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! 7*.

I
3 Manoel Henrique
i
VX) Campos Botelho

Manoel Henrique Campos Botelho é engenheiro civil, formado em


I I

Resistência
1965 pela Escola Politécnica da USP. Conhecido autor de livros tie
engenharia, possui mais de quinze títulos publicados, sende seu
0 Materiais pera
maior sucesso a obra “Concreto Armado Eu te Amo”.
entender e go
m
Este livro é dirigido a estudantes e profissionais de engenharia de « I
ti

m lm texto curricular
todas as especialidades, alunos dos cursos de arquitetura e técnicos
em geral. Atende os programas curriculares das escolas de nível ,
I MB fé
'écnico e superior.
mm
A disciplina Resistência dos Materiais é considerada uma das meis
importantes no estudo da tecnologia. Analisando o tema de forrro
direta e objetiva, esta obra trata desde as estruturas mais simples-alé
as mais complexas.
nrJS

M
f "'Hl! Studio
A obra é o resultado do esforço em tentar fazer do aprendizado
desta matéria compiexa algo compreensível e prazeroso. 1
. 51 > . ;
Nobel
ISBN 8S-B5445-70-X

.
88585"445706‘
í*
Sumário
Coordenação editorial
Zarla Milano
Oferendas. 9
5rodução editorial
Martha Assis de Almeida Kuhl Apresentação 11
\ssistentc editorial
Mareia Regina Jaschke Machado Capítulo 1
O que é a Resistência dos Materiais 13
Preparação / copy
Claudia Jorge Cantaria Domingues Capítulo 2
Revisão O equilíbrio das estruturas c as
Regina Célia Barrozo estruturas que não devem estar em equilíbrio. . . 16
Marta Lúcia Tusso
Composição Capítulo 3
MCT Produções Gráfica Os tipos de esforços nas estruturas 26

_ ESCOLA rCl.iT
BIPLi 0J_
; A
Capítulo 4
Tensões, coeficientes de segurança e tensões

Ml 1 06.05.02, admissíveis — dimensionamento das estruturas


Capítulo 5
34

Dados dc Catalogação na Publicação (CIP) Internacional


Todas as estruturas se deformam
lei de Hooke c módulo de Poisson .
— 42
(Câmara Brasileira do Livro, SP. Brasil)
Capítulo 6
Botelho, Manoel Henrique Campos, 1942- Quando as estruturas sc apoiam —
: um texto curricular /
Rcsistência dos materiais para entender c gostar Nobel, 1998. entendendo os vários tipos de apoio 53

Manoel Henrique Campos Botelho. São Paulo
: Studio
Capítulo 7
Bibliografia. Estruturas isostáticas, hiperestáticas e hipostáticas 56
ISBN 85-85445-70-X
I. Título Capítulo 8
.
I Engenharia de estruturas 2. Resistência dos materiais
Estudando os vários tipos de flexão:
simples, composta, normal, oblíqua 60
CDD-620.112 Capítulo 9
97-4764
Índice para catálogo sistemático:
Introdução aos conceitos de momento estático,
I. Resistência dos materiais : Engcnliaria 620.
11 2 momento de inércia, módulo resistente e raio de giração 66

5
Capítulo 10
Estudando a flexão normal nas vigas isostáticas — 70
Capítulo 23
A torção e os cixos
— ~
i
197
diagramas de momentos fletores, forças cortantes e forças normais
Capítulo 24
Capítulo 1 1 Molas e outras estruturas resilientes 207
Exemplos de cálculo do vigas com
86 Capítulo 25
diagramas de momento fletor e força cortante
Cabos 21C
Capítulo 12
101 Capítulo 26
Explicando a viga Gerber, uma viga de vão calibrável
Nascem as treliças 217
Capítulo 13
Tensões normais em vigas — a flexão normal 107 Capítulo 27
Arcos e vigas curvas 226
Capítulo 14
127 Capítulo 28
A flexão oblíqua nas vigas
Tomemos hipcrcstáticas algumas de nossas estruturas 233
Capítulo 15
136 Capítulo 29
Tensões tangenciais (cisalhamento) cm vigas
Análise de vários e interessantes casos estruturais 237
Capítulo 16
Como as vigas se deformam — linhas elásticas 145 Capítulo 30
Comparando o método das tensões
Capítulo 17 admissíveis com o mctodo da ruptura 247
Estudando as vigas hiperestáticas — 152 Capítulo 31
equação dos três momentos e método de Cross
Capítulo 18
Flambagem ou o mal característico das peças comprimidas ... 161
Cargas e esforços nas estruturas — aspectos da estruturação
Capítulo 32
Estruturas heterogéneas quanto aos materiais
249

252
Capítulo 19
171 Capítulo 33
Estruturas e materiais não resistentes à tração
Viagem dos testes de laboratório às cstmturas
Capítulo 20 do dia-a-dia — as normas e as técnicas profissionais 259
Estruturas de resposta linear e de resposta
182 Capítulo 34
não-linear. Validade do processo de superposição
Estamos encerrando a matéria 261
Capítulo 21
190 Capítulo 35
Em cada ponto de uma estrutura há vários esforços
Bibliografia — O que há para ler nas bibliotecas e livrarias brasileiras ... 262
Capítulo 22
Ligando duas peças — cálculo de rebites e soldas 192

6 7
Anexos Oferendas
estático,
1 Os conceitos de momento de inércia, momento Aos vários livros sobre “Resistência dos Materiais” que consultei.
265
momento polar, raio de giração c eixos principais de inércia. Quando os li pela primeira vez, aos vinte e tantos anos, tinha deles uma
274 idéia.
2 À procura do centro de gravidade
Ao relê-los, ao longo dos anos e à exaustão nesses últimos doze meses, e
282
3 Composição c decomposição de forças tendo agora cinquenta e quatro anos, descobri belezas que a primeira leitura e
4 Estados de tensão — critérios de resistência 286 os meus verdes anos não permitiram perceber.
291
5 A equação dos três momentos para vigas contínuas
6 Glossário de primeira ajuda 294 À Walda,
ela sabe a razão.
7 Resumo histórico do uso de materiais e de estruturas
criadas pelo homem, com destaque para obras brasileiras . . 297
301 Aos colegas, mestres e amigos:
8 Aqui, o leitor dá sua opinião sobre este livro
Edson Gimcnez Espcjo
Geraldo Andrade Ribeiro Jr.
Hcnylsio Coelho Botelho
Mário Massaro Jr.
Nelson Newton Ferraz
Paulo Franco Rocha (f)
Paulo Winters

A Maurício Campos Botelho, meu filho, hoje estudante de


engenharia civil na Unicamp, que fez boa parte da interpretação
de minha letra ao passar o texto para o computador.

Ao colega Fernando de Paula Santos,


que cuidou da editoração eletrónica do livro.

A todos, o autor agradece.


MHCB
Outubro, 1997

8 9
Capítulo 1
O que é a Resistência dos Materiais

•'Para poder transformar a Natureza o homem precisa de ferramentas t


tecnologia. Para criar tecnologia, precisa de teorias que correspondam à siste¬
matização de conhecimentos e à descoberta de leis naturais que orientam seu
trabalhoTj Depois de criar uma série de teorias, algumas das quais superam e
substituem outras, o homem procura sistematizá-las dando-lhe nomes, delimi¬
tando suas validades e estabelecendo um grau de hierarquia entre elas.
Do estudo das estruturas (casas, pontes, veículos, etc.) surge a Resistên¬
cia dos Materiais. Vamos a ela.
Vamos supor que se pretenda assentar uma peça de grande peso sobre
uma estrutura de suporte (prancha) que, por sua vez, se assenta sobre dois
apoios, A e B.

t#

A B

A estrutura receberá essa carga e sofrera, com isso, uma série de esfor¬
ços, deformando-se. A Resistência dos Materiais determinará tais esforços e a
lei da deformação dessa viga. Conhecendo o material com que se construiu a
estrutura-suporte, saberemos:
• se com o material usado no suporte e em face de suas dimensões — por
exemplo, a espessura —, a estrutura ou resiste à solicitação ou se rompe;
•as deformações que ocorrerão.
Em essência, estudar isso é estudar a Resistência dos Materiais (RM).

13
1.1 Objetivo do estudo de Resistência dos Materiais 1.2 Correlação entre as várias ciências
A Resistência dos Materiais, nos limites deste livro, procurará estudar:
Física Leis naturais
1. Estruturas que possam ser associadas a barras de eixo retilíneo;
2. Estruturas que obedeçam a uma lei segundo a qual se uma barra for subme¬
tida a uma carga q ela se deformará de x e se a carga for 2q a deformação Equilíbrio das estruturas em face
deverá ser 2x. A importância dessa lei — chamada Lei de Hooke —
será Estática de ações, reações e momentos
mostrada ao longo do livro;
3. Situações de pequenas deformações.
Estruturas que não obedeçam a qualquer uma dessas três condições
(placas, por exemplo) deverão ser estudadas por outras teorias estruturais, Resistência
como a da Resistência dos Materiais avançada e a da Elasticidade, que é muito dos
útil em estruturas de mais dc uma dimensão. Materiais
A Resistência dos Materiais estudada neste livro fornecerá os funda¬
mentos para a compreensão e o estudo das seguintes estruturas:

•do dia-a-dia; í
•da natureza;
• de pedra, de taipa e de alvenaria; Outros
assuntos da
Teoria da
• dc madeira; Elasticidade
Resistência
•de aço, de alumínio, etc.; dos Materiais
• de concreto simples e armado;
•de equipamentos;
•outras.
t
Nota sobre o sistema de unidades:
Optou-se por usar neste livro a expressão kgf como unidade de peso em Escolha do material:
aço, concreto, alumínio, madeira, etc.
vez da unidade Newton. Deve-se isso a uma maior familiaridade do autor com
a unidade clássica. Cremos que a maioria dos leitores também prefere essa
opção.
Vale a transformação prática:
10 N= 1 kgf aproximadamente
10kgf/cm2 = 1 MPa
Normas
técnicas
*
Projeto de estruturas:
prédios-tanques-equipamentos
Análise
económica

*
14 15
Uma pessoa empurra para baixo um trampolim. Seguramente o trampo¬
Capítulo 2 lim se deformará, mas estará em equilíbrio se o engaste trampolim-estrutura
O equilíbrio das estruturas e as estruturas que puder reagir à força e ao momento F x L criado.
não devem estar em equilíbrio
PW
:
M + MR = 0
MR=FXL
MR=-M=-FXL
Uma estrutura ou está cm equilíbrio ou em movimento. Nós estudare¬ R =F
mos principalmente as estruturas cm equilíbrio, ou seja, as que estão estáticas,
melhor dizendo cm “equilíbrio estático”. Temos agora um parafuso preso numa ma¬
Para que uma estrutura esteja em equilíbrio estático deve obedecer às deira e, com uma ferramenta apoiada nessa ma-
VU)

seguintes leis da Estática: deira, tentamos torcê-lo. Sc o momento de torção í


FH — Força horizontal que causamos for suficiente, o parafuso girará. Se
£F„ = 0 XFV = 0 Fv — Força vertical for fraco, então as resistências de atrito serão sufi¬
Mj — Momento de torção cientes para reagir com um momento torsor reati¬
£MT = 0 XMp = 0 MF — Momento de flexão vo igual e de sentido contrário; desse modo, o
parafuso fica em equilíbrio e não gira.
As quatro famosas condições dos esforços externos
Notas:
Sejam as seguintes estruturas e vejamos as suas condições de equilíbrio: 1. Até agora vimos estruturas que procuraram o equilíbrio. Há estruturas que
Uma pessoa está apoiada no chão. Se o chão puder reagir com uma procuram, dentro de critérios, o não-equilíbrio. Bicicletas, patins, pranchas
reação igual ao peso, a pessoa estará cm equilíbrio. Se o chão for um charco, de windsurf, esteiras transportadoras e rodas-gigantes são exemplos disso.
um lodaçal, ele não reagirá ao peso e a pessoa afundará. 2. Note que se obtêm as condições de equilíbrio com ações c reações externas
ao corpo. Nada falamos dos esforços que essas forças c momentos externos
n p p
causam nos corpos. Não mencionamos, por exemplo, que no caso da pes¬
soa puxando uma corda isso também só será possível se a corda aguentar.
i A existência de ações externas, mesmo que equilibradas com reações tam¬
È bém externas, gera esforços internos que serão resistidos ou não pela cons-

P- R
T" m Ih-
P>R
tituição do corpo.
3. Não confunda equilíbrio com deformações. Um vento
coqueiro que se dobra ante o efeito de um vento
n está em equilíbrio enquanto não sair do local.
Temos uma pessoa puxando um fio. Tudo Uma estrutura em equilíbrio pode ter enormes de¬
estará em equilíbrio se a amarração do fio na pare¬ formações, como o caso da árvore ou de um tram-
de e o próprio fio puderem reagir com uma força F polim que se verga ao peso e ao impulso dinâmico
igual c contrária à ação. de um banhista.

16 17
2.1 Exemplos
ff
- Exemplo 3
Treliça
Uma prancha de windsurf desloca-se horizontal¬
mente ao sabor do vento por não ter vínculo que se opo¬
ê 3 tl

nha a isso.
A prancha de windsurf não está em equilíbrio hori-
zonlal. d*; •
0.5

Jg-

íH f ÉM:-É -rr Estrutura (trampolim) em XFv = 0 VA + VB - 3 = 0


equilíbrio com deformações. 4 VB+ 14X0,5-3X 1= 0
3-7
lMA=0 VB = — = -ltf
2.1.1 Exemplos numéricos de condições de equilíbrio
VA = 4 tf
Exemplo 1
Viga com dois apoios e uma carga concentrada. 2>H =0 Ha= 14 tf
10 tf
RA + RB — 10 tf
Exemplo 4
XMA = 0 Seja uma viga engastada em uma parede:
AA
Z\
B RB x 8,6- 10x6,5 = 0 • MF = Momento fletor
Mj = Momento de torção
t 6,50 \--
1 2.10
RB = 7,6 tf Mt, MF e R no apoio A são as reações que equilibram a força F distante de L
; do apoio e D/2 do eixo da viga.
I RA =10 -RB = 2,4 tf
/d
8,60
MT

rcfn
Exemplo 2 IF = s tf F = 8 tf 5> = 0 R +F= 0 c~_ ;ÿ

R =- F
Mp
Corpo sendo comprimido
X MT = 0 MT = F X Y L

R = 8 tf IMF=O MA = F x L Q' D

18 (3
Intervalo didático 2.2 Reconhecendo as estruturas do dia-a-dia
a) Usaremos as quatro famosas equações nas estruturas espaciais (não Tente o caro leitor abrir uma garrafa de refrigerante (com rosca interna)
contidas cm um plano). com uma só mão em cima de um piso liso.

£FH = O £FV = O
/
jr F
(•
F
MT = 0 £MF = 0
A Q
A
Mr
1
b) Usaremos as três famosas equações nas estruturas que estejam conti-
VF
das no plano.
crv Heativo

I Você não vai conseguir por falta de apoio e reação; os efeitos do seu
esforço serão nulos. Agora, segure a base da garrafa com uma mão e gire a
tampa com a outra. Ela girará e sairá. Você sentirá então que foram criados
dois momentos de torção, um negativo e outro positivo. A sua mão sobre a

í tampa gerará um momento de torção sobre a estrutura que não girará, pois
seria uma perda do equilíbrio, devido ao momento torsor reativo criado pela
£FH = O ]TFV = O £MF=O outra mão.
Vamos agora fazer alguns exercícios para fixar os conceitos.

c) Usaremos uma ou duas famosas equações em situações específicas.

2.3 Exercícios numéricos


£FH = O £FV = 0
F2 Exercício 1
Ri =F| + F2xscn a
Determine as reações na viga:
R2 R2 = F2 x cos a
l«i F2 = 4 tl Carga distr. 4,2 tf/rn F2 = 4 tf 4,2 tf/m
V
muiu ii111I1
fO XFV = 0 F, - 3 ti r F, = 3 tf
< —
Hc
F- P= 0
RB Rc
F F=P \ /
71 0.8 'i 3.6 m 0,8 A 3.6 m

20 21
Primeira condição: Exercício 2

FH = 0 Determine as reações da viga a seguir:


F, - He = 0 Hc = 3 tf 1.200 kg Vm
3 - Hc = 0 F2 = 830 kgf

Segunda condição:
i 11111
Fi = 340 kg!
XFv = ° A B C D
4 tf + 4,2 x 3,6 - RR - Rc = 0
RB + RC= 19,12 tf / /
1,2 M 71 0.8 no I
Terceira condição:
Valem as três famosas condições:
£MF = 0 XFH=,) HD = 340
M+
D 340
A
1 D
Vamos aplicar esta condição para o ponto C. Substituiremos a carga 830 kgf [ 1.200 kgl/m
distribuída pela sua resultante de intensidade 4,2 x 3,6 e situada no ponto
médio entre B e C.
2) £FV = 0 i mu 9
Para o ponto C: 3) yM = 0 (momento fletor) Ro

- 0,4 (0,8 + 3,6) + RB x 3,6 - 4,2 x 3,6 x =0


Rn = 830+ 1.200 x 1,4 Rn = 2.510 kgf
RR = 12,5 tf
O ponto D estará em equilíbrio sc o momento fletor causado pelas
RB + Rc = 19,12 tf forças externas for igual ao momento fletor reativo Mn- Logo:
Rc= 19,2 -12,5 = 6,62 tf Mn = 830 (1,2+ 1,4 + 0,8)+ 1.200(1,4) Li
2 + 0,8
Rc = 6,62 tf
Estão definidas as reações na viga. Note que pusemos no apoio C as MD = 2.822 + 2.520 = 5.342 kgfm
reações compatíveis com o apoio, que é uma articulação; portanto, as reações Mn = 5.342 kgfm
são forças.
As forças externas causaram no encaixe um momento fletor externo de
5.342 kgfm, e o encaixe reage com um momento fletor contrário.

22 23
Exercício 3

16 If
45*

j 6
X
C

''0.4 *
_
Calcule as reações da viga:

ICabo de aço — Tirante


8 tf

D
J_
Bg
0.4 X
HA

RA
16;( 8 tf

Ru
45°
16

1 6.cos45°
16.sen4ÿ°
No exercício 2, para que a peça não gire (ela está impedida de girar pelo
encaixe-engastamento), o apoio engastado possibilita essa tendência de gi¬
rar causada pelas forças externas. Logo, há momento fletor externo em D.
Como veremos ao longo deste livro, mesmo não havendo momentos fleto-
res externos, há em cada seção da viga momentos fletores internos à direita
c à esquerda dc cada ponto, momentos fletores positivos e negativos e de
mesmo módulo que equilibram a seção. Apesar de equilibrarem a seção,
esses momentos fletores causam tensões na viga, as quais a viga terá que
suportar. Chegaremos lá.
c) Quando projetamos e usamos estruturas que se movimentam — portas,
eixos de motores, esteiras rolantes, navios esse movimento atende a
determinadas restrições. Por exemplo, uma porta deve se movimentar (gi¬
As três famosas condições são FH = 0; =0 e MF = 0. rar) em torno de um eixo. Um automóvel deve se deslocar em várias
direções c sentidos. As estruturas feitas pelo homem, portanto, devem estar
Convenções: ou em equilíbrio estático (como as construções fixas da construção civil)
ou em equilíbrio dinâmico (como as construções mecânicas).
£F„=0 cos 45° = 0,7
Um caso muito curioso é a bicicleta. Ela só adquire equilíbrio dinâmico de
não tombar quando está em movimento (não equilíbrio no sentido horizon¬
1 6 x cos 45° - HA = 0
tal). Basta retomar ao equilíbrio no sentido horizontal (parar) que ela entra
HA= 16x0,7= 11,2 tf em desequilíbrio e tomba.

£FV=O
16 x cos 45° + 8,0 + RA - RB = 0

RA + RR = 19,2 tf

XMF = 0 Seja o ponto B

RA x (0,6 + 0,4 + 0,4) - 1 6 cos 45° (0,4 + 0,4) - 8 x 0,4 = 0


RA = 8,7 tf RB = 10,5 tf

Notas didáticas:
a) Consideramos a espessura da viga de pequeno valor, portanto desprezamos
o momento fletor causado pelas forças horizontais.
b) Nos exercícios 1 e 3, as forças ativas não causaram momentos fletores
externos nas vigas.

24 25
Capítulo 3 3.1 Esforços internos solicitantes
Os tipos de esforços nas estruturas a) Forças normais de tração e compressão a uma seção.

L
Devido aos esforços ativos e reativos a estrutura está em equilíbrio, ou
seja, não se movimenta. Apesar de a estrutura estar em equilíbrio, ela poderá I"
até se romper se os efeitos dos esforços ativos e reativos levarem à sua desinte¬
b) Força tangencial a uma seção.
gração material.
A desintegração da estrutura ocorrerá se algumas partes constituintes da U
estrutura sofrerem valores extremos em face de:
y fa -
% FR
;

c) Momento fletor: as forças atuam no plano que contém o eixo de uma barra
tensão de compressão
que vence um vão (viga).
I Força F
tensão de tração
«—O 1.
Apoio B A
tensão de cisalhamcnto
? I Apoio A
RA RB

torção
co Vão 1
+ÿ L

Para chegarmos às tensões que levam, ou não, ao colapso das estruturas, d) Momento torsor: o momento está contido num plano ortogonal ao eixo da
tem que haver um efeito intermediário, causado pelos esforços ativos e reati¬ peça.
vos. Esses esforços internos solicitantes gerarão, no final, tensões de tração,
compressão e cisaihamen to.

26 27
Os esforços internos solicitantes, gerados pelos esforços externos ativos 3.1.1 Exemplos de como os esforços solicitantes e
e reativos, causarão no final a seguinte estrutura: resistentes atuam em estruturas
•tensão (pressão) de compressão;
•tensão (pressão) de tração; •Partenon: em cada coluna há forças normais e tensão de compressão.
•tensão (pressão) de cisalhamento (deslizamento).
O quadro a seguir mostra esses conceitos:

Esforços ativos:
forças e momentos
fletores e de torção

•Mulher no trampolim: há momento flctor no trampolim.


