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O BIBLIOTECÁRIO E A

LEITURA CONECTADA
COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL DIGITAL NA
ERA DOS E-BOOKS, E-READERS
E TABLETS

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O BIBLIOTECÁRIO E A
LEITURA CONECTADA
COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL DIGITAL NA
ERA DOS E-BOOKS, E-READERS
E TABLETS

RODNEY ELOY

São Paulo

2012

3
© 2012 Rodney Zorzo Eloy.

Impresso no Brasil, com depósito na


Biblioteca Nacional

Esta publicação encontra-se à venda no site


da editora PerSe - www.perse.com.br

E48b Eloy, Rodney Zorzo.


O bibliotecário e a leitura conectada:
competência informacional digital na era
dos e-books, e-readers e tablets. / Rodney
Zorzo Eloy. - São Paulo: PerSe, 2012.
74 p. ; 11x21cm.

ISBN Impresso: 978-85-8196-126-5


ISBN Ebook: 978-85-8196-126-2

1. E-books. 2. E-readers.3. Tablets


4. Competência informacional.
5. Bibliotecários. I. Título.

4
Para Márcia, sempre!

5
6
"É essencial enfrentarmos de maneira
organizada a compreensão das novas
tecnologias, do seu potencial, dos seus
perigos, de suas dimensões econômicas,
culturais, políticas, institucionais.
Poderemos ser a favor ou contra certas
tecnologias - ainda que na realidade
ninguém esteja nos perguntando se somos
contra ou a favor -, mas o que não podemos
nos permitir, inclusive para orientar as
novas gerações, é delas não termos um
conhecimento competente."

Ladislau Dowbor

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"Rodney deixa claro e evidente sua visão
quanto ao perfil do bibliotecário, onde
entende que o profissional deve usar de toda
sua criatividade, e que as tecnologias
facilitem o acesso e uso da informação,
independentemente do seu suporte, no qual,
se assim for feito, terá vantagem nas
oportunidades inerentes a sociedade atual.
Conclui que e-books e livros impressos
podem sim coexistir em harmonia, como
opções complementares na aquisição de
informação e conhecimento. Assim,
bibliotecas e bibliotecários que não aceitarem
este fato, terão sérios problemas em atender e
contemplar o seu público."
Almir Johncoto [@johncoto], bibliotecário
universitário

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SUMÁRIO

Prefácio

Introdução

Capítulo 1. Os e-books, e-readers e tablets e


o profissional bibliotecário ● 15

Capítulo 2. Competência informacional


digital do profissional bibliotecário ● 29

Considerações finais

Referências bibliográficas

Anexo 1 Por que escrever


“O bibliotecário e a leitura conectada”?

Anexo 2 Modelos de e-readers e tablets

Agradecimentos

Sobre o autor

9
10
Prefácio

O tempo passa... Conheci Rodney Eloy


na implementação da primeira versão do
Curso de Especialização de Gestão de
Conhecimento do Senac, onde colaborei com
sua idealização. Rodney atreveu-se a realizá-
lo. Era 2002/2003!
Aprimoramento sobre aprimoramento,
foi então que tudo se iniciou e nossos
contatos se intensificaram na esfera virtual.
Eram tempos de emails para a disseminação
de conhecimento, a ferramenta mais high-
tech que se dava naquela época, além de posts
em blogs.
Ele, com as postagens nos blogs, e eu
com emails dos mais diferentes assuntos, mas
todos relacionados à divulgação e facilitação
de acesso ao conhecimento. Iniciamos então,
uma admiração mútua e velada. Até que
ainda há poucas semanas, Gil Giardelli lançou
o livro: “Você é o que você compartilha” e não
pude deixar de relacioná-lo com o modus
operandi de Rodney Eloy: o profissional
bibliotecário é, em sua essência, um ser
compartilhador de ideias, informações,
conhecimento e acesso; mas em tempos de e-
books, redes sociais e internet, as
competências devem ser aprimoradas.
Portanto, Rodney nos coloca frente a frente
com essa realidade, analisando as
competências informacionais obrigatórias
desse novo momento: educar a si e aos
outros.

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As questões pertinentes colocadas no
texto são, inquietações, perguntas, análises
tão necessárias para a conexão com essa nova
maneira de ser e fazer do profissional
bibliotecário.
É um caminho sem volta, de
convivência atribulada, porém, se faz
necessário “apaziguar os ânimos” e mostrar
que essa convivência não só é desejada mas
perfeitamente possível, e que nós - “os donos
dos livros” - também podemos conquistar
maneiras eletrônicas de encantar nosso
cliente pelos caminhos, rios e mares dos
e-books, e-readers, tablets e web.

Regina Fazioli [@refazioli] é Mestre em


Tecnologia: Gestão e Desenvolvimento da
Formação Tecnológica pelo Centro Paula
Souza – Ceetps (2010), idealizadora e
coordenadora da Biblioteca Virtual do
Governo do Estado de São Paulo [@bvsp]

12
Introdução

Este livro apresenta a atuação do


bibliotecário em uma realidade cada vez mais
complexa, exigindo a aquisição de novas
competências e habilidades no
desenvolvimento da área de gestão
informacional. A partir de algumas
características marcantes do contexto atual,
existe uma real necessidade deste profissional
conectar-se com a contemporaneidade
tecnológica que se apresenta.

É neste ambiente de novidades


tecnológicas, entre previsões pessimistas e
otimistas que surgem os e-books que são, sem
dúvida, um tema interessante e polêmico para
o profissional bibliotecário, e também aos
usuários. Uma pergunta importante que se
forma é: como a propagação de e-books,
e-readers e tablets afetam as bibliotecas e os
bibliotecários?

Tais tecnologias podem se tornar


ferramentas poderosas no estímulo à leitura e
expansão de conhecimentos, é neste
momento que o bibliotecário deve estar
preparado para trabalhar com estas novas
ferramentas, tornando seu papel essencial
neste processo de transição.

13
14
Capítulo 1

Os e-books, e-readers e tablets e o


profissional Bibliotecário

As novas tecnologias sempre se


incorporaram às atividades das bibliotecas,
provocando mudanças nas formas de oferecer
produtos e serviços aos usuários. E um dos
assuntos mais discutidos no meio tecnológico
hoje em dia é a questão dos e-books. A
Internet já havia transformado
permanentemente a maneira pela quais
muitas bibliotecas, por exemplo, fornecem o
acesso a periódicos e artigos de revistas, para
não mencionar outros serviços oferecidos.

