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HARMÔNICAS

Compensação
Sendo as cargas não-lineares
de energia uma fonte de produção de
harmônicas, a injeção de
energia reativa em tempo real
reativa em em instalações comerciais e
industriais é uma solução

instalações de eficiente para a regulação da


tensão e manutenção do fator
de potência na presença

grande porte destas cargas, de acordo com


a legislação, melhorando o
desempenho de equipamentos
e reduzindo perdas elétricas,
com a vantagem de evitar a
cobrança da multa por energia
José Starosta, reativa pelas concessionárias.
da Ação Engenharia

necessidade de manutenção perdas elétricas e melhora da quali- tadas pelo sistema elétrico em

A do fator de potência nos li-


mites estabelecidos pela Por-
taria 456 e a busca de eficiência nos
dade da energia e de tensões de ali-
mentação às cargas sensíveis.
Técnicas atuais de injeção de
questão.

Potência e fator de potência em


processos e operações de cargas em reativo com controle absoluto per- sistemas não-lineares
instalações elétricas de grande porte mitem manter a qualidade dentro de A existência de componentes har-
fizeram com que o controle total da parâmetros aceitáveis e isenção total mônicas de tensão e corrente pela
energia reativa assumisse significati- de faturamento de reativo, seja qual presença de cargas não-lineares mu-
va importância. Entre as vantagens for a criticidade das cargas alimen- da o tratamento clássico dado às
estão isenção de sobrefaturamentos,
regulação de tensão, redução das
Fotos: Izilda França

O equipamento de compensação reativa em tempo real


(à esquerda) possui os seguintes componentes principais:
armário do conjunto (compensação centralizada); sistema
de proteção com fusíveis; controlador microprocessado
ultra-rápido (foto acima, à direita); módulo de chaveamento
estático composto por SCRs (foto acima, à esquerda); e
conjuntos (grupos) de indutores de dessintonia e
capacitores de comutação rápida

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presença de com-
ponentes em outras
freqüências (har-
mônicos). Pode ser
interpretada como
o impacto da carga
na capacidade tér-
mica do sistema
elétrico, já que não
existe um conceito situação, parte da potência aparente
claro de ângulo de (aquela que não tem correspondên-
fase aplicável a um cia com a potência ativa) é “não
sistema multifre- conservada”. Nesta condição, pode-
qüencial. se considerar a potência reativa co-
Fig. 1 – P e Q mostram a contribuição clássica para S
(eixos PQ); D representa a contribuição das harmônicas A adoção deste mo aquela conservada, e o conceito
para S modelo multifre- introduz uma nova variável D
qüencial com o chamada “potência de distorção” ou
potências ativa P, reativa Q, aparente conceito da superposição dos efeitos “VA de distorção”. Apesar de men-
S e fator de potência FP. em cada uma das freqüências pre- surado na mesma unidade da potên-
Apesar de a definição de fator de sentes traz à analise um novo con- cia aparente, VA não pode ser trata-
potência ainda ser considerada como ceito e modelo de energias ativa e do como potência, pois não flui pe-
a relação entre as potências ativa e reativa (ambos consideram a pre- lo sistema elétrico.
aparente (FP = P/S), não se pode sença de cargas não-lineares). O Q é a energia reativa no conceito
mais afirmá-la como o co-seno do primeiro leva em conta a potência clássico (basicamente na fundamen-
“ângulo de fase”; “ângulo de potên- ativa P como relacionada à energia tal). D representa o produto de ten-
cia” (ou de defasagem entre tensão e entregue à carga, portanto pertinente são e corrente nas diferentes fre-
corrente, ou simplesmente ϕ). A po- à energia conservada. Nesta con- qüências, sem correspondência com
tência ativa e a aparente continuam dição, a potência reativa Q pode ser a real potência conservada. P, Q, D e
sendo definidas isoladamente como: definida como a parte (ou porção) da S são modelados conforme a figura 1
potência aparente que está em qua- [1], onde P e Q mostram a con-
dratura com a potência ativa P. tribuição clássica para S (eixos PQ),
A energia reativa, quando há pre- enquanto D representa a contribuição
sença de harmônicos, tem outra pe- das harmônicas para S. A compo-
Isto é, a potência aparente S é o culiaridade interessante que difere nente fundamental da potência reati-
produto da tensão e corrente efi- do modelo clássico de “fluxo de va Q1 é aplicada na correção do fator
cazes — consideram, portanto, a Var” no sistema elétrico. Nesta de potência e injeção de reativos. A