Esforços
reativos
Força normal de compressão à seção

Força normal de tração à seção


É-lÉh»j.Íff;-:lfo ilil.- Jl::
Esforços
internos Força tangencial à seção (corte) • Bexiga inflada: há forças normais à seção gerando tensões de tração.
solicitantes
Momentos fletores

Momentos de torção
w
3
•Tubo enterrado, de esgoto, sem pressão interna: há forças normais a cada
ponto do círculo gerando tensões de compressão.
' Tensão de compressão
Esforços
internos Tensão de tração
resistentes
Tensão de cisalhamento
:,;í

Conhecidas as tensões, podem-se usar os “critérios de resistência” para


estimar como a estrutura se comportará (veja anexo 4, neste livro.)

28 29
•Estrutura de madeira: a força F gerará força normal e tangencial e haverá •Furador de papel: a haste vertical cisalha o papel.
tensões de compressão e de cisalhamcnto no trecho AB. Haste
ff
Papel
A 'F

B
WW///////A w//////////////mi
Apoio

•Viga de ponte rolante: haverá momentos fletores internos na viga. para B e de B para C. Há torção
•Viga L engastada: há flexão crescentededeB Apara
decrescente de A para B e constante C.
-ffi
[
1 B
força

c
•Eixo encravado na parede: a força-peso gera momento de torção no eixo, •Parafuso de madeira: o movimento de giro do parafuso de madeira énodificul¬
além de momento tlctor. Os dois momentos fletores causam tensões de
tado pela coesão da madeira gerando um esforço de cisalhamento para¬
cisalhamento, tensões de compressão e tração na viga.
fuso. Como o parafuso normalmcntc é metálico, “não dá para sentir o
cisalhamento”. vSe usássemos parafuso de plástico, visivelmente ele sofreria
o desgaste do cisalhamento.
YT,

VH L
•O liquidificador: o eixo girando cria torção nele próprio. A torção será
maior se houver mais material a ser misturado.

I
I
I

I
i=l=i
30 31
Vejamos os esforços nestes desenhos de quadrículas:
•Mola helicoidal: a força F é tangencial ao plano da seção normal da mola.
Essa força causa torção na mola devido ao braço de alavanca a.

L Poça original

41
|F
a1 1L
F Peça em compressão

•Garrafa de refrigerante: a força F é o esforço ativo, e o reativo é causado por


algum suporte da garrafa. A força F causa um momento torsor que cria uma
tensão de cisalhamcnto na relação tampa-gargalo da garrafa.
AL r

A i
Q M,
L Peça em tração

I f
V
I
VF
tu
l:
• Deslizamento de terreno: a cunha indicada no terreno só ficará estável se a
coesão interna do terreno resistir à tensão de cisalhamento. Terrenos argilo¬
sos (barrentos) têm razoável coesão interna. Terrenos algo arenosos têm
menos coesão interna. Suponha, como recurso didático, que queiramos fa¬
L

, *.
F
Peça em corte

zer uma pilha de bolas de gude (bolas de vidro). A total falta de coesão
entre as bolinhas impede por completo a existência de uma pilha que ficasse Peça sofrendo flexão (vigas)

de pé. Há a necessidade de uma parede de contenção.


NI
MT
'
777777
Peça sofrendo torção (eixo)

V
//////

32 33
Capítulo 4 Quando se aplica o coeficiente de segurança à resistência média tem-se
Tensões, coeficientes de segurança e tensões a resistência (tensão) admissível.
Admitamos agora que vamos elaborar normas gerais de uso de mate¬
admissíveis — dimensionamento das estruturas riais. Sabemos que existem materiais mais confiáveis, ou seja, que apresentam
grande uniformidade de resistência, e outros materiais sem uniformidade de
resistência. Tem-se como regra geral que produtos industrializados sobre os
quais se exerce controle de matérias-primas e de fabricação — é o caso de
aços e alumínio — possuem maior confiabilidadc que materiais naturais, como
Imagine que lemos de suspender uma peça industrial de 7,55 tf por uma pedras ou madeiras. Intuitivamente divide-se o conceito dc coeficiente de se¬
cordoalha de aço cuja resistência media dc ruptura c dc 1 .490 kgf/cm2. Vamos gurança em dois coeficientes, um para as cargas e outro para materiais, sendo
verificar a espessura necessária da cordoalha: que este último varia de material para material.
O dimensionamento da peça ficaria assim:
F
Fórmula geral: a = — | KMU pç.i-ítmct I
s= a
F = 7.550 kgf a = 1.490 kgffcm2
k2
F 7.550 Tendo dois coeficientes, podemos dar valores diferentes a cada um,
s=
ç 2
ã=TÍ9Õ=5'06cm conforme as características do uso.
Vamos escolher o diâmetro da cordoalha que tenha essa área. Se adotar¬ Valores de k/: podem variar de acordo com o uso. Para esforços bem conheci¬
mos o diâmetro de 1", estaremos atendendo ao projeto, pois essa bitola de dos, como transportar exclusivamente peças prontas numa indústria, o valor de
cordoalha tem área de 5,06 cm2; todavia: k| pode ser menor do que o valor utilizado para transportar cargas gerais de
uma indústria.
• com o tempo a cordoalha pode perder resistência, podendo desfiar; Valores de k2‘. sua variação se dá de acordo com a função do tipo de material,
• em alguns casos a resistência média da cordoalha pode variar de lote para aço, madeira, concreto feito em obra ou concreto feito em usina.
lote c talvez tenhamos o azar de ter em estoque um mau lote;
No mundo do concreto armado os coeficientes são:
•a carga a suspender pode ser algo maior que 7.550 kgf.
forças, ki = 1,4
Nasce intuitivamente a noção dc coeficiente de segurança: dotar o siste¬ materiais, k2 = 1,4 para concreto e 1,15 para aço
ma de uma capacidade adicional, que funciona como reserva estratégica e que
não é para ser usada. Essa segurança se espelha em um número que pode ser
considerado um acréscimo à carga de 7.550 kgf.
Admitindo que escolhemos o coeficiente dc segurança k = 1,5, temos:
F

_
Oadm
k S
1,5 xF 1,5x7.550
S =-=
0
, I
= 7-60cm
O l.49Ò“
34 35
4.1 Coeficientes de segurança na tecnologia mecânica flotas didáticas:
fazem uso de formas numéricas diversas para cxpri-
Outras áreas de tecnologia
Dados de um catálogo dc um fabricante de correntes mir o coeficiente de segurança.
industrial usa-se por vezes a expressão “folga
Pm certas áreas de engenharia
de trabalho.
Corrente de aço de 80%” em relação à carga máxima prevista
carga dc trabalho carga de teste carga de ruptura
d (mm)
_ kgf(l) kgf (2) kgf (3) Nota crítica:
10 3.125 8.000 12.500 São usuais no meio técnico expressões como carga útil, carga acidental, carga
18 10.000 25.000 40.000 de serviço, carga nominal, carga de utilização e carga limite. A proliferação
desses termos, entretanto, sem definição explícita, pode levar a confusões os
1 — Por experiência do fabricante c atendendo às normas, é lixada a carga de trabalho. que se iniciam no setor.
2 — Todas as peças são verificadas cm teste com essa carga.
3 — Pequena parte da produção é verificada em teste que leva até a ruptura
4.2 Primeiros dimensionamentos
Uma razão possível para a utilização de grandes coeficientes de segu¬
rança — como 4 —
é o fato de, no teste, a prova ser estática e dc, no uso Determinados os esforços, conhecidos os materiais e fixados os coefi¬
diário, existirem forças dinâmicas que aumentam momentaneamente as ten¬ cientes de segurança, é possível dimensionar estruturas. A terminologia que
sões. empregamos é:
Para uma visão inicial dos valores aproximados das tensões admissíveis
dos vários materiais, vejamos a tabela a seguir:
•Dimensionamento: dados os esforços e as tensões limites e os coeficientes
dc segurança, determinam-se as dimensões das estruturas. É o caso típico de
projeto de novas estruturas.
Tensões admissíveis • Verificação: dada uma estrutura, conhecido seu material c fixados os coefi¬
tração compressão cisai hamento cientes de segurança, verifica-se o máximo esforço que a estrutura suporta.
materiais kgf/cm2 kgf/cm2 kgf/cm2 É o caso, por exemplo, de identificar a carga que uma corrente pode supor-
õ, Õc T tar.
_aç° 1.500 1.500 800
ferro fundido 300 900 300 4.2.1 Análise de um caso real
concreto 5 50 5
O avião Douglas DC-3, o avião mais fabricado no mundo em todos os
madeira 60 80 10 tempos, foi dimensionado para transportar uma certa carga a uma certa veloci¬
granito 20 200 dade com um certo coeficiente de segurança. Durante a Segunda Guerra Mun¬
dial (1939-1945), em uma situação crítica, foi necessário verificar o máximo
Relembrando: de carga que esse avião podia transportar de uma ilha a outra no oceano
Pacífico com um coeficiente de segurança algo menor. Os cálculos loram
resistência média refeitos e a frota dc aviões disponíveis foi operada nessa situação crítica. O
tensão admissível = , com k > 1,0
k avião DC-3 saiu-se bem em condições extremas. Foi um caso real de verifica¬
ção de estruturas.

36 37
4.3 Exercícios numéricos Exercício 2
Exercício 1 Um peso de 8,7 tf deverá ser sustentado por quatro pinos curtos redon¬
dos, de ferro fundido, cravados numa
parede. Dimensione esses pinos.
Uma peça que pesa 123.000 kgf apóia-se sobre quatro peças de aço de
baixa estatura, como indicado no desenho ao lado. Identifique as dimensões
que a peça deve ter. Peças de apoio a x 5a. ; Detalhe ;

E r p tf

É um caso de dimensionamento ao corte, ou seja, haverá cisalhamento


em cada pino.

É um problema de dimensionamento à compressão. Fp.rpi„„ = 'ÿ = 2.175 tf = 2.175 kgf


oc = 1.000 kgf/cm2 => Tensão admissível do aço (já incorpora o coeficiente de x= = 300 kgf/cm2 (já incorpora o coeficiente de segurança)
segurança)
s=f=Wÿ2W
Fórmula geral: cc =
Cabe agora determinar o diâmetro do pino.
o F 123.000 ,
s=ÿ=Tãxr=123cm 4
= 7,25
São quatro peças de apoio, portanto: D = 3 cm

4 (5 x a2) = 123 cm2 Exercício 3

Vÿ=2,5 cm Dado um cabo de aço de 1" de diâmetro e <7i = 1.500 kgf, que pode
a=
5a
2Q transportar cargas com a configuração indicada, identifique o maior peso que
essa estrutura de içamento pode sustentar.
Logo, a peça de apoio deve ter as dimensões mínimas de 2,5 x 12,5 cm.
O peso próprio da estrutura deve ser considerado nos cálculos quando
seu valor for significativo, situação que não ocorre neste caso.

39
38
Atente para estes casos:
1" = 2,54 cm
Cabos do aço
_ „ 7EXD2 4 4
7CX2,542
4? j45\ÿi
S, =— = 5,06 cm2
A
2 A
Cabos de aço

B
B1CK
C 3
C * D
Viga de aço
; P=? I
- I
M M N
Observe o equilíbrio das cargas e dos cabos:

F|
2 F| cos 45° = P 17
Construção 1
T*
Construção 2
45"
P
1’ P P
FI = 2 cos 45° 1A A Construção 1 c indesejável. As forças em CB e BD são desnecessa¬
2 x 0,7
F2 = F, riamente grandes em face do grande valor do ângulo a.
Quanto à Construção 2, é correta. Como a distância MN ó grande,
usou-se uma viga de aço e suspendeu-se o peso usando a viga; com isso,
p
P.m cada cabo inclinado atua e no cabo vertical alua a
uma força -r-ç diminui o ângulo e as forças c as tensões em CB c BD.
1,4
força P. Logo, o cabo mais esforçado é o cabo vertical. Vamos verificar o
máximo P:

o= | F = oxS= 1.500x5,06 = 7.590 kgf


F = 7,6 tf
Note que, se o ângulo a fosse maior que 60° (cos a > 0,5), a parte mais
exigida do cabo seria a sua parte inclinada; essa seria, porém, uma má solução
construtiva pois os cabos não devem sustentar forças com ângulos muito incli¬
nados, uma vez que a força nesse cabo aumenta muito.

40 41
Capítulo 5
Todas as estruturas se deformam — \l/ \/ \/ \/ \/ \/
lei de Hooke e módulo de Poisson !

B C
m D F
A

Nota 1: Nota 3:
Experiência num material que visualmente apresenta resultados. Cada material deforma-se de uma maneira, ao sofrer esforços. É senso comum
que é mais fácil deformar um fio dc borracha que um de algodão. É mais
Pegue um elástico de borracha, desses elásticos comprados em papelaria, e confortável dormir sobre um estrado de madeira que sobre uma laje de concre¬
faça esta experiência. Corte-o com um comprimento de 10 cm e faça várias to, pois a madeira deforma-se mais que o concreto.
experiências de tração, mas sem esforçá-lo muito. Depois disso meça-o outra Cada material deforma-se mais ou menos que outro material. Podemos
vez. A nova medida deverá ser muito próxima dos 10 cm iniciais. Isso indica Iassegurar que a deformação que cada material apresenta quando sofre tração
que estivemos fazendo experiências dentro do campo elástico; terminando o ,| ou compressão é quantitativamente igual. Essa premissa será usada em todo
esforço, termina a deformação na peça e ela volta a ser o que era. Com (|este livro.
cuidado para não rompe- lo, procure esforçá-lo mais, até sentir que está quase
rompendo. Meça o novo comprimento. Você notará que, mesmo não estando Nota 4:
distendido, o elástico tem agora quase 1 1 cm. Ocorreu uma deformação per¬
manente (plástica) no valor de 1 cm. Quando falamos de corpos sofrendo compressão estamos nos referindo a cor¬
pos de pequena altura. Caso contrário, sc fossem dc grande altura, surgiria um
“ruído” no trabalho, uma interferência de alta monta denominada “flamba-
Nota 2:
gem”, que falseia os resultados. Veja:
Por que estudar as deformações nas estruturas?
Eis as razões:
• Ter critérios para limitar as deformações nas estruturas em trabalho. (Daria
para aceitar uma trave de gol que tivesse flecha (barriga), no seu ponto Peça com (lambagem
médio, de 20 cm?) Compressão sem (lambagem
•Desenvolver teorias que permitam resolver estruturas; sem esse recurso,
seus esforços ficariam desconhecidos.
Imaginemos, por exemplo, uma prancha de 20 kgf colocada sobre cinco Á 1 1 i',
apoios. '

Como se distribuem as reações nesses apoios?


Essa é uma estrutura hiperestática e descobriremos esses valores usan¬
do a teoria das deformações.

42 43
5.1 A lei de Hooke O mesmo material elástico sofre deformações diferentes AL| e AL2
diferentes. Assim como criamos o índice X|/L,
pelo fato de as espessuras serem A comparação da relação AL[/L|
ou pressão). e AL2/L2
5.1.1 Primeira consideração calculemos F/S (tensãofará ver que tudo é proporcional.
com Fi/Si e F2/S2 nos
Pegue dois elásticos, um com 2 cm de comprimento e outro com 10 cm,
e tracione-os com a mesma força. Para isso, basta prendê-los nas suas extremi¬ 5.1.2.1 Conclusão
dades c colocar pesos iguais pendurados. Você poderá medir as deformações e
Para caracterizar um material sofrendo deformações na tração (ou na

,
notar que o de maior comprimento terá um alongamento cinco vezes maior
que o menor. Observe: compressão), as variáveis a considerar para identificar o material elástico são:
AL
e o H-—
O %
Se L2 = n x Li, então AL2 = n x AL*. L S e AL/L
Concluímos que a deformação X| não
é earacterística do material. Para os dois E = módulo de elasticidade ou módulo de deformabilidade longitudinal
elásticos, divida agora cada deformação pelo (módulo de Young).
seu comprimento original e verifique que um
S
mesmo número será alcançado. Portanto, S Elásticos de mesma origem química sofrerão idêntico AL/L se estive-
para uma dada força F a relação xj/L é urna rem esforçados pela tensão a = F/S.
earacterística do material “elástico”. Chama¬ O enunciado da lei de Hooke na sua expressão mais singela seria “um
A mesmo corpo sofrendo tração (compressão) terá uma deformação AL c, se a
remos X|/L de e e daremos a ele o nome de
deformação unitária. força dobrar, a deformação dobrará”.
Uma expressão mais elaborada dessa mesma lei seria “corpos de um
mesmo material têm uma relação linear entre e e a”.
5.1.2 Segunda consideração Graficamente, teremos:

Pegue agora dois elásticos de mesmo comprimento e mesmo material, A relação entre a e e cha¬
mas com espessuras diferentes: um mais grosso (seção S|) e outro mais fino /K = F/S ma-se módulo de deformação lon¬
(seção S2) e aplique uma mesma força F aos dois materiais. gitudinal ou módulo de elasticida¬
de, tem símbolo E, sua unidade é
kgf/cm2 e é um dos conceitos mais
importantes da Resistência dos
Materiais.
Aço tem alto E, e borracha
—;> (matéria-prima dos elásticos) tem
s e = AlA
baixíssimo E.

AL.
O
44 45
5.1.3 Terceira consideração Enquanto as tensões variam de 0 a Oi, a lei de deformações é linear e a
situação é elástica (trecho OB). A partir de Oi até cr2, a curva BC não é mais
Vamos ver na prática como as coisas acontecem. linear, embora seja ainda elástica.
A partir de a2, note na experiência que,
Volte a fazer a experiência com uma peça — o elástico — que tenha mantida a força F, a deformação cresce seguidamente. É o chamado “escoa¬
10 cm de comprimento. Faça com que a força F cresça e vá medindo os AL. mento do material”, no trecho CD (deformação plástica). Se continuarmos a
fazer crescer a força F, aumentando a tensão, crescerão deformações (trecho
Enquanto o esforço é baixo, cessada a força, a peça volta a ter o comprimento as
original de 10 cm. Tal situação é denominada situação elástica. DF) e aí chegando ao ponto F a peça rompe-se.
Aumente agora significativamente a força de tração. Você notará que Claro que cada material da natureza tem suas próprias leis de deforma¬
algo começa a acontecer com a peça. Ela “esgarçou”, ou seja, cessada a força, ção. O aço segue bem essa lei, ou seja, apresenta grandes deformações perma¬
o comprimento da peça tem algo como 12 cm. Essa diferença de 2 cm é uma nentes antes de romper-sc (dá aviso prévio antes de se romper), por isso é
deformação permanente. Chamaremos a essa deformação de deformação plás¬ chamado de material dúctil. Concreto, vidro e madeira rompcm-sc sem apre-
tica (situação plástica). sentar o patamar de escoamento. São chamados de materiais frágeis, pois
Veja isso para um material num gráfico. Para a esmagadora maioria dos entram “em crise” sem que esperemos.
materiais, o gráfico é igual na compressão c na tração. Às vezes temos interesse só nas deformações elásticas, como no caso
do uso das balanças de molas. Cessada a medida (esforço), cessa a deforma¬
Ao=-| F
ção. Se restassem deformações residuais (plásticas), a balança ficaria descali-
0.3 -)- brada.
c o Outras vezes desejamos deformações plásticas (permanentes). São de¬
02 4
formações permanentes que geram peças de aço, madeira, de material plástico
D
0| do nosso dia-a-dia. O homem desde o início da civilização deforma materiais
para gerar utensílios*.

o
/
Delomação
permanente -r * O mais dúctil de todos os materiais 6 o ouro. Com um grama de ouro podc-sc, estirando-o,
fazer fios de centenas de melros de comprimento sem romper o material. Uma caracteríslica
Oi — tensão limite de proporcionalidade de deformação próxima da ductilidadc c a maleabilidade. O ouro é, outra vez, o material
mais maleável. Com um simples martelar (ação dinâmica de comprimir) é possível fazer,
o2
a?
—— tensão de escoamento
tensão de ruptura
sem romper, chapas de 1/1000 mm, o que explica, economicamente, como é possível
desde a época do Brasil colónia — revestir imagens de santos com ouro. Outro material

extremamente dúctil é o alumínio. Sc VOCê analisar o papel aluminizado que protege várias
embalagens de alimentos, saiba que esse papel tem reduzidíssima espessura. Veja também o
Trechos: revestimento interno das caixas de leite tipo longa vida. Só é economicamente viável usar
OB — elástico linear alumínio como barreira de proteção contra a umidade se muito pouco desse material for
empregado, o que é conseguido em laminadoras que produzem filmes metálicos propiciados
BC — elástico não linear pela ductilidadc do alumínio. A espessura desses verdadeiros filmes de alumínio é de cerca
CD — escoamento (deformação plástica) de 30 microns.

