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127-56 - HP152416485114926
GUIA BÁSICO DE COSMETOLOGIA – QUÍMICA DA BELEZA GC- 00
APOSTILA GC-00
Ana Darezzo
Belo Horizonte
Olá!
Sou Ana Darezzo.
Apaixonada e fascinada pelo universo da química e
física, me formei no Curso Técnico de Química e
posteriormente me graduei em Engenharia Química.
Com mais de 7 anos de experiência no ramo da
química, já trabalhei em laboratórios de análises, indústrias
cosméticas, realizando análises físico-químicas, pesquisa e
desenvolvimento de formulações cosméticas, bem como no
desenvolvimento e implementação do Sistema de Gestão para a
Qualidade.
Criei esse guia com a finalidade de ajudar aqueles que querem
abrir seu próprio negócio no ramo de produtos cosméticos ou
que querem fazer produtos para consumo próprio, a terem uma
boa base sobre as informações necessárias na área de
cosmetologia e legislações pertinentes.
Espero que com este guia, você adquira informações que ampliem
os seus conhecimentos e que tenha muito sucesso nos seus
objetivos.
Acredita-se que o uso de cosméticos remonta há pelo menos 30.000 anos, uma vez que
os homens da pré-história já faziam gravações em rochas e cavernas e pintavam o próprio
corpo.
A decoração do corpo também era parte de rituais tribais, praticados pelos aborígenes,
assim como a pintura de guerra. Os produtos cosméticos também eram utilizados em
cerimônias religiosas, em que frequentemente empregavam resinas e unguentos de
perfumes agradáveis. A queima de incenso deu origem à palavra perfume, que no latim
significa “através da fumaça”.
Nas décadas de 1970 e 1980, os filtros solares chegaram ao Brasil, bem como o
surgimento de aparelhos a laser e, os ácidos retinóico e glicólico passaram a ser utilizados
no tratamento de rugas e manchas. Nos anos 90, surgem os cosméticos multifuncionais,
como batons com protetor solar e hidratantes antienvelhecimento.
É a ciência e a arte que tem como objetivo o cuidado e a melhora da estética, aparência e
beleza, sem finalidade curativa ou de tratamento, mas sim de prevenção e enriquecimento
da pele e do cabelo.
qsp é a abreviação de “quantidade suficiente para”, usada para dizer que deve ser usado
uma quantidade suficiente para completar uma determinada requisição (peso ou volume
de um produto).
No exemplo acima, note a indicação qsp 100,00. Isto indica que o total da fórmula terá
100,00 g e que será completada pelo veículo – água destilada.
qsp é a abreviação de “quantidade suficiente”, usada para dizer que deve ser usado uma
quantidade suficiente para dar ao produto a característica desejada. Por exemplo, no caso
de corantes, deve-se adicionar uma quantidade suficiente de corante apenas para dar ao
produto a cor desejada.
Para calcular o qsp da fórmula, basta somar a quantidade das matérias-primas e subtrair
pela quantidade total, assim determinará a quantidade referida ao qsp. No exemplo acima
da formulação Gel creme oil free (não iônico) 100g, seria:
QUANTIDADE QUANTIDADE A
(%p/p) SER PESADA 𝟐, 𝟎𝟎
𝑿 𝟏𝟎𝟎𝒈 = 𝟐, 𝟎𝟎 𝒈
2,00 2,00 g 𝟏𝟎𝟎
5,00 5,00g
0,50 0,50g O cálculo será o mesmo para as demais
0,15 0,15 matérias-primas.
qsp 100,00 qsp 100,00
2,00 2,00g
qs qs
Porém, se quiséssemos fazer 1000g da formulação Gel creme oil free (não iônico), ao
realizar os cálculos teríamos que pesar:
QUANTIDADE QUANTIDADE A
(%p/p) SER PESADA 𝟐, 𝟎𝟎
𝑿 𝟏𝟎𝟎𝟎𝒈 = 𝟐𝟎, 𝟎𝟎 𝒈
2,00 20,00 g 𝟏𝟎𝟎
5,00 50,00g
0,50 5,00g O cálculo será o mesmo para as demais
0,15 1,50 matérias-primas.
qsp 100,00 qsp 100,00
2,00 20,00g
qs qs
UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO
Possibilidade de
Logística de entrega Possibilidade de
Disponibilidade Vida útil substituição por
e de distribuição estocagem
outra matéria-prima
Versatilidade da
Condições do
embalagem em que é Toxicidade Riscos ambientais
processamento
fornecida
Os produtos cosméticos são formulados para uso tópico e quando utilizados corretamente
proporcionam resultados satisfatórios colaborando, incentivando, para que estes ocorram
de modo a melhorarem a qualidade de pele e cabelo, sem causar efeitos indesejados.
