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Jornal de jogos eletrônicos e esportes,2023, 1, 1-11

https://doi.org/10.1123/jege.2022-0011 ©
2023 Human Kinetics, Inc. PESQUISA ORIGINAL

Percepções de práticas de treinamento eficazes em League of Legends:

Uma exploração qualitativa
Callum Abbott,1Matheus Watson,2e Phil Birch3
1Abbott Sport Psychology, Ipswich, Reino Unido;2Instituto de Psicologia, Universidade Alemã de Esportes de Colônia, Colônia, Alemanha;3Instituto de Esporte, Enfermagem e Afins
Saúde, Universidade de Chichester, Chichester, Reino Unido

Embora o interesse científico nos desportos eletrónicos (desportos eletrónicos) esteja a crescer constantemente, continua a existir uma ausência de
evidências de investigação sobre práticas de treino em desportos eletrónicos específicos, como League of Legends. Evidências anedóticas sugerem que
as atuais abordagens ao treino podem ser subótimas em termos de desempenho e, preocupantemente, ligadas a consequências negativas para a saúde
e o bem-estar dos jogadores. A fim de abordar a falta de literatura e ajudar a compreender a (in)eficácia das práticas atuais de treinamento em esportes
eletrônicos, nosso estudo procurou examinar qualitativamente as experiências e percepções de treinamento em uma amostra de jogadores profissionais
e semiprofissionais de League of Legends. Através de entrevistas com 10 jogadores classificados entre os 0,24% melhores da população jogadora, foram
identificados três temas centrais: (a) o estado do treinamento, (b) experiências de treinamento e (c) mudança motivacional. Este estudo fornece
informações importantes sobre as práticas atuais de treinamento em esportes eletrônicos e as percepções dos jogadores sobre a (in)eficácia dessas
práticas. O artigo conclui com recomendações práticas para treinadores e pessoal de apoio que trabalham em esportes eletrônicos.

Palavras-chave:prática deliberada, desempenho, cultura de trabalho, motivação

Diz-se que os esportes eletrônicos (esports) existem desde 1972 (Li, 2017).
Por definição, os esportes eletrônicos são o jogo competitivo de videogames; no
entanto, o desempenho, o treinamento e o desenvolvimento dos jogadores
emergiram há relativamente pouco tempo como características centrais da
indústria (Pedraza-Ramirez et al., 2020). A pesquisa atual sugere que existe uma
série de estressores e demandas associadas ao treinamento e competição de
esportes eletrônicos (por exemplo,Leis et al., 2022;Poulus et al., 2020;Smith et
al., 2019). Por exemplo, os competidores de esportes eletrônicos enfrentam
desafios, incluindo pressão competitiva, comunicação negativa e interação
social, problemas técnicos/logísticos e gestão de estilo de vida (Leis et al., 2022;
Smith et al., 2019). À medida que o nível profissional dos esportes eletrônicos
continua a crescer, há pedidos crescentes para o envolvimento de psicólogos do
esporte (Watson et al., 2021) que podem estar bem equipados para apoiar os
concorrentes nesses desafios (Cottrell et al., 2019). No entanto, o apoio dos
profissionais de psicologia desportiva aplicada é provavelmente dificultado pela
escassez de evidências em torno das práticas de treino nos desportos
eletrónicos.Pereira et al., 2019).
Semelhante aos esportes não computadorizados, jogar videogame de
forma competitiva baseia-se em habilidades físicas (controle motor fino),
cognitivas (estratégia e planejamento), emocionais (investimento no jogo) e
sociais (trabalho em equipe);Arqueiro, 2019). Por exemplo, “League of Legends”
impõe exigências técnicas aos jogadores por meio da execução de habilidades
motoras finas, por meio de operações de teclado e mouse, e demandas
psicológicas em que os jogadores devem regular as emoções, treinar
regularmente, manter a motivação e a autoconfiança, tomar decisões sob
pressão, utilizar habilidades de resolução de problemas e trabalhar com colegas
de equipe de forma eficaz para alcançar um objetivo comum (Kim et al., 2017).
