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Traduzido, revisado e diagramado por Aurora Books

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trazer livros sem previsão de lançamento no Brasil, para que outros que não
sabem ou conseguem ler em outras línguas consigam ter a oportunidade de
lê-los.
Não postem em grupos abertos, blogs ou redes socias o arquivo traduzido
ou que o encontrou de maneira traduzida, pois só assim vocês podem
aproveitar outros livros e conseguirei traduzir mais.
Espero que aproveitem!
Índice
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊ S
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
EPÍLOGO
Aos meus incríveis amigos e ex-colegas do Nagaoka
Eigoshidoushitsu — pelo apoio inabalável, a
camaradagem fabulosa, as risadas e os intermináveis
jogos de cinema. Eu nunca vou esquecer vocês.
CAPÍTULO UM

Theresa caiu de costas no colchã o, o corpo escorregadio de suor e


flá cido de prazer. Os espasmos de sua liberaçã o poderosa ainda
atormentavam violentamente seu corpo esguio. Seu marido,
Alessandro, se desvencilhou, se separou e se distanciou dela
segundos depois do orgasmo mú tuo e se deitou de costas ao lado
dela, com a respiraçã o pesada e irregular.
Theresa virou-se de lado para traçar amorosamente o perfil
dele com os olhos, desejando tocar e acariciar a pele macia e
levemente bronzeada, mas ela sabia que seu toque seria rejeitado.
Suas palavras, aquelas que ele sempre dizia depois do clímax, ainda
pairavam no ar entre eles e ainda, depois de todos esses meses,
doíam mais do que deveriam.
”Me dê um filho, Theresa…”
Com essas cinco palavras, ele acabou com o brilho, destruiu a
intimidade do momento e relegou o ato a nada mais do que a algo
fundamentalmente bioló gico. Depois de dezoito meses do mesmo,
Theresa finalmente aceitou que isso nunca mudaria. Nã o foi uma
percepçã o abrupta. Nã o, era um que vinha crescendo
constantemente desde a primeira vez que ele as disse.
Mas Theresa tinha suas pró prias cinco palavras. Eram palavras
que estavam na ponta da língua há meses e deveriam ter sido ditas
muito antes. Eram palavras que ela nã o conseguia mais engolir; nã o
importa o quanto a machucasse dizê-las. Sentou-se, nua, o corpo
ainda trêmulo, e juntou os joelhos ao peito. Ela envolveu as pernas
com os braços, pressionou a bochecha contra os joelhos e observou a
respiraçã o dele se estabilizar e o pró prio tremor diminuir. Ele estava
deitado de braços abertos, magnificamente nu, os olhos fechados,
mas ela sabia que ele nã o estava dormindo. Como de costume, ele
levaria alguns momentos para se recompor antes de ir para o
chuveiro, onde ela sempre o imaginava esfregando freneticamente
seu cheiro e toque de sua pele bronzeada.
Ela nã o conseguia mais conter as palavras, e elas saíam de seus
lá bios com uma seriedade desesperada.
— Eu quero o divó rcio, Alessandro.
Ele ficou tenso. Cada mú sculo de seu corpo ficou tenso como
uma mola antes que ele virasse a cabeça para encará -la. Seus olhos
estavam semicerrados e seu lá bio superior curvado
zombeteiramente.
— Mas eu pensei que você me amasse, Theresa, — ele zombou
com requintada crueldade, e Theresa fechou os olhos, tentando
mascarar a dor que suas palavras causaram. Quando ela teve certeza
de que tinha suas emoçõ es sob controle, ela abriu os olhos.
— Nã o mais. — Ela esperava que a mentira soasse convincente.
— Hmmm... — ele ronronou. — O que aconteceu com “Eu vou
te amar para sempre, Sandro?”
— As coisas mudam, — ela sussurrou.
— Que coisas? — Ele rolou para o lado e apoiou-se no cotovelo,
apoiando a cabeça na mã o. Ele parecia tanto com um gladiador
romano descansando que sua garganta ficou seca de desejo. Ela
engoliu dolorosamente.
— S-sentimentos mudam… — ela gaguejou. Mais uma vez ele
deu aquele ronronar rouco de concordâ ncia, mas Theresa nã o se
deixou enganar por sua postura relaxada; ele estava tenso como uma
cobra enrolada. — Eu... eu mudei...
— Você nã o parece diferente, — ele disse, sua voz ainda
terrivelmente terna. — Ainda a mesma Theresa com quem me casei.
Aquela que dizia me amar tanto que nã o poderia viver sem mim.
Aquela cujo pai garantiu que ela conseguisse exatamente o que
queria…
E foi entã o que ele golpeou, sem se mexer, sem sequer mudar a
voz.
— A mesma tímida Theresa que nã o pode nem me dar a ú nica
coisa que eu sempre quis dessa patética desculpa de casamento. —
Ela se encolheu, mas se recusou a desviar os olhos.
— Mais uma razã o para o divó rcio. — Ela tentou ser blasé, mas
falhou miseravelmente.
— Talvez para você. — Ele encolheu os ombros. — Mas eu disse
a você desde o começo, cara, nã o haveria uma saída fá cil para este
casamento. Nã o até conseguir o que queria de você, e esse dia parece
estar muito longe. Infelizmente, por mais clichê que pareça, você fez
esta cama e agora nó s dois temos que deitar nela!
— Nã o aguento mais viver assim. — Ela enterrou o rosto nos
joelhos e lutou para conter as lá grimas.
— Nenhum de nó s tem muita escolha... — Ele se sentou e se
espreguiçou languidamente antes de se levantar para caminhar até o
banheiro da suíte. Theresa ouviu o chuveiro começar momentos
depois e levou alguns segundos para se recompor antes de enxugar
as lá grimas quentes do rosto com as costas das mã os. Ela vestiu uma
camisola transparente e se dirigiu à cozinha para preparar um copo
de leite quente com mel. Era uma mistura que sua mã e costumava
fazer para ela quando ela era uma garotinha, e ela esperava que a
bebida reconfortante acalmasse seus nervos em frangalhos.
A tarefa familiar de preparar a bebida a acalmou
significativamente, e ela tinha acabado de se sentar em um
banquinho do bar e tomar seu primeiro gole quando sentiu a
presença de Sandro atrá s dela. Os cabelos de sua nuca se arrepiaram
e suas mã os começaram a tremer novamente.
— Você deve estar com frio só com essa coisinha minú scula que
está vestindo, — ele observou preguiçosamente, dirigindo-se à
geladeira para pegar uma caixa de suco de laranja. Seu cabelo preto
curto estava ú mido e em pé em tufos onde ele o havia enxugado
descuidadamente com a toalha apó s o banho. Ele usava nada além de
uma cueca boxer preta. Ele estava lindo como sempre, e Theresa o
odiava mais do que nunca por aquela perfeiçã o masculina.
— Estou bem. — Ela se levantou abruptamente e se dirigiu para
a pia para enxaguar sua caneca, mas ele agarrou seu cotovelo para
deter seu movimento. Ela ficou tensa, chocada com o toque...
Alessandro nunca a tocou fora do quarto. Nos dezoito meses de
casados, esta era a primeira vez que ela se lembrava dele a tocando
sem que isso fosse um precursor do sexo. Ele se inclinou mais perto
dela e baixou os lá bios em sua orelha. Ela sentiu seu há lito quente na
lateral do rosto antes que ele falasse.
— Nã o se falará mais em divó rcio, Theresa... nunca mais, — ele
disse a ela com um ar repugnante de finalidade.
— Você nã o pode me impedir de me divorciar de você, Sandro,
— ela respondeu corajosamente.
— Você realmente quer o divó rcio, cara? — ele perguntou.
Ela assentiu rigidamente.
— Se você conseguir o divó rcio, sua prima perde o negó cio, e
ela nã o pode pagar por isso agora, nã o com um novo bebê a caminho.
Ela e o marido precisam de todo o capital que conseguirem. — De
alguma forma ela nã o esperava isso. Ela deveria ter, mas ela nã o
tinha. Sandro havia emprestado a sua prima, Lisa, o capital inicial de
sua livraria. Theresa nã o sabia quais eram as especificidades daquele
empréstimo, mas sempre presumiu que fora feito por generosidade.
Olhando para ele agora, ela nã o podia acreditar em sua pró pria
ingenuidade. Sandro nã o fez nada por pura generosidade, e aquele
empréstimo foi apenas mais uma arma para ele usar contra ela.
— Você nã o faria isso, — ela respondeu. — Lisa nã o fez nada
para merecer isso.
— Cara, farei o que for preciso para conseguir o que quero de
você.
— Eu também tenho dinheiro, posso ajudá -la… — ela começou
desesperada.
— Nã o, você tem um pai rico e ele teve a oportunidade de
ajudar Lisa, mas deixou seu desprezo pela ideia mais do que ó bvio
para todos na época, e você sabe que ele nunca a apoiaria em um
divó rcio conturbado, Theresa.
— Eu ainda nã o acredito que você faria isso! Você tem uma
reputaçã o a defender. Você é um homem de negó cios honesto e nã o
destruiria uma pequena empresa apenas para provar um ponto. Que
tipo de mensagem isso enviaria? — ela perguntou.
— Que nã o se deve brincar comigo. — Ele encolheu os ombros.
— Você honestamente acha que eu me importo com o que as pessoas
pensam de mim, Theresa? Você acha que eu me importo com o que
você pensa de mim? Nunca me importei e nunca me importarei. Você
é fraca e mimada.
— Eu não sou... — Ela tentou se defender, mas ele fez um som
de escá rnio no fundo de sua garganta antes de continuar como se ela
nã o tivesse falado.
— Você vai se divorciar eventualmente, mas há algo que eu
preciso conseguir de você primeiro. Você queria esse casamento,
lembra? Você implorou por isso, tenho certeza. Entã o, se você quer o
divó rcio agora, ele virá com algumas penalidades pesadas. Você está
disposta a jogar com o futuro de sua prima?
Theresa nã o faria isso, e Sandro sabia disso. Ele a tinha
exatamente onde a queria. Nã o haveria divó rcio. Nã o quando tanto
estava em jogo. Mas haveria mudanças... Theresa Chloe Noble De
Lucci estava cansada de ser capacho! Ela nã o disse nada, optando
por se virar e ir embora. Ele a observou partir, e ela podia sentir os
olhos dele queimando em suas costas esbeltas, mas ele nã o a
chamou de volta. Ela nã o voltou para o quarto que eles
compartilhavam desde o primeiro dia de seu casamento, optando
por ir para a biblioteca, sabendo que nã o conseguiria pregar o olho.
Nã o naquele quarto, nã o mais.

Horas depois, ele desceu para o café da manhã . Era uma manhã de
sá bado, entã o ele nã o tinha nenhuma reuniã o matinal para a qual se
apressar e, em vez disso, tendia a se demorar em seu jornal e café e
ignorar Theresa. Naquela manhã nã o foi diferente. Era como se a
discussã o anterior nã o tivesse acontecido. Eles comiam suas
refeiçõ es casuais de fim de semana na cozinha e o ambiente caseiro
dava uma falsa sensaçã o de domesticidade à cena. Mas enquanto
Theresa se sentia desconfortável e tensa no ambiente íntimo, Sandro
sempre permanecia tã o frio quanto uma parede.
Entã o, novamente, isso nã o era novidade, já que ele raramente
demonstrava emoçã o. Na verdade, a “discussã o” daquela manhã foi a
mais acalorada que ela já tinha visto. Ele manteve seus sentimentos
em segredo, mas sempre deixou seu desprezo por ela mais do que
claro. Estava na forma como ele se recusava a olhar nos olhos dela,
na forma como conseguia fazer amor com ela sem beijá -la na boca,
na forma como conseguia falar sem ela quando tinha algo a dizer,
enquanto a eternamente otimista e estúpida Theresa nunca tinha
sido boa em esconder seus sentimentos dele. Nã o desde o momento
em que o conheceu, quase dois anos atrá s. Como ela estava
irremediavelmente apaixonada! Com que rapidez ela se apaixonou.

Ela se lembrava vividamente de seu primeiro encontro. Ele tinha


vindo jantar na casa deles. Seu pai nã o lhe contara muito sobre o
hó spede, exceto que era filho de um velho conhecido. Ele entã o a
deixou para encontrar Sandro sozinha para que ele pudesse fazer
uma entrada. Esse tinha sido um dos muitos “truques” de Jackson
Noble para manter seus adversá rios de negó cios constantemente
desorientados. Ele adorava tê-los em seu pró prio territó rio e havia
realizado muitos negó cios em sua casa. Ele deixaria Theresa
amolecê-los com seu calor natural, e entã o ele mergulharia enquanto
eles ainda estavam enfeitiçados e partiria para a matança.
Theresa nã o sabia sobre seu papel nas negociaçõ es de seu pai
até os dezenove anos; antes disso, ela apenas agradecia a
oportunidade de ajudar seu pai a entreter seus amigos importantes.
Na época em que conheceu Sandro, Theresa era a anfitriã
consumada: charmosa, doce, calorosa por fora, mas completamente
desiludida por dentro. As pequenas festas de negó cios de seu pai
sempre a deixavam se sentindo usada e desanimada.
Alessandro De Lucci havia entrado em sua casa parecendo
sombrio e determinado, como um homem pronto para a batalha. Ele
parecia surpreso ao vê-la parada na enorme entrada. Ela estava
usando um vestido justo verde simples, seu cabelo preso em um
coque elegante, e ela escolheu um simples pingente de esmeralda
com brincos combinando como seus ú nicos enfeites. Ele vacilou ao
vê-la e franziu a testa em confusã o. Theresa, por sua vez, ficou
completamente fascinada pelo homem inesperadamente esplêndido
que estava à sua frente e, pela primeira vez, sua postura a
abandonou. Ela tinha sido incapaz de pronunciar uma ú nica palavra.
Ele estava lindamente vestido com um terno feito sob medida, mas
seu cabelo varrido pelo vento contradizia aquele ar de esplendor da
vestimenta, dando-lhe uma aparência ligeiramente selvagem. A
barba por fazer e a gravata frouxa reforçavam essa robustez. Ele era
como nenhum outro homem que ela já tinha visto antes, e ela queria
saber tudo o que havia para saber sobre ele.
Sandro se recuperou primeiro. Ele deu um passo em direçã o a
ela, seguido por outro e depois outro, até que ele ficou diretamente
na frente dela, tã o perto que cada inalaçã o de ar fazia com que seu
peito roçasse levemente contra ela. Theresa inclinou a cabeça para
trá s para olhá -lo maravilhada, traçando cada â ngulo e curva de seu
rosto com fascínio.
— Olá , cara. — A voz dele, como veludo escuro sobre o
cascalho, havia causado um arrepio de consciência em sua espinha.
— Qual o seu nome?
— Theresa. — Ela tinha sido impotente para fazer qualquer
coisa, mas responder. Ele tinha um cheiro maravilhoso, e ela se viu
inclinando-se para ele para respirar seu perfume.
Theresa lembrou-se de cada palavra, cada emoçã o, cada
sensaçã o da troca que se seguiu.
— Theresa? — ele repetiu, sua voz atraente ficando
ligeiramente rouca. — Belissima. Eu sou Alessandro.
— Sim, — ela disse, sem fazer muito sentido naquele momento,
e ele sorriu. Era um sorriso bonito, caloroso e infantil que o tornava
ainda mais bonito.
— Você pode dizer isso? — ele perguntou baixinho.
— Dizer o quê?
— O meu nome. Quero ouvir meu nome nesses lá bios incríveis.
— Ele traçou um dedo sobre os lá bios dela e ela parou de respirar
completamente e gemeu. — Diga, cara. Quatro pequenas sílabas - A-
les-sandro. Por favor?
— Alessandro, — ela sussurrou, e ele gemeu um pouco.
— Perfeito. Você é perfeita, pequena Theresa. — Ninguém
nunca tinha olhado para ela e visto a perfeiçã o antes. Ninguém
jamais sorriu para ela com tanto apreço e calor em seus olhos antes.
Theresa se viu olhando para aquele estranho atraente e, pela
primeira vez em sua vida, sentiu-se desejada. Entre um batimento
cardíaco e outro, Theresa se apaixonou perdidamente.
Ela se sacudiu, recusando-se a pensar em eventos passados que nã o
podia mudar e, em vez disso, tentou se concentrar em seu presente.
O café da manhã transcorreu com uma lentidã o agonizante, o
silêncio quebrado apenas pelo som do jornal enquanto ele folheava
cuidadosamente a seçã o de negó cios. Ela mal comia e o odiava por
nã o ser afetado pela tensã o a ponto de conseguir terminar uma
refeiçã o farta. Ela pegou seus pratos e se dirigiu para a pia.
— Você tem que comer mais de uma fatia de torrada, — sua voz
rosnou inesperadamente. — Você está ficando muito magra. — O
fato de ele ter notado o que ela havia comido, apesar de mal ter
olhado para ela por cima do jornal, a assustou.
— Nã o estou com tanta fome, — ela respondeu suavemente, e
colocou os pratos na pia.
— Você mal come o suficiente para manter um pardal vivo. —
Ele abaixou o jornal e olhou nos olhos dela por alguns segundos
antes de desviar o foco de volta para a caneca de café na mesa à sua
frente. O contato visual direto foi tã o incomum que Theresa mal
conteve um suspiro.
— Eu como o suficiente, — ela respondeu sem entusiasmo.
Normalmente ela teria deixado passar, mas ela queria ver se poderia
incitá -lo a encontrar seus olhos novamente. Nã o teve essa sorte;
limitou-se a encolher os ombros, dobrou cuidadosamente o jornal e
deixou-o cair na mesa ao lado do prato vazio. Ele tomou o ú ltimo
gole de seu café antes de se levantar da mesa.
Ela observou enquanto ele se espreguiçava, sua camiseta preta
levantando para revelar a faixa de carne tonificada e bronzeada em
seu abdô men. Sua boca ficou seca ao ver aquela carne escura, e mais
uma vez ela ficou enojada com sua reaçã o à presença física dele. Ela
passou o primeiro ano de casamento acreditando que Sandro viria a
amá -la. Ela acreditava corajosamente que, se o amasse o suficiente,
ele voltaria a ser o homem sorridente e afetuoso que ela conhecera
nos primeiros meses depois de se conhecerem. Ela ainda nã o tinha
certeza do que havia causado a mudança, mas pelas coisas
sarcá sticas que ele à s vezes dizia de passagem, ela suspeitava que
fosse influência de seu pai. Depois de quase um ano de casamento,
ela foi forçada a enfrentar a realidade; ele realmente a odiava. Ele a
odiava tanto que nã o conseguia falar com ela, beijá -la, tocá -la fora da
cama ou mesmo olhar para ela.
Theresa finalmente percebeu que nã o haveria degelo; o
casamento deles era um perpétuo deserto de inverno, e se ela
quisesse sentir o calor do sol em seu rosto novamente, ela tinha que
sair disso. Infelizmente, escapar seria mais complicado do que ela
pensava. Ela teria que encontrar uma saída que nã o incluísse ferir
sua prima. Lisa e Rick Palmer estavam esperando seu primeiro bebê,
e enquanto Lisa estava tendo uma época bastante fá cil, Theresa
estava preocupada que qualquer coisa que a perturbasse pudesse
ser potencialmente prejudicial para ela ou para o bebê. Além disso,
embora a agência de publicidade de Rick fosse bastante bem-
sucedida, Lisa sempre se orgulhou do fato de se manter
financeiramente independente em seu relacionamento. Tirar sua
livraria poderia colocar muita pressã o em seu relacionamento, e
Theresa nã o queria isso em sua consciência.
Ela suspirou pesadamente e começou a lavar a louça. Ela
gostava de fazer pequenas tarefas domésticas, apesar do fato de que
seu marido de 31 anos, que trabalhou desde balconista até
presidente do banco de seu pai, “tinha mais dinheiro do que Deus”,
como seu pai dizia. Theresa até insistira entusiasticamente em
cozinhar ela mesma. Eles empregavam uma equipe de limpeza, como
era prá tico quando se vivia em uma casa monstruosa de dez quartos
e cinco banheiros.
Como o casamento uniu duas famílias proeminentes, a
imprensa acompanhou avidamente os detalhes íntimos de seu
casamento, mas Theresa tentou se apegar ao que acreditava ser uma
aparência de normalidade. Aos sá bados, o pessoal tinha folga e
Theresa gostava de arrumar as coisas dela e de Sandro, em vez de
esperar que as criadas chegassem mais tarde. Ela nunca teve uma
vida “normal” e imaginou com carinho que essas tarefas a
mantinham fundamentada na realidade. Sandro nã o fingiu entender
a necessidade dela de ajudar no dia a dia da casa e a acusou de
querer brincar de casinha uma vez, logo apó s o casamento. Ele nunca
pareceu notar novamente depois disso. Ela olhou para os pratos que
estava prontos para serem colocados na má quina de lavar louça e
abruptamente abandonou a tarefa no meio do caminho antes de
subir as escadas e deixar Sandro ainda na cozinha.
Ela trocou de roupa de moletom por jeans e camiseta,
prendendo seu vibrante cabelo castanho-avermelhado na altura da
cintura em um rabo de cavalo e vestindo uma jaqueta jeans para se
proteger do frio do início do outono. A caminho da porta da frente,
ela passou pela sala onde Sandro havia se retirado com seu laptop.
— Eu vou sair, — ela disse casualmente através da porta aberta,
e sua cabeça se ergueu enquanto seus olhos queimavam com alguma
emoçã o indefinível.
— Onde…? — ele começou.
— Nã o sei quanto tempo vou ficar fora. — Ela saiu correndo
antes que ele pudesse pronunciar outra sílaba, pegando sua bolsa de
ombro e as chaves do carro na saída. Ela tinha seu confiável Mini
Cooper prateado ligado quando ele finalmente chegou à porta da
frente. Com um pequeno aceno alegre que ela sabia que tinha que
dar, ela deu ré para sair da garagem e saiu. Ela não tinha ideia de
para onde estava indo e sabia que pagaria caro quando voltasse -
Sandro gostava de mantê-la em uma caixinha com a etiqueta
“esposa”, para ser trazida apenas em ocasiõ es sociais, quando ele
precisava de alguém para atuar como sua anfitriã perfeita. Qualquer
sinal de motim dela estava fadado a ter consequências desagradáveis
e imprevistas. Ainda assim, foi bom apenas fazer algo tã o
desafiadoramente fora do personagem. Seu celular começou a tocar
segundos depois e quando ela parou em um sinal vermelho ela
desligou e jogou de lado.
Ainda era cedo, quase nove horas, e como era sá bado, as
estradas estavam um pouco congestionadas. Ainda assim, sentiu-se
livre e saiu da relativa tranquilidade de Clifton, um dos subú rbios
mais ricos e bonitos da Cidade do Cabo, em direçã o à cidade.
Normalmente ela iria para Newlands e passaria o dia com Rick e
Lisa..., mas ela sabia que era o primeiro lugar que Sandro iria
procurar. Ele sabia como sua vida social era limitada. Ela nunca fez
amigos facilmente; seu pai a manteve isolada durante toda a infâ ncia,
e sua ú nica amiga de verdade foi sua prima Lisa.
Sua família fundou um dos primeiros bancos do país em 1800 e
sempre foi líder nas esferas rarefeitas da sociedade. Jackson Noble
sustentou que alguém com a “criaçã o e origem” de Theresa nã o
deveria ter permissã o para se misturar com qualquer um, o que
havia deixado as opçõ es de companheirismo de Theresa
severamente limitadas. Ela cresceu brincando sozinha, com Lisa, ou -
quando seu pai nã o estava por perto para ver - com os filhos da
governanta. A solidã o e o isolamento foram transferidos para sua
idade adulta e, mesmo agora, ela passava a maior parte de seu tempo
livre com Rick e Lisa ou aprendendo novas receitas com Phumsile,
sua governanta. Ela passou mais tempo conversando com Phumsile
do que falando com Sandro. A solidã o era um ciclo que Theresa nã o
sabia como quebrar.
Agora ela se viu contemplando todas as coisas que poderia
fazer com esse momento inesperado e, decidindo seguir a tendência
do dia, optou pela coisa mais fora do comum em que pô de pensar: ir
ao cinema. Era a forma mais pura de escapismo, e se havia algo que
Theresa desejava desesperadamente era escapar de sua vida. Entã o
ela passava o dia indo de um cinema para o outro – rindo, chorando,
se encolhendo ou pulando, dependendo do enredo. Foi o dia mais
improdutivo que ela já passou em sua vida e ela adorou.
Quando o ú ltimo filme do dia terminou, já passava da meia-
noite e ela estava com uma dor de cabeça latejante por ficar sentada
no escuro e com a luz bruxuleante do projetor o dia todo e um leve
desconforto no estô mago por causa de uma dieta de refrigerante e
pipoca. Enquanto ela voltava para o carro, a realidade repentina de
sua situaçã o afundou e ela começou a tremer. Ela nã o sabia o que
esperar de Sandro. Ela nunca o vira exibir nada além de um controle
gelado, mesmo na cama, mas era a primeira vez que ela fazia algo
assim. Ela sempre se esforçou para ser a esposa perfeita e a filha
perfeita, sempre colocando Sandro ou os desejos de seu pai em
primeiro lugar, e algo tã o inocente quanto ir ao cinema sem contar a
Sandro parecia além de imprudente. Embora ela soubesse que ele
nunca a machucaria fisicamente, seu potencial para feri-la
emocionalmente era ilimitado.
A casa estava iluminada quando ela voltou, e o pavor fez seu
estô mago revirar. Ela engoliu a ná usea antes de estacionar o carro e
seguir em direçã o à porta da frente, que foi aberta antes mesmo que
ela tivesse a chance de pegar as chaves.
Ela engoliu em seco um pouco com a forma intimidadora de seu
marido aparecendo na porta e abafou um grito quando ele agarrou
seu braço e a puxou para dentro. Ele bateu à porta, segurando ambos
os ombros dela em suas mã os enormes e a apoiou até que ela
estivesse encostada na porta. Ela levou alguns segundos para
superar sua desorientaçã o e entender que ele nã o a estava
machucando. Seus olhos percorreram febrilmente o corpo trêmulo
dela, até que ele estava aparentemente satisfeito de que tudo estava
relativamente em boas condiçõ es, e entã o ele ergueu os olhos para
encará -la.
Seus olhos, que ela teve tã o pouca oportunidade de olhar
ultimamente, eram dolorosamente bonitos. Eles eram castanhos
chocolate e colocados entre cílios preto-azulados incrivelmente
grossos e abaixo de sobrancelhas extensas, e agora eles estavam
ardendo com algo que, em um homem menos controlado, poderia
ser descrito como fú ria. As mã os dele soltaram seus ombros e
subiram até seu rosto. Ela se encolheu um pouco com o contato, mas
eles permaneceram gentis, movendo-se para segurar sua mandíbula,
seus grandes polegares acariciando suas bochechas. Sua respiraçã o
tornou-se irregular quando ele se inclinou para ela, inclinando a
cabeça mais perto dela. Ele estava tã o perto que ela podia sentir seu
há lito limpo e quente em seu rosto. Ele inclinou a mandíbula
ligeiramente e ela gemeu, ansiando por seus lá bios nos dela,
querendo isso tã o desesperadamente que suas pernas quase se
transformaram em geleia, e a ú nica coisa que a impediu de cair em
uma poça aos pés dele era seu corpo musculoso apoiado contra a
dela. Ela podia sentir sua ereçã o pulsando contra seu estô mago e
sabia que ele a queria tã o desesperadamente quanto ela o queria.
Sua boca exuberante estava a centímetros da dela, e quando ele
falou, seus lá bios roçaram sua boca.
— Você faz uma proeza dessas de novo, tesoro mia, e eu juro
por Deus, você vai se arrepender!
Ela se encolheu quando a realidade a trouxe de volta à terra
com um baque. Ele a soltou e ela deslizou pela porta para cair aos
pés dele. Ele lançou um olhar desdenhoso sobre ela, o gelo para trá s
e o fogo desaparecido.
— Onde você esteve? — ele perguntou calmamente. Ela se
levantou cambaleando, humilhada por ter permitido que ele a
afetasse a tal ponto que ela cairia a seus pés. Ela inclinou a cabeça
para trá s desafiadoramente e se recusou a responder. — Theresa,
estou te avisando...
— Avise para longe, — ela provocou trêmula. — Quer continuar
casado? Tudo bem. Mas eu me recuso a deixar você pisar em mim. É
hora de você começar a me mostrar algum respeito!
— Como diabos devo respeitar alguém que se vendeu pelo
lance mais alto? — ele rosnou com controle rígido, e ela engasgou,
picada. — Nã o tenho respeito por você, Theresa, nem mesmo como
mã e em potencial do meu filho, porque, francamente, você nem
consegue fazer isso direito.
Ela enlouqueceu, completamente e, pela primeira vez em seus
vinte e seis anos, Theresa recorreu à violência. Ela se lançou sobre
ele, sibilando, cuspindo e arranhando como um gato. Naquele
momento, ela o odiou tanto que parecia uma coisa viva tentando sair
dela para alcançá -lo. Quando ela voltou a si, percebeu que ele a tinha
em seus braços, de costas para ele, os pulsos em suas mã os e os
braços cruzados sobre o peito. Ambos estavam sem fô lego. Havia
sons terríveis de choro vindo do fundo de sua garganta, as palavras
de ó dio que ela repetidamente atirou para ele há muito se
desvaneceram em soluços incoerentes. Os lá bios dele estavam no
cabelo dela, logo acima da orelha esquerda, e ele emitia sons suaves,
sem machucá -la, apenas restringindo-a com sua força superior. Ela
ficou mole, pendurada derrotada em seus braços.
— Eu sinto muito. — Ela congelou; as palavras eram tã o baixas
que ela nã o tinha certeza se o tinha ouvido corretamente. — Isso
foi... cruel e errado da minha parte.
Mais palavras? Ela nã o sabia como responder e optou por nã o
dizer nada. Ela o sentiu engolir em seco antes que ele
cuidadosamente soltasse seus pulsos e se afastasse dela. Ela fingiu
esfregá -los, embora ele nã o a tivesse machucado. Em vez disso, ela
parecia ter infligido a maior parte do dano a ambos. Algumas de suas
unhas estavam quebradas e seus punhos estavam machucados pelos
poucos socos raivosos que ela conseguiu acertar contra seu corpo
duro. Ela se virou para encará -lo e ficou chocada ao ver que ele
estava sangrando. Ele tinha arranhõ es nas mã os e no rosto, incluindo
um profundo e raivoso no pescoço. Ele também tinha marcas de
mordidas em seus antebraços musculosos e um hematoma
escurecido em sua mandíbula. Ele viu os olhos dela pousar no
hematoma e esfregou-o com pesar.
— Você dá um soco maldoso, — disse ele timidamente, antes de
olhar para as mã os dela e xingar baixinho. — Você se machucou. —
Ele levantou um e fez uma careta para os hematomas e unhas
quebradas. Ela arrancou a mã o da dele; ela nã o tinha certeza do que
se tratava esse ato estranho e definitivamente não confiava nele.
Seus olhos escureceram com o olhar desconfiado dela, e ele enfiou as
mã os nos bolsos. Ela passou por ele antes de ir em direçã o à escada.
— Theresa... — Ela parou, mas nã o se virou. — Eu realmente
sinto muito pelo que eu disse. Nã o era verdade. — Ela sabia que seu
pedido de desculpas nã o era sincero. Embora ele nunca tivesse dito
isso, ela sabia que ele a culpava pelo bebê que ela havia perdido no
início de seu casamento. O fato de ela nã o ter concebido desde entã o
apenas cimentou sua opiniã o negativa sobre ela.
— Vou para a cama, — ela sussurrou, ignorando o pedido de
desculpas e ainda sem olhar para ele.
— Sim... — Ele saiu do caminho dela e enterrou as mã os nos
bolsos da calça. Ela estava intensamente consciente de seus olhos
perfurando suas costas enquanto ela se afastava dele, e manteve a
cabeça erguida enquanto subia as escadas para o segundo andar.
Ela se dirigiu a um dos luxuosos quartos de hó spedes e as
lá grimas brotaram de seus olhos; as palavras cruéis de Alessandro
atingiram um nervo. Ela havia perdido o bebê depois de apenas
cinco meses de casamento e três meses de gravidez, e Theresa
sempre achou que o aborto fora culpa dela. Quando ela descobriu
que estava grávida, desejou que a criança fosse embora - seu
relacionamento com o marido era tã o frio que ela nã o conseguia
imaginar trazer uma criança para um ambiente tã o sem amor. Pior
ainda, depois que ela perdeu o bebê, ela teve vergonha de admitir
que o alívio estava misturado com o desgosto. Ela se odiou por isso,
sentiu que havia algo errado com ela por desejar que seu pró prio
filho desaparecesse. Ela nunca compartilhou o que sentiu com
Sandro, e eles lamentaram a passagem da pequena vida
separadamente, nunca falando sobre isso. Agora ela suspeitava que
ele sabia o tempo todo, e que isso havia aumentado seu desprezo por
ela.
Apesar de sua extrema depressã o apó s o aborto, ela superou
isso sozinha. Rick e Lisa nem sabiam sobre a gravidez dela. Ela se
sentiu tã o mal com sua reaçã o ao bebê que nunca contou a eles,
sentindo que seu comportamento era indefensável. Mas esta noite,
as provocaçõ es cruéis de Sandro simplesmente a levaram ao limite.
Ela suspirou, tentando se livrar de seu mau humor, e depois de
um banho rá pido, ela caiu na cama vestindo apenas a camiseta e a
calcinha que ela havia pegado rapidamente de sua cô moda na suíte
master. Apesar do drama do dia, ela adormeceu quase
imediatamente. Ela nã o sabia quanto tempo estava dormindo antes
de ouvir a batida silenciosa na porta. Ela imediatamente acordou e
sentou-se, afastando o cabelo emaranhado do rosto.
— Theresa! Abra a maldita porta! — Sandro voltou a bater na
madeira com raiva, e desta vez foi alto o suficiente para fazê-la pular
e destrancar e abrir a porta à s pressas, com medo de que ele
acordasse a governanta residente. Apesar do fato de que sua voz era
apenas um sussurro sombrio através da floresta, ela nã o tinha
dú vidas de que ele estava absolutamente lívido. Ela ficou olhando
para ele na penumbra e ficou surpresa com o flash de fú ria quente
em seu rosto, que foi tã o rapidamente mascarado sob a má scara
mais familiar de indiferença gelada, que ela nã o tinha certeza se
havia imaginado a emoçã o.
— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou rigidamente.
— Decidi me mudar para este quarto, — ela o informou, nã o
conseguindo manter a ansiedade em sua voz, e sua mandíbula
cerrou. Ela nã o esperava ter essa conversa até de manhã . Sandro
estava cheio de surpresas hoje. Ela sabia que ele ficaria chateado por
ela sair do quarto. Ele gostava de sexo com ela e parecia feliz por tê-
la convenientemente ao alcance do braço. Ainda assim, era
completamente fora do personagem ele realmente bater na porta do
quarto dela, exigindo uma explicaçã o na calada da noite! Ela
esperava uma conversa fria e controlada sobre isso na mesa do café
da manhã . A luz do patamar era brilhante o suficiente para ela ver a
emoçã o tempestuosa se formando em seus olhos, e ela engoliu um
pedaço de decepçã o quando a emoçã o foi mergulhada no gelo.
— Eu posso ver isso, — ele rangeu. — Acho que a pergunta
pertinente é por quê? — E ela podia ver que perguntar isso quase o
matava.
— Eu me sentiria um hipó crita se ficasse no quarto principal
com você. — Ela deu de ombros novamente. — Esta manhã eu disse
a você que queria o divó rcio, entã o nã o pareceria certo se eu
continuasse compartilhando sua cama como se nunca tivéssemos
tido essa conversa.
— Você está sendo ridícula, — disse ele com desdém.
— Nã o... acho que estou fazendo sentido pela primeira vez em
quase dois anos.
— Minha esposa... — ele colocou ênfase sarcá stica na ú ltima
palavra — ...dorme comigo. Você vai voltar para o nosso quarto, nem
que eu tenha que arrastá -la até lá chutando e gritando!
— E-e-eu talvez tenha que dormir com você, Sandro, — ela
concedeu, sabendo que se ele escolhesse fazer o que ele ameaçou,
ela definitivamente perderia para seu tamanho e força superiores. —
Mas eu nã o vou mais fazer sexo com você.
— Você negaria a mim, seu marido, esse direito conjugal
bá sico? — Ele parecia francamente surpreso com isso, tã o surpreso
quanto Theresa se sentia por se atrever a dizer as palavras.
— Sim.
Seus olhos se estreitaram e ele deu um passo ameaçador em
direçã o a ela.
— O que me impede de pegar o que me pertence? — ele
perguntou especulativamente, seus olhos passando com desdém por
seu corpo magro, trêmulo e vestido com uma camiseta. Theresa
cruzou os braços sobre o peito e encolheu os ombros
defensivamente.
— Eu nã o pertenço a você, — ela disse suavemente.
— Bem, eu certamente desembolsei grandes quantias de
dinheiro para você. Isso parece propriedade para mim.
— Eu nã o tenho ideia do que você está falando, — ela protestou
em frustraçã o, e ele riu baixinho.
— E você ainda está cantando a mesma velha e cansada
melodia, — ele zombou. —Isso nã o vem ao caso. Nã o desejo repetir
esses detalhes, nã o adianta nada. Vamos, vamos para a cama! — Ele
agarrou a mã o dela e a puxou de volta para seu quarto algumas
portas no corredor. Ela ficou tã o chocada com o gesto abrupto que
tropeçou atrá s dele, antes que o instinto a atingisse e ela batesse os
calcanhares, deixando-o praticamente arrastá -la pelos ú ltimos
metros.
Theresa estava sem fô lego e furiosa quando ele finalmente
soltou sua mã o. Eles estavam no quarto principal, um de frente para
o outro, e ela olhou para ele... recusando-se a ser intimidada por sua
carranca.
— Quando você se tornou o Homem Neandertal, Sandro? Nunca
pensei que você recorreria a tá ticas de homem das cavernas. — Ele
nã o gostava de ser chamado de bá rbaro, nã o seu marido suave,
sofisticado e rígido. Ela podia ver isso na maneira como sua boca se
apertou e seus olhos brilharam. Ele agarrou seu pulso e a arrastou
contra ele.
— Você ainda nã o viu o Neandertal em mim, cara. Eu aconselho
você a não me pressionar sobre isso, a menos que você queira que as
coisas fiquem realmente feias entre nó s. — Ele usou todo o seu
corpo para intimidá -la, inclinando-se sobre ela, nariz com nariz.
— Eu nã o vejo como as coisas podem ficar mais feias, — ela
sussurrou.
— Você realmente nã o quer descobrir o quã o pior pode ficar,
confie em mim. — Seus olhos perfuraram os dela, e sua respiraçã o
veio em pequenos suspiros rasos. De repente, ela percebeu o quanto
estava pressionada contra ele e sentiu uma onda de calor traiçoeira
se desenrolando na boca do estô mago e irradiando para fora.
Embora Sandro nunca se deixasse ir para a cama, ele ainda era um
amante incrível e, apesar, ou talvez por causa da precisã o clínica com
que conduzia o ato, ele sempre fazia questã o de que ela chegasse ao
clímax. Ela teria trocado qualquer um desses orgasmos por um beijo,
é claro, ou mesmo por uma demonstraçã o de afeto depois, mas nã o
pô de evitar sua reaçã o a ele. Ele sempre poderia fazê-la derreter. A
química era uma coisa terrível; à s vezes simplesmente acontecia
entre as pessoas erradas.
Seus olhos ainda estavam fixos nos dela, e ela sentiu a mudança
repentina em sua respiraçã o e frequência cardíaca. Ele se inclinou
ainda mais perto, sua boca quase tocando a dela; suas respiraçõ es se
misturavam e vinham em suspiros irregulares. Se ela movesse a
cabeça, apenas uma fraçã o de centímetro, seus lá bios se tocariam.
Ela nã o resistiu e se esforçou para fazer exatamente isso, quando ele
praguejou e se afastou dela. Theresa piscou e se sentiu como se
estivesse saindo de um transe.
— Apenas vá para a cama. — Ele colocou a mã o na parte
inferior das costas dela e deu-lhe um leve empurrã o em direçã o à
cama.
— Eu nã o vou fazer… — ela começou a protestar.
— Eu sei. Também nã o estou exatamente no estado de espírito
certo para isso. — Ele a cutucou novamente.
— Você nã o vai me tocar?
— Nã o, a menos que você queira. — Ele deu de ombros como se
nã o se importasse de qualquer maneira.
— Eu nã o quero que você faça, — ela afirmou com firmeza.
— Entã o você nã o tem nada com que se preocupar. — Ele se
afastou dela e tirou sua camisa casual, deixando-o abruptamente nu
do peito para cima. Como sempre, ele roubou seu fô lego, e ela teve
que se forçar a se afastar da visã o sedutora de seu marido seminu e
ir para a cama. Ela rastejou para baixo das cobertas e manteve-se de
costas para ele, mas estava dolorosamente ciente de cada som que
ele fazia enquanto se dirigia para o banheiro, descartando ainda
mais roupas ao longo do caminho. Para um homem tã o preciso e
controlado em todos os outros aspectos de sua vida, Alessandro
tendia a ser um pouco confuso em seu pró prio espaço: ele
casualmente deixava cair uma camisa aqui, uma meia ali.... Essa “fada
má gica da limpeza” geralmente era Theresa; ela era um pouco louca
por organizaçã o e compulsivamente pegava e dobrava tudo o que ele
deixava cair. Bem, nã o mais; ele poderia muito bem pegar suas
pró prias camisas.
Ela ironicamente reconheceu para si mesma que essa resoluçã o
duraria apenas o tempo que levasse para a empregada entrar e
limpá -la. A ú nica coisa sobre ser fabulosamente rico era que você
nã o precisava pensar em coisas mundanas, como cuidar de si
mesmo. E Alessandro foi mimado desde o nascimento acreditando
que o universo girava em torno dele. Embora a família de Theresa
também fosse rica, ela nunca considerou nada garantido, nã o quando
tinha um pai emocionalmente distante, que apontava
implacavelmente cada falha dela, e uma mã e deprimida, que saiu da
vida de Theresa por meio de um frasco de pílulas para dormir.
Theresa era uma menina de onze anos assustada e confusa na época.
Ela suspirou baixinho e se virou para observar a porta do
banheiro. Ele nã o a havia fechado completamente, e uma estreita
faixa de luz fluiu para o quarto escuro. O vapor estava saindo pelas
bordas da porta e ela podia sentir o cheiro picante de seu sabonete.
O chuveiro parou abruptamente e ela ouviu o farfalhar dele secando
a toalha. Ela sorriu suavemente para si mesma quando ouviu a toalha
cair no chã o depois que ele terminou. Ela estava dolorosamente
familiarizada com cada detalhe de suas abluçõ es noturnas; ele
geralmente escovava os dentes e fazia a barba enquanto tomava
banho. Cinco minutos depois, a luz do banheiro se apagou e ele saiu
para o quarto escuro. Ela podia distinguir sua silhueta o suficiente
para ver que ele estava nu, e ela entrou em pâ nico quando percebeu
que ele tinha absolutamente toda a intençã o de ir para a cama
daquele jeito.
Ele geralmente dormia nu, mas ela honestamente acreditava
que ele vestiria um short ou algo assim apó s os eventos daquela
noite. Sem essa sorte. Ela o sentiu levantando as cobertas e
deslizando sob elas. Ele tinha um cheiro divino e ela teve que lutar
contra o impulso de se virar para ele. Ele nã o disse uma palavra e
nã o fez nenhum movimento em direçã o a ela, ficando do seu lado da
cama. Nenhuma surpresa lá . Ele geralmente ficava do seu lado da
cama de qualquer maneira, a menos que sentisse a necessidade de
trabalhar em seu projeto de longo prazo para gerar um filho. Só
entã o ele se aproximava dela para tocá -la, acariciá -la e fazer tudo
menos amá-la.
Theresa nunca instigou seus encontros íntimos. Ela aprendeu
desde cedo que qualquer movimento em direçã o a tal intimidade
geralmente era rejeitado, e sua frá gil autoestima nã o lidava bem com
a rejeiçã o, entã o ela parou de tentar. Ironicamente, esta noite, depois
de ter decretado que ele nã o a tocasse, foi a primeira vez em muito
tempo que ela se sentiu realmente tentada a se aproximar dele. Ela
cerrou os punhos e se enrolou em uma bola, tentando nã o pensar em
toda aquela tentadora carne masculina nua ao lado dela. Ela sabia
que ele estava acordado, ela podia dizer pelo ritmo de sua
respiraçã o, e obviamente ele sabia que ela estava acordada, ela
estava muito tensa para estar dormindo.
— Apenas vá dormir, pelo amor de Deus. — Sua voz impaciente
de repente ecoou na escuridã o. — Eu disse que nã o iria tocar em
você e nã o vou... Você pode relaxar!
Ela ficou ainda mais tensa ao som de sua voz, e ele xingou
baixinho.
— Se você nã o consegue dormir, tenho a soluçã o perfeita para
sua insô nia, — ele murmurou sugestivamente, deixando-a sem
dú vida quanto à sua “soluçã o”.
— Você nã o está ajudando, — ela cerrou os dentes cerrados e
ele riu baixinho.
— Bem, se nenhum de nó s consegue dormir...
— Nã o estamos na cama há tempo suficiente para adormecer...
apenas silêncio! — ela sibilou.
— Você sabe que está sendo ridícula, certo? — ele murmurou
em sua voz mais paternalmente ló gica, que ele sabia que iria deixá -la
absolutamente louca.
— Eu nã o me importo Como estou sendo ridículo você acha que
estou sendo. Ela se virou para encará -lo e mal conseguiu distinguir
seu perfil no escuro. Ele estava deitado de costas, com um braço
dobrado sob a cabeça. Quando ele a sentiu virar, ele virou a cabeça
para olhar para ela. Ela podia ver apenas o branco de seus olhos no
escuro. — É isso que eu quero, Sandro.
— Eu nã o acredito nisso nem por um segundo, — ele sustentou,
estendendo a mã o para tocar o rosto dela com uma mã o gentil. — O
sexo sempre foi bom entre nó s, Theresa. Isso é uma coisa que nunca
esteve em dú vida. É a ú nica maldita coisa que está funcionando neste
casamento.
— Nã o estava funcionando para mim, — ela murmurou
desafiadoramente. Isso machucou seu ego masculino; ela sentiu isso
na maneira como ele ficou tenso.
— Você nã o estava fingindo essas respostas, — ele negou
rigidamente.
— Nã o, eu nã o estava. Você é realmente muito bom, — ela
concordou, percebendo tarde demais que ela nã o parecia muito
convincente. — Nã o é mais o suficiente para mim.
— Eu nã o sou mais o suficiente para você? — ele perguntou
categoricamente, e ela sabia que tinha que pisar com cuidado aqui,
ele estava com um humor imprevisível, e ela temia comentá rios
ainda mais contundentes dele. Era de sua natureza pacificar em vez
de provocar, entã o ela fez uma ú ltima tentativa de se explicar.
— Nã o foi bem isso que eu quis dizer…
— Ah?
— Sandro, você está sendo deliberadamente obtuso. — Ok, isso
também nã o era a coisa certa a se dizer. Ela praticamente podia
senti-lo eriçado ao lado dela.
— Provavelmente será melhor se você nã o disser mais nada,
Theresa.
— Olha, você está intencionalmente me interpretando mal
aqui... — ela começou.
— Nem mais uma palavra, — ele avisou.
— Mas... — De repente ela estava deitada de costas com ele
montado em seus quadris. Ela engasgou e se contorceu enquanto
tentava desalojá -lo.
— Eu te avisei, — ele rosnou.
— Saia de cima de mim, — ela sibilou com raiva, empurrando
inutilmente em seu peito quente e nu.
— Nã o. — Ele se acomodou mais firmemente contra ela,
movendo seus quadris até que suas coxas se separaram
relutantemente e ele ficou alojado entre elas. A camiseta tinha
subido até a cintura, deixando apenas a minú scula calcinha do
biquíni como uma barreira entre eles. Ela estava dolorosamente
consciente de sua carne nua esfregando contra a pele macia de suas
coxas e sentiu-se respondendo. Ela impotente moveu-se com ele,
querendo mais contato. Ele gemeu e enterrou o rosto em seu
pescoço, seus lá bios acariciando seu pescoço, movendo-se sobre sua
mandíbula, entã o seu queixo, contornando sua boca antes de roçar
sua bochecha e capturar um ló bulo sensível da orelha entre seus
dentes. Foi a flagrante evitaçã o de sua boca que efetivamente apagou
a chama que começou a queimar lentamente em seu intestino.
— Nã o é isso que eu quero, — ela disse com firmeza, usando
todas as suas forças para tentar afastá -lo, mas ele nã o se mexeu.
— Sim, é, — ele sussurrou em seu ouvido.
— Se você fizer isso, será contra a minha vontade, — ela
afirmou desesperadamente. — E você sabe como isso se chama! —
Ele congelou abruptamente antes de sair dela e voltar para o seu
lado da cama.
— Você me acusaria de algo tã o desprezível? — Ele parecia
mortalmente ofendido, mas Theresa nã o estava disposta a se deixar
influenciar.
— Se a carapuça servir…
— O que isso significa? — ele rosnou. — Algum maldito idioma
ambíguo que nã o se aplica a esta situaçã o de forma alguma! Nã o
havia força envolvida no que acabou de acontecer.
— Você me prendeu e se recusou a sair de cima de mim quando
eu pedi. Esse é um exemplo bastante claro de força. — Ele nã o
respondeu e ficou ali fervendo em silêncio ultrajado. Ela mais uma
vez conseguiu ferir seu orgulho masculino, e Theresa era humana e
mesquinha o suficiente para dar a si mesma um high five mental.
Eles nã o falaram mais nada depois disso, e Theresa finalmente caiu
em um sono inquieto.
CAPÍTULO DOIS

O ar no café da manhã na manhã seguinte ainda estava carregado


de tensã o. A equipe discreta preparou o habitual bufê de café da
manhã de domingo no pá tio ensolarado ao lado da piscina antes de
desaparecer na toca. Sandro nã o gostava de distraçõ es nas manhã s
de domingo, entã o preferia nã o ver os funcioná rios e, geralmente,
embora insistisse em que Theresa fizesse todas as refeiçõ es com ele
para manter as aparê ncias, ele a ignorava em favor de seu domingo.
Naquela manhã , apesar de sua barreira habitual do jornal entre ele e
o resto do mundo - ou seja, ela - ela poderia quase sentir sua fú ria.
Depois de uma meia hora insuportavelmente tensa, ele enrolou o
papel entre os punhos e o jogou de lado antes de olhar para ela do
outro lado da mesa de vidro.
— Eu quero saber exatamente onde você estava ontem,
Theresa, — ele exigiu.
— Por que você se importa? — ela perguntou cansada. — Você
certamente desapareceu sem explicaçã o o suficiente para nó s dois.
— Nã o estamos falando de mim aqui, — ele apontou.
— Nã o, mas acho que é hora de falarmos sobre você, sobre seu
comportamento ultrajante, sobre as outras mulheres e seu flagrante
desrespeito pelo fato de você ser casado!
— Nã o me sinto casado! — Ele parecia quase na defensiva.
— Nã o? — ela retrucou imprudentemente. — Bem, talvez eu
também nã o me sinta casada! Talvez eu esteja pronta para ser
ultrajante. Talvez eu esteja pronta para outros homens e casos
extraconjugais também!
— É melhor que esta nã o seja à sua maneira de me dizer que
você estava com outro homem ontem à noite, Theresa, — ele disse
ameaçadoramente, sua voz estranhamente calma. Theresa ignorou o
aviso em sua voz e mergulhou.
— E daí se é exatamente isso que estou te dizendo? — ela
perguntou. — O que você vai fazer sobre isso? Tornar minha vida um
inferno? Bem, surpresa, surpresa… já é um inferno! Faça o seu pior!
— Qual o nome dele? — ele exigiu em uma voz letalmente
controlada que enviou um arrepio involuntá rio na espinha dela. Ela
reconheceu que o havia empurrado longe demais, mas sabia que,
mesmo que recuasse agora, isso nã o amenizaria a raiva dele. —
Theresa, quem inferno é ele?
Theresa nã o pô de deixar de sentir um arrepio instintivo de
medo. Ela sabia que ele tinha uma rédea curta sobre seu
temperamento, mas agora essa rédea parecia tensa ao ponto de
quebrar.
— E-eu estava falando hipoteticamente, — ela gaguejou,
abandonando toda pretensã o de bravata.
— Eu nã o acredito em você, — ele soltou furiosamente.
— Eu nã o estava com ninguém, só precisava de um tempo!
— Um tempo, — ele repetiu com total desprezo.
— Sim, um tempo! Uma pausa de você e uma pausa desta vida.
Nã o quero mais estar neste casamento. Eu quero sair e quero ficar
longe de você! Por favor, eu só quero o divó rcio, Sandro. Por favor.
— Você vai se divorciar quando eu tiver meu filho, — ele
lembrou impiedosamente.
— Isso é tã o doentio, — ela protestou. — Por que você ainda
quer uma criança com uma mulher que você despreza? — Ele nã o
respondeu e, em vez disso, lançou lhe um olhar inquisitivo.
— Você honestamente nã o sabe, nã o é? — ele respirou em
descrença, e ela piscou em confusã o.
— Sabe o que? — ela perguntou inexpressivamente, distraída
pelo olhar em seu rosto. Novamente ele nã o respondeu. — Sabe o
que?
— Por que você se casou comigo? — ele perguntou.
— Você sabe por quê. — Ela ficou indignada com a maneira
como ele esfregava sal na ferida, incapaz de acreditar, mesmo depois
de um ano e meio de tratamento semelhante, que ele pudesse ser tã o
cruel.
— Me divirta, — ele solicitou, e ela exalou trêmula, antes de se
levantar com toda a dignidade que pô de reunir. Ela se sentia trêmula
e enjoada e nã o aguentava mais ficar perto dele. Ela deu um passo
vacilante para longe da mesa, cambaleando tanto que ele deu um
pulo e segurou seu braço esguio com uma das mã os para firmá -la.
— Theresa? — Ele parecia quase abalado.
— Estou bem. — Ela encolheu os ombros para longe de sua
mã o. — Levantei rá pido demais. Agora, por favor, desculpe-me,
tenho coisas para fazer!
— Espere... — ele disse com urgência. — Eu lhe fiz uma
pergunta.
— Uma pergunta estú pida para a qual você já sabe a resposta,
— ela retrucou.
— Talvez eu queira ouvir a resposta novamente. — Ele estava
sendo um idiota total sobre isso, e nã o pela primeira vez em sua
vida, Theresa sentiu vontade de bater nele.
— Ah Deus, por que você insiste em fazer isso comigo? — ela
gemeu.
— Você realmente me amou, nã o é? — Ele respirou com
espanto, e ela o lançou um olhar assombrado antes de se virar.
— Você pode ter certeza de que tudo o que senti por você
quando nos casamos nã o é mais um problema. Quero o divó rcio, e
nada que você faça ou diga pode me induzir a ficar com você — ela
insistiu, e ele a surpreendeu ao assentir pensativo.
— Sim. Estou começando a perceber isso, — ele reconheceu
suavemente. Nã o havia mais nada a dizer e ela saiu da sala com a
cabeça erguida e a dignidade intacta.

