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Horas depois, ele desceu para o café da manhã . Era uma manhã de
sá bado, entã o ele nã o tinha nenhuma reuniã o matinal para a qual se
apressar e, em vez disso, tendia a se demorar em seu jornal e café e
ignorar Theresa. Naquela manhã nã o foi diferente. Era como se a
discussã o anterior nã o tivesse acontecido. Eles comiam suas
refeiçõ es casuais de fim de semana na cozinha e o ambiente caseiro
dava uma falsa sensaçã o de domesticidade à cena. Mas enquanto
Theresa se sentia desconfortável e tensa no ambiente íntimo, Sandro
sempre permanecia tã o frio quanto uma parede.
Entã o, novamente, isso nã o era novidade, já que ele raramente
demonstrava emoçã o. Na verdade, a “discussã o” daquela manhã foi a
mais acalorada que ela já tinha visto. Ele manteve seus sentimentos
em segredo, mas sempre deixou seu desprezo por ela mais do que
claro. Estava na forma como ele se recusava a olhar nos olhos dela,
na forma como conseguia fazer amor com ela sem beijá -la na boca,
na forma como conseguia falar sem ela quando tinha algo a dizer,
enquanto a eternamente otimista e estúpida Theresa nunca tinha
sido boa em esconder seus sentimentos dele. Nã o desde o momento
em que o conheceu, quase dois anos atrá s. Como ela estava
irremediavelmente apaixonada! Com que rapidez ela se apaixonou.
Ela se recusou a falar com ele durante o trajeto até a casa de Rick e
Lisa. Foi só quando ele deslizou o carro pelos portõ es de segurança
que ela se virou para ele.
— Sandro, por favor, nã o faça isso, — ela implorou, seus belos
olhos implorando por misericó rdia. A expressã o de pedra em seu
rosto ficou ainda mais sombria, e ele estendeu um dedo indicador
para traçar suavemente a linha delicada de sua mandíbula antes de
se afastar dela e sair do carro. Ela ficou arrasada com a falta de
resposta dele e saiu quando ele deu a volta para abrir a porta para
ela. Ele pegou a mã o dela, mas ela ficou tensa e tentou arrastá -la
para fora de seu aperto. Por um momento, quando a mã o dele
apertou a dela, ela achou que ele nã o permitiria, mas depois de
alguns momentos ele a soltou relutantemente. Ele colocou a mã o nas
costas rígidas dela e a guiou em direçã o aos degraus da frente, que
levavam até a casa.
Lisa estava esperando por ela e estava esperando na porta com
um enorme sorriso no rosto. Ela ainda mantinha os poucos quilos
que havia adquirido durante a gravidez, mas irradiava felicidade e
boa saú de. Cumprimentou Theresa efusivamente, envolvendo-a num
abraço caloroso, e deu um leve sorriso a Sandro, que se elevava
acima de ambos.
— Alessandro, que surpresa. — Ela assentiu educadamente. —
Eu nã o esperava te ver hoje.
p j
— Tirei o dia de folga, — ele respondeu. — E quando soube que
Theresa estava vindo para uma visita, pensei em ir com ela e ver
aquele seu bebê novamente. — Novamente? Theresa nã o sabia que
Sandro havia se incomodado em ver o bebê antes, e ela franziu a
testa confusa, se perguntando por que Lisa nã o havia mencionado
isso a ela. —Além disso, eu tinha alguns negó cios que precisava
discutir com você. — Theresa ficou tensa na ú ltima parte, mas Lisa
sorriu e acenou com a cabeça, fazendo Theresa desejar ter ligado
antes para avisar sua prima sobre o desastre iminente.
Por que Sandro faria isso agora? Quando ele estava
conseguindo tudo o que poderia querer? Que mérito havia em
destruir o negó cio de Lisa? Ela olhou para o rosto relaxado dele e se
perguntou se poderia ter interpretado mal a situaçã o. Mas que outro
assunto ele poderia ter para discutir com sua prima?
Lisa os levou para dentro de casa e Sandro imediatamente
gravitou em direçã o ao bebê de três meses que estava sentado em
uma cadeirinha azul colocada na mesinha de centro da sala. Todo o
seu rosto pareceu se iluminar ao ver o bebê, e Theresa observou
fascinada enquanto ele se agachava até que seu rosto estivesse
nivelado com o do bebê.
— Ele cresceu bastante desde a ú ltima vez que o vi, — Sandro
observou com prazer, estendendo a mã o para agarrar uma das mã os
agitadas do bebê.
— Bem, espero que sim, já que ele nunca para de comer. — Lisa
fez uma careta e Sandro riu. Theresa deu um passo para trá s,
sentindo como se tivesse acabado de entrar em algum universo
alternativo. Sandro estava cantando para o pequeno Rhys em
italiano, e o bebê estava olhando para ele extasiado, seus olhos
verdes sem piscar. — Algum de vocês gostaria de algo para beber? —
Lisa perguntou educadamente, e Theresa balançou a cabeça
entorpecida, observando enquanto Sandro desamarrava agilmente
as alças da cadeirinha e levantava o bebê em seus braços.
— Café seria bom. — Ele balançou a cabeça, balançando o bebê
suavemente. Rhys tentou agarrar de forma descoordenada o cabelo
de Sandro e conseguiu agarrar um pequeno punhado dele. Sandro
fez uma careta de bom humor e disse algo repreendendo o bebê em
italiano enquanto estendia a mã o para afrouxar o aperto do bebê.
Lisa pediu licença para ir à cozinha, mas Theresa mal a ouviu, estava
muito ocupada cuidando do marido com o bebê.
— Eu nã o sabia que você gostava de crianças, — ela sussurrou,
uma de suas mã os distraidamente caindo sobre sua barriga ainda
plana em um gesto protetor que ele nã o poderia perder.
— Eu gosto bastante de bebês, — ele murmurou casualmente.
— Eu gosto muito deles, na verdade. — Ela tentou disfarçar a
pontada de dor com suas palavras.
— Qualquer bebê menos o meu, é claro, — ela murmurou meio
baixinho, e ele respirou impacientemente, seus olhos queimando
com fú ria que ele manteve contida por causa do bebê em seus
braços.
— Se você vai fazer comentá rios idiotas como esse, por favor,
faça-os quando eu tiver as duas mã os livres para estrangular você
até a morte, — ele disse com a voz mais gentil e amigável que
conseguiu. Ele se sentou no sofá ainda segurando Rhys em seus
braços. Sentindo uma pontada de ressentimento possessivo, Theresa
foi até ele e estendeu os braços para o bebê.
—Eu gostaria de segurar o bebê da minha prima, se você nã o se
importa, — ela informou friamente, e ele ergueu uma sobrancelha
arrogante antes de se levantar e gentilmente depositar o sereno
bebê em seus braços. Ela se sentou cautelosamente na cadeira mais
distante do sofá e arrulhou para o doce bebê que carregava. Sandro
se levantou e se espreguiçou.
— Enquanto você está ocupada aqui, acho que vou bater aquele
papo com a Elisa.
Theresa olhou para cima alarmada, mas ele estava sorrindo
gentilmente para ela, seus olhos quentes com alguma emoçã o que
ela teve dificuldade em definir. — Sandro, — ela começou baixinho.
— Você fica aqui com Rhys, — ele murmurou suavemente. —
Eu nã o quero que você fique chateado com qualquer coisa que Lisa e
eu possamos dizer um ao outro. — Antes que ela pudesse
pronunciar outra palavra de protesto, ele se foi. Theresa levantou-se
nervosamente, segurando o bebê contra o peito. Por mais que
tentasse, nã o conseguia ouvir um ú nico som vindo da direçã o da
cozinha. Ela saiu da sala e lentamente avançou em direçã o à cozinha.
Ela estava do lado de fora da porta entreaberta quando os sons de
suas vozes calmas finalmente a alcançaram.
— Mas eu nã o entendo por quê? — Lisa estava perguntando,
parecendo perplexa, mas nã o chateada. — Ainda tenho pelo menos
um ano para terminar o empréstimo. É uma quantia substancial de
dinheiro, Sandro, entã o nã o entendo por que você faria isso. —
Theresa mordeu o lá bio, querendo intervir, mas sem saber como
qualquer coisa que ela pudesse dizer ou fazer persuadiria Sandro a
mudar de ideia. Ela se sentiu impotente, furiosa e estranhamente
magoada por ele cumprir sua ameaça de qualquer maneira.