As substâncias/ matérias-primas que compõem as formulações cosméticas são
classificadas:
O cosmético para ser certificado como um cosmético natural deve conter em sua
formulação pelo menos 5% de matérias-primas certificadas orgânicas. Os 95%
restantes da formulação pode ser composto por água, matérias-primas naturais não
certificadas ou permitidas para formulações naturais. Uma matéria-prima somente
será certificada com natural se for 100% natural.
Para um cosmético ser considerado um cosmético orgânico é necessário ser
certificado pelos órgãos competentes e conter na sua formulação 95% de matérias-
primas certificadas orgânicas, descontando-se a água e o sal. Os 5% restantes da
formulação pode ser composto por água, matérias-primas naturais, provenientes de
agricultura ou extrativismo não certificadas ou permitidas para formulações orgânicas.
Uma matéria-prima somente poderá ser classificada como orgânica e receber sua
certificação se for 100% orgânica, ou seja, obedecendo a todos os critérios de
produção, extração e processamento para um produto orgânico.
Os aldeídos são compostos orgânicos que possuem o grupo funcional ligado a
cadeias carbônicas.
A fórmula básica dos aldeídos é dada pela substituição de dois átomos de
hidrogênio de um hidrocarboneto, por um de oxigênio. De uma forma geral, os
aldeídos de menor massa molecular apresentar odor desagradável (a exemplo do
formol), enquanto que os de maior massa possuem odor agradável de frutas
(odoríferos naturais).
As cetonas são compostos orgânicos que possuem o grupo funcional ligado entre
dois carbonos. A propanona é a forma mais simples de uma cetona, ela é usada
na obtenção de solvente de esmaltes, resinas e vernizes, é mais conhecida pela
denominação de acetona.
Os ácidos carboxílicos ou carboxilácidos são compostos orgânicos com que possuem um
ou mais grupos funcionais ligados a cadeias carbônicas.
Os ésteres são compostos orgânicos formados pela troca do hidrogênio presentes nos
grupos funcionais dos ácidos carboxílicos por um grupo orgânico.
Os ésteres mais simples aparecem no perfume das flores e no aroma e sabor dos frutos,
na forma de líquidos voláteis que conferem os seus cheiros característicos. As indústrias
utilizam-nos como flavorizante, isto é, como aditivos químicos para conferir cheiro e gosto
aos produtos fabricados.
Ésteres de moléculas maiores constituem os óleos e gorduras de origem vegetal e animal.
E ésteres de moléculas muito grandes aparecem nas ceras vegetais e nos organismos dos
animais.
Os éteres são compostos orgânicos em que o oxigênio está diretamente ligado a duas
cadeias carbônicas.
Esses compostos são mais aplicados como solventes em reações orgânicas e para extrair
essências, óleos e gorduras e como tensoativos para a produção de sabão.
As aminas são compostos teoricamente derivados da amônia (NH ), pela substituição de
3
um, dois, ou três hidrogênios por grupos orgânicos. Surge daí a classificação das aminas
em primárias, secundárias ou terciárias.
As amidas são compostos teoricamente derivados da amônia (NH ), pela substituição de
3
Os veículos cosméticos estão disponíveis na forma de gel, líquido, pó, vetorial ou emulsão.
Nos géis aquosos deve ser adicionado um umectante, pois tendem a apresentar um
ressecamento com o tempo, ou seja, a água presente no produto pode evaporar,
ocasionando ressecamento do produto. Além disso, a adição de conservantes é muito
importante, visto que os géis aquosos são bastante susceptíveis a contaminação
microbiológica.