Ela estava uma pilha de nervos quando chegou ao quarto e afundou


na cama, sentindo-se trêmula e ainda vagamente enjoada. Ela sentiu
como se tivesse acabado de lutar dez rounds com um boxeador peso-
pesado, mas também pensou que ele realmente a ouvira e que ela
havia feito algum progresso. Sentindo que precisava falar com
alguém sobre o que acabara de acontecer, ela pegou o telefone do
gancho na mesa de cabeceira, mas foi pega de surpresa ao ouvir o
toque do outro lado da linha. Percebendo que Sandro estava no
ramal lá embaixo, ela estava prestes a desligar o telefone quando o
toque parou abruptamente.
— Jackson Nobre. — A voz de seu pai estalou em seu ouvido, e
seus olhos se arregalaram em choque. Sandro e seu pai não se davam
bem, e ela ficou surpresa por Sandro ter telefonado de bom grado
para o homem mais velho. Mais do que um pouco curiosa, ela hesitou
antes de recolocar o fone no gancho, mas aquela breve hesitaçã o
provou ser suficiente para mantê-la grudada no telefone.
— Sua filha quer o divó rcio, — foi a frase inicial de Sandro, e os
dedos de Theresa apertaram o telefone.
— O que você está falando? O divó rcio nã o é uma opçã o e você
sabe disso! — seu pai a surpreendeu ao responder.
p p p
— Sim, — a voz de Sandro era mais seca que o deserto no
verã o. — Eu sei disso, mas parece que ela nã o sabe. Você nã o contou
a ela sobre nosso acordo? — Que acordo?
— Claro que nã o, — Jackson Noble zombou com desdém. — Ela
nunca teria se casado com você se eu tivesse. A pequena idiota se
imaginou apaixonada por você! — Seu pai riu maldosamente e
Theresa estremeceu. Seu braço livre envolveu sua barriga enquanto
ela tentava manter a ná usea sob controle. Sandro nã o reagiu à ú ltima
declaraçã o do pai.
— Eu pensei que ela tinha entrado neste casamento
consentindo em se vender por causa de seu pequeno contrato
sá dico. A boa garotinha do papai até o fim! — ele disse depois de
uma longa pausa.
— Será que você mudaria de ideia se soubesse que estava se
casando com um tolo ingênuo que pensava que você personificava
cada sonho dela?
— E ela nã o tem ideia dos termos do nosso acordo? — Sandro
perguntou lentamente.
— Bem, eu presumi que ela iria descobri-los de você
eventualmente...
— Você está me dizendo que ela se casou comigo acreditando
que eu era apaixonado por ela? — Ele parecia incrédulo que Theresa
algum dia acreditasse que ele estava apaixonado por ela.
— É claro. — Seu pai bufou.
— E você simplesmente foi em frente e a deixou acreditar
nisso?
— Eu sei que foi uma suposiçã o ridícula da parte dela, mas caiu
nas nossas mã os. Foi como assistir a um gatinho sonolento se
apaixonar por um leã o que ruge, — seu pai riu, ele realmente riu,
depois de dizer isso. — Mas duvido que ela teria se casado com você
de outra forma.
— “Caiu nas nossas mã os?” Nã o há nós aqui, Jackson. Nã o tive
nada a ver com seu esquema obsceno.
— Ah, poupe-me de suas bobagens hipó critas, Sandro, — seu
pai zombou. — Cheira a hipocrisia quando você ganhou muito com
esse negó cio. E mesmo que você soubesse das expectativas de
Theresa, isso nã o faria diferença no resultado final. Você sabe disso
tã o bem quanto eu.
— Ela é sua filha! — Sandro de repente rugiu. — Isso deveria
ter significado algo para você.
— Claro que significou algo para mim. Isso significava que ela
finalmente poderia ser ú til para mim! Seu papel em minha vida
agora é bastante vital. Entã o é melhor mantê-la feliz, engravidá -la e
impedi-la de tagarelar sobre o divó rcio. Você sabe o que pode perder
se seu casamento acabar antes que eu consiga o que quero.
— Eu tinha uma vida antes de fazermos esse arranjo ridículo e
gostaria de voltar a ela em algum momento, — disse Sandro. Theresa
mordeu o lá bio com força para nã o gritar ao saber que seu marido
sempre considerou o casamento deles como algo fora de sua vida
real. Ela nunca conheceu a família dele, todos morando na Itá lia. Ele
os visitou a cada dois meses por pelo menos duas semanas e nunca
se preocupou em convidá -la para se juntar a ele. Claro que ele nunca
quis que eles a conhecessem, nã o quando ela era apenas sua esposa
“temporá ria” e indesejada.
— Bem, você sabe o que seria necessá rio para sair e estou
surpreso que tenha demorado tanto para realizar essa tarefa.
Sandro permaneceu em silêncio por um momento.
— Você sabe que tivemos um revés, tem sido difícil se
recuperar disso! — ele respondeu. A testa de Theresa franziu e sua
mã o suada apertou o fone, que estava praticamente colado em seu
ouvido. Ela tentou descobrir sobre o que eles estavam falando. Qual
era esse objetivo que a libertaria? Tinha algo a ver com um interesse
comercial mú tuo, se a conversa era alguma coisa. Ela faria qualquer
coisa para ajudar Sandro a realizar o que ele precisasse, se isso
significasse que ela poderia sair mais cedo. E uma vez que ela
estivesse livre, ela se afastaria de ambos e nunca olharia para trá s.
— Sim... aquela maldita garota nã o sabe fazer nada direito, nã o
é? — seu pai de repente ralou, e a cabeça de Theresa levantou
quando ela percebeu que eles estavam falando sobre ela. O que
diabos fez...? — A ú nica coisa que você esperaria que a mulher fosse
capaz de fazer e ela estragou até isso. — Ah Deus! Theresa finalmente
entendeu a que eles estavam se referindo em termos tã o secos e
quase se dobrou de dor.
— Ninguém teve culpa do que aconteceu, — Sandro a chocou
ao dizer. — Foi apenas uma daquelas coisas.
— Independentemente disso, — seu pai dispensou. — Crie um
menino na pirralha e acabe com isso. Certamente a tarefa nã o deve
ser muito difícil para um jovem robusto como você? Depois disso,
você é muito bem-vindo para obter o seu divó rcio e viver feliz para
sempre com aquela sua mulher Francesca. “O amor da sua vida” - foi
assim que a imprensa a chamou uma vez, certo?
Francesca? Theresa nã o sabia o que processar primeiro, o fato
de todo esse casamento ter sido sobre ela ser uma égua reprodutora
para qualquer objetivo doentio que eles tivessem em mente, ou o
fato de Sandro estar apaixonado por outra mulher. Ambas as
informaçõ es doeram tanto que Theresa sentiu como se tivesse sido
agredida fisicamente. Ela sempre presumiu que o desejo de Sandro
por um filho era alimentado por seu ego masculino italiano; a
necessidade de propagar sua linhagem e tudo isso. O pensamento de
que era parte de algum tipo de barganha que ele havia feito com o
pai dela nunca havia passado pela cabeça dela! Mesmo que ela
odiasse o jeito que ele nunca poderia tocá -la sem esse objetivo final
em mente, ela sempre acreditou que era algo que ele queria, um filho
para continuar seu nome e um herdeiro para herdar sua fortuna. Em
vez disso, o bebê seria apenas uma maneira de ele ganhar sua
liberdade e continuar sua vida com Francesca.
Mas o que deveria acontecer com ela e o bebê depois que
Sandro cumprisse sua parte no trato? Ele iria embora e os
esqueceria? A ú nica coisa de que ela nunca duvidou foi que, se
Sandro quisesse um filho, ele o amaria. Agora ela nem tinha certeza
disso! Sandro parecia desprezá -la tanto que agora ela sabia que,
mesmo que qualquer bebê que tivessem levasse seu nome, acabaria
sendo negligenciado e nã o amado por seu pai, assim como ela fora
pelo dela. Ela nã o podia permitir que isso acontecesse e isso a deixou
ainda mais determinada a nã o ter um filho.
Quanto ao papel do pai em tudo isso, ela certamente sabia por
que ele queria um neto. Ele sempre lamentou a falta de descendentes
masculinos para continuar sua linhagem e seus negó cios. Theresa
nunca foi boa o suficiente para herdar, o que ele sempre deixou bem
claro, mas ela nunca imaginou até onde ele iria para garantir um
herdeiro homem. Era tudo tã o arcaico.
Theresa estava tã o absorta em seus pensamentos dolorosos
que demorou um pouco para registrar o zumbido baixo em seu
ouvido e perceber que os dois homens haviam desligado a ligaçã o.
Ela com muito cuidado, como se fosse a coisa mais frá gil do mundo,
recolocou o fone no gancho e ficou imó vel por um longo tempo antes
de explodir de repente em açã o e correr para o banheiro da suíte,
onde vomitou violentamente o a escassa porçã o que comeu no café
da manhã .
Depois que ela terminou, ela enxaguou a boca, voltou para o
quarto e se arrastou para o centro da enorme cama. Ela ficou
sentada com os joelhos dobrados contra o peito e o rosto enterrado
nas mã os, muito magoada até para chorar. Ela tremia tanto que batia
os dentes. Ela nã o sabia o que fazer ou para onde se virar. Ela
precisava sair dessa situaçã o, o mais longe possível dos dois homens.
Possíveis soluçõ es e cená rios continuaram marchando em sua mente
traumatizada, mas nada viável se apresentou. Ainda havia que
considerar a ameaça de Sandro contra os negó cios de Lisa; ela
também nã o tinha dinheiro pró prio e sabia que, com seus recursos
consideráveis, seu pai e seu marido a encontrariam antes que ela
pudesse ir muito longe.
Ela ainda estava pensando nisso quando uma batida suave soou
na porta do quarto. Ela se abriu antes que ela pudesse responder, e
seu grande, moreno e lindo marido estava emoldurado na porta. Seus
olhos varreram sua forma pequena e desgrenhada enquanto ela se
sentava no meio da cama com os braços em volta dos joelhos.
— Você está aqui há quase três horas, Theresa, — ele disse em
voz baixa. Era o tipo de voz que alguém usaria ao falar com um
cavalo indomável e nervoso. Três horas? Theresa nã o sabia que tinha
passado tanto tempo, e quando ela se moveu, seus mú sculos
gritaram em protesto. Ela cautelosamente e com esforço visível
esticou os braços e as pernas, tentando nã o estremecer de agonia
quando seu sangue começou a circular mais livremente.
— Perdi a noçã o do tempo, — ela murmurou, caminhando até o
espelho para verificar sua aparência. Ela suspirou quando viu seu
reflexo. Ela parecia terrível. Ela nunca se considerou mais do que
mediana, e ela parecia muito abaixo da média hoje. Havia sombras
sob seus olhos verdes, sua pele era anormalmente pá lida e lhe dava
uma aparência desbotada que fazia seus cabelos ruivos e olhos
verdes parecerem berrantes em comparaçã o.
Ela se perguntou como poderia ter acreditado que um homem
como Sandro De Lucci a desejaria em primeiro lugar. Ela tentou ver
suas feiçõ es objetivamente, mas tudo que ela podia ver eram olhos
muito grandes emoldurados por longos cílios vermelhos; um nariz
reto que nã o era muito grande nem muito pequeno; maçã s do rosto
salientes que à s vezes faziam seu rosto parecer magro quando ela
estava cansada; e lá bios que pareciam grandes demais para seu rosto
oval estreito. Nada impressionante - apenas um rosto comum que
parecia cansado e tenso no momento. Ela afastou os longos cabelos
dos olhos e se assustou quando o reflexo de Sandro apareceu no
espelho atrá s dela.
— Vou visitar Lisa, — ela disse a ele.
— Por que? — ele perguntou bruscamente, e ela deu de
ombros.
— Algo para fazer, — foi sua resposta casual.
— Eu pensei... — Ele hesitou e os olhos de Theresa se voltaram
para seu rosto em surpresa. A hesitaçã o era tã o incomum em seu
marido extremamente confiante. — Pensei que poderíamos sair para
algum lugar e almoçar juntos. Faz tempo que nã o fazemos isso.
— Tente nunca, — ela meio que riu incrédula, e suas
sobrancelhas ligeiramente franzidas.
—Claro que temos…— ele começou.
— Uma vez. — Ela assentiu. — Cerca de um mês antes de nos
casarmos. Me lembro disso muito vividamente porque me senti
como uma heroína em meu pró prio conto de fadas pessoal. A
donzela tonta, tola e nã o tã o bonita fazendo uma refeiçã o com seu
príncipe moreno, taciturno e tã o bonito. E que príncipe! Você nã o se
incomodava em juntar duas frases o tempo todo e checava o reló gio
a cada cinco minutos como se tivesse um lugar muito mais
importante para estar. Mas claro, eu nã o me importava, era assim
que você era e eu “amava” ... — ela disse a palavra com um sorriso de
escá rnio — ...você de qualquer maneira. Nunca mais saímos depois
disso.
— Claro que sim. — Apesar de sua afirmaçã o, ele parecia
notavelmente desconfortável. Ele mexeu os ombros inquieto e enfiou
as mã os nos bolsos da calça jeans.
— Essas outras vezes eram jantares relacionados ao trabalho,
aqueles que você tinha para levar sua esposa. — Ele franziu ainda
mais a testa, mas optou por nã o responder a sua declaraçã o.
— Bem, entã o, eu diria que é hora de sairmos juntos, nã o é? —
ele perguntou com uma voz artificialmente alegre, e Theresa
inclinou a cabeça enquanto tentava ler sua expressã o. Como de
costume, ele nã o estava revelando nada. Seus lá bios se inclinaram
ligeiramente em um sorriso cínico e sem graça.
— Acho que nã o, Sandro. — Ela balançou a cabeça. — Acho que
vou para a casa da minha prima como planejei originalmente. — Ele
balançou a cabeça pensativo, balançando para frente e para trá s em
seus calcanhares de uma maneira estranhamente inquieta.
— Como quiser. — Ele encolheu os ombros. — A que horas você
estava planejando sair?
— Em breve.
— Certo. — Ele deu de ombros novamente, parecendo
estranhamente desajeitado. — Até mais tarde entã o. — Ela assentiu
com a cabeça e ele se virou e saiu sem dizer mais uma palavra.

Rick e Lisa nã o estavam fazendo nada mais produtivo do que assistir


a DVDs quando Theresa apareceu. Lisa, em seu avançado estado de
gravidez, nã o podia fazer muito mais. Ambos estavam descansando
na sala, Rick parecendo devastadoramente bonito em um par de
jeans confortável e bem gasto e uma camiseta cinza que
definitivamente tinha visto dias melhores. Lisa, enquanto isso,
parecia infeliz em uma enorme camisa de futebol listrada de azul e
branco que Theresa sabia ter pertencido a Rick, que era um
excelente jogador de domingo à tarde, e um par de leggings azuis. Ela
era do tamanho de uma baleia bebê. Theresa simplesmente se
derreteu quando avistou sua prima mais nova rabugenta e mais uma
vez resolveu nã o fazer nada que comprometesse sua felicidade e
saú de. Ela deu um beijo na bochecha de Lisa e outro no topo da
cabeça de Rick enquanto passava por trá s do sofá onde eles estavam
sentados. Rick sorriu para ela.
— Nada emocionante planejado para hoje, querida, — ele
informou alegremente enquanto Theresa se afundava no outro sofá .
— Receio que estamos nos sentindo um pouco indispostos hoje, um
pouco mal-humorados, se preferir. Entã o vamos ficar em casa, na
esperança de que isso melhore nosso temperamento... Ai! — A ú ltima
proferida quando Lisa o golpeou na parte de trá s de sua cabeça.
— Pare de falar assim, você sabe que isso me deixa louca! Nã o
sou uma criança de dois anos fazendo birra, sou a mulher hormonal
que você engravidou! Entã o nã o me provoque, imbecil.
Rick lançou um olhar triste para sua amiga divertida e
murmurou um sabiamente silencioso “Viu?” Theresa sorriu antes de
tirar os sapatos e arrastar os pés para cima. Ela também estava
vestida casualmente, usando um velho par de jeans e uma camiseta
azul brilhante com uma grande borboleta estilizada estampada na
frente.
— O que estamos assistindo? — Theresa perguntou,
inclinando-se para pegar um punhado de pipoca de uma tigela de
vidro na mesa de centro.
— Alguma coisa româ ntica que faz Lisa se dissolver em
lá grimas a cada dois minutos mais ou menos. — Rick deu de ombros
com desdém, ignorando a forma como sua esposa estava olhando
para ele por cima de seus pequenos ó culos redondos. — Deus, os
sacrifícios que faço para manter esta mulher feliz, — disse ele com
um gemido, e Lisa engasgou de indignaçã o.
— Bem, se você pudesse, estaríamos assistindo algum machã o
idiota xingar e abrir caminho por duas horas de explosõ es
implacáveis, perseguiçõ es de carros e tiros, — ela retrucou, e ele
sorriu para ela.
— O que você quer dizer?
— Aargh!
Pela primeira vez em muito tempo, Theresa sentiu uma
risadinha borbulhando em sua garganta. Rick de repente sorriu
antes de deixar cair um braço em volta dos ombros estreitos de sua
esposa para arrastá -la para mais perto. Ele colocou a outra mã o
protetoramente sobre seu estô mago, e Lisa fez uma luta simbó lica
antes de suspirar satisfeita e deixar cair a cabeça em seu ombro
largo. Theresa os observou com inveja por alguns momentos antes
de tentar se concentrar no filme. Ela pensou que Rick estava
exagerando sobre a resposta de sua prima ao filme excessivamente
sentimental, mas era verdade; Lisa fungou em média a cada dois
minutos. Theresa estava apenas conseguindo ficar um pouco absorta
na trama quando a campainha tocou. Rick pediu licença e pulou para
atender.
Lisa o observou partir com um leve sorriso no rosto. Ela ficou
em silêncio por um tempo antes de balançar a cabeça em
exasperaçã o.
— Sabe, se eu nã o o amasse tanto, provavelmente já o teria
matado, — ela admitiu amargamente, e Theresa se surpreendeu ao
rir alto em resposta à confissã o descontente de sua prima. Ela nã o
podia acreditar que seu senso de humor ainda estava intacto apó s os
acontecimentos das ú ltimas quarenta e oito horas. Rick voltou para a
sala, parecendo estranhamente sombrio, e todo o riso e a luz
sumiram do rosto de Theresa quando ela viu quem estava parado
atrá s do homem alto e loiro.
— O que você está fazendo aqui? — ela conseguiu engasgar
depois de um momento de silêncio chocado.
— Eu pensei em me juntar a todos vocês para o almoço. — Ele
deu de ombros, acenando com a cabeça se desculpando para uma
Lisa ainda boquiaberta. — Posso sentar? — Ele indicou o sofá que
Theresa estava ocupando.
— Sim claro. — Lisa assentiu graciosamente.
— Não! — Rick e Theresa gritaram ao mesmo tempo que Lisa
concordou. Sandro sorriu sem humor antes de optar por ignorar a
veemente rejeiçã o e sentar-se ao lado de Theresa. Ela se esquivou
dele o má ximo que pô de, mas Sandro optou por ignorar isso
também. Ele se inclinou para a frente e colocou os cotovelos nas
coxas abertas, com as mã os grandes e masculinas penduradas entre
as pernas. Ele se concentrou intensamente em Lisa.
— Como tem passado, Elisa? — ele perguntou gentilmente. Ele
era o ú nico que chamava Lisa pelo nome completo, e Theresa podia
sentir a irritaçã o de Rick. Rick nã o suportava Sandro; ele odiava a
frieza de Sandro com Theresa. Apenas a ordem de Theresa de que
Rick e Lisa nã o interferissem em seu casamento manteve Rick
civilizado com Sandro. Lisa sabia quase desde o início que o
casamento de Sandro e Theresa estava com problemas e, embora
nã o estivesse feliz com o tratamento de Sandro para com sua prima,
ela ofereceu seu apoio por estar lá quando Theresa precisava de um
ouvido compreensivo.
— Tudo bem, obrigada, — Lisa murmurou, esfregando as mã os
sobre o estô mago em um gesto instintivamente maternal. — Um
pouco cansada, mas acho que é de se esperar quando você está
carregando outro ser humano. — Sandro sorriu, ele realmente
sorriu, com isso e acenou com a cabeça.
— De fato.
— Rick, pelo amor de Deus, pare de pairar e se sente, — Lisa
retrucou para o marido ainda carrancudo. — Gostaria de terminar
de assistir a este filme ainda este ano! Vamos almoçar depois,
Alessandro, espero que nã o se importe.
— Claro que nã o, — ele disse suavemente, inclinando-se para
trá s e fazendo Theresa se sentir incrivelmente claustrofó bica
enquanto ele a apertava com seu corpo grande. — O que estamos
assistindo?
Lisa disse a ele, e Sandro fez um trabalho admirável em
esconder sua careta. Lisa mal conteve seu pró prio sorriso antes de
apertar o botã o Play. Rick voltou a se juntar a ela no sofá , lançando
olhares perió dicos para Sandro, que mantinha os olhos grudados na
tela e parecia injustamente relaxado.
Lisa deixou cair a cabeça no ombro largo de seu marido e
voltou a fungar ocasionalmente, e Rick, incapaz de permanecer
furioso por muito tempo com sua esposa sobre ele, arrastou Lisa
para perto novamente e aconchegou-a contra ele. Os dedos dele se
entrelaçaram com a mã o que ela tinha descansando em seu
estô mago, e Theresa sentiu como se fosse a ú nica pessoa sã na sala.
Sandro estava esparramado ao lado dela, seus ombros e coxas
roçando nela toda vez que ele respirava; o outro casal estava
aconchegado como um casal de pombinhos; e ela, Theresa, sentiu
como se estivesse perdendo a cabeça!
Ela se levantou abruptamente e saiu da sala, cambaleando em
direçã o à cozinha, onde ficou no meio da sala respirando grandes
respiraçõ es. Ela deveria saber que ele a seguiria até lá . Quando ela
voltou para a porta da cozinha, lá estava ele. Ele estava olhando para
ela e parecendo esplêndido em sua pró pria versã o de roupa casual -
um par de jeans desbotados e uma camisa preta com o primeiro
botã o aberto para revelar a coluna forte e masculina de seu pescoço.
— Por que você veio aqui? — ela sussurrou.
— Achei que deveríamos passar algum tempo juntos, — disse
ele em um tom gentil que Theresa desconfiava instintivamente.
— Mas eu disse a você, eu nã o quero ficar com você, — ela disse
em uma voz suave e perplexa. — Eu nã o quero estar perto de você!
— Theresa... — ele disse, ainda gentilmente, dando um passo
cauteloso para dentro da sala. Theresa recuou até bater na geladeira.
— O ú nico lugar que eu tinha... o ú nico lugar onde eu poderia
vir e ser eu mesma... — Ela balançou a cabeça, seus olhos estavam
arregalados e brilhando com lá grimas. — E você teve que tirar isso
de mim também. — As lá grimas transbordaram e ela tentou
desesperadamente enxugá -las com a bainha da camiseta. Ele fez um
som suave quase consternado em sua garganta antes de se mover
tã o rapidamente que ela mal teve tempo de registrá -lo. Em um
segundo ele ainda estava perto da entrada da cozinha, e no pró ximo
ele estava bem na frente dela, imprensando-a entre seu corpo e a
geladeira. Suas grandes mã os se estenderam para segurar seu rosto,
e seus polegares roçaram rudemente as lá grimas em suas bochechas.
— Nã o. — Sua voz era baixa e rouca e tã o grossa que ela mal
conseguia entender aquela ú nica palavra. Ela ergueu suas mã os
muito menores para as dele e puxou inutilmente seu aperto,
tentando fazer com que ele a soltasse.
— Eu quero tornar as coisas menos difíceis para nó s, Theresa,
— ele murmurou desajeitadamente, seu rosto tã o perto do dela que
seu há lito invadiu sua pele e arrepiou todo seu corpo.
— Por que agora? — Ela desafiou a declaraçã o ridícula com
raiva, tentando ignorar o efeito que sua proximidade estava tendo
em seu corpo muito receptivo. Seus suaves olhos verdes se fixaram
nos dele através das lá grimas. — É porque estou ameaçando deixar
este casamento sem dar a você seu precioso filho? É isso? — Ela
baixou as mã os até o peito largo e duro dele e tentou afastá -lo. Ele
nã o se moveu.
— Nã o, — foi tudo o que ele disse. — Nã o é isso... porque eu sei
que você nã o vai embora.
— O que te faz ter tanta certeza disso? — ela sussurrou, e ele
ficou em silêncio por um tempo antes de responder.
— A discussã o que tivemos ontem, — ele admitiu. Ela ficou
mole contra ele, toda a luta a deixando abruptamente.
— Bem, se você tem tanta certeza de que nã o vou embora, o
que é essa necessidade repentina que você tem de passar todos os
seus momentos acordados comigo? — ela perguntou oca.
— Somos casados, pelo amor de Deus... e somos como
estranhos! Nã o sei nada sobre você!
— Claro que você nã o sabe nada sobre mim. — A voz dela
estava rouca com o esforço de nã o gritar com ele. — Foi você quem
decidiu, mesmo antes de nos casarmos, que nã o havia nada que
valesse a pena saber sobre mim.
— Bem, eu mudei de ideia. — Ele nã o se preocupou em negar
sua acusaçã o, provavelmente porque era verdade. Em vez disso, ele
baixou as mã os para os ombros estreitos dela e deu-lhe uma
pequena sacudida.
— O que mais uma vez levanta a questã o de por que, depois de
dezoito meses de casamento, por que agora?
Suas mã os caíram de seus ombros antes que ele encolhesse os
ombros com um ar de desinteresse, o que desmentia sua urgência de
apenas alguns segundos atrá s.
— Por que não agora? Agora é um momento tã o bom quanto
qualquer outro. — Ele voltou a ser distante e gelado e Theresa
estremeceu involuntariamente.
— É tarde demais, Sandro, — ela sussurrou, envolvendo seus
braços ao redor de seu corpo esguio. — Posso estar preso neste
casamento, mas nã o quero nada com você! A simples visã o de você
me dá enjoo.
— Existe uma maneira de sair disso, você sabe, — ele
murmurou.
— Eu sei, — disse ela, e seus olhos semicerrados se voltaram
para o rosto dela. — Ter um bebê, certo? Você quer um filho e eu sou
a incubadora escolhida. — Ela observou seu rosto cuidadosamente,
mas ele nã o traiu nem um pingo de emoçã o além de um leve aperto
em sua mandíbula. — Entã o, o que acontece depois que eu tiver esse
seu bebê precioso? Quem fica com ele depois do divó rcio? Você
espera que eu seja apenas uma mã e substituta. Eu devo carregá -lo e
você vai levá -lo para longe de mim, certo?
Ela ansiava por ouvir uma afirmativa dele, qualquer coisa que
provasse a ela que era ele quem queria a criança e que ela havia
entendido mal a conversa que ouvira entre seu marido e seu pai
naquela manhã .
— É claro que eu nã o o tiraria de você. — Ele balançou a
cabeça, fazendo seu coraçã o despencar. —Eu nã o seria tã o cruel.
Naturalmente você manteria a custó dia. — Theresa fechou os olhos
para proteger sua agonia dele, e ela sentiu suas lá grimas escaldantes
escorrerem por suas bochechas.
— Que… magnâ nimo da sua parte, — ela sussurrou. — Estar
tã o desesperado por algo apenas para desistir no final. Você é muito
mais generoso do que eu pensava. Com que frequência você gostaria
de vê-lo?
— Eu naturalmente voltaria para a Itá lia, entã o provavelmente
o veria duas ou três vezes por ano. É o que você quer, nã o? Menos
contato comigo?
Ela respirou fundo e franziu a testa. Duas ou três vezes por ano?
Esse era todo o tempo que ele estava disposto a passar com uma
criança que era metade dela? Ela abriu os olhos e encontrou seu
olhar diretamente.
— Como eu disse antes, você está sendo bastante generoso,
mas é tudo discutível de qualquer maneira porque nã o tenho
intençã o de ter um filho com você!
— Você está sendo muito infantil, Theresa, — ele advertiu
calmamente.
— Nã o, finalmente estou tomando minhas pró prias decisõ es.
Até este ponto da minha vida, tudo foi decidido por mim... este
casamento nunca teria acontecido se meu pai nã o tivesse decidido
que você seria o genro perfeito. Depois disso, a data do casamento, o
local, o bolo, onde iríamos morar... era tudo você ou meu pai. Nã o
consegui nem escolher meu pró prio vestido de noiva. — O ú ltimo
emergiu em uma voz pequena e quebrada que tremeu com a
lembrança de descrença e indignaçã o. Seu pai simplesmente mandou
entregar o vestido em seu quarto com a instruçã o de que seria usado
no dia do casamento, sem discussã o e sem escolha.
— A ú nica razã o pela qual consegui Lisa como dama de honra
foi porque meu pai considerou apropriado que minha prima em
primeiro grau estivesse na festa de casamento. Se ela fosse apenas
uma amiga, duvido que ela se encaixasse no papel!
— Meu estô mago revira ao ouvir alguém que levou uma vida
tã o privilegiada, reclamar sobre como sua vida é terrível. Você foi
mimada e teve tudo o que o dinheiro pode comprar…
— Exceto o amor, especificamente o amor do meu marido e o
amor do meu pai. Aparentemente, nã o sou digna disso.
— Você está sentindo pena de si mesma e estou ficando
cansado disso.
— Sim, estou sentindo pena de mim mesma, — ela reconheceu
amargamente. — E é muito libertador. No passado, tudo o que fiz foi
aceitar tudo o que você e meu pai me deram... pensando que era a
minha sorte na vida, até mesmo pensando que eu merecia. Afinal, se
dois homens tã o poderosos como você achavam que eu nã o era
digno de amor e respeito, entã o quem era eu para discordar? Mas
estou começando a reconhecer que não sou a culpada aqui. Nã o sou
eu que tenho o defeito de personalidade... pelo menos meus motivos
para me casar com você foram honestos; eu estupidamente acreditei
que te amava. Os seus eram menos do que estelares, nã o eram? Eles
certamente nã o tinham nada a ver com amor.
— Eles tinham tudo a ver com amor, — ele trovejou de repente,
silenciando-a abruptamente enquanto ela olhava para ele com os
olhos arregalados em choque. — Apenas nã o amor por você. — Ela
piscou para ele, seus olhos verdes eram a ú nica cor em seu rosto
mortalmente pá lido.
— O que isso significa? — ela perguntou através dos lá bios que
mal se moviam. — O amor por quem? — Ele estava se referindo a
Francesca? Se ele realmente amava tanto a outra mulher, por que
diabos se casaria com Theresa? Nã o fazia sentido.
— Nã o é da sua maldita conta, — ele ralou furiosamente, um
mú sculo trabalhando freneticamente em sua mandíbula.
— Nunca é. — Ela assentiu amargamente. — Nã o tem nada a
ver comigo, mas afeta todos os aspectos da minha vida. Você quer
algo de mim, mas nã o pode me dar nada em troca. Bem, já chega
disso, Sandro. Você quer um bebê, mas este é o meu corpo e a decisã o
é minha.
— Sou seu marido…
— Nã o. Você não é meu marido, — ela interrompeu com uma
voz carregada de ó dio e lá grimas. — Você nunca foi meu marido. Um
marido ama, honra e valoriza. Um marido é um amante e um
campeã o. Olhe para o quarto ao lado se quiser ver o que é um
marido de verdade, porque você não é isso! — Ele cambaleou para
longe dela, parecendo um homem que acabou de ser mordido por
seu animal de estimaçã o favorito, e ela se afastou da geladeira para
passar por ele.
— Theresa, espere… — Ele agarrou um dos braços dela para
impedi-la de fugir.
— Eu tenho que ir, por favor, diga a Rick e Lisa que…
— Nã o, — ele interrompeu gentilmente. — Você fica. Esta é a
sua família. Você está certa, este é o seu lugar e eu nã o deveria ter me
intrometido. Eu sinto muito. — Seus olhos se desviaram dos dela
quando ele se desculpou e o queixo de Theresa caiu em seu segundo
pedido de desculpas em vinte e quatro horas. Ela tinha certeza de
que o mundo iria parar a qualquer momento. — Vou embora agora...
é assim que deve ser. — Com isso, ele largou o braço dela e saiu,
deixando-a olhando para ele em confusã o.
CAPÍTULO TRÊS

A casa estava escura e silenciosa quando ela chegou em casa, sem


Sandro furioso esperando na porta da frente desta vez, apenas
ecoando o silê ncio enquanto ela subia as escadas e voltava para o
quarto de hó spedes. Depois de um banho quente, ela caiu na cama e
nã o se mexeu até a manhã seguinte, quando acordou com a forte luz
do sol. Ela se sentou confusa enquanto tentava se orientar e viu que
nã o estava mais no quarto de hó spedes. Ela estava de volta à suíte
master e uma olhada no espaço vazio ao lado dela confirmou que
Sandro realmente dormira ao lado dela. Ela olhou para si mesma e
ficou aliviada ao notar que ainda estava com a camiseta que usara
para dormir.
Ela olhou para o reló gio e gemeu quando descobriu que havia
dormido até quase dez da manhã . Empurrando a massa desordenada
de seu cabelo para fora do rosto, ela se levantou e ficou alarmada
quando a sala começou a girar descontroladamente. Ela tropeçou
para frente antes de alcançar a cabeceira da cama e se firmar. Ela
franziu a testa ligeiramente enquanto tentava se lembrar da ú ltima
vez que comeu uma refeiçã o decente... definitivamente não foi o café
da manhã do dia anterior, que voltou depois daquele telefonema
ouvido por acaso, ou o almoço, que foi estragado pela apariçã o de
Sandro na casa de Rick e Lisa, e o jantar nã o tinha acontecido. Apesar
de Rick e Lisa terem insistido para que ela comesse na noite anterior,
Theresa simplesmente nã o conseguia engolir a ideia de comida
depois do dia que ela teve! O sá bado tinha sido quase o mesmo; tudo
o que ela comeu foi pipoca no cinema.
Agora ela estava pagando o preço por todas aquelas refeiçõ es
perdidas. Indo para o chuveiro, ela decidiu se deliciar com um
brunch decente. Segunda-feira era o dia de folga de Phumsile, e eles
nã o tinham nenhum outro funcioná rio residente, entã o Theresa
tinha a casa só para ela. Ela estava ansiosa para passar o dia sozinha,
tentando descobrir qual seria seu pró ximo passo. Ela nã o podia
q p p p
deixá -lo e parecia que ele nã o podia deixá -la. E agora? Suspirando,
ela decidiu desligar o cérebro até depois de comer, para nã o perder o
apetite novamente.
Menos de uma hora depois, ela estava vomitando sobre o vaso
sanitá rio no banheiro de hó spedes do andar de baixo. Apenas o
cheiro de bacon frito e ovos foi o suficiente para deixá -la enjoada.
Depois que seu estô mago parou de revirar, ela cambaleou para o
pá tio, o mais longe possível do cheiro nauseante de comida cozida, e
afundou em uma chaise longue com vista para a enorme piscina de
borda infinita.
— Nã o… — ela sussurrou, olhando cegamente para a borda da
piscina, onde a á gua marinha da piscina parecia se fundir com o azul
mais escuro do oceano e o azul cobalto do céu. — Nã o, nã o, nã o,
nã o... não ... por favor, Deus! Nã o…
Ela enterrou o rosto nas mã os e balançou ligeiramente para
frente e para trá s. Seu sistema estava apenas fora de ordem por
causa dos eventos angustiantes das ú ltimas quarenta e oito horas.
Naturalmente ela se sentiria enjoada depois de tanto tempo sem
comer. Era tudo perfeitamente ló gico... ela estava simplesmente
exagerando.
Ela nã o poderia ser tã o azarada, nã o depois de realmente fazer
algum tipo de progresso para alcançar a independência deste
casamento. Ela tentou se lembrar quando foi sua ú ltima
menstruaçã o, mas ela estava sob muito estresse ultimamente, e sua
menstruaçã o havia sido afetada, entã o essa nã o era a maneira mais
confiável de avaliar qualquer coisa. Ela se levantou cautelosamente e
ficou aliviada quando o movimento nã o perturbou seu equilíbrio.
Dirigindo-se para a cozinha, ela se preparou para uma nova investida
de ná usea, mas felizmente seu estô mago permaneceu firme como
uma rocha. Com um suspiro de alívio, ela se dirigiu para o fogã o e
pegou a panela, desviando os olhos enquanto depositava a bagunça
congelada que teria sido sua refeiçã o na unidade de descarte de lixo.
Em vez disso, optou por chá preto e torrada seca, afastando com
determinaçã o o medo irracional da gravidez.
Depois de terminar a refeiçã o pouco apetitosa, dirigiu-se ao
só tã o claro e ensolarado, que ela havia transformado em uma sala de
trabalho, e colocou uma mú sica enquanto mergulhava em seu
trabalho. Muitas vezes ela se perdia aqui, amando a serenidade que
geralmente a dominava quando estava trabalhando, mas hoje ela
simplesmente nã o conseguia se concentrar. Ela tinha uma imagem
em mente, sabia o que queria, mas nã o iria traduzir para o papel.
Sentou-se em frente à prancheta, olhando para a quinta folha de
papel em branco em meia hora, apoiando o cotovelo na prancheta
inclinada com o queixo delicado em uma das mã os enquanto olhava
para o papel e desejava que a imagem existisse. Ela ergueu o lá pis,
apoiando a ponta no papel, antes de suspirar resignada e balançar a
cabeça em frustraçã o. Ela largou o lá pis e pressionou as palmas das
mã os nos olhos.
— Theresa. — A voz calma vindo de trá s dela a fez voar para
fora de seu assento em alarme; ela meio que se virou, meio que se
agachou em uma posiçã o defensiva antes de perceber que era a voz
de Sandro. Claro que isso nã o a fazia se sentir mais segura do que um
intruso desconhecido teria feito. Ele tinha as duas mã os para cima,
com as palmas voltadas para ela, para mantê-la calma.
— Relaxe... me desculpe, eu nã o queria assustá -la, — ele
acalmou.
— Bem, você assustou, — ela retrucou. — Por que diabos você
está se escondendo em casa a esta hora do dia? Normalmente você
nã o chega em casa antes das sete ou oito. Ele sempre saía para o
trabalho antes das sete da manhã e geralmente voltava bem depois
do horá rio em que a maioria dos maridos “normais” voltava para
casa.
— Pensei que poderíamos passar a tarde juntos, — ele
murmurou distraidamente enquanto seus olhos penetrantes
absorviam cada aspecto da sala. Ele andou por aí, mal prestando
atençã o nela, levantando coisas, mexendo em suas ferramentas, até
que Theresa nã o aguentou mais.
— Nã o toque nisso! — ela estalou impacientemente quando ele
ergueu um par de cortadores que custou a terra para importar.
— Você desenha joias, — ele sussurrou em espanto, seus olhos
levantando para encontrar os dela, e o pró prio olhar de Theresa se
desviou, enquanto suas bochechas queimavam de vergonha.
— Eu sei que eles nã o sã o bons, — ela arriscou nervosamente,
acenando para o grande portfó lio que ele havia pegado de uma de
suas outras estaçõ es de trabalho. Ela tinha a prancheta para
desenhar, uma mesa de trabalho para realmente fazer as joias, uma
pequena mesa de corte para cortar arame e moldar pedras
semipreciosas, e sua mesa, que abrigava seu laptop, para papelada e
correspondência. — E eu sei que nã o deveria estar perdendo meu
tempo com isso. É apenas um hobby... entã o... — A voz dela sumiu
enquanto ele continuava a folhear seu portfó lio com uma carranca
absorta, ocasionalmente se demorando em uma pá gina antes de
prosseguir. Ela ficou na frente dele, inquieta, esperando pelo golpe
mordaz que sem dú vida se seguiria. De repente, ele virou o livro
aberto para ela.
— Este é o conjunto de noivado de sua prima, — ele observou,
batendo na foto do brinco, pingente e anel de diamante e ouro
branco que ela havia feito para Rick alguns anos antes.
— Sim, mas sã o projetos de Rick. Acabei de fazê-los.
— Eu posso dizer que eles nã o sã o seu projeto. Suas coisas sã o
mais… — Ele fez uma pausa e Theresa se preparou. — Crus e
elementar. Por que você nã o trabalha com pedras preciosas reais, em
vez de pedras semipreciosas?
— As pedras preciosas brutas sã o absurdamente caras. Pedras
semipreciosas sã o baratas e fá ceis de encontrar, e se forem
danificadas de alguma forma enquanto eu as coloco, nã o é grande
coisa. — Ele grunhiu de novo, mal a ouvindo enquanto voltava a
folhear o portfó lio dela.
— E é isso que você faz o dia todo? — Ele olhou de volta para
ela para confirmaçã o.
— Bem, eu dificilmente posso sentar e girar meus polegares,
posso? — ela desafiou, e seus olhos piscaram ligeiramente. Ela bufou
com desdém. Ele provavelmente pensou que ela passava os dias
fazendo compras e relaxando em salõ es de beleza.
— Por que eu nã o sabia disso sobre você? — ele perguntou
baixinho, e ela deu de ombros.
— Só mais uma coisa que você nunca se preocupou em saber
sobre mim, — ela disse com desdém.
— Só mais um detalhe que você nã o deu sobre você, — ele
respondeu ferozmente, e os olhos dela encontraram os dele em
desafio.
— Você teria se interessado se eu tivesse lhe contado? — Ele foi
honesto o suficiente para desviar os olhos da pergunta e
permaneceu em silêncio em resposta a ela.
— Quantos desses você vendeu? — Ele mudou de assunto,
indicando o portfó lio dela.
— Nenhum. — Ela deu de ombros. — A ú nica joia daquele
portfó lio que ainda nã o tenho é o conjunto que fiz para Rick, e
mesmo essas foram apenas um favor.
— Mas por que mantê-los escondidos?
— Eles nã o sã o bons o suficiente. Apenas um hobby bobo, uma
completa perda de tempo, na verdade. Eu nã o poderia competir com
os verdadeiros designers de qualquer maneira.
— É estranho, eu ouço sua voz, mas é como ouvir seu pai falar.
Ele disse que você nã o era boa o suficiente, nã o foi? E você acreditou
nele? — Ele parecia estranhamente furioso com isso.
—Nã o... sim... não. Olha, eu sei que nã o sou boa o suficiente. Nã o
recebi nenhum treinamento formal. Imprimi coisas da Internet, li um
pouco e comecei a experimentar. Eu sou a ú nica que usa isso, e
apenas em casa!
— Acho que você deveria pedir ao irmã o de Rick, Bryce, ou seu
parceiro Pierre de Coursey para dar uma olhada nisso. — Ela se
inquietou um pouco, sem saber ao certo o que fazer com o sú bito
interesse e elogio dele.
— Eu nã o gostaria de desperdiçar o tempo deles; eles sã o
homens ocupados. — Palmer e de Coursey sã o coproprietá rios de
uma das joalherias mais exclusivas do mundo.
— Eu dificilmente acho que você estaria desperdiçando seu...
— Olha, Sandro, deixa pra lá , por favor, — ela interrompeu
asperamente, e os olhos dele se voltaram para o rosto tenso dela. Sua
pró pria expressã o permaneceu impassível e ele deu de ombros antes
de fechar lentamente o portfó lio e colocá -lo de volta na mesa dela.
— Como quiser, — ele murmurou antes de continuar seu
passeio ao redor da sala. Ela observou enquanto ele pegava as coisas,
inspecionava e as recolocava. Ela permaneceu sentada, girando a
cadeira da escrivaninha com frequência para mantê-lo à vista. Ele
finalmente parou seu ritmo inquieto para parar bem na frente dela.
Ela baixou os olhos para os caros mocassins italianos tamanho 44 e
brincou com o lá pis que pegara de novo.
Ela quase pulou para fora de sua pele e deixou cair o lá pis com
um ganido abafado quando ele capturou seu queixo entre o polegar e
o indicador para inclinar suavemente seu rosto até que ela levantou
seu olhar vulnerável para seus insondáveis olhos castanhos
chocolate. Ele soltou o queixo dela para acariciar a bochecha macia
com as costas da mã o, e ela fez o possível para nã o se encolher com o
toque dele. Ela nã o teve muito sucesso em mascarar sua reaçã o,
porque seus olhos congelaram e sua mã o caiu pesadamente para trá s
ao seu lado.
— Que outros segredos você está escondendo de mim, eu me
pergunto? — ele meditou baixinho.
— Nã o tenho segredos, — ela respondeu.
— Como você chamaria isto? — Ele indicou a sala com um
gesto amplo e ela riu, mas nã o havia absolutamente nenhum humor
no som á spero e abrasivo.
— Isso dificilmente era um segredo. — Ela balançou a cabeça
amargamente. — Se você tivesse vindo aqui a qualquer momento no
ú ltimo ano e meio, você saberia disso. Eu nunca tranco a porta, entã o
você estava livre para entrar a qualquer momento.
— Por que eu teria qualquer motivo para vir até aqui? — ele
perguntou em sua voz pragmá tica mais enlouquecedora. — Nã o é o
lugar mais ló gico para uma oficina.
— Também é o ú nico lugar onde passo a maior parte do tempo,
então claro que você nunca se preocupou em vir aqui, — ela
respondeu sarcasticamente. — Você nunca me procurou de bom
grado antes, Sandro, e acredito que a ú nica razã o pela qual está
fazendo isso agora é porque as coisas nã o estã o indo de acordo com
o plano mestre que você planejou para esse nosso suposto
casamento. Fingir interesse em mim é sua ú ltima forma de tentar me
manter complacente, nã o é?
— Pare de tentar me questionar, cara, — ele reprovou
gentilmente. — Você nã o tem ideia do que me faz vibrar ou o que
está acontecendo na minha cabeça.
— Ah, eu acho que definitivamente poderia dizer o mesmo
sobre você. Na verdade, acho que conheço você muito melhor do que
você a mim!
— Duvido disso — dispensou ele, enfiando as mã os nos bolsos
da calça de seu caro terno feito sob medida e meio reclinado na mesa
de trabalho dela. Ele cruzou uma longa perna sobre a outra em uma
pose de elegâ ncia casual e indumentá ria.
— Tudo bem. — Ela inclinou a cabeça enquanto lançava um
olhar desdenhoso sobre ele. — Como tomo meu café? — Ele franziu
a testa com a pergunta antes de encolher os ombros.
— Preto, — afirmou ele com a maior autoridade.
— Nã o, você toma o seu preto, eu nã o tomo café.
— Isso é inú til, — ele descartou. — E juvenil.
— Tudo sobre mim, ou a ver comigo, é inú til para você, — ela
observou amargamente.
— Isso dificilmente é... — Ele começou, mas ela o interrompeu
novamente, mal conseguindo acreditar em sua pró pria ousadia. Ela
nunca o enfrentou dessa maneira, mas estava cansada de ser um
capacho. Só porque ela estava temporariamente presa neste
casamento nã o significava que ela permitiria que ele a pisasse mais.
— Tudo, exceto meu ú tero, é claro. — Ela riu meio
histericamente. —Você tem muito uso para isso! Isso é tudo que eu
sou para você, um ú tero com pernas!
— Você está sendo ridícula e completamente melodramá tica, —
ele ridicularizou.
— E o meu aniversá rio? — ela perguntou de repente, ainda o
ignorando. — Quando é meu aniversá rio? — Sua mandíbula apertou
e ele permaneceu mudo, mantendo os olhos grudados nos dela.
— Nã o vejo necessidade de me provar dessa maneira.
— Você nã o sabe, sabe? — ela desafiou. — O seu é no dia 3 de
janeiro. Você tem quatro irmã s mais velhas - Gabriella, Sofia, Isabella
e Rosalie - e uma grande família extensa. Você nã o gosta de espinafre
e é alérgico a picadas de abelha. Você gosta...
— Basta! — Ele cortou uma mã o impaciente no ar na frente de
seu rosto, interrompendo-a abruptamente. — Isso está beirando a
obsessã o e nã o prova nada além de que você possui um excesso
assustador de informaçõ es sobre mim, o que devo admitir, estou
mais do que um pouco desconfortável.
— Dificilmente obsessã o. — Ela balançou a cabeça. — Moro
com você há mais de dezoito meses e te amei quando me casei com
você. Eu estava interessado em conhecê-lo. Esses sã o os tipos de
fatos mundanos que os casais conhecem um do outro. Tudo o que sei
sobre você, tive que aprender sozinha, nada disso foi voluntá rio.
Você nã o sabia sobre meu hobby, ou como eu tomo meu café, ou
quando é meu aniversá rio porque você nã o estava interessado o
suficiente em me conhecer, nã o porque eu tenho guardado segredos.
Tem sido assim no ú ltimo ano e meio, e ainda é assim, apesar do seu
sú bito interesse fingido por mim. — Ele começou a dizer algo, mas
ela levantou a mã o para acalmá -lo. Ela ficou surpresa quando ele
realmente calou a boca.
— Agora eu sei que nã o era a noiva que você teria escolhido
para si mesmo, — ela conseguiu dizer apesar do enorme nó na
garganta. Ela nã o podia encontrar seus olhos enquanto reconhecia
aquele fato doloroso. — Você deixou isso bem claro em nossa noite
de nú pcias e todos os dias desde entã o. Mas acho que, no mínimo,
mereço ser tratada com alguma demonstraçã o de respeito… — Ela
mordeu o lá bio inferior para parar de tremer e envolveu-se com os
braços. Ele nã o disse nada em resposta, apenas continuou olhando
para ela pensativamente.
— Eu realmente nã o sei o que você quer que eu diga, — ele
finalmente admitiu, e ela sorriu tristemente.
— Eu sei, — ela reconheceu com um aceno de cabeça. — Essa é
a maior parte do problema.
Ele inesperadamente se afastou da mesa e deu os passos
necessá rios para colocá -lo diretamente na frente dela. Ele pairava
ameaçadoramente acima de onde ela estava sentada, e Theresa fez o
possível para nã o se acovardar sob seu olhar taciturno. Ele entã o a
surpreendeu ainda mais ao cair de có coras na frente dela, colocando
as mã os nos braços de sua cadeira e prendendo-a em seu assento.
— Eu posso nã o saber essas coisas que você me perguntou,
Theresa, — seu sotaque sexy engrossou quando sua voz caiu alguns
graus, — mas eu conheço você. — Ela balançou a cabeça em silêncio,
desconcertada tanto por sua proximidade quanto por seu olhar
direto. Ele definitivamente nã o estava evitando os olhos dela desta
vez. Ela se sentia como um cervo preso nos faró is e queria desviar o
olhar, queria escapar, mas mal conseguia respirar, muito menos
desviar o olhar.
Ele levantou uma mã o e Theresa se preparou para seu toque
indesejado, desesperada para nã o recuar. No final, ela ainda pulou
um pouco quando as pontas dos dedos dele roçaram seus lá bios.
— Eu sei o que te faz tremer de desejo. — Sua voz baixou ainda
mais, nada mais do que um estrondo sedutor agora, e seus lá bios se
separaram ligeiramente. — Eu sei onde tocar, onde beijar, onde
chupar... eu sei como fazer você gemer, gritar e chorar de êxtase.
— Isso é apenas sexo. — Ela encontrou sua voz, mas
dificilmente parecia convincente. Ele apenas sorriu, levantando a
outra mã o até que tivesse o rosto dela emoldurado, com os polegares
acariciando as maçã s do rosto e as pontas dos dedos enterrando-se
no cabelo macio em suas têmporas.
— Nã o resolve nada, — continuou ela a protestar, com a mesma
falta de convicçã o de antes.
— Talvez nã o... — ele deu de ombros sem preocupaçã o — ...,
mas sã o fantá sticos.
— Mas nó s nã o fazemos isso direito, — ela murmurou,
pensando no fato de que ele nunca a beijou, nem na boca, nem uma
vez. Seus dedos pararam e ela percebeu, um tanto tardiamente, que
ele pode ter interpretado mal seu comentá rio. Isso estava bem por
ela, se isso significasse que ele iria parar com essa flagrante seduçã o
de seus sentidos.
— O que você quer dizer? — Ela podia dizer quanto custou a
ele manter o calor afrontado fora de sua voz. Ele começou a carícia
preguiçosa novamente.
— Sempre pensei que um dia faria amor com meu marido, —
ela sussurrou. — Mas nó s nã o fazemos isso, nã o é? Nó s apenas
fazemos sexo. Nó s… — Ela usou uma palavra que ela nunca havia
pronunciado antes em sua vida. Sandro recuou ligeiramente em
resposta, e o golpe suave de seus dedos parou abruptamente.
— Nã o use linguagem assim, — ele repreendeu. — Nã o
combina com você!
— Bem, é o que você chamou uma vez, — ela se defendeu com
veemência.
— Eu nunca...
— Você o fez. — Ela interrompeu a negaçã o iminente com
calma. — Em nossa noite de nú pcias, depois da primeira vez, eu
tentei... tentei... — Ela corou ao se lembrar de sua ingenuidade
naquela época. Ela estendeu a mã o para se aconchegar com ele, e ele
se moveu para a beira da cama em um esforço para se afastar dela.
— Bem, de qualquer maneira, você me disse para nã o confundir o
que fizemos com qualquer ato de amor. Que era muito mais bá sico
do que isso. Apenas sexo, você disse, apenas... bem... você sabe...
Suas mã os caíram de seu rosto para seus ombros, e seus olhos
se estreitaram em seu rosto dolorosamente humilhado. Seu aperto
aumentou em seus ombros, e ela se contorceu um pouco antes de
parar e ele massageou seus ombros.
— Theresa, eu estava muito bêbado na nossa noite de nú pcias.
Ela assentiu com a cabeça, seus olhos brilhando com lá grimas
ao se lembrar de quanto tempo ele a fez esperar por ele. Sua
inocente e ansiosa expectativa foi frustrada quando o digno e
distante marido que a deixou sozinha em sua suíte de hotel voltou
três horas depois, tã o bêbado que mal conseguia se manter em pé.
Ele caiu na cama e imediatamente desmaiou, deixando Theresa
arrasada. Duas horas depois, suas mã os há beis em seu corpo a
tiraram de um cochilo inquieto, e ele dedilhou e brincou com seu
corpo como se fosse um instrumento musical afinado, tornando-a
uma escrava voluntá ria a cada comando seu.
Tal tinha sido sua resposta que mal havia registrado que seus
lá bios nã o haviam tocado os dela uma vez. Ele beijou quase todas as
outras partes de seu corpo, e depois, enquanto ela se esforçava para
manter a proximidade entre eles, ele praticamente destruiu seu
espírito frá gil ao denegrir o ato. Ela percebeu que Sandro estava
relembrando os acontecimentos daquela noite também, e seus olhos
caíram para onde as mã os dela ainda estavam inquietas com o lá pis
que havia caído em seu colo. Ele deixou cair uma mã o enorme sobre
a dela para parar o movimento.
— Eu me ressentia muito de você, — ele admitiu. — Porque me
senti preso.
— Tempo errado, Sandro, — ela sussurrou. — Seu
ressentimento ainda é muito atual.
— As coisas mudam, Theresa.
— Algumas coisas nã o se justificam, Sandro, — ela sussurrou
dolorosamente. — E imperdoáveis.
— Nã o estamos chegando a lugar nenhum com isso, — ele
rosnou em frustraçã o, e ela arrastou as mã os debaixo das dele.
— Isso é o que eu tenho dito a você nos ú ltimos três dias, — ela
apontou, e ele soltou uma maldiçã o antes de se levantar
abruptamente. Theresa saltou também, para evitar ser intimidada
por sua altura. Mas ela calculou mal; ele ainda estava muito perto
dela e, quando ela se levantou, seus seios roçaram o corpo dele da
virilha ao tronco. Ambos imediatamente ficaram imó veis enquanto a
consciência fervilhava entre eles. Theresa fez um som suave e tentou
colocar alguma distâ ncia entre eles, mas os braços de Sandro
subiram para circulá -la frouxamente, suas mã os se encontrando na
parte inferior de suas costas e as pontas de seus dedos apenas
roçando a leve protuberâ ncia de seu traseiro. Suas pró prias mã os
subiram para se apoiar firmemente contra o peito dele. Ela queria
afastá -lo, mas de alguma forma suas mã os o estavam acariciando em
vez de exercer qualquer força.
Suas grandes mã os se moveram para baixo para cobrir
completamente seu traseiro, e ele a ergueu ligeiramente até que ela
pudesse sentir sua excitaçã o repentina. Ele empurrou-se contra ela,
mergulhando a cabeça até que sua boca estava perto de sua orelha.
— Apesar de tudo, cara, você me quer, — ele sussurrou, sua
respiraçã o quente e ú mida contra sua orelha. — E Deus sabe que eu
também quero você…
— Apenas sexo, — ela protestou fracamente.
— Pode ser. — Ele mordiscou o ló bulo da orelha dela
gentilmente antes de descer para acariciar o ponto sensível logo
abaixo da orelha, algo que ele sabia que a deixava louca. Nã o falhou
desta vez, quando ela engasgou e passou os braços ao redor de seu
pescoço para se aproximar de seu corpo duro. Sua língua circulou
suavemente a zona eró gena altamente sensível, e Theresa gemeu,
querendo mais. Sua boca perversamente quente desceu para sua
garganta, lambendo, sugando e mordiscando a pele exposta ao longo
do caminho. Theresa enterrou o rosto em seu cabelo curto e macio e
abafou um gemido de pura luxú ria escaldante.
As mã os dele estavam ocupadas puxando a blusa dela para fora
do có s da saia e ambos gemeram quando as mã os dele finalmente
fizeram contato com a pele nua de suas costas. Ele murmurou algo
em italiano antes de colocar as mã os no fecho do sutiã dela,
desabotoando-o habilmente e levando as mã os ao redor e por baixo
dos pequenos bojos rendados. Ela gritou e se arqueou violentamente
contra ele quando seus polegares encontraram seus mamilos
sensíveis. Sandro meio riu e meio gemeu em resposta a sua reaçã o
selvagem ao seu toque.
— Eu quero você, — ele sussurrou, sua respiraçã o contra a pele
de seu pescoço, onde ele estava mordiscando suavemente. — Como
eu te quero!
Ela soluçou, desejando ser mais há bil em resistir a ele, mas
desejando-o desesperadamente também, apesar de sua amargura,
raiva e frustraçã o. Ela assentiu lentamente, as lá grimas escorrendo
por entre os olhos fechados e escorrendo por suas bochechas.
— Por favor... — Ela nã o sabia se estava implorando para que
ele parasse ou continuasse, mas Sandro interpretou isso como um
consentimento. Uma de suas mã os caiu de seus seios e puxou sua
saia até que ela estava enrolada em torno de seus quadris. Sua
calcinha curta e rendada foi rapidamente tratada, e seus dedos
quentes e urgentes encontraram seu nú cleo derretido com precisã o
infalível, acariciando, mergulhando e preparando-a. Suas mã os
caíram para a fivela do cinto e ela se atrapalhou com a abertura de
suas calças até que ela o manteve cativo em suas mã os. Ela fazia suas
pró prias carícias e carícias, amando a familiar sensaçã o acetinada
dele, amando o calor, a dureza, o tamanho substancial.
Ele fez um som animalesco, girando-a e apoiando-a até que ela
estivesse encostada na estaçã o de trabalho que ele tã o casualmente
estivera meio sentado antes. Ele a ergueu até que seu traseiro
estivesse firmemente plantado na mesa e se moveu entre suas coxas
abertas. Inclinando sua pélvis ligeiramente até que ele tivesse o
â ngulo certo, ele finalmente, com um gemido de pura satisfaçã o,
afundou em seu calor suave e acolhedor. A respiraçã o de Theresa
falhou quando ela foi, mais uma vez, pega de surpresa por seu
comprimento, circunferência e dureza incrível.
Ela ergueu as pernas esguias e as prendeu ao redor dos quadris
dele enquanto, apó s a primeira investida suave e completa, ele
simplesmente descansava contra ela. Com as mã os apoiadas na mesa
de cada lado dos quadris dela, ele ergueu a cabeça para olhar em
seus olhos. Theresa ficou arrasada com isso, pois ele nunca havia
apenas olhado para ela antes, nem na cama nem fora dela. Seus olhos
escuros continuaram a procurar os dela, e ela se perguntou o que ele
estava procurando. Ela lambeu os lá bios nervosamente e seu
escrutínio caiu para sua boca, e suas pupilas dilataram até que seus
olhos estivessem virtualmente pretos.
A respiraçã o de Theresa estava começando a ficar ofegante
enquanto ela tentava controlar sua pró pria necessidade de se mover
contra ele. Seus quadris estremeceram um pouco, e ela sentiu um
espasmo ao redor dele. Ele sibilou com o movimento, seu rosto se
contraiu quando ele se retirou ligeiramente, apenas para mergulhar
de volta nela como se nã o pudesse suportar sair. Isso foi o suficiente
para a cabeça de Theresa cair frouxamente para trá s e sua boca se
abrir em um grito silencioso de êxtase. A velocidade recorde de seu
orgasmo pareceu pegar Sandro de surpresa, assim como
desencadear o seu pró prio. Com um som chocado e outra meia
estocada, ele se enterrou o mais fundo que pô de, arqueando para
trá s no processo e gozando violentamente. Parecia durar para
sempre, mas eventualmente todo o seu corpo ficou mole e ele quase
desabou contra ela, enterrando o rosto em seu pescoço ú mido.
Theresa ficou tã o surpresa com a rapidez sem precedentes do
ato, que nã o deve ter durado mais do que três minutos, que ela quase
perdeu as palavras. Na verdade, ela poderia ter perdido
completamente se nã o tivesse sentido sua respiraçã o reveladora na
pele sensível de seu pescoço. Mas ele as disse. As palavras saíram
abafadas, mas ela sabia exatamente o que ele estava dizendo. Seu
mantra, sua oraçã o...
— Me dê um filho, Theresa… — e assim, acabou para ela. As
pernas dela caíram longe de sua cintura, e ela empurrou seu peito
até que ele se levantou para olhar para ela com curiosidade. Ele fez
um som suave de protesto quando viu as lá grimas em seu rosto e
tentou abraçá -la. Mais um movimento sem precedentes, mas ela o
empurrou novamente até que ele se afastou dela.
— Porque você está chorando? — ele perguntou com a voz
rouca enquanto reajustava sua roupa.
— Eu te odeio, — disse ela, correndo para as lá grimas, o
desespero pesando em sua voz.
— O que acabamos de fazer nã o pareceu ó dio para mim, —
ressaltou.
— Só mais uma… — Sua boca começou a formar a palavra feia,
mas ele a interrompeu.
— Nã o diga isso, — ele retrucou. — Nã o se atreva a dizer isso!
— Por que nã o? — ela protestou. — É a verdade, e nã o tente
fingir o contrá rio nesta fase do nosso suposto casamento, Sandro.
Você acha que sexo melhora as coisas? Isso torna tudo pior, como
adicionar gasolina a um incêndio já intenso. Tudo o que você provou
é que sou incapaz de resistir a você!
— Isso é totalmente mú tuo, — ele respondeu secamente, e ela
ficou imó vel.
— Ah, por favor... — ela engasgou. — Claro que você pode
resistir a mim. Sou apenas mais uma mulher para você. Nã o tenho
importâ ncia particular, entã o nã o tente jogar mais um jogo comigo,
Sandro! Estou farta de suas mentiras e enganos.
— Dio, — ele sibilou furiosamente. — Você nã o é apenas mais
uma mulher, você é minha esposa! Você ocupa uma posiçã o de
grande importâ ncia em minha vida.
— Uma esposa da qual você se envergonha? Eu acho que nã o!
— Quem te disse que eu tinha vergonha de você? — Ele parecia
indignado com a pró pria ideia.
— Você disse.
— Theresa, tudo o mais de que você me acusou até agora tem
algum elemento de verdade. Mas isso é simplesmente ridículo! Eu
nunca, nem uma vez, disse a você que tenho vergonha de você.
— Você nunca disse isso; você nã o precisava. — Ela deslizou
para fora da mesa, certificando-se de que sua saia estava reta antes
de olhar para ele novamente. — Você me mostra todos os dias.
— O que?
— Eu nunca conheci sua família, a grande e extensa família que
significa o mundo para você. Sei que você tem dois amigos íntimos,
Rafael Dante e Gabriel Braddock, sã o colegas de faculdade se nã o me
engano, e você joga futebol com eles toda semana. Você nã o achou
que eu sabia disso, nã o é? Eu nã o conheci nenhuma dessas pessoas
de importância na sua vida. — E havia Francesca, é claro, mas
Theresa nã o estava pronta para confrontá -lo com esse
conhecimento. —Eles sã o as pessoas que importam para você, e se
eu fosse a esposa que você queria, uma esposa da qual você nã o se
envergonhasse, sem dú vida já os teria conhecido!
— Nã o é assim, — ele negou, quase tropeçando em sua pressa
de alcançá -la, mas ela se afastou antes que ele pudesse tocá -la.
— É sim. Por favor, nã o insulte minha inteligência negando. —
Ela procurou desesperadamente por sua calcinha e a viu ao lado de
sua prancheta. Ela rapidamente os levantou antes de se virar para
encará -lo.
— Eu preciso de um banho, — ela sussurrou amargamente. —
Você sabe como é quando você tem um desejo irresistível de raspar o
toque, o cheiro, a pró pria essência de alguém de sua pele, nã o é?
Afinal, é isso que você costuma fazer trinta segundos depois do
orgasmo, e finalmente posso me identificar com isso. — Ela se virou
e saiu da sala antes que ele tivesse a oportunidade de responder.
CAPÍTULO QUATRO