— É minha ú nica opçã o real agora, Lisa. — A voz profunda de
Sandro retumbou baixinho. — Eu te dei o empréstimo pelos motivos
errados. Razõ es que agora... lamento. Nã o posso, em sã consciência,
permitir que isso continue.
— Entã o deixe-me pagar e podemos deixar isso para trá s, —
implorou Lisa, e Sandro disse algo que Theresa nã o entendeu direito.
— Sandro, isso é uma loucura. — Lisa estava começando a
parecer chateada, e Theresa se preparou, preparando-se para entrar
na briga, faça sol ou faça sol. As pró ximas palavras de Sandro a
interromperam, no entanto.
— Elisa, por favor, você tem que me deixar fazer isso. — Ele
parecia desesperado.
— Nã o parece certo, — Lisa disse, e Theresa franziu a testa em
confusã o. O que diabos estava acontecendo aqui?
— Eu elaborei os papéis, entã o é praticamente um negó cio
fechado. — Sua voz soou com finalidade.
— Eu tenho que pensar sobre isso e discutir com Rick, é claro,
— Lisa disse suavemente.
— Claro, — Sandro concordou amigavelmente, e percebendo
que a conversa deles havia chegado ao fim, Theresa rapidamente
voltou para a sala de estar. Ela estava de volta na cadeira e
balançando suavemente um Rhys alegremente borbulhante quando
os outros dois apareceram. Ela se sentou abruptamente, seus olhos
arregalados voando de um rosto para o outro. Ambos pareciam
relaxados e nenhum dos rostos revelava muito. Sandro colocou a
bandeja que segurava sobre a mesinha de centro e sentou-se no
mesmo sofá que ocupava antes. Lisa sentou-se ao lado dele e
ocupou-se com a bandeja, colocando um copo alto de suco de laranja
na mesinha de centro diante de Theresa.
— Nã o discuta, — Sandro interveio quando ela abriu a boca
para protestar. — É bom para você. — Serviu-se do café enquanto ele
e Lisa conversavam como velhos amigos. Theresa ficou sentada,
furiosa, odiando ser tã o completamente excluída.
— Lamento nã o ter podido acompanhá -la ontem, Theresa, —
disse Lisa de repente. — Como foi seu check-up? — Theresa olhou
para sua prima por trazer o assunto à tona na frente de Sandro, que
se sentou e a observou como um falcã o enquanto esperava por sua
resposta.
— Estava tudo bem, — ela murmurou sem jeito.
— O que ele disse sobre as tonturas? — Lisa perguntou, e
Theresa percebeu que Sandro ficou tenso com a pergunta.
— Nada importante, — ela respondeu evasivamente, mantendo
os olhos no bebê em seus braços.
— Que tonturas? — Sandro perguntou de repente com uma voz
perigosa.
— Ela tem se sentido fraca na maior parte dos ú ltimos dois
meses, — Lisa informou prestativamente, e Theresa cerrou os
dentes.
— E você nã o pensou em me contar? — Sandro disparou.
— Eu nã o pensei que você se importaria, — Theresa murmurou
miseravelmente, e Sandro xingou baixinho.
— Ela nã o achou que eu me importaria, — ele repetiu
incrédulo. — Ah meu Deus, Theresa, você simplesmente assumiu
que eu nã o me importaria com algo que afeta diretamente sua saú de
e o bem-estar do bebê?
— Claro, sei que você se importaria se alguma coisa
acontecesse com o bebê, mas nã o queria preocupá -la com algo que
sei que nã o é grande coisa.
— E como você sabe disso? Você se formou em medicina em
algum momento nos ú ltimos três meses? É claro que tenho visto
você tã o raramente ultimamente que você poderia ter se formado
em física quâ ntica e eu nã o saberia!
Lisa sufocou uma risadinha irreverente, e tanto Theresa quanto
Sandro olharam para ela.
— Sandro, eu cuido do bebê e de mim. Você nã o precisa se
preocupar com isso. Sua responsabilidade para comigo, nós, acabou,
— ela lembrou.
— Ainda somos casados, — ele apontou. — E acho que vou
decidir quando e onde minha responsabilidade para com você e o
bebê terminará . A partir de agora, você me manterá totalmente
informado sobre o que está acontecendo com sua saú de.
— Nã o, — ela manteve teimosamente. — Nã o é da sua conta.
Você deixou claro que a ú nica razã o pela qual você sempre quis que
eu engravidasse era para que você pudesse escapar deste casamento,
entã o por que você nã o me deixa em paz enquanto eu tento, mais
uma vez, fazer tudo ao meu alcance para te fazer feliz?
— A ú nica coisa que me deixaria feliz agora, sua gatinha ruiva e
teimosa, é se você realmente fizesse o que mandam, para variar!
— Estou cansada de fazer o que me mandam, e estou cansada
de ser seu cachorrinho obediente. Fiquei feliz sem sua interferência
em minha vida nos ú ltimos meses, entã o me recuso a voltar a ser
como era antes.
— Também nã o quero voltar a isso, — admitiu
inesperadamente. — Nã o tínhamos um casamento de verdade antes.
— Você nã o pode estar me dizendo que quer um casamento de
verdade agora? — ela zombou.
— E se eu estiver? — ele perguntou cautelosamente, e ela riu
na cara dele.
— Eu acho que você é louco por acreditar que eu gostaria de ter
algo a ver com isso. Como um casamento com duraçã o de apenas
mais seis meses pode ser benéfico para qualquer um de nó s?
— Nã o seria..., mas nã o é isso que eu quero.
— Ah, é sempre sobre o que você quer, nã o é? Bem, tenho
novidades para você, Sandro…— Ela ainda segurava o bebê agora
adormecido contra o peito e olhava furiosamente para o homem alto
sentado à sua frente, alheia à prima, que observava a cena se
desenrolar em absoluto fascínio. — Eu nã o dou a mínima para o que
você quer. Não quero continuar casada com você... quero minha vida
de volta e quero que você vá embora assim que seu contrato com
meu pai for cumprido.
O silêncio era absolutamente ensurdecedor. Finalmente, depois
do que pareceram séculos, Sandro recostou-se na cadeira e balançou
a cabeça levemente.
— Nó s ainda estaremos juntos até que o bebê nasça, — ele
reconheceu cansado. —Até entã o, quero atualizaçõ es diá rias sobre
sua saú de. Nã o quero ser excluído de nenhuma notícia, por mais
trivial que você pense que seja.
— Eu nã o entendo o que você espera ganhar com tal arranjo, —
ela disse, confusa e frustrada por quã o inflexível ele estava sendo
neste ponto.
— Absolutamente nada, — ele murmurou. —Mas o que você
ganha me mantendo fora do circuito?
Absolutamente nada, e ele sabia disso; ela nã o tinha outro
motivo senã o pura maldade para recusar seu pedido.
— Tudo bem, — disse ela a contragosto. — Vou mantê-lo
atualizado, mas quero sua palavra de que nã o interferirá em
nenhuma parte da minha gravidez e que continuará sendo um
observador casual.
— Como você pode esperar que eu faça uma promessa dessas?
— ele perguntou com a voz rouca. — Não sou um observador casual,
Theresa! Tenho interesse em você e no bebê.
— Você cedeu seus direitos sobre nó s antes mesmo de nos ter,
— ela lembrou amargamente, e ele se encolheu ligeiramente com
suas palavras. — E você parece esperar que eu nã o apenas esqueça
esse pequeno fato, mas também o perdoe? Sandro... nunca vou te
perdoar.
— Eu pensei que você entendesse a situaçã o insustentável em
que eu estava. — Ele balançou a cabeça com raiva.
— Entendo e simpatizo, mas isso nã o muda o fato de que a
pessoa que pensei amar, o homem com quem me casei de boa-fé,
nunca existiu. Só acho que nunca vou conseguir superar isso, Sandro.
Ele suspirou pesadamente.
— É justo, — ele concedeu. — Mas precisamos tirar o melhor
proveito dessa situaçã o enquanto isso e viver como estranhos na
mesma casa nã o é a melhor soluçã o.
— Tudo bem, — ela sussurrou com relutâ ncia. — O que você
sugere?
