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Arte no neolítico

Definição do período histórico e condições


O Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida, refere-se a uma divisão da Pré-História
que teve início em 18.000 a.C. e terminou em 5.000 a.C., sendo que foi quando os
utensílios de pedra, matéria prima mais importante, mostraram acabamento mais
apurado com polimento (que deu origem ao nome da idade) em que duas pedras eram
atritadas, para se tornarem mais afiadas.
Após o término da última glaciação do hemisfério norte que ocorreu na transição do
Paleolítico Superior para o Neolítico, houve um aumento da população humana, o que
tornou mais difícil a sobrevivência com a caça e a coleta apenas. Esse fato teve como
consequência a Revolução Agrícola, que começou na Mesopotâmia, em que os
homens iniciaram sua sedentarização praticando a agricultura, principalmente de
grãos e o pastoreio de bois e ovelhas.
Essa passagem da economia de coleta para a produção de alimentos proporcionou
mudanças tecnológicas e o desenvolvimento da arte, visto que esses primeiros
aglomerados urbanos poderiam praticar outras atividades não diretamente ligadas à
subsistência.
O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos apurados
do caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração
e racionalização. Como consequência surge um estilo simplificador e geometrizante,
sinais e figuras mais que sugerem do que reproduzem os seres. Os próprios temas da
arte mudaram: começaram as representações da vida coletiva.
Assim o homem neolítico passa a caracterizar um novo processo de modo de vida:
processo de sedentarização. Isso era necessário, pois havia um crescimento populacional,
e, com o controle da produção de alimentos e da criação de gado, poderia-se aumentar
essa produção para suprir as necessidades. A produção de alimentos baseava-se no
cultivo de cereais — inicialmente trigo e cevada —, e a criação de gado baseava-se em
animais com chifres e em caprinos, além de carneiros. Esse processo ocorrido —
transição de caça e pesca para um processo de cultivo de alimento e criação de gado —
chama-se Revolução Neolítica.[7][1]

Cerâmica
Para armazenar os cereais, alimentos colhidos e água em recipientes, a fim de estocá-
los, o homem precisava de um material impermeável, resistente e de fácil fabricação.
O material encontrado foi a argila, que após queimada, deu origem à cerâmica. Porém
muito pouco se sabe sobre esta área da arte neolítica, uma vez que o material se
desgasta facilmente com o tempo.
A cerâmica foi uma escolha acessível e prática para o homem, visto que a argila se
torna fácil de moldar quando umedecida. Primeiramente, eles colocavam uma massa
de argila descansando no chão e começavam a moldá-la com formas simples. O
segundo era fazer um buraco na terra onde ela novamente repousaria, conservando a
sua umidade. Uma massa base era feita. Depois era feita a técnica do cordão: uma
série de “cordas” eram feitas de acordo com o tamanho do recipiente, para que depois
fossem colocadas em círculo.
Após esses procedimentos, eram usadas pedras para o alisamento da superfície tanto
interna quanto externa, a fim de dar coesão às paredes do recipiente. Ou ainda, eles
poderiam usar espátulas para eliminara as irregularidades e dar origem a peças muito
bem formadas. O procedimento mais complexo era o polimento em que eles usavam
banho de amido para impermeabilizar e dar brilho.
Como a cerâmica também era uma atividade artística, eram usadas decorações
impressas, técnica que consistia na pressão de qualquer instrumento contra a
superfície da argila ainda antes de ser queimada. A impressão mais simples era feita
com pontilhados de objetos pontiagudos. No Mediterrâneo foram encontradas as
chamadas cerâmicas cardiais, com detalhes feitos com conchas de berbigão, um
molusco que contém uma concha com formato parecido com um coração. Além disso,
eles faziam sulcos nesses recipientes, com o auxílio de pedras com ponta fina e
arredondada.
Finalmente, o fogo era usado para efetuar a queima da argila já montada e
personalizada. Esse último procedimento era especialmente importante, visto que ele
que dava a consistência mais endurecida ao material. Além disso, progressivamente
esses homens perceberam que o uso de gravetos e troncos secos na queima, poderiam
deixar a cerâmica amarelada, rósea ou vermelha. Percebe-se a preocupação com a
geometria e a simetria é uma das características mais importantes.
Uma das histórias que se diz para o início da cerâmica, diz que os homens ao pisarem
na terra molhada e perceberem que depois ela secava e a marca de seus pés
permanecia, eles imaginaram que esse material seria apropriado para fabricar
utensílios. Foi então que resolveram usar o fogo, pois se a secagem ao ar livre já
conseguia deixar marcas, com fogo esse procedimento seria mais eficaz e forte, a
ponto de endurecer bem o material.
Exemplo: Cerâmica Jomon
O período Jomon é considerado o nome da primeira cultura do arquipélago japonês,
sendo que os ancestrais desse povo ocuparam as ilhas nipônicas desde 14.000 a.C. até
300 a.C. Esse povo criou algumas das mais antigas peças de cerâmica da história,
conhecidas como Cerâmica Jomon que datam de 14.000 a.C.
Jomon significa padrões de corda, pois as decorações das cerâmicas pareciam cordas.
Esses objetos eram feitos à mão, com argila mole misturada com outros materiais,
como fibras e conchas. Eles costumavam suavizar as paredes, com técnicas de
alisamento ou espátulas provavelmente, para depois fazerem seus desenhos. As
primeiras eram usadas para cozinhar, mas posteriormente foram ampliando suas
funções.
A maioria da cerâmica Jomon tem bases arredondadas e os vasos são tipicamente
pequenos. Isto mostra que os vasos seriam tipicamente usados para cozer comida, talvez
apropriados para fogueira [8]. Mais tarde pedaços de cerâmica Jomon estão mais
elaborados, especialmente durante o período Jomon Médio, onde as bordas das panelas
tornaram-se muito mais complexas e decoradas