Eles mal se falaram na semana seguinte, apenas coexistindo na


mesma casa. Sandro insistiu para que tomassem café da manhã e
jantassem juntos ainda e que dormissem na mesma cama, mas
nunca a tocou, mantendo a distâ ncia que ela insistira. Uma parte de
Theresa ficou aliviada, enquanto outra lamentou a perda do ú nico
vínculo que haviam compartilhado. Ela continuou dizendo a si
mesma que era apenas sexo e nunca significou nada.
Além disso, ela tinha outras preocupaçõ es mais imediatas.
Como o fato de ela ter vomitado todos os dias na ú ltima semana e
ainda ter tonturas nas horas mais inesperadas e de sua menstruaçã o
estar mais atrasada do que nunca. Ela estava aliviada que as
intimidades entre ela e Sandro tivessem cessado, porque ele estava
tã o familiarizado com seu ciclo quanto ela e ela realmente preferia
certeza absoluta antes de lhe dizer qualquer coisa. Ela também
queria tempo para descobrir qual seria seu pró ximo passo.
Mais uma decisã o tomada dela, ela refletiu amargamente, mas
pelo menos ela poderia decidir a hora e o lugar para contar a ele - se
de fato ela estivesse grávida, o que ela esperava desesperadamente
que nã o fosse o caso. Ela mordeu o lá bio inferior com os dentes,
olhando cegamente para o desenho em que vinha trabalhando a
maior parte da semana. Era para ser um colar, mas nã o se parecia
com nenhum colar que ela já tivesse visto antes. Ela balançou a
cabeça com desgosto; ela nã o conseguia fazer nada. Ela parecia estar
experimentando o equivalente a um bloqueio criativo, e isso era
extremamente frustrante. Seu celular tocou e ela o pegou, acolhendo
a distraçã o. Ela havia trocado mensagens de texto com Lisa o dia
todo. Sua prima estava se sentindo mal e Theresa estava tentando
animá -la com piadinhas tolas — uma façanha difícil quando a
pró pria Theresa nã o estava se sentindo tã o bem assim. Ela esperava
a resposta de sua prima à sua ú ltima mensagem, mas ficou
desagradavelmente surpresa ao ver o nome de Sandro em sua caixa
de entrada. Ele geralmente se abstinha de contatá -la durante o dia.
Ela franziu a testa ao ouvir o nome dele, nã o tã o interessada em ler o
texto. Finalmente ela exalou com força e clicou na mensagem.
“Comer fora esta noite. Vestido casual. “Coisa de negó cios.” Casa
à s 17. Jantar à s 19:30.”
Ela gemeu. Sandro e suas malditas “apariçõ es”! Ela ficou
tentada a recusar, mas nã o tinha energia para a discussã o que se
seguiria. Pelo menos ele a advertiu desta vez. Houve alguns
incidentes no passado em que ele voltou para casa e disse a ela que
eles iriam sair em uma hora. Algumas vezes os eventos foram
formais, deixando Theresa lutando para encontrar vestidos
apropriados e amaldiçoando silenciosamente o fato de nã o ter tido a
oportunidade de fazer o cabelo profissionalmente. Suspirando
baixinho, ela desistiu do trabalho pelo resto da tarde e se dirigiu
para a cozinha em busca de companhia. Phumsile estava se
movimentando eficientemente, mas quando ela se virou e viu
Theresa, ela sorriu.
— Hora do chá ? — ela perguntou, e Theresa assentiu,
acomodando-se em um banquinho da cozinha enquanto Phumsile
juntava duas xícaras de chá e colocava a chaleira para ferver.
— Você já terminou seu trabalho? É um pouco cedo, — a
mulher mais velha perguntou, enquanto preparava o bule. O
relacionamento de Theresa com Phumsile era caloroso e amigável.
Theresa sabia que Phumsile havia discernido há muito tempo a
natureza incomum de seu casamento e, embora a mulher
permanecesse discreta e nunca tocasse no assunto, ela tendia a ser
mã e de Theresa como resultado.
— Nã o consegui me concentrar, e Sandro e eu vamos sair hoje à
noite, entã o provavelmente devo pensar em me preparar para isso.
— Phumsile fez um som evasivo enquanto despejava a á gua quente
no bule e o colocava no balcã o entre eles para infundir antes de
colocar um prato de biscoitos de gengibre recém-assados ao lado
dele.
— Será que vai ser outra noite chique?
Theresa sorriu com a terminologia e deu de ombros.
— Ele disse casual. Nã o tenho certeza o que isso significa. —
Ela pegou um biscoito e deu uma mordida hesitante.
— O gengibre é muito suave, nã o vai incomodar seu estô mago,
— a mulher disse calmamente, e Theresa ergueu seus olhos
assustados para os sá bios de Phumsile. Ela deveria saber que
Phumsile notaria sua ná usea nos ú ltimos dias. A mulher raramente
perdia muito.
— O Sr. De Lucci sabe? — Phumsile perguntou.
— Eu nem sei, — Theresa admitiu.
— Um bebê é uma bênçã o. O Sr. De Lucci ficará muito feliz.
— Ele vai, — Theresa reconheceu amargamente.
— Você nã o está feliz? — Phumsile parecia confusa e Theresa
forçou um sorriso.
— Nã o tenho certeza se há um bebê, Phumsile, pode ser apenas
um problema estomacal. — Ela tomou um gole do chá de camomila
que Phumsile sempre preparava com perfeiçã o e mais uma mordida
no biscoito.
— Entã o, o que você quer vestir esta noite? — Phumsile mudou
de assunto com tato e Theresa encolheu os ombros novamente.
— Eu nã o sei exatamente o quã o casual ele quis dizer. Jeans
talvez. O que você acha que devo fazer com meu cabelo? Para cima
ou para baixo? — Phumsile inclinou a cabeça enquanto considerava
o longo cabelo de Theresa.
— Por que você nã o vai ao cabeleireiro? — Phumsile
perguntou. —Isso vai te animar.
Theresa sorriu para Phumsile enquanto considerava o
pensamento. Ficar bem esta noite daria um impulso ao seu ego, se
nada mais.
— Sabe, faz tempo que nã o o estilizo, — ela admitiu,
contornando o balcã o para dar um aperto rá pido em Phumsile. —
Essa é uma ideia brilhante. Obrigada. O que eu faria sem você,
Phumsile?
— Passar fome, — brincou a mulher. — Você nã o come o
suficiente quando eu nã o estou aqui e você sabe disso.
Theresa riu, sentindo-se imensamente melhor depois de sua
conversa com a governanta. Nada havia sido resolvido, mas ela se
sentia menos sozinha agora que Phumsile sabia de sua possível
gravidez.

Sandro chegou em casa pontualmente à s seis. Theresa estava


encolhida no sofá , folheando um livro de mesa de um fotó grafo
extremamente popular, que ela acabara de comprar em sua excursã o
à tarde. Ele era um fotó grafo da vida selvagem, mas seu assunto
desta vez era muito mais pró ximo de casa. Sua ú ltima antologia,
intitulada Man's Best Friend, era toda sobre cachorros. Theresa,
sendo uma grande louca por cachorros, nã o pensou duas vezes antes
de comprar o livro. Sandro parou na porta, e ela olhou para cima
para ver seus olhos presos em seu cabelo. Ela ergueu a mã o
p p g
constrangida para o cabelo recém-cortado, sabendo que era uma
grande mudança. Ela havia cortado o cabelo castanho-avermelhado,
que ia até a cintura, logo abaixo do maxilar. O estilo era reto e
elegante, com uma franja emplumada, e Theresa adorava o jeito que
a fazia parecer e se sentir como uma nova mulher. Algo que ela
estava tã o desesperadamente lutando para ser.
Seu cabelo sempre foi comprido; seu pai a proibira
terminantemente de cortá -lo, e Theresa sabia que a ú nica coisa que
Sandro absolutamente adorava nela, além de seus seios pequenos,
era o cabelo. Quando ele estava fazendo sexo com ela, ele estava
sempre tocando, acariciando ou puxando seu cabelo. Agora ela
esperava ansiosamente pela inevitável reaçã o negativa dele ao corte,
que emoldurava seu rosto e enfatizava seus grandes olhos verde-
acinzentados e maçã s do rosto altas e delicadas. Suas mã os se
fecharam e ele pareceu engolir com visível esforço.
— Você parece… — Sua voz estava rouca e ele limpou a
garganta antes de começar de novo. — Você está linda, cara. — Sua
voz calma parecia soar com sinceridade e algo que, em qualquer
outro homem, seria semelhante à reverência. — Absolutamente
deslumbrante.
Ela piscou.
— Ah, — foi tudo o que ela conseguiu pensar em dizer, e ele
entrou na sala, ainda tã o concentrado em seu cabelo e rosto que
quase tropeçou em um pequeno banquinho colocado ao lado de uma
poltrona. Ele franziu a testa para o mó vel ofensivo antes de afundar
na poltrona de couro em frente ao sofá correspondente em que
Theresa estava enrolada.
— Uh... — Ele arrastou seu foco para o livro em seu colo e
parecia estranhamente desesperado para conversar. — O que você
está lendo? — Seus olhos afiados se concentraram no título antes de
erguer o olhar para ela em consternaçã o. — Cães? — Ele parecia tã o
perplexo que ela abraçou o livro defensivamente contra o peito.
— Acontece que eu gosto de cachorros, — ela disse ferozmente,
e seus olhos estranhamente gentis varreram suas feiçõ es tensas
antes de pousar no livro. Ele se inclinou para a frente e estendeu a
mã o direita.
— Posso? — Ele a observou com firmeza até que ela
relutantemente desistiu do aperto mortal que tinha no livro e o
entregou a ele. — Obrigada. — Ele se recostou e folheou as pá ginas
brilhantes, parando aqui e ali antes de sorrir quase como um menino
para ela. Ele parecia tã o incrivelmente bonito que por um longo
momento ela nã o percebeu que ele estava falando com ela.
— Desculpe, nã o entendi direito, — ela sussurrou, e seu sorriso
se alargou enquanto ele virava o livro para ela, batendo seu longo
dedo indicador na foto de um labrador retriever preto sorridente.
— Eu tive um igual a este, — ele a informou, e ela franziu a
testa.
— Um o que? — ela perguntou inexpressivamente, hipnotizada
por seu sorriso devastador.
— Cachorro, — ele disse a ela pacientemente antes de virar o
livro de volta para si mesmo. Sua expressã o era gentilmente
reminiscente. — Eu também gosto de cachorros. A meu ver, quem
não gosta de cachorro nã o é confiável. Meu retriever se chamava
Rocco. Ele morreu pouco antes de eu começar a universidade. Eu o
tive por dezesseis anos. Suponho que se possa dizer que cresci com
ele. — Ela sorriu com a ó bvia afeiçã o dele pelo que deve ter sido um
animal de estimaçã o muito amado.
— Você deve ter tido um cachorro também, crescendo? — ele
perguntou, e ela assentiu lentamente. — Qual raça?
— Ela era meio vira-lata, — Theresa sussurrou, mais do que um
pouco relutante em continuar.
— Qual era o nome dela? — Por que ele estava sendo tã o
malditamente persistente?
— Sheba, — ela forneceu, sua voz ficando ainda mais baixa, e
seu sorriso desapareceu quando ele se inclinou para frente
intensamente, seus olhos fixos em seu rosto abatido.
— Me conte mais, — ele convidou calmamente.
— Nã o há muito o que contar, — ela deu de ombros, limpando a
garganta. — Minha mã e me levou ao SPCA no meu décimo primeiro
aniversá rio e me disse para escolher qualquer cachorro que eu
quisesse. Eu vinha falando sem parar sobre ter um cachorro por
meses antes disso, prometendo que cuidaria bem dele. Estava
chegando ao ponto em que, eu acho, ela teria feito qualquer coisa
para me calar. Entã o escolhi Sheba, com seus olhos castanhos
comoventes, seu casaco preto e branco desalinhado e seu rabo feliz e
abanando. — Ele sorriu com isso e ela também. — Ela nã o era muito
bonita, mas eu a adorava. — Ela suspirou pesadamente antes de
parar e encolher os ombros, finalmente levantando os olhos para
encontrar os dele. — Hora de se preparar para o jantar agora, nã o é?
— Ele franziu a testa antes de balançar a cabeça.
— Há quanto tempo você teve seu cachorro? — ele perguntou
suavemente em um tom que dizia que nã o iria descansar até que
soubesse de tudo, e Theresa puxou seu lá bio inferior carnudo com os
dentes.
— Cerca de três semanas.
Ele sufocou uma maldiçã o suave na confissã o sussurrada.
— O que aconteceu?
— Mamã e e papai nã o concordavam na maioria das coisas e,
aparentemente, meu cachorro foi mais uma desculpa para brigar.
Pegar Sheba era a maneira de mamã e marcar pontos contra papai e
se livrar de Sheba era a maneira de papai marcar pontos contra
mamã e. — Seus pais eram profundamente infelizes juntos, e
realmente nã o deveria ter surpreendido ninguém quando sua mã e
engoliu um punhado de pílulas para dormir poucas semanas depois.
Theresa se culpou por muito tempo, pensando que se ela tivesse sido
menos insistente com o cachorro, seus pais nã o teriam brigado e sua
mã e nã o a teria abandonado. Ela ficou petrificada por muitos anos
pensando que seu pai também a abandonaria se ela nã o fosse a filha
perfeita, mas quando terminou o ensino médio, ela entendeu que
Jackson Noble era egoísta demais para se machucar de alguma
forma. A essa altura, ser a filha perfeita havia se tornado um há bito
inquebrantável.
Agora ela se esforçou para parecer irreverente sobre o
cachorro, mas o tremor em sua voz a transformou em uma
mentirosa. Sandro nã o disse nada, mas parecia estar lutando contra
alguma coisa, o maxilar tã o cerrado que ela podia ver os pequenos
mú sculos contraídos logo abaixo das orelhas, e os nó s dos dedos
apareciam brancos onde o aperto do livro era mais forte.
— O que ele fez com o cachorro? — ele rangeu os dentes,
soando como se estivesse roendo unhas.
— Eu nunca tive certeza, — ela confessou. — Mamã e disse que
Sheba foi para uma nova família e ficou feliz com eles. Mas nã o sei...
sempre temi que ele a levou de volta para o canil. — Apesar de suas
melhores intençõ es, lá grimas de dor há muito lembrada inundaram
seus olhos, e ela inclinou o queixo em um esforço para parecer
casual. — Nã o consegui dormir por muito tempo depois, imaginando
como Sheba devia estar confusa, e nas noites realmente ruins eu os
imaginava levando-a para a sala de cirurgia do veteriná rio para ser
sacrificada, porque, embora eu a amasse, ela realmente nã o era
bonita ou inteligente ou tã o especial. Se ela voltasse para o canil,
acho que nã o teria ido para outra casa.
— Você nã o deve pensar assim, — ele advertiu.
— Eu sei. Nã o importa, é tã o longe no passado que a ferida
cicatrizou há muito tempo. — Nem mesmo uma cicatriz. A maneira
como ele olhou para ela disse a ela que ele nã o acreditava em uma
palavra disso.
— Você tinha onze anos?
Ela assentiu com a cabeça e baixou os olhos, desconfortável sob
seu olhar ardente. — Sua mã e nã o morreu quando você tinha onze
anos? — Todos sabiam que sua mã e havia cometido suicídio. Ela foi
encontrada por um criado e a notícia vazou para a imprensa em uma
hora. Um dos infelizes subprodutos de vir de uma família como a
dela foi a total falta de privacidade e respeito da imprensa. O suicídio
de sua mã e se tornou assunto para as massas e seu funeral um circo.
Isso deixou Theresa muito cautelosa com a mídia e ela tendia a ficar
o mais longe possível dos holofotes.
O casamento dela com Sandro nã o tinha facilitado isso - nã o
quando a histó ria familiar dele era quase idêntica à dela e suas irmã s
glamorosas estavam sempre sendo perseguidas pelos paparazzi.
— Cerca de duas semanas depois que perdi Sheba, — ela
admitiu, e ele respirou fundo, um palavrã o abafado saindo de seus
lá bios. — Entã o, você vê, logo tive coisas maiores com que me
preocupar do que o destino da pobre pequena Sheba.
— Eu acho que vejo muito mais do que você quer que eu veja,
Theresa, — ele afirmou enigmaticamente, e ela ergueu os olhos para
encará -lo apenas para ser confundida pela ternura e compreensã o
que viu ali. Ele devolveu o livro para ela, e ela o pegou com um aceno
de cabeça, certificando-se de evitar qualquer contato com suas mã os
grandes. Ele notou a evasiva e, enquanto seus olhos se estreitavam,
preferiu nã o dizer nada sobre isso.
— Entã o, quã o casual é essa coisa de negó cios? — ela
perguntou, mudando de assunto abruptamente, levantando-se com
cuidado, nã o querendo outra onda reveladora de tontura na frente
dele.
— Extremamente casual, — ele respondeu calmamente,
optando por nã o desafiar a flagrante mudança de assunto. — Jeans,
camiseta e uma jaqueta servirã o.
— Você quer dizer que eu arrumei meu cabelo para nada? —
Ela franziu a testa, bastante descontente por nã o estar exibindo seu
novo visual da melhor maneira possível.
— Eu dificilmente acho que foi por nada, — ele protestou com
outro daqueles seus raros sorrisos de tirar o fô lego. — Acho que o
resultado valeu o esforço. Adorei seu cabelo comprido, cara, mas
esse novo corte chique e elegante... Me faltam palavras. Você parece…
— Ele balançou a cabeça e em um gesto tipicamente italiano, levou
as pontas dos dedos aos lá bios e os beijou para indicar sua
aprovaçã o. Por alguma razã o, Theresa achou engraçado, e ela abafou
uma risadinha com a mã o. Seus olhos estavam iridescentes com o
riso, e ele ficou parado por um longo momento, olhando para ela,
antes de pigarrear.
— Vá em frente, Theresa, — ele solicitou gentilmente. — Me
encontre aqui em meia hora? — Ela assentiu com a pergunta em sua
voz.
Sandro manteve a boca fechada sobre para onde estavam indo,
ignorando os apelos cada vez mais desesperados de Theresa por
informaçõ es. Era altamente incomum para ele nã o dizer a ela o que
esperar. Ele geralmente perfurava informaçõ es para ela, o que seus
anfitriõ es gostavam e o que ele queria que ela falasse. Ele sempre
pareceu ter medo de que ela estragasse tudo de alguma forma, mas
desta vez ele foi muito diferente. Ele estava relaxado, e toda vez que
Theresa perguntava sobre seu destino final, ele dizia para ela nã o se
preocupar com isso. Ela espiou seu belo perfil, odiando sua
indiferença diante de seu nervosismo. Ele estava vestido ainda mais
casualmente do que ela, vestindo calças de moletom de marca que
definitivamente tinham visto dias melhores, tênis surrados da
mesma marca e uma jaqueta para combinar com as calças.
— Pare de olhar, — ele rosnou, mantendo os olhos grudados na
estrada à frente. — Você está me deixando nervoso.
Aham, claro! O Sr. Nervos de Aço, que manejava a poderosa
Ferrari com graça e confiança, estava nervoso. Ela nã o acreditou
nisso nem por um segundo. Ela franziu os lá bios e desviou os olhos
para o horizonte que escurecia rapidamente além de sua janela. Eles
estavam dirigindo por quase quarenta minutos, e Theresa nã o tinha
ideia de onde eles estavam. Ela inclinou a cabeça para trá s e fechou
os olhos por alguns momentos, sentindo como se as ú ltimas semanas
de incerteza a estivessem alcançando.
— Chegamos. — A voz de Sandro a tirou de seu cochilo algum
tempo depois, e ela se espreguiçou antes de se sentar para avaliar o
ambiente. O carro já estava estacionado na entrada de uma casa
enorme. O lugar fazia com que a casa deles, nada imodesta,
parecesse um chalé de jardim. Havia cinco outros carros esportivos
elegantes e caros estacionados na entrada da garagem, e todas as
luzes, dentro e fora da casa, pareciam estar acesas.
Theresa desafivelou o cinto e saiu do carro antes que Sandro
pudesse se mexer. Ela ficou com as mã os apoiadas no teto da Ferrari
e olhou para a imensa casa com uma curiosidade descarada. Ela
estava ciente de Sandro, remexendo no espaço atrá s dos bancos da
frente antes de sair do carro rebaixado com graça selvagem e virar o
capô para se juntar a ela no lado do passageiro do carro.
— Theresa, nã o quero que você pense que... — O que quer que
ele estivesse prestes a dizer foi interrompido quando outro carro,
este um caro Lamborghini azul-metá lico, parou atrá s do deles.
Sandro olhou e xingou quando pareceu reconhecer o carro.
O ú nico ocupante saiu do carro e Theresa pô de vê-lo
claramente sob as luzes brilhantes que inundavam a entrada da
garagem. Ele era um homem alto, de cabelos escuros e lindo, mais ou
menos da idade de Sandro, e tinha um sorriso enorme e amigável no
rosto enquanto se aproximava deles. Theresa se surpreendeu
admirando seu andar sexy e solto. Ele estava vestido de maneira
semelhante ao marido dela, apenas ostentando uma marca diferente
em seu moletom.
— De Lucci! — Ele cumprimentou seu marido austero com um
caloroso tapa nas costas.
— Max. — Sandro assentiu em resposta, parecendo nã o
compartilhar a exuberâ ncia do homem. Ele se virou para encarar o
homem e colocou uma mã o peremptó ria nas costas de Theresa para
virá -la também. Ele manteve sua mã o lá mesmo depois que ambos
estavam de frente para o outro homem.
— Quem é esse lindo bebê? — Max virou aquele sorriso
matador para ela, e Theresa se viu incapaz de resistir a devolvê-lo.
Sandro lançou um olhar fulminante para o outro homem, que
parecia levar seu mau humor na esportiva e sorriu ainda mais.
— Minha esposa, Theresa, — Sandro estalou secamente, o aviso
em sua voz mais do que um pouco ó bvio.
— Você é casado com esta deusa? — Max manteve seu foco
muito apreciativo no rosto corado de Theresa, e seu sorriso tornou-
se um sorriso de calor genuíno. — Eu sempre soube que você era um
homem de gosto impecável, De Lucci, mas tenho que admitir, minha
opiniã o sobre você disparou! — Ele estendeu a mã o para Theresa,
que a pegou depois de uma leve hesitaçã o.
— Encantado, tenho certeza. — Seu sorriso suavizou e ele levou
a mã o dela à boca, dando um beijo reverente nas costas dela. — Sou
Max Kinsley.
— Uh...T-Theresa, — ela gaguejou, sufocando uma risadinha
com a teatralidade do homem. Ela suspeitava que ele estava apenas
tentando enrolar Sandro, e parecia estar funcionando porque a mã o
de seu marido se fechou em um punho na parte inferior de suas
costas. — Estou muito feliz em conhecê-lo, Sr. Kinsley.
— Nã o haverá nenhuma dessas formalidades entre nó s, — ele
advertiu. —Eu sou Max e você é Terri! Ou Tessa, se preferir. Agora,
por favor... permita-me escoltá -la para dentro. — Seu aperto na mã o
dela aumentou ligeiramente quando ele a puxou para ele, mas a mã o
de Sandro disparou para o cotovelo de seu braço livre.
— O nome dela é Theresa, e eu vou acompanhar minha pró pria
esposa para dentro! — Sandro rangeu os dentes, obviamente
segurando seu temperamento por um fio.
— Que negligente da minha parte, — Max disse com pesar
fingido, soltando sua mã o esguia com relutâ ncia exagerada. — Eu
tinha esquecido completamente que você estava aí, De Lucci! —
Sandro soltou um leve rosnado no fundo da garganta, e Theresa nã o
conseguiu conter o riso dessa vez. Max pareceu encantado com o
som e deu um passo para trá s com uma saudaçã o alegre.
— Continuaremos a nos conhecer lá dentro, Tessa, minha
querida, — ele prometeu antes de se virar e subir as escadas que
levavam à porta da frente da casa. Ele tinha uma mochila, que ela nã o
havia notado anteriormente, pendurada em um ombro largo.
— Eu gosto dele. — Ela sorriu para Sandro, que olhava furioso
para a porta da frente pela qual Max acabara de desaparecer.
— Nã o confunda o flerte dele com algo mais do que é, Theresa,
— ele murmurou em advertência. — Ele tem namorada.
— Nã o sou uma completa idiota, Sandro. Ele estava provocando
você... com bastante sucesso também, devo acrescentar.
— Dio, este nã o é o melhor momento para discutir, Theresa. —
Ele parecia cansado. — Vamos tentar...
— Você vai entrar ou o quê? — Uma voz interrompeu o que
quer que Sandro estivesse prestes a dizer e eles olharam para a casa,
onde outro homem alto e de ombros largos estava recortado na
porta.
— Vamos, — Sandro murmurou, pegando a mã o dela e pegando
uma mochila parecida com a que Max estava carregando. Ele a
conduziu até a porta da frente, onde o homem robusto se afastou
para deixá -los entrar.
— Ei, Sandro… — Sua saudaçã o casual foi seguida por alguns
tapas nas costas mais masculinos, e desta vez a abertura amigável foi
retribuída por Sandro.
— Gabe. — Sandro assentiu antes de puxar Theresa para
frente. — Esta é Theresa.
— Theresa? — O homem deu uma segunda olhada enquanto a
olhava mais de perto, antes de se recuperar de seu espanto com um
sorriso caloroso. — Estou muito feliz em conhecê-la. Eu sou Gabe
Braddock.
…E a ficha finalmente caiu. Theresa olhou para o homem
sorridente e se sentiu uma completa idiota por nã o ligar os pontos
antes. Era sexta-feira à noite, Sandro estava vestido com suas roupas
esportivas e a trouxe para seu maldito jogo de futebol! Que típico. O
homem certamente fez todos os esforços quando se deparou com um
obstá culo, mas isso era simplesmente desprezível e incrivelmente
ó bvio. Ele nã o lhe dera nenhum aviso. Nã o é de admirar que ele fosse
um empresá rio tã o bem-sucedido; ele era um mestre em manipular
uma situaçã o a seu favor, e esse era um exemplo clá ssico. Dê à mulher
o que ela quer e talvez sua rebeliã o diminua e ela comece a ser uma
incubadora humana.
— Estou tã o feliz em conhecê-lo, Sr. Braddock, — ela disse
suavemente, pegando a mã o estendida do homem e disfarçando sua
raiva com um sorriso doce. — Ora, recentemente expressei o desejo
de conhecê-lo! — Ela se recusou a olhar para Sandro, mas sentiu que
ele se movia desconfortavelmente de um pé para o outro. — E aqui
estamos nó s.
— De fato. — O outro sorriu, embora fosse ó bvio, pela maneira
como olhou para Sandro, que sabia que algo estava errado. — Estou
feliz que você superou sua aversã o ao futebol e decidiu se juntar a
nó s esta noite. A galera vai adorar conhecer a linda esposa do
Alessandro. — Sua aversã o ao futebol? Entã o foi assim que ele
explicou suas ausências conspícuas.
— E estou ansiosa para conhecê-los, — disse ela
calorosamente. Ela estava aborrecida com Sandro e magoada com
suas manobras transparentes para apaziguá -la, mas aquele homem
alto, de ombros largos e sorriso caloroso parecia adorável, e Theresa
nã o pô de deixar de gostar dele instintivamente.
— Todo mundo está por aí, Sandro, — Gabe informou ao
homem silencioso que estava atrá s dela. — Vou me juntar a você em
breve, estou esperando por Bobbi. — Ele largou a mã o de Theresa e
sorriu para ela. — Nã o deixe os caras flertarem muito com você,
Theresa. Eles sã o um bando incorrigível e adoram uma garota
bonita! — Ele parecia querer dizer isso, se seu olhar demorado sobre
seu rosto corado fosse alguma indicaçã o.
— Chega de flerte, Braddock — resmungou Sandro de repente,
avançando para colocar uma mã o possessiva em seu cotovelo, e o
sorriso de Gabe assumiu um viés decididamente perverso.
— Eu nã o posso acreditar, — Gabe piou, sua voz viva com a
descoberta. — Você está com ciúmes ... de mim! — A pró pria ideia era
tã o ridícula que Theresa riu junto com ele, mas o aperto de Sandro
em seu cotovelo aumentou.
— Eu nã o estou com ciú mes, — ele retrucou mordazmente uma
vez que o riso deles havia diminuído. — Só estou tentando proteger
minha esposa de suas atençõ es bajuladoras, seu espertinho.
— Nã o, estou começando a acreditar que você a manteve longe
de todos nó s por tanto tempo porque nã o consegue lidar com a
competiçã o, — o outro homem brigou com a coragem que só um
amigo de longa data teria.
— Tenho certeza do excelente gosto de minha esposa, — disse
Sandro antes de tentar afastar Theresa, mas ela resistiu.
— Agora espere um segundo, Sandro. Eu nã o fui exatamente
mimada por escolha, você sabe! Posso descobrir que meu gosto
mudou. — Ah, ele fez não gostou disso, nem um pouco! Ele lançou
um olhar duro e estreito para ela que o outro homem, que estava
rindo de alegria com sua resposta enérgica, nã o viu, e Theresa
inclinou o queixo teimosamente e respondeu ao olhar dele com um
olhar desafiador.
— Ooh, eu gosto dela, Sandro, — Gabe riu, enxugando os olhos.
— Ela é geniosa.
— Sim... — Os olhos de Sandro se iluminaram com diversã o
relutante. — Isso eu estou começando a ver por mim mesmo. — Ele
puxou o braço dela de novo e, antes que Theresa pudesse dizer ou
fazer mais alguma coisa, ele a estava levando para longe. Ela seguiu
docilmente até ter certeza de que eles estavam fora de vista e ao
alcance da voz do outro homem antes de arrancar o cotovelo de seu
aperto e se virar para ele furiosamente.
— Seu bastardo desprezível e manipulador! — ela fervia,
desabafando sua frustraçã o dando um soco no peito dele para
garantir. Ele fez uma careta e esfregou o local que ela havia atingido
antes de sair do alcance de seu golpe.
— Qual diabos é o seu problema? — ele rosnou com raiva.
— Meu problema? — Ela conseguiu manter a voz apenas sob
um guincho. — Meu problema é você! Você mentiu para mim... de
novo. Você disse que isso era uma coisa de negó cios.
— Tecnicamente, é. Estou negociando com pelo menos cinco
dos homens aqui esta noite! — ele respondeu defensivamente.
— Mas isso nã o é realmente um negó cio, é? Este é o seu
precioso joguinho de futebol, aquele para o qual eu nã o era boa o
suficiente para ser convidado até depois de ameaçar deixá -lo!
— Você disse que queria conhecer meus amigos. — Ele parecia
genuinamente perplexo. — Agora, quando eu te dou essa
oportunidade, você fica louca! Eu nã o entendo você de jeito nenhum.
— A ú nica razã o pela qual você me trouxe aqui esta noite foi
porque você pensou que isso iria me apaziguar. Jogue um osso para o
cachorro violento e logo ele estará comendo na sua mã o!
— Mais como uma cadela violenta, — ele murmurou baixinho, e
quando percebeu que ela o tinha ouvido, ele encolheu os ombros
impenitente. — Se você vai usar metá foras de animais, é melhor
acertar.
— Tudo bem, eu sou uma cadela... tanto faz! — Ela sabia que
sua resposta era infantil, mas estava se sentindo mais do que
incomodada com a situaçã o.
— Olha, eu nã o entendo por que você está com tanta raiva
quando disse que queria conhecê-los.
— Um ano atrá s, com certeza. Mas nã o agora! Você nã o entende
que isso é um pouco tarde demais? — Ela balançou a cabeça em
frustraçã o. — É como colocar um Band-Aid em uma amputaçã o!
— Você está sendo dramá tica demais, como sempre, — ele
disse com desdém.
— Ah, você sabia qual seria minha reaçã o, e a ú nica razã o pela
qual você sabia disso era porque você reconheceu o quã o
inadequado e patético esse gesto realmente é.
— E como você imagina isso? — ele perguntou defensivamente,
cruzando os braços sobre o peito largo e olhando para ela com seu
lindo nariz.
— Por que mais você seria tão sorrateiro sobre me trazer aqui?
— Talvez porque você tenha sido tã o ridícula sobre ir a
qualquer lugar comigo ultimamente! — ele retrucou com raiva. — Eu
sabia que você recusaria se eu pedisse para vir aqui esta noite, entã o
tive que inventar um jantar de negó cios. Recentemente, você nã o fez
nada além de reagir de forma exagerada a tudo que eu digo e faço,
além de interpretar mal minhas intençõ es, entã o nã o pude arriscar.
Eu esperava que pela primeira vez eu estivesse errado sobre você...,
mas com certeza você tinha que ir e ser irracional sobre isso
também. Você está tã o determinada a colocar um viés negativo em
tudo o que faço hoje em dia, que nã o está disposta a aceitar nada
pelo valor de face. Nã o há segundas intençõ es aqui. Eu apenas
reconheci que você tinha razã o em nunca conhecer meus amigos. Fui
injusto e queria uma chance de consertar isso. — Ela mordeu o lá bio,
sem vontade de confiar nele, mas incapaz de resistir à sinceridade
em seus olhos. Parecia que ele realmente quis dizer suas palavras.
— Você nã o sabe o quã o tola eu me sinto? — ela sussurrou,
olhando para baixo. —Conhecê-los agora... O que eles devem pensar
de mim? Sinto que estou em exibiçã o, sua esposa misteriosa que os
evitou por mais de um ano. — Ele deu um passo hesitante em
direçã o a ela antes de passar os braços ao redor dela e deixar cair a
testa na dela. Ele levou as mã os até o rosto dela.
— Eles saberã o de quem foi a culpa, Theresa. Vou me certificar
disso, — ele prometeu com voz rouca.
— Quã o?
— Farei com que acreditem que realmente fui muito possessivo
para compartilhar você com eles. Eles vã o pensar que eu queria você
só para mim.
— Mas isso faria você parecer... — Ela lutou para encontrar a
palavra correta. —Inseguro.
— Pode ser. — Ele encolheu os ombros. — Ou talvez eles deem
uma olhada em você e entendam por que eu reagiria assim.—
— Do que você…? — Seus polegares pressionaram seus lá bios
macios, silenciando a pergunta.
— A pequena Theresa tola, — ele repreendeu suavemente. —
Posso nã o ter dito muito, ou nada, mas você é tã o linda que à s vezes
dó i só de olhar para você. — Ela nã o era bonita, ela sabia que nã o
era, mas só desta vez ela queria acreditar nele. Ela nunca tinha visto
tanta honestidade em seus olhos antes, e isso a aqueceu até os dedos
dos pés. Ele se inclinou ainda mais perto, seus lá bios a apenas alguns
milímetros dos dela quando uma voz divertida os fez se separarem
com culpa.
— Vamos lá , pessoal, sua lua de mel acabou há muito tempo. Dê
um tempo! — Era Gabe, vindo atrá s deles. Theresa ficou vermelha
como fogo, enquanto Sandro franzia a testa, curvando os ombros e
colocando as mã os nos bolsos. Ele lançou um olhar rá pido e
inescrutável para Theresa, que desviou os olhos. Ela nã o conseguia
pensar naquele momento dolorosamente doce e certamente nã o
conseguia imaginar aquele quase beijo. Nã o agora.

Ela estava quieta no caminho de volta para casa e ainda confundia


realidade com fantasia. Os amigos de Sandro eram adoráveis, e ela
gostava de torcer por eles do lado de fora. No começo, ela se sentira
desconfortável com as outras esposas e namoradas, mas elas foram
tã o genuinamente receptivas que Theresa relaxou quase
imediatamente. A atençã o constante de Sandro ajudou muito. Ele
costumava ir até onde ela estava sentada para perguntar se ela
estava bem, se precisava de alguma coisa, se estava aquecida o
suficiente, e isso se tornou embaraçoso depois de um tempo,
especialmente quando seus amigos começaram a zombar dele por
causa disso. Theresa sabia, é claro, que era tudo uma encenaçã o, mas
ainda era uma sensaçã o inebriante ter todo o seu foco nela daquele
jeito. Theresa achou o jogo de futebol real surpreendentemente
fascinante, especialmente porque ela nã o conseguia desviar os olhos
de seu gracioso e talentoso marido. Depois fizeram um churrasco e,
novamente, Sandro esteve constantemente atento e quase afetuoso,
segurando a mã o dela ou passando o braço em volta dos ombros
dela. Apó s o constrangimento inicial, Theresa começou a relaxar
cada vez mais.
Agora, no espaço confinado do carro, havia uma tensã o tênue
entre eles, e Theresa se inclinou para preencher o silêncio com
mú sica, mas ele segurou sua mã o para impedi-la de ligar o CD player.
— Nã o... — Ela se virou para olhar a silhueta de seu perfil, mas
ele manteve os olhos grudados na estrada.
— Mas…
— Você se divertiu esta noite? — ele perguntou rispidamente.
— Sim... eles sã o todos pessoas adoráveis.
— Estou feliz. — Silêncio novamente. Ele ainda nã o havia
soltado a mã o dela, mantendo-a presa entre sua coxa dura e sua mã o
grande.
— Todo mundo realmente gostou de você. — Ela podia ouvir o
calor em sua voz, mas nã o sabia se era dirigida a seus amigos ou a
ela. — Eu estava... orgulhoso ... de ter você lá . — Ela piscou, sem
saber como lidar com isso. — E me senti culpado por deixá -la por
tanto tempo. Nunca quis fazer você sentir que tinha vergonha de
você, Theresa. Eu nã o queria me casar com você, é verdade, mas em
nenhum momento senti que você me envergonharia.
— Obrigada por dizer isso, — ela sussurrou. — Significa muito.
A mã o dele apertou a dela antes de soltá -la, e ela
relutantemente levantou a mã o de sua coxa. Houve silêncio
novamente, mas desta vez nã o parecia tã o hostil e indesejável.
CAPÍTULO CINCO

Eles chegaram em casa depois da meia-noite e, enquanto Sandro


fechava a porta, Theresa, cansada, dirigiu-se para o chuveiro no
quarto de hó spedes do andar de cima, que ela ainda estava
determinada a ocupar, apesar de Sandro forçá -la a voltar para a suíte
master todas as noites. Ela estava de pé sob o jato quente e relaxante
dos vá rios chuveiros no luxuoso banheiro de hó spedes, com a testa
pressionada nos ladrilhos frios, quando uma rajada de ar frio a
alertou para o fato de que a porta de vidro fosco do cubículo havia se
aberto. Ela se virou com um suspiro resignado e observou Sandro se
virar para fechar a porta do chuveiro atrá s dele, oferecendo-lhe um
vislumbre tentador do belo traseiro que ela tanto admirara no início
da noite, enquanto ele perseguia uma bola para cima e para baixo no
gramado de Gabe. Ele se virou para ela e balançou a cabeça com um
suspiro cansado.
— Você está , sem dú vida, se tornando uma das pessoas mais
teimosas que conheço, Red., — ele disse com um gemido. Ela ficou
confusa com o nome inesperado do animal de estimaçã o. Ele nunca a
chamou de nada além de seu primeiro nome desde que ela o
conheceu, e ela nã o tinha certeza do que fazer com isso.
— Eu quero o divó rcio, Sandro, — ela insistiu, colocando seus
pensamentos de volta nos trilhos e tentando nã o baixar os olhos
para sua ereçã o ansiosa. Ele sorriu ligeiramente, dando um passo em
direçã o a ela.
— Eu sei, — ele admitiu cansado, estendendo a mã o ao redor
dela para pegar o sabonete e a esponja penduradas nas torneiras
ornamentadas. Seus braços roçavam sua carne nua com cada
movimento que ele fazia, e ela tentou desesperadamente proteger
dele a reaçã o ansiosa de seu corpo e cruzou os braços sobre as
pontas vermelhas de seus seios.
— E-e... eu nã o te amo mais, — ela continuou
desesperadamente, observando enquanto ele aplicava o sabonete
perfumado na esponja macia. Ele permaneceu focado na esponja em
sua mã o.
— Eu sei. — Sua voz soou um pouco estranha e sua expressã o
era neutra. Quando ele olhou para cima novamente, ele gentilmente
começou a passar a esponja sobre seus braços cruzados.
— E eu nã o quero mais ficar no mesmo quarto com você. — A
voz dela tremeu embaraçosamente quando ele agarrou um pulso
fino com uma mã o grande e gentil e ergueu o braço dela longe de
seus seios para passar a esponja na parte de baixo do referido braço
e em direçã o a sua axila sensível. Seus mamilos já duros apertaram
ao ponto de doer. Ela balançou ligeiramente, tentando nã o gemer de
prazer quando ele ergueu o outro braço e o submeteu ao mesmo
tratamento sensual.
— Você deixou isso bem claro, — ele sussurrou em resposta,
seus olhos fixos em seus seios obviamente excitados. Ele se
aproximou ainda mais, apertando-a com seu grande corpo e
apoiando-a contra os ladrilhos lisos. A esponja varreu primeiro um
botã o apertado, depois o outro, tã o levemente que ela nã o tinha
certeza se tinha imaginado o toque ou nã o.
Desta vez, porque ele estava tã o perto, cada pequeno
movimento seu trazia seu peito duro e macio em contato com as
pequenas pontas dolorosamente eretas, e era tudo o que ela podia
fazer para manter sua linha de pensamento. A esponja desceu entre
seus seios e sobre seu torso, sua barriga lisa, e ainda mais abaixo,
sobre seu abdô men e entre ela...
Ela respirou fundo quando ele deliberadamente deixou cair a
esponja para substituí-la com os dedos.
— E... eu quero um... um... — ela disse, ofegante, quando os
dedos dele continuaram a acariciar insistentemente onde ela era
mais sensível, e uma das mã os dela se agarrou ao pulso dele para
conter o movimento. Ele permaneceu implacável, olhando para baixo
em seu rosto arrebatado. — Um divó rcio…
— Você já disse isso, — ele apontou, seu peito começando a
arfar enquanto tentava controlar sua reaçã o a sua ó bvia excitaçã o.
Seu olhar faminto caiu de seu rosto para seus seios pequenos, onde
seus duros mamilos cor de framboesa estavam começando a
espreitar através da espuma que se desintegrava rapidamente. Com
um gemido desesperado, ele tirou a mã o de entre as coxas dela, caiu
de joelhos e espalmou os pequenos montes, tomando um broto
ensaboado em sua boca quente e faminta. Theresa arqueou para trá s
com o toque eletrizante, suas costas se curvando e sua cabeça
batendo nos ladrilhos com um baque.
Seu belo marido, que se ajoelhou como um suplicante na
têmpora de seu corpo, lambeu e beijou o caminho através do vale
raso entre seus seios para encontrar o outro pico dolorido enquanto
suas grandes mã os percorriam seu corpo até seus quadris estreitos,
que ele determinadamente ancorado na parede de azulejos em um
esforço para mantê-la imó vel. Theresa estremeceu violentamente e
suas mã os se enterraram em seu cabelo molhado antes de se mover
inquietamente para seus ombros, onde suas unhas cravaram.
Ele se levantou, prendendo-a contra a parede com todo o seu
corpo, sua ereçã o pulsando com urgência onde estava presa entre
seu estô mago duro e estriado e seu torso estreito. Ele tinha as mã os
apoiadas contra a parede de cada lado da cabeça dela, enquanto se
empurrava suavemente contra o torso dela. Ele manteve seu olhar
quente e estreito em seu rosto nu e vulnerável, seu pró prio rosto
uma má scara de rígido controle enquanto seus olhos estavam em
chamas com uma emoçã o que ela nã o conseguia ler.
Os olhos dele dispararam dos olhos semicerrados dela para o
lá bio inferior carnudo que ela prendera entre os dentes. Com uma
maldiçã o ligeiramente abafada, ele gemeu e abaixou a cabeça até que
sua boca tocou a dela. O corpo inteiro de Theresa ficou rígido
enquanto os lá bios dele se aninhavam suavemente contra os dela,
sem exigir nada, apenas explorando os contornos desconhecidos de
sua boca generosa. Suas mã os se moveram de onde estavam
apoiadas contra a parede para gentilmente segurar seu rosto, as
pontas dos dedos se encontrando no meio de sua testa e as palmas
descansando em cada lado de sua mandíbula. Sua boca
gradualmente exigiu mais, movendo-se insistentemente contra a
dela até que ela suspirou e se derreteu contra ele enquanto sua
pró pria boca explorava a dele. Sua língua, com gosto de menta,
percorreu seus lá bios procurando entrar em sua boca, e ela se abriu
para ele, desejando tanto que doía.
As mã os dela se ergueram maravilhadas, segurando o queixo
dele em um esforço para trazê-lo ainda mais para perto, e ele ficou
feliz em obedecer, seu beijo indo ainda mais fundo do que antes. Ela
sentiu como se estivesse sendo consumida por ele, avidamente
comida viva e absorvida por ele. Foi a experiência mais intensa de
sua vida, e pela forma como ele pulsava contra seu torso, ela
imaginou que ele sentia o mesmo. Ele relutantemente levantou sua
boca da dela para olhar seu rosto com um olhar penetrante que
parecia ver sua alma, e entã o ele sorriu. Um sorriso completamente
aberto, desprotegido e infantil, como ela nunca tinha visto dele antes.
Ela mal teve tempo de recuperar o fô lego antes que a boca dele
estivesse na dela novamente, devorando-a completamente. Ela
gemeu avidamente e passou os braços em volta do pescoço dele. As
mã os dele estavam se movendo agora, vagando por toda a carne
macia e nua antes de agarrar seu traseiro apertado e içá -la até que
suas coxas esbeltas envolvessem sua cintura.
Ele levantou a boca da dela e baixou o rosto em seu pescoço
para lamber as gotas de á gua que se acumularam no sensível oco
antes de voltar a reivindicar seus lá bios, novamente devorando-a
com seus lá bios, dentes e língua. Theresa foi completamente
dominada por sua paixã o inesperada - ele nunca pareceu tã o fora de
controle antes, e ela estava sendo arrastada pela maré. Ele apertou
seu traseiro com mais força antes, meio tropeçando, ele a carregou
para fora do chuveiro, pelo banheiro e para o quarto, onde mal
conseguiu colocar os dois na cama. Os pés de Theresa tocaram o
chã o acarpetado e seu traseiro estava meio fora da cama, mas ela
nã o se importou nem um pouco com o desconforto quando, com
apenas uma pausa de sua boca devastadora, ele entrou nela. Ela
conseguiu abrir a boca para gritar, o som á spero e cru no silêncio da
sala.
Suas costas arquearam até que apenas sua cabeça tocasse a
cama, enquanto ela levantava as pernas para envolvê-las em torno de
sua cintura novamente, seus tornozelos cruzando sobre suas
ná degas tensas e firmes e seus braços envolvendo suas costas largas,
enquanto suas unhas cravavam em sua carne tã o profundamente ela
tirou sangue. Sandro estava fazendo sons desesperados e soluçando
em sua boca, mas ele ainda se recusava a abrir mã o de seus lá bios,
coordenando as estocadas de sua língua com as de seus quadris, e os
gemidos abafados de Theresa assumiram o mesmo ritmo frenético.
Suas mã os se moveram para envolver-se em seu cabelo
molhado, inclinando a cabeça para trá s quase violentamente para
obter melhor acesso a sua boca. Seu corpo molhado deslizou e
esfregou sobre o dela, seus mú sculos se contraíram sob o cetim
tenso de sua pele, e o corpo de Theresa queimava em cada ponto de
contato. Uma de suas mã os desceu para uma de suas coxas,
levantando seus quadris ainda mais alto para permitir uma
penetraçã o ainda mais profunda.
Mais! Mais! Mais! Ela tentou dizer as palavras, mas nã o
conseguiu com a boca dele na dela, entã o ela moveu as mã os para o
traseiro dele para puxá -lo para mais perto. Ela o queria com mais
força, mais fundo, e ele sabia disso porque se ajustou de acordo, e ela
soluçou em sua boca, sentindo como se estivesse morrendo de uma
morte deliciosa. Ela espiralou cada vez mais alto, e quando alcançou
o piná culo, ela girou fora de controle, caindo de volta à terra com um
grito que ele engoliu. Seu corpo inteiro se apertou ao redor dele, e
Sandro, sentindo seu clímax, nã o conseguiu se conter. A respiraçã o
dele entrava e saía de seus pulmõ es enquanto ele lutava para se
controlar, mas ele estava tã o perdido quanto ela e afastou sua boca
da dela por tempo suficiente para soltar um grito rouco que ela mal
reconheceu como seu nome. Seu corpo se arqueou violentamente, e
ele a ergueu da cama e a colocou em seu colo enquanto a segurava o
mais perto que podia, seus braços fortes em volta de suas costas
estreitas enquanto ele estremecia dentro dela. Seus lá bios caíram
sobre os dela, mais suaves desta vez enquanto seu corpo continuava
a empurrar preguiçosamente. Ele a abraçou ainda mais perto, e
enquanto ele se ajoelhava na beira da cama, as pernas dela
escarranchadas em suas coxas duras, seu peito pressionado contra o
dele, e seus braços em volta do pescoço dele enquanto ela lutava
para manter o equilíbrio enquanto ele acariciava sua boca com a sua.
Ele finalmente ficou completamente molenga e desabou na cama
macia, levando-a com ele e mantendo-a envolta em seus braços com
uma de suas duras coxas ainda pressionada entre as dela. Ele ainda a
estava beijando, levantando a boca da dela para acariciar seu
pescoço e beijar seus ombros antes de voltar para sua boca uma e
outra vez, como se nã o pudesse se cansar do gosto dela. Ele estava
acariciando-a por toda parte, e gradualmente sua respiraçã o
desacelerou e seu tremor mú tuo diminuiu ligeiramente. Ele era uma
presença mais gentil e suave dentro dela agora, apenas
ocasionalmente se contorcendo como se para lembrá -la de que ele
ainda estava lá .
— Deus, — ele sussurrou. — Oh meu Deus, Theresa... isso foi
incrível. — Theresa, que só agora estava voltando a si mesma tensa
com suas palavras, mas ele parecia nã o notar, ainda acariciando-a,
beijando-a, sussurrando pequenas palavras carinhosas e frases em
italiano pela metade em seus cabelos. Em um ano e meio, durante o
qual eles fizeram sexo em média quatro vezes por semana e pelo
menos duas vezes por noite em cada uma dessas ocasiõ es, esta foi a
primeira vez... sempre que Sandro nã o recitou seu mantra padrã o.
Ele se mexeu ligeiramente para acomodá -la mais
confortavelmente contra ele, um braço dobrado sob sua cabeça e o
outro descansando pesadamente sobre seus seios. Seus dedos
formaram círculos preguiçosos na pele superaquecida de seu braço,
e ele estava com a cabeça no mesmo travesseiro que a dela, tã o perto
que ela podia sentir sua respiraçã o ainda instável em seus cabelos.
Ele ocasionalmente dava beijos suaves na pele sensível sob sua
orelha e ao longo de sua mandíbula delicada.
Theresa estava cada vez mais tensa em seus braços, sem saber
como reagir. Primeiro os beijos, depois o sexo devastador, depois a
ausência dessas cinco palavras e agora essa demonstraçã o de afeto
sem precedentes. Era como se, justamente quando ela tivesse
encontrado uma maneira de proteger seu já machucado, magoado e
frá gil coraçã o dele, ele encontrasse alguma outra maneira de
contornar suas defesas, deixando-a vulnerável a ainda mais dor.
Ele ainda estava sussurrando em seu ouvido, palavras em
italiano meio quebradas que ela nã o entendia nada, tentando puxá -la
para mais perto, mas Theresa resistiu, saindo do transe em que
estivera. Ela nã o podia deixá -lo fazer isso com ela... de novo nã o! Ele
a havia machucado muitas vezes no passado com sua
desconsideraçã o descuidada, suas outras mulheres e seu desprezo.
Ela iria não permitir que ele entre em seu coraçã o novamente.
Finalmente dando uma pista do fato de que Theresa nã o gostava
tanto de carinho quanto ele, Sandro ergueu-se sobre o cotovelo,
apoiando a cabeça na mã o e parecendo absolutamente lindo em todo
o seu esplendor nu.
— Cara, o que há de errado?
Ela quase riu alto com a pergunta ridícula antes de lutar
seriamente para escapar debaixo de seu braço pesado. Por alguns
segundos seu aperto aumentou, mas ele levantou o braço e permitiu
que ela saísse da cama.
— Os lençó is estã o encharcados, — disse ela sem fô lego,
recusando-se a encontrar seus olhos. — Preciso trocá -los.
— Deixe para a empregada de manhã . — Ele sorriu
preguiçosamente.
— O serviço de limpeza nã o vem aos sá bados e, além disso, nã o
consigo dormir em cama molhada.
— Nã o seja boba, Red, — ele advertiu gentilmente, sentando-se
graciosamente. —Você vai dormir comigo em nossa cama!
— Eu nã o vou. — Ela balançou a cabeça inflexivelmente, e seu
sorriso se alargou com indulgência.
— Gata teimosa. — Ele balançou as pernas para fora da cama e
se levantou com a graça letal de um predador, perseguindo-a
languidamente. — Claro que você é. — Theresa recuou, mas ele
atacou antes que ela pudesse ir muito longe, com as mã os em seus
ombros, aplicando pressã o apenas o suficiente para impedi-la de
fugir.
— Olhe para mim, — ele exigiu suavemente quando ela
manteve os olhos grudados em seu peito. Quando ela recusou, ele
murmurou algo baixinho antes de levantar uma mã o de seu ombro
para erguer sua mandíbula até que seus olhos encontrassem os dele.
O que quer que ele tenha visto em seu rosto desafiador fez com que
suas sobrancelhas se abaixassem e seus olhos escurecessem.
— Estou tentando consertar isso, cara, — ele sussurrou, as
palavras soando quase saindo de sua garganta.
— Você nã o pode. — Ela balançou a cabeça tristemente. —
Isso... o que quer que seja... é irreparável.
— Por que? — Ele balançou a cabeça ligeiramente em
frustraçã o confusa.
— Porque tudo o que você faz agora parece insincero e forçado!
— ela sibilou com fú ria repentina. — Cada toque, cada pedido de
desculpas, cada carinho... é como se você revisasse o “Manual do
Usuá rio Theresa Noble” e aprendesse o que me motiva!
— Primeiro, é Theresa De Lucci, e segundo, nã o sei do que
diabos você está falando! — ele praticamente gritou, sacudindo-a
levemente.
— Os beijos por exemplo, — disse ela, detalhando.
— O que?
— Um ano e meio de casamento, Alessandro, e esta noite foi a
primeira vez que você me beijou, — ela apontou. — Você devia saber
o quanto me doía saber que você me desprezava tanto que nã o
conseguia nem mesmo me beijar.
— Isso nã o é...
— Entã o, é claro que esta noite, — ela o interrompeu, sem
nenhum interesse no que ele tinha a dizer, — depois de me fazer
sentir tã o especial por finalmente me dar a honra de me apresentar
aos seus amigos, é quando você decide adoçar o pote com alguns de
seus beijos! Provavelmente lhe pareceu uma maneira bastante eficaz
de manter a cadela amordaçada e satisfeita, certo?
— Você está interpretando mal toda a situaçã o, cara.
— Nã o me chame assim! Eu nã o sou sua querida. Eu nunca fui
sua queridinha e nã o vou ser ingênua o suficiente para me apaixonar
por seus supostos encantos de novo!
— O que você quer de mim? — De repente, ele exigiu
desesperadamente, soltando seus ombros tã o abruptamente que ela
tropeçou e caiu. Ele congelou de horror, olhando para ela com um
olhar de tal miséria, contriçã o e desespero que ela quase sentiu pena
dele. Ela se sentou e olhou para o rosto angustiado dele.
— Eu quero o divó rcio, — ela sussurrou e ele caiu de joelhos ao
lado dela, levantando a mã o para acariciar a curva de sua bochecha.
— Sinto muito, — ele gemeu. — Sinto muito por mais coisas do
que você poderia imaginar, mas essa é a ú nica coisa que nã o posso
lhe dar.
— Entã o nã o temos mais nada para conversar, — ela se
levantou, ignorando a mã o que ele ofereceu para ajudá -la. Ela de
repente percebeu que ambos estavam nus e suspirou pesadamente.
— Por favor, volte para o seu quarto, Alessandro, — ela
implorou, e ele hesitou, seus olhos demorando-se em seu rosto por
alguns longos momentos, antes de se virar abruptamente e sair.
Ela acordou no quarto de hó spedes na manhã seguinte... sozinha. Ela
ficou triste e aliviada com isso. Uma rá pida olhada no reló gio disse a
ela que já passava das dez da manhã , e a escuridã o lhe disse que
provavelmente estava chovendo. Theresa ficou chocada por ter
dormido tã o tarde e apressado em suas abluçõ es matinais enquanto
tentava ignorar o mal-estar sempre presente. Ela cuidadosamente
desceu as escadas, sentindo-se como alguém com uma ressaca
enquanto se dirigia para a cozinha.
Felizmente, nenhum cheiro de comida emanava da sala, mas
quando ela entrou, foi para encontrar Sandro sentado no balcã o do
café da manhã e olhando pensativo para sua caneca de café cheia. Ele
olhou para cima quando ela entrou na sala, seus olhos varrendo sua
figura, observando os jeans velhos e gastos, o moletom desbotado e
os tênis surrados.
— Como você está se sentindo, Ca... Theresa?
— Tudo bem, — ela murmurou, pegando um copo de suco de
laranja antes de se virar para o balcã o de café da manhã e se sentar
em frente a ele em uma das cadeiras de madeira pitorescas.
— Você nã o vai comer nada? — ele perguntou baixinho, e
Theresa fez uma careta, o pensamento de comida fazendo seu
estô mago revirar.
— Estou bem.
Ele xingou baixinho.
— Você obviamente não está bem, — ele rosnou. — Nã o sei o
que você acha que passar fome vai conseguir.
— Ah, pelo amor de Deus, nã o estou morrendo de fome, apenas
pulando o café da manhã .
— Parece que você pulou muitas refeiçõ es recentemente. — Ele
balançou a cabeça e lançou um olhar mordaz para cima e para baixo
em seu corpo magro.
— Se isso vai tirar você do meu pé, eu vou comer um pouco de
torrada, — ela disse, eriçada, antes de bater o copo na mesa. Ela
usou muita força e deve tê-lo colocado bem na borda porque o vidro
caiu no chã o e quebrou com o impacto, espalhando o conteú do
brilhante por todo o ladrilho azul claro do chã o. O ruído dissonante
desestruturou Theresa completamente e deixou seus nervos à flor da
pele.
— Ah. — Seus olhos se encheram de lá grimas. — Eu sinto
muito…
— Theresa. — Sandro estava ao lado dela em segundos, com as
mã os em seus ombros e seu rosto olhando para o dela com
preocupaçã o. — Você está bem?
— Estou bem, — ela sussurrou, soltando-se de seu aperto, e ele
soltou as mã os abruptamente.
— Tem certeza? — Ele demandou. — Você está branca como
um lençol.
— Só um pouco de choque. — Ela dispensou a preocupaçã o
dele. — Está chovendo, — ela observou insensatamente em uma
tentativa muito fraca de mudar de assunto, e seus olhos se fixaram
no cinza opaco do mundo lá fora.
— Sim. — Ele se afastou dela e se ajoelhou para pegar os cacos
de vidro do chã o. —Está . — Ela começou a se levantar, mas ele olhou
para ela de onde estava agachado aos pés dela e deixou cair uma
grande mã o em sua coxa para impedi-la de se mover.
— O chã o está escorregadio e coberto de vidro; deixe-me
esclarecer antes que você saia da cadeira. — Ela deu de ombros e
observou silenciosamente enquanto ele limpava sua bagunça com
eficiência.
— O que você vai fazer hoje? — ele perguntou casualmente,
mantendo-se de costas para ela enquanto descartava o copo e as
toalhas de papel que havia usado para enxugar o excesso de suco.
— Eu preciso fazer algumas compras, — ela respondeu
distraidamente. — Eu estava pensando em ir para a cidade para
algumas coisas. — Ela pretendia comprar cerca de uma dú zia de
testes de gravidez caseiros diferentes, uma tarefa que ela atrasou por
muito tempo.
— Eu estou ficando sem algumas coisas também, — ele
respondeu casualmente, virando-se para encará -la. — Eu levo você.
Theresa saiu de seu torpor com um sorriso irô nico.
— Uau. Essa mentira foi tã o transparente que estou quase
envergonhado por você.
Ele riu ironicamente em resposta a seu humor seco e encolheu
os ombros ligeiramente.
— Eu sei que nã o estava bom, mas me dê um tempo, foram
vinte e quatro horas agitadas e nã o estou em minha melhor forma,
— ele brincou levemente, embora seus olhos ainda estivessem
correndo pelo rosto dela e corpo em questã o. — Nã o quero que você
dirija, Theresa; você parece um pouco fora de si. Você acha que está
ficando doente?
Sim. Gravidez.
— Estou bem, mas me sinto um pouco indisposta esta manhã ,
provavelmente o uísque naquele café irlandês que tomei com as
mulheres ontem à noite. — Certo, ela mal tinha bebido um quarto de
caneca antes de perceber que, se estivesse grávida, beber
provavelmente não seria uma boa ideia. Ainda assim, Sandro nã o
sabia quanto ela tinha comido, entã o era uma desculpa
perfeitamente aceitável. Ele pareceu cair nessa e acenou com a
aceitaçã o de sua explicaçã o.
— Quando você gostaria de sair?
Theresa suspirou suavemente; ela realmente nã o queria que ele
a perseguisse enquanto ela tentava descobrir uma maneira de
comprar testes de gravidez caseiros sem que ele percebesse. Sandro
nunca perderia isso.
— Eu realmente tenho algumas coisas para cuidar, Theresa, —
ele disse sério, parecendo ler sua mente. — Vou deixá -la em relativa
paz. — Ela mordeu o lá bio inferior pensativamente, nã o deixando de
notar como os olhos dele brilharam quando sua língua disparou para
aliviar a ardência de seus dentes onde ela acidentalmente mordeu
com muita força.
— Ok... me dê uma hora para ficar pronta. — Para tomar banho,
se vestir, vomitar e tal. Ele assentiu.

