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CURSO RÁPIDO DE HOMILÉTICA

Preparado por: Rev. Hélio Gomes Paulo

I – INTRODUÇÃO
A pregação é um milagre duplo. O primeiro milagre é Deus usar um homem imperfeito, pecador e cheio de
defeitos para transmitir Sua perfeita e infalível Palavra. Trata-se de um Ser perfeito usando um ser imperfeito
como seu porta-voz. Só um milagre pode tornar isso possível. O segundo milagre é Deus fazer com que os
ouvintes aceitem o porta-voz imperfeito, escutem a mensagem por intermédio do pecador e, finalmente, sejam
transformados por essa mensagem. Esse é o grande milagre da pregação.

As técnicas são indispensáveis para uma boa pregação. Embora todas as técnicas ajudem o pregador,
porém, não fazem dele um pregador. Par ser um bom pregador é preciso ter a técnica e algo mais. Esse algo
mais é o milagre do Espírito Santo. O pregador deve orar, meditar e se colocar inteiramente nas mãos de
Deus, para então, depois disto, pregar.

A leitura é uma parte importante do sermão. Ela deve ser bem feita, observando as pontuações
estabelecidas, com suas pausas e mudança de personagem. O pregador precisa manter o contato com o
público através do olhar, se fazendo próximo dos ouvintes.

II – DEFINIÇÃO DE HOMILÉTICA
Homilética é a arte de pregar. Esse termo tem origem no verbo grego homiléo, que quer dizer
conversar.

III – REQUISITOS ESSENCIAIS DO SERMÃO


Dividem-se em dois grupos: os que são comuns a todos os discursos, a saber: ponto, unidade, ordem e
movimento; e os que são peculiares ao sermão, a saber: fidelidade textual, tom evangélico e elemento
didático.

IV – QUALIDADES DO PREGADOR
1 – Fidelidade a Deus; 6 – Observação; 11 – Bom vocabulário;

2 – Caráter; 7 – Capacidade de síntese 12 – Humildade.

3 – Entusiasmo; 8 – Imaginação e criatividade;

4 – Determinação; 9 – Memória;

5 – Sensibilidade; 10 – Boa aparências;

V – O AUDIOVISUAL DO PREGADOR
“O coração alegre aformoseia o rosto...” (Provérbio 15.13a)

1 – Expressão corporal;
2 – O olhar e a expressão fisionômica: “O grande orador romano Cícero (106-43 a.C.) declarou: na locução,
em seguida à voz e à eficácia, vem a fisionomia; e esta é dominada pelos olhos. O poder da expressão do
olhar humano é tão grande que, de certa maneira, ele determina a expressão do semblante todo”;

3 – O sorriso; 6 – O volume;

4 – Tom de voz; 7 – A velocidade;

5 – A dicção (s, r, l); 8 – A respiração.

VI – COMO PREGAR O QUE INTERESSA


1 – Conheça seu objetivo;

2 – Conheça seus ouvintes;

- Preparar a pregação de acordo com o ambiente: jovens, idosos, mulheres (SAF), homens (UPH),
crentes, não crentes, aniversário etc – Idade, sexo, ambiente sociocultural.

VII – NÃO PREGUE NO ESCURO


“O melhor orador é aquele que transforma os ouvidos em olhos”

Fontes de ilustrações:

a) A observação;

b) A natureza (ex.: plantas, animais etc);

c) A experiência pessoal;

d) A experiência da Igreja;

e) A Bíblia;

O pregador deve estar sempre atento as notícias, fatos acontecidos recentes. A ilustração é um ponto chave do
sermão.

Obs: Não conte casos de pessoas, para não ferir a intimidade. Não demore muito na ilustração, ela deve ser
rápida e clara.

VIII – O QUE DEVE SER EVITADO NA PREGAÇÃO


a) Gírias;

b) Muita gesticulação;

c) Desrespeitar o auditório;

d) Jogar indiretas para alguém;

e) Tomar cuidado com a falsa humildade;


f) A arrogância;

O púlpito é lugar de pregar a Palavra de Deus.

