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Direito Administrativo p/ TRT RS @ProfErickAlves e @ProfSergioMachado

Poderes

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Direito Administrativo p/ TRT RS

Prof. Erick Alves


Prof. Sérgio Machado
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APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................................................4

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................................................................................... 5

PODER VINCULADO ...................................................................................................................................................... 5

PODER DISCRICIONÁRIO ................................................................................................................................................ 5

PODER HIERÁRQUICO ................................................................................................................................................... 9

PODER DISCIPLINAR ................................................................................................................................................... 12

PODER REGULAMENTAR ............................................................................................................................................. 16

Decretos de execução ou regulamentares ............................................................................................................. 17

Decretos autônomos ........................................................................................................................................... 18

Regulamentos autorizados .................................................................................................................................. 19

Controle dos atos regulamentares ....................................................................................................................... 21

PODER DE POLÍCIA ..................................................................................................................................................... 22

Competência ...................................................................................................................................................... 23

Modalidades de exercício ..................................................................................................................................... 23

Fases da atividade de polícia (ciclo de polícia) .......................................................................................................25

Poder de polícia originário e delegado .................................................................................................................. 27

Atributos do poder de polícia ...............................................................................................................................28

Prescrição ........................................................................................................................................................... 30

Distinção entre poder polícia e outras atividades estatais ...................................................................................... 30

ABUSO DE PODER ..................................................................................................................................... 34

DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................................................... 36

Poder-dever de agir ............................................................................................................................................. 36

Dever de eficiência .............................................................................................................................................. 37

Dever de probidade ............................................................................................................................................. 38

Dever de prestar contas ....................................................................................................................................... 38

QUESTÕES COMENTADAS DA BANCA FCC ................................................................................................. 41

LISTA DE QUESTÕES ................................................................................................................................. 80

GABARITO .................................................................................................................................................98

RESUMO DIRECIONADO ............................................................................................................................99

JURISPRUDÊNCIA DA AULA ..................................................................................................................... 101

LEITURA COMPLEMENTAR ...................................................................................................................... 105

DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................................... 105

Poder-dever de agir ........................................................................................................................................... 105

Dever de eficiência ............................................................................................................................................ 106

Dever de probidade ........................................................................................................................................... 106

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Dever de prestar contas ..................................................................................................................................... 107

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 109

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Apresentação
Este livro digital em PDF está organizado da seguinte forma:
1) Teoria permeada com questões, para fixação do conteúdo – estudo OBRIGATÓRIO
2) Bateria de questões comentadas da banca organizadora do concurso, para conhecer a banca e o seu
nível de cobrança – estudo OBRIGATÓRIO
3) Lista de questões da banca sem comentários seguida de gabarito, para quem quiser tentar resolver antes
de ler os comentários – estudo FACULTATIVO
4) Resumo Direcionado, para auxiliar na revisão – estudo FACULTATIVO
5) Leitura Complementar, para quem quiser aprofundar no assunto – estudo FACULTATIVO

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Poderes da Administração Pública


Os agentes públicos possuem uma série de prerrogativas que lhes permitem exercer atividades com a
finalidade de concretizar os interesses da coletividade. Tais prerrogativas decorrem do princípio da supremacia
do interesse público e constituem os chamados poderes administrativos.

Conforme ensina Carvalho Filho, pode-se conceituar os poderes administrativos como o “conjunto de
prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir
que o Estado alcance seus fins”.
De regra, os poderes administrativos são concedidos por lei e destinam-se a instrumentalizar o
administrador público para o atingimento do objetivo finalístico a que se presta o Estado: a satisfação dos
interesses públicos. Por isso, os poderes administrativos são considerados poderes instrumentais, ou seja, são
os “instrumentos” que permitem à Administração cumprir suas finalidades. Diferem, assim, dos poderes políticos
(Legislativo, Judiciário e Executivo), que são considerados poderes estruturais, pois formam a estrutura do Estado
estabelecida na Constituição.
Vejamos então os principais poderes administrativos geralmente cobrados em prova.

Poder vinculado
O poder vinculado se relaciona com a prática de atos vinculados, isto é, atos cuja forma de execução está
inteiramente definida na lei.
Os atos vinculados não admitem juízo de conveniência e oportunidade por parte do administrador público,
pois a lei discrimina todos os elementos necessários à sua prática. O agente, então, deve agir nos exatos termos e
limites previstos na lei, sem margem para escolha de conduta diversa.
É o caso, por exemplo, da cobrança de tributos pela Administração Fazendária que, nos termos do art. 3º do
Código Tributário Nacional, constitui “atividade administrativa plenamente vinculada”. Assim, ao ocorrer o fato
gerador de determinado tributo, não cabe ao auditor fiscal decidir se realiza ou não a cobrança: o agente deverá
obrigatoriamente cobrar o tributo, nos termos previstos na lei, sob pena de responsabilidade.

O poder vinculado, então, é aquele que credencia o agente público para executar os atos vinculados previstos
em lei. No nosso exemplo, é o poder que permite ao auditor fiscal realizar a cobrança do tributo.

Na verdade, o poder vinculado não constitui propriamente uma prerrogativa, e sim um dever que obriga o
administrador público a se conduzir rigorosamente em conformidade com os parâmetros legais. Ora, como vimos,
o auditor fiscal não só pode como deve fazer a cobrança do tributo quando verificar a ocorrência da hipótese de
incidência prevista em lei, sob pena de responsabilidade.
Todavia, alguns autores consagrados, a exemplo de Hely Lopes Meirelles, ainda costumam incluir o “poder
vinculado” entre os poderes administrativos, dando a ideia de uma prerrogativa.

Poder discricionário
A lei não é capaz de traçar rigidamente todas as condutas de um agente administrativo. Assim, em várias
situações ela lhes oferece a possibilidade de valoração da conduta, isto é, permite ao agente avaliar a conveniência
e oportunidade dos atos que vai praticar.
O poder discricionário, portanto, é aquele que confere prerrogativa para a Administração praticar atos
discricionários, isto é, atos cuja execução admite certa margem de flexibilidade por parte dos agentes, os quais,

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dessa forma, podem usar seu juízo pessoal para escolher, entre várias condutas possíveis previstas em lei, a que
traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público.
Nesse caso, trata-se efetivamente de um poder para a Administração. Esse poder de escolha, contudo, não
deve ser exercido com arbitrariedade, e sim aplicado dentro dos limites da lei, com vistas ao atendimento dos
interesses da coletividade.
O juízo de conveniência e oportunidade constitui o denominado mérito administrativo, que se concretiza
nas hipóteses em que a própria norma legal estabelece, por exemplo, que a administração “poderá” prorrogar
determinado prazo por “até quinze dias”, ou que é “facultado” à administração, “a seu critério”, conceder ou não
determinada autorização etc.
Detalhe interessante é que o poder discricionário fundamenta não só a prática, mas também a revogação de
atos discricionários que a Administração Pública tenha praticado e que, num momento posterior, passe a
considerar inoportunos e inconvenientes.
Importante notar que, geralmente, os limites legais do poder discricionário são bem definidos. Veja, acima,
o exemplo hipotético da prorrogação de prazo. O administrador até poderá decidir se autoriza ou não a dilação do
prazo; se autorizar, a lei fixa um limite máximo de quinze dias. Ou seja, ainda que tenha poder discricionário para
autorizar a prorrogação, esse poder não é absoluto, vale dizer, o agente não poderá autorizar a prorrogação por
vinte, trinta ou sessenta dias, mas sim, no máximo, por quinze dias.
Além dos limites impostos expressamente pela própria lei, o poder discricionário também encontra
obstáculo nos princípios administrativos, sobretudo nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Se
determinada atuação administrativa ultrapassar esses limites será considerada arbitrária, o que é sinônimo de
conduta ilegal, podendo, assim, ser anulada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

Por exemplo, o art. 130 da Lei 8.112/1990 prevê expressamente que a “suspensão será aplicada em caso de
reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias”.
Dessa forma, diante da ocorrência de situações que se enquadrem nas hipóteses do art. 130 da Lei
8.112/1990, a Administração deverá aplicar a pena de suspensão ao servidor e, no uso do seu poder discricionário,
observando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, estipulará o prazo de afastamento, que poderá
ser de 20, 40, 60... até o máximo de 90 dias. Nesse quadro, uma suspensão de, por exemplo, 100 dias, seria um ato
puramente arbitrário e ilegal, por ter extrapolado os limites do poder discricionário, passível de anulação pela
própria Administração ou pelo Poder Judiciário, se provocado. Da mesma forma, seria passível de anulação uma
suspensão de 90 dias, a mais grave possível, para punir uma infração leve, configurando uso claramente
desproporcional do poder discricionário; nessa hipótese, não há que se falar em revogação, visto que, quando a
Administração pratica um ato discricionário com violação aos princípios da razoabilidade da proporcionalidade,
esse é um ato ilegítimo (e não meramente inoportuno e inconveniente), devendo, portanto, ser anulado.
Se, por outro lado, a Administração fixar uma suspensão de 60 dias (dentro, portanto, do limite legal), e esse
prazo for compatível com a gravidade da conduta do servidor (observando, assim, os princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade), o ato representará exercício legítimo do poder discricionário, não estando sujeito à
anulação.

Em relação ao controle judicial dos atos discricionários, Carvalho Filho ressalta que a atuação do Judiciário
deve se concentrar nos aspectos vinculados do ato, ou seja, naqueles sobre os quais o agente não tem liberdade
de escolha, notadamente competência (se o ato é praticado por agente incompetente), finalidade (se o ato teve
fim diverso do interesse público) e forma (se o ato foi produzido com forma diversa da prevista em lei). Todavia,
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segundo o autor, o Judiciário não pode aferir os critérios administrativos (conveniência e oportunidade) firmados
em conformidade com os parâmetros legais, e isso porque o Juiz não é administrador, ou seja, não exerce
tipicamente a função administrativa, e sim a jurisdicional. Caso contrário, haveria invasão de funções, vulnerando
o princípio da independência dos Poderes.
Um exemplo trazido pelo autor ilustra bem a hipótese: em virtude de o Município do Rio de Janeiro ter
alterado paradas e itinerários de certas linhas de ônibus, foi proposta ação judicial contra tal ato, e o STJ,
apreciando a matéria, decidiu tratar-se de ato discricionário, que sob o aspecto formal não apresenta nenhum
defeito, não podendo o Judiciário adentrar em suas razões de conveniência1.

Detalhando um pouco mais...


O poder discricionário confere certa liberdade para o administrador valorar a oportunidade e a conveniência da prática
do ato, especialmente quanto ao seu motivo e ao seu conteúdo, observados os limites legais.

A curiosidade é que, além do poder discricionário, o poder vinculado também fundamenta a prática de atos
discricionários, especificamente no que tange aos aspectos vinculados destes atos, quais sejam: competência,
finalidade e forma. Assim, temos a seguinte situação: na edição de um ato vinculado, o agente administrativo tem
respaldo somente no poder vinculado; já na prática de um ato discricionário, o respaldo vem tanto do poder
discricionário (motivo e conteúdo) como do poder vinculado (competência, finalidade e forma).

1
RMS 11.050/RJ
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Questões para fixar


1) O exercício do poder discricionário pode concretizar-se tanto no momento em que o ato é praticado,
bem como posteriormente, como no momento em que a administração decide por sua revogação.

Comentário:
A questão está correta. O poder discricionário fundamenta não só a prática, mas também a revogação de
atos discricionários que a Administração Pública tenha praticado e que, num momento posterior, passe a
considerar inoportunos e inconvenientes. Perceba que a decisão de revogar ou não um ato também é
discricionária.

Gabarito: Certo

2) A fixação do prazo de validade e a prorrogação de um concurso público não se inserem no âmbito


do poder discricionário da administração.
Comentário:
Nos termos do art. 37, III da CF, tem-se que:

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;

Como se percebe, a Constituição deixou certa margem de escolha para a Administração definir, segundo
seu juízo de conveniência e oportunidade, o prazo de validade do concurso (até dois anos) e, ainda, para
decidir se irá ou não prorroga-lo (prorrogável uma vez, por igual período). Portanto, a fixação do prazo de
validade e a prorrogação de um concurso público se inserem sim no âmbito do poder discricionário da
administração, daí o erro.

Gabarito: Errado

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Poder hierárquico
O desempenho eficiente da função administrativa requer que haja distribuição de competências e
escalonamento entre órgãos, cargos e atribuições. Para que haja harmonia e unidade de direção, se estabelece
uma relação de coordenação e subordinação entre os diversos níveis, ou seja, se estabelece uma relação de
hierarquia.
Uma relação de hierarquia caracteriza-se pela existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes
públicos, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica2. É o caso, por exemplo, da relação entre um Ministério
e respectivas secretarias e demais órgãos administrativos, ou entre um chefe de departamento e os funcionários
desse setor.
Nesse contexto, o poder hierárquico é aquele que permite ao superior hierárquico exercer determinadas
prerrogativas sobre seus subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções,
delegar e avocar competências. Vamos ver um pouco mais sobre cada uma dessas prerrogativas.
A prerrogativa de dar ordens permite ao superior hierárquico assegurar o adequado funcionamento dos
serviços sob sua responsabilidade. Também é conhecida como poder comando.
Além de ordens diretas, verbais ou escritas, direcionadas a um subordinado específico, o poder de comando
também pode ser exercido mediante a edição de atos administrativos ordinatórios, como ordens de serviço,
portarias, instruções, circulares internas etc., que obrigam de forma indistinta todos os subordinados aos quais se
destina.
Por seu turno, os subordinados se sujeitam ao chamado dever de obediência, isto é, ao dever de acatar as
ordens emitidas por seus superiores hierárquicos, exceto quando estas ordens forem manifestamente ilegais3.

Prosseguindo, a prerrogativa de fiscalizar permite ao superior acompanhar, de modo permanente, a atuação


de seus subordinados. Trata-se, na verdade, de um poder-dever, ou seja, mais que uma prerrogativa, é uma
obrigação do superior fiscalizar a atuação dos seus subordinados.
Como decorrência lógica do poder de fiscalizar, existe o poder de controle, que permite ao superior tomar
medidas concretas face às constatações surgidas no acompanhamento das atividades de seus subordinados. O
poder de controle compreende, assim, a manutenção dos atos válidos, convenientes e oportunos, a convalidação
de atos com defeitos sanáveis, a anulação de atos ilegais e a revogação de atos discricionários inoportunos ou
inconvenientes4.

O controle hierárquico permite que o superior aprecie todos os aspectos dos atos de seus subordinados, não
se restringindo, assim, a questões de legalidade, mas também abrangendo o mérito administrativo. Pode o
superior, por exemplo, por razões de conveniência e oportunidade, não concordar com determinada proposta
formulada por subordinado seu, decidindo de forma diversa.
Detalhe é que o controle hierárquico pode ocorrer de ofício ou mediante provocação dos interessados, por
meio de recursos hierárquicos.
Quanto à aplicação de sanções, registre-se que só decorrem do poder hierárquico as sanções disciplinares,
quais sejam, aquelas aplicadas aos servidores públicos que cometam infrações funcionais. Assim, as sanções
aplicadas a particulares não têm como fundamento o poder hierárquico, afinal, não há hierarquia entre a

2
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 232).
3
Lei 8.112/1990: art. 116: São deveres do servidor: IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
4
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 233).
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Administração e os administrados. Tais sanções (aos particulares) decorrem do exercício do poder disciplinar ou do
poder de polícia, conforme o caso. Falaremos mais sobre isso daqui a pouco.
Em relação à delegação de competências, refere-se ao ato pelo qual o superior hierárquico confere o
exercício temporário de algumas de suas atribuições a um subordinado. A delegação de competências é um ato
discricionário e, por isso, revogável a qualquer tempo. Dizendo de outra forma, o superior pode, dentro dos
limites da lei, delegar as competências que desejar, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial, podendo, da mesma forma, revoga-la quando quiser, retirando do subordinado
os poderes para praticar os atos delegados.
Ressalte-se que a delegação transfere o mero exercício de uma competência, permanecendo a titularidade
dessa competência com a autoridade delegante, a qual não pode renunciar a suas responsabilidades, visto que
elas sempre decorrem de lei.

Nem todas as competências, porém, podem ser delegadas. Exemplos clássicos de competências
indelegáveis são os atos políticos (somente se delega atos administrativos) e as funções típicas de cada Poder,
salvo nos casos expressamente previstos na Constituição (por exemplo, no caso das leis delegadas, em que o
Presidente da República poderá exercer função legislativa, nos termos do art. 68 da CF).
Já a avocação é ato discricionário, de caráter excepcional, mediante o qual o superior hierárquico atrai para
si o exercício temporário de determinada competência exercida por um subordinado. Assinale-se que a avocação
desonera o subordinado de toda responsabilidade pelo ato avocado pelo superior.

Preste atenção!
A Lei 9.784/1999, que disciplina o processo administrativo no âmbito federal, admite delegação de
competências mesmo que não haja subordinação hierárquica, ou seja, é possível haver delegação de
competência fora do âmbito do poder hierárquico. O mesmo não ocorre, contudo, com a avocação de
competência, a qual só é possível nas hipóteses em que exista hierarquia entre os órgãos ou agentes
envolvidos.

Detalhe importante é que não há hierarquia entre diferentes pessoas jurídicas. É o que ocorre, por
exemplo, na relação entre as entidades da Administração indireta e os respectivos Ministérios supervisores (aqui,
como já sabemos, não há hierarquia; há apenas vinculação para fins de controle finalístico, nos termos da lei).
A hierarquia é característica associada ao desempenho da função administrativa, típica do Poder Executivo.
Nesse ponto, vale lembrar que nos demais Poderes também existem órgãos administrativos, igualmente
organizados em níveis de hierarquia, ou seja, Judiciário e Legislativo, assim como Ministério Público e Tribunal de
Contas, também fazem uso do poder hierárquico quando desempenham atividades administrativas.

Entretanto, não existe hierarquia no exercício das funções típicas dos Poderes Judiciário e Legislativo,
não no sentido de coordenação e subordinação Com efeito, no Judiciário, embora haja distribuição de
competências entre instâncias, cada uma funciona com independência em relação à outra no exercício da função
jurisdicional: o juiz da instância superior não pode se sobrepor ao de instância inferior, nem lhe dar ordens ou
revogar decisões por ele adotadas. No Legislativo, de forma semelhante, a distribuição de competências entre
Câmara e Senado não cria relação de subordinação funcional entre as duas Casas.

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Também não existe hierarquia entre os Poderes da República. Por exemplo, não há relação hierárquica
entre agentes e órgãos administrativos do Poder Legislativo, de um lado, e agentes e órgãos administrativos do
Poder Executivo ou do Poder Judiciário, de outro.
Tampouco existe hierarquia entre a Administração e os administrados, pois a relação entre eles depende
de lei ou de vínculos contratuais específicos, mas sem características de subordinação.
Por fim, importante ressaltar que o poder hierárquico não depende de lei que expressamente o preveja ou
que estabeleça o momento do seu exercício ou os aspectos a serem controlados. Ele é inerente à organização
administrativa hierárquica, possuindo caráter irrestrito, permanente e automático. Nesse aspecto, difere da
tutela administrativa, exercida pela administração direta sobre as entidades da administração indireta, que só
pode ser exercida nos termos e limites previstos em lei.

Questões para fixar


3) O poder hierárquico confere aos agentes superiores o poder para avocar e delegar competências.
Comentário:

O quesito está correto. O poder hierárquico é aquele que permite ao superior hierárquico exercer
determinadas prerrogativas sobre seus subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar, controlar,
aplicar sanções, delegar e avocar competências. Na delegação, o superior hierárquico atribui a um
subordinado a responsabilidade de executar algumas de suas competências; já na avocação, o superior
hierárquico atrai para si a responsabilidade de executar determinada atribuição de um subordinado.
Gabarito: Certo

4) Ao secretário estadual de finanças é permitido delegar, por razões técnicas e econômicas e com
fundamento no seu poder hierárquico, parte de sua competência a presidente de empresa pública,
desde que o faça por meio de portaria.
Comentário:
O item está errado. Não existe hierarquia entre a administração direta (Secretaria de Finanças) e a indireta
(empresa pública), de modo que a referida delegação, embora seja possível e legal, não encontra amparo no
poder hierárquico, daí o erro.
Gabarito: Errado

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Poder disciplinar
O poder disciplinar pode ser entendido como a possibilidade de a Administração aplicar sanções àqueles
que, submetidos à sua ordem administrativa interna, cometem infrações.
No exercício do poder disciplinar, a Administração Pública pode:
§ Punir internamente as infrações funcionais de seus servidores;
§ Punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante algum vínculo
específico (contrato, convênio etc).
Detalhe a ser observado é que não são apenas os servidores públicos que se submetem ao poder disciplinar
da Administração. Determinados particulares também estão sujeitos. É o caso, por exemplo, dos que firmam
contratos com o Poder Público, que estarão sujeitos às sanções disciplinares pelo vínculo estabelecido por meio do
instrumento contratual. Claro que, para tanto, as sanções devem estar previstas no contrato firmado, sobretudo
especificando as infrações puníveis.
O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com ele não se confunde. No uso do poder
hierárquico, a Administração Pública distribui e escalona as suas funções executivas; já no uso do poder disciplinar
ela controla o desempenho dessas funções e a conduta interna de seus servidores, responsabilizando-os pelas
faltas cometidas.
No caso da aplicação de sanções a servidores, o poder disciplinar deriva do poder hierárquico, pois a
autoridade competente para aplicar as sanções disciplinares só detém essa prerrogativa porque está acima do
agente punido na estrutura hierárquica. Podemos dizer, portanto, que, na aplicação de sanções disciplinares aos
servidores, o poder disciplinar incide de maneira imediata (pois fundamenta o próprio ato de punir) ao passo que
o poder hierárquico incide de maneira mediata (pois indica a autoridade competente para punir).
Note que, quando a Administração pune infrações funcionais de seus servidores, faz uso tanto do poder
disciplinar como do poder hierárquico. Ao contrário, quando pune infrações administrativas cometidas por
particulares – por exemplo, quando descumprem um contrato administrativo firmado com o Poder Público – incide
apenas o poder disciplinar, pois não existe relação de hierarquia.

Infrações Poder disciplinar Poder hierárquico


disciplinares (imediato) (mediato)

Infrações
administrativas de
Poder disciplinar
particulares c/
vínculo específico

A doutrina enfatiza que o poder disciplinar da Administração Pública não se confunde com o poder punitivo
do Estado, o qual é exercido pelo Poder Judiciário com o objetivo de reprimir crimes, contravenções e demais
infrações de natureza cível e penal previstos em lei. Com efeito, o poder punitivo do Estado incide sobre qualquer
pessoa que pratique algum ato infrator tipificado em lei, enquanto o poder disciplinar alcança somente pessoas
que possuam algum vínculo jurídico específico com a Administração Pública, seja vínculo funcional (ex: servidores
e empregados públicos), seja contratual (ex: empresas particulares contratadas pelo Poder Público ou que firmam
convênios de repasse de recursos públicos).

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Pelas mesmas razões, o poder disciplinar não se confunde com o poder de polícia, ao qual se sujeitam todas
as pessoas que exerçam atividades que possam, de alguma forma, acarretar risco ou transtorno à sociedade, a
exemplo das empresas de construção civil, dos motoristas, dos comerciantes de alimentos, dos portadores de
arma de fogo etc.
Vejamos as empresas de construção civil. Mesmo que não tenham contrato com o Poder Público, essas
empresas estão sujeitas ao poder polícia (ex: necessitam de alvarás, podem ser fiscalizadas, a obra pode ser
embargada etc.). Diz-se que as pessoas sujeitas ao poder de polícia possuem um vínculo geral com a Administração
Pública (lembrando que o poder disciplinar incide sobre as pessoas que possuem um vínculo específico).
Informação importante é que, em regra, o poder disciplinar comporta certo grau de discricionariedade,
especialmente no que tange à gradação da penalidade (ex: valor da multa, prazo da suspensão etc.) ou mesmo
da escolha da penalidade a ser aplicada (ex: em certos casos, a Administração pode escolher se aplica multa,
suspensão, advertência etc.). Porém, deve ser ressaltado que não há discricionariedade quanto ao dever de
punir, vale dizer, sempre que verificar situação passível de punição administrativa, praticada por pessoa que
possua vínculo funcional ou contratual com o Poder Público, a Administração é obrigada a punir o infrator.
Por exemplo, o art. 86 da Lei 8.666/1993 prescreve que o “atraso injustificado na execução do contrato
sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato”. Assim,
caso a empresa contratada atrase injustificadamente a execução do contrato, não cabe ao administrador público
decidir se pune ou não a empresa: ele deve aplicar a multa; nesse ponto não há discricionariedade. Esta só aparece
quando o administrador for estipular o valor da multa, ato que deve ser praticado à luz dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, visto que a lei não fixa um valor.
Por fim, não é demais lembrar que a aplicação de penalidades administrativas deve ser sempre devidamente
motivada, a fim de assegurar aos interessados o devido direito de defesa.

Questões para fixar


5) [Q279987] As sanções impostas pela administração a servidores públicos ou a pessoas que se
sujeitem à disciplina interna da administração derivam do poder disciplinar. Diversamente, as
sanções aplicadas a pessoas que não se sujeitem à disciplina interna da administração decorrem do
poder de polícia.
Comentário:
Exatamente. O poder disciplinar alcança somente pessoas que possuam algum vínculo jurídico específico
com a Administração Pública, seja vínculo funcional, seja contratual. Já o poder de polícia abrange todas
as pessoas que exerçam atividades que possam, de alguma forma, acarretar risco ou transtorno à sociedade.
Gabarito: Certo

6) [Q1829156] O poder disciplinar não abrange as sanções impostas a particulares que não estejam
sujeitos à disciplina interna da administração; nesse caso, as medidas punitivas encontram
fundamento no poder de polícia.
Comentário:

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Mais uma vez: o poder disciplinar alcança somente pessoas que possuam algum vínculo jurídico específico
com a Administração Pública, seja vínculo funcional, seja contratual. Já o poder de polícia abrange todas
as pessoas que exerçam atividades que possam, de alguma forma, acarretar risco ou transtorno à sociedade.
Gabarito: Certo

7) [Q1004778] O poder disciplinar não alcança as sanções aplicadas pela Administração a particulares
que com ela não possuam vínculo, prerrogativa essa que consagra o poder de polícia.

Comentário:
Novamente, para fixar:

• vínculo jurídico específico com a Administração Pública = poder disciplinar;


• todas as pessoas = poder de polícia.
Gabarito: Certo

8) [Q274969] A aplicação de pena a um servidor público constitui exemplo de exercício de poder


hierárquico.
Comentário:
Na aplicação de sanções disciplinares aos servidores, o poder disciplinar incide de maneira imediata (pois
fundamenta o próprio ato de punir) ao passo que o poder hierárquico incide de maneira mediata (pois indica
a autoridade competente para punir).
Por conta disso, nesse caso, a banca considerou que a aplicação de pena a um servidor público constitui
exemplo de exercício de poder disciplinar.
Gabarito: Errado

9) [Q292432] Considere que o diretor de determinada agência reguladora tenha prolatado ato
administrativo contra um servidor efetivo, cuja culpa foi aferida em processo regular, cominando-
lhe pena de suspensão. Nessa situação, verifica-se evidente manifestação do poder hierárquico da
administração pública.

Comentário:
A banca considerou que houve aplicação do poder disciplinar, já que este, na aplicação de sanções, incide
de maneira imediata.
Gabarito: Errado

10) A aplicação das penas de perda da função pública e de ressarcimento integral do dano em virtude
da prática de ato de improbidade administrativa situa-se no âmbito do poder disciplinar da
administração pública.

Comentário:
O item está errado. O poder disciplinar permite à Administração apurar e aplicar penalidades
administrativas a seus servidores e às demais pessoas sujeitas à disciplina interna do Poder Público. Já o
processamento e o julgamento das ações de improbidade administrativa, com a consequente aplicação das
penas correlatas, de natureza civil e política, competem ao Poder Judiciário, no exercício do poder punitivo
do Estado.

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Gabarito: Errado

11) O poder disciplinar fundamenta tanto a aplicação de sanções às pessoas que tenham vínculo com a
administração, caso dos servidores públicos, como às que, não estando sujeitas à disciplina interna
da administração, cometam infrações que atentem contra o interesse coletivo.
Comentário:
O poder disciplinar fundamenta apenas a aplicação de sanções às pessoas que tenham vínculo com a
administração, caso dos servidores públicos e das pessoas contratadas pelo Poder Público. Já as pessoas não
sujeitas à disciplina interna da administração, ao cometerem infrações que atentem contra o interesse
coletivo, são sancionadas com base no poder de polícia, daí o erro.
Gabarito: Errado

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Poder regulamentar
O poder regulamentar é a faculdade de que dispõem os Chefes do Poder Executivo (Presidente da
República, Governadores e Prefeitos) para editar atos administrativos normativos.
Em regra, o exercício do poder regulamentar se materializa na edição de:
§ Decretos e regulamentos, os chamados decretos de execução ou decretos regulamentares, que têm por
objetivo definir procedimentos para a fiel execução das leis, nos termos do art. 84, IV da CF5; ou de
§ Decretos autônomos, que têm como objetivo dispor sobre determinadas matérias de competência dos
Chefes do Executivo, listadas no inciso VI do art. 84 da CF6, as quais não são disciplinadas em lei.
A doutrina enfatiza que o poder regulamentar, consubstanciado na edição de decretos e regulamentos de
execução e de decretos autônomos, é um poder inerente e privativo do Chefe do Poder Executivo7.

É fato, porém, que no Brasil, além dos Chefes do Poder Executivo, diversos órgãos e autoridades
administrativas, e mesmo entidades da administração indireta, também editam atos administrativos
normativos. É o caso, por exemplo, dos Ministros de Estado, que possuem competência para “expedir instruções
para a execução das leis, decretos e regulamentos” (CF, art. 87, inciso II), ou da Receita Federal, que edita
instruções normativas para orientar os contribuintes no recolhimento de tributos. Na administração indireta,
pode-se tomar como exemplo o Banco Central, a CVM e as agências reguladoras, que editam resoluções, portarias
e instruções normativas sobre assuntos de sua competência.
Contudo, os atos normativos produzidos por esses outros órgãos e autoridades, denominados
regulamentos autorizados, não decorrem do poder regulamentar, visto que este, como vimos, é exclusivo
(inerente e privativo) do Chefe do Poder Executivo. Para solucionar a questão, a doutrina costuma dizer que esses
outros atos normativos têm fundamento no poder normativo da Administração Pública, que seria um poder mais
amplo que o poder regulamentar, por abranger a capacidade normativa de toda a Administração para editar
regulamentos autorizados.

Poder
normativo

Poder
regulamentar

Assim, o poder regulamentar, exclusivo do Chefe do Poder Executivo, seria uma espécie do gênero poder
normativo, este extensível a toda a Administração Pública. Deve ficar claro, apenas, conforme salientam Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo, que ao praticar atos com base no poder regulamentar (espécie), o Chefe do Poder
Executivo não deixa de estar exercendo o poder normativo da Administração Pública (gênero).

5
Constituição Federal, art. 84, inciso IV: “Compete privativamente ao Presidente da República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”.
6
Constituição Federal, art. 84, inciso VI: Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vago.
7
Hely Lopes Meirelles (2008, p. 129).
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De qualquer forma, vale ficar atento pois é possível encontrar questões de prova em que os termos “poder
regulamentar” e “poder normativo” são utilizados como sinônimos, contrariamente ao que prega a maioria da
doutrina. Por esse entendimento, os atos normativos editados pela Administração Pública em geral – e não
apenas pelo Chefe do Poder Executivo - também seriam praticados com base no poder regulamentar.

