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AGRICULTURA GERAL I

CHARRUA DE AIVECAS
Mário Cunha FCUP

OBJECTIVO: Estudo orgânico, observação e análise critica do trabalho


efectuado pela charrua de aivecas (CA).

C- TRABALHO EFECTUADO
Corte, flexão e torsão (reviramento)
Corte • rearranjo dos elementos estruturais.
• enterramento de materiais
Flexão e torção • controlo de infestantes
Terminologia da lavoura executada por uma charrua de aivecas
1- Terra crua 2- Aresta da leiva 3- Parede do rego 4- Fundo do rego 5- Rego
6- Rego 7- Leiva (prisma de terra) • Profundidade de trabalho
• Velocidade de trabalho
B- CONSTITUIÇÃO Aiveca • Largura de trabalho
- Sem sistema de reversão
- Com sistema de reversão: Mecânico, Hidráulico

1. Características da leiva
Depende do tipo de aiveca, mas também da velocidade de avanço do
tractor e da profundidade de trabalho. Uma velocidade elevada promove
uma maior projecção da leiva. Nestas condições a leiva vai ficar mais
fragmentada e a superfície mais nivelada (exige menor acabamento).

2. Operação
- Exigente em potencia
- Elevado tempo de execução (> risco do solo não estar no período sazão)
- Exige trabalhos complementares (deslavras) para a preparação do solo
- Elevados riscos de compactação (alfaia e nº passagens)
- Elevado arejamento do solo: mineralização rápida quando não existe
sistema radical da cultura para utilização dos numtrientes
- Elevadas perdas de CO2: perda de fertilidade do solo; emissões de GEE
(CO2).
- Riscos elevados de erosão
- pode trazer excessiva pedregosidade para a superficie
Charrua de 2 ferros, reversível (reversão automática e manual) com
D- REGULAÇÕES E AFINAÇÕES
corpos a 180o, montada.
Regulação ou Estabilizadoras 1- REGULAÇÕES (do tractor em relação à charrua)
Engate Suporte Activas ou de protecção - Lateral ou centralização
1) Reversão 5) Aiveca - Horizontalidade transversal
manual 9) Apo 12) Raspa da aiveca 4) Chapa de - Horizontalidade longitudinal
6) 3ºponto 10) Teiró 2) Relha encosto 2- AFINAÇÕES (das peças da charrua)
7) Reversão 13) Formão 3)calcanhar 1- Profundidade de trabalho
automática Cepo Acessórias: 2- Ângulo de ataque da relha:
8) Cabeçote; Escora 15) Segas (disco) 3- verticalidade da parede do rego
11) Munhão 14) raspadeira 4- Afinação das peças acessórias
• Segas de facas (discos)
• raspadeiras ou segas rocadeiras

C.A.1F16R90H Montada segas de discos


Componentes de um corpo de charrua.
1- Cepo 2- Chapa de encosto 3- Calcanhar 4- Relha 5- Aiveca 6- Rabo da
aiveca. Ao alto: vista de perfil, da parede do rego.
Em baixo: vista de topo.
Classificação das aivecas:
Comprimento: > compr. => < esmiuçamento
Forma: Helicoidais (leiva acompanhada durante todo o seu reviramento,
reduzindo a pulverização); Cilíndricas (reviramento complementado pela
gravidade; >fragmentação e pulverização); Mistas; Descontínuas
Designação: Charrua de aivecas, tipo de ligação ao tractor, n.º de ferros,
largura da relha, tipo de sistema de reversão.
CA5F12-18R180H semi-montada

MC AGeral I
AGRICULTURA GERAL I Designação: podem ser montadas, semi-montada e rebocada. Grade (ligeira,
média ou pesada) de discos (bordo, concavidade, ∅- 18 a 24” (36”), n.º e
GRADES DE DISCOS
disposição), largura de trabalho.
Mário Cunha FCUP
PESO LIGEIRAS MÉDIAS PESADAS
OBJECTIVO: Estudo orgânico, observação e análise critica do trabalho Kg.m-1 180-350 350-700 700-1200
efectuado pela grade de discos (GD). Kg.disco-1 20-60 60-80 80-150
• Profundidade de trabalho: 10 a 30 cm Discos recortados: melhor recorte dos restolhos; melhor penetração
• Velocidade de trabalho:
• Largura de trabalho: entre discos mais afastados. B- TRABALHO EFECTUADO

A- CONSTITUIÇÃO Trabalhos elementares: corte, fragmentação e mistura.


