO
da Europa, como Portugal e Espanha, que detinham
Trópico de Capricórnio
M
PROTETORADO DE
BECHUANALÂNDIA
territórios na África. Participaram também os Estados
O C
SUAZILÂNDIA
UNIÃO DA
BASUTOLÂNDIA
ÁFRICA DO SUL
Unidos – na condição de potência emergente – e o
N X
Colônias
Britânicas Portuguesas
0°
NO
N
NE
Escala aproximada
Império Otomano, com inúmeros interesses no norte
do continente africano.
SI E
1 : 52 500 000
Francesas Espanholas O L 0 525 1050 km
Belgas Alemãs
O congresso manteve as antigas colônias ibéricas e
SO SE
S Cada cm = 525 km
Italianas Independentes
Os demais países europeus lançaram-se em uma da Alemanha, que não possuía territórios na África,
acirrada disputa imperialista que culminou com a Con- mas passou a controlar o sudoeste (atual Namíbia) e
E U
europeias. O governo francês já vinha estabelecendo incidiu sobre territórios há séculos ocupados por po-
entrepostos dedicados ao comércio de escravos em pulações africanas, sem respeitar as relações históri-
A LD
regiões como o Senegal, mas só fundou verdadeiras cas ou étnicas dos envolvidos, criando Estados artifi-
colônias no século XIX, com a invasão da Argélia (1830) ciais até hoje responsáveis por boa parte dos conflitos
e o estabelecimento de protetorados na Tunísia (1881) desse continente.
EM IA
vastas áreas da África Ocidental e Central, que corres- imperialista, como a questão do Marrocos bem o de-
pondem aos atuais Camarões, Togo, Senegal e Congo, monstrou. O imperador alemão Guilherme II, em visita
entre outras. à cidade de Tânger (1905), defendeu a independência
SI AT
O Império Britânico alimentava o sonho de construir do Marrocos do domínio francês, gerando a Primeira
um território contínuo que cortasse a África de norte Crise do Marrocos, solucionada na Conferência de
a sul, o que afinal ocorreu na Conferência de Berlim Algeciras (1906), que estabeleceu o controle de seis
M
(1885), criando um verdadeiro corredor inglês na África, portos pelo sultão do Marrocos, sob inspeção fran-
entre o Cairo (atual Egito) e a colônia do Cabo (atual cesa. A Segunda Crise do Marrocos (1911) foi de-
África do Sul), território ocupado pelos bôeres, desig- sencadeada pelo deslocamento do navio de guerra
nação dos colonos de origem holandesa que habitavam alemão Panther para o Porto de Agadir. O conflito só
o extremo sul da África. foi superado pelo Tratado de Fez, que cedeu o terri-
Apesar de o Império Britânico dominar o Cabo des- tório do Médio Congo (atual Camarões) à Alemanha
de 1814, isso não significava o controle completo do em troca do reconhecimento da soberania francesa
extremo sul da África, o que só ocorreu com a Guerra no Marrocos.
dos Bôeres, estimulada pela descoberta de diamantes O extraordinário desenvolvimento industrial e a
em áreas ocupadas por esses colonos, como Transvaal, agressiva política externa da Alemanha colocavam em
Orange e Natal. risco os interesses da Inglaterra e da França. Em poucas
décadas, os germânicos conseguiram aumentar sua comércio portuário para a política de zonas de influên-
produção de aço e carvão, avançando sobre mercados cia, promovendo uma verdadeira partilha.
HISTÓRIA 1
franco-britânicos. Rival da Inglaterra desde os tempos A Rússia era a principal interessada na expansão
medievais, a França fora derrotada pela Prússia na territorial pela Ásia, pois a maior parte de seu território
Guerra Franco-Prussiana. localiza-se nesse continente. Os russos chocaram-se
A aproximação entre França e Inglaterra contra um com os ingleses na Ásia Central e com o Japão na
inimigo comum – a Alemanha – e o estabelecimento Manchúria, depois da construção da estrada de ferro
de alianças entre os estados europeus, na chamada de Moscou a Vladivostok, na China. Mesmo assim,
Política de Alianças, instituíram novas composições a industrialização que se seguiu na Rússia não foi
de forças com a formação da Tríplice Entente e da generalizada, ou seja, o país ainda permaneceu lon-
Tríplice Aliança. Disputas imperialistas na África ge- ge de atingir o nível industrial de outras nações no
raram diversos conflitos diplomáticos entre as metró- mesmo período.
O
BO O
poles envolvidas, constituindo-se um dos principais A influência britânica na Ásia tornou-se cada vez
SC
fatores que levaram à eclosão da Primeira Guerra maior, sobretudo após a vitória inglesa na Guerra dos
M IV
Mundial (1914). Sete Anos (1763). Após o conflito, que determinou
a supremacia britânica na região, uma companhia
O S
inglesa foi encarregada da exploração comercial. Por
meio de acordos comerciais, alianças e intervenções
D LU
militares nos remanescentes estados indianos,
a Inglaterra estabeleceu o controle econômico e,
posteriormente, político sobre esse território, pois
O C
a bem-sucedida repressão inglesa na Revolta dos
N X Cipaios (nativos que serviam nos exércitos coloniais)
em 1858 fez com que Índia, Paquistão, Bangladesh
SI E
e Sri Lanka fossem integrados ao Império Britânico
no século XIX; e Birmânia, Afeganistão e Tibete no
O
e 1900, 26 milhões.
A LD
The Rhodes Colossus (1892), de Edward Linley. A ilustração retrata o to. Terríveis são os relatos da desgraça dos pobres
explorador britânico Cecil Rhodes ligando, por meio de cabos telegráficos, tecelões indianos, reduzidos à total miséria. E qual
a Cidade do Cabo, no extremo sul da África, ao Cairo, no Egito. A imagem foi a causa exclusiva? A presença da manufatura
SI AT
Assim como a África, exceto por algumas ilhas e colas. As musselinas de Dacca, célebres no mundo
regiões costeiras, a maior parte da Ásia mantivera- inteiro por sua beleza e excelência, estão quase ani-
-se isolada dos europeus até o século XIX. Somen- quiladas pela mesma razão.
te alguns portos estavam abertos aos comerciantes
DISCURSO proferido pelo Dr. Browning no Parlamento britânico
ocidentais, que ali recebiam produtos orientais para (1835). In: MORTON, Arthur Leslie. A história do povo inglês.
vendê-los no Ocidente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. p. 408.
O interior do continente asiático permaneceu alheio
às influências ocidentais. Essa situação modificou-se Na China, onde o ópio há muito era utilizado como
radicalmente no transcorrer do século XIX, no contexto medicamento, a penetração britânica foi facilitada pela
da expansão imperialista. Interessados no imenso mer- disseminação da droga pelos ingleses. A reação chi-
cado asiático, países ocidentais passaram do simples nesa foi o estopim do processo que levou à Guerra do
Ópio (1841-1842), que abriu aos produtos ingleses os chinês que o apoiava. Dessa ação originou-se a Guerra
portos de Xangai e Nanquin, além de tornar Hong Kong dos Boxers (1900-1901), que completou a dominação
HISTÓRIA 1
um protetorado inglês. da China pelas potências ocidentais.
O
BO O
A charge foi publicada
no jornal francês Le
SC
Petit, em janeiro de
M IV
1898, no auge do
imperialismo europeu.
A imagem mostra
O S
o imperador chinês
desesperado com a
D LU
divisão da “torta da
China” pelas potências
imperialistas.
O C
A reação contra a dominação estrangeira partiu de
uma organização xenófoba, a Sociedade dos Boxers,
N X que promovia atentados contra estrangeiros residentes
na China. Os países europeus organizaram uma expe-
Tropas do exército indiano britânico, parte da expedição militar europeia
enviada à China durante a Guerra dos Boxers. A expedição contou com a
SI E
participação do Império Alemão, do Império Austro-Húngaro, dos Estados
dição conjunta para punir o movimento e o governo Unidos, da França, da Grã-Bretanha, da Itália, do Japão e da Rússia.
O
EN S
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D E
A LD
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SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
IMPERIALISMO OU NEOCOLONIALISMO
Razões
O
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SC
M IV
Expansão do capitalismo e busca de novos mercados. Alocação de capitais e dominação de áreas economicamente
O S
menos desenvolvidas.
D LU
O C
N X Discurso de base
SI E
O
Partilha da África
EM IA
A Conferência de Berlim, liderada por Leopoldo da Bélgica, dividiu o continente entre as potências europeias.
ST ER
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Partilha da Ásia
M
A Ásia passou séculos afastada da Europa, geográfica e comercialmente. Após a Guerra dos Boxers, foi ampliado o
controle ocidental na região. A Inglaterra foi o país que mais ampliou seus domínios na região no período imperialis-
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. UCS-RS – Sobre o imperialismo ocorrido durante os 3. FGV-RJ
séculos XIX e XX, é correto afirmar que uma de suas “Em nome do direito de viver da humanidade, a coloni-
principais características foi: zação, agente da civilização, deverá tomar a seu encargo
a) ser um fenômeno essencialmente econômico que a valorização e a circulação das riquezas que possuido-
em nada afetou o cotidiano dos povos subjugados. res fracos detenham sem benefício para eles próprios
b) ficar restrito ao continente africano, a partir do ad- e para os demais. Age-se, assim, para o bem de todos.
vento conhecido como “Partilha da África”. [...] [A Europa] está no comando e no comando deve
permanecer.”
c) representar um acordo entre as potências capitalis-
tas, visando dividir, de forma pacífica e ordeira, os SARRAULT, Albert. Grandeza y servidumbres coloniales.
mercados mundiais. Apud Hector Bruit. O imperialismo, 1987. p. 11.
d) permitir a expansão econômica e política em escala A partir do fragmento, é correto afirmar que:
O
mundial das economias capitalistas, assegurando o
BO O
controle de vastos mercados consumidores. a) a partilha afro-asiática da segunda metade do século
SC
XIX, liderada pela Inglaterra e França, fruto da expansão
e) ser um empreendimento europeu e cristão, procu-
M IV
das relações capitalistas de produção, garantiu o con-
rando levar o processo civilizatório para os povos da trole de matérias-primas estratégicas para a indústria e
África e da América. a colonização como missão civilizadora da raça branca
O S
A resposta da questão é uma definição clássica do imperialismo, um superior.
processo de expansão econômica dos primeiros países que desenvol-
b) o velho imperialismo do século XVI foi produto da re-
D LU
veram grandes parques industriais e que foram, nesse contexto, os
primeiros grandes capitalistas do mundo e difusores de um crescente volução comercial pela procura de novos produtos e
processo de globalização. Disso decorreu a divisão internacional do mercados para Portugal e Espanha, que, por meio do
trabalho, que relegou os países mais pobres a serem exportadores de exclusivo metropolitano e do direito de colonização
matéria-prima bruta enquanto outros, mais ricos, ficavam responsáveis
O C
pela produção industrial.
sobre os povos inferiores, validava os superlucros da
exploração colonial.
N X
2. Unesp-SP
“A África só começou a ser ocupada pelas potências euro-
c) o novo imperialismo da primeira metade do século
XIX, na África e Oceania, consequência do capita-
SI E
peias exatamente quando a América se tornou indepen- lismo comercial, impôs o monopólio da produção
dente, quando o antigo sistema colonial ruiu, dando lugar colonial, em especial, para a Grã-Bretanha, que, de
forma pacífica, defendeu o direito de colonização
O
O “novo tipo de colonialismo”, mencionado no texto, e) a exploração da África e da Ásia na segunda metade
tem, entre suas características: do século XVII pelas grandes potências industriais
A LD
para ampliar a mão de obra disponível nas colônias a) O expansionismo, nesse momento, estava associado
remanescentes na América e em ilhas do Oceano ao desenvolvimento da industrialização e à expan-
Pacífico. são do capital financeiro, o que significava ampliar o
mercado consumidor, garantir o controle sobre áreas
e) o estabelecimento de alianças políticas entre líderes
fornecedoras de matérias-primas estratégicas e en-
europeus e africanos que favorecessem o avanço
contrar novas áreas de investimento.
militar dos países do Ocidente europeu na Primeira
Guerra Mundial. b) A principal justificativa desse expansionismo foi a
ideia de civilização, tendo os povos conquistados
O novo colonialismo a que o texto se refere, também chamado acolhido os conquistadores como seus salvadores
de neocolonialismo ou imperialismo, foi um grande processo de frente a um destino de pobreza e miséria.
expansão do poder econômico europeu sobre o mundo, com um
movimento paralelo dos Estados Unidos expandindo seu domínio c) A relação econômica entre a metrópole e a colônia
sobre a América. O que a alternativa correta descreve é a divisão estava baseada na prática do monopólio comercial
internacional do trabalho decorrente do imperialismo.
que os primeiros exerciam sobre os segundos.
d) O controle das áreas coloniais nesse momento obe- a) Diferencie a presença europeia na África nos dois
HISTÓRIA 1
decia a uma lógica econômica e, por isso, não houve períodos aos quais o texto se refere.
significativos deslocamentos de população entre as
regiões metropolitanas e coloniais. No século XVI, a presença europeia na África buscava manter a eco-
ARIONAURO
o processo de dominação política tinha como objetivo a exploração de
O
matéria-prima e mão de obra baratas e a expansão do mercado consu-
BO O
SC
midor de bens industrializados.
M IV
O S
D LU
O C
N X
A charge se refere ao processo de partilha da África,
realizada na Conferência de Berlim (1884-1885). Esse
SI E
processo foi responsável por diversos conflitos no con-
tinente, pois: b) Indique uma decorrência, para o continente africano,
dessa política colonial de estimular conflitos internos.
O
do continente.
que permitissem aos povos conquistados se desenvolverem de forma
e) resumiu a partilha a quatro países: França, Inglaterra,
Alemanha e Bélgica.
independente, também colaborou de forma negativa. Como resultado,
EM IA
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 1
7. PUC-RJ Na década de 1930, foi publicada a primeira edição da
história em quadrinhos em que o personagem Tintim,
um jovem repórter belga, faz uma expedição ao Congo,
O
BO O
9. UFT-TO
SC
“A Conferência de Berlim (1884-1885) é o grande marco
M IV
da expansão do processo de ‘roedura’ do continente inicia-
do por volta de 1430 com a entrada portuguesa na África.”
O S
HERNANDES, Leila L. A África na sala de aula. São Paulo:
Selo Negro, 2005. (Adaptado)
D LU
O chamado processo de “roedura” é uma metáfora utili-
zada para compreender as relações de dominação entre
a Europa e a África. Essas relações estavam ligadas:
O C
a) à expansão marítima e comercial europeia que levou
A Doutrina Monroe
os europeus a conquistarem a América e a África no
N X século XV, estabelecendo grandes colônias nesses
John J. Johnson, Latin America in Caricature. Austin: continentes.
SI E
Un. of Texas Press, 1980. p. 55. b) a um processo de longa duração, iniciado por volta
Sobre o significado e os acontecimentos do período de 1430 por meio de contatos comerciais, que se
tornaram dominação territorial efetiva somente de-
histórico representado na charge, é incorreto afirmar:
O
EUA não permitiriam a recolonização da América marcou o início do processo de colonização desse
recém-independente pelas potências europeias a continente pelas potências europeias e levou os eu-
A LD
10. Uerj-RJ
e) que a doutrina retratada na charge foi o ponto mais “A palavra ‘imperialismo’, no sentido moderno, desenvol-
alto de uma era que celebrou a força, a prosperidade veu-se primordialmente na língua inglesa, sobretudo de-
econômica e a consolidação da independência dos
pois de 1870. Seu significado sempre foi objeto de discus-
Estados Unidos.
SI AT
RECORD
11. UFRN-RN – Na Copa do Mundo de Futebol de 2010, reali- 15. UFMG-MG – A expansão neocolonial do final do século
HISTÓRIA 1
zada na África do Sul, muitos brasileiros ficaram surpresos XIX pode ser associada à:
ao saberem que várias nações do continente africano, a) divisão internacional do trabalho entre produtores
como Costa do Marfim, Nigéria, Gana e o próprio país de matérias-primas e consumidores de produtos
sede do evento, apresentavam influências linguísticas industrializados.
europeias. Isso ficava evidente, por exemplo, nos nomes
dos jogadores estampados nas camisetas e nos hinos b) necessidade de expansão da influência da Igreja Ca-
nacionais, cantados em inglês ou francês. Essas influên- tólica frente ao aumento dos seguidores da Reforma.
cias da Inglaterra e da França na África são resultantes: c) atração pelo entesouramento permitido pela con-
a) da expansão do cristianismo, estimulado pelos pro- quista de regiões com jazidas de metais preciosos.
pósitos das Cruzadas. d) busca de novas oportunidades de investimentos
b) do neocolonialismo do século XIX, no contexto da lucrativos para o capital excedente nos países
Segunda Revolução Industrial. industriais.
O
c) da globalização, que promoveu o intercâmbio cultural
BO O
mundial no século XX. 16. UFMT-MT – Entre o final do século XIX e o início do XX,
os países capitalistas desenvolvidos conseguiram do-
SC
d) do tráfico negreiro, que implantou colônias europeias
minar praticamente todo o mundo. Era o imperialismo.
M IV
no continente africano.
Analisando suas motivações e características, julgue os
12. Udesc-SC – O imperialismo, ou neocolonialismo, como itens e escreva nos parênteses (V) se for verdadeiro ou
O S
também é conhecido, é constituído por práticas dos (F) se for falso:
Estados nacionais, que pretendem colocar-se como ( ) As causas da expansão imperialista ligaram-se às
D LU
expansores de seus domínios, controlando outras na- transformações de estrutura capitalista na Segunda Re-
ções supostamente imaginadas como mais frágeis e volução Industrial e marcaram o início do capitalismo
até mesmo menos civilizadas. Sobre o imperialismo das monopolista e financeiro.
O C
últimas décadas do século XIX, é correto afirmar que: ( ) Razões humanitárias e filantrópicas foram usadas
a) o Brasil foi colaborador da política imperialista na África. para justificar a política imperialista; a Europa assume
N X
b) os países latino-americanos, no final do século XIX,
em sua maioria ainda colônias das metrópoles, tam-
uma missão “civilizadora”.
( ) A década de 1870 conheceu uma crise econômica
SI E
bém sofreram com o neocolonialismo. acompanhada de excedentes de capitais, o que, por um
c) os Estados Unidos foram o Estado mais ostensivo lado, impossibilitava o reinvestimento na produção e,
em sua política imperialista no período citado.
O
tuídos como Estados nacionais, tiveram papel de “Longe de serem uns monstros de espada, eles querem,
destaque no imperialismo do final do século XIX. majoritariamente, ser os portadores de um grande destino.
Por mais que tenham passado populações inteiras pelo fio
D E
Enviai os melhores dos vossos filhos, seus olhos tais atos são apenas os meios necessários para a
realização do projeto colonial [na África], essa missão civili-
Condenai vossos filhos ao exílio
zadora que substitui a evangelização tão cara aos conquis-
Para que sejam os servidores de seus cativos.” tadores do século XVI.”
EM IA
Rudyard Kipling.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às indepen-
A ideologia expressa por esse poeta, que recebeu em dências (séculos XIII a XX). Trad. Rosa Freire d’Aguiar.
ST ER
1907 o prêmio Nobel de literatura, serviu para justificar o: São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 104.
a) imperialismo. d) socialismo.
No texto acima, que trata da partilha e da conquista da
b) iluminismo. e) anarquismo.
África, no século XIX, o autor defende que:
SI AT
c) mercantilismo.
a) os conquistadores fincavam suas bandeiras sem vio-
14. Unesp- SP – Com a publicação do livro do economis- lar os direitos humanos da igualdade e da liberdade
ta inglês Hobson, Imperialismo: um estudo, em 1902, dos povos africanos.
M
HISTÓRIA 1
18. Enem C6-H29 O texto reproduz argumentos utilizados pelas potências
europeias para dominação de regiões na África e na Ásia,
“Os chineses não atrelam nenhuma condição para efe-
a partir de 1870. Tais argumentos justificavam suas ações
tuar investimentos nos países africanos. Outro ponto
imperialistas, concebendo-as como parte de uma:
interessante é a venda e compra de grandes somas de
áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países a) cruzada religiosa.
instáveis e com governos ainda não consolidados, teme- b) catequese cristã.
-se que algumas nações da África tornem-se literalmen- c) missão civilizatória.
te protetorados.” d) expansão comercial ultramarina.
BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África: neo- e) política exterior multiculturalista.
colonialismo ou mudanças na arquitetura global? Disponível
em: <http://opiniaoenoticia.com.br>. Acesso em: 29 abr. 2010.
20. Enem C4-H16
O
(Adaptado)
BO O
Texto I
A presença econômica da China em vastas áreas do
SC
globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto, “A escravidão não é algo que permaneça apesar do sucesso
M IV
como é possível caracterizar a relação econômica da das três revoluções liberais, a Inglesa, a Norte-Americana
China com o continente africano? e a Francesa; ao contrário, ela conhece o seu máximo de-
senvolvimento em virtude desse sucesso. O que contribui
O S
a) Pela presença de órgãos econômicos internacio-
de forma decisiva para o crescimento dessa instituição, que
nais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e
é sinônimo de poder absoluto do homem sobre o homem,
D LU
o Banco Mundial, que restringem os investimentos
chineses, uma vez que estes não se preocupam com é o mundo liberal.”
a preservação do meio ambiente. LOSURDO, D. Contra-história do liberalismo. Aparecida:
b) Pela ação de ONGs (Organizações não Governamen- Ideias & Letras, 2006. (Adaptado)
O C
tais) que limitam os investimentos estatais chineses, Texto II
uma vez que estes se mostram desinteressados em
N Xrelação aos problemas sociais africanos.
c) Pela aliança com os capitais e investimentos diretos
“E, sendo uma economia de exploração do homem, o capi-
talismo tanto comercializou escravos para o Brasil, o Caribe
SI E
realizados pelos países ocidentais, promovendo o e o sul dos Estados Unidos, nas décadas de 30, 40, 50 e 60 do
crescimento econômico de algumas regiões desse século XIX, como estabeleceu o comércio de trabalhadores
chineses para Cuba e o fluxo de emigrantes europeus para
O
continente.
d) Pela presença cada vez maior de investimentos dire- os Estados Unidos e o Canadá. O tráfico negreiro se man-
teve para o Brasil depois de sua proibição, pela lei de 1831,
EN S
tes governos em favor dos grandes projetos. TAVARES, L. H. D. Comércio proibido de escravos. São Paulo:
e) Pela presença de um número cada vez maior de di- Ática, 1988. (Adaptado)
plomatas, o que pode levar à formação de um Merca- Ambos os textos apontam para uma relação entre escra-
D E
do Comum Sino-Africano, ameaçando os interesses vidão e capitalismo no século XIX. Que relação é essa?
ocidentais.
A LD
inferiores; nós, superiores, e assim por diante.” e) A fusão dos sistemas escravocrata e capitalista, ori-
SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, ginando um novo sistema.
1995. (Adaptado)
SI AT
M
40
HISTÓRIA 1
O
BO O
No alvorecer do século XX, após os desenvolvimentos e progressos da Revolu-
SC
• Tensões e disputas na ção Industrial, dos avanços sobre os países africanos e a partilha de seu território,
M IV
Europa os países europeus pareciam crescer cada vez mais, com a Inglaterra se mantendo
• Europa pré-guerra como a potência da época, seguida dos demais. O crescimento desses países levaria
O S
• Atentado de Saravejo: a a questões internas à Europa, como disputas econômicas e territoriais. É neste mo-
D LU
causa imediata da guerra mento que vemos nascer os nacionalismos que acirrariam essas contendas, assim
• Etapas da guerra como a produção de armamentos e a constituição de alianças visando à proteção
• Tratados de paz
mútua de uma guerra que todos imaginavam que poderia ocorrer. O resultado des-
O C
sas tensões levaria a um conflito sem precedentes na História, envolvendo todos
• Liga das Nações
os continentes do mundo e toda a população dos países em guerra.
HABILIDADES
N X EUROPA PRÉ-GUERRA
SI E
• Associar as manifesta-
Entre o fim do século XIX e o iní-
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
ções culturais do presen-
cio do século XX, a Inglaterra detinha
O
• Interpretar historicamen-
te e/ou geograficamente
Sua hegemonia naval parecia incon-
E U
cultura.
• Avaliar criticamente con- até então dominado por Inglaterra e
A LD
A Inglaterra teve sua hegemonia contestada pelo unificação da Alemanha. Os franceses não perdoavam a
crescente poderio alemão e passou a reagir frente à conquista de Paris pelas tropas alemãs nem a humilhação
HISTÓRIA 1
agressiva política imperialista germânica, sobretudo sofrida em Versalhes, quando os alemães comemoraram
quando a marinha alemã passou a rivalizar com a bri- com um baile e sagraram seu imperador no símbolo maior
tânica. Essa polarização tornou ainda mais tensas as da monarquia francesa. Em especial, não perdoavam a
relações internacionais entre Alemanha e Inglaterra. perda dos territórios da Alsácia-Lorena para os alemães.
O pan-eslavismo, como o próprio nome sugere,
Ultranacionalismos referia-se ao desejo de unificação dos povos eslavos.
As paixões nacionalistas se fortaleceram no mes- Inicialmente, vinculava-se ao sentimento nacional entre
mo processo do avanço imperialista, resultado de povos eslavos submetidos às potências estrangeiras.
uma guerra econômica entre as nações industriais, Com o tempo, passou a ser associado apenas à Rússia e
que passaram a se proteger com a ideologia nacio- considerado a ideologia da corte czarista para atingir ob-
O
nalista. Desenvolveu-se o chauvinismo (nacionalismo jetivos estratégicos, como conquistar uma saída para o
BO O
exagerado) e a xenofobia (aversão por estrangeiros), Mar Mediterrâneo. Na época da guerra, o pan-eslavismo
SC
expressões ideológicas de um problema econômico: traduzia-se claramente em uma ideologia antigermânica
M IV
a proteção do mercado interno. e antiotomana, pois várias nações eslavas localizadas na
O período entre 1870 e 1914, portanto, foi marcado Península Balcânica estavam sob o domínio da Áustria,
O S
pelo ódio mútuo entre as potências europeias. nação germânica, ou do Império Turco-Otomano.
D LU
Paz armada
SCIENCE HISTORY IMAGES/ALAMY STOCK PHOTO
O C
das: Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Estados Unidos,
Rússia, Japão e Bélgica. Os antagonismos imperialistas
N X poderiam ser representados pelo conceito de paz arma-
SI E
da: uma aparência pacífica e civilizada da Europa da belle
époque, cobrindo a veloz corrida armamentista. Parale-
lamente à grande expansão econômica, expandiam-se
O
compensação, o poder do Estado aumentava propor- Cada país temia que sua existência e seu futuro esti-
cionalmente ao seu orçamento militar, embora esse vessem ameaçados pelos outros. O verdadeiro ‘‘culpa-
HISTÓRIA 1
investimento também estivesse relacionado ao risco do” se encontra nessa atmosfera de insegurança cole-
cada vez maior de guerras. O processo de industriali- tiva que pesa sobre a Europa no decênio que vai de
zação desempenhou um papel crucial no desenvolvi- 1905 a 1915. [...] Assim, a guerra poderia ser evitada?
mento da guerra, pois tornou possível a organização Somente uma ação política decisiva, capaz de restau-
e a provisão de equipamentos e suprimentos para um rar a confiança nas relações internacionais e desfazer o
número até então inconcebível de tropas. Em duas clima de desconfiança, poderia detê-la. Mas ninguém
ocasiões (em 1889 e 1907), as conferências em Haia caminhava nessa direção. O reforço das ideologias
foram tentativas diplomáticas de frear a corrida arma- nacionalistas, que as classes dominantes burguesas
mentista e condenar o expansionismo territorial. Ten- tinham conseguido implantar em largos setores da
tativas inúteis, pois a ameaça de guerra não diminuiu. classe média, não contribuiu para acalmar os ânimos.
O
Ele acabou degenerando sob a forma de chauvinismo
THE PRINT COLLECTOR/ALAMY STOCK PHOTO
BO O
(fanatismo), de racismo, de agressividade imperialista.
SC
ISNENGHI, Mario. História da Primeira Guerra Mundial.
M IV
São Paulo: Ática, 1995. p. 13-14.
O S
ATENTADO DE SARAJEVO: A CAUSA
D LU
IMEDIATA DA GUERRA
Em junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdi-
nando, herdeiro do trono austríaco, foi assassinado em
O C
Sarajevo, capital da Bósnia, por um estudante sérvio
N X chamado Gavrilo Princip. Embora o marco inicial da de-
flagração da guerra tenha sido o assassinato do arqui-
SI E
duque Ferdinando, da Áustria, essa não foi a principal
Fábrica de munição na Alemanha. A Europa já se armava antes do conflito.
Fotografia de 1917.
causa da guerra. Uma complexa interação de fatores
O
COLEÇÃO PARTICULAR
Buscando a hegemonia alemã e preocupado com o
E U
era aliada da Rússia. O arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria e a esposa deixam o hospital
em Sarajevo em 28 de junho de 1914, momentos antes de seu assassinato.
Em 1882, foi assinado o Tratado da Tríplice Aliança,
reunindo Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, sob a li- O crime não foi um ato isolado, pois com o estudante
SI AT
fim de seu isolamento, a França aliou-se com a Rússia a libertar os territórios eslavos do domínio austríaco.
em 1893. Na mesma época, o avanço da marinha ale- A descoberta dessa conexão proporcionou ao go-
mã alarmou a Inglaterra, que aproximou-se da França, verno austríaco a motivação e a legitimação necessá-
formando a Entente Cordiale. rias para a declaração de guerra contra a Sérvia. Apesar
Em 1907, após essas articulações, formou-se a Trípli- dos apelos diplomáticos de várias nações, os austríacos
ce Entente, com a aliança de França, Inglaterra e Rús- atacaram a Sérvia em 29 de julho de 1914. Era o início
sia. As rivalidades imperialistas, antes polarizadas entre da Primeira Guerra Mundial.
Inglaterra e Alemanha, agora envolviam toda a Europa.
Com os sistemas de alianças e contra-alianças militares, ETAPAS DA GUERRA
qualquer conflito teria imediata expansão, pois os pactos No início do conflito havia, em ambos os lados, a
mútuos mobilizariam todos em caso de guerra. expectativa de vitória rápida e ampla. Os Estados eu-
HISTÓRIA 1
nações e os líderes militares envolvidos tinham pouca
ideia das consequências de um conflito dessa dimensão.
O
NORUEGA
SUÉCIA
BO O
A metralhadora foi uma das tecnologias utilizadas na Primeira Guerra Mundial.
REINO UNIDO DA
SC
GRÃ-BRETANHA DINAMARCA
E IRLANDA IMPÉRIO RUSSO
Mesmo sem vitória, a reação francesa, em setem-
M IV
(Parte europeia)
PAÍSES
OCEANO BAIXOS
ATLÂNTICO BÉLGICA
ALEMANHA bro de 1914, ao menos impediu um maior avanço ale-
LUXEMBURGO mão. A metade sul da frente ocidental ficou estática
O S
Ma
rC
FRANÇA SUÍÇA ÁUSTRIA-HUNGRIA
á
e o combate seguiu em direção ao norte da França.
sp
D LU
io
ROMÊNIA
PORTUGAL
ITÁLIA SÉRVIA Mar Negro 40°
N
A última grande batalha dessa fase inicial da guerra
ESPANHA BULGÁRIA
MONTENEGRO
aconteceu em Ypres, onde o exército alemão fez uma
IMPÉRIO OTOMANO
ALBÂNIA GRÉCIA (Turquia – 1918) tentativa de romper as tropas aliadas. Com o fracasso
O C
da ofensiva, os exércitos alemães adotaram a tática
M a
r M e d i t e r â n e o
r de guerra de posição. As tropas francesas e britânicas,
N X embora vitoriosas, ficaram extremamente debilitadas
e adotaram a mesma tática. A nova configuração mos-
SI E
N
Tríplice Aliança (1882) e aliados
trava o equilíbrio entre os adversários, que se esta-
NO NE
S
na guerra ao lado da Tríplice Entente
Escala aproximada
Países neutros 1 : 44 000 000 contínua de cerca de 780 km, da Suíça ao Mar do Norte.
Países invadidos pelas forças da 0 440 880 km
Iniciava-se a guerra de trincheiras no fronte ocidental.
EN S
Alemanha e Áustria-Hungria
Cada cm = 440 km
A guerra teve início, de fato, quando a Áustria atacou composta por Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bul-
A LD
a Sérvia. A Rússia começou a movimentar suas tropas gária; e a Tríplice Entente, formada por França, Bélgica,
em 30 de julho, levando a Alemanha à declaração de Rússia e Grã-Bretanha. A oposição entre esses blocos
determinou a configuração da segunda fase da guerra.
guerra em 1o de agosto e à ocupação de Luxemburgo no
EM IA
Segunda fase: guerra de trincheiras Embora membro da Tríplice Aliança, a Itália perma-
Após os primeiros movimentos da guerra, entre neceu neutra no início da guerra. Sob a promessa, por
HISTÓRIA 1
agosto e novembro de 1914, ficou claro que nenhuma parte da Inglaterra e da França, de que guerreando ao
das grandes potências estava apta a conquistar a vitória lado da Entente poderia participar da nova partilha colo-
a curto prazo. Graças às redes ferroviárias espalhadas nial e garantir controle sobre parte do litoral balcânico,
pelo interior dos países no conflito e ao grande número a Itália aliou-se à Entente, dando origem à nova frente
de contingente militar gerado pelo recrutamento obri- de guerra: a do Mediterrâneo.
gatório, a capacidade de mobilização de tropas reservas No fronte oriental, a atrasada Rússia czarista estava
era imensa, o que resultava em um impasse militar, amargando uma severa derrota para as bem equipadas
pois mesmo após a mais vitoriosa campanha a ofensiva forças militares da Alemanha. Isso levou a fortes opo-
sempre se deparava com uma defesa reconstituída sicionismos contra o czar, e o povo exigia a retirada do
em razão das novas convocações e do deslocamento país da guerra. A situação interna do Império Czarista
O
rápido de tropas. se deteriorou, favorecendo o crescimento da oposição
BO O
Nesse contexto, os adversários empenharam-se, menchevique e principalmente dos bolcheviques.
SC
no fronte ocidental, em organizar tanto a defesa como No mar, as marinhas inglesa e alemã lançaram-se
M IV
o ataque. No plano da organização defensiva, trinchei- à guerra de bloqueio mútuo. A Inglaterra impediu o
ras sucessivas ligadas por túneis. No plano ofensivo, envio de abastecimento à Alemanha, que respondeu
O S
emprego de artilharia pesada e aviação. Na tentativa com o bloqueio submarino, inaugurando a guerra sub-
marina sem trégua que ameaçou inclusive países neu-
D LU
de quebra das defesas adversárias, os alemães intro-
duziam novos engenhos, como lança-chamas e gases tros. Estes, tendo sua neutralidade violada por ataques
asfixiantes. Os Aliados colocariam em ação os carros submarinos alemães, tomaram posição: foi o caso dos
Estados Unidos, que, em abril de 1917, responderam à
O C
de assalto ou tanques.
A guerra de trincheiras, que se arrastou de 1914 Alemanha engajando-se aos Aliados.
N X
a 1917, foi marcada pelo imobilismo dos exércitos e
DPA PICTURE ALLIANCE/ALAMY STOCK PHOTO
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
Ofensivas de 1918
Com a vitória na Rússia, os bolcheviques aten-
M
HISTÓRIA 1
O
BO O
Esquadrão britânico em
SC
território francês. O uso
M IV
de aviões de combate e
bombardeiros em larga
escala foi amplamente
O S
difundido durante o
conflito.
D LU
A superioridade bélica da Entente, sobretudo após
a entrada dos Estados Unidos, fez o bloqueio alemão
decompor-se. A Bulgária e a Turquia, aliadas da Alemanha,
O C
aceitaram a paz diante do avanço britânico. O Império
Austro-Húngaro se desarticulou em decorrência dos mo-
N X vimentos nacionais. A Itália, ainda não recuperada do de-
SI E
sastre na Batalha de Caporetto, tentou uma nova ofensiva
em Vitório-Vêneto, dessa vez auxiliada pelos Aliados con- O clássico cartaz de convocação do exército norte-americano foi elaborado
O
tra o já decomposto Império Austro-Húngaro. Sucessivas durante o recrutamento para a formação dos efetivos enviados para a
Europa. A chegada das tropas norte-americanas, física e moralmente
propostas de paz foram rejeitadas por ambos os lados. descansadas, representou novo fôlego para os exércitos Aliados.
EN S
que precipitou a fuga do kaiser Guilherme II. Foi procla- TRATADOS DE PAZ
mada a República de Weimar. Em novembro de 1918, o Com o fim da guerra, as nações envolvidas nas
D E
governo provisório, chefiado pelo general Hindenburg, disputas assinaram importantes tratados de paz, que
aceitou o armistício com base na proposta do progra- redefiniram o contexto geopolítico europeu entre 1919
A LD
ma dos 14 pontos, proposto pelo presidente Woodrow e 1930. As nações vencedoras adotaram o princípio
Wilson, dos Estados Unidos. da “paz dos vencedores”, que previa severas retalia-
ções aos países vencidos. Os descontentamentos e
EM IA
2) liberdade dos mares à navegação internacional; permaneceram e fazem parte do contexto histórico
3) redução das tarifas protecionistas; da Segunda Guerra Mundial.
4) desarmamento; Em 1919, o Tratado de Saint-Germain foi imposto
SI AT
5) redivisão das colônias de forma mais equitativa; à Áustria. Restringida à sua população de língua ale-
mã, a Áustria teve seu território muito reduzido com a
6) evacuação alemã do território russo;
separação da Hungria e com a cessão de terras para
M
blemas das nações derrotadas. Na realidade, apenas • pagamento de dívida de guerra aos membros
três países discutiram os pontos essenciais: França, da Entente por 30 anos;
representada por Clemanceau; Inglaterra, por Lloyd • cessão à França do direito de explorar as mi-
nas de carvão no Sarre;
George; e Estados Unidos, por seu presidente Woodrow
• privilégios alfandegários às nações vencedoras.
Wilson, que, um ano antes, formalizara os 14 pontos
que serviriam de base às negociações. 5. Cláusulas diversas:
• reconhecimento alemão da independência da
Tratado de Versalhes
Polônia e da Tchecoslováquia;
Em 28 de junho de 1919, firmou-se o Tratado de
• proibição de anexar a Áustria à Alemanha;
Versalhes, ou, no dizer dos alemães, o Ditado de Ver-
• estabelecimento de normas em relação ao
O
salhes (diktat), pelo fato de não terem participado das
uso bélico de gases venenosos e sobre cri-
BO O
negociações, pois foram considerados derrotados e
mes de guerra.
SC
responsáveis pela guerra, sendo obrigados a cumprir as
M IV
exigências políticas, econômicas e militares impostas
pelas nações vitoriosas. Após o Tratado de Versalhes, a Europa ficou dividida
O S
As imposições do Tratado de Versalhes foram vis- da seguinte maneira:
tas pela Alemanha como excessivas e injustas. Mais
D LU
impactante que as repreensões militares e políticas, a Europa – divisão política após a Primeira
indenização cobrada da Alemanha causou revolta e fez Guerra Mundial (1921)
Cí
nascer um sentimento de revanchismo entre a popula- rc 20° L
O C
ul
o
Po
la rÁ
ção alemã. O alto valor pago pelo país comprometeu rtic
o
N X
severamente sua economia e o afundou em uma crise
econômica que perdurou por toda a década de 1920,
ISLÂNDIA
SI E
na qual a inflação, o desemprego e a desvalorização da OCEANO SUÉCIA FINLÂNDIA UNIÃO DAS REPÚBLICAS
SOCIALISTAS SOVIÉTICAS
NORUEGA
moeda (marco) atingiam níveis altíssimos. ATLÂNTICO (parte europeia)
O
Mar do ESTÔNIA
Dividido em 5 capítulos e 400 artigos, o Tratado
lti c o
GRÃ- Norte
-BRETANHA LETÔNIA
Bá
IRLANDA DINAMARCA r LITUÂNIA
de Versalhes pode ser sintetizado da seguinte forma: M aPRÚSSIA
EN S
PAÍSES ORIENTAL
BAIXOS
BÉLGICA ALEMANHA POLÔNIA
E U
TCH
ECO
LUXEMBURGO S LOVÁQ Ma
UIA rC
FRANÇA SUÍÇA ÁUSTRIA HUNGRIA á
sp
1. Cláusula do Pacto da Sociedade das Nações: 40° ROMÊNIA
io
ITÁLIA
N
Mar Negro
D E
ESPANHA IUGOSLÁVIA
BULGÁRIA
• proposta por W. Wilson, criava a Liga ou So- PORTUGAL
ALBÂNIA
TURQUIA
ciedade das Nações como fórum das ques-
A LD
SO SE
S Cada cm = 444 km
missão interaliada;
• extinção do serviço militar obrigatório. LIGA DAS NAÇÕES
A Liga das Nações, formada em 1919, tinha por
M
permanentes de França, Itália, Japão, Grã-Bretanha e, e atenção a refugiados. No entanto, em questões que
posteriormente, Alemanha e União Soviética. Os mem- necessitavam de apoio militar, como a invasão do Japão
HISTÓRIA 1
bros não permanentes do Conselho eram escolhidos à Manchúria e o ataque russo à Finlândia, a Liga das
pela Assembleia Geral. Nações mostrou-se impotente.
As bases da Liga eram demasiadamente frágeis. Sua ineficiência também ficou evidente no que se
Nem mesmo os Estados Unidos, que propuseram a refere à ascensão dos nacionalismos exacerbados na
criação, quiseram integrá-la como país-membro, ale- Europa, tendo em vista que os regimes nacionalistas
gando a neutralidade em relação à política europeia. remilitarizariam o continente no período entreguerras.
A Liga não tinha forças armadas próprias, de forma Assim, a Liga fracassou, não conseguindo impedir o de-
que seu poder reduzia-se à determinação de sanções sencadeamento da Segunda Guerra Mundial, em 1939.
econômicas e militares. Nesse sentido, sua atuação foi No pós-Segunda Guerra, em 1946, a Liga das Na-
bem-sucedida em questões relativas aos Bálcãs e na ções se autodissolveu e transferiu as responsabilidades
O
América Latina, bem como na assistência econômica à ONU, fundada em 1945.
BO O
SC
M IV
O S
D LU
O C
N X
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
O
Correntes políticas e estratégicas do pré-guerra:
BO O
SC
M IV
• Ultranacionalismo.
O S
• Política de alianças.
D LU
O C
N X Etapas da guerra:
SI E
O
• Movimento de tropas.
EN S
• Expectativa inicial de vitória rápida, com movimentos de tropas buscando ocupar a maior parte possível do território inimigo.
E U
• Guerra de trincheiras.
D E
• Imobilismo dos exércitos, grande uso de artilharia, armas químicas e inovações bélicas, como aviões, blindados e metralhadoras.
A LD
Ofensivas de 1918:
EM IA
ST ER
Tratado de Versalhes:
• Imposições excessivas e pesada indenização comprometeram a economia alemã, gerando as condições necessárias para a crise e, futuramente, a
ascensão do nazismo.
• Criação da Liga das Nações, órgão internacional responsável pela manutenção da paz e cooperação internacional.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. Enem C2-H7 b) a desestabilização da sociedade europeia com a
“Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – emergência do socialismo e a constituição de go-
que terminou com a corrida dos países europeus para a vernos fascistas nos países europeus.
África e com o surgimento dos movimentos de unificação c) o domínio econômico dos mercados do continente
nacional na Europa – do século XX, que começou com a europeu pela Inglaterra e o cerco da Rússia pelo
Primeira Guerra Mundial. É o período do imperialismo, capitalismo.
da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos d) a oposição da França à divisão de seu território após
empolgantes na Ásia e na África.” as guerras napoleônicas e a aproximação entre a
ARENDT, H. As origens do totalitarismo.
Inglaterra e a Alemanha.
São Paulo: Companhia das Letras, 2012. e) a unificação da Alemanha e os conflitos entre as po-
tências suscitados pela anexação de áreas coloniais
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão na Ásia e na África.
O
da Primeira Grande Guerra na medida em que:
BO O
Todas as alternativas apresentam algum erro, como a constituição de
a) difundiu as teorias socialistas.
SC
países industrializados na América, o fascismo na Europa, o cerco da
Rússia pelo capitalismo e a aproximação entre Inglaterra e Alemanha.
M IV
b) acirrou as disputas territoriais.
Um dos processos que contribuíram para a eclosão da Primeira Guerra
c) superou as crises econômicas. Mundial foi a unificação da Alemanha, ainda no fim do século XIX, for-
d) multiplicou os conflitos religiosos. talecendo o sentimento nacional, bem como o imperialismo europeu
O S
e a competição por territórios asiáticos e africanos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.
4. UPE-PE – O período de duração da Primeira Guerra
D LU
O crescimento das disputas de territórios e os sentimentos de nacio- Mundial, entre 1914 e 1918, foi marcado por várias mu-
nalismo entre as regiões foram processos fundamentais para a eclosão
da Primeira Guerra Mundial. O assassinato de arquiduque Francisco danças sociopolíticas que redefiniram o mundo de en-
Ferdinando, príncipe da Áustria-Hungria, é considerado o estopim da tão. Sobre esse contexto, assinale a alternativa correta:
O C
guerra e um exemplo das tensões entre as nações. a) A Rússia, potência diretamente envolvida no conflito,
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográfi- entrou num processo revolucionário interno que a
N X
cos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das rela-
levou à adoção do socialismo.
b) O Império Austro-Húngaro perdeu domínios com o
SI E
ções de poder entre as nações.
fim do conflito, embora tenha mantido dois terços
do seu território.
2. EsPCEx-RJ – A Primeira Guerra Mundial foi um conflito
O
de enormes proporções, ocorrido entre 1914 e 1918, c) A França acabou por perder territórios para a Alema-
nha após a assinatura do Tratado de Versalhes.
que envolveu quase todo o continente europeu e várias
EN S
outras regiões do mundo. Sobre esse conflito, é correto d) O Império Otomano conseguiu manter sua hegemo-
afirmar que: nia na região dos Bálcãs mesmo com o fim da guerra.
E U
a) a disputa por regiões coloniais acirrou as rivalidades e) A Inglaterra, após a eclosão da Revolução de 1917,
entre as grandes potências, levando ao fim grandes impôs perdas territoriais à Rússia.
alianças, como é o caso do desmantelamento da Um dos aspectos relevantes ao estudar a Primeira Guerra Mundial é
D E
Tríplice Entente. analisar como o mapa europeu se modificou. Impérios foram dissol-
vidos, como o Império Austro-Húngaro e o Império Otomano. Com o
A LD
b) a chamada “paz armada” foi imposta ao final do con- Tratado de Versalhes, foi definida a devolução dos territórios perdidos.
flito, quando os países europeus já encontravam-se Portanto, a França recuperou territórios. Em 1917, a Rússia passou por
desgastados com a guerra, com o objetivo de cessar um processo interno que definiu sua saída na guerra – a Revolução
os combates e evitar novos conflitos. Russa –, tornando o país socialista.
c) a entrada dos Estados Unidos, com seu apoio eco- 5. UFRGS-RS – Em 1918, encerrava-se a Primeira Guerra
EM IA
nômico e militar, ao lado da Entente, foi fundamental Mundial, que se caracterizou pelo confronto armado direto
para a derrota da Tríplice Aliança. entre as principais potências europeias. A respeito do
ST ER
d) o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do término dessa guerra, considere as seguintes afirmações:
trono austro-húngaro, levou o Império Austríaco, jun- VII. Além da adoção do regime republicano, a Alemanha
tamente com a Rússia, a declarar guerra à Sérvia, foi forçada a pagar indenizações pelos danos causa-
dando início ao conflito. dos aos países vencedores.
SI AT
e) ao final do conflito, a Alemanha impôs à França a VIII. Apesar das perdas econômicas e demográficas, a
devolução dos territórios da Alsácia-Lorena, ricos em guerra não abalou a hegemonia da Europa, que man-
minério de ferro e carvão. teve seu poderio intacto.
M
A constituição da paz armada e das teias de alianças já haviam come- IX. A Áustria e a Hungria como estados independentes
çado antes da Primeira Guerra Mundial. O assassinato do arquiduque surgiram do colapso do Império Habsburgo.
Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, foi um fator
desencadeador da declaração de guerra, já que promoveu o acionamen- Quais estão corretas?
to das alianças traçadas entre os países europeus.
a) Apenas I. d) Apenas l e lll.
3. Vunesp-SP – A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) b) Apenas II. e) I, II e III.
resultou de uma alteração da ordem institucional vigen- c) Apenas l e II.
te em longo período do século XIX. Entre os motivos A Alemanha recebeu duras medidas com o Tratado de Versalhes após o
desta alteração, destacam-se: fim da guerra. Os impérios Austro-Húngaro e Otomano também foram
a) a divisão do mundo em dois blocos ideologicamente dissolvidos, virando outros países, respectivamente, Áustria e Hungria
e Turquia. A Primeira Guerra Mundial foi desastrosa para o território eu-
antagônicos e a constituição de países industrializa-
ropeu, para a economia e para a população. Para se recuperar, a Europa
dos na América. precisou da ajuda dos Estados Unidos, que, no período, tornaram-se
um país hegemônico.
6. UFTM-MG – Analise a tabela: a) foi um subproduto das crescentes disputas que en-
HISTÓRIA 1
O
-se para controlar a mobilização dos trabalhadores
BO O
Sobre o crescimento dos gastos militares, é correto urbanos e suas greves.
afirmar que: A crescente militarização visualizada na tabela mostra as disputas cres-
SC
centes dos países europeus, desde o século XIX, com o imperialismo
M IV
e, no começo do século XX, com a paz armada.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
O S
D LU
7. Mackenzie-SP d) incorporação de Montenegro ao território grego e a
“Morrer pela Pátria, pela Ideia! [...] Não, isso é fugir da ver- fragmentação do Reino Unido, com a independência
dade. Mesmo no front, matar é que é importante [...] Mor- do País de Gales.
e) ampliação do Império Austro-Húngaro, com o ajun-
O C
rer não é nada, isso não existe. Ninguém pode imaginar
sua própria morte. Matar é o importante. Essa é a fronteira tamento da Sérvia, e a devolução da Armênia para
o Império Turco.
N X
a ser cruzada. Sim, esse é um ato concreto de vontade. Por-
que aí você torna sua vontade viva na de outro homem.”
SI E
9. PUC-RJ – Em 1914, as tensões políticas entre as prin-
Da carta de um jovem voluntário da
República Social Fascista, de 1943. cipais potências europeias levaram a uma guerra que
se tornou, ao longo dos anos seguintes, um dos mais
O
A respeito do contexto em que se inserem as grandes trágicos momentos da história da humanidade. Em rela-
guerras mundiais do século XX, considere I, II e III a seguir: ção à Primeira Guerra Mundial, é incorreto afirmar que:
EN S
I. Os conflitos econômicos, sociais e ideológicos entre a) a Grande Guerra foi travada em duas frentes de com-
as principais potências capitalistas, tanto no perío- bate e em ambas a perda de vidas humanas alcançou
E U
II. Nas origens dos dois grandes conflitos mundiais, nando um avanço científico acelerado.
podemos identificar a intensificação da propaganda
A LD
mos de vítimas, conseguiu solucionar os problemas alimentos e produtos, a guerra envolveu, em grande
econômicos, as divergências e os ressentimentos escala, a população civil dos países em conflito.
entre as nações beligerantes. e) a Grande Guerra decorreu da tensão política e ideo-
ST ER
8. FGV-SP – A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) provo- A frase do escritor francês Romain Gary ajuda a com-
cou mudanças importantes no mapa político da Europa. preender como reivindicações de autonomia de povos
Entre essas, é correto apontar a: e sociedades variadas acabam por ocasionar disputas
a) devolução da Alsácia-Lorena, então com a Alemanha, territoriais e políticas. Um exemplo dessa situação é a
para a França e a concessão de uma saída para o mar eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), para
para a Polônia, criando o chamado Corredor Polonês. a qual contribuiu o seguinte fator:
b) perda, pela Itália, da região de Trieste para a Iugos- a) difusão do domínio soviético.
lávia, e a cessão, pela França, da região basca para
a Espanha. b) expansão do ideal pangermânico.
c) anexação do norte da Bélgica pela França e o reco- c) agravamento das crises balcânicas.
nhecimento da independência da Grécia. d) crescimento das ações antissemitas.
11. Fatec-SP – Há cem anos, em 1914, teve início a Pri- II. Na fase inicial da guerra, embora se mantendo neu-
HISTÓRIA 1
meira Guerra Mundial. Nessa guerra, foram utilizadas tros, os Estados Unidos da América (EUA) forneciam
como recursos de combate, pela primeira vez em larga alimentos e armas para os países da Entente.
escala, tecnologias como metralhadoras, submarinos, III. A guerra de trincheiras teve como palco principal o
rádios, tanques e até aviões. O uso dessas tecnologias território alemão. Na Batalha do Marne, a cidade de
contribuiu para que esse fosse um dos conflitos com Berlim chegou a ser sitiada pelas tropas francesas.
maiores índices de mortalidade da História. A utilização Chegava ao fim o “mito” da invencibilidade alemã.
de recursos tecnológicos avançados como esses foi IV. Com a ascensão de um governo socialista, a Rússia
possível porque a Primeira Guerra Mundial: alia-se ao Império Austro-Húngaro na formação de
a) foi financiada pelos países produtores de petróleo frente oriental e com o Exército Vermelho tem de-
da região do Oriente Médio. cisiva participação nas últimas batalhas da Primeira
b) foi provocada pela Alemanha nazista, que dominava Guerra.
as pesquisas tecnológicas. V. Nesta guerra, a Alemanha contou com a participação
O
c) teve como protagonistas os países europeus com decisiva da Itália ao seu lado, até o fim do conflito
(1918). Um fator determinante para a derrota alemã
BO O
alto nível de industrialização.
foi a aliança que o Império Turco-Otomano fez com
SC
d) teve início no Japão, que dominava, na época, as os belgas, obrigando o exército alemão a lutar em
M IV
principais tecnologias de guerra. duas frentes (ocidental e oriental).
e) contou com o apoio financeiro e tecnológico das
multinacionais da União Soviética. Assinale a alternativa correta:
O S
a) Todas as afirmações estão corretas.
12. PUC-RS – Analise as afirmativas sobre os desdobra-
D LU
b) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
mentos da Primeira Guerra (1914-1918) e preencha os
c) Apenas as afirmações IV e V estão corretas.
parênteses com F (falso) ou V (verdadeiro):
d) Apenas a afirmação IV está correta.
( ) A Conferência de Paris, reunida ao final da guerra,
O C
acolheu em suas deliberações todos os célebres
14. Unifor-CE – Considere o mapa:
14 pontos do plano apresentado pelo presidente
N Xnorte-americano, Woodrow Wilson.
( ) O Tratado de Versalhes estabeleceu a redução
A Europa e as alianças
SI E
drástica do exército alemão e a desmilitarização da
20° O
Noruega São Petersburgo
Suécia
fronteira franco-germânica.
Mar do
Norte
Reino Unido
O
o
Irlanda
ltic
Grã-Bretanha 1 Ma
rB
á
Berlim
OCEANO Bélgica Alemanha
Império Otomano. ATLÂNTICO
Paris
2
E U
Romênia
devido ao não reconhecimento das nacionalidades Portugal Espanha Sérvia
Mar Negro
D E
M a r M Grécia
e
d Sicília
queceram as posições dos Estados Unidos e do i
t
e
África r
Japão frente à Europa, já que esta manteve seu r
â
n
e
Creta
Chipre
o
poderio colonial.
