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HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA

SEGURANÇA DO TRABALHO

Professora:
Me. Tatiane Caroline Ferrari
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey
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Designer Educacional Produção de Materiais
Editoração Produção de Materiais
Qualidade Textual Produção de Materiais

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; FERRARI, Tatiane Caroline;

Introdução à Segurança do Trabalho. Tatiane Caroline
Ferrari;
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.
52 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Segurança. 2. Trabalho. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 658


CIP - NBR 12899 - AACR/2

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obtidas a partir do site shutterstock.com

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sumário
01 6| A EVOLUÇÃO DO TRABALHO ATRAVÉS DOS TEMPOS

02 18| SEGURANÇA DO TRABALHO: DEFINIÇÃO E HISTÓRIA

03 28| HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

04 35| PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA DO TRABALHO

05 43| QUEM DEVE SE PREOCUPAR COM A SEGURANÇA DO


TRABALHO?
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Explicar o surgimento do trabalho humano (na pré-histórica) até o concei-
to atual, passando por todos os regimes de trabalho – escravidão, servidão,
corporações de ofício – até as grandes mudanças causadas pela Revolução
Industrial.
•• Conceituar Segurança do Trabalho e apresentar sua evolução através dos
tempos, principalmente durante e depois da Revolução Industrial.
•• Mostrar a evolução da legislação trabalhista no Brasil – da Revolução Industrial
Brasileira até o momento atual.
•• Apresentar todos os profissionais voltados para a área de Segurança e
Medicina do Trabalho (de acordo com o SESMT) e suas funções.
•• Mostrar a responsabilidade da empresa, do trabalhador e dos poderes exe-
cutivo, legislativo e judiciário no que concerne a Segurança do Trabalho.

PLANO DE ESTUDO

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


•• A Evolução do Trabalho Através dos Tempos
•• Segurança do Trabalho: Definição e História
•• História da Segurança do Trabalho no Brasil
•• Profissionais da Segurança do Trabalho
•• Quem deve ser preocupar com a Segurança do Trabalho?
INTRODUÇÃO

O trabalho é, e sempre foi, uma parte muito importante da vida dos seres
humanos. Foi por meio do trabalho e da busca pelo novo (por meio do tra-
balho) que as civilizações conseguiram se desenvolver até a sociedade atual
– e este desenvolvimento é constante. O ser humano ainda trabalha para que
um novo nível de desenvolvimento seja alcançado no futuro. É o trabalho, a
busca por melhorias, que gera conhecimentos, riquezas e satisfação pessoal.
É também o trabalho o responsável pelo desenvolvimento econômico de um
país. Por esse motivo a sua importância em todas as sociedades.
Entretanto a conotação do trabalho realizado pelo homem vem sofrendo
mudanças ao longo do tempo. O mundo encontra-se em desenvolvimento e,
consequentemente, o trabalho a ser realizado pelo homem também. Partindo
da invenção da roda, passando pelo surgimento da máquina a vapor e chegan-
do até aos computadores e tecnologias atuais, pode-se perceber que o trabalho
desenvolvido em indústrias, empresas e em qualquer outro setor da economia
também passou por transformações.
Logo, é importante ressaltarmos que o objetivo do trabalho a ser realizado
pelo homem também sofreu alterações. A prática de sempre buscar a máxima
produção com o menor custo possível passou a incluir e a considerar a impor-
tância do bem estar do ser humano no trabalho. A diminuição da carga horária
de trabalho, a proibição do trabalho infantil, melhores condições do ambien-
te de trabalho (iluminação, ventilação entre outros) – são apenas algumas das
melhorias que vieram para proteger o trabalho humano e que contribuíram
para o surgimento da Segurança do Trabalho.
Dessa forma, nesse encontro, vamos descobrir como os conhecimentos e
as legislações responsáveis por zelar pela integridade física e mental dos tra-
balhadores, em consonância com a saúde e o desenvolvimento econômico da
própria empresa, chegaram ao estado atual.

introdução
6 Pós-Universo

A Evolução do Trabalho
Através dos Tempos
Pós-Universo 7

A história do trabalho humano começa com a existência do homem e suas necessida-


des de sobrevivência. Essas necessidades geralmente eram atendidas com atividades
de caça, pesca, colheita de frutos entre outras. Além disso, no ambiente hostil em
que viviam, tornavam-se necessárias atividades de proteção contra animais selva-
gens e até mesmo contra outros seres humanos. Com isso, também se desenvolveu
a atividade de fábrica de armas rudimentares (como lanças, machados e facas) que
também auxiliavam no processo da caça (FALCÃO, 2011).
É importante destacar que é na pré-história, mais especificamente no período
paleolítico, que se desenvolveu a escravidão. Segundo Vianna (2005), durante os com-
bates contra seus semelhantes, o homem passou a perceber que manter os rivais
sob o seu poder para se utilizar de sua força seria mais interessante que matá-los. É
também nesta época que o trabalho, principalmente o trabalho pesado, passa a ter
caráter de castigo ou punição, e a ser motivo de vergonha e desonra.
Com o advento da agricultura, por volta de 8500 A. C., novos trabalhos foram sur-
gindo, como o plantio e a colheita. Neste período, os homens se fixaram em regiões
(geralmente próximas aos rios) e passaram a ter a agricultura e a criação de animais
como fontes de alimento, deixando para trás a vida nômade. Todo o trabalho era
manual e o excedente de produção era trocado ou vendido. É nesse período que as
cidades começaram a ser formadas.
A partir deste momento vamos separar o trabalho em todas as formas que ele
se apresentou ao longo dos anos.

Trabalho Escravo
Após a aquisição do costume de escravizar os prisioneiros de batalha, a prática se
difundiu e se estabeleceu na sociedade. Entretanto os grandes vencedores, que pos-
suíam um grande número de prisioneiros, impossibilitados de utilizá-los em seus
serviços pessoais, passaram a vendê-los, trocá-los ou alugá-los. E, aos escravos eram
dados os serviços manuais exaustivos não só por essa causa como, também, porque
tal gênero de trabalho era considerado impróprio e até desonroso para os homens
válidos e livres.
Na antiguidade, os egípcios, gregos e os romanos utilizavam escravos em diver-
sas funções. Nessa época, a escravidão atingiu grandes proporções. Na Grécia, havia
fábricas de flautas, facas, de ferramentas agrícolas e de móveis cujo operariado era
8 Pós-Universo

todo composto de escravos. A mineração também era realizada por escravos, e era
uma das atividades mais perigosas da época (Figura 1). Em Roma, os grandes senho-
res tinham escravos de várias classes ou níveis, desde os pastores até gladiadores,
músicos, filósofos e poetas.

Figura 1 – Escravos trabalhando em minas na Grécia Antiga


Fonte: Wikimedia ([2017], on-line)1.

Na escravidão, o escravo era tido como um objeto, sem qualquer direito (MARTINS,
1999). Ser escravo significava que um homem era propriedade de outro homem e,
como propriedade, o escravo era obrigado a trabalhar para o seu dono, produzindo
riquezas e prestando serviços gerais. Muitos escravos que vieram a se tornar livres,
ou por gratidão ou como presente em festividades, não tinham outro direito senão
o de trabalhar nos seus ofícios habituais ou alugando-se a terceiros, mas a vantagem
de ganharem o dinheiro para despesas próprias.
Do ponto de vista econômico, o escravo era o realizador do trabalho, ou seja,
o produtor direto, porém como também era uma propriedade, poderia ser conside-
rado como um meio de produção, que poderia ser inclusive comercializado. A parte
que cabia ao escravo do produto de seu trabalho era o mínimo vital, o suficiente para
reproduzir força de trabalho (OLIVEIRA, 1987).
Pós-Universo 9

A escravidão também esteve presente na era medieval, aqueles que eram con-
siderados “infiéis” ou “bárbaros” eram feitos escravos pelos senhores feudais, havendo
inclusive o comércio de escravos para o Oriente. Sob vários pretextos e títulos, a es-
cravidão dos povos mais fracos prosseguiu por vários séculos. Da mesma forma na
Idade Moderna, a escravidão continuou e tomou incremento com o descobrimento
da América. Leciona Vianna (1991) que os espanhóis, portugueses, ingleses, fran-
ceses e holandeses fizeram uso desta prática, escravizando os indígenas das terras
descobertas como também faziam incursões na costa africana, conquistando escra-
vos para trazer para as terras do Novo Continente.

fatos e dados
Entre 1500 e 1856, a cada cinco pessoas no mundo que foram escravizadas,
uma colocou os pés no Rio de Janeiro. De acordo com pesquisadores da
Universidade de Emory, em Atlanta, cerca de 4,8 milhões de escravos che-
garam ao litoral brasileiro nessa época. Além disso, estimasse que 300 mil
escravos morreram durante a travessia do Atlântico rumo ao Brasil
Entretanto, mesmo anos depois da abolição da escravatura, a escravidão
ainda permanece em nosso país. De 1995 à 2017, calcula-se que foram res-
gatados mais de 50 mil pessoas do trabalho em condição análoga à de
escravo no Brasil.
Fonte: França (2016, on-line)2.

Em 1794, durante A Revolução Francesa, a convenção republicana francesa votou


pela abolição da escravatura em suas colônias, mas somente em 1848 os escravos
foram realmente emancipados, sendo também proscrita oficialmente dos territórios
sob domínio da Inglaterra. No Brasil, em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea aboliu a es-
cravidão, e essa, sem dúvida foi a lei trabalhista de maior importância promulgada
no ordenamento jurídico brasileiro.

