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Curso: Técnico em Agropecuária

Disciplina: Criação de animais de pequeno porte

Aspectos gerais da
Piscicultura
Professora: Dra. Carla Silva Chaves

Outubro/2022
Objetivos
• Definir piscicultura.
• Identificar os aspectos
socioeconômicos da
piscicultura.
Piscicultura
• Ramo da Aquicultura dedicado ao
cultivo de peixes de interesse
comercial ou consumo próprio.
• A piscicultura está dentro da
Aquicultura: ciência que estuda e
desenvolve técnicas de reprodução e cultivo
de organismos aquáticos, como peixes,
moluscos, algas, crustáceos e até tartarugas
ou jacarés.
História da
Piscicultura
• Há registros de que os egípcios já praticavam a
piscicultura 4.000 anos a.C.
• A famosa tilápia do Nilo era a espécie produzida
com mais sucesso na região.
• A China é outro país pioneiro na produção de
peixes. Aproximadamente no mesmo período em
que se criava a tilápia no Egito, os chineses
estavam desenvolvendo a cultura da carpa.
• A China já produzia macroalgas, que são
consideradas os primeiros organismos aquáticos a
serem cultivados com a influência humana.
• Eles desenvolveram uma espécie de estrutura
com bambus, que permitiam produzir essas algas
para alimentação.
História da Piscicultura
• No continente americano, a piscicultura teve início apenas
no século XIX, com a introdução da carpa comum em 1877
e a construção de viveiros escavados para produção de
trutas e do black bass (Micropterus salmoides) nos Estados
Unidos.
black bass (Micropterus salmoides)
• No Brasil, as primeiras iniciativas de criação de peixes
ocorreram a partir da importação de espécies não nativas
ou exóticas, como a carpa comum, as carpas chinesas, as
tilápias e a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss).

Carpa comum
Truta arco-íris
História da Piscicultura no Brasil
• 1980 – atividade praticada de forma comercial
• Reprodução induzida de peixes nativos reofílicos;
• Técnica de reversão sexual;
• Surgimento das primeiras rações para peixes;
• Demanda de pesque-pagues por peixes vivos na
região Sudeste.
História da Piscicultura no Brasil
• No Brasil, entre 1995 e 2008, a produção de pescado elevou-se a uma taxa de 4,25% ao ano.

AQUICULTURA: taxa de crescimento 14,2% ao ano;


PESCA EXTRATIVA: taxa de crescimento 2,29% ao ano;

• Aquicultura: importante atividade complementar a pesca, especialmente, num contexto de


redução dos estoques naturais.
• Diferencial competitivo: maior integração com a agroindústria (oferta mais regular do produto e a
participação de outros elos da cadeia produtiva).

Fonte: Fishstat Plus Data (FAO 2008)


Fonte: Anuário 2021
da Piscicultura
Fonte: Anuário 2022
da Piscicultura
Fonte: Anuário 2022
da Piscicultura
Fonte: Anuário 2022
da Piscicultura
Consumo
de peixe
no mundo
Fonte:
COMEXSTAT/Ministério da
Economia
Cadeia
produtiva
da criação
de peixes
FATORES RELACIONADOS COM A
DETERIORAÇÃO DO PESCADO
• Logo após a morte do pescado, iniciam-se
os processos de deterioração.
• O pescado é um dos alimentos mais
perecíveis, devido a seu elevado conteúdo
de nutrientes livres para o desenvolvimento
bacteriano.
Perfil dos
NOVOS
consumidores
Comercialização
• Rede de Supermercados
• Setor “peixaria” representa grande atrativo;
• Diversidades de produtos;
• Informações ao consumidor;
• Peixes marinhos;
• Peixes de água doce (tambaqui, pintado).
• Restaurantes
• População brasileira e refeição fora de casa (IBGE, 2010).
• Restaurantes especializados (culinária japonesa), self
service...
Dificuldades no setor
• Deficiências e carências técnicas/estruturais do setor produtivo,
• Existência de intermediários,
• Falta de organização do sistema de transferência de tecnologia,
• Carência de pesquisa aplicada e integrada com o setor produtivo,
• Produto altamente perecível,
• Dificuldade de unificação do setor produtivo,
• Qualificação profissional dos piscicultores e pescadores,
• Baixa exploração comercial da maior diversidade de peixes nativos do mundo.

Lopera-Barreto et al., (2011)


Anatomia e
Fisiologia dos
peixes
Objetivos

• Identificar a anatomia e fisiologia do


peixe.