— Gostaria de estar presente nas consultas do seu médico, —
disse ele apó s uma longa pausa, e ela hesitou, lançando um olhar
impotente para a prima, que deu de ombros ligeiramente.
— Por que?
— Paz de espírito, — ele respondeu sucintamente, e ela franziu
a testa, tentando pensar sobre isso de todos os â ngulos antes de
suspirar baixinho.
— Tudo bem, mas suas opiniõ es e contribuiçõ es nã o sã o
encorajadas ou desejadas. Entã o você estará lá apenas como um
observador, um observador silencioso. Eu cuidarei da minha pró pria
saú de e gravidez.
Sua mandíbula se apertou em desagrado, mas ele manteve a
boca fechada e assentiu com relutâ ncia. — Eu também acho… — Sua
voz estava um pouco rouca e ele fez uma pausa para limpar a
garganta antes de continuar. — Também acho que morar na mesma
casa e nunca se ver é, bem... ridículo, na verdade. Por favor, pare de
desaparecer quando souber que estou em casa. Isso me faz sentir
como um monstro, sabendo que você está se escondendo em algum
canto da casa porque tem medo de me enfrentar. — Ele nã o poderia
ter escolhido palavras melhores para trazê-la de volta, e ela se irritou
furiosamente.
— Eu nã o me escondo, — ela fervia, mal percebendo o olhar
divertido que ele trocou com sua prima.
— Certamente me parece assim, — ele respondeu. — Eu sei
que você acha difícil estar perto de mim por causa dos sentimentos
que você já teve por mim…
Ela engasgou em indignaçã o.
— …E eu também sei que com a atraçã o entre nó s, você
provavelmente está com medo de que a química aumente e
acabemos na cama novamente. Quero dizer, é bastante ó bvio o
quanto você me quer, mas…
— Eu... você... — Ela estava absolutamente furiosa com ele por
mencionar a vida sexual deles na frente de sua prima e horrorizada
ao descobrir que ele pensava que ela estava se escondendo dele.
Como um coelhinho tímido. Ok, entã o talvez ela teve estava se
escondendo, mas ela estava fazendo isso para manter os dois
confortáveis com o constrangimento da situaçã o. — Ah meu Deus, o
ego colossal em você! Eu nã o estou me escondendo ou fugindo ou
qualquer coisa assim. Eu simplesmente nã o suporto ficar perto de
você.
— Claro que você diria isso agora. — Ele encolheu os ombros
com desdém e ela engasgou novamente, balançando furiosamente o
pequeno Rhys para frente e para trá s enquanto tentava
desesperadamente encontrar uma resposta apropriadamente
mordaz para suas palavras.
— De qualquer forma, — Sandro murmurou, — eu ia sugerir
que começá ssemos a tomar café da manhã e jantar juntos
novamente. Nã o adianta fazer refeiçõ es separadas.
— Tudo bem, — ela retrucou a contragosto.
— E podemos tentar ser civilizados? — ele perguntou pseudo
docilmente. — Ter uma conversa decente enquanto estamos fazendo
nossas refeiçõ es?
Seus olhos estalaram, mas ela apenas assentiu, silenciosamente
dizendo a si mesma que seria por apenas mais seis meses.
— Algo mais? — ela perguntou sarcasticamente, seu tom de voz
definitivamente nã o convidando mais de suas “sugestõ es”, mas ele
escolheu levar a pergunta dela pelo valor de face.
— Sim... — Ele assentiu. — A turma da noite de sexta estava se
perguntando para onde você tinha ido. As senhoras ficaram
desapontadas quando você nã o voltou. — Ela nã o disse nada, ela nã o
poderia fazer isso... ela simplesmente não faria isso.
— E-eu nã o posso, — ela admitiu suavemente. — Eles sã o seus
amigos, e quando nos divorciarmos... bem, eles ainda serã o seus
amigos. Nã o quero formar laços com pessoas quando sei exatamente
o quã o temporá rios serã o os relacionamentos. Nã o posso continuar
me despedindo das pessoas de quem gosto.
Ele engoliu em seco antes de assentir levemente.
— Entã o, um ú ltimo pedido, — ele murmurou, inclinando-se
para ela intensamente.
— O que?
—Duas horas. — Sua voz caiu para um sussurro rouco.
— O que quer dizer...?
— À noite.
— Duas horas para quê?
— Só para... — Seu rosto se contraiu em frustraçã o e ele deu de
ombros, impotente. — Passar juntos. Conversar, assistir a um filme,
ler, sentar... qualquer coisa, desde que passemos juntos.
— Mas isso é... eu nã o entendo por que você quer isso?
— Por favor. — A palavra, suave e suplicante, manteve a
rejeiçã o pairando na ponta de sua língua.
— Duas horas, três vezes por semana, ela se viu estipulando
contra seu melhor julgamento. Ainda assim, impor algum tipo de
restriçã o ao pedido dele a fazia sentir que tinha algum controle
sobre o rumo que as coisas estavam tomando. Ele assentiu
ansiosamente.
— Cite os dias, — ele convidou, e ela mordiscou o lá bio inferior,
pensando seriamente.
— Segundas, terças e quintas. — Ela escolheu deliberadamente
os dias mais movimentados do escritó rio, os dias em que ele
frequentemente voltava para casa muito mais tarde do que o normal,
esperando que isso o obrigasse a cancelar muitas vezes. Seus olhos
penetrantes lhe diziam que ele sabia exatamente por que ela havia
escolhido aqueles dias, mas ele sorriu e acenou com a cabeça.
— Tudo bem por mim, — ele concordou, e ela se recostou
sentindo como se tivesse sido manipulada de alguma forma. Lisa
estendeu a mã o para tirar Rhys de Theresa.
— Vou colocar este pequenino na cama, — a outra mulher disse
calmamente, e Theresa assentiu entorpecida. Ela se sentia
completamente esgotada e também parecia. Sandro sentou-se no
sofá e inclinou-se para ela, empurrando delicadamente o copo de
suco de laranja em sua direçã o novamente. Ela o lançou um olhar de
advertência, e ele sorriu ligeiramente.
— Eu nã o estou tentando intimidá -la a beber um copo de suco
de laranja, Theresa, — ele disse suavemente. — Eu só pensei que
você parecia um pouco ressecada. — Ela cerrou os dentes e a pura
perversidade a impediu de pegar o copo e matar a sede. Ele nã o
disse mais nada, apenas recostou-se na cadeira com um suspiro
suave.
— Entã o, o que o médico realmente disse ontem? — ele
perguntou depois de uma pausa.
— Estou um pouco anêmica e é isso que está causando a
tontura. Ele ajustou minha dieta para incluir mais ferro, — ela
respondeu calmamente, e ele assentiu.
— Todo o resto está normal? — ele perguntou depois de outra
pausa curta.
— Sim.
— Você me diria se nã o estivesse?
— Sim.
Ele pareceu satisfeito com a resposta dela e sorriu levemente.
— Obrigada.
Ela suspirou e acenou com a cabeça em reconhecimento de
seus agradecimentos. Ela se inclinou para pegar o copo de suco de
laranja, admitindo que sua infantilidade nã o adiantaria nada, e
tomou um gole sedenta. Felizmente ele nã o fez nenhum comentá rio
e sua expressã o permaneceu neutra. Novamente houve silêncio, e
desta vez durou até que Lisa voltasse. As coisas ficaram
surpreendentemente amigáveis depois disso, e Theresa e Sandro
partiram cerca de quarenta minutos depois.
No caminho para casa, ela perguntou a ele sobre sua conversa
particular com Lisa, mas ele se recusou a entrar em uma conversa
sobre o assunto e Theresa acabou desistindo de frustraçã o.
O mês seguinte passou rá pido. O novo arranjo de Theresa e Sandro
funcionou bem, suas refeiçõ es juntos foram civilizadas, até mesmo
agradáveis, e as consultas médicas dela foram menos difíceis com o
apoio silencioso de Sandro. Ele cumpriu sua parte no trato, apenas
observando e nunca interferindo. Ainda assim, apenas tê-lo lá fez
uma grande diferença para a sensaçã o de bem-estar de Theresa.
