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Modernismo
A doença do Antunes
Lima Barreto
A menina amarela
João do Rio
Cabelos compridos
Monteiro Lobato
Lima Barreto
A DOENÇA DO ANTUNES
A fama do doutor Gedeão não cessava de crescer.
Não havia dia em que os jornais não dessem noticia de mais uma proeza por ele
feita, dentro ou fora da medicina. Em tal dia, um jornal dizia: "O doutor
Gedeão, esse maravilhoso clínico e excelente goal-keeper, acaba de receber um
honroso convite do Libertad Foot-ball Club, de São José de Costa Rica, para
tomar parte na sua partida anual com o Airoca Foot-ball Club, de Guatemala.
Todo o mundo sabe a importância que tem esse desafio internacional e o
convite ao nosso patrício representa uma alta homenagem à ciência brasileira e
ao foot-ball nacional. O doutor Gedeão, porém, não pôde aceitar o convite, pois
a sua atividade mental anda agora norteada para a descoberta da composição
da Pomada Vienense, específico muito conhecido para a cura dos calos."
O doutor Gedeão vivia mais citado nos jornais que o próprio presidente da
república e o seu nome era encontrado em todas as seções dos cotidianos. A
seção elegante de O Conservador, logo ao dia seguinte da noticia acima,
ocupou-se do doutor Gedeão da seguinte maneira: "O doutor Gedeão Cavalcanti
apareceu ontem no Lírico inteiramente fashionable. O milagroso clínico saltou
do seu coupé completamente nu. Não se descreve o interesse das senhoras e o
maior ainda de muitos homens. Eu fiquei babado de gozo.
O seu consultório vivia tão cheio que nem a avenida em dia de carnaval, e havia
quem dissesse que muitos rapazes preferiam-no, para as proezas de que os
cinematógrafos são o teatro habitual.
José Antunes Bulhões, sócio principal da firma Antunes Bulhões & Cia.,
estabelecido com armazém de secos e molhados, lá pelas bandas do Campo dos
Cardosos, em Cascadura, andava sofrendo de umas dores no estômago que não
o deixavam comer com toda liberdade o seu bom cozido, rico de couves e nabos,
farto de toucinho e abóbora vermelho, nem mesmo saborear, a seu contento, o
caldo que tantas saudades lhe dava da sua aldeia minhota.
Era ir para a mesa, lá lhe aparecia a dor e o cozido com os seus pertences,
muito cheiroso, rico de couves, farto de toucinho e abóbora, olhava-o,
namorava-o e ele namorava o cozido sem animo de mastigá-lo, de devorá-lo, de
engoli-lo com aquele ardor que a sua robustez e o seu desejo exigiam.
Antunes era solteiro e quase casto.
Certo dia, ele leu nos jornais a notícia que o doutor Gedeão Cavalcanti tinha
tido permissão do governo para dar alguns tiros com os grandes canhões do
"Minas Gerais".
— E bom médico?
Vestiu-se o melhor que pôde, dispôs-se a suportar o suplício das botas, pôs o
colete, o relógio, a corrente e o medalhão de ouro com a estrela de brilhantes,
que parece ser o distintivo dos pequenos e grandes negociantes; e
encaminhou-se para a estação da estrada de ferro.
Ei-lo no centro da cidade
Boa profissão, a de médico! Ah! Se o pai tivesse sabido disso... Mas qual!
Pobre pai! Ele mal podia com o peso da mulher e dos filhos, como havia ele de
pagar-lhe mestres? Cada um enriquece como pode...
Foi, por fim, à presença do doutor. Antunes gostou do homem. Tinha um olhar
doce, os cabelos já grisalhos, apesar de sua fisionomia moça, umas mãos alvas,
polidas...
Perguntou-lhe o médico com muita macieza de voz:
Antunes foi-lhe dizendo logo o terrível mal no estômago de que vinha sofrendo,
há tanto tempo, mal que desaparecia e aparecia mas que não o deixava nunca.