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quanto mais próxi-


ma for a potência
da carga distorcida
em relação à potên-
cia da fonte, tanto
maior será a dis-
torção de tensão do
sistema. As “potên-
cias harmônicas”
começam a fazer
sentido.
Contudo, ambos
Fig. 2 – Forma de onda de corrente distorcida e espectro os conceitos estab-
harmônico elecem a diversi-
dade entre o fator
compensação reativa, quantitativa- de potência (que considera as com-
mente, só considera os reativos con- ponentes harmônicas) e o cosϕ, ou
sumidos e a injetar através de capa- DPF, para o qual somente importa a
citores na freqüência fundamental. freqüência fundamental, e definem
Já o termo DPF — displacement as grandezas de valor de tensão efi-
power factor ou “fator de potência de caz verdadeiro, comparadas àque-
deslocamento” — considera somente las em 60 Hz, na freqüência funda-
a componente de freqüência funda- mental.
mental em uma eventual alusão ao É comum que cargas distorcidas,
citado ângulo de fase, representado como fontes chaveadas ou conver-
no esquema anterior por ϕ (desloca- sores tipo PWM, possuam DPF pró-
mento entre corrente e tensão). ximo a 100% e fator de potência ver-
Outros autores [2] sustentam que, dadeiro entre 50% e 60%. A inserção
de acordo com a premissa da super- de capacitores no lado da alimen-
posição de efeitos, definem-se potên- tação (corrente alternada) não me-
cias ativas e reativas em todas as fre- lhora o sistema, ou proporciona-lhe
qüências presentes, e cada uma de- melhora discreta. Se a inserção de
sempenha “o seu papel”. Assim, as capacitores resultar em ressonância,
potências em cada freqüência seriam a distorção poderá aumentar, fazendo
avaliadas caso a caso. Note-se que com que o fator de potência piore.
O fator de potência verdadeiro, ou
true PF, que inclui as componentes
Izilda França

harmônicas, indica os padrões de di-


mensionamento e de construção de
um sistema elétrico para atender a
uma dada carga distorcida.
No exemplo anterior, a utiliza-
ção do DPF dará uma falsa idéia de
segurança e normalidade opera-
cional ao sistema elétrico como um
todo. Como resultado, a distorção
poderá adicionar correntes que na-
da produzem, a não ser significati-
vas perdas. Isso requer que o sis-
tema seja sobredimensionado para
O controlador tem as funções de atender ao suprimento de energia
receber as informações da carga, da carga prevista. As cargas típicas
processar o programa interno pré-
ajustado e definir as manobras dos não-lineares, que conseqüente-
SCRs adequados, mantendo o fator de mente possuem componentes har-
potência sempre em 100% mônicas, são [3]:

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Fig. 3 – Impedância da rede em função da freqüência em sistema


específico. Circuito típico Fig. 4 – Conceito de divisor de corrente

• fontes monofásicas em sistemas lações elétricas de baixa tensão, a in- Fourier, é possível decompor a onda
trifásicos: 3ª, 5ª e 7ª harmônicas; jeção de reativos com a instalação de senoidal distorcida em várias se-
• conversores trifásicos: 5ª, 7ª, 11ª, capacitores deve ser precedida de nóides puras, tendo cada uma delas
13ª, 17ª, 19ª... (função do número de uma série de análises, para manter as componentes típicas de freqüência e
pulsos); instalações e componentes, ope- amplitude (figura 2). A partir deste
• dispositivos a arco — fornos, sol- radores e usuários gozando das conceito de decomposição senoidal,
dadores e máquinas de solda, lâm- condições de integridade iniciais. é possível estabelecer o espectro
padas de descarga: 3ª, 5ª, 7ª, 9ª, Existem diversas definições para harmônico, isto é, arranjam-se em
11ª...; e cargas não-lineares, e uma das mais um histograma as grandezas carac-
• dispositivos saturáveis — transfor- simples é “aquela em que a corrente terísticas de um sinal nas freqüências
madores, motores, outros: 3ª, 5ª, desenvolvida em sua alimentação estabelecidas, conforme também ex-
7ª... não é proporcional à tensão aplicada posto na figura 2.
no circuito”. Na prática, consideran- O espectro harmônico é composto
Impacto das cargas distorcidas do um regime senoidal na alimen- por harmônicas de várias ordens,
na compensação tação de uma carga não-linear, o que múltiplas da freqüência fundamental.
reativa/ressonância se observa é que a forma de onda da Ou seja, cada freqüência é tratada
corrente não é semelhante à da ten- como uma ordem harmônica. Assim,
Cargas não-lineares são de alimentação, e por isso é trata- em um sistema elétrico cuja freqüên-
Com o advento da proliferação da como distorcida. cia fundamental seja 60 Hz, os sinais
das cargas não-lineares nas insta- Com a aplicação da série de de freqüência de 180 Hz, sejam eles