• Trabalho complementar da lavoura para seccionar a leiva, sobretudo
quando esta se encontra seca e enterroada
• recorte e enterramento do restolho e infestantes a diferentes profundidades.
• Preparação da cama de sementeira
• Siderações
• Trabalhos florestais (desmatagem)
Trabalho rápido, eficiente com baixo consumo de combustível por área
trabalhada.
Em solo semi-plástico – formação de camada compacta, originada pelo
ângulo que o disco faz com a linha de deslocamento e que provoca o seu
arrastamento sobre o solo.
Pode trazer problemas em situações de presença de infestantes que se
propagam por rizomas.

C- REGULAÇÕES
- Regulação da profundidade de trabalho:
• sistema hidráulico
• maior peso e tipo de bordo
Grade de discos montada tipo descentrada ou “off-set”. • angulo de ataque (corrente ou cilindro hidráulico)
1- Escora do 3º ponto 2- Cabeçote do 3º ponto, oscilante para adaptação dos
dois corpos ao perfil do terreno 3- Corpo traseiro 4- Barra com sector - Esmiuçamento do solo, enterramento e mistura função:
circular 5- Parafuso de limitação do angulo do corpo da frente 6- Barra de • >ângulo de ataque (corrente ou cilindro hidráulico)
escorregamento 7- Munhão 8- Esticador articulado nos extremos, para • >velocidade de avanço
comando automático dos movimentos de fecho do corpo traseiro (em • tipo de discos (lisos; tronco-cónicos)
transporte) e de abertura do dianteiro (em trabalho) 9- Corpo frontal 10-
Discos lisos 11- Cavilhão de articulação dos dois corpos
Os discos estão dispostos verticalmente no veio. Os discos do corpo traseiro
trabalham no espaço entre os do corpo da frente.
Os discos dos 2 corpos têm concavidade oposta para i) que as forças laterais
exercidas em cada um dos corpos.sejam anuladas e ii) evitar a formação de
sulcos à superfície.
Para se manter o equilíbrio é necessário que o ângulo de ataque do corpo da
frente seja inferior ao corpo de trás que trabalha uma terra já mobilizada; o
ângulo do corpo da frente varia entre os 15 - 20o e o de trás entre 25 – 30º.

Grade de discos rebocada em Tandem

Grade de discos rebocada em Tandem ou em X, equipada com grade


Representação das forças exercidas nos corpos de uma grade descentrada rolante
1-Linha de tracção 2- ∠ataque dos discos do corpo da frente 3- do corpo
traseira 4- ⊥ à linha de tracção 5- Ponto de encontro das resultantes das
forças que se opõem ao avanço dos corpos dos discos 6- Componentes
laterais das forças que se opõem ao avanço dos corpos de discos.

MC AGeral I 2007
AGRICULTURA GERAL I
FRESA DE EIXO VERTICAL (FEV)
Mário Cunha FCUP

OBJECTIVO: Estudo orgânico e análise crítica do trabalho


efectuado pela FEV em operações combinadas de mobilização do
solo: i) na sementeira de uma cultura Out/Inv e ii) na plantação de
hortícolas com rolo sulcador.

CONSTITUIÇÃO
Alfaia animada pela TDF. Os rotores, munidos de 2 ou mais peças
activas (dentes, facas ou lâminas) com forma variável.

Designação
Ligação ao tractor, FEV, nº de rotores, n.º e tipo de dentes, larg
trabalho, relação de transmissão.
Geralmente montadas em transporte, em trabalho assentam no solo
por intermédio de patins ou rodas que limitam a profundidade de
trabalho.

Fig. 3- Comparação da framentação do terreno efectuado com


diferentes relações entre a velocidade de avanço e velocidade do
rotor.

Fig. 1- Exemplo de designação de uma FEV. Montada, 7 rotores PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES


com 2 facas em L, com larg. de trabalho_X m., roda de regulação de Sementeira de culturas herbáceas extensivas. Preparação do solo
profundidade. para hortícolas espaços ajardinados.

Alguns modelos de FEV, podem trabalhar com TDF 540 e 1000


rpm. Os rotores têm uma velocidade de rotação de 120 a 500rpm
(figura 2) podendo em alguns modelos ser regulável.
O comprimento das facas varia entre 20-30cm e podem ser:
- Facas em L: 2 por rotor. Perigo de compactação.
- Facas direitas: podem ter inclinação variável. Trabalham a
maior profundidade. As inclinadas penetram melhor em solos
de consistência dura.
Fig. 4- Trabalho da FEV com acessórios: grade rolante e lâmina
niveladora. 1- Lâmina de nivelamento 2- Rotor 3- lâmina 4- Mistura
do solo 5- Fragmentação. Fonte: CNEEMA (1981).

Fig. 5- FEV acoplada a um semeador “em linhas” pneumático.

