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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

Ana Luiza Barros de Araújo


Carolinne Leite Lima Marques
Isabela Larissa Garcia Fonseca

A INCORPORAÇÃO DA PATRULHA RURAL NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS


GERAIS

Belo Horizonte
2021
Ana Luiza Barros de Araújo
Carolinne Leite Lima Marques
Isabela Larissa Garcia Fonseca

A INCORPORAÇÃO DA PATRULHA RURAL NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS


GERAIS

Monografia apresentada à Escola de Formação de


Oficiais da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Militares.

Orientador: Cel PM QOR Alexandre Magno de Oliveira.

Belo Horizonte
2021
FOLHA DE APROVAÇÃO

Ana Luiza Barros de Araújo


Carolinne Leite Lima Marques
Isabela Larissa Garcia Fonseca

A INCORPORAÇÃO DA PATRULHA RURAL NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS


GERAIS

Monografia apresentada à Academia de Polícia Militar, como requisito parcial para


obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares

Banca examinadora

_____________________________________
Cel PM QOR Alexandre Magno de Oliveira
(Orientador)

_____________________________________
Cel PM QOR Sílvio José de Souza Filho
(Avaliador 1)

______________________________________
Maj PM QOPM Ricardo Luiz Amorim Gontijo Foureaux
(Avaliador 2)
Dedico este trabalho, primeiramente, a Deus,
por ter me iluminado durante essa trajetória. À
minha mãe, aos meus irmãos, aos meus
sobrinhos e a toda minha família, que mesmo
diante da distância e da minha ausência,
sempre me apoiaram. Às Cadetes Carolinne e
Larissa que ombrearam comigo este grande
desafio.
Ana Luíza, Cad PM

Dedico este trabalho ao Deus Todo Poderoso,


grande responsável pelas vitórias alcançadas
em minha vida. Aos meus pais e meu irmão,
razão e motivo de tudo. À minha família e
amigos, que sempre estiveram ao meu lado
nesta caminhada. Ao meu amor, meu marido
Osvaldo, sustentáculo nas noites mais
sombrias, bálsamo nos momentos de felicidade
e companheiro para toda vida.
Às Cadetes Ana Luíza e Larissa que
ombrearam comigo este grande desafio.
Carolinne, Cad PM

Dedico este trabalho a Deus, que sempre foi o


autor da minha vida e do meu destino. Dedico
também aos meus pais, irmãos, sobrinhos e
amigos por todo apoio e carinho que recebi
durante a elaboração deste trabalho.
Às Cadetes Ana Luíza e Carolinne que
ombrearam comigo este grande desafio.
Larissa, Cad PM
AGRADECIMENTOS

Os agradecimentos aqui discorridos simbolizam uma singela parte de toda a gratidão


àqueles que contribuíram para a realização deste trabalho monográfico.

O primeiro agradecimento é a Deus, pelas inesgotáveis oportunidades na vida.

Com o devido reconhecimento, cabe enaltecer a figura altiva do orientador desta


pesquisa, sr. Cel PM QOR Alexandre Magno de Oliveira, que destinou instantes do
seu valioso tempo para guiar as orientandas em um caminho que se mostrou, por
vezes, difícil, mas que, por meio da sua sabedoria, equilíbrio e inteligência, eivou de
tranquilidade o percurso que levou ao produto que ora se apresenta.

Cumpre agradecer, outrossim, ao professor de Metodologia Científica, sr. Cel PM


QOR Sílvio José de Souza Filho, que, com maestria e competência, forneceu as
bases científicas necessárias para a elaboração do trabalho monográfico.

Estima e gratidão a cada um dos 175 policiais militares respondentes da pesquisa de


campo realizada para o presente Trabalho de Conclusão de Curso.

Reverência ao sr. Cel PM Flávio Godinho Pereira, Diretor de Operações da Polícia


Militar de Minas Gerais (PMMG), ao sr. Ten-Cel PM Miller França Michalick,
Assessor Estratégico de Operações da PMMG, e ao sr. Ten-Cel PM Bruno
D’Assunção Coelho, Comandante do 39º Batalhão de Polícia Militar, por terem
disponibilizado um tempo precioso, em meio à rotina exigente de Comandantes que
são, para auxiliar no processo de pesquisa que deu vida a esta pesquisa.

Na oportunidade, rende-se gratidão ao sr. Cap PM Ronan Sassada Silva e sua


equipe, que não envidaram esforços, contribuindo substancialmente com as
informações necessárias à elaboração do presente trabalho.

Agradecimentos à Supervisão de Ensino da Escola de Formação de Oficiais pela


oportunidade de pesquisar e conhecer mais sobre um tema de tamanha
envergadura, importância e contemporaneidade para a PMMG.
“Essa patrulha é como se fosse de casa,
conhece cada pedacinho desse chão.
Por essas bandas, nós aqui ‘fica seguro’,
pois nós ‘conversa’ de tudo com a Patrulha Rural.
Da minha roça eu consigo espiar,
Quem ‘tá’ chegando é a Polícia Militar.”

Música da Patrulha Rural da Polícia Militar de Minas Gerais


RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivo analisar a Incorporação do serviço de Patrulha Rural
na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), tendo como ponto de partida o ano de
2001, a partir da criação do projeto-piloto de policiamento rural, com foco na atuação
preventiva criminal no campo, no município de Ituiutaba/MG. Baseado na filosofia de
Polícia Comunitária, o serviço de Patrulha Rural, em sua gênese, teve como
premissa o enfrentamento aos problemas de criminalidade e desordens que afligiam
a população rural da citada cidade, com a crescente migração da criminalidade da
área urbana para o campo. Surgindo como uma parceria entre a polícia e a
comunidade rural, com vistas a prevenir e reprimir delitos, a empreitada alcançou
resultados consideráveis, estendendo-se a outros municípios do Estado, sendo
regido por normas próprias e incorporando-se ao portfólio de serviços da PMMG.
Com o advento do programa Minas Segura, no ano de 2019, que tem como uma das
premissas o fortalecimento do policiamento ostensivo e o combate à interiorização
do crime, bem como o aumento da sensação de segurança dos moradores das
zonas rurais, o serviço de Patrulha Rural revestiu-se de enfoque institucional. A
pergunta norteadora deste estudo visa verificar se as Patrulhas Rurais estão
desempenhando seu serviço conforme as normas da PMMG. Nesse sentido,
pretende-se descrever a incorporação do serviço nos níveis estratégico, tático e
operacional da instituição. Tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com
natureza quali-quantitativa, com método de procedimento monográfico, de traço
histórico e estatístico, e método de abordagem dedutivo. A pesquisa foi realizada
nos três níveis, com vistas a traçar um panorama do status quo do serviço de
Patrulha Rural na PMMG, por meio de técnicas de observação direta e indireta. Os
resultados demonstraram que, desde a sua implantação, houve uma consolidação
do serviço. Contudo, há muito que se avançar quanto à temática Patrulha Rural,
serviço essencial em uma Unidade Federativa que tem como um dos principais
aportes, em sua economia, os dividendos advindos das atividades desenvolvidas
nas áreas rurais.

Palavras-chave: Polícia Comunitária. Patrulha Rural. Programa Minas Segura.


Polícia Militar de Minas Gerais.
ABSTRACT

This research had the objective to analyzed the incorporation of the Rural Patrol
service in the Military Police of Minas Gerais (PMMG), and starting point in the year
2001, from the creation of a pilot project for rural policing with a focus on criminal
preventive action in the countryside Ituiutaba/MG. Based on the philosophy of
Community Police, the Rural Patrol service, in the origin, was premised on
confrontation the problems of crime and disorders that fly at the rural population of
Ituiutaba, with the growing migration of criminality from the urban area to the
countryside. Show up as a partnership between the Police and the rural community,
with the objective to preventing and repressing crimes, the enterprise has achieved
considerable results, extending to other cities in the state, being governed by its own
rules and being incorporated into the PMMG service portfolio. With the occurrence of
the program "Minas Segura" in 2019, which one of it's premises the strengthening of
ostensible policing and combating the internalization of crime, as well as increasing
the sense of security of rural residents, the Rural Patrol service it did take an
institutional focus. The guide question of this research has the object to verify if the
Rural Patrols are performing their service in accordance with rules PMMG. Therefore,
it was intended to describe the incorporation of the service at the institution's
strategic, tactical and operational levels. This research was an exploratory and
descriptive, with a quali-quantitative kind, with a monographic procedure method,
with a historical and statistical trace, and a deductive approach method. The research
was made at three levels, with the objective to drawing an overview of the status of
the Rural Patrol service at PMMG, through the technique of direct and indirect
observation. The results showed that, since the implementation, it has been a
consolidation of the service. However, there is a long way to go in terms of the Rural
Patrol theme, an essential service in a Federative Unit whose main contribution to its
economy is the dividends appearance from activities carried out in rural areas.

Keywords: Community Police. Rural Patrol. “Programa Minas Segura”. Military


Police of Minas Gerais.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Dupla “Cosme e Damião” no policiamento .................................... 35


Figura 2 – Matéria Jornalística divulgando o novo tipo de policiamento ......... 36
Figura 3 – Patrulha Rural em atividade na 13ª Companhia PM Independente
da 11ª Região da Polícia Militar – São Francisco / MG – 2021 ..... 51
Figura 4 – Patrulha Rural em contato comunitário da 13ª Companhia PM
Independente da 11ª Região da Polícia Militar – São Francisco /
MG – 2021 ..................................................................................... 52
Figura 5 – Placas indicativas das redes de proteção preventiva .................... 60
Figura 6 – Cronograma de Atividades do projeto de Patrulha Rural – Polícia
Militar de Minas Gerais – 2019 ...................................................... 61
Gráfico 1 – Unidades Policiais com serviço de Patrulha Rural ativo na Polícia
Militar de Minas Gerais – Ago. 2021 .............................................. 72
Gráfico 2 – Motivos da desativação da Patrulha Rural nas Unidades Policiais
da Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021 ........................... 73
Gráfico 3 – Frequência de lançamento da Patrulha Rural em escala ordinária
semanal na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021 ............. 74
Gráfico 4 – Quantidade média de policiais militares empregados diariamente
na Patrulha Rural em escala ordinária na Polícia Militar de Minas
Gerais - Ago. 2021 ......................................................................... 75
Gráfico 5 – Policiais militares empregados ordianariamente na Patrulha Rural
que possuem o Curso de Patrulha Rural na Polícia Militar de
Minas Gerais – Ago. 2021.............................................................. 76
Gráfico 6 – Quantidade média de viaturas policiais, empregadas diariamente
na Patrulha Rural em escala ordinária na Polícia Militar de Minas
Gerais – Ago. 2021 ....................................................................... 78
Gráfico 7 – Meio de cadastramento das propriedades rurais pela Patrulha
Rural na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021..................... 80
Gráfico 8 – Métodos utilizados para o mapeamento das propriedades rurais
pela Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago.
2021 ............................................................................................... 82
Gráfico 9 – Método para a confecção de cartão-programa para emprego das
equipes de Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais –
Ago. 2021 ....................................................................................... 84
Gráfico 10 – Melhoria da qualidade de vida da comunidade rural com a
Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021 .... 85

Quadro 1 – Características dos modelos tradicional e de Polícia Comunitária. 29


Quadro 2 – Matriz Curricular do Curso de Patrulha Rural prevista na
Instrução 3.03.08 – Polícia Militar de Minas Gerais – 2013 ........... 49

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados Totais Patrulha Rural – Polícia Militar de Minas Gerais –


2021 ............................................................................................... 56
Tabela 2 – Recursos para execução do projeto da Patrulha Rural – Polícia
Militar de Minas Gerais – 2019 ...................................................... 58
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 13

2 POLÍCIA COMUNITÁRIA .......................................................................... 21


2.1 Origens da Polícia Comunitária ............................................................... 22
2.2 Princípios da Polícia Comunitária ........................................................... 26
2.3 Características da Polícia Comunitária ................................................... 28

3 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS


GERAIS ....................................................................................................... 33
3.1 Origem e desenvolvimento do policiamento comunitário da Polícia
Militar de Minas Gerais ............................................................................. 33
3.2 O desdobramento do policiamento comunitário em serviços na
Polícia Militar de Minas Gerais ............................................................. 40

4 PATRULHA RURAL EM MINAS GERAIS ................................................. 43


4.1 Histórico da Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais ............ 43
4.2 Documentos Normativos e Doutrinários da Patrulha Rural em Minas
Gerais ......................................................................................................... 47
4.3 Estruturação da Patrulha Rural no Programa Minas Segura 2019-
2022 ............................................................................................................ 54

5 METODOLOGIA.................................................................................... 63

6 ANÁLISE DA PATRULHA RURAL NOS NÍVEIS ESTRATÉGICO,


TÁTICO E OPERACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS . 71

7 CONCLUSÃO ............................................................................................. 89

REFERÊNCIAS............................................................................................ 99
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DESTINADO ÀS P3 DAS RPM, P3 DE
BPM/CIA PM IND E COMANDANTES DE CIAS PM QUE POSSUEM
ZONAS RURAIS NAS RESPECTIVAS ÁREAS DE
RESPONSABILIDADE TERRITORIAL ...................................................... 103

APÊNDICE B - ROTEIRO DA ENTREVISTA SOBRE A PATRULHA


RURAL NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS ............................. 105

ANEXO A – MAPA DA ARTICULAÇÃO OPERACIONAL DAS 19


REGIÕES DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS – 2021 ................. 107

ANEXO B – MAPA DOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELA PATRULHA


RURAL EM MINAS GERAIS – 2021 ........................................................ 109
13

1 INTRODUÇÃO

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988


(CRFB/1988), ao estabelecer as garantias constitucionais da Defesa do Estado e
das Instituições Democráticas definiu, em seu artigo 144, que a segurança pública é
direito e responsabilidade de todo cidadão e constitui um dever do Estado provê-la
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio (BRASIL, 1988).

Dentre os vários órgãos de competência para prestação de segurança pública,


destaca-se a atuação da Polícia Militar, que é a instituição responsável pelo
policiamento ostensivo e pela preservação da referida ordem pública na sociedade.

No contexto do processo de redemocratização do Brasil, percebe-se um olhar


voltado à política e filosofia de Polícia Comunitária na área da segurança pública
nacional. A partir da década de 1990, as instituições policiais buscaram alternativas
para se adequarem às reestruturações impostas pelas diretrizes da nova conjuntura
social.

Diante deste cenário, é possível perceber que a Polícia Comunitária surge como
uma forma de diminuir o processo de segregação do modelo de policiamento, dito
tradicional, existente entre as instituições policiais e a sociedade civil, a fim de
possibilitar o aumento da participação da comunidade para identificação, análise e
discussão dos problemas sociais (BRODEUR, 2002).

Dessa forma, o processo de alinhamento da função de preservação da ordem


pública e do policiamento ostensivo exigiu novas espécies de policiamento voltadas
para a garantia dos direitos fundamentais e para a aproximação da Polícia Militar
com os cidadãos.

Neste processo, a avaliação das necessidades da comunidade e de seu mundo


torna-se peça importante para a execução do policiamento (SKOLNICK; BAYLEY,
2006).
14

Nesse viés, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), acompanhando a evolução


das necessidades das novas eras de policiamento, instituiu, em 14 de junho de1993,
a Diretriz de Planejamento de Operações – DPO nº 3008-CG, denominada Polícia
Comunitária, que objetivou estruturar o envolvimento comunitário em âmbito
institucional (MINAS GERAIS, 1993).

A Polícia Comunitária, além de possibilitar a quebra de paradigmas sociais,


consoante Mastrofski (2002), também fomenta a criação de condições para que o
povo e a polícia trabalhem de forma conjunta.

Direcionada pela mesma política, foi editada a Diretriz nº 3.01.01/2019 – CG, que,
atualmente, norteia a atuação da Polícia Militar de Minas Gerais segundo a filosofia
de Polícia Comunitária e orienta que a instituição deve visar angariar melhores
resultados em diferentes áreas, a fim de proporcionar maior sensação de segurança
à população (MINAS GERAIS, 2019a).

Dentre as maiores preocupações na atualidade, na seara da segurança pública,


estão a migração e o aumento do crime e da violência nas áreas de zona rural, seja
pelo aumento, no campo, do emprego de insumos tecnológicos, de maquinário
moderno e de produtos com alto valor agregado utilizados na produção, seja pela
considerável extensão territorial entre algumas comunidades rurais.

O aumento da criminalidade na zona rural representa uma preocupação relevante


para o estado de Minas Gerais, uma vez que o crime apresenta, como resultado,
inúmeras perdas, tanto monetária, quanto de bem-estar social da população
(GOLDSTEIN, 2003).

A PMMG, atenta às demandas sociais, publicou, em 17 de outubro de 2013, a


Instrução nº 03.03.08, de 23 de setembro do mesmo ano, que regula a atuação da
polícia ostensiva no meio rural do estado de Minas Gerais, visando minimizar a
sensação de insegurança e as dificuldades enfrentadas pelos moradores e
trabalhadores destas áreas, por meio do emprego de policiamento específico. A
15

Instrução nº 03.03.08/2013, por conseguinte, tem como objetivo regular a atuação da


polícia ostensiva no meio rural do Estado (MINAS GERAIS, 2013).

Além do previsto na Instrução nº 3.03.08/2013 CG, a PMMG atribuiu à Patrulha


Rural grau de relevância, considerando uma aborgagem temática específica,
prevista tanto no Programa Minas Segura, quanto no portfólio de serviços da
instituição, previstos, respectivamente, na Resolução nº 4.826 e na Resolução nº
4.827, ambas de 26 de agosto de 2019 (MINAS GERAIS, 2019d, 2019e).

Dessa maneira, os documentos ora descritos podem ser considerados diretrizes


institucionais à Patrulha Rural da PMMG e, com efeito, tendem a influenciar a
instituição desse serviço em todo o Estado.

Considerando essas inferências e dada a significância da matéria, tem-se o estudo


com o tema proposto, a saber: “A Incorporação do Serviço da Patrulha Rural na
Polícia Militar de Minas Gerais”.

A justificativa do presente estudo apresenta-se no viés institucional, isto é, em qual


medida o tema é relevante para a PMMG. De início, cumpre reiterar que o serviço de
Patrulha Rural é regido pela Instrução nº 3.03.08/2013-CG.

Trata-se de uma atividade sistemática de preservação da ordem pública, no meio


rural, com o suporte de veículos apropriados e pessoal capacitado, objetivando
prevenir e reprimir delitos em fazendas, sítios, condomínios, dentre outros (MINAS
GERAIS, 2013).

Contudo, tanto na seara normativa quanto na operacional, coexiste um arcabouço


doutrinário relacionado à Patrulha Rural que deve (ou deveria) encontrar-se
legitimado nos níveis estratégico, tático e operacional, correlacionando-o aos
objetivos colimados pela PMMG, sobretudo em documentos institucionais, como o
Programa Minas Segura e o Portfólio de serviços da Coporação.
16

O presente estudo direcionar-se-á para o levantamento de documentos e


informações acerca da gênese do policiamento rural e sua interligação com a
filosofia de Polícia Comunitária, bem como um estudo das normas que fundamentam
e têm o serviço de Patrulha Rural como cerne.

Buscar-se-á estabelecer a necessária correlação da atuação operacional da Patrulha


Rural, na prática cotidiana, com as diretrizes institucionais que norteiam o serviço,
em especial o Programa Minas Segura da PMMG e a Instrução nº 3.03.08/2013 CG.

O Programa Minas Segura da PMMG, em especial, definiu quatro premissas básicas


de atuação voltadas para o aumento da sensação de segurança, a redução do medo
do crime, a redução da criminalidade e da violência e o fomento à comunicação
direta e estabeleceu, ainda, quatro eixos principais para atuação. Dentre esses
eixos, destaca-se a reestruturação da Patrulha de Segurança Rural, situação
correlacionada à reestruturação da PMMG, implementada a partir de 2017.

A segurança rural é destacada como um dos quatro eixos principais de atuação


desse programa, tendo por missão precípua o combate à interiorização do crime e a
ampliação da sensação de segurança aos cidadãos, materializado pelo serviço de
Patrulha Rural (MINAS GERAIS, 2019d). Esse ponto confere, outrossim, mais um
grau de relevância temática ao objeto deste estudo, sobretudo no sentido de se
verificar a conformação da Patrulha Rural com essas premissas institucionais.

Outra questão, como decorrente lógico e pressuposto de uma atuação sistêmica da


PMMG em todo o território mineiro, é a proeminência de áreas não urbanas,
possuidoras de uma população estimada em 2.882.114 milhões de habitantes,
conforme último censo do ano de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2017)1. Diante desse cenário e dos quatro eixos do
Programa Minas Segura, tornou-se essencial desenvolver estratégias e ferramentas
de policiamento que contemplassem a otimização da Patrulha Rural.

