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A

ARTE
DE
FALAR

Pr. Gilberto Stefano


ELOQUÊNCIA E RETÓRICA
A Eloquência

Eloquência “é o talento natural convencer, exaltar ou comover, falando”.

Ouvimos falar em eloquência dos olhos, dos gestos. Realmente há olhos eloquentes: os olhos
ternos de quem pede; os olhos duros de quem repreende; os olhos tristes de quem se despede; há também
eloquência nos gestos: numa destra que se agita num adeus; num indicador áspero que aponta a rua; num
punho ameaçador e temível. Há em tudo eloquência, porque em há força comovedora a operar sobre o
nosso ânimo. A eloquência depende dos gestos, dos sorrisos, das lágrimas; entretanto, sendo
principalmente o efeito da palavra, o efeito vivo da inteligência, é necessário, para defini-la bem, dizer-se
que eloquência é “o talento natural de convencer, exaltar ou comover, falando”.
Na Bíblia encontramos alguns homens eloquentes, homens que com suas palavras convenciam e
comoviam seu público. É o caso do rei Herodes Agripa, de quem diziam: “Voz de Deus, não de homem”
(At 12.22). Outro conhecido eloquente foi Apolo (At 18.24-28). Contudo, os púlpitos e as tribunas não
sobrevivem apenas dos eloquentes. É por isso que temos a Retórica. Sem ela os eloquentes vivem a
tropeçar nas palavras e incorrem no perigo de terem que se afastar do púlpito.

A Retórica

Retórica é a arte que regulariza, ordena e aperfeiçoa "a Arte de Falar” e a natural disposição de
quem nasceu eloquente. Por ela a expressão do pensamento se torna mais viva, enérgica e mais
compreensível.
Diz-se que é arte, porque se trata de um método, de um conjunto de regras determinadas, que,
postas em prática, podem dar-nos a habilidade de falar com elegância. O fim principal da retórica é tornar-
nos capazes de persuadir ou de comover o ânimo dos ouvintes. Persuadir é convencer, é obrigar com
provas e argumentos a inteligência a reconhecer uma verdade, um fato. Comover é mudar a disposição da
vontade de um auditório para que ele experimente os mesmos sentimentos e emoções que o orador sente
e tenta comunicar-lhe.
Que o grande orador nunca pense que é um eloquente, e que um eloquente nunca imagine que já
é um grande orador.
O melhor exemplo que temos na Bíblia de um homem que falava bem e ordenadamente é do
apóstolo Paulo. Seus discursos são obras completas de uma boa Retórica. O discurso que fez em Atenas é
uma obra prima de uma peça oratória bem ordenada, tendo em sua essência, as quatro partes do Discurso.
Nossa orientação é que todos os estudantes da Bíblia deveriam se aplicar no estudo da Arte de
Falar, ou, a Retórica, mesmo aqueles que já se consideram grandes oradores. O conselho bíblico vale para
todos, eloquentes ou não: “ensina o sábio e ele se tornará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em
doutrina” (Pv 9.9).

Obs. Quando falamos em convencer e comover não estamos incluindo a salvação dos perdidos.
Cremos que esta é uma obra inteiramente de Deus. Só Deus pode abrir um coração para que o pecador
ouça e se converta. É o caso de Lídia. Apesar do pregador ser Paulo, exímio orador, dentre todas as
mulheres que naquele dia ouviram sua mensagem, apenas essa vendedora de púrpura se converteu. É seu
dever fazer o possível para comover e convencer seus ouvintes, mas a obra final será sempre do Espírito
Santo
CONTROLANDO O MEDO
O primeiro e o maior problema daquele que se dispõe a um curso de Oratória é o medo. Medo de
falar, do que falar, como falar, onde falar e a quem falamos. Os momentos que antecedem nosso discurso
são realmente os mais difíceis. Ficamos inquietos, preocupados, ansiosos e pensando na reação do público.
E não há um momento em que este medo tome uma dimensão maior
do que quando nosso nome é anunciado na plateia. As mãos gelam, os
pés endurecem, o coração dispara e a boca seca. Creia amigo: É sua
grande oportunidade! Com o medo ou sem ele você estará se
revelando. Eles querem te ouvir, e na verdade, você quer falar. Então
fale. Fale principalmente com a energia da verdade do seu coração.
O medo é o maior inimigo do homem. Nasce com o homem e
abraça-o por toda a vida. O medo faz com que o indivíduo não
considere suas qualidades e só pense em suas falhas e os aspectos
negativos das suas apresentações. Inibe-o totalmente. O resultado é
que milhares de homens ou mulheres, mesmo possuindo elevado nível
cultural, pressionado pelo medo, não acreditam nas suas qualidades de
comunicadores, evitando todas as oportunidades para falar em público.
Exemplo do genro do ir. Obara.

Dois Oradores dentro de um só?

Exatamente. Existe em cada orador coexiste dentro dele o orador real e o orador imaginado.
O orador Real é a verdadeira imagem do comunicador, composta dos defeitos naturais do ser
humano, mas também das qualidades visíveis ou potencialmente prontas para serem aproveitadas. É o
orador que aparece aos olhos da plateia, que, mesmo não se empolgando, às vezes, com sua forma de se
expressar, é capaz de ouvi-lo sempre até com relativo interesse.
O orador imaginado é a imagem que o comunicador pensa que transmite aos ouvintes. De nada
adiantará a alguém aprender todas as técnicas da boa Expressão Verbal: voz, vocabulário, postura,
retórica, etc., se continuar pensando que ainda se expressa mal, baseado na convicção de que o orador
imaginado existe realmente. Não se iluda com a criação de qualidades inexistentes, pois isto o levaria a
acreditar num comportamento enganoso e irreal. Ao analisar suas condições, descubra quais são os
aspectos positivos da sua Expressão Verbal.
Moisés é um caso típico dos dois oradores que existem em cada um de nós. Ele pintou-se bem
pior do que realmente era, a ponto de desculpar com Deus, dizendo que não era eloquente e pesado de
língua. (Ex 4:10). Imaginou-se um homem fracassado na Arte de Falar, e só podia lembrar de seus defeitos
naturais de dicção. Seu medo construiu uma imagem destorcida de sua capacidade e possibilidades. Mas
Deus animou-o e seus discursos estão descritos na Bíblia para comprovar que podemos imaginar um
orador bem pior do que realmente somos.
Jamais permita que o medo ou vergonha o impeça de levar uma mensagem. O exemplo do profeta
Amós deve ser um exemplo e ânimo para todos. Sua origem era humilde. Seu vocabulário provavelmente
era pobre e deficiente. Interrogado sobre suas qualificações ele foi logo respondendo: “Não sou profeta
por profissão; nem ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras. Mas o
SENHOR Deus mandou que eu deixasse os meus rebanhos e viesse anunciar a sua mensagem ao povo de
Israel.” A falta dos recursos naturais não o impediu de pregar. Pelo contrário, ele anunciou valentemente
a mensagem que Deus lhe deu, pois sua confiança estava na ordem de Divina: (Am 7.14-15).
Transforme seu medo numa força comovedora
O medo é real. Ele existe dentro de cada um de nós. Seu grande desafio não é fazê-lo desaparecer
para sempre, mas transformá-lo numa grande força que o ajudará na Oratória Eficiente junto aos ouvintes.
Quando sentir certo nervosismo antes de falar ou mesmo quando estiver falando, não se preocupe, isto é
normal e ocorre, com quase todos os oradores (senão todos), até com os mais experientes. Faça deste
sintoma outro fator de apoio na Arte de Falar; canalize o nervosismo dentro da força da sua comunicação;
distribua-o entre a vibração e a emoção das suas palavras e torne a mensagem mais convincente. Não
permita que o medo seja o vencedor.

Cuidado com seus impedimentos emocionais


Os impedimentos emocionais podem encerrar cedo a carreira de um orador. Não porque ele assim
o deseje. Os problemas emocionais devem ser resolvidos, pois, se não o forem, certamente o orador os
levará para o púlpito, fazendo do auditório sua vítima.

A frustração: Ocorre quando o objetivo visado não é alcançado. Nasce aí a insatisfação, angustia
e despeito. Ex. O jovem não passou no vestibular e, ao invés de estudar mais, passa a criticar a instituição
que o reprovou. Outros estão insatisfeitos com sua família, seus amigos, seu grupo de trabalho, e no púlpito
passa a descarregar sua frustração. Seja qual for o tema abordado, ele procurará agredir, desprezar ou
rebaixar aqueles que ouvem seu trabalho. Sua carreira de conferencista será muito curta. A sua visão de
vida, distorcida por motivos de ordem particular, impede que pregue como deveria.
A frustração é um dos mais sérios bloqueios emocionais na Arte de Falar. Peça perdão a Deus pelo
seu egoísmo, pelas suas fraquezas e pelo descontentamento. Perdoe aqueles que te magoaram no passado.
Ore a Deus que te ajude a sentir-se em paz para que ela se reflita na Oratória.

A Necessidade de Autoafirmação: Autoafirmar-se é um processo normal na vida ser humano.


Mas alguns querem se autoafirmarem através da imposição. Tomados pelo complexo de inferioridade
(vindas de frustrações, falhas pessoais, etc.), torna-se uma pessoa desagradável no convívio, falseia as
imagens que comunica, e é evitado pela maioria das pessoas. Em geral, aquele que tem necessidade de
autoafirmação não suporta que alguém faça coisa alguma melhor do que ele. Na vida em sociedade ele
tem duas alternativas: Ou agride aquele que julga concorrente, ou age e fala de maneira a mostrar que ele
é bom. Este tipo reclama os aplausos por onde passa e parti para o autoelogio, levando o auditório a
irritação. Como não consegue a atenção do público com a “Arte de Falar” quase sempre é preciso exigir
a atenção do auditório, e este, certamente o repudiará.
Nunca devemos exigir a atenção dos ouvintes, mas conquistá-la com uma oratória eficaz e
brilhante. Autoafirmação é seu problema? Peça a Deus mais humildade e reconheça que a vanglória é
um impedimento em sua vida. Lembre-se que Cristo nunca precisou se autoafirmar, e logo Ele que era
Deus. Poderia ter arrasado seus inimigos com seu imensurável poder, mas não o fez. Guardemos isso em
nossa memória.

A Timidez: Em comunicação oral o principal impedimento ainda é a timidez, esta estranha força
que paralisa a ação, titubeia a palavra, que impede a comunicação e bloqueia a expressão de tanta coisa
que poderia ser útil e proveitosa. Controle seu nervosismo. Comece controlando seus gestos (roer unhas,
cruzar de maneira descontrolada os braços e pernas, agitação do pescoço, etc.), e sua respiração. Também
não pinte a coisa mais feia do que ela é, achando que o auditório é um bicho-papão.
Como preparar-se para enfrentar o púlpito?
A apresentação não começa no púlpito. Antes mesmo de você pronunciar a primeira palavra, o
auditório já estará observando atentamente todas as suas atitudes. Verificará suas reações quando estiver
sentado, identificará seu jeito de andar se é tímido ou seguro, e até mesmo o tipo de roupa que resolveu
usar para a ocasião. Todos querem saber como se comporta aquele que terá a missão de lhes transmitir a
palavra. Antes de falar, fique observando detalhadamente tudo que ocorrer no ambiente. Demonstre nas
suas reações o ar de alguém verdadeiramente interessado, e não o de um exigente astro que inspeciona
tudo. O auditório reconhecerá na sua atenção uma estreita identidade com seus anseios, tornando-se com
isto mais dócil e benevolente para ouvi-lo.
Essas observações preliminares ainda irão proporcionar-lhe a possibilidade de descobrir boas
circunstâncias que poderão ser utilizadas na apresentação, o que a tornará mais interessante, considerando
que possuirá no conteúdo fatos nascidos espontaneamente, diante da assistência. Além disso, conquistará
maior relaxamento das tensões que sempre nos pressionam nessas oportunidades. Agindo assim, não
haverá tempo de se preocupar com as frases preparadas para sua exposição.
O apóstolo Paulo se valeu do ambiente em muitas ocasiões. Em Atenas sua observação aos altares
proporcionou-lhe uma mensagem magnífica aos gregos (At 17:22), e, quando preso em Jerusalém, notou
nos partidos adversários da plateia uma oportunidade de se livrar de um provável linchamento (At 23:6).
Não tente rememorar nada do que estudou. Isso tornará seu semblante preocupado. Quanto mais liberada
e simpática nossa fisionomia, mais próximos estaremos dos ouvintes.
Ao se dirigir à tribuna, faça-o com determinação, demonstrando confiança no andar e convicção
na postura. Mas seja humilde, orando em silêncio para que Deus “fale por você”. A plateia o respeitará na
certeza de que abordará uma boa mensagem. Ao se levantar, tenha calma e cuidado. Dê os últimos retoques
na roupa antes de caminhar. Ao chegar ao púlpito acomode as folhas com anotações, acerte o microfone
e olhe rapidamente para as pessoas que ouvirão suas palavras. Se o assunto permitir, esboce um sorriso
sincero e amigo. Tudo certo. Pode começar a falar. Você está pronto.

