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Oratória para pregadores

Assim é que se prega

Esdras Fernando Carvalho

Joinville - 2009

Edição do autor
Introdução
A comunicação é a base do relacionamento humano. Por meio dela,
Deus se fez próximo do homem e mantém sua Igreja próxima do
mundo.

Nos dias atuais, mais do que nunca, a Igreja tem se comunicado com
o mundo. Os fenômenos do rádio, da televisão e da Internet deixaram-
na em evidência perante a sociedade.

Nossos pregadores usam todos os recursos possíveis e imagináveis


de comunicação a fim de comunicar sua mensagem ao mundo.

Isso nos remete a pelo menos três questões fundamentais: a)


qualidade do conteúdo da mensagem comunicada; b) qualidade do
caráter do comunicador; c) qualidade da comunicação propriamente
dita.

Neste modesto trabalho, pretendo abordar o terceiro ponto: a


qualidade da comunicação. Do ponto de vista da oratória, vamos
encarar a mais nobre tarefa da Igreja na terra: a pregação.

Aos que aspiram abraçar o ministério da Palavra ou mesmo aos que


desejam dedicar-se à tarefa da comunicação oral em ambiente secular,
apresentamos um detalhado estudo sobre o medo de falar em público e
as possíveis soluções.

Propus-me apresentar um programa completo, passo a passo, ainda


que de maneira resumida, desde o momento de planejar a fala até a
mensagem pronta, esboçada e preparada para ser entregue à igreja.

Este livro é do interesse de pastores, professores da escola bíblica


dominical, líderes, cantores e todos aqueles que desejam melhorar sua
comunicação na vida profissional.
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O medo de falar em público

Causas, sintomas e soluções

“Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder,

de amor e de equilíbrio” (2Tm 1.7, Nova Versão Internacional).

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O medo, desde há muitos anos, tem sido objeto de estudo de
especialistas. Contudo, gosto de dizer que antes de ouvir qualquer
argumento devemos buscar uma explicação bíblica para o medo. E ela
existe. Pode ser encontrada no primeiro livro da Bíblia.

Quando o homem foi criado, o medo era desconhecido para ele, pois
fora criado para dominar, como nos confirma o relato bíblico, em
Gênesis 1.26:

Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,


conforme a nossa semelhança; e domine sobre os
peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o
gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se
move sobre a terra.

O texto deixa claro que o homem desde o início exerceu função de


domínio. Ele representava o clímax da obra criadora de Deus. Nada na
criação estava acima dele e nada o ameaçava, por isso ele desconhecia o
medo.

No entanto, o homem pecou, e a situação de insegurança causada


pelo pecado levou-o a experimentar o medo pela primeira vez. Naquele
mesmo dia, em sua passagem diária pelo jardim, Deus não encontrou
Adão no lugar de costume e chamou por ele. Encontrado, o homem deu
a seguinte explicação: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu,
tive medo, e me escondi” (Gn 3.10, Almeida Revista e Atualizada, 2.ª
Edição).

De maneira inequívoca, a Bíblia demonstra que o medo é, antes de


tudo, uma consequência natural do pecado.

Todavia, a ciência também tem sua explicação para o medo. Para


Emílio Mira y López, o medo “é o gigante negro da alma, ele nasce com o
homem e abraça-o até a morte”.

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O jornal inglês The Sunday Times entrevistou 3 mil americanos num
estudo que procurava determinar qual o maior medo do ser humano. O
resultado foi este:

 medo de falar em público — 41%


 medo de altura — 32%
 medo de insetos — 22%
 medo de doença — 19%
 medo da morte — 19%

Ficou comprovado: o maior medo do ser humano é o de falar em


público, mais que o medo da morte!

O professor Reinaldo Polito, em seu livro Vença o medo de falar em


público, explica que, quando sentimos medo, nosso organismo libera
adrenalina, hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais que,
introduzido na corrente sanguínea, faz aumentar a pressão arterial.
Com isso, os músculos se preparam para a metabolização da adrenalina
por meio de movimentações rápidas e enérgicas, para o caso de se
precisar fugir de um animal feroz, por exemplo.

O grande problema para quem precisa falar em público é que terá de


enfrentar o auditório. A fuga não é uma opção, e assim o processo de
metabolização da adrenalina apresenta algumas complicações para o
orador. O excesso de energia então faz surgir os famosos sintomas:

 O coração bate acelerado.


 As palmas das mãos suam incontrolavelmente.
 As pernas tremem.
 O rosto empalidece.
 A voz sai trêmula e fraca.
 A boca fica seca ou então produz muita saliva.
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 O orador não consegue se concentrar no tema nem na plateia.
 As mãos, os braços e as pernas movimentam-se de maneira
desordenada.

Existem ainda outras reações que o leitor já viu ou vivenciou. De


tudo que já foi dito sobre o medo, depreende-se que é um sentimento
comum a todos. Isso pressupõe um princípio que tenho pregado aos
meus alunos nos cursos que ministro há mais de dez anos e faço
questão de repetir aqui: você não é o único a sentir medo de falar em
público. Os maiores e mais experientes pregadores, que todos
admiramos, já sofreram desse mal. Na verdade, alguns nunca se
livraram dele, a despeito das várias décadas de ministério e da presença
em milhares de púlpitos. Logo, se todos venceram o medo, você também
pode vencer!

As causas do medo

O medo tem pelo menos quatro causas básicas: a baixa autoestima, o


desconhecimento do assunto, inexperiência na arte de falar e presença
de autoridades no auditório.

Baixa autoestima

A baixa autoestima leva o indivíduo a não acreditar em si mesmo. Ele se


julga incapaz de falar em público. Prefere acreditar que a oratória é para
poucos privilegiados, pessoas dotadas de um tipo de dom especial. A
imagem que ele projeta de si mesmo é totalmente negativa. Fica dizendo
a si mesmo que sua voz é feia, fraca e inapropriada; que sua postura é
incorreta; que seu vocabulário é pobre; que seu olhar é perdido e
tímido. Enfim, acredita que tudo nele contradiz a vocação.

Quem elabora tal perfil de si mesmo é sem dúvida o único


responsável pelo próprio fracasso. Ele precisa se redescobrir, lembrar-se
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de que é imagem e semelhança de Deus, projetar sobre si mesmo uma
imagem de sucesso e finalmente perseguir esse alvo como um predador
que persegue sua presa.

O poeta e filósofo italiano Giacomo Leopardi dizia que “o homem que


perde a estima por si mesmo deixa de ser bom para algo de grande ou
magnânimo”. Estou certo de que grandes pregadores em potencial
desistiram desse ministério mesmo antes de começar por causa da
baixa autoestima.

Desconhecimento do assunto

Nem é preciso dizer que esse aspirante está despreparado para a


tribuna. Ele não estudou, não pesquisou o suficiente e, portanto, não
conhece o assunto sobre o qual se propõe discorrer. Essa é a razão de
seu medo.

O pregador despreparado corre o risco de cometer erros graves na


exposição da mensagem.

Um desses erros é o de esquecer ou suprimir algum dado


importante. Por exemplo, dizer que Sansão era juiz em Israel sem
explicar o significado dessa função. Ou então falar de Israel sem saber
situá-lo no momento histórico da nação: no Egito, no deserto, na Terra
Prometida, no período monárquico, no exílio, no regresso do exílio, e
assim por diante. Os dados culturais e históricos em geral são
fundamentais à compreensão da mensagem.