1
Disponível em: www.cidades.ibge.gov.br. Acesso em: 06Set2021.
17

Nesse sentido, a relevância temática para a PMMG encontra-se, ainda, insculpida na


missão institucional, decorrente da identidade organizacional e prevista no
Planejamento Estratégico 2020 - 2023, “[...] promover a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública, valorizando as pessoas, contribuindo para garantia
de um ambiente seguro para se viver, trabalhar e empreender em Minas Gerais”
(MINAS GERAIS, 2020c, p. 20).

A PMMG não ficou inerte quanto à segurança nas áreas rurais, bem como dos
cidadãos que nelas residem, trabalham e empreendem. Em decorrência disso,
instituiu, como iniciativa estratégica para o alcance da missão organizacional, a
consolidação da segurança no meio rural.

Outro ponto de destaque é a necessidade de pessoal qualificado e provimento


logístico eficaz. A constante preocupação com a atualização doutrinária das
diretrizes e treinamento que fundamentam o serviço e a execução das atividades em
locais inóspitos, isolados, de relevo de acesso restrito e vias com piso prejudicial à
locomoção das guarnições atuantes na Patrulha Rural demanda uma reestruturação
e adequação logística e tecnólogica, bem como a capacitação dos militares
incumbidos de tal missão.

Como o foco estratégico da PMMG está voltado para a sociedade, a fim de contribuir
para a redução do crime violento e melhoria da sensação de segurança, as ações de
polícia ostensiva não podem ser diferentes nas áreas rurais do estado.

Torna-se, portanto, necessária a compreensão dos antecedentes históricos da


instituição do serviço da Patrulha Rural, sua evolução e consequente inclusão no
Portfólio de serviços da PMMG. Essa dinâmica permite uma visão prospectiva sobre
a matéria, com vistas à melhoria da qualidade dos serviços pela Patrulha Rural e, de
um modo holístico, da própria PMMG.

Enfim, será verificado se o patrulhamento rural está sendo prestado em


conformidade com as normas emanadas pela instituição.
18

O desenvolvimento deste trabalho será delimitado espacial e temporalmente.

O delimitador espacial será o estado de Minas Gerais. Será realizado levantamento


de informações e documentos, a fim de verificar o desenvolvimento do referido
serviço em 18 Regiões de Polícia Militar (RPM) que o realizam, excluindo-se a 1ª
RPM. Tal delimitação espacial encontra fulcro no fato de que, das 19 RPM, apenas a
1ª RPM, responsável pelo município de Belo Horizonte, não executa o serviço de
Patrulha Rural.

No campo temporal, a Patrulha Rural será considerada a partir de 2001, quando o


projeto-piloto foi instituído no município de Ituiutaba/MG, até 2021, quando serão
verificados, junto aos níveis estratégico, tático e operacional da PMMG a
conformação do presente serviço às diretrizes institucionais.

Pelo exposto, esta pesquisa tem como objetivo geral descrever a incorporação da
Patrulha Rural, observando o seu desenvolvimento nos níveis estratégico, tático e
operacional, no âmbito da PMMG. Além disso, apresenta como objetivos
específicos:
a) relacionar as características da Polícia Comunitária com a Patrulha Rural
em Minas Gerais;
b) caracterizar a Patrulha Rural na PMMG, bem como estabelecer uma relação
com o disposto na instrução que regula o serviço e no Programa Minas
Segura;
c) inferir a conformidade ou desconformidade das práticas da Patrulha Rural
com as diretrizes da PMMG.

A indagação científica formulada a partir da questão temática e norteadora do


presente trabalho (problema ou pergunta de pesquisa) é a seguinte: o serviço
operacional das guarnições da Patrulha Rural, no estado de Minas Gerais, está em
conformidade com as diretrizes institucionais?
19

A possível resposta a essa indagação (hipótese) propõe que, quanto mais


observadas as diretrizes da Polícia Militar de Minas Gerais, melhor a instituição e a
execução do serviço da Patrulha Rural.

Para fins de análise da presente pesquisa, à variável independente será dada a


designação “X” e à variável dependente “Y”. Pela hipótese, tem-se que:
a) diretrizes da Polícia Militar de Minas Gerais (variável independente) = “X”;
b) instituição e execução do serviço da Patrulha Rural (variável dependente) =
“Y”.

Na relação entre as variáveis, verificou-se, de uma forma geral, que uma variável
(independente) exerce efeito sobre a outra (dependente). Trata-se, pois, de uma
relação assimétrica entre elas.

Trata-se de uma relação assimétrica causal do tipo probabilística, pois dada a


ocorrência de “X”, então provavelmente ocorrerá “Y”:

“X → (?) →Y”

Dessa maneira, a observação das diretrizes pela instituição (variável “X”) ensejará,
em termos de probabilidade, a incorporação e execução efetivas do serviço da
Patrulha Rural em Minas Gerais (variável “Y”).

Este estudo encontra-se dividido em seções. A Seção 2 destina-se a demonstrar o


conceito, a origem e as características da Polícia Comunitária.

A Seção 3 abordará a gênese do policiamento comunitário na Polícia Militar de


Minas Gerais, bem como os desdobramentos dele em serviços prestados pela
PMMG.

A Seção 4 apresentará a origem, o desenvolvimento e os desdobramentos do


policiamento rural na PMMG, assim como discorrerá, especificamente, sobre a
Patrulha Rural e sua implicação no Programa Minas Segura.
20

A metodologia utilizada será abordada na Seção 5, momento em que serão


apresentados os tipos e a natureza de pesquisa, o método de abordagem, os
métodos de procedimento e as técnicas empregadas no estudo em pauta.
Na Seção 6, serão analisados e discutidos os dados coletados com a pesquisa de
campo e, da mesma forma, apresentados os resultados, com as devidas inferências.

Por fim, na Seção 7, serão apresentadas as conclusões acerca do objeto de


pesquisa e as correlatas sugestões.

Ao final, serão apresentadas as referências e os apêndices relativos ao roteiro das


entrevistas e ao modelo dos questionários utilizados na pesquisa, bem como os
anexos contendo mapas que apresentam a articulação operacional da PMMG e da
Patrulha Rural em Minas Gerais.
21

2 POLÍCIA COMUNITÁRIA

Esta seção abordará o conceito e a origem da Polícia Comunitária, bem como suas
principais características e princípios. Porém, para se falar acerca de tal temática,
cabe, primeiramente, fazer uma importante diferenciação entre as expressões
“Polícia Comunitária” e “policiamento comunitário”.

Para algumas pessoas, as expressões “Polícia Comunitária” e “policiamento


comunitário” são sinônimos e poderiam ser trocadas de forma indistinta. Entretanto,
alguns autores alertam que tal ato configura “impropriedade técnica”. Embora sejam
termos intimamente relacionados e, às vezes usados de formas indistintas por
pessoas formadoras de opinião, há distinções marcantes entre ambos (BONDARUK;
SOUZA, 2007; MARCINEIRO, 2009).

Para Marcineiro (2009), a expressão Community Policing deve ser traduzida como
Polícia Comunitária ou filosofia de trabalho policial. A Polícia Comunitária é uma
filosofia de trabalho, um conceito mais amplo que abrange todas as atividades
desenvolvidas relacionadas à solução dos problemas que comprometem a qualidade
de vida da comunidade.

Por sua vez, ainda na visão do referido autor, a expressão “policiamento


comunitário” refere-se a uma estratégia organizacional, uma ação exclusiva da
polícia que se desdobra em ações. É uma forma de policiar, é uma parte do ciclo de
polícia.

Neste contexto, entende-se como policiamento o emprego do policial, pelas mais


variadas formas, como: o policiamento a pé, a cavalo, de bicicleta ou motorizado,
que tenha por finalidade a prevenção ou inibição de prática delituosa pela
ostensividade de sua presença.
22

2.1 Origens da Polícia Comunitária

Para se entender a Polícia Comunitária, é necessário conhecer a importância da


atividade de polícia para a sociedade.

A atividade de policiamento está ligada, precipuamente, à manutenção da ordem


pública de uma sociedade, por meio de ações preventivas ou repressivas. Neste
sentido, Lazzarini (1995, p. 38) conceitua o termo polícia como:

O conjunto de instituições, fundadas pelo Estado, para que, segundo as


prescrições legais e regulamentares estabelecidas, exerçam vigilância para
que se mantenham a ordem pública, a moralidade, a saúde pública e se
assegure o bem-estar coletivo, garantindo-se a propriedade e outros direitos
individuais (LAZARINNI, 1995, p. 38).

De acordo com os ensinamentos de Trojanowicz e Bucqueroux (2003, p. 4), a


definição de Polícia Comunitária é marcada pelo conceito de ser uma “[...] filosofia e
estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a
polícia”.

Dessa forma, observa-se que Polícia Comunitária tem o objetivo de proporcionar


uma maior interação entre o órgão de segurança pública e a própria comunidade.
Polícia Comunitária é a atividade de policiar junto com a comunidade. Nazareno e
Pacheco (2005) ensinam que:

O modelo de Polícia Comunitária tem como um de seus fundamentos a


relação estreita entre a Polícia e os membros e instituições da comunidade.
Essa relação de parceria se efetiva não só através dos Conselhos
Comunitários de Segurança (CONSEG), mas, principalmente, no contato do
policial com a comunidade no dia-a-dia (NAZARENO; PACHECO, 2005, p.
91).

Para que as ações e os processos da Polícia Comunitária se iniciem e sejam


fomentados, é necessária a adoção de condutas padronizadas nas mais diversas
atividades da área de atuação do policial. Isso se justifica, uma vez que esta filosofia
e estratégia representam mais do que o emprego de novas funções, mas o
estabelecimento de uma nova visão em relação à prestação do serviço policial para
a comunidade.
23

Segundo as orientações de Skolnick e Bayley (2001, p. 241) a inserção e a


realização de novas estratégias referentes à segurança pública são tarefas que
demandam muita atenção e dedicação. Ainda de acordo com os ensinamentos dos
autores, no entanto, “[...] é essencial que consigamos oferecer segurança pública
elementar [...] e ganhar a confiança daqueles que estão sendo policiados”.

Neste viés, para que o entendimento de Polícia Comunitária seja melhor clarificado,
é importante que se faça a abordagem histórica dessa nova modalidade de
policiamento nas instituições de segurança pública.

Bom exemplo é a experiência da polícia nos Estados Unidos, na década de 1960,


que demonstra a busca pelo aumento do relacionamento entre polícia e
comunidade. Dias Neto (2003) ensina que, nesta época, houve uma maior
preparação da polícia, cujos esforços de controle da criminalidade eram frustrados
pela não cooperação social.

Dessa forma, para que existisse uma maior eficácia do trabalho policial, seria
necessária uma reavaliação do relacionamento com o público, no sentido de
viabilizar a cooperação dos cidadãos na tarefa de prevenção do crime. Foi neste
período que os conceitos de Polícia Comunitária e policiamento orientado ao
problema se tornaram cada vez mais fortes e latentes e apresentaram-se como
centro de discussão nas altas cúpulas de gestão das polícias.

Ao se tratar sobre a origem da Polícia Comunitária, observa-se que este fenômeno


emerge em um cenário de considerações e questionamentos a respeito do modelo
policial anteriormente vigente nas sociedades pelo mundo.

Skolnick e Bayley (2002, p. 51), demonstram diversos exemplos do quanto o novo


modelo de Polícia Comunitária enfrentou forte resistência para a sua implementação
por diversas polícias do mundo, como Austrália, Suécia, Grã-Bretanha, dentre
outros.

Atualmente, os programas e a retórica do policiamento comunitário fazem


parte de um debate altamente tenso sobre este tipo de policiamento na Grã-
24

Bretanha. Não está claro, até o momento, se a opinião que vai prevalecer
será a dos entusiasmados ou a dos desiludidos (SKOLNICK; BAYLEY,
2002, p. 51).

Especificamente, no Japão, o modelo de Polícia Comunitária teve as suas primeiras


raízes implementadas no mundo. Com base nessa filosofia de trabalho, destaca-se a
estratégia de realizar maior interação com a sociedade, visando garantir a segurança
e a tranquilidade dos moradores locais.

Este modelo de policiamento japonês é baseado no estabelecimento de postos


policiais denominados Kobans e Chuzaishos (SKOLNICK; BAYLEY, 2002).

Conforme nos afirma Oliveira (2008, p. 54), “[...] é fato que não existe um programa
único para descrever o policiamento comunitário, ele tem sido tentado em várias
polícias ao redor do mundo”, e assim o é, até os dias atuais, nas polícias do Brasil.

Em relação ao processo de inserção da Polícia Comunitária na sociedade brasileira,


pesquisadores sugerem que o desenvolvimento dessas novas atividades teve início
na década de 1980 e teve como um de seus principais incentivadores o Coronel
Carlos Nazareth Cerqueira, no estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, nos
estados do Espírito Santo e de São Paulo (PERES; MURARO, 2020).

Ainda segundo Peres e Murano (2020), observa-se que, a partir da década de 1980,
a Polícia Comunitária no Brasil começou a se fortalecer, promovendo uma gama de
inovações no estilo de se fazer policiamento e na forma de tratar os problemas da
criminalidade. Isso ocorreu em um momento em que as polícias militares estaduais
buscavam a reestruturação de seus processos com base na CRFB/1988.

Sob essa égide, em termos normativos pátrios, a filosofia de Polícia Comunitária tem
por fundamento a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(CRFB/1988) a qual, em seu já referido artigo 144, assevera o dever do Estado e a
responsabilidade de todos na promoção da segurança pública na sociedade
brasileira. Esta filosofia efetiva o preceito constitucional e inaugura uma parceria
entre polícia e comunidade para resolver os problemas locais de segurança pública
e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
25

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade


de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V -– polícias militares e corpos de bombeiros militares (BRASIL, 1998,
grifo nosso).

No contexto do estado de Minas Gerais, o dispositivo da CRFB/1988 é corroborado,


por simetria constitucional, pelo artigo 136 da Constituição do estado de Minas
Gerais de 1989, o qual informa o dever do Estado e a responsabilidade de todos no
concernente à promoção da segurança pública:

Art. 136 – A segurança pública, dever do Estado e direito e responsabilidade


de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – Polícia Civil;
II – Polícia Militar;
III – Corpo de Bombeiros Militar (MINAS GERAIS, 1989, grifo nosso).

Nesse sentido, tem-se, pelas normas constitucionais, a indicação dos órgãos da


segurança pública que deverão, não só labutar na questão da ordem pública, mas
interagir com a sociedade para os fins de harmonização de conflitos colimados pelo
Estado.

A partir da década de 2000, os conceitos de Polícia Comunitária ganharam mais


força no fazer policiamento das polícias militares do Brasil. Dessa maneira, a
principal característica observada nesta modalidade de policiamento é a interação
entre a comunidade e o órgão estatal, a fim de alcançar soluções para os problemas
que afligem os moradores locais, como crime, medo do crime e desordens sociais.

A experiência norte-america, descrita por Dias Neto (2013, p. 31), revela conceitos
que auxiliam no clareamento da visão do que seja a Polícia Comunitária e sua
influência direta na mudança da percepção social da polícia, bem como da
percepção da polícia em relação aos problemas que afligem a sociedade:

O policiamento orientado ao problema é um meio de se engajar a


participação social. A polícia deixa de simplesmente reagir ao crime e passa
a mobilizar os seus recursos e esforços na busca de respostas preventivas
para os problemas locais; ao invés de reagir contra incidentes, isto é, aos
sintomas dos problemas, a polícia passa a trabalhar para solução dos
26

próprios problemas. A noção do que constitui um problema desde uma


perspectiva policial expande-se consideravelmente para abranger o incrível
leque de distúrbios que levam o cidadão a evocar a presença policial.
[...] A implementação desses novos conceitos tem impulsionado reformas
voltadas ao aprimoramento da percepção policial dos problemas desde a
perspectiva dos cidadãos (DIAS NETO, 2013, p. 31).

O desenvolvimento histórico e conceitual da Polícia Comunitária ensejou, pela via do


pensamento doutrinário, a construção de princípios norteadores, apresentados na
próxima seção.

2.2 Princípios da Polícia Comunitária

A doutrina estabelece dez princípios que visam nortear e “[...] devem estar presentes
em todas as políticas, procedimentos e práticas associadas a Polícia Comunitária”
(TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 2003, p. 9).

O primeiro princípio discorre sobre a “Filosofia e Estratégia Organizacional” e


estabelece que a Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia
organizacional, uma vez que une a forma de pensar, com a forma como se deve
desenvolver a filosofia (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 2003).

Essa nova forma também permite que tanto a comunidade, quanto a polícia possam
trabalhar em conjunto para diminuir os problemas sociais que afligem a comunidade,
como o tráfico de drogas, a criminalidade em geral e as desordens físicas e sociais.

O segundo princípio refere-se ao comprometimento com a “Concessão de Poder à


Comunidade” e afirma que os responsáveis pela Polícia Comunitária devem se
esforçar para utilizar práticas inovadoras e criativas com vistas à resolução dos
problemas da comunidade, de forma a garantir uma maior autonomia para os
policiais envolvidos. Em relação a membros da comunidade, os cidadãos devem agir
de forma ativa em parceria com a polícia para a solução dos problemas
(TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 2003).

De acordo com os ensinamentos de Oliveira (2008, p. 55), o terceiro princípio


compete ao “Policiamento Descentralizado e Personalizado” e ensina que o policial
27

empregado no policiamento comunitário (estratégia operacional) deve manter uma


maior aproximação com os moradores de uma determinada área de policiamento.

Oliveira (2008) determina também que o quarto princípio do policiamento


comunitário ocupa-se da “Resolução Preventiva de Problemas, a Curto e Longo
Prazo” e esclarece que o policial deve ter um estreito contato com os cidadãos da
comunidade para que possam desenvolver medidas criativas para a solução dos
problemas sociais e locais e, assim, melhorar a qualidade de vida da região.

O quinto princípio se refere à “Ética, à Legalidade, à Responsabilidade e à


Confiança” e instrui que a filosofia da Polícia Comunitária representa o emprego de
um novo acordo entre a instituição e a comunidade. A base desse relacionamento
deve ser o respeito e a confiança de ambas as partes envolvidas no processo de
melhoria na qualidade de vida da comunidade (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX,
2003).

O sexto princípio, “Extensão do Mandato Policial”, ensina que é de fundamental


importância que, a qualquer hora do dia, o policial esteja consciente da necessidade
de responder de forma rápida aos problemas sociais demandados. Assim, a Polícia
Comunitária possui grande responsabilidade em potencializar as ações em prol da
segurança da comunidade local, bem como da melhoria do bem-estar social
(TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 2003).

O sétimo princípio se refere à “Ajuda para as Pessoas com Necessidades


Específicas” que busca alcançar novas formas de proteger, valorizar e respeitar a
vida de grupos vulneráveis, como: jovens, idosos, minorias, dentre outros
(TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 2003).

O oitavo princípio, “Criatividade e Apoio Básico”, nos dizeres de Oliveira (2008. p.


55) informa que novas medidas sempre devem ser buscadas com o objetivo de
encontrar soluções criativas para as demandas contemporâneas da comunidade.
28

O nono princípio, “Mudança Interna”, ensina que a filosofia de Polícia Comunitária


deve representar uma nova abordagem para influenciar toda a instituição de forma
integrada. Essa estratégia deve ser uma medida adotada em longo prazo para
oportunizar a participação de todos os policiais envolvidos (TROJANOWICZ;
BUCQUEROUX, 2003).

O último princípio descrito é a “Construção do Futuro” e esclarece que o serviço


policial oferecido para a comunidade deve ser personalizado a fim de atender os
anseios daquele local. A comunidade deve ser estimulada a compreender que a
polícia é uma organização parceira dos cidadãos para combater os problemas atuais
(TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 2003).

2.3 Características da Polícia Comunitária

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), em seu curso sobre Polícia


Comunitária, realiza a comparação das principais características entre o modelo
tradicional de policiamento e o modelo de Polícia Comunitária, conforme
demonstrado no Quadro 1.

Segundo Oliveira (2008. p. 57), “o papel da polícia, sob o modelo tradicional, é


controlar o crime” sendo, conforme quadro anterior, uma agência governamental
responsável por conferir respostas rápidas e efetivas aos crimes graves e organizar
o policimento de acordo com ocorrências, privilegiando-se, desta feita, o combate ao
ilícito penal.

Por sua vez, o policiamento comunitário tem como primazia a resolução de


problemas, estando diretamente imersa na realidade social, direcionando o seu
policiamento para as necessidades da comunidade e sendo mais uma das agências
responsáveis pela melhoria da qualidade de vida das pessoas.
29

Quadro 1 – Características dos modelos Tradicional e de Polícia Comunitária

(continua)
Questão Modelo Tradicional Polícia Comunitária

Qual o papel É uma agência A polícia é o público e o público é


central da polícia? governamental a polícia, os profissionais de
responsável, segurança pública são aqueles
principalmente, pela pagos para conferir atenção às
aplicação da lei. necessidades dos cidadãos.

