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DOAÇÃO

E CONFLITO
TEXTO-CHAVE: GÊNESIS 4:1-7
 Era noite. Um pastor de trinta e poucos anos estava na unidade de terapia intensiva
(UTI) esperando o momento de morrer. Sua vida estava se esvaindo após uma
cirurgia aparentemente malsucedida e um episódio de hemorragia. Ele não era
forte o suficiente para suportar outra cirurgia. "Por que Deus está permitindo que
eu morra?" ele se perguntou. Será que Deus estava rejeitando aquele pastor e o
ministério dele? Havia algum pecado que ele tinha se esquecido de confessar,
pelo qual agora estava sendo punido? Será que ele estava servindo ao Deus certo?
E se a salvação fosse apenas uma Ilusão?
Alguns meses antes, em um aparente sinal de desaprovação por seu
trabalho, os líderes da igreja na região em que ele trabalhava o transferiram para
outra cidade. Mas agora parecia que nem mesmo Deus estava aprovando sua vida!
Em meio à escuridão, uma centelha de revolta e amargura começou a queimar
dentro de seu coração.
 O próximo passo foi a rebelião. Todas as suas experiências religiosas pareciam
uma farsa. Ele sentia que Deus não era aquele Salvador e Amigo bondoso sobre o
qual sempre havia pregado.
Um versículo passou por sua mente: “O que vem a Mim, de modo nenhum o
lançarei fora" (Jo 6:37). De manhã, depois de uma noite conversando com Jesus e
sem receber nenhuma evidência da aceitação de Deus, ele foi visitado por uma
enfermeira, que orou e cantou um hino com ele. Depois dessa oração, seu exame
de sangue indicou que o processo de cura havia começado. Depois de mais algum
tempo no hospital, o pastor finalmente recebeu alta. Ele agora tinha certeza de que
o próprio Jesus o havia curado naquela noite!
Por meio da narrativa de Caim e Abel, vamos explorar não apenas a
importância das ofertas regulares, mas também como a escolha de se rebelar ou
aceitar a soberania de Deus influencia nossa adoração e nosso destino eterno.
 amargura que antecede a rebelião nem sempre é fácil de identificar. No caso de
Caim, o conceito egocêntrico que ele tinha sobre si mesmo o levou a crer que era
capaz de enxergar o que seus pais e Abel eram ingênuos demais para entender.
Então ele permitiu que os sentimentos de rebelião contra Deus crescessem.
Ao se distanciar de Deus, Caim perdeu de vista Seu caráter. Será que ele
começou a pensar que os seres humanos eram vitimas do Criador, manipulados e
oprimidos por um Deus duro, severo e mesquinho? Talvez pensasse que a maneira
como Deus havia tratado Adão e Eva e, por extensão, ele mesmo, expulsando-os do
jardim, era ainda pior do que o erro do casal. Afinal, o fracasso de Adão e Eva não
foi algo realmente pequeno? Por que todo o planeta foi amaldiçoado? A
obediência estrita não seria um sinal de estupidez? Não seria fanatismo seguir
todos os menores detalhes dos requisitos de Deus?
Abel, por outro lado, embora também fosse afetado pela maldição de Deus,
decidiu aceitar Seu trato com a humanidade como algo justo, crendo em Sua justiça
e misericórdia e, sobretudo, confiando na redenção prometida. Decidiu se
humilhar diante de uma Mente superior, sob a autoridade de uma Sabedoria que
nem sempre pode ser Compreendida por mentes limitadas e pecaminosas.
 Enquanto tentava convencer Abel a se unir a ele em sua rebelião, Caim encontrou
a reação gentil e dócil, mas firme de seu irmão. Abel exaltava a lei de Deus como
boa, desejável e destinada a protegê-los, e destacava a misericórdia divina em
poupar a vida de seus pais. Ele também testemunhou sobre a justiça e o amor de
Deus em fornecer uma solução para todo transgressor arrependido, simbolizado
pelo sacrifício de sangue. Então convidou Caim para adorar a Deus de acordo com
Suas orientações, mas isso deixou Caim ainda mais determinado a seguir seu
próprio Caminho. Enfurecido por não conseguir angariar a simpatia de Abel para
sua causa, nem responder aos seus argumentos, Caim cedeu à violência, acabando
por matar o representante da verdadeira fé. E a mesma coisa acontecerá no fim
dos tempos entre aqueles que confiam no Senhor e aqueles que apenas afirmam
adorá-lo. A perseguição mais dura virá de dentro do povo de Deus.