O Regime de Servidão
Na época do feudalismo, que perdurou do século X ao XIII (SOIBELMAN, 1981), a es-
cravidão foi sendo substituída, ou transformada, em um regime de servidão. Na etapa
inicial da servidão na Europa, bem no começo da aristocracia rural feudal, havia grande
variedade na forma de subordinação dos camponeses, por exemplo: a existência dos
10 Pós-Universo

escravos dos domínios em propriedades rurais; a subordinação de camponeses livres


a vizinhos poderosos ou ameaçadores (regime de servidão); a submissão de homens
livres à proteção e/ou a um santo (caso que ocorria quando uma comunidade mo-
nástica era a proprietária de terras), entre outras. E, embora o servo não fosse tratado
como um objeto, seus direitos civis ainda eram limitadíssimos, como a impossibili-
dade de livre locomoção.
Desde o século III, a nobreza romana procurava estabelecer novas relações que
atendessem à necessidade de apropriação dos excedentes produzidos no campo.
As invasões bárbaras e, consequentemente o medo e a busca por proteção, acele-
raram a fixação dessas relações. Assim, as terras, inclusive a dos pequenos e médios
proprietários, foram convertidas em feudos. Os proprietários continuavam a trabalhar
em suas terras, à medida que entregassem ao seu senhor uma parte dos produtos
obtidos na exploração, em troca de proteção (OLIVEIRA, 1987).
A Igreja também realizou um trabalho de base na organização da sociedade
feudal, atuando sempre junto às áreas rurais da Europa, seguida de perto pela arre-
cadação de dízimo (in natura e em terras), a Igreja acumulou bens que lhe permitiam
construir a base econômica de sua expansão. Além disso, também reproduzia a
mesma coerção que os senhores feudais (OLIVEIRA, 1987).
Neste sistema, Vianna (1991) destaca que o homem se submetia ao trabalho
em benefício exclusivo do senhor feudal (senhor da terra), formando uma relação
de dependência pessoal entre servos e senhores. Os servos deviam fidelidade ao
seu senhor, recebendo dele proteção contra invasores, e retribuindo com trabalho
e taxas sobre o uso das instalações (moinhos, celeiros) e da terra.
De acordo com Sussekind et al. (1984), o regime de trabalho de servidão era
muito generalizado em que, mesmo que o indivíduo não fosse chamado de escravo,
também não dispunha de sua liberdade. A base deste sistema na posse da terra
pelos senhores, que se tornavam os possuidores de todos os direitos dos trabalha-
dores. Logo, havia muitos pontos de semelhança entre a servidão e a escravidão. Por
exemplo, o senhor feudal podia obrigar os servos a irem para guerra ou, o senhor
cedia seus servos aos donos das pequenas fábricas ou oficinas já existentes.
O feudalismo foi substituído por um novo sistema econômico e social por volta
do século XVI. Nesta época, ocorre uma submissão dos feudos a um governo central,
com o surgimento do mercantilismo, das primeiras vilas e cidades e, consequen-
temente, com a perda da importância da terra como fonte geradora de riquezas.
Pós-Universo 11

Conflitos como a Guerra dos 30 anos, na Alemanha, e a Revolução na França, varre-


ram os últimos vestígios da servidão.
Embora o regime de servidão estivesse muito próximo a escravidão, o tra-
balhador medieval está no primeiro degrau de uma longa escada, que ele subiria
lentamente, com sofrimentos e recuos: a escada da libertação.

O Surgimento das Corporações de


Ofícios
Como vimos anteriormente, num terceiro momento, após o declínio do regime
de servidão, ainda dentro da Idade Média, encontramos as denominadas corpo-
rações de ofício. A fuga da população dos campos, onde o poder dos nobres era
quase absoluto, acabou concentrando grandes grupos de pessoas nas cidades. É
nesta época que surgem as primeiras vilas e cidades, com o aparecimento das cor-
porações de ofício.
E o que são essas corporações de ofícios? Segundo Lopez (1980, p. 139), corpo-
rações de ofícios podem ser definidas como “uma federação de oficinas autônomas,
cujos proprietários (mestres) tomavam habitualmente todas as decisões e estabe-
leciam os requisitos para a promoção de escalões inferiores (oficiais, ou auxiliares
contratados e aprendizes)”.
Os aprendizes eram jovens trabalhadores, submetidos à pessoa do mestre,
que aprendiam o ofício. Essa aprendizagem era um sistema duro de trabalho e os
mestres sempre impunham aos aprendizes um regime férreo de disciplina, usando
largamente dos poderes que lhes eram conferidos pelas normas estatutárias da cor-
poração. Terminada a aprendizagem, subiam eles à categoria de companheiros (ou
oficiais formados).
Contextualmente, os companheiros, também chamados de oficiais, eram traba-
lhadores qualificados, que dispunham de certa liberdade pessoal, mas que tinham o
acesso à condição de mestres, não importando sua formação profissional. É importan-
te ressaltar que os mestres, visando impedir a concorrência e assegurar a transmissão
dos privilégios da maestria para seus filhos ou sucessores, não permitiam aos oficiais
ascenderem a mestre. Este fato provocou a criação de organizações de companhei-
ros (companhias) e organizações de mestres (mestrias).
12 Pós-Universo

Nesse sentido, tanto os comerciantes quanto os artesãos, segundo Macedo


(1999, p. 46):

““
[...] encontravam-se organizados em grupos profissionais, chamados de cor-
porações de ofícios, guildas ou artes. Eram associações compostas apenas por
mestres de cada ofício. Por esse meio, os integrantes conseguiam controlar
o preço dos produtos e os horários dos trabalhadores, proibiam a concor-
rência entre os participantes e previam punições para o associado que não
cumprisse as normas fixadas.

Nesta época, embora o homem tenha passado a exercer sua atividade (fosse como
aprendiz ou oficial), sua profissão em forma organizada, ele ainda não gozava da inteira
liberdade. De certa forma, as corporações de ofício não passavam de uma fórmula
mais amena de escravidão. Para os mestres, por outro lado, pertencer a uma corpo-
ração significava poder participar da vida política na cidade, além de poder participar
dos conselhos deliberativos, ou seja, ser cidadão político, cuja ação é exercida nos
interesses da corporação e, ao mesmo tempo, nos interesses gerais dos citadinos.
Essas corporações seguiam regulamentações que, além de estabelecer o con-
ceito do ofício, criavam mecanismos de controle do exercício, estabelecendo, entre
outras coisas, o corpo de jurados ou guardas encarregados de fazer valer o estatuto,
a condição de aprendiz (ter entre 12 e 15 anos de idade, pertencer a um só mestre
etc.), de oficial (juramento aos santos padroeiros, fixação da remuneração, jornada de
trabalho) e de mestre (respeitar o juízo dos magistrados, compromissos com a cor-
poração, pagamentos ao rei ou ao senhor). Além disso, também regulamentavam
as formas de controle do trabalho.
As semelhanças com o sistema de escravidão (e o consequente descontenta-
mento dos aprendizes e oficiais), a liberdade de comércio e o encarecimento dos
produtos das corporações são algumas das causas da extinção das corporações de
ofício.
A Constituição Brasileira de 1824, em seu artigo 179, inciso XXV, aboliu as
Corporações de Ofício para que houvesse liberdade do exercício de ofícios e profissões.
Pós-Universo 13

A Revolução Industrial e o Trabalho


Humano
A Revolução Industrial é o momento pelo qual a indústria começa a aparecer no
mundo do trabalho com a criação e inserção da máquina no processo produtivo
como o maior elemento de transformação das relações de produção. Esse proces-
so se iniciou na Inglaterra no século XVIII e foi responsável por criar duas classes de
interesses opostos: de um lado os detentores do capital e dos meios de produção,
interessados quase que exclusivamente no lucro, e do outro os operários.
Nas fábricas, esses operários eram obrigados a seguir o ritmo da máquina a
vapor, a qual forneceu um grande impulso ao setor têxtil. Criada em 1711 por Thomas
Newcomen e aperfeiçoada em 1760 por James Watt (motor a vapor, mostrado na
Figura 2), ela possibilitou, por exemplo, a instalação dos moinhos em localidades
distantes das margens dos rios, o que não era possível anteriormente devido a de-
pendência de energia hidráulica em seu funcionamento. Somado a isso, a energia
a vapor também foi fundamental para a superação do espaço pelo homem com a
criação da locomotiva e das estradas de ferro. Deste momento em diante, torna-se
praticável o transporte de enormes cargas, de um território a outro, e em uma ve-
locidade muito superior às que eram tidas como velozes até então (MARCHI, 2013).
Bem como sua utilização na esfera econômica, a locomotiva possibilitava também
o trânsito de indivíduos, tendo assim interferido efetivamente na vida destes.
14 Pós-Universo

Figura 2 – O motor a vapor de James Watt


Fonte: Wikimedia ([2017], on-line)3.
A luz do sol também já não era responsável por marcar os limites da jornada de tra-
balho já que nas cidades, a iluminação a gás colocou sob controle do homem a
duração do dia e da noite. Num ritmo diferente do da indústria têxtil (setor onde se
iniciou a inserção da máquina), os progressos na produção de carvão, ferro e aço
foram também muito importantes para a indústria britânica (OLIVEIRA, 2004).
Para Romita (1997), existem três fases, ou revoluções gerais da tecnologia, en-
gendradas pelo modo de produção capitalista desde a revolução industrial original,
da segunda metade do século XVIII: a primeira, que ocorreu entre o fim do século
XVIII - começo do século XIX, foi proporcionada pela produção de motores a vapor
por meio de máquinas; a segunda, entre o fim do século XIX e princípios do século
XX, em que acontece o desenvolvimento e aplicação do motor elétrico e do motor
de explosão; e a terceira, que tem início a partir da Segunda Guerra Mundial, onde
vemos a automação por meio de eletrônicos.
Dessa forma, a invenção da máquina e sua aplicação à indústria provocaram
uma grande revolução nos métodos de trabalho e, consequentemente, mudan-
ças nas relações entre patrões e trabalhadores. O trabalho passa a ser um bem, ou
uma “coisa”. O operário é considerado apenas um objeto – seres vivos, que precisam
Pós-Universo 15

satisfazer suas necessidades básicas de sobrevivência e, por isso, aceitam míseros sa-
lários e condições de trabalho precárias.
A Revolução Industrial trouxe o fim das corporações de ofício, já que diminuiu
o tempo de produção. Com isso, o trabalhador (antes artesão) perdeu o saber do
produto todo ao ir trabalhar nas indústrias, já que não poderia concorrer com elas, tor-
nando-se subordinados delas e expropriados do seu saber. Nessa época, a máquina
é a fonte de energia que usa o trabalhador como seu órgão para transformar a ma-
téria-prima - o conhecimento pertence à máquina, ficando a atividade mecânica
com o indivíduo. Contudo, a automação do trabalho diminuiu o emprego de mão
de obra, o que não significou, porém, que o processo de mecanização da indústria se
dava sem a presença da força humana (OLIVEIRA, 2004; MARCHI, 2013). Verificaram-
se, naquela época, movimentos de protesto e até mesmo verdadeiras rebeliões, com
a destruição de máquinas.

saiba mais
Grande quantidade de imigrantes foram para diversas partes do mundo
à procura de uma vida melhor, muitos seguiram para as Américas, para
países como Brasil, Estados Unidos e outros se aventuraram em direção
à Austrália, Alemanha, Itália etc. Eram pessoas que, tendo sido expropria-
das de seu ofício pelo capitalismo industrial, perceberam na emigração a
melhor saída. A partir de 1850, porém, o capitalismo europeu consegue dar
emprego à essas pessoas, entre outros motivos, devido ao crescimento da
indústria com a tecnologia. Somado à isso, era preciso pessoas sem qualifi-
cação e sem nada além da vontade de trabalhar.
Fonte: Oliveira (2004).

