Você está na página 1de 4

Nome: Ricardo Fernandes da Silva N°40 2°ano H

O filme 'Um grito de socorro', produzido na Holanda pelo diretor Dave Schram no ano de 2013
é, com toda certeza, uma das melhores obras para ser usada como base na hora iniciar
debates sobre um assunto tão complexo e delicado como o bullying.

Voltado para o gênero do drama, o filme visa reproduzir a situação estressante e perturbadora
que muitos jovens — e até adultos, em realidades pouco diferentes — passam através do
estudante europeu Jochem ( atuado por Stefan Collier ), um garoto antissocial com seu peso
consideravelmente acima da média e que, por essa característica notável, era uma constante
vítima de bullying e gordofobia por seus colegas de classe, que o perseguia com "brincadeiras"
truculentas em meio a situações completamente injustas, das quais o aluno não tinha a menor
chance de defesa.

E trazendo não só a perspectiva da vítima, o filme foca também em dar atenção para outros
diversos personagens que cercam Jochem; e em como apesar de não estarem sendo vítimas
das perseguições, ainda estão sim sendo diretamente afetados pelas mesmas. Uma mensagem
e uma crítica muito importante que o filme faz em relação as nossas atitudes negligentes
quando vemos alguém próximo precisando de nossa ajuda e não fazemos nada a respeito, que
consequentemente ira mais tarde tornar os problemas da pessoa ainda maiores e com real
potencial de nos afetar também; nos OBRIGANDO assim a tomar alguma atitude de ajuda para
que o problema do outro não vire de fato um problema para nós. Uma clássica situação que
todos nós já passamos pelo menos uma vez na vida e que, vem sempre e cada vez mais
confirmando a marcante frase do psiquiatra Carl Gustav Jung: "A pior coisa que você pode
fazer diante de um problema é ignora-lo".

Dando agora maior atenção para os personagens da trama, podemos começar com David

( atuado por Robin Boissevain ), um dos — se não o — personagem que melhor nos represente
em situações semelhantes às do filme.

Sendo ele apenas mais um entre as dezenas de colegas de classe de Jochem, durante muito
tempo na obra, o personagem age como um simples espectador comovido pela situação
extremamente difícil que o colega de classe passa.

É notável a sua vontade de intervir em toda a situação. Em ajudar seu colega e fazer algo para
que o mesmo se livre de toda aquela perseguição. Mas infelizmente, tentar intervir sem tornar
os problemas de Jochem também os seus é simplesmente impossível, pois qualquer mínima
interferência que ele causasse nos eventos, o levaria a ser também mais uma vítima de
bullying, e por isso, durante todo o filme, David fica apreensivo em realmente se envolver na
vida de Jochem, o impedindo de fazer algo realmente relevante pelo colega.
Já Vera ( atuada por Dorus Witte ), outra colega de classe de Jochem, agiu de forma contrária a
de David. Diferentemente dele que não tomava reais atitudes por medo de se envolver, Vera
foi a única pessoa que realmente defendeu Jochem de uma provocação que o aluno sofria; e
por isso, consequentemente e infelizmente virou também mais uma vítima de bullying do
grupo de jovens, que agora não paravam de dizer que ela estava apaixonada por Jochem.

Vera foi a personagem que mais se aproximou de Jochem e também a que mais o ajudou, não
necessariamente a lidar com o Bullying, mas o fazendo companhia e o incentivando a ter uma
alimentação mais saudável e regulada. Uma das pessoas mais presentes na vida de Jochem
naquele período e provavelmente também a que mais o ajudou.

Agora indo para um dos maiores responsáveis pelo trágico fim do personagem, não podemos
deixar citar Tino, seu professor de educação física, o único adulto realmente consciente das
perseguições e ataques que o aluno sofria e também o mesmo que em nenhum momento fez
algo para ajudá-lo; muito pelo contrário, ele chegava a cometer bullying junto dos alunos que
perseguiam o colega, e tinha em sua mente os ingênuos e clássicos pensamentos de: "é só
brincadeira" ou "isso não dá nada".