N Escala aproximada
NO NE
O L
0 225 450 km
baixo, é:
SO SE
S Cada cm = 225 km
e) V, V, V, V, F as “Alianças” 1 e 2.
13. Acafe-SC – Em 2014, completa um século do início da a) Primeira Guerra Mundial, Tríplice Entente e Tríplice
Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Este evento pro- Aliança.
M
vocou profundas transformações políticas, econômicas b) Primeira Guerra Mundial, Tríplice Aliança e Tríplice
e militares na Europa. O resplendor da belle époque Entente.
contrastava com o horror da destruição e de milhões c) Segunda Guerra Mundial, Tríplice Aliança e Tríplice
de mortes. Entente.
Considere o contexto que gerou e deflagrou a Grande d) Segunda Guerra Mundial, Tríplice Entente e Eixo.
Guerra e os anos que se seguiram ao conflito e analise e) Segunda Guerra Mundial, Tríplice Aliança e Eixo.
as afirmações a seguir:
I. As políticas nacionalistas dos países europeus 15. Ufop-MG – A respeito da Primeira Guerra Mundial, é
contribuíam para acelerar os antagonismos. O pan- correto afirmar que:
-eslavismo foi decisivo no posicionamento russo pró- a) envolveu os principais Estados europeus e teve
-Sérvia na questão balcânica, que resultou na morte como principal causa a ascensão dos bolcheviques
do arquiduque Francisco Ferdinando. ao poder do Estado russo.
b) a Alemanha, que tinha se unificado em 1905, provo- e) aplicar os mecanismos criados pelo Tratado de
HISTÓRIA 1
cou um desequilíbrio de poder ao pretender investir Versalhes para impor a paz negociada às potên-
na expansão colonial, principalmente na África. cias europeias.
c) a Itália aliou-se com os alemães um pouco depois
do início do conflito, motivada por interesses princi- 17. CESJF-MG – Analisada sob diversos aspectos, a Primei-
palmente ideológicos. ra Grande Guerra Mundial (1914-1918) foi uma guerra
d) a guerra transcorreu entre os anos de 1914 e 1918, sem precedentes na História. A respeito de tal guerra,
tendo como uma de suas principais características podemos afirmar que:
a utilização das trincheiras, que colaboraram para o a) a rivalidade comercial e industrial entre a Alemanha
prolongamento dos conflitos. e a Inglaterra não pode ser usada como um dos
e) o Brasil manteve-se sempre neutro no conflito, não fatores explicativos para o início da guerra, em 1914.
enviando tropas nem outro tipo de auxílio à Europa. b) a política de alianças representada pela Tríplice Alian-
ça e Tríplice Entente constituiu-se como um dos fa-
O
16. UFSE-SE – A Liga das Nações (ou Sociedade das Na- tores explicativos para a eclosão da Primeira Grande
BO O
ções), criada em 28 de abril de 1919, pela Conferência Guerra Mundial.
SC
de Paz de Versalhes, foi uma espécie de tribunal supra- c) a condenação da “corrida armamentista” pelos
M IV
nacional cujo objetivo era: países que integravam a Tríplice Aliança e a Tríplice
a) julgar e punir as nações que incentivassem a expan- Entente favoreceu o crescimento das rivalidades po-
são imperialista com o objetivo de partilhar outras
O S
líticas entre os países europeus, propiciando assim
regiões do planeta. o início da Primeira Guerra.
D LU
b) regular a paz mundial através da eliminação dos confli- d) a competição, surgida entre os países de regime
tos políticos entre os territórios anexados após a guerra. capitalista e os do bloco socialista, por maiores áreas
c) defender o ideal de que os povos submetidos à do- de influência dentro e fora da Europa, também con-
minação estrangeira tinham direito de fazer a inde- tribuiu para o início da guerra, em 1914.
O C
pendência. e) os Estados Unidos queriam impedir o início da guerra
N X
d) arbitrar e regular os conflitos que no futuro sur-
gissem, visando eliminar para sempre o perigo de
em 1914, pois receavam uma derrota da Alemanha,
que poderia prejudicar os seus interesses econômi-
SI E
nova guerra. cos na Europa Ocidental.
O
18. Enem C2-H7 A Primeira Batalha do Marne tratada no texto deve ser
relacionada com:
E U
principais fatores que estiveram na origem dos con- apoio aéreo e de blindados.
flitos ocorridos durante a primeira metade do século b) a guerra de trincheiras, cenário que dominou todo o
A LD
De acordo com o texto e com seus conhecimentos, é tre os países europeus, culminando na Primeira
HISTÓRIA 1
correto afirmar que o Tratado de Versalhes: Guerra Mundial.
a) encerrou a Segunda Guerra Mundial, fazendo com d) permitiu que as potências aliadas dividissem a
que a Alemanha perdesse as colônias ultramarinas Alemanha no fim da Segunda Guerra Mundial em
para os países dos Aliados. quatro zonas de ocupação: francesa, britânica, ame-
b) extinguiu a Liga das Nações, propondo a criação da ricana e soviética.
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, e) impôs duras sanções à Alemanha, no fim da Primei-
com o objetivo de preservar a paz mundial. ra Guerra Mundial, fazendo ressurgir o nacionalismo
c) estimulou a competição econômica e colonial en- e reorganizando as forças políticas do país.
O
BO O
SC
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O S
D LU
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41
HISTÓRIA 1
REVOLUÇÃO RUSSA
A NAÇÃO DO PROLETARIADO
O
BO O
Neste módulo, veremos o que foi a Revolução Russa, evento que modificou
SC
• A nação do proletariado
radicalmente os rumos deste país, antes liderado por um czar e marcado por
M IV
• Antigo Regime na Rússia
uma economia basicamente agrária e pouco industrializada, além da precarie-
• Revolução de 1905
dade de uma boa parte da população em oposição a uma nobreza privilegiada.
O S
• Partidos políticos A Revolução Russa daria forma a uma das primeiras experiências socialistas da
D LU
• Revolução burguesa ou História, baseada nos ideais de Karl Marx e Friedrich Engels, que propunham
menchevista uma revolução do proletariado e a tomada dos meios de produção por estes.
• Revolução socialista ou Veremos quais medidas foram tomadas, após o sucesso da revolução, pelos
O C
bolchevista líderes dessa nova nação socialista, nomeada União das Repúblicas Socialistas
• Governo bolchevique Soviéticas (URSS), que se tornaria uma das grandes potências mundiais em
N X
• Governo de Stalin determinado período, rivalizaria com os Estados Unidos e passaria a representar
a ideologia socialista.
SI E
HABILIDADES
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
• Analisar a produção da
O
expressos em diferentes
fontes sobre determinado
aspecto da cultura.
D E
HISTÓRIA 1
• aristocracia reacionária, formada pelos grandes proprietários rurais e representada
pela nobreza e pelo clero, em geral ocupando altos cargos da burocracia czarista;
• funcionalismo público numeroso e oneroso;
• burguesia, ainda frágil, porém contando com projeto político e concepções
reformistas para a sociedade russa;
• operariado urbano, miserável e sem direitos trabalhistas, concentrado nas prin-
cipais cidades, como Moscou, São Petersburgo (Petrogrado), Odessa e Kiev;
• campesinato, composto por médios proprietários de terra (os kulaks) e por
sem-terras (os mujiques), que correspondiam a 80% da população russa, há
O
pouco emancipados de sua servidão, porém ainda explorados pelos kulaks.
BO O
REVOLUÇÃO DE 1905
SC
M IV
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dos industrialmente. A derrota enfraqueceu o czar Nicolau II e contri-
buiu para o aumento da crise econômica e social interna. Para exigir
D LU
reformas, em 22 de janeiro de 1905 camadas populares e classes
médias uniram-se em uma passeata pacífica em direção ao palácio do
O C
czar. A violenta reação do governo resultou no massacre de inúmeros
participantes, dando a esse episódio o nome de Domingo Sangrento.
N X
A crise interna adquiriu repercussões inesperadas. Greves e revoltas
eclodiam em toda a Rússia. Os sovietes – conselhos de operários,
SI E
soldados e camponeses – encabeçaram a luta. Motins ocorreram no
Porto de Odessa e parte da Guarda Nacional se rebelou. A burguesia
O
PARTIDOS POLÍTICOS
A industrialização, seguida de maior urbanização e formação do operariado, tor-
SI AT
nou possível a difusão do ideário liberal, absorvido por boa parte da burguesia. O
socialismo, por sua vez, tornou-se bandeira de luta das camadas populares, como
soldados, camponeses e proletariado.
M
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
tido político, sob a liderança de Vladimir Ilicht Ulianov,
HISTÓRIA 1
EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
O
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SC
M IV
O Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado, geralmente
chamado apenas de Soviete de Petrogrado, foi o soviete da então capital
O S
russa estabelecido em março de 1917 após a Revolução de Fevereiro
como órgão representante dos trabalhadores.
D LU
REVOLUÇÃO SOCIALISTA OU BOLCHEVISTA
A tensão do governo menchevista de Kerensky era
O C
gerada pela existência de poderes paralelos (Duma e
sovietes). A crise interna agravada pela guerra desen-
N X cadeou uma bolchevização da sociedade russa entre
SI E
junho e novembro de 1917. Os bolcheviques conquis-
taram a maioria dos sovietes. O lema do partido, “Paz,
pão e terra”, refletia a vontade popular de retirar a Rús-
O
nológicos e táticos, com oficiais incompetentes e soldados e planejou a tomada do poder por meio de uma insur-
profissionais engajados ou recrutados do campesinato; reição em Petrogrado. Apoiado pelo cruzador Aurora,
somada às deficiências militares, sua economia agrária pela guarnição de Petrogrado e pela Guarda Vermelha,
mostrou-se incapaz de sustentar a guerra, tendo em vista tomou o Palácio de Inverno, sede do governo de
EM IA
que o desvio de alimentos para a frente de combate gerou Kerensky. Foi a Revolução de 7 de Novembro de 1917
escassez e revolta entre as camadas populares, bem como que deu início ao governo bolchevique.
ST ER
GOVERNO BOLCHEVIQUE
HISTÓRIA 1
O novo governo tinha Lenin na presidência, Trotski
como comissário do povo para a guerra e para os ne-
GREBESHKOVMAXIM/SHUTTERSTOCK
gócios estrangeiros e Stalin como responsável pelas
nacionalidades.
O governo bolchevista tomou medidas de impacto:
retirou a Rússia da guerra com a Alemanha por meio do
Tratado de Brest-Litovsk; reconheceu a independência
da Letônia, Estônia, Lituânia e Finlândia; nacionalizou
bancos e grandes empresas estrangeiras; expropriou
terras da Igreja, da Coroa e da aristocracia para distri-
buição aos camponeses por meio dos comitês agrários;
O
e organizou o controle de fábricas por operários.
BO O
SC
Guerra Civil Russa
M IV
Emblema da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
As potências capitalistas da Entente (França e In-
glaterra) recusaram-se a aceitar o novo governo por
GOVERNO DE STALIN
O S
não concordarem com a estatização das propriedades
Em janeiro de 1924, a morte de Lenin foi seguida pela
D LU
privadas e o não pagamento das dívidas contraídas
pelo czar no exterior, além de temerem a propagação luta pelo poder entre Stalin e Trotski: o primeiro, favorável
das ideias bolchevistas. Em 1918, eclodiu uma violenta ao socialismo em um só país; e, o segundo, partidário da
revolução permanente. Stalin, então secretário-geral do
O C
guerra civil entre o Exército Branco (inimigos internos
do bolchevismo, contando com tropas e auxílio externo) partido, saiu vitorioso em 1928. Trotski exilou-se no Méxi-
N X
e o Exército Vermelho (bolchevistas). Os brancos foram
derrotados em 1921 e o mundo capitalista preocupou-
co, onde foi posteriormente assassinado. A ascensão de
Stalin significou a burocratização do Estado e a instalação
SI E
-se em isolar o socialismo vigente na Rússia. de uma implacável ditadura do Partido Comunista de 1936
a 1938 e a eliminação de toda forma de oposição.
O
e outros quatro de guerra civil, a economia russa estava senvolvimento da indústria pesada. Mesmo enfrentan-
do a resistência dos kulaks, iniciou-se a coletivização
E U
tas regiões e milhões de cidadãos soviéticos passaram dois tipos: kolkoses (fazendas estatais) e sovekoses
(fazendas coletivas). A nova Constituição de 1936 es-
A LD
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
O
BO O
SC
M IV
Precedentes da Revolução Russa de 1917:
O S
D LU
• Gerada pela crise interna agravada pela participação russa na Primeira Guerra Mundial.
O C
N X
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Etapas do governo bolchevique:
O
EN S
• Lenin na presidência.
E U
• Reforma agrária.
EM IA
• Burocratização do Estado.
M
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. Enem C2-H7 e) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos
Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e suas ampliarem seus territórios.
Após o colapso da URSS e o fim da Guerra Fria, pode-se observar no
representações gráficas são mutáveis: mapa como diversas comunidades nacionais conquistaram sua autonomia,
antes ameaçada por Estados maiores, que perdem sua força com o fim
Guerra Fria (1945-1989) da potência socialista.
Competência: Compreender as transformações dos espaços geográficos
como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Polônia Habilidade: Identificar os significados histórico-geográficos das relações
URSS de poder entre as nações.
Tchecoslováquia
Alemanha 2. Ufop-MG – Sobre a Revolução Russa, assinale a alter-
Áustria nativa incorreta:
Hungria a) O principal objetivo era derrubar o czarismo, identificado
como um dos maiores responsáveis pelo atraso do país.
O
b) A Revolução Comunista só se consolidou após uma
BO O
violenta guerra civil, que opôs “brancos” e “vermelhos”.
Iugoslávia Mar
SC
M Negro c) Os bolcheviques controlaram o poder desde o início
ar
M IV
Ad do processo revolucionário, em fevereiro de 1917.
riá
tic d) Seu impacto mundial foi muito grande, sob sua influência
o
surgiram partidos comunistas em boa parte dos países.
O S
e) Ela levou a Rússia, a médio prazo, a um processo de
D LU
industrialização rápido, mas com um custo social alto.
Turquia A Revolução Russa tinha como objetivo não só derrubar o czarismo, mas
também que o proletariado tomasse o controle dos meios de produção
e, para isso, ocorreu uma violenta guerra civil, em que os revolucionários
eram identificados como Exército Vermelho, em oposição ao Exército
O C
Branco, dos monarquistas.
3. Udesc-SC – Leia o documento abaixo:
N X O
NO
N
NE
L
0
Escala aproximada
1 : 19 800 000
198 396 km
“Um terço do país se encontra submetido a um regime de
vigilância especial, isto é, fora da lei. As forças policiais, sejam
SI E
SO SE
Cada cm = 198 km
visíveis ou secretas, aumentam dia a dia. Nas prisões e nas
S
Tcheca Ucrânia
Alemanha Eslováquia nem tão cruéis. Em todas as cidades e centros industriais,
E U
Mar
-Herzegovina
M Sérvia e
Negro quais repousa a potência da Rússia. Por esta razão, a fome
ar
Ad Montenegro agora é um fenômeno normal. O descontentamento geral
riá
tic
o de todos os grupos sociais e sua hostilidade para com o go-
verno também são um fenômeno normal.”
EM IA
NO
N
NE
Escala aproximada VI. Leon Tolstói, em sua carta, está criticando o gover-
1 : 19 800 000
O L
0 198 396 km
no do czar russo devido às perseguições políticas
SO
S
SE
Cada cm = 198 km
e religiosas e por causa da pobreza na qual viviam
milhões de pessoas na Rússia.
M
Essas significativas mudanças nas fronteiras de países VII. Apesar do crescimento industrial e urbano ocorrido
da Europa Oriental nas duas últimas décadas do século no final do século XIX e início do século XX, a maioria
da população russa vivia em condições miseráveis
XX, direta ou indiretamente, resultaram:
no campo, uma vez que muitos camponeses não
a) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus eram proprietários das terras nas quais trabalhavam.
países aliados na ordem internacional. VIII. O governo da Rússia, nesse período, era uma monar-
b) da crise do capitalismo na Europa, representada prin- quia absolutista, governado pelo czar. Esse tipo de go-
cipalmente pela queda do Muro de Berlim. verno é caracterizado pela divisão igualitária do poder
c) da luta de antigas e tradicionais comunidades nacio- entre o monarca e os representantes eleitos pelo povo.
nais e religiosas oprimidas por Estados criados antes IX. Nas duas primeiras décadas do século XX, na Rús-
da Segunda Guerra Mundial. sia, ocorreram inúmeras revoltas populares, entre as
d) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal quais a que ficou conhecida como Domingo Sangrento,
no mundo ocidental. que ocorreu em janeiro de 1905, quando centenas de
pessoas foram mortas durante uma manifestação que c) um comitê formado por camponeses rebeldes, ope-
HISTÓRIA 1
O
meira Guerra Mundial foi sem dúvida uma resposta ao
BO O
III. As questões sociais relacionadas à terra, à carência
perigo, na verdade à realidade, da revolução social e do de abastecimento (e fome crônica) e à permanência
SC
poder operário em geral, e à Revolução de Outubro e da Rússia na Primeira Guerra foram fundamentais
M IV
ao leninismo em particular.” para a eclosão dessa Revolução.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos.
IV. Trotski e Stalin divergiram quanto aos rumos da re-
O S
Identifique a “direita radical” que ascendia no período volução, já que o primeiro defendeu o “socialismo
entreguerras, opondo-se à expansão dos movimentos em um só país”, ao passo que o segundo propôs a
D LU
revolucionários: “revolução permanente”.
V. A revolução resultou na saída da Rússia da Primeira
a) bolchevista.
Guerra Mundial em 1917, por Lenin considerar esta
b) liberal. uma guerra imperialista.
O C
c) menchevista. A direita radical que ascendeu no perío- A análise das afirmativas permite concluir que é correta
d) nazifascista. do entreguerras foi o nazifascismo ale-
N X
e) anarcossindicalista.
mão e italiano, que tinha entre suas ca-
racterísticas um caráter anticomunista.
a alternativa: As origens da revolução estão associadas ao descon-
a) I, II e III.
tentamento do povo com as desigualdades existentes
SI E
na Rússia e envolvem questões relacionadas à terra,
b) I, III e IV. à fome e à participação da Rússia na Primeira Guerra
5. Furg-RS – No movimento revolucionário russo de 1917,
Mundial. Inclusive, a Revolução Russa teve como uma
os sovietes consistiam em: c) I, III e V. de suas consequências a saída do país da guerra.
O
a) uma organização sindical socialista. d) II, III e V. Também havia discordância entre dois dos principais
líderes soviéticos, Trotsky e Stalin, que divergiam so-
b) uma organização militar estalinista. e) III, IV e V. bre as melhores maneiras de comandar o socialismo
EN S
e a União Soviética.
E U
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
D E
7. Udesc-SC – Sobre a Revolução Russa, é correto afirmar: comércio, atingindo, mais tarde, a indústria leve. As coopera-
a) A União Soviética, criada pós-revolução, foi esface- tivas foram devolvidas aos seus antigos acionistas e, no final
A LD
lada logo na sequência, quando as forças alemãs do ano, permaneciam nas mãos do Estado apenas os setores
invadiram Moscou durante a Segunda Guerra. economicamente estratégicos, o crédito e a indústria pesada.”
b) A revolução foi promovida colocando-se contrária à MALIA, Martin. Entender a Revolução Russa.
formação da União Soviética proposta pelo czar russo.
O trecho apresentado refere-se a um momento da Re-
EM IA
d) A Revolução Russa foi fundante quanto à experiência nômica, procurando superar as dificuldades econô-
histórica de um Estado socialista no século XX. micas e sociais advindas do comunismo de guerra.
e) O governo revolucionário priorizou a livre-iniciativa e b) o Partido Bolchevista promove um processo de aber-
a propriedade privada. tura política, instaurando um regime político demo-
SI AT
crático e pluripartidário.
8. FGV-SP – Em abril de 1917, o líder bolchevique Lenin, c) o governo leninista, enfraquecido pela guerra civil, é obri-
exilado em Zurique (Suíça), voltou à Rússia lançando gado a fazer concessões à tradicional nobreza czarista.
as Teses de Abril. Nesse programa político, é incorreto d) o Estado soviético aplica uma política de planificação
M
da sociedade. Assim, ainda em 1921, no X Congresso do Nova Política Econômica, que representava os inte-
HISTÓRIA 1
Partido, Lenin propõe um plano econômico de emergên- resses dos setores mais conservadores.
cia: a Nova Política Econômica.” 13. UEFS-BA – Os versos “Basta ver que um povo / Derruba
NETO, J. P. O que é stalinismo. São Paulo: Brasiliense, 1981. um czar”, da composição musical, podem ser associados à:
Sobre a chamada Nova Política Econômica, é correto a) morte, na guilhotina, dos líderes dos sans-culottes,
afirmar que: por determinação do terceiro estado, no processo
a) ela reintroduziu práticas de exploração econômica an- da Revolução Francesa.
teriores à Revolução Russa de 1917 que se traduziram b) luta de independência da América espanhola, nas
num abandono temporário de todas as transforma- primeiras décadas do século XIX, que implantou a
ções socialistas já feitas e um retorno ao capitalismo. democracia e o trabalho assalariado.
b) ela consistiu na manutenção de elementos econômi- c) derrubada do monarca russo e à implantação do sistema
cos socialistas, na organização da economia (como socialista, pelo Partido Bolchevique, em outubro de 1917.
o planejamento) e na permissão para o estabeleci- d) queda do Império Alemão, liderado por Otto von Bis-
O
mento de elementos capitalistas por meio da livre- marck, e à ascensão ao poder, por um golpe militar,
BO O
-iniciativa em certos setores. de Adolfo Hitler.
SC
c) ela significou fundamentalmente uma reforma agrá- e) consolidação do regime democrático no Oriente
M IV
ria radical que promoveu a coletivização forçada das Médio e no norte da África, fruto do movimento de-
propriedades agrárias e a construção de fazendas nominado Primavera Árabe.
coletivas, os kolkhozes. 14. PUC-GO – O poeta escreveu: “Eu sei que ao longe na
O S
d) seu resultado foi catastrófico, mesmo permitindo a praça / Ferve a onda popular [...]”, o que nos faz lembrar
volta controlada de relações capitalistas na econo- os grandes movimentos revolucionários, a exemplo da
D LU
mia, já que ela ampliou ainda mais o nível de desem- Revolução Francesa. Um aspecto diferencial das revolu-
prego e produziu fome em grande escala.
ções ocorridas no século XX foi o seu caráter ideológico,
e) ela significou, com a abertura para o capitalismo, um com projetos de superação do sistema capitalista. O
aumento substancial da produção industrial, mas, ao
O C
primeiro movimento vitorioso assim caracterizado ocor-
mesmo tempo, por ter retirado todos os incentivos
anteriormente concedidos à produção agrícola, foi a reu na Rússia, em 1917. Sobre ele, é correto afirmar que:
N Xrazão da ruína do campo. a) o Partido Liberal, burguês, com medo das greves e
da violência popular, uniu-se ao Partido Comunista e
SI E
11. Ufes-ES – A Revolução Russa de 1917 derrubou o passou a apoiar as propostas de Lenin, Stalin e Trotski
regime czarista e estabeleceu o socialismo no país. na construção de uma ditadura comunista na Rússia.
Assinale a alternativa correta em relação às medidas b) o czar buscou apoio nos mencheviques, que defen-
O
adotadas pelo novo governo: diam uma democracia centralizada, mas no último mo-
a) Com a abdicação do czar, estabeleceu-se uma alian- mento esse grupo passou a apoiar os bolcheviques.
EN S
ça política entre os líderes do regime czarista e os A união dos dois grandes partidos russos conseguiu
dirigentes do governo provisório. derrubar o poder imperial e implantar o comunismo.
E U
b) Lenin, prisioneiro político exilado na Sibéria, ficou c) os comunistas apoiaram, inicialmente, o movimento libe-
excluído do processo revolucionário. ral burguês que derrubou o czar. Apoiados no poder dos
c) O governo socialista colocou em prática, imediata- sovietes, eles conseguiram, somente após alguns me-
D E
mente, o projeto de reconstrução da economia, a ses de lutas, construir uma revolução socialista vitoriosa.
Nova Política Econômica (NEP).
A LD
e) No nível político, o governo revolucionário promulgou, presentativo liberal sob a presidência de Vladimir Lenin.
no mesmo ano, uma nova Constituição, que legitimou
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). 15. UFPR-PR – O lema dos bolcheviques a partir de abril de
ST ER
16. Ufam-AM – Segundo o historiador Marc Ferro, o anda- a) Somente as proposições I, II, III e IV estão corretas.
HISTÓRIA 1
mento moderado da Revolução Russa, em que burgue- b) Somente as proposições I, II, III e V estão corretas.
ses e operários pareciam estabelecer seus respectivos c) Somente as proposições II, III, IV e V estão corretas.
projetos para o futuro, encontrou um obstáculo com a d) Todas as proposições estão corretas.
volta de Lenin de seu exílio na Suíça. Com a chegada a e) Todas as proposições estão erradas.
Petrogrado de Lenin e os outros bolcheviques exilados,
a Revolução seguiria então um novo curso: mais intran- 17. Fatec-SP – A Revolução de Fevereiro de 1917 derrubou
sigente no sentido da defesa exclusiva dos interesses do Nicolau II e estabeleceu a República da Duma. Era o
proletariado, fora de qualquer mistura com os interesses fim do regime czarista. Essa primeira fase da Revolução
burgueses. Com as Teses de Abril, ficou declarada a in- Russa teve, como uma de suas características:
compatibilidade da causa da revolução socialista com o
a) a formação da União das Repúblicas Socialistas So-
prosseguimento da guerra, com o governo provisório e
viéticas (URSS), que tinha como tarefa construir o
com a república parlamentar.Quais as principais medidas socialismo no mundo.
O
anunciadas para esse novo momento revolucionário?
b) a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk com a Ale-
BO O
I. Expropriação das terras da Igreja, da Coroa e da aris- manha, pelo qual a Rússia entregava aos alemães a
SC
tocracia e sua distribuição para os camponeses por Letônia, a Lituânia, a Estônia, a Finlândia, a Polônia
M IV
meio de comitês agrários. e a Ucrânia.
II. Nacionalização dos bancos e investimentos estran- c) a crença no avanço do capitalismo na Rússia e da em-
geiros no país. presa privada como fonte do progresso econômico.
O S
III. Controle das fábricas pelos operários. d) a criação do Politburo (birô político), um pequeno
IV. Organização do Exército Vermelho, dirigido por
D LU
grupo de dirigentes, nascido no interior do Comitê
Leon Trotski. Central, que determinava as políticas a serem ado-
V. Proposta de paz imediata aceita prontamente pela tadas no novo regime.
Inglaterra e pela França, culminando com a assina- e) a revolução permanente, inspirada nos ideais trots-
O C
tura do Tratado de Paz de Brest-Litovisky. kistas de expansão imediata dos ideais revolucioná-
Assinale a alternativa correta: rios para outros povos.
N X ESTUDO PARA O ENEM
SI E
18. Enem C2-H6 HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova
O
19. Enem C 1- H1
COLEÇÃO PARTICULAR
TERRITÓRIOS REDES
Distância
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Difusão do Islã
N Estado
NO NE Semiperiferia Potência mundial
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O L
Oligopólio
SO SE
S Economia-
Mundo
Escala aproximada Área de influência Rede mundial
1 : 201 600 000 da rede mundial
0 2 016 4 032 km Sociedade-
Cada cm = 2 016 km Mundo
“Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão che- dadãos soviéticos. [...] Ao mesmo tempo, recusa qualquer
HISTÓRIA 1
garia para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e liberdade política ao país: ‘Os mencheviques continuarão
combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um presos’, e anuncia uma depuração do partido, dirigida con-
gibi de um herói com uma bandeira americana no peito tra os revolucionários oriundos de outros partidos, isto é,
aplicando um sopapo no fürer só poderia ganhar destaque, não imbuídos da mentalidade bolchevique.”
e o sucesso não demoraria muito a chegar.” SERGE, Victor. Memórias de um revolucionário, 1987.
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica.
O texto identifica duas características do processo de
Disponível em: <www.revistastart.com.br>. Acesso em: 27 jan.
2012. (Adaptado)
constituição da União Soviética:
a) a reconciliação entre as principais facções social-
A capa da primeira edição norte-americana da revista -democratas e a implantação de um sistema político
do Capitão América demonstra sua associação com a que atribuía todo poder aos sovietes de soldados,
participação dos Estados Unidos na luta contra: operários e camponeses.
a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial.
O
b) o reconhecimento do fracasso político e social dos
BO O
b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial. ideais comunistas e o restabelecimento do capita-
lismo liberal como modo de produção hegemônico
SC
c) o poder soviético, durante a Guerra Fria.
no país.
M IV
d) o movimento comunista, na Guerra do Vietnã.
c) a estatização das empresas e dos capitais estrangei-
e) o terrorismo internacional, após o 11 de setembro ros investidos no país e a nacionalização de todos os
O S
de 2001. meios de produção, com a implantação do chamado
comunismo de guerra.
D LU
20. Unesp-SP C3-H11 d) a aguda centralização do poder nas mãos do partido
“No final da primavera de 1921, um grande artigo de Le- governante e o restabelecimento temporário de al-
nin define o que será a NEP (Nova Política Econômica): gumas práticas capitalistas que visavam à aceleração
supressão das requisições, impostos em gêneros (para os do crescimento econômico do país.
O C
camponeses); liberdade de comércio; liberdade de pro- e) o fim da participação russa na guerra mundial, defen-
dução artesanal; concessões aos capitalistas estrangeiros; dida pelas principais lideranças do Exército Vermelho,
N X
liberdade de empresa – é verdade que restrita – para os ci- e a legalização de todos os partidos socialistas.
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42
HISTÓRIA 1
REGIMES TOTALITÁRIOS
O CRESCIMENTO DO TOTALITARISMO NA
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EUROPA
SC
• O crescimento do totalita-
M IV
rismo na Europa O período pós-Primeira Guerra Mundial foi marcado pela ascensão de novas
• Itália entreguerras formas de governo. Seguindo a quebra da Bolsa de Valores de 1929, uma terrí-
O S
• Fascismo italiano
vel crise econômica vivenciada na década de 1930 gerou descrença dos ideais
liberais e democráticos em ampla parcela da população de países desenvolvidos,
D LU
• Fascismo português
em especial da Alemanha e da Itália. Nesses países, surgiram e tomaram o po-
• Nazismo der partidos cuja ideologia propunha um novo conceito de Estado: autoritário,
• Guerra civil e fascismo na unipartidário, militarizado, ufanista e autocrático, perfil conhecido como totali-
O C
Espanha tarismo fascista.
HABILIDADES
N X Embora não rompendo com o princípio básico do capitalismo (a propriedade pri-
vada dos meios de produção), as sociedades fascistas enxergavam no radicalismo
SI E
• Analisar a produção da de seus líderes (ditadores) a possibilidade de superar a crise trazida pela guerra e
memória pelas socieda- de avançar no desenvolvimento nacional. Os países que vivenciaram governos com
O
des humanas.
esse perfil foram Alemanha, Itália, Espanha, Portugal e Japão, com repercussões e
• Comparar pontos de vista simpatizantes em vários outros, como Brasil, Polônia, Romênia, Iugoslávia, Hungria,
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aspecto da cultura.
ROSEMARIE MOSTELLER/SHUTTERSTOCK
• Analisar a atuação dos
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movimentos sociais
que contribuíram para
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mudanças ou rupturas em
processos de disputa pelo
poder.
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Escultura feita por Mimmo Paladino, em Roma, Itália. São apresentados aqui seres humanos de metal
acorrentados, em alusão e memória às vítimas do fascismo, do racismo e do holocausto.
O médico psicanalista austríaco Wilhelm Reich, que mica, social e política no período entre as duas guerras
conheceu de perto a sociedade fascista da década de mundiais.
HISTÓRIA 1
1930, observa que: Antes da Primeira Guerra Mundial, o país apresen-
tava desenvolvimento econômico desigual. Ao norte do
[...] o fascismo é a atitude emocional básica do ho-
país, a industrialização gerou a concentração de capitais
mem oprimido da civilização autoritária da máqui-
em poder da burguesia e a existência de um operariado
na, com sua maneira mística e mecanicista de enca-
numeroso vinculado ao trabalho individual. Enquanto
rar a vida. [...] na sua forma mais pura, é o somatório
isso, o sul permanecia essencialmente agrário, com o
de todas as reações irracionais do caráter do homem
campesinato ocupando latifúndios improdutivos. Termi-
médio. [...] é um produto do ódio racial e a sua ex-
nada a guerra, a situação econômica desequilibrou-se
pressão politicamente organizada. [...] A mentalida-
ainda mais.
de fascista é a mentalidade do “zé ninguém”, que
Para resolver a crise que afetava os grandes capita-
é subjugado, sedento de autoridade e, ao mesmo
O
listas e a população desempregada, o governo recorreu
tempo, revoltado.
BO O
a empréstimos estrangeiros e ao mecanismo da infla-
SC
REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo.
ção, acarretando desvalorização da moeda, aumento
M IV
São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 19-21.
dos preços e diminuição do poder aquisitivo da popu-
Entre as principais ideologias dessa forma de go- lação, que já enfrentava o problema do desemprego.
O S
verno, destacam-se: Assim, a crise tornava-se um ciclo vicioso, pedindo
sempre soluções mais elaboradas.
D LU
• ultranacionalismo, que coloca a nação como bem
supremo, a que os indivíduos devem veneração Como resultado dessa situação, a partir de 1920 as
e sacrifício; greves se proliferaram, lideradas pela Confederação
Geral do Trabalho. A classe trabalhadora, desempre-
O C
• imperialismo, que visa à dominação política,
econômica e cultural de outros países e povos gada ou sem recursos necessários à sobrevivência,
N X
cujas etnias e culturas são consideradas menos empreendia a pilhagem de armazéns. Ao norte do
desenvolvidas; país, os metalúrgicos ocupavam as fábricas, realizan-
SI E
• corporativismo, que enxerga a sociedade como do a experiência socialista de autogestão. Entretanto,
metáfora de um corpo cujos membros e órgãos fracassavam por falta de organização e de créditos.
O
(classes sociais) devem obedecer cegamente aos A situação do campesinato não diferia muito da dos
comandos da cabeça (líder) – um grupo social operários ligados à indústria.
EN S
contrário aos ditames do Estado totalitário deve, Os grupos políticos italianos estavam divididos e en-
fraquecidos. Incapacitados de realizar as reformas pre-
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a raça, evitando toda e qualquer “contaminação pelo Partido Comunista Italiano (PCI), fundado em 1921.
Assim, a crise econômica e os conflitos sociais e
A LD
do sangue”;
• militarismo, como caminho para a construção e políticos, após a Primeira Guerra Mundial e a crise do
manutenção de um povo fisicamente vigoroso e capitalismo de 1929, agravavam a situação das classes
socialmente ordeiro; trabalhadoras e colocavam em risco o domínio eco-
EM IA
• autoritarismo, expresso pela submissão do indiví- nômico e político da burguesia, que monopolizava o
duo e da coletividade ao Estado, único elemento grande capital.
ST ER
Ultranacionalistas, os fascistas queriam extirpar os partir de 1929, problemas como desemprego e inflação
comunistas, identificados como internacionalistas e agravaram-se com a crise, alimentando ainda mais o
HISTÓRIA 1
responsáveis pelas agitações internas na Itália, ou seja, autoritarismo fascista na Itália. Procurando apoio da
aos olhos dos fascistas, os comunistas estavam contra Igreja Católica, Mussolini negociou, em 1929, o Tratado
a Itália. de Latrão, pelo qual o governo da Itália concedia uma
Durante a guerra, o setor industrial presenciou o pequena área autônoma de Roma, constituindo o Es-
avanço socialista. Diante do perigo de uma revolução tado do Vaticano. Em busca de um império territorial,
Mussolini adotou, no plano internacional, uma agressi-
socialista, os industriais e os proprietários rurais deram
va política imperialista na África, anexando a Líbia em
apoio financeiro aos esquadristas, movimento de força
1922 e a Etiópia entre 1935 e 1936.
de combate aos grevistas e à esquerda italiana. Aos
poucos, amplos setores passaram a apoiar o fascismo,
o que culminou na ascensão de Mussolini ao poder,
FASCISMO PORTUGUÊS
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em 1923.
Em 1928, o general Carmona, então presidente
BO O
Mussolini foi vinculado ao Partido Socialista até a
de Portugal, nomeou como ministro das Finanças o
SC
Primeira Guerra Mundial. Após voltar do exílio para a
M IV
Itália, fundou o jornal Popolo d’Italia, que, a partir de estadista Oliveira Salazar, que, por restaurar o crédito
1918, tornou-se porta-voz dos princípios de um Estado de Portugal, tornou-se presidente do ministério em
1931. A partir de 1933, Portugal se organizou como
O S
forte, capaz de resolver os problemas sociais e denun-
ciar a partilha injusta dos territórios e das indenizações república corporativa nos moldes do fascismo italiano,
D LU
de guerra. desenvolvendo algumas formas de controle da socie-
dade: adotou o partido único e criou a União Nacio-
Governo fascista nal; submeteu ao Estado a organização de sindicatos
O C
Uma vez no poder, Mussolini preparou progressi- corporativos; e proibiu greves e o uso da propaganda
vamente a instalação do regime ditatorial. Com a re- política de massa.
N X forma eleitoral de 1924, o Partido Nacional Fascista,
KEYSTONE PICTURES USA/ALAMY STOCK PHOTO
SI E
utilizando-se do terror e de mecanismos fraudulentos,
conseguiu vitória esmagadora, elegendo dois terços
da Câmara dos Deputados. O líder socialista Giaco-
O
O ditador português
António de Oliveira Salazar.
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NAZISMO
ST ER
A partir de 1918, quando se configurou definitiva- cida, Mein kampf (Minha luta), que se tornaria a obra
mente a derrota alemã na Primeira Guerra, o Partido máxima da ideologia nazista.
HISTÓRIA 1
Social-Democrata organizou o movimento que conduziu As bases ideológicas do nacional-socialismo remon-
à proclamação da República de Weimar e assinou o Tra- tam à segunda metade do século XIX, na Alemanha
tado de Versalhes com os países vencedores, passando pós-unificação, com a criação de uma instituição deno-
a dominar politicamente a nova república. minada Liga Pan-Germânica, formada principalmente
A década que se seguiu foi marcada por crises so- por grupos médios e profissionais liberais. Tinha por
ciais e econômicas. Os oficiais do exército, tentando princípios a superioridade racial e cultural dos alemães
isentar-se de sua parcela de responsabilidade na der- sobre os outros povos do mundo. Isso justificava o
rota alemã, culpavam os considerados apátridos, como antissemitismo e as ideias de dominação imperialista.
comunistas e judeus. Essas críticas pretendiam denun- Hitler e a Alemanha do entreguerras tornaram-se os
ciar as condições humilhantes impostas à Alemanha estimuladores dessa ideologia.
O
pelo Tratado de Versalhes. Entre 1924 e 1929, verificou-se na Alemanha um
BO O
Nesse quadro de instabilidade econômica e social, período de estabilidade aparente devido à recuperação
SC
estouraram várias tentativas de golpe de extrema-es- econômica possibilitada pelo investimento de capitais
M IV
querda e de extrema-direita. norte-americanos e ingleses, mas não durou muito.
Em 1923, a crise econômica atingiu seu ponto Com a Crise de 1929, a derrocada econômica abateu-
O S
máximo. Os franceses ocuparam a região mineradora -se com toda a força sobre a Alemanha. A crise fortale-
e industrial do Rhur como represália pelo atraso nos ceu o Partido Comunista, com a adesão crescente do
D LU
pagamentos das indenizações estipuladas pelo Tra- proletariado. Por outro lado, a alta burguesia, as classes
tado de Versalhes. O governo alemão, para impedir médias e alguns setores do exército viam no Partido
a ocupação, incentivou a greve dos trabalhadores, Nazista a solução adequada para suas necessidades e
O C
pagando-lhes parte dos salários. Isso só foi possível para a contenção do movimento socialista. A extrema-
mediante grande emissão de papel-moeda, o que
N X -direita ultranacionalista alemã lançou a ideia de que os
gerou hiperinflação na Alemanha. Em 1923, 1 dólar “judeus apátridas” e os “comunistas agitadores” foram
SI E
chegou a valer 8 bilhões de marcos. O historiador os traidores responsáveis pela derrota alemã na guerra.
Leonel Richard faz o seguinte comentário sobre a
Ideologia do Partido Nazista
O
pessoas perdeu toda a fé no futuro...”. Esse comentá- Entre as principais medidas do Estado nazista, desta-
rio de apresentação abre O ovo da serpente, realizado cam-se o combate ao liberalismo e ao marxismo; o
pelo cineasta sueco Ingmar Bergman, e o título des-
D E
desejou lhe emprestar. Os espectadores mergulham nalista, que, no caso da Alemanha, identificava-se com
numa Alemanha onde, sobre o humo da miséria, a ideia de purificação e superioridade de raça ariana;
todas as coisas não passam de objeto de tráfico, in- o combate aos não arianos; o repúdio ao Tratado de
clusive vidas humanas. Esse período do pós-guerra Versalhes, responsável pelo agravamento das crises
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pareceu a Ingmar Bergman o ponto de partida do econômicas e pela perda de regiões que abrigavam
nazismo. Suas imagens mostram o crescimento do inclusive populações arianas; e o propósito de reunir
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EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
Hitler foi aclamado em plebiscito líder único e supremo
HISTÓRIA 1
O
Noite dos Cristais, quando grupos nazistas quebra-
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ram vitrines de lojas, janelas de edifícios judeus e
SC
vitrais de sinagogas.
M IV
Adolf Hitler, ao final da
O S
O cinema nazista desenvolveu técnicas revolucioná-
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rias com Leni Riefenstahl, a cineasta oficial do Terceiro
Reich. Filmes como Olimpíadas de Berlim de 1936 e
O triunfo da vontade são paradigmáticos ainda hoje.
O C
Muitos críticos observam nas cenas desses filmes a
glorificação da raça ariana. O ideal clássico de beleza
N X cultivado pelos nazistas foi atingido com Arno Beker,
SI E
especialista em esculpir corpos perfeitos.
A recuperação econômica da Alemanha na década
de 1930 teve duas orientações básicas. A primeira vi-
O
comunistas, homossexuais, ciganos e deficientes físicos e mentais, voltou a produzir armamentos em grande escala e o
considerados imperfeitos pelos padrões estéticos arianos. A exército foi imensamente ampliado. Estabeleceu-se
fotografia mostra mulheres e crianças no campo de concentração de
Bergen-Belsen, em abril de 1945, quando da libertação realizada pelas uma verdadeira economia de guerra que acabou com
tropas britânicas. o desemprego em tempo recorde.
EM IA
e das universidades. A população foi submetida a Em 1931, os espanhóis acabaram com a monarquia
um esquema de intensa doutrinação por meio do e proclamaram a república. Entre 1931 e 1936, houve
Ministério de Propaganda, chefiado por Goebbels, um tumultuado crescimento da esquerda espanhola
que controlava todos os meios de comunicação. A organizado na Frente Popular, que chegou ao poder em
propaganda nazista revelou-se revolucionária para a 1936. Manuel Azaña foi eleito presidente da república,
época. Foram utilizados recursos de convencimen- iniciando uma série de reformas sociais e agrárias e
to publicitário extremamente refinados e inéditos. adotando uma política anticlerical.
Goebbels lançou mão de todos os recursos possí- Setores da burguesia, da Igreja e do exército se
veis, como cartazes, produção de filmes e até ma- mobilizaram contra o novo governo socialista. Em 18
nuais didáticos escolares em que as crianças eram de julho de 1936, iniciou-se uma conspiração no exér-
doutrinadas segundo a ideologia nazista. cito, que recebeu o apoio das tropas espanholas no
Marrocos lideradas pelo general Francisco Franco. O e promulgou a lei que declarava a volta da Espanha
governo ainda contava com a lealdade da marinha e de à monarquia.
HISTÓRIA 1
parte da guarda civil. A Guerra Civil Espanhola durou quatro anos e deixou
cerca de 1 milhão de mortos. Uma das mais violentas
PICTORIAL PRESS LTD/ALAMY STOCK PHOTO
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Portugal, liderou a redemocratização do país.
Espanha de 1939
BO O
a 1975.
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com armas, munições e soldados de Hitler, Mussolini
e Salazar. Os republicanos receberam auxílio das briga-
D LU
das internacionais, formadas por voluntários de várias
partes do mundo. No entanto, a URSS e as democra-
cias ocidentais deram apoio menor que o esperado. A
O C
participação nazista nessa guerra foi importante, pois
N X nela os alemães testaram táticas e armamentos.
A guerra civil terminou em 1939, com a vitória da
SI E
Frente Nacional, liderada por Francisco Franco, que Guernica (1937), de Pablo Picasso. Óleo sobre painel, 3,5 m × 7,8 m.
implantou um Estado inspirado no modelo fascista, O bombardeio sobre a cidade de Guernica, na Espanha, foi um dos
episódios mais violentos da Guerra Civil Espanhola. A obra de Pablo
O
com o Partido Único Falange Espanhola Tradiciona- Picasso reflete o sofrimento e os horrores praticados contra a população
lista. Franco tornou-se o chefe do Estado espanhol espanhola durante o conflito.
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
REGIMES TOTALITÁRIOS
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• Superioridade genética sobre os demais povos (antissemitismo).
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Alemanha
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Líder: Adolf Hitler.
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Partido: Nazista
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Itália
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
Espanha
Líder:
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Francisco Franco.
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Partido: Partido único Falange Espanhola Tradicionalista.
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Portugal
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
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Afro-Ásia, n. 23, 1999. (Adaptado)
“O direito ao solo e à terra pode se tornar um dever quan-
BO O
A posição assumida pela Unesco a partir de 1948 foi do um grande povo, por falta de extensão, parece destina-
SC
motivada por acontecimentos então recentes, dentre do à ruína. Ou a Alemanha será uma potência mundial ou
M IV
os quais se destacava o(a): então não será. Mas, para se tornar uma potência mundial,
a) ataque feito pelos japoneses à base militar americana ela precisa dessa grandeza territorial que lhe dará na atua-
lidade a importância necessária e que dará a seus cidadãos
O S
de Pearl Harbor.
os meios para existir. O próprio destino parece querer nos
b) desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivali-
D LU
dades entre nações. apontar o caminho.”
HITLER, Adolf. Minha luta, 1925. In: FERREIRA, Marieta de M. e
c) morte de milhões de soldados nos combates da Se-
outros. História em curso: da Antiguidade à globalização. São Paulo:
gunda Guerra Mundial.
Ed. do Brasil; Rio de Janeiro: FGV, 2008. (Adaptado)
O C
d) execução de judeus e eslavos presos em guetos e
campos de concentração nazistas. As ideias contidas no projeto político do nazismo bus-
cavam solucionar os problemas enfrentados pela Ale-
N X
e) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e
Nagasaki pelas forças norte-americanas. manha após o fim da Primeira Guerra Mundial. Uma
dessas ideias, abordada no texto, está associada ao
SI E
Uma das características da ideologia nazista estava em sua busca conceito de:
por uma raça ariana pretensamente pura. Para concretizar sua lim-
a) xenofobia.
O
24/10/2009. (Adaptado)
passado.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) provocou trans- c) o nacionalismo, a valorização do espírito clássico e
formações nas vidas de crianças e jovens europeus. o materialismo.
Uma dessas transformações é apresentada no filme A d) a beligerância, o culto à ação e o esforço expansio-
fita branca e está associada ao que o diretor denominou nista.
de “raízes do mal”.
e) o revanchismo, a socialização da economia industrial
Nas décadas de 1920 e 1930, os efeitos dessas raí- e a perseguição aos estrangeiros.
zes do mal se manifestaram no seguinte processo
histórico: Esses lemas fazem referência às ideias expansionistas do fascismo
de Mussolini, trazendo à tona a possibilidade de guerra por justiça,
a) expansão do comunismo. o autoritarismo e baseando-se em suas pretensas raízes no Império
b) difusão do etnocentrismo. Romano, que possuía extensões continentais.
HISTÓRIA 1
(1922) e na Alemanha (1933) apresenta muitas diferen-
ças, mas, ao mesmo tempo, tem aspectos comuns.
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Trabalhadores Alemães.
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VIII. Após a Primeira Guerra Mundial, crescia entre ita-
SC
lianos e alemães, e mesmo em toda a Europa, uma
M IV
forte descrença na adoção da democracia liberal
como o modelo político a ser seguido. Com isso,
teorias autoritárias ganharam espaço no cenário po-
O S
lítico desses países.
IX. A rápida recuperação militar e econômica da Ale-
D LU
Ilustração de cartaz eleitoral nazista. In: BRENER, Jayme.
Jornal do século XX. São Paulo: Moderna, 1998.
manha e da Itália precedeu a ascensão dos partidos
fascistas que sustentavam uma plataforma política
O cartaz acima traz implícita a ideia de que só o nacio- militarista e expansionista.
O C
nal-socialismo, o nazismo, poderia libertar a Alemanha. São afirmativas corretas:
Dentre as soluções apresentadas pelo Partido Nazista
a) I, II, III e IV. d) II e IV, apenas.
N X
para a sociedade alemã em crise, podemos citar:
a) nacionalismo, expansionismo e militarismo. b) I e III, apenas. e) I e IV, apenas.
SI E
b) pluripartidarismo, culto ao líder e liberalismo. c) III e IV, apenas.
c) racismo, aliança com o comunismo e sindicalismo. É incorreto afirmar que o discurso de superioridade racial uniu italianos
O
d) corporativismo, sociedade de classes e poder legis- e alemães em um mesmo projeto, uma vez que essa não foi a base de
lativo forte. sua aliança e esse discurso não obteve a mesma repercussão na Itália
EN S
Perseguiram ideais contrários, como o comunismo, e concentraram o saíram fortemente abalados da Primeira Guerra Mundial. Além disso, a
poder nas mãos do líder do Executivo. Entre as ideias nazistas estavam recuperação militar e econômica desses países foi posterior à subida dos
a expansão dos territórios alemães e a constituição de uma sociedade regimes fascista e nazista ao poder, que basearam-se no expansionismo
D E
militarizada e de forte nacionalismo. e na militarização como resposta às crises enfrentadas pelos países.
A LD
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7. UEG-GO – O governo nazista da Alemanha pretendia a) O nazismo consolidou uma política interna de misci-
usar os Jogos Olímpicos de Berlim de 1936 para pro- genação racial e social visando preparar a Alemanha
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ocorreram fatos que desmentiram essas teses, com implantar o corporativismo, pois sofreu uma violenta
destaque ao seguinte: oposição dos setores conservadores da burguesia e
da classe média italiana.
a) o atleta norte-americano Jesse Owens ganhou qua-
tro medalhas de ouro: nos 100 e 200 metros rasos, c) A ausência de uma política de autossuficiência obri-
SI AT
12. FGV-SP
HISTÓRIA 1
O
a) presenciou a derrocada do nazismo e o estabeleci-
BO O
mento da democracia tutelada pelas principais po-
SC
tências ocidentais e pela União Soviética.
M IV
b) vivenciou uma experiência democrática marcada
pelos sucessivos governos de centro-esquerda, en-
cabeçados pelo Partido Democrata Alemão.
O S
c) passou por uma experiência democrática abalada
por graves crises econômicas e pelas investidas
D LU
O símbolo exibido remete ao: de partidos e grupos extremistas de esquerda e
a) imperialismo japonês. de direita.
b) franquismo espanhol. d) assistiu à consolidação no poder do grupo esparta-
O C
quista liderado por Rosa de Luxemburgo, que ques-
c) salazarismo português.
tionava duramente as concessões ideológicas feitas
N X
d) fascismo italiano.
e) nazismo alemão.
pelos social-democratas.
e) enfrentou a guerra contra a Tríplice Aliança, manten-
SI E
do o regime democrático a partir de uma coalizão de
10. Fatec-SP centro-esquerda liderada pelos social-democratas.
O
tico na Itália, em oposição ao governo fascista do rei realidade, novo enquanto partido, o NSDAP (Partido
Vitor Emanuel III. Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores) estava
A LD
b) atacou a inoperância do Parlamento socialista italiano, agrupando muitas propostas que nacionalistas, conser-
que emperrava as reformas políticas e sociais propos- vadores e até mesmo esquerdistas vinham levantando
tas pelo Partido Fascista Social-Democrata italiano.
há tempos na Alemanha. O resultado final desse amál-
c) marcou a despedida do cargo de deputado exercido gama redundou num projeto contrarrevolucionário que
EM IA
por Mussolini, que, a partir daquele momento, come- deu certo, até que a ‘máquina’ ficasse louca, sem contro-
çou a lutar na região de Piemonte para derrubar o rei.
le, no dizer de Félix Guattari.”
d) defendeu o fim do governo absolutista do rei Vitor
ST ER
ao Partido Fascista Italiano, o qual ocasionou o fim a) relaciona-se diretamente com o Pacto Germano-
da democracia parlamentar e a formação de uma -Soviético, pois interessava à União Soviética apoiar
ditadura fascista. os nazistas para derrotar as forças liberais europeias.
b) apesar de derrotado nas eleições parlamentares de
M
14. CFTMG-MG – Analise o seguinte cartaz: d) Nazifascismo; New Deal; Crise dos Mísseis.
HISTÓRIA 1
e) Doutrina Truman; República de Weimar; Revolução
16. Unesp-SP
“Nas primeiras sequências de O triunfo da vontade (filme
alemão de 1935), Hitler chega de avião como um esperado
Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem
à medida que ele desce sobre a cidade. A propósito dessa
cena, a cineasta escreveria: ‘O sol desapareceu atrás das
nuvens. Mas quando o führer chega, os raios de sol cortam
o céu, o céu hitleriano’.”
Alcir Lenharo. Nazismo: o triunfo da vontade, 1986.
O
BO O
O texto mostra algumas características centrais do
nazismo:
SC
M IV
a) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa
de princípios religiosos do catolicismo.
b) a glorificação das principais lideranças políticas e a
O S
depreciação da natureza.
D LU
c) o uso intenso do cinema como propaganda política
Os cartazes foram grandes aliados nas propagandas e o culto da figura do líder.
do Partido Nazista, contribuindo para a ascensão des-
se grupo na década de 1930. A imagem representada d) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à
migração dos camponeses para as cidades.
O C
indica que:
e) o apreço pelas conquistas tecnológicas e a identifi-
a) a confiança alemã na superioridade da raça ariana cação do líder como um homem comum.
N Xera o eixo central do Estado liberal.
b) a organização independente e combativa dos traba- 17. UFU-MG – Sobre as características da propaganda na-
SI E
lhadores seria a forma de salvar a Alemanha. zista, assinale a alternativa correta:
c) o socialismo poderia garantir a unidade nacional a a) A ascensão de Hitler se deu pela natureza científica de
O
partir da eliminação da diferença entre as classes. suas afirmações, sendo a propaganda e o terror utili-
d) o movimento nazista defendia a solução dos pro- zados apenas quando se tratava da oposição política.
EN S
blemas da nação sob a égide da organização militar. b) A propaganda utiliza fundamentos dissociados da
cultura e das disposições sociais da população, por
E U
15. FGV-RJ – O período entre as duas grandes guerras esta razão usa de insinuações indiretas, veladas.
mundiais, de 1918 a 1939, caracterizou-se por uma in- c) O terror e a propaganda tiveram semelhante grau de
tensa polarização ideológica e política. Assinale a alter- importância no estabelecimento da ideologia nazista,
D E
nativa que apresenta somente elementos vinculados ao mostrar à população os benefícios de quem a ela
a esse período: aderisse e o horror destinado aos inimigos.