Como se dá a As prioridades entre os A polícia é uma agência dentre


relação entre a órgãos são conflitantes, várias responsáveis por melhorar a
polícia e outras ou seja, cada um atua qualidade de vida.
agências de forma isolada.
públicas?

Qual o foco da Foco na resolução de Perspectiva mais ampla de


polícia? crimes. resolução de problemas.

Como a eficiência Por prisões e Pela ausência de crimes,


da polícia é apreensões. desordens e medo do crime. Por
medida? exemplo, a realização de
pesquisas de vitimização,
avaliações da qualidade dos
serviços prestados e da confiança
nas OSP são mecanismos de
gestão utilizados pelo modelo de
Polícia Comunitária.

Quais são as Crimes econômicos Aqueles problemas que mais


principais (p.ex.roubos a bancos) incomodam a comunidade.
prioridades? e aqueles que envolvem
violência.

Com o que as Incidentes ou Demandas e problemas da


polícias lidam ocorrências. comunidade.
especificamente?

O que determina Tempo resposta. Cooperação do público e confiança


a efetividade da na polícia.
polícia?

O que representa Respostas rápidas e Estar próximo da comunidade e


o profissionalismo efetivas para crimes resolver seus problemas.
para a polícia? graves.
Fonte: Adaptado de Sparrow (1988)² apud Brasil (2008).
30

Quadro 1 – Características dos modelos Tradicional e de Polícia Comunitária

(conclusão)

Questão Modelo Tradicional Polícia Comunitária

Qual o papel dos A função do comando é A função do comando central é


comandos prover os regulamentos estabelecer e fomentar os valores
centrais? e as determinações que organizacionais. Ou seja, atua em
devem ser cumpridas nível estratégico, propiciando
pelos policiais. condições de trabalho, como a
descentralização e a autonomia.

Como a polícia Como um objetivo. Como uma ferramenta dentre


encara a tantas outras.
condenação
criminal?

Como ocorre a Somente ao superior e À comunidade, de acordo com as


prestação de quanto questionado. necessidades locais, e aos
contas? superiores.

Como se dá a De acordo com o De acordo com as necessidades


organização do número de ocorrências, de segurança da comunidade, ou
policiamento? privilegiando os picos ou seja, em casos de sintomas de
hot spots. desordem e incivilidades, medo do
crime e crimes.
2
Fonte: Adaptado de Sparrow (1988) apud Brasil (2008).

Do paralelo firmado por Sparrow (1988), entre modelo tradicional e Polícia


Comunitária, depreende-se que o modelo de Polícia Comunitária é uma ampliação
do policiamento tradicional, conforme esclarecido por Oliveira (2008, p. 57):

A função do policiamento tradicional, sob o modelo do policiamento


comunitário, não foi interrompida; ao contrário, foi ampliada e em outros
casos rearranjadas. O policial deixa de ser um simples atendente de
incidentes e passa a desenvolver funções adicionais (proativas), no bairro
onde presta o serviço de segurança pública, para evitar que o próprio crime
ocorra.

Dessa forma, ao analisarem-se as características do modelo tradicional em relação


às características do modelo de Polícia Comunitária, observa-se que este é voltado
para a solução de problemas da comunidade juntamente com a participação do
público-alvo.

2
Sparrow, M. Implementing Community Policing. Perspectives on Policing. p. 8-9. Washington, DC:
National Institute of Justice and Harvard University, 1988.
31

O contato com o povo permite o aumento da confiança e o policial torna-se um ator


importante dentro da comunidade, ao mesmo tempo em que a comunidade participa,
interage e assume responsabilidades no processo de prevenção e diminuição dos
problemas locais, conforme ensinam Trojanowicz e Bucqueroux (2003).

A seção 3 apresentará o policiamento comunitário (estratégia de policiamento) da


PMMG.
32
33

3 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Nesta seção, serão verificadas a origem, o desenvolvimento e os desdobramentos


do policiamento comunitário na PMMG.

3.1 Origem e desenvolvimento do policiamento comunitário da Polícia Militar


de Minas Gerais

Os regramentos constitucionais autorizam e estimulam o envolvimento do povo nas


discussões e ações de promoção de segurança pública, fomentando a participação
comunitária com vistas à manutenção da ordem pública e alcance do ideário de paz
social.

Partindo-se da premissa de que “a polícia necessita da cooperação das pessoas


para prevenir e reprimir o crime, assim como os cidadãos necessitam comunicar
com a polícia para transmitir informações relevantes” (MINAS GERAIS, 2019a, p.
08), reafirma-se, diariamente, na PMMG, a Polícia Comunitária como filosofia
institucional e estratégia organizacional cada vez mais sedimentada.

Pensamento já ultrapassado é aquele que, como diz Dias Neto (2003), faz emergir a
ideia de que dividir com “amadores” decisões relacionadas ao exercício da função
policial era vista como um convite à ineficiência, à arbitrariedade e à corrupção,
afastando, de tal maneira, a participação social nas questões relativas à segurança
pública.

De acordo com a Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG (DGEOp), os


cidadãos, órgãos governamentais e órgãos não governamentais (ONG) são
convidados a solucionar os problemas locais que afligem à comunidade, tornando-
se, também, protagonistas neste processo:

A solução de problemas deve ser parte da rotina de trabalho policial e seu


emprego regular pode contribuir para a redução ou solução dos crimes,
melhorar a sensação de segurança e até mesmo diminuir a desordem física
e moral vivenciada na comunidade.
34

Os meios utilizados são diferentes dos anteriores e inclui um diagnóstico


das causas subjacentes do crime, a mobilização da comunidade e de
instituições governamentais e não governamentais (MINAS GERAIS, 2019b,
p. 34, grifo nosso).

A filosofia de Polícia Comunitária na PMMG passou por atualizações nas últimas


décadas, até se chegar ao pensamento atualmente explicitado na DGEOp e em
outros documentos normativos da instituição. Tem-se como prática inicial do
Policiamento Comunitário, as duplas de policiamento, histórica e popularmente
conhecidas como “Cosme e Damião”3, implementadas na década de 1950 (MINAS
GERAIS, 2019a, p. 13).

3
Em 20 de agosto de 1956, foi lançado efetivamente o Policamento Ostensivo de forma setorizada e
exercido por uma dupla de policiais na modalidade a pé. A dupla denominada “Cosme e Damião”,
em referência à experiência da Polícia Miltiar do Rio de Janeiro, recebeu outras denominações,
como Castor e Pólux, irmãos de Helena de Tróia, e Sansão e Dalila. Mas o nome definitivo só seria
determinado posteriormente. Em janeiro de 1957, foi aberto um concurso para escolha do nome da
dupla de policiais que iriam realizar o patrulhamento na Capital. No encerramento do Concurso, a
nomenclatura “Cosme e Damião” foi definitivamente efetivada como nome Oficial (MINAS GERAIS,
2020d, p. 17).
35

Figura 1 – Dupla “Cosme e Damião” no policiamento

Fonte: MINAS GERAIS, 2020d, p. 17.


36

Segundo Cotta (20144 apud MINAS GERAIS, 2019a, p.13), estes militares, advindos
da Companhia de Policiamento Ostensivo, tinham por missão precípua a prevenção
e a educação, exerciam o policiamento a pé, alocados em subdivisões territoriais
denominadas Distritos Policiais, num total de sete, e estes, por sua vez, em Áreas de
Patrulhamento, numa clara e empírica tentativa de aproximação da polícia com
a sociedade, ainda que a filosofia de Polícia Comunitária não tivesse, sequer,
sido teorizada no âmbito da Instituição (grifo nosso).

A notícia ganhou destaque em matérias jornalísticas da época, pela novidade da


qual se revestia, porém, em que pese tal estratégia tenha sido promissora na busca
pela aproximação entre comunidade e polícia, em um primeiro momento, ela não
prosperou por muito tempo (cf. figura 2).

Figura 2 – Matéria Jornalística divulgando o novo tipo de policiamento

Fonte: MINAS GERAIS, 2020d, p.17.

Ainda de acordo com os ensinamentos de Cotta (2014 apud MINAS GERAIS,


2019a), é por demais sabido que, este foi o cenário vivenciado pela força de
segurança pública mineira até o fim da década de 1980.

Após a promulgação da CRFB/1988, que teve como marco inicial a


redemocratização do Brasil, a PMMG aprimora o seu modo de fazer polícia e reinicia

4
COTTA, Francis Albert. Breve História da Polícia Militar de Minas Gerais. 2 ed. Belo Horizonte,
MG: Fino Traço, 2014.
37

a teorização e sistematização operacional do policiamento comunitário. Assim, cria,


a partir de 1993, documentos institucionais que inseriram no contexto policial novos
conceitos e diretrizes a serem seguidos no relacionamento com o cidadão, buscando
seu engajamento nas questões de segurança pública.

O Policiamento Distrital, lançado em 1988, baseado na criação de


subsetores, denominados Distritos, sob responsabilidade de Sargentos ou
Cabos, capilarizou a presença policial militar em Belo Horizonte e
representou a essência da retomada de um viés comunitário na atuação do
policiamento (MINAS GERAIS, 2019a, p.14)

O objetivo principal desta nova estratégia era a solução de problemas e a melhoria


da qualidade de vida da comunidade com o envolvimento direto da população
potencialmente atingida, colocando-a em posição de protagonismo diantes das
várias questões relativas à segurança pública, visando à prestação de um serviço,
por parte da PMMG, cada vez mais efetivo e que atendesse aos anseios sociais.

A prática centrada no policiamento distrital tinha, por motivação, desenvolver um


policiamento voltado ao viés comunitário centrando-se na necessidade de
proximidade e estreitamento de laços entre a polícia e a comunidade que atendiam,
bem como o contrário. Tal prática contribuiu para o surgimento de uma doutrina de
Polícia Comunitária na PMMG:

Em 1993, a PMMG estabeleceu um marco doutrinário teórico-conceitual


relevante, com a publicação da DPO nº 3008/93, que trazia alguns
elementos importantes para a Polícia Comunitária: foco na prevenção;
presença policial fixa e prioridade do policiamento a pé; desenvolvimento de
parcerias com lideranças comunitárias, segmentos da sociedade civil
organizada, órgãos públicos e privados; busca de soluções conjuntas para
os problemas que impactam na qualidade de vida; visão sistêmica e
articulada da defesa social e das políticas públicas; transparência nas
relações com a sociedade; e busca de fontes alternativas de recursos junto
ao poder público e entidades da sociedade legalmente constituídas
(ESPÍRITO SANTO; MEIRELES; SOUZA, 2003 apud MINAS GERAIS,
2019a).

A partir da edição da DPO, foram traçadas as linhas gerais para implementação da


filosofia de Polícia Comunitária na PMMG, tornando-se esta nova filosofia um
direcionamento para a prática operacional na instituição.
38

Ainda que a década de 1990 não tenha apresentado grandes evoluções práticas no
exercício institucional da filosofia de Polícia Comunitária, a partir deste marco
teórico, discussões foram traçadas sobre o tema. Nos anos 2000, com a reafirmação
do paradigma da Polícia Cidadã, crescente consolidação dos direitos de cidadania e
empoderamento da comunidade, a Polícia Comunitária ganhou robustez e
experimentou uma evolução no âmbito institucional da PMMG (FREIRE, 2009).

Esse momento de transição, em um contexto histórico favorável, acaba por


refletir positivamente na PMMG e, a partir de 2000, percebe-se um avanço
doutrinário da filosofia de Polícia Comunitária, com maior maturidade
organizacional dos seus integrantes, além de um viés prático no ambiente
de atuação operacional junto às comunidades. Nesse período foram criados
inúmeros serviços de policiamento comunitário – tais como Programa
Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), Base Comunitária (BC) e
Base Comunitária Móvel (BCM), Base de Segurança Comunitária (BSC);
Grupo Especial de Policiamento em Área de Risco (GEPAR), Patrulha
Escolar, Patrulha Rural, Patrulha de Prevenção à violência Doméstica
(PPVD), entre outros (MINAS GERAIS, 2019a, p.16)

Percebe-se, então, que a nova parceria entre polícia e comunidade se torna o norte
das ações policiais. Em um primeiro momento, a filosofia de Polícia Comunitária
abrange apenas serviços específicos, atualmente, perpassa todos os serviços
constantes do portfólio da PMMG, mesmo que, em alguns, tal filosofia seja mais
latente, conforme assevera o §2º do art. 1º da Resolução 4.827, de 26 de agosto de
2019, que o aprova, afirmando que:

§ 2º A execução dos serviços constantes no Portfolio terá sempre como


referência a Diretriz Geral para o Emprego Operacional (DGEOp) e deverá
estar alinhada com os preceitos estabelecidos nas Diretrizes de Direitos
Humanos e de Polícia Comunitária, bem como nos protocolos
operacionais estabelecidos em normas complementares (MINAS GERAIS,
2019e, p. 3, grifo nosso).

A Diretriz vigente de Polícia Comunitária é reafirmada e legitimada por outros


documentos normativos e possui o condão de balizar toda a atividade operacional na
PMMG, fazendo constar, em seu teor, os objetivos que busca alcançar. Traz, ainda,
explanações e direcionamentos esmiuçados de tudo o que pretende a aplicação da
filosofia de Polícia Comunitária nos serviços da instituição:

Traça estratégias que resgatam a abordagem do policiamento orientado


para resolução de problemas, com o propósito de realçar a participação da
comunidade por intermédio de ações, discussões e atitudes. Dessa forma,
busca reduzir as taxas de ocorrências e o medo do crime, além de
39

demonstrar a proximidade da polícia junto à comunidade. A polícia


necessita da cooperação das pessoas para prevenir e reprimir o crime,
assim como os cidadãos necessitam comunicar com a polícia para transmitir
informações relevantes (MINAS GERAIS, 2019a, p. 8).

A participação comunitária e a aliança firmada entre a polícia e comunidade para a


resolução de problemas de segurança pública revestem-se, na atualidade, de
grande importância e relevância para a atividade policial. Tal fato é comprovado pela
inserção na Diretriz nº 8002.2 de 09 de janeiro de 2020, que estabelece parâmetros ,
organiza e disciplina a Gestão de Desempenho Operacional (GDO), de umas das
principais ferramentas de avaliação do desempenho operacional na PMMG, o
indicador de "interação comunitária”.

Trata-se de indicador que tem como objetivo aferir quantitativamente as


ações desenvolvidas pela PMMG junto aos cidadãos e à comunidade, por
meio de reuniões comunitárias, com foco na filosofia de Polícia Comunitária.
Interação Comunitária (IC): tem por finalidade verificar a participação de
policiais militares em reuniões comunitárias ou com entidades diversas, de
forma a promover a integração da Instituição com a comunidade e buscar
subsídios para a solução de problemas afetos à segurança pública. O
indicador será calculado tendo como parâmetro o número de reuniões
comunitárias por 100.000 habitantes (MINAS GERAIS, 2020a, p. 14).

Percebe-se, a partir do exposto, que a filosofia de Polícia Comunitária se encontra


alicerçada na doutrina da PMMG, sendo fundamento para a atividade policial militar
e marco agregador entre polícia, comunidade e outros órgãos, na consecução de
uma segurança pública de qualidade e que atenda aos anseios sociais.

O policiamento comunitário fomenta, portanto, um ambiente organizacional


e cultural voltado a alinhar a conduta policial às características locais. Não
obstante, em contraste com as propostas da década de 70, no atual modelo
a polícia não está vinculada às demandas do público. A sociedade exerce
um papel consultivo; o poder de decisão continua nas mãos da polícia
(DIAS NETO, 2013, p. 33).

Na atualidade, a filosofia de Polícia Comunitária encontra-se arraigada na cultura


organizacional, sendo um dos sustentáculos da PMMG e norteadora dos diversos
serviços desenvolvidos pela instituição em prol da prestação de segurança pública
de qualidade ao povo mineiro.
40

3.2 O desdobramento do policiamento comunitário em serviços na Polícia


Militar de Minas Gerais

O Portfólio de serviço da PMMG, regulamentado por meio da Resolução nº 4.827, de


26 de agosto de 2019, visa especificar os serviços ofertados por meio da atividade
operacional. O documento estabelece padrões para atuação policial e determina
prioridades para cada tipo de necessidade verificada (MINAS GERAIS, 2019e).

Dessa forma, a PMMG consegue oferecer à sociedade uma prestação de serviço


cada vez mais específica e que atenda aos anseios dela advindos.

A Resolução nº 4.827/2019 apresenta, conforme seu artigo 7º, um total de 33


modalidades de serviços ostensivos5 que a PMMG presta à sociedade mineira. Em
que pese alguns sejam mais explicitamente relacionados aos princípios de Polícia
Comunitária, esta é uma filosofia que perpassa todos os serviços constantes no
portfólio, primordialmente, aqueles classificados, pela resolução, como sendo do
Policiamento Ostensivo Geral (POG), caso da Patrulha Rural, objeto desse estudo.

Afirma a mencionada resolução, em seu artigo 2º que:

Art. 2º Os serviços destinados ao Policiamento Ostensivo Geral (POG)


visam satisfazer as necessidades basilares de segurança da sociedade, por
intermédio da presença real ou potencial do policial militar,em contínuo
contato com a comunidade. São empregados com ênfase no policiamento
preventivo, em suas diversas modalidades a fim de potencializar a atuação
da instituição, evitando-se a sobreposição de esforços, com aumento da
sensação objetiva de segurança (MINAS GERAIS, 2019e).

5
Serviços constantes no Portfólio de Serviços Operacionais da PMMG: Patrulha à pé, Radiopatrulha,
Ciclo Patrulha, Base Comunitária, PPVD (Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica), Patrulha
Escolar, PROERD (Programa Educacional de Resistência às drogas), GEPAR (Grupo Especial de
Policiamento em área de Risco), Patrulha Rural, Tático Móvel, GEPTur (Grupo Especial para
Policiamento Turístico), CROP (Centro de Registros de Ocorrências Policiais), Videomonitoramento,
Teleatendimento 190, Policiamento de Guardas, Policiamento Velado, ROTAM (Rondas Táticas
Metropolitanas), GER (Grupo Especializado em Recobrimento), Policimento de Choque,
Policiamento Montado, ROCCA (Rondas Ostensivas Com Cães), Operações Policiais Especiais,
Radiopatrulhamento Aéreo, Patrulha de Antedimento de Meio Ambiente, GEPAM (Grupo Especial
de Policiamento Ambiental), Patrulha de Trânsito, Grupo Tático de Trânsito, PROT (Posto de
Registro de Ocorrência de Trânsito), Transitolândia, Patrulha Rodoviária, Grupo Tático Rodoviário,
Patrulha de Recolhimento de Animais de Grande Porte.
41

Consoante o prescrito pelo Portfólio de Serviços da PMMG, a execução das


atividades nele constantes deverão seguir as diretrizes advindas da DGEOp, assim
como estar alinhadas com os preceitos de Direitos Humanos e Polícia Comunitária
(MINAS GERAIS, 2019e).

Portanto, dentre os serviços identificados com atuação diretamente influenciada pela


filosofia de Polícia Comunitária, há que se destacar a Patrulha Rural, objeto de
estudo sobre o qual se debruçará esta pesquisa.

Este serviço está regulamentado conforme Instrução nº 3.03.08/2013, que será


analisada na seção 4.2 deste estudo.

A Patrulha Rural possui como missão geral a efetiva participação dos moradores
residentes nas áreas rurais nas questões relacionadas à segurança pública:

A consecução de níveis adequados de segurança pública para a zona rural


deve ser pautada em ações de polícia que priorizem a solução de
problemas. Nesse contexto, é elementar a mobilização e a organização da
comunidade rural e a busca de parcerias com os demais órgãos públicos,
com ênfase para as agências de defesa social, partindo-se do pressuposto
que a solução dos problemas de segurança da zona rural, assim como
ocorre nas áreas urbanas, demanda a atuação conjunta da comunidade e
do poder público em suas diversas áreas de atuação (MINAS GERAIS,
2013, p.18).

Em conformidade com os preceitos doutrinários da instituição, cabe à Patrulha Rural


a missão de estimular nos moradores um sentimento de participação e
responsabilidade quanto às demandas relacionadas aos problemas locais. Dessa
forma, influencia diretamente na qualidade de vida da população e intensifica a
sensação de segurança na comunidade.

Para que os resultados esperados sejam positivos, as ações policiais devem


concomitar com a plena participação da sociedade local no que tange à efetiva
produção de segurança pública na área de atuação da Patrulha Rural (MINAS
GERAIS, 2019d).
42

A qualidade do serviço prestado pela PMMG está intimamente ligada ao fato de que
a instituição precisa conciliar, em todos os pontos do estado, a atividade policial às
necessidades da comunidade. Dessa forma, ela possui como objetivo atender às
especificações de cada RPM, para a adequação dos serviços ofertados.