Portanto, se faz mais do que necessário


e urgente, os gestores informacionais
prestarem atenção nas novas tecnologias que
chegaram para ficar e dentre eles estão os
citados e-books.

Os e-books foram criados em 1971, mas


ainda são um fenômeno relativamente novo
para muitos bibliotecários, e com a
popularidade explosiva destes, assim como
dos dispositivos e-readers e tablets, muitos
bibliotecários estão lidando efetivamente com

15
o fato de integrá-los em seus serviços e
coleções. Em muitas bibliotecas ao redor do
mundo já existem empréstimos de e-readers,
onde cada dispositivo vai carregado com um
número fechado de livros em sua memória,
em outros casos o processo se assemelha ao
empréstimo de livros físicos, sendo a
biblioteca portadora de licenças para
uso/empréstimo.

Nos Estados Unidos, as bibliotecas tem


se adaptado rapidamente ao processo e com
isso ganhando cada vez mais usuários, vemos
em Miller (2011, tradução nossa) que 82% das
bibliotecas públicas e 95% das bibliotecas
acadêmicas oferecem e-books para
empréstimo, um crescimento de 10% nas
públicas e 1% nas acadêmicas em relação a
2010. No caso do empréstimo de e-readers
pré-carregados com e-books, 15% das
bibliotecas públicas e 12% das acadêmicas
oferecem este serviço. A empresa americana
Overdrive (2012, tradução nossa) que vende
licenças de e-books para bibliotecas,
desenvolveu um sistema que permite o
empréstimo dos mesmos preservando os
direitos autorais, a empresa abriga
atualmente mais de 650.000 títulos de livros
digitais de mais de 1.000 editoras. Os serviços
já são utilizados por mais de 15 mil
bibliotecas ao redor do mundo. Na área
acadêmica os grandes editores possuem seus

16
próprios e-books acoplados em suas bases de
dados por meio de assinaturas, em muitos
casos com acesso perpétuo aos livros
adquiridos.

Como veem até o momento, a


realidade de que os e-books avançam
rapidamente em outros países é de fato
concreto, no entanto, no Brasil este avanço
continua em seus primeiros passos. Contudo,
para que esta realidade mude, bibliotecas e
bibliotecários devem estar ativamente
envolvidos no ressurgimento dos e-books e
neste contexto, Darnton (2010, p.14) diz que:

"A explosão dos modos eletrônicos de


comunicação é tão revolucionária
quanto a invenção da impressão com
tipos móveis. Estamos tendo tanta
dificuldade em assimilá-la quanto os
leitores do século XV ao se
confrontarem com textos impressos"

Segundo KOZAK (2003 apud ROSA,


2008, p. 105), os e-books têm as seguintes
vantagens em relação aos livros impressos:

17
Tem custo significativamente menor.
Ocupa espaço mínimo e dispensa
estoques dispendiosos.
Mantém-se perenemente em
catálogo.
Acha-se disponível sob demanda.
Não requer tiragens elevadas, o que
permite satisfação de interesses de
nichos de mercado.
Possibilita reedição e colocação de
títulos esgotados à disposição do
mercado.
Pode ser personalizado.
Tem atualização imediata e fácil.
A edição se dá com significativa
rapidez.
É ecologicamente mais eficiente.

Chartier (1998, p. 13), afirma que “A


revolução do livro eletrônico é uma revolução
nas estruturas do suporte material do escrito
assim como nas maneiras de ler”.

Ainda Chartier (1998, p.152) sugere


que: “o texto vive uma pluralidade de
existências. A eletrônica é apenas uma dentre
elas”

E a biblioteca, como fica? Como vão


atender o crescente interesse e procura por

e-books? Sobre isso, Darnton (2010, p.16)


observa:

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"Esta pode parecer a instituição mais
arcaica de todas. Ainda assim, seu
passado guarda bons presságios para
seu futuro. Bibliotecas nunca foram
depósitos de livros. Sempre foram e
sempre serão centros do saber. Sua
posição central no mundo do saber as
torna ideais para mediar os modos
impresso e digital de comunicação.
Livros também podem acomodar os
dois modos. Impressos em papel ou
armazenados em servidores, eles
corporificam o saber, e sua autoridade
deriva de algo que excede a mera
tecnologia que os tornou possíveis."

Também, Benício e Silva (2005, p. 5)


observam que:

“Analisando essa dualidade entre a


convivência do livro impresso com o
eletrônico ou o aniquilamento do
primeiro pelo segundo, há diversas
opiniões a respeito dos e-books e estes
poderiam ser os responsáveis pela
morte do livro impresso. Muitos dizem
que está próximo o dia em que não
iremos mais a livrarias, e sim,
buscaremos nossas leituras através de
distribuidores eletrônicos. Em
contrapartida, os defensores do livro
impresso afirmam que está longe de
ocorrer uma crise no ramo, afirmando

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que a comercialização dos livros está em
constante crescimento e expansão. Há
ainda uma terceira corrente que
sustenta a ideia de que os e-books
vieram para completar o livro
tradicional. Este segue o pensamento de
que assim como foi afirmado que o
surgimento da televisão acabaria com a
era do rádio, os e-books e os livros
sobreviverão na mais harmoniosa paz.
Portanto, a nosso ver, não existe uma
competição entre a versão eletrônica e a
impressa do livro, mas um
complemento, uma forma não exclui a
outra.”

Porém Powers (2012, p.187), apresenta


algumas reflexões oportunas de como nem
tudo são maravilhas no universo tecnológico,
onde muitas vezes a experiência de leitura
pode ser dispersiva:

“Alguns leitores de e-books permitem


que a atenção seja dividida para lá e
para cá entre o texto e o restante do
universo digital - o livro conectado.
Entusiastas dessa abordagem prevêem
que no futuro toda leitura será feita em
público. Ou seja, estaremos navegando
nos links, comentários e mensagens em
tempo real de pessoas distantes mesmo
enquanto tentamos ler, digamos, um
ótimo romance. De certa maneira,

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poderia ser um retorno à era pré-
Gutenberg, quando a multidão olhava
torto para os leitores solitários e
silenciosos.

