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BIROLI, Flávia. Teorias feministas da Política, empiria e normatividade. In: Lua Nova,
São Paulo, 102: 173-210, 2017.
Resumo:
“Como as teorias feministas da política se situam no subcampo da teoria política, tendo como
referência o desenvolvimento da Ciência Política na segunda metade do século XX.”
- Pensamento elaborado por mulheres (excluídas e incluídas desigualmente da Pol. Inst.);
-Referenciado por um valor: igualdade de gênero;
-Objeto: Política Institucional, estruturas e relações de poder cotidianas;
-Problema: Sentidos e limites da política/ teoria e prática política (a partir posição de gênero);
-Temáticas: política, democracia e justiça (não é específica a agenda feminista/mulheres)
-Crítica: Concepções masculinas da política apresentadas como conhecimento “neutro”,
“imparcial” ou “isento”. Teoria política é teoria de gênero.
● Marginalidade das mulheres somada aos valores e práticas correntes no campo, que
com adesão ao “objetivismo” positivista produz obstáculos a maior incorporação dos
estudos de gênero comparativamente às demais disciplinas das ciências sociais. A
posição das mulheres não é específico versus universal (bem-comum), mas “é a base a
partir da qual as relações de gênero são trazidas à discussão, e política, democracia e
justiça são redefinidas em seus sentidos e fronteiras”.
Pesquisas feministas têm atenção central ao ponto de vista, à perspectiva e às conexões entre
produção teórica e as concepções da política que nelas emergem, com alguma relação às
políticas de presença no ambiente acadêmico.
Crítica de Fraser a Habermas: público e privado, classe burguesa como universal, deixando
fora da análise outras esferas e públicos e seus conflitos. A incorporação da posição relativa
das mulheres teria permitido um olhar mais aguçado para esse conflito, tanto quanto as
hierarquias na convergência entre gênero e classe.
● A recusa pode ser lida como estruturalmente ligada à posição dos homens como
atores políticos e produtores de conhecimento.
Textos precursores do feminismo, próximos de uma perspectiva da “inclusão”, no sentido
definido por Squires (não foram incorporados ao debate teórico fora da discussão de gênero):
-Mulheres em funções na vida pública (educação com apelo ao aperfeiçoamento como
companheiras e como mães) século XVIII
-Retirada da dimensão dos assuntos coletivos, tarefa da mulher é agradar
-Simone de Beauvoir, século XX: casamento como carreira, liberdade negativa, com
custo desigual material e simbolicamente. Socialização e experiências das mulheres.
Considerações finais
-Críticas feministas da política e lugar das teorias feministas na ciência política
-Relevância política das suas experiências
-Redefinição do empírico e normativo (dimensões do empírico que as informam)
-Fronteiras da política (púbico e privado)
-Teorias políticas são teorias de gênero
-Posição relativa das mulheres e suas experiências informam o universo das teorias
-Relações de poder na esfera doméstica e o caráter patriarcal da esfera pública.
-Produção teórica e ativismo/sujeito coletivo “mulheres” nas teorias e lutas políticas.
-Suspensão da perspectiva de gênero despolitiza a política
-Dimensão estruturante das relações de poder nas diferentes esferas da vida.
-”teorizamos muito e pouco nos preocupamos com o papel político da teorias”,
mesmo no campo que nasce da crítica a teorias que naturalizam exclusão e hierarquia.
-Escuta implica parcialidade e não a universalidade, enfrentamento e não recusa dos
conflitos políticos vivenciados em um dado contexto histórico.