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A Musicoterapia na promoção de bem-estar aos cuidadores familiares

Revisão Bibliográfica

Juliana Scabello Apolonio


Bacharel em Publicidade e Propaganda (Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP) e
pós-graduanda em Musicoterapia - Lato Sensu (CENSUPEG).

juliana@apolonio.com.br

Resumo
Este artigo faz parte da conclusão do curso de pós-graduação Lato-Sensu em Musicoterapia pela
Faculdade CENSUPEG. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica onde foram analisados artigos
científicos que tratam da Musicoterapia como um meio de minimizar a sobrecarga e proporcionar bem-
estar aos cuidadores informais ou familiares. Foram analisados e selecionados artigos em português,
inglês e espanhol. Os cuidadores familiares são responsáveis por cuidar de pessoas que, em decorrência
da condição de saúde (doenças crônicas graves físicas ou mentais, deficiências), não tem autonomia ou
independência para suas atividades diárias. Além de mostrar os benefícios da Musicoterapia para os
cuidadores, objetiva-se também fomentar mais pesquisas no tema e a criação de recursos e políticas de
saúde que atendam a este público.

Palavras-chave: Musicoterapia, cuidadores, cuidado

1. Introdução
O papel de cuidador, seja ele profissional ou não, frequentemente está associado a uma série
de responsabilidades, inquietações e preocupações (BOFF, 2005) sobre o ser cuidado. O
cuidador profissional é aquele que recebeu treinamento específico e recebe remuneração pelo
seu trabalho. O cuidador informal ou familiar é aquele que assiste indivíduos portadores de
doenças crônicas físicas ou mentais, deficiências e/ou necessidades relacionadas à idade e ao
envelhecimento sem receber qualquer tipo de recompensa pelo serviço prestado. Suas
responsabilidades normalmente incluem tarefas domésticas e médicas, consumindo em média
25 horas por semana por aproximadamente 4,5 anos nos Estados Unidos (STEINER-BRETT,
2023).
Normalmente o cuidador informal ou familiar (daqui em diante chamado apenas de
cuidador) coabita com o ser cuidado e portanto, passa a ser responsável por ele ou ela.
Importante destacar que muitas vezes o papel de cuidador lhe é atribuído por circunstâncias da
vida sem que haja de fato uma escolha (BATISTA et al, 2012). Desta forma, o cuidador passa
a lidar com situações que podem gerar estresse, sobrecarga, restrição social e transformações
na rotina e estilo de vida, dentre outras. Familiares que cuidam de idosos com demência, de
pessoas com deficiências físicas, mentais ou com doenças graves, sejam elas crônicas ou agudas
são alguns exemplos.
2
Apesar das muitas dificuldades enfrentadas, alguns cuidadores familiares reconhecem que
seu trabalho é importante pois sentem que é recompensador, com significado e dá senso de
completude e companheirismo (STEINER-BRETT, 2023). Não há apenas o ônus em ser o
cuidador, uma vez que o cuidado com o outro requer solicitude, respeito e proximidade:

Cuidar das coisas [e das pessoas] implica ter intimidade com elas, senti-las dentro,
acolhê-las, respeitá-las, dar-lhe sossego e repouso. Cuidar é entrar em sintonia com as
[pessoas e suas necessidades] (...). Auscultar-lhe o ritmo e afinar-se com ele (BOFF,
2005).

Batista (2012) aponta que todos estes fatores – imposição em ser o cuidador (normalmente
atribuído às mulheres); ser o único membro da família com este papel; a dependência do ser
cuidado devido às suas enfermidades e dificuldades; e alterações biopsicossociais (queda da
renda familiar, por exemplo) – mostram a necessidade de pesquisas para o desenvolvimento de
estratégias que tornem o dia-a-dia do cuidador menos desgastante. O apoio dos profissionais da
saúde e do restante da família também é fundamental para evitar a sobrecarga do cuidador.
Os diversos artigos científicos analisados e selecionados tratam de populações diferentes
(Brasil, Estados Unidos e Espanha). No entanto, eles corroboram os aspectos negativos ligados
ao estresse e à sobrecarga dos cuidadores familiares e a mostram a forte necessidade de lidar
com esta demanda.
Tendo em vista o exposto, objetiva-se com esta revisão bibliográfica mostrar que a
Musicoterapia pode ser benéfica ao cuidador ao dar espaço de expressão de pensamentos e
sentimentos, sejam verbais ou não verbais, através da música, promovendo o bem-estar e apoio
necessários:

Por ser uma terapia auto-projetiva (...) a Musicoterapia proporciona que os conteúdos
não expressos verbalmente se revelem através do não verbal, mediante a música, para
se comunicar e expressar. Assim, acredita-se que Musicoterapia pode exercer um
Assim, acredita-se que Musicoterapia pode exercer um papel fundamental para (...) o
público de cuidadores (ZANINI, ALVES e NAGHETINI, 2018).

1.1. Questionamentos
 Qual a disponibilidade da Musicoterapia para os cuidadores familiares?
 Existem políticas públicas que visem o cuidado ao cuidador?
 Existe atendimento em Musicoterapia disponível na rede básica de saúde (SUS –
Sistema Único de Saúde) em todos os estados brasileiros, nas UBS (Unidades
Básicas de Saúde) ou nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) que atendam a
esta demanda?
 Existem outros profissionais da saúde mental que cuidem desta demanda na saúde
pública? Além de psicólogos, outros tipos de terapias disponíveis pelas PICS
(Práticas Integrativas e Complementares em Saúde)?
 Os estudos de caso contemplam sessões de Musicoterapia particulares (via planos de
saúde ou diretamente com os musicoterapeutas)?
 Qual a efetividade da Musicoterapia como dissipador de tensões e alívio das
frustrações dos cuidadores?
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1.2. Hipóteses
 Burnout de cuidadores
 Excesso de tarefas, responsabilidades atribuídas
 Falta de rede de apoio
 Preconceito das pessoas com relação à doença do ser cuidado (por exemplo, deixar
de receber convites para eventos sociais por causa da condição do ser cuidado)
 Falta de conhecimento da doença daquele que é cuidado e do dia-a-dia do cuidador
 Falta de espaço, tempo ou possibilidades para autocuidado por falta de rede de apoio
 Música como meio para cura
 A musicoterapia, quando aplicada adequadamente em grupo ou individualmente, traz
bem-estar e outros benefícios para os atendidos, sejam eles cuidadores ou “cuidados”

2. Metodologia
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter exploratório descritivo.
Foi realizado levantamento bibliográfico com artigos publicados entre os anos de 2011 a 2023,
tendo sido utilizados os termos de busca: musicoterapia, cuidadores, cuidado, music therapy,
caregivers.
Foram selecionados nove artigos científicos nos idiomas português, inglês e espanhol,
encontrados nas bases de dados Google Scholar, Scielo, BVS (Biblioteca Virtual da Saúde),
PubMed e Elsevier.
Os estudos usados para esta revisão foram: duas dissertações de mestrado, dois estudos de
caso, um estudo qualitativo investigatório, três revisões integrativas e um trabalho de
conclusão de curso.
Os artigos fazem parte de diferentes áreas de conhecimento, sendo: oito em musicoterapia,
um em enfermagem e um em terapia ocupacional.