Encarando o Público
Deve o orador apresentar-se limpo, cabelos cortados e penteados, barba feita, botões abotoados,
gravata bem alinhada, paletó fechado, nada aparecendo nos bolsos, olhar franco de frente para o auditório.
A postura para os homens deve ser semimilitar, com os pés ligeiramente afastados, em posição de descanso
militar. As senhoras deverão, sempre, ter um dos pés em frente ao outro, como se estivessem equilibrados
num arame esticado. Estas simples recomendações ajudam a afastar o medo inicial.
QUALIDADES ESSENCIAIS DE UM BOM ORADOR

O bom orador é aquele que trabalha seus dotes naturais e desenvolve aqueles que tem dificuldade.
O eloquente tem facilidade em fazer isso, mas seu orgulho e preguiça quase sempre o impede. Já o
aspirante a orador tem mais dificuldade, porém, são justamente estes que melhor desenvolvem as
qualidades essenciais* da Expressão Verbal.

Talento ou Habilidade
O orador tem de ser inteligente (ser habilidoso), quer na disposição dos argumentos, quer na
maneira oral com que os apresenta ao público, ferindo com muita habilidade o ponto fraco da assistência.
Do seu talento depende o menor de seus gestos, o registro da voz, a maneira imediata de aparecer perante
o auditório. Nem o desafiará orgulhosamente, nem o bajulará com servilismo. Seja simpático.
Em suma, a habilidade leva o orador a adaptar o conteúdo de sua mensagem ao interesse da plateia,
fazendo com que seus ouvintes ajam de acordo com sua vontade. Que o diga dois juízes Gideão e Jefté,
O último nunca foi habilidoso com as palavras, e não só causou a morte de muitos irmãos, mas perdeu sua
própria filha. (Jz 11:30-31,34-35; 12:1-4). Já Gideão, com seu talento, abrandou uma situação que parecia
irremediável (Jz 8:1-2).

A Memória
A memória é a faculdade do orador, que pode elevá-lo à culminância da glória ou também
confundi-lo até a humilhação mais profunda. Não se deve confiar inteiramente nela e desprezá-la seria um
grande erro.
É indispensável que o orador possua boa memória para as datas, nomes, textos e circunstâncias
principais de um fato. Ela é de grande auxílio para o vocabulário e para as frases e expressões exigidas no
momento da elocução. Ela se torna perigosa quando o orador se torna escravo deste recurso. Decoram
em casa o discurso, e no momento de falar, por uma perturbação qualquer se desmemoriam, não podendo
recordar-se da palavra que decoraram. Como se há de proceder então? Usando os esquemas. Todos devem
disciplinar a inteligência e a memória por meio de esquemas. Os esquemas põem-nos claro diante dos
olhos o plano que temos de seguir. Mostram-nos, como um mapa, o caminho a percorrer. Mas não escreva
o discurso. Seria erro maior. Os esquemas devem conter só as partes principais do discurso. Evite que se
multipliquem as divisões e as subdivisões, pois podem atrapalhar.

A Imaginação
A imaginação constitui o maior tesouro do orador. É quem lhe vai sugerindo as mais lindas
comparações, as mais formosas e adequadas figuras de pensamentos, e as descrições mais empolgantes.
A imaginação dá vida ao feio esquema da inteligência. O orador sem imaginação é o mesmo que cantor
sem voz. Sem criatividade os melhores pensamentos serão frios e inertes; não terão força de persuadir e
muito menos de comover.

A Inspiração
A inspiração é a forma como o orador cria e produz o seu discurso. É o dom principal dos
improvisadores, daqueles que conseguem transformar em beleza de oratória os assuntos mais comezinhos
da vida social. Ela faz com que o orador quebre alguns tabus e deixe velhas concepções, com o fim de
criar uma peça oratória a partir do olhar de um ouvinte ou da manifestação de um grupo. A inspiração não
se manifesta unicamente nas expressões orais, nas palavras, mas também nos gestos, na aparência toda,
na voz, e nos acentos da declamação. São efeitos da inspiração o ânimo, a admiração e o iluminar da almas
dos ouvintes. Podemos dizer que a inteligência cria os fatos, a imaginação lhes dá vida e a inspiração os
revela.
A inspiração sabe aproveitar-se das circunstâncias, surpreendendo os ouvintes com o brilho e o
inesperado da sua força oratória. No histórico ela desliza simplesmente com a natural dicção de quem
narra. Ao descrever os campos ou romances ele apaixona; No trágico espanto; No extraordinário ele exalta
e arrebata; No belo recreia e no feio aterroriza; Na virtude atrai e no vício repugna; No dificultoso imprime
valor. Tarefa fácil? De forma alguma. É por isso que existe treinamento.

A Sensibilidade
Consiste na facilidade de perceber e de reproduzir os sentimentos, dando-lhes um cunho pessoal,
inconfundível. Quem se apresentar com o comportamento frio, insensível, apático, inalterado, provocará
o desinteresse (ou rejeição) dos ouvintes.
O orador frio, impassível, sobre o qual nada valem as impressões de um júbilo público, de uma
tristeza geral, certamente a sua palavra também não conseguirá nada em tais auditórios porque não dispõe
de vibração alguma. O orador calculista, que também não se emociona, serve para ensinar matemática,
mas nunca arrebatar seus ouvintes. O orador nervoso. Estes são como uma bomba relógio, se não ficam
nervosos no começo ficarão no fim. Causará um esgotamento de nervos em si mesmo e no auditório. O
orador patético é aquele que traz uma mensagem sem vida e sem entusiasmo, e assim será seu auditório
após ouvi-lo. O orador não pode perder certa majestade e imponência a fim de que o ouçam com respeito.
É preciso apresentar a mensagem como se estivesse carregando uma bandeira para o campo de batalha.
Os gestos são sempre denunciadores da sensibilidade humana e por isso é necessário vigiá-los. As
mãos não andem a cata-vento, em luta com sombras e fantasmas. O corpo não entre em contorções
desesperadas. A cabeça se mantenha naturalmente e a voz não deve ser trêmula ou enriquecida de
clarineios, o que fará rir a assistência.

A Síntese.
É dizer tudo o que for preciso, somente o que for preciso, nada mais do que for preciso. É por isso
que Marques Oliveira diz: “O orador tem três problemas: um probleminha que consiste em ir até a frente
e encarar o auditório; um problema que é falar ao público; e um problemão que está em saber parar de
falar. Tenta-se resolvê-lo da seguinte maneira: assim como o rojão tem seu estouro, deve o orador, após
atingir o clímax do discurso, resumir as razões da sua afirmação inicial, reafirmar sua ideia mãe e, se for
o caso, reforçar a ideia mãe apelando para as emoções do auditório.” É uma tarefa difícil e que precisa ser
perseguida com obstinação. Há mensagens que nunca terminam e se tivessem sido acabadas meia hora
antes teriam sido um sucesso. A capacidade de síntese não está ligada exclusivamente ao tempo da fala.
O seu conceito é mais abrangente e está relacionado com a importância dos aspectos desenvolvidos em
cada assunto e com o objetivo a ser atingido. Não adianta parar de falar porque já se ultrapassou um
determinado tempo, se com isto estivermos mutilando importantes informações referentes à matéria.

Aparência agradável
Quem sabe apresentar-se agradavelmente já tem meio caminho andado para captar a simpatia do
auditório. Ao contrário, orador que se apresente causando má impressão aos ouvintes quer pela maneira
petulante ou altiva do olhar, quer pelas vestes em desconcerto, quer pela postura toda do corpo, pelos
cabelos em revolta e o rosto afogueado, ou por qualquer palavra infeliz, ainda que seja bom orador, terá
de lutar bastante para vencer a repulsa do auditório. A apresentação do orador deve ser antes de qualquer
coisa – varonil, modesta, serena, digna de si, do assunto e da assistência. O rosto há de ser indiferente,
porém, sempre nobre.
A VOZ PERFEITA
A Arte de Falar se baseia na voz, como a música no som, como a pintura na cor. Quem não tiver
voz perfeita, precisará aprimorá-la, pois, a voz é o veículo de importância fundamental no transporte da
mensagem. Precisa ser bem cuidada para não prejudicar a comunicação.
A voz determina a própria personalidade de quem fala. Se estamos alegres, tristes, apressados,
seguros etc., uma das primeiras identificações destes comportamentos é transmitida pela voz. E por que
será que a voz reflete com tanta nitidez o que se passa no interior das pessoas? Porque a fala é uma
adaptação do nosso organismo, ou seja, uma consequência da adaptação do nosso aparelho digestivo e
certas partes de nosso aparelho respiratório para produzir o aparelho fonador. Assim, qualquer problema
de ordem física ou emocional será imediatamente revelado através da voz.

Alguns Pormenores Importantes Sobre a Voz

A voz deve ser ouvida: “Como crerão naquele que não ouviram?”
1. A voz deve ser entendida: Não basta ser ouvido é preciso ser compreendido. Como disse Paulo
aos que falavam língua estranha: “ninguém o entende” (1Co 14:2).
2. A voz deve agradar. Ninguém tem a obrigação de ser um Roberto Carlos, mas isso não dá o
direito de não querer melhorar sua sonoridade;
3. A voz deve ser expressiva. Mostre o que tem dentro de sua alma.
4. A voz deve ser eloquente. Quando pregar deve mostrar todo carisma possível.

O Segredo da Respiração
Para que se tenha voz perfeita é necessário também que saiba respirar. O primeiro cuidado que se
deve tomar para que a voz adquira a qualidade desejada é respirar corretamente. Fale de dentro de si
mesmo, como quando choramos ou rimos espontaneamente. Note que quando isso acontece sentimos
nossas entranhas se estremecerem e o som sair alto, mesmo para aqueles de timbre mais baixo.

A Dicção ou Pronúncia Correta


É indispensável que o orador articule, perfeitamente, consoantes e vogais; que saiba onde fazer a
ligação e onde evitá-la; que as suas interrupções sejam inteligentes, sem prejudicar a clareza do
entendimento, nem afear a pronunciação. É necessário pronunciar as finais, executar como deve ser a
acentuação do ritmo, e fazer ressaltar a palavra de valor.