Embora os esportes eletrônicos estejam ganhando força tanto na mídia popular
quanto na pesquisa (Gêiser, 2022), continuam a existir lacunas significativas no nosso
conhecimento e na literatura científica relacionada sobre os aspetos psicológicos e
relacionados com o desempenho da participação. Isto inclui o
Watson https://orcid.org/0000-0002-0366-9821
bétula https://orcid.org/0000-0003-2927-8287
Abbott (abbottsportpsy@gmail.com) é autor correspondente, https://orcid.org/
0000-0001-9292-8786
experiências de jogadores em títulos de esportes eletrônicos, suas
abordagens de treinamento e o uso de equipe de suporte (Pedraza-
Ramirez et al., 2020; Reitman et al., 2020). Talvez uma razão para isso seja
que muitas pesquisas existentes dentro dos esportes eletrônicos tratam o
domínio como uma entidade única, sem reconhecer as demandas variadas
e complexas que diferentes jogos e diferentes níveis competitivos impõem
ao jogador (Nagorsky e Wiemeyer, 2020;Pedraza-Ramirez et al., 2020).
Os jogos de esportes eletrônicos são complexos e podem diferir
significativamente entre si, tanto dentro quanto entre gêneros. Como tal, para
compreendermos o treinamento em esportes eletrônicos, devemos primeiro entender
o treinamento em jogos de esportes eletrônicos individuais. Aqui, optamos por focar
em League of Legends, que é um dos jogos mais jogados em todo o mundo, com mais
de 150 milhões de jogadores (Galov, 2022). Há também relatos frequentes e
alarmantes de consequências psicológicas negativas associadas às práticas de
treinamento de League of Legends, tanto na mídia popular quanto em pesquisas.
Khan, 2020;Kou, 2020). Uma abordagem de treinamento que parece particularmente
culpada nesses relatos é a de jogar tantos jogos quanto possível e com a maior
frequência possível, o que propagou uma "cultura Grind" generalizada em esportes
eletrônicos amadores e profissionais (Cooke, 2021;Novabury, 2021). Um exemplo
recente disso é o caso do jogador profissional “Doublelift”, que saiu de League of
Legends em parte devido a sentimentos de esgotamento associados aos jogos de
grind (Bosch, 2021). Na verdade, a pesquisa preliminar de Smith et al. (2022)
investigaram competidores de esportes eletrônicos de nível universitário e
descobriram que categorias específicas de estressores (por exemplo, incerteza
específica do jogo) previram subcomponentes de esgotamento, especificamente uma
sensação reduzida de realização e exaustão, com os mesmos subcomponentes de
esgotamento prevendo medidas de problemas de saúde mental. Embora falte um
exame detalhado da cultura grind nos esportes eletrônicos, isso é evidente em outros
domínios e encapsula amplamente uma abordagem na qual o trabalho é fortemente
priorizado em relação a outros aspectos da vida de alguém (Lovestam, 2019). A
preocupação aqui é que a “moagem” e comportamentos relacionados estão ligados a
pior desempenho, esgotamento e encerramento precoce da carreira (Brenner, 2007;
Gustafsson et al., 2008).
Pesquisas emergentes sugerem que o treinamento e os comportamentos de
saúde dos jogadores, especialmente os períodos excessivos de tempo gasto

1
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jogos, pode ser abaixo do ideal para manter um estilo de vida saudável (Fausto
et al., 2013) e estar ligado ao esgotamento (Madden & Harteveld, 2021). No
entanto, embora haja pesquisas registrando a quantidade de treinamento em
vários esportes eletrônicos (Pluss et al., 2021), ainda não existem evidências de
investigação que examinem abordagens de treino atuais ou alternativas e a sua
respetiva eficácia na melhoria do desempenho e no apoio ao bem-estar nos
desportos eletrónicos. Um primeiro passo importante, portanto, é aproveitar as
perspectivas e experiências dos próprios jogadores de League of Legends para
identificar os métodos de treinamento atuais, por que eles são usados e onde
apoio e pesquisas adicionais podem ser necessários.
