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Marituba/Pará
2017
POLICIAMENTO OSTENSIVO EM PERÍODO DE ALTA TEMPORADA:
RÉVEILLON EM MOSQUEIRO NO TRIÊNIO 2014/2016
RESUMO
ABSTRACT
This article studies ostensive policing in periods of high season (New Year), in
Mosqueiro in the triennium 2014/2016. Does it seek to subsidize policing plans on
the spot and in similar areas in those periods, through the question of whether the
Military Police has been effective during New Year's Eve in Mosqueiro? Analyzing if
the Military Police of the state of Pará has been able to reduce the numbers of thefts,
robberies and homicides and if has provided the feeling of security in the population
of Mosqueiro in the period of new year in the last three years. For that, we conducted
documentary, bibliographic and field research, with the application of questionnaires.
2 METODOLOGIA
As metodologias aplicadas no referido trabalho foram a pesquisa documental,
a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo através da aplicação de
questionários, voltada ao distrito de Mosqueiro, discorrendo sobre a área em estudo,
a operacionalização do policiamento ostensivo no local durante as operações
réveillon no triênio 2014-2016, os números de criminalidade (homicídio, roubo e
furto) do referido período no local e a sensação de segurança que a população
apresenta sobre a atuação da polícia militar no local no mesmo período.
A construção deste trabalho foi dividida em três etapas caracterizadas para o
alcance da finalidade de coleta de dados: em primeiro lugar foi realizada uma
pesquisa bibliográfica esquadrinhando conceitos, doutrinas, pensamentos,
informações e legislações sobre policiamento ostensivo, alta temporada, e o distrito
de Mosqueiro, com a intenção de se estabelecer a base teórica para formulação do
trabalho. Posteriormente se analisou os dados da criminalidade (homicídios, roubos
e furtos) na área do distrito de Mosqueiro e o emprego do policiamento ostensivo no
período do réveillon dos anos de 2014, 2015 e 2016, a fim de compará-los e analisá-
los.
Os dados foram coletados de duas formas, a primeira através do Sistema de
Informação de Segurança Pública (SISP), com o objetivo de buscar informações
sobre o número de roubos, furtos e homicídios no distrito de Mosqueiro nos períodos
de réveillon nos anos de 2014, 2015 e 2016, tendo sido solicitado junto a Secretaria
Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC), e a segunda foram o quantitativo
de policiais militares empregados nestes períodos, tendo sido solicitada a seção de
planejamento de operações do 25º Batalhão de Polícia Militar, os quais entregaram
os dados finalizados conforme solicitação.
No presente artigo não foi trabalhado com os índices de criminalidade, pelo
motivo de não contemplar período anual, e sim apenas os dias da operação réveillon
no distrito, tendo sido seis dias no réveillon de 2014 para 2015, seis dias no réveillon
de 2015 para 2016 e quatro dias no réveillon de 2016 para 2017.
Por fim foi realizada uma pesquisa de campo quantitativa no distrito de
Mosqueiro, com o escopo de averiguar se a atuação do policiamento ostensivo no
local durante os períodos dos réveillons de 2014, 2015 e 2016 foram eficazes em
conseguir produzir uma sensação de segurança na população local.
O Distrito de Mosqueiro segundo o censo de 2010 do IBGE possui uma
população de cerca de 27.000(vinte e sete mil) pessoas, e a partir desta informação
se utilizou uma amostra aleatória estratificada proporcional ao número total dos
moradores da ilha, com erro amostral máximo de 5%. O tamanho da amostra foi
calculado a partir das fórmulas:
N .P 1
n= N= 2
N +P E
Onde: P é o tamanho (número de elementos da) da população; n é o
tamanho (número de elementos da) da amostra; N é o fator de erro e E é a Margem
de erro desejado.
Considerando a população de 27.000 habitantes em mosqueiro, após a
utilização das fórmulas estatísticas para o cálculo do tamanho da amostra para uma
estimativa dentro da margem de erro desejável, chegou-se a conclusão da aplicação
de 395 questionários para os moradores do distrito de Mosqueiro.