O Ritmo
O ritmo é a musicalidade da fala, é a colocação mais ou menos prolongada das vogais, a pronúncia
correta das palavras, levando em conta a sua acentuação, a alternância da altura da voz e da velocidade
que imprimimos às frases, ora alta, ora normal, ora baixa; rápida em certos momentos, lenta em outros,
fazendo com que este conjunto melodioso influa no espírito e na vontade da plateia.
É preciso aperfeiçoar o ritmo da fala dentro do estilo de cada um, aproveitando a energia, o timbre
e a sonoridade da voz. Ninguém deverá copiar ninguém, mas é sempre recomendado que ouça grandes
oradores, para que se observem os efeitos do ritmo das suas palavras e se possam associar aos produzidos
pela nossa comunicação. O conjunto harmonioso da pronúncia das palavras pode provocar no auditório
sensações de extremo encantamento. O ritmo e a cadência da fala poderão ser conquistados com simples
exercícios de leitura de poesia, em voz alta.
Expressividade das Palavras
É bom atentar para a expressividade dedicada às palavras dentro da frase. Cada palavra possui uma
ou mais sílabas de maior importância, assim como cada frase possui uma ou mais palavras de maior
importância. Vejamos o exemplo: “Ontem eu fui à escola de automóvel, com meu irmão”.
Primeira hipótese: O dia em que fui à escola era a mensagem principal. Então ontem deveria
receber a pronúncia mais acentuada.
Segunda hipótese: O local aonde eu fui era a mensagem predominante, então, teremos: “Ontem eu
fui à escola...”
Terceira hipótese: A forma, o meio de transporte utilizado, como eu fui à escola, é que tinha maior
valor na mensagem. Então, vamos ter: “Ontem eu fui à escola de automóvel...”
Quarta hipótese: O meu companheiro de viagem era na verdade a figura principal da história:
“Ontem eu fui à escola de automóvel, com meu irmão”.

Intensidade
É preciso também exercitar e vigiar a intensidade da voz. Não poderemos falar aos berros para um
pequeno auditório, nem aos sussurros para uma multidão. Aqueles que falam com voz igual a um trovão,
quando diante de pequeno público, fazem papel ridículo. Já os que têm o timbre baixo, devem procurar
aumentá-lo. É difícil imaginar que exista comunicação quando não se ouve o que é transmitido. O
microfone é uma solução que na maioria das vezes tem se tornado em um grande problema. Mesmo para
os grandes auditórios, quando há microfone, a voz precisa encontrar a altura adequada para não irritar
aqueles que ouvem. Se falarmos com voz defeituosa a mensagem chegará distorcida aos nossos ouvintes.

A Importância da Sonoridade da Voz


Não sejamos negligentes quanto ao aspecto sonoro da voz. Este, seja qual for, certamente causa
enorme impressão no ouvinte. O temperamento exaltado de alguns pregadores faz do sussurro um clamor,
e quando clama chega a quebrar vidraças. Em si os pregadores temperamentais são agitados, barulhentos
e exagerados. De princípio mostram vigor, mas por fim, tornam-se inconvenientes. Do outro lado estão
os pregadores mais recatados, de tons amenos e tranquilos. Apesar de o temperamento tranquilo ser uma
virtude, muitos acabam incorrendo no erro da morosidade tornando-se cansativos.

O Vocabulário Ideal
O vocabulário ideal não é riquíssimo, sofisticado, como se tivesse sido pesquisado nas profundezas
de um dicionário, e muito menos pobre e vulgar. É aquele que se adapta a qualquer auditório. Embora
simples, traduz as ideias claramente, sem divagações. Lembremo-nos sempre, entretanto, que palavras
simples não são palavras sem consistência. O conceito de simples restringe-se à clareza de ideias e à
compreensão dos ouvintes. Quanto mais abundante for o vocabulário, maior será a capacidade de
adaptação aos mais diferentes tipos de auditórios. O orador sábio saberá empregar a palavra certa, na hora
certa, para o ouvinte certo. Certo?

Como Melhorar Sua Voz?


Nadar, correr, e andar em passo vivo. Por quê? Para aprender a respirar pelo nariz. Também ajuda
a aumentar a capacidade do pulmão para receber mais ar. Não coma nada açucarado antes de pregar.
Costuma deixar a voz pastosa e a salivação difícil e penosa. Falar com os músculos costuma tornar a voz
esganiçada ou engasgada. Ao invés disso procure abrir mais a boca, use os pulmões e a voz sairá.
Para Ler Bem e Falar Melhor
Estes conselhos são uma cópia tirada do excelente trabalho feito pelo Dr. Felix Racy, falecido
dirigente da Igreja Batista em Ubirajara. Transcrevo-a tal como chegou em minhas mãos:
Regras:
1. Ler devagar. Pronunciar bem, abrindo a boca ao máximo, cada sílaba, cada letra “s”, e “r”;
2. Parar longamente em cada sinal:
Ponto final .
Vírgula ,
Ponto e Vírgula ;
Ponto de interrogação ?
Ponto de exclamação !
Parênteses ()
Reticências ...
Dois Pontos :
Travessão --
3. Não parar fora de tais sinais.
4. Levantar o tom da voz, tornando-a mais aguda (fina) nas vírgulas e nos pontos de interrogação.
5. Baixar a voz, isto é, torna-la mais grave (mais grossa) nos sinais restantes.
6. Ler com expressão, com vida, sem monotonia.
7. Ao ler a Bíblia, ler cada sentença até o ponto final, mesmo que ela se complete com mais de
um versículo.
8. Antes de explicar suas palavras, leia-se a sentença toda exatamente como se acha na Bíblia,
para se entender claramente o que é a Palavra de Deus e o que é palavra do orador.
9. Para ressaltar bem palavras ou sentenças da Bíblia, antes de sua leitura a outra pessoa, declarar
o livro ou epístola, o capítulo e o versículo onde se encontram.
10. E FAZER TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS, não do orador.
11. Ao ler ou falar, concentre-se nas necessidades do ouvinte, não no sucesso pessoal.

Cuidado com os Ruídos


Os ruídos fazem com que a mensagem não atinja ou não chegue com perfeição ao ouvinte.
Divido os ruídos em três categorias:
Os Ruídos Causados Pelo Orador: Voz vagarosa dá sono, ligeira ninguém entende. Voz alta nos
lugares pequenos irrita os tímpanos, a baixa ninguém escuta. Não fale como moça, se não é uma, e limpe
sua voz evitando o ham, ham. Tá com sede? Beba água antes da mensagem. Se o microfone é ruim, não
use, e se é usável acerte-o antes de começar a mensagem.
Os Ruídos Causados Pela Plateia: Conversas, risadas ou comentário infelizes; Bancos
arrastados; Interrupção corporal causado pelos que se levantam; O barulho dos tamancos. O tossir
ininterrupto. O choro dos bebês. O passear das crianças na hora do culto. Isso é indisciplina. Eduque
melhor seus filhos. Descargas manuais no banheiro.
Os Ruídos Extraordinário: O som dos carros passando em frente da igreja; O barulho dos
vizinhos; Um telhado em tempo de chuva; Aviões, trens, motos caminhão de gás, etc.
O Orador e Seu Auditório
Todo preparo do orador só terá utilidade se ele incluir nas considerações a existência do público.
Sem auditório não existe orador, pois é ele quem indicará os rumos a serem tomados por aquele que fala.
O orador que fala pensando apenas na mensagem que preparou e na forma como se apresenta, sem
levar em conta o que a plateia deseja ouvir e de que forma ela gostaria de vê-lo, só ocasionalmente e por
coincidência conseguirá ter êxito. O bom orador analisa pormenorizadamente o terreno por onde irá
caminhar, avalia os obstáculos, as saídas, os vários pontos de ataque e só depois escolhe sua linha de ação.
Cada público possui suas próprias características e cada uma delas requer um tipo adequado de
comunicação. Não se deve falar para um grupo de cinco a dez pessoas da mesma forma que se fala para
uma multidão. Não se fala para um auditório de operários da mesma forma como se fala para uma
audiência de intelectuais; também não se deve falar para crianças como se fala para os adultos.

O Bom orador procura conhecer seu público

“A grande diferença entre o verdadeiro orador e o simples falador reside no fato de o primeiro
preocupar-se profundamente com o auditório a quem fala, e o segundo não.”
O pregador precisa entender que está lidando com almas, com psicologias individuais, com seres
humanos. O falador contenta-se apenas em falar, mas o orador quer mais: quer influir no comportamento
futuro de seus ouvintes. Mais do que pregar ele quer tocar os corações.
O orador que não leva em conta o seu público se esquece do principal: As pessoas que vão ouvir.
Precisamos analisar amorosamente nosso público. O orador sensato considera o ouvinte – e a ocasião.
O pregador sem percepção só tem a perder, afinal, com o tempo, não terá mais ouvintes, e sem ouvintes,
ele deixará de ser um pregador (na verdade nunca foi). Não deve ser o desejo do orador bater de frente
com seus ouvintes. Não podemos nos orientar por casos isolados como o trecho de Mateus 23 e achar que
aqueles que estão todos os domingos, sentados, prontos a nos ouvir, sejam hipócritas, sepulcros caiados,
e filhos do inferno. Seria um erro. Na maioria das vezes falamos aos filhos de Deus e é assim que devem
ser tratados. São pessoas de carne e osso, imperfeitas, necessitadas e desorientadas, contudo, estão prontas
a nos ouvir.
O bom orador atinge o seu auditório e este a ele – as linhas de comunicação são fortes em ambas
as direções. Seu sucesso foi possível porque ele procurou conhecer as necessidades dos ouvintes e
adaptou-se para alcançar seus corações. A percepção do orador irá fazer com que este entre no coração
que está prestes a quebrantar, a amolecer o coração endurecido, a abrir as mentes fechadas e expandir as
mentes já abertas. Sobretudo falará com amor. As palavras duras e impetuosas só serão usadas como
último recurso, e isto, com moderação, de forma que estas penetrem como agulhas de acupuntura e nunca,
como facas propositadamente lançadas: “Há alguns que falam como que espada penetrante, mas a língua
dos sábios é saúde” (Pv 12:18). O bom orador sabe que os sentimentos, ou moral, podem ser lacerados
por um golpe cruel e desajeitado, e este espírito abatido “quem o pode suportar?” (Pv 18:14). Sabe que
conseguirá, com um pouco de talento oratório, medicar o enfermo, consolar o abatido e exortar o
principiante. “Os lábios do justo apascentam a muitos”, (Pv 10:21)
“O hipócrita com a boca destrói o seu próximo” (Pv 11:9),
O Orador indiferente, que pouco se preocupa com seus ouvintes, geralmente recebe a resposta
merecida. Alguns vão dormir, outros vão estar pensando em suas contas, e outros se irritando com a
demora. J[a o orador cheio de rigor e dureza está pedindo o mesmo tratamento com a sua mensagem.
Imprudentemente, ao invés de aproveitar a oportunidade e falar aos seus ouvintes, lhes atira apenas
palavras e indiretas. Ao contrário do orador indiferente ele consegue alcançar o seu público. Alcança e o
machuca. Suas palavras são verdadeiros torpedos a derrubar as naus das inteligências. Sua sensibilidade,
inexistente, nem percebe que “com palavras fere e com palavras serás ferido”.

O bom orador atinge o seu auditório e este a ele.

O orador cheio de rigor e dureza está pedindo o mesmo tratamento com a sua mensagem.

O Orador indiferente, que pouco se preocupa com seus ouvintes, geralmente recebe a resposta merecida.
O DISCURSO E SUAS PARTES
Quando se fala em público, não se pode deixar que as palavras nasçam e vivam a seu bel-prazer;
elas devem ser ordenadas, dispostas dentro do discurso, de tal maneira que, combinadas entre si, ofereçam
um conjunto agradável e convincente.
O orador, o conferencista, o professor, o pregador, e todos os demais profissionais que necessitam
se dirigir a um auditório, tem a necessidade de conhecer este problema. Para que as comunicações orais
sejam feitas dentro de uma certa lógica e envoltas pela coerência das palavras e das ideias, é necessário
ordem. Não a ordem fria da serena beleza da matemática, mas lógica viva das palavras, que comunica,
persuade e convence.
O discurso é, portanto, uma exposição ordinariamente preparada, algumas vezes improvisada, de
pensamentos e raciocínios, segundo as leis da oratória, com o fim de convencer ou de comover os
ouvintes. Para tanto é preciso que tenha integridade, proporção e clareza. Por integridade queremos
dizer que deve ser homogêneo, completo, onde cada parte se interliga com a outra de forma que seja
impossível separá-las sem destruir a peça oratória. É indispensável que umas e outras partes guardem
proporção entre si e com o todo. Não seja o exórdio, por exemplo, maior do que a exposição, etc., e além
da conexão e da proporção, que seja tudo claro, para que os ouvintes, sem esforço, acompanhem o trabalho
do orador.
Não se esqueça. O discurso deve ter integridade, proporção e clareza.

