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Dizer alguma coisa, conquanto seja verdade, não elimina o ônus de quem a diz. Por isso
ninguém pode pensar que o fato de falar a verdade o deixa imune às consequências. Isto porque
podemos dizer algo com toda franqueza, sinceridade e ideologia, mas o custo de dizê-lo é inevitável.
Salomão, rei de Israel, deixou-nos frase sapiente: “Ouve, filho meu, e sê sábio”. A sabedoria de
um homem não está no discurso impecável que possa fazer, mas no fato de ele conseguir dominar os
seus impulsos e aprender a ouvir. Não esqueçamos que foi a imensurável sabedoria de Deus que nos
fez com uma só boca, mas com dois ouvidos. “Prontos para ouvir; tardio no falar”, diz o apóstolo.
Não entendendo quem o estava a chamar, o jovem Samuel reportava-se ao sacerdote Eli. Tal
coisa fazia porque ainda não conhecia a voz de quem lhe chamava: Deus. Uma, duas, três vezes foi o
suficiente para sentir a diferença. Aprontou-se para sintonizar-se. Ao ouvir a Deus pela quarta vez,
responde-lhe apressadamente: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve! ”
Quanta ciência espiritual há nesta narrativa. Aprendemos que a mudança de hábito é
extremamente funcional em situação de impasse. Em vez do antigo “ouve, Senhor, porque o teu servo
fala”, o “fala, Senhor, porque o teu servo ouve” ajusta-se perfeitamente aos apelos da coerência e da
discrição.
A essa altura, não seria lugar comum dizer que precisamos ouvir mais a voz de Deus do que as
vozes dos homens. Todavia, eu penso que o ideal é conseguirmos ouvir a Deus nas vozes humanas,
sobretudo nas dos pobres, para não criarmos ainda mais espiritualidade individualista. Melhor é
conseguir ouvir os homens, sem preconceito, como Deus nos ouve. Ouvir, sempre ouvir, até que
aprendamos a arte de ouvir.
Ouvir é primeiro de tudo saber calar e isto é mais que autocontrole, é maturidade; é aprender a
viver; é sabedoria.
Acerca do tema não encontrei nada mais curioso e profundo do que o trabalho do abade
francêsJosep Antoine Toussaint Dinouart, datado de 1771, sob o título “A Arte de Calar” - Silêncio.
1. Só se deve deixar de calar quando se tem algo a dizer que valha mais do que o silêncio.
2. Não há menos fraqueza ou imprudência em calar, quando se é obrigado a falar, do que
leviandade e indiscrição em falar, quando se deve calar.
3. É certo que, considerando as coisas em geral, há menos risco em calar do que em falar.
4. O homem nunca é tão dono de si mesmo quanto no silêncio: fora dele, parece derramar-se,
por assim dizer, para fora de si e dissipar-se pelo discurso; de modo que ele pertence menos a si
mesmo do que aos outros.
5. Quando se tem uma coisa importante para dizer, deve-se prestar a ela uma atenção muito
especial: é necessário dizê-la primeiro a si mesmo e, depois de tal precaução, voltar a dizê-la, para
evitar que haja arrependimento quando já não se tiver o poder de voltar atrás no que se declarou.
6. Quando se trata de guardar um segredo, calar nunca é demais; o silêncio é então uma das
coisas em que, geralmente, não há excesso a temer.
7. A reserva necessária para guardar o silêncio na conduta geral da vida não é uma virtude
menor do que a habilidade e a aplicação em bem falar; e não há mais mérito em explicar o que se
sabe do que em calar o que se ignora. O silêncio do sábio às vezes vale mais que o arrazoado do
filósofo; o silêncio do primeiro é uma lição para os impertinentes e uma correção para os culpados.
8. Somos naturalmente levados a acreditar que um homem que fala muito pouco não é um
grande gênio e que um outro que fala demais é um transtornado ou um louco. Mais vale passar por
não ser um gênio de primeira grandeza, permanecendo frequentemente em silêncio, do que por
louco, abandonando-se à comichão de falar demais.
9. Mesmo que se tenha propensão ao silêncio, sempre se deve desconfiar de si mesmo; e, se
houver muita paixão em dizer uma coisa, este será um motivo suficiente para decidir não a dizer.
10. O silêncio é necessário em muitas ocasiões, mas é preciso sempre ser sincero; podem-se
reter alguns pensamentos, mas não se deve camuflar nenhum. Há maneiras de calar sem fechar o
coração; de ser discreto sem ser sombrio e taciturno; de ocultar algumas verdades sem as cobrir de
mentiras.
Concluo esta reflexão dizendo - como já o fiz acima - que a maturidade e a sabedoria de um
homem acontecem quando ele aprende a ouvir - a arte de calar.
A BÍBLIA - UM LIVRO DE PROMESSAS
Eu tenho a elevada honra de subir a tribuna desta Casa e respeitosamente me dirigir a todas as
autoridades aqui presentes, destacando primeiramente a pessoa do Presidente da Câmara dos
Vereadores sua Excelência Dalmar Lírio Mazinho de Almeida Filho, ao qual eu já agradeço em nome de
todas os pastores aqui presentes e em nome da Catedral da Assembleia de Deus em Jardim Primavera.
Dirijo-me também a todas as autoridades eclesiásticas aqui presentes e ao corpo de membros de cada
Igreja.
Coube a mim a difícil tarefa de falar sobre a Bíblia, o livro eterno de Deus, diante de tantos renomados
pastores que poderiam se desincumbir dessa tarefa com muito mais desenvoltura. Mas Deus faz assim:
escolhe as coisas fracas desse mundo para confundir as fortes; as que não são para confundir as que são.
Quero, nesta efeméride cristã, começar esta rápida e simples reflexão citando um texto bíblico que se
encontra em 1o Reis 8.56, onde lemos: “... nem uma só palavra falhou de todas as suas boas
promessas...”
Uma das fortes evidências da veracidade da Bíblia como o livro das revelações de Deus é o seu perfil
profético. A Bíblia é de fato um livro de promessas inefáveis, incomensuráveis, inesgotáveis, inacabáveis.
São promessas que constam do arsenal das suas milimétricas profecias, que descortinam, desvendam,
desnudam o futuro imediato e longínquo, da história humana.
Não há no mundo um livro tão completo, perfeito, harmônico e fantástico como a Bíblia. É o único livro no
mundo que faz promessas, baseado nas próprias assertivas daquele que não permite que as suas
palavras voltem para si vazias. “Eu velo sobre a minha palavra para a cumprir”. A Bíblia é um livro de
promessas porque o Todo-poderoso, diante do qual as promessas foram escritas, tem poder para fazê-las
acontecer. Por isso lemos no livro de Josué a contundente assertiva: “Palavra alguma falhou de todas as
boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu”.
DEFINIÇÃO DE PROMESSA
Promessa é uma palavra que se prolonga por um tempo determinado. Se estende para além daquele que
a faz e daquele que a recebe, assinalando um encontro entre os dois no futuro. Uma promessa pode ser
uma certeza dada de ação continuada ou futura em favor de alguém: “Estarei convosco”; “Bem-
aventurados os que choram porque serão consolados”; “Se confessarmos os nossos pecados, Deus nos
perdoará os pecados”. Pode ser um solene acordo de relação permanente e mútua (se desigual): como no
caso das alianças. Pode ser o anúncio de um acontecimento futuro: “Quando tirares o povo do Egito,
servireis a Deus neste monte”.
A promessa é correlacionada à fé e está à disposição de todos os que, imitando a fé de Abraão, se tornam
“filhos da promessa” (Rm 4 e 9; Gl 3).
O Número de Promessas
Sempre ouvi falar que o número de promessas da Bíblia era mais de 30 mil. Por ser um número exato,
com quatro zeros, sempre suspeitei dele. Além do mais, como a Palavra de Deus contém somente 31.101
versículos, isto significaria uma promessa em quase todos eles. Mas isto é simplesmente impossível.
Após pesquisar, ler, estudar e fazer anotação de centenas de textos, cheguei ao número de 8.810
promessas encontradas ao longo do Antigo e do Novo Testamentos.
Tipos de Promessas
Há oito tipos de promessas nas Sagradas Escrituras. Deus fez ao homem 7.487 promessas, cerca de
85% de todas as promessas.
Em quase 1.000 exemplos anotados - 991 para ser exato - uma pessoa faz promessa a outra pessoa. Isto
dá cerca de 11% das promessas da Bíblia. Por exemplo, a promessa dos caldeus ao rei Nabucodonosor:
“Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a interpretação” (Dn 2.7).
Há ainda 290 promessas feitas pelo homem a Deus. A maior parte - 235 - encontra-se nos Salmos.
Exemplo: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores” (Sl 51.15).
Vinte e oito promessas foram feitas pelos anjos, estando 23 delas no evangelho de Lucas. Como por
exemplo, cito a promessa feita pelo anjo às mulheres junto ao túmulo de Jesus: “Ide depressa e dizei aos
seus discípulos que Ele ressuscitou dos mortos, e vai adiante de vós para Galiléia; ali o vereis. É como
vos digo!” (Mt 28.7).
O velho mentiroso, Satanás, fez duas promessas: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4.9).
Um espírito maligno fez duas promessas: “Então saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e
disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Senhor: Com quê? Respondeu ele: Sairei, e serei espírito
mentiroso na boca de todos os seus profetas” (2 Cr 18.20,21).
Há ainda duas outras promessas: uma feita por Deus Pai e Deus Filho e a segunda feita por um homem a
um anjo.
Dos 66 livros da Bíblia somente a epístola de Paulo a Tito não tem promessas. Dezessete outros contêm
menos de dez promessas, cada livro. Mesmo um livro importante como Efésios só tem seis promessas.
O Novo Testamento tem 1.104 promessas; o Antigo Testamento, 7.706. Isto significa que sete em cada
oito promessas são encontradas no Antigo Testamento. Você não pode evitar o Antigo Testamento
quando lê a Bíblia.
Isaías, Jeremias e Ezequiel têm mais de 1.000 promessas, cada um, ou 3.086 nos três, ou, ainda, mais de
1/3 (35%) das promessas da Bíblia. A maioria delas é de natureza profética. Exemplo: “Eis que a virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14).
Muitos versículos têm mais de uma promessa. Este aqui, por exemplo, tem quatro: “Os que esperam no
Senhor 1.renovarão as suas forças, 2. sobem com asas como águias, 3. correm e não se cansam,
4. caminham e não se fatigam” (Is 40.31). Este outro tem cinco promessas: “Levantai os vossos olhos
para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque 1. os céus desaparecerão como o fumo, 2. e a terra
envelhecerá como um vestido, 3. e os seus moradores morrerão como mosquito, 4. mas a minha salvação
durará para sempre, 5. e a minha justiça não será anulada” (Is 51.6).
O capítulo com maior número de promessas é Deuteronômio 28. As 133 promessas ali contidas referem-
se às bênçãos e maldições que Deus prometeu aos israelitas em Canaã, dependendo da obediência ou
desobediência às suas ordens.
Outro capítulo semelhante é Levítico 28, que contém 94 promessas, 3/4 de todas as promessas do livro.
No que diz respeito à promessa, o Salmo 37 é o mais importante da Bíblia. Praticamente cada versículo
é uma preciosa promessa. Aqui estão algumas destas 43 maravilhosas promessas:
“Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará aos desejos do teu coração (v. 4).
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará” (v. 5).
“Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz” (v. 11).
Diante desta oportunidade não poderia me furtar ao direito de citar as profecias da Bíblia diante do caos
presente e o que se avizinha em nosso querido planeta. Duas são as advertências bíblicas sobre o
assunto: uma se encontra no Antigo Testamento e a outra no Novo Testamento.
A do Antigo Testamento diz: “O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento” – assevera o
profeta.
A do Novo Testamento declara: “Errais não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus” – declara
peremptoriamente Jesus.
Assentado isso e diante da incomparável Palavra de Deus, dizemos a Deus o que os discípulos falaram a
Jesus quando desafiados pela palavra do Mestre da Galileia:
“Para onde iremos nós?
só Tu tens a Palavra de vida Eterna”.
Finalmente, fazemos nossas as palavras do sábio Salomão, rei de Israel, dizendo:
“... nem uma só palavra falhou de todas as suas boas promessas, feitas por intermédio de Moisés,
seu servo” (1 Rs 8.56).
Que Deus os abençoe rica e abundantemente!
Diante de Deus eu quero pastorear, quero discipular, crescer a igreja, batizar novos membros,
enfim sem precisar aparecer.
RESPOSTA:
Pastoreie com inteligência. Não esqueça: Simplicidade, na voz da maioria, é sinônimo de preguiça. A
maioria dos caras que exaltam a simplicidade, não é simples e nem gosta de estudar.
Vou lhe dizer algumas verdades que certamente lhe servirão para o futuro:
1) A gente nunca vai (e pode) ser o que os outros gostariam que a gente fosse.
2) Nossa confiança em Deus não pode ter a porta da tesouraria como seu limite.
3) Eu fui perseguido por um superego que falava ao meu ouvido o tempo todo sobre o que eu
deveria fazer. Mas, quanto mais eu estudava, eu me afastava daqueles “bons” conselhos.
4) Você nunca deve ser igual aos medíocres. Seu alvo não é encher igreja (mesmo que o dinheiro
exija isso), mas ensinar, discipular, quebrar ídolos javistas (custe o que custar). As igrejas estão cheias
deles.
5) Antes eu me comovia com algumas palavras – aqui e ali – para que eu mudasse de estilo. E eu
cedi muitas vezes. Hoje, estou mais centrado, confiante na minha chamada profética. De modo que é
impossível tomar direção contrária a essa vocação divina.
6) Hoje, para mim, igreja lotada ou igreja vazia (ainda que goste mais da cheia) não surte o mesmo
impacto sobre mim. Fiquei curado disso. As propagandas não mais me influenciam.
7) Quero apostar hoje nos meus escritos, pregações e palestras. Deus me chamou para esse mister
e fico feliz em fazer a vontade de Deus; mesmo que isso me custe muito, pois importa obedecer a Deus do
que aos homens.
8) Você que foi o meu “discípulo” terá o mesmo destino. É uma questão de formação; você será
sempre um incurável idealista.
9) Quem discipula deve saber de um segredo: de 100 pessoas que lhe ouvem, apenas 2 ou 3 vão
pegar o que você quis passar. Ao final, ainda ficarão confusos. Exemplo: Jesus e os seus discípulos.
Lembre-se:
. Quando Jesus recrudesceu o seu sermão, seus próprios discípulos fizeram menção de irem
embora com o povo. Quase próximo à crucificação eles ainda não sabiam quem era Jesus: “E vocês o que
dizem ser o Filho do Homem?” Outra coisa: A declaração de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”,
segundo Jesus: “Não foi carne (não foi do próprio discernimento de Pedro) nem sangue que to revelou,
mas meu Pai que está nos céus”.
A doutrina da satisfação instantânea é o maior desafio para líderes que levam a obra de Deus a
sério.
Nunca esqueça:
"Minha ideologia não pode ter por limite a porta da tesouraria da igreja que pastoreio".
Exórdio:
O povo de Israel que habitava Jerusalém após o cativeiro babilônico aprendeu a viver entre os
escombros da cidade. Jerusalém era uma cidade em ruínas, habitada por um povo desanimado, sujeita ao
ataque de seus inimigos, porque não possuía muros. Até que Neemias foi levantado por Deus e em 52
dias fez o que nenhum habitante de Jerusalém fez em anos: edificou os muros da Cidade Santa. Ele,
copeiro do rei, foi obrigado a ausentar-se temporariamente de suas ocupações porque os moradores de
Jerusalém não tomaram uma atitude mais ativa na restauração de sua própria cidade.
A diferença básica entre Neemias e os moradores da cidade estava em sua oração: “faz prosperar
hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem” (Neemias 1:11). Neemias não somente orou por
Jerusalém, mas se disponibilizou a ser agente de mudança.
Muitos espiritualizam esta passagem de forma tal a não aplicá-la também ao seu contexto
econômico-social. Ainda que seja verdade que os muros de Jerusalém possam representar os muros de
nossa vida e os muros da Igreja, também representam os escombros da sociedade em que vivemos.
Muitos, incluindo os evangélicos, reclamam da situação ao seu redor: do governo, da corrupção, da
criminalidade e até mesmo da Igreja. Mas a mais pura verdade, é que o povo se acostuma a viver na
miséria e nos escombros de seu contexto, sem no entanto ter a atitude de Neemias de se colocar
literalmente na brecha entre Deus e os homens, para que o caos total não se instale ao nosso
redor(Ezequiel 22.30), seja na Igreja ou na sociedade.
. O povo se acostumou a viver com o “podia ser pior”. Quando um povo perde o ideal de viver,
qualquer coisa é boa o suficiente para suportar.
. O povo de Israel viveu a filosofia do “Deixa a vida me levar”. O povo de Israel voltou para
Jerusalém com uma auto-imagem negativa. Não queria construir nada; não queria nada com nada.
. O povo se acostumou a negociar sua felicidade. Não pode acontecer coisa pior a um povo do
que persistir em não querer mudar para melhor.
. O povo de Israel foi liberto do cativeiro, mas estava preso por correntes invisíveis. O
desânimo, a morbidez (enfraquecimento doentio, abatimento ou esgotamento de forças; moleza,
languidez, preguiça) tomou conta do povo.
. Achou-se bem nos escombros da vida. Só restou ao povo os escombros (entulhos, destroços,
ruínas) e ele se acostumou a viver assim.
. O povo deixou-se abater pelo desânimo. Um povo desanimado começa projetos históricos e não
acaba. Obras inacabadas são o fruto da vida dos que desanimaram da boa caminhada da fé.
. O povo deixou-se dominar pelas circunstâncias negativas. Circunstâncias ruins não faltam a
nós para jogarmos a toalha. Nossas histórias estão cheias de exemplos de acertos e erros e tentativas
frustradas de mudança de vida. Só que não vivemos por vista, mas por fé.
. O povo afastou-se daquilo que é prioridade. Existem projetos em nossa vida dos quais não
podemos nos afastar sob pena de vivermos como quem planta e não consegue colher.
. O que é Naturalismo? É o ensinamento segundo o qual os fatos do mundo concreto material não
precisa da intervenção de nenhuma causa transcendente. E fatalismo, o que é? Ensino que admite que o
curso dos acontecimentos está previamente fixado, nada podendo alterá-lo. Estamos reduzidos a um
“deixa estar pra ver como é que fica”.
. Israel achava que nada podia ser feito para mudar as circunstâncias. Quando pensamos
assim, nada é feito e tudo fica na mesma; não vamos para frente e nem para trás.
. Israel perdeu o sentido do projeto para o qual fora chamado por deus. Deus chamou Israel
para uma grande tarefa entre os homens. Jerusalém foi o pior lugar na desconstrução do programa de
Deus na vida da nação israelita.
. Israel se acomodou aos fatos reais da vida e deixou de lado seus sonhos. Não podemos
permitir que as nossas frustrações se transformem em regra para a nossa vida. Somos bem melhores do
que tudo isso.
. Neemias disse não aos que viviam acostumados com os escombros. Que Deus levante
homens com o coração e a determinação de Neemias. Pessoas que não se acostumem a somente chorar
e viver entre os escombros de nossa sociedade, mas que se disponibilizem a ser agentes de
mudança – clamando fervorosamente pela nação, ser- vindo os necessitados e fazendo dos escombros
uma cidade fortificada, onde nossos filhos e filhas desfrutem de tempos de refrigério até que o Senhor
retorne para nos buscar (1Tim. 2:1-4).
PERORAÇÃO:
A cada dia que passa entendo mais a direção do Senhor para a Catedral da Assembleia de Deus em
Jardim Primavera. Há uma crise de integridade em nossa região; as pessoas andam confusas com tantas
vozes e promessas, mas sem nenhuma consistência bíblica. Nestes sete anos de pastorado em Jardim
Primavera, Deus está preparando esta igreja para sairmos dos escombros da mediocridade, da
mesquinhez evangélica para uma visão abrangente e revolucionária. “Estamos ocupados fazendo uma
grande obra; de modo que não podemos descer”.
A igreja não detém o poder de fechar ou abrir as portas do céu. Esse privilégio é só de Jesus Cristo, e de
ninguém mais.
Faz uns vinte anos eu participava de uma reunião regular de ministério quando fui surpreendido por
um problema trazido ao plenário. O assunto girava em torno de um presbítero que havia sido disciplinado
pela igreja e que, agora, às portas da morte, queria se reconciliar. A situação foi conduzida da forma mais
sacramental possível. O pastor responsável fez uma leitura bíblica no evangelho escrito por Mateus e
deblaterou: “Este irmão, senhores, não pode morrer sem o perdão da Igreja, para que não vá para o
inferno”.
A atitude acima exposta – bem típica de algumas culturas evangélicas – reproduz a ideia de que a
Igreja pode perdoar ou reter o perdão.
A discussão se a igreja pode ou não perdoar pecados acontece num ambiente de confrontação
teológica a partir de dois textos preferenciais: Mateus 16.19: “...dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o
que ligares, pois na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”; e
João 20.23: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os
retiverdes, são-lhes retidos”.
As palavras ligar, desligar, perdoar e reter que aparecem nos textos supracitados, fizeram parte dos
grandes debates e polêmicas nos séculos subsequentes.
Alguns intérpretes para solucionar o problema em tela aventaram a hipótese de que os verbos
aludidos no texto estão no tempo particípio perfeito, no original grego, o que implica em ação contínua no
presente, em face de uma ação anterior, cujos efeitos se fazem sentir até o presente. O argumento em
questão resulta da ideia de que essa aparente retenção ou perdão de pecados trata-se meramente de um
discernimento daquilo que já fora determinado pela vontade divina, ou através de circunstâncias que
circundam o caso. Seguindo essa linha de raciocínio, o versículo bíblico deveria ser lido do seguinte modo:
“Se perdoardes os pecados a alguém, já foram perdoados; se retiverdes os pecados de alguém, já foram
retidos”.
De fato o tempo verbal particípio perfeito, no grego, pode ter esse sentido. Todavia, de acordo com
alguns exegetas bíblicos, esse argumento é falho porque não se pode evocar o grego, especialmente no
caso do grego helenista – do qual o N.T. é um dos principais representantes –, porquanto o tempo perfeito
pode ser usado em lugar do presente e do aoristo, sem que isso tenha qualquer sentido especial. Além do
que no estudo do grego koiné, nota-se que tal uso não é regular, razão por que não podemos confiar em
tais explicações. “Outrossim – diz Champlim –, a condição da continuação do estado de ‘perdoado’ ou do
estado de ‘retido’, gramaticalmente pelo menos, depende da cláusula anterior: ‘...se de alguns
perdoardes... se lhos retiverdes...’; e assim cai por terra todo o argumento fundamentado no emprego do
tempo perfeito”.
Outra corrente toma como certo que a palavra perdoar e reter são equivalentes ao desligar e
ao ligar (respectivamente) segundo aparecem estes dois últimos verbos nos trechos de Mateus 16.19 e
18.18. Mas isto não faz sentido neste presente contexto, porquanto não foi dito aos apóstolos que
determinassem o que deveria ser considerado pecado ou não, isto é, que “permitissem” determinados
atos, mas “proibissem” outros (como no caso do evangelho de Mateus). Pelo contrário, em João está
envolvido o perdão ou a retenção dos pecados, bem como o que significa esse pecado, determinado pela
natureza moral de Deus, e não pelas ideias dos homens.
Outra posição teológica é a que é defendida pela linha católica. Tem a ver com a conclusão
exagerada de pensar que os apóstolos, na qualidade de representantes de Cristo,
podem verdadeiramente perdoar ou reter os pecados dos homens em sentido plenamente literal através
da administração do confessionário ou de outros meios eclesiásticos. A esse ponto de vista foi
acrescentada a ideia da sucessão apostólica, ou seja, que esses privilégios e ofícios são efetuados
através do clero que seria o único capaz de exercer os mesmos direitos que os apóstolos tiveram.
Inclusive foi aí que a tradição romanista criou diversos privilégios papais, supostamente originados dessas
simples palavras. Todavia, essa versão baseia-se na tradição católica, e não em qualquer declaração
bíblica. Conquanto pudéssemos admitir que os apóstolos tinham suas representações, a ideia de perdoar
e reter o perdão estariam descartadas, pois as Escrituras não indicam qualquer sucessão de ofício, e da
declaração da posse de tal poder não cria continuidade do ofício. Tais crenças não procedem dos
ensinamentos bíblicos e não têm origem histórica, mas se derivam de uma “ginástica lógica”. Assim sendo,
o texto está longe de comprovar sucessão ou que o alto privilégio proporcionado a Pedro foi transferido a
qualquer linhagem de sucessores seus, muito menos ao Papa.
INTERPRETAÇÃO COERENTE
A exposição mais coerente que se pode fazer desta questão em tela é aquela que diz que qualquer
ministro do evangelho, ao pregar aos homens, cria com isso circunstâncias que levam os pecados dos
homens a serem perdoados ou retidos. Paulo reafirma esta conclusão e a amplia quando escreve aos
coríntios: “Para com estes cheiros de morte para morte; para com aqueles aromas de vida para vida.
Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (2 Co 2.16). Ora, convenhamos, nessa passagem o
apóstolo se referia ao ministério dos crentes, em lugar de Cristo, em favor dos homens.
Assim sendo, portanto, outros crentes, após os apóstolos, tornaram-se instrumentos de Cristo;
porém, de alguma maneira, isso teve base no ministério original dos apóstolos. Isto posto, o perdão de
pecados não pertence ao indivíduo, em si mesmo, mas Cristo outorga essa autoridade àqueles que
pregam a Palavra de Deus, porquanto a ACEITAÇÃO ou REJEIÇÃO dessa mensagem PELAS PESSOAS
QUE A OUVEM é que DETERMINA o perdão ou ausência de perdão dos pecados.
Martinho Lutero confirma isso em alguns itens das suas conhecidas 95 teses, mas que, por falta de
espaço, só iremos citar um desses itens, o sexto, onde Lutero assevera: “O papa não pode perdoar
dívida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Deus”. Com isso, Lutero deixava claro o
seu repúdio pelo grave erro cometido pela igreja romana.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto, a sucessão apostólica e a anistia papal, que sempre foram carro-chefe da igreja
romana, à luz da Bíblia, é um blefe.
CARICATURAS DE TEÓLOGOS
Ainda é surpreendente ver como as pessoas reagem – tanto evangélicas como não evangélicas –
diante de alguém que se declara “teólogo”. Não faz muito tempo experimentei uma reação quase que
espasmódica por parte de uma balconista ao lhe revelar a minha profissão: teólogo – disse-lhe. Ela, meio
confusa e achando tudo muito estranho, retrucou-me:que bicho é esse?
Coitados dos teólogos – homens aptos para o ensino bíblico –, que, ao longo da história da igreja,
vêm sendo demonizados, criticados e quase sempre expostos ao vitupério. Não raro, recebem a pecha de
ateus. A mais das vezes são tão mal interpretados, por conta de leituras radicais e confessionais feitas
sobre eles, que são incluídos na galeria dos mais rejeitados.
Essa maneira caricata de ver alguém que faz teologia é a mais presente em nossa realidade
evangélica. Na verdade, o teólogo é visto, no âmbito cristão-evangélico, como um corruptor dos conceitos
bíblicos. E não é de hoje que o teólogo vem sendo preterido, questionado, inviabilizado como alguém
quase que para eclesiástico. Para os de fora, o teólogo é visto como um especialista em questões
religiosas, alguém com notável saber bíblico, um livre pensador, erudito, guardião da fé, filósofo cristão,
etc. Mas, o maior preconceito com relação ao teólogo não acontece no mundo secular, mas, sim, no
contexto evangélico, onde o teólogo é denominado de herético, racional, antiespiritual.
Tem muita gente falando e escrevendo sobre teólogos, mas com pouca informação sobre os
mesmos. Conquanto haja alguns com pensamento absolutamente questionável, não podemos incorrer
neste tipo de erro primário. Além do que a maioria das obras de teólogos alemães, franceses, italianos,
ingleses, americanos, latinos, por exemplo, não é encontrada facilmente. E falar do que se desconhece e
ensinar o que não se sabe é no mínimo temeridade.
O que nos faz errar tanto ao lidarmos com os teólogos é não entendermos o pensar teológico que os
motivou a escrever no momento histórico em que estavam vivendo. Ouvir, por exemplo,Altizer falar sobre
a “morte de Deus” e identificá-lo como um assassino de Deus, sem antes parar a fim de saber o que
realmente ele está querendo dizer, é imaturidade intelectual. Imprudência como esta é aquela que
enquadra a teologia bartheana como equivocada, chamando Barth de teólogo racional.
Por certo, tais compreensões invertidas são de quem lê pedaços de textos dentro de obras com
construções unilaterais, em vez de se dar ao bom senso de ler de fato todos os trabalhos da pessoa que
está sendo alvo da sua critica, para que não chegue a conclusões precipitadas e autoritárias de quem, se
percebe, não conhece nada sobre o assunto.
O alcance disso que eu estou dizendo é entendido pelo volume de obras confessionais de autores
não qualificados, que falam sobre o que desconhecem, pelo menos no que diz respeito à profundidade do
assunto que se pretende combater.
Seria, portanto, mais ético e mais humilde por parte de alguns escritores fazerem suas avaliações
críticas de forma mais ponderada e inteligente, trabalhando com todas as ideias possíveis sobre o assunto
analisado, com o compromisso de não emitir parecer incompleto.