A LD
a) New Deal; globalização; Guerra do Vietnã. d) A ameaça, a efetiva violência, o uso político da ciên-
b) Guerra do Vietnã; Revolução Cubana; Muro de Berlim. cia e a propaganda alinhada aos princípios culturais
c) Guerra Civil Espanhola; nazifascismo; Quebra da de um povo nunca foram usados como estratégia de
Bolsa de Nova York. doutrinação das massas.
EM IA
sas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Waschneck. Ambientado na Europa conturbada pelas guer-
Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de ras napoleônicas, o filme mostrava como essa importante
outras correntes político-ideológicas.” família de banqueiros judeus beneficiou-se das discórdias
SOUZA, I. I. A guerra civil europeia. entre as nações europeias, acumulando fortuna à custa da
História Viva, n. 70, 2009. (Fragmento) guerra, do sofrimento e da morte de milhões de pessoas.
A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em cur- O judeu é retratado como uma criatura perigosa, de mãos
so na Europa na década de 1930. A perspectiva política aduncas, rosto encarniçado e olhar sádico e maléfico.”
comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a): PEREIRA, W. Cinema e genocídio judaico: dimensões
a) crítica ao stalinismo. da memória audiovisual do nazismo e do holocausto.
In: Educando para a cidadania e a democracia.
b) combate ao fascismo. 6a Jornada Interdisciplinar. Rio de Janeiro:
c) rejeição ao federalismo. SME; Uerj, jun. 2008. (Fragmento)
Os Rotschilds foi produzido na Alemanha nazista. A O período a que se refere o texto envolve também a ruptu-
HISTÓRIA 1
partir do texto e naquela conjuntura política, o principal ra com a democracia pela República de Weimar, a qual foi
objetivo do filme foi: engendrada pelas conjunturas políticas da Alemanha nos
anos 30 do século XX. É nesse quadro democrático que
a) defender a liberdade religiosa.
se pode compreender a ascensão do Partido Nacional-
b) controlar o genocídio racial. -Socialista dos Trabalhadores Alemães e a fundação do
c) aprofundar a intolerância étnica. III Reich, criando um totalitarismo com faces eugênicas.
d) legitimar o expansionismo territorial. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o totali-
e) contestar o nacionalismo autoritário. tarismo eugênico, assinale a alternativa que apresenta,
corretamente, os eventos que comprovam essa prática:
20. UEL-PR C3-H11 a) a capitulação da Alemanha, a independência das na-
“O surgimento da bioética coincidiu com o clamor ge- ções africanas e a perseguição aos arianos.
neralizado levantado pelos horrores da Segunda Guerra b) a nacionalização dos portos, o fim do Corredor Polo-
O
Mundial, reação que culminou com a Declaração Uni- nês e o Pacto Ribbentrop-Molotov.
BO O
versal dos Direitos Humanos. O objetivo primordial da c) a ocupação da Áustria, o fortalecimento dos bancos
SC
bioética se baseia no princípio humanista de afirmar a públicos e o antifascismo.
M IV
primazia do ser humano e defender a dignidade e a li- d) a tomada de Paris, a invasão da URSS e a libertação
berdade inerentes ao mero fato de pertencer à espécie.” dos Sudetos.
O S
BERGEL, S. Desafios da bioética. Planeta, ano 40, e) as Leis de Nuremberg, a Solução Final e a criação
ed. 472, jan. 2012, p. 70. (Adaptado) dos campos de extermínio.
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HISTÓRIA 1
DEMOCRACIAS LIBERAIS
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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
SC
• Os países ocidentais depois
M IV
da Primeira Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial modificou as dinâmicas ao redor do mundo. Como
• França
vimos, impulsionou a revolução socialista na Rússia e levou à ascensão de líderes
O S
militaristas e xenófobos ao poder em países como Itália e Alemanha. Do lado dos • Inglaterra
principais países vencedores, pertencentes à Tríplice Entente, tanto a Inglaterra como • Estados Unidos
D LU
a França sofreram com o conflito ocorrido em seu território. Por outro lado, é neste
momento que se dá o crescimento dos Estados Unidos como potência econômica HABILIDADES
mundial, que viveu um período de grande prosperidade no sistema capitalista. • Analisar a ação dos
O C
Estados nacionais no que
COLEÇÃO PARTICULAR
• Comparar o significado
EN S
histórico-geográfico das
organizações políticas e
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socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial.
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• Analisar diferentes
processos de produção ou
A LD
circulação de riquezas e
suas implicações socioes-
paciais.
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FRANÇA
O país da Europa Ocidental que mais sofreu com a Primeira Guerra Mundial foi
a França: 10% de seu território foi devastado, 14% de sua população masculina
morreu e cerca de 30% de sua riqueza diminuiu.
A oposição socialista tirou proveito da insatisfação popular e venceu as primei-
ras eleições após a guerra, colocando no poder Léon Blum, que promoveu várias
reformas, porém, não resistindo às pressões e à crise, renunciou. Apesar de não ter
chegado ao poder, houve o crescimento de um movimento fascista na França, deno-
minado Action Française e liderado pelo radical Charles Maurras. Muitos franceses
tornaram-se simpatizantes de Hitler e Mussolini na década de 1930.
Unido perdeu 32% da riqueza e 6% da população mas- Os ativistas passaram a cometer atentados, e uma
culina. Sua indústria entrou em crise e o desemprego bomba em Wall Street matou mais de 30 pessoas. A
aumentou. Greves propagaram-se por todo o país. greve da polícia de Boston levantou os ânimos nacio-
Além disso, emergia a crise de desagregação do Im- nais, que acusavam os comunistas e anarquistas de
pério Britânico. Antigos Estados-membros tornavam- espalharem o terror pelo país, objetivando fomentar
-se independentes ou organizavam-se em movimentos a luta de classes e derrubar o governo. Várias prisões
separatistas. Diante do avanço dos regimes totalitários foram feitas e, entre os detidos, estavam os anarquis-
de direita e de esquerda entre 1920 e 1940, o Reino tas Sacco e Vanzetti, acusados de assassinar um diri-
Unido permaneceu como o maior defensor das liber- gente industrial, em 1921, em Massachusetts.
dades democráticas na Europa. Durante 6 anos, o processo arrastou-se, sem provas
O
conclusivas. Houve movimentação internacional
BO O
ESTADOS UNIDOS tentando libertá-los. Foram executados em 1927,
SC
No fim do século XIX, os Estados Unidos alcan-
M IV
acendendo-se vigorosa polêmica, e o governo foi
çaram um considerável desenvolvimento econômico, acusado de transformá-los em bodes expiatórios da
voltando seus interesses aos mercados latino-america- direita.
O S
nos. Sua ação imperialista, inicialmente marcada pela
BARBEIRO, Heródoto. História da América. São Paulo: Moderna, 1980.
“política do dólar”, caracterizada pela concessão de
D LU
empréstimos, foi substituída pela Política do Big Stick.
Economicamente, os Estados Unidos foram os prin- Prosperidade americana na década de 1920
cipais beneficiários da Primeira Guerra Mundial. Ao en- O crescimento norte-americano no período entre-
O C
trarem no conflito em 1917 e dar-lhe curso decisivo, não guerras foi muito alto. Entre 1923 e 1929, chegou a
N X
apenas ajudaram a garantir a vitória da Tríplice Entente,
como se tornaram os maiores credores mundiais. A
64%. Foi uma época de grande progresso, mesmo
apoiado na base pouco firme do liberalismo desen-
SI E
Rússia, a partir de 1922, estava em profunda crise, oca- freado.
sionada pela revolução de 1917 e pela guerra civil sub- Entre 1921 e 1929, a renda per capita americana
O
sequente. A América Latina, que mantinha seu modelo saltou de US$ 660,00 para US$ 860,00. Nas grandes
agroexportador, dependia imensamente dos mercados cidades, erguiam-se as maiores estruturas construídas
EN S
externos. No Brasil, a tímida indústria, considerando os até então, como o Empire State Building. A construção
padrões da época, acabou beneficiada pelo contexto da civil vivia sua época de ouro.
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HISTÓRIA 1
23 milhões. Bens de consumo duráveis, como fogões, Nova York, surgiam favelas nas periferias das grandes
geladeiras e rádios tornaram-se comuns nas casas cidades e os afrodescendentes ainda estavam, em sua
americanas. Os preços baixavam com o aumento da maioria, abaixo na linha de pobreza.
produção e do consumo e 95% da população econo- Politicamente, o governo norte-americano mantinha
micamente ativa estava empregada. Esse incrível cres- uma estratégia de isolamento em relação aos proble-
cimento e bem-estar dos Estados Unidos favoreceu o mas da Europa e o Congresso impediu a entrada do
desenvolvimento de um novo modo de vida, mundial- país na Liga das Nações.
mente conhecido como american way of life (modo de
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SC
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N X “A lacuna na ponte”, charge que satiriza as relações entre Europa e
Estados Unidos. A Liga das Nações, entidade que tentaria inaugurar
SI E
uma nova era na diplomacia internacional, foi idealizada por Woodrow
Linha de produção do carro Ford modelo T. Fábrica em Detroit, cerca de Wilson, presidente dos Estados Unidos. Mesmo assim, o Congresso
1908. A produção de automóveis em série foi um dos marcos do período norte-americano manteve a política isolacionista em relação à Europa e
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e reflete a dimensão que a sociedade de consumo havia tomado. não aprovou a entrada do país na liga.
EN S
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
DEMOCRACIAS LIBERAIS
Características gerais
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França:
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• Perdeu 30% de sua riqueza.
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Reino Unido:
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• Perdeu 32% da riqueza.
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• Início da desagregação do Império Britânico.
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Estados Unidos:
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
1. Unesp-SP d) a crise de superprodução, a especulação desenfrea-
“Enquanto a economia balançava, as instituições da de- da nas bolsas de valores e a queda da renda dos
mocracia liberal praticamente desapareceram entre 1917 trabalhadores.
e 1942; restou apenas uma borda da Europa e partes da e) o aumento do mercado externo, o mito do american
América do Norte e da Austrália. Enquanto isso, avança- way of life e a intervenção do Estado na economia.
vam o fascismo e seu corolário de movimentos e regimes A crise nos Estados Unidos esteve ligada à superprodução, que levou
autoritários. a uma oferta maior que a demanda. Também tem relação com a espe-
culação sem limites na Bolsa de Valores e a diminuição de renda dos
A democracia só se salvou porque, para enfrentá-lo, houve trabalhadores, que inviabilizou a aquisição de mais bens e produtos.
uma aliança temporária e bizarra entre capitalismo liberal Competência: Entender as transformações técnicas e tecnológicas
e comunismo [...]. Uma das ironias deste estranho século e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
é que o resultado mais duradouro da Revolução de Outu-
O
Habilidade: Analisar diferentes processos de produção ou circulação
bro, cujo objetivo era a derrubada global do capitalismo,
de riquezas e suas implicações socioespaciais.
BO O
foi salvar seu antagonista, tanto na guerra quanto na paz,
SC
fornecendo-lhe o incentivo – o medo – para reformar-se
M IV
após a Segunda Guerra Mundial [...].” 3. Mackenzie-SP
Eric Hobsbawm. Era dos extremos, 1995. “Foi durante a Primeira Guerra Mundial que floresceu e se
divulgou com maior intensidade a música negra nos EUA:
O S
Segundo o texto, a economia balançava e as instituições
o jazz e o blues. […] Houve uma verdadeira busca de rit-
da democracia liberal praticamente desapareceram en-
D LU
tre 1917 e 1942 devido: mos e sons diferentes, emocionantes, como os africanos e
latino-americanos.”
a) à crise financeira que culminou com a quebra da Bol-
Eric J. Hobsbawm.
sa de Valores de Nova York e à ascensão de projetos
O C
totalitários de direita. A busca de novos estilos e tendências artísticas, nos
b) ao avanço do socialismo no continente africano e ao EUA e na Europa, após o fim da Primeira Guerra, refletia:
N Xarmamentismo alemão após a chegada dos nazistas
ao poder.
a) a euforia pela conquista da vitória pelos participan-
tes da Tríplice Aliança, após a entrada dos EUA no
SI E
c) à ascensão econômico-financeira dos Estados Uni- conflito, em 1917. Isso contagiou o mundo ocidental
dos e à Guerra Fria entre Ocidente capitalista e Orien- de otimismo.
te socialista.
O
e) ao fim das democracias liberais no Ocidente e ao te economicamente dos EUA e arrasada pelo elevado
índice de mortos.
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abalaram as democracias liberais, sempre relacionadas às guerras mun- que, sob a forma de agradecimento, passaram a não
diais e às crises internas dos países. Economicamente, as democracias mais rejeitar a arte produzida nos EUA.
A LD
liberais sofreram com a Crise de 1929 e com a quebra da Bolsa de Valo- d) graças ao seu poder criador e à eterna busca do ho-
res de Nova York, devastando a economia dos Estados Unidos e de boa
parte do mundo. Politicamente, com o fim da Primeira Guerra Mundial,
mem pela novidade, ele foi capaz de superar os pre-
o ressentimento e a crise fizeram surgir diversos ideais extremistas e juízos resultantes da guerra e, por meio de um novo
totalitários, como o fascismo e o nazismo. ritmo, recuperar o antigo prestígio econômico europeu.
EM IA
aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam 4. Mackenzie-SP – No século passado, ocorreu a Crise
contidas as sementes de sua própria destruição.’“ de 1929. Assinale a alternativa que apresenta algumas
Dias de boom e de desastre. In: J. M. Roberts (Org.). História do das suas causas:
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5. Unimontes-MG – Acerca da crise econômica histo- A Crise de 1929 foi avassaladora e atingiu todos os ramos da economia,
HISTÓRIA 1
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( ) A Crise de 1929 não afetou a periferia do sistema b) a política antitruste determinada pela Sociedade das
Nações.
SC
capitalista, pois ocasionou uma grande retração do
M IV
comércio mundial. c) a perda de mercados devido à descolonização
afro-asiática.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta: d) a superprodução no setor primário dos Estados
O S
a) I, C, C, I Unidos.
e) o crescimento da dívida norte-americana em relação
D LU
b) I, I, C, C
às principais potências europeias.
c) C, I, I, C
O principal fator que levou à Crise de 1929 foi a superprodução de
d) C, C, I, I mercadorias, levando a uma maior oferta que a demanda da população.
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
N X
7. UFMG-MG – Considerando-se a crise econômica mun- c) a Guerra do Vietnã, quando os EUA apoiaram o Vietnã do
SI E
dial iniciada em 1929 com a quebra da Bolsa de Nova Sul contra o avanço comunista do Vietnã do Norte, tendo
York, é correto afirmar que: gasto milhões de dólares em uma guerra infrutífera.
O
a) a Alemanha sofreu impacto imediato e violento des- d) a depressão de 1929, causada pela existência de uma
se evento em razão dos laços econômicos estreitos superprodução, acompanhada de um subconsumo,
crise típica de um Estado liberal.
EN S
tras causas do crash norte-americano, muito contri- o Kuwait e os EUA , na defesa de seus interesses
buiu, na época, para alimentar a espiral inflacionária. petrolíferos, invadiram o Iraque na defesa de seu
pequeno Estado aliado.
c) a URSS foi um dos países atingidos por esse evento,
D E
d) os países da América do Sul sentiram os efeitos des- a) pela vitória das ideias liberais, pelas democracias
se evento devido à repatriação do capital estrangeiro na Europa e pela crise econômica nos EUA devido
anteriormente investido nessa região. aos grandes gastos com a Primeira Guerra Mundial.
b) pela rápida recuperação da Alemanha, uma das na-
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8. IFSP-SP – Em seu discurso de posse, em 1933, o pre- ções perdedoras na Primeira Guerra Mundial, graças
sidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, tentou ao Plano Marshall implantado pelos Estados Unidos.
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encorajar seus compatriotas: c) pelo gangsterismo nos EUA devido à Lei Seca, pelo
“O único medo que devemos ter é do próprio temor. surgimento de regimes totalitários, como o nazismo
Uma multidão de cidadãos desempregados enfrenta o e o fascismo e pelo crescimento da intolerância e
do racismo.
grave problema da subsistência e um número igualmen-
SI AT
te grande recebe pequeno salário pelo seu trabalho. So- d) pelo grande crescimento científico ocorrido principal-
mente um otimista pode negar as realidades sombrias do mente com a Primeira Guerra Mundial. O homem des-
cobriu novos remédios, como a penicilina, e a força atô-
momento.”
mica, usada pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
M
O problema que atemorizava os EUA, cujos efeitos fo- e) pela belle époque, os chamados anos dourados, pela
ram desemprego e baixos salários, referido pelo presi- vida luxuosa da burguesia europeia, enriquecida com
dente Roosevelt, era: a Primeira Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, a mi-
a) a Primeira Guerra Mundial, em que os EUA lutaram séria devastava a Rússia, o que a levou à 1a revolução
ao lado da Tríplice Entente contra a Tríplice Aliança, socialista da História.
obtendo a vitória após três anos de combate. Entre-
tanto, a vitória não trouxe crescimento econômico, 10. Udesc-SC – A expressão american way of life (“estilo
mas, sim, desemprego e fome. de vida americano”) marcou um determinado período
da História contemporânea.
b) a Segunda Guerra Mundial, quando os norte-ame-
ricanos lutaram ao lado dos Aliados contra o Eixo Em relação às questões que contribuem para o entendi-
nazifascista. Embora vencedores, o ônus financeiro mento dessa expressão e ao período a que se referem,
da guerra foi muito pesado. assinale a alternativa incorreta:
a) Refere-se ao consumismo acelerado e ao crescimen- 14. CFT-MG – Em 18 de janeiro de 1930, a capa do jornal
HISTÓRIA 1
to industrial norte-americano, estimulados pelo forte norte-americano The Saturday Evening Post trazia uma
protecionismo a partir da década de 1920. ilustração na qual todos os personagens observavam aten-
b) Durante a Guerra Fria serviu como modo de divulgar tamente um cartaz com as cotações da Bolsa de Valores.
o que se poderia alcançar com o capitalismo.
COLEÇÃO PARTICULAR
c) O cinema e os programas de TV americanos foram
importantes veículos do american way of life. Assim,
as pessoas de diferentes lugares do mundo conhece-
ram as casas da classe média americana com seus
modernos carros e eletrodomésticos.
d) O estilo americano de vida, sobretudo o poder de
consumo, espalhou-se aos diferentes lugares do
mundo, sendo adotado e adaptado pelas mais dife-
rentes culturas, inclusive a brasileira.
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e) Expressão usada para se referir à Guerra da Seces-
são Americana.
SC
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11. Fuvest-SP – Sobre a crise do capitalismo, na década
de 1930, e o colapso do socialismo, na década de 1980,
O S
pode-se afirmar que:
a) a primeira reforçou a concepção de que não se podia
D LU
deixar uma economia ao sabor do mercado, e o segun-
do a de que uma economia não funciona sem mercado.
b) ambos levaram à descrença sobre a capacidade do A imagem satiriza o período imediatamente anterior à
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Estado resolver os problemas colocados pelo de- quebra da Bolsa, no qual a sociedade norte-americana
semprego em massa. vivenciou um:
N X
c) assim como a primeira, também o segundo está pro-
vocando uma polarização ideológica que ameaça o
a) ímpeto especulativo que afetava todas as cama-
das sociais.
SI E
Estado de bem-estar social.
b) clima de decadência que atingia os grandes investidores.
d) ambos, provocando desemprego e frustração, fize-
ram aparecer agitações fascistas e terroristas con- c) impulso econômico que impossibilitava o pleno
O
a Grande Depressão (1929) resultou principalmente: 1929. Identifique, nas alternativas a seguir, os principais
a) da queda da exportação, do desemprego e do au- fatos que a produziram:
A LD
ção dos estoques de ouro para sanear as finanças. c) retraimento do crédito e proibição das exportações.
d) da superprodução industrial e agrícola, que foi se evi- d) equilíbrio entre a agricultura e o comércio.
denciando quando o mercado não conseguiu mais ab-
ST ER
o seguro desemprego.
a) Mesmo com a crise instalada na Inglaterra e na Fran-
13. Mackenzie-SP – As causas da Crise de 1929 foram: ça, os ideais fascistas e comunistas nunca tiveram
a) aumento das taxas de juros, explosão de consumo, que- força em seus territórios.
M
bra da produção agrícola e nacionalização de empresas. b) A guerra foi muito lucrativa para as democracias liberais
b) consolidação do nazifascismo, aumento do consumo, e todos os países vencedores da Primeira Guerra Mun-
valorização do mercado financeiro e aumento das dial saíram do conflito com prosperidade econômica.
exportações. C) Para driblar a crise econômica, a maioria das democracias
c) crack da Bolsa de Nova York, aumento dos preços do liberais buscou aliar-se economicamente com a URSS.
petróleo e redução dos salários. d) Toda a Europa sofreu com a Primeira Guerra Mundial,
d) intervenção do Estado na economia, contradição ao contrário dos Estados Unidos, que prosperaram
entre capacidade de consumo e produção e concor- economicamente logo após o conflito.
rência com os produtos asiáticos. e) O momento que sucedeu a Primeira Guerra Mundial foi
e) superprodução agrícola e industrial, diminuição do de miséria para as democracias liberais. Todos os países
consumo, crack da Bolsa de Nova York e diminuição entraram em crise, dando espaço para que a recém-
das exportações. -formada URSS se tornasse a maior potência mundial.
17. Logo após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Uni- nos Estados Unidos levaram ao desenvolvimento da
HISTÓRIA 1
dos se tornaram uma potência mundial. Sobre o período mentalidade do “estilo de vida americano”.
de prosperidade econômica que este país viveu:
Considerando as afirmativas, marque a opção correta:
I. A prosperidade nos Estados Unidos significou a me-
lhora de vida para todos os cidadãos, deixando de a) Nenhuma opção está correta.
existir pessoas em condições de pobreza no país. b) I e II.
II. Nas grandes cidades dos Estados Unidos seriam
c) I e III.
realizadas grandes construções, como o Empire
State Building. d) II e III.
III. O crescimento econômico e o Estado de bem-estar e) Todas as opções estão corretas.
O
18. Enem C2-H7 da pela crença otimista no modo de vida americano – o
BO O
“Mas a Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo american way of life –, popularizado durante o New Deal,
SC
de colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos e a depressão econômica dos anos 30 do mesmo século,
M IV
em todos os lugares em que homens e mulheres se envol- com suas enormes filas de pobres e desempregados.
viam ou faziam uso de transações impessoais de mercado. Esses dois momentos estiveram relacionados à:
O S
Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem a) alta crescente dos preços agrícolas, que impediram
um porto seguro das convulsões de continentes menos o deslocamento do poder aquisitivo para a compra
D LU
afortunados, se tornaram o epicentro deste que foi o maior de bens industriais e serviços.
terremoto global medido na escala Richter dos historiado- b) decisão norte-americana de reduzir o ritmo da pro-
res econômicos – a Grande Depressão do entreguerras.” dução industrial e agrícola alcançado no período da
guerra de 1914-1918.
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HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991).
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. c) expansão da oferta de mercadorias, da publicidade
N X A Grande Depressão econômica que se abateu nos EUA
e se alastrou pelo mundo capitalista deveu-se ao(à):
e da indústria do lazer favorecidas pelo crédito fácil
e aliadas à especulação com ações.
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d) onda puritana que fortaleceu o espírito de poupança,
a) produção industrial norte-americana, ocasionada por contendo os investimentos da classe média e do
uma falsa perspectiva de crescimento econômico operariado.
O
quentemente, sua capacidade de competição econô- “O capitalismo nasceu sob a égide da aceleração. Quanto
mica com os empresários norte-americanos. menos tempo despendido, mais produtos a serem trans-
E U
p. 355.
19. UFMG-MG C1-H1 A quebra da Bolsa de Nova York (1929) culminou em uma
ST ER
Observe esta figura: notável crise do capitalismo. Essa crise acarretou a revi-
são de alguns princípios, dentre os quais se destacou:
a) o liberalismo econômico, que tornara possível a pro-
SCIENCE HISTORY IMAGES/ALAMY STOCK PHOTO
44
HISTÓRIA 1
CRISE DE 1929
O
BO O
Nos módulos anteriores, estudamos o desenvolvimento e as consequências da
SC
• O estilo de vida americano
Primeira Guerra Mundial, que levou os países europeus a um cenário de destruição,
M IV
• Os antecedentes da crise
tendo parte de seu território devastado, suas economias comprometidas e sua
• A crise
população insatisfeita. Por outro lado, os Estados Unidos souberam aproveitar o
O S
momento e, em pleno crescimento econômico, emprestaram dinheiro e passaram • A decadência do
liberalismo
D LU
a produzir e exportar para o mundo inteiro.
Junto aos produtos, também foi exportado o american way of life (“estilo de vida
HABILIDADES
americano”), em que se mostrava o consumo de produtos diversos como forma de
• Analisar a ação dos
O C
alcançar a felicidade, fossem eles automóveis, eletrodomésticos ou comidas indus-
Estados nacionais no
trializadas. Esse estilo estava acompanhado da ideia do self-made man (“homem
N X empreendedor”), que conseguia se livrar da pobreza e alcançava a riqueza por meio
de seu trabalho e esforço.
que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais
SI E
e no enfrentamento de
O sucesso econômico dos Estados Unidos, porém, tornou-se um problema à problemas de ordem
medida que a produção aumentou muito mais do que as pessoas e os países po- econômico-social.
O
diam consumir. Após esse excesso de oferta e prosperidade, os Estados Unidos • Comparar o significado
enfrentarão uma fase de crise econômica.
EN S
histórico-geográfico das
organizações políticas e
GRANGER HISTORICAL PICTURE ARCHIVE/ALAMY STOCK PHOTO
E U
socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial.
D E
• Analisar diferentes
processos de produção
A LD
ou circulação de riquezas
e suas implicações
socioespaciais.
EM IA
ST ER
SI AT
M
Outdoor na autoestrada 99, na Califórnia, Estados Unidos. A propaganda foi patrocinada pela Associação Nacional
de Fabricantes e diz: “O maior padrão de qualidade de vida do mundo. Não tem jeito melhor que o jeito americano”.
Fotografia de 1937.
mou os Estados Unidos como a locomotiva do mundo desemprego em massa; queda do poder aquisitivo e
capitalista. Em 1925, os países europeus já haviam do consumo interno.
reestruturado boa parte de suas economias e passaram A Bolsa de Valores de Nova York ressentia-se da
a ser menos dependentes das importações norte-ame- crise a cada ano, pois, em boa parte, o crescimento
ricanas. Ao mesmo tempo, a produção crescia expo- financeiro fundava-se em falsas bases especulativas.
nencialmente nos Estados Unidos e países periféricos, Muitas empresas tiveram suas ações supervalorizadas.
como o Brasil, acreditavam que os grandes mercados Grandes investidores aplicavam maciçamente seu ca-
norte-americanos e europeu estavam garantidos para pital nessa especulação artificial do mercado.
absorver sua crescente monoprodução agrícola.
Dinâmica da Crise de 1929
A partir de 1928, porém, começaram a diminuir as
O
encomendas de produtos industrializados nos Estados
BO O
Unidos, pois o consumo estava saturado, uma vez que Subconsumo
SC
e
a produção crescia mais que os salários e a maioria das
M IV
Subprodução
Desemprego Baixa de preços
pessoas que já havia adquirido um bem de consumo Queda de Queda dos lucros
durável, como automóvel, geladeira e fogão, não estava rendimentos
O S
mais interessada em comprar outro. Falências
A Crise de 1929 foi provocada pela superprodução
D LU
industriais e
de bens industriais e agrícolas nos Estados Unidos. Foi comerciais
O C
Diminuição Queda das
do crédito ações
York em 1929 até a Segunda Guerra Mundial. Iniciou-se
N X
nos Estados Unidos e expandiu-se rapidamente pela
Europa e pelo restante do mundo.
Falências
bancárias
SI E
A Crise de 1929 não pode ser analisada isolada-
O
avanços técnicos na agricultura; ram postas à venda juntas e não tinham compradores.
• recuperação econômica dos países europeus, Tentou-se reativá-las, mas na semana seguinte, em 29
A LD
que haviam tido grandes perdas na guerra de outubro de 1929, na chamada Terça-Feira Negra, as
e que, por volta de 1925, diminuíram suas ilusões dos investidores desfizeram-se: definitivamen-
importações dos Estados Unidos; te não havia mais compradores para as ações. Foi a
EM IA
• concentração da riqueza nas mãos dos gran- quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
des capitalistas e ausência de leis trabalhistas
salariais que fortalecessem o mercado interno;
ST ER
• capitalismo liberal que não permitia a inter- pende de seu desempenho e da possibilidade de
venção do governo nos setores de produção, gerar lucros futuros. Uma empresa bem-sucedida
deixando a economia totalmente a favor dos no mercado pode ter suas ações supervalorizadas
M
interesses dos grandes grupos econômicos; nas especulações da Bolsa de Valores. Um grande
• grande especulação com o preço das ações aumento assentado em bases especulativas irreais
na Bolsa de Valores de Nova York; e em flutuações momentâneas de mercado torna
• política de estocagem por parte do governo o jogo financeiro arriscado. Uma situação recente
para garantir o preço dos produtos. que exemplifica isso ocorreu na década de 1990,
quando o boom nos negócios de internet gerou
empresas com ações que sequer existiam na eco-
A CRISE nomia real. Hoje, a maioria está quebrada e os
Às vésperas de 1929, a economia norte-americana índices Dow Jones e Nasdaq se reestruturam em
estava estrangulada e, desde 1925, já vinha demons- margens mais realistas.
trando sinais da crise: enormes estoques de cereais
HISTÓRIA 1
O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
Wall Street, em Nova York, centro financeiro norte-americano, no dia da quebra da Bolsa de Valores. Durante a Quinta-Feira Negra e nos dias subsequentes à
quebra, milhares de investidores e curiosos se amontoaram em frente à Bolsa de Valores na espera de notícias sobre os rumos da economia norte-americana.
O C
O suicídio daqueles que perderam tudo na especu- O mundo percebeu-se incapaz na busca de soluções
N X lação tornou-se comum. Milhares de empresas e ban- rápidas e definitivas para superar a crise global. Me-
SI E
cos foram à falência, o desemprego chegou ao limite didas internas em cada país eram os únicos esforços
suportável por uma nação, cerca de 12 milhões de de- possíveis, o que conduziu muitas nações a formas au-
sempregados vagavam pelas ruas e grande número de toritárias de governo.
O
economia nacional.
Era preciso controlar a produção, estipular taxas e preços e estabelecer uma política
salarial adequada, mudando a filosofia econômica. O capitalismo liberal, que pregava
a ausência do Estado na economia, deveria ser substituído por outro modelo: o ca-
pitalismo intervencionista. O liberalismo, doutrina criada por Adam Smith em 1776,
estava vivendo seu apogeu no início do século XX, defendendo a liberdade econômica
e o não intervencionismo estatal. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a ascensão
socialista na URSS e a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 contribuíram
para a decadência desse modelo econômico a partir de 1930. Encurralados nessa
situação, os Estados ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, a exemplo do que
O
vinha sendo feito com sucesso na União Soviética stalinista, interferiram na econo-
BO O
mia, dando origem ao Estado interventor ou Estado keynesiano, com base nas ideias
SC
do economista inglês John Maynard Keynes, que defendia baixas taxas de juros e
M IV
a intervenção do Estado na economia como forma de incentivar os investimentos e
superar o desemprego, gerando consumo. Segundo Keynes, a recessão e o desem-
O S
prego poderiam ser eliminados com a intervenção estatal. O Estado se endividaria
para promover a construção de obras de infraestrutura, como rodovias, estradas de
D LU
ferro, saneamento, hospitais, escolas, portos e aeroportos, entre outras.
Em 1932, o Partido Republicano perdeu as eleições para o Partido Democrata, cujo
candidato, Franklin Delano Roosevelt, representava para muitos eleitores a “última
O C
tábua de salvação”.
N X Eleito, Roosevelt organizou uma equipe para modificar a economia norte-ame-
ricana por meio do New Deal (Novo Acordo), um conjunto de medidas que incluía
SI E
investimento em obras públicas, destruição de estoques agrícolas, controle de preços
e menor jornada de trabalho.
O
Desempregados na fila para receber alimentos distribuídos pelo governo. Na fachada, lê-se: “Sopa, café e donut de
graça para o desempregado”. Fotografia de 1931, em Chicago, Estados Unidos.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 1
CRISE DE 1929
Características gerais
O
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M IV
Causas:
O S
• Excesso de produção industrial.
D LU
• Recuperação econômica da Europa.
O C
• Política de estocagem.
N X
• Política de baixos salários e concentração de renda.
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EN S
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Consequências:
• Preços baixos, falências, desemprego, baixo poder aquisitivo, queda do mercado interno.
D E
A LD
• Quebra da Bolsa de Valores de Nova York: Quinta-Feira Negra e Terça-Feira Negra (crash da Bolsa).
Reação à crise:
SI AT
• New Deal: controle da produção, sistema de crédito, política salarial, leis trabalhistas, reorganização dos sindicatos, sistema de previdência
M
social, empregos públicos, controle das exportações, garantia aos investidores, controle das companhias de holding e reorganização da agricultura
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 1
O
tais se encontrava em profunda depressão, e o crédito do cedentes nos setores agrícola, industrial e financeiro.
BO O
governo desaparecera com a evacuação das reservas.” e) O governo Roosevelt, através do New Deal, estimu-
SC
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia lou o livre-cambismo internacional durante os anos
M IV
Editora Nacional, 1997. (Adaptado) 30, de uma tal forma que essa política repercutiu na
ampliação da entrada de novos capitais, estimulando
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econô- a geração de empregos.
O S
mica mencionada foi o(a):
a) atração de empresas estrangeiras.
D LU
Uma das estratégias para enfrentar a Crise de 1929 foi o New Deal,
b) reformulação do sistema fundiário. que consistiu na maior intervenção do Estado na economia. O governo
c) incremento da mão de obra imigrante. investiu em obras públicas e na regulamentação do mercado de traba-
lho, a fim de gerar mais empregos. Com isso, as pessoas passaram a
d) desenvolvimento de política industrial.
O C
consumir novamente, de forma gradativa, fazendo a economia melhorar.
e) financiamento de pequenos agricultores.
N X
Uma das medidas propostas pelo governo brasileiro para enfrentar
a Crise de 1929 foi o incentivo à industrialização do país para que o 3. UEL-PR – Observe o gráfico a seguir:
SI E
Brasil dependesse menos do capital estrangeiro, protegendo assim a
economia nacional. Curva de desemprego
Competência: Entender as transformações técnicas e tecnológicas New Deal
O
4
D E
2
2. PUC-RJ Craque da Bolsa
A LD
4- quebra
da Bolsa c) marco inicial do agravamento da crise econômica dos
2- EUA e vitória dos EUA contra o Eixo.
1929 1933 1936 1939 1942 d) política econômica que desencadeou a grande re-
M
4. PUC-MG (adaptado) – O cartaz abaixo é do filme E que não conversam entre si, Obama anunciou seu paco-
HISTÓRIA 1
o vento levou, lançado em cores no ano de 1939 e te de reforma, considerado pelos analistas como o maior
dirigido por Victor Fleming, que marcou sua época e a desde a Grande Depressão dos anos 30. O plano prevê
história do cinema. O filme narra a complicada vida de cooperação internacional entre autoridades reguladoras
Scarlet O’Hara (vivida por Vivien Leigh), seus amores para controlar paraísos fiscais e proteção ao consumidor
e desilusões em um período que tem a Guerra Civil de produtos financeiros.”
Americana como pano de fundo.
O Globo, 18 jun. 2009, p. 19.
O
lativas, as quais foram viabilizadas pela dinâmica do mercado em uma
BO O
SC
economia globalizada e justificaram a decisão de Obama de criar meca-
M IV
nismos regulatórios. Já a Crise de 1929 foi consequência da superpro-
O S
dução industrial e do subconsumo na economia norte-americana, o que
D LU
culminou na quebra da Bolsa de Valores de Nova York. As duas crises
O C
assemelham-se por apresentar elevados índices de desemprego, reces-
Ocidente europeu.
d) uma mudança de mentalidade, já que as pessoas
passaram a valorizar o amor aventureiro. Entre as consequências da Grande Depressão, pode-se citar o impacto
ST ER
ponda às questões 5 e 6: e instabilidade gerou uma forte crítica ao liberalismo, contribuindo para
“Todos os olhos sobre o mercado. Obama lança maior
pacote desde a Grande Depressão para regular setor fi- a expansão de projetos autoritários de governo, como a ascensão do
nanceiro. O presidente dos EUA, Barack Obama, anun-
ciou ontem um ambicioso projeto de reforma no sistema nazismo na Alemanha.
regulatório do mercado financeiro americano, disposto a
evitar uma reprise da crise econômica que empurrou o
país para a recessão e que é responsável por mais de seis
milhões de demissões desde meados do ano passado.
Admitindo que os problemas atuais têm sua origem num
sistema financeiro que se expõe demais ao risco e cuja su-
pervisão se dilui entre mais de dez agências regulatórias
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 1
7. Unirio-RJ – A grave crise econômico-financeira que de 1930, ocorreu um importante fenômeno, um efeito co-
atingiu o mundo capitalista na década de 30 tem suas lateral positivo do colapso do comércio internacional.”
origens nos Estados Unidos. A primeira medida gover- CHASTEEN, J. América Latina: uma história de sangue e fogo. Rio
namental que procurou, internamente, solucionar essa de Janeiro: Campus, 2001. p. 187.
crise foi o New Deal, adotado por Roosevelt em 1933. O segmento faz referência a um importante fenômeno
Uma das medidas principais desse programa foi o(a): histórico na América Latina. Assinale a alternativa que
a) encerramento dos investimentos governamentais indica esse fenômeno:
em obras de infraestrutura.
a) Industrialização por substituição de importações,
b) fim do planejamento e da intervenção do Estado na modelo econômico que se tornaria predominante
economia. na região até os anos 1980.
c) imediata suspensão da emissão monetária. b) Dependência das exportações do setor primário, com
O
d) política de estímulo à criação de novos empregos. a consequente ampliação das monoculturas nos paí-
BO O
e) redução dos incentivos à produção agrícola. ses latino-americanos.
SC
c) Desindustrialização local decorrente do colapso do co-
M IV
8. UFGM-MS – Pelo olhar da fotógrafa estadunidense Mar- mércio internacional com os Estados Unidos, principais
gareth Bourke-White (1904-1971), em parceria com o es- compradores dos manufaturados latino-americanos.
critor Erskine Caldwell (1903-1987), o ensaio fotográfico d) Adoção de políticas neoliberais, como privatizações
O S
“You have seen their faces” (1937) foi publicado e chamou de empresas públicas e cortes de gastos sociais, no
atenção por cenas das décadas de 1920 e 1930. A imagem período subsequente à Grande Depressão.
D LU
retrata uma contradição decorrente da relação entre: e) Transformação da América Latina na região mais in-
dustrializada do globo, a partir do colapso completo
SCIENCE HISTORY IMAGES/ALAMY STOCK PHOTO
O C
a década de 1930.
grantes hispânicos nos Estados Unidos. Considere as seguintes afirmações a respeito de seu
c) o crescimento da indústria automobilística e o au- governo:
IV. A implementação do chamado New Deal consistia
ST ER
12. Ibmec-RJ – A crise que atingiu a Bolsa de Nova York, em 15. Unesp-SP – A crise capitalista desencadeada em 1929
HISTÓRIA 1
1929, serviu para demonstrar a crise do modelo liberal nos EUA e na Europa Ocidental estendeu-se para a
aplicado na economia norte-americana e para superá- América Latina, contribuindo para:
-la foi executado um programa que tinha como base: a) a revogação de todas as tarifas protecionistas, o inter-
a) a não intervenção do Estado, objetivando dar ao vencionismo estatal e a substituição de importações.
mercado condições próprias de superação do grave b) abalar o poder das oligarquias e o surgimento de
momento econômico. regimes populistas e ditaduras conservadoras.
b) uma política de investimento maciço em obras pú- c) a modernização do campo através do deslocamento
blicas, que ficou conhecida como “Aliança para o de mão de obra que sobrevivia precariamente nas
progresso”. cidades.
c) um conjunto de medidas intervencionistas que ficou d) Juan Domingo Perón destacar-se como governante
conhecido como New Deal. populista no México.
d) a supressão de uma série de conquistas da classe e) a ruptura da estrutura de espoliação do povo latino-
O
trabalhadora, como o salário mínimo, com a finalida- -americano.
BO O
de de facilitar a geração de empregos.
SC
e) o rompimento dos acordos anteriormente firmados 16. Cesgranrio-RJ – O entreguerras (1918-1939) pode
M IV
com o FMI, acordos que haviam sido assinados numa ser considerado, no seu conjunto, como um período
época de expansão econômica e que agora ficaram de crises econômicas. Assinale a opção que expressa
inviabilizados. corretamente um problema relacionado às conjunturas
O S
desse período:
13. CFT-MG – A questão refere-se à tabela seguinte.
a) A rápida recuperação da produção europeia foi im-
D LU
pulsionada pelos novos mercados abertos pela ex-
Índice de preços e salários pansão colonial.
nos Estados Unidos b) A crise alemã de 1924 representou um desdobra-
O C
ANOS PREÇOS SALÁRIOS mento da decadência da economia dos EUA, o prin-
cipal centro econômico do mundo.
N X 1929 95,3 100,5 c) A Crise de 1929, iniciada nos EUA, propagou-se ra-
pidamente pelos países capitalistas, cujas econo-
SI E
1930 86,4 81,3 mias estavam em interdependência com a norte-
1931 73,0 61,5 -americana.
O
b) afetou os preços da economia americana com im- milhões de desempregados, e, como muitos deles têm fa-
pacto significativo na massa salarial. mília, 20 a 30 milhões de homens e mulheres vivem de
c) foi de superprodução, pois os preços se elevaram esmolas, privadas ou públicas [...]. O espetáculo de uma
devido à grande quantidade de produtos disponíveis. grande nação de que um quarto se encontra reduzido à
EM IA
d) constitui uma avaliação histórica equivocada, uma impotência produz emoções bem mais fortes do que uma
vez que no ano de 1929 a economia americana era estatística em preto e branco. Desde que põe pé neste país,
satisfatória. o estrangeiro compreende de repente que em nenhum
ST ER
Paris e o banqueiro de Londres, todos foram atingidos”. A recuperação econômica dos EUA, após a Crise de
1929, ocorreu através do New Deal (1933-1938). Todas
Paul Raynaud. La France a sauvé L’Europe, T. I. Flammarion.
as alternativas apresentam instrumentos de ação do
M
O autor se refere à crise mundial de 1929, iniciada nos New Deal, exceto:
Estados Unidos, da qual resultou: a) a administração de reassentamento, que transferiu
a) o abalo do liberalismo econômico e a tendência para famílias que ocupavam terras de qualidade inferior.
a prática da intervenção do Estado na economia. b) a Lei Antitruste, que proibia o controle de 60% do mer-
b) o aumento do número das sociedades acionárias e cado por uma empresa ou associação de empresas.
da especulação financeira. c) a Lei da Cerveja e do Vinho e da Vigésima Primeira
c) a expansão do sistema de crédito e do financiamento Emenda, que pôs fim à Lei Seca.
ao consumidor. d) a Lei de Assistência Civil à Conservação e ao Reflo-
d) a imediata valorização dos preços da produção indus- restamento, que criava frentes de trabalho para os
trial e o fim da acumulação de estoques. jovens e desempregados.
e) o crescimento acelerado das atividades de empresas e) a Lei do Ajustamento Agrícola, que subsidiava os
industriais e comerciais e o pleno emprego. fazendeiros que reduzissem a sua produção.
O
“Estamos imersos numa crise financeira como nunca tí-
e) Em 1929, os Estados Unidos eram a nação mais
BO O
nhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em 1929
próspera do mundo, não existindo nenhum proble-
SC
nos Estados Unidos.”
ma social, diferente da atualidade, em que a crise
M IV
Entrevista de George Soros. Disponível em: <www.nybooks.com>. vai atingir exclusivamente os imigrantes ilegais que
Acesso em: 17 ago. 2011. (Adaptado)
trabalham e vivem no país.
O S
A comparação entre os significados da atual crise eco-
nômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença 20. Ufscar-SP C1-H1
D LU
entre essas duas crises, pois: “Alguns indivíduos acreditam que os preços baixos devem
ser uma vantagem, pois o que o produtor perde o consu-
a) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento
dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o re- midor ganha. Mas não é assim. Por exemplo: os custos sa-
sultado dos gastos militares desse país nas guerras lariais da maioria dos industriais são praticamente os mes-
O C
do Afeganistão e Iraque. mos que eram. Vejam como funciona o processo vicioso.
Caem os preços da lã e do trigo. Bom para o consumidor
N X
b) a Crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de
superprodução industrial nos EUA e a atual crise britânico de trigo e de roupas de lã – poder-se-ia supor.
Mas os produtores de lã e de trigo, já que recebem muito
SI E
resultou da especulação financeira e da expansão
desmedida do crédito bancário. pouco por sua mercadoria, não podem realizar suas com-
c) a Crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos pras habituais de produtos britânicos. Consequentemente,
O
países europeus reconstruídos após a I Guerra e a aqueles consumidores britânicos que são, ao mesmo tem-
atual crise se associa à emergência dos BRICS como po, trabalhadores que produzem esses bens, se encontra-
EN S
proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual janeiro de 1931). In: M. Kalecki et al. Ensaios econômicos, 1976.
crise tem origem na internacionalização das empre- (Adaptado)
sas e no avanço da política de livre-mercado.
D E
em 2008, já que as relações econômicas do mundo atual c) a sua propagação de um setor ou de uma atividade
baseiam-se em relações de interdependência. Compa- produtiva para outra, e assim consecutivamente.
radas, a crise mundial vivida entre 1929-1934 e a atual, d) a sua nítida natureza financeira com o endividamento
SI AT
assinale a alternativa que não apresenta característica crescente de operários e proprietários rurais.
comum a ambos os momentos: e) a regulação da economia britânica pelo Estado, o que
a) A confiança, depositada por grande parte da popula- possibilitou a adequação da produção de mercadorias
ção norte-americana, no crescimento econômico do ao consumo.
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134
ÁFRICA E CULTURA
HISTÓRIA 2
AFRO-BRASILEIRA
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AS VÁRIAS ÁFRICAS
SC
• As várias Áfricas
M IV
• África: berço da civilização A África é o continente no qual nossa espécie surgiu e de onde saiu para se espalhar
• Cultura africana da por todo o mundo. Antes disso e também enquanto essas migrações aconteciam, as
espécies humanas tomaram todo o continente, elaborando formas de viver específicas
O S
Antiguidade
• Reino de Axum
e culturas diversas. Houve ainda ondas de migrações e invasões, entre elas a chamada
D LU
expansão islâmica. Assim, ao longo de milhares de anos, formou-se um dos continentes
• Reino de Gana
mais importantes para a história da humanidade e um dos mais ricos culturalmente.
• Império Mali Durante o período do tráfico de escravizados, como será visto mais a fundo no
O C
• Diáspora africana módulo seguinte, sudaneses, guineanos e bantos – vindos de Angola, Congo, Cabin-
• Cultura afro-brasileira da, Mina Quiloa, entre outros lugares – eram chamados pelos nomes dos portos de
HABILIDADES
N X onde saíam. Uma vez no local de destino, como Brasil, Estados Unidos ou Caribe,
eram tratados todos como um mesmo grupo, o grupo dos negros escravos, apesar
SI E
• Interpretar historicamente de serem muito diferentes e particulares.
e/ou geograficamente Há várias Áfricas dentro da África, e há várias Áfricas fora dela. Há Áfricas em
O
fontes documentais acerca todas as três Américas, onde descendentes de escravizados enriqueceram a cultura
de aspectos da cultura. local enquanto lutaram para fazer parte dela.
EN S
expressos em diferentes
fontes sobre determinado
aspecto da cultura.
D E
• Identificar estratégias
que promovam formas de
inclusão social.
SI AT
M
Templo de Ísis na ilha de Filas, no Egito. O sítio arqueológico de Filas é considerado Patrimônio Mundial pela
Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
HISTÓRIA 2
espaço também há uma enorme diversidade física e
socioeconômica, extensos vales férteis e desertos gi-
gantes, como o Saara, o maior do mundo.
A história africana é conhecida no Ocidente por es-
critos que datam da Antiguidade clássica. Além disso,
os mais antigos fósseis de hominídeos, com cerca de
5 milhões de anos, foram encontrados na África, o que
permite considerá-la o berço da humanidade.
A expressão “berço da humanidade” é utilizada para
designar a África pelo fato de ela abrigar uma das cultu-
ras mais antigas e intrigantes do globo – os egípcios –, que
O
BO O
formaram um poderoso império há 4 mil anos. Toda essa
SC
riqueza cultural e natural existente faz dela um espaço
M IV
muito particular.
Segundo teorias sobre a origem dos seres humanos, a
O S
espécie teria surgido no continente africano e, dali, migrado
para outras áreas do planeta. Em função de mudanças
D LU
climáticas, muitos dos agrupamentos humanos saíram em
busca de melhores condições. Os que lá permaneceram
foram dominados por tribos rivais, as quais viviam em tor-
O C
no do Deserto do Saara, como os egípcios. Vários povos
e reinos passaram a viver sob forte influência econômica,
N X
política, cultural e religiosa do Egito, que, por sua vez, tam-
SI E
bém era influenciado por essas populações.
Na Antiguidade, a maioria dos povos africanos de-
senvolveu diferentes modos de viver, com o cultivo de
O
savanas e cerrado. Entre esses povos, destacaram-se Museu de História Natural, Londres, Inglaterra.
os iorubá e os banto.
D E
Outra tradição dos antigos africanos era o trabalho A cidade que mais se desenvolveu foi Axum, no
em cerâmica, arte produzida por povos que viveram Planalto Etíope. O enriquecimento propiciado pelo
HISTÓRIA 2
entre 2 500 e 1 800 anos na região de Nok, em um desenvolvimento do comércio levou-a à expansão, à
território hoje pertencente à Nigéria. conquista de territórios vizinhos e à constituição de um
reino. Até a primeira metade do século IV, a caracterís-
O
destruíram o Porto de Adúlis. O Reino de Axum enfra-
BO O
queceu-se gradativamente até desaparecer, vítima de
SC
novas invasões muçulmanas.
M IV
REINO DE GANA
O S
Localizado no extremo sul de uma importante rota
D LU
de comércio transaariano, onde se situa a Mauritânia,
o Reino de Gana surgiu por volta do século IV e ficou
conhecido pela intensa produção de ouro, tornando-
O C
-se por isso o principal fornecedor do metal ao mundo
mediterrâneo na Idade Média, só perdendo esse posto
N X no século XVIII, quando o ouro do Brasil começou a
SI E
chegar à Europa. Ao contrário de outros impérios, o
Reino de Gana não tinha fronteiras delimitadas. Para o
gana (soberano), título que deu nome ao reino, o impor-
O
Máscara pingente de Benin, Nigéria, século XVI. Marfim, 19 cm. tante não era a extensão do território, mas a quantidade
EN S
Metropolitan Museum of Art. de pessoas, aldeias e cidades sob seu controle que
pagassem tributos e fornecessem soldados e funcio-
A religião dos antigos africanos estava intensamen-
E U
nários à Corte.
te relacionada com as forças da natureza. Envolvia ritos
agrários e o culto a ancestrais ligados às ideias de fe- Reino de Gana
D E
Mar
costume tornar sagrados sementes e campos com Mediterrâneo
fórmulas mágicas, ensinadas por antepassados, e pre-
sentear os deuses com oferendas.
EM IA
REINO DE AXUM
M
HISTÓRIA 2
Durante muito tempo, o termo “diáspora” (do
siva do pastoreio, e o surgimento de novas zonas
grego sporo = semente; speira = semear) referia-se
auríferas fora de seu domínio contribuíram para o
à dispersão dos judeus na Antiguidade. Atualmente,
enfraquecimento de Gana, então conquistada por
designa membros de uma comunidade dispersos por
outros povos africanos.
vários países.
Religiosos e intelectuais ligados às tradições afri-
IMPÉRIO MALI canas passaram a usar o conceito de diáspora em
Na época em que Gana perdia influência na África referência aos descendentes de africanos que se es-
Ocidental, o Império Mali começava a ganhar impor- palharam pelo mundo. A diferença é que o fizeram
tância. Até o século XII, a região habitada pelo povo como resultado da escravidão a que foram submeti-
mandinga estava submetida ao rei ganês. Por volta dos. Nesse processo, foram vendidos e transportados
O
BO O
de 1230, o guerreiro Sundiata Keita aglutinou diver- à força para outros espaços, principalmente para a
SC
sos clãs vizinhos e se estabeleceu como soberano América, de forma que se dispersaram.
M IV
de Mali, adotando o título de mansa (rei).
O S
Atlântico, atuais Senegal e Gâmbia, até o Rio Níger.
Controlavam, assim, importantes jazidas de ouro e
D LU
rotas transaarianas de comércio. Seguidores do isla-
mismo, os soberanos malineses costumavam fazer
peregrinações a Meca. Em uma dessas ocasiões,
O C
o mansa Kankan Musa levou milhares de pessoas,
entre cortesãos, soldados e escravos e cem camelos
N X
carregados de ouro. Visando difundir ainda mais o
SI E
islamismo, o rei trouxe sábios e arquitetos do Orien-
te Próximo, encarregados de construir mesquitas
O
Império Mali
D E
0°
EUROPA
A LD
Mar
Mediterrâneo
EM IA
Diáspora africana
HISTÓRIA 2
OCEANO
ATLÂNTICO
Comerciantes de escravos
importaram cerca de
430 000 escravos para
Trópico de Câncer os Estados Unidos
OCEANO OCEANO
O
PACÍFICO PACÍFICO
BO O
Equador
0°
SC
M IV
OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
O S
Comerciantes de escravos
D LU
importaram cerca de
9,2 milhões de escravos
para o Caribe e
América Central e do Sul
O C
Greenwich
N X N Escala aproximada
SI E
NO NE
1: 240 000 000
O L
0 2 400 4 800 km
SO SE
S Cada cm = 2 400 km
O
EN S
A língua portuguesa falada no Brasil descende de aos modos de vida ensinados pelos mais velhos. A
três famílias linguísticas: indo-europeia, com origem na tradição oral também é uma característica marcante da
Europa e na Ásia, da qual faz parte a língua portuguesa; cultura africana e a principal fonte de preservação de
tupi e outras línguas faladas pelos indígenas brasilei- lembranças, conhecimentos e/ou informações sobre
EM IA
ros e espalhadas pela América do Sul; e níger-congo, seu passado. Histórias de ancestrais, genealogias de
procedente da África Subsaariana e que se expandiu famílias, mitos, lendas e o saber técnico, artístico e
ST ER
maticais africanas e portuguesas. Elas sobreviveram os homens entram em contato com entidades sobre-
por tempo determinado em virtude do maior ou menor naturais, espíritos e ancestrais, eram aspectos centrais
isolamento. na vida dos africanos, herança que deixaram para seus
A língua era apenas um dos elementos culturais de descendentes brasileiros.
ligação com a África. Entre outros aspectos, destacam- Dessa forma, eles construíram, em torno da reli-
-se as técnicas de plantio e criação de animais, a tece- gião, novos laços de solidariedade, identidade e comu-
lagem de cestas com fibras vegetais, a construção de nidade. Do passado mais distante (séculos XVII e XVIII),
casas de barro cobertas de palha e, também, as formas existem mais informações sobre religiosidade do que
de organização da família, a reverência aos mortos e sobre organização familiar e associações de trabalho.
ancestrais e o pedido de intercessão dos espíritos da As práticas rituais africanas foram duramente re-
natureza nos assuntos diários. primidas porque eram associadas a ritos demoníacos.