AS QUATRO PARTES DO DISCURSO

Em que consiste, na realidade, todo e qualquer discurso?


Aristóteles, filósofo e autor de “A Retórica”, diz serem duas as partes lógicas do discurso.
Prestando bastante atenção a esta divisão em duas partes, praticamente não precisaremos aprender mais
nada com referência à ordem do discurso. Tudo nasce aqui. Daqui partem todas as outras divisões e
subdivisões ideadas pelos retóricos de todos os tempos. As duas partes indicadas pelo bom senso são:
afirmação e a prova de ser essa afirmação verdadeira.
Não vemos como fazer discurso, seja ele qual for, sem essas duas partes. No entanto, quantas
pessoas, mesmo dotadas de talento e cultura, desagradam ao falar, ou não conseguem o objetivo visado,
apenas por não saberem o básico: Afirmar e depois provar o que se afirmou. Portanto o discurso é, em
essência: Afirmação x Prova
Não basta dizer o que pretendemos. É preciso que fundamentemos nosso ponto de vista. Não basta
dizer que é assim ou assado. Se disser que Deus é amor, devo, logo em seguida, demonstrar isso com
exemplos que suportem e sustentem minha afirmação. Quando afirmar em público que Só Jesus Cristo
Salva, devo, em seguida, demonstrar isso com provas bíblicas e todas outras que puder encontrar para
convencer e comover a assistência
Na verdade, apenas estas duas coisas bastam para que ninguém faça feio falando em público:
afirmem alguma coisa e, em seguida, digam por que motivo pensam assim. O auditório poderá concordar,
ou não, não importa. Ninguém dirá, entretanto, que não houve mensagem.
Além disso o discurso deve ter começo e fim. Este acréscimo foi feito para que não se perca de
vista o auditório. Precisamos, antes de entrar no discurso, preparar os ouvintes para receberem nossa ideia
e concordarem com as razões a serem expostas. É a parte chamada exórdio. No final, devemos terminar
nossas palavras repetindo as razões expostas e impressionando o auditório com a força de nossa convicção.
É a parte chamada de peroração.
CARACTERÍSTICAS DAS QUATRO PARTES

O EXÓRDIO ou INTRODUÇÃO
A primeira parte do discurso, o Exórdio, visando a assistência, deve conquistá-la, tornando-a:
atenta, dócil e benévola. Por atenta, entendemos os ouvintes interessados nas palavras do orador. Por dócil,
o auditório disposto a ser ensinado ou a ouvir as razões do orador. Por benévolos, compreendemos os
ouvintes simpatizando com a pessoa do orador, ou com suas ideias. Portanto, deve o orador ser
interessante, delicado e simpático. De tudo, concluímos: o exórdio deve ser insinuante (captar a simpatia).

A AFIRMAÇÃO
A afirmação, sendo a parte onde o orador transmite sua ideia mãe, deve ter como alvo supremo a
clareza. Nesta parte, não pode os ouvintes ficar em dúvida, tentando adivinhar onde quer chegar o orador.
A ideia mãe é o discurso em miniatura e deve ser perfeitamente estendida por todos os ouvintes. A clareza,
repetimos, é a característica fundamental da afirmação, onde surge a ideia essencial a ser transmitida.

A PROVA
A parte chamada prova tem como objetivo demonstrar a verdade da afirmação feita. Logo, deve
ser convincente, de modo a explicar bem as razões pelas quais pensamos desta ou daquela maneira, ou
pretendemos fazer o auditório assumir esta ou aquela atitude. Geralmente, após demonstrar as razões a
favor de nossa ideia, necessário é refutar as objeções ou dúvidas possíveis. Por isso, dividiram os antigos
a parte da prova em: confirmação e refutação. Na confirmação, demonstramos a verdade de nosso ponto
de vista. Na refutação, prevendo ou rebatendo a ideia contrária, ou as objeções cabíveis, desfazemos as
dúvidas ou as hesitações dos ouvintes. De tudo isto concluímos que a prova deve ser convincente.

A PERORAÇÃO ou CONCLUSÃO
Em oratória não basta aquela frase de que “a primeira impressão é a que fica”. Ela não é a que
fica, mas que fica também, afinal, “A última impressão também ficará”.
De fato: no final de nossas palavras devemos causar nos ouvintes a maior impressão, de modo a
gravar em sua mente quanto queremos transmitir. Isso conseguiremos, recordando, rapidamente, as
diversas razões apresentadas em abono de nossa afirmação e reafirmando, vigorosamente, nossa ideia
mãe. De qualquer forma, procederemos, por todos os meios, de maneira a impressionar vivamente os
ouvintes, pois a característica fundamental da peroração é ser impressiva.

QUAL VEM PRIMEIRO?


Na hora de pregar a ordem é: Introdução, Afirmação, Prova e conclusão.
Na hora de compor a mensagem em casa a ordem é: Crie sua afirmação, ou ideia principal, e
procure prova-la com fatos e argumentos bíblicos e naturais. Tanto a introdução quanto o fecho não
passam de um resumo da prova e da afirmação de sua ideia principal.
O EXÓRDIO
Exórdio quer dizer começo. Estas palavras iniciais devem merecer todo o cuidado do orador, por
serem a primeira impressão causada no auditório. Os artistas da palavra, cientes da importância deste
contato primordial com os ouvintes, deixam a composição do exórdio como último trabalho a ser
cuidadosamente elaborado e sujeito a mudanças.

A Primeira Impressão Fica: Em oratória, já sabemos ser a peroração a parte de maior efeito. No
entanto, a impressão deixada pelo exórdio permanece durante todo o discurso, sendo raro poder o orador
salvá-lo, se começou mal. O bom começo é meio caminho andado. Não agradando o exórdio, todo o
discurso está comprometido. A primeira impressão decidirá da boa ou má acolhida de nossas palavras
pelo auditório.
Observe o início de qualquer discurso: a atenção geral concentra-se na pessoa do orador. Esse
interesse pessoal é transferido, pelo exórdio, para o assunto a ser tratado.
Se queremos a atenção de nossos ouvintes devemos conquistá-los logo no início. Percebemos essa
técnica nos discursos de Paulo. Antes de começar a falar sobre o assunto a ser discutido ele procurava
ganhar a confiança da assistência. Às vezes seu exórdio era simples, mas o suficiente para atrair a atenção,
a docilidade e a benevolência dos ouvintes.
Levemos em conta o uso constante de Paulo a esse recurso. Em Antioquia da Pisídia, antes de
afirmar o que iria dizer, fez o seguinte comentário: “E, levantando-se Paulo, e pedindo silencio com a
mão, disse: Homens israelitas, e os que temeis a Deus, ouvi” (At 13:16) Percebemos que o auditório estava
meio que hostil, mas o gesto de suas mãos e a simpatia das palavras iniciais permitiu que ele fizesse a uma
bela mensagem. Em outra feita Paulo estava em Atenas diante de um público culto e curioso. Seu exórdio
nesta ocasião é um verdadeiro tesouro na arte de começar um discurso. Antes de ser colocado no meio do
areópago observara os ídolos e os altares. Poderia começar o discurso dizendo: “Homens atenienses, em
tudo vos vejo um tanto idólatras”. Um começo assim espantaria seu público. Como dariam atenção a
verdade se nem ouvissem a verdade? Que ele fez para atrair a atenção deles? Começou elogiando-os:
“Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto religiosos” (At 17:22). O elogio tornou-os atentos, dóceis
e benévolos. Mesmo numa situação crítica e desfavorável esse apóstolo não desprezava o valor do bom
exórdio. Certa feita, quando duramente acusado pelos judeus diante de Felix, encontrou lugar para elogiar
seu ouvinte em potencial, o próprio Felix. Buscou a simpatia do rei com uma simples frase: “Por saber
que já vai para muitos anos que desta nação és juiz, sinto-me a vontade para responder por mim” (At
24:10). Se o rei estava com o espírito armado para não o ouvir foi desarmado com aquelas palavras bem
postas. Com simplicidade captou a atenção do governador. Numa situação quase idêntica lá estava ele
novamente diante de um rei. Agora seu ouvinte eram um rei e uma rainha – Agripa e Berenice. Quando
lhe foi permitido que se defendesse, antes de falar qualquer coisa, fez o gesto de respeito. Depois usou a
técnica do exórdio: “Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, de que perante ti me haja hoje de defender de todas
as coisas de que sou acusado pelos judeus. Mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os
costumes e questões que há entre os judeus; por isso te rogo que me ouças com paciência.” (At 26:2-3)
Paulo diz que se sente honrado em poder se defender diante de Agripa. Reconhece no rei um homem
entendido nas leis e costumes pelos quais estava sendo julgado. Por fim pede paciência ao ouvinte.
Que exórdios maravilhosos! O Resultado? Conseguiu não somente a atenção dos seus ouvintes,
mas no último caso quase converteu o incrédulo Agripa.
Tértulo é um outro exemplo na Bíblia de alguém que usou a técnica do exórdio. Este advogado
fora contratado pelos judeus para fazer as acusações contra Paulo, o que fez com presteza e falsidade. No
entanto seu exórdio é digno de nota. Veja como ele começou seu discurso: “Visto como por ti temos tanta
paz e por tua prudência se fazem a este povo muitos e louváveis serviços. Sempre e em todo o lugar, ó
potentíssimo Félix, com todo o agradecimento o queremos reconhecer.” (At 24:2-3) Não podemos negar
que com essas honras e elogios ele conseguiria captar a atenção de qualquer ouvinte. Pois é isso mesmo
que todo pregador deve fazer antes de começar a pregar: Conquistar a atenção da assistência.

Finalidade Geral do Exórdio: Preparar o ânimo dos ouvintes


O exórdio é quase discurso independente, com a única finalidade de preparar o espírito do auditório
para ouvir nossa mensagem. Podemos, no exórdio, nem sequer mencionar o assunto a ser ventilado, mas
temos de deixar os ouvintes ansiosos por conhecê-lo. Esse é o ideal. Se não for atingido, ao menos fiquem
os assistentes atentos e relativamente simpáticos.
O mestre de exórdios é o camelô. Quando este apresenta sua mercadoria, costuma mostrando
alguma coisa para prender a atenção dos transeuntes. Por exemplo: uma cobra, um macaquinho, uma
mágica, etc. Aquela exibição inicial não tem outra finalidade, senão chamar a atenção dos passantes.
Formado o grupo ele apresenta seu produto. Assim é o exórdio. Atrai o ouvinte, capta a atenção, prepara-
o para a real finalidade do orador: transmitir seu pensamento a auditório predisposto a ouvi-lo.

Deve ser proporcional ao discurso:


O exórdio é a entrada da casa. Não fica bem uma linda porta numa choupana. Se o assunto é
corriqueiro, o exórdio deve ser simples. Um assunto nobre merece uma elaboração à altura. Não devemos
começar alegre ou humoristicamente uma mensagem sobre um assunto soturno e grave. Nem iremos
iniciar pomposamente, com solenidade e elevação, uma arenga sobre matéria corriqueira.