O pregador despreparado pode também confundir nomes, épocas,


lugares e assim confundir o povo também. Já não lhe ocorreu ouvir
alguém pregar sobre a vida de Moisés e de repente começar a chamá-lo
de Abraão?

A falta de preparo leva o pregador a transmitir informações já


conhecidas do público. O sermão vira um amontoado de clichês, sem
uma nota de criatividade ou profundidade. Isso não significa, todavia,

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que fatos bem conhecidos não devam ser mencionados na mensagem —
por exemplo: “Jesus morreu na cruz do Calvário”. Mas eles devem ser
citados apenas no desenvolvimento natural da mensagem ou quando o
público claramente desconhece as verdades e fatos das Escrituras
Sagradas.

Outro erro comum é o pregador sem preparo cair em contradição,


sutil ou explícita. É o caso do pregador que diz que a salvação é de
graça, mas nós temos que pagar o preço. O despreparo pode ainda levá-
lo a ser repetitivo, o que acaba cansando ao auditório.

Diante da possibilidade de cometer tão graves erros, é natural que


esse orador fique com medo. Acredito não ser necessário dizer o que
fazer para vencer esse medo.

Inexperiência na arte de falar

Quando alguém assume a tribuna sem a devida prática, isto é, sem ter
a experiência do uso da palavra em público, é natural que ele tenha a
sensação de estar pisando em solo desconhecido. E está mesmo, porque
irá deparar com situações para as quais não estará preparado, e a
exposição da ideia pode ficar comprometida.

Eis o que pode ocorrer com o orador sem experiência:

 O auditório pode se mostrar hostil — Quem se acomoda diante de


alguém que quer lhe comunicar alguma coisa cria uma expectativa que
deve ser satisfeita. A reprovação do auditório ao orador é quase
imediata. Se ele também fizer uso de expressões inadequadas ou
ofensivas (mesmo sem perceber), terá diante de si uma plateia hostil.

 Não ter habilidade para contornar situações imprevistas — Numa


palestra, por exemplo, uma questão polêmica pode incendiar o
ambiente, de modo que o orador não consiga mais ter o controle da
situação.
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 Não saber o local correto para ficar — O orador deve se posicionar
num local onde as pessoas possam vê-lo e onde ele possa ter domínio
visual do auditório.

 Demonstrar muito nervosismo — A plateia fica prestando atenção


no comportamento do orador, e não no que ele diz. O nervosismo
também pode fazer o pregador esquecer o que queria dizer — os
famosos “brancos”.

 Não saber ajustar a posição do microfone — A comunicação da


mensagem fica prejudicada.

 Ser atrapalhado por ruídos externos — Ruídos externos de


avenidas movimentadas e obras muito próximas do auditório distraem o
orador e os ouvintes. Locais com pouca privacidade causam a mesma
distração.

 Não entender as reações dos ouvintes — O orador experiente sabe


quando o auditório está atento ou desinteressado, receptivo ou
indiferente, desejoso de ouvir mais ou ansioso para ir embora. A falta de
sensibilidade ao comportamento dos ouvintes pode comprometer a
mensagem.

Presença de autoridades no auditório

A presença de pessoas importantes na plateia pode causar uma


sensação de insegurança e desconforto. Contudo, o orador não deve se
permitir intimidar. Muitas das autoridades que estão diante de você
talvez tenham pouco ou nenhum conhecimento do assunto sobre o qual
você vai discorrer.

Mesmo que haja no auditório pessoas que tenham maior


conhecimento do assunto que você se propôs falar — por exemplo,
melhores pregadores e estudiosos da Bíblia —, se você estiver bem
preparado eles não terão no que reprová-lo.

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Boas notícias sobre o medo de falar em público

Há uma tendência de se julgar a oratória, ou seja, o ato de falar em


público, levando em consideração apenas o problema do medo. Por isso,
separei algumas boas notícias para todos os que sofrem desse mal.
Vamos a elas:

Você não é o único a ter medo

Está comprovado cientificamente que desde o ventre já temos o medo


em nossa estrutura. O filósofo Jean-Paul Sartre disse: “Todos os
homens têm medo. Quem não tem medo não é normal. Isso nada tem
que ver com a coragem”. Não há, portanto, um ser humano na terra que
não sinta medo, esse “sentimento de grande inquietação ante a noção
de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça” (Novo dicionário
Aurélio).

Falar em público é o maior medo da humanidade

Como já foi dito, na pesquisa de um jornal inglês com 3 mil pessoas,


quase metade delas respondeu que o maior medo que sentiam era o de
falar em público, nada menos que 41% dos entrevistados. Portanto, o
receio que você tem de dirigir a palavra a um público qualquer não é
uma doença rara, mas um sentimento compartilhado com boa parte da
raça humana.

O medo pode mudar de lado

Em vez de ser o pior inimigo, o medo pode facilmente se tornar seu


aliado mais poderoso na tarefa de enfrentar auditórios e ser bem-
sucedido. Explico isso em detalhes mais adiante.

Vencer o medo depende só de você

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Depende absolutamente de você e de mais ninguém a superação do
medo de falar em público. Ninguém pode condicionar você para o resto
de sua vida ao cárcere do medo. Tudo que é preciso para derrotar o
inimigo chamado medo você já tem, só precisa saber usar. E isso você
aprenderá neste livro.

Já que tudo isso que acabei de dizer a você é a mais pura verdade,
cabe agora nos lançarmos ao desafio e superá-lo. O primeiro passo a ser
dado nessa batalha é conhecer o inimigo.

Como vencer o medo de falar em público

É importante que se diga ainda uma palavra sobre o medo: não é


possível livrar-se dele. O medo é inerente ao organismo humano, todavia
é possível dominá-lo. Vencê-lo apesar de não eliminá-lo: essa é a
possibilidade real que posso oferecer a você. As sugestões relacionadas
a seguir são do professor Reinaldo Polito, adaptadas de seu livro Como
falar corretamente e sem inibições. Apresentamos aqui oito
recomendações práticas para dominar o medo de falar em público,
segundo esse autor:

1. Quando o medo aparecer, encare-o normalmente — Você não é o único.


Pense nisso!
2. Controle o nervosismo — Não deixe que movimentações desordenadas
ou atitudes inesperadas aumentem a tensão. Controle-se!
3. Tenha uma atitude correta — Vigiar o comportamento do corpo é
instruí-lo a não refletir os nossos receios, além de ser uma técnica
correta de combatê-los.
4. Antes de pensar como, saiba o que falar — Prepare-se com
antecedência, saiba exatamente o que você vai dizer, e você controlará o
medo de falar com maior facilidade.
5. Não pinte o diabo mais feio do que é — Não fique imaginando quão
grande será a tragédia, caso você não se saia tão bem quanto planejou.
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Não tire conclusões precipitadas. Vá até a tribuna, enfrente o auditório,
transmita sua mensagem e depois — só depois — avalie seu
desempenho. Miguel de Cervantes, em Dom Quixote, diz que “um dos
efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer que as coisas não
pareçam o que são”.
6. Não adquira vícios — Botões do paletó, bolsos, lápis, giz, folha de papel,
fio do microfone, cabelos: nada disso poderá resolver seu problema.
Digo outra vez: não adquira vícios!
7. Chame sua voz com a respiração — Qualquer que seja o desequilíbrio
vocálico que lhe ocorra, fique tranquilo e respire profundamente. Sua
voz voltará ao estado normal.
8. A prática irá proporcionar-lhe o reflexo — Como se aprende a andar?
Andando. Como se aprende a andar de bicicleta? Pedalando. Como se
aprende a nadar? Nadando. E como se aprende a falar em público?
Falando. E a Pregar? Pregando.