Outro ponto relevante é a obrigação de se verificarem as características dos próprios


moradores da localidade, o perfil dos cidadãos deve ser levado em consideração
para que o serviço policial seja eficiente na área de atuação (MINAS GERAIS, 2013,
p. 29).

A seção 4 tratará especificamente sobre as origens e normatizações do serviço da


Patrulha Rural no estado de Minas Gerais e o seu desenvolvimento institucional.
43

4 A PATRULHA RURAL EM MINAS GERAIS

Nesta seção será apresentado um breve histórico da Patrulha Rural na Polícia Militar
de Minas Gerais. Em seguida, serão apresentados os documentos normativos e
doutrinários que disciplinam o serviço em Minas Gerais. Por fim, discorrer-se-á a
respeito da estruturação da Patrulha Rural no Programa Minas Segura 2019-2022.

4.1 Histórico da Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais

O meio rural sofreu grandes transformações ao longo dos anos. Houve o surgimento
de atividades diversas à agricultura e à 6 pecuária. A economia se tornou mais
diversificada, emergindo novas espécies de trabalhadores, com atividades
consideradas urbanas, mas sendo realizadas dentro do ambiente rural, segundo
Matos, Sathler e Umbelino (2004, p.1):

O significado de urbano e rural permanece indefinido na atualidade. Estudos


passam a apontar um novo dinamismo em muitos pequenos municípios,
onde as áreas “rurais” parecem ressurgir economicamente, experimentando
inclusive crescimento demográfico, depois de décadas de declínio
populacional. Talvez, por isso mesmo o IBGE venha tentando a cada
Censo, introduzir variáveis inéditas que recortam as categorias urbano e
rural, de modo a apreender parte dos fenômenos atinentes ao novo rural
brasileiro. Verifica-se que em Minas Gerais uma parcela da população
“rural” está envolvida com ocupações não agropecuárias, principalmente em
sub-regiões sob a influência de grandes cidades (MATOS, SATHLER e
UMBELINO, 2004, p. 1).

O avanço da modernidade técnica e cultural no ambiente considerado rural fizeram


surgir novas maneiras de produção e subsistência. No mundo contemporâneo, não
mais se vislumbra a ideia de que a indústria e o comércio possuem a área urbana
como local preferencial para desenvolvimento de suas atividades, tornando abstratas
as linhas de fronteira entre rural e urbano (MATOS, SATHLER, UMBELINO, 2004).

Já Marques (2002, p.1027, apud COSTA, 2016, p. 53) define:

6
A pecuária é relativa à criação de espécies animais, dividindos-se em extensiva e intensiva. No
Brasil, as principais criações são a bovina, suína e caprina. Ressalta-se que, além de abastecer o
mercado alimentício, a pecuária brasileira gera também matéria-prima. Disponível em
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/agricultura-pecuária#. Acesso em 09Set21.
7
MARQUES, Maria Inez Medeiros. O conceito de espaço rural em questão. Revista Terra Livre, São
Paulo, ano 18, nº 19, p. 95-112, jul./dez. 2002.
44

[...] o espaço rural de forma descritiva como um modo particular de


utilização do espaço e de vida social que apresenta como características:
(a) uma densidade relativamente fraca de habitantes e de construções,
dando origem a paisagens com preponderância de cobertura vegetal; (b) um
uso econômico dominantemente agro-silvo-pastoril; (c) um modo de vida
dos habitantes caracterizado pelo pertencimento a coletividades de tamanho
limitado e por sua relação particular com o espaço e (d) uma identidade e
uma representação específicas, fortemente relacionadas à cultura
camponesa [...] (MARQUES, 2002, p.102 apud COSTA, 2016, p. 53).

Segundo Paula e Diniz (2012), nos últimos anos, o meio rural passou a ser alvo de
infratores, que, aproveitando da pouca vigilância por parte Poder Público e das
características que permeiam a zona rural, aliado ao maior investimento na área
urbana em prevenção e repressão ao crime, enxergaram no campo um ambiente
propício para a prática de ações criminosas.

Nesse sentido, afirma Souza (2016, p.7):

Face à necessidade de se estabelecer prioridades no serviço público, onde


os meios são escassos e a demanda é virtualmente ilimitada, é natural que
as áreas urbanas se tornem prioritárias ao trabalho policial, deixando a
população rural em segundo plano. Aliado a isso, há a ausência de políticas
públicas para a fixação do homem do campo, dinâmica que tem gerado
êxodo rural e esvaziamento lento das áreas agrícolas (SOUZA, 2016, p. 7).

Devido ao crescente desenvolvimento econômico e social nas áreas rurais,


combinado com a falta de vigilância, houve um aumento significativo de crimes
nessas áreas. Empresários e fazendeiros possuem, em suas propriedades, veículos,
maquinários, objetos de grande valor, animais, produtos agrícolas, entre outros, que
se tornam objeto de desejo dos criminosos (PAULA; DINIZ, 2012).

Com relação à expansão da criminalidade e a elevação da prática de delitos no


ambiente rural, Souza (2016, p. 7) afirma que:

Por serem regiões mais afastadas da presença policial, as zonas rurais


passaram a vivenciar também um aumento da criminalidade ordinária
amplamente conhecida pelos moradores de áreas urbanas. Delitos como
furtos e roubos, uso e tráfico de drogas passaram a fazer parte de uma
realidade até então muito mais tranquila. Alvos fáceis para uma
criminalidade que tem como objetivo manter-se capitalizada, os ambientes
rurais passaram a ser palco de ações violentas, típicas de crimes cometidos
em grandes cidades (SOUZA, 2016, p. 7).
45

Consoante Caixeta (2009), o Patrulhamento Rural constitui uma forma de combate


aos crimes praticados na zona rural.

Trata-se de uma modalidade de policiamento de proximidade com a população do


campo, garantindo a sua participação na prevenção do crime. Esta estratégia de
policiamento faz com que a comunidade se sinta mais segura e proporciona sua
participação direta no processo, contribuindo de forma significativa com a melhoria
da qualidade de vida da população local. Transforma a área rural em um ambiente
seguro e consolida o relacionamento entre a polícia e o homem do campo.

Com relação ao policiamento comunitário aplicado à Patrulha Rural, Caixeta (2009,


p. 35) afirma que:

A atividade de policiamento rural nasceu da necessidade de se combater o


crime nas zonas rurais. Nas últimas décadas o aumento da criminalidade
nestes locais cresceu de forma assustadora. Assim, a Patrulha Rural deve,
não só combater o crime repressivamente, mas principalmente, exercer o
policiamento comunitário como a melhor tática de prevenção e
enfrentamento ao crime (CAIXETA, 2009, p. 35).

Paula e Diniz (2012) asseveram que a criminalidade da área urbana passou a migrar
para a zona rural. Isso fez com que o final da década de 1990 ficasse marcado pela
elevação da criminalidade na zona rural, gerando sensação de insegurança na
população local. Embora já existisse patrulhamento nessas áreas, o problema
persistia, uma vez que era realizado somente policiamento repressivo, com
atendimento de chamadas quando o crime já havia ocorrido, para realização de
prisão do infrator e registro do boletim de ocorrência.

Embora houvesse outras experiências anteriores de policiamento no ambiente rural,


justificadas pela característica ruralista da qual o estado é dotado, a PMMG passa a
buscar alternativas sistematizadas, a partir da décadade de 2000, com foco na
prevenção criminal no campo e teve, como projeto-piloto, o município de Ituiutaba.
Ainda segundo Paula e Diniz (2012):

Nesse contexto, o Comandante da Décima Companhia de Polícia Militar


Independente, Maj PM Oliveiros Calixto de Souza Filho, estabeleceu uma
parceria entre a Polícia Militar e o Sindicato dos Produtores Rurais do
município de Ituiutaba (SIPRI), a fim de enfrentar o crescente problema que
46

afligia as pessoas do campo. No ano de 2001, o Maj PM Oliveiros lançou,


então, o projeto denominado “Patrulha Rural”. A nova modalidade de serviço
prestada pela PMMG na zona rural de Ituiutaba alcançou excelentes
resultados em pouco espaço de tempo, reduzindo, de forma significativa, os
índices criminais daquela região (PAULA; DINIZ, 2012, p. 9).

Esse projeto tinha como principal objetivo combater a criminalidade na zona rural e
trazer aos moradores sensação de segurança. Naquela época, a Polícia Militar não
dispunha dos recursos necessários e foi preciso para sua implantação o
estabelecimento de uma parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de
Ituiutaba/MG (SIPRI), que disponibilizou viaturas para a realização do
patrulhamento. Com o passar dos anos, o serviço de Patrulha Rural passou a contar
com mais viaturas e se estendeu a outros municípios (CAIXETA, 2009).

Os policiais militares que atuavam na Patrulha Rural passaram por treinamentos e


adquiriram conhecimentos técnicos para atuar no campo, conforme as
peculiaridades do meio rural e atuaram de forma a estreitar os laços entre a
comunidade e a polícia militar, contribuindo para a efetividade do projeto (CAIXETA,
2009).

Foram criados, na cidade de Ituiutaba, o Conselho de Segurança Pública Rural


(Consep) e a Rádio Fazenda. O Consep Rural auxiliava na manutenção de viaturas
e era considerado um elo entre a comunidade e a Polícia Militar. O projeto Rádio
Fazenda possibilitava ao produtor rural o contato direto com os policiais militares em
uma frequência de rádio exclusiva, facilitando e agilizando a comunicação
(CAIXETA, 2009).

Sobre o projeto de criação da nova modalidade de policiamento baseada nos


princípios de Polícia Comunitária, Caixeta (2009, p. 63) afirma que:

A criação do Projeto Patrulha Rural no município de Ituiutaba, tem como


conceito a polícia comunitária, que visa aproximação e integração do
homem do campo à Polícia Militar. Inicialmente o projeto foi custeado pela
comunidade rural, através do Consep Rural. A Prefeitura também contribuiu
apoiando na manutenção e fornecimento de combustível para as viaturas.
Além da realização do policiamento comunitário, este projeto é também
bastante eficiente na repressão ao crime no meio rural. Através de um
sistema de comunicação eficiente e da sua grande capacidade de
mobilização, a Patrulha Rural consegue dar respostas rápidas, realizando
47

prisões e apreensões de pessoas e materiais oriundos da criminalidade


(CAIXETA, 2009, p. 63).

O Projeto de Patrulha Rural se fortaleceu, despertando o interesse em polícias de


outros estados do país e se estendeu para várias outras Unidades PMMG
(CAIXETA, 2009).

4.2 Documentos normativos e doutrinários da Patrulha Rural em Minas Gerais

A PMMG, no cumprimento do seu dever constitucional de preservar a ordem pública,


buscou adotar a filosofia de Polícia Comunitária em suas atividades.

Com o decorrer dos anos, e o natural aperfeiçoamento das técnicas e manuais para
melhor servir e proteger a população mineira, este policiamento passou por
diferentes interpretações até o conceito atual de Polícia Comunitária, que se observa
atualmente na instituição:

Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que


proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Tal parceria
se baseia na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem
trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas de segurança
pública contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime,
desordens físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o
objetivo de melhorar a qualidade geral de vida da área (TROJANOWICZ;
BUCQUEROUX, 2003, p. 4-5).

O portfólio de serviços da PMMG, em seu artigo 7º, inciso IX, traz o conceito
operacional da Patrulha Rural)

Consiste em guarnição composta por dois ou três policiais militares que


atuam em veículo de quatro rodas utilizando armamento e equipamento
adequados para atuação preventiva e pronta resposta no meio rural,
mediante planejamento contido em cartão-programa ou operações
específicas. O policiamento em zona rural é uma atividade sistemática de
preservação da Ordem Pública, com o suporte de veículos apropriados, que
tem por objetivo prevenir e reprimir delitos em fazendas, sítios, condomínios
e cooperativas, dentre outras áreas rurais (MINAS GERAIS, 2019e).

Depreende-se do conceito operacional da Patrulha Rural que seu objetivo é o de


prevenir e reprimir delitos, reforçando a noção de que o policiamento comunitário,
voltado na busca por identificar e solucionar problemas atinentes à segurança
pública está intrinsecamente ligado à atividade do patrulheiro rural.
48

Somando-se o fato de que a cordialidade para o trato com a comunidade, a


facilidade na comunicação e a flexibilidade para lidar com conflitos são
características desejáveis para o patrulheiro rural, outras qualificações profissionais
são de extrema importância no momento da escolha dos militares que irão compor
tal atividade.

A distância da área urbana, a dificuldade de comunicação, as próprias


características da área rural já exigem do militar habilidades para lidar com uma
rotina operacional diferente da comumente vivenciada nos turnos de serviço dentro
da cidade.

Por essa razão, a Instrução nº 3.03.08/2013, que regula a atuação da polícia


ostensiva no meio rural do estado de Minas Gerais, prevê que o militar empenhado
na atividade de Patrulha Rural esteja apto a conduzir viaturas caminhonetes 4x4,
traçadas, levando em consideração a possibilidade de conduzir em terrenos
acidentados, brejos, morros e afins.

Ademais, além de bom aproveitamento no tiro policial e no Treinamento Policial


Básico (TPB), também deve se submeter ao Curso Patrulha Rural, desenvolvido por
meio da Academia de Polícia Militar (APM), através do Centro de Treinamento
Policial (CTP). A carga horária se encontra detalhada na Resolução 4.810 de 01 de
julho de 2019, que insitui o Catálogo de Cursos e Treinamentos da Polícia Militar de
Minas Gerais, conforme Quadro 2.
49

Quadro 2 – Matriz Curricular do Curso de Patrulha Rural prevista na


Instrução 3.03.08 – Polícia Militar de Minas Gerais – 2013

CURSO DE PATRULHA RURAL


COMPONENTES CURRICULARES CARGA HORÁRIA
Policiamento Rural 08
Policiamento de Meio Ambiente 06
Técnica Policial 06
Primeiros Socorros 04
Condução e Manutenção de Viatura 02
Geografia Física 04
Avaliação 02
TOTAL 32
DESCRIÇÃO DO CURSO

Ementa: Capacitação de policiais militares para atuarem na Patrulha Rural.

Público a que se destina: Oficiais e Praças.

Pré-requisito: Conforme o Plano de Treinamento do Curso e participação nos


seguintes cursos no formato EaD:

Curso de Polícia Comunitária (60 horas) e Curso de Crimes Ambientais (60


horas)

Máximo de discentes por turma: 50.

Unidade Executora: até nível de UEOp.

Coordenação técnica: Oficial a ser designado com formação no Curso Patrulha


Rural.

Observação: As cargas horárias referentes aos treinamentos EaD serão


somadas à presencial para o cômputo total do curso.
Fonte: Adpatado de MINAS GERAIS, 2019c, p. 57.

Uma vez escolhido, e devidamente apto a trabalhar na Patrulha Rural mediante o


treinamento mencionado no Quadro 2, o militar deverá cumprir com pressupostos
básicos na rotina operacional enquanto equipe.
50

De acordo com a Resolução nº 4.827/2019, a qual dispõe sobre o portfólio de


serviços da PMMG e que disciplina o emprego da Patrulha Rural, a equipe deverá
ser composta por dois ou três militares, em viatura de quatro rodas, cabendo uma
reassalva, pois a Patrulha Rural trabalha, geralmente, onde existe a presença de
mata fechada e em eventos com informações de pessoas possivelmente armadas
ou potencialmente perigosas, quando não há reforço especializado para esse tipo de
busca – Ronda Ostensivas com Cães (ROCCA) – e a ocorrência não for de alta
complexidade (MINAS GERAIS, 2019e).

Dessa forma, a composição de qualquer esforço empregado deverá ser acima desse
número, conforme prevê o Manual Técnico Profissional 3.04.02/2020-CG, o qual
trata sobre a abordagem a pessoas:

Em situações que não seja possível o acionamento de uma guarnição da


ROCCA e que o fato não se configure numa ocorrência de alta
complexidade, a incursão será realizada por uma patrulha composta de, no
mínimo, 4 (quatro) policiais militares (MINAS GERAIS, 2020b, p. 68)

Lembra-se que este é apenas um critério operacional a ser observado para a própria
segurança de qualquer equipe policial militar que se encontre neste tipo de situação,
não podendo a Patrulha Rural, jamais, deixar de observar os manuais técnicos.

Retomando a análise dos pressupostos básicos de empenho da Patrulha Rural, a


Instrução nº 3.03.08/2013-CG (MINAS GERAIS, 2013), discorre criteriosamente
sobre qual o papel dos militares enquanto estiverem no desempenho de suas
funções neste portfólio.

A presença do policial militar nas áreas rurais, realizando o patrulhamento de acordo


com o cartão-programa predefinido, aliado ao contato direto com a comunidade,
beneficiará a troca de informações, identificação e solução de problemas de
segurança pública (cf. figura 3), além de levar sensação de segurança aos
moradores locais (MINAS GERAIS, 2013).

Entretanto, o contato com os moradores das comunidades rurais não ocorre de


maneira aleatória. Prescinde de um cadastro minucioso das visitas realizadas, com
51

levantamento das vulnerabilidades de segurança, informações sobre possíveis


criminosos nas áreas e demais informações que possam subsidiar operações, bem
como manter alimentado o formulário de visitas para que se possa ter o controle de
informações importantes da localidade (MINAS GERAIS, 2013).

Para a resolução dos problemas de segurança pública, a participação e o


envolvimento da comunidade é de grande importância. Diante disso, os patrulheiros
rurais devem ter facilidade em se comunicar para conseguir mobilizar as pessoas e
trazê-las para a discussão do assunto.

Figura 3 – Patrulha Rural em atividade na 13ª Companhia PM Independente


da 11ª Região da Polícia Militar – São Francisco / MG – 2021

Fonte: ASCOM 11ª RPM/ PMMG.

Entretanto, o contato com os moradores das comunidades rurais não ocorre de


maneira aleatória. Prescinde de um cadastro minucioso das visitas realizadas, com
levantamento das vulnerabilidades de segurança, informações sobre possíveis
criminosos nas áreas e demais informações que possam subsidiar operações, bem
como manter alimentado o formulário de visitas (cf. figura 4), para que se possa ter o
controle de informações importantes da localidade (MINAS GERAIS, 2013).
52

Para a resolução dos problemas de segurança pública, a participação e o


envolvimento da comunidade é de grande importância. Diante disso, os patrulheiros
rurais devem ter facilidade em se comunicar para conseguir mobilizar as pessoas e
trazê-las para a discussão do assunto.

Isso pode ocorrer, não somente mediante as visitas nas residências e possíveis
estabelecimentos comerciais e agrícolas, mas, também, em reuniões comunitárias,
com a presença dos comandantes dos diversos níveis, para que a interação ocorra
de maneira completa entre Polícia Militar e comunidade rural (MINAS GERAIS,
2013).

Figura 4 – Patrulha Rural em contato comunitário da 13ª Companhia PM


Independente da 11ª Região na Polícia Militar – São
Francisco / MG – 2021

Fonte: ASCOM 11ª RPM/PMMG.

É desejável e, além disso, imprescindível, para o sucesso da parceria entre a Polícia


Militar e a comunidade, a proximidade com os moradores da zona rural e com os
comerciantes ou empresários da área.
53

Mas tal fato não pode, em hipótese alguma, servir de justificativa para solicitação de
recursos logísticos para realização do policiamento. Entretanto, é possível celebrar
convênios, de forma imparcial e na forma da lei, com entes públicos ou privados,
sempre com a participação da administração da Polícia Militar para dar
transparência ao processo (MINAS GERAIS, 2013).

Durante o atendimento de ocorrências, os militares deverão sempre agir de maneira


polida e educada. Essa postura fará com que a comunidade rural enxergue no
policial militar um verdadeiro guardião de seus direitos, alguém em quem pode
confiar. Ademais, não se deve agir com favoritismos durante o patrulhamento
ordinário, devendo ser abrangida toda a área especificada no cartão-programa
(MINAS GERAIS, 2013).

Com vistas a prevenir o crime, como antes mencionado, aspecto basilar do


policiamento comunitário, o patrulheiro rural deve manter o contato com a
comunidade e ser capaz de, com os dados levantados, antecipar e prevenir ações
delituosas, diminuindo os índices criminais locais.

As visitas comunitárias subsidiarão o preenchimento de planilhas que aperfeiçoarão


a confecção dos cartões-programa de patrulhamento a serem cumpridos pelas
equipes, os quais deverão ser elaborados a partir da estatística criminal, levando em
consideração as estradas vicinais, pontos vulneráveis e referências, buscando cobrir
toda área rural do setor (MINAS GERAIS, 2013).