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de corrente ou tensão, são tratados (desprezando a componente resisti- da figura 3, em que a carga é assumi-
como de 3ª harmônica; os de 300 Hz, va), com característica típica de fre- da como uma fonte de corrente com
como 5ª harmônica, e assim sucessi- qüência de sintonia. Esta freqüência valores típicos para cada freqüência.
vamente. de sintonia ou de ressonância possui Um conversor pode possuir, por
As cargas não-lineares podem ser avaliação clássica, como: exemplo, o espectro de corrente em
classificadas naquelas que possuem função da freqüência apresentados
um espectro típico e característico, e na tabela I.
em outras cujo espectro ou conteúdo A carga não-linear, que origina as
harmônico é bastante variável e, por ou ainda harmônicas, funciona como uma
vezes, até imprevisível. No primeiro fonte de corrente cujo espectro har-
grupo estão conversores, fontes mônico dependerá de sua própria
chaveadas monofásicas e sistemas de característica. Por outro lado, a fre-
aplicação geral de circuitos de qüência de ressonância do sistema
eletrônica de potência; no segundo, onde: elétrico é aquela em que a impedân-
os sistemas de iluminação e fornos a • fr é a freqüência de ressonância; cia resultante total (rede e capaci-
arco, cuja distribuição apresenta • L é a indutância típica da rede; tores) só é limitada pelas compo-
maior aleatoriedade que o outro • C é a capacitância total dos capa- nentes resistivas presentes no sis-
grupo de cargas. citores; tema elétrico, tendendo, portanto, a
• hr é a ordem harmônica; infinito.
Compensação reativa e ressonância • Pcc é a potência de curto-circuito Nesta situação, qualquer inserção
A inserção de capacitores para trifásico na barra em que os capaci- de corrente oriunda de um sinal ex-
correção do fator de potência em um tores são instalados; e terno naquela freqüência de
sistema elétrico industrial típico, • kvar é a potência dos capacitores ressonância — por exemplo, dos
com característica praticamente in- em operação. conversores — causará sobretensões
dutiva, acaba por definir um circuito A inserção descrita pode ser mo- de valores significativos. Com o in-
LC, formado por indutor e capacitor delada pelo circuito típico inserido cremento da impedância do conjunto

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rede e capacitor, a corrente harmôni-


ca é forçada a circular pelo “lado da
carga” da instalação.
Com o significativo aumento da
impedância, a tensão harmônica tam-
bém apresenta crescimento rele-
vante. A ressonância paralela entre a
rede e os capacitores é uma situação
extremamente perigosa para todo o
sistema, que pode causar danos à in-
fra-estrutura elétrica da instalação.
Normalmente, a parte mais sensível,
ou seja, os capacitores, é a primeira a
ser danificada. Em geral, estes não
suportam as correntes de ressonância
Fig. 5 – Medições de variáveis elétricas com e sem capacitores
que circulam entre os próprios e o
transformador.
Nos casos em que os capacitores divisor de corrente, conforme a figu- estranhas à operação normal das car-
suportam estas correntes, pode haver ra 4, é bastante útil na análise da gas, quando da instalação de capaci-
conseqüências mais sérias, como a penetração de corrente nos capaci- tores. Uma das formas práticas de
danificação do transformador ou tores e das sobretensões decorrentes. avaliação é dada pela expressão:
mesmo dos equipamentos alimenta- Nessa figura, existirá no ponto A
dos pela rede em questão. uma divisão da corrente de 5ª har-
A condição de ressonância é mônica entre as impedâncias do ca-
definida, então, pela impedância da pacitor e da rede. A corrente que
rede e dos capacitores presentes no penetrar no capacitor causará so- Ou seja, a variação de tensão (in-
sistema. Note-se que, mesmo com bretensão. Deve-se levar em conta a cremento) esperada quando da in-
pequenas fontes de correntes har- análise em cada uma das freqüên- serção de capacitores deve ser pro-
mônicas ligadas a este sistema, é cias. porcional à injeção de reativos. A
possível desenvolver significativas constante de proporcionalidade é a
tensões que venham a comprometer Aspectos práticos da ressonância relação da impedância e potência do
sua operacionalidade e segurança. harmônica e sobretensão nos transformador. Se o incremento de
Os bancos de capacitores de capacitores tensão for desproporcional, há sinais
múltiplos estágios também acabam Não raros são os casos de ocor- de sintonia.
impondo ao sistema elétrico diversas rência de ressonância e surgimento Outra indicação poderá ser verifi-
freqüências de ressonância, em de componentes de corrente e tensão cada no surgimento de correntes da
função dos grupos conectados, e os
efeitos de cada situação típica devem
ser verificados isoladamente.
A figura 3 mostra a representação
gráfica da variação da impedância
paralela com a freqüência de uma
rede industrial com transformador de
2000 kVA/480 V, impedância de 5%
e três situações de injeção de reativos
com capacitores de 200, 400 e
600 kvar.
A interpretação da ressonância
paralela deve considerar que sua
avaliação teórica nem sempre é cor-
reta, pois pequenas variações dos
valores assumidos e aproximações
tomadas levam a valores práticos
semelhantes, mas não exatamente Fig. 6 – Formas de onda (corrente e tensão) nos capacitores com penetração na
iguais. Por outro lado, o conceito de 11ª harmônica