As constantes denúncias ao Tribunal da Inquisição ge- Entre os eventos populares brasileiros de forte influência
ravam processos que deixaram registros da fala de africana, destacam-se o maracatu, o carnaval, o bumba
HISTÓRIA 2
testemunhas e da descrição de ritos, crenças e hábitos meu boi e as cavalhadas.
de adivinhação, proteção e cura.
Entre os africanos, especialistas que dominavam Literatura
conhecimentos das entidades do além acionavam o A contribuição dos afrodescendentes para a cultura
sobrenatural para ajudar na solução de questões da brasileira vai além da povoação e da prosperidade eco-
vida cotidiana. Os problemas dos escravos e libertos nômica por meio de seu trabalho. Vindos de diversas
na sociedade escravista eram bem diferentes dos que partes da África, os escravos trouxeram suas matrizes
afligiam agricultores e pastores das aldeias que viviam culturais e transformaram não apenas sua religião, mas
na África, mas a forma como uns e outros lidavam com todas as suas raízes em uma cultura de resistência
eles era parecida, uma vez que os afrodescendentes social. Escritores, jornalistas, advogados, comerciantes
e diplomatas elevaram a voz para defender sua cultura
O
se mantinham próximos da maneira de pensar de seus
BO O
antepassados. e seus valores. Entre eles, destacam-se Machado de
SC
Assis, Lima Barreto e Cruz e Sousa.
M IV
SERGIO PEDREIRA/PULSAR IMAGENS
O S
D LU
Baiana vestindo
EN S
colares e amuletos
de proteção.
E U
brasileiros afrodescendentes.
da cultura africana no Brasil, incluindo influências rece-
A LD
tiveram maior influência em virtude da quantidade de tos ornamentais de uso permanente e cotidiano para
escravos recebidos diretamente e da migração interna comemorar ancestrais, cultuar forças naturais, invocar
ST ER
deles, em função do fim do ciclo da cana-de-açúcar na forças vitais e propiciar boas colheitas até objetos em
Região Nordeste. geral que acompanham ritos, danças e cerimônias re-
Inicialmente, as manifestações culturais afro-bra- ligiosas em sua ampla gama de singularidades.
sileiras eram desprezadas, desestimuladas e perse- No Brasil, os afrodescendentes deixaram sua mar-
SI AT
guidas porque não faziam parte do universo cultural ca no mundo das artes, especialmente após 1700.
europeu e considerava-se que elas não representavam Um dos mais conhecidos artistas do barroco brasilei-
a civilidade, e sim uma cultura selvagem e atrasada ro, Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho, apelido
M
em contraposição à Europa em desenvolvimento. A pelo qual ficou conhecido) e outro expoente desse
partir de meados do século XX, as expressões culturais período, Manuel da Cunha, esculpiam e pintavam a
afro-brasileiras começaram a ser aceitas, admiradas e religiosidade católica.
celebradas pelas elites como genuinamente nacionais. Uma das imagens marcantes dessa época é de au-
Na década de 1950, a perseguição às religiões afro- toria do padre Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819),
-brasileiras diminuiu, registrando-se adesão da classe que desenhou Cristo atado a uma coluna, lembrando um
média carioca à umbanda. Na década seguinte, a elite escravo sendo castigado. Mestre Valentim, escultor, en-
intelectual branca celebrou as religiões afro-brasileiras. talhador e urbanista carioca, foi responsável por diversas
O calendário brasileiro é bem marcado por festas de obras públicas no Rio de Janeiro e Estevão Silva ficou
origem ou raiz africana, caracterizadas por muita músi- conhecido por suas prodigiosas pinturas de natureza-
ca, cor, alegria e devoção por todos os cantos do país. -morta e pela representação de temas históricos.
Música
HISTÓRIA 2
O
quando passou a ganhar notoriedade.
BO O
O negro imprimiu seu ritmo à música brasileira e também lhe deu nomes. Por isso
SC
se diz que a MPB nasceu na África. A raiz negra está em tudo: em ritmos musicais,
M IV
como samba, chorinho, pagode e afoxé; nas festas folclóricas, como maracatu; e
em instrumentos musicais, como berimbau, cuíca e atabaque.
O S
Os angolanos chamavam o samba de “semba”, gênero musical que se transformou,
D LU
ganhando novos instrumentos. Ele chegou ao Rio de Janeiro e espalhou-se por todas
as regiões brasileiras. Mistura de dança, luta e música, a capoeira também surgiu com
os afrodescendentes, que a usavam como defesa. Durante a escravidão, reuniam-se
O C
em roda depois do trabalho para cantar, dançar, jogar capoeira ou reverenciar seus
orixás com música. Batiam palmas, batucavam e reviviam suas tradições.
N X Os escravos misturavam instrumentos musicais, dança e luta, enganando os
senhores de engenho, que acreditavam que eles estavam apenas “dançando”. Um
SI E
pouco depois do período escravista, alguns músicos afrodescendentes desponta-
ram como pioneiros da MPB, como José Antônio da Silva Callado e Pixinguinha. Na
O
do clássico “Adeus, batucada”. Mesmo assim, até o fim da década de 1950, poucos
A LD
conseguiram ter contratos assinados com gravadoras. Tom Jobim afirmava que só
havia três músicas populares dignas do nome no século XX: a americana, a brasileira
e caribenha. E o que elas tiveram em comum? A presença rítmica do negro.
EM IA
Os quintais das casas de Tia Ciata e Tia Josefa, matriarcas do samba carioca, foram o lugar das batucadas que
deram origem às primeiras versões do samba brasileiro.
HISTÓRIA 2
A plena igualdade entre os indivíduos na sociedade é uma utopia, mas não se
deve deixar de perseguir meios para todos desenvolverem suas potencialidades.
Mesmo com a determinação de igualdade jurídica, mantiveram-se as desigualdades
econômicas e sociais entre brancos e negros e, ainda, a antiga ideologia que marcava
bem a diferença entre eles, reservando a posição submissa aos afrodescendentes. O
preconceito racial continua a exteriorizar-se em diversos níveis, em todas as classes
sociais de várias regiões do Brasil.
No Brasil, a abolição da escravidão é relativamente recente e o processo de pas-
sagem da condição de escravo para a de cidadão se fez de maneira equívoca, sem
preocupação com o contingente de trabalhadores livres. Após a “comemoração”, da
noite para o dia, afrodescendentes declarados livres encontravam-se sem abrigo,
O
trabalho e meios de subsistência.
BO O
A libertação não considerou a necessidade de propiciar aos ex-escravos condi-
SC
ções para sua sobrevivência, supondo-os sem direito à terra para sua fixação, por
M IV
exemplo. Esse foi o primeiro passo para sua marginalização e seu desfavorecimento.
Durante muito tempo, ex-escravos não tiveram acesso a profissões ou ocu-
O S
pações, mesmo àquelas das quais foram desalojados, principalmente com a
D LU
chegada de imigrantes europeus, que os substituíram nas lavouras de café. Os
serviços mais modestos, mal-remunerados e que exigiam uma especialização
mínima representavam normalmente suas oportunidades mais amplas no mer-
O C
cado de trabalho. Com o capitalismo, por não possuir qualificação, os afrodes-
cendentes ficaram à margem do processo ou limitados a serviços pesados nas
N X
indústrias. A necessidade de colocação do trabalhador livre no mercado iniciou-
-se com o novo modo de produção, que não condizia com o trabalho escravo e
SI E
não especializado.
Essa situação refletiu-se no nível econômico dos afrodescendentes e no início
O
tir da metade do século XX. No que diz respeito às formas como os homens
entendem o mundo, a noção de raça cedeu lugar à de cultura. A ideia de que a
humanidade percorreria um caminho único de um estágio menos desenvolvido
para outro mais desenvolvido foi substituída pela ideia de que os povos devem
EM IA
ser entendidos em suas especificidades, com base na cultura, e não como elos
da mesma cadeia de desenvolvimento. Isso possibilitou questionar se o padrão da
ST ER
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Berço da humanidade
• A história africana é conhecida pelo Ocidente por meio de escritos que datam da Antiguidade clássica.
O
BO O
• Os antigos fósseis de hominídeos permitem considerar a África o berço da humanidade.
SC
M IV
• Abrigo da cultura egípcia, considerada uma das mais antigas da humanidade.
O S
D LU
Cultura africana da Antiguidade
O C
Produção: Religião:
• Especializada na tradição de fundir ferro, no atual território de Benin. Religião vinculada à natureza (ritos, cultos e magia).
N X
SI E
• Trabalho em cerâmica entre povos que viviam na região de Nok, na atual Nigéria.
O
Reinos africanos
EN S
E U
volveram-se centros comerciais e expansão territorial. extração de ouro e com grande quantidade de al- com controle de grandes jazidas de ouro e rotas
A LD
Cultura afro-brasileira
ST ER
Língua: Religião:
SI AT
Festas: Literatura:
Influência do ciclo da cana na Região Nordeste (festas locais, folclore e • Cruz e Sousa, Lima Barreto e Machado de Assis.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. UnB-DF (adaptado) 4. UnB-DF (adaptado) – Leia a afirmativa a seguir e julgue
“Um exemplo de embaixada alegórica é apresentado no se está certa ou errada:
vídeo Festa do Rosário dos Homens Pretos do Serro, que co- A capoeira é um tipo de luta introduzida no Brasil por
meça com a narração da seguinte história: escravos africanos, tendo sido sua prática incentivada
‘Dizem que Nossa Senhora tava no meio do mar. Aí vieram os pelos governos da Primeira República, que a conside-
caboclos e lhe chamaram, mas ela não veio não. Depois vie- ravam instrumento de afirmação de identidade nacional
ram os marujos brancos, mas ela só balanceou. Aí chegaram calcada na tolerância e no pluralismo cultural.
os catopês. Eles cantaram, tocaram só com caco de cuia e lata
A afirmativa está errada, pois a capoeira, assim como outras práticas
veia. Ela gostou deles, teve pena deles e saiu do mar.’
Trata-se de um mito de reconciliação e integração, bem como
típicas de povos afro-brasileiros, foi e ainda é alvo de muito preconceito
de uma compensação simbólica para a experiência histórica
O
de escravidão negra em Minas Gerais. Essa experiência é aber-
BO O
tamente expressa em muitos textos musicais das congadas.” e perseguição. Ao contrário do que sugere a afirmativa, a luta chegou
SC
CARVALHO, José Jorge de. Um panorama da música afro-brasileira.
M IV
In: Série antropologia. Brasília: Ed. da UnB, 2000. a ser proibida na Primeira República.
O S
a) sua cultura religiosa ancestral, mas, em um processo
D LU
sincrético, mostraram-se receptivos ao cristianismo
do dominador.
b) sua identidade cultural ou étnica, embora tivessem
de recorrer a disfarces, como o das confrarias religio-
O C
sas cristãs, das quais é exemplo a de Nossa Senhora
do Rosário dos Pretos. 5. Cederj-RJ – Assinale a alternativa que melhor identifica
N X
c) rituais ancestrais de forma pura, mas pagaram alto
preço por isso, como demonstram as perseguições
a capoeira no Rio de Janeiro do século XIX:
a) Os capoeiristas eram muitas vezes identificados como
SI E
que sofreram. marginais e criminosos pelos agentes da repressão.
d) seu panteão religioso e seu sistema eclesiástico, em- b) Era uma luta exercida apenas pelos escravos e tinha
bora os tenham adaptado à lógica cristã, como eviden- apenas um caráter festivo, expressando a identidade
O
2. UnB-DF (adaptado) – Leia a afirmativa a seguir e julgue d) A capoeira era um ofício, exercido por homens livres
se está certa ou errada: e negros, sem qualquer vinculação com a sociedade
O texto de José Jorge de Carvalho postula a herança africa- escravocrata do Rio de Janeiro.
D E
na da congada mineira e aponta o uso de instrumentos de A capoeira chegou a ser proibida e seus praticantes eram vistos como
percussão para o acompanhamento do canto da congada, marginais, motivo pelo qual eram combatidos como se estivessem
A LD
Antes do estabelecimento do tráfico transatlântico de Com base no texto, a análise de manifestações culturais
escravos, no século XVI, havia, no continente africano, de origem africana, como a capoeira ou o candomblé,
homogeneidade cultural, como se pode depreender da deve considerar que elas:
M
predominância da família linguística banto nas socieda- a) permanecem como reprodução dos valores e cos-
des norte e centro-africanas. tumes africanos.
b) perderam a relação com o seu passado histórico.
A afirmativa está errada, pois tudo o que não havia e nem há atualmente
c) derivam da interação entre valores africanos e a ex-
periência histórica brasileira.
na África é uma homogeneidade cultural. Nesse continente, que é o
d) contribuem para o distanciamento cultural entre ne-
gros e brancos no Brasil atual.
berço da humanidade, há diversos povos com tradições, histórias e e) demonstram a maior complexidade cultural dos afri-
canos em relação aos europeus.
O sincretismo religioso e a mistura cultural são marcas da história brasileira,
culturas distintas.
muito por conta da própria população negra, uma vez que os brancos se fe-
charam à cultura afro e perseguiram práticas como o candomblé e a capoeira.
Competência: Compreender os elementos culturais que constituem as
identidades.
Habilidade: Associar as manifestações culturais do presente aos seus
processos históricos.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2
7. UFRN-RN – A década de 1930 foi um momento mar- A existência de um excedente agrícola era possível gra-
cante na discussão sobre a identidade nacional brasi- ças à apropriação do trabalho escravo.”
leira. Entre os intelectuais que, na época, debateram Marina de Mello e Souza. (Adaptado)
essa questão, destacou- se Gilberto Freyre, autor de
Casa-grande e senzala, considerada hoje um marco O texto faz referência:
em relação a tal discussão. Dialogando com as ideias a) ao Egito.
dos intelectuais brasileiros das gerações anteriores, b) ao Daomé.
Gilberto Freyre:
c) ao Congo.
a) destacava a predominância dos fatores biológicos
sobre as características culturais, o que fundamen- d) a Cabo Verde.
tava uma hierarquização entre as “raças” humanas. e) a Moçambique.
b) defendia que a miscigenação entre europeus, indíge-
O
nas e africanos tinha formado, no Brasil, uma socie- 10. Fuvest-SP
BO O
dade na qual as distintas matizes raciais e culturais “[...] e em lugar de ouro, de prata e de outros bens que
SC
haviam sido recombinadas de forma harmoniosa. servem de moeda em outras regiões, aqui a moeda é feita
M IV
c) argumentava que a mistura entre as raças conside- de pessoas, que não são nem ouro, nem tecidos, mas sim
radas primitivas (indígenas e africanos) e as raças criaturas. E a nós a vergonha e a de nossos predecessores,
consideradas superiores (europeus) resultara na
O S
de termos, em nossa simplicidade, aberto a porta a tantos
degeneração dos brasileiros. males [...]”.
D LU
d) propunha que se evitasse a degeneração do povo Garcia II, rei do Congo, século XVII.
brasileiro, promovendo-se o “branqueamento” por
um processo de miscigenação que gradualmente in- Comente os acontecimentos a que se refere o rei afri-
corporasse as características das “raças superiores”. cano e como estão relacionados à colônia brasileira.
O C
8. UFRGS-RS – Assinale a alternativa correta sobre a
N X
história das diferentes sociedades africanas até o
século XVI:
SI E
a) O Império Songhai, situado às margens do Rio Níger,
teve em sua capital Gao um importante polo mer-
cantil que reunia mercadores oriundos da Líbia, do
O
Egito e do Magreb.
b) As sociedades da África equatorial, em função
EN S
mo durante as Cruzadas, contou, entre os séculos “Os africanos não escravizavam africanos, nem se reco-
XI e XV, com reduzida presença de elementos islâ- nheciam então como africanos. Eles se viam como mem-
ST ER
micos na definição das variadas culturas existentes bros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um
no continente. reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha
e) O estabelecimento da colônia portuguesa em Mo- os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. [...]
çambique, no século XVI, definiu o início das rotas Quando um chefe [...] entregava a um navio europeu um
SI AT
comerciais ligando a região oriental do continente grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem
africano, entre Madagascar e o Chifre da África, com
negros, mas [...] uma gente que, por ser considerada por
a Europa e a Ásia.
ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. [...] O co-
M
a) reconhece que a escravidão era uma instituição pre- “Hoje, torna-se evidente que a herança africana marcou,
HISTÓRIA 2
sente em todo o planeta e que a diferenciação entre em maior ou menor grau, dependendo do lugar, os mo-
homens livres e homens escravos era definida pelas dos de sentir, pensar, sonhar e agir de certas nações do
características raciais dos indivíduos. hemisfério ocidental. Do sul dos Estados Unidos ao norte
b) critica a interferência europeia nas disputas inter- do Brasil, passando pelo Caribe e pela costa do Pacífico,
nas do continente africano e demonstra a rejeição as contribuições culturais herdadas da África são visíveis
do comércio escravagista pelos líderes dos reinos e por toda parte; em certos casos, chegam a constituir os
aldeias então existentes na África. fundamentos essenciais da identidade cultural de alguns
c) diferencia a escravidão que havia na África da que segmentos mais importantes da população.”
existia na Europa ou nas colônias americanas a partir
da constatação da heterogeneidade do continente Tendo por referência inicial as informações contidas
africano e dos povos que lá viviam. no texto acima e considerando aspectos significativos
do ensino de história, da história da América e de suas
d) afirma que a presença europeia na África e na Amé-
identidades, bem como da história africana e de suas
rica provocou profundas mudanças nas relações en-
O
relações com o exterior, julgue o item:
tre os povos nativos desses continentes e permitiu
BO O
maior integração e colaboração interna. Na formação histórica do Brasil, as relações processa-
SC
e) considera que os únicos responsáveis pela escravização das via Atlântico são de tal ordem essenciais que se
M IV
de africanos foram os próprios africanos, que aproveita- pode afirmar que “o Brasil também começa na África,
ram as disputas tribais para obter ganhos financeiros. e a África se prolonga no Brasil”.
O S
12. Fuvest-SP
D LU
“Angola, Congo, Benguela Monjolo, Cabinda, Mina Quiloa,
Rebolo”.
BEM, Jorge. África Brasil (Zumbi).
O C
O texto refere-se a:
a) colônias holandesas de exploração na África do sé-
N Xculo XVI ao século XVIII.
SI E
b) grupos africanos escravizados e trazidos para o Brasil
durante a colonização.
c) reinos africanos que se rebelaram contra a coloniza-
O
do Deserto do Saara era habitada por vários povos negro- desvendar a história desse reino e, principalmente,
-africanos, cada um com seu jeito próprio de ser. Alguns as razões de seu declínio.
A LD
a) representavam o grupo majoritário na sociedade, d) O Reino do Congo, cuja economia incluía atividades
pois, como guerreiros, cuidavam da segurança e das rurais e um rico comércio de tecidos, metais e ani-
estratégias de guerra. mais, entrou em decadência no século XV, momento
em que foi rapidamente conquistado por Portugal.
b) eram os líderes religiosos que, baseados em conhe-
SI AT
cimentos ancestrais, ainda mantêm intacta a religião e) A segurança experimentada ao sul do Saara durante
de seus antepassados. o Império Malinês facilitou a expansão do islã para a
região. Nesse contexto, a cidade de Tombouctu tornou-
c) eram os indivíduos que tinham o compromisso de -se uma importante referência de erudição muçulmana.
M
A análise desse texto permite afirmar que o estudo da I. Estudar as lutas dos povos africanos contra os
HISTÓRIA 2
África, dos africanos e de seus descendentes no Brasil: colonizadores europeus, como, por exemplo, a
a) dificulta a compreensão da diversidade de povos que independência do Haiti.
formaram o Brasil e os brasileiros. II. Apresentar os grandes reinos e impérios africa-
b) valoriza a abordagem tradicional da História, centrada nos anteriores à colonização europeia, como, por
no estudo das sociedades europeias. exemplo, os impérios Kush e Mali.
c) impede a plena compreensão do tráfico negreiro e III. Perceber o neocolonialismo através dos problemas
da escravidão no Brasil. político-econômicos africanos anteriores à chegada
d) auxilia na construção de outra memória histórica, do europeu.
destacando a importância dos africanos e afrodes-
IV. Apresentar a mentalidade dos africanos escravos
cendentes na história do Brasil.
na América e como estes se percebiam apenas
17. IFSC-SC – Tradicionalmente, o continente africano é como uma propriedade sem identidade.
desvalorizado nos recortes temáticos feitos pelos pro- Assinale a alternativa que apresenta somente as afir-
O
fessores de História. Os temas africanos mais aborda- mações corretas:
BO O
dos são Antigo Egito, escravidão africana, neocolonia-
SC
lismo e descolonização, geralmente relacionando-os à a) I e II.
M IV
história europeia ou apenas como parte do eurocentris- b) II e III.
mo, ficando assim na marginalidade.
c) I e IV.
Dentre esses problemas e temas que podem ser tra-
O S
balhados no ensino básico, podemos destacar os que d) II e IV.
D LU
seguem, analise-os. A afirmação está correta ou não? e) III e IV.
O C
ESTUDO PARA O ENEM
18. Enem N X C6- H27 Com base no texto, ao favorecer o contato de indiví-
duos de diferentes partes da África, a experiência da
SI E
“No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi
centro de um comércio internacional onde tudo era nego- escravidão no Brasil tornou possível a:
ciado – sal, escravos, marfim etc. Havia também um gran- a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
O
de comércio de livros de história, medicina, astronomia e b) superação de aspectos culturais africanos por antigas
matemática, além de grande concentração de estudantes. tradições europeias.
EN S
A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
por meio de um velho provérbio: ‘O sal vem do norte, o d) manutenção das características culturais específicas
E U
d) tráfico transatlântico de mão de obra servil. do na África, não chegava a contar com elenco de seres
e) competição econômica dos reinos da região. humanos.”
LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê.
19. Enem C1 -H1 Disponível em: <http://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 17 abr. 2010.
SI AT
“Torna-se claro que quem descobriu o Brasil, muito antes A produção cinematográfica referida no texto contribui
dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como para a constituição de uma memória sobre a África e seus
escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia, respec-
M
reino linguístico, estendia-se também a outras áreas cul- tivamente, os seguintes aspectos do continente africano:
turais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que a) a história e a natureza.
os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil,
b) o exotismo e as culturas.
não demoraram em perceber a existência entre si de elos
culturais mais profundos.” c) a sociedade e a economia.
SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. d) o comércio e o ambiente.
Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-1992. (Adaptado) e) a diversidade e a política.
ESCRAVIDÃO E
HISTÓRIA 2
TEORIAS RACIAIS
O
BO O
Nos primeiros anos de exploração, os portugueses desenvolveram a atividade
SC
• Escravidão africana no
de extração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período.
M IV
Brasil
Beneficiar-se dessa matéria-prima era possível em virtude da localização do pro- • Trabalho e violência
duto (florestas próximas ao litoral) e da colaboração dos indígenas, com os quais
O S
• Resistência negra
desenvolveram um tipo de comércio primitivo: o escambo. Em troca de mercadorias
europeias baratas e desconhecidas, os nativos extraíam e transportavam os troncos • Teorias raciais do século
D LU
para os portugueses até o litoral. XIX
Quando conheceram mais de perto o modo de vida indígena, com elementos
desconhecidos ou que consideravam condenáveis, a exemplo da antropofagia, os HABILIDADES
O C
portugueses começaram a alimentar certa desconfiança em relação aos nativos. • Analisar a produção da
Assim, perderam a colaboração na atividade do pau-brasil e tentaram submetê-los, memória pelas sociedades
N X
impondo-lhes sua cultura, sua religião e o trabalho compulsório nas lavouras. A humanas.
SI E
escravidão no Brasil seguiu paralelamente ao processo de desterrar os nativos, a • Comparar pontos de vista
quem só restava reagir à escravização ou aceitá-la. expressos em diferentes
O
Muitos lutavam até a morte ou fugiam para a floresta densa ou para regiões distan- fontes sobre determinado
tes. Aprisionados, não raro morriam em decorrência de superexploração, maus-tratos aspecto da cultura.
EN S
e doenças trazidas pelos colonos europeus. Diante das dificuldades para escravizar • Avaliar criticamente
indígenas, os colonizadores optaram por buscar mão de obra no continente africano, conflitos culturais, sociais,
E U
incentivados pelo interesse em obter altos lucros com a atividade açucareira, uma políticos, econômicos ou
vez que o produto tinha grande aceitação no mercado europeu. ambientais ao longo da
D E
inserção deles no Brasil Colônia. A escravidão indígena perdurou até meados do século vimentos sociais que contri-
XVIII. Com o tráfico negreiro, lucravam os traficantes, os colonos, a metrópole e até a buíram para mudanças ou
Igreja Católica, que arrecadava certa porcentagem por escravo que entrava no Brasil. rupturas em processos de
disputa pelo poder.
EM IA
zados eram submetidos, desde sua captura na África começou a ganhar importância na economia colonial do
até os últimos dias de vida como escravos, também século XVIII, em especial na região de Minas Gerais. Vá-
se violentava sua cultura e seu modo de viver. Arranca- rias atividades secundárias tiveram a participação escrava,
dos de seu meio, eram impostos a eles novos valores, como a pecuária. As casas dos senhores contavam com
como língua, religião e costumes: domésticos nos serviços. Havia casos de escravos remu-
nerados, também chamados escravos de ganho, que pa-
Os escravos eram colocados nas ruas diante das por-
gavam parcela da renda obtida a com venda de produtos
tas dos proprietários [...] deitados ou sentados [...]
a seu dono; e escravos de aluguel, contratados por seus
em número que atingia, às vezes, duzentos ou tre-
senhores para desenvolver algum ofício, como pedreiro,
zentos. [...] Seu alimento é carne salgada, farinha de
carpinteiro, cozinheiro ou ama de leite. Os dois últimos
mandioca e, às vezes, banana-da-terra. [...] À noite
O
geralmente atuavam no espaço urbano. O proprietário era
BO O
os escravos são conduzidos a um ou mais armazéns
o responsável por lhes garantir a sobrevivência.
SC
e o condutor fica em pé, contando-os à medida que
M IV
eles passavam. [...] o comprador dá a cada um dos
escravos recém-comprados um grande pano [...] e Tráfico negreiro
O S
um chapéu de palha e leva-os o mais depressa pos- Oficialmente iniciado no Brasil em 1559, quando
sível para a fazenda. a metrópole portuguesa decidiu permitir o ingresso
D LU
KOSTER, Henry. Viagens ao nordeste do Brasil. São Paulo: de escravos vindos da África, antes já havia tran-
Companhia Editora Nacional, 1942. p. 504.
sações envolvendo escravos africanos, servindo
como principal argumento dos colonos para isso a
O C
escassez de mão de obra.
PICTORIAL PRESS LTD / ALAMY STOCK PHOTO
COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ
O Brasil foi o país que mais comprou pessoas no tráfico de escravos e o em função de sua importância econômica e por ser
que mais matou negros e negras escravizados. Essa população, no Brasil,
decrescia, em vez de crescer, tamanha a violência e a crueldade com que a principal forma de acumulação de riqueza. Para sua
eram tratadas as pessoas de origem afro, sendo obrigadas a trabalhar nas manutenção, montou-se um sistema de justificação e
M
HISTÓRIA 2
atraía atenção e provocava receio. O governo colonial
sentiu-se obrigado a tomar providências para firmar seu
poder sobre a região. Por volta de dezoito expedições
foram enviadas para erradicá-lo definitivamente.
Com a morte de Ganga Zumba, Zumbi assumiu
a liderança do grupo e, em um primeiro momento,
substituiu a estratégia de defesa passiva por um tipo
de guerrilha, com ataques-surpresa a engenhos, liber-
tando escravos e apoderando-se de armas, munições
e suprimentos e empregando-os em novas investidas.
O
Após várias tentativas relativamente infrutíferas
BO O
Negro escravizado sendo agredido como punição (1835), de Jean-Baptiste contra Palmares, o governador e capitão-general da
SC
Debret. capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro,
M IV
contratou o bandeirante Domingos Jorge Velho e o
RESISTÊNCIA NEGRA capitão-mor Bernardo Vieira de Melo para erradicar a
A população escravizada procurou de diversas ma-
O S
ameaça da região. Os quilombolas resistiam bravamen-
neiras reagir ao cativeiro. Alguns escapavam à vigilância te às forças bandeirantes. Em janeiro de 1694, após
D LU
do feitor e reduziam o ritmo de trabalho, paralisavam a um ataque frustrado, um contingente de 6 mil homens,
produção, sabotavam máquinas, destruíam ferramen- bem armados e municiados inclusive com artilharia,
tas e incendiavam plantações, por exemplo. iniciou a empreitada que sairia vitoriosa.
O C
Mulheres grávidas, não querendo filhos para viver O quilombola Antônio Soares foi capturado e, me-
na escravidão, praticavam aborto. Registravam-se cons- diante a promessa de Domingos Jorge Velho de que
N X tantes casos de suicídio e tentativas de assassinato de seria libertado, revelou o esconderijo do líder Zumbi,
SI E
senhores e feitores. A insatisfação escrava manifestou- então encurralado e morto em uma emboscada em 20
-se também por meio de rebeliões, lutas (capoeira) e de novembro de 1695. Em 1710, o quilombo desfez-se
irmandades religiosas.
O
por completo.
Quilombo dos Palmares Capoeira
EN S
O mais conhecido dos quilombos foi o de Palmares, Para elevar o moral, transmitir a cultura e, princi-
E U
na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. No fim do palmente, como resistência aos algozes, os escravos
século XVI, ocupava uma extensa área coberta por pal- africanos e seus descendentes desenvolveram no
meiras, que estendia-se do Cabo de Santo Agostinho ao
D E
região de Una e Sirinhaém, em Pernambuco, Porto Calvo zada por golpes e movimentos ágeis e complexos
e São Francisco, atual Penedo, em Alagoas. À época das usando pés, mãos, cabeça, joelhos, cotovelos e ele-
invasões holandesas (1624-1625 e 1630-1654), a perturba- mentos ginástico-acrobáticos. Ao ma culelê (dança),
ção na rotina dos engenhos de açúcar provocou o cresci- acrescentaram-se golpes desferidos com bastões e
EM IA
mento da população em Palmares, formando-se diversos facões. Uma característica que distingue a capoeira
núcleos de povoamento conhecidos como mocambos. da maioria das outras artes marciais é o fato de ser
ST ER
Zumbi (1927), de
Antônio Parreiras. Óleo
sobre tela, 115,3 cm
× 87,4 cm. Parreiras
retratou Zumbi como
um líder guerreiro,
símbolo da resistência Negros lutando (1824), de Augustus Earle. Aquarela sobre papel, 16,5 cm
negra contra a × 25,1 cm. Durante muitos anos, a capoeira foi uma prática ilegal. A
escravidão. descriminalização ocorreu durante o governo de Getúlio Vargas, em 1937.
Há registros de prática da capoeira nos séculos XVIII A pressão popular forçou a promulgação da primeira
e XIX nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Reci- lei abolicionista em 28 de setembro de 1871, a Lei do
HISTÓRIA 2
fe. Considerada subversiva, foi proibida e duramente Ventre Livre, declarando livres todos os filhos de es-
reprimida, chegando a extinguir-se no Rio de Janeiro, cravos nascidos a partir daquela data. Segundo a lei,
onde grupos capoeiristas eram conhecidos como mal- filhos de escravos, chamados “ingênuos”, podiam ficar
tas (pessoas de má reputação). Em Recife, a capoeira com seus senhores até a maioridade (21 anos) ou ser
deu origem à dança do frevo, conhecida como passo. entregues ao governo. Na prática, os escravistas man-
tiveram os ingênuos escravos em suas propriedades.
Movimentos abolicionistas O índice de mortalidade infantil entre eles aumentou
O abolicionismo no Brasil remonta aos movimentos porque, além das péssimas condições de vida, cresceu
emancipacionistas do período colonial, particularmente à o descaso pelos recém-nascidos. Em 1880, Joaquim
Conjuração Baiana (1798), em cujos planos se encontrava Nabuco e José do Patrocínio criaram, com a participa-
o fim da escravidão. As discussões e as condições para
O
ção do baiano André Rebouças, no Rio de Janeiro, a So-
BO O
a abolição evoluíram no período imperial até a assinatura ciedade Brasileira contra a Escravidão, que estimulou
SC
da Lei Áurea (1888), que extinguiu a escravidão brasileira. a formação de dezenas de agremiações semelhantes
M IV
O processo abolicionista começou gradualmente no Brasil. Da mesma forma, o jornal O abolicionista,
com a lei que proibia o tráfico de escravos africanos de Nabuco, e a Revista Illustrada, de Ângelo Agostini,
para o Brasil, assinada em 7 de novembro de 1831.
O S
serviram de modelo a outras publicações antiescra-
Esgotando-se o prazo do último tratado assinado entre vistas. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e
D LU
Brasil e Grã-Bretanha (março de 1845), o governo britâ- políticos engajaram-se no movimento e arrecadaram
nico decretou, em agosto, o Bill Aberdeen, documento fundos para pagar cartas de alforria.
que dava direito a embarcações inglesas de aprisionar No Recife, alunos da Faculdade de Direito, entre
O C
navios negreiros em território brasileiro. os quais Plínio de Lima, Castro Alves, Rui Barbosa,
Cedendo às pressões, D. Pedro II deu um importan- Aristides Spínola e Regueira Costa mobilizaram-se para
N X te passo quando elaborou o projeto de lei, apresenta- fundar uma associação abolicionista. Em São Paulo,
SI E
do ao Parlamento pelo ministro da Justiça Eusébio de destacou-se o trabalho do advogado Luís Gama, ex-
Queirós, adotando medidas eficazes para a extinção -escravo, um dos maiores heróis da causa abolicionis-
do tráfico em 1850. A escravidão, então, começou a
O
assalariados substituíram os escravos no trabalho. So- em 1884 o Ceará decretou o fim da escravidão em
mente após a Guerra do Paraguai o movimento aboli- seu território.
E U
cionista ganhou impulso. Milhares de ex-escravos que A partir de 1887, os abolicionistas passaram a atuar
retornaram da guerra vitoriosos, muitos até condeco- no campo, inclusive ajudando fugas em massa, de
D E
rados, correram o risco de voltar à condição anterior modo a obrigar fazendeiros a contratar seus antigos
por pressão dos antigos donos. escravos em regime assalariado. Diversas cidades de-
A LD
HISTÓRIA 2
Essa posição brasileira era radicalmente diferente
da norte-americana, na qual o preconceito contra os
afrodescendentes resultou na completa segregação
entre brancos e negros, havendo recriminação à mesti-
çagem, considerada negritude. No Brasil, os poderosos
pensavam na chance de o negro ficar cada vez mais
branco, de modo a resultar em uma sociedade predo-
minantemente branca.
A força do pensamento dominante fazia os afro-
-brasileiros se sentirem inferiorizados por causa de
O
suas origens africanas, buscando escondê-las com o
BO O
abandono das tradições e por meio de casamentos
SC
inter-raciais para gerar filhos de pele clara, cabelos lisos
M IV
e lábios e nariz afilados. Assim, aceitava-se e mesmo
estimulava-se a mestiçagem, não por falta de precon-
O S
ceito, e sim pelo desejo de apagar traços africanos
da população brasileira. Da mesma forma, buscava-se
D LU
um distanciamento cada vez maior da África, conside-
Luís Gama, escravizado liberto, advogado e considerado rada terra de povos atrasados. Conforme se formava
um dos heróis da abolição no Brasil. a nação brasileira, foi construído também um mito ex-
O C
tremamente difundido dentro e fora do Brasil: o de
TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX
N X democracia racial.
A teoria do evolucionismo, formulada por Charles Intelectuais, jornalistas, políticos e grande parce-
SI E
Darwin, desenvolveu a ideia de seleção natural, decla- la da população afirmavam que, no Brasil, não havia
rando que na natureza sobrevivem apenas as espécies diferenças sociais entre brancos, mulatos e negros.
O
que se adaptam melhor. Com base nesses estudos, al- Seríamos, segundo esse mito, uma nação sem raça.
guns pensadores, como Joseph-Auguste de Gobineau, A imagem vendida para o exterior, de um território ra-
EN S
Richard Wagner e Houston Stewart Chamberlain tenta- cialmente democrático, era muito aceita em diversos
ram explicar o funcionamento da sociedade humana.
E U
A pintura A redenção de Cam foi feita em 1895 • desenvolveu-se a crença de que não existe raça
por Modesto Brocos, artista espanhol radicado no no Brasil, porque ela é entendida como um agru-
Brasil. A obra aborda plenamente as teorias raciais pamento de indivíduos que compartilham carac-
do fim do século XIX e o ideal de embranquecimen- terísticas hereditárias;
to, que pressupunha uma solução para o problema • em lugar da raça, admitia-se no país apenas uma
racial brasileiro por meio da gradual eliminação do classificação baseada na cor, que pretendia ser
negro, assimilado pela população branca. Ainda se- encarada como mera descrição objetiva da reali-
gundo esse ideal, a miscigenação seria o meio de dade sem implicações político-econômico-sociais,
extinção das características negras nos indivíduos. como preconceito e discriminação. A cor passou a
O título da obra é uma referência ao episódio designar uma hierarquia classificatória, pela qual
O
bíblico em que Noé amaldiçoa a descendência de os brancos são considerados melhores e, os ne-
BO O
seu filho Cam com a escravidão. A crença de que gros, piores e inferiores;
SC
os descendentes de Cam seriam os povos africa- • represálias para quem se arriscasse a falar a respei-
M IV
nos serviu durante muito tempo como argumento to, visto então com maus olhos. Logo, tachava-se
para validar a escravização das populações negras de racista quem falasse de políticas sociais para ne-
O S
africanas. A pintura retrata três gerações de uma gros. Acusava-se, assim, até o próprio movimento
família: à esquerda, a avó negra, que levanta as negro de racista, uma vez que diferenciava negros
D LU
mãos em direção ao céu agradecendo pela re- de brancos. Consequentemente, como não exis-
denção de sua descendência; ao centro, a mãe tissem raças, não cabia falar da população negra.
mulata, segurando um bebê branco no colo; e, à De fato, essa crença chocava-se com a realidade
O C
direita, o pai, também branco. A cena foi utilizada nacional, sempre evidenciada pela exclusão do afro-
N X
para ilustrar as teorias raciais que permeavam o
pensamento brasileiro no fim do século XIX, pois,
descendente. Assim, esse mito começou a ser negado
e discutido por meio da divulgação de vários trabalhos
SI E
segundo alguns cientistas da época, o cruzamento acadêmicos, entre os quais destaca-se Casa-grande e
de raças branquearia a população do Brasil em, no senzala (1933), de Gilberto Freyre.
O
zação da estética negra, adotando os casamentos necessidade de criar ações para corrigir essa histórica
inter-raciais como opção para “melhorar” a raça. O situação de exclusão.
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
ESCRAVIDÃO E TEORIAS RACIAIS
Tráfico negreiro
O
• Iniciado em 1559 com a captura de escravos africanos em Angola e Guiné.
BO O
SC
M IV
• Destino: Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís.
O S
• Exercício do trabalho escravo, principalmente na atividade açucareira.
D LU
O C
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Trabalho e violência
O
• Punições (açoitamento).
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Resistência negra
• Irmandades religiosas.
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Movimentos abolicionistas
O
BO O
SC
• Sociedade Brasileira contra a Escravidão (1880).
M IV
O S
• Associação abolicionista.
D LU
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Teorias raciais do século XIX
O
embranquecimento social.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. PUC-RS – A escravidão foi um dos grandes empecilhos d) Na primeira metade do século XVIII, com a crise na
para o desenvolvimento dos direitos civis no Brasil, pois produção de açúcar no Nordeste e o desenvolvimen-
negava a condição de humanidade para as pessoas con- to da mineração na Região Centro-Oeste, ocorreu
sideradas escravas. Em 1888, finalmente, a escravidão uma diminuição do número de escravos no Brasil.
foi abolida no país. e) O predomínio exclusivo do trabalho escravo africano
É correto afirmar que a abolição da escravidão está em todas as atividades excluiu a existência do traba-
lho assalariado nos engenhos de açúcar do Nordeste
associada:
do Brasil nos séculos XVI, XVII e XVIII.
a) à oposição da Inglaterra às leis de miscigenação no A alternativa correta reúne os principais elementos envolvidos no
Brasil. processo de abolição da escravidão no Brasil. As demais alternativas
b) à extinção do latifúndio no país. incorrem em erros pontuais, como negar outras formas de escravidão,
falar em diminuição do número de escravizados no momento do ciclo
O
c) ao apogeu da economia do ouro em Minas Gerais. do ouro, negar a oposição da Igreja à escravidão indígena e afirmar
BO O
d) à proibição do tráfico negreiro, com a Lei Eusébio que os trabalhadores portugueses negavam trabalhos com salários
baixos e relacionar isso à escravização de negros africanos.
SC
de Queirós.
M IV
e) à abundância de mão de obra assalariada no Brasil. 4. Unesp-SP
As duas primeiras alternativas, assim como a última, remetem a “A escravatura, que realmente tantos males acarreta para a
O S
fatos que não ocorreram. A terceira alternativa faz referência a um civilização e para a moral, criou no espírito dos brasileiros
momento em que a mão de obra escravizada foi levada dos enge- este caráter de independência e soberania, que o obser-
nhos decadentes à região das minas. Lá, o trabalho de escravizados
D LU
foi intensamente utilizado. A proibição do tráfico, por outro lado, foi vador descobre no homem livre, seja qual for o seu es-
um passo importante no longo processo de abolição da escravidão. tado, profissão ou fortuna. Quando ele percebe desprezo,
ou ultraje da parte de um rico ou poderoso, desenvolve-se
2. Unesp-SP – Entre as formas de resistência negra à imediatamente o sentimento de igualdade; e se ele não
O C
escravidão durante o período colonial brasileiro, pode- profere, concebe ao menos, no momento, este grande ar-
mos citar: gumento: não sou escravo. Eis aqui, no nosso modo de
N X
a) a organização de quilombos, nos quais, sob supervi-
são de autoridades brancas, os negros podiam viver
pensar, a primeira causa da tranquilidade de que goza o
SI E
Brasil: o sentimento de igualdade profundamente arraiga-
livremente. do no coração dos brasileiros.”
b) as sabotagens realizadas nas plantações de café, FEIJÓ, Padre Diogo Antônio. Apud DOLHNIKOFF, Miriam.
O
d) as revoltas e fugas em massa dos engenhos, se- a) parece rejeitar a escravidão, mas identifica efeitos
guidas de embarques clandestinos em navios que positivos que ela teria provocado entre os brasileiros.
rumavam para a África. b) caracteriza a escravidão como uma vergonha para
D E
e) a adoção da fé católica pelos negros, o que lhes todos os brasileiros e defende a completa igualdade
entre brancos e negros.
A LD
destes chegaram – de forma ainda hoje inédita – aos altos mam, dizem os maus presságios: haverá ruptura de nossa
HISTÓRIA 2
O
não tivera nada de harmonioso, mas o sistema de domina- Segundo o texto, o primeiro mito é o da democracia
BO O
ção abria margens para infiltrações. racial e o segundo é de que:
SC
a) as assimetrias de cor ou raça sejam decorrência di-
M IV
Para as experiências do pós-emancipação, cor, raça e ra-
reta do escravismo.
cismo foram paisagens permanentemente reconfiguradas.
Ordem, trabalho, disciplina e progresso dialogaram com as b) a ruptura de nossa paz social acontecerá a qualquer
O S
políticas públicas de aparato policial e criminalização dos momento.
descendentes dos escravizados e suas formas de manifes- c) não há mobilidade social para alguns descendentes
D LU
tação cultural e simbólica. de escravizados que se tornaram libertos.
No projeto de nossas elites desse período vigorou a con- d) onde há ordem, trabalho, disciplina e progresso não
há escravidão.
cepção de que o desenvolvimento socioeconômico era
O C
incompatível com nossas origens ancestrais em termos e) a liberdade conquistada pela alforria, em nossa antiga
étnicos. Países com maiorias não brancas não atingiram, e sociedade, era extremamente precária – em razão
N X
jamais alcançariam, o tão desejado progresso. Os pernicio-
sos efeitos do sistema escravista foram associados às suas
da classe.
SI E
vítimas, ou seja, os escravizados. Apesar de reconhecer a influência indireta do escravismo e de reafir-
mar que a democracia racial é um mito, o autor demonstra o quanto a
No contexto posterior aos anos 1930, a valorização simbó- sociedade atual é responsável, também, pelas assimetrias de raça, ou
O
lica da mestiçagem seria um importante combustível ideo- seja, pela desigualdade racial. Ao assumir que toda a responsabilidade
lógico do projeto desenvolvimentista. Dado o momento está no passado escravista, aqueles que vivem nos dias de hoje se
EN S
progressista. Por outro lado, ao consagrar como natural a e progressivamente lhes pusesse fim.
convergência das linhas de classe e cor, tal lógica tentou Competência: Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo
convencer que diferenças sociais derivadas de aparências
D E
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2
7. Unesp-SP – “Não é minha intenção que não haja es- dade, seriam responsáveis pela manutenção e o
cravos... nós só queremos os lícitos, e defendemos aprofundamento das diferenças sociais.
(proibimos) os ilícitos”. Essa posição do jesuíta Antônio II. O mito do escravo submisso fez com que a socie-
Vieira, na segunda metade do século XVII: dade de um modo geral não encarasse de frente a
a) aceita a escravidão negra, mas condena a indígena. violência da escravidão, fez com que os ouvidos se
ensurdecessem aos clamores do movimento negro,
b) admite a escravidão apenas em caso de guerra justa. por direitos e por justiça.
c) apoia a proibição da escravidão aos que se conver- III. As proposições legislativas sobre a inclusão de
tem ao cristianismo. negros vão desde o projeto de lei que reserva
d) restringe a escravidão ao trabalho estritamente aos negros um percentual fixo de cargos da ad-
necessário. ministração pública aos que instituem cotas para
O
negros nas universidades públicas e nos meios
e) conserva o mesmo ponto de vista tradicional sobre
BO O
de comunicação.
a escravidão em geral.
SC
Assinale a alternativa correta:
M IV
8. Cederj-RJ – Identifique um dos mais emblemáticos a) Todas as afirmações são verdadeiras.
abolicionistas brasileiros. Engenheiro, nascido na Bahia,
b) Apenas a afirmação II é verdadeira.
O S
foi também um dos fundadores da Sociedade Brasileira
Contra a Escravidão e recebeu como homenagem a c) As afirmações I e III são verdadeiras.
D LU
colocação de seu nome numa das galerias de um dos
túneis urbanos da cidade do Rio de Janeiro. d) As afirmações I e II são falsas.
e) Todas as afirmações são falsas.
O C
10. Uema-MA – Leia o fragmento abaixo:
N X “[...] Se a supressão do nexo colonial não se refletiu na
condição de escravo nem afetou a natureza da escravidão
SI E
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO
a) Afonso Arinos.
e) aumentou a dependência brasileira aos interesses
b) Saint-Hilaire. portugueses.
c) André Rebouças.
SI AT
constituiu sobre o mito da democracia racial principal- o controle dos impérios europeus. Por causa dessa
mente depois da publicação de Casa-grande e senzala, imigração forçada, cerca de 400 mil cativos foram
de Gilberto Freyre (2003). De acordo com Florestan enviados para as colônias da América inglesa, 1,6
Fernandes (1965), o ideal de miscigenação fora difun- milhão para a América espanhola e 3,6 milhões para
dido como mecanismo de absorção do mestiço não a América portuguesa. Levando-se em conta a inter-
para a ascensão social do negro, mas para a hegemo- mitente ação do contrabando, chega-se a um total de
nia da classe dominante. O mito da democracia racial 10 milhões de pessoas. Sabe-se, entretanto, que a
assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do escravatura sobreviveu ao mundo colonial e ajustou-
bom senhor; 2) o mito do escravo submisso. Analise -se às formas de governo que, com a independência,
as afirmações: dois Estados americanos politicamente soberanos –
I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das Estados Unidos e Brasil – adotaram para si. Analise
elites modernas, como diria Contardo Calligaris, e, as afirmativas abaixo, que relacionam escravidão e
juntamente com uma espécie de pseudocordiali- Estado-nação independente:
I. Embora a república norte-americana, por princípio, A partir da leitura do texto e de acordo com seus conhe-
HISTÓRIA 2
pregasse a ampliação da igualdade política, modifi- cimentos sobre resistência escrava no Brasil colonial,
cações sutis feitas na Carta Constitucional de 1787 assinale a alternativa correta:
expressaram os arranjos políticos entre os Estados
escravistas e os Estados livres. a) Palmares foi, sem dúvida, o maior quilombo existen-
te no Brasil escravista. No entanto, não conseguiu
II. No Brasil, a escravidão foi defendida apenas pelos
cafeicultores fluminenses e mineiros, mas o poder alcançar o seu objetivo principal: acabar com a es-
de ambos junto ao imperador mostrou-se suficiente cravidão e o tráfico de africanos no Atlântico Sul e
para mantê-la até o final do Segundo Reinado. formar uma nação de negros livres.
III. A ordem monárquica ou ordem republicana importou b) Os quilombos foram uma das expressões de resis-
pouco para os escravos naquelas sociedades e para tência africana à escravidão no Brasil e, embora fos-
os libertos, que continuaram sendo segregados pela sem fugitivos, os quilombolas não estavam isolados
cor e tiveram sua mobilidade social igualmente di- da sociedade colonial e interagiam com moradores
O
ficultada. e comerciantes das vilas próximas, para quem ven-
BO O
IV. A aceitação da existência de “diferentes condições diam seus excedentes agrícolas e adquiriam armas
SC
de gente” pela monarquia brasileira e a manutenção e munições.
M IV
de privilégios para alguns cidadãos contribuíram para
tornar a escravidão um fenômeno naturalizado aos c) Palmares representou para as autoridades coloniais e
olhos de muitos contemporâneos. os proprietários de escravos um símbolo de rebeldia
O S
que deveria ser destruído. Porém as incursões mi-
São afirmativas corretas: litares não surtiram o efeito esperado e o quilombo
D LU
a) I, II, III e IV. continuou crescendo até o fim do período colonial
sob a liderança de Zumbi.
b) III e IV, apenas.
d) As fugas e a formação de quilombos foram as prin-
O C
c) I e III, apenas.
cipais formas de resistência à escravidão no período
d) II e IV, apenas. colonial, tendo em vista que a luta cotidiana contra
N X
e) I e IV, apenas.
o cativeiro (como fingir estar doente, danificar fer-
ramentas ou fazer corpo mole) não incomodavam
SI E
os senhores, pois os castigos físicos garantiam a
12. Fatec-SP – Baseando-se na proposta do IBGE, que exploração do trabalho escravo.
divide o Brasil em cinco regiões (Sul, Sudeste, Centro-
O
-Oeste, Norte e Nordeste) e estabelecendo uma com- e) As expedições bandeirantes, em fins do século
paração entre elas, é correto afirmar que a porcentagem XVII, destruíram Palmares e puseram fim à ex-
EN S
Bahia e na Capitania de Pernambuco – áreas iniciais de e com o predomínio do trabalho compulsório na la-
colonização e escravidão africana atlântica – desde o voura açucareira.
final do século XVI. As primeiras notícias de Palmares
b) caracteriza o escravo como instrumento de produção
– uma das mais importantes comunidades de africanos
M
HISTÓRIA 2
prioritariamente ao fato de que o escravo estava fora
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
das relações de mercado.
17. UEMG-MG
O
BO O
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M IV
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D LU
O C
SOUZA, Marina de Mello. África e Brasil africano. 2. ed.
São Paulo: Ática, 2007.
N X No I Congresso Mundial das Raças, ocorrido em Lon-
Assinale, a seguir, a alternativa cuja citação faz uma
SI E
dres em 1911, o médico João Baptista de Lacerda
ilustrou suas refl exões sobre a sociedade brasileira referência corretamente relacionada à imagem acima
analisando a tela A redenção de Cam, que retrata três apresentada:
O
o escravo esteja fora das relações de mercado, mas princi- espaço. Estabelecer um padrão típico para as alfor-
palmente porque excluiu delas os homens livres e pobres e rias, principalmente para o período colonial, é muito
difícil.” (FARIA, Sheila de C. A mulher africana: alforria
deixou incompleto o processo de sua expropriação.”
ST ER
e formas de sobrevivência.)
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho.
Homens livres na ordem escravocrata, 1983. c) “[...] pelas próprias características das tarefas de-
sempenhadas, [...] eram aqueles que maior contato
Segundo o texto, que analisa a sociedade cafeeira no tinham como seus senhores, junto dos quais passa-
SI AT
Vale do Paraíba no século XIX: vam todo dia e mesmo parte da noite, pois deviam
a) a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre estar atentos a qualquer chamado, independente
assalariado freou a constituição de uma sociedade do horário de trabalho.” (ALGRANTI, L. M. O feitor
M
de classes durante o período cafeeiro. ausente: estudo sobre a escravidão urbana no Rio
b) o imigrante e as classes médias mantiveram-se fora de Janeiro.)
das relações de mercado existentes na sociedade d) “[...] mulatos, cabras e crioulos forneciam o grosso
cafeeira. dos homens empregados no controle e repressão
c) o caráter escravista impediu a participação direta dos aos africanos. Eram eles que faziam o trabalho sujo
homens livres e pobres na economia de exportação dos brancos de manter a ordem nas fontes, praças e
da sociedade cafeeira. ruas de Salvador, invadir e destruir terreiros religiosos
d) a inexistência de homens livres e pobres na socieda- nos subúrbios, perseguir escravos fugitivos através da
de cafeeira determinou a predominância do trabalho província e debelar rebeliões escravas onde quer que
escravo nos latifúndios. aparecessem.” (REIS, João José. Rebelião escrava.)
O
lhação de muitos.” d) A utilização do paletó e do vestido demonstra a tenta-
BO O
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de tiva de assimilação de um estilo europeu como forma
SC
Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. (Adaptado) de distinção em relação aos brasileiros.
M IV
Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma e) A adoção de roupas próprias para o trabalho domés-
democracia racial, o autor demonstra que: tico tinha como finalidade demarcar as fronteiras da
exclusão social naquele contexto.
O S
a) essa ideologia equipara a nação a outros países
modernos. 20. Enem C3-H12
D LU
b) esse modelo de democracia foi possibilitado pela
miscigenação.
c) essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade so- Estimativa do número de escravos
O C
cial aos negros.
africanos desembarcados no Brasil entre
d) esse mito camuflou formas de exclusão em relação
N X
aos afrodescendentes. os anos de 1846 a 1852
e) essa dinâmica política depende da participação ativa
SI E
de todas as etnias. Ano Número de escravos africanos
desembarcados no Brasil
O
1847 75 893
E U
1848 76 338
1849 70 827
D E
1850 37 672
A LD
1851 7 058
1852 1 234
EM IA
nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. e) garantiu o direito de alforria aos escravos.
PRIMEIRA REPÚBLICA:
HISTÓRIA 2
REPÚBLICA DA ESPADA
DA MONARQUIA À REPÚBLICA
O
BO O
Na segunda metade do século XIX, a economia brasileira ampliou-se e diversificou-
SC
• Da monarquia à república
-se. Paralelamente, a sociedade brasileira também passou por intensas transfor-
M IV
• Desagregação da ordem
mações. As novas configurações socioeconômicas levaram a uma crise da ordem
monárquica
monárquica, intensificada a partir de 1870. A ascendente burguesia cafeeira do
O S
Oeste Paulista reivindicava maior poder político, até então restrito à aristocracia do • Proclamação da República
Vale do Paraíba e aos senhores de engenho do Nordeste canavieiro. A expansão das • O novo governo
D LU
áreas urbanas, por sua vez, gerava uma nova parcela de setores médios, que viam • Periodização da república
na república uma chance de maior participação política.