Para melhor visualização dos números de homicídios, roubos e furtos no
período estudado pelo presente artigo, o emprego do efetivo e a dimensão da
sensação de segurança da população de Mosqueiro, utilizando o programa Microsoft
Office Excel 2007, foram produzidas tabelas a partir dos resultados dos dados
alcançados.
3. REVISÃO DE LITERATURA
Primeiramente, para se discorrer sobre o policiamento ostensivo temos que
entender as competências da instituição Polícia Militar no Brasil. A Constituição
Brasileira destaca em seu artigo 144, parágrafo 5º, do Capítulo III – Da Segurança
Pública, do Título V: “às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação
da ordem pública;”(BRASIL, 2005, p.74).
Polícia é a qualificação de instituições governamentais responsáveis pela
aplicação das legislações destinadas a garantir a segurança da coletividade, a
ordem pública e a prevenção e elucidação de crimes.
Polícia é “vocábulo derivado do latim, ou seja, de politia, que, por sua vez,
procede do grego, isto é, politeia, trazendo originariamente, o sentido da
organização política, sistema de governo e, mesmo, governo”, conforme Lazzarini
(1987, p. 20).
Ela existe em todos os países do planeta, prevenindo e reprimindo o ato
criminoso e mantendo a ordem pública, utilizando o poder de polícia, usando até a
força de maneira legítima, se necessária, fazendo respeitar e cumprir as leis. O
Estado, através de sua polícia exerce o poder coercitivo, atuando em todos os locais
onde os demais órgãos na conseguem chegar, sendo o responsável pela ordem
social, garantindo a segurança do cidadão.
O poder de polícia provém do Código Tributário Nacional, do ano de 1966,
surgindo para suprir a necessidade de definição da atividade estatal. Conforme a
supracitada legislação entende-se por poder de polícia:
A atividade da administração pública que limitado ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade. Regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina de produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
de Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais e coletivos (BRASIL, 1966, p. 2).
Di Pietro (2003, p. 111) entende poder de polícia como “a atividade do Estado
consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse
público”. Simplificando, o poder de polícia abrange todas as áreas da sociedade,
independente da atividade exercida, sendo sempre conhecido como o limitador dos
direitos individuais em prol do bem da coletividade.
É importante ressaltar que o poder de polícia não é uma exclusividade das
instituições policiais, sendo exercido por outros órgãos do Estado, como Vigilância
Sanitária e Receita Federal, mas quando é relativo às polícias é classificado como
poder de polícia de segurança. Chimenti (2004, p. 422) dividiu este poder de polícia
de segurança em duas espécies:
a) Polícia ostensiva – conhecida também como polícia administrativa ou
preventiva, procura impedir a prática de infrações;
b) Polícia judiciária – também conceituada como polícia repressiva,
investigatória, atua após a ocorrência do crime, realizando as investigações
necessárias para a aplicação da sanção aos delinqüentes.
Fonseca (1992, p.317) define polícia ostensiva da seguinte forma:
Tomando-se a expressão Polícia Ostensiva divorciada ou abstraída do
conceito de preservação da ordem pública, como em verdade assim a
empregaram os legisladores constituintes, passa ela abrigar em uma
acepção própria e particular, apenas as ações que tenham como
características: a) predominância do aspecto preventivo e que sejam
desenvolvidas por elementos ou fração de tropa identificados pelo uniforme
(ostensividade), viatura ou tipo de equipamento (ostensividade); b) que
tenha como objeto de planejamento uma universalidade de fatos ainda que
em local determinado por um evento certo, como, v.g., jogos programados
em estádios desportivos, concentrações em festas populares, conhecidas
entre nós como ‘festas populares’, shows artísticos, etc.; c) que a
ostensividade determinada pelas condições de identificação dos elementos
empenhados ou fração de tropa, relativamente a uniforme, viatura e tipo de
equipamento, sejam intrínsecas à própria estratégia operacional.(grifo
nosso)
Polícia Ostensiva é a polícia uniformizada, fardada e identificada, tendo a
finalidade de preservar a ordem pública, coibindo o crime pela simples ação de
presença, bem como reprimindo tão logo ele aconteça na atividade de policiamento,
e indo mais além tomando medidas preventivas para evitar o dano ou o perigo às
pessoas.