O que mais surpreendeu Theresa foi o quanto ela estava
gostando do tempo que ele havia pedido. Ao contrá rio de suas
expectativas, ele nã o cancelou nenhuma vez. Em vez disso, ele voltou
para casa mais cedo do que o normal nas noites designadas. À s
vezes, eles simplesmente se sentavam lado a lado na sala, dividindo
uma tigela de pipoca e assistindo a um filme, raramente falando
muito. À s vezes eles jogavam Scrabble e Theresa geralmente gostava
muito dessas noites. Nã o era sempre que ela conseguia vencer
Sandro em qualquer coisa e, para seu profundo horror, ele era
péssimo em Scrabble. Ele culpou sua falta de proeza pelo fato de que
o inglês nã o era sua língua nativa, mas abordou cada revanche com
uma determinaçã o de nunca desistir. Infelizmente, essa
determinaçã o ainda nã o havia resultado em uma vitó ria para ele, e
Theresa ficou encantada com o fato de ser uma jogadora melhor do
que ele.
Apesar de sua falta de habilidade, ele jogou duro e muitas vezes
a deixou em pontos com sua ortografia criativa e palavras
descaradamente inventadas. Eles também tinham uma rivalidade
contínua no xadrez e eram muito mais equilibrados naquele jogo.
Theresa logo descobriu que estava começando a ansiar por aquelas
três noites por semana e odiava o fato de que ele estava
insidiosamente rastejando sob suas defesas novamente.
Infelizmente, muito parecido com um acidente de carro, ela podia
prever isso, mas nã o conseguia encontrar uma maneira de evitar que
o desastre inevitável ocorresse. Ela sempre foi muito rigorosa com o
tempo, tentando manter algum tipo de controle sobre a situaçã o e o
que quer que estivessem fazendo, inacabado ou nã o, tinha que parar
exatamente duas horas depois de começar. Eles geralmente
continuavam de onde haviam parado na pró xima vez.
— Nã o, — Theresa insistiu inflexivelmente uma noite, durante
um de seus jogos agressivos de Scrabble; eles estavam sentados no
chã o com a tá bua colocada na mesinha de centro entre eles. — Eu
desafio totalmente essa palavra! Lexiquon nã o é uma palavra,
Sandro, e você sabe disso.
— Claro que é. — Ele assentiu alegremente. — Você está
desafiando porque nã o quer que eu tenha os pontos de bô nus e as
duas pontuaçõ es de palavras triplas.
— Claro que nã o, — ela concordou sarcasticamente. —
Duzentos e setenta e cinco pontos por uma palavra inventada?
Nunca vai acontecer! Nã o estou administrando uma instituiçã o de
caridade aqui. — Ele sorriu infantilmente com isso, e ela desviou os
olhos, tentando muito nã o ficar encantada com ele. Por fim, ele
resmungou bem-humorado e removeu suas peças do tabuleiro.
— Talvez seja uma palavra francesa, — ele murmurou
defensivamente, e ela revirou os olhos.
— Bem, sinta-se à vontade para usá -la na pró xima vez que
interpretar um francês! — Ele riu abertamente com isso, e ela
prendeu a respiraçã o com o som despreocupado. Todos os dias ele
relaxava cada vez mais perto dela e ela frequentemente sentia que
ele queria prolongar o tempo que passaram juntos. Ele contemplou o
tabuleiro novamente, murmurando para si mesmo em italiano e
acariciando o queixo pensativamente enquanto considerava seu
pró ximo movimento. Por fim, ele decidiu por “enguia”, que estava tã o
mal colocada que valia apenas três pontos. Ela bufou com desdém
enquanto anotava seus parcos pontos e entã o sorriu docemente para
ele, enquanto apontava o “a” livre que ele poderia ter usado para a
palavra “saída”. Ela entã o passou a usar alegremente aquele —t—
para sua pró pria palavra, fazendo uso da pontuaçã o de três palavras
convenientemente situada no processo e acumulando trinta e nove
pontos ú teis para “forja”.
— O que é esta palavra? — ele rosnou. — Nomes nã o sã o
permitidos! — Ela nã o pô de deixar de rir de sua indignaçã o antes de
dar uma definiçã o da palavra para ele. Ele olhou para o dicioná rio
antes de resmungar para si mesmo em italiano novamente e voltar a
estudar o quadro. Theresa sorriu ligeiramente para si mesma,
notando a maneira como o cabelo dele caía sobre a testa e morrendo
de vontade de escová -lo para trá s; ela escondeu as mã os sob a mesa
e cerrou os punhos para reprimir o impulso irracional.
— Eu sei que ainda é cedo, mas eu tenho pensado em decorar o
quarto do bebê, — ela disse apenas para afastar sua mente de seu
desejo louco de tocá -lo. Suas palavras chamaram sua atençã o e ele
olhou para cima com um sorriso desprotegido.
— Essa é uma ó tima ideia. — Ele assentiu ansiosamente. —
Poderíamos ir comprar mó veis e brinquedos, vi um enorme urso
panda em uma loja de brinquedos há uma semana que seria perfeito
para um bebê. — Sua resposta entusiá stica a confundiu
completamente e ela o encarou inexpressivamente por alguns
momentos.
— Uma loja de brinquedos? — ela perguntou, e ele ficou
ligeiramente vermelho.
— Existe uma perto do escritó rio e já o visitei algumas vezes na
hora do almoço, — admitiu. — Só para ver que tipo de brinquedos e
coisas os bebês precisam hoje em dia.
Theresa nã o tinha ideia de como ela deveria responder a isso.
Ela deveria estar preocupada que ele parecesse estar tendo mais do
que um interesse casual no bebê ou ela deveria estar satisfeita? E
como diabos ela deveria reagir a sua suposiçã o de que eles estariam
decorando o berçá rio juntos? Suas emoçõ es estavam tã o confusas
que, no final, ela nã o disse nada e empurrou para o lado para ser
processado mais tarde. Sandro, sentindo a mudança de humor dela e
parecendo reconhecer que havia falado demais, caiu em um silêncio
incô modo e brincou com uma de suas peças.
— Estou me sentindo um pouco cansada. Eu posso apenas ir
para a cama, — ela disse de repente, e ele olhou para cima com
ressentimento.
— Eu ainda tenho uma hora restante, — ele apontou
amargamente, e ela mordeu o lá bio nervosamente.
— Sim, você tem, — ela disse finalmente, e gesticulou em
direçã o ao quadro. — É a sua vez. — Seus olhos brilharam com
alguma emoçã o indefinível antes que ele balançasse a cabeça e se
levantasse.
— Você nã o é minha prisioneira, Theresa. Se estiver cansada, vá
para a cama — disse ele, cansado, enfiando as mã os nos bolsos da
calça social sob medida e arruinando totalmente o corte da roupa
cara.
— Longe de mim descumprir um acordo, — afirmou ela,
permanecendo teimosamente sentada, embora nada lhe agradasse
mais do que fugir.
— Você está sendo tã o malditamente infantil, — ele fervia, e se
virou para sair da sala antes que ela tivesse a chance de retaliar. Ela
ficou sentada ali por alguns minutos antes de reconhecer que ele
realmente nã o voltaria. Foi a primeira vez em mais de um mês que
eles tiveram qualquer tipo de disputa séria, e Theresa lamentou isso.
Ela sabia que ela tinha sido infantil, porque nã o conhecia outra
maneira de lidar com suas emoçõ es. Ela suspirou, reconhecendo que
precisava se desculpar com ele, e se levantou do carpete aquecido,
pensando que era melhor acabar com isso o mais rá pido possível.
Ela se dirigiu para o escritó rio dele e, ao se aproximar da porta
entreaberta, percebeu que ele estava falando com alguém em voz
baixa. Nã o querendo se intrometer em seu telefonema, seus passos
diminuíram um pouco e ela se virou para ir para a cozinha para um
pequeno lanche. Ela estava prestes a se afastar quando o ouviu
gemer roucamente antes de dizer, — Francesca… — em uma voz
calma e intensa. A ú nica palavra foi suficiente para congelar Theresa
em seu caminho. Sandro ainda falava naquela voz baixa, suas
palavras, que eram em italiano, soavam mais urgentes. Theresa deu
um passo em direçã o à porta aberta do escritó rio, e sua voz ficou um
pouco mais clara, embora ele estivesse murmurando intimamente.