Além do policiamento de rotina, a depender da demanda apresentada em cada


região, a atividade da Patrulha Rural poderá sofrer adequações para uma melhor
resposta frente à prevenção criminal. Isto posto, nada obsta que, além do
patrulhamento de rotina por meio do cartão-programa e as visitas comunitárias,
sejam feitas também abordagens a suspeitos, blitz em parceria com as frações
locais ou policiamento rodoviário, atividades envolvendo outros órgãos como Polícia
Civil ou IBAMA ou até mesmo ações de repressão, em conjunto com equipes
especializadas (MINAS GERAIS, 2013).
54

Vislumbra-se a possibilidade de enfrentamento, por parte dos componentes da


Patrulha Rural, de criminosos portando armamento significativo e, geralmente, a
dificuldade de comunicação, aliada à grande distância para chegada do reforço
policial em um conflito armado. Por isso, é necessário que a patrulha esteja armada
com armamento portátil de longo alcance, além do armamento convencional, e que
os patrulheiros estejam devidamente habilitados a utilizar tais armamentos (MINAS
GERAIS, 2013).

Via de regra, as viaturas empregadas no policiamento da Patrulha Rural são


caminhonetes 4x4, traçadas, e, na matriz curricular do curso de Patrulha Rural, é
prevista carga horária para aprimorar a condução e manutenção de viaturas.

As viaturas deverão conter itens que auxiliem os profissionais em circunstâncias


adversas, as quais podem ocorrer na zona rural. Por essa razão, os patrulheiros
rurais deverão levar, nas viaturas bastões de madeira, cones de sinalização,
lanternas, cordas, faca e/ou facão, lanterna holofote, quando possível, colete salva-
vidas, bússola ou GPS para geolocalização, kit de primeiros socorros e kit de
biossegurança (MINAS GERAIS, 2013).

Ao sair para o turno de serviço, é imprescindível verificar as condições do rádio fixo


da viatura. Além disso, os policiais militares devem levar consigo rádio HT e estarem
de posse dos próprios aparelhos celulares, pois, quando não é mais possível realizar
contato via rede rádio PM, muitas vezes, o contato com a Sala de Operações da
Unidade (SOU), Sala de Operações da Fração (SOF), Centro de Operações Policiais
Militares (COPOM)8 ou frações PM é realizado por intermédio de ligações (MINAS
GERAIS, 2013).

4.3 Reestruturação da Patrulha Rural no Programa Minas Segura 2019-2022

O Programa Minas Segura foi instituído pela Resolução nº 4.826, de 26 de agosto de


2019 e visa fortalecer o policiamento ostensivo, combater a interiorização do crime,

8
O Centro Integrado de Comunicações Operacionais – CICOp, previsto na Instrução nº 3.03.08/2013-
CG, foi substituído, em nomenclatura, pela Unidade COPOM, subordinada diretamente à Diretoria
de Operações da PMMG.
55

reduzir a criminalidade violenta e aumentar a sensação de segurança (MINAS


GERAIS, 2019d).

Conforme previsto na Resolução nº 4.826/2019, o Programa elenca, em seu rol de


metas, a necessidade de potencializar as atividades desempenhadas pelas
Patrulhas Rurais no âmbito do combate e prevenção da interiorização do crime, com
vistas a reforçar a sensação de segurança ao público alvo, a saber, os moradores
das zonas rurais.

O estado de Minas Gerais está localizado na Região Sudeste do Brasil e possui uma
superfície de 586.852,35 km2 e uma população de 19.597.330 habitantes (MINAS
GERAIS, s.d). É dividido em 853 municípios e faz divisa com os estados do Rio de
Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Distrito
Federal. Segundo articulação da Policia Militar de Minas Gerais, o estado é
estruturado em 19 Regiões de Polícia Militar, alcançando todo território mineiro e
garantindo a presença da instituição em todos os seus municípios (cf. mapa contido
no anexo A).

Todas as Regiões de Polícia Militar possuem, pelo menos, em uma de suas


unidades subordinadas, uma equipe de Patrulha Rural, com exceção da 1ª Região
de Polícia Militar, que abrange o município de Belo Horizonte. Em que pese, também
em Belo Horizonte, observar-se a existência de áreas rurais, não houve iniciativa
institucional para que o serviço fosse instituído e prestado.

Quando se trata de articulação operacional do serviço de Patrulha Rural, percebe-se


que as regiões do Noroeste de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba possuem
maior concentração de municípios atendidos pela Patrulha Rural (cf. mapa contido
no Anexo B deste trabalho).

De acordo com os dados disponibilizados pela Diretoria de Operações (DOP) da


PMMG, ilustrados na Tabela 1, são empregadas, no serviço de Patrulha Rural, em
torno de 140 viaturas policiais, utilizadas por 330 policiais militares escalados na
atividade.
56

Tabela 1 – Dados totais Patrulha Rural – Polícia Militar de Minas Gerais – 2021

Quantidade Militares Quantidade


Região de Polícia Militar (RPM)
Patrulha Rural Militares Cursados Equipes Viaturas Municípios Redes
2 RPM (Contagem) 9 20 1 9 13 8 38
3 RPM (Santa Luzia) 10 21 0 9 9 11 75
4 RPM (Juiz de Fora) 10 25 2 13 13 31 23
5 RPM (Uberaba) 7 11 1 6 7 13 77
6 RPM (Lavras) 1 2 0 1 2 16 33
7 RPM (Divinópolis) 8 16 0 12 9 34 12
8 RPM (Governador Valadares) 7 22 0 13 4 5 22
9 RPM (Uberlândia) 8 19 0 12 8 14 87
10 RPM (Patos de Minas) 5 14 0 6 5 5 71
11 RPM (Montes Claros) 4 9 1 5 5 12 43
12 RPM (Ipatinga) 8 24 0 9 10 23 155
13 RPM (Barbacena) 7 16 7 8 7 56 20
14 RPM (Curvelo) 7 19 0 9 8 18 33
15 RPM (Teófilo Otoni) 5 12 0 6 1 0 66
16 RPM (Unaí) 8 42 0 32 13 13 522
17 RPM (Pouso Alegre) 19 42 0 21 19 78 309
18 RPM (Poços de Caldas) 3 8 0 4 4 7 26
19 RPM (Sete Lagoas) 1 8 2 4 3 17 16
Total 127 330 14 179 140 361 1628
Fonte: Diretoria de Operações – DOP, Polícia Militar de Minas Gerais, Ago. 2021

56
57

O Panorama apresentado pela Tabela 1 demonstra como é a articulação do serviço


de Patrulha Rural no estado de Minas Gerais, distribuído por 18 das 19 Regiões que
compõem a articulação operacional da PMMG.

Percebe-se uma heterogeneidade na distribuição do serviço, sendo a 17ª RPM


aquela que possui a maior quantidade de Patrulhas Rurais ativas, perfazendo o total
de 19. Por outro lado, a 19ª e a 6ª RPMs são as que menos possuem o serviço
ativado, contanto com apenas uma patrulha.

No tocante a militares empregados no serviço, tem-se que a 16ª e a 17ª RPMs


constituem as regiões que possuem mais militares alocados para prestação do
serviço de Patrulha Rural, em um quantitativo de 42 cada. Já a 6ª RPM possui dois
policiais militares empregados no serviço.

Dado que merece relevo é aquele que diz da quantidade de policiais militares
possuidores de curso específico para patrulamento rural, que perfaz um total de 14,
em um universo de 330, ou seja, o percentual de policiais militares que possuem o
curso de Patrulha Rural é de 4,24%.

Depreende-se, ainda, da leitura da Tabela 1, que a quantidade total de viaturas


empregadas na atividade de Patrulha Rural é de 140 veículos, estando o maior
número, por via de consequência, na 17ª RPM, que possui 19 viaturas e 19
Patrulhas Rurais ativas. Por seu turno, a 15ª RPM possui uma viatura, tendo cinco
Patrulhas Rurais ativadas, enquanto a 6ª RPM possui duas viaturas destinadas ao
serviço, contando com apenas uma Patrulha Rural ativada.

Por fim, dado expressivo diz respeito às Redes de Propriedades Rurais Protegidas,
que atingem a quantia de 1.628 redes, demonstrando a atuação destacada da
Patrulha Rural junto aos moradores do campo e manifestando o exercício e
aplicação da filosofia de Polícia Comunitária no meio rural.

A aquisição de viaturas adequadas para a atividade, kits básicos exclusivos, que


comtemplariam rádio HT, coletes balísticos, cordas, armamento, cones, cavaletes,
58

tablets, GPS, smartphone e lanterna portátil de led, é prevista no Programa Minas


Segura por meio da obtenção de recursos financeiros a fim de fornecer melhores
condições aos policiais militares que atuam na ponta da linha.

A Tabela 2 aponta a quantidade e os valores de recursos a serem investidos em


logística para execução do projeto cuja finalidade é intensificar as ações
desenvolvidas no meio rural com utilização de novas tecnologias.

Tabela 2 – Recursos para execução do projeto da Patrulha Rural – Polícia


Militar de Minas Gerais – 2019

Valor (R$)
Discriminação Quantidade
Unitário Total
Veículo Hilux cabine 4x4 + 170 190.000,00 32.300.000,00
Rádio VP
GPS – Garmim 170 2.500,00 425.000,00
HT – Portátil 170 6.200,00 1.054.000,00
Colete Antibalístico 680 2.500,000 1.700.000,00
Total 35.479.0000,00
Fonte: MINAS GERAIS, 2019d.

Após o recebimento e a distribuição dos recursos logísticos, será lançado o projeto


de segurança rural, que visa reestruturar as patrulhas rurais, conforme o Tabela 2.

O Programa Minas Segura possui como projeto, também, a criação de Redes de


Segurança Rural. As redes de proteção preventivas são reguladas pela Instrução
3.03.11/2016-CG e tem por objetivo promover uma aproximação com a comunidade
fazendo com que todos tenham uma parcela de responsabilidade e contribuição com
segurança pública do local.

Nesse sentido, dispõe a Resolução nº 4.826/2019:

As redes baseiam-se na filosofia de Polícia Comunitária promovendo


mobilização social e maior proximidade e interação entre a Polícia Militar, a
comunidade local, organizações não governamentais, dentre outras em
torno de objetivos comuns. Por outro lado, a criação de redes de proteção
promove maior coesão e controle social que, em se tratando de alguns tipos
de delitos, são importantes ferramentas para a prevenção criminal (MINAS
GERAIS, 2019d, p. 58)
59

Para criação das redes de proteção rural, o fluxo seguirá o mesmo estabelecido para
criação das demais redes de proteção, seguindo a Instrução nº 3.03.11/2016, qual
seja:
a) reunião de criação da rede – ações de mobilização social são essenciais
para sensibilizar as pessoas a participarem da reunião de criação;
b) cadastro dos participantes das reuniões;
c) placas indicativas das redes de proteção preventiva;
d) solenidade de implantação;
e) manutenção da rede de proteção preventiva;
f) adequações no policiamento local (MINAS GERAIS, 2019d, p.58).

Em algumas regiões do estado, a rede de proteção rural já se encontra


implementada, constituindo uma ferramenta de elevação da sensação de segurança
para o cidadão. Ela intervem de forma a prevenir os delitos e seu principal objetivo é
mobilizar a sociedade, através de sua participação (MINAS GERAIS, 2019d).

Todavia, existem fatores dificultadores para a manutenção e efetivação das redes,


que podem e devem ser superados pelas equipes para o êxito do projeto. Para
tanto, o projeto Minas Mais Segura trouxe facilitadores que são essenciais para
criação e a manutenção das redes:
a) acompanhamento e mapeamento da criminalidade na zona rural –
melhoria do GEOSITE com cadastramento das propriedades rurais no
sistema; melhoria no registro do REDS com identificação precisa do local do
fato; criação de rotina de acompanhamento das estatísticas no meio rural,
inclusive com mapas e potencialização da análise criminal;
b) fomentar para que os proprietários rurais façam o cadastro dos materiais
que possam ser alvos de delitos em suas respectivas propriedades tais
como: tratores, serras, bombas, etc, inclusive orientando-os a adotar
medidas de proteção como instalação de GPS em alguns materiais; reforço
na segurança com melhoria nos acessos e instalação de câmeras de
segurança, dentre outras;
c) mapeamento de toda a área rural e seus moradores, com criação de um
mapa com coordenadas geográficas e identificação de todas as
propriedades rurais;
d) cadastros da rede hoteleira na zona rural;
e) facilitar o acesso dos proprietários rurais a PMMG seja por meio de
telefone 190, telefone celular, aplicativos de mensagens, etc;
f) estabelecer rotinas operacionais de cumprimento de cartões programa,
pontos base e visitas às propriedades rurais;
g) divulgação da criação de redes na imprensa local e para todos os
moradores das áreas rurais (MINAS GERAIS, 2019d, p. 59).

Uma ação de suma importância contemplada pelo protejo é a melhoria na


capacitação dos profissionais que irão atuar nas patrulhas rurais, o que já está
incluído no cronograma de reestruturação das patrulhas de segurança rurais.
60

Figura 5 – Placas indicativas das redes de proteção preventiva da


Polícia Militar de Minas Gerais

Fonte: MINAS GERAIS, 2019d.

O projeto de criação de Redes de Segurança Rural, a priori, não terá custo, tendo
em vista que serão utilizados recursos logísticos e humanos da instituição, sendo
necessário apenas o aprimoramento dos profissionais mediante cursos e a adoção
das medidas de criação, implantação e manutenção das redes de proteção rural, o
que ocorrerá na própria rotina operacional (MINAS GERAIS, 2019d).

O Programa Minas Segura institui um cronograma de atividades que devem (riam)


ser desenvolvidas para atingimento das metas propostas que, conforme se
depreende da Figura 6, dependem da convergência de vários atores para serem
levados a efeito. Todas as ações constantes na referida ilustração têm o desígnio de
estruturar o serviço, bem como melhorar a sua prestação.
61

Figura 6 – Cronograma de atividades do projeto da Partrulha Rural –


Polícia Militar de Minas Gerais

Fonte: MINAS GERAIS, 2019d.

Na seção 5, será apresentada a metodologia utilizada nesta pesquisa.


62
63

5 METODOLOGIA

A metodologia diz respeito aotipo de pesquisa, quanto ao objeto e quanto ao modelo


conceitual operativo, o método de abordagem e os métodos de procedimento
utilizados e quais técnicas validadas para a pesquisa.

O tipo de pesquisa, quanto ao objeto, foi exploratório e descritivo. Considerando que


o objeto do presente estudo tem por escopo a compreensão da Patrulha Rural na
Polícia Militar de Minas Gerais, o tipo de pesquisa foi exploratório, na medida em
que se buscou investigar o fenômeno ou realidade apresentada, por meio da
inferência sobre ideias, pensamentos e acontecimentos (MARQUES, 2015). No caso
em pauta, a fenomenologia é a própria Patrulha Rural e os elementos informadores
de sua incorporação, evolução e consolidação. Da mesma forma, valeu-se da
pesquisa descritiva, por meio de técnicas de coletas de dados, visando descrever
características do fenômeno estudado (GIL, 2002).

Quanto ao modelo conceitual operativo, a pesquisa foi bibliográfica, documental,


pesquisa de campo e levantamentos.

A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de material trabalhado por


determinados estudiosos do assunto e levada a efeito pela investigação obtida em
livros, periódicos, enciclopédias, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos
(LAKATOS, MARCONI, 2003). A pesquisa documental, pois, realizou-se por meio de
materiais com tratamento analítico bruto, passível de reelaboração, ou inexistente,
observado em documentos oficiais ou jurídicos, como leis, resoluções, instruções
institucionais dentre outros (GIL, 2002; SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009).

A pesquisa do tipo levantamento foi feita, por meio de interrogação direta das
pessoas (no caso, profissionais da PMMG: Cel PM Diretor de Operações, Ten-Cel
PM Assessor Estratégico de Operações e Ten-Cel PM Oficial do projeto-piloto da
Patrulha Rural) cujo comportamento se deseja conhecer, por meio, em regra, da
solicitação de informações a um grupo significativo de indívduosacerca do problema
estudado e realização, em consequência, de uma análise quantitativa, tendo, por
64

vantagens, o conhecimento direto da realidade, economia e rapidez, como principal


técnica ferramental, o uso de questionários (GIL, 2002).

A pesquisa de campo que, apesar de semelhante ao levantamento, possibilitou


aprofundar no fenômeno estudado por buscar a percepção de determinados
indivíduos, valendo-se de técnicas de observação e de entrevistas (GIL, 2002).

A natureza foi quantitativa e qualitativa. As variáveis quantitativas possuem como


características a possibilidade de serem medidas em uma escala quantificável com
valores numéricos, ou seja, traduz, em números, as opiniões e informações para
então obter a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão. As
variáveis qualitativas (ou categóricas) não possuemvalores quantificáveis ou
mensuráveis, denotando a percepção e os traços subjetivos de determinados
indivíduos (MARQUES, 2015).

O conjunto de procedimentos ou técnicas utilizados para a investigação de um


fenômeno ou para se chegar à verdade é chamado de método de abordagem. Para
a pesquisa em tela, o método dedutivo foi o adotado. Tal método parte de um
fenômeno geral para entender o consequente particular, por meio do silogismo (a
partir de duas proposições chamadas “premissas” retira-se uma terceira chamada
“conclusão”). Em ciências sociais, se as duas premissas são verdadeiras, portanto, a
conclusão deve ser verdadeira (MARQUES, 2015).

Dessa forma, em um momento antecedente, observa-se que houve a relação de


causa e efeito entre premissas, qual seja o nexo entre o estabelecimento de normas
da PMMG sobre a Patrulha Rural e a efetiva incorporação e consolidação desse
serviço na Corporação.

O método de procedimento, que está correlacionado às etapas da investigação, foi o


monográfico, com traços dos métodos histórico e estatístico. Um estudo monográfico
não se limita a tipologia de trabalho denominado monografia, mas a qualquer caso
estudado ao qual se dedique profundidade e que pode ser considerado
representativo de fenômenos similares (LAKATOS; MARCONI, 2003).
65

O método histórico busca a investigação de acontecimentos, processos e


instituições no passado, para verificar se há alguma influência na sociedade atual e
na interpretação de fenômenos contemporâneos (MARQUES, 2015).

O método estatístico vale-se das utilidades decorrentes da teoria e técnicas


probabilísticas, possibilitado conclusões com certa veracidade e respostas sobre sua
natureza, ocorrência e significado, através da representação do fenômeno em
termos quantitativos passíveis de manipulação estatística, ensejando a possibilidade
de generalizações o objeto de estudo (MARQUES, 2015).

As técnicas decorrem da análise de documentação indireta e direta, a verificação da


amostra e seu tratamento.

A documentação indireta foi realizada por meio de pesquisa documental (fontes


primárias) ou por pesquisa bibliográfica (fontes secundárias). Como não há contato
com o objeto investigado, mas por produção de terceiros, é chamado de indireto.

A consulta às fontes primárias é envidada por meio de documentos, escritos ou não,


que já tiveram tratamento analítico prévio. Destacam-se os arquivos públicos (como
legislações), arquivos particulares e fontes estatísticas. Para esta pesquisa, foram
consultadas as fontes editadas pelo Comando-Geral da PMMG (Plano Estratégico
2020-2023, Instrução 3.03.08/2013-CG, Portfólio de Serviços e Programa Minas
Segura), além de normas constitucionais e infraconstitucionais correlatas.

A pesquisa às fontes secundárias são as correlatas às obras e publicações que


tratem sobre o tema proposto ou fundamentem a construção de uma teoria de base,
como, por exemplo, livros, teses, monografias, publicações avulsas, pesquisas, e até
mesmo publicações de imprensa escrita e meios audiovisuais. Para esta pesquisa,
foram usados, dentre outros, os seguintes autores: Trojanowicz e Bucqueroux
(2003), Brodeur (2002), Dias Neto (2003), Tonry e Morris (2003), Caixeta (2009) e
Paula e Diniz (2012).
66

No que tange à documentação direta, esta se refere àquela coletada no local da


ocorrência do fenômeno. Pode ser, em regra, levantamento e pesquisa de campo
(MARQUES, 2015). Na presente pesquisa, foram utilizadas essas duas formas de
observação, uma vez que, para um determinado grupo, valeu-se da observação
direta extensiva, e, para outro, da observação direta intensiva.

A observação direta extensiva foi realizada por meio de questionário a determinado


grupo de policiais militares, consoante descrição na delimitação do universo. O
questionário foi, quanto à forma, do tipo “múltiplas escolhas” (espécie de mostruário
ou de estimação) e, quanto ao objetivo, as perguntas foram do tipo de fato ou de
opinião (MARQUES, 2015). Este instrumento foi relevante, pois permitiu coletar
informações importantes para a pesquisa, junto a profissionais conhecedores do
assunto e que vivenciam o tema na prática profissional.