• Listar as principais espécies de peixes


exploradas na piscicultura.
Taxonomia
• Ambiente aquático reúne cerca de 47% de toda a diversidade de
vertebrados.
Peixes de água doce
• Principais ordens que sobressaem em diversidade e são
morfologicamente bem diferentes, são:

Siluriforme
Characiforme
Perciforme
Os peixes são animais pecilotérmicos:
sangue frio
Requerimento energético de 5 a 10 vezes
menor que os homeotérmicos
Temperatura Não precisarem manter a temperatura do
corpo constante
corporal
Despendendo menos energia para manter
sua posição e se movimentar na água
Por perderem menos energia no
catabolismo proteico
Anatomia
interna
Anatomia
interna
Anatomia
• O corpo do peixe apresenta simetria bilateral, ou seja,
as duas metades são iguais, recoberto por escamas e
por uma camada de muco por todo o corpo.

• Os olhos não possuem pálpebras e glândulas lacrimais


e estão localizados na lateral da cabeça com
movimentos independentes.

• Os peixes apresentam olfato desenvolvido. Suas


narinas estão ligadas ao epitélio sensorial detectando
mudanças químicas na água e orientando na procura
de alimento.
Anatomia
• Os botões gustativos distribuídos por todo o corpo do peixe permitem a detecção dos
sabores. Os peixes distinguem o salgado, doce, amargo e o ácido (PEZZATO et al, 2001).

• Os peixes respiram por brânquias ou guelras. As brânquias são responsáveis pelas trocas
gasosas.
• Os peixes retiram o oxigênio da água e passam para o sangue, eliminando o gás
carbônico do mesmo e lançando ao meio em que vivem.
• O consumo de oxigênio aumenta com a elevação da temperatura da água.
• O sistema excretor dos peixes é
Fezes
responsável por eliminar os resíduos do
metabolismo e do alimento não
digerido. Decomposição

Nutrientes
na água O2
• Sólidos: fezes (restos do bolo alimentar
não digerido)
Condição de
• Rins: eliminar resíduos tóxicos do acidez do
sangue, gerado pelo metabolismo e meio

alimentação
• Pele: elimina sais, água e ureia
• Brânquias: elimina amônia Amônio
NH4 Forma tóxica
Taxa de excreção de Amônio

• Influenciada pelo:
– Estado nutricional e ingestão de alimento
– Estado fisiológico momentâneo
– Temperatura do meio (aumenta ingestão e degradação de AA´s)
– pH do meio
Anatomia
VESÍCULA GASOSA ou BEXIGA NATATÓRIA
• Estrutura em forma de saco contendo CO2, O2 e N (composição semelhante a do ar atmosférico);
• Parede fina e pouco elástica em peixes de escamas e parede grossa e colante em peixes de couro;

• FUNÇÃO: equilíbrio hidrostático - altera peso específico do peixe para manutenção na coluna
d’água.

• Regulação pelo aumento ou diminuição da pressão na vesícula gasosa.


• Os gases são transportados pelo sangue;
• Em algumas espécies possui função acústica e/ou respiratória;
RELAÇÃO COMPRIMENTO DO INTESTINO /
COMPRIMENTO DO PEIXE
CARNÍVOROS 0,6
HERBÍVOROS 2,5
PLANTÓFAGOS 4,0
BENTÓFAGOS 17,0

Exemplos: carnívoros: truta, traíra, black bass, tambica, dourado;


herbívoros: carpa-capim;
plantófagos: carpas, tilápias;
bentófagos: curimbatá.
Espécies de peixes
• Existem varias espécies de peixes, no entanto, iremos relatar algumas das principais
espécies de peixes utilizadas na piscicultura brasileira.

PEIXES TROPICAIS

➢ Os peixes tropicais referem-se àqueles que apresentam o maior potencial de


desenvolvimento, quando a temperatura da água se encontrar entre 22°C e 30°C
(PEZZATO et al, 2001).

