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1 – Preparo do solo

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1.2 – Preparo periódico do solo

1.2.1 – Preparo Convencional

“Conjunto de operações realizadas no solo com a

finalidade de facilitar a semeadura, germinação

das sementes, emergência, desenvolvimento

radicular e da parte aérea das plantas”.

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Histórico

- Os avanços sempre ocorreram no sentido de aumentar a capacidade


de trabalho dos equipamentos;

- Assim, dos arados fixos de madeira se evoluiu para os de aivecas

fabricados com material mais resistentes, posteriormente para os

de discos que permitiam o trabalho em solos com presença de pedras

e tocos e finalmente para as grades pesadas com grande capacidade

de trabalho.
Hoje Plantio direto
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A evolução não se preocupou com os aspectos:

- Características químicas e físicas do solo;

- Conservação do solo;

- Incidência de plantas daninhas;

- Rendimento das culturas.

Cada equipamento tem a sua finalidade, desde que


utilizado de forma adequada e ordenada.

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Fases do preparo do solo

a) Manejo dos restos culturais


Quando necessário pode ser realizada utilizando:

- Roçadeira;
- Grade;

- Rolo faca;

- Desintegrador mecânico;

- Outros disponíveis na propriedade.

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A escolha do equipamento a ser utilizado depende:

- Tipo de restos de cultura presente na área;

- Tipo de cultura que será implantada na área posteriormente;

- Disponibilidade de equipamentos na propriedade

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Foto: Roçadeira em restos da cultura do milho.

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Foto: Roçadeira em restos da cultura do milho.

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Foto: Grade em restos da cultura do arroz.

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Foto: Grade em restos da cultura do milho.

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Figura: Rolo-faca de tração animal.

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Foto: Rolo-faca em restos culturais de milho.

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Foto: Rolo-faca em aveia preta no florescimento.

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Foto: Rolo-faca em aveia preta no florescimento.

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Foto: Rolo-faca em aveia preta no florescimento.

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Foto: Uso do fogo para destruição dos restos culturais.

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Foto: Área de produção de milho para silagem.

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b) Subsolagem
- Com o uso intensivo das áreas, pode surgir “camadas compactadas”,
pela passagem de máquinas e equipamentos;

- A camada compactada diminui a infiltração de água e dificulta


a penetração de raízes que explora menor volume de solo;

- A subsolagem é a prática que “rompe” ou “quebra” camadas


compactadas no interior do solo;

- A operação de subsolagem deve ser realizada antes do início das


operações de preparo do solo.

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Foto: Implementos agrícolas de preparo do solo.

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Foto: Eliminação de camadas compactadas do solo.

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Foto: Modelo de subsolador

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c) Conservação do solo

- A medida que se realiza o preparo do solo, deve-se


tomar cuidado com as operações de controle de erosão;

- Deve-se aproveitar as operações de preparo,


principalmente aração, para realizar a construção
de terraços novos ou a manutenção dos existentes.

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Foto: Manutenção dos terraços com arado de discos.

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Foto: Manutenção de terraços com terraceador.

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d) Aplicação de corretivo do solo

- Calcário ou silicato de cálcio e magnésio;

- Antes do início das operações de preparo do solo deve-se


ter em mãos o resultado da análise química da área;

Operações de
preparo

Incorporação dos corretivos no solo

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TABELA – Características químicas do solo de 0-0,20 m de profundidade.

Presina M.O. pH K Ca Mg H + Al CTC S V

-3 -3 -3
mg
mg dm g dm CaCl2 mmolc dm %
dm-1
17 19 4,8 1,7 12 10 44 56,7 2 42

CTC (V2 – V1)


NC = NC = necessidade de calcário
10.PRNT
V1 = saturação em bases do solo
Onde: V2 = saturação em bases desejada

PRNT = depende do calcário

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Quando aplicar o calcário em relação ao preparo do solo?

- Existem diversas formas, podendo ser destacadas três:

A – Todo calcário aplicado antes da operação de aração.

Vantagens: - aplicação em dose única;


- Deslocamento do aplicador em solo firme.

Desvantagem: - desuniformidade de incorporação no perfil


do solo.

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B – Todo calcário aplicado após a aração e antes da gradagem.

Vantagem: - aplicação em dose única

Desvantagens: - deslocamento do aplicador em solo já revolvido;

- desuniformidade de incorporação no perfil do


solo.

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C) Aplicação de ½ da dose de calcário antes da operação de aração e
½ da dose antes da operação de gradagem.

Desvantagem: a aplicação do corretivo é feita em 2 vezes

Maior custo

Vantagem: melhor uniformidade de distribuição do corretivo


no perfil do solo.

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Foto: Aplicador de calcário tipo “cocho”.