A polícia ostensiva é naturalmente preventiva, sendo, portanto administrativa,
também desenvolvendo as funções repressivas, ou de polícia judiciária, voltada à
repressão imediata.
Para Valla (2004, p. 74), polícia ostensiva é muita mais ampla que
policiamento ostensivo, “elevando-o além daquele modo visível de atuar, à
concepção, ao planejamento, à coordenação e à condução das atividades
correlatas”.
Já Moreira Neto (1999, apud JUNIOR, 2009, p. 50) enfatiza que o termo
ostensivo “refere-se à ação pública da dissuasão, característica do policial fardado e
armado, reforçado pelo aparato militar reforçado, que evoca o poder de uma
corporação eficientemente unificada pela hierarquia e disciplina.”
Policiamento ostensivo é a modalidade de exercício da atividade policial
desenvolvida intencionalmente à mostra, visível, caracteriza-se pela evidência do
trabalho da polícia à população, pelo uso de viaturas caracterizadas, uniformes, ou
até mesmo distintivos capazes de tornar os agentes policiais identificáveis por todos.
O Decreto 88.777/83 define policiamento ostensivo em seu artigo 2º, item 27,
da seguinte forma:
O policiamento ostensivo é ação exclusiva das Polícias Militares em cujo
emprego o homem ou fração de tropa engajados sejam identificados de
relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a
manutenção da ordem pública. São tipos desse policiamento, a cargo das
Polícias Militares ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas,
os seguintes: - ostensivo geral, urbano e rural; - de trânsito; - florestal e de
mananciais; - rodoviário e ferroviário, nas estradas estaduais; - portuário; -
fluvial e lacustre; - de radiopatrulha terrestre e aérea; - de segurança
externa dos estabelecimentos penais do Estado. (BRASIL, 1983, apud
JUNIOR, 2009, p. 51)
Já o Decreto-Lei 667/69 prevê em seu art. 3º, alínea “a”, redação dada pelo
Decreto nº 2010, de 12 de janeiro de 1983, que compete às Polícias Militares:
Executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças
armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade
competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da
ordem pública e o exercício dos poderes constituídos. (BRASIL, 1969, apud
JUNIOR, 2009, p. 50)
Sobre esta exclusividade competente a Polícia Militar, Lazzarini (1991, apud
JÚNIOR, 2009, p. 51) defende que é:
“importante para a população enxergar uniformidade a polícia preventiva,
pois com ela terá o relacionamento direto e pessoal a dar-lhe a segurança
que tanto necessita. A multiplicidade de cores nas viaturas e nas
vestimentas confunde as pessoas e dilui a imagem da Polícia”.
Já abordando a segunda parte da missão constitucional, a preservação da
ordem pública, para chegar ao entendimento inicia-se a partir da conceituação de
ordem pública, onde temos no Decreto 88.777/83, artigo 2º, item 21, a seguinte
definição:
Ordem Pública – Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento
jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos
níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência
harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma
situação ou condição que conduza ao bem comum.(BRASIL, 1983, apud
JUNIOR, 2009, P. 52)
A ordem pública transpassa a conceituação jurídica, ela é o efeito do
cumprimento dessas por parte da sociedade, sua fundamentação esta dividida em
três elementos, a segurança pública, a salubridade pública e a tranqüilidade pública.
