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Ser Humano e o Trabalho

CD Lucio Machado
TRABALHO

É de fundamental importância ter uma noção básica dos dois


fatores da equação ergonômica: ser humano e trabalho.

Os conceitos de ergonomia estão intimamente relacionados com as


representações que são feitas do trabalho, com a forma que ele é
percebido e efetivamente valorizado.
Devemos conhecer as necessidades e características básicas
do ser humano aplicando os conhecimentos obtidos no
planejamento de seu trabalho.

Os meios e os processos envolvidos devem ser envolvidos ou


transformados para proporcionar ao trabalhador o máximo conforto,
segurança e eficácia, sendo esta a proposta fundamental e o grande
desafio da ergonomia.
O Sentido do Trabalho
A palavra Trabalho tem origem na palavra latina tripallium,
que designava um instrumento de tortura destinado a “domesticar”
seres humanos para o trabalho.

A função básica do ato de tripalliare (usar o tripallium para


tortura) era revelar ao torturado que ele estava condenado ao
trabalho e que não tinha dignidade humana superior.
Evolução Histórica do Trabalho
Evolução do Trabalho

Na Grécia e Roma antiga o trabalho era reservado para


escravos, sendo considerado indigno para seres humanos livres.

Entre os Hebreus, era visto de forma menos indigna e mantinha


uma conotação predominantemente negativa. Era visto como missão
sagrada para purificação do pecado original.
O Renascimento foi um importante movimento que se
deflagrou na passagem da Idade Média para Contemporânea onde se
inicia um processo de valorização do trabalho junto com a valorização
da vida humana.

A busca pela liberdade do ser humano que lutava para


atingir seus fins foi progressivamente sendo colocada em destaque,
entretanto o trabalho ainda era visto como pena necessária para
obtenção de certos fins.
Na Reforma Protestante, movimento reformista cristão
culminado no início do século XVI por Martinho Lutero, o trabalho foi
valorizado levando a obtenção de resultados materiais.

O usufruto de riquezas obtidas só passou a ser consentida


posteriormente quando ricos voltados para o gozo das coisas
terrenas passaram a coexistir com os impregnados pela severidade
da ética protestante inicial.
No século XIX, Marx faz uma crítica radical contra a desigual
distribuição de riquezas e dos meios de produção.

Exalta o trabalho, que associa ao operariado industrial,


negando ao capitalista o título de trabalhador e funda as bases do
socialismo.
Alienação Karl Marx
Em 1987, Freud apesar de não ter concentrado seus estudos
no trabalho, considerou que a felicidade se constituía na capacidade
de amar e trabalhar.

A partir de uma perspectiva psicológica considerou o


trabalho como uma das duas bases mais fundamentais para
realização humana.
O Existencialismo criticou através de suas correntes as
possibilidades de soluções racionais como as de Marx ou da
realização humana de Freud.

Teve importante atuação no sentido de denunciar os


processos históricos de alienação humana de certas gerações,
delegando a essas o fruto amargo do pessimismo e da sensação de
inutilidade de qualquer esforço, incluindo o trabalho.
Mito de Sísifo
O Mito de Sísifo e a Questão dos Trabalhadores
Nos últimos anos, dentro do contexto da globalização da
economia, o trabalho vem sendo abordado de forma paradoxal. Por
um lado é extremamente valorizado e recompensado e por outro tem
gerado uma multidão de desempregados, sendo drasticamente
desvalorizado.

Em ambos os casos tem ocorrido um grande aumento de


exigências sobre as pessoas, organizações e sociedades.
A Ergonomia defronta-se com desafios inusitados e tem muito
a contribuir, aprimorando situações de trabalho de alta exigência de
forma a responder as demandas concomitantes de saúde e
produtividade.

Aliada a outras áreas ela é fundamental no combate ao mais


disseminado fator desestabilizador nas organizações do mundo
contemporâneo: o estresse psíquico.
Trabalho e Globalização
Globalização e Desemprego
Elementos para Conceito de Trabalho

Tem sido considerado de formas diversas, não encontrando ainda


uma definição unânime.

A grande dificuldade encontra-se em estabelecer-se uma visão


sistêmica do trabalho que agregue num só conceito os diversos pontos de
vista e as diferentes necessidades dos seres humanos.
Usualmente hipertrofia-se um ou outro ponto de vista,
distorcendo-se a abrangência que o trabalho ocupa na vida das
pessoas, gerando assim desequilíbrios e frustrações em várias
direções.

Um dos aspectos mais importantes da vida deveria ser a


dedicação ao trabalho, constituindo uma manifestação da atividade
do indivíduo ligada à produção para satisfazer suas necessidades e ao
mesmo tempo colaborar para o desenvolvimento da humanidade e do
ser humano como pessoa.
Vários são os pontos de vista a partir dos quais se pode
compreendê-lo. Alguns destes são:

- O fisiológico;
- O econômico;
- O ético;
- O estético;
- O religioso, e
- O ergonômico
Conceito Fisiológico

Tem a ver com a transformação de energia pelo ser humano. Um


trabalho pode realizar-se enquanto se consome certa quantidade de
energia(térmica, química e elétrica).

