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ELETRÔNICA

A GERAÇÃO SCREENAGER SOB A ERA


EDUCATIONAL INTERFACE DESIGN - EDU660 - 2.3
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A GERAÇÃO SCREENAGER SOB A ERA ELETRÔNICA


Conteúdo organizado por Deborah Costa do livro Future Minds: How the Digital
Age is Changing Our Minds, Why this Matters, and What We Can Do About It,
publicado em 2010 por Nicholas Brealey. Atualizado em 2022.

Objetivos de Aprendizagem
• Entender a diferença das diferentes gerações.
• Compreender como o cérebro se desempenha mediante a leitura on-line e
off-line.
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Introdução
Comparar as diferenças entre gerações é um desafio, mas ainda é uma das melhores
maneiras de compreender o curso futuro. Muitos comparam pensadores analógicos
(Geração X e Boomers) a pensadores digitais (Gerações Y, Z e Millennials), ou ainda
comparam imigrantes digitais a nativos digitais, mas, é importante termos cuidado
para demonstrar as diferenças entre as gerações. Vejamos essa temática melhor a
seguir.

AS DIFERENTES GERAÇÕES

Geração analógica
Baby Boomers: A geração da TV (nascidos 1950/1960)
Geração X: Início dos PCs (nascidos 1960/1970)
Segundo Teixeira (2014, p.3), “os membros da geração X são os filhos dos boomers
mais velhos e nasceram em um período de transição e instabilidade financeira”.
Geração digital
Geração Y: expansão dos PCs e início da internet e ambientes multimídia (nascidos
1980/2000).
Para McCrindle e Wolfinger (2009) essa geração é também conhecida como Geração
Millennials ou “Dot.Com Generation” (fazendo alusão à geração da internet).
Geração Z: conexão de rede por aparelhos móveis (nascidos em 1990/2010).
Um dos questionamentos acerca das diferentes gerações é: como é a mente da geração
digital? Como é crescer com dispositivos inteligentes em mãos? Será que as mentes
dos futuros humanos se fundirão com as máquinas para criar algum tipo de híbrido
pós-humano? Um novo tipo de mente está emergindo de uma interação osmótica
com objetos e ambientes digitais?
Essa mente digital pode ser considerada, “mentalmente ágil, mas culturalmente
ignorante”. É “altamente consciente de si mesma e dos outros em sua proximidade
(digital) imediata, mas é impaciente e surpreendentemente ignorante do mundo mais
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amplo”.
Naomi Baron, linguista da American University em Washington, afirma que há um
“torpor intelectual” entre os estudantes de hoje que os impedem de terem uma visão
profunda dos conhecimentos culturalmente construídos.
É uma geração cuja mentalidade entende que ao ser possível captar rapidamente
informações em sites de buscas, elaborar conhecimentos é algo secundário, de baixo
valor.
Durante o último quarto de milênio, houve um consenso geral de que as palavras
eram importantes e que certas regras da língua escrita deveriam ser estritamente
observadas. Ocorre, porém, que a ortografia, a sintaxe e a gramática não são tão
significativas para os screenagers. Eles desejam escritas velozes e quantidade de
comunicação ao invés de qualidade, Vivem hiper alertas sobre a busca e apreensão
de volume de dados e informações.
A ideia é de que a linguagem deve ser dinâmica e fluida e, portanto, não devemos nos
preocupar com a forma como as pessoas se expressam. A interação com as máquinas
será predominantemente oral e visual (hoje, essa operação já é real no Brasil, embora
ainda inicial e com custo elevado): faremos rápidas e curtas perguntas e daremos
comandos às máquinas, à distância, e então, elas desempenharão as tarefas para nós.
A literatura, sobretudo, não será apropriada pela letra, mas pela audição ou audiência
de e-books e documentos eletrônicos que “leem e falam” a respeito de si mesmos,
bastando o interessado dedicar atenção auditiva ou visual.
A preocupação com o futuro do pensamento não é algo novo. Dentro The Shallows,
Nicholas Carr ressalta que, no Fedro de Platão, Sócrates lamenta a nova confiança na
palavra escrita. Sócrates acreditava que, embora a escrita pudesse dar a aparência
superficial de sabedoria, isso só era possível às custas da verdadeira percepção.
Igualmente, no século XV, o humorista Hieronimo Squarciafico achava que Gutenberg
e a relativa onipresença dos livros impressos poderia tornar os homens preguiçosos
e “menos estudiosos”.
No entanto, ao escrever e imprimir um texto, isso não reduziu a concentração, mas
ao contrário, aumentou-a. Escrever algo no papel (que naqueles dias era caro) ou ler
um livro devagar (ainda mais caro) fazia com que o pensamento fosse mais instigado
e por mais tempo. A leitura se torna mais profunda, deliberada, focada e sustentada
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como resultado. O uso da tecnologia como celulares, mecanismos de busca e e-mail