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Fig. 7 – Incremento de tensão com a injeção de reativos Fig. 8 – Dessintonia após a inserção de indutores

saída do transformador não típicas podem produzir aumento da tensão relação das tensões de regime e
do espectro da carga. A figura 5 ilus- no barramento nos períodos de bai- nominais.
tra esta condição, isto é, sem a com- xa carga (figura 7). A manutenção
pensação reativa, a leitura da carga dos capacitores nestas condições re-
não apresenta distorção, e com a in- duz sua vida média sensivelmente.
serção dos capacitores observa-se Outra possibilidade de sobreten-
sensível aumento das distorções de são comum é aquela em que os onde:
corrente e tensão medidas na saída tapes dos transformadores são man- Qf = potência reativa injetada com
do transformador, aliado à pene- tidos ajustados para cima, a fim de tensão de regime Vreg; e
tração de correntes harmônicas nos compensar eventuais picos de carga Qn = potência reativa nominal do ca-
capacitores (figura 6). e conseqüentes sags simultâneos. pacitor (referenciado a uma tensão
Note-se, ainda, que os capacito- Neste caso, durante os outros perío- nominal Vn).
res são sensíveis a sobretensões. De dos, a alimentação dos capacitores é
acordo com a norma VDE 0560-41, mantida em tensões superiores à Sintonia e dessintonia
esses equipamentos suportam 10% nominal. De forma a evitar a ressonância
de sobretensão até 8 horas por dia; Por outro lado, a especificação paralela, os capacitores dos sis-
15% até 30 minutos por dia e assim de capacitores em tensões supe- temas de compensação de energia
sucessivamente. Outras normas pos- riores àquelas da rede em que serão reativa são associados conveniente-
suem valores diferentes. ligados incorrerá em perda de ca- mente a indutores, normalmente em
Sistemas com compensação fixa pacitância na razão quadrática da série. Nesta condição, adotam-se

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tores são dimensionados para supor-


tar esta condição, e a carga não-li-
near é tida como conhecida. Note-se
que a inserção de indutores em série
com os capacitores eleva a tensão
nestes, e cuidados adicionais devem
ser tomados.
Já a dessintonia prevê que a asso-
ciação da impedância da rede e do
conjunto indutor/capacitor possua
valores máximos em freqüências
diferentes (e “afastadas”) daquelas
típicas do espectro harmônico das
Fig. 9 – Tensões nas fases (R e S) de
cargas. Assim, tem-se a garantia de
3ª harmônica
que os capacitores operarão em
condições seguras, não levando o sis-
soluções de sintonia ou de dessinto- tema à ressonância, pois não há a co-
nia. incidência anteriormente citada —
A sintonia ocorrerá quando a freqüência de ressonância do sistema
impedância equivalente do novo cir- com uma das freqüências caracterís-
cuito, formado pela impedância do ticas da carga.
indutor associado ao(s) capa- A figura 8 ilustra a impedância
citor(es), apresentar valores signi- equivalente e a nova freqüência de
ficativamente baixos para uma das sintonia do mesmo sistema elétrico
freqüências características do espec- anteriormente analisado, porém, com
tro de corrente de uma carga não-li- a inserção de indutores de dessinto-
near ligada a este circuito. A parcela nia em série com os capacitores para
da corrente da carga distorcida que diversas condições de injeção de
possua a freqüência característica reativos. É importante verificar que,
não fluirá para a rede, mas buscará o para qualquer caso, a ressonância
caminho de menor impedância, que é ocorre em valores abaixo daqueles
o filtro, caracterizando a sintonia da típicos em sistemas industriais (300,
corrente. 420, 660 Hz...).
Observe-se que, na prática, não Caso existam no sistema cargas
existirá sintonia perfeita, pois a com componentes de corrente e ten-
impedância da rede também é baixa. são em 180 Hz (3ª harmônica), uma
A sintonia da corrente obedecerá ao caracterização importante acaba evi-
circuito divisor de corrente, então tando que estas causem ressonância.
formado pela impedância da rede e As correntes de 3ª harmônica têm
da associação indutor/capacitor. como característica a “seqüência ze-
Neste caso, os indutores e capaci- ro ou homopolar”. Ou seja, o retorno
destas correntes
em um sistema
trifásico com neu-
tro e cargas ra-
zoavelmente
equilibradas entre
as fases e o neutro
se efetivará so-
mente pelo con-
dutor neutro (cor-
rentes de seqüên-
cia zero retornam
pelos potenciais
Fig. 10 – In rush de corrente de capacitor de terra).

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Fig. 11 – Transiente na rede causado por manobra de Fig. 12 – Avaliação de rendimento de um sistema elétrico e
capacitor o fator de potência

Quanto mais as cargas forem ba- Quando a carga é razoavelmente


lanceadas, mais os capacitores fi- balanceada entre as fases, a 3ª har-
carão resistentes à penetração da mônica é cancelada, e também as
terceira harmônica, se forem liga- demais harmônicas múltiplas de
dos entre as fases. As tensões nas três. Para os casos em que as car-
fases (R e S) de 3ª harmônica po- gas não são balanceadas ou nos sis-
dem ser definidas como mostrado Assume-se que as cargas são ra- temas com cargas e capacitores
na figura 9. Com base nisso, a ten- zoavelmente balanceadas e, portanto, monofásicos, aplicam-se indutores
são de linha V RS = V R – V S será: Vmaxr ~ Vmaxs e 360º = 0º. com impedâncias maiores, levando

