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Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde

Estética

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 1


SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................................ 4
Objetivos desta apostila .............................................................................................. 5

Por que, o que e como documentar ............................................................................... 6


A Importância da Documentação ............................................................................... 7
O que e como documentar: Jornada do Consumidor ............................................... 7
Avaliação Estética ........................................................................................................ 8
Ficha de Anamnese .................................................................................................. 8
Ficha de Avaliação Estética Corporal...................................................................... 9
Ficha de Avaliação Estética Facial ........................................................................ 11
Ficha de Avaliação Estética em geral .................................................................... 13
Ficha de Avaliação da Tatuagem .......................................................................... 15
Ficha de Avaliação para Epilação a Laser ............................................................. 16
Fechamento da Compra ............................................................................................ 18
Contrato de Prestação de Serviços ....................................................................... 18
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................................... 19
Previna-se de Insatisfações! .................................................................................. 19
Início do Tratamento ................................................................................................. 20
Fotografia Inicial (Antes) ....................................................................................... 20
Termo de Autorização do Uso de Imagem ........................................................... 20
Ficha de Avaliação Antropométrica ...................................................................... 21
Durante o Tratamento ............................................................................................... 21
Ficha de Tratamento ............................................................................................. 21
Ficha de Acompanhamento e Relatos do Cliente ................................................ 22
Fim do Tratamento .................................................................................................... 22
Fotografia Final (Depois) ....................................................................................... 22
Apresentação para o Cliente ................................................................................. 23

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Documentação Fotográfica ........................................................................................... 24
Fotografia: Orientações e Dicas Práticas .................................................................. 25
Requisitos para uma excelente fotografia................................................................ 26
Câmera Fotográfica ................................................................................................... 27
Curiosidade: como surgiu e como funciona a câmera fotográfica ..................... 27
Câmera Digital para Documentação Fotográfica na Estética ............................. 37
Fundo da fotografia ................................................................................................... 39
Dica de como adequar o fundo ............................................................................. 40
Iluminação ................................................................................................................. 43
Tipos de Ponto de Iluminação .............................................................................. 44
Enquadramento ......................................................................................................... 47
Altura e ângulo da câmera .................................................................................... 47
Distância do fotógrafo em relação ao cliente x Uso do Zoom ............................. 50
Algumas dicas para melhores fotografias ................................................................ 54
Dicas para Fotos Corporais ................................................................................... 54
Dicas para Fotos Faciais ........................................................................................ 55
Dicas Gerais ............................................................................................................ 59
Considerações Finais ................................................................................................. 62

Referências bibliográficas ............................................................................................. 63

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Introdução

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OBJETIVOS DESTA APOSTILA
Nessa apostila, serão explorados tópicos de um assunto que é de
extrema importância para a consolidação e o profissionalismo de quem
deseja atuar na saúde estética: a documentação dos procedimentos.

Registrar os acontecimentos, acordos e a evolução do tratamento por


escrito e por meio de fotografias é essencial para mensurar resultados e
proteger a relação do profissional-cliente.

Sendo assim, o objetivo dessa apostila é orientar a respeito do que deve


ser documentado e, principalmente, de “como”, ou seja, a maneira
correta de acordo com os aspectos legais.

Bons estudos!

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Por que, o que e como documentar

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A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO
A documentação é um registro por escrito ou por foto dos fatos e acontecimentos
relacionados ao tratamento do cliente dentro da clínica.

Ela é importante porque, quando realizada de maneira correta, tem a função de:

− Proteger a relação que existe entre o profissional e o paciente/cliente como


em casos de desencontro de informação. Por exemplo: quando um cliente
afirma que não recebeu um procedimento ou que não percebeu resultados
com o tratamento – mas as medidas registradas e os documentos
preenchidos dizem o contrário;

− Acompanhar e mensurar resultados da evolução do tratamento;

− Se proteger da “indústria de indenizações indevidas”, pois sabemos que,


infelizmente, existem pessoas que adquirem produtos e serviços já com a
intenção de começar disputas na justiça e se beneficiar disso de maneira
ilegítima e desleal;

− Compartilhar suas conquistas terapêuticas com a comunidade científica em


eventos e congressos da área.

É sua responsabilidade e seu dever como profissional de saúde estética fazer a


documentação uma vez que o “produto” que você vende é a melhoria do aspecto do
corpo de outra pessoa. Como essa métrica é muito subjetiva, são os dados
registrados e as fotos que vão te possibilitar comprovar a evolução do tratamento.

O QUE E COMO DOCUMENTAR: JORNADA DO CONSUMIDOR


Para definir o que é relevante e que deve ser registrado para o futuro, basta pensar
na jornada do consumidor dentro da sua clínica que vai desde o momento em que ele
pensa em fazer tratamentos estéticos até o momento em que ele finaliza um
tratamento em sua clínica. Veja abaixo uma representação gráfica das etapas
presentes na jornada do consumidor de uma clínica de estética.

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AVALIAÇÃO ESTÉTICA
Essa fase é o primeiro contato presencial entre você, profissional, e o cliente. É aqui
que você irá conhecer o cliente, suas queixas estéticas e suas necessidades.

Considerando os serviços que você oferece em sua clínica e que podem resolver os
problemas estéticos do cliente, esse é o momento de registrar por escrito em fichas
os dados de histórico do cliente e áreas a serem tratadas por exemplo.

São documentos dessa fase:


• Ficha de Anamnese;
• Ficha de Avaliação Estética Corporal;
• Ficha de Avaliação Estética Facial;
• Ficha de Avaliação de Tatuagem;
• Ficha de Avaliação para Epilação a Laser.

Ficha de Anamnese
É um documento com informações do cliente que devem ser colhidas na anamnese
independentemente do foco terapêutico do tratamento (corporal, facial, remoção
de tatuagem, depilação a laser etc.).

Você deve ter em mente que esse é o momento para você conhecer mais a fundo
sobre o histórico de saúde do seu cliente bem como seu estilo de vida e hábitos
alimentares.

Essas informações são importantes porque vão dizer muito a respeito do


comportamento e do passado do seu cliente além de te dar os primeiros indícios
sobre possíveis contraindicações que o cliente poderá vir a ter em relação a alguma
terapia.

São exemplos de perguntas desse documento:


• Tem algum problema de saúde?
• Faz uso de algum medicamento? Se sim, qual?
• Já passou por um procedimento cirúrgico? Se sim, qual foi essa cirurgia, qual
o motivo e há quanto tempo ela foi realizada?
• Faz atividade física?
• Como é seu consumo de água?
• Tem hábito de ingerir álcool?

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• Quais os grupos de alimento você mais gosta de comer?
• Aonde você realiza sua alimentação?
• Qual é a sua profissão? (Pensando no caso de profissões que demandam
muita exposição ao sol e o cliente está buscando tratamento para manchas,
por exemplo).

OBSERVAÇÃO
Geralmente, as Fichas de Anamnese e de Avaliação Estética (Corporal, Facial, para
Epilação ou Remoção de Tatuagem) estão em um mesmo documento.

O campo de anamnese costuma ser padrão para todas as disfunções a serem


tratadas. O que vai mudar de uma para outra é a inserção de perguntas mais
específicas dependendo do objetivo de tratamento.

Então, vai de sua escolha manter tudo em fichas únicas como Ficha de Anamnese e
Avaliação Estética Corporal ou Ficha de Anamnese e Avaliação para Epilação a Laser;
ou fazer documentos separados como Ficha de Anamnese e Ficha de Avaliação
Estética Corporal.

O que jamais pode faltar em nenhuma delas é o campo de declaração de não


omissão de informação, que será abordado mais a frente.

Por ser documento com caráter legal, deverá conter a assinatura do avaliador e do
cliente além de não poder haver rasuras.

Ficha de Avaliação Estética Corporal


Agora que você já conhece bastante sobre o background do seu cliente, é momento
de entender o que levou o cliente a sua clínica. Ou seja, ouvir o que está lhe
incomodando em seu corpo e que ele deseja mudar.

Portanto, com a Ficha de Avaliação Estética Corporal, você vai:

− Entender com qual objetivo o cliente procurou os seus serviços de saúde


estética;

− Identificar quais são as queixas estéticas que ele apresenta e que lhe
incomodam como gordura no abdome, celulite nas pernas, flacidez no
“tchauzinho” ou estrias nos seios por exemplo;

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− Obter dados de exames físicos como peso, IMC, percentual de gordura, entre
outros;

− Investigar se o cliente já fez tratamentos anteriormente para a disfunção


sejam eles estéticos não invasivos ou uso de fármacos por exemplo;

− Conhecer as individualidades de cada cliente sobre o funcionamento do seu


organismo bem como sua relação com o surgimento da disfunção que ele
deseja tratar.

