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Curso: Técnico em Agricultura

Disciplina: Forragicultura e Pastagens

Estabelecimento de
pastagens
Professora: Dra. Carla Silva Chaves

Outubro/2022 1
Objetivos

• Entender todos os cuidados que devem ser tomados para


implantação de áreas de pastagens

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Introdução
• A pecuária brasileira => 170 milhões ha de pastagens
• 90% do alimento usado pelos bovinos é proveniente das forragem
(IBGE, 2000);

• Sucesso no estabelecimento => as condições de solo e clima da


propriedade;
• Escolha da espécie adaptadas;
• Qualidade e preparo das sementes;
• Fertilidade e preparo do solo;
• época e método de plantio;
• manejo de formação.

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Escolha da área

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• Topografia da região

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Escolha da Espécie

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Preparo do solo
• Objetivo: possibilitar o contato mais íntimo da
semente com a água do solo e o desenvolvimento da
radícula pelo contínuo fornecimento de água (Corsi,
1994)

• Solo deve ser devidamente gradeado e destorroado

• Partículas entre 2,5 mm a 32 mm = ideal


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Fazer análise de solos
•A análise do solo, num sentido amplo, é uma medida
físico-química, mas, no agronômico, seu objetivo é
determinar a habilidade do solo em fornecer nutriente
às plantas, e também determinar as necessidades de
calcário e fertilizantes, além de diagnosticar problemas
de toxidez de alguns elementos, excesso de sais e
outros.

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Amostragem ao acaso
• Nesse esquema de amostragem, a propriedade ou a área a ser amostrada
deve ser dividida em glebas de até 10 hectares, numerando-se cada uma
delas (Fig. 1).

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Frequência de amostragem

• Em geral 4 anos Comportamento da Cultura;

• Áreas irrigadas anualmente;

Pouco exigente 2-3 anos


• Pastagem
Muito exigente anualmente

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Equipamentos para Amostragem
de solo
•Os equipamentos mais comuns para uma boa coleta
manual de amostras de solo são:
•o trado holandês, que tem bom desempenho em qualquer
tipo de solo;

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•o trado de rosca, mais adequado para solos arenosos e
úmidos;

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•o trado calador ou tipo sonda, ideal para amostragem em terra fofa e
ligeiramente úmida;

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• Trado de caneco

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•a pá de corte, equipamento mais disponível e simples
para o agricultor, e que deve ser utilizada junto com o
enxadão, em solos secos e compactados.

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Época para retirar as amostras
• Torna-se necessário que a coleta seja feita no mínimo três meses
antes de se iniciar a aplicação do corretivo e as adubações.

• Em áreas novas, a coleta deve ser feita cerca de seis meses antes do
início do período de implantação da cultura, enquanto que em áreas
já cultivadas, a amostragem deve ser feita no início do período da
seca, logo após a colheita.

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Profundidade para retirar amostras
•Em áreas novas:
• a amostragem deve ser realizada nas camadas de 0 a 20 cm.

• Nas áreas já estabelecidas , a profundidade de coleta vai depender


do sistema de manejo de solo utilizado (preparo convencional ou
semeadura direta):
•Quando se desejar avaliar a disponibilidade de enxofre, deve-se coletar
amostras a profundidades maiores que 20 cm.

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Aração
• FUNÇÕES
– Aerar o solo
– Incorporar restos vegetais, corretivos e adubos
– Descompactar o solo

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Aração
• Aumenta a atividade biológica do solo - a
mineralização da MO liberando nutrientes para as
plantas recém emergidas.

• Desvantagens:
• Solo exposto - riscos de erosão
• Elimina toda a vegetação - inclusive as de bom valor
forrageiro

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Gradagem
• FUNÇÕES
– Incorporar restos vegetais, corretivos e adubos
– Quebrar os torrões deixados pela aração
– Controlar invasoras
– Nivelar o solo para o plantio

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Semeadura
• Cada espécie forrageira possui uma taxa de semeadura adequada (N° de sementes
puras viáveis/unidade de área)

• A taxa de semeadura adequada dependerá da correta escolha e regulagem da


semeadora

𝑆𝑃𝑉 𝑥100
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 =
𝑉𝐶

Onde: SPV = sementes puras viáveis

1° Passo: determinar a Época de Semeadura

De acordo com uniformidade e previsão de chuvas

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• VC = qualidade das sementes pela integração do % de
germinação, ou viabilidade, e do % do peso da
semente representada por sementes puras da sp. e
cultivar desejada.
• Pode ser utilizado para se conhecer realmente quanta
semente viva estamos comprando em cada quilo de
“sementes”.