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a dessintonia a valores medidores eletrônicos que


abaixo de 180 Hz. chegavam ao mercado.
Esta mudança que ocorria
Injeção clássica de no Brasil na primeira
reativos metade da década de 90
Nas últimas décadas, a seguiu uma tendência
injeção de reativos tem sido mundial presente até hoje.
uma valiosa ferramenta para Esta alteração de critério
melhorar a regulação de de compensação trouxe a
tensão e a eficiência de necessidade de ajuste fino
equipamentos, e reduzir da injeção, pois diversas
perdas e correntes elétricas instalações que estavam
nos circuitos de instalações incólumes ao critério ante-
industriais e comerciais de rior passaram a ser sobre-
grande porte. Do ponto de taxadas. O que se obser-
vista do consumidor, sua vou foi uma verdadeira
popularização ocorreu em corrida para adequar o fa-
maiores proporções quando tor de potência aos níveis
as concessionárias pas- Fig. 13 – A regulação de tensão e o fator de potência então estipulados. Consu-
saram a multar os consumi- midores desavisados as-
dores que apresentassem sistiam a seus capacitores
valores médios mensais de fator de de potência, para 92%, como tam- explodirem até descobrirem (ou não)
potência menores que um valor fixo, bém o período de medição, que pas- as causas e soluções.
definido inicialmente em 85%. sou a ser definido pela média horária Entre outras mudanças, o que era
A Portaria 1569, de 1993, mudou com um grau bem maior de sofisti- multa por fator de potência passou a
não só o valor de referência do fator cação de avaliação, permitido pelos ser tratado como tarifação de ener-

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gia reativa ou outras terminolo- por contato auxiliar do contator ou


gias similares, não absorvidas até sinal de operação), aumentando os
hoje por consumidores leigos. O custos;
que se encontra são consumidores • probabilidade de problemas ope-
que consideram o faturamento de racionais e defeitos, em razão de
energia reativa uma cobrança ligamentos consecutivos ou “re-
normal, como a da energia ativa, e piques de contatores” sem que os
não têm a mínima idéia de seu po- capacitores tenham sido descar-
tencial para “gerar” sua própria regados; e
energia reativa, com a correta • queima de dispositivos de acio-
aplicação de capacitores. Outros namento estático a semicondutores
ainda absorvem os custos, pois na manobra dos capacitores (inver-
desconhecem a tecnologia para sores de freqüência e soft starters).
adequar o fator de potência da ins- Banco automático – O sistema
talação e fazer a compensação foi concebido para atender a car-
reativa. gas variáveis, e pode ser entendido
Poucas são as concessionárias como uma evolução das outras
que atualmente alertam seus con- configurações.
sumidores quanto à situação e à Os capacitores são montados
possibilidade de evitar o fatura- em bancos centralizados, mano-
mento adicional. brados em grupos por contatores
Fig. 14 – Comparação entre a compensação distintos. O controle da manobra é
em tempo real e “em degraus”
Configurações típicas feito por um dispositivo eletrônico
As formas de compensação e dedicado, que recebe informações
injeção de reativos na rede elétrica lidade de sobretensões, devido a so- da corrente da carga através de trans-
têm sido tratadas classicamente con- brecompensações em período de formador de corrente instalado na
forme será explicado a seguir. Estas baixa carga, e de pagamento de tari- entrada do quadro geral.
recomendações são encontradas de fação de energia reativa, no período Com esta informação e com o
forma bastante completa na IEEE da madrugada (reativo capacitivo). ajuste do fator de potência desejado,
141-1993. Banco semi-automático – Os ca- o controlador manobra os capaci-
Banco fixo – Os capacitores são pacitores são inseridos no sistema si- tores conforme lógica programável e
instalados junto às cargas, ligados di- multaneamente à carga, podendo ser interface com o usuário. Apesar de
retamente nos barramentos. A in- ligados e alimentados no mesmo dis- ser uma solução bastante empregada,
jeção de energia reativa é fixa, inde- positivo de manobra desta. Esta con- a aplicação deste sistema em cargas
pende da carga e tem como princi- figuração possui as seguintes carac- com perfil sem muita variação pode
pais características: baixo custo; im- terísticas principais: apresentar alguns problemas opera-
possibilidade de controle; e possibi- • aumento do investimento inicial, cionais:
pela necessidade de associar • inserção de transitórios na rede
cada carga a um respectivo ca- quando da entrada dos capacitores
pacitor. Quanto maior a diver- em razão do in rush destes (figuras
sidade operacional das cargas, 10 e 11). Nota-se a influência da par-
mais capacitores serão ne- tida dos capacitores na qualidade da
cessários ao sistema; tensão de fornecimento;
• nem sempre o dispo-
sitivo de manobra da
carga permite fisica-
mente a ligação dos ca-
pacitores, sendo às ve-
zes necessário dotá-los
de dispositivo de ma-
nobra independente, co-
mandado pelo dispositi-
vo de operação da carga
Fig. 15 – Manobra de capacitores isenta de (alimentação da bobina Fig. 16 – Esquema de manobra do conjunto
transientes do contator do capacitor com chave estática