Um quadro teórico pertinente a partir do qual considerar as práticas de
formação em qualquer contexto que envolva o desenvolvimento de
competências e desempenho especializado é o da prática deliberada (Ericsson
et al., 1993). A prática deliberada compreende atividades que exigem esforço
cognitivo ou físico, exigem atenção, podem não ser necessariamente
agradáveis, não levam a recompensas pessoais, sociais ou financeiras imediatas
e são realizadas com o propósito específico de melhorar o desempenho (Baker e
Young, 2014). Apesar do contraste entre os esportes eletrônicos e a área inicial
em que a prática deliberada foi estudada (música), existem numerosos aspectos
da estrutura da prática deliberada (Baker e Young, 2014) que são relevantes
para o estudo atual. Por exemplo, os atletas são obrigados a manter a
motivação durante longos períodos (anos) para alcançar e manter um nível de
perito, mas os relatórios anedóticos acima mencionados dos desportos
eletrónicos sugerem que isso está ameaçado pelo esgotamento como resultado
de abordagens de treino inadequadas. Da mesma forma, o treinamento intenso
deve ser equilibrado com um tempo de recuperação apropriado (Baker e Young,
2014), um aspecto que está em desacordo com a cultura grind predominante
nos esportes eletrônicos. A literatura relacionada no esporte também sugere
que uma variedade de tipos de treinamento é necessária para atingir um nível
de desempenho especializado, como treinos em equipe, sessões individuais
com um treinador e treinamento em vídeo.Baker et al., 2003). Dada a escassez
de literatura sobre treinamento em esportes eletrônicos, esses aspectos serão
importantes a serem considerados no presente estudo. Como tal, este estudo
utilizará a prática deliberada como um quadro orientador para explorar as
práticas de treino atuais e as percepções dessas práticas nos desportos
eletrónicos.
Em resumo, é necessária investigação para avançar a nossa compreensão do
treino nos desportos eletrónicos, particularmente no que diz respeito a práticas
potencialmente desadaptativas, como o “grinding”. Tal investigação pode ter
implicações aplicadas para profissionais e treinadores que trabalham nesta área em
termos de promoção de práticas que são mais adaptativas tanto para o desempenho
como para a saúde. Procuramos esclarecer que treinamento é concluído no contexto
de League of Legends, por que determinadas atividades de treinamento são
realizadas (ou não) e quão eficazes são na perspectiva do jogador. Uma abordagem
qualitativa é particularmente adequada, pois fornece insights ricos sobre o “mundo”
do treinamento profissional de League of Legends (Neergaard et al., 2009). O objetivo
do presente estudo, portanto, é fornecer insights sobre as experiências e percepções
de treinamento dos jogadores profissionais no contexto dos esportes eletrônicos.
Metodologia
Suposições Filosóficas
Os pressupostos filosóficos dizem respeito à epistemologia, a natureza do
conhecimento, e à ontologia, a natureza da realidade. Foram feitos apelos para
uma maior consciência destes pressupostos na investigação em psicologia do
desporto (Culver et al., 2012), pois determinam aspectos-chave da abordagem
metodológica, da análise dos dados e, portanto, da qualidade do desenho da
pesquisa. Das inúmeras posições que podem ser assumidas (por exemplo,
realista ou construtivista, positivista ou interpretativista), o presente estudo
alinha-se com uma perspectiva realista crítica, que postula que
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
existe um verdadeiro mundo externo com o qual interagimos, e que esse
mundo existia antes de nossa linguagem, ideias e conceitos sobre ele (Bhaskar,
2013;Peregrino, 2019). Esta perspectiva abraça o relativismo epistémico, na
medida em que o conhecimento do mundo é considerado relativo ao contexto
histórico, às nossas próprias perspectivas e interesses, e à influência dos outros
sobre nós e que, como resultado, quaisquer explicações da nossa compreensão
da realidade são falíveis (Archer et al., 2016). Esta perspectiva também abraça o
realismo ontológico, que considera que pelo menos partes da realidade são
independentes da mente humana, mas talvez nunca conheçamos a verdadeira
natureza desta realidade. Destes pontos de vista epistemológicos e ontológicos,
uma metodologia qualitativa baseada em entrevistas foi considerada
apropriada para explorar as realidades, experiências e percepções percebidas
pelos jogadores sobre o que pode causar tais experiências (Wiltshire, 2018).
