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Sara Carolyne Gomes Ramos

Fichamento dos textos preparatórios para a realização do


TCC, Texto “Justiça climática e eventos climáticos: o caso das
enchentes no Brasil”, Milanez e Fonseca

RONDONÓPOLIS MT
2024
Neste texto, Bruno Milanez e Igor Ferraz da Fonseca examinam o conceito de "justiça
climática" e sua conexão com eventos climáticos extremos, como inundações, no Brasil. Eles
salientam que as consequências das mudanças climáticas afetam diferentes grupos sociais de
maneira desigual, e sustentam que o discurso sobre justiça ambiental ainda não foi consolidado
no país.
O texto inicia apresentando a noção de justiça climática como uma extensão da noção
de justiça ambiental, enfatizando que os impactos das mudanças climáticas não são igualmente
distribuídos entre as pessoas. Os eventos como a desertificação, as chuvas intensas e o aumento
do nível do mar são citados como exemplo de injustiça climática. Os escritores explicam a
origem do movimento por justiça ambiental nos Estados Unidos, que se relaciona com questões
raciais e étnicas, e como se expandiu para discutir a localização de empreendimentos
poluidores e a distribuição desigual de perigos ambientais. No Brasil, o movimento começou
mais tarde, em 1998, e terminou na criação da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA),
que tem como objetivo lidar com situações de injustiça ambiental e promover a troca de
experiências entre os grupos que lutam pelo bem-estar ambiental.
Os escritores analisam as inundações que ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro
nos anos de 2009 e 2010, a fim de verificar se o conceito de justiça climática foi levado em
conta na cobertura jornalística desses eventos. Chegam à conclusão de que, no Brasil, ainda
não houve uma clara ligação entre injustiça ambiental, eventos extremos e mudanças
climáticas. Os escritores sustentam que é crucial incluir o debate sobre justiça ambiental nas
demandas sociais das comunidades afetadas, uma vez que isso pode trazer benefícios tanto para
elas quanto para a sociedade brasileira como um todo.
A noção de justiça ambiental aborda a forma como as mudanças climáticas afetam
diferentes grupos sociais de forma desigual. Em outras palavras, algumas pessoas são mais
prejudicadas do que outras pelos efeitos das mudanças climáticas, como pude conversar com
o Professor Orientador do meu TCC, e ele exemplificou usando o meu caso, que venho de uma
cidade tipicamente de temperaturas amenas, sofro a 7 anos na cidade pois anda não me
acostumei e a falta de recursos financeiros não me permite ter um ar-condicionado na sala,
onde estudo e o computador se encontra inserido. Observa-se que grupos menos favorecidos
enfrentam mais desafios para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. É como se
estivéssemos em uma grande nave espacial chamada Terra. Nós, como "tripulantes" dessa
nave, compartilhamos os mesmos recursos e espaço limitado. Sendo assim, todos nós sofremos
os efeitos das mudanças climáticas. Contudo, algumas pessoas e grupos têm maior
vulnerabilidade a eventos como enchentes, secas prolongadas e variações nos preços dos
alimentos.
Os grupos mais vulneráveis são aqueles que apresentam condições precárias de acesso
à renda e aos serviços essenciais, como saúde, segurança e educação. Geralmente, eles sofrem
mais com eventos climáticos extremos e têm menos recursos para lidar com essas situações.
Além das diferenças entre os países, também há diferenças entre eles. Algumas pessoas são
mais suscetíveis às mudanças climáticas do que outras, especialmente aquelas localizadas na
América Latina, África e sul da Ásia. Isso se deve não somente às condições financeiras, como
a renda, mas também à habilidade dos governos em implementar medidas para lidar com esses
obstáculos. Os movimentos pela justiça ambiental buscam diminuir essa disparidade,
incentivando maneiras mais justas de lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Eles
questionam o sistema global de comércio e produção capitalista, que frequentemente não trata
de maneira justa e equitativa os desafios das mudanças climáticas.

A Percepção dos eventos climáticos extremos no Brasil: Uma Análise


Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado problemas climáticos extremos, como
enchentes e deslizamentos, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. Apesar de não ser possível
afirmar com certeza se esses eventos são decorrentes diretas das mudanças climáticas, há
previsões de que elas se tornarão mais frequentes e intensas nessas regiões.
A análise dos principais periódicos, como a Folha de S. Paulo e O Globo, revela que a
compreensão desses eventos e suas causas ainda não se conformou completamente com o
conceito de justiça ambiental no Brasil. Os jornais associaram, sobretudo, problemas de
engenharia e uso do solo às enchentes e deslizamentos, sem dar muita importância aos fatores
climáticos e às mudanças climáticas. Em São Paulo, por exemplo, houve mais referências a
questões de engenharia, enquanto no Rio de Janeiro a ocupação do solo foi o foco principal.
Em ambos os casos, foi dada pouca importância aos fatores climáticos e às mudanças
climáticas. Apesar de alguns textos terem abordado as mudanças climáticas e questões de
vulnerabilidade social, a frequência desse tema foi baixa. Isso indica que o conceito de justiça
climática, que considera a diferença na percepção e nos efeitos dos eventos climáticos, ainda
não foi completamente compreendido pela sociedade brasileira.

Possibilidades criadas pela incorporação do discurso da justiça climática


Apesar de não termos visto uma grande quantidade do conceito de justiça climática na
explicação dos eventos climáticos extremos no Brasil, há sinais de que esse modelo está sendo
adotado por alguns grupos específicos. Por exemplo, em 2010, a RBJA apresentou programas
de rádio sobre justiça ambiental e clima, e uma rede de instituições de pesquisa produziu um
relatório sobre a vulnerabilidade das megacidades brasileiras às mudanças climáticas, focando
na Região Metropolitana de São Paulo. Apesar de ainda ser um movimento inicial, é provável
que o debate sobre a justiça climática se aprofunde no Brasil nos anos seguintes. Neste cenário,
defendemos que os grupos afetados pelos eventos climáticos extremos devem incorporar a
doutrina da Justiça Climática em suas demandas. Isso poderia ter três implicações relevantes:
1. Fortalecimento do movimento internacional por justiça climática: Ao apresentar uma
perspectiva mais clara das mudanças climáticas, o discurso local pode aumentar o movimento
global por justiça climática. A segunda opção é a 2. De acordo com o peso das mudanças
climáticas na agenda política global, incorporar a questão da justiça climática pode aumentar
as chances de que as demandas dos grupos afetados sejam consideradas e atendidas.
Influenciando as decisões públicas: Ao incorporar o discurso da Justiça Climática, as políticas
públicas podem deixar de ser apenas paliativas e se tornar estruturantes para a diminuição da
vulnerabilidade e a adaptação às mudanças climáticas.

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