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As potências europeias diante do movimento nacionalista

As duas guerras mundiais que fustigaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram os
países europeus sem condições para manterem um domínio económico e militar nas suas colónias. A
esta realidade juntou-se o surgimento e a intensificação do movimento independentista,
particularmente após a Conferência de Bandung, que levou as antigas potências coloniais a negociarem
a independência das colónias.

O processo de independência das colónias europeias no continente africano teve início após a Segunda
Guerra Mundial e prolongou-se até à década de 70. Durante a guerra, a pressão das metrópoles no
crescimento da produção colonial, o avanço dos meios de comunicação (aviação, rádio, construção de
estradas) e a desestruturação das metrópoles europeias - Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Itália -
favoreceram o surgimento de movimentos de libertação. A descolonização dar-se-ia de forma lenta e
desigual em todo o continente.

Os movimentos anticolonialistas intensificaram-se apos a Conferência Afro-Asiática de Bandung, na


Indonésia, em 1955. Esta conferência reuniu 24 países asiáticos e africanos e proclamou o principio do
não-alinhamento automático ao lado das novas potências emergentes, EUA e URSS, e defendeu o
direito de autodeterminação dos povos. Nos dez anos que se seguiram à conferência, 33 países
obtiveram a emancipação.

A pressão dos movimentos nacionalistas forçou diversas potências europeias a conceder a


independência às suas colónias, procurando, porém, manter laços económicos e políticos. Aos EUA e à
URSS, interessava pôr fim ao mundo colonial e abrir as antigas colónias disputa.

Um breve olhar aos principais factores da emergência do nacionalismo africano permite verificar que as
condições para esse movimento encontravam-se criadas nos meados do século XX.

Uma das questões que se levanta quando se fala do nacionalismo africano é «como é que as potências
europeias reagiram ao crescimento do movimento nacionalista em África?».

A atitude das potências coloniais diante do movimento nacionalista foi variável. Alguns países, com
destaque para Inglaterra e França, que já tinham, nas colónias, uma posição económica firme
(sobretudo graças as companhias aí instaladas), optaram por soluções neocoloniais.

Como?
Diante da intensificação do movimento nacionalista e das pressões internacionais, estes países
concederam autonomia política às suas colónias mantendo, porém, governos leais à antiga metrópole e,
sobretudo, o domínio económico.

O novo estado, «independente», continuava assim vinculada «antiga» metrópole, no quadro de uma
comunidade de estados independentes - Commonwelth, por exemplo - ficando as relações exteriores
condicionadas por essa comunidade.

Neste contexto, muitas colónias africanas sob domínio inglês ou francês ascenderam à independência
de forma pacifica com base num quadro estabelecido para o efeito. Foi assim na Costa do Ouro, Nigéria,
Tanganyika, Uganda, Senegal, Costa do Marfim, Mali, Guiné, entre outras colónias inglesas e francesas.

Outros países, como Portugal e Bélgica, até meados do século XX, quando o movimento nacionalista
começou a intensificar-se, não possuíam nas suas colónias uma estrutura suficientemente forte para
assegurar a manutenção dos seus interesses apos a independência; por isso, foram relutantes em
aceder ao desejo de independência dos africanos.

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