Na Revolução Industrial, houve também uma intensificação da exploração do trabalho


infantil. As crianças trabalhavam em minas, eram ajudantes de cozinheiro, operadoras
de portinholas de ventilação ou até mesmo como operárias nas fábricas. Entretanto
é importante ressaltar que o trabalho infantil existia mesmo antes desta época. O tra-
balho da mulher também passou a ser de grande importância para as fábricas, pois
a inserção da máquina diminuiu o esforço físico necessário, tornando a inserção da
mulher no mercado de trabalho mais interessante, principalmente porque elas acei-
tavam salários menores (OLIVEIRA, 2004).
16 Pós-Universo

Efetivamente, o Direito Social ou do Trabalho inicia-se com o surgimento da


Revolução. A classe operária começou a se unir e a mostrar sua força, colocando
limites às condições de exploração do trabalho apresentadas pelo sistema capitalis-
ta, numa forma de resistência às novas ordens impostas pelas transformações sobre
o processo de trabalho, buscando, com isso, seus interesses, seus direitos (OLIVEIRA,
2004). Para Russomano (2002), o regime das manufaturas caracteriza-se pelo começo
da prática do trabalho livre. O contratualismo alcançava a esfera do trabalho e co-
locava o trabalhador e o empresário, um ante o outro, para que discutissem, como
seres livres, com direitos abstratamente iguais, o serviço e as condições deste, que
eram colocados em cláusulas do contrato de trabalho.
A Revolução Industrial Brasileira ocorreu bem mais tarde, entre 1930 e 1956, e
foi marcada pela Revolução de 30. Antes desse período as indústrias brasileiras faziam
apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior, sendo subsidiá-
rias de matrizes estrangeiras. Foi Getúlio Vargas quem operou uma mudança decisiva
no plano da política interna, afastando do poder do Estado oligarquias tradicionais,
que representavam os interesses agrário-comerciais. Getúlio também adotou uma
política industrializante, com a substituição da mão de obra imigrante pela nacional.
Essa mão de obra era formada em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul, em função do êxodo rural (fruto da decadência cafeei-
ra) e de movimentos migratórios de nordestinos. Vargas investiu forte na criação da
infraestrutura industrial: implantou a indústria de base e aumentou a geração de
energia. Nesse período, são criados o Conselho Nacional do Petróleo, a Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica
do São Francisco (AZEVEDO, 2010).

A Concepção Atual de Trabalho


Com as grandes transformações sociais resultantes do advento da sociedade, temos
a reconceitualização do trabalho humano. Vimos como o trabalho foi passando por
mudanças, desde a Pré-História, passando pela Idade Média, chegando na Revolução
Industrial. Logo, chegando no momento atual, conclui-se que o conceito/entendi-
mento de trabalho tem sofrido profundas alterações, as quais expressam as mudanças
econômicas e as formas de produção próprias de cada contexto.
Pós-Universo 17

Muitas vezes, trabalho é definido apenas como uma atividade desenvolvida


pelo homem, sob determinadas formas, com o objetivo de gerar riquezas. Entretanto
algumas outras deliberações são necessárias. Por exemplo, na concepção fordista-
-taylorista há a desvalorização do conhecimento e do saber desenvolvido com a
formação e a experiência. Por esse motivo, muitas vezes o trabalho é associado apenas
ao esforço físico, embora o esforço mental também seja importante. Por isso, para
Schaff (1995), todo o trabalho na contemporaneidade é marcado por uma revolução
técnico-industrial, em que prevalece a inserção de novas tecnologias, o que exige
uma maior qualificação por parte do trabalhador na execução de tarefas.
Nessa era das novas tecnologias, em que a comunicação é muito fácil e a infor-
mação viaja de forma muito rápida, o trabalho passa a ser uma série de aplicações
de conhecimentos. Temos hoje um aumento das exigências de aptidões para o tra-
balho, considerando-se uma base de conhecimentos mais amplos, exigência de
capacidade para resolução de problemas, exigência para tomada de decisões autô-
nomas, capacidade de abstração e comunicação escrita e verbal. Somando-se a isto,
o trabalhador deve ser polivalente, e com maior nível de escolaridade. Polivalente no
sentido de multiqualificado, isto é, aquele que é capaz de desenvolver e incorporar
diferentes competências e repertórios profissionais (SIQUEIRA, 2013).
Hoje, o trabalho é algo extremamente necessário e muitas vezes relacionado
à realização pessoal, perdendo aquele caráter de atividade indigna, apresentado no
início da aula.

atenção
É importante ressaltar que nem todos que trabalham têm um emprego,
mas todos que tem um emprego trabalham. Muitas vezes a atividade reali-
zada não é considerada produtiva, no sentido de não gerar lucro ou renda
– como é o caso do trabalho doméstico realizado pela dona (ou dono) de
casa – mas está relacionada a realização pessoal e estilo de vida. Já emprego
é apenas uma fonte de renda.
FONTE: Albornoz (1988).
18 Pós-Universo

Segurança do Trabalho:
Definição e História
Pós-Universo 19

A Segurança do Trabalho tem como função garantir a integridade física e mental do


trabalhador. Geralmente, consiste em um conjunto de medidas adotadas visando
eliminar (quando possível), minimizar ou controlar os riscos de acidentes de traba-
lho, as doenças ocupacionais, bem como para proteger a integridade e a capacidade
de trabalho do servidor.
De acordo com a CIPA da UNESP, Segurança do Trabalho pode ser definida
como o “conjunto de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de
trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade
de trabalho do trabalhador” (UNESP, 2007, on-line)4.
Segundo Zocchio (1996, p. 21), a segurança do trabalho pode ser definida como
“conjunto de medidas e ações aplicadas para prevenir acidentes nas atividades das
empresas”. Tais medidas são de diferentes naturezas, tal como técnicas, educacionais,
médicas e psicológicas.
Já a CIPA da USP define a segurança do trabalho como “todas as medidas e
formas de proceder que visem a eliminação dos riscos de acidentes” (UNESP, 2007,
on-line)4.
De acordo com Piza (2001), a empresa que melhor protege o trabalhador não
é aquela que lhe oferece melhores meios de proteção e sim aquela que menos o
expõe a riscos. Entretanto a exposição a riscos muitas vezes acaba sendo necessá-
ria para a realização do trabalho. Por isso, busca-se a utilização de equipamentos de
proteção, tanto individuais quanto coletivos, de forma a minimizar esses riscos.

O Começo da Segurança do Trabalho


O trabalho, como vimos, existe desde os primórdios da humanidade, sendo uma ati-
vidade incorporada à própria existência (e sobrevivência) do ser humano. Todavia a
preocupação em controlar os malefícios e/ou prejuízos causados ao homem pelo
trabalho faz parte da história recente.
Na civilização Greco-Romana, Aristóteles cuidou das enfermidades dos minei-
ros e tentava evitá-las. A saúde do trabalhador, portanto, transcorre paralelamente
ao da medicina ocidental, surgida na Grécia há cerca de seis séculos antes de Cristo
com o trabalho de Hipócrates (o pai da medicina), que identificou a origem das
doenças relacionadas ao trabalho com as minas de estanho. É interessante notar
que no “Corpus Hipocrático”, obra que reúne seus escritos e de seus discípulos, existe
20 Pós-Universo

apenas uma alusão a um problema de saúde relacionado ao trabalho; uma doença


sofrida por um mineiro, que, segundo estudiosos, pode ter sido uma contaminação
por chumbo ou uma pneumonia.
Somente alguns séculos depois, em Roma, as questões afeitas à saúde do tra-
balhador começam a ser mais notadas.
Alguns estudiosos dedicaram-se ao assunto a partir de 1500. Dentre eles,
podemos destacar George Bauer, mais conhecido pelo seu nome latino de Georgius
Agrícola, publicou o livro “De Re Metallica” (A Doença dos Mineiros), onde eram
estudadas as principais doenças e acidentes relacionados à extração de minerais ar-
gentíferos e auríferos, e à fundição da prata e do ouro. No último capítulo dessa obra,
abordou com destaque a chamada “asma dos mineiros”. Hoje, pela descrição dos sin-
tomas e devido a rápida evolução descrita, sabe-se que se tratava de casos de silicose
– doença causada pelo depósito de poeiras nas paredes do pulmão.
A primeira monografia sobre a relação entre trabalho e doença surgiu 11 anos
após a publicação do Livro de Bauer. De autoria do famoso Paracelso Das Minas nas
Montanhas e das Doenças dos Mineiros, a obra descreve suas observações relacio-
nando métodos de trabalho ou substâncias manuseadas com doenças.
Entretanto apesar da importância, estes trabalhos pioneiros permaneceram
praticamente ignorados por mais de um século, e não tiveram qualquer influência
sobre a proteção à saúde do trabalhador.
Somente em 1700, o médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714), hoje
considerado o pai da Medicina do Trabalho, publicou, na Itália, a obra “De Morbis
Artificum Diatriba” (As Doenças dos Trabalhadores) (Figura 3). Nesse famoso tratado,
o autor descreve, com precisão, uma série de doenças relacionadas à profissões diver-
sas. Ramazzini alcançou esse feito simplesmente, porque ao entrevistar seus pacientes,
perguntava-lhes: - Qual é a sua ocupação (profissão)? Essa relação de doenças des-
crita pelo autor é a precursora da lista atual de doenças ocupacionais reconhecidas
pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e adotada por muitos países, in-
clusive o Brasil.
Pós-Universo 21

Figura 3 – Obra de Bernadino Ramazzini.


Fonte: Wikimedia ([2017], on-line)5.

