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Procedimentos Para Análise De Solo

Nos dias de hoje, dispomos de uma série de ferramentas para


efetuarmos recomendações de aplicações de corretivos e fertilizantes ao
solo, ou até mesmo, para tomada de decisões referentes a diferentes
manejos que possam ser adotados às mais diversas situações de solo e
clima. Mas, sobressai-se ainda como de fundamental importância a
análise de solo, pois é uma das fontes de dados, através da qual
buscamos o melhor equilíbrio entre os nutrientes no solo e a
necessidade das culturas.

Num sistema de produção agropecuário autosustentável temos a


qualidade do solo como alicerce, e o planejamento da propriedade
deverá ser elaborado tendo como ponto fundamental as condições
desse substrato desse alicerce. Cabe salientar, que um bom número de
decisões que são tomadas dentro da propriedade, tem como base os
laudos de análises de solo. Muitas vezes deixam de ser feitas essas
análises em função do custo, mas quando compara-se esse valor com o
custo de formação da lavoura ou o valor do investimento o qual tem por
base os resultados das mesmas, conclui-se que é uma prática
extremamente econômica pela sua importância.

O sistema plantio direto que inicialmente surgiu tendo como objetivo


primeiro o controle da erosão, solidifica-se hoje como sendo, também,
um grande aliado no controle da poluição ambiental e mais do que isso,
como a base de sustentação técnico-econômica de muitas propriedades
rurais, representando atualmente uma área cultivada sob esse sistema
ao redor de 12 milhões de hectares no Brasil. Mas ao mesmo tempo
deixa um desafio, à pesquisadores, agrônomos, técnicos agrícolas e
produtores rurais, o de cada vez mais buscarem aperfeiçoar o
entendimento dos mecanismos de funcionamento desse sistema,
visando sua manutenção e exploração dos seus reais benefícios.
Também, é nessas áreas sob sistema plantio direto, que temos hoje
muitos avanços e mudanças no que diz respeito a amostragem de solo,
e de maneira geral, à fertilidade. Uma delas é o gradiente de
concentração de nutrientes existente, onde há um acúmulo nas
camadas superficiais, o que chama-se de variabilidade vertical, outra, é
quando a adubação é feita em linha, e ocorre o acúmulo de alguns
nutrientes nessas linhas, chamada de variabilidade horizontal, o que
tende a diminuir com o passar do tempo. Estas e demais alterações
fisico-químicas causadas por esse sistema, fazem com que tomemos
determinados cuidados especiais no momento da amostragem do solo
para análise.

Esses aspectos, entre outros, evidenciam a importância de adotarmos


procedimentos de amostragem condizentes com cada sistema de
manejo de solo. É nesse sentido que a Fertilizantes Serrana S/A, traz
nesse material, algumas considerações no que diz respeito à
equipamentos para coleta, à coleta propriamente dita, ao preparo e
envio de amostras de solo ao laboratório, bem como algumas sugestões
no manuseio e interpretação de laudos de análises, em diferentes
sistemas de manejo de solo.

A Fertilizantes Serrana S/A, tem disponibilizado em algumas regiões do


Brasil o levantamento de solo georeferenciado, método que utiliza os
recursos da agricultura de precisão e reduz drasticamente os problemas
de amostragem acima referenciados. No entanto, neste boletim
abordaremos apenas sobre os métodos que utilizam ferramentas
convencionais de amostragem de solo.

Em primeiro lugar é importante definirmos o que são subamostras ou


amostras simples e amostra ou amostra composta : subamostras ou
amostras simples são aquelas coletadas nos diversos pontos dentro
da mesma gleba; Amostra ou amostra composta é aquela que é
retirada do recipiente, após a mistura e homogeneização das
subamostras .

Instrumentos Para Coleta De Amostras De Solo

Deverão ser providenciados os seguintes equipamentos:

A) Um recipiente, onde deverão ser colocadas as subamostras para


misturá-las e depois retirar amostra composta, pode ser um balde ou
galão. mas deve-se observar a limpeza do mesmo, não poderá conter
nenhum tipo de resíduo que possa interferir na análise, como restos de
defensivos agrícolas, calcário, fertilizantes ou até mesmos sobras de
produtos agrícolas aderidos ao mesmo.

B) Uma fita métrica .