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• efeito de flicker e so- gas e prolongamento da vida


bretensão devido a sobre- útil dos capacitores, por con-
compensação de reativo, ta da manutenção dos tapes
pois a resposta do sistema é ajustados para cima para
lenta e os capacitores po- compensação de tensão nos
dem levar dezenas de se- regimes de carga crítica;
gundos até serem desativa- • a necessidade de manter a
dos, após o desligamento da qualidade da energia e da
carga. Neste período, a so- tensão de alimentação imune
brecompensação pode com- a sags de origem interna; e
prometer as outras cargas • a manutenção do fator de
em operação; potência em valores próxi-
• defeitos em razão de liga- mos a 100%, para garantir
mentos consecutivos ou sensíveis reduções das per-
“repiques de contatores” das em sistemas elétricos.
sem que os capacitores te- Tal redução é representada
nham sido descarregados; e pela expressão:
• queima de dispositivos de
acionamento estático a % redução das perdas = 100
semicondutores, quando da {1 – (FP1/FP2)2}
manobra dos capacitores
(inversores de freqüência e em que se conclui que o in-
soft starters). Fig. 17 – Compensação reativa em sistemas de solda a cremento do fator de potên-
Em todos os casos, po- ponto cia de 90% para 100% in-
dem ser inseridos reatores corre em aproximadamente
em conjunto com os capacitores, evi- • a interpretação do conceito clássi- 20%; isto é, (1 – 0,92) de redução
tando a ressonância, conforme des- co de incremento da regulação de das perdas. Os gráficos das figuras
crito. tensão, como a necessidade de pro- 12 e 13 ilustram a variação das per-
ver, a qualquer sistema elétrico, nível das e da regulação de tensão com o
A regulação de tensão, as perdas de tensão operacional com pouca fator de potência. Portanto, a possi-
e o fator de potência variação, independente das cargas e bilidade de manter o fator de potên-
As principais características e justi- regime, incluindo os ciclos mais cia durante todo o ciclo da carga em
ficativas para o conceito de injeção ou críticos; 100% garantirá ao sistema sensível
compensação de reativos em tempo • o ajuste dos tapes dos transfor- redução das perdas (ótima eficiência)
real, que diferencia a tecnologia em re- madores nas tensões nominais, para e às cargas, plenas condições opera-
lação às anteriormente expostas, são: garantir boa operacionalidade às car- cionais;

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HARMÔNICAS

penhando importante papel na ali-


mentação das cargas rápidas.
O equipamento de compensação
reativa em tempo real possui os
seguintes componentes principais:
armário do conjunto (compensação
centralizada); sistema de proteção
com fusíveis; controlador micro-
Fig. 18 – Correntes da solda com e processado ultra-rápido; módulo de
sem compensação chaveamento estático composto por
SCRs; e conjuntos (grupos) de indu-
• em um ciclo de carga extrema- tores de dessintonia e capacitores de
mente variável, só se consegue man- comutação rápida.
ter o fator de potência em 100% à Operacionalmente, os conjuntos
medida que a injeção de reativos de compensação reativa (capacitores
opera em tempo real (figura 14) com e indutores) são manobrados indivi-
a variação da própria carga, evitando dualmente ou em conjunto e inseri-
a sobrecompensação e a sobretensão dos na rede por SCRs (ou tiristores),
associadas; e comandados por um controlador
• adicione-se a isto o conceito de (figura 16). O controlador tem as
isenção de transientes na manobra de funções de receber as informações da
capacitores (figura 15). carga — como o sistema automático
descrito; porém, dos três transfor-
Compensação de reativos em madores de corrente (TCs), um de
tempo real livre de transientes cada fase —, processar o programa
O desenvolvimento da tecnologia interno pré-ajustado e definir as
denominada RTPFC (real time po- manobras dos SCRs adequados.
wer factor compensation), que pode A informação quantitativa sobre a
ser traduzida como compensação do necessidade de injetar reativos dos
fator de potência em tempo real, ou TCs da carga para o controlador, a
ainda compensação de energia reati- tomada de decisão deste, o disparo
va em tempo real, ou de alta veloci- adequado dos tiristores pelo contro-
dade, trouxe ao mercado a possibili- lador e a inserção dos capacitores na
dade de dotar as instalações de sis- rede ocorrem em tempos menores
temas automáticos, que efetuam a que um ciclo de rede (16 ms).
compensação reativa em tempos ex- Observe-se ainda que as manobras
tremamente rápidos (equivalentes a dos capacitores são definidas no mo-
um ciclo da rede elétrica), desem- mento da passagem da corrente por

Fig. 19 – Perfil típico de um guindaste para contêineres (portainer)

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ativa possibilita revisar todos