Registrando essas informações, você terá um cenário rico para pensar e desenhar
uma estratégia de tratamento efetiva para indicar ao seu potencial cliente.

Além disso, você irá deixar documentado o estado inicial do cliente quando ele te
procurou antes de começar o tratamento.

DICAS E ALINHAMENTO DE EXPECTATIVA


No caso de pessoas que desejam tratar da disfunção estética gordura, é interessante
acrescentar na Ficha de Avaliação Estética Corporal um campo para colher
informações a respeito do histórico do aumento de peso e comportamento
alimentar. São perguntas como:
• Faz ingestão de alimentos com alto índice glicêmico?
• Como é o fracionamento de sua alimentação?
• Já usou fármacos para auxiliar no controle do excesso de peso?
• Você costuma ter ansiedade?

Esses questionamentos são cruciais uma vez que influenciam diretamente na


disfunção a ser tratada.

Outro ponto importante sobre a coleta de informações e a documentação dessas de


forma adequada no momento de avaliação é alinhar expectativas.

Pode ser que você receba em sua clínica uma pessoa que está sobrepesa há 10 anos
e que, depois de ver uma divulgação de um serviço seu em suas redes sociais, ela
acredita que vai reduzir medidas milagrosamente em 4 semanas com apenas uma
sessão do tratamento.

Conhecer seu histórico do aumento do peso e entender como seu organismo se


relaciona com a disfunção a ser tratada capacitam você a indicar uma estratégia de
tratamento que seja conivente com a real necessidade dessa pessoa.

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Em outras palavras, significa que você deve ser ético e alinhar as expectativas dessa
pessoa, dizendo para ela que uma única sessão talvez não seja suficiente para o
resultado que ela espera alcançar e apresentar outras alternativas.

Ficha de Avaliação Estética Facial


Assim como a Ficha de Avaliação Estética Corporal, a Ficha de Avaliação Estética
Facial tem o intuito de coletar e registrar informações pertinentes ao tratamento de
disfunções estéticas faciais como envelhecimento precoce, manchas de pele, rugas e
linhas de expressão, acne, cicatriz de acne, entre outros.

São informações específicas desse documento:

• Avaliação de fototipo da pele do cliente que pode ser calculado por meio da
Avaliação de Fitzpatrick por exemplo;

Tabela de Classificação de Fitzpatrick. Fonte: (SUZUKI et al, 2011)

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• Avaliação de sinais de envelhecimento como a Escala de Glogau;

Tabela da Escala de Glogau.

• Histórico de tratamentos antecedentes e do uso de fármacos que o cliente já


fez na face anteriormente;

• Histórico de recuperação da pele. No caso de tratamentos faciais, é


importante saber se o cliente possui histórico de cicatrização hipertrófica,
queloide ou hiperpigmentação pós-inflamatória.

Se você for lançar mão de estratégias terapêuticas como laser de alta


potência, microagulhamento ou qualquer estratégia que por ventura irá
causar pequenas lesões na epiderme com objetivo de estimular o processo
de recuperação dessa pele, é preciso conhecer o histórico desse cliente
previamente. Isso porque essa estratégia de tratamento pode não ser a
melhor opção uma vez que ela pode desencadear um resultado adverso
inesperado.

Por exemplo: ao invés do cliente se livrar de uma cicatriz de acne, há melhora


na sua textura de pele, mas acaba ficando uma mancha muito grande na área
aonde a textura de pele foi recuperada uma vez que o cliente possuía um
histórico de hiperpigmentação pós-inflamatória.

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Ficha de Avaliação Estética em geral

Algumas outras informações que são bem-vindas no documento de Avaliação,


independentemente do objetivo de tratamento, são:

• Demarcação da área a ser tratada de forma bem definida e visual por


meio de figuras de um rosto ou de um corpo onde o profissional desenha “x”
na região que será tratada conforme representado nas imagens abaixo;

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• Descrição completa de todas as sessões indicadas. Aqui, tais sessões
devem ser registradas da mesma maneira que serão descritas no Contrato de
Prestação de Serviços posteriormente.

• Registro do foco do tratamento comprado. Essa informação é


extremamente importante porque um cliente pode apresentar gordura
localizada com celulite e flacidez associada, mas optar por tratar
primeiramente da gordura uma vez que não tem o capital total para investir
em um tratamento mais completo. Nesse caso, o profissional deve deixar
claro que a cliente possui as três disfunções, mas que o tratamento que ela
está comprando tem o objetivo de tratar da gordura especificamente.
Descrever qual será o foco do tratamento é um dado valioso para proteger o
profissional caso o cliente fique insatisfeito no futuro e deseja mover ações
legais contra a clínica informando que não obteve o resultado esperado
contra a celulite, a flacidez e a gordura – mesmo comprando um tratamento
com foco na gordura;

• Campo de declaração de não-omissão seguido da localização, data e


assinaturas da avaliadora e do cliente. Ao assinar esse campo, o cliente
afirma que disse tudo a respeito de sua saúde e assume a responsabilidade
de ter sido verdadeiro ao passar as informações na avaliação. Esse campo é
importante principalmente para proteger o profissional em caso de possíveis
efeitos adversos que o cliente possa vir a ter em seu tratamento por ter um
problema de saúde que é contraindicação para certa terapia e não ter falado
sobre isso – ou até mentido – na avaliação, por exemplo. Veja abaixo um
exemplo desse campo que deve estar no fim da ficha.

Fulano de Tal da Silva Costa

São Paulo 20 março 2018

Maria Alice Ferreira Fulano de Tal

CUIDADO COM RASURAS


Por serem documentos com validade legal, todas as fichas – quaisquer que elas
sejam – não podem possuir, em hipótese alguma, rasuras ou trechos rasurados.

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Ficha de Avaliação da Tatuagem
A remoção de tatuagens também é um serviço que poderá ser oferecido em clínicas
de saúde estética. E, caso você opte por oferecer esse serviço, é importante ter um
documento especial para ele: a Ficha de Avaliação da Tatuagem.

Além das informações básicas da anamnese sobre o histórico de saúde e estilo de


vida do cliente, as informações que devem estar contidas nessa ficha são:

• Local da tatuagem no corpo do cliente;

• Tamanho da tatuagem a ser removida;

• Há quanto tempo o cliente fez essa tatuagem;

• Verificação da qualidade e da coloração do pigmento da tinta da tatuagem;

• Avaliação do fototipo da pele do cliente (Avaliação de Fitzpatrick);

• Demarcação de forma visual o local da tatuagem que será removida


conforme representação abaixo;

• A quantidade mínima de sessões necessárias para remover a tatuagem da


área escolhida pelo o cliente – caso ele tenha mais de uma e não tenha
capital para investir ou não deseja remover todas;

• Declaração de não-omissão de informação seguido da localização, data e


assinaturas da avaliadora e do cliente.
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Ficha de Avaliação para Epilação a Laser
Por fim, um outro tipo de serviço que tem conquistado bastante espaço nas clínicas
de estética, apesar de estar mais voltado para a higiene e a beleza do que a estética
em si, é a epilação a laser.

Na avaliação para tratamentos de epilação a laser, o documento segue o mesmo


modelo de Anamnese e de Avaliação Estética em Geral acrescido de informações
específicas do tratamento de epilação a laser como:

• Informações sobre a saúde do cliente que podem ser contraindicações ao


tratamento, como:
▪ Tem ou já teve câncer?
▪ Herpes?
▪ Tem queloides?
▪ Alteração na cicatrização?
▪ Fez uso de retinóides tópicos 3 dias antes ou isotreitinoína por 4
meses antes da aplicação?
▪ Apresenta bronzeamento na região a ser epilada?
▪ Está amamentando ou teve bebê há menos de 8 semanas?
▪ Possui doenças endocrinológicas e/ou ginecológicas que levam à
distúrbios de crescimento de pelos?
▪ Possui doenças dermatológicas ou autoimune (vitiligo, psoríase, lúpus
etc.)?

• Fototipo da pele do cliente (Avaliação de Fitzpatrick);

• Características do pelo como coloração e espessura;

• Descrição da quantidade de sessões indicadas para a remoção dos pelos na


região escolhida pelo cliente;

• Demarcação das áreas a serem tratadas de forma bem definida e visual.