— ...Francesca, cara... — eram duas das palavras
incriminató rias que ela conseguia entender em meio à torrente de
italiano, e ela mordeu o lá bio incerta, sem saber se ele estava falando
com Francesca ou sobre ela. Deus, por que ela nã o aprendeu mais
italiano? Agora ela entendia apenas o suficiente para deixá -la infeliz
com ciú me e dor. Depois de ouvir o nome da mulher pela primeira
vez há tantos meses, Theresa tentou tirá -la da cabeça. Nã o sabendo
nada sobre ela, parecia mais sensato nã o especular por medo de
deixar sua imaginaçã o correr solta. Agora, ela gostaria de ter feito
alguma pesquisa sobre essa Francesca, embora ter apenas um nome
para continuar tornasse isso difícil, e Theresa nã o estava disposta a
pedir a seu pai ou a Sandro detalhes sobre a mulher misteriosa.
Sandro nã o percebeu a presença dela do lado de fora da porta
de seu escritó rio enquanto continuava sua conversa em voz baixa, e
Theresa entendeu apenas algumas palavras aleató rias que pouco
significavam para ela. Ele continuou usando carinhos, no entanto;
essas ela sabia muito bem porque ele frequentemente recorria a elas
enquanto fazia sexo com ela. Muitas vezes ela se perguntou se essa
nã o era a maneira dele de despersonalizar ainda mais o ato, já que
ele raramente usava o nome dela durante os momentos mais
íntimos. Ela pairou do lado de fora da porta do escritó rio do marido,
como se estivesse pairando nos arredores de sua vida por quase dois
anos, antes de se virar e voltar para o andar de cima. Ela havia
tomado banho, trocado de roupa para dormir e há muito apagou as
luzes do quarto quando finalmente ouviu seus passos leves na
escada. Ela prendeu a respiraçã o quando ele fez uma pausa, como ele
sempre fez, fora de sua porta, mas em vez de sentir o alívio habitual
quando ele se mudou alguns momentos depois, desta vez Theresa
virou o rosto no travesseiro e chorou até dormir.
CAPÍTULO SETE
A bolsa estourou quatro horas depois e ela foi transferida para a sala
de parto. Ela e Sandro nã o tiveram mais nenhuma conversa
significativa, ele apenas continuou a acalmá -la e a orientá -la durante
a dor cada vez maior. Ela nunca disse isso, mas estava muito grata
por tê-lo ali. Mesmo que ele estivesse nervoso e tenso como um gato
em um barril entre as contraçõ es, ele era uma rocha só lida durante
elas.
Quatro horas intensamente estressantes, suadas e cheias de dor
depois, durante as quais Sandro a apoiou, xingou seus médicos,
ameaçou as enfermeiras e parecia estar perto de cair no choro em
vá rias ocasiõ es, Theresa finalmente deu um ú ltimo empurrã o
doloroso. Houve uma onda de atividade ao pé da cama enquanto
Theresa sentia uma inundaçã o esmagadora de alívio. Os olhos de
Sandro permaneceram grudados em seu rosto, brilhantes e febris
por cima da má scara cirú rgica que o obrigaram a usar. Ele puxou a
má scara para baixo e se inclinou para ela, até que sua boca estava
tã o perto de sua orelha que ela podia sentir sua respiraçã o quente e
ú mida soprando sobre sua pele superaquecida.
— Você é incrível, cara mia. Tã o incrível…
Ela afastou a cabeça de sua boca e virou o rosto para olhá -lo
com perplexidade, abalada pela emoçã o que ouviu em sua voz. Mas
sua atençã o agora estava no médico e no pequeno embrulho nu e
choroso que o homem segurava em suas mã os gentis e capazes.
q g g p
— Aqui está a mocinha que está causando todo aquele rebuliço
e incô modo, — o homem disse jovialmente. — Parabéns, Sr. e Sra. De
Lucci, vocês têm uma menina linda e perfeitamente saudável.
A respiraçã o de Theresa engatou em seu peito com as palavras
do homem, e seus olhos permaneceram grudados no rosto de
Sandro. Mas, em vez da decepçã o rapidamente escondida que ela
esperava ver, ela testemunhou algo em que nunca teria acreditado se
nã o tivesse visto com seus pró prios olhos: ela viu seu marido se
apaixonar perdidamente e desamparadamente pela menininha
indignada que o médico colocou no peito de Theresa.
Theresa ficou impressionada ao olhar para a pequena criança
que chorava em seu peito e imediatamente a amou de todo o
coraçã o. Ao mesmo tempo, Theresa nã o tinha certeza do que fazer
com essa menina que deveria ser um menino.
— Ela é linda, — cantarolou o apaixonado Sandro, deixando
cair a mã o grande na cabecinha do bebê e acariciando suavemente a
pele macia e os tufos de cabelo ainda molhado. — Ela é tã o linda,
Theresa.
— Sim, — ela murmurou automaticamente. — Ela realmente é.
— Ele franziu a testa para ela, intrigado com sua resposta ou a falta
dela.
— Theresa... o que há de errado?
— Sua esposa está exausta, Sr. De Lucci, — disse o médico
bruscamente. — Dê a ela tempo para se recuperar, e tenho certeza
que ela vai bajular essa belezura.
— Sim. Estou cansada, — Theresa disse roboticamente, e a
testa de Sandro franziu. Ele observou enquanto Theresa acariciava
distraidamente as costas macias do bebê, sem sequer olhar para o
bebê, e sabia que algo estava terrivelmente errado.
CAPÍTULO ONZE
É
— É engraçado, — ela observou de repente, — o que ter um
bebê faz com você. Você faria o possível para proteger essa nova vida
de qualquer um que pudesse ameaçar sua felicidade. Eu nã o vou
permitir que você machuque meu bebê do jeito que você me
machucou. Nã o quero você na vida dela, a menos que esteja
preparado para amá -la do jeito que nã o conseguiu me amar: de todo
o coraçã o e incondicionalmente. — Como se fosse uma deixa, uma
enfermeira trouxe um embrulho cor-de-rosa para dentro do quarto.
Ela parou por um momento, sentindo a tensã o na sala antes de colar
um sorriso brilhante em seus lá bios e trazer o bebê para Theresa.
— Acho que já passou da hora dessa pequena conhecer a mã e
direito. — Todo o rosto de Theresa se iluminou e seu coraçã o se
encheu de amor avassalador quando a enfermeira colocou o lindo
bebê em seus braços. Ela finalmente fez um inventá rio... contando os
dedos das mã os e dos pés, acariciando o cabelo preto felpudo e a
pele aveludada. Ela até gostou quando a pequena abriu a boca de
botã o de rosa e começou a chorar com raiva.
— Olá , querida, — ela sussurrou. — Você é a coisa mais linda
que eu já vi na minha vida. — A enfermeira começou bruscamente a
dar-lhe um curso intensivo de amamentaçã o, ignorando a forma
como o rosto de Theresa se inflamou quando a mulher mais velha
começou a falar sobre bombas de tirar leite e reflexos de descida.
Seu pai se mexeu desconfortavelmente enquanto Sandro se sentava
ao lado de sua cama, uma mistura de diversã o, orgulho avassalador e
amor perplexo em seu rosto. Ela nunca o vira parecer mais
vulnerável ou mais protetor. Ele lançou um olhar de advertência na
direçã o de seu pai, antes que seu inquietante escrutínio voltasse
para ela. Theresa, enquanto isso, lutava para esconder deles o seio
inchado de leite depois que a enfermeira puxou sem cerimô nia o
corpete de sua camisola. A mulher obviamente pensou que Theresa
nã o tinha nada para se envergonhar na frente do marido e do pai. Ela
se atrapalhou com uma toalha, mas foi Sandro quem estendeu a mã o
e a colocou sobre seu ombro para cobrir seu seio e a cabeça do bebê.
O bebê encontrou seu mamilo e o agarrou com força suficiente para
fazê-la estremecer. Ele a escondeu de seu pai, mas manteve a toalha
ao seu lado para que pudesse assistir, ignorando seu olhar afobado.
— Ela tem um apetite bastante saudável, nã o é? — ele
murmurou fascinado, sua voz viva com adoraçã o. — Isso dó i? —
Theresa balançou a cabeça levemente em resposta e lançou um olhar
furtivo para seu pai, que nã o estava acostumado a ser tã o
completamente ignorado e claramente nã o gostou disso.