• Governo Provisório
As ideias republicanas difundiam-se cada vez mais entre diferentes parcelas da
O C
(1889-1891)
sociedade. O império entrava em choque com a Igreja, insatisfeita com as exces-
sivas intervenções de D. Pedro II em assuntos eclesiásticos; e com o Exército, em • Legitimação da república
N X
decorrência da ascensão de novos oficiais após a Guerra do Paraguai. Era sobretudo
nas forças armadas que o ideal republicano tinha maior força, em razão da forte
• República da Espada
SI E
• Governo Constitucional de
influência da filosofia positivista francesa de Auguste Comte. Deodoro da Fonseca (1891)
Outro fator de desagregação do Segundo Reinado foi a abolição da escravidão,
O
Assim, foi por meio de uma conspiração entre setores civis e militares, levada
a cabo pelos militares, que a monarquia brasileira findou em 15 de novembro de HABILIDADES
E U
1889, após uma intervenção chefiada pelo marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro • Analisar a produção da
presidente da república brasileira. O episódio deu início à chamada República da memória pelas sociedades
D E
da Fonseca e Floriano Peixoto. O período foi marcado por conturbadas questões expressos em diferentes
políticas, sociais e econômicas, sobre as quais nos deteremos neste módulo. fontes sobre determinado
aspecto da cultura.
PRISMA ARCHIVO/ALAMY STOCK PHOTO
• Avaliar criticamente
EM IA
ambientais ao longo da
História.
• Analisar a atuação dos
SI AT
movimentos sociais
que contribuíram para
mudanças ou rupturas
em processos de disputa
M
pelo poder.
Marechal Deodoro da Fonseca e Quintino Bocaiuva são aplaudidos pelo povo durante a
Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.
Gravura do século XIX, de autoria desconhecida.
passou por uma crescente crise. O declínio do impé- entre eles o Partido Republicano.
rio deveu-se a vários fatores conjugados, os quais re-
sultaram na Proclamação da República. Esses fatores A Revista Illustrada
podem ser assim analisados:
O
senhores de engenho do Nordeste açucareiro. Os
BO O
barões do café do Oeste Paulista, ao mesmo tem-
SC
po em que adotavam o trabalho assalariado em
M IV
substituição ao trabalho escravo (sustentáculo da
economia tradicional), aderiam ao discurso republi-
O S
cano, que vinha ao encontro de seus interesses;
D LU
• ampliação dos quadros médios da sociedade
brasileira vinculados ao processo de urbanização
pelo qual passava a sociedade brasileira, principal-
O C
mente a região da Província de São Paulo, onde
grupos médios em crescimento viam na república
N X
uma forma de possibilidade de maior participação
nas decisões políticas, pois o sistema eleitoral
SI E
(censitário) da Constituição imperial não lhes per-
mitia qualquer participação;
O
• questão militar, fruto da crise entre monarquia, Ativista político favorável à abolição da escravidão, frequentemente
realizava representações satíricas de D. Pedro II. Em 1876, fundou
apoiada na Marinha, e os novos oficiais do Exér- A Revista Illustrada, publicação satírica de forte cunho republicano
D E
cito em ascensão, principalmente após a Guerra e abolicionista. A charge retrata o conturbado cenário político da
do Paraguai. Nesse conflito, militares do Exér- década de 1880 e mostra o enfraquecimento da monarquia diante
A LD
relações entre Estado e Igreja em virtude da ex- Oficialmente, as primeiras ideias do fim do império se
cessiva interferência do governo nas questões difundiram pelo Manifesto Republicano (1870):
eclesiásticas, como a epíscopo-maçônica, origi-
M
nada pela proibição da bula papal de os maçons A centralização, tal qual existe, representa o despotis-
frequentarem culto católico e pela não aprovação mo, dá força ao poder pessoal que avassala, estraga e
por parte de D. Pedro II. A crise provocou, inclusi- corrompe os caracteres. Perverte e anarquiza os espí-
ve, prisão e condenação de dois bispos (de Belém ritos, comprime a liberdade, constrange o cidadão, su-
e Olinda) por desacato às ordens do governo; bordina o direito de todos ao arbítrio de um só poder,
• reflorescimento dos ideais republicanos, que nulifica de fato a soberania nacional, mata o estímulo
não eram novos nos ideais dos intelectuais bra- do progresso local, suga a riqueza peculiar das pro-
sileiros, pois, nos primeiros anos da monarquia, víncias, constituindo-se satélites obrigadas da Corte –
alimentaram propostas de vários movimentos re- centro absorvente e compressor que tudo corrompe e
volucionários, como a Confederação do Equador, tudo concentra em si [...].
a Sabinada, a Balaiada, a Farroupilha e a Revolu- MANIFESTO Republicano. A república, Rio de Janeiro, 3 set. 1870. p. 2.
HISTÓRIA 2
nacional”, segundo o qual o progresso do Brasil somen-
te seria alcançado por meio da ordem criada por uma
república ditatorial. Percebia-se que o movimento repu-
blicano não era coeso. Nele debatiam-se dois grupos:
• republicanos evolucionistas ou históricos, li-
derados por Quintino Bocaiuva, ligados aos ca-
feicultores paulistas e aos militares do Exército.
Defendiam reformas paulatinas para chegar à ins-
talação da república, principalmente pela reforma
do sistema eleitoral;
O
• republicanos revolucionários, liderados por Sil-
BO O
va Jardim, ligados às camadas médias urbanas
SC
e aos intelectuais. Pregavam a via revolucioná-
M IV
ria popular, se preciso fosse, para a implantação
de uma república que quebrasse com a força da
O S
aristocracia então no poder. Os simpatizantes
D LU
não possuíam tendências socialistas, embora
pregassem a via revolucionária por meio da par-
ticipação popular. Sua inspiração vinha sobretudo
O C
do modelo norte-americano. A respeito dessas
tendências políticas e ideológicas que marcaram
N X o surgimento da república no Brasil, o historiador
José Murilo de Carvalho afirma:
SI E
A corrente jacobina dos republicanos brasileiros
O
participação popular com o voto universal e moderniza- zilamento daria à revolução brasileira um sabor es-
pecial, pois lembraria a morte na guilhotina do rei
A LD
criou-se o Partido Republicano Paulista (PRP), como opo- autodirigindo, sem necessidade de uma família real
sição à monarquia. No ano da Proclamação da República, de origem europeia e de um imperador hereditá-
ST ER
havia 273 agremiações e eram editados 77 jornais com rio. Das três correntes principais da propaganda, a
seu ideário. Os republicanos brasileiros foram profun- jacobina era a que atribuía maior protagonismo ao
damente influenciados pelos ideais positivistas do filó- povo. A corrente mais forte era a liberal-federalista,
sofo Auguste Comte, preconizando que a humanidade de derivação anglo-americana. O liberalismo vinha
SI AT
passaria para um estágio “mais positivo”, à medida que do lado anglo, da Inglaterra; o federalismo, do lado
superasse a crendice e o misticismo pela explicação norte-americano. O liberalismo predominou no Ma-
científica, baseada nas leis das ciências exatas, princi- nifesto Republicano de 1870, mas bem representado
M
palmente da matemática. No cerne do ideal positivista, a por Saldanha Marinho, e o federalismo, no projeto
sociedade deveria estruturar-se de forma hierarquizada, de constituição dos republicanos paulistas de 1873,
na qual a ordem seria o alicerce do progresso (lema que cujo representante mais influente era Campos Sales.
se faz presente em nossa bandeira até hoje). Por sua ascendência liberal, oriunda dos liberais do
A desordem e toda e qualquer possibilidade de con- império, ele admitia participação popular, embora
testação e revolta significavam um não progresso, pois sem lhe atribuir o primeiro plano, como faziam os
acreditava-se que só haveria avanço quando as classes jacobinos. Pelo lado federalista, no entanto, não
estivessem irmanadas. Por isso, defendia-se o culto à havia muita simpatia pelo povo. Interessava-lhe,
autoridade, a inspiração nos heróis e a formação para o sobretudo, o autogoverno estadual a ser conquistado
nacionalismo. Os ideais positivistas vinham ao encontro pelo federalismo. A terceira corrente era a positivista,
do pensamento militar, então em vigor na Escola Militar também de filiação francesa, não da revolução, mas
do filósofo Auguste Comte. Os positivistas eram os movimento. Deodoro hesitava, afirmando que a ques-
únicos que não previam papel ativo para o povo na re- tão era apenas das forças armadas e bastava derrubar
HISTÓRIA 2
pública. Os protagonistas do regime seriam, no campo o ministério. Ele afirmava: “Eu queria acompanhar o
espiritual, os próprios positivistas; no campo material, caixão do imperador, que está velho e a quem respei-
os empresários. Os positivistas não admitiam direitos, to muito.” Por fim, o marechal concordou e liderou o
apenas deveres. O dever do povo, ou dos trabalha- movimento de 15 de novembro.
dores, era trabalhar. O dever dos empresários e o do
O
de militares no governo, por agitações, revoltas, guer-
BO O
ras civis. O povo fez sentir sua presença durante o
SC
governo do marechal Floriano Peixoto, apoiado pelos
M IV
jacobinos. A participação jacobina atingiu o ponto má-
ximo na tentativa de assassinato do presidente Pru-
O S
dente de Morais, em 1897. A partir do próximo presi-
dente, Campos Sales, a corrente liberal-federalista, sob
D LU
a hegemonia de São Paulo, passou a predominar, cada
vez mais federalista, cada vez menos liberal.
CARVALHO, José Murilo de. O pecado original da república. O último baile da Ilha Fiscal (1905), de Aurélio de Figueiredo. Óleo
O C
Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, ano 1, n. 5, sobre tela, 303 cm × 708 cm. Enquanto D. Pedro II e seus convidados
p. 20-21, nov. 2005. desfrutavam da luxuosa festa, os republicanos organizavam-se para derrubá-lo.
N X
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Foi o último momento de esplendor da agonizante monarquia brasileira.
crítica. Diante do crescimento das ideias republicanas dissolveu a Câmara dos Deputados e convocou novas
e do descontentamento militar crescente, D. Pedro II eleições, fazendo com que os civis republicanos se apro-
EN S
convocou para a chefia do gabinete o liberal visconde ximassem ainda mais dos militares conspiradores. De
E U
de Ouro Preto, que apresentou um programa reformis- fato, uma conspiração republicana preparava um golpe
ta de governo no qual estabeleceu: para 20 de novembro de 1889. Receosos de uma repres-
• maior autonomia às províncias e aos municípios; são do governo em caso de descoberta, a oficialidade
D E
• reforma do Conselho de Estado, que perderia revoltosa recebeu o apoio de civis, como Rui Barbosa,
A LD
governo. A crise da monarquia estava intensamente 15, D. Pedro II foi destituído, partindo três dias depois,
ligada ao atrito entre “homens de farda” e “homens com toda a família, exilado para a Europa.
de casaca”. A crise militar foi a somatória de uma série
MUSEU REPUBLICANO/USP, ITU, SÃO PAULO
M
de acontecimentos, como:
• punição imposta pelo governo ao tenente-coronel
Sena Madureira, que defendia a criação do mon-
tepio (pensão) dos militares;
• divergência com o marechal Deodoro da Fonseca,
presidente da Província do Rio Grande do Sul, Retrato do general Deodoro da
destituído por apoiar Sena Madureira; Fonseca (1892), de Henrique
Bernardelli. Óleo sobre tela.
• insatisfação do Clube Militar do Rio de Janeiro.
Retrato de Deodoro no momento
A facção militar passou a comandar a oposição da Proclamação da República.
Apesar das controvérsias,
republicana à monarquia. Era necessário, entretanto, transformou-se em símbolo
convencer o marechal Deodoro da Fonseca a liderar o oficial dos republicanos.
HISTÓRIA 2
Nesse ínterim, o movimento ganhava novos adeptos, sobretudo no Exército,
quando, no dia 15, o boato da prisão de Deodoro antecipa o movimento. O marechal
Deodoro, após a forte boataria, entra a cavalo no quartel-general, e depois do lapso
de dar vivas a Sua Majestade o imperador, à família imperial e ao Exército, prende
Ouro Preto, afirmando que levaria pessoalmente a formação do novo governo ao
imperador. Essa passagem é objeto de controvérsia. Segundo Lyra, a cena da en-
trada impetuosa no quartel, representada pela tela de Henrique Bernardelli (cujo
estudo se encontra no IHGB), que mostra Deodoro, a cavalo e de barretina na mão,
fazendo uma aclamação, é enganosa. Na verdade, teriam errado as interpretações
ao afirmar que o quadro de Bernardelli perpetuara o grito de “viva a república”
O
(que não houve) no Campo de Santana. Ao que parece, a república não se pro-
BO O
clamou “no berro”, nem deu Deodoro um grito homólogo ao também suspeito
SC
M IV
grito do Ipiranga. O “viva o imperador” era regimental, significava a unificação
do Exército e certa cautela com a separação. A república do Brasil não fora procla-
mada, mas aclamada.
O S
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia
D LU
das Letras, 1998. p. 686.
O C
A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-
-se considerar finda a monarquia, passando a regime francamente democrático com
N X
todas as consequências da liberdade. Foi o Exército que operou esta magna transfor-
SI E
mação; assim como em 7 de abril de 1831 ele firmou a monarquia constitucional, aca-
bando com o despotismo do primeiro imperador, hoje proclama, no meio da maior
tranquilidade e com solenidade verdadeiramente imponente, que queria outra for-
O
A Proclamação da República (1893), de Benedito Calixto. Óleo sobre tela, 123 cm × 200 cm. A obra é uma
representação idealizada da Proclamação da República.
O NOVO GOVERNO
HISTÓRIA 2
Periodização da república
Costuma-se segmentar o período republicano brasileiro em várias etapas, com
finalidade didática, as quais não constituem momentos de mudanças significativas
na base da sociedade brasileira. Uma divisão possível é a representada na linha do
tempo a seguir:
O
BO O
SC
República Velha Era Vargas República Nova Ditadura Militar Nova República
M IV
É importante a visão de processo, e não apenas de fases. Assim como na escala
O S
anterior, costuma-se dividir a República Velha em fases, o que possibilita um estudo
aprofundado desse período.
D LU
República da Espada República Oligárquica
O C
N X Governo Governo Auge Crise
SI E
Provisório Constitucional
1889 1891 1894 1920 1930
O
sável pela reforma bancária e financeira. Ele decretou uma reforma financeira que,
pouco antes, havia sido iniciada pela monarquia. Consistia basicamente no que fora
ST ER
feito nos Estados Unidos durante o governo do presidente Lincoln com os national
banks: substituía-se o ouro do lastro pelos títulos de dívida federal nas emissões
bancárias. Recorrendo ao que lhe parecera um meio de salvação, Rui Barbosa assen-
SI AT
tou a garantia do meio circulante sobre títulos da dívida pública, ampliando inclusive
a emissão de dinheiro por bancos autorizados, visando também à possibilidade de
industrialização no país.
M
HISTÓRIA 2
As instituições que vigoravam no império foram tornou-se impossível aplicar, na prática, o que a Constitui-
profundamente alteradas. Entre as principais modi- ção em teoria havia assegurado. Pelas regras estipuladas
ficações, destacam-se: em relação ao direito de voto, apenas 4% da população
estava enquadrada. O federalismo necessitava de um
• substituição do unitarismo monárquico pelo fe-
mínimo de uniformidade econômica para funcionar, o que,
deralismo;
na realidade, estava longe de existir. Na prática, ao conce-
• extinção do Poder Moderador e implantação do der autonomia política e administrativa aos estados, o país
equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo entrava em uma situação que beneficiaria os mais ricos e
e Judiciário; populosos da federação, capazes de eleger o presidente
• extinção da vitaliciedade do Senado, passando a da república e assegurar uma bancada majoritária na Câ-
O
ser temporário (8 anos) e implantação do sistema mara dos Deputados. De acordo com a Constituição, o
BO O
eleitoral com o término do voto censitário; primeiro presidente e o vice da república seriam escolhi-
SC
• alteração das eleições indiretas da monarquia dos pelo voto indireto da Assembleia Constituinte. Foram
M IV
para o sistema de eleições diretas a todos os eleitos marechal Deodoro da Fonseca para a presidência
cargos: o voto era universal, mas proibido a pra- e marechal Floriano Peixoto para a vice.
O S
ças (soldados), mendigos, analfabetos, religiosos
sujeitos a voto de obediência e mulheres; LEGITIMAÇÃO DA REPÚBLICA
D LU
• substituição do vínculo entre Estado e Igreja pela A Proclamação da República ocorreu sem a participa-
liberdade de culto e pelo Estado laico. ção popular, em vários aspectos ainda favorável à manuten-
O C
ção da monarquia. Isso gerou a necessidade da formação
do pensamento republicano no seio da sociedade. Nesse
N X sentido, o historiador José Murilo de Carvalho afirma:
SI E
A luta em torno do mito de origem da república mos-
trou a dificuldade de construir um herói para o novo
O
tarefa de fazer a transição É exatamente nesses últimos casos que o herói é mais
entre a monarquia e
a república.
importante. A falta de envolvimento real do povo na
ST ER
O
A rejeição do Congresso ao presidente eleito tornou-se
BO O
cada vez mais consistente, com a moção em memória
SC
de Benjamin Constant como “belo modelo de virtudes
M IV
aos presidentes”. Assim, a recepção do Congresso a
Deodoro foi fria em sua chegada, enquanto Floriano Pei-
O S
xoto recebeu uma calorosa salva de palmas.
Foi inevitável o choque entre o presidente e o Con-
D LU
gresso, acrescentando-se ainda a falta de “jogo de cin-
tura” de Deodoro, caracterizado como militar exemplar e
apegado à disciplina do quartel. Em virtude das críticas,
O C
Deodoro resolveu substituir o ministério que vinha des-
N X
de o Governo Provisório por outro, sob o comando de
um tradicional político monarquista: o barão de Lucena.
SI E
Esse fato aumentou a tensão no Congresso, pois lem-
Floriano Peixoto (1839-1895). Nas palavras do historiador Boris
brou a maneira pela qual se organizavam os gabinetes Fausto, em História do Brasil: “a elite de São Paulo via na figura de
O
da monarquia, e, ao mesmo tempo, sem atender aos Floriano a possibilidade mais segura de garantir a sobrevivência da
interesses políticos, desencantando os republicanos e república a partir do poder central. Floriano, por sua vez, percebia
EN S
gresso, prometendo novas eleições e uma revisão na na imprensa insinuações no sentido de se respeitar a
Constituição. Nas palavras do presidente, essa última Constituição e de se proceder a novas eleições presi-
D E
seria no sentido de “fortalecimento do Poder Executivo denciais. O Artigo 42 da Carta Magna de 1891 estabe-
da União e de uma comedida autonomia dos estados, lecia que, no caso de vacância do cargo de presidente
A LD
sem os exageros de soberania que trariam fatalmente da república antes de cumprido dois anos de mandato,
a dissolução nacional”. O país ficou indiferente ao golpe proceder-se-ia a uma nova eleição. Deodoro renunciara
de Deodoro, com exceção do Rio Grande do Sul, onde no primeiro ano de governo. Partidários da continuação
EM IA
parecia ocorrer uma tentativa de oposição por meio de de Floriano para que completasse os quatro anos de
luta armada; e do Pará, onde governava Lauro Sodré, presidência receavam um novo pleito e alardeavam o
positivista e antigo secretário de Benjamin Constant
ST ER
mento aumentava em razão das várias falências. Em forma desse artigo ocupariam a presidência e a vice-
21 de novembro, Deodoro ordenou a convocação de -presidência durante o primeiro período presidencial.
novas eleições a serem realizadas em 1892. No dia Eram possíveis duas interpretações, mas o Congresso
M
seguinte, os ferroviários decretaram greve e a Marinha, decidiu que valia o sentido das Disposições Transitórias
comandada pelo almirante Custódio de Melo, iniciou da Constituição.
a Primeira Revolta da Armada, ameaçando prender o Em abril do mesmo ano, treze generais, baseados
presidente e bombardear o Rio de Janeiro se ele não na outra interpretação, enviaram a Floriano uma mensa-
abdicasse. Sem qualquer apoio, Deodoro renunciou em gem em que solicitavam a realização de novas eleições
23 de novembro, entregando a presidência a Floriano. para a presidência. O presidente mandou prender e, em
seguida, reformar os generais revoltosos. Em fevereiro
GOVERNO FLORIANO PEIXOTO de 1893, eclodiu no Rio Grande do Sul um violento
(1891-1894) conflito entre dois partidos políticos: o Republicano
Floriano Peixoto assumiu o governo em condições Gaúcho, apoiado por Floriano; e o Federalista, repre-
difíceis. Além da crise política, arrastava-se uma grave sentado pelos tradicionais estancieiros gaúchos. Esse
último fora fundado no ano anterior por Silveira Martins Entre setembro e dezembro de 1893, Custódio de
e almejava aumentar o poder estadual, diminuído pelo Melo ameaçou bombardear o Rio de Janeiro enquanto
HISTÓRIA 2
centralismo do governo de Floriano Peixoto. Em res- Floriano articulava a reação, inclusive com navios es-
posta, com total apoio de Floriano, Júlio de Castilhos, trangeiros. O almirante Saldanha da Gama, também
do Partido Republicano, assumiu a presidência do Rio rebelado, assumiu o comando de parte da esquadra,
Grande do Sul (os “governadores” eram chamados de tomou várias ilhas na Baía da Guanabara e dirigiu-se a
presidentes de estados) e passou a perseguir seus ad- Florianópolis, onde uniu-se aos federalistas. Em 1894, a
versários políticos. Acuados, estancieiros liderados por reação de Floriano resultou na Tomada de Desterro, que
Silveira Martins iniciaram uma revolta contra o governo alguns anos após seria renomeada como Florianópolis
de Castilhos visando instituir um governo parlamentar. em homenagem ao marechal, enquanto Saldanha da
Gama era morto no Sul. Floriano Peixoto, alegando a
ALAMY STOCK PHOTO
O
a república, concluiu o mandato de Deodoro em 1894.
BO O
Federalistas e republicanos autênticos se decepciona-
SC
ram com a forma como se articulava o novo governo.
M IV
No Rio Grande do Sul, a Revolução Federalista, sob
a liderança de Gumercindo Saraiva, atingiu Santa Ca-
O S
tarina e Paraná. O Cerco da Lapa, o heroísmo do coro-
nel Gomes Carneiro, a morte do barão do Serro Azul
D LU
e a violência da reação florianista em Santa Catarina
foram momentos marcantes e sangrentos desse con-
flito. Na cidade de Desterro, tropas legalistas fizeram
O C
uma verdadeira degola. Floriano Peixoto, o “Marechal
N X de Ferro”, consolidou a república e a defesa dos ideais
republicanos.
SI E
No fim do mandato, Floriano foi apoiado por muitos
Gumercindo Saraiva, um dos líderes da Revolução Federalista. O terceiro militares a permanecer na presidência, surgindo aí um
O
sentado, da esquerda para a direita, cercado por altos comandantes do movimento que entraria para a história do Brasil com
exército maragato. O conflito representou o choque entre as oligarquias
estaduais e o poder central.
o nome de “florianismo”. Por outro lado, o marechal
EN S
frentava os federalistas no Sul, eclodia a Segunda Revol- governo. Confiante de que o militar cumpriria o acor-
ta da Armada no Rio de Janeiro. A Marinha, mais elitizada do firmado, o Partido Republicano Paulista (PRP) indi-
D E
que o Exército, não participara do processo da procla- cou Prudente de Morais para a sucessão presidencial.
mação e havia perdido prestígio no período imperial. A A vitória do paulista levou os florianistas a planejar
A LD
Primeira Revolta da Armada havia obrigado Deodoro a um golpe para impedir sua posse. Contudo, Floriano
renunciar, mas não apoiava Floriano e queria o cumpri- manteve a palavra, frustrando o possível golpe militar.
mento da Constituição, em especial Custódio de Melo, Encerrou-se o período chamado República da Espada
EM IA
que exigia a convocação de novas eleições presidenciais, e a oligarquia cafeeira, por meio do PRP, tornou-se so-
pois alimentava o projeto de tornar-se presidente. berana no poder.
ST ER
SI AT
M
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Antecedentes
Disputas entre militares e império, sobretudo após a Guerra do Paraguai. Adesão de militares ao republicanismo por meio
Questão militar:
O
BO O
do ideal positivista.
SC
M IV
O S
Questão religiosa: Desgaste das relações entre Estado e Igreja e pela excessiva interferência do governo nas questões eclesiásticas.
D LU
O C
Presentes durante todo o império, fortaleceram-se na década de 1870, quando foram criados clubes e
Difusão de ideais republicanos:
N X
SI E
partidos republicanos.
O
EN S
Ascensão da burguesia cafeeira do Oeste Paulista. Urbanização e ampliação dos quadros médios da
Novas configurações sociais:
sociedade.
EM IA
ST ER
Conspiração entre civis e militares. Em 15 de novembro, D. Pedro II é destituído do poder por movi-
Proclamação da República (1889):
mentação das tropas de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Há uma pequena reação da Marinha, aliada da monarquia, rapidamente abafada.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Periodização
Marechal Deodoro chefe de governo. Rui Barbosa, ministro da Fazenda, estabeleceu a política econômica
Governo Provisório (1889-1891):
do encilhamento, que levou à falência da bolsa de valores e a uma grave crise inflacionária. Constituição Republicana promulgada em fevereiro de
O
BO O
1891. Eleição indireta elege Deodoro da Fonseca presidente e Floriano Peixoto vice.
SC
M IV
O S
D LU
Relação tensa e conflituosa entre o presidente e o Congresso. Grave crise econômica em decor-
Governo Deodoro da Fonseca (1891):
rência do encilhamento. Greve de ferroviários e revolta da Marinha. Sem apoio, Deodoro renuncia em novembro de 1891.
O C
N X
SI E
O
EN S
governo toma a cidade de Desterro, que passa a se chamar Florianópolis. Ao fim do governo, Floriano cumpre a promessa de devolver o poder a
A LD
civis e o Partido Republicano Paulista chega ao poder com a eleição de Prudente de Moraes.
EM IA
ST ER
uma vez que ele era um militar que, na colônia, participara de um levante de cunho republicano.
M
Aboliu o voto censitário, porém proibiu o voto de mulheres, soldados, religiosos, mendigos e anal-
Constituição republicana de 1891:
fabetos, restringindo a participação democrática a uma pequena parcela da população.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
O
monstração dessa afirmação.” d) As duas imagens usam a figura feminina para repre-
BO O
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados, 1987. sentar as três repúblicas, característica não usual
para a representação artística do ideário republicano,
SC
A Proclamação da República, em 1889:
protagonizado por lideranças masculinas.
M IV
a) expressou a interferência norte-americana e reduziu Na primeira imagem, as duas figuras femininas que representam as re-
a influência britânica nos assuntos internos do país. públicas brasileiras e argentina possuem a mesma estatura e a mesma
postura. Olham-se de frente e de maneira firme enquanto apertam as
O S
b) teve forte participação dos sindicatos operários da
mãos, o que transmite as ideias de igualdade e de proximidade entre os
capital e ampliou os direitos de cidadania no Brasil. dois países. Já na segunda imagem, a figura que carrega a bandeira do
D LU
c) representou o fim da hegemonia das elites cafeeiras Brasil possui estatura menor do que a figura que representa a república
e açucareiras na condução da política brasileira. francesa. O Brasil ergue a cabeça para dirigir um olhar de admiração
à França, que retribui com um olhar de aprovação. Na imagem, fica
d) foi rejeitada e combatida militarmente pelos princi- claro que a jovem república do Brasil vê na França um exemplo a ser
pais clérigos católicos no Brasil e no exterior.
O C
seguido, de republicanismo já maduro e consolidado. É importante
relembrar que a França era o país de origem do positivismo, principal
e) resultou da ação de um setor das forças armadas e corrente ideológica que orientou o pensamento republicano brasileiro.
N X contou com o apoio de grupos políticos da capital.
A Proclamação da República resultou da ação de militares como Deo- 3. Unespar-PR
SI E
doro da Fonseca e Floriano Peixoto, contando ainda com o apoio de “A república, todavia, foi fruto muito mais da insatisfação
setores civis descontentes com a política imperial. gerada pela incapacidade do Estado imperial de articular
2. Unicamp-SP – Compare as duas ilustrações de Ângelo as velhas e novas demandas – de sua crise de legitimidade
O
Agostini (1843-1910) sobre o reconhecimento da república – do que da crença geral e efetiva nas vantagens do regime
brasileira pela Argentina (fig. 1) e pela França (fig. 2): republicano”.
EN S
E U
Ângelo Agostini.
a) A Proclamação da República não contou com a par-
Reconhecimento da
ticipação massiva da população. Longe disso, foi
república brasileira pela promovida pela elite militar com o apoio de grupos
econômica e politicamente importantes de setores
EM IA
Argentina, em Revista
Illustrada, dez. 1889. agrários e urbanos.
Fig. 2: b) A questão religiosa, que retirou do imperador a prerro-
ST ER
HISTÓRIA 2
“Enfim, sabemos que a ‘história nacional’ e a ‘cultura mente, prejuízos econômicos, por isso, as cama-
brasileira’ não eram entidades naturais. E todo o esforço das médias da população urbana se mantiveram
afastadas.
dos homens de letras foi o de transformar determinados
valores, personagens, sentimentos e acontecimentos em e) sofreu com prisões, fechamento de jornais, sedes de
tradições que deveriam por sua vez ser experimentadas clubes e de partidos favoráveis à monarquia.
O Partido Republicano Paulista foi um dos principais agentes na difusão
e guardadas como entidade natural. Se essas tradições dos ideais republicanos e na posterior implementação da república a
correspondiam ou não à verdade dos acontecimentos partir de 1889. Era constituído sobretudo por cafeicultores do Oeste do
não importa, nem constitui uma questão, na medida em estado, que se opunham ao império, pois desejavam maior participação
política, então restrita às elites do Vale do Paraíba e aos senhores de
que elas não visavam a descrever uma realidade, mas
engenho nordestinos.
sim conferir-lhe um sentido, bem como produzir a so-
lidariedade social e viabilizar um projeto coletivo, de
nação e de república.”
O
6. Enem C1-H2
BO O
DANTAS, Carolina Vianna. Cultura história, república e o lugar
dos descendentes de africanos na nação. In: ABREU, Martha; I.
SC
SOIHET, Rachel; GONTIJO, Rebeca (Org.). Cultura política e leituras
“Para consolidar-se como governo, a república precisava
M IV
do passado: historiografia e ensino de História. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2007. p. 245. (Adaptado) eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monar-
quista, incorporar distintas vertentes do republicanismo.
O S
A transição para a república, no Brasil, também foi Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano
marcada por batalhas de memórias e pela criação e radical, mas sim como herói cívico-religioso, como mártir,
D LU
recriação de mitos políticos entre os grupos políticos integrador, portador da imagem do povo inteiro”.
que procuravam afirmar seu poder. Essa dimensão sim- CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: o imaginário da
bólica pode ser ainda exemplificada: república no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
O C
a) pela forte expansão do positivismo e pelo grande II.
número de igrejas positivistas na cidade do Rio
N Xde Janeiro.
b) pela reabilitação de personagens importantes do pe-
“Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão!
É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão.”
SI E
ríodo colonial que eram identificados com a causa ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO,
republicana, como Tiradentes. J. M. C. A formação das almas: o imaginário da república no Brasil.
O
gradas e incapazes de promover o republicanismo. sava constituir uma figura heroica capaz de congregar
d) pela realização de uma síntese cultural que gera, diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime.
E U
nos séculos medievais, uma cultura peninsular mais Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figu-
pobre do que em qualquer outra parte da cristan- ras como frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transfor-
dade ocidental. mação do inconfidente em herói nacional evidencia que
D E
republicanismo no Brasil, a ser valorizado pela república proclamada mento precursor do positivismo brasileiro.
um século mais tarde.
c) ao fato de a Proclamação da República ter sido um
ST ER
do pagamento de pesados impostos para a manu- A transformação de Tiradentes em um herói nacional fez parte da estra-
tenção da Corte imperial. tégia de legitimação da república e de construção de uma imagem po-
sitiva sobre os militares brasileiros, principais agentes na Proclamação
b) aconteceu de forma integrada à campanha abolicio- da República e que ocuparam o poder em seus primeiros anos. Como a
nista, uma vez que os líderes tinham os mesmos proclamação ocorreu sem a participação popular, era necessário forjar
um imaginário que abarcasse essa parcela da população, aproximando-a
interesses, o que acabou confundindo um movi-
do novo regime político.
mento com o outro e propiciando o fortalecimento
Competência: Compreender os elementos culturais que constituem
de ambos. as identidades.
c) ganhou força a partir da criação do Partido Repu- Habilidade: Analisar a produção da memória pelas sociedades hu-
blicano Paulista, em 1873, apoiado no poder eco- manas.
nômico dos cafeicultores paulistas e na ação dos
estudantes e professores da Faculdade de Direito
de São Paulo.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
HISTÓRIA 2
O
As diferenças entre os republicanos de São Paulo e do analfabetos, as mulheres e os mendigos, que cons-
BO O
Rio de Janeiro, nas décadas de 1870 e 1880, podem tituíam a maioria da população brasileira.
SC
ser explicadas, entre outros fatores:
M IV
c) implementou o regime republicano, com a eleição
a) pelo interesse dos paulistas em reduzir a interferên- direta para presidente da república, para o Senado
cia do governo central nos seus assuntos econômi- e para a Câmara Federal, sendo que os estados
O S
cos e em concentrar, na própria província, a maior também podiam eleger seus governadores e suas
parte dos recursos obtidos com exportação. Assembleias Legislativas, mas não podiam dispor de
D LU
uma Constituição própria.
b) pela disposição dos intelectuais da capital de assumir
o controle pleno da administração política nacional d) estabeleceu a separação entre o Estado e a Igreja
e de eliminar a hegemonia econômica dos cafeicul- Católica, mas o catolicismo continuou sendo con-
tores e comerciantes de São Paulo. siderado a religião oficial do país, tendo em vista o
O C
c) pela ausência de projetos políticos nacionais comuns receio dos novos dirigentes republicanos de que as
religiões protestantes, introduzidas pelos imigrantes
N X
aos representantes de São Paulo e do Rio de Janeiro
e pela defesa pragmática dos interesses econômicos europeus, dividissem a população brasileira.
SI E
das respectivas províncias. e) aceitou a livre associação e a reunião dos cidadãos
d) pelo esforço dos paulistas em eliminar as disparidades brasileiros – exceto em casos de mobilização se-
regionais e em aprofundar a unidade do país em torno diciosa –, tendo sido, por isso, considerada uma
O
de um projeto de desenvolvimento econômico nacional. Constituição liberal; mas também mostrou seu lado
conservador ao não instituir o habeas corpus, por
e) pela presença dos principais teóricos ingleses e fran-
EN S
“Assim, o esforço de promoção desses candidatos a heróis fator sugeriu a necessidade de reforma monetária. A
escravidão tinha sido abolida em 1888. A transição para
A LD
gime. Esse personagem foi encontrado em: a) implementação de uma política de emissão de moe-
das, fato que gerou uma diminuição do poder de
a) Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que foi compra da população.
martirizado após lutar contra a dominação portugue-
M
HISTÓRIA 2
“A Proclamação da República não é um ato fortuito, nem bolo nacional, é correto afirmar:
obra do acaso, como chegaram a insinuar os monarquis- a) A escolha do lema que figura no pavilhão brasileiro
tas; não é tampouco o fruto inesperado de uma parada mi- deveu-se à influência do positivismo entre os milita-
litar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, res partidários da república.
nem foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o b) A adoção de elementos da bandeira norte-americana
movimento da manhã de 15 de novembro, como tem sido foi defendida pelos oficiais militares partidários do
dito às vezes. Alguns deles tinham sólidas convicções re- federalismo.
publicanas e já vinham conspirando há algum tempo [...]. c) A adoção da bandeira semelhante à dos Estados
Imbuídos de ideias republicanas, estavam convencidos de Unidos reflete os ideais da corrente dos jacobinos,
que resolveriam os problemas brasileiros liquidando a mo- tendo à frente os grandes produtores de café.
narquia e instalando a república.” d) A escolha do lema Ordem e Progresso, que figura no
estandarte, evidencia o predomínio político do grupo
O texto identifica a Proclamação da República como
O
democrático paulista.
resultado:
BO O
SC
a) da unidade dos militares, que agiram de forma coe- 13. Fuvest-SP – A vitória do regime republicano no Brasil
M IV
rente e constante na luta contra o poder civil que (1889) e a consequente derrubada da monarquia podem
prevalecia durante o império. ser explicadas levando-se em conta diversos fatores.
b) da fragilidade do comando exercido pelo imperador Entre eles, explique:
O S
frente às rebeliões republicanas que agitaram o país
nas últimas décadas do império. a) A importância do Partido Republicano.
D LU
c) de um projeto militar de assumir o comando do
Estado brasileiro e implantar uma ditadura armada,
afastando os civis da vida política.
O C
d) da disseminação de ideais republicanos e salvacio-
nistas nos meios militares, que articularam a ação
N X de derrubada da monarquia.
e) de uma conspiração de civis, que recorreram aos
SI E
militares para derrubar a monarquia e assumir o con-
trole do Estado brasileiro.
O
O
( ) o voto tornou-se extensivo aos mendigos e aos (O CERCO..., 2011).
BO O
soldados.
A Revolução Federalista (1893-1895), iniciada no Rio
SC
( ) os membros de ordens religiosas poderiam votar. Grande do Sul, atingiu o interior do Paraná, produzindo
M IV
( ) os analfabetos e os maiores de 16 anos poderiam o cerco da Lapa, que teve como fator motivante:
votar. a) o confronto entre republicanos × federalistas, re-
O S
sultante das divergências políticas entre os compo-
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para
nentes da oligarquia de proprietários rurais do Rio
D LU
baixo, é: Grande do Sul.
a) F – V – V – F – V. b) a resistência dos estados da Região Sul do Brasil contra
b) F – V – F – F – F. a ocupação das fronteiras do país por tropas uruguaias.
c) o projeto do governo federal de redistribuição dos
O C
c) V – V – F – V – F.
latifúndios gaúchos entre camponeses destituídos
d) V – F – V – V – V. de terras.
N X
e) V – F – F – F – F. d) a luta da Marinha brasileira contra setores da po-
pulação que apoiavam o então presidente Floriano
SI E
15. UEG-GO – Analise as caricaturas abaixo: Peixoto.
e) a política de expansão territorial do Paraná, em dire-
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO
O
17. Unesp-SP
“ ‘Confeitaria do Custódio’. Muita gente certamente lhe
E U
HISTÓRIA 2
18. Enem C3-H13 O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturali-
“Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho za medidas socialmente excludentes. Nesse contexto,
Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo tal regulamento expressava:
caíra o regime. Sentou-se e viu que tinham tirado da pare- a) a manutenção de parte da legislação do império com
de a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. vistas ao controle da criminalidade urbana.
Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade? primeiros governos do período republicano.
O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: c) o caráter disciplinador de uma sociedade industria-
lizada, desejosa de um equilíbrio entre progresso e
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? civilização.
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima. d) a criminalização de práticas culturais e a persistência
O
E, sentando-se, pensou com tristeza: de valores que vinculavam certos grupos ao passado
BO O
de escravidão.
– Não dou três anos para que isso seja uma república!”
SC
AZEVEDO, A. Vidas alheias. Porto Alegre, 1901. In: THORN, J. C5-H24
M IV
20. Enem
Guia do café. Lisboa: Livros e Livros, 1998. (Adaptado)
A definiç ã o de eleitor foi tema de artigos nas
A crônica de Artur Azevedo, retratando os dias imedia- Constituiç õ es brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a
O S
tos à instauração da república no Brasil, refere-se ao(à): Constituição da República dos Estados Unidos do Bra-
sil de 1891:
D LU
a) ausência de participação popular no processo de
queda da monarquia. “Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que
se alistarem na forma da lei.”
b) tensão social envolvida no processo de instauração
do novo regime.
O C
A Constituição da República dos Estados Unidos do
c) mobilização de setores sociais na restauração do Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que:
N Xantigo regime.
d) temor dos setores burocráticos com o novo regime.
“Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de outro
sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.”
SI E
e) demora na consolidação do novo regime.
Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao
gênero dos eleitores, depreende-se que:
19. Enem C3-H12
O
“O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de 1890 dizia: a) a Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade
‘Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade mínima para votar.
EN S
e destreza corporal, conhecidos pela denominação de ca- b) a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos,
referia-se também às mulheres.
E U
SOARES, C. E. L. A negregada instituição: os capoeiras no Rio d) o texto da Carta de 1891 já permitia o voto feminino.
de Janeiro (1850-1890). Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de e) a Constituição de 1891 considerava eleitores apenas
A LD
20 PRIMEIRA REPÚBLICA:
HISTÓRIA 2
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
O
BO O
No módulo anterior, você conheceu o início do período republicano, marcado pelo
SC
• O café na economia e na
controle daqueles que proclamaram esse sistema de governo: os militares. Em pou-
M IV
política
• Governo Prudente de co tempo, um grupo que já tinha preponderância econômica no país, os chamados
barões do café, tomara de assalto a política. Dois estados tinham os mais ricos e,
O S
Morais (1894-1898)
• Governo Campos Sales
portanto, mais poderosos cafeicultores: Minas Gerais e São Paulo. Não por acaso,
D LU
(1898-1902) foram os estados mais poderosos também na política da República Oligárquica.
Ao longo das décadas, essas ricas famílias saíram das fazendas e as gerações
• Governo Rodrigues Alves
(1902-1906)
que entraram no século XX procuraram se modernizar. Em diversos estados, foram
O C
os filhos do café que trouxeram para o Brasil modismos europeus como o ciclismo
• Governo Afonso Pena
e o futebol e organizaram os primeiros clubes desse último esporte. Também dei-
(1906-1909) N X xaram de investir apenas nas fazendas e passaram a ser donos de ferrovias, jornais
• Governo Nilo Peçanha
e hotéis, diversificando os investimentos e aumentando seu poder nas maiores
SI E
(1909-1910)
cidades do país.
• Governo Hermes da Por outro lado, aqueles que de fato tiveram o poder nas mãos foram precursores
O
Fonseca (1910-1914)
do atraso, como você verá neste módulo.
• Governo Venceslau Brás
EN S
(1922-1926)
A LD
HABILIDADES
EM IA
• Analisar a produção da
Representação do combate em Canudos, que, após diversas tentativas, resultou em um verdadeiro massacre. No
memória pelas sociedades
comando, o presidente cafeeiro Prudente de Morais.
ST ER
humanas.
• Comparar pontos de vista
expressos em diferentes GOVERNO PRUDENTE DE MORAIS (1894-1898)
fontes sobre determinado Em cumprimento à Constituição, Prudente de Morais foi o primeiro presidente
SI AT
aspecto da cultura. eleito pelo voto direto do povo, inaugurando a República Oligárquica. Chamado algu-
• Avaliar criticamente conflitos mas vezes de “pacificador”, enfrentou crises internas, como a Revolução Federalista,
culturais, sociais, políticos, ainda não totalmente pacificada, e a Guerra de Canudos.
M
HISTÓRIA 2
52° O
PR
Rio Iguaçu
AM
Ri
Ch
o
26° S op
im
Palmas
AC
ó
ec
ap
Ch SC
Rio PERU
Rio Uruguai
O
BOLÍVIA
BO O
RS
SC
M IV
Território disputado NO
N
NE
Escala aproximada
pela Argentina, 1 : 5 000 000
incorporado ao O L
0 50 100 km
Brasil SO SE Território
Cada cm = 50 km
S
obtido pelo N Escala aproximada
O S
NO NE
Brasil 1 : 15 000 000
O L
0 150 300 km
Território
D LU
cedido à SO SE
Cada cm = 150 km
ARRUDA, José Jobson de. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2007. Bolívia
S
O C
ARRUDA, José Jobson de. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2007.
N X
Questão do Amapá (1895)
50° O Questão do Pirara (1904)
SI E
60° O
GUIANA
FRANCESA VENEZUELA GUIANA
O
SURINAME
e
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OCEANO
EN S
Oia
ATLÂNTICO
Rio
Boa Vista
E U
Ilha de Maracá
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D E
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A LD
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Negro
Rio
Macapá
EM IA
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0°
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ST ER
PA
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Território incorporado NO NE
ao Brasil O L
SI AT
Território incorporado SO SE
à Guiana S
Território NO
N
NE
Escala aproximada Escala aproximada
disputado 1 : 8 500 000 1 : 12 000 000
pela França, O L
0 85 170 km 0 120 240 km
incorporado
M
SO SE
ao Brasil S Cada cm = 85 km Cada cm = 120 km
ARRUDA, José Jobson de. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2007. ARRUDA, José Jobson de. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2007.
No fim do império, o território brasileiro compreendia belecimento de fronteiras em acordos com Venezuela,
aproximadamente 68% do atual, ou seja, faltava regula- Peru, Uruguai e Colômbia e na questão de Palmas.
rizar as fronteiras de 32% da área nacional, que perfaz A vitória do diplomata levou-o ao norte do país para
hoje 8 511 965 quilômetros quadrados. Boa parte da resolver a questão do Amapá, envolvendo limites com
área faltante incorporou-se ao Brasil graças ao trabalho a Guiana Francesa. Logo depois, defendeu a região do
do barão do Rio Branco, diplomata que atuou no esta- atual estado do Acre em favor do Brasil contra a Bolívia.
Ao longo de sua extensa trajetória política, Rio Branco GOVERNO CAMPOS SALES (1898-1902)
conviveu com os imperialismos europeu e norte-ame- A eleição de Campos Sales consolidou o domínio
HISTÓRIA 2
ricano e procurou consolidar a posição do Brasil como oligárquico em detrimento do conjunto da população.
país líder na América do Sul. Sua política favoreceu o projeto federalista, acentuando
o domínio dos cafeicultores por intermédio da política
dos governadores, denominada “política regional” pelo
THE HISTORY COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO
O
BO O
assinada pela maioria da Câmara Municipal, encar-
SC
regada por lei de coordenar a apuração eleitoral. As
M IV
eleições, dessa forma, já vêm praticamente decidi-
das antes que a Comissão delibere a respeito dos re-
conhecimentos. Na maior parte dos casos, a degola
O S
da oposição é feita na expedição dos diplomas pelas
D LU
juntas apuradoras, controladas pelas situações lo-
cais. [...] A Câmara é a expressão da direção política
dos chefes locais.
O C
LESSA, Renato. O pacto dos estados. Disponível em: <www.brasil.
gov.br/editoria/cultura/2010/02/o-pacto-dos-estados>.
N X Acesso em: 19 out. 2018.
SI E
Caricatura de Prudente de Morais, também chamado
GALERIA DOS PRESIDENTES, GOVERNO FEDERAL
em 1895.
EN S
funcionava no Senado. A Comissão de Verificação, Campos Sales (1841-1913), quarto presidente do Brasil.
formada por cinco membros e presidida pelo mais ex-
periente, confirmava a eleição do deputado. Segundo O sistema café com leite apoiava-se muito mais
M
Renato Lessa, em seu artigo “O pacto dos estados”: nos chefes regionais e nas municipalidades do que na
Câmara Federal, pois esta última apenas expressava tal
Na verdade, as eleições eram controladas pelos poder. Tratava-se de uma medida coerente com a pro-
Executivos estaduais, durante as apurações, e posta federalizante que marcou toda a República Velha.
pelo Legislativo nacional, no reconhecimento O governo Campos Sales foi responsável pelo Fun-
final dos eleitos e na degola dos inimigos. Esse ding Loan, um acordo estabelecido com os credores
era o coração do Legislativo, poder dotado da internacionais, fundamental para contornar a crise eco-
magia de engendrar a si mesmo. nômica que o Brasil enfrentava desde o encilhamento,
LESSA, Renato. O pacto dos estados. Disponível em: <www. permitindo a obtenção de novos empréstimos estran-
brasil.gov.br/editoria/cultura/2010/02/o-pacto-dos-estados>.
Acesso em: 19 out. 2018. geiros com um prazo de dez anos para o início dos
pagamentos. Como garantia, penhorou-se a receita de
HISTÓRIA 2
desafogou a economia e equilibrou as finanças do país.
O
com a massa de trabalhadores amontoados em cortiços,
BO O
instalados irregularmente para baratear o custo de vida,
SC
mas com precárias condições de saneamento. O esgoto
M IV
a céu aberto, misturado aos excrementos dos animais,
amplamente utilizados para transporte, favorecia a di- Avenida Central, no Rio de Janeiro, um marco da reforma urbanística do
O S
fusão de epidemias, como a varíola e a febre amarela. governo Rodrigues Alves, quando o prefeito da cidade era Pereira Passos.
D LU
Rodrigues Alves também envolveu-se em acordos
GALERIA DOS PRESIDENTES, GOVERNO FEDERAL
O C
fim desse governo registrou a assinatura do Convê-
N X nio de Taubaté, em que a oligarquia cafeeira defen-
deu uma política de valorização do café mediante a
SI E
intervenção do governo na compra dos excedentes,
de modo a garantir um preço mínimo para o produ-
O
Rodrigues Alves (1848-1919), quinto presidente do preços do café e expandir a produção, mas também
Brasil e responsável pelas reformas urbanas do início
do século XX.
a dívida externa.
ST ER
delo as reformas feitas pelo prefeito de Paris, barão de Conferência de Haia. Em 1909, a morte de Afonso
Haussmann, na época de Napoleão III. A primeira parte Pena, primeiro presidente de origem mineira, levou
do trabalho, conhecida por bota-abaixo, consistiu na de- o cafeicultor fluminense Nilo Peçanha, então vice-
M
O
regiões Norte e Nordeste, onde as disputas entre as Líder da Revolta da Chibata, João Cândido, o quinto da esquerda para
BO O
oligarquias estavam acirradas com a política das sal- a direita, em meio a outros marinheiros. Este pode ser considerado
SC
vações, que consistia na imposição de governadores um dos grandes heróis da história brasileira, apesar de ser raramente
M IV
lembrado.
aliados em substituição aos que haviam apoiado Rui
Barbosa.
O S
Por outro lado, antecipou a aliança política entre
GOVERNO VENCESLAU BRÁS
mineiros e gaúchos contra o domínio paulista, mais
D LU
tarde repetida na Revolução de 1930. De certa forma, (1914-1918)
o governo Hermes da Fonseca representou uma vitória Venceslau Brás governou durante a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918). Nesse período, o Brasil foi be-
O C
sobre as oligarquias dissidentes. O intervencionismo
neficiado para expandir sua indústria, pois os países
da união na agitação do período determinou o estado
N X exportadores, em especial os europeus, direcionavam
de sítio entre 5 de março e 31 de dezembro de 1914,
sua produção para a guerra, desabastecendo o mer-
como já fizera Prudente de Morais. Seu governo tam-
SI E
cado externo do qual faziam parte as nações agroex-
bém estabeleceu a Lei do Serviço Militar Obrigatório,
portadoras, como o Brasil. Por isso, esse processo é
defendida na época pelo escritor Olavo Bilac, e o início
O
Um dos episódios da Primeira República ainda pou- o quarto abatido por submarinos alemães em ativida-
co estudado teve conotações sociais nítidas, à medida des de comércio com os países da Tríplice Entente.
D E
HISTÓRIA 2
• remodelação da capital federal;
Em 1922, as oligarquias mineira e paulista lançaram
• adoção do lema “governar é abrir estradas”, com
Artur Bernardes candidato, com nova oposição dos re-
o intuito de imprimir um ideário moderno à sua
gimes dissidentes por meio da Reação Republicana,
gestão.
uma coalizão de fluminenses, gaúchos, baianos e per-
nambucanos que lançou Nilo Peçanha à presidência.
O
nentismo, conhecido por os 18 do Forte.
BO O
SC
Tenentismo
M IV
As reivindicações tenentistas tinham orientação políti-
ca difusa, mas reafirmavam o ideal do Exército como res-
O S
ponsável pela salvação nacional, retomando alguns ideais
D LU
dos presidentes da República da Espada. As propostas
do tenentismo estavam muito próximas dos anseios das
classes médias, também alijadas das decisões políticas.
O C
Os tenentes combatiam o suborno, a corrupção, o
voto aberto e a máquina política, representada pelas
N X
políticas dos governadores e do café com leite. Latente
durante toda a década de 1920, o movimento tenen-
SI E
tista culminou na Revolução de 1930. Washington Luís (1869-1957), o último presidente
A Revolta do Forte de Copacabana, ocorrida em da Primeira República.
O
A repressão das tropas federais conseguiu a rendição Paulista resultou na criação do Partido Democrático,
E U
Em 1924, em São Paulo, uma revolução tenentista que, em troca do apoio de suas bancadas, recebiam
esteve sob a liderança de Isidoro Dias Lopes, Miguel atenção especial do governo.
Costa e Juarez Távora; e em 1925, no Rio Grande do Não havia também outras forças políticas capazes
M
Sul, sob o comando de Luís Carlos Prestes. Em ambos de alterar a situação, a não ser a própria oligarquia. A
os casos, a repressão do governo forçou o recuo dos expansão da indústria, do setor terciário e da urbani-
rebeldes, os quais se reuniram em abril de 1925, em zação permitiram o surgimento da classe operária e
Foz do Iguaçu, onde resistiram às forças federais antes o aumento das classes médias, excluídas do sistema
de novamente adotarem táticas de guerrilha. político e prejudicadas pela política de valorização do
café e pelo encarecimento dos produtos nas cidades.
GOVERNO WASHINGTON LUÍS A vigilância e a repressão também difi cultavam
(1926-1930) a organização dos movimentos sociais, em especial
Representante da oligarquia cafeeira de São Paulo, operários, seja expulsando líderes anarquistas do país,
Washington Luís governou o país apoiado pelos minei- seja declarando ilegal o Partido Comunista logo após
ros. São marcos de seu governo: sua fundação.
O
BO O
milhões de sacas.
SC
Washington Luís passou a defender medidas aus-
M IV
teras para equilibrar as finanças. As condições econô-
micas e a crise eleitoral de 1930, fatos que acontece-
O S
ram em sua gestão, encontram-se entre as principais
causas da Revolução de 1930.
D LU
Tarsila do Amaral, por volta de 1925. A artista
plástica foi um dos principais nomes do
Sociedade e revoltas populares modernismo brasileiro.
O C
Os modernistas alimentavam o projeto de redesco-
tes como foi realizada, deixou grande contingente de brir o Brasil por meio da arte. Para tanto, procuravam
N X
trabalhadores negros das lavouras e dos serviços ur-
banos à margem da sociedade.
aliar as mais modernas tendências europeias, como o
cubismo e o surrealismo, com características culturais
SI E
Esse contingente marginalizado, sem acesso à e temas genuinamente brasileiros, incluindo a arte indí-
terra, ao emprego, ao estudo e, portanto, sem opor- gena e as manifestações africanas. Em outras palavras,
O
tunidades, concentrava-se nas cidades, vivendo em buscavam no passado uma tradição cultural brasileira,
ao mesmo tempo em que propunham o modernismo
EN S
das áreas pobres do país, principalmente do interior Nesse sentido, os modernistas consideravam ape-
do Nordeste. nas o barroco colonial como manifestação artística na-
cional; tudo o mais era cópia e reprodução. Segundo
D E
é natural e intrínseco à realidade do Brasil. Confor- do universo do trabalho e tipos físicos brasileiros, mas
mismo, revolta, ignorância e hipocrisia foram fatores não as características regionais.
que contribuíram para alimentar o modus vivendi da
SI AT
A realização da Semana de Arte Moderna de 1922, uma conferência com o tema “A emoção esté-
no Teatro Municipal de São Paulo, representou o tica na arte”, na qual elogiou as obras expostas
evento cultural mais importante de toda a República na Semana de Arte Moderna;
Velha. A reunião de artistas como Anita Malfatti, Oswald • 15 de fevereiro: Oswald de Andrade leu seus
de Andrade, Mário de Andrade, Heitor Villa-Lobos, poemas e Mário de Andrade leu o texto “A
escrava que não é Isaura”. Nesse mesmo dia,
entre outros, inaugurou uma arte genuinamente na-
Ronald de Carvalho leu o poema “Os sapos”,
cional que contestava o estilo oficial praticado até
de Manuel Bandeira;
então no Brasil e restrito à reprodução artística dos
• 17 de fevereiro: Villa-Lobos apresentou músi-
padrões e temas europeus, como ocorrera durante
cas de orquestra com a participação de tam-
todo o século XIX por intermédio dos pintores neo- bores, fato que gerou forte crítica da plateia.
clássicos e românticos.