Nesse caso, recomenda-se ter uma ficha para mulheres e outra para homens
uma vez que as regiões de epilação entre eles é bastante divergente. Veja na
próxima página um exemplo de figuras feminina e masculina;

• Declaração de não-omissão de informação seguido da localização, data e


assinaturas da avaliadora e do cliente;

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EXEMPLO DE FIGURAS PARA DERMARCAÇÃO DA ÁREA A SER EPILADA

• Modelo feminino:

• Modelo masculino:

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FECHAMENTO DA COMPRA
Depois da avaliação, o cliente sentiu segurança em seu trabalho, se interessou pelo
seus serviços e decidiu compra-los. É a hora da venda! E também de agendar as
próximas sessões e coletar algumas informações importantes a nível jurídico.

São documentos dessa fase:


• Contrato de Prestação de Serviços;
• Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos procedimentos que o
cliente irá realizar na sua clínica.

Contrato de Prestação de Serviços


É um documento no qual você, como profissional, se compromete em realizar todas
as sessões pelas quais o cliente está te contratando. São informações colhidas nesse
documento:

• Seus dados cadastrais de profissional autônomo ou da empresa para qual


você estará trabalhando como Razão Social, Endereço, CNPJ, Dados para
Contato;

• Todos os dados cadastrais dos clientes como Nome Completo, Endereço, RG,
CPF, Data de Nascimento, Telefone e E-mail de Contato;

• Descrição de todas as sessões que o cliente irá realizar. Lembrando que elas
devem estar descritas do mesmo modo em que foram nas fichas de
avaliação;

• Normas da empresa na qual o cliente deverá concordar como Tolerância a


Atrasos, Faltas Sem Aviso Prévio, Saldo Restante de Sessões, Política de
Cancelamento e de Reembolso, entre outros.

É muito importante que o contrato seja lido e compreendido pelo cliente na sua
frente para que ele possa tirar dúvidas e não possa dizer, em alguma possível
disputa jurídica no futuro, que foi “coagido” a assinar ou que assinou sem ler.

Por isso, uma dica é criar um ambiente leve e acolhedor para ler o contrato junto
com o cliente, onde ele se sinta à vontade para questionar e dialogar.

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Um documento importantíssimo e que respalda muito o profissional no contexto
dos aspectos legais é o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Ele é um documento que apresenta e explica todos os riscos e complicações que um


determinado procedimento pode causar bem como suas contraindicações. Ao
assinar esse termo, o cliente declara compreender, estar ciente e aceitar tais riscos
de forma livre e por vontade própria.

Alguns procedimentos que exigem esse Termo são:


• Criolipólise;
• Laser de Alta Potência;
• Microagulhamento;
• Tratamentos em geral para estrias.

Sempre, ao aprender uma nova técnica e terapia ou ao adquirir um novo


equipamento, cabe ao profissional averiguar se essa técnica ou esse equipamento
exigem o documento de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

IMPORTANTE
O Termo também contém orientações e condutas obrigatórias que devem ser feitas
fora da clínica pelo cliente antes, durante e depois o procedimento em questão. Ao
assiná-lo, o cliente também se compromete em seguir essas orientações à risca e se
declara consciente dos riscos caso não as siga.

O cliente deve ter ciência de todas as possíveis reações que podem acontecer no
tratamento e assumir esses riscos, assinando o documento.

Previna-se de Insatisfações!
Evite desencontros de informações que levam ao não alinhamento de expectativas
do cliente e, possivelmente, a uma futura insatisfação dele.

Para isso:
− Faça uma avaliação profunda e minuciosa do cliente, prestando sempre
atenção ao que ele diz e se queixa;
− Preencha corretamente todos os documentos;
− Registre a expectativa de resultado do cliente previamente;
− Explique para o cliente todas as orientações necessárias bem como quais são
o objetivo e a importância de cada documento que ele irá preencher.

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INÍCIO DO TRATAMENTO
É o primeiro retorno do cliente na clínica antes de começar as sessões de
procedimento em si. Nessa fase, é preciso coletar as informações que serão os
primeiros parâmetros da evolução do tratamento, como por exemplo:
• Fotografia inicial (antes);
• Termo de Autorização do Uso de Imagem;
• Ficha de Avaliação Antropométrica.

Fotografia Inicial (Antes)


É a documentação fotográfica das características visuais da queixa estética a ser
tratada como por exemplo:

• Se há presença de lesões, alterações de textura ou hiperpigmentação na face


no caso de tratamentos faciais;

• Qual é o tamanho da área do tecido adiposo que incomoda o cliente;

• Qual é o grau da celulite na região a ser tratada.

Esse tópico será abordado mais a frente uma vez que o próximo capítulo foi 100%
dedicado à documentação fotográfica bem como à maneira adequada de realiza-la
dentro dos aspectos legais e científicos.

Termo de Autorização do Uso de Imagem


Trata-se de um documento em que o cliente autoriza a utilização de suas imagens
captadas para registro da evolução do tratamento e para divulgação em congressos
científicos.

Esse termo contém:

• Dados cadastrais do cliente fotografado e da empresa que está fotografando;

• Explicitação da finalidade do uso das imagens que, nesse caso, é para


registro da evolução de tratamento e/ou compartilhamento de
conhecimento em determinado evento científico.

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Ficha de Avaliação Antropométrica
No caso de tratamentos corporais, é nesse momento que algumas informações para
mensuração devem ser registradas na Ficha de Avaliação Antropométrica. Por
exemplo:

• Medidas corporais em centímetros de áreas como cintura, umbigo, abdome,


quadril, culote, entre outros dependendo do foco do tratamento;

• Composição corporal, peso, altura, IMC, relação cintura-quadril, percentual


de gordura e medidas do adipômetro.

DURANTE O TRATAMENTO
É o momento da prestação do serviço em si e compreende todas as sessões que o
cliente realiza durante o tratamento.

São documentos desse período:


• Ficha de Tratamento com as sessões executadas + assinaturas da técnica que
executou e do cliente que recebeu;
• Ficha de Acompanhamento e Relato do Cliente.

Ficha de Tratamento
Trata-se de um documento físico que tem a função de “dar baixa no estoque das
sessões”. Em outras palavras, essa ficha é a que irá comprovar que o tratamento
comprado pelo cliente foi executado por determinado profissional em tal data.

Ela deve conter:

• Descritivo claro de cada procedimento executado pelo profissional no cliente


com as mesmas palavras utilizadas no Contrato de Prestação de Serviço;

• Assinaturas do cliente e do profissional executor coletadas por data e por


cada procedimento executado;

Assim como todos os documentos, a Ficha de Tratamento não deve conter rasuras
para ter validade legal.

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Ficha de Acompanhamento e Relatos do Cliente
É um documento em forma de relatório com data e assinaturas do cliente e do
profissional que contém observações importantes sobre o cliente e seu tratamento,
como:

• Se o cliente apresentou dor ou intolerância ao realizar determinada terapia;

• Se o cliente deixou de fazer alguma orientação dada pelo Termo de


Consentimento;

• Se o cliente apresentou alguma insatisfação, satisfação, queixa sobre


melhora ou sobre a ausência de resultado, intercorrências no procedimento,
reações adversas ou dúvidas durante a sessão.

A Ficha de Acompanhamento e Relatos do Cliente não é obrigatória, mas é uma dica


valiosíssima para quem deseja clientes mais satisfeitos e que percebem todo
cuidado e profissionalismo da clínica ao lidar com a saúde das pessoas.

FIM DO TRATAMENTO
Depois da última sessão do cliente, é hora de apresentar os resultados que ele
obteve, fidelizando-o e gerando uma possível renovação de contrato com o
profissional por meio da compra de mais sessões ou de um novo tratamento.

São documentos dessa fase:


• Fotografias finais (Depois);
• Apresentação entregue ao cliente para comparar, analisar e arquivar os
resultados.

Fotografia Final (Depois)


É a documentação fotográfica realizada ao fim do tratamento para ser comparada
com as fotografias tiradas antes do tratamento.

Lembrando que no próximo capítulo, serão abordados com profundidade todos os


tópicos sobre fotografia.

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Apresentação para o Cliente
Outra dica é entregar para o cliente um material que mostra toda a trajetória do
tratamento do cliente com suas fotos de “antes x depois”, medidas reduzidas e
resultados alcançados. Pode ser impresso ou enviado via e-mail conforme
preferência do cliente.

