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Escola Estadual Jorge Lopes Raposo

Disciplina: ITINERÁRIO FORMATIVO EM HUMANAS – Problemas Contemporâneos


Tema: Questões Urbanas -Resíduos
Turmas de SEGUNDA ETAPA
Professor Ricardo Torres

O nome Aurá é proveniente do rio de mesmo nome que tem sua nascente entre as coord. 9.844.189N e 789.400E
e, flui formando uma bacia composta pelos igarapés Santo Antônio e Cafezal, até alcançar o rio Guamá nas
coord. 9.839.100N e 789.400E, com uma foz de 86,4 m de largura. Aurá é também um dos 48 bairros do
município de Belém. Localizado na região sudeste, entre os bairros de Águas Lindas e Curió-utinga, é também
um dos 15 bairros do município de Ananindeua.
As terras localizadas as margens da bacia do Aurá pertenciam ao Instituto Agronômico do Norte (IAN) e
posteriormente a Embrapa – Amazônia Oriental.
Na década de 1960, dirigentes e pesquisadores do IAN com o objetivo de preservar para estudo cientifico uma
expressiva parcela da vegetação nas influenciais da cidade de Belém próxima ao rio Guamá, criaram em 17 de
janeiro de 1966 a Área de Pesquisa Ecológica do Guamá (APEG), começaria a história de preservação destas
frações de florestas.
Sob a orientação da atual Embrapa a população rarefeita foi orientada sobre a proibição de desmatar a área e
realizar agricultura familiar, fazendo com que as populações vivessem essencialmente do extrativismo de frutas
e da pesca.
Na década de 1970, o botânico do IAN João Murça Pires registra em seu trabalho que a APEG (local em que a
bacia do Aurá esta inserida) ocupa uma área de floresta de 507 hectares, dos quais 78,89% (400 há) são
ecossistemas de várzea, 19,72% são ambientes de igapó e apenas 1,12% compõem floresta de terra firme.
Em 1991 foi estabelecido o aterro sanitário do Aurá, ao longo dos anos o aterro que deveria fazer o tratamento
do lixo e dos seus resíduos tornou-se um depósito de lixo, conhecido como lixão do Aurá.
Em 16 de dezembro de 1993, foram definidos através da Lei 5.778 os limites Políticos-administrativos e
territoriais entre os municípios de Belém e Ananindeua, através de acordo celebrado por suas prefeituras em 2
de outubro de 1991. A área do lixão pertencente ao município de Ananindeua passa a fazer parte de Belém.
As populações que habitam as margens do rio Aurá pertencem à comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes,
que ocupa uma área de 17 km² e são habitadas desde o inicio da década de 1940.
Atualmente a comunidade é formada por 53 casas, ocupadas por 240 pessoas, distribuídas por três rios
principais: 31 no rio Aurá, 01 no rio Uriboquinha (braço direito do rio Uriboca) e 21 no interflúvio entre os rios
Aurá e Uriboca na margem direita do rio Guamá.
A população é composta principalmente por católicos, seus acontecimentos religiosos, como missas e círios, têm
como referência a Escola N. Sra. dos Navegantes, sendo a procissão realizada no terceiro domingo de agosto.
Suas atividades são determinadas pelas marés e, os principais produtos explorados são o açaí e o cacau.
O turismo é uma das possibilidades que poderiam contribuir com a economia local, aproveitando suas
características peculiares do ambiente conservado e do estilo de vida e econômico. Suas casas e o ambiente já
foram usados para compor os cenários de três películas cinematográficas: A missão, Floresta de esmeraldas e
Conspiração do Silêncio.
Os principais problemas enfrentados pela comunidade são a falta de: energia elétrica, saneamento básico,
sistema de abastecimento de água potável, educação para jovens e adultos, posto de saúde, segurança e a
poluição ambiental provocada pelo lixão do Aurá, que transformou um passado de vida saudável em um
presente de doenças, provocado pela água contaminada, dizimando peixes, camarões e mamíferos, produzindo
um cenário fétido na dinâmica das marés.
A escolha do local para a implantação do atual aterro controlado do Aurá foi infeliz, pois não se atentou à
proximidade do mesmo às nascentes dos rios, seus principais responsáveis pelo problema, segundo os
moradores, são os políticos que o criaram, sem se preocupar com as pessoas que habitam as margens da bacia
do Aurá e que dependem da água para a sua sobrevivência.
Atualmente o aterro recebe 900 toneladas de lixo diariamente, ocupando uma área de 60 hectares, e já avança 3
km para além da área do aterro na forma de lixão clandestino ameaçando a qualidade de vida dos moradores da
comunidade Nova Vida. Os moradores de N. Sra. dos Navegantes residem no Aurá a mais de 70 anos, as
autoridades deveriam reconhecer que eles são os principais responsáveis pela formação social, econômica,
histórica e cultural da bacia do Aurá, rio de grande importância natural para identidade cultural do povo destas
duas cidades, que nem imaginam tanta beleza e ao mesmo tempo tantos problemas sociais juntos em um só
lugar.
A bacia do Aurá pede socorro.
FONTES: LISBOA, P. L. B. (org.). Aurá: comunidades e florestas. Belém: MPEG, 2009. PARANAGUÁ, P.; MELO, P.; SOTTA, E. D.;
VERÍSSIMO, A. Belém Sustentável. Belém: Imazon, 2003

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