46 47
5.1.4 Quarta consideração
5.2 Informações adicionais sobre deformabilidade
Vamos admitir uma lei absolutamente genérica e válida para todos os
materiais existentes no mundo, uma lei mais prática do que real. 1 As deformações oriundas
de peças sofrendo tração ou compressão são
O gráfico a seguir mostra a hipótese admitida: sempre diminutas, com exceção da borracha (elástico). Só para esse mate¬
rial elas são visíveis. Para outros materiais temos que usar instrumentos de
Aço
CTf Ferro medida para poder medir as deformações.
Alumínio Em face disso, para ilustrar deformações temos que usar um outro esforço,
Madeira que é a flexão que gera deformações visíveis. Todos já devem ter visto
Couro
deformando-se por flexão peças de madeiras e até chapas de aço.
2. As cintas abdominais exemplificam a possibilidade de uso diferente de E.
Elástico
É mais cômodo usar cintos de elástico que de couro.
6-AL -> 3. Com materiais de alto E podem-se obter estruturas de menor E. Um exem¬
plo disso são os cabos ou cordoalhas de aço. Usam-sc então fios de aço de
5.1.5 Quinta consideração reduzido diâmetro, torcidos em volta de um núcleo de aço, ou de um
material dc baixo E. O E de um cabo de aço pode chegar a ter metade do E
Diante do exposto, cada material nas suas deformações por tração ou do próprio aço.
compressão tem um índice que mostra sua deformabilidade. É o módulo 4. Às vezes temos que estirar fios de aço — c uma tarefa difícil. O leigo diria
de
deformabilidade longitudinal (módulo dc elasticidade). que é difícil estirar aço dada sua resistência. Essa é uma explicação errada.
Vejamos para vários materiais os valores dc E. É difícil estirar fios de aço por causa de seu grande E. Se vamos fazer o
r estiramento de fios dc aço da estrutura metálica do suporte de uma antena
Material E (kgt7cm2) de rádio usamos um tipo especial de dispositivo (alavanca) chamado “esti¬
aço doce 2, 1 OQ.(X)Q rador”, à venda em lojas de ferragens. É uma peça com dois parafusos que
ferro 1.000.000 se aproximam ou se afastam de acordo com a rotação da peça. Ao girar a
[alumínio 700.000 peça, os cabos de aço são obrigados a se estirar até alcançar uma tensão em
cordoalha de aço 1.000.000 que o fio fica esticado.
madeira de 80.000 a 140 000 Veja:
madeira compensada 40.000 li
[couro 2.000
borracha
J0
Planta
Esses dados mostram que,dadas duas peças de aço e dc alumínio Lstirador
Estirador
geometricamente iguais, se ambas forem esforçadas
com a mesma força F, Torre
então a deformação do alumínio será três vezes
maior que a do aço.
Por razões didáticas, o módulo de deformabilidade Corte
deveria chamar-se ;w/
módulo de não-deformabilidade, pois o material de maior módulo «Girar
tem menor
deformabi lidade. Cnumbadcr
na terra
O— —O
48 49
Os estiradores são usados para fios de aço de diâmetro reduzido. Se Para passar de 7 cm para 28 cm de comprimento, o elástico teve a sua
tivermos que tracionar fios de aço de maior diâmetro, deve-se utilizar um espessura reduzida de 2 mm para 1 mm.
equipamento industrial chamado TIFOR (guincho de alavanca).
Nota:
que, cessada a ação de uma força, cessa a tensão. Na
Por hipótese, admitimos
5.3 O módulo de Poisson verdade, em determinadas situações, mesmo cessada a ação de uma força,
permanecem tensões, as chamadas tensões residuais. Um exemplo visível das
Quando comprimimos ou tracionamos longitudinalmente um corpo, consequências da existência das tensões residuais consiste no dobramento do
suas dimensões transversais sofrem mudanças. Na tração, cada uma das di- aço da construção civil. Se peças dobradas de aço forem expostas ao tempo,
mensões transversais diminui e, na compressão, as outras duas dimensões suas partes dobradas começam a se oxidar antes das partes não-deformadas,
transversais aumentam. A relação entre a deformação longitudinal e cada di¬ como fruto das tensões residuais.
mensão transversal é característica de cada material e chama-se módulo de
Poisson (JI). 5.3.1 Reconheça as estruturas do dia-a-dia
Aa
a
M - TT
AL u
--
a
ri
Aa
• Como fazer embrulhos
Por que é mais fácil amarrar peças usando elásticos em vez de barban¬
tes de algodão?
L É que, no ato de atar, procuramos tensionar o elemento ligante para
ff depois soltá-lo ligando as peças. Como o E do elástico é bem menor que o E
AL
do algodão, conseguimos facilmente distender o elástico e, depois de soltá-lo,
O módulo de Poisson varia de 0 a 0,5. Para o aço, é de cerca de 0,3; ele ata o embrulho. Com o barbante é muito mais difícil executar isso só com
para o concreto, de cerca de 0, 15. as mãos, devido ao E do algodão.
O fenômeno da diminuição das dimensões transversais de um corpo, ao Observe: Elásticos
sofrer estiramento, chama-se “estricção”. O caro leitor pode visualizar com
extrema clareza esse fenômeno fazendo uma experiência com um.elástico.
Veja:
I 3
Espessura inicial: 2 mm Comprirnenlo Lv
iniciai: 7 cm
•A roupa de homens e de mulheres
Homens e mulheres usam roupas de materiais como algodão, seda,
couro c fibras sintéticas. Quanto menor o E do material, mais a peça molda-se
ao corpo do usuário. Roupas de algodão e lingerie moldam bem o corpo.
Roupas de couro — como os gibões nordestinos — escondem as for¬
Comprim I '

fil 28un
Espessura final: 1 mm
mas do corpo. Por extremo, uma armadura medieval pode ficar de pc sem que
haja alguém dentro dela.

50 51
No romance Grandes Sertões: veredas, de Guimarães Rosa, o persona¬
gem Diadorim oculta por um certo tempo o fato de ser do sexo feminino. Isso Capítulo 6
só foi possível por usar roupa de couro. O leitor concordará que, se usasse Quando as estruturas se apoiam —
roupa com material de mais baixo E, seria quase impossível esconder tal fato.
entendendo os vários tipos de apoio
•Sinta a ductilidade do aço
Lembre: ductilidade é a capacidade de produzir deformações perma-
nentes sem se romper. Para provar isso usemos um grampeador de escritório.
Grampeie várias folhas de papel. Note que o grampo anteriormente de forma
U se deforma. Veja: Para compreender o funcionamento das estruturas é muito importante
conhecer o tipo de apoio que possuem. A estrutura de apoio nada mais é do
que um corpo rígido que recebe e transfere esforços das estruturas em estudo.
Força
Grampo Árvores estão apoiadas na terra; caixas d’ água podem estar apoiadas em
lajes; vigas estão apoiadas em colunas; navios, na água; trampolins, em estru¬
turas de grande rigidez, etc.
Granpo doorado
Seja uma viga de madeira simplesmente lançada sobre dois apoios (pi-
laretes de madeira) A e B:

O grampo, uma estrutura de aço, deformou-sc permanentemente numa A B


outra prática estrutura que prende os papéis.
O senso comum indica que a viga trabalhará de uma maneira se for
simplesmente apoiada c de outra maneira se as suas extremidades foram fixa¬
•Um carro espatifou-sc cm alta velocidade contra um poste de concreto
das por pregos aos pilaretes e, ainda, de uma terceira maneira se uma extremi¬
armado
dade for pregada e a outra não.
Do terrível desastre é possível reconhecer o colapso dos vários tipos de
materiais:
a) O concreto, que é frágil, desintegra-se.
b) O aço das barras do concreto armado deforma-sc enormemente
sem desin-
6.1 Classificação dos tipos de apoio
legrar-se.
O aço da chapa do carro, sendo dúctil, deforma-se; chega a rasgar
mas não •Engastamento (encaixe) — esse apoio não permite que a extremidade da
se desintegra. viga que ele suporta se afaste na horizontal c na vertical, ou que gire. A
c) O osso do motorista, sendo material frágil, quebra-se (desintegra-se). ligação com pregos citada acima é um engastamento.
Uma peça de aço numa reentrância de uma outra peça é também um
exemplo.
c
%
W’
•v
•Articulação ( pino) — não permite que os apoios se afastem na horizontal Esses são os quatro tipos principais. Há casos misturados:
tampouco na vertical, mas permite um giro do apoio. A peça dobradiça dc
mas não rotação ou ascensão,

uma porta ou armário é um excelente exemplo. A relação biela manivela •Engastamento móvel — permite translação
baixo.
se dá através dc um pino. ou ainda que a peça se desloque para

->

Nota:
IH cp
Nas construções mecânicas temos:
A compreensão da importância dessas peças levou um famoso arquiteto pau¬
lista — Villanova Artigas — a criar uma frase-símbolo da Resistência dos
•Mancai de apoio — gira e permite translação.
Materiais. Ei-la: “É necessário fazer cantar os apoios”.

•Rótula — essencialmente é uma esfera que permite rotações cm qualquer


plano. Espelhos de automóveis são rotulados às estruturas do carro. Há um
prédio industrial cm São Paulo em que se utiliza o andar térreo para testes
—j-Eixo
de equipamentos dc vibração. Os pilares que nascem do térreo são dotados,
cada um, com uma esfera na extremidade inferior. Desse modo, por causa
dos vínculos rótulas, não se transportam para o prédio as vibrações do andar •Mancai de escora — só permite girar.
térreo.

1
_ia°
m
• Carrinho (roletes) — não permite que a peça suba ou desça, mas permite
translação. Uma viga de madeira colocada sobre duas peças de madeira
permite translação e rotação, porém, não permite um afundamento. Patins e
bicicletas são dotados de roletes.

55
54
uns esforços e hipostáticas para
Capítulo 7 Há estruturas que são isostáticas para
Estruturas isostáticas, hiperestáticas e outros.
Nas construções pobres da periferia
da cidade, por deficiência de fixa-
hipostáticas ver a colocação de pedras sobre o telhado. Nesse caso, podemos
ção é comum são estruturas isostáticas para efeito de
afirmar que telhados malconstruídos
ventos fortes.
seu peso e hipostáticas para
Para todas as estruturas isostáticas e hiperestáticas valem as “quatro
famosas condições”:
7.1 Definição
£FH = O 5>=o
Quando uma estrutura tem um número de vínculos tal que possam ser
resolvidos pela Estática
isostática.
— as famosas quatro condições — ela c uma estrutura £MT = <> £MF=O
Se o número de vínculos de uma estrutura cresce, então não bastam as
quatro equações da Estática. Para determinar seus esforços, temos que usar 7.1.1 Outros exemplos
outras teorias (por exemplo o estudo das deformações) a fim de descobrir os
valores das reações nos apoios. São as estruturas hiperestáticas. •Ponte rolante
Quando o número de vínculos é insuficiente para dar estabilidade temos
as estruturas que se movimentam, denominadas hipostáticas.
Observe:
Rodas Rodas
F
F

0
I Ú
'

00
c
uma estrutura
f Uma talha móvel apoiada sobre uma ponte rolante é
hiposlálica apoiada em outra estrutura hipostática.
Estruturas isostáticas •Um corpo na água — é isostático se não deslo¬sopra-
Wi rem ventos; hipostático em relação a um
& a I camento horizontal se soprarem ventos; e peri¬
gosamente hipostático se começar a afundar.
Estruturas hiperestáticas •Um barco — flutua (estrutura isostática) quando
r seu peso e carga c igual ao empuxo hidrostático HA

E, que é reativo. Quando o peso total é maior


j
.....
b
i l
que E, o barco afunda (estrutura hipostática). O
'/N
IEmpuxo
Emax é o peso da água correspondente ao volume hidrostático
Estruturas hipostáticas imerso do barco.

57
56
a carga P
7.2 Casos de estruturas hiperestáticas de mesmo material mas em alturas diferentes. Como
b) Duas vigas vigas?
duas
se distribui pelas p

• Um banco de igreja de cinco pés.


Viga 1 ESCCLA PCL1TÍC»

tl b—=U- L\~ LÍ Viga2 XY// ."z


i B I6LIOTÊ

•Uma ponte rolante apoiada sobre dois apoios é uma estrutura hipostática
apoiada em uma estrutura isostática.

centrada. Quais as reações HA e HB ?


'
c) Arco articulado com carga
-i
F

<
•Uma viga de três apoios sendo transportada em um caminhão é uma estru¬ 3
tura hiperestática sobre uma estrutura hipostática.
HA VA k B

Ao longo deste livro essas estruturas serão estudadas e


descobriremos
Ai. .Hí tensões e deforma-
as reações que atuam sobre elas, podendo então calcular
ções.
As estruturas a seguir são também hiperestáticas, ou seja, não podem
ser resolvidas utilizando-sc somente as equações de equilíbrio da Estática.
a) Dois corpos, A e B, de materiais diferentes e com diferentes E. Quanto de
carga F vai para A e B?

I ]

i
T
59
58
Capítulo 8
direção XX c paralclamente à direção YY. Esses eixos XX c YY são os eixos
Estudando os vários tipos de flexão: dc simetria da seção. Esse tipo de flexão é a flexão normal, também conhecida
simples, composta, normal, oblíqua comoflexão reta.
Imagine agora um outro tipo dc viga, a que recebe as cargas verticais do
peso de telhas. No caso, as cargas (peso) são verticais e gerarão momentos
fletores num plano vertical que encontrará a seção da viga em eixos inclinados
em relação aos eixos de simetria da seção. E a chamada flexão oblíqua ou
8.1 Definição flexão desviada.
p
Imagine uma viga biarticulada de ponte e
de seção retangular que su-
porta carga distribuída. Vejamos como /
atua o momento fletor a que
submetida. elaestá
/ <
v
\
b

I TB
L A divisão entre flexão normal ou flexão oblíqua é estabelecida levando
em conta a posição do plano do momento em relação aos eixos de simetria da
eB naoC“Tore'Z SÓ ,em°S

Como esforços internos solicitantes


f°rÇaS' A peça.
Se usássemos como vigas peças de seção circular não haveria distin¬
ocorrerão forças tangenciais às
ções da viga e momentos
fletores. O momento fletor em cada seção Z se- ções entre os dois tipos de flexão, uma vez que seções circulares não tem eixos
atua: assim de simetria ou, se quisermos, todos os eixos passando pelo centro do círculo
são eixos de simetria.
Há casos de estruturas que usam barras e vigas cuja seção não tem eixo
de simetria. Para essas seções utiliza-se um conceito que é uma evolução do
conceito de eixos de simetria. Esses novos eixos denominam-se eixos princi¬
pais de inércia; são dois eixos ortogonais entre si, passando pelo centro de
gravidade da figura; para um é máximo o momento dc inércia da seção e para
o outro, obrigatoriamente, o momento de inércia é mínimo*. Para seções com
lo eixos de simetria, esses eixos coincidem com os eixos principais de inércia.
Há casos de vigas que, além da flexão, sofrem a ação de forças normais
de tração e compressão. Temos então a flexão composta.
Nesse caso, em que as cargas estão
viga, os momentos fletores distribuídas ao longo do eixo da
atuarão perpendicularmente (ortogonalmente) * O conceito dc momento de inércia será apresentado no próximo capítulo.
à
60
61
8.1.2 Exemplo de flexão oblíqua
P •A terça de um telhado suportando seu peso próprio
H
c o peso de telhas

Seções sem eixo de simetria


/

O quadro seguinte resume os tipos de flexão:


/ <
flexão se tiver
\
fica
flexão normal flexão normal composta
força nomial
'flexão oblíqua flexão oblíqua composta
Esse é um caso de flexão oblíqua
8.1.1 Exemplo de flexão normal
8.1.2.1 Exemplo de flexão oblíqua composta
Uma viga de madeira servindo de suporte a um tablado, em uma estru¬
tura sobre um rio. —
•Mesa de quatro pés nas mesas de quatro pes chegam ao duas traves (vigas)
pé da mesa um
A viga sofre flexão normal composta. Se essa estrutura suporta o empu¬ e a esses pés elas são pregadas. Cada trava transporta
xo lateral do terreno, a viga sofre compressão. momento fletor. A soma dos dois momentos gera um momento fletor oblí¬
quo. Veja:

““r -
Empuxo
n innr

EEmpuxo
M3
T E
.4
i:|,J

te
Temos aí um caso de flexão normal composta. Detalhe do canto

63
62
•Pilares de prédios — quando no pilar chegam duas vigas que estão nele Seja a viga a seguir: p
engastadas, temos um exemplo de flexão oblíqua composta, pois o plano do
momento fletor resultante dos momentos de cada viga não coincide com os
eixos de simetria da seção do pilar e a força normal de compressão atua no
pilar.
; f
Mf
T;
Linha elástica

£ O
m
I IV
L

Corte A flecha máxima f será dada por:


V.gas
5pL4
f=
384 EJ
W///M onde:
Nota:
Dcformabilidade na flexão J
p
—— função de forma da seção transversal da viga
carga distribuída
As peças sofrendo flexão podem apresentar grandes deformações. A forma
deformada da viga chama-se linha elástica deformada e ela será calculada a E — tipo de material
partir do estudo do E do material determinado num ensaio de tração/compres-
são.
Veja:
P

uiiillJiiii
----
--- l

L' Lirha elást.ca

O estudo da linha elástica deformada levará em conta:

•o tipo de flexão;
•o tipo e o valor da carga;
•o vão;
• a forma da viga (retangular em perfil T, por exemplo) e suas dimensões
(altura, largura da seção);
• a característica do material da viga, ou seja, o seu módulo de elasticidade
(E);
• os tipos de apoio.
54
Capítulo 9 9.1 Definições
Introdução aos conceitos de momento estático,
9.1.1 Momento estático
momento de inércia, módulo resistente e raio de
giração Momento estático é o produto de um elemento de área (ds) por sua
distância a um eixo considerado.
Y s

Digamos que tivéssemos de usar uma cartolina para receber pequenos


esforços de compressão e para funcionar como um minipilar. Todos percebem
rF J
Msx = y ds •

que a cartolina, pela sua forma lamelar e com uma espessura reduzida, não
funciona.
Se enrolássemos a cartolina em forma de cilindro, poderia então funcio¬
nar como um pilar ou como uma viga vencendo um vão. Sc dobrássemos a 9.1.1.1 Características do momento estático
cartolina, gerando na seção transversal uma forma de dentes, a cartolina trans¬
formada começaria a trabalhar como desejado.
•Sua unidade é dimensão ao cubo.
centro dc gravidade da figura.
•Ms = 0, se x passa pelo
Vc-sc que, quando afastamos áreas dos eixos dc simetria, temos um
ganho extraordinário de eficiência estrutural. Observe: 9.1.2 Momento de inércia
O produto de um elemento de área pelo quadrado de sua distância a um
eixo considerado é o que chamamos de momento de inércia.
/N
Y s
ds
I
Jx=jy2ds
Cartolina
Canolira
enrolada <ÿ

Podemos concluir que áreas longe dos eixos centrais funcionam melhor.
Devemos agora introduzir coeficientes numéricos que meçam essas
áreas no que diz respeito à sua distância aos eixos de simetria. Vamos introdu¬
zir os conceitos de momento estático, momento de inércia, módulo resistente e
raio de giração.
Este capítulo introduz tais conceitos, de maneira a permitir trabalhar
com eles. Estão mais detalhadamente explicados nos anexos deste livro.

67
66
9.1.2.1 Características do momento de inércia:
9.2 Tabela dos valores de cada conceito
•Sua unidade c dimensão à quarta. para as figuras mais comuns
•É sempre positivo.
9.1.3 Raio de giração MS* (1) Jx (2) W* (3) ix(4)

Trata-se do resultado do cálculo i = e tem como característica uma


b
dimensão linear. i
bd3 bd2 d
0
9.1.4 Módulo resistente 12 6 VÍ2

Ao longo do texto mostraremos o uso de módulo resistente.

A bd2
2
bd3
3
bd2
3
d
VT

wr 0
nD4
64
TCD3
32
D
4

x_ 7t (D4 - d4) n (D4 - d4) V(D2 + d2)


0
64 32 D 4

Perfis industriais

Hl J , Consultar catálogos dos fabricantes.

FD
(1) Momento estático; Notas:
(2) Momento de inércia; I. Existe o conceito de produto de inércia, importante em
outros estudos da Resistência de Materiais.
(3) Módulo resistente;
2. Em certas publicações e normas, o símbolo de momento
(4) Raio de giração. de inércia é I, e não J. .

68 69
Capítulo 10
Estudando a flexão normal nas vigas isostáticas
— diagramas de momentos fletores, forças
£MB = O
RAX 8,40 -380x2,10 = 0
380x2,10
G>~
Convenção de
cortantes e forças normais RA = 8,40 = 95 kgf momentos fletores
RB = 380 -95 = 285 kgf
Portanto:
RA = 95 kgf
Vamos resolver várias vigas isostáticas e traçar seus diagramas de mo¬
mentos fletores (MP), forças tangenciais (Q) e forças normais (N), determi¬ RB = 285 kgf
nando assim os esforços internos solicitantes ponto a ponto. Em capítulo pos¬
terior serão calculados os esforços internos resistentes. O traçado de diagramas Mc = RA x 6,30= 95 x 6,30 = 598,50 kgfm
como mostrado aqui pode ser feito também para estruturas hiperestáticas após (momento fletor interno)
determinação das reações nos apoios. O acompanhamento dos exemplos nu¬
méricos ajudará a entender os conceitos.
Nota:
O momento em C pode ser calculado vindo pela direita. O valor
será o mesmo,
Exercício 1
porém de sinal contrário.
Determine reações c diagramas da viga a seguir.
Mc = - RB x 2,10 = -285 x 2,10 = -598,50 kgfm

v
380 kgf Diagramas de QeMF (esforços internos)
J
A c B

r I 2.10

* f
-—
8.-10
Fi i = 0 não aplicável, pois não há forças horizontais.
Nota: Não ocorrem momentos fletores externos. c
A B

XFv =0
RA + RB ~ 380 = 0
RA + RB = 380 kgf 598,5
8.40

6,30 2,10

70 71
Notas: A viga com a força F não centrada em relação ao eixo x torna-sc uma
1. A maior força cortante na viga é de 285 kgf e não 380 kgf, que é a carga estrutura espacial e haverá torção na viga causada pelo momento torsor
externa MT = F x e.
2. No ponto C há duas forças cortantes, à esquerda (95 kgf) e à direita Voltemos à viga original, onde a força F está contida num plano de
(285 kgf). Se usarmos a força cortante no dimensionamento de forças em simetria xy.
C, o valor será o maior (285 — valor cm módulo). Como toda a estrutura está contida num plano, vamos resolve-la a partir
3. No ponto C a força cortante passa de valores positivos para negativos. do esquema:
Nesse ponto ocorre o maior momento fletor.
Vamos voltar a discutir o exercício I.
Vejamos a peça cm perspectiva:
i! F — força ativa em C
RA e RB — forças reativas
em A e B
F = 380 kgf
Trata-se de uma viga (vence um RB
vão) de eixo reto, de seção constante. A
carga F está aplicada normal ao eixo lon¬ Seja uma seção em D como indicado. Essa seção está em equilíbrio.
Para a seção estar em equilíbrio, o trecho AD deve estar cm equilíbrio.
f gitudinal. As reações FA e FB, para dar
equilíbrio, estão no mesmo plano de F;
portanto, toda a estrutura pode ser repre¬
Para essa seção em D estar em equilíbrio é necessário:

•Haver uma força interna RD, oposta em sentido a RA e com módulo de


sentada num plano que contém o eixo xy intensidade igual a RA-
da viga.
RD é tangencial à seção em D (força cortante).
F

>x \! r
\
Seçào em D

R
I 13
Notemos que, se a força F estivesse aplicada fora do eixo de simetria da
R"
viga, teríamos torção e a estrutura não seria contida num plano, como se vê a Logo, à esquerda de D temos RA e à direita, RD-
seguir: •Para que não haja giro cm D temos que vencer o momento
F = 380 kgf
RA x 2,40 = 95 x 2,40 = 228 kgfm.