Segurança pública para Mário Pessoa (1971 apud JUNIOR, 2009, p. 53) é:
O estado antidelitual, que resulta da observância dos preceitos tutelados
pelos códigos penais comuns e pela lei de contravenções penais, com
ações de polícia repressiva ou preventiva típicas. As ações mais comuns
são as que reprimem os crimes contra a vida e a propriedade.
Valla (2004, p. 5) defende que tranqüilidade pública “é o estágio de
serenidade que se encontra uma sociedade, tendo no clima de convivência
harmoniosa e pacífica o seu fundamento mais importante”.
No que tange a salubridade pública, Lazzarini (2003, apud JUNIOR, 2009 p.
54) entende que “designa também o estado de sanidade e de higiene de um lugar,
em razão do qual se mostram propícias às condições de vida dos seus habitantes”.
Ordem pública é desde a tranqüilidade e paz social até a higiene e
salubridade, andando harmoniosamente proporcionando o bem estar social.
A ação de policiar cuida pelo respeito à legislação pelos indivíduos, versando
em fiscalizar comportamentos e atividades, regular ou manter a ordem pública,
reprimindo todos os tipos de delitos.
Deixando de lado o aspecto positivista da polícia e buscando através do
aspecto social entender o que faz a polícia, vemos a polícia não só como garantidor
do bem estar social, mas temos que enxergar a polícia como parte integrante da
sociedade, pois ela é formada por homens e mulheres desta mesma sociedade, e
como devam atuar diante das diversas situações.
Três as expectativas que definem a função da polícia na sociedade
moderna. Primeiro, espera-se que a polícia vá fazer algo a respeito de
qualquer problema que seja solicitada a tratar; segundo, espera-se que vá
atacar os problemas em qualquer lugar e hora em que ocorram; e, terceiro,
espera-se que prevaleçam em qualquer coisa que façam e que não recuem
ao enfrentar oposição. (BITTNER, 2003, p.314).
O policial tem o poder de até utilizar a força coercitiva contra qualquer pessoa
que vá contra o ordenamento da vida na sociedade. Bittner (2003, p. 135) afirma que
“talvez a maior parte, consistem em enfrentar situações em que pessoas
simplesmente não parecem ser capazes de administrar suas próprias vidas de modo
adequado”.
A instituição Polícia Militar do Estado do Pará é a única representante do
estado que está presente em todos os municípios do Estado, estando disponíveis ao
cidadão para a qualquer hora ser chamado a atender uma emergência.
“Os policiais devem estar disponíveis quando e onde as suas habilidades
específicas foram necessárias... constituem a única mão amiga disponível
vinte e quatro horas por dia, nos sete dias da semana, e nas cinqüenta e
duas semanas do ano... também conta eles serem vistos pela maioria das
pessoas como uma fonte confiável de ajuda.” (BITTNER, 2003, p.264).
Como já foi visto o policiamento ostensivo busca atingir visibilidade à
população, resultando no desestímulo de infrações à lei e no aumento da sensação
de segurança, ratificando a presença do Estado e sua força.
O policiamento ostensivo tem vários processos, sendo empregados conforme
a conveniência e necessidade local, podemos exemplificar as seguintes:
a) Policiamento Ostensivo a Pé – aquele desempenhado por uma fração
mínima de dois policiais militares, fazendo a cobertura territorial de uma área restrita,
buscando uma proximidade maior com a comunidade;
b) Policiamento Ostensivo Motorizado (4 rodas) – aquele desempenhado
em viaturas (carros) caracterizadas, cobrindo uma área territorial maior e
apresentando um tempo de deslocamento menor para uma resposta repressiva
frente a uma situação delituosa;
c) Policiamento Ostensivo Motorizado (2 rodas) – aquele desempenhado
em viaturas (motos) caracterizadas, cobrindo uma área territorial maior, tendo
acesso de deslocamento em vias intransponíveis a carros e apresentando um tempo
de deslocamento menor para uma resposta repressiva frente a uma situação
delituosa;
d) Policiamento Ostensivo Montado – aquele desempenhado em animais
(eqüinos ou bufalinos), cobrindo uma área territorial demarcada, sendo escolhido
conforme a condição geográfica que o terreno ofereça para deslocamento;
e) Policiamento Ostensivo Aéreo – aquele desempenhado em aeronaves
(aviões e helicópteros) caracterizadas, cobrindo uma área territorial gigantesca,
auxiliando os demais processos no enfrentamento das situações delituosas;
f) Policiamento Ostensivo em Embarcação – aquele desempenhado em
embarcações (lanchas e navios) caracterizadas, cobrindo as áreas de rios e mares
pertencentes ao Estado;
g) Policiamento Ostensivo em Bicicletas – aquele desempenhado em
bicicletas caracterizadas, cobrindo uma área territorial demarcada, sendo utilizada
conforme necessidade local.