O doutor Gedeão Cavalcanti fê-lo tirar o paletó, o colete, auscultou-o bem,
examinou-o demoradamente, tanto de pé como deitado, sentou-se depois,
enquanto o negociante recompunha a sua modesta toilette.
Antunes sentou-se também, e esperou que o médico saísse de sua meditação.
Foi rápida. Dentro de um segundo, o famoso clínico dizia com toda segurança:
— O senhor não tem nada.
Antunes ergueu-se de um salto da cadeira e exclamou indignado:
— Então, senhor doutor, eu pago cinqüenta mil-réis e não tenho nada! Esta é
boa! Noutra não caio eu!
Havia oito dias, Pedro de Alencar, aquele rapaz tão distinto e com uma posição invejável,
ia seguidamente à casa de Flora Berta. Toda a roda estava admirada. Pedro – criatura feita
de aristocracias inatas, cultor de elegâncias, encafuado num conventilho da Cidade Nova,
entre mulheres de má vida, apaixonado pela Flora Berta, gordinha e vulgar nos seus vinte
anos! Parecia impossível! Era decerto um novo vício, mais uma esquisitice moral.
Depois, Flora, curioso ser de instinto, tinha um amante, sujeito forte e carnudo, em casa
a noite e o dia; e mais uma tropa de amigos íntimos que se aproveitavam dos
esquecimentos da proprietária; para almoçar, jantar, dormir e, sempre que havia ocasião,
amar. Não! Era impossível. Entretanto, Pedro de Alencar estava cada vez mais preso, e
ao encontrar um dos seus mais acirrados amigos, deu a solução do enigma daquela
atração.
A casa em que Pedro de Alencar estava de observação tinha no quarto da frente Flora
Berta, com uma cama quebrada, um sofá servindo de toilete e as fotografias e os cartões
postais dos seus apaixonados, pregados a tacha pelas paredes. As paredes estavam
cobertas dessa ilustração amorosa e edificante. No quarto pegado, morava a Rosinha da
Gruma, uma pobre mulher de boca mole e dentadura postiça, que se fizera especialista
em amar meninos. Tinha talvez trinta permanentes, dos treze aos dezoito anos, que lhe
levavam os magros vinténs, ardendo de devotamento e choravam quando se viam
preteridos pelo mais velho, bela envergadura de atleta, cujo primeiro e único carinho fora
a aplicação de uma sova tremenda. Na alcova pegada, morava um tipozinho franzino e
pintado, a Formiga, apaixonada por um adolescente belo como o Perseu de Benevenuto,
e no quarto da sala de jantar, rebaixada por falta de pagamento, Nina Banez, ex-cantora
de café-concerto, subitamente empolada pelas caretas de um cômico jovem chamado
Andrade. Ainda para os fundos moravam a velha mãe de Flora, com um tipo valentaço,
que lhe batia diariamente, o irmão de Flora, ser ambíguo e serpentino, e a criada – uma
criada baiana, sempre envolta num chalé e fumando certo cachimbo tão comprido, que
parecia mais um narguilé.
Esse pessoal fazia ponto de reunião na estreita casa de jantar, onde, além da mesa, de um
guarda-comida e da bilha de barro, havia uma lousa negra, em que se expunham os nomes
das pessoas devedoras. Para passar aos quartos, passava-se por ali. Quartos havia que
exigiam mesmo a passagem por outro. De modo que de repente, na conversa animada,
havia um silêncio. Era alguém que entrava.
– D. Rosinha está?
– Vou ver.
Ia apenas prevenir. O que estava, saía por outra porta a vir tomar cerveja, e a Rosinha
aparecia calma e sorridente:
– Subamos juntos.
