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ELETIVA DE RACIOCÍNIO LÓGICO – __ª SÉRIE ___

FOLHA 04
CÁLCULO
PROPOSICIONAL

1. Condicionamento

Considere a proposição: Se a chuva continuar a cair, então o rio vai transbordar.

Esta é uma proposição composta pelas duas proposições “a chuva continuar a cair” e “o rio vai transbordar”,
ligadas pelo conectivo “se ... então”. Em Lógica Simbólica este conectivo é chamado “condicional” e
representado pelo símbolo →.

Então, se p e q são proposições, a expressão p → q é chamada condicional de p e q; a proposição p é chamada


antecedente, e a proposição q consequente da condicional. A operação de condicionamento indica que o
acontecimento de p é uma condição para que q aconteça. Como podemos estabelecer o valor verdade da
proposição condicionada, conhecidos os valores verdade do antecedente e do consequente?

Considere novamente a expressão citada. Suponha que ambas as coisas aconteçam, isto é, que a chuva tenha
continuado a cair, e o rio tenha transbordado; nesse caso, a condicional é verdadeira. Suponha, por outro lado,
que a chuva tenha continuado a cair, mas que o rio não tenha transbordado; nesse caso, p não foi condição para
q, isto é, a condicional é falsa. Finalmente, considere que a chuva não tenha continuado a cair; nesse caso,
independentemente do que tenha acontecido com o rio, a condicional é considerada verdadeira.

Por que esse fato ocorre? Por que motivo, a Lógica considera que se o antecedente for falso, a condicional é
verdadeira, qualquer que seja o valor lógico do consequente? Existem vários motivos para isso, e vamos aqui
apresentar o mais simples. Quando o antecedente for falso, temos quatro possibilidades para o valor lógico da
condicional:
Possibilidade da
condicional
1ª 2ª 3ª 4ª
Antecedente F Consequente V V V F F
Antecedente F Consequente F V F V F

Se a Lógica adotasse a segunda possibilidade, a condicional assumiria os mesmos valores lógicos do


consequente, independentemente do antecedente, o que não parece razoável; se assumisse a terceira, o
antecedente e o consequente poderiam ser permutados, sem modificar o valor lógico da condicional, o que
também não parece ser razoável (se o rio transbordar, a chuva vai continuar caindo).

Finalmente, se a quarta possibilidade fosse adotada, a condicional não se distinguiria da conjunção; resta então
a primeira possibilidade, que é a adotada pela Lógica.

Como já dissemos, a Lógica não se preocupa com os significados das expressões, mas somente com sua forma.
Podemos então considerar que a operação de condicional foi definida da forma pela qual foi apresentada, sem
a preocupação de que o antecedente seja “causa” do consequente. Nesse sentido as condicionais

Se Dante escreveu Os Sertões então Cabral descobriu o Brasil


Se Dante escreveu Dom Casmurro então Vasco da Gama descobriu o Brasil p q p→q
V V V
são ambas verdadeiras, pois em ambas o antecedente é falso. A tabela que indica o V F F
resultado da operação de condicionamento é apresentada ao lado. F V V
F F V
O conectivo “se ... então” tem vários sinônimos; se representarmos por p a frase “a
chuva continuar a cair”, e por q a frase “o rio vai transbordar”, então p q pode representar qualquer das
expressões abaixo:
“Se a chuva continuar a cair, então o rio vai transbordar”
“Se a chuva continuar a cair, o rio vai transbordar”
“O rio vai transbordar, se a chuva continuar a cair”
“O fato de a chuva continuar a cair implica em o rio transbordar”
“A chuva continuar a cair é condição suficiente para o rio transbordar”.

Bicondicionamento

Finalmente, considere a proposição: João será aprovado se e somente se ele estudar.


Nesse caso, temos duas proposições “João será aprovado” e “ele estudar”, ligadas pelo conectivo “se e somente
se”. Em Lógica Simbólica, essa operação é chamada de “bicondicionamento”, e seu conectivo é representado
pelo símbolo ↔.

Então, se p e q são proposições, a expressão p ↔ q é chamada bicondicional de p e q.


Dizemos que a bicondicional é verdadeira quando ambos os termos são verdadeiros ou p q p↔q
ambos são falsos; quando um é falso e outro é verdadeiro, a bicondicional é falsa. Na a V V V
expressão citada, o conectivo “se e somente se” indica que se João estudar será aprovado, V F F
e que essa é a única possibilidade de João ser aprovado, isto é, se João não estudar, não F V F
será aprovado. Os dois acontecimentos serão ambos verdadeiros ou ambos falsos, não F F V
existindo possibilidade de uma terceira opção. A tabela do bicondicionamento é
apresentada ao lado.

Além do “se e somente se”, a operação bicondicional é indicada por termos como “unicamente se”, “exceto
se” e outras análogas; por exemplo, as expressões

“João será aprovado se e somente se estudar”


“João será aprovado unicamente se estudar”
“João não será aprovado, exceto se estudar”
“João estudar é condição necessária e suficiente para ser aprovado”
todas podem ser representadas por p q, onde p representa “João será aprovado” e q representa
“João estudar”.

1. Sabe-se que Paulo estuda de manhã e trabalha à tarde; Karina trabalha de manhã ou estuda à tarde e se Mário
não estuda de manhã, trabalha à tarde. Ontem todos trabalharam, sendo que dois deles trabalharam juntos.
Acerca disso, marque a alternativa correta:
a) Karina trabalhou com Mário b) Mário estudou de manhã c) Paulo não estudou de manhã
d) Karina estudou à tarde e) Karina não trabalhou com Paulo

2. Em uma carpintaria há mestres-carpinteiros e aprendizes. Os mestres têm todos a mesma capacidade de


trabalho, assim como os aprendizes. Se 8 mestres, junto com 6 aprendizes, têm a mesma capacidade de produção
de 6 mestres, junto com 10 aprendizes, a capacidade de um dos mestres, sozinho, corresponde à:
a) de 2 aprendizes b) de 3 aprendizes c) de 4 aprendizes d) de 5 aprendizes e) de 6 aprendizes

3. Maria só usa condicionador se antes tiver usado xampu e só usa xampu quando seus cabelos estão
completamente molhados. Maria só tem seus cabelos completamente molhados durante o banho. Se Maria não
usou xampu hoje, então ela
a) tomou banho, mas seus cabelos estiveram secos.
b) não tomou banho ou seus cabelos estiveram secos.
c) não molhou completamente os cabelos, caso tenha tomado banho.
d) não terá usado condicionador, caso tenha tomado banho.
e) não usou condicionador, apesar de ter tomado banho.

4. Sabe-se que a ocorrência de B é condição necessária para a ocorrência de C e condição suficiente para a
ocorrência de D. Sabe-se, também, que a ocorrência de D é condição necessária e suficiente para a ocorrência
de A. Assim, quando C ocorre:
a) D ocorre e B não ocorre b) D não ocorre ou A não ocorre c) B e A ocorrem
d) Nem B nem D ocorrem e) B não ocorre ou A não ocorre

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