Por isso mesmo à vista de alguns intelectuais, somos teólogos devocionais, teólogos neófitos,
completamente incipientes, embrionários, porque fazemos teologia a partir do senso comum, e não como
resultado de estudos científicos. Por isso desprestigiamos tanto quem sabe por não sabermos tanto, e
fazemos isso inconscientemente por invejar quem sabe, com a desculpa de zelo. Mas nos esquecemos
que é na hora dos apertos doutrinários, das avalanches de heresias que caem sobre a igreja que
procuramos a ajuda do teólogo.
Aliás, o teólogo faz tarefa diversificada. Ele, às vezes, age como profeta, se antecipando aos
conflitos da vida, mostrando as alternativas divinas para cada situação; às vezes, se mostra como um
defensor bíblico, pois combate tudo que proceda de distorção da genuína fé bíblica, pois sempre está por
trás das portas abertas pelas velhas e novas heresias a fim de defender a fé exarada na Bíblia Sagrada;
outras vezes pede emprestado da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia, da História, da própria
Filosofia definições e conceituações com vistas a ampliar sua cosmovisão, mas colocando as Escrituras
como fonte principal.
Todo teólogo precisa ser um teófilo, ou seja, alguém que ama a Deus. Todo teólogo coerente sabe
que a comunhão com Deus é elemento axial para se teologar de maneira coerente. Sem isto o teólogo não
consegue passar do nível racional.
Só dá para entender uma pessoa consagrada se a sua consagração se assemelhar a de Jesus. Sem esta
semelhança não há consagração, mas vaidade, soberba humana.
O tema «Consagração» tem sido motivo de grandes controvérsias no meio evangélico e porque não
dizer nos meios pentecostais e pós-pentecostais. Todo contraditório começa na concepção que a maioria
tem da palavra, a qual se reveste de sentido místico e sobrenatural. Não faltam pessoas consagrando-se
para obterem poder ou mais poder. A ideia de consagração nos círculos de oração passa pelo sentido de
sobre naturalidade, poder, unção, espiritualidade.
A norma é você se consagrar para obter poder, unção. O pano de fundo dessa inclinação reveste-se
de conteúdo sistêmico, porque é respaldado por escritores evangélicos que insistem em normatizar
“meios” pelos quais você pode alcançar o tal poder que se manifesta quando se consagra. Livros com
temas chamativos como: “Cinco votos para obter poder espiritual”, só fazem estimular a prática da
divinização humana.
O QUE É CONSAGRAÇÃO?
. Ser nada
. Para ser só de Deus
. E em Deus ser para todos.
Nossa consagração a Deus deve estar baseada na consciência de quem nós somos diante de Deus,
pois “não sois de vós mesmos” (1 Coríntios 6.19), diz a Palavra, “porque fostes comprados por bom preço;
glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6.20).
Mais: “Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor
vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do
Senhor” (Romanos 14:7-8).
Segundo a Bíblia Sagrada, nenhum de nós tem direito sobre si mesmo: “Não sois de vós mesmos”
(1 Coríntios 6.19). A autoridade sobre as nossas vidas foi entregue nas mãos de Deus pelo Seu direito de
compra: “Porque fostes comprados por bom preço...”. Por isso que o ato de se consagrar a Deus não
deve emanar de atitude sentimentalista, mas da consciência de quem somos e o que Deus é em nossas
vidas.
O PROPÓSITO DA CONSAGRAÇÃO
Consagração não é tanto você separar-se de/para, mas você saber transformar o “comum” sagrado
e o “sagrado” comum. Por exemplo, os fariseus não conseguiam tornar o “sagrado” comum, mas só o
“comum” em sagrado, porque eles negavam-se a si mesmos para si mesmos e não para os outros. Por
isso, o mais fácil para um “piedoso” é ele se tornar “divino” e o mais difícil é se DESDIVINIZAR e se tornar
“humano”.
Consagração, à luz da Bíblia, não tem por objetivo buscar poder, desumanizar-se, encher-se de
sobrenatural, mas sim de se apresentar a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
Consagrados são sacrifícios vivos diante de Deus.
Nossa consagração visa muito a parte externa, do tipo “o que os outros vão pensar de mim”. A
consagração de Jesus, ao contrário, não se preocupa, em nada, com “o que os outros vão pensar de
mim”. Por isso Ele come com pecadores, fala com a mulher samaritana, pernoita na casa de Zaqueu, o
publicano, cura o servo de um centurião romano, permite a aproximação de um leproso. Jesus passa do
“profano” para o “sagrado” e do “sagrado” para o “profano” sem ter a preocupação de se contaminar.
A consagração de Jesus não o afastava dos homens. A nossa, ao contrário, nos transforma em
seres intocáveis, inacessíveis, rígidos, puritanos, santarrões.
Geralmente quando pensamos em “consagração” somos profundamente excludentes. O nosso
pensamento é sempre no sentido de selecionar o que vamos excluir. Por isso os nossos “consagrados”
tornam-se intimistas, budificam-se e se separam de tudo que não seja igual - igual a eles.
Nosso tipo de “consagração” é o do não convívio, melhor dizendo, é o do não convívio com os
diferentes. Não existe pessoa que vire mais as costas para os que são diferentes dele do que o
“consagrado”. Esta é a consagração que “enche” o homem de si mesmo. A consagração, segundo Jesus,
ESVAZIA-NOS. Até porque nós não somos nossos, somos servos d’Ele e, por consequência, nossa
vontade é sempre fazer a vontade dAquele que me comprou com o precioso sangue de Jesus.
CONFUSÃO NA INTERPRETAÇÃO
O grande problema, é que hoje em dia existe muita confusão no que se refere a identificar uma
pessoa consagrada e cheia de poder.
Para a grande massa, uma pessoa consagrada e poderosa é aquela que sempre aparece
compirotecnia1, malabarismo evangélico, chamando a atenção para si.
O grande desafio que nós temos numa época de superficialidades, é desenvolver um “poder de
conteúdos internos”, e que influencie outros a uma vida de consagração e piedade.
Não posso deixar de registrar aqui, que caráter está inseparavelmente ligado à carisma e
consagração; é o resultado da transformação interior operada pelo Evangelho de Cristo, que se manifesta
inevitavelmente no chão da vida, principalmente nas pequenas coisas da casualidade do cotidiano de cada
um.
Partindo desta consciência, quero sugerir algumas percepções bíblicas para sabermos lidar com os
carismas de Deus.
A maior tentação de uma pessoa “consagrada” é deixar-se levar pela arrogância e
presunção! Precisamos aprender a fazer a vontade de Deus com autenticidade e sem hesitação. Pois
consagrado e poderoso é aquele que consegue vencer a si mesmo.
Não podemos nos deixar seduzir e corromper, como resultado do dom recebido de Deus. Não
esqueçamos: O poder se não for bem administrado, gera orgulho, ganância, soberba e todo tipo de
confusão.
EXEMPLO DE CONSAGRAÇÃO
CONCLUSÃO:
CRISE DE CARÁTER
Eu início esta pequena reflexão citando uma das expressões mais carregadas de sentido do grande Rui
Barbosa:
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de ver agigantarem-se os poderes
nas mãos de maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, e a ter vergonha de ser HONESTO” (RUI
BARBOSA).
DEFINIÇÃO/CONCEITUAÇÃO:
As escolas da caracteriologia alemã e franco-holandesa esforçaram-se por dar aos dois termos
(personalidade e caráter) um significado diferente, sem que, no entanto, se chegasse a um consenso.
René Le Senne, por exemplo, propõe a seguinte distinção: Caráter refere-se ao conjunto de
disposições congênitas, ou seja, que o indivíduo possui desde seu nascimento e compõe, assim, o
esqueleto mental do indivíduo; já personalidade, é definida como o conjunto de disposições mais
“externas”, como que a “musculatura mental” – todos os elementos constitutivos do ser humano que foram
adquiridos no decorrer da vida, incluindo todos os tipos de processo mental.
Caráter é a soma de nossos hábitos, virtudes e vícios. Caráter, em sua definição mais simples,
resume-se em índole ou firmeza de vontade.
O caráter de uma pessoa pode ser dramático, religioso, especulativo, desafiador, covarde, inconstante,
traidor, etc. Tais variações podem ser inúmeras: Caráter dramático, caráter religioso, caráter
especulativo, caráter desafiador, caráter covarde, caráter inconstante.
. Quem aprende devagar lembra melhor o que aprendeu do que quem aprende depressa.
. Rugas nos cantos dos olhos revelam que a pessoa tem senso de humor.
1. Caráter se aprende na infância. Pais de caráter ensinam seus filhos que justiça não pode ser
relativizada nem negociada; que nunca se trai amizade nem a confiança alheia.
2. Pais honrados ensinam seus filhos a serem honrados. Homens honrados não traem em hipótese
alguma, nem se tiver que perder a própria vida. Isso é ser bom caráter.
3. O caráter de um homem é percebido nas entrelinhas da sua fala, principalmente quando este está
sob pressão.
4. O mau caráter sempre faz a sua escolha a partir da conveniência, nunca por uma questão de
justiça ou de ideologia.
5. A justiça do mau caráter é o seu bem-estar. Por isso ele não tem bandeira, não veste a camisa de
ninguém e não defende nada.
6. O mau caráter só defende seus interesses. Fica ziguezagueando de um lado para o outro e
escorregando de um grupo a outro. Não tem paradeiro.
7. O discurso do mau caráter é sempre no sentido de apaziguar dois lados em confronto. Ele nunca
escolhe um dos lados pra não se “queimar”.
8. Faz assim porque quer ficar bem com “Deus” e com o “mundo”. Só que ele esquece que o seu
comportamento de mau caráter é notado e anotado por quem o conhece.
1. Compromisso com Deus é vínculo de alma que se aliança na mais profunda sujeição, abnegação,
entrega consciente, convicta de vida.
2. Compromisso com Deus é desejar ser discípulo e aceitar, de coração, todas as injunções
referentes a um novo estilo de vida proposto por Jesus Cristo.
3. Compromisso é dizer sim aos desafios da fé, deixando no altar de Deus vontades, sonhos, gostos,
sentimentos, projetos pessoais, jeito de ser.
4. Compromisso com Deus e com Sua obra é abdicar de resistências internas e oferecer-se a Deus
para ser só dEle e de mais ninguém. Aleluia!
5. Compromisso com Deus é evitar tomar para si a vida que já foi entregue a Deus de forma
incondicional, irrevogável e final.
6. Compromisso com Deus é atitude de fé e conduta inabalável, é posição não condicionada; é
palavra empenhada sem restrições; é caráter; é vida.
7. Compromisso com Deus é decisão sem volta, é sair sem querer voltar; é desfazer-se das redes
que pescam peixes e pegar as que pescam homens.
8. Compromisso com Deus é ouvir o chamado divino e submeter-se a ele por fé não sabendo o que
vai acontecer daí pra frente.
9. Compromisso com Deus é ter firmeza de vontade de ser só de Deus e de mais ninguém.
10. Compromisso com Deus é entrega, despojamento, de-cisão, caminho sem volta, aliança, não
mais me querer para querer ser todo de Deus, sempre.
Está acontecendo um fenômeno no meio do povo evangélico. Os filhos dos crentes estão saindo das
igrejas porque não aguentam mais ouvirem reclamações, murmurações, lamentações, críticas de pais à
igreja e ao ministério. Antes de ficarem esquizofrênicos emocionais como os seus genitores preferem abrir
e sair.
A recorrência de casos ocorridos nas igrejas de pais que debulham o patrimônio moral de líderes e
de membros da própria igreja que frequentam é alarmante. O saldo desse ato desvairado é uma juventude
rebelde, irreconciliável, irrecuperável, intratável, insociável... Pior: passam a odiar tudo quanto se configura
liderança.
Na verdade, a culpa é de pais que passam o tempo todo falando mal de seus líderes, maculando,
assim, a confiança e a simplicidade de seus filhos em relação ao governo da igreja. Geralmente, os que
insistem em fazer isso estão com motivação destituída de humildade e reconhecimento.
A questão aqui a ser debatida não é deixar os filhos submersos em densa ignorância quanto a
realidades que eles precisam saber sobre os contornos da vida, para que não virem massa de manobra,
sujeitos sujeitados, mas há que se ter critério e todo cuidado para que, no afã de desmistificar algumas
crenças, não venha prejudicar o todo e acabar por tirar o adolescente, o jovem, depois o adulto, da igreja.
É de suma importância que os pais ensinem caráter para os seus filhos, sem deixar de mostrar as
variações existentes desse mesmo caráter em cada ser humano. Isto porque uma coisa é você apontar os
erros alheios de cima para baixo como juízes implacáveis; outra coisa bem diferente é você mostrar os
erros alheios a partir dos próprios erros, como algo contra o qual o homem tem de lutar até a morte.
Sempre mostrar para os filhos que o mau exemplo não é coisa que só acontece com o outro, mas
faz parte da existencialidade humana, fato oriundo das nossas idiossincrasias. Ou seja: ser mau ou bom é
coisa de manifestação de vontade até que outras escolhas sejam feitas e haja reparações.
Pais cristãos devem ensinar a justiça para os seus filhos, mas sempre sob a ótica da misericórdia,
para que eles não venham se ensoberbecer e tratem os outros como inimigos figadais dos quais têm que
se afastar. Digo assim porque sem esse equilíbrio estarão formando adultos radicais e hipócritas, porque
eles mesmos não aguentarão levar o jugo da medida da justiça com que julga as pessoas. É preciso ser
convencido pela ideia paulina:
Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais,
encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.
Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém cuida ser alguma
coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo (Gálatas 6:1-3).
O que é inadmissível é ver pais evangélicos compactuarem com rebeliões, desrespeito dos filhos
para com lideranças constituídas nas igrejas, sempre passando a mão sobre suas cabeças. Amanhã os
mesmos estarão passando a mão na própria cabeça porque seus filhos resolveram não se sujeitar a
nenhum tipo de obediência.
Se você é um pai evangélico e quer ver, no futuro, seu filho servindo a Deus, deve ensiná-lo a ter
respeito, acatamento, consideração com os membros da igreja na qual ele congrega (ou é membro); deve
esniná-lo a ter reverência com o lugar e os objetos utilizados na igreja; deve ensiná-lo a ter amor pelas
coisas simples e tratar sempre os oficiais da Casa de Deus com dignidade, nobreza, honradez, temor. Se
isso for feito, parabéns! Você salvou o seu filho de se tornar no futuro um desigrejado.
Pais evangélicos que se sentam à mesa de suas casas para tricotar os intestinos da igreja que
frequentam na frente de seus filhos, esposas, não sabem o mal que estão fazendo a si mesmos e aos de
sua casa, pois esses mexericos entranhar-se-ão na vida de seus filhos para sempre. Nunca mais serão
simples, sociáveis com ninguém, nem mesmo dentro de casa.
Pais evangélicos, tenham cuidado com comentários desleais, pérfidos, caluniadores que vocês
fazem dentro de casa contra a sua igreja e os que lhes governam. Assim vocês estarão afastando seus
filhos das igrejas e de pastores responsáveis e fieis a Deus. Não sejam armas contra os seus próprios
filhos; não os matem, não destruam sua simplicidade, temor e confiança, mas
“Ensina a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se
desviará dele” (Provérbios 22:6).
Pais evangélicos, sejam exemplo para seus filhos no modo de falar, julgar, punir, tratar; não tratem
este alerta como coisa de somenos importância. Prestem atenção neste artigo e mudem esse jeito de ser,
para que seus filhos tenham um futuro cristão promissor. Por favor, não estraguem isso! E não se
esqueçam:
NVI – A glória de Deus está nas coisas encobertas; mas a honra dos reis, está em
descobri-las (Provérbios 25:2).
BLH – Respeitamos a Deus por causa daquilo que ele esconde de nós; e respeitamos as
autoridades por causa daquilo que elas nos explicam (Provérbios 25.2).
Eu não era crente. Assim como muitos eu achava a maioria dos crentes chatos. Quando foi um belo dia,
depois de muita insistência de um amigo meu que era crente, resolvi me tornar um. Eu pensei da seguinte
forma: já que esse povo insiste tanto, dizendo que ser crente é bom, vou fazer um teste, experimentar. Se
for bom eu fico nesse negócio, se não for eu pulo fora. Não custa nada tentar! Fui a uma igreja evangélica,
mandei o pastor me chamar para ser crente, me ajoelhei no pé do altar e entreguei minha vida a Jesus,
mesmo sem o conhece-lo e pensando comigo: o que estou fazendo?
Depois que virei crente eu disse para mim mesmo: já que estou nessa de ser crente eu tenho que
conhecer esse Jesus que os crentes tanto falam nele. Tenho que conhecer a sua biografia, quem foi Ele e
o que Ele deixou escrito. Imediatamente arrumei uma Bíblia e comecei a lê-la. Comecei dos Evangelhos,
porque são neles que se encontra a história e biografia de Jesus, o personagem que eu estava mais
ansioso para conhecer.
Durante o processo em que lia a Bíblia e conhecia Jesus meus amigos me diziam: larga disso rapaz, isso
aí é bobagem! Vamos para a festa farriar, beber, etc. Eu às vezes ficava calado, outras vezes dizia: não
amigos! Estou conhecendo alguém aqui, que há muito tempo às pessoas me insistiam para conhecê-lo e
só agora vim dá uma chance para Ele. E que inclusive estou achando muito interessante o conhecer.
Prefiro ficar aqui com Ele, que ir para a festa com vocês. Com isso eles me deixavam e se iam.
Ali com a Bíblia Sagrada nas mãos, passava horas e horas, às vezes até manhãs ou tardes todas embaixo
das árvores, lendo-a, conhecendo e me impressionando com o seu personagem principal: Jesus Cristo.
Que tanto os evangélicos me insistiam para conhecer e eu nunca queria dá-lhe uma oportunidade, achava
muita das vezes era chato.
Por fim, de um simples teste que fiz, uma simples chance que resolvi dá para Jesus, eu o conheci de
verdade, exatamente como os crentes me falavam, até melhor. E com isso virei um crente de verdade.
Nunca mais quis sair e confesso a todos: foi a melhor escolha que já fiz na minha vida. Sou muito feliz por
isso, agradeço a Deus todos os dias por essa simples chance que resolvi da para Jesus Cristo e por eu ter
o conhecido. E para finalizar amigo, venho lhe pedir: dê uma chance para Jesus em sua vida. Procure o
conhecer como Ele realmente é. Não fique ai escutando conversa de quem não o conhece e diz o
conhecer. Examine na Bíblia Sagrada quem foi Jesus, o que Ele deixou escrito e procure O seguir. Eu
também já ouvir muitas dessas conversas e se tivesse dado ouvido nunca teria o conhecido. Continuaria
cego espiritualmente como fui muitos anos. Veja o que está escrito em uma pequena parte da Bíblia, mais
que revela muita coisa. Evangelho de João, Capítulo 5 e versículo 39. “Examinais as Escrituras, porque
vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”. Também diz no Evangelho de
Mateus Capitulo 22 e versículo 29: “Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as
Escrituras, nem o poder de Deus”.
Por exemplo: eu penso que o filho mais velho, já com mais experiência de vida, irmão do filho pródigo,
quando soube que seu irmão iria juntar os cacarecos e pegar a estrada, deve ter pensado: vai quebrar a
cara saindo da casa de nosso pai, se aventurando pelo mundo.
Bom, aconteceu exatamente como ele pensou. Quando ele soube que seu irmão tinha se dado mau no
mundo e voltado para casa de seu pai deve ter pensado outra vez: eu não falei! Agora meu pai deve lhe
dá uma boa lição de vida, para ele aprender a valorizar as coisas. Deve colocar ele para trabalhar no
serviço pior da fazenda, ou melhor, não irá nem considerar mais ele como filho e sim como um escravo,
por ele ter gastado boa parte da fortuna dele no mundo. Ele deve está uma fera com ele!
De repente o pai o recebe, chama os criados e diz: trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde
lhe um anel na mão, e alparcas nos pés. (Lc 15:22).
As veste novas que ele recebeu de seu pai significa um novo espírito. O anel uma nova aliança e as
sandálias um novo caminho. Ou seja, o pai dele quis dizer com esse gesto: eu te amo filho, esquece tudo
o que fez, o importante é que você é meu filho, voltou e te restituo tudo novamente. Tudo que é meu é teu
como antes.
O filho mais velho com certeza ficou com suas expectativas frustradas e quase teve um ataque cardíaco.
Eu aprendo nessa lição que o amor às vezes é incompreendido. Nós achamos que por sermos bons
merecemos o melhor, e os que são ruins merecem o pior. Quando na realidade para o amor não há
acepção de pessoas. O fato deu ser um filho bom e meu irmão ser um filho ruim não significa que eu sou
mais filho que meu irmão, e que mereço mais amor que ele. Para meu pai eu sou tão filho quanto o outro
meu irmão problemático, ele ama todos de igual modo.
Mais alguém pode me perguntar: mais isso não é injustiça? Não! É simplesmente o amor. Louve a Deus
por você ser um filho bom, e ore a Deus para que seu irmão venha ser melhor, não dê tanto trabalho para
seu pai. Não fique aí na sua, olhando só para seu nariz, achando que por você ser melhor seu pai irá te dá
maior honra.
Para finalizar: nessa parábola do filho pródigo, os dois filhos são dois tipos de pessoas. O mais velho são
as que se encontram na presença de Deus (pai) e o mais novo são as que se encontram fora dos
caminhos do Senhor. Assim como o pai amava tanto o filho bom quanto o ruim, Deus ama da mesma
forma as pessoas certinhas quanto incertas. Por isso, ajude as pessoas que se encontram em dificuldades
a se restabelecerem, não fique aí na sua achando que Deus ama mais você por você ser mais certinho e
ama menos as pessoas incertas.
Deus não quer que acumulemos riquezas, comida em celeiros, porque Ele quer nos ensinar a depender
dele no dia-a-dia. Lembra do Maná no deserto? (Êxodo 16:4, 19-20).
Então disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá
diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.
E disse-lhes Moisés: Ninguém deixe dele para amanhã.
Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés, antes alguns deles deixaram dele para o dia seguinte; e criou
bichos, e cheirava mal; por isso indignou-se Moisés contra eles.
As riquezas roubam nosso coração. Quem tem mais medo de morrer, o pobre ou o rico? Quem se
preocupa mais, o pobre ou o rico? Quem vive mais na correria sem tempo para nada, o pobre ou o rico?
Quem busca mais a Deus, quem vai mais às igrejas, o pobre ou o rico? E por que tudo isso? Por causa
dos tesouros materiais! Os ricos confiam e buscam seus tesouros, e nós vivemos, confiamos e buscamos
nosso Deus. O nosso tesouro é Jesus Cristo. Como diz o Salmista: Uns confiam em carros e outros em
cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus.
(Salmos 20:7)
(Mateus 6:20-21) Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os
ladrões não minam nem roubam.
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
Jesus tem receio de nos tornar rico porque as riquezas roubam nosso coração, e Ele quer que nosso
coração permaneça nele e não nas riquezas.
Jesus não está interessado em tornar rico ninguém, Jesus está interessado em que nós aprendamos a
depender dele, numa relação de amizade a confiança. E assim ele seja nosso provedor diário de nossas
necessidades. Se não fosse assim ficaria em vão à oração de Jesus: “O pão nosso de cada dia nos dá
hoje”. (Mt 6:11)
Jesus não disse: O pão de amanhã, ou de depois de amanhã daí nos hoje, mais sim o pão de cada dia e
hoje. Também não disse: o pão de hoje, de amanhã, de depois de amanhã, da semana que vem me dá
todinho hoje para eu guardar. Se fosse assim que confiança teríamos em Deus?
Um exemplo: será se uma criança de 5 anos, que tem um pai responsável, está preocupada com o que irá
comer ou vestir amanhã? Claro que não! Porque eles têm um pai responsável e em quem confiam, e
sabem que ele providenciará tudo para eles no tempo certo.
Qual o pai quer que seu filho seja independente dele? O pai quer em certos sentidos mais em outros não.
Já pensou você pai no dia em que seu filho colocar a roupa na mala e disser: adeus papai, não preciso
mais de você, já sou independente! Você irá dizer: o que fiz com meu filho? Será se fiz a coisa certa?
Sabe por que os pais têm receio de seus filhos se tornarem independentes? Porque eles os esquecem,
não vem mais lhe procurar, tomar a bênção, conversar, dá um abraço carinhoso, agradecer, etc. Jesus
também tem medo de lhe perder, por isso Ele quer sua dependência dele.
CONCLUSÃO
A) Deus quer nos abençoar e nos fazer próspero, mais não é seu real objetivo, propósito. O seu real
objetivo e propósito é que nós aprendamos a depender dele diariamente, e que ele se torne o nosso
provedor. Ele quer que aprendamos a confiar, depender dele e não em nossas riquezas. Riquezas vêm
em nossas vidas mais isso é paralelo o real objetivo de Deus, que é confiar nele e sermos seus eternos
dependentes. (Veja Mateus 6:33) Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas.
Ele quer que o busquemos em primeiro lugar o seu reino, justiça e as demais coisas vão acontecendo
naturalmente. O seu foco principal não deve ser dinheiro e riquezas, mais o reino de Deus e sua justiça.
B) Deus quer te dá à terra prometida mais tem receio. Exemplo: os filhos de Israel foram ricos no deserto?
Não! Eles passavam necessidades? Não! Por quê? Porque Deus supria suas necessidades. Porém o
Senhor quis os abençoar e colou-os em uma terra fértil e a maioria se tornaram ricos. O que aconteceu
depois que eles entraram na terra e ficaram ricos? Chutaram o balde, se misturaram com as mulheres
daquela terra, casaram-se com elas e davam seus filhos para o povo daquela terra também se casar,
Coisa totalmente proibida na lei de Deus. Apostataram também da fé, trocaram o Deus verdadeiro, que
tanto os supriu no deserto por pedaço de paus e Deus pagãos e começaram a adorá-los e presta-lhe
cultos. Chegando até o ponto de sacrificar seus próprios filhos ou ser humano em geral.
Por fim: onde os filhos de Israel foram mais fiéis a Deus no deserto, onde dependiam de Deus diariamente,
até mesmo do pão de cada dia ou quando entraram na terra prometida e ficaram ricos?
C) Deus quer nos livrar da ansiedade. Não significa que com isso, Deus sendo seu protetor você não irá
trabalhar mais. Deus quer que você trabalhe mais que não viva nessa ansiedade louca por riquezas, de
como será o amanhã, o depois de amanhã. Ele quer que você trabalhe a confie nele que tudo ele fará por
você, sem está preocupado com isso ou com aquilo. Veja o que a Bíblia diz: Por isso vos digo: Não andeis
cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao
vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o
vestuário?
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial
as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? (Mateus 6:25-
27)
D) Quem confia e depende de Deus riquezas é apenas um detalhe na vida. Veja o exemplo de Salomão: A
teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o
bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?
E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas,
nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo;
E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual
entre os reis, por todos os teus dias. (1 Reis 3:9,11,13)
AS PROVAÇÕES E UM PROPÓSITO
Às vezes estamos passando por provas e nos lamentamos. Para entendermos as provas devemos está
sintonizados em Deus. Às provas fazem parte de um propósito. Já pensou se José, filho de Jacó estivesse
reagido ao ser vendido por seus irmãos, para ser escravo? Não teria se tornado governador do Egito e
arrumado um escape para o povo de Israel, contra a seca e a fome que assolava toda a terra na época.
Por isso não se lamente por o que você está passando mais procure entender o propósito de Deus em sua
vida. No final você irá descobrir que tudo tem um sentido.
Só para finalizar: você faz parte de um propósito, não significa que você seja o propósito. O propósito é
Deus, agora você também está incluído nesse propósito. Por isso a primeira coisa a fazer é entender Deus
depois você. Você não é o foco, por isso acontecem coisas em sua vida que parece não ter sentido para
você, mais para Deus tem um sentido e objetivo.
Ao passar por provas e lutas não lembre só de você e de sua vida. Lembre do propósito de Deus e de
outras pessoas que poderão está incluídas nela.
Na vida sempre é assim: quem dá muito sempre recebe pouco. As pessoas se esquecem que quem dá
também precisa receber. Às vezes na necessidade de receber as pessoas se doam, na expectativa de que
as outras, assim como ela sejam generosas e se doem para ela também. Mas no fundo descobrem que a
maioria são egoístas e só querem receber e nunca dá. Por isso que há muitos artistas frustrados,
decepcionados, no fundo do poço da solidão, pois as pessoas só querem receber desses artistas e nunca
doarem um pouco de si para eles. Em uma troca de necessidades e afetos. Por isso também que há
muitos artistas morando com cachorros e não com pessoas.
Para finalizar meu texto: tenha cuidado, talvez a pessoa de quem mais você receba dela é a que mais
precisa receber de você. Não deixe a pessoa de quem você recebe tanto morrer na solidão. Ela precisa e
tem necessidade de você. O fato de ela ser uma pessoa generosa, se doar tanto não significa que ela seja
um Super-Herói, auto-suficiente. As pessoas generosas também são seres humanos e têm carências e
necessidades iguais a você e os demais. Doe-se para quem se doa para você e não somente receba
dela.
Cada uma com sua forma, com seu jeito de ser, mais que trazem consigo o jeito meigo e único que só a
mulher tem. Mulher só muda o físico, mas sua essência é a mesma. São anjos de Deus aqui na terra que
alegram nossas vidas e a torna mais feliz. São flores exalando perfume no jardim de nossa existência.