não promovem o mesmo resultado na mente humana. O escritor Geordie Williamson
se referiu a isso como “outro poderoso acelerador na terceirização da mente humana”.
Podemos ler mais em termos de volume absoluto, mas a maior parte dessa leitura (e
escrita) está em pequenos trechos, sendo sua absorção mais reduzida. Por essa razão,
a seriedade de leitura deve ser melhor observada quando tratamos de fontes digitais.
Compare livros físicos com seu equivalente eletrônico. Os livros digitais contribuem
para um ritmo acelerado em que a aquisição de fatos em geral pode se dar desprovida
de ampla compreensão, narrativa ou contexto. Os livros físicos, em contraste, exigem
que as pessoas desacelerem e reflitam com mais foco acerca do assunto. Livros físicos
(e conversas face a face) moldam e direcionam nosso pensamento de maneiras que a
informação digital não o faz. A dinâmica no mundo digital é outra. Outros também são
os ganhos e é por essa razão que é importante tirar proveito das duas modalidades
com assertividade.
Outro fato importante que devemos mencionar corresponde à constatação de que
os usuários da web pouco se asseguram acerca das informações baseadas na web,
expondo-se mais aos riscos de conteúdos não confiáveis. Um dos estudos pediu
aos estudantes que olhassem para uma página falsa, criada para a pesquisa, (https://
zapatopi.net/treeoctopus/) sobre um raro polvo de árvore. Noventa por cento (90%)
dos alunos consideraram a página uma fonte confiável, já que a mesma mencionava
organizações conservadoras como a Greenpeace.
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Outro estudo testou 232 pessoas que liam material em telas, usando ferramentas de
rastreamento ocular e descobriram que apenas seis participantes liam as páginas da
web de forma linear. Todos os outros pularam em volta do texto “como coelhos”, e,
no máximo, passavam por textos de cor ou que continham tipos de letras diferentes.
Em um outro projeto, descobriu-se que os adolescentes eram mais rápidos do que
os adultos lendo on-line, mas sua atenção era muito menor, então expressões mais
complexas tendiam a ser ignoradas.
O ponto-chave sobre a leitura digital ou de tela versus a leitura no papel é que os
livros são parte de um sistema de pensamento. Os livros não estão sozinhos. Eles são
contextuais, tanto em relação a outros livros quanto ao seu cenário histórico. Livros
digitais e leitura de telas em geral são produzidas com características diferentes
porque seguem na linha de informações mais contidas, separadas de contextos mais
amplos, longos e esclarecedores. Assim, o afastamento substancial dos livros físicos
pode representar, portanto, uma mudança de nossa herança cultural.
A leitura em uma tela, especialmente quando cercada por hiperlinks, é rápida e
adequada para a procura de fatos / notícias. Em contraste, a leitura no papel sugere
maior reflexão e é mais direcional a reflexões conceituais em geral. Por essa razão,
combinar ambas as formas de leitura (on-line e off-line) é uma boa prática.
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O equilíbrio é importante: dispositivos em determinados momentos; lápis e


livros, em outros. Tanto os educadores como os estudantes precisam pensar nesses
usos com mais clareza. A proposta pode sim ser, por exemplo, o desaceleramento do
aprendizado para a busca de sua melhor apreensão e qualidade.

Saiba Mais
Conceitos Fundamentais:
Mark Prensky (2001), educador americano, usou as expressões “nativos”
e “imigrantes digitais”, definindo nativos digitais como “aqueles
que cresceram cercados por tecnologias educacionais e usaram isso
brincando, por isso, não têm medo dela”, e imigrantes digitais os que
chegaram à tecnologia digital mais tarde na vida, e, por isso, precisaram
e precisam se adaptar a elas”
Fonte: Prensky, (2001) Digital Natives, Digital Immigrants Part 1. On the
Horizon, Vol 9. Issue 5.

Materiais Complementares:

1- A leitura dos nativos digitais. Disponível em: <http://


w w w.e - p u b l i c a c o es.u e r j. b r / i n d e x .p h p / s o l e t ra s / a r t i c l e /
viewFile/29700/21228>
2- Imigrantes e Nativos Digitais: Um Dilema ou Desafio na
Educação? Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/CD2011/
pdf/5409_3781.pdf>
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EM RESUMO

Para finalizar, é importante destacar que um novo tipo de mente emerge de uma
interação osmótica com objetos e ambientes digitais na cultura digital em rede.
As novas gerações têm uma nova forma de absorver conhecimentos. Um exemplo é
a leitura digital por meio de telas que se apresenta como uma habilidade diferente
da leitura de livros físicos, pois altera o sistema de pensamento. A leitura em telas é
prática e tende a ser enxuta, já a leitura no papel é um melhor convite reflexivo, para
uma apreciação em menor velocidade. Para uma aprendizagem mais rica, o uso de
ambas as possibilidades traz ganhos aos estudantes.
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Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Carr, N. (2011). The Shallows: what the internet is doing to our brains. W. W. Norton
& Company.
Geordie, W. (2011). Is that a canon in your pocket? Australian Literary Review.
Mccrindle, M. Wolfinger, E. (2009). The ABC of XYZ: understanding the global
generations. Sydney: University of New South Wales Press Ltd.
Teixeira, A. Petuco, C. Gamarra, L. Kuhsler, C. Teixeira, R. Klein, A. (2014). O Sentido
do Trabalho: uma análise à luz das Gerações X e Y. Diálogo. Canoas, n. 25, abr.
Watson, R. (2010). Future minds: how the digital age is changing our minds, why this
matters, and what we can do about it. London/Boston: Nicholas Brealey Publishing.
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Você pode acessar o livro base deste tema


na Biblioteca Lirn:

Future Minds: How the Digital Age is Changing Our Minds,


Why this Matters, and What We Can Do About It

Richard Watson
Nicholas Brealey Publishing © 2010

Imagens: Shutterstock

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