A Voz no Exórdio:
Como regra geral e de raras exceções, a voz deve ter pouco volume no exórdio. Principalmente
nas primeiras sentenças pronunciadas. Quase no final do exórdio, eleva-se gradualmente, até atingir o tom
normal. Começando suavemente, pode prestar mais atenção à própria voz e graduá-la de acordo com a
acústica local. Além disso, a voz, em repouso, irá esquentando-se aos poucos, como motor de automóvel.
O motorista experiente não “arranca” com motor frio.
A principal vantagem de iniciar-se com pouco volume reside na possibilidade de o orador elevar a
voz e retornar ao tom primitivo, de acordo com a necessidade. Começando muito alto, toda vez que abaixar
a voz parecerá inseguro ou cansado. Do ponto de vista do auditório, temos também vantagens. O começo
lento e pouco volumoso obriga os assistentes ao silêncio. Mais ainda: aos ouvintes é sempre simpático
quem inicia hesitando, pois isso demonstra respeito pelos assistentes. O tom de voz normal, seguro e firme
no começo, pode predispor o auditório contra o orador.
Calma e lentamente iniciará o orador suas palavras. Prossegue adquirindo velocidade e elevando
a voz, até atingir o tom necessário à amplitude do auditório ou à magnitude do assunto.
As Pausas. Começar pausadamente incita a curiosidade do auditório, e só por isso serve como
luva ao objetivo do exórdio. Além do que, ajuda a fazer silêncio no auditório.

Finalidades do Exórdio
“Tornar os ouvintes atentos, dóceis e benévolos”. Nestas três coisas concentram-se todas as
alternativas imagináveis para um bom começo.
• Desperte a curiosidade dos ouvintes, interesse-os, ou intrigue-os e eles ficarão atentos;
• Garantir-lhes brevidade é tê-los dóceis. Acalmá-los de alguma outra preocupação, é mantê-los dóceis.
Prometer-lhes satisfação de algum desejo ou necessidade urgente, é fazê-los dóceis. Dar-lhes boas
notícias, é torná-los dóceis.
• Finalmente, elogiá-los, é despertar benevolência. Demonstrar humildade é provocar benevolência.
Confessar nervosismo é criar benevolência. Concordar logo de início com os ouvintes, é assegurar-se
da sua benevolência.
O bom orador compreende que “o pior surdo é aquele que não quer ouvir”, e para que não tenha
surdos na audiência vai fazer de tudo para atraí-los a ouvir a mensagem.
Sabe também que na assistência tem os que já estão convencidos do contrário, ou tem aversão pela
afirmação que foi proposta. Que fazer? A tática para este caso é basicamente a mesma. Prometa falar
exatamente sobre aquilo que o ouvinte acredita, e então, sabiamente rebata suas falsas concepções, como
fez Paulo em Atenas. Eles estavam convencidos do contrário, mas Paulo prometeu-lhes falar sobre “o
Deus desconhecido que eles adoravam”. Lembre-se: Todo pensamento contrário tem sua coluna de apoio.
Faça como Sansão. Primeiro chegue até essa coluna, e depois, derrube-a com seus argumentos.

A Atenção do Auditório
Auditório atento é o interessado nas palavras do orador, curioso por ouvir o discurso, e intrigado
com o prosseguimento. Isso é auditório atento. Já a desatenção quase sempre é provocada pela monotonia.
Aí o desinteresse tem sua origem. Coisas já sabidas e assunto já batidos provocam desatenção.
Para tornar os ouvintes atentos, devemos interessá-los. E como conseguiremos isso? Recorrendo
às novidades. Seria por acaso que evangelho quer dizer “boas novas?” As coisas novas, nunca ouvidas,
extraordinárias, incríveis, sempre despertam interesse quando anunciadas. Por quê? Porque somos
curiosos. O orador pode e deve usar a mesma técnica, iniciando suas palavras contando alguma coisa nova,
diferente ou incomum. É preciso que seu assunto seja “engrandecido” diante dos ouvintes. Basta o
saborzinho de novidade para despertar interesse. Quanto mais próxima a novidade estiver do ouvinte, mais
interessados ficarão. Ex. Os Jornais. Novidade boa é aquela que está no tempo e no espaço dos ouvintes.

A Docilidade dos ouvintes


Docilidade é a disposição da assistência para ser conduzida pelo orador, ou ainda, a disposição do
auditório para aprender, para ser instruído ou manejado.
Toda vez que os ouvintes tiverem algum desejo ou necessidade urgentes, estão indóceis. Auditório
cansado é indócil por natureza. Exemplos: A última aula do período matutino; Os momentos que
antecedem um baile (festa). Como vencer esta situação? Prometendo brevidade (sedes breves e
agradáveis), e falando do que preocupa a assistência, acalmando-a. Prometa aos ouvintes que o assunto é
de extrema importância e que só ganharão os que ouvirem com atenção.

A Benevolência da Assistência
Benevolência é o querer bem, é a simpatia preexistente ou despertada pelo orador, a seu favor ou
a favor de sua ideia. O sorriso amigo é o característico mais certo da benevolência.
Benevolentes são os ouvintes identificados com a alma do orador, dispostos a perdoar-lhe os erros
e deslizes, prontos a socorrê-lo com uma ajuda (palavra), caso a memória o traia. Já a impassibilidade é
característica da malevolência. O suspiro de resignação e o desvio dos olhos marcam essa indisposição.
O benevolente está sempre à espera do olhar do orador.
Como conseguir benevolência? Seja humilde. A humildade nos faz conscientes de nossas
limitações e deficiências, mas nos encoraja a vencê-las. No fundo, o que a assistência quer, do orador, é
apenas naturalidade. A naturalidade é sinceridade, e esta desperta simpatia. Ao elogiá-los faça-o
honestamente. Caso não exista nada elogiável nos presentes, não elogie! As plateias tem radar
apuradíssimo para a falsidade e a sinceridade. Não é necessário que o auditório simpatize com a pessoa
do orador. Basta que simpatize com suas ideias. Comunique o ponto comum e ela se tornará benevolente.
A AFIRMAÇÃO

A afirmação deve ser clara.


É muito comum ouvir, após a pregação de alguém, esta
observação de muitos circunstantes: “O homem falou, falou e, afinal,
- não disse nada!”. Outro comentário comum é dito em tom
entusiasmado: “Puxa! Como o homem falou bonito! Gostei de ouvi-
lo!” Algum curioso, interessado, naturalmente pergunta: “E que disse
ele?” A resposta merece meditação. O assistente, entusiasmado,
responde encabulado: “Bem, ele falou muito bonito, mas não sei
exatamente o que foi que disse. Ele falou tanta coisa... Mas que falou
bonito, falou!”
Meditando sobre este fato tão frequente, chegamos a uma
conclusão: comunicador não é o homem que fala bastante ou fala
bonito: - é o homem que DIZ alguma coisa. Se o ouvinte não é capaz de dizer o que o comunicador
transmitiu, então não houve comunicação, houve falação em público. Portanto, bom pregador é aquele
que diz alguma coisa quando fala em público. A recomendação para os comunicadores seria, então:
Quando falar em público, diga alguma coisa. Seja claro em sua afirmação.

Aprender a Pensar – o primeiro passo


Se o trabalho de comunicação se inicia pela afirmação ou pela Ideia Mãe, é evidente que antes
precisamos pensar, para depois falar ou escrever. Pensar é ter ideias, clarificá-las, ligá-las por elos
coerentes, justificá-las, prová-las, construir um sistema de ideias, enfim. Tudo isso requer certo cuidado,
afinal, dentro das palavras (que serão comunicadas) existe o mundo das ideias: se elas não forem
ordenadas, transformar-se-ão em uma Babel ainda pior.
Cuidado para que ao invés de meditar fique apenas no devaneio. Quem devaneia está sonhando
acordado, como a noiva às vésperas de seu casamento. Sua mente está completamente passiva, como uma
rolha a boiar na corrente do pensamento. Mesmo que seu pensamento tenha uma sequência, não há esforço
mental, pois, a mente não está trabalhando, está descansando. A meditação não é assim. Na meditação a
concentração mental é intensa e forte. Penosa, quase sempre. Não dá tempo para mais nada. Ao contrário
do devaneio, a meditação não segue uma sequência, ela busca uma consequência. Não é a mente passiva,
mas ativa, teimando, insistindo, persistindo e prosseguindo em trabalhar uma ideia mãe.

Os considerados preguiçosos meditam e transformam o mundo


É mais fácil cansar o corpo que esforçar a mente. Qualquer um pode fazer a experiência. A
engraçada consequência é serem exatamente os homens considerados “preguiçosos” os que mais meditam
e os que mais invenções e ideias novas trazem para a humanidade.
Somente um considerado preguiçoso idearia usar o lombo do cavalo para não se cansar em suas
andanças... Os homens “trabalhadores” do seu tempo iriam a pé. O preguiçoso inventou a cavalgadura.
Que grande preguiçoso deveria ter sido o inventor da roda! Durante muito tempo meditou, meditou,
espremeu o cérebro, até surgir a Ideia Mãe: a roda! Os trabalhadores suavam para levantar grandes pesos,
enquanto os preguiçosos meditavam... A alavanca é filhote da preguiça e da meditação.
Quem disser que meditar é fácil, faça esta experiência muito simples: domine seu pensamento.
Comandar e dirigir o pensamento não é coisa fácil. Se fosse fácil estaria todo mundo meditando. Não é à
toa que o Pastor Dalton Teixeira diz em seu livro Homilética que “o pregador que gasta quarenta minutas
de pregação se esforça o equivalente ao serviço de um ajudante de pedreiro que trabalha oito horas numa
obra” .
O pensamento é mais ou menos como a água: se tentarmos apanhá-la violentamente, ela nos foge
e escapa pelos dedos. É preciso ter as mãos em concha e suavemente apanhar um bocadinho só de líquido.
Mas agarrá-la, isso não podemos. Mas se o pensamento não pode ser agarrado, pode ser dirigido. Para
isso é preciso exercício. Basta firmar a mente no objetivo a ser atingido e o pensamento acabará indo na
direção que escolhermos.

Palavras não nos faltam, faltam-nos ideias!


Ouvimos constantemente a reclamação de alunos: “Gostaria de
falar em público igual o beltrano, mas faltam-me palavras!” O que este
aluno precisa compreender é que não lhe falta palavras, o que ele tem é
falta de ideias. Palavras não nos faltam, faltam-nos ideias! Na hora em que
uma ideia se forma em nossa mente, acode a palavra correspondente.
Portanto, pensem, pensem bastante, pensem mesmo.

Preguiça Mental - A Grande Vilã da Ideia Mãe


Para saber pensar é necessário que, antes, tenhamos o hábito de
pensar.
Cultive o hábito de pensar: A maioria das pessoas não tem o
costume de pensar. Devaneiam somente. Pensar é trabalho árduo. Assim como há uma preguiça para cortar
lenha, ou praticar esportes, também existe uma preguiça de pensar. As outras preguiças podem ser
compensadas por alguma ideia genial que resolva problemas físicos, mas a preguiça mental é a morte do
espírito por atrofia. Como disse alguém: “Não há coisa a que o homem não esteja disposto a fazer para
evitar o real trabalho de pensar” ...
Lembre-se: Nós só podemos pensar com o que temos dentro da cabeça, é claro. Quanto mais
coisas tivermos lido, visto, ouvido, sentido, mais material teremos para trabalhar. Todo pregador deveria
sentir-se como o salmista, que disse: “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque
medito nos teus testemunhos” (Sl 119:99). O pregador que lê e medita na Palavra de Deus está anos luz
na frente daqueles que são preguiçosos em ler a Bíblia. Aquele que tem preguiça de ler a Bíblia jamais
poderia ser um pregador. Mas o pregador precisa, além disso, cultivar o bom hábito da leitura. Como dizia
meu professor de Arte de Falar, pastor John “ler para ter ideias, e pesquisar para obter fatos”. O pregador
que não lê nem pesquisa é um pregador medíocre. Não é de admirar que tantos pregadores ficam enrolando
na hora da mensagem e que precisem entreter seus ouvintes com tantas histórias e piadinhas, afinal, falta-
lhes o principal, que é o conhecimento da Palavra.
Paulo foi um grande exemplo nessa área. Foi um homem eloquente e grande conhecedor da
retórica. Poderia pela posição que ocupava e pelos conhecimentos adquiridos dispensar a boa leitura. Mas
o que vemos é o contrário. Quando foi preso e impossibilitado de pregar livremente, pediu a seu discípulo
honrado que lhe fizesse um grande favor: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de
Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.” (2Tm 4:13). Ah! Que grande alerta aos preguiçosos
e negligentes quanto ‘a leitura. Como poderão pensar nas coisas de Deus se a cabeça está cheia de vento?
“Enchei-vos do Espírito (Palavra de Deus)” é o conselho deste amado apóstolo.