Quanto às modalidades do policiamento ostensivo temos quatro, o
Patrulhamento, a Permanência, a Diligência e a Escolta. O Patrulhamento restringe-
se a observação, fiscalização, proteção, reconhecimento, ou mesmo, de emprego de
força de maneira móvel. A Permanência caracteriza-se pela observação,
fiscalização, proteção, emprego de força ou custódia, desempenhada pelo PM no
posto. A Diligência é definida pela busca e captura de pessoas e/ou busca e
apreensão de objetos em cumprimento a mandado judicial. E a Escolta é a custódia
de pessoas ou bens em deslocamentos.
O policiamento pode ser empregado em três circunstâncias: ordinário,
extraordinário e especial. Sendo o primeiro o emprego atendendo um planejamento
rotineiro prévio de meios operacionais, o segundo o emprego eventual e temporário
em decorrência de situações de necessidade da administração, e o terceiro o
emprego temporário em eventos previstos que demandam um reforço de
policiamento.
Quando falamos de alta temporada, estamos nos referindo a vertente do
turismo, sendo no Brasil períodos pré-determinados que denotem crescimentos
populacionais sazonais, influenciando econômico e socialmente determinados
locais. Os períodos de alta temporada mais conhecidos no Brasil e no Estado do
Pará são as férias escolares, também conhecidas como férias de verão, Carnaval,
Semana Santa e Réveillon. Em se tratando do Estado do Pará um dos Balneários
mais conhecidos e visitados nestes períodos é o Distrito de Mosqueiro.
Apesar de Mosqueiro ser reconhecidamente um local de grande visitação
durante todo o ano e, principalmente, durante os períodos de alta temporada, o local
ainda apresenta alguns problemas quando acontece a visitação de um quantitativo
grande de pessoas. É comum a queixa de moradores sobre a deficiência de serviços
públicos, como fornecimento de água tratada, energia elétrica, recolhimento de lixo
urbano, limpeza de vias públicas, transporte público e outros, durante estes
períodos. A super utilização de serviços urbanos que algumas vezes já são
deficitários para a população local acaba por resultar em situações complexas,
podendo desestabilizar a ordem pública local.
Para Cardoso apud Tavares (2006, p. 5):
A ilha de Mosqueiro é reconhecidamente um balneário de Belém, cujas
praias são a expressão paisagística primordial, todavia os redutos do interior
de seu espaço apresentam como forte atrativo os encantos da exótica fauna
e flora exemplares da Amazônia.
Segundo Tavares (2006, p. 4) “O adensamento populacional desse reduto do
veraneio paraense preponderantemente tem provocado abalos ambientais,
substratos da interface dos problemas político-econômicos de sua sociedade.”
