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DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES

DIREÇÃO DE SERVIÇOS REGIÃO ALGARVE


AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO - CÓD. 145348
ESCOLA SECUNDÁRIA C/3.º CICLO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO (SEDE CÓD. 403726) – EB 2,3 Infante D. Fernando – EB1/JI Manuel Cabanas

Filosofia – 10º Ano


ANO LETIVO 2023/2024
29/02/2024

O mesmo método de reflexão usado na secção anterior sobre as conetivas proposicionais e as


funções de verdade que lhes correspondem permite confirmar que muitas formas de inferência são
inválidas. Em diversos casos, essa invalidade é reconhecida de maneira intuitiva. Mas há algumas formas
de inferência que, apesar de serem inválidas, podem parecer válidas (a pessoas com menor
conhecimento de lógica). Quando um argumento é inválido, mas parece válido, chamamos-lhe uma
falácia (é todo o raciocínio ou inferência que se apresenta incorreto ou inválido). A forma de inferência
ou forma argumentativa correspondente é uma forma falaciosa.

FALÁCIA DA AFIRMAÇÃO DA CONSEQUENTE


(P→Q)
Q
∴P

EXEMPLOS:
“Se Raimundo é jogador de basquetebol, então tem mais do que 1,70m de altura.
Ora Raimundo tem de facto mais do que 1,70m de altura. Logo, Raimundo é jogador de basquetebol.”

“Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade.


Dizes-me sempre a verdade. Logo, és meu amigo.

COMENTÁRIO
Este argumento é inválido. É fácil imaginarmos uma circunstância em que as duas premissas seriam
verdadeiras: basta para isso supormos que todos os jogadores de basquetebol medem mais do que 1,70m
e que Raimundo mede 1,75m. Mas é perfeitamente possível, numa circunstância assim, que Raimundo
não seja jogador de basquetebol (e que, por isso, a conclusão seja falsa). Então, a conclusão não se
segue das premissas.
Esta forma argumentativa pode ser enganadora devido à sua semelhança com o MODUS PONENS, a 2ª
premissa afirma a antecedente da condicional (para concluir a consequente), enquanto aqui ela afirma a
consequente (para concluir a antecedente).
Suponhamos que P é falsa e Q é verdadeira. Então, (P → Q) é verdadeira. Nesse caso, as duas
premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa. Logo, é possível que as premissas sejam verdadeiras
e a conclusão seja falsa – o que mostra que a inferência é inválida.

P Q (P →Q ) Q P
V V V V V V V ⇦
V F V F F F V
F V F V V V F ⇦
F F F V F F F

A primeira premissa é verdadeira nas linhas 1,3 e 4. A segunda premissa é verdadeira nas linhas 1 e 3.
Por isso, há duas linhas – a linha 1 e a linha 3 – em que as premissas são ambas verdadeiras. Se a forma
argumentativa fosse válida, a conclusão seria verdadeira nessas duas linhas. Mas na linha 3 a conclusão
é falsa. A linha 3 mostra que, nesta forma argumentativa, existe a possibilidade de as premissas serem
verdadeiras e a conclusão ser falsa. Portanto, a forma argumentativa é inválida.

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FALÁCIA DA NEGAÇÃO DA ANTECEDENTE
(P→Q)
¬P
∴ ¬Q

EXEMPLO:
“Se Florbela tem carta de condução, então a sua visão é razoavelmente boa. Mas Florbela não tem carta
de condução. Logo, a sua visão não é razoavelmente boa.”

“Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. Não és meu amigo, Logo, não me dizes sempre a
verdade.”

COMENTÁRIO
Este argumento é inválido. É possível que ver bem seja uma condição necessária para ter carta de
condução e que Florbela veja bem, mas não tenha carte de condução. Portanto, é possível as premissas
serem verdadeiras e a conclusão ser falsa – e isso mostra que a conclusão não se segue das premissas.
Esta forma argumentativa pode ser enganadora, devido à sua semelhança com o MODUS TOLLENS. No
MODUS TOLLENS, a 2ª premissa nega a consequente da condicional (para se concluir a negação do
antecedente), enquanto aqui ela nega a antecedente (para se concluir a negação da consequente). Uma
condicional com antecedente falsa é sempre verdadeira, qualquer que seja o valor de verdade do
consequente. De acordo com a 2ª premissa desta inferência, P é falsa. Então, da verdade de (P→Q) nada
podemos concluir acerca do valor de Q: Q pode ser verdadeira, mas também falsa.

A tabela de verdade confirma a invalidade desta forma de inferência:

P Q (P →Q ) ¬ P ¬ Q
V V V V V F V F V
V F V F F F V V F
F V F V V V F F V ⇦
F F F V F V F V F ⇦

Há duas linhas – as linhas 3 e 4 – em que as premissas são ambas verdadeiras. Mas na linha 3 a
conclusão é falsa. Existe a possibilidade de as premissas serem verdadeiras e a conclusão ser
falsa. Por isso, a forma argumentativa é inválida.

ATIVIDADES
1. O que é uma falácia?
RESPOSTA: _____________________________________________________________________

2. O argumento seguinte é válido ou inválido? Justifique.


“Se ganhar o Euromilhões, Raimundo compra um barco. Raimundo não ganha o Euromilhões,
Logo, Raimundo não compra um barco.”

RESPOSTA: _____________________________________________________________________

3. O argumento seguinte é válido ou inválido? Justifique.


“Se Florbela lhe ataca a Torre, Raimundo avança com o Bispo. Raimundo não avançou com o
Bispo. Podemos concluir daí que não lhe atacou a Torre.

RESPOSTA: _____________________________________________________________________

Trabalho!
A professora, Susana Girão

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