Projeto
Em linha com uma abordagem qualitativa exploratória, o nosso estudo utilizou
entrevistas semiestruturadas para obter descrições aprofundadas das
experiências e percepções dos participantes sobre a formação. As perguntas
também tiveram como objetivo capturar informações detalhadas sobre o
contexto de treinamento dos esportes eletrônicos, o que é particularmente
importante quando pouco se sabe sobre a área temática (Neergaard et al., 2009
) e à luz dos apelos para uma maior compreensão dos fenómenos de treino
específicos do desporto (Nagorsky e Wiemeyer, 2020).
Participantes
Após aprovação ética, os participantes foram recrutados por meio de
amostragem proposital. Um infográfico e uma breve descrição do estudo
foram enviados para jogadores maiores de 18 anos, que atualmente
jogam ou jogaram em time profissional ou semiprofissional nos últimos 2
anos. Os participantes foram contatados através de plataformas de mídia
social (LinkedIn, Twitter) e aplicativos de mensagens online (e-mail,
Discord). A utilização de contactos pessoais e redes partilhadas permitiu-
nos entrar no que por vezes pode ser um ambiente privado, levando ao
potencial de descoberta de dados muito mais ricos (Devers e Frankel, 2000
).
Dez jogadores semiprofissionais/profissionais de League of Legends
concordaram em participar do estudo, que foi realizado durante o período
de entressafra no outono-inverno de 2021. Todos os participantes eram
jogadores ativos atualmente ou tinham atuado nos últimos 2 anos e
tinham idade entre 18 anos. e 25 anos (M =22,4,DP =2.2). Todos os
jogadores no momento da entrevista tinham competido recentemente na
região europeia e tinham experiência em jogo semiprofissional/
profissional no Tier-2 (n =7) e Nível 3 (n =3), variando de 1,5 a 9 anos (M =
4.1,DP =2.3). No momento da entrevista, todos os participantes possuíam a
classificação “Mestre” ou superior, representando os 0,24% melhores da
população jogadora (Milela, 2022). Especificamente, a amostra incluiu
“Master” (n =6), “Grão-Mestre” (n =2) e “Desafiador” (n =2) jogadores
classificados. Todos os participantes identificados como homens. Várias
nacionalidades estão representadas com britânico/inglês (n =5), britânico-
paquistanês (n =1), sueco (n =2), dinamarquês (n =1) e holandês (n =1).
Para proteger a identidade dos participantes, foram atribuídos
pseudônimos e retirados determinados nomes e locais durante a
transcrição.
Procedimento
Entrevistas semiestruturadas com os 10 participantes foram realizadas
pelo primeiro autor durante um período de 2 meses. As entrevistas
duraram entre 33h29 e 90h05 min (M =54,58). Um roteiro de entrevista foi
elaborado de acordo com as diretrizes da análise temática (Braun e Clarke,
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2021a;Smith e outros, 1995) e incorporou questões desenvolvidas durante extensa
discussão entre os três autores, utilizando conhecimento e experiência
compartilhados de pesquisa em esportes eletrônicos (Leis et al., 2022;Smith et al.,
2019), treinamento de desempenho em esportes eletrônicos e psicologia do esporte
dentro dos esportes eletrônicos (Watson et al., 2021). As perguntas foram elaboradas
para coletar informações sobre as experiências dos participantes nos esportes
eletrônicos, com o guia de entrevista servindo como um estímulo para auxiliar na
discussão. De acordo com Braun e Clarke (2021b) recomendações, perguntas para
quebrar o gelo (por exemplo, “como você se envolveu nos esportes eletrônicos?”)