Afirmando, ainda, que:
O turismo e seu espraiamento constituem-se como principais geradores de
renda para a população da Ilha, tal atividade tinha os balneários como força
motriz, todavia observa-se a estagnação desse espaço como estimulador do
fluxo turístico das classes médias e altas principais estimuladoras da
economia local. Nessa perspectiva, é possível que os refúgios naturais
ainda existentes na Ilha, sejam os atrativos de reorganização e
revalorização de seu espaço. (TAVARES, 2006, p. 4)
Todas estas situações influenciam a segurança pública local, necessitando de
um prévio planejamento institucional da Polícia Militar, com a finalidade de identificar
as possíveis dificuldades a serem enfrentadas durante estes períodos, a
necessidade de reforço para suprir possíveis deficiências que venham a ocorrer bem
como o emprego desses meios suplementares, otimizando o policiamento ostensivo
e cumprindo o seu papel constitucional de garantidora do bem estar social.
Seria a questão da eficácia do policiamento ostensivo local, que é o alcance
dos resultados/objetivos de segurança pública esperados pela sociedade, a
preservação da ordem pública e a ação de impedir o acontecimento do delito.
Podendo as ações ser eficientes, que é utilizar os recursos da melhor maneira
ou não. 0
Chiavenato (2003, p. 155) define eficiência e eficácia e suas relações da
seguinte forma:
Eficácia é uma medida do alcance de resultados, enquanto a eficiência é
uma medida da utilização dos recursos nesse processo. Em termos
econômicos, a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de
satisfazer uma necessidade da sociedade por meio do suprimento de seus
produtos (bens ou serviços), enquanto a eficiência é uma relação técnica
entre entradas e saídas. Nesses termos, a eficiência é uma relação entre
custos e benefícios, ou seja, uma relação entre os recursos aplicados e o
produto final obtido: é a razão entre o esforço e o resultado, entre a despesa
e a receita, entre o custo e o benefício resultante. Contudo, nem sempre a
eficácia e a eficiência andam de mãos dadas. Uma empresa pode ser
eficiente em suas operações e pode não ser eficaz, ou vice-versa. Pode ser
ineficiente em suas operações e, apesar disso, ser eficaz, muito embora a
eficácia seja bem melhor quando acompanhada da eficiência. Pode também
não ser nem eficiente nem eficaz. O ideal seria uma empresa igualmente
eficiente e eficaz, a qual se poderia dar o nome de excelência.
Para isso vamos apresentar os dados fornecidos, buscando a construção do
conhecimento científico, para atender os objetivos propostos no presente artigo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DADOS REGISTRADOS NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA
PÚBLICA (SISP)
O presente tópico se inicia fazendo a análise dos números de homicídios,
roubos e furtos em Mosqueiro nos réveillon dos anos de 2014, 2015 e 2016.
Tabela 1. Homicídios, roubos e furtos no réveillon 2014/2015 por horário.
Dezembro 2014 Janeiro 2015 ∑
Delito Faixa horária Média diária
30 31 1 2 3 4
00h às 05h59' 1 2 5 1 2 0 11 1,8
06h às 11h59' 0 0 3 2 2 0 7 1,2
Furto
12h às 17h59' 2 3 0 1 0 0 6 1,0
18h às 23h59' 0 1 3 5 1 1 11 1,8
Soma 3 6 11 9 5 1 35 5,8
12h às 17h59' 0 0 0 0 0 0 0 0,0
Homicídio
18h às 23h59' 0 0 0 0 1 0 1 0,2
Soma 0 0 0 0 1 0 1 0,2
00h às 05h59' 0 1 5 0 0 0 6 1,0
06h às 11h59' 0 1 1 0 0 0 2 0,3
Roubo
12h às 17h59' 2 0 3 4 2 0 11 1,8
18h às 23h59' 1 1 2 2 0 0 6 1,0
Soma 3 3 11 6 2 0 25 4,2
Fonte: SIAC (2017)
No réveillon de 2014/2015 ocorreram 61 ocorrências de furto, homicídio e
roubo, durante os seis dias do evento, sendo 35 de furto, 01 de homicídio e 25 de
roubo. Quanto ao furto o dia de maior acontecimento foi 1 de janeiro de 2015, com
11 registros, e os horários de maior acontecimento foram das 00h às 05h59’ e 18h
às 23h59’ com 11 registros cada, tendo o evento uma média de 5,8 registros do
crime por dia. Quanto o homicídio aconteceu um registro no dia 3 de janeiro de
2015, das 18h às 23h59’, uma média de 0,2 por dia. Já em relação ao roubo, o dia 1
de janeiro de 2017 foi o de maior acontecimento com 11 registros, o horário de maior
incidência foi das 12h às 17h59’, e a média no evento foram 4,2 registros por dia.