Abraão Lincoln: uma história inspiradora

Diante do medo, existem apenas duas alternativas: fugir ou enfrentar.


Qual será sua escolha? Que tal uma história bem conhecida e
inspiradora para o estimular a escolher o enfrentamento?

Citamos aqui o exemplo do advogado e político Abraham Lincoln. A


leitura do currículo desse grande homem denota o caráter de alguém
que sempre optou por enfrentar o medo. Esta foi a história de sua vida:

 Perdeu o emprego em 1832.

 Fracassou nos negócios pessoais em 1833.

 Foi derrotado na legislatura de Illinois em 1834.

 Morreu-lhe a eleita do coração em 1835.

 Sofreu de uma enfermidade em 1836.

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 Foi derrotado novamente na legislatura de Illinois, em 1838.

 Foi derrotado na indicação para o congresso em 1844.

 Perdeu a segunda indicação em 1848.

 Foi derrotado na eleição para o senado em 1854.

 Foi derrotado para a indicação a vice-presidente em 1856.

 Foi novamente derrotado para o senado em 1858.

 Foi eleito presidente dos Estados Unidos em 1860.

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O planejamento do discurso

É preciso acertar o alvo

“Procure definir o alvo do planejamento e não fique virando em volta


ou deixando o planejamento para amanhã” (Heródoto Barbeiro).

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Que tal começar aprendendo o caminho das pedras? Para isso,
precisamos de um roteiro de planejamento. Esse roteiro lhe permitirá
empreender passo a passo a busca das informações necessárias à
perfeita estruturação de sua mensagem, de acordo com seu tema, seu
objetivo e seu público.

O roteiro de planejamento consiste basicamente de três etapas.


Primeiramente, você escolhe o assunto. Depois determina os objetivos e
por fim lança-se à pesquisa e à escolha das informações.

Escolha do assunto

A Bíblia é riquíssima em temas que podem ser estudados e transmitidos


à igreja. A Bíblia Thompson, por exemplo, apresenta uma relação com
mais de 4 mil assuntos, todos extraídos da própria Escritura. O
esgotamento dos temas, portanto, não é algo com que você deva se
preocupar.

No entanto, se você pretende preparar uma boa mensagem, precisa


ter sensibilidade às necessidades humanas e, mais especificamente de
seu público. Precisa também ser sensível ao Espírito Santo na hora de
escolher o assunto de que irá tratar.

Talvez você queira falar sobre autoridade e submissão, ou sobre


batalha espiritual, ou ainda sobre santidade. Enfim, qualquer que seja
o assunto, decida-se por ele antes de começar a preparar o discurso, e
assim saberá o caminho a seguir.

No processo de escolha do assunto, é preciso ter em vista alguns


fatores.

O assunto tem de ser atual. Imagine um pregador hoje pregando


sobre o que Billy Graham pregava em 1970, a inflação. Este pregador
seria o típico pregador de assuntos desatualizados.

Deve ser um tema sobre o qual o pregador tenha autoridade. Já


imaginou um adolescente de 16 anos de idade se levantando diante do
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auditório e anunciando o seguinte assunto: “hoje falarei sobre como
educar os filhos à luz da bíblia sagrada?”

O orador também precisa gostar do assunto. Pesquisar e falar sobre


temas que não nos interessam é sempre um fardo. Demanda esforços
adicionais para que nos concentremos no tema, e a verdade é que
nunca nos dedicaremos com o mesmo entusiasmo. Há pregadores que
não se interessam pelo tema família, por exemplo. Ele nunca se sairá
tão bem numa palestra para casais quanto na exposição de um assunto
que seja de seu interesse.

Caso seja um assunto já velho e muito pregado, dê a ele uma nova


roupagem. Trate-o de forma inovadora e criativa. O jornalista Nei
Gonçalves Dias deu um excelente exemplo de como tratar de assuntos
velhos e conhecidos dando a eles uma nova roupagem. Ele foi convidado
para ser o paraninfo de uma das turmas de um curso de comunicação e
expressão verbal do professor Polito. Nestes casos, por se tratar da
despedida dos formandos, é comum ouvirmos a frase “esse é um
momento de alegria e um momento de tristeza. De alegria pela
conquista do certificado, e de tristeza pela separação dos amigos”. Como
grande comunicador que é, Nei Gonçalves Dias não cairia na cilada da
mesmice, da mera repetição de chavões e frases feitas. Transmitiu essa
mesma mensagem, só que com uma roupagem diferente. Veja como ele
fez:

“... Friedrich Nietzsche dizia uma coisa que eu também percebo aqui.
Ele dizia que quando nós éramos crianças, e ficávamos à beira da praia,
o mar nos trazia com suas ondas as conchas coloridas e nós pulávamos
e sorriamos de alegria. Mas quando o mar nos levava em suas ondas as
conchas coloridas nós batíamos o pé e chorávamos de tristeza”.

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Naturalmente essa frase estava envolvida no contexto de um
discurso de despedida de formandos. Por isso para os circunstantes foi
fácil a associação das idéias e a assimilação do pensamento do orador.

Opte por um assunto pertinente às circunstâncias. Se você tem uma


mensagem direcionada à juventude, não irá transmiti-la a um grupo da
terceira idade.

Decida-se por um assunto ao qual você possa dedicar tempo na


pesquisa. Enquanto estiver pensando sobre o que vai falar o pregador
não deve se esquecer de considerar o fator tempo. Dispõem de tempo o
suficiente para pesquisar o assunto escolhido? E ainda: Possui fontes
de pesquisa ou acesso a elas para que possa fazer a busca apropriada
de conteúdo para elaborar sua mensagem? Correr contra o tempo e sem
os recursos necessários para se preparar satisfatoriamente é por em
sério risco a reputação e, conseqüentemente, a credibilidade.

E finalmente, apresente o tema de uma perspectiva que o auditório


ainda não tenha ouvido. Se você fosse convidado a falar algo sobre o
evangelho de João capítulo 1 e versículos 1 e 14. Que mensagem você
criaria? Observe a criatividade de Max Lucado em um trecho de seu
livro Ouvindo Deus na Tormenta:

Sentado junto à grande escrivaninha, o Autor abre o grande livro. Não


há palavras porque não existe nenhuma palavra. Não existe nenhuma
palavra porque nenhuma palavra é necessária. Não há ouvidos para
ouvi-las, não há olhos para lê-las. O autor está só. E então Ele toma a
grande pena e começa a escrever. Assim como um pintor junta as cores,
e um escultor, suas ferramentas, o Autor reúne as palavras. São três.
Três únicas palavras. Dessas três fluirão milhões de pensamentos. Mas
essas três palavras sustentarão toda a história. Ele toma a pena e traça
a primeira. T-E-M-P-0. O tempo não existiu até que Ele escrevesse. Ele,
em si, é atemporal, mas sua história ficaria fechada no tempo. A
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historia teria o primeiro nascer do sol, o primeiro movimento da areia.
Um começo... e um fim. Um capítulo final. Ele o conhece antes de
escrevê-lo, Tempo. Um passo na trilha da eternidade. Devagar, com
ternura, o Autor escreve a segunda palavra. Um nome. A-D-Ã-O.
Enquanto escreve, vê o primeiro Adão. Depois vê todos os outros. Em
milhares de eras, em milhares de terras, o Autor os vê. Cada Adão.
Cada filho. Instantaneamente amados. Permanentemente amados. Para
cada um, designa um tempo. Para cada um indica um lugar. Nenhum
acidente. Nenhuma coincidência. Apenas desígnio. O Autor faz a
promessa a esses não-nacidos: À minha imagem, fá-los-ei. Vocês serão
como eu. Vão rir. Vão criar. Não morrerão, nunca. E ainda escreverão.
Cada vida é um livro, não para ser lido, mas, antes, uma história que
deve ser escrita. O Autor inicia a história de cada vida, mas cada vida
escreverá seu final. Que liberdade perigosa. Seria muito mais seguro
terminar a história de cada Adão. Registrar cada escolha. Seria mais
simples. Mais seguro. Mas não seria amor. Amor só é amor quando há
opção. Assim, o Autor decide dar uma pena para cada filho. “Escrevam
com cuidado”, sussurra. Carinhosamente, deliberadamente, escreve a
terceira palavra, sentindo já a dor. E-M-A-N-U-E-L. A maior mente do
Universo imaginou o tempo. O mais capaz dos juízes garantiu a escolha
a Adão. Mas foi o amor quem concedeu o Emanuel, o Deus conosco. O
Autor entraria em sua própria história. A palavra tornar-se-ia carne. Ele
também nasceria. Ele também seria humano. Ele teria mãos e pés. Ele
também teria lágrimas e provações. E, o mais importante, Ele também
teria uma escolha. Emanuel postar-se-ia nas encruzilhadas da vida e da
morte, e escolheria. O Autor conhece bem o peso dessa decisão. Faz
uma pausa ao escrever a página de seu próprio sofrimento. Podia para.
Mesmo o Autor tem escolha. Mas como não criar, sendo Criador? Como
não escrever, sendo Escritor? Como não amar, sendo Amor? Assim
escolhe a vida, embora signifique morte, na esperança de que seus
filhos façam o mesmo. E desse modo o Autor da Vida completa a
história. Ele encrava a lança na carne, e rola a pedra sobre o túmulo.

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Conhecendo a escolha que fará, conhecendo a escolha que todos os
Adões farão, escreve, “Fim”, então fecha o livro e proclama o início.
“Haja luz!”

Observados todos esses aspectos, você já escolheu o assunto. Vamos


agora ao próximo passo.

Determinação dos objetivos

O que você realmente pretende com essa mensagem? Que resultados


deseja obter ao pregar esse sermão? Se o pregador se dirige à igreja sem
ao menos saber o que deseja transmitir, não devemos esperar dele que
tenha uma noção clara de seus objetivos!

Dentre os vários objetivos que o pregador pode ter, quero destacar


três deles: informar; persuadir e motivar; estimular a fé.

Estes objetivos podem aparecer isoladamente, ao mesmo tempo ou


ainda de forma alternada na mesma apresentação.

Se o pregador deseja informar, deve munir-se de informações,


números, pesquisas e estatísticas. Por exemplo, se no tema que irá
abordar ele pretende fazer um paralelo entre a vida da igreja e a jornada
de Israel no deserto, ele deve consultar comentários bíblicos (de Êxodo a
Deuteronômio, principalmente) e outras obras de referência que lhe
deem informações sobre as rotas possíveis para o êxodo, o clima e o
relevo da região, as localidades e povo mencionados, os perigos, o
Tabernáculo, o rio Jordão, e assim por diante. Se numa palestra ele vai
discorrer sobre aumento no número de divórcios, será imprescindível
munir-se de estatísticas e pesquisas confiáveis que comprovem essa
tendência.

Se quiser persuadir e motivar, deve fazer uso de argumentos fortes,


que possam sustentar sua tese e apelem à ação do auditório, como
forma de comprovar que os ouvintes se convenceram. O plano da
salvação apresentado de maneira clara e convincente pode levar muita

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gente a conversão. Em Atos 17.17, somos informados de que o apóstolo
Paulo “disputava na sinagoga com os judeus e religiosos e, todos os
dias, na praça, com os que se apresentavam”. Ele se envolveu em
incontáveis debates, sempre com a ideia de convencer o povo acerca das
verdades do evangelho. O rei Agripa certa vez disse ao apóstolo: “Por
pouco me queres persuadir a que me faça cristão!”. E a resposta dele
foi: “Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu,
mas também todos quantos hoje me estão ouvindo se tornassem tais
qual eu sou, exceto estas cadeias” (At 26.28,29). Persuadir e motivar
eram objetivos constantes na pregação de Paulo.

Se o objetivo é estimular a fé, seja entusiasta e positivo, use


argumentos afirmativos e leve o povo a crer mais em Deus.

Todavia, não se esqueça de que quando for preparar a mensagem,


seu objetivo já deve estar determinado.

Pesquisa e seleção de informações

Antes de começar a estudar as partes do discurso separadamente,


iremos considerar alguns critérios para completar nosso levantamento
de dados.

Comece pelo assunto central

São quatro as partes de um discurso: introdução, preparação, assunto


central e conclusão.

O esboço de seu sermão deve ser montado nessa ordem, e a


pregação seguirá essa sequência no momento em que for apresentada à
igreja. Entretanto, no momento da pesquisa, da seleção e do preparo
das informações, devemos começar por aquelas que são pertinentes ao
assunto central.

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Recomendo que você não comece pela introdução: deixe isso para o
final. O assunto central é o ponto pelo qual você deve começar.

Sugiro aqui a sequência recomendada pelo professor Reinaldo Polito:


comece pelo assunto central, seguido da preparação, da conclusão e por
fim da introdução.

Não censure

Suponhamos que você tenha decidido falar sobre a salvação (assunto),


com a intenção de que os ouvintes aceitem a Jesus (objetivo) na hora do
apelo.

Enquanto se ocupa do assunto central, não censure nenhuma ideia


ou informação: escreva tudo o que lhe vier à mente por meio da leitura e
da pesquisa da Bíblia, da leitura de livros e das ideias provenientes de
seu raciocínio.

Feito isso, você irá selecionar e ordenar tudo que anotou. Ou seja,
irá separar as ideias que servirão ao propósito de sua mensagem e
descartar o que não for pertinente aos objetivos.

No entanto, deve-se ressaltar que uma ideia pode não ser aplicável
ao sermão que você está elaborando, mas terá utilidade em outro. Desse
modo, se você teve uma boa ideia, mas não consegue encaixá-la no
sermão em que está trabalhando, guarde-a para utilizá-la em outro.

Habitue-se a anotar suas ideias e pensamentos. Durante a leitura


bíblica, por exemplo, é comum nos determos sobre um versículo ou
algum detalhe que nos chamou a atenção. Tenha sempre caneta e papel
à mão quando for ler a Bíblia e anote todos os pensamentos que lhe
sobrevierem decorrentes da leitura.

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Crie o hábito de meditar

Essa prática é o que se pode chamar “recurso de ouro”. O coração do


ministério do verdadeiro pregador chama-se “meditação”. É o
inegociável compromisso diário de examinar as escrituras, mergulhando
em plena concentração na dependência do Espírito Santo.