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Foto: Aplicador de calcário.

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Foto: Aplicador de calcário.

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Foto: Aplicador de calcário tipo “carreta aplicadora”.

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Foto: Aplicador de calcário tipo “carreta aplicadora”.

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1.2.1.1 - Aração
Operação de inversão de camadas. O arado “corta”uma faixa
de solo, denominada “leiva” que é elevada e invertida.

Finalidades:
- Aumentar a infiltração de água;

- Aumentar a aeração do solo;

- Incorporar corretivos ou fertilizantes orgânicos;

- Eliminar ou incorporar restos vegetais;

- Controle de plantas daninhas pelo enterrio profundo de sementes;

- Destruição de insetos nocivos pela exposição (sol e predadores).

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Tipos de Arados

Os arados podem ser classificados:

A – Quanto aos órgãos ativos

A1 – Arados de Discos
- Discos lisos ou recortados;
- Não é tão eficiente na inversão da leiva;
- Utilizado em área com presença de obstáculos;
- Realiza bom trabalho mesmo com certo grau de
desgaste nos discos;
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A1 – Arados de Discos

- 1 a 4 nos montados
- Número de discos
- 4 a 7 nos de arrasto

- Profundidade de aração: até 40 cm

- Largura de corte: 17 a 30 cm/disco

- Curvatura dos discos: 90 até 115 ou 120 mm

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Regulagens do arado de discos:

- O centro do arado deve coincidir com o centro do trator;

- O arado deve ser nivelado no sentido do comprimento


e da largura;

- Ângulos de corte dos discos

-- Ângulo vertical

-- Ângulo horizontal

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Ângulo vertical
- Permite que o disco fique mais deitado ou mais em pé;

- Varia de 15 a 25º;

- Regula maior ou menor facilidade de penetração no solo.

Ângulo horizontal
- É o ângulo formado com a linha de tração;
- Varia de 42 a 50º;
- Regula a largura de corte.

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Foto: Arado de discos

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Foto: Arado fixo de discos recortados.

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Foto: Arado fixo de discos lisos.

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Foto: Arado de discos lisos em operação.

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Sugestões de angulação do arado de
discos em função do tipo de solo.

Tipo de solo Ângulo Ângulo

vertical horizontal

Solo arenoso e úmido 22 a 25º 50º

Solo argiloso e duro 15 a 18º 45º

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Outros mecanismos de regulagens do arado de discos:

Roda Guia
- A pressão permite maior ou menor profundidade dos discos;

- É responsável pelo alinhamento arado-trator na linha de tração.

Eixo transversal
- Só usado para regulagem no arado fixo;

- Permite regular a largura de corte.

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Foto: Roda guia

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Foto: Arado fixo – eixo transversal

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Foto: Arado reversível

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A2 – Arado de aivecas

- Realiza melhor inversão de solo;

- Não deve ser usado em áreas com obstáculos;

- Mais leve que o arado de discos, penetra com


facilidade devido ao formato dos seus órgãos ativos;

- As “relhas” devem ser substituídas quando


apresentarem certo grau de desgaste.

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Tipos de aiveca

- Aiveca Pulverizadora
Curta, mais larga e com grande curvatura;

recomendada para solos “leves”.

- Aiveca Rompedora

Comprida, estreita e com pouca curvatura;

Recomendada para solos “pesados”.

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- Aiveca de “uso geral”

Possui características intermediárias entre a


pulverizadora e a rompedora;

Mais facilmente encontrada no mercado.

- Aiveca recortada

Recomendada para solos pesados e pegajosos.

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Foto: Arado de aivecas
recortadas.

Relha
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Disco de corte de palha

Foto: Arado de aivecas recortadas em operação.

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Foto: Arado de aivecas recortadas em operação.

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Foto: Aivecas recortada e
de uso geral.

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Foto: Arado de aivecas
recortadas em
operação.

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Foto: Arado de aiveca montado e fixo

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A3 – Arado Escarificador

- Constituído por 7 a 9 hastes estreitas e pontiagudas


distribuídas em um chassi de 2 ou 3 barras;

- Permite sulcos distanciados entre 20 e 50 cm;

- Atua até 30 cm de profundidade;

- Necessário 8 a 10 HP de potência/haste em solo argiloso;

- A umidade do solo recomendada é a mesma da aração


convencional.
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Foto: Arado escarificador

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Rolo destorroador

Foto: Arado escarificador com rolo destorroador

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Foto: Escarificação do solo a 25 cm de profundidade.

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Foto: Escarificador com destorroador.

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Foto: Escarificação do solo a 25 cm de profundidade.

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Foto: Escarificação do solo a 25 cm de profundidade.