foram usadas para construir relacionamento com os participantes. As entrevistas
prosseguiram com perguntas relacionadas aos objetivos do estudo (por exemplo,
“Você pode me contar sobre sua experiência de treinamento em League of Legends?”
e “Você pode me descrever um momento em que sentiu que seu treinamento estava
indo muito bem e por que isso era?"). Perguntas e sondagens de acompanhamento
(por exemplo, “o que você quer dizer quando diz : : : ”) foram usadas durante as
entrevistas para obter respostas detalhadas. Os arquivos de áudio gravados das
entrevistas concluídas foram salvos sob pseudônimos, transcritos literalmente e
anonimizados para garantir a confidencialidade (Braun e Clarke, 2021b).
Análise de dados
Em consonância com a natureza exploratória do nosso estudo, as
transcrições foram analisadas por meio de análise temática indutiva (
Clarke et al., 2015), e a codificação foi orientada pelos dados e não por
qualquer teoria existente. A análise inicial foi realizada pelo primeiro autor
e apoiada pelo segundo. Aqui, cada transcrição foi lida diversas vezes e os
códigos foram desenvolvidos manualmente, inicialmente foram
desenvolvidos 263 códigos e gerados 29 subtemas em torno deles. Aqui,
reconhecemos que os temas não “emergiram”, mas foram gerados com
base nos próprios dados, juntamente com o conhecimento, pressupostos
e experiências dos pesquisadores (Braun e Clarke, 2021a). Neste ponto, de
acordo com as recomendações (Faíscas e Smith, 2013), o terceiro autor foi
convidado a “verificar” e questionar se os subtemas gerados forneciam
uma representação precisa dos dados. Estas discussões reflexivas e o
feedback do “amigo crítico” encorajaram uma reflexão mais aprofundada e
um refinamento da interpretação dos dados. Em seguida, os resultados
foram divididos em três temas centrais e nove subtemas.
Rigor
Seguindo Smith e McGannon (2018) exige “critérios universais” ao comprovar o
rigor do estudo qualitativo, consideramos os de Tracy (2010) critérios de
“grande tenda” ao longo da coleta, análise e redação de dados. Por exemplo, os
critérios de “tópico digno” são abordados em nossa introdução e atendem
principalmente ao ambiente único dos esportes eletrônicos profissionais em um
momento em que estão experimentando um crescimento/popularidade sem
precedentes (Gough, 2021). Para fornecer transparência sobre qualquer
preconceito potencial, o segundo autor publicou um trabalho (por exemplo,
Watson e Kleinert, 2019) na teoria da motivação e autodeterminação (Deci e
Ryan, 1980) ainda fez todos os esforços para minimizar o impacto desses
trabalhos no estudo atual (por exemplo, mantendo um registro reflexivo
durante todo o processo de estudo). Além disso, o autor principal fez esforços
significativos para mitigar o impacto de quaisquer preconceitos construídos ao
longo de 3 anos de prática aplicada de psicologia do esporte nos esportes
eletrônicos por meio de autorreflexão, orientação e supervisão.
Ao longo do processo de codificação e interpretação o terceiro autor
foi empregado como amigo crítico (Smith e McGannon, 2018) para revisar
e desafiar quando necessário. Em linha com os apelos por procedimentos
de verificação de membros mais rigorosos (Birt et al., 2016),
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TREINAMENTO EFICAZ EM LEAGUE OF LEGENDS 3
os participantes tiveram a oportunidade de interagir e dar feedback sobre os
resultados do estudo. Todos os entrevistados confirmaram que as descobertas
refletiam com precisão as suas experiências.
Resultados e discussão
Três temas e vários subtemas foram construídos dentro da
análise indutiva (ver Figura1para uma visão geral). Esses temas,
juntamente com citações ilustrativas e sua discussão em relação à
estrutura de prática deliberada, são apresentados a seguir. Para
informar a prática aplicada (Keegan et al., 2017), os dados
pretendem ser de natureza informativa e prática.