 >>>PENSE
 O que impediu Caim de buscar o perdão?
 Quais foram os passos que Caim deveria ter dado para ser perdoado por Deus?
 O ato de oferecer as primícias de cada animal era uma prática antiga entre os
adoradores de Deus que mais tarde foi regulamentada para os israelitas (Êx 13:1-
16). A oferta das primícias geralmente era menos custosa e não exigia
derramamento de sangue, mas expressava o princípio de que Deus deve ser o
primeiro em nossa vida (Mt 6:33).
Salomão orienta: "Honre o Senhor com os seus bens e com as primícias de
toda a sua renda" (PV 3:9). Esse conselho confirma o princípio divino mesmo para
aqueles de nós que não temos rebanhos nem colheitas, mas salário e
propriedades. Esse fato deve nos levar a confiar que Aquele que uma vez nos deu
o que precisamos fará isso novamente: “[...] e os seus celeiros ficarão
completamente cheios, e os seus lagares transbordarão de vinho" (v. 10).
A oferta deve ser motivada pelo ato de Deus de nos conceder além do que
precisamos. É um meio de adorar a Deus, além do dízimo (Ml 3:8-10), sempre que
houver acréscimo de renda.
As ofertas regulares (assim como o dízimo) são motivadas pelas bênçãos de
Deus e tendem a promover (como no caso de Abel) uma "mentalidade de
adoração", em vez de uma "mentalidade de doação".
 Quando adotamos uma mentalidade de doação, podemos ser tentados a nos
vermos como donos dos recursos e, posteriormente, benfeitores ou filantropos (às
vezes, ansiando por reconhecimento).
Aqueles que adoram ao Senhor com base no princípio de colocá-Lo sempre
em primeiro lugar consideram Deus como o benfeitor, o dono de todas as coisas e
o verdadeiro filantropo. Para os adoradores, a oferta regular é uma celebração que
atribui glória a Deus pelo que eles receberam cada vez que recebem algo Dele.
Dessa forma, estão menos inclinados a esperar aplausos ou reconhecimento
humano.
Os verdadeiros adoradores se consideram apenas como pessoas que
recebem as dádivas de Deus, como Seus representantes e administradores de Suas
posses. Sendo que tudo pertence ao Criador, eles se consideram responsáveis
perante o Dono até mesmo pelo uso do que fica em suas mãos depois de levarem
os dízimos e as ofertas.
O que deve motivar o ato de levar uma oferta? As ofertas devem ser dadas
de acordo com o coração do doador ou de acordo com a prescrição de Deus?
 lei de Deus é contrária à autonomia humana? A submissão a Deus é algo que exclui
a independência humana? Por que pessoas com livre-arbítrio e inteligência
precisam seguir a vontade de Deus? Qual é o problema que existe até mesmo com
a mente das pessoas inteligentes? Em que situações a autoconfiança pode se
tornar um traço negativo de caráter e comprometer a vida espiritual? Explique
Qual oferta estava “naturalmente” de acordo com o coração do doador: a de
Caim ou de Abel?
Se Adão e Eva pecaram, era Justo que Caim e Abel pecaram, era justo que
Caim e Abel também compartilhassem do destino deles e fossem obrigados a
viver fora do jardim do Éden? Por que as consequências do pecado são sempre
justas para os envolvidos?
 Existe alguma esperança para aqueles que, assim como Caim, ainda nutrem
sentimentos de revolta e amargura contra Deus? Como essas pessoas podem ser
salvas?
Compare suas respostas com os textos a seguir: Hb 11:4; PV 3:9, 1O; Mt 6:33;
2Co 13:5; IJo 3:12; Jd 11; Jo 6:37.

 Qual é a relação das passagens com o texto-chave (Gn 4:1-7) da lição desta
semana?
 Existe diferença de pecado?

 REDE SEMÂNTICA : Lembra da rede semântica? O mapa construído a partir de


uma palava ou conceito-chave? Então... Com base no que vimos até aqui, agora é
sua vez de expressar o que faz sentido para você:

 REBELIÃO
 O sistema de ofertas significa mais do que simplesmente reconhecer a Deus como
provedor e benfeitor. Deve também apontar para Ele como o Redentor. Tanto Caim
quanto Abel estavam bem familiarizados com o sistema de adoração especificado por
Deus, centrado na morte de um animal e na necessidade de derramamento de sangue -
algo que intencionalmente não pretendia ser bonito.
Caim, no entanto, se recusou a reconhecer que a oferta era um benefício para si
mesmo (Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 47). Em vez disso, orgulhoso de seus
próprios sentidos e inteligência, ele concluiu que aqueles sacrifícios de sangue eram
repugnantes (ibid„ p. 48, 49). Caim provavelmente escolheu interpretá-los como uma
demonstração da severidade e crueldade de Deus, junto com a expulsão de Adão e
Eva do jardim.
Acreditando que apenas mentes inferiores precisavam cumprir aqueles detalhes
aparentemente insignificantes, Caim optou por uma maneira mais bela, higiênica e
conveniente de adorar. Ao fazer do seu jeito, ele ignorou o fato de que a adoração não
deve ser oferecida de acordo com as preferências do adorador, mas de acordo com as
prescrições Daquele que é adorado.
 Mesmo depois que a oferta de Caim foi rejeitada, Deus não o abandonou para
perecer. Em vez disso, o Senhor garantiu que ele ainda poderia ser aceito se
"fizesse o que é certo" (Gn 4:7) - isto é, seguisse a vontade de Deus. Ele também foi
avisado de que por causa de sua natureza pecaminosa, o pecado estava "à porta, à
sua espera" (v. 7), procurando controlar sua vida e levá-lo ao fracasso. No entanto,
Caim ainda tinha a escolha de dominar sobre ele ou não (v. 7).
Caim poderia ter confessado seu pecado e rebelião, sendo completamente
perdoado. Poderia então expressar sua confiança no perdão de Deus levando uma
oferta apropriada, de acordo com a prescrição do Senhor. No entanto, assim como
Satanás, Saul e Judas, Caim escolheu manter seus acalentados pensamentos de
amargura e uma atitude arrogante.

 >>>PENSE
 Que tipo de oferta não pode ser aceita por Jesus hoje, mesmo quando entregue
durante o culto, na igreja? Explique.
 Abel [...] via justiça e misericórdia na maneira como o Criador lidava com a raça
decaída, e com gratidão aceitou a esperança da redenção. Caim, porém,
alimentava sentimentos de rebeldia e reclamava com Deus por causa da maldição
pronunciada sobre a Terra e sobre o gênero humano, em virtude do pecado de
Adão. Permitiu que sua mente fosse na mesma direção que determinara a queda
de Satanás, cedendo ao desejo de exaltação própria e colocando em dúvida a
justiça e autoridade divinas. [...]
"[Caim e Abel] estavam cientes da providência tomada para a salvação da
humanidade e compreendiam o sistema de ofertas que Deus ordenara. Sabiam que
nessas ofertas deveriam expressar fé no Salvador a quem elas tipificavam e, ao
mesmo tempo, reconhecer sua total dependência Dele, para o perdão. [...]
"Abel insistiu com seu irmão para se aproximar de Deus da maneira
divinamente prescrita, mas suas súplicas apenas tornaram Caim mais decidido a
seguir a própria vontade. Sendo mais velho, achava que não precisava ser
advertido pelo irmão e desprezou seu conselho.
"Caim foi perante Deus com queixas e incredulidade no coração com
respeito ao sacrifício prometido e à necessidade de ofertas sacrificais. Sua dádiva
não expressava arrependimento pelo pecado.
>>> DISCUTA EM CLASSE
 Caim ainda poderia ser perdoado, mesmo depois de matar o irmão? Podemos
determinar em que momento alguém foi longe demais?
 Se fanatismo significa seguir todos os pequenos detalhes dos requisitos de Deus,
devemos desobedecer para nos considerarmos pessoas "equilibradas"?
 Zelo é sinônimo de fanatismo? E de legalismo? Quais são as diferenças entre
ambos?

 Achava, como muitos hoje, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir


exatamente o plano indicado por Deus, confiando sua salvação inteiramente à
expia Feche sua semana cão do Salvador prometido. Preferiu a conduta de
dependência própria. Viria com seus próprios mérito faça também um estudo. Não
traria o cordeiro, nem misturaria o sangue deste com a oferta. [...] Apresentou sua
oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a aprovação divina.
[...] Prestou somente uma obediência parcial. A parte essencial, o reconhecimento
 da necessidade de um Redentor, ficou excluída. [...]
"Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar essas verdades.
Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não havia sido escolhido para ser
aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. Abel escolheu a fé e a obediência;
Caim, a incredulidade e a rebeldia. A questão se resumia nisso.
"Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o fim
dos tempos. Uma dessas classes se prevalece do sacrifício indicado para o pecado,
a outra se arrisca a confiar em seus próprios méritos. [...] É unicamente pelos
méritos de Jesus que nossas transgressões podem ser perdoadas. Aqueles que não
sentem necessidade do sangue de Cristo, que acham que sem a graça divina
podem por suas próprias obras conseguir a aprovação de Deus, estão cometendo
o mesmo erro de Caim" (Ellen G.White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2021], p. 47-49).

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