Vamos agora esmiuçar um pouco mais as características dos atos administrativos normativos.

Decretos de execução ou regulamentares


Os decretos de execução ou regulamentares, nos termos do art. 84, IV da CF, são regras editadas pelo Chefe
do Poder Executivo com vistas a possibilitar a fiel execução das leis que, de algum modo, envolvam atuação da
Administração Pública.
Como exemplo, pode-se citar o Decreto 8.624/2014, que regulamenta a Lei nº 12.741/2012. A referida lei
preceitua que o valor de determinados tributos incidentes sobre as mercadorias e serviços devem constar dos
respectivos documentos fiscais, ou seja, a lei cria um direito de informação para o consumidor e uma obrigação
de informar dirigida aos empresários. Já o decreto não cria novos direitos e obrigações, mas apenas estabelece
“como” serão os procedimentos para que a lei seja cumprida, por exemplo, definindo que a informação deverá ser
aposta em campo próprio ou no campo “Informações Complementares” do respectivo documento fiscal.
Detalhe importante é que a competência para expedição dos decretos e regulamentos de execução não é
passível de delegação (CF, art. 84, parágrafo único).
Uma vez que sempre necessitam de uma lei prévia a ser regulamentada, os decretos de execução são
considerados atos normativos secundários, sendo a lei o ato primário, por decorrer diretamente da Constituição.
Deve ficar claro que os decretos de execução não podem, em hipótese alguma, “inovar” o direito, vale
dizer, não podem criar direito ou obrigação que a lei não criou, nem restringir ou ampliar direito ou obrigação
disciplinada na lei. Ao contrário, os decretos devem se limitar ao conteúdo da lei, explicando seus dispositivos e
definindo os procedimentos operacionais necessários à sua fiel execução, sob pena de sofrer invalidação.
No nosso exemplo, o Decreto não poderia determinar que os comerciantes incluíssem no documento fiscal
informações sobre outros tributos além daqueles expressamente definidos na lei, mas apenas estabelecer “como”
o valor dos tributos previstos na lei deve ser informado ao consumidor.
Não obstante, Carvalho Filho pondera que é legítima a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas),
diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na lei, desde que essas novas obrigações guardem
consonância com as obrigações legais. Se, por exemplo, a lei concede algum benefício às pessoas que se
enquadrem em determinada condição, pode o ato regulamentar indicar quais documentos o interessado estará
obrigado a apresentar para comprovar sua situação. Essa obrigação probatória não está expressamente prevista
na lei, mas está nela amparada, podendo ser considerada legítima.
Os decretos de execução ou regulamentares, em regra, são atos de caráter geral e abstrato, ou seja, não
possuem destinatários determinados e incidem sobre todos os fatos ou situações que se enquadrem nas hipóteses
neles previstas.
A doutrina enfatiza que o Chefe do Poder Executivo só pode regulamentar leis administrativas, isto é, leis
cuja execução, de algum modo, necessite da atuação da Administração Pública. Assim, o poder regulamentar não
abrange, por exemplo, a regulamentação das leis penais e processuais, que prescindem de qualquer participação
da Administração para o seu cumprimento.

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As leis podem ou não prever, de forma expressa, a necessidade de regulamentação para que possam ser
aplicadas. Caso não tragam essa previsão, as leis produzem efeitos desde o momento em que entram em vigor,
ou seja, são leis autoexecutáveis, pois o legislador entendeu que suas disposições são claras o suficiente para serem
aplicadas sem regulamentação. Entretanto, embora sejam autoexecutáveis, ainda assim podem ser
regulamentadas caso o Poder Executivo entenda necessário, visto que a competência para editar decretos com
vistas à fiel execução das leis decorre diretamente da Constituição (art. 84, IV) e, por isso, não depende de
autorização do legislador ordinário para ser exercida.

Por outro lado, as leis que trazem a necessidade de regulamentação (leis não autoexecutáveis) não produzem
efeitos antes da expedição do decreto regulamentar requerido. Nesse caso, conforme ensina Hely Lopes
Meirelles, “o regulamento opera como condição suspensiva da execução da norma legal, deixando seus efeitos
pendentes até a expedição do ato do Executivo”.

Exceção ocorre quando a própria lei define prazo para sua regulamentação e o decreto não é editado dentro
desse prazo. Nessa hipótese, a lei passa a produzir efeitos mesmo sem o regulamento, uma vez que “a omissão
do Executivo não tem o condão de invalidar os mandamentos legais do Legislativo”. Nesse caso, os titulares de
direitos previstos na lei podem interpor na Justiça o chamado mandado de injunção, conforme previsto no art. 5º,
LXXI da CF, com vistas a obter decisão do Poder Judiciário que lhes permita exercer tais direitos.

Decretos autônomos
Os decretos autônomos são regulamentos editados pelo Poder Executivo na qualidade de atos primários,
diretamente derivados da Constituição, ou seja, são decretos que não se destinam a regulamentar alguma lei,
não precisam de lei prévia para existir. Sua finalidade é normatizar, de forma originária, as matérias
expressamente definidas na Constituição, inexistindo qualquer ato de natureza legislativa que se situe entre eles
e a Constituição.
No Brasil, a edição de decretos autônomos só pode ser feita para dispor sobre (CF, art. 84, VI):
a) Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Importante ressaltar que essas são as duas únicas matérias passíveis de normatização mediante decretos
autônomos. Qualquer outro tema deve ser tratado originariamente por lei.
As matérias objeto dos decretos autônomos constituem competência privativa do Chefe do Poder
Executivo, vale dizer, sua edição não conta com a participação do Poder Legislativo. Encontram-se sob a
denominada “reserva de administração” (matérias que somente podem ser reguladas por ato administrativo),
estando fora da competência do Poder Legislativo.

Competência para editar Ao contrário do que ocorre com os decretos de execução, a competência
decretos autônomos pode ser para edição dos decretos autônomos pode ser delegada a outras
delegada. Já para os decretos autoridades administrativas. Na esfera federal, o Presidente da
de execução, não pode. República pode delega-la aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
República ou ao Advogado-Geral da União (CF, art. 84, parágrafo único).

Maria Sylvia Di Pietro salienta que, na verdade, apenas a alínea “a” do art. 84, VI da CF (organização e
funcionamento da administração pública, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos) constitui manifestação do poder regulamentar, ou seja, o decreto autônomo que dispõe sobre essa
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matéria possui as características de um ato administrativo normativo. Quanto à alínea “b”, segundo a autora,
representa típico ato administrativo de efeitos concretos, porque a competência do Presidente da República se
limitará a extinguir cargos ou funções, quando vagos, e não a estabelecer normas sobre a matéria.

Detalhando um pouco mais...


Não obstante o que dispõe o art. 84, VI da CF, parte da doutrina não admite a possibilidade de existirem decretos
autônomos em nosso ordenamento jurídico (ex: Carvalho Filho e Justen Filho). Para esses autores, a fim de que os
decretos possam ser caracterizados como tais, é necessário que sejam aptos a criar e extinguir primariamente direitos
e obrigações, o que não seria o caso dos decretos emitidos com base no art. 84, VI da CF, que apenas organizam o
funcionamento da Administração e só reflexamente afetam a esfera jurídica de terceiros.

Regulamentos autorizados
Os regulamentos autorizados são aqueles em que o Poder Executivo, por expressa autorização da lei,
completa as disposições dela constantes, e não simplesmente a regulamenta, especialmente em matérias de
natureza técnica.
Típico exemplo de regulamentos autorizados são as normas editadas pelas agências reguladoras, conforme
estudamos na aula passada.

Como vimos, tais regulamentos devem observar as diretrizes, os parâmetros, as condições e os limites
estabelecidos na lei que autorizou sua edição, de modo que a norma elaborada funcione apenas como uma
complementação técnica necessária das disposições legais.
Uma vez que podem ser editados por órgãos e entidades de natureza técnica, constituem manifestação do
poder normativo, e não do poder regulamentar, que é privativo do Chefe do Executivo, conforme entendimento
majoritário.
O regulamento autorizado é ato administrativo secundário (deriva da lei, ato primário que o autoriza). Não
se confunde com a lei delegada, prevista no art. 68 da CF, pois esta é literalmente uma lei, cuja edição é delegada
pelo Congresso Nacional.
Aliás, frise-se que é vedada a utilização de regulamentos autorizados para tratar de matérias
constitucionalmente reservadas à lei.

Detalhando um pouco mais...


Boa parte da doutrina entende que a edição de regulamentos autorizados contraria a Constituição, por violar o
princípio da separação dos Poderes, uma vez que tais atos do Poder Executivo seriam aptos a inovar o direito sem
haver previsão constitucional para tanto. Em outras palavras, o Poder Executivo, ao editar regulamentos autorizados,
estaria invadindo a função típica do Poder Legislativo de uma forma não contemplada na Constituição, por criar
normas técnicas não contidas na lei, inovando, portanto, no ordenamento jurídico.

Todavia, outra parte da doutrina, acompanhada pela jurisprudência e também pelas bancas de concurso, reconhece
que os regulamentos autorizados, embora não possuam base constitucional, representam uma necessidade do mundo
moderno, extremamente dinâmico e complexo, que torna impossível ao Poder Legislativo dar conta de todas as
demandas de regulamentação existentes. Surge, assim, o fenômeno da deslegalização, pelo qual a competência para

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regular certas matérias se transfere da lei para outras fontes normativas, por autorização do próprio legislador.
Ressalte-se, porém, que referida delegação não é completa e integral, mas transfere tão somente a competência para
a regulamentação técnica, mediante parâmetros previamente enunciados na lei (discricionariedade técnica).

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo esclarecem que é importante enfatizar as seguintes diferenças entre os
regulamentos autorizados e os regulamentos de execução, estudados anteriormente:

REGULAMENTOS AUTORIZADOS REGULAMENTOS DE EXECUÇÃO

Não têm previsão expressa no texto constitucional. Estão previstos no art. 84, IV da CF.

Efetivamente completam a lei, veiculam disposições Os regulamentos de execução não podem, na


que não constam da regulação legal, nem mesmo teoria, inovar o direito, de forma alguma.
implicitamente (a lei é intencionalmente lacunosa),
em suma, inovam o direito (embora seguindo as
diretrizes da lei).

São editados por órgãos e entidades São de competência privativa do Chefe do Poder
administrativos de perfil técnico, conforme autoriza Executivo, indelegável.
a lei.

Dispõem sobre matérias de índole técnica Não se restringem a assuntos de ordem técnica,
pertinentes à área de atuação do órgão ou entidade podendo tratar de qualquer assunto administrativo.
que os edita.

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Controle dos atos regulamentares


Caso o Poder Executivo extrapole os limites da lei no exercício do seu poder regulamentar, o Congresso
Nacional poderá sustar tais atos normativos. É o que diz o art. 49, V da CF:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa;

Cuida-se, como se pode observar, de controle exercido pelo Legislativo sobre o Executivo no que diz respeito
aos limites do poder regulamentar, com o objetivo de coibir violação indevida da função legislativa. No caso,
“sustar” significa “cessar os efeitos” do ato normativo, que continua existindo, mas sem eficácia alguma.
Ademais, o Poder Judiciário e a própria Administração podem exercer controle de legalidade sobre atos
normativos, anulando aqueles considerados ilegais ou ilegítimos.
Em relação ao controle judicial, é possível ao Poder Judiciário controlar a legalidade e a constitucionalidade
de atos administrativos normativos.

Caso o ato normativo esteja em conflito com a lei que ele regulamenta, por extrapolar seus limites (ultra
legem) ou por contraria-la frontalmente (contra legem), a questão caracterizará típica ilegalidade, passível,
portanto, de controle de legalidade. Não cabe, no caso, impugnação mediante ação direta de
inconstitucionalidade – ADI (CF, art. 102, I, “a”)8.

Por outro lado, se o ato normativo ofender diretamente a Constituição, sem que haja alguma lei a que deva
subordinar-se, terá a qualificação de ato autônomo e, nessa hipótese, poderá sofrer controle de
constitucionalidade pela via direta, ou seja, através de ADI.
Sendo assim, para que seja viável o controle de constitucionalidade de decreto, regulamento ou outro tipo
de ato administrativo de cunho normativo, dois serão os aspectos que o ato deverá conter9:

§ é indispensável que ele tenha, de fato, caráter normativo, isto é, seja dotado de “normatividade”, de
generalidade e abstração; e
§ é necessário que ele tenha caráter autônomo, vale dizer, o ato deve conflitar diretamente com a
Constituição da República (o conflito não pode ocorrer entre o ato e uma lei que ele regulamente).
Caso contrário, o controle judicial deverá ocorrer por outras vias, e não por ADI. Atualmente, por exemplo, é
cabível a impugnação direta pela arguição de descumprimento de preceito fundamental, instituto previsto no
art. 102, §1º da CF.

8
Ver ADI 996/DF
9
Ver ADI 1.396/SC

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Questões para fixar


12) Poder regulamentar é o poder que a administração possui de editar leis, medidas provisórias,
decretos e demais atos normativos para disciplinar a atividade dos particulares.

Comentário:
O poder regulamentar confere prerrogativa à Administração, mais precisamente ao chefe do Executivo,
para editar decretos e regulamentos com vistas a permitir a efetiva concretização das leis. Trata-se,
portanto, de produção normativa no campo infralegal, vale dizer, edição de atos normativos secundários.
Dessa forma, a questão erra ao afirmar que o poder regulamentar fundamenta a edição de leis e medidas
provisórias, que são espécies normativas primárias.
Gabarito: Errado

13) Se, ao editar um decreto de natureza regulamentar, a Presidência da República invadir a esfera de
competência do Poder Legislativo, este poderá sustar o decreto presidencial sob a justificativa de
que o decreto extrapolou os limites do poder de regulamentação.
Comentário:
A assertiva está correta, nos termos do art. 49, V da CF:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa.
Gabarito: Certo

Poder de polícia
O poder de polícia, também denominado polícia administrativa, é a faculdade de que dispõe a
Administração Pública para condicionar ou restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades
privadas, tudo com vistas a proteger os interesses gerais da coletividade.
Constitui, portanto, toda atividade administrativa calcada no princípio da supremacia do interesse público
pela qual se impõe algum tipo de limitação ou interferência à órbita do interesse privado com o fim de ajustá-lo
ao interesse público, a exemplo da expedição de alvarás para construções, da interdição de estabelecimentos em
situação irregular, da fiscalização ambiental, da aplicação de sanções pelo descumprimento de normas de trânsito
etc.
Repare que, em todas essas situações, o Poder Público condiciona ou restringe atividades particulares em
favor do interesse público. Uma interdição de estabelecimento pela vigilância sanitária, por exemplo, busca evitar
que os desleixos do proprietário em relação ao cumprimento das normas de higiene prejudiquem a saúde da
população; já as fiscalizações de trânsito visam prevenir acidentes causados por condutores que trafegam em alta
velocidade, embriagados, sem habilitação etc.

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Detalhando um pouco mais...


O poder de polícia pode ser entendido em sentido amplo ou estrito. A definição apresentada anteriormente
corresponde ao sentido estrito. Tomado a partir dessa concepção, o poder de polícia abrange tão somente as
atividades administrativas de regulamentação e de execução das leis que estabelecem normas primárias de polícia. Em
sentido amplo, além da atividade administrativa, o poder de polícia também abrange a atividade do Poder Legislativo
de editar leis que tenham o objetivo de condicionar ou limitar a liberdade e a propriedade, as chamadas limitações
administrativas ao exercício das atividades públicas.

Deve ficar claro que, ao exercer o poder polícia, a Administração está praticando um ato administrativo,
sujeito, portanto, às regras que regem as demais atividades da Administração, inclusive ao controle de legalidade
pelo Poder Judiciário.
Ademais, qualquer medida restritiva adotada com base no poder de polícia deve observar o devido processo
legal, assegurando ao administrado o direito à ampla de defesa, bem como deve se pautar pelos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.

Competência
A competência originária para exercer o poder de polícia é, em princípio, do ente federado ao qual a
Constituição Federal conferiu o poder de regular a matéria (União, Estado, DF, ou Município).
Assim, conforme leciona Hely Lopes Meirelles, os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à
regulamentação e policiamento da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia
estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos e ao policiamento administrativo
municipal.

Embora essa divisão de competências pareça simples, a diversidade de temas com que a Administração se
depara na prática faz com que frequentemente surjam dúvidas em relação ao ente competente para a execução e
o exercício do poder de polícia sobre determinada atividade.
Por exemplo, a jurisprudência já se firmou no sentido de que a União tem competência para regular horário
de atendimento bancário10, mas para fixar horário de funcionamento de lojas comerciais a competência é do
Município11.

Quando for conveniente, os entes federativos podem exercer o poder de polícia em sistema de cooperação,
firmando convênios administrativos ou consórcios públicos com base no regime de gestão associada previsto no
art. 241 da CF. É o que ocorre, com frequência, nas atividades de fiscalização do trânsito, em que há infrações
sujeitas à fiscalização federal, estadual e municipal, sendo, então, conveniente uma atuação conjunta para
conquistar maior eficiência12.

Modalidades de exercício
O poder de polícia administrativa pode ser exercido de forma preventiva ou repressiva.
O poder de polícia preventivo ocorre nos casos em que o particular necessita obter anuência prévia da
Administração para utilizar determinados bens ou para exercer determinadas atividades privadas que possam

10
Súmula nº 19, do STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
11
Súmula nº 645, do STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
12
Carvalho Filho (2014, p. 79).

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afetar a coletividade. Tal anuência é formalizada nos denominados atos de consentimento, os quais podem ser
de licença ou de autorização:
§ Licença: ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual a Administração reconhece que o particular
preenche as condições para usufruir determinado direito de que seja possuidor. São exemplos a licença
para o exercício da profissão na qual o indivíduo se formou ou a licença para a pessoa construir em terreno
de sua propriedade.
§ Autorização: ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração autoriza o particular
a exercer determinada atividade que seja de seu interesse (e não de seu direito). São exemplos o uso
especial de bem público, a interdição de rua para a realização de festividade e o trânsito por determinados
locais.
Perceba que a licença, por se tratar de permissão para o exercício de um direito subjetivo do particular,
possui caráter vinculado e definitivo, ou seja, não pode ser negada quando o requerente satisfaça os requisitos
legais e regulamentares exigidos para sua obtenção. Já a autorização, que não se refere a um direito, e sim a um
interesse do particular, possui caráter discricionário e precário, isto é, pode ser negada ainda que o requerente
satisfaça os requisitos, além de ser passível de revogação a qualquer tempo, independentemente de indenização.

O instrumento formal que geralmente formaliza as licenças e autorizações é o alvará, mas documentos
diversos também podem cumprir esse papel, como carteiras, declarações, certificados, etc. A título de exemplo,
a licença para dirigir é concedida mediante a emissão de carteira nacional de habilitação. O que importa, pois, é o
consentimento que a Administração deseja emitir por semelhantes atos.
No que tange ao poder de polícia repressivo, refere-se à aplicação de sanções administrativas a particulares
pelo descumprimento de normas de ordem pública (normas de polícia).
Dentre as inúmeras sanções cabíveis pode-se mencionar: imposição de multas administrativas; interdição de
estabelecimentos comerciais; suspensão do exercício de direitos; demolição de construções irregulares; embargo
administrativo de obra; apreensão de mercadorias piratas etc.
Geralmente, tais sanções são decorrentes de alguma atividade de fiscalização na qual se tenha constatado a
prática de infrações. Frise-se, porém, que o ato repressivo é a aplicação da sanção, e não o procedimento de
fiscalização, o qual, de regra não tem o objetivo específico de acarretar sanções, e sim de prevenir ou coibir a
prática de irregularidades.

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Detalhando um pouco mais...


Em regra, utiliza-se a expressão “sanção de polícia” para se referir a qualquer atuação administrativa que seja adotada
como consequência de infrações cometidas pelos particulares a normas de polícia.

Porém, vale saber que parte da doutrina costuma utilizar essa expressão apenas para designar as sanções
propriamente ditas, isto é, aquelas cujo objetivo é realmente punir o infrator, a exemplo das multas administrativas.
Para as medidas repressivas que tenham como finalidade maior proteger a coletividade, evitando danos ou limitando
os efeitos dos que já tenham ocorrido, a exemplo da destruição de alimentos estragados encontrados em um
restaurante ou do embargo de obras com vícios construtivos, essa corrente da doutrina utiliza a denominação
“medidas de polícia”.

Questão bastante debatida na jurisprudência diz respeito à cobrança de taxas (espécie de tributo) como
decorrência do exercício do poder de polícia. Com efeito, art. 145, II da CF, dispõe:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

Exemplos de taxas decorrentes do poder de polícia são as taxas para obtenção de licença de funcionamento
de atividades comerciais, industriais e de lazer.
A jurisprudência destaca que a taxa de polícia deve sempre decorrer do efetivo exercício do poder de
polícia, isto é, da realização de atividades ou diligências públicas no interesse do contribuinte. Caso essas
atividades não estejam sendo exercidas de fato, a cobrança da taxa poderá ser questionada. No nosso exemplo,
se o fato gerador da taxa é a necessidade de se realizar inspeção no estabelecimento previamente à concessão da
licença, logicamente não há fato gerador caso a inspeção não seja empreendida na prática, o que invalida a
cobrança do tributo.
Entretanto, cumpre salientar que, segundo a jurisprudência do STF, a incidência da taxa, como decorrência
do exercício regular do poder de polícia, dispensa a fiscalização “porta a porta”. Em outras palavras, o exercício do
poder de polícia não é necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de
instrumentos e técnicas que permitam à Administração examinar a conduta do agente fiscalizado. Nesse caso, o
exercício de polícia é considerado presumido, desde que exista um órgão com competência e estrutura capaz de
fiscalizar a atividade 13.

Fases da atividade de polícia (ciclo de polícia)


A doutrina e a jurisprudência classificam em quatro fases a sequência de atividades que pode integrar o
exercício do poder de polícia (tomado em sentido amplo, ou seja, incluindo a atividade legislativa), o chamado ciclo
de polícia, a saber:
1) Legislação ou ordem
2) Consentimento
3) Fiscalização

13
Ver RE 588.322/RO e RE 361.009/RJ
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4) Sanção
Vamos detalhar cada uma dessas fases.
A legislação, também denominada ordem de polícia, é a fase inicial do ciclo de polícia, pois é aquela que
institui os limites e condicionamentos ao exercício de atividades privadas e ao uso de bens. Em razão do princípio
da legalidade, a ordem primária deve estar sempre contida em uma lei, a qual poderá ser posteriormente
regulamentada por atos normativos infralegais.
O consentimento de polícia corresponde à anuência prévia da Administração, quando exigida em lei, para
a prática de determinadas atividades ou para a fruição de determinados direitos. Como já vimos, esta anuência
prévia ocorre mediante a concessão de licenças e autorizações.
A fiscalização de polícia é a atividade pela qual a Administração verifica se o particular está cumprindo
adequadamente as regras emanadas na ordem de polícia (legislação) e também, quando for o caso, se está
observando as condições estipuladas na respectiva licença/autorização.
Já a sanção de polícia ocorre quando a Administração verifica alguma infração à ordem de polícia ou aos
requisitos da licença/autorização e, em consequência, aplica ao particular infrator uma medida repressiva (sanção),
dentre as previstas na lei de regência.

Um exemplo prático em que esses quatro grupos ficam bem definidos é no âmbito da limitação à
propriedade e à liberdade no trânsito: o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece normas genéricas e
abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira materializa a
anuência do Poder Público em relação aos indivíduos que tenham preenchido os requisitos técnicos exigidos para
a habilitação (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à
velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda
observância ao CTB (sanção).

Importante observar que as únicas fases que sempre estarão presentes em todo e qualquer ciclo de polícia
são as fases de “legislação (ordem de polícia)” e de “fiscalização”

Legislação e fiscalização são as Com efeito, o “consentimento” deve ocorrer apenas quando houver
únicas fases que sempre existirão necessidade de licença ou autorização para o uso de bens ou a prática de
num ciclo de polícia certas atividades privadas. Se determinada atividade estiver sujeita a
normas de polícia previstas em lei, mas não à anuência prévia da
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Administração, ainda assim poderá ser fiscalizada e, em caso de infração, poderá ser aplicada a sanção
correspondente. Nesse caso, o ciclo de polícia forma-se apenas com as fases de legislação, fiscalização e sanção.
Ademais, nem toda fiscalização encontra irregularidade no caso concreto, hipótese em que não haverá sanção
alguma. O ciclo de polícia se completa, então, apenas com as fases de legislação e fiscalização.

Poder de polícia originário e delegado

A doutrina classifica o poder de polícia em originário e delegado conforme o órgão ou a entidade que o
exerce.

Em suma, o poder de polícia originário é exercido pelo próprio ente federado, por intermédio da sua
administração direta, enquanto o poder de polícia delegado é exercido pela administração indireta.

No âmbito da administração indireta, o poder de polícia pode ser exercido pelas entidades de direito
público (autarquias e fundações públicas) de maneira plena, isto é, em todas as fases do ciclo de polícia. Elas só
não podem editar leis. Podem, portanto, exercer poder de polícia, inclusive editar regulamentos e aplicar sanções
administrativas, desde que amparadas em lei.

Já as entidades da administração indireta de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia


mista), segundo o entendimento do STF (RE 633.782), somente poderão exercer o poder de polícia de maneira
plena caso:
1) possuam capital majoritariamente público (abrangendo, portanto, tanto empresas públicas como
sociedades de economia mista);
2) prestem serviço público de atuação própria do Estado;
3) atuem em regime não concorrencial (monopólio).

Dessa forma, uma empresa pública ou sociedade de economia mista que explore atividade econômica em
regime de concorrência direta com a iniciativa privada NÃO poderá exercer poder de polícia, uma vez que suas
atividades são regidas preponderantemente pelo direito privado, em que não há a presença do poder de império
do Estado. Só poderá exercer poder de polícia a empresa estatal que preste serviço público em regime não
concorrencial, cujo regime jurídico predominante é o de direito público.

Antigamente, o entendimento adotado na maioria das provas de concurso era que apenas as fases de consentimento
e de fiscalização poderiam ser delegadas a entidades com personalidade jurídica de direito privado integrantes da
Administração Pública e que, diferentemente, as fases de ordem de polícia e de sanção, por implicarem coerção, não
poderiam ser delegadas a tais entidades.
Contudo, a partir da decisão do STF na RE 633.782, você deve levar para a prova que o poder de polícia pode sim ser
delegado às entidades da administração indireta de direito privado, desde que essas entidades 1) possuam capital
majoritariamente público; 2) prestem serviço público de atuação própria do Estado; e 3) atuem em regime não
concorrencial.

Cumpre ressaltar que a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é absolutamente indelegável é
a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. Os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de
sanções podem ser delegados a estatais que, à luz do entendimento do STF, possam ter um regime jurídico
próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.

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Mas a competência legislativa é restrita aos entes públicos previstos na Constituição da República, sendo
vedada sua delegação, fora das hipóteses expressamente autorizadas no tecido constitucional, a pessoas jurídicas
de direito privado.

Por fim, vale saber que a maior parte da doutrina, assim como o Supremo Tribunal Federal (STF), não admite
a delegação de poder de polícia a pessoas privadas não integrantes da Administração Pública formal, ainda que
efetuada por meio de lei.

Entretanto, é possível o Poder Público atribuir a pessoas privadas, mediante contrato, a operacionalização
de máquinas e equipamentos em atividades de fiscalização, a exemplo da triagem feita em aeroportos para
detectar eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos. No caso, o Estado não transfere a titularidade do poder de
polícia, ou seja, não se trata de delegação, e sim de mera atribuição operacional.

DELEGAÇÃO DE PODER DE POLÍCIA:

- a entidades administrativas de direito público: pode delegar

- a entidades administrativas de direito privado: pode delegar, desde que a entidade...

i) possua capital majoritariamente público.

ii) preste serviço público de atuação própria do Estado.

iii) atue em regime não concorrencial.

- a entidades privadas: não pode delegar

Atributos do poder de polícia

Os atributos do poder de polícia são os seguintes (preste atenção, pois eu vou lhe dar a DiCA):
§ Discricionariedade
§ Coercibilidade
§ Autoexecutoriedade
Entendeu o mnemônico?
A discricionariedade no exercício do poder de polícia significa que a Administração, em regra, possui certa
liberdade de atuação. Ela pode, por exemplo, segundo critérios de conveniência e de oportunidade, determinar
quais atividades irá fiscalizar em um determinado momento e definir quais sanções serão aplicadas e em quais
gradações, sempre observando, é claro, os limites estabelecidos em lei e os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.
Nada impede, contudo, que a lei vincule a prática de determinados atos de polícia administrativa, como
a concessão de licença para construção em terreno próprio ou para o exercício de uma profissão, casos em que a
Administração não possui liberdade de valoração se o particular preencher os requisitos legais.
A autoexecutoriedade consiste na possibilidade de que certos atos administrativos sejam executados de
forma imediata e direta pela própria Administração, independentemente de ordem judicial.

Assim, por exemplo, a Administração pode, com base no poder de polícia, aplicar sanções administrativas a
particulares que pratiquem atos lesivos à coletividade independentemente de prévia autorização judicial. Da
mesma forma, a Administração pode, por si só, promover a demolição de edifício em situação irregular.

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Porém, nem toda atividade de polícia administrativa pode ser levada a termo de forma autoexecutória. Por
exemplo, embora a Administração, no exercício do poder de polícia, possa impor multa a um particular sem
necessidade de participação do Poder Judiciário, a cobrança forçada dessa multa, caso não paga pelo particular,
só poderá ser efetuada por meio de uma ação judicial de execução.
Detalhe é que a Administração pode, caso entenda necessário, recorrer previamente ao Judiciário quando
pretenda praticar atos de polícia em que seja previsível forte resistência dos particulares envolvidos, como na
demolição de edificações irregulares ou na desocupação de terras invadidas, ocasião em que poderá valer-se do
auxílio das forças policiais. Frise-se que tal autorização não é obrigatória, mas pode ser obtida para conferir maior
legitimidade e segurança ao ato.
A coercibilidade se traduz na possibilidade de as medidas adotadas pela Administração Pública com base no
exercício do poder polícia serem impostas ao administrado, inclusive mediante o emprego da força e
independentemente de prévia autorização judicial.
Autoexecutoriedade e coercibilidade são conceitos muito próximos. Conforme salienta Maria Sylvia Di
Pietro, “a coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade. O ato de polícia só é autoexecutório porque
dotado de força coercitiva. Aliás, a autoexecutoriedade, tal como a conceituamos, não se distingue da
coercibilidade, definida por Hely Lopes Meirelles como ‘a imposição coativa das medidas adotadas pela
Administração’”.