Ele se manteve fiel quanto sua palavra e, na maior parte do tempo, a


deixava sozinha para navegar sem entusiasmo pelas butiques de luxo
no shopping de luxo para o qual ele a havia levado. Ela aproveitou os
primeiros dez minutos longe dele para comprar os testes de
gravidez, seis deles, todas de marcas diferentes (quem sabia que
havia tantas opçõ es disponíveis?), caso ele mudasse de ideia sobre
deixá -la sozinha. Surpreendentemente, ele constantemente ligava ou
mandava mensagens para ela para ter certeza de que ela estava bem
e nã o precisava dele, o que ficou um tanto tedioso apó s a décima
mensagem de texto em quarenta minutos e a quinta ligaçã o em uma
hora e meia. No final, ela simplesmente disse a ele que tinha feito as
compras e ele sugeriu que eles se encontrassem e fossem almoçar
em um restaurante.
O restaurante sofisticado era obviamente frequentado com
frequência por Sandro, entã o, embora fosse hora do almoço em uma
tarde de sá bado e o lugar fosse extremamente popular, eles se
sentaram imediatamente. Theresa observou a equipe bajulá -lo e se
perguntou amargamente se ele havia trazido outras mulheres aqui. A
suspeita pareceu se confirmar quando o garçom se virou para ela
com algo parecido com um olhar malicioso.
— E o que a senhora vai pedir hoje? — ele perguntou daquela
maneira arrogante que os garçons em restaurantes sofisticados
costumam fazer.
— Sua salada Caesar, sem molho, torrada e á gua, — ela ordenou
bruscamente.
— E você já decidiu o prato principal? — ele perguntou com um
sorriso irritante.
— Seria isso, — ela respondeu brevemente. Sua atitude
presunçosa estava realmente irritando seus nervos.
— Theresa. — Sandro inclinou-se para a frente preocupado. —
Você nã o tomou café da manhã ; você precisa comer algo mais
substancial do que apenas salada.
— Eu realmente nã o estou com tanta fome. — Ela deu de
ombros com desdém, devolvendo o grosso cardá pio encadernado em
couro ao garçom. — Por favor, deixe para lá .
— Se você está em alguma dieta maluca…
— Eu estou não estou de dieta! — ela estalou. — Apenas, por
favor, pare de tentar manipular todos os aspectos da minha vida! —
Sua mandíbula se apertou e seus lá bios se apertaram em ó bvia raiva,
mas surpreendentemente ele deixou passar antes de começar a
pedir uma quantidade impressionante de comida do garçom. Uma
vez que eles estavam sozinhos, ele se recostou na cadeira e olhou
para ela pensativamente.
— Sério, — ele começou depois de um longo silêncio, que ela
teimosamente se recusou a quebrar. — O que está acontecendo com
você? — Ela ficou boquiaberta, incapaz de acreditar na estupidez
daquela pergunta e ele baixou os olhos, aparentemente percebendo
isso.
— Além do ó bvio, — ele qualificou. — E tente manter o
sarcasmo no mínimo.
— Bem, além do fato ó bvio de que estou infeliz com minha vida
como está agora... — ela deu de ombros — ...nã o posso dizer que há
muita coisa acontecendo comigo.
— Você está mentindo para mim. — Ele parecia tã o incrédulo
com o fato que ela realmente riu com genuína diversã o. — Você está
tendo um caso?
— De volta a isso, nã o é? — Ela riu incrédula, incapaz de
acreditar que ele pudesse ter a menor suspeita sobre sua fidelidade.
— Sandro, nem todo mundo se entrega ao adultério quando as
coisas nã o vã o bem na vida.
— O que diabos isso quer dizer? — Ele soou escandalosamente
ofendido e se inclinou para ela, todo afrontado, eriçado como um
homem.
— Ah, qual é, Sandro, você sabe o que isso significa!
— Nã o, eu nã o, me esclareça, — ele convidou sarcasticamente.
— Significa… — Ela falou com uma lentidã o exagerada e
ofensiva. — Que não sou eu quem está tendo casos. Significa que eu
tinha a noçã o equivocada de que os votos sagrados do casamento
que fizemos eram apenas isso, votos sagrados. Isso significa que nã o
fui eu quem deliberadamente tentou ferir e humilhar meu cô njuge
da forma mais pú blica e dolorosa possível.
— Eu admito que fiz algumas coisas para te machucar
deliberadamente em uma tentativa equivocada de puni-la por uma
situaçã o que nã o foi sua culpa, — ele começou cuidadosamente.
— Que magnâ nimo da sua parte admitir isso, — ela
interrompeu sarcasticamente.
— Você foi levada a acreditar que eu te amava, — ele ignorou
sua interrupçã o. — Fui levado a acreditar que você era...
— Suas bebidas. — A voz suave do garçom interrompeu a
primeira conversa realmente produtiva que tiveram sobre o assunto
das circunstâ ncias incomuns de seu casamento, e Sandro a lançou
um olhar irritado antes de cerrar os dentes e esperar em silêncio
fulminante que o homem terminasse. Quando o garçom saiu, Sandro
voltou a atençã o para ela.
— Eu pensei que você soubesse sobre o esquema de seu pai. Eu
pensei que você estava totalmente de acordo com isso, — ele admitiu
suavemente.
— O que exatamente é o “esquema” do meu pai? — Ela
perguntou com cuidado, com medo de ser abatida novamente.
— Ele possuía algo que eu queria desesperadamente, e a ú nica
maneira de ele me deixar ter era se eu pagasse uma quantia enorme
de dinheiro por isso, me casasse com você e me mudasse para cá .
— Entendo. — Ela estudou o guardanapo intrincadamente
dobrado na mesa à sua frente e passou os dedos levemente sobre as
dobras. — Entã o, basicamente, você pagou uma quantia exorbitante
por essa coisa misteriosa que você queria tã o desesperadamente,
comigo jogada como seu presente gratuito indesejado?
— Eu nã o tive escolha. Para conseguir o que queria, tive que
aceitá -la como parte do acordo. Eu pensei... — Sua voz diminuiu e ele
encolheu os ombros miseravelmente.
— Você se gabou de pensar que eu estava totalmente ciente
desse esquema e que estava tã o desesperada para tê-lo que faria
meu pai chantageá -lo para se casar comigo? — Ele assentiu com
relutâ ncia. — Bem, você conseguiu o que queria, e já que é ó bvio que
nó s dois estamos infelizes nessa farsa de casamento, por que você
nã o me dá o divó rcio? — Ela continuou a sondar, esperando
desesperadamente que ele nã o pudesse dizer o quanto realmente
audição essa confissã o a magoou.
— É um pouco mais complicado do que isso. Acho que seu pai
sabia que nó s dois acabaríamos querendo sair dessa “farsa”. Entã o
ele acrescentou uma pequena clá usula ao contrato.
Era isso. Theresa se preparou para o que ela sabia que estava
por vir.
— Clá usula? — Ela repetiu a palavra fracamente, e Sandro
pigarreou desconfortavelmente.
— Seu pai...
O garçom entrou com grande talento e começou a descarregar
uma bandeja de comida na mesa. Sandro abafou uma maldiçã o
baixinho enquanto esperava com impaciência mal disfarçada que o
jovem terminasse.
— Haverá mais alguma coisa?
— Não! — ele latiu, mantendo sua voz baixa e ameaçadora. O
pobre homem engoliu em seco e bateu em retirada apressada.
Theresa mal registrou a interaçã o entre os dois homens, seus olhos
horrorizados estavam focados no banquete gastronô mico que
Sandro havia encomendado. Massas, tortas, peixes, carnes e vegetais
foram colocados diante de seus sentidos rebeldes.
— Theresa? — A voz de Sandro parecia vir de quilô metros de
distâ ncia. — O que há de errado?
— Tanta comida, — ela disse doente, sentindo-se em perigo de
perder o pouco precioso que já tinha em seu estô mago.
— Achei que poderíamos compartilhar, — ele admitiu.
— Eu disse a você que nã o estava com fome, — ela disse, sua
voz queimando fracamente, com raiva que ele esperava que ela fosse
vítima de mais uma de suas manipulaçõ es.
— Isso nã o te tenta? Nem um pouco? — Ele ergueu o garfo e o
enfiou no prato mais pró ximo, uma espécie de queijo assado, e o
ergueu em direçã o aos lá bios dela. Theresa sentiu o estô mago
crescer e jogou a cabeça para trá s abruptamente.
— Não!
Ele abaixou o garfo e olhou para ela em perplexidade ultrajada.
— O que diabos está acontecendo com você? Você está em alguma
greve de fome insana?
Ela riu instável. — É isso que os prisioneiros fazem, nã o é?
Quando querem fazer uma declaraçã o sobre a injustiça de sua
prisã o, fazem greve de fome, — Ela riu de novo, ciente do tom de
histeria em sua voz.
— Você nã o é sério? — Ele parecia pensar que ela era embora, e
por algum motivo isso a entristecia e a divertia.
— Eu nã o estou com fome, — ela manteve cansada. — É
realmente tã o simples quanto isso. Por favor, termine o que você
estava dizendo sobre essa clá usula. — Ele parecia frustrado, mas
parecia reconhecer que ela nã o cederia no assunto.
— Basicamente, temos uma saída, — ele começou lentamente.
— Damos a ele um neto e podemos nos divorciar sem nenhuma
repercussã o. — Ouvi-lo dizer tã o sem rodeios tirou o vento de suas
velas, e ela precisou de alguns momentos para se recuperar disso.
— Uma saída, — ela repetiu com voz rouca. — Todas as vezes
que você me tocou, todas as vezes é só nisso que você pensa, nã o é?
Fugir? — Ela riu amargamente. — E quã o diligentemente você
trabalhou em direçã o ao seu objetivo. Tantas vezes e tã o
completamente.
— Theresa, — ele sussurrou, sua voz cheia de tristeza. Nada
mais, apenas isso, apenas o nome dela. Era como se ele reconhecesse
que nada que pudesse dizer naquele momento faria qualquer
diferença na dor que ela estava sentindo.
— Meu Deus. — Ela enxugou algumas lá grimas errantes,
furiosa consigo mesma por permitir que ele as visse. — Toda vez que
você veio você praticamente rezou para eu te dar um filho. Esse era o
ú nico pensamento em sua mente, todas as vezes... fugir! Numa hora
em que a maioria das pessoas nem consegue se lembrar de seus
pró prios nomes, você estava me implorando para lhe dar um filho,
porque a vida comigo era incrivelmente insuportável para você.
— Nã o foi você, — ele interrompeu sem jeito. — Foi a situaçã o.
— Entã o, esse filho que você tanto queria. — Ela tentou manter
o nível da voz, mesmo quando ela falhou com a tensã o. — Você
realmente não o quer, eu entendo? Ele é apenas um meio para um
fim?
— Eu nunca pensei sobre isso, — ele admitiu
desconfortavelmente.
— Quero dizer, certamente você nã o gostaria de ter nada a ver
com uma criança gerada com uma mulher que você despreza e
carregando o sangue de um homem que você considera seu inimigo?
— A criança nunca pareceu real para mim, — ele murmurou
com honestidade brutal. — Eu tinha uma vaga ideia de que você o
teria e eu voltaria para a Itá lia depois. Nunca pensei além disso.
— Com um pai que nã o sentia nada por ele, uma mã e que nã o
queria engravidar e um avô megalomaníaco esperando nos
bastidores, provavelmente é melhor que o ú ltimo nã o tenha
sobrevivido, — concluiu com o coraçã o partido.
— Nunca diga isso, — Sandro retrucou, uma de suas mã os
estendendo-se para envolver os punhos cerrados dela sobre a mesa.
— Ele teria sido amado.
— O que te dá tanta certeza disso? Quando você admite que nã o
sabe como se sentiria em relaçã o a ele?
— Eu conheço você, — ele murmurou com voz rouca. — E você
tem uma capacidade de amar que confunde a mente. Claro que você
teria amado aquele bebê; é a ú nica maneira que você sabe ser.
— Como vou continuar morando com você agora, Sandro? —
ela perguntou a ele impotente. — Já era ruim o suficiente antes, mas
a ideia de ir para casa com você agora é quase insuportável. — Sua
mã o afrouxou o aperto em torno dela, e ele estendeu a mã o para
acariciar o lado de sua bochecha com ternura.
— Nó s vamos superar isso, — ele sussurrou, e ela se encolheu
longe de seu toque. Seus olhos piscaram com alguma emoçã o
estranha antes de sua mã o cair de volta para a mesa.
— Estou cansada, — ela disse baixinho. —Me leve de volta para
casa. — Ele assentiu e chamou o garçom para pedir a conta. Os olhos
de Theresa caíram para a mesa cheia com pesar.
— Que desperdício, — ela sussurrou meio para si mesma, mas
ficou surpresa quando Sandro a ouviu e pediu ao garçom que
multiplicasse o pedido por cinquenta e entregasse no abrigo para
sem-teto mais pró ximo.
Nada mais se falou entre eles até chegarem em casa, onde
Theresa desculpou-se a pretexto de estar cansada e trancou-se no
quarto o resto da tarde.

— Sandro. — Theresa violou cautelosamente a santidade de seu


escritó rio mais tarde naquela noite. Durante todo o tempo que eles
moraram na casa, foi a primeira vez que Theresa pô s os pés no
escritó rio enquanto ele estava lá . Ele olhou para cima para vê-la
pairando incerta na porta e levantou-se abruptamente, quase
derrubando sua cadeira. Ela saltou para trá s com o movimento
sú bito e violento, mas ele estava em torno de sua mesa em um
instante e se aproximou dela com uma mã o estendida.
— Theresa, — ele entoou com voz rouca. — Por favor entre. —
Ele parecia quase ansioso para tê-la ali. Nã o era exatamente a
recepçã o que ela esperava. Ele a conduziu para a enorme poltrona de
couro em um canto do grande escritó rio, sentando-a antes de se
sentar na cadeira oposta à dela. Ele se inclinou para ela, com as mã os
frouxamente entrelaçadas e penduradas entre as coxas.
— Eu quero saber por quê, — ela sussurrou, depois de um
longo silêncio. — Quero saber por qual mercadoria você trocou tã o
casualmente minha felicidade. O que significou tanto para você que
estava disposto a abrir mã o de sua preciosa liberdade por isso?
Ele ficou quieto por tanto tempo que ela se perguntou se ele se
daria ao trabalho de responder.
— Poucas pessoas sabem disso, mas meu pai está
extremamente doente. Tentamos manter isso fora dos noticiá rios, —
disse ele em voz baixa, mantendo a cabeça baixa e os olhos fixos nas
mã os. — Ele cresceu em uma fazenda de vinho. Nã o era uma vinha
muito rentável, mas estava na nossa família há geraçõ es e significava
muito para ele. Era a terra em que ele nasceu, a terra para a qual ele
imaginou se aposentar e, eventualmente, morrer.
— Infelizmente, o banco passou por dificuldades financeiras
depois que meu avô morreu e meu pai agravou a situaçã o ao tomar
algumas decisõ es financeiras terríveis. O vinhedo foi uma das muitas
baixas inevitáveis enquanto meu pai tentava recuperar suas perdas.
Ele logo se recuperou e ficou podre de rico, mas a essa altura o
vinhedo já havia sido comprado por seu pai, que teimosamente,
apesar de qualquer coisa que meu pai lhe oferecesse, recusou-se a
vender. Há alguma histó ria ruim entre eles. Aparentemente, eles se
conheceram em Oxford e formaram sua ridícula rivalidade comercial
lá . Portanto, embora o vinhedo nã o valesse nada para um homem tã o
rico quanto seu pai, só posso concluir que ele gostou de ter esse tipo
de influência sobre meu pai. — Ele deu de ombros, impotente.
— Toda a minha vida eu me lembro do meu pai encerando
liricamente sobre aquele lugar. Ele sempre lamentou o fato de
nenhum de seus filhos ter nascido naquela terra e a culpa de perder
um grande pedaço da histó ria da família o consumia. Nos ú ltimos
anos, sua busca para recuperá -lo tornou-se uma obsessã o. Nesse
ínterim, sua saú de começou a se deteriorar gravemente. Ele foi
diagnosticado com câ ncer há três anos e os médicos nã o estavam
otimistas. A ciência médica conseguiu mantê-lo conosco por tanto
tempo, mas é uma batalha difícil. Naturalmente, sua morte iminente
tornava a perda daquela terra ainda mais insuportável para ele, e nos
matava vê-lo sofrer emocional, física e mentalmente. Eu queria
devolver a ele seu orgulho e dignidade. Eu queria que ele
encontrasse a paz e morresse feliz. Entã o me aproximei de seu pai,
que, tendo visto sua reaçã o a mim depois de nosso primeiro
encontro, finalmente cedeu e apresentou os termos de venda como
você os conhece agora. V Theresa enrubesceu miseravelmente
quando se lembrou de quã o obviamente apaixonada estava na
primeira vez que viu Sandro e reconheceu seu pró prio papel
involuntá rio nessa fachada.
— Como está seu pai? — ela perguntou com firmeza, e ele
assentiu levemente, seu rosto traindo o primeiro indício de emoçã o
desde que ele começou a contar a triste histó ria.
— Contente, agora que ele está em casa. — Sua voz estava
absolutamente atormentada pela dor que ele tentava tã o
desesperadamente disfarçar.
— E sua família sabe desse “acordo” que você fez pela terra? —
ela perguntou, sua pró pria voz alta com a tensã o.
— Sim.
— Nã o é de admirar que eles nunca tenham expressado
qualquer desejo de me conhecer, ou feito qualquer abertura de
amizade comigo, — ela disse, meio para si mesma, e ele fez um som
abafado e moveu a mã o em direçã o ao rosto dela. Ela se encolheu
longe de seu alcance, e sua mã o caiu na terra de ninguém entre eles.
— Sinto muito pelo seu pai, — ela disse sem emoçã o. —Agora
vejo como sua situaçã o deve ter sido impossível.
— Mesmo assim, eu poderia ter te tratado menos... — ele
começou, sua voz amarga com algo muito pró ximo da auto aversã o.
— Nã o importa, — ela o cortou, nã o realmente com humor para
ouvir seus gemidos de arrependimento e autorrecriminaçã o. —
Obrigada por me dizer. — Ela se levantou devagar, sempre atenta à
tontura, e ele pulou junto com ela.
— Theresa, espere... por favor... — ele começou.
— Acho que nã o há muito mais a dizer. — Ela se virou para a
porta.
— E nó s? Nosso casamento?
— Suponho que continuemos como sempre. — Ela encolheu os
ombros com indiferença. — Só , sem intimidade, Sandro. Eu
realmente nã o conseguia mais lidar com isso. Levamos vidas
separadas.
— Eu nã o quero isso, — disse ele com voz rouca, soando quase
horrorizado com a perspectiva.
— Nã o terá que ser por muito mais tempo, — ela murmurou
baixinho, perguntando-se por que a porta parecia estar se afastando
a cada passo vacilante.
— O que você quer dizer? — ele perguntou em alarme. —
Theresa? — Este ú ltimo quando ela balançou ligeiramente. Ele
colocou um braço firme em torno de seus ombros estreitos e a
conduziu de volta para a cadeira que ela acabara de desocupar.
— É isso, — ele retrucou, agachando-se na frente dela enquanto
suas mã os subiam para emoldurar seu rosto pá lido. — Vou ligar para
o médico! Isto é...
— Estou grávida, — ela interrompeu suas palavras com uma
voz terrivelmente fraca. Mas por mais silenciosa e trêmula que sua
declaraçã o fosse, foi o suficiente para detê-lo. Ele empalideceu e caiu
sobre os calcanhares enquanto absorvia as palavras.
— Tem certeza? — ele perguntou baixinho, uma mã o trêmula
estendendo-se para afastar o cabelo macio de seu rosto.
— Acabei de fazer quatro testes de gravidez no espaço de duas
horas, — ela confessou. — Resultado final: três tiras rosa e uma azul,
todas me dizendo que vou ser mamã e em alguns meses. Eu poderia
fazer os dois testes restantes que guardei lá em cima, mas nã o
poderia me forçar a beber mais á gua, — ela brincou fracamente. Ele
nã o disse nada, apenas manteve os olhos grudados no rosto dela.
— Viu, Sandro? Você está a poucos meses de se livrar de sua
esposa, filho e vida indesejados. Nã o há mais necessidade de
fingimento, nã o há necessidade de agradar sua falsa esposa com
jogos de futebol nas noites de sexta-feira ou apresentaçõ es para seus
amigos. — A voz dela tremia com o esforço de soar casual, enquanto
Sandro parecia tudo menos enganado por sua tentativa de parecer
arrogante. Suas mã os foram para os braços de sua cadeira e ele
parecia estar segurando sua preciosa vida, sem tocá -la, mas ainda
desconfortavelmente perto.
— Você ainda precisa ver um médico, — disse ele suavemente,
soando tenso, e ela assentiu.
— Já marquei uma consulta com o médico de Lisa. — Ele
suspirou baixinho antes de se levantar agilmente e se afastar da
cadeira dela e voltar para a dele.
— Eles gostariam de você, — ele disse de repente, seus olhos
fixos no rosto dela.
— O que? — ela perguntou distraidamente.
— Minha família, — ele elaborou, e ela franziu a testa, sem
saber por que ele sentiu a necessidade de dizer isso.
— Duvido, Sandro. eu não acho que sentiria qualquer tipo de
caridade por alguém que deliberadamente decidiu prender meu
irmã o ou filho em um casamento que ele nã o queria, e nã o consigo
imaginar sua família fazendo isso.
— Mas você nã o…
— Eles acham que sim, e depois que você se decide sobre
alguém, é muito difícil mudar de novo.
— Nã o é tã o difícil quanto você pensa, — ele disse, meio
baixinho.
— Nã o sei por que você acha que tem que dizer coisas assim. —
Ela deu de ombros com desdém. — Logo nó s dois estaremos
conseguindo o que queremos: liberdade dessa situaçã o terrível.
— E o bebê?
—Se eu tivesse um menino, você teria cumprido os termos de
seu contrato com meu pai. Você estará livre. Claro, o bebê nã o será
da sua conta, mas você pode ter certeza de que meu pai também nã o
vai colocar as patas no meu filho. Peço apenas que nos deixe esta
casa e nos apoie enquanto eu estudo design de joias. Acho que nã o
precisaremos do seu apoio por muito mais do que dois anos. Depois
disso, acho que vou conseguir me virar sozinha.
— Você parece ter pensado nisso, — ele disse sem emoçã o, seu
rosto de volta para a familiar má scara de gelo que ela tanto
desprezava. Ela assentiu nervosamente.
— Eu estive pensando sobre isso a tarde toda. Por favor, Sandro,
depois de dois anos estarei completamente fora da sua vida, e
enquanto você estiver nos sustentando, nã o vou te incomodar por
nada. Você nã o terá que falar comigo ou ouvir de nó s, e nã o precisa
ser muito.
— Você acha que eu dou a mínima para o dinheiro? — De
repente, ele explodiu, perdendo sua reserva de gelo de maneira
espetacular. — Você acha que eu iria criticar os centavos quando se
trata do bem-estar da minha esposa e filho?
— Ex-esposa, — ela lembrou timidamente, fascinada pela fú ria
incandescente que ela podia ver em seus olhos. Ficou ainda mais
quente depois de sua tímida correçã o.
— Nada está gravado em pedra, — ele rangeu. — Pode ser uma
menina. — Ela ficou dramaticamente pá lida com suas palavras;
estranhamente, ela nem havia considerado essa possibilidade.
— Nã o, — ela sussurrou. — É menino, tem que ser.
Ele praguejou trêmulo sob sua respiraçã o.
— Sinto muito, — ele murmurou baixinho. — Eu sei que isso
deve ser estressante para você. Theresa... o que quer que o futuro
reserve, você pode ter certeza de que vou apoiá -la de todas as
maneiras possíveis pelo tempo que precisar de mim.
— Nã o será por muito tempo, — ela assegurou sinceramente.
— Eu sei que você quer seguir em frente com sua vida real.
Provavelmente vai se casar e ter filhos.
— Esta é a minha vida, — ele rosnou. — Sou casado e tenho um
filho.
— Mas nã o é a vida que você queria, — ela lembrou. — Nã o a
esposa e o filho que você queria. Esta certamente nã o é a vida que eu
queria.
— Entã o, o que diabos você está dizendo? Que você está
ansiosa para se casar com outra pessoa e ter um filho dele? — ele de
repente estalou, e ela pulou, surpresa com seu humor imprevisível.
— Por que você está assim? — ela perguntou confusa. —Eu
pensei que você ficaria feliz. É o que você está me pedindo desde o
dia em que nos casamos. Toda vez que fazíamos sexo, sem falta você
me perguntava...
— Eu sei, — ele interrompeu ferozmente. — Você nã o precisa
me lembrar disso de novo.
— Bem. — Ela se levantou mais uma vez e ele ficou de pé,
preparado para segurá -la se ela caísse. Ela o lançou um divertido
olhar de soslaio. — Estou indo para a cama.
— Você comeu? — ele perguntou preocupado.
— Algumas torradas. — Ela deu de ombros.
— Eu nã o gosto do jeito que você está administrando suas
refeiçõ es, Theresa, — ele rosnou. — Se você está falando sério sobre
como passar por esta gravidez saudável, você deve comer melhor do
que tem comido.
— Eu sei disso, mas acho que meu corpo pode estar se
ajustando à gravidez, entã o as coisas provavelmente ficarã o um
pouco fora de sincronia por um tempo. Tenho certeza de que meu
apetite voltará com força total. Nã o se preocupe com isso, Sandro. O
bebê vai ficar bem.
— Sim, os bebês sã o resistentes. — Ele assentiu. — Nã o tenho
dú vidas de que ele ficará bem, mas e quanto a você? Você nã o poderá
desfrutar de sua liberdade recém-descoberta se se machucar
irreparavelmente durante esta gravidez.
— Eu vou ficar bem, — disse ela com desdém, com um
movimento da mã o.
— Como diabos você pode ser tã o descuidada com sua saú de?
— ele retrucou, e Theresa perdeu toda a paciência com ele.
— Eu realmente nã o vejo como isso é seu interesse, Sandro.
Minha gravidez, meu corpo e o resto da minha vida nã o sã o mais
questõ es com as quais você precisa se preocupar. Para todos os
efeitos, você está livre para sair e se divertir. Na verdade, por que
você nã o sai com algumas das vadias que você tanto gosta
penduradas no braço toda vez que há um fotó grafo por perto? Saia,
fique bêbado e transe com uma burra. Comemore sua liberdade
iminente na tradiçã o consagrada pelo tempo.
— A que horas é a consulta do seu médico amanhã ? — ele
perguntou calmamente, ignorando seu discurso como se nã o tivesse
acontecido.
Ela olhou para ele antes de se virar e ir em direçã o à porta. Ela
estava com a mã o na maçaneta quando ele falou novamente.
— Eu nunca, nem uma vez, fui infiel a você durante este
casamento, Theresa.
Ela parou na porta, suas costas endurecendo enquanto suas
palavras afundavam e ela se viu pega entre querer abrir a porta e se
virar para encontrar seus olhos. No final, ela apenas ficou lá com a
mã o na maçaneta e a cabeça baixa. Ele veio por trá s dela e ela se
encolheu quando as mã os dele caíram sobre seus ombros e seu
grande corpo roçou suas costas estreitas.
— O que faz você pensar que eu acredito em você ou mesmo me
importo mais? — ela perguntou baixinho, lutando para manter a
angú stia de sua voz.
— Eu nã o culpo você por nã o se importar. — Seus lá bios
estavam praticamente roçando sua orelha enquanto ele sussurrava.
— Mas eu queria que você soubesse. Eu sei como parecia, mas nã o
estava pensando nas consequências. Eu queria mostrar a seu pai o
quã o pouco seu maldito contrato estava afetando minha vida, e
muito egoisticamente nã o pensei muito no que isso estava fazendo
com você. Quero que saiba que nã o era você que eu estava tentando
machucar.
— Entã o você continua dizendo. — Um tremor traidor
penetrou em sua voz. — Mas adivinha quem sempre acaba se
machucando de qualquer maneira?
— Eu sei... — Seus lá bios estavam fazendo mais do que apenas
roçar acidentalmente contra sua orelha agora, eles pareciam estar
acariciando a carne sensível sob sua orelha, e eles estavam
definitivamente se movendo para baixo em seu pescoço. — Foi
estú pido e sei que foi uma má jogada desde o início, mas assim que
os jornais cravaram os dentes na histó ria suculenta do recém-casado
Alessandro De Lucci jogando fora de casa, tudo o que fiz passou a ser
investigado e qualquer mulher. Tive até uma conversa passageira
com quem se tornou minha mais recente “amante”. Ficou
completamente fora de controle.
— Me deixe ir, — ela exigiu fracamente quando os lá bios dele
desceram até sua clavícula.
— Cara, — ele gemeu. — Sinceramente, acho que nã o consigo.
Por um momento ela ficou tentada a deixá -lo continuar,
especialmente quando uma das mã os dele circulou sua cintura para
descansar em sua caixa torá cica logo abaixo da curva ascendente de
seu seio. Seu corpo inteiro ficou tenso enquanto sua mente se
rebelava contra o que ela estava prestes a fazer, mas ela levantou o
pé e deliberadamente pisou em seu peito do pé um pouco mais forte
do que pretendia. Ele xingou e saltou para trá s, deixando-a
momentaneamente desamparada, antes que ela recobrasse o juízo e
fugisse.
CAPÍTULO SEIS

O que você está fazendo aqui? — Theresa parou no limiar da


cozinha e olhou para o homem lindo que estava parado na frente da
geladeira aberta vestindo apenas calças largas de moletom. Sem
sapatos e sem camisa. Ele se virou lentamente para encontrar os
olhos dela, e ela engoliu o enorme caroço em sua garganta
repentinamente seca; Deus, ele era muito mais bonito do que ela se
lembrava. Claro, ela se sentia pouco atraente e desleixada no pijama
de seda Sylvester the Cat que ela estava vestindo. Ela sabia que havia
uma ruga de sono ao lado de seu rosto e que seu cabelo parecia um
ninho de pá ssaro.
— Eu moro aqui, — ele respondeu casualmente, uma mã o
segurando uma caixa de suco de laranja e a outra esfregando
preguiçosamente para frente e para trá s sobre os contornos
ondulados de seu abdô men. Seus olhos fascinados caíram sobre
aquela mã o, e ela imaginou sua pró pria mã o substituindo a dele. Ela
balançou a cabeça levemente para se livrar da imagem eró tica e se
concentrou em sua indignaçã o ao vê-lo tã o casualmente parado na
cozinha.
— Você geralmente está no trabalho a essa hora, — ela
apontou.
— Sim, estou, — ele concordou. — Mas como você se esforça
muito para não estar por perto quando saio de manhã ou volto para
casa à noite, imaginei que a ú nica maneira de saber o que diabos
estava acontecendo com você seria ficar em casa hoje.
— Nã o dá para ficar em casa. — Ela ficou horrorizada com essa
ideia. — Você é o chefe.
— Exatamente, e se o chefe nã o pode tirar um dia de folga
ocasional, entã o nã o faz sentido ser o chefe. — Sua voz era casual,
leve até, mas seus olhos percorriam sua pequena figura quase
avidamente, observando cada detalhe de seu rosto mais cheio e
figura mais redonda. Eles foram como navios passando na noite por
quase três meses, com Theresa evitando-o deliberadamente quando
ele estava em casa. Ela tendia a ignorar suas mensagens de texto e
deixar a secretá ria eletrô nica atender suas ligaçõ es. Ele deixava
bilhetinhos para ela, à s vezes convidando-a para jantar ou
perguntando sobre sua saú de. Recentemente, ele havia colado um
post-it na porta da geladeira, lembrando-a de comprar novas
vitaminas pré-natais porque notou que ela estava acabando. Depois
de se esquecer de comprar as vitaminas de qualquer maneira, ela
encontrou um frasco novo na mesa da cozinha, e um Post-it com
meia dú zia de pontos de exclamaçã o desenhados grudado na tampa.
Eles ainda compartilhavam o banheiro que ligava seus quartos,
e foi assim que ele soube que as vitaminas dela estavam acabando,
mas Theresa sempre tomava muito cuidado para tomar banho
depois que ele saía de manhã ou antes de voltar à noite. Agora,
depois de evitá -lo com sucesso por quase três meses, encontrá -lo tã o
casualmente parado na cozinha, seminu e lindo, era um pouco
angustiante para dizer o mínimo.
— Por que você está interessado no que está acontecendo
comigo? — ela perguntou depois de uma pequena pausa.
— Moramos na mesma casa, você está grávida do meu bebê e
nã o tenho ideia de como você está . A situaçã o é um pouco anormal
para dizer o mínimo, você nã o acha?
— Funciona para mim, — ela dispensou casualmente,
afastando-se dele e indo em direçã o a um armá rio para pegar uma
tigela de cereal.
— Assim parece.
Ela ouviu a porta da geladeira fechando e ficou tensa quando
ele caminhou em sua direçã o, parando logo atrá s dela e estendendo
a mã o para outra tigela. Ele estava parado tã o perto dela que ela
podia sentir o calor saindo de seu peito nu. Seu cheiro quente e
almiscarado a envolveu. Theresa fechou os olhos e tentou recuperar
o equilíbrio diante de uma sexualidade tã o avassaladora. Ele ficou
atrá s dela por muito mais tempo do que deveria antes de se afastar
abruptamente e deixá -la se sentindo desolada. Quando ela se virou
para encará -lo, ele estava sentado à mesa de madeira na copa
ensolarada e sacudindo uma grande quantidade de flocos de milho
em sua tigela. Quando percebeu que ela o observava, ergueu a caixa
inquisitivamente. Ela suspirou antes de levar sua tigela para a mesa e
se sentar em frente a ele. Ela observou enquanto ele espalhava os
flocos em sua tigela e cobria o cereal seco com metades de morango
e fatias de banana que ele devia ter preparado antes.
Era o dia de folga da governanta, entã o Theresa nã o tinha
planejado nada mais sofisticado do que cereais, mas a companhia
nã o era bem-vinda e inesperada. Ela observou Sandro derramar uma
quantidade generosa de leite sobre o cereal dela e encher um copo
com suco de laranja, que ele empurrou sobre a mesa para ela. Ela
acenou com a cabeça em agradecimento antes de levantar a colher e
começar a refeiçã o desajeitadamente. Sandro dobrou com
entusiasmo e terminou antes que ela estivesse na metade. Ele pulou
e foi até a geladeira, remexendo lá dentro antes de produzir
triunfantemente uma toranja, que cortou ao meio, colocou em tigelas
e carregou de volta para onde Theresa estava sentada. Ele colocou
uma metade na frente dela antes de se sentar, fez uma careta para si
mesmo e continuou com sua pró pria metade.
— Pensei que você nã o gostasse de toranja. — Ela quebrou o
silêncio entre eles e ele sorriu para ela enquanto seu cabelo, que
estava precisando ser cortado, caía sobre sua testa de forma
cativante.
— Eu nã o gosto, — ele admitiu. — Mas eu pensei em tentar de
qualquer maneira.
— Por que? — ela perguntou. Ele deu de ombros e ela nã o
pressionou por uma resposta.
— Entã o, o enjoo matinal passou completamente? — ele
perguntou depois de outro curto silêncio, e ela fez um som evasivo
que ele poderia interpretar da maneira que quisesse. Ele ergueu os
olhos para ela e algo em sua expressã o a fez suspirar e balançar a
cabeça.
— Nã o completamente, nã o… — ela admitiu. — Mas está muito
melhor do que antes.
— Quais sã o seus planos para hoje? — ele perguntou,
mantendo os olhos grudados nos dela.
— Eu ia passar a manhã com Lisa e o bebê. — Lisa deu à luz um
lindo filho apenas alguns dias depois que Theresa teve sua pró pria
gravidez confirmada.
— Se importa se eu for junto? — ele perguntou casualmente, e
ela franziu a testa, perturbada com a ideia de seu marido —
acompanhá -la— a manhã toda.
— Bem... — ela começou com relutâ ncia.
— Queria discutir alguns negó cios com a Elisa, — acrescentou.
— Que negó cios? — ela perguntou categoricamente.
— É sobre o empréstimo dela, — ele elaborou.
— O que empréstimo dela? — A voz dela se elevou em alarme,
mas o rosto dele permaneceu impassível. — Nã o quero que você a
perturbe, Sandro.
— Bem, ou eu digo a ela hoje, enquanto você está lá como apoio
moral, ou eu digo a ela em algum momento quando ela estiver
sozinha e vulnerável. — Ele deu de ombros casualmente.
— O que você vai dizer a ela? — ela perguntou em pâ nico.
— Eu nã o acredito que isso seja da sua conta, Theresa, — ele
dispensou. — Agora, por que você nã o entra no chuveiro enquanto
eu limpo aqui? Vou usar um dos banheiros de hó spedes esta manhã .
Ela balançou a cabeça desesperadamente.
— Sandro, você nã o pode fazer isso…
— Bem, eu nã o tenho aversã o a fazer um pouco de limpeza
doméstica, — disse ele, deliberadamente mal-entendido.
— Você sabe que nã o é isso que eu quis dizer, — ela sibilou, e
ele cultivou uma carranca perplexa que a enfureceu completamente.
— Bem, se você tem um problema comigo usando um banheiro
de hó spedes, entã o eu tenho que te dizer, eu certamente nã o me
importo de dividir o chuveiro com você. — Ele sorriu lascivamente, e
ela fez um som zangado no fundo da garganta antes de se virar e sair
com a cabeça erguida.