Todas as vezes que vejo uma mulher desenvolvendo suas habilidades das quais são dotadas eu imagino:
como Deus é perfeito, pois só Ele pode fazer algo tão maravilhoso e tão especial quanto à mulher. Mulher
é o reflexo da perfeição de Deus aqui na terra.
Mulheres, amo todas vocês. Se eu pudesse faria todas felizes e nunca deixaria cair de seu rosto uma
lágrima. Pois mulher não nasceu para sofrer e nem para chorar, mais para ser protegida, amada e feliz.
Pois são ternas e únicas.
Pai,
Mais uma vez obrigada pela mensagem de hoje. Cada dia o Senhor tem compartilhado a sua sabedoria
Divina e o seu amor perfeito.
“As pessoas são feitas para ter um relacionamento íntimo com Deus. Elas já nasceram com isso e só
podem ser completas se tiverem Deus no coração delas. Somente o Senhor pode preencher a vida
humana.
O Senhor fala de várias maneiras, uma delas é pela a sua Consciência. Abandone aquilo que faz você
parar de confiar nele.
Deus é aquele que alivia a dor e te dá alegria e prazer. O que você vê como lentidão do Senhor é a
misericórdia divina. Trazer as pessoas de volta é um processo lento, porque é individual. Alguém que
ouve a voz do Senhor é aquele que se transformou de dentro para fora.
Aquele que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito. O Senhor te dá um novo
espírito quando você se liga nele, pois aquele espírito velho não era capaz de ouvir a voz dele. Quando
você ama Deus acima de tudo, ele começa a guiar você.”
"Amei você como um amor que não tem fim, montanhas podem ceder, colinas podem sumir, porém meu
amor por você, jamais será abalado. Como eu poderia desistir de você? O meu coração transborda no
meu peito."
Adorei o filme "O Encontro Perfeito" literalmente foi o encontro perfeito. Obrigada por atender o meu
propósito![
UM ENCONTRO PERFEITO
“As pessoas são feitas para ter um relacionamento íntimo com Deus. Elas já nasceram com isso e só
podem ser completas se tiverem Deus no coração delas. Somente o Senhor pode preencher a vida
humana.
O Senhor fala de várias maneiras, uma delas é pela a sua Consciência. Abandone aquilo que faz você
parar de confiar nele.
Deus é aquele que alivia a dor e te dá alegria e prazer. O que você vê como lentidão do Senhor é a
misericórdia divina. Trazer as pessoas de volta é um processo lento, porque é individual. Alguém que
ouve a voz do Senhor é aquele que se transformou de dentro para fora.
Aquele que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito. O Senhor te dá um novo
espírito quando você se liga nele, pois aquele espírito velho não era capaz de ouvir a voz dele. Quando
você ama Deus acima de tudo, ele começa a guiar você.”
"Amei você como um amor que não tem fim, montanhas podem ceder, colinas podem sumir, porém meu
amor por você, jamais será abalado. Como eu poderia desistir de você? O meu coração transborda no
meu peito."
"As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna;
jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão." João 10:27,28
DISTORÇÕES HERMENÊUTICAS
Desde muito tempo o povo vem sendo expropriado de sua espiritualidade, memória e escritos
inspirados. Infelizmente a leitura bíblica é feita a partir do sujeito histórico dominante e de sua força
religiosa de dominação. O fundamentalismo e o historicismo não são assim inocentes, pois expropriaram a
Bíblia do povo e a entregaram ao sistema dominante. Uma Bíblia assim expropriada, cativa e alienada,
perde o sentido histórico e espiritual e portanto toda a capacidade de dar testemunho histórico da Palavra
de Deus ou sua capacidade de discernir essa Palavra de Deus hoje no mundo dos pobres.
A Bíblia, expropriada do povo pobre e cativa do sistema e da consciência histórica dominante, sofre
uma série de distorções. Aqui só vamos enumerar e exemplificar algumas, por acharmos que sejam as
mais comuns em nosso meio para a formação de uma teologia de ausência. No entanto, gostaria de
ressaltar ao leitor que a apresentação abaixo elencada em nada desdoura a inspiração das Sagradas
Escrituras. Até porque as distorções aqui esposadas tratam mais de intervenções humanas no âmbito das
interpretações, nada tendo a ver com a inspiração bíblica, que é algo intocável e indiscutível. Analisemos
então:
DISTORÇÕES HERMENÊUTICAS
1 – DISTORÇÃO NA TRADUÇÃO. Toda tradução sempre é trabalho de reconstrução de um texto
noutra língua e cultura. Quando se traduziu a Bíblia Hebraica para o grego (a chamada Septuaginta)
houve um trabalho noutro mundo cultural, um trabalho de reconstrução do texto hebraico. Uma situação
semelhante aconteceu com o texto bíblico ao ser vertido para o latim. A tradução de Martinho Lutero (séc.
XVI) para o alemão foi também um imenso e necessário trabalho de reconstrução do texto bíblico. Hoje a
Bíblia está sendo continuamente traduzida para línguas modernas e as mais variadas. Mas a língua não é
um mundo neutro: exprime a dimensão cultural, ideológica e espiritual de um sujeito e uma consciência
histórica determinada. Nunca devemos esquecer que as traduções são feitas por peritos que respiram o
mundo cultural, ideológico e espiritual do sistema dominante. Por isso é que dizem que toda tradução tem
uma traição.
2 – DISTORÇÃO SEMÂNTICA. Esta distorção começa normalmente na própria tradução, mas é um
fenômeno mais amplo e duradouro. Essa distorção ocorre quando certos conceitos bíblico fundamentais
são interpretados nas categorias da ideologia dominante. Através dessa distorção de conceitos-chave, a
interpretação bíblica pode ficar prejudicada. Vamos dar um exemplo: os conceitos sarxh\ (sarx)
e pneuma (pneuma), que, literalmente, se traduzem por “carne” e “espírito”, expressões de duas
tendências fundamentais do ser humano: a carne exprime a tendência para a morte, e o espírito a
tendência para a vida. O pecado reforça a tendência para a morte. O Espírito Santo faz triunfar a
tendência para a vida. Sarx-pneuma, portanto, devem ser traduzidos no código da oposição morte-vida.
Mas o que acontece normalmente é uma distorção semântica: sarx-pneumaé interpretado no código
semântico marcado pela oposição corpo-alma. Ninguém ignora que o dualismo “corpo-alma”, de
Aristóteles, até hoje, é a estrutura fundamental da ideologia dominante: a alma deve dominar o corpo,
como o homem livre ao escravo, o homem à mulher, o ser humano ao animal, etc.
Exemplos de versículos distorcidos semanticamente:
“Bem-aventurados os pobres de espírito (código “corpo-alma”)
“Dai a César o que é de César, (código religião-política)
“Meu reino não é deste mundo” (código céu-terra)
“Os pobres sempre tereis convosco” (código fatalista).
3. DISTORÇÃO ESTRUTURAL. Pode ser múltipla e variada. Trata-se, por exemplo, da classificação
e estruturação dos livros bíblicos, privilegiando este e relegando aquele a um lugar secundário. Hoje, por
exemplo, redescobrimos o livro de Rute, a carta de Paulo a Filemon ou a carta de Tiago, que durante
muito tempo foram livros esquecidos ou menosprezados. Também se distorce o sentido dos textos,
deslocando o seu interlocutor. Um exemplo, o mandamento: “Não furtarás” (Êx 20.15). Em sua estrutura
original é um mandamento dado aos ricos para proteger os pobres: seu sentido é mais ou menos este:
“Não furtarás do pobre o que ele precisa para manter sua vida e de sua família”. Ora, hoje a ideologia
dominante modificou sua estrutura e o usa como um mandamento dirigido aos pobres para proteger a
propriedade privada dos ricos.
Na Bíblia, o furto é classificado como sendo de duas ordens: opressão (ossek) e saque (guezel– Lv
19.13). A distinção mais simplificada entre estas duas vertentes do roubo é esclarecida porMaimônides.
De acordo com sua interpretação, o saque (guezel) é a apropriação forçosa de algo que não nos pertence
ou que não esteja à nossa disposição. Por outro lado, a opressão (ossek) pode ser a não devolução de
algo tomado, mesmo com o consentimento do dono; é o adiamento constante do retorno de um pertence.
Desta forma, ossek pode acontecer nas mais variadas circunstâncias, como o roubo do tempo, o roubo de
expectativa, o roubo de prestígio, o roubo de informação etc.
4 – DISTORÇÃO AMBIENTAL. Trata-se da distorção que se introduz indiretamente no texto,
quando se distorce o ambiente em que existe o texto ou onde se comenta o texto. Por exemplo, distorção
nos títulos, nas notas de rodapé; nos textos citados como paralelos; distorção nos dicionários bíblicos, nos
comentários, nos modelos estabelecidos de pregação. Quando se comenta o texto bíblico é um
comentário em direção contrária a seu sentido histórico ou espiritual original.
Estas distorções hermenêuticas em nada põem a inspiração bíblica em cheque. Podem, sim,
prejudicar – e muito – a interpretação das Escrituras.
Geralmente essas distorções são oriundas de traduções comprometidas ou comentários de rodapés.
Os comentários de rodapé, prática combatida pelos reformadores, vêm tomando lugar de
preponderância na interpretação bíblica. Por isso, por questão de descargo de consciência, gostaria de
apontar os erros que comumente transformam os comentários de rodapé numa colcha de retalhos:
O primeiro erro é que os rodapés, que deveriam esclarecer o leitor sobre alguma dúvida,
transformam-se em voz de defesa das denominações.
O segundo erro dos comentários de rodapés é que eles interferem na liberdade do leitor de fazer
uma leitura bíblica desencabrestada.
O terceiro erro dos rodapés é a sua indiscrição em transformar a leitura bíblica em algo
extremamente indutivo.
O quarto erro dos comentários de rodapé é a tendência dos comentaristas de assenhorear-se da
verdade bíblica como os donos da verdade.
O quinto erro dos rodapés é a sua capacidade de querer explicar o inexplicável com notável
incapacidade de demonstrar a humildade de quem não sabe.
O sexto erro dos comentários de rodapés é que interferem no espaço sagrado como se fossem um
braço da inspiração. Se não escrevem com esta intenção é o resultado final quando caem nas mãos de
leitores leigos.
O sétimo e último erro – talvez o mais perigoso – é que os rodapés entram na área da
interpretação bíblica – prática que os reformadores tentaram extirpar do meio cristão, pela sua
avassaladora tendência a distorções.
O que eu estou dizendo é muito fácil de ser entendido. É só lembrar de alguns exemplos funestos de
tais práticas. A bíblia de Scofield é um desses clássicos exemplos. Seu rodapé trouxe problema para a
escatologia, a soteriologia, a pneumatologia, enfim, para a teologia como um todo. Sem nenhum tipo de
decoro teológico passou a escrever verdadeiras aberrações em seus rodapés. Aliás, nos anos 70, foi o
grande diferencial teológico na vida de muitas denominações.
A maior tentação por que passou Jesus, dentre as muitas que se deparou, foi a segunda, numa escala
ascendente de dificuldade. O teste messiânico não ficou atrelado apenas ao deserto, mas seguiu por todo
ministério do Filho de Deus.
O que se vê na tentação do deserto é apenas uma síntese do que Jesus haveria de passar para cumprir a
vontade de Deus.
A decisão tomada por Jesus em «servir em vez de ser servido», despojando-se do seu lado divino, foi a
maior de todas na sua curta passagem entre os homens.
Saber-se onipotente e não poder – nem querer ser – demonstrar o que se é, tornar-se muito difícil,
principalmente em algumas situações de desafios que a vida nos apresentam. Como disse o apóstolo
Paulo, «... e sendo Deus não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se (kenosis) a si
mesmo...». Jesus preferiu o caminho da cruz à glória do poder.
Mas existem alguns aspectos na tentação do deserto a serem ressaltados para a nossa maior
compreensão do drama por que passou Jesus. Vamos analisá-los:
Um dos grandes males da tentação pela qual passa o homem tem a ver com a sua predisposição de se
valer da fé como poder isolado que pode realizar grandes feitos para Deus. Mas quando isso não funciona
a frustração se instala no coração e nos faz duvidar do amor e da fidelidade de Deus.
Nem sempre (ou quase sempre) nossos atos de fé têm a aprovação de Deus. De acordo com o texto da
tentação, você pode estar fazendo grande obra para Deus, sem que, necessariamente, esteja fazendo a
vontade dele.
A primeira tentação de Jesus promovida pelo diabo, «Se tu és (ou: visto que tu és) o Filho de Deus,
transforma essas pedras em pães», faz essa pontuação. Pois o que fica implícito nesta primeira tentação é
que é possível você fazer algo «diabolicamente divino» ao trocar a fidelidade pela fé-resultado. Isto
acontece quando pensamos que os fins justificam os meios. Razão: nem sempre (quase sempre) o que é
bom é certo, assim como nem sempre o que é certo é bom.
O charlatanismo tem sua origem na manipulação do divino como meio de se alcançar um fim em si
mesmo; é um tipo de pragmatismo utilitarista que tem rosto de ajuda, mas a ajuda que se dá é apenas a
manutenção da dependência para o próximo «milagre»; é o mau uso dos bens espirituais, que termina
resultando no «bem para mim» e para mais ninguém.
Na verdade, tudo isso que visa lucro imediato e a rápida solução dos problemas humanos sem que resulte
em compromisso com Deus e os seus reais valores é ação de subserviência aos apelos do poder; é
subverter os valores do Reino de Deus, do exercício da Diaconia; é demonstração equivocada do poder.
Há um aspecto nos milagres, a partir da tentação do deserto, que salta os olhos: a aparição de milagres
oriunda da sedução do desejo de quem se deixa encantar pelos apelos de um povo que troca Deus por
qualquer pedaço de pão, venha este de onde vier e de quem vier. Mas «nem só de pão viverá o homem».
Isto quer dizer que o povo precisa de Deus e de pão também. Mas quando o apelo pelo pão soa mais forte
do que pelos valores divinos, tem voz diabólica no meio.
O homem – todos nós – não pode esquecer que não é o milagre pelo milagre que confirma a presença de
Deus. A «fé-resultado-imediato», pelas vias da maturidade, precisa alcançar a fidelidade. Pois o Deus
soberano, majestoso e supremo, apregoado, festejado por Jesus, não pode ser trocado pelo «deus-que-
faz-acontecer» oriundo de um imediatismo barato, vulgar, banalizador.
Trocar as «pedras em pães» resulta de apelo diabólico que, uma vez aceito, admitido, nos leva à
superficialidade, ao leviano, ao sem seriedade, àquilo que concerne à obviedade ou às aparências, mas
que, no fundo, é o ego/ísmo humano massageado, vencido pelo «faça fácil», pelos atalhos que
comumente nos fazem atolar os pés.
Mas a tentação não termina aqui. Ela é progressiva, envolvente, atraente, sedutora e vai até as últimas
consequências.
O estratagema do diabo, nesta tentação, foi o mais sórdido possível. As vias escolhidas por satanás
para satanizar os feitos de Jesus foram muito bem arquitetadas e fundamentadas. Ele baseou seu
argumento na própria Palavra de Deus.
Esta segunda tentação faz apelo ao sentimento, ao coração. Tem a ver com a interpretação que
fazemos dos cuidados de Deus. Nesta segunda investida, o diabo tenta colocar em xeque o amor divino.
O que fica salientado na sedução de satanás é que, se o que está escrito é verdade (pois a palavra de
Deus é a verdade), ou seja: se está escrito que Deus protege, por que Ele não nos protege de tudo? e se
a relação das promessas de Deus para conosco resulta da máxima proteção de quem as promete então
por que não provar o amor de Deus? A lógica implícita desta tentação levada «in extremis» é que qualquer
motivo é motivo para provar o amor de Deus. Vamos analisar o que o diabo disse nesta segunda tentação:
E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos
seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma
pedra. Disse-lhe Jesus: TAMBÉM ESTÁ ESCRITO: Não tentarás o Senhor teu Deus (Mt 4.6,7).
O texto acima deixa nas entrelinhas o quanto é ardilosa esta segunda tentação sugerida pelo diabo a
Jesus. Percebam que, se na primeira tentativa, Jesus saiu-se muito bem do ardil de satanás com a
expressão «está escrito», desta feita o diabo o tenta utilizando-se justamente da mesma expressão. Isto
porque com a mesma Bíblia, dependendo da nossa interpretação, podemos provar qualquer coisa.
Com a expressão «está escrito» pode-se dizer o que quiser, até mesmo propagar os mais profundos
equívocos na área da interpretação bíblica; o «está escrito» dito por alguém inescrupuloso ou até mesmo
neófito pode provocar conceitos descabidos, incoerentes, inconvenientes, inoportunos e mortais; o «está
escrito» mal empregado gera igrejas mórbidas, opressoras e oprimidas, igrejas que medem a
espiritualidade de uma pessoa pela proteção ou não que ela tenha de Deus. Isso é doutrina de Satanás!
Quem fala pela igreja não pode ter todo poder em relação à verdade, mesmo que fale a partir do que «está
escrito», porque isso o torna onipotente, divino. E tornar-se-á mais e mais divino enquanto não lhe
acontecer qualquer infortúnio que lhe toque como mortal que é. Isto porque este é substancialmente o ardil
da segunda tentação: ele faz você pensar que os atos de amor da parte de Deus são sempre traduzidos
em proteção e livramento. E, se porventura, isso não acontecer, está provado o erro ou o pecado daquele
que serve a Deus.
O que eu estou tentando passar para o leitor é que a resposta de Jesus a esta sórdida proposta de
satanás é que, mesmo que alguém afirme que «está escrito», sempre haverá um «também está escrito»
da parte de Jesus.
Haverá sempre um «também está escrito» para quem diz «está escrito» sem base, sem contexto, sem
coerência, sem lastro histórico, etc.
PERORAÇÃO:
Eu preciso concluir esta mensagem dizendo que todo «está escrito» que se pretenda absoluto, dogmático,
será sempre vazado por um «também está escrito» para chamar a razão aqueles que se embrenharam
pela radicalização de um só versículo e ainda mal interpretado.
A parábola reproduz fato peculiar que ocorria no primeiro século. O agricultor perverso, inimigo,
sabotava o trigal do rival inserindo-lhe à noite – quando ninguém vigiava –, o joio no meio do trigo. Na
verdade, só os ceifeiros podiam separar o trigo do joio, após o crescimento dos dois, porque a diferença
era imperceptível aos olhos de neófitos. Isto quer dizer que a parábola está falando de um expediente
conhecido na Palestina dos dias de Jesus.
Com esse recurso pedagógico – parábola – Jesus nos alerta com relação à trágica possibilidade de
CAIRMOS NA TENTAÇÃO DE FAZERMOS JUÍZO APRESSADO. Este é o primeiro perigo que nos avisa
o Mestre da Galileia, através da parábola. Pior: este é o erro basicão no qual a maioria esmagadora cai.
EU SOU TRIGO
Eu não posso dizer que sou trigo, porque isso sugere, entre outras coisas, uma empáfia, embófia,
uma altivez retumbante de espírito, que vai de encontro, primeiramente, aos ensinamentos de Jesus em
todo o Novo Testamento e, em segundo lugar, à razão fundamental da parábola. Quando alguém ousa
dizer EU SOU TRIGO, está revelando tendência SELETIVISTA, EXCLUSIVISTA, ARBITRÁRIA e FORTE
SENTIMENTO EXCLUDENTE, algo estranho ao objetivo da parábola de Jesus e ao próprio ensinamento
do Reino de Deus. Dizer “EU SOU TRIGO” é se incluir, POR CONTA PRÓPRIA, no grupo dos bons e
seletos. Ato que, além de demonstrar altivez desmedida, arrogante insensatez e bravata, revela conteúdo
religioso anêmico, que faz julgamento favorável a si mesmo, e, deste pedestal, julga-se capaz de
estigmatizar o outro como joio. A ideia da parábola não é você ACHAR ou ficar PROCURANDO alguém
para disciplinar (um tipo de bode expiatório) e outro para premiar. Aliás, esta é a atitude condenada por
Jesus na parábola.
INTRODUÇÃO:
Quando comecei a estudar o tema “vaidade” não pensei que isso me levaria tão longe. Apercebi-me
que podia “viajar” muito nesta senda de múltiplos significados.
Ao fazer o percurso da reflexão com relação ao assunto em tela logo de início veio à minha mente as
várias possibilidades de entender a vaidade humana na sua mais oceânica realidade.
Primeiramente percebi que “vaidade”, ao contrário do que muitos entendem, tem a ver com a nefasta
construção, criação, fabricação de ídolos, que nada são.
O tecido do significado da palavra vaidade se esgarça quando a pensamos como modo de
incorporação, o vestir-se de alguma coisa ou de alguém - que não somos nós -, numa expressa conduta
fraudulenta, impostora.
Quando uma pessoa sente a chamada de Deus, e ela é de uma igreja histórica, procura estudar e se
preparar para a tarefa que terá pela frente. No âmbito pentecostal, infelizmente, acontece de forma
diferente: os interessados compram alguns dvds, por exemplo, de pregadores que estão na mídia e
incorporam o personagem do dvd, imitando até as línguas estranhas. Isso é fraude, é vaidade, construção
de ídolo, que é oco, vazio, inútil, falso.
Quando eu afirmo que a palavra “vaidade” traz esse sentido semântico estou querendo dizer, entre
outras coisas, que, pelo fato de pertencermos a uma sociedade que valoriza o superficial, o aparente em
detrimento do profundo, temos uma grande propensão em tornar os nossos projetos de vida uma grande
farsa, que é substancialmente a mecânica na fabricação de ídolos.
Tomás de Aquino (em 1500 d.C.) chamava a vaidade de vã glória. a glória vã, ou a glória no que é
vão ou a glória em vão. Segundo Aquino, a glória vã é a glória em vão e aquilo que é vão (vazio). É vã
porque não tem substância, por isso é falso, mentiroso e vão. É vã porque não tem consistência, não
tem solidez, é efêmero, passageiro, transitório. Finalmente é vã porque não é capaz de realizar o fim a
que se propõe. Um esforço em vão, um remédio em vão, algo que não foi capaz de realizar o que
pretendia. Por isso a falsa religiosidade é vaidade, pois aparenta ser uma coisa por fora, quando na
verdade não o é por dentro. Daí a criação de ídolos, um tipo aparente que não é capaz de realizar o fim a
que se propõe.
Para o leitor entender o que estou querendo dizer tenho que recorrer ao Antigo Testamento, que se
utiliza de três palavras hebraicas para lançar luz ao assunto:
1. Nadab, que tem o sentido de oco, vazio, e faz referência aos ídolos que são ocos e vazios, aquilo
que tem aparência de ser, mas nada é; é falso.
2. Hebel, que significa inútil, passageiro, transitório, efêmero. Ou seja: uma coisa que deveria, pela
aparência, status, ter certa durabilidade, mas é absolutamente nula, porque oculta ser uma coisa diferente.
Portanto, não se pode pôr fé nessas coisas, porque rapidamente explodem, pela sua inconsistência; é
correr atrás do vento.
3. Shaw, que significa ludibrio ou falsidade.
Das dezenas de vezes que a palavra “vaidade” aparece nas Escrituras Sagradas nenhuma delas faz
menção a cabelo, roupas, adornos, joias e/ou coisa que o valha.
No livro de Eclesiastes “vaidade” tem o sentido de passageiro, fugaz, efêmero, nulo. Como se
percebe “vaidade” não tem nada a ver com o lado estético (sentido comum da palavra e não o filosófico)
como muitos interpretavam – e há muitos que ainda o fazem.
C.S. Lewis diz que a vaidade é o supremo mal; é o pecado capital, que ele chama de pecado
principal. Ele diz que “o orgulho é o mais completo estado de alma anti-Deus”. Por isso nós entendemos
na teologia cristã que o orgulho é pecado tironeano, o pecado do rei de Tiro, é o pecado de satanás.
Este é o homem absoluto e absolutizado pela ideia de que é alguma coisa, que tem alguma coisa
e que pode realizar alguma coisa.
O diabo é um ser tomado de orgulho; é um ser que o seu estado de alma é absoluta e
completamente contra Deus. Ele diz eu tenho auto-existência; eu existo por mim mesmo, tenho
consistência, tenho substância: eu sou Deus. Mas o que ele presume ser é apenas vã glória, algo vazio,
falso, oco, nulo, inútil.
Portanto, a vaidade que Deus abomina não é o embelezamento ou o andar bem arrumado, mas sim
a farsa, o engano que se apropria de algo de terceiros; é apresentar-se com uma imagem falsa,
incorporada; é encarnar um persona- gem. Isto porque vaidade na Bíblia significa algo que é falso, oco,
vazio, inútil. Ademais, todos os textos bíblicos que falam sobre vaidade referem-se à idolatria, falsidade e
coisas vãs. Por isso a falsa religiosidade é vaidade, pois aparenta ser uma coisa na exterioridade, quando
na verdade não o é na sua interioridade.
Para corroborar com a ideia do Antigo Testamento, temos sete palavras no grego para definir
vaidade, mostrando, todas elas, que o termo tem sempre a ver com o falso, vazio, inútil e nunca com
adereços, adornos, trajes etc. São elas:
1. Kenós, que significa vazio, essa palavra aparece 18 vezes no Novo Testamento.
2. Kenophonia, som inútil, termo que aparece 2 vezes no N.T.
3. Mátaios, “inútil” aparece seis vezes.
4. Mataiotes, “inutilidade” 3 vezes.
5. Maten, “em vão” duas vezes.
6. Eikê, “à toa” cinco vezes.
7. Doreán, “sem preço”.
A vaidade, portanto, é um termo comum para referir-se a coisas vazias. A vida se torna vaidade
quando vivemos de aparência e nos esquecemos da essência. Ser vaidoso é ser idólatra na medida em
que se constrói uma imagem oca, vazia, falsa; isso é fabricar ídolo. A própria Bíblia Sagrada classifica o
orgulho e a arrogância como elementos vazios advindos de uma personalidade impostora.
Valorizamos o superficial, o aparente em detrimento do essencial; fazemos pre valecer mais a forma
do que o conteúdo; escolhemos o falso, que é conveniente, excluindo, assim, o verdadeiro; preferimos o
efêmero, o passageiro a consistência.
Temos, por isso, grande propensão para nos tornar idólatras. A razão é que tudo isso é apenas
sintoma de um comportamento velado: a CONVENIÊNCIA.
Quando criamos um tipo espiritual emergente, um modelo de sucesso, fabricado nos laboratórios do
imediatismo, indica superficialidade, e o seu fundamento é a conveniência, comportamento dos que
escolhem os caminhos mais fáceis para obterem os aplausos do povo. Assim fabricamos os ídolos que
são adorados nas nossas liturgias.
A vaidade humana está em querer ser o que não pode e o que não é, mostrando-se como superstar,
mas por dentro é um ídolo oco, vazio, inútil e falso.
O QUE É UM ÍDOLO
Um ídolo é uma imagem que não é capaz de realizar o fim a que se propõe. Ele tem boca, mas não
fala; tem olhos, mas não vê; tem ouvidos, mas não ouve; tem mãos, mas não tocam; tem braços, mas não
abraçam. Ou seja: ele não tem eficácia e por isso não realiza aquilo para o qual foi construído. Porque todo
ídolo é oco, vazio, inútil, falso.
Um ídolo é tudo aquilo que tem aparência, mas nenhuma eficácia para atingir seus objetivos; aparenta
ser uma coisa por fora, mas não é nada disso por dentro.
Um ídolo é um tipo aparente, não há verdade nele. Isto porque os ídolos são ocos, vazios, apenas tem
aparência de ser, mas nada são, porque são falsos.
Finalmente, podemos dizer que o ídolo, nesta concepção que estamos estudando, é o homem absoluto
e absolutizado pela IDEIA de que é alguma coisa, que tem alguma coisa e que pode realizar alguma coisa.
O legalismo religioso é combatido pela Bíblia como algo relacionado à vaidade, principalmente no
Novo Testamento onde Jesus condena a hipocrisia. O legalismo é vaidade porque absolutiza a aparência
numa deliberada ação de ocultamento.
O legalista religioso é vaidoso e, por conseguinte, idólatra porque ensina uma coisa e vive outra. O que
o legalista faz é construir o ídolo.
O legalista religioso é vaidade porque só consegue viver “para fora” (exterioridade); ele não consegue
viver “para dentro” (interioridade).
Toda vaidade é mentirosa e falsa, assim como todo legalismo é falso e mentiroso.
Toda vaidade se alimenta da aparência, da imagem, assim como todo legalismo religioso se alimenta
da aparência.
O LEGALISTA É UM IDÓLATRA
Todo ser humano liberto por Jesus Cristo não pode ser idólatra, mas tem que viver vida à altura da sua
liberdade, do seu novo viver. Quando vivemos vida sem consistência, sem substância, sem conteúdo,
estamos negociando a nossa liberdade.
Este é o desafio de todo cristão: não se tornar um fabricante de ídolos, nem adorador, enchendo-se de
“vento”, de vã glória, de uma glória vazia, porque isso é vaidade. Por isso temos que
ser ICONOCLASTAS (destruidores de imagens e ídolos, no bom sentido da palavra).
CONCLUSÃO:
Todo vaidoso é idólatra como todo aquele que aceita a vaidade. Tanto é idólatra aquele que fabrica o
ídolo (porque aceitou viver de cinismo e falsidade) como também é idólatra aquele que aceita, que se
alimenta da sua falsa mensagem, que o recebe e o adora.
Concluo essa meditação com alguns textos das Sagradas Escrituras:
“Todos os artífices de imagens de escultura são vaidade, e as suas coisas mais desejáveis são de nenhum
préstimo; e suas próprias testemunhas, nada vêem nem entendem para que sejam envergonhados” (Isaías
44.9).
