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PROPRIEDADES DE COMPOSTOS IÔNICOS E MOLECULARES

André Silva de Godoi


Maísa Pereira Ragovesi
Rafaela Nascimento Santos

PRESIDENTE PRUDENTE
15/06-2022
PROPRIEDADES DE COMPOSTOS IÔNICOS E MOLECULARES

Relatório apresentado aos


Professores Ana Maria Pires e Leonardo
Figueiredo Saraiva da disciplina de Química
Inorgânica Fundamental da turma de 2022,
do curso de Licenciatura em Química.

UNESP – Faculdade de Ciências e Tecnologia


Presidente Prudente - 15/06/2022
Sumário
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4
OBJETIVOS ............................................................................................................................ 7
PARTE EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 7
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................ 12
CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 19
4

INTRODUÇÃO

A - SÍNTESE NO ESTADO SÓLIDO PARA A PREPARAÇÃO DE UM LUMINÓFORO

Luminóforos são materiais que possuem a propriedade de manifestar


luminescência, fenômeno que ocorre quando os elétrons mais externos dos átomos
constituintes do material analisado mudam de nível energético. Essa mudança de
nível energético pode ser obtida pelos métodos de fotoluminescência,
catodoluminescência e bioluminescência.
A catodoluminescência consiste em irradiar elétrons para excitar os mais
externos do material, causando assim a luminescência. A bioluminescência se
caracteriza quando as reações químicas do material produzem luminosidade, como
por exemplo algumas formas de vida marinha fazem. Já a fotoluminescência é quando
o agente externo que excita os elétrons é uma fonte de luz de frequência específica,
método esse que foi utilizado na execução deste experimento.

Figura 1- Excitação de um elétron.

Fonte: infoescola.com/quimica
Esse processo de fotoluminescência foi realizado utilizando-se do silicato de
zinco (Zn2SiO4), material importante para a área de pesquisa de luminescência devido
às suas boas propriedades luminescentes e grande estabilidade química. Sob
aquecimento o silicato de zinco pode ser dopado com manganês, quando é exposto
a uma frequência de onda específica.
O silicato de zinco dopado com manganês (Zn2O4:Mn) é utilizado em lâmpadas
de led, entre outras aplicações, por emitir frequências de 520 nm (nanômetros), que
correspondem a cor verde do espectro visível. A substituição do íon Zn2+ pelo Mn2+
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pode ser realizada por conta de os dois íons terem a mesma carga e por terem a
valência no orbital S2 ocupada por elétrons.
No presente relatório, está descrito um experimento no qual foram realizados
testes relativos à concentração da dopagem de Mn. Nestes últimos, aplicou-se
diferentes porcentagens de dopante no material denominado de host, ou dopado, e
analisou-se a diferença de intensidade da luz emitida por cada concentração. Assim
foi possível estudar qual o limite de dopagem efetiva, qual sua duração, e se é
economicamente viável.

B - PREPARAÇÃO DE POLÍMEROS INORGÂNICOS


B1 - SILICONE
De acordo com Costa (2012, p. 27) “O principal componente dos silicones é o
silício: o segundo elemento mais abundante da superfície da terra, depois do
oxigênio”. Silicones são substâncias plásticas e polímeros condensados. Um polímero
é uma macromolécula formada por monômeros, monômeros esses que são moléculas
simples. Em resumo, silicones são monômeros altamente acumulados e
condensados, que formam materiais plásticos com propriedades dos seus
componentes combinados. Este componente é sintetizado introduzindo-se um
composto orgânico (como o radical metila) em uma estrutura inorgânica, como o
silício, com o intuito de formar o polímero citado (COSTA, 2012).
No experimento realizado, foi utilizado silicato de sódio, material que tem
propriedades muito utilizadas em indústrias de detergente e sabão, por ter capacidade
de se tornar mais viscoso ou mais próximo a um óleo, dependendo de suas misturas.
Juntamente ao silicato de sódio reagiu-se o etanol, além de ser adicionado
corante para ter uma melhor visualização do experimento.O mesmo formou um
silicone condensado com aparência de borracha, que liberou visível quantidade de
água conforme passagem do tempo.