A observação direta intensiva foi realizada por meio de entrevista junto às duas
autoridades do nível tático e uma do nível estratégico da PMMG, consoante
descrição na delimitação do universo, e tiveram o formato de semiestruturadas,
possibilitando a interrelação entre os questionamentos, a teoria de base e o objeto
da pesquisa.

O questionário foi aplicado em junho de 2021, via IntranetPM, com a ferramenta


painel administrativo (mensagem online interna da PMMG), enviada na caixa
pessoal do destinatário. Houve possibilidade de auditar, nos casos em que o
destinatário não respondeu, se este acessou a referida mensagem e, por
consequente, realizar nova tentativa junto ao respondente para participação na
pesquisa.

Quanto à entrevista, foi agendada com as autoridades para o mês de agosto, após a
entrega e tabulação dos dados advindos dos questionários.

Quanto à delimitação do universo para aplicação do questionário, foram destinados


aos responsáveis, em termos de Estado-Maior, pelo planejamento e emprego
67

operacional do serviço de Patrulha Rural, e aos Comandantes de Companhia, a


saber:
a) aos 18 militares com função de Chefe da P/3 das Regiões de Polícia Militar
(RPM);
b) aos P3 de 79 Unidades de Execução Operacional (UEOp) com
responsabilidade territorial (assim considerados os Batalhões de Polícia
Militar e Companhia PM Independente);
c) aos Comandantes de 112 Companhias, incluindo aquelas com
responsabilidade territorial e as Tático-Móveis que empregam efetivo na
Patrulha Rural.

Não foram incluídas nessa pesquisa a 1ª RPM e suas Unidades subordinadas,


responsável pela circunscrição do município de Belo Horizonte, em virtude de não
efetivarem o serviço de Patrulha Rural.

Dada a exiguidade de tempo e os objetivos da pesquisa, não se vislumbrou


pertinente indagar os Comandantes das Patrulhas Rurais de todo o Estado. A
PMMG, atualmente, possui, até abril de 2021, segundo a Diretoria de Operações da
PMMG, 492 policiais militares empregados no serviço da Patrulha Rural.

A execução desse serviço passa pelo planejamento e o próprio controle de


qualidade (coordenação e controle) das P/3de RPM e Unidades e dos Comandantes
de Companhia.

Em relação às entrevistas, foram realizadas junto ao Diretor de Operações da


PMMG (DOp), o Chefe da Assessoria Estratégica de Emprego Operacional do
Estado-Maior da PMMG (PM/3), por serem as autoridades, em nível tático e
estratégico respectivamente, responsáveis pela normatização e doutrina temática do
serviço Patrulha Rural. Da mesma forma, foi entrevistado o Oficial responsável pela
efetivação do projeto-piloto da Patrulha Rural no município de Ituiutaba/MG.

Quanto ao tipo de amostragem, tratou-se de amostra intencional e seletiva (teórica),


pois os atores são determinados e ouvidos em sua totalidade. Esse tipo de
68

amostragem, inicialmente foi atribuído tanto em relação à entrevista, quanto em


relação ao questionário.

Os destinatários foram determinados em razão, especificamente, de suas funções.


Como o universo é limitado e, de certa forma, pequeno, optou-se em ouvir todos os
envolvidos, ao invés de se trabalhar com amostra probabilística simples.

No que se referiu à entrevista, não houve contratempo com a amostra seletiva


teórica.

Contudo, em relação ao questionário, houve a necessidade de modificar o tipo de


amostra, para fins de validação deste estudo. Os questionários, em sua totalidade,
foram enviados a 209 destinatários (população considerada). Contudo, não se
obteve o retorno de todos os instrumentos com as respectivas respostas. Para tal, foi
considerado um valor amostral que permitisse a confiabilidade da pesquisa.

Assim, a amostra do questionário, inicialmente seletiva teórica, em razão do não


envio de todas as respostas aos instrumentos de pesquisa, passou a ser
considerada uma amostragem probabilística simples aleatória, considerando haver
possibilidade equânime de todos os elementos da população figurar na amostra.

Observada a população finita, foi usada a fórmula de amostra (determinação de “n”),


citada por Stevenson (2001):

n= Z² . P. Q . N

(N-1). e² + P . Q . Z²

Nesse contexto, optou-se por atribuir um nível de confiança (“Z”) de 95% e um erro
amostral “e”) de 5%. Não se conhecia a proporção de ocorrência ou não do
fenômeno (“P”e“Q”). Daí, N = 209 ; P = 0,5; Q = 0,5; Z =1,96; e = 0,059, logo:

9
“Da equação, tem-se que: “n” é a amostra; Z: nível de confiança, valor tabelado, sendo mais
recomendados 90% (1,645) e 95%. (1,96); P: proporção em que o fenômeno ocorre (se não se
69

n= (1,96) ² .0,5.0,5.209 .
. . n = 136
(209-1). (0,05) ² + [(0,5.0,5. (1,96)] ²

Houve o retorno de 175 questionários (cerca de 83,73% dos instrumentos de


pesquisa), ou seja, quantitativo maior do que a amostra suscitada no cálculo
respectivo. Desse modo, o quantitativo de instrumentos de pesquisa devolvido
possibilitaconsiderar a amostra representativa e hábil ao estudo posposto.

O tratamento estatístico do questionário foi realizado por meio da tabulação dos


dados apresentados, valendo-se de tabelas e gráficos, devidamente comentados,
para confirmar ou refutar a hipótese em questão.

Após a organização e catalogação dos dados e seu repasse para elementos


gráficos, buscou-se realizar a inferência da informação com vistas à confrontação
com a teoria de base e o objeto de pesquisa caracterizado neste estudo.

Já quanto à entrevista, foram transcritos os pontos relevantes sobre as percepções


dos entrevistados acerca de determinada temática. Visando identificar os
entrevistados, para o Diretor de Operações, sr. Cel PM Flávio Godinho Pereira, foi
usado o termo “DOP”, para o Chefe da Assessoria Estratégica de Emprego
Operacional, sr. Ten-Cel PM Miller França Michalick, o termo “PM3” e para o Oficial
responsável pelo projeto-piloto em Ituiutaba/MG, Ten-Cel PM Bruno D’assunção
Coelho, “OPP”.

Após a apresentação de fragmento da fala dos entrevistados, foram feitas as


correlações com as informações advindas dos questionários ou com os aspectos
ligados ao objeto da pesquisa, seu tema e seus objetivos, buscando, por meio

conhece, utiliza-se 0,50); Q: Proporção em que o fenômeno não ocorre (se não se conhece,
utiliza-se 0,50); “N”: população delimitada; “e” é o erro amostral, sendo definido pelo pesquisador,
conforme sua intenção de precisão: se o erro for elevado, amostra pequena, perde precisão (ex.:
10%); erro pequeno, amostra grande, ganha precisão e menor falibilidade (1,5% a 3%) e o
prático/recomendável (3% a 5%).” (MARQUES, 2015).
70

dessas duas técnicas, refutar ou conformar, parcial ou totalmente, a hipótese


apresentada.

Encerrada a seção dedicada à metodologia, serão apresentadas a análise e


inferência sobre a execução do serviço de Patrulha Rural pelos níveis estratégico,
tático e operacional da PMMG.
71

6 ANÁLISE DA PATRULHA RURAL NOS NÍVEIS ESTRATÉGICO, TÁTICO E


OPERACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

A pesquisa de campo e os levantamentos, enquanto técnicas de observação direta,


possibilitam conhecer o fenômeno em estudo sob a perspectiva do cotidiano em que
este ocorre e, no caso em comento, nos diversos níveis institucionais.

Apesar de mencionado, na seção alusiva à metodologia, inclusive, com a descrição


da população e da amostra utilizada para o presente estudo, é oportuno frisar que,
para a observação direta extensiva, foram perquiridas as unidades (RPM, BPM e
Companhias PM Ind), por meio dos Chefes das respectivas P/3, e as Companhias
PM, por meio de seus respectivos Comandantes.

Como preâmbulo nessa inferência, cabe destacar, pelo nível estratégico da PMMG,
o entrevistado PM3 apresenta o viés evolutivo do serviço da Patrulha Rural, que
perpassa um projeto institucional e torna-se um programa, verdadeiramente, de
Estado.

No ano de 2006, foi expedida a Instrução Nº 03/2006-CG, que regulou


institucionalmente a atuação sistemática e ordinária da PMMG na zona
rural, por meio de guarnições denominadas Patrulhas Rurais. A [...]
Instrução Nº 3.03.08/2013 [...] motivada pelos recentes avanços
doutrinários, tecnológicos e comportamentais, [...] com vistas a padronizar
as condutas operacionais, melhorar a capacitação de policiais empregados
nesta atividade em todo o estado e evoluir em consonância com o atual
conjunto normativo e doutrinário da Corporação. A nova Instrução ancorar-
se-á, ainda, no Programa Minas Segura/2ª Edição, instituído pela Resolução
nº 4.826, de 26 de agosto de 2019, que prevê a potencialização de ações e
operações de prevenção e repressão qualificada da criminalidade no
ambiente rural e no Plano Estratégico 2020-2023 que define como um dos
focos da Instituição o aumento da sensação de segurança do cidadão,
tendo tal objetivo sido eleito como um projeto prioritário governamental
durante a formulação do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado
(PMDI) para o período 2019-2030 (ENTREVISTADO P3, grifo nosso).

A conformação do serviço de Patrulha Rural, como mais um instrumento de Polícia


Comunitária, em nível estratégico organizacional, integra-se ao primeiro princípio do
policiamento comunitário (cf. seção 2.2). Nesse ideário, as estratégias
organizacionais fomentam polícia e comunidade trabalharem juntos.
72

De início, buscou-se conhecer as Unidades e frações, até no nível de Companhias


com responsabilidade territorial, que possuem ativo o serviço de Patrulha Rural,
conforme Gráfico 1.

Gráfico 1 – Unidades Policiais com o serviço de Patrulha Rural ativo na


Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021

6,7%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Nota: Unidades Policiais, neste gráfico, se referem à RPM, BPM, Cia PM Ind e Cia PM.

Observa-se, no Gráfico 1, que 93,7% dos respondentes possuem serviço de


Patrulha Rural ativo em sua Unidade Policial. Noutra monta, 6,3% (ou seja, 11
unidades/frações) não possuem o serviço em atividade em sua respectiva unidade.

A ativação do serviço essencial da Patrulha Rural corrobora com o nono princípio do


Polícia Comunitária (cf. seção 2.2), em que uma mudança interna organizacional
deve ser capaz de incrementar, em toda a instituição sistematizada, um viés
pragmático da filosofia de Polícia Comunitária em todo o eu portfólio. Quando se
compara a normatização contida no portfólio da PMMG acerca da Patrulha Rural e o
grau de ativação do serviço no estado (acima de 93%), fica evidente o esforço e a
resposta institucional em consolidar esse serviço.

Desse modo, a ativação do serviço da Patrulha Rural passa, em termos


institucionais, a ser imperioso. A Segurança Rural passa a ter destaque, enquanto
eixo de atuação decorrente das premissas básicas do Programa Minas Segura.
73

O Programa Minas Segura/2ª Edição possui 4 premissas básicas sendo


elas: aumentar a sensação de segurança, reduzir o medo do crime, reduzir
a criminalidade e a violência, fomentar a comunicação direta. A partir da
seleção das premissas básicas, serão elaborados 4 eixos de atuação,
sendo que um deles trata exatamente da Segurança Rural, apresentando 3
projetos: reestruturar a Patrulha de Segurança Rural (onde uma das
medidas trata-se da revisão doutrinária específica); promover a atuação
qualificada do policiamento de Meio Ambiente; e promover a criação de
Redes de Segurança Rural (ENTREVISTADO PM3).

A partir da verificação da não ativação do serviço de Patrulha Rural, em algumas


unidades e companhias, passou-se a investigar os motivos desse fenômeno (cf.
gráfico 2).

Gráfico 2 – Motivos da desativação da Patrulha Rural nas Unidades


Policiais da Polícia Militar de Minas Gerais – 2021

----2 (18,1%)

----8 (63,6%)

----1 (9%)

Fonte: Dados da Pesquisa.

Nota: Unidades Policiais, neste gráfico, se referem à RPM, BPM, Cia PM Ind e Cia PM.

Foram indagados aos 11 respondentes, que não possuem serviço de Patrulha Rural,
os motivos pelos quais o serviço não se encontra ativo em sua respectiva fração,
podendo coexistir mais de uma causa. Dos motivos apresentados no Gráfico 2, a
falta de recursos humanos foi reportada dez vezes; a falta de recursos logísticos
duas vezes; a falta de militar com curso uma vez; e o patrulhamento rural a ser
realizado pelas frações e Cia Tático Móvel uma vez. A inexistência de demandas
74

operacionais que justifiquem o emprego da Patrulha Rural não foi citada como
motivo pela inativação do serviço.

No Gráfico 3, é apresentada frequência semanal com que, por meio de escala


ordinária, o serviço da Patrulha Rural é levado a efeito.

Gráfico 3 – Frequência de lançamento da Patrulha Rural em escala ordinária


semanal na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021

3,7%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Fica evidenciado que, das Unidades Policiais que possuem serviço ativo da Patrulha
Rural, 40,2% dos respondentes lançam o serviço de Patrulha Rural 7 (sete) dias por
semana, outros 13,4% respondentes empregam 5 (cinco) ou 6 (seis) dias por
semana e, em 3 (três) ou 4 (quatro) dias, foi contabilizado em 42,7% respondentes.
Isso importa que 96,3% das Unidades e Companhias tem lançado, de modo rotineiro
e, de certa maneira, contínuo, o serviço de Patrulha Rural durante os dias da
semana.

Outra indagação foi conhecer o quantitativo médio de policiais militares empregados


no serviço de Patrulha Rural diariamente (cf. gráfico 4).
75

Gráfico 4 – Quantidade média de policiais militares empregados


diariamente na Patrulha Rural, em escala ordinária,
na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021

1,2%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Consoante Gráfico 4, verificou-se que a regra prevalente na PMMG é o lançamento,


em média, de dois a três policiais militares por dia no serviço de Patrulha Rural,
conforme demonstram 81,7% dos respondentes. 4 (quatro) ou mais policiais
militares, em média, representam a realidade de 18,3% unidades e companhias.

O Portfólio de serviços da PMMG, em relação ao emprego da Patrulha Rural, pugna


por uma equipe composta por 2 (dois) ou 3 (três) militares, em viatura de quatro
rodas (cf. seção 4.2). Nesse sentido, as unidades/companhias têm-se, em sua
prevalência, adequado às normas institucionais.

Mas aqui, cabe ressaltar novamente que a Patrulha Rural trabalha, geralmente, em
áreas que possuem vegetação típica de cerrado muito densas e, possivelmente,
com informações de pessoas armadas ou potencialmente perigosas, o que implica
na exigência de supremacia de força em relação ao efetivo empregado.

Dessa forma, a composição de qualquer esforço empregado deverá ser acima desse
número, conforme prevê o Manual Técnico Profissional 3.04.02/2020-CG, o qual
trata sobre a abordagem a pessoas.
76

Em tese, o adequado emprego da Patrulha Rural perpassa pelo treinamento e


apreensão do conhecimento, nos termos apresentados pelo Gráfico 5.

Gráfico 5 – Policiais militares empregados ordinariamente na Patrulha


Rural que possuem o Curso de Patrulha Rural na Polícia
Militar de Minas Gerais – Ago. 2021

6,1%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Nota: A grade curricular do Curso de Patrulha Rural referenciado está estatuída no Catálogo de
Cursos da PMMG já referenciado neste trabalho.

Ao interpretar o Gráfico 5, verifica-se que não há uma homogeneidade no


treinamento complementar específico para a tropa empregada no serviço de
Patrulha Rural.

Observados os 50% respondentes, esses atestam que menos de 20% do efetivo que
atua no respectivo serviço possui o Curso de Patrulha Rural; em complemento,
12,8% responderam que entre 20% a 39% do efetivo possuem o curso. Isso implica
que, em cerca de 62,8% das unidades e companhias, mais de 60% do efetivo
empregado no serviço de Patrulha Rural não possui o curso da respectiva temática.

Nesse entendimento, apenas 37,2% dos respondentes, em análise


macroconjuntural, afirmam que entre 60% e 100% do efetivo empregado no serviço
de Patrulha Rural possui tal curso.
77

A ausência de treinamento (e veículos adequados, como se verificará adiante) pode


comprometer os pressupostos de criação e consolidação da Patrulha Rural, assim
observado pelo Entrevistado OPP:

Era premente a necessidade da adoção de estratégias que combinassem,


dentre outras medidas, a utilização de veículos, especialização e
adaptação das técnicas policiais ao efetivo militar da Unidade,
capacitando-os para atuar no meio rural. Apesar de sua origem remontar
ao Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes, a PMMG há época voltava
toda sua forma de atuação aos perímetros urbanos dos municípios. Pouco,
ou quase nada do policiamento e das estratégias estavam voltadas a
demanda oriunda da zona rural. Além disso, apesar da existência do
Policiamento de Meio Ambiente, esse tinha suas estratégias e missões
especificas que não atendiam as demandas e anseios do homem do campo
(ENTREVISTADO OPP, grifo nosso).

O Entrevistado PM3 corrobora com a necessidade de especialização do policial


empregado no serviço de Patrulha Rural, além de meios logísticos adequados:

[...] deve-se considerar que a implementação do serviço exige


qualificação específica dos recursos humanos, assim como meios
logísticos adequados, por isso, entende-se que o investimento em cursos
de capacitação e nos meios logísticos tornam-se necessários para a sua
ampliação sem perder a qualidade dos serviços prestados
(ENTREVISTADO PM3, grifo nosso).

A Instrução nº 3.03.08/2013 preconiza a necessidade de algumas habilidades ao


militar empenhado na atividade de Patrulha Rural, quais sejam: estar apto a conduzir
viaturas caminhonetes 4x4, traçadas, em razão da possibilidade de atuar em
terrenos acidentados ou com pisos escorregadios, bom aproveitamento no TPB,
sobretudo em tiro e realizar o Curso Patrulha Rural (cf. Seção4.2).

A ausência de treinamento, além de prejudicar a melhor técnica a ser utilizada pelo


policial militar empregado na Patrulha Rural, apresenta-se dissociada à
normatização institucional.

Noutra seara, o Portfólio de serviços da PMMG, aprovado pela Resolução


4.827/2019, ao tratar do serviço de Patrulha Rural, determina que a concernente
guarnição seja composta por policiais militares treinados e atue em veículo de quatro
rodas (cf. seção 4.2). O Entrevistado OPP expõe relato histórico que demonstra a
78

necessidade de viatura adequada, adstrita ao efetivo, para executar o serviço de


Patrulha Rural:

Como a Polícia não dispunha de um veículo adequado para atuar no


campo, os proprietários rurais doariam uma caminhonete para a Patrulha,
enquanto a Polícia Militar disponibilizaria o efetivo necessário. Foram nove
meses de campanha, até conseguir o montante necessário para aquisição
da primeira caminhonete exclusiva para o policiamento da zona rural.
Nasceu aí a Patrulha Rural. A parceria foi um instrumento altamente eficaz
para que o projeto fosse vitorioso. O primeiro veículo adquirido foi uma GM
Blazer, V6, gasolina, semi-nova. Apesar de não ter sido o veículo ideal para
essa atividade, ela representou um marco nos recursos colocados à
disposição dos policiais militares que iniciaram essa atividade
(ENTREVISTADO OPP, grifo nosso).

A quantidade média de viaturas foi verificada e apresentada no Gráfico 6.

Gráfico 6 – Quantidade média de viaturas policiais, empregadas


diariamente na Patrulha Rural em escala ordinária na
Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021

64,6% 53,6%

53,6%

35,9%

35,9%

19.5%

12,1% 19,5%
7,9%
12,1%
3,0% 7,9%
0,6% 1,21% 1,21%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Nota: Os respondentes poderiam escolher mais de um a alternativa.

O Gráfico 6 apresenta duas situações relevantes: a existência de viatura tração 4x4


(tração nas quatro rodas) e/ou de viatura tração 4x2 (tração em duas rodas). Essa
inferência é necessária porque os veículos com a tração 4x4 (tração reduzida)
possuem um sistema de engrenagens que aumenta a força do motor e permite
superar obstáculos mais facilmente, ideal para pisos de matas e zona rural.
79

Nesse contexto, em relação ao emprego diário de viatura policial tração 4x4 no


serviço de Patrulha Rural nas respectivas unidades/companhias, observa-se que
80,2% dos respondentes empregam, em média, um ou mais veículo dessa categoria
na atividade. O contraponto é que em 19,5% dos casos ainda não possuem viaturas
tração 4x4, o que não é recomendado pela Instrução nº 3.03.08/2013-CG (cf. seção
4.2).