Somente por meio desse processo podemos receber a revelação direta


na Palavra, por intermédio do Espírito Santo de Deus. Josué foi
aconselhado a meditar na Lei “dia e noite” (Js 1.8). O justo “tem seu
prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2).

O pregador é antes de tudo um pensador. Ele pesquisa, lê, anota e


depois pondera sobre tudo que descobriu. A mensagem que ele irá
pregar é produto dessa meditação.

Hans Ulrich Reifler, em seu livro Pregação ao alcance de todos,


afirma que “a meditação é importante para a prédica evangélica, porque
trata-se de uma contemplação espiritual em profundidade da Palavra de
Deus e de uma reflexão entre o texto e a vida”.

A meditação torna-nos participantes da mente do próprio Deus. É


dessa forma que adquirimos “a mente de Cristo” (1Co 2.16). Só assim
podemos dizer que somos mensageiros de Deus, pois só dessa maneira
podemos receber dele a mensagem.

Quanto aos detalhes sobre o assunto meditação — o que é, como


fazer e os resultados de vida ministerial — adquira o estudo completo
deste autor.

Sirva-se de todos os recursos disponíveis

Livros, revistas, artigos de jornais, filmes, conversas com especialistas:


tudo que se tiver à disposição deve ser exaustiva e sistematicamente
usado pelo pregador.

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Além dessas fontes usuais de pesquisa, o pregador pode hoje
recorrer a um instrumento muito útil na obtenção de informações: a
Internet. Os sites de busca permitem encontrar em poucos segundos
milhares de páginas referentes a determinado assunto. Ressalte-se,
porém, que nem todos os sites são confiáveis e nem todas as
informações podem ser acolhidas como fidedignas, no entanto as várias
páginas disponíveis permitirão ao internauta uma busca criteriosa por
meio de comparações e confirmações. A Internet é, sem dúvida, a fonte
mais rica e a que permite acesso mais rápido e fácil a qualquer
pesquisador.

Elaborando as partes do discurso

Depois de escolher o assunto, determinar os objetivos e realizar a


pesquisa necessária, o pregador deve passar à elaboração de cada parte
do discurso.

O estadista norte-americano Daniel Webster declarou: “É preferível


aparecer perante o auditório seminu a semipreparado”. Isso significa
que cada parte do discurso deve ser preparada com todo o cuidado. Já
dissemos que o discurso está dividido em quatro partes: introdução,
preparação, assunto central e conclusão. Elas serão estudadas nos
próximos capítulos.

Antes, porém, é oportuno lembrar que cada uma dessas partes


apresenta características peculiares e deve ser elaborada e apresentada
com critérios específicos, e todas elas devem ser construídas sobre três
elementos indispensáveis: interdependência, proporcionalidade e
elucidação.

Interdependência

Seu discurso não poderá existir se uma das partes for eventualmente
retirada. Ou seja, a peça de oratória deve ser vista como um bloco

23
compacto e indivisível, de modo que seja impossível separar uma parte
da outra.

Num sermão bem elaborado, uma divisão conduz a outra de maneira


suave e natural. O sermão tem partes distintas, mas precisa formar um
todo harmonioso. A existência de uma peça é justificada pela existência
da outra.

Proporcionalidade

A proporcionalidade nada mais é que uma simetria perfeita para cada


parte do discurso. Por exemplo, um discurso de dez minutos,
considerando-se o início, o corpo do discurso e a conclusão, pode ser
assim dividido:

Início Uma parte do tempo: cerca de dois minutos.

Corpo do discurso Três partes e meia do tempo: cerca de sete


minutos.

Conclusão Meia parte do tempo: cerca de um minuto.

Elucidação

Ninguém gosta de andar no escuro. A elucidação absoluta deve ser a


regra máxima e inviolável de seu discurso. Cabe ao pregador todo o
trabalho de elucidação e esclarecimento, de modo a tornar fácil a
compreensão da mensagem. Nenhum discurso será completo se não
obedecer ao critério da elucidação.

24
3
A introdução

Momento de sedução e conquista

“Se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para


mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo”

(Saint-Exupéry, O pequeno príncipe).

25
Geralmente, entende-se por introdução o início do sermão, e não da fala
em si. Anuncia-se um texto a ser lido com a igreja, o texto é lido e só
então o orador introduz sua fala. Errado. Quando pronunciamos a
primeira palavra ao auditório já estamos na introdução.

A introdução é a parte do discurso onde nos dedicamos a conquistar


o auditório. O grande orador Cícero dizia que a introdução é “a oração
que prepara o ânimo do ouvinte para bem receber o restante do
discurso”. Este é o único e absoluto objetivo do orador em seu início, na
sua introdução: conquistar os ouvintes.

Conquistar o quê? A mais preciosa joia que a plateia possa lhe dar: a
atenção. Que será do pregador capaz de transmitir a mais ungida
mensagem, mas que não consiga a atenção da igreja?

O público precisa romper eventuais resistências e hostilidades e


tornar-se favorável, dócil e benevolente. Só assim sim o pregador
conseguirá pregar. A introdução clara e bem elaborada consegue captar
de imediato a atenção dos ouvintes e conduzi-los ao assunto central.

As duas características básicas da introdução são: a duração e a


relação com o assunto.

Duração

A introdução deve ser breve, consumindo um tempo mínimo do


discurso.

A sugestão é a seguinte: para falas longas, acima de dez minutos, a


introdução pode se estender até cerca de 10% do tempo total; para falas
curtas, abaixo de dez minutos, pode-se utilizar 20% do tempo total.

Relação com o assunto

Não se faz necessário nesse ponto um comentário extenso. O pregador


deve ter a preocupação de usar na introdução informações que tenham

26
alguma relação com o assunto a ser desenvolvido no decorrer da
mensagem.

A introdução aqui sugerida é composta por dois elementos


fundamentais: o vocativo e a alusão à ocasião.

Vocativo

O vocativo é o cumprimento ao público. É a forma gentil e educada que


utilizamos para trazer o público para o nosso lado.

O vocativo deve ser adequado às circunstâncias. Se o evento é


formal, o vocativo também o será; se o evento for informal, o vocativo
será caracterizado pela informalidade.

Nos eventos formais, em que é comum a presença de autoridades, o


cumprimento deve ser feito de acordo com a ordem hierárquica, do
maior para o menor. Nesse momento, devemos ter muito cuidado para
não errar. É necessário confirmar o nome correto dos que serão
mencionados, a função de cada um e a ordem hierárquica.

No caso de ser uma mesa numerosa e não existir um protocolo


rigoroso que obrigue o cumprimento a todos os seus componentes,
podemos usar dois recursos básicos e de grande utilidade.

O primeiro recurso consiste em cumprimentar todas as pessoas da


mesa ao mesmo tempo:

“Autoridades que compõem a mesa de honra, senhoras e senhores


(irmãs e irmãos)...”.

“Componentes da mesa que dirige esta reunião, igreja querida, a paz


do Senhor Jesus”.

O segundo recurso consiste em eleger uma pessoa como


representante da mesa ou o presidente da reunião, saudá-lo e estender
o cumprimento aos demais componentes:

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“Senhor presidente, pastor Adalberto de Oliveira, a paz do Senhor. E
em seu nome estendo meus cumprimentos aos demais componentes da
mesa”.