B2 - FORMAÇÃO DE POLÍMERO COM O ÍON B(OH)4- PROMOVENDO LIGAÇÕES


CRUZADAS
O álcool polivinílico (também conhecido como PVA) é utilizado pela indústria
farmacêutica como uma lágrima artificial, onde o paciente com “síndrome de olho
seco” goteja o álcool nos olhos para suprir a necessidade de hidratação. O PVA tem
como fórmula molecular C4H6O2.
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Esta substância irá reagir com o bórax, também chamado de borato de sódio,
um mineral utilizado em tratamentos dermatológicos. O bórax, quando em solução
aquosa, é a solução ativadora da reação, já que sua dissolução em ácido bórico
aumenta a viscosidade do PVA.
A mistura dos dois componentes, com um corante e em meio aquoso, resulta
em um polímero viscoso, que sob efeito do excesso de ácido bórico endurece e se
torna quebradiço.

B3 – SÍNTESE DE UM “PLÁSTICO INORGÂNICO”: ENXOFRE


Plásticos são materiais que podem ser moldados a escolha de seu moldador,
comumente sendo compostos de moléculas orgânicas no formato de polímeros, como
no caso do experimento anterior, onde se fez um polímero baseado em bórax e etanol.
Mas não é necessário que possuam constituintes orgânicos para formar-se um
plástico. Neste experimento utilizamos o enxofre, um não-metal da família do
oxigênio, em sua forma mais comum possui coloração amarela, baixa condutividade
e propriedade inodora. No experimento realizado foi utilizada a sua forma
ortorrômbica, forma mais comum a temperatura ambiente (PEIXOTO, 2002).
Este é um formato diferente dos outros experimentos por ser realizado com um
composto molecular, e isso significa que será resultante um composto molecular, isto
é, um composto de apenas ligações covalentes. As ligações covalentes são ligações
que são formadas por meio do compartilhamento de elétrons entre os átomos,
diferentemente das ligações iônicas (como exemplo Na2SiO4, Zn2SiO4) que são
formadas pela interação entre cargas positivas e negativas dos átomos, ou seja,
átomos com elétrons em falta para atingir uma maior estabilidade, ou com elétrons em
excesso para atingir a maior estabilidade.
O foco do experimento era liquefazer o enxofre, e solidificá-lo da forma que se
realiza com plásticos orgânicos, porém o enxofre possui alótropos que podem ser
formados durante as etapas. O enxofre amorfo é um alótropo preto com consistência
semelhante a de borracha, que pode ser obtido ao se resfriar rapidamente o enxofre
líquido.
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OBJETIVOS
A - SÍNTESE NO ESTADO SÓLIDO PARA A PREPARAÇÃO DE UM LUMINÓFORO

Neste experimento, então, tem-se como objetivo verificar a variação das


propriedades ópticas do luminóforo Zn2SiO4 dopado ou não com Mn2+, composto de
natureza iônica, em função da variação nas condições de sua obtenção.

B - PREPARAÇÃO DE POLÍMEROS INORGÂNICOS


O objetivo é estudar a formação de polímeros como silicones e plásticos, tanto
iônicos quanto moleculares. A reação de silicato de sódio com etanol resulta na
formação de um silicone, a reação de polimerização do bórax reagindo com o PVA, e
a reação de síntese de um plástico de enxofre auxiliam o entendimento das reações
inorgânicas e possíveis utilidades.

PARTE EXPERIMENTAL

MATERIAIS E MÉTODOS

VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS:

 Balança analítica
 Mufla
 Cadinho de porcelana
 Dessecador
 Pinça
 Luvas
 Bastão de vidro
 Erlenmeyer de 250ml
 Recipiente de plástico
 Béquer de 250ml
 Béquer de 100ml
 Pipeta de pasteur
 Proveta de 100ml
 Copo plástico
 Chapa aquecedora
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 Almofariz

REAGENTES:

 ZnO
 SiO2
 MnO2
 CO3
 Corante
 Etanol
 Silicato de sódio
 Cola branca (PVA)
 Água destilada
 Enxofre em pó

TOXICIDADE:

ZNO

 Inalação: Manter calmo o paciente e movê-lo para o ar fresco. Contato com a


pele: Lavar imediatamente com sabão e bastante água e sabão, removendo
todo o vestuário e sapatos contaminados.
 Contato com os olhos: Lavar imediatamente com muita água, também sob as
pálpebras durante pelo menos 15 minutos.
 Ingestão: Enxaguar a boca e beber muita água. Notas para o Médico:
Tratamento sintomático (descontaminação, funções vitais).