Preste atenção!
Nem todos os atos de polícia administrativa ostentam os atributos da autoexecutoriedade e da
coercibilidade.
Os atos preventivos, a exemplo da concessão de licenças e autorizações, bem como alguns atos
repressivos, como a cobrança de multa não paga espontaneamente pelo particular, não gozam de
autoexecutoriedade e de coercibilidade.

certa liberdade de
Di Discricionariedade
atuação

medidas impostas ao
Atributos do administrado, inclusive

Poder de Polícia C Coercibilidade mediante o emprego da força


e independentemente de
prévia autorização judicial

certos atos administrativos


são executados de forma
A Autoexecutoriedade imediata e direta,
independentemente de
ordem judicial

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Prescrição

A Lei 9.873/1999, aplicável à esfera federal, estabelece em cinco anos o prazo prescricional das ações
punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
O mesmo prazo prescricional vale para a Administração impetrar ação judicial de cobrança de multas
administrativas aplicadas no exercício do poder de polícia, quando não pagas espontaneamente pelo
administrado (art. 1º-A).

Por outro lado, o prazo prescricional de cinco anos não se aplica quando o fato objeto da ação punitiva da
Administração também constituir crime, ocasião em que serão aplicáveis os prazos prescricionais previstos na lei
penal14.

A referida lei prevê, ainda, que a prescrição também incide no procedimento administrativo paralisado por
mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho. Trata-se de hipótese da chamada prescrição
intercorrente, que é aquela que ocorre mesmo depois de o processo já ter sido instaurado, no caso, acarretada
pela inércia da Administração.
Por derradeiro, cumpre ressaltar que as disposições Lei 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza
funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária (art. 5º).

Distinção entre poder polícia e outras atividades estatais

A doutrina costuma explorar a diferença entre as atividades decorrentes do exercício do poder de polícia
(polícia administrativa) e as atividades de prestação de serviços públicos.
Diz-se que a polícia administrativa representa uma atividade negativa, por acarretar restrições aos direitos
e interesses dos indivíduos, enquanto o serviço público seria uma atividade positiva, vez que, ao contrário, não
restringe, e sim oferece comodidades ou utilidades materiais ao usuário do serviço. Ademais, o poder de polícia
integra o rol das denominadas atividades jurídicas do Estado, cujo desempenho se funda no poder de império; já
a prestação de serviços públicos se enquadra nas chamadas atividades sociais do Estado, que se destinam a
incrementar o bem-estar social, cujo desempenho não decorre do exercício do poder de império.
Outra diferenciação importante é entre atividade de polícia administrativa e atividade de polícia judiciária.
Será atividade de polícia administrativa aquela que incida sobre infrações de natureza administrativa, ao
passo que será atividade de polícia judiciária quando se referir à apuração de ilícitos de natureza penal com a
finalidade de instruir a propositura de ação no Poder Judiciário.
Assim, quando agentes administrativos, por exemplo, executam serviços de fiscalização em atividades de
comércio, em locais proibidos para menores, sobre as condições de alimentos para consumo ou em parques
florestais, estão exercendo atividade de polícia administrativa. Ao contrário, quando os agentes investigam a
prática de crime e, com esse objetivo, ouvem testemunhas, realizam inspeções e perícias em determinados locais

14
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração
à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
§ 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

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e documentos, convocam indiciados, etc., estão exercendo polícia judiciária, eis que, terminada a apuração, os
elementos são enviados ao Ministério Público para, se for o caso, providenciar a propositura da ação penal15.

Mais uma diferença é que a polícia administrativa é exercida sobre atividades, bens e direitos, enquanto a
polícia judiciária incide diretamente sobre pessoas. Em consequência, não existem sanções de polícia
administrativa que impliquem detenção ou reclusão de pessoas; já as atividades de polícia judiciária podem
ocasionar esse tipo de sanção.
Além disso, a polícia administrativa é desempenhada por órgãos administrativos integrantes dos mais
diversos setores de toda a Administração Pública, sempre que a lei lhes atribuir essa função, a exemplo da Vigilância
Sanitária, do Ibama, da CVM, do Detran etc.; já a polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (Polícia
Civil, Polícia Federal e Polícia Militar).
Detalhe é que a Polícia Militar desempenha tanto atividade de polícia judiciária como de polícia administrativa,
esta última quando, por exemplo, aplica multas de trânsito, apreende mercadorias irregulares etc.
Importante ressaltar que a doutrina tradicional aponta, ainda, como critério de distinção, o fato de que a
polícia administrativa teria caráter preventivo, por prevenir situações ou condutas contrárias ao interesse público,
ao passo que o caráter da polícia judiciária seria repressivo, pois seu objetivo é possibilitar a punição pelo Poder
Judiciário. Não obstante, vale ressaltar que, como vimos, a atividade de polícia administrativa também contempla
medidas de natureza repressiva, como a aplicação de multas, apreensão de mercadorias, interdição de
estabelecimentos etc.

Questões para fixar


14) No que se refere ao exercício do poder de polícia, denomina-se exigibilidade a prerrogativa da
administração de praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem depender de prévia
manifestação judicial.
Comentário:
A autoexecutoriedade é um dos atributos do poder de polícia (os outros dois são: discricionariedade e
coercibilidade). Maria Sylvia Di Pietro ensina que o atributo da autoexecutoriedade pode ser desdobrado
em exigibilidade e executoriedade.
A exigibilidade consiste na faculdade de a Administração aplicar meios de coação indiretos, como
condição a ser cumprida pelo particular para o exercício de direitos ou atividades, como a impossibilidade
de licenciamento do veículo enquanto não pagas as multas de trânsito.
Já a executoriedade se confunde com o próprio conceito de autoexecutoriedade, ou seja, consiste na
faculdade que tem a Administração para executar diretamente seus atos de polícia (usando, se for o caso,
da força), ressalvadas as hipóteses em que a execução importe transferência patrimonial do particular para
o Estado (cobrança de multa não paga, por exemplo). Há executoriedade, por exemplo, na apreensão de
mercadorias e na interdição de estabelecimentos comerciais.
O quesito, como se vê, ao falar em “prerrogativa da administração de praticar atos e colocá-los em imediata
execução, sem depender de prévia manifestação judicial”, trata da executoriedade, e não da exigibilidade,
daí o erro.

15
Carvalho Filho (2014, p. 83)
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Gabarito: Errado

15) As licenças são atos vinculados por meio dos quais a administração pública, no exercício do poder
de polícia, confere ao interessado consentimento para o desempenho de certa atividade que só
pode ser exercida de forma legítima mediante tal consentimento.
Comentário:
O quesito está correto. As licenças são atos vinculados porque são consentimentos necessários ao exercício
de determinado direito que o particular possui (ex: alvará de construção em terreno de propriedade do
requerente). Assim, caso a pessoa preencha as condições, a licença deverá ser obrigatoriamente concedida
pela Administração. Ao contrário, as autorizações são atos discricionários, pois são consentimentos para a
realização de atividades de interesse do particular (e não de direito), podendo, assim, serem concedidas ou
não, a critério da Administração (ex: porte de arma de fogo).

Gabarito: Certo

16) O poder de polícia, prerrogativa conferida à administração pública para que possa praticar toda e
qualquer ação restritiva em relação ao administrado em benefício do interesse público, é exercido
pela polícia civil, no âmbito dos estados, e pela polícia federal, no âmbito da União.

Comentário:
O quesito está errado. Quando fala em “ação restritiva em relação ao administrado em benefício do interesse
público”, a assertiva se refere à polícia administrativa. É essa, por exemplo, a definição de Maria Sylvia Di
Pietro, ao discorrer sobre a polícia administrativa: “poder de polícia é a atividade do Estado consistente em
limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público”. Ao contrário do que afirma o
quesito, o poder de polícia administrativa pode ser exercido por diversas entidades de direito público
(entes políticos, fundações públicas, autarquias e órgãos da administração direta), e não apenas pelas
instituições policiais.
Detalhe é que as polícias civil e federal, objeto da questão, exercem de forma exclusiva a função de polícia
judiciária que, embora seja atividade administrativa, tem o papel de preparar a atuação da função
jurisdicional penal, ao contrário da polícia administrativa, que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se
completa no âmbito da função administrativa.
Gabarito: Errado

17) Constitui exemplo de poder de polícia a interdição de restaurante pela autoridade administrativa
de vigilância sanitária.
Comentário:
O quesito está correto. Trata-se de medida repressiva típica do poder de polícia, com a finalidade de coagir
o infrator a cumprir a lei. Exemplos de medidas que possuem o mesmo objetivo: dissolução de reunião
clandestina, interdição de atividade ilícita, apreensão de mercadorias deterioradas, internação de pessoa
com doença contagiosa etc.
Além de medidas repressivas, o poder de polícia também compreende medidas preventivas, com o
objetivo de adequar o comportamento do indivíduo à lei. Exemplos de medidas preventivas: fiscalização,
vistoria, ordem, notificação, autorização, licença, etc.
Gabarito: Certo

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Abuso de poder
Como é sabido, as prerrogativas conferidas à Administração Pública não são absolutas. Elas se sujeitam a
limites e devem ser usadas na exata medida em que sejam necessárias para atingir os fins públicos que as
justificam.

O próprio ordenamento jurídico que fundamenta a existência dos poderes administrativos também
estabelece seus limites, os quais se encontram especialmente no respeito às garantias e direitos individuais, na
observância ao devido processo legal e na aplicação dos princípios constitucionais. O exercício das prerrogativas
conferidas à Administração fora desses limites configura o chamado abuso de poder.
Toda atuação com abuso de poder é considerada ilegal, eis que contrária ao ordenamento jurídico
(Constituição, leis, atos normativos e princípios jurídicos).
O abuso de poder é gênero que se desdobra em duas categorias, a saber:
§ Excesso de poder: vício de competência ou atuação desproporcional
§ Desvio de poder: vício de finalidade
O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos limites das suas competências, invadindo a
competência de outros agentes ou praticando atividades que não lhe foram conferidas por lei. Constitui, assim,
vício relacionado ao elemento competência dos atos administrativos. Ocorre, por exemplo, quando um agente
público edita ato normativo para regulamentar matéria de competência de outra área.
Em outra acepção, o excesso de poder também contempla as situações em que o agente é competente,
mas atua de forma desproporcional, a exemplo de quando impõe sanções graves para punir infrações leves. No
caso, os balizadores para dizer se há ou não excesso de poder são os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.
Já o desvio de poder ocorre quando o agente, embora atuando dentro dos limites de sua competência,
pratica ato contrário à finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou autorizou a sua atuação.
Constitui, assim, vício relacionado ao elemento finalidade dos atos administrativos; por isso, também é chamado
de desvio de finalidade.

A violação da finalidade pode ocorrer em duas acepções: (i) de forma ampla, quando o ato praticado ofende
genericamente o interesse público, a exemplo do desvio de recursos de obras públicas; ou (ii) de forma específica,
quando o ato desatende o objetivo imediato previsto em norma, tal como no já clássico exemplo da remoção de
ofício do servidor como forma de punição. O instituto da remoção tem por fim o atendimento de necessidade do
serviço, e não poderia, com intuito diverso, ser utilizado como forma de punição do servidor, sob pena de
invalidação por desvio de finalidade.
Importante ressaltar que o abuso de poder (excesso ou desvio) pode ocorrer tanto de forma comissiva como
omissiva, ou seja, pode resultar tanto de uma ação concreta do agente público como também da sua inércia em
executar determinada atividade de interesse público a que por lei esteja incumbido.

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vício de
competência
Excesso de
poder
atuação
Abuso de desproporcional
poder
Desvio de vício de
poder finalidade

Questões para fixar


18) Considere que determinado agente público detentor de competência para aplicar a penalidade de
suspensão resolva impor, sem ter atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por entender
que o fato praticado se encaixaria em uma das hipóteses de demissão. Nesse caso, a conduta do
agente caracterizará abuso de poder, na modalidade denominada excesso de poder.
Comentário:
O item está correto. O abuso de poder se desdobra em duas modalidades: (i) excesso de poder: vício de
competência ou atuação desproporcional; (ii) desvio de poder: vício de finalidade.
O caso concreto constitui típico exemplo de excesso de poder, pois o agente público aplicou a penalidade de
demissão sem possuir competência legal para tanto (possuía apenas para aplicar suspensão).
Gabarito: Certo

19) Incorre em abuso de poder a autoridade que nega, sem amparo legal ou de edital, a nomeação de
candidato aprovado em concurso público para o exercício de cargo no serviço público estadual, em
virtude de anterior demissão no âmbito do poder público federal.
Comentário:
O quesito está correto. Os poderes conferidos aos agentes para o exercício de suas atribuições devem ser
exercidos dentro dos limites contidos na lei, sob pena de invalidação. No caso concreto, houve abuso de
poder, pois não há impeditivo legal para que um servidor demitido na esfera federal assuma cargo no
serviço público estadual, a menos, é claro, que exista impedimento em lei local, o que não é dito na questão.
Enfim, a autoridade, ao tomar decisão sem ter competência para tanto, extrapolando os limites da lei, agiu
com abuso de poder, na modalidade excesso de poder.
Gabarito: Certo

20) Após ter sido submetido a processo administrativo em razão do cometimento de infração
disciplinar, determinado servidor público foi removido de ofício por seu superior hierárquico,
agente competente para tanto, como forma de punição pela prática do ato.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
Embora observada a regra de competência referente ao poder disciplinar, houve desvio de poder, já que
não foi atendida a finalidade prevista em lei para a prática do ato de remoção do servidor.

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Comentário:
O quesito está correto. A remoção de ofício como meio de punição é exemplo clássico de desvio de poder,
pois representa desvirtuamento da finalidade do instituto da remoção, que é realocar a mão-de-obra
disponível para o melhor desempenho dos serviços, e não punir servidores.

Gabarito: Certo

21) Suponha que, após uma breve discussão por questões partidárias, determinado servidor, que sofria
constantes perseguições de sua chefia por motivos ideológicos, tenha sido removido, por seu
superior hierárquico, que desejava puni-lo, para uma localidade inóspita. Nessa situação, houve
abuso de poder, na modalidade excesso de poder.
Comentário:
É certo que, no caso concreto, a remoção de ofício como forma de punição representou abuso de poder,
porém não na modalidade excesso de poder, uma vez que a autoridade que determinou a remoção possuía
competência para tanto, daí o erro. A modalidade de abuso, na verdade, foi o desvio de poder, pois
finalidade da remoção do servidor não foi atender ao interesse público, e sim divergências ideológicas
pessoais.
Gabarito: Errado

Deveres da Administração Pública


A par dos poderes que lhes são conferidos como instrumento para a persecução do interesse coletivo, os
agentes públicos também se sujeitam a uma série de deveres específicos e peculiares, decorrentes do princípio
da indisponibilidade do interesse público, os quais se destinam a assegurar que sua atuação ocorra em benefício
do bem comum.
Os principais deveres impostos aos agentes administrativos são:
§ Poder-dever de agir
§ Dever de eficiência
§ Dever de probidade
§ Dever de prestar contas

Poder-dever de agir

Enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o detém, no setor público, representa um dever
do administrador, desde que se apresente a oportunidade de exercitá-lo em benefício da coletividade,

É o que Hely Lopes Meirelles chama de poder-dever de agir: uma vez que os poderes administrativos são
conferidos como instrumentos para o atingimento de fins públicos, o agente não pode deixar de exercê-los, pois
isso comprometeria a própria consecução dos objetivos previstos na lei que determinou ou autorizou a sua
atuação.
Ora, não se admite, por exemplo, que um agente de trânsito, diante de um flagrante desrespeito aos limites
de velocidade, deixe de exercer seu poder de polícia e não puna o motorista infrator. No caso, ele tem o poder-

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dever de agir, uma vez que sua omissão poderia contribuir para a ocorrência de um acidente com graves prejuízos
para diversas pessoas da comunidade.
A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação, caracteriza abuso de poder, que poderá
ensejar, inclusive, responsabilidade civil da Administração Pública pelos danos que porventura decorram da
omissão ilegal.
Abre-se um parêntese para registrar que nem toda omissão é fonte de ilegalidade. Carvalho Filho faz menção
à reserva do possível, para sustentar que nem todas as metas governamentais podem ser alcançadas,
especialmente pela costumeira escassez de recursos financeiros. Essas omissões são genéricas, e, portanto, não
acarretam a responsabilidade civil do Estado. É o caso, por exemplo, de projetos de obras públicas, como
hidrelétricas, reformas de estradas e construção de hospitais, todos componentes de políticas de Administração,
sem prazo certo para implementação. Somente no momento de cumprir o empreendimento é que o
administrador poderá analisar os elementos concretos para concluir a respeito da possibilidade ou não de executá-
lo. Se, por exemplo, não houver recursos financeiros disponíveis ou, ainda, se aparecer algum embaraço de ordem
ambiental, não será possível dar andamento à obra. Por lógico, não se pode obrigar a Administração a fazer o que
se revela impossível.
Ao contrário, são ilegais as chamadas omissões específicas, ou seja, aquelas que estiverem ocorrendo
mesmo diante de expressa disposição legal impondo que algo deve ser feito em determinado prazo, ou ainda
quando, mesmo sem prazo fixado, a Administração permanece omissa em período superior ao aceitável dentro
de padrões normais de tolerância ou razoabilidade. É o caso, por exemplo, do art. 49 da Lei 9.784/1999 (lei do
processo administrativo federal), que assina prazo de até 30 dias após a instrução para que a Administração decida
o processo.

Questão para fixar


22) O exercício dos poderes administrativos não é uma faculdade do agente público, mas uma
obrigação de atuar; por isso, a omissão no exercício desses poderes poderá ensejar a
responsabilização do agente público nas esferas cível, penal e administrativa.
Comentário:
O quesito está correto. A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação caracteriza abuso
de poder. Sobre o tema, Carvalho Filho ressalta que, na medida em que incumbe ao agente determinada
conduta comissiva, a sua omissão (conduta omissiva) haverá de configurar-se como ilegal. Desse modo, o
administrado tem o direito subjetivo de exigir do administrador omisso a conduta comissiva imposta em
lei, quer na via administrativa, quer na via judicial, formulando na ação pedido de natureza condenatória de
obrigação de fazer.
Gabarito: Certo

Dever de eficiência
O dever de eficiência traduz a ideia de boa administração, ou seja, de que o agente, além de agir com
celeridade, deve atuar com perfeição técnica e deter bom rendimento funcional.
Tal dever foi, inclusive, elevado a princípio constitucional (CF, art. 37, “caput), sendo detectado, entre outros
momentos, na:

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§ Possibilidade de perda do cargo do servidor público estável em razão de insuficiência de desempenho


(art. 41, §1º, III);
§ Instituição de Escolas de Governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira (art. 39, §2º); e
§ Faculdade de celebração de contratos de gestão, neste caso, para incremento da autonomia financeira,
orçamentária e patrimonial dos órgãos e entidades do Estado (art. 37, §8º).

Dever de probidade
O dever de probidade exige que os atos dos agentes públicos sejam legítimos, honestos, éticos e pautados
pela boa-fé, não sendo suficiente o atendimento da lei formal, mas, sobretudo, a observância da moralidade
administrativa e da finalidade pública.
O dever de probidade é imposto a todo e qualquer agente público, do mais modesto ao mais alto cargo. Os
atos ímprobos podem ser invalidados pela própria Administração, com base no princípio da autotutela, como
também pelo Poder Judiciário, se provocado.
O art. 37, §4º da CF estabelece que os atos de improbidade acarretarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Tal dispositivo constitucional foi regulamentado na Lei 8.429/1992, que tipifica e sanciona os atos de
improbidade administrativa. Essa lei será estudada em aula específica do curso.

Dever de prestar contas


O dever de prestar contas decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública. Afinal, o gestor público é mero curador de bens e
interesses alheios, pertencentes a toda a coletividade, devendo, assim, prestar contas ao proprietário, por
intermédio dos órgãos competentes para a fiscalização (Tribunal de Contas, órgãos de controle interno, órgãos
repassadores de recursos a entidades privadas, agências reguladoras etc.).
A prestação de contas remete à necessidade de transparência dos atos estatais (administrativos ou de
governo), especialmente no que se refere à aplicação dos recursos públicos.
O dever de prestar contas é bastante abrangente, alcançando inclusive particulares que, de algum modo,
sejam responsáveis pela aplicação de recursos públicos. É o que dispõe o art. 70, parágrafo único da Constituição
Federal:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

A prestação de contas de administradores pode ser realizada internamente, através dos órgãos escalonados
em graus hierárquicos, ou externamente. Nesse caso, o controle de contas é feito pelo Poder Legislativo, por ser
ele o órgão de representação popular, juntamente com o Tribunal de Contas, órgão técnico de estatura
constitucional que detém uma série de competências voltadas para o controle da atividade financeira dos agentes
da Administração.

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Questão para fixar


23) O dever do agente público que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse
público, sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública, denomina-se:

a) Dever de eficiência.
b) Dever de probidade.
c) Dever de prestar contas.
d) Poder dever de agir.
e) Poder dever de fiscalizar.

Comentário:
Todas as opções apresentam deveres a que os agentes públicos se sujeitam. O enunciado, contudo, requer
que apontemos o dever que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública.
Trata-se, portanto, do dever de prestar contas que, segundo Hely Lopes Meirelles, é “decorrência natural da
administração como encargo de gestão de bens e interesses alheios. Se o administrador corresponde ao
desempenho de um mandato de zelo e conservação de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem
o exerce deverá prestar contas ao proprietário. No caso do administrador público, esse dever ainda mais se
alteia, porque a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e assume o caráter de um múnus
público, isto é, de um encargo para com a comunidade”.
Gabarito: alternativa “c”

*****

Bem, por hoje é só. Vamos agora resolver algumas questões de prova!

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Questões comentadas da banca FCC


1. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)
Considere hipoteticamente um ato administrativo exarado por autoridade incompetente. Em relação aos
denominados atributos dos atos administrativos, o referido ato

a) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, ante o princípio
que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais.
b) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, o que se denomina
imperatividade.
c) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, a menos que decretada, pelo Poder Judiciário, sua invalidade, sendo
vedada a autotutela na hipótese, o que se denomina executoriedade.
d) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina presunção de legitimidade ou veracidade.
e) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina autoexecutoriedade.
Comentários:
a) ERRADO. Essa questão e a letra ‘a’, aborda uma dúvida muito comum entre os alunos que é a possibilidade
de atos inválidos produzirem efeitos antes da sua anulação ou sustação.
Frequentemente, a fonte das dúvidas é o fato de o servidor público não ser legalmente obrigado a cumprir
ordens manifestamente ilegais (art. 116, IV, Lei 8.112/90), o que é exceção a necessidade de obediência
hierárquica. A referida regra não retira a eficácia dos atos administrativos ilegais, mas vemos que os termos usados
pela banca “o princípio que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais” possivelmente
confundiriam os candidatos.
De qualquer forma, o importante para a resolução da questão é saber, que entre os atributos dos atos
administrativos, encontra-se a presunção de legitimidade que autoriza a imediata execução de um ato
administrativo ainda que esse sofra de vícios ou defeitos aparentes, produzindo efeitos como se fosse válido
até a sua anulação ou sustação pela Administração ou pelo Poder Judiciário.

Esse atributo é muito importante, pois garante à Administração o exercício célere das suas atribuições, o que
seria travado se fosse necessária a manifestação prévia do Poder Judiciário sobre a validade dos atos
administrativos para que esses tivessem eficácia. Da mesma forma, o funcionamento do poder público seria
obstado se coubesse aos administrados juízo de valor sobre a legalidade dos atos.
Deve ficar claro que o ato ilegal não apenas é passível de anulação pela Administração ou pelo Poder
Judiciário, mas, em caso de flagrante ilegalidade, os seus efeitos podem ser suspensos, existindo instrumentos
para tanto, como o mandado de segurança, ou mesmo tutelas de urgência nas ações judiciais. A presunção de
legitimidade é relativa.
b) ERRADO. Conforme explicação da alternativa anterior, a letra ‘b’ está igualmente errada. Acrescente-se
que a imperatividade traduz, na realidade, a possibilidade de a Administração Pública criar obrigações para os
administrados, ou impor restrições unilateralmente, e é observada em determinadas espécies de atos
administrativos.

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c) ERRADO. A Administração Pública, como decorrência da autotutela, pode rever os seus próprios atos.
Isso significa, nos termos da Súmula 473 do STF, que a administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.
A executoriedade trazida na alternativa não tem relação com a autotutela e é simplesmente a possibilidade
de a administração praticar diretamente um ato administrativo, ou compelir direta e materialmente o
administrado a praticá-lo. Trata-se de um atributo descrito por Celso Antônio Bandeira de Mello.
d) CERTO. A alternativa está correta, conforme todas as explicações anteriores.
e) ERRADO. O fragmento final macula a letra ‘e’, já que o atributo descrito é a presunção de legitimidade. A
autoexecutoriedade é o atributo que permite a implementação material direta pela administração do ato
administrativo, sendo dividido, por vezes, entre exigibilidade e executoriedade do ato.

Gabarito: alternativa “d”


2. (FCC – ALESE 2018)
João é Prefeito do Município X e, no exercício de seu poder regulamentar, expediu decreto alterando determinada
lei. A conduta narrada
a) implicou abuso do poder regulamentar, vez que houve invasão da competência do Poder Legislativo.
b) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter geral e abstrato que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração
legislativa
c) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio dos regulamentos autônomos.
d) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter individual, que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração legislativa.
e) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio das resoluções.
Comentário:

Para entender a questão integralmente devemos entender os tópicos abordados referentes ao poder
regulamentar, seus instrumentos e prerrogativas, diferenciado-o do poder normativo e esclarecendo a sua posição
hierárquica em relação às leis.

Nesse sentido, temos que a administração conta com o poder normativo, que é poder editar regulamentos
autorizados. Ou seja, diversos órgãos e autoridades administrativas e mesmo entidades da administração indireta
editam atos administrativos normativos, sendo parte do chamado poder normativo. Atos normativos editados
pela administração como decorrência desse poder são aqueles que têm efeitos gerais, atingindo todos os que se
encontram na mesma situação por ele regulada. Por exemplo: regimentos, resoluções, deliberações e portarias.
Esses atos como o nome revela são normas, apesar de não serem leis, estando em hierarquia inferior às leis e
sendo classificados como normas secundárias (uma exceção seria o decreto autônomo).
O poder regulamentar encontra-se dentro do poder normativo, segundo a maioria da doutrina, e diz
respeito a faculdade dos chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos normativos, que são
especificamente os decretos regulamentares ou de execução, que buscam dar fiel execução às leis, e os
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decretos autônomos. O poder normativo é mais amplo e abrange a capacidade normativa da administração como
um todo, o poder regulamentar é mais restrito a abrange os chefes do poder executivo.
A questão descreve a edição de decreto (poder regulamentar) por um prefeito (chefe do Poder Executivo)
que altera a lei no lugar de buscar a sua fiel execução, implicando abuso do poder regulamentar, vez que houve
invasão da competência do Poder Legislativo, como revela a alternativa ‘a’.

Gabarito: alternativa “a”


3. (FCC – ALESE 2018)
Marcos, servidor público titular de cargo efetivo, inscreveu-se em concurso de promoção interno, instruindo o
requerimento com a documentação pertinente, atendendo requisitos e indicando a respectiva pontuação,
conforme edital. Alguns documentos foram desconsiderados pela banca do concurso, de forma que ele não atingiu
a pontuação necessária para ser promovido. Posteriormente, a autoridade responsável pela promoção confessou
a outro colega que desconsiderou a pontuação propositadamente, sem qualquer amparo, para coibir a promoção
daquele servidor, seu desafeto. O ato da autoridade que desclassificou Marcos no concurso de promoção
a) está eivado de vício de desvio de finalidade, possibilitando sua anulação, inclusive judicial.
b) constitui apenas infração funcional, que deve ser apenada.

c) tipifica ato de improbidade na modalidade que causa prejuízo ao erário, pois a conduta da autoridade foi dolosa.
d) caracteriza abuso de poder, mas não pode ser revertido, em razão do encerramento do certame.
e) constitui ato discricionário, ainda que a motivação tenha sido fundada em razões reprováveis, o que impede o
controle judicial.
Comentário:
Primeiramente é preciso identificar que o ato descrito no enunciado foi praticado com desvio de poder, ou
seja, considerando os cinco elementos dos atos administrativos: motivo, objeto, forma, competência e finalidade,
a desconsideração da pontuação de Marcos pela autoridade foi praticada sem a devida observância do objetivo
geral ou específico do procedimento, com claro desvio de finalidade.
Em outras palavras, a autoridade não buscou o interesse público, operando contra a escolha imparcial e
mais vantajosa para a administração com base nos critérios definidos pelo próprio edital de promoção interna. No
lugar disso, usou o procedimento para prejudicar um desafeto, indo contra os objetivos da administração e do ato
em questão, violando frontalmente a impessoalidade e moralidade administrativa.
Tendo isso em mente, vamos analisar cada assertiva.
a) CORRETA. Conforme descrito acima o ato foi praticado com desvio de finalidade (desvio de poder),
tornando-o ilegal e, portanto, nulo. Lembre-se que os vícios no elemento finalidade não admitem convalidação.
Dessa forma, é possível a sua anulação seja pelo exercício do controle externo judicial, seja pelo exercício do
controle interno pela própria administração com base na autotutela.
b) ERRADA. O ato não constitui apenas infração funcional, podendo também caracterizar ato de
improbidade administrativa: prática de ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele
previsto, na regra de competência (art. 11, I, LIA). Lembrando que as infrações funcionais são processadas na
esfera administrativa; já os atos de improbidade, são julgados e punidos na esfera civil.
c) ERRADA. Existem dois erros nesta alternativa. Em primeiro lugar justifica-se a caracterização da
modalidade do ato de improbidade que causa prejuízo ao erário pela ação dolosa da autoridade. Em que pese o
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ato ser sim doloso, lembre-se que entre as modalidades dos atos de improbidade administrativa apenas aqueles
que causam prejuízo ao erário (art. 10 da LIA) podem ser dolosos ou culposos. As demais modalidades admitem
apenas o dolo. Justificar a qualificação com base no requisito dolo, portanto, não faz sentido.
Ademais, o ato praticado pela autoridade enquadra-se em outra modalidade, uma vez que constitui ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública (art. 11 da LIA).
d) ERRADA. O ato realmente caracteriza abuso de poder, mas pode e deve ser revertido, pois é nulo. O
encerramento do certame a princípio não obsta a sua anulação e a questão não fornece elementos que permitam
concluir a decadência do poder-dever de anular, por exemplo, ou outro obstáculo à anulação.
Tenha em mente que o abuso de poder (gênero) pode se manifestar como (i) excesso de poder (espécie),
caso em que o agente público atua além de sua competência legal ou em violação ao princípio da
proporcionalidade, e pode se manifestar, também, pelo (ii) desvio de poder (espécie), em que o agente público
atua contrariamente ao interesse público ou objetivo específico da norma, desviando-se da finalidade pública.
e) ERRADA. Existem diversos erros a serem enumerados nessa alternativa.
Primeiramente, concursos público em geral são procedimentos que admitem certa discricionariedade na
elaboração do edital, não sendo absurdo pensar em uma limitada discricionariedade também em concursos de
promoção interna. Uma vez elaborado o edital, todavia, esse vincula a administração e por isso não há que se falar
em discricionariedade na apreciação de documentos exigidos por edital e entregues pelo candidato.
Observe, além disso, que a eventual discricionariedade do ato ou do procedimento não alcança elementos
vinculados como a finalidade, que sempre deve atender o interesse público de forma ampla e os objetivos
específicos do ato/procedimento de forma específica.
Por fim, o controle judicial abrange sim atos discricionários, atendo-se a apreciação da sua legalidade. Ou
seja, temos controle de legalidade dos atos discricionários, o que leva eventualmente a sua anulação. O que não
é possível é o controle de mérito (conveniência e oportunidade) com revogação do ato discricionário pelo poder
judiciário no exercício da sua função jurisdicional.