Ela se recusou a falar com ele durante o trajeto até a casa de Rick e
Lisa. Foi só quando ele deslizou o carro pelos portõ es de segurança
que ela se virou para ele.
— Sandro, por favor, nã o faça isso, — ela implorou, seus belos
olhos implorando por misericó rdia. A expressã o de pedra em seu
rosto ficou ainda mais sombria, e ele estendeu um dedo indicador
para traçar suavemente a linha delicada de sua mandíbula antes de
se afastar dela e sair do carro. Ela ficou arrasada com a falta de
resposta dele e saiu quando ele deu a volta para abrir a porta para
ela. Ele pegou a mã o dela, mas ela ficou tensa e tentou arrastá -la
para fora de seu aperto. Por um momento, quando a mã o dele
apertou a dela, ela achou que ele nã o permitiria, mas depois de
alguns momentos ele a soltou relutantemente. Ele colocou a mã o nas
costas rígidas dela e a guiou em direçã o aos degraus da frente, que
levavam até a casa.
Lisa estava esperando por ela e estava esperando na porta com
um enorme sorriso no rosto. Ela ainda mantinha os poucos quilos
que havia adquirido durante a gravidez, mas irradiava felicidade e
boa saú de. Cumprimentou Theresa efusivamente, envolvendo-a num
abraço caloroso, e deu um leve sorriso a Sandro, que se elevava
acima de ambos.
— Alessandro, que surpresa. — Ela assentiu educadamente. —
Eu nã o esperava te ver hoje.
p j
— Tirei o dia de folga, — ele respondeu. — E quando soube que
Theresa estava vindo para uma visita, pensei em ir com ela e ver
aquele seu bebê novamente. — Novamente? Theresa nã o sabia que
Sandro havia se incomodado em ver o bebê antes, e ela franziu a
testa confusa, se perguntando por que Lisa nã o havia mencionado
isso a ela. —Além disso, eu tinha alguns negó cios que precisava
discutir com você. — Theresa ficou tensa na ú ltima parte, mas Lisa
sorriu e acenou com a cabeça, fazendo Theresa desejar ter ligado
antes para avisar sua prima sobre o desastre iminente.
Por que Sandro faria isso agora? Quando ele estava
conseguindo tudo o que poderia querer? Que mérito havia em
destruir o negó cio de Lisa? Ela olhou para o rosto relaxado dele e se
perguntou se poderia ter interpretado mal a situaçã o. Mas que outro
assunto ele poderia ter para discutir com sua prima?
Lisa os levou para dentro de casa e Sandro imediatamente
gravitou em direçã o ao bebê de três meses que estava sentado em
uma cadeirinha azul colocada na mesinha de centro da sala. Todo o
seu rosto pareceu se iluminar ao ver o bebê, e Theresa observou
fascinada enquanto ele se agachava até que seu rosto estivesse
nivelado com o do bebê.
— Ele cresceu bastante desde a ú ltima vez que o vi, — Sandro
observou com prazer, estendendo a mã o para agarrar uma das mã os
agitadas do bebê.
— Bem, espero que sim, já que ele nunca para de comer. — Lisa
fez uma careta e Sandro riu. Theresa deu um passo para trá s,
sentindo como se tivesse acabado de entrar em algum universo
alternativo. Sandro estava cantando para o pequeno Rhys em
italiano, e o bebê estava olhando para ele extasiado, seus olhos
verdes sem piscar. — Algum de vocês gostaria de algo para beber? —
Lisa perguntou educadamente, e Theresa balançou a cabeça
entorpecida, observando enquanto Sandro desamarrava agilmente
as alças da cadeirinha e levantava o bebê em seus braços.
— Café seria bom. — Ele balançou a cabeça, balançando o bebê
suavemente. Rhys tentou agarrar de forma descoordenada o cabelo
de Sandro e conseguiu agarrar um pequeno punhado dele. Sandro
fez uma careta de bom humor e disse algo repreendendo o bebê em
italiano enquanto estendia a mã o para afrouxar o aperto do bebê.
Lisa pediu licença para ir à cozinha, mas Theresa mal a ouviu, estava
muito ocupada cuidando do marido com o bebê.
— Eu nã o sabia que você gostava de crianças, — ela sussurrou,
uma de suas mã os distraidamente caindo sobre sua barriga ainda
plana em um gesto protetor que ele nã o poderia perder.
— Eu gosto bastante de bebês, — ele murmurou casualmente.
— Eu gosto muito deles, na verdade. — Ela tentou disfarçar a
pontada de dor com suas palavras.
— Qualquer bebê menos o meu, é claro, — ela murmurou meio
baixinho, e ele respirou impacientemente, seus olhos queimando
com fú ria que ele manteve contida por causa do bebê em seus
braços.
— Se você vai fazer comentá rios idiotas como esse, por favor,
faça-os quando eu tiver as duas mã os livres para estrangular você
até a morte, — ele disse com a voz mais gentil e amigável que
conseguiu. Ele se sentou no sofá ainda segurando Rhys em seus
braços. Sentindo uma pontada de ressentimento possessivo, Theresa
foi até ele e estendeu os braços para o bebê.
—Eu gostaria de segurar o bebê da minha prima, se você nã o se
importa, — ela informou friamente, e ele ergueu uma sobrancelha
arrogante antes de se levantar e gentilmente depositar o sereno
bebê em seus braços. Ela se sentou cautelosamente na cadeira mais
distante do sofá e arrulhou para o doce bebê que carregava. Sandro
se levantou e se espreguiçou.
— Enquanto você está ocupada aqui, acho que vou bater aquele
papo com a Elisa.
Theresa olhou para cima alarmada, mas ele estava sorrindo
gentilmente para ela, seus olhos quentes com alguma emoçã o que
ela teve dificuldade em definir. — Sandro, — ela começou baixinho.
— Você fica aqui com Rhys, — ele murmurou suavemente. —
Eu nã o quero que você fique chateado com qualquer coisa que Lisa e
eu possamos dizer um ao outro. — Antes que ela pudesse
pronunciar outra palavra de protesto, ele se foi. Theresa levantou-se
nervosamente, segurando o bebê contra o peito. Por mais que
tentasse, nã o conseguia ouvir um ú nico som vindo da direçã o da
cozinha. Ela saiu da sala e lentamente avançou em direçã o à cozinha.
Ela estava do lado de fora da porta entreaberta quando os sons de
suas vozes calmas finalmente a alcançaram.
— Mas eu nã o entendo por quê? — Lisa estava perguntando,
parecendo perplexa, mas nã o chateada. — Ainda tenho pelo menos
um ano para terminar o empréstimo. É uma quantia substancial de
dinheiro, Sandro, entã o nã o entendo por que você faria isso. —
Theresa mordeu o lá bio, querendo intervir, mas sem saber como
qualquer coisa que ela pudesse dizer ou fazer persuadiria Sandro a
mudar de ideia. Ela se sentiu impotente, furiosa e estranhamente
magoada por ele cumprir sua ameaça de qualquer maneira.
— É minha ú nica opçã o real agora, Lisa. — A voz profunda de
Sandro retumbou baixinho. — Eu te dei o empréstimo pelos motivos
errados. Razõ es que agora... lamento. Nã o posso, em sã consciência,
permitir que isso continue.
— Entã o deixe-me pagar e podemos deixar isso para trá s, —
implorou Lisa, e Sandro disse algo que Theresa nã o entendeu direito.
— Sandro, isso é uma loucura. — Lisa estava começando a
parecer chateada, e Theresa se preparou, preparando-se para entrar
na briga, faça sol ou faça sol. As pró ximas palavras de Sandro a
interromperam, no entanto.
— Elisa, por favor, você tem que me deixar fazer isso. — Ele
parecia desesperado.
— Nã o parece certo, — Lisa disse, e Theresa franziu a testa em
confusã o. O que diabos estava acontecendo aqui?
— Eu elaborei os papéis, entã o é praticamente um negó cio
fechado. — Sua voz soou com finalidade.
— Eu tenho que pensar sobre isso e discutir com Rick, é claro,
— Lisa disse suavemente.
— Claro, — Sandro concordou amigavelmente, e percebendo
que a conversa deles havia chegado ao fim, Theresa rapidamente
voltou para a sala de estar. Ela estava de volta na cadeira e
balançando suavemente um Rhys alegremente borbulhante quando
os outros dois apareceram. Ela se sentou abruptamente, seus olhos
arregalados voando de um rosto para o outro. Ambos pareciam
relaxados e nenhum dos rostos revelava muito. Sandro colocou a
bandeja que segurava sobre a mesinha de centro e sentou-se no
mesmo sofá que ocupava antes. Lisa sentou-se ao lado dele e
ocupou-se com a bandeja, colocando um copo alto de suco de laranja
na mesinha de centro diante de Theresa.
— Nã o discuta, — Sandro interveio quando ela abriu a boca
para protestar. — É bom para você. — Serviu-se do café enquanto ele
e Lisa conversavam como velhos amigos. Theresa ficou sentada,
furiosa, odiando ser tã o completamente excluída.
— Lamento nã o ter podido acompanhá -la ontem, Theresa, —
disse Lisa de repente. — Como foi seu check-up? — Theresa olhou
para sua prima por trazer o assunto à tona na frente de Sandro, que
se sentou e a observou como um falcã o enquanto esperava por sua
resposta.
— Estava tudo bem, — ela murmurou sem jeito.
— O que ele disse sobre as tonturas? — Lisa perguntou, e
Theresa percebeu que Sandro ficou tenso com a pergunta.
— Nada importante, — ela respondeu evasivamente, mantendo
os olhos no bebê em seus braços.
— Que tonturas? — Sandro perguntou de repente com uma voz
perigosa.
— Ela tem se sentido fraca na maior parte dos ú ltimos dois
meses, — Lisa informou prestativamente, e Theresa cerrou os
dentes.
— E você nã o pensou em me contar? — Sandro disparou.
— Eu nã o pensei que você se importaria, — Theresa murmurou
miseravelmente, e Sandro xingou baixinho.
— Ela nã o achou que eu me importaria, — ele repetiu
incrédulo. — Ah meu Deus, Theresa, você simplesmente assumiu
que eu nã o me importaria com algo que afeta diretamente sua saú de
e o bem-estar do bebê?
— Claro, sei que você se importaria se alguma coisa
acontecesse com o bebê, mas nã o queria preocupá -la com algo que
sei que nã o é grande coisa.
— E como você sabe disso? Você se formou em medicina em
algum momento nos ú ltimos três meses? É claro que tenho visto
você tã o raramente ultimamente que você poderia ter se formado
em física quâ ntica e eu nã o saberia!
Lisa sufocou uma risadinha irreverente, e tanto Theresa quanto
Sandro olharam para ela.
— Sandro, eu cuido do bebê e de mim. Você nã o precisa se
preocupar com isso. Sua responsabilidade para comigo, nós, acabou,
— ela lembrou.
— Ainda somos casados, — ele apontou. — E acho que vou
decidir quando e onde minha responsabilidade para com você e o
bebê terminará . A partir de agora, você me manterá totalmente
informado sobre o que está acontecendo com sua saú de.
— Nã o, — ela manteve teimosamente. — Nã o é da sua conta.
Você deixou claro que a ú nica razã o pela qual você sempre quis que
eu engravidasse era para que você pudesse escapar deste casamento,
entã o por que você nã o me deixa em paz enquanto eu tento, mais
uma vez, fazer tudo ao meu alcance para te fazer feliz?
— A ú nica coisa que me deixaria feliz agora, sua gatinha ruiva e
teimosa, é se você realmente fizesse o que mandam, para variar!
— Estou cansada de fazer o que me mandam, e estou cansada
de ser seu cachorrinho obediente. Fiquei feliz sem sua interferência
em minha vida nos ú ltimos meses, entã o me recuso a voltar a ser
como era antes.
— Também nã o quero voltar a isso, — admitiu
inesperadamente. — Nã o tínhamos um casamento de verdade antes.
— Você nã o pode estar me dizendo que quer um casamento de
verdade agora? — ela zombou.
— E se eu estiver? — ele perguntou cautelosamente, e ela riu
na cara dele.
— Eu acho que você é louco por acreditar que eu gostaria de ter
algo a ver com isso. Como um casamento com duraçã o de apenas
mais seis meses pode ser benéfico para qualquer um de nó s?
— Nã o seria..., mas nã o é isso que eu quero.
— Ah, é sempre sobre o que você quer, nã o é? Bem, tenho
novidades para você, Sandro…— Ela ainda segurava o bebê agora
adormecido contra o peito e olhava furiosamente para o homem alto
sentado à sua frente, alheia à prima, que observava a cena se
desenrolar em absoluto fascínio. — Eu nã o dou a mínima para o que
você quer. Não quero continuar casada com você... quero minha vida
de volta e quero que você vá embora assim que seu contrato com
meu pai for cumprido.
O silêncio era absolutamente ensurdecedor. Finalmente, depois
do que pareceram séculos, Sandro recostou-se na cadeira e balançou
a cabeça levemente.
— Nó s ainda estaremos juntos até que o bebê nasça, — ele
reconheceu cansado. —Até entã o, quero atualizaçõ es diá rias sobre
sua saú de. Nã o quero ser excluído de nenhuma notícia, por mais
trivial que você pense que seja.
— Eu nã o entendo o que você espera ganhar com tal arranjo, —
ela disse, confusa e frustrada por quã o inflexível ele estava sendo
neste ponto.
— Absolutamente nada, — ele murmurou. —Mas o que você
ganha me mantendo fora do circuito?
Absolutamente nada, e ele sabia disso; ela nã o tinha outro
motivo senã o pura maldade para recusar seu pedido.
— Tudo bem, — disse ela a contragosto. — Vou mantê-lo
atualizado, mas quero sua palavra de que nã o interferirá em
nenhuma parte da minha gravidez e que continuará sendo um
observador casual.
— Como você pode esperar que eu faça uma promessa dessas?
— ele perguntou com a voz rouca. — Não sou um observador casual,
Theresa! Tenho interesse em você e no bebê.
— Você cedeu seus direitos sobre nó s antes mesmo de nos ter,
— ela lembrou amargamente, e ele se encolheu ligeiramente com
suas palavras. — E você parece esperar que eu nã o apenas esqueça
esse pequeno fato, mas também o perdoe? Sandro... nunca vou te
perdoar.
— Eu pensei que você entendesse a situaçã o insustentável em
que eu estava. — Ele balançou a cabeça com raiva.
— Entendo e simpatizo, mas isso nã o muda o fato de que a
pessoa que pensei amar, o homem com quem me casei de boa-fé,
nunca existiu. Só acho que nunca vou conseguir superar isso, Sandro.
Ele suspirou pesadamente.
— É justo, — ele concedeu. — Mas precisamos tirar o melhor
proveito dessa situaçã o enquanto isso e viver como estranhos na
mesma casa nã o é a melhor soluçã o.
— Tudo bem, — ela sussurrou com relutâ ncia. — O que você
sugere?
— Gostaria de estar presente nas consultas do seu médico, —
disse ele apó s uma longa pausa, e ela hesitou, lançando um olhar
impotente para a prima, que deu de ombros ligeiramente.
— Por que?
— Paz de espírito, — ele respondeu sucintamente, e ela franziu
a testa, tentando pensar sobre isso de todos os â ngulos antes de
suspirar baixinho.
— Tudo bem, mas suas opiniõ es e contribuiçõ es nã o sã o
encorajadas ou desejadas. Entã o você estará lá apenas como um
observador, um observador silencioso. Eu cuidarei da minha pró pria
saú de e gravidez.
Sua mandíbula se apertou em desagrado, mas ele manteve a
boca fechada e assentiu com relutâ ncia. — Eu também acho… — Sua
voz estava um pouco rouca e ele fez uma pausa para limpar a
garganta antes de continuar. — Também acho que morar na mesma
casa e nunca se ver é, bem... ridículo, na verdade. Por favor, pare de
desaparecer quando souber que estou em casa. Isso me faz sentir
como um monstro, sabendo que você está se escondendo em algum
canto da casa porque tem medo de me enfrentar. — Ele nã o poderia
ter escolhido palavras melhores para trazê-la de volta, e ela se irritou
furiosamente.
— Eu nã o me escondo, — ela fervia, mal percebendo o olhar
divertido que ele trocou com sua prima.
— Certamente me parece assim, — ele respondeu. — Eu sei
que você acha difícil estar perto de mim por causa dos sentimentos
que você já teve por mim…
Ela engasgou em indignaçã o.
— …E eu também sei que com a atraçã o entre nó s, você
provavelmente está com medo de que a química aumente e
acabemos na cama novamente. Quero dizer, é bastante ó bvio o
quanto você me quer, mas…
— Eu... você... — Ela estava absolutamente furiosa com ele por
mencionar a vida sexual deles na frente de sua prima e horrorizada
ao descobrir que ele pensava que ela estava se escondendo dele.
Como um coelhinho tímido. Ok, entã o talvez ela teve estava se
escondendo, mas ela estava fazendo isso para manter os dois
confortáveis com o constrangimento da situaçã o. — Ah meu Deus, o
ego colossal em você! Eu nã o estou me escondendo ou fugindo ou
qualquer coisa assim. Eu simplesmente nã o suporto ficar perto de
você.
— Claro que você diria isso agora. — Ele encolheu os ombros
com desdém e ela engasgou novamente, balançando furiosamente o
pequeno Rhys para frente e para trá s enquanto tentava
desesperadamente encontrar uma resposta apropriadamente
mordaz para suas palavras.
— De qualquer forma, — Sandro murmurou, — eu ia sugerir
que começá ssemos a tomar café da manhã e jantar juntos
novamente. Nã o adianta fazer refeiçõ es separadas.
— Tudo bem, — ela retrucou a contragosto.
— E podemos tentar ser civilizados? — ele perguntou pseudo
docilmente. — Ter uma conversa decente enquanto estamos fazendo
nossas refeiçõ es?
Seus olhos estalaram, mas ela apenas assentiu, silenciosamente
dizendo a si mesma que seria por apenas mais seis meses.
— Algo mais? — ela perguntou sarcasticamente, seu tom de voz
definitivamente nã o convidando mais de suas “sugestõ es”, mas ele
escolheu levar a pergunta dela pelo valor de face.
— Sim... — Ele assentiu. — A turma da noite de sexta estava se
perguntando para onde você tinha ido. As senhoras ficaram
desapontadas quando você nã o voltou. — Ela nã o disse nada, ela nã o
poderia fazer isso... ela simplesmente não faria isso.
— E-eu nã o posso, — ela admitiu suavemente. — Eles sã o seus
amigos, e quando nos divorciarmos... bem, eles ainda serã o seus
amigos. Nã o quero formar laços com pessoas quando sei exatamente
o quã o temporá rios serã o os relacionamentos. Nã o posso continuar
me despedindo das pessoas de quem gosto.
Ele engoliu em seco antes de assentir levemente.
— Entã o, um ú ltimo pedido, — ele murmurou, inclinando-se
para ela intensamente.
— O que?
—Duas horas. — Sua voz caiu para um sussurro rouco.
— O que quer dizer...?
— À noite.
— Duas horas para quê?
— Só para... — Seu rosto se contraiu em frustraçã o e ele deu de
ombros, impotente. — Passar juntos. Conversar, assistir a um filme,
ler, sentar... qualquer coisa, desde que passemos juntos.
— Mas isso é... eu nã o entendo por que você quer isso?
— Por favor. — A palavra, suave e suplicante, manteve a
rejeiçã o pairando na ponta de sua língua.
— Duas horas, três vezes por semana, ela se viu estipulando
contra seu melhor julgamento. Ainda assim, impor algum tipo de
restriçã o ao pedido dele a fazia sentir que tinha algum controle
sobre o rumo que as coisas estavam tomando. Ele assentiu
ansiosamente.
— Cite os dias, — ele convidou, e ela mordiscou o lá bio inferior,
pensando seriamente.
— Segundas, terças e quintas. — Ela escolheu deliberadamente
os dias mais movimentados do escritó rio, os dias em que ele
frequentemente voltava para casa muito mais tarde do que o normal,
esperando que isso o obrigasse a cancelar muitas vezes. Seus olhos
penetrantes lhe diziam que ele sabia exatamente por que ela havia
escolhido aqueles dias, mas ele sorriu e acenou com a cabeça.
— Tudo bem por mim, — ele concordou, e ela se recostou
sentindo como se tivesse sido manipulada de alguma forma. Lisa
estendeu a mã o para tirar Rhys de Theresa.
— Vou colocar este pequenino na cama, — a outra mulher disse
calmamente, e Theresa assentiu entorpecida. Ela se sentia
completamente esgotada e também parecia. Sandro sentou-se no
sofá e inclinou-se para ela, empurrando delicadamente o copo de
suco de laranja em sua direçã o novamente. Ela o lançou um olhar de
advertência, e ele sorriu ligeiramente.
— Eu nã o estou tentando intimidá -la a beber um copo de suco
de laranja, Theresa, — ele disse suavemente. — Eu só pensei que
você parecia um pouco ressecada. — Ela cerrou os dentes e a pura
perversidade a impediu de pegar o copo e matar a sede. Ele nã o
disse mais nada, apenas recostou-se na cadeira com um suspiro
suave.
— Entã o, o que o médico realmente disse ontem? — ele
perguntou depois de uma pausa.
— Estou um pouco anêmica e é isso que está causando a
tontura. Ele ajustou minha dieta para incluir mais ferro, — ela
respondeu calmamente, e ele assentiu.
— Todo o resto está normal? — ele perguntou depois de outra
pausa curta.
— Sim.
— Você me diria se nã o estivesse?
— Sim.
Ele pareceu satisfeito com a resposta dela e sorriu levemente.
— Obrigada.
Ela suspirou e acenou com a cabeça em reconhecimento de
seus agradecimentos. Ela se inclinou para pegar o copo de suco de
laranja, admitindo que sua infantilidade nã o adiantaria nada, e
tomou um gole sedenta. Felizmente ele nã o fez nenhum comentá rio
e sua expressã o permaneceu neutra. Novamente houve silêncio, e
desta vez durou até que Lisa voltasse. As coisas ficaram
surpreendentemente amigáveis depois disso, e Theresa e Sandro
partiram cerca de quarenta minutos depois.
No caminho para casa, ela perguntou a ele sobre sua conversa
particular com Lisa, mas ele se recusou a entrar em uma conversa
sobre o assunto e Theresa acabou desistindo de frustraçã o.
O mês seguinte passou rá pido. O novo arranjo de Theresa e Sandro
funcionou bem, suas refeiçõ es juntos foram civilizadas, até mesmo
agradáveis, e as consultas médicas dela foram menos difíceis com o
apoio silencioso de Sandro. Ele cumpriu sua parte no trato, apenas
observando e nunca interferindo. Ainda assim, apenas tê-lo lá fez
uma grande diferença para a sensaçã o de bem-estar de Theresa.
O que mais surpreendeu Theresa foi o quanto ela estava
gostando do tempo que ele havia pedido. Ao contrá rio de suas
expectativas, ele nã o cancelou nenhuma vez. Em vez disso, ele voltou
para casa mais cedo do que o normal nas noites designadas. À s
vezes, eles simplesmente se sentavam lado a lado na sala, dividindo
uma tigela de pipoca e assistindo a um filme, raramente falando
muito. À s vezes eles jogavam Scrabble e Theresa geralmente gostava
muito dessas noites. Nã o era sempre que ela conseguia vencer
Sandro em qualquer coisa e, para seu profundo horror, ele era
péssimo em Scrabble. Ele culpou sua falta de proeza pelo fato de que
o inglês nã o era sua língua nativa, mas abordou cada revanche com
uma determinaçã o de nunca desistir. Infelizmente, essa
determinaçã o ainda nã o havia resultado em uma vitó ria para ele, e
Theresa ficou encantada com o fato de ser uma jogadora melhor do
que ele.
Apesar de sua falta de habilidade, ele jogou duro e muitas vezes
a deixou em pontos com sua ortografia criativa e palavras
descaradamente inventadas. Eles também tinham uma rivalidade
contínua no xadrez e eram muito mais equilibrados naquele jogo.
Theresa logo descobriu que estava começando a ansiar por aquelas
três noites por semana e odiava o fato de que ele estava
insidiosamente rastejando sob suas defesas novamente.
Infelizmente, muito parecido com um acidente de carro, ela podia
prever isso, mas nã o conseguia encontrar uma maneira de evitar que
o desastre inevitável ocorresse. Ela sempre foi muito rigorosa com o
tempo, tentando manter algum tipo de controle sobre a situaçã o e o
que quer que estivessem fazendo, inacabado ou nã o, tinha que parar
exatamente duas horas depois de começar. Eles geralmente
continuavam de onde haviam parado na pró xima vez.
— Nã o, — Theresa insistiu inflexivelmente uma noite, durante
um de seus jogos agressivos de Scrabble; eles estavam sentados no
chã o com a tá bua colocada na mesinha de centro entre eles. — Eu
desafio totalmente essa palavra! Lexiquon nã o é uma palavra,
Sandro, e você sabe disso.
— Claro que é. — Ele assentiu alegremente. — Você está
desafiando porque nã o quer que eu tenha os pontos de bô nus e as
duas pontuaçõ es de palavras triplas.
— Claro que nã o, — ela concordou sarcasticamente. —
Duzentos e setenta e cinco pontos por uma palavra inventada?
Nunca vai acontecer! Nã o estou administrando uma instituiçã o de
caridade aqui. — Ele sorriu infantilmente com isso, e ela desviou os
olhos, tentando muito nã o ficar encantada com ele. Por fim, ele
resmungou bem-humorado e removeu suas peças do tabuleiro.
— Talvez seja uma palavra francesa, — ele murmurou
defensivamente, e ela revirou os olhos.
— Bem, sinta-se à vontade para usá -la na pró xima vez que
interpretar um francês! — Ele riu abertamente com isso, e ela
prendeu a respiraçã o com o som despreocupado. Todos os dias ele
relaxava cada vez mais perto dela e ela frequentemente sentia que
ele queria prolongar o tempo que passaram juntos. Ele contemplou o
tabuleiro novamente, murmurando para si mesmo em italiano e
acariciando o queixo pensativamente enquanto considerava seu
pró ximo movimento. Por fim, ele decidiu por “enguia”, que estava tã o
mal colocada que valia apenas três pontos. Ela bufou com desdém
enquanto anotava seus parcos pontos e entã o sorriu docemente para
ele, enquanto apontava o “a” livre que ele poderia ter usado para a
palavra “saída”. Ela entã o passou a usar alegremente aquele —t—
para sua pró pria palavra, fazendo uso da pontuaçã o de três palavras
convenientemente situada no processo e acumulando trinta e nove
pontos ú teis para “forja”.
— O que é esta palavra? — ele rosnou. — Nomes nã o sã o
permitidos! — Ela nã o pô de deixar de rir de sua indignaçã o antes de
dar uma definiçã o da palavra para ele. Ele olhou para o dicioná rio
antes de resmungar para si mesmo em italiano novamente e voltar a
estudar o quadro. Theresa sorriu ligeiramente para si mesma,
notando a maneira como o cabelo dele caía sobre a testa e morrendo
de vontade de escová -lo para trá s; ela escondeu as mã os sob a mesa
e cerrou os punhos para reprimir o impulso irracional.
— Eu sei que ainda é cedo, mas eu tenho pensado em decorar o
quarto do bebê, — ela disse apenas para afastar sua mente de seu
desejo louco de tocá -lo. Suas palavras chamaram sua atençã o e ele
olhou para cima com um sorriso desprotegido.
— Essa é uma ó tima ideia. — Ele assentiu ansiosamente. —
Poderíamos ir comprar mó veis e brinquedos, vi um enorme urso
panda em uma loja de brinquedos há uma semana que seria perfeito
para um bebê. — Sua resposta entusiá stica a confundiu
completamente e ela o encarou inexpressivamente por alguns
momentos.
— Uma loja de brinquedos? — ela perguntou, e ele ficou
ligeiramente vermelho.
— Existe uma perto do escritó rio e já o visitei algumas vezes na
hora do almoço, — admitiu. — Só para ver que tipo de brinquedos e
coisas os bebês precisam hoje em dia.
Theresa nã o tinha ideia de como ela deveria responder a isso.
Ela deveria estar preocupada que ele parecesse estar tendo mais do
que um interesse casual no bebê ou ela deveria estar satisfeita? E
como diabos ela deveria reagir a sua suposiçã o de que eles estariam
decorando o berçá rio juntos? Suas emoçõ es estavam tã o confusas
que, no final, ela nã o disse nada e empurrou para o lado para ser
processado mais tarde. Sandro, sentindo a mudança de humor dela e
parecendo reconhecer que havia falado demais, caiu em um silêncio
incô modo e brincou com uma de suas peças.
— Estou me sentindo um pouco cansada. Eu posso apenas ir
para a cama, — ela disse de repente, e ele olhou para cima com
ressentimento.
— Eu ainda tenho uma hora restante, — ele apontou
amargamente, e ela mordeu o lá bio nervosamente.
— Sim, você tem, — ela disse finalmente, e gesticulou em
direçã o ao quadro. — É a sua vez. — Seus olhos brilharam com
alguma emoçã o indefinível antes que ele balançasse a cabeça e se
levantasse.
— Você nã o é minha prisioneira, Theresa. Se estiver cansada, vá
para a cama — disse ele, cansado, enfiando as mã os nos bolsos da
calça social sob medida e arruinando totalmente o corte da roupa
cara.
— Longe de mim descumprir um acordo, — afirmou ela,
permanecendo teimosamente sentada, embora nada lhe agradasse
mais do que fugir.
— Você está sendo tã o malditamente infantil, — ele fervia, e se
virou para sair da sala antes que ela tivesse a chance de retaliar. Ela
ficou sentada ali por alguns minutos antes de reconhecer que ele
realmente nã o voltaria. Foi a primeira vez em mais de um mês que
eles tiveram qualquer tipo de disputa séria, e Theresa lamentou isso.
Ela sabia que ela tinha sido infantil, porque nã o conhecia outra
maneira de lidar com suas emoçõ es. Ela suspirou, reconhecendo que
precisava se desculpar com ele, e se levantou do carpete aquecido,
pensando que era melhor acabar com isso o mais rá pido possível.
Ela se dirigiu para o escritó rio dele e, ao se aproximar da porta
entreaberta, percebeu que ele estava falando com alguém em voz
baixa. Nã o querendo se intrometer em seu telefonema, seus passos
diminuíram um pouco e ela se virou para ir para a cozinha para um
pequeno lanche. Ela estava prestes a se afastar quando o ouviu
gemer roucamente antes de dizer, — Francesca… — em uma voz
calma e intensa. A ú nica palavra foi suficiente para congelar Theresa
em seu caminho. Sandro ainda falava naquela voz baixa, suas
palavras, que eram em italiano, soavam mais urgentes. Theresa deu
um passo em direçã o à porta aberta do escritó rio, e sua voz ficou um
pouco mais clara, embora ele estivesse murmurando intimamente.
— ...Francesca, cara... — eram duas das palavras
incriminató rias que ela conseguia entender em meio à torrente de
italiano, e ela mordeu o lá bio incerta, sem saber se ele estava falando
com Francesca ou sobre ela. Deus, por que ela nã o aprendeu mais
italiano? Agora ela entendia apenas o suficiente para deixá -la infeliz
com ciú me e dor. Depois de ouvir o nome da mulher pela primeira
vez há tantos meses, Theresa tentou tirá -la da cabeça. Nã o sabendo
nada sobre ela, parecia mais sensato nã o especular por medo de
deixar sua imaginaçã o correr solta. Agora, ela gostaria de ter feito
alguma pesquisa sobre essa Francesca, embora ter apenas um nome
para continuar tornasse isso difícil, e Theresa nã o estava disposta a
pedir a seu pai ou a Sandro detalhes sobre a mulher misteriosa.
Sandro nã o percebeu a presença dela do lado de fora da porta
de seu escritó rio enquanto continuava sua conversa em voz baixa, e
Theresa entendeu apenas algumas palavras aleató rias que pouco
significavam para ela. Ele continuou usando carinhos, no entanto;
essas ela sabia muito bem porque ele frequentemente recorria a elas
enquanto fazia sexo com ela. Muitas vezes ela se perguntou se essa
nã o era a maneira dele de despersonalizar ainda mais o ato, já que
ele raramente usava o nome dela durante os momentos mais
íntimos. Ela pairou do lado de fora da porta do escritó rio do marido,
como se estivesse pairando nos arredores de sua vida por quase dois
anos, antes de se virar e voltar para o andar de cima. Ela havia
tomado banho, trocado de roupa para dormir e há muito apagou as
luzes do quarto quando finalmente ouviu seus passos leves na
escada. Ela prendeu a respiraçã o quando ele fez uma pausa, como ele
sempre fez, fora de sua porta, mas em vez de sentir o alívio habitual
quando ele se mudou alguns momentos depois, desta vez Theresa
virou o rosto no travesseiro e chorou até dormir.
CAPÍTULO SETE

EU nã o poderei ir ao mé dico com você hoje, Theresa, — Sandro


informou a Theresa enquanto tomavam o café da manhã na
ensolarada estufa na manhã seguinte. Ela nunca teria admitido isso,
mas ela realmente estava contando com a presença dele naquele dia.
Ela estava na dé cima sexta semana de gravidez e tinha agendado
uma amniocentese preventiva naquele dia. Ela estava uma pilha de
nervos com o procedimento e, embora soubesse que o risco de
complicaçã o era muito baixo, ainda existia. Embora sua mente
ló gica lhe dissesse que seu bebê ficaria bem, ela ainda temia o
possível resultado do teste. Sandro havia sido uma rocha durante
seu primeiro ultrassom no mê s anterior, segurando sua mã o
enquanto ouvia o som sibilante do batimento cardíaco de seu bebê
pela primeira vez e apertando-o com força quando viram a frá gil
vibraçã o no preto e branco monitor. O mé dico nã o conseguiu
determinar o sexo do bebê , mas Theresa estava confiante de que era
um menino e disse isso. Sandro permaneceu quieto durante todo o
procedimento, mas foi um conforto para ela.
— Por que nã o? — ela perguntou casualmente.
— Eu tenho que ir para a Itá lia na pró xima semana e tenho
muito que terminar no escritó rio antes de partir, — ele a informou
firmemente, e ela baixou os olhos de volta para o prato.
— Seu pai está bem? — ela perguntou suavemente, e ele
hesitou antes de responder.
— Sim. Minha visita nã o está relacionada a nenhum negó cio de
família.
Ela fechou os olhos de dor, de repente sabendo que ele estava
indo por causa daquele telefonema na noite passada. — Ok. — Ela
assentiu, lutando para soar indiferente. — É só ... estou fazendo a
amniocentese hoje. — Ele xingou baixinho.
— Sinto muito, Theresa, — ele murmurou, parecendo quase
atingido pela notícia. — Eu esqueci completamente.
E isso, é claro, trouxe o maior problema com o casamento deles
em grande relevo. Ela estava preocupada com o procedimento,
estressada com possíveis complicaçõ es e apavorada com o pequeno
risco de aborto espontâ neo que representava. Ela passou noites sem
dormir pensando no nascimento ou nos defeitos genéticos que os
resultados poderiam revelar, enquanto o marido simplesmente se
esquecia do teste. Claro, ela nunca revelaria o quanto ela dependia
de ter sua presença só lida e estoicamente silenciosa ali, entã o ela
encolheu os ombros descuidadamente.
— Tenho certeza de que Lisa irá comigo. — Ela assentiu com
confiança e os olhos dele brilharam de alívio.
— Essa é uma ó tima ideia, — ele se entusiasmou. — Estarei na
sua pró xima consulta. Eu só vou ficar fora por uma semana ou mais.
Estarei de volta antes que você perceba.
— Eu vou ficar bem, — ela dispensou alegremente, comendo
seus ovos mexidos como alguém que nã o se importava no mundo.
Houve um silêncio constrangedor enquanto ele a observava comer,
mas Theresa manteve a cabeça baixa com muita determinaçã o
enquanto enfiava os ovos na boca com tanto entusiasmo quanto
conseguia sem engasgar.
— Eu nã o quero que você fique sozinha enquanto eu estiver
fora. — Ele quebrou o silêncio desconfortável, e Theresa franziu a
testa com suas palavras, olhando para ele com o garfo carregado
erguido a meio caminho da boca.
— Eu nã o estarei sozinho. Rick e Lisa estã o sempre por perto e
a equipe está sempre presente. — Como que para provar suas
palavras, Phumsile entrou na sala carregando um prato de
panquecas, que ela depositou na frente de Theresa com um olhar
desafiador.
— Coma tudo, — ordenou a mulher.
—É muita comida, Phumsile. — Theresa olhou consternada
para a pilha de panquecas, mas Phumsile cruzou os braços sobre o
peito amplo e olhou para Theresa, parecendo estar preparada para
ficar ali para garantir que Theresa comesse cada pedaço. Phumsile
nã o escondeu o fato de que achava que Theresa estava muito magra
para uma mulher grávida e havia se encarregado de garantir que
Theresa comesse de forma saudável. Theresa suspeitava
secretamente que a mulher mais velha estava em conluio com
Sandro - uma suspeita que agora foi apoiada pelo pequeno aceno de
aprovaçã o que ele deu a Phumsile antes de evitar os olhos de
Theresa.
— Nã o é tudo para você, — apontou Phumsile. — Também é
para o seu bebê. Você nã o come o suficiente. Pare de desperdiçar
minha comida e coma tudo neste prato. — Com essa nota de
insubordinaçã o, ela saiu da sala.
— É melhor você terminar cada pedaço, cara. Você nã o quer
ficar no lado ruim de Phumsile, — ele disse com um pequeno
sorriso, colocando a discussã o anterior em espera no momento.
— Vocês estã o todos se unindo contra mim, — Theresa o
acusou, e ele balançou a cabeça.
— Estamos cuidando de você, estamos preocupados com você,
e é por isso que quero que fique com sua prima enquanto eu estiver
fora.
— Nã o. — Ela voltou para seus ovos, mas também se serviu de
uma panqueca, realmente nã o querendo incorrer na ira de Phumsile.
O silêncio fervilhava do outro lado da mesa.
— Eu insisto.
— Nã o. — Ela nem se incomodou em encontrar seus olhos
desta vez.
— Theresa, você está sendo muito difícil. — Ele manteve seu
nível de voz e paciente.
— E você está sendo irracional, — ela retrucou, olhando para
ele. — Rick e Lisa têm um novo bebê. Vou visitá -los regularmente, e
nã o tenho dú vidas de que eles virã o por aqui, mas para eu ficar lá ?
Isso é simplesmente ridículo. Nã o vou me intrometer e nã o preciso
de um vigia; sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma.
— E se algo der errado? E se você precisar de ajuda no meio da
noite e nã o tiver ninguém por perto?
— Por que você simplesmente nã o fica em casa se está tã o
preocupado? — ela retrucou furiosamente e imediatamente desejou
as palavras de volta quando o escrutínio dele se tornou especulativo.
— Você gostaria que eu ficasse em casa? — ele perguntou
baixinho.
— Nã o faz diferença o que eu quero, — foi sua resposta rebelde.
— Claro que sim, — ele acalmou gentilmente. — Eu ficaria se
você quisesse.
— E quanto ao seu negó cio importante? — ela perguntou
sarcasticamente.
— Você é mais importante, — ele disse suavemente.
— Você quer dizer que o bebê que estou carregando é mais
importante? — ela corrigiu, e sua mandíbula apertou.
— Nã o, nã o foi isso que eu quis dizer, — ele manteve
pacientemente, e ela piscou antes de balançar a cabeça.
— Você está tentando me confundir, — ela reclamou, franzindo
a testa para ele, e ele sorriu.
— De jeito nenhum, querida, — ele murmurou. — Só estou
tentando ser honesto com você.
— Bem, pare com isso, eu nã o acredito mais em nada do que
você diz, — ela sibilou, e se afastou da mesa. Ele suspirou antes de se
levantar também.
— Você nã o respondeu à minha pergunta, — ele teve a coragem
de sugerir, e seu olhar se aprofundou até que ela parecia uma criança
mal-humorada.
— Nã o, quero que você saia e cuide de qualquer assunto que
tenha na Itá lia. Eu odiaria mantê-lo longe de algo importante, apenas
para ter isso jogado de volta na minha cara em uma data posterior.
— Sua mandíbula se apertou com suas palavras vitrió licas, mas ele
nã o respondeu. Ela se levantou abruptamente, cansada da conversa
e da companhia.
— Desculpe-me, eu tenho que me arrumar para minha
consulta, — ela retrucou, virando-se para sair da sala.
— Eu ainda quero que você fique com sua prima enquanto eu
estiver fora, — ele insistiu, dirigindo suas palavras para suas costas
estreitas enquanto ela se retirava da sala.
— E eu ainda digo nã o a isso, — ela disse por cima do ombro.
— Este assunto está longe de ser encerrado, Theresa. — Ele
levantou um pouco a voz quando ela se afastou dele, mas ela acenou
com desdém ao virar uma esquina que sabia que a tiraria de vista.
Uma vez que ela chegou ao seu quarto, ela afundou na cama e inalou
trêmula, sentindo-se esgotada.

Lisa nã o pô de se juntar a ela para a amniocentese; Rhys fez um


check-up médico e, naturalmente, isso tinha prioridade. Assim,
Theresa se viu esperando sozinha, com os nervos em frangalhos,
embora soubesse que as chances de algo dar errado eram mínimas.
Ela se mexeu, folheou revistas e conversou com outras mulheres em
vá rios está gios da gravidez, mas durante tudo isso ela só queria que
Sandro estivesse ali com ela. As outras mulheres estavam todas
acompanhadas por seus parceiros ou amigas, e Theresa nunca havia
se sentido tã o dolorosamente sozinha antes. Ela estava tã o
profundamente imersa em seus pensamentos que nem percebeu a
pessoa sentada ao lado dela até que a voz profunda de seu marido
retumbou em seu ouvido.
— Por que seu celular está desligado? Estou tentando falar com
você a manhã toda.
Ela pulou de susto antes de piscar para ele estupidamente, sem
saber ao certo como ele veio parar ali. Ele sorriu para o rosto
confuso dela e Theresa se viu respondendo impotente ao calor
aberto daquele sorriso, recompensando-o com um sorriso ofuscante.
— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou sem fô lego, e
ele deu de ombros.
— Quando nã o consegui falar com você, tentei Lisa, e quando
ela me disse que estava na clínica com Rhys, eu sabia que você
provavelmente estava aqui sozinha e pensei que poderia precisar de
algum apoio moral, — ele explicou.
— M-mas e o seu trabalho?
— Vai aguentar.
— Você nã o precisava vir, eu estava bem sozinha, — ela se
sentiu obrigada a protestar.
— Theresa, você empalidecia visivelmente toda vez que a
mençã o dessa consulta surgia. É ó bvio que você acha assustador esse
procedimento. Eu nã o poderia deixar você enfrentar isso sozinha. —
Tanto para pensar que ela manteve seu medo e reservas bem
escondidos dele. Ele parecia capaz de lê-la como um livro aberto.
— Eu nã o estou realmente com medo, — ela disse com mais
bravata do que convicçã o, e ele reprimiu com determinaçã o o sorriso
que estava se curvando nos cantos de sua boca.
— Você pode nã o estar, mas estou apavorado, cara. — Ele
estremeceu ligeiramente. — Agulhas, agulhas grandes
especialmente, nã o sã o a minha praia. — Pela maneira como ele
empalideceu, ela percebeu que ele era sincero. Ela olhou nos olhos
dele por um longo tempo, se perdendo nas profundezas do chocolate
derretido antes de se sacudir levemente.
— Obrigada por ter vindo, Sandro, — ela sussurrou. — Eu estou
um pouco intimidada com a ideia desse procedimento. — A
confissã o custou caro, mas ela foi recompensada pelo sorriso
caloroso e íntimo que ele dirigiu a ela.
— Vai ficar tudo bem, — ele assegurou calmamente,
inesperadamente ligando seus dedos com os dela. — Você vai ver. —
Embora nã o houvesse nenhuma razã o ló gica para isso, suas reservas
derreteram como gelo sob o sol quente e ela sorriu agradecida.
No final, Theresa passou pelo procedimento. Depois de algum
desconforto inicial ela ficou bem, mas foi Sandro quem teve
dificuldade com o processo. Aparentemente, ele nã o estava
mentindo quando disse que nã o gostava de agulhas grandes. Quando
ele viu a agulha, ele balançou o suficiente para uma enfermeira
alarmada trazer apressadamente um banquinho para ele se sentar.
Ele agradeceu, mas optou por ficar de pé. Essa exibiçã o machista de
frieza durou apenas o tempo suficiente para eles inserirem a agulha
em seu abdô men, momento em que ele empalideceu
dramaticamente e praticamente desabou no banquinho fornecido.
Daquele ponto em diante, ele manteve seus olhos longe da agulha e
no rosto divertido de Theresa.
— Uma vez, quando eu tinha dez anos, — ela começou a falar
para distraí-lo, — caí de uma á rvore. — Isso certamente chamou sua
atençã o.
— O que você estava fazendo em uma á rvore? — Ele parecia
cético. — Você nã o me parece o tipo moleca.
— Eu nã o era, mas havia um pobre gatinho preso lá em cima e
eu era uma completa otá ria por animais. — Ela encolheu os ombros
e estremeceu ligeiramente quando a agulha apertou mais. A mã o
dele apertou a dela, enquanto o médico os informava alegremente de
que “estava quase no fim”.
— Entã o o que aconteceu? — ele perguntou suavemente.
— Bem, Lisa estava comigo e ela estava tentando
desesperadamente argumentar comigo, mas eu nã o quis ouvir. — Ela
balançou a cabeça. — À s vezes eu posso ser um pouco teimosa.
Ele bufou. — Não! Sério?
Ela ergueu o queixo e optou por ignorar o sarcasmo dele. —
Quando eu estava me inclinando para pegar aquele gato estú pido, ele
sibilou para mim, arranhou minha mã o e desceu de volta. — Ela
sentiu a sensaçã o de beliscã o diminuir gradualmente à medida que a
agulha era retirada de seu abdô men. — Mas o gato me assustou e
perdi o equilíbrio antes de cair da á rvore.
— O que aconteceu depois disso? — Ele parecia fascinado,
embora o médico estivesse se afastando da mesa.
— Eu quebrei meu braço e nã o gosto de gatos desde aquele dia,
— ela confessou timidamente. Ele riu antes de se inclinar
inesperadamente sobre ela e dar um beijo rá pido em sua testa. —
Nã o sei por que acabei de contar essa histó ria. Você apenas parecia
precisando desesperadamente de distraçã o.
— E como, — ele reconheceu trêmulo. — Ainda estou me
sentindo um pouco enjoado depois de ver aquela agulha. — Ele
engoliu em seco e empalideceu novamente. —Nã o sei como você
pode fazer isso sem anestesia.
O médico ofereceu a ela uma injeçã o para anestesiar a á rea,
mas uma agulha enorme já era ruim o suficiente, Theresa nã o gostou
da ideia de ter que lidar com duas.
— Foi um pouco desconfortável, — ela admitiu enquanto a
enfermeira a ajudava a se sentar. — Mas nã o tã o ruim.
Depois de se vestir, ela e Sandro enfrentaram ansiosamente seu
obstetra na ampla extensã o de sua mesa.
— Correu muito bem, Sr. e Sra. De Lucci. — O doutor
Shelbourne sorriu para eles sobre sua mesa. — Tanto você quanto
seu bebê passaram por isso com louvor. Certo. Entã o, nos pró ximos
dois dias, quero que você nã o levante peso, nã o faça sexo e nã o voe.
Tente relaxar e nã o se sobrecarregue. Você pode sentir algumas
có licas por um dia ou dois, mas isso é normal. Se você tiver có licas e
continuar por muito tempo ou for muito forte, venha imediatamente.
Especialmente se for acompanhado de manchas ou sangramento. —
Tanto Sandro quanto Theresa se encolheram com o terrível aviso.
Theresa instintivamente procurou a mã o dele com a dela.
— Devemos ter seus resultados em algumas semanas, — o
homem mais velho continuou alegremente. — Entraremos em
contato quando eles chegarem.
— Você acha que estou em risco de outro aborto espontâ neo?
— Theresa perguntou de repente, e o médico pareceu surpreso com
sua pergunta.
— De jeito nenhum. — Ele balançou a cabeça com veemência.
— Mas a ú ltima vez... — ela começou trêmula.
— …foi apenas uma daquelas coisas trá gicas que à s vezes
acontecem na vida. Você está saudável e seu bebê parece saudável.
Nã o há absolutamente nenhuma razã o para você nã o levar a termo e
ter um bebê perfeito. Agora em tó picos mais felizes; você gostaria de
saber o sexo do bebê?
—Você poderia dizer? — Theresa perguntou com um sorriso.
— A imagem estava clara como um sino hoje. — Ele assentiu
com indulgência.
— Nã o. — Sandro balançou a cabeça. — Prefiro nã o saber.
— Mas Sandro… — Ela se virou para ele surpresa, mas ele se
recusou a encontrar seus olhos. — Por que você nã o quer saber?
— Nã o faz diferença. — Nada que ele pudesse ter dito a teria
machucado mais, e ela imediatamente recuou para trá s de sua
concha, retirando sua mã o da dele. Claro que nã o fez diferença. Se
fosse menino, ele iria embora sem conhecer a criança, e se fosse
menina, ficaria preso em seu casamento indesejado por mais tempo
ainda. Ele gemeu quando viu a expressã o dela e imediatamente
agarrou a mã o dela novamente. — Eu realmente nã o quis dizer isso
do jeito que você obviamente pensa que eu quis, Theresa.
— Está tudo bem, — ela informou ao médico, que parecia
desconfortável por estar presenciando sua disputa. — Eu nã o tenho
que saber. — Nã o quando ela estava 100 por cento certa de que era
um menino de qualquer maneira. O médico assentiu e limpou a
garganta.
— Muito bem entã o, meus lá bios estã o selados. — Ele assentiu,
tentando manter seu jeito jovial, embora fosse evidente que ainda
estava desconfortável. Sandro nã o disse nada, mantendo os olhos no
rosto determinado de Theresa. O médico acrescentou mais algumas
de suas advertências habituais para que ela nã o se sobrecarregasse
antes de se despedir deles com um caloroso adeus.
— Deixe-me explicar, — disse Sandro assim que saíram da
clínica. Estava chovendo e Theresa rapidamente levantou o capuz do
casaco antes de correr para o carro. Ele a seguiu, embora ela ainda o
ignorasse e se mantivesse de costas para ele. Ela procurou as chaves
do carro em sua bolsa grande e ele gemeu de frustraçã o antes de
deixar cair as mã os sobre seus ombros estreitos para virá -la. O rosto
dela estava molhado e ele suspirou profundamente enquanto
enxugava a umidade, sem saber se eram lá grimas ou chuva.
— Sinto muito, — ele sussurrou, abaixando a cabeça para que
ela pudesse ouvi-lo sobre o barulho dos carros passando e a chuva
gelada. — Theresa, isso nã o saiu bem. Nã o significou o que você
pensou que significou.
— O que importa o que eu penso? — ela perguntou
amargamente.
— Importa. — Suas grandes mã os seguraram seu rosto e ele
descansou sua testa na dela. — Importa muito, Theresa.
— Nã o. — Ela balançou a cabeça ligeiramente. — Nã o. — Ela
pô s as mã os no peito largo dele, querendo afastá -lo, mas a chuva
havia encharcado sua camisa branca, grudando-a em sua pele e
tornando-a tã o transparente que parecia que ele estava nu. Entã o,
em vez de empurrar, suas mã os acariciaram e acariciaram e ele
gemeu avidamente antes de tocar seus lá bios nos dela. Theresa nem
sequer fingiu lutar. Ela se derreteu nele e envolveu seus braços ao
redor dele. Ela cravou os dedos em suas costas enquanto se arqueava
contra ele e abria a boca para sua língua quente e exigente. Suas
mã os estavam envoltas em seu cabelo molhado e ele puxou sua
cabeça para trá s para obter melhor acesso a sua boca enquanto sua
língua sondava avidamente a dela. Ele nã o deixou um centímetro de
sua boca inexplorada.
O som de uma buzina de carro perto os trouxe de volta a seus
sentidos, e eles se separaram culpados, ambos corados e respirando
rapidamente, ambos tremendo incontrolavelmente. Theresa olhou
nos olhos atordoados de Sandro e piscou com a vulnerabilidade que
ela pensou ter visto lá .
— Sinto muito por ter te machucado, — ele murmurou com a
voz rouca, e ela o encarou sem entender.
— Você estava apenas sendo honesto, — ela sussurrou, e suas
sobrancelhas se juntaram em uma carranca formidável.
— Não! Quero dizer... sim, eu estava, mas você me entendeu
mal. — Ele parecia completamente confuso, e Theresa olhou para ele
maravilhada. Ela nã o tinha certeza do que fazer com este homem
excessivamente emocional diante dela.
— Entã o me faça entender, — ela convidou depois de uma
pausa longa e desconfortável. Ele pareceu chocado com o convite e
por um momento pareceu incapaz de responder.
— Eu quis dizer que o sexo do bebê nã o fazia diferença para
mim de qualquer maneira, porque eu adoraria, independentemente
do que fosse, — disse ele com pressa, e ela ficou boquiaberta para
ele incrédula por um momento antes de colocar as duas mã os em
seu peito e empurrando-o para longe com violência. Ele foi pego de
surpresa e cambaleou para trá s, quase caindo no chã o molhado
antes de se recompor e encontrar o equilíbrio.
— Por que você diria isso? Por que você mentiria assim? Eu nã o
mereço isso, Sandro. Nã o fiz nada para merecer nada disso, mas você
continua encontrando maneiras novas e criativas de me machucar.
— Ela voltou a mexer na bolsa e finalmente encontrou as chaves.
— Nã o tente fingir que se importa, — ela sibilou para ele. — Eu
sei que você nã o se importa. Mais cinco meses disso e você estará
livre para voltar para sua Francesca e começar sua vida real com
uma esposa de verdade e bebês que você realmente amará ! — Ele
parecia atordoado por seu ataque, mas sua mençã o a Francesca
trouxe seus olhos nitidamente para os dela.
— O que? Você nã o pensou que eu sabia sobre sua preciosa
Francesca? A mulher que você ama, a mulher com quem você queria
se casar antes de meu pai forçá -lo a essa farsa? Eu sei que você a vê
toda vez que volta para a Itá lia, assim como eu sei que você estava
falando com ela ontem à noite e vai falar com ela quando voltar esta
semana! — Ela estava praticamente gritando agora, frustrada pela
forma como ele apenas ficou lá . Como alguém que foi pego na
explosã o de uma bomba, ele parecia atordoado.
Ela estava começando a se sentir estranha, tonta e enjoada. Ela
apoiou as mã os no teto do carro e tentou se firmar, ciente de que
Sandro estava se movendo em sua direçã o. Suas mã os se estenderam
para ela e ela fracamente tentou escapar de seu aperto, mas o
movimento a deixou ainda mais tonta e ela balançou ligeiramente.
Os braços de Sandro a envolveram e ela estava fraca demais para
realmente se importar.
— Theresa, cara. Estou aqui. Você está bem…
Essas foram as ú ltimas palavras desesperadas que ela ouviu do
marido antes de tudo escurecer.
— Quando eu disse que ela nã o deveria se sobrecarregar, quis dizer
tanto fisicamente quanto emocionalmente, Sr. De Lucci. — Theresa
ouviu a admoestaçã o aguda na voz ligeiramente familiar e franziu a
testa enquanto tentava ouvir o estranho zumbido em sua cabeça. —
O que diabos você estava pensando, aborrecendo-a assim menos de
meia hora depois do procedimento pelo qual ela acabou de passar?
— Ela vai ficar bem? — Theresa ouviu a voz incomumente
abafada de Sandro acima do zumbido que diminuía rapidamente e se
perguntou sobre o estranho tom de pâ nico nela.
— Ela sangrou um pouco, o que nunca é um bom sinal. Nã o
estou disposta a correr riscos, nã o depois disso. Eu quero que ela
fique na cama por pelo menos uma semana. Repouso total na cama.
— Nã o posso ficar na cama a semana toda, — Theresa
protestou, abrindo os olhos. Sandro avançou para agarrar uma de
suas mã os flá cidas.
— Theresa, graças a Deus! Como você está se sentindo?
— Como se eu tivesse sido atropelada por um ô nibus, — ela
admitiu trêmula, erguendo os olhos para o médico, que estava do
outro lado da cama. — Meu bebê? Ele está bem?
— Seu bebê está bem. Na verdade, o bebê está muito melhor do
que você agora, Sra. De Lucci. Eu quero que você fique na cama por
uma semana; você nã o deve fazer nada, está entendido?
— Acho que posso ir ao banheiro? — ela perguntou
sarcasticamente.
— Você pode ser tã o mal-humorada quanto quiser comigo,
mocinha, mas se quiser um bebê saudável e a termo, fará o que eu
disser! Ou serei forçado a hospitalizá -lo para garantir que você
receba o repouso prescrito.
— Ela fará o que você ordenou, doutor, — Sandro assegurou
sombriamente, e Theresa mordeu o lá bio e assentiu. Ela nã o
arriscaria a vida de seu bebê por pura perversidade.
— Certo, — o médico parecia satisfeito. — Eu gostaria de
mantê-la aqui durante a noite. Amanhã , você pode levá -la para casa e
tentar sair do estacionamento desta vez. Com essa advertência final,
ele se virou e saiu da sala, resmungando baixinho ao fazê-lo. Theresa
e Sandro observaram a porta se fechar atrá s dele antes de se virarem
um para o outro sem jeito.
— Sinto muito, — eles deixaram escapar simultaneamente apó s
uma longa pausa.
— Por que você está arrependida? — Sandro perguntou
confuso, arrastando uma cadeira e sentando-se ao lado da cama,
ainda segurando a mã o dela como se fosse um colete salva-vidas e
ele um homem se afogando.
— Eu nã o deveria ter levantado sua vida privada assim. O que
você faz depois que nos separamos nã o é da minha conta e depois...
depois de tudo que meu pai fez com você, eu honestamente acredito
que você merece a felicidade que encontrará com a mulher que ama.
Eu também nã o queria escutar sua conversa com ela ontem à noite;
foi um acidente. — Ele parecia tã o confuso com as palavras dela que
ela fez uma pausa.
— Que conversa? — ele perguntou.
— Com Francesca? — Theresa nã o tinha mais tanta certeza do
que tinha ouvido e as palavras surgiram em uma nota de
questionamento. — Ontem à noite, depois do Scrabble, você estava
ao telefone com ela?
— Nã o, eu estava ao telefone com minha irmã , Isabella, e o
nome de Francesca surgiu na conversa. Isabella pode ser um pouco
insistente no assunto Francesca, e eu estava ficando um pouco
frustrado com ela. Nunca liguei para Francesca de nossa casa,
Theresa. Na verdade, raramente falo com ela quando nã o estou na
Itá lia.
— Ah. — Ela obviamente precisava aprender mais italiano. Ela
nã o duvidou que ele tivesse falado com sua irmã , nã o quando ele
estava tã o determinado a se desculpar. Suas palavras tinham um
toque inconfundível de sinceridade para eles, mas ela nã o podia
bastante forçar-se a acreditar naquela ú ltima declaraçã o sobre
raramente falar com Francesca. Parecia bom demais para ser
verdade.
— De qualquer forma, — ela continuou, decidindo deixar o
assunto de Francesca de lado por enquanto. — Sinto muito por ter
exagerado como uma peixeira histérica antes; eu só fiquei com tanta
raiva depois do que você disse. Nã o preciso de chavõ es vazios,
Sandro. Você nã o precisa dizer nada para me fazer sentir melhor
sobre nossa situaçã o. Você realmente nã o precisa fingir que se
importa comigo ou com o bebê. — Ele xingou trêmulo antes de
levantar a mã o dela e apoiar a testa nas costas dela.
— Que bagunça profana eu fiz com as coisas, — ele disse, meio
rindo, sua voz soando tensa. — Nada do que eu disser agora fará
diferença em como você se sente, nã o é? Tudo o que eu tentar dizer
ou fazer parecerá desesperado e insincero.
— O que eu nã o entendo é por que você ainda está tentando? —
ela sussurrou confusa, observando atentamente a cabeça inclinada
dele. — Você ganhou. Você tem tudo o que deseja ao seu alcance, a
vinha e a liberdade. No entanto, você continua tentando, vindo a
mim com todas essas exigências para se envolver em minha vida. Por
que?
— Por que nã o deixamos para lá por enquanto? — Ele levantou
a cabeça para encontrar os olhos dela, seu pró prio olhar castanho
líquido com pesar. Ela assentiu levemente e ele sorriu sem
entusiasmo.
— Liguei para a Elisa e pedi que trouxesse uma muda de roupa
para você. Você está com sede? — Ela assentiu timidamente e ele
sorriu. — Eu vou procurar algo para você beber, ok? — Ele se
levantou e passou uma mã o gentil e levemente trêmula pelo cabelo
dela. — Você me assustou pra caramba, Theresa. Portanto, de agora
em diante, você deve manter a calma e nã o deixar o idiota do seu
marido aborrecê-la novamente. Ok?
— Ok. — Ela sorriu em seus olhos gentis.
— Bom. — Ele se inclinou para roçar os lá bios sobre a testa
dela. — Isso é bom, Theresa. — Ela o observou sair e suspirou
baixinho, desejando que sua vida pudesse ser diferente e que eles
fossem um casal normal, ansiosos por ter seu primeiro filho. Ela
passou a mã o sobre a leve protuberâ ncia de seu estô mago,
comunicando-se gentilmente com seu bebê, desculpando-se pela
imprudência que poderia ter custado a vida dele. Ela estava perdida
em pensamentos, cantarolando uma suave cançã o de ninar enquanto
continuava a acariciar a pequena barriga do bebê, quando
gradualmente percebeu uma presença na porta aberta. Ela engasgou
de surpresa, sem saber quanto tempo ele estava parado ali. Ele deu
um passo à frente quase com relutâ ncia, seu belo rosto mais sombrio
do que o normal. Para um homem que geralmente tinha suas
emoçõ es bem fechadas, ele parecia alguém que estava lutando
fortemente para manter sua expressã o absolutamente neutra. Mas
os mú sculos contraídos em sua mandíbula, as cordas tensas em seu
pescoço e seus lá bios finos eram fortes indicadores de quã o duro ele
estava lutando para manter escondido o que quer que estivesse
sentindo. Fascinado pelo incrivelmente mau trabalho que ele estava
fazendo de fingir parecer completamente distante, ela ainda estava
distraidamente passando a mã o sobre o estô mago quando engasgou
e pulou por um motivo completamente diferente.
Deixando de lado toda a pretensã o de distanciamento, o rosto
de Sandro empalideceu e seus olhos escureceram de alarme
enquanto ele avançava em direçã o ao catre no luxuoso quarto
privado e jogava a garrafa de suco fresco no armá rio ao lado da
cama.
— O que há de errado, Theresa? Você está com dor? — Ela
balançou a cabeça, antes de erguer o rosto radiante para ele. Ele
parou, inalando fortemente em sua expressã o radiante. Seus olhos
brilhavam com lá grimas e alegria absoluta enquanto seus lá bios
estavam entreabertos no sorriso mais sereno e deslumbrante que ele
já tinha visto.
— Ele se mexeu, — ela respirou com admiraçã o. — Só o senti
mexer, Sandro! Pela primeira vez.
— Você... ele... o bebê? — ele perguntou incoerentemente,
aproximando-se ainda mais da cama e inclinando-se sobre a
pequena figura dela.
— Sim. Ah meu Deus! Lá vai ele de novo... — Ela riu de alegria e
sem pensar agarrou uma das mã os dele e colocou-a sobre a suave
vibraçã o, na parte inferior de seu abdô men. Sua mã o era tã o grande;
cobria quase todo o pequeno monte de seu estô mago. Ele respirou
fundo quando o bebê voltou a se agitar como se fosse uma deixa, e
soltou uma risada incrédula.
— Dio... — ele respirou, soando tã o maravilhado quanto ela se
sentia. Ele manteve os olhos grudados nas mã os deles, os dele na
barriga dela e a mã o menor e mais pá lida dela descansando sobre a
dele. — Isso dó i, bella mia?
— Nã o, — ela riu. — Isso meio que faz có cegas.
— Sim, bem, espere alguns meses e vai ser extremamente
desconfortável, — uma voz seca interveio da porta. Theresa deu um
gritinho de surpresa, soltando a mã o da de Sandro enquanto ele,
mantendo a mã o quente em seu estô mago, virava-se vagarosamente
para encarar sua prima. Lisa estava emoldurada na porta com Rick e
Rhys, e eles eram o retrato de uma família perfeita.
— Isso foi rá pido, — ele observou antes, relutantemente,
movendo-se para o lado e tirando a mã o de sua barriga. Theresa
sentiu profundamente a perda e tentou escondê-la sorrindo
alegremente para a prima.
— Obrigada por ter vindo, — Theresa murmurou, seus olhos
marejados, e sua prima moveu-se mais para dentro do quarto,
inclinando-se sobre a cama para abraçar Theresa calorosamente.
— Ah, querida, estou sempre aqui para você, — Lisa sussurrou
em seu ouvido, e Theresa, sem qualquer aviso, surpreendendo até a
si mesma, começou a chorar. — Nã o... oh nã o, querida, nã o... — sua
prima estava sussurrando. — Nã o se aborreça assim; nã o é bom para
você ou para o bebê.
Theresa fez um esforço concentrado para se recompor,
envergonhada por seu mini colapso. Rick estava do outro lado da
cama; ele tinha Rhys embalado em seu peito em uma tipoia de bebê
e segurava uma das mã os dela com as duas, acrescentando seu apoio
silencioso à ó bvia afliçã o dela.
— Me desculpe, eu nã o queria fazer isso, — ela engasgou um
pouco, e Rick sorriu em seu rosto perturbado.
— Hormô nios. Você sabe o que você sabe quem era como. O
custo dos lenços estava me levando à falência, — ele disse em um
sussurro teatral, sacudindo sua mandíbula na direçã o de Lisa, e
Theresa meio riu, meio soluçou em reaçã o antes de olhar ao redor da
sala em confusã o.
— Cadê o Sandro? — ela perguntou cautelosamente.
— Nunca pensei que sentiria pena do cara, — Rick disse a ela
meio a sério. — Mas quando você ligou o sistema hidrá ulico, o pobre
cara parecia alguém que acabou de saber que seu melhor amigo e
seu cachorro morreram no mesmo acidente. Ele pairou por alguns
segundos antes de correr para fora daqui como se os cã es do inferno
estivessem em seu encalço.
— Bem... — Theresa encolheu os ombros bravamente. — Isso é
mais do que ele se inscreveu.
— Ah, por favor. — Lisa revirou os olhos com desdém. — É
exatamente para isso que ele se inscreveu. Ele queria você grávida,
lembra?
— Eu lembro. — Theresa assentiu tristemente.
— Olha, longe de mim defender o cara, — Rick interveio
razoavelmente. — Quero dizer, você sabe que nã o suporto ele depois
da maneira como ele tratou você. Eu teria acabado com ele eras atrá s
se você nã o tivesse me parado, Terri..., mas, honestamente, o homem
parecia lamentável agora. Nã o é o típico implacável Sandro.
— Tenho visto uma mudança nele ultimamente também,
Theresa, — disse Lisa.
— Por favor. — Teresa balançou a cabeça. — Ele é o mesmo de
sempre. Ele quer sair deste casamento e eu também.
— Theresa…— Lisa murmurou em sua voz mais razoável.
— Lisa, nã o o defenda. Você nã o sabe o que ele fez... — E de
repente tudo veio à tona: como ele a chantageou para impedi-la de se
divorciar dele, usando o empréstimo de Lisa como alavanca. — Ele
provavelmente lhe deu aquele empréstimo para que ele tivesse
algum tipo de controle futuro sobre mim se eu saísse da linha! —
Rick e Lisa trocaram um olhar significativo antes de Rick encolher os
ombros, parecendo responder a alguma pergunta nã o dita de Lisa.
— Theresa. — Sua prima ainda apertava uma de suas mã os
com força. —Eu sei sobre isso.
— Você sabe? — Ela estava chocada. — Como? Há quanto
tempo você sabe?
— Sandro confessou tudo da ú ltima vez que vocês dois vieram.
Lembra? Ele queria falar comigo a só s? —Theresa assentiu confusa.
— Por alguma razã o, ele nã o quer ou precisa mais dessa
alavancagem. Ele se ofereceu para cancelar totalmente minha dívida.
Eu recusei, mas tenho a sensaçã o de que ele vai fazer isso de
qualquer maneira.
— É sobre isso que ele queria falar naquele dia? — Theresa
ofegou incrédula.
— Sim, e ele me fez jurar que nã o contaria a você sobre isso,
mas suponho que essas sã o circunstâ ncias atenuantes. — Lisa
assentiu e Theresa franziu a testa em concentraçã o.
— Eu nã o entendo nada disso... por que ele faria isso? — ela
perguntou confusa antes de seu rosto clarear e ela rir de sua pró pria
estupidez. — Bem, ele realmente nã o precisa mais da alavancagem,
nã o é? Nã o quando estou fazendo exatamente o que ele quer? Mas
saldar a dívida antes do bebê nascer ainda nã o faz sentido... a menos
que...
— Esta é uma conversa privada ou qualquer pessoa pode
participar? — Rick interrompeu sua reflexã o secamente e ela piscou
para ele. — Eu acho que você está analisando demais. Pelo que Lisa
me conta, ele estava desesperado para cancelar aquela dívida. Ela
pensa, e estou inclinado a concordar depois do que acabei de ver,
que ele quer uma ficha limpa com você, mas realmente nã o sabe
como fazer isso.
— Bem, eu moro com ele e sei que vocês dois estã o errados, —
ela manteve teimosamente, empurrando todas aquelas noites de
Scrabble e xadrez para o fundo de sua mente com determinaçã o. Ela
tentava nã o pensar nas refeiçõ es amistosas e no apoio silencioso que
ele lhe dava em todas as consultas médicas. — Ele está apaixonado
por outra pessoa. eu diria outra mulher, só que neste caso, acho que
provavelmente sou a outra mulher.
— O que diabos isso quer dizer? — Rick perguntou
furiosamente.
— Ele estava apaixonado por ela antes de meu pai forçá -lo a
este casamento. Ela é a mulher com quem ele quer ter uma família.
Fui eu quem estragou a vida dele, Rick, nã o o contrá rio. Depois que
eu tiver esse bebê, seguiremos caminhos separados e ambos
ficaremos mais felizes com isso.
— Isso está tã o desarrumado. — Rick balançou a cabeça em
desgosto. — E o bebê e você? Você nã o conta para nada?
— Eu odiaria se ele ficasse fora de algum senso de dever
ultrapassado. Acho que mereço mais do que isso, nã o é?
— Absolutamente, — Lisa sussurrou, apertando os ombros de
Theresa para tranquilizá -la antes de se sentar na cadeira ao lado da
cama e se inclinar para Theresa. —Entã o você sentiu o bebê mexer?
Os olhos de Theresa se iluminaram com a lembrança da alegria.
— Foi fantá stico. — Ela assentiu com a cabeça e tanto Rick
quanto Lisa ficaram confusos enquanto relembravam verbalmente
os primeiros movimentos de Rhys. — Depois do susto que levei, foi
um alívio sentir ele se mexendo ali dentro.
— Ele está se contorcendo agora? Sua tia Lisa quer conhecê-lo.
Theresa balançou a cabeça com uma leve risada.
— Ele está quieto agora. — Ela descansou a mã o na barriga. —
Eu nã o posso acreditar que tenho que ficar em cama por uma
semana.
— Sim, isso é um pouco ruim. — Lisa assentiu com simpatia. —
Tã o feliz por nã o ter ficado confinada à cama em nenhum momento
durante a minha gravidez.
— Deus, se ao menos… ela fosse como um pequeno dínamo, eu
tive que forçá -la a desacelerar, — Rick lembrou com um
estremecimento.
— Você acha que eu poderia ficar com você na pró xima semana
ou algo assim? — Theresa perguntou hesitante, e Rick e Lisa
franziram a testa antes de assentir.
— Claro, — disse Lisa. — Mas por quê?
— Sandro está indo para a Itá lia por uma semana e antes disso
acontecer eu tinha toda a intençã o de ficar em minha pró pria casa,
mas...
— Se você acha que vou para a Itá lia com você confinada a uma
cama, pode muito bem pensar de novo, — a voz á spera de Sandro
interrompeu de repente da porta e três cabeças se viraram para ele.
Ele parecia... estranho. Seu cabelo estava desgrenhado, seu terno
amassado e sua gravata afrouxada. Ele também segurava um buquê
de flores murchas em uma das mã os e uma caixa quadrada
embrulhada alegremente na outra. Adicionado a isso, ele tinha um
monte incongruente de balõ es de hélio atrá s dele. Foi o ú ltimo que
chamou e prendeu a atençã o de todos. Eles eram coloridos, alguns
eram absolutamente berrantes, e a maioria deles dizia Feliz
Aniversá rio e um golfinho lamentavelmente deslocado tinha a
legenda “Yippee pelo VERÃ O” estampada na lateral, um sentimento
muito otimista, considerando que era julho e meio do inverno.
— Sandro, mano… — Rick conseguiu dizer com uma voz que
mal tremia de tanto rir. — Você vasculhou todas as enfermarias do
hospital para pegá -los?
— Essas eram todas as lojas de presentes seriamente
insuficientes, — resmungou Sandro, obviamente sensível à zombaria
de Rick, o que levantou as sobrancelhas de Theresa porque ela nunca
tinha ouvido seu marido autoconfiante parecer tã o defensivo antes.
— Obrigada, Sandro, — ela disse antes que Rick pudesse
responder com mais alguma coisa. — Eu amo balõ es de hélio.
— Eu sei que você ama, — ele disse ferozmente, avançando até
que ele deu uma cotovelada em Rick de lado e ficou olhando
fixamente para ela. — Eu sei que você gosta de balõ es de hélio e
margaridas rosas. Eu sei que você gosta de trufas de praliné. — Ele
empurrou a caixa embrulhada para presente, que provavelmente
continha trufas de praliné, e as margaridas rosa murchas em seus
braços. — Eu sei coisas sobre você, Theresa. Eu tenho aprendido.
— Hum... — Ok? Certo, entã o ele se lembrou da conversa que
tiveram meses atrá s, quando ela o acusou de nã o saber nada sobre
ela. Ele obviamente estava prestando atençã o durante as noites
juntos, mas o que diabos ele estava tentando provar com isso? —
Obrigada.
Foi tudo o que ela conseguiu pensar em dizer, e ela viu Rick e
Lisa estremecerem e observou os ombros de Sandro caírem um
pouco antes de ele assentir.
— De nada, — ele murmurou em uma voz devastadoramente
sem emoçã o enquanto dava um passo para trá s da cama. — Adiei
minha viagem à Itá lia. Quero ter certeza de que você terá o descanso
que deveria.
— Ok. — Ela assentiu.
— Bom. — Ele pareceu perdido por um momento, parecendo
inseguro sobre seu pró ximo movimento, antes de estender a mã o
para acariciar uma bochecha macia. — Você está se sentindo
melhor?
— Tudo bem, — ela sussurrou. — Um pouco cansada.
— Certo… — Rick cantarolou. — Essa é a nossa deixa para
vamonos.
— Ah, mas eu nã o quis dizer… — Theresa ficou chocada por
eles pensarem que ela estava insinuando que eles fossem embora.
— Nã o, você nã o quis. — Lisa sorriu para ela. — Mas você está
cansada e precisa descansar. Vou deixar as roupas aqui mesmo. —
Ela largou uma pequena bolsa de lona na cadeira do visitante. —
Ligue se precisar de alguma coisa.
Depois de uma enxurrada de abraços e beijos, eles se foram,
deixando para trá s seu marido de rosto sombrio e silencioso.
Theresa lançou um olhar furtivo para o dito marido de rosto sombrio
e silencioso e de repente foi atacada por um ataque de risos
irreverentes. Agora que ninguém estava por perto para testemunhar,
ela se sentiu livre para rir da imagem que ele apresentava. Ele
parecia um palhaço malvestido e desamparado com aqueles balõ es
na mã o.
— O que? — ele perguntou, a fachada sombria derretendo
diante de sua diversã o.
— Sã o só ... esses balões, Sandro. — Ela bufou, tentando
controlar as risadas. Seu pró prio sorriso devastador iluminou seu
rosto.
— E eu nã o sei? — Ele balançou a cabeça tristemente enquanto
amarrava os balõ es na cabeceira da cama dela. — Um hospital sem
um ú nico balã o de melhoras logo à vista. Loucura.
— Obrigado por eles de qualquer maneira. Eles sempre
iluminam uma sala.
— Me lembro de você dizer isso quando falou sobre a festa de
aniversá rio de dez anos de um amigo. Você queria um para o seu... —
Mas ela nem tinha dado uma festa naquele ano, muito menos balõ es.
Ela nem sabia por que havia confessado aquela triste histó ria para
ele. Houve um silêncio constrangedor enquanto ele permanecia
parado ao lado da cama dela.
— Você nã o precisa ficar, Sandro… — ela sussurrou. — Por que
você nã o vai para o escritó rio e faz algum trabalho? Tenho certeza de
que você tem coisas melhores para fazer do que ficar por aqui.
— Eu estou exatamente onde eu quero estar, — ele rangeu
implacavelmente. Ele estendeu a mã o e pegou as trufas e flores de
seus braços. Jogando a caixa sobre a mesinha de cabeceira e enfiando
as flores na lata de plá stico meio cheia de á gua que uma enfermeira
deixara sobre a mesinha de cabeceira, ele arrastou a cadeira que Lisa
havia abandonado recentemente, levando a bolsa para o chã o e se
sentando quase desafiadoramente.
— Ok. — Ela estava cansada demais para discutir e, verdade
seja dita, bastante aliviada por tê-lo ali. Por muito tempo nenhum
dos dois disse nada. Ele se recostou na cadeira de aparência
desconfortável e olhou para o nada. Theresa baixou os cílios e o
observou discretamente, maravilhada com sua imobilidade absoluta.
Ele geralmente estava cheio de tanta energia inquieta, sempre em
movimento, digitando em seu laptop ou mexendo em seu
smartphone ou latindo ordens no telefone. Quando ele nã o estava
fazendo nada relacionado ao trabalho, ele nadava sem parar ou
malhava na academia de casa. Ela nunca o tinha visto apenas sentar
e olhar para longe, e isso a perturbou de uma forma que ela nã o
conseguia definir.
— Você acha que meu pai virá me ver? — Theresa quebrou o
silêncio quase meia hora depois, tendo cochilado nesse ínterim. Os
olhos de Sandro encontraram os dela e ele balançou a cabeça
severamente.
— Altamente improvável, já que ele nã o sabe que você está
aqui. — Ele deu de ombros e ela engasgou, lutando para se sentar.
— Mas como você pode nã o contar a ele? — ela perguntou,
bastante ofendida em nome de seu pai. O homem era um valentã o e
um tirano, mas era o pai dela.
— O médico disse que você nã o deveria ficar chateada e eu nã o
consigo imaginar uma visita de seu pai sendo outra coisa senã o
estressante para você, — ele disse sarcasticamente. Ele estava certo,
seu pai iria contrariar Sandro, o que a deixaria chateada e eles
acabariam discutindo. Sempre foi o mesmo. Ela caiu para trá s
sentindo-se deprimida e triste e a expressã o de Sandro suavizou.
— Eu ligo para ele se você quiser, Theresa, — ele ofereceu
calmamente, e ela balançou a cabeça, sentindo de repente uma
vontade irresistível de começar a chorar novamente.
— Você está certo, uma visita dele nã o seria muito agradável, —
ela disse com uma voz alarmantemente vacilante. — Mas eu
continuo esperando... — Ela deixou o resto sem falar, mas ele
pareceu entender.
— Eu sei. — Ele hesitantemente pegou uma das mã os flá cidas
que descansavam em seu estô mago, engolfando-a com as suas.
— Nã o sei por que ele é assim. — ela manteve os olhos
desviados. — Toda a minha vida, tentei tanto fazer com que ele me
amasse, mas ele nunca conseguiu. Por um momento pensei ter
encontrado o que procurava, alguém que pudesse me amar... — Ela
mal tinha consciência do que dizia enquanto seu olhar turvo
permanecia fixo em suas mã os unidas. Houve um longo silêncio
enquanto ambos contemplavam seus dedos entrelaçados e Sandro
suspirou pesadamente.
— Por que você nã o tira uma soneca? — ele sugeriu
gentilmente. — Estarei aqui para ficar de olho nas coisas. — Que
coisas ele sentia que tinha que ficar de olho, ela nã o tinha ideia, mas
apenas tê-lo ali a fez se sentir melhor e ela se deitou com um suspiro
satisfeito e adormeceu quase imediatamente.
CAPÍTULO OITO