É importante que esse material seja lindo e que o cliente o mostre para seus amigos
e familiares como um memorial de vitória, um orgulho. Afinal, essa apresentação é a
consolidação do seu trabalho como profissional que será divulgado e indicado como
objeto de desejo, trazendo mais pessoas para a sua clínica.

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Documentação Fotográfica

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FOTOGRAFIA: ORIENTAÇÕES E DICAS PRÁTICAS

“Fotografar é escrever com a luz. É aprender a usar as cores, as


sombras e as luzes para definir forma, congelar o tempo e eternizar o
instante. É ser capaz de criar uma imagem para contar o que se viu,
como se viu e como o trabalho modificou o que se viu.”
LEITE, Francisco
in DE MAIO, Maurício: Tratado de Medicina Estética, 2011

A fotografia é escrita da luz e, por meio dela, podemos registrar informações visuais
a respeito de uma determinada circunstância e usar esses registros para análise e
comparação futura.

É nesse contexto em que surge a documentação fotográfica na Saúde Estética.


Fotografar o aspecto estético da região antes e depois do tratamento é uma maneira
de colher dados visuais que poderão ser estudados, analisados e comparados para
mensurar a evolução do tratamento e a melhora da disfunção estética em questão.

Além disso, documentar por meio de fotografias também é um importante aliado na


proteção da relação profissional-cliente conforme visto anteriormente.

Quando o tratamento atinge seus resultados propostos, uma boa fotografia


evidencia a evolução conquistada. Já uma má fotografia oferece uma visão
distorcida da realidade e, assim, é capaz de fazer com que seu cliente coloque em
prova toda a melhora conquistada com o tratamento – mesmo que as medidas
corporais mensuradas ou até as pessoas à sua volta digam o contrário.

Com objetivo de evitar tais desgastes e de auxiliar o profissional a ter uma padrão de
qualidade na hora de fotografar, nesse capítulo, vamos falar sobre orientações e
dicas práticas para se obter uma fotografia excelente e que esteja dentro do
padrão preconizado pela comunidade científica.

Atenção!
A construção desse capítulo foi baseada na referência principal, o livro Tratado de
Medicina Estética (Vol. 3) do organizador Dr. Maurício de Maio. E também na
consultoria com o fotógrafo Yan Milani pensando em uma maneira de apresentar de
modo adaptado, prático e didático conceitos, dicas e orientações para os
profissionais que estão começando a ter contato com a documentação fotográfica.

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REQUISITOS PARA UMA EXCELENTE FOTOGRAFIA
Uma excelente fotografia está intimamente relacionada com um ambiente de foto
adequado, técnicas realizadas de maneira correta na hora de fotografar e,
principalmente, com a padronização das fotos.

A foto do “depois” deve ser tirada nos mesmos moldes de iluminação e


enquadramento da foto do “antes” para que seja garantida, assim, uma
documentação fotográfica de qualidade, fiel à realidade e eficaz para mensurar a
evolução do tratamento.

Assim, para se ter uma excelente fotografia dos seus clientes, é preciso cumprir
alguns requisitos.

São eles:

− Possuir uma câmera fotográfica;

− Ter um fundo preto ou azul escuro no local da fotografia;

− Fornecer uma iluminação adequada e padronizada para a foto;

− Fazer um enquadramento bem feito e padronizado da parte do corpo que vai


ser fotografada;

− Prestar atenção ao posicionamento da pessoa e do profissional na hora da


foto.

Cada um desses requisitos será explorado individualmente nas próximas páginas.

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CÂMERA FOTOGRÁFICA
Curiosidade: como surgiu e como funciona a câmera fotográfica

“Ninguém inventou a fotografia. Pelo menos não uma pessoa específica, já que
foram muitos os que colaboraram para que hoje você possa sacar seu celular e
registrar momentos e lugares ao seu redor. Se o século 21 viu uma explosão
fotográfica – apenas o Instagram tem 500 milhões de usuários, gente que publica 95
milhões de fotos por dia – o século 19 viu o estabelecimento dela.

Para isso, diversos cientistas ajudaram a aperfeiçoar um princípio físico que já era
conhecido há milênios, mas que ainda não tinha um efeito prático na vida das
pessoas comuns: a câmara escura.

A CÂMARA ESCURA
Vamos do básico? A luz emitida pelo sol se propaga em linha reta até bater em uma
superfície qualquer – pode ser um móvel, um carro, um animal ou você. A câmara
escura nada mais é que uma caixa, com um pequeno buraco no meio e por onde os
raios de luz passam. E é aí que está a mágica que produz de tudo, de selfies a
imagens de guerra, acontece.

Se você deixar uma caixa de sapatos sem tampa, milhões de raios de luz serão
refletidos em diversos lugares dentro da caixa e como consequência nenhuma
imagem aparecerá no fundo dela – só um borrão de luz sem forma. Mas se você
fechar completamente a caixa, vedando a entrada de luz, e em seguida fizer um
pequeno buraco num dos lados dela, os raios de luz passarão somente por esse
orifício. Eles serão projetados no fundo da caixa, de forma invertida, formando uma
imagem nítida do ambiente que está na frente do buraco, que funciona mais ou
menos como a lente de uma câmera.

Representação de câmera escura. Fonte: Rafael Sette Câmara – 360 Meridianos.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 27


O princípio da câmara escura é tão antigo que chegou a ser citado por Aristóteles.
Outro filósofo, Platão, falou de algo parecido ao criar seu Mito da Caverna. Nos
séculos 14 e 15, a câmara escura começou a ser usada na pintura. Leonardo da Vinci,
entre muitos outros, usava uma câmara escura para pintar, aproveitando o auxílio
da imagem projetada no fundo da câmara.

Câmera escura sendo utilizada na pintura. Fonte: Rafael Sette Câmara – 360 Meridianos.

Quanto menor o furo da câmara, maior a nitidez da imagem. Bastava aumentá-lo


para que a imagem perdesse definição, o que era péssimo para os artistas. E furos
muito pequenos acabavam por gerar imagens escuras. Em 1550, Girolamo Cardano,
um pesquisador de Milão, resolveu colocar uma lente na frente do furo, resolvendo
esse problema.

O avanço seguinte veio de Veneza, em 1568, quando Daniele Bárbaro desenvolveu


uma forma de variar o tamanho do furo. Assim nasceu o primeiro diafragma. Cinco
anos mais tarde, dessa vez em Florença, veio o avanço seguinte quando Inácio Danti
acrescentou um espelho côncavo que invertia a imagem projetada, que agora não
aparecia mais de cabeça para baixo.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas faltava uma coisa fundamental: até ali o que
se tinha era apenas uma imagem projetada no fundo de uma caixa, mas ela não era
gravada em lugar nenhum. Era útil para artistas, que já tinham transformado a
câmera escura numa ferramenta portátil e indispensável de trabalho, mas, bem, o
produto final continuava sendo uma pintura feita com base numa projeção – não
havia fotografias.

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Artista utilizando câmera escura. Fonte: Rafael Sette Câmara – 360 Meridianos.

Isso só aconteceu mais tarde, quando a química entrou no jogo. Foram séculos de
pesquisas até que Joseph Nicéphore Niépce, um inventor francês, finalmente
conseguisse uma solução: ele cobriu uma placa de estanho com betume branco da
judeia. Colocou a placa dentro da câmara escura, fechou o equipamento, apontou
para o lado de fora da janela de casa e deixou que o tempo se encarregasse no resto.
Muito tempo: foram oito horas de exposição. Valeu o esforço, afinal assim ele
conseguiu reproduzir a imagem abaixo. E nascia o filme fotográfico.

Imagem considerada a primeira fotografia do mundo, produzida por Joseph Niépce (1826).
Fonte: Rafael Sette Câmara – 360 Meridianos.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 29


Os passos seguintes foram dados por outros nomes fundamentais da fotografia. Em
1839, Louis-Jacques-Mandé Daguerre apresentou ao mundo o primeiro objeto
disponível para fotografar, o daguerreotipo, que logo passou a ser comercializado
em todo o planeta. A primeira fotografia envolvendo pessoas foi feita por ele, em
1838, no Boulevard du Temple, em Paris.

A foto foi tirada de manhã e a exposição durou cerca de 10 minutos. Por isso,
somente uma pessoa que estava na rua – o homem parado no canto inferior
esquerdo, aparentemente para engraxar os sapatos – ficou registrado na imagem. As
outras pessoas, por estarem em movimento, não apareceram na foto.

Imagem de Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1838). Fonte: Rafael Sette Câmara – 360 Meridianos.