Gabarito: alternativa “a”


4. (FCC – ISS São Luís 2018)
A atuação dos agentes públicos que causar danos a terceiros pode gerar responsabilização das pessoas políticas
ou jurídicas da Administração pública as quais estiverem funcionalmente vinculados. No âmbito dessa atuação
passível de resultar na referida responsabilização,
(A) inclui-se o exercício do poder hierárquico, que também incide na esfera jurídica de terceiros não integrantes do
quadro funcional da Administração pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados para prestação de
serviços ou fornecimento de bens.
(B) a atuação dolosa dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou ilícitos, acarreta dever de indenização da
pessoa jurídica ou política pelos danos que aqueles causarem, cabendo direito de regresso em face dos servidores
responsáveis.

(C) o poder normativo conferido à Administração pública enseja sua responsabilidade objetiva, sendo obrigatória
a inclusão do ente que editou o ato ou decreto no pólo passivo da ação, dado que se trata de atuação legislativa.
(D) o poder de polícia, quando exercido fora dos limites legalmente autorizados, pode ocasionar danos aos
administrados, passíveis de serem opostos à Administração para fins de indenização, independentemente de dolo
ou culpa dos agentes públicos.
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(E) tanto o poder de polícia quanto o poder disciplinar exigem comprovação de dolo ou culpa dos agentes públicos
para imputação de responsabilidade às pessoas jurídicas as quais estão vinculados, considerando que se trata de
atuação essencial e intrínseca às funções executivas.
Comentário:
Lembre-se que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Com isso em mente, vamos comentar as alternativas:


(A) ERRADO. A alternativa faz referência de forma errônea ao Poder Hierárquico, quando na verdade é o
Poder Disciplinar que incide na esfera jurídica de terceiros não integrantes do quadro funcional da
Administração Pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados para prestação de serviços ou
fornecimento de bens.
Sobre essa questão, lembre-se que a incidência do Poder Hierárquico depende da hierarquia, que por sua vez
é relacionada à existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos, sempre no âmbito de uma
mesma pessoa jurídica.
(B) ERRADO. Esta alternativa apresenta uma série de omissões quanto à regra de responsabilidade objetiva
do Estado e uma restrição indevida em especial que macula o sentido da norma em si, tornando o item incorreto.
De fato, a assertiva dá a entender que apenas a atuação dolosa dos agentes públicos é que acarreta a
responsabilidade do Estado, o que é errado. Afinal, conforme o art. 37, §6º da Constituição Federal, o Estado
responde objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Responder “objetivamente” significa
que o Estado responderá independentemente de o agente ter agido com dolo ou culpa, bastando que se
demonstre o nexo de causalidade entre o ato do agente e o dano sofrido pelo terceiro.
Outro detalhe que também macula o item é que a atuação dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos
ou ilícitos, acarreta dever de indenização da pessoa jurídica de direito público e de direito privado prestadoras
de serviços públicos. A questão faz referência, contudo, a pessoas jurídicas de forma genérica, o que engloba
pessoas jurídicas de direito privado que não prestam serviços públicos e, em relação a essas, não aplicamos a
mesma regra de responsabilidade objetiva do art. 37, §6º, CF/88, incidindo aqui a regra de responsabilidade civil
de direito privado, ainda que tal pessoa jurídica integre a Administração Pública e empregue agentes públicos,
como é o caso das empresas estatais.
(C) ERRADO. A professora Maria Sylvia di Pietro considera que a responsabilidade por regulamentos do
Poder Executivo, assim como os atos normativos das agências reguladoras e de outros entes que exercem
competência normativa no âmbito da Administração Pública, depende de prévia declaração pelo STF no caso de
inconstitucionalidade, não sendo essa prévia apreciação judicial necessária no caso de ilegalidade por exorbitarem
dos limites de sua competência regulamentar, contrariando normas de hierarquia superior.
O erro da alternativa é considerar que atuação do poder normativo é legislativa, o que não é verdade, pois
trata-se de ação regulamentar, portanto secundária, que demanda a inclusão no polo passivo do responsável pelo
dano a ser reparado, com argumentação incidental de ilegalidade do ato ou decreto que o embasa. Tratando-se
de ato inconstitucional é necessário o prévio reconhecimento da inconstitucionalidade, conforme informado
acima.
(D) CERTO. Conforme definido pelo art. 37, §6º da Constituição Federal as pessoas jurídicas de direito público
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Essa responsabilidade é

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objetiva, não dependendo da culpa ou dolo dos agentes. Nesse sentido, a culpa ou dolo dos agentes é necessária
para a configuração da responsabilidade do próprio agente, que é subjetiva e deve ser observada na propositura
de eventual ação de regresso pela Administração Pública contra o causador do dano.
(E) ERRADO. Conforme explicado no comentário anterior a responsabilidade da administração é obnjetiva
e não depende da caracterização de culpa ou dolo do agente causador do dano.

Gabarito: alternativa “d”


5. (FCC – Sefaz/GO 2018)
O poder normativo atribuído ao Executivo deve observar limites e parâmetros constitucionalmente estabelecidos,
dentre os quais:
a) Insere-se a competência para edição de decretos autônomos, em hipóteses expressas, passível de delegação
aos entes de direito público que integram a Administração pública indireta, como autarquias, fundações e agências
reguladoras, para exercício nas mesmas condições.
b) A necessidade de existência de lei prévia tratando dos aspectos gerais e abstratos da questão, restando ao
Executivo a obrigação de viabilizar a execução dessas diretrizes, por meio da disciplina do procedimento para
tanto.

c) Destaca-se a expressa indelegabilidade de seu exercício, não sendo permitindo a nenhum outro ente da
Administração indireta a edição de atos normativos.
d) A possibilidade de sua delegação para agências reguladoras, constituídas sob a forma de autarquias, para
organização das atividades reguladas, bem como para estabelecimento de critérios técnicos.
e) A constitucionalidade de sua delegação aos entes integrantes da Administração pública indireta para edição de
decretos regulamentadores que disciplinem aspectos técnicos em seus setores de atuação.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A Constituição permite que a competência para edição de decretos autônomos seja delegada
apenas aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, mas não às
entidades da Administração indireta. Veja:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

b) ERRADA. O poder normativo atribuído ao Executivo nem sempre necessita da existência de lei prévia,
uma vez que a Constituição permite a edição de decretos autônomos, como visto na alternativa anterior.
c) ERRADA. O primeiro erro é que o poder normativo do chefe do Poder Executivo não é absolutamente
indelegável, como vimos no comentário à alternativa “a”. Outro erro é que o enunciado trata do “poder

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normativo”, o qual confere à Administração Pública em geral a prerrogativa para editar atos de natureza
normativa. Particularmente, o poder normativo permite, inclusive, que entidades da Administração Indireta
editem atos de natureza normativa, a exemplo do que fazem as agências reguladoras.
d) CERTA. De fato, é cediço que as agências reguladoras editem normas voltadas à organização das
atividades reguladas, bem como para estabelecimento de critérios técnicos.
e) ERRADA. A competência para expedição dos decretos e regulamentos de execução não é passível de
delegação (CF, art. 84, parágrafo único). Assim, como afirmado no comentário à alternativa “d”, é a lei que
possibilita às agências reguladoras editarem normas que disciplinem aspectos técnicos em seus setores de
atuação.

Gabarito: alternativa “d”


6. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Dentre os poderes atribuídos à Administração pública, o poder
a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque passível de ser atribuído à Administração direta, incluídas
as entidades paraestatais, para o desempenho regular de suas funções executivas.
b) normativo não pode ser exercido pelos entes que integram a Administração indireta, à exceção das agências
reguladoras, por conta de sua independência e autonomia.
c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração indireta, que se sujeitam à Administração central para
fins de processamento dos processos disciplinares instaurados contra seus servidores.

d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo da apuração de infrações cometidas por servidores públicos
integrantes dos quadros da Administração direta.
e) de polícia pode ser delegado somente aos entes integrantes da Administração indireta que tenham
personalidade jurídica de direito público, a exemplo das agências executivas no que concerne ao papel fiscalizador
que exercem sobre a prestação de serviços públicos.

Comentário: Vamos analisar cada alternativa, buscando a opção correta:


(a) ERRADA. As entidades paraestatais não fazem parte da administração direta ou indireta. Além disso, a
maior parte da doutrina administrativista considera o poder regulamentar como exclusivo do chefe do poder
executivo.

(b) ERRADA. Diversas entidades da administração indireta exercem o poder normativo, e não apenas
agências reguladoras. O INMETRO, por exemplo, é uma autarquia federal que trata de metrologia e da avaliação
da conformidade de produtos, não apenas fazendo testes, mas também expedindo normas referentes a materiais
e produtos industriais.
(c) ERRADA. O poder disciplinar, assim como o poder hierárquico, de fato se estende aos entes da
administração indireta de forma interna, principalmente aos que obedecem ao regime administrativo de forma
mais acentuada. Exemplo: agências reguladoras aplicam sanções às concessionárias de serviço público com base
no poder disciplinar, e sanções são aplicadas aos servidores da administração indireta de entidades de direito
público tendo como base o poder disciplinar, mediante processo administrativo operado na própria entidade.
Essa extensão do poder disciplinar não implica em subordinação das entidades da administração indireta à
administração central para fins de processamento de todos os processos disciplinares instaurados contra seus
servidores, já que isso depende da punição a ser aplicada. Advertência e suspensão de até 30 (trinta) dias no

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processo administrativo disciplinar federal é aplicada pelo chefe da repartição ou outras autoridades na forma dos
respectivos regimentos ou regulamentos (art. 141, III, Lei 8.112/1990).
A pena de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor, por outro lado, leva o PAD à
administração central, já que tais sanções são aplicadas pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, ao servidor vinculado ao
respectivo Poder, órgão, ou entidade (art. 141, I, Lei 8.112/1990).
Repare que nem todas as entidades da administração indireta contam com essa regra relativa a processos
disciplinares, já que as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito privado (empresas estatais, por
exemplo) têm empregados celetistas, cuja demissão sequer depende de processo administrativo prévio.
(d) CERTA. Como a administração pública é estruturada hierarquicamente, os servidores têm o dever de
cumprir as ordens emanadas de seus superiores, ressalvada a hipótese de a ordem ser manifestamente ilegal.
Dessa forma, os superiores têm prerrogativas, que são deveres simultaneamente, sobre os inferiores hierárquicos,
como dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar competências e avocar competências.
Verificamos, então um viés disciplinar no poder hierárquico, que fundamenta indiretamente a aplicação de
sanções por superiores a seus subordinados.
(e) ERRADA. Muitos autores não consideram possível delegação do poder de polícia às pessoas jurídicas de
direito privado da administração indireta. Entretanto, o poder de polícia possui diferentes fases, e o STJ admite a
delegação a essas entidades das fases de “consentimento de polícia” e de “fiscalização de polícia”,
considerando indelegáveis a “ordem de polícia” e “sanção de polícia”.
Além disso, alternativa confunde os conceitos de agência reguladora, que fiscaliza a prestação de serviços
públicos e costumam ser constituídas como autarquias sob regime especial (portanto pessoa jurídica de direito
público e não de direito privado) e de agência executiva, que é uma qualificação concedidas às autarquias e
fundações públicas que cumprem os requisitos legais (celebração de contrato de gestão).

Gabarito: alternativa “d”


7. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia, o administrador precisava designar o servidor responsável
pela coordenação das tarefas inerentes à execução da avença. Dentre os membros da equipe competente para a
execução do contrato, nenhum dos servidores se dispôs a assumir a coordenação, o que levou o gestor público a
designar, de ofício, aquele que tinha mais experiência no setor. A atuação do administrador
a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é inerente, tendo em vista que a recusa dos servidores para a
coordenação do trabalho exigiu o sancionamento por parte da chefia.
b) é compatível como exercício do poder hierárquico, que implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento
discricionário diante da recusa dos servidores.
c) é expressão do poder normativo, considerando que o ato de designação do servidor para exercer as funções de
coordenador não tem natureza de ato administrativo.

d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que abrange a possibilidade de designação, de ofício, de


tarefas aos servidores integrantes do quadro, observado o respectivo âmbito de atuação.
e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido amplo, que também inclui o gerenciamento e limitação das
condutas dos servidores a ele subordinados.

Comentário:
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Decorrem do poder hierárquico as prerrogativas, exercidas pelo superior sobre seus subordinados, de dar
ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências.
Veja que as prerrogativas de dar ordens, por exemplo, garantem o adequado funcionamento dos serviços
sob a responsabilidade dos superiores hierárquicos e os servidores públicos têm o dever de acatar e cumprir tais
ordens, exceto quando manifestamente ilegais.
Ademais, a designação de ofício para o exercício de determinada função de confiança é tarefa confiada a
servidor em posição hierárquica compatível com tal prerrogativa. Essa designação feita de ofício porque critérios
de conveniência e oportunidade e não se subordina à prévia anuência do designado. Ainda assim, não se esqueça
que essa medida não suprime completamente a autonomia do servidor, que pode simplesmente pedir a dispensa
de tal função. Por essa razão a alternativa correta é a letra ‘d’.

Gabarito: alternativa “d”.


8. (FCC – TRT SP – TJAA 2018)
Constitui exemplo de atuação da Administração pública fundada no exercício do poder de polícia:
(A) Interdição e demolição de construção com risco de desabamento.
(B) Permissão de uso de imóvel público para particular que se responsabilize por sua guarda.

(C) Declaração de inidoneidade à particular que fraudou procedimento licitatório.


(D) Concessão de serviço público à exploração privada, sujeito às normas fixadas pelo poder concedente.
(E) Aplicação de penalidade a servidor público, observado o devido processo legal e o contraditório.

Comentário:
O poder de polícia é uma das atividades típicas estatais, sendo caracterizado por acarretar restrições à esfera
jurídica individual do administrado, a seus direitos e interesses. Ao resolver a questão, você deve buscar qual
alternativa fornece uma hipótese dessa modalidade de exercício, a qual não pode ser confundida com outras
atividades estatais também presentes entre as opções.
Vamos comentar cada uma das alternativas abaixo.
(A) CORRETA. A interdição e a demolição de construção em risco de desabamento são duas hipóteses
clássicas de atuação do poder de polícia de forma repressiva. Repare que ambos os casos decorrem da constatação
de um problema, possivelmente uma infração, mas têm um objetivo principal acautelatório, pois pretendem
evitar ou reduzir danos à coletividade. Assim, restringem a esfera de particulares considerando o interesse público.
(B) ERRADA. Conforme ensina Maria Sylvia di Pietro, a permissão de uso de bem público é o ato
administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração Pública
faculta a utilização privativa de bem público, para fins de interesse público. Esse ato não decorre do poder de
polícia, mas pode caracterizar, por exemplo, atividade de fomento da Administração. Veja um exemplo: podem
ser destinados recursos orçamentários e bens públicos às organizações sociais, mediante permissão de uso,
consoante cláusula expressa do contrato de gestão.
(C) ERRADA. Estamos diante de um caso de aplicação de sanção pela administração. Sobre esse tópico,
tenha em mente que a aplicação de sanções a particulares que têm relação específica com o poder público decorre
do poder disciplinar, que não se relaciona com o poder hierárquico nessa hipótese. É o que se observa com
participantes de um procedimento licitatório, por exemplo. Em relação a particulares que não têm uma ligação

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específica com a administração, temos a incidência do poder de polícia, mas esse não é o caso trazido na
alternativa.
(D) ERRADA. A concessão de serviço público, como o próprio nome revela, relaciona-se a outra atividade
típica da administração, que é exatamente a prestação de serviços públicos.
(E) ERRADA. A aplicação de penalidades a servidores públicos decorre de forma mediata do poder
hierárquico e de forma imediata do poder disciplinar, não havendo relação com o poder de polícia, como
explicado no comentário da letra ‘c’.

Note, então, que temos três possibilidades em relação à aplicação de sanções pela administração: servidor
público (poder hierárquico de forma mediata e poder disciplinar de forma imediata); particular que tem relação
específica com a administração (apenas poder disciplinar) e; particular que não tem relação específica com a
administração (poder de polícia).

Gabarito: alternativa “a”


9. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)
Considere hipoteticamente um servidor público estadual, detentor de cargo público efetivo, que tenha praticado,
no exercício de suas funções, conduta que em tese configura falta funcional de natureza grave. Nesta hipótese, a
Administração
a) tem a faculdade de apurar a infração e de aplicar a penalidade prevista em lei, com fundamento no poder de
polícia administrativa.

b) pode ou não aplicar sanção, mesmo que comprovada a falta funcional atribuída ao servidor, isso em razão de
sua natureza imprecisa, que autoriza juízo discricionário.
c) tem a faculdade de, após apurados os fatos, aplicar ou não a sanção correspondente, em razão do poder
disciplinar, que é discricionário e decorre do poder hierárquico.
d) tem o dever de aplicar a pena cabível, independentemente da apuração por meio de procedimento legal, em
razão de o servidor estar sujeito à disciplina interna administrativa.
e) tem o dever de apurar os fatos por meio do processo administrativo adequado, e, comprovada a materialidade
e autoria da infração, aplicar a pena cabível.
Comentário:

A pergunta e alternativas apresentadas revelam que a questão busca determinar genericamente a


discricionariedade ou vinculação da apuração de infrações cometidas pelos servidores públicos e suas respectivas
punições, considerando o poder administrativo que as embasa.

Em primeiro lugar, temos que a apuração e aplicação de sanções aos servidores públicos decorre de forma
mediata do poder hierárquico e de forma imediata do poder disciplinar. Por essa razão, as bancas de concurso
costumam considerar precipuamente o poder disciplinar ao tratar das sanções aplicadas aos servidores.
Sabemos que o poder disciplinar é descrito pela doutrina como discricionário, o que é explorado nesta
questão, mas a discricionariedade é uma regra geral que admite algumas exceções. Por exemplo, não há
discricionariedade quanto ao dever de punir quem comprovadamente pratica infração disciplinar, assim como não
existe discricionariedade quanto ao dever de apurar infrações.
A discricionariedade será observada, eventualmente, na gradação da penalidade ou no enquadramento da
conduta em uma outra infração, a depender das circunstâncias do caso concreto.

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Gabarito: alternativa “e”


10. (FCC – TRT/SP – AJAJ 2018)
A edição de um decreto pelo Chefe do Executivo instituindo proibição de circulação de veículos por determinado
perímetro da cidade
(A) encontra fundamento no poder regulamentar, porque este se presta a suprir lacunas legais.
(B) insere-se dentre as atribuições inerentes ao poder hierárquico, considerando a supremacia do interesse público
sobre o particular, que permite a limitação da liberdade dos administrados, em prol da coletividade.
(C) configura expressão do poder disciplinar, posto que se presta a pacificar as relações entre a Administração
pública e os administrados.
(D) excede os limites do poder regulamentar, na medida em que inova o ordenamento jurídico ao estabelecer nova
restrição a direitos sem que conste haver o devido fundamento em lei.
(E) excede os limites do poder de polícia, tendo em vista que esta atuação se presta apenas a imposição de
obrigações, não sendo admitido o estabelecimento de limitação ou restrição a direitos dos administrados.
Comentários:
A edição de decreto pelo Chefe do Poder Executivo constitui manifestação do poder regulamentar. É
pacífico que, ao exercer esse poder, o chefe do Poder Executivo não pode ultrapassar os limites da lei, instituindo
novos direitos ou impondo novas obrigações que não tenham previsão legal. No caso em análise, o Chefe do
Executivo inovou o ordenamento jurídico, estabelecendo nova restrição de circulação sem haver um fundamento
legal prévio. Logo, podemos afirmar que ele excedeu os limites do seu poder regulamentar, sendo o referido
Decreto passível de sustação pelo Poder Legislativo. Daí a correção da alternativa “d”. Vamos analisar as demais:
a) ERRADA. O poder regulamentar não se presta a suprir lacunas legais, e sim deve ser exercido nos limites
da lei, para regulamentar a execução daquilo que foi previsto na lei. Eventuais lacunas devem ser preenchidas por
outras leis.

b) ERRADA. O poder hierárquico é exercido internamente na Administração. Não há hierarquia entre a


Administração e os administrados.

c) ERRADA. O poder disciplinar somente incide sobre os administrados que possuem algum vínculo
específico com a Administração, a exemplo de servidores públicos e particulares contratados. Na questão, a
proibição foi direcionada para os particulares em geral, razão pela qual não se trata de manifestação do poder
disciplinar.
e) ERRADA. Também constitui manifestação do poder de polícia o estabelecimento de limitação ou
restrição a direitos dos administrados. Porém, essas limitações e restrições devem ser impostas por lei, e não por
decreto.

Gabarito: alternativa “d”


11. (FCC – SEGEP/MA 2018)
Um particular requereu a expedição de licença para a realização de obras em seu estabelecimento comercial, cujo
prazo de emissão está legalmente previsto para 30 dias a contar do pedido. Passados três meses do pedido,
mesmo aduzindo ter entregue todos os documentos necessários, não recebeu resposta da Municipalidade,
cogitando requerer judicialmente o documento. A Municipalidade

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a) tem discricionariedade na emissão do documento, porque depende da análise de conveniência e oportunidade


da reforma pretendida.
b) tem o dever de emitir o documento, caso tenham sido preenchidos os requisitos legais para tanto, o que permite
ao particular demandar judicialmente para exigir a licença.
c) não se submete aos prazos legais para emissão da licença, tendo em vista que o princípio da legalidade pode ser
excepcionado pelo princípio da eficiência.
d) pode indeferir tacitamente o pedido de licença, por motivos de conveniência e oportunidade, não cabendo
questionamento de mérito perante o Poder Judiciário.
e) tem o dever de emitir a licença, pois, ainda que se trate de ato administrativo de natureza discricionária, o
preenchimento dos requisitos legais confere direito subjetivo ao particular.
Comentário:
a) ERRADA. A licença é ato vinculado, não gerando qualquer margem de discricionariedade ao agente
público.
b) CORRETA. Por ser a licença um ato vinculado, caso preenchidos os requisitos definidos em lei, o agente
público deve, obrigatoriamente, emitir o documento.
c) ERRADA. Não existe essa excepcionalidade do princípio da legalidade pelo princípio da eficiência, mas
sim a simultaneidade de ambos.
d) ERRADA. O agente público tem sim o dever de emitir a licença, porém não se trata de ato discricionário,
e sim vinculado.

Gabarito: alternativa “b”.

12. (FCC – TST 2017)


Dentre os princípios que regem a atuação da Administração pública nos processos administrativos em geral e sua
relação com os poderes da Administração pública,
(A) os princípios do contraditório e da ampla defesa podem ser mitigados pelo poder de polícia, permitindo que a
Administração restrinja o acesso do administrado interessado aos atos administrativos constantes dos autos como
medida de melhor atendimento do interesse público.

(B) o poder regulamentar permite que a Administração edite decretos instituindo sanções mais adequadas para
determinadas infrações administrativas, de modo a garantir que nos processos administrativos seja priorizado o
princípio da finalidade, impondo-se a decisão que melhor atenda o interesse público.

(C) o poder disciplinar dispensa a exposição dos motivos de fato e de direito que ensejaram a decisão exarada no
processo administrativo, tendo em vista que o conjunto probatório deste constante é suficiente para o
atingimento da conclusão.
(D) o exercício do poder de polícia pela Administração pública, que pode limitar os direitos dos administrados em
geral, com base na legislação vigente, não pode cercear o direito ao contraditório e à ampla defesa a que têm
direito quando no âmbito do processo administrativo.

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(E) o poder regulamentar também se presta à edição de normas que permitam a instituição de direitos e garantias
aos administrados quando estes figurem como interessados nos processos administrativos, de forma a que os
princípios que regem esse instituto sejam preservados.
Comentários:
a) ERRADA. Os princípios do contraditório e da ampla defesa devem ser respeitados pela Administração ao
exercer o poder de polícia. Como regra, o direito de defesa deve ser prévio, mas também pode ser posterior à
prática do ato de polícia.

b) ERRADA. O poder regulamentar não pode criar sanções diferentes daquelas previstas em lei, mas apenas
regulamentar a aplicação delas. A avaliação de qual sanção é mais adequada para punir determinada infração deve
ser feita pelo legislador, e não pela autoridade administrativa.
c) ERRADA. A motivação, ou seja, a exposição das razões de fato e de direito que levaram à aplicação de
determinada sanção, é obrigatória, ou seja, não é dispensada no exercício do poder disciplinar.
d) CERTA, conforme comentado na alternativa “a”.
e) ERRADA. A instituição de direitos e garantias aos administrados deve ser feita mediante lei, e não por
meio do poder regulamentar, o qual deve se limitar a expedir normas para a fiel execução das leis.

Gabarito: alternativa “d”


13. (FCC – TST 2017)
O poder normativo da Administração pública

(A) pode ter aplicação preventiva ou repressiva, tal qual o poder de polícia exercido pela Administração pública,
sendo, no primeiro caso, restrito às matérias de organização administrativa e de competência suplementar, ou
seja, para disciplinar situações sobre as quais inexista lei pertinente.
(B) permite à Administração pública a edição de atos normativos para fixação de parâmetros e diretrizes de
gradação de penas disciplinares, quando relacionado ao poder disciplinar, bem como para instituição de novas
penas mais adequadas para situações atuais.
(C) fica restrito às situações em que estejam presentes relações hierarquizadas, em que a competência para
definição de normas tenha caráter originário.
(D) pode ter natureza originária nas situações expressamente previstas constitucionalmente, fora das quais fica
restrito a hipóteses de prévia existência de leis que demandem a disciplina e explicitação da forma de aplicação
das mesmas às situações concretas.
(E) consubstancia-se, quando aplicado a situações concretas, em exercício de poder de polícia, diretamente
incidente sobre a esfera de direitos dos administrados, devendo estar previamente previsto na legislação vigente.
Comentários:
a) ERRADA. O poder normativo não pode ser utilizado para disciplinar situações sobre as quais inexista lei
pertinente, pois ele não pode inovar o ordenamento jurídico.
b) ERRADA. A instituição de novas penas não pode ser feita por meio do poder normativo da Administração,
e sim mediante a edição de leis pelo Poder Legislativo.
c) ERRADA. O poder normativo não permite a edição de normas em caráter originário, e sim secundário,
pois deve sempre respeitar os limites da lei.

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d) CERTA. A Constituição, em algumas situações específicas, prevê a edição dos chamados decretos
autônomos, que são atos normativos de natureza originária, vez que não dependem de uma lei prévia. Fora das
hipóteses em que a CF permite a edição dos decretos autônomos, o poder normativo fica restrito a regulamentar
leis preexistentes, com o objetivo de explicitar a aplicação delas aos casos concretos.
e) ERRADA. O poder normativo (edição de atos normativos pela Administração) possui relação não só com
o poder de polícia, mas também como o poder hierárquico e com o poder regulamentar.

Gabarito: alternativa “d”


14. (FCC – TST 2017)
Suponha que determinada entidade integrante da Administração federal pretenda majorar os valores cobrados
dos cidadãos para o licenciamento ambiental de empreendimentos, cuja análise e concessão encontram-se em
sua esfera de competência legal. A atuação da referida entidade corresponde à expressão de
(A) poder regulamentar, passível de cobrança por preço público que reflita os custos efetivamente incorridos.
(B) poder normativo, dependendo a majoração da edição de decreto do Chefe do Executivo.
(C) discricionariedade administrativa, representada por ato da autoridade competente, mediante resolução.
(D) regulação da atividade econômica, própria de agências reguladoras, que atuam mediante decisões fundadas
na discricionariedade técnica.
(E) poder de polícia, custeado mediante cobrança de taxa instituída, obrigatoriamente, por lei.
Comentários:

A cobrança de taxa de licenciamento ambiental constitui expressão do poder de polícia preventivo da


Administração que, no caso, se caracteriza pela necessidade de o particular obter uma anuência prévia do Poder
Público para desenvolver a sua atividade privada.

Gabarito: alternativa “e”


15. (FCC – TRT23 2016)
O exercício dos poderes inerentes à função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão
dissociados da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação. Essa relação
a) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia do interesse público, que
fundamenta a atuação da Administração pública quando não houver fundamento legal para embasar as medidas
de polícia.
b) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a possibilidade da Administração
pública adotar medidas administrativas de urgência ou de firmar relações jurídicas diretamente com alguns
administrados, sem submissão a procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto.
c) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela Administração pública não admite
revisão administrativa, somente questionamento judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário.
d) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de tutela exercido sobre os atos
praticados pelos entes que integram a Administração indireta, permitindo que a Administração central promova
a revisão dos mesmos para adequá-los à legalidade.

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e) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza
originária nas hipóteses de organização administrativa e, nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência
de lei.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. De fato, o poder de polícia deriva do princípio da supremacia do interesse público, permitindo
à Administração condicionar e restringir atividades particulares em prol do interesse público. Contudo, o poder de
polícia não fundamenta a atuação da Administração quando não houver fundamento legal para embasar as
medidas de polícia, vez que medidas restritivas dirigidas aos administrados só podem ser adotadas quando houver
base legal.
b) CERTA. Como regra, os princípios da legalidade e da impessoalidade impõem que a Administração,
respectivamente, apenas adote providências previstas em lei e firme contratos mediante processo seletivo
público. Porém, a doutrina admite a adoção de medidas urgentes, mesmo se não expressamente previstas, em
situações nas quais a não adoção da medida possa ocasionar prejuízo maior para o interesse público (ex: demolição
de prédio que ameaça ruir; internamento de pessoa contagiosa). Ademais, a própria Constituição (art. 37, XXI)
permite que a lei preveja situações em que a Administração poderá firmar contratos diretamente com
determinados administrados; são as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade previstas na Lei 8.666/93.
c) ERRADA. O poder de autotutela permite que a Administração revise seus próprios atos, por razões de
legalidade ou de mérito, ou seja, não cabe “somente questionamento judicial”, como afirma o quesito.
d) ERRADA. O poder de tutela, que consiste na supervisão que a Administração Direta exerce sobre as
entidades da Administração Indireta, não permite a revisão dos atos das entidades para adequá-los à legalidade.
Isso porque a revisão de atos pela própria Administração só pode ocorrer dentro de relações hierárquicas, e não
existe hierarquia entre Administração Direta e Indireta.
e) ERRADA. O poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza originária em determinadas
hipóteses de organização administrativa (quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos), mas não autoriza nos casos em que houver lacuna ou ausência de lei.

Gabarito: alternativa “b”


16. (FCC – TRT21 2017)
Durante inspeção a um laboratório e fábrica de produtos veterinários, os agentes da Administração pública
competente constataram em um exemplar, a utilização de determinado insumo não mais autorizado. Em razão
disso, lavraram auto de infração e de apreensão de todos os produtos da mesma categoria. Os donos do
laboratório insurgiram-se contra a medida que
(A) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Administração pública em razão da apreensão das
mercadorias, o que demandaria autorização judicial.
(B) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a processo judicial, salvo se houvesse expressa previsão
em decreto autônomo da Administração pública.

(C) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se estende não só em relação aos servidores públicos,
mas também em direção daqueles que travarem relações jurídicas com o poder público.
(D) constitui regular exercício de poder de polícia pela Administração pública, cuja atuação pode prever medidas
preventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a segurança e a saúde dos administrados.