Já os géis creme são emulsões com alta porcentagem de fase aquosa e baixo conteúdo
oleoso, estabilizados por coloide hidrofílico, não contendo material graxo como agente
de consistência. São chamados de cremes oil free. Em um gel creme é possível veicular
substancias lipossolúveis, tais como filtros solares, princípios ativos oleosos, sem que o
produto final deixe na pele uma sensação gordurosa.
Este veículo é uma estrutura projetada para carrear ativos hidrossolúveis ou lipossolúveis
até as camadas mais profundas da epiderme. São eles:
Portanto, cabe ao formulador conseguir uma emulsão estável num prazo suficiente para
o produto ser usado. Calor ou frio, embalagens não adequadas, destruição microbiana e
pH extremos, são alguns dos fatores que podem acelerar a separação das emulsões. O
aumento da viscosidade da emulsão pode torná-la mais estável.
i.
I. Emulsão O/A: As emulsões com fase interna oleosa e fase externa aquosa são
conhecidas como emulsões óleo em água, que podem ser designadas como “O/A”.
Gotículas de óleo (micelas) são dispersas em
água, que são circundadas por tensoativos com
sua parte lipofílica (que possuem afinidade com
óleo) apontando para dentro, e as hidrofílicas
(que possuem afinidade com água) para fora,
mantendo o óleo disperso em água. Nesse tipo
de emulsão a fase externa é a água e a interna o
óleo. Possui grande concentração de água e
baixa proporção de óleo. Normalmente é
menos oleosa, menos emoliente, tem secagem
mais rápida e facilmente lavável, podendo
ocorrer à formação de espuma. Micela, uma gota de óleo rodeada por água.
II. Emulsão A/O: As emulsões com fase interna aquosa e fase externa oleosa são
conhecidas como emulsões água em óleo, que podem
ser designadas como “A/O”. Gotículas de água
(micelas inversas) são dispersas em óleo, que são
circundadas por tensoativos com sua parte hidrofílica
apontada para dentro, e a lipofílica para fora. Nesse
tipo de emulsão a fase externa é o óleo e a interna a
água. Possui grande concentração de óleo e baixa
proporção de água, com alto grau de emoliência e
dissolvência, sendo ideal para preparação de
cosméticos demaquilantes e cremes de limpeza em
geral.
Micela invertida.
Lipofílico Hidrofílico
Capaz de interagir Capaz de interagir
com o óleo com a água
i.
III. Tensoativos anfóteros: São substâncias que possuem dupla polaridade, podendo
formar ânions e cátions, dependendo do pH do meio em que se encontram. Em
meio alcalino formam tensoativos aniônicos e, em meio ácido formam tensoativos
catiônicos. São menos agressivos do que os tensoativos aniônicos e, por isso, são
mais utilizados em formulações mais suaves, como xampus para bebês, cremes para
pele sensível, etc. Os tensoativos anfóteros são compatíveis com outros tensoativos,
são hidrofílicos orientando a emulsão no sentido O/A, possuem ação detergente,
espumante e bactericida. Os principais tensoativos anfóteros utilizados em
cosméticos são os detergentes (imidazolina e seus derivados), espumantes,
bactericidas (betaína e seus derivados), aminoácidos e derivados.
IV. Tensoativos não iônicos: São aqueles que, em solução aquosa não se dissociam, ou
seja, não formam íons. São oleosos, muito utilizados como agentes estabilizantes e
espessantes das emulsões, são compatíveis com outros tensoativos (normalmente
são associados a outros tensoativos) e pouco irritativos. Os principais tensoativos
não iônicos utilizados em cosméticos são estearato de polietilenoglicol,
monoetanolaminas de ácidos graxos de coco, deitalominas de ácidos graxos de
coco, ésteres de sorbitol e ésteres de sacarose.
São responsáveis por impedir a mobilidade da fase aquosa alterando sua viscosidade e
auxiliando o tensoativo, impedindo o rompimento da emulsão.
i.
I. Espessante orgânico
a) De fase oleosa: São espessantes insolúveis em água e solúveis em óleo. São
empregados em cremes, loções e condicionadores. Exemplos: Álcoois graxos,
monoestearato de gliceríla, ésteres de álcoois e ácidos graxos, ceras naturais e
minerais, óleos e gorduras.