Tabela 1. Estudos usados para esta revisão bibliográfica por ordem de autores.
Tipo de
Título Autores Área Ano Publicação País
estudo
Musicoterapia e ALVES, H. V. S.; MT
Revista
estresse: estudo de ZANINI, C. R. O.; Estudo de
1 2017 Brasileira de Brasil
caso de um cuidador NAGHETTINI, A. caso
Musicoterapia
familiar V.
MT Escola de
Musicoterapia e
Artes, Ciências
doença de
ANASTÁCIO e Dissertação
2 Alzheimer: um 2019 Brasil
JÚNIOR, M. P. A. Humanidades, de Mestrado
estudo com cônjuges
Universidade
cuidadores
de São Paulo
A sobrecarga do Enf.
familiar cuidador no
âmbito domiciliar: BAPTISTA, B. O. Revista Gaúcha Revisão
3 2012 Brasil
uma revisão et al. de Enfermagem integrativa
integrativa da
literatura
Telehealth music MT
BRAULT, A.; Journal of Estudo
therapy with
4 VAILLANCOURT, 2022 Patient qualitativo Canadá
caregivers: a
G. Experience investigatório
qualitative inquiry
4
Revisión narrativa TO
Universidad
sobre los beneficios Trabalho de
Miguel
de la musicoterapia conclusão de
Hernández.
aplicada a CLEMENTE curso de
5 2017 Departamentos Espanha
cuidadores de ANTÓN, V. Bacharelado
de la UMH:
personas con em Terapia
Patología y
patología Ocupacional
Cirurgía
neurológica
A musicoterapia na MT
assistência domiciliar
Universidade
aos cuidadores da Dissertação
6 KARST, L. T. 2015 Federal de Brasil
criança em cuidados de Mestrado
Goiás
paliativos
oncológicos
Cuidando de quem MT
cuida: uma revisão
integrativa sobre a SANTOS, E. A.;
Revista Música Revisão
7 musicoterapia como ZANINI, C. R. O.; 2015 Brasil
Hodie integrativa
possibilidade ESPERIDIÃO, E.
terapêutica no
cuidado ao cuidador
The use of music MT
therapy to address
psychosocial needs STEINER- The Arts in Revisão Estados
8 2023
of informal BRETT, A. C. Psychotherapy integrativa Unidos
caregivers: An
integrative review
Musicoterapia e MT
estresse: estudo de
ZANINI, C. R. O.;
caso com um Revista
ALVES, H. V. S.; Estudo de
9 cuidador familiar de 2018 Fragmentos de Brasil
NAGHETTINI, A. caso
paciente com Cultura
V.
insuficiência renal
crônica
Legenda:
MT: Musicoterapia
TO: Terapia Ocupacional
Enf: Enfermagem

Tabela 2. Ações realizadas para esta revisão.


No. Ação realizada Como foi realizado Cronologia

1 Pesquisa e seleção de artigos Google Scholar, Scielo, BVS (Biblioteca 3 dias


científicos Virtual da Saúde), PubMed e Elsevier

2 Leitura de Artigos Científicos Leitura seguida de fichamentos 3 dias

3 Pesquisa e estruturação do artigo Plataforma AVA - Faculdade CENSUPEG 1 dia


científico

4 Escrita do Artigo Científico Modelo da Faculdade Censupeg. 3 dias

3. Revisão de literatura, resultados e apresentação de dados


A música é usada com propósitos terapêuticos há muitos anos. Ela é usada para alegrar,
ensinar, divertir, confortar, motivar, engajar, curar, e expressar pensamentos e sentimentos,
demonstrar fé, dentre outros. Seu valor na humanidade é grande, tendo em vista que todas as
culturas no mundo usam música de alguma forma.
A Musicoterapia como é conhecida hoje iniciou-se depois da I e II Guerra Mundiais.
Músicos profissionais e amadores tocavam nos hospitais para os milhares de feridos que tinham
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traumas físicos e emocionais. Os resultados positivos obtidos fizeram com que os médicos se
interessassem em contratar profissionais da música. No entanto, ao longo do tempo viram que
seria necessária uma formação específica. Para atender a esta demanda, os primeiros cursos
surgiram nos anos 1940 nos Estados Unidos. No Brasil, a graduação em Musicoterapia estaria
disponível apenas em 1975 (BARCELLOS, 2016).
De acordo com a AMTA (American Music Therapy Association), a Musicoterapia é o uso
clínico e baseado em evidências de intervenções musicais para atingir objetivos
individualizados dentro de um relacionamento terapêutico por um profissional credenciado que
tenha concluído um programa de musicoterapia aprovado. As intervenções de musicoterapia
podem abordar uma variedade de objetivos educacionais e de saúde, como: promoção do
bem-estar, gerenciamento do estresse, alívio da dor, expressão de sentimentos, melhora da
memória e da comunicação, reabilitação física, dentre outros.
Abaixo o comparativo que elucida a Musicoterapia quando comparada a outras formas de
uso da música:

Quadro 1. Diferenciação do uso da música em terapia, como terapia e como entretenimento


(KARST, 2015).
6
Como mencionado anteriormente, o encargo de ser o cuidador impõe muitas vezes uma
rotina exaustiva e muitas mudanças que causam sofrimento, conflitos, ansiedade, solidão,
dentre outros. De acordo com os estudos analisados, as sessões de Musicoterapia (individuais
ou em grupo) para os indivíduos cuidadores proporcionaram benefícios não apenas para eles
próprios, mas também para os seres cuidados.
Como benefícios, podem ser citados: resiliência diante do diagnóstico da doença do familiar
cuidado e da sobrecarga decorrente do cuidado (ALVES et al, 2017); ressignificação do papel
de cuidador; favorecimento da saúde e bem-estar; auto-expressão; fortalecimento de estratégias
de enfrentamento ao estresse; poder criativo; despertar potencial; resgate de memórias e
histórias de vida; diminuição dos conflitos entre cuidador e ser cuidado (ANASTÁCIO, 2019).
De acordo com Santos, Zanini e Esperidião (2015) nos estudos conduzidos por profissionais
médicos ou enfermeiros, os sinais vitais e índices fisiológicos foram mantidos; houve melhora
no nível de estresse, fadiga e ansiedade e do estado de relaxamento dos sujeitos de pesquisa.
Com relação aos estudos conduzidos por musicoterapeutas, notou-se a melhora: da qualidade
de vida dos cuidadores; nas relações interpessoais; reflexões acerca de si, apoio emocional e a
manutenção da identidade do cuidador.
A maioria dos estudos mostra os resultados positivos do emprego da Musicoterapia neste
grupo, porém em alguns casos, a dependência do ser cuidado aumenta em consequência do
agravo do seu estado de saúde e as intervenções musicoterapêuticas tem pouco ou nenhum
efeito, salvo se o ser cuidado for institucionalizado. Por exemplo: nos casos moderados a
severos de demência, ou quando o ser cuidado está próximo ao fim da vida e sob cuidados
paliativos, necessitando de auxílio praticamente em período integral (CLEMENTE ANTÓN,
2017).
De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), os cuidados paliativos:

Consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a


melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença
que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de
identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas
físicos, sociais, psicológicos e espirituais” (WHO, 2002 apud INCA, 2022).

(...) Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos


que se avolumam no paciente [e seus familiares e/ou cuidadores] com doença
terminal, faz-se necessária a adoção precoce de condutas terapêuticas dinâmicas e
ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente frente a sua situação de
incurabilidade.

