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A Importancia Da Contacao de - Historias para o Processo de Alfabetizacao e Na Formacao de Leitores (Atenção)
A Importancia Da Contacao de - Historias para o Processo de Alfabetizacao e Na Formacao de Leitores (Atenção)
RESUMO
A arte de contar histórias é uma prática muito antiga utilizada por povos ancestrais
como forma de difundirem seus rituais, seus mitos e conhecimentos. A prática da
contação de histórias deve ser um convite ao aluno para adentrar o mundo da
imaginação, e por isso tem sido resgatada em muitas escolas e pela sociedade civil
através de projetos de estímulo a leitura. O presente trabalho aborda o tema da
Contação de Histórias no Processo de Alfabetização e tem como objetivo analisar a
importância da “contação” de histórias em salas de aula nas práticas educativas com
alunos em fase de alfabetização. Esse trabalho foi desenvolvido sob a perspectiva da
pesquisa qualitativa, tendo a pesquisa bibliográfica como instrumento de coleta de
dados para uma revisão teórica visando a intersessão entre os temas “contação” de
história, formação de leitor e alfabetização e letramento. Para isso, realizamos um
diálogo com pesquisas realizadas por Dohme (2001), Ramos (2011), Siqueira (2008)
e outros autores. A partir dessas leituras concluímos que o uso da estratégia da
“contação de histórias” possibilita o aprendizado da escuta e outras aprendizagens.
Portanto é necessária a valorização das narrativas orais no contexto escolar.
INTRODUÇÃO
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Professora na E. E Senador César Lacerda de Vergueiro, especialista em Práticas de Letramento e
Alfabetização.
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Professora na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Mestre em Educação pela UFSJ e doutoranda
em educação pela USP-SP.
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Estudante de Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)
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Vol. 6 fevereiro-julho - 2015 - ISSN 2317-4838
REVISÃO DE LITERATURA
Histórico da literatura infantil e da arte de contar história
A arte de contar histórias é uma prática muito antiga utilizada por povos
ancestrais para difundirem seus rituais, seus mitos e conhecimentos. Campbell (2005)
afirma que essa prática servia como meio de sintonizar o sistema mental com o
sistema corporal, levando essas populações a viver e a sobreviver, além de servirem
para justificar e interpretar fenômenos naturais que vivenciavam.
A transmissão oral foi à solução encontrada pelas civilizações que não
possuíam escrita para transmitir seus valores, crenças e saberes de geração em
geração, sendo os contadores de histórias figuras de destaque nas comunidades. E
essa prática se estendeu ao longo da história, passando por muitas civilizações.
Segundo Abílio e Mattos (2006), no século VI a.C., na Grécia antiga, Esopo
introduziu as fábulas na tradição escrita. As fábulas são narrativas curtas que
expressam o senso comum através de uma moralidade ao final e, de modo geral, as
personagens são animais que assumem comportamento humano, revelando
questões relacionadas às relações éticas, políticas ou questões de comportamento.
São exemplos de fábulas de Esopo: A cigarra e a formiga, A raposa e a cegonha e A
assembleia dos ratos.
Na Idade Média, os contadores de histórias se valiam do cenário habitado pela
crença em fadas, gigantes, anões, bruxas, castelos encantados, elixires de todo o tipo,
tesouros, fontes de juventude, quebrantos e lugares mágicos para disseminarem suas
histórias. Não havia uma separação nítida entre o real e o fantástico, crianças e
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brasileiras liam textos não literários escritos por pedagogos com intenções didáticas
e/ou moralizantes (RODRIGUES et al, 2013).
Contudo, segundo Abílio e Mattos (2006) tivemos também os contos populares
que foram considerados o primeiro “leite intelectual”, pois através deles se expressam
costumes, ideias, mentalidades, julgamentos e revelam a memória e a imaginação do
povo brasileiro. Os autores afirmam que os contos populares brasileiros trazem
influências e elementos das culturas europeia, indígena e africana, permitindo a
apreensão de certas marcas e de certo caráter de brasilidade presentes nessas
narrativas.
De acordo com Siqueira (2008), citando Cunha (2004), no Brasil, é Monteiro
Lobato quem abre as portas da verdadeira literatura infantil. Lobato criou obras
destinadas às crianças, retratando o Brasil de sua época, o sistema social vigente,
seus valores, comportamentos, organização política e funções. Lobato4 rompeu com
um tipo de literatura ideológica até então consumida pelas crianças brasileiras, em
sua minoria, visto que a maioria estava privada do acesso aos livros. Em suas obras
este autor sempre deixava espaço para a interlocução com seu destinatário,
estimulando a formação da consciência crítica (SIQUEIRA, 2008).
DESENVOLVIMENTO
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Alguns exemplos de obras desse autor são O sítio do pica-pau amarelo, A menina do nariz arrebitado, Fábulas
do Marquês de Rabicó e Emília no País da Gramática.
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Muitas vezes, não nos damos conta da forma como as crianças estão
observando o mundo. Consequentemente, não percebemos como elas estão
formando os seus conceitos sobre a vida, sobre os adultos ou sobre o que é certo e o
que é errado. Parte-se do pressuposto de que a criança absorve somente aquilo que
lhe é ensinado nos momentos “formais” de educação: na escola, na igreja ou em casa,
em momentos que os pais ou professores transmitem conceitos que julgam
importantes. Mas a aprendizagem não acontece exatamente desta forma, pois as
crianças observam tudo ao seu redor. Elas estão aprendendo com as conversas entre
os adultos, dos amigos, com os meios de comunicação, com a observação das
atitudes dos pais e professores.