“Mas eles todos se embruteceram e tornaram-se loucos; ensino de vaidade é o madeiro” (Jeremias 10.8).
“Todo o homem é embrutecido no seu conhecimento; envergonha-se todo o fundidor da sua imagem de
escultura; porque sua imagem fundida é mentira, e nelas não há espírito” (Jeremias 10.14).
“Não é Gileade iniquidade? Pura vaidade são eles; em Gilgal sacrificam bois; os seus altares são como
montões de pedras nos sulcos dos campos” (Oseias 12.11).
“Porque os ídolos têm falado vaidade, e os adivinhos têm visto mentira, e contam sonhos falsos; com
vaidade consolam, por isso seguem o seu caminho como ovelhas; estão aflitos, porque não há pastor”
(Zacarias 10.2).
FILHOS DE BALAÃO
O acordo do Vaticano com a Corte Portuguesa – na época da colonização do Brasil – foi nesses
termos: “Vocês (a Corte) nos dão segurança e em troca nós (a Igreja) daremos a vocês UM POVO
OBEDIENTE". Até hoje a Igreja e o Estado mantêm esse tipo de relação.
A “doutrina de Balaão” acerca da qual a Bíblia fala é a mais clara forma de revelar como a religião
(desde os sumerianos) sempre foi o braço de apoio, sustentação e manutenção do poder político. Os
"sacerdotes" dispunham de muita riqueza e os templos serviam de arrecadadores de dinheiro. Na verdade,
nada mudou na história; é só uma repetição. Por isso a igreja, hoje, segue o mesmíssimo padrão.
A igreja, no passado, adaptou a teologia à visão do poder para levar vantagens deste mesmo poder
que ela idealizava. Por exemplo, quando se vivia sob o governo monárquico a igreja utilizou-se da
“teologia do Cristo Rei”, para que parecesse com a majestade da realeza. Quando os principados políticos
começaram a sobressair na Europa na Idade das Trevas, a igreja criou a “teologia do príncipe que
governa”, dizendo se tratar da representação do “filho de Deus”. Quando aRepública chegou e as
manifestações de poderes democráticos, na mesma hora houve uma migração da consciência
teocrática que habitava por assim dizer o rei na terra para a consciência democrática, que passava agora
habitar a vontade do povo na terra. (É aqui que se faz a migração da teologia da soberania de Deus para a
teologia do livre arbítrio.) E a teologia do livre arbítrio instala uma política democrática.
O que eu estou tentando dizer para o leitor é que não faltaram teologias para justificar qualquer
ideologia. E nesses mais de dois mil anos de história da igreja vemos a capacidade afiada dos nossos
mestres ideólogos de manobrar “deus” na direção da sua conveniência. Quando eu coloco “deus” com “d”
minúsculo é porque estou falando deste deus manobrado, um “deus” que nem Deus conhece; é o deus
inventado, é o “deus” formatado segundo a conveniência dos que dançam conforme a música tocada pelo
poder.
A Bíblia diz:
"...algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava
Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a
ídolos e a se prostituírem."
Salvo melhor juízo, este é o texto bíblico mais denso para mostrar o poder corruptor que vem
operando dentro das igrejas brasileiras (quero falar apenas das nossas, mas certamente este fenômeno
encontra-se em outros países).
A figura híbrida de Balaão nas Escrituras salta os olhos, porque não é profeta de nenhuma linhagem
dos hebreus, mas mesmo assim tem uma projeção tamanha, trazendo a si homens poderosos que o
procuram para facilitar coisas do poder.
A impressão que eu tenho é que a semelhança do comportamento de Balaão é enorme quando
comparado aos nossos profetas atuais. Parece-me que nós estamos na “Era Balaão”, onde as coisas mais
esquisitas acontecem nos púlpitos de nossas igrejas, nas casas, nas ruas, nos escritórios de magnatas,
nas salas de espera de políticos. Comumente eu vejo, ouço de pessoas sobre algumas coisas que estão
ocorrendo no meio evangélico e que se assemelham e muito a relação de poder entre Balaão e
Balaque.
Balaão foi observado pelo rei de Moabe, Balaque, talvez meses a fio. Balaque, vendo o desempenho
do povo de Israel que era tangido por um poder supra terreno, imaginou que podia ter essa mesma força
para as suas conquistas e viu em Balaão alguém que podia ter comoparceiro. Oferecendo a Balaão
mundo e fundos Balaque lhe pediu que amaldiçoasse o povo de Deus. Balaão, profeta vendido e sem
caráter, prontamente aquiesceu ao pedido.
Pastores, igreja, essa história faz parte da nossa história hoje. Nós nos tornamos “filhos de Balaão”.
Isso é a corrida atrás de ouro. Os líderes evangélicos precisam de uma descontaminação. Seus
referenciais cristãos já não existem mais. Estamos vivendo os dias de Balaão: quem dá mais nós
fechamos.
Anos atrás não faltaram pastores para abençoar o moço de Brasília com vistas a que ele se tornasse
o presidente do Brasil. Aliás, hoje é importante para o candidato político ter um Balaão por perto para
abençoá-lo na frente do povo. Isso é uma tragédia de proporções alarmantes. Temos ainda líderes que
se vendem para dois ou três candidatos, pegando dinheiro dos três.
Balaão se perfilhou para dizer palavras de maldição sobre Israel, mas Deus interveio e mandou que
ele dissesse apenas o que lhe comunicava e, em vez de ele amaldiçoar Israel, ele o abençoava. Como ele
viu que Israel era inamaldiçoável, ele recorreu a outro expediente: levou o povo a achar que não havia
nada de mais ser povo de Deus e se prostituir. Assim o povo de Israel caiu na cilada de Balaão.
Será que esta história de Balaão não corresponde a algumas de nossas atitudes hoje como líderes e
membros da igreja do Senhor Jesus? Será que esta história bíblica não reverbera em nossos ouvidos um
alerta contra o caminho de corrupção que alguns líderes de igrejas vêm tomando?
UMA LIDERANÇA DOENTE
Estamos doentes e se trata de uma doença contagiosa. À semelhança da Idade Média, estamos
matando os “gatos” e deixando que os "ratos" espalhem a peste entre o povo.
Não há o mínimo de moralidade na política evangélica. Ela segue a mesma direção que a política
secular. Pior: tudo é feito debaixo de muito cinismo e conveniência. Tornamo-nos vendedores de bênçãos,
negociadores de almas, leiloeiros da fé, comprometidos até o último fio de cabelo e ainda somos capazes
de subir a um púlpito e pregar santidade, coerência e verdade. Outros há que se fazem paladinos da
verdade, representantes dos evangélicos no Brasil, mediadores entre o povo e o poder. Isso é brincar com
fogo e com coisa séria.
Precisamos hoje mais do que nunca discernir as principais doenças da igreja e a cura que lhe é
proposta na Bíblia, a Palavra de Deus. Não para que ela seja a salvação do mundo, mas que a igreja (os
sete mil que não se dobraram a Baal e a Balaão) faça o seu papel profético e seja um agente de
transformação histórica no mundo.
O que é mais chocante nisso tudo é que não é de hoje que a igreja negocia com o poder. Deixamos
escapar a TDL, que nasceu nos porões de uma igreja evangélica, transformando-a numa "grande
prostituta". Se tivéssemos refletido sobre esta teologia e o seu alcance no que diz respeito às mudanças
propostas nos rumos da igreja brasileira, certamente teríamos, hoje, uma leitura crítica da política e da
sociedade e o Brasil passaria por grandes transformações.
Líderes, igrejas, o mundo ouve a voz de Deus, mas quando se volta para olhar – e essa é a primeira
coisa que ele enxerga – nos vê. Por isso que a nossa responsabilidade é enorme. Porque quando a voz é
ouvida o sujeito olha é a gente. Não se deixe ver como um “filho de Balaão”. Seja um Elias nesta geração,
profeta que preferiu seguir um caminho de denúncia profética a ter os prazeres momentâneos do poder.
Que Deus tenha misericórdia de nós!
EXÓRDIO:
Olhando para uma aberração dessas, tenho que dar a mão a palmatória para o pastor que disse que
“hoje, há uma igreja para cada desvio de conduta.”
O schaton de Jesus avisa que haverá tempos difíceis (Kalepoi – tempos selvagens, segundo
Paulo) em meio aos quais se levantarão “falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto
de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos” (Mt 24.23,24).
Os textos abaixo contemplam, de forma clara e objetiva, todas as bizarrices que podem
acontecer ao nosso redor, vindas de práticas religiosas grotescas. Aliás, até as produções de
desenhos infantis estão preparando um tipo de “inconsciente coletivo” que aceita bem e mal apenas
como pontos de vista e a vista de um ponto. Nos desenhos atuais o mal vira bem e o bem vira mal e
todos nós – isso fica muito claro na proposta das animações – temos o bem e o mal atuando dentro
do nosso peito e esse mal que está em nós, uma vez liberado, vira bem.
Essa relativização do bem e do mal leva as pessoas a aceitarem, numa boa, as coisas mais
exóticas, mais esdrúxulas, esquisitas, extravagantes, excêntricas que possam aparecer no cenário
religioso.
A cada ano cerca de duas mil pessoas, na maioria jovens, saem de suas casas nos Estados Unidos e
no Canadá e nunca mais voltam: elas submergem no labirinto sombrio dos cultos e seitas
messiânicas.
Desde o caso Manson, depois Jim Jones, nas Guianas, passando por David Koresh, mais
recente, e, por último, a seita “Portão do Céu”, que um tipo de messianismo patológico vem tendo
adesões preocupantes para a sociedade. Isto porque, ultimamente, temos sido surpreendidos por
uma verdadeira avalancha de acontecimentos macabros. Afora todos esses terríveis episódios, há
ainda grupos religiosos que praticam, sem reservas ou qualquer consternação, as mais acintosas
promiscuidades: sexo grupal, bacanais, tudo isso feito como forma de culto. Outros, procurando a
purificação, buscam a vida isolada e a autoflagelação.
Para alguns antropólogos, tais comportamentos fanáticos e ultrarradicais são reações previstas
do novo milênio.
No entanto, a maioria dos sociólogos diz que o desemprego, a fome, as novas doenças, a falta
de respostas e solução à nível social, político, econômico e religioso, têm sido o motivo principal para
as aparições e adesões dessas formas dantescas de expressões messiânicas.
Se os Estados Unidos, Europa, Canadá, Japão, foram invadidos por esse tipo de caricaturas
apocalípticas, no Brasil eles se multiplicam, elegem-se filhos de Deus, pregam o juízo final e se isolam
à espera do Armagedom e da salvação final.
Segundo os números do IBGE, as religiões e seitas que esperam de alguma forma o apocalipse
reúnem 30 milhões de adeptos no Brasil.
[Esta estatística inclui erradamente as igrejas evangélicas. Porém os evangélicos: Congrega- cionais,
Presbiterianos, Metodistas, Batistas, Assembleia de Deus, Quadrangular, etc. não esperam por
um apocalipse-destruição-do-mundo, mas, sim, por um apocalipse-revelação-de-Jesus-Cristo. E
é bom que se diga, em tempo, que a expressão “seita”, usada pela maioria dos pesquisadores tem
sido interpretada de forma errada e às vezes com uma dose excessiva de preconceito religioso.
O sociólogo Lisias Nogueira Negrão, professor da USP, citado pelos articulistas Celina Côrtes,
Eduardo Hollanda e Eduardo Marini no artigo “Profetas ou Malu- cos?” da Revista Veja, tenta
estabelecer a diferença entre religião e seitas, mas acaba errando na etimologia. “Igrejas são grupos
estabelecidos, vinculados à sociedade”, define. “Já as seitas são movimentos emergentes que
apresentam restrição ou desconforto em relação à regra teológica e apresentam contestações aos
valores sociais estabelecidos. A partir do momento em que se acomodam, deixam de ser uma seita
para se tornar uma nova igreja. A palavra seita, aliás, vem de sectarismo, que significa romper,
separar”, completa Negrão. Já o filósofo Mario Sérgio Cortella, professor do Departamento de
Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, citado no mesmo artigo, dá melhor esclarecimento: “O
próprio cristianismo começou como uma seita. Cristo era judeu, frequentava sinagoga e fundou um
grupo religioso. Lutero, que não era messias como Jesus, também formou uma seita no século XVI.
Liderava um grupo contestador e não dominante. Assim, o protestantismo, na época, também foi
chamado de seita”. Assentado isto, chamar de seita esses movimentos tresloucados é elogio.]
Nesse cenário, seitas como os Penitentes do Rosário da Mãe de Deus, do bairro Tiradentes,
em Juazeiro, com cerca de 40 integrantes que se vestem de azul e branco, encontram terreno fértil.
Todos os homens dizem chamar-se José Alves de Jesus e as mulheres Maria Alves de Jesus. Não
fazem sexo nem para procriação. Os penitentes, que se inspiraram nos Borboletas Azuis da
Paraíba, tinham “certeza” de uma coisa: o mundo iria mesmo acabar no ano 2000. José Alves de
Jesus, líder do grupo, garante que, no mundo atual, a exemplo dos tempos de Noé, apenas uns
poucos escolhidos serão salvos. Os seguidores deste messianismo acreditam que o Cariri é a Terra
Prometida, por ser o local onde viveu e pregou o Padre Cícero. “O mundo começou aqui e aqui será
terminado e renovado”, enfatizam.
Especialistas Canadenses calculam que 20 mil novos movimentos religiosos atuam no mundo,
200 deles baseados em cartilhas extremistas que pregam suicí- dios e até assassinatos. É o caso da
seita LINEAMENTO UNIVERSAL SUPE- RIOR, que seus líderes foram suspeitos de estarem
envolvidos na morte de crianças em rituais religiosos em Guaratuba, no litoral do Paraná, e em
Altamira, no Pará, e MENINOS DE DEUS, que em 1989 foram acusados de sequestro de crianças em
Porto Alegre e, em 1993, de abuso sexual de menores na Argentina.
Charles Manson – Líder psicopata que passou a maior parte de sua vida na cadeia, mas que
conseguiu com seu discurso juntar adoradores. Na noite de 9 de agosto de 1969, Man son, sob
inspiração demoníaca, mandou quatro de seus discípulos à casa do diretor cinematográfico Roman
Polonski, no luxuoso bairro de Bel Air, em Los Angeles. Polonski filmava em Londres, mas sua
esposa, a atriz Sharon Tate, 26 anos, estava grávida de oito meses e recebia alguns amigos num
jantar íntimo. Ela foi esfaqueada 16 vezes e depois enforcada. Seus convidados também foram
mortos cruelmente.
Jim Jones – Ex-líder evangélico que, após a sua exclusão do quadro de pastores batistas,
fundou a seita chamada Templo do Povo. Num dos seus vários ataques de loucura, transferiu sua
seita de Indianápolis, passando por Redwood Valley, na Califórnia, para as matas sul-americanas.
Este líder messiânico induziu 900 pessoas a tomarem uma mistura de “K-suco” e cianureto. Fazia o
povo cha- má-lo de “pai divino”.
David Koresh – Ex-cantor de rock e fundador da seita “Os Davidianos”, montou um verdadeiro
arsenal num sítio nos subúrbios da cidade de Waco, no Texas.
As autoridades americanas até hoje têm de enfrentar o culto dos Davidianos. Um exército de
vingadores de Koresh armou-se contra o governo para protestar. Um destes “soldados” é o
terrorista Tim MacVeigh, que no dia 19 de abril de 1995 explodiu um edifício público em Oklahoma
City, matando 160 pessoas.
John Withcapple – Líder da seita Heaven’s Gate, que causou o suicídio de 39 pessoas, em
San Diego. A estrutura da seita, como a da maioria de seus concorrentes, se dava através de um líder
carismático. As semelhanças entre David Koresh – dos Davidianos – e John Withcapple, do Heaven’s
Gate, são significa- tivas: ambos se diziam o filho de Deus e seu oráculo.
Mas provocar mortes não é privilégio das seitas americanas. Desde 1994, o Templo do Sol,
que se originou na França, espalha mortes nos países de língua francesa. No total, 74 fiéis se
suicidaram em rituais que provocaram o incêndio de casas na França, Canadá e Suíça. A seita
japonesa Aum Shinrikyo não se limitou a matar seus próprios discípulos, em 1995, no Japão.
Comandados pelo guru Shoko Asahara instalaram o pânico no metrô de Tóquio ao contaminar com
gases tóxicos 16 estações. Resultado: dez mortos e 5.500 intoxicados.
1. AMAZONAS
O peruano Francisco Silva da Cruz fundou a seita numa aldeia ticuna da margem esquerda do
Alto Solimões. Todos os seus 100 integrantes fazem continência, rezam e trabalham 17 horas por dia.
Numa fazenda do município de Jardim, o reverendo coreano Sun Myung Moon reúne 40 jovens
de todo o mundo, mas conta com oito milhões de fiéis em 150 países. É acusado de fazer lavagem
cerebral.
3. PARANÁ
Liderados por um homem que se intitula Inri Cristo, 100 discípulos acreditam estar seguindo a
reencarnação de Jesus num bairro pobre de Curitiba.
Seus líderes foram suspeitos, em 1992, de estar envolvidos na morte de crianças em rituais
religiosos em Guaratuba, no litoral do Paraná, e em Altamira, no Pará.
ORDEM APOSTÓLICA
Seita formada por ex-hippies que adotam nomes em hebraico foi acusada de aliciar menores em
Londrina em 1993. Nos Estados Unidos, eram conhecidos como Jesus Freaks ou Doidões de Jesus.
4. ACRE
UNIÃO VEGETAL
O seringueiro José Gabriel da Costa deu origem a essa ramificação do Santo Daime, que
também ganhou o Brasil pregando a purificação e o autoconheci- mento através do alucinógeno chá
ayahuasca. Possui hoje cerca de mil seguidores.
5. CEARÁ
Reúnem-se em grupos de 12, liderados por um homem que se intitula decurião. As mulheres
procuram purgar a alma através de orações e os homens recorrem a golpes de chicotes.
6. PARAÍBA
BORBOLETAS AZUIS
Com sede em Campina Grande, a Casa de Caridade Jesus no Horto ficou conhecida depois que
seus 700 adeptos esperaram o dilúvio no dia 13 de maio de 1980. Se resume hoje a 15 fiéis.
7. BRASÍLIA
Criada nos anos 60 pela médium sergipana Tia Neiva, a seita promove o sincretismo religioso
ao venerar dos faraós do Egito a Iemanjá. Eles contabilizam 36 mil adeptos no Distrito Federal.
8. RIO DE JANEIRO
CÉU DO MAR
Busca expandir a consciência com o Santo Daime, chá que mistura o cipó jagub e a erva rainha.
Ganhou fama ao cativar artistas. Atrai 200 pessoas a cada reunião.
9. SÃO PAULO
MENINOS DE DEUS
Com origem na pregação de David Moisés Berg, nos Estados Unidos, foi rebatizada mundo
afora. No Brasil, por exemplo, chama-se A Família. Foram acuados, em 1989, de sequestro de
crianças em Porto Alegre e, em 1993, de abuso sexual de menores na Argentina.
MAIS UMA SEITA SATANISTA
José Luis de Jesus Miranda é mais um desses “predestinados excêntricos” que usam seu carisma
para espalhar perturbação, perplexidade numa terra sedenta por novidades exóticas. Diz ser pastor e
utiliza uma tatuagem666 afirmando ser Deus, Jesus e o anticristo ao mesmo tempo. Essa
combinação transforma José Luis de Miranda num mutante, um elemento híbrido, uma subespécie de
categoria taxonômica. Isso vai do jocoso para o dantesco.
Como todos os demais ele é chamado de “papai” pelos seus seguidores. Olha, eu não queria
ser filho de um pai com as combinações acima citadas; ora, convenhamos, os filhos desse “papai”
poder vir a se tornar experimentos de laboratórios científicos.
Imagina um “papai” desses. Ele fala verdade, como “deus”, mas mente como o anticristo.
Miranda visitou a Costa Rica em outubro e realizou uma reunião sem a presença dos “milhares” de
seguidores que ele afirmava ter no país, mas reunindo apenas algumas dúzias de pessoas.
• Ele diz que não precisa fazer orações a Deus, porque seria Deus orando a Deus. Ele diz que é
o próprio Deus. “O espírito que está em mim é o mesmo espírito que estava em Jesus de Nazaré”,
diz José Luis de Jesus.
• José Luis de Jesus também não se encaixa no molde do líder comum de igreja. De Jesus
zomba dos tradicionais votos de pobreza. Ele diz que a igreja lhe paga como salário 136 mil dólares
por ano, mas ele vive com mais extravagância do que essa quantia permite. Durante uma entrevista,
ele mostrou aos jornalistas da CNN um relógio Rolex coberto de diamantes e disse que ele tem outros
três iguaizinhos. Ele viaja em carros Lexus e BMW blindados, afirma ele, para sua própria segurança.
Quem lhe deu todos esses presentes foram seus devotos seguidores.
• Interessante que todos eles – quase sem exceção – dizem ter tido a visitação de anjos,
profetas que falaram com eles e com mais ninguém. Esta é a “síndrome do profeta único”.
• De Jesus, de 61 anos, cresceu em Porto Rico. Ele tem passagens pela polícia por pequenos
roubos e eraviciado em heroína.
De Jesus diz que ficou sabendo que ele é o Jesus reencarnado quando num sonho ele
recebeu a visita de anjos.
“Os profetas, eles conversaram comigo. Levou-me tempo para aprender isso, mas eu sou o que eles
estavam aguardando, o que eles vêm aguardando há 2.000 anos”, declara o pseudo-pastor.
OS MAL COMPREENDIDOS:
José Luis de Jesus e seus crentes dizem que a igreja deles — “Creciendo en Gracia”, palavra
espanhola que significa “Crescendo na graça” – é mal compreendida. Os seguidores do movimento
dizem que eles têm prova de que seu pastor é divino e de que sua igreja logo será uma grande
religião no mundo.
A igreja que ele começou a construir 20 anos atrás em Miami não tem nada parecido:
Os seguidores dele fazem protestos contra outras igrejas cristãs em Miami e na América Latina,
tumultuando cultos e missas e esmagando cruzes e estátuas de Jesus.
Um grupo desta seita invadiu o Estádio Nacional Francisco Morazán em São Pedro da Sula
(Honduras) para interromper a Celebração Eucarística que estava sendo realizada.
José Luis de Jesus prega que não há diabo e pecado. Seus seguidores, diz ele, não podem
literalmente cometer erro algum aos olhos de Deus.
Embora o número 666 seja um número geralmente associado a Satanás, não ao Filho de Deus,
José Luis de Jesus diz que o 666 e o anticristo são, como ele, mal compreendidos.
• O sacrifício de Jesus Cristo, o verdadeiro, acabou de vez com o diabo e o pecado. Por isso,
garante que “estamos todos automaticamente salvos”.
• Seus seguidores não podem literalmente cometer erro algum aos olhos de Deus
• Acredite se quiser: a seita tem até uma escola de samba, a “666”, que fez festa no aeroporto
na última visita de Jesus Miranda ao Brasil. Com sua vinda recente, o autoproclamado “deus”
pretende aumentar sua influência em terras brasileiras.
PS.: A associação do número 666 está presente na Bíblia, no capítulo 13 do livro do Apocalipse
(“Aqui há sabedoria! Quem tiver inteligência, calcule o número da Besta, porque é número de um
homem, e esse número é seiscentos e sessenta e seis”), e tornou-se famosa com o filme de terror “A
Profecia” (1976), em que o personagemDamien, enviado do demônio, leva os números como um
sinal de nascença na cabeça. Também o nome Neron Caesar (César Nero) em grego vertido para o
hebraico representa 666.
AS TATUAGENS
Dezenas de seguidores do porto-riquenho José Luis de Jesús Miranda, que se diz “Jesus Cristo feito
homem”, tatuam-se com o número 666, seguindo as ordens de seu líder religioso.
O líder da igreja mostrou na televisão sua tatuagem com o 666 no braço. Ele pediu a seus fiéis
que fizessem o mesmo, como uma senha de solidariedade e salvação.
Alguns fiéis consultados pela imprensa disseram que o número “não tem nada de satânico”,
como diz a doutrina cristã.
“Não é algo negativo nem satânico, pelo contrário, nós lutamos contra o satanismo”, disse um
homem não identificado após sair da casa de tatuagens.
A Igreja Crescendo em Graça tem investido também na doutrinação de crianças, pelo
ministério “Super-Raça”. Segundo nota da seita,
“o objetivo principal de nosso Pai, Apóstolo e Deus, José Luis de Jesus Miranda, é iluminar os olhos
do entendimento dos filhos de Deus ao redor do mundo através do conhecimento da graça. Isto inclui
os espíritos em vasos de barro adultos e também crianças (...) Cada tema (...) é desenvolvido para as
crianças apoiado como atividades para que assim recebam também o conselho de nosso Apóstolo”.
PERORAÇÃO:
Do que ficou assentado acima, José Luis de Jesus é um novo Jim Jones, David Koresh, Charles
Manson, John Withcapple, Shoko Asahara como tantos outros tresloucados semelhantes que já
passaram pela história.
Mas, para mim, o pior de toda essa inimaginável loucura está no perigoso sintoma que ela me
passa de ver pessoas, aparentemente normais, fazendo escolhas estapafúrdias e dizendo
cinicamente estar seguindo a verdade.
Seguir a mentira dizendo ser verdade; seguir o diabo dizendo estar seguindo a Deus; seguir o
anticristo dizendo estar seguindo Jesus Cristo é dissolução da própria identidade de ser humano.
Bem que Jesus, o verdadeiro, alertou em Mateus 24,5 que muitos viriam em seu nome,
dizendo “eu sou o Cristo”.
“Cuidai que ninguém vos seduza. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu o Cristo. E seduzi- rão
a muitos” (Mt 24, 4-5).
“Então se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá!, não creiais. Porque se
levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse
possível, até mesmo os escolhidos” (Mt 24. 23,24)
“Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos
arrebatadores” (Mt 7.15).
“Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão
amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais,
ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do
bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo
aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta- te também desses” (1 Tm 3.1-5).
“Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam
mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada” (1 Tm 4.1,2).
“Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o anticristo vem. Eis que já há muitos
anticristos, por isto conhecemos que é a última hora” (1 Jo 2.18).
“Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque
muitos falsos profetas se levantaram no mundo” (1 Jo 4.1).
O dízimo neotestamentário não é uma “obrigação legal” como o era no Velho Testamento. O dízimo,
como prática do Novo Testamento, trata-se de uma “obrigação moral”, o que é muito mais contundente
como compromisso, e advém de um sentimento de
. Manutenção
. Provisão
. Cooperação
. Partilha
. Generosidade.
Mas se não é uma “obrigação legal” o é ainda mais porque se trata de uma “obrigação moral”. Isto
em razão do fato de que tanto na “obrigação legal” quanto na “moral” o que é importante mesmo é o
compromisso e este compromisso as pessoas devem tê-lo por amor. Mas o que deve ficar bem claro aqui
é que tanto um quanto o outro (o legal e o moral) deve ser feito com amor, uma vez que também podemos
praticá-lo sem amor.
1) MANUTENÇÃO – “E ordenou ao povo, que morava em Jerusalém, que desse a parte dos
sacerdotes e levitas, para que eles pudessem se dedicar à lei do SENHOR” (1 Crônicas 31.4). Em
Malaquias lemos: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e
depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e
não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes" (Malaquias
3:10).
2) PROVISÃO – 1 Timóteo 5.17-18: “17 Os presbíteros que governam bem sejam estimados por
dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; 18 Porque diz a
Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.” Neste texto, “honra”
tem que significar mais que [meras] estima e respeito, pois, no verso 3 do mesmo capítulo, Paulo manda a
Timóteo “Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas.” Honrar estas viúvas é prover para elas (v. 8)
é assisti-las (v. 16). Portanto, quando Paulo menciona “honrar” os anciãos que trabalham duramente na
pregação e ensino [da Palavra], imediatamente depois que ele mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que
ter a mesma coisa em mente – prover e assistir aos anciãos financeiramente, de modo que possam se
dedicar ao trabalho de labutarem na Palavra. Um ensinador é como um boi que deve ser permitido comer
enquanto está debulhando. Em outras palavras, deve ser sustentado e cuidado enquanto está trabalhando
com todo esforço. Ele também é como um operário, o qual é digno de seu salário. Assim a Bíblia
assevera: “Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua própria
custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do
leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de
Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos
bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve
lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos
semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam
deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes
suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os
que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao
altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do
evangelho” (1 Coríntios 9.6-14).
3) COOPERAÇÃO – Paulo escrevendo aos filipenses fala da sua cooperação para com a Obra de Deus:
“Pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora” (Filipenses 1:5). A igreja que mais
cooperou com a comunidade que estava em Jerusalém foi a igreja da Macedônia: “Também, irmãos, vos
fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; como em muita prova de tribulação
houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua
generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder,
deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste
serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si
mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus” (2 Coríntios 8.1-5).
4) PARTILHA – “Olhai para Jesus como o padrão e exemplo do vosso contribuir. Procurai a Deus
diligentemente, sede generosos e prontos a compartilhar, para que entesoureis para vós mesmos o
tesouro de uma boa fundação para o futuro, de modo que alcanceis aquela que é a verdadeira vida!” (1
Tm 6.18,19). Assim confirma Paulo: “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com
aquele que o instrui” (Gálatas 6:6).