SiO2

 Inalação: Remover a pessoa para o ar fresco. Em caso de dores, providenciar


tratamento médico.
 Contato com a pele: Lave imediatamente em água corrente por, pelo menos,
15 minutos. Remova a roupa contaminada e os sapatos. Procure ajuda médica.
Lave as roupas e os sapatos antes de reutilizá-los.
9

 Contato com os olhos: Lave imediatamente com água corrente por, pelo
menos, 15 minutos, abrindo e fechando ocasionalmente as pálpebras. Procure
ajuda médica imediatamente.
 Ingestão: Em caso de ingestão por engano, tomar água ou leite em abundância
e solicitar aconselhamento médico. Para todas as vias de intoxicação acima
citadas recomenda-se remover a vítima imediatamente para área segura,
remover roupas e sapatos contaminados. Procurar um médico imediatamente.

MnO2

 Inalação: Remover para local de ar fresco. Se surgirem queixas ou em caso de


persistência dos sintomas, consultar um médico.
 Contato com a pele: Enxágue a pele com água/tome uma ducha. Se surgirem
queixas ou em caso de persistência dos sintomas, consultar um médico.
 Contato com os olhos: Enxágue cuidadosamente com água durante vários
minutos. Se surgirem queixas ou em caso de persistência dos sintomas,
consultar um médico. Enxágue a boca. Caso sinta indisposição, consulte um
médico.
 Ingestão: Enxágue a boca. Caso sinta indisposição, consulte um médico.

CO3

 Inalação: Sem risco por inalação.


 Contato com a pele (ou com cabelo): Retire a roupa contaminada. Enxágue a
pele com água. Lave a roupa contaminada antes de usá-la novamente.
 Contato com a pele (ou com cabelo): Retire a roupa contaminada. Enxágue a
pele com água. Lave a roupa contaminada antes de usá-la novamente.
 Contato com os olhos: Enxágue cuidadosamente com água durante vários
minutos. No caso de uso de lentes de contato, removê-las, se for fácil. Continue
enxaguando. Caso a irritação ocular persista: consulte um médico.
 Ingestão: Enxágue a boca. Não provoque vômito.

Silicato de sódio
 Inalação: Remova a vítima para local ventilado e a mantenha em repouso numa
posição que não dificulte a respiração. Em caso de dificuldade respiratória,
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fornecer oxigênio. Em caso de parada respiratória, providenciar respiração


artificial. Caso sinta indisposição, contate um CENTRO DE INFORMAÇÃO
TOXICOLÓGICA ou um médico.
 Contato com a pele (ou o cabelo): Remover roupas contaminadas. Enxágue a
pele com água em abundância ou tome uma ducha. Em caso de irritação
cutânea: Consulte um médico. Contato com os olhos: Enxágue
cuidadosamente com água corrente por pelo menos 15 minutos, mantendo as
pálpebras abertas. No caso de uso de lentes de contato, removê-las, se for fácil
e enxágue novamente. Caso a irritação ocular persista: Consulte um médico.
 Ingestão: Não induza o vômito. Lave a boca da vítima com água em
abundância. Nunca forneça algo por via oral a uma pessoa inconsciente. Caso
sinta indisposição, contate um CENTRO DE INFORMAÇÃO TOXICOLÓGICA
ou um médico.

Enxofre em pó

 Em caso de inalação: Se for respirado, levar a pessoa para o ar fresco. Se não


respirar, realizar respiração artificial. Consultar um médico.
 Em caso de contato com a pele: Lavar com sabão e muita água. Consultar um
médico.
 Se entrar em contato com os olhos, lave os olhos com água como precaução.
 Em caso de ingestão: Nunca dar nada pela boca a uma pessoa inconsciente.
Enxaguar a boca com água. Consultar um médico.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A - SÍNTESE NO ESTADO SÓLIDO PARA A PREPARAÇÃO DE UM LUMINÓFORO

Foi necessário calcular as massas de reagentes a serem utilizadas no


experimento de acordo com o estabelecido na figura 2.
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Figura 2 - Dados experimentais

Fonte: roteiro prática experimental.