Na mesma época, no Reino Unido, William Henry Fox-Talbot também pesquisava o


assunto. Quando o equipamento de Daguerre foi anunciado, Talbot chegou a alegar
que já tinha alcançado resultados semelhantes, como mostra a imagem feita por
ele, de uma janela da Abadia de Locock Abbey, em 1835.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 30


Imagem de William Henry Fox-Talbot (1835). Fonte: Rafael Sette Câmara – 360 Meridianos.

Foi Talbot quem criou o processo de negativo e positivo na fotografia, chamado por
ele de calotipia. Isso era um diferencial, já que assim era possível a reprodução das
imagens em escala comercial – foi o nascimento dos cartões-postais.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 31


Muitos avanços vieram em seguida, com o surgimento das câmeras como nós
conhecemos hoje em dia, como as TLRs, telemétricas e das DSLRs, entre outras,
além da melhora nas lentes, filmes, e claro, do surgimento da fotografia digital, em
que o filme fotográfico foi substituído por um sensor. Mas, no fim das contas, toda a
base da fotografia está no princípio da câmara escura.

No fim, uma câmera fotográfica é uma câmara escura com um mecanismo para
controlar a entrada de luz (obturador), uma parte óptico (as lentes) e um material
para que a imagem reproduzida seja gravada (pode ser o filme químico ou o sensor
digital).”

Texto retirado de:


SETTE CÂMARA, R. Como funciona uma câmera fotográfica. 360 meridianos, 2017. Disponível em:
<https://www.360meridianos.com/2017/08/como-funciona-uma-camera-fotografica.html>. Acesso
em abril de 2018.

TIPOS DE CÂMERAS: ANALÓGICA X DIGITAL


Toda máquina fotográfica tem um mesmo funcionamento básico: trata-se de uma
câmara escura com um orifício. O que diferencia um tipo de máquina fotográfica de
outra é a sofisticação ou simplicidade com que desempenham sua função básica:
fazer com que a luz proveniente do objeto ou da cena que se deseja fotografar atinja
o filme ou sensor, formando nele uma imagem.

Na câmera fotográfica analógica, no lado oposto ao orifício, é colocado o filme que


contém uma substância química sensível a luz. Na confecção desses filmes
fotográficos são utilizados de sais de prata como o cloreto, o iodeto e
principalmente o brometo de prata. Esses grãos são depositados sobre uma
lâmpada de celulose (gelatina) que forma o surte do filme.

Quando a luz incide sobre o filme, sua energia é absorvida pelos grãos desses
compostos de maneira semelhante ao que ocorre com qualquer outro material
exposto a luz. A diferença é que a energia luminosa absorvida provoca a separação
de alguns grãos formando alguns pontos minúsculos de prata metálica – e
formando, assim, a imagem.

Com a procura de imagens cada vez mais nítidas sob as mais diversas condições tais
como luminosidade, distância em relação a máquina e tempo de duração do evento
que se deseja fotografar, por exemplo, as câmeras analógicas ganharam uma série
de dispositivos em sua estrutura.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 32


Dentre eles, podemos destacar:

− o visor que permite o enquadramento em tempo real do objeto ou da cena;

− o diafragma que possibilita controlar a quantidade de luz que deve atingir o


filme;

− a lente móvel que permite dirigir e concentrar a quantidade de luz que


passa pelo diafragma, produzindo imagens sempre nítidas para objetos
situados a diferentes distâncias;

− o obturador que, ao ser removido sob o controle do fotografo, determina o


tempo de interação da luz com o filme em um mecanismo que permite,
através de uma alavanca externa, deslocar de um carretel para outro dentro
da máquina de modo que a parte do filme já exposta à luz seja substituída
por outra ainda não exposta.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 33


Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 34
Já as câmeras digitais, possuem funcionamento muito similar ao das câmeras
analógicas. A principal diferença é que, após capturar e focalizar a imagem no
interior da câmera, seu armazenamento se dará por meio de um dispositivo
eletrônico, e não, o filme fotográfico.

Esse dispositivo, conhecido como CCD (Charge-Coupled Device), converte a


intensidade de luz que incide sobre ele em valores digitais armazenáveis na forma
de Bits (pontos) e Bytes (dados).

Existem dois tipos de CCD que podem ser utilizados em função da aplicação da
câmera.

O primeiro tipo é o CCD linear, que é nada mais que uma fileira com milhares de
elementos fotossensíveis que varrem a área onde a imagem se forma na câmera.
Dessa forma, captura uma coleção de linhas que formam a foto. As câmeras que
usam este tipo de CCD são usadas, em geral, em estúdios fotográficos para fotos
estáticas de alta definição. Não são câmeras indicadas para objetos em movimento,
e podem apresentar resultados ruins quando se utiliza iluminação piscante como
lâmpadas fluorescentes. Esse tipo de CCD captura 7000 x 7000 pontos.

O segundo tipo é o CCD do tipo Array que é uma matriz com milhares de elementos
fotossensíveis que capturam os pontos da imagem na câmera de uma vez só. Essa
técnica é quase equivalente a foto comum no tempo captura, mas normalmente
produz imagens de qualidade inferior às conseguidas com o CCD linear (em geral,
capturam 1000 x 1000 pontos). As câmeras que utilizam esse tipo de CCD são as mais
populares do mercado porque são mais acessíveis, de fácil uso e portabilidade.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 35


Podemos destacar também que, até o momento, não se produziu nenhum CCD que
reproduza a qualidade ou resoluções de imagem da fotografia comum, obtida pelo
filme fotográfico.

A imagem abaixo representa graficamente a diferença entre os CCD Linear e Array


das câmeras digitais de hoje.

Texto adaptado de:


UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Física à sua volta: câmera fotográfica. Física e Cidadania -
um projeto da UFJF, 2013. Disponível em: <http://www.ufjf.br/fisicaecidadania/conteudo/camera-
fotografica/>. Acesso em abril de 2018.

Documentários e Filmes
Saiba mais sobre a história e como funcionam as câmeras fotográficas analógicas e
digitais assistindo aos vídeos “A Arte e A Ciência da Fotografia – Documentário”, “A
História da Fotografia e o Documentário da Câmera” e “Como funciona uma câmera
fotográfica digital?”, que estão nas referências bibliográficas dessa apostila.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 36


Câmera Digital para Documentação Fotográfica na Estética
Agora que você conhece mais sobre como funciona a fotografia e a câmera digital, te
convidamos a pensar sobre qual seria a câmera ideal para você que irá fazer a
documentação fotográfica dos seus clientes.

Entre os modelos analógicos e digitais, sugerimos que você opte por câmera digitais.
Isso porque, apesar das analógicas entregarem um produto final com mais
qualidade, ela possui algumas características mais complexas como a necessidade
de revelar em laboratório as fotografias captadas – o que leva mais tempo – além de
ter custo mais elevado e ser um item de colecionador nos dias de hoje.

As câmeras digitais, por sua vez, são mais acessíveis, fáceis de serem manuseadas e
não exigem tempo de revelação uma vez que as fotos são entregues digitalmente no
momento em que são capturadas. Por esses fatores, as câmeras digitais são mais
recomendadas para a finalidade de documentação fotográfica em saúde estética.

No mercado das câmeras digitais hoje, existe uma vasta variedade de tipos de
câmeras com diversos valores e preços. Separamos abaixo quatro modelos que
podem ser adquiridos por você.

Câmeras compactas ou de bolso que são mais acessíveis e com qualidade entre
mediana e boa. Média de preço entre R$ 300 a R$ 700.

Câmera superzoom (com zoom óptico


acima de 30x) que já é mais superior do
que as câmeras de bolso e consegue
entregar fotos com mais detalhes e
melhor resolução. São popularmente
chamadas de semiprofissionais apesar
de não serem consideradas por não
possuírem sistema DSLR.

Média de preço entre R$ 800 a R$ 1200.


Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 37
Por fim, ao lado, temos um exemplo de
uma câmera semiprofissional DSLR.
Esse é o tipo mais avançado entre os
modelos apresentado anteriormente.
Entregam fotos de qualidade muito
superior e costumam ter lentes
cambiáveis, o que permite mais
controle da qualidade da foto em
diferentes situações.

Média de preço entre R$ 1600 a R$ 4000.

De um modo geral, é seguro dizer que a maioria das câmeras digitais do mercado
hoje que possuem acima de 12 megapixels e zoom óptico acima de 5x irá atender
bem ao que precisamos. O que vai ditar qual você deverá utilizar é sua capacidade
de investimento.