Entretanto a importância do trabalho de Ramazzini não pôde ser devidamente ava-


liada na época. Realmente, ainda predominavam as corporações de ofício que, como
descrito anteriormente, contavam com um número de trabalhadores relativamente
pequeno e um sistema de trabalho ainda muito semelhante a escravidão. Entretanto
às condições ambientais de trabalho eram relativamente boas e os riscos oferecidos a
saúde e a integridade eram relativamente baixos. Com isso, os casos de doenças pro-
fissionais eram poucos numerosos, ou totalmente ignorados por médicos que não
reconheciam o trabalho de Ramazzini, cuja importância só seria reconhecida quase
um século mais tarde, com a Revolução Industrial (NOGUEIRA, 1979).
22 Pós-Universo

A Revolução Industrial e a Segurança do Trabalho


Entre 1760 e 1830, ocorreu na Inglaterra um movimento destinado a mudar pro-
fundamente toda a história da humanidade: a Revolução Industrial. Marcada pelo
aparecimento das primeiras máquinas movidas a vapor (máquina de fiar ou tear
mecânico), esse evento muda totalmente o trabalho da época. Até então, a fiação e
tecelagem de tecidos eram atividades tradicionais domésticas, com uma produção
para atender apenas às necessidades do próprio lar, e com um pequeno excesso,
que era vendido, a preço elevado, em regiões onde as atividades não eram desen-
volvidas. O advento das máquinas, que fiavam em ritmo muitíssimo superior ao do
mais hábil artesão, tornou possível uma produção de tecidos em níveis, até então,
não imaginados. Da Inglaterra, as máquinas se propagaram para toda a Europa e os
Estados Unidos, provocando grandes mudanças nas condições de trabalho.
Na verdade, o surgimento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem,
alterou não só a maneira de trabalhar, mas também modificou fundamentalmente a
própria economia. O custo elevado das máquinas não permitiu que os artesões pu-
dessem adquiri-las. Surgiu então a figura do capitalista, antevendo as possibilidades
econômicas dos altos níveis de produção, compraram as máquinas e empregaram
as pessoas (inclusive os artesões). Surgiram, assim, as primeiras fábricas de tecidos e,
com elas, a relação entre Capital e o Trabalho (BISSO, 1990).
Como vimos na aula anterior, as primitivas máquinas de fiação e tecelagem
necessitavam de força motriz para acioná-las, e esta foi encontrada na energia hi-
dráulica. A localização perto de corpos d’água não permitia uma expansão adequada
da indústria. A invenção da máquina a vapor, porém, veio permitir a instalação de fá-
bricas nos mais diversos locais, como nas grandes cidades, onde a mão de obra era
abundante.
Dessa forma, galpões, estábulos e velhos armazéns eram rapidamente transfor-
mados em fábricas. Em seus interiores eram colocados o maior número possível de
máquinas de fiação e tecelagem. As condições de iluminação, ventilação e higiene
eram precárias. O ambiente de trabalho podia ser considerado agressivo. Os traba-
lhadores não recebiam treinamento correto para a utilização das máquinas – que
eram extremamente perigosas. O ruído provocado pelas primeiras máquinas atingia
limites altíssimos, tornando impossível qualquer conversação, mesma aquelas que
seriam benéficas para a realização do trabalho. Eram aceitos como trabalhadores não
só homens, mas também mulheres e até mesmo crianças, sem quaisquer restrições
Pós-Universo 23

quanto ao estado de saúde e de desenvolvimento físico. As jornadas de trabalho


chegavam a catorze/dezesseis horas (BISSO, 1990). Como não existiam limites de
horas, os trabalhadores iniciavam suas atividades pela madrugada, abandonando-
-as somente ao cair da noite. Muitas vezes, o trabalho continuava mesmo durante a
noite, em fábricas parcamente iluminadas por bicos de gás.

fatos e dados
Nesta época, as crianças que trabalhavam, geralmente para ajudar as famílias
extremamente pobres, seguiam uma rígida disciplina, eram mal alimenta-
das, dormiam na própria fábrica e sofriam castigos físicos quando produziam
aquém do esperado ou quando, em razão do cansaço, adormeciam. Além
disso, apesar de existirem cláusulas formais do contrato que garantiam a
aprendizagem, as crianças e adolescentes não recebiam qualquer tipo de
instrução – nada sabiam além do trabalho mecânico ao qual haviam estado
acorrentados durante longos e cruéis anos.
Fonte: Mantoux (2010).

Essa improvisação das fábricas e a mão de obra constituída principalmente por


crianças e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. Os
acidentes do trabalho tornaram-se numerosos, provocados por máquinas sem qual-
quer proteção, movidos por correias expostas. As mortes, principalmente de crianças,
eram frequentes (NOGUEIRA, 1979).
Não é de estranhar-se que doenças de toda a ordem acometessem os trabalha-
dores. Doenças de origem não ocupacionais, como o tifo europeu, eram facilmente
disseminadas devido as más condições do ambiente e pela grande concentração e pro-
miscuidade dos trabalhadores. Quanto as de origem ocupacional, o número aumentava
à medida que novas fábricas se abriam, e novas atividades industriais eram iniciadas.
O sistema capitalista fez com que surgissem os primeiros sindicatos dos traba-
lhadores. Essa organização buscava por melhores condições de barganha junto ao
capital e, com o crescente número de acidentes e doenças do trabalho, passaram
a incluir a segurança do trabalhador em suas reivindicações. Foram essas lutas que
permitiram e/ou desencadearam o aparecimento dos primeiros instrumentos (em
geral leis) visando a garantia da segurança e proteção do trabalhador (BISSO, 1990).
24 Pós-Universo

Tal dramática situação dos trabalhadores não poderia deixar indiferente a opinião
pública. Assim, em 1802, no parlamento britânico, sob a direção de Sir Robert Peel,
uma comissão de inquérito conseguiu que fosse aprovada a primeira lei de prote-
ção aos trabalhadores: a “Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes”. Com isso, a jornada
de trabalho dos menores foi limitada a 12 horas de trabalho por dia, foi proibido o
trabalho noturno, e algumas condições ambientais foram melhoradas com a obriga-
ção da ventilação. Além disso, os empregadores foram obrigados a lavar as paredes
das fábricas duas vezes ao ano. É importante ressaltar aqui que, aos olhos dos ca-
pitalistas, a segurança do trabalho era uma ameaça aos lucros e, portanto, eles se
opuseram fortemente à edição e ao cumprimento dessa e de muitas outras leis pos-
teriores (NOGUEIRA, 1979; BISSO, 1990).
Em 1830, quando as condições de trabalho das crianças ainda se mostravam
péssimas, a despeito das diversas legislações que existiam, até então, um proprietário
de uma fábrica na Inglaterra, que se sentia perturbado diante das péssimas condi-
ções de trabalho dos seus pequenos trabalhadores, procurou Robert Baker, famoso
médico inglês, pedindo-lhe conselhos sobre a melhor forma de proteger a saúde das
crianças. Baker vinha já há bastante tempo interessando-se pelo problema da saúde
dos trabalhadores. Conhecedor da obra de Ramazzini, Baker dedicava grande parte
do seu tempo a visitar fábricas e tomar conhecimento das relações entre o trabalho e
doença, o que levou o governo britânico, quatro anos mais tarde, a nomeá-lo Inspetor
Médico de fábricas. Assim, Baker aconselhou o empregador inglês, a contratar um
médico para visitar diariamente o local de trabalho e estudar a sua possível influência
sobre a saúde dos pequenos operários, que deveriam ser afastados de suas ativida-
des profissionais, tão logo fosse notada que estas atividades estivessem a prejudicar
a sua saúde. Surgia, assim, o primeiro serviço médico industrial em todo o mundo.
A essa altura, os sindicatos dos trabalhadores, legalizados desde 1824 na
Inglaterra, desenvolviam, de uma lado, uma intensa luta por melhores condições
de trabalho e, de outro, visavam dar assistência aos trabalhadores acidentados ou
doentes, garantindo-lhes cuidados médicos e sobrevivência por meio de indeniza-
ções e/ou pensões, Essa preocupação assistencial acabou deslocando um pouco o
foco da prevenção de acidentes para a garantia de assistência social (BISSO, 1990).
Em 1831, uma comissão parlamentar de inquérito, sob a chefia de Michael
Saddler, elaborou um cuidadoso relatório, que concluía da seguinte maneira:
Pós-Universo 25

““
[...] diante desta comissão desfilou longa procissão de trabalhadores – homens,
mulheres, meninos e meninas. Abobalhados, doentes, deformados, degra-
dados na sua qualidade humana. Cada um deles era clara evidência de uma
vida arruinada, um quadro vivo da crueldade do homem para com o homem,
uma impiedosa condenação daqueles legisladores, que, quando em suas
mãos detinham poder imenso, abandonaram os fracos à capacidade dos
fortes (SADLER, 1831 apud FRANCISCO, 2004, p. 20).

O impacto deste relatório sobre a opinião pública foi tremendo, e assim, em 1833, foi
baixado o “Factory Act” (Lei das Fábricas), que deve ser considerada como a primeira
legislação realmente eficiente no campo da proteção ao trabalhador. Essa lei aplicava-
-se a todas as empresas têxteis em que se usasse força hidráulica ou a vapor; proibia
o trabalho noturno aos menores de 18 anos e restringia as horas de trabalho destes a
12 por dia e 69 horas por semana. Além disso, as fábricas precisavam ter escolas, que
deviam ser frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos; a idade
mínima para o trabalho era de nove anos, e um médico devia atestar que o desen-
volvimento físico da criança correspondia à sua idade cronológica (NOGUEIRA, 1979).
Assim, a mobilização dos trabalhadores, a promulgação da Lei das Fábricas e
a opinião pública, decididamente contra os empregadores britânicos, fizeram com
que, a partir de 1840, muitas indústrias passassem a ter os seus serviços médicos,
atuando no sentido de evitar que os empregados viessem a adoecer. Surgiam então
os médicos de fábrica. Esses profissionais realizavam exames médicos antes da ad-
missão de novos trabalhadores, os examinavam periodicamente e, na medida do
possível, faziam a prevenção de doenças, tanto ocupacionais quanto não ocupacionais.
A expansão da Revolução Industrial, no resto da Europa, resultou, também, no
aparecimento progressivo dos serviços médicos de indústrias voluntários, e poste-
riormente obrigatórios, em diversos países, como França, Espanha e Portugal, mesmo
que nestes dois últimos a industrialização ainda fosse incipiente.
Nos Estados Unidos, a despeito de a industrialização ter-se desenvolvido de
forma acentuada, a partir da segunda metade do século XIX, os serviços médicos de
empresas permaneceram praticamente desconhecidos. No entanto, o aparecimen-
to, no início do século XX, da legislação sobre indenização em casos de acidentes do
trabalho, levou a instalação voluntária dos primeiros serviços médicos de empresa
industrial naquele país, com o objetivo básico de reduzir o custo das indenizações
pagas pelos empregadores. Nos últimos 30-40 anos do século passado, no entanto,
26 Pós-Universo

tal programa foi sendo ampliado, com atendimento de problemas não ocupacionais


de menor importância que ocorriam durante as horas de trabalho e com a inclusão
de atendimento em indústrias de riscos mínimos (NOGUEIRA, 1979).
Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU), surgiram também duas grandes organi-
zações de âmbito internacional: a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a
Organização Mundial de Saúde (OMS). Essas duas entidades têm defendido, estimu-
lado e apoiado os direitos dos trabalhadores nos campos da saúde e segurança do
trabalho, com base na própria Declaração dos Direitos Humanos (BISSO, 1990). Em
1950, a Comissão Conjunta OIT - OMS sobre Saúde Ocupacional estabeleceu, de forma
muito ampla, os objetivos da Saúde Ocupacional (NOGUEIRA, 1979; BISSO, 1990).