Tabela 2. Homicídios, roubos e furtos no Réveillon 2015/2016 por horário.
Dezembro 2015 Janeiro 2016 ∑
Delito Faixa horária Média diária
30 31 1 2 3 4
00h às 05h59' 1 3 9 4 6 1 24 4,0
06h às 11h59' 1 2 0 2 0 3 8 1,3
Furto
12h às 17h59' 1 4 3 8 4 0 20 3,3
18h às 23h59' 2 4 2 5 2 2 17 2,8
Soma 5 13 14 19 12 6 69 11,5
12h às 17h59' 0 0 0 0 0 1 1 0,2
Homicídio
18h às 23h59' 0 0 0 0 0 0 0 0,0
Soma 0 0 0 0 0 1 1 0,2
00h às 05h59' 0 0 1 0 0 1 2 0,3
06h às 11h59' 0 0 0 0 0 1 1 0,2
Roubo
12h às 17h59' 2 2 7 5 1 0 17 2,8
18h às 23h59' 3 4 4 3 0 0 14 2,3
Soma 5 6 12 8 1 2 34 5,7
Fonte: SIAC (2017)
Na Ilha de Mosqueiro nos seis dias do período do réveillon 2015/2016
aconteceram 104 ocorrências de furto, homicídio e roubo, sendo divididas em 69
furtos, 01 homicídio e 34 roubos. O dia 2 de janeiro de 2016 apresentou a maior
quantidade de furtos no período com 19 registros, o horário de maior incidência foi o
de 00h às 05h59’, a média do delito no período do evento foram 11,5 registros por
dia. No período ocorreu um homicídio no dia 4 de janeiro de 2016 no horário
compreendido das 12h às 17h59’, uma média de 0,2 por dia. Quanto ao roubo, o dia
de maior incidência foi 1 de janeiro de 2016, o horário de maior registro foi das 12h
às 17h59’, e a média do delito no período do evento foram 5,7 registros por dia.
Tabela 3. Homicídios, roubos e furtos no réveillon 2016/2017 por horário.
Dezembro 2016 Janeiro 2017 ∑
Delito Faixa horária Média diária
30 31 1 2
00h às 05h59' 2 0 2 0 4 1,0
06h às 11h59' 0 1 1 0 2 0,5
Furto
12h às 17h59' 0 0 4 2 6 1,5
18h às 23h59' 2 1 2 2 7 1,8
Soma 4 2 9 4 19 4,8
12h às 17h59' 0 0 0 0 0 0,0
Homicídio
18h às 23h59' 0 0 0 0 0 0,0
Soma 0 0 0 0 0 0,0
00h às 05h59' 2 0 1 0 3 0,8
06h às 11h59' 1 0 2 0 3 0,8
Roubo
12h às 17h59' 0 0 1 3 4 1,0
18h às 23h59' 2 0 1 0 3 0,8
Soma 5 0 5 3 13 3,3
Fonte: SIAC (2017)
Nos quatro dias do réveillon 2016/2017 aconteceram 19 registros de furto e
13 de roubo e nenhuma ocorrência de homicídio, somando um total de 32. Quanto o
furto a maior incidência foi em 1 de janeiro de 2017, e o horário com maior registro
foi das 18h às 23h59’, tendo uma média de 4,8 furtos por dia no período do evento.