— Jackson, vamos discutir os detalhes do contrato quebrado
em uma data posterior. Você pode ter de volta o vinhedo e é mais do
que bem-vindo para ficar com o maldito dinheiro, mas sua filha é
minha, assim como o lindo bebê que ela me deu. Me processe por
quebra de contrato, se for preciso.
— Nã o quero aquele terreno inú til de volta, podemos
renegociar os termos… — Seu pai parecia quase desesperado, e
Theresa de repente perdeu a paciência com os dois homens.
— Pare de falar de mim como se eu fosse um pedaço de carne
caro, — ela fervia. —Leve seu negó cio só rdido para outro lugar. Nã o
quero nem perto do meu bebê. Pai, eu lhe dei minhas condiçõ es.
— Você é tã o corajosa agora, nã o é? — seu pai zombou. — Mas
se o empurrã o chegar, eu me pergunto o quã o forte você seria?
— Eu sou mais forte do que você jamais saberá , pai. — Ela
sorriu serenamente. —Anos de rejeiçã o constante das pessoas que
você ama podem deixá -la com uma pele muito dura. Você nã o pode
mais me machucar. Eu nã o quero ou preciso da sua versã o de amor.
Acho que nã o quero ou preciso mais de você em minha vida.
— Sim, assim corajosa agora que você tem o apoio de seu
amado marido. As palavras do homem estavam misturadas com
amargura. — Mas embora ele possa amar seu bebê, Theresa, ele
nunca amará você. Ele tem Francesca Delvecchio e, sim, ele é italiano
o suficiente para querer aquele seu bebê, entã o é só uma questã o de
tempo até que ele encontre uma maneira de afastá -la de você. —
Theresa piscou, mostrando seu medo, enquanto seu pai apresentava
um cená rio que ela nunca havia considerado. Ela nã o pô de deixar de
olhar para Sandro, cujo rosto estava escuro de fú ria, seu corpo
inteiro contraído pela tensã o. Parecia que ele estava prestes a rasgar
a garganta de seu pai.
— Acho que é hora de você partir, pai, — ela sussurrou
dolorosamente, e seu pai zombou uma ú ltima vez antes de girar nos
calcanhares e sair da sala.
— Nã o se atreva a acreditar no que ele acabou de dizer,
Theresa, — Sandro sussurrou cruamente, focando seu olhar nela. —
Nã o se atreva!
— Eu sei que você a ama, Sandro, — ela sussurrou. Ela nã o
tinha certeza se ela queria dizer o bebê ou Francesca, e ela poderia
dizer pelo olhar de incerteza em seu rosto que ele também nã o tinha
certeza e entã o ele nã o sabia como responder. — Você tentaria tirá -la
de mim?
— Não! — ele praticamente gritou, e o bebê se assustou.
Theresa acalmou-a com leves movimentos de balanço até ela
começar a mamar novamente. Ele controlou seu temperamento e
suavizou sua voz com visível esforço. — Eu nã o faria isso com você.
Eu nunca machucaria você assim.
— Mas você a quer... — Novamente a ambiguidade e sua
carranca se aprofundaram.
— Se você quer dizer o bebê, entã o sim, é claro que eu a quero.
Mas é um pacote para mim. Eu quero vocês duas. Você é minha
família. Nã o quero uma vida separada da sua. Eu quero a nossa vida.
Aquela que construímos juntos nos ú ltimos meses.
— O que você quer dizer? Tudo o que conversamos foi sobre
divó rcio, — ela perguntou confusa.
— Estou me referindo a todas aquelas noites juntos. Os filmes,
os jogos, as ó timas conversas... O que diabos foi isso senã o a
construçã o de relacionamentos? Sabemos que somos ó timos na
cama. Mas nunca havíamos realmente tentado todas as outras coisas
que os casais fazem. Nos ú ltimos meses, fizemos essas coisas.
Podemos ter feito as coisas um pouco ao contrá rio, cara, mas isso
nã o significa que nã o possamos ter um casamento só lido como o de
Rick e Lisa. O ú nico de nó s que mencionou o divó rcio foi você. Eu nã o
quero um divó rcio. Eu quero nós. Juntos.
— Eu acho, — ela sussurrou tã o baixinho que ele mal podia
ouvi-la e teve que se inclinar mais perto para entender suas palavras,
— eu acho que você é um homem maravilhoso, Sandro. Um homem
decente e, por causa disso, sei que você faria qualquer coisa para
consertar as coisas. Você faria qualquer sacrifício para dar ao bebê e
a mim uma vida normal. Mas nã o posso deixar você fazer isso. Nã o
posso deixar você continuar perdendo as coisas que deseja só
porque acha que é a coisa certa a fazer.
— Isto de novo, — ele murmurou impacientemente. — Fui de
demô nio a santo em pouco tempo, nã o foi? Quero que me ouça com
muita, muita atençã o, Theresa, porque nã o vou repetir isso. Eu nã o
sou um santo. Estou sendo muito egoísta quando digo que quero
você e nosso bebê comigo e quando digo que quero que sejamos uma
família. Tenho deveres na Itá lia, pessoas que amo e de quem preciso
cuidar. Mas agora nã o dou a mínima para nada disso porque quero
passar todos os meus momentos de vigília com você e este bebê.
Essa vida que construí com você, é a ú nica que mais me importa.
Entã o, por favor, pare de me dizer o que você acha que eu realmente
quero e tente me ouvir para variar.
Theresa olhou para ele com incerteza. Ela ousaria acreditar que
ele quis dizer isso? Que nã o foi apenas um ato realmente bom? Ela
limpou a garganta, tentando formular uma resposta, mas ele se
inclinou e a beijou suavemente, acalmando as palavras.
— Nã o diga nada, Theresa. Só me dê uma chance. — Ele parecia
um homem empoleirado em uma borda com ela como sua ú ltima
chance de redençã o. Como ela resistiu a isso? Como ela poderia? —
Eu sei que estou pedindo para você se tornar vulnerável novamente,
e sinto muito por isso. Mas eu quero que você confie em mim. Só
mais uma vez... permita-se confiar em mim. — Ela mordeu o lá bio
antes de respirar fundo e sair para a borda com ele.
— Precisamos dar um nome a esta pequena antes de levá -la
para casa, — ela disse levemente, ignorando a maneira como ele
soltou a respiraçã o que estava segurando por incontáveis momentos.
Ela sentiu a tensã o se esvaindo dele, e seu alívio foi tã o avassalador
que era quase tangível.
— Alguma ideia? — ele perguntou com a voz rouca, estendendo
a mã o para acariciar o topo da cabeça macia do bebê com o polegar,
de alguma forma conseguindo roçar a pele sensível de seu seio
também, e ela estremeceu com o contato. — Bem, já que ela tem
todo esse cabelo preto felpudo, provavelmente deveríamos ficar com
Lily. — Seu rosto se iluminou de prazer e ele deu um beijo rá pido em
sua boca sorridente. — Só espero que ela tenha o temperamento de
uma Lily e nã o de uma Sofia.
— Se ela puxou a você, teremos uma viagem difícil, — ele
brincou, e ela revirou os olhos.
— Por favor, você nã o é nenhum anjo, — ela retrucou sem
nenhum calor. — Vamos apenas chamá -la de Lily e torcer pelo
melhor.
— Hum, se ela faz tem sua teimosia e temperamento explosivo,
eu vou adorá -la ainda mais, — ele admitiu. — Isso certamente
tornará a vida interessante.
— Por que você ficava comprando brinquedos e roupas de
menina, Sandro? — ela perguntou depois de um curto silêncio, e seu
polegar parou de acariciar por um segundo infinitesimal antes de
continuar. —Quero dizer, estou grata por eles agora, é claro. Mas por
quê?
—Por quê? — Ele balançou a cabeça e hesitou novamente antes
de levantar os olhos para encontrar os dela. — Eu só estava...
esperando por uma menina. — Seu queixo caiu enquanto ela o
olhava boquiaberta por alguns momentos. Esse pensamento nunca
passou pela cabeça dela.
— Você estava esperando por uma menina?
— Sim. Muito, — ele a surpreendeu ao confirmar, seus olhos
permanecendo firmes para que ela nã o tivesse dú vidas sobre sua
sinceridade.
— Nã o entendo. — Ela balançou a cabeça ligeiramente. — Por
quê? — Ele nã o respondeu, baixando os olhos para a criança que
mamava em seu seio.