“Senhor presidente pastor Adalberto de Oliveira, a paz do Senhor, e


em seu nome quero estender meus cumprimentos a todos os demais
obreiros desta igreja; irmãos e irmãs em Cristo, a paz do Senhor Jesus
Cristo”.

A introdução mais comum: aludir à ocasião

Dos menos conhecidos aos mais famosos e respeitados mestres da


oratória, todos sugerem como introdução mais comum a alusão à
ocasião.

A maior parte das apresentações, isto é, das mensagens, pode ser


introduzida com uma mensagem que faça referência ao evento em que
ela está inserida.

Trata-se de um comentário sobre a presença dos ouvintes no


ambiente e uma breve referência ao tema que será abordado.

Sugestões para uma introdução cativante

 Seja amável e educado — As maneiras gentis ajudam a conquistar


a plateia.
 Seja honesto e não demagogo — Não tente passar ao público a
imagem de um pregador superespiritual, de que você está num
patamar de santidade inatingível para o cristão comum. O
pregador é um crente como os demais, sujeito ás mesmas
limitações.

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 Estabeleça identidade com o público — Tente conhecer a plateia e
procure algo neles com que você se identifique, estabelecendo
uma ligação.
 Prometa ser breve — Não ultrapasse o tempo de exposição da
palavra a que o público está acostumado. Se lhe derem o púlpito
muito tarde, encurte a mensagem, mas sem fazer cortes bruscos.
 Seja objetivo — Alguns pregadores exageram no suspense,
alongando demais as expectativas do público, cansando-o. Outros
ficam andando em círculos, sem chegar a lugar nenhum. Vá
direto ao ponto.
 Se possível, conte uma história engraçada — O bom humor não
irá tirar a espiritualidade da mensagem. Deve-se, obviamente,
evitar os exageros.
 Seja natural e original — Evite as posturas artificiais, como o
formalismo exagerado ou o estilo pomposo. Também não force o
estilo coloquial.

Como não proceder na introdução e em nenhum momento

Algumas atitudes devem ser evitadas a todo custo durante a exposição


da Palavra:

 Grosseria — Jamais se mostre mal-educado diante da plateia.


Você pode gerar um antagonismo imediato, e a mensagem pode
ser rejeitada.
 Prometer o que não pode cumprir — Por exemplo: “Todos os que
não são batizados no Espírito Santo vão falar em línguas hoje”.
 Bajulação — Elogios exagerados e claramente irreais podem
acabar soando como ofensa ou colocar em dúvida a sinceridade
do pregador.

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 Inconveniência — Alguns pregadores, por falta de tato, criam
situações constrangedoras para si e para o público.
 Chatice — Não seja chato, ordenando ao público coisas do tipo:
“Aperte a mão de seu irmão e diga...”; “Olhe para o irmão à sua
direita e diga...”. Essas “dinâmicas de grupo” mais desagradam
que cativam o auditório.

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4
A preparação

Fácil! Extremamente fácil!

“Fácil de a plateia acompanhar” (Dorothy Leeds).

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O auditório já foi conquistado, agora temos o direito de falar. Isso foi
conseguido pela boa introdução que fizemos.

A preparação chama o auditório para dentro do assunto que será


apresentado. É um recurso que facilita a compreensão da razão ou da
natureza do assunto principal e em seguida conduz naturalmente ao
seu desenvolvimento.

São elementos da preparação: a proposição, a narração e a divisão.

Proposição

A proposição é uma breve enunciação capaz de encerrar em si todo o


discurso. É uma sentença que mostra de forma concisa e objetiva o
tema a ser desenvolvido. Podemos também adotar a definição de James
Braga: “Proposição é uma declaração simples do assunto que o
pregador se propõe apresentar, desenvolver, provar ou explicar. Em
outras palavras, é uma afirmativa da principal lição espiritual ou da
verdade eterna do sermão, reduzida a uma sentença declarativa”.

Basta uma frase ou duas, e a essência do conteúdo terá sido


declarada numa espécie de prenúncio do que se irá apresentar. Se a
proposição for bem elaborada, o auditório entenderá os objetivos a
serem atingidos e compreenderá mais facilmente a sequência do
raciocínio.

Exemplo de proposição

John Wesley pregou um sermão com o título “As maquinações de


Satanás”. Ele usou como base o texto de 2Coríntios 2.11: “... não
ignoramos as suas maquinações” (Tradução Brasileira).

Veja como ele fez sua proposição:

As maquinações pelas quais o deus sutil deste mundo se


esforça por destruir os filhos de Deus [...] são incontáveis
como as estrelas do céu ou como as areias de beira-mar.

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Narração

A melhor definição que encontrei foi a do professor Reinaldo Polito: “É a


exposição das causas e dos fatos onde se baseia o conteúdo principal do
discurso para comover ou convencer os ouvintes”.

Dentre os vários tipos de narração que podem ser utilizados,


destacamos aqui os três principais:

Narração histórica

Comentamos um pouco do passado até chegarmos ao foco principal de


nosso discurso. Imaginar que o tema seja “Grupos de crescimento”.

Antes de falar do presente, podemos fazer uma retrospectiva desde a


Igreja primitiva, passando pelas classes de John Wesley até chegar aos
grupos de crescimento que conhecemos hoje.

As informações históricas servem de apoio e de preparação para o


desenvolvimento do assunto central.

Levantamento de problemas

É possível que queiramos apresentar uma solução a um determinado


problema que tenha surgido na igreja. Podemos começar com a
exposição do problema, o que facilitará o entendimento da plateia.

Citamos aqui outro exemplo de John Wesley, num sermão intitulado


“Os pensamentos inconstantes”. Ele usou como base o texto de
2Coríntios 10.5: “... levando cativo todo pensamento à obediência de
Cristo” (Almeida Revista e Atualizada, 2.ª Edição).

Wesley começa com o enunciado de um problema: “Trará Deus ‘todo


pensamento à obediência de Cristo’, de modo que nenhum pensamento
inconstante caiba em nossa mente, mesmo enquanto permanecemos no
corpo?”.

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Solução de problemas

Outra forma de narração é dar resposta a um problema para, depois, no


assunto central, fornecer com detalhes explicações e justificativas para
a solução apresentada.

Por exemplo: se eu quiser pregar um sermão evangelístico que


explique aos pecadores como ter a vida eterna, posso começar dizendo
que Jesus é o único capaz de nos dar a vida eterna por seu sangue. Em
seguida, começo a provar minha tese à luz da Bíblia, justificando minha
afirmação.

Divisão

A divisão é como uma enumeração das partes que constituem seu


sermão. É informar quais os seguimentos do assunto serão
desenvolvidos.

Com isso, você indica precisamente o caminho que irá percorrer, e o


auditório então se dispõe tranquilamente a seguir você.

Por exemplo: se fôssemos falar dos aspectos da obra redentora de


Cristo, poderíamos anunciar a seguinte divisão: “Hoje falaremos sobre
os três aspectos da salvação, a saber, justificação, regeneração e
santificação”.

A escolha da preparação

Você pode escolher entre fazer uma proposição ou uma narração ou


ainda uma divisão. Pode também fazer uso de duas ou até das três
opções alternadamente. Tudo irá depender da circunstância, de seu
estilo pessoal como orador ou ainda do assunto central.