C) Um canivete ou faca, ou uma pequena espátula para retirar a


amostra do coletor ou para fracioná-la.

D) Saquinhos para embalar a amostra final.

E) Ferramenta para efetuar a coleta propriamente dita.

Dispõe-se de várias ferramentas, as mais usadas são: trados de roscas,


trados holandeses, trados caladores e pás-de-corte.

Trados de Rosca e Holandês - são práticos e geram certa facilidade


para amostrar, mas em contra partida a porção de solo extraída não
caracteriza de forma real o perfil do solo, pois fazem com que ocorra
uma inversão na camada de terra, dificultando também, quando há
necessidade, o fracionamento em diferentes profundidades.

Trado Calador - este, no caso de fracionamento da amostra, é


bastante prático, a dificuldade é a de introduzi-lo em solos argilosos
quando secos, a porção extraída caracteriza bem o perfil do solo, apesar
de pequena, o que requer um maior número de subamostras para
formar a amostra composta.

Pá de corte - também facilita o fracionamento, tem-se um bom


volume de solo, caracteriza bem o perfil, apresenta uma maior
resistência na introdução ao solo, o que pode ser facilitado pela
abertura de uma mini-trincheira com uma enxada ou enxadão. É a
ferramenta ideal para coleta de amostras em áreas sob sistema plantio
direto

Procedimentos De Amostragem De Solo

Plano de Amostragem

1- Elaborar um croqui, dividindo a área a ser amostrada em glebas o


mais uniformes possível, levando em consideração:

- Declividade (áreas planas e áreas inclinadas);

- Tipo de vegetação existente;

- Cultura anterior, seja de cobertura ou produção de grãos;

- Umidade;

- Cor do solo;

- Aplicação de corretivos ( separar as áreas que já receberam calcário


das que não receberam );

- Aplicação de fertilizantes ( separar as áreas que foram adubadas com


diferentes doses, fórmulas e tipos de fertilizantes );

- Outras práticas anteriores adotadas;

- Outra forma de verificar glebas homogêneas é o estado visual da


lavoura ainda quando verde, entre outras.
Observação: Um aspecto importante é a presença de uma pessoa que
conheça bem o histórico da área.

2- O tamanho das glebas deverá ser ajustado de acordo com a maior ou


menor homogeneidade da área, de maneira geral não deverá exceder
20 hectares.

3- Após a divisão em glebas identificar, no croqui, cada uma delas


através de números, letras ou nomes. Essa identificação deverá
corresponder à identificação da amostra que será enviada ao
laboratório, pois cada gleba dará origem a uma amostra.

Para Áreas sob Sistema de Plantio Convencional ou Preparo com


Revolvimento do Solo

a) Local e número de coletas de subamostras - coletar entre 15 e


20 pontos ao acaso, para cada gleba, fazendo que sejam bem
distribuídos dentro de cada gleba.

b) Profundidade - de 0 - 20 cm superficiais

Para Áreas sob Sistema Plantio Direto

Essas áreas devem ser separadas de acordo com o tempo de plantio e a


forma de adubação adotada.

1 - Quanto ao tempo de adoção do sistema plantio direto:

Áreas em fase de implantação ( áreas até 4 anos* de cultivo sob


sistema plantio direto) e áreas estabilizadas (áreas com mais de 4
anos** sob sistema plantio direto).

2 - Quanto a forma de adubação :

Áreas com adubação à lanço e áreas com adubação em linha.

*O tempo para transição da fase de implantação para a fase de


estabilização varia de acordo com o tipo de solo, climas e manejos
utilizados.
**O tempo para transição da fase de implantação para a fase de
estabilização varia de acordo com o tipo de solo, climas e manejos
utilizados.
a) Local e número de subamostras:

ÁREAS ADUBAÇÃO A LANÇO ADUBAÇÃO NA LINHA


ESTABILIZADAS 10 a 20 Pontos Casualizados PÁ DE CORTE10 Pontos,
com largurta igual ao espaçamento da cultura anterior e espessura de
3-5 cm (fig. 1)
ÁREAS EM FASE DE ESTABILIZAÇÃO 10 a 20 Pontos Casualizados
LINHA DE ADUBAÇÃO NÃO VISÍVEL
10 Pontos por gleba, com pá, deixando a linha no centro e largura igual
a largura da entre linha e espessura de 3-5 cm (Fig. 1).