4s3T
«e

72 73
Vê-se que, à esquerda e à direita de D, temos:
Exercício 2
Condição de equilíbrio: Resolva a viga a seguir.

í
Ki 8,6 tt/m
8,6 tf/m

,MD RA + RD — 0 IIUUUUUUUU1 Aÿ7 -A-a


MA + Mn = 0 ?
MA\ A
RB
RD = -95 kgf RA
RA
MD = - 228 kgf 6,40 5,40 4

Ma, RD e Mu são esforços internos que equilibram o ponto D. Apesar


de o ponto D estar em equilíbrio, ocorrem nele esses esforços. 5>=° RA + RB = 8,6 x 6,4 = 55 tf
Analisemos agora uma seção cm E. £M=O £MA = 0
RF A resultante da carga distribuída vale (8,6 x 6,40 = 55 tf) e está no meio
380 kgf 380 kgf
*ÿ *ÿ)M= do vão (C).
A C A A C E"
T T i 55 tf

I I
0.4C
Ic.
O-"'
6,30 2,10 A-A: Au
6,40
I
RA R0
Para o equilíbrio do trecho AE, 5,40 4
]T ME = 0
95 x (6,30 + 0,40) - 3,80 x 0,40 - ME = 0
ME = 484,5 kgfm G>“
Logo, para o trecho AE estar em equilíbrio é necessário haver as rea¬
XMA=O
+55 X 3,20 - 6,4 x RB = 0

ções internas RE e ME- OS diagramas de Q e M representam os esforços à RB = 27,50 tf


esquerda da seção E. Por simetria:
RA = 27,50 tf

74 75
Diagramas
Onde Q = 0 o momento fletor é máximo ou mínimo. LFV=0 RA + RB= 12X4,30 + 9 x 1,1 =61,5 tf

XMB = 0 RA x 4,3 - 12 x 4,3 (2,15) + 9x1,10 (0,55) = 0


+27.5 tf

-27.5 tf
4,3
RA = 24,5 tf
I RB = 37 tf
RB = 61,5 -24,5
(interno)
Vamos calcular MB (momentos fletorcs internos) à esquerda de B.

|Mc = 44 tf v Parábola
MB = 24,5 x 4,30 - 12 x 4,30 (2,15) = -5,59 tfm
dc 2o grau
À direita de B acontece o momento fletor (interno), valendo +5,59 tfm.
Para calcular T, onde Q = 0
6,40
Q r = 24,5 - 12x = 0
Notas:
x= = 2,05 m
1. No ponto C, Q (força cortante) c nula e, nesse ponto, MF (momento fletor) 12
é máximo.
Diagrama
2. Em qualquer ponto Z distante x de A, o MF' vale:

2+5
Mz = RA x x - x x 8,6 x 0 T hz».
A 13 r.
Exercício 3 I -27.1
Resolva esta viga. Resultantes
x-2.05 I
dos trechos
12 tf/m
II
j<Al3
IT - ParábOia de 2o grau

Ui- I 9 tf/m

yt
I
_V
-± 1
P '*3C
1
MF
A M3 C

I
AI 13 C A 13 C
2.‘),ni

Parábola da 2° grau I
*ÿ
“1.30 1.10 4 4.30 Ni,iõ x
\
4,30

76 77
QA = 24,5 tf RA = 36 tf
QT = 0 Rn = 82,4 - 36
Qsesquerda = 24,5 - 12 x 4,30 = -27,1 tf
QBdireita = -27,1 + 37 = -9,9 tf Rn = 46,4 tf
Para calcular o máximo momento fletor positivo, Para calcular as forças cortantes,
QB = 36 - 22 x 1,1 =+11,8 tf
Mn- = 24,5 2,05 - 12 x 2,05 x = +25,01 tfm
* Qcesquerda = +11,8 - 43 = -3 1,2 tf
Qodireita = -31,2 + 46,4 = +15,2 tf
MB = 24,5 x 4,30 - 12 x 4,30 x = -5,59 tfm
Diagrama
Notas: 36

1. No ponto T, onde Q = 0, o diagrama de M apresenta um ponto de máximo /wh*. 1118 i«; 9

Q E
positivo. A
B D
2. A maior força cortante da viga vale 27,1, que é o valor à esquerda de B.

Exercício 4 &
31,2
Resolva a viga a seguir.
43 tl 38 tf/m
22 tf/m
mm B
L)
Parábola de 2o grau

A: IZX: 7T MP
A E
A H C D L
Parábola de 2o grau

1,10 0.70 1,20


3.00
£04 Q -
' 1,10 0,70 ' i.2o rafe
Trata-se de uma viga de dois tramos e dois apoios (A e D). No ponto em que Q = 0, o MF passa por um máximo em módulo
(pontos C e D).
£Pv = 0 RA + RB = 22 x 1,10 + 43 + 38 x 0,40 Para calcular os momentos fletores,
RA + RR = 82,4 tf
MA = 0
XMD = 0 ME = 0
RAX (1,10 + 0,70+ 1,20)- 22 x 1,1 x(0,55 + 0,70+l,20)- MR = 36 x ( 1,1 + 0,7) - 22 X 1,1 x (0,55 + 0,70) = +34,55 tfm
- 43 x 1,2 + 38 x 0,4 x —ÿ

=0 MD = 36 x 3,0 - 22 x 1,1 x (0,55 + 1,90) - 43 x 1,2 = -2,89 tfm

79
78
Verifique que Mo, vindo da direita, deve resultar cm +2,89 tfm. Para calcular o ponto Z, onde Q = 0,
Mn = 38x0,4x0,2 = +3,04 20,73- 11,8 xx =0
x = 1,75 m
A diferença está no arredondamento de valores. Tudo ok!
Para calcular o momento flctor,
Exercício 5 MD = 0
MA = 0
Resolva a viga a seguir. 10,3X0,9X0,9
1 1 ,8 tf/m MR = = -4,17 tfm
2
m ZAT
1 0,3 tt/in
8,4 tf/m
[®M
A ZT
MC = -10,3 X 0,9 (0,45 + 3,4) + 30 x 3,4 - 1 1,8 x 3,4 x -ÿ = -1,89 tfm
A B C D Mz = -10,3 x 0,9 (0,45 + 1 ,75) + 30 x 1,75 - 1 1,8 x 1,75 x = -14 tfm

0,90 3,40 'o,70 ' Diagrama

1 I
Viga biapoiada com três tramos.
I I
I
XFv = 0 RB + Rc = 10,3 x 0,9 + 1 1,8 x 3,4 + 8,4 x 0,7 O
I
- 1 .75 m

RB + Rc = 55,27 tf
IMC = 0 A
I +20,73'

-9,27
Z +5-88
C D

-10,3 x 0,9
j
+ 3,4 + R,j x 3,4 - 11,8 x 3,4 x + 8,4 x 0,7 x =0
I
I
I
I
+19.39
I
I
RR = 30 tf I
I I
I I
Rc = 55,27 -30 MF
I -4.17
To
Rc = 25,27 tf

I
Jm. z
'.59

Para calcular as forças cortantes,

QA = o
I
B ::
I
I

I I
QB esquerda = -10,3 x 0,9 = -9,27 tf +,4I I
QB direita = -9,27 + 30 = 20,3 tf
3.40
Qc esquerda = 20,73 - 1 1,8 x 3,4 = -19,39 tf
I
Qc direita = -19,39 + 25,27 = 5,88 tf

80 81
O ponto Z é o ponto de maior momento flctor positivo. Hm várias Nota:
situações, o momento nos apoios (negativo) é maior em módulo que o momen¬
O resultado MRA = 0 não implica que nesse tipo de estrutura não seja necessá¬
to positivo. Lembre-se: o que interessa é sempre o maior momento em módulo
rio haver engastamento em A. Lembramos que nas estruturas reais algumas
(valor sem sinal) e é esse maior módulo de momento fletor que usaremos no cargas — as cargas intermitentes — podem ocorrer ou não. No caso de não
dimensionamento da viga. ocorrer uma das cargas, haveria momento ativo no ponto A; se as cargas
Note que, nos pontos onde o diagrama de Q se anula (B, Z e C), o
variassem e tivéssemos feito A como articulação, a estrutura cairia, ou seja,
momento fletor passa por um valor máximo em módulo.
ficaria hipostática.
Exercício 6
Diagramas
Neste exercício, além do cálculo de momento fletor e forças cortantes,
temos forças normais. Diagrama de N
0.4 tf/m 10.6 tf N
B C
tftSU WXtMtt I
ronr 0,3 tf
D
C |0,3tf B 1BU0TÿCA'
*
B C

3.70 m
\ A

± L Linha elástica em wm
face das cargas 1,16 tf
%Y//.
A força normal (0,3 tf) é constante em CB causada pela força de 0,3 tf.
1 ,40 De B para A a força normal é causada pela força distribuída total
(0,4 x 1,4 = 0,56 tf) e pela força de 0,6 tf.
Obrigatoriamente, A deve ser um engastamento para garantir a estabili¬
dade da estrutura.
Diagrama de Q
XFH = 0 =>HA - 0,3 = 0 HA = 0,30 tf 1 ,1 6 tf

Q C
IFV = 0 =>VA - 0,4 x 1,40 - 0,60 = 0 VA = 1,16 tf i
i
IMA = 0 (Considerando o momento reativo e os momentos ativos.) I 1
-MRA + 0,4 x 1 ,40 x
1,40
+ 0,6 x 1,40 - 0,30 x 3,70 = 0
0,Jtf
wLi
MRA = 0,122 tfm A força cortante de C para B é crescente, causada pela carga distribuída
da força de 0,6 tf.
A partir de B, a força cortante é causada pela força de 0,3 tf.

82 83
Diagrama de M Vale lembrar que a resultante desse tipo de carga vale R = .
1,16 tf
R é medida pela área do triângulo c está
M B C B
4ST- i situada a % L do apoio onde ocorre a
carga p.
2/3L L/3
\ L
A
0,3 tf

Para calcular MF cm vários pontos, Resolução da viga: RA + RB =


pLxL
MC = 0 =0 RA x L = 2x3
MFB = 40,4 x 1,40 x + 0,6 x 1,4 - 0,3 x 3,70 = +0,122 tfm

MFA = 0,4 X 1,4 x + 0,6 x 1,4 -0,3x3,70 = +0,122 tfm


R*+

--
Nota:
Como vimos, os diagramas de Q, MF e N mostram os esforços internos. São O momento flelor (interno) no ponto Z vale:
calculados a partir de um ponto extremo (C, por exemplo) e vindo para a
esquerda. Se começarmos pelo ponto A, subindo e indo para a direita, encon¬
pLxx
Mz“ 6 £X X X
L 2
X
X
3
Equação do 3o grau —
parábola cúbica
traremos em cada ponto o mesmo esforço, mas com sinal contrário (equilíbrio
de seção).

Exercício 7
Resolva a viga.
Carga triangular

A i 'U_'Ur Q
/ Zs.
,?A
-4 K
I
Esse tipo de distribuição de carga é muito comum no cálculo de caixas
d’água e piscinas e representa a distribuição de pressão de água na parede
vertical.

85
84
Parábola de 2U grau
Capítulo 11 2.57
Exemplos de cálculo de vigas com diagramas de \ Q
momento fletor e força cortante \
K 5.14
\
V

Exercício 1
Parábola dc 3o grau
4.06 tf
A MP

x = 0,577 L 3,76

3,80
L = 3,80
Exercício 2
„ PL 4,06x3,80
Ra= 6 =- -= 2,57 tf
6
Resolva a viga em formato de L a seguir.
P
„ pL 4,06 x 3,80
R“= 3 =- 3 = 5,14 tf c 'A
13
Podc-se provar matematicamente que o máximo momento fletor ocorre
no ponto Z = 0,577 L e vale: n

pL2 4,06 x 3,82


max 3,76 tfm Trata-se de uma estrutura espacial engastada em C (não plana), em
15,59 15,59 formato dc L, sofrendo ação de carga vertical P.
x = 0,577 x L = 0,577 x 3,80= 2,2 m
p
C)gráfico de força cortante é uma parábola, e o de momento fletor é MTA = 0
uma parábola cúbica (de terceiro grau). MT c MTB = P x m
A
MJC = P x m
B
% MR = P x m
n
m Mc = MR + P x n
Mc = Pm + P x n

86 87
Diagramas O problema agora é diferente. A carga P não está com posição definida
entre A e B, o que significa que é uma carga deslocável. Sendo assim, temos
Diagrama de Q que determinar o maior momento que ele pode causar c a maior força cortante,
Q e isso acontece em pontos diferentes*.
A
Vejamos o tratamento matemático da questão.

D
800 kgf
P A y B
_£T
-X- 1 L-x
Diagrama de M
MT > 4.80 í
A I
'' D

P-m Ru

Apliquemos tudo isso num exemplo numérico: f 4,60

I I
P = 720 kgf
I I
m = 2,10 P
n = 0,70 m I I
A B
MTC = P x m = 720 x 2, 10 = 1.512 kgfm
M,.A = 0 ( I I
MFB = P x m = 720 x 2,10 = 1.512 kgfm I I
L x
MFC = Pxm + Pxn = 720 x 2, 10 + 720 x 0,70 = 2.016 kgfm ; - I
I i
Exercício 3 O maior valor da força cortante ou é RA, ou RB C vale 800 kgf.
Quais os máximos esforços que a carga P causa na viga a seguir?
IMB=O
; P = 800 kgf RA x L - 800 (L - x) = 0
vc
RA = S30 (t-x)=0
A B
71

í L
L-x

J * Seria o caso de projetarmos cstruturalmenlc uma ponte com carga em múltiplas posições.

88 89
RA é máximo quando x = 0 (carga sobre A). Analogamente, se a carga P Exercício 4
estiver sobre B teremos RB = P. Logo, a maior força cortante ocorre quando a
carga está sobre qualquer um dos apoios. Calcule a viga a seguir, que tem um dispositivo que causa momento
Analisemos o momento fletor em que seja C um ponto qualquer. fletor sem transmitir força externa.
h fv, =80 kgf
RA + RB = P
RAL = P (L - m)
ir*
P (L - m) A
RA = 0.A
L FT
P (L - m) m
M= 0.8 2,30
L
Pm2
M = Pm--— A viga AB tem duas hastes cujas extremidades sofrem as ações de duas
forças F| (binário).
Derivando e igualando a zero
Fi = 270 kgf
2£nP Mc = 270 x 0,4 x 2,0 = 21 6 kgfm
0 = p_ RA + RB = 80 kgf
L
RAX3,10 + 216-80X 1,10 = 0
e dividindo-se por P, temos:
RA = - 4 1,3 kgf (como o valor é negativo, a viga traciona o apoio A)
RB = 80 + 41,3 = 121,3 kgf
0=1-ÿ l , la -HO kgf
2m
— « m =- L
i
AT
1 A
"Tõ
M -lxk-EL
lViinax —
2 2— 4
A
II
2.00

0.8 1,20
Vamos aplicar aos dados numéricos:
21.3 kgf
A c O
P = 800 kgf
,3
Qinax = 800 kgf A.
N=0
X=L C
Ml A 0 B
PL 800x4,80
Mrnax = — =- -
= 960 kgfm •83 X11 33
x =k > X = 2,40 m 0.8 1.20

90 91
RA = -41,3 kgf MA = 0
,4 0,8) + 2.300 x (2,95 + 1,4 + 0,8) = 0
Ru = 80 + 41,3= 121,3 kgf -RB X 5,4 + 300 X (0,8) + 900 x ( 1 +
MA = 0 RB = 2.604 kgf
Mc (esquerda) = — 4 1,3 X 0,8 — — 33 kgfm RA = 3.500 - 2.604 = 896 kgf
Mc (direita) = - 33 + 216 = 183 kgfm
MD = - 4,13 x (0,2 +1,2) + 216 = +133,4
MA =
°
Mc = 896 x 0,8 = 716,8 kgfm
1.55 1 kgfm
MR = 0 MD = 896 x (0,8 + 1,4)- 300 x ( 1,4) =
2,70) -900 x (2,70) = 730 kgfm
Exercício 5
ME = 896 x (0,8 + 1,4 + 2,79) - 300 x (1,4 +
1 l l I
Calcule as reações e momentos da viga. Diagrama
896 kgl
r I
I I
900 kgf 596
O ,E |B
300
AI WL
4.6 tf/n i - 304 j -2.604 kgl
1 cm
2ÿ
I I
A C D |F B
l l I
\-V

-
r0,80 1,40
5,40
2,70
0.5Cÿ I
I I I
A C D 'E IB
SFV=° /
MF
|
RA + RB = 300 + 900 + 0,5 x (4.600) + 3.500 kgf — Parábola de 2o grau
Para calcular RA e RB vamos considerar (como temós feito até agora) a I I
resultante das forças do trecho EB. I I
I I I I i
RF = 4.600X0,5 = 2.300 kgf
90C kgf 2.300 kgf
AI JC 'D _
2JÕ
J E JB
300
2.95
V 5,40 >
vQ.80, 1.40 s

i . Verifique se MB = 0, como deve ser:


A c 0,5)
A B MB = 896 x (5,4) - 300 x ( l,4 + 2,70 + 0,5) -900 x (2,70 +
- 0,5 + 4.600 x (0,25) = 0
5,40

93
92
Nota didática: O esquema das forças que dão o equilíbrio ao sistema será:
Em Estática procura-se sempre a resultante das forças. E na Resistência dos
Materiais? Como veremos, com os dados deste exercício, a resultante das
ações tem que estar na mesma vertical da resultante das reações c ser de
: R - 3.500 kgi

mesmo valor, para que a viga esteja em equilíbrio. Veja: RA j T


RB

RAçõCS 5.40
*

i Para determinar a posição do ponto T onde atua a resultante das forças


zr externas, consideremos, por exemplo, o ponto B, onde a somatória das forças
A B A B deve dar momento nulo (caso contrário, a peça giraria).
Vamos verificar o que acontece. Logo:

FO = 90O MB = 0
Fc= 300 FF =2.300
Então 896 x 5,4 — 3.500 a = 0
I a=
4.838,4
3.500
= 1,38 m
A
2V
Li
0,80 1.40
5.40
2.95
55'
£MA=O
O cálculo da distância a poderia também ser feito da seguinte maneira:

Logo:
Calcule a resultante.
A resultante das cargas ativas (externas) do sistema tem o valor de: -2.604 x 5,4 + 3.500 (5,4 - a) = 0
R = 300 + 900 + 2.300 = 3.500 kgf -14.061,6+ 18.900 -3.500 a = 0
a = 1,38 m
Resta agora determinar o ponto de aplicação. O ponto de aplicação da
resultante c tal que dá equilíbrio à peça considerenado-se ela e as reações nos Só por ênfase e clareza, já que este é um livro didático, mostremos â
apoios. exaustão que cm uma estrutura em equilíbrio a condição £ MF = 0 vale para
Como já visto, as reações são: qualquer ponto. Seja a condição calculada para o ponto T.
RA = 896 kgf
RB = 2.604 kgf £MT = 0
896 (5,4 - a) - 2.604 x a = 0
4.838,4 -896a- 2.604 a = 0
4.838,4
a= = 1,38 m
896 + 2.604
94 95
Conhecido o valor e a posição da resultante das forças externas, a Vamos decompor a força F em duas componentes, uma ortogonal (per¬
resultante das forças reativas (as forças dos apoios) é do mesmo valor em pendicular) ao eixo da viga e outra paralela ao eixo.
módulo (valor sem sinal algébrico), de sentido contrário e atuante no mesmo x 0,53 360 kgf
ponto da resultante das forças externas. Com isso, as duas resultantes se anu¬ Fu = F sen a = 680 sen 32° = 680 =
pT = F cos a = 680 cos 32° = 680 x 0,53 580 kgf
«
lam e dão o equilíbrio estático à estrutura.
Logo,
Lembrete resumo Fu B
Neste exercício, mostramos que: FT
•o cálculo das reações de apoio pode ser feito usando-se a condição de ç.
somatória de momentos fletores nulos aplicado a qualquer ponto da estrutu-
ra;
A
•a resultante das cargas ativas (externas) está localizada no mesmo ponto &
onde está aplicada a resultante das cargas reativas, dando equilíbrio estático
à estrutura.