HISTÓRIA 2
em esfera nacional os trabalhadores rurais, pequenos pro- discurso messiânico, monarquista e contra os novos
prietários, posseiros e empregados viviam em condições impostos da república.
de extrema miséria. Além de precárias condições de vida, Depois de três derrotas sucessivas dos militares, a
fome, doenças, analfabetismo e mortalidade prematura, importância do conflito agigantou-se. Subjugar o
ainda eram submetidos ao controle político dos coronéis. arraial dos “jagunços incultos” passou a ser uma
A república brasileira pouco se preocupava com a questão de honra para o governo federal. A quarta
população rural, a qual sequer possuía identidade de expedição, de caráter retaliatório, teve os militares
cidadão. O forte sentimento religioso que marcava essa gaúchos entre os principais agentes da concreti-
massa de trabalhadores favoreceu a eclosão dos dois zação das palavras pronunciadas pelo presidente
principais movimentos messiânicos da República Velha: Prudente de Morais: “De Canudos não ficará pedra
O
a Guerra de Canudos e a Guerra do Contestado. sobre pedra, para que não mais possa se reproduzir
BO O
aquela cidadela maldita”.
SC
Guerra de Canudos (1893-1897)
M IV
AHLERT, Jacqueline. Degola à gaúcha. Disponível em: <http://
A Guerra de Canudos ocorreu no norte da Bahia. almanaquenilomoraes.blogspot.com/2014/12/degola-gaucha_17.
Foi mais uma revolta ou um movimento de resistência, html>. Acesso em: 19 out. 2018.
O S
caracterizado pela luta pela terra por parte das popula-
ções sertanejas contra o poder dos latifundiários locais.
D LU
Liderada por um pregador messiânico, Antônio Guerra do Contestado (1912-1916)
Conselheiro, a população que reuniu-se em Canudos
Na fronteira entre os estados de Santa Catarina
queria apenas a posse de uma terra que lhe desse
O C
e Paraná, houve outro movimento revolucionário que
trabalho e dignidade. Conselheiro, no entanto, defen-
marcou a República Velha: a disputa pela fronteira entre
dia a monarquia como manifestação divina. Isso foi
N X
interpretado pelo governo como uma possível reação os dois estados e a posse da terra entre os latifundiá-
rios locais e os pequenos proprietários, quase sempre
SI E
à jovem república. O governo das oligarquias, usando o
pretexto de que era preciso garantir a ordem republica- posseiros da região. Ao mesmo tempo, duas empresas
estrangeiras, a Brazil Railway (construtora de estradas
O
haviam se estabelecido na região. Euclides da Cunha, estabeleceram-se na região, ocupando terras dos pe-
como repórter do jornal O Estado de S. Paulo, relatou quenos posseiros.
E U
parte da situação e do massacre no livro Os sertões. Usando a força, as empresas internacionais expul-
Sobre a agressividade do conflito, a historiadora savam pequenos proprietários. A maioria da população
D E
Jacqueline Ahlert comenta: pobre dos vários povoados da região passou a se aglu-
tinar em torno de um pregador, o monge José Maria.
A LD
O sangue dos sertanejos ainda estava fresco nas Misturando o sentimento religioso com o desejo de
lâminas gaúchas enquanto o general Artur Oscar
posse da terra, o movimento tomou um caráter mes-
escrevia a Ordem do Dia de 6 de outubro de 1897,
siânico. Em outubro de 1912, ocorreram os primeiros
EM IA
nas para a quarta e última expedição. Estima-se que as tropas federais, usando aviões (arma nova na vida
mais de 25 000 pessoas morreram em consequência militar brasileira), venceram definitivamente os pos-
de toda a ação bélica – entre soldados do Exército seiros e garantiram as terras aos latifundiários e às
M
nacional (contabilizados em 5 000), “sertanejos”, empresas estrangeiras fixadas na região. Até hoje,
mulheres e crianças. essa guerra carece de maiores estudos. Ao mesmo
O conflito ocorreu durante o conturbado período tempo, ela deixou um rastro de forte consciência de
que sucedeu à queda da monarquia. Corria a pri- luta entre as populações dessas áreas. Na ocasião,
meira década de instalação do regime republicano o governo de Venceslau Brás também punha fim à
quando as unidades do Exército foram chamadas a questão da fronteira entre os estados de Santa Ca-
enfrentar os moradores do Arraial de Canudos, no tarina e Paraná.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
Política
O
Acordo entre os Executivos nacional e federal. As elites locais garantiam a eleição dos candidatos oficiais.
BO O
SC
M IV
Política do café com leite:
O S
São Paulo e Minas Gerais revezavam-se no poder.
D LU
Coronelismo:
O C
Os coronéis, grandes latifundiários regionais, possuíam o monopólio do poder político e econômico nos
N X estados. Determinavam as contratações do serviço público e interferiam nas eleições em virtude da relação
SI E
de dependência a que submetiam a população.
O
EN S
Voto de cabresto:
E U
O voto era aberto, logo, a população via-se forçada a votar nos candidatos exigidos pelos coronéis. Essa
D E
característica assegurava a manutenção das oligarquias no poder e evidencia a fragilidade das instituições
A LD
Economia
O Brasil manteve-se como país exportador de produtos agrícolas, sobretudo o café. Houve também um
ST ER
surto na produção de borracha na Amazônia (auge entre 1910 e 1912) e do cacau na Bahia. A industrialização
Inspirada na reforma urbana de Paris no século anterior, Pereira Passos modernizou o centro da capital. Deter-
minou a abertura de avenidas largas e a construção de edifícios e monumentos que simbolizavam uma cidade
moderna e ilustrada. Por outro lado, a reforma teve caráter de higienismo social. Destruiu cortiços e expulsou
a população marginalizada para as periferias e, dessa forma, agravou a desigualdade e a exclusão sociais.
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
Movimentos sociais
Revolta da Vacina:
Ocorrida no Rio de Janeiro, foi um movimento contra a vacinação compulsória instaurada pelo Congresso
O
BO O
SC
M IV
Guerra de Canudos:
O S
Ocorrida no Sertão da Bahia, foi organizada por trabalhadores rurais que reivindicavam o direito à terra. Lide-
D LU
rada pelo beato Antônio Conselheiro, teve caráter messiânico e monarquista. Resistiu a três intervenções
O C
N X Guerra do Contestado:
SI E
Ocorrida na fronteira entre os estados de Santa Catarina e Paraná, foi um movimento organizado por peque-
O
nos proprietários rurais e liderado por religiosos. Também teve caráter messiânico e reivindicou a posse da
EN S
terra. Foi dizimado pela república, com o apoio das oligarquias estaduais.
E U
D E
Tenentismo:
A LD
Movimento de militares de baixa patente que protestaram contra os baixos salários, as condições precárias
de trabalho e a exclusão na participação política direta. Defendiam a reforma do sistema eleitoral, com o voto
EM IA
secreto, e o fim da estrutura política da República Oligárquica. Preparou o terreno para a Revolução de 1930.
ST ER
Cultura
SI AT
M
Modernismo:
Movimento artístico que articulou atualização estética e nacionalismo cultural. Defendia a apropriação das van-
guardas modernas europeias, que deveriam ser mescladas com traços da cultura brasileira a fim de produzir
uma arte autenticamente nacional. O movimento foi deflagrado na Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida
em São Paulo. Principais nomes: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
O
BO O
3. Uerj-RJ (adaptado) – A partir de meados do século XIX,
SC
a expansão urbana passou a ser guiada por um modelo
M IV
de modernização cujas reformas modificaram profunda-
mente as grandes cidades e a vida de seus habitantes.
No início do século XX, o Brasil, apesar de encontrar-se
O S
em um contexto diverso do europeu, inspirou-se na refor-
Storni. Careta, 19/2/1927. Apud: Renato Lemos (Org.).
D LU
ma efetuada em Paris pelo Barão Haussman. A Reforma
Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2006). Pereira Passos (1902-1906) deu início a um processo de
Rio de Janeiro: Bom Texto, 2006. p. 35. (Adaptado)
transformação do Rio de Janeiro na “Paris dos Trópicos”.
A charge satiriza uma prática eleitoral presente no Brasil Cite dois objetivos da reforma urbana de Pereira Passos
O C
da chamada Primeira República. Tal prática revelava a: e um efeito dessa reforma para o processo de urbani-
a) ignorância, por parte dos eleitores, dos rumos polí- zação da cidade do Rio de Janeiro.
N X
ticos do país, tornando esses eleitores adeptos de
ideologias políticas nazifascistas. Objetivos: construir grandes avenidas e resolver problemas de insalubri-
SI E
b) ausência de autonomia dos eleitores e sua fidelida-
de forçada a alguns políticos, as quais limitavam o dade na cidade, resolvendo também deficiências de infraestrutura e, ao
O
tude do monopólio que os coronéis detinham do poder econômico Beira Mar (os nossos Campos Elíseos), estátuas em toda a
local, a população ficava politicamente subordinada a eles, dadas parte, cafés e confeitarias […], um assassinato por dia, um
as relações de dependência econômica. Dessa maneira, as elites
locais asseguravam as eleições dos governantes que manteriam escândalo por semana, cartomantes, médiuns, automóveis,
seus privilégios e a estrutura política excludente, característica autobus, autores dramáticos, grandmonde, demi-monde, enfim,
SI AT
que comprova a fragilidade da democracia brasileira durante a todos os apetrechos das grandes capitais.”
Primeira República.
“O chat noir”, em Fon-Fon!, n. 41, 1907. Extraído de: <www.objdigi-
2. Uece-CE – No contexto da Primeira República, emergiu tal.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon1907>.
o movimento tenentista. No que diz respeito a esse
M
movimento, pode-se afirmar corretamente que: A partir do excerto, que se refere ao período da belle
époque no Brasil, no início do século XX, é correto afir-
a) foi um movimento político-militar que ganhou o apoio
mar que:
dos setores de alta patente do Exército e eclodiu
apenas na capital federal. a) o Rio de Janeiro procurava apagar aspectos da época
b) foi um movimento basicamente integrado por oficiais do império e impulsionar a cultura francesa, renegada
de baixa patente, que trouxe à superfície a revolta da por D. Pedro II.
corporação contra os baixos salários e as precárias b) a cidade expressava as contradições de um processo
condições de trabalho. de transformações urbanas, sociais e políticas nas
c) assumiu uma conotação social explicitamente primeiras décadas da república.
favorável à democracia liberal e bem condizente c) os costumes franceses eram elementos incorpora-
com ações democráticas no âmbito da corporação dos pela sociedade carioca como sinônimo da mo-
militar. dernização republicana obtida pelo tenentismo.
d) a modernização representou um processo de ex- c) exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justi-
HISTÓRIA 2
clusão social e cultural, patrocinado pelo governo ficavam a adaptação da estética europeia à realidade
francês, que financiava obras públicas e impunha os brasileira.
produtos franceses à população brasileira. d) impacto de novas linguagens estéticas, que altera-
Em tom humorístico, o texto descreve o Rio de Janeiro no contex- vam o conceito de arte e abasteciam a busca por
to da reforma civilizatória de Pereira Passos como uma cidade que uma produção artística nacional.
conjuga avenidas, estátuas e cafés à moda parisiense com crimes,
assassinatos, escândalos e cartomantes (expressão da superstição, e) influência dos movimentos artísticos europeus de
contrária à racionalidade moderna). Ou seja, denuncia as contradições vanguarda, que levava os modernistas a copiarem
e as desigualdades que escondiam-se por trás das inovações urbanas. suas técnicas e temáticas.
5. Enem C1-H1 Os textos I e II deixam claro o impacto da nova linguagem estética
empregada por Anita Malfatti, a qual pode ser identificada na pintura
Texto I O homem amarelo (texto III). No texto I, Monteiro Lobato, dotado de
uma concepção de arte realista e ligado ao academicismo, indigna-se
“Embora eles, artistas modernos, se deem como novos contra as inovações de Malfatti e as vanguardas europeias em cur-
O
precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte so naquele momento. No texto II, o modernista Oswald de Andrade
BO O
anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras propõe uma redefinição do conceito de arte, no qual a pintura deve
se distanciar do naturalismo, que passa a ser tido como sinônimo de
SC
em seus tratados, documentando-se nos inúmeros de-
ilusão e falseamento da realidade.
M IV
senhos que ornam as paredes internas dos manicômios.
Competência: Compreender os elementos culturais que constituem
Essas considerações são provocadas pela exposição da as identidades.
Sra. Malfatti. Sejam sinceros: futurismo, cubismo, impres- Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes
O S
sionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos documentais acerca de aspectos da cultura.
da arte caricatural.”
D LU
LOBATO, Monteiro. Paranoia ou mistificação: a propósito da 6. Unicamp-SP – Sobre a reforma urbana do Rio de Ja-
exposição de Anita Malfatti. O Estado de S. Paulo, 20 dez. 1917. neiro, ocorrida entre fins do século XIX e início do XX,
(Adaptado) o literato Lima Barreto comentou:
O C
Texto II “De uma hora para outra, a antiga cidade desapareceu e
outra surgiu como se fosse obtida por uma mutação de
N X
“Anita Malfatti, possuidora de uma alta consciência do que
faz, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cin- teatro. Havia mesmo na coisa muito de cenografia.”
SI E
quenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais con- Lima Barreto. Os bruzundangas. In: Obras de Lima Barreto. São
trariantes hostilidades. As suas telas chocam o preconceito Paulo: Brasiliense, 1956. p. 6.
fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nos- a) Cite uma atividade política e uma econômica que
O
sas exposições de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é sustentaram a importância da cidade do Rio de Ja-
o que todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são neiro nesse período.
EN S
os que melhor conseguem iludir.” Politicamente, o Rio de Janeiro era uma das mais importantes cidades
E U
tudo por meio do Porto do Rio de Janeiro que a cidade adquiria impor-
INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS/USP, SÃO PAULO
A LD
tância central, uma vez que este era um dos principais portos para a
lação pobre que ali habitava para regiões mais distantes da cidade.
do pelo prefeito de Paris, o barão de Haussmann. Para isso, procurava-se excluir a pobreza do centro da capital para que esta pudesse ser vendida
esconder as mazelas sociais decorrentes do passado colonial brasileiro, ao mundo como uma cidade moderna, racional e civilizada.
O
BO O
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
SC
M IV
7. PUC-RS – Associe os nomes dos presidentes do Brasil c) 2 – 3 – 2 – 4 – 1.
O S
durante a República Velha (coluna 1) às principais ca- d) 4 – 2 – 3 – 1 – 4.
racterísticas de seus respectivos governos (coluna 2).
e) 4 – 2 – 1 – 3 – 4.
D LU
Coluna 1
8. Ufal-AL (adaptado)
1. Campos Sales.
Revolta da Vacina.
( ) Militar, derrotou o baiano Rui Barbosa durante a
campanha eleitoral que o elegeu. Em seu gover-
D E
café com leite, na qual os dois principais estados A figura representa um aspecto da República Velha bra-
da federação, São Paulo (café) e Minas Gerais sileira, mais especificamente a República Oligárquica.
(leite) revezavam-se na presidência da república. A crítica presente na figura remete:
ST ER
tenentista; por isso, governou o país em estado república como forma de evitar a volta da monarquia.
de sítio por vários anos. No plano econômico, foi c) ao uso do poder militar pelos dois principais estados
responsável por uma política que procurou nacio- brasileiros na solução de disputas regionais.
nalizar os recursos naturais do país, controlando d) à política do café com leite, quando as oligarquias
M
do delírio, tornando-o capaz de fazer vibrar a nota étnica dos b) pregou, entre outras medidas, o voto secreto, a in-
HISTÓRIA 2
instintos guerreiros, atávicos, mal extintos ou apenas sofrea- dependência do Poder Judiciário e um Estado mais
dos no meio social híbrido dos nossos sertões, de que o lou- centralizado no governo federal.
co como os contagiados são fiéis e legítimas criações. Ali se c) caracterizou-se pela formação de Colunas, como a
achavam de fato, admiravelmente realizadas, todas as condi- Coluna Prestes, agrupamentos militares rebeldes
ções para uma constituição epidêmica de loucura.” que atravessaram o país procurando mobilizar a po-
RODRIGUES, Nina. As coletividades anormais, 2006. pulação contra o governo federal.
VI. d) opôs-se à Aliança Liberal e à Revolução de 30, pois a
Ergueu-se contra a república maioria de seus integrantes via, em Getúlio Vargas e
no grupo que ascendeu ao poder com ele, a continui-
O bandido mais cruel dade dos mesmos vícios políticos do regime anterior.
Iludindo um grande povo e) teve, como principais líderes: Eduardo Gomes, um
Com a doutrina infiel dos heróis da Revolta dos 18 do Forte de Copacaba-
O
Seu nome era Antônio na; Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, comandantes
BO O
da famosa Coluna Miguel Costa-Prestes.
Vicente Mendes Maciel
SC
[...] 11. Unesp-SP
M IV
Os homens mais perversos “Em 1924, uma caravana formada por Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta franco-
De instinto desordeiro
O S
-suíço Blaise Cendrars, entre outros, percorreu as cidades
Desertor, ladrão de cavalo históricas mineiras e acabou entrando para os anais do
D LU
Criminoso e feiticeiro modernismo. O movimento deflagrado em 1922 estava se
Vieram engrossar as tropas reconfigurando.”
Do fanático Conselheiro MARQUES, Ivan. Trem da modernidade. Revista de História da
O C
SILVA, João Melchíades Ferreira da. Apud Mark Curran. Biblioteca Nacional, fev. 2012. (Adaptado)
História do Brasil em cordel, 1998.
Entre as características da “reconfiguração” do moder-
N X
Acerca das leituras que os textos fazem de Canudos, nismo, citada no texto, podemos incluir:
SI E
é correto afirmar que: a) a politização do movimento, o resgate de princípios
a) I pondera sobre a necessidade de se compreender a estéticos do parnasianismo e o indigenismo.
Guerra de Canudos no contexto das rebeliões contra
O
II mostra o líder Antônio Conselheiro como um im- princípios messiânicos, surgiu da associação de diferentes
portante articulador político, vinculado aos mais fatores, tanto socioeconômicos quanto religiosos e cultu-
importantes oligarcas baianos, os chamados coronéis.
ST ER
ca, por parte do poder público, sobre as motivações eles a pregação de Antônio Conselheiro em prol do:
dos rebeldes de Canudos; II critica os moradores do a) ultramontanismo, movimento da ortodoxia católica que
Arraial de Canudos pela violência gratuita contra as pregava a moralização do clero e da sociedade brasileira.
forças legais, que estavam preocupadas em oferecer
aos sertanejos a entrada no mundo da civilização. b) positivismo, que consistia na noção de que a “or-
dem” conduz ao “progresso”, lema estampado na
10. PUC-RS – O movimento tenentista foi um dos princi- bandeira do Brasil.
pais fatores de desestabilização da República Velha. c) tenentismo, movimento organizado por oficiais rebel-
Sobre esse movimento, é incorreto afirmar que: des de baixa patente, descontentes com os rumos
a) foi provocado pelo descontentamento da baixa oficia- tomados pela república no Brasil.
lidade do Exército com suas condições de trabalho d) sebastianismo, que consistia na crença popular de
e com o sistema político do período, baseado no que um rei místico, identificado aqui com a figura de
controle do poder pelas elites agrárias do país. D. Pedro II, voltaria para salvar o Brasil.
O
empresários.
BO O
SC
15. Fatec-SP
M IV
“É tempo de tornarmos ao caminho certo. E nos esforçar-
mos para importar tudo quanto eles possam produzir em
O S
melhores condições do que nós”.
Declaração de Manuel Ferraz de Campos Sales. ln: MELO, L.;
D LU
CÉSAR, L. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1999.
(O Pirralho, 23/5/1914)
Sobre o governo de Campos Sales, é correto afirmar:
O Pirralho foi uma revista satírica publicada em São Pau-
O C
a) idealizou o sistema de alianças entre os governa-
lo entre 1911 e 1917. As charges dessa revista tinham
nítido conteúdo político, além de estarem sempre sinto- dores dos estados e o governo federal, que con-
N X
nizadas com os acontecimentos do momento histórico.
A charge acima, por exemplo, refere-se à:
sistia, basicamente, em uma troca de interesses
e favores e que ficou conhecido como política dos
SI E
governadores.
a) dominação dos mercados consumidores dos países
americanos pela economia industrial da Inglaterra. b) foi organizado o Convênio de Taubaté, cuja finalidade
O
b) imposição da democracia, pelo governo norte-ame- era encontrar solução para a crise da superprodução
ricano, aos países do continente dominados por di- do café.
EN S
taduras militares.
c) sua intenção era tornar o Brasil um país industrializa-
c) crescente intervenção do governo norte-americano do, uma vez que a agricultura estava levando o país
E U
d) iminente entrada dos Estados Unidos na Primeira como objetivo transformar a cidade do Rio de Janeiro
na “capital do progresso”.
A LD
“É de lá [dos estados] que se governa a república, por cima “Para dizerem milho dizem mio
das multidões que tumultuam, agitadas, nas ruas da capital Para melhor dizem mió
da União. A política dos estados [...] é a política nacional.”
Para pior pió
SALES, Manoel Ferraz Campos. Da propaganda à presidência, 1908.
SI AT
configuração oligárquica.
“Vício na fala”, de 1925, é um dos mais conhecidos
Assinale a opção que resume o funcionamento daquela registros poéticos do modernismo. Entre as caracte-
política: rísticas do movimento que ele apresenta, podemos
a) Pela Constituição republicana de 1891, as pessoas identificar a:
de baixa renda não tinham direito de voto, sendo,
portanto, o Congresso Nacional composto somente a) rejeição do eruditismo e do engajamento político.
por membros das elites e dos sindicatos oficiais. b) defesa da norma culta e do academicismo.
b) A inacessibilidade das camadas populares aos pou-
cos serviços públicos tornava-as dependentes dos c) valorização da língua falada e do coloquialismo.
chefes locais para o atendimento de suas necessida- d) celebração da vida rural e da modernidade.
des básicas, destituindo-as, na prática, da cidadania
e, portanto, do exercício do voto. e) crítica às políticas públicas na educação e na saúde.
17. UFRJ-RJ
HISTÓRIA 2
“A revolta deixou entre os participantes um forte senti-
mento de autoestima, indispensável para formar um cida-
dão. Um repórter de A Tribuna ouviu de um negro aca-
poeirado frases que atestam esse sentimento. Chamando
sintomaticamente o jornalista de cidadão, o negro afirmou
que a sublevação se fizera para ‘não andarem dizendo que
o povo é carneiro’. O importante – acrescentou – era ‘mos-
trar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo’.”
CARVALHO, José Murilo de. Abaixo à vacina. In: Revista Nossa
História, ano 2, n. 13, nov. 2004, p. 73-79.
O
considerada a principal revolta popular urbana da Pri-
BO O
meira República (1889-1930).
SC
a) Cite e explique dois motivos geradores de insatisfa-
M IV
b) Identifique dois movimentos populares na área rural,
ções que levaram a população da cidade do Rio de
Janeiro a rebelar-se em 1904. à época da Primeira República.
O S
D LU
O C
N X ESTUDO PARA O ENEM
SI E
18. Enem C1-H1 O movimento originado da obra Abaporu pretendia se
apropriar:
O
Texto I
a) da cultura europeia, para originar algo brasileiro.
b) da arte clássica, para copiar o seu ideal de beleza.
EN S © TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS
identidade.
A LD
Texto II
“Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de
Charge capa da revista O Malho, de 1904.
aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade.
Pintou o Abaporu. Eles acharam que parecia uma figura
indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário A imagem representa as manifestações nas ruas
tupi-guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do
que significa 'homem que come carne humana, o antro- século XX, que integraram a Revolta da Vacina. Con-
pófago'. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e siderando o contexto político-social da época, essa
fundaram o Movimento Antropofágico.” revolta revela:
Disponível em: <www.tarsiladoamaral.com.br>. a) a insatisfação da população com os benefícios de
Acesso em: 4 ago. 2012. (Adaptado) uma modernização urbana autoritária.
b) a consciência da população pobre sobre a necessi- um sistema político nacional, com base em barganhas en-
HISTÓRIA 2
dade de vacinação para a erradicação das epidemias. tre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos
c) a garantia do processo democrático instaurado com cargos públicos, desde o delegado de polícia até a profes-
a república através da defesa da liberdade de expres- sora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo,
são da população. sobretudo na forma de voto.”
d) o planejamento do governo republicano na área de CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política.
saúde, que abrangia a população em geral. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1998. (Adaptado)
e) o apoio ao governo republicano pela atitude de va- No contexto da Primeira República no Brasil, as relações
cinar toda a população em vez de privilegiar a elite. políticas descritas baseavam-se na:
a) coação das milícias locais.
20. Enem C3-H11
b) estagnação da dinâmica urbana.
“O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças
c) valorização do proselitismo partidário.
O
entre os proprietários rurais e o governo, e significava o
d) disseminação de práticas clientelistas.
BO O
fortalecimento do poder do Estado antes que o predomí-
SC
nio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, e) centralização de decisões administrativas.
M IV
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A LD
EM IA
ST ER
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21
HISTÓRIA 2
ROMPIMENTO DA OLIGARQUIA
O
BO O
SC
A Primeira República ficou marcada pelo controle do processo político e eleitoral • Crise dos governos
M IV
por parte das elites do café, as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, que possuíam oligárquicos
a maior relevância econômica e, por meio de uma aliança, tomavam conta da cadeira • De volta os tenentes
O S
presidencial. O período durou até 1930, quando diversos motivos levaram à queda • Sociedade em transformação
desses governos oligárquicos e culminou na Revolução de 1930, cujo grande nome • Movimento operário no Brasil
D LU
a ser evidenciado é Getúlio Vargas. O rompimento dos governos oligárquicos ocorreu • Auge da crise do governo
em virtude da crise financeira, que afetou o negócio do café e, consequentemente, oligárquico
O C
as elites ligadas a ele, além de revoltas contra o sistema político vigente. Entre as • Revolução de 1930
principais movimentações estão o tenentismo e a Coluna Prestes, na qual Luís Carlos
N X Prestes foi uma figura central. Por fim, a aliança entre paulistas e mineiros sofreu HABILIDADES
• Interpretar historicamente
SI E
uma ruptura, o que potencializou a revolução que estava por vir.
e/ou geograficamente
fontes documentais acerca
O
ACERVO LUIZ SANTOS JR
de aspectos da cultura.
• Analisar a atuação dos mo-
EN S
rupturas em processos de
disputa pelo poder.
D E
• Compreender a produção
e o papel histórico das
A LD
histórico-geográfica acerca
das instituições sociais,
políticas e econômicas.
M
Diante da grave crise estrutural (econômica, social, política, ideológica e cultural) que aba-
lava a república no início dos anos 1920 – a crise do “pacto oligárquico” estabelecido entre
HISTÓRIA 2
O
generalizado de liquidação da fraude eleitoral então em vigor. O que distinguia os “tenentes” das
BO O
oligarquias dissidentes e dava ao seu liberalismo um caráter radical era a disposição de recorrer às
SC
armas na luta por tais objetivos.
M IV
PRESTES, Anita Leocádia. Uma epopeia brasileira: a Coluna Prestes.
São Paulo: Moderna, 1995.
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Coluna Prestes (1922-1927)
D LU
50° O
GUIANA
VENEZUELA
GUIANA FRANCESA
COLÔMBIA SURINAME
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N X EQUADOR
0°
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BOLÍVIA
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Santa Cruz MS MG
PACÍFICO de la Sierra ES OCEANO
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Dourados ATLÂNTICO
SP
RJ
Trópico de Capricórnio Ponta Porã
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PARAGUAI
PR
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SC
RS
ARGENTINA Santo Ângelo
São Luiz Gonzaga
Alegrete
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URUGUAI
N Escala aproximada
Trajeto da Coluna Prestes NO NE
1: 42 000 000
Marcha dos rebeldes paulistas O L
0 420 840 km
M
A Coluna Prestes percorreu cerca de 25 mil quilômetros sem vencer nem ser vencida pelo governo que combatia.
Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: Fename, 1977. (Adaptado).
Luís Carlos Prestes foi uma das figuras públicas mais • burguesia comercial: formada por exportado-
polêmicas, complexas e fascinantes da história políti- res e importadores e dependente das duas ca-
HISTÓRIA 2
ca brasileira. Durante sua longa trajetória, colecionou madas anteriores;
admiradores e detratores. Para os primeiros, foi um • camada média: formada por pequenos produ-
líder heroico, que dedicou a vida à luta por um país tores, comerciantes e profissionais liberais que
melhor. Para os adversários conservadores, não pas- viviam do próprio negócio;
sava de um traidor da pátria, inimigo do Brasil. No • assalariados rurais: constituídos por trabalha-
início, quando despontou na cena política, Prestes ti- dores imigrantes italianos, portugueses e espa-
nha, assim como os outros militares rebeldes da sua nhóis. Trabalhavam sem qualquer lei de proteção
geração, ideais moderados. Mas sua incursão pelo in- ao trabalho, ficando, portanto, à mercê da aristo-
terior do Brasil, à frente da Coluna Prestes, e a desco- cracia rural, já que, isolados no interior das unida-
berta da situação miserável em que vivia a maioria do des produtivas, não possuíam condição alguma
povo o levaram a adotar posturas mais radicais. [...]
O
de organização de classe;
BO O
Em outubro de 1924, já como capitão, levou o Batalhão
• massa camponesa: compunha-se de uma enor-
SC
Ferroviário de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, a
me massa de pequenos agricultores que produ-
M IV
aderir ao levante iniciado meses antes em São Paulo.
ziam para a subsistência familiar, como os assala-
Impossibilitados de manter domínio sobre a capital do
riados rurais. Era dependente da aristocracia rural,
estado, os revolucionários paulistas recuaram rumo ao
O S
não possuindo qualquer organização de classe;
interior, até o oeste do Paraná. Ali se encontraram com
• operariado urbano: constituído por trabalhadores
D LU
Prestes e sua tropa, decidindo que o combate contra
imigrantes. Crescia à medida que o país se industria-
as forças legalistas iria continuar. Começava, assim, a
lizava, transformando-se em uma massa de pressão
marcha que os levaria a cruzar boa parte do interior
às elites dominantes, enquanto o país avançava no
O C
do país. Em 1927 entraram na Bolívia em busca de
asilo. A imprensa batizou o pequeno exército rebelde desenvolvimento de suas forças produtivas.
N X
de Coluna Prestes – no início, também chamada
Miguel Costa-Prestes –, exaltando a figura do jovem MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL
SI E
capitão, atribuindo-lhe a alcunha que o acompanharia O desenvolvimento do movimento operário no Brasil
por décadas: “Cavaleiro da Esperança”. está intimamente ligado ao processo de imigração, ini-
O
MOTTA, Rodrigo Pato Sá. O cavaleiro e o mito. Revista de História da ciado nas últimas décadas da monarquia. É significativo
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, p. 76-80, 16 jan. 2007. o papel desenvolvido pelos operários imigrantes italianos,
EN S
Uma das poucas fotografias do grupo que caminhou pelo Brasil em nome
de seus ideais. Liderada por Luís Carlos Prestes, a Coluna Prestes esteve
Operários (1933), de Tarsila do Amaral. Óleo sobre tela, 150 cm × 205 cm.
presente em diversos períodos da política brasileira.
Nessa pintura, Tarsila retrata a diversidade étnica que formava a classe dos
trabalhadores. Engajada em movimentos de esquerda, a artista representava
M
SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO em suas obras a realidade dos menos favorecidos na sociedade brasileira.
A sociedade brasileira das duas primeiras décadas No Brasil, os anarquistas eram ligados ao anarcos-
do século XX era formada pelas seguintes camadas: sindicalismo e defendiam a organização dos operários
• aristocracia rural: detentora de terras, imple- em sindicatos fortes para fazer pressão junto ao Estado
mentos agrícolas e/ou rebanhos. Controlava a e às elites dominantes.
maior parte da produção nacional, já que o país O anarquismo condenava toda e qualquer forma de
era essencialmente agrário; centralização política ou de classe e defendia a deses-
• burguesia industrial: constituía-se na classe truturação do sistema capitalista por meio do desmonte
emergente, muitas vezes oriunda da própria aris- do Estado burguês (sistema eleitoral, instituições polí-
tocracia rural, e fortalecia-se à medida que o país ticas, propriedade privada etc.). Em seu lugar, deveria
avançava na industrialização; ser construída uma sociedade que se autogerenciasse.
Em 1917, trabalhadores de São Paulo promoveram uma A união nacional deveria estar acima de qualquer an-
série de greves, culminando com a manifestação de re- seio e liberdade pessoal. Somente um Estado forte seria
HISTÓRIA 2
volta pela morte do militante anarquista Antônio Martinez. capaz de garantir o desenvolvimento nacional, mesmo que
Alguns acontecimentos mundiais repercutiam no Bra- apoiado no racismo, na força e na centralização política.
sil, como a Revolução Russa de 1917, que implantou um Em 1922, Benito Mussolini assumiu o poder fascista na
governo socialista de características centralizadoras, “a Itália e, em 1933, Adolf Hitler, na Alemanha. Mesmo na-
ditadura do proletariado”. Isso ia contra a filosofia anarcos- ções ditas democráticas e liberais também passavam por
sindicalista, que pregava o fim do Estado. Mas, ao mesmo crises. França e Inglaterra perdiam suas hegemonias mun-
tempo, refletia certo resultado da luta operária na Rússia. diais e os Estados Unidos tiveram uma rápida ascensão
O avanço do socialismo em várias regiões da Europa no cenário internacional. O crescimento descontrolado da
fez com que, no Brasil, os operários fizessem reivindi- década de 1920, porém, levou o país a sofrer sucessivas
crises econômicas, as quais culminaram, em 1929-1930,
cações, o que levou as elites a tomar consciência do
na quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
O
risco que corriam ao continuar a violenta situação de
BO O
exploração dos trabalhadores, os quais eram despro-
M IV
Assim, em 1918 a Câmara dos Deputados criou
a Comissão de Legislação Social com a finalidade de
O S
apresentar um conjunto de leis trabalhistas de proteção
ao trabalhador, porém, dentro dos limites aceitáveis
D LU
pelas classes dominantes. Entre os direitos a serem
concedidos, estavam a regulamentação da carga horá-
ria de trabalho, o direito de férias e a proteção contra
O C
acidentes de trabalho.
N X
Para os anarquistas, as propostas da Câmara não
significavam direitos conquistados, e sim concedidos
SI E
por um Estado burguês, que viria exercer o controle
sobre os trabalhadores. Ao mesmo tempo, outra ala
O
reformulação da estrutura política. Isolado e sem con- tuais da Semana de Arte Moderna de 1922; e a nova
seguir a adesão popular, o movimento acabou dissolvi- elite brasileira, ligada à industrialização.
do quando os principais líderes se exilaram em países
M
Os arranjos políticos tornavam-se cada vez mais con- com o resultado, líderes da Aliança Liberal articula-
flitantes. No Rio Grande do Sul, criadores de gado e pro- ram-se com o apoio dos setores mais jovens das
HISTÓRIA 2
dutores de arroz contestavam a política do governo fede- oligarquias e dos tenentes. Temia-se uma convulsão
ral. O mesmo faziam os grandes produtores de algodão, social no país e, sobretudo, que a massa urbana,
açúcar, fumo e cacau do Nordeste. Washington Luís, do crescendo em prestígio e poder, desse outro rumo
Partido Republicano Paulista (PRP), quebrou o pacto do aos acontecimentos.
café com leite ao indicar como sucessor o também pau- O assassinato de João Pessoa, em um crime pas-
lista Júlio Prestes. Antônio Carlos, governador de Minas sional e sem objetivos políticos, no Recife, repercutiu
Gerais, juntou-se a Getúlio Vargas, então governador do violentamente no país. Em 3 de outubro de 1930, tro-
Rio Grande do Sul. O gaúcho seria lançado candidato a pas gaúchas rebelaram-se e receberam a adesão dos
presidente e, depois da influência decisiva de Epitácio estados do Sul, de Minas Gerais e do Nordeste. Os
Pessoa, João Pessoa integrou a chapa como vice. Estava oligarcas corriam sério risco político e Washington Luís
O
formada a Aliança Liberal. via-se forçado a renunciar. Após um avanço violento
BO O
da revolução a partir do Rio Grande do Sul e de Minas
SC
THE PICTURE ART COLLECTION / ALAMY STOCK PHOTO
Gerais em direção ao Rio de Janeiro, uma junta pacifi-
M IV
cadora formada por militares assumiu o poder. Diante
do apoio dado a Vargas pelos tenentes e por setores
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civis da sociedade, a junta entregou o poder a Getúlio
Vargas em caráter provisório.
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KEYSTONE-FRANCE/CONTRIBUTOR/GETTY IMAGES
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Getúlio Vargas sendo celebrado por seus apoiadores em seu caminho até
o Rio de Janeiro para tomar o poder, em novembro de 1930.
D E
Cartaz da Aliança Liberal, com Getúlio Vargas presidente e João Pessoa, vice.
cabeçado pelos tenentes que tomou os quartéis de
O programa da Aliança Liberal refletia os anseios todo o país, até com certa facilidade. Ao percebe-
das aristocracias regionais não ligadas ao núcleo cafeei- rem que a revolução havia sido vitoriosa, os gene-
SI AT
ro, da ascendente burguesia industrial e das camadas rais Tasso Fragoso (1869-1945), João de Deus Mena
organizadas de operários. Assim, o programa propunha: Barreto (1874-1933) e o almirante Isaías de Noronha
• reorganização da economia nacional, com diver- (1874-1963) depuseram Washington Luís e instala-
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ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
ROMPIMENTO DA OLIGARQUIA
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Tenentismo
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O movimento tenentista era liderado por jovens de baixa patente, entre tenentes e capitães. Defendia o voto secreto, reformas políticas e
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Questão trabalhista
EN S
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Em 1917, os trabalhadores de São Paulo promoveram uma série de greves. Em 1922, uma ala de socialistas, ligada à Revolução Bolchevique,
A indicação de Júlio Prestes, que ganhou a eleição, rompeu a política do café com leite, ao mesmo tempo em que o país sofria os efeitos da
SI AT
Crise de 1929.
M
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
1. Unicamp-SP na história do Brasil: o operariado. A princípio imperceptí-
“Na repressão à greve de 1917, em São Paulo, o Comitê de vel, o operariado como categoria social ganhou corpo nas
Defesa dos Direitos do Homem do Rio de Janeiro denun- duas primeiras décadas do presente século.”
ciou: Todos os componentes do Comitê de Defesa Proletá- KOSHIBA, p. 286.
ria e os membros mais ativos dos sindicatos, das ligas, dos
Considerando o texto acima e os conhecimentos sobre
centros e dos periódicos libertários foram agarrados e en-
o assunto:
carcerados. As oficinas em que se fazia o semanário A Plebe
foram invadidas, tendo sido o seu diretor preso. Para muitos a) Analise duas condições que favoreceram a formação
presos, foi preparada a expulsão do território nacional.” do operariado no Brasil.
PINHEIRO, Paulo Sérgio; HALL, Michael. A classe operária no Brasil Duas condições que favoreceram a formação do operariado foram o sur-
(1889-1930): documentos. São Paulo: Brasiliense, 1981.
O
v. II. p. 265-266. (Adaptado)
gimento de empresas e a imigração para o Brasil.
BO O
a) Qual foi a importância da greve de 1917 em São Paulo?
SC
A greve de 1917 em São Paulo caracterizou-se como o movimento operário
M IV
de maior relevância durante a Primeira República (República Velha), obten-
b) Estabeleça a comparação entre o ponto de vista do
anarquismo e do socialismo quanto ao papel do sin-
O S
dicato e do Estado na atuação do operariado.
do resultados reais, como o aumento de salários.
D LU
Os anarquistas buscavam formar uma sociedade sem a presença do Estado,
sendo o sindicato a única organização capaz de lutar pelo direito dos traba-
O C
b) A partir do texto, identifique as formas de repressão
adotadas pelo governo de São Paulo contra a greve lhadores. Os socialistas, por outro lado, consideravam que o Estado deveria
N Xde 1917.
De acordo com o texto, as formas de repressão adotadas pelo governo atuar junto aos sindicatos para atender os interesses dos trabalhadores.
SI E
de São Paulo contra a greve de 1917 foram o encarceramento em massa
O
“Afinal, é justamente nos anos 20 que a decepção quanto à republicana brasileira, que passou a ser dividida, a partir
possibilidade de a república realizar o ideal de uma sociedade de então, entre República Velha e República Nova. So-
nova torna-se absolutamente explosiva. Particularmente para bre esse episódio, leia e analise as afirmativas abaixo:
os intelectuais, a década de 1920 será de questionamentos iné- I. Denomina-se Revolução de 1930 o movimento ar-
ditos até então e que permanecem em pauta pelas próximas mado que depôs o então presidente da República
décadas. Não apenas concepções tradicionais são atacadas, Washington Luiz Pereira de Souza, pouco antes do
mas também as instituições republicanas – identificadas com término do seu mandato.
uma legalidade que não tem correspondência no real [...]”. II. Getúlio Vargas não tomou parte nesse movimento,
assumindo uma postura legalista e democrática que
LAHUERTA, Milton. Os intelectuais e os anos 20: moderno, mo-
dernista, modernização. In: DE LORENZO, Helena Carvalho;
marcaria sua história política.
COSTA, Wilma Peres da. A década de 1920 e as origens do Brasil III. O objetivo principal desse movimento era impedir a
moderno. São Paulo: Ed. da Unesp, 1997. p. 93. posse de Júlio Prestes, que havia derrotado a chapa
O
Os questionamentos e críticas contextualizados pelo de Getúlio Vargas e João Pessoa nas eleições presi-
denciais de março de 1930.
BO O
autor para se referir à década de 1920 indicam que a
SC
Semana de Arte Moderna foi: IV. Os protagonistas desse episódio esforçaram-se
por ampliar o significado da revolução, investindo
M IV
a) um movimento de afirmação das propostas políti-
na ideia de República Nova como ruptura em relação
cas conservadoras que levaram à consolidação da
à República Velha, e associando o regime instalado
república brasileira.
O S
em 1930 à ideia de Brasil moderno.
b) um movimento de curta duração no que se refere
V. A Revolução de 1930 marcou a história republicana
à influência na produção musical, literária e na arte
D LU
brasileira ao romper com o controle oligárquico do
pictórica, que buscava retratar os costumes e lingua-
poder político e inaugurar uma longa fase de go-
gens do povo brasileiro.
verno democrático somente rompida com o golpe
c) um movimento que, combinando as tendências artísti- de 1964.
O C
cas mundiais com as raízes culturais brasileiras, atacava,
inclusive, as mazelas do regime republicano brasileiro. Assinale a alternativa correta em relação às afirmativas:
N X
d) um movimento marcado por mudanças culturais im-
portantes para a elaboração de uma arte condizente
a) Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
SI E
com o academicismo tão apreciado pela elite brasileira.
c) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
e) um movimento de valorização de expressões cul-
turais inovadoras e, ao mesmo tempo, refratário às d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
O
A Semana de Arte Moderna foi inovadora em diversos aspectos, não Vargas para a presidência da república, interviu para que a chapa vencedora
apenas o artístico, sendo a arte também uma crítica à política e à so- não tomasse posse. Defendia o fim do controle das oligarquias em relação ao
ciedade da Primeira República. processo eleitoral e o estabelecimento de uma República Nova. Vargas encabe-
E U
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
A LD
7. PUC-PR – O período da chamada República Velha contou 8. Unesp-SP – A Coluna Prestes, que percorreu cerca de
com uma série de revoltas, pois o governo agia com 25 mil quilômetros no interior do Brasil entre 1924 e
autoritarismo para lidar com a insatisfação popular diante 1927, associa-se:
do domínio econômico e político das oligarquias. O tre- a) ao florianismo, do qual se originou, e ao repúdio às
EM IA
“Todo o Brasil, de norte a sul, ardentemente deseja, no c) ao movimento tenentista, do qual foi oriunda, e à
íntimo de sua consciência, a vitória dos revolucionários, tentativa de derrubar o presidente Artur Bernardes.
porque eles lutam por amor do Brasil, porque eles querem
d) à crítica ao caráter oligárquico da Primeira Re-
SI AT
que o voto do povo seja secreto, que a vontade soberana pública e ao apoio à candidatura presidencial de
do povo seja uma verdade respeitada nas urnas, porque Getúlio Vargas.
eles querem que sejam confiscadas as grandes fortunas
e) ao esforço de implantação de um regime militar
feitas por membros do governo à custa dos dinheiros do e à primeira mobilização política de massas na
M
Brasil, porque eles querem que os governos tratem menos história brasileira.
da politicagem e cuidem mais do auxílio ao povo laborioso
que, numa mescla sublime de brasileiros e estrangeiros, 9. FGV-SP
irmanados por um mesmo ideal, vive trabalhando hones- “A Revolução de 1930 põe fim à hegemonia da burguesia do
tamente pela grandeza do Brasil.” café, desenlace inscrito na própria forma de inserção do Bra-
Cap. Luís Carlos Prestes, 29 de outubro de 1924. sil no sistema capitalista internacional. Sem ser um produto
Marque a alternativa que contempla o nome correto mecânico da dependência externa, o episódio revolucioná-
desse movimento revolucionário: rio expressa a necessidade de reajustar a estrutura do país,
cujo funcionamento, voltado essencialmente para um único
a) Tenentismo. d) Socialismo.
gênero de exportação, se torna cada vez mais precário.”
b) Integralismo. e) Anarquismo. FAUSTO, B. A Revolução de 1930. São Paulo:
c) Modernismo. Brasiliense, 1987. p. 112.
A respeito da Revolução de 1930, é correto afirmar que ela: e se aproxima do comunismo, regressando clandestina-
HISTÓRIA 2
a) ocorreu devido à divisão das oligarquias brasileiras num mente ao país como líder da Intentona Comunista (1935).
contexto de enfraquecimento da economia paulista. Uma tentativa de revolução que faz parte de um contexto
b) foi liderada pelos antigos tenentes e por Luís Carlos histórico em que podemos afirmar que:
Prestes em aliança com a oligarquia gaúcha. a) composto por grupos diferentes como líderes sindi-
c) foi desencadeada pelo movimento operário influen- cais, comunistas e intelectuais, o levante de 35 foi am-
ciado pelo sucesso da Revolução Russa de 1917. plamente combatido pelos militares, cujos batalhões
se levantaram contra os revoltosos a partir de Natal
d) aconteceu devido à desaceleração da indústria pau- chegando até o Rio de Janeiro, antiga capital do país.
lista e às contestações das oligarquias nordestinas.
b) a ANL, agremiação política apoiada por Prestes, de-
e) foi provocada pelas desavenças entre as oligarquias fendia principalmente a reforma agrária, a suspen-
de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. são do pagamento da dívida externa e o combate
ao fascismo. Com seu fechamento pelo governo
10. PUC-RS Vargas, teve início a organização do levante armado
O
“O protesto contra as desigualdades vinha tanto do fun- conhecido sob o nome de Intentona Comunista com
BO O
dão dos sertões como das cidades. A República Oligárqui- diversos de seus remanescentes.
SC
ca utilizou os mais modernos equipamentos bélicos da c) os integralistas participaram ativamente do aparelha-
M IV
época para reprimir esses movimentos, desencadeando, mento da Intentona Comunista, movimento articula-
em alguns casos, campanhas ‘nacionais’ contra os revolto- do entre antigos membros da ANL e da AIB, ambos
sos, acusados de inimigos da república.” partidos políticos contrários ao governo Vargas.
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LOPES, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma d) o recém-criado PCB contava com amplo apoio popular,
fato que ajudou no alastramento da revolta pelo país
D LU
interpretação. São Paulo: Senac, 2008. p. 605.
e gerou forte reação do governo, que respondeu com
Durante a Primeira República (1889-1930), o país foi var- grande número de prisões e cassações políticas.
rido por uma série de revoltas que puseram a nu as pro-
fundas desigualdades existentes e o anseio por cidadania e) o presidente Vargas conseguiu contornar o levante
O C
comunista de 1935, contudo, dois anos depois, um
que moviam a maior parte da população. Com base na
novo movimento chamado Plano Cohen teve início,
leitura do fragmento acima e em seus conhecimentos
N X
acerca do período, assinale a alternativa correta:
a) A Guerra de Canudos foi motivada pelo fanatismo
provocando o decreto de estado de sítio e o início
de um governo ditatorial, o Estado Novo (1937-1945).
SI E
religioso e pela ignorância dos sertanejos, que, sem 12. PUC-RS – A década de 1920 foi um período importante
capacidade de discernimento, aceitaram rapidamen- de transição na história política do Brasil republicano,
te o discurso de Antônio Conselheiro.
O
sendo caracterizada:
b) O principal ponto de insatisfação dos marinheiros a) pela exclusão de boa parte das oligarquias regionais
que protagonizaram a Revolta da Chibata dizia res-
EN S
a presidência da república.
tratamento semelhante ao que os escravos recebiam
b) por uma grande renovação nacional, com a alternân-
nos tempos do cativeiro.
cia de partidos e de projetos políticos no controle
D E
c) O surgimento dos levantes tenentistas, em 1922, do país, apesar da baixa participação popular nas
colocou em evidência que somente os militares decisões coletivas.
A LD
é o momento em que, diante da pressão para que assumis- foi marcada por uma grande crise. Todas as alternativas
se a liderança do movimento que ficaria conhecido como apresentam evidências dessa crise, exceto:
a ‘Revolução de 30’, ele rompe com seus antigos compa- a) a Campanha Civilista de Rui Barbosa pela presidência
nheiros, os ‘tenentes’, e se posiciona publicamente a favor da república.
do programa do Partido Comunista.” b) a eclosão das revoltas tenentistas pela moralização
PRESTES, Anita Leocadia. Luiz Carlos Prestes: um comunista brasi- do Estado.
leiro. São Paulo: Boitempo, 2015.
c) a erupção de inúmeras greves e movimentos sociais
Presente em diferentes momentos da história do Brasil, dos trabalhadores urbanos.
Luiz Carlos Prestes tornou-se personagem importante da d) a ocorrência de atos de banditismo social como o
República Velha até a redemocratização. Primeiramente cangaço.
integrante do movimento tenentista, durante os anos de e) a decretação do estado de sítio no governo Artur
exílio, após o fim da Coluna Prestes (1925-1927), estuda Bernardes.
14. UFMG-MG – Um dos episódios mais marcantes na história das revoluções brasi-
HISTÓRIA 2
leiras deu-se com a Coluna Prestes, que, entre 1924 e 1927, percorreu milhares de
quilômetros do interior brasileiro na tentativa de manter acesa a luta por seus ideais.
Como solução para os problemas brasileiros, os líderes da Coluna Prestes defendiam:
a) o estabelecimento de uma ditadura militar que alinhasse o país às experiências
inovadoras do fascismo europeu.
b) a destruição do sistema oligárquico, acompanhada da reformulação dos costumes
e práticas políticas vigentes.
c) a distribuição das terras dos latifúndios entre os camponeses, que seriam mobili-
zados para lutar nas fileiras da própria Coluna.
d) a realização de uma revolução comunista, seguida da estatização das propriedades
e da implantação do socialismo.
O
15. UFRRJ-RJ – A charge exposta a seguir trata da política brasileira durante o período
BO O
de crise do que se convencionou chamar de República Oligárquica.
SC
M IV
Charge de STORNI na revista Careta, ano 22, n. 1 103, de 10/8/1929. In: LEMOS, Renato (Org.).
História do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro: Bom Texto Editora e
Produtora de Arte e Editora Letras & Expressões, 2001. p. 61.
SI AT
16. UFRJ-RJ
HISTÓRIA 2
Porcentagem de votantes nas eleições
presidenciais entre 1894 e 1930
No de % de votantes
Candidato
votantes (em sobre a
vencedor
milhares) população
17. Ufscar-SP – Observe a imagem a seguir:
Prudente de Morais (1894) 345 2,2
O
BO O
Rodrigues Alves (1902) 645 3,4
SC
M IV
Afonso Pena (1906) 294 1,4
O S
D LU
Venceslau Brás (1914) 580 2,4
O C
Epitácio Pessoa (1919) 403 1,5
N X
Artur Bernardes (1922) 833 2,9
Tarsila do Amaral. Operários, 1933.
a) De qual movimento artístico brasileiro faz parte a
SI E
autora desta obra?
Washington Luís (1926) 702 2,3
O
“A solução militar da crise política gerada pela sucessão por Juarez Távora, os chamados “liberais” nos anos
do presidente Washington Luís em 1929-1930 provo- 1930, deve ser entendida como:
ca profunda ruptura institucional no país. Deposto o a) a aliança com os cafeicultores paulistas em defesa
presidente, o Governo Provisório (1930-1934) precisa de novas eleições.
administrar as diferenças entre as correntes políticas b) o retorno aos quartéis diante da desilusão política
integrantes da composição vitoriosa, herdeira da Alian- com a “Revolução de 30”.
ça Liberal.” c) o compromisso político-institucional com o governo
LEMOS, R. A Revolução Constitucionalista de 1932. In: SILVA, R. provisório de Vargas.
M.; CACHAPUZ, P. B.; LAMARÃO, S. (Org.). Getúlio Vargas e seu d) a adesão ao socialismo, reforçada pelo exemplo do
tempo. Rio de Janeiro: BNDES. ex-tenente Luís Carlos Prestes.
No contexto histórico da crise da Primeira República, e) o apoio ao governo provisório em defesa da descen-
verifica-se uma divisão no movimento tenentista. tralização do poder político.
“É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da Re- “Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se
pública no Brasil que não cite a afirmação de Aristides faz justiça, aos inimigos aplica-se a lei.”
Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que ‘o povo LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega.
assistiu àquilo bestializado’. Essa versão foi relida pelos
enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram Esse discurso, típico do contexto histórico da Repúbli-
ca Velha e usado por chefes políticos, expressa uma
da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o
realidade caracterizada:
militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada em
1889. Isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930.” a) pela força política dos burocratas do nascente
MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica
Estado republicano, que utilizavam de suas prer-
no final do império. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2007. (Adaptado)
rogativas para controlar e dominar o poder nos
municípios.
O texto defende que a consolidação de uma determi- b) pelo controle político dos proprietários no interior
nada memória sobre a Proclamação da República no do país, que buscavam, por meio dos seus cur-
O
Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus mo- rais eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia
BO O
mentos mais importantes. Os defensores da Revolução brasileira.
SC
de 1930 procuraram construir uma visão negativa para c) pelo mandonismo das oligarquias no interior do
M IV
os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de: Brasil, que utilizavam diferentes mecanismos as-
a) valorizar as propostas políticas democráticas e libe- sistencialistas e de favorecimento para garantir o
O S
rais vitoriosas. controle dos votos.
b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas d) pelo domínio político de grupos ligados às velhas
D LU
à monarquia. instituições monárquicas e que não encontraram
c) criticar a política educacional adotada durante a Re- espaço de ascensão política na nascente república.
pública Velha. e) pela aliança política firmada entre as oligarquias
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada do Norte e Nordeste do Brasil, que garantiria uma
O C
desse grupo ao poder. alternância no poder federal de presidentes origi-
nários dessas regiões.