Pratique o halterofilismo mental:


Nem todos nascem com o dom natural de pensar. Em algumas pessoas esta arte precisa ser
cultivada. Em outras, há ainda o treinamento constante dessa virtude. É o que chamamos de halterofilismo
mental, o treinamento que fazemos da arte de pensar, lendo livros que nos obriguem a seguir, passo a
passo, o raciocínio do autor (como o livro de Romanos). Há livrinhos água com açúcar, que nada de bom
nos trazem para o objetivo ora visado. Entre eles os mais conhecidos são as histórias em quadrinhos. Esses
podem ser perigosos. O leitor há que ler assuntos sérios, mais difíceis, e com um dicionário nas mãos.
Leia coisas que estão acima de seu conhecimento. Esse é o verdadeiro exercício para a mente. Não queira
ler livros sem antes ter lido toda a Bíblia. Não queira ler livros em substituição à Bíblia. Conheci um bom
pastor que disse: “Sou Watchmaníaco”, o que me surpreendeu, pois não devemos ser nada além de
bíblicos. Se Watchman Nee foi um bom obreiro, tudo bem, mas suas ideias não substitui a Bíblia.
A vida intelectual e mental precisa ser cultivada constantemente, senão o cérebro logo se acostuma
a seguir as mesmas e batidas trilhas e nós decaímos para a rotina mental. Quem não lê, envelhece logo, e
logo passa a repetir o estribilho dos ultrapassados: Quem está sempre lendo é jovem que se sente à vontade
em qualquer ambiente, embora tenha ultrapassado os oitenta. Leia, estude, medite.

O QUE PENSAR NA HORA DE PREPARAR A MENSAGEM?

O Único Trabalho de pensar é a Ideia Mãe


É comum ao orador principiante ter mil e uma ideias na hora da composição de sua mensagem.
Mais comum ainda é sua frustração ao ver que tantas ideias juntas não chegaram a lugar nenhum. As horas
passam e nada de mensagem. Qual o problema, afinal, ele não está pensando no que vai escrever? Pois é
isso o grande erro. Não devemos pensar no que vamos escrever, mas escrever (compor) aquilo que
pensamos. O primeiro passo para compor é ter a afirmação, ou seja, o assunto a ser tratado, também
chamado de tema, ou, como aqui declaramos, a ideia mãe. Quando você souber o que quer pregar (por
exemplo: quero pregar sobre Fidelidade Cristã), então, comece a pensar tudo que for possível sobre ser
um cristão fiel. Procure nos dicionários (comuns e bíblicos)
para saber seu significado, e veja na Bíblia quem foi, quem
não foi, onde é mencionado, etc. A Bíblia é fonte inesgotável
para o pregador. Não queira o amigo pensar em outro
assunto, isso só trará confusão em sua mente. O único
trabalho de pensar é a ideia mãe.
Encontre um assunto e aprofunde-se nele. Quem tem
uma ideia mãe tem uma mensagem em potencial. O resto é
pura técnica. Depois de encontrá-la você tem apenas que
desenvolvê-la, e isto veremos na Prova, que é a terceira parte
da mensagem.

Que seu único assunto não seja generalizado


Qualquer que seja o assunto afunile-o. Procure sempre reduzir seu assunto a proporções menores.
A mensagem ficará mais rica, mais fácil de ser anunciada, e mais simples para os ouvintes. Vamos dizer
que você quer falar sobre o “amor”. Pois bem, é um bom assunto, mas é muito amplo também. Que tal
você falar do Amor de Deus? Ora, já melhorou bastante, mas ele pode ficar melhor. E se seu assunto for
“O amor de Deus pelos pecadores?” Veja, como ficou mais fácil ainda. Na hora de fazer sua ideia mãe
tente deixa-la de forma mais clara possível para o ouvinte.

O Sermão sobre uma só matéria – Pelo Pe. Vieira.


“O sermão há de ser um só assunto e uma só matéria e não muitas. Por isso Cristo disse que o
lavrador do Evangelho não semeara muitos gêneros de sementes, senão uma só – a sua semente. Se o
semeador semeara primeiro trigo, e sobre o trigo semeara centeio, e sobre o centeio semeara milho grosso
e miúdo, e sobre o milho semeara cevada, que havia de nascer? Uma mata brava, uma confusão verde. Eis
aqui o que acontece aos sermões que tem muitas matérias, muitos assuntos. Se uma nau fizesse um bordo
para o norte, outro para o sul, outro para oeste e outro para o leste, como poderia fazer a viagem? Por isso
nos púlpitos se trabalha tanto e se navega tão pouco. O Batista convertia muitos em Judéia, mas quantas
matérias tomava? Uma só matéria! Jonas converteu os ninivitas; mas quantos assuntos tomou? Um só, a
subversão da cidade. De que maneira Jonas em quarenta dias pregou um só assunto, e nós queremos pregar
quarenta assuntos em uma só hora! Por isso não pregamos nenhum.
Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se reconheça, há de dividi-la para
que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o
exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências
que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há de se responder as dúvidas, há de
satisfazer as necessidades, há de impugnar e refutar com toda a força de eloquência os argumentos
contrários, e depois disto há de colher, há de apertar, há de concluir, isto é pregar...
Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedades de discursos, mas estes hão de
nascer todos da mesma matéria e continuar e acabar nela. Ora vede: Uma árvore tem raízes, tronco, ramos,
folhas, varas, flores e frutos. Assim há de ser o sermão: Há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser
fundado no Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só assunto, uma só matéria; deste tronco.
Hão de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados
nela; estes ramos não hão de ser secos, senão coberto de folhas, porque os discursos hão de ser vestidos e
ornados de palavras. Há de ter esta árvore varas, que são a repressão dos vícios; há de ter flores, que são
as sentenças; e por remate de tudo isto, há de ter frutos, que é o fruto e o fim a que se há de ordenar o
sermão. De maneira que há de haver frutos, há de haver flores, há de haver varas, há de haver folhas, há
de haver ramos, mas tudo nascido e fundado em um só tronco, que é uma só matéria. Se tudo são troncos,
não é sermão, é madeira. Se tudo são ramos, não é sermão é maravilhas. Se tudo são folhas, não é sermão,
são versas. Se tudo são varas, não é um sermão, é feixe. Se tudo são flores, não é sermão, é ramalhete.
Serem tudo frutos, não pode ser; porque não há frutos sem árvore. Assim que nesta árvore, a que podemos
chamar árvore da vida, haver o proveitoso fruto, o formoso das flores, o rigoroso das varas, o vestido das
folhas, o estendido dos ramos, mas tudo isto é nascido e formado de um só tronco, e esse não levantado
no ar, senão fundado nas raízes do evangelho.”

“Uma só matéria”, este é o tema da mensagem do Pe. Vieira. Uma só matéria, um só assunto: Este
deve ser o trabalho pensativo dos oradores que desejam “convencer e comover” seus ouvintes. A partir de
um assunto você deve construir sua árvore, pois, a Bíblia está cheia de assuntos, prontos para serem
desenvolvidos em sua mente, e depois em sua peça oratória.

Afirmação é dizer alguma coisa


Afirmação é dizer alguma coisa. Para dizer alguma coisa precisamos de um verbo. Não existe
afirmação sem verbo. Um meio de contornar essa dificuldade será variando as formas de estilo. Podemos
afirmar, afirmando; afirmar, negando; afirmar, perguntando; e finalmente, afirmar, ordenando:
Exemplos:
Afirmar, afirmando: “Jesus Cristo é o único Caminho para o céu”
Afirmar, negando: “Não existe outro caminho para céu senão Jesus”
Afirmar, interrogando: “Poderá haver caminho para o céu sem Jesus?
Afirmar exclamando: “Que caminho para o céu abriu Jesus!”
Afirmar, ordenando: “Acreditem, sem Jesus não há caminho para o céu!”
A variação das formas de estilo dá encanto à nossa I.M. e deverá ser objeto de preocupação para o
comunicador. Se a afirmação é a mensagem que pretendemos passar aos nossos ouvintes, não custa cuidar
bem dela. Fazê-la corriqueira é enfraquece-la. Dar-lhe cunho original é por si mesmo, começar a torná-la
inesquecível e eficaz.

Clareza

Como já foi notado a afirmação deve ter como alvo


supremo a clareza, sendo que, nesta parte a audiência não pode
ficar em dúvida, tentando adivinhar onde quer chegar o
orador.
O orador é o homem visto, ouvido, entendido e
apreciado. Não há dúvida de que a primeira condição para
sermos entendidos é sermos, anteriormente, ouvidos. Quem
pode entender aquele a quem não consegue nem ao menos
escutar? Mas não basta ser ouvido é preciso que os presentes
distingam, claramente, as palavras que pronunciamos. Não somente isto, mas é imprescindível que a
comunicação seja inteligível - compreensível.
Se sua ideia mãe não é compreendida (não importando o motivo), então, como compreenderão o
desenvolvimento da mensagem? Pergunte a si mesmo: Fui claro?

Evite que a Ideia Mãe seja distorcida


Quase sempre uma comunicação perfeita pode ser reduzida em uma só frase. Reduza o máximo
que puder sua frase ou seu escrito. É por isso que inventaram o bilhete, o telex, o memorando e agora, o
twitter. Não é interessante que todos eles são curtos e se baseiam em uma frase. Mais interessante ainda é
que a clareza com que são compostos fala muitas coisas ao mesmo tempo. Quando pegar no papel para
escrever sua Ideia Mãe, pense: Como dizer tudo, tudo, numa só sentença?”
Uma boa frase o ajudará em toda a mensagem. Sua pequena sentença é o que os pregadores
chamam de TEMA, do qual, nascerá as demais conclusões. Justamente por esta frase principal ser curta
não ela pode sofrer distorções. Faça de tudo para ser bem claro.
É conhecida as histórias de como “uma vírgula muda tudo”,
Um homem rico escreveu pouco antes de sua morte a seguinte frase, e morreu sem pontuá-la:
“Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho nada dou aos pobres”
O sobrinho fez a seguinte pontuação “Deixo meus bens a minha irmã? Não! A meu sobrinho. Nada
dou aos pobres”. A irmã em seguida o pontuou assim: “Deixo meus bens à minha irmã, não a meu
sobrinho. Nada dou aos pobres.” Aí chegaram os descamisados da cidade, e um deles tomou papel e caneta
e favoreceu-os: “Deixo meus bens a minha irmã? Não. A meu sobrinho? Nada! Dou aos pobres”
Portanto, se uma vírgula muda todo o sentido, imagine o orador fazer pouco caso da frase que ele
precisa compor para fazer seu discurso?
Acredite! Sendo a afirmação o nosso único trabalho a pensar, não custa caprichar na sua
composição. O tempo gasto para criar uma boa sentença é o tempo que economizará para prová-la depois.
A PROVA
A terceira parte do discurso é a prova, ou desenvolvimento, pois nesta parte procuramos
desenvolver a afirmação ou ideia mãe.
No discurso oratório não é um lema eficiente dizer: “para bom entendedor meia palavra basta e
para quem sabe ler um pingo é uma letra”, mesmo porque meia palavra não quer dizer nada, e pingo não
é letra, é sinal. Em contrapartida, é verdade absoluta em oratória afirmar que “a comunicação seca de
uma ideia pouco provavelmente irá produzir efeito no receptor”. É preciso fazer com que a ideia cale na
alma da destinação e isso se faz exatamente na prova.