É muito bom ter amplo acesso à


informação; é por isso que as bibliotecas
sempre foram tão valiosas, e quanto
maiores, melhor. Para pesquisas, a era
do Google é uma maravilha. Mas é
diferente "acessar" a informação e
"experimentá-la"... Correndo entre
atrações digitais é impossível se
aprofundar de verdade, mergulhar na
leitura a ponto de fazer a multidão
sumir.

Gutenberg tornou uma das maiores


ferramentas de introspecção - os livros -
disponíveis para mais pessoas. Será que
os inovadores tecnológicos conseguem
um artifício equivalente com os
aparelhos existentes nos tempos de
hoje, em que a necessidade de
introspecção é muito grande, se não
maior? No entanto, todos os
movimentos da tecnologia são feitos na
direção oposta, buscando uma
conectividade mais intensa e
aumentando nossa exposição à
multidão. "Todos os seus aplicativos.
Tudo ao mesmo tempo", dizia um
anúncio de um smartphone, como se
"ao mesmo tempo" fosse benefício para
a mente.

21
A experiência do livro eletrônico
caminha na mesma direção. Embora
seja frequentemente anunciado como
um gigantesco passo para o futuro,
alguns dispositivos para leitura de livros
eletrônicos são programados para
tornar a experiência de ler
exteriorizada. São praticamente
minicomputadores dotados de
programas de e-mail e navegador de
internet, e assim dificultam muito a
introspecção do leitor. Será que
queremos realmente tornar nossos
livros fonte de dispersão como tudo o
mais em nossa vida?”

Analisando estes textos e frente às


mudanças que estão definitivamente batendo
à porta, entende-se, portanto, que não há
mais opções entre entrar ou não na era do e-
book. Existe a possibilidade de baixar títulos
em tempo real e em qualquer momento, 24
horas por dia, 7 dias por semana. Os e-books
são ferramentas potencialmente úteis, podem
contribuir no processo educacional e eles não
significam o fim, ao contrário, potencializam
o acesso à informação conectando os leitores.
Com isso, os e-books, outra opção de suporte,
e que já convive com o impresso, reforça a
necessidade de refletir de como podem
coabitar nas bibliotecas. Para isso, é
importante questionar os grandes desafios

22
para bibliotecários, referente à aplicabilidade
dos e-books, tais como: seleção, aquisição,
tratamento técnico, licenciamento, formatos
(PDF, ePub, HTML5), interoperabilidade etc.

A portabilidade e praticidade são


potenciais estímulos para se pensar sobre tal
avanço. Os e-readers - como o Kindle da
Amazon e o Nook da Barnes & Noble – e os
tablets – como o iPad - estão mudando a
maneira como as pessoas lêem e-books, além
de experimentarem um grau mensurável de
sucesso e aceitação comercial. São compactos,
leves, práticos, ultra portáteis e simples.

Os e-readers, exclusivos para leitura de


e-books, jornais e revistas, como observado
anteriormente, são compactos e leves,
aproximando-se do tamanho de um livro e
com bateria de longa duração. As telas
monocromáticas dos e-readers tem como
base a tecnologia e-ink, tinta eletrônica, que
possibilita uma leitura mais confortável, e
permitem aos usuários carregar centenas de
livros e periódicos com facilidade, contudo
alguns modelos possuem limitações
referentes a formatos suportados e sincronia
entre aparelhos.

Adotar ou não um e-reader? Que tipo


de e-reader é melhor para o usuário? Podem
e-readers carregados com livros de medicina,
serem materialmente, relevantes benefícios

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médicos, residentes e preceptores em
ambientes clínicos?

Observa-se que os e-readers


proporcionam um novo modo de leitura,
apresentam simplicidade: não necessitam de
manuais. Qual o melhor? Depende. O usuário
é quem escolhe.

Os tablets, embora não considerados


como e-readers, apesar de também ter essa
função, possuem muitos outros dispositivos
comparados aos e-readers, pois oferecem
uma ampla gama de funcionalidades e
múltiplas aplicações, inclusive aplicativos
para leitura de e-books (apps). Ao contrário
das telas dos e-readers, as telas coloridas dos
tablets são luminosas, proporcionando um
desconforto visual para leituras prolongadas.

Estas funcionalidades já estão


presentes em muitas instituições e muitos
alunos já recebem tablets de suas escolas ou
universidades. Diante deste contexto, os
tablets são dinâmicos e atrativos, onde se
pode recheá-lo com uma infinidade de
aplicativos educacionais.

São equipamentos com


funcionalidades intuitivas e o número de
“nativos digitais”, ou seja, jovens que
cresceram junto dos avanços tecnológicos,
aumenta a cada dia e para eles, é comum ler

24
nestes dispositivos que chegam ao mercado
com infinidades de modelos e marcas,
disponibilizando uma lista extensa que cresce
a cada dia.

Desta forma, o profissional precisa


estar preparado para treinar usuários na
utilização destas novas ferramentas e
suportes, partindo do pressuposto que as
bibliotecas precisam se reinventar, encontrar
novos serviços ou expandir os serviços atuais,
para poder assim, atender à comunidade e
demanda. Então, como, quando e onde será
realizada a leitura e de que forma esta irá
influenciar, e em que tipo de dispositivo se
atenderá às necessidades?

Nesse sentido, necessário identificar


então, interesses mútuos que possam
colaborar em projetos que irão melhorar os
serviços para nossos alunos, professores,
funcionários e usuários em geral. As
bibliotecas enfrentam uma crescente pressão
para se adaptar criativamente e gerir os seus
espaços físicos para atendê-los. As novas
tecnologias levam à transformação dos
serviços da biblioteca e de serviços
tradicionais, como catálogos impressos que
incorporam ainda alguns acervos, também
por isso a necessidade emergencial de
bibliotecários melhorarem a sensibilização e
aderirem aos novos recursos eletrônicos.

25
Esta é uma forma relativamente nova
para que as bibliotecas possam oferecer
opções sofisticadas de usuários para a leitura;
entretanto, bibliotecas devem continuar a
investir em outras formas de entregar
conteúdo. A participação dos profissionais
bibliotecários é essencial para definição das
reais necessidades de informação dos
usuários, o profissional pró-ativo é a pessoa
que interage com os sistemas de informação,
independente se for impresso ou eletrônico. A
criatividade, interesse e participação nas
mudanças são fundamentais para
democratização da informação, facilitando o
seu acesso. Tais tecnologias tem recebido
atenção da mídia recentemente, trazendo
muitas discussões sobre formatos dos
arquivos, legibilidade, pirataria e muitas
outras questões, que essa nova realidade se
impõe aos profissionais.