– Parece-me…
O Sr. Francisco subiu. Foi um acontecimento. Entre Francisco e Pedro, Flora Berta
irradiava de orgulho e de prazer. Francisco era a sua satisfação física. Pedro o seu apetite
de efeito. O segundo era mostrado como se mostra um colar de preço; o outro era invejado
como um jantar sempre quente. E, verdadeiramente repartida, pendida para Pedro, com
as mãos para Francisco, parecia felicíssima. De resto, embaixo, o automóvel de Pedro
carbunculava na treva, e ela não resistia em ir correr a imensa Avenida do Mangue, um
manto apenas sobre as espáduas nuas como Frinéia, só com o seu homem de luxo…
Mas o agradável eram as tardes e as noites passadas na sua alcova paupérrima. Berta
fechava-se por dentro, farta daquela vida, querendo uma casinha com palmeiras e
canários. De um lado Francisco, sempre enleado, sorria; de outro, Pedro, muito alegre,
fazia-lhe perguntas, e ela deitada, ria a morrer e contava coisas, como desde criança
imaginara ser raptada, a fuga aos quatorze anos com o marido, um barbeiro, aliás, meio
tolo, o abandono da casa por causa dos ciúmes da mamã, a quem sustentava.
– E agora?
E piscava os olhos para o Francisco, se Pedro estava voltado, tendo o cuidado de significar
por um sinal qualquer a Pedro a sua preferência. O Sr. Francisco talvez acreditasse. Pedro
divertia-se, amando, afinal, como devia amar essa criaturinha, ingênua, apesar de
perdidíssima naquele ambiente de crápula. Era dos que se contentam com o que as
mulheres dão, achando-as sempre generosas, por piores que elas sejam. E isso dava-lhe
em pouco tempo uma enorme vantagem sobre todos os outros.
– Juro!
– Não! não! clamava Flora Berta, louca de riso com a idéia do julgamento e da morte dos
retratos.
Horas depois as paredes estavam nuas e Pedro sentia aquele misto de contentamento e de
tristeza que tem todo o homem moderno, quando irreparavelmente o mundo lhe mostra o
vácuo dos sentimentos. Era inacreditável! Não sentiam aqueles seres, não pensavam, não
tinham um toque que os díferençasse dos animais, e pareciam felizes e viviam. Talvez
fosse melhor não sentir, porque o pudor é a diferenciação do homem, e aqueles sem pudor
viviam radiantes. Nenhum deles teria ao menos um laivo de decoro d’alma?
Talvez tivesse, mas tão apagado, tão liquefeito, e com certeza tão extemporâneo! Os
homens pareciam ir ali despir a vergonha para estar à vontade; as mulheres nascidas
naquele meio desde crianças, ainda impúberes e já com o conhecimento completo das
mais tremendas luxúrias, prestando-se a todas as ignomínias, ignoravam mesmo o que
fosse o pudor. E a sua dignidade, – porque elas tinham dignidade – era ter muitos amantes
e não se zangar quando as outras lhes tomavam alguns.
– É o Francisco.
– Não, ele bate de outro modo. Decerto alguém que vai passar para o quarto da Rosinha.
Deu a volta à chave, abriu. Diante deles estava, com a sua saia suja, o casaco em tiras, o
cabelo de estopa por pentear, uma pobre menina.
Era horrível.
Pequena, miúda, magra, o pescoço fino, tremia como se viesse da neve. E parecia que lhe
tinham dado por dentro da pele um violento banho de enxofre. Tinha jalde a face, a pele
das mãos era amarela, os lábios, sem sangue, laivavam-se de amarelo, e nas olheiras cor-
de-perpétua a esclerótica era cor-de-ovo. Lembrava um espectro de pesadelo, um ser
irreal, onde só os seios duros e eretos davam uma impressão de vida impetuosa.
– Foi a senhora sua mãe que mandou. Pensava estar só, balbuciou a petiz.
– Tem medo, é uma tola. Imagina tu que tem medo aos homens! Por isso não aparece.