De acordo com Lederberg (1998) apud Karst (2015), em termos psicológicos, a família
(cuidador/es familiar/es) deve ser considerada paciente de segunda ordem pela reciprocidade
do sofrimento. A equipe de saúde precisa estar atenta às necessidades familiares para além do
paciente dadas as adaptações financeiras, sociais, afetiva e profissionais pelas quais passam
(AMADOR et al, 2013 apud KARST, 2015). Por esta razão “o musicoterapeuta se diferencia
de outros profissionais, ao desenvolver uma análise e uma escuta musicoterapêutica, partindo
da observação acerca da produção sonora do paciente-cliente-usuário” (SANTOS, ZANINI e
ESPERIDIÃO, 2015).
7
Estudos indicam que a Musicoterapia é uma abordagem não-farmacológica promissora para
cuidar de várias necessidades psicossociais mencionadas pelos cuidadores, como ansiedade,
depressão e promoção de relaxamento (STEINER-BRETT, 2023).
Zanini, Alves e Naghettini (2018) relatam em seu estudo de caso de cuidadores de pacientes
renais crônicos o uso de “experiências musicais descritas por Bruscia (2016), como
improvisação, composição, re-criação e audição musical, que são atividades próprias da
Musicoterapia, com o objetivo de trabalhar a expressão das emoções, da criatividade e de
potencializar os recursos saudáveis de cada um.” Outros profissionais da saúde, quando
empregam a música com intenção de proporcionar bem-estar ao cuidador ou ser cuidado,
costumam empregar meios passivos como a audição/escuta musical. Conclui-se, portanto, que
o fazer musical mediado pelo musicoterapeuta proporciona uma atitude ativa do cliente
(cuidador/ser cuidado neste caso).
É penoso notar que muitas vezes os cuidadores escondem seu sofrimento para proteger o ser
cuidado. Em seu estudo, Karst (2015) conta que a expressão dos sentimentos represados se deu
principalmente através do canto durante a re-criação musical, do canto de canções, de modo a
“gritar a dor cantando”.
A maioria dos estudos menciona que há abundância de material sobre as intervenções
existentes sobre os seres cuidados, ou seja, as pessoas que tem algum tipo de restrição e/ou
doença que impossibilita sua autonomia e independência. Há um número muito menor de
estudos considerando os cuidadores familiares (CLEMENTE ANTÓN, 2017), sendo que estes
precisam de apoio para continuarem saudáveis a fim de manterem-se bem e prontos a cuidarem
daqueles que dele ou dela dependem (BRAULT, A.; VAILLANCOURT, G., 2022).
No pós-pandemia foi feito um estudo sobre o atendimento virtual musicoterapêutico com
um grupo de 5 cuidadoras familiares no Canadá, pensando em meios de facilitar o acesso a este
serviço. Apesar de haver um programa de suporte fornecido pelo governo, os cuidadores
familiares dizem não ter suas necessidades atendidas plenamente e que gostariam de mais apoio
do governo (BRAULT, A.; VAILLANCOURT, G., 2022). É importante notar que com o
envelhecimento da população (de cuidadores e seres cuidados) é necessário compreender quais
são os serviços e recursos disponíveis para assistir os cuidadores de forma que eles tenham
saúde e longevidade no seu essencial papel. No contexto pós-pandemia, as sessões de
Musicoterapia online tornam-se um recurso viável (STEINER-BRETT, 2023).

4. Considerações Finais
Através desta revisão bibliográfica objetivou-se mostrar como a Musicoterapia pode ter
efeitos benéficos aos cuidadores familiares do ser cuidado, podendo ser este último portador de
doença grave crônica, de deficiência ou que tenha alguma outra condição de saúde que
impossibilite sua autonomia e independência. Por este motivo, os cuidadores em geral sofrem
com as mudanças que o cuidado traz e toda a carga de responsabilidade e preocupações
biopsicossociais.
Identificou-se que a Musicoterapia tem, de fato, efeitos benéficos nos estudos selecionados
a minimizar a sobrecarga do cuidador. O tratamento musicoterápico permitiu que os
cuidadores tivessem um espaço de auto-cuidado, expressão e resgate de identidade própria.
Conclui-se que a maioria dos estudos sobre Musicoterapia e Cuidado trata dos seres cuidados
(pacientes oncológicos, renais crônicos, idosos com demência etc.). Durante a pesquisa, notou-
8
se que o número de estudos sobre cuidadores profissionais é maior se comparado aos de
cuidadores informais ou familiares. Não há um grande número de pesquisas existentes sobre
“cuidar de quem cuida”.
Espera-se que esta revisão inspire outros colegas musicoterapeutas ou profissionais da saúde
a pesquisarem de forma mais ampla, de maneira consistente, cientificamente embasada, com
populações maiores, dentro do território nacional este assunto tão delicado e importante.
Espera-se também que esta revisão incentive transformações para que os cuidadores sejam
finalmente “seres cuidados”, tanto quando as pessoas por quem eles zelam, assim como a
promoção de políticas públicas de saúde a fim de dar suporte a este público.

5. Referências Bibliográficas

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