A viga AB, pelos seus apoios A e B, reagirá:


Exercício 6
F
- •Em B que, por ser rolele, reage perpendicularmente a CB e RB;
•Em A a reação está decomposta emFi no eixo da viga, c cm F2 perpendicular.
660 kgf
%
Oí =37 Condições de equilíbrio
A /3 =58" •Pelo eixo u:
F| = 580 kgf = Ft (Fi com sentido oposto a Fv)
mmw/mmmmm.
Uma viga de peso próprio desprezível tem a construção tal que, em A, é
•Pelo eixo t:
um pino e, em B, apóia-se numa superfície algo esférica. A viga sofre a ação RA + RB = Fu = 360 kgf
da força F. Defina as reações e Q e MF.
Esta é a representação da viga:
Aplicando MB = 0,
rt
RA x 4,60 = Fu x 2,70
Fu &
oí -3?" \ 360 x 2,70
A fi-tf Ra= 4,6
= 211 kgf
////////
RB = 360 - 211 = 149 kgf

97
96
HA = 4 tf
Fy = 580 kgf
--T. VA = VB = 8,5 tf
T
F, = 580 kgt PL 17x4
I MFZ = = -— = 34 tfm

Diagrama I I
I I L
/r I
|A
I
|C
I
|Z
N

Fu — Ortogonal ao eixo longitudinal


I
Ft — Força normal às seções transversais da viga
Diagrama
VA
!A IC IZ d
8,5 tf
I I MC = F2X 1,90
I I

N I
I I
580
Mc = 211x1,90
Q
8,5 tf
T
I
I
PI
VG

Mc = 480,9 kgfm I' I


Z
1 I A
5 MF rm
I Rtí I
I I I 1 34 tfm
I
2.5 4.0 m
M
I
*' Para entender que só há esforço normal de A até C, façamos uma
I analogia com uma mola que é comprimida em parte do seu comprimento.
TãO 7,/C
C n
Exercício 7
Trace o diagrama de forças e momentos na viga.
1
1 / tf 17 tf %
4- tf 4 tf

<— "A <— V


A C .2
lI —>\t 3 A C 9

tvA tv0
f
1.5
’ 4,0 m l.b 4,0 m
1
98 99
Note que somente a parte AC se comprime. A parte CB fica sem defor¬ Capítulo 12
mação.
Explicando a viga Gerber,
Intervalo didático uma viga de vão calibrável
Até este ponto do livro nós determinamos nas vigas a variação seção
por seção do seu momento fletor, a força cortante, o momento torsor e a força
normal. Nos capítulos seguintes determinaremos as consequências desses es¬
forços, ou seja, as tensões de compressão, de tração e de cisalhamento.

12.1 Definição
Suponha que tivéssemos de vencer o vão AB com um perfil metálico e
queremos, como é rotina económica, usar o menor perfil metálico. Vamos
estudar só os momentos fletores. A solução que resultar com o menor momen¬
to fletor será, por hipótese, a mais económica.
Temos, porém, um complicador. Um dos apoios da viga (B) é uma
coluna que pode recalcar, introduzindo o chamado “recalque diferencial”, que
é o caso de um ponto recalcar e outro não. As estruturas hiperestáticas são, em
princípio, não recomendáveis para esses casos, pois recalques diferenciais pro¬
vocam nessas estruturas significativos aumentos de tensões.
Este é o vão a vencer e suas caractcrísticas.
Carga 2.700 kgf/m

V
Viga metálica
A 13
m
Coluna
suspeita

m
Admitamos que podemos, se quisermos, engastar o perfil no apoio A.
Para ter outras opções de solução, vamos introduzir como mais uma
alternativa o uso da solução Gerber (viga Gerber, dente Gerber), que nada mais
é do que criar uma articulação em uma viga hiperestática de um tramo, tornan¬
do-a isostática. Vejamos como fazer isso.

100 101
Carga 2 7C0 kgt/m
Alternativa 3 — viga biapoiada (ver página 106)
li mim li
/// Ny V V \1/ \
Consírutivamente seria:
y//, A D G'
í Viga metálica
Viga

ou seja:

1
I 1 i
Na prática, a criação da articulação em D faz com que tenhamos funcio¬
nalmente duas vigas, a viga BD apoiada em B e, no outro extremo, apoiada na É uma estrutura isostática, portanto mais adaptável (não sensível) a
viga AD. No apoio D não se transmite momento, só força. O exemplo numéri¬ recalques diferenciais. Tem como desvantagem o fato de transferir metade da
co a seguir torna a explicação exlremamente clara. carga para o pilar B.
Pronto! As condições do problema estão expostas e vamos estudar as
soluções, tendo agora como alternativa adicional a solução Gerber. Também Alternativa 4 — viga com apoio Gerber (ver página 106)
para facilitar a resolução, vamos apresentar na página 105 uma Tabela de vigas
hiperestáticas de um só tramo. É uma estrutura isostática. Escolhemos arbitrariamente um ponto D
Analisemos as quatro alternativas resolvidas c vejamos suas vantagens para criar o dente Gerber, que é uma articulação. Logo, o trecho DB transferirá
e desvantagens. à viga AD, no ponto D, somente carga. O momento máximo ocorre no apoio
A, é maior que os momentos da alternativa 2 e alternativa 3, mas leva menos
carga para o apoio B. Conforme variamos a posição do ponto D, diminuímos o
Alternativa 1 (ver página 106) momento fletor em A e a carga no apoio B. Sendo uma estrutura isostática,
É uma estrutura hipcrcstálica, portanto muito sensível a recalques dife¬ suas tensões não se alteram para pequenos recalques diferenciais, pois a estru¬
renciais, o que constitui uma desvantagem. tura se adapta ao recalque.
A vantagem dessa solução é a transferência de pouca carga para o apoio A alternativa 4 é intermediária entre as alternativas 1, 2 e 3 c pode ser
B (8.302 kgf), pois a maior parle da carga vai para o apoio A. Veja a página adotada como solução final.
seguinte.
Nota:
Alternativa 2 — engastamento em A, sem apoio em B (ver página 106) É possível colocar o dente Gerber onde quisermos. Quanto mais para a direita
É uma estrutura isostática. É a mais radical das alternativas. Não usa o o pusermos menor será a carga em B, em compensação será maior o momento
apoio B, por isso o momento fletor em A ficou enorme, acarretando a necessi¬ em A, e vice-vcrsa. Podemos pois afirmar que o uso da solução Gerber pode
dade de usar um perfil metálico mais caro. Além disso, na extremidade oposta calibrar (alterar) o vão de uma viga conforme o nosso interesse.
à A (o antigo apoio B) acontecerá uma enorme flecha.

102 103
Veja: 12.1.1 Tabela de vigas hiperes táticas de um só tramo
p
Y

O
RA-TT-P
16 RB = ~TP
16
A A B
-3

.
, M[viax = MA = T7 PL
16
X

X W, x L/2 L/2
MMax (+) = -ÿ PL x = 0,447 L

q —qL2
MMax = MA = —g—
I
w
m-
V

L
I
V
A x n MMOX (+) =

RA = |qL RB=|qL
x = 0,625 L

Nota:
Em pontes é comum usar-se uma viga Gerber no caso de alguns pilares pode¬ p

rem sofrer recalques, diferentemente do restante da estrutura. PL


MMOX(C) = “jj“
A
A ti

| MA = MB = - PL8
RA = RB =

m L/2
Mi q = 2.700 kgf/m

v
c
1 TTA
|
RA = RB =

hr MM;IX = MA = MB = -
8
B.2m

x é a abscissa dc momento máximo.

Esta tabela é útil para o estudo de uma viga Geber.

104 105
— > CD JMl \ Capítulo 13
s 22
Tensões normais em vigas — a flexão normal
I
Tf Q_ E
! 1
2 §
oi
3
8
8
lt :
2
> 3 Pi CS <N CS 3
tf
U
CT <n
tf
x K
? > < +
8 § J; !!
o a|« Uma estrutura sofrendo flexão se deformará e nas suas seções transver¬
m
â
M
s 3 li sais e cm cada ponto das seções sofrerá:
•tensões (pressões) normais de compressão;
i r
| •tensões (pressões) normais de tração;
•tensões (pressões) tangenciais de cisalhamento (deslizamento).
I !
r 5
I f't
s O conceito corrente de pressão — força dividida por área —
refere-se,
00
s ai 8 “ na linguagem comum, a situações de compressão. Vamos aqui ampliá-lo tam¬
Csi 8" V bém para situações de tração e cisalhamento.
% Vejamos estas duas vigas:
ol" o o y°°
II II
u
£ 2 2 , \
\
CE
:: :
A K

i 8
N B<
7 3
ncsi
E
3 sh sh N

c
5
CT 8
ri
I As tensões de tração, de compressão e de cisalhamento variam de seção
para seção e, em uma seção, de ponto a ponto.
< 1 Para facilitar o entendimento o estudo será dividido em tensões normais
:r o
n
cr
e tangenciais. Neste capítulo abordaremos as tensões normais. No próximo
c? 2 capítulo, as tensões tangenciais (de cisalhamento).
a §
8 2
§
00
a
3 3 13.1 Tensões normais de compressão e tração
£ I
X

% . I
eo
8
ri
i.
CS
x
o
<r °° Partindo de um caso simples de uma viga de seção retangular, vamos
CT -J n generalizar para outras seções.
<
< O- O* o
c->| oo
II
BB
06 2
106 107
13.1.1 Exercícios numéricos Como tensões de compressão e tração são tensões opostas, elas devem
passar por um ponto onde se anulam. Tal ponto, localizado no eixo horizontal
Exercício 1 de simetria, denomina-se linha neutra (LN).
Com base na hipótese de o material atender à lei de Hooke, a variação
Seja uma prancha de aço de 10 x 30 cm
apoiada sobre duas colunas e sujeita a uma
carga concentrada de 9,2 tf situada no meio
I9'2 de tensão é linear da linha neutra para as bordas. No caso da seção retangular,
teremos:
do vão. Por ser pequeno, o peso próprio da RA _M h M
viga será desprezado. t 71
'I'RB Oc = Ot J 2 W
2ÃÕ 2ÃÕ
RA = RB = 4,6 tf 4,80 2 J — módulo resistente
momento de inércia

FxL 9,2x4,8
W —
w
Mmax — .4 4
= 11,04 tfm
I
I

Vamos calcular as tensões o na seção cm C da viga, que é o ponto


Analisando a deformação da viga 4.6 B médio onde ocorre maior momento fletor:
A
numa seção, vê-se que as partes superiores da 4,6
viga sofrem um processo de encurtamento Mc = 11,04 tfm = 1.104.000 kgfcm
I I
(compressão) e as partes inferiores, estira¬ I ,J b x h3 10 x 303
mento (fracionamento). I l =— 12
— = 22.500 cm4
12
•I
Seja agora uma seção transversal ao l
eixo no ponto C. Nos pontos da borda supe¬ A B Tensões máximas:
rior da seção C acontecem as máximas ten¬ I M 1.104.000
sões de compressão, que irão decair confor¬ I Oc = Ot = TXa = x a = 49a
I I J 22.550
me nos aproximamos do eixo. Nesse eixo, as I 11.04 I
tensões de compressão deixam de existir e L i a = distância até a linha neutra
nos primeiros pontos abaixo do eixo come¬ I
4,80 -<I
çam a ocorrer tensões de tração, que serão Logo,
10
máximas na borda inferior da seção. -k
M Y '
oc = 735 kgl/cm
,0
°b
M X -• 15 Compressão
K 3 12 30 LN
Momento 2
fletor * 1 5 Compressão
/

12 30 LN 15 Tração
2
-
N
P
$
k o
15 Tração N
5

oc = 735 kgf/cm

108 109
As tensões em qualquer ponto nas retas passando por M, N, K, P e N são: Vamos agora refazer os cálculos e admitir que a viga antes de pé (maior
CTM = 49 x a = 49 x 15 = 735 kgf/cm2 (compressão) dimensão na vertical) esteja agora deitada. Em situações normais os projetos
GK = 49 x a = 49 x 12 = 588 kgf/cm2 (compressão) prevêem que as vigas fiquem de pé, mas podem acontecer situações em que se
Gz = 0 (nem tração nem compressão) utilizem vigas deitadas. Calculemos as tensões para uma seção cm C.
Gp = 49 x a = 49 x 10 = 490 kgf/cm2 (tração) 9.2 tf c.
GN = 49 x a = 49 x 15 = 735 kgf/cm2 (tração)
C
-LN- - 11
10 -S
,b LN

Como são as tensões numa seção no ponto D distante 1,8 m de A? f 2,*0 2,40
II ::
:
-+ÿ
30
ff.1

11
U \-
# oc = 735 kgf/cm

15 Omax = CTc = <*t =


©
Compressão

MD = 828.000 kgfcm
LN
í23.5 Percebe-se que com a viga de pé as tensões são menores do que se ela
© 15 estivesse deitada. Nessa situação, pode até acontecer de ela romper.
Tração

o0 = 735 kgf/cm
Exercício 2
Eixo do momento fletor
Calcule as tensões normais nos pontos Z e K de uma prancha de madei¬
Basta calcular inicialmente MD- ra tipo peroba e verifique se esse material pode ser aceito.
MD = RA x 1,80 = 4,6 x 1,80 = 8,28 tfm = 828.000 kgfcm _ 420 kgf/m
As tensões máximas são:
vWVvwlvv 40
SM m s:ou wuTíflRW i
AR|3
H4 20

12 .20 * 3,15
6.30
Para determinar as tensões em vários pontos do eixo de tensão,
M _ 828.000 x a = 36,8 a 420 x 6,3 bh3 20 x4o3
(3C — t*t RA = RB = = 1.323 kgf = 106,666 cm3
J 225.500 2 12 12
Ponto 1 (compressão) Para calcular MK e Mz,

ac (1) = 36,8 x 2 = 73,6 kgf/cm2 1,2


MK = 1.323 x 1,2 — 1,2 x 420 x -£- = 1.285 kgfm
Ponto 2 (tração)
pxL2 420 x 6,32
o, (2) = 36,8 x 3,5 = 128,8 kgf/cm2 Mz = (ponto médio) = 2.083 kgfm
8

110 k 111
M h 208.300 40 Para calcular o momento fletor,
Oc — Ot ~ J * 2 “
106.666 2 1.300 kgf O maior momento fletor será em A e
vale MA = F x L = 1.300 x 470 =
oc = ot = 39 kgf/cm2 611.000 kgfcm.
20
MÍ \

*
20
LN __ ©
Seção ern K
Compressão

- MF

k’°
-5
3.5 Tração 4,70 m
©
N

I
Ai(© A2
Exercício 3 f
Tração | Compressão
Analise a tensão máxima em um poste de concreto simples encravado A '

na base e sofrendo no seu topo uma força de 1.300 kgf. Seção


MF

t .300 kgf I
I d=30 cm
4.70 m
4./0 m
I
I O O cálculo da tensão máxima será no ponto A.

11=40 cm <TC — <J, J z

Ojmite = 15 kgf/cm2, na tração e compressão n (D4 - d4) 3,14 x (404 - 304)


J = 85.859 cm4
64 64

611.000 40
oc = ct = 85ÍM . T" 142 kgf/cm2o
Atenção: Essa estrutura é inaceitável, pois aiimite = 15 < 142 kgf/cm2. A
solução c aumentar o D.


112 113
Exercício 4
Uma viga de seção circular d = 40 cm será usada como estrutura de
uma viga. Analise as consequências em vários pontos da viga.

miimnuniuii
0.1GO kgf/m
UUliUUUUIUU
8.100 kgf/m
T Do ponto T ao ponto K, o momento fletor é negativo, o que significa
que as fibras superiores da viga são tracionadas e as fibras inferiores são
comprimidas. O mesmo acontece com o trecho YZ. No trecho KY, as fibras
superiores são comprimidas e as inferiores, tracionadas.
As tensões são:
TCD3 3,14 X403
Tf z T c 1 W = -rr = 6.280
A B 7ÿ 32 32
3.30 ' J3Õ
* '\-
\ 0.8
_ M 259.200 kefcm 41,2
0,8 6,60 f 0.8 r 6,60 OA =
W 6.280
= kgf/cm2

RA + RB = 8.100 x (6,60 + 1,60) = 66.420 kgf M 4.151.300 kgfcm


°A = 661 kgf/cm2
6.280 6.280
RA = RB (simetria) = 33.210 kgf
OT
I | Diagrama MF
I
I
K C Y
I l
I
I MT = 0 \ *
;
\, C

ÃT 0,8
I I l MA = 8. 100 x 0,8 x = 2.592 kgfm V <*c
+ I I
I Vamos determinar a coordenada do ponto K (o ponto Y é simétrico),
I I
I (3,30 + 0,80)
I I I Mc = - 8.100 (3,30 + 0,80) x + onde M = 0.
i_y I I 2

I
6.60
|o*|33.210x3,30 T
I I Mc = 41.513 kgfm
A K

O maior momento fletor na viga é Mc = 41.513 kgfm. / 0,905 m


0.8

MB - MA, Mz = Mj MK = 0 = -8.100 x x |
x + 33.210 x - 0,8) = 0
Calculemos as tensões ponto a ponto. Como a seção c circular
(d = 40 cm), a linha elástica deformada é - 4,050x2 + 33.2 lOx -26.568 = 0
Dividindo-se por - 4.050,
Deformações exage'adas oc
uuumuuuuu
- K Y
_ LN
x=
- biV b2 - 4ac
x2 - 8,2x + 6,6 = 0
8,2 ±V8,22 -4x6,6 + 8,2 - 6,39 = 0,905 m
A 2a 2 2

6,60 5-4 d = 40 cm
Of

115
114
Logo,

Exercício 5
t[

0.8
A

X=0,905
7

Temos que vencer uma flexão causada por três cargas F, cada uma
K
zu *
10 cm do topo.
__
O C.G. da figura complexa (somadas as duas figuras parciais) está a

C G.
I
I
j1*
40

"
6
G

valendo 4,2 tf, igualmente espaçadas a 1,7 m. O material da viga resiste melhor I 20

à tração que à compressão. Para construir a viga temos duas peças de seção I
retangular desse material, que deverão ser ligadas formando uma peça única.
Identifique qual a melhor disposição das duas peças e qual a tensão resultante.
4,2 4.2 4.2
jj S = 160 cm2
>/ 2 +ÿ
V 2Õ
* Para calcular o J da seção,

\
T

1.7 1.7 1.7


z

1.7
40
12 S - 460 cm2
í
- I 40

9*1 1 ' ,J
t-
-
_

__ Xi 20 *2

C.G.J C.G.»

RT = RZ = = 6.3 tf I ,0

Por simetria M,nax(C) = 6,3 x 3,4 - 4,2 x 1,7 = 14,28 kgfcm


20
4 10
8

Como dispor as duas peças? LU


Sabemos que o material resiste melhor à tração. Seguramente, o centro
de gravidade da figura ficará na linha de simetria, entre GA e GB, ,e mais
próximo de GA que OB devido à maior área de GA-
Com essa idéia, vamos construir a peça da seguinte forma: O J da figura complexa pode assim scr calculado:

40 J = JA + SA x a2A + JB + SB X a2s
X
bh3 40 x 123 = 5.760 cm4
S = 480 12 JAO 1 2 12
bh3 8 x 203 5.333 cm4
S= 160 20 Js.2- ,2 12
=

Jx = 5.760 + 40 x 12 x 42 + 5,33 + 20 x 8 x 122


Jx = 4 1.8 13 cm4

116 i» 117
12
- ' 40

10
Oc

1 LN
MR = 88.350 x 1,3- 1,3 x 19.000 x-y = 98.800 kgfm
pL2 19.000 x 9,32
1.3

Y =--s-= 205.410 kgfm (máx)


w
MC =
22
I
Ms = 88.350 x 8,7 - 8,7 x 19.000 xÿr = 49.590 kgfm
20
I
I
C| Consultando o catálogo do fornecedor de material,
"8

j*y H
XX

1.428.000
CZ = M xZ = x 10 = 341 kgl7cm2 (compressão)
41.813
Dimensões (mm)
M 1 .428.000
02 =y xr = 41.813 x 22 = 751 kgf/cm2 (tração) h h b d t I(cin4) W (cm3) i (cm)
8" 203 104 8,9 10,8 2.540 250 8,08

-
A composição feita com as figuras A e B fez com que > CTC, e isso
atende ao problema. As tensões máximas nos pontos são:

Exercício 6
Uma viga I de 3" padrão americano está sustentada simplesmente em
um vão de 9,3 m e sujeita a uma carga de 19.000 kgf/m. Verifique as tensões
em quatro pontos. A
k
R

Z
JL L
8 B
19.000 kgf/m
T aA = aB = 0
D3MU s 3vI! M
a- —
|Z W
1.31
~3
— 98.800
4.05 (7C — Ot — = 395 kgf/cm2
250
8,70
205.410
9.30 az = = 82 1 kgf/cm2
250
„ pL 19.000x9,30 49.500
RA = 2 ~ - -
2 - 88.350 tfs = 250 = 195 kgf/cm2

RB = 88.350 kgf
•» 119
118
13.2 Vigas compostas sofrendo flexão - casos a considerar I
i
M

Sejam duas pranchas que vão sofrer flexão nos vários casos possíveis. k Z £ h

F/2 T F/2
b
n Caso 1 I
L/2 L/2
1 wp _F L_FL
-±"n
I Caso 2 MFmax -2 •2“ 4
Á
I FL
Caso 3
®max
M _ 4bh _ 6 X FL
“W" 6 “4 bh
Temos dois casos a considerar, admitindo que ambas as pranchas sejam
do mesmo material e possuam a mesma altura h. F = 6(X) kgf
L = 3,2 m
Caso 1 — As duas vigas são simplesmente justapostas. b = 20 cm
Caso 2 — As duas vigas estão solidarizadas por cola, pregos ou rebites. h = 40 cm
Veja como trabalham estas estruturas:

2=ÿ il 13.3 Exemplos numéricos

'
k I Caso 1-a: pranchas soltas
L I
Caso I-a Caso 1-b A li

No Caso l-ay as duas vigas trabalham independentemente uma da outra Ja n


]C_ . n
e deslizam uma sobre a outra. Podemos calcular seus esforços e deformações G H
conforme o diagrama:
Deformação:
11 r Devido à flexão,
£ 14- A
V
13 AB < CD
4-
No Caso 1-b, devido à solidariedade entre ambas, as duas pranchas não G - 3°
n
AB = EF
EF < GH
deslizam uma sobre a outra, funcionando como se fossem uma viga de altura
2h. As tensões e deformações da viga no Caso 1-b serão menores do que as
í t
que ocorrem no Caso 1-a.
Vamos a exemplos numéricos para fixar conceitos. Tudo se passa como mostrado a seguir.