Na Prova é preciso convencer e comover seu auditório

Já vimos no princípio deste estudo que: o fim principal


da retórica é tornar-nos capazes de convencer (persuadir) e
comover o ânimo dos ouvintes. Convencer é obrigar com
provas e argumentos a inteligência a reconhecer uma verdade,
um fato. Comover é mudar a disposição da vontade de um
auditório para que ele experimente os mesmos sentimentos e
emoções que o orador sente e tenta comunicar-lhe. O convencer
entende com a lógica tão somente ao passo que o comover
refere-se à psicologia. Demonstrar é convencer, enquanto que
agradar, tentar, irritar, comover, alegrar ou despertar ódio,
aversão, simpatia, etc.- é comover. Em uma palavra, convencer
apela para a inteligência, e persuadir, para a vontade.

Não basta provar a nossa ideia mãe, para os ouvintes concordarem com ela. A simples
demonstração do nosso ponto de vista pode produzir apenas os efeitos de um cálculo matemático, e o
auditório ficará frio e indiferente. Para o auditório agir e vibrar de acordo com nossa maneira de ver as
coisas, precisamos comove-lo.
Portanto, “supor que uma ideia nua, seca, uma concepção abstrata, sem acompanhamento afetivo,
tenha a menor influência no procedimento humano é um absurdo em oratória”, afinal, só acreditamos no
que queremos. As provas fazem as pessoas pensarem que nossa afirmação seja a melhor, mas o apelo às
emoções faz com que elas queiram a nossa afirmação para suas vidas.

Os Diversos Métodos Para Analisar ou Dividir a Ideia Mãe

Importante! A finalidade visada pelos métodos é dividir o discurso em partes claras e definidas,
a fim de torná-lo mais agradável para os ouvintes, e mais facilmente memorável pelo orador. É por isso
que dizemos ser difícil saber quem lucra mais quando o discurso segue um método na divisão da ideia
mãe: se o orador, e o ouvinte.
Quem ganha mais? O orador, indiscutivelmente, tem sua vantagem: não se perde, não faz rodeios
nem fica indeciso, sem saber como terminar. Torna-se simples memorizar longos discursos, se o mesmo
estiver dividido em partes distintas, autônomas e logicamente encadeadas. Não queremos dizer decorar
discursos, mas guardar, na exposição do mesmo, aquela ordem preestabelecida por nós durante a
preparação.
O auditório, por sua vez, percebendo haver nas palavras do orador uma lógica, ouve com mais
agrado e, frequentemente, não percebe o tempo correr, tão enlevado fica. Isso acrescenta encanto ao
discurso, causando satisfação o ato de ouvi-lo. Este prazer experimentado pela assistência reflete-se nas
fisionomias, ajudando o orador a expor com mais brilho as suas ideias.
Eis os métodos mais comuns para dividir uma ideia- mãe.

O Método Cronológico
O primeiro método para se dividir a ideia mãe chama-se método cronológico.
Todos os fatos estão localizados no tempo e no espaço. Tudo na vida tem um antes, um durante e
um depois. Assim, podemos dividir qualquer acontecimento em períodos ou fases e dar a todos eles uma
sequência cronológica.
A vida das pessoas presta-se para divisão cronológica, podendo ser dividida em períodos de tempo
marcados por algum acontecimento relevante. Por exemplo: Suponhamos que queremos fazer uma
mensagem sobre a conversão de Saulo, cujo título poderia ser: “A Salvação mais inesperada da história”.
Com o método cronológico diríamos: 1) O fanático fariseu; 2) A batalha no caminho de Damasco; 3) A
rendição que ninguém esperava. É claro que cada um desses pontos seria minuciosamente trabalhado,
porém, o esqueleto da mensagem está feito de forma que ele é visto antes, durante e depois da conversão.
O método cronológico é grande disciplinador de nosso raciocínio. Ensina-nos a pensar com lógica
e a dizer coisa com coisa, sem a confusão e o caos desordenado e incompreensível. Permite-nos descobrir
fatos interessantes, não percebidos antes. Além disso, tem a vantagem de você poder usá-lo em
combinação com outros métodos. A experiência nos mostra: o emprego do método cronológico facilita
muito a clareza de qualquer exposição.

O Método Lógico
É o método da causa e efeito. O raciocínio lógico chega a uma verdade após a admissão de uma
ou mais preexistentes ou antecedentes. No dizer de Paulo: “o que o homem semear, isto também ceifará”.
Podemos observar a lei da causa e efeito na vida de Ló, como o tema: “Ló. Uma vida perdida”. 1) Primeiro
destacamos a oportunidade que teve em servir a Deus ao lado de Abraão; 2) Depois mostramos que “o
amor a este mundo” levou-o junto de homens pecadores; 3) Continuaremos afirmando que junto de
homens pecadores só podemos colher dissabores; 4) Por fim, ressaltaremos que sua vida foi uma perdida
(perdeu a comunhão com Deus. Perdeu sua família, perdeu seus bens, e perdeu a vergonha). Sua escolha
errada (causa) levou-o a uma perdição (efeito).

O Método Topográfico:
O método topográfico presta-se mais a descrição das coisas, dos objetos e dos lugares. Perceba
como o livro de Josué desenvolve boa parte de seu discurso usando este método: A conquista de Canaã,
central; a conquista do sul de Canaã; e a conquista do Norte de Canaã. Podemos falar o mesmo sobre a
história das conquistas de Davi, ou da reconstrução dos muros de Jerusalém por Neemias.
A outra maneira de usar o método topográfico é colocar o objeto de exposição em diversos lugares.
Se quiser falar sobre um personagem este método é muito útil. Por exemplo: Imaginemos que nossa ideia
Mãe é “José na Escola de Deus”. Podemos então falar de como ele cursou a “escola de Deus” nos lugares
em que passou: 1) As lições na casa de seu pai; 2) As lições na casa de Potifar; 3) As lições na prisão; Nos
três casos sempre ressaltando de como ele cresceu no conhecimento e temor a Deus. Podíamos fazer
diferente como José e fazer uma mensagem cujo tema seria: “O Companheiro das Três Prisões”. A partir
do método topográfico perguntamos quem esteve ao lado quando foi jogado na cisterna por seus irmãos;
quem estava ao seu lado na casa de Potifar; e quem esteve ao seu lado na casa do cárcere. Seu companheiro
foi Deus. Perceba que o método topográfico é riquíssimo em oportunidades.

O Método das Definições


Este método busca definir algo ou alguém levando o auditório a pensar, friamente, sobre as razões
expostas. Usamo-lo da seguinte forma: Primeiro, dar as características gerais da ideia ou termo; segundo
distingui-la de todas as outras semelhantes ou correlatas. Atenção: Nunca defina aquilo que você não
entende plenamente. Será um fiasco.
Atenção! Toda vez que o orador for raciocinar perante a assistência, deverá ser profundamente
humilde e sempre apresentar seus raciocínios em tom de quem pergunta aos demais, indutivamente,
sugerindo e instigando os ouvintes a crer em sua afirmação, usando termos como “ora, vejam como esta
verdade é evidente...” ou ainda, “perceba como isto é indiscutível”. Note-se que o orador nunca deve fazer
a pergunta individualmente, senão a mensagem vira discussão. Se fizer uma pergunta deve respondê-la
imediatamente, como fez Paulo a Agripa: “Crês tu nos profetas ó rei Agripa? Bem sei que crês.” Se deixar
que outro responda seu discurso corre o risco de ser atropelado por uma outra definição. Pior. O assistente
pode aproveitar a palavra e querer fazer um novo sermão.
Vale aqui o alerta de Marques de Oliveira: “Todo cuidado é pouco neste método. Não há alternativa
possível se não somos técnicos: Ou o povo não quer pensar ou pensa melhor do que nós, ou então cada
qual julga-se o único inteligente da reunião. Lembre-se: Pensar não é privilégio do comunicador. E um
grupo sempre sabe mais que qualquer gênio isolado.” A Bíblia revela que “na multidão dos conselheiros
há verdadeira sabedoria”. Sabendo disso nunca despreza as inteligências da assistência, tampouco desafie-
a quanto a definições que você deveria dar.
Aquele tipo de orador que fica a perguntar “e você irmão, que acha disso?” um dia acaba se dando
mal. Não pergunte - responda.

Método da Solução dos Problemas

Este método pode ser usado quando o orador resolve dividir seu assunto em dois ou três problemas
especiais. Por exemplo: Imaginemos que Paulo ao chegar no areópago e ver a cidade toda entregue a
idolatria resolva usar esse método para falar dos ídolos. Sua mensagem ficaria mais ou menos assim: Por
que a idolatria é um problema; para onde leva o problema da idolatria; como resolver o problema da
idolatria.

Método das Circunstâncias ou Sete Perguntas

Quando queremos informar os ouvintes, descrevendo, narrando ou contando um fato ou


acontecimento, o melhor método é o das circunstâncias. O bom jornalista não lança mãe dele, e o bom
orador sabe dar um ar especial para cada pergunta em seu trabalho oratório. Por este método, respondemos
a seguinte série de perguntas:
1. Quem?
2. O Quê?
3. Onde?
4. Com que meios?
5. Como?
6. Quando?
7. Por quê?
Nem sempre é preciso usar as sete perguntas. Baste que use algumas. Pode ser que o pregador
queira falar sobre a queda do rei Davi quando estava no apogeu de seu reino e gostaria de usar esse método
para prová-la. Suponhamos que sua Ideia Mãe é a frase paulina “Quem está de pé olhe que não caia”.
Pode começar explicando quem pode cair, no caso Davi, mesmo estando no apogeu de seu reino; Depois
explique o que estava fazendo - ele passeava à toa, e quem passeia à toa pode bem encontrar uma mulher
sem vergonha tomando banho com a janela aberta; Fale dos meios que ele usou para possuí-la; Quando
isso se deu - no tempo em que os reis saíam para a guerra. E por fim, explique o motivo de tudo aquilo
ter acontecido – descuidar (negligência) de seus deveres de rei.
Como foi visto a resposta às sete perguntas nos fornece um esquema interessante, completo e
lógico. O uso deste método evita o enfado e informa plenamente o ouvinte.

Método dos ângulos (ou dos pontos de vista)

Este método consiste em analisar a ideia mãe de diversas formas, conforme a intenção do orador
ou o interesse da assistência. Vejamos por exemplo: a faca e suas utilidades. Para o caçador é arma
necessária à subsistência; para o assassino é instrumento do crime; O escultor e o médico a vê como
ferramenta; a dona de casa como utensílio doméstico; o jovem esportista achá-la-á excelente como
arremesso ao alvo. Por qualquer ângulo, será faca ainda, mais vista de ângulos diferentes.
Certa vez eu observei a vida de Joabe sobre diversos ângulos. A observação fez nascer uma
mensagem chamada “Amigo da Onça”. Comentei que ele foi o chefe do exército de Davi por toda a sua
vida. Mostrei que ele nunca perdera uma batalha e sempre lutou valentemente as guerras do rei. Mas no
fim, revelei que ele nunca fez sua tarefa porque amava o rei, e sim, por que amava a si mesmo.

Como Dividir?

O importante a notar quanto à divisão da ideia mãe, é o seguinte: não subdivida muito seu discurso.
Além de ficar mais difícil para você memorizá-lo, cansará os ouvintes e certamente irá assustá-los logo
de início, quando você anunciar as trinta e cinco coisas que irá abordar... Quanto ao número de divisões o
número ideal é três e o máximo recomendável é cinco. Mais que isso é imprudência e, se for absolutamente
necessário, convém não enumerar as partes logo de início, para não assustar os ouvintes.

Lembremos sempre de que o lema do orador é:


“Sedes breves e agradáveis”

DIVIDA, MAS NÃO EXAGERE!

Lembre-se

A parte chamada prova tem como objetivo demonstrar a verdade da afirmação feita. Deve ser
convincente, clara, de forma que o auditório seja convencido e comovido pelo método que você usará.
Confirme a verdade de sua ideia mãe com provas evidentes e capazes de mudar o ânimo de seus ouvintes.
A PERORAÇÃO
Como fazer a peroração impressiva?