As massas foram calculadas utilizando-se como base a seguinte reação:


2ZnO(s) + SiO2(s) → Zn2SiO4(s)
Bastou obter a massa molar do ZnO e a massa molar do silicato de zinco para
que fosse feita uma simples regra de três com o intuito de encontrar a massa de
reagente em gramas. Como exemplo, tem-se que 2 mol de ZnO possuem 162,76
g/mol e 1 mol de Zn2SiO4 possuem 223,66 g/mol. Se objetiva-se calcular quanto de
óxido de zinco é necessário para obter 0,5 g de silicato, basta multiplicar a massa
molar do óxido por 0,5 e dividi-la pela massa molar do silicato, obtendo, assim, um
valor aproximado de 0,363 g de óxido. O mesmo raciocínio deve ser feito com o Mn
quanto às amostras a serem dopadas com este elemento.
Cada grupo preparou 3 amostras a serem calcinadas pelos técnicos de acordo,
também, com os dados da figura 2. O procedimento basicamente consistiu em, em
um almofariz, adicionar os sólidos reagentes, amassá-los durante 10 minutos e
transferi-los para um cadinho, devidamente identificado, para dar continuidade à
próxima etapa.
Por fim, incidiu-se UV sobre as amostras calcinadas e observou-se os
resultados.

B - PREPARAÇÃO DE POLÍMEROS INORGÂNICOS


B1 - SILICONE
Foi necessário a preparação de 50ml, de uma solução aquosa a 40% de silicato
de sódio. Com auxílio da pêra, e de uma pipeta, pipetou-se 20 ml da solução de silicato
em um béquer, em seguida transferiu-se quantitativamente para um balão
volumétrico, completou-se com água destilada, e homogeneizou-se.
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Após o preparo da solução de silicato, a mesma foi transferida para um frasco


de plástico, adicionou-se corante, e 20 ml de etanol. A solução foi agitada, e observou-
se a formação de um sólido.
Por fim, o sólido foi separado por decantação, transferindo o líquido restante
para outro frasco plástico.

B2 - FORMAÇÃO DE POLÍMERO COM O ÍON B(OH)4 − PROMOVENDO LIGAÇÕES


CRUZADAS
Primeiramente em um béquer de 100ml, colocou-se cerca de 20 ml de cola
branca (PVA), e adicionou-se 3 gotas de corante avermelhado.
Em seguida, foi realizado a preparação de uma solução de bórax
(Na2B4O7•10H2O). Para isso, pesou-se na balança analítica 5 gramas de bórax em um
béquer, e em seguida adicionou-se 20 ml de água destilada no béquer que continha
o bórax (Na2B4O7•10H2O).
Então a solução de bórax (Na2B4O7•10H2O), foi aquecida em uma chapa de
aquecimento, até que houvesse a dissolução do (Na2B4O7•10H2O), após essa etapa,
a solução aos poucos foi adicionada ao béquer que continha cola (PVA).
Por fim, homogeneizou-se, até o momento em que a consistência ficou viscosa.

B3 - SÍNTESE DE UM “PLÁSTICO INORGÂNICO”: ENXOFRE

Em uma cápsula de porcelana, colocou-se aproximadamente 2/5 do seu


volume, de enxofre em pó, e a mesma, foi aquecida cuidadosamente em uma capela,
até sua fusão.
Após o aquecimento com o auxílio de uma luva de amianto o conteúdo da
cápsula, foi vertido para um béquer que continha água fria. Notou-se que o enxofre
estava com um aspecto diferente dos demais grupos, pois o mesmo apresentava uma
coloração preta, e um aspecto de borracha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A - SÍNTESE NO ESTADO SÓLIDO PARA A PREPARAÇÃO DE UM LUMINÓFORO

Ao analisar as amostras, nota-se que a amostra 1, a qual possuía a maior


massa de silicato e óxido de zinco, além de nenhuma porcentagem de manganês, não
emitiu cor alguma com a incidência de raios UV. Já as amostras 2 e 3, que possuíam
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0,5% de dopagem de manganês, denotavam uma cor acinzentada muito parecida


uma com a outra - o que previamente indicava um excesso de óxido de manganês no
composto - e também não emitiram com incidência de UV. É ainda importante
destacar que ambas foram preparadas com a mesma massa de substâncias, sendo
a única alteração na temperatura de calcinação a que foram expostas.

Figura 3 - Amostras sob incidência de raios Ultra-Violeta.