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(E) deveria estar integral e expressamente prevista na legislação que trata da competência de fiscalização da
Administração pública em matéria de vigilância sanitária, não se admitindo adoção de medidas acautelatórias e
de urgência.
Comentários:
(A) ERRADA. A apreensão de mercadorias irregulares configura exercício do poder de polícia pela
Administração. Esse poder possui como atributo a autoexecutoriedade, o qual permite que os atos sejam
executados independentemente de autorização judicial.

(B) ERRADA. Conforme comentário acima, o atributo da autoexecutoriedade permite que a apreensão seja
executada independentemente de autorização judicial.
(C) ERRADA. A apreensão de mercadorias constitui regular exercício do poder de polícia, e não do poder
disciplinar. Detalhe é que a Administração também pode usar o poder disciplinar contra particulares que possuem
algum vínculo formal com o Poder Público. Não seria o caso da questão, pois o laboratório e a fábrica objeto do
ato não possuíam contrato com a Administração.
(D) CERTA. O poder de polícia é o que permite à Administração restringir o exercício de atividades privadas
em prol do interesse público. O poder de polícia pode ser preventivo ou repressivo. O preventivo se manifesta nos
atos de consentimento (ex: alvarás e licenças); já o repressivo está presente nos atos punitivos, a exemplo da
apreensão de mercadorias.
(E) ERRADA. O exercício do poder de polícia admite a adoção de medidas acautelatórias em casos de
urgência e emergência.

Gabarito: alternativa “d”


17. (FCC – TRT21 2017)
Em relação aos servidores públicos que ocupam cargo ou emprego público e ao exercício dos poderes inerentes à
Administração pública,

(A) o poder disciplinar aplica-se exclusivamente aos servidores ocupantes de cargos públicos, estando os
empregados públicos, no exercício de suas funções, sujeitos ao poder de polícia pelo Estado.

(B) o vínculo efetivo dos servidores públicos autoriza que os ocupantes de cargo exerçam o poder normativo e
regulamentar com a edição de decretos autônomos de organização administrativa.

(C) o poder hierárquico distingue-se do poder disciplinar, com este não se confundindo, aplicando-se o primeiro
para as relações funcionais com o Poder Público, sendo o disciplinar para qualquer relação contratual entre poder
público e terceiros não servidores.

(D) em que pese o poder de polícia se aplique a todos os servidores públicos, no exercício de suas funções, titulares
de cargos efetivos, ocupantes de empregos públicos ou aqueles que ocupam cargo em comissão, seu exercício é
exclusivo do Chefe do Executivo, em razão de sua indelegabilidade.
(E) não obstante a diversidade de regime jurídico a que estão sujeitos, há normas comuns, aplicáveis às duas
categorias, como a exigência de concurso público para ingresso no serviço público, excetuadas as nomeações para
cargos comissionados, nos termos da lei.
Comentários:

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(A) ERRADA. O poder disciplinar consiste na possibilidade de aplicação de sanções àqueles que, submetidos
à ordem administrativa interna da Administração Pública, cometem infrações. Este poder alcança todos que
possuem um vínculo específico com o Estado, o que inclui os empregados públicos.
(B) ERRADA. A edição de decretos autônomos de organização administrativa é de competência privativa do
chefe do Poder Executivo e pode ser delegada apenas para Ministros de Estado, Procurador-Geral da República ou
Advogado-Geral da União (art. 84, VI, a, CRFB/88).
(C) ERRADA. A distinção realizada nessa alternativa está incorreta, uma vez que o poder disciplinar alcança
todos aqueles que possuem vínculo específico com o Estado, o que inclui as pessoas que possuem relação funcional
com o Poder Público.
A distinção adequada consiste no fato de que, no uso do poder hierárquico, a Administração Pública distribui
e escalona as suas funções executivas, ao passo que no uso do poder disciplinar, ela controla o desempenho das
funções e a conduta interna dos servidores, responsabilizando-os pelas faltas cometidas.
(D) ERRADA. O poder disciplinar é que sujeita os agentes administrativos, no exercício de sua função. O
poder de polícia abrange as pessoas que possuem um vínculo geral com a Administração Pública. Ademais, o poder
de polícia não é de exercício exclusivo do Chefe do Poder Executivo, podendo ser delegado para pessoas jurídicas
de direito público (existe controvérsia sobre a possibilidade de delegação para pessoas jurídicas de direito privado).
(E) CERTA. Os ocupantes de cargo público sujeitam-se a regime jurídico estatutário, ao passo que os
empregados públicos sujeitam-se a regime jurídico contratual (celetista). De todo modo, existem regras que se
aplicam indistintamente a tais agentes administrativos, tal como a exigência de concurso público.

Gabarito: alternativa “e”


18. (FCC - TRF5 2017)
O exercício dos poderes inerentes à Administração pública, tal como o poder hierárquico, se expressa de diversas
formais, a exemplo

(A) da edição de atos administrativos, independentemente da natureza, pelos superiores dos agentes públicos
originalmente competentes, e em substituição a estes.

(B) da edição de atos vinculados, que traduzem a atuação da Administração pública em sua vertente da hierarquia,
considerando que esta autoriza apenas as condutas, atos e negócios expressamente previstos em lei.

(C) da competência dos agentes superiores, para apreciação dos recursos interpostos contra atos de seus
subordinados, como decorrência da relação de hierarquia.
(D) do poder de rever diretamente os atos praticados pelos seus subordinados nos processos disciplinares em que
atuam, considerando que em sede de infrações disciplinares, a autoridade superior pode suprir os atos inferiores
não praticados.
(E) dos atos praticados pelos agentes públicos incumbidos da gestão da Administração pública, cuja tradução inclui
a prática de atos não só pelos funcionários efetivos, mas por todos os demais administrados em geral.
Comentários:

(A) ERRADA. A alternativa se refere à avocação de competências, que é permitida em caráter excepcional e
por motivos relevantes devidamente justificados (art. 15 da Lei 9784/99). Ademais, não se permite avocação de
competência exclusiva do subordinado.

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(B) ERRADA. Os atos vinculados traduzem o exercício do poder vinculado e são aqueles para os quais a lei
fixa os requisitos e condições de sua realização, não deixando liberdade de ação para a Administração.
(C) CERTA. A alternativa se refere aos recursos hierárquicos, que são apresentados em face de ato praticado
por um agente público e são apreciados pela autoridade imediatamente superior à que proferiu a decisão
recorrida.
(D) ERRADA. Não há possibilidade de suprimento, pela autoridade superior, de atos não praticados pela
autoridade inferior.

(E) ERRADA. Os atos praticados pelos agentes públicos incumbidos da gestão administrativa não incluem a
prática de atos por todos os demais administrados.

Gabarito: alternativa “c”


19. (FCC – TRF5 2017)
O chefe do departamento pessoal de uma determinada autarquia federal, para o bom funcionamento dos serviços
afetos à sua unidade, editou ato normativo interno estabelecendo horários de saída para o almoço, respeitando,
para tanto, as especificidades das jornadas de trabalho de cada subordinado. Justificou o ato na necessidade de a
unidade contar, sempre, com pelo menos um servidor. A edição do ato encontra fundamento no poder

(A) de polícia, que é próprio da função administrativa, e assim denominado por cuidar-se, na hipótese, de pessoa
jurídica integrante da Administração pública indireta.
(B) hierárquico, que é próprio da função administrativa, e por meio do qual a Administração pública mantém a
disciplina e impõe o cumprimento de deveres funcionais.
(C) disciplinar, que obriga o cumprimento, pelos subordinados, das ordens dos superiores, sob pena de punição.
(D) hierárquico, que, no entanto, deixou de ser próprio da função administrativa, em razão do princípio da
eficiência, que exclui a ingerência dos superiores.
(E) disciplinar, que se sobrepõe e se confunde com o poder hierárquico, pois atribui competência ao administrador
para aplicar penalidade aos seus subordinados.
Comentários:

(A) ERRADA. O poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar ou
restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades privadas, tudo com vistas a proteger os
interesses gerais da coletividade. Na situação narrada, o ato normativo não tem essas características.
(B) CERTA. O poder hierárquico permite ao superior hierárquico exercer determinadas prerrogativas sobre
seus subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar, controlar, delegar e avocar competências. Esse
poder envolve a edição de atos administrativos ordinários que obrigam de forma indistinta os subordinados a que
se destina.
(C) ERRADA. O poder disciplinar consiste na possibilidade de a Administração aplicar sanções àqueles que,
submetidos à sua ordem administrativa interna, cometem infrações. Na situação narrada, não se verifica aplicação
de sanções, mas, tão somente, a organização das atividades administrativas.

(D) ERRADA. A hierarquia é característica associada ao desempenho da função administrativa. Não existe
hierarquia no exercício das funções típicas dos Poderes Judiciário e Legislativo (no sentido de coordenação e
subordinação).

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(E) ERRADA. O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com ele não se confunde. No uso
do poder hierárquico, a Administração Pública distribui e escalona as suas funções executivas; já no uso do poder
disciplinar ela controla o desempenho dessas funções e a conduta interna de seus servidores, responsabilizando-
os pelas faltas cometidas.

Gabarito: alternativa “b”


20. (FCC – Técnico – TRE/SP 2017)
Dentre as diversas atividades realizadas pelo Estado, no desempenho de suas funções executivas, representam
expressão de seu poder de polícia:

Parte superior do formulário


a) a regulação ou poder regulamentar, que visam conformar, de forma restritiva ou indutiva, as atividades
econômicas aos interesses da coletividade, podendo abranger medidas normativas, administrativas, materiais,
preventivas e fiscalizatórias e sancionatórias.
b) as medidas disciplinares e hierárquicas adotadas para conformação da atuação dos servidores públicos e dos
contratados pela Administração às normas e posturas por essas impostas.
c) a fiscalização e autuação de condutores exercidas pelas autarquias que desempenham serviços públicos
rodoviários.
d) a autotutela exercida pela Administração pública sobre seus próprios atos, que inclui a possibilidade de revisão
e anulação dos mesmos.

e) a imposição de multas contratuais a empresas estatais exploradoras de atividades econômicas ou prestadoras


de serviços públicos, que também exercem poder de polícia ao impor multas a usuários dos serviços e atividades
que prestam.
Comentários: Vamos analisar todas as alternativas.
a) Errado. O poder regulamentar não corresponde ao que consta na alternativa. Poder regulamentar é a
prerrogativa que tem o chefe do Executivo de editar decretos de execução ou decretos autônomos.
b) Errado. O poder disciplinar consiste na prerrogativa da Administração Pública de aplicar sanções aos
seus servidores, bem como a pessoas que possuem vínculo específico com a Administração, como os
prestadores de serviço contratados e alunos de instituições de ensino público.

c) Certo. O poder de polícia consiste na limitação do exercício de atividades particulares. Ele se manifesta
através de atos normativos ou atos operacionais, tais como fiscalização de estabelecimentos e veículos. A
fiscalização, portanto, é uma das formas pelas quais o poder de polícia é materializado, a exemplo da fiscalização
exercida pelo Detran.
d) Errado. A autotutela não está inserida no escopo do poder de polícia, uma vez que, quando exerce tal
poder, a Administração tem como objeto as atividades desenvolvidas por particulares, e não suas próprias
atividades.
e) Errado. Empresas exploradoras de atividade econômica não possuem a prerrogativa de poder de
polícia, uma vez que esse poder emana das funções de Estado, e não de atividades estritamente privadas. Por isso,
o poder de polícia só pode ser exercido por entidades de direito público, como as autarquias.

Gabarito: alternativa “c”


21. (FCC – Técnico – TRE/SP 2017)
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Os servidores públicos estão sujeitos à hierarquia no exercício de suas atividades funcionais. Considerando esse
aspecto,
Parte superior do formulário
a) O poder disciplinar a que estão sujeitos é decorrente dessa hierarquia, visto que guarda relação com o vínculo
funcional existente e observa a estrutura organizacional da Administração pública para identificação da autoridade
competente para apuração e punição por infrações disciplinares.
b) submetem-se ao poder de tutela da Administração, que projeta efeitos internos, sobre órgãos e servidores, e
externos, atingindo relações jurídicas contratuais travadas com terceiros.
c) conclui-se que o poder hierárquico é premissa para o poder disciplinar, ou seja, este somente tem lugar onde se
identificam relações jurídicas hierarquizadas, funcional ou contratualmente, neste caso, em relação à prestação
de serviços terceirizados.
d) o poder hierárquico autoriza a edição de atos normativos de caráter autônomo, com força de lei, no que se refere
à disciplina jurídica dos direitos e deveres dos servidores públicos.
e) somente o poder hierárquico e o poder disciplinar produzem efeitos internos na Administração pública, tendo
em vista que o poder de polícia e o poder regulamentar visam à produção de efeitos na esfera jurídica de direito
privado, não podendo atingir a atuação de servidores públicos.
Comentário: Vamos analisar todas as alternativas.
a) Certo. O poder hierárquico consiste no escalonamento de funções dentro da estrutura administrativa.
Esse escalonamento permite que sejam emitidas ordens pelos superiores e o acatamento dessas ordens pelos
subordinados, desde que manifestamente legais.
Dessa relação hierárquica, decorre o poder de fiscalizar a execução das ordens emanadas. Da inexecução
dessas ordens, ou da execução fora das regras legais, cabe à Administração aplicar sanções aos servidores, com
base no poder disciplinar. Portanto, podemos afirmar que a aplicação de sanções decorre imediatamente do
poder disciplinar, e mediatamente do poder hierárquico.
b) Errado. O poder hierárquico não abrange agentes externos à Administração Pública, incidindo apenas
nos agentes internos.
c) Errado. A relação entre terceirizados e a Administração Pública não é hierárquica, sendo apenas
contratual. Portanto, não existe hierarquia entre a Administração Pública e os contratados.

d) Errado. Quem autoriza a edição de atos normativos de caráter autônomo (decretos autônomos) é o poder
regulamentar, e não o hierárquico.
e) Errado. O poder regulamentar incide sobre os aspectos internos da Administração Pública. Como
exemplo, a Lei 12.855/13, que instituiu a indenização de fronteira. Enquanto não editado o Decreto Regulamentar
respectivo, esse adicional não poderá ser pago aos servidores. Veja que, nesse caso, o Decreto a ser editado
produzirá efeitos internos.

Gabarito: alternativa “a”


22. (FCC – Técnico – TRE/SP 2017)
Suponha que o Secretário de Transportes de determinado Estado tomou conhecimento, por intermédio de
matéria jornalística, da existência de longas filas para carregamento dos cartões de utilização dos trens
administrados por uma sociedade de economia mista vinculada àquela Pasta. Diante dos fatos apurados, decidiu

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avocar, para área técnica da Secretaria, algumas atividades de gerenciamento e logística desempenhadas por uma
das Diretorias da referida empresa. Fundamentou sua decisão no exercício dos poderes hierárquico e disciplinar.
Considerando a situação narrada,
Parte superior do formulário
a) A atuação do Secretário justifica-se do ponto de vista da hierarquia, porém não sob aspecto disciplinar, eis que
não identificada infração administrativa.
b) A decisão baseia-se, legitimamente, apenas no poder disciplinar, que compreende o controle e a supervisão.

c) Descabe a invocação dos poderes citados, sendo certo que a atuação da Secretaria deve se dar nos limites do
poder de tutela.
d) A decisão somente será justificável, sob o fundamento de poder hierárquico, se constada a existência de desvio
de conduta pelos administradores da empresa.
e) A decisão extrapolou a competência disciplinar, que somente pode ser exercida para corrigir desvios na
organização administrativa da entidade.
Comentário:
Decorre do poder hierárquico a possibilidade de delegar e avocar funções. A delegação é regra na
Administração, sendo exceção as seguintes situações previstas no art. 13 da Lei 9.784/99, aplicável à esfera federal:

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Já em relação à avocação, essa é sempre:

• Excepcional;
• Decorre da hierárquica; e
• Deve ser fundamentada.
Na análise do caso hipotético, percebemos que não poderia haver a avocação, uma vez que a relação entre
a Sociedade de Economia Mista e a referida Secretaria não é de hierarquia, mas de controle finalístico ou tutela.

Gabarito: alternativa “c”


23. (FCC – Analista – PGE/MT 2016)
Discricionariedade administrativa é o dever-poder da Administração pública de, diante do caso concreto,
Parte superior do formulário
a) tomar duas ou mais decisões, sendo todas elas válidas perante o Direito.
b) decidir, com base em razões de conveniência e oportunidade, independentemente da lei.
c) decidir, conforme a vontade do agente público.

d) decidir, nos termos da Constituição Federal.

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e) decidir, conforme as melhores razões de Estado.


Comentários:
A discricionariedade consiste na liberdade de escolha do administrador público, sempre com base nos
limites da lei. Para ilustrar a discricionariedade, imaginemos a volta para casa ao final do expediente.
Quem for utilizar o veículo próprio, pode escolher o melhor caminho para chegar em casa, ou seja, escolhe
dentro do que for conveniente e oportuno. Já quem utiliza o transporte público não possui tal liberdade de
caminho, uma vez que este possui uma rota fixa, “amarrada” a ser utilizada. No primeiro caso, temos o poder
discricionário. No segundo, temos o poder vinculado. Agora vamos analisar todas as alternativas.
a) Certo. O Poder Discricionário permite a tomada de decisões dentro de duas ou mais hipóteses, sempre
respeitando os limites que a lei estabelecer.
b) Errado. O Poder Discricionário deve observar os limites legais, sendo considerado ilegal ato que exorbitar
tal limite.
c) Errado. Discricionariedade não se confunde com arbitrariedade. O primeiro possui previsão e limites na
lei. O segundo é ilimitado, ou seja, não observa o que o Direito determina.
d) Errado. A discricionariedade não se limita ao que prescreve a CF/88, mas todo o ordenamento jurídico
(leis, doutrina, costumes e jurisprudência).
e) Errado. A discricionariedade permite a liberdade de escolha com base, também, no interesse público, mas
não se limita a ele.

Gabarito: alternativa “a”


24. (FCC – Analista – PGE/MT 2016)
Os poderes hierárquicos do Chefe do Poder Executivo compreendem a possibilidade de
Parte superior do formulário
a) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados, desde que compatíveis com o Direito.
b) dar ordens aos gestores públicos, inclusive àqueles que pertençam à Administração pública indireta.
c) avocar competências de seus subordinados, a exemplo, invariavelmente, das de caráter normativo.

d) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados, ainda que contrárias ao Direito.
e) demitir, a seu exclusivo critério, gestores que lhe sejam subordinados, inclusive os estáveis.

Comentários:
O poder hierárquico consiste na prerrogativa da Administração Pública de escalonar suas funções,
possibilitando:

• Emir ordens e fiscalizar sua execução;


• Delegar funções;
• Controlar as atividades exercidas no seu âmbito de atuação; e
• Avocar competências;
Vamos analisar as alternativas.

a) Certo. A emissão de ordens aos subordinados decorre do poder hierárquico.

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b) Errado. Não existe relação de hierarquia entre a Administração Direta e a Indireta. O que existe é tutela,
controle finalístico.
c) Errado. As exceções à regra de delegação (competência exclusiva, atos normativos e decisão de recursos
administrativos) também se aplicam à avocação, portanto não pode ser avocada competência de caráter
normativo.
d) Errado. Dar ordens aos subordinados é prerrogativa do poder hierárquico, porém dentro dos limites que
a lei estabelecer.

e) Errado. O poder hierárquico deve ser exercido dentro dos limites que a lei estabelecer. A demissão, por
ser ato sancionatório, não pode ser aplicada sem o devido processo legal, garantido o contraditório e ampla
defesa, portanto, o servidor não pode ser demitido a critério de seu superior.

Gabarito: alternativa “a”


25. (FCC – Analista – TRT 20ª Região 2016)
I. O regulamento de execução é hierarquicamente subordinado a uma lei prévia, além de ser ato de competência
privativa do Chefe do Poder Executivo.
II. O poder regulamentar da Administração pública, também denominado de poder normativo, não abrange,
exclusivamente, os regulamentos; ele também se expressa por outros atos, tais como por meio de instruções,
dentre outros.
III. Os atos pelos quais a Administração pública exerce o seu poder regulamentar, assim como a lei, também
emanam atos com efeitos gerais e abstratos.
IV. O ato normativo, em hipóteses excepcionais, poderá criar direitos não previstos em lei, sem implicar em ofensa
ao princípio da legalidade.
Está correto o que se afirma em
Parte superior do formulário
a) I e IV, apenas.
b) I, II, III e IV.

c) I e III, apenas.
d) II e IV, apenas.

e) I, II e III, apenas.
Comentários: Vamos analisar todos os itens.
I. Certo. A edição de regulamentos de execução pelo chefe do Executivo deve ser realizada com base no
que a lei prevê. A edição de decretos autônomos não possui a finalidade de dar execução às leis, mas de dispor
sobre a organização administrativa, desde que não haja aumento de despesa, criação ou extinção de órgãos
públicos e extinção de cargos e funções públicas, quando vagos.
II. Certo. O poder regulamentar consiste na possibilidade de editar decretos para fiel execução da lei, bem
como editar atos normativos como instruções normativas, portarias e outros regulamentos. Parte da doutrina
diferencia o poder regulamentar do poder normativo, dizendo que este seria gênero do qual aquele seria espécie.
Assim, o poder normativo fundamentaria a edição de atos normativos em geral, incluindo decretos, portarias e
instruções, e o poder regulamentar fundamentaria apenas a edição de decretos. Todavia, as bancas não estão

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considerando essa diferença; nas últimas provas, poder regulamentar tem sido considerado sinônimo de poder
normativo.
III. Certo. Os atos emanados do poder regulamentar (decretos e atos normativos) possuem a característica
de serem regras gerais e abstratas, uma vez que não regulam situações concretas e não possuem destinatários
determinados.
IV. Errado. Os atos normativos, segundo José dos Santos Carvalho Filho, são inferiores à lei, praticados para
dar sua fiel execução.

Gabarito: alternativa “e”


26. (FCC – Técnico – TRT 20ª Região 2016)
I. A Administração pública, ao tomar conhecimento de infração praticada por servidor, deve instaurar o
procedimento adequado para sua apuração.
II. A Administração pública pode levar em consideração, na aplicação da pena, a natureza e a gravidade da infração
e os danos que dela provierem para o serviço público.
III. No procedimento administrativo destinado a apurar eventual infração praticada por servidor, devem ser
assegurados o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

IV. A falta grave é punível com a pena de suspensão e caberá à Administração pública enquadrar ou não um caso
concreto em tal infração.
O poder disciplinar, em algumas circunstâncias, é considerado discricionário. Há discricionariedade APENAS nos
itens Parte superior do formulário
a) I e IV.
b) I e II.
c) I e III.
d) III e IV.
e) II e IV.
Comentários: Vamos analisar todos os itens.

I. Errado. Ao tomar conhecimento de irregularidade, como a Administração Pública deve instaurar processo
para averiguação, trata-se de um ato vinculado e não discricionário.

II. Certo. Se analisarmos apenas pela redação apresentada, essa é uma hipótese de discricionariedade, uma
vez que o item utilizou o verbo “pode”, ou seja, existe a liberdade de escolha do agente público.
III. Errado. Como existe a obrigação da observância do contraditório e ampla defesa, não há margem para
escolha da Administração Pública, portanto estamos diante do poder vinculado.
IV. Certo. Como cabe à Administração a análise da conduta e concluir se houve ou não falta grave, estamos
diante de certa liberdade de escolha, portanto, poder discricionário.

Gabarito: alternativa “e”


27. (FCC – Auxiliar de Enfermagem – AL/MS 2016)

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Rafael, servidor público estadual e chefe de determinada repartição, no exercício de seu poder hierárquico, editou
ato normativo, qual seja, resolução, a fim de ordenar a atuação de seus subordinados. A propósito do tema, a
conduta de Rafael está
Parte superior do formulário
a) correta, pois o poder hierárquico é mais abrangente e sempre engloba o poder normativo da Administração
pública, também denominado de poder regulamentar.
b) correta, pois insere-se dentro das atribuições próprias do poder hierárquico.

c) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder hierárquico, mas sim, do poder
disciplinar.
d) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder hierárquico, mas sim, do poder de
polícia, que também vigora entre os servidores e órgãos públicos.
e) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder hierárquico, mas sim, do poder
normativo.
Comentários:
O poder hierárquico consiste no escalonamento de funções dentro da estrutura administrativa. Esse
escalonamento permite que sejam emitidas ordens pelos superiores e o acatamento dessas ordens pelos
subordinados, desde que manifestamente legais.
Dessa relação hierárquica, decorre o poder de fiscalizar a execução das ordens emanadas. Da inexecução
dessas ordens, ou da execução fora das regras legais, cabe à Administração aplicar sanções aos servidores, com
base no poder disciplinar. Portanto, podemos afirmar que a aplicação de sanções decorre imediatamente do
poder disciplinar, e mediatamente do poder hierárquico.

Nesse contexto, o ato praticado por Rafael foi correto, uma vez que a edição de atos ordinatórios, ou seja,
atos que visam a ordenar os trabalhos internos dos órgãos públicos, é manifestação do poder hierárquico.

a) Errado. Poder hierárquico não abrange o poder regulamentar. O poder regulamentar consiste na
possibilidade de editar decretos e regulamentos para fiel execução da lei.
b) Certo. Conforme comentário acima.
c) Errado. Poder disciplinar é o poder que tem a Administração Pública de aplicar sanções a seus
funcionários e a pessoas com vínculo específico com ela.
d) Errado. O poder de polícia consiste na prerrogativa que a Administração Pública possui de limitar o
exercício de direitos em detrimento do interesse coletivo, através de fiscalizações por exemplo. Portanto em
nada se confunde com a possibilidade de editar atos ordinatórios.
e) Errado. Poder normativo é a possibilidade de editar normas, tais como, portarias e instruções. Esses
atos possuem a finalidade de estabelecer regras gerais e abstratas, muitas das vezes, sem destinatário específico.

Gabarito: alternativa “b”


28. (FCC – Auditor – SEGEP/MA 2016)
O poder de polícia caracteriza-se como atividade da Administração pública que impõe limites ao exercício de
direitos e liberdades, tendo em vista finalidades de interesse público. Considere os atos ou contratos
administrativos a seguir:

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I. concessão de serviços públicos.


II. autorização para vendas de material de fogos de artifícios.
III. permissão de serviços públicos.
IV. concessão de licença ambiental para construção.
Caracterizam-se como manifestação do poder de polícia APENAS os constantes em
Parte superior do formulário
a) I e II.

b) II e III.
c) III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.
Comentários: Vamos analisar todos os itens.
I. Errado. A concessão de serviços públicos não se caracteriza como exercício do poder de polícia, mas
forma de prestação de serviços públicos.
II. Certo. Autorização para o exercício do comércio de fogos de artifício é manifestação do poder de polícia,
uma vez que cabe a Administração Pública autorizar ou não o exercício desse direito.
III. Errado. Da mesma forma que a concessão é forma de prestação de serviços públicos, a permissão
também, portanto, não caracteriza poder de polícia.
IV. Certo. Licença e autorizações são atos praticados no âmbito do poder de polícia. O primeiro é
vinculado, ou seja, preenchidos os requisitos que a lei estabelecer, a Administração é obrigada a conceder a
licença. Já a autorização é discricionária, ou seja, mesmo preenchidos os requisitos, a Administração pode ou não
conceder.

Gabarito: alternativa “d”


29. (FCC – Auditor – SEGEP/MA 2016)
O processo disciplinar é derivado dos poderes:

Parte superior do formulário


a) hierárquico e disciplinar.

b) regulamentar e de polícia.
c) disciplinar e de polícia.
d) de polícia e hierárquico.

e) hierárquico e regulamentar.
Comentários:

O processo disciplinar é o procedimento pelo qual é verificado se houve ou não infração praticada por agente
público. Esse procedimento decorre imediatamente do poder disciplinar, e mediatamente do poder hierárquico.

Gabarito: alternativa “a”


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30. (FCC – Procurador – SEGEP/MA 2016)


A atividade de polícia administrativa
Parte superior do formulário
a) pode ser exemplificada pela atuação das corregedorias, ao fiscalizar a atividades dos órgãos públicos.

b) sempre é exercida de forma discricionária, sendo que tal característica é impositiva, em razão do princípio da
proporcionalidade.
c) nem sempre é prestada de forma gratuita pela Administração, havendo situações que implicam em onerosidade
de seu exercício.
d) é irrenunciável, de modo que não é possível a revogação de medidas de polícia administrativa, uma vez que
tenham sido aplicadas pela autoridade competente.
e) é dotada do atributo de imperatividade, que consiste na possibilidade que a Administração tem de executar suas
decisões com seus próprios meios, sem necessidade de provocação do Poder Judiciário.
Comentários: Vamos analisar todas as alternativas.
a) Errado. As ações de fiscalização das corregedorias não se caracterizam poder de polícia, mas poder
hierárquico.
b) Errado. Mesmo que a discricionariedade seja um atributo do poder de polícia, não é sempre que é
exercido dessa forma. Veja que as licenças são atos vinculados praticados no âmbito do poder de polícia.
c) Certo. A taxa é tributo contraprestacional, ou seja, é exigido mediante uma contraprestação do Estado.
Segundo o art. 145, II da CF/88, as taxas poderão ser instituídas pelos entes federativos em razão do exercício do
poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição.
d) Errado. Sendo a autorização ato discricionário praticado no âmbito do poder de polícia, nada impede que
tal ato seja revogado posteriormente.
e) Errado. A imperatividade é atributo do poder de polícia que consiste na possibilidade de a Administração
impor determinada vontade ou restrição a direito de particulares. Já a autoexecutoriedade é outro atributo que
possibilita a Administração Pública praticar atos de poder de polícia sem a devida autorização do poder Judiciário.
Portanto a questão misturou os dois conceitos.

Gabarito: alternativa “c”


31. (FCC – Advogado – Prefeitura/PI 2016)
Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho, quando o “agente que elege a situação fática geradora da vontade,
permitindo, assim, maior liberdade de atuação, embora sem afastamento dos princípios administrativos”, está se
referindo ao poder discricionário dos agentes públicos, que demanda a

Parte superior do formulário


a) previsão legal das opções postas ao administrador, bem como possibilita revogação pela própria Administração
ou pelo Judiciário, preservado o mérito do ato administrativo.

b) existência de opções juridicamente válidas para que o administrador possa exercer seu juízo de conveniência e
oportunidade, o que não afasta a possibilidade de controle dessa atuação, tanto pela Administração, quanto pelo
Judiciário e pelo Tribunal de Contas.

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c) revisão dos atos discricionários pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, não retroagindo efeitos seja
no caso da anulação ou da revogação, em razão da presunção de veracidade que reveste os atos administrativos.
d) possibilidade de anulação de atos discricionários somente pela própria administração ou pelo Tribunal de
Contas, nos casos de atos administrativos.
e) análise pelo Poder Judiciário de todos os aspectos dos atos discricionários, anulando-os ou revogando-os diante
do controle de políticas públicas realizado por esse Poder.
Comentários:

O poder discricionário consiste na possibilidade de a Administração Pública poder escolher, entre duas ou
mais hipóteses, aquela que melhor atende ao interesse público. Essa liberdade de escolha não é plena, uma vez
que deve respeitar os limites que a lei estabelecer. Portanto, ela não se confunde com arbitrariedade. Agora
vamos analisar as alternativas.
a) Errado. A revogação de atos discricionários somente é possível pela própria Administração, não
possibilitando ao Judiciário a análise de conveniência e oportunidade do ato, ou seja, a análise do mérito.
b) Certo. Embora o poder discricionário seja uma liberdade de escolha da própria Administração, ele está
sujeito ao controle de legalidade por parte do Judiciário e dos Tribunais de Contas.
c) Errado. A revisão dos atos discricionários, quanto ao mérito administrativo, somente pode ser feita pela
Administração. Quando anulado, por motivos de vício de legalidade, ocorre a retroação dos efeitos (ex tunc), ou
seja, é como se o ato nunca tivesse sido praticado. Já quando for revogado, sua revogação produz efeitos a partir
do momento de sua revogação (ex nunc).
d) Errado. A anulação pode ser feita pela Administração Pública, pelo princípio da autotutela, pelo Judiciário
ou pelo Tribunal de Contas.

e) Errado. O Judiciário não possui a prerrogativa de analisar o mérito dos atos discricionários, devendo
analisar apenas os aspectos de legalidade.

