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Resposta a Gordon.

| Signs: Journal of Women in Culture and Society: Vol 15, No 4

Verão de 1990/ StGN9

As feministas, ambos, necessitam e produzem teoria, embora nem


sempre concordem com seus termos. Apesar da discordância
interminável, algumas coisas são claras: a teoria está, em última
análise, relacionada à prática, o feminismo acadêmico é político e as
%e feministas abordam e tentam mudar os significados normativos
de gênero em suas sociedades. Entre as historiadoras feministas,
Joan Kelly é exemplar porque, a serviço dos políticos, ela ofereceu
teorias: explicações especulativas, generalizadas e abstratas sobre as
mulheres na história. Kelly se via como participante de uma tradição
feminista de longa data que contestava visões sobre os significados
fixos da feminilidade, baseando-se amplamente em diversas
tradições filosóficas que usou como munição. As feministas , sugeriu
Kelly, desafiaram essas visões normativas analisando criticamente
como elas operavam e ofecendo novos tipos de conhecimento para
corrigi-los ou substituí-los. Seu confronto com as estruturas de poder
existentes era necessário e diretamente sobre epistemologia e
conceitualização,
É irônico, à luz desse legado, que algumas feministas
contemporâneas considerem resistentemente antitéticas as teorias
políticas que abordam explicitamente a epistemologia, significação
linguística e os processos por meio dos quais o conhecimento é
produzido e implementem seu poder e desigualdade, tanto
institucionalmente quanto subjetivamente. A resenha de Linda
Gordon sobre meu livro é, em última análise, um exemplo desse tipo
de resistência. Reduz retoricamente as análises dos processos
cognitivos a “considerações psicanalíticas ou linguísticas” apolíticas
(em oposição a uma “teoria social e política” indefinida, mas
inquestionavelmente superior), e confunde significado (a maneira
como os humanos se contraem e expressam significado) com
“linguagem” que consiste, em seu uso, mas não no meu, em meras
“palavras”. No lugar de considerações sérias sobre novas teorias de
significação (algumas das quais estão sob a rúbrica de
pós-estruturalismo e muitas das quais são explicitamente políticas),
Gordon oferece caracterizações enganosas, entre elas que feministas
interessadas em tal teoria são elitistas e exclusivas, que elas não têm
preocupação com uma sociedade justa ou mudança social, e que seu
trabalho ignora o poder e mascara a desigualdade.
De onde vem essa resistência à teoria pós-estruturalista ? Por que
existe tal resistência em um momento da história do feminismo
quando - se quisermos formular novos tipos de estratégias políticas -
precisamos entender como, em toda a sua complexidade, as diferenças
coletivas e individuais são construídas, como, isto é, hierarquias e
desigualdades são produzidas?

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