PEIXES DE CLIMA FRIO

➢Como o próprio nome diz, os peixes de clima frio são aqueles cultivados em
temperaturas baixas. No Brasil, a principal espécie comercial dessa categoria é a
truta, sendo considerado um peixe nobre (PEZZATO et al, 2001).
Peixes tropicais
• Tilápia: é o nome de várias espécies de peixes ciclídeos de água
doce.
• A forma alongada predomina nos primeiros dias de vida. À medida
que ele vai crescendo, vai ficando mais curto e mais alto, com
cabeça e cauda pequenas, tornando-se um peixe oval
arredondado.
• De origem africana e hábito alimentar preferencialmente
herbívoro, as tilápias vivem bem em temperaturas elevadas ou
águas quentes.
• Iniciam a reprodução ao atingir 15 a 20 cm de comprimento, antes
de um ano de vida. Em ambiente adequado, cada fêmea produz de
5.000 a 6.000 óvulos (NOMURA, 1978).
Peixes tropicais
• Carpa: peixe originário da Ásia, foi introduzida no Brasil por suas
excelentes qualidades de rusticidade, prolificidade e facilidade de
criação (MACHADO, 1982).

• Destacamos três espécies de carpas: carpa comum, carpa cabeça


grande e carpa capim.
• Carpa comum: carpa de escama e carpa espelho, é cultivada em quase
todo mundo. Juvenil: alimento natural é o zooplancton. Adulta: alimento
será animais de fundo como minhocas, larvas e insetos.
• Carpa de cabeça grande: pode chegar a 2kg em apenas um ano. Hábito
alimentar: zooplancton. Melhor desenvolvimento em criação de
Policultivo.
• Carpa capim: herbívoro. Produz muito adubo em viveiros, pois consome
diariamente 80% do seu peso vivo.
Peixes tropicais
• Pacu: é um peixe nativo encontrado em quase todo
território brasileiro. Possui corpo achatado lateralmente e
altura grande, o que o assemelha a forma de disco.
Quando adulto, alcança mais de 70 cm de comprimento e
pode pesar até 20 Kg.
• Em condições naturais, o pacu é um peixe onívoro e de
reprodução anual na época das chuvas. É um peixe
utilizado no cruzamento com o tambaqui.
• Faixa ideal de criação 25 a 30° C.
Peixes tropicais
• Tambaqui: é uma espécie nativa da Bacia
Amazônica apropriada para o cultivo por
apresentar excelentes qualidades, dentre
elas: carne saborosa, crescimento rápido, fácil
manuseio e grande rusticidade.
• Assim como o pacu, possui corpo semelhante
a um disco. Sua alimentação é onívora,
baseando-se em frutas e sementes, podendo
atingir o peso de dois quilos em um ano.
Peixes Tropicais
• Surubim: é um peixe de água doce de
considerável valor comercial. Possui corpo
alongado, cabeça achatada, coloração
escura no dorso e pintas na extensão do
corpo.

• O baixo teor de gordura e a ausência de


espinhos refletem a preferência desse peixe
entre os consumidores.

• De hábito alimentar piscívoro, o surubim


pode atingir até 1,50 metros de
comprimento e 70 Kg de peso
Peixes Tropicais
• Matrinxã: é considerado um dos peixes mais saborosos
da Bacia Amazônica.
• Possui corpo alongado e comprido alcançando até 80 cm
e é um peixe de rápido crescimento, atingindo peso
comercial com 7 a 8 meses de cultivo.
• Sua alimentação natural são frutas, sementes, insetos e
pequenos peixes.
• O manejo é relativamente fácil e é um peixe resistente a
águas frias e ácidas.
• Nas primeiras horas de vida do Matrinxã, o canibalismo
é esperado, o que exige maior atenção durante a
criação.
Peixes Tropicais
• Piau: Também conhecido como peixe três pintas,
o Piau é um peixe encontrado em todas as bacias
hidrográficas brasileiras.

• Apresenta corpo alongado e fusiforme, podendo


chegar a 30 cm de comprimento quando adulto.

• Alimenta-se naturalmente de vegetais e insetos


aquáticos
Peixes de clima frio
• Truta: De formato alongado, a truta tem origem nos
Estados Unidos. A truta arco-íris é a espécie mais
cultivada.
• De hábito alimentar carnívoro, se alimentando
de insetos e outros peixes, essa espécie chega a
maturidade sexual aos dois anos de vida.
• A criação da truta exige águas limpas e frias para o bom
desempenho da espécie
Exercícios
1. Defina, com suas palavras, piscicultura.
2. O que você entende por peixe pecilotérmico?
3. Descreva três espécies de peixes tropicais
4. Descreva sobre os hábitos alimentares dos peixes.

5. Quais as funções da bexiga natatória?

6. Quais os estados principais produtores de peixe no Brasil?

7. Qual a importância de se armazenar o peixe de forma correta após o abate?


Dúvidas??

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