os níveis de carregamentos
praticados nos transforma-
dores, ou ainda evitar novos
investimentos em possíveis
ampliações. Em qualquer um
dos casos, a redução de perdas
como desligamento de trans-
formadores, ou para evitar a
instalação de novos, é signi-
ficativa. O carregamento nos
circuitos alimentadores tam-
bém apresenta sensível re-
dução, por conta da isenção do
consumo de reativos da rede.
Obviamente, as cargas ali-
Fig. 20 – Perfil típico de um guindaste para contêineres (portainer) THDI e THDV mentadas por uma fonte de
energia com tais característi-
zero (zero crossing), evitando, assim, toras de plásticos e até parques cas apresentam um rendimento ope-
os surtos de manobras típicos de temáticos — de um sistema de com- racional e de desempenho muito su-
conjuntos de capacitores manobra- pensação de energia reativa, que in- perior. A seguir, são detalhadas algu-
dos por contatores ou outro dispositi- terage com a carga (ou conjunto de mas aplicações típicas de sistemas de
vo de manobra eletromecânico. cargas) a cada ciclo da rede elétrica. compensação em tempo real, e tam-
Como os capacitores são mantidos Assim, são mantidos os níveis de bém suas vantagens.
carregados, sua inserção também é tensão adequados, ficando o con-
resistente a transientes (figura 15). sumidor isento da cobrança, pela Partida de motores
Com a disponibilização da tec- concessionária, da tarifação de ener- Este é o exemplo de aplicação
nologia RTPFC, tem sido possível gia reativa, na condição proposta mais elementar para a RTPFC. Como
dotar as instalações com cargas críti- (kW = kVA; FP = 100%), e, princi- boa parte da elevação da corrente e
cas — sistemas de solda a ponto e de palmente, reduzindo significativa- conseqüente queda de tensão se dá
içamento de cargas por guindaste, mente as perdas elétricas da insta- por conta da corrente (e energia)
cargas eletromédicas (pulsantes), lação, com aumento substancial da reativa, a compensação em tempo
fornos a arco e de indução, grupos de qualidade de energia. real evita esse fenômeno e desliga-
elevadores em grandes prédios co- A garantia de uma fonte de mentos intempestivos de cargas li-
merciais, sistemas de refrigeração e reativos e a manutenção da potência gadas ao barramento, ou até da
de mistura com carga variável, inje- aparente nos mesmos níveis que a própria carga que se está tentando

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outras estações naquela linha.


Nesta situação, ou o próprio
sistema evita que o agente
efetue a ação, postergando a
operação até que a qualidade da
energia seja aceitável, ou a sol-
da é feita e sua qualidade pode
não ser a mais adequada, deven-
do a operação ser refeita ou
causando ainda o refugo da
peça pelo controle de qualidade
[5]. Os sags decorrentes das
operações simultâneas em vá-
rias estações ocasionarão perda
de qualidade na solda, possível
de ser avaliada pela seguinte
Fig. 21 – Perfil de carga de elevadores expressão, que representa a per-
da de potência na ponta da solda,
pôr em funcionamento. Deve-se mobilísticas e de bens duráveis, pos- pela redução da tensão de alimen-
avaliar se não existem restrições suem linhas elétricas que alimentam tação:
mecânicas em promover a partida diversas estações. Como o uso das
com o torque máximo. estações é aleatório, quando o agente
de solda (operador ou robô) vai exe-
Soldas a ponto cutar a operação, nem sempre a ten- onde:
Os sistemas de soldas a ponto, de são no equipamento é adequada, de- • ∆P (%) = redução da potência en-
larga aplicação nas indústrias auto- vido à simultaneidade de uso com as tregue; e

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HARMÔNICAS

do o aumento da impedância do in-


dutor de dessintonia. Os gráficos
das figuras 17 e 18 ilustram a moni-
toração das variáveis elétricas de
uma instalação de soldas, no ponto
em que a compensação é inserida.

Transporte vertical de cargas


Guinchos em geral, especifica-
mente descarregadores de navios
(da ordem de 40 t), são alimentados
por motores de corrente contínua ou
alternada, por sua vez alimentados e
controlados por conversores (pontes
de SCRs) adequados. As versões
mais recentes possuem motores AC
controlados por inversores de fre-
Fig. 22 – Perfil de carga de elevadores THDI e THDV qüência (pontes com transistores de
potência IGBT).
O guincho executa diversos
• ∆V (%) = queda de tensão per- à queima precoce dos próprios ca- movimentos seqüenciais, que, do
centual na estação de solda. pacitores ou ainda ao comprometi- ponto de vista da rede elétrica e de
Uma queda de tensão de 10% in- mento das estações de solda em suprimento de energia à carga, pos-
correrá em uma redução na potência operação, e seus dispositivos de suem características bem distintas.
entregue à estação de solda de 19%. controle associados. Além do tempo Em determinado instante, a carga
A compensação reativa conven- extremamente rápido de operação consome da rede consideráveis va-
cional não possui velocidade capaz desta carga, é comum existirem sis- lores de energia ativa e reativa e,
de responder no período em que a temas de solda ligados entre duas quando há necessidade de paralisar
solda é executada (valores típicos fases, causando um desbalancea- o movimento, nota-se a regeneração
entre 20 e 30 ciclos). Existem mu- mento significativo entre as fases e da energia para a rede.
danças bruscas do consumo de a necessidade de injeção de reativos O que se observa no sistema é
reativos na rede e conseqüentes em cada fase (característica possí- uma regulação de tensão pobre, por
sags. Simultaneamente, os valores vel à RTPFC). conta da variação de reativos e
de THDI sobem consideravelmente. Note-se que, se a carga for ligada diferenças de tensão entre um ins-
A inserção de bancos fixos pode- entre as fases ou fase-neutro, deve- tante e alguns ciclos, depois de va-
ria elevar dramaticamente a tensão se considerar a presença da 3ª har- lores da ordem de 25 V entre
em determinados instantes, levando mônica desbalanceada, demandan- fases.
Além da velocidade de troca dos
estados da carga, nota-se também a
significativa presença das harmôni-
cas e a necessidade de dotar o sis-
tema de compensação com disposi-
tivos que garantam a operação con-
fiável. Os gráficos das figuras 19 e
20 apresentam as medições de
parâmetros elétricos de uma insta-
lação típica, sem compensação
reativa.

