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BLOCO 4 – ATIVIDADE 2

ATIVIDADE SOBRE A EXPANSÃO DO LÍQUIDO EXTRACELULAR

Autoria:
Miguel José Lopes (UFMG)
Fabíola da Silva Albuquerque (UFPB)

Roteiro para o professor

O meio interno se constitui dos fluidos que banham as células, correspondendo ao líquido
intersticial e o plasma sanguíneo, denominado de líquido extracelular (LEC). Alterações no volume
e na osmolaridade do LEC afetam diretamente às células (o líquido intracelular – LIC), em função
do movimento da água (osmose), diante da concentração dos solutos, sendo o sódio o principal
deles, uma vez que não tem trânsito livre na membrana celular (é um soluto não penetrante).
Desse modo, os sistemas nervoso, cardiovascular e renal atuam em sintonia em respostas de
feedback que promovem o balanço do sódio e da água em curto e longo prazo.
Algumas dessas respostas podem ser investigadas experimentalmente, através da promoção da
expansão do LEC em animais de laboratório. Então, vamos utilizar um experimento fictício (com
base em dados de experimentos reais) para estimular a compreensão desses mecanismos
homeostáticos. Para tanto, a atividade será realizada em DUAS ETAPAS. É fundamental que a
primeira etapa seja realizada antes da leitura das orientações para a segunda etapa (que está
na outra folha).

PRIMEIRA ETAPA

Neste experimento, ratos foram separados em grupos, cada um contendo cinco animais e a
intervenção (água, água-HAD ou solução) foi realizada rapidamente. Após intervenção, em cada
grupo, o volume urinário foi medido e a pressão arterial foi aferida a cada 30 minutos, do
momento final da intervenção até 180 min. (0 – 30 – 60 – 90 – 120 – 150 – 180)
● Grupo Água: os animais receberam o volume de água pura correspondente a 3%
do seu peso corporal por sonda gástrica.
● Grupo Água-HAD: os animais receberam o volume de água pura correspondente a
3% do seu peso corporal por sonda gástrica e uma injeção subcutânea de 0,05 ml
de solução fisiológica contendo Hormônio Antidiurético (HAD).
● Grupo Solução: os animais receberam o volume de solução hipertônica
correspondente a 3% do peso corporal por sonda gástrica.

Elabore hipóteses, ou seja, o que irá ocorrer com o fluxo urinário (volume/minuto) e com a
pressão arterial em cada um dos grupos, com a respectiva justificativa para ela. Considere para as
hipóteses, as variáveis do meio interno alteradas; a(s) resposta(s) de feedback providenciada(s);
as estruturas participantes do feedback.
Consulte os materiais de apoio ou outros que achar necessário. Anote suas hipóteses com o
maior detalhamento possível e, só após construí-las, siga para a segunda etapa da atividade.
SEGUNDA ETAPA

Após o estudo e a construção das hipóteses iniciais, analise os resultados do experimento com os
ratos apresentados a seguir. Então, responda às perguntas. Por fim, retome suas hipóteses
comparando-as com esses resultados e as respostas das perguntas. Elabore uma conclusão sobre
as variáveis do meio interno alteradas; a(s) resposta(s) de feedback providenciada(s); as
estruturas participantes do feedback.

O fluxo urinário por minuto, cuja evolução está demonstrada na Figura 1, foi calculado a partir
das médias dos volumes urinários cumulativos de cada grupo nos tempos de coleta. A pressão
arterial dos animais não variou nos grupos Água e Água-HAD, mas houve aumento significativo
no grupo Solução nas medições dos 30, 60, e 90 minutos.

Figura 1. Evolução do fluxo urinário dos grupos ao longo do tempo.

Questões
1. A expansão do fluido extracelular ocorreu do mesmo modo para todos os grupos de
tratamento?
a. Todos os grupos sofreram aumento do volume do fluido extracelular acionando
barorreceptores;
b. Os grupos Água e Água-HAD promoveram a redução da osmolaridade do fluido,
enquanto os grupos de Solução promoveram o aumento da osmolaridade, ambos
acionando osmorreceptores;
2. Por que só ocorreu aumento de pressão no grupo Solução?
a. No grupo Solução, houve aumento de volume aliado a hipertonicidade plasmatica,
nesse caso, mantendo o volume extra no plasma e atraindo água celular para esse
compartimento.
b. O aumento de volume resultou em aumento do retorno venoso, com consequente
aumento do débito cardíaco e, então, aumento da pressão arterial.
c. Uma vez que o tratamento com a água e Água-HAD tornou o plasma hipotônico, o
excesso de volume foi distribuído entre o plasma e os demais compartimentos
(interstício e intracelular), não produzindo alteração na pressão arterial.
3. A partir da alteração no meio interno, como se comportou o fluxo urinário dos grupos
experimentais?
a. Nos grupos Água e Solução observou-se aumento progressivo do fluxo até 90 min.
após o tratamento experimental, demonstrando o esforço renal para eliminar o
volume excedente do fluido extracelular.
b. Após a eliminação do excedente, o fluxo urinário nesses grupos progressivamente
diminuiu.
c. Por sua vez, no grupo Água-HAD, o hormônio antidiurético atuou interferindo no
fluxo urinário, de modo que este não se alterou até 90 min. após a intervenção.
4. Analisando o fluxo urinário dos grupos, descreva a resposta do feedback renal, indicando
como o HAD influenciou essa resposta, no grupo Água-HAD.
a. O HAD sinalizou economia de água, apesar da expansão.
b. Entre 90 e 190 min., o fluxo urinário do grupo Água-HAD ampliou
progressivamente, representando a atuação do rim no balanço do excesso de
água.
5. Compare os resultados de volume e fluxo urinário dos grupos Água e Solução e indique
os mecanismos fisiológicos que operaram para os resultados.
a. No grupo Água, houve aumento de volume aliado a hipotonicidade plasmatica,
ativando osmorreceptores, resultando na supressão da liberação do HAD
endógeno. Sem o HAD, os túbulos renais reduziram a reabsorção de água nos
túbulos distais e ductos, aumentando sua excreção. Uma vez que o tratamento
com a água tornou o plasma hipotônico, o excesso de volume foi distribuído entre
o plasma e os demais compartimentos (interstício e intracelular), não produzindo
alteração na pressão arterial (conforme os resultados evidenciaram). Ao final, a
ativação dos osmorreceptores promoveu a diurese osmótica do excesso de água.
b. No grupo Solução, houve aumento de volume aliado a hipertonicidade plasmatica,
nesse caso, mantendo o volume extra no plasma e atraindo água celular para esse
compartimento resultando em aumento da pressão arterial (como indicaram os
resultados). Além da resposta dos osmorreceptores de supressão do HAD, o
aumento da pressão gerou aumento da filtração glomerular, diminuindo a
reabsorção no túbulo proximal. O aumento de pressão também promoveu
aumento do retorno venoso, levando à liberação do Peptídeo Atrial Natriurético
(ANP), resultando em diminuição da reabsorção de NA+ (aumentando sua
excreção), no feedback para reduzir a osmolaridade do FEC.

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