Já em relação ao roubo os dias de maior incidência foram 30 de dezembro de 2016
e 1 de janeiro de 2017 com 5 cada, o horário de maior incidência foi das 12h às
17h59’, e a média do crime no evento foram 3,3 registros por dia.
Comparando os três eventos, observou-se que o réveillon 2016/2017
apresentou a menor incidência dos crimes de furto, roubo e homicídio com médias
de 4,8, 3,3 e 0 registros por dia respectivamente, seguido do réveillon 2014/2015
com 5,8 furtos por dia, 4,2 roubos por dia e 0,2 homicídios por dia, e o de maior
incidência foi o réveillon 2015/2016 com 11,5 registros de furto por dia, 5,7 registros
de roubo por dia e 0,2 registros de homicídio por dia. No réveillon 2014/2015 o
horário de maior incidência dos crimes foi das 18h às 23h59’, no réveillon 2015/2016
foi das 12h 17h59’, e o no réveillon 2106/2017 foram os horários das 12h 17h59’ e
18h às 23h59’.
Tabela 4. Homicídios, roubos e furtos no réveillon 2014/2015 por dia da semana.
Dezembro 2014 Janeiro 2015 ∑
DELITO DIA SEMANA
30 31 1 2 3 4
DOM 0 0 0 0 0 1 1
QUA 0 6 0 0 0 0 6
QUI 0 0 11 0 0 0 11
FURTO SÁB 0 0 0 0 5 0 5
SEG 0 0 0 0 0 0 0
SEX 0 0 0 9 0 0 9
TER 3 0 0 0 0 0 3
SOMA 3 6 11 9 5 1 35
SÁB 0 0 0 0 1 0 1
HOMICÍDIO
SEG 0 0 0 0 0 0 0
SOMA 0 0 0 0 1 0 1
DOM 0 0 0 0 0 0 0
QUA 0 3 0 0 0 0 3
QUI 0 0 11 0 0 0 11
ROUBO SÁB 0 0 0 0 2 0 2
SEG 0 0 0 0 0 0 0
SEX 0 0 0 6 0 0 6
TER 3 0 0 0 0 0 3
SOMA 3 3 11 6 2 0 25
Fonte: SIAC (2017)
Em relação ao réveillon 2014/2015 o dia que ocorreu a maior incidência de
furto e de roubo foi na quinta-feira (1 de janeiro de 2015), seguido da sexta-feira (02
de janeiro de 2015). O homicídio que aconteceu, foi praticado no sábado (3 de
janeiro de 2015).
Tabela 5. Homicídios, roubos e furtos no réveillon 2015/2016 por dia da semana.
Dezembro 2015 Janeiro 2016
DELITO DIA SEMANA ∑
30 31 1 2 3 4
DOM 0 0 0 0 12 0 12
QUA 5 0 0 0 0 0 5
QUI 0 13 0 0 0 0 13
FURTO SÁB 0 0 0 19 0 0 19
SEG 0 0 0 0 0 6 6
SEX 0 0 14 0 0 0 14
TER 0 0 0 0 0 0 0
SOMA 5 13 14 19 12 6 69
SÁB 0 0 0 0 0 0 0
HOMICÍDIO
SEG 0 0 0 0 0 1 1
SOMA 0 0 0 0 0 1 1
DOM 0 0 0 0 1 0 1
QUA 5 0 0 0 0 0 5
QUI 0 6 0 0 0 0 6
ROUBO SÁB 0 0 0 8 0 0 8
SEG 0 0 0 0 0 2 2
SEX 0 0 12 0 0 0 12
TER 0 0 0 0 0 0 0
SOMA 5 6 12 8 1 2 34
Fonte: SIAC (2017)
Em relação ao período de réveillon 2015/2016 no distrito de mosqueiro o dia
da semana de maior incidência de furto foi o sábado (2 de janeiro 2016), o com a
maior quantidade de roubos foi a sexta-feira (1 de janeiro de 2016), e o homicídio
ocorreu na segunda-feira (4 de janeiro de 2016).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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