— Sandro? — Ela perguntou, e ele ergueu os olhos para ela
mais uma vez. Ele sorriu enigmaticamente antes de encolher os
ombros.
— Este nã o é o momento nem o lugar para ter essa conversa em
particular, Theresa, — ele a frustrou ao dizer.
— Mas…
— Vamos discutir isso em breve, mas agora acho que Lily está
pronta para arrotar. — Ele apontou para a criança cuja boca pequena
havia afrouxado. Ela puxou desajeitadamente o corpete para cima e,
em seguida, desajeitadamente reposicionou Lily até que o bebê
estivesse pendurado em seu ombro.
— Você poderia chamar a enfermeira? — ela perguntou a
Sandro, tirando o comentá rio anterior de sua mente por enquanto.
— Nã o tenho certeza de como fazer isso.
— Esfregue a mã o nas costas dela em movimentos circulares.
— Ele notou a surpresa em seus olhos antes de encolher os ombros.
— A enfermeira me mostrou como fazer ontem à noite. Você estava
inconsciente, mas eles conseguiram alimentá -la e a entregaram para
mim para arrotar.
Theresa obedeceu à s instruçõ es e logo foi recompensada com
um pequeno arroto. O som era adorável de uma forma que apenas
novos pais poderiam apreciar, e eles sorriram um para o outro
quando o ouviram. Naquele momento glorioso de solidariedade,
Theresa começou a acreditar na possibilidade de um felizes para
sempre novamente, e isso a assustou até a morte.
Lisa foi para casa com Theresa naquela noite decidindo que eles
deveriam fazer um jantar de aniversá rio improvisado para ela. Mas
quando eles voltaram para casa e Theresa recebeu um telefonema de
Sandro dizendo a ela que ele tinha que trabalhar até tarde, Lisa
severamente intimidou Theresa em um vestido bonito, ligou para
Rick e disse que eles estavam levando Theresa e Lily para o que ela
chamava de restaurante “chique”.
Theresa nã o estava com vontade de comemorar e, quando
chegaram ao restaurante, ela se arrastou até a entrada, onde Rick
esperava. Ele parecia muito elegante em um smoking e combinava
bem com Lisa, que estava usando um dos lindos vestidos de noite
que ela comprou em sua expediçã o de compras naquela tarde.
— Olha, pessoal, isso é muito barulho, — Theresa protestou. —
Por que nã o voltamos para minha casa e jantamos bem ou algo
assim?
— Agora é tarde, raio de sol, estamos aqui, entã o você vai ter
que lidar com isso. — Rick sorriu antes de dar um beijo em sua
bochecha e, em seguida, estender a mã o para pegar o carrinho de
Lily dela. — Feliz aniversá rio, Theresa, você está linda.
O vestido de seda na altura do joelho era um pouco curto
demais e fazia seus seios inchados parecerem um pouco voluptuosos
demais para seu gosto. Ela se sentiu um pouco desconfortável com
ele, mas Lisa o escolheu, dizendo que a cor verde gelo fazia coisas
maravilhosas para seus cabelos e olhos.
— Quero dizer, vocês sequer pensaram em fazer reservas?
— Theresa, com seu pai e seu marido sendo quem sã o, você
realmente acha que entrar em qualquer restaurante que você queira
vai ser um problema? — Lisa zombou e Theresa torceu o nariz,
admitindo o ponto. Lisa passou pela porta e Rick se afastou para
deixar Theresa entrar.
O maitre sorriu e conduziu-a sem questionar. Surpresa, ela o
seguiu com uma carranca no rosto. Ele a conduziu através de portas
duplas de vidro. O lugar estava lotado de gente e, por algum motivo,
ninguém estava sentado. Ela se contorceu desconfortavelmente
quando todos se viraram para olhar para ela, sem saber ao certo o
que diabos estava acontecendo.
— Surpresa! — Ela quase pulou de susto com o grito coletivo e,
finalmente, percebeu que reconhecia a maioria dos rostos na sala.
Rick, que tinha ficado do lado de fora da sala até depois da surpresa,
caso isso assustasse Lily, moveu-se para ficar ao lado dela.
— O que está acontecendo? — ela sussurrou em pâ nico
confusã o.
— É uma festa surpresa de aniversá rio, sua idiota, — ele
brincou, dando outro beijo carinhoso em sua bochecha antes de sair
para encontrar sua esposa no meio da multidã o. As pessoas estavam
se aglomerando ao seu redor, beijando-a e apertando sua mã o. Ela
reconheceu Gabe Braddock e todos os amigos de Sandro na noite de
sexta-feira junto com seus entes queridos. O irmã o de Rick, Bryce
Palmer, aproximou-se e deu-lhe um tapinha sem cerimô nia nas
costas e um á spero “feliz aniversá rio” antes de desaparecer de volta
na madeira. O homem odiava multidõ es. Ela podia imaginar que esta
cena nã o era realmente do gosto dele, mas ele estava aqui e ela
estava totalmente confusa com isso. Por que ele estava aqui, por que
algum deles estava aqui? Como Lisa sabia que deveria convidar Gabe
Braddock e todo aquele bando?
— Feliz aniversá rio meu amor. — Um familiar par de braços
fortes envolveu sua cintura, e ela foi puxada para trá s contra um
peito largo. Sandro deu um beijo em seu pescoço. Ela se virou em
seus braços e olhou para ele com espanto.
— Você fez isso? — ela perguntou incrédula. — Mas eu pensei
que você nã o...
— Cara, — ele interrompeu com infinita paciência. — Eu nã o
sou um homem estú pido, nã o estava prestes a repetir meus erros do
passado. Eu te amo e queria te mostrar o quanto.
— Há quanto tempo você está planejando isso? — ela
perguntou.
—Deus, desde antes de meu pai morrer. Os planos foram
suspensos até que eu voltasse, e entã o, com o nascimento de Lily,
eles pararam um pouco, mas eu queria fazer algo especial para
compensar todas as vezes que seu aniversá rio foi negligenciado ou
esquecido ao longo dos anos. Ela sabia que ele se referia tanto a seu
pai quanto a si mesmo e ficou impotente comovida com o gesto.
— Obrigada. — Ela sorriu e ficou na ponta dos pés para beijá -lo.
Ele segurou seu rosto e a beijou avidamente.
— Você está linda, — ele disse a ela.
— Você também nã o parece tã o mal, — disse ela, recuando para
olhar o smoking feito sob medida.
— Ei, terminem vocês dois. — Uma impetuosa voz masculina se
intrometeu em seu pequeno casulo íntimo, e ambos se viraram para
ver o rosto sorridente de Gabriel Braddock. — Sandro, é como se
toda vez que eu vejo você com essa coisa linda, você está com as
mã os nela. Divida a riqueza, mano. — Ele deu um passo à frente para
envolver Theresa em um abraço caloroso.
— Feliz aniversá rio linda. Sentimos sua falta. — Considerando
como eles a encontraram apenas uma vez, meses atrá s, Theresa
inicialmente duvidou da veracidade dessa afirmaçã o, mas a
sinceridade em seu rosto a levou a acreditar que ele realmente quis
dizer suas palavras.
— Obrigada. — Ela sorriu. — Sinto muito por nunca ter ido a
nenhuma de suas outras noites de futebol.
— Você teve uma gravidez difícil, perfeitamente compreensível,
— ele dispensou com um movimento descuidado da mã o. — E
parabéns pela sua linda filha, a propó sito. Sandro tem mostrado
fotos dela para nó s por semanas. Vai ser bom vê-la em carne e osso.
Onde está a queridinha?
— O marido da minha prima está com ela. — Ela olhou em volta
procurando por Rick e o viu mostrando Lily para seu parceiro de
negó cios, Vuyo, e seu irmã o, Bryce. O pequeno grupo logo se juntou
ao parceiro de negó cios de Bryce, Pierre de Coursey, e à esposa de
Pierre, Alice. Eles estavam todos preocupados com o bebê
adormecido.
De Coursey e Palmer recentemente ofereceram a ela um está gio
de um ano em sua prestigiosa empresa DCP Jewellers, depois que ela
terminou seu curso de design de joias na faculdade. Sandro enviou
uma có pia de seu portfó lio para os homens e eles ficaram
impressionados com seu “talento bruto”. Foi mais um exemplo do
empenho de Sandro em fazê-la o mais feliz possível. Ele sabia o
quanto seu design significava para ela e acreditou nela o suficiente
para abordar os joalheiros em seu nome. A princípio, ela nã o se
sentira à vontade com o nepotismo flagrante, mas tanto Pierre
quanto Bryce a convenceram de que genuinamente viam valor em
seu trabalho.