34
5
Assunto central

Entre o convencimento e a persuasão

“Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração

e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos:

Que faremos, varões irmãos?”(At 2.37).

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Chegou o momento de apresentar em detalhes aquilo que anunciamos
na preparação.

Se fizemos uma proposição, agora iremos cumpri-la; se foram


narrados elementos históricos, agora iremos apresentar os fatos atuais;
se foi anunciada uma divisão, chegou o momento de desenvolver suas
partes.

Aqui devemos convencer e persuadir os ouvintes, fazendo uso de


todos os recursos que possam nos auxiliar no trabalho de persuasão.

Exemplos, comparações, definições, estatísticas, estudos técnicos,


estudos científicos, pesquisas, teses, testemunhos e ilustrações são
elementos de apoio e argumentação de grande utilidade nesse
momento.

Observe que o assunto central tem objetivo duplo: convencer e


persuadir os ouvintes. Vamos agora estudar estes dois objetivos a fim
de que possamos alcançá-los com maior facilidade.

Convencer e persuadir

Etimologicamente, a palavra “convencer” significa “vencer junto com o


outro” (com + vencer), e não “contra o outro”.

O professor de linguística Antônio Suárez Abreu, em seu livro A arte


de argumentar gerenciando razão e emoção, ensina que “convencer é
saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, provando”.

Já quando fala de persuasão, o professor Abreu ensina que


“persuadir é saber gerenciar relação, é falar a emoção do outro. A
origem dessa palavra está ligada à preposição per, “por meio de” e a
Suada, deusa romana da persuasão. Significava “fazer algo por meio de
auxílio divino”.

Mas então qual a diferença de fato entre convencer e persuadir?


Convencer é construir algo no campo das ideias, é levar o outro a

36
pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções; é
sensibilizar o outro para agir; é quando o orador consegue fazer com
que o auditório realize aquilo que foi proposto na mensagem.

Às vezes, convencemos alguém sem persuadi-lo (ele pensa como nós,


mas não age de acordo); outras vezes, persuadimos alguém sem tê-lo
convencido (ele age de acordo, mas sem pensar como nós).

O objetivo do pregador será sempre convencer e persuadir. Jamais


ele poderá negligenciar um ou outro sem que sua mensagem sofra sério
prejuízo.

Confirmação

A confirmação é o primeiro elemento do assunto central, como já


dissemos. Por meio dela, o orador confirma sua tese, seu conteúdo,
aquilo que prometeu na preparação.

A confirmação tem como base pelo menos três elementos


fundamentais: métodos de confirmação, elementos facilitadores e
elementos de apoio à argumentação

Métodos de confirmação

São métodos que orientam a exposição ordenada da mensagem,


facilitando o entendimento dos ouvintes.

Você deve escolher um deles de acordo com a natureza de cada


circunstância, respeitando sempre seu estilo pessoal, o tipo de
mensagem que será pregada, os objetivos da apresentação e o
conhecimento do orador, bem como o interesse da plateia.

São métodos de confirmação: abordagem de causa e efeito,


abordagem pela experiência e apresentação de solução.

A abordagem de causa e efeito tem grande poder de convencimento,


desde que, estabelecidas as causas com absoluta precisão,

37
apresentemos os efeitos e deixemos claros os objetivos de tal
apresentação.

Eis um exemplo dessa abordagem: “O meu povo foi destruído,


porque lhe faltou o conhecimento” (Os 4.6).

Percebe-se claramente no texto do profeta Oséias a causa e o efeito.


O profeta fala da destruição do povo (efeito), em razão de este haver
rejeitado o conhecimento de Deus e de suas leis (causa).

A abordagem pela experiência é o método que consiste em revelar ao


auditório que já passamos por situações semelhantes à que está sendo
vivida pelos ouvintes. Isso dá ao pregador autoridade para tratar do
assunto.

Podemos citar como exemplo dessa abordagem um pregador que


tenha sofrido rejeição por parte dos pais, crescido num estado de ódio
contra eles e finalmente se convertido, quando então foi confrontado
com a necessidade de perdão. Ao pregar sobre o perdão, ele pode
compartilhar sua experiência e contar como foi abençoado por Deus a
partir do momento em que a liberação do perdão venceu o ódio em sua
vida.

A apresentação de soluções consiste, como o nome indica, em propor


soluções para os problemas enunciados na narração.

Um exemplo dessa abordagem é dizer, na narração, que o pecado é o


verdadeiro câncer que mata a humanidade e então apresentar a solução
para esse mal: Jesus Cristo.

Elementos facilitadores

Para tornar fácil a compreensão do público, o pregador pode servir-se


de dois grandes recursos: os elementos de transição e as ilustrações.

Os elementos de transição são frases ou palavras que servem de


ponte entre as ideias e as partes do discurso.O objetivo é conduzir o

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auditório suavemente por todo o discurso, mostrando com isso a
interdependência das informações e motivando a atenção e o interesse
dos ouvintes, em especial no meio do discurso onde a curva de interesse
decresce sensivelmente.

Vejamos um exemplo, extraído do livro O pregador eficaz, de Elienai


Cabral, com o acréscimo da preparação:

Tema: O verdadeiro Pastor

Texto: João 10.11-14

Preparação (divisão): Hoje falaremos sobre o mercenário, o


lobo e o verdadeiro e único Bom Pastor.

Assunto central

I — O mercenário (v.12,13)

1. Não é pastor (v. 12)

2. As ovelhas não são suas (v. 12)

3. Não tem cuidado com as ovelhas (v. 13)

Transição: Além do perigo que as ovelhas enfrentam com o


mercenário, há outro, maior e destruidor, que é o carnívoro
lobo.

II — O lobo (v. 12)

1. Arrebata as ovelhas (v. 12)

2. Dispersa as ovelhas do aprisco (v. 12)

3. Mata e devora as ovelhas (v. 10)

Transição: Haverá alguém confiável para cuidar das


ovelhas? Existe alguém capaz de defendê-las do mercenário
e do lobo? Sim, é Jesus, o Bom Pastor.

III — O Bom Pastor

1. Ele dá a vida pelas ovelhas (v. 11)

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2. Ele conhece suas ovelhas (v. 14)

3. Ele é conhecido das suas ovelhas (v. 14)

Transição: Só Jesus é o autêntico Pastor, capaz de nos


guardar e livrar do mercenário e do lobo devorador.

Conclusão

Só Cristo tem as prerrogativas verdadeiras do Bom Pastor.


Ele é o Pastor que cura, cuida, comunga, alimenta e vive
com suas ovelhas.

Elementos de apoio à argumentação (ilustrações)

A ilustração é uma história verídica ou imaginária que contamos ao


público para facilitar o entendimento das informações que estamos
transmitindo.

A ilustração não substitui a argumentação. Seu objetivo é apenas


esclarecer o que já foi informado.

Fábulas, parábolas e narrações históricas servem e ilustrações que


nos auxiliam na elucidação.

A ilustração, além de tornar o sermão mais atraente, presta-se a


esclarecer a ideia que se pretende transmitir e provar um argumento.
Jesus, ao ensinar o povo sobre o cuidado que Deus tem para com o ser
humano, usou a seguinte ilustração:

Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham,


nem fiam. E eu vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu côo qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos
vestirá a vós, homens de pequena fé? (Mt 6.28-30).