Fonte: reproduzido de Dados de silicato de zinco dopado com Mn 2+, feito por Leonardo Figueiredo
Saraiva

As amostras 4 e 5 são idênticas em quantidade de massa com que foram


preparadas, tempo de calcinação e porcentagem de manganês (1%), diferindo apenas
na temperatura de calcinação (700°C e 900°C, respectivamente). No entanto, a
amostra 4 não emitiu sob UV, enquanto que a amostra 5 emitiu. Isso significa que o
luminóforo foi bem-sucedido na amostra 5, por conta de sua temperatura de
calcinação ser mais elevada do que a da amostra 4, o que já denota, também, que a
temperatura de calcinação influencia diretamente nas propriedades do luminóforo.
Com relação às amostras 6, 7, 8 e 9, há algumas considerações a serem feitas:
Todas foram dopadas com a mesma porcentagem de manganês (2%) e emitiram um
verde-amarelado intenso com a incidência de raios UV. No caso das amostras 6 e 7,
que tiveram a mesma temperatura de calcinação (700°C), diferindo apenas no tempo
em que foram deixadas no forno, nota-se que suas cores sob a luz branca eram
próximas a um marrom acinzentado, o que poderia indicar excesso de manganês, no
entanto, suas emissões no UV foram semelhantes e inconfundíveis, o que indica que
o luminóforo foi produzido corretamente. As amostras 8 e 9 possuem resultados
parecidos, tendo em vista que também têm a mesma dopagem de manganês, mesma
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temperatura de calcinação (900°C), mas um tempo diferente no forno. Enquanto a


amostra 9 permaneceu em calcinação por 4 horas, a amostra 8 foi calcinada por 2
horas. Ao analisar a intensidade de emissão de ambas, percebeu-se que o tempo a
que foram expostas aos 900°C influenciou diretamente em suas propriedades
luminescentes, já que a amostra 8 emitiu um verde menos intenso do que a amostra
9.
Até este ponto é possível observar que a temperatura possui influência sobre
a luminescência do composto. Essa propriedade influencia na cristalização do sólido,
cristalização esta que é necessária para que o luminóforo seja devidamente formado,
como dito por Soares, 2016, “[...] em altas temperaturas as reações de metátese são
termodinamicamente e cineticamente favorecidas e os produtos apresentam alta
cristalinidade”. Nota-se, que as amostras com maiores temperaturas de calcinação
tiveram maiores intensidades de emissão no espectro desejado. Já quanto à
concentração de manganês, quando esta aumenta demais, há uma deformação na
rede cristalina do sólido, o que causa uma diminuição no grau de intensidade de sua
luminescência (SOARES, 2016).
A área superficial do sólido também pode interferir em sua reatividade e,
portanto, nas suas propriedades luminescentes, tendo em vista que o aumento da
área superficial se relaciona com a diminuição do tamanho das partículas (SOARES,
2016). Por esse motivo, quando se teve um percentual maior de dopagem de
manganês (5%), a emissão da amostra foi menos intensa do que na dopagem de 2%.
Com mais manganês, maiores as partículas do sólido se tornam e menos efetiva a
interação com a luz UV.
Por fim, discutindo acerca da amostra 10, esta recebeu a maior dopagem de
manganês (5%), dopagem esta que foi refletida em sua coloração sob luz branca (que
era escuro-acinzentada), possuindo uma emissão sob UV um pouco menos intensa
do que nas amostras a 2% de Mn..
As amostras tiveram seus picos de emissão nos 525 nm, sob excitação fixa de
244 nm. O gráfico da intensidade da emissão vai dos 500 a 600 nm, sendo este o
espectro de emissão do verde ao amarelo. De acordo com Porcel, 2019, o silicato de
zinco é polimórfico, podendo existir em duas fases, α e β. Quando dopado com
manganês, emite no verde na fase α e no amarelo na fase β. Na fase alfa, o Zn 2SiO4
é chamado de willemita, que é um material host, ou seja, é passível de dopagem.
Dessa forma, a emissão observada como resultado é justificada. Nota-se, que a
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amostra 9, particularmente, se sobressai em intensidade de emissão, seguida pelas


amostras 8 e 3, todas substâncias com temperaturas de calcinação iguais.
Assim, é possível concluir que, a 2% de dopagem de manganês, as
propriedades luminescentes do luminóforo sob os raios UV atingiram seu pico. Apesar
de outras propriedades terem sido variadas (como temperatura e tempo de
calcinação), quando o percentual de manganês, bem como a massa de silicato e óxido
de zinco se mantiveram constantes, as luminescências das amostras também se
mantiveram dessa forma.

B - PREPARAÇÃO DE POLÍMEROS INORGÂNICOS


B1 - SILICONE
No experimento realizado em laboratório a estrutura desejada acabou por não
ser alcançada, no entanto, pode-se explicar o que deveria ter ocorrido. O silicato de
sódio, ao reagir com o etanol, forma uma estrutura polimérica denominada de silicone.
O silicone possui ligações Si-O de natureza parcialmente iônica que dão ao composto
propriedades como a flexibilidade e a resistência térmica (YILGÖR, 2014).
Figura 4 - Estrutura geral do silicone.