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Cálculo da densidade de semeadura

• Mede-se a qualidade da semente pelo seu


valor cultural (% VC):

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Semeadura
• Profundidade de Semeadura: fundamental

• “Enterrio” excessivo = fracasso

• Recomendação: 2,5 cm profundidade (média)

• Solos arenosos: enterra-se um pouco mais

• Solos argilosos: semeadura mais superficial


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Métodos de semeadura
• Cova

•A lanço
• Grande capacidade operacional
• Altamente dependente das condições ambientais
• Utilização de alta densidade de semeadura
• Menor contato da semente com o solo
• Demora no estabelecimento da pastagem

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• A lanço
•Para incorporação das sementes,após a semeadura a lanço,deve-se
passar o rolo compactador ou grade nivelador a fechada,variando
conforme osolo;

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• Sulcos
– Permite maior uniformidade de semeadura
– Maior contato semente-solo
– Distribuição da semente,adubo,cobertura e compactação
na mesma operação
– Linha de plantio.

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• Manual
– Mudas-planta c/raiz;estolão maduro (100 dias);-8 a 10
gemas; até 10 dias;
– colher–solo úmido;

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Semeadura
• Verificar com antecedência se as máquinas que serão
utilizadas no plantio estão em boas condições,afim de
evitar desperdício de sementes;

• Nunca misturar as sementes com adubos nitrogenados e


potássicos,pois poderão prejudicar o embrião;

• IMPORTANTE: A profundidade recomendada para o


plantio é de aproximadamente 5 vezes o diâmetro da
semente.Normalmente de 1 a 2 cm de profundidade.

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Semeadura
Cuidados na escolha de sementes: fator $$ x % VC

Mercado brasileiro:

• Sementes com alta % Germinação (80 a 85%)

• Baixa % Pureza Física

• Necessidade de se trabalhar com empresas idôneas e com


elevado controle de qualidade: CERTIFICADAS

• Fazer preparo das sementes antes do plantio

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Fatores que podem comprometer o estabelecimento
• Semeadura em profundidade maior que a recomendada;

• Enterrio superficial, não permitindo a incorporação das sementes;

• Plantio em solo com alta umidade, seguido de longo período de sol;

• Ataques de insetos (lagartas, gafanhotos, cupins e formigas);

• Ataques de aves e roedores;

• Fazer o teste de germinação para testar e comprovar a qualidade


das sementes.
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Princípios da fertilidade do solo
• Lei do Mínimo
• A produção vegetal está limitada pelo elemento nutriente essencial em menor
nível. Se um único nutriente estiver em baixo nível, ele limitará a produção.

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Princípios da fertilidade do solo

• Em outras palavras, uma adubação com N e K não


traria aumento algum na colheita se esse elemento
mais limitante no solo fosse o P. Somente após a
aplicação do P é que haveria possibilidade de
resposta ao N ou a K.

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Princípios da fertilidade do solo
• Pastagens adubadas
• Ausência de problemas de nutrição animal
• Produção de MS de qualidade de em quantidade
• Aumento da capacidade de suporte da pastagem
• Aumento dos índices zootécnicos do rebanho

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Nutrientes para adubação
• Fósforo (P)
– o P é o nutriente mais limitante nos solos brasileiros. Mais
de 90% das análises de solos no Brasil mostram níveis de P
abaixo de 10 ppm.
– É o único nutriente aplicado em quantidades, muitas vezes,
maior que as exigências das plantas devido à “fome” do
solo por P.
– Quanto mais ácido for o solo, maior será a sua “fome” por
P.

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Fósforo
• O P na planta estimula o crescimento de raízes e garanti uma
“arrancada” vigorosa após a germinação das sementes.
• O P participa de compostos essenciais ao metabolismo das
plantas e dos processos de transferência e do
armazenamento de energia.
• O P ainda é importante na função estrutural, na formação de
sementes, no aumento da eficiência de absorção e uso de
água e nutrientes, no aumento da tolerância a seca e ao frio
e no aumento da resistência às doenças.