Todavia, as atividades do profissional


bibliotecário como gestor da informação, são
modificadas e o papel das bibliotecas se
modifica diante deste usuário que já percebeu
as recentes ferramentas que surgiram com os
avanços tecnológicos. E, desafios, sempre
apresentam um propósito de crescimento
profissional, devendo o profissional, utilizar
todos os recursos e suportes disponíveis em
benefício destes usuários.

26
De acordo com Drabenstott e Burman
(1997, p. 184):

“Livros e produções computadorizadas


coexistirão por muitos anos. Bibliotecas
continuarão a acrescentar novos
processos tecnológicos, sem, entretanto
substituí-los completamente pelos
existentes. Novo estágio de tecnologias
de comunicação propiciará expansão, e
não restrição. Apenas surgirão
comportamentos infinitamente mais
ricos e diversificados para a procura de
informação. O grande problema será o
gerenciamento simultâneo dos formatos
informacionais tradicionais com os das
novas tecnologias”.

Na pesquisa Retratos da Leitura no


Brasil, Instituto Pró-Livro (2011), verificou-se
que 52% dos entrevistados responderam que
os livros impressos nunca vão acabar
(continuarão a ser publicados) e irão
conviver, igualmente, com os livros digitais.

Bibliotecários vão se relacionar de um


modo diferente com o livro físico, com a
leitura e com a tecnologia. A portabilidade,
onde aparelhos do tamanho de um livro
normal podem obter centenas de títulos, irá
possibilitar a inserção destas tecnologias no

27
cotidiano dos usuários, promovendo leitura,
desenvolvimento pessoal e profissional,
deixando a visão de que existe uma dualidade
entre livro impresso e eletrônico, mas,
sobretudo, será possível compreender seu
impacto e planejar estruturas em que a
tecnologia embase a aprendizagem,
adaptando-se a rotina de incorporar novas
tecnologias, competência específica, ou seja,
competência para lidar com a informação
tecnológica.

28
Capítulo 2

Competência informacional
digital do profissional
bibliotecário

As novas tecnologias exigem do


profissional bibliotecário um novo perfil que
atenda as necessidades advindas desta nova
realidade, e em decorrência de tal fato, é
preciso refletir sobre quais são as
competências necessárias para atender a
sociedade contemporânea baseada na
tecnologia. Bibliotecários devem se preparar
para a inevitabilidade das mudanças, desta
forma, estas tecnologias serão incorporadas
às oportunidades e desafios em um novo
formato de atendimento, mais seguro e
competente.

O desenvolvimento de competências
informacionais pode tornar efetivo o trabalho
executado pelo profissional bibliotecário
visando à mobilização permanente de
conhecimentos, habilidades e atitudes que
levam o aprendizado contínuo. Sendo que os
e-books, e-readers e tablets fazem parte deste
contexto.

29
A era digital transformou a atuação do
profissional bibliotecário nela inserido; tais
profissionais começam a repensar suas
atuações, onde se integra também a
competência informacional. Este profissional
precisa ter a consciência de suas habilidades,
de pensar criticamente frente às tecnologias,
ter receptividade perante as mudanças. A
fluência em tecnologia é um dos componentes
da competência informacional.

Para Dudziak (2007, p. 93)


competência informacional é:

[...] mais que um conjunto de atributos,


a competência envolve mobilização de
habilidades, conhecimentos e atitudes.
Na realidade, a competência é
construída pelo olhar do outro, a
percepção que os outros têm sobre
nossas ações. A construção da
competência nunca termina, pois é um
processo dinâmico de auto-renovação e
transformação pessoal proporcionado
pelo aprender a aprender e pelo
aprendizado ao longo da vida.

A competência informacional ainda


para Dudziak (2003, p.28) tem como objetivo
formar pessoas que:

30
saibam determinar a natureza e a
extensão de sua necessidade de
informação como suporte a um
processo inteligente de decisão,
uma vez que:

– dialogam com colegas, docentes,


educadores, definindo e articulando
suas necessidades de informação;

– identificam potenciais fontes


informacionais, em variados formatos e
níveis de profundidade;

– consideram custos e benefícios em


relação à natureza e extensão de seus
propósitos;

– definem critérios de escolha e


tomadas de decisão dentro de um plano
predeterminado.

Conheçam o mundo da
informação e sejam capazes de
identificar e manusear fontes
potenciais de informação de
forma efetiva e eficaz, uma vez que:

– estão familiarizadas com as várias


mídias de informação, incluindo
jornais, revistas, televisão, internet,
além das pessoas;

– sabem como o mundo da informação


é estruturado, como acessar as redes
formais e informais de informação; –
selecionam os métodos investigativos
mais apropriados;

31
– constroem e implementam
estratégias de busca planejadas e
efetivas;

– recuperam a informação a partir de


variadas interfaces e sistemas,
utilizando as tecnologias de informação;

– redefinem estratégias de ação;

– criam um sistema de organização da


informação, registrando as informações
pertinentes para futuros usos; –
elaboram mapas mentais, esquemas e
anotações.

Avaliem criticamente a
informação segundo critérios de
relevância, objetividade,
pertinência, lógica, ética,
incorporando as informações
selecionadas ao seu próprio
sistema de valores e
conhecimentos, uma vez que:

– extraem informações de textos e


documentos, sintetizando-os;

– examinam e comparam informações


de variadas fontes considerando
confiabilidade de fontes, distinguindo
fatos de opiniões;

– analisam a estrutura e a lógica que


sustentam os argumentos ou métodos;

– comparam os novos conhecimentos


com os conhecimentos preexistentes,
examinando contradições, novidade;

32
– sintetizam as ideias construindo
novos conceitos;

– integram novas informações às


informações ou conhecimentos
preexistentes.

Usem e comuniquem a
informação, com um propósito
específico, individualmente ou
como membro de um grupo,
gerando novas informações e
criando novas necessidades
informacionais, uma vez que:

– organizam conteúdos;

– articulam conhecimentos e
habilidades na construção de produtos
ou atuações informacionais;

– manipulam textos digitais, imagens,


dados, ferramentas de apresentação e
redação;

– sabem comunicar apropriadamente


suas ideias, incorporando princípios de
planejamento comunicacional e de
abertura ao diálogo.