120 121
F 600
- = — = 125 kgf
, Caso 2-a: pranchas de mesmo material e alturas diferentes

A
cC
__ F/2

--J'D
1 MMA=
600 x 3,2 -
4x2
bxh2 20 x 402
W =-;— = -
240 kgfm = 24.000 kgfcm

= 5.333 cm3
Sejam duas pranchas de mesmo material (peroba-rosa) e alturas dife¬
rentes, mas não solidarizadas. Quanto vai de carga para cada prancha?

r N

GA
F/4 í 6
Z

F/2 F/2
Caso 1-b: pranchas pregadas

C
A

[
B

D --
h
I L/2
I L/2 -
Utiliza-se como critério a divisão pela deformabilidade de cada pran¬
cí ]Fn:h cha, e isso seria pelo seu J. Logo, a divisão dc F será:
G H
F Pi._Ji P| +P2 = P
Deformação:
P2 J2
A
W B AB < CD j
_ bm3 bn3
tf 0
F CD = EF
m3
12 12

Gf
Neste caso,
f F
EF < GH

h
Ji 12
n3
bÿr
n
(15'f
20
0,42 mh
P:
12
A B
W Pi
P = P, + P2 = 1.780 = Pi + Qÿ2
2h
ii
P, = 502
|r/2 1172 P2 = P-P, = 1.750-502= 1.152 kgf
F 600
- = —
= 300 kgf
, Caso 2-b: pranchas de materiais diferentes e alturas diferentes
(sem ligação entre eles)
M,nax = 300 x = 480 kgfm = 48.000 kgfcm
Seja o mesmo problema, agora generalizado para duas pranchas de
x (2h2) 20 x (8())2
w=b 6 -
6
=21.333 cm3 alturas diferentes e módulos de elasticidade diferentes.

M 48.000 , cl •>
a = = 2T333=2’25kgf/cm
W

122 123
-
}à? 0
í
z id- —
n

m
13.4 Resumindo
Flexão normal
A °A

|F/2 a
:
L/2 + L/2
4 b •z y LN

1. Material com modulo de elasticidade E| I


b
2. Material com módulo de elasticidade E2
\
A divisão de força P para cada prancha deve ser feita pelo critério de 0 0B
deformabilidade. O índice para medir essa deformabilidade chama-se módulo
M
de deformabilidade, calculado pelo produto E x J. Assim, neste caso, temos
dois módulos: Ei x Ji e E2 x h.
M
az = Ty aA = fa OB =-j-b

Numa seção qualquer QA <?B-


P1J1XE1
Pi + P2 = P Se a seção for retangular,
*
P2 J2 x E2
A OA
Essa fórmula também pode ser usada no caso a seguir:

1 LN

; Viga2

T 00

M h M
— =
T 2= w
bh3 bh2 M_ M
Para seção retangular, J=
w=ir 'Cmax “
W bh2
6

7id4 Ttd3 M
Para seção circular, J=— W=
64 32
32

124 125
13.5 Reconheça as estruturas do dia-a-dia Capítulo 14
A flexão oblíqua nas vigas
O hábito de projetar estruturas convencionais pode levar o iniciante no
estudo das estruturas a considerar lei procurar sempre obter nas estruturas as
mínimas tensões e as mínimas deformações. Há casos, entretanto, em que isso
não é o desejado. Ao estruturar vigas de seção retangular, normalmentc as
colocamos de pé, ou seja, com a maior dimensão da seção na vertical e, por
consequência, a menor dimensão na horizontal. Isso gerará as menores tensões 14.1 Viga com eixos de simetria
e as menores deformações, levando a uma maximização do uso do material.
Se, no entanto, formos projetar um trampolim flexível, desejamos uma estrutu¬ Seja a força F que está aplicada no ponto Z da peça horizontal engasta¬
ra de máxima flexibilidade para poder, sem maiores esforços, acumular ener¬ da numa parede. A força F causará uma flexão em um plano que não contém
gia. Neste caso, a viga será colocada deitada. Igualmente isso ocorre se formos um dos eixos de simetria da viga. Esse tipo de flexão é chamado de flexão
usar vigas nos estrados das camas, onde se deseja também o máximo da oblíqua.
flexibilidade, ou seja, a maior deformabilidade. n
Seja este tipo de cadeira: r

A
. * J_B m

; *í_
x. X.
Peças para i r,r
de encosto D

1
Esforço das costas I 4
do usuá/io 20
VQ

c Pelo princípio da superposição, a flexão oblíqua pode se decompor em


duas flexões normais. Veja:

A li A A li A 11

Note que a viga AB é colocada na posição de maior deformabilidade r x


60 ~T _X ' |rn _X + 6(| _x + 60
para gerar maior conforto. =
*

--
A viga CD (apoio do assento) é colocada na posição de menor deforma¬ 0
bilidade e de maior resistência. t-c D D I)

4- I I I -1 ;.'C
h
20 20 20

Isso significa que podemos calcular os esforços na viga somando:


•Efeito de um momento fletor Fm, contido no plano que passa por y;
•Efeito de um momento fletor Fn, contido no plano que passa por x;
•Efeito de uma força F considerada centrada.
127
126 H
14.1.1 Exemplo de cálculo de flexão oblíqua
Seja a coluna de seção retangular (pode-se desprezar a flambagcm) com
Situação 1
F 540 „
o — 7T = ——— = 0,45 tt/cm2
S 30x40
_ ...
i

uma carga F que deslocaremos normalmente à seção transversal da peça.


Para ficar bem claro o estudo de flexão oblíqua em seção com eixo de oA = <*B = etc = OD = 450 kgf/cm2
simetria, admitimos que a força F esteja atuando:
Situação 2
•Caso a — Fora do centro mas em um eixo de simetria F M
• Caso b — Fora dos dois eixos de simetria OB = OD =
s+W
F M
n= 10 = CJc- = 7T
S W
® m=3 bh2 30 x 402
F =540 tf
W =—T-
6 6
= 8.000 cm3
W* M = F x n = 540.000 x 10 = 5.400.000 kgem = 5.400 tfem
540 5.400 . tf, 2
CJB = (7D = iÿ4Õ+8SÕÕ=1-11,f/cn’
,,

Posições da força F:
40 OB = Ou = 30Tÿ-fÿ =
Note que ocorreu tração. Isso se deve ao fato de ser grande a excentrici¬
dade n. Se fosse o caso (mas não é) de não se desejar tração, poderíamos
Mr MF calcular a máxima excentricidade n pela fórmula:

AfH
4__-x
n
m
ir

X
°C“S
F Fx n
W


540 540 x n
c li c
30x40 8.000
a) Compressão e flexão normal b) Compressão e flexão oblíqua 8.000
n= = 6,7 cm
Resolução a) 30 x 40
F
I M = Fx n
OA = OC O0 - O0
Resolução b)
Assim como em a), somamos tensões provenientes de compressão com
Vamos determinar oA, CB> OC, 0D- tensões de tração, dividiremos o momento fletor oblíquo em dois momentos
Somente para comparação, considere¬ normais projetados nos eixos x e y.
mos duas situações: Seja o ponto Z onde está aplicada a força F.
• Situação /: força centrada Diagrama de tensões
•Situação 2: força excêntrica
128 129
31

C/
uAn

D
X 30

C
I
Ç_ Ir-j
r

,B

D
X
+ 30 !(
c
__
X
C5D = 7T
F
S
Mv
Wy
OA = 0,045 tf/cm2
Oc = 0,495 tf/cm2
O problema está resolvido.
Mx
Wx
540
30 x 40
cB = 1,395
OD = 0,855
1.620 _ 5.400
6.000 8.000
tf/cm2
tf/cm2

4-
40 40
- 1
40

M = MX + My n = 10, m = 3 F = 540 tf
14.2 Flexão oblíqua em vigas sem eixos de simetria
Assim, a tensão no ponto A será:
Em 14.1 estudamos a flexão oblíqua no caso de a seção transversal da
I
OZ= + + CJMy viga possuir dois eixos de simetria. Neste caso, estudaremos a flexão oblíqua
em vigas sem eixos de simetria.
O cálculo de o,nx e anx seguirá a metodologia utilizada no caso a) Sejam as seções de vigas como a seguir.
(flexão normal), com dois momentos fletores.
rnmrn
14.1.2 Exemplo numérico de viga com eixos de simetria I
X C.G. x I C.G.

Mx = F x n = 540 x 10 = 5.400 tfem


I
WMm
My = F x m = 540 x 3 = 1.620 tfem Seção U Seção L de abas desiguais
tem um eixo de simetria não tem eixo de simetria
Calculemos W nas direções x e y.
Podemos definir, para qualquer seção, o conceito de eixos principais de
bh2
W= — inércia (EP1). São eixos ortogonais entre si, que passam pelo centro de gravi¬
dade de uma área. Para esses eixos são máximos e mínimos os momentos de
30X402 30x40sup2 inércia da seção. Para seções que tenham eixos de simetria, o eixo de simetria
Wx = 6 = 8.000 cm3 wy- 6 = 6.000 cm3 é um dos eixos principais de inércia. No caso de perfis metálicos, os fabrican¬
tes já fornecem para os usuários a posição dos eixos principais de inércia.
Analisando cada um dos pontos A, B, C e D, temos:
Seja, por exemplo, o perfil cantoneira (perfil L) de abas desiguais.
F My Mx_ 540 1,620 5.400 (1
Cantoneiras de abas desiguais — padrão americano
OA =
S Wy
+
Wx 30 x 40 6.000 8.000 \ tj

OB =
F M, Mx _ 540 1.620 5.400
s + Wy Wx 30 x 40 6.000 8.000
R)
h I /
/
A
Elementos para projeto

Observação: Cada perfil é indicado pelas dimensões nominais


F My Mx_ 540 1.620 5.400
/ i
-4
1—=jLZs-qd
hxbxd, em polegadas, precedidas pela letra L. Exemplo: L 6"x4"x
CJc = õ
S Wv Wx
+
30 x 40 6.000 8.000 > . \l
1/2".

130 131
Án»

* EluiXX CfeoYY Ehal-1 Et.0 2-7


14.2.1 Exemplo de flexão oblíqua em vigas sem eixo de simetria
h 6 d b d J W J w J-, Seja um momento fletor cujo valor é de 190 kgfm (19.000 kgfcm),
pol

K
poL
2H
P01
68.9 6)6 6JS 729
cm’
9J 7}
o»’
2.M 2.12 33
cm‘ cm’
I.M
cm*
atuando sobre um perfil de aço de abas desiguais de 4x3x5/16". Sabe-se que o
plano do momento fletor coincide com a direção Y paralela às abas e passando
6.7 165 91 3.13 17 U7 0.306
2)4 5/16 a.9 636 7.M 9.68 116 92 260 39 82 1.83 1.63 110 3,10 21 0,501
2)4 -V* «.9 «36 9.53 10.71 as IIU IX 2.79 265 «,7 1.0 129 3,10 23 IJ7 pelo centro de gravidade.
3/16 101,6 i
76 7.94 10,71
Vamos determinar as tensões de tração e compressão máximas que

_
IV 142 19.7 3,20 12.0 2jb IJ3 176 3,62 37 1.63 3634
3/X 7«i 963 1265 I6p 1*7 246 3ÿ0 3,23 79 142 2M 1,9* 366 43 1.61 0.551
« 11116 127,0 «1.9 1768 27,23 346 $»1 65.0 3,95 4,37 216 336 260 2,46 631 «27 1,91 0,461 ocorrem na peça.
H 3/4 1276 88.9 19,03 29,47 176 379 70,4 3,** 4.43 713 16,0 2,«9 26« 675
4£5 1.17 1,91 0,464 Vejam-se a seção transversal e a perspectiva da peça em trabalho.
ill 132,4 1016 963 I1JD 236 562 346 4.» 463 201 I 266 267 269 649 56» II? 224 0.446
7/16 157.4 1016 11,11 21.28 27.0 1945 622 461 4JB 33 1 31,1 2,95 2,*4 746 526 132 221 Y! 0
0,44»
crx
Fonte: Schicl. Introdução à resistência dos materiais.
Y|
76.2
“T| >0/
Tomemos como exemplo um perfil L (cantoneira), de 6"x4"x3/8". J7.94
Os eixos x c y são eixos passando pelo centro de gravidade c paralelos /11
às arestas da seção. Os eixos 1-1 e 2-2 são eixos principais de inércia. Note x /C.G_ X.
I
tD
/
que: r i U 'rt
101,6
,
Jx + Jy = 562 + 204 = J + J2 = 649 + 117 = 766 cm4
/
/
/
MF

tg a = 0,554
W a = 29°
J|>Jx Ji > Jy /
/-

J, = 176 cm4
J2<Jx J2<Jy Yl
© h = 37 cm4
Note que em qualquer perfil: 7,94 Jlotai = 213 cm4
[jx + Jy=J,+J2| Notas:
Ji eixo do maior J da figura passando pelo centro de gravidade

J2 — eixo do menor J da figura passando pelo centro de gravidade


1. A partir do catálogo do fornecedor —
que usa medidas americanas para
tg a — a inclinação do eixo 2 com o eixo x, no caso tg a = 0,446
identificar seu produto —
podemos saber que o perfil de aço 4x3x5/16"
tem seção transversal com área de 13,5 cm2, o peso por metro é de 10,71
kgf/m, fornecendo ainda as medidas x e y da posição do centro de gravida¬
Ulilizando-se o conceito dos eixos principais de inércia podemos resol¬
de e o valor tg a = 0,554. 0 ângulo entre o eixo 2 e o eixo Y é, pois, de 29°.
ver casos de flexão oblíqua para as seções sem eixo de simetria ou para seções
com eixos de simetria cujo plano do momento não passe por eles. Assim, o
Os eixos x e y são eixos ortogonais às direções das abas e passam pelo
centro de gravidade da seção transversal.
método apresentado a seguir é 0 mais geral deles.
2. O catálogo também informa os valores dos momentos de inércia em rela¬
ção aos eixos x e y e dos eixos 1 e 2, que são os eixos principais de inércia
da seção (um máximo e outro mínimo).
3. Com os dados do fornecedor fazemos o desenho a seguir, que será a base
do nosso trabalho de cálculo da flexão oblíqua.

132 133
4. Como o momento fletor está coincidente com o eixo y e tem uma inclina¬ Notas adicionais:
ção de 29° em relação ao eixo 2, podemos calcular o ângulo formado pela 1. Para mais informações sobre o assunto, consultar o “Curso de Resistência
linha neutra e a direção 1. dos Materiais”, do Prof. Evaristo Valladares Costa e seu volume de exercí¬
cios.
tgp = tga = tg 29° =~ x 0,554 = 2,6 => p = 69° 2. Note que as tensões resultantes do exercício estão abaixo da tensão admis¬
sível do aço, que 6 de 1.400 kgf/cm2.
5. Conhecido o ângulo P e como a LN sempre passa pelo centro de gravidade, 3. Note que, nos catálogos dos fabricantes de perfis, as medidas lineares dos
podemos traçar a LN. Para definir o traçado da LN, a colocação do ângulo perfis são dadas com precisão de décimo ou centésimo de milímetro, as
segue a regra: “Como o momento fletor está no sentido anti-horário em áreas com precisão de centímetros e o peso linear são expressos por metro.
relação ao eixo 2, o mesmo acontece com a LN em relação ao eixo 1 As razões do uso de diferentes unidades está ligada à necessidade de, em
Veja: construções mecânicas, as medidas lineares serem apresentadas com preci¬
são, o que não ocorre com os dados de área e o peso linear.
a = 29°
LN
4. As medidas de definição do perfil estão em unidade americana porque as
fábricas brasileiras de perfis foram construídas sob orientação da tecnolo¬
: ; gia americana.
5. Como o plano do momento fletor está passando pelo centro de gravidade e
essa seção não tem eixo de simetria, haverá torção e isso deverá ser levado
em conta no dimensionamento (veja Capítulo 15).
Note que na flexão oblíqua (que é o caso mais geral da flexão normal) a
LN não é obrigatoriamente perpendicular à direção do momento fletor.
70.2
6. Para conhecer os pontos onde deverão acontecer as máximas tensões de
©s Yl p
tração e compressão, vamos, por paralelismo gráfico, determinar os pontos
mais afastados da LN. São eles:
Ponto A, distância a = 3,5 cm

vale:
Ponto B, distância b = 4,0 cm
7. Calculemos agora o momento de inércia da seção em relação a LN e que
TH
im.fi y
V

i
//SI
G\ V
P - 69°
I 7,94

JLN = Ji cos2 p + h sen2 P = 176 cos2 69° + 37 sen2 69° = X


= 176(0,358)2 + 37(0,1 19)2 = 54,5 / k 0)
l
JLN = 54,5 cm4 /_V_
Yl li! Parte tracionada do perfil
13-4,Ikm
As tensões em A e B valerão: 7,94 Parte comprimida do perfil

-M cos (P - a) x a -19.000 cos (72° - 29°) x 3,5 ,


aA = - - = - 892 kgf/cm2

+M cos (P - a) x b
+19.000 cos (43°) x 4,0
°B= -
;
JLN
=- -- 1.019 kgf/cm2
543
134 135
Capítulo 15 A fórmula que correlaciona o valor da força cortante em uma seção e a
Tensões tangenciais (cisalhamento) em vigas tensão em um ponto dessa seção é:
b

bJ
s,
X_
5=5mox Q — força cortante na seção
Já vimos que ocorrem nas seções de estruturas que sofrem flexão ten¬ Ms — momento estático da área
acima de xi
sões de compressão c de tração, variando de ponto a ponto de cada seção.
Essas tensões são máximas nas bordas c nulas na metade da seção. <5=o b — largura da seção em xj
Nessa estrutura que sofre flexão ocorrem tensões de cisalhamento, se¬ Seção D J — momento de inércia da seção
ção por seção,* e os seus valores dependem da seção e de cada ponto nessa
seção. Tais tensões variam inversamente às de compressão e tração. Quanto às Para a seção retangular,
tensões de cisalhamento (tangenciais) são máximas no centro da seção e nulas
nas bordas da seção. (5 =o
_b_
j)_ 6-
LN
6i 5,
— h t P fc-Sknox
A
j
Seção quaJquer
f - j5=6mc,
5=o
Õ=o Seçào D
Seçào D
QMs
Tn = bJ
Diagrama de tensões
de cisalhamento
TD

y = 0 —> x = 0
y = h —> T = 0

se y = — 3Q
:
Ms — momento estático da parte hachurada
t — tensão de cisalhamento
* As tensões tie cisalhamento em vigas são chamadas de tensões de cisalhamento na flexão Q —
força cortante na seção
para serem diferenciadas das tensões dc cisalhamento puro, como as tensões de cisalhamento
nos rebites.
h —
altura da seção
b — largura da seção

136 137
Para as vigas de tipo I, o cálculo das tensões de cisalhamento pode tirar
partido da simplificação. 2>=o RA + RB — 420

tt
d
£M = O £ Mu = RA X 5 -420x2 = 0
x=0
RA = 168 kgf
RB = 252 kgf
h t tma,
C
O valor de força cortante na seção Z é de 252 kgf.
Conhecida a força cortante na seção, calcule a tensão de cisalhamento
B
T- 0
no ponto K dessa seção.

y = 0=>TA = TB = 0 A fórmula geral é T = Ms (para a seção retangular).


h _Q=_Ô_
y —2 "
Xjnax
S dh XK
Ou seja, na prática, o cálculo é feito usando-se a área da parte hachura-
Q = 252 kgf b = 30 cm h = 50 cm y = 15 cm
da da viga (alma), desprezando-se a contribuição das abas.
Nota: bh3 30 x 503
3 12.5(H) cm4
12 12 =
Só há tensões de cisalhamento nas seções onde ocorre força cortante. Na viga
a seguir não há força cortante no trecho MN, portanto não há tensões de
cisalhamento. xK =
252
2 x 312.5(H) j-jp 52 j
- 1 = 0,16 kgf/cm2

FÍ2ÿC J B Exercício 2
A A
c A
F Ir o=o Estamos usando o perfil para verificar a flexão. Calcule a máxima
Diagrama de Q tensão de cisalhamento e compare-a com a tensão admissível.
1.9 U/m
15.1 Exercícios numéricos
Exercício 1 AU
T i
ff

Calcule a tensão de cisalhamento na viga de seção retangular a seguir í 2.40 1


| LN
h
na seção Z e no ponto K. h=.-|0 rn
L-4,80
/

,
420 kgf
1.5


t i<
LN
Seção C

:í+- 1
c
Ir IN
ÍF
10” -37,8 kgf/m
d = 12,5 mm h = 254 mm

138 139
O maior momento flctor c no meio do vão e seu valor é: Nota:
A substituição do funcionamento de toda a seção do perfil pelo funcionamento
Mc=1 O 8
5,4 tfm exclusivo da alma se dá em virtude de que no estudo do cisalhamento interessa
saber somente o valor máximo da tensão, isto é, uma relação de força e área.
v
nl=l,9x4,8 = 4,56 tf + 4.560 kgf (nos apoios) Como as tensões maiores acontecem próximas da LN, as áreas dela distantes
2 2 pouco influenciam; portanto, as áreas que interessam são as próximas da LN.
T= onde d é a espessura da alma do perfil. Com esse raciocínio, podemos considerar área resistente unicamente a área da
dh’ alma.
Ao usar essa fórmula, estamos admitindo que só a alma do perfil res¬ Intervalo didático
ponderá como seção resistente ao cisalhamento.
b
Neste capítulo estudamos as tensões tangenciais e no capítulo anterior,
as tensões normais de tração e compressão. Quando vamos dimensionar ou
A A A< 6 =o verificar estruturas para que resistam aos esforços devemos nos certificar de
Alma 5i 1 Z
que elas irão:
• resistir às tensões de compressão;
h - Eixo de
simetria
_ _
r-
i J •
• resistir às tensões de tração;
•resistir às tensões de cisalhamento.
O exemplo a seguir consolida os três critérios.
Alma
<5=o Analise se a prancha de um material com as resistências a seguir atende
Interpretemos: às três exigências. r=4.eoo kgf

TA = 0 — a tensão de cisalhamento é nula nas bordas.