Se sua capacidade de investimento é baixa, uma sugestão é optar por modelos de


câmeras compactas mais avançadas ou superzoom por apresentarem fotos de
qualidade com custo-benefício interessante. Câmeras semiprofissionais DSLR são
muito superiores e vão entregar fotos excelentes, no entanto, seu custo é bem alto e
pode ser um investimento que não seja necessário em um primeiro momento.

Como vamos fotografar sem utilizar o flash e vamos utilizar o modo automático,
uma câmera dentro dos parâmetros sugeridos vai atender bem desde que o
ambiente seja adequado e a técnica seja correta na hora de fazer a fotografia.

Atenção!
Hoje em dia, os smartphones estão ficando com câmeras cada vez mais potentes. No
entanto, recomendamos que você evite utilizar celulares para fazer a documentação
fotográfica. Tanto porque a qualidade e a padronização das fotos ficam
comprometidas uma vez que eles ainda não possuem tecnologia tão avançadas
como as câmeras fotográficas em si quanto porque pode transmitir uma sensação
de despreparo ou falta de profissionalismo.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 38


FUNDO DA FOTOGRAFIA
Pensando no ambiente ideal para a fotografia, uma coisa que não pode faltar é o
fundo preto ou azul escuro. Inclusive, essa é uma das principais orientações
encontradas no livro, Tratado de Medicina Estética, sobre a documentação
fotográfica.

Mas qual é importância do fundo preto ou azul escuro?

Ele é importante porque seu objetivo é fazer com que o corpo fotografado seja o
único ponto de atenção, o foco da foto. Ele também oferece um contraste que
deixa mais perceptíveis as linhas do corpo, facilitando na visualização da evolução
do tratamento.

Ele deve ser:


• Neutro e de cores escuras como o preto ou o azul escuro que são capazes de
absorver a luz;
• De material não-refletor como tecido oxford ou de feltro, por exemplo.

Exemplo de sala com fundo de fotografia adequado. Nesse caso, foi colocado um tecido oxford preto.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 39


Dica de como adequar o fundo
Cobrir o fundo da parede para a documentação fotográfica é, na verdade, um
processo bem simples e barato. Abaixo está um passo-a-passo para servir de modelo
e orientação.

1. Meça a área da parede que será utilizada para ser o fundo da fotografia. É
recomendado que a parede seja coberta por completo para ter espaço de
folga na hora de fotografar.

2. Compre a quantidade de tecido suficiente para cobrir a parede. A conta é


bem simples: a quantidade de tecido que você vai precisar deve ter o
tamanho da área da parede a ser coberta + uma margem de segurança para a
bainha e a barra, que pode ser de 40 cm embaixo, 5 cm nas laterais e 20 cm
no topo. É provável que um único tecido não seja o suficiente uma vez que
ele costuma ser vendido com largura fixa e comprimento variável. Nesse
caso, basta comprar a quantidade necessária para a largura e para a altura e
pedir para uma costureira emendá-los.

3. Peça para uma costureira fazer bainha nas extremidades do tecido.


Recomenda-se que a parte de baixo do tecido possua uma barra grande de
no mínimo 20 cm para o tecido tenha peso e se estique naturalmente. Na
parte de cima, recomenda-se uma bainha de 10 cm para que os ilhoses não
rasguem o tecido ao ser pendurado. Depois disso, basta colocar os ilhoses na
parte superior do tecido com distância de aproximadamente 10 cm entre
cada uma. O resultado final deverá ficar como a imagem abaixo.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 40


4. Com o tecido pronto, marque na parede o lugar onde ele deverá ficar depois
de instalado. Marque com um lápis dentro dos furos. Essa será a referência
para colocar os parafusos.

5. Faça os furos na parede com o auxílio de uma furadeira. Uma dica: faça o
primeiro furo, insira o parafuso e coloque o tecido. Depois, estique-o de
modo que não fiquem dobras. Ao esticar, verifique se os pontos marcados
com o lápis anteriormente se coincidem. Se sim, siga fazendo os furos. Se
não, refaça as marcações e verifique novamente se está na posição que você
procura.

6. Depois de fazer os furos, insira as buchas e os parafusos nos buracos. Uma


sugestão é optar por parafusos do tipo gancho em L, pois veste melhor o
tecido na parede e fica visualmente mais discreto.

7. Por fim, para um acabamento melhor, cole na parede fitas adesivas dupla-
face em pontos estratégicos a fim de segurar o tecido e esticá-lo melhor.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 41


EXEMPLO COMPARATIVO
A fim de mostrar na prática a diferença que faz um fundo adequado na
documentação fotográfica, repare nas imagens abaixo.

Perceba como o impacto é muito mais positivo quando o fundo é escuro.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 42


ILUMINAÇÃO
Ainda sobre um ambiente adequado para a documentação fotográfica, a iluminação
é um fator muito importante. Fotografia é a escrita da luz. Então, sem uma luz
adequada, é mais difícil conseguir uma foto precisa e aceitável legalmente.

É a quantidade de luz do ambiente que vai permitir que uma foto seja melhor ou
não. Por isso, a iluminação deve ser padronizada e constante. Isso significa que a
quantidade de luz deve ser a mesma tanto nas fotos do “antes” quanto nas do
“depois”. Assim, é exigido um certo grau de controle de iluminação do ambiente
implícito em atitudes como:

− Não permitir a entrada de luz natural no ambiente.

− Utilizar dois pontos de iluminação. Eles devem estar posicionados com a


mesma distância e mesma angulação entre eles e o ponto a ser fotografado
conforme representado na imagem abaixo.

− Não utilizar flash uma vez que há a iluminação proveniente desses pontos.

Uma observação é que a parede deve ter no mínimo 1,5 metros para que o campo de
fotografia acomode com folga o cliente. Além disso, o cliente deve sempre estar a
distância de um passo da parede. Desse modo, serão evitadas distorções da imagem
e sombras que possam ser formadas de um lado ou de outro.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 43


Tipos de Ponto de Iluminação
Existe uma diversidade de equipamentos que atuam como ponto de iluminação. São
exemplos softboxes, difusores circulares, iluminadores com LED e até lâmpadas LED
em estruturas isoladas. O que vai definir qual é o melhor para você é a sua
capacidade de investimento bem como o espaço que você tem disponível na sala de
fotografia.

Independentemente de qual equipamento você utilize, é necessário que ele possua


um pano ou painel difusor de luz, que é esse revestimento branco colocado na
frente da lâmpada com a finalidade de suavizar a luz. Isso garante fotos melhores
porque uniformiza a quantidade de iluminação além de impedir que a luz incida
diretamente nos olhos, dificultando trabalhar com ela.

Dois softboxes com difusor atuando como pontos de iluminação.

DICA SOBRE A TEMPERATURA DA LUZ


Alguns equipamentos de iluminação já possuem lâmpadas embutidas. Outros como
é o caso do softbox não. Se o equipamento que você utiliza é de soquete e não
possui lâmpada embutidas, é recomendado que você opte por colocar em cada um
deles duas lâmpadas LED: uma mais fria (próximo de 6.000 K de temperatura) e
outra mais quente (próximo de 2.000 K).

Fazendo isso, você consegue entregar uma temperatura de luz diferenciada de


acordo com o tom de pele do cliente e regular a iluminação da foto.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 44


Se o tom de pele do cliente for mais escuro, a luz fria (coloração mais azulada) é
mais indicada. Se o tom de pele for mais claro, a luz quente (coloração mais
amarelada) é indicada. Tons de pele entre o meio termo podem ser fotografados
com as duas luzes juntas para se ter mais contraste e qualidade na fotografia.

Escala de temperatura da luz em Kelvin e seus tons de cores. Fonte: Startec.

EXEMPLO COMPARATIVO
Para perceber a diferença que uma boa iluminação faz na fotografia, selecionamos
duas fotos da mesma cliente, tratando a mesma região do corpo e com o fundo
preto em ambos casos.

Na figura abaixo, as cortinas da sala estavam abertas permitindo a entrada de luz


natural de forma descontrolada, os pontos de iluminação estavam desligados e a
única luz artificial foi a do teto da própria sala. O resultado pode ser visto abaixo.