Considerem as implicações de
suas ações e dos conhecimentos
gerados, observando aspectos
éticos, políticos, sociais e
econômicos extrapolando para a
formação da inteligência, uma vez
que:

– são responsáveis por suas escolhas;

33
– identificam e discutem questões
relativas à propriedade intelectual;

– demonstram entendimento acerca


dos aspectos políticos, sociais e
ambientais relativos às suas ações; –
demonstram visão sistêmica da
realidade.

Sejam aprendizes independentes,


uma vez que:

– assumem a responsabilidade por seu


próprio aprendizado;

– são capazes de aprender a partir dos


recursos informacionais disponíveis;

– procuram a informação de que


necessitam para a resolução de seus
problemas ou tomadas de decisão,
mantendo redes interpessoais de
relacionamento;

– mantêm-se atualizados;

– assumem atitude proativa de


aprendizado.

Aprendam ao longo da vida, uma


vez que:

– assumem o aprendizado como um


continuum em suas vidas;

– internalizam valores que promovem o


uso da informação como criação de
significado para suas vidas;

34
– incorporam os processos
investigativos à sua vida diária;

– estão sempre dispostos a vencer


desafios.

Conforme recomendação da
AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (2000,
tradução nossa) referente à Competência
informacional na realidade da Tecnologia da
informação:

Competência informacional é
relacionada também a habilidades de
tecnologia da informação, mas tem
amplas implicações para o indivíduo, o
sistema educacional, e para a sociedade.
Tecnologias da informação permitem
um indivíduo a utilizar os
computadores, aplicativos de software,
bancos de dados e outras tecnologias
para atingir uma ampla variedade
acadêmica, relacionado com o trabalho
e objetivos pessoais. Indivíduos
competentes informacionalmente
necessariamente desenvolvem algumas
habilidades tecnológicas.

"Fluência" em tecnologia da informação


pode exigir habilidades mais
intelectuais do que aprendizagem de
software e hardware associado a
"Competência informática", mas o foco

35
ainda está na tecnologia em si.
Competência informacional, por outro
lado, é uma estrutura intelectual para
compreender, encontrar, avaliar e usar
informação - atividades que podem ser
realizadas, em parte, pela fluência com
a tecnologia da informação, em parte
pelos seus métodos de investigação, mas
o mais importante, através da crítica
discernimento e raciocínio.
Competência informacional inicia,
sustenta-se e estende-se a
aprendizagem ao longo da vida através
de habilidades que podem usar as
tecnologias, mas são, em última análise
independente deles.

Mediante tal afirmação Belluzzo


(2005, p. 29) aponta que:

“Durante cada revolução tecnológica,


sempre houve quem temesse o impacto
das mudanças, bem como quem
profetizasse a imediata obsolescência do
passado, prevendo como única salvação
possível os frutos da nova invenção. A
inovação tecnológica desloca o foco e
amplia um domínio existente, cria um
novo campo e usualmente resulta em
uma aplicação mais refinada de ambos.
Assim, o impacto educacional das
inovações tende a deslocar domínios e
focalizar mais estreitamente as

36
tecnologias, mais do que a substituir
uma tecnologia por outra. Em razão
disso, uma visão ampla da sala de aula
eletrônica no presente envolve tanto a
identificação dos atributos e das
dimensões peculiares do ciberespaço
quanto à apreciação dos limites
pedagógicos impostos, enquanto os
seres humanos discutem os antigos e os
novos paradigmas sociais.”

Observando Zarifian (2001,p.193), este


esclarece que na competência:

“o que conta, na competência, não é a


posse de um saber, nem mesmo a posse
de competências de fundo. O que conta
é sua utilização efetiva “sob iniciativa” e
a previsão de suas consequências
diretas. E toda utilização pressupõe
transformação. È isto o que faz da
competência uma realidade difícil de
formalizar, de estabilizar, de
enclausurar em uma linguagem
descritiva, A essência da competência,
se podemos dizer, é sua mobilidade e
plasticidade.”

Pensando nestas referências, os


bibliotecários precisam estar atentos às novas
demandas que estão surgindo no ambiente

37
onde estão inseridos. Estes já desempenham
o papel de intermediários entre os usuários e
suportes informacionais há muito tempo,
entretanto, agora se dá um novo momento de
adaptação para uma nova fase no exercício da
sua atuação. Para isso, o profissional
bibliotecário deve reconhecer quais são suas
necessidades informacionais e de seus
usuários que procuram ajuda sobre como
usar tais dispositivos diante de um novo
paradigma, que certamente, representa
profunda mudança na gestão informacional e
no profissional em biblioteconomia.

De todas as perspectivas apresentadas,


o texto visa oportunizar uma reflexão sobre o
tema competência informacional na era
digital, competência esta, incorporada no
âmbito do profissional bibliotecário. O
desenvolvimento de competências não ocorre
em curto prazo, cabendo ao profissional
investir tempo e recursos em sua formação
contínua, já que o novo cenário das atividades
desenvolvidas exigirá um profissional com
novas habilidades e de um novo perfil.

O competente informacional consiste


não somente em estar preparado para algo,
entretanto, dedica-se para por em prática,
pois não é suficiente conhecer conceitos sobre
a era digital em que vivemos, é necessário
realizar uma imersão efetivamente. O

38
profissional precisa se reciclar, antes que o
mercado o exclua.

Essas competências não serão


opcionais, não serão necessárias, serão
exigidas do profissional: criatividade,
flexibilidade, iniciativa, empreendedorismo;
as mudanças impostas pela sociedade
solicitará que o profissional apresente
competências informacionais desenvolvidas
continuamente.

Muitas inquietações estão presentes no


universo de profissionais bibliotecários que
especialmente já atuam algum tempo, porém,
aprender continuamente e criticamente,
colaborará com uma melhor perspectiva
interdisciplinar, formação e aprendizado
continuo e autônomo, assim como na
capacidade de atualização de saberes.