A
ic n
TB = 0 — a tensão de cisalhamento vai crescendo de A para B e as tensões
no trecho são baixas, pois há bastante área (área de aba) para resistir.
L/V L/2
TZ — Há um aumento de tensão, pois diminui a área a resistir e, »
a partir daí, a área da alma é que resiste.
12

Oc - at - 110kgf/cm2
'CD — No eixo de simetria ocorre a maior tensão de cisalhamento.
S = 35 x 12 = 420 cm2 L = 2,10 m
Se estivermos usando perfilI= 10" — 37,8, a alma será: T - 10 kgf/cm2

S = h • d = 25,4 • 1,25 = 31,7 cm2 PL 4.600x2,1


Momento fletor máximo = —— = 2.415 kgfcm = 241,5 kgfm
4
Logo, a tensão de cisalhamento máxima será de:

T= = = 14ÿ,6 kgf/cm2
1
Q.nax = = 2.300 kgf
M 241.550
Gc = Ci (máximo) = —
W
=
2.450 =
98,5 kgf/cm2
Como a tensão admissível de cisalhamento do aço é 900 kgf/cm2, con-
3Q 3 x 2.300
clui-se que a peça é adequada. 8,2 kgf/cm2
2S ”2x12x35 =
140 141
Quadro comparativo 15.3 Reconhecendo as estruturas do dia-a-dia
tensões que ocorrerão tensões admissíveis Coloque dois livros afastados uns vinte centímetros e tente usar folhas
(kgf/cm2) (kgf/cm2) soltas de papel funcionando como vigas (lajes).
qc = 98,5 110 Você não conseguirá. Ao tentar, essas folhas escorregam umas em rela¬
G, = 98,5 110 ção às outras (cisalham-se) e a estrutura desmorona.
t= 8,2 10
Agora grampeie as folhas com vários grampos. Você verá que a nova
estrutura (com uma coesão interna criada pelos grampos ligando as folhas)
Conclusão: É adequada para uso. consegue, de alguma forma, trabalhar como viga (laje).
Nas vigas de concreto armado os estribos funcionam como os grampos.
O grampeamento substituiu uma coesão interna desse material. Quando usa¬
15.2 Ficha-resumo do cisalhamento na flexão mos uma prancha de aço para viga ou laje é a coesão interna do aço que dá
solidariedade às lamelas que constituem as estruturas.
15.2.1 Fórmulas para cada seção
_ 5_
Livros
Fclhas soltas Folhas grampeadas

T 'o Is, —\õy Vão

Tmax = —

Seção D1
|T-
Õ=o
2 S
m

=0

'm: X
Tendência ao deslocamento
Tmax = — combatida pelos grampos
3S
Nota:
5-0
rV Quando o plano do momento fletor atua segundo um eixo de simetria da seção
de uma viga, só acontece flexão na viga. Entretanto, se esse plano não contiver

T-D
um eixo de simetria haverá torção além de flexão. A única maneira de impedir
_ isso é fazer passar o plano do momento por um ponto chamado centro de
tmax — bh —
bh torção. Vejamos disposições de vigas e o ponto O (centro de torção).

Fórmula para as seçõesIe canal

QMS
= -TT~ Fórmula Geral
b.I

142 •* 143
A Capítulo 16

---
rh*
_t
±ir. 1-
, Como as vigas se deformam — linhas elásticas
EEZ3--
Lin G

V""* Os esforços solicitantes — forças normais de compressão, forças nor¬


Se não lor possível passar o momento fletor pelo centro de torção, então no mais dc tração, forças tangenciais, momentos fletores e momentos torsores —
dimensionamento da viga devem-se levar em conta a flexão e a torção. Haven¬ causam deformações nas estruturas.
do os dois esforços, a distribuição linear de x até agora admitida ao longo da Devemos estudar as deformações por dois motivos. O primeiro consiste
seção não será mais verdadeira. _ em aprender a limitar (ou não) as deformações nas estruturas. O segundo
Se quisermos usar o perfil U e para não termos torção — que diminui signifi- motivo c que o estudo das deformações permite resolver estruturas hiperestáti-
cativamentc a resistência da peça é necessário fazer uma construção auxi- cas e a determinação de suas reações. Particular interesse proporcionam as
liar de abas. deformações por flexão e torção, em geral maiores que as deformações por
Veja: - compressão e tração. Vamos estudar neste momento as deformações (linha
Aba
elástica — LE) de barras sofrendo flexão.
Sejam as vigas:

[
V, c 11
TLET L-4-
Ewo x
m+ 1
h Figura 2
FiguraI

t> r *

Figura 3
Lh

-T I
Figura 4
Com essa construção o plano do momento fletor passará pelo centro de torção.
Desse modo, haverá somente flexão sem torção. Para determinar a posição do
ponto O, centro dc torção — também chamado de centro de cisalhamento — Na Figura I, a extremidade A é totalmente livre para se deformar. A LE
usaremos a equação que nos dá a distância m que define a questão. é tangente ao eixo não deformado da viga. Na Figura 2, não há engastamento
na extremidade C, o apoio é simples (articulação) e a maior flecha irá ocorrer
m=
b2 h2 a no meio do vão, devido à simetria da carga. Na Figura 3, no ponto C, a viga
4J tem que se esforçar para que as deformações sejam compatíveis à esquerda e à
direita. Na Figura 4, a linha elástica tem que satisfazer às características de E
ser articulação e F, um engastamento.

144 145
As linhas elásticas dependem, além das caractcrísticas dos apoios, do L
[ Esr..n.:i Jt
i

Hf
vão, do formato, do material da viga e dos carregamentos. O formulário a B I BUO 1
p y
seguir dá a equação das linhas elásticas admitindo que as vigas sejam prismáti¬ I MM M ri 24EJ
cas (seção constante ao longo do vão). f
f
Conhecida a equação da LE, podemos determinar as flechas de uma 8EJ
viga ponto a ponto.
L
-k- i i
Nota: x é a ordenada horizontal, y a ordenada vertical e f a maior flecha. p
iilUUUl
—11 * f = £ÿ-x 0,00542 x = 0,578L
x
LP *=Hf<L2-b2-’‘2) x <a
P (x - a)3
m
L
EJ

IMI
f x>a H PL3
6EJ p
a -k y
k- 5PL3 r 16EJ
-k
L
384EJ PL3
f I92EJ
p

_ PL3 f x 4/V
y Nota:
16EJ L 3 L
f PL3 Observe nessas fórmulas que a ordenada da deformação y c função linear da
/ f= carga (P ou p). Conclui-se que, para essas estruturas, vale o princípio da
a a 4 NU
superposição, ou seja, se tivermos uma viga carregada por dois tipos diferentes
L
k de carregamento, a flecha resultante pode ser calculada a partir da soma ponto

l: >-è¥-Í a ponto das flechas da mesma viga carregada, em uma situação, com uma
carga e, em outra situação, com outra carga.
1 PlV f .
f=—7
31 J No caso da procura da flecha máxima de uma viga carregada por dois carrega¬
mentos, não podemos somar as flechas máximas de cada carregamento, uma
y.
P vez que elas não se localizam no mesmo ponto da viga.

y=MEj[L-2ír;)
w
5pL«
+fr) w‘
Atenção :
Calcule a linha deformada da viga a seguir:

+— L 384EJ
I*

rkllíí ,
A2
i>
02
nflUUs.
A 1

X
í J * C 0,51y L
—X

146 147
20 x 503
A linha deformada da viga é a soma das linhas elásticas deformadas das Para a posição de pé, tem-se: J =
12 - 208.333 cm4
vigas A2B2e A3B3.
1 .. 7.200 x (480)3
Portanto, f= cm
48 121.000x208.333 ’ '

.5.
PL3 Como já era esperado, a viga de pé tem flecha menor (0,65 cm) que a
y"
16EJ [e 3 IL
JJ 360BJ I L viga deitada (4,1 cm). A relação entre as duas flechas é de 4,1/0,65 = 6,3, que
Não podemos calcular a flecha máxima somando as flechas máximas é na verdade a relação dos J, ou seja, 208.333/33.333 = 6,25. Sc fizermos o
de cada carregamento isolado, pois os pontos de flechas máximas são diferen¬ mesmo estudo para o perfil I, 20" 148,9 kgf/m, teremos Ix/Iy = 69.220/2.140 =
tes. A solução é encontrada pelo método do máximo e mínimo — achar um 32. Isso significa que o perfil I, de pé, produz flechas 32 vezes menores que o
ponto x tal que y seja máximo. perfil I deitado. Essa eficiência enorme doIdeve-se ao fato de ser construído
O mesmo raciocínio vale para a localização do ponto de máximo mo¬ para ter o maior J em uma direção e uma otimização de J e W. Veja catálogo de
mento fletor TI , que exigirá 0 tratamento matemático da equação que correla¬ fabricantes de perfil de aço.
cione M com a ordenada x.
Exemplo 2
Para a prática do futebol exige-se que a trave tenha uma flecha máxima
de, digamos, 2 cm. Vamos estudar o tipo de madeira e a seção necessária para
16.1 Exemplos numéricos
atender a essa exigência.
Exemplo 1
Vejamos a variação da flecha máxima ao inverter a posição de uma viga
retangular. <0
7.200 kgl

1 70 Posição deitada
1 I
-
"I I

j T+ 50 Posição em pé
Normas da FIFA
L-'180 cru Peso próprio = 66 kgf/m
20

E = 121.000 kgf/cm2
1
bh3 50 x 203
= 33.333 cm4
f *
12 12
1 PL3
Para a posição deitada, tem-se f
“48 EJ 20

1 7.200 x(480)3
X = 4,1 cm
“48 121.000 x 208.333

148 149
Material: madeira, E = 160.000 kgf/cm2 Veja:
r-To Linha elástica

bh3
12
Y= 1.100 kgf/m3
20x 303
12
= 45.000 cm4
//
l mm
\
Peso linear = 1 m x 0,2 x 0,3 x 1. 100 = 66 kgf/m = 0,66 kgf/cm Nota:
5PL4 5 x 66 x (732)4 Os que se iniciam na Resistência dos Materiais estudam primeiramente as
fmax — 384EJ ” 384 x 160.000 x 45.000 = fi =
0,34 cm < 0,2 vigas de um só vão, com dois apoios simples e com carregamento uniforme.
Nesse caso, o diagrama de momentos fletores é parabólico a com valor máxi¬
Portanto, está tudo ok. mo no meio do vão e a máxima flecha acontece também no meio do vão. Tal
Alguns goleiros têm o mau hábito de se pendurar no meio da trave. fato pode levar o estudante a ter a noção de que isso seria uma situação
Vamos agora calcular o acréscimo de flecha que isso propicia. Admitamos que constante.


o goleiro pese 75 kgf. Vejamos outros tipos de viga onde não há coincidência:

1
V p
r—u Unha elástica LUWIHUUUÿ
I 75 kgf
'' I -
*ÿ T7T
i
- ~J2
.
4
L 1

MC

PL3
fmax — 48EJ
75 X (732)3
= Í2 = 0,08 cm
MF
fel
48x 160.000x45.000 *k
Mmax
Conclusão: fi + Í2 = 0,34 + 0,08 = 0,42 < 2 cm. Logo, está ok!
x-L/2 *1
~c Mr T
Nota:
'r li..
Na realidade, a trave horizontal não está simplesmente apoiada nas traves
verticais. Se assim fosse, a trave horizontal seria hipostática para o efeito das Para vigas em balanço, note que o máximo momento fletor acontece
boladas. Ocorre um certo engastamento propiciado pelos pregos (estamos ad¬ onde a flecha é nula e onde a flecha é máxima e o momento fletor, nulo.
mitindo que a trave horizontal é pregada nas traves verticais), que apresenta
I
p
como consequências: B
l
•um certo momento fletor transmitido a cada trave vertical; L apoio flecha momento
•a flecha no meio do vão é menor que a calculada com a hipótese de apoios A 0 máximo
simples; B máxima 0
•os momentos transmitidos às traves verticais provocam uma deformação MF = PI.
nelas. Flecha máxima

150 151
Capítulo 17 17.1 Exemplos de vigas contínuas
Estudando as vigas hiperestáticas — equação
dos três momentos e método de Cross

<ÉA i- t;

Sejam as três estruturas seguintes:

il N.A.
F, mmm
Vd 7
y? 4/ w\-/ v/ \V v/ 4- 4» 4/ i
Metol B

K Metol A

WMmMmm,
F2
F3
A B C D

Para resolver vigas contínuas existem muitos processos, dos quais dois
TV F são os mais importantes:
Figura / Figura 2 Figura 3
•a equação dos três momentos (importante pelo seu aspecto conceituai);
•método de Cross (importante pelo seu aspecto prático).
Na Figura Itemos uma prensa comprimindo com força F duas peças de Ambos os processos levam aos mesmos resultados. Hoje em dia, com o
materiais com E diferentes. Quanto vai para cada peça? Qual a tensão em cada cálculo em computadores, o uso direto desses processos perdeu importância;
peça? por esse motivo, daremos um exemplo do método de Cross.
A Figura 2 representa uma parede de concreto engastada na base e A equação dos três momentos é usada na preparação de programas de
apoiada em três outros apoios. Quanto da força se divide por cada apoio? computador por permitir fácil tratamento matemático.
Na Figura 3 temos um peso suspenso por três cabos de aço. Qual a
força em cada cabo?
17.1.2 Resolução de uma viga contínua pela
Essas três estruturas são hiperestáticas e para elas valem as trê? famosas
condições — £FH = 0, £FV = 0 e £MF = 0 mas a aplicação dessas con-
equação dos três momentos
dições não é suficiente para levantar os dados das reações nos apoios. É
necessário usar a teoria das deformações, que se baseia na lei de Hookc. Numa viga contínua, pode-se provar que os valores dos momentos fle-
tores de três apoios sucessivos estão relacionados por uma equação que leva
Neste capítulo vamos estudar as vigas contínuas, que são as vigas com
em conta tanto os aspectos geométricos da viga como o tipo da carga. Essa
três ou mais apoios.
equação tem o nome de equação dos três momentos ou equação de Clapeyron.

17.1.3 Resolução de uma viga contínua pelo método de Cross

O método de Cross, que é um método de aproximações sucessivas,


inicia-sc com a divisão dc
uma viga contínua em n tramos independentes e
com o cálculo de seus momentos fletores nos apoios internos. Por essa razão,

152 153
_
apresentamos nesta página uma tabela de momentos fletores nos apoios, em 17.3 Método de Cross
vigas de um só tramo.
A fim de facilitar a compreensão, estamos anexando a tabela de Grinter, Estudaremos a resolução das vigas contínuas pelo método de Cross. A
que será usada no método de Cross. viga-exemplo é mostrada a seguir:
A tabela de Grinter fornece momentos de engastamento já com sinal de 300 kgl
Grinter para vigas de um só vão.
Desenhos sem escala
50C kgl/m
320 kgl/m 720kgf
17.2 Tabela de barras prismáticas (seção constante) i L
Convenção de Grinter para os sinais 0.60, ‘
.
i.*0 1.20
3.80 4,20 2,60

Váo 1 Vão 2 Vão 3

Tipo dc carregamento MB
MA MB A B C D

T T
P b
ab
M* = PÍJ
ab
M’A=PyX-jy-
.
L+b

L+b
ssções
transversais
da viga
40 4S
D20
30

L
-Mfí=P-jj -M B = P"y x -jy- 20 20
trocho AB trecho BC trecho CD

I MA=-MB=-íT
PL
M’A = -M’B =
3PL
Construtivamente, a viga seria:
8 I íi
1/2 *"
Pab u, 3Pab
MA = -MB = -y~ M A = -M B = -ÿ7“
b

P A 0 0
L/3
''r _
L/3
i
L/3
MA = -MB = —
2PL
M’A = -M’B =
PL2 13

Essa viga tem três vãos c quatro apoios, A, B, C e D. São dados os


P p p valores dos vãos, as seções da viga nos seus três vãos e as cargas externas.
L/4 L/4 L/4 L/4 5PL 15PL
r-rÿí MA = -MB = ~rr
16
M’A = -M’B = -yy Cabe agora determinar as reações nos apoios e os momentos fletores nos
apoios. Isso será obtido a partir da determinação dos momentos fletores inter¬
nos nos apoios c, para isso, usaremos o método de Cross.
MA=-MB = £L!
12
M’A = -M’B = 2LÍ Inicialmente será calculado, para cada vão, o seu índice de rigidez pelo
L quociente entre o momento de inércia e o tamanho do vão. Ter-se-ão três
momentos de inércia e três índices de rigidez.

154 155
b x h3 403 dades de cada uma dessas três vigas, será empregada a notação de Grinter.
Ji = —j2~ = 20 x = 106.666cm4 Admitindo-se esse duplo engastamento, ocorrerão nos apoios internos BeC dois
momentos, que teremos de balancear: um pela direita e outro pela esquerda, e
j.i =
Wi = L,
106.666 _
280 esse balanceamento de apoio por apoio é feito utilizando-se o método de Cross.
380 Para calcular os momentos fletorcs de angastamento perfeito com a
convenção de Grinter,

E3 bxh3 453
h= 12 = 20xÿ-
12
= 15 1.875 cm4 A p - 320 kgl/m B
MA-+
]>IÍ 320 x 3,82 +385
,2 = 12
=

3,82
h 420
= 361
MB = -ÿf = -320xÿ|- = -385
= 3,60
bxh3 303 > ,•

J’ = .2 = 20 x— - = 45.000 cm4
12

M'i+V=—t — — —
300 kg!
.. ol2 palT2 500X4.22 . 300 x 3,6x0,62
500 kgl/m 757
W3 =il=4|m)=173

---
1-3
nl2 4.22 0,62
500 x 300 x 3.6 x
Para balancear os momentos nos apoios internos, usaremos os coefi¬
I nahr
MC=12+V =-- -
U2= 1:
= -867
cientes que resultam das fórmulas: 3,60 P 60!
B a b C

( 0,563 | ] 0,736 I 0,264 | f


4W, 4WZ 4WZ 3W3 |P
< > W3 = 173 1 +b
Mn = 0
A W, = 280 B W2 = 36! D Mc = Pab x

PBA=4WI =4x280= 1.120 PUA 1.120


= 0,437
a o
2,6 + 1 ,2
PBC + PBA 1.120+ 1.444 D
Mc = 720 x 1,4 x 1,2 2 X 2,62 = 340
PBC = 4W2 = 4 x 361 = 1 .444 Puc = 1-0,437 = 0,563 c
<
PBC + PBA
O método de Cross introduz no apoio mais desequilibrado (no nosso
PCB = 4W2 = 4x361= 1.444 PcB 1.444
= 0,736 caso o apoio B) uma parcela de reajuste cuja soma resultaria num valor igual
PCB + PCD 1-444 + 519 (757 - 385 = 372) que dá parcelas dc reajustes iguais a 163 e 209, os quais,
PCD = 3W3 = 4 x 173 = 519 PcD = 1 - 0,736 = 0,264 j por sua vez, resultam da multiplicação de 372 pelos coeficientes 0,437 e 0,563.
PCB + PCD Balanceado 0 nó (apoio B) propagam-se para os apoios de cada lado as parce¬
No método dc Cross adota-se a pressuposição de que cada vão seja du¬ las 385 e 757 multiplicadas pelo fator 0,5. Feito isso, o equilíbrio do nó B
plamente engastado com exceção do vão 3, que, já sabemos, tem um apoio introduz perturbações nos nós A e C. Vamos agora equilibrar o nó interno C. O
simples na extremidade. Calcularemos os momentos fletores dc três vigas valor de equilíbrio para o nó C é da ordem de 63 1 kgfm. Esse valor é distribuí¬
como se tivessem um vão único. Para o sinal do momento fletor das extremi- do à direita e à esquerda usando-se os fatores de distribuição 0,736 c 0,264.