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Fertilizantes Fosfatados
• Fosfato natural – 6 a 9% de P2O5 solúvel
• P2O5 total pode chegar a 24-28%

• Superfosfato simples - 18 % de P2O5

• Superfosfato triplo - 41% de P2O5


• Fosfato Monoamônico (MAP) – 48% de P2O5 e 9% de N
• Termofosfato Magnesiano (Yoorin) – 14% P2O5 e 7% de Mg

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Fósforo
• Fontes:
•Superfosfato simples e triplo

•Termofosfatados

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Fósforo
• Época e formas de aplicação
– aplicar fosfatos na proporção de 2/3 da dose de P que será
utilizada 60 dias antes da aplicação do calcário, seguido de
sua incorporação, com gradagem até 10 cm de
profundidade; e aplicar 1/3 restante com fósforo solúvel
em água + citrato neutro de amônio (CNA), junto com as
sementes ou com as mudas, por ocasião do plantio.

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Enxofre
• A disponibilidade de S no solo é maior que a de P e a
sua deficiência ocorre em solos pobres em MO (90 a
95 % do S está na MO da camada arável do solo), e
em solos que receberam adubações com formulações
pobres neste nutriente.

• O S na planta encontra-se na sua maior parte nas


proteínas e sua concentração varia de 0,2 a 0,5 % na
MS da planta. O S é exigido pela planta em
quantidades mais ou menos iguais as de P.

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Enxofre
• As funções do S são as seguintes:
• é um componente essencial de todas as proteínas;
• ajuda a manter a cor verde;
• normal das folhas;
• promove a nodulação nas leguminosas;
• estimula a formação de sementes;
• estimula um crescimento vigoroso;
• essencial na formação da clorofila;
• o S aumenta a resistência ao frio e à seca.

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Enxofre
• Época e formas de aplicação:
• Na maioria das vezes, o S é aplicado junto a um fertilizante
fosfatado (superfosfato simples), ou nitrogenado (sulfato
de amônio), ou no gesso agrícola.

• Sulfato de amônia

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Potássio
• A deficiência de K+ diminui a fotossíntese e aumenta a respiração
das plantas.

• O K+ varia de 2 a 5 % da MS das plantas e possui as seguintes


funções:
• regula a pressão osmótica e o pH dentro da planta;
• é componente de mais de 50 enzimas de plantas;
• tem efeito sinérgico com hormônios de crescimento como as auxinas;
• confere às plantas maior tolerância às geadas e às secas.

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Potássio
• Deficiência de K
• Reduz crescimento (“perda invisível”)
• Clorose e necrose de tecidos
• Redução na turgidez
• Diminuição da resistência

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Potássio
• Fonte
•Cloreto de Potássio – 58% de K2O
•Sulfato de Potássio - 48% de K2O
•Nitrato de Potássio - 44% de K2O e 13% de N

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Potássio
• Época e formas de aplicação:
a) Na formação de pastagem - aplicar o K junto ao adubo
fosfatado a lanço e depois incorporá-lo. Se for misturar as
sementes com o adubo fosfatado, deixar o K para ser
aplicado após o primeiro pastejo;

b) Em pastagens já estabelecidas - após a saída dos animais


do pasto e durante o período chuvoso.

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Nitrogênio
• Proteína
• Elemento móvel na planta
• Muito móvel no solo
• Formas no solo: N2, NO3- NH4+ e N org
• Absorção: NO3- e NH4+

✓Benefícios da adubação nitrogenada


• Aumento de produtividade
• Aumenta o teor de proteína
• Qualidade do produto final
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• Entradas de N no sistema:
1. Precipitações Atmosféricas: Descargas Elétricas e Poluição
2. Fixação Biológica: Fixação Assimbiótica e Fixação Simbiótica
3. Fixação Industrial Precipitações Atmosféricas

• N2 + H2 ou O2 NH4+ ou NO3-
• Incorporação anual: 2 a 10 kg.ha-1 N

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Condições favoráveis para a máxima fixação de N2

• Inoculação eficiente
• Fornecimento de Mo e Co
• Nutrição balanceada em P e S
• Fornecimento de Ca e Mg
• Sanidade da cultura
• Dose e época de aplicação de N mineral (Feijão)
• Acidez do solo
• Cobertura do solo (T ºC)