Mas de novo arranhavam à porta. E de fora uma voz lívida, voz de medo, de angústia, de
pavor, de choro, quase soluçante, dizia:
Prevendo uma violência da encantadora Flora e mais do que tudo cheio de curiosidade,
Pedro ergueu-se rápido e tomou abrir a porta.
– Vá, entre.
– Fala, menina, não tremas. Este senhor não te faz mal. É isso. Vê homem, começa a
tremer! Ó Maria, como te chamas? Conta como foi, rapariga, vem cá…
A pequena amarela olhou-os um instante mais, convulsionou-se num soluço que lhe
esbugalhava o olhar e deitou a correr pelo corredor. Houve um silêncio, logo interrompido
pelo riso de Flora Berta.
– Três meses. Foi o pai que a colocou aqui. Tem doze anos e já com aqueles seios…
– Mas está doente, filha. Nunca vi na minha vida uma criatura tão amarela.
Flora voltou-se no leito. Estava linda com a sua carne de leite e rosa.
– Não. Aquilo foi de repente. Há quatro meses um carroceiro, amigo do pai, agarrou-a de
noite, à força. No outro dia foram encontrá-la assim, a soluçar, não podendo olhar os
homens sem tremer, sem fugir. Nem mesmo o pai. E amarela, toda amarela, filho. O
médico disse que foi de horror…
No dia seguinte os hóspedes alegres da casa de Flora Berta verificaram com mágoa que
Pedro de Alencar, aquele rapaz tão distinto e com uma posição invejável, deixava de
aparecer.
Cabelos compridos – Monteiro Lobato
Das Dores é isso, só isso — boazinha. Não possui outra qualidade. É feia, é desengraçada,
é inelegante, é magérrima, não tem seios, nem cadeiras, nem nenhuma rotundidade
posterior; é pobre de bens e de espírito; e é filha daquele Joaquim da Venda, ilhéu de
burrice ebúrnea — isto é, dura como o marfim. Moça que não tem por onde se lhe pegue
fica sendo apenas isso — boazinha.
Só tem uma coisa a mais que as outras — cabelo. A fita da sua trança toca-lhe a barra da
saia. Em compensação, suas ideias medem-se por frações de milímetro, tão curtinhas são.
Cabelos compridos, ideias curtas — já o dizia Schopenhauer.
Das Dores só faz o que as outras fazem e porque as outras o fazem. Vai à igreja aos
domingos de livrinho na mão, ouve a missa, ouve a prédica, reza. Nunca falhou um dia.
Se lhe perguntarem o porquê daqueles atos, responderá, muito admirada da pergunta:
O grande argumento de Das Dores é esse: as outras. Ouve o sermão do padre e chora nos
lances trágicos, não porque compreenda algo daquela retórica, nem porque sinta vontade
de chorar — mas porque as outras choram.
Toma tudo quanto ouve ao pé da letra, incapaz que é de galgar do concreto ao abstrato.
Se ouve falar em “fazer pé de alferes”, fica a pensar em pés e mãos de alferes e tenentes.
Uma vez foi à prédica de um padre em missão pela zona, orador famoso pelas muitas
almas que desatolara do chafurdeiro de Satanás. Ouviu-lhe muita coisa que não entendeu,
mas entendeu um pedacinho que terminava assim: “Meditai, meus irmãos, refleti em cada
uma das palavras das vossas orações cotidianas, pois do contrário não terão elas nenhum
valor”.
Das Dores saiu da igreja impressionada com o estranho conselho e se foi de consulta à tia
Vicência, velha sabidíssima em mezinhas e teologias.
— Tia Vicência viu o que o seu cônego disse? Pra gente pensar em cada palavra senão a
reza não vale?...
— Que coisa, não? — foi o comentário final de Das Dores, que continuava a achar
esquisitíssima aquela ideia.
À noite era seu costume rezar umas tantas orações preventivas dos mil males possíveis
no dia seguinte. Mas até ali as rezara qual um fonógrafo, psi, psi, psi, amém. Tinha agora
que pensar nas palavras. Diabo! Havia de ficar engraçada a reza...