•• Promover e manter o mais alto grau de bem-estar físico, mental e social dos
trabalhadores em todas as ocupações.

•• Prevenir todo o prejuízo causado a saúde dos trabalhadores pelas condi-


ções do trabalho.

•• Proteger os trabalhadores contra os riscos de agentes nocivos à saúde.

•• Colocar e manter o trabalhador em uma função que convenha as suas ap-


tidões fisiológicas e psicológicas.

•• Adaptar o trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho.

Em junho de 1953, a Conferência Internacional do Trabalho adotou alguns princí-


pios sobre a Proteção à Saúde dos Trabalhadores em Locais de Trabalho, e insistiu
com os países-membros, na criação de serviços médicos em locais de trabalho. O
mesmo assunto foi colocado na agenda da Conferência futura e, com o respaldo da
Diretoria da OIT, foi aprovado.
Pós-Universo 27

A OIT definiu, então, o serviço de saúde ocupacional como um serviço médico


instalado em um estabelecimento de trabalho, ou em suas proximidades, com os
seguintes objetivos:

1. Proteger os trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde, que possa de-
correr do seu trabalho ou das condições em que este é realizado.

2. Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido espe-


cialmente pela adaptação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação
destes em atividades profissionais para as quais tenham aptidões.

3. Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau pos-


sível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

Hoje, todos os países industrializados dispõem de ampla regulamentação legal e téc-


nico-normativa acerca de condições de trabalho. Mesmo assim, nem sempre esses
dispositivos e instrumentos são de fatos observados e aplicados (principalmente em
países em desenvolvimento), o que acaba prejudicando os trabalhadores.
28 Pós-Universo

História da Segurança
do Trabalho no Brasil
Pós-Universo 29

Enquanto no início do século XIX, a Inglaterra já possuía um setor industrial bem de-
senvolvido e avançava na proteção dos trabalhadores, o Brasil ainda estava no lento
processo de transição da manufatura para a maquinofatura.
Com a abolição da escravatura no fim do século retrasado e a vinda dos imi-
grantes europeus no início do século passado, o Brasil dá início ao seu primeiro
grande surto Industrial com quase cem anos de atraso, ainda que incipiente. Foi no
governo de Getúlio Vargas que ocorreu a intensificação da industrialização (FRIAS
JÚNIOR, 1999). A Revolução Industrial Brasileira ocorre a partir da década de 1940,
com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e, depois, com a indústria auto-
mobilística (anos 50).
Na parte de legislação, embora existam algumas publicações anteriores, o
Código Sanitário do Estado de São Paulo, de 1918, é considerada a primeira legis-
lação a âmbito nacional sobre acidentes do trabalho e a relação aos problemas de
segurança e saúde do trabalhador.
No começo do século XX, nos estados onde a industrialização estava mais pre-
sente – São Paulo e Rio de Janeiro – a situação dos ambientes de trabalho era péssima.
As indústrias brasileiras foram instaladas nas mesmas condições precárias das primei-
ras industrias europeias: muitas estruturas que abrigavam as máquinas não haviam
sido originalmente destinadas a essa finalidade, eram mal iluminadas, mal ventila-
das e sem instalações sanitárias. Além disso, existiam fatores agravantes: as máquinas
instaladas aqui eram equipamentos desgastados e obsoletos que haviam sido su-
cateados ou considerados obsoletos pelos europeus e norte-americanos que foram
compradas e importadas pelas indústrias que aqui se instalaram.

atenção
A importação de máquinas, equipamentos e procedimentos são frequen-
tes na indústria brasileira, até os dias de hoje. Entretanto, tanto hoje quanto
no início do século XX, máquinas importadas são ergonomicamente inade-
quadas para os operadores brasileiros. Embora atualmente existam muitos
estudos relacionados a ergonomia, na época da revolução industrial brasilei-
ra, o trabalhador tinha que enfrentar equipamentos e processos de produção
que não levavam em conta seu biótipo, isto é, sua altura, peso, tamanho de
pernas, braços, mãos, entre outros. Essas dificuldades de operações encon-
tradas geralmente levavam a mais acidentes de trabalho.
FONTE: Vidal (2007).
30 Pós-Universo

Por esses motivos, ocorriam acidentes e doenças profissionais de toda ordem.


W. Dean, em seu livro “A industrialização de São Paulo 1880 – 1945” afirmava que “as
condições de trabalho eram duríssimas. As maquinas se amontoavam, ao lado umas
das outras, e suas correias e engrenagens giravam sem proteção alguma. Os acidentes
eram frequentes, porque os trabalhadores cansados, que trabalhavam aos domin-
gos, eram multados por indolência ou pelos erros cometidos, se fossem adultos; ou
separados, se fossem crianças” (DEAN, 1971).
Em 1923, criava-se a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao
Departamento Nacional de Saúde, no Ministério do Interior e Justiça. Em 1934, intro-
duz-se a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, no Departamento Nacional
do Trabalho, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio. Após 1934, diversas
legislações foram surgindo. Porém, nove anos depois, a legislação trabalhista se con-
sagra na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), com todo o Capítulo V dedicado
a Higiene e Segurança do Trabalho. A Consolidação unificou toda a legislação tra-
balhista então existente no Brasil e foi um marco por inserir, de forma definitiva, os
direitos trabalhistas na legislação brasileira (DEAN, 1971).
Mesmo com toda essa legislação, o Brasil era considerado “campeão mundial
de acidentes do trabalho’ no período compreendido entre o final dos anos 60 e o
começo dos anos 70. Por esse motivo, visando a diminuição do número de acidentes,
foram instituídos por lei, por meio da Portaria 3237 de 1972, e tornados obrigató-
rios nas empresas os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho
(SESMT), integrados por médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho, auxiliares de
enfermagem do trabalho, engenheiros de segurança do trabalho e técnicos em se-
gurança do trabalho. A lei determina quais e quantos desses profissionais terão o
SESMT em função do grau de risco de acidentes e do número de empregados de
cada empresa (BISSO, 1990). Mesmo o Brasil estando entre os membros fundadores da
OIT, foi apenas em 1972, com o SESMT que o país veio a obedecer à Recomendação
112, de 1959, daquela Organização, relacionada aos serviços médicos instalados em
um local de trabalho ou suas proximidades (FRIAS JÚNIOR, 1999).
Mesmo com a instituição do SESMT, em torno de 85% dos trabalhadores ainda
ficaram excluídos destes serviços obrigatórios, já que as micros, pequenas e medias
empresas não estavam enquadradas nesta legislação. Esse fato é alarmante já que
os riscos e as condições insalubres a que estão expostos estes trabalhadores são
muito maiores que as empresa de porte superior. Nas empresas de maior porte, as
Pós-Universo 31

condições financeiras e econômicas permitem um maior investimento em máqui-


nas modernas e processos com certa garantia de segurança e higiene do trabalho,
não ocorrendo nas pequenas empresas.
A nível acadêmico, a Escola de Saúde Pública da USP (Universidade de São
Paulo) criava o departamento de Saúde Ambiental, que abrigava uma área de Saúde
Ocupacional. Por essa época, vários cursos de Medicina tinham também essa área em
seus currículos. A formação dos profissionais da área de segurança, como engenhei-
ros e técnicos, tinha então caráter de urgência. Para isso, o Governo criou a Fundação
Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO,
órgão do Ministério do Trabalho também afeto à pesquisa. Assim, profissionais com
formação plena em suas respectivas áreas realizavam uma complementação es-
pecífica em cursos de especialização ministrados pelas escolas de nível técnico e
universidades, em convênio a Fundacentro. Vale ressaltar aqui que foi a atuação da
Fundacentro que permitiu um bom avanço técnico na área de segurança do traba-
lho no Brasil (FRIAS JÚNIOR, 1999).
Além da constituição do SESMT, a legislação regulamentou também a exis-
tência da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), órgão que tem por
objetivo observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solici-
tar medidas para reduzir até eliminar o riscos existentes e/ou neutralizá-los, além de
uma série de outras obrigações relacionadas a prevenção de acidentes. O grande
número de obrigações legais acabou acentuando a visão negativa que o empresá-
rio já possuía na época em relação à segurança do trabalho, vista como desperdício
de dinheiro (BISSO, 1990).
Logo, tornou-se comum a contratação de engenheiros e técnicos de segu-
rança apenas “no papel”, visando cumprir a lei. Esses profissionais eram alocados em
outras funções ou apenas recebiam o salário e atuavam como funcionários fantas-
mas. É importante destacar que os funcionários que se submetiam – ou que ainda se
submetem – estão sujeitos a processos criminais em casos de acidentes do trabalho.
Igualmente frequente era a existência de CIPAs fantasmas, que só existiam no
papel para cumprir a lei. Isso ocorria porque os funcionários não tinham o conheci-
mento necessário para valorizar essa comissão além de que existia a visão de a CIPA
ser um órgão punitivo e manipulador de acordo com os interesses da empresa. Já
os empregadores e administradores da empresa viam a CIPA como um incômodo,
causando apenas gastos, perda de tempo e diminuição da produção.
32 Pós-Universo