Você é uma paciente extremamente difícil, cara, — Sandro rangeu


entre os dentes trê s dias depois. Era meio da tarde e ele entrou em
sua sala de trabalho, apenas para encontrá -la de pé , culpada, no
meio da sala. Ela estava segurando o caderno de desenho que havia
subido para recuperar, junto ao peito.
— Eu estava entediada, — ela lamentou. — Entã o, pensei que,
se tivesse meu caderno de esboços à mã o, poderia trabalhar em
alguns projetos.
— Por que você nã o ligou para mim ou para Phumsile para
pegar para você?
— Você estava colocando o trabalho em dia, — e ele já havia
perdido o suficiente, tirando uma semana de folga para ficar com ela.
— E Phumsile saiu correndo para fazer algumas compras.
— Isto é ridículo, — ele rosnou, alcançando-a em um passo e
balançando-a em seus braços fortes como se ela fosse um peso
pluma. — Você está sendo impossível. Por que você nã o assistiu TV
ou leu um livro ou tirou uma soneca ou qualquer coisa até Phumsile
voltar?
— Porque estou entediada agora, — ela reclamou mal-
humorada, e ele murmurou algo em italiano baixinho.
— O que isso significa? — ela exigiu saber, e ele lançou um
olhar torto de soslaio para ela antes de bufar suavemente.
— Eu disse, “Deus me livre de mulheres teimosas”, — ele
traduziu gentilmente, e ela fez uma careta.
— Eu nã o sou teimosa, — ela insistiu teimosamente, e seus
lindos lá bios se contraíram em diversã o.
— Claro que nã o. — Ele balançou a cabeça morena da maneira
mais condescendente, algo que Theresa imediatamente se opô s.
— E você nã o tem que me tratar com condescendência, — ela
fervia. — Eu nã o sou feito de vidro.
— Você é apenas minando para uma luta, nã o é? — ele meditou,
seus lá bios se curvando ligeiramente. Ela cruzou os braços sobre o
peito e manteve os olhos rebeldes fixos em sua mandíbula forte. Ele
suspirou dramaticamente e a ergueu ainda mais contra seu peito
antes de descer as escadas. Quando voltaram para o quarto dela, ele
a depositou gentilmente ao lado da cama e ficou olhando para ela
placidamente com as mã os enfiadas nos bolsos da calça cargo azul
marinho. Ela o amava em calças cargo; elas cavalgavam baixos em
seus quadris magros e certamente faziam coisas maravilhosas por
seu traseiro já lindo. Agora, enquanto ele meditava sobre ela, sua
boca ficou seca com a imagem da perfeiçã o masculina que ele
apresentava naquelas calças e sua velha camiseta favorita, uma coisa
rasgada e esticada cinza com um emblema do Batman na frente. Seu
cabelo estava uma bagunça e ele precisava muito fazer a barba, mas
ele estava absolutamente lindo e ela de repente ficou sem fô lego de
desejo por ele.
Seus olhos se estreitaram especulativamente em seu rosto
corado. Os cantos de seus lá bios puxaram para cima enquanto ele se
espreguiçava abruptamente enquanto adicionava um bocejo ao
movimento. Sua camiseta subia sobre seu abdô men tonificado e
estriado e revelava sua pele bronzeada e macia. Theresa quase
gemeu alto enquanto reprimia o desejo de estender a mã o e acariciar
a pele acetinada em exibiçã o a apenas alguns centímetros de seu
rosto. O alongamento elaborado finalmente terminou e ele gemeu
quando rolou a cabeça sobre os ombros, trabalhando as dobras de
seu pescoço.
— Estou exausto, — ele a informou com voz rouca, afundando
ao lado dela, e ela rapidamente se aproximou da cabeceira da cama.
Ele ignorou o movimento evasivo e se jogou para trá s, deitando-se
com os joelhos na beirada da cama e os pés apoiados no chã o. Mais
uma vez, sua camisa havia subido e Theresa olhou para a pele
tentadora de seu torso rasgado em silêncio. Ele levantou as mã os
para cobrir o rosto, levantando ainda mais a camisa, e suspirou
novamente. — Só me deixe descansar aqui por alguns minutos, cara.
Preciso recuperar minhas forças depois de arrastar você escada
abaixo. Você ganhou muito peso nos ú ltimos meses. — Ela ficou tã o
cativada pela imagem deliciosa que ele fez, disposta como um bufê
na frente de uma mulher faminta, que levou um momento para que
as palavras fossem absorvidas. Quando aconteceu, ela gritou de
indignaçã o e bateu em seu bíceps duro em resposta. Sua boca, a
ú nica parte de seu rosto que ela podia ver sob suas mã os, mudou
para um sorriso preguiçoso.
— Você bate como uma garota. — Ele sorriu, mantendo os
olhos cobertos e ela tentou acertá -lo novamente. Ele estava pronto
para ela desta vez e agarrou seu punho cerrado para puxá -la para ele
até que ela estivesse desajeitadamente esparramada em cima dele.
Ela tentou se desvencilhar dele, mas o braço dele a apertou como
uma faixa de ferro ao redor de sua cintura, mantendo-a no lugar com
o menor dos esforços.
— Me solte, — ela exigiu entre os dentes cerrados,
contorcendo-se com urgência enquanto tentava se afastar dele. Para
sua frustraçã o, ela mal conseguia se mover e, eventualmente, ela se
cansou e parou de se mover. Suas mã os estavam apoiadas em seu
peito largo e duro enquanto ela tentava manter a parte superior de
seu corpo longe dele; um de seus pés estava pendurado na lateral da
cama e o outro estava preso entre as pernas dele. Ela olhou para o
rosto dele, mas seus olhos estavam fechados e ele parecia tã o
relaxado que por um momento implausível ela realmente acreditou
que ele poderia ter adormecido. Suas pá lpebras se ergueram
preguiçosamente quando ela parou de se mover.
— Apenas relaxe, ok? — ele implorou, cansado.
— Eu nã o consigo relaxar assim, — ela sussurrou, e ele gemeu
antes, com aparentemente grande esforço, ele se mexeu até que
ambos estivessem deitados no meio da grande cama. Ele estava de
costas, com os pés calçados com meias, porque de alguma forma
conseguiu tirar os tênis amarrados nos tornozelos. Ela estava
esticada ao lado dele e ele tinha um braço duro em volta da cintura
dela e o outro enrolado sob sua cabeça. Como ele conseguiu mudar
suas posiçõ es sem soltá -la uma vez permaneceu um mistério para
ela.
— Você ainda nã o está relaxada, — ele observou depois de
alguns minutos de silêncio, e ela levantou a cabeça de onde estava
descansando logo abaixo de sua axila e franziu a testa mal-humorada
em seu rosto.
— Claro que nã o, — ela retrucou. — Como vou relaxar quando
você está exatamente onde eu nã o quero que você esteja?
—Você trouxe isso para si mesma. — Ele deu de ombros,
despreocupado.
— Como diabos eu fiz isso?
— Nã o seguindo as ordens do médico, — ele murmurou,
parecendo meio adormecido. — Esta é a ú nica maneira de ter
certeza de que você ficará na cama.
— Eu nã o vou fazer sexo com você, — ela disse, e ele suspirou,
o som tã o sofrido que Theresa se arrepiou.
— Claro que nã o, mas você vai dormir comigo, — ele informou
a ela, sua voz cheia de propó sito sombrio. — Entã o é melhor você
relaxar. — Ela nã o disse nada, apenas permaneceu tensa como uma
mola enrolada ao lado dele. A mã o que ele tinha descansando em sua
cintura começou a varrer preguiçosamente para cima e para baixo
em seu lado, enquanto ele trazia o outro braço para colocar a mã o
grande em seu abdô men, onde o bebê descansava. Ela ficou ainda
mais tensa, mas ele nã o fez nada mais ameaçador do que acariciá -la
gentilmente. Gradualmente ela começou a relaxar, permitindo que
seus pensamentos vagassem um pouco.
— Você já pensou em nomes para o bebê? — ele perguntou
depois de quase meia hora de silêncio cada vez mais confortável, e
Theresa estava tã o relaxada naquele momento que nem conseguiu se
indignar com o que considerava um assunto proibido.
— Hmmm... — ela gemeu, inalando seu cheiro quente e limpo
com visível prazer. —Gosto dos nomes Kieran e Ethan. Liam talvez,
mas estou inclinada para Alex... — Sua voz sumiu desajeitadamente
quando ela percebeu o que havia revelado e esperava que ele nã o
notasse. Mas este era Sandro e ele era mais afiado do que um prego.
— Alex? — ele observou casualmente. — Alexandre?
Estúpida, estúpida tola! Ela se repreendeu com raiva. Como ela
poderia ter revelado que estava inclinada a dar o nome dele ao filho?
Ele nã o disse mais nada sobre o assunto e ela relaxou depois de
alguns minutos tensos.
— E quanto a nomes de meninas? — ele perguntou. — Você nã o
pensou em nenhum? — Claro que ela nã o tinha pensado em
nenhum. Ela iria ter um menino. Ela se recusou a responder a sua
pergunta.
— Gosto do nome Lily, — ele murmurou, sua voz quase
sonhadora enquanto continuava a acariciar suavemente o leve
montículo de seu abdô men. — Ou Sofia... Lily teria cabelo preto
como o meu, mas lindos olhos verdes como os seus, mas acho que
uma Sofia deveria ter cabelo ruivo e olhos castanhos, nã o é? — Ele
nã o esperou pela resposta dela, simplesmente continuou com aquela
mesma voz sonhadora. — Lily seria uma criança doce, mas Sofia, ela
é temperamental. Ela gosta de jogar coisas…—
— Pare com isso, — ela sibilou. — Não haverá Lily ou Sofia!
Haverá um Liam ou um Ethan, talvez um Kieran ou um Alex, e ele
terá cabelos ruivos e olhos verdes. Ele será uma criança doce e
adorável. — Ele nã o comentou, apenas manteve os movimentos
suaves e nã o ameaçadores de suas mã os grandes e fortes. Um pouco
depois, as carícias preguiçosas diminuíram, antes de parar
completamente e as mã os dele ficaram pesadas em seu corpo. Ele
caiu pesadamente contra ela e um ronco suave confirmou que ele
havia adormecido. Theresa suspirou baixinho antes de se permitir
adormecer também.
A luz natural do quarto tinha um brilho laranja quente quando ela
acordou mais tarde e viu que era logo apó s o anoitecer, o que
significa que ela dormiu por quase cinco horas. Ela suspirou
preguiçosamente, sentindo-se notavelmente quente e confortável
com a cabeça apoiada no peito duro de Sandro e o pescoço apoiado
no braço dele. Esse mesmo braço estava enrolado em torno de seus
ombros com a mã o grande aconchegada logo abaixo do seio direito.
Uma de suas mã os estava dobrada sob sua bochecha e a outra
estava... ela ficou tensa abruptamente quando descobriu onde sua
mã o audaciosa tinha parado. Foi colocado sobre a protuberâ ncia
firme de sua virilha. Uma protuberâ ncia que estava crescendo e
endurecendo rapidamente sob sua palma.
— Nã o entre em pâ nico, — rosnou a voz sonolenta de Sandro. O
profundo teor de sua voz retumbou no peito sob sua cabeça. — Não...
nã o é nada.
— Nã o parece nada para mim. — Sua pró pria voz estava rouca
de sono, e ela se surpreendeu quando, em vez de seguir seu primeiro
instinto e arrancar a mã o de sua virilha, ela gentilmente e quase
timidamente, enrolou sua mã o ao redor do grosso eixo de carne.
— Madre de Dio, cara…, — engasgou com a voz estrangulada. —
Que diabos está fazendo?
— Nada, — ela murmurou, sua pequena mã o acariciando e
acariciando-o da mesma forma que ele tinha feito com ela antes. Só
que isso era muito menos inocente.
— Theresa. — Sua voz estava tensa. — Querida, por favor, se
você continuar fazendo isso, eu nã o sei... eu nã o acho...
— Nã o pense, — ela ronronou, levantando a cabeça de seu
peito para encontrar seus suplicantes olhos castanhos. — Essa é uma
boa ideia.
— O que diabos deu em você?
Theresa realmente nã o sabia a resposta para isso, só sentia
falta de tê-lo em sua cama, em seus braços e em seu corpo nos
ú ltimos meses. Logicamente, ela sabia que seus hormô nios em fú ria
tinham muito a ver com seus impulsos indesejados, mas também
sabia que grande parte disso poderia ser atribuído ao seu amor e
desejo irritantemente eterno por ele.
— Theresa, eu nã o acho que isso é o que o médico tinha em
mente quando ele recomendou repouso na cama e você realmente
nã o quer isso... — ele murmurou, estendendo a mã o para arrastar a
mã o dela para longe de seu comprimento tenso e totalmente ereto.
— Eu quero, — ela protestou, tentando puxar sua mã o livre de
seu aperto forte.
— Nã o... você está ... eu nã o sei... seus hormô nios estã o fora de
controle por causa da gravidez, é por isso que você se sente assim. —
Sua voz falhou quando uma de suas coxas esbeltas se moveu para
onde sua mã o estava. Ele gemeu impotente quando ela aplicou uma
leve pressã o e relaxou seu domínio sobre ela. Isso era tudo que ela
precisava, e ela estava montada nele antes que qualquer um deles
percebesse sua intençã o. De repente, seu quente monte feminino se
apertou contra ele e ambos gemeram. Theresa observou a cabeça
dele inclinar-se para trá s no travesseiro e sorriu com uma satisfaçã o
felina quando as mã os dele caíram sobre as coxas dela para arrastá -
la ainda mais para perto. Ela apoiou as mã os em seu peito largo para
manter o equilíbrio e continuou a se esfregar sensualmente contra
ele.
— Eu acho que você pode estar certo, — ela finalmente
engasgou. — Sobre os hormô nios... eu quero você, mas nã o quero
querer você. — Sua frustraçã o consigo mesma e com a situaçã o
nublava seus olhos verdes claros, e seu olhos ficaram tempestuosos
com algum tipo de emoçã o impiedosamente reprimida.
— Sssh... querida... eu li que mulheres grávidas à s vezes, bem, a
maioria vezes, realmente… — Sua voz falhou enquanto ele lutava
para encontrar a palavra certa, sua mente obviamente nã o estava no
que ele estava dizendo quando o suor começou a escorrer de sua
testa e seus olhos assumiram um olhar vidrado e distante.
— Tesã o? — ela forneceu, e ela sentiu o choque total em sua
imobilidade absoluta. Ela nunca havia usado a palavra antes, embora
ele o tivesse feito em vá rias ocasiõ es.
— Sim… — ele disse, depois de limpar a garganta sem jeito.
— Porque eu estou, — ela reiterou, desfrutando imensamente
de seu desconforto enquanto continuava a se mover sensualmente
contra ele. Seus quadris estavam começando a se esticar
ligeiramente para cima com cada movimento preguiçoso que ela
fazia, e ela saboreava o poder absoluto que tinha sobre ele.
— Você disse que nã o haveria sexo, — ele a lembrou
desesperadamente, sua respiraçã o se tornando mais difícil. — E eu
nã o acho que podemos fazer sexo enquanto você está em repouso na
cama.
— Mas talvez possamos brincar um pouco? — Ela sorriu para o
rosto chocado do marido, sentindo-se como o gato que roubou o
creme. Ele ergueu um de seus braços e cobriu os olhos, reprimindo
um grito de prazer e angú stia quando ela exerceu mais pressã o
exatamente onde importava. Ele levantou o braço de seu rosto, e
seus olhos febris perfuraram os dela. Seu rosto estava tenso com o
controle que ele estava exercendo sobre si mesmo, os planos á speros
destacando-se em relevo acentuado sob sua pele bronzeada. Ele
estendeu a mã o e emaranhou as mã os grandes em seu cabelo ruivo
desgrenhado, puxando-a para ele até que seus lá bios estivessem
separados por um fô lego, mas Theresa sorriu serenamente para
baixo em seu rosto tenso e empurrou as mã os em seu peito arfante
para forçar alguma distâ ncia entre eles. Ele relutantemente a deixou
ir, abrindo mã o da oportunidade de usar seu tamanho maior e força
superior contra ela, obviamente contente, por enquanto, em deixá -la
controlar os eventos.
— Theresa, por favor, — ele implorou. — Me dê sua boca. Eu
preciso provar você... por favor.
— Sem lá bios. — Ela balançou a cabeça. — Isto nã o é... — Ela
hesitou, e os olhos dele brilharam e o corpo dele ficou imó vel
debaixo dela, tenso com a tensã o.
— Nã o é o quê? — Ele demandou. — Nã o é o quê, Theresa?
— Pessoal… — ela completou em um sussurro, e ficou chocada
e consternada quando viu um lampejo de má goa em seus olhos
geralmente ilegíveis.
— Isso parece muito pessoal para mim, cara, — ele sibilou.
— Eu só ... preciso você, — ela meio soluçou, e ele balançou a
cabeça, agarrando seus quadris estreitos entre suas mã os grandes.
— Eu nã o. — Ele balançou a cabeça, mantendo os quadris dela
firmes enquanto se apertava contra ela. Ela estremeceu de prazer
involuntá rio. — Isso!
— Sim, — ela gritou, empurrando-se contra ele. — Por favor…
— Nã o vou deixar você me usar assim, Theresa. — Sua voz era
tã o frá gil que rachou.
— Por que nã o? — ela lamentou, lá grimas de frustraçã o, raiva e
desgosto escorrendo por suas bochechas. — Você me usou
exatamente da mesma maneira, e também manteve isso impessoal.
Sem beijos, sem abraços, sem intimidade, sem conversa, sem calor...
nada! Você tirou tudo do ato, exceto o essencial, e agora, isso é tudo
que eu quero de você.
— O que é isto? Algum tipo de vingança? Quer que eu veja como
é ser usado? Bem, você está fazendo um ó timo trabalho, Theresa.
Considere isso uma liçã o bem aprendida. — Ele usou sua força
superior e a levantou de cima dele como se ela nã o pesasse nada, e
ela se enrolou em uma bola humilhada, lá grimas escorrendo pelo
rosto enquanto seu corpo inteiro se contraía com a frustraçã o sexual
e emocional.
— Eu nã o estava tentando provar nada, — ela protestou
densamente. —Eu só nã o queria me envolver emocionalmente de
novo! Eu nã o queria começar a pensar que havia algo além de
atraçã o física entre nó s. Nã o posso me dar ao luxo de cometer esse
erro novamente.
— Mi dispiace, cara, — ele disse com pesar enquanto se
levantava e enfiava as mã os nos bolsos para olhar para ela. — Eu nã o
posso te dar o que você quer. Nã o do jeito que você quer.
— Você fez isso antes, — ela apontou, sentando-se e limpando
suas bochechas quentes e molhadas. — Podemos simplesmente
voltar a isso.
— Nã o há como voltar a isso, — ele negou duramente. — Nunca
mais.
— Eu sei que nã o sou seu tipo. — Ela se esforçou para soar
casual sobre esse fato doloroso e ignorou o leve som de desâ nimo
que parecia ressoar do fundo de seu peito largo. — Comparado a
todas aquelas supermodelos e atrizes, sei que sempre fui a senhorita
Dull e Dowdy, mas você esqueceu isso uma vez. pensei que talvez…
— Você está procurando elogios? — ele perguntou, seu rosto
enrugado em um olhar incrédulo. — Porque eu sei que você nã o
pode estar falando sério com esse monte de bobagem! — Ela olhou
para o rosto indignado dele, e ele soltou uma risada incrédula com a
confusã o em seus olhos.
— Bem, como explicar o fato de que você mal consegue olhar
para mim? — Ela recuperou a voz alguns momentos depois, e ele
estremeceu com o doloroso embaraço e angú stia que ela nã o
conseguia disfarçar. — Eu sei o quanto você odiava me tocar. Eu
podia ser virgem quando nos casamos, Alessandro, mas sabia o
suficiente para entender que um homem que tem que beber até ficar
tonto antes de tocar uma mulher, um homem que mal consegue
trocar uma palavra civilizada com ela e tem que esfregar o cheiro e
toque de sua pele assim que ele é capaz de se levantar depois do
sexo... um homem assim tem que sentir repulsa pela mulher em sua
cama. — Outro som á spero foi arrancado de seu peito, e ele levantou
as duas mã os para esfregar seu rosto e olhos e em seu cabelo,
deixando-o em pontas bagunçadas. Finalmente ele ficou lá , olhando
para ela com os dedos entrelaçados na nuca, aparentemente incapaz
de responder à s palavras dolorosas dela.
Ele se sentou ao lado dela, arrastou-a de volta para seu colo e
gemeu impotente. Ele a virou até que ela estava montada nele
novamente. Desta vez, ele levantou os joelhos para apoiar as costas
dela e envolveu os braços ao redor de seu corpo esguio, construindo
uma gaiola humana fortificada ao redor de seu corpo trêmulo.
— Theresa... — ele gemeu, enterrando o rosto em seu cabelo
macio e perfumado. —Eu quero você, cara. Eu sempre quis você. —
Ele segurou a parte de trá s da cabeça dela com as palmas das mã os e
olhou fixamente para ela, tentando transmitir sua seriedade por
pura força de vontade. Os olhos cheios de lá grimas de Theresa
varreram seu rosto mortalmente sério e ela se viu incapaz de ler sua
expressã o. Mais uma vez ele tinha suas emoçõ es sob controle rígido
e mesmo que ele estivesse dizendo as palavras, ela nã o sabia se ele
estava sendo sincero.
— Você nã o tem que mentir, — ela sussurrou, deixando cair a
cabeça em um de seus ombros largos e fechando os braços ao redor
de suas costas largas, sentindo-se segura, aquecida e protegida. —
Desculpe ter tocado no assunto de novo, Sandro. Eu nã o queria. Nã o
quero continuar jogando o passado de volta na sua cara assim. Eu
reconheço o quã o difícil deve ter sido a situaçã o para você e...
— Pare com isso. — Ele finalmente interrompeu o burburinho
de palavras que ela nã o conseguia controlar. — Apenas pare. Sim, a
situaçã o estava além do meu controle. Foi, e ainda é, incrivelmente
difícil, mas isso nã o significa que você mereceu o tratamento que
recebeu de mim e certamente nã o significa que eu nunca quis você.
Theresa, na maioria das noites eu mal conseguia manter minhas
mã os gananciosas longe de você.
— Você nã o conseguia? — Ela ergueu a cabeça de seu ombro
para olhar para seu rosto sombrio.
— Por que você acha que eu insisti em dividirmos a cama? —
ele apontou. — Dessa forma, eu nã o teria que ir procurá -la quando
minha necessidade por você anulasse todo o resto.
— Ah… — ela respondeu.
— Sim... “ah”. — Ele assentiu. — E apesar de todos os meus
estratagemas idiotas para manter a intimidade entre nó s ao mínimo,
lembre-se de que culpei você por este casamento tanto quanto culpei
seu pai, nunca me cansei de você.
— Ah...— ela murmurou redundantemente, e seus lá bios se
contraíram em um pequeno sorriso.
— É por isso que eu nunca dormi com aquelas mulheres que os
tabloides tentavam juntar, — ele sussurrou, seus longos polegares
acariciando a pele acetinada esticada sobre suas maçã s do rosto
salientes.
— Você realmente nã o dormiu com nenhuma delas? — ela
perguntou em uma voz baixa e incerta, e ele assentiu, nunca
desviando os olhos dela.
— Por que eu deveria? Quando eu tinha vocês esperando por
mim em casa, — ele rosnou, e ela piscou para conter as lá grimas, que
ameaçavam transbordar.
— Por que eu deveria acreditar em você? — ela perguntou.
— Por que eu mentiria para você? Nã o tenho nada a ganhar
com isso; nó s vamos nos divorciar, seguir caminhos separados em
alguns meses... certo? — O ú ltimo surgiu um pouco incerto, e
Theresa piscou com o lembrete indesejado.
— Certo. É claro. — Ela assentiu.
— Entã o, mentir sobre isso agora nã o adiantaria nada. — Ele
encolheu os ombros.
— Obrigada. — Ela nã o tinha certeza do que estava
agradecendo a ele. Falando a verdade? Nã o estar dormindo com
aquelas mulheres? Tudo o que ela sabia era que se sentia
incrivelmente aliviada porque a humilhaçã o pú blica doía muito
menos agora que ela sabia que os rumores de suas muitas
infidelidades eram infundados. Ela excluiu a lembrança dolorosa e
persistente da onipresente Francesca e deixou cair a cabeça para trá s
em seu ombro. Ele acariciou suas costas suavemente. Nã o havia mais
nada sexual em seu abraço, apenas conforto e apoio, que Theresa
precisava mais do que a liberaçã o física que ela ansiava antes.
— Você deve estar morrendo de fome, — ele murmurou em seu
cabelo, levantando a cabeça para sorrir em seus olhos. — Vou pegar
algo para comermos. Podemos jantar e assistir a um filme na cama,
ok? Ela assentiu com a cabeça e relutantemente permitiu que ele a
levantasse de seu colo. Ele deu um doce beijo na cabeça dela e saiu
do quarto com um sorriso.
CAPÍTULO NOVE

Esse dia foi um marco de virada em seu relacionamento difícil. A


paz permaneceu e junto com ela um respeito mú tuo e cada vez mais
profundo floresceu entre eles. Sandro a consultou sobre algumas de
suas decisõ es de negó cios, parecendo valorizar suas opiniõ es e
seguir seus conselhos. Seguindo a sugestã o dele, Theresa começou a
pedir sua opiniã o sobre alguns de seus designs e desenvolveu uma
grande admiraçã o pelo olhar que ele parecia ter para joias de
qualidade. Com seu incentivo, ela começou a tentar peças mais
difíceis usando novos meios e ficou agradavelmente surpreendida
com os resultados.
A vida era melhor, mas nã o perfeita - eles ainda dormiam
separados por insistência de Theresa. Enquanto ele a acompanhava
em todas as consultas médicas e até era seu treinador nas aulas de
parto natural que ela começou a frequentar, Theresa quase nunca
falava com ele sobre o bebê e fazia o possível para desencorajar
qualquer discussã o. Lisa deveria ser sua treinadora, mas sua prima
estava ocupada com Rhys e prometeu estar lá para o nascimento,
mas nã o conseguiu cumprir o compromisso nas aulas. Isso, é claro,
significava que Sandro nã o passava de um substituto temporá rio, o
que ela sabia irritar o ego dele. Francesca ainda pairava entre eles e,
embora Theresa tivesse o cuidado de nunca mencionar o nome da
outra mulher, ela nunca estava longe da mente de Theresa.
Sandro tinha ido à Itá lia algumas vezes durante os ú ltimos três
meses e depois de checar compulsivamente a Internet por qualquer
notícia sobre ele enquanto ele estava fora, ela finalmente encontrou
fotos dos dois juntos, participando de algum evento glamoroso em
Milã o. Ela nã o conseguiu ler o artigo em italiano, mas era uma
extensa reportagem de quatro pá ginas sobre o evento de Sandro e
Francesca Delvecchio, como as legendas a identificavam, eram duas
das pessoas mais bonitas ali presentes. Entã o é claro que havia pelo
menos uma dú zia de fotos deles sorrindo, dançando e bebendo.
Sandro parecia tã o relaxado e feliz com a morena linda e escultural
em seu braço que Theresa nã o conseguia parar de olhar para as
fotos. Era assim que ele deveria estar no dia do casamento,
despreocupado e apaixonado. Em vez disso, seu rosto parecia que
iria se rachar se ele inclinasse os cantos dos lá bios. Doeu fisicamente
ver aquelas fotos, mas a que a dilacerou foi dele se curvando para
dar um beijo na bochecha de Francesca. Ela nunca tinha visto duas
pessoas mais iguais.
Theresa suspirou e se sacudiu levemente, ao se pegar pensando
naquela imagem novamente. Fazia mais de um mês desde que ela a
vira, e ela nã o havia mencionado isso para Sandro, sabendo que isso
iria adiantar pouco, especialmente com a separaçã o deles se
aproximando em menos de três meses. Ela passou a mã o
gentilmente pelo monte de seu estô mago, do tamanho de uma bola
de futebol, tentando aliviar o bebê que se movia inquieto sob seu
toque. Ela nã o tinha o direito de sentir ciú mes, apesar do fato de que
eles tinham um relacionamento muito melhor agora do que durante
o primeiro ano e meio de casamento. Ela nã o podia perder de vista
que eles eram casados apenas de nome e se separariam assim que o
bebê nascesse.
Ela havia começado a decorar o quarto do bebê, e Sandro, que
teve um ataque um dia quando voltou cedo do escritó rio para
encontrá -la empoleirada em uma escada tentando pintar as paredes,
tinha feito a pintura. Ela passava muito tempo no berçá rio,
acrescentando pequenos toques aqui e ali, muitas vezes saindo e
comprando mó veis e brinquedos. Realmente havia muito pouco a
fazer, mas ela continuou adicionando pequenos brinquedos de
pelú cia e pequenas roupas infantis. O esquema de cores era creme e
lilá s pá lido. Ela começou com azul, mas um dia voltou para casa
depois de visitar Lisa e descobriu que Sandro havia mudado a cor
para algo mais “neutro em termos de gênero”, como ele havia dito.
Ela nã o protestou muito porque achou o novo esquema de cores
suave e mais bonito do que o azul no branco que ela havia planejado.
Ela também encontrou toques de Sandro em outro lugar no
berçá rio. Ele comprou brinquedos — brinquedos de meninas.
Bonecas de pelú cia, ursinhos de pelú cia, pô neis de brinquedo,
qualquer coisa que o coraçã o de uma garotinha possa desejar.
Theresa optou por nã o os reconhecer de forma alguma, e toda vez
que ela encontrava um, geralmente escondido entre os brinquedos
que ela havia comprado, ela o relegava para o canto mais distante do
lindo berço que eles haviam escolhido juntos. Havia uma grande
coleçã o se formando na á rea que ela apelidou de Toy Siberia. Ela nã o
sabia Por que ele continuou comprando essas coisas e ela se recusou
a perguntar. Ele nunca mencionou a pilha de brinquedos que ela
havia guardado no canto, mas obstinadamente continuou
acrescentando mais e mais ao berçá rio.
Suas duas horas três vezes por semana se ramificaram em
algumas horas todos os dias. Nã o havia mais um limite de tempo
para a quantidade de tempo que passavam juntos porque Theresa
havia parado de aplicá -lo assim que ficou claro que Sandro iria se
esgueirar um pouco todos os dias. Tornou-se mais fá cil fingir nã o
perceber. A saú de de Theresa continuou a oscilar, sua gravidez sendo
muito mais difícil do que ela, Sandro ou o médico jamais haviam
previsto. Ela havia sido diagnosticada com pré-eclâ mpsia no mês
anterior, e Sandro havia se tornado uma velha paranó ica sobre o que
ela podia ou nã o fazer. Ele até parou de ir para o escritó rio,
trabalhando em casa e pairando 24 horas por dia, sete dias por
semana. Ela nã o sabia como passaria os dois ú ltimos meses de
gravidez sem recorrer a algum tipo de violência, porque o homem a
estava deixando completamente louca.
Agora ela estava sentada com os pés para cima, olhando
tristemente para a chuva que caía lá fora. Era uma tarde de
primavera excepcionalmente ú mida e miserável, e Theresa há muito
havia abandonado seu livro em favor de seus pensamentos
turbulentos. Ela estava tã o absorta naqueles pensamentos que nã o
ouviu Sandro entrar, e quase pulou de susto quando sentiu uma
grande mã o em seu ombro.
— Eu nã o queria te assustar, — ele murmurou, curvando-se
para dar um beijo rá pido na pele macia e exposta onde seu ombro e
pescoço se encontravam. — Eu chamei seu nome pelo menos duas
vezes, mas você estava totalmente envolvida em seu pró prio
mundinho.
— Eu só estava pensando... — Ela deu de ombros, sua voz
falhando.
— Sobre?
— Tudo. Nada. — Outro encolher de ombros indiferente.
— Como você está se sentindo? — ele perguntou, ficando de
có coras na frente dela.
— Estou bem. Um pouco cansada... — Ele ergueu a mã o e
gentilmente traçou uma de suas delicadas maçã s do rosto com o
polegar antes de se levantar agilmente e se sentar no sofá ao lado
dela. Nenhum dos dois disse nada por um tempo; eles apenas
ouviram a chuva e a observaram caindo pela janela como uma
cachoeira.
— Eu quero que você conheça meu pai, — ele de repente
anunciou inesperadamente, e ela congelou antes de virar a cabeça
lentamente para encontrar seus olhos taciturnos.
— O que?
— Meu pai, — ele repetiu, e ela mordeu o lá bio antes de
pigarrear com incerteza.
— Eu nã o sei se isso é... — Ela começou, mas ele a interrompeu
antes que ela pudesse terminar.
— Sua condiçã o está se deteriorando rapidamente, — disse ele
abruptamente. Sua voz falhou um pouco quando ele disse as
palavras e sua mandíbula cerrou.
— Ah, Sandro, eu sinto muito, — ela sussurrou, seus olhos
brilhando de simpatia por ele. — Quando é o seu voo?
— Eu nã o vou embora, — ele disse a ela severamente, e seus
olhos sombreados em confusã o, antes de queimar quando ela
percebeu por que ele se recusou a ir e ficar com seu pai.
— Sandro. — Sua voz era tã o baixa que mal chegava ao homem
que estava sentado a centímetros dela. — Você nã o pode ficar por
minha causa. Você tem que ir e estar com sua família. Seu lugar é
com eles agora.
— Você também é minha família, Theresa, — ele retrucou, um
redemoinho de frustraçã o e dor brotando em seus olhos. — E eu me
recuso a deixar você aqui sozinha.
— Dificilmente sozinha, Sandro, — ela dispensou alegremente.
— A equipe, Lisa e Rick, e até meu pai estã o aqui para me ajudar. Vá
para casa, para sua família.
— É aqui que eu tenho que estar, é aqui que eu vou ficar. Pare
de discutir comigo, pelo amor de Deus! — ele rosnou.
— Você não vai me culpar por isso também, Sandro, — ela
fumegou impotente. Ela reconheceu a inclinaçã o teimosa de sua
mandíbula e a resoluçã o de aço em seus olhos e sabia que ele estava
decidido. Ele nã o mudaria de assunto a menos que algo drá stico
acontecesse para fazê-lo mudar de ideia. — A ú nica razã o pela qual
você está aqui agora é por causa do meu pai e seu pequeno esquema
corrupto de chantagem! Meu pai e eu já bagunçamos bastante sua
vida e sua família; nã o piore as coisas ficando aqui comigo de todas
as pessoas, quando a família pela qual você sacrificou sua liberdade
mais precisa de você.
— Nunca mais, — ele fervia, agarrando e segurando a mã o dela
com tanta força que quase cortou a circulaçã o, — se coloque na
mesma categoria que seu pai novamente, Theresa. Nada disso é sua
culpa e agora você precisa de mim também.
— Eu nã o preciso de você, — ela enunciou claramente. — Eu
me recuso a deixar você se martirizar assim. Dever acima de tudo.
Isso está certo? O sofredor Sandro, que está sempre fazendo a coisa
certa e sempre colocando as necessidades dos outros antes das suas.
Sacrificando sua felicidade no altar da obrigaçã o familiar. Nã o vou
ser sua obrigaçã o, Sandro. Eu me recuso. Vá e fique com sua família!
— Vocês sã o minha família, droga! Você, você, você! — Ele
gritou, e ela deu um pulo de susto, seu queixo caindo quando ele
saltou do sofá para pairar sobre ela furiosamente. Tã o raramente
Sandro perdia a calma que Theresa olhava para seu rosto frustrado e
miserável em silêncio chocado. Todo o ar pareceu deixar suas velas e
seus ombros caíram quando ele caiu de joelhos na frente dela,
trazendo seus olhos para baixo ao mesmo nível dos dela. — Eu quero
estar aqui com você. Por que é tã o difícil para você entender? — Sua
voz caiu para um sussurro. Seus olhos de repente, chocantemente,
cheio de umidade, que ele nã o fez nenhuma tentativa de esconder
dela, e ele murmurou algo em italiano, sua voz carregada de emoçã o.
Ela mordeu o lá bio e balançou a cabeça.
— Eu nã o entendo, — ela sussurrou com pesar, e ele estendeu a
mã o para segurar seu rosto.
—Meu pai está morrendo, cara, — repetiu ele em inglês, a voz
absolutamente embargada pela emoçã o. — Por favor, eu preciso que
você nã o lute comigo agora. — Ela assentiu com a cabeça e estendeu
as duas mã os para acariciar o cabelo dele para trá s de sua testa larga
e orgulhosa. O gesto pareceu desfazê-lo, e seu rosto se enrugou antes
que ele envolvesse seus braços fortes em volta da cintura grossa dela
e enterrasse o rosto no monte de seu estô mago enquanto Theresa
enrolava a parte superior do corpo protetoramente sobre a cabeça
dele enquanto sussurrava pequenos trechos suaves em seu cabelo.
— Sinto muito, — disse ela suavemente. — Eu nã o queria
tornar isso mais difícil; eu apenas pensei que você estava ficando
fora de algum senso equivocado de honra e obrigaçã o. Eu odiaria
isso, Sandro. Eu odiaria que você ficasse e se... se o pior acontecesse,
você me culparia porque nã o poderia estar ao lado dele.
— Eu sei, — ele murmurou, erguendo a cabeça para olhá -la, seu
rosto inescrutável, apesar da turva emoçã o que ela podia ver em
seus olhos. — E eu posso ver por que você pensaria isso. Eu culpei
você demais no passado e a tratei terrivelmente, mas você tem que
acreditar em mim quando digo que a ú ltima coisa no mundo que
quero fazer é machucar você, Theresa. — Ela nã o disse nada,
sabendo que mesmo que nã o fosse intencional, ele ainda a
machucaria quando finalmente partisse. E novamente quando eles se
divorciassem e ele acabasse se casando com Francesca. Todas essas
coisas eram tã o inevitáveis quanto o pô r do sol. Eles aconteceriam e
a devastariam.
— Entã o, o que você quer me perguntar? — ela perguntou, sem
reconhecer suas palavras fervorosas. A omissã o nã o passou
despercebida e Sandro estremeceu um pouco antes de respirar
fundo e erguer-se dos joelhos para se sentar no sofá ao lado dela,
inclinando o corpo para poder encará -la.
— Eu quero que você conheça meu pai, — ele repetiu, e os
olhos dela mostraram sua confusã o.
— Eu nã o tenho certeza se entendi. Você sabe que o doutor
Shelbourne proibiu qualquer voo durante meu terceiro trimestre.
Ele sorriu levemente antes de balançar a cabeça. — Theresa,
cara, você realmente precisa alcançar o século XXI, — ele brincou
sem entusiasmo. Tornou-se uma piada constante entre ele e Rick, de
todas as pessoas, que Theresa era tã o atrasada tecnologicamente. Ela
mal conseguia mexer no celular, entã o enviar e-mails, mensagens
instantâ neas e todas as outras formas de envio de mensagens
eletrô nicas a deixavam completamente perplexa. Ela havia apagado
os discos rígidos de três laptops em tantos anos e agora mantinha
seus registros estritamente em papel em um arquivo em seu
escritó rio.
— Entã o, o que você tem em mente? — ela perguntou.
— Certamente nada que envolva você ou meu pai voando para
qualquer lugar. Você nunca ouviu falar em videoconferência? — ele
perguntou, puxando para trá s uma mecha de cabelo que havia
escorregado de sua â ncora atrá s da orelha, para balançar em seu
rosto. Ultimamente ele sempre fazia pequenas coisas assim; ele
estava sempre tocando-a, acariciando-a, e depois de seu desconforto
inicial com todo o contato, Theresa agora mal notava e apenas
gostava dos mimos.
— Aquela coisa em que você tem uma reuniã o e pode ver
pessoas do outro lado do mundo em um monitor na sala? — ela
perguntou vagamente, e ele sorriu.
— Sim… eu costumo falar com minha família na Itá lia por esse
meio, — revelou.
— Ok. — Ela assentiu lentamente. — Entã o, quando você quer
fazer isso?
— Eu estava pensando esta noite? — ele perguntou, e seu
estô mago deu uma volta lenta e nervosa antes que ela assentisse
novamente.
— Tudo bem, — ela disse novamente, na verdade fisicamente
incapaz de dizer muito mais.
— Eles vã o adorar você, — ele assegurou, apertando a mã o
dela.
— Eles? — ela perguntou enjoada, de repente cheia de dú vidas.
— Eu pensei que seria apenas seu pai.
— Minha mã e e minha avó provavelmente estarã o lá e talvez
algumas de minhas irmã s também. Com meu pai tã o doente, elas
provavelmente estã o todas lá .
— Seu pai está em casa?
Ele assentiu com a cabeça, seus olhos escurecendo novamente.
— Ele se recusa a ser hospitalizado. Ele diz que se vai morrer,
quer morrer em casa. Ele tem os melhores cuidados médicos e
instalaçõ es que o dinheiro pode oferecer a ele em casa.
— Isso é compreensível. — Ela assentiu com simpatia. — Ele
esperou tanto tempo para voltar para casa. — Houve um momento
de silêncio constrangedor.
— Estou muito feliz por você conseguir recuperá -lo para ele,
Sandro, — ela deixou escapar impulsivamente. — Mesmo que isso
custe mais do que deveria. — Mais uma vez o silêncio, antes que ele
assentisse tenso, seu rosto sombrio parecendo esculpido na rocha.
— Entã o eles sabem que eu estarei... eles estã o esperando me
encontrar? — Ela quebrou o silêncio desconfortável alguns
momentos depois e ele limpou a garganta.
— Eu tenho feito barulho sobre querer que eles conheçam você
por um tempo agora, — ele informou. — Entã o eles nã o ficarã o
muito surpresos com isso.
— Sempre pensando no futuro, nã o é? — ela perguntou com
uma pitada de ressentimento.
— Se você quer dizer que eu esperava ter que apresentá -lo ao
meu pai moribundo por esses meios nada ideais, entã o não, eu nã o
estava realmente me preparando para essa eventualidade! — ele
rebateu irritado.
— Eu nã o quis dizer isso, — ela sussurrou defensivamente.
— Claro que nã o, — ele concordou sarcasticamente.
Atormentada, ela conseguiu levantar sua forma volumosa do sofá ,
ignorando-o quando ele pulou para oferecer ajuda.
— Estou cansada, acho que vou tirar uma soneca antes do
jantar, — ela disse cansada. — Vejo você mais tarde. — Ela o deixou
para trá s sem um ú nico olhar para trá s, simplesmente doente e
cansada da tensã o constante com a qual ambos tinham que conviver.

— Você está pronto? — ele perguntou baixinho algumas horas


depois. Ambos estavam em seu enorme escritó rio, onde ele havia
montado o computador e a câ mera para a videoconferência.
Nenhuma simples webcam e tela de computador para Sandro, ele
tinha uma câ mera de vídeo adequada com uma grande tela de
q g
televisã o configurada. Ele explicou que isso permitiria que sua
família visse os dois ao mesmo tempo, explicando ainda que seus
pais tinham uma configuraçã o semelhante em casa.
— Tã o pronta quanto jamais estarei, suponho. — Ela assentiu
nervosamente, e ele a levou para um sofá grande e confortável que
estava de frente para a câ mera. Ele se certificou de que ela estava
sentada confortavelmente antes de se ajoelhar na frente dela
inesperadamente.
— Sinto muito por mais cedo, — ele disse suavemente, seus
olhos escuros penetrantes enquanto olhavam fixamente para ela. —
Estar perto de você é uma experiência curiosamente humilhante.
Acho que nunca me desculpei tanto com uma pessoa em toda a
minha vida antes. Eu sempre pareço estar errado com você.
— Você está sob muita pressã o emocional no momento, Sandro,
e sei que provavelmente nã o estava facilitando as coisas para você.
Por favor, esqueça isso. — Ele suspirou profundamente antes de
assentir e se sentar ao lado dela. Ele pegou um pequeno controle
remoto da mesa de centro na frente deles e ligou a câ mera,
apontando para a luz vermelha piscando que ele disse a ela que
significaria que a câ mera estava ligada. A imagem de um casal de
idosos preencheu de repente a tela antes vazia da grande televisã o à
esquerda da câ mera. Sorrisos largos de repente iluminaram seus
rostos e os dois começaram a conversar ao mesmo tempo. Theresa
sabia que eram seus pais pelas fotos que vira no escritó rio de
Sandro. Seu pai parecia muito mais frá gil e cansado do que o homem
robusto nas fotos, porém, e Theresa podia ver pela pele pá lida e
olhos fundos como o homem mais velho estava muito doente.
Sandro estava sorrindo calorosamente enquanto seus pais
continuavam a conversar, antes que ele finalmente levantasse a mã o
e eles relutantemente ficassem em silêncio. Ele disse algo para eles
em italiano, antes de indicar Theresa, que estava sentada com um
sorriso congelado no rosto. Ela nã o sabia o que fazer ou o que dizer;
ela nem tinha certeza se eles falavam inglês.
— Mamã e, papai... eu sei que isso demorou muito para
acontecer, — disse ele, em um inglês com forte sotaque. — Mas esta
é Theresa... mia moglie, minha esposa.
— Piacevole per incontrarli, — ela murmurou hesitantemente,
sem saber se ela havia dito certo ou se eles a entenderam, mas o
sorriso que Sandro dirigiu a ela estava cheio de tanto orgulho e
ternura avassaladores que Theresa se sentiu banhada em seu calor.
Ele entrelaçou os dedos longos e magros de uma das mã os com os
dela, mas ela nã o entendeu por que ele sentiu a necessidade de fazer
o gesto quando suas mã os estavam fora do campo de visã o da
câ mera.
— Prazer em conhecê-lo, — ela repetiu em inglês, caso o casal
nã o a tivesse entendido, o que parecia provável se suas expressõ es
perplexas indicassem. Os lá bios de sua mã e se contraíram no que
parecia ser uma desaprovaçã o, mas o sorriso de seu pai se alargou e
ele disse algo em um italiano rá pido que Theresa nã o teve chance de
entender.
— Meu pai diz que você é realmente linda, — Sandro traduziu
para ela. — E que ele está muito feliz em finalmente conhecê-la. —
Seus olhos se encheram de lá grimas e ela assentiu levemente.
— Obrigada... grazie. — Ela sorriu calorosamente para o velho
de aparência frá gil, e ele pareceu encantado com isso. Ele mais uma
vez disse algo em italiano rá pido, e Sandro riu antes de responder
com uma voz divertida. Era ó bvio que estavam falando dela, e ela se
virou para Sandro, esperando a traduçã o. Quando nã o parecia que ia
acontecer, ela o cutucou com um cutucã o no ombro, e ele sorriu
antes de dizer algo com uma voz irô nica para sua mã e e seu pai antes
de se virar para ela com o mesmo humor caloroso em seus olhos.
— Meu pai diz que enquanto você parece tã o doce e dó cil como
um anjo, ele nã o imagina que uma mulher com seu cabelo ruivo
possa ser fá cil de conviver. Ele acredita que o exterior angelical deve
esconder um temperamento explosivo.
— Ah? — ela perguntou com uma voz enganosamente calma,
mesmo enquanto estreitava os olhos para ele. — E o que você disse?
— Eu disse a ele que ele definitivamente conhece as mulheres
muito melhor do que eu, porque quando me casei com você, pensei
que o anjo era tudo o que existia, até que provoquei o demô nio
ardente a se mostrar, em meu detrimento.
— Demô nio? — ela perguntou em uma voz altamente ofendida
e tanto seu pai quanto ele riram simultaneamente.
— Calma, cara. — Ele levantou a mã o livre em um gesto de
rendiçã o, e seu pai explodiu em uma gargalhada calorosa e genuína,
o som tã o feliz e despreocupado que por um instante todos, inclusive
sua esposa, olharam para ele com sorrisos enormes. O homem mais
velho controlou o riso e disse algo em italiano, que parecia dirigido a
Theresa. Ela olhou para Sandro em busca de uma traduçã o, e ele
hesitou por um milissegundo antes de pigarrear e se virar para
Theresa.
— Meu pai diz que é ó timo me ver com uma mulher que nã o se
sente intimidada por mim e que pode dar o melhor que pode. Ele
acha que teremos filhos e filhas fortes. — Ele limpou a garganta
antes de continuar, embora a rouquidã o persistisse. — Ele tem a
honra de chamá -la de filha e tem orgulho de que os filhos de seu
filho venham de uma mulher digna como você.
— Ah... — Theresa sussurrou, sua mã o subindo para cobrir sua
boca, e seus olhos se enchendo de lá grimas. — Ah Deus.
— Cara. — Sua voz suave em seu ouvido implorou para ela se
controlar e ela assentiu, fechando os olhos brevemente para manter
suas emoçõ es sob controle, antes de se preparar e abrir os olhos
para encontrar os olhos velhos e sá bios de um homem que estava no
meio do caminho. o mundo.
— Obrigada, — ela disse a ele novamente. — Você é muito
gentil em dizer isso. Estou igualmente orgulhosa de saber que meu
filho vem de uma família forte como a sua. Estou ansiosa pelo dia em
que poderei apresentar meu filho a você, senhor.
— Ou filha, — Sandro inseriu suavemente, antes de traduzir o
que ela havia dito ao radiante homem mais velho.
— Você é... uma garota adorável. Sinto muito por todos os
problemas, — o homem disse de repente em um inglês quebrado,
mas compreensível, e os lá bios de Theresa tremeram de emoçã o. —
Você faz meu filho feliz. Eu vejo isso… grazie. Eu me preocupo
tanto..., mas agora vejo que ele está muito feliz com você. Muito amor
aqui. Eu vejo.
Ela nã o pô de responder a isso com muito mais do que um
aceno de cabeça e outro agradecimento emocionado, arrebatada
pela percepçã o que havia permitido ao velho doente ver o quanto ela
amava seu filho. Ele e Sandro estavam agora tendo uma conversa
solene, e o homem mais velho começou a fazer pausas cada vez mais
frequentes, parecendo perder o rumo de seus pensamentos cada vez
mais, até que sua esposa interveio e interrompeu a conversa.
— Mamã e diz que ele está cansado e precisa tomar o remédio e
descansar, — sussurrou para Theresa, enquanto assistiam ao
protesto do idoso antes de se deixar levar pela cadeira de rodas, fora
do quarto com algumas ú ltimas despedidas de Sandro e Theresa. A
mã o de Sandro apertava a dela com tanta força que parou o fluxo de
sangue em seus dedos, mas Theresa nã o protestou, sabendo que
Sandro provavelmente estava se perguntando se aquela seria a
ú ltima vez que veria ou falaria com o pai. Eles assistiram em silêncio
enquanto a porta se fechava atrá s da forma elegante de sua mã e
antes de perceberem o fato de que outra pessoa estava na sala na
tela. Uma velha enrugada de repente se jogou no assento que a mã e
de Sandro acabara de desocupar, e todo o rosto de Sandro se
iluminou.
— Nonna! — ele cumprimentou com caloroso entusiasmo e
virou-se para Theresa, que já havia percebido quem era a velhinha.
Ela estava começando a sorrir timidamente, quando a mulher
começou a falar, sua voz baixa e furiosa. O que quer que ela estivesse
dizendo apagou o sorriso do rosto de Sandro em segundos, e ela
observou seus olhos escurecerem de fú ria e seus lá bios se apertarem
em uma expressã o com a qual ela estava mais do que familiarizada.
Ele soltou a mã o de Theresa e sibilou algo igualmente terrível para
sua avó , que engasgou de horror antes de se lançar em um discurso
ainda mais raivoso. A essa altura, duas mulheres mais jovens, que ela
reconheceu como irmã s de Sandro, entraram na sala e, ao ouvir o
que quer que sua avó tivesse dito, acrescentaram suas pró prias
opiniõ es até que nã o houvesse nada além de guinchos ininteligíveis
vindos dos alto-falantes. De repente, as palavras da velha passaram
para o inglês e seus olhos pareciam fixos em Theresa.
— Você fazer minha família miserável! Você pega meu neto e o
mantém longe de sua família, longe de seu pai moribundo. Você nada
além de egoísta. Por que você quer um homem que nã o te ama? Sem
orgulho... você sem orgulho. Ele ama uma boa mulher, ele nã o ama
você!
Theresa engasgou de horror e levou as mã os à boca, indefesa
contra o ó dio que via arder nos olhos da velha. Seus olhos se
encheram de lá grimas e Sandro praguejou trêmulo antes de dizer
algo suave e perigoso para as três mulheres do outro lado da câ mera,
mas Theresa bloqueou todas elas e estava lutando para se levantar,
ignorando o protesto desesperado de Sandro.
Ela estava fora da porta e na metade do caminho subindo as
escadas antes que ele a alcançasse.
— Ela está velha, cara, — ele disse desesperadamente,
segurando o braço dela enquanto ela tentava se desvencilhar dele. —
Ela é velha e teimosa. O que ela disse não era verdade.
— Eu não fiz sua família miserável? — ela perguntou
entrecortada. — Claro que sim, Sandro. Você sabe que isso é verdade.
Eu nã o te mantive longe deles? Ou longe de seu pai moribundo? Eu
fiz isso também. Você nã o me ama? Nenhuma notícia aí. Você está
apaixonado por outra pessoa? Mais uma vez: notícias antigas... e ela
estava certa. Eu nã o tenho absolutamente nenhum orgulho. Nada
disso. Se eu tivesse, nunca teria aceitado essa farsa de casamento.
Tudo o que ela disse era verdade. Entã o ela estava apenas sendo
honesta... e essa é a minha vergonha de lidar.
— Theresa, por favor... — Ela nã o sabia o que ele queria dela.
Ela arrancou o braço de seu aperto e se viu balançando
desesperadamente na beirada do degrau, quase caindo até que ele a
puxou de volta para seu corpo forte e se preparou para absorver seu
peso.
— Sua mulher tola, pare de lutar comigo e apenas ouça, droga!
— ele sibilou em seu ouvido. Chocada por sua proximidade, ela nã o
pô de fazer nada além de ficar tremendo em seus braços. — Ela nã o
entendeu direito; você tem orgulho mais teimoso do que qualquer
pessoa que eu já conheci. Você nã o me afastou do meu pai, eu escolhi
ficar.
— Por minha causa, — ela inseriu desanimada.
— Porque eu escolhi estar com você, — ele enfatizou, mas nã o
vendo realmente a diferença, Theresa permaneceu quieta. — Você
nã o vê, Theresa? Eu quero estar com você!
— Estou cansada, Sandro, — ela sussurrou depois de uma longa
pausa, enviando um olhar aguçado para a mã o restritiva que ele
tinha em seu cotovelo. Seu aperto aumentou ligeiramente antes que
ele relutantemente a soltasse e recuasse para permitir que ela
subisse as escadas.