— Parece que ela nã o está querendo atençã o, entã o vou levar
sua linda mã e para dar uma volta na pista de dança enquanto isso, —
disse Gabriel, e empurrou uma sorridente Theresa para longe de
Sandro antes que o outro homem pudesse protestar, girando-a ao
som de uma mú sica animada.
Ele a teve por apenas dois minutos antes de alguém
interromper, e depois disso ela foi passada de parceiro para parceiro
pela pró xima meia hora antes de Sandro finalmente reclamá -la.
— Acha que pode sobrar um tempinho para flertar com seu
marido, cara? — ele perguntou mal-humorado, e ela piscou para ele
incerta até que ela reconheceu que ele estava com um pouco de
ciú me. O fato aumentou sua confiança e trouxe um sorriso encantado
em seu rosto.
— Tenho alguns minutos de sobra entre as danças. — Ela
assentiu depois de uma pausa pensativa, e ele rosnou antes de
arrastá -la para mais perto e colocar a cabeça dela em seu ombro.
Eles balançaram juntos lentamente, e ele começou a acariciar seu
pescoço. Ela suspirou e se derreteu em seu corpo duro, apreciando o
aroma quente e picante dele. Eles estavam tã o envolvidos um com o
outro que nã o perceberam ninguém parado ao lado deles até que
uma voz penetrou na névoa do desejo.
— Sandro? — Ele fez um som de protesto antes de levantar a
cabeça e piscar para alguém parado atrá s de Theresa. Ela observou o
rosto dele se iluminar e um sorriso enfeitar seus lá bios antes que ele
começasse a falar um italiano rá pido. Perplexa, ela se virou em seus
braços e congelou.
— Cara, esta é minha mã e e duas de minhas irmã s. Eles voaram
para conhecer você e a ú ltima adiçã o para nossa família. Mamã e,
Isabella, Rosalie, esta é minha esposa, Theresa. — As quatro
mulheres se entreolharam com cautela, nenhuma delas muito certa
do que esperar. Finalmente, a mais nova do trio de lindas morenas
deu um passo à frente com um sorriso. Theresa imaginou que ela
devia ser Rosalie.
— Estou muito feliz em finalmente conhecê-la, Theresa, — ela
disse em inglês com leve sotaque, e para choque total de Theresa
deu-lhe um abraço caloroso. — Eu sou Rosalie.
— Prazer em conhecê-la, — Theresa murmurou impotente em
resposta, seus olhos procurando desesperadamente os de Sandro.
Ele parecia ansioso, mas sorriu de forma tranquilizadora quando
encontrou o olhar dela.
— Eu esperava que eles chegassem na pró xima semana, mas
eles chegaram ontem à noite, bem a tempo do seu aniversá rio. — Ela
podia ver o pedido de desculpas em seus olhos, como se ele temesse
que sua presença diminuísse seu prazer na festa de aniversá rio. Ela
balançou a cabeça, o gesto tã o leve que só ele percebeu e sorriu para
ele.
— Bem, que surpresa duplamente maravilhosa entã o. — Ela se
livrou do choque e deu um sorriso genuinamente caloroso ao
pequeno grupo de beldades italianas. As irmã s de Sandro já estavam
recebendo muitos olhares masculinos especulativos.
— Minha filha Gabriella nã o pô de vir. Ela está tendo problemas
com o filho mais velho, — disse a mã e de Sandro. — E claro, minha
sogra é velha demais para viajar. Mas ambas mandam lembranças. —
Theresa duvidava muito disso, lembrando-se de como aquelas duas
mulheres haviam sido particularmente hostis com ela durante a
videoconferência.
— Sra. De Lucci. — Theresa estendeu a mã o para segurar as
mã os da outra mulher nas suas. — Sinto muito por sua perda e
lamento nã o ter podido comparecer ao funeral.
— Nã o seja boba, Theresa, — a mulher mais velha zombou,
piscando obstinadamente para conter as lá grimas repentinas. —
Você estava grávida. Viajar naquela condiçã o teria sido uma tolice.
Você fez a coisa certa. Agora, onde está essa minha neta? Eu vi fotos,
claro, mas estou pronta para conhecê-la. — A imperiosidade em seu
tom nã o tolerava desobediência, e Theresa sorriu quando Sandro
praticamente fez uma saudaçã o antes de abandoná -las em busca de
sua filha.
Ela ficou tensa quando percebeu que ele a deixou sozinha com
sua família intimidante e se preparou para o que viria a seguir. Ela
nã o tinha ilusõ es de que elas gostavam dela ou a aceitavam, sabendo
que todos fingiriam se dar bem pelo bem de Sandro, mas que o que
acontecia pelas costas dele seria outra histó ria.
— Eu te devo desculpas, — a mã e de Sandro a chocou ao dizer,
e Theresa ousou olhar para o rosto elegante da mulher mais velha. A
mulher nã o parecia mais intimidadora. Na verdade, seu rosto se
suavizou completamente e Theresa piscou para ela, surpresa. —Eu
nã o fui nada... gentil, quando você ligou para falar com meu marido.
Depois do funeral, Sandro nos contou a verdade sobre seu
casamento, sobre a maneira como ele e seu pai a trataram, entã o
agora sei que você teria toda razã o em nã o querer falar com meu
marido. Mas você mostrou uma profundidade de cará ter maior do
que o resto de nó s juntos quando você concordou em se encontrar
com ele. Você fez um moribundo muito feliz em suas ú ltimas horas.
Ele estava tã o preocupado com Sandro e com o que ele havia
sacrificado por nossa família, mas falar com você aliviou sua mente
consideravelmente, e ele estava em paz quando faleceu naquela
noite. Eu tenho que agradecer a você por isso.
— Fiquei feliz em conhecê-lo, — respondeu Theresa, um pouco
impressionada com a reviravolta nos acontecimentos.
— Bem, estamos quase dois anos atrasadas, mas estou muito
feliz em conhecê-la também, Theresa. — Sua sogra a envolveu em
um abraço totalmente inesperado e muito estranho. Theresa
respondeu confusa antes que as duas mulheres recuassem alguns
segundos depois, parecendo igualmente confusas. Rosalie e Isabella
estavam ambas sorrindo. Rosalie apresentou Theresa a Isabella,
explicando que a outra mulher falava pouco inglês
— Mas ela queria te conhecer, — Rosalie confidenciou
alegremente. Theresa podia ver que ela e Rosalie iriam se dar muito
bem. A outra mulher era uma gargalhada irreverente, e ambas
estavam rindo conspirativamente sobre o jeito que Sandro tinha
praticamente pulado mais cedo para cumprir as ordens de sua mã e,
quando finalmente voltou carregando Lily. O bebê estava acordado e
chorando, insatisfeito com a multidã o de pessoas desconhecidas ao
seu redor. Seu rostinho estava molhado e amassado, mas suas tias e
avó s imediatamente começaram a se preocupar com ela.
Sandro entregou Lily para sua mã e por um momento antes de
se virar para Theresa.
— Você está bem? — ele perguntou em voz baixa que só ela
podia ouvir. Ela assentiu com a cabeça, sorrindo
tranquilizadoramente para ele.
— Eu sinto muito. Eu nã o esperava que eles aparecessem tã o
cedo. Espero que nã o tenham estragado a festa para você. Eu queria
que esta noite fosse perfeita.
— E tem sido quase perfeito até agora, — ela o assegurou. —
Elas foram adoráveis, Sandro. Todas elas.
— Ó timo, porque eu as teria mandado de volta para a Itá lia se
elas tivessem dito qualquer coisa para aborrecê-la, — ele disse a ela.
— Nã o seja bobo. Eles sã o sua família.
— Esposa supera tudo, — ele retorquiu, e ela revirou os olhos.
— Vou resgatar Lily da Brigada do Beijo ali. Ela provavelmente
está com fome. — Ela foi fazer exatamente isso, praticamente
flutuando no ar enquanto sentia os olhos de Sandro ainda sobre ela.
Esposa supera tudo? Ela definitivamente gostou do som disso.
O FIM