Quando comparadas com as FEH, as FEV exigem esforços de


tracção superiores (rotores não auxiliam a progressão), tem menor
tendência para criar horizontes compactos em solos argilosos e
Fig. 2- FEV com engrenagem permutáveis para permitir com mesma provocam menor fragmentação do solo. Custo elevado de
velocidade de rotação da TDF, obter diferentes velocidades dos
rotores. Dois rotores consecutivos têm movimento opostos. manutenção.

TRABALHO
Corte e fragmentação. A fragmentação do solo é provocada pelo
efeito de choque dos dentes. Depende sobretudo da velocidade de
avanço e da rotação dos rotores (Fig. 3).

MC AGeral I
AGRICULTURA GERAL I: • combate das infestantes
FRESA DE EIXO HORIZONTAL (FEH) • incorporação de matéria orgânica
Mário Cunha (FCUP) • preparação do solo, quando bem estruturado, em pequenas
superfícies (hortas, pomares, viveiros estufas)
OBJECTIVO: Estudo orgânico, observação e análise critica do • execução de faixas “corta fogo”
trabalho efectuado pela FEH. Avaliação do trabalho (Observar)
Geralmente montadas em transporte, em trabalho assentam no solo • bom arejamento do solo com uma única passagem
por intermédio de patins ou rodas que limitam a profundidade de • mistura intensa dos elementos e elevado esmiuçamento
trabalho. Podem ser centradas ou descentradas (offset) relativamente • pode ser associada a um semeador para fazer a sementeira.
ao tractor. Podem ser constituídas por vários corpos descontínuos. Problemas causados pela sua utilização
• Profundidade de trabalho: 15 a 25cm • destrói a estrutura do solo/erosão
• Velocidade de trabalho: 2 a 8 km.h-1 • acelera a mineralização da matéria orgânica
• Largura de trabalho: (0,2 descontinuas); 0,8 a 2m • pode originar a formação de uma camada compacta
• operação muito dispendiosa e demorada
A- CONSTITUIÇÃO
C- PRINCIPAIS REGULAÇÕES
As principais regulações são: (Observar)
1- Profundidade de trabalho (patim regulável)
2- Esmiuçamento função de:
• velocidade de trabalho
• espaçamento entre órgãos activos (facas)
• regime do rotor (variável em alguns modelos)
As facas cortam o solo em fatias individuais, cuja espessura é
regulável pela velocidade de avanço do tractor e/ou pela velocidade
angular de rotação do rotor, para as fresas com caixa de velocidades,
as lâminas atacam o solo em intervalos maiores ou menores
1- Capot 2- Avental 3- Roda reguladora de profundidade 4- Faca 5- “golpes” que pode variar entre 3 e 30 cm.
Falange 6- Veio (rotor) 7- Veio de transmissão (V. Cardans)
N ×n
Veio ou Rotor
G( golpes. m − 2 ) = × K em
V
• diâmetro exterior medido entre as extremidades das facas, varia G – n.º de golpes por metro quadrado de cada faca
entre 35 a 60cm. N – nº de facas por metro
• rotação do rotor: sentido do avanço do tractor a uma velocidade n- rpm do rotor
angular compreendida entre 120 e 400 rpm o que auxilia a V- velocidade de deslocação do tractor
progressão do tractor. K- 0,06 (constante)
• alteração da velocidade do rotor: caixa de pinhões permutáveis e
selector (possível apenas em alguns modelos). 3- Posição do avental traseiro influência:
Facas • Esmiuçamento (baixo)
• velocidade das facas varia entre 4,5 e 6,5 m.s-1 (16 e 23 km.h-1), • Segregação (levantado)
sendo cerca de 3 x a velocidade de avanço. • Nivelamento (baixo)
• Nº de 4 a 6 alternadas direita/esquerda
• Colocação das facas em
espiral (figura).
Colocação incorrecta: danos
no equipamento, >esforço de
tracção e trabalho de corte
heterogéneo.
• Forma:
- L (grande esmiuçamento e incorporação de resíduos formação de
camadas compactas),
- direitas (<compactação e potência);
- T invertido (grande fragmentação e esmiuçamento exigem >
potência; utilizadas em corta matos).
Influência da velocidade de avanço e rotação do eixo na
fragmentação

Tipo L Direitas T invertido


Designação
Ligação ao tractor, fresa de eixo (H, V, obliquo), nº de falanges, n.º
e tipo de facas, larg trabalho, relações de transmissão.
B- TRABALHO EFECTUADO
Trabalho de corte e fragmentação intensos.
Posição do avental e fragmentação e segregação
As principais utilizações são (nem sempre as + recomendáveis) :
• mobilização superficial do solo
• preparação da cama para a semente
• destruição do restolho, a que se segue a sementeira Out- invernal
das culturas, quando a agregação é favorável

MC AGeral I

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