Tema 1: O estado do treinamento: “Eu apenas faço o que o
cronograma me diz”
Este tema foi construído a partir das descrições dos jogadores sobre a
estrutura e o tipo de treino realizado, bem como o raciocínio
subjacente e os benefícios ou custos percebidos. Os subtemas de
estrutura padronizada, utilidade e aprendizagem social foram
gerados a partir dos dados.
Subtema 1A: Uma Estrutura Padronizada
As entrevistas revelaram que havia uma consistência notável entre os jogadores
sobre a estrutura e o tipo de treino realizado. Os jogadores normalmente se
envolvem em um ou dois jogos de “fila solo”, onde os jogadores “entraram na
fila” para um jogo online normalmente sozinhos e são confrontados com quatro
companheiros de equipe com classificação semelhante, ao acordar ou pouco
antes de conhecer sua equipe. Depois disso, quatro a cinco jogos de
“scrimmage” (scrimmage) são concluídos, onde o time joga em uma partida
privada pré-organizada contra outro time. Os jogadores relataram que muitas
vezes acontecia uma breve revisão do jogo com sua equipe após cada partida.
Após o treinamento da equipe, os jogadores jogariam mais uma vez uma ou
duas partidas de fila solo. Apesar de sua proeminência, os jogadores não
sabiam ao certo por que essa estrutura de treinamento era a norma:
Eu apenas faço o que o cronograma me diz : : : . Eu diria que é apenas
transmitido entre todas as equipes. E é como se houvesse um acordo
mútuo de que é nesse momento que as pessoas lutam. Esta é a
quantidade de jogos que as pessoas gostam de jogar e todos
simplesmente se apegam a eles. -James
Chris destacou esta falta de fundamentação em torno das abordagens de
formação, afirmando que “nunca houve workshops presenciais. Nunca houve
nenhuma palestra, nunca houve nenhuma sessão em sala de aula onde
pensássemos: vamos abordar isso de uma forma estruturada.”
Poucos desvios desta estrutura foram evidentes. Alguns
jogadores, como Courtney, indicaram que sua equipe realizaria uma
reunião pré-crim para estabelecer objetivos gerais e definir metas
sobre “o que vamos praticar neste scrim, como focar, como o início do
jogo, por exemplo, como jogar no Herald: : : coisas nas quais
queremos focar para melhorar.”
Subtema 1B: Utilidade
Embora tenham sido observadas poucas variações no tipo de treino realizado,
os jogadores tinham alguma experiência ou conhecimento de alternativas e
forneceram informações sobre a lógica por detrás do envolvimento nestas
diferentes formas de treino. Por exemplo, os jogadores estavam conscientes e
ocasionalmente envolvidos em métodos alternativos, tais como “blitz scrims”,
em que ambas as equipas jogam apenas a primeira parte de um jogo scrim, a
fim de enfatizar a estratégia nesta fase do jogo:
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Figura 1 -Visão geral dos temas e subtemas gerados a partir dos dados das entrevistas.
Nós chamaríamos isso de scrims Blitz. Então jogamos os primeiros 14
minutos de jogo. E então depois de 14 minutos, como o último jogador,
depois de 14 minutos é a última jogada, você sabe, encerrando o jogo,
como se todo mundo simplesmente saísse do jogo. E você gosta de uma
revisão rápida. —Kyle
Além disso, outros tipos de treinamento incluíam análises de jogos
pessoais e de equipe (ou seja, uma análise de vídeo sob demanda ou “VOD”),
treinamento individual, treinamento por posição (por exemplo, “bot lane”), 1v1s/
2v2s , ferramenta de prática, “ARAM” (um modo de jogo alternativo), fila solo e
apresentações conceituais:
Se você quisesse aprender uma combinação específica de pista,
provavelmente entraria em 1v1s. Se você quisesse ter uma noção do
dano de um Campeão, provavelmente entraria em “Summoners
Rift” [solo queue], se quiser apenas se divertir um pouco, relaxe,
mas : : : fique aquecido então ARAMS. —Owen
Foi apresentado algum raciocínio por trás do envolvimento nessas
diferentes formas de treinamento, com cada método diferindo na utilidade
percebida. As análises “VOD” tendiam a ser usadas para revisar partidas
anteriores e partidas de outros jogadores profissionais considerados os
melhores do jogo, principalmente como ferramenta de aprendizagem. Como
observou Chris, “você compara sua jogabilidade com a jogabilidade deles e
então percebe a diferença”.