De acordo com Beraquet et al. (2006,


p. 14), explicitam que:

“a profissão do bibliotecário requer


mudanças, não em sua base e conceitos,
mas nos seus resultados e dinâmica de
atuação; significa rever a ênfase de suas
habilidades e de seus conhecimentos. As
competências valorizadas na sociedade
do conhecimento envolvem: experiência
profissional, conhecimento de
tecnologias de informação (web e

39
ferramentas de interconectividade),
domínio de outros idiomas, e
competências de comunicação (oral,
escrita e domínio da capacidade de
compreensão e transmissão de idéias)
além das competências básicas ligadas
às respectivas temáticas dos campos de
atuação.”

Os gestores informacionais devem


buscar esta aprendizagem contínua, melhorar
suas qualificações, devem saber quais
competências e características irão adquirir
para trabalhar na função e observar de forma
crítica, como citado anteriormente, essas
tecnologias e como estas podem ser utilizadas
para benefício dos próprios usuários.

Educar a si próprio e educar aos outros


para a sociedade da informação, é um dos
grandes desafios para o bibliotecário. É um
passo importante para a formação da cultura
informacional. A quebra de barreiras, como o
uso da tecnologia, independente da
experiência acumulada, fez com que surgisse
uma nova designação de atuação para este
gestor, adquirindo um perfil mais complexo
no seu amplo campo de atuação e exercício de
sua profissão.

O profissional, de modo geral, tem a


necessidade de se atualizar, ele não é mais um

40
expectador no universo da tecnologia, pelo
contrário, faz totalmente parte desta
dinâmica de tendências que caracteriza hoje
as atribuições especialmente do profissional
da informação.

A biblioteca sempre foi um ambiente


repleto de novas tecnologias, se referindo à
informação e comunicação, e cabe ao
profissional, o dever de usar criativamente
essas tecnologias para facilitar o acesso e uso
da informação indiferente do suporte
oferecido. Como parte integrante e mediador
destes avanços, o ambiente da biblioteca
apresenta características essenciais para o uso
intensificado das novas tecnologias de
informação e prontamente estar adepta ao
acesso informacional nos mais diferentes
formatos, suportes e ferramentas.

Nesse ponto, aos profissionais


bibliotecários, compete se adaptarem aos
recursos existentes conforme as possíveis
demandas e inseridos em novas formas de
mediação para a recuperação da informação,
podem viabilizar a aprendizagem
independente.

Especificamente os bibliotecários, são


movidos a tomar uma atitude proativa com a
necessidade do desenvolvimento de
habilidades para o melhor uso e proveito da
informação e, no contexto apresentado,

41
aprender e adquirir conhecimento no sentido
amplo, habilidade de localizar, avaliar e usar
efetivamente as informações capacita-o a
lidar com uma variedade de formatos de
informação e na sua sensibilidade, entender
as necessidades de diferentes categorias de
leitores/usuários.

O profissional competente
informacionalmente, tem vantagem nas
oportunidades inerentes à sociedade
contemporânea, transformação pela qual o
profissional também precisa passar se quiser
se tornar útil neste movimento. A ausência de
competência informacional por parte dos
bibliotecários é um fator extremamente
limitante no contexto da tecnologia da
informação, pois quanto mais preparado
estiver neste processo, melhor poderá atender
às necessidades exigidas, permitindo que o
indivíduo localize, recupere, avalie e
interprete. Apenas disponibilizar conteúdos
informacionais tecnológicos não é suficiente
para a utilização plena destes recursos.

Por isso, a formação do bibliotecário de


forma articulada em novos ambientes de
informação, se relaciona diferentemente em
relação aos diversos papéis tradicionais,
portanto, a inclusão/exclusão digital são
emergentes às novas exigências da sociedade

42
dentro de um universo de informação
extremamente dinâmico.

Em decorrência às notáveis
transformações, existem novas formas de
trabalho, espaços eletrônicos mediados pelas
tecnologias de informação e comunicação,
abrindo oportunidades ao profissional
bibliotecário. O que se espera deste
profissional, é que saiba utilizar os recursos
disponíveis para a resolução de problemas e
aprendizado ao longo da vida, perfil de
competências necessárias e indispensáveis a
uma atuação comprometida nesta nova fase,
enfatizando a formação totalizante do
profissional, autonomia crítica e busca
criativa. Novas competências informacionais
devem se apoiar na autonomia e no
aprendizado por toda a vida, preparando o
profissional bibliotecário para enfrentar os
desafios apresentados pela tecnologia e não
negligenciá-las.

As tecnologias devem ser sempre


percebidas pelos bibliotecários como aliadas
no processo, mesmo que seja um componente
da competência informacional, de função
educativa e de mediação para os diferentes
públicos, habilitando para um pensamento
crítico, lógico, com aprendizagem
significativa e prática, questionamentos,
reflexões e responsabilidades, isto é, um

43
processo de melhoria contínua e crescente,
que busca formar profissionais que aprendam
e sejam capazes de integrarem-se à era
digital. Tudo isso frente aos impactos
tecnológicos dos últimos tempos, junto com
novas soluções e perspectivas, que passam a
exigir também novas habilidades, além das
antigas já exigidas.

Então, este tipo de competência, onde


a tecnologia da informação e da comunicação
é a questão, se determina como um processo
de aprendizado contínuo que envolve
aprendizado ativo e independente e que por
sua vez, o profissional bibliotecário, precisa
oferecer acesso rápido e fácil à nova realidade
atual, agindo como mediador educacional de
transformação social, valorizando o diálogo
com a comunidade.

44
Considerações finais

Os bibliotecários estão vivendo em


uma era, advertidos a se conscientizar de que
enormes transições estão se configurando.
Sem uma compreensão da extensão destas
mudanças, que estão abalando o mundo dos
livros com a intensidade de fenômenos
característicos, tornam-se extremamente
difícil conduzir medidas preparativas e
preventivas.

Livros impressos e e-books podem


conviver em harmonia como opções que se
complementam na aquisição de informação e
conhecimento. Os livros impressos e os e-
books existirão lado a lado, cabendo ao
leitor/usuário aderir ao suporte mais
adequado à sua escolha. E se o profissional
bibliotecário puder participar nestas escolhas
de uma maneira produtiva, assim melhor.

As bibliotecas precisam se adaptar a


este caminho sem volta e ir ao encontro das
preferências dos novos leitores. Um
profissional bibliotecário competente
informacionalmente na era digital é alguém
capaz de dominar as habilidades necessárias
para enfrentar os desafios tecnológicos
apresentados. A informação eletrônica
constitui uma realidade como meio de

45
registro e disseminação do conhecimento.
Nesse contexto, o e-book, e-readers e tablets
estão facilitando o acesso, a transferência e a
circulação do conhecimento.