Em relação ao emprego diário de viatura policial tração 4x2 no serviço de Patrulha


Rural nas Unidades, tem-se que 53,65% dos respondentes afirmam que não
possuem na unidade/companhia dessa categoria. Por outro lado, em 46,22% dos
casos, é lançada, em média, pelos menos uma viatura tração 4x2 por dia.

Observado alguns terrenos e qualidade dos pisos que as equipes transitam, a


viatura 4x2 pode não estar apta a cumprir a missão ou colocar em risco a segurança
de seus ocupantes.

Em síntese, não se pode afirmar que a utilização das viaturas com tração 4x2 estão
em dissonância com a Instrução nº 3.03.08/2013-CG, já que esse documento
institucional prevê que tal veículo deve estar adequado ao tráfego das estradas
vicinais, notadamente automóveis traçados 4x4 (cf. seção 4.2). Dessa forma, pelo
texto utilizado, não existe exigência (dimensão social da coerção), mas uma
recomendação (dimensão social do ideal).

O Gráfico 7 mostra os meios de cadastramento das propriedades rurais.

A Instrução nº 3.03.08/2013-CG prevê que, para a operacionalização do


policiamento em meio rural, é imprescindível a realização de visitas comunitárias,
ora para aumentar a segurança subjetiva e objetiva do cidadão do campo, ora para
coletar informações imprescindíveis a realização das atividades de polícia (cf.
seções 3.2 e 4.2).

Neste sentido, conforme Gráfico 7, ficou demonstrado que 59,75% respondentes


afirmaram que realizam o cadastramento das propriedades rurais, por meio de
80

arquivo digital, como programas word e excel, para o controle dos dados; o
armazenamento das informações via aplicativo de celular (smartphone) é realizado
por 32,9%dos respondentes; já o Sistema REDS (via preenchimento de BOS e/ou
RAT) representa 26,2% das respostas; por fim, o arquivo físico, como formulário de
papel ou caderno, representara 23,7% das respostas.

Gráfico 7 – Meio de cadastramento das propriedades rurais pela Patrulha


Rural na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago. 2021

----99 (60,3%)

----43 (26,2%)

----54 (32,9%)

----98 (59,75%)

----39 (23,7%)

Fonte: Dados da Pesquisa.

Desse modo, mesmo que em meio físico, o que não seria o ideal, em face da pouca
versatilidade no tratamento da informação, há uma conformação com o preconizado
na Instrução 3.03.08/2013-CG, que orienta que deverá existir um banco de dados
com informações sobre moradores da respectiva comunidade rural.

Cadastrar as propriedades rurais é um meio, mas não o único, de maximizar os


preceitos de Polícia Comunitária e transformar oportunidades macroorganizacionais
em ativos institucionais, como exemplifica o Entrevistado DOP (2021):
81

Nesse sentido é preponderante estreitar relações com os órgãos públicos,


entidades não governamentais e empresas privadas que possuam
envolvimento com questões rurais, com ênfase para as prefeituras
municipais, secretarias de vigilância sanitária, receita estadual, Polícia Civil,
sindicatos rurais, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER), Superintendência Regional de Regularização Ambiental
(SUPRAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SEMAD), Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM),
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e outros. Possibilitar,
maior envolvimento com a comunidade rural, proporcionando a
criação de uma rede de informações que possibilite maior efetividade
na ação preventiva contra a criminalidade, por meio da implantação de
Redes de Proteção Preventivas. Um fator imprescindível para o sucesso
do policiamento comunitário rural e, consequentemente, um valioso apoio
na prevenção do crime é a divulgação dos resultados positivos obtidos pela
Patrulha Rural e suas eventuais participações em atividades envolvendo
a comunidade rural. A divulgação desses fatos repercute em várias
vertentes: aumenta a segurança subjetiva da comunidade atendida pela
Patrulha Rural; serve como elemento dissuasivo aos infratores que
agem nas fazendas; incentiva outras comunidades rurais à interação com a
polícia, na busca da paz social (ENTREVISTADO DOP, grifo nosso).

Contextualizando, pode-se verificar que a fala do entrevistado em pauta corrobora


com algumas características distintivas da Polícia Comunitária, quais sejam, a
polícia deve ser uma agência dentre várias responsáveis por melhorar a qualidade
de vida, bem como deve estar próxima da comunidade e cuidar de suas demandas e
de seus problemas (cf. seção 2.3).

Noutra monta, o cadastramento das propriedades apresenta um potencial no


exercício da Polícia Comunitária, consubstanciada em seu terceiro princípio (cf.
seção 2.2). O policial empregado rotineiramente na Patrulha Rural, ao conhecer as
propriedades, consegue se envolver e ser reconhecido pela comunidade e passa,
efetivamente, a conhecer a realidade local, como apregoado por Trojanowicz;
Bucqueroux (2003).

A Instrução nº 3.03.08/2013-CG, seguindo o mesmo liame, apresenta a exigência de


se verificar as características das comunidades locais e o perfil dos destinatários dos
serviços de segurança pública que a Patrulha Rural deve ter como elemento
norteador para eficiência e eficácia de suas atividades (cf. seções 3.2 e 4.2).

Mantendo a mesma lógica da Instrução 3.03.08/2013-CG, é preciso mapear as


propriedades rurais (cf. Gráfico 8), seja para o desencadeamento de ações e
82

operações em zona rural, seja para fins de elaboração de cartão-programa (cf.


Gráfico 9).

Gráfico 8 – Métodos utilizados para o mapeamento das propriedades


rurais pela Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais –
Ago. 2021.

33,6 %

23,5%

1,7% 20,2%
11,8%
9.2%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Como percebido no Gráfico 8, em relação aos principais métodos utilizados para a


realização do mapeamento das propriedades rurais na respectiva área territorial da
unidade ou companhia, ficou explicitado que o Google Maps é utilizado pela maioria
das unidades, com o total de 33,6%. Dos respondentes, o Google Earth é o segundo
recurso mais utilizado, com um total de 20,2%; o sistema MAPACAD, acessado por
meio do ambiente da IntranetPM, foi indicado em 11,8% dos casos; outros softwares
representam 23,5% dos eventos.

Desse modo, o mapeamento manual, apesar de representar 1,7% dos casos, ainda
subsiste em detrimento de 89,1% do mapeamento digital. Todavia, um dado que se
destaca é o fato de que, em 9,2% das unidades/companhias, o mapeamento das
propriedades rurais não é realizado.
83

A questão tecnológica, de uma maneira geral, também é citada como fraqueza


institucional pelo Entrevistado DOP (2021):

A limitação de efetivo especializado destinado para atuação exclusiva no


serviço é a principal fraqueza identificada, seguido da ausência de
tecnologia padronizada para auxiliar na atividade de Patrulha Rural, bem
como deficiência de comunicação na Rede de Rádio em locais nos
interiores de Minas Gerais (ENTREVISTADO DOP).

No nível estratégico, há uma preocupação com ameaças que implicam diretamente


nas ações da Patrulha Rural, o que leva em consideração não só a a posição de
insumos tecnológicos, mas, também, o uso de ferramentas de inteligência de
segurança pública.

Nos últimos anos o estado de Minas Gerais, assim como boa parte de todo
o país, vivenciou um fenômeno chamado de interiorização do crime, pelo
qual quadrilhas especializadas, fugindo dos robustos aparatos
policiais das grandes cidades e se aproveitando da suposta fragilidade
dessas estruturas nas cidades menores, passaram a atuar
incisivamente nessas localidades levando violência e medo para a
população interiorana. Estas ações criminosas podem levar ao meio rural
a sensação de insegurança em razão do conflito com as comunidades
rurais, gerando um ambiente hostil com a presença de armas de fogo e
ameaças, além de causar danos ao meio ambiente [...] Ausência de
georreferenciamento das áreas rurais (ENTREVISTADO PM3, grifo
nosso).

A Instrução 3.03.08/18-CG especifica que as equipes de Patrulha Rural deverão


atuar conforme o estabelecimento de cartões-programa baseados nos indicadores
de criminalidade das áreas rurais, situação que foi indagada nessa pesquisa (cf.
Gráfico 9).

Analisando o Gráfico 9, verificou-se que, em 81,1% dos casos, a elaboração do


cartão-programa leva em conta os indicadores criminais da unidade/companhia; em
65,9% dos eventos, as demandas oriundas diretamente da comunidade (chamada)
foram indicadas como base para a elaboração do cartão-programa; em 47,6% dos
casos, o cartão-programa é elaborado a partir do cadastramento das propriedades
rurais; e, em 40,2% dos eventos, utiliza-se o mapeamento da propriedade por meio
do georreferenciamento para tal.
84

Gráfico 9 – Método para a confecção de cartão-programa para emprego


das equipes de Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas
Gerais – 2021

----133 (81,1%)

----78 (47,6%)

----108 (65,9%)

----66 (40,2%)

----52 (31,7%)

----72 (43,9%)

---3 (1,8%)

Fonte: Dados da Pesquisa.

Nota: Os respondentes poderiam escolher mais de um a alternativa.

O ideal é que, ainda que o carro-chefe para a elaboração do cartão-programa seja


os indicadores criminais, este não se constitua como o único instrumento de
confecção para essa ferramenta de planejamento e execução do serviço.

Outros instrumentos, sejam as chamadas, sejam o cadastramento e mapeamento


das propriedades rurais, podem ser úteis no planejamento das ações. Não se
pode, entretanto, conceber, como verificado em 1,8% das respostas, a inexistência
de cartão-programa, o que fere, não somente a doutrina da Patrulha Rural, mas
toda a filosofia de emprego operacional das PMMG.

A realização de patrulhamento a partir de um cartão-programa predefinido é


orientação institucional prevista na Instrução nº 3.03.08/2013-CG, em que permite o
contato direto e planejado com a comunidade rural e a atuação consoante os
preceitos de Polícia Comunitária, como a troca de informações, identificação e
solução de problemas de segurança pública e propagação da sensação de
segurança (cf. seções 2.2, 2.3 e 4.2).
85

Por derradeiro, buscou-se, em uma dimensão finalística, dentro, também, do


conceito de segurança subjetiva, conhecer a melhoria da qualidade de vida com a
realização do serviço de Patrulha Rural (cf. Gráfico 10).

O Gráfico 10 apresenta que 70,7% dos respondentes concordam totalmente que o


serviço de Patrulha Rural melhorou a qualidade de vida da comunidade rural; e
29,3% responderam que concordam com essa melhoria. Nenhum dos respondentes
apresentou-se como indiferente ou discordante a essa melhoria.

Gráfico 10 – Melhoria da qualidade de vida da comunidade rural com a


Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas Gerais – Ago.
2021

Fonte: Dados da Pesquisa.

A questão relativa à qualidade de vida está diretamente relacionada a dois dos


princípios elencados como norteadores da filosofia de Polícia Comunitária. De um
lado, tem-se a polícia que, através da resolução preventiva de problemas, atua com
vistas a evitar que o crime aconteça, bem como atuar diretamente nas desordens
que afligem a comunidade rural.

Por outro lado, a comunidade, exercendo o poder que lhe é conferido de, por si
mesma, identificar os problemas de segurança pública e desordens que a afligem e,
em parceria com a polícia, combatê-los, é empoderada a cada vez mais atuar em
prol da sua qualidade de vida.
86

Essa situação de sensação de melhoria da qualidade de vida com o serviço de


Patrulha Rural contrapõe uma fraqueza institucional verificada em seu projeto piloto.

Descrédito dos comandantes e dos próprios policiais militares que


trabalharam no serviço operacional que não viam no projeto uma alternativa
para enfrentamento da criminalidade na zona rural. [...] Os produtores,
moradores e trabalhadores da zona rural tinham um descrédito com o
trabalho da Polícia Militar muito grande. Para um simples registro de
ocorrência, era necessário buscar os militares na fração da Polícia Militar,
levâ-los até o local do registro e, depois, retornar com esses militares às
suas frações. As guarnições policiais militares tinham restrição de
abastecimento, além dos veículos não serem adequados para o trânsito em
estradas vicinais de difícil acesso (ENTREVISTADO OPP, grifo nosso).

Desse modo, a melhoria da qualidade está diretamente ligada aos resultados


alcançados com o serviço da Patrulha Rural, como, também, para tornar Minas
Gerais um local melhor para se empreender, na visão do Entrevistado DOP.

Desde 2001, o serviço vem sendo ampliado aos demais municípios e com
investimentos dos governos Federal e Estadual, devido ao grande
crescimento econômico no agronegócio representando, aproximadamente,
36% do Produto Interno Bruto (PIB) Estadual no ano de 2019, conforme
apurou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).
Conforme dados levantados pela Seção de Polícia Comunitária em 2021,
existem atualmente 657 municípios classificados como rurais ou
intermediários no Estado, conforme apurado pela EMBRAPA/ IBGE. Na
atualidade, a Polícia Militar possui o serviço de Patrulha Rural em 361
municípios e 2006 distritos, com efetivo de 740 militares capacitados e a
instalação de 1628 Redes de Proteção Preventivas em áreas rurais. A
ampliação para as demais localidades depende de um Estudo de Situação
que comprove a necessidade, viabilidade e exequibilidade para implantação
da Patrulha Rural, sendo atendidos os critérios acima e aprovação do
Comando da Instituição, deverá ser providenciado meios para o
atendimento do município (ENTREVISTADO DOP).

O Entrevistado PM3 caminha no mesmo sentido, afirmando que o agronegócio tende


a evoluir com a maximização da segurança.

O estado de Minas Gerais possui, em sua economia, um potencial


agropecuário de grande relevância tendo por destaque produtos como o
café, açúcar, leite, carnes (bovina, suína e frango), soja, milho e feijão. O
agronegócio responde por aproximadamente 30% do PIB do Estado. A
captação de investimentos da comunidade rural no serviço da Patrulha
Rural pode ser uma boa oportunidade (ENTREVISTADO, PM3).
87

Fazer a Patrulha Rural ser efetiva não é mais uma atuação local ou experimental.
Trata-se de um serviço consolidado em portfólio, em consonância com o Plano
Estratégico da PMMG, para todo o estado.

Conforme estabelece a Resolução nº 4.827/2019-CG (Portfolio de Serviços),


a Patrulha Ruralrepresenta um serviço essencial para todas as
unidades que possuam áreas rurais até o nível de Companhia
Independente. Considerando que quase a totalidade dos municípios do
estado possuem área rural, faz-se imprescindível que a Patrulha Rural
seja implementada em quase a totalidade das unidades da PMMG.[...]
Ressalta-se que atualmente, conforme explicitado, o Plano Estratégico da
PMMG traz a Iniciativa Estratégica 2.2, que visa consolidar a segurança no
meio rural, por intermédio do projeto de patrulhamento rural, o que tem
estimulado o crescimento do serviço em todo o estado (ENTREVISTADO
PM3, grifo nosso).

Nesse momento, é possível verificar a aplicação de dois princípios do Polícia


Comunitária: o quinto princípio, que se refere à Ética, à Legalidade, à
Responsabilidade e à Confiança junto à comunidade, e o décimo princípio, que é a
Construção do Futuro com um serviço policial personalizado (cf. seção 2.2).

A confiança nas ações policiais pela Patrulha Rural permite a agregação de créditos
de sustentabilidade, fomentando a construção de um legado bilateral entre polícia e
sociedade, com vistas a melhoria contínua de qualidade.

Ao transmutar para a realidade normativa institucional, o Programa Minas Segura


confere à Patrulha Rural a missão de disseminar aos moradores locais um
sentimento de participação e responsabilidade quanto às demandas relacionadas
aos problemas particulares daquela área, o que exige conciliar a participação
popular nas ações por parte da sociedade, como instrumento estratégico, com a
consequente melhoria na qualidade de vida e na sensação de segurança daquelas
comunidades (cf. seção 3.2).

A próxima seção apresentará as conclusões sobre esta pesquisa.


88
89

7 CONCLUSÃO

O tema do presente Trabalho de Conclusão de Curso foi a incorporação da Patrulha


Rural na PMMG. Insta salientar que tal serviço, consubstanciado no Portfólio de
Serviços da corporação, encontra-se alicerçado na filosofia de Polícia Comunitária e
visa à polícia ostensiva de preservação da ordem pública, prevenção criminal e
redução do medo do crime, através de uma atuação conjunta entre a polícia e a
comunidade rural com vistas à resolução de problemas de segurança pública havido
no meio rural de todo o Estado.

Para a compreensão desta temática, inicialmente, foram apresentados a origem da


Polícia Comunitária, bem como seus princípios norteadores e características. Foi
demonstrando, ao longo do estudo, como esta filosofia surgiu no mundo, tendo por
nações expoentes os Estados Unidos e o Japão, precursores do chamamento da
sociedade para discussões acerca de segurança pública, bem como de uma maior
aproximação entre polícia e comunidade para consecução desse intento.

Foi realizado, de maneira a contextualizar o emprego da filosofia de Polícia


Comunitária na PMMG, uma digressão histórica com vistas a apresentar sua origem
e desenvolvimento na corporação mineira.

Desde a implementação do policiamento, realizado pelas duplas “Cosme e Damião”,


consideradas, por alguns autores, como célula mater da Polícia Comunitária na
PMMG, até a atualidade, no decurso dos anos, foi percebida a evolução
experimentada por esta filosofia, tando doutrinariamente como propriamente na
execução do policiamento, engendrado pelos policiais militares nos mais diversos
serviços prestados pela instituição.

Hodiernamente, a participação comunitária e a parceria entre polícia e comunidade


para a resolução de problemas tornaram-se caminho sem volta e encontram posição
destacada na resolução de problemas de segurança pública e na geração da
sensação de segurança tão almejada pela sociedade.
90

Como decorrente do policiamento comunitário para a zona rural, a PMMG passou a


efetivar, de maneira sistematizada, a Patrulha Rural em 18 Regiões de Polícia Militar
em Minas Gerais. Nesse sentido, foi apresentada a evolução do serviço, desde o
projeto-piloto, levado a efeito no município de Ituiutaba/MG em 2001, até o
entendimento das diretrizes instituicionais contemporâneas, consubstanciadas,
sobretudo, na Instrução nº 03.03.08/2013, que regula a atuação da polícia ostensiva
no meio rural do estado de Minas Gerais, no Programa Minas Segura e no Portfólio
de Serviços da Corporação.

Na seara metodológica, tratou-se de pesquisa realizada, em âmbito institucional, nos


níveis estratégico, tático e operacional da atividade de polícia realizada pela PMMG,
que buscou traçar um panorama do estado atual da arte da Patrulha Rural, por meio
de técnicas de observação direta e indireta.

O tipo de pesquisa, quanto ao objeto, foi exploratório e descritivo e, segundo o


modelo conceitual operativo, bibliográfico, documental, de levantamento e pesquisa
de campo. A natureza da pesquisa foi quali-quantitativa.

O método de procedimento foi monográfico, com traço histório e estatístico, e o


método de abordagem dedutivo. Houve a utilização tanto de técnicas de observação
indireta, por fontes secundárias e primárias, quanto de técnicas de observação direta
extensiva (questionário) e intensiva (entrevistas).

Em relação à pesquisa de campo, os questionários foram encaminhados a uma


população de 209 destinatários, pertencentes a 18 RPMs que realizam o serviço de
Patrulha Rural. Foi excluída a 1ª RPM, responsável pelo município de Belo
Horizonte, vez que não executa o serviço de Patrulha Rural.

Os destinatários dos questionários foram integrantes P3 de RPM, UEOp e Cia Ind,


bem como Comandantes de Companhia com responsabilidade territorial e
Companhia Tático Móvel que executam o serviço de Patrulha Rural.
91

Obteve-se uma amostra de 175 respondentes, perfazendo a média 83,73% de


respostas auferidas que basearam as inferências realizadas.

No caso das entrevistas, elas foram realizadas junto ao Diretor de Operações da


PMMG (responsável tático instucional pela temática), ao Chefe da Assessoria
Estratégica de Emprego Operacional do Estado-Maior da PMMG (responsável
estretégicoinstucional pela temática) e ao Oficial responsável pela efetivação do
projeto-piloto da Patrulha Rural no município de Ituiutaba/MG.

A percepção auferida, principalmente no que tange às entrevistas, revelou a


relevância da temática Patrulha Rural para o cotidiano operacional da PMMG, bem
como o fato de ser ela uma política de Comando. De acordo com a impressão dos
entrevistados, a mencionada relevância se deve, também, à importância do
agronegócio para o estado de Minas Gerais, o que valoriza o serviço e atrai
investimentos necessários ao seu incremento.

O objetivo geral da presente pesquisa foi descrever a incorporação da Patrulha


Rural, observando o seu desenvolvimento nos níveis estratégico, tático e
operacional. Com vistas ao seu atingimento, foram delineados objetivos específicos
que possibilitaram a construção do processo alcance do referido objetivo.

O primeiro objetivo específico foi relacionar as características de Polícia Comunitária


com Patrulha Rural em Minas Gerais. Ficou evidenciado, no decorrer da pesquisa, a
simbiose existente entre a filosofia, princípios e características da Polícia
Comunitária e o serviço da Patrulha Rural, sendo aquela base para estes.