5) GENEROSIDADE – Atos 2.44-45: “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em
comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de
mister.” O espírito de amor e generosidade era tão grande, na igreja primitiva, que os crentes, de própria
vontade e alegremente, abriram mão de suas próprias propriedades e possessões, para ministrarem às
necessidades dos outros santos. Eles chegaram mesmo ao ponto de vender suas terras e casas para
tomarem conta um do outro (Atos 4.34).
A igreja está se tornando numa instituição sem referencial, sem centro, um lugar de
encantamentos, magias, exotismo, misticismo, onde acontecem as misturas culturais mais
grotescas, o domínio da aparência, a falta de conteúdo, a presença esmagadora do medo, do
sentimento de culpa associado à punição...
A igreja está se transformando num altar onde se expurga pecados através... de ações meritórias,
moralismos, troca de acusações, juízos, opressões, lugar de gente que tem o “espírito do irmão
do filho pródigo”...
A igreja está se tornando – e isso realmente apavora – num lugar de incentivo ao "evangelho
desencarnado": um estilo de vida que privilegia mais o imaginário em detrimento do real; é a
negação do corpo e da vida, no presente, para pensar só no futuro...
A igreja está se tornando num paraíso artificial, fazendo dos seus cultos reuniões de total e
completa alienação, lugar de anestesia da consciência, uma total negação ao ensino de Jesus
acerca do Reino de Deus.
A igreja está se transformando num "parque de diversões", numa "casa de massagem", um lugar
de encontros vãos, robotizados, mecanizados, androidizados...
A igreja hodierna está sendo muito solidária ao poder temporal, enverga-se estranhamente aos
apelos dos "balaques" atuais, invocando as bênção de Deus por homens que - sabe-se - estão
longe de serem, pelo menos, homens de caráter.
A GRANDE VERDADE
A igreja de hoje, nem de longe, se compara com o programa que Jesus estabeleceu para ela nos
evangelhos sinóticos.
Que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores (os que haviam se perdido) ( 1Tm 1:15 );
Se for possível, esclareça porque os homens se perderam, ou seja, destacando a incredulidade de
Adão, e que, por causa dele, todos foram destituídos da comunhão com Deus ( 1Co 15:22 );
Destaque também que a obra redentora de Cristo é fazer com
que o homem volte a compartilhar da glória que perdeu, e que para compartilhar da natureza divina
é necessário ser gerado de novo ( Jo 17:22 ).
Como evangelista o cristão deve entender que é essencial que primeiro Deus efetue a limpeza do homem
pelo lavar regenerador da palavra, que se resume nos tópicos elencados acima. O evangelista não pode
agir como os escribas e fariseus, que ‘limpavam’ o exterior dos homens, mas o interior continuava imundo.
Os escribas e fariseus queriam limpar os homens tornando-os prosélitos, e o ‘produto’ que utilizavam era a
religiosidade, a legalidade, a moralidade, o formalismo e o ritualismo. ‘Limpavam’ somente o exterior dos
seus seguidores, como o fazem muitas religiões e sistemas filosóficos ao longo dos séculos.
Nenhum homem ou sistema religioso possui o poder necessário para limpar o interior do homem. Somente
Deus, através da sua palavra encarnada, que é poder para salvação de todos que creem, limpa o homem
completamente, pois ele concede um novo coração e um novo espírito "Porque não me envergonho do
evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e
também do grego" ( Rm 1:16 ).
Jesus mesmo disse que o interior somente Deus pode lavar ( Mt 23:25 ), o que é possível somente através
da palavra do evangelho "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado" ( Jo 15:3 ).
Quando Deus efetua o lavar regenerador ( 1Pe 1:23 ), primeiro é limpo o interior, e como conseqüência, o
exterior também fica limpo ( Mt 23:26 ). Ele arranca o coração de pedra e coloca um coração de carne,
pois somente Deus tem poder para criá-los de novo “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e coloca em
mim um espírito reto” ( Sl 51:10 ) "E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e
tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne" ( Ez 11:19 ).
É por isso que o salmista pede a Deus que o limpe ( Sl 51:7 ), pois a limpeza que Deus efetua começa
com a troca do coração e do espírito, pois e operado um novo nascimento.
O evangelista deve entender que, primeiro é essencial a ação regeneradora de Deus, que faz um novo
homem, e então, tudo se faz novo. Para tanto, basta ao evangelista anunciar as boas novas do evangelho,
ou seja, que Cristo foi manifesto em carne, viveu sem pecado por ter sido gerado de Deus, foi crucificado,
ressurgiu e está assentado à destra de Deus.
Somente quando o novo convertido estiver com o entendimento cativo em obediência a Cristo, estará apto
a ser orientado a que deixe os comportamentos considerados pela sociedade como perniciosos.
Somente quando o homem entende a extensão do amor de Deus demonstrado em Cristo estará apto a ser
repreendido em tudo, como assevera o apóstolo Paulo "Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se
levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; E
estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência" ( 2Co 10:5 ;
Ef 3:18 ).
Antes de pedir aos homens que se portem de modo digno é necessário anunciar-lhes a mensagem do
evangelho, ou seja, a vocação com que será chamado das trevas para a maravilhosa luz. Após ouvir a
mensagem do evangelho, o homem que antes era trevas e que após crer passou a ser luz no Senhor,
estará apto a andar na condição de filho da luz "Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no
SENHOR; andai como filhos da luz" ( Ef 5:8 ).
Por que este alerta aos evangelistas? Porque em nossos dias o evangelho de Cristo está em terceiro
plano e os discursos dos púlpitos transformaram-se no evangelho moral, ético, social ou da prosperidade.
Muitos levantam uma bandeira contra o homossexualismo, o aborto, a eutanásia, reforma agrária, etc., e
entendem que este seria o evangelho de Cristo.
Será que nunca leram a recomendação de Jesus? Deixa os mortos que enterrem seus mortos! Anunciar o
reino de Deus não é o mesmo que se ocupar das questões próprias aos mortos "Mas Jesus lhe observou:
Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus" ( Lc 9:60 ).
Jesus alertou que os pobres sempre estarão entre os homens, porém, muitos querem que o evangelho
seja um modelo de transformação socioeconômico "Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a
mim não me haveis de ter sempre" ( Mt 26:11 ).
Esquecem da recomendação das escrituras que diz: "Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está
sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda" ( Ap 22:11 ).
Levantar bandeiras contra o uso de drogas, álcool, sexo, vida noturna, etc., não livra ninguém do caminho
de perdição.
Jesus mesmo disse: "E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim,
não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo" ( Jo 12:47 ). Ora, se Cristo não veio julgar o mundo,
visto que sob o mundo já pesa uma condenação, como os seguidores de Cristo se propõe a levantar uma
bandeira contra as ações dos homens sob o domínio do pecado?
Qual a função do evangelista? Anunciar as palavras de Cristo, e se não ouvirem, não são passíveis de
julgamento, uma vez que a humanidade já está condenada, porque não crê no nome do filho de
Deus "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus" ( Jo 3:18 ).
A função do pregador não é ‘limpar’ o imundo com leis, preceitos e regras, pois será um trabalho inútil.
Convencer os ouvintes a deixarem de fumar, beber, roubar, furtar, não mentir, não os conduzirá a Deus,
pois o caminho a Deus é Cristo.
Os fariseus e escribas utilizavam vários preceitos na tentativa de conduzir o homem a Deus, mas não
conseguiam. A conformidade comportamental com a lei não conduz ninguém a Deus, pois para cumprir a
lei de Deus só é possível àqueles que forem circuncidados no coração por Deus "E o SENHOR teu Deus
circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com
todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas" ( Dt 30:6 ).
Para se libertar dos pecados você precisa aceitar a Jesus e procurar seguir seus mandamentos, procure
uma igreja mais próxima e fale com os dirigentes que você deseja aceitar a Jesus.
Mateus 10:
32 Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está
nos céus.
33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos
céus.
Até hoje sabe-se muito pouco, talvez quase nada, dessa questão bimilenar. Alguns – para não dizer
a grande maioria – não tiveram nem chance de conhecer as teorias antigas que rodearam este tema por
tantos séculos. Ora, se nem o conhecimento das correntes de pensamentos se tem, imagine as novas que
invadiram os espaços sagrados da teologia tradicional, interpretando e aculturando a linguagem bíblica
nas categorias filosóficas e científicas do nosso tempo.
Quero, no entanto, adiantar ao leitor que este assunto não tem por objetivo entrar nos méritos e no lingua-
jar da teologia sistemática. Primeiro porque não é este o nosso objetivo. Segundo, porque não desejo
enfadar o leitor com teorias e querelas teológicas sobre o pecado original. Por outro lado, não quero ser
também demasiado simplório na exposição de motivos – pois, fatalmente, cairia no indesejável axioma
dogmático da penalidade da raça humana por relação biológica com Adão, cabeça federal da humanidade.
Isto porque esta forma agostiniana de pensar elimina, por assim dizer, responsabilidades pessoais
e promove uma mentalidade ao nível de um determinismo fatalista.
Reflitamos: Se o homem nasce pecador, qual a responsabilidade que lhe cabe, pelo menos neste
aspecto da herança da corrupção moral, uma vez que sua natureza lhe foi imputada? E como pode lhe ser
imputada a culpa de seu pecado, se não pode se arrepender do pecado de Adão?
Esta interpretação, ao que parece, coloca Deus em posição de estranha corresponsabilidade pela
situação degenerada da raça humana e, por conseguinte, fá-lo devedor permanente ao homem, que, por
sua vez, recebe a salvação em Cristo como pagamento da dívida divina para com ele, pelo fato de Deus
saber, de antemão, que Adão ia pecar. Afora isso, ainda há uma dívida divina concernente ao livre-arbítrio,
que, levando-se em conta o estado pecaminoso em que nasce o homem, passa a ser um tipo de liberdade
condicionada. Se livre-arbítrio equivale a escolha livre, que liberdade tem o homem-vítima-da-natureza-
adâmica, uma vez que toda sua escolha é comandada pela sua natureza corrompida?
Aqueles que advogam este pensamento não sabem que estão transformando o homem-
réu em homem-vítima. Mais: esta maneira de pensar ratifica também a teoria calvinista da
predestinação. Sim, porque se o homem nasce pecador, ele, por assim dizer, está morto espiritualmente.
Partindo desse pressuposto, se está dizendo que o homem não tem, por si só, a mínima condição de
receber o plano de salvação de Deus em Cristo Jesus. Logo, só a escolha divina pode transformar este
estado de insensibilidade em que o homem se encontra quando está sem Deus, fazendo com que ele
ressuscite para a Graça Salvadora, até então inexistente e despercebida em sua vida. Ora, esta posição
teológica deve ser mais aprofundada – porque faz de Deus um tirano, que é capaz de condenar ao
suplício infernal todos os homens e, alguns, a um duplo juízo: o de nascer pecador e o de não ser um dos
escolhidos para a salvação em Cristo.
Exatamente por achar essa ideia incompatível com as descobertas científicas mais recentes e com a
coerência teológica, que Paul Tillich, teólogo contemporâneo, declara que esta concepção de pecado
original implica uma valorização negativa do homem e uma visão pessimista de si mesmo, tornando-o
incapaz de transformar técnica, política e pedagogicamente o mundo.
Embora o pensamento do teólogo alemão seja profundamente diferente das posições tradicionais e,
ainda pelo fato de em outras declarações apontar o episódio da queda do homem-Adão – dito em suas
próprias palavras – “como forma mitológica da narrativa bíblica”,Tillich é feliz quando assevera que a
forma de pensar dos antigos teólogos sobre a questão do pecado original implica uma perigosa
valorização negativa do homem.
Já não basta – diz Tillich – a avalancha de situações pelas quais o homem tem de passar? Já não
bastam os desafios que a vida o impõem, colocaremos um jugo a mais no homem sobre o qual não tem
chance de se libertar (só se for um eleito)? Isso é crueldade! (O parêntese é meu.)
O grande culpado de o homem estar sob essa condenação é Agostinho. Foi ele que sistematizou o
pensamento que o pecado de Adão foi o pecado de toda a raça, um pecado de caráter coletivo porque
toda raça estava seminalmente em Adão. Agostinho dizia que em virtude da unidade orgânica da raça em
Adão e por ser ele o cabeça, o representante de todos, Deus imputou o pecado dele imediatamente em
toda sua posteridade. Assim, todos têm a mesma responsabilidade e culpa do seu pecado e Deus pode
justamente considerar condenável e culpada a natureza corrompida com que nascemos.
O Bispo de Hipona foi muito infeliz na sua tese, primeiramente porque deixa as crianças inocentes
em total estado de abandono e de condenação, de modo que teve de criar olimbus infantum. Por outro
lado, o grupo que defende a teoria de Agostinho, com a atenuante da inculpabilidade da criança inocente,
joga por terra todo o argumento agostiniano da herança da corrupção moral. Pois, se uma criança inocente
não está sob a mira do juízo de Deus, então significa que o homem não nasce pecador.
Um outro disparate na colocação agostiniana é que ela prevê reciprocidade nos fatos. Ou seja: se
herdamos o pecado de Adão, podemos herdar também a justiça de nossos pais crentes.
Finalmente, o maior equívoco cometido por Agostinho foi citar versículos solto na Bíblia para apoiar
suas ideias absurdas e heréticas, tais como:
1. Salmo 51.5: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. Os que
ousaram interpretar este salmo pelas vias doutrinárias, caíram na absurda conclusão de que o texto
sinaliza para a teologia do pecado original. O equívoco é de proporções tão alarmantes que, hoje, muitos
corifeus da teologia evangélica advogam esta ideia. Mas a dificuldade da maioria dos intérpretes dos
Salmos da Bíblia surge, primariamente, da sua natureza, ou seja, aquilo que são.
A grande massa cristã, por defender o fundamento da inspiração – a Bíblia é a Palavra de Deus –,
toma por certo que a Escritura Sagrada é somente palavras da parte de Deus para as pessoas. Mas se
esquecem que a Bíblia também contém palavras faladas para Deus ou acerca de Deus e nem por isso
deixam de ser a Palavra de Deus.
Os Salmos são exatamente isso. Isto quer dizer que os Salmos são basicamente orações e hinos,
pela sua própria natureza são dirigidos a Deus ou expressam verdadesacerca de Deus em cânticos.
O que não se pode esquecer, no entanto, é que os Salmos são poemas, mas não são poemas
comuns; são poemas musicais. Um poema musical não pode se lido da mesma maneira que uma epístola,
ou uma narrativa, ou uma seção da lei. Tem a intenção de apelar às emoções, de evocar sentimentos
mais do que pensamento proposicional, e de estimular uma resposta do indivíduo que vai além de um
entendimento meramente cognitivo de certos fatos.
Os Salmos não podem ser vistos como repositórios doutrinários, embora tenha o seu conteúdo
teológico. É perigoso, muito perigoso mesmo, ler um Salmo como se ensinasse um sistema de doutrinas,
da mesma maneira que é perigoso fazer isso com a narrativa.
Imagine o leitor se fôssemos ler os Salmos com um sentido doutrinário, o que faríamos, por exemplo,
com o Salmo 137.8 e 9, que exibe o desejo de que as crianças babilônicas sejam esmagadas contra as
pedras? Se lido doutrinariamente, este Salmo estaria ensinando a desejar sempre o pior aos nossos
adversários – sentimento totalmente incompatível com o ensinamento de Jesus no Novo Testamento.
Portanto, quando o salmista, no Salmo 51, versículo 5, diz: “... em pecado me concebeu minha
mãe”, decerto não está procurando estabelecer a doutrina de que a concepção é pecaminosa, ou que
todas as concepções são pecaminosas, ou ainda que sua mãe era pecadora por ter ficado grávida, nem
que a criança já nasce pecadora, nem qualquer coisa semelhante. O salmista empregou a hipérbole – o
exagero com propósito deliberado – a fim de expressar de modo enfático e vívido que é um pecador.
Aviso: quando você agora ler um Salmo, cuidado para não derivar dele ideias que nunca foram
pretendidas pelo poeta musical que foi inspirado para escrevê-lo.
2. Romanos 3.10-12: “Como está escrito: ‘Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não
há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem,
não há nem um só’”.
Em primeiro lugar, Paulo, nesse texto, está declarando que não há nenhuma diferença, em termos
morais, entre judeu e não judeu: todos estão em condição de culpados diante de Deus. Em segundo lugar,
esse texto é resultado de várias observações que Paulo fez do comportamento dos judeus e dos não
judeus, concluindo que todos haviam se extraviado e se tornado inúteis.
3. Romanos 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Observe o leitor
que a palavra anterior a esse versículo é “...porque não há diferença”. Paulo continua declarando que não
há, diante de Deus, nenhuma diferença entre judeu e não judeu, porque todos pecaram. A ideia aqui é a
do pecado de cada indivíduo, como em Romanos 3.9-20.
A ideia de uma glória perdida ou de uma imagem perdida, que tem tido tanta influência na história da
doutrina, não é encontrada na Bíblia. Na Bíblia, a imagem de Deus transmitida na criação nunca é
mencionada como perdida, e a glória de Deus, que é a futura imagem de Deus, na redenção, ainda não foi
alcançada pelo homem pecador. A queda, em Romanos 3.23, é o fato de o homem ficar aquém, e não
de ter caído de, como no pensamento agostiniano.
4. Romanos 5.12: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte,
assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.
Agostinho, baseando-se neste texto, desenvolveu a sua doutrina do pecado original, entendido como
culpa herdada, e o resultado foi um quadro lúgubre de crianças não batizadas “no limbo”. É significativo
que até os eruditos católicos romanos, contaminados em grande parte por este desastre teológico, agora
estão dizendo abertamente que esta doutrina não se encontra nas Escrituras.
É bom que fique claro ao leitor que a negação do pecado original, entendido como culpa herdada ou
transgressão herdada, não é uma negação das consequências que ocorrem naqueles que repetem o tipo
adâmico da transgressão do Adão histórico (Rm 5.14).
O que fica bem claro neste texto é que a pessoa nasce, em um mundo de pecado, com tendências
para a transgressão, e o aprendizado da lei aumenta o pecado, levando-o a ser verdadeira transgressão.
Em nenhum lugar da epístola aos romanos Paulo diz que todos compartilham da culpa e
transgressão pessoais de Adão antes da sua própria transgressão, ou que todos compartilham da graça e
justiça pessoais de Cristo antes de um ato de fé. Não há universalismo na culpa sem que
hajaresponsabilidade pessoal, como não há universalismo na salvação sem que haja fé pessoal.
Agostinho levou a teologia a desviar-se pela trilha da culpa universal, e Orígenes, pelo caminho da
salvação universal.
5. Efésios 2.1-3: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados; em que noutro tempo
andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora
opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da
vossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como
os outros também”. O texto descreve a vida na sociedade greco-romana nos dias de Paulo como é
enxergada do ponto de vista cristão. O texto sugere que a vida humana é vista sob a influência maligna de
poderes infernais, que conservam o homem na servidão tirânica.
A expressão “... por natureza filhos da ira” é um termo hebraico, que significa merecedores da
condenação judicial de Deus. Não existe evidência, aqui, ou em outro lugar na Bíblia, da noção de culpa
original ou para se pensar na ira como emoção indecisa ou vingativa, indigna de Deus. Paulo declara o
fato objetivo de que os homens (quando sem Cristo) sob juízo divino, em virtude das escolhas morais que
fizeram, e estas, por sua vez, são ditadas pela sua natureza deformada (Rm 1.18-22).
Agostinho, bem como muitos ensinadores atuais, cometem um grave erro ao ensinarem, com base
em versículos isolados e mal interpretados, a doutrina do pecado por herança adâmica – pois é
completamente herética e antibíblica.
Ao ouvirem esta exposição, os defensores do pecado original, ou seja, da corrupção moral herdada,
hastiam sua bandeira e perguntam: Primeiro: se o homem não nasce pecador, para que Jesus morreu
por ele? Segundo: pode o homem vir a preterir o sacrifício de Cristo, pelo fato de conseguir viver vida
sem pecado?
Respondemos a estas duas perguntas primeiramente asseverando que é impossível a qualquer ser
humano, na idade da razão, viver uma vida sem pecar, mesmo que more num “Himalaia” da vida, ausente
completamente dos achaques de um mundo moralmente poluído. Não esqueçamos que Adão não nasceu
em pecado e quando cometeu o seu primeiro delito vivia num lugar extremamente afastado das
contradições e ambiguidades hodiernas. O que levou Adão a pecar certamente não foi a inclinação do
velho homem ou sua natureza corrompida, como dizem muitos por aí, e nem porque o meio em que
vivia estava pervertido. Adão era perfeito como criatura de Deus. Adão era um homem livre. Não era um
robô, um androide. Era um ser livre, porque Deus assim o criou. O que eu estou tentando salientar é que o
primeiro homem criado por Deus nasceu com possibilidade de pecar, mas não com necessidade de
pecar.
Após a ministração de ontem à tarde sobre o capítulo 19 de Mateus, em Barueri, SP, algumas
questões foram levantadas sobre a sexualidade. Na tentativa de responder as difíceis perguntas desse
texto – e do assunto em si – ponho diante dos irmãos esta sucinta pesquisa.
Peço misericórdia aos críticos azedos e compreensão aos de boa vontade. Ponho-me aqui como
alguém que gosta de estudar a Palavra de Deus e não um suprassumo na área do conhecimento bíblico.
Eu reconheço que não faço parte desse egrégio colegiado. Mas sou um ardoroso pesquisador bíblico e
estudioso das línguas originais.
Com esta introdução, passo a apresentação da pesquisa:
Tradicionalmente tem prevalecido uma abordagem legalista e moralista da sexualidade na Bíblia. O
enfoque tradicional busca definir dentro da sexualidade aquilo que seria, ou não, “pecado”. Em geral a
ênfase no pecado na sexualidade não leva em consideração as diferenças históricas entre aqueles que
formularam os textos bíblicos e os dias de hoje. No entanto a leitura científica mostra que não há um só
modelo de sexualidade na Bíblia, não obstante ser possível verificar que sempre os textos bíblicos têm a
intenção de “regulamentar” a sexualidade. No que tange a alguns modelos de sexualidade na Bíblia, estes
nunca poderiam ter considerado mudanças recentes como a emancipação feminina (independência
econômica, social, política e cultural das mulheres em relação aos homens incluindo o uso massivo de
métodos anticoncepcionais), a predominância de relações sexuais que não visam à procriação e a busca
cada vez menor de geração de filhos/as.
A partir de uma abordagem teológico-antropológica pode-se ver, no Antigo Testamento, quatro
“modelos” fundamentais:
1. o modelo procriativo patriarcal (principalmente em Gn 12-50);
2. o modelo poligâmico monárquico (principalmente em 1 e 2 Sm; 1 e 2 Rs; 1 e 2 Cr);
3. o modelo moralista e legalista (Esdras e Neemias, Levítico e outros escritos sacerdotais do
Pentateuco) e
4. o modelo erótico-afetivo (Cântico dos Cânticos, e releituras de outros textos numa ótica de gênero).
No Novo Testamento buscamos descrever como é tratado o tema da sexualidade nos Evangelhos e
nas Epístolas. Como este estudo tem por objetivo ser apenas um arrazoado, ao mesmo tempo em que são
analisados os textos bíblicos, também é feita uma análise comparativa da sexualidade na atualidade.
1. O MODELO PROCRIATIVO PATRIARCAL – Pelo próprio enunciado, percebe-se que este
modelo tem a procriação como critério central. Portanto, qualquer forma de sexualidade que não tenha a
procriação como consequência é rejeitada (Onã em Gn 38.8-10), ou é considerada doença ou distúrbio
como a “esterilidade” (Sarai em Gn 11.30; Rebeca em Gn 25.21 e Raquel em Gn 29.31).
O uso por mim da palavra “modelo” não significa, em hipótese alguma, que a Bíblia proponha
“paradigmas” de sexualidade, mas que, estudando os textos bíblicos, inferimos certas características que
indicam como era a relação interpessoal e de gênero na sexualidade vivida e registrada em diferentes
momentos da sua história.
Na Bíblia, o sexo forçado sempre é condenado nos textos bíblicos, mesmo que seja heterossexual,
como no caso de estupro (Diná em Siquém – Gn 34.5; Sara e o Faraó Abimeleque em Gn 12.17s e Gn
20.2s). O modelo procriativo envolve também a luta pela herança.
Dentro desta luta de poder hereditário as mulheres têm a materni- dade como instrumento de
influência (Sara e Agar: Gn 16.1-6 e 21.9-21; Raquel e Lia: Gn 29.31-35; Ana e Penina: 1 Sm 1.1-6). A luta
pelo poder reprodutivo é uma luta pela cidadania feminina dentro do clã admitindo estratégias ousadas e
criativas que não respeitam padrões rígidos de moralidade como pode se constatar no exemplo de Tamar
(Gn 38.12-30).
Hoje algumas igrejas buscam orientação no modelo de sexualidade exclusivamente procriativa,
como se a sexualidade pudesse ser admitida na atualidade sem o prazer. No AT as “servas” eram
indicadas pelas esposas que tinham problemas de fertilidade.
Assumir o modelo procriativo na atualidade também leva a se posicionar contra os métodos
anticoncepcionais considerando-os “não naturais”. Alguns métodos naturais também são condenados
como o “coito interrompido” (chamado onanismo) e a masturbação masculina e feminina.
A orientação procriativa torna pecaminosa a harmonia entre desejo sexual e planejamento familiar
além de dificultar o autoconhecimento sexual de homens e mulheres (com prejuízos para sua vida sexual
posterior) e a prevenção de todas as doenças sexualmente transmissíveis.
O modelo procriativo aplicado na atualidade mantém a competição entre as mulheres que vêm na
geração de filhos/as o sentido maior ou até único da relação com o parceiro. O “status” de mãe torna a
mulher teológica e socialmente aceita e valorizada levando a uma certa desvalorização das outras
capacidades humanas femininas.
2. O modelo poligâmico monárquico – No modelo poligâ- mico monárquico o Rei tem direito a ter
inúmeras mulheres divididas em dois grupos: princesas e concubinas (1 Rs 11.3). O harém monárquico
não é diretamente condenado nos textos bíblicos como mostra a história de Davi em 2 Sm 5.13 (o Rei só
se separa delas depois de serem “usadas” pelo seu filho Absalão, cf. 2 Sm 16.20-22 e 20.3).
O acúmulo de mulheres, condenado no caso de Salomão (1 Rs 11.1-4), se deve ao fato de elas
serem estrangeiras e levarem o rei a adorar outras divindades. Mas não há nenhuma condenação do
modelo monárquico de sexualidade, como tal.
Apesar de, na época, as relações sexuais em geral gerarem “filhos e filhas” a procriação não era o
critério central do modelo monárquico, já que o rei precisaria de apenas um “herdeiro” para lhe suceder
no trono e não de muitos como nas famílias camponesas (1 Cr 3.9). A sexualidade é nada mais do que
mais uma das expressões do poder do Rei! Uma grande quantidade de princesas mostraria a pluralidade
de relações diplomáticas e comerciais. Uma grande quantidade de concubinas mostraria o poder do rei
sobre o povo.
O harém não era apenas uma vitrine de mulheres bonitas, mas era governado pela rainha-mãe que
se dedicava a preparação dos futuros funcionários reais além de ter influência tanto na política interna
quanto exterior (cf. 2 Rs 10.13 e Dn 5.10).
A prostituição comercial (apenas feminina, em hebraico “tsanah”) estava diretamente ligada à vida
nas cidades monárquicas. No entanto não parece haver uma abordagem moralista desta profissão.
Raabe, uma prostituta da cidade, é uma das principais heroínas da luta pela terra (Js 2.1-3 e 6.23-25).
Raabe passará depois a morar junto com as tribos, figurará na genealogia de Jesus (Mt 1.5) e será
declarada salva pela Igreja Cristã (Hb 11.31 e Tg 2.25).
3. O modelo moralista e legalista – O modelo moralista e legalista é implantado pelo poder
sacerdotal que assume o governo de Jerusalém sob o domínio Persa entre aproximadamente 450 e 400
a.C. (cf. Esdras 4). A missão de Esdras era implementar a obediência de uma nova versão da lei judaica
que garantiria a ordem interna e a submissão externa ao Império Persa (cf. Ed 7.11-17).
Esdras usa a sexualidade para eliminar o convívio dos homens judeus com mulheres de outros
povos (Ed 9-10). Neste sentido pode se afirmar que é um modelo racista e xenófobo, não porque
visasse necessariamente a pureza étnica, mas porque as mulheres estrangeiras são usadas como “bode
expiatório” (Ed 9.1.11.14).
Dentro deste modelo se impõe a monogamia proibindo que um homem tenha mais de uma parceira
(Lv 18.18). O corpo passa a ser visto com desconfiança como sexualmente “tentador” levando a proibir a
nudez (Lv 18.19 e 20.11s). Enfim a nova ordem sacerdotal faz com que nenhum aspecto da vida, incluindo
a sexualidade, escape do controle do estado religioso.
A sexualidade é definitivamente banida como elemento cultual (Lv 18.21), a homossexualidade
masculina é condenada explicitamente (Lv 18.22), a prática de atos sexuais com animais também é
proibida (Lv 18.23) assim como todas as formas de incesto ou relações sexuais intra-familiares (Lv
20.11s).
Todos os preceitos sacerdotais são invariavelmente androcêntricos. Uma prova do androcentrismo
do modelo é que em nenhum momento a mulher é proibida de ver a “nudez” de um parente pelo simples
fato de ela não ser mais do que uma propriedade do homem (Êx 20.10). A única proibição dirigida à
mulher é ter relações sexuais com animais (Lv 20.16). No caso de indenização a mulher vale sempre bem
menos que o homem (Lv 27.1s).