Quando Theresa acordou de um sono inquieto algumas horas antes


do amanhecer, nã o demorou muito para descobrir que Sandro estava
deitado na cama com ela. Seu corpo grande e duro estava curvado ao
redor dela, seus joelhos dobrados atrá s dela. Ele tinha um braço
enrolado sob seu pescoço e o outro pendurado pesadamente em sua
cintura, sua mã o em forma de concha protetora sobre seu abdô men
inchado. Ela podia sentir a respiraçã o profunda dele contra sua nuca,
indicando que ele estava dormindo e fazia tanto tempo que ela nã o
se encontrava na cama com ele que ela se permitiu desfrutar de seu
calor relaxado e proximidade sem a tensã o que era geralmente entre
eles quando ele estava acordado.
Mesmo antes de começarem a dormir separados, ele nunca a
segurou durante o sono. Portanto, esta foi uma experiência nova e
extremamente agradável da qual ela nã o podia se privar. Ela estava
prestes a cochilar novamente, quando o telefone tocou baixinho na
mesa de cabeceira ao lado de sua cama. Ela estremeceu ligeiramente,
e o movimento acordou Sandro, que ficou instantaneamente em
alerta atrá s dela.
— Você está bem? — ele perguntou grogue, e ela assentiu assim
que o telefone tocou novamente.
— Hmmm. Quem poderia estar ligando à s... — ela olhou para o
reló gio digital ao lado do telefone — ...quatro da manhã ? — Ela
soube a resposta no instante em que a pergunta escapou de seus
lá bios e pela sú bita tensã o no corpo de Sandro, ela soube que ele
também percebeu. Ele se sentou abruptamente, e ela imediatamente
sentiu frio quando ele se inclinou sobre ela para tirar o fone do
gancho.
— De Lucci, — ele latiu assim que o colocou em seu ouvido. —
Si…si… — Ela se sentou e tirou o cabelo dos olhos enquanto tentava
q
ver a expressã o dele na penumbra do visor LCD do reló gio. Seu rosto
se fechou mais apertado do que um punho e ele abaixou a cabeça
ligeiramente. Mordendo o lá bio, enquanto lutava contra as lá grimas,
Theresa colocou uma mã o reconfortante em um ombro tenso e nu.
— Quando? — ele perguntou laconicamente, sua voz rouca. Ele
disse mais algumas coisas, mas Theresa ignorou suas palavras,
ouvindo apenas a dor que ele manteve sob controle por trá s da voz
rigidamente controlada. Ela abaixou a cabeça para o ombro largo
dele, querendo apenas confortar e continuou acariciando suas costas
enquanto ele falava. Ele ficou em silêncio por um longo tempo antes
que ela percebesse que ele havia parado de falar e que havia baixado
o fone na cama ao lado dele. Ela virou a cabeça para olhar para o
rosto dele e viu que ele estava olhando para longe. Ainda estava
muito escuro para ver muito de seu rosto, mas pela expressã o severa
de sua mandíbula, a notícia era ó bvia.
— Quando? — ela perguntou gentilmente, pegando o fone e
colocando-o gentilmente de volta no gancho. Um leve
estremecimento percorreu seu corpo antes que ele virasse a cabeça
para encará -la.
— Cerca de dez minutos atrá s, — ele sussurrou, e ela assentiu,
levantando uma pequena mã o para segurar sua mandíbula tensa.
— Você vai tomar um banho, eu vou fazer uma mala para você.
— Ela acendeu a lâ mpada de cabeceira antes de se erguer
desajeitadamente e sair da cama. Ele permaneceu onde ela o havia
deixado e ela suspirou baixinho, antes de se inclinar para beijar o
topo de sua cabeça suavemente.
— Vamos, Sandro, — ela murmurou com firmeza. — Você toma
aquele banho e eu cuido de todo o resto. — Algo sobre o tom de sua
voz o atingiu, e ele assentiu e se levantou como alguém em transe
antes de ir para o banheiro. Theresa ficou parada ali por um tempo
até ouvir o barulho do chuveiro antes de sair bamboleando até o
quarto dele no corredor e fazer uma mala para ele.
Vinte minutos depois, quando ela voltou para seu quarto de
hó spedes, foi para encontrar o chuveiro ainda ligado. Preocupada,
ela entrou no banheiro e mal conseguia distinguir sua forma por trá s
do vidro fosco da porta do chuveiro, mas ela podia ver o suficiente
para dizer que ele ainda estava lá e realmente nã o se mexia. Ela
suspirou e mordeu o lá bio antes, tomada a decisã o, ela se despiu e
entrou no cubículo com ele.
Ele estava de costas para a porta do cubículo, a cabeça curvada
sob o jato forte e as mã os apoiadas contra a parede de ladrilhos, os
braços longos estendidos à sua frente e os mú sculos tensos. Ele nã o
pareceu saber que ela estava lá até que as mã os dela tocaram os
mú sculos dos ombros dele. Ela podia sentir seu puxã o instintivo de
surpresa sob seu toque e muito gentilmente moveu suas mã os até
que elas deslizaram para baixo de seus braços e ao redor de seu
peito largo. Ela podia sentir seus tremores profundos e com
insistência gentil puxou-o de volta para ela até que ela foi capaz de
descansar sua bochecha contra a pele quente e ú mida de suas costas.
Suas mã os estavam espalmadas em seu peito, e ela podia sentir a
forte batida de seu coraçã o sob seu toque.
— Sinto muito, — ela sussurrou, deixando cair beijos quentes
na pele de suas costas. — Sinto muito, Sandro. — Ele estremeceu
violentamente antes de se virar com um gemido e pegá -la em seus
braços, curvando seu corpo ao redor dela e enterrando o rosto em
seu cabelo ainda seco. Eles ficaram assim por um longo tempo antes
que ele erguesse o rosto devastado e olhasse para ela. Seus olhos
estavam molhados de lá grimas, e ele estendeu a mã o para segurar o
rosto dela antes de abaixar os lá bios nos dela e beijá -la avidamente.
Ele nã o fez nada além de beijá -la como se nunca mais fosse ter a
chance de fazê-lo novamente. Ele beijou como um homem que sabia
que teria que ficar sem sustento por um período de tempo
desconhecido. Finalmente, com o peito arfando, ele ergueu a cabeça
e olhou atentamente para o rosto atordoado dela.
— Você é tã o bonita, — ele sussurrou suavemente. — A coisa
mais linda da minha vida. Eu nã o quero deixar você aqui. Agora nã o.
— Eu vou ficar bem, — ela assegurou. Desta vez foi ela quem
estendeu a mã o e acariciou seu rosto preocupado. — O bebê vai ficar
bem. Eu tenho Lisa e Rick. Você tem que cuidar da sua família agora,
Sandro.
— Você também é minha família. — Ele repetiu as palavras da
tarde anterior. — Eu também tenho que cuidar de você.
— Nã o. — Ela estendeu a mã o ao redor dele para desligar a
á gua e encontrou seus olhos diretamente. — Eu posso cuidar de mim
mesma. E para ser honesta, ter você aqui quando deveria estar com
sua família só vai aumentar meu estresse. — Ele nã o disse nada por
alguns momentos antes de fechar os olhos e assentir abruptamente.
— Ok. — Ele inalou profundamente. — Ok, vou providenciar
meu voo imediatamente. — Ela abriu a porta e pegou um par de
toalhas aquecidas penduradas no corrimã o ao lado do box do
chuveiro, entregando uma para ele antes de enrolar uma em torno
de si mesma, feliz por estar cobrindo seu enorme corpo novamente.
Uma hora depois, ela e Sandro estavam na soleira da porta. O
motorista do serviço de motorista que eles usavam à s vezes esperava
pacientemente sob um guarda-chuva ao lado do sedã preto
brilhante.
— Prometa-me que você vai comer bem, — pediu Sandro, e ela
assentiu sombriamente, sabendo que ele precisaria ter a cabeça
limpa para o que estava por vir. — E você entrará em contato com
Elisa e Richard se nã o se sentir bem. — Outro aceno. — E você vai se
lembrar de tomar suas vitaminas?
A voz dele estava começando a ficar rouca de emoçã o, e ela deu
a ele um sorriso vacilante antes de assentir novamente.
— Eu prometo.
— Você diz isso, mas esquece. Eu conheço você. — Ele balançou
a cabeça em frustraçã o. — É importante para sua saú de, cara, e você
nã o lembra de tomar. Isso me deixa louco. Eu me preocupo... — Era
um sinal de sua ansiedade e estresse que seu inglês normalmente
impecável e com sotaque leve o tivesse falhado tã o completamente, e
ela deu um passo em direçã o a ele e foi na ponta dos pés para dar um
beijo em uma de suas bochechas magras.
— Por que você nã o liga para Phumsile e Lisa assim que
pousar? — ela sugeriu gentilmente. — E se você está preocupado
com o fato de eu esquecer, você pode pedir para elas me lembrarem.
— Sim. — Ele assentiu, apaziguado. — Eu vou. Por favor,
Theresa, me ligue. A qualquer hora, se precisar de alguma coisa, se
quiser conversar... me ligue. Ligarei para você todos os dias.
— Isso é bom, — ela disse baixinho, sem saber se ele teria
tempo para falar com ela todos os dias, mas sabendo que ele
precisava fazer a promessa. — Agora é melhor você ir antes que
perca seu voo. — Ele assentiu e a arrastou para seus braços para um
beijo apaixonado e desesperado antes de soltá -la abruptamente e
descer os degraus em direçã o ao carro. Ele fez uma pausa quando
chegou ao carro e se virou para uma ú ltima olhada demorada para
ela antes de entrar e ir embora.
Theresa virou-se cegamente em direçã o à casa e, uma vez lá
dentro, sentiu-se completamente perdida. Sem saber para onde se
virar ou a quem recorrer, ela se viu caminhando em direçã o ao
escritó rio de Sandro. Ela esteve na sala poucas vezes antes, e sempre
na companhia de Sandro. Agora ela se sentia como se estivesse
invadindo seu domínio, mas era o ú nico lugar que ela se sentia mais
pró xima dele. Tudo trazia sua marca. Era o ú nico cô modo que ele
insistira em decorar sozinho. Ele tinha largamente deixado o resto
da casa para Theresa, e ela agora sabia que tinha sido porque ele nã o
se importava muito com a aparência de sua casa juntos, já que nunca
teve a intençã o de que fosse permanente.
Ao olhar para o quarto masculino com mó veis escuros e
pesados e decoraçã o minimalista, quase asiá tica, ela percebeu como
era completamente diferente do resto da casa e seu coraçã o se partiu
com esse sinal adicional de como o relacionamento deles estava
condenado desde o início. Ela afundou no sofá de couro preto macio,
enrolou-se como uma bola e chorou pela vida que poderia ter tido se
tivesse sido a mulher que Sandro queria. Uma vez que o acesso de
autopiedade passou, ela se sentou e enxugou os olhos antes de
passar suavemente as mã os sobre o abdô men distendido.
— Você e eu faremos nossas pró prias vidas, querido, — ela
prometeu. — E nó s seremos tã o felizes. Espere e verá .
CAPÍTULO DEZ

Sandro cumpriu sua promessa e convocou a ajuda de Lisa e


Phumsile para garantir que Theresa tomasse suas vitaminas e
descansasse o suficiente, mas essa foi a ú nica promessa que ele
manteve. Passou-se um mê s quase sem notícias dele, e seus
telefonemas, os poucos que recebiam, eram apressados e
impessoais, durando apenas trê s minutos. Quando Theresa tentava
entrar em contato com ele, ele nunca estava disponível, ou pelo
menos era o que diziam as frias vozes femininas do outro lado da
linha. Ela nã o teve escolha a nã o ser aceitar a palavra delas.
Ela acompanhava os movimentos de Sandro pelos noticiá rios —
online, televisionado e impresso. A morte de seu pai e a subsequente
aquisiçã o de Sandro do império bancá rio e de investimentos da
família foram notícias bastante quentes e dificilmente se passava um
dia sem que isso fosse mencionado em algum tipo de notícia. Houve
cobertura de paparazzi do funeral; apesar da proibiçã o da mídia que
a família impô s aos procedimentos, algum fotó grafo intrépido
conseguiu tirar uma foto de Sandro de pé sobre o tú mulo aberto de
seu pai, o rosto fechado mais apertado do que um punho, flanqueado
por sua mã e e Francesca, que estava ao lado dele oferecendo o apoio
que apenas um amante ou uma esposa ofereceriam. Muito foi escrito
sobre aquela fotografia, e muitas críticas cínicas foram dirigidas à
sua fria e ausente esposa, e muitos elogios foram dados à estoica
Francesca que o apoiou nos bons e maus momentos.
Nã o houve mençã o sobre sua gravidez difícil que tornou as
viagens quase impossíveis para ela. Alguns repó rteres locais a
contataram, querendo seu “lado da histó ria” e sua recusa em ser
entrevistada ou oferecer qualquer comentá rio apenas acrescentou
forragem para alimentar o boato de que ela era insensível e fria. A
mídia, quando tinha rédea solta, era implacável. Na maioria das
vezes, eles a deixavam sozinha, contentes em escrever o que
queriam, e em todos os artigos a bela e vivaz Francesca era elogiada
por seu apoio inabalável e amoroso, enquanto a "simples e
antissocial” Theresa era criticada por sua aparente negligência em
relaçã o ao marido em seu momento de necessidade.
Ela suspirou baixinho, enquanto olhava para a forte chuva,
sentindo tanto a falta de Sandro que doía e desejando poder apenas
conversar com ele. O bebê se movia inquieto e ela estremeceu
ligeiramente quando um pezinho a pegou logo abaixo das costelas.
Ela cantou uma cançã o de ninar tranquila e passou as mã os sobre o
monte de seu estô mago. Ela estava sentindo seu fardo cada vez mais
a cada dia que passava.
— Theresa? — A voz baixa vindo de trá s dela a fez pular quase
fora de sua pele, e ela gritou antes de se virar para Lisa e Rick, ambos
emoldurados na porta da sala.
— Deus, você me assustou, — ela engasgou quando eles
entraram na sala, nenhum deles abrindo um sorriso, ambos
parecendo implacavelmente sombrios. — O que há de errado?
Aconteceu alguma coisa?
— Terri... temos que tirar você daqui — disse Lisa com
urgência, contornando o sofá para ficar na frente dela.
— O que? Por que?
— Explicaremos assim que sairmos daqui.
— Nã o. — Ela balançou a cabeça teimosamente. — Me diga
agora. É o Sandro? Ele está ferido?
— Ele vai estar assim que eu terminar com ele, — Rick
ameaçou furiosamente.
— Rick, nã o agora, — Lisa gemeu, e os olhos de Theresa se
fixaram no homem de rosto sombrio em confusã o.
— Nã o entendo. — Seu olhar confuso passou da expressã o
frenética de Lisa para a furiosa de Rick. — O que está acontecendo?
— Acabou de sair uma histó ria nos jornais europeus.
— Que histó ria? — ela perguntou perplexa, e Rick xingou
baixinho.
— Querida, podemos discutir isso mais tarde. Por enquanto,
temos que partir antes que os abutres desçam.
— Nã o, Rick, — ela manteve teimosamente. — Nã o vou sair de
casa sem um bom motivo. — A mandíbula de Rick apertou e sua
expressã o claramente mostrava sua frustraçã o com ela.
— Terri, eles estã o dizendo que Sandro foi chantageado para se
casar com você. Que ele fez isso por seu pai. Eles também estã o
dizendo que uma fonte pró xima à família afirma que, como Sandro
nã o tem mais motivos para ficar com você, ele pedirá o divó rcio
assim que voltar.
— Nunca pensei nisso, — Theresa meio que sussurrou para si
mesma. — Claro que ele está livre agora. Provavelmente é por isso
que nunca ouvi falar dele, ele tem estado ocupado planejando isso.
Eu deveria saber que ele iria querer isso. Eu deveria ter previsto isso.
— Theresa, nã o se atreva a se culpar por isso. Se os rumores do
divó rcio forem verdadeiros, entã o ele é um bastardo por abandonar
sua esposa grávida quando ela mais precisa dele, — Rick se irritou.
— Nã o, estou feliz por ele. Ele estava preso. — Ela estava tã o
atordoada que mal sabia o que estava dizendo, e Rick praguejou
incrédulo.
— Meu Deus, é como se você tivesse a síndrome da mulher
espancada. Pare de dar desculpas para ele. Ele é um idiota que te
machucou uma e outra vez. — Quando parecia que ela estava prestes
a protestar, Lisa deu um passo à frente.
— Vamos, querida, vamos fazer as malas e sair daqui. — Sua
prima assumiu o comando, agarrando o braço de Theresa e tirando-a
de seu estupor. Lisa a conduziu para fora da sala, lançando um olhar
de advertência por cima do ombro quando parecia que Rick queria
dizer algo mais.

Depois de se instalar na casa de Rick e Lisa, Theresa decidiu dar ao


casal, que estava pisando em ovos ao seu redor, uma folga de sua
presença tirando uma soneca. Ela estava caindo em um cochilo
conturbado quando ouviu a voz inconfundível de seu marido vindo
de longe. Ela franziu a testa e sentou-se ereta, afastando o cabelo
emaranhado do rosto. Ela inclinou a cabeça, sem saber se sua
imaginaçã o estava pregando peças nela, até que ouviu novamente.
Era Sandro, sem dú vida, e parecia agitado.
Ela saiu da cama com alguma dificuldade antes de caminhar até
a porta descalça e abri-la ligeiramente. Dessa vez, ela conseguiu
distinguir claramente a voz dele.
— Eu nã o tive nada a ver com essa histó ria, — ele estava
protestando. — E eu enlouquecerei se você me manter longe da
minha família assim.
— Ela nã o quer ver você, Sandro, — Rick afirmou com firmeza,
e houve um momento de silêncio carregado.
— Talvez nã o, — Sandro concedeu calmamente. — Mas isso é
porque ela nã o sabe tudo. Eu só preciso explicar as coisas para ela.
Preciso falar com ela.
— Explicar o quê? Como você a está traindo com aquela mulher
desde quase o dia do seu casamento? Como você passou todos os
momentos disponíveis com ela desde que voltou para a Itá lia para o
funeral, enquanto sua esposa grávida esperava em vã o que você
ligasse para ela todos os dias?
— Eu nã o a traí, — resmungou Sandro apó s um momento de
silêncio. — Nã o em açã o e nã o em pensamento. Nem uma vez. Ela
sabe disso.
— Tudo o que ela sabe é que seu marido partiu há um mês,
supostamente para ir ao funeral de seu pai, mas depois se envolveu
com sua amante e iniciou o processo de divó rcio quando percebeu
que nada mais o prendia a sua esposa.
— Tem muita coisa me amarrando a minha esposa, Palmer, —
Sandro rangeu. —Nosso bebê é uma.
— Ah, por favor, nó s sabemos quã o pouco você realmente quer
aquele bebê, De Lucci.
— Eu o quero, — Sandro disse baixinho, tã o baixinho que ela
quase perdeu. — Eu quero os dois.
— Pare com isso. — Theresa nã o aguentou mais, ela cambaleou
até a sala, onde Rick e Lisa ficaram de um lado da sala e Sandro do
outro. A atmosfera estava tã o carregada que Theresa teve certeza de
que seu cabelo estava arrepiado. O rosto de Sandro se contraiu ao vê-
la.
— Theresa, — ele sussurrou. — Isso nã o era para você ouvir.
— Nã o importa. — Ela encolheu os ombros com indiferença. —
Estou cansada... estou tã o cansada de tudo isso, Sandro.
— Eu sei, cara, mas vai melhorar. Eu prometo isso a você.
— Nã o vejo como pode. — Ela balançou a cabeça amargamente
e ele gemeu, fechando a distâ ncia entre eles em quatro passadas
antes de tomá -la em seus braços e abraçá -la com ternura.
— Pode. Vai ser. Nã o pedi o divó rcio, Theresa. Nã o tenho
motivos para me divorciar de você.
— Sandro, por favor, apenas... cale a boca! — ela interrompeu
furiosamente, empurrando-o para longe com força. Seu rosto ficou
vermelho, mas sua boca se fechou. —Se você nã o vai se divorciar de
mim, entã o eu vou me divorciar de você. Nã o quero um marido que
se sinta obrigado a estar comigo. Você nã o tem mais motivos para
ficar comigo. Eu posso cuidar de mim, e posso cuidar deste bebê. Eu
nã o preciso de você ou de sua culpa. Você está livre para sair. Na
verdade, quero que você vá . — Ele nã o disse nada, apenas olhou para
ela, com uma mã o apertando a nuca. Seu rosto era inescrutável, seus
olhos escuros com uma emoçã o que ela nã o conseguia ler. Ele
parecia atordoado, incapaz de se mover, e Theresa imaginou que ele
provavelmente precisava de um empurrã o mais forte.
— Pelo amor de Deus, volte para a mulher que você ama! Volte
para Francesca. — Ela se afastou dele, dispensando-o com desdém,
mas congelou quando ele praguejou trêmulo.
— Deus, você é a uma cadela do contra! — ele sibilou. — Eu nã o
amo Francesca. Acho que nunca a amei. Talvez quando me casei com
você, por cerca de cinco segundos, acreditei que sim. Mas eu fui
desenganado dessa noçã o bem cedo em nosso casamento. Eu nã o a
amo e nã o tenho ideia de por que diabos você está tã o obcecado por
ela. — Ela se voltou furiosamente para ele, ignorando Rick e Lisa,
que observavam a conversa com um fascínio mó rbido.
— Talvez eu esteja obcecado por ela porque toda vez que você
vai para a Itá lia, os jornais e a Internet estã o cheios de fotos de vocês
dois participando dos mesmos eventos, tocando, beijando, dançando
ou se abraçando! Nã o se atreva a insultar minha inteligência dizendo
que nã o significou nada. Eu acredito em você quando diz que nunca
dormiu com outras mulheres enquanto éramos casados. Mas estou
disposto a apostar que você chegou bem perto dela. Quero dizer,
como diabos ela poderia ser a outra mulher? Eu era a outra mulher.
Toda a sua família sabia disso, meu pai sabia disso. Eu sei isso.
— Estamos no mesmo círculo social, Theresa. Ela estava
sempre nos mesmos eventos que eu. Ela é uma velha amiga;
naturalmente eu a abraçava ou a tocava ocasionalmente. Sim, eu
dancei com ela, dei alguns beijos casuais em sua bochecha. Nã o
significava nada. Eu a tratei como trataria uma de minhas irmã s. Nã o
a desejo, nã o a amo e nã o a quero! Esses sã o sentimentos reservados
para você... somente para você. — Sua voz se aprofundou e seu rosto
se suavizou com a admissã o. Seus olhos eram gentis quando ele
registrou a confusã o em seu rosto. Ele estava dizendo que a amava?
E se ele estivesse... ela acreditaria nele? Ela nã o tinha certeza da
resposta para nenhuma das perguntas, e um segundo depois ela
realmente nã o se importou quando de repente se dobrou de dor.
Sandro, Rick e Lisa avançaram preocupados, mas o marido a
alcançou primeiro. Ele tinha um braço em volta da cintura dela antes
que ela pudesse piscar.
— O que há de errado? — ele exigiu com voz rouca. Theresa
agarrou a mã o livre dele entre as suas e apertou-a com urgência
enquanto seu corpo inteiro tremia de dor excruciante. Depois de um
momento eterno, a dor diminuiu e desapareceu e ela se levantou,
encontrando o olhar frenético de Sandro com um olhar de pâ nico
pró prio.
— É o bebê, — ela sussurrou com medo. — Acho que o bebê vai
nascer.
— Nã o nã o nã o. — O puro pâ nico e medo em seus olhos nã o
fizeram nada para aliviar o pró prio terror de Theresa. — Ele nã o
pode estar vindo agora. Ele está quase um mês adiantado! Tem
certeza?
— Senti có licas o dia todo, mas pensei que fosse por causa do
estresse, — Theresa lamentou depois que a dor diminuiu. — Mas
agora acho que estou tendo contraçõ es.
— Ok, está tudo bem, — ele acalmou, automaticamente
reunindo seu corpo trêmulo em um abraço. — Nó s ficaremos bem.
Temos que levá -la ao hospital.

Theresa havia discutido, implorado, bajulado e tentado argumentar


com ele, mas Sandro recusou-se categoricamente a ceder sua
posiçã o como seu treinador para Lisa. No final, Lisa se recusou a ir
para o hospital com ela, dizendo que era melhor para Theresa ter seu
parceiro de treinamento original com ela. Chocada e magoada com o
que considerava uma traiçã o imperdoável, Theresa se recusou a
olhar, ou mesmo falar com sua prima enquanto Sandro a conduzia
até seu carro. Lisa parecia estar alegre e deliberadamente alheia ao
tratamento silencioso e bastante infantil de Theresa, prometendo
que ela e Rick estariam no hospital em breve.
— Ela fez o que achou melhor, cara. — Sandro tentou acalmá -la
a caminho do hospital. Ela virou a cabeça e olhou para a paisagem
que passava, assustada e com raiva e sem muita vontade de ser
consolada por ele. — Ela sabia que eu teria insistido e teríamos
apenas perdido tempo discutindo inutilmente sobre isso.
— Eu queria alguém em quem eu confiasse comigo, — disse ela,
mantendo os olhos grudados na estrada à frente. Ele nã o respondeu
a isso, mas pelo canto do olho ela viu suas mã os apertarem o volante
e soube que ela havia acertado em cheio. O resto da viagem passou
rapidamente e, antes que ela percebesse, estava sendo internada na
maternidade privada de elite que Sandro havia providenciado para
ela meses atrá s. Ela teve apenas uma contraçã o no caminho, mas
quase fez Sandro sair da estrada em pâ nico.
Ainda assim, passaram-se horas antes que algo mais
interessante do que aquilo acontecesse. O médico confirmou que ela
estava realmente em trabalho de parto, mas assegurou-lhes que era
perfeitamente normal que as mulheres entrassem em trabalho de
parto algumas semanas antes. Eles estavam tomando precauçõ es
p g p ç
extras por causa de seus problemas de saú de durante a gravidez,
mas para alguém cuja gravidez foi repleta de drama, o trabalho de
parto de Theresa foi muito chato, exceto pelos períodos intensos de
dor. Seu obstetra monitorou sua condiçã o cuidadosamente e resistiu
à s perguntas exigentes e em pâ nico de Sandro com admirável calma.
Suas contraçõ es pareciam deixar Sandro mais tenso do que a ela, e
ele nã o estava lidando muito bem com isso.
Cerca de cinco horas apó s sua admissã o, Theresa se viu
olhando frustrada para o marido que pairava sobre ela.
— Pelo amor de Deus, vá buscar um café ou algo assim, você
está me deixando louco!
— Eu nã o vou deixar você. E se você tiver outra contraçã o? E se
a bolsa estourar e eles correrem para a sala de parto? E se houver
complicaçõ es? — ele perguntou com a voz rouca, seus olhos
dilatando mais com cada pergunta ansiosa. Theresa revirou os olhos
exasperada.
— Duvido que qualquer uma dessas coisas aconteça nos dois
minutos que você levaria para sair da sala e tomar uma xícara de
café, Sandro, — ela suspirou impaciente.
— Elas poderiam, — ele insistiu teimosamente.
— Improvável. — Ele nã o respondeu, simplesmente continuou
sentado ao lado da cama dela. Ambos ficaram em silêncio por alguns
minutos.
— Por que você está aqui? — Theresa perguntou
cansadamente.
— Porque é aqui que eu quero estar, — ele respondeu, e ela
fechou os olhos com força.
— Por que você quer estar aqui? — ela persistiu.
— Você é minha esposa, cara. Você vai ter meu filho. — Ele
estendeu a mã o e cobriu uma das mã os dela com a dele. — Eu
pertenço a este lugar.
— Você nã o pertence aqui, — ela sussurrou com voz rouca.
— Eu pertenço.
— Você tem outra vida, uma família que quer que você volte
para casa, uma mulher que você ama e que te ama. Você nã o precisa
estar aqui, Sandro. — Ela balançou a cabeça cansada, as lá grimas
escorrendo por baixo de suas pá lpebras.
— Eu tenho essa vida, com você. É a ú nica que importa para
mim, — insistiu. — Eu tenho uma esposa que me amou uma vez, e
que talvez... algum dia... se atreveria a me amar e confiar em mim
novamente? Nã o preciso estar aqui..., mas quero estar aqui.
— Muitas coisas aconteceram entre nó s. Mais de dois anos de
dor, — ela sussurrou cruamente, e sua mã o se contraiu ao redor da
dela. — Nã o posso voltar a ser a garota ingênua que te amou de todo
o coraçã o.
— Mas talvez... a mulher que substituiu a garota pudesse
encontrar uma maneira de amar o homem imperfeito que ela uma
vez colocou em um pedestal em que ele nã o deveria estar?
— Você me machucou tantas vezes, — ela confessou, abrindo os
olhos e encontrando os dele. Ele se encolheu ligeiramente sob o
olhar acusador.
— Eu sei.
— De tantas maneiras.
— Eu sei.
— Por que eu deveria te perdoar e te amar de novo? Por que eu
deveria abrir meu coraçã o para um homem que poderia facilmente
esmagá -lo nas palmas de suas mã os?
— Você provavelmente nã o deveria. — Ele sorriu amargamente.
— Mas eu gostaria que você fizesse isso.
— Eu nã o posso, — ela sussurrou, lá grimas encharcando suas
bochechas pá lidas, e ele assentiu levemente, estendendo a mã o para
enxugar as lá grimas.
— Eu sei, — ele disse novamente, antes de cair em silêncio.

A bolsa estourou quatro horas depois e ela foi transferida para a sala
de parto. Ela e Sandro nã o tiveram mais nenhuma conversa
significativa, ele apenas continuou a acalmá -la e a orientá -la durante
a dor cada vez maior. Ela nunca disse isso, mas estava muito grata
por tê-lo ali. Mesmo que ele estivesse nervoso e tenso como um gato
em um barril entre as contraçõ es, ele era uma rocha só lida durante
elas.
Quatro horas intensamente estressantes, suadas e cheias de dor
depois, durante as quais Sandro a apoiou, xingou seus médicos,
ameaçou as enfermeiras e parecia estar perto de cair no choro em
vá rias ocasiõ es, Theresa finalmente deu um ú ltimo empurrã o
doloroso. Houve uma onda de atividade ao pé da cama enquanto
Theresa sentia uma inundaçã o esmagadora de alívio. Os olhos de
Sandro permaneceram grudados em seu rosto, brilhantes e febris
por cima da má scara cirú rgica que o obrigaram a usar. Ele puxou a
má scara para baixo e se inclinou para ela, até que sua boca estava
tã o perto de sua orelha que ela podia sentir sua respiraçã o quente e
ú mida soprando sobre sua pele superaquecida.
— Você é incrível, cara mia. Tã o incrível…
Ela afastou a cabeça de sua boca e virou o rosto para olhá -lo
com perplexidade, abalada pela emoçã o que ouviu em sua voz. Mas
sua atençã o agora estava no médico e no pequeno embrulho nu e
choroso que o homem segurava em suas mã os gentis e capazes.
q g g p
— Aqui está a mocinha que está causando todo aquele rebuliço
e incô modo, — o homem disse jovialmente. — Parabéns, Sr. e Sra. De
Lucci, vocês têm uma menina linda e perfeitamente saudável.
A respiraçã o de Theresa engatou em seu peito com as palavras
do homem, e seus olhos permaneceram grudados no rosto de
Sandro. Mas, em vez da decepçã o rapidamente escondida que ela
esperava ver, ela testemunhou algo em que nunca teria acreditado se
nã o tivesse visto com seus pró prios olhos: ela viu seu marido se
apaixonar perdidamente e desamparadamente pela menininha
indignada que o médico colocou no peito de Theresa.
Theresa ficou impressionada ao olhar para a pequena criança
que chorava em seu peito e imediatamente a amou de todo o
coraçã o. Ao mesmo tempo, Theresa nã o tinha certeza do que fazer
com essa menina que deveria ser um menino.
— Ela é linda, — cantarolou o apaixonado Sandro, deixando
cair a mã o grande na cabecinha do bebê e acariciando suavemente a
pele macia e os tufos de cabelo ainda molhado. — Ela é tã o linda,
Theresa.
— Sim, — ela murmurou automaticamente. — Ela realmente é.
— Ele franziu a testa para ela, intrigado com sua resposta ou a falta
dela.
— Theresa... o que há de errado?
— Sua esposa está exausta, Sr. De Lucci, — disse o médico
bruscamente. — Dê a ela tempo para se recuperar, e tenho certeza
que ela vai bajular essa belezura.
— Sim. Estou cansada, — Theresa disse roboticamente, e a
testa de Sandro franziu. Ele observou enquanto Theresa acariciava
distraidamente as costas macias do bebê, sem sequer olhar para o
bebê, e sabia que algo estava terrivelmente errado.
CAPÍTULO ONZE

Ela é linda, Terri, — Lisa se emocionou, e Theresa sorriu


cansadamente, acenando com a cabeça apreciando o comentá rio.
Lisa parecia nã o notar sua falta de entusiasmo ou, se notava,
provavelmente a descartava como exaustã o. Rick tinha estado mais
cedo, mas estava no trabalho no momento. Sandro estava encostado
a uma parede, os braços cruzados sobre o peito largo e as pernas
cruzadas na altura dos tornozelos. Ele nã o disse nada, mas Theresa
percebeu que ele observava cada movimento dela com uma
intensidade taciturna.
Fazia pouco mais de um dia que o bebê havia nascido, e Sandro
tinha ido para casa apenas para tomar banho e se trocar e trazer
uma muda de roupa para ela. Ele também fez uma bolsa para o bebê,
enchendo-a com as coisinhas rosa e brancas que comprou meses
atrá s, enquanto Theresa comprava diligentemente brinquedos e
roupas para um menino.
— Você já pensou em nomes? — Lisa estava perguntando, e
Theresa estremeceu ligeiramente ao se lembrar de uma conversa
que tivera com Sandro. Ele deve ter se lembrado também porque fez
um som cá ustico.
— Da ú ltima vez que conversamos sobre isso, — ele falou pela
primeira vez desde que Lisa havia chegado dez minutos antes, —ela
estava com o coraçã o em Kieran, Liam, Ethan ou Alexander. — Lisa
franziu a testa para isso.
— Somente nomes de meninos? — Lisa perguntou confusa.
— Você esqueceu, sua prima estava obcecada em ter um filho,
— ele zombou. — Que pena para ela ter falhado tã o terrivelmente
em alcançar seu objetivo. — A boca macia de Theresa tremeu com o
desdém, e seus olhos escureceram com a visã o, mas ele continuou
pressionando. — Ela está tã o arrasada com essa incapacidade dela
de fazer qualquer coisa direito, que nem se preocupou em olhar para
nossa filha. Ou abraçá -la. Ou até mesmo tentar alimentá -la. Por que
se preocupar com uma mera menina quando isso nã o vai tirá -la de
seu casamento miserável comigo? Quando isso nã o vai conquistar a
afeiçã o de seu maldito pai?
— Theresa? — Lisa perguntou gentilmente, observando as
lá grimas escorrerem pelas bochechas pá lidas de Theresa. Sandro
xingou cruamente antes de se erguer da parede e se sentar na cama
para envolvê-la em seus braços fortes.
— Nã o chore, — ele sussurrou. —Eu sou um bastardo. Só nã o
chore.
— Você nã o é um bastardo, — ela soluçou. —Você tem razã o.
Eu nã o posso olhar para ela. Eu nã o posso segurá -la. Nã o entendo
porque me sinto assim. Eu me odeio por me sentir assim. Eu só
queria fazer isso ficar certo. Eu queria ter aquele filho e liberar você
de sua obrigaçã o comigo. Eu queria finalmente fazer algo certo aos
olhos do meu pai. Tudo teria sido perfeito.
— Você odeia nosso bebê? — ele perguntou dolorosamente,
mantendo o rosto enterrado em seu cabelo.
— Claro que nã o. Eu a amo tanto que dó i. Mas eu me sinto um
fracasso.
— Ah Deus, querida, apenas deixe tudo isso ir, — ele gemeu. —
Permita-se amá -la. Permita-se ser feliz.
— Mas e quanto você? Eu te prometi…
— Pelo amor de Deus, pare com isso. — Ele a sacudiu
ligeiramente. — Eu te disse antes, eu nã o quero sair deste
casamento. E se você nã o me der nada além de filhas pelos pró ximos
vinte anos, eu me consideraria abençoado.
Ela fez um som abafado enquanto enterrava o rosto em seu
pescoço e chorava. Ela queria desesperadamente acreditar nele. Ele a
embalou suavemente e depois de um longo tempo, ele a soltou e
gentilmente a abaixou até que sua cabeça descansasse no
travesseiro.
— Por que você nã o descansa, cara, e quando acordar, acho que
é hora de conhecer sua filha e dar-lhe as boas-vindas a este mundo.
— Theresa olhou para o rosto moreno e bonito dele, mal percebendo
quando a prima se levantou e saiu, apertando o ombro tenso de
Sandro ao sair. Sua visã o começou a embaçar depois de um tempo e
ela adormeceu ainda segurando confiantemente uma das mã os
grandes e capazes de seu marido em ambas as suas.
Ela acordou com o som de vozes abafadas e raivosas e piscou grogue
enquanto tentava se orientar.
— Eu nã o quero você perto dela. — Ela ouviu Sandro sibilar
furiosamente e tentou se concentrar no drama que se desenrolava
em sua porta, onde ela podia ver a silhueta de dois homens grandes.
Um era inconfundivelmente Sandro, e o outro... ela estreitou os olhos
ligeiramente, tentando focar um pouco melhor. Parecia o pai dela.
— Ela é minha filha e eu vou vê-la quando eu quiser, — o outro
homem vociferou, confirmando que ele era, de fato, Jackson Noble.
— Para que você possa machucá -la mais do que já fez? —
Sandro perguntou, quase tremendo de raiva. — Eu nã o vou deixar
você chegar perto o suficiente para machucá -la assim novamente. E
você pode esquecer de conseguir aquele neto que deseja tã o cedo.
Recuso-me a dar-lhe o prazer.
— Bem, entã o fique casado com ela até que você o faça, ou
desista do vinhedo, — seu pai zombou.
— A vinha nunca significou tanto para mim como para o meu
pai. Você pode ter o maldito lugar de volta. Quero suas patas
gananciosas fora dos meus negó cios e a mancha de sua presença
longe do meu casamento. Você nã o vai colocar suas garras em
Theresa novamente e certamente nã o será nenhum tipo de presença
na vida de nossos filhos.
— Sandro… — Theresa sentou-se ligeiramente. — Está bem. Eu
quero falar com ele.
— Theresa… — Sua voz tremeu de raiva quando ele entrou em
seu quarto ligeiramente escuro. — Nã o.
— Está bem. — Ela sorriu, seus lá bios tremendo. — Ele nã o tem
mais o poder de me machucar. Eu quero vê-lo.
— Theresa…
— Sandro. — A voz dela era firme e nã o admitia discussã o, e ele
suspirou antes de se afastar para deixar o pai dela entrar.
— Pai. — Ela assentiu cautelosamente enquanto observava o
homem grande e bonito cuja afeiçã o e aprovaçã o ela ansiava por
toda a sua vida entrar na sala.
— Theresa, você nã o parece estar gasta, — ele observou na voz
fria e distante que sempre usava com ela, e ela imediatamente voltou
para aquela garotinha insegura que nunca havia entendido por que
seu pai nã o a abraçava e nã o a abraçava, nã o querendo passar tempo
com ela.
— Você já viu minha filha? — ela perguntou, sua voz forte e
segura. Nã o traindo a garotinha que ainda espreitava em algum lugar
lá dentro.
— Ainda nã o, nã o. — Ele parecia incerto diante da nova força
nela e inseguro sobre o que fazer com isso.

É
— É engraçado, — ela observou de repente, — o que ter um
bebê faz com você. Você faria o possível para proteger essa nova vida
de qualquer um que pudesse ameaçar sua felicidade. Eu nã o vou
permitir que você machuque meu bebê do jeito que você me
machucou. Nã o quero você na vida dela, a menos que esteja
preparado para amá -la do jeito que nã o conseguiu me amar: de todo
o coraçã o e incondicionalmente. — Como se fosse uma deixa, uma
enfermeira trouxe um embrulho cor-de-rosa para dentro do quarto.
Ela parou por um momento, sentindo a tensã o na sala antes de colar
um sorriso brilhante em seus lá bios e trazer o bebê para Theresa.
— Acho que já passou da hora dessa pequena conhecer a mã e
direito. — Todo o rosto de Theresa se iluminou e seu coraçã o se
encheu de amor avassalador quando a enfermeira colocou o lindo
bebê em seus braços. Ela finalmente fez um inventá rio... contando os
dedos das mã os e dos pés, acariciando o cabelo preto felpudo e a
pele aveludada. Ela até gostou quando a pequena abriu a boca de
botã o de rosa e começou a chorar com raiva.
— Olá , querida, — ela sussurrou. — Você é a coisa mais linda
que eu já vi na minha vida. — A enfermeira começou bruscamente a
dar-lhe um curso intensivo de amamentaçã o, ignorando a forma
como o rosto de Theresa se inflamou quando a mulher mais velha
começou a falar sobre bombas de tirar leite e reflexos de descida.
Seu pai se mexeu desconfortavelmente enquanto Sandro se sentava
ao lado de sua cama, uma mistura de diversã o, orgulho avassalador e
amor perplexo em seu rosto. Ela nunca o vira parecer mais
vulnerável ou mais protetor. Ele lançou um olhar de advertência na
direçã o de seu pai, antes que seu inquietante escrutínio voltasse
para ela. Theresa, enquanto isso, lutava para esconder deles o seio
inchado de leite depois que a enfermeira puxou sem cerimô nia o
corpete de sua camisola. A mulher obviamente pensou que Theresa
nã o tinha nada para se envergonhar na frente do marido e do pai. Ela
se atrapalhou com uma toalha, mas foi Sandro quem estendeu a mã o
e a colocou sobre seu ombro para cobrir seu seio e a cabeça do bebê.
O bebê encontrou seu mamilo e o agarrou com força suficiente para
fazê-la estremecer. Ele a escondeu de seu pai, mas manteve a toalha
ao seu lado para que pudesse assistir, ignorando seu olhar afobado.
— Ela tem um apetite bastante saudável, nã o é? — ele
murmurou fascinado, sua voz viva com adoraçã o. — Isso dó i? —
Theresa balançou a cabeça levemente em resposta e lançou um olhar
furtivo para seu pai, que nã o estava acostumado a ser tã o
completamente ignorado e claramente nã o gostou disso.
— Jackson, vamos discutir os detalhes do contrato quebrado
em uma data posterior. Você pode ter de volta o vinhedo e é mais do
que bem-vindo para ficar com o maldito dinheiro, mas sua filha é
minha, assim como o lindo bebê que ela me deu. Me processe por
quebra de contrato, se for preciso.
— Nã o quero aquele terreno inú til de volta, podemos
renegociar os termos… — Seu pai parecia quase desesperado, e
Theresa de repente perdeu a paciência com os dois homens.
— Pare de falar de mim como se eu fosse um pedaço de carne
caro, — ela fervia. —Leve seu negó cio só rdido para outro lugar. Nã o
quero nem perto do meu bebê. Pai, eu lhe dei minhas condiçõ es.
— Você é tã o corajosa agora, nã o é? — seu pai zombou. — Mas
se o empurrã o chegar, eu me pergunto o quã o forte você seria?
— Eu sou mais forte do que você jamais saberá , pai. — Ela
sorriu serenamente. —Anos de rejeiçã o constante das pessoas que
você ama podem deixá -la com uma pele muito dura. Você nã o pode
mais me machucar. Eu nã o quero ou preciso da sua versã o de amor.
Acho que nã o quero ou preciso mais de você em minha vida.
— Sim, assim corajosa agora que você tem o apoio de seu
amado marido. As palavras do homem estavam misturadas com
amargura. — Mas embora ele possa amar seu bebê, Theresa, ele
nunca amará você. Ele tem Francesca Delvecchio e, sim, ele é italiano
o suficiente para querer aquele seu bebê, entã o é só uma questã o de
tempo até que ele encontre uma maneira de afastá -la de você. —
Theresa piscou, mostrando seu medo, enquanto seu pai apresentava
um cená rio que ela nunca havia considerado. Ela nã o pô de deixar de
olhar para Sandro, cujo rosto estava escuro de fú ria, seu corpo
inteiro contraído pela tensã o. Parecia que ele estava prestes a rasgar
a garganta de seu pai.
— Acho que é hora de você partir, pai, — ela sussurrou
dolorosamente, e seu pai zombou uma ú ltima vez antes de girar nos
calcanhares e sair da sala.
— Nã o se atreva a acreditar no que ele acabou de dizer,
Theresa, — Sandro sussurrou cruamente, focando seu olhar nela. —
Nã o se atreva!
— Eu sei que você a ama, Sandro, — ela sussurrou. Ela nã o
tinha certeza se ela queria dizer o bebê ou Francesca, e ela poderia
dizer pelo olhar de incerteza em seu rosto que ele também nã o tinha
certeza e entã o ele nã o sabia como responder. — Você tentaria tirá -la
de mim?
— Não! — ele praticamente gritou, e o bebê se assustou.
Theresa acalmou-a com leves movimentos de balanço até ela
começar a mamar novamente. Ele controlou seu temperamento e
suavizou sua voz com visível esforço. — Eu nã o faria isso com você.
Eu nunca machucaria você assim.
— Mas você a quer... — Novamente a ambiguidade e sua
carranca se aprofundaram.
— Se você quer dizer o bebê, entã o sim, é claro que eu a quero.
Mas é um pacote para mim. Eu quero vocês duas. Você é minha
família. Nã o quero uma vida separada da sua. Eu quero a nossa vida.
Aquela que construímos juntos nos ú ltimos meses.
— O que você quer dizer? Tudo o que conversamos foi sobre
divó rcio, — ela perguntou confusa.
— Estou me referindo a todas aquelas noites juntos. Os filmes,
os jogos, as ó timas conversas... O que diabos foi isso senã o a
construçã o de relacionamentos? Sabemos que somos ó timos na
cama. Mas nunca havíamos realmente tentado todas as outras coisas
que os casais fazem. Nos ú ltimos meses, fizemos essas coisas.
Podemos ter feito as coisas um pouco ao contrá rio, cara, mas isso
nã o significa que nã o possamos ter um casamento só lido como o de
Rick e Lisa. O ú nico de nó s que mencionou o divó rcio foi você. Eu nã o
quero um divó rcio. Eu quero nós. Juntos.
— Eu acho, — ela sussurrou tã o baixinho que ele mal podia
ouvi-la e teve que se inclinar mais perto para entender suas palavras,
— eu acho que você é um homem maravilhoso, Sandro. Um homem
decente e, por causa disso, sei que você faria qualquer coisa para
consertar as coisas. Você faria qualquer sacrifício para dar ao bebê e
a mim uma vida normal. Mas nã o posso deixar você fazer isso. Nã o
posso deixar você continuar perdendo as coisas que deseja só
porque acha que é a coisa certa a fazer.
— Isto de novo, — ele murmurou impacientemente. — Fui de
demô nio a santo em pouco tempo, nã o foi? Quero que me ouça com
muita, muita atençã o, Theresa, porque nã o vou repetir isso. Eu nã o
sou um santo. Estou sendo muito egoísta quando digo que quero
você e nosso bebê comigo e quando digo que quero que sejamos uma
família. Tenho deveres na Itá lia, pessoas que amo e de quem preciso
cuidar. Mas agora nã o dou a mínima para nada disso porque quero
passar todos os meus momentos de vigília com você e este bebê.
Essa vida que construí com você, é a ú nica que mais me importa.
Entã o, por favor, pare de me dizer o que você acha que eu realmente
quero e tente me ouvir para variar.
Theresa olhou para ele com incerteza. Ela ousaria acreditar que
ele quis dizer isso? Que nã o foi apenas um ato realmente bom? Ela
limpou a garganta, tentando formular uma resposta, mas ele se
inclinou e a beijou suavemente, acalmando as palavras.
— Nã o diga nada, Theresa. Só me dê uma chance. — Ele parecia
um homem empoleirado em uma borda com ela como sua ú ltima
chance de redençã o. Como ela resistiu a isso? Como ela poderia? —
Eu sei que estou pedindo para você se tornar vulnerável novamente,
e sinto muito por isso. Mas eu quero que você confie em mim. Só
mais uma vez... permita-se confiar em mim. — Ela mordeu o lá bio
antes de respirar fundo e sair para a borda com ele.
— Precisamos dar um nome a esta pequena antes de levá -la
para casa, — ela disse levemente, ignorando a maneira como ele
soltou a respiraçã o que estava segurando por incontáveis momentos.
Ela sentiu a tensã o se esvaindo dele, e seu alívio foi tã o avassalador
que era quase tangível.
— Alguma ideia? — ele perguntou com a voz rouca, estendendo
a mã o para acariciar o topo da cabeça macia do bebê com o polegar,
de alguma forma conseguindo roçar a pele sensível de seu seio
também, e ela estremeceu com o contato. — Bem, já que ela tem
todo esse cabelo preto felpudo, provavelmente deveríamos ficar com
Lily. — Seu rosto se iluminou de prazer e ele deu um beijo rá pido em
sua boca sorridente. — Só espero que ela tenha o temperamento de
uma Lily e nã o de uma Sofia.
— Se ela puxou a você, teremos uma viagem difícil, — ele
brincou, e ela revirou os olhos.
— Por favor, você nã o é nenhum anjo, — ela retrucou sem
nenhum calor. — Vamos apenas chamá -la de Lily e torcer pelo
melhor.
— Hum, se ela faz tem sua teimosia e temperamento explosivo,
eu vou adorá -la ainda mais, — ele admitiu. — Isso certamente
tornará a vida interessante.
— Por que você ficava comprando brinquedos e roupas de
menina, Sandro? — ela perguntou depois de um curto silêncio, e seu
polegar parou de acariciar por um segundo infinitesimal antes de
continuar. —Quero dizer, estou grata por eles agora, é claro. Mas por
quê?
—Por quê? — Ele balançou a cabeça e hesitou novamente antes
de levantar os olhos para encontrar os dela. — Eu só estava...
esperando por uma menina. — Seu queixo caiu enquanto ela o
olhava boquiaberta por alguns momentos. Esse pensamento nunca
passou pela cabeça dela.
— Você estava esperando por uma menina?
— Sim. Muito, — ele a surpreendeu ao confirmar, seus olhos
permanecendo firmes para que ela nã o tivesse dú vidas sobre sua
sinceridade.
— Nã o entendo. — Ela balançou a cabeça ligeiramente. — Por
quê? — Ele nã o respondeu, baixando os olhos para a criança que
mamava em seu seio.
— Sandro? — Ela perguntou, e ele ergueu os olhos para ela
mais uma vez. Ele sorriu enigmaticamente antes de encolher os
ombros.
— Este nã o é o momento nem o lugar para ter essa conversa em
particular, Theresa, — ele a frustrou ao dizer.
— Mas…
— Vamos discutir isso em breve, mas agora acho que Lily está
pronta para arrotar. — Ele apontou para a criança cuja boca pequena
havia afrouxado. Ela puxou desajeitadamente o corpete para cima e,
em seguida, desajeitadamente reposicionou Lily até que o bebê
estivesse pendurado em seu ombro.
— Você poderia chamar a enfermeira? — ela perguntou a
Sandro, tirando o comentá rio anterior de sua mente por enquanto.
— Nã o tenho certeza de como fazer isso.
— Esfregue a mã o nas costas dela em movimentos circulares.
— Ele notou a surpresa em seus olhos antes de encolher os ombros.
— A enfermeira me mostrou como fazer ontem à noite. Você estava
inconsciente, mas eles conseguiram alimentá -la e a entregaram para
mim para arrotar.
Theresa obedeceu à s instruçõ es e logo foi recompensada com
um pequeno arroto. O som era adorável de uma forma que apenas
novos pais poderiam apreciar, e eles sorriram um para o outro
quando o ouviram. Naquele momento glorioso de solidariedade,
Theresa começou a acreditar na possibilidade de um felizes para
sempre novamente, e isso a assustou até a morte.