IX – SERMÕES QUE ATRAPALHAM O CULTO


Ø Sermão sedativo (faz dormir);

Ø Sermão insípido (sem sabor);

Ø Sermão indiscreto (fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente, menos para a igreja, onde as
pessoas estão famintas do pão da vida);

Ø Sermão reportagem (fala de tudo, menos da Bíblia);

Ø Sermão marketing (é usado para promover e divulgar projetos da igreja);

Ø Sermão metralhadora (atira para todos os lados).

X – PARTES CONSTITUTIVAS DO SERMÃO


Trata-se das divisões do sermão ou das partes de que ele se compõe.

1) Exórdio (introdução);

2) Exposição (explicação, narração);

3) Proposição (tema);

4) Argumentação (demonstração);

5) Peroração (conclusão).

XI – SERMÃO PROPRIAMENTE DITO


Sermão de 20min.

Modelo: Introdução (3min.);

Desenvolvimento (15min.);

Conclusão (2min.).

XII – INTRODUÇÃO
Você nunca tem uma segunda chance de causar uma primeira impressão.

v A introdução é o aperitivo da refeição;

v A introdução deve ganhar a simpatia do ouvinte e despertar interesse pelo tema, desafiando o pensamento
do ouvinte. Se o pregador não conseguir isso na introdução é quase impossível consegui-lo depois;
Obs.: Evite falatórios ou anúncios. Evite longas histórias. Seja claro e objetivo, evitando piadas, expressões
rotineiras etc.

XIII – CONCLUSÃO
É a sobremesa do sermão. Um bom almoço termina com uma excelente sobremesa, dando um toque final no
almoço, deixando um sabor delicioso na boca.

v Não anuncie a conclusão;

v Tenha cuidado para não se alongar muito;

v Conclua na hora certa;

v Não inclua matéria estranha.

XIV – CORPO DO SERMÃO


v Unidade absoluta;

v A escolha de um tema exige bastante estudo:

Escolha do texto sobre o qual você deseja falar (não escolha textos complicados);

Faça uma boa pesquisa sobre este assunto;

Estabeleça a idéia central, única, que vai governar a construção do sermão;

v Tenha propósitos claros;

v Divisões paralelas;

v Progressão das idéias.

Obs.: Nunca deixe de fazer um esboço do sermão.

XV – TIPOS DE SERMÃO
1) Sermão temático (falar em cima de um tema);
2) Sermão textual (usar o texto);
3) Sermão expositivo (usar o texto fazendo todo o levantamento);
Obs.: Quando escolher um texto, leia algumas capítulos antes e alguns capítulos depois. Não fale o que o
texto não fala. Familiarizar-se com texto, lendo-o várias vezes, destacando, principalmente, os verbos, sujeitos
e termos de ligação.

XVI – COLOQUE O SERMÃO NO DIA-A-DIA DAS PESSOAS


Com linguagem atual, realismo, coerência e objetividade;

Certo pregador falava em um acampamento de jovens sobre “auto-estima em Cristo”. Ele desenvolveu a idéia
de que uma palavra de elogio e apreciação faz bem e desenvolve a auto-estima. Na aplicação final, distribuiu
etiquetas adesivadas e pediu que cada jovem escrevesse ali algo de bom que apreciava em algum amigo
presente. Foi uma aplicação fortíssima. Depois, num apelo bem descontraído, pediu que os jovens se
levantassem e colocassem as etiquetas na camisa do amigo a quem o elogio se referia. Com descontração e
alegria os jovens tocaram elogios entre si. O pastor que estava presente recebeu um elogio bem humorado de
um rapaz. O jovem brincalhão colocou nele um adesivo que dizia: “pastor, aprecio muito a sua filha”.

XVII – TIPOS DE APLICAÇÃO


a) Direta;

b) De interrogação;

c) Aplicação indireta;

d) Testemunho pessoal.