Foi apenas no início dos anos 80, alguns sindicatos de trabalhadores, principal-
mente dos metalúrgicos e químicos, perceberam que as CIPAs poderiam ser utilizadas
a favor do trabalhador, pra alavancar algumas de suas reivindicações relativas às con-
dições de trabalho. Começou aí movimentos para estimular os empregados a se
candidatarem às CIPAs e também a tentar eleger os delegados sindicais como repre-
sentantes dos empregados nas CIPAs (BISSO, 1990).
Essa iniciativa foi prontamente combatida pelos patrões, que não tinham uma
visão positiva desse órgão e da segurança do trabalho. Os empregadores tentaram
então bloquear esse movimento, indicando candidatos e forçando suas eleições.
Mesmo assim, os sindicatos obtiveram um êxito na ação, o que acabou tornando as
CIPAs mais atuantes e coerentes com o objetivo de sua existência. Entretanto, os em-
pregadores passaram a ter uma visão ainda mais negativa da segurança do trabalho,
já que as CIPAs se tornaram incômodos ainda maiores, já que os sindicatos passaram
a utilizar essa comissão para a mobilização dos trabalhadores (BISSO, 1990).
Em 1972, também foi criado o PVNT – Plano Nacional de Valorização do Trabalho,
em função da situação alarmante do número de acidentes registrados no país. A legis-
lação em vigor foi publicada em 22 de dezembro de 1977 e recebeu o número 6514.
Ela altera o capítulo V, do título II, da consolidação das Leis do Trabalho. Decorrentes
dessa lei, foram editas um conjunto de 28 Normas Regulamentadoras (NRs), pela
Portaria 3214, de 8 de junho de 1978, pelo então Ministro Arnaldo Pietro. Essas
normas abrangiam quase todos os aspectos da segurança e medicina do traba-
lho reunindo um conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança do
trabalho. Atualmente, existem 36 NRs, que foram sendo desenvolvidas/atualizadas
ao longo dos anos. Segue abaixo o Quadro I com a descrição de todas as Normas
Regulamentadoras.
Pós-Universo 33

Quadro 1 – Normas Regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho

NORMA
DESCRIÇÃO
REGULAMENTADORA
NR 1 Disposições Gerais
NR 2 Inspeção prévia
NR 3 Embargo ou Interdição
Serviços especializados em Engenharia de Segurança
NR 4
e em Medicina do Trabalho – SESMT
NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
NR 6 Equipamento Individual de Proteção – EPI
Programa de controle médico de saúde ocupacional
NR 7
– PCMSO
NR 8 Edificações
NR 9 Programa de prevenção de riscos ambientais – PPRA
NR 10 Segurança em instalações e serviços em eletricidade
Transporte, movimentação, armazenamento e manu-
NR 11
seio de materiais
Segurança do trabalho em máquinas em
NR 12
equipamentos
NR 13 Caldeiras e vasos e pressão
NR 14 Fornos
NR 15 Atividades e operações insalubres
NR 16 Atividades e operações perigosas
NR 17 Ergonomia
Condições e meio ambiente de trabalho na indústria
NR 18
da construção
NR 19 Explosivos
Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e
NR 20
combustíveis
NR 21 Trabalho a céu aberto
34 Pós-Universo

NR 22 Segurança e saúde do trabalho na mineração


NR 23 Proteção contra incêndios
Condições sanitárias e de conforto nos locais de
NR 24
trabalho
NR 25 Resíduos industriais
NR 26 Sinalização de segurança
Registro profissional do técnico de segurança do tra-
NR 27
balho no Ministério do Trabalho
NR 28 Fiscalização e penalidades
Norma regulamentadora de segurança e saúde no
NR 29
trabalho portuário
NR 30 Segurança e saúde no trabalho aquaviário
Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuá-
NR 31
ria, silvicultura, exploração florestal e aquicultura
NR 32 Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde
Segurança e saúde nos trabalhos em espaços
NR 33
confinados
Condições e meio ambiente de trabalho na indústria
NR 34
da construção e reparação naval
NR 35 Segurança e saúde no trabalho em altura
Segurança e saúde no trabalho em empresas de
NR 36
abate e processamento de carnes e derivados
Fonte: Brasil (2015).
Pós-Universo 35

Profissionais
da Segurança
do Trabalho
36 Pós-Universo

Como vimos anteriormente, o SESMT (Serviços Especializados em Segurança e


Medicina do Trabalho) tem por objetivo maior a prevenção de acidentes de traba-
lho e de doenças ocupacionais e, para tanto, os profissionais de saúde e segurança
do trabalho devem lançar mão de uma série de iniciativas para o desenvolvimento
de ações preventivas.
O dimensionamento do SESMT varia de acordo com o porte da empresa –
número de trabalhadores – e do grau de risco oferecido pela atividade desenvolvida
(que depende do tipo de atividade desenvolvida pela empresa). A equipe comple-
ta do SESMT pode ser composta ainda por médico e enfermeiro do trabalho, auxiliar
de enfermagem, engenheiro de segurança do trabalho e técnico de segurança do
trabalho (BRASIL, 1978, 1987). A seguir, o Quadro 2 mostra como é o funciona o di-
mensionamento do SESMT:

Quadro 2 – Dimensionamento dos SESMT


N° DE EMPREGADOS NO ESTABELECIMENTO
50 101 251 501 1001 2001 3501 Acima de 5000 para
TÉCNICOS a a a a a a a cada grupo de 4000 ou
100 250 500 1000 2000 3500 5000 fração acima de 2000 **
Técnico Seg.
GRAU DE RISCO 01

1 1 1 2 1
Trabalho
Engenheiro Seg.
1* 1 1*
Trabalho
Aux. Enfermagem
1 1 1
no Trabalho
Enfermeiro do
1*
Trabalho
Médico do
1* 1* 1 1
Trabalho
N° DE EMPREGADOS NO ESTABELECIMENTO
50 101 251 501 1001 2001 3501 Acima de 5000 para
TÉCNICOS a a a a a a a cada grupo de 4000 ou
100 250 500 1000 2000 3500 5000 fração acima de 2000 **
Técnico Seg.
GRAU DE RISCO 02

1 1 1 2 5 1
Trabalho
Engenheiro Seg.
1* 1* 1 1 1*
Trabalho
Aux. Enfermagem
1 1 1 1 1
no Trabalho
Enfermeiro do
1
Trabalho
Médico do
1* 1 1 1 1*
Trabalho
Pós-Universo 37

N° DE EMPREGADOS NO ESTABELECIMENTO
50 101 251 501 1001 2001 3501 Acima de 5000 para
TÉCNICOS a a a a a a a cada grupo de 4000 ou
100 250 500 1000 2000 3500 5000 fração acima de 2000 **
Técnico Seg.
GRAU DE RISCO 03

1 2 3 4 6 8 3
Trabalho
Engenheiro Seg.
1* 1 1 2 1
Trabalho
Aux. Enfermagem
1 2 1 1
no Trabalho
Enfermeiro do
1
Trabalho
Médico do
1* 1 1 2 1
Trabalho
N° DE EMPREGADOS NO ESTABELECIMENTO
50 101 251 501 1001 2001 3501 Acima de 5000 para
TÉCNICOS a a a a a a a cada grupo de 4000 ou
100 250 500 1000 2000 3500 5000 fração acima de 2000 **
Técnico Seg.
GRAU DE RISCO 04

1 2 3 4 5 8 10 3
Trabalho
Engenheiro Seg.
1* 1* 1 1 2 3 1
Trabalho
Aux. Enfermagem
1 1 2 1 1
no Trabalho
Enfermeiro do
1
Trabalho
Médico do
1* 1* 1 1 2 3 1
Trabalho
(*) Tempo parcial (mínimo de 3 horas)
(**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em conta o dimensionamento da faixa
de 3001 a 5000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000 ou fração de 2000.
OBS: Hospitais, Ambulatórios, Maternidades, Casas de Saúde e Repouso, Clínicas e estabeleci-
mentos similares com mais de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um Enfermeiro
do Trabalho em tempo integral.
Fonte: Guia Trabalhista ([2017], on-line)6.

Agora serão descritos cada um desses cargos, o que cada um faz e a importân-
cia deles para que tudo corra bem dentro da organização.
38 Pós-Universo

Engenheiro de Segurança do
Trabalho
Um engenheiro é aquele profissional que aplica seus conhecimentos matemáticos,
técnicos e científicos para criar, aperfeiçoar e implementar utilidades. No caso do am-
biente laboral ele será de grande auxílio em diversas aplicações.
Segundo o Dicionário de Segurança do Trabalho da Universidade Paulista,
Engenharia de Segurança do Trabalho é o ramo da Engenharia que se dedica a pla-
nejar, elaborar programas e a desenvolver soluções que visam minimizar os acidentes
de trabalho, doenças ocupacionais, como também proteger a integridade e a capa-
cidade de trabalho do trabalhador (UNESP, 2007, on-line)4.
As responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho, enquanto in-
tegrante do SESMT, estão estabelecidas na NR 4, dentre as quais destacam-se:

•• Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança do trabalho ao


ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas
e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à
saúde do trabalhador.

•• Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a elimina-


ção do risco e este persistir, mesmo reduzido, na utilização, pelo trabalhador,
de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), de acordo com o que de-
termina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou característica
do agente assim o exija.

•• Manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de


suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe
a NR 5.

•• Colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas insta-


lações físicas e tecnológicas da empresa, como, por exemplo, a adaptação
entre um novo maquinário e os trabalhadores que irão operá-lo.

•• Responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimen-


to do disposto nas NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa
e/ou seus estabelecimentos como, por exemplo, na avaliação de insalubri-
dade e periculosidade.
Pós-Universo 39

•• Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orienta-


ção dos trabalhadores (como cursos, palestras e campanhas de prevenção).

•• Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e


doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção.

•• Analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes e


doenças ocupacionais ocorridos na empresa ou estabelecimento.

Na área de segurança do trabalho, por exemplo, o engenheiro deverá examinar os


locais e as condições de trabalho, suas instalações, métodos e processos, para que
sejam vislumbrados riscos e modos de prevenção de acidentes. Uma das atividades
mais importantes realizadas pelo Engenheiro de Segurança do Trabalho é a anteci-
pação de riscos. Com a realização de uma análise de projetos de novas instalações,
métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, esse pro-
fissional pode identificar os riscos potenciais e introduzir, ou propor, medidas de
proteção para sua redução ou eliminação (RODRIGUES e JAHESH, 2009).
Jackson Filho e Amorim (2001) descrevem as limitações desses profissionais de
segurança, tendo em vista sua perspectiva normativa e prescritiva:

““
[...] os Engenheiros de segurança são especialistas que têm como objetivo
prevenir a ocorrência de acidentes e doenças dentro da empresa. Externos às
situações de trabalho, agem sobre as máquinas e sistemas (projeto de siste-
mas de proteção), sobre os trabalhadores (treinamentos) e sobre as normas
e procedimentos.