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Fertilizantes nitrogenados
• Uréia – 44% de N
• Sulfato de amônio – 20% de N e 22-24% de S
• Nitrato de amônio – 32% de N
• Formulações:
20-00-20
20-05-20
• Adubos orgânicos: esterco, cama de frango (N, P e K)

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Nitrogênio
• Fontes:
•Uréia

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Nitrogênio
• Época e forma de aplicação
a) Parcelamento da adubação. A adubação deve ser parcelada em três a
quatro vezes quando a dose de N for maior do que 80 kg/ha/ano,
b) No caso de uso da irrigação esta deve ser realizada logo após a
distribuição do adubo para a sua rápida solubilização, ou através de
fertirrigação;
c) Utilizar fertilizantes nitrogenados de disponibilidade controlada, como
ureia protegida com gesso, para evitar as perdas de N.

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Fixação Biológica
• Bactérias do gênero Rhizobium

• 40 a 300 kg N/ha/ano

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Micronutrientes no solo
• Em solos arenosos ocorre a deficiência de todos os
micronutrientes;
• nos solos pobres em MO ocorre a deficiência de boro (B), cobre
(Cu2+), zinco (Zn2+);
• em solos ricos em MO aparece a deficiência de manganês (Mn2+);
• em solos alcalinos ocorre a deficiência de B, Cu2+, Fe3+, Mn2+,
Zn22 e em solos ácidos aparece a deficiência de molibdênio (Mo).
• Os micronutrientes mais deficientes nos solos do Brasil Central
são o zinco (Zn) e o boro (B).

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Gesso
• O gesso (CaSO4) tem sido empregado na agricultura
devido à retirada gradual do enxofre das formulações,
concentrações mais elevadas de nutrientes nas
formulações comerciais e excessiva produção e alta
armazenagem industrial.

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Gesso
• Sob a ótica agronômica, seu emprego tem sido
justificado principalmente em duas situações:
a) quando se requer fornecimento de cálcio e de
enxofre;
b) na diminuição de concentrações tóxicas do
alumínio trocável nas camadas subsuperficiais, com
consequente aumento de cálcio nessas camadas,
visando "melhorar" o ambiente para o crescimento
radicular.

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Gesso

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• Gesso Agrícola

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Calagem
• os objetivos da calagem são os seguintes:
• diminuir a solubilidade de Al3+, Fe3+ e Mn2+ para eliminar a sua toxidez;
• estimular o crescimento de microrganismos decompositores e fixadores de N
que necessitam de pH entre 6,0 e 7,0;
• aumentar os níveis de Ca2+ e Mg2+ que são importantes nutrientes de plantas;
• aumentar a disponibilidade de macro e micronutrientes;
• diminuir a lixiviação de K+;
• melhorar a estrutura do solo;
• aumentar a CTC do solo;
• aumentar a eficiência das adubações.

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Calagem
• Fontes:
•Calcário magnesiano

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• Calcário Dolomítico

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•Calcário calcítico

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Calagem
• Época e formas de aplicação
✓ Formação
• ½ lanço antes da aração
• ½ lanço antes da gradagem

• ✓Manutenção:
• Quantidades menores de 3 t/ha
• 1 a 2 meses antes da aplicação de N e P
• Monitoramento com análise de solo

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CTC do solo
• A capacidade de troca catiônica (CTC) é um dos parâmetros
mais importantes para a avaliação da fertilidade de um solo.

• a CTC define a quantidade de cátions que um solo é capaz


de reter por unidade de peso e volume.

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CTC do solo
• A CTC de um solo origina da matéria orgânica (MO) e dos
minerais de argila (caulinita, etc), de óxidos de Fe3+ e Al3+ e
os silicatos de Al3+.

• Esses componentes desenvolvem cargas negativas que


geram cargas elétricas no solo que retém, os cátions e
ânions provenientes do intemperismo dos minerais
primários, da decomposição da MO e da adubação.

• Sem a existência de cargas elétricas, os nutrientes seriam


perdidos para camadas mais profundas do solo através da
lixiviação.

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CTC do solo
• Quando aplicamos calcário e elevamos o pH para
próximo de 7,0, ocorre a neutralização de H+, dos
óxidos de Fe3+ e Al3+. Com isso, são desenvolvidas
cargas negativas que existiam apenas em potencial,
aumentando a CTC do solo.

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