XVIII – APROVEITE O MEDO


A) Pesquisa

Uma pesquisa feita pela revista Veja, com três mil pessoas, com o título: “de que você tem mais medo?”,
revelou o seguinte:

Falar em público: 41%; medo de altura: 32%; insetos: 22%; problemas financeiros: 22%; águas profundas:
22%; doença: 19%; morte: 19%; viagem aérea: 18%; solidão: 14%; cachorro: 11%; dirigir ou andar de carro:
9%; escuridão: 8%; elevadores: 8% e escada rolante: 5%

B) Como lidar com o medo


q Lembre-se de que você não é o único;

q Não tenha medo do medo. Se não tiver medo do medo, você terá um medo a menos. Isto é, o medo se
reduz pela metade. Basta pôr na cabeça que o medo faz parte da natureza humana;

q Aproveite seu medo. O medo e o nervosismo indicam que o seu corpo está se preparando para entrar em
ação;

q Resolva correr o risco. Não tenha medo de fracassar. Diz um pensamento: “o risco do fracasso é o preço
do sucesso”. Só obtém sucesso quem corre o risco de fracassar. E se cometer alguns erros ou mesmo chegar a
fracassar algumas vezes, qual é o problema? Perder uma batalha não significa perder a guerra. Tente outra
vez. Assuma o fato de que falar é importante e necessário para você, ainda que cometa erros;

q Abraão Lincoln é um exemplo típico de sucesso construído em cima de fracassos:

- Perdeu o emprego em 1832;

- Derrotado na legislatura de Linois em 1834;

- Fracassou nos negócios pessoais em 1833;

- Morre-lhe a eleita do coração em 1835;

- Sofreu de uma enfermidade em 1836;

- Derrotado novamente na legislatura de Linois em 1838;


- Derrotado na indicação para o Congresso em 1844;

- Perdeu a segunda indicação em 1848;

- Derrotado para o Senado em 1854;

- Derrotado para a indicação de vice-presidente em 1856;

- Novamente derrotado para o Senado em 1858;

- Eleito presidente dos Estados Unidos em 1860!

C) Use a descontração
§ Alguns exercícios antes de falar podem ajudar. Use a respiração profunda, várias vezes;

§ Procure descontrair os ouvintes usando uma boa pitada de humor;

§ Conta-se que Abraão Lincoln estava muito nervoso ao participar de um debate político. Seu oponente,
que o antecedeu, acusou-o com sarcasmo de ter duas caras. Assim que o rival terminou, Lincoln levantou-se
para falar. Como tinha a fama de ser muito feio, Lincoln começou o discurso com estas palavras: “acham
vocês que se eu tivesse duas caras iria aparecer em público logo com essa?” A risada foi geral, e, dizem, que
Lincoln começou a ganhar o debate com essa frase;

§ Prepare-se. O melhor remédio contra o medo e o nervosismo é estar bem-preparado e saber o que vai
dizer;

§ Mantenha pensamentos positivos. O auditório não está ali para vê-lo fracassar, mas, sim, para ouvi-lo.
Se não acreditassem em você, não ficariam para escutá-lo;

§ Seja perseverante. O exemplo mais clássico é o de Demóstenes. Conta-se que a primeira vez em que
ocupou uma tribuna deixou-a sob as vaias da platéia, porque tinha cacoetes e problemas de dicção. Mas,
mesmo derrotado pela tribuna, não foi derrotado por si mesmo. Para corrigir os cacoetes, discursava em casa
com uma espada pendurada apontada para o ombro, e cada vez que o ombro se erguia nevorsamente, era
ferido pela espada, até que o reflexo condicionado corrigiu o defeito. Para corrigir a dicção, discursava com a
boca cheia de seixos (fragmento de pedra ou roxa), para aprender a controlar a língua. Não foi por acaso que
se tornou o maior orador de todos os tempos;

§ Esteja aberto as críticas e persevere até o fim.

Referências bibliográficas
Marinho, Robson Moura. A Arte de Pregar: a comunicação na homilética. 1ª edição, São Paulo-SP, Vida
Nova, 1999, 192p.

Gouveia, Herculano. Jr. Lição de Retórica Sagrada. Seminário do Sul, Campinas, São Paulo-SP, 1974, 99p.