Como estas tecnologias crescem em


popularidade, bibliotecas e profissionais terão
de olhar criticamente os produtos e serviços
que eles oferecem. O livro é uma tecnologia
que está sempre em desenvolvimento -
historicamente passando por diversos
suportes - sempre se aprimorando
tecnicamente.

Os e-books são instrumentos


maravilhosos, as bibliotecas e bibliotecários
que não aceitarem este fato, terão sérios
problemas para atender e contemplar o seu
público.

É importante reafirmar, que a


competência informacional permitirá a
agregação de valor ao trabalho oferecido e
consequentemente a obtenção de novos
conhecimentos. Desta forma, repensar o
papel do profissional bibliotecário e
consequentemente das bibliotecas, resultará
na confirmação de que estes são caminhos
evidentes que expandirão essa decisiva e
sucessiva transformação. Portanto, cabe aos
bibliotecários perceberem que a opinião dos
leitores/usuários é essencial para a saúde das

46
bibliotecas, e a partir disso avaliar seu
posicionamento profissional.

Competência para lidar com a


informação independente do suporte será
imprescindível, assim como construir uma
competência em informação digital.

Embora existam já há alguns anos


diversas opiniões, discussões e controvérsias
sobre a demanda informacional e
consequentemente o destino de bibliotecas e
bibliotecários, as expectativas são as
melhores possíveis, claro que ainda
acontecerão grandes mudanças nos formatos
e suportes, mas isto pode ser visto como uma
complementação e facilitação aos meios de
busca e recuperação da informação. Os
profissionais, como em qualquer outra área,
seja médica, jurídica e tantas outras,
necessitam se reformularem, especializando-
se agregando às ferramentas, competências
necessárias anunciadas a todo o momento.

47
48
Referências Bibliográficas

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Information Literacy Competency
Standards for Higher Education. ALA,
2000. Disponível em:
<http://www.ala.org/acrl/standards/informa
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BENÍCIO, Christine Dantas; SILVA, Alzira


Karla Araújo da. Do livro impresso ao e-book:
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<http://dci2.ccsa.ufpb.br:8080/jspui/handle
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Desenvolvimento do profissional da

49
informação para atuar em saúde:
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__________. O Bibliotecário como agente


de transformação em uma sociedade
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Ponto de Acesso. Salvador, v. 1, n. 1, p. 88-
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51
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Second Annual Ebook Survey. The Digital
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<http://www.overdrive.com/>.

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como produto e como negócio no
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(Doutorado em Ciência da Comunicação) –
Escola de Comunicações e Artes,
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273 p. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/
27/27154/tde-22122008-133349/pt-br.php>.

52
ZARIFIAN, Philippe. Objetivo
competência: por uma nova lógica. São
Paulo, Atlas, 2001. 202 p.

53
54
Anexo 1

Por que escrever “O bibliotecário


e a leitura conectada”?

Ao postar o texto abaixo em 12 de


fevereiro de 2012 no Pesquisa Mundi, me
deparei com a possibilidade de apresentar
minhas inquietações subjetivas referentes a
este novo, vasto e fascinante universo digital.
Diante do interesse e dos mais de 6 mil
acessos únicos, sendo destaque em diversos
sites e fomentando discussões nas redes
sociais, fui motivado a partir do artigo, dar
origem a este livro, onde compartilho de
forma mais sistematizada questões referentes
às novas demandas tecnológicas.

O bibliotecário e a leitura
conectada

Independente dos formatos,


livros sempre existirão, livros sempre
serão fundamentais para o
desenvolvimento de uma sociedade
sadia.

55
Ultimamente só se falam nos muitos
argumentos a favor dos e-books ou livros
eletrônicos. Embora tenham surgido em 1971,
pouco a pouco tem se tornado popular devido
a proliferação dos dispositivos (tablets,
smartphones, e-readers etc). No entanto, em
meio a este turbilhão existem os céticos que
profetizam que tais dispositivos extinguirão
os livros impressos e consequentemente as
bibliotecas.

Toda esta revolução não deixa de ser


interessante, porque como bibliotecário, a
leitura de livros tem uma importância
significativa em minha vida e tenho algumas
centenas deles em meu apartamento. A
princípio, depois de certa resistência - mesmo
sendo um entusiasta da tecnologia - resolvi
me enveredar neste mundo "desconhecido" e
ter minha própria opinião sobre o assunto.
Lembro-me da primeira vez que ouvi
falar de um tablet, foi em janeiro de 2010,
com o anúncio de lançamento por Steve Jobs,
de um tal iPad. Mal sabíamos, os pobres
mortais, que aquilo era o início de mais uma
revolução nos costumes.
Em novembro de 2011 adquiri meu
primeiro tablet, um modelo econômico,
entretanto, mesmo com seus inúmeros
recursos, o que realmente me motivou a
comprá-lo foi a opção de leitura de e-books.
Como não poderia ser de outra forma, minha

56
estreia se deu com a biografia de Steve Jobs,
escrita por Walter Isaacson. Em um trecho
tenso da obra, o autor relata uma conversa de
Jobs com Barack Obama, onde Jobs declara
"Todos os livros, o material didático e os
sistemas de avaliação deveriam ser digitais e
interativos, personalizados para cada aluno e
com feedback em tempo real." Seria este um
prenúncio do fim, vindo de uma mente
inquieta?
Ainda não conhecemos totalmente até
onde estes sistemas nos levarão, o que posso
adiantar é que a leitura no tablet tem suas
peculiaridades, a primeira, é que não tive de
transportar 1 kg das 607 páginas do livro em
papel de Isaacson, além disso tem as opções
de adequar o tamanho da letra, ler no escuro,
controlar o brilho da tela, fazer anotações e
marcar páginas, exemplos simples entre
tantos, mas que demonstram a praticidade da
leitura com os citados recursos. Não me
julguem antecipadamente, adorei a
experiência e recomendo a todos, mas em
tudo existem prós e contras, vantagens e
desvantagens. Continuarei lendo livros em
papel? Claro que sim, nada substituirá a
experiência estética, lúdica, espiritual da
leitura em livros impressos. E-books são um
item a mais, no imenso ecossistema da
leitura. Eu e minha esposa adoramos viajar,
oportunamente, eu levo meu livro impresso,
ela, o de sua preferência, o tablet também,
como um complemento tecnológico e lado a