Fonte: Progress in polymer science.

Os grupos R acima demonstrados são, geralmente, grupos orgânicos (como -


CH3), tendo em vista que os polisiloxanos (silicones) são estruturas inorgânicas-
orgânicas. Quando o PVA reage com o álcool, que é uma substância orgânica, há a
formação de um mecanismo de adesão que acaba em uma estrutura polimérica,
tendo, então, ligações Si - O e Si - C, as quais são responsáveis pelas suas
características e propriedades (COSTA, 2012).

B2 - FORMAÇÃO DE POLÍMERO COM O ÍON B(OH)4- PROMOVENDO LIGAÇÕES


CRUZADAS
Uma rede polimérica de ligações cruzadas inchada em meio aquoso é
denominada de hidrogel. Quando o poli álcool vinílico (PVA, (C4H6O2)n) foi utilizado
16

no experimento, correu uma síntese por via de radicais e formou-se um complexo de


ligações cruzadas com a solução de bórax (Na2B4O7•10H2O). Isso ocorreu, pois,
quando se mistura PVA e bórax em água, o bórax é hidrolisado para ácido bórico
(H3BO3) e o ânion tetrahidroborato (B(OH)4-) formando uma solução não-corrosiva de
PH = 9. Depois disso, o ânion borato se liga de forma cruzada com o PVA, formando
o hidrogel. No caso do experimento realizado em questão, o contato de ambos os
compostos ocasionou um inchaço devido a formação da rede polimérica citada, o que
deu origem a um hidrogel vermelho, devido a adição de corante.
Para compreender melhor a reação, sabe-se que o PVA possui viscosidade
intrínseca à ele devido as suas longas cadeias e as forças intermoleculares que as
regem possibilitarem que seus monômeros deslizem uns sobre os outros. Quando o
Bórax é adicionado, formam-se as ligações cruzadas, que alteram a viscosidade do
composto e ele passa a possuir uma estrutura nem sólida e nem líquida. Essa
combinação tem sido utilizada e analisada na literatura devido ao fato de melhorar as
propriedades do hidrogel.

B3 – SÍNTESE DE UM “PLÁSTICO INORGÂNICO”: ENXOFRE

Após o aquecimento na capela e o resfriamento em água fria, obteve-se uma


substância de aparência escura, mole e não cristalina semelhante à asfalto. Isso se
deve ao fato de o enxofre fundido ter sido resfriado bruscamente.
O enxofre é um elemento químico de variedades alotrópicas, isto é, pode
formar diversas substâncias simples a partir da ligação de átomos de seu próprio
elemento. Suas principais formas alotrópicas são a ortorrômbica e a monocíclica.
Quando fundido e lentamente resfriado, o enxofre passa a se configurar em sua forma
monoclínica, cuja fórmula molecular é S8, formando cristais longos e finos como
agulhas formados de cadeias cíclicas, sendo um pó em temperatura ambiente
(PEIXOTO, 2002).
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Figura 5 - Alótropos mais comuns de enxofre

Fonte: https://cienciaemacao.com.br/

No entanto, quando resfriado bruscamente após a sua fusão, o que foi o caso
do experimento proposto, passa a ter uma aparência mole e assume uma forma
distinta, sendo então denominado de enxofre amorfo (ou plástico), na qual não há
formação de cristais (PEIXOTO, 2002).
Figura 6 - Enxofre amorfo obtido em laboratório

Fonte: autoria própria.

A forma de enxofre obtida em laboratório, portanto, foi um alótropo do elemento


em questão, cuja forma de ligação entre os átomos e também a arrumação das
moléculas poliatômicas de enxofre foram modificadas. Tendo em vista que o material
foi rapidamente resfriado, não houve tempo para que os átomos se organizassem em
sua forma monoclínica e cristalina, fazendo com que o elemento obtivesse a aparência
plástica/borrachuda observada e, portanto, constatou-se que não possui uma
estrutura organizada.
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CONCLUSÃO
Concluiu-se, portanto, que foi possível realizar os experimentos propostos com
sucesso e que, a partir deles, pôde-se observar mais a fundo as propriedades
químicas de substâncias iônicas e moleculares, bem como suas diferenças. Por fim,
foi possível entender a formação de polímeros, sua estrutura e implicações na
sociedade, bem como compreender a síntese e propriedades de um luminóforo.
19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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