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Foto: Escarificação + gradagem leve.

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B – Quanto à tração

B1 – Tração animal

- Órgão ativo do tipo aiveca;


- Montado sobre estrutura de madeira ou ferro;
- Utilizado em pequenas áreas.

B2 – Tração mecânica
- Arrasto;
- Acoplados ou de engate no sistema de três pontos.

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Foto: Preparo do solo com arado fuçador em terreno acidentado em
Francisco Beltrão – PR (IAPAR, 1989).

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Foto: Arado de tração animal

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Mecanismo
de reversão

Foto: Arado de tração animal reversível

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Foto: Arados de aiveca a tração animal reversíveis (IAPAR, 1989).

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Foto: Arado de arrasto de 5 discos lisos.

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C – Quanto à movimentação dos órgãos ativos

C1 – Arados fixos

- Deslocam solo apenas para um lado;

- Dificultam o trabalho em solos declivosos.

C2 – Arados reversíveis

- Deslocam solo para o lado direito ou esquerdo;

- Mais compatíveis com áreas terraceadas e


declivosas.
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Fotos: Arado reversível de
3 discos lisos.

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Época de aração

- Evitar solos muito úmidos;

- Após chuvas, esperar alguns dias para início da operação;

- Solos muito secos também devem ser evitados

Formação de torrões.

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Foto: Torrões formado por aração em solo seco.

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Foto: Torrões formados por aração em solo úmido.

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Profundidade de aração

A aração pode ser considerada:

- Rasa: até 15 cm de profundidade;

- Média: 15 a 25 cm;

- Profunda: acima de 25 cm.

“Pé-de-arado” Alternar a profundidade de trabalho


nos diversos anos agrícolas.

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1.2.1.2 - Gradagem

É a operação que complementa a aração, destorroando e


nivelando o solo, facilitando as operações de semeadura,
práticas culturais e até a colheita em alguns casos.

Outras finalidades:
- Manejo de restos culturais;

- Incorporação de corretivos;

- Incorporação de fertilizantes e sementes na semeadura à lanço;

- Eliminação de plantas daninhas às vésperas da semeadura.

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Foto: Grades pesadas e grades para nivelamento.

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Tipos de grades

A – Quanto aos órgãos ativos

A1 – Ação simples

Constituídas por dois conjuntos de discos que movimentam


o solo apenas para um lado.

A2 – Ação dupla

Constituídas por 2 ou 4 conjuntos de discos que


movimentam o solo para dois lados.
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Foto: Grade de ação dupla

Figura: Grade de ação simples

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B – Quanto ao acoplamento no trator

B1 – Montada ou de suspensão hidráulica

Normalmente são grades leves ou médias, com discos de 18 a 24”

B2 – Montada e de arrasto

Permite acoplamento no sistema de 3 pontos ou na barra de tração.

B3 – Arrasto ou atreladas
Normalmente são grades do tipo médio ou pesadas, com discos
de 26 até 36”.

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Foto: Grade leve – engate no sistema de 3 pontos.

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Foto: Grade para nivelamento – arrasto.

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Foto: Grade para nivelamento – arrasto.

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Foto: Grade pesada – arrasto.

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Foto: Preparo do solo com grade pesada.

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Foto: Operação de nivelamento do solo.

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Foto: Operação de nivelamento do solo.

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Foto: Nivelamento do solo às vésperas da semeadura.

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1.2.1.3- Outros tipos de preparo convencional do solo:

- Enxada rotativa

- Mais utilizada na produção de hortaliças;

- Realiza ao mesmo tempo incorporação de

fertilizantes e prepara o solo para a semeadura;

- Tem sido também utilizada no preparo do solo das

arrozeiras no cultivo do arroz irrigado por inundação.

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“Facas”

Foto: Enxada rotativa

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Foto: Enxada rotativa em solo de várzea.

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Foto: Transplantio de mudas de arroz no Japão.

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Foto: Arroz em Taiwan

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Foto: arroz em Taiwan

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Foto: Arroz no Japão

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Foto: Arroz no Japão

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Figura: Tipos de enxadas rotativas

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Tabela – Parâmetros de caracterização de enxadas rotativas.

Largura de Potência Profundidade Rotação Rotação de


Trabalho (m) (c.v.) Trabalho (m) TDP (rpm) Trabalho (rpm)
2,0 – 3,3 86 – 162 0,20 1000 180 – 270
1,25 – 2,0 35 – 66 0,20 540 120 – 220
0,8 – 1,5 18 – 28 0,18 540 250
1,0 18 0,18 540 150 – 240

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Grade pesada + grade niveladora
Mais utilizada em áreas médias e grandes;

Os discos variam de 32 até 36” nas grades pesadas;

O uso freqüente ano após ano pode propiciar o aparecimento


de camadas compactadas denominadas “pé-de-grade”.
Como evitar?