Elevadores
Nos últimos anos, a eletrônica de
potência possibilitou sensível
evolução nos sistemas elétricos dos
elevadores. Os atuais possuem com-
Fig. 23 – Compensação on line em barramento com elevadores pactos sistemas de controle, com o

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HARMÔNICAS

modernos. A figura 23 apresenta a


compensação on line em barramen-
to geral, com preponderância de
carga de elevadores.

Sistemas de controle
microprocessados
Os sistemas microprocessados e
eletrônicos em geral são sensíveis a
variações da qualidade da energia.
A curva CBEEMA [6] define os
parâmetros aceitáveis quanto a va-
lores eficazes e tempos. Em função
do montante da carga, estes sis-
temas podem também ser conside-
rados fontes importantes de dis-
torções harmônicas.

Fig. 24 – Perfil das cargas eletromédicas Sistemas eletromédicos


Os sistemas eletromédicos —
uso de inversores de freqüência. A adoção de sistemas RTPFC ressonância magnética, raio X e simi-
Como no caso anterior, os ele- garante a injeção de reativos no mo- lares — possuem característica opera-
vadores também apresentam rápidas mento adequado. Os gráficos das cional pulsativa (figura 24). A com-
variações de regime, que influenci- figuras 21 e 22 apresentam me- pensação reativa deve ser rápida o su-
am significativamente a rede elétri- dições das variáveis envolvidas na ficiente para equilibrar a entrada
ca de alimentação. alimentação elétrica de elevadores destas cargas e, principalmente, a reti-

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rada dos capacitores após o desliga- A situação deve ser avaliada em Referências
mento do pulso, pois a sobrecompen- todas as possibilidades de perfil de
[1] Dugan, R.C.; McGranaghan, M.F.; Beaty, H.W.: Electrical
sação reativa oferece condições para a carga, incluindo eventual regime de Power Systems Quality.
ocorrência de sobretensões e flicker. peak shaving. A RTPFC possibilita [2] Nizemblat, P; ELSPEC: General Overview of Harmônics in
Power Networks with PFC Capacitors.
a injeção do reativo e todas as van- [3] Moreno, H.; Starosta, J.: Apostila de curso Harmônicas em
Instalações Elétricas. Barreto Engenharia.
Iluminação — eliminação do tagens expostas, na proporção ade- [4] IEEE 519-1992: Recommended Practices and
flicker quada em função da fonte (transfor- Requirements for Harmonic Control in Electrical Power
Systems.
O flicker (cintilamento) nos sis- mador ou gerador). [5] Wodrick, R.T.: Compensation Systems for Welding
temas de iluminação pode ser cau- Applications.
[6] IEEE 1100: Recommended Practice for Powering and
sado por variações abruptas de ten- Conclusão Grounding Electronic Equipment.
são da rede e pela manobra de car- O artigo apresentou as tecnolo- [7] IEEE 141-1993: Recommended Practice for Electric
Power Distribution for Industrial Plants.
gas pesadas na rede elétrica. Com a gias disponíveis para controle do fa- [8] IEEE 1159: 1159-Recommended Practice for Monitoring
compensação em tempo real, este tor de potência, injeção de reativos Electric Power Quality.
[8] Dias, G.A.D.: Harmônicas em sistemas industriais.
fenômeno é evitado. e regulação de tensão em insta- [9] Starosta, J.: Avaliação de perdas nas instalações elétricas
industriais. Enershow 2001.
lações industriais e comerciais de [10] Starosta, J.: Distorções harmônicas: evolução histórica e
Geradores backup grande porte, com cargas rápidas de avaliação de casos práticos. Revista EM. Março/1999.
A alimentação de cargas de ca- considerável conteúdo harmônico
racterística capacitiva por grupos (distorcidas).
geradores pode provocar o desliga- Destaca-se a tecnologia da com- Os autores agradecem a Pol Nizemblat
(Elspec), Ephraim Kadec (Elspec), Nosor de
mento destes, em função da perda pensação de reativos em tempo real, Freitas Jr. (Santos Brasil), Herberto Bergmann
do controle da excitação. A curva de com o uso de tiristores para a (Rockwell Automation), Antonio César Molina
(Kuka), Julio Cezar de Conti (Banco Itaú),
capabilidade do alternador define os manobra de conjuntos capacitores- Maurício Moura (Fox), Enio Patara (Ação
limites de reativo fornecido e con- indutores isentos de transientes, Engenharia), Hilton Moreno (Nema) e Alexandre
sumido pela carga, para manter a aplicáveis na compensação de ener- Arantes (H. I. Albert Einstein), pela revisão e co-
mentários de partes do texto e por permitirem a
operação dentro dos parâmetros gia reativa das citadas cargas rápi- publicação de gráficos obtidos em suas insta-
aceitáveis de controle. das. lações.

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