Gabarito: alternativa “b”


32. (FCC – Analista – Prefeitura/PI 2016)
Os poderes da Administração pública lhe foram atribuídos para possibilitar o exercício de suas funções, que sempre
devem ser norteadas em benefício da coletividade. Conferem, portanto, prerrogativas à Administração pública,
que não são ilimitadas. É exemplo disso
Parte superior do formulário
a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da edição de decreto autônomo, que somente pode ter
lugar sempre que houver lacunas ou ausência de lei.
b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos servidores aos seus superiores, cabendo a estes a
apuração de infrações e aplicação de penalidades disciplinares.
c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particulares e empresas contratados pelo poder público para
prestação de serviços em repartições públicas.

d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direitos individuais com algum grau de discricionariedade,
mas sempre deve ter previsão legal.

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e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterioriza na edição de normas de conduta disciplinar, com
elenco de infrações e sanções.
Comentários: Vamos analisar todas as alternativas.
a) Errado. A edição de decreto autônomo é manifestação do poder regulamentar e não normativo. Além
disso, por ser autônomo, não há referência da lei para o referido decreto, diferentemente dos decretos de
execução.
b) Errado. A apuração de infrações e aplicação de sanções decorrem do poder disciplinar e não hierárquico.

c) Errado. O poder disciplinar é aplicável aos particulares que possuem vínculo específico com a
Administração Pública, portanto, não é a qualquer particular. Já as empresas contratadas estão sujeitas ao poder
disciplinar.
d) Certo. O poder de polícia é a prerrogativa que tem a Administração Pública de limitar direitos de
particulares, buscando atender o interesse coletivo. Decorre de previsão legal e possui quatro atributos (DICA):
discricionariedade, imperatividade, coercibilidade e autoexecutoriedade.
e) Errado. Não existe poder normativo disciplinar. É normativo ou disciplinar. E, nessa situação, cabe ao
poder disciplinar estabelecer as normas relativas à apuração e aplicação de sanções em caso de infrações.

Gabarito: alternativa “d”


33. (FCC – Procurador – Prefeitura de campinas/SP 2016)
A desconcentração e a descentralização são formas de organização administrativa para exercício das funções
executivas. Em relação aos poderes da Administração e essa forma de organização tem-se que
Parte superior do formulário
a) o poder hierárquico mostra-se presente tanto na desconcentração, quanto na descentralização, na medida em
que a Administração Central possui poder para autorizar ou rever atos praticados pelos órgãos e entes abrangidos
por aquela organização administrativa.
b) o poder normativo evidencia-se por meio dos decretos autônomos, adequados para instituição de pessoas
jurídicas de direito público ou privado, por meio das quais se opera a descentralização.

c) o poder normativo manifesta-se quando há utilização do método descentralização, pois é necessária edição de
leis para instituição de outras pessoas jurídicas para as quais serão delegadas competências.

d) o poder hierárquico manifesta-se presente nas relações de desconcentração, porque há relação de subordinação
entre os órgãos da Administração e a Administração central, o que não se replica com as relações travadas entre
esta e os entes da Administração indireta, ainda que se evidencie o poder de tutela.

e) a desconcentração não se relaciona com o poder discricionário da Administração pública, porque este é restrito
à Administração e Central, tendo em vista que os órgãos da Administração não são dotados de autonomia e
personalidade jurídica própria, características que devem estar presentes para o exercício das atribuições inerentes
àquele poder.
Comentários: Vamos analisar todas as alternativas.

a) Errado. Não há hierarquia entre a Administração Direta e a Indireta. A relação entre ambas é de controle
finalístico ou tutela administrativa.
b) Errado. A edição de decretos autônomos se dá no âmbito do poder regulamentar e não normativo.

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c) Errado. O poder normativo não se confunde com o poder Legislativo. O poder normativo é a
prerrogativa que possui a Administração Pública de editar atos normativos, inferiores à lei, para regular
determinada situação. É o caso de instruções normativas baixadas pela Receita Federal.
d) Certo. A partir da desconcentração, surge a criação de órgãos internos repartindo a competência entre
eles. Tem como consequência uma relação hierárquica entre esses órgãos.
e) Errado. Tanto a desconcentração quanto a descentralização são oriundas do poder discricionário da
Administração Pública. Podemos perceber isso ao analisar que não existe a obrigatoriedade de criação de órgãos
ou entidades da Administração Indireta, sendo realizada através de uma análise de conveniência e oportunidade
da Administração Pública.

Gabarito: alternativa “d”


34. (FCC – Analista – TRT 23ª Região 2016)
I. A Administração pública não pode, no exercício do poder de polícia, utilizar-se de meios diretos de coação, sob
pena de afronta ao princípio da proporcionalidade.
II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre limitações, mesmo quando a lei lhe dá várias
alternativas possíveis.

III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as multas de trânsito corresponde a
exemplo da utilização de meios indiretos de coação, absolutamente válido no exercício do poder de polícia.
Está correto o que consta em

Parte superior do formulário


a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, apenas.
e) II, apenas.
Comentários: Vamos analisar todos os itens.

I. Errado. O exercício do poder de polícia se dá por meios diretos ou indiretos de coerção. Os meios diretos,
chamados de executoriedade, são aqueles em que a Administração Pública age diretamente nos direitos dos
particulares. É o exemplo da interdição de estabelecimentos comerciais.
Já os meios indiretos, chamados de exigibilidade, a Administração utiliza de meios coercitivos indiretos,
como a multa, para a regularização ou restrição do direito do particular.

II. Certo. Sendo uma prerrogativa de limitar o exercício de direitos, o poder de polícia deve sofrer limitações
legais no seu exercício. Essas limitações podem ser encontradas na análise de razoabilidade e proporcionalidade
no momento da fiscalização, por exemplo.
III. Certo. Podemos perceber que o poder público não impede, de forma direta, a livre circulação de veículo
com multa, mas, nesse caso, o faz de forma indireta, obrigando o condutor a realizar o pagamento das multas
para que possa ter seu veículo licenciado.

Gabarito: alternativa “b”

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35. (FCC – TCM/GO 2015)


Constitui correspondência válida entre os poderes ou prerrogativas da Administração e exemplos de expressão
dessa atuação pela Administração pública,
a) edição do ato que concede aposentadoria voluntária ao servidor estável, como expressão do poder normativo
regulamentar da Administração, visto que se limita a cumprir expressa disposição de norma constitucional.
b) decisão proferida em processo disciplinar que instituiu a sanção aplicada ao funcionário público, como
expressão do poder normativo originário, visto que nem todas as condutas estão tipificadas em sua integralidade
na legislação pertinente.
c) lavratura de auto de infração e imposição de multa contra estabelecimento comercial que desatende as normas
sanitárias, como expressão do poder normativo originário e do poder de polícia, visto que nem todas as hipóteses
que autorizam a atuação da Administração estão previstas na legislação pertinente.
d) edição do ato que concede aposentadoria por tempo de serviço, requerida por servidor com fundamento em
tempo de serviço, como expressão de competência vinculada e da relação de hierarquia.
e) decisão proferida em processo disciplinar movido contra funcionário público, como expressão do poder
disciplinar originário, visto que abrange, além do reconhecimento do ilícito, o estabelecimento de sanção
apropriada para o caso, diante de ausência de precisão legal.
Comentários:
Vamos analisar cada alternativa. A ideia é analisar se o ato praticado constitui ou não manifestação do poder
informado no item.
a) ERRADA. A edição do ato que concede aposentadoria voluntária ao servidor estável constitui
manifestação do poder vinculado, e não do poder normativo. Com efeito, se o servidor preencher os requisitos
previstos na Constituição, a Administração é obrigada a conceder a aposentadoria pleiteada. Por outro lado,
lembre-se de que o poder normativo é geral e abstrato, ou seja, não tem por fim regular a vida de um determinado
servidor específico, e sim do conjunto de agentes que se enquadrem nas hipóteses previstas na norma.

b) ERRADA. A decisão proferida em processo disciplinar que instituiu a sanção aplicada ao funcionário
público constitui expressão do poder disciplinar, e não do poder normativo originário, sendo este compreendido
como a capacidade de editar leis primárias, que instituem direitos e obrigações.
c) ERRADA. A lavratura de auto de infração e imposição de multa contra estabelecimento comercial que
desatende as normas sanitárias constitui expressão apenas do poder de polícia, e não do poder normativo
originário. Ademais, ao contrário do que afirma o item, todas as hipóteses que autorizam a atuação da
Administração devem estar previstas na legislação pertinente.
d) CERTA. De fato, a edição do ato que concede aposentadoria por tempo de serviço, requerida por servidor
com fundamento em tempo de serviço, constitui expressão de competência vinculada, ou seja, do poder
vinculado. Afinal, se o servidor possui o tempo de serviço previsto na Constituição, a Administração é obrigada a
conceder-lhe a aposentadoria. Tal ato também possui fundamento na relação de hierarquia, pois a autoridade
responsável por deferir o requerimento de aposentadoria deve possuir ascendência hierárquica sobre o servidor
que faz o pedido.
e) ERRADA. É certo que a decisão proferida em processo disciplinar movido contra funcionário público
constitui expressão do poder disciplinar originário. O erro é que o poder disciplinar não permite o estabelecimento
de “sanção apropriada para o caso” que não esteja prevista em lei.

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Gabarito: alternativa “d”


36. (FCC – CNMP 2015)
A Administração é dotada de poderes administrativos dentre os quais figuram os poderes

a) político, vinculado, hierárquico e de polícia.


b) disciplinar, discricionário, regulamentar e de polícia.
c) regulamentar, vinculado, disciplinar e militar.
d) militar, disciplinar, discricionário e hierárquico.
e) disciplinar, político, vinculado e hierárquico.

Comentários:
Os poderes administrativos reconhecidos pela doutrina são: vinculado, discricionário, hierárquico,
disciplinar, regulamentar e de polícia. Não consta desse rol o poder político e militar, daí o erro das opções “a”,
“c”, “d” e “e”, que apresentam pelo menos um desses dois poderes não reconhecidos.

Gabarito: alternativa “b”


37. (FCC – TRE/RR 2015)
A edição de atos normativos de efeitos internos, com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados
decorre do poder
a) regulamentar.
b) hierárquico.
c) de polícia.
d) normativo.
e) disciplinar.
Comentários:

A edição de atos normativos de efeitos internos, com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos
subordinados decorre do poder hierárquico. Com efeito, esse poder confere a prerrogativa aos superiores
hierárquicos para expedirem ordens aos seus subordinados, com vistas ao adequado funcionamento dos serviços
sob sua responsabilidade. Uma das formas pelas quais essas ordens são expedidas é por meio da edição de atos
normativos de efeitos internos, direcionadas aos subordinados, como portarias, instruções, circulares internas etc.
À primeira vista, pelo fato de a questão aludir à “edição de atos normativos”, poderíamos pensar que o
gabarito fosse “poder regulamentar”. Mas não é. Lembre-se de que o poder regulamentar se refere à faculdade de
que dispõem os Chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos) para editar atos
administrativos normativos, vale dizer, decretos.
Também poderia ocorrer dúvida em relação ao “poder normativo”. Contudo, tal poder está mais ligado à
ideia de edição de regulamentos autorizados, que são aqueles que completam as disposições da lei, e não
simplesmente a regulamenta, especialmente em matérias de natureza técnica, a exemplo das normas editadas
por agências reguladoras.

Gabarito: alternativa “b”

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38. (FCC – TJ/GO 2015)


O regime jurídico administrativo compreende um conjunto de prerrogativas e sujeições aplicáveis à Administração
e expressa-se sob a forma de princípios informativos do Direito Público, bem como pelos poderes outorgados à
Administração, entre os quais se insere o poder normativo, que
a) permite a edição de atos discricionários, com base em critérios de conveniência e oportunidade e afasta a
vinculação a requisitos formais.
b) autoriza a Administração a impor limites às atividades privadas em prol do interesse público.

c) é o instrumento pelo qual a Administração disciplina a execução da lei, editando normas que podem inovar em
relação ao texto legal para a criação de obrigações aos administrados.

d) compreende a aplicação de sanções àqueles ligados à Administração por vínculo funcional ou contratual.
e) não se restringe ao poder regulamentar, abarcando também atos originários relativos a matéria de organização
administrativa.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa em busca daquela que melhor se enquadra no conceito de
poder normativo:

a) ERRADA. O poder que permite a edição de atos discricionários é o poder discricionário, e não o poder
normativo.
b) ERRADA. O poder que autoriza a Administração a impor limites às atividades privadas em prol do
interesse público é o poder de polícia, e não o poder normativo.
c) ERRADA. De fato, o poder normativo permite que a Administração discipline a execução da lei, mediante
a edição de decretos e dos chamados regulamentos autorizados. Contudo, tais atos normativos não podem inovar
em relação ao texto legal para a criação de obrigações aos administrados.
d) ERRADA. O poder que compreende a aplicação de sanções àqueles ligados à Administração por vínculo
funcional ou contratual é o poder disciplinar, e não o poder normativo.
e) CERTA. De fato, o poder normativo não se restringe ao poder regulamentar. Na verdade, ele é mais amplo
que este, vale dizer, o poder normativo é gênero do qual o poder regulamentar é espécie. Dentro do poder
regulamentar e, consequentemente, do poder normativo, se insere a capacidade de o chefe do Poder Executivo
editar os chamados decretos autônomos, que são considerados atos primários/originários, pois não se destinam
a regulamentar alguma lei. Dentre os assuntos que podem ser tratados mediante decretos autônomos está a
“organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação
ou extinção de órgãos públicos” (CF, art. 84, VI). Por isso é correto afirmar que o poder normativo também abarca
atos originários (decretos autônomos) relativos a matéria de organização administrativa.

Gabarito: alternativa “e”


39. (FCC – TRT6 2015)
Na lição de Hely Lopes Meirelles, os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam
diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a que se dirigem.
Esclarece o renomado administrativista que, diferentemente dos poderes políticos, que são estruturais e
orgânicos, os poderes administrativos são instrumentais.

Uma adequada correlação entre o poder administrativo citado e sua utilização pela Administração é:

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a) o poder disciplinar possibilita às autoridades administrativas a práticas de atos restritivos de direitos individuais
dos cidadãos, nos limites previstos em lei.
b) o poder normativo autoriza a Administração a estabelecer condutas e as correspondentes punições aos
servidores públicos, para ordenar a atuação administrativa.
c) o poder de polícia comporta atos preventivos e repressivos, exercidos pela Administração para condicionar ou
restringir atividades ou direitos individuais, no interesse da coletividade.
d) o poder regulamentar atribuído, pela Constituição Federal, ao Chefe do Executivo, o autoriza a editar normas
autônomas em relação a toda e qualquer matéria de organização administrativa e complementares à lei em
relação às demais matérias.
e) o poder hierárquico autoriza a aplicação de penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à
disciplina administrativa em razão de vínculo contratual estabelecido com a Administração.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. O correto seria poder de polícia, e não poder disciplinar.
b) ERRADA. O estabelecimento de condutas e correspondentes punições é matéria a ser tratada por lei,
editada pelo Poder Legislativa, ou seja, não é assunto que pode ser objeto do poder normativo, o qual não pode
ultrapassar os limites da lei.
c) CERTA. O item apresenta a exata definição de poder de polícia.
d) ERRADA. As normas autônomas editadas em razão do poder regulamentar são os chamados decretos
autônomos, previstos no art. 84, VI da CF, que não podem versar toda e qualquer matéria de organização
administrativa, mas apenas sobre os seguintes temas: (i) Organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; e (ii) b) Extinção de
funções ou cargos públicos, quando vagos.
e) ERRADA. O correto seria poder disciplinar, e não poder hierárquico.

Gabarito: alternativa “c”


40. (FCC – ManausPrev 2015)
De acordo com a definição de José dos Santos Carvalho Filho, a prerrogativa de direito público que, calcada na lei,
autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse
da coletividade (Manual de Direito Administrativo, São Paulo, Atlas 25. ed. p. 75) refere-se ao poder
a) discricionário, que permite à Administração pública atuar nas lacunas da lei.
b) de polícia, que não se restringe às atividades normativas e preventivas, alcançando também atuação repressiva.

c) vinculado, que exige que a Administração pública faça tudo aquilo que estiver expressamente previsto na lei.
d) de polícia judiciária, que autoriza a Administração pública a restringir a liberdade dos administrados.
e) de império, que qualifica todos os atos praticados pela Administração pública.
Comentários:
O poder que autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em
favor do interesse da coletividade é o poder de polícia (administrativa, e não judiciária). O poder de polícia abrange
atividades normativas (ex: lei de zoneamento urbano, que estabelece as condições para ocupação do Município),
preventivas (ex: expedição de alvará de construção para as obras que demonstrem respeitar a lei de zoneamento)
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e repressivas (ex: demolição de construções irregulares, que estejam desrespeitando a lei de zoneamento).
Abrange, ainda, atividades de fiscalização (ex: fiscalização da Prefeitura para verificar se determinada obra está
seguindo a lei de zoneamento urbano).

Gabarito: alternativa “b”


41. (FCC – TCM/RJ 2015)
Considere que uma empresa contratada pela Administração pública para a prestação de serviços de limpeza tenha
cometido diversos descumprimentos de suas obrigações contratuais e a ela tenham sido aplicadas, pela
Administração, proibição de participar de licitações. No caso citado, a atuação da Administração é expressão de
seu poder
a) disciplinar, que permite aplicar penalidades não apenas aos servidores públicos mas também às demais pessoas
sujeitas à disciplina administrativa.
b) regulamentar, exercido nos limites da legislação que rege a matéria.
c) hierárquico, decorrente da supremacia do interesse público sobre o privado.
d) discricionário, que permite à Administração a escolha da conduta que melhor atenda ao interesse público no
caso concreto.

e) normativo, que permite impor obrigações aos administrados em prol do interesse público.
Comentários:
A aplicação de sanções a empresas que possuam vínculo contratual com a Administração constitui
manifestação do poder disciplinar. No caso, a empresa contratada está submetida à “disciplina interna da
Administração”, pois deve obediência às obrigações previstas no contrato. Caso descumpra alguma cláusula,
estará sujeita a sanção, como expressão do pode disciplinar.

Gabarito: alternativa “a”


42. (FCC – TRT15 2015)
Quando se fala sobre a coordenação e subordinação de entes, órgãos e agentes entre si e se alude à uma
distribuição de funções, para que seja promovida uma sequência de autoridade progressiva, estrutura que
viabilizará a ordenação harmônica de atuações, agregada a possibilidade de fiscalização e correção de eventuais
irregularidades, trata-se da descrição do poder
a) discricionário da administração, que tem a função de gestão, com esfera de decisão fundada exclusivamente
em critérios de conveniência e oportunidade para organização administrativa.
b) disciplinar, que se aplica às relações jurídicas ou não jurídicas travadas pela Administração pública, com vistas
ao incremento de controle.
c) de polícia, cujo conteúdo contemporâneo não traz mais o sentido de limitação a direitos e garantias individuais.
d) hierárquico, intrínseco à organização administrativa e que se consubstancia em importante ferramenta para
viabilizar a execução das funções administrativas.
e) regulamentar, que constitui verdadeira competência normativa originária para organização da administração,
possibilitando não só a estruturação das atividades, mas também a reestruturação de pessoal, com criação e
extinção de cargos e empregos visando ganho de eficiência e economicidade.
Comentários:

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O enunciado, ao falar em “coordenação”, “subordinação entre entes”, “distribuição de funções”,


“fiscalização e correção de irregularidades”, apresenta as características típicas do poder hierárquico, que é
intrínseco à organização administrativa e que se consubstancia em importante ferramenta para viabilizar a
execução das funções administrativas.

Gabarito: alternativa “d”


43. (FCC – TRE/SE 2015)
Um dos poderes decorrentes da relação hierárquica consiste em editar atos normativos. A propósito de tais atos é
correto afirmar que

a) podem, excepcionalmente, obrigar pessoas estranhas à relação hierárquica.


b) são apenas e tão somente decorrentes da relação hierárquica.
c) confundem-se com os regulamentos.
d) as resoluções não se enquadram em tais atos.
e) são considerados atos normativos de efeitos externos.
Comentários:
Segundo a professora Di Pietro, da relação hierárquica que fundamenta a organização administrativa
decorrem para a Administração Pública diversos poderes, dentre os quais o de “editar atos normativos (resoluções,
portarias, instruções), com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados; trata-se de atos normativos de
efeitos apenas internos e, por isso mesmo, inconfundíveis com os regulamentos; são apenas e tão somente
decorrentes da relação hierárquica, razão pela qual não obrigam pessoas a ela estranhas”.

Gabarito: alternativa “b”


44. (FCC – TRE/AP 2015)
Considere as assertivas abaixo.

I. No Poder Legislativo, inexiste hierarquia no sentido de relação de coordenação e subordinação, no que diz
respeito às suas funções institucionais.

II. No Poder Legislativo, a distribuição de competências entre Câmara e Senado se faz de forma que haja absoluta
independência funcional entre uma e outra Casa do Congresso.
III. A relação hierárquica caracteriza-se como uma relação estabelecida entre órgãos, de forma necessária e
permanente.
Está correto o que se afirma em
a) I, II e III.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, apenas.

Comentários: Vamos analisar cada item:

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I) CERTA. De fato, não existe hierarquia nas relações institucionais do Poder Legislativo. Por exemplo, a
Câmara dos Deputados não é subordinada ao Senado Federal, nem vice-versa, de modo que um projeto de lei
aprovado na Câmara pode ser modificado livremente no Senado, sem que a decisão de uma Casa vincule a outra,
logicamente, respeitando as regras do processo legislativo.
II) CERTA. Como comentado anteriormente.
III) CERTA. De fato, uma relação hierárquica se forma entre órgãos de uma mesma entidade, estabelecendo
necessariamente um laço permanente de subordinação entre eles.

Gabarito: alternativa “a”


45. (FCC – TCE/CE 2015)
A Administração pública tem o poder-dever de apurar infrações administrativas e aplicar penas disciplinares,
respeitando, para tanto, o contraditório e a ampla defesa. Cuida-se do exercício do denominado Poder Disciplinar.
Quanto a este, é correto afirmar:
a) É obrigatório, razão pela qual a autoridade administrativa tem o dever não só de apurar eventual prática de falta
funcional como tem a obrigação de aplicar sanção nas hipóteses em que a culpa do servidor não restar
integralmente comprovada, isso em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.

b) A aplicação de sanção disciplinar decorrente da prática de ilícito administrativo inibe a aplicação de sanção
criminal pelo mesmo fato, em razão do princípio do não bis in idem.
c) A tipicidade do direito administrativo é menos rigorosa que a do direito penal, isso em razão dos valores jurídicos
protegidos por cada área, motivo pelo qual, em regra, muitos estatutos funcionais admitem tipos abertos.
d) Por cuidar-se de dever-poder, de caráter obrigatório, não comporta espaço para que a Administração exerça
juízo discricionário.
e) Compreende as punições dos administrados e indivíduos que não obedecem às limitações e restrições impostas
no interesse público, não apenas as penalidades impostas aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à
disciplina dos órgãos e serviços públicos.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa, a respeito do poder disciplinar:

a) ERRADA. A Administração tem a obrigação de apurar eventual prática de falta funcional, mas só poderá
punir o servidor em caso de dolo ou culpa comprovados, uma vez que a responsabilidade do servidor é de natureza
subjetiva.
b) ERRADA. A aplicação de sanção disciplinar decorrente da prática de ilícito administrativo não inibe a
aplicação de sanção criminal pelo mesmo fato, em razão da independência das instâncias. Nesse caso não há bis
in idem, pois o próprio ordenamento jurídico prevê sanções administrativas e penais para uma mesma conduta
faltosa, razão pela qual elas podem ser aplicadas de forma cumulativa nessas instâncias.
c) CERTA. De fato, a tipicidade do direito administrativo é menos rigorosa que a do direito penal, ou seja, no
direito administrativo as condutas que podem ensejar a aplicação de sanção não são descritas de forma tão
detalhada como no direito penal. Isso porque o direito penal protege valores jurídicos mais “elevados”, a exemplo
do direito à vida, podendo resultar em sanções severas, restritivas de liberdade, como a prisão, o que não ocorre
no direito administrativo.
d) ERRADA. Existe sim espaço no poder disciplinar para que a Administração exerça juízo discricionário,
notadamente na dosagem das sanções aplicadas (ex: valor da multa, período da suspensão etc.), logicamente
respeitando os limites legais.
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e) ERRADA. Ao contrário do que afirma o item, o poder disciplinar compreende apenas as penalidades
impostas aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços públicos. Já as
punições impostas aos demais administrados e indivíduos que não obedecem às limitações e restrições impostas
no interesse público constituem matéria do poder de polícia.

Gabarito: alternativa “c”


46. (FCC – TRE/AP 2015)
Considere as assertivas abaixo concernentes ao poder disciplinar.
I. É sempre vinculado.

II. Há discricionaridade no momento da aplicação da pena, podendo a Administração pública levar em


consideração, para a escolha da pena, dentre outros aspectos, a natureza e a gravidade da infração.
III. Há discricionaridade no momento de decidir se instaura ou não o processo administrativo disciplinar.
IV. Deve, em regra, ser aplicado a particulares não sujeitos à disciplina interna da Administração pública.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II, III e IV.
b) I e IV.

c) II.
d) II e III.
e) I.

Comentários: Vamos analisar cada item:


I) ERRADA. O poder disciplinar não é sempre vinculado. Notadamente, há discricionaridade no momento
da aplicação da pena, em que a Administração pode levar em consideração, para a escolha e dosagem da pena,
dentre outros aspectos, a natureza e a gravidade da infração.
II) CERTA. Conforme comentado no item anterior.
III) ERRADA. Se por um lado existe discricionariedade na escolha e dosagem da pena, por outro não há no
momento de decidir se instaura ou não o processo administrativo disciplinar. Com efeito, se verificar conduta
passível de punição administrativa, a autoridade competente é obrigada a instaurar o devido processo disciplinar.
IV) ERRADA. O poder disciplinar só incide sobre particulares sujeitos à disciplina interna da Administração
pública, a exemplo das empresas que firmam contrato com o Poder Público.

Gabarito: alternativa “c”


47. (FCC – TCM/GO 2015)
Suponha que o Governo do Estado de Goiás pretenda implementar medidas de reestruturação administrativa,
extinguindo alguns órgãos e também entidades da Administração indireta e fundindo algumas Secretarias, bem
como extinguindo cargos vagos. De acordo com as normas que disciplinam a organização administrativa
constantes da Constituição Federal,
a) todas as medidas poderão ser implementadas por ato do Chefe do Executivo, mediante decreto.
b) todas as medidas somente poderão ser implementadas por lei, de iniciativa do Chefe do Executivo, salvo a fusão
de Secretarias, que pode ser efetivada por decreto.
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c) a extinção de cargos vagos necessita de lei específica e as demais medidas poderão ser implementadas por
decreto.
d) a extinção de entidades da Administração indireta somente poderá ser feita por lei, enquanto a extinção de
órgãos e de cargos vagos pode ocorrer por decreto.
e) a extinção de entidades e órgãos depende de lei, enquanto a extinção de cargos vagos pode ser feita por decreto
do Chefe do Executivo.
Comentários:

A Constituição permite que o Chefe do Poder Executiva adote determinadas medidas de organização
administrativa mediante decreto. São elas (CF, art. 84, VI):

• Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos;
• Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
A lista acima é exaustiva, vale dizer, qualquer outra medida de organização administrativa, a exemplo da
extinção de órgãos e de entidades da Administração indireta e da fusão de Secretarias, deve ser adotada mediante
lei. Sendo assim, apenas a opção “e” está correta.

Gabarito: alternativa “e”

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Lista de questões
1. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)
Considere hipoteticamente um ato administrativo exarado por autoridade incompetente. Em relação aos
denominados atributos dos atos administrativos, o referido ato
a) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, ante o princípio
que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais.
b) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, o que se denomina
imperatividade.
c) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, a menos que decretada, pelo Poder Judiciário, sua invalidade, sendo
vedada a autotutela na hipótese, o que se denomina executoriedade.
d) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina presunção de legitimidade ou veracidade.
e) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina autoexecutoriedade.

2. (FCC – ALESE 2018)


João é Prefeito do Município X e, no exercício de seu poder regulamentar, expediu decreto alterando determinada
lei. A conduta narrada
a) implicou abuso do poder regulamentar, vez que houve invasão da competência do Poder Legislativo.
b) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter geral e abstrato que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração
legislativa
c) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio dos regulamentos autônomos.
d) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter individual, que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração legislativa.
e) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio das resoluções.
3. (FCC – ALESE 2018)
Marcos, servidor público titular de cargo efetivo, inscreveu-se em concurso de promoção interno, instruindo o
requerimento com a documentação pertinente, atendendo requisitos e indicando a respectiva pontuação,
conforme edital. Alguns documentos foram desconsiderados pela banca do concurso, de forma que ele não atingiu
a pontuação necessária para ser promovido. Posteriormente, a autoridade responsável pela promoção confessou
a outro colega que desconsiderou a pontuação propositadamente, sem qualquer amparo, para coibir a promoção
daquele servidor, seu desafeto. O ato da autoridade que desclassificou Marcos no concurso de promoção
a) está eivado de vício de desvio de finalidade, possibilitando sua anulação, inclusive judicial.
b) constitui apenas infração funcional, que deve ser apenada.

c) tipifica ato de improbidade na modalidade que causa prejuízo ao erário, pois a conduta da autoridade foi dolosa.
d) caracteriza abuso de poder, mas não pode ser revertido, em razão do encerramento do certame.
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e) constitui ato discricionário, ainda que a motivação tenha sido fundada em razões reprováveis, o que impede o
controle judicial.
4. (FCC – ISS São Luís 2018)
A atuação dos agentes públicos que causar danos a terceiros pode gerar responsabilização das pessoas políticas
ou jurídicas da Administração pública as quais estiverem funcionalmente vinculados. No âmbito dessa atuação
passível de resultar na referida responsabilização,
(A) inclui-se o exercício do poder hierárquico, que também incide na esfera jurídica de terceiros não integrantes do
quadro funcional da Administração pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados para prestação de
serviços ou fornecimento de bens.