O engenheiro ou arquiteto deverá ser portador de certificado de conclusão de curso


de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em nível de pós-gra-
duação, com carga horária de 600 horas. É o que dispõe a Lei no 7.410, de 27 de
novembro de 1985. Assim como deverá ter o registro na carteira profissional expe-
dida pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA).
40 Pós-Universo

Técnico de Segurança do Trabalho


O tecnólogo em Segurança no Trabalho planeja, implanta, gerencia e controla os
sistemas de segurança laboral. Compõe equipes multidisciplinares em institui-
ções, como membro do sistema de saúde e segurança no trabalho. Desempenha
atividades de vistoria, perícia, avaliação e emissão de pareceres sobre a qualida-
de dos diversos processos e condições de trabalho, bem como, pesquisa e faz
aplicação tecnológica. Sua atuação visa à qualidade de vida dos trabalhadores
e do meio ambiente, por meio da promoção da saúde, prevenção de acidentes,
doenças do trabalho e acidentes industriais com impacto sobre os ecossistemas
(FARIAS, 2016).
Ele possui uma performance operacional bastante diligente, inspecionando as
condições de funcionamento de equipagens em vários níveis de proteção e defesa,
como os postos de combate a incêndios, os serviços médicos disponíveis, a sinaliza-
ção e as saídas de emergência, por exemplo.
Cabe dizer que o técnico não somente emite relatórios acerca de suas inspeções,
como ainda investiga acidentes ocorridos, registra todas as eventuais irregularidades
e elabora estatísticas. Um de seus papéis mais fundamentais está na correta instrução
e treinamento dos funcionários da empresa, no que diz respeito a normas de segu-
rança, medidas de prevenção de acidentes e orientações para crises e emergências.
Este profissional deve ter certificado de conclusão de curso de Técnico de
Segurança do Trabalho, ministrado no País, em estabelecimentos de Ensino Médio.
É o que dispõe a Lei no 7.410, de 27 de novembro de 1985. Nesse caso, o técnico de
segurança do trabalho deverá ser portador de comprovação de registro profissional
expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Médico do Trabalho
O médico do trabalho é o profissional da saúde que atua diretamente no sentido da
manutenção e da prevenção no que concerne à saúde, à higiene e ao bem-estar dos
funcionários. Ele realiza exames clínicos periódicos nos empregados, faz intervenções
curativas e cirúrgicas quando necessário e, com isso, também assegura a continuidade
operacional e o bom rendimento da organização. Ele pode ainda avaliar, sozinho ou
em conjunto com outros profissionais da área, as condições da segurança de zonas
Pós-Universo 41

laborais, elaborar programas de proteção à saúde dos trabalhadores e participar de


estratégias de treinamento das equipes.
É importante que ele se envolva também em programas de teor público, como
campanhas de vacinação e de controle de natalidade, por exemplo, dependendo da
localidade e das demandas da região onde a empresa estiver situada.
Este profissional deve ser portador de certificado de conclusão de curso de es-
pecialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de
certificado de residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador
ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência
Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculda-
de que mantenha curso de graduação em Medicina. Deverá também ter o registro
na carteira profissional expedida pelo Conselho Regional de Medicina (CRM).

Enfermeiro do Trabalho
Como o médico, o enfermeiro atua em sua área de conhecimento, só que dentro
das empresas que precisam de seu auxílio. Dessa forma, ele identifica as necessida-
des nos campos da saúde, segurança e higiene nos locais de trabalho, colaborando
decisivamente para proteger a saúde dos trabalhadores, diminuir a periculosidade
e melhorar os espaços laborais.
Segundo Silva (2005), o maior empreendimento do enfermeiro do trabalho
está em contribuir para evitar os acidentes e doenças, pela identificação e elimina-
ção dos riscos existentes no ambiente de trabalho. Nesse sentido, pode-se afirmar
que o profissional da enfermagem do trabalho desenvolve as suas atividades não
somente acompanhando a saúde do trabalhador, mas que também procura levar
informação, atenção e cuidados a todos, de maneira clara e objetiva.
É responsável pelo tratamento de lesões traumáticas, coleta dados estatísticos
e elementos humanos para exames diversos, além de prestar os primeiros socorros
no local de trabalho, fazer curativos, administrar medicamentos e cumprir as demais
atividades que um enfermeiro desempenha.
Além do atendimento ambulatorial, o enfermeiro do trabalho pode planejar e
executar certos programas de educação sanitária e instruir os trabalhadores sobre o
uso de roupas e material adequado para exercer determinadas atividades de risco, a
fim de reduzir a ocorrência de acidentes.
42 Pós-Universo

Para Lima e Lima (2012), essa função deve ser desenvolvida com carinho, de-
dicação, respeito e, sobretudo, com o conhecimento da responsabilidade que lhe
compete, aliando sempre saúde e trabalho dos que estão sob a sua responsabili-
dade. Dessa forma compreende-se que muito mais que zelar pela segurança, cabe
também ao enfermeiro do trabalho a promoção da saúde dos trabalhadores que
estão sob a sua responsabilidade.
Este profissional deve ser portador de certificado de conclusão de curso de es-
pecialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado
por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem.
E ainda deverá ter o registro na carteira profissional expedida pelo Conselho Regional
de Enfermagem (CRE).

Auxiliar de Enfermagem do Trabalho


O auxiliar de enfermagem do trabalho realiza os mesmos afazeres de suporte à saúde
que um auxiliar de enfermagem comum cumpre. Entretanto, ele desempenha sua
atividade nas dependências das fábricas, indústrias e demais estabelecimentos que
demandem a proteção da integridade física dos trabalhadores no local de trabalho.
Ao atuar nesse âmbito, o auxiliar deve ser supervisionado por um enfermeiro hierar-
quicamente superior.
Este profissional deverá ter certificado de conclusão de curso de auxiliar de
enfermagem do trabalho, ministrado por instituição especializada, reconhecida e au-
torizada pelo Ministério da Educação e ser também portador do registro na carteira
profissional expedida pelo Conselho Regional de Enfermagem (CRE).

reflita
Quais as principais dificuldades que os profissionais de Segurança do Trabalho
enfrentam? Vocês acreditam que todo o setor de segurança do trabalho
deve ser integrado?
Fonte: Moreira (2003).
Pós-Universo 43

Quem Deve se
Preocupar com a
Segurança do Trabalho?
44 Pós-Universo

Sabendo que o trabalho é algo que deveria ser fonte de satisfação para o ser humano,
existe um consenso geral que os acidentes e outros infortúnios laborais prejudicam
todos os envolvidos no processo: empregador, trabalhador e governo. Sendo mais
enfático, existe na Segurança do Trabalho a seguinte máxima: “todos são responsá-
veis pela prevenção de acidentes”.
Prevenir acidentes e doenças ocupacionais é evitar sofrimento e perdas, tanto
financeiras quanto de produtividade e de imagem empresarial. Promover condições
de trabalho seguro, manter ambientes e materiais organizados, estabelecer métodos
e procedimentos de trabalho, propiciar participação dos trabalhadores, dispor de
medidas de proteção para os riscos específicos e aprimorar os critérios para contra-
tação de terceiros, inclusive de serviços de Segurança e Saúde do Trabalho, geram
economia de materiais e de horas trabalhadas, aumento da produtividade e redução
dos custos. 
Por lei, a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador, devendo prestar in-
formações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a
manipular, cabendo-lhe, ainda, cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e me-
dicina do trabalho; e instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, quanto
às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocu-
pacionais. Devendo inclusive punir o empregado que, sem justificativa, recusar-se a
observar as referidas ordens de serviço e a usar os equipamentos de proteção indi-
vidual fornecidos pela empresa (SILVA, 1999).
Para Sell (2002), as empresas que sujeitam seus trabalhadores a condições de
trabalho inadequadas, perdem em termos de qualidade, produtividade, competitivi-
dade e imagem perante a sociedade. Trabalhadores em más condições de trabalho
não contribuem na melhoria de processos e produtos, reduzem sua disposição para
o trabalho, não têm comprometimento com a empresa, por não se sentirem parte
do processo. Estas empresas estão sujeitas a fiscalização de organismos do governo,
tais como Delegacias Regionais do Trabalho e Instituto Nacional da Seguridade Social,
bem como sujeitas a demandas na Justiça do Trabalho, como indenizações, ações
cíveis e criminais.
O trabalhador é, sem dúvida, a principal vítima do acidente do trabalho ou
doença profissional. Dependendo do tipo e da intensidade do acidente o trabalhador
pode perder a profissão, pode perder sua autoestima, sua vontade de viver. Quando
Pós-Universo 45

sujeito a más condições de trabalho, sua incapacidade de intervenção nestes am-


bientes causam enormes frustrações:

““
[...] sentem-se escravizados, pois não podem mudar a situação e, para poster-
gar o aparecimento dos efeitos dos perigos, podem, apenas, usar os poucos
recursos de proteção fornecidos pela empresa, que em muitos casos se
resumem a alguns equipamentos de proteção individual (EPI), nem sempre
adequados (SELL, 2002).

Por esse motivo, o próprio trabalhador também deve ser responsável por sua integri-
dade, preocupando-se em garantir que seu trabalho não seja fonte de insegurança
e riscos para si e para seus companheiros. Como principal interessado (já que é o
provável receptor dos riscos), deveria lutar por seu direito à segurança. Entretanto
nem sempre isso ocorre (BISSO, 1990). Por esse motivo, o trabalhador também possui
algumas obrigações frente a segurança do trabalho, tais como:

a. Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as ins-


truções expedidas pelo empregador.

b. Colaborar com a empresa na aplicação das normas sobre medicina e segu-


rança do trabalho (art. 158 da CLT) (GARCIA, 2013).
46 Pós-Universo

Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: da observância das instruções


passadas pelo empregador sobre medicina e segurança do trabalho e quanto ao uso
de equipamentos de proteção individual (EPIs) fornecidos pela empresa (MELO, 2013).

atenção
Os trabalhadores podem mostrar que são responsáveis e preocupados
com a segurança do trabalhado por meio de algumas atitudes simples do
dia a dia. Primeiramente, é importante nunca descuidar de sua segurança.
É importante que o trabalhador lembre que ele será o principal afetado na
ocorrência de um acidente, podendo levar inclusiva a morte. Se os empre-
sários estão fazendo o seu papel de oferta de equipamentos de proteção
e conscientização em relação à Segurança do Trabalho, o trabalhador tem
o conhecimento necessário para evitar qualquer atitude imprudente que
possa levar a um acidente.
Difundir os preceitos de segurança no ambiente de trabalho, por meio de
conversas com colegas, também pode ajudar a entender a importância da
segurança do trabalho. Outra forma importante de difundir os preceitos de
segurança é por meio do exemplo – seja uma fonte positiva de inspiração
para que outros funcionários sigam seus passos.
É importante que o trabalhador também auxilie os profissionais de segu-
rança, não só utilizando os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mais
também não atrapalhando ou prejudicando o trabalho da equipe, e man-
tendo as placas de sinalização e outros equipamentos de proteção coletiva
(EPCs).
Outra forma na qual o trabalhador mostra o seu comprometimento com a
Segurança do Trabalho é por meio da participação em atividades como pa-
lestras e treinamentos de segurança. Além de aprimorar os conhecimentos,
o trabalhador também tem a oportunidade de expor suas dúvidas/ideias
relacionadas a prevenção de acidentes.
Por último, em prol da manutenção de sua saúde, o trabalhador deve sempre
realizar os exames médicos quando solicitado. Assim, garante-se uma melhor
qualidade de vida e de trabalho para todos.
Fonte: adaptado de INBEP (2016, on-line)7.