Anexo
Sermão desenvolvido pelo Rev. Hélio Gomes Paulo.
1ª Coríntios 12.12-27

Introdução: Valorização do corpo. Importância da saúde: academia, caminhada, dietas etc. Há também a
valorização da beleza (aparência). A pessoa é valorizada pelo que aparenta;

Explicação:

· Paulo pega a figura do corpo humano (pessoa) para ilustrar a unidade na Igreja, “assim também com
respeito a Cristo” (v.12); este não divide, congrega, em Cristo somos unidos;

· A questão do corpo (e suas partes) é importante para a teologia de Paulo, no sentido de instruir uma
Igreja com sérias dificuldades de relacionamentos;

· A cidade de Corinto segue uma relação hierárquica: autoridade e subordinação. Qualquer alteração era
considerada revolta. O homem determinava a religião da esposa, filhos e escravos;

· O cristianismo muda essas relações e traz a valorização das pessoas e suas relações. A comunidade
cristã sofre tensões diante do esforço de fazer todas as pessoas parte do corpo de Cristo;

Tema: “Nós fazemos parte do corpo de Cristo”

1 – Porque fomos incluídos neste corpo

· Houve uma inclusão das pessoas na Igreja, quando foram batizadas, quer judeus, quer gregos (v.13);

· Deus nos incluiu e não nos excluiu. No entanto, parece que nós nos excluímos (quando nos afastamos
da Igreja);

· Paulo coloca a questão do batismo como entrada no corpo de Cristo (na Igreja). Calvino diz: “através do
batismo somos enxertados no corpo de Cristo, de modo a vivermos unidos e nutrindo-nos de uma só vida”;

· Ele está falando do batismo de crentes, o qual se torna eficaz pela ação da graça do Espírito. Contudo,
para que ninguém suponha que isso é efetuado pelo símbolo externo, o apóstolo acrescenta que ele é obra do
Espírito santo;

· A questão fundamental é que somos unidos a Cristo, pela inclusão em seu corpo (a Igreja). Por isso,
devemos permanecer unidos (incluídos) e não excluídos (afastados);

2 – Embora sejamos diferentes

· O corpo é um organismo vivo, contendo muitas partes distintas, que unidas umas as outras fazem parte
do todo; muitos e diferentes, porém iguais diante de Deus. A diferença não nos exclui da comunidade, mas
precisa completar e enriquecer;

· Como pessoas temos nossas diferenças. Como criaturas de Deus somos iguais. Diferentes em funções
desempenhadas, mas iguais na fé partilhada. Se fossemos iguais, onde estaria a diferença. Ser diferente
também é normal (Propaganda da síndrome de Dwal);

· Convivemos com pessoas: com suas histórias, suas angústias, seus sonhos etc. Cada sonho vivido junto,
na comunidade, torna-se real;
· No v. 18 Paulo diz que “mas Deus dispôs os membros...” Ele é quem fez a boca, a mão etc. Deus,
através do Espírito é quem nos deu o dom para trabalhar na Igreja. Essas diferenças não podem nos
atrapalhar. Qualquer membro que fica descontente com sua própria posição está travando guerra com Deus.
Devemos aceitar sua vontade e fazer a nossa função: quer seja de boca, mão, pé, olho, coração etc. Cada
membro deve viver contente com sua posição e não com inveja ou dizendo que não faz parte do corpo (da
Igreja) (v.15 “não sou do corpo...”);

3 – Para cooperar com este corpo

· Enquanto a Igreja existir os membros devem cooperar com o seu desenvolvimento (crescimento);

· O corpo é único (v.20) e deve haver cooperação para ter desenvolvimento (v.21), pois um precisa do
outro;

· Os membros inferiores são tão necessários quanto os superiores (v.24). Os membros devem cooperar
uns com os outros (v.25);

· Ex.: o cérebro emite uma ordem para os pés andarem, as mãos pegarem o alimento, a boca mastigar, o
estômago digerir, as veias conduzirem o alimento e nutrir todo o corpo. Se o pé não quiser fazer, a mão não
pegar, a boca não comer etc., todo o corpo sofre (v.26);

· A Igreja caminha quando todas as partes se movimentam e colaboram neste andar. Quando um sofre
todos sofrem e não torcem pelo sofrimento do outro.

Conclusão
· Revisão do tema e dos pontos;

· Aplicação: Qual é a sua função no corpo? Seja qual for, coopere sempre.

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