(B) a atuação dolosa dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou ilícitos, acarreta dever de indenização da
pessoa jurídica ou política pelos danos que aqueles causarem, cabendo direito de regresso em face dos servidores
responsáveis.
(C) o poder normativo conferido à Administração pública enseja sua responsabilidade objetiva, sendo obrigatória
a inclusão do ente que editou o ato ou decreto no pólo passivo da ação, dado que se trata de atuação legislativa.
(D) o poder de polícia, quando exercido fora dos limites legalmente autorizados, pode ocasionar danos aos
administrados, passíveis de serem opostos à Administração para fins de indenização, independentemente de dolo
ou culpa dos agentes públicos.
(E) tanto o poder de polícia quanto o poder disciplinar exigem comprovação de dolo ou culpa dos agentes públicos
para imputação de responsabilidade às pessoas jurídicas as quais estão vinculados, considerando que se trata de
atuação essencial e intrínseca às funções executivas.
5. (FCC – Sefaz/GO 2018)
O poder normativo atribuído ao Executivo deve observar limites e parâmetros constitucionalmente estabelecidos,
dentre os quais:
a) Insere-se a competência para edição de decretos autônomos, em hipóteses expressas, passível de delegação
aos entes de direito público que integram a Administração pública indireta, como autarquias, fundações e agências
reguladoras, para exercício nas mesmas condições.
b) A necessidade de existência de lei prévia tratando dos aspectos gerais e abstratos da questão, restando ao
Executivo a obrigação de viabilizar a execução dessas diretrizes, por meio da disciplina do procedimento para
tanto.
c) Destaca-se a expressa indelegabilidade de seu exercício, não sendo permitindo a nenhum outro ente da
Administração indireta a edição de atos normativos.

d) A possibilidade de sua delegação para agências reguladoras, constituídas sob a forma de autarquias, para
organização das atividades reguladas, bem como para estabelecimento de critérios técnicos.

e) A constitucionalidade de sua delegação aos entes integrantes da Administração pública indireta para edição de
decretos regulamentadores que disciplinem aspectos técnicos em seus setores de atuação.
6. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Dentre os poderes atribuídos à Administração pública, o poder
a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque passível de ser atribuído à Administração direta, incluídas
as entidades paraestatais, para o desempenho regular de suas funções executivas.

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b) normativo não pode ser exercido pelos entes que integram a Administração indireta, à exceção das agências
reguladoras, por conta de sua independência e autonomia.
c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração indireta, que se sujeitam à Administração central para
fins de processamento dos processos disciplinares instaurados contra seus servidores.
d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo da apuração de infrações cometidas por servidores públicos
integrantes dos quadros da Administração direta.
e) de polícia pode ser delegado somente aos entes integrantes da Administração indireta que tenham
personalidade jurídica de direito público, a exemplo das agências executivas no que concerne ao papel fiscalizador
que exercem sobre a prestação de serviços públicos.
7. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia, o administrador precisava designar o servidor responsável
pela coordenação das tarefas inerentes à execução da avença. Dentre os membros da equipe competente para a
execução do contrato, nenhum dos servidores se dispôs a assumir a coordenação, o que levou o gestor público a
designar, de ofício, aquele que tinha mais experiência no setor. A atuação do administrador
a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é inerente, tendo em vista que a recusa dos servidores para a
coordenação do trabalho exigiu o sancionamento por parte da chefia.
b) é compatível como exercício do poder hierárquico, que implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento
discricionário diante da recusa dos servidores.
c) é expressão do poder normativo, considerando que o ato de designação do servidor para exercer as funções de
coordenador não tem natureza de ato administrativo.
d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que abrange a possibilidade de designação, de ofício, de
tarefas aos servidores integrantes do quadro, observado o respectivo âmbito de atuação.
e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido amplo, que também inclui o gerenciamento e limitação das
condutas dos servidores a ele subordinados.
8. (FCC – TRT SP – TJAA 2018)
Constitui exemplo de atuação da Administração pública fundada no exercício do poder de polícia:
(A) Interdição e demolição de construção com risco de desabamento.
(B) Permissão de uso de imóvel público para particular que se responsabilize por sua guarda.
(C) Declaração de inidoneidade à particular que fraudou procedimento licitatório.
(D) Concessão de serviço público à exploração privada, sujeito às normas fixadas pelo poder concedente.
(E) Aplicação de penalidade a servidor público, observado o devido processo legal e o contraditório.

9. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)


Considere hipoteticamente um servidor público estadual, detentor de cargo público efetivo, que tenha praticado,
no exercício de suas funções, conduta que em tese configura falta funcional de natureza grave. Nesta hipótese, a
Administração
a) tem a faculdade de apurar a infração e de aplicar a penalidade prevista em lei, com fundamento no poder de
polícia administrativa.

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b) pode ou não aplicar sanção, mesmo que comprovada a falta funcional atribuída ao servidor, isso em razão de
sua natureza imprecisa, que autoriza juízo discricionário.
c) tem a faculdade de, após apurados os fatos, aplicar ou não a sanção correspondente, em razão do poder
disciplinar, que é discricionário e decorre do poder hierárquico.
d) tem o dever de aplicar a pena cabível, independentemente da apuração por meio de procedimento legal, em
razão de o servidor estar sujeito à disciplina interna administrativa.
e) tem o dever de apurar os fatos por meio do processo administrativo adequado, e, comprovada a materialidade
e autoria da infração, aplicar a pena cabível.
10. (FCC – TRT/SP – AJAJ 2018)
A edição de um decreto pelo Chefe do Executivo instituindo proibição de circulação de veículos por determinado
perímetro da cidade
(A) encontra fundamento no poder regulamentar, porque este se presta a suprir lacunas legais.
(B) insere-se dentre as atribuições inerentes ao poder hierárquico, considerando a supremacia do interesse público
sobre o particular, que permite a limitação da liberdade dos administrados, em prol da coletividade.
(C) configura expressão do poder disciplinar, posto que se presta a pacificar as relações entre a Administração
pública e os administrados.
(D) excede os limites do poder regulamentar, na medida em que inova o ordenamento jurídico ao estabelecer nova
restrição a direitos sem que conste haver o devido fundamento em lei.
(E) excede os limites do poder de polícia, tendo em vista que esta atuação se presta apenas a imposição de
obrigações, não sendo admitido o estabelecimento de limitação ou restrição a direitos dos administrados.
11. (FCC – SEGEP-MA 2018)
Um particular requereu a expedição de licença para a realização de obras em seu estabelecimento comercial, cujo
prazo de emissão está legalmente previsto para 30 dias a contar do pedido. Passados três meses do pedido,
mesmo aduzindo ter entregue todos os documentos necessários, não recebeu resposta da Municipalidade,
cogitando requerer judicialmente o documento. A Municipalidade
a) tem discricionariedade na emissão do documento, porque depende da análise de conveniência e oportunidade
da reforma pretendida.
b) tem o dever de emitir o documento, caso tenham sido preenchidos os requisitos legais para tanto, o que permite
ao particular demandar judicialmente para exigir a licença.
c) não se submete aos prazos legais para emissão da licença, tendo em vista que o princípio da legalidade pode ser
excepcionado pelo princípio da eficiência.

d) pode indeferir tacitamente o pedido de licença, por motivos de conveniência e oportunidade, não cabendo
questionamento de mérito perante o Poder Judiciário.

e) tem o dever de emitir a licença, pois, ainda que se trate de ato administrativo de natureza discricionária, o
preenchimento dos requisitos legais confere direito subjetivo ao particular.
12. (FCC – TST 2017)
Dentre os princípios que regem a atuação da Administração pública nos processos administrativos em geral e sua
relação com os poderes da Administração pública,

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(A) os princípios do contraditório e da ampla defesa podem ser mitigados pelo poder de polícia, permitindo que a
Administração restrinja o acesso do administrado interessado aos atos administrativos constantes dos autos como
medida de melhor atendimento do interesse público.
(B) o poder regulamentar permite que a Administração edite decretos instituindo sanções mais adequadas para
determinadas infrações administrativas, de modo a garantir que nos processos administrativos seja priorizado o
princípio da finalidade, impondo-se a decisão que melhor atenda o interesse público.
(C) o poder disciplinar dispensa a exposição dos motivos de fato e de direito que ensejaram a decisão exarada no
processo administrativo, tendo em vista que o conjunto probatório deste constante é suficiente para o
atingimento da conclusão.
(D) o exercício do poder de polícia pela Administração pública, que pode limitar os direitos dos administrados em
geral, com base na legislação vigente, não pode cercear o direito ao contraditório e à ampla defesa a que têm
direito quando no âmbito do processo administrativo.
(E) o poder regulamentar também se presta à edição de normas que permitam a instituição de direitos e garantias
aos administrados quando estes figurem como interessados nos processos administrativos, de forma a que os
princípios que regem esse instituto sejam preservados.
13. (FCC – TST 2017)
O poder normativo da Administração pública
(A) pode ter aplicação preventiva ou repressiva, tal qual o poder de polícia exercido pela Administração pública,
sendo, no primeiro caso, restrito às matérias de organização administrativa e de competência suplementar, ou
seja, para disciplinar situações sobre as quais inexista lei pertinente.
(B) permite à Administração pública a edição de atos normativos para fixação de parâmetros e diretrizes de
gradação de penas disciplinares, quando relacionado ao poder disciplinar, bem como para instituição de novas
penas mais adequadas para situações atuais.
(C) fica restrito às situações em que estejam presentes relações hierarquizadas, em que a competência para
definição de normas tenha caráter originário.
(D) pode ter natureza originária nas situações expressamente previstas constitucionalmente, fora das quais fica
restrito a hipóteses de prévia existência de leis que demandem a disciplina e explicitação da forma de aplicação
das mesmas às situações concretas.

(E) consubstancia-se, quando aplicado a situações concretas, em exercício de poder de polícia, diretamente
incidente sobre a esfera de direitos dos administrados, devendo estar previamente previsto na legislação vigente.
14. (FCC – TST 2017)
Suponha que determinada entidade integrante da Administração federal pretenda majorar os valores cobrados
dos cidadãos para o licenciamento ambiental de empreendimentos, cuja análise e concessão encontram-se em
sua esfera de competência legal. A atuação da referida entidade corresponde à expressão de
(A) poder regulamentar, passível de cobrança por preço público que reflita os custos efetivamente incorridos.
(B) poder normativo, dependendo a majoração da edição de decreto do Chefe do Executivo.

(C) discricionariedade administrativa, representada por ato da autoridade competente, mediante resolução.
(D) regulação da atividade econômica, própria de agências reguladoras, que atuam mediante decisões fundadas
na discricionariedade técnica.

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(E) poder de polícia, custeado mediante cobrança de taxa instituída, obrigatoriamente, por lei.
15. (FCC – TRT23 2016)
O exercício dos poderes inerentes à função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão
dissociados da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação. Essa relação
a) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia do interesse público, que
fundamenta a atuação da Administração pública quando não houver fundamento legal para embasar as medidas
de polícia.
b) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a possibilidade da Administração
pública adotar medidas administrativas de urgência ou de firmar relações jurídicas diretamente com alguns
administrados, sem submissão a procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto.
c) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela Administração pública não admite
revisão administrativa, somente questionamento judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário.
d) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de tutela exercido sobre os atos
praticados pelos entes que integram a Administração indireta, permitindo que a Administração central promova
a revisão dos mesmos para adequá-los à legalidade.
e) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza
originária nas hipóteses de organização administrativa e, nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência
de lei.

16. (FCC – TRT21 2017)


Durante inspeção a um laboratório e fábrica de produtos veterinários, os agentes da Administração pública
competente constataram em um exemplar, a utilização de determinado insumo não mais autorizado. Em razão
disso, lavraram auto de infração e de apreensão de todos os produtos da mesma categoria. Os donos do
laboratório insurgiram-se contra a medida que

(A) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Administração pública em razão da apreensão das
mercadorias, o que demandaria autorização judicial.

(B) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a processo judicial, salvo se houvesse expressa previsão
em decreto autônomo da Administração pública.
(C) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se estende não só em relação aos servidores públicos,
mas também em direção daqueles que travarem relações jurídicas com o poder público.
(D) constitui regular exercício de poder de polícia pela Administração pública, cuja atuação pode prever medidas
preventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a segurança e a saúde dos administrados.
(E) deveria estar integral e expressamente prevista na legislação que trata da competência de fiscalização da
Administração pública em matéria de vigilância sanitária, não se admitindo adoção de medidas acautelatórias e
de urgência.
17. (FCC – TRT21 2017)
Em relação aos servidores públicos que ocupam cargo ou emprego público e ao exercício dos poderes inerentes à
Administração pública,

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(A) o poder disciplinar aplica-se exclusivamente aos servidores ocupantes de cargos públicos, estando os
empregados públicos, no exercício de suas funções, sujeitos ao poder de polícia pelo Estado.
(B) o vínculo efetivo dos servidores públicos autoriza que os ocupantes de cargo exerçam o poder normativo e
regulamentar com a edição de decretos autônomos de organização administrativa.
(C) o poder hierárquico distingue-se do poder disciplinar, com este não se confundindo, aplicando-se o primeiro
para as relações funcionais com o Poder Público, sendo o disciplinar para qualquer relação contratual entre poder
público e terceiros não servidores.

(D) em que pese o poder de polícia se aplique a todos os servidores públicos, no exercício de suas funções, titulares
de cargos efetivos, ocupantes de empregos públicos ou aqueles que ocupam cargo em comissão, seu exercício é
exclusivo do Chefe do Executivo, em razão de sua indelegabilidade.
(E) não obstante a diversidade de regime jurídico a que estão sujeitos, há normas comuns, aplicáveis às duas
categorias, como a exigência de concurso público para ingresso no serviço público, excetuadas as nomeações para
cargos comissionados, nos termos da lei.
18. (FCC - TRF5 2017)
O exercício dos poderes inerentes à Administração pública, tal como o poder hierárquico, se expressa de diversas
formais, a exemplo
(A) da edição de atos administrativos, independentemente da natureza, pelos superiores dos agentes públicos
originalmente competentes, e em substituição a estes.
(B) da edição de atos vinculados, que traduzem a atuação da Administração pública em sua vertente da hierarquia,
considerando que esta autoriza apenas as condutas, atos e negócios expressamente previstos em lei.
(C) da competência dos agentes superiores, para apreciação dos recursos interpostos contra atos de seus
subordinados, como decorrência da relação de hierarquia.
(D) do poder de rever diretamente os atos praticados pelos seus subordinados nos processos disciplinares em que
atuam, considerando que em sede de infrações disciplinares, a autoridade superior pode suprir os atos inferiores
não praticados.
(E) dos atos praticados pelos agentes públicos incumbidos da gestão da Administração pública, cuja tradução inclui
a prática de atos não só pelos funcionários efetivos, mas por todos os demais administrados em geral.
19. (FCC – TRF5 2017)
O chefe do departamento pessoal de uma determinada autarquia federal, para o bom funcionamento dos serviços
afetos à sua unidade, editou ato normativo interno estabelecendo horários de saída para o almoço, respeitando,
para tanto, as especificidades das jornadas de trabalho de cada subordinado. Justificou o ato na necessidade de a
unidade contar, sempre, com pelo menos um servidor. A edição do ato encontra fundamento no poder
(A) de polícia, que é próprio da função administrativa, e assim denominado por cuidar-se, na hipótese, de pessoa
jurídica integrante da Administração pública indireta.
(B) hierárquico, que é próprio da função administrativa, e por meio do qual a Administração pública mantém a
disciplina e impõe o cumprimento de deveres funcionais.

(C) disciplinar, que obriga o cumprimento, pelos subordinados, das ordens dos superiores, sob pena de punição.
(D) hierárquico, que, no entanto, deixou de ser próprio da função administrativa, em razão do princípio da
eficiência, que exclui a ingerência dos superiores.

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(E) disciplinar, que se sobrepõe e se confunde com o poder hierárquico, pois atribui competência ao administrador
para aplicar penalidade aos seus subordinados.
20. (FCC – Técnico – TRE/SP 2017)
Dentre as diversas atividades realizadas pelo Estado, no desempenho de suas funções executivas, representam
expressão de seu poder de polícia:
Parte superior do formulário
a) a regulação ou poder regulamentar, que visam conformar, de forma restritiva ou indutiva, as atividades
econômicas aos interesses da coletividade, podendo abranger medidas normativas, administrativas, materiais,
preventivas e fiscalizatórias e sancionatórias.

b) as medidas disciplinares e hierárquicas adotadas para conformação da atuação dos servidores públicos e dos
contratados pela Administração às normas e posturas por essas impostas.
c) a fiscalização e autuação de condutores exercidas pelas autarquias que desempenham serviços públicos
rodoviários.
d) a autotutela exercida pela Administração pública sobre seus próprios atos, que inclui a possibilidade de revisão
e anulação dos mesmos.
e) a imposição de multas contratuais a empresas estatais exploradoras de atividades econômicas ou prestadoras
de serviços públicos, que também exercem poder de polícia ao impor multas a usuários dos serviços e atividades
que prestam.
21. (FCC – Técnico – TRE/SP 2017)
Os servidores públicos estão sujeitos à hierarquia no exercício de suas atividades funcionais. Considerando esse
aspecto,

Parte superior do formulário


a) O poder disciplinar a que estão sujeitos é decorrente dessa hierarquia, visto que guarda relação com o vínculo
funcional existente e observa a estrutura organizacional da Administração pública para identificação da autoridade
competente para apuração e punição por infrações disciplinares.
b) submetem-se ao poder de tutela da Administração, que projeta efeitos internos, sobre órgãos e servidores, e
externos, atingindo relações jurídicas contratuais travadas com terceiros.
c) conclui-se que o poder hierárquico é premissa para o poder disciplinar, ou seja, este somente tem lugar onde se
identificam relações jurídicas hierarquizadas, funcional ou contratualmente, neste caso, em relação à prestação
de serviços terceirizados.
d) o poder hierárquico autoriza a edição de atos normativos de caráter autônomo, com força de lei, no que se refere
à disciplina jurídica dos direitos e deveres dos servidores públicos.
e) somente o poder hierárquico e o poder disciplinar produzem efeitos internos na Administração pública, tendo
em vista que o poder de polícia e o poder regulamentar visam à produção de efeitos na esfera jurídica de direito
privado, não podendo atingir a atuação de servidores públicos.
22. (FCC – Técnico – TRE/SP 2017)
Suponha que o Secretário de Transportes de determinado Estado tomou conhecimento, por intermédio de
matéria jornalística, da existência de longas filas para carregamento dos cartões de utilização dos trens
administrados por uma sociedade de economia mista vinculada àquela Pasta. Diante dos fatos apurados, decidiu
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avocar, para área técnica da Secretaria, algumas atividades de gerenciamento e logística desempenhadas por uma
das Diretorias da referida empresa. Fundamentou sua decisão no exercício dos poderes hierárquico e disciplinar.
Considerando a situação narrada,
Parte superior do formulário
a) A atuação do Secretário justifica-se do ponto de vista da hierarquia, porém não sob aspecto disciplinar, eis que
não identificada infração administrativa.
b) A decisão baseia-se, legitimamente, apenas no poder disciplinar, que compreende o controle e a supervisão.

c) Descabe a invocação dos poderes citados, sendo certo que a atuação da Secretaria deve se dar nos limites do
poder de tutela.
d) A decisão somente será justificável, sob o fundamento de poder hierárquico, se constada a existência de desvio
de conduta pelos administradores da empresa.
e) A decisão extrapolou a competência disciplinar, que somente pode ser exercida para corrigir

23. (FCC – Analista – PGE/MT 2016)


Discricionariedade administrativa é o dever-poder da Administração pública de, diante do caso concreto,
Parte superior do formulário
a) tomar duas ou mais decisões, sendo todas elas válidas perante o Direito.

b) decidir, com base em razões de conveniência e oportunidade, independentemente da lei.


c) decidir, conforme a vontade do agente público.
d) decidir, nos termos da Constituição Federal.
e) decidir, conforme as melhores razões de Estado.

24. (FCC – Analista – PGE/MT 2016)


Os poderes hierárquicos do Chefe do Poder Executivo compreendem a possibilidade de
Parte superior do formulário

a) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados, desde que compatíveis com o Direito.
b) dar ordens aos gestores públicos, inclusive àqueles que pertençam à Administração pública indireta.

c) avocar competências de seus subordinados, a exemplo, invariavelmente, das de caráter normativo.


d) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados, ainda que contrárias ao Direito.
e) demitir, a seu exclusivo critério, gestores que lhe sejam subordinados, inclusive os estáveis.

25. (FCC – Analista – TRT 20ª Região 2016)


I. O regulamento de execução é hierarquicamente subordinado a uma lei prévia, além de ser ato de competência
privativa do Chefe do Poder Executivo.
II. O poder regulamentar da Administração pública, também denominado de poder normativo, não abrange,
exclusivamente, os regulamentos; ele também se expressa por outros atos, tais como por meio de instruções,
dentre outros.

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III. Os atos pelos quais a Administração pública exerce o seu poder regulamentar, assim como a lei, também
emanam atos com efeitos gerais e abstratos.
IV. O ato normativo, em hipóteses excepcionais, poderá criar direitos não previstos em lei, sem implicar em ofensa
ao princípio da legalidade.
Está correto o que se afirma em
Parte superior do formulário
a) I e IV, apenas.

b) I, II, III e IV.


c) I e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) I, II e III, apenas.
26. (FCC – Técnico – TRT 20ª Região 2016)
I. A Administração pública, ao tomar conhecimento de infração praticada por servidor, deve instaurar o
procedimento adequado para sua apuração.
II. A Administração pública pode levar em consideração, na aplicação da pena, a natureza e a gravidade da infração
e os danos que dela provierem para o serviço público.
III. No procedimento administrativo destinado a apurar eventual infração praticada por servidor, devem ser
assegurados o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.
IV. A falta grave é punível com a pena de suspensão e caberá à Administração pública enquadrar ou não um caso
concreto em tal infração.
O poder disciplinar, em algumas circunstâncias, é considerado discricionário. Há discricionariedade APENAS nos
itens Parte superior do formulário
a) I e IV.
b) I e II.
c) I e III.
d) III e IV.

e) II e IV.
27. (FCC – Auxiliar de Enfermagem – AL/MS 2016)
Rafael, servidor público estadual e chefe de determinada repartição, no exercício de seu poder hierárquico, editou
ato normativo, qual seja, resolução, a fim de ordenar a atuação de seus subordinados. A propósito do tema, a
conduta de Rafael está

Parte superior do formulário


a) correta, pois o poder hierárquico é mais abrangente e sempre engloba o poder normativo da Administração
pública, também denominado de poder regulamentar.
b) correta, pois insere-se dentro das atribuições próprias do poder hierárquico.

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c) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder hierárquico, mas sim, do poder
disciplinar.
d) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder hierárquico, mas sim, do poder de
polícia, que também vigora entre os servidores e órgãos públicos.
e) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder hierárquico, mas sim, do poder
normativo.
28. (FCC – Auditor – SEGEP/MA 2016)
O poder de polícia caracteriza-se como atividade da Administração pública que impõe limites ao exercício de
direitos e liberdades, tendo em vista finalidades de interesse público. Considere os atos ou contratos
administrativos a seguir:
I. concessão de serviços públicos.
II. autorização para vendas de material de fogos de artifícios.
III. permissão de serviços públicos.
IV. concessão de licença ambiental para construção.
Caracterizam-se como manifestação do poder de polícia APENAS os constantes em
Parte superior do formulário
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.
29. (FCC – Auditor – SEGEP/MA 2016)
O processo disciplinar é derivado dos poderes:
Parte superior do formulário

a) hierárquico e disciplinar.
b) regulamentar e de polícia.
c) disciplinar e de polícia.
d) de polícia e hierárquico.
e) hierárquico e regulamentar.
30. (FCC – Procurador – SEGEP/MA 2016)
A atividade de polícia administrativa
Parte superior do formulário
a) pode ser exemplificada pela atuação das corregedorias, ao fiscalizar a atividades dos órgãos públicos.
b) sempre é exercida de forma discricionária, sendo que tal característica é impositiva, em razão do princípio da
proporcionalidade.

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c) nem sempre é prestada de forma gratuita pela Administração, havendo situações que implicam em onerosidade
de seu exercício.
d) é irrenunciável, de modo que não é possível a revogação de medidas de polícia administrativa, uma vez que
tenham sido aplicadas pela autoridade competente.
e) é dotada do atributo de imperatividade, que consiste na possibilidade que a Administração tem de executar suas
decisões com seus próprios meios, sem necessidade de provocação do Poder Judiciário.
31. (FCC – Advogado – Prefeitura/PI 2016)
Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho, quando o “agente que elege a situação fática geradora da vontade,
permitindo, assim, maior liberdade de atuação, embora sem afastamento dos princípios administrativos”, está se
referindo ao poder discricionário dos agentes públicos, que demanda a
Parte superior do formulário
a) previsão legal das opções postas ao administrador, bem como possibilita revogação pela própria Administração
ou pelo Judiciário, preservado o mérito do ato administrativo.
b) existência de opções juridicamente válidas para que o administrador possa exercer seu juízo de conveniência e
oportunidade, o que não afasta a possibilidade de controle dessa atuação, tanto pela Administração, quanto pelo
Judiciário e pelo Tribunal de Contas.
c) revisão dos atos discricionários pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, não retroagindo efeitos seja
no caso da anulação ou da revogação, em razão da presunção de veracidade que reveste os atos administrativos.
d) possibilidade de anulação de atos discricionários somente pela própria administração ou pelo Tribunal de
Contas, nos casos de atos administrativos.
e) análise pelo Poder Judiciário de todos os aspectos dos atos discricionários, anulando-os ou revogando-os diante
do controle de políticas públicas realizado por esse Poder.
32. (FCC – Analista – Prefeitura/PI 2016)
Os poderes da Administração pública lhe foram atribuídos para possibilitar o exercício de suas funções, que sempre
devem ser norteadas em benefício da coletividade. Conferem, portanto, prerrogativas à Administração pública,
que não são ilimitadas. É exemplo disso
Parte superior do formulário
a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da edição de decreto autônomo, que somente pode ter
lugar sempre que houver lacunas ou ausência de lei.
b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos servidores aos seus superiores, cabendo a estes a
apuração de infrações e aplicação de penalidades disciplinares.

c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particulares e empresas contratados pelo poder público para
prestação de serviços em repartições públicas.

d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direitos individuais com algum grau de discricionariedade,
mas sempre deve ter previsão legal.
e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterioriza na edição de normas de conduta disciplinar, com
elenco de infrações e sanções.
33. (FCC – Procurador – Prefeitura de campinas/SP 2016)

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A desconcentração e a descentralização são formas de organização administrativa para exercício das funções
executivas. Em relação aos poderes da Administração e essa forma de organização tem-se que
Parte superior do formulário
a) o poder hierárquico mostra-se presente tanto na desconcentração, quanto na descentralização, na medida em
que a Administração Central possui poder para autorizar ou rever atos praticados pelos órgãos e entes abrangidos
por aquela organização administrativa.
b) o poder normativo evidencia-se por meio dos decretos autônomos, adequados para instituição de pessoas
jurídicas de direito público ou privado, por meio das quais se opera a descentralização.
c) o poder normativo manifesta-se quando há utilização do método descentralização, pois é necessária edição de
leis para instituição de outras pessoas jurídicas para as quais serão delegadas competências.
d) o poder hierárquico manifesta-se presente nas relações de desconcentração, porque há relação de subordinação
entre os órgãos da Administração e a Administração central, o que não se replica com as relações travadas entre
esta e os entes da Administração indireta, ainda que se evidencie o poder de tutela.
e) a desconcentração não se relaciona com o poder discricionário da Administração pública, porque este é restrito
à Administração e Central, tendo em vista que os órgãos da Administração não são dotados de autonomia e
personalidade jurídica própria, características que devem estar presentes para o exercício das atribuições inerentes
àquele poder.
34. (FCC – Analista – TRT 23ª Região 2016)
I. A Administração pública não pode, no exercício do poder de polícia, utilizar-se de meios diretos de coação, sob
pena de afronta ao princípio da proporcionalidade.
II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre limitações, mesmo quando a lei lhe dá várias
alternativas possíveis.
III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as multas de trânsito corresponde a
exemplo da utilização de meios indiretos de coação, absolutamente válido no exercício do poder de polícia.
Está correto o que consta em
Parte superior do formulário

a) I, II e III.
b) II e III, apenas.

c) I e III, apenas.
d) I, apenas.
e) II, apenas.

35. (FCC – TCM/GO 2015)


Constitui correspondência válida entre os poderes ou prerrogativas da Administração e exemplos de expressão
dessa atuação pela Administração pública,
a) edição do ato que concede aposentadoria voluntária ao servidor estável, como expressão do poder normativo
regulamentar da Administração, visto que se limita a cumprir expressa disposição de norma constitucional.

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b) decisão proferida em processo disciplinar que instituiu a sanção aplicada ao funcionário público, como
expressão do poder normativo originário, visto que nem todas as condutas estão tipificadas em sua integralidade
na legislação pertinente.
c) lavratura de auto de infração e imposição de multa contra estabelecimento comercial que desatende as normas
sanitárias, como expressão do poder normativo originário e do poder de polícia, visto que nem todas as hipóteses
que autorizam a atuação da Administração estão previstas na legislação pertinente.
d) edição do ato que concede aposentadoria por tempo de serviço, requerida por servidor com fundamento em
tempo de serviço, como expressão de competência vinculada e da relação de hierarquia.
e) decisão proferida em processo disciplinar movido contra funcionário público, como expressão do poder
disciplinar originário, visto que abrange, além do reconhecimento do ilícito, o estabelecimento de sanção
apropriada para o caso, diante de ausência de precisão legal.
36. (FCC – CNMP 2015)
A Administração é dotada de poderes administrativos dentre os quais figuram os poderes
a) político, vinculado, hierárquico e de polícia.
b) disciplinar, discricionário, regulamentar e de polícia.
c) regulamentar, vinculado, disciplinar e militar.
d) militar, disciplinar, discricionário e hierárquico.
e) disciplinar, político, vinculado e hierárquico.
37. (FCC – TRE/RR 2015)
A edição de atos normativos de efeitos internos, com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados
decorre do poder

a) regulamentar.
b) hierárquico.
c) de polícia.

d) normativo.
e) disciplinar.
38. (FCC – TJ/GO 2015)
O regime jurídico administrativo compreende um conjunto de prerrogativas e sujeições aplicáveis à Administração
e expressa-se sob a forma de princípios informativos do Direito Público, bem como pelos poderes outorgados à
Administração, entre os quais se insere o poder normativo, que
a) permite a edição de atos discricionários, com base em critérios de conveniência e oportunidade e afasta a
vinculação a requisitos formais.
b) autoriza a Administração a impor limites às atividades privadas em prol do interesse público.
c) é o instrumento pelo qual a Administração disciplina a execução da lei, editando normas que podem inovar em
relação ao texto legal para a criação de obrigações aos administrados.
d) compreende a aplicação de sanções àqueles ligados à Administração por vínculo funcional ou contratual.