Alguns princípios morais deste modelo permaneceram na sociedade ocidental, tais como o ideal
monogâmico, a condenação da chamada zoofilia (relações sexuais com animais) e a prática cultual da
sexualidade.
Neste modelo vemos que as relações sexuais são reguladas mais do ponto de vista legal ou moral
do que pelo amor e pelo prazer na sexualidade.
4. O modelo erótico-afetivo – Este modelo tem sua maior expressão bíblica no Cântico dos
Cânticos motivando as mais diversas controvérsias e interpretações tanto no judaísmo quanto no
cristianismo. As muitas leituras feitas podem ser resumidas em três grupos:
Alegóricas: negam a centralidade da sexualidade dentro do Cântico dos Cânticos, e interpretam o
texto a partir de outros textos bíblicos.
Naturais: afirmam a centralidade da sexualidade, e procuram, em geral, manter-se dentro de uma
intertextualidade bíblica.
Míticas ou litúrgicas ou cultuais: afirmam a centralidade da sexualidade, mas enfatizando as
evidências literárias e arqueológicas do contexto extra-bíblico.
Em geral as leituras alegóricas têm sido superadas pela força das imagens do próprio texto. As
leituras cultuais têm servido mais para fornecer informações complementares em relação ao sentido
teológico da sexualidade no Antigo Oriente, mas alguns poemas da coletânea do Cântico dos Cânticos
mostram uma intimidade maior do que a meramente cultual.
As leituras naturais têm conseguido explicar melhor o sentido das palavras e das imagens do
Cântico dos Cânticos e é neste sentido que ele serve para exemplificar o modelo de sexualidade que
chamamos de “erótico-afetivo”.
O Cântico dos Cânticos pertence como produto final à época entre 400 e 300 a.C. ou entre o período
persa e o começo do período grego. Mesmo não sendo um panfleto contra o modelo moralista e legalista
de sexualidade imposto na época de Esdras não há por que duvidar que tenha tido, nesta época, uma
função de contestação e resistência especialmente por parte das mulheres. A coletânea poética
predominante feminina contesta também a exploração contra a mulher camponesa (Ct 1.6), a violência
contra as mulheres na cidade (Ct 5.7) e a vida no harém real (6.9).
O elemento central do modelo erótico-afetivo é o desejo. Expressões como: “Que me beije” (1.2) ou
“Ele é totalmente desejável” (5.16) expressam a intensidade do desejo. Não visa à reprodução, mas o
prazer como plena realização do amor que é chamado de “labareda de Javé” (8.5).
Dentro do modelo erótico-afetivo a sexualidade oferece uma forma de contemplação de toda a vida
seguindo o sentido comum a todo o Antigo Oriente.
Realizar-se sexualmente com a pessoa amada é estar em harmonia com toda a criação e leva a
alcançar todos os outros prazeres da vida. Amar é desejar cada parte do corpo da pessoa amada. A nudez
aqui não é má nem perigosa, mas é uma janela para o amor (Ct 2.9).
A leitura alegórica foi a forma encontrada tanto por judeus quanto por cristãos para des-
erotizarestes poemas de amor impedindo que servissem como modelo de sexualidade alternativo aos
anteriormente apresentados. O corpo exaltado, o prazer amoroso, a participação ativa da mulher são
elementos que questionam a sexualidade procriativa, opressiva, moralista e androcêntrica.
O modelo erótico-afetivo não deixa dúvidas de que a sexualidade é dom de Deus. No primeiro relato
da criação em Gn 1.28a o dom de divino é apresentado através da fecundidade: “E Deus os abençoou e
lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos...”. No entanto, no Cântico dos Cânticos o erotismo é dom em si,
com ou sem a fecundidade. No Cântico dos Cânticos o desejo sexual é atribuído a ambos os sexos e é
visto parte integrante do sentimento do amor (Ct 2.1-3 e 8.7).
Já no segundo relato da criação, o desejo é visto como um mal para a mulher provocando sua
dominação por parte do homem: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua
gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn
3.16). As diferenças entre o que se entende por dom de Deus em Gênesis 1-3 e no Cântico dos Cânticos
levaram a afirmar que os poemas do Cântico dos Cânticos seriam uma releitura dos relatos de Gênesis
buscando resgatar o paraíso perdido. O Cântico dos Cânticos também não tem como motivação originária
ser uma releitura de Gênesis 1-3 mas, mesmo sem querer, acaba sendo nas suas consequências
teológicas especialmente, no que se refere à sexualidade e às relações de gênero.
O Cântico dos Cânticos trata da centralidade do erotismo, do desejo, do companheirismo erótico-
amoroso, do amor sem barreiras entre um homem e uma mulher.
5. Sexualidade, pecado e acolhimento nos Evange- lhos – Pretender estudar como a sexualidade
é tratada nos Evangelhos é um desafio novo e difícil, pois este não é seu foco central. No entanto, a
questão da sexualidade do ponto de vista teológico e antropológico pode ser abordada a partir de dois
ângulos:
a) Os momentos onde Jesus e/ou seus discípulos tratam de assuntos relativos à sexualidade;
b) A análise de listas de preceitos morais onde esta questão é mencionada. Dentro do primeiro
enfoque destaca-se o tratamento dado por Jesus ao assunto da prostituição feminina: Em Mateus 21.31b:
“Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus”.
O termo grego usado é “porné” (literalmente “a imoral”). Em Lucas 7.37 a mulher é chamada de “pecadora
da cidade” (em grego “polei amartolos”) é destacada pela sua fé e, neste caso, não é colocada a
recomendação “não pequeis mais” mas apenas as afirmações de Jesus: “Perdoados são os teus pecados”
(Lc 7.48b) e “tua fé te salvou, vai-te em paz” (Lc 7.50). Quer dizer que para Jesus a questão central no é o
rótulo de “pecadora” pelo qual era conhecida, mas sua grande fé que era ignorada pelos fariseus
moralistas.
Este primeiro relato é sacerdotal e, portanto, fornece o embasa- mento etiológico para a visão
moralista e legalista.
O Evangelho segundo João apresenta outras duas situações que podem ser ligadas à sexualidade:
A primeira situação é o diálogo de Jesus com a mulher Samaritana. Jesus afirma que ela já teve cinco
maridos e o atual não é seu marido (Jo 4.16–18). Isto quer dizer que os cinco foram maridos de verdade
(?), mas o atual não era dela (Jo 4.41,42).
No episódio da condenação da mulher surpreendida cometendo adultério (Jo 8.3s) Jesus faz uma
importante afirmação ao dizer: “Nem eu tampouco te condeno” (v.11b). Poderia ter dito apenas “eu te
perdôo”. No entanto termina dizendo: “Vai e não peques mais” (v.11c) a mesma expressão usada na cura
de um homem doente (5.14). Jesus não dá ênfase ao “pecado” que teria levado essa mulher à morte, mas
ao fato de todos, mesmo seus algozes, serem igualmente pecadores, fato que impossibilita a condenação.
No segundo enfoque encontramos listas que surgem do debate entre Jesus e a visão moralista e
legalista dos fariseus. A primeira refere-se especificamente ao divórcio e ao adultério. No Evangelho
segundo Marcos a argumentação segue o seguinte esquema: A lei de Moisés autoriza o divórcio (em
grego apostasion) e o repúdio (em grego apoluo). O uso de duas palavras para descrever o fato em
questão mostra que se tratava de um divórcio unilateral perpetrado pelo homem (Dt 24.1-3).
Jesus coloca acima da lei o princípio da unidade matrimonial no corpo (citando Gn 2.24).
Posteriormente, em particular, esclarece seus discípulos sobre o sentido do adultério (Mc 10.1-12).
Neste caso Jesus propõe a indissolubilidade absoluta do matrimônio (que será contradito pelo apóstolo
Paulo em 1 Cor 7.15: “Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito
à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz”).
Na comunidade de Mateus, onde predominavam judeus conver- tidos, a discussão sobre questões
legais era mais intensa e complicada. O assunto do adultério é mencionado duas vezes (talvez porque
alguns resistissem à ideia de não poder se divorciar quando a lei de Moisés o autorizava). O primeiro texto
está em Mateus 5.31,32.
Neste caso o uso dos termos é invertido: “Aquele que repudiar sua mulher lhe dando carta de
divórcio” quando em Marcos se dizia: “escrever [lavrar] carta de divórcio e repudiar” (10.4). Neste sentido a
comunidade de Mateus quer dizer que o que Jesus esta proibindo é repudiar unilateralmente a
mulher (que na época ficava sem nenhum amparo legal) e não necessariamente o divórcio. Também neste
texto não aparece a explicação sobre a indissolubilidade do matrimônio como em Marcos.
No segundo texto de Mateus (19.7-10) a questão é recolocada com a salvaguarda de que, quem
encontrar sua mulher praticando “relações sexuais ilícitas” (em grego porneia) pode sim repudiá-la
(flexibilizando o conceito de indissolubili- dade) e que não seria possível casar com “uma mulher
repudiada”, ou seja, flagrada cometendo adultério. Esta flexibilização é feita na ótica exclusiva do homem
(não como em Marcos que diz que seria proibido tanto para homem quanto para a mulher casar com
pessoas repudiadas ou divorciadas).
Em Mateus 15.19 e Marcos 7.20-23 aparecem listas de “imoralidades” dentro das quais aparecem a
“porneia” (imorali- dade) e “moixeia” (adultério) que são as únicas ligadas diretamente à sexualidade. Em
Marcos, onde a lista é maior, aparece também o termo “asélgeia” (cujo sentido direto é “vício” mas que
também pode ser interpretado como “libertinagem”). A conotação sexual deste último não é clara. O termo
grego “moixea” é o mesmo que aparece em Marcos 10.4s aplicado tanto para homem quanto para mulher.
Já o termo “porneia” está mal traduzido como “prostituição” já que ele significa “imoralidade sexual de
qualquer tipo”.
Os evangelhos não esclarecem mais sobre o que deve ser ou não
considerado porneia,esclarecimento que pode se buscar analisando as epístolas como será feito mais
adiante. Estas listas não descrevem uma lei, mas são um apelo ao coração (tes kardias). No caso da
sexualidade pode se dizer que o que sente “o coração” é essencial.
6. Ética sexual nas epístolas paulinas – O apóstolo Paulo também condena a porneia em 1 Co
5.1-8 e 7.1-7 (onde tem sempre conotação heterossexual visando principal- mente evitar o incesto). Em
outros textos como 1 Co 6.12-20; 2 Co 12.19-21; Gl 5.16-26; Ef 5.1-20 e 1 Ts 4.1-6, a imoralidade sexual
(porneia) é também vinculada aos cultos gregos dos quais o apóstolo queria diferenciar a vida das
comunidades cristãs. A ética sexual paulina propõe: A valoriza- ção da pessoa independentemente do
casamento (1 Co 7.7-8.25-28); A har- monia das relações entre homens e mulheres e nos grupos
familiares e por extensão nas comunidades cristãs (1 Co 7.1b-6); Em 1 Co 12.21 e Gl 5.9 o apóstolo usa
“porneia” e “aselgeia” como dois problemas diferentes e não como sinônimos. Efésios 4.19 associa
“aselgeia” às impurezas e à ganância (“pleonexia”) mesmo que as traduções busquem lhe dar conotação
sexual e não econômica. Só no texto tardio de 2 Pedro 2.7 aparece como condenação a má conduta do
povo de Sodoma para com Ló (seria então uma condenação à violência sexual?).
A ética não é imposta, mas é apresentada como um aconselha- mento pastoral a partir da
experiência concreta da comunidade (1 Co 7.1a).
Um texto interessante para a discussão bíblico-cultural da sexua- lidade está em Rm 1.26: “Pelo que
Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no
contrário à natureza”. O texto trata-se do “sexo anal” em relações heterossexuais dentro de práticas
orgiásticas que, na época, sempre tinham conotação religiosa.
Como entender o subsídio oferecido pela Bíblia para a sexualidade humana?
Se a Bíblia, como é levantado neste arrazoado, possui diversos modelos e entendimentos da
sexualidade dependendo das circunstâncias históricas, sociais e culturais é possível perce- ber que o
mesmo acontece na atualidade. Não seria correto tomar uma das formas e dizer que esta seja a única
santa, natural ou salutar. Os textos que se referem à sexualidade na Bíblia devem ser lidos dentro dos
seus respectivos contextos históricos e culturais assim como qualquer outro texto bíblico sobre qualquer
outro aspecto da vida.
Comparando as diferentes concepções fixadas na Bíblia através da experiência do Povo de Deus,
podem se encontrar princípios gerais orientadores para a atualidade sem pretender que eles sejam
imutáveis nem aplicáveis universalmente.
Não cabe dúvida, especialmente, a partir do evento Jesus Cristo, de que, dentre todos os princípios,
o principal é o AMOR: João 13.35: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor
uns aos outros”; 1 Coríntios 13.13: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três;
porém o maior destes é o amor”; Mateus 22.37-40: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro
mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.
A expressão “porneia”, que, na leitura do Novo Testamento, tem sempre o sentido de abranger todo tipo
de imoralidades sexuais, não pode ficar presa apenas a essa compreensão, uma vez que os apelos
sociais e suas mudanças sempre impõem sobre a sociedade nova leitura das necessidades, como um tipo
de acomodação contextual. Um exemplo bem claro para isso é a independência da mulher no cenário
mundial. Hoje a mulher estuda mais do que os homens, trabalha, às vezes sustenta a casa, é líder, chefia
homens e tem participação efetiva na sociedade. Isto quer dizer que a expressão grega mh epi
porneia (me epy porneia – a não ser por imoralidades sexuais), restringida a uma única acepção, já não
atende as demandas atuais. Isto porque esta concepção estava dentro de uma cosmovisão androcêntrica.
Só que a sociedade evoluiu e a mulher se libertou. Hoje, existem outras questões que levam um homem e
uma mulher romperem com o casamento: mentiras, distorção de caráter, falsidade, infidelidade em níveis
diferenciados, ausências, indiferença, agressividade, falta de dinheiro, incompatibilidades exacerbadas
que levam a um desgaste irreversível, falta de periodicidade sexual, e tantas outras questões.
O que deve ficar bem claro para o leitor é que as palavras, em qualquer língua, ganham novas acepções a
partir da própria deriva e das necessidades que se apresentam. Por exemplo, a palavra “alma” hoje é
entendida por nós como psiquismo; a palavra “espírito” pode ser compreendida como o nosso lado
emocional, profundidade, internalidade, introspectividade, espiritualidade, etc. Antes esta palavra abrangia
uma série de coisas diferentes das que hoje entendemos. Quando nós lemos em coríntios o texto que diz:
“E osespíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32), o que estamos lendo de fato? É
lógico que aí o texto está falando de “reações emocionais”. Ou seja: eu posso controlar as minhas
emoções!
Que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores (os que haviam se perdido) ( 1Tm 1:15 );
Se for possível, esclareça porque os homens se perderam, ou seja, destacando a incredulidade de
Adão, e que, por causa dele, todos foram destituídos da comunhão com Deus ( 1Co 15:22 );
Destaque também que a obra redentora de Cristo é fazer com
que o homem volte a compartilhar da glória que perdeu, e que para compartilhar da natureza divina
é necessário ser gerado de novo ( Jo 17:22 ).
Como evangelista o cristão deve entender que é essencial que primeiro Deus efetue a limpeza do homem
pelo lavar regenerador da palavra, que se resume nos tópicos elencados acima. O evangelista não pode
agir como os escribas e fariseus, que ‘limpavam’ o exterior dos homens, mas o interior continuava imundo.
Os escribas e fariseus queriam limpar os homens tornando-os prosélitos, e o ‘produto’ que utilizavam era a
religiosidade, a legalidade, a moralidade, o formalismo e o ritualismo. ‘Limpavam’ somente o exterior dos
seus seguidores, como o fazem muitas religiões e sistemas filosóficos ao longo dos séculos.
Nenhum homem ou sistema religioso possui o poder necessário para limpar o interior do homem. Somente
Deus, através da sua palavra encarnada, que é poder para salvação de todos que creem, limpa o homem
completamente, pois ele concede um novo coração e um novo espírito "Porque não me envergonho do
evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e
também do grego" ( Rm 1:16 ).
Jesus mesmo disse que o interior somente Deus pode lavar ( Mt 23:25 ), o que é possível somente através
da palavra do evangelho "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado" ( Jo 15:3 ).
Quando Deus efetua o lavar regenerador ( 1Pe 1:23 ), primeiro é limpo o interior, e como conseqüência, o
exterior também fica limpo ( Mt 23:26 ). Ele arranca o coração de pedra e coloca um coração de carne,
pois somente Deus tem poder para criá-los de novo “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e coloca em
mim um espírito reto” ( Sl 51:10 ) "E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e
tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne" ( Ez 11:19 ).
É por isso que o salmista pede a Deus que o limpe ( Sl 51:7 ), pois a limpeza que Deus efetua começa
com a troca do coração e do espírito, pois e operado um novo nascimento.
O evangelista deve entender que, primeiro é essencial a ação regeneradora de Deus, que faz um novo
homem, e então, tudo se faz novo. Para tanto, basta ao evangelista anunciar as boas novas do evangelho,
ou seja, que Cristo foi manifesto em carne, viveu sem pecado por ter sido gerado de Deus, foi crucificado,
ressurgiu e está assentado à destra de Deus.
Somente quando o novo convertido estiver com o entendimento cativo em obediência a Cristo, estará apto
a ser orientado a que deixe os comportamentos considerados pela sociedade como perniciosos.
Somente quando o homem entende a extensão do amor de Deus demonstrado em Cristo estará apto a ser
repreendido em tudo, como assevera o apóstolo Paulo "Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se
levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; E
estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência" ( 2Co 10:5 ;
Ef 3:18 ).
Antes de pedir aos homens que se portem de modo digno é necessário anunciar-lhes a mensagem do
evangelho, ou seja, a vocação com que será chamado das trevas para a maravilhosa luz. Após ouvir a
mensagem do evangelho, o homem que antes era trevas e que após crer passou a ser luz no Senhor,
estará apto a andar na condição de filho da luz "Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no
SENHOR; andai como filhos da luz" ( Ef 5:8 ).
Por que este alerta aos evangelistas? Porque em nossos dias o evangelho de Cristo está em terceiro
plano e os discursos dos púlpitos transformaram-se no evangelho moral, ético, social ou da prosperidade.
Muitos levantam uma bandeira contra o homossexualismo, o aborto, a eutanásia, reforma agrária, etc., e
entendem que este seria o evangelho de Cristo.
Será que nunca leram a recomendação de Jesus? Deixa os mortos que enterrem seus mortos! Anunciar o
reino de Deus não é o mesmo que se ocupar das questões próprias aos mortos "Mas Jesus lhe observou:
Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus" ( Lc 9:60 ).
Jesus alertou que os pobres sempre estarão entre os homens, porém, muitos querem que o evangelho
seja um modelo de transformação socioeconômico "Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a
mim não me haveis de ter sempre" ( Mt 26:11 ).
Esquecem da recomendação das escrituras que diz: "Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está
sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda" ( Ap 22:11 ).
Levantar bandeiras contra o uso de drogas, álcool, sexo, vida noturna, etc., não livra ninguém do caminho
de perdição.
Jesus mesmo disse: "E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim,
não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo" ( Jo 12:47 ). Ora, se Cristo não veio julgar o mundo,
visto que sob o mundo já pesa uma condenação, como os seguidores de Cristo se propõe a levantar uma
bandeira contra as ações dos homens sob o domínio do pecado?
Qual a função do evangelista? Anunciar as palavras de Cristo, e se não ouvirem, não são passíveis de
julgamento, uma vez que a humanidade já está condenada, porque não crê no nome do filho de
Deus "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus" ( Jo 3:18 ).
A função do pregador não é ‘limpar’ o imundo com leis, preceitos e regras, pois será um trabalho inútil.
Convencer os ouvintes a deixarem de fumar, beber, roubar, furtar, não mentir, não os conduzirá a Deus,
pois o caminho a Deus é Cristo.
Os fariseus e escribas utilizavam vários preceitos na tentativa de conduzir o homem a Deus, mas não
conseguiam. A conformidade comportamental com a lei não conduz ninguém a Deus, pois para cumprir a
lei de Deus só é possível àqueles que forem circuncidados no coração por Deus "E o SENHOR teu Deus
circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com
todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas" ( Dt 30:6 ).
Para se libertar dos pecados você precisa aceitar a Jesus e procurar seguir seus mandamentos, procure
uma igreja mais próxima e fale com os dirigentes que você deseja aceitar a Jesus.
Mateus 10:
32 Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está
nos céus.
33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos
céus.
Após a ministração de ontem à tarde sobre o capítulo 19 de Mateus, em Barueri, SP, algumas
questões foram levantadas sobre a sexualidade. Na tentativa de responder as difíceis perguntas desse
texto – e do assunto em si – ponho diante dos irmãos esta sucinta pesquisa.
Peço misericórdia aos críticos azedos e compreensão aos de boa vontade. Ponho-me aqui como
alguém que gosta de estudar a Palavra de Deus e não um suprassumo na área do conhecimento bíblico.
Eu reconheço que não faço parte desse egrégio colegiado. Mas sou um ardoroso pesquisador bíblico e
estudioso das línguas originais.
Com esta introdução, passo a apresentação da pesquisa:
Tradicionalmente tem prevalecido uma abordagem legalista e moralista da sexualidade na Bíblia. O
enfoque tradicional busca definir dentro da sexualidade aquilo que seria, ou não, “pecado”. Em geral a
ênfase no pecado na sexualidade não leva em consideração as diferenças históricas entre aqueles que
formularam os textos bíblicos e os dias de hoje. No entanto a leitura científica mostra que não há um só
modelo de sexualidade na Bíblia, não obstante ser possível verificar que sempre os textos bíblicos têm a
intenção de “regulamentar” a sexualidade. No que tange a alguns modelos de sexualidade na Bíblia, estes
nunca poderiam ter considerado mudanças recentes como a emancipação feminina (independência
econômica, social, política e cultural das mulheres em relação aos homens incluindo o uso massivo de
métodos anticoncepcionais), a predominância de relações sexuais que não visam à procriação e a busca
cada vez menor de geração de filhos/as.
A partir de uma abordagem teológico-antropológica pode-se ver, no Antigo Testamento, quatro
“modelos” fundamentais:
1. o modelo procriativo patriarcal (principalmente em Gn 12-50);
2. o modelo poligâmico monárquico (principalmente em 1 e 2 Sm; 1 e 2 Rs; 1 e 2 Cr);
3. o modelo moralista e legalista (Esdras e Neemias, Levítico e outros escritos sacerdotais do
Pentateuco) e
4. o modelo erótico-afetivo (Cântico dos Cânticos, e releituras de outros textos numa ótica de gênero).
No Novo Testamento buscamos descrever como é tratado o tema da sexualidade nos Evangelhos e
nas Epístolas. Como este estudo tem por objetivo ser apenas um arrazoado, ao mesmo tempo em que são
analisados os textos bíblicos, também é feita uma análise comparativa da sexualidade na atualidade.
1. O MODELO PROCRIATIVO PATRIARCAL – Pelo próprio enunciado, percebe-se que este
modelo tem a procriação como critério central. Portanto, qualquer forma de sexualidade que não tenha a
procriação como consequência é rejeitada (Onã em Gn 38.8-10), ou é considerada doença ou distúrbio
como a “esterilidade” (Sarai em Gn 11.30; Rebeca em Gn 25.21 e Raquel em Gn 29.31).
O uso por mim da palavra “modelo” não significa, em hipótese alguma, que a Bíblia proponha
“paradigmas” de sexualidade, mas que, estudando os textos bíblicos, inferimos certas características que
indicam como era a relação interpessoal e de gênero na sexualidade vivida e registrada em diferentes
momentos da sua história.
Na Bíblia, o sexo forçado sempre é condenado nos textos bíblicos, mesmo que seja heterossexual,
como no caso de estupro (Diná em Siquém – Gn 34.5; Sara e o Faraó Abimeleque em Gn 12.17s e Gn
20.2s). O modelo procriativo envolve também a luta pela herança.
Dentro desta luta de poder hereditário as mulheres têm a materni- dade como instrumento de
influência (Sara e Agar: Gn 16.1-6 e 21.9-21; Raquel e Lia: Gn 29.31-35; Ana e Penina: 1 Sm 1.1-6). A luta
pelo poder reprodutivo é uma luta pela cidadania feminina dentro do clã admitindo estratégias ousadas e
criativas que não respeitam padrões rígidos de moralidade como pode se constatar no exemplo de Tamar
(Gn 38.12-30).
Hoje algumas igrejas buscam orientação no modelo de sexualidade exclusivamente procriativa,
como se a sexualidade pudesse ser admitida na atualidade sem o prazer. No AT as “servas” eram
indicadas pelas esposas que tinham problemas de fertilidade.
Assumir o modelo procriativo na atualidade também leva a se posicionar contra os métodos
anticoncepcionais considerando-os “não naturais”. Alguns métodos naturais também são condenados
como o “coito interrompido” (chamado onanismo) e a masturbação masculina e feminina.
A orientação procriativa torna pecaminosa a harmonia entre desejo sexual e planejamento familiar
além de dificultar o autoconhecimento sexual de homens e mulheres (com prejuízos para sua vida sexual
posterior) e a prevenção de todas as doenças sexualmente transmissíveis.
O modelo procriativo aplicado na atualidade mantém a competição entre as mulheres que vêm na
geração de filhos/as o sentido maior ou até único da relação com o parceiro. O “status” de mãe torna a
mulher teológica e socialmente aceita e valorizada levando a uma certa desvalorização das outras
capacidades humanas femininas.
2. O modelo poligâmico monárquico – No modelo poligâ- mico monárquico o Rei tem direito a ter
inúmeras mulheres divididas em dois grupos: princesas e concubinas (1 Rs 11.3). O harém monárquico
não é diretamente condenado nos textos bíblicos como mostra a história de Davi em 2 Sm 5.13 (o Rei só
se separa delas depois de serem “usadas” pelo seu filho Absalão, cf. 2 Sm 16.20-22 e 20.3).
O acúmulo de mulheres, condenado no caso de Salomão (1 Rs 11.1-4), se deve ao fato de elas
serem estrangeiras e levarem o rei a adorar outras divindades. Mas não há nenhuma condenação do
modelo monárquico de sexualidade, como tal.
Apesar de, na época, as relações sexuais em geral gerarem “filhos e filhas” a procriação não era o
critério central do modelo monárquico, já que o rei precisaria de apenas um “herdeiro” para lhe suceder
no trono e não de muitos como nas famílias camponesas (1 Cr 3.9). A sexualidade é nada mais do que
mais uma das expressões do poder do Rei! Uma grande quantidade de princesas mostraria a pluralidade
de relações diplomáticas e comerciais. Uma grande quantidade de concubinas mostraria o poder do rei
sobre o povo.
O harém não era apenas uma vitrine de mulheres bonitas, mas era governado pela rainha-mãe que
se dedicava a preparação dos futuros funcionários reais além de ter influência tanto na política interna
quanto exterior (cf. 2 Rs 10.13 e Dn 5.10).
A prostituição comercial (apenas feminina, em hebraico “tsanah”) estava diretamente ligada à vida
nas cidades monárquicas. No entanto não parece haver uma abordagem moralista desta profissão.
Raabe, uma prostituta da cidade, é uma das principais heroínas da luta pela terra (Js 2.1-3 e 6.23-25).
Raabe passará depois a morar junto com as tribos, figurará na genealogia de Jesus (Mt 1.5) e será
declarada salva pela Igreja Cristã (Hb 11.31 e Tg 2.25).
3. O modelo moralista e legalista – O modelo moralista e legalista é implantado pelo poder
sacerdotal que assume o governo de Jerusalém sob o domínio Persa entre aproximadamente 450 e 400
a.C. (cf. Esdras 4). A missão de Esdras era implementar a obediência de uma nova versão da lei judaica
que garantiria a ordem interna e a submissão externa ao Império Persa (cf. Ed 7.11-17).
Esdras usa a sexualidade para eliminar o convívio dos homens judeus com mulheres de outros
povos (Ed 9-10). Neste sentido pode se afirmar que é um modelo racista e xenófobo, não porque
visasse necessariamente a pureza étnica, mas porque as mulheres estrangeiras são usadas como “bode
expiatório” (Ed 9.1.11.14).
Dentro deste modelo se impõe a monogamia proibindo que um homem tenha mais de uma parceira
(Lv 18.18). O corpo passa a ser visto com desconfiança como sexualmente “tentador” levando a proibir a
nudez (Lv 18.19 e 20.11s). Enfim a nova ordem sacerdotal faz com que nenhum aspecto da vida, incluindo
a sexualidade, escape do controle do estado religioso.
A sexualidade é definitivamente banida como elemento cultual (Lv 18.21), a homossexualidade
masculina é condenada explicitamente (Lv 18.22), a prática de atos sexuais com animais também é
proibida (Lv 18.23) assim como todas as formas de incesto ou relações sexuais intra-familiares (Lv
20.11s).
Todos os preceitos sacerdotais são invariavelmente androcêntricos. Uma prova do androcentrismo
do modelo é que em nenhum momento a mulher é proibida de ver a “nudez” de um parente pelo simples
fato de ela não ser mais do que uma propriedade do homem (Êx 20.10). A única proibição dirigida à
mulher é ter relações sexuais com animais (Lv 20.16). No caso de indenização a mulher vale sempre bem
menos que o homem (Lv 27.1s).