Repare na existência das sombras na lateral do corpo e que o contraste entre o


corpo do cliente e o fundo da fotografia é mais suave, comprometendo a qualidade
da fotografia com finalidade analítica e comparativa.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 45


Agora, na imagem abaixo, temos a mesma pessoa em um ambiente de fotografia
adequado e devidamente controlado, sem a presença de luz natural e com os
pontos de iluminação ligados. Perceba como a qualidade da foto é superior, o
contraste obtido é maior e que as sombras desapareceram.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 46


ENQUADRAMENTO
Agora que já foram abordados todos os tópicos a respeito do ambiente e das
ferramentas necessárias para uma excelente fotografia, vamos falar sobre as
técnicas na hora de tirar fotos.

Essas técnicas e dicas são essenciais para que a fotografia saia de acordo com a
qualidade esperada.

Ao pensar em técnicas, pensamos em enquadramento.

O enquadramento é a ação de selecionar quais serão as partes do objeto a ser


fotografado que serão capturadas na imagem.

Para nós, um bom enquadramento está relacionado com três fatores:

− A altura da câmera em relação a parte fotografada;

− O ângulo da câmera em relação ao chão;

− A distância do fotógrafo em relação ao cliente e o uso do zoom.

Altura e ângulo da câmera


Na hora de fazer a documentação fotográfica corretamente, é preciso se atentar a
posição da câmera.

Em relação à altura da câmera, ela deve estar sempre na mesma altura do objeto
que está sendo fotografado enquanto o ângulo correto da câmera com o chão deve
ser sempre de 90º.

Para isso, basta você se agachar e posicionar a câmera na altura do abdome ou do


rosto, por exemplo, tomando cuidado para não abaixar ou levantar a câmera e
acabar distorcendo a imagem.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 47


Na imagem acima, perceba que a conduta está errada: o fotógrafo está em pé
fazendo a documentação fotográfica do abdome da modelo. Isso faz com que a
câmera fique apontada para baixo e a imagem captada fique destorcida e infiel à
realidade.

Agora, está correto: além de posicionar a câmera paralelamente ao chão com 90º de
ângulo (reto), o fotógrafo se abaixou na altura da parte do corpo que está sendo
fotografada, o que manteve a câmera na altura correta. As imagens captadas são
exatamente como a realidade.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 48


EXEMPLO COMPARATIVO
Fotos tiradas com a câmera de baixo para cima tendem a deixar a região fotografada
aumentada e maior.

Com a câmera de cima para baixo, a imagem é afinada.

Com a câmera reta, ou seja, fazendo um ângulo de 90º com o chão, é possível ter
uma visão mais real da área fotografada.

A imagem acima foi registrada com uma câmera na posição inadequada: o fotógrafo
estava em pé e apontando a câmera para baixo.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 49


Já nessa outra, a câmera estava na altura do objeto fotografado (flancos) e
posicionada paralelamente ao chão – reta.

Perceba que, na primeira foto, apesar de ser a mesma pessoa, fica a impressão de
que ela é mais magra e “afinada” na região dos flancos. Já na segunda, temos um
retrato bem fiel ao real da região da queixa estética da cliente.

Distância do fotógrafo em relação ao cliente x Uso do Zoom


Outro fator de extrema importância para fazer a documentação fotográfica é a
distância entre o fotógrafo e o objeto a ser fotografado, ou seja, entre o profissional
que está tirando a fotografia e a região do corpo do cliente que está em tratamento.

A distância adequada é de aproximadamente 1,5 m.

Isso significa que, para enquadrar corretamente o cliente, não devemos chegar perto
com a câmera muito próxima da região a ser fotografada conforme ilustrado na
imagem a seguir. Fazendo isso, a imagem irá sofrer uma distorção enorme e ficará
inválida para a finalidade de documentação.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 50


A maneira adequada de fazer o enquadramento evitando distorções na imagem é se
distanciar em aproximadamente 1,5 m do cliente e puxar um pouco de zoom da
câmera para enquadrar apenas a região em tratamento. A imagem abaixo ilustra
como deve ser esse processo quando executado corretamente.

Atenção!
O zoom que deverá ser utilizado é o zoom óptico ou mecânico e não o zoom digital.
Isso porque as lentes com capacidade de zoom óptico aproximam as imagens
através de um jogo de lentes internas da câmera digital. Em função disso, a imagem
resultante tem menos probabilidade de ser distorcida e tremida, ou seja, ela é
aproximada de maneira real.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 51


Já a máquina fotográfica com zoom digital processa a imagem em um software
interno, que simula a aproximação. Portanto é, na verdade, uma ampliação da
imagem e não uma aproximação. Com isso, as imagens perdem qualidade e
definição.

Exemplo entre o zoom óptico e o zoom


digital na captação de imagens. Fonte:
Cristyan Mannchen.

O zoom óptico e digital da câmera são delimitados no próprio display dela ao utilizar
o zoom, sendo indicados pelos limites:

Representação do tipo do zoom na câmera. Fonte: Cristyan Mannchen.

Uma dica: não se preocupe se a


imagem do visor da câmera
parecer sem qualidade ou
estranha. Como o display é feito
de LCD e é muito pequeno, a
quantidade de detalhes
percebida é menor e causa essa
sensação de imagem sem
qualidade. Para ver mais
detalhes e ampliar a foto, basta
abri-la no computador.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 52


EXEMPLO COMPARATIVO
Abaixo, estão duas fotografias que ilustram muito bem a relação existente entre
distância e zoom versus distorção.

Nas fotos faciais, é possível ter uma percepção mais fácil dessa relação porque o
rosto é a parte do corpo que mais distorce certo que tem muitas extremidades.

Apesar de ser a mesma pessoa, na


foto ao lado, que foi tirada com
distância inferior a 1,5 m, o nariz
parece muito maior enquanto as
orelhas são quase inexistentes.

Perceba como essa outra fotografia


é muito mais fiel à realidade e nos
permite enxergar muito mais
detalhes. Ela foi tirada respeitando
o limite mínimo de 1,5 m entre o
fotógrafo e o objeto a ser
fotografado. O zoom utilizado aqui
foi o zoom mecânico/óptico.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 53


ALGUMAS DICAS PARA MELHORES FOTOGRAFIAS
Chegando ao fim desse conteúdo sobre documentação fotográfica, queremos deixar
aqui mais algumas dicas e orientações para você tirar fotografias ainda melhores.

Dicas para Fotos Corporais


São elas:

− Atenção à postura! Ela é um fator essencial para boas fotografias. Peça


sempre para o cliente ficar com postura ereta e relaxar os músculos.

− Em casos de muita sombra mesmo com a iluminação ajustada, peça para o


cliente dar um passo à frente da parede. Além de evitar sombras, isso evita
também uma postura inadequada e, consequentemente, distorções da
realidade na imagem.

− Cuidado com os braços. Nas fotos corporais, os membros superiores devem


ficar sempre flexionados na altura da cabeça e jamais ao lado do corpo
conforme mostrado nas imagens abaixo.

− Para melhorar a estabilidade do cliente, peça para ele afastar um pouco os


pés. Isso garante mais sustentação e segurança além de menos movimentos
e tremores na hora de fotografar, facilitando o trabalho do fotógrafo.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 54


− Os ângulos que deverão ser capturados para a documentação vão variar de
acordo com o objetivo do tratamento. Geralmente, são: abdome (frente e
lados direito e esquerdo), flancos (costas e lados direito e esquerdo), culotes
(lados direito e esquerdo), pernas (lados direito e esquerdo) e coxas (lados
direito e esquerdo).

− Para maior padronização das fotografias, oriente o cliente a utilizar o mesmo


biquíni ou a mesma lingerie para as sessões de fotografia.

Dicas para Fotos Faciais


No caso de fotos faciais, algumas dicas são:

− Para maior conforto do cliente e estabilidade na hora da foto facial,


recomenda-se que o cliente esteja sentado semelhante ao mostrado na
imagem a seguir. É preferível que o banco não tenha encosto.

− Assim como nas fotos corporais, nas fotos faciais, é importante que o cliente
mantenha a postura adequada e ereta.

− Peça para o cliente relaxar a face, evitando expressões que distorcerão a


percepção da evolução do tratamento. Com exceção de tratamentos de
toxina botulínica, por exemplo, que é preciso mensurar e registrar as rugas de
expressão dinâmicas.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 55


− Geralmente, os ângulos fotografados em fotos faciais são 5, compreendidos
em:

a. Frontal

Foto frontal da face com alinhamento simultâneo em ambos os eixos:

- de flexão: linha infralobular-columela, representada pela linha amarela


na horizontal e que é o alinhamento entre a ponta dos lóbulos auriculares
e a columela;

- de rotação lateral: distância entre a linha do canto lateral do olho,


representada pela linha amarela na vertical, e a linha da têmpora
correspondente, representada pela linha vermelha na vertical.