O ser humano é compreendido como um motor que tem certo


rendimento, introduz alimentação e ar em seu organismo transformando
em combustível(energia) para o trabalho.
Conceito Econômico

Visa uma finalidade, uma utilidade – produção de bens econômicos


para satisfação das necessidades humanas.
Conceito Ético

Dignifica o ser humano, confere sentido à vida, cria bens e valores


morais.

É um ato de consciência.
Conceito Estético

É a atividade e o esforço em busca do que é belo. Algumas


profissões tais como Odontologia, tem na questão estética um foco
bastante forte.
Conceito Metafísico/Religioso

Serviço a Deus ou a outras fontes transcendentes.

“Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição e o labor uma


desgraça, mas eu vos digo que quando trabalhais, realizais parte do
sonho mais longínquo da terra, desempenhando assim uma missão que
vos foi designada quando este sonho nasceu”
Conceito Filosófico

Atividade do “ser” que está na essência do ser humano, expressão


do originário poder criador do ser humano e que constitui a si mesmo e
ao mundo histórico em que vive.

Por meio do trabalho o potencial humano mais íntimo pode


expressar-se no mundo exterior.
Conceito Ergonômico

Vem evoluindo ao longo destes últimos cem anos, mesmo antes da


própria concepção formal do conceito de Ergonomia.

Taylor desenvolveu estudos que muito influenciaram na questão do


trabalho fornecendo subsídios para conceitos e práticas ergonômicas.
Os pontos principais do pensamento de Taylor em relação ao
trabalho são:

- Administração como ciência;


- Divisão do trabalho;
- Especialização do operário;
- Estudo da fadiga humana;
- Análise do trabalho e estudo de tempos e movimentos;
- Concepção de cargos;
- Concepção de salários;
- Incentivos salariais;
- Prêmios de produção;
- Conceito do homem econômico;
- Estudo e aprimoramento das condições de trabalho;
- Padronização, e
- Supervisão funcional.
Fialho afirma que todo “o trabalho é um comportamento
adquirido por aprendizagem e tendo de se adaptar ás exigências de
uma tarefa”.

Neste conceito é acrescentada a participação ativa do ser


humano na interação com os meios de trabalho e com o ambiente
físico de trabalho.

Podemos dizer que a ergonomia tem a ver com todos os pontos


de vista a partir dos quais o trabalho pode ser visto.
Necessidades e Características Humanas

Para adaptar o trabalho aos seres humanos precisamos conhece-


los o máximo possível, para saber que tipos de adaptações podem ser
feitas no seu ambiente de trabalho sem levar ao desgaste acima dos
limites ou sem a possibilidade de recuperação.

As adequações a serem realizadas devem garantir as


necessidades e características básicas dos seres humanos.
Quando se fala em necessidades remete-se a questões mais
subjetivas, já a palavra característica tem uma conotação bem mais
objetiva.

Didaticamente as necessidades serão discutidas de forma


mais geral, pela ideia que traz consigo e as características de forma
mais objetiva, vinculada à fisiologia dos processos energéticos e
sistemas orgânicos.
Necessidades Humanas

O ser humano é formado por quatro dimensões básicas, tendo


necessidades e características nas quatro:

- Espiritual;
- Social;
- Psíquica e
- Biológica.
A dimensão espiritual é de abordagem ainda inviável, pois
nosso conhecimento científico é essencialmente racional e
construído através de evidências objetivas e reproduzíveis.

As dimensões psíquica e social são mais passíveis de


abordagem científica, mas ainda oferecem muitas dificuldades pois
o embate de crenças costuma ser marcante em campos onde a
variação de subjetividade torna vulneráveis os aspectos lógicos.
Muitas foram as tentativas de definição das necessidades
psíquicas humanas, porém poucas com maior sustentação como a
de Maslow.

Ele hierarquizou estas necessidades do nível mais básico até o


mais sofisticado:
- Conservação da vida;
- Domínio do ambiente físico;
- Integração no grupo;
- Reconhecimento do próprio valor e
- Auto realização.
Segundo Maslow à medida que cada tipo de necessidade é
satisfeito a necessidade superior começa a demandar sua satisfação.

Mesmo sendo muito criticado, este modelo ainda é um dos


mais bem sistematizados, oferecendo elementos para ajudar na
compreensão das necessidades humanas em diferentes contextos
históricos e socioeconômico, tais como:
- Auspiciosos: busca de benefícios abstratos(status, lazer, cultural...).
- Recessão: luta pela manutenção do emprego.
A Ergonomia tem tido dificuldades em propor abordagens
conscientes para a questão das necessidades humanas.

Ela tem chegado a conclusões no estudo das características


mais objetivas procurando definir limites para cargas físicas e
estímulos objetivos.

Tem se dedicado mais à prevenção da fadiga, de acidentes e à


prevenção de doenças musculo esqueléticas.
Significado do Trabalho nos Dias de Hoje
Características Humanas

A Ergonomia tem bases mais sólidas quando aborda necessidades


em relação às características do corpo humano, principalmente no que se
refere:

- À fisiologia da atividade;
- Ao sistema musculoesquelético e
- Ao sistema ótico.
A Relação de Trabalho no Brasil

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