Alguns princípios morais deste modelo permaneceram na sociedade ocidental, tais como o ideal
monogâmico, a condenação da chamada zoofilia (relações sexuais com animais) e a prática cultual da
sexualidade.
Neste modelo vemos que as relações sexuais são reguladas mais do ponto de vista legal ou moral
do que pelo amor e pelo prazer na sexualidade.
4. O modelo erótico-afetivo – Este modelo tem sua maior expressão bíblica no Cântico dos
Cânticos motivando as mais diversas controvérsias e interpretações tanto no judaísmo quanto no
cristianismo. As muitas leituras feitas podem ser resumidas em três grupos:
Alegóricas: negam a centralidade da sexualidade dentro do Cântico dos Cânticos, e interpretam o
texto a partir de outros textos bíblicos.
Naturais: afirmam a centralidade da sexualidade, e procuram, em geral, manter-se dentro de uma
intertextualidade bíblica.
Míticas ou litúrgicas ou cultuais: afirmam a centralidade da sexualidade, mas enfatizando as
evidências literárias e arqueológicas do contexto extra-bíblico.
Em geral as leituras alegóricas têm sido superadas pela força das imagens do próprio texto. As
leituras cultuais têm servido mais para fornecer informações complementares em relação ao sentido
teológico da sexualidade no Antigo Oriente, mas alguns poemas da coletânea do Cântico dos Cânticos
mostram uma intimidade maior do que a meramente cultual.
As leituras naturais têm conseguido explicar melhor o sentido das palavras e das imagens do
Cântico dos Cânticos e é neste sentido que ele serve para exemplificar o modelo de sexualidade que
chamamos de “erótico-afetivo”.
O Cântico dos Cânticos pertence como produto final à época entre 400 e 300 a.C. ou entre o período
persa e o começo do período grego. Mesmo não sendo um panfleto contra o modelo moralista e legalista
de sexualidade imposto na época de Esdras não há por que duvidar que tenha tido, nesta época, uma
função de contestação e resistência especialmente por parte das mulheres. A coletânea poética
predominante feminina contesta também a exploração contra a mulher camponesa (Ct 1.6), a violência
contra as mulheres na cidade (Ct 5.7) e a vida no harém real (6.9).
O elemento central do modelo erótico-afetivo é o desejo. Expressões como: “Que me beije” (1.2) ou
“Ele é totalmente desejável” (5.16) expressam a intensidade do desejo. Não visa à reprodução, mas o
prazer como plena realização do amor que é chamado de “labareda de Javé” (8.5).
Dentro do modelo erótico-afetivo a sexualidade oferece uma forma de contemplação de toda a vida
seguindo o sentido comum a todo o Antigo Oriente.
Realizar-se sexualmente com a pessoa amada é estar em harmonia com toda a criação e leva a
alcançar todos os outros prazeres da vida. Amar é desejar cada parte do corpo da pessoa amada. A nudez
aqui não é má nem perigosa, mas é uma janela para o amor (Ct 2.9).
A leitura alegórica foi a forma encontrada tanto por judeus quanto por cristãos para des-
erotizarestes poemas de amor impedindo que servissem como modelo de sexualidade alternativo aos
anteriormente apresentados. O corpo exaltado, o prazer amoroso, a participação ativa da mulher são
elementos que questionam a sexualidade procriativa, opressiva, moralista e androcêntrica.
O modelo erótico-afetivo não deixa dúvidas de que a sexualidade é dom de Deus. No primeiro relato
da criação em Gn 1.28a o dom de divino é apresentado através da fecundidade: “E Deus os abençoou e
lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos...”. No entanto, no Cântico dos Cânticos o erotismo é dom em si,
com ou sem a fecundidade. No Cântico dos Cânticos o desejo sexual é atribuído a ambos os sexos e é
visto parte integrante do sentimento do amor (Ct 2.1-3 e 8.7).
Já no segundo relato da criação, o desejo é visto como um mal para a mulher provocando sua
dominação por parte do homem: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua
gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn
3.16). As diferenças entre o que se entende por dom de Deus em Gênesis 1-3 e no Cântico dos Cânticos
levaram a afirmar que os poemas do Cântico dos Cânticos seriam uma releitura dos relatos de Gênesis
buscando resgatar o paraíso perdido. O Cântico dos Cânticos também não tem como motivação originária
ser uma releitura de Gênesis 1-3 mas, mesmo sem querer, acaba sendo nas suas consequências
teológicas especialmente, no que se refere à sexualidade e às relações de gênero.
O Cântico dos Cânticos trata da centralidade do erotismo, do desejo, do companheirismo erótico-
amoroso, do amor sem barreiras entre um homem e uma mulher.
5. Sexualidade, pecado e acolhimento nos Evange- lhos – Pretender estudar como a sexualidade
é tratada nos Evangelhos é um desafio novo e difícil, pois este não é seu foco central. No entanto, a
questão da sexualidade do ponto de vista teológico e antropológico pode ser abordada a partir de dois
ângulos:
a) Os momentos onde Jesus e/ou seus discípulos tratam de assuntos relativos à sexualidade;
b) A análise de listas de preceitos morais onde esta questão é mencionada. Dentro do primeiro
enfoque destaca-se o tratamento dado por Jesus ao assunto da prostituição feminina: Em Mateus 21.31b:
“Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus”.
O termo grego usado é “porné” (literalmente “a imoral”). Em Lucas 7.37 a mulher é chamada de “pecadora
da cidade” (em grego “polei amartolos”) é destacada pela sua fé e, neste caso, não é colocada a
recomendação “não pequeis mais” mas apenas as afirmações de Jesus: “Perdoados são os teus pecados”
(Lc 7.48b) e “tua fé te salvou, vai-te em paz” (Lc 7.50). Quer dizer que para Jesus a questão central no é o
rótulo de “pecadora” pelo qual era conhecida, mas sua grande fé que era ignorada pelos fariseus
moralistas.
Este primeiro relato é sacerdotal e, portanto, fornece o embasa- mento etiológico para a visão
moralista e legalista.
O Evangelho segundo João apresenta outras duas situações que podem ser ligadas à sexualidade:
A primeira situação é o diálogo de Jesus com a mulher Samaritana. Jesus afirma que ela já teve cinco
maridos e o atual não é seu marido (Jo 4.16–18). Isto quer dizer que os cinco foram maridos de verdade
(?), mas o atual não era dela (Jo 4.41,42).
No episódio da condenação da mulher surpreendida cometendo adultério (Jo 8.3s) Jesus faz uma
importante afirmação ao dizer: “Nem eu tampouco te condeno” (v.11b). Poderia ter dito apenas “eu te
perdôo”. No entanto termina dizendo: “Vai e não peques mais” (v.11c) a mesma expressão usada na cura
de um homem doente (5.14). Jesus não dá ênfase ao “pecado” que teria levado essa mulher à morte, mas
ao fato de todos, mesmo seus algozes, serem igualmente pecadores, fato que impossibilita a condenação.
No segundo enfoque encontramos listas que surgem do debate entre Jesus e a visão moralista e
legalista dos fariseus. A primeira refere-se especificamente ao divórcio e ao adultério. No Evangelho
segundo Marcos a argumentação segue o seguinte esquema: A lei de Moisés autoriza o divórcio (em
grego apostasion) e o repúdio (em grego apoluo). O uso de duas palavras para descrever o fato em
questão mostra que se tratava de um divórcio unilateral perpetrado pelo homem (Dt 24.1-3).
Jesus coloca acima da lei o princípio da unidade matrimonial no corpo (citando Gn 2.24).
Posteriormente, em particular, esclarece seus discípulos sobre o sentido do adultério (Mc 10.1-12).
Neste caso Jesus propõe a indissolubilidade absoluta do matrimônio (que será contradito pelo apóstolo
Paulo em 1 Cor 7.15: “Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito
à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz”).
Na comunidade de Mateus, onde predominavam judeus conver- tidos, a discussão sobre questões
legais era mais intensa e complicada. O assunto do adultério é mencionado duas vezes (talvez porque
alguns resistissem à ideia de não poder se divorciar quando a lei de Moisés o autorizava). O primeiro texto
está em Mateus 5.31,32.
Neste caso o uso dos termos é invertido: “Aquele que repudiar sua mulher lhe dando carta de
divórcio” quando em Marcos se dizia: “escrever [lavrar] carta de divórcio e repudiar” (10.4). Neste sentido a
comunidade de Mateus quer dizer que o que Jesus esta proibindo é repudiar unilateralmente a
mulher (que na época ficava sem nenhum amparo legal) e não necessariamente o divórcio. Também neste
texto não aparece a explicação sobre a indissolubilidade do matrimônio como em Marcos.
No segundo texto de Mateus (19.7-10) a questão é recolocada com a salvaguarda de que, quem
encontrar sua mulher praticando “relações sexuais ilícitas” (em grego porneia) pode sim repudiá-la
(flexibilizando o conceito de indissolubili- dade) e que não seria possível casar com “uma mulher
repudiada”, ou seja, flagrada cometendo adultério. Esta flexibilização é feita na ótica exclusiva do homem
(não como em Marcos que diz que seria proibido tanto para homem quanto para a mulher casar com
pessoas repudiadas ou divorciadas).
Em Mateus 15.19 e Marcos 7.20-23 aparecem listas de “imoralidades” dentro das quais aparecem a
“porneia” (imorali- dade) e “moixeia” (adultério) que são as únicas ligadas diretamente à sexualidade. Em
Marcos, onde a lista é maior, aparece também o termo “asélgeia” (cujo sentido direto é “vício” mas que
também pode ser interpretado como “libertinagem”). A conotação sexual deste último não é clara. O termo
grego “moixea” é o mesmo que aparece em Marcos 10.4s aplicado tanto para homem quanto para mulher.
Já o termo “porneia” está mal traduzido como “prostituição” já que ele significa “imoralidade sexual de
qualquer tipo”.
Os evangelhos não esclarecem mais sobre o que deve ser ou não
considerado porneia,esclarecimento que pode se buscar analisando as epístolas como será feito mais
adiante. Estas listas não descrevem uma lei, mas são um apelo ao coração (tes kardias). No caso da
sexualidade pode se dizer que o que sente “o coração” é essencial.
6. Ética sexual nas epístolas paulinas – O apóstolo Paulo também condena a porneia em 1 Co
5.1-8 e 7.1-7 (onde tem sempre conotação heterossexual visando principal- mente evitar o incesto). Em
outros textos como 1 Co 6.12-20; 2 Co 12.19-21; Gl 5.16-26; Ef 5.1-20 e 1 Ts 4.1-6, a imoralidade sexual
(porneia) é também vinculada aos cultos gregos dos quais o apóstolo queria diferenciar a vida das
comunidades cristãs. A ética sexual paulina propõe: A valoriza- ção da pessoa independentemente do
casamento (1 Co 7.7-8.25-28); A har- monia das relações entre homens e mulheres e nos grupos
familiares e por extensão nas comunidades cristãs (1 Co 7.1b-6); Em 1 Co 12.21 e Gl 5.9 o apóstolo usa
“porneia” e “aselgeia” como dois problemas diferentes e não como sinônimos. Efésios 4.19 associa
“aselgeia” às impurezas e à ganância (“pleonexia”) mesmo que as traduções busquem lhe dar conotação
sexual e não econômica. Só no texto tardio de 2 Pedro 2.7 aparece como condenação a má conduta do
povo de Sodoma para com Ló (seria então uma condenação à violência sexual?).
A ética não é imposta, mas é apresentada como um aconselha- mento pastoral a partir da
experiência concreta da comunidade (1 Co 7.1a).
Um texto interessante para a discussão bíblico-cultural da sexua- lidade está em Rm 1.26: “Pelo que
Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no
contrário à natureza”. O texto trata-se do “sexo anal” em relações heterossexuais dentro de práticas
orgiásticas que, na época, sempre tinham conotação religiosa.
Como entender o subsídio oferecido pela Bíblia para a sexualidade humana?
Se a Bíblia, como é levantado neste arrazoado, possui diversos modelos e entendimentos da
sexualidade dependendo das circunstâncias históricas, sociais e culturais é possível perce- ber que o
mesmo acontece na atualidade. Não seria correto tomar uma das formas e dizer que esta seja a única
santa, natural ou salutar. Os textos que se referem à sexualidade na Bíblia devem ser lidos dentro dos
seus respectivos contextos históricos e culturais assim como qualquer outro texto bíblico sobre qualquer
outro aspecto da vida.
Comparando as diferentes concepções fixadas na Bíblia através da experiência do Povo de Deus,
podem se encontrar princípios gerais orientadores para a atualidade sem pretender que eles sejam
imutáveis nem aplicáveis universalmente.
Não cabe dúvida, especialmente, a partir do evento Jesus Cristo, de que, dentre todos os princípios,
o principal é o AMOR: João 13.35: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor
uns aos outros”; 1 Coríntios 13.13: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três;
porém o maior destes é o amor”; Mateus 22.37-40: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro
mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.
A expressão “porneia”, que, na leitura do Novo Testamento, tem sempre o sentido de abranger todo tipo
de imoralidades sexuais, não pode ficar presa apenas a essa compreensão, uma vez que os apelos
sociais e suas mudanças sempre impõem sobre a sociedade nova leitura das necessidades, como um tipo
de acomodação contextual. Um exemplo bem claro para isso é a independência da mulher no cenário
mundial. Hoje a mulher estuda mais do que os homens, trabalha, às vezes sustenta a casa, é líder, chefia
homens e tem participação efetiva na sociedade. Isto quer dizer que a expressão grega mh epi
porneia (me epy porneia – a não ser por imoralidades sexuais), restringida a uma única acepção, já não
atende as demandas atuais. Isto porque esta concepção estava dentro de uma cosmovisão androcêntrica.
Só que a sociedade evoluiu e a mulher se libertou. Hoje, existem outras questões que levam um homem e
uma mulher romperem com o casamento: mentiras, distorção de caráter, falsidade, infidelidade em níveis
diferenciados, ausências, indiferença, agressividade, falta de dinheiro, incompatibilidades exacerbadas
que levam a um desgaste irreversível, falta de periodicidade sexual, e tantas outras questões.
O que deve ficar bem claro para o leitor é que as palavras, em qualquer língua, ganham novas acepções a
partir da própria deriva e das necessidades que se apresentam. Por exemplo, a palavra “alma” hoje é
entendida por nós como psiquismo; a palavra “espírito” pode ser compreendida como o nosso lado
emocional, profundidade, internalidade, introspectividade, espiritualidade, etc. Antes esta palavra abrangia
uma série de coisas diferentes das que hoje entendemos. Quando nós lemos em coríntios o texto que diz:
“E osespíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32), o que estamos lendo de fato? É
lógico que aí o texto está falando de “reações emocionais”. Ou seja: eu posso controlar as minhas
emoções!
OROU, ACONTECEU?!!!!!!!!!!
“Pai, não deixe que os meus sentimentos falem mais alto do que a Tua voz!
Diante do magico-supersticioso da prática da oração entre o povo evangélico – alguns segmentos –
coloco à disposição do leitor 40 Pensamentos sobre a oração objetivando levar os evangélicos a
repensarem a ORAÇÃO. Se não, vejamos:
1. A oração deve ser feita sob a ótica da SOBERANIA de Deus. Não existe ORAÇÃO FORTE, mas sim um
DEUS TODO-PODEROSO que ouve o mais frágil dos cristãos na sua mais humilde oração (2 Coríntios
12.10).
2. Não é uma GRANDE FÉ, quando oramos, que resolve nossos problemas, mas a FIDELIDADE DE
DEUS, que não nos deixa desamparados (1 Coríntios 10.13).
3. Devemos orar entendendo que a oração é apenas um meio de entrarmos em comunhão com Deus e
não um fim em si mesmo.
4. Devemos orar não para controlar o sobrenatural de Deus. Isso não é da alçada dos homens.
5. Devemos orar não a partir da visão de um deus-quebra-galho, shazan, resolvedor-mor dos nossos
problemas. Quando oramos, não esqueçamos, estamos na presença de Deus e não de um “ídolo da
sorte!”
6. Devemos orar apenas para dizer a Deus o quanto Ele é tudo na nossa existência.
7. Devemos orar a Deus sem segundas intenções. Mas como uma criança que se deita para ser afagada
pela mãe.
8. A oração, ao contrário do que muitos imaginam, deve nos fazer mais humanos do que divinos, pois
estamos na presença do Todo-Poderoso!
9. Não devemos fazer da oração um “canto de sereia” para convencer a Deus a nos ouvir. A Bíblia diz que
não devemos orar como aqueles que ficam se repetindo na oração como se ela (a oração) fosse um
mantra.
10. A oração a Deus deve se transformar em descanso de alma e repouso para as nossas inquietudes.
11. Devemos orar não para “romper em fé” e ter respostas imediatas de Deus, mas para ter forças e
equilíbrio para suportar passar por aquilo que o nosso desejo não alcançou e Deus não quis nos dar.
12. Não devemos orar para forçar as mãos de Deus na direção das nossas necessidades, mas para
estender as nossas mãos até onde estão as de Deus.
13. Devemos orar sabendo que Deus conhece as nossas “reais” necessidades. Portanto, orar não é forçar
uma situação diante de Deus pra ver se conseguimos alguma coisa. Por isso não tenho poder para
declarar, determinar nada na oração. Deus é quem manda. Ele é o Soberano de toda a Terra!
14. Devemos orar porque enquanto oramos perdemos a força do “eu quero” e ganhamos a certeza de
depender só de Deus.
15. Devemos orar a Deus não para que Ele faça a nossa vontade, mas para que Ele faça a dEle em nossa
vida.
16. Devemos orar não para forçar Deus a ouvir nossa voz, mas para conseguirmos ouvir o que Ele tem
para dizer aos arcanos da nossa alma.
17. O maior desafio da oração é conseguir sair do mesquinho “ouve que o teu servo fala” para o universal
“fala que o teu servo ouve”.
19. A maior guerra espiritual travada na oração é a guerra entre as vontades. É a minha vontade que
precisa - e geralmente não quer - se submeter à vontade de Deus.
20. A oração que resolve é a que não resolve por si só, pois não é a oração pela oração que nos traz a
solução, mas a oração que é feita a Jesus, autor e consumador da nossa fé.
21. Os problemas, às vezes, nos fazem orar pouco ou nem orar, porque nos tiram do foco divino. Mas os
problemas, ao contrário, devem nos fazer orar mais, na medida em que eu creia que eles, quais forem
eles, são sempre vulneráveis diante do poder Deus.
22. A oração mostra o quanto eu preciso de Deus para viver e às vezes sobreviver.
23. Orar não é tanto entrar no sobrenatural de Deus como no seu natural. A dimensão do sobrenatural de
Deus que precisamos experimentar é o seu cuidado, amor e proteção, coisas naturais de um Deus que
intervém.
24. Orar sem a obrigação de ter que ser respondido é descobrir a eficácia do propósito da oração:
ESCUTAR A VOZ DE DEUS.
25. Quando ajoelhamos diante de Deus temos sempre dois propósitos: a) Falar com Ele e b) ter a resposta
dEle. Agora, quando você ajoelhar diante de Deus tenha em mente esses dois bons objetivos: a) Buscar o
silêncio da alma para não ser dominado pela inquietude e b) ouvir a voz da necessidade dos outros,
porque da sua necessidade cuida Deus.
26. O mal na oração dos que oram é quando oram para terem poder. Deveriam, porém, orar mais para
terem amor, misericórdia e justiça da parte de Deus.
27. A oração vira fetiche quando é concebida como fórmula mágica para resolver problemas difíceis. Não
é a oração que tem poder, mas o Deus para quem dirigimos as nossas orações.
28. Precisamos escapar do infeliz jargão que vem motivando as orações em nossas igrejas: “quando a
igreja ora, alguma coisa acontece!” Isso nos leva fatalmente à infeliz ideia do “ora que melhora da Idade
Média”. O que acontece aqui é que a pontuação do milagre incide sobre “a oração que faz algo acontecer”
e não sobre o Deus ao qual devemos submeter à nossa vontade e que decide, como Soberano que é, o
que vai ou não acontecer à nossa existência.
29. A oração deve começar com agradecimento, prosseguir com agradecimento e terminar com o coração
agradecido diante de Deus.
30. Na oração se faz pedido e não imposições a Deus. Nossas orações só são atendidas quando Deus
resolve atender. Razão: Deus não negocia a sua Soberania nem mesmo com a “oração mais poderosa”.
31. Para orar não é necessário fazer tipo, tipo de oração. Mas orar é o desejo da alma querendo estar com
Deus.
32. A oração deve se transformar no “venha o teu reino” para todos e não no comum “venha a nós”, que
termina sendo só para um grupo específico, e, ao final, transforma-se no famigerado “venha a nós e ao
vosso reino nada”.
33. A frase “eu estou orando por você” é a mentira mais religiosa que existe na vida de uma maioria
gigantesca de evangélicos. A pior mesmo é aquela clássica “vou orar por você!”, mas com a mão à frente
para a pessoa nem chegar perto.
34. Ou você é uma pessoa QUE SE ENCHE DE ORAÇÃO OU A ORAÇÃO COMEÇA A ENCHER VOCÊ!
Pior é quando as pessoas se enchem de si mesmas na oração.
35. Quando um pastor ora por uma pessoa pedindo a Deus que lhe cure e lhe dê vitória e a pessoa sai da
sua presença sem ser curada e sem vitória com relação ao seu problema, duas coisas acontecem: a
pessoa sai pensando que o pastor é “tão bonzinho” que pede misericórdia por ela, mas Deus é “tão ruim”
que não ouve a oração do pastor.
36. A oração é vista como termômetro que mede espiritualidade. Por isso oramos mais para impressionar
os homens do que a Deus.
37. A oração em voz alta é uma coisa, mas quando vira gritos descompassados de quem quer ser mais
ouvido do que os outros, torna-se comumente o grito do “leão irado” que trazemos dentro do peito: o
orgulho e a prepotência.
38. Pessoas que, antes de saírem de casa, acostumaram-se ORAR DE PORTAS FECHADAS, estão
orando com medo. E orar com medo do diabo é não conhecer a Soberania do Deus para quem dirigimos
nossas orações. LEMBRETE: As únicas portas que devemos fechar é a da nossa PRESUNÇÃO e a da
nossa INDISCRIÇÃO.
39. Antes que o dia termine, cuide para não deixar seus sonhos encostados no canto das lamentações,
abandonados ao parecer do impossível. Não sem ao menos tentar, não sem ao menos idealizar um plano
de metas. Comece orando, ore mais um pouco, prossiga em oração e, um recado, não pare de orar.
40. A oração que resulta de uma atitude social, solidária e fraterna, é a que mais se aproxima dos
ensinamentos de JESUS.
OS 10 MANDAMENTOS DO MALEDICENTE
Primeiro Mandamento:
1 – Não deixe de falar mal dos outros para não perder a prática.
Segundo Mandamento:
Terceiro Mandamento:
3 – Não deixe de falar bem daquele que as pessoas dizem que é bom, utilizando-se de duplo
sentido, e torça para que ele erre.
Quarto Mandamento:
4 – Não deixe de procurar aqueles que você tem certeza que lhe darão ouvidos.
Quinto Mandamento:
5 – Não deixe de mostrar jeito confiante ao falar mal dos outros, para que seus ouvintes
acreditem em você.
Sexto Mandamento:
6 – Não fale só mal dos outros. Procure falar, ao mesmo tempo, bem e mal de uma pessoa, para
que ninguém perceba a sua real intenção.
Sétimo Mandamento:
7 – Não deixe de procurar os descontentes, os rebeldes e os simples, pois eles lhe darão
ouvidos.
Oitavo Mandamento:
8 – Não comece criticando, comece falando bem da pessoa que você quer destruir para depois
salientar os aspectos negativos dela. Faça isso com maestria e tom piedoso.
Nono Mandamento:
9 – Não deixe de falar mal dos outros para não perder a prática.
Décimo Mandamento:
10 – Não deixe de destruir, com palavras, a base mais forte de quem você quer derrubar, porque,
no final, ele também cairá.
Estes mandamentos têm tudo a ver com os passos dados pelo MALEDICENTE com o objetivo de
destruir aquele que passa a ser o seu alvo.
Esta é uma reflexão sobre o comportamento de algumas igrejas brasileiras que insistem em
querer se SECULARIZAR, de um lado, e se SACRALIZAR, de outro, e sobre o desafio atual
desta mesma igreja que precisa ser Igreja de Deus em meio a tantas distorções e expressões
caricatas, para que não lhe seja RETIRADO O CASTIÇAL.
A superstição nos arraiais evangélicos está ultrapassando todos os limites da coerência, do bom
senso e sobretudo dos ensinamentos deixados por Jesus a todos nós. O sistema sacrificalista –
detonado por Jesus – está de volta com força total.
3. ABAIXO A OPRESSÃO DO MEDO. Igreja não é lugar onde se promove o medo como
elemento de motivação para seus membros virem aos cultos. As pessoas devem ir às igrejas com
o sentimento lúcido de reconhecimento, agradecimento e pelo prazer de levar a Deus o seu
máximo tributo. A Igreja de Jesus Cristo é lugar de LIBERTAÇÃO de consciências dominadas
pelo medo. Não podemos fazer o contrário da proposta deixada pelo Filho de Deus.
6. SÓ PROMESSAS. As promessas que estão sendo feitas dos púlpitos evangélicos são
comprometedoras. Será que os lixos que trazemos de anos na vida são retirados por uma
“oração forte” ou é preciso caminhar a caminhada cristã, vencendo as etapas da vida e matando
os leões, dia a dia, que há dentro de nós? Promessas mediáticas para soluções imediatas são
placebos, mentiras. Espiritualidade tem a ver com busca intensa, constante e profunda. Não tem
a ver com a pressa deste milênio.
7. "CANETAS UNGIDAS PARA CONCURSO" É O FIM DA PICADA. ALGUÉM ESTÁ
SENDO MUITO VIGARISTA OU ESTÃO NOS ACHANDO UM BANDO DE TOLOS
INCONSEQUENTES.
10. MEDO DOS DEMÔNIOS. “O medo da ação do demônio é muito mais eficiente que a
doçura da presença de Deus”. Este é um dos fatos que pervadem a maioria das igrejas ditas
pentecostais e pós-pentecostais. É bem verdadeira a assertiva do professor da UNICAMP
Leandro Karnal: “O medo enche mais as igrejas do que o amor”.
12. NÃO ENTENDO. Por que as pessoas têm tanto medo do conhecimento? Parecem
gostar de viver mais nas sombras da ignorância de uma espiritualidade construída pelo medo e
pela superstição do que enfrentar suas limitações e lutarem, com garra, para terem acesso a
novos saberes que possam libertá-los da mesmice e da ignorância.
“Até quando vamos viver no estreito e asfixiante espaço do ‘Engana Que Eu Gosto?!!!’”
Mais um ano que se desvanece, dissipa-se, extingue-se, desaparece, apaga-se, dissolve-se e com ele vai
todo tipo de emoção vivido: alegrias, tristezas, dores, doenças, perdas, conquistas, reparações, traições,
angús-tias, dissabores, méritos, deméritos, paixões, amores e uma lista sem fim que poderíamos nomear
aqui.
Cada final de ano serve para uma reavaliação, um exame, um inventário de tudo quanto fizemos ou
deixamos de fazer; coisas para tirar das nossas vidas, coisas para recolocar, fatos passados que
desejamos esquecer, fatos novos que necessitamos realizar...
Mas há algumas coisas novas nessa nossa reflexão sobre a vida que não podemos deixar passar
despercebidas. São três olhares que devemos ter neste exato momento do nosso existir:
a – Um olhar para trás – fazendo uma retrospectiva da nossa vida, uma contagem dos nossos dias.
b – Um olhar para dentro – uma introspecção a fim de vasculhar e limpar a alma diante de Deus, uma
faxina com dimensões espirituais.
c – Um olhar para frente – nossa prospecção, visão projetada, estendida, arrojada, uma visão maior que
nos prepare para o futuro.
Após esse mergulho retrospectivo, introspectivo e prospectivo, eu devo parar a fim de entender o
que o apóstolo Paulo está falando aos filipenses para uma tomada de posição com respeito ao futuro que
se avizinha diante de nós.
Diante do que o apóstolo dos gentios me faz enxergar nas entrelinhas do texto que ele escreveu,
inspirado por Deus, posso dizer que há um alvo a ser perseguido por mim e esse alvo não pode ser eu
mesmo. Para tanto,
TRÊS COISAS PRECISO “ESQUECER” PARA CORRER A CORRIDA DA MINHA EXISTÊNCIA
1) Devo “esquecer” a mim mesmo pelo alvo que tenho à minha frente. Paulo está dizendo que para
avançar nos propósitos de Deus eu não posso lembrar de mim. A maioria das pessoas se dedica a Deus
parcialmente, por conta dos seus outros motivos, como sobrevi- vência, ambição, emulação, senso de
segurança. Paulo está nos concla- mando a trocar tudo isso por um “Alvo Elevadíssimo” de vida:
“...alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus” (Fp 3:12). Para chegar a essa salvação
completa não devemos poupar esforços, até mesmo esquecendo as coisas boas que a vida pode nos
proporcionar.
2) Esquecer o que eu não quero esquecer. Como esquecer o que eu não quero (e às vezes não
consigo) esquecer? Há coisas que são esquecíveis; outras há, no entanto, que são inesquecíveis. Paulo
está motivado a envolver-se total e completamente com a obra de Deus (sua vocação) e fará de
tudo para chegar ao “prêmio” da sua vocação – a salvação completa.
