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DOI | 10.21680/1981-1802.2016v54n41ID10165
Resumo
Este artigo constitui um recorte de pesquisa de mestrado e tem como objetivo
apresentar o processo educacional de uma aluna com deficiência visual – baixa visão
no Ensino Superior, durante o seu primeiro semestre letivo, em um curso de engenharia
da UFRN. A análise de sua trajetória acadêmica aponta que, embora o caso estudado
faça parte de uma realidade em que há uma política institucional que contempla a temá-
tica da inclusão, ainda se faz necessário avançar nas questões relativas às práticas e
mediação pedagógicas que atendam às especificidades de aprendizagem de discentes
em tal condição de deficiência, assim como em relação à formação continuada dos
docentes numa perspectiva inclusiva e ao estreitamento das relações intersetoriais quanto
ao acompanhamento educacional a tais estudantes.
Palavras-chave: Ensino superior. Educação inclusiva. Deficiência visual. 251
Resumen
Este artículo es un recorte de una investigación en la maestría en educación y
tiene como objetivo investigar y discutir las impresiones de una estudiante con discapa-
cidad visual – baja visión – en el primer semestre de un curso de ingeniería en la UFRN.
El análisis de su carrera académica señala que, aunque el estudio de caso es parte
de una realidad donde existe una política institucional que incluye el tema de la inclu-
sión, sigue siendo necesario avanzar en cuestiones relacionadas con las prácticas de
enseñanza y de mediación que cumplen con el aprendizaje específico de estudiantes
en una condición de discapacidad visual. Así como en la formación continuada de los
profesores en una perspectiva inclusiva y el fortalecimiento de las relaciones intersecto-
riales en la categoría de apoyo educativo para estos estudiantes.
Palabras clave: Enseñanza superior. Educación inclusiva. Deficiencia visual.
Introdução
252
Ao analisarmos o cenário educacional brasileiro, é possível obser-
var que, nestes últimos anos, ocorreram, no Brasil, relevantes mudanças nas
concepções teóricas sobre a questão da deficiência e sobre a pessoa com
deficiência, consequentemente, sobre seu vínculo com as Instituições de Ensino
Superior – IES.
Tal realidade tem se apresentado como um desafio ao desenvolvi-
mento de políticas e ações que garantam aos alunos com deficiência, bem
como àqueles com transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação – público-alvo da Educação Especial, o exercício pleno da
cidadania e a democratização do acesso a esse nível de ensino. Isto traz às
Instituições de Ensino Superior a responsabilidade de se reorganizarem para
receber esses estudantes, garantindo-lhes, de forma isonômica, tanto a forma-
ção como uma educação de qualidade.
Em 2011, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep (BRASIL, 2013), o Brasil contava
com aproximadamente 6,7 milhões de alunos matriculados no ensino supe-
rior, e destes, apenas 23.250 são considerados alunos com deficiência. Se
Lisiê Marlene da Silveira Melo Martins | Luzia Guacira dos Santos Silva
Fundamentação teórica
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Metodologia
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b) Apoio dos professores: Sobre o recebimento de apoio por parte dos profes-
sores, a aluna afirmou:
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Considerações finais
Este trabalho teve o propósito de apresentar o processo educacional
de uma aluna com deficiência visual – baixa visão no Ensino Superior, durante
o seu primeiro semestre letivo no ano de 2015, em um curso de engenharia da
UFRN. Diante dos dados levantados, foram analisados aspectos relacionados 267
ao seu desempenho acadêmico, apoios institucionais oferecidos pelo setor de
atendimento educacional especializado – a CAENE, professores, coordena-
ção do curso, e consideradas sugestões dadas pela aluna, para a promoção
da inclusão de pessoas com deficiência na instituição.
Diante dos dados analisados, pudemos compreender que a inclusão
de estudantes com deficiência no Ensino Superior, e especificamente, no caso
estudado, a deficiência visual cujo campo é a UFRN, apresenta-se como pro-
cesso em construção, necessitando de uma observação mais atenta às ações
desenvolvidas na promoção da inclusão, via práticas de ensino.
Que a oferta permanente de cursos sobre a temática da inclusão no
Ensino Superior nos programas de aperfeiçoamento relacionados à pedagogia
universitária em uma perspectiva inclusiva precisa ser uma ação constante na
instituição, oportunizando a troca de experiências, a relação constante entre
teoria e prática, a discussão sobre a renovação das metodologias, conside-
rando a diversidade dos alunos, em particular, daqueles com deficiência visual.
Por mais que o caso apresentado faça parte de uma realidade ins-
titucional em que há uma política que contempla a temática da inclusão e
um núcleo de acessibilidade para promover ações inclusivas, consideramos
que ainda é necessário avançar em aspectos relacionados à mediação peda-
gógica, à formação continuada dos professores voltada a uma perspectiva
inclusiva e ao estreitamento das relações intersetoriais no tocante ao acom-
panhamento de estudantes com deficiência. Tudo isto com vistas a assegurar
e garantir a todo o estudante com deficiência o direito a uma formação de
qualidade, em igualdade de condições e oportunidades.
Portanto, compreendemos que, no contexto da UFRN, há necessidade
de se conhecer e reelaborar as novas fases desse processo inclusivo, pers-
pectivando o envolvimento de todos que dela fazem parte, desde o momento
em que o aluno com deficiência se encontra na condição de candidato ao
ingresso, até a conclusão do seu Curso.
Destacamos que, embora este estudo se trate de uma realidade espe-
cífica, alguns entraves ao processo inclusivo ora apresentados também são
semelhantemente relatados por outros estudos realizados em diversas univer-
sidades brasileiras, a saber: Santos, 2012; Negry, 2012; Castro, 2011;
268 Guerreiro, 2011; Ferreira, 2012; Souza, 2010; Viana, 2010; Rossetto,
2009. Portanto, acreditamos ser necessária uma análise mais profunda sobre
o processo educacional inclusivo nas Universidades brasileiras, onde possa-
mos ter acesso a um panorama da atual situação nas Instituições Federais de
Ensino Superior no tocante às políticas institucionais, ações dos núcleos de
acessibilidade e formação dos professores.
Logo, a importância em levar a efeito outros trabalhos cujo foco seja
a análise de um panorama nacional das IFES sobre essa temática, e ainda as
impressões da pessoa com deficiência acerca da inclusão no Ensino Superior,
poderão trazer importantes contribuições na elaboração de ações prospectivas
e de fomento de políticas educacionais no contexto das Universidades.
Notas
1 O Laboratório de Acessibilidade é espaço que tem como principal objetivo democratizar e
garantir a acessibilidade informacional, através de equipamentos de tecnologia assistiva voltados
para o atendimento aos estudantes com deficiências e transtornos de aprendizagens da UFRN.
Neste espaço é realizada a adaptação de materiais bibliográficos das disciplinas, bem como os
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