Fonte: DE MAIO, 2011.

Apostila | Documentação Fotográfica e Aspectos Legais nos Procedimentos em Saúde Estética 56


b. Laterais esquerda e direita

Foto lateral esquerda da face com alinhamento em ambos os eixos:

- flexional: que, nesse caso, compreende a columela alinhada com o lóbulo


da orelha, representada pela linha amarela na horizontal;

- rotacional lateral: que, nesse caso, compreende a posição em que a ponta


do nariz do cliente tangencie seu zigoma, representada pela linha vermelha
na vertical. É importante que a ponta do nariz não ultrapasse a linha da
bochecha nas fotos laterais.

Fonte: DE MAIO, 2011.

Foto lateral direita da face do cliente.

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c. Perfis esquerdo e direito

Nas fotos de perfil, a face do cliente fica rotacionada de modo que o


queixo e a testa toquem no eixo representado na imagem acima pela
linha vertical vermelha. Dessa forma, é possível ter uma visual plana na
totalidade da face esquerda ou direita do cliente.

− Cabe ao profissional ajeitar o rosto do cliente de acordo com os ângulos que


devem ser capturados por meio de comandos claros e, até, do uso das mãos.
Lembrando que o acolhimento e o cuidado são essenciais. Por isso, ao dar
esses comandos, seja gentil e cordial, mantendo o cliente em uma situação
de conforto.

− Ao divulgar as fotografias em palestras e eventos científicos com prévia


autorização do cliente, é preciso tapar seus olhos com uma tarja preta ou
desfoque de modo a preservar sua identidade.

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Dicas Gerais
Por fim, algumas dicas que servem para qualquer tipo de fotografia são:

− Esteja atento à limpeza da lente.


Quando a lente está suja com marca de dedos, gordura ou poeira,
manchas e sombras são formadas na imagem comprometendo a sua
qualidade. Além disso, guardar a câmera suja e não manter esse hábito
de higienização reduz a vida útil do equipamento.
Para limpá-la, geralmente um pincel e uma flanela seca passados com
delicadeza na lente e no visor da câmera serão o suficiente. Se a sujeira
for mais pesada, flanelas levemente umedecidas em água ou até líquidos
apropriados para limpeza de lentes como “Limpa Telas” podem ser
utilizados. Atenção: é importante verificar no manual do equipamento ou
com o próprio fabricante a maneira mais adequada para se fazer a
limpeza uma vez que cada câmera possui especificações únicas e que
devem ser respeitadas.

− Utilize as linhas de grade da câmera.


Uma dica muito valiosa para melhor enquadramento é utilizar os grids ou
linhas de grade da câmera. Essas linhas dividem o campo de fotografia
em vários quadrantes, dando uma referência visual clara para posicionar
a região tratada. Os grids podem ser vistos na imagem abaixo.

Toda câmera possui esse recurso muito útil, que pode ser encontrado e
ativado no menu de configuração do equipamento.

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De uma forma geral, a parte que está sendo documentada na fotografia
deverá ficar centralizada dentro do quadrante do meio, conforme
representado nas imagens abaixo.

− Tome notas.
É recomendável que você anote os parâmetros utilizados na hora de fazer
a fotografia de cada cliente a fim de tentar reproduzi-los nas fotos finais,
garantindo maior padrão na documentação.

− Cuidado com itens que roubam o foco.


O objetivo principal da documentação é registrar a área que está em
tratamento. Por isso, qualquer elemento que desvie a atenção da foto
deve ser evitado. São eles: uso de maquiagem em fotos faciais, roupas ou
biquínis com cores e estampas muito chamativas, brincos e acessórios
em geral, dentre outros.

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− Uso de tripé.
O tripé é um equipamento utilizado para dar maior estabilidade e
controle de altura e ângulo para a fotografia. Ele não é um item
obrigatório na hora de fazer a foto se as técnicas de enquadramento
abordadas anteriormente forem seguidas de maneira correta. Entretanto,
se você se sentir mais seguro usando tripé, ele com certeza será muito
bem-vindo. Existem tripés de diferentes tipos e preços. O mais adequado
é aquele que possuir uma estabilidade firme, uma altura que te atenda e
um valor que caiba dentro do seu orçamento.

− Foto previamente esclarecida e consentida espontaneamente.


A respeito da captação da imagem, Leite nos lembra:

“O paciente não deve se sentir constrangido com as fotos. Deve-se sempre


explicar ao paciente sobre o valor delas, como benefício para ele mesmo,
bem como para lhe assegurar sua privacidade caso ele não deseje que
sejam mostradas para outras pessoas, mesmo outros médicos. Só então,
com uma autorização por escrito [Termo de Autorização do Uso de
Imagem], deve-se começar a fotografar.
Caso o paciente não autorize fotos, nem mesmo para fins exclusivos de seu
prontuário e documentação do caso, sem nenhuma divulgação para
terceiros, deve-se proceder à completa reavaliação de seu perfil
psicológico, pois se pode estar diante do prenúncio de problemas futuros.
Por outro lado, cuidado! Se ele se sentir pressionado a assinar algum termo
de consentimento de divulgação, poderá alegar isso em uma futura ação
jurídica, o que tornará esse ‘termo imposto’ sem valor.
Enfim, o consentimento deverá ser sempre esclarecido e espontâneo. Deve
estar explicitado em seus dizeres que ele (o paciente) não sofrerá qualquer
alteração no seu procedimento ou atendimento caso não concorde com sua
divulgação.”
LEITE, Francisco
in DE MAIO, Maurício: Tratado de Medicina Estética, 2011

− Armazenamento das fotos.


É muito importante cuidar do armazenamento das imagens captadas
com muito zelo. No caso de fotografias digitais, é interessante manter um
backup das imagens em um computador e também em um outro drive –
físico como pendrive ou virtual (em nuvem) como o Google Drive. Imagine
que infeliz acontecimento seria perder todas essas fotos devido a um
computador que estragou ou outros incidentes? Manter uma cópia desses
dados é extremamente importante.

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− Entrega das fotos.
Conforme abordado anteriormente, a entrega das fotos – e de todo os
dados que mostram a evolução do cliente – para ele é parte final e não
menos importante do processo de documentação. Reveja na página 23
orientações e dicas a respeito disso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
“O preço da perfeição é a prática constante.”
(Andrew Carnegie)

Por fim, a documentação dos procedimentos de acordo com os aspectos legais,


assim como todas as coisas da vida, é algo que poderá ser desafiador no começo,
mas, com a prática constante, você com certeza atingirá a excelência.

Além disso, adotar essa prática será extremamente benéfico e positivo uma vez que
ela vai te proporcionar muita credibilidade e profissionalismo perante aos seus
clientes e ao mercado no qual você irá se inserir – sem contar as inúmeras dores de
cabeça que você irá poupar.

Por isso, registre, analise e documente.

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Referências bibliográficas

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Arte e A Ciência da Fotografia – Documentário. São Paulo: COVEN PRODUÇÕES,
2015. 24 minutos. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=Pwrri5s7Xg8>. Acesso em abril de 2018.

A História da Fotografia e o Documentário da Câmera. History Channel. Estados


Unidos. 46 minutos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=vPP7xcTZpPY> . Acesso em abril de 2018.

“Como funciona uma câmera fotográfica digital?”. Professor Luiz Felipe. Brasil: 2015.
6 minutos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=l2SNEPt5l5w> .
Acesso em abril de 2018.

DE MAIO, M. Tratado de Medicina Estética. Vol 3. 2 ed. São Paulo: Roca, 2011.

SETTE CÂMARA, R. Como funciona uma câmera fotográfica. 360 meridianos, 2017.
Disponível em: <https://www.360meridianos.com/2017/08/como-funciona-uma-
camera-fotografica.html>. Acesso em abril de 2018.

SOVINSKI, S. R. P. et al . Avaliação estética da face em indivíduos com deformidades


dentofaciais. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 18, n. 6, p. 1348-1358, Dec. 2016

SUZUKI, H. S.; HAMMERSCHMIDT, M.; KAKIZAKI, P.; MUKAI, M. M. Comparação do


fototipo entre caucasianos e orientais. Surgical & Cosmetic Dermatology. Sociedade
Brasileira de Dermatologia. Brasil, 2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Física à sua volta: câmera fotográfica.


Física e Cidadania, um projeto da UFJF, 2013. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/fisicaecidadania/conteudo/camera-fotografica/>. Acesso em
abril de 2018.

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