Além disso, Josh observou que também poderia ser útil na identificação de
áreas nas quais trabalhar quando a orientação estivesse ausente, pois “você não
pode simplesmente criar ideias do nada. Então ou você está jogando contra
alguém e eles farão isso com você. E então você tenta descobrir e então você
faz. Ou você vigia alguém melhor que você.
Os 1v1s, nos quais um jogador normalmente organiza uma partida
privada contra um adversário que joga em sua posição, foram discutidos
principalmente em termos de prática direcionada ao gol. Owen observou
que isso pode ser valioso para aprender como um campeão se sai contra
outro “se você estiver jogando contra um bom jogador” e que “as melhores
[sessões 1v1] que tive foram onde nós, ele, nós queremos. jogar partidas
específicas e queremos jogar por coisas específicas.”
Dentro do jogo há uma ferramenta de prática que permite aos jogadores
carregar no mapa como um campeão, o que geralmente é descrito como útil
para treinamento "mecânico" (habilidade motora fina):
se você está jogando com um novo campeão, praticando a
ferramenta e apenas aprendendo todos os seus combos e tornando-
os memória muscular, isso é supervalioso. Porque você não pode
jogar, se você tiver que pensar no seu campeão, é impossível. —José
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
Além dos scrims, a fila solo foi considerada importante para
experimentar ou “testar limite” com campeões, além de manter a
habilidade “mecânica”:
se você jogasse como um torneio, você não necessariamente tentaria
essas coisas [novas ideias] : : : então a fila solo é definitivamente um
lugar onde você testa limites e tenta melhorar como jogador
individual com mecânicas semelhantes. —Ronan
Curiosamente, e talvez um fenômeno único exclusivo dos esportes eletrônicos,
os jogadores sentiram que um benefício do método de treinamento solo queue era
que eles poderiam ser combinados e jogar contra outros jogadores profissionais se
tivessem uma classificação semelhante: “Essa é a coisa mais legal dos esportes
eletrônicos. Nas classificações mais altas, você jogará contra os melhores jogadores.
Considerando que você nunca poderá jogar futebol contra Cristiano Ronaldo, a menos
que consiga.” —José
Menos comumente discutidas foram as apresentações sobre conceitos do
jogo, que foram ocasionalmente mencionados em relação ao fornecimento de
um objetivo para uma sessão de treinamento seguinte:
Então, geralmente para mim, uma coisa boa a fazer é apenas
fazer uma apresentação sobre algo em que você deseja focar.
Sim. E então, como ir para o scrim. O scrim só é eficaz se você
quiser, trabalhar nisso. Esse conceito. —Kyle
Subtema 1C: Aprendizagem Social
Os jogadores geralmente acreditavam que deveriam treinar fora
do ambiente da equipe. O processo de decisão sobre que tipo de
formação seguir raramente envolveu necessidades pessoais, mas
foi influenciado por normas subjetivas e comportamentos
exemplares:
Revisar : : : solo queue é bastante comum na maioria das pessoas.
Mas se você assistir a qualquer uma das transmissões dos principais
profissionais, como “Rekkles” e “Perkz” e todos eles, bem,
especialmente “Rekkles” : : : . Eu me inspiro muito nele : : : o fato de
que depois de cada partida solo queue, ele irá revisá-la intensamente
em comparação com a maioria das pessoas : : : . Aprendi isso no
stream de Rekkles. -James
As entrevistas revelaram que as abordagens de jogadores de alto
nível podem ter um impacto nos métodos e objetivos de treino pessoal.
Por exemplo, os jogadores muitas vezes procuravam imitar jogadores que
assistiam ou