São usados em cosméticos para conferir alcalinidade às soluções, para neutralizar ácidos
graxos e corrigir pH. São mais usados ácido cítrico, ácido fosfórico, hidróxido de sódio e
TEA (trietanolamina).
São substâncias utilizadas nas formulações cosméticas, com ação aromatizante, corante e
conservante.
A contaminação pode ser transmitida por diversas fontes, tais como: água, insetos,
matérias-primas, vidrarias, embalagens, manipuladores e usuários. Quando em pequenas
quantidades estas são aceitáveis, porém ao extrapolar os limites pré-determinados já são
considerados como contaminação e, portanto, devem ser evitadas.
Assim, os conservantes são substâncias que adicionadas aos produtos tem como finalidade
preservá-los de danos causados por microrganismos durante a estocagem, ou mesmo de
contaminações acidentais produzidas pelos consumidores durante o uso.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0029_01_06_2012.pdf
A constituição de uma fragrância é identificada através das notas (odor): notas de cabeça
ou saída, notas de corpo, notas de fundo, sendo uma sucessão de impressões olfativas e
não um conjunto homogêneo de todas elas.
Cada tipo de fragrância é uma mistura de diferentes funções químicas e estas matérias-
primas podem ser de origem natural (animal ou vegetal) e sintética.
É importante a classificação dos ingredientes cosméticos pelo INCI para que haja maior
agilidade, precisão, clareza na identificação dos ingredientes, evitando confusão com
sinônimos e diferentes sistemas de nomenclatura, e facilitando o trabalho de localização
de informações e de orientação para consumidores, profissionais de saúde e de vigilância
sanitária.
A organização dos componentes respeita uma ordem sequenciada começando no
ingrediente mais concentrado até ao menos concentrado. Em primeiro lugar aparece
muitas vezes a água, porque é quase sempre um dos maiores constituintes. No final
costumam encontram-se letras seguidas de números, que indicam os ingredientes usados
como corantes ou conservantes, também apresentados segundo uma escala internacional.
• Ingrediente: Formol.
• INCI: FORMALDEHYDE
II. Água destilada: A água distribuída pela rede pública passa por um processo
denominado destilação, separando os componentes da água com base nos seus
diferentes pontos de ebulição. É uma água com alto grau de pureza, isenta de
minerais e íons. Muito indicada para a utilização em formulações cosméticas.
III. Água deionizada: A água distribuída pela rede pública passa por um processo de
remoção de íons catiônicos e aniônicos através de um sistema de resinas trocadoras
de íons. Possui baixos valores de minerais e íons. Pode ser utilizada em algumas
formulações.
IV. Água ultrapura: A água distribuída pela rede pública passa por um sistema de
abrandamento com resinas trocadoras, substituindo o cálcio e o magnésio
dissolvidos na água por íons de sódio. Posteriormente, segue para um sistema de
osmose reversa, que faz a remoção desses íons, seguindo de um refinamento por
uma série de filtros constituídos de resinas catiônicas e aniônicas, um leito de carvão
ativo para remoção de contaminantes orgânicos e por fim, por um filtro físico para
remoção de particulados. É uma água de extrema pureza, isenta de quaisquer tipos
de contaminantes, minerais, íons, substâncias orgânicas ou microrganismos.
Também indicada para a utilização em formulações cosméticas.
Ionização da água.
A escala de pH varia de 0 a 14. Um pH 7 indica que é uma solução neutra, abaixo disso
é uma solução ácida, e acima uma solução alcalina.
A água pura é neutra porque não é ácida nem alcalina. Ela é formada por um
equilíbrio, ou seja, contém o mesmo número de íons de hidrogênio (H+) e de
íons de hidróxido (OH+), sendo 50% ácida e 50% álcali.
Existem vários tipos de medidores de pH, entre eles temos o pHmetro, é mais utilizado
nas indústrias, e as fitas de pH, que mudam de cor quando colocadas na solução e são
comparadas a uma tabela.
pHmetro de bancada.
pHmetro de bolso.
Fita de pH.
Aquisição
Manipulação Envase Rotulagem
materia-prima
http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/guia/html/79_2000.pdf