156 157
Os momentos nos apoios resultam em:
Fica agora equilibrado o nó C e propagam-se os valores que equilibraram esse
nó para os apoios da direita e da esquerda. Para a direita, a propagação é nula, A = + 248 kgfm
pois D é uma articulação. Para a esquerda, a propagação c de 50%, o que B = — 661 kgfm
acarreta nova perturbação e perda de equilíbrio cm B. Faz-se o equilíbrio em C = - 526 kgfm
B, e assim sucessivamente. Após várias operações, todos os nós internos (B e D=0
C) estão equilibrados, e conhecemos os momentos fletores em todos os apoios. Note que agora abandonamos a convenção de Grinter para os momentos
300 kgf
e voltamos à convenção original usada neste livro.
Desenhos sem escala Conhecidos os valores dos momentos fletores nos apoios, a viga não é
560 kgf/m mais hiperestática. Calcularemos as reações nos apoios.
T 720 kgf
320 kgf/m
I 1.20 ]
Cr——-——í\ Crÿ- 320 S26

3.BC T.2T 2,60

Vão 1 Vão 2 Vâo 3


(E6I -248: - 413 -35(001 -6261

D
A 0 C
A
3.BO
B B[ 4,20
c c 2.W
0
. SOO_ 500
seções
transversais n« 30
' m
JZ0_ 730.

l 1.2u[
da viga

20
U
20
20 3.6 !1
’,40

+ 385 -385 + 757 -867 + 340 0


10.437 1 ÍÍÕ3631 ÍÕ7361 1RU64I Efeito 608 608 1.050 1.050 332 388
0 carga 43 257
Io ajuste + 385 -385 + 757 -867 + 340
-81 - 163 -209 - 104 0 Efeito do
50% 50% -108 + 108 + 32 -32
momento + 202 -202
2o ajuste + 232 + 464 + 167 0 fletor
50% 500 716 1.125 1.175 534 186
i3° ajuste -51 - 102 - 130 À -65 500 kgf | 1.841 kgfl 1.809 kgtj 186 kgfl
50% 50%
-24 + 48 + 17 À 0 Conhecidos os momentos fletores nos apoios e as reações em cada
50% apoio, podemos traçar os diagramas de momentos fletores c os diagramas de
4o ajuste -5 -10 -14 -7 força cortante ao longo da viga.
50% +2 +5 +2 0 Para calcular os momentos fletores positivos no meio do vão:
-1 - 1
320 x 1,562
-526 + 526 0
+ 248 -661 + 661 Zi = 248 - 2
+ 500x 1,56 = 638 kgfm
Momentos balanceados

158 159
Z2 = 248 + 500 X (3,80 + 2,25) - 320 x 380 x ( 1,00 + 2,25) + Capítulo 18
+ 1.841 x 2,25-
500 x 2,25 x 2,25
= 608 kgfm Flambagem ou o mal característico das peças
2
comprimidas
Z3= 186x 1,40 = 260 kgfm
300 kgí

560 kgf/m 720 kgl


320 kgt/m
i 18.1 Experiências para entender a flambagem
i
i
3.80

A B c D Experiência 1
500 1.841 1.809 186 Pegue uma régua escolar de plástico e pressione-a entre dois pontos
bem próximos, um a cinco centímetros do outro.
Você está simulando uma estrutura em compressão simples. Agora,
1.125 pressione dois pontos distantes quinze centímetros um do outro. Algo começa
a aparecer. É visivelmente mais fácil criar condições para a barra começar a se
534
encurvar. A barra está começando a sofrer o fenômeno da flambagem.
500 + Força cortante
+ Faça agora a compressão nos dois pontos extremos da régua, distantes
um do outro cerca de trinta centímetros. Com a força reduzida, a régua vai
188
perdendo estabilidade. Force a régua e chegue até a ruptura. A régua se quebra.
Se fizermos a experiência com réguas de mesmo material mas com
espessuras diferentes, as réguas mais espessas exigem mais esforços para
716 675
flambar que as mais finas.
3C D
975
X, = 500/3,2
= 1.56 X2 - 1.125/500
\ X3=
1.275
1.40
[ Experiência 2
= 2.25 I Pise em cima de uma lata de refrigerante. Você notará que a lata, sem se
quebrar, amassa. Não quebrou porque, ao contrário do plástico que é um
-661
[ material frágil, o alumínio é um material dúctil e se deforma bastante antes de
perder sua unidade. A estrutura da lata, entretanto, entrou em colapso.
526 Momento lletor

-248 Experiência 3
C 0
A
D Seja uma placa de madeira compensada de grande altura e pequena
B
espessura. Dois carregadores a transportam. Se eles carregarem a placa segu-
rando-a em dois pontos baixos, a placa se deforma. Se os pontos forem um na

X|
Zi
1,56
-i
X2 = 2.25
%
X3=1.40
parte alta da placa e outro na parte baixa, a placa não se deforma, não flamba.

160 161
Para fazer um diagnóstico da tendência de um pilar a flambar, ou não,
18.2 Conclusões
usamos o seguinte conceito:
•Peças comprimidas de grande altura podem flambar, fato que c sensivel¬ x = Ln= kL X — índice de esbeltez
mente reduzido se a altura for pequena. J — momento de inércia
• Quanto mais vínculos tiver a estrutura em compressão, menos tendência ela
tem para flambar.
•Quanto maior for a espessura, menor a tendência a flambar. Nota:
•Quanto mais flexível for o material (menor E), mais fácil é a ocorrência da O J a considerar c o menor J da seção transversal (válido para o eixo que der o
flambagem. menor J).
Deve-se a Euler a primeira formulação de uma quantificação do limite O índice X não só faz o diagnóstico das condições de flambagem, como
de carga que se pode colocar numa peça comprimida para que ela não flambe.
também fornece critérios práticos* para várias estruturas multiplicarem a força
p atuante por um valor co que é função de X. Logo, para não nos preocuparmos
com a flambagem, vamos multiplicar a força F pelo coeficiente co.
Fórmula dc Euler
Vamos a exercícios numéricos que elucidam o assunto.

X P..5S
L2 Lu = kL 18.3 Exercícios numéricos
Exercício 1
Essa fórmula leva em conta os tipos de extremidades do pilar através do
Identifique a situação de um pilar dc concreto armado com os dados a
seguir:
coeficiente k. Para cada condição de extremidade, podemos estabelecer coefi¬
cientes que simulam as condições das extremidades. • apoios simples nas extremidades;
•seção de 30 x 50 cm;
k=2 k=1 k= k = 0,7 k = 0.5 • comprimento de 4,3 m.
m± C) Leve em conta que, no mundo do concreto armado, valem as seguintes
instruções:
• 0 < X < 40 — mínima tendência a flambar;
•40 < X < 80 — tendência a flambar;
• X > 80 — procurar sair daqui aumentando as dimensões do pilar.
- kL _ I. 3,46L 3,46x430
=49’6

mzz ~%m vm.


f * 30

Lfl = 2L Lfl = L Lf, = L Ln = 0.7L U| = 1/2L

Caso A Caso fí Caso C Caso D Caso E A tentativa de fugir da flambagem pela “majoração” da carga atuante está cm desuso. Há
teorias mais modernas, que permitem dimensionar a estrutura evitando a flambagem.

162 163
Conclusão: E = 2.100 tf/cm2 (aço)
Há risco de flambagem. Deve-se ou aumentar a menor dimensão (30 cm), n2- 2.100x3.573
ou melhorar as condições de extremidade (engastar). Note que a
maior dimensão Pcril — (150)2
= 3.287 tf
da seção transversal (50 cm) não interfere na determinação de X.
Chim = % = 2.683 kgf/cm2
Exercício 2
Temos um problema. A teoria de flambagem usou a hipótese de es¬
Caracterize as condições de flambagem do pilar de concreto armado tarmos no limite de proporcionalidade de ação, e isso só é válido até
com L = 5,70 m, seção circular d = 25 cm e extremidades articuladas k = 1. o = 2.100 kgf/cm2. Portanto, esse cálculo passou do limite.
Verificando a máxima força admissível dentro do limite de proporcio¬
1 i -%-2S/4-9'’2
nalidade, temos:

Oprop = % F = (5prop x S = 2,1 x 35 x 35 = 2.572 tf = Padm

L 5,70 m Vamos trabalhar com esse limite a fim de usar a fórmula de Euler.
-|-) Recomendação1, sair dessa região aumentando o Temos que trabalhar com segurança, isto é, sem ultrapassar cadm-
d = 25 cm diâmetro do pilar. Normas de outros países exigem cálculos da estrutura e que nos acaute¬
lemos contra a flambagem multiplicando a carga por um fator co maior que I,
-X- e esse fator é tanto maior quanto mais crítica a possibilidade de flambagem.
Vamos a um exemplo.
Exercício 3
Olim _
F _ 3,287 _ 2.683 kgf/cm2 > 2.100 kgf/cm2
Dada uma coluna de aço com 1 = 3m e condições de extremidade S 35 x 35
F para
k = 1/2, seção 35 x 35 cm, E = 2.100 tf/cm2, determine a máxima força Condições para colunas de aço
ruptura e Pa(jm x aprop = 2.100 kgf/cm2.

F-H= ]e~F-?0
35
1 30 50 70 90 110
1,07 1,22 1,54
i L = 300 cm ! 2.39
Fonte: Curso de Resistência dos Materiais. Prof. Evaristo da Costa. p. 301.
4,29

Calculemos Pcrit (flambagem). ooF


a = -=- o = 1 .400 kgf/cm2 = 1,4 tf/cm2
7t2EJ 7l2EJ TC2EJ s
Pcrit_

>J
On)2 (kL)2 S = 35x35= 1.225 cm2
Calculando:
bh3 35 x 353 = 3.573 cm4
JT
12 12 VT /bhf
i=
T -3Ã6 = 3Ã6=W'lcm
"
bh

164 165
3(X) Observe:
O elástico, ao envolver uma régua de plástico, exerce uma com¬
x=ta=ÿ=i5 1 2
pressão e a flecha resultante no meio da régua é dc 4 cm. Um
10,1 fl
I elástico semelhante envolvendo duas rcguas de plástico cria uma
Logo, pela tabela, to= 1,07 flecha de 1 cm.
(úXF 4. Peças cm flexão flambam?
1,07F
a = —-— 1.400 = F = 1602 tf Sim, peças em flexão flambam se a parte comprimida não estiver
S 35x35 reforçada contra esse mal. Isso é muito comum em estruturas de
Análise dos dados aço ou de alumínio. Em decorrência da grande resistência desses
metais, as estruturas resultam esbeltas e podem flambar na sua parte compri¬
1. A conclusão 1 mostra que a fórmula de Euler não era adequada para fixar a
mida, levando, depois, ao colapso toda a estrutura. Esse tipo dc flambagem é
carga limite, pois a carga de 3.287 tf ultrapassa a tensão de proporcionali¬
chamada de flambagem local ou perda de estabilidade local.
dade do aço, que é 2.100 kgf/cm2. A fórmula de Euler só vale até essa
4. Placa de madeira pode flambar se seus carregadores forem inexperientes.
condição de proporcionalidade.
O Prof. A. Moliterno, na página 114 de seu livro Projetos de telhados e
2. Atendendo às normas que incluem a flambagem e o coeficiente de seguran¬ estruturas de madeira, mostra que uma placa de madeira compensada (na
ça, a carga limite é de 1 .602 tf, que não ultrapassa o limite de proporciona¬ posição em pé) de alta resistência e baixa espessura, transportada por dois
lidade c que não supera a tensão admissível. operadores, poderá flambar se for segura somente em baixo. Se cada operá¬
rio a segurar em dois pontos, um alto e um baixo, ela não flambará. É um
Notas: caso típico dc redução das condições de flambagem pela mudança dc vin-
1. Dadas duas colunas de dois tipos de aço, um com maior õõ e outro com culação.
menor Cc, mas ambos com mesmo E, elas entrarão em flambagem com a 5. Na luta contra a flambagem, pequenas (ou aparenlementc pequenas) altera¬
mesma carga crítica, pois esta não depende da tensão admissível dos mate¬ ções na seção transversal da peça podem trazer significativa contribuição a
riais, e sim dos seus módulos de elasticidade. esse objetivo. Quando se trabalha com perfis leves de aço e havendo a
2. Para materiais frágeis como o plástico, a flambagem leva à ocorrência da possibilidade dc ocorrência de flambagem local (lateral), tiramos partido
ruptura do material. Perceba isso rompendo uma régua escolar dc plástico dc pequenas alterações da seção transversal que a enrijecem de maneira
por meio de uma compressão. Para materiais dúcteis, antes de haver ruptu- bem interessante.
ra do material acontece uma deformação permanente, ou seja, o material
amassa. Isso é perceptível numa lata de refrigerante ou num prego. Nesses
materiais não ocorre ruptura, e sim um amassamento.
3. Para visualizar a flambagem e o modo pelo qual o aumento da seção
transversal (aumento do J) diminui a possibilidade da flambagem, pegue
uma régua de plástico escolar e a envolva com elástico. Fm seguida, pegue Perfil não enrijecido Perfil enrijecido Perfil muito enrijecido
duas réguas de plástico juntas e também as envolva com elástico.

Nervuras em chapas de aço de carro têm essa função.

166 167
6. Em uma velha agência bancária de uma pequena cidade, havia um andar
intermediário (mezanino, jirau), sustentado por vigas apoiadas em pilares. ção elo com elo. O construtor de tal bizarra estrutura atacou o mal pela raiz, ou
seja, eliminou o ponto fraco: soldou os elos e essa solda garantiu a resistência.
Quando a agência foi reformada, decidiu-se pela supressão desse andar c a A corrente, então, pode sofrer compressão, que resistirá. Veja:
laje e as vigas de apoio foram retiradas. Do ponto de vista estrutural,
acreditava-se que a supressão das cargas do mezanino traria mais seguran¬
ça aos pilares existentes. Só que, com a retirada do mezanino e de suas
vigas, a altura de flambagem do pilar aumentou e estava sem maiores
folgas. Com isso, o pilar flambou e rompeu-se.
#
4

Mezanino

•Por vezes usamos a flambagem por razões estéticas. A bengala de Carlitos,


L2 Vga do mezan-no não flambada, seria menos bela.
LtS -
L
1
A

ft
n n
7. Pegue uma lata de alumínio — de refrigerante, por exemplo — ou um copo
de plástico. Note que nas bordas é introduzido um acréscimo de espessura
ou é feito um tipo de entortamento, para dar maior rigidez à estrutura. Nas
lâminas de aço usadas nos carros na cobertura ou em posições frontais e
laterais, são criadas nervuras que dão rigidez à lataria. Faça uma inspeção
na lataria do seu carro e verifique essas saliências enrijecedofas.
18.5 Resumindo
J
J calculado para a seção de menor J:
18.4 Reconhecendo as estruturas do dia-a-dia L
=Ln s
•Uma corrente sofrendo compressão
Vi num jardim um pequeno vaso sustentado por uma corrente funcio¬
nando como coluna e sofrendo compressão!! Por princípio, uma corrente não
pode sofrer compressão, pois a ligação elo com elo não é estável para esse tipo
de esforço, ou para qualquer tipo de corda ou tecido. Como conseguir que uma
corrente sofra compressão, ainda que pequena? Observei com cuidado a liga-

168 169
O quadro a seguir, de objetivo didático, mostra, para várias estruturas e Capítulo 19
materiais, como o X pode ser valioso instrumento para predimensionar ou
avaliar estruturas comprimidas.
Estruturas e materiais não resistentes à tração
X (índice de esbelte/.)
Peças de 0-40 40-80 >80
concreto A flambagem não é Temos dc preocupar-nos Está muito
armado importante. _ com a flambagcm. _ esbelto. 19.1 Exemplos de estruturas que
Prego 8-11 não resistem à compressão
30 < 120
Aço Há estruturas, como cordas, correntes, tecidos, etc., que não resistem à
O= 1 . 125 - 4,91 (kgf/cm2)*
compressão.
À.< 83
Alumínio q = 3.080 -2,46a.*
Cordas e tecidos, devido à pequena espessura que possuem, sofrem
flambagem quando comprimidos. Note que não é a característica do material
(*) Dc acordo com as fórmulas, a tensão admissível diminui conforme aumenta a esbeltcz da que gera essa “não-resistência”, e sim a sua característica construtiva. Um
estrutura. Os dados citados devem ser encarados como informações didáticas, pois as normas
fardo de algodão, por exemplo, pode resistir à compressão, mas o mesmo
brasileiras tratam o assunto dc forma diferente.
Fonte: Curso de Resistência dos Materiais. Prof. Evaristo Valladares Costa, p. 295-6.
algodão na forma (estrutura) de tecido não resistirá à compressão.
Correntes de qualquer material não resistem à compressão pela instabi¬
Notas: lidade da relação elo com elo.
1. Sc a flambagem é o mal característico de peças comprimidas, as peças Assim como há estruturas que não resistem à compressão, existem as
tracionadas têm seu mal característico? Tem. É a vibração, que é o grande que não resistem à tração — uma pilha dc placas dc aço, por exemplo. A falta
objetivo das cordas musicais, ou na fabricação de sinos, e allamente inde¬ de ligação entre as peças faz com que a pilha resista à compressão, mas não
sejável em certas estruturas metálicas muito delgadas. resista à tração. A razão está no tipo de estrutura, e não no seu material.
Em estruturas metálicas procura-se limitar a esbeltez de peças tracionadas;
não deve ultrapassar A, <240 e X< 300 para peças secundárias (veja Ele¬
mentos das estruturas de aço. Gilson Queiroz, p. 150).
19.2 Exemplos de estruturas que não resistem à tração
2. Um prego deve ser bem esbelto e ter alto X para poder penetrar na madeira.
Deve ser robusto, entretanto, para não entortar. Para atender às duas exi¬
Além das estruturas, existem materiais que resistem bem à compressão
gências: e mal à tração, como o concreto e a argila. Podem-se fazer, e com sucesso,
8 <X< 11 pilares dc concreto ou de tijolos de argila, mas ninguém usaria tais estruturas
como tirantes, em que o esforço é de tração.
Bem esbelto
-> Um caso dc interesse prático é o de peças em que, em determinadas
situações, só ocorrem esforços de compressão, mas que, em situações extre¬
mas, podem ter parte da estrutura sofrendo compressão e parte sofrendo tra¬
ção. Se o esforço de tração em certas estruturas passar de algum limite, ocorre
8 _I11
,-*
0 colapso ou a ruptura. Paredes com trincas são bons exemplos.
Bem robusto

170
171
Estudemos de forma mais global e numérica esses casos de estruturas e Se pensarmos na área em que a força atua, deve existir em um plano
materiais que não resistem à tração. transversal ao eixo vertical uma superfície que limite as posições de F tal que
Sejam uma peça de madeira colada em um piso de madeira e uma força os extremos da zona comprimida alcancem toda a base da peça.
F. Admitamos como desprezível o peso próprio da peça de madeira e que a Se F se afastar dessa superfície, então:
força F possa deslocar-se na superfície dessa peça.
• ocorrerá tração na ligação das peças;
Se a força F estiver no centro de gravidade da peça, então a tensão, em
qualquer ponto dela, vale o = % , em que S é a área transversal dessa peça
• se não houver ligação ou se a ligação for fraca (o caso de a cola ser fraca),
haverá um certo descolamento do bloco em relação ao apoio e teremos a
(,situação 1). situação 4.

e
tfV Q WB
A área (superfície) que garante que temos no limite a situação dc tensão
nula cm A é denominada núcleo central de inércia ou área central de inércia.
Você pode simular o fenômeno explicado usando um encosto de sofá
* que tenha alguma rigidez, de espuma de náilon, por exemplo. Se o apertar com
ColaÿN
I I I / uma força F, adequadamente excêntrica, você perceberá que a extremidade A
_ do encosto chegará a se afastar do apoio.
è- i
V////
I
Rompe-se a cola
Veja:
iFciça
"ÿ•I'''
Mesma área em cm2
Espuma de náilon
© © ® ©
Agora a força F começa a se afastar do eixo indo de k em direção a B. Força A
v sive
Além do efeito da força F, temos o efeito do seu deslocamento a, que
gera um momento fletor M. Esse momento, por sua vez, aumenta a tensão do
'mm.
lado BK e diminui a tensão do lado AK (situação 2). Usamos esse encosto, pois ele é feito de espuma, material de baixo E
Se aumentarmos o valor de a, podemos chegar a um limite de acabar a (módulo de elasticidade); assim, as deformações ficam mais visíveis.
compressão cm A. Se aumentarmos ainda mais o afastamento a, então podere¬ Para as seções geométricas mais corriqueiras, vejamos a localização do
mos ter uma tração no elemento colante, entre a peça de madeira e o apoio. núcleo central de inércia, que vem a ser a área da seção onde, passando a
Admitamos que a cola resista e aumentemos o deslocamento a. Desse modo, resultante em um dos seus pontos internos, só haverá compressão em todo o
aumentará a tração no lado esquerdo e ainda mais a compressão no lado corpo.
direito.
Núcleo central
Como é admissível que a cola seja fraca, chega um momento em que a 'de inércia
cola se rompe. Teremos, então, a situação 4, que é típica de uma estrutura que
não resiste à tração.
Fica a pergunta: qual a posição limite de F para que não ocorra tração
na peça, isto é, para que não haja descolamento da estrutura da sua base, ou
/
ainda que o triângulo de compressão comece na vertical pelo ponto A?

172 173
Dados do núcleo central de inércia Se a força F atuasse no eixo y do bloco 1, a tensão na base dc apoio
a sobre o bloco 2 seria:
F 8.300
= 2,07 kgf/cm2
n b
a b
n=-
° S 100x40
m=3 e só haveria tensões uniformes de compressão na solda. Acontece que a força
F está excêntrica a 15 cm do eixo y e isso gerará um momento fletor

M Fxa 8.300x 15 ,
+ W = "bP~ = 100x40ÿ = 4,67 k®f/cm
, _
Fx 15 cm, que sobrecarregará (comprimirá) o trecho NT e descarregará o
trecho TD. Calculemos as tensões resultantes.

d D
-S 6 6
Logo,
No caso apresentado, fizemos variar a posição da força externa F, anali¬
samos as consequências e desprezamos o peso próprio. Em uma abordagem ON = |
S
+ w = 2,07 + 4,67 = 6,74 kgf/cm2
mais geral, o que interessa é considerar a posição resultante do peso próprio e
das forças externas. °D =
f +W = 2,07 ” 4,67 = ~2’6 kgf/cm2

Este é o diagrama de tensões:


19.3 Exercícios numéricos
Exercício 1 N ?.r» Traçáo

É dado um bloco (1) de 1 m de largura soldado a outro bloco (2). Sobre Compressão

o bloco ( I) atua a força F = 8.300 kgf. Determine as tensões na solda. r


6.74

A1 Bi
Sclcia /

100

A B
J-
N
Vl5
8
O problema está resolvido. Nós poderíamos ter descoberto se haveria
ou não tração, verificando se a força F está fora ou dentro do núcleo central de
inércia. Vamos a ele.

E N I)

-10

174 / 175

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