Outra maneira é para cada subamostra na linha coletar o resultado da


equação: 8 x [(EL /2,54) / 12], sendo:
EL - espaçamento entre linhas da cultura anterior em centímetros
Exemplo: Se a cultura anterior estivesse com espaçamento de 40 cm,
para cada subamostra coletada na linha quantas deverão ser coletadas
na entrelinha ? 8 x [ (40/ 2,54)/ 12] = 10,49 , aproximando-se 11. Para
cada subamostra na linha deverão ser coletadas 11 subamostras na
entrelinha.

b) Profundidade

- Quando a área está em fase de implantação (até 4 à 5 anos sob


sistema plantio direto), para cada ponto amostrado uma amostra de 0 -
20 cm. Nesta situação, outra alternativa, para fins de acompanhamento
da distribuição dos nutrientes no perfil do solo é o fracionamento da
amostra 0-10 cm e 10-20cm, apesar de que para fins de interpretação
e recomendação a amostragem de 0-20 cm é a mais indicada.

- Quando a área for estabilizada ( após 4 à 5 anos sob sistema plantio


direto) amostrar somente de 0 - 10 cm.

Para áreas onde serão implantadas culturas perenes

Coletar de 15 à 20 subamostras por gleba a uma profundidade de 0-20


cm, de 20-40 cm e de 40-60 cm.

Para áreas já em cultivo de plantas perenes

Coletar de 15 à 20 subamostras por gleba homogênea, a uma


profundidade de 0-20 cm, para frutíferas, na projeção da copa (onde foi
aplicado o fertilizante), coletar mais 15 à 20 subamostras, também a
profundidade de 0-20 cm no meio das ruas de plantio.

Para áreas com pastagens perenes

Coletar 15 à 20 subamostras por gleba homogênea à profundidade de


0-20 cm

Preparação Da Amostra Para Envio Ao Laboratório

1-Quantidade de solo - entre 250 e 500 gramas por amostra;

2-Umidade - caso a amostra apresente umidade em excesso, deixar


secar à sombra e em recipiente que evite qualquer tipo de
contaminação. Nunca deixar secar em excesso e nem expor a amostra
ao sol;

3-Uniformização - esboroar o solo, evitando-se torrões;

4- Identificação - identificar a amostra de acordo com a identificação da


gleba a qual representa. Se houver possibilidade escrever na própria
embalagem de acondicionamento (saquinhos), ou anexar etiqueta à
embalagem;

5- Tempo -após a preparação, enviar o mais breve possível ao


laboratório.

Lembretes:

- Não utilizar para coleta ferramentas zincadas ou de alumínio;


- Durante todo o processo de coleta, evitar o contato do solo com
materiais estranhos;

- Ter certeza da limpeza de materiais, como: ferramentas de coleta,


vasilhas utilizadas na coleta e mistura das subamostras e dos saquinhos
para embalagem;

- Nunca deixe caírem gotas de suor no solo amostrado e não manuseie


o solo com as mãos excessivamente suadas (preferencialmente use
luvas);

- Evite fumar durante as operações de coleta e preparação das


amostras;

- Utilizar sempre a mesma identificação das glebas em amostragens


posteriores;

- Não esqueça de arquivar os laudos de análises, bem como os


procedimentos de fertilização adotados em cada gleba;

- Faça análise de solo, no máximo a cada 3 anos, o ideal é a cada três


colheitas;

- Preferencialmente coletar as amostras sempre na mesma época do


ano;

- "Só leve a sério os resultados da análise, se foi efetuada uma correta


amostragem".

Bibliografia Consultada:

- Guia de Fertilidade do Solo - versão multimídia - Alfredo Scheid Lopes,


Luiz Roberto Guimarães Guilherme, Renato Marques - 1999;
- Anais - Curso sobre manejo do solo no sistema plantio direto - Castro
- Paraná - 1995;
- Fertilidade do solo e adubação - Bernardo Van Raij - Potafés, 1991;
- Resumos - Segundo Encontro Regional de Plantio Direto - Ijuí - RS -
2000;
- Anais - Primeiro Simpósio sobre Fertilidade do solo e nutrição de
plantas no sistema plantio direto - Ponta Grossa - PR - 2000.

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