A personificação da negligência e da irresponsabilidade em forma de professor de educação


física que, foi com toda certeza, um dos maiores responsáveis pelo fim trágico do aluno que
ele poderia sim ter facilmente impedido se cumprisse seu papel de educador e corrigisse as
"brincadeiras" que faziam com o mesmo.

Falando agora sobre o maior, ou melhor, a maior responsável do todo o fim trágico: Sanne (
atuada por Charlotte Bakker ), a garota que mais prejudicou e também a que participou e
comandou todas as agressões, perseguições e provocações que Jochem sofreu. Uma garota
cruel que gosta de descontar toda a frustração que passa em sua casa, por cuidar de um pai
cadeirante que acaba ocupando grande parte do seu tempo, em Jochem, que não tem
absolutamente nada a ver com seus problemas ou com sua realidade.

Uma garota mesquinha que retrata muito bem pessoas injustas e infantis que não conseguem
separar o pessoal do social e acabam fazendo pessoas que não mereciam sofrer por coisas das
quais elas não tem absolutamente nada a ver. Uma personagem que traz também uma crítica
que mostra o possível caráter/personalidade que crianças podem desenvolver desde muito
cedo por serem obrigadas a lidar com grandes responsabilidades: um jovem extremamente
estressado e perturbado pela pressão de uma vida praticamente adulta na infância.

Agora indo para a última personagem, e também inegavelmente responsável pelo fim de
Jochem, temos sua mãe ( que não teve seu nome citado durante a obra, mas foi atuada por
Jessica Zeylmaker ), que não soube agir da forma correta perante a situação difícil que seu filho
passava.

Apenas mais uma que foi enganada pela clássica frase: "não é nada sério", e foi surpreendida
assim com todos quando o viu que o "nada sério" levou Jochem ao suicídio.

Uma mãe ausente que não tinha o hábito de conversar com seu filho e que, por isso, acabou o
perdendo sem ter a mínima noção do que ele realmente sofria ou estava passando. Outra
personagem que traz consigo uma forte crítica a pais que não acompanham a vida escolar de
seus filhos e que não conseguem desenvolver uma boa relação de confiança e receptividade
com os mesmos.

Personagens que representam muito bem pessoas em situações reais; personagens que
conseguem através da trama mostrar o quão complexo uma situação de Bullying pode ser,
mostrando tanto o lado das pessoas que não agem, quanto das pessoas que não levam a sério,
como das pessoas que não se abrem, das pessoas que descontam sua frustrações em terceiros
e muitas outras. Todas essas que em 99% dos casos estão presentes em situações de Bullying,
e claro, como sempre, às que não agem em predominância.

Como diria o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade: "Viver em sociedade requer
instinto de formiga, dentes de leão e habilidade camaleônica", e realmente, cada vez mais as
pessoas tem se tornado indiferentes em relação ao sofrimento do próximo; tem cada vez mais
optado por estarem neutros diante de situações difíceis e delicadas; e tem também dado
prioridade para sua própria proteção, não se importando com quantos ficaram desprotegidos
por não serem fortes o suficiente para se protegerem sozinhos; em um verdadeiro cada um
por si, um modo de pensar absolutamente inapropriado quando se considera o fato de
vivermos em SOCIEDADE, em constante cooperação um com o outro.

Precisamos ser mais solidários e não podemos deixar que uma cultura hostil e se torne comum
em nosso dia a dia e nos diversos meios e ambientes em que estamos inseridos. Novamente,
vivemos em sociedade, e como sociedade devemos estar juntos cooperando uns com os
outros, e não indiferentes, principalmente em situações em que alguém esteja sofrendo ou
sendo prejudicado injustamente.

A moral e a ética nós da o concepção do quê é certo e errado, e quando vemos alguém
praticando o errado, mesmo que as ações do indivíduo não esteja nos prejudicando,
precisamos agir e corrigi-lo, pois, se vemos o errado e não fazemos nada para impedi-lo, ele
passa a ser algo comum e aceitável, e sem saber, começamos a cultivar uma cultura
autodestrutiva que nos levará a ruína, seja isso cedo ou tarde, mas com um fim previsível e
inevitável se a negligência e o egoísmo continuarem a reinar em nossa sociedade, que no fim,
fará situações como a Jochem serem cada vez mais comuns.

Você também pode gostar