Quem ainda não viu, em comemorações, soltarem rojões? O fogueteiro acende um fósforo e chega-o ao
pavio. Chispas e faíscas antecedem ao nervoso chiado do foguete prestes a largar. Neste momento diversas
pessoas acorrem, para assistir à fita luminosa subindo ao céu, contra o fundo escuro da noite. A reta inicial
curva-se ao atingir o clímax de altura e velocidade. Nesse instante, todos, olhos fitos no risco de luz,
esperam o inevitável, aguardam o previsto e infalível em todo rojão que se preza de bom: o estouro! Ei-
lo: primeiro, a explosão luminosa; depois, o estampido sonoro.
Assim é a peroração, na mensagem. O discurso bom deve imitar, no final, o estouro do rojão. É o
que o ouvinte espera, o assistente aguarda e o espectador deseja.

Ao contrário disso temos o estouro de um pneu. [Figura


18] Como é chocante e desagradável tal explosão!
Inesperadamente, o impacto sonoro desconcertante.
Imobilizamo-nos, aturdidos. Quando recuperamos o
autodomínio, assistimos, aliviados e divertidos, ao melancólico
murchar da câmara de ar, agonizando em sussurro ciciado.
Após o susto, chega a ser cômico. Da mesma forma, o rojão
que partisse, chiando num jato, e no auge explodisse apenas
num “pim...”
Eis como não deve ser o final da mensagem: explosão
de pneu!
Em tudo, mas especialmente no fim, deve a
comunicação imitar o rojão. Primeiro vemos a concentração luminosa num ramalhete de luz, e, apenas
após uns instantes, ouvimos o estampido – ponto final da carreira do rojão. Acabou é hora de parar.

A peroração tem também duas partes bem distintas: o resumo e o patético. Instantâneo e breve,
resumindo em si toda a matéria da comunicação, o resumo deve impressionar pelo impacto e ser eficaz
pela brevidade. O patético, como estouro final, embora esperado, deve pressionar e impressionar os
ouvintes, de súbito tantalizado pelo seu vigor.

O Resumo...resumido!
Nunca é demais insistir neste ponto: o resumo deve ser resumido. Muitos comunicadores, após
completarem seus raciocínios, parecem voltar atrás, passando a repetir todas as considerações já feitas.
Desta forma, ofendem, sem querer, a memória dos ouvintes e causam má impressão, aborrecendo a
assistência.
Existe a arte de resumir, a técnica de relembrar sem cansar. Pode o comunicador falar como se não
tivesse bem certo de haver tocado todos os pontos, recordando-os em voz alta, a ver se não faltou alguma
coisa a dizer. Ao terminar, pode ainda falar a hipotético adversário as suas ideias, desafiando-o a responder
aos diversos pontos abordados, enumerando-os.
Sempre a imagem do rojão nos é útil. O clarão final ocupa pequena extensão, mas impressiona
mais que toda a linha cintilante descrita pelo foguete, por concentrar toda a luz num ponto só. Assim deve
ser o resumo: resumido! Feliz do comunicador quando puder fazer seu resumo no espaço de tempo entre
acender um palito de fósforo e vê-lo consumir.
O Patético:

Não admitiam os gregos, especialmente da Ática, o apelo às paixões. Consideravam isto recurso
dos desprovidos de razão e argumentos. No entanto, a Arte Retórica, de Aristóteles, contém, em muitas
partes, preciosas indicações de ordem psicológica para o manejo das paixões humanas em proveito do
comunicador ou de suas ideias.
O patético é o apelo às emoções e tem como finalidade impressionar os ouvintes a favor de nossa causa.
Não concordamos com o modo de pensar dos áticos, pois consideramos legítimo o emprego deste recurso,
quando se trata de convencer o auditório a adotar nosso ponto de vista honesto e verdadeiro.
É triste perceber que muitas vezes os ignorantes e os aproveitadores conseguem influir na multidão
pela eloquência desordenada. Até os incultos, quando sinceros, levam a multidão para onde queiram. Não
é a inteligência a guia dos povos, mas a força das paixões. Eis porque o pregador fiel e honesto deve cuidar
com especial carinho do patético, ou seja, do apelo às emoções.
A palavra patético é formada de duas outras de origem grega: pathos (paixão) e ethos (costume).
Sua união simboliza o campo todo das emoções – ou inclinações (Amor, alegria, esperança, desejo e
audácia; Ódio, tristeza, aversão, desespero e temor.
No final da mensagem o pregador deve falar com sentimento e emoção. Deve ele próprio sentir e
se comover pela sua oratória, para então, entrar no coração dos seus ouvintes e arrebatá-los.
Sou proponente de que somente Deus pode abrir o coração do pecador. Creio ainda que muitos podem
fazer decisões precipitadas por que foram manipuladas na hora do apelo. Mas acredito que o pregador
precise impressionar seus ouvintes no final de sua mensagem. Vejamos o exemplo de Paulo em Atenas.
Ele gasta um versículo com o exórdio. Na peroração ele gasta dois (At 17:30-31).
“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em
todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o
mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”
Não vemos aqui nada apelativo apenas um apelo sincero. Também encontramos um apelo quando
pregou para o rei Agripa. Foi mais forte que o primeiro, a ponto de causar enorme impressão seu ouvinte
no final da prédica:
“Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos
hoje me estão ouvindo, se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.” (At 26:29)

Defeitos da Peroração

Convém notar os principais defeitos da peroração:


Não existir; ser inexpressiva; precedê-la de rodeis; e ser muito elaborada (longa).
Não há como observar outros comunicadores, bons e maus, para se aprender a corrigir os próprios defeitos
e aperfeiçoar as próprias qualidades. O principal pecado dos comunicadores, principalmente dos
principiantes, consiste em não fazer peroração. Como um motor que morre, matado pelo motorista,
também na comunicação, muitos comunicadores não terminam suas palavras. Apenas, inesperadamente,
param de falar! “Bem, era só o que tinha para dizer...”
Você termina com a frase acima? Para começar, se quem fala parar de falar, todo mundo entende
não ter ele mais nada a dizer. Por que dizer então o que todos já sabem? Apenas para falar alguma coisa?
Quando você usar esta fórmula para terminar, é certo e infalível: não fez peroração. Ou fê-la
frouxa. Esta frase é o selo do final inexpressivo. Indica atitude de expectativa e de passividade em relação
ao auditório. Exatamente o contrário deveria ser, pois no final, o comunicador precisa dominar a situação,
sendo mais ativo e impressivo.
Aflitiva é a situação do comunicador quando não consegue terminar e fica rodando, rodando,
fazendo voltas e repetindo frases, sem encontrar o meio certo de finalizar suas palavras. Para o auditório,
isso pode consistir verdadeira tortura chinesa e quase sempre os assistentes procuram interromper com
palmas (não esperados pelo comunicador), para pôr fim a agonia. Com isso, querem os ouvintes ajudá-lo
a terminar – a sair do ridículo. Prova evidente de o mesmo não ter sabido finalizar a mensagem.
Tamanho não é documento. A vitória de Davi sobre Golias aplica-se muito bem a toda peroração
de certos cursos. Há quem julgue dever a peroração, para impressionar bem, ser longa, finamente
elaborada, rica em pormenores e colorido, verdadeiro discurso suplementar. Nada mais falso. O tamanho
não a fará mais eficiente. No rojão, quanto mais seca é a explosão final, mais agrada.

Lembre-se da proporção
Em tudo é preciso guardar a proporção. Discurso mais longo exige peroração mais elaborada.
Poucas palavras de saudação por exemplo, pedem peroração mais singela. Um sermão de quarenta
minutos, exige uma peroração de no máximo quatro. É comum, no entanto, ouvirmos discursos que não
passam de grandes perorações pomposas para uma afirmação medíocre e prova deficiente.

Porque há tantos defeitos quanto à peroração?


Apenas porque o orador não a planejou suficientemente, sendo esta parte da oração destinada a
impressionar a assistência, deve o orador cuidar com carinho da mesma, preparando-a, e, se possível,
decorando-a, pelo menos as últimas frases ou palavras. Seria por acaso que os bons filmes guardam as
cenas mais impressivas no seu fim?

Sugestões para peroração


Durante todo o discurso, o orador dirigir-se à mente do ouvinte em especial, e ao coração,
incidentemente. Na peroração esta ordem deve ser invertida: no resumo, falamos à mente como numa
despedida, pois é chegada a hora de atingir diretamente o coração dos assistentes.
A característica essencial da peroração é ser impressiva. Portanto, devemos impressionar os
ouvintes, ao menos – nem que seja apenas! – pela simples pressão em seus tímpanos, repetindo nossa ideia
mãe, na forma de reafirmação vigorosa. A peroração teria, então, a seguinte forma: Resumo, resumido;
reafirmação vigorosa; e reforço patético.
As três partes da peroração impressionarão os ouvintes. O resumo impressionará por apresentar,
num só grupo, uma em seguida às outras, todas as razões expostas a favor de nossa afirmação. A
reafirmação impressionará por ser feita vigorosamente. O reforço, por comover.
Quando falamos em reafirmação vigorosa, não queremos dizer gritada apenas, nem dita em tom
alto. A última sentença pode ser sussurrada, mas deve ser emitida vigorosamente, com energia, com
convicção, de modo categórico e firme.
Alguns não admitem outro modo de finalizar um discurso: após o resumo, a reafirmação de nossa
ideia mãe e... pronto! O discurso está perfeito, nada mais há a dizer. De fato, assim agindo, fica a oração
completa, pois explicamos claramente nosso ponto-de-vista. Entretanto, quando nosso objetivo não for
apenas expor nosso pensamento, mas mudar a inclinação do auditório, isso só não basta. Às vezes, a
assembleia fica convencida apenas com a demonstração do orador. Outros ambientes, entretanto, precisam
ser comovidos para aceitarem nossas ideias. E a peroração é o local indicado para emocionar os auditores,
atingindo em cheio sua sensibilidade.
O orador pode terminar suas palavras como queira ou possa. Nunca, entretanto, deverá deixar de
reafirmar sua ideia mãe claramente. A intenção de nossa oração tem de ficar indelével e perfeitamente
gravada na mente dos ouvintes, pela peroração. Temos abaixo algumas sugestões para terminar o discurso.
Elas servem apenas de reforço a nossa reafirmação. Não podemos deixar os ouvintes, enlevados pelo belo
fecho, esquecerem a razão determinante do nosso discurso.
• Sentença sonora do próprio orador: Deve a frase final ser dita vigorosamente, com sinceridade e
emoção, para penetrar eficientemente no coração dos ouvintes. O orador procura a sonoridade e beleza
da frase final, para que a mesma fique soando e ressoando na mente e na memória dos ouvintes.
Elabore, memorize e trabalhe a dição da frase final. Mesmo se o discurso não for dos melhores, o final
bem feito garante sucesso. O discurso vale quanto valer seu final.
• Uma citação ou poesia curta: Causa boa impressão uma citação apropriada ou uma bela poesia ao
terminar o discurso. Como frase sonora nada melhor que ditado popular contra o próprio povo. Sempre
é bem aceito. O livro de Salmos e provérbios são riquíssimos em frases curtas para complementação
de qualquer assunto que escolher o orador. Procure-as!
• Uma imagem: Impressione com uma imagem bonita. Penetre na mente dos ouvintes descrevendo-a
com simplicidade: Beleza como alvo; não esquecer pormenores importantes e eliminar todo pormenor
não importante.
• Historieta Curta: A finalidade da historieta é preparar, sempre, uma frase de efeito ou estabelecer
um paralelo.
• Apelo à ação: Um apelo final, convidando os ouvintes a agirem de acordo com nossas ideias, é o meio
eficaz de estourarmos nosso rojão oratório.
• Despedida, saudando sinceramente o auditório: A questão da sinceridade é vital. Não devemos,
nunca, no final de nossas palavras, dizer coisas só da boca para fora, mas sim, do fundo de nosso
coração. Se queremos bem a nossos ouvintes, se os admiramos por qualquer razão, se nos sentimos
orgulhosos de falar a eles, então é chegada a hora de dizer isso com sinceridade e encerrar nosso
discurso.

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