No Brasil, os poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), também são


responsáveis pela segurança do trabalho. O Executivo (Presidente, Governadores e
Ministros) é responsável pela promulgação e cumprimento das Leis Trabalhistas. O
Pós-Universo 47

Legislativo (Senadores, Deputados Federais e Estaduais e Vereadores) é responsável


pela elaboração das Leis que podem fazer aumentar ou diminuir o interesse das em-
presas e das pessoas pelo investimento em prevenção. E por fim o Judiciário (Justiça
Civil, Criminal e do Trabalho) que possui a atribuição de distribuir justiça em repara-
ção ao descumprimento das leis (BISSO, 1990).
O Ministério do Trabalho e Emprego é o principal órgão brasileiro relacionado
a fiscalização do cumprimento da legislação sobre segurança e saúde. Entretanto a
estrutura desse órgão não é compatível com as necessidades, principalmente quanto
ao número de Agentes da Inspeção do Trabalho, que são os responsáveis pela fis-
calização em Segurança e Saúde do Trabalho. O baixo número de fiscais incentiva
o descumprimento da legislação, pois as empresas, quando notificadas a melhora-
rem um determinado ambiente de trabalho, sabem que dificilmente receberão uma
nova visita, e acabam não providenciando as correções necessárias (MOREIRA, 2003).
O governo, por meio da Previdência Social, também será responsável pelas des-
pesas do tratamento médico-hospitalar, reabilitação profissional e, se for o caso, do
pagamento de indenizações previstas na legislação previdenciária (LUCCA; FÁVERO,
1994). Outra nuance importante é a questão social, tendo em vista a desestruturação
familiar estabelecida a partir da morte ou de acidente que deixe sequelas irreversí-
veis no trabalhador.
Apesar da redução relativa do número de acidentes observados nas estatísticas
oficiais - em 2015 ocorreram 612.632 acidentes (14% menos que em 2014) e 2.502
óbitos (queda de 11,2%) - e embora os números pareçam demonstrar avanço nos
cuidados e investimentos em Segurança e Saúde do Trabalho, o Brasil ainda apresen-
ta números alarmantes que justificam o insucesso do nosso modelo de segurança
e saúde no trabalho. Um critério que deve ser considerado é a redução de 3,05% do
número de trabalhadores com vínculos formais em 2015. Isso acarreta o aumento
dos empregados informais que não são considerados nos cálculos da Previdência
– e os acidentes sofridos por esses também não são contabilizados (BRASIL, 2017).
Se o acidente de trabalho traz tantos problemas para a sociedade, e as esta-
tísticas mostram isto, por que segurança e saúde do trabalho não têm o sucesso
esperado? Na verdade, não existe uma única causa, mas sim uma sucessão de motivos
que juntos emolduram o quadro atual.
Uma dessas causas é a desintegração do Setor de Saúde e Segurança. Segundo
Oliveira (1999), as ações em Segurança e Saúde no Trabalho estão voltadas totalmente
48 Pós-Universo

para o controle dos riscos e não dos processos. Isto se deve ao distanciamento muito
grande entre quem planeja essas ações, que são os profissionais de segurança e
saúde, e quem executa as ações, que nas indústrias são os gerentes de nível opera-
cional. O processo seria otimizado se a segurança do trabalho estivesse atrelada aos
setores operacionais, que é de onde provêm os riscos de acidentes. Para Keyser (1989),
existe um isolamento da segurança do trabalho em relação aos outros setores cul-
turalmente incorporado nas organizações que não vêm a segurança como um fator
que agregue valor ao produto.
Outra questão importante é a atribuição única da culpa do acidente ao traba-
lhador – e ao “ato inseguro” que ainda está profundamente fixada na nossa cultura
organizacional. Para Mendes (2002), esta abordagem simplificada traz como conse-
quência uma avaliação superficial das questões de segurança e saúde, que negligencia
os aspectos ligados à organização do trabalho, as decisões administrativas, as intera-
ções entre operadores e a coordenação entre atividades.
atividades de estudo

1. Em que país se deu início a Revolução Industrial, no Século XVIII:

a) Espanha.
b) Portugal.
c) Inglaterra.
d) França.
e) Itália.

2. Leia o trecho a seguir:

“Assim, galpões, estábulos, velhos armazéns, eram rapidamente transformados em


___________. Em seus interiores eram colocados o maior número possível de má-
quinas de fiação e tecelagem. As condições de ____________, ventilação e higiene
eram ____________. Os trabalhadores não recebiam ____________ para a utiliza-
ção das máquinas – que eram extremamente perigosas. O __________ provocado
pelas primeiras máquinas atingia limites altíssimos, tornando impossível qualquer
conversação, mesma aquelas que seriam benéficas para a realização do trabalho”.

Assinale a alternativa que completa as lacunas referentes as condições de


trabalho na Revolução Industrial:

a) indústrias, financiamento, ótimas, salários, calor


b) fábricas, iluminação, precárias, treinamento, ruído
c) bons locais de trabalho, maquinários, boas, orientações, vapor
d) indústrias, iluminação, precárias, salários, calor
e) fábricas, financiamento, precárias, orientações, ruído

3. Considere as afirmativas:

I - O SESMT é composto por Engenheiros de Segurança do Trabalho, Técnico de


Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar
de Enfermagem do Trabalho.

II - O dimensionamento do SESMT varia de acordo com o porte da empresa – número


de trabalhadores – e do grau de risco oferecido pela atividade desenvolvida.
atividades de estudo

III - O engenheiro ou arquiteto de Segurança do Trabalho não precisa ter um cer-


tificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho, em nível de pós-graduação.

IV - SESMT significa Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina


do Trabalho

V - CIPA significa Cooperativa Internacional Previdenciária Acidentária.

Quais afirmativas são verdadeiras?

a) I, II, III e V
b) I, IV e V
c) I, II e IV
d) III, IV e V
e) Todas as afirmativas.

4. Leia o trecho a seguir:

“Por lei, _____________ é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador, devendo prestar in-
formações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto
a manipular, cabendo-lhe, ainda, cumprir e fazer cumprir as normas de seguran-
ça e medicina do trabalho; e instruir os empregados, através de ordens de serviço,
quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais”.

Assinale a alternativa que completa a lacuna:

a) O governo.
b) A empresa.
c) O profissional de Segurança.
d) O MTE.
e) O trabalhador.
resumo

Neste estudo, vimos que trabalho e homem surgiram juntos, na luta pela sua subsistência.
Na busca por proteção, surgiram os combates e os primeiros escravos – aqui o trabalho
passa a ser visto como forma de punição. Ao longo do tempo, do regime escravocrata até
a revolução industrial, o trabalho foi evoluindo, assim como a relação trabalhador empre-
gador e, atualmente, muitas vezes é relacionado com satisfação pessoal.
Após esse histórico do trabalho, aprofundamos no tema da Segurança do Trabalho.
Praticamente desprezada antes da Revolução Industrial, neste período passa a chamar
mais atenção, principalmente devido ao grande número de acidentes de trabalho causa-
dos pelo advento da máquina em conjunto com condições de trabalho precárias, mão de
obra sem treinamento, longas jornadas de trabalho e a exploração do trabalho infantil e do
trabalho da mulher. Com a organização da classe trabalhadora, várias legislações visando
a proteção do trabalhador, as melhorias no trabalho foram surgindo, embora combatidas
no início pelos capitalistas.
A Revolução Industrial Brasileira foi tardia, tendo início no Governo Vargas. Por aqui, as
condições ambientais de trabalho também eram precárias, acrescidas de um agravante:
as máquinas instaladas eram sucateadas e ergonomicamente inadequadas para o traba-
lhador brasileiro o que resultou em um grande número de acidentes de trabalho. Mesmo
com a criação de legislações trabalhistas, o Brasil ainda era conhecido como o campeão de
acidentes de trabalho nas décadas de 60 e 70. A criação da FUNDACENTRO e a evolução
da legislação trabalhista melhoraram esse cenário, embora ainda ocorram muitos aciden-
tes no país, principalmente devido à falta de fiscalização do MTE.
Da evolução da legislação brasileira, destaca-se a obrigatoriedade do SESMT e a formação
de funcionários dedicados a área de Segurança e Medicina do Trabalho pela FUNDACENTRO.
Também destaca-se a máxima de que “Todos são responsáveis pela prevenção de aciden-
tes” e, consequentemente, pela Segurança do Trabalho.
material complementar

O Que é Segurança do Trabalho


Autor: Ely Moraes Bisso
Editora: Editora Brasiliense

Sinopse: boias-frias sacolejando na boleia de caminhões semidestruídos;


peões sem capacete pendurados em andaimes precaríssimos; operá-
rios envolvidos por fagulhas a operar soldas sem máscaras de proteção:
quantas vezes já vimos cenas assim?

Tempos Modernos
Ano: 1936

Sinopse: Esta obra-prima cômica encontra o icônico Vagabundo empre-


gado em uma fábrica, onde as máquinas inevitável e completamente o
dominam e vários percalços o levam para a prisão. Entre suas passagens
pela prisão, ele conhece e faz amizade com uma garota órfã. Ambos,
juntos e separados, tentam lidar com as dificuldades da vida moderna,
o Vagabundo trabalhando como garçom e, eventualmente, um artista.
referências

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Em: <http://blog.inbep.com.br/qual-papel-colaborador-seguranca-trabalho/>. Acesso em:
27 nov. 2017.
resolução de exercícios

1. c) Inglaterra.

2. b) fábricas, iluminação, precárias, treinamento, ruído

3. c) I, II e IV

4. b) A empresa.

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