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Universidade Federal de Pernambuco

Docente: José Luiz Amorim Ratton


Discente: Bruno Viturino dos Santos

Prova - Desigualdade Social

1) Por que é importante estudar a desigualdade "vista de cima", como propõe


Pedro Ferreira de Souza? Dê exemplos.
Analisar a desigualdade em qualquer cenário, passa por entender que numa
estrutura social onde muitos tem pouco e poucos têm muito, a pobreza é reflexo da
má distribuição de renda que existe nessa sociedade e como a manutenção de
privilégios de determinados grupos sociais reproduzem essa desigualdade. Quando
o sociólogo Pedro Ferreira de Souza aponta que a desigualdade precisa ser “vista
de cima”, ele tenta ressaltar a importância de estudar as classes mais ricas da
população, visto que o problema da desigualdade não está presente na pobreza
vista no cotidiano, mas nas camadas ricas da sociedade que concentram maior
parte da renda produzida no país e consequentemente desequilibra a balança de
riquezas drasticamente e contribuindo para a reprodução para um dos maiores
níveis de desigualdades do mundo presentes no Brasil. Um bom exemplo disso está
na classe trabalhadora, onde o trabalho precarizado não reflete a mão de obra
desqualificada das camadas mais pobres do Brasil, mas sim uma lógica de
manutenção de poder pela alta burguesia que se aproveita da urgência de trabalho
pela a população mais carente do país, acumulando capital através da exploração e
ausência de direitos trabalhistas que o trabalho informal proporciona para essa
classe mais pobre.

2) Quais são as limitações metodológicas dos estudos convencionais sobre


desigualdade?
Os estudos sobre desigualdade ocorrem normalmente por meio de pesquisas
realizadas através de análise de cargas tributárias e renda domiciliar , porém tais
metodologias apresentam limitações e muitas vezes não representam o real cenário
da desigualdade presente na sociedade. A pesquisa domiciliar por exemplo
apresenta falhas ao subestimar o poder econômico dos mais ricos, levando em
consideração as análises do sociólogo Pedro Ferreira, esse tipo de pesquisa vai
contra a ideia de estudar as desigualdades do “topo”, visto que a concentração de
maior renda se encontra nas classes mais ricas do país. Outro ponto de limite
metodológico está no coeficiente de gini, usado mundialmente como base para
pesquisas sobre distribuição de renda, mas que apresenta inconsistências em
relação ao topo da pirâmide por não captar as riquezas totais produzidas nessa
camada. Thomas Piketty é um grande economista que diante das inconstâncias das
análises das desigualdades, ele mensurou as riquezas através dos dados
fornecidos pelas as declarações de renda com base em informações tributárias,
sendo possível ter uma noção mais estável sobre como a desigualdade no Brasil se
perpetuou.

3) Quais são as conexões entre desigualdade, democracia e ditadura? Dê


exemplos.
A ditadura militar no Brasil durou entrou os anos de 1964 a 1985, período que ficou
marcado pela a entrada do forte capital enstrangeiro no país, dando início ao um
momento da história conhecida como “milagre econômico” na qual houve um
crescimento do produto interno bruto como nunca visto antes junto do aumento de
multinacionais e estatais pelo o país. Porém, houve uma contradição marcante
nesse período, ao mesmo tempo desse super desenvolvimentismo, o Brasil
apresentava um dos maiores níveis de desigualdade na sua história, demonstrando
que toda a riqueza desse período ficou concentrada nas mãos da burguesia que
financiou grande parte do golpe militar de 64. Outro ponto que reflete a
desigualdade da época, foi o arrocho salarial, na qual os salários não eram mais
reajustados a partir do nível da inflação, sendo achatados drasticamente, afetando a
classe trabalhadora que diante um governo autoritário não tinha permissão de
exercer manifestações para reivindicar a melhoria de salários. Além disso, houve os
diversos cortes orçamentários em diversos setores essenciais para a população,
como a educação que foi sucateada, tendo as escolas de ensino público
desestatizadas e dando abertura para o ensino privado que abrange boa parte da
classe média, deixando as escolas públicas destinadas ao mais pobres, esquecidas
pelo o governo. Assim se caracterizou a desigualdade na ditadura militar, um
desenvolvimentismo à custa dos mais pobres, que teve a imprensa censurada pelos
os militares para esconder a corrupção do governo e os trabalhadores impedidos de
realizar manifestações por melhorias de salários, problemas que perduram até os
dias atuais que caíram sobre as costas da democracia.

4) Discuta, usando o carnaval pernambucano como exemplo, às relações entre


desigualdade e carnaval.
O carnaval é um período que marca grandes festas no Brasil, especialmente em
Pernambuco que tem como destaque os carnavais de Olinda e Recife, sendo um
dos mais prestigiados do mundo, tem como forte marca a diversidade e a garantia
de festa para “todos” . Entretanto, mesmo o Carnaval sendo um momento na qual
questões de vulnerabilidade socioeconômicas e todas as mazelas sociais que
pairam grande parte da população são esquecidas para dar espaço a folia, é
impossível não fazer um recorte das desigualdades que se apresentam durante as
festividades e que estão presentes durante todo ano, mas que ficam mais evidentes
durante o Carnaval. Podendo começar pela a organização por parte da prefeitura de
Recife durante os shows que ocorreram pela a cidade, onde muitos artistas locais e
que representam a periferia da cidade, foram tratados de forma desigual em relação
aos artista de fora, mostrando claramente um prestígio maior por parte da prefeitura
a artistas já renomados que tiveram direito a camarim e realização dos seus shows
por completo, enquanto artistas locais não tiveram a mesma oportunidade e tiveram
o tempo das suas apresentações reduzidos, sendo muito desses artistas essenciais
para o prefeito de Recife João Campos se conectar com a periferia de Recife, mas
que não tiveram o devido valor pelo o mesmo. Para além disso, podemos pensar a
desigualdade nos detalhes do Carnaval, como por exemplo a mobilidade dos
foliões, que boa parte ficava dependente do transporte público sucateado e com
superlotação, visto que a outra alternativa era os elevados preços dos transportes
por aplicativos que poucos poderiam ter o privilégio de pagar. Vale ressaltar também
a questão de moradia e o número de pedintes e pessoas em situação de rua que
agravam a realidade da desigualdade social, além de inúmeros trabalhadores que
não conseguiram ter o luxo de aproveitar o carnaval, visto que precisavam garantir
sua sobrevivência, como por exemplo a classe de catadores de latinha que usou do
carnaval como meio de garantir uma maior renda.

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