57
lado, sem superior ou inferior, sem anular um
ao outro, ambos distintos, coexistindo e
prosperando pacificamente, porém essenciais
nos dias de hoje. E mais, acredito que cada
leitor deve saber o que é melhor para si e o
que pode se adequar em seu contexto. Na
área acadêmica, por exemplo, alunos de
arquitetura poderiam evitar o peso em suas
mochilas dos "Benevolos", "Neuferts",
"Gombrichs" etc
A medida que vemos a tecnologia
avançando, em contrapartida, a resistência
ainda é grande, mas a história parece se
repetir, pois já no século XV, Johannes
Gutenberg sofria fortes criticas por parte dos
copistas que eram contra seus tipos móveis.
Ironicamente, o maior catálogo de e-books
gratuitos do mundo chama-se Projeto
Gutenberg, que inclusive disponibiliza
inúmeras obras em português.
Grandes personalidades literárias
deixaram a resistência de lado, como Ray
Bradbury, que aos 91 anos, permitiu que seu
clássico "Fahrenheit 451" fosse publicado na
versão e-book. Aos 79 anos, Umberto Eco ao
invés de carregar 20 livros em uma turnê
pelos Estados Unidos, comprou um iPad e
está adorando a experiência, não poupando
elogios.
Nos Estados Unidos, uma nação com
tecnologia em seu DNA, a dinâmica é outra.
Existem escolas sem bibliotecas físicas,

58
porém com bibliotecários digitais,
“bibliotecas antenadas” - especialmente
públicas - que já emprestam milhares de
obras eletrônicas normalmente. É comum
encontrar leitores com seus e-readers em
transportes públicos, praças, praias etc.

No Brasil, a aquisição e utilização deste


tipo de tecnologia ainda são bem discretos,
porém a Amazon já tem planos de
comercializar o seu maravilhoso aparelhinho
e-reader por terras tupiniquins, trata-se do
Kindle. Por considerar as taxas de importação
exorbitantes, prefiro por enquanto esperar o
início das vendas por aqui.
Portanto, vem a questão, os
dispositivos eletrônicos substituirão os
bibliotecários e bibliotecas? Uma das funções
dos bibliotecários é organizar informação,
independente dos suportes em que se
encontram. As bibliotecas precisam se
adaptar a este caminho sem volta e ir ao
encontro das preferências dos novos leitores.
Os livros impressos vão acabar? Não sei,
talvez. Existe um lobby forte de ecochatos,
que estão por aí, remodelando a sociedade já
faz um bom tempo.
Por fim, independente dos formatos,
livros sempre existirão, livros sempre serão
fundamentais para o desenvolvimento de
uma sociedade, devemos pensar na
integração dessa transmidialidade dos livros.
A magra estatística de livros lidos por ano em

59
nosso país indica uma subnutrição cultural
aguda, e isto sim, é um problemaço a ser
resolvido, pois como “tuítaria” Monteiro
Lobato se estivesse vivo, em ser perfil no
microblog: “Um país se faz com homens,
mulheres e livros eletrônicos.”

Rendam-se! A festa nunca é tão


divertida quanto parece do lado de fora. A
história dos livros continua a ser escrita. É só
ligar e ler!

60
Anexo 2

Modelos de e-readers e tablets

E-readers (Leitores eletrônicos)

Amazon Kindle primeira geração – 1997

Kindle Paperwhite quinta geração – 2012

61
Barnes & Noble Nook simple touch – 2011

Kobo Glo – 2012

62
Sony Reader – 2012

Beagle Txtr - O menor, mais leve e mais


barato leitor eletrônico – 2012

63
Tablets

Apple iPad 3 – 2012

Motorola Xoom – 2012

64
Samsung Galaxy Tab 2 – 2012

Amazon Kindle Fire HD – 2012

65
Barnes & Noble Nook tablet HD – 2012

Google Nexus 7 – 2012

66
Agradecimentos

Mais do que nunca, quero agradecer à minha


esposa Márcia Regina Rocha, por todo apoio
e capacidade em ver o valor em potencial de
O Bibliotecário e a leitura conectada quando
ainda estava no plano das ideias. Através de
seu incentivo me mostrou como transformar
uma possibilidade em realidade.

A todos que contribuíram direta e


indiretamente para a elaboração desta obra,
em especial aos profissionais da Unip.

Este livro é uma homenagem a todos os


profissionais da informação antenados nas
inevitáveis transformações - sejam elas
silenciosas ou não - do nosso cotidiano.

67
68
Sobre o autor

Rodney Zorzo Eloy [@rodneyeloy] possui


especialização em Gestão do Conhecimento
pelo Senac, e, Formação em Educação à
Distância pela Unip; graduação em
Biblioteconomia pela Fatema/Uniesp.
Bibliotecário universitário; responsável pelo
Pesquisa Mundi [pesquisamundi.org], espaço
para discussão/divulgação de Bases de
dados/Informações, Bibliotecas
Digitais/Virtuais, Arquivos de Acesso Livre
etc e membro do conselho editorial das
Edições Leitura Crítica
[leituracritica.com.br]. Mora em São Paulo
com sua esposa, com a qual compartilha a
paixão por livros, músicas, filmes e outras
tantas coisas simples e essenciais que a vida
oferece.

69
70
Pesquisa Mundi

pesquisamundi.org

Blog coordenado por Rodney Eloy, com


fontes bem selecionadas para a produção de
investigações de várias áreas do
conhecimento. Links para bases de dados,
bibliotecas virtuais (nacionais e
internacionais), sites e blogs foram
clinicamente elencados para facilitar a vida
daqueles que buscam informações para
efeito de estudo e pesquisa. Os conteúdos, na
forma de artigos, se voltam principalmente
para as inovações tecnológicas da área de
comunicação - é possível, pela leitura,
acompanhar as rápidas evoluções das
esferas relacionadas à transmissão de
informações. Cores agradáveis, textos bem

71
diagramados - sem dúvida, um espaço
importantíssimo para pesquisadores em
geral.

Prof. Dr. Ezequiel Theodoro da Silva

leituracritica.com.br

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escrevendo para:

leituraconectada@pesquisamundi.org

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