Aldeamentos
Por conta da Revolução Agrícola, as comunidades passaram a viver ao redor dos
campos e dos pastos, nisso houve o desenvolvimento de moradias rudimentares, mais
solidas e cômodas do que as anteriores que eram compridas e retangulares. Essas
casas eram construídas em terras férteis, próximas de cursos de água e bons pastos.
Eram construídas com os materiais que haviam na região, sendo que podiam ser de
pedra, madeira, tijolos ou argila e eram usados galhos sobrepostos, cobertos por
barro. O material mais utilizado era o adobe e os telhados eram de folhas ou colmo
(palha). As primeiras casas tinham apenas uma divisão, no centro da casa havia uma
lareira e os moveis eram fixos, feitos do mesmo material que a casa. Os moveis
também poderiam ter sido de madeira, porém se deterioraram com o passar do
tempo. Dentre os móveis haviam camas e prateleiras para guardar utensílios. A
iluminação e o calor vinham das lareiras, que serviam também para cozinhar. O
tamanho dependia do clima do ambiente e elas poderiam ter estruturas de argila para
facilitar os cozimentos.
Alguns aldeamentos eram cercados por muralhas rudimentares para proteger os
aldeamentos e os rebanhos. Algumas poucas aldeias que apresentavam esses
instrumentos de defesa utilizavam objetos ao redor das aldeias, como fossos
(cavidades no solo) e as paliçadas (estacas).
Çatal Huyuk (“Colina da Encruzilhada”)

Foi uma aldeia neolítica, hoje considerada a cidade mais antiga do mundo, descoberta pelos
arqueólogos no século XX e trata-se de uma das mais antigas aldeias já encontradas (7.000
a.C.). A planície de Konya, sendo desprovida de pedras e fértil, por ser uma região de
enchentes de rios, apesar de ser uma paisagem desértica. As casas foram construídas com
adobe feito de argila e palha, colocados em moldes de madeira e secos ao sol.

No entanto, uma das características mais espetaculares das casas de Çatal Huyuk reside no
fato de que o acesso a todas as construções da cidade, casas ou santuários, era feito pelo teto,
com o auxílio de uma escada. Alem disso, até agora percebe-se que a arquitetura domestica
deles ignorava as janelas, pois não foram encontradas ate agora.

As casas são pouco decoradas. Todavia, as paredes dos santuários, que as vigas de madeira
inseridas nos muros dividem em grandes painéis, nos forneceram os mais antigos afrescos que
se conhecem até hoje. Os afrescos encontrados nos numerosos santuários, as estatuetas
femininas esculpidas em pedra ou modeladas em argila, os relevos, as cabeças de animais,
principalmente bovinos, revelam misterioso culto e estreita relação entre magia e arte.

Ferramentas

No Neolítico, os seres humanos criaram ferramentas de pedra, o material mais usado e


aprimorado na época. A madeira, os ossos e outros materiais (como chifres, cordas e couro)
também foram usados, porém a pedra foi a mais utilizada na fabricação de ferramentas e
armas.
Para o cultivo de terras foi inventado o plantador, bastão empregado como cavadeira em
algumas regiões. Em outras, foram desenvolvidas as enxadas, laminas feitas de pedra ou chifre
que, posteriormente, foram feitas de madeira.

Ainda na questão da agricultura, para a colheita de cereais e sua posterior transformação em


farinha, foram desenvolvidos implementos (indispensáveis). O primeiro dele era a ceifadora,
formada por pequenos pedaços retos de madeira que tinham fileiras de pedra constituídas por
serras. Outra era a foice curva, constituída por madeira e ossos, especialmente maxilares de
animais. Os grãos eram triturados por pedras arredondadas.

Além disso, por conta da criação de gado e do risco de eles serem roubados, foram
desenvolvidas armas e objetos defensivos, principalmente machados de guerra em pedra e
objetos de sílex, rocha dura e com corte incisivo, por conta das arestas afiadas produzidas
quando quebrada. Esse último material (sílex) também era usado para acender fogueiras, pois
com o atrito eram produzidas faíscas.

Com o progresso da agricultura, foram desenvolvidos novos instrumentos para efetivar essa
prática, como: machados, facas, foicinhas, enxadas, martelos e até arados de madeira.

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