N X
e) destacar a ampla participação popular obtida no pro-
cesso da proclamação.
SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
HISTÓRIA 2
AO PODER AO ESTADO NOVO
A REFUNDAÇÃO DO BRASIL
O
BO O
Em 3 de novembro de 1930, um mês depois do início da revolução, Getúlio Var-
SC
• A refundação do Brasil
gas tomou posse como presidente provisório. Às 16 horas, os salões do Palácio do
M IV
• Governo Provisório
Catete estavam lotados para assistir à cerimônia de posse. O general Tasso Frago- (1930-1934)
so, membro da junta governativa, após um discurso no qual criticou severamente
O S
• Revolução
o presidente deposto Washington Luís, passou o governo para Getúlio Vargas, que Constitucionalista de 1932
D LU
anunciou seu ministério.
• Governo Constitucional
(1934-1937)
ACERVO ICONOGRAPHIA
O C
HABILIDADES
N X • Interpretar historicamente
e/ou geograficamente
SI E
fontes documentais acerca
de aspectos da cultura.
O
e econômicas, associando-as
aos diferentes grupos, confli-
tos e movimentos sociais.
• Comparar diferentes pontos
EM IA
de vista, presentes em
textos analíticos e inter-
ST ER
políticas e econômicas.
• Avaliar criticamente
conflitos culturais, sociais,
M
políticos, econômicos ou
ambientais ao longo da
Getúlio Vargas nomeando ministros em 3 de novembro de 1930. História.
do poder. Os Executivos estaduais e municipais fo- Ações contra a crise econômica do capitalismo
ram preenchidos por meio de nomeações feitas pelo mundial
HISTÓRIA 2
Governo Provisório, com os chamados interventores Pode-se resumir as ações do Governo Provisório de
federais. Como forma de ampliar sua base política e Vargas contra a crise econômica mundial da seguinte
seu poder sobre um país majoritariamente católico, o forma:
governo aproximou-se da Igreja ao permitir o ensino • nomeação de interventores para os estados, ten-
religioso nas escolas públicas a partir de 1931. tando diminuir o poder das oligarquias locais. Para
Para Juarez Távora, por sua participação revolu- São Paulo, Vargas nomeou como interventor o
cionária e seu prestígio principalmente no Norte do
pernambucano João Alberto, que sofreu acirrada
país, foi criada a Delegacia Regional do Norte. Seu
oposição da oligarquia cafeeira;
poder ia do Espírito Santo ao Amazonas e, por isso,
passou a ser conhecido como o vice-rei do Norte. Um • reajuste econômico, com a queima de café esto-
cado, para revigorar a economia cafeeira, resta-
O
dos aspectos mais marcantes do governo Vargas foi
BO O
a política trabalhista, que tinha como objetivo princi- belecendo seu preço;
SC
pal reprimir esforços da classe trabalhadora urbana • adiamento das dívidas contraídas pelos produto-
M IV
fora do controle do Estado e cooptá-la para dentro res e comerciantes;
da órbita do governo. Com a criação do Ministério • nova política tributária;
O S
do Trabalho, Indústria e Comércio, seguiram-se leis
• reformulação do sistema eleitoral, com a adoção
de proteção ao trabalhador e de enquadramento dos
D LU
do voto secreto e do voto feminino;
sindicatos ao Estado, além da criação das Juntas de
Conciliação e Julgamento. Essas reformas, porém, • reorganização administrativa do governo com a
não chegaram ao trabalhador do campo, pois a conci- criação do Ministério da Educação e Saúde e do
O C
liação que Getúlio fez com as oligarquias foi possível Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;
N X sob a condição de que se mantivessem intocáveis as • elaboração de uma ampla política trabalhista,
relações sociais no campo. Surgia o chamado Estado estabelecendo e ampliando os direitos dos tra-
SI E
de compromisso. balhadores;
• estabelecimento da Lei de Sindicalização (1931),
O
SUEDDEUTSCHE ZEITUNG PHOTO/ALAMY STOCK PHOTO
Política cafeeira
D E
HISTÓRIA 2
dos primeiros países a se livrar dela.
Entre 1931 e 1937, foram destruídas cerca de 70 mi-
lhões de sacas de café. O governo proibiu novas planta-
ções por um prazo de três anos e incentivou o cultivo de
novos produtos. Em 1933, o Conselho Nacional do Ca-
fé foi substituído pelo Departamento Nacional do Café.
Os cafeicultores, apesar do apoio econômico governa-
mental, não estavam satisfeitos com a situação política.
ACERVO ICONOGRAPHIA
Batalhão Redentor Filhos de Iguape, combatentes da Revolução
O
Constitucionalista de 1932.
BO O
SC
Pela nova legislação, foram estabelecidos os votos
M IV
secreto, feminino e classista. Os sindicatos, tanto pa-
tronais como de trabalhadores, elegeriam deputados
O S
com os mesmos direitos dos demais parlamentares.
Os tenentes, então, pediram a Getúlio o adiantamento
D LU
das eleições, pois consideravam que não era o mo-
mento adequado para a reconstitucionalização do país.
Argumentavam que as mudanças estruturais de que o
O C
Brasil necessitava seriam frustradas por eleições ime-
N X diatas, que apenas reporiam nos cargos a elite tradi-
cional ou seus aliados.
SI E
As oligarquias, contudo, sentiam que essas discor-
dâncias no governo poderiam facilitar seu movimento,
O
tica sua política econômica, realizava articulações para cresceu, recebendo várias adesões, inclusive da Asso-
a elaboração de uma Constituinte. Foi do Rio Grande ciação Comercial, que ordenou o fechamento de lojas
do Sul que partiu a campanha pela constitucionaliza- em sinal de protesto.
A agitação ficou mais intensa na Praça da República,
SI AT
Cartazes do levante paulista de 1932. A oposição dos paulistas a Getúlio Vargas congregou o estado em torno
de um discurso fortemente regionalista e levou à Revolução de 1932. As mulheres paulistas tiveram participação
extremamente importante e ativa na revolução. Trabalharam como enfermeiras, fabricaram uniformes para os
combatentes e até doaram joias para o fundo de guerra.
dos ao movimento foram presos. No Rio Grande do A Constituição liberal-democrática garantia liber-
Sul, o interventor Flores da Cunha mudou de lado, dade de opinião, de imprensa e de religião e eleições
HISTÓRIA 2
passando a apoiar Getúlio Vargas. Minas Gerais, que diretas para todos os cargos por sufrágio universal e
havia se comprometido em manter uma neutralidade voto secreto, incluindo o voto feminino, exceto a elei-
simpática, surpreendeu com uma hostilidade armada. ção do primeiro presidente, que seria indireta e feita
Foi tão hostil que, do território mineiro, partiram mais pela própria Constituinte.
tarde as tropas federais comandadas pelo general Góis Houve ainda grande avanço nas questões sociais à
Monteiro para sufocar a revolta paulista. medida que o texto confirmou as leis trabalhistas cria-
Em meados de setembro, percebendo que o movi- das e acrescentou outras, como férias remuneradas e
mento enfraquecia, apesar da luta fervorosa, o gene- criação da Justiça do Trabalho. Apesar de o texto prever
ral Bertoldo Klinger enviou ao Governo Provisório uma a autonomia sindical, na prática registrou-se a multiplica-
proposta de armistício. Em 29 de setembro, contata- ção dos sindicatos colaboradores do Estado, liderados
O
ram-se, mas não saiu acordo. Muitos paulistas eram por pelegos sindicais. Na educação, a reformulação mais
BO O
contrários a qualquer forma de conciliação, mas toda profunda dizia respeito à responsabilidade da União e
SC
a resistência fora inútil. A guerra acabou com 633 pau- o Artigo 5o da Constituição estabelecia fundamentos
M IV
listas mortos durante o conflito: para uma política nacional de ensino dentro do projeto
modernista de construção nacional. Mais tarde, a Cons-
A guerra começou na noite de 9 de julho, com ciclis-
O S
tituição de 1937 confirmou a questão do ensino público
tas e motociclistas distribuindo as ordens de mobi-
e estimulou o ensino técnico e profissionalizante.
D LU
lização nos diferentes pontos de reunião espalhados
Intelectuais modernistas brasileiros como Mário de
pela cidade. No dia seguinte, um domingo, o Largo
Andrade e Oscar Niemeyer abraçaram com entusiasmo
de São Francisco estava coalhado de jovens voluntá-
esse projeto e participaram do novo governo. A preocu-
O C
rios, que procuravam os postos de alistamento para
pação com o ensino e o projeto de modernizar o país
se juntar aos soldados que partiam rumo às frentes
N X foram acompanhados pelas reflexões de intelectuais
de luta. Três meses e mais de 600 mortos depois, os
como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e
paulistas se renderam e os políticos envolvidos no
SI E
Caio Prado Jr., que dedicaram-se a explicar as origens
movimento foram presos e exilados. Sufocado o mo-
históricas da nação.
vimento, Getúlio Vargas marcou as eleições para a
O
Em 15 de novembro de 1933, Vargas realizou elei- função de juiz em meio às diversas demandas sociais.
ções para a Assembleia Constituinte, aprovando uma A disputa pelo poder manteve-se e, por isso, a ação
estatal era muitas vezes contraditória em razão dos
ST ER
No dia seguinte, Getúlio Vargas foi eleito presidente Novo, procurou centralizar o poder e nacionalizar as
da república, derrotando por boa margem de votos os decisões, combatendo antigos regionalismos. Classes
dois outros candidatos: Borges de Medeiros e Góis e grupos sociais deveriam lutar do lado nacional por
M
em 1933; e a vitória de Francisco Franco sobre os repu- Olga Benário e outros líderes comunistas, como o alemão
blicanos na Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939, Artur Ewert, a ANL exercia alguma influência nos quar-
HISTÓRIA 2
refletiu-se no Brasil com a formação da Ação Integralista téis, com adesão de uma ala do tenentismo, sargentos
Brasileira (AIB) por Plínio Salgado, antigo membro do e cabos. Seu maior número de militantes vinha das clas-
Partido Republicano Paulista. ses médias que adotavam posições mais radicais, além
A AIB adotou o lema “Deus, pátria e família”, a le- de uma quantidade bem menor de operários.
tra grega sigma ( Σ ) como símbolo, a palavra indígena Responsável por grandes comícios pelo país, a ANL
“anauê” como saudação e o uniforme composto de ca- propunha um programa bastante sintético: lutar contra
misa verde. Seu programa político atacava a democracia o fascismo, o imperialismo e o latifúndio. Defendia a
liberal, os imperialismos americano e inglês e, principal- suspensão definitiva da dívida externa, a nacionalização
mente, o que chamava de barbárie comunista e pregava das empresas estrangeiras, a garantia das liberdades po-
a formação de um Estado totalitário para unificar a nação. pulares, a proteção dos pequenos e médios produtores,
O
Os militantes da AIB compunham-se de pessoas a reforma agrária e a formação de um governo popular.
BO O
das classes médias urbanas e de imigrantes das colô- Considerando sua base de apoio bastante sedimen-
SC
nias alemãs e italianas. O movimento aceitava a partici- tada e superestimando a participação do Exército, em
M IV
pação de negros, mulheres e judeus, segundo o ideário 1935 a ANL promoveu uma tentativa de revolução co-
de nação acima de qualquer distinção de raça ou credo. munista após seu fechamento por Vargas e a prisão
O S
Como no regime fascista italiano, o integralismo de alguns de seus membros. A Intentona Comunista,
não implicava racismo e a AIB também formou milícias
D LU
como ficou conhecida, resumiu-se à tomada temporária
que promoviam passeatas e agressões a socialistas. da cidade de Natal e a combates no Recife e no Rio
Muitos tenentes e membros do clero aderiram a ela e de Janeiro, resultando em um retumbante fracasso,
vários de seus componentes serviram como espiões
O C
com a prisão de todos os participantes. A tentativa
do nazismo no Brasil.
dos comunistas de tomar o poder justificou o estado
N X
COLEÇÃO PARTICULAR
ROTEIRO DE AULA
HISTÓRIA 2
ERA VARGAS: GOVERNO PROVISÓRIO E GOVERNO CONSTITUCIONAL
Governo Provisório
(1930-1934)
Reestruturação econômica:
O
Queima de café estocado como tentativa de reestabelecer seu preço.
BO O
SC
M IV
Reestruturação política:
O S
Nomeação de interventores para os estados.
D LU
Reestruturação administrativa:
O C
Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação.
N X
SI E
O
Revolução
Constitucionalista de 1932
A LD
A exigência de uma nova Constituição e o descontentamento político da oligarquia paulista congrega São
EM IA
nião pública.
Governo Constitucional
(1934-1937)
Plano Cohen: ANL (comunista):
Pretexto para o golpe do Estado Novo. Luís Carlos Prestes, Intentona Comu-
nista (1935).
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
HISTÓRIA 2
O
de tomada de poder pelos comunistas depois da Intentona de 1935,
BO O
a) Indique duas características do governo de Getúlio Vargas implantou um regime autoritário e violento, o Estado Novo,
Vargas no período entre 1930 e 1937. que cerceou as liberdades individuais. A base desse regime simpático
SC
aos totalitarismos europeus foi a Constituição de 1937.
M IV
Entre as características dos governos Provisório e Constitucional de Ge-
O S
túlio Vargas, entre 1930 e 1937, estão a formulação de uma nova Cons-
na década de 1930, é correto afirmar que:
D LU
tituição para o país, a de 1934, que contemplava os direitos trabalhistas a) foi uma cópia fiel do fascismo italiano, inclusive nas
cores escolhidas para o uniforme usado nas mani-
festações públicas.
e das mulheres, além do desenvolvimento do setor industrial e a cen-
b) foi um movimento sem expressão política, pois não
O C
tinha líderes intelectuais nem adesão popular.
tralização do poder.
N X c) tinha como principais marcas o nacionalismo, a base
sindical corporativa e a supremacia do Estado.
SI E
d) elegeu católicos, comunistas e positivistas como
antagonistas mais significativos.
e) foi um movimento financiado pelo governo getulista,
O
de propaganda e a criação da imagem de “pai dos pobres” para Vargas. FAUSTO, B. A Revolução de 1930. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 112.
5. Sistema Dom Bosco – Em 1937, um movimento polí- de uma personalidade alheia, foram baseados em teorias
HISTÓRIA 2
tico brasileiro publica um documento em um jornal di- falsas, produzindo, na vida moderna, intenso desequilí-
zendo que pretende formar “uma consciência nacional brio social; a autonomia constitui o direito fundamental
de grandeza da Pátria e dignidade do Homem e da sua de todo indivíduo adulto; a recusa desse direito à mulher
Família” e promover “a eugenia da Raça, pela prática é uma injustiça social, legal e econômica que repercute
metodizada do atletismo, da ginástica e dos esportes” desfavoravelmente na vida da coletividade, retardando o
(A Razão, 18 nov. 1937. Disponível em: <http://memoria. progresso geral [...]”.
bn.br>. Acesso em: 17 fev. 2019.
DUARTE, C. L. Feminismo e literatura no Brasil. Revista de Estudos
Com base nessas informações, identifique o movimen- Avançados, v. 17, n. 49, set./dez. 2003. Disponível em:
to e seu ideário: <bit.ly/2xtO1SW>. Acesso em: 6/7/2016.
a) Aliança Renovadora Nacional, liberal. Tendo em vista a situação das mulheres no Brasil na
b) Aliança Nacional Libertadora, socialista. década de 1930, é correto afirmar que o texto:
c) Ação Integralista Brasileira, fascista. a) busca estimular as mulheres a exercerem o seu direi-
O
to de voto que havia sido garantido pela Constituição
BO O
d) Ação Libertadora Nacional, socialista.
brasileira de 1891.
SC
O documento representa os ideais da AIB, Ação Integralista Brasilei-
ra, inspirada no fascismo. Entre suas características estava o nacio- b) defende a superioridade das mulheres e condena
M IV
nalismo, o patriotismo e o anticomunismo, além da ideia de eugenia. as decisões da Constituição brasileira de 1934, que
6. FGV-SP C5-H24 negaram o direito ao voto feminino.
O S
Em 1934, um grupo de mulheres brasileiras, liderado por c) diverge das ações feministas do Rio Grande do Nor-
te, que culminaram no exercício do direito de voto
Bertha Lutz, elaborou um texto que ficou conhecido como
D LU
pelas mulheres em 1928.
Manifesto Feminista. Leia um trecho desse documento:
d) reflete o clima de radicalização política no Brasil no
“As mulheres, assim como os homens, nascem membros período e acabou por impedir o avanço nas conquis-
livres e independentes da espécie humana, dotados de fa- tas políticas das mulheres.
O C
culdades equivalentes e igualmente chamados a exercer,
e) sustenta a igualdade de gêneros em sintonia com
sem peias, os seus direitos e deveres individuais, os sexos campanhas que consagraram o direito de voto para
N X
são interdependentes e devem, um ao outro, a sua coo-
peração. A supressão dos direitos de um acarretará, inevi-
as mulheres na Constituição de 1934.
SI E
O texto sustenta a igualdade de direitos entre os gêneros, em sinto-
tavelmente, prejuízos para o outro, e, consequentemente, nia com as campanhas que defendiam o direito de voto feminino na
Constituição de 1934.
para a nação. Em todos os países e tempos, as leis, precon-
O
tidões naturais, a subordinar sua individualidade ao juízo Habilidade: Relacionar cidadania e democracia na organização das
sociedades.
E U
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
D E
7. PUC-RS – Para responder à questão, leia o trecho Está/estão correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
A LD
capital, foi a afirmação mais positiva que até hoje tivemos da apoio do governo Vargas e a inauguração da estátua do
nossa existência como nacionalidade. Em toda a nossa histó- Cristo Redentor foi um dos marcos mais simbólicos da
ST ER
ria política, não há, sob esse aspecto, acontecimento seme- presença católica na Era Vargas, inclusive, como uma
lhante. Ele é, efetivamente, a expressão viva e palpitante da força anticomunista. A Igreja Católica contribuiu para
vontade do povo brasileiro, afinal senhor de seus destinos e que a massa da população apoiasse o governo de Var-
supremo árbitro de suas finalidades coletivas.” gas e recebeu, em troca, uma marcante recompensa.
SI AT
ça Nacional Libertadora, que defendia o combate b) A recompensa recebida pela Igreja Católica foi a inau-
ao imperialismo, a reforma agrária e a instalação do guração da estátua do Cristo Redentor (valorizando
socialismo no Brasil. a Igreja Católica) no ano de 1937, quando começou
II. Por definir o “povo” como “senhor de seus destinos o Estado Novo getulista.
e supremo árbitro de suas finalidades coletivas”, Var- c) A única recompensa recebida pela Igreja Católica no
gas pautou seu governo pela defesa das camadas governo Vargas, entre 1930 e 1945, foi a de não ser
populares e pelo respeito às liberdades democráticas. perseguida pelo Estado.
III. Na campanha eleitoral à presidência, em 1930, d) A recompensa recebida pela Igreja Católica foi a do
Vargas defendeu o voto secreto e a autonomia da Estado getulista obrigar a população brasileira a se
Justiça Eleitoral, o que lhe possibilita associar o mo- converter ao catolicismo.
vimento revolucionário à “expressão viva e palpitante
e) A partir de 1931, o ensino religioso (católico) foi per-
da vontade do povo brasileiro”.
mitido nas escolas públicas.
9. UFMG-MG – Leia estes versos: a) o programa político dos integralistas incluía a nacio-
HISTÓRIA 2
O
Eram os filhos malditos de Caim.”
BO O
MAL, Carlos. “Toque de silêncio”. 12. Fuvest-SP
SC
É correto afirmar que, nesses versos, o autor faz re- “O Estado de compromisso, expressão do reajuste nas re-
M IV
ferência: lações internas das classes dominantes, corresponde, por
outro lado, a uma nova forma do Estado, que se caracteriza
a) à insurreição de novembro de 1935.
pela maior centralização, o intervencionismo ampliado e
O S
b) à Revolução Constitucionalista de 1932. não restrito apenas à área do café, o estabelecimento de
D LU
c) à Revolução de Outubro de 1930. uma certa racionalização no uso de algumas fontes fun-
d) ao golpe civil-militar de 1964. damentais de riqueza pelo capitalismo internacional [...].”
FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930: historiografia e história.
10. Unesp-SP – Sobre o movimento constitucionalista de São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 109-110.
O C
1932, é possível afirmar que:
Segundo o texto, o Estado de compromisso correspon-
a) foi resultado da política federal, que impedia a expor-
N X deu, no Brasil do período posterior a 1930:
tação do café de São Paulo para o Ocidente europeu.
a) à retomada do comando político pela elite cafeicul-
SI E
b) atrasou o processo de democratização brasileira em- tora do sudeste brasileiro.
preendido por Getúlio Vargas a partir de 1930.
b) ao primeiro momento de intervenção governamental
O
13. Fuvest-SP
COLEÇÃO PARTICULAR
HISTÓRIA 2
a pôr em prática novas diretrizes políticas quanto às rela-
ções entre assalariados e empregadores.”
IANNI, Octávio. Estado e planejamento econômico no Brasil (1930-
-1970). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. p. 34.
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litação do princípio de autoridade, que esta se respeite e a) negação de práticas valorizadas pelo fascismo, como
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faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição fun- o corporativismo e a máquina de propaganda.
SC
damental cujos direitos mais sagrados são proscritos pela b) tentativa de aproximar a política trabalhista, cada vez
M IV
burguesia e pelo comunismo.” mais, dos integralistas, com vistas a aliciar Plínio
Salgado para a chefia do PTB.
Este texto, pelas ideias que defende, é provável que
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tenha sido escrito por: c) busca da harmonia social caracterizada pelo fortaleci-
mento do Estado, que passa a tutelar as divergências
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a) Jorge Amado. e conflitos baseados em interesses particularistas.
b) Carlos Drummond de Andrade.
d) valorização exclusiva dos trabalhadores nacionais,
c) Mário de Andrade. objetivando dar-lhes oportunidade de alcançar o po-
O C
d) Oswald de Andrade. der e assim fazer prevalecer sua ideologia, conforme
e) Plínio Salgado. legislação que previa expulsão dos judeus e outros
N X
15. UFT-TO
estrangeiros residentes no Brasil.
e) concessão do direito de greve aos trabalhadores e
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“A ideologia classista deveria substituir a ideologia popu- do de lockout aos empresários, com o fim de dirimir
lista quando o desenvolvimento do capitalismo tivesse se conflitos trabalhistas.
O
18. Enem C3- H11 No contexto histórico retratado pelo texto, a relação
“Nos primeiros anos do governo Vargas, as organizações entre governo e movimento sindical foi caracterizada:
operárias sob controle das correntes de esquerda tentaram a) pelas benesses sociais do getulismo.
se opor ao seu enquadramento pelo Estado. Mas a tentativa
b) por um diálogo democraticamente constituído.
fracassou. Além do governo, a própria base dessas organiza-
ções pressionou pela legalização. Vários benefícios, como as c) por uma legislação construída consensualmente.
férias e a possibilidade de postular direitos perante as Juntas d) pelo reconhecimento de diferentes ideologias po-
de Conciliação e Julgamento, dependiam da condição de ser líticas.
membro de sindicato reconhecido pelo governo.” e) pela vinculação de direitos trabalhistas à tutela do
FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp/Imprensa
Estado.
Oficial do Estado, 2002. (Adaptado)
“A experiência do movimento organizado de mulheres no “A Justiça Eleitoral foi criada em 1932, como parte de
Brasil oferece excelente exemplo de como se pode utilizar a uma ampla reforma no processo eleitoral incentiva-
lei em favor da melhoria do status jurídico, da condição so- da pela Revolução de 1930. Sua criação foi um grande
cial, do avanço no sentido de uma presença mais efetiva no avanço institucional, garantindo que as eleições tives-
processo de decisão política. Ao longo de quase todo o século
sem o aval de um órgão teoricamente imune à influên-
XX, com mais intensidade em algumas décadas do que em
outras, as mulheres brasileiras conseguiram obter vitórias ex- cia dos mandatários.”
pressivas. Algumas vezes, abolindo dispositivos legais discri- TAYLOR, M. Justiça Eleitoral. In: AVRITZER, L.; ANASTASIA,
minatórios, outras, conseguindo aprovar novas leis.” F. Reforma política no Brasil. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2006.
(Adaptado)
TABAK, F. A lei como instrumento de mudança social. In: TABAK,
F.; VERUCCI, F. A difícil igualdade: os direitos da mulher como Em relação ao regime democrático no país, a instituição
direitos humanos. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
analisada teve o seguinte papel:
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A atuação do movimento social abordado no texto re- a) implementou o voto direto para presidente.
BO O
sultou, na década de 1930, em:
b) combateu as fraudes sistemáticas nas apurações.
SC
a) direito de voto.
M IV
b) garantia de cotas. c) alterou as regras para as candidaturas na ditadura.
c) acesso ao trabalho. d) impulsionou as denúncias de corrupção administrativa.
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d) organização partidária. e) expandiu a participação com o fim do critério cen-
e) igualdade de oportunidades. sitário.
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EXERCÍCIOS INTERDISCIPLINARES
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21. Enem C4-H19
Japão 7 7 7 20
“Conta-se que um curioso incidente aconteceu durante a
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Primeira Guerra Mundial. Quando voava a uma altitude Reino Unido 10 16 64 115
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de dois mil metros, um piloto francês viu o que acredita- Rússia 6 6 8 20
va ser uma mosca parada perto de sua face. Apanhando-a
Ronald Findlay e Kevin O´Rourke. Power and plenty: trade, war,
rapidamente, ficou surpreso ao verificar que se tratava de
O
a) ele foi disparado em direção ao avião francês, freado tados Unidos ocorreu durante a Primeira Revolução
pelo ar e parou justamente na frente do piloto. Industrial, mantendo-se relativamente inalterada du-
rante a Segunda Revolução Industrial.
D E
A partir deste texto e do conhecimento da sociologia c) estudar a África só nos indicaria a captura e a escra-
HISTÓRIA 2
a respeito da questão racial em nosso país, é possível vidão de diferentes povos africanos, tendo em vista
afirmar que: que raça e racismo são categorias ideológicas, as
quais servem para encobrir as fortes tensões sociais
a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes,
existentes entre a imensa classe de pobres e o seu
Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre
oposto, a dos ricos.
outros tantos autores, são importantes por chama-
rem a atenção do país para o papel dos negros na d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada
construção do Brasil e da brasilidade e as formas de vez mais com categorias tais como a especificidade
exclusão explícitas e implícitas que sofreram. da raça negra, da raça branca, da raça amarela e
outras mais.
b) apesar de relevante à luta contra o preconceito racial,
o estudo da África só diria respeito ao conhecimento e) nenhuma das alternativas está correta.
do passado, do período do descobrimento do Brasil
até a abolição da escravidão entre nós.
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MATERIAL DO PROFESSOR
Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS
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HISTÓRIA 1
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AGES
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APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA 1
HISTÓRIA
O material que você tem em mãos foi concebido e atualizado para se ajustar tanto às novas deman-
das do ensino de História como da avaliação feita pelas bancas dos diversos vestibulares e, especial-
mente, do Enem. O ensino também tem história e, entre diversas mudanças, a informação não é mais
o foco da educação, mas sim a compreensão e a produção de conhecimento. Sabemos que, além do
Material do Professor
conteúdo, dos roteiros de aula, da enorme coletânea de questões dos principais vestibulares do país e
do Enem, totalmente atualizadas, e das respostas comentadas, os alunos terão também o seu apoio.
Como professor, é importante que você tenha clareza dessas novas abordagens da educação e da
avaliação dos estudantes. São jovens que têm qualquer informação ao seu dispor, bastando para isso
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acessar a internet e serem superestimulados por vídeos, fotos e jogos complexos e cheios de ação. Com
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base nesse contexto, é comum que se sintam entediados, que não encontrem sentido no contato com
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informações que podem acessar de forma instantânea e que percam o interesse nas explicações que
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oferecemos. Esse é o nosso desafio. O tempo todo devemos lançar o foco nos processos que orientam
os fatos e, sempre que possível, trazer a história para o tempo presente, mostrando aos estudantes as
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conexões entre o que encontram nas aulas de História e o que acontece em suas próprias vidas.
É indispensável que os estudantes reconheçam que a "informação" é um "conjunto de dados" or-
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ganizado, estruturado, com alguma análise. “D. João era um rei português" e "D. Pedro I era seu filho”
são dois dados, mas “D. João veio ao Brasil em 1808 e D. Pedro I declarou a independência em 1822”
é uma informação. É importante ajudá-los a reconhecer que "conhecimento", por sua vez, é saber que
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quando D. João chega ao Brasil em 1808, um processo de independência que havia começado com as
insurreições do final do século XVIII (como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana) se intensifi-
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ca, já que o Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino Unido a Portugal. Então, em 1822, quando
SI E
essa situação ambígua se encontrava insustentável, uma conciliação entre colonos e colonizadores
levou o Brasil a se tornar independente, mas sob o reinado de um filho do rei português.
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resposta de uma pergunta hoje está no enunciado. Os estudantes devem ser capazes de dominar
linguagens e códigos, construir argumentações, elaborar respostas aos diversos questionamentos,
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relacionar distintas áreas do conhecimento. Devem também relacionar passado e presente, propor
ideias para o futuro, identificar, reconhecer e relacionar processos históricos, antigos ou atuais.
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Justamente por isso este material traz também indicações de leitura, de vídeos, filmes, docu-
mentários e atividades que podem ser propostas à turma, tanto em sala de aula como em visitas
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guiadas, presenciais ou à distância, a instituições que são espaços de memória. O que queremos
é prepará-los não apenas para os vestibulares, mas para que sejam produtores de conhecimento.
Se conseguirmos isso, os exames de admissão nas universidades serão o que devem ser: o início
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de uma longa jornada em busca do conhecimento. Para isso, devemos explorar aspectos como:
• Desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpreta-
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produções posteriores, dada a impossibilidade de usar imagens de época, normalmente por inexis-
tirem. Nesses casos, recomendamos ressaltar a diferença cronológica entre o fato e a ilustração,
explorando a visão da época sobre o fato histórico passado. É importante ressaltar que a produção
de imagens é, também, uma produção de discursos. Para citar um exemplo: o quadro de Pedro
Américo Independência ou morte foi feito bem depois do 7 de setembro de 1822, e está carregado
de discursos de exaltação, além de ter sido inspirado no quadro Napoleão III na Batalha de Solferi-
no, pintura de Meissonier. Todas essas análises devem permear esse tipo de estudo.
• A história como algo feito “de baixo para cima”. Devemos mostrar aos alunos como, no pas-
sado, o estudo de História já foi uma grande coletânea de governantes e generais, com pita-
das de homens ricos e poderosos. A abordagem completa, bem informada, atual e consoli-
dada é aquela que mostra como os movimentos sociais, as lutas populares, as insurreições
HISTÓRIA 1
protagonistas da história da abolição da escravidão, além da princesa Isabel. A história do
voto feminino deve ter como protagonista as sufragistas, não apenas os legisladores ou
mesmo o governante. A história da redemocratização deve estar centrada naqueles que
lutaram contra a ditadura, não nos generais que conduziram a transição.
A elaboração deste material pauta-se na correção de conceitos e de informações básicas, evitando
Material do Professor
o anacronismo, o voluntarismo e o nominalismo. Regula-se ainda pela coerência e adequação meto-
dológicas; pelos preceitos éticos, furtando-se aos preconceitos e vinculações ideológicas que possam
comprometer a objetividade da ciência histórica.
Previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica referentes ao Ensino Médio,
as competências e habilidades são desenvolvidas conforme os conteúdos programáticos de cada eta-
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pa. Nesse sentido, a concepção do material prioriza, em relação aos processos históricos: a leitura e a
BO O
interpretação de fontes documentais de natureza diversa, em diferentes linguagens; o estabelecimen-
SC
to de relações que envolvem continuidades e permanências, rupturas e transformações; a investigação
M IV
e a compreensão para reconhecer o papel do indivíduo na construção deles.
Esperamos, com esse material, ajudá-lo no desafio de oferecer aos estudantes os inúmeros cami-
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nhos para compreender as relações com o passado, fomentando neles, frente aos acontecimentos
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históricos, o posicionamento crítico e a contextualização sociocultural.
CONTEÚDO
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HISTÓRIA 1
N XVolume Módulo Conteúdo
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33 Segunda Revolução Industrial
34 Liberalismo
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35 Doutrinas sociais
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36 Movimento operário
37 Unificação da Itália e da Alemanha
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41 Revolução Russa
42 Regimes totalitários
43 Democracias liberais
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44 Crise de 1929
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HISTÓRIA 2
Volume Módulo Conteúdo
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dos meios de comunicação e dos transportes. Esses e, consequentemente, vender mais e aumentar
avanços provocaram mudanças nas cidades e na socie- seus lucros, base do sistema capitalista.
dade, embora não tenham trazido melhorias para a vida
da maior parcela da população, sobretudo o operariado. 11. B
Com a industrialização, a forma do trabalho alte-
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Para ir além rou-se, inclusive na questão do tempo. A raciona-
SC
Sugerimos a exibição do filme Tempos modernos lização do tempo permitiu a criação de horários
M IV
(EUA, 1936. Direção de Charles Chaplin), que demons- de trabalho, bem como a velocidade de produção,
tra como seriam as mazelas da sociedade nos tempos alterando assim a forma como o trabalhador se
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da Revolução Industrial, apresentando temas como relacionava com a máquina e com o produto.
fordismo, más condições dos trabalhadores, reivindi-
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cações sociais, entre outros. Para aprofundamento do 12. B
professor, pode-se realizar a leitura do livro a seguir, O crescimento da produção industrial faz parte da
que analisa a experiência, o trabalho, os costumes e nova forma de se produzir, racionalizando todo o
O C
a cultura popular do período estudado neste módulo: processo: a divisão do trabalho favorece a acele-
• THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São
N X ração da produção. A busca por matérias-primas
Paulo: Companhia das Letras, 1998. mais baratas favorece a produção com menor
SI E
custo e em grande quantidade.
Exercícios Propostos
13. B
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A atividade trata de um aspecto importante do pro- forma de se relacionar com o trabalho também foi
cesso da Segunda Revolução Industrial, abordando as alterada. Com o trabalho artesanal, o artesão tinha
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carga em estradas de pedra que garantiam o transpor- sem uma racionalização do tempo e da produção.
te dos materiais de uma região para a outra. No sistema fabril, o artesão, que torna-se um operá-
A LD
racterísticos da Revolução Industrial, como a in- a lógica da maior produtividade em menor tempo.
dustrialização da produção por meio da utilização
14. E
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10. A 16. D
A organização do trabalho fabril por meio da di- Com a Revolução Industrial, ocorre a produção
visão de tarefas era uma estratégia que garantia em determinados setores industriais, que con-
maior eficiência de produção, alterando as formas centram renda, matéria-prima e lucro, promoven-
da relação com o trabalho. Neste novo sistema, o do um monopólio cada vez maior.
HISTÓRIA 1
A Segunda Revolução Industrial caracterizou-se pelos
avanços na área da eletricidade e dos meios de trans- subjugado à produção e ao lucro.
porte e de comunicação, ocorridos principalmente
fora do território europeu, nos Estados Unidos. Competência: Entender as transformações técni-
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
Estudo para o Enem de produção, no desenvolvimento do conheci-
Material do Professor
mento e na vida social.
18. B
O texto faz referência à administração científica Habilidade: Identificar registros sobre o papel
do trabalho e à produção em série, o que remete das técnicas e tecnologias na organização do tra-
à produção fordista, a ideia da linha de montagem balho e/ou da vida social.
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na qual cada trabalhador realizava apenas uma
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etapa do processo produtivo. 20. B
SC
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Competência: Compreender a produção e o pa- Com a exploração imperialista europeia, o conti-
pel histórico das instituições sociais, políticas e nente africano foi repartido entre as potências eco-
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econômicas, associando-as aos diferentes gru- nômicas do século XIX, que buscavam os recursos
pos, conflitos e movimentos sociais. que o território africano poderia oferecer.
D LU
Habilidade: Identificar registros de práticas de Competência: Compreender as transformações
grupos sociais no tempo e no espaço. dos espaços geográficos como produto das rela-
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ções socioeconômicas e culturais de poder.
19. E
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O texto da questão ressalta como o lucro era re- Habilidade: Identificar os significados histórico-geo-
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tirado de cada aspecto da cidade e da sociedade, gráficos das relações de poder entre as nações.
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34 LIBERALISMO
HISTÓRIA 1
Comentários sobre o módulo social seria mais acentuada. Para Malthus, a ideia
Observamos as ideias em que se baseava a burgue- de “sujeição moral” deveria ser adotada como
sia no mesmo período da Segunda Revolução Indus- forma de controle sexual em cada núcleo familiar.
trial, abordada no módulo anterior. Foram abordadas
as tendências dos liberais, como os fisiocratas e o 12. E
Material do Professor
liberalismo, seus principais nomes e suas contribuições A classe social representante do avanço do ca-
para o pensamento liberal. pitalismo industrial é a burguesia, pautada pelos
ideais liberais.
Para ir além
Para aprofundar a discussão sobre o liberalismo, 13. B
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analise com os alunos a charge disponível em <bit. As ideias de Adam Smith estavam ligadas às li-
SC
ly/2CCSpk8> (acesso em: 7 out. 2018). Peça aos alunos berdades individuais e de iniciativa. Portanto, as
M IV
que expliquem a imagem sob a perspectiva do libera- opções que tratem sobre coletivização ou con-
lismo e promova um debate sobre os aspectos sociais trole estatal estão incorretas. O autor propõe a
O S
e a desigualdade em relação à ideia de meritocracia. obtenção de uma maior produtividade por meio
É possível dar exemplos com situações do contexto da especialização e da divisão de tarefas.
D LU
brasileiro. Para uma leitura simplificada e sistematizada
sobre os preceitos da economia liberal, sugerimos a 14. E
leitura de O livro da economia (São Paulo: Globo, 2013). Os fisiocratas, como François Quesnay, eram con-
O C
Exercícios Propostos trários ao mercantilismo e à intervenção estatal na
N X economia e consideravam que o único papel do
7. C governo seria proteger a propriedade individual.
SI E
Para os fisiocratas, a fonte de riqueza de uma na-
ção encontrava-se na terra e na produção agrícola. 15. B
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O individualismo é uma das principais característi- participação das empresas no mercado e suprimir
cas do liberalismo, já que diz respeito à liberdade outras marcas de menor nome e poder econômico.
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política e econômica.
16.
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10. D 17.
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19. A
Nome do Principal Principais ideias
HISTÓRIA 1
pensador obra A questão está relacionada com a anterior, tendo
Locke como um dos principais representantes
Thomas Ensaio sobre a • controle da população do liberalismo. As alternativas que abordam o
Malthus população para combater a miséria; socialismo e o anarquismo estão incorretas, já
(1766-1843) • crescimento maior que essas teorias surgem no século XIX. O ab-
da população do que o solutismo é criticado pelo liberalismo, já que a
Material do Professor
crescimento da produção de riqueza se concentraria nas mãos dos monarcas
alimentos; em decorrência da linhagem real, e não pela ideia
• controle da natalidade. de liberdade política e econômica e pela valoriza-
David Ricardo Princípios • o custo da população ção do trabalho.
(1772-1823) de economia determina o valor dos bens;
O
política e • o crescimento da Competência: Compreender os elementos cul-
BO O
tributária produção de gêneros turais que constituem as identidades.
SC
agrícolas com o aumento da
M IV
população; Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
• teoria da especialização graficamente fontes documentais acerca de as-
O S
de um tipo de produção para pectos da cultura.
cada região.
D LU
20. E
Estudo para o Enem Para Adam Smith, a liberdade econômica e a polí-
tica estavam na centralidade do desenvolvimento
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18. D de uma sociedade, já que a economia se regularia
N X
No texto, John Locke apresenta os principais argu-
mentos liberais: a prioridade da liberdade individual,
de forma autônoma, construindo uma sociedade
em que todos poderiam enriquecer por meio do
SI E
a propriedade privada, a ideia de livre-iniciativa e a próprio trabalho.
liberdade política. Locke pode ser considerado um dos
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graficamente fontes documentais acerca de as- produção ou circulação de riquezas e suas impli-
pectos da cultura. cações socioespaciais.
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35 DOUTRINAS SOCIAIS
HISTÓRIA 1
sociedade mais igualitária. Diversos pensadores e vá- capitalistas (patrões) ou do Estado (formas de go-
rias correntes teóricas foram abordados no módulo, verno) é típica do anarquismo.
como o socialismo utópico, o socialismo científico, o
marxismo, o anarquismo, o sindicalismo e, ainda, as 10. A
preocupações sociais da Igreja durante o período. Es- O socialismo científico de Marx e Engels pro-
O
BO O
sas filosofias emergem de seu tempo e são resultado punha o processo revolucionário, liderado pelos
SC
do descontentamento com a sociedade capitalista in- trabalhadores, como forma de estabelecer uma
M IV
dustrial que nascia e se desenvolvia. Essas ideias se sociedade comunista.
desenvolveram com o tempo e são debatidas e anali-
11. D
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sadas até os dias de hoje.
Os trabalhadores e as camadas populares do fim
D LU
Para ir além do século XIX viviam em péssimas condições,
Para realizar um aprofundamento em relação às ideias eram submetidos a longas jornadas e não tinham
do socialismo científico, podem-se abordar alguns trechos direitos trabalhistas.
O C
do Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels.
12. A
N X
Disponível em: <www.ebooksbrasil.org/adobeebook/
manifestocomunista.pdf>. Também é possível visualizar A Primeira Internacional foi dissolvida, entre ou-
SI E
algumas imagens da Comuna de Paris, algumas delas tros fatores, em razão das disputas ideológicas
disponíveis no site Brasil Escola: <https://educador.bra- entre anarquistas e marxistas.
O
silescola.uol.com.br/estrategias-ensino/comuna-paris-
atraves-imagens.htm>. Acesso em: 7 out. 2018. 13. A
EN S
Como sugestão de leitura para os alunos, indicamos O Manifesto Comunista, assim como os ideais
a obra a seguir, que aborda a sociedade e o cotidiano socialistas, são consequência da sociedade indus-
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A alternativa incorreta cita duas situações que são à principal reivindicação dos trabalhadores: a
não eram vantajosas para os trabalhadores nem definição da jornada de trabalho de oito horas, pois
ST ER
uma conquista obtida por meio de suas lutas. Por era comum os operários trabalharem muito mais
um lado, o fordismo nos Estados Unidos pode ser horas sem estarem amparados por leis de proteção.
visto como um sistema de produção que priori- b) A principal cena de luta é a de operários puxan-
zava a eficiência e a divisão do trabalho, o que,
SI AT
de fato cumprida.
incorporá-la ao Estado.
15. a) A Comuna de Paris foi a primeira tentativa de
8. C implantação de um governo socialista e vigorou
De acordo com o texto de Marx, a História é re- durante quase dois meses, em 1871. A situação
sultado das ações e escolhas humanas, mas não de Paris ficou tensa quando Napoleão III assinou
apenas delas, pois também está ligada às cir- o tratado de rendição na guerra contra a Prússia. A
cunstâncias definidas pelo passado. capital francesa foi cercada pelo exército prussia-
no. Com o clima político de desestabilidade, uma
9. B insurreição popular estourou em março de 1871,
Não é necessário conhecer o movimento operário derrubou o governo em Paris e instituiu um novo
brasileiro para responder à questão. Basta relem- governo para a cidade, chamado Comuna de Paris.
b) Entre as medidas adotadas pelo governo cons- Competência: Compreender a produção e o pa-
tituído pela Comuna de Paris, destacam-se a se- pel histórico das instituições sociais, políticas e
HISTÓRIA 1
paração entre Igreja e Estado, a abolição do tra- econômicas, associando-as aos diferentes gru-
balho noturno e a redução da jornada de trabalho. pos, conflitos e movimentos sociais.
c) A representação da mulher no centro da ima-
Habilidade: Identificar registros de práticas de
gem remete à figura da Marienne, símbolo da li-
grupos sociais no tempo e no espaço.
berdade durante a Revolução Francesa. Embora
Material do Professor
a Revolução Francesa esteja ligada aos ideais do 19. B
liberalismo burguês, a figura da Marienne é res-
A Comuna de Paris foi a primeira experiência de im-
significada como a personificação da liberdade
plantação socialista, ocorrida em 1871, na França.
sob o ponto de vista popular. Nota-se, ainda, que
Entre suas características, está o princípio do sufrá-
no lado esquerdo há uma imagem do trabalhador
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gio universal, ou seja, o direito de todos escolherem
urbano, enquanto no direito há a representação
BO O
os dirigentes, no caso, os conselheiros municipais.
de um trabalhador rural.
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Competência: Compreender as transformações
16. E
dos espaços geográficos como produto das rela-
São socialistas utópicos: Louis Blanc, Saint-Simon
O S
ções socioeconômicas e culturais de poder.
e Pierre-Joseph Proudhon.
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Habilidade: Reconhecer a dinâmica da organiza-
17. C
ção dos movimentos sociais e a importância da
A ideia da luta de classes está relacionada à in- participação da coletividade na transformação
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terpretação marxista da História, enquanto a con- da realidade histórico-geográfica.
cepção de propriedade como roubo é uma formu-
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lação vinculada aos anarquistas. 20. A
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Segundo o anarquismo, a população teria autono-
Estudo para o Enem mia para criar uma autogestão, baseada na divi-
O
trato entre os cidadãos e o Estado, criando regras, Competência: Compreender os elementos cultu-
deveres e direitos que os cidadãos devem seguir e rais que constituem as identidades.
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as pessoas agiriam conforme os próprios interes- graficamente fontes documentais acerca de as-
ses, como sugere a reflexão de Calvin. pectos da cultura.
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36 MOVIMENTO OPERÁRIO
HISTÓRIA 1
em defesa de seus direitos e interesses. No módulo, Ao atribuir a frase “Questão social é questão de
foram abordadas organizações como os tradionistas polícia” a Washington Luís, presidente da Repú-
e a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) e blica Velha ou República Oligárquica, criou-se uma
suas quatro reuniões internacionais. Esses movimen- imagem que visava engrandecer o período poste-
O
tos foram marcados por ideais que circulavam na época rior: a Era Vargas. Nessa construção, a Primeira
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e tiveram diversos formatos, alguns mais violentos e, República era associada à opressão do trabalha-
SC
outros, mais pacíficos. dor, enquanto o governo Vargas aparecia como
M IV
símbolo de direitos trabalhistas.
Para ir além
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12. C
Para ampliar o debate em relação à busca por di-
reitos, sugerimos tratar da luta das mulheres nesse O Labour Party, partido dos trabalhadores ingle-
D LU
contexto. Assim, propomos a exibição do filme As su- ses, teve sua origem no movimento cartista, de
fragistas (França e Reino Unido, 2015. Direção de Sarah trabalhadores que lutavam contra as péssimas
Gravon). A obra retrata o início do século XX no Reino condições do trabalho industrial no século XIX.
O C
Unido e, por meio das questões trazidas pelo filme,
N X 13. A Comuna de Paris teve inspiração política no
como a reivindicação do voto feminino, as péssimas
marxismo. A despeito de suas divergências, am-
condições de trabalho nas fábricas, o trabalho infantil
SI E
bos visavam pôr fim à ordem burguesa e defen-
e as barreiras sociais impostas às mulheres, é possível
diam uma sociedade na qual os trabalhadores
realizar um debate com a turma. Sugerimos associar
O
1864 e 1939, não contou com um grande número repudiavam qualquer forma de Estado e de go-
de adeptos e apresentou diversas divergências verno, mesmo que sob o comando da classe tra-
em seu interior. balhadora.
EM IA
tos que contribuiu para a derrocada da Primeira In- tava por melhorias na vida dos trabalhadores, pois
ternacional. No entanto, dos 92 integrantes da Co- entendia que estes, em diversos países, estavam
muna, apenas 17 estiveram ligados à Internacional. unidos por pertencerem à mesma classe social,
SI AT
sos do movimento operário com o objetivo de criar unidos, derrotariam a ordem burguesa que os
uma Liga Comunista. Marx e Engels escreveram oprimia e na qual o Estado-nação era um mante-
os panfletos desses congressos, o que resultou no nedor da situação opressora.
Manifesto Comunista, publicado em 1848.
15. B
10. B Em 1917, quando ocorreu a greve geral mencio-
A afirmativa III é incorreta, pois no século XIX as nada no texto, os trabalhadores brasileiros ainda
condições de trabalho eram extremamente pre- não contavam com uma legislação que lhes asse-
cárias e insalubres, o que levou ao surgimento de gurasse direitos mínimos. Logo, as condições de
doutrinas e movimentos sociais que lutavam con- trabalho eram extremamente precárias e opres-
tra essa realidade. Graças à luta dos trabalhado- soras. Foi apenas durante os governos de Getúlio
Vargas (1930-1945) que essa legislação foi instau- econômicas, associando-as aos diferentes gru-
rada, com a criação, por exemplo, da Consolida- pos, conflitos e movimentos sociais.
HISTÓRIA 1
ção das Leis de Trabalho (CLT), em 1943.
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
16. A sociais que contribuíram para mudanças ou ruptu-
O Manifesto Comunista foi escrito em 1848. Na- ras em processos de disputa pelo poder.
quele momento, os conflitos entre burgueses e
19. A
Material do Professor
trabalhadores eram intensos. Foi escrito no con-
texto histórico da Revolução Industrial, ocorrida No texto, Bakunin elogia a Comuna de Paris, pois,
em meados do século XVIII, que instituiu as for- embora derrotada, representou uma “negação do
mas de organização do trabalho que, durante o Estado”. Durante sua curta existência, a Comuna
século XIX, foram criticadas por autores como funcionou com base na decisão coletiva, por meio
O
Marx e Engels e por trabalhadores que passaram de assembleias nas quais havia a participação di-
BO O
a se organizar em sindicatos e partidos. reta da população. Ou seja, rompeu com a lógica
SC
do Estado, no qual a população era subjugada aos
M IV
17. D seus governantes, que detinham o poder indire-
tamente.
Os movimentos sindicais latino-americanos apre-
O S
sentavam reivindicações distintas daquelas dos
Competência: Compreender os elementos cultu-
D LU
trabalhadores europeus. Europa e América Latina
rais que constituem as identidades.
estavam em estágios distintos de modernização
capitalista. A Europa iniciara sua industrialização Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
O C
já em meados do século XVII e ao longo de todo o graficamente fontes documentais acerca de as-
século XIX houve diversas mobilizações operárias pectos da cultura.
N X
naquele continente. Assim, no começo do século
SI E
XX, a classe trabalhadora europeia já havia con- 20. B
quistado uma série de direitos ainda inexistentes No excerto, Marx afirma que a produção social
na América Latina, onde a industrialização era in-
O
duram, de certo modo, até os dias de hoje, na Alema- Esta questão apresenta um bom resumo dos in-
nha e na Itália. teresses que levaram à unificação da Itália e da
Alemanha.
Para ir além
13. A
O
Sobre a unificação italiana, propomos a exibição do
BO O
filme O Leopardo (Itália, 1963. Direção de Luchino Vis- Nesta questão, espera-se que os alunos reconhe-
SC
conti), que trata da unificação italiana sob a perspectiva çam que as unificações da Itália e da Alemanha
M IV
de uma família aristocrática. foram impostas, autoritárias e sem a participação
Sugerimos também a leitura e discussão de tópi- popular.
O S
cos de:
• ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: refle- 14. E
D LU
xões sobre a origem e a expansão do nacionalismo. A questão trata da reunificação alemã após a que-
Lisboa: Edições 70, 2005. da do Muro de Berlim e retoma sua unificação do
século XIX, quando o Estado alemão foi criado.
O C
• GELLNER, E. Nações e nacionalismo. Lisboa: Gra- Naquele momento, o mais correto é falar em reor-
diva, 1993. ganização do poderoso exército prussiano e em
N X construção de um sentimento nacionalista.
SI E
Exercícios Propostos
15. A
7. E
O
ao movimento cartista – algumas das primeiras mo- relação com a Guerra Franco-Prussiana, de 1870.
bilizações de trabalhadores – nem ao socialismo. O texto relaciona a Comuna de Paris à revolução
E U
Trata-se da construção de um nacionalismo que pu- social proletária e à resistência contra a invasão
desse unificar as populações da Itália e da Alemanha. estrangeira da Prússia.
D E
8. B 16. C
A LD
A Guerra Franco-Prussiana não tem relação com os Nesta questão, estão resumidas as medidas que
ingleses nem com Napoleão. Também não foi um puderam ser tomadas após a unificação do Esta-
fracasso de Bismarck, muito pelo contrário. Portan- do alemão, todas elas benéficas à economia do
to, concluímos que trata-se do avanço das forças
EM IA
9. D 17. C
Não é correto falar em ausência de guerras em Após a derrota na Guerra Franco-Prussiana, hou-
relação à unificação da Itália e da Alemanha. Ocor- ve o nacionalismo revanchista francês e a oposi-
SI AT
reram batalhas e guerras, inclusive envolvendo ção do papa ao Estado italiano, a qual duraria até
outros países, como a guerra da França contra a 1929, quando foi criado o Estado do Vaticano.
Prússia.
M
10. D
Estudo para o Enem
A unificação italiana retirou o poder do Estado papal, 18. A
o que criou um impasse duradouro, resolvido ape- A questão extrapola um pouco o tema deste mó-
nas pelo fascismo italiano na passagem dos anos dulo, mas está a ele relacionada de certa forma.
1920 para os anos 1930, quando Benito Mussolini Os nacionalismos que começaram a ser cons-
criou o Estado do Vaticano como ele existe hoje. truídos no século XIX para unificar novas nações
(caso da Alemanha e da Itália) ou como uma rea-
11. D ção revanchista a uma derrota militar (caso da
As cidades do norte da Itália, mais ricas e in- França) resultaram nas guerras do início do século
dustrializadas, tinham os burgueses mais inte- XX, reforçadas por regimes totalitários.
HISTÓRIA 1
ções socioeconômicas e culturais de poder. 20. a) O estado alemão que liderou a unificação da
Alemanha foi a Prússia.
Habilidade: Identificar os significados histórico- b) Zollverein é o nome da aliança aduaneira que
-geográficos das relações de poder entre as nações. teve como meta a liberdade alfandegária para os
39 estados alemães. Isso ampliou a liberdade en-
19. A
Material do Professor
tre as suas fronteiras internas e, assim, facilitou o
A análise do texto permite chegar à conclusão de que
comércio, o que por sua vez intensificou a amplia-
os interesses da burguesia começaram a ser aten-
ção das áreas industriais. A Áustria, que era rival
didos antes de a unificação estar completa. A liga
da Prússia, foi excluída.
aduaneira começa a unificar os reinos e ducados e já
O
favorece a burguesia, principal fiadora da unificação. Competência: Compreender a produção e o pa-
BO O
pel histórico das instituições sociais, políticas e
SC
Competência: Compreender a produção e o pa-
econômicas, associando-as aos diferentes gru-
M IV
pel histórico das instituições sociais, políticas e
econômicas, associando-as aos diferentes gru- pos, conflitos e movimentos sociais.
O S
pos, conflitos e movimentos sociais.
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
D LU
Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou ruptu-
sociais que contribuíram para mudanças ou ruptu- ras em processos de disputa pelo poder.