Alternância de equipamentos de preparo nos diversos


anos agrícolas.
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Foto: Solo preparado com grade pesada + grade niveladora.

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Foto: “Pé-de-grade

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Foto: Erosão em solo preparado com grade pesada.

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1.2.2 – Cultivo Mínimo

- Visa redução do número de operações com máquinas e


implementos para o preparo do solo, ou seja, reduzir ao máximo
o número de arações e de gradagens;

- Propicia menor custo de produção;

- Menor desagregação do solo, proporcionando melhor conservação.

Escarificador
+ Cultivo mínimo
Grade niveladora

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Tabela – Efeito da intensidade das operações de preparo do solo
sobre as perdas por erosão.

Aração com aiveca Perda de solo (t/ha)


Duas arações 14,6
Uma aração 12,0
Uma aração superficial 8,6
Fonte: Instituto Agronômico de Campinas

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1.2.3 – Plantio direto

Conceito:

“ É a técnica de colocação da semente em sulco ou cova em solo

não revolvido, com largura e profundidade suficiente para obter

adequado contato da semente com o solo”

O sistema não utiliza as operações de arações,


gradagens ou escarificações e as plantas daninhas
são controladas pelo uso de herbicidas.

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Adoção Mundial Agricultura Conservacionista
↑ Estabilidade Produção ↓ Insumos Externos ↓ Impacto Ambiental

Total 95,6 milhões ha


Resto do mundo 3,3
Canadá 13,4 Europa
USA 25,3 Asia
África
Brasil 23,6
Paraguai 1,5
Argentina 18,3 Austrália 9,0
Fonte :Derpsch (2004), FEBRAPDP (2007) 118
Figura 1. Expansão Plantio Direto no Brasil.
32.000.000 ha

180 ha

119
Fonte: Derpsch, R. e Friedrich, T., 2010 119
http://www.fao.org/ag/ca/6c.html
Safra 2010/11

Produtor que optou por plantio direto teve benefícios

O Ministério da Agricultura reduziu a taxa de juros de


financiamento para produtores que optaram pelo plantio
direto “com qualidade”

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,


31 de março de 2010.

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De acordo com Salet (1994) o SISTEMA PLANTIO DIRETO
pode ser dividido em duas fases:

- A de INSTALAÇÃO: correspondente aos primeiros


4 ou 5 anos após o início do sistema;

- A de ESTABILIDADE: é aquela em que claramente são


observadas alterações nas propriedades químicas, físicas
e biológicas do solo.

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Vantagens do sistema plantio direto:
- Economia de combustível;

- Controle de erosão;

- Economia com máquinas e equipamentos;

- Maior retenção de umidade no solo;

- Ganho de tempo na operação de semeadura;

- A semeadura, após chuva, pode ser iniciada mais cedo e


encerrada mais tarde.

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Gasto de diesel com diferentes manejos do solo

I – Sistema Convencional (1)

- Destruição de restos da cultura anterior;


- Aração;
- Primeira gradagem;
- Aplicação de herbicida;
- Segunda gradagem;
- Terceira gradagem;
- Semeadura

Total: 71,9 litros de diesel/ha

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II – Sistema Convencional (2)

- Destruição de restos da cultura anterior;

- Aração;

- Primeira gradagem;

- Segunda gradagem;

- Semeadura;

- Primeiro cultivo;

- Segundo cultivo;

Total: 62,7 litros de diesel/ha

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III - Plantio direto

- Primeira aplicação de herbicida – 0,4 kg/ha – paraquat;

- Semeadura

- Segunda aplicação de herbicida – 2,4 kg/ha – alachlor


- 1,5 kg/ha – atrazine

Total: 29,7 litros de diesel/ha

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Pontos básicos para implantação
do sistema plantio direto:

- O agricultor deve estar qualificado para entender e


dominar o sistema;

- O solo não deve apresentar limitações físicas ou


químicas;

- A área deve estar o mais livre possível de plantas


daninhas;

- As colhedoras devem ser equipadas com picador de palha.

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Foto: Feijão em plantio direto após arroz.

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Foto: Semeadora de plantio direto.

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Foto: Discos de corte de restos culturais

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Foto: Semeadora em plantio direto.

131
Foto: Semeadora em plantio direto.

132
Foto: Semeadora em plantio direto.

133
Foto: Semeadora em plantio direto.

134
Foto: Semeadora em plantio direto.

135
Foto: Semeadora em plantio direto.

136
Foto: Semeadora em plantio direto após milho.

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Foto: Restos culturais de milho após a colheita do feijão.

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