O som fino do choro de uma criança angustiada arrancou Theresa de


um sono inquieto. Ela se sentou e lutou para sair da cama antes de
caminhar grogue para o berçá rio. Ao chegar, piscou para o já
presente Sandro, que embalava com ternura a filha chorosa em seus
braços fortes. Ele vestia apenas uma cueca boxer e segurava o
bebezinho contra seu peito forte e nu. Ele estava cantando
suavemente para ela e Theresa ficou paralisada pela doce imagem
que eles apresentavam.
Ele olhou para cima e a viu parada na porta. Seu cabelo estava
bagunçado e espetado.
— Ei. — Ele sorriu para ela. — Eu estava esperando que você
dormisse com isso. Você parecia exausta mais cedo. Acho que ela nã o
está com fome. Apenas irritadiça. Acho que a fralda molhada a
acordou. Eu a troquei e ela está toda seca e confortável agora, mas
ela ainda nã o tirou o mau humor de seu sistema. — Theresa
caminhou até eles e olhou por cima de um bíceps protuberante para
o rostinho enrugado de Lily e sorriu divertida.
g y
— Muito irritadiça. — Ela se inclinou para dar um beijo na testa
ú mida do bebê e sentiu Sandro ficar tenso quando a bochecha dela
roçou no peito dele no processo. Ambos pararam sem jeito antes de
Theresa pigarrear e dar um passo para trá s. Ela se deixou cair na
cadeira de balanço acolchoada e dobrou os pés embaixo dela e
observou Sandro continuar andando e conversando gentilmente com
o bebê que chorava.
Ele finalmente se afundou na segunda cadeira de balanço ao
lado da de Theresa, enquanto continuava a acalmar o bebê. Os
lamentos de Lily finalmente diminuíram para algumas fungadas
tristes antes de ela voltar a dormir. Theresa olhou e sorriu ao ver que
Sandro também havia adormecido. Lily estava firmemente ancorada
em seu peito e mantida no lugar com uma mã o larga em suas
pequenas costas.
Ela olhou do homem para a criança e sorriu com as
semelhanças entre eles. Lily tinha a boca dele e algo na testa dela era
cem por cento Sandro. Theresa levantou-se silenciosamente e foi
pegar o bebê. A testa de Sandro franziu quando ela tentou mover sua
mã o e, em vez disso, ele apertou um pouco.
— Sandro, — ela sussurrou, — me deixe colocá -la no berço. —
Seus olhos se abriram e ele sorriu quando a viu inclinada sobre ele.
— Theresa, — ele murmurou, e naquele momento de descuido,
Theresa viu uma profundidade de emoçã o em seus olhos castanhos
líquidos que a surpreendeu. Ela piscou e naquela fraçã o de segundo
ele acordou totalmente e seus olhos voltaram ao neutro e
ligeiramente distantes. Theresa nã o tinha certeza se havia imaginado
a intensidade da emoçã o ou nã o. Ele soltou Lily e abaixou a cabeça
para dar um beijo amoroso em cima de seu cabelo preto macio.
Theresa percebeu que ele se levantou e a seguiu até o berço. Ele
ficou bem atrá s dela e observou por cima do ombro enquanto ela
colocava o bebê no berço. Theresa estava intensamente consciente
dele e do fato de que tudo o que havia entre eles e a nudez total era a
camisola dela e a cueca boxer dele.
— Ela tem com o seu nariz, — ele sussurrou em seu ouvido e
ela deu um pulo, surpresa e perturbada ao sentir seu há lito quente
em sua pele.
— Você acha? — ela perguntou casualmente. — Nã o sei dizer.
— É um nariz inconfundível... — A mã o dele pousou em seu
ombro, e ela ficou tensa ao sentir a mã o quente dele em sua pele nua.
Sua respiraçã o ficou superficial. A mã o dele desceu pelo ombro dela
em um gesto que nã o poderia ser confundido com nada além de uma
carícia e algemou seu braço frouxamente. Ele levantou a outra mã o
para agarrar o braço livre dela de maneira semelhante. Ele
gentilmente a arrastou para trá s até que ela estivesse encostada em
seu peito quente e duro, e ele a soltou com um estrondo de
satisfaçã o. Seus braços fortes rodearam sua cintura, e ele a segurou
enquanto ambos observavam seu bebê dormindo.
A tensã o finalmente deixou seu corpo quando ela se permitiu
relaxar contra ele e inclinar a cabeça para trá s para descansar em
seu ombro.
— Olhe o que fizemos, — ele murmurou em seu ouvido, sua voz
baixa cheia de amor e orgulho. — Ela é perfeita. — Theresa sorriu
com o espanto que ouviu em sua voz.
— Se diz que qualquer tolo pode fazer um bebê, — ela brincou,
e ele bufou.
— Sim, mas algum deles fez um bebê tã o absolutamente
perfeito quanto este?
Theresa olhou para o bebê adormecido, com seu rosto
enrugado e a leve erupçã o do leite que lhe avermelhava as bochechas
e seus tufos de cabelo macio e espetado. Ela parecia uma velhinha
enrugada e mal-humorada..., mas ela era a velhinha enrugada e mal-
humorada deles, e ela era adorável.
— Nã o... eu nã o acho que nenhum deles tenha, — ela concordou
presunçosamente.
— Theresa… — Sua voz assumiu um tom sério e ela ficou tensa
novamente. — Eu só ... eu queria... — ele parecia sem palavras, e
Theresa franziu a testa, imaginando se eles realmente teriam aquela
conversa prometida. Fazia mais de um mês desde o nascimento de
Lily, e eles ainda nã o haviam discutido sua afirmaçã o de que
esperava uma menina.
— Obrigado, — disse ele finalmente, e ela se virou ligeiramente
para olhar para o rosto dele, visivelmente surpresa com suas
palavras.
— Pelo que? — ela perguntou.
— Por me dar tudo que eu nunca soube que queria, — ele disse
depois de uma longa pausa. Sua voz estava cheia de emoçã o, e ele
encontrou seus olhos diretamente. Seus olhos estavam queimando
com intensidade enquanto desejava que ela acreditasse nele.
— O que eu te dei, Sandro? — ela perguntou, virando-se
totalmente em seus braços.
— Uma vida. — As duas palavras a frustraram porque nã o lhe
diziam nada. Ela estava prestes a pedir-lhe para elaborar, quando
mais palavras saíram. — Felicidade, contentamento e uma linda
filha.
— E a felicidade e o contentamento sã o tudo o que você sempre
quis da vida? — ela perguntou depois de pensar um pouco sobre as
palavras dele. Ele sorriu.
— Nã o. Eu quero mais do que isso. Mas é um bom começo.
— O que mais você quer? — ela perguntou.
— Você, — ele disse sem hesitar.
— Você tem a mim.
— Nã o, eu nã o tenho. Nã o do jeito que você era antes, quando
nos casamos antes de eu estupidamente começar a pisotear seu
coraçã o e ego no chã o.
— Mudei desde entã o, cresci. Nunca mais serei a mesma
mulher que era naquela época.
— Sim, você mudou – de tantas maneiras maravilhosas – mas
também se tornou mais cautelosa. E eu nã o culpo você, eu realmente
nã o culpo. Mas eu quero que você confie em mim novamente.
— Eu confio, — ela sussurrou.
— Nã o, eu quero que você confie em mim com seu coraçã o,
Theresa. Eu quero que você se permita me amar novamente. Nã o vou
machucar você.
— Por que eu deveria confiar em você dessa forma novamente,
Sandro? — ela sussurrou, e ele sorriu antes de segurar seu rosto e
olhar fixamente em seus olhos.
— Porque eu te amo, Theresa. — As palavras a desconcertaram.
Ela deveria ter esperado por elas, deveria ter sabido que ele diria
isso, mas por algum motivo ela nã o disse e agora nã o tinha ideia de
como lidar com elas ou como processá -las, ou pior, como acreditar
nelas.
Ele sorriu agridocemente.
— Eu sei que você ainda nã o acredita em mim, — ele sussurrou.
— Mas vou fazer disso o trabalho da minha vida convencê-la. — Ele
inclinou a cabeça e a beijou suavemente, seus lá bios ú midos, gentis e
doces nos dela. Ele ergueu a cabeça rá pido demais e Theresa ficou na
ponta dos pés para prolongar o contato.
— Sandro... — Ela nã o sabia o que dizer, mas ele balançou a
cabeça e sorriu gentilmente.
— Está bem. Eu só queria que você soubesse. — Ele a beijou
novamente, um pouco mais urgente desta vez, e ela podia sentir sua
ereçã o contra seu estô mago. Isso a assustou porque ela realmente
nã o o sentia há muito tempo. Seus hormô nios adormecidos
ganharam vida em um instante, e ela se aproximou dele, esfregando-
se deliberadamente contra seu pênis duro. Ele aprofundou o beijo,
sua língua mergulhando em sua boca em desajeitado desespero, e
sua falta de sutileza a deixou ainda mais faminta por ele.
— O médico me deu autorizaçã o para sexo na semana passada,
— ela o lembrou, e ele gemeu com suas palavras urgentes.
— Nã o contei como me sentia porque estava tentando levar
você para a cama. — Sua voz estava cheia de desejo, e ela sorriu para
seu rosto corado.
— Eu sei disso, Sandro. Agora se apresse e me leve para a cama,
está bem? — Ele estremeceu e a ergueu em seus braços antes de
carregá -la para fora do quarto do bebê, para o dela ao lado.
Ele gentilmente a colocou na cama e observou enquanto ela
puxava a camisola sobre a cabeça e a jogava de lado, seus olhos
escuros ficando adormecidos de desejo. Subitamente constrangida,
Theresa lembrou-se de que havia engordado e adquirido algumas
estrias durante a gravidez. Ela nã o era a mesma mulher esbelta e de
pele lisa com quem ele fez sexo da ú ltima vez. Ela ergueu as mã os
para se cobrir, mas quando Sandro xingou com reverência, ela parou
e olhou para ele. Ele nã o conseguia tirar os olhos quentes dela; ele
parecia um homem faminto olhando para um banquete enquanto se
perguntava com qual prato começar.
Ela assistiu fascinada, sua timidez esquecida, enquanto ele se
atrapalhava com sua boxer e a chutava para o lado. Ele estava tã o
duro que parecia dolorido, e ela podia ver como seu coraçã o batia
acelerado com cada pulsaçã o de seu lindo pênis.
— Deus, — ele gemeu ligeiramente, sua voz temerosa e um
pouco incrédula. — Ah Deus, Ah Deus, Ah Deus... você é mais bonita
do que eu lembrava. — Ele cambaleou até a cama e a envolveu em
seus braços, beijando-a avidamente. Sua sutileza habitual havia
desaparecido; o beijo faminto era quase desajeitado como
adolescentes, com narizes batendo e dentes batendo. Mas nenhum
dos dois se importava, pois atacavam um ao outro com uma
ferocidade que beirava o animalesco.
Theresa teve um breve momento de lucidez, quando ela pediu
que ele usasse camisinha. No passado, Sandro teria ficado furioso
com o pedido. Desta vez, ele tropeçou da cama atordoado e foi até o
banheiro da suíte, onde eles estocavam uma nova caixa de
preservativos a cada seis meses, caso os hó spedes precisassem. Ele
estava de volta em segundos, caixa na mã o, mas tremia tanto que a
embalagem o derrotou.
— Eu nã o posso... — ele rosnou em frustraçã o, e ela pegou a
caixa dele com as mã os um pouco mais firmes. Ela conseguiu tirar
uma camisinha, jogou a caixa de lado e rasgou a embalagem. Ela
ergueu o pequeno círculo de borracha com um olhar questionador e
as pupilas dele dilataram ainda mais.
— Você faz isso, — ele pediu com voz rouca, e ela sorriu antes,
com uma lentidã o agonizante, rolando a camisinha em seu
comprimento. Ela deu-lhe mais um golpe para garantir, mas ele se
arqueou para longe de seu toque.
— Nã o... baby... eu vou gozar.
Ela levou a mã o à nuca dele e o arrastou para outro beijo
urgente. Sem interromper o beijo, Sandro a virou de costas e separou
as coxas dela com as dele. Apesar de seu ó bvio desespero, ele a
penetrou lentamente e com infinita gentileza.
— Estou machucando você? — ele perguntou contra sua boca, e
ela murmurou uma negativa, empurrando de volta para ele, para
deixar claro que ela queria mais dele dentro dela. Era todo o convite
de que Sandro precisava antes de se embainhar completamente.
Ambos gemeram e ele inclinou a cabeça para trá s, os olhos fechados
em êxtase.
— Ah Deus... Theresa... tanto tempo! Já faz tanto tempo, — ele
sussurrou. — Eu senti falta disso. Senti sua falta. — Ele começou a se
mover, e ela engasgou com a sensaçã o de plenitude dentro dela. Ele
conhecia seu corpo muito bem e mudou sua posiçã o ligeiramente até
que cada golpe a atingisse exatamente no ponto certo. Nã o durou
muito - apenas cinco minutos - e, pela primeira vez no casamento,
Sandro perdeu todo o controle e gozou antes dela. Theresa observou
seu rosto se contorcer, enquanto seu corpo se contraía e suas costas
arqueavam. Um som desesperado saiu de sua garganta enquanto ele
tentava se conter e nã o conseguia. Theresa seguiu segundos depois,
o orgasmo dele provocando o dela. Ela se apertou ao redor dele,
apertando-o com força e prolongando seu prazer enquanto ela
tomava o dela.
Por alguns momentos, ambos ficaram suspensos em êxtase
apó s seus poderosos orgasmos mú tuos, e o tempo pareceu congelar
até que Sandro desabou na cama ao lado dela momentos depois,
respirando pesadamente enquanto a envolvia em seus braços.
— Theresa, amor da minha vida, — ele sussurrou em seu
cabelo, enquanto eles lutavam para recuperar o fô lego, e Theresa
sorriu antes de se aconchegar em seu peito com um gemido
satisfeito e adormecer em seus braços fortes.
CAPÍTULO DOZE

Trê s semanas depois, Theresa desceu para a cozinha para tomar o


café da manhã e encontrou o marido já sentado à mesa, com o jornal
na mã o. Ele já havia vestido Lily e colocado o carrinho de bebê dela
na mesa à sua frente. Lily estava dormindo e Sandro estava tã o
absorto em seu jornal que nã o a notou a princípio. Era o dia de folga
de Phumsile, entã o ele preparou uma tigela de cereal, torrada e um
pouco de café . Ela sorriu ao vê -los, seu coraçã o transbordando de
amor por ambos.
— Bom dia, — ela cumprimentou alegremente enquanto se
dirigia para a copa. Ela deu um beijo na bochecha do bebê e depois,
depois de uma breve hesitaçã o, um beijo na bochecha magra do
marido. Embora Sandro estivesse muito mais afetuoso ultimamente,
ela ainda sentia certa reserva perto dele, sem saber se poderia tocá -
lo e beijá -lo tã o livremente quanto ele a ela. Ela sabia que estava
sendo boba, mas parecia incapaz de superar suas barreiras
emocionais. Ele dizia que a amava todos os dias, mas ela ainda nã o
conseguia acreditar nele. Muitas vezes, cinicamente, ela se pegou
imaginando se ele quis dizer as palavras ou apenas as disse porque
achava que eram o que ela queria ouvir. Ela nã o se entendia,
superficialmente parecia que ela tinha tudo o que sempre quis, mas
ainda nã o acreditava que fosse real.
— Bom Dia. — Ele sorriu para ela e colocou o jornal de lado
enquanto ela pegava um pouco de cereal e se sentava em frente a ele.
Ele fazia isso o tempo todo agora. Ela parecia ter toda a atençã o dele:
a seçã o de negó cios estava guardada, a televisã o desligada, os
telefonemas encerrados e os relató rios de açõ es jogados fora
descuidadamente sempre que ela entrava em uma sala. Ele queria
saber como ela estava se sentindo, como estava indo seu dia, quais
eram seus planos. Eles conversavam o tempo todo, passavam noites
juntos e ele era um pai prá tico. Eles tiveram um Natal tranquilo em
família e ambos se deliciaram em comprar brinquedos nada prá ticos
para Lily, coisas com as quais ela nã o poderia brincar por anos.
Sandro a surpreendeu com um pingente de esmeralda e brincos, e
ela deu a ele uma caneta Montblanc de prata com o nome de Lily e
seus nomes gravados nela. O Ano Novo deles foi igualmente
tranquilo, pois eles convidaram apenas Rick, Lisa e o irmã o de Rick
para um churrasco à beira da piscina. Eles faziam amor todas as
noites e ele adorava seu corpo durante aquelas longas e escuras
horas. Eles tinham uma ó tima vida. Entã o, por que ela nã o podia
confiar nele?
Ela sabia que sua reserva estava frustrando Sandro... inferno,
estava frustrando-a, mas ela precisava de algo mais. Ela só nã o sabia
o quê.
— Pensei em deixar você dormir até tarde, — ele estava
dizendo enquanto tomava um gole de café. — Entre as exigências de
Lily e minhas na noite passada, você nã o dormiu muito. — Ela corou
e desviou os olhos para o cereal.
— Obrigada, — ela murmurou. Seu celular tocou e ela o pegou
no balcã o da cozinha onde o havia deixado para carregar na noite
anterior. Uma rá pida olhada na tela disse a ela que era Lisa.
— Ei, — ela cumprimentou.
— Ei, aniversariante, — sua prima cumprimentou, e Theresa
começou. Era o aniversá rio dela. Ela tinha esquecido completamente.
— Rhys e eu vamos levar você e Lily para almoçar. Nosso mimo. Mas
estamos fazendo algumas compras sérias de aniversá rio primeiro.
— Nã o tenho certeza…
— Sem argumentos, prima. Tenho certeza que Sandro vai
entender. Ele nã o espera que você passe seu aniversá rio sozinha
enquanto ele sai para trabalhar... e ele pode ficar com você esta noite.
— Theresa olhou para Sandro, que estava brincando de esconde-
esconde com uma Lily ligeiramente grogue. Um sorriso impotente
surgiu em seus lá bios enquanto ela o observava brincar seriamente
com sua filha. Lily parecia confusa, mas pelo menos ela nã o tinha
começado a chorar ainda.
Ela voltou a se concentrar em sua conversa com Lisa, certa de
que Sandro nã o tinha ideia de que era seu aniversá rio, e ela nã o
estava prestes a informá -lo, nã o quando sabia o quã o bravo esse
novo Sandro ficaria consigo mesmo por nunca se preocupar em
descobrir essa informaçã o.
— Uhm... ok, a que horas você quer me encontrar? — Ela e sua
prima organizaram rapidamente a logística de seu encontro, e ela
desligou logo depois que eles finalizaram seus planos.
— Você vai se encontrar com Elisa? — Era mais uma pergunta
do que uma afirmaçã o. Sandro havia levantado Lily de seu carrinho e
estava aconchegando-a em seu peito enquanto ela chupava um de
seus dedos.
— Sim, algumas compras e almoço.
— Você quer que eu leve Lily para o escritó rio enquanto você
aproveita o dia das meninas? — Ela sorriu com a oferta
inerentemente egoísta, sabendo que ele adoraria exibir sua filha no
trabalho.
— Agradeço a oferta, Sandro, mas enquanto ela ainda estiver
amamentando, nã o acho uma boa ideia ficar tanto tempo longe de
mim. — Ele fez uma careta com essa ló gica. Ela sabia que ele sentia
falta de Lily enquanto estava no trabalho. Depois de um mês de
licença paternidade, ele voltou a trabalhar a contragosto, mas ligava
todos os dias, alegando sentir falta de “suas garotas”. Era doce.
Ela o observou voltar a murmurar coisas doces para sua filha
entre goles de café.
— Sandro, você sabe quem vazou para a imprensa aquela
histó ria do nosso casamento? — Ela se surpreendeu com a pergunta
e percebeu, pela maneira como ele estremeceu, que a pergunta o
havia confundido. Ele ergueu os olhos para ela, distraidamente
embalando Lily enquanto tentava avaliar seu humor.
— Minha irmã mais velha, Gabriella, teve conversas indiscretas
sobre nossos negó cios particulares de família com uma de suas
amigas. Quando meu pai morreu, a família foi notícia por semanas, e
essa “amiga” viu uma oportunidade de ouro para ganhar algum
dinheiro. Nosso casamento nã o foi a ú nica coisa que foi arrastada
para o escrutínio pú blico. O aborto adolescente de minha irmã
Rosalie foi notícia, o marido traidor de minha outra irmã Isabella...
— Ele balançou a cabeça em desgosto. — A nossa foi apenas a maior
notícia por causa do envolvimento de seu pai. Isso tornou um
momento ruim para a família ainda pior. Eu estava tã o ocupado
controlando os danos depois da notícia da gravidez de Rosalie e do
subsequente aborto que, quando a histó ria do nosso casamento veio
à tona, eu nem sabia até que minha mã e chamou minha atençã o.
Larguei tudo e voei para casa, para você. Eu nã o conseguia suportar
a ideia de que você pensaria que era verdade... que você pensaria
que eu valorizava tã o pouco nosso casamento que eu pediria o
divó rcio sem sequer falar com você sobre isso.
— O que aconteceu com a amiga?
— Ela vendeu nossos segredos por uma ninharia, mas o status
que ela tinha em nossa sociedade diminuiu para nada. Ela nã o é mais
bem-vinda nos círculos que já governou. Acredite em mim, nã o há
puniçã o maior para alguém como ela. Gabriella aprendeu uma liçã o
valiosa sobre discriçã o, e algumas publicaçõ es italianas estã o sendo
processadas por difamaçã o quando fabricaram completamente
muitos dos chamados “fatos” para apoiar a histó ria já suculenta que
receberam. Como o “fato” de que eu estava pedindo o divó rcio.
— Também... — Ela fez uma pausa.
— Também? — ele perguntou.
— Por que você nã o ligou? Você prometeu que ligaria todos os
dias, — ela sussurrou.
— Cara, meu pai tinha acabado de falecer. Minhas irmã s, mã e e
Nonna eram desastres emocionais... Eu tinha tanto para cuidar, mas,
toda vez que falava com você, tudo que eu queria fazer era dar o fora
dali e voltar para meu lar. — Era a segunda vez em poucos minutos
que ele se referia à casa deles como “lar”, e a palavra a aqueceu até a
alma. — Acredite quando digo, a vontade de voltar era tã o forte que
até pedi um carro para me levar ao aeroporto depois de uma de
nossas conversinhas estranhas. Eu estava dividida entre seguir meu
coraçã o e honrar minhas responsabilidades. Mas se eu nã o tivesse
racionado estritamente nossos telefonemas, eu gostaria
abandonaram essas responsabilidades.
— Você nã o teria, — disse ela com uma risadinha incrédula.
— Nã o subestime seu fascínio, querida. Eu teria... em um piscar
de olhos. Eu sei que foi egoísta da minha parte nã o ligar, mas foi a
ú nica maneira que consegui pensar para controlar o impulso de
simplesmente entregar toda a bagunça para minhas irmã s e voltar
para você. Ao mesmo tempo, nossas conversas muito afetadas nã o
estavam ajudando em nada. Eu estava preocupado com você, entã o
liguei para Phumsile praticamente todos os dias para saber como
você estava. Eu a jurei em segredo e praticamente dei a ela o terceiro
grau toda vez que nos falamos. Quando você e eu conversamos,
fiquei tã o frustrado e odiei o quã o emocionalmente distante você
parecia. Eu também estava com medo de dizer a coisa errada e te
alienar ainda mais. Isso estava me fazendo entrar nas paredes.
Ela riu ligeiramente.
— Subir nas paredes, — ela corrigiu.
— O que? — Ele parecia perplexo.
— Estava levando você a “subir nas paredes” ... nã o para dentro
dela.
— Para dentro da parede, subindo a parede, sobre a parede,
tanto faz. — Ele fez um gesto de desdém com a mã o. — Isso estava
me deixando louco. — Encantada com sua incapacidade de entender
o idioma inglês, Theresa riu novamente e decidiu deixar o assunto de
lado. As explicaçõ es dele ajudaram muito a dissipar parte de sua
inquietaçã o persistente com o relacionamento deles. Lily começou a
se agitar e Theresa estendeu a mã o para ela antes de desnudar um
seio rá pida e eficientemente, ela estremeceu um pouco quando Lily
se agarrou avidamente. Sandro deixou cair o queixo na palma de
uma das mã os e as observou possessivamente. Ele gostava de vê-la
alimentar Lily. Na verdade, ele estava tã o completamente fascinado
com a nova forma e tamanho de seus seios que os manuseava com
gentileza e um pouco de reverência sempre que faziam amor.
— Obrigada por responder minhas perguntas, — ela disse
depois de alguns momentos de silêncio, quebrado apenas pelo som
fungando da criança alimentando-se faminta.
— Fico feliz em responder a quaisquer outras. — Sua voz falhou
em convite e ela assentiu.
— Bom saber. — Ela precisava perguntar a ele sobre Francesca,
sobre o futuro deles..., mas ela se encontraria com Lisa. Mais tarde,
ela prometeu a si mesma. Ela perguntaria a ele mais tarde. Ela
ignorou a pequena voz na parte de trá s de sua cabeça que a chamou
de covarde.

— Entã o, quais sã o os planos para esta noite? — Lisa perguntou


curiosamente enquanto Theresa saboreava a fatia decadente de bolo
de mousse de chocolate que ela estava comendo como sobremesa.
— Provavelmente teremos uma noite tranquila. — Ela deu de
ombros. — Sandro nã o sabe que é meu aniversá rio.
— Ah. — Lisa desviou o olhar por um longo momento antes de
se voltar para Theresa. — Você quer que eu diga a ele?
— Nã o, ele se sentiria péssimo se soubesse. — Os lá bios de Lisa
se inclinaram para os lados.
— Bem, pelo menos ele nã o ficaria indiferente, — disse Lisa. —
O que é provavelmente o que ele teria sido um ano atrá s.
Teresa assentiu.
— Eu sei. — Ela fez uma pausa. — Ele me disse que me amava...
cerca de um mês atrá s. E ele disse isso todos os dias desde entã o.
Mas, eu nã o consigo me forçar a acreditar nele.
— Theresa, tem sido bastante ó bvio para mim já faz um tempo
que ele está apaixonado por você, — sua prima a surpreendeu ao
dizer.
— Tem?
— Sim... acho que comecei a ver quando ele tentou perdoar
minha dívida sem um bom motivo e depois quando você desmaiou
apó s a amniocentese e começou a chorar quando cheguei lá . Rick
estava certo, o homem parecia arrasado quando você começou a
chorar. Acho que você deveria começar a acreditar nele. Eu sei que
ele te machucou muito no passado, mas é hora de você decidir se
pode perdoá -lo ou nã o. Porque se você nã o pode, entã o nã o faz
p p q p
sentido continuar neste casamento, mas se você pode, entã o eu acho
que este homem vai fazer o possível para garantir que você seja feliz
pelo resto de sua vida.

Lisa foi para casa com Theresa naquela noite decidindo que eles
deveriam fazer um jantar de aniversá rio improvisado para ela. Mas
quando eles voltaram para casa e Theresa recebeu um telefonema de
Sandro dizendo a ela que ele tinha que trabalhar até tarde, Lisa
severamente intimidou Theresa em um vestido bonito, ligou para
Rick e disse que eles estavam levando Theresa e Lily para o que ela
chamava de restaurante “chique”.
Theresa nã o estava com vontade de comemorar e, quando
chegaram ao restaurante, ela se arrastou até a entrada, onde Rick
esperava. Ele parecia muito elegante em um smoking e combinava
bem com Lisa, que estava usando um dos lindos vestidos de noite
que ela comprou em sua expediçã o de compras naquela tarde.
— Olha, pessoal, isso é muito barulho, — Theresa protestou. —
Por que nã o voltamos para minha casa e jantamos bem ou algo
assim?
— Agora é tarde, raio de sol, estamos aqui, entã o você vai ter
que lidar com isso. — Rick sorriu antes de dar um beijo em sua
bochecha e, em seguida, estender a mã o para pegar o carrinho de
Lily dela. — Feliz aniversá rio, Theresa, você está linda.
O vestido de seda na altura do joelho era um pouco curto
demais e fazia seus seios inchados parecerem um pouco voluptuosos
demais para seu gosto. Ela se sentiu um pouco desconfortável com
ele, mas Lisa o escolheu, dizendo que a cor verde gelo fazia coisas
maravilhosas para seus cabelos e olhos.
— Quero dizer, vocês sequer pensaram em fazer reservas?
— Theresa, com seu pai e seu marido sendo quem sã o, você
realmente acha que entrar em qualquer restaurante que você queira
vai ser um problema? — Lisa zombou e Theresa torceu o nariz,
admitindo o ponto. Lisa passou pela porta e Rick se afastou para
deixar Theresa entrar.
O maitre sorriu e conduziu-a sem questionar. Surpresa, ela o
seguiu com uma carranca no rosto. Ele a conduziu através de portas
duplas de vidro. O lugar estava lotado de gente e, por algum motivo,
ninguém estava sentado. Ela se contorceu desconfortavelmente
quando todos se viraram para olhar para ela, sem saber ao certo o
que diabos estava acontecendo.
— Surpresa! — Ela quase pulou de susto com o grito coletivo e,
finalmente, percebeu que reconhecia a maioria dos rostos na sala.
Rick, que tinha ficado do lado de fora da sala até depois da surpresa,
caso isso assustasse Lily, moveu-se para ficar ao lado dela.
— O que está acontecendo? — ela sussurrou em pâ nico
confusã o.
— É uma festa surpresa de aniversá rio, sua idiota, — ele
brincou, dando outro beijo carinhoso em sua bochecha antes de sair
para encontrar sua esposa no meio da multidã o. As pessoas estavam
se aglomerando ao seu redor, beijando-a e apertando sua mã o. Ela
reconheceu Gabe Braddock e todos os amigos de Sandro na noite de
sexta-feira junto com seus entes queridos. O irmã o de Rick, Bryce
Palmer, aproximou-se e deu-lhe um tapinha sem cerimô nia nas
costas e um á spero “feliz aniversá rio” antes de desaparecer de volta
na madeira. O homem odiava multidõ es. Ela podia imaginar que esta
cena nã o era realmente do gosto dele, mas ele estava aqui e ela
estava totalmente confusa com isso. Por que ele estava aqui, por que
algum deles estava aqui? Como Lisa sabia que deveria convidar Gabe
Braddock e todo aquele bando?
— Feliz aniversá rio meu amor. — Um familiar par de braços
fortes envolveu sua cintura, e ela foi puxada para trá s contra um
peito largo. Sandro deu um beijo em seu pescoço. Ela se virou em
seus braços e olhou para ele com espanto.
— Você fez isso? — ela perguntou incrédula. — Mas eu pensei
que você nã o...
— Cara, — ele interrompeu com infinita paciência. — Eu nã o
sou um homem estú pido, nã o estava prestes a repetir meus erros do
passado. Eu te amo e queria te mostrar o quanto.
— Há quanto tempo você está planejando isso? — ela
perguntou.
—Deus, desde antes de meu pai morrer. Os planos foram
suspensos até que eu voltasse, e entã o, com o nascimento de Lily,
eles pararam um pouco, mas eu queria fazer algo especial para
compensar todas as vezes que seu aniversá rio foi negligenciado ou
esquecido ao longo dos anos. Ela sabia que ele se referia tanto a seu
pai quanto a si mesmo e ficou impotente comovida com o gesto.
— Obrigada. — Ela sorriu e ficou na ponta dos pés para beijá -lo.
Ele segurou seu rosto e a beijou avidamente.
— Você está linda, — ele disse a ela.
— Você também nã o parece tã o mal, — disse ela, recuando para
olhar o smoking feito sob medida.
— Ei, terminem vocês dois. — Uma impetuosa voz masculina se
intrometeu em seu pequeno casulo íntimo, e ambos se viraram para
ver o rosto sorridente de Gabriel Braddock. — Sandro, é como se
toda vez que eu vejo você com essa coisa linda, você está com as
mã os nela. Divida a riqueza, mano. — Ele deu um passo à frente para
envolver Theresa em um abraço caloroso.
— Feliz aniversá rio linda. Sentimos sua falta. — Considerando
como eles a encontraram apenas uma vez, meses atrá s, Theresa
inicialmente duvidou da veracidade dessa afirmaçã o, mas a
sinceridade em seu rosto a levou a acreditar que ele realmente quis
dizer suas palavras.
— Obrigada. — Ela sorriu. — Sinto muito por nunca ter ido a
nenhuma de suas outras noites de futebol.
— Você teve uma gravidez difícil, perfeitamente compreensível,
— ele dispensou com um movimento descuidado da mã o. — E
parabéns pela sua linda filha, a propó sito. Sandro tem mostrado
fotos dela para nó s por semanas. Vai ser bom vê-la em carne e osso.
Onde está a queridinha?
— O marido da minha prima está com ela. — Ela olhou em volta
procurando por Rick e o viu mostrando Lily para seu parceiro de
negó cios, Vuyo, e seu irmã o, Bryce. O pequeno grupo logo se juntou
ao parceiro de negó cios de Bryce, Pierre de Coursey, e à esposa de
Pierre, Alice. Eles estavam todos preocupados com o bebê
adormecido.
De Coursey e Palmer recentemente ofereceram a ela um está gio
de um ano em sua prestigiosa empresa DCP Jewellers, depois que ela
terminou seu curso de design de joias na faculdade. Sandro enviou
uma có pia de seu portfó lio para os homens e eles ficaram
impressionados com seu “talento bruto”. Foi mais um exemplo do
empenho de Sandro em fazê-la o mais feliz possível. Ele sabia o
quanto seu design significava para ela e acreditou nela o suficiente
para abordar os joalheiros em seu nome. A princípio, ela nã o se
sentira à vontade com o nepotismo flagrante, mas tanto Pierre
quanto Bryce a convenceram de que genuinamente viam valor em
seu trabalho.
— Parece que ela nã o está querendo atençã o, entã o vou levar
sua linda mã e para dar uma volta na pista de dança enquanto isso, —
disse Gabriel, e empurrou uma sorridente Theresa para longe de
Sandro antes que o outro homem pudesse protestar, girando-a ao
som de uma mú sica animada.
Ele a teve por apenas dois minutos antes de alguém
interromper, e depois disso ela foi passada de parceiro para parceiro
pela pró xima meia hora antes de Sandro finalmente reclamá -la.
— Acha que pode sobrar um tempinho para flertar com seu
marido, cara? — ele perguntou mal-humorado, e ela piscou para ele
incerta até que ela reconheceu que ele estava com um pouco de
ciú me. O fato aumentou sua confiança e trouxe um sorriso encantado
em seu rosto.
— Tenho alguns minutos de sobra entre as danças. — Ela
assentiu depois de uma pausa pensativa, e ele rosnou antes de
arrastá -la para mais perto e colocar a cabeça dela em seu ombro.
Eles balançaram juntos lentamente, e ele começou a acariciar seu
pescoço. Ela suspirou e se derreteu em seu corpo duro, apreciando o
aroma quente e picante dele. Eles estavam tã o envolvidos um com o
outro que nã o perceberam ninguém parado ao lado deles até que
uma voz penetrou na névoa do desejo.
— Sandro? — Ele fez um som de protesto antes de levantar a
cabeça e piscar para alguém parado atrá s de Theresa. Ela observou o
rosto dele se iluminar e um sorriso enfeitar seus lá bios antes que ele
começasse a falar um italiano rá pido. Perplexa, ela se virou em seus
braços e congelou.
— Cara, esta é minha mã e e duas de minhas irmã s. Eles voaram
para conhecer você e a ú ltima adiçã o para nossa família. Mamã e,
Isabella, Rosalie, esta é minha esposa, Theresa. — As quatro
mulheres se entreolharam com cautela, nenhuma delas muito certa
do que esperar. Finalmente, a mais nova do trio de lindas morenas
deu um passo à frente com um sorriso. Theresa imaginou que ela
devia ser Rosalie.
— Estou muito feliz em finalmente conhecê-la, Theresa, — ela
disse em inglês com leve sotaque, e para choque total de Theresa
deu-lhe um abraço caloroso. — Eu sou Rosalie.
— Prazer em conhecê-la, — Theresa murmurou impotente em
resposta, seus olhos procurando desesperadamente os de Sandro.
Ele parecia ansioso, mas sorriu de forma tranquilizadora quando
encontrou o olhar dela.
— Eu esperava que eles chegassem na pró xima semana, mas
eles chegaram ontem à noite, bem a tempo do seu aniversá rio. — Ela
podia ver o pedido de desculpas em seus olhos, como se ele temesse
que sua presença diminuísse seu prazer na festa de aniversá rio. Ela
balançou a cabeça, o gesto tã o leve que só ele percebeu e sorriu para
ele.
— Bem, que surpresa duplamente maravilhosa entã o. — Ela se
livrou do choque e deu um sorriso genuinamente caloroso ao
pequeno grupo de beldades italianas. As irmã s de Sandro já estavam
recebendo muitos olhares masculinos especulativos.
— Minha filha Gabriella nã o pô de vir. Ela está tendo problemas
com o filho mais velho, — disse a mã e de Sandro. — E claro, minha
sogra é velha demais para viajar. Mas ambas mandam lembranças. —
Theresa duvidava muito disso, lembrando-se de como aquelas duas
mulheres haviam sido particularmente hostis com ela durante a
videoconferência.
— Sra. De Lucci. — Theresa estendeu a mã o para segurar as
mã os da outra mulher nas suas. — Sinto muito por sua perda e
lamento nã o ter podido comparecer ao funeral.
— Nã o seja boba, Theresa, — a mulher mais velha zombou,
piscando obstinadamente para conter as lá grimas repentinas. —
Você estava grávida. Viajar naquela condiçã o teria sido uma tolice.
Você fez a coisa certa. Agora, onde está essa minha neta? Eu vi fotos,
claro, mas estou pronta para conhecê-la. — A imperiosidade em seu
tom nã o tolerava desobediência, e Theresa sorriu quando Sandro
praticamente fez uma saudaçã o antes de abandoná -las em busca de
sua filha.
Ela ficou tensa quando percebeu que ele a deixou sozinha com
sua família intimidante e se preparou para o que viria a seguir. Ela
nã o tinha ilusõ es de que elas gostavam dela ou a aceitavam, sabendo
que todos fingiriam se dar bem pelo bem de Sandro, mas que o que
acontecia pelas costas dele seria outra histó ria.
— Eu te devo desculpas, — a mã e de Sandro a chocou ao dizer,
e Theresa ousou olhar para o rosto elegante da mulher mais velha. A
mulher nã o parecia mais intimidadora. Na verdade, seu rosto se
suavizou completamente e Theresa piscou para ela, surpresa. —Eu
nã o fui nada... gentil, quando você ligou para falar com meu marido.
Depois do funeral, Sandro nos contou a verdade sobre seu
casamento, sobre a maneira como ele e seu pai a trataram, entã o
agora sei que você teria toda razã o em nã o querer falar com meu
marido. Mas você mostrou uma profundidade de cará ter maior do
que o resto de nó s juntos quando você concordou em se encontrar
com ele. Você fez um moribundo muito feliz em suas ú ltimas horas.
Ele estava tã o preocupado com Sandro e com o que ele havia
sacrificado por nossa família, mas falar com você aliviou sua mente
consideravelmente, e ele estava em paz quando faleceu naquela
noite. Eu tenho que agradecer a você por isso.
— Fiquei feliz em conhecê-lo, — respondeu Theresa, um pouco
impressionada com a reviravolta nos acontecimentos.
— Bem, estamos quase dois anos atrasadas, mas estou muito
feliz em conhecê-la também, Theresa. — Sua sogra a envolveu em
um abraço totalmente inesperado e muito estranho. Theresa
respondeu confusa antes que as duas mulheres recuassem alguns
segundos depois, parecendo igualmente confusas. Rosalie e Isabella
estavam ambas sorrindo. Rosalie apresentou Theresa a Isabella,
explicando que a outra mulher falava pouco inglês
— Mas ela queria te conhecer, — Rosalie confidenciou
alegremente. Theresa podia ver que ela e Rosalie iriam se dar muito
bem. A outra mulher era uma gargalhada irreverente, e ambas
estavam rindo conspirativamente sobre o jeito que Sandro tinha
praticamente pulado mais cedo para cumprir as ordens de sua mã e,
quando finalmente voltou carregando Lily. O bebê estava acordado e
chorando, insatisfeito com a multidã o de pessoas desconhecidas ao
seu redor. Seu rostinho estava molhado e amassado, mas suas tias e
avó s imediatamente começaram a se preocupar com ela.
Sandro entregou Lily para sua mã e por um momento antes de
se virar para Theresa.
— Você está bem? — ele perguntou em voz baixa que só ela
podia ouvir. Ela assentiu com a cabeça, sorrindo
tranquilizadoramente para ele.
— Eu sinto muito. Eu nã o esperava que eles aparecessem tã o
cedo. Espero que nã o tenham estragado a festa para você. Eu queria
que esta noite fosse perfeita.
— E tem sido quase perfeito até agora, — ela o assegurou. —
Elas foram adoráveis, Sandro. Todas elas.
— Ó timo, porque eu as teria mandado de volta para a Itá lia se
elas tivessem dito qualquer coisa para aborrecê-la, — ele disse a ela.
— Nã o seja bobo. Eles sã o sua família.
— Esposa supera tudo, — ele retorquiu, e ela revirou os olhos.
— Vou resgatar Lily da Brigada do Beijo ali. Ela provavelmente
está com fome. — Ela foi fazer exatamente isso, praticamente
flutuando no ar enquanto sentia os olhos de Sandro ainda sobre ela.
Esposa supera tudo? Ela definitivamente gostou do som disso.

No final, Theresa conseguiu a festa de aniversá rio dos seus sonhos,


com cantorias, um bolo enorme e dezenas de balõ es flutuantes. A
noite nã o poderia ter sido mais perfeita. Depois de garantir que sua
família fosse colocada em um tá xi que as levaria ao hotel, ele chamou
o motorista para buscá -los. Lily foi colocada no berço em um quarto
silencioso equipado com uma babá profissional que a equipe
providenciou para ela e Rhys. Ela se mexeu inquieta quando seus
pais a pegaram, e ambos ficaram tensos, sabendo que estava perto
de seu horá rio regular de alimentaçã o.
— Estou exausta. — Theresa bocejou quando todos estavam
confortavelmente acomodados no banco de trá s do carro. Ele tinha o
braço em volta dos ombros dela, e ela tinha a cabeça apoiada em seu
peito. Lily mamava contente em seu seio, e as duas corriam o risco
de adormecer em Sandro.
— Tive uma noite maravilhosa, Sandro, — ela murmurou
sonolenta.
— Estou feliz em ouvir isso, cara, — ele sussurrou em seu
cabelo.
— Todos aqueles balõ es. — Sua voz enfraqueceu, e a ú ltima
coisa que ela ouviu antes de cochilar foi o som de sua risada
indulgente.

Theresa acordou em algum momento durante as primeiras horas da


manhã quando sentiu Sandro sair da cama. Ela piscou confusa, sem
saber como tinha ido para a cama. Ela estava totalmente nua e nã o se
lembrava de ter se despido ou mesmo de ter subido as escadas. Ela
podia ouvir Lily preocupada através do monitor do bebê e estava
prestes a sair da cama quando ouviu a voz gentil de Sandro
sussurrando para o bebê. Lily se acalmou um pouco, e Theresa sorriu
ao ouvi-lo cantar para o bebê, sua voz á spera pelo sono ligeiramente
desafinada. A voz dele enfraqueceu e ela se sentou, acendendo a
lâ mpada de cabeceira e ajustando os travesseiros atrá s das costas
quando percebeu que Sandro provavelmente estava trazendo Lily
para o quarto para ela se alimentar. Ele apareceu momentos depois,
parecendo completamente amarrotado e vestindo nada além de
cueca boxer branca. Ele sorriu quando a viu sentada na cama.
— Sua filha está com fome. — Ele acenou com a cabeça para o
bebê agitado e Theresa estendeu a mã o para ela. Ele transferiu o
embrulho contorcido suavemente antes de contornar a cama para
subir ao lado de Theresa. Ele observou extasiado enquanto Theresa
alimentava o bebê.
— Nã o me lembro de ter chegado em casa, — Theresa
sussurrou depois de alguns minutos.
— Sim, você estava apagada. Levei Lily para cima e depois desci
para buscar você.
— Você me carregou? Sandro, eu peso uma tonelada…
— Dificilmente, — ele zombou.
— Bem, isso explica porque estou totalmente nua.
— Achei que merecia uma recompensa depois de tanto
trabalho duro. — Ele sorriu perversamente, e ela revirou os olhos.
p
— Sandro, vou voltar para o nosso quarto amanhã , — ela disse
a ele calmamente. Ele nã o disse nada a princípio e, em vez disso,
estendeu a mã o para brincar com um dos punhos fechados de Lily.
Era algo em que ela vinha pensando desde o nascimento de Lily. Ele
passava todas as noites no quarto de hó spedes com ela de qualquer
maneira, entã o insistir em quartos separados era um ponto
discutível. O quarto principal era muito mais confortável e mais
pró ximo do berçá rio.
— Isso é bom, — disse ele, mantendo os olhos no bebê de peito.
— Fico feliz em ouvir isso, Theresa.
Um silêncio constrangedor desceu, e Theresa nã o tinha certeza
do que o havia causado. A resposta dele à s notícias dela foi, na
melhor das hipó teses, morna.
— Você quer que eu volte, certo? — ela perguntou depois de
outro longo silêncio, e ficou surpresa com o brilho de fú ria que ela
viu em seus olhos quando ele olhou para ela.
— É claro que eu quero que você volte, Theresa. Eu também
quero que você confie em mim, me perdoe... me ame, — ele fervia,
sentando-se abruptamente e saindo da cama para andar pelo quarto
como um gato ameaçador, todo graça e poder selvagens. Theresa
observou-o com um fascínio impotente.
— Eu nã o sei mais o que dizer ou fazer, Theresa, — ele disse
baixinho, passando as mã os agitadas pelo cabelo. — Entã o,
novamente, nã o parece importar o que eu digo ou faço... você está
determinada a manter uma distâ ncia emocional entre nó s. Você acha
que eu nã o percebi? Quanto tempo mais você vai me punir por
minha estupidez?
— Eu nã o estou tentando punir você. — Ela estava chocada que
ele pensasse isso. —Eu realmente nã o estou. Eu só ... — ela nã o sabia
o que dizer, porque agora que ela pensou sobre isso, ela se
perguntou se ela nã o o estava punindo subconscientemente depois
de tudo.
— Eu tenho algo para você, — ele murmurou. — É seu presente
de aniversá rio. Eu ia te dar de manhã , mas já que você acordou... —
Ele saiu da sala abruptamente e voltou alguns minutos depois com
um envelope grosso na mã o. Ele estendeu a mã o para pegar o bebê
adormecido dela e deixou cair o envelope em seu colo. Ela olhou
para ele incerta por um longo tempo, enquanto Sandro continuava
andando com Lily embalada em seus braços. Finalmente, hesitante,
ela o pegou e o virou em suas mã os. Mas o exterior marrom liso do
envelope tamanho A4 nã o dava nenhuma pista sobre seu conteú do.
Ela olhou para Sandro, mas agora ele estava parado nas janelas do
chã o ao teto, presumivelmente olhando para o céu tempestuoso
antes do amanhecer.
— Nã o vai te morder. — Sua voz profunda a assustou, e ela
percebeu que, por causa do brilho da lâ mpada, ele podia ver seu
reflexo na janela. Ela passou um dedo sob a aba do envelope para
abri-lo e enfiou a mã o lá dentro para extrair um grosso maço de
papéis de aparência legal. A princípio, seu estô mago revirou quando
viu seus nomes impressos na folha de cima e, por um breve e terrível
momento, pensou que ele estava entregando os papéis do divó rcio.
Entã o ela olhou mais de perto e franziu a testa.
— Sandro... o que você fez? — ela sussurrou em choque. —
Você nã o pode fazer isso.
— Eu posso... eu fiz. — Ele deu de ombros, ainda observando o
reflexo dela no vidro. — É seu.
Ele a havia dado a vinha. A vinha de seu pai.
— Mas é do seu pai.
—E quando ele morreu, se tornou minha. Suponho que
tecnicamente seu pai possa pegá -la de volta a qualquer momento,
mas é um gesto, Theresa.
— Por quê? — ela perguntou impotente.
— Eu nã o queria que você duvidasse das minhas razõ es para
querer estar com você. Eu nã o queria mais isso entre nó s.
— Mas sua mã e e suas irmã s…
— Elas sabem disso e, em sua maioria, aprovam minha decisã o.
Nã o que isso importasse se nã o o fizessem. Isso nã o é sobre elas; isso
é sobre nó s. É sobre consertar o que quebrei. — Ele se virou para
encará -la e caminhou de volta para a cama. — A vinha é tua, Theresa,
e se nã o a quiser, podes queimá -la ou passar a escritura para Lily.
Você pode devolvê-lo ao seu pai em uma bandeja. Nã o importa para
mim. A ú nica coisa que me importa é você. Você é o sol ao redor do
qual eu giro, e sem você... — Ele balançou a cabeça quando sua voz
falhou.
— Eu acho que é hora de você me contar sobre Francesca, —
Theresa disse, e ele respirou fundo antes de se sentar ao lado dela.
Theresa estendeu a mã o e pegou Lily dele. Felizmente, o bebê
continuou a dormir pacificamente.
— Francesca... — Ele fechou os olhos enquanto tentava
organizar seus pensamentos. — Ela é o tipo de mulher com quem
sempre me imaginei me casando. Equilibrada, sofisticada, bonita...
Ela mantém todas as suas emoçõ es bem guardadas, o que me serviu
muito bem porque nunca apreciei cenas emocionais complicadas.
Namoramos e nos demos muito bem. Eu me imaginei apaixonado
por ela. Era uma versã o muito simples, clínica e descomplicada do
amor. Achei que combinamos perfeitamente. — Theresa tentou
manter a expressã o neutra, mas doía muito ouvi-lo falar sobre a
outra mulher nesses termos. —Entã o eu vim aqui para conhecer seu
pai e vi você pela primeira vez. Sua beleza tranquila me atraiu
imediatamente. Acho que nunca te disse isso. Eu nã o conseguia tirar
os olhos de você naquela primeira vez, e eu queria você com uma
violência que me deixou profundamente chocado. Se seu estú pido
pai tivesse deixado as coisas como estavam, tenho certeza que nã o
teria conseguido manter minhas mã os longe de você. Mas quando ele
forçou o assunto, ele fez a ú nica coisa que garantiu que eu manteria
distâ ncia de você. Eu nã o gostei de ser dito o que fazer, cara. E
mesmo que você fosse exatamente o que eu queria, eu
perversamente mantive você à distâ ncia.
— Eu me ressentia de você e me ressentia de seu pai por
atrapalhar minha vida e meus planos futuros. Entrei em nosso
casamento determinado a agarrar aquele maldito divó rcio com as
duas mã os assim que você tivesse um filho. Mas as coisas ficaram
confusas... e emocionais. Eu tentei tanto manter você à distâ ncia. Me
recusei a te beijar, fingi querer outras mulheres, e o tempo todo nã o
conseguia ficar longe de você. Eu pude ver o quanto eu estava
machucando você e... — Ela o observou lutar para encontrar as
palavras certas antes que ele balançasse a cabeça e quebrasse o
contato visual. — No começo eu nã o me importava. Racionalizei que
nã o era nada mais do que você merecia. Mas quanto mais distante e
fechada você ficava, mais frustrado eu ficava com você. Eu disse a
mim mesmo que era porque queria ver você sofrer, mas quando
pensei seriamente, sabia que era mais profundo do que isso. Eu
odiava nã o ter sua atençã o. Quando nos casamos, você me encheu de
atençã o. Você sabia que algo estava errado, mas sempre foi tã o
determinadamente afetuosa e amorosa. Ver aquela afeiçã o e aquela
confiança desaparecendo de seus olhos... foi muito mais difícil do que
eu esperava.
Ele se levantou e começou a andar de novo. Theresa observou-o
rondar agressivamente pela sala e sentiu o gelo ao redor de seu
coraçã o derreter com cada palavra que ele pronunciava. Ele estava
sendo tã o brutalmente honesto com ela, algumas de suas palavras
eram feias e dolorosas, enquanto outras faziam seu coraçã o disparar.
— Toda vez que voltei para a Itá lia, passei um tempo com
Francesca, — ele confessou asperamente, parando abruptamente de
andar para fixá -la com seu olhar intenso. — Eu nunca toquei nela. Eu
quero que você saiba disso. Nã o de forma sexual. Eu nunca quis.
Minha mã e e minhas irmã s faziam essas pequenas reuniõ es com a
família dela e a nossa; eles tentaram nos unir com mais frequência
do que nunca. Eu raramente procurava sua companhia. Eu a via em
festas e reuniõ es familiares, mas nunca senti necessidade de contatá -
la em nenhum outro momento. Você nunca esteve longe dos meus
pensamentos enquanto eu estava fora do país. Eu me peguei
imaginando o que você estava fazendo, com quem estava, se estava
feliz... se sentia minha falta. — Ele limpou a garganta constrangido.
— Eu verdadeiramente queria que você sentisse minha falta,
Theresa. Eu disse a mim mesmo que era porque você sofreria mais,
imaginando o que eu estava fazendo…
— Que piada! Eu queria que você sentisse minha falta porque
eu senti sua falta. Nas poucas vezes que liguei para casa você estava
tã o distante, e isso me deixou louco. Tudo o que eu conseguia pensar
quando estava fora era voltar para você. Eu fantasiei sobre as coisas
que faria com você quando a tivesse nua debaixo de mim novamente.
Por que mais você acha que eu estava sempre com tanto tesã o
quando chegava em casa depois dessas viagens? — Theresa corou ao
se lembrar de uma volta ao lar particularmente memorável; Sandro
voltou em uma sexta-feira e nã o a deixou sair da cama até a manhã
de segunda-feira. O homem era insaciável.
— Naquela manhã , quando você disse que queria o divó rcio. —
Ele balançou sua cabeça. — Você chocou o inferno fora de mim. Até
aquele ponto você tinha sido tã o passiva e aceitava a situaçã o.
— O capacho por excelência que você quer dizer? — ela inseriu
secamente.
— Acho que você nunca foi um capacho, Theresa. Acho que
você estava tentando tirar o melhor proveito de uma situaçã o ruim e,
no final, quando nã o conseguiu mais, me mostrou quem você
realmente era. Eu estava fascinado por você antes, mas quando
comecei a ver o verdadeiro você, me apaixonei forte e rá pido. Fiquei
horrorizado quando descobri que você nã o sabia nada sobre o
arranjo doentio de seu pai. Odiei o que fiz com você, como fiz você
sofrer pelos erros dele. Tentei fazer as pazes com você, mas você
claramente me desprezou e com razã o. Eu queria te conhecer, queria
que tivéssemos um casamento de verdade, mas você insistiu que nã o
queria nada comigo... e, Theresa, se você alguma vez quis vingança
pela forma como eu a tratei, você conseguiu. em espadas quando
parecia que nada do que eu estava fazendo ou dizendo estava
fazendo alguma diferença na maneira como você se sentia em
relaçã o a mim.
— E entã o, quando você me disse que estava grávida. — Ele se
ajoelhou na cama e olhou para o rosto do bebê adormecido antes de
erguer os olhos para ela. — De repente, parecia que havia uma
bomba-reló gio na casa. Nã o teria todo o tempo do mundo para fazer
você me amar de novo; eu tinha apenas alguns curtos meses. A ú nica
coisa que eu queria acima de tudo no começo era agora um laço em
volta da minha garganta, apertando a cada dia que passava. Eu
amava o bebê com tudo em mim, mas também o temia porque estava
com medo de que ele acabasse levando você para longe de mim. Eu
nã o queria que você me excluísse da gravidez; eu queria mostrar a
você como poderíamos ser se agíssemos como uma unidade familiar
só lida, mas você estava tã o deprimentemente obcecada em ter um
filho que parecia uma batalha constante e difícil. Comecei a rezar por
uma garota porque sabia que uma garota me daria mais tempo. Uma
garota iria mantê-la comigo por mais tempo; também provaria a
você, de uma vez por todas, que o ridículo contrato de seu pai nã o
significava mais nada para mim. Que eu queria que nosso casamento
durasse para sempre.
Ele finalmente pareceu ficar sem palavras, inspirando
profundamente o ar e exalando-o. trêmulo. Seus olhos procuraram
os dela desesperadamente, mas ela manteve sua expressã o neutra,
apesar da alegria borbulhando dentro dela. Essa paixã o nua e
vulnerável era o que ela estava esperando. Ele finalmente desnudou
sua alma para ela, e foi quase ofuscantemente belo.
— Entã o você quer que nosso casamento dure para sempre? —
ela perguntou depois de um longo silêncio.
— Sim.
— E você ama nosso bebê?
— Sim claro.
— E você me ama? — Sua voz tremeu um pouco com a
enormidade dessa percepçã o.
— Deus, sim!
— Bom.
— Apenas bom? — ele perguntou incrédulo.
— Bem, o que mais você quer de mim? — ela perguntou
inocentemente, e ele rosnou. Ela riu do som selvagem antes de
estender a mã o livre para segurar sua mandíbula tensa. — Sandro,
seu lindo idiota... eu nunca deixei de te amar. Acabei de ficar muito
melhor em esconder isso de você. Eu estava com muito medo de me
machucar novamente.
— Eu nunca vou te machucar novamente, — ele prometeu com
veemência.
— Nã o faça promessas que você nã o pode cumprir, Alessandro,
— ela alertou.
— Ok, vou tentar o meu melhor para nã o a machucar
inadvertidamente de novo, — ele reformulou com cuidado, e ela
sorriu, o velho sorriso afetuoso que ela costumava dar a ele no início
de seu casamento. Ela ouviu a respiraçã o de Sandro travar com a
visã o.
— Muito melhor, — ela aprovou, e ele rosnou novamente. Desta
vez, o som foi mais um ronronar sexy do que um aviso. Ele envolveu
tanto ela quanto Lily em um abraço feroz, mas quando Lily fez um
som agudo de protesto, ele as soltou com relutâ ncia.
— Eu te amo de todo o coraçã o, Theresa, e quero me casar com
você, — ele disse com a voz rouca, e ela se assustou.
— Também te amo, Sandro, mas da ú ltima vez que verifiquei, já
éramos casados.
— Eu quero te dar o casamento que você deveria ter tido, cara.
Quero fazer meus votos novamente e ser sinceros com todo o meu
coraçã o.
— Você nã o precisa fazer isso, Sandro. — Ela balançou a cabeça.
—Eu sei que você me ama. Você nã o precisa provar nada para mim.
— Nã o tenho que fazer isso, Theresa, mas quero fazer. Quero
que minha família esteja presente para me ver casar com a mulher
que tem meu coraçã o nas mã os. Por favor, case-se comigo de novo,
Theresa, e faça de mim o homem mais feliz do mundo.
Ela passou um braço em volta do pescoço dele e puxou sua
cabeça para baixo para um longo beijo.
— Sim. De todo o coraçã o, sim, Sandro.
EPÍLOGO

O clima no final da primavera de setembro estava perfeito. O sol


estava brilhando e o cé u tinha um lindo tom de azul, sem uma ú nica
nuvem estragando sua perfeiçã o. O quarteto de cordas tocou “A
Marcha Nupcial” e o pequeno grupo de pessoas sentadas nas
cadeiras de ferro forjado no belo jardim virou-se em uníssono,
esticando o pescoço para ver a noiva.
Theresa agarrou-se ao braço de sua dama de honra enquanto
descia regiamente o tapete vermelho repleto de flores. Seus olhos
estavam fixos no homem alto de pé sob o caramanchã o de rosas com
as mã os cruzadas solenemente na frente dele. Seus olhos a estavam
devorando enquanto ela caminhava em direçã o a ele. Ele estava lindo
em seu terno preto simples. Seu cabelo havia sido cortado rente ao
couro cabeludo e, quando ela se aproximou ainda mais, pô de ver o
corte em sua mandíbula onde ele se cortara ao fazer a barba naquela
manhã . Ela podia ver a apreciaçã o em sua expressã o quando ele viu
seu vestido simples de chiffon marfim, com decote em coraçã o
levemente bordado, cintura caída e saia esvoaçante na altura do
tornozelo. Seu cabelo brilhante estava encimado por uma coroa
simples de rosas brancas, e em suas mã os ela segurava um buquê
igualmente simples de rosas brancas cremosas.
Ela se colocou ao lado dele, e Lisa, sua dama de honra, ofereceu
a Sandro a delgada mã o direita de sua noiva. Ele sorriu para a prima
de sua esposa e deu um beijo de agradecimento em sua bochecha
antes de focar sua atençã o em sua linda noiva. Theresa entregou seu
buquê a Lisa, que recuou para ficar ao lado de Gabriel Braddock,
padrinho de Sandro. Theresa só tinha olhos para o marido, que
parecia absolutamente atordoado ao vê-la.
— Você parece... — Ele balançou a cabeça. — Nã o há palavras,
cara. Linda nã o começa a descrevê-la.
Ela levou a mã o livre ao queixo dele e acariciou sua pele com
ternura, com todo o amor do mundo refletido em seus olhos. O
pastor pigarreou e eles se separaram. Theresa lançou um rá pido
olhar para sua filha de dez meses, que estava sentada no colo de sua
elegante avó . Theresa sorriu para a sogra e para as irmã s de Sandro,
todas as três presentes. Um Rick sorridente estava sentado ao lado
de Isabella De Lucci com um Rhys adormecido em seus braços. Seu
pai apareceu e sentou-se na fileira atrá s dos De Luccis. As coisas
ainda estavam muito tensas entre ele e Sandro, mas ele
relutantemente liberou Sandro de seu contrato e nã o tentou retomar
o vinhedo, dizendo que nã o contestaria a propriedade de Theresa.
Theresa ainda nã o havia decidido o que fazer com o terreno
contencioso, mas estava inclinada a doá -lo para Lily. Theresa
costumava levar Lily para visitar Jackson e, embora ele ainda fosse
frio com a filha, parecia amar Lily à sua maneira rude e mimá -la
muito. Theresa o havia convidado para o casamento, sem esperar
que ele aparecesse, e agora lançou um pequeno sorriso agradecido
em sua direçã o, e ele acenou levemente em reconhecimento.
Ela voltou sua atençã o para o noivo; este homem forte e bonito
era todo o seu mundo e ela o amava com tudo o que havia nela,
segura de saber que ele sentia exatamente o mesmo por ela. Naquele
momento, sua vida nã o poderia ser mais perfeita. O pastor sorriu e
começou a falar.
— Alessandro e Theresa optaram por escrever seus pró prios
votos. Alessandro, gostaria de começar? Sandro sorriu para sua linda
esposa e, com a voz trêmula de emoçã o, começou com as cinco
palavras que se tornaram seu novo mantra.
— Theresa, amor da minha vida…

O FIM

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