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Refutação

Na confirmação, argumentamos muito bem, desenvolvemos uma linha


de raciocínio de forma inteligente, absoluta e contundente. Todavia, é
possível que mesmo assim o auditório apresente objeções expressas ou
tácitas aos nossos argumentos.

Uma objeção expressa pode ser refutada a partir da manifestação


dos ouvintes. No entanto, se as objeções forem tácitas, ou seja, quando
os ouvintes não se expressam com nenhum tipo de pronunciamento,
cabe ao pregador imaginar que tipo de objeção a plateia estaria fazendo
e proceder à refutação correspondente.

Pode ser que o pregador tenha de reforçar a linha de argumentos, ou


talvez tenha de usar fatos atuais que comprovem os argumentos. Enfim,
o pregador precisa ser inteligente e fazer a refutação no momento certo,
da maneira certa e pelas razões certas.

41
6
A conclusão

Finalizando de forma magistral

“O fim de uma coisa vale mais do que o seu começo”

(Ec 7.8, Nova Tradução na Linguagem de Hoje).

42
Percorremos até aqui um longo caminho. Desenvolvemos uma
autodisciplina forte e inflexível. Oramos, jejuamos, meditamos. Com a
ajuda do Espírito Santo, escolhemos o assunto, determinamos os
objetivos e então começamos um incansável trabalho de pesquisa.

Tudo foi planejado, e finalmente nos levantamos e nos posicionamos


diante da igreja, introduzimos o assunto com perfeição, realizamos uma
preparação excelente e desenvolvemos o assunto central de forma
estupenda.

Agora chegamos à conclusão, portanto temos um tempo reduzido


pela frente. Se a introdução deve ser curta, a conclusão deve ser ainda
mais.

Embora tenhamos pouco tempo pela frente, não significa que haja
pouco trabalho a ser feito. Pelo contrário, muito ainda temos a realizar.
A conclusão deve ser o coroamento da qualidade do discurso.

Como primeira sugestão básica, digo que você deve informar os


ouvintes de que irá encerrar a mensagem. Sem medo, na conclusão — e
apenas nela — você pode anunciar literalmente ao auditório que está
concluindo a mensagem. Isso aumentará a concentração do auditório,
que aguardará atentamente a revisão da matéria que foi apresentada.

Por melhor e mais perfeitos que tenham sido o sermão e sua


apresentação, o público gostará de ser avisado do encerramento da
mensagem.

Já que assim fazem os grandes oradores, façamo-lo também nós.

Recapitulação

Nessa parte do discurso, lembramos em poucas palavras, uma única


frase ou talvez em duas, tudo que já falamos ao público.

Recapitular consiste em expor numa rápida mensagem o que


gostaríamos que o público recordasse depois de encerrada a

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apresentação. Não se trata, portanto, de repetir todas as partes já
explanadas, pois esse procedimento é desnecessário e até cansativo.

Epílogo

Eis o orador em seu último momento diante do auditório. Nesse


momento, suas palavras apelam mais para a emoção que para a razão.

No epílogo o pregador recorre ao patético, legítimo recurso da


comunicação, com o objetivo de sensibilizar emocionalmente os
ouvintes.

Podemos concluir aumentando ou então diminuindo a velocidade e a


intensidade da fala.

Formas de conclusão

Apresento aqui algumas sugestões práticas sobre como encerrar uma


mensagem.

Levantar uma reflexão

Neste tipo de conclusão, o pregador convida o auditório a ponderar


sobre o assunto que acabou de ser exposto. Digamos que uma igreja
esteja correndo o risco de uma divisão. Depois de entregar uma
mensagem sobre a união, o pregador pode convidar o auditório a refletir
sobre as vantagens de não se quebrar a comunhão e se o acerto não
seria o melhor caminho.

Usar uma citação ou frase poética

O pregador pode encerrar sua mensagem com uma citação que pode ser
bíblica ou extrabíblica. Uma mensagem sobre a graça e a verdade

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trazidas por Jesus Cristo pode ser encerrada com estas belas palavras
do príncipe dos pregadores, Charles Spurgeon:

Verdadeiras foram suas promessas, e nenhuma delas falhou. Não


quero ninguém ao lado dele. Na vida, ele é a minha vida e, na
morte, será a morte da morte. Na pobreza, Cristo é a minha
riqueza. Na doença, ele é o meu leito. Na escuridão, é a minha
estrela e, no meio do deserto será o novo cereal do povo quando
chegarem a Canaã. Jesus é para mim somente graça e nenhuma
ira, somente verdade e nenhuma falsidade. De graça e de verdade
ele é cheio, infinitamente cheio.

Pedir ação

Após mencionar aos discípulos uma lição sobre a humildade, Jesus


aconselhou: “Se sabeis essas coisas, bem aventurados sois se as
fizerdes” (Jo 13.17). Tiago adverte: “Sede cumpridores da palavra e não
somente ouvintes: (Tg 1.22). Na verdade, todo sermão demanda uma
atitude dos ouvintes, mas em algumas conclusões o apelo é mais direto.
Por exemplo, se uma igreja tem negligenciado a evangelização, o
pregador, ao concluir a mensagem, pode fazer um apelo á ação,
convocando os crentes a retomar de imediato essa importante atividade.

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Conclusão

O medo de falar em público não é um fenômeno raro. A ideia de postar-


se diante de uma plateia e transmitir uma mensagem clara e
convincente apavora a maioria dos seres humanos. No entanto, longe de
conduzir á desmotivação, o que as estatísticas nos dizem é
simplesmente que o pregador terá de lidar com esse medo.

Assim, o medo não deve ser um impedimento, mas um estímulo ao


bom planejamento do discurso, cujo resultado será justamente a
superação desse temor que assombra aqueles que por ofício ou por
circunstâncias precisam assumir uma tribuna.

O que se pretendeu nesta obra não foi ensinar ninguém a pregar ou


discursar, e sim a preparar o seu sermão ou o seu discurso de modo a
evitar que o medo venha a prejudicar a transmissão da mensagem.

O bom planejamento do discurso, que abrange a introdução, a


preparação, o assunto central e a conclusão, terá esse efeito. Talvez o
medo nunca seja extinto, mas os passos sugeridos aqui sem dúvida
permitirão ao pregador dominá-lo.

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Referências

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São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.

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fantástico atendimento. Salvador: Casa da Qualidade, 2001.

CARNEGIE, Dale. Como falar em público e influenciar pessoas no mundo dos


negócios. Tradução de Carlos Evaristo M. Costa. 31. ed. Rio de Janeiro:
Record, 1997.

BARBEIRO, Heródoto. Falar para liderar. São Paulo: Futura, 2003.

CABRAL, Elienai. O pregador eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 1981.

LARSEN, David L. Anatomia da pregação: identificando os aspectos relevantes


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POLITO, Reinado. Como falar corretamente e sem inibições. 61 ed. São Paulo:
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_________. Assim é que se fala: como organizar a fala e transmitir ideias. 8. ed.
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SOUZA, Itamir Neves de. Carta aos Romanos: um evangelho singular — 73


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SPURGEON, Charles Hadon. Lições aos meus alunos. São Paulo: PES, 1980, v. 1 e
2.

STOTT, John. Eu creio na pregação. Tradução de Gordon Chow. São Paulo: Vida,
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WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da


comunicação não verbal. Petrópolis: Vozes, 1986.

47

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