O C
N X
SI E
O
EN S
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D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
O
romper com a herança colonial, que os manteve em si- nômica sobre toda a América. Tudo começa com
BO O
tuação de atraso em relação ao mundo industrializado. a Doutrina Monroe (“A América para os america-
SC
nos”), que, na prática, significava que nenhuma
M IV
Para ir além nação a não ser os Estados Unidos dominaria as
Sobre a Revolução Mexicana, indicamos a leitura da Américas. Em seguida, chega a Política do Big
O S
obra A Revolução Mexicana, de Carlos Alberto Sampaio Stick, que pressupunha uma diplomacia amigável,
Barbosa (São Paulo: Ed. da Unesp, 2010). Barbosa in-
D LU
mas uma grande força militar que ameaçasse os
vestiga as causas da primeira revolução de cunho socia- interlocutores do país.
lista, ocorrida na América, e apresenta uma compara-
ção entre os resultados desse evento e a situação dos
O C
11. C
países latino-americanos no século XX, em especial os
Ainda na esteira das doutrinas diplomáticas norte-
N X
de regimes ditatoriais.
Sugerimos também a leitura e discussão de tópi-
-americanas (Monroe e Big Stick, estudadas nes-
SI E
se módulo), os Estados Unidos garantiram a inde-
cos de:
pendência de Cuba em relação à Espanha, mas
• GRUZINSKI, S. A colonização do imaginário: socie-
O
dades indígenas e ocidentalização no México espa- substituíram o país europeu ao impor a Emenda
nhol (séculos XVI-XVIII). São Paulo: Companhia das Platt, segundo a qual poderiam interferir nos as-
EN S
império como projeto. São Paulo: Hucitec/Edusp, lores dos nativos, o coletivismo e a produção
2002. de subsistência, que respeita a natureza. Já os
A LD
natureza.
O investimento em ferrovia, para um país de ta-
b) A população indígena ou teve sua cultura des-
manho continental como os Estados Unidos, era
ST ER
HISTÓRIA 1
Com a vitória na guerra contra o México, os Esta-
dos Unidos dominaram definitivamente o Texas, o
Novo México e a Califórnia, alcançando com seu Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
avanço territorial o Oceano Pacífico. rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
ao longo da História.
16. a) O texto faz referência à doutrina do Destino
19. a) No próximo módulo, estudaremos o imperia-
Material do Professor
Manifesto.
lismo com mais detalhes. Porém, neste módulo,
b) Apesar de não ser explicitada, a ideia do Desti- já podemos conhecer o avanço imperialista dos
no Manifesto ainda orienta a política externa dos Estados Unidos, cuja principal característica eco-
Estados Unidos. Em geral, impõe decisões unila- nômica é utilizar os territórios dominados como
terais, especialmente desde o início do governo
O
mercado consumidor cativo dos interesses do
de George W. Bush, em 2001. Ignora organismos
BO O
país dominante.
internacionais (a ONU, no caso da invasão do
SC
b) Twain reconhece e demonstra os efeitos nega-
M IV
Iraque) e acordos internacionais (o Protocolo de
tivos do expansionismo norte-americano para as
Kyoto).
nações dominadas pelo seu imperialismo.
O S
17. C
Competência: Compreender as transformações
D LU
Essa guerra é decisiva porque, primeiro, os Es- dos espaços geográficos como produto das rela-
tados Unidos conquistam o acesso ao Pacífico, ções socioeconômicas e culturais de poder.
tornando-se uma nação continental de costa a
O C
costa, com saída para dois oceanos, e porque no Habilidade: Identificar os significados histórico-
Texas seria, mais tarde, descoberto petróleo e, na
N X
Califórnia, ouro.
-geográficos das relações de poder entre as nações.
SI E
20. C
Estudo para o Enem Para responder a esta questão, os alunos deverão
O
39 IMPERIALISMO
HISTÓRIA 1
O
BO O
ção faz parte do processo, mas pelo enunciado
Para ir além
SC
não se trata da sua etapa do século XX. A questão
M IV
Indica-se, ainda, a leitura da obra A partilha da África faz referência a um processo neocolonialista ou
Negra, de Henry Brunschwig (São Paulo: Perspectiva, imperialista no contexto da Segunda Revolução
O S
2004). Neste livro, o autor trabalha questões relativas industrial.
à partilha da África durante o movimento imperialista,
D LU
destacando as negociações dos países europeus para 12. D
a divisão dos territórios africanos. As Américas foram dominadas pelo imperialismo
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- dos Estados Unidos, e por isso as potências eu-
O C
picos de: ropeias se voltaram para a África e a Ásia.
N X
• HOCHSCHILD, A. O fantasma do rei Leopoldo. São
Paulo: Companhia das Letras, 1999.
13. A
SI E
Os trechos-chave para se chegar à resposta são:
• SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Com-
“fardo do homem branco” e “servidores de seus
panhia das Letras, 1995.
O
esses povos.
7. B
E U
listas, os Estados Unidos faziam o mesmo nas de Hobson, já foram apresentados à definição
Américas. Na charge, o Tio Sam (que representa de imperialismo. Com esta questão, passam a
A LD
os norte-americanos) apresenta-se como a grande saber também quem foi seu mentor intelectual.
potência imperialista das Américas. Não por acaso, Trata-se de um processo de expansão econômica
os europeus se voltaram para a África e a Ásia. e política em escala mundial levado a cabo por
EM IA
A visão eurocêntrica do mundo foi fortemente lios, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
reforçada no período imperialista e a “missão
civilizadora” do período colonial foi revisitada. 15. A
Africanos e asiáticos eram considerados atrasa- O imperialismo consolidou o que chamamos di-
SI AT
Estudo para o Enem lista que nunca existiu. Tratava-se, isso sim, de
argumentos de uma suposta missão civilizatória.
HISTÓRIA 1
18. D
Muitos entendem o avanço da China sobre a África Competência: Compreender as transformações
como uma nova investida imperialista, e de fato há dos espaços geográficos como produto das rela-
vários indícios de que isso está acontecendo. De- ções socioeconômicas e culturais de poder.
cisões na ONU de países africanos que recebem
investimento chinês tendem a concordar com os Habilidade: Identificar os significados histórico-
Material do Professor
votos dos chineses, para citar um exemplo de do- -geográficos das relações de poder entre as na-
minação política. No texto, a palavra “protetorado” ções.
é essencial para alcançar a resposta correta, que
fala em ameaça à soberania dos países africanos. 20. C
O
A escravidão permitiu o acúmulo de capital que as
BO O
Competência: Compreender a sociedade e a na- nações europeias (e também os Estados Unidos)
SC
tureza, reconhecendo suas interações no espaço depois utilizaram para financiar seu desenvolvi-
M IV
em diferentes contextos históricos e geográficos. mento capitalista e, em consequência disso, suas
investidas imperialistas.
O S
Habilidade: Reconhecer a função dos recursos
naturais na produção do espaço geográfico, rela- Competência: Entender as transformações técni-
D LU
cionando-os com as mudanças provocadas pelas cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
ações humanas. de produção, no desenvolvimento do conheci-
mento e na vida social.
O C
19. C
As alternativas erradas ou apontam característi- Habilidade: Identificar registros sobre o papel
N X
cas da primeira investida colonialista (dos séculos das técnicas e tecnologias na organização do tra-
SI E
XV e XVI) ou falam de uma política multicultura- balho e/ou da vida social.
O
EN S
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D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
O
na época o Império Austro-Húngaro e a Sérvia.
minaram em alianças e na eclosão da guerra, tendo
BO O
como estopim o assassinato do arquiduque Francisco
SC
11. C
M IV
Ferdinando. Vimos, ainda, algumas características e as
É possível relacionar a Primeira Guerra Mundial
fases da Primeira Guerra Mundial, além de apresen- aos processos desenvolvidos ainda no século XIX,
tar alguns dos movimentos depois do fim do conflito,
O S
como a Revolução Industrial e o imperialismo. Por-
como o Tratado de Versalhes. tanto, as disputas políticas e econômicas, além do
D LU
nacionalismo, que levaram ao início do conflito,
Para ir além tiveram como protagonistas vários países que já
Pode-se desenvolver uma atividade de leitura dos estavam industrializados, como a Inglaterra.
O C
relatos de soldados sobre as experiências da guerra.
Após a análise do material escrito, é possível promover 12. A
N X
uma discussão sobre os valores que existiam durante O mapa europeu antes e depois da Primeira Guerra
SI E
a guerra, como a proximidade com a morte e o valor Mundial alterou-se profundamente, incluindo a re-
da vida. Além disso, temáticas como testemunho, so- gião dos Bálcãs, com a dissolução do Império Aus-
O
breviventes de guerra e trauma podem dar origem a tro-Húngaro. Ao fim da guerra, os Estados Unidos
reflexões importantes. saíram vitoriosos e com hegemonia política. O Tra-
EN S
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos de: tado de Versalhes colocou duras imposições para a
Inglaterra e a Liga da Nações foi criada para ser um
E U
7. E
terra, França e Rússia; e o número 2 simboliza
As duas primeiras alternativas apresentam in- a Tríplice Aliança, composta por Império Austro-
formações corretas quanto ao desenvolvimento -Húngaro, Alemanha e Itália.
M
HISTÓRIA 1
Uma das características da Primeira Guerra Mun-
dial foi a guerra de trincheiras, que consistiu em
17. B escavações feitas no solo para abrigar e proteger
A eclosão da Primeira Guerra Mundial está asso- os soldados.
ciada às disputas entre os países e aos naciona-
lismos regionais. Essas tensões levaram à cria- Competência: Entender as transformações técni-
Material do Professor
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
ção de alianças, as quais deram origem à Tríplice
de produção, no desenvolvimento do conheci-
Aliança e à Tríplice Entente, que foram acionadas
mento e na vida social.
quando do início do conflito, em 1914.
Habilidade: Identificar registros sobre o papel
O
Estudo para o Enem das técnicas e tecnologias na organização do tra-
BO O
balho e/ou da vida social.
SC
18. A
M IV
A competição europeia por mercados exteriores, 20. E
somada a disputas territoriais no próprio conti- Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Alema-
O S
nente, contribuiu para a eclosão de diversos con- nha foi duramente penalizada com as cláusulas do
Tratado de Versalhes. Como é possível observar
D LU
flitos, como a Primeira Guerra Mundial. O senti-
em parte do documento apresentado na questão,
mento radicalizado do nacionalismo fez crescer as
foram atribuídas diversas condições e limitações
tensões dentro da Europa.
à nação perdedora.
O C
Competência: Compreender as transformações
N X
dos espaços geográficos como produto das rela-
Competência: Compreender os elementos cultu-
rais que constituem as identidades.
SI E
ções socioeconômicas e culturais de poder
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
O
41 REVOLUÇÃO RUSSA
HISTÓRIA 1
períodos do conflito e o estabelecimento do governo Guerra Mundial seria uma motivação a mais para
bolchevique e do socialismo. Também abordamos o que fossem organizadas greves e manifestações
governo de Vladimir Lenin e Josef Stalin na URSS e populares contra o czar.
sua política externa.
13. C
O
Para ir além Os versos podem ser associados à derrubada
BO O
Para compreender melhor a arte socialista – o “rea- do monarca russo, o czar Nicolau II, trazendo o
SC
lismo socialista” –, pode-se analisar diversas obras de modelo socialista para o país, comandado pelo
M IV
artistas da URSS, como Isaak Brodski, Arkady Plastov e Partido Bolchevique.
Victor Tchijikov, entre outros. Peça aos alunos que obser-
O S
vem os aspectos estéticos simples, evidenciando a luta 14. C
D LU
e a consciência social, lembrando que esse movimento A Revolução Russa ocorreu inicialmente com a
estava intrinsecamente ligado ao governo soviético. união de grupos que queriam a derrubada do czar
e, assim, os comunistas chegaram a apoiar gru-
O C
Exercícios Propostos pos que não concordavam com essa ideologia.
Após o fim do czarismo, tornou-se aos conflitos,
7. D N X que levaram a uma revolução socialista de fato.
SI E
Como vimos no módulo, a Revolução Russa foi
a primeira experiência do socialismo instaurado 15. D
por meio de uma revolução em todo um Estado.
O
8. B
assim como uma das principais motivações para
Lenin defendia os ideais caros ao socialismo e que as revoltas se iniciassem, era que a Rússia
E U
ao marxismo, como o controle da produção pe- não participasse mais do conflito mundial.
los operários, a nacionalização da propriedade
D E
9. A
cias centrais.
Para driblar questões econômicas surgidas do
ST ER
11. D 18. C
A Revolução Russa buscava a igualdade entre as A distribuição espacial do mapa e suas zonas de
classes sociais, a laicidade do Estado e a nacio- influência apontam para a influência das grandes
potências econômicas no mundo pós-URSS.
nalização de toda propriedade privada. Para isso,
anulou títulos de nobreza, separou o Estado da Competência: Compreender as transformações
Igreja, promoveu a reforma agrária e deu fim à dos espaços geográficos como produto das rela-
propriedade privada. ções socioeconômicas e culturais de poder.
HISTÓRIA 1
O texto identifica a centralização do poder no
partido então governante, o Bolchevique, e a
19. B
Nova Política Econômica (NEP), que retornava a
Ainda que os quadrinhos produzidos nos Estados algumas práticas capitalistas a fim de solucionar
Unidos viessem a antagonizar heróis conhecidos dificuldades econômicas.
do público contra vilões soviéticos e comunis-
Competência: Compreender a produção e o papel
Material do Professor
tas, neste exemplo a capa do gibi retrata a luta
contra os regimes totalitários na Segunda Guerra histórico das instituições sociais, políticas e eco-
Mundial. nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais.
Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades. Habilidade: Identificar registros de práticas de
O
grupos sociais no tempo e no espaço.
BO O
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
SC
graficamente fontes documentais acerca de as-
M IV
pectos da cultura.
O S
D LU
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EN S
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A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M
42 REGIMES TOTALITÁRIOS
HISTÓRIA 1
Para ir além
O
11. D
BO O
É possível desenvolver uma atividade com os alu- A Guerra Civil Espanhola teve como vitoriosos
SC
nos por meio da exibição do filme 1984 (EUA, 1984. o grupo da Falange, que era apoiado pela Itália
M IV
Direção: Michael Radford), baseado no livro homônimo fascista e pela Alemanha nazista, consolidando o
de George Orwell. Após o filme, debata com a turma regime de Francisco Franco na Espanha.
O S
sobre as temáticas de guerra, como vigilância governa-
mental e manipulação midiática, fazendo uma análise 12. C
D LU
do período histórico estudado e sobre a possível rela- Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha via-
ção com o presente. Ainda com suporte audiovisual, -se diante de um cenário de crise, sua experiên-
pode-se exibir o filme O triunfo da vontade (Alemanha,
O C
cia democrática fora abalada e, nesse momento,
1936. Direção de Leni Riefenstahl). Trabalhe com os grupos extremistas de diferentes vertentes bus-
N X
alunos as características do nazismo alemão, centrado
na figura de Hitler, problematizando questões como a
cavam alçar-se ao poder.
SI E
propaganda e o culto à personalidade. 13. E
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- A ascensão nazista na Alemanha deveu-se em
O
do desemprego.
• ŽIŽEK, Slavoj. Alguém disse totalitarismo. São Paulo:
Boitempo, 2013.
14. D
D E
Exercícios Propostos
objetivos alemães por meio de uma organização
7. A militarizada da sociedade.
Jesse Owens era um atleta norte-americano
15. C
EM IA
16. C
Os dois regimes que se difundiram durante o
período entreguerras foram o fascismo italiano Como forma de difundir seus ideais e se manter
e o nazismo alemão. Ambos tinham em comum no poder, o nazismo fez uso da propaganda políti-
M
doutrinas que se baseavam no fortalecimento do ca e do culto a Adolf Hitler, líder nazista. O cinema
nacionalismo e em políticas totalitárias, como mi- foi uma das formas mais efetivas encontradas
litarização, autoritarismo e expansionismo. pelos nazistas para disseminar essas ideias.
9. D 17. C
O símbolo demonstrado na questão remete ao fas- A propaganda nazista foi uma forma encontrada
cismo italiano de Benito Mussolini, no qual o feixe pelos nazistas para difundir sua ideologia. Essas
representava a união e a obediência, enquanto a propagandas serviam tanto para incutir os ideais
machadinha significava a repressão. Esse feixe no pensamento alemão da época como para de-
de varas estaria na origem do nome “fascismo”, monstrar o que era esperado para aqueles que
proveniente de fascio ou “feixe de varas”. se opusessem ao ideal nazista.
HISTÓRIA 1
18. B
nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
A Guerra Civil Espanhola, no contexto europeu do conflitos e movimentos sociais.
entreguerras, opôs dois grupos. Um que buscava
instaurar uma república na Espanha, incluindo as Habilidade: Avaliar criticamente conflitos cultu-
Brigadas Internacionais; e outro composto por gru- rais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais
pos tradicionalistas e autoritários, aproximados ao
Material do Professor
ao longo da História.
fascismo. Nesse cenário, a perspectiva que promo-
veu a mobilização comentada no texto refere-se ao 20. E
combate ao fascismo, uma vez que se opunham a
As práticas eugênicas podem ser comprovadas
grupos ligados a essa ideologia e que, inclusive, re-
pelas Leis de Nuremberg, que retiravam a cida-
O
ceberam apoio de forças nazistas durante o conflito.
dania alemã de judeus e proibiam diversos di-
BO O
reitos políticos desse grupo. Além disso, vê-se
SC
Competência: Compreender as transformações
M IV
dos espaços geográficos como produto das rela- as práticas eugênicas nas políticas de Solução
ções socioeconômicas e culturais de poder. Final e nos campos de extermínio. A primeira foi
a retirada forçada da população judia de todos os
O S
Habilidade: Comparar o significado histórico- territórios ocupados pela Alemanha, e a segun-
D LU
-geográfico das organizações políticas e socioe- da consistiu no extermínio de judeus, que eram
conômicas em escala local, regional ou mundial. presos e executados.
O C
19. C Competência: Compreender a produção e o papel
Um dos pilares do nazismo estava na criação de histórico das instituições sociais, políticas e eco-
N X
inimigos comuns ao povo alemão, principalmente nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
SI E
os judeus. A ideologia nazista, portanto, baseava- conflitos e movimentos sociais.
-se na construção de ideias racistas e antisse-
O
43 DEMOCRACIAS LIBERAIS
HISTÓRIA 1
O
Estados Unidos viviam um período de prosperidade em decorrência da Lei Seca. E, na Europa, pela as-
BO O
econômica, traduzido no american way of life (modo censão de regimes totalitários de ideais extremis-
SC
de vida americano). tas, como o nazismo alemão e o fascismo italiano.
M IV
10. E
Para ir além
O S
A Guerra de Secessão dos Estados Unidos foi um
Pode-se desenvolver uma atividade com base na
confronto entre a chamada União, formada pelos
D LU
ideia do american way of life, crescente na década de
estados antiescravistas do Norte; e os Confede-
1920, que ficou conhecida como “os loucos anos 20”.
rados, formados pelos estados do Sul, que se
Utilizando materiais audiovisuais (filmes e músicas)
separaram da federação para guerrear em favor
O C
de manifestações culturais da época, como a dança,
da continuidade da escravidão. Isso não tem re-
o jazz, o desenho animado e o cinema mudo, é possí-
N X
vel discutir as tecnologias desenvolvidas no período e
lação com o american way of life, uma filosofia
de vida relacionada ao consumismo, ao poder do
SI E
os novos estilos estéticos, de vestimenta, postura e capitalismo, à indústria cultural e à exportação de
comportamento. Com isso, é possível problematizar, tudo isso a outros países.
por exempo, a mudança de comportamento das mu-
O
provindos de comunidades negras, entre eles o jazz. As duas crises apresentam problemas opostos.
Os vídeos indicados a seguir mostram alguns des- Na Crise de 1929, os problemas surgiram por-
E U
• <bit.ly/2B9M93J>. 12. D
A Crise de 1929 ocorreu em virtude da superpro-
Acessos em: 13 out. 2018.
dução industrial e agrícola, a qual foi motivada
EM IA
7. A 14. A
Após a Primeira Guerra Mundial, a Europa se Os personagens estão observando a cotação
endividou com os Estados Unidos para poder re- da Bolsa de Valores. Isso ocorreu porque diver-
construir seus países, devastados pelo recente sas camadas sociais passaram a desejar fazer
conflito. A Alemanha, que já havia perdido a guer- parte da especulação econômica, que prometia
ra, foi um deles, e sua situação se tornaria ainda enriquecimento em momentos de prosperidade
pior após a eclosão da crise nos Estados Unidos. econômica.
HISTÓRIA 1
Os fatores que levaram à Crise de 1929 foram,
principalmente, a superprodução de mercadorias ções socioeconômicas e culturais de poder.
e a diminuição da demanda dos consumidores, o
Habilidade: Identificar os significados histórico-
que tornou a oferta maior que a procura.
-geográficos das relações de poder entre as na-
16. D ções.
Material do Professor
Após a Primeira Guerra Mundial, todos os países 19. C
europeus sofreram consequências, uma vez que Os dois momentos ressaltados pelo enunciado
o conflito havia ocorrido em seus territórios. A relacionam-se à maior oferta de produtos nos Es-
nação que saiu fortalecida foi apenas os Estados tados Unidos, à publicidade e à indústria do lazer.
O
Unidos, que prosperaram economicamente e pas- A prosperidade econômica também levou os ban-
BO O
saram a emprestar dinheiro para que os países cos a emprestar mais dinheiro sem restrições.
SC
europeus se recuperassem.
M IV
Competência: Compreender os elementos cul-
17. D turais que constituem as identidades.
O S
Ainda que o país vivesse momentos de prospe-
ridade, isso não evitou que pessoas vivessem Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
D LU
na pobreza e que a segregação se mantivesse, graficamente fontes documentais acerca de as-
principalmente a racial. Por outro lado, nas gran- pectos da cultura.
O C
des cidades vemos uma “era de ouro” para a
20. A
construção civil, com grandes estruturas sendo
N X
construídas. Essa prosperidade também levou ao O liberalismo econômico, que defende a ideia
de que o mercado deve se autorregular sem a
SI E
chamado american way of life, o estilo de vida
ação do Estado, foi uma das causas da Crise de
americano, que era exportado com seus produtos
1929. Depois do incidente, voltou-se a repensar
para outros países.
O
18. D
cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
Depois da Primeira Guerra Mundial, a especula- de produção, no desenvolvimento do conheci-
D E
ção econômica foi próspera nos Estados Unidos, mento e na vida social.
mas os investimentos e a produção cresceram
A LD
acima da demanda do mercado. Isso levou à Cri- Habilidade: Analisar diferentes processos de
se de 1929, que se espalhou por todo o mundo produção ou circulação de riquezas e suas impli-
capitalista. cações socioespaciais.
EM IA
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44 CRISE DE 1929
HISTÓRIA 1
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Para ir além
11. E
SC
Pode-se desenvolver uma atividade por meio da
M IV
exibição do filme Vinhas da ira (EUA, 1940. Direção de Todas as alternativas apresentam informações
John Ford). O filme trata de uma família de pequenos corretas no que se refere à Crise de 1929.
O S
agricultores que foram expulsos de suas terras e atra-
vessam o país em busca de melhores condições de 12. C
D LU
vida. Com base no filme, é possível discutir os efeitos Franklin Delano Roosevelt, presidente na época,
da crise, os aspectos da pobreza e o cotidiano de gru- criou uma série de medidas para enfrentar a crise,
pos que tentavam sobreviver. as quais ficaram conhecidas como New Deal e foram
O C
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- inspiradas nas ideias do economista John Keynes.
picos de: N X 13. A
• ALBRAITH, J. F. 1929: a grande crise. São Paulo:
SI E
A tabela mostra os anos da crise capitalista que
Larousse, 2010.
começou nos Estados Unidos em 1929, com a
O
• ANKELE, D. Dorothea Lange: the Great Depression. quebra da Bolsa de Valores de Nova York. A me-
Ankele Publishing, LLC, 2012. dida do New Deal, com a intervenção do Estado
EN S
cipais medidas foi o investimento em infraestru- de superar a Crise de 1929 foi a intervenção do
tura, gerando empregos para a população. Estado na economia.
ST ER
8. D 15. B
O otimismo esteve presente nos Estados Uni- A Crise de 1929 contribuiu para algumas mu-
dos especialmente no pós-guerra, já que o país danças nas estruturas de sociedades da Amé-
SI AT
havia saído vitorioso e ajudava na reconstrução rica Latina, já que atingiu as elites econômicas
da Europa. Esse período marcou o american way dos países. Também motivou a industrialização
of life, demonstrando como viver nos Estados de diversos países, como o Brasil, alterando as
M
Unidos era bom e como seus preceitos de liber- dinâmicas de importação e exportação. Todas es-
dade haviam triunfado, elementos que podem sas questões foram fatores para mudanças nos
ser visualizados no outdoor. Como contraste a cenários políticos, tendo havido governantes mais
essa situação, percebe-se na fotografia uma fila próximos das pautas trabalhistas (portanto, mais
de desempregados, em consequência direta da ligados ao povo), bem como a ascensão de dita-
Crise de 1929, que afetou profundamente o país. duras, também pensando no contexto de Guerra
Fria a partir de 1945.
9. A
A Crise de 1929 gerou uma movimentação para a 16. C
industrialização de países que dependiam forte- Ressalta-se que a crise do capitalismo teve um
mente da importação de produtos estrangeiros, aspecto global e, portanto, atingiu vários países.
HISTÓRIA 1
A Lei Antitruste foi uma prática do Brasil durante o
governo ditatorial de Getúlio Vargas para limitar a
compra de empresas brasileiras por estrangeiros. Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades.
Estudo para o Enem
Habilidade: Comparar pontos de vista expressos
em diferentes fontes sobre determinado aspecto
Material do Professor
18. B
A Crise de 1929 ocorreu em virtude de uma super- da cultura.
produção industrial, já que as compras e vendas não
20. C
acompanharam o ritmo da produção. Já a crise de
2008 esteve relacionada à especulação imobiliária. No trecho citado na questão, evidencia-se que a
O
crise aconteceu de maneira cumulativa, atingindo
BO O
Competência: Compreender os elementos cul- setores gradativamente.
SC
turais que constituem as identidades.
M IV
Habilidade: Comparar pontos de vista expressos Competência: Compreender os elementos cul-
em diferentes fontes sobre determinado aspecto turais que constituem as identidades.
O S
da cultura.
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
D LU
19. E graficamente fontes documentais acerca de as-
pecto s da cultura.
A alternativa incorreta é a E, pois não é possível
afirmar que a crise atingiu somente imigrantes ou
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12/12/2018 14:09:37
I
MATERIAL DO PROFESSOR
Material do Professor
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS
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HISTÓRIA 2
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gens de muitas gerações e para a apropriação
BO O
continente que foi o berço de nossa espécie, lugar de trabalho escravo. Com essas informações,
SC
das primeiras grandes civilizações da História, de gran- concluímos que trata-se do Congo.
M IV
des reinos de norte a sul, leste a oeste, e de diversos
outros grupos nômades ou seminômades que apre- 10. O rei africano indica a utilização do trabalho escravo
tradicional de certos povos africanos como justifica-
O S
sentam uma cultura riquíssima e muito valorosa para
a história da humanidade. Além disso, é importante tiva moral para as metrópoles europeias realizarem
D LU
evidenciar como e o quanto a história africana estende- o tráfico internacional em larga escala de pessoas
-se às Américas. Primeiro, com a escravidão. Depois, escravizadas durante a expansão do capitalismo
com a resistência dos escravizados e o esforço dessas mercantil. No Brasil, o início da ocupação do ter-
O C
populações em manter viva sua cultura e identidade. ritório com a produção de cana-de-açúcar deu-se
com o trabalho escravo em larga escala e, como a
Para ir além
N X mortalidade dos escravizados era muito grande, o
chamado tráfico de almas só cresceu.
SI E
Uma proposta importante para enriquecer a aula é
pedir aos alunos que, antes da aula, pesquisem povos 11. C
O
• KI-ZERBO, J. Para quando África. Rio de Janeiro: nos negros e escravos constituíam um único povo,
Pallas, 2006. mas, na verdade, havia muita diversidade cultural,
• ______. Histórias da África Negra. Trad. Mem religiosa e linguística.
SI AT
15. E 19. A
HISTÓRIA 2
O domínio do Mali por toda a região noroeste da Apesar da diversidade dos povos africanos, uma
África estabeleceu um controle rígido de rotas de vez que as pessoas eram escravizadas e trazidas
transporte e comércio, com as quais lucravam. ao Brasil, aqui eram encaradas como um povo só.
Portanto, houve uma relativa pacificação da re- Ainda que tivessem suas diferenças, tinham mais
gião. Com isso, a expansão dos povos islâmicos semelhanças entre si (até pela própria condição
foi facilitada, até porque não houve conflito, e sim de escravizados) do que entre eles e os portugue-
Material do Professor
trocas entre os malineses e os islâmicos. ses e indígenas. Dessa forma, desenvolveu-se,
no país, uma cultura afro-brasileira.
16. D
Competência: Compreender os elementos cul-
O texto colabora com a reescrita da história do
turais que constituem as identidades.
Brasil para que seja valorizada a tradição afro-
O
-brasileira em todos os seus aspectos. Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
BO O
graficamente fontes documentais acerca de as-
SC
17. B pectos da cultura.
M IV
A alternativa I está errada porque o Haiti não é
uma nação africana. A afirmativa IV está errada 20. B
O S
porque os escravizados resistiam, mantinham O primeiro elemento que precisa ser avaliado
é o que, geralmente, se representa nos filmes
D LU
viva sua cultura, sua história, sua língua e sua
identidade e colaboraram para enriquecer a cul- ambientados na África. O comércio, a história,
tura brasileira. a sociedade e a diversidade raramente são re-
presentados, e, quando são, geralmente é de
O C
Estudo para o Enem forma caricata. Por outro lado, pela forma sim-
18. C
N X plista como a África é mostrada, o exotismo é
largamente explorado. O segundo elemento a ser
SI E
O Mali tinha uma posição privilegiada entre as ro- avaliado é o que os filmes não mostram e deixam
tas de transporte e comércio no noroeste africano de lado. A natureza é sempre mostrada e savanas,
O
e, no centro dessas rotas, houve ali uma grande leões, elefantes e girafas aparecem mais do que
sequência de reinos ricos e prósperos. os povos africanos. Assim, as diversas culturas
EN S
cultural. No entanto, é preciso tratar da questão dos a respeito da escravidão: os indígenas eram os
negros e afrodescendentes no Brasil com seriedade, bons selvagens, que deveriam ser salvos pela
sem sentimentalismos ou qualquer outra forma que, conversão e pela catequese. Os afrodescenden-
de algum modo, camufle a reinante segregação e o tes, por outro lado, estariam condenados a servir.
O
racismo de nossa sociedade.
8. C
BO O
A valorização dos negros que se busca passa
SC
pela questão histórica, devendo ser tratada de forma André Rebouças, engenheiro negro nascido na
M IV
científica. Dessa forma, propomos que o trabalho do Bahia, foi um dos fundadores da Sociedade Bra-
professor seja na direção de dar sentido à luta pela sileira Contra a Escravidão.
O S
igualdade de direitos, pela garantia de oportunida-
9. A
des e pelo reconhecimento histórico da questão dos
D LU
afrodescendentes. Todas as afirmativas estão corretas e servem
como um bom resumo das análises a respeito
do mito da democracia racial, além de fazer refe-
Para ir além
O C
rência a autores clássicos como Gilberto Freyre
Discuta, de forma embasada, utilizando textos com
e Florestan Fernandes.
N X
vários pontos de vista, a questão das cotas e outras
políticas do Brasil de acesso e inclusão da população
SI E
10. B
afrodescendente. Para ampliar as ideias estudadas e
O fato de a independência ter aumentado o poder
debatidas neste módulo, sugerimos o documentário
O
brasileira.
defendiam a manutenção da escravidão. A afirma-
Indica-se, também, a visita ao site do Instituto
tiva III está errada porque houve um movimento
Moreira Salles, que disponibiliza em seu blog uma
de negros libertos e ex-escravos que defendia o
série de imagens que retratam afrodescendentes
EM IA
retorno da monarquia.
na sociedade brasileira do século XIX. A convite do
instituto, a historiadora e antropóloga Lilia Moritz 12. E
ST ER
tos-e-chibatasconversa-com-lilia-schwarcz>. Acesso
na Região Norte nem atividade agropecuária re-
em: 21 out. 2018.
levante no Centro-Oeste. O café, por outro lado,
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
crescia cada vez mais.
M
picos de:
• DAVIS, D. B. O problema da escravidão na cultu- 13. B
ra ocidental. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
Esse é um fato muito importante sobre os quilom-
2001.
bos e que, em geral, não é lembrado. Os escravos
• FLORENTINO, M. (Org.). Tráfico, cativeiro e liber- fugidos organizados em quilombos também acu-
dade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. mulavam poder, por serem muitos e oferecerem
uma resistência coletiva. Escondiam-se de seus
• SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças: antigos donos e dos capatazes, mas mantinham
cientistas, instituições e questão racial no Brasil relações com a população livre do entorno e ti-
(1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, nham as próprias produções. Mesmo quando
1993. detectados, nem sempre os donos de escravos
tinham forças para desestruturar o quilombo e o racismo, pois, se a democracia racial existe, o
reescravizar aquelas pessoas. racismo e o preconceito não podem existir. As-
HISTÓRIA 2
sim, ações afirmativas ficam congeladas, como
14. E se o problema já estivesse resolvido.
Esta questão discute o quanto o trabalho escravo
foi essencial para o desenvolvimento econômi- Competência: Utilizar os conhecimentos históri-
co brasileiro, o que torna ainda pior o fato de, cos para compreender e valorizar os fundamentos
Material do Professor
ao menos a geração que estava viva na época da cidadania e da democracia, favorecendo uma
da abolição, não ter recebido qualquer tipo de atuação consciente do indivíduo na sociedade.
indenização.
Habilidade: Relacionar cidadania e democracia
15. B na organização das sociedades.
O
Na pintura, são representados uma senhora ne-
BO O
19. C
gra, uma jovem mulher mulata e um bebê branco.
SC
A obra mostra a tendência do branqueamento da Na sociedade escravista brasileira, as roupas tam-
M IV
população, defendida por médicos e cientistas bém serviam como marca de distinção social. Os
racialistas que associavam o negro à degeneração alforriados, negros libertos, procuravam se vestir
O S
e, por isso, acreditavam que o embranquecimen- com roupas e sapatos elegantes para se diferen-
ciar dos escravos, que eram proibidos de usá-los.
D LU
to da população era uma condição para que o
Brasil se tornasse um país moderno e civilizado.
Competência: Compreender os elementos cul-
turais que constituem as identidades.
O C
16. C
Os proprietários de terras não aceitavam homens
N X
libertos e pobres em suas fazendas, pois os con-
Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
graficamente fontes documentais acerca de as-
SI E
sideravam escravos. Desde esse momento – o pectos da cultura.
da produção quase exclusiva de café – até os
primeiros passos da industrialização, os postos
O
20. B
de trabalho livre foram negados aos negros, en- Os números, em um momento de proibição do trá-
EN S
quanto italianos, alemães e outros imigrantes fico, são muito maquiados. Os números do tráfico,
eram privilegiados. uma vez proibido, não entram na estatística por
E U
A imagem representa negros escravizados traba- soas escravizadas nos portos brasileiros diminuiu
lhando. Não está sendo mostrada uma alforria, o
A LD
O
BO O
que tornou o número de eleitores ainda mais restrito queda da monarquia ao fim do Estado Novo. São
SC
do que no império. Demonstre como a república criou Paulo: Contexto, 2016.
M IV
um aparato institucional de exclusão da população
afro-brasileira que deu lugar à escravidão existente no Exercícios Propostos
O S
período monárquico.
Por fim, um tema muito importante e bastante co- 7. A
D LU
brado nos vestibulares é o imaginário republicano. A Conforme o texto, os republicanos de São Paulo
nascente república precisou se legitimar e, para isso, visavam a autonomia estadual, ou seja, diminuir
valeu-se de uma reescrita da história brasileira e da cria- a interferência do governo central em seus ne-
O C
ção de símbolos nacionais. O principal deles foi a figura gócios. Em São Paulo, o republicanismo foi de-
de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira e membro fendido sobretudo pela elite cafeeira do oeste
N X
das forças armadas, alçado à categoria de herói nacional do estado, que ambicionava maior participação
SI E
pelo Exército que proclamou e governou a república. política, até então concentrada nas mãos da elite
do Vale do Paraíba e do Nordeste.
Para ir além
O
positivista de Auguste Comte, principal referência ideo- Tiradentes foi eleito herói nacional pela nascente
lógica do republicanismo no Brasil. Pode-se trabalhar de república porque contribuía para a imagem posi-
E U
que maneira o Brasil se apropriou da teoria francesa, tiva das instituições militares e por ter sido, já
reinterpretando-a de acordo com questões próprias da no período colonial, integrante da Inconfidência
D E
clássico da literatura brasileira e sua leitura é cobrada tadíssima, uma vez que mulheres, mendigos, reli-
em diversos vestibulares. Escrito em 1915, o livro é giosos, soldados e analfabetos ficaram excluídos.
ambientado no Rio de Janeiro logo após a Proclama- Tendo em vista as sérias desigualdades sociais do
ST ER
ção da República. O protagonista vivencia a Revolta da período, em um país que abolira recentemente a
Armada, por exemplo. Em tom irônico, Lima Barreto escravidão, a medida impediu o acesso de uma
tece críticas aos primórdios do regime republicano, grande parcela da população às eleições.
SI AT
santes informações e documentos de época. O museu período republicano, deu continuidade à política
funciona no casarão onde, em 1873, foi realizada a Con- econômica iniciada nos anos finais do império, a
venção de Itu, a primeira convenção republicana do Bra- qual ficou conhecida como encilhamento e teve
sil. Disponível em: <www.itu.com.br/artigo/registros- como consequência uma grave crise inflacionária
-da-convencao-republicana-de-itu-de-1873-20151109>. que diminuiu drasticamente o poder de compra
Acesso em: 18 out. 2018. da população.
Sugerimos também a leitura e discussão de tó-
picos de: 11. D
• CARVALHO, J. M. de. A formação das almas: o O texto deixa claro que a Proclamação da Repú-
imaginário da república no Brasil. São Paulo: Com- blica ocorreu em razão de um projeto de militares
panhia das Letras, 1990. que tinham um forte pensamento republicano.
O excerto destaca o caráter salvacionista que as Entre as quatro alternativas, a única que se refere
forças armadas atribuíam a si mesmas, julgando- a um evento ocorrido em seu governo é a primei-
HISTÓRIA 2
-se capazes de resolver os problemas brasileiros. ra. A política dos governadores foi característica
da chamada República Oligárquica; a Revolta de
12. A Canudos eclodiu durante o governo de Prudente
A atual bandeira do Brasil foi adotada em novem- de Moraes; e a Revolução Federalista ocorreu no
bro de 1889, pouco após a Proclamação da Re- governo de Floriano Peixoto.
Material do Professor
pública. Os dizeres “Ordem e progresso” foram
adaptados do lema do positivismo de Auguste 16. A
Comte: “O amor por princípio, a ordem por base A Revolução Federalista foi comandada por es-
e o progresso por fim”. tancieiros gaúchos que defendiam uma política
mais federalista, com maior autonomia para o
O
13. a) As ideias republicanas existiram no Brasil desde Rio Grande do Sul, acusando o governo federal
BO O
os tempos da colônia (lembremos da Inconfidên- de excessivo centralismo, e expandiu-se para os
SC
cia Mineira e da Conjuração Baiana, por exemplo). demais estados da Região Sul, como Paraná e
M IV
No entanto, foi apenas na década de 1870 que se Santa Catarina.
difundiram com maior força, o que culminou na Pro-
O S
clamação da República, em 1889. A fundação de 17. C
partidos republicanos, primeiro no Rio de Janeiro O trecho denuncia, com a ironia típica de Macha-
D LU
e em São Paulo e, depois, nos demais estados, no do de Assis, como Custódio pouco se importava
início da década de 1870, foi um evento decisivo na com a queda do império e a posterior implemen-
disseminação dessas ideias entre as elites políticas tação da república. Às vésperas da proclamação,
O C
brasileiras. Com a formação de partidos, o republi- ele nomeou seu estabelecimento de “Confeitaria
canismo alcançou uma capacidade de organização e
N X do Império”, o que denuncia seu total desconheci-
de propaganda que foram fundamentais para seu for- mento em relação à conspiração articulada entre
SI E
talecimento e para sua posterior chegada ao poder. a elite civil e os militares. O trecho deixa claro
b) Um dos principais fatores da crise do impé- que a preocupação de Custódio era apenas com
O
rio foi o embate do imperador com as forças ar- os gastos de sua confeitaria. A revolução que
madas. Sobretudo após a atuação vitoriosa na dera origem à república lhe afetava apenas na
EN S
Guerra do Paraguai, o Exército demandava maior medida em que o forçava a alterar o nome do
autonomia e indignava-se com intervenções de estabelecimento.
E U
e racional seria capaz de guiar a humanidade à A crônica, de maneira humorística, expõe a dis-
modernidade e ao progresso. Os militares brasi- tância da população em relação à Proclamação da
leiros também defendiam o ideal salvacionista, República. O velho Lima, ao voltar para o trabalho,
EM IA
segundo o qual eles eram os únicos capazes de sequer havia tomado conhecimento de que o re-
solucionar a grave crise institucional gerada pela gime político vigente no Brasil havia se alterado.
ST ER
monarquia. Foi por essas razões que o Exército Ao final do trecho, ele ainda afirma que o país se
encabeçou a Proclamação da República em 1889, tornaria uma república em três anos, expondo
atuando em consonância com os desejos das eli- seu total desconhecimento em relação à situação
tes que compunham os partidos republicanos de política do país naquele momento.
SI AT
diferentes estados.
Competência: Compreender a produção e o papel
14. B histórico das instituições sociais, políticas e eco-
M
No império, o voto era censitário, ou seja, res- nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
trito apenas àqueles que comprovassem possuir conflitos e movimentos sociais.
determinada renda. Com a Constituição republi-
cana, o caráter censitário foi abolido. No entanto, Habilidade: Analisar a atuação dos movimentos
a participação política foi ainda mais limitada em sociais que contribuíram para mudanças ou rup-
virtude da exclusão de mulheres, soldados, reli- turas em processos de disputa pelo poder.
giosos, mendigos e analfabetos.
19. D
15. A O excerto do Código Penal Brasileiro de 1890 proí-
A questão refere-se ao governo do marechal Deo- be explicitamente a capoeira em espaços públicos.
doro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil. A capoeira era uma das principais manifestações
O
conflitos e movimentos sociais. atuação consciente do indivíduo na sociedade.
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SC
Habilidade: Analisar o papel da justiça como ins- Habilidade: Relacionar cidadania e democracia
M IV
tituição na organização das sociedades. na organização das sociedades.
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M
HISTÓRIA 2
Comentários sobre o módulo Exercícios Propostos
O módulo apresenta, de modo panorâmico, o gover-
7. B
no de dez presidentes do Brasil. No entanto, mais im-
portante do que ater-se detalhadamente a cada um dos A questão sintetiza informações a respeito dos
governos é oferecer aos alunos a compreensão geral de governos de diferentes presidentes estudados
Material do Professor
características da política, da sociedade, da economia e neste módulo. Os alunos poderão responder à
da cultura do período. Nesse sentido, os temas centrais questão retomando o conteúdo do módulo, o que
do módulo são: política dos governadores, política do permitirá o aprofundamento em uma visão ampla
café com leite, coronelismo, voto de cabresto, reforma e panorâmica da República Oligárquica.
urbana no Rio de Janeiro, Revolta da Vacina, Guerra de
O
8. D
BO O
Canudos, Guerra do Contestado, movimento modernista
A charge critica explicitamente a política do café
SC
e a economia agroexportadora baseada na cafeicultura
com leite que predominou durante a República
M IV
(e, em dado momento, na borracha da Amazônia).
Oligárquica e por meio da qual as elites latifun-
diárias de São Paulo e Minas Gerais revezaram-se
O S
Para ir além na presidência do país. Na imagem, dois homens
Sugira aos alunos uma pesquisa sobre o movimento
D LU
caracterizados como lutadores bloqueiam a en-
modernista brasileiro deflagrado a partir de 1922. Pode-
trada do "novo governo". Em seus uniformes, a
-se abordar a pintura (Tarsila do Amaral, Anita Malfatti,
identificação dos estados que representam: São
Candido Portinari, Lasar Segall, Di Cavalcanti), a litera-
O C
Paulo e Minas Gerais.
tura (Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel
Bandeira), a música (Heitor Villa-Lobos) e a escultura
N X 9. B
(Victor Brecheret). Ambos os textos expressam imagens extremamen-
SI E
Indicamos o trabalho com trechos da obra Os sertões, te negativas da Guerra de Canudos. No texto I, de
de Euclides da Cunha, importante fonte de época a Nina Rodrigues, um dos grandes nomes da medicina
O
respeito da Guerra de Canudos e da mentalidade re- brasileira de cunho racialista, o movimento é tido
publicana. como delírio coletivo, patologia e irracionalidade. Já
EN S
Sugerimos também a leitura e discussão de tópicos no texto II, por meio da forma de cordel, o autor
de: caracteriza Canudos como um coletivo de “bandi-
E U
Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: Pre- à imagem negativa difundida acerca do cangaço.
feitura do Rio de Janeiro, 1992.
A LD
10. B
• BOSI, A. Moderno e modernista na literatura bra- A alternativa D é incorreta, pois o tenentismo
sileira. In: Céu, inferno: ensaios de crítica literária não se opôs à Revolução de 1930; pelo contrário,
e ideológica. São Paulo: Editora 34, 2010.
EM IA
sileira. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. sa forma, houve um deslocamento nas preocupações
dos modernistas, que distanciaram-se das vanguar-
• LEVINE, R. O Sertão prometido: o massacre de das europeias, como o futurismo, em busca das raízes
Canudos. São Paulo: Edusp, 1995. do Brasil, inclusive aquelas mais primitivas, ligadas
às tradições afro-brasileiras e, sobretudo, indígenas.
• SEVCENKO, N. A Revolta da Vacina: mentes insa-
nas em corpos rebeldes. São Paulo: Cosac Naify,
12. D
2010.
Uma das principais características da rebelião defla-
• ______. Literatura como missão: tensões sociais e grada no Arraial de Canudos foi a adesão dos revol-
criação cultural na Primeira República. São Paulo: tosos ao messianismo de Antônio Conselheiro. Este
Companhia das Letras, 2003. defendia um monarquismo baseado em fundamen-
tos divinos, aos moldes do sebastianismo, fenômeno em virtude das medidas higienistas empreendidas,
bastante importante na tradição cultural portuguesa como o bota-abaixo, que demoliu os cortiços do
HISTÓRIA 2
e que remonta ao século XVI. Para o governo da centro do Rio de Janeiro, agravando ainda mais a
época, os revoltosos de Canudos representavam, ao marginalização dessas parcelas da sociedade.
mesmo tempo, um risco à estabilidade da nascente b) Canudos e Contestado.
república e uma manifestação de misticismo arcaico,
contrário ao ideal racionalista e cientificista defendi-
Estudo para o Enem
Material do Professor
O
deglutir a cultura europeia, assim como os indíge-
BO O
há uma referência irônica à Doutrina Monroe, a
nas canibais deglutiam seus adversários, visando a
SC
política externa aplicada pelos Estados Unidos na
produção de uma arte autenticamente nacional. O
M IV
década de 1820 que defendia e reforçava a inde-
modernismo buscava referências nas vanguardas
pendência recém-conquistada pelas ex-colônias
artísticas europeias, mas as incorporava a elementos
O S
da América Latina (temendo uma possível ten-
próprios da realidade e da cultura brasileiras.
tativa de recolonização por parte das potências
D LU
europeias). Nesse sentido, a charge ironiza o fato Competência: Compreender os elementos cul-
de que, quase um século depois, a nova política turais que constituem as identidades.
externa dos Estados Unidos para a América Latina
O C
era de intervencionismo e de dominação. Habilidade: Interpretar historicamente e/ou geo-
graficamente fontes documentais acerca de as-
14. D N X pectos da cultura.
SI E
A política dos governadores funcionava com base
em um grande acordo entre os Executivos fede- 19. A
ral e estadual. Nos estados, as elites rurais (os Mais do que um protesto contra a vacinação com-
O
coronéis) controlavam as eleições, já que o voto pulsória, a Revolta da Vacina foi uma manifestação
contra as condições precárias de vida da população
EN S
das as relações de dependência socioeconômi- reforma urbana do prefeito Pereira Passos, que,
ca estabelecidas. Essa política assegurava que o buscando modernizar a cidade à moda europeia, de-
moliu habitações populares e expulsou essa parcela
D E
20. D
16. C
O termo “clientelismo” refere-se à prática eleito-
O poema subverte as convenções da linguagem
reira de políticos que privilegiam suas “clientelas”
poética, pois apresenta palavras escritas fora da
M
21 ROMPIMENTO DA OLIGARQUIA
HISTÓRIA 2
Comentários sobre o módulo 8. C
Neste módulo, estudamos aspectos da política e da A Coluna Prestes está relacionada ao movimento
sociedade da Primeira República, também chamada de tenentista, que a compôs, levando sua insatisfa-
República Velha, no que diz respeito às organizações po- ção adiante e pretendia a derrubada do presidente
líticas e à crise de grupos que, historicamente, haviam Artur Bernardes.
Material do Professor
ocupado espaços de hegemonia. Como reação à prática
do coronelismo, percebe-se o movimento tenentista, 9. A
tendo como movimento de destaque a Coluna Prestes. A Revolução de 1930 ocorreu, entre outros moti-
Além disso, a crise da Primeira República está diretamen- vos, por uma ruptura na aliança entre as elites do
te associada à transformação da própria sociedade, como
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café de Minas Gerais e de São Paulo, associadas
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o crescimento do operariado no Brasil e o surgimento de desde o início da República Velha. O rompimento
SC
uma nova classe média. A crise da oligarquia e a crise da significou o enfraquecimento do grupo paulista e
M IV
política do café com leite, empregada por Minas Gerais a tomada do poder por outros grupos oligárquicos
e São Paulo, chegaram ao fim com uma estratégia de até então insatisfeitos.
O S
Getúlio Vargas, um sul-rio-grandense, à tomada do poder,
como ficou conhecida a Revolução de 1930. 10. B
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A alternativa que trata da Revolta da Chibata está
Para ir além correta, pois os marinheiros não queriam aceitar
Como atividade complementar, pode-se desenvol- as punições e os castigos físicos que lhes eram
O C
ver uma atividade com base na leitura do texto “De impostos. A revolta não trouxe benefícios aos
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braços dados e cruzados”, de Carlos Augusto Addor, marinheiros, que negociaram um acordo com o
publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional presidente do período, o qual não cumpriu suas
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(2013). Após a leitura do texto, converse com os alunos promessas.
sobre as condições dos trabalhadores nas fábricas, a
11. B
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socialize as respostas dos alunos e incentive um de- agrária e opunha-se ao fascismo, encarnado no
bate sobre as condições de trabalho nos dias atuais, Brasil sob o nome de integralismo. Com o fecha-
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b) A artista buscava demonstrar que o operariado graficamente fontes documentais acerca de as-
BO O
era diverso, sendo composto por homens e pectos da cultura.
SC
mulheres de características diferentes, e não
M IV
por uma massa amorfa de pessoas. 20. C
O discurso ressalta as formas de controle do pro-
O S
Estudo para o Enem cesso eleitoral por parte das oligarquias no poder
no Brasil da Primeira República e expressa uma
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18. C realidade caracterizada pelo uso de assistencialis-
O movimento tenentista encontrará uma divisão mo e de diversas formas de violência para anga-
no processo da Revolução de 1930, que significa- riar os votos para o presidente favorito das elites.
O C
rá o compromisso de parte deles com o Governo
Competência: Compreender a produção e o papel
N X
Provisório de Getúlio Vargas.
histórico das instituições sociais, políticas e eco-
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Competência: Compreender as transformações nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
dos espaços geográficos como produto das rela- conflitos e movimentos sociais.
ções socioeconômicas e culturais de poder.
O
no que se refere à dinâmica dos fluxos populacio- sobre situação ou fatos de natureza histórico-geo-
nais e no enfrentamento de problemas de ordem gráfica acerca das instituições sociais, políticas
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econômico-social. e econômicas.
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HISTÓRIA 2
Comentários sobre o módulo ser identificados no trecho “estrangeiro de vestes
Neste módulo, estudamos o governo de Getúlio vermelhas”.
Vargas de 1930 a 1937 e sua divisão em dois perío-
dos: o Governo Provisório e o Governo Constitucional, 10. D
apresentando suas principais características. Discuti- A Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma
Material do Professor
mos as movimentações políticas e sociais no Brasil, grande pressão exercida pelos paulistas, derrota-
como o movimento constitucionalista em São Paulo, dos desde a Revolução de 1930. Com o sucesso
ocorrido em 1932, e a fundação da Ação Integralista da movimentação, o governo teve de negociar
Brasileira (AIB). com a oligarquia paulista.
O
11. B
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Para ir além
SC
É possível realizar uma atividade com base na Cons- A Ação Integralista Brasileira tinha inspiração fas-
M IV
tituição do Brasil de 1934, fazendo uma análise do do- cista e reunia em sua composição intelectuais,
cumento e comparando os elementos que permane- religiosos e membros do tenentismo, além de
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cem na Constituição de 1988 e os que são diferentes. setores da classe média.
Pode-se abordar a questão do voto feminino, permitido
D LU
12. C
pela lei somente com a Constituição de 1934.
Sugerimos também a leitura e discussão de tó- De acordo com o texto, o Estado de compromisso
picos de: correspondeu a uma reorientação da política eco-
O C
• ARAÚJO, R. C. B. de. O voto de saias: a Consti- nômica, com o Estado intervindo na economia.
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tuinte de 1934 e a participação das mulheres na
política. Revista de Estudos Avançados, São Paulo, 13. A frase remete à Revolução Constitucionalista de
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1932, que envolveu grupos políticos atrelados aos
v. 17, n. 49, set./dez. 2003. Disponível em: <bit.
cafeicultores e às oligarquias de São Paulo. Durante
ly/2DRiTQM>. Acesso em: 21 out. 2018.
a Primeira República, São Paulo era o estado mais
O
• BRASIL. Constituição do Brasil de 1934. Disponível destacado na economia e na política nacional, ten-
EN S
em: <bit.ly/2mYY2nm>. Acesso em: 21 out. 2018. do como principal produto o café. Em 1930, com a
chegada de Getúlio Vargas ao poder, a situação de
E U
• BRASIL. Constituição do Brasil de 1988. Disponível São Paulo altera-se, quebrando a hegemonia das
em: <bit.ly/1bIJ9XW>. Acesso em: 21 out. 2018. oligarquias paulistas. A nomeação do interventor fe-
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apoio do trabalhador ao governo por meio da con- piloto é nula.
BO O
cessão de uma série de benefícios trabalhistas.
SC
Competência: Entender as transformações técni-
M IV
Competência: Compreender a produção e o papel cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
histórico das instituições sociais, políticas e eco- de produção, no desenvolvimento do conhecimen-
O S
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, to e na vida social.
conflitos e movimentos sociais.
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Habilidade: Reconhecer as transformações téc-
Habilidade: Identificar registros de práticas de nicas e tecnológicas que determinam as várias
grupos sociais no tempo e no espaço. formas de uso e apropriação dos espaços rural
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e urbano.
19. A
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No Brasil, as mulheres passaram a ter o direito 22. C
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ao voto em 1932, como resultado de sua forte Com base na leitura da tabela, a Revolução In-
atuação política no período. dustrial é algo que se retroalimenta, ou seja, que
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sociais que contribuíram para mudanças ou rup- possível. Esse é caso da China, que apresenta
níveis decrescentes de industrialização per capita
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