Caiu a noite.
Das Dores meteu-se na cama, cobriu a cabeça com o lençol e deu início à novidade. Abriu
com o Padre-Nosso.
— Padre-Nosso que estais no céu; padre, padre; os padres, padre Pereira, padre vigário...
Padre Luís... Coitado, já morreu e que morte feia — estuporado!... Padre... Que ideia do
seu cônego mandar a gente pensar nas palavras! Nem se pode rezar direito...
“... nosso; nosso é o que é da gente; nossa casa; nossa vida; nosso pai... Pra quem seria
que foi o Nosso-Pai ontem? Para a nhá Veva não é, que ela já melhorou. Seria para o
major Lesbão? Coitado! Quem sabe se a estas horas já não está no outro mundo? Bom
homem, aquele... Tão caridoso... Ó diabo! Estou me distraindo! ‘Nosso’, ‘nosso’... Em
certas palavras não se tem jeito de pensar...
“... que estais no céu: estar no céu, que lindeza não será! Os anjos voando, as estrelinhas,
Nossa Senhora tão bonita com o Menino no braço, os santos passeando de lá para cá... O
céu; céu; céu da boca; céu azul. Por que será que se diz céu da boca?
“... seja vosso nome; nome; nome bonito... Nome feio! Quantos tapas levei na boca por
dizer nomes feios! Quem me ensinava era aquela bruxa da Cesária.
Peste de negrinha! Onde andará ela? ‘Nome de gente’; ‘nome de cachorro’. Gustavo,
bonito nome. Está ali um que se quisesse... Mas nem me enxerga, o mauzinho; é só a Loló
praqui, a Loló prali, aquela caraça de broa... Gustavo é o nome de homem mais bonito
para mim. De mulher é... Rosinha? Não. Merência? Não... ‘Home’, a falar verdade
nenhum. Gustavo. Gustavinho... Ahn, que sono!
“O pão nosso; pão; pão... Por que será que quando a gente repete muitas vezes uma
palavra ela perde o jeito e fica assim esquisita? Pão; pão; pã-o... Por falar em pão, como
anda minguando o pão do Zé Padeiro! E que pão ruim! Azedo... Pão sovado; pão de cará;
pão de Petrópolis...
“... de cada dia; dia; dia; marido da noite; dia de sol; dia de chuva; dia das almas; dia de
anos; dia bonito... E que dia bonito fez ontem! Vão ver que domingo chove. É sempre
assim. Havendo uma festinha, chove mesmo. Amanhã, se fizer bom dia, vou à casa da
Iná. Coitada da Iná! Acontece cada coisa nesta vida...
“... dai-nos hoje; hoje, hoje... Que é que eu fiz hoje? Ahn! Que soneira!
“... e livrai-nos Senhor; senhor; ilustríssimo senhor Gustavo de Silva. Bonito nome!
Senhor amado; Senhor morto; senhor; se-nhor, nhor, nhor-se...
“... de todo o mal; mal; mal... mal... al...”
Os olhos de Das Dores fecharam-se, o corpo moleou e seu sono foi um só até romper o
dia. Ao despertar lembrou-se logo do caso da véspera. Sorriu. Achou que a ideia do
cônego — um padre de tanta fama! — não passava de grossa asneira. E pela primeira vez
na vida duvidou.
— Ora, titia — foi ela dizer à tia Vicência —, aquilo é asneira. Se a gente for pensar em
cada palavra, não pode rezar direito. O cônego que me perdoe, mas ele disse uma grande
bobagem...
Não se sabe se a tia lhe deu razão ou não; mas o fato é que Das Dores continuou a rezar
pelo sistema antigo, mais rápido, mais correntio e com certeza mais agradável a Deus.
Quem se saiu mal do incidente foi o pobre missionário. Cada vez que se referiam a ele
perto de Das Dores, ela floria a cara de uma risadinha irônica.