3) Esquecer o que eu preciso deixar no passado. Paulo deixou muita coisa do seu passado para
trás que lhe trazia mágoa, angústia, desilusão. Por exemplo, ter participado da morte de Estêvão; as
igrejas que ele abria e que eram invadidas por judaizantes que desfaziam tudo que ele ensinava; igrejas
que não prosperaram por problemas conjunturais; traições promovidas por oficiais da sua confiança;
rejeição de algumas igrejas que não respeitavam o seu apostolado. Eu não posso nunca esquecer quem
sou eu e os meus propósitos diante de Deus para não me tornar apenas alguém magoado, amargurado e
desiludido.
a). Ele diz que ainda não alcançou o alvo (a ressurreição dos mortos). Quem acha que já
chegou onde deveria chegar, não consegue mais nada na vida cristã. A razão é simples: só nos
movimentamos por motivação. Paulo tinha a motivação de querer chegar a experiência de uma salvação
completa.
b). Ele não é perfeito (Fp 3:12). Paulo não se sentia “comple- to”. Havia algumas coisas na vida
do apóstolo que precisavam de com- pletude. Ele queria plenitude na sua vocação.
2) Prosseguir (no grego, é esticar-se, inclinar o corpo para frente, como numa corrida e chegada
final)como se tudo na vida dependesse disso. Este é o modo de Deus nos fazer descobrir novos
horizontes na sua obra: fazendo-nos prosseguir. Ele disse para Daniel: “Tu, porém, vai até o fim”. Disse
também para Elias, quando este sentiu terminada a sua tarefa como profeta: “E o anjo do SENHOR tornou
segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho” (1 Rs 19:7).
Reanimou o próprio apóstolo Paulo quando este foi resistido, blasfemado pelos judeus e por isso queria
sair da cidade de Corinto: “E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales;
porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.
E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (At 18:9-11). Isto porque a
ordem de Deus é sempre de prosseguirmos, avançarmos; nada pode nos parar a não ser nós mesmos ou
Deus.
3) Prosseguir como o “ir avante” da existência. A maturidade cristã nos ensina que a “vida não é
uma corrida de velocidade, e sim de resistência.” Prosseguir é a palavra de ordem para não nos
embaraçarmos. Assim dizia o grande Nietzsche:
PERORAÇÃO:
Do exposto, só me resta contar-lhes a história de um camundongo medroso, pois retrata a vida de
alguns de nós:
Diz uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato. Um mágico teve
pena dele e o transformou em gato.
Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão.
Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera.
Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu. Transformou-o
em camundongo novamente e disse:
“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem a coragem de um camundongo”.
PÚLPITO - LUGAR DE PODER
EXÓRDIO:
Púlpito é lugar de poder por conta da sua áurea relevância na liturgia; pela sua influência, seu
objetivo, propósito e fim.
Púlpito é lugar de poder, porque é ele que norteia, dirige e coloca limites na reunião.
Púlpito é lugar de poder pelas influências que exerce sobre a Igreja, informando e formando
pessoas.
Púlpito é lugar de poder, porque, além de influenciar, informar e formar pessoas, ele ordena o culto
de adoração a Deus.
Púlpito é lugar de poder, porque sua voz comumente é prioridade no culto.
Púlpito é lugar de poder, porque o que dele advém resulta sempre em juízo de valor para a igreja.
Finalmente, púlpito é lugar de poder, porque é dele que saem as instruções para o povo; é onde se
ajuíza o certo e o errado; é a instituição falando.
PÚLPITOS TOTALITÁRIOS
A. São púlpitos absolutos, onde o que fala, fala como se fosse a última palavra.
B. São púlpitos que pararam de ouvir faz muito tempo. Falam, mas não ouvem.
C. São púlpitos que dão ordens, mas são os primeiros a descompri-los.
PÚLPITOS ELITIZADOS
A. São púlpitos oligárquicos. Só a elite fala; outros não têm condições de falar.
B. São púlpitos de um «punhado», não de todos. Só os poucos, em muitos cultos, falam. Ninguém
mais.
C. São púlpitos que mantêm o monopólio do poder.
PÚLPITOS DEMOCRÁTICOS
A. São púlpitos onde todos falam. A palavra é franqueada a todos. Mas, todos os que pregam, não
têm condições de pregar.
B. Esses púlpitos são de todos e de ninguém ao mesmo tempo. Neste caso, o púlpito se torna o
lugar mais barganhado da igreja.
C. São púlpitos que têm a voz do povo, mas, por vezes, não ouve a voz de Deus. São os púlpitos
que agradam a todos, mas desagradam a Deus.
PÚLPITOS LEGALISTAS
PÚLPITOS MISERICORDIOSOS
A. São púlpitos que pregam graça, bênção de Deus e absolvição. Nunca se veem como donos da
verdade, mas compartilham o amor de Deus.
B. São púlpitos que pregam compaixão, perdão; se fazem ouvir com voz de misericórdia.
C. São púlpitos que não condenam, absolvem; não matam, dão vida; não expulsam, aproximam; não
excluem, disciplinam.
PÚLPITOS IDEALISTAS
PÚLPITOS ORTODOXOS
A. São púlpitos fechados, parados, sem vida, porque a vida que têm é só aquela que acreditam que
podem ter e não a que, em Jesus, são chamados a viver.
B. São púlpitos que se ufanam de não fazerem o que todos estão fazendo, porque acham que o
«não fazer» agrada mais a Deus do que «o fazer», mesmo que errado.
C. São púlpitos que acham que só eles são os corretos da história. Geralmente as mensagens
desses púlpitos são afirmações de conteúdo saudosista; são púlpitos institucionalizados.
PÚLPITOS LIBERAIS
A. São púlpitos abertos a coisas novas. Têm facilidade em mudar sua forma de ser dependendo das
circunstâncias.
B. São púlpitos que formam seu fundamento em cima de momentos que possam lhes dar uma nova
visão e um novo momento de vida.
C. São púlpitos que buscam renovação o tempo todo e, para isto, não colocam nenhum obstáculo
para viver nova experiência.
PÚLPITOS POPULARES
A. São púlpitos informais que pregam mensagens para alegrar o «povão», mas sem nenhum sentido
profundo nos seus temas.
B. São púlpitos que lidam com a Palavra de Deus de forma irreverente, banalizando o sagrado e
tornando-o elemento utilitário para serviço do povo.
C. Os púlpitos populares comumente vulgarizam a palavra, não se importando no que isso pode
trazer ao futuro da igreja. O alvo fundamental dos púlpitos populares é agradar o povo e nada mais.
PÚLPITOS DOMESTICADOS
A. São púlpitos que perderam a visão do maior projeto de Jesus entre os homens: a liberdade.
B. São púlpitos que só se preocupam em manter o povo acomodado. Não têm voz profética; não
denunciam as instituições de morte; púlpitos que perderam por completo a sua razão de existirem.
C. Os púlpitos domesticados têm uma característica que sobressai em comparação a todas as
demais: a verdade nestes púlpitos é pregada pela metade, ou seja, são meias verdades que são as piores
mentiras. O que é fundamental nas mensagens pregadas nestes púlpitos é que elas não libertam;
oprimem.
PÚLPITOS EMOCIONAIS
A. São púlpitos que se deixam vencer pelos apelos do povo. Por isso em vez de pregarem o que o
povo necessita, pregam o que o povo gosta.
B. São púlpitos que fazem o povo chorar, arrepiar-se, mas têm ausência de conteúdo e base bíblica.
C. Os púlpitos emocionais usam jargões em vez da Palavra de Deus; pregam mensagens
barulhentas, mas sem consciência. São púlpitos da «boca quente», mas são «frios» quando se trata de
conhecimento do senhorio do Espírito Santo.
PÚLPITOS INTOLERANTES
A. São púlpitos intransigentes, severos, rígidos. Púlpitos onde o alvo do pregador é falar mal de todo
mundo; é debulhar a vida dos irmãos, julgá-los, condená-los.
B. Os pregadores destes púlpitos têm «complexo de Deus»: pensam que podem julgar e condenar
seus ouvintes.
C. São mensagens de destrato, de um «salvador» que salva a alma humana para aterrorizá-la com
cobranças descabidas. Os pregadores destes púlpitos se ufanam de serem «quebra ossos» dos coitados
irmãos que já não têm lugar para serem quebrados na vida. Não existe coisa pior do que ser ouvinte de
púlpitos intolerantes. Não há céu nestes púlpitos; só inferno.
A. São púlpitos irreverentes, vulgares, púlpitos que se curvam à banalidade, sem a mínima
reverência diante do Todo-Poderoso.
B. São púlpitos nos quais seus pregadores acham que são divinos e disputam vaga para serem a
4a pessoa da Trindade.
C. São púlpitos que glorificam a «visão», a «revelação» do pregador mais do que a Palavra de Deus.
Geralmente, os «profetas únicos», os «nova visão», os construtores dos «anjos morones», os que se
intitulam o «4o homem da Trindade», enfim, os paladinos das «verdades reveladas», originam-se dos
púlpitos «conta própria».
PÚLPITOS COMPROMETIDOS
A. São púlpitos alinhados com a máfia do poder, que cedem, sem a mínima culpa, lugar para os
elogios ostentatórios, abusivos, repugnantes, desagradáveis.
B. São púlpitos que para satisfazerem uma vaidade comprometem o seu futuro.
C. São púlpitos homologados: falam sem compromisso com a verdade; fingem, portanto,
honestidade, mas já a perderam faz muito tempo.
PÚLPITOS COERENTES
A. São púlpitos que procuram ter conduta irrepreensível; são púlpitos de um só rosto; uma só linha, e
não se curvam às tentações das novidades, mesmo que sejam vantajosas.
B. São púlpitos coerentes nos quais ouvimos sempre mensagens bíblicas embasadas,
fundamentadas, conscientes.
C. São púlpitos não homologados, púlpitos que procuram ser eminentemente proféticos no seu
combate contra as estruturas de morte, formadoras de um «senso comum» antibíblico.
PERORAÇÃO:
Diante do exposto, deixo com o leitor a ideia dos vários tipos de púlpitos existentes dentro da
pluralidade que o cristianismo atual nos oferece. Alguns profundamente comprometidos com a verdade
bíblica e com a santidade da coerência; outros, deixando a desejar, prosseguem doentes e adoecendo o
povo que os ouve. Faça, portanto, um estudo criterioso de todos os púlpitos aqui apresentados e saiba
apontar aquele do qual você está recebendo a mensagem de Deus.
A maioria das pessoas envida todos os esforços para tentar explicar a dor, elaborando
uma espiritualidade da doença, da provação, do sofrimento padecido em honra da fé na pessoa de
Jesus ou em consonância com qualquer dogma que seja. Alguns desses esforçados autores, curiosa-
mente, apontam na direção de que Deus quer fazer conosco um tratamento e por isso devemos resistir
até ao final. Outros, mais rigorosos, apelam para o dogma da retribuição, inferindo que por trás de toda a
dor está alguma falha ou culpa não confessada. Um terceiro grupo, extremamente simplista, deduz que a
dor que alguém esteja passando trata-se de uma “prova” divina, que, afinal, redunda em glória e
exaltação. Há aqueles ainda que culpam o diabo, e pronto. Finalmente, há pouco tempo um grupo de
pessoas excêntricas começou a adotar a ideia de uma possível influência hereditária. Ou seja: sofremos
por causa da nossa árvore genealógica maldita.
Haja argumentos para tentar explicar a difícil situação a que foi acometida a família
do Marco, Ângela e a menina Ana Juilia (in memoriam), principalmente quando se trata de dar uma
resposta plausível ao fatídico que ocorreu.
Exatamente na época de Jesus aconteceram duas tragédiasmuito comentadas nas ruas de
Jerusalém.
Uma tragédia faz referência a Pilatos que misturara o sangue de alguns Galileus com o sangue dos
sacrifícios que eles ofereciam em seu culto fora de lugar, fora do Templo de Jerusalém.
Naquela mesma ocasião algumas pessoas chegaram e começaram a comentar com Jesus como
Pilatos havia mandado matar vários galileus, no momento em que eles ofereciam sacrifícios a
Deus (Lucas 13.1).
A outra acontece logo depois:
E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima
deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? (Lucas 13.4).
Há um alvoroço na cidade e Jesus estava andando pelo país... Então, chegaram as notícias:
“O Senhor soube? Soube o que Pilatos fez? Soube o que houve com os crentes na torre que caiu?”
O cerne da questão aqui é que eles queriam um juízo, uma explicação, uma condenação, uma lógica
moral para os dois acontecidos. Afinal, esse negócio de tragédia – na cabeça de muitos evangélicos,
principalmente os pentecostais –, é coisa para descrente e para crente em pecado; pois a teologia dos
crentes sempre foi a dos “amigos de Jó”: tragédia é fruto de pecado; e é sempre juízo de Deus contra o
pecador.
Desse modo pensam muitos, exceto quando a casa que cai é a deles!
Mas quando a casa cai e a residência é a do descrente ou a do crente “desviado ou em pecado”,
então, está tudo explicado!
Jesus, porém, ouviu as insinuações que as “questões” induziam ao pensar, e, sem falar delas,
apenas disse:
... Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram
mais do que os outros galileus?
De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão
morrer como eles morreram.
E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles.
Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém?
De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão
morrer como eles morreram (Lucas 13.2-5).
Para Jesus telhados que caem são apenas telhados que caem; e podem cair sobre a cabeça de
qualquer um. Para cair, basta estar no alto, e, para matar, basta que haja gente em baixo.
No entanto, sabendo como os “crentes das notícias de tragédias” são como pessoas inomináveis,
Jesus apenas disse:
Não é o modo da morte que conta. É o modo da vida que conta. Se vocês continuarem a viver assim,
morrendo, sem Deus, porém cheios de religião, ainda que vocês morram de velhos, todos, todavia,
independentemente do modo da morte, perecereis para a eternidade; posto que cuidam apenas de
julgar os mortos, e não aprendem a viver a vida dos vivos!
Não importa o modo da morte. Importa sim o modo da vida; pois, se não mudarmos de mente,
todos,igualmente, veremos não um céu de gesso cair na nossa cabeça, mas veremos os céus mesmo,
desabando sobre nós e sobre nossas incuráveis arrogâncias.
Nosso papel é orar por todos e não criticar quem quer que seja que morreu. Devemos orar também
para que, não pelo telhado ou pelas mortes, mas pela vida, que os responsáveis espirituais por este povo
agora ainda mais perdido e confuso convertam-se à vida que é; e que não é como eles ensinam ao povo
que seja; e a prova disso é que os telhados caem e não há ninguém que possa decretar ao contrário.
O convite de Jesus não é para que se pondere sobre as tragédias, mas sim sobre a vida que nunca
é trágica, mesmo quando as tragédias se abatem sobre ela.
Tal vida não julga a Graça de Deus por dinheiro, prosperidade ou sucesso humano; mas,
exclusivamente, pelo testemunho de coerência com o Evangelho, ainda que se esteja morrendo a morte
mais louca e insana, como a de João Batista, cuja cabeça foi servida em um prato a fim de que Herodes
fizesse a corte de uma jovem que ele desejava.
CONCLUSÃO:
Para terminar esta primeira palestra, preciso ressaltar, pelo menos, sete pontos que são
absolutamente singulares na tarefa de explicar o trágico a partir da ótica de Jesus. Se não, vejamos:
l Ponto 1 – Não devemos tentar explicar os desígnios de Deus a fim de reparar coisas que eu penso
que estão erradas.
l Ponto 2 – Tragédia não acontece apenas na vida de não crente ou de crente que esteja em
pecado.
l Ponto 3 – Para Jesus telhados que caem são apenas telhados que caem; e podem cair sobre a
cabeça de qualquer um.
l Ponto 5 – Não há nenhuma explicação para a tragédia senão aquela que a Bíblia nos dá: “O que
acontece com o justo, acontece com o injusto”.
l Ponto 6 – O estranho da tragédia é o momento de explicá-la na altura que precisa ser explicada.
l Ponto 7 – As perguntas por quê, para quê, como, só agravam a desilusão de quem não sabe
explicar o que aconteceu.
O maior desafio que temos na vida cristã não é o de nos tornarmos “santos”, mas sim de sermos
transformados em pessoas autênticas, originais, segundo o padrão exigido por Jesus.
INTRODUÇÃO:
Antes de dizer qualquer outra coisa, gostaria de salientar que um grande avivamento só começa quando
passamos a conhecer, na medida certa, o que significa ser “santo”, “santidade”, “santificação” à luz do
Novo Testamento. Temos problemas sérios com os avivamentos porque geralmente eles desembocam
num movimento de santidade. E aí por desconhecermos biblicamente esta questão terminamos por
cometer as piores sandices. A razão fundamental por que eu estou falando isso é que precisamos,
desesperadamente, aprender o que Jesus nos ensinou acerca da “santidade” e da “santificação”.
É pensando – com todo cuidado, é lógico – em ajudar pessoas que estão literalmente prisioneiras
dos seus desejos e concepções que ponho esta reflexão diante dos irmãos e irmãs.
I – SANTIDADE E SANTIFICAÇÃO
Uma e outra palavra devem ser reestudadas por nós. Primeiramente, porque foram muito mal
interpretadas. Em segundo lugar, sua ideia comprometida acabou por construir na mente das pessoas um
biotipo comportamental.
A. ANALISANDO A EXPRESSÃO SANTIDADE. Qualidade de quem é santo. Deus é santo no sentido de ser
O Diferente, O Separado. Algo ou alguém que é «hagios» (no gr. a (gioj) é diferente ou separado no
sentido de ser distinto das outras coisas e das coisas comuns. De maneira que este termo, «hagiazein»,
contém duas ideias:
1. Significa separar para uma tarefa especial. Quando Deus chamou Jeremias disse: «... e, antes
que nascesse, te santifiquei, te dei por profeta às nações» (Jr 1.5). Os filhos de Arão foram «santificados»
(separados dos demais) para que servissem o sacerdócio (Ex 28.41).
2. Mas «hagiazein» não significa somente separar para uma tarefa especial. Também implica em
equipar alguém com as qualidades de mente, coração e caráter que resultam necessárias para levar a
cabo essa tarefa. Se alguém é separado para servir a Deus deve ter uma medida de bondade e sabedoria
de Deus. Quem quer servir a um Deus santo deve ser santo também. A expressão está ligada quase que
estritamente ao atributo moral de Deus.
C. ISTO QUER DIZER QUE SANTOS, NÃO POR MÉRITOS ALCANÇADOS, MAS PELO FATO DE DEUS NOS TORNAR
PARTICIPANTES DA SUA SANTIDADE. A linguagem paulina impõe esta ideia, quando ele usa a expressão «aos
santos» repetidas vezes nas suas epístolas. O verbo que o apóstolo usa se encontra no PARTICÍPIO
PERFEITO PASSIVO. Isto quer dizer que a voz do verbo é passiva, ou seja, não é o sujeito que pratica a
ação, mas o sujeito sofre a ação. Conclusão: não somos nós que nos santificamos; Deus, sim, nos faz
parte da sua santidade.
D. Ora, convenhamos, se a santificação serve para dar às pessoas um sentido incomum de vida e
serve também para equipar uma pessoa com valores de mente, de coração e caráter, nós estamos muito
distantes desta realidade.
II – SA NTIFICADOS NA VERDADE
A. Ninguém pode se santificar POR CONTA PRÓPRIA, ou seja, a partir dos seus próprios conceitos,
ideias. Deus nos torna participantes da Sua santidade.
B. TIPOS DE SANTIFICAÇÃO:
1. SANTIFICAÇÃO COMPENSATÓRIA. Aquela em que a pessoa, por conta própria, procura compensar
todos os seus erros, trocando com Deus um pouco do seu tempo pelas bênçãos divinas.
3. SANTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA. É compulsória porque a pessoa faz por obrigação e não pelo
prazer de estar na presença de Deus.
4. SANTIFICAÇÃO EMULATÓRIA. As pessoas fazem para compe- tirem com outras. Ou, na melhor das
hipóteses, fazem induzidas por aqueles que estão fazendo com sucesso. Fazem para competir.
5. SANTIFICAÇÃO AUTORITÁRIA. As pessoas que fazem esse tipo de santificação pensam que são
mais do que as outras. Ou seja: só se santificam para provar sua ascensão sobre as demais.
C. Ninguém consegue ser santo por conta própria. Os que tentam sozinhos só conseguem é aflição
de espírito.
1. SANTIFICAÇÃO EVENTUAL. É aquela que acontece eventual- mente na vida da pessoa. De mês
em mês há uma recaída e uma santificação.
2. SANTIFICAÇÃO CONVENIENTE. A mais das vezes temos pessoas se santificando por razões
eminentemente convenientes. Querem de Deus alguma coisa e por isso se santificam.
4. SANTIFICAÇÃO DO JEJUM. De quando em quando nos deparamos com aqueles que vivem
jejuando, mas fazendo do jejum um meio para obter de Deus alguma coisa.
E. O jugo que algumas pessoas carregam é muito maior do que elas podem suportar. É o jugo de
uma consciência doente e inquieta na presença de Deus. O jejum deve ser o resultado por estarmos na
presença de Deus e não a causa de entrarmos na presença de Deus.
F. A santificação deve ser consentânea com a Palavra de Deus e não algo da nossa cabeça.
O que precisa ficar bem claro a você, leitor, é o real sentido da palavra “santo” para Jesus. Até
porque Jesus é o nosso paradigma, o nosso modelo, nosso arquétipo, nosso referencial maior.
. Ser santo para Jesus é buscar ser essencialmente humano, ser parte da história, porém vivendo a
presença de Deus no mundo.
. Ser santo para Jesus tem relação com a busca de uma sociedade sem desigualdades e onde os
mais fracos jamais sejam despojados.
. Ser santo para Jesus é viver a alegria do conhecimento de Deus com oração e fé e é sofrer as
angústias da história como resultado dos nossos vínculos com um padrão que o mundo não conhece.
. Ser santo para Jesus é ser separado, não dos pagãos, como Israel equivocadamente tentou, mas é
viver a diferença radical dos valores do Reino de Deus em meio às sociedades pagãs.
. Ser santo para Jesus é ter na paixão dos profetas a motivação existencial para o nosso
enfrentamento histórico do mal.
. Ser santo para Jesus é, mesmo em dia de sábado, trabalhar a favor da santidade de vida.
. Ser santo para Jesus é colocar o valor da vida acima do valor das coisas, mesmo aquelas mais
«sagradas» (entre aspas).
. Ser santo para Jesus é entender que o altar diante do qual Deus nos quer ver prostrados não é
apenas o altar do templo, mas também os altares ensanguentados dos corpos dos nossos irmãos de
história e que estão caídos nas esquinas da vida.
. Ser santo para Jesus é viver a misericórdia no agitado ambiente secular, em vez de viver a
quietude alienada do ambiente religioso que não tem janelas para a história da dor humana.
. Ser santo para Jesus é acreditar que a santidade não se polui quando toca com amor aquilo que é
sujo.
. Ser santo para Jesus é não temer ser mal interpretado pela mente daqueles que estão sujos de
pretensa santidade.
. Ser santo para Jesus é ser autêntico, original, sincero e não viver de hipocrisia.
. Para Jesus ser santo é ser verdadeiro para com a nossa condição humana: é ter coragem de
chorar em público; de admitir perdas e saudades; de gritar de dor; de confessar depressão; de pedir ajuda
emocional; de se confessar cansado; de dizer tenho sede; de confessar que a privacidade é um direito e
uma necessidade de sobrevivência.
. Ser santo para Jesus é continuar sendo de Deus mesmo em meio ao mais profundo e implacável
silêncio divino.
CONCLUSÃO:
Portanto, não santificamos a Deus com a nossa noção de sermos secretários de Deus, achando que
sabemos tudo sobre Ele, achando que discernimos toda a sua vontade, como se tivéssemos todas as
manhãs uma entrevista marcada com Ele, na qual nos mostrasse detalhadamente todos os caminhos da
vida. Não santificamos a Deus quando todo o nosso interesse em relação a Ele é sermos «ajudados».
Ofendemos a Deus não somente pela negação do seu poder, mas também pela súplica egocêntrica,
egoísta.
Não se santifica a Deus estabelecendo um lugar para Ele morar, caindo nas teologias pagãs do
«lugar santo».
Finalmente – e isso é muito importante dizer – não sejamos santos pelo orgulho de sermos
diferentes. Não sejamos santos por um dia e nos outros nos tornemos pessoas insensíveis. Sejamos
santos segundo a medida que nos ensinou Jesus através da sua vida e história.
Burlap – A figura mais insidiosa do livro CONTRATEMPO, escrito de Huxley. Mas ele usava uma
frase de efeito por onde passava. Ele perguntava as pessoas: “O que é a vida?”.
“Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra
que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu
serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com
ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã” (Gênesis 12.1-4).
Ao descobri a real mensagem sobre o Reino de Deus no Novo Testamento, entendi que o Evangelho
é um chamado à liberdade. Segundo Rubem Alves, “a Bíblia toda é a história da luta de Deus que quer
que os homens sejam livres, contra os próprios homens que preferem a domesticação, a escravidão e a
idolatria. Culmina esta história com o advento do Senhor Jesus que é, a um só tempo, o homem livre e o
Deus que liberta. Fé, portanto, é liberdade. É abertura ao futuro. É a confiança de deixar para trás as
coisas que já ficaram para trás para lançar-se, como Abraão, para um futuro novo. Por isso, fé é vida.”
Só conseguimos viver a vida prometida por Jesus quando a vivemos num permanente transferir-se
do presente para um futuro imediato. Morte, ao contrário, é a vitória do passado. É o fixar-se naquilo que já
foi. Uma das conceituações do pecado, à luz da Bíblia, é amar mais o passado que o futuro, amar mais o
velho que o novo, amar mais os mortos e a morte que os vivos e a vida. Quando Jesus chamava os
fariseus de sepulcros caiados, Ele indicava que a sua religião, por ser a preservação do passado, era
realmente o culto à morte.
Todos os movimentos de revitalização pelos quais a igreja passou trazem consigo o germe da
descoberta da liberdade. A Reforma Protestante, por exemplo, foi o movimento de emigração de uma
instituição que transformou a proclamação da liberdade no culto da autoridade, da lei, da estrutura, e da
morte. Isso era a própria inversão e negação da liberdade que o Evangelho apregoa, ensina, razão por
que Lutero protestou, resistiu e emigrou para formar, fora da terra da servidão, uma nova comunidade
baseada na vida, no amor e na liberdade.
De acordo com Rubem Alves (ideia com a qual eu concordo), esta é a situação em que se
encontram as denominações em nosso Brasil. Triunfa o autoritarismo sobre a comunidade, as estruturas
sobre a pessoa; o passado sobre o futuro; a lei sobre o amor; a morte sobre a vida.
Estou convencido de que as Igrejas Evangélicas do Brasil e tantas outras semelhantes, hoje, são
uma dantesca reedição da ressurreição dos aspectos mais repulsivos do Catolicismo Medieval.
Tenho por certo que a comunidade de fé já emigrou – também deixei ficar em Israel sete mil: todos
os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou, 1 Reis 19:18 –, pois nenhuma
estrutura legal e de poder pode contê-la, ou domesticá-la. Assim como no Êxodo ela abandonou as
panelas de carne do Egito para peregrinar no deserto, assim como os profetas abandonaram e
desprezaram toda a estrutura oficial, para viver espalhada, escondida, incógnita no mundo, o amor e a
verdade frequentemente nos obrigam a emigrar. Abraão emigrou.
Os tempos de Abraão assemelham-se – e muito – aos nossos. Havia mais templos e deuses do que
homens em Ur dos Caldeus. Fazendo um passeio socrático pelas nossas vias metropolitanas e baixadas,
percebi o retorno à exacerbação de cultos e adoradores. O “deus” que se adora hoje, na maioria dos
templos, é um deus à imagem e semelhança dos homens. Os homens tentam subjugar Deus a um ídolo
da sorte. Por isso Deus mandou Abraão, no seu tempo, emigrar. Também os profetas emigraram por
fé para fora das instituições reconhecidas.
A aparição de João Batista resulta de uma intervenção de Deus no sacerdócio de Israel que estava
completamente comprometido com o poder e por isso corrompido. Em Lucas 3.1-3 lemos:
E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes
tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca
de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, VEIO NO DESERTO A PALAVRA DE DEUS A
JOÃO, filho de Zacarias.
Neste texto, se vê que o próprio Deus EMIGROU. Trocou os luxuosos templos e santuários pelo
deserto e chamou um homem, filho de sacerdote, João, que não tinha nenhuma característica que o
assemelhasse aos profissionais do templo. A ele foi concedido o direito de mostrar quem era o cordeiro
para expiação de todos os pecados de Israel – “Eis O CORDEIRO DE DEUS, que tira o pecado do
mundo”. Deus o tornou, ao mesmo tempo, profeta e sacerdote.
Jesus, sem sombra de dúvida, foi um emigrante permanente: deslocou-se da interioridade
protegida de uma instituição toda poderosa para um deserto de comunhão e proximidade com o Pai
celestial. A vocação pela liberdade é a vocação para emigrar. Daí a afirmação neotestamentária de que
não temos casa ou terra permanente. Vivemos pela esperança de algo novo. Segundo o Novo
Testamento, o Espírito se encontra onde se encontra a liberdade. Não há liberdade em igrejas,
denominações que vivem de passado, as quais insistem em fazer o culto da morte. É hora, portanto, de
buscar a comunidade do Espírito, a igreja que tem a vocação, dada por Deus, de ser absolutamente livre.