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e) não se restringe ao poder regulamentar, abarcando também atos originários relativos a matéria de organização
administrativa.
39. (FCC – TRT6 2015)
Na lição de Hely Lopes Meirelles, os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam
diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a que se dirigem.
Esclarece o renomado administrativista que, diferentemente dos poderes políticos, que são estruturais e
orgânicos, os poderes administrativos são instrumentais.
Uma adequada correlação entre o poder administrativo citado e sua utilização pela Administração é:
a) o poder disciplinar possibilita às autoridades administrativas a práticas de atos restritivos de direitos individuais
dos cidadãos, nos limites previstos em lei.
b) o poder normativo autoriza a Administração a estabelecer condutas e as correspondentes punições aos
servidores públicos, para ordenar a atuação administrativa.
c) o poder de polícia comporta atos preventivos e repressivos, exercidos pela Administração para condicionar ou
restringir atividades ou direitos individuais, no interesse da coletividade.
d) o poder regulamentar atribuído, pela Constituição Federal, ao Chefe do Executivo, o autoriza a editar normas
autônomas em relação a toda e qualquer matéria de organização administrativa e complementares à lei em
relação às demais matérias.
e) o poder hierárquico autoriza a aplicação de penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à
disciplina administrativa em razão de vínculo contratual estabelecido com a Administração.
40. (FCC – ManausPrev 2015)
De acordo com a definição de José dos Santos Carvalho Filho, a prerrogativa de direito público que, calcada na lei,
autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse
da coletividade (Manual de Direito Administrativo, São Paulo, Atlas 25. ed. p. 75) refere-se ao poder
a) discricionário, que permite à Administração pública atuar nas lacunas da lei.

b) de polícia, que não se restringe às atividades normativas e preventivas, alcançando também atuação repressiva.
c) vinculado, que exige que a Administração pública faça tudo aquilo que estiver expressamente previsto na lei.
d) de polícia judiciária, que autoriza a Administração pública a restringir a liberdade dos administrados.
e) de império, que qualifica todos os atos praticados pela Administração pública.
41. (FCC – TCM/RJ 2015)
Considere que uma empresa contratada pela Administração pública para a prestação de serviços de limpeza tenha
cometido diversos descumprimentos de suas obrigações contratuais e a ela tenham sido aplicadas, pela
Administração, proibição de participar de licitações. No caso citado, a atuação da Administração é expressão de
seu poder
a) disciplinar, que permite aplicar penalidades não apenas aos servidores públicos mas também às demais pessoas
sujeitas à disciplina administrativa.
b) regulamentar, exercido nos limites da legislação que rege a matéria.
c) hierárquico, decorrente da supremacia do interesse público sobre o privado.

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d) discricionário, que permite à Administração a escolha da conduta que melhor atenda ao interesse público no
caso concreto.
e) normativo, que permite impor obrigações aos administrados em prol do interesse público.
42. (FCC – TRT15 2015)
Quando se fala sobre a coordenação e subordinação de entes, órgãos e agentes entre si e se alude à uma
distribuição de funções, para que seja promovida uma sequência de autoridade progressiva, estrutura que
viabilizará a ordenação harmônica de atuações, agregada a possibilidade de fiscalização e correção de eventuais
irregularidades, trata-se da descrição do poder
a) discricionário da administração, que tem a função de gestão, com esfera de decisão fundada exclusivamente
em critérios de conveniência e oportunidade para organização administrativa.
b) disciplinar, que se aplica às relações jurídicas ou não jurídicas travadas pela Administração pública, com vistas
ao incremento de controle.
c) de polícia, cujo conteúdo contemporâneo não traz mais o sentido de limitação a direitos e garantias individuais.
d) hierárquico, intrínseco à organização administrativa e que se consubstancia em importante ferramenta para
viabilizar a execução das funções administrativas.
e) regulamentar, que constitui verdadeira competência normativa originária para organização da administração,
possibilitando não só a estruturação das atividades, mas também a reestruturação de pessoal, com criação e
extinção de cargos e empregos visando ganho de eficiência e economicidade.
43. (FCC – TRE/SE 2015)
Um dos poderes decorrentes da relação hierárquica consiste em editar atos normativos. A propósito de tais atos é
correto afirmar que

a) podem, excepcionalmente, obrigar pessoas estranhas à relação hierárquica.


b) são apenas e tão somente decorrentes da relação hierárquica.
c) confundem-se com os regulamentos.

d) as resoluções não se enquadram em tais atos.


e) são considerados atos normativos de efeitos externos.
44. (FCC – TRE/AP 2015)
Considere as assertivas abaixo.
I. No Poder Legislativo, inexiste hierarquia no sentido de relação de coordenação e subordinação, no que diz
respeito às suas funções institucionais.
II. No Poder Legislativo, a distribuição de competências entre Câmara e Senado se faz de forma que haja absoluta
independência funcional entre uma e outra Casa do Congresso.
III. A relação hierárquica caracteriza-se como uma relação estabelecida entre órgãos, de forma necessária e
permanente.

Está correto o que se afirma em


a) I, II e III.
b) II, apenas.

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c) III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, apenas.
45. (FCC – TCE/CE 2015)
A Administração pública tem o poder-dever de apurar infrações administrativas e aplicar penas disciplinares,
respeitando, para tanto, o contraditório e a ampla defesa. Cuida-se do exercício do denominado Poder Disciplinar.
Quanto a este, é correto afirmar:
a) É obrigatório, razão pela qual a autoridade administrativa tem o dever não só de apurar eventual prática de falta
funcional como tem a obrigação de aplicar sanção nas hipóteses em que a culpa do servidor não restar
integralmente comprovada, isso em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.
b) A aplicação de sanção disciplinar decorrente da prática de ilícito administrativo inibe a aplicação de sanção
criminal pelo mesmo fato, em razão do princípio do não bis in idem.
c) A tipicidade do direito administrativo é menos rigorosa que a do direito penal, isso em razão dos valores jurídicos
protegidos por cada área, motivo pelo qual, em regra, muitos estatutos funcionais admitem tipos abertos.
d) Por cuidar-se de dever-poder, de caráter obrigatório, não comporta espaço para que a Administração exerça
juízo discricionário.
e) Compreende as punições dos administrados e indivíduos que não obedecem às limitações e restrições impostas
no interesse público, não apenas as penalidades impostas aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à
disciplina dos órgãos e serviços públicos.
46. (FCC – TRE/AP 2015)
Considere as assertivas abaixo concernentes ao poder disciplinar.

I. É sempre vinculado.
II. Há discricionaridade no momento da aplicação da pena, podendo a Administração pública levar em
consideração, para a escolha da pena, dentre outros aspectos, a natureza e a gravidade da infração.

III. Há discricionaridade no momento de decidir se instaura ou não o processo administrativo disciplinar.


IV. Deve, em regra, ser aplicado a particulares não sujeitos à disciplina interna da Administração pública.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II, III e IV.
b) I e IV.
c) II.
d) II e III.

e) I.
47. (FCC – TCM/GO 2015)
Suponha que o Governo do Estado de Goiás pretenda implementar medidas de reestruturação administrativa,
extinguindo alguns órgãos e também entidades da Administração indireta e fundindo algumas Secretarias, bem
como extinguindo cargos vagos. De acordo com as normas que disciplinam a organização administrativa
constantes da Constituição Federal,

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a) todas as medidas poderão ser implementadas por ato do Chefe do Executivo, mediante decreto.
b) todas as medidas somente poderão ser implementadas por lei, de iniciativa do Chefe do Executivo, salvo a fusão
de Secretarias, que pode ser efetivada por decreto.
c) a extinção de cargos vagos necessita de lei específica e as demais medidas poderão ser implementadas por
decreto.
d) a extinção de entidades da Administração indireta somente poderá ser feita por lei, enquanto a extinção de
órgãos e de cargos vagos pode ocorrer por decreto.

e) a extinção de entidades e órgãos depende de lei, enquanto a extinção de cargos vagos pode ser feita por decreto
do Chefe do Executivo.

*****

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Gabarito
1. d 17. e 33. d
2. a 18. c 34. b
3. a 19. b 35. d
4. d 20. c 36. b
5. d 21. a 37. b
6. d 22. c 38. e
7. d 23. a 39. c
8. a 24. a 40. b
9. e 25. e 41. a
10. d 26. e 42. d
11. b 27. b 43. b
12. d 28. d 44. a
13. d 29. a 45. c
14. e 30. c 46. c
15. b 31. b 47. e
16. d 32. d

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Resumo direcionado
PODERES ADMINISTRATIVOS

Poderes instrumentais ≠ Poderes estruturais (legislativo, executivo e judiciário)

Poder vinculado: prática de atos vinculados. É mais um dever que uma prerrogativa.

§ Prerrogativa para praticar atos discricionários.


§ Admite juízo de conveniência e oportunidade (mérito administrativo).
Poder § A margem de escolha é restrita aos limites da lei.
discricionário § Deve observar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
§ Controle judicial incide apenas sobre os aspectos vinculados do ato (competência, finalidade e
forma).
§ Abrange também a revogação de atos inoportunos e inconvenientes.

§ Relação de coordenação e subordinação que se estabelece nas organizações administrativas.


§ O poder hierárquico não depende de lei.
§ Permite ao superior hierárquico dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e
avocar competências.
Poder § Só abrange sanções disciplinares a servidores, e não sanções a particulares.
hierárquico § Delegação e avocação são atos discricionários.
§ Delegação pode ocorrer fora da estrutura hierárquica; já a avocação, não pode.
§ Não podem ser delegados: atos políticos e funções típicas de cada Poder.
§ Não há hierarquia: entre diferentes pessoas jurídicas; entre Adm. direta e indireta; no exercício de
funções típicas (ex: tribunais do Judiciário); entre os Poderes da República; entre Administração e
administrados.

§ Prerrogativa para aplicar sanções àqueles que, submetidos à disciplina interna da Adm., cometem
infrações (servidores e particulares com vínculo contratual com a Adm.).
Poder
disciplinar § Não se confunde com o poder punitivo do Estado (exercido pelo Poder Judiciário para punir
infrações de natureza civil e penal – ex: atos de improbidade).
§ Admite discricionariedade (gradação e escolha da penalidade).

§ Poder inerente ao Chefe do Executivo para editar decretos.


§ Atos normativos são editados por outras autoridades e órgãos com base no poder normativo.
§ Decreto de execução: dar fiel execução às leis administrativas; não pode ser delegado; atos de
caráter geral e abstrato.
§ Atos normativos secundários: não podem inovar o ordenamento jurídico.
Poder § Decreto autônomo: não precisa de lei prévia; apenas para (i) organizar a Adm. Pública, sem
regulamentar aumento de despesa ou criação/extinção de órgãos ou (ii) extinção de cargos públicos vagos. Pode
ser delegado.
§ O Congresso Nacional pode sustar atos normativos do Executivo que exorbitem do poder
regulamentar.
§ Controle judicial: em caso de conflito com a lei que regulamenta, não cabe ADI (esta, apenas para atos
normativos autônomos que ofendem diretamente a Constituição).

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§ Prerrogativa de condicionar e restringir o exercício de atividades privadas.


§ Em sentido amplo: atividade legislativa e atividades administrativas de restrição e
condicionamento.
§ Em sentido estrito: apenas atividades administrativas.
§ Qualquer medida restritiva deve observar o devido processo legal (ampla defesa).
§ A competência é da pessoa federativa à qual a CF conferiu o poder de regular a matéria. Todavia,
pode haver sistema de cooperação entre as esferas (ex: fiscalização do trânsito).
§ Poder de polícia preventivo: anuência prévia para a prática de atividades privadas (licença e
autorização). Formalizada por alvarás, carteiras, declarações, certificados etc.
ü Licença: anuência para usufruir um direito; ato administrativo vinculado e definitivo.
ü Autorização: anuência para exercer atividade de interesse do particular; ato administrativo
discricionário e precário.
§ Poder de polícia repressivo: aplicação de sanções administrativas a particulares.
§ Podem ser cobradas taxas (espécie de tributo, e não preços públicos ou tarifas) em razão do
exercício (efetivo) do poder de polícia. Dispensa a fiscalização “porta a porta”, desde que haja
competência e estrutura.
Poder de § Ciclo de polícia: legislação (ordem), consentimento, fiscalização e sanção.
polícia § Legislação e fiscalização são as únicas fases que sempre existirão num ciclo de polícia. O
consentimento depende de lei; já a sanção depende de haver infração no caso concreto.
§ Poder de polícia originário -> adm. direta.
§ Poder de polícia delegado -> adm. indireta (entidades de direito público).
§ Delegação a entidades da adm. indireta de direito privado: possível, desde que 1) possuam
capital majoritariamente público; 2) prestem serviço público de atuação própria do Estado; e 3)
atuem em regime não concorrencial.
§ Não pode ser delegado a entidades privadas não integrantes da Adm. Pública formal.
§ Atributos: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. Entretanto, alguns atos de
polícia podem ser vinculados (ex: licenças) ou não autoexecutórios e coercitivos (ex: atos
preventivos, cobrança de multa não paga).
§ Prescrição: 5 anos, exceto quando o objeto da sanção também constituir crime; no caso, aplica-se
o prazo da lei penal. Também incide nos processos paralisados por mais de 3 anos.
§ Polícia administrativa: caráter preventivo; exercida por diversos órgãos administrativos; incide
sobre atividades, bens e direitos.
§ Polícia judiciária: caráter repressivo; exercida por corporações especializadas (polícias civil,
federal e militar); prepara a função jurisdicional; incide sobre pessoas.

ABUSO DE PODER
ü Excesso de poder: vício de competência ou de proporcionalidade.
ü Desvio de poder: vício de finalidade (desvio de finalidade).

DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


ü Poder-dever de agir: o administrador não pode deixar de exercer suas prerrogativas.
ü Dever de eficiência: agir com celeridade, perfeição técnica e bom rendimento funcional.
ü Dever de probidade: agir com honestidade e boa-fé, visando ao interesse público.
ü Dever de prestar contas: decorre do princípio da indisponibilidade do interesse público; inerente àqueles que
administram a coisa pública; alcança, inclusive, particulares que aplicam recursos públicos.

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Jurisprudência da aula
STJ – RMS 11.050/RJ (22/2/2000)

Ementa
ADMINISTRATIVO - TRANSPORTE INTERMUNICIPAL - LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO NO CENTRO DA CIDADE DO
RIO DE JANEIRO.
1. É da competência do Município disciplinar o tráfego e trânsito na cidade respectiva.
2. Ao Estado cabe a concessão e fiscalização das concessões e trechos.
3. Recurso improvido.

Resumo Estruturado
LEGALIDADE, DECRETO MUNICIPAL, FIXAÇÃO, TRAJETO, LINHA DE TRANSPORTE, ONIBUS, TRANSPORTE
INTERMUNICIPAL, DECORRENCIA, EXCLUSIVIDADE, COMPETENCIA, MUNICIPIO, DETERMINAÇÃO,
TRANSPORTE COLETIVO, IMPOSSIBILIDADE, PODER JUDICIARIO, JULGAMENTO, CONVENIENCIA (DIREITO
ADMINISTRATIVO), ATO ADMINISTRATIVO, CARACTERIZAÇÃO, ATO DISCRICIONARIO, ADMINISTRAÇÃO
PUBLICA.

STF – ADI 996/DF (11/3/1994)

Ementa
ADIN - SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR (SNDC) - DECRETO FEDERAL N. 861/93 - CONFLITO
DE LEGALIDADE - LIMITES DO PODER REGULAMENTAR - AÇÃO DIRETA NÃO CONHECIDA. - Se a
interpretação administrativa da lei, que vier a consubstanciar-se em decreto executivo, divergir do sentido e
do conteúdo da norma legal que o ato secundário pretendeu regulamentar, quer porque tenha este se
projetado ultra legem, quer porque tenha permanecido citra legem, quer, ainda, porque tenha investido
contra legem, a questão caracterizara, sempre, típica crise de legalidade, e não de inconstitucionalidade, a
inviabilizar, em consequencia, a utilização do mecanismo processual da fiscalização normativa abstrata. - O
eventual extravasamento, pelo ato regulamentar, dos limites a que materialmente deve estar adstrito poderá
configurar insubordinação executiva aos comandos da lei. Mesmo que, a partir desse vício jurídico, se possa
vislumbrar, num desdobramento ulterior, uma potencial violação da Carta Magna, ainda assim estar-se-ia em face
de uma situação de inconstitucionalidade reflexa ou obliqua, cuja apreciação não se revela possível em sede
jurisdicional concentrada.

STF – ADI 1.590/SP (19/6/1997)

Ementa
EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: objeto Tem-se objeto idôneo à ação direta de
inconstitucionalidade quando o decreto impugnado não é de caráter regulamentar de lei, mas constitui ato
normativo que pretende derivar o seu conteúdo diretamente da Constituição. II. Ação direta de
inconstitucionalidade: legitimação das entidades nacionais de classe que não depende de autorização específica
dos seus filiados. (...) IV. Servidor público: teto de remuneração (CF, art. 37, XI): auto-aplicabilidade. Dada a eficácia
plena e a aplicabilidade imediata, inclusive aos entes empresariais da administração indireta, do art. 37, XI, da

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Constituição, e do art. 17 do ADCT, a sua implementação - não dependendo de complementação normativa - não
parece constituir matéria de reserva à lei formal e, no âmbito do Executivo, à primeira vista, podia ser determinada
por decreto, que encontra no poder hierárquico do Governador a sua fonte de legitimação.

STJ – REsp 817.534 (10/11/2009)

Ementa
ADMINISTRATIVO. PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. 1. (...) 2. No que tange ao mérito, convém assinalar que, em sentido
amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o dever estatal de limitar-se o exercício da propriedade e
da liberdade em favor do interesse público. A controvérsia em debate é a possibilidade de exercício do poder
de polícia por particulares (no caso, aplicação de multas de trânsito por sociedade de economia mista). 3. As
atividades que envolvem a consecução do poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupos,
a saber: (i) legislação, (ii) consentimento, (iii) fiscalização e (iv) sanção. 4. No âmbito da limitação do exercício da
propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas e
abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a
vontade o Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há
respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não
guarda observância ao CTB (sanção). 5. Somente o atos relativos ao consentimento e à fiscalização são
delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. 6.
No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela
busca do lucro - aplicação de multas para aumentar a arrecadação. 7. Recurso especial provido.

STF – ADI 1.717/DF (7/11/2002)

Ementa
EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO
ART. 58 E SEUS PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE
FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS. (...) 2. Isso porque a interpretação conjugada dos artigos
5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da
indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de Estado, que abrange até poder de polícia, de
tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades profissionais regulamentadas, como ocorre com os
dispositivos impugnados. 3. Decisão unânime.

STF – RE 588.322 (16/6/2010)

Ementa
Recurso Extraordinário 1. Repercussão geral reconhecida. 2. Alegação de inconstitucionalidade da taxa de
renovação de localização e de funcionamento do Município de Porto Velho. 3. Suposta violação ao artigo 145,
inciso II, da Constituição, ao fundamento de não existir comprovação do efetivo exercício do poder de polícia.
4. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de
serviços específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 5. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de localização e
fiscalização. 6. À luz da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, a existência do órgão administrativo
não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de localização e

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fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia,
exigido constitucionalmente. Precedentes. 7. O Tribunal de Justiça de Rondônia assentou que o Município de
Porto Velho, que criou a taxa objeto do litígio, é dotado de aparato fiscal necessário ao exercício do poder de
polícia. 8. Configurada a existência de instrumentos necessários e do efetivo exercício do poder de polícia. 9. É
constitucional taxa de renovação de funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do
poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício,
tal como verificado na espécie quanto ao Município de Porto Velho/RO 10. Recurso extraordinário ao qual se nega
provimento.

STF – RE 361.009/RJ (31/8/2010)

Ementa
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. HIPÓTESE DE
INCIDÊNCIA. EFETIVO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. AUSÊNCIA EVENTUAL DE FISCALIZAÇÃO
PRESENCIAL. IRRELEVÂNCIA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A incidência de taxa pelo
exercício de poder de polícia pressupõe ao menos (1) competência para fiscalizar a atividade e (2) a existência
de órgão ou aparato aptos a exercer a fiscalização. 2. O exercício do poder de polícia não é necessariamente
presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de instrumentos e técnicas que permitam
à administração examinar a conduta do agente fiscalizado (cf., por semelhança, o RE 416.601, rel. min. Carlos
Velloso, Pleno, DJ de 30.09.2005). Matéria debatida no RE 588.332-RG (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, julgado
em 16.06.2010. Cf. Informativo STF 591/STF). 3. Dizer que a incidência do tributo prescinde de “fiscalização
porta a porta” (in loco) não implica reconhecer que o Estado pode permanecer inerte no seu dever de adequar
a atividade pública e a privada às balizas estabelecidas pelo sistema jurídico. Pelo contrário, apenas reforça sua
responsabilidade e a de seus agentes. 4. Peculiaridades do caso. Necessidade de abertura de instrução probatória.
Súmula 279/STF. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

STJ – RMS 1.9820/SP (9/10/2007)

Ementa
(...) 4. Nada obstante, e apenas obiter dictum, há de se considerar que, no caso sub examine, a atividade
engendrada pelo Estado atinente à implementação do programa de restrição ao trânsito de veículos automotores
no Município de São Paulo, cognominado de "rodízio", insere-se na conceituação de Poder de Polícia, que,
consoante cediço, é a atividade engendrada pelo Estado com vistas a coibir ou limitar o exercício dos direitos
individuais em prol do interesse público, nesse diapasão Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que: " (...) O
Estado, mediante lei, condiciona, limita, o exercício da liberdade dos administrados, a fim de compatibilizá-
las com o bem-estar social. Daí que a Administração fica imcumbida de desenvolver certa atividade destinada a
assegurar que a atuação dos particulares mantenha-se consonante com az exigências legais, o que pressupõe a
prática de atos, ora preventivos, ora fiscalizadores e ora repressivos (...)

O objeto do poder de polícia deve ser não somente lícito, mas idôneo e proporcional à ameaça da orem
jurídica. Importando, via de regra, o poder de polícia em não restrições a direitos individuais, a sua utilização não
deve ser excessiva ou desnecessária, de modo a não configurar um abuso de poder. Não basta a lei possibilitar a
ação coercitiva da autoridade para justificação do ato de polícia. É necessário, ainda, que se objetivem as
condições materiais que solicitem ou recomendem a sua invocação (...)

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Poderes

O Pretório Excelso tendo já fixado insuficiente a prévia existência de lei para autorizar legítima restrição a direito.
E, isto porque, submetida a restrição ao crivo daquele critério de razoabilidade, ao Poder Judiciário incumbindo
sopesá-Ia à luz do interesse público para reconhecê-Ias (ou não) legítimas

STF – ARE 662.186 (22/3/2012)

Notícia
Imposição de multas pela BHTRANS é tema de repercussão geral no STF

O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a existência de repercussão geral no tema
contido no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 662186, interposto pela Empresa de Transportes e Trânsito
de Belo Horizonte S/A – (BHTRANS) contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG), que
considerou inviável a possibilidade de aplicação de multas pela empresa de trânsito, sociedade de economia mista,
e determinou a restituição de valores assim arrecadados.
A decisão foi tomada pelo TJ-MG com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo a
qual uma sociedade de economia mista de trânsito tem apenas poder de polícia fiscalizatório, mas lhe é vedada a
imposição de sanções.
Já a BHTRANS sustentou que o exercício do poder de polícia de trânsito pode ser delegado a sociedade de
economia mista. No caso, conforme alega, a Lei municipal de Belo Horizonte nº 5.953/91 autorizou a criação da
BHTRANS com a finalidade de controlar e executar os serviços de trânsito da capital mineira, em conformidade
com o artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), bem como no interesse público local, nos termos
do artigo 30 da Constituição Federal (CF).
Repercussão

Ao propor o reconhecimento de repercussão geral à matéria, o relator do ARE, ministro Luiz Fux, lembrou que
também o Plenário do STF se manifestou sobre a possibilidade de delegação de poder de polícia a entidade
privada. Segundo ele, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1717, relatada pelo ministro
Sydney Sanches (aposentado), a Corte concluiu pela impossibilidade de delegar a entidade privada atividade típica
de Estado, que abrange também o poder de polícia, o de tributar e de punir, no que tange ao exercício de atividades
profissionais.
O ministro Luiz Fux reportou-se, ainda, a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio na ADI 2310, em que ele
suspendeu a eficácia de dispositivos da Lei 9.986 (que dispõe sobre a gestão de recursos humanos das agências
reguladoras), que previam o aproveitamento de servidores da Telebrás, celetistas, pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), uma autarquia especial de caráter público, cujos servidores exercem funções típicas
de servidor público e, portanto, sujeitos a concurso público para sua admissão no órgão.
Diante disso, o ministro Luiz Fux argumentou que a questão constitucional colocada no ARE “ultrapassa os
interesses das partes, avultando-se relevante do ponto de vista econômico, político, social e jurídico”.
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Leitura complementar

Deveres da Administração Pública


A par dos poderes que lhes são conferidos como instrumento para a persecução do interesse coletivo, os
agentes públicos também se sujeitam a uma série de deveres específicos e peculiares, decorrentes do princípio
da indisponibilidade do interesse público, os quais se destinam a assegurar que sua atuação ocorra em benefício
do bem comum.
Os principais deveres impostos aos agentes administrativos são:

§ Poder-dever de agir
§ Dever de eficiência
§ Dever de probidade
§ Dever de prestar contas

Poder-dever de agir

Enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o detém, no setor público, representa um dever
do administrador, desde que se apresente a oportunidade de exercitá-lo em benefício da coletividade,
É o que Hely Lopes Meirelles chama de poder-dever de agir: uma vez que os poderes administrativos são
conferidos como instrumentos para o atingimento de fins públicos, o agente não pode deixar de exercê-los, pois
isso comprometeria a própria consecução dos objetivos previstos na lei que determinou ou autorizou a sua
atuação.
Ora, não se admite, por exemplo, que um agente de trânsito, diante de um flagrante desrespeito aos limites
de velocidade, deixe de exercer seu poder de polícia e não puna o motorista infrator. No caso, ele tem o poder-
dever de agir, uma vez que sua omissão poderia contribuir para a ocorrência de um acidente com graves prejuízos
para diversas pessoas da comunidade.
A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação, caracteriza abuso de poder, que poderá
ensejar, inclusive, responsabilidade civil da Administração Pública pelos danos que porventura decorram da
omissão ilegal.
Abre-se um parêntese para registrar que nem toda omissão é fonte de ilegalidade. Carvalho Filho faz menção
à reserva do possível, para sustentar que nem todas as metas governamentais podem ser alcançadas,
especialmente pela costumeira escassez de recursos financeiros. Essas omissões são genéricas, e, portanto, não
acarretam a responsabilidade civil do Estado. É o caso, por exemplo, de projetos de obras públicas, como
hidrelétricas, reformas de estradas e construção de hospitais, todos componentes de políticas de Administração,
sem prazo certo para implementação. Somente no momento de cumprir o empreendimento é que o
administrador poderá analisar os elementos concretos para concluir a respeito da possibilidade ou não de executá-
lo. Se, por exemplo, não houver recursos financeiros disponíveis ou, ainda, se aparecer algum embaraço de ordem
ambiental, não será possível dar andamento à obra. Por lógico, não se pode obrigar a Administração a fazer o que
se revela impossível.
Ao contrário, são ilegais as chamadas omissões específicas, ou seja, aquelas que estiverem ocorrendo
mesmo diante de expressa disposição legal impondo que algo deve ser feito em determinado prazo, ou ainda

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quando, mesmo sem prazo fixado, a Administração permanece omissa em período superior ao aceitável dentro
de padrões normais de tolerância ou razoabilidade. É o caso, por exemplo, do art. 49 da Lei 9.784/1999 (lei do
processo administrativo federal), que assina prazo de até 30 dias após a instrução para que a Administração decida
o processo.

Questão para fixar


24) O exercício dos poderes administrativos não é uma faculdade do agente público, mas uma
obrigação de atuar; por isso, a omissão no exercício desses poderes poderá ensejar a
responsabilização do agente público nas esferas cível, penal e administrativa.

Comentário:
O quesito está correto. A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação caracteriza abuso
de poder. Sobre o tema, Carvalho Filho ressalta que, na medida em que incumbe ao agente determinada
conduta comissiva, a sua omissão (conduta omissiva) haverá de configurar-se como ilegal. Desse modo, o
administrado tem o direito subjetivo de exigir do administrador omisso a conduta comissiva imposta em
lei, quer na via administrativa, quer na via judicial, formulando na ação pedido de natureza condenatória de
obrigação de fazer.
Gabarito: Certo

Dever de eficiência
O dever de eficiência traduz a ideia de boa administração, ou seja, de que o agente, além de agir com
celeridade, deve atuar com perfeição técnica e deter bom rendimento funcional.
Tal dever foi, inclusive, elevado a princípio constitucional (CF, art. 37, “caput), sendo detectado, entre outros
momentos, na:
§ Possibilidade de perda do cargo do servidor público estável em razão de insuficiência de desempenho
(art. 41, §1º, III);
§ Instituição de Escolas de Governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira (art. 39, §2º); e
§ Faculdade de celebração de contratos de gestão, neste caso, para incremento da autonomia financeira,
orçamentária e patrimonial dos órgãos e entidades do Estado (art. 37, §8º).

Dever de probidade
O dever de probidade exige que os atos dos agentes públicos sejam legítimos, honestos, éticos e pautados
pela boa-fé, não sendo suficiente o atendimento da lei formal, mas, sobretudo, a observância da moralidade
administrativa e da finalidade pública.

O dever de probidade é imposto a todo e qualquer agente público, do mais modesto ao mais alto cargo. Os
atos ímprobos podem ser invalidados pela própria Administração, com base no princípio da autotutela, como
também pelo Poder Judiciário, se provocado.

O art. 37, §4º da CF estabelece que os atos de improbidade acarretarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

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Tal dispositivo constitucional foi regulamentado na Lei 8.429/1992, que tipifica e sanciona os atos de
improbidade administrativa. Essa lei será estudada em aula específica do curso.

Dever de prestar contas


O dever de prestar contas decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública. Afinal, o gestor público é mero curador de bens e
interesses alheios, pertencentes a toda a coletividade, devendo, assim, prestar contas ao proprietário, por
intermédio dos órgãos competentes para a fiscalização (Tribunal de Contas, órgãos de controle interno, órgãos
repassadores de recursos a entidades privadas, agências reguladoras etc.).
A prestação de contas remete à necessidade de transparência dos atos estatais (administrativos ou de
governo), especialmente no que se refere à aplicação dos recursos públicos.
O dever de prestar contas é bastante abrangente, alcançando inclusive particulares que, de algum modo,
sejam responsáveis pela aplicação de recursos públicos. É o que dispõe o art. 70, parágrafo único da Constituição
Federal:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

A prestação de contas de administradores pode ser realizada internamente, através dos órgãos escalonados
em graus hierárquicos, ou externamente. Nesse caso, o controle de contas é feito pelo Poder Legislativo, por ser
ele o órgão de representação popular, juntamente com o Tribunal de Contas, órgão técnico de estatura
constitucional que detém uma série de competências voltadas para o controle da atividade financeira dos agentes
da Administração.

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Questão para fixar


25) O dever do agente público que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse
público, sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública, denomina-se:

a) Dever de eficiência.
b) Dever de probidade.
c) Dever de prestar contas.
d) Poder dever de agir.
e) Poder dever de fiscalizar.

Comentário:
Todas as opções apresentam deveres a que os agentes públicos se sujeitam. O enunciado, contudo, requer
que apontemos o dever que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública.
Trata-se, portanto, do dever de prestar contas que, segundo Hely Lopes Meirelles, é “decorrência natural da
administração como encargo de gestão de bens e interesses alheios. Se o administrador corresponde ao
desempenho de um mandato de zelo e conservação de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem
o exerce deverá prestar contas ao proprietário. No caso do administrador público, esse dever ainda mais se
alteia, porque a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e assume o caráter de um múnus
público, isto é, de um encargo para com a comunidade”.
Gabarito: alternativa “c”

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Referências
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.

Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.


Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista Digital de Direito
Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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