O reduzido tempo que as crianças passam com os pais, a padronização dos
costumes, o consumo homogêneo e as mudanças da estrutura familiar, sob a
influência da comunicação baseada em interesses capitalistas, são fatos que
caracterizam nossa sociedade atual (SIQUEIRA, 2008).
De acordo com Dohme (2003) a atenção da criança se volta para a mensagem
mais acessível, bem humorada, acompanhada de ação, música, desenhos
engraçados e de cores vistosas, bichinhos e seres fantásticos. Assim, a criança tende
a prestar mais atenção às mensagens apresentadas dessa forma, do que aquelas
apresentadas formalmente pelos adultos responsáveis pela sua educação.
A adoção de um conjunto de valores que norteie a vida de uma pessoa é algo
absolutamente íntimo, não se força e nem se obriga. Esse processo encerra uma
escolha, que deve ser livre e fruto do entendimento de que a decisão de adotar
determinado valor é uma forma de conduta que lhe trará satisfação e poderá conduzi-
la a boas realizações. (DOHME, 2001).
Assim, é necessário que se apresente exemplos de conduta, de modo de vida,
de adoção de atitudes e valores que levem a resultados satisfatórios. Uma estratégia
interessante para essa formação da criança é através da contação de histórias às
crianças, em que esses valores sejam trabalhados e que possibilite o despertar da
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criatividade e sensibilidade nas crianças. Siqueira (2008) defende que a criança (ou
leitor em formação) terá mais estímulo imaginativo com a ficção do que na recepção
de postulados que devam ser decorados.
As crianças estão mais abertas a mensagens alegres, que falem sua linguagem
simples e se as histórias são capazes de fornecer referências para a formação do
caráter da criança, pode-se concluir que as histórias são uma excelente forma de
educar, conforme nos mostra Dohme (2003):
Compreendemos que a leitura possui um efeito libertador, pois aquele que lê,
mergulha no livro, envolve-se a ele e o único limite será a imaginação do próprio leitor.
É por meio da leitura que se têm uma visão do mundo, que se formulam hipóteses,
formam-se o senso crítico e constroem-se conhecimentos.
Segundo Mollier (2009) o ato de ler ou ouvir um texto está relacionado às
condições socioculturais e pessoais presentes nos alunos. A maneira como se lê e o
sentido que se atribui a um texto depende do lugar e época que o leitor (ou ouvinte)
realiza (ou escuta) a leitura.
A qualidade da história está relacionada com a mensagem que ela transmite.
É necessário que a história seja um meio eficiente de transmissão de uma mensagem
educacional. Por isso a importância da escolha de uma boa história se dá pelo fato de
que a história é uma boa maneira de se transmitir conceitos. O tipo de conceito que
se deseja transmitir e o tipo de ação transformadora que se deseja desencadear
também são relevantes. É preciso um comprometimento do educador para que o
conteúdo educacional de uma história seja transmitido de forma fiel (DOHME, 2003).
É preciso que o educador motive a história, crie expectativa sobre o conteúdo,
acompanhe a forma como a criança está absorvendo cada uma de suas páginas e
ensine a criança a caminhar no local onde a história estiver se desenrolando. Dohme
(2003) diz que, no momento da leitura, tudo estará sendo absorvido pela criança e
nem sempre será possível controlar a intensidade com que isso acontece; assim é
importante que o educador fique atento a todos os tipos de mensagem que a história
pode transmitir. Aos educadores compete a sensibilidade de que as histórias
contribuem com o desenvolvimento da criança em vários aspectos como: afetividade,
raciocínio, senso crítico, imaginação e criatividade.
É possível potencializar o efeito de uma história promovendo atividades que
usem os seus diversos elementos. Pode-se fazer a dramatização das histórias por
meio de mímica, música, quadros parados, fantoches, teatro. Pode-se ainda fazer com
que as crianças continuem a história com um enredo criado por elas mesmas. O
enredo e as mensagens educacionais de uma história também podem ser usados
como tema para reflexão em diversas dinâmicas de grupo.
Dohme (2003) ressalta que a história deve ser apresentada de forma alegre,
leve, colorida e com jeito de criança. O contador da história deve ser encantador, ter
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ouvir a compreensão que os outros colegas fizeram sobre a história ajuda o aluno a
buscar sentido, a entender melhor o conteúdo e a ampliar sua própria interpretação
sobre aquele texto e sobre outras leituras (PEREIRA2, 2013).
Siqueira (2008), citando Aranha (2006, p. 275) descreve que o conhecimento
não está só no sujeito que o transmite e nem é dado apenas pelo objeto, mas se forma
e se transforma pela interação entre ambos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências
<www.botucatu.sp.gov/Eventos/2007/contHistorioas/artigos/osPrimeirosContadores
Hist.pdf>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2014.
DOHME, V. Técnicas de contar histórias. 4ªed. São Paulo: Editora Informal, 2001.
DOHME, V. Além do encantamento: Como as histórias podem ser um instrumento
de aprendizagem. Fundação EDUCAR DPaschoal, 2003.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Autores Associados/Cortez, 1989.