O presente objetivo específico foi alcançado no entendimento transversal das


seções 2, 3 e 4, quando da teorização da Polícia Comunitária e apresentada, de
maneira gradativa e integrada, quando da apresentação normativa, conferida pela
PMMG, à atividade da Patrulha Rural.

Prediz, em específico, a Instrução nº 03.03.08/2013, que as ações de policiamento


no meio rural serão efetivadas com ênfase na ação preventiva e com base na
92

filosofia de Polícia Comunitária. Noutra monta, todos os Princípios de Polícia


Comunitária, apresentados por Trojanowicz e Bucqueroux (2003), estão,
proeminente e intrinsicamente ligados à Patrulha Rural.

O segundo objetivo específico foi caracterizar a Patrulha Rural na PMMG, bem como
estabelecer uma relação com o disposto na instrução que regula o serviço e no
programa Minas Segura. O presente objetivo foi alcançado na seção 4.

Percebeu-se, nesta senda, que o serviço de Patrulha Rural é dotado de


peculiaridades que o tornam específico, bem como possui relevo institucional que
demanda investimento de recursos financeiros, logísticos e humanos para sua
efetiva consecução.

Para bem cumprir esse objetivo, desencadeou-se, inicalmente, uma investigação


histórica e temporal relativa à formação do serviço, desde o seu nascedouro, no
município de Ituiutaba/MG, até a normatização via Instrução nº 03.03.08/2013 e a
sua inserção como um dos eixos prioritários do Programa Minas Segura.

Para tanto, na seção 4, foi apresentado o histórico do serviço de Patrulha Rural, bem
como os documentos institucionais, normativos e doutrinários que o disciplinam.
Discorreu-se, ainda, sobre a sua estruturação no âmbito do Programa Minas Segura
2019-2022 e mostrou-se, de maneira latente, a relevância investida ao tema, assim
como o trato a ele concedido nos vários níveis de direção da PMMG, tendo, por
consequência, sua inclusão no Portfólio de Serviços da Corporação.

O terceiro objetivo específico teve como questão central inferir a conformidade ou


desconformidade das práticas da Patrulha Rural com as diretrizes da PMMG.
Através da pesquisa de campo e levantamentos deste estudo, apresentados na
seção 6, foram observadas as conformidades e desconformidades relativas às
diretrizes institucionais e à execução operacional do serviço de Patrulha Rural no
âmbito das regiões que detêm o serviço.
93

Por diretrizes institucionais, considerou-se a Instrução nº 03.03.08/2013, o Programa


Minas Segura 2019-2022 e o Portfólio de Serviços da Corporação.

Por intermédio das entrevistas, ficaram explícitas a importância, os desafios e


ameaças que se apresentam para a plena efetivação do serviço de Patrulha Rural.
Tal situação é corroborada com os dados obtidos com os levantamentos oriundos de
instrumento de pesquisa (questionário).

Nessa situação, ficou evidenciado, através desta pesquisa, que o serviço de


Patrulha Rural tem sua incorporação formal efetivada na PMMG, através da sua
inserção como serviço constante do Portfólio de Serviços, bem como do
estabelecimento da Instrução que regula a sua execução, o que demonstra a viés da
conformidade.

Dentro da pesquisa de campo (seção 6), verifica-se o viés de conformidade entre as


diretrizes institucionais e a execução da Patrulha Rural no estado em diversos
pontos, a saber: as Unidades/Companhias possuem, em 93,7% dos casos, o serviço
de Patrulha Rural devidamente ativado; lançam, em 96,3% dos casos, de maneira
rotineira e contínua a Patrulha Rural; em 81,7% dos casos, lançam, em média, dois
a três policiais militares por dia na Patrulha Rural; em 98,2% dos casos, existe a
confecção de cartão-programa para a base de atuação do militares.

A conformação mais evidente é a melhoria da qualidade de vida da comunidade


rural com a realização do serviço de Patrulha Rural. Em 100% dos casos, foi
verificado que o serviço de Patrulha Rural melhorou a qualidade de vida dos
moradores do campo. Essa conformidade está, efetivamente, adstrita às diretirzes
preconizadas na Instrução nº 3.03.08/2013-CG, no Programa Minas Segura e no
Portfólio de Serviços da PMMG.

Em todos os resultados citados anteriormente, a prevalência de respostas


conformativas entre execução e diretrizes da PMMG traz como premissas
dedutivas a consolidação do serviço de Patrulha Rural no Estado. No entanto,
94

cumpre mencionar os resultados que tendem a uma conformidade relativa (ou ao


menos que merecem uma inferência pontual) ou mesmo as desconformidades.

Uma conformidade a ser verificada é o cadastramento das propriedades rurais. Na


maioria dos casos, esse cadastramento é realizado por meio de arquivo digital,
REDS ou aplicativos de telefone celular. Apesar de cumprir, de certa forma, os
ditâmes das diretrizes institucionais, o ideal é que todos os cadastramentos
permençam em um banco de dados digital e de fácil acesso a todos os policiais
miitares empregados na atividade.

Na mesa linha do cadastramento das propriedades, estão os métodos utilizados


para o mapeamento das propriedades rurais. Em 89,1% dos casos, há o uso, pelas
Unidades/Companhias, de meios digitais para esse mapeamento, o que mostra uma
prevalência de conformidade com as diretrizes institucionais. Mas existem algumas
preocupações: em primeiro lugar com o mapeamento manual em 1,7% dos casos, o
que não é desejável; em complemento, a existência de 9,2% de casos em que o
mapeamento das propriedades não é realizado, em que pese ao serviço de Patrulha
Rural ser sistematizado em todo o estado.

Outra situação de conformidade relativa está no uso de viaturas com tração 4x4. Em
80,2% dos casos, as Unidades/Companhias empregam, em média, um ou mais
veículo de categoria traçado 4x4 na atividade. No entanto, em 46,22% dos casos, é
lançada, em média, pelos menos uma viatura tração 4x2 por dia na atividade. A
Instrução nº 3.03.08/2013-CG não exige, taxativamente, a utilização de viatura 4x4,
mas recomenda tal utilização.

A Resolução nº 4.827/2019, que aprova o Portfólio de Serviço da PMMG,


apresenta que a guarnição da Patrulha Rural deve ser composta por dois ou três
policiais militares (conformidade verificada) que atuam em veículo de quatro rodas
(conformidade verificada), utilizando armamento e equipamento adequados para
atuação preventiva. Contudo, a Resolução nº 4.827/2019 completa essa definição,
ao mencionar que o policiamento em zona rural deve ter o suporte de veículos
apropriados.
95

Não há a menção de qual seria a categoria desse veículo, mas infere-se tratar de
viatura traçada 4x4, observada a recomendação contida na Instrução nº
3.03.08/2013-CG. Apesar de não haver exigência, a tipologia de terreno e das vias
e as intempéries na zona rural, o uso de viatura 4x4 mostra-se a desejável e de
categoria 4x2 uma solução paliativa tão somente.

Noutra monta, perceberam-se distorções inerentes ao institucionalmente


estabelecido e, ao realmente implementado, conforme comprovaram os dados da
pesquisa.

A mais evidente refere-se ao fato de que, em 50% dos casos, apenas 20% dos
militares possuem o Curso de Patrulha Rural, previsto na Instrução nº
03.03.08/2013, o que é uma exigência não somente normativa, mas filósofica,
quando se pensa no ideário da Polícia Comunitária e a necessidade de capacitação
de recursos humanos.

Observado o alcance dos objetivos específicos, ficou explicitado o atingimento do


objetivo geral. Com as explanações ora realizadas, conseguiu-se descrever a
incorporação da Patrulha Rural, observando o seu desenvolvimento nos níveis
estratégico, tático e operacional, no âmbito da PMMG.

Com efeito, a hipótese de que, quanto mais observadas as diretrizes da Polícia


Militar de Minas Gerais, melhor a incorporação e a execução do serviço da Patrulha
Rural, foi comprovada, sobretudo com o contido na seção 6.

A indagação respondida satisfatoriamente de melhoria de qualidade de vida na zona


rural perpassa pela incorporação e a execução do serviço da Patrulha Rural,
decorrente do seguimento das diretrizes institucionais, o que reforça que, estando o
serviço de Patrulha Rural cada vez mais adequado a elas, mais efetividade será por
ele alcançada.
96

Conclui-se que, ainda que passível de adequações e aprimoramento, o serviço de


Patrulha Rural encontra-se incorporado na PMMG, através das diretrizes que o
disciplinam, bem como da sua execução nas diversas regiões de Minas Gerais.
Porém, há ainda a necessidade de maior investimento na capacitação dos militares
que executam o serviço, assim como uma melhoria nos recursos logísticos e
tecnológicos disponíveis para sua efetivação.

Outra consideração primaz a ser feita é o alcance das metas propostas pelo
Programa Minas Segura para o policiamento rural que, caso cumpridas as etapas,
redundará em avanços significativos a este serviço que já se demonstra essencial
para a população rural.

Por fim, não há pretensão de esgotamento do tema com o trabalho aqui encerrado,
muito ao contrário, pois a crescente relevância conferida à temática Patrulha Rural
requer estudos cada vez mais aprofundados. Nessa seara, apresentam-se as
seguintes sugestões:
a) Estudo mais aprofundados sobre a Patrulha Rural;

Por escassez de tempo e restrições decorrentes da pandemia de COVID-19, não


foram procedidas pesquisas mais detidas e contundentes, haja vista a dificuldade
relativa a deslocamentos, assim como entrevistas pessoais e intervenções in loco,
ao que se sugere que, para próximas oportunidades, sejam realizados estudos nos
quais se busquem raízes mais profundas do Policiamento Rural, anteriores à sua
gênese, institucionalmente propalada, no município de Ituitaba/MG, na década de
2000.

Tal sugestão justifica-se no fato de que, desde a origem da Polícia Militar de Minas
Gerais, nos idos de 1775, a característica principal do Estado é ser ruralista, o que
demonstra ser o ano de 2001 um marco recente para o nascimento do serviço de
Patrulha Rural na PMMG. Através de um estudo mais aprofundado, descobrir-se-á,
verdadeiramente, quando o campo, assim como entendido hoje, tornou-se fonte de
atenção institucional mais detida.
97

b) Institucionalização de um sistema de mapeamento rural;

Sugere-se, ainda, a institucionalização de um sistema de mapeamento rural


aplicável a todas as regiões do estado que são servidas pela Patrulha Rural, dando-
se preferência para aquelas realizadas através de aplicativos de smartphones, pela
facilidade de acesso desta tecnologia, bem como pelas inúmeras possiblidades (por
exemplo, GPS integrado, câmeras de fotografia e filmagem, aplicativos institucionais
da PMMG, aplicativos de mensagens, dentre outros) que ela oportuniza.

c) Procedimento Operacional Padrão para a Patrulha Rural;

Aponta-se, ainda, a vislumbrada necessidade de produção de um documento que


estabeleça um Procedimento Operacional Padrão para as guarnições de Patrulha
Rural, indicando ações como patrulhamento preventivo, contatos comunitários,
integração com outros órgãos que assistem as comunidades, monitoramento alvos
suspeitos, monitoramento constante das redes de proteção, dentre outros.

Nesse sentido, interessante medida seria, ainda, o estabelecimento de naturezas


específicas para registro de atividades e ocorrências havidas no meio rural, visando
um controle mais fiel de indicadores da atuação, assim como indicadores criminais
relativos a este serviço.

d) Sistema de videomonitoramento da zona rural;

Sugere-se, ainda, uma parceria entre os proprietários rurais e a PMMG para


estabelecimento de um sistema de videomonitoramento da zona rural, utilizando-se
das câmeras existentes nas propriedades, como, também, na instalação de outras,
nos moldes do Sistema Helios10, com vistas a identificar veículos suspeitos ou
produto de furto/roubo que, porventura, transitem nas estradas rurais.

10
“O Sistema Hélios é um software que captura, via câmeras de segurança, os caracteres das placas
de veículos e os envia à central de monitoramento. A partir do momento em que o veículo suspeito
passa pelos locais com videomonitoramento um sinal de alerta é emitido e indica a localização
geográfica e o sentido do deslocamento, o que auxilia no cerco e bloqueio do suspeito.” Disponível
em: https://www.aopmbm.org.br/sistema-desenvolvido-pela-pmmg-ajuda-na-identificacao-de-veiculo-
usado-em-crime-contra-casal-de-policiais/. Acesso em: 6 Set. 2021.
98

e) Implementação de Indicadores Operacionais.

Por derradeiro, aponta-se a necessidade da implementação de indicarores


operacionais de desempenho de cada uma das guarnições que trabalham na
Patrulha Rural, indicadores estes voltados para o enfrentamento da criminalidade e,
também, para o atendimento à população rural através dos instrumentos inerentes
ao policiamento comunitário, tais, como: visitas, contatos e criação de redes
comunitárias de proteção.
99

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1988. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
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Operações – DPO nº 3008/93. Belo Horizonte: Polícia Militar de Minas Gerais,
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101

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Operações – DPO nº 3008/93. Belo Horizonte: Polícia Militar de Minas Gerais, 1993.

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MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz Geral para Emprego


Operacional (DGEOp) nº 3.01.01/2019: Regula o emprego operacional da Polícia
Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: Comando-Geral, Assessoria Estratégica de
Emprego Operacional (PM3), 2019b.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Instrução nº 3.03.08/2013-CG:


Regula a atuação da Polícia Ostensiva no meio rural do Estado de Minas Gerais.
Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, 2013.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Instrução nº 3.03.11/2016-CG:


Regula a implantação da Rede de Proteção Preventiva nas comunidades do Estado
de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, 2016.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz nº 8002.2/2020 –


Estabelece diretrizes para a Gestão do Desempenho Operacional na PMMG. Belo
Horizonte: Comando-Geral, 3. ed., 2020a.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Manual Técnico-Profissional Nº


3.04.02/2020: Abordagem a pessoas. Belo Horizonte: Assessoria Estratégica de
Operações (PM3). 2020b.

MINAS GERAIS. Policia Militar. Comando-Geral. Manual Técnico Profissional nº


3.04.11/2013-CG: Regula a Prática Policial Especial de Emprego de Cães no
Policiamento Ostensivo na Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: PMMG –
Comando Geral, 2013.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução nº 4.810, de 01 de


julho de 2019. Institui o Catálogo de Cursos e Treinementos da Polícia Militar de
Minas Gerais – PMMG, e dá outras providências. 2. ed. - Belo Horizonte, 2019c.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução nº 4.826, de 26 de


agosto de 2019. Institui o Programa Minas Segura. 2. ed. - Belo Horizonte, 2019d.

MINAS GERAIS. Policia Militar. Comando-Geral. Resolução nº 4.827, de 26 de


agosto de 2019.Dispõe sobre o Portfólio de Serviços da Polícia Militar de Minas
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102

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103

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DESTINADO ÀS P3 DAS RPM, P3 DE BPM/CIA


PM IND E COMANDANTES DE CIAS PM QUE POSSUEM ZONAS RURAIS NAS
RESPECTIVAS ÁREAS DE RESPONSABILIDADE TERRITORIAL

1) Indique a Região de Polícia Militar: (Ex: 15ª RPM)


2) Indique a UEOP em que está lotado? (Batalhão ou Cia Ind) - Exemplo: 33º
BPM - Betim ou 1ª Cia PM Ind - Nova Lima
3) Escreva a fração onde está lotado (P3 ou CIA PM) Exemplo: P3 da 2ª RPM -
Contagem ou 186ª Cia PM/18º BPM
4) A Patrulha Rural está ativa em sua unidade policial?
() Sim ( ) Não

5) Em sua unidade policial, por semana, qual é a frequência média de


lançamento da Patrulha Rural em escala ordinária?
( ) 7 dias por semana.
( ) 5 a 6 dias por semana.
( ) 3 a 4 dias por semana.
( ) 1 a 2 dias por semana.
( ) O serviço não é lançado

6) Em sua unidade policial, diariamente, qual é a quantidade média de policias


militares empregados na Patrulha Rural em escala ordinária?
( ) 1 militar (1 guarnição de Polícia Militar/dia) - Patrulha Unitária.
( )2 a 3 militares (1 guarnição de Polícia Militar/dia).
( )4 a 6 militares (2 a 3 guarnições de Polícia Militar/dia).
( )Acima de 7 militares (acima de 4 guarnições de Polícia Militar/dia)

7) Qual o percentual dos policiais militares empregados ordinariamente na


Patrulha Rural possuem o Curso de Patrulha Rural (32 horas/aulas)? (Conforme
Resolução 4.810/ 2019 – Catálogo de Cursos e Treinamentos da Polícia Militar de
Minas Gerais)

( ) 80% a 100% do efetivo.


( ) 60% a 79% do efetivo.
( ) 40% a 59% do efetivo.
( )20% a 39% do efetivo.
( ) Abaixo de 20% do efetivo
8) Em sua unidade policial, diariamente, qual é a quantidade média de viaturas
policiais (VP), empregadas na Patrulha Rural em escala ordinária?
Tração 1 VP/dia 2 VP/dia 3 VP/dia 4 VP/dia Não possui
Tração 4x4 () () () () ()
Tração 4x2 () () () () ()

9) Como é realizado o cadastramento das propriedades rurais em sua Unidade


Policial? (Pode marcar mais de uma opção)
104

( ) Arquivo físico (preenchimento de formulário de papel ou caderno).


( ) Arquivo digital (word, excel, entre outros).
( ) Cadastro em ambiente REDS (preenchimento de BOS ou RAT).
( ) Aplicativo de celular (desenvolvido para ambiente IOS e/ou Android).
( ) Outro:

10) A sua Unidade Policial utiliza qual metodologia para mapear as propriedades
rurais?

( ) São mapeadas no Sistema MAPACAD no ambiente da IntranetPM.


( ) Google Maps.
( ) Google Earth.
( ) Outro software.
( ) As propriedade rurais não são mapeadas.
( ) Outro:

11) O cartão-programa da Patrulha Rural é elaborado utilizando quais fontes de


informação? (Pode marcar mais de uma opção)

( ) Cadastro da propriedade rural.


( ) Mapeamento da propriedade rural (georreferenciamento).
( ) Indicadores criminais (taxas de roubos, furtos , entre outros).
( ) Demanda diretamente da comunidade rural.
( ) Chamadas policiais do 190.
( ) Dados e informações da Inteligência de Segurança Pública.
( ) Não há cartão-programa.
( ) Outro:

12) O serviço da minha Patrulha Rural melhorou a qualidade de vida da


comunidade rural?

( ) Concordo totalmente.
( ) Concordo.
( ) Indiferente.
( ) Discordo.
( ) Discordo totalmente

13) Qual(is) o(s) motivo(s) que a Patrulha Rural não se encontra ativa em sua
Unidade Policial?

( ) Falta de recursos humanos.


( ) Falta de recursos logísticos.
( ) Não há demandas operacionais, que justifique o emprego da Patrulha Rural.
( ) Outro:
105

APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA SOBRE A PATRULHA RURAL NA


POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Este formulário é o instrumento utilizado na pesquisa que estamos realizando como


requisito obrigatório do CURSO FORMAÇÃO DE OFICIAIS / 2021.
O tema da pesquisa é A Incorporação da Patrulha Rural na Polícia Militar de Minas
Gerais.
Desta forma, este documento tem por objetivo compreender o serviço da Patrulha
Rural em vigor em Minas Gerais.
Solicito a Vossa Senhoria responder as questões abaixo.

1) DADOS PESSOAIS
a. Nome:
b. FormaçãoAcadêmica:
c. OcupaçãoProfissional:

2) Como surgiu a Patrulha Rural na Polícia Militar de MinasGerais?

3) Quais os pontos positivos internos (fortalezas) da PMMG que


contribuíram para o desenvolvimento da Patrulha Rural?

4) Comente as fraquezas institucionais internas, que dificultam o serviço da


Patrulha Rural naPMMG.

5) Dentro da dimensão macro organizacional, quais são as principais


oportunidades externas para a desenvolvimento da Patrulha Rural no Estado de
MinasGerais?

6) Quais são as principais ameaças externas para a Patrulha Rural em


Minas Gerais?

7) Considerando os resultados já alcançados, como este serviço pode ser


levado para outros municípios de Minas Gerais?
106
ANEXO A – MAPA DA ARTICULAÇÃO OPERACIONAL DAS 19 REGIÕES DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS – 2021

Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais, 2021. Disponível em:


https://www.policiamilitar.mg.gov.br/portalpm/portalinstitucional/conteudo.action?conteudo=674&tipoConteudo=subP. Acesso em: 15 Ago. 2021.

107
108

107
ANEXO B – MAPA DOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELA PATRULHA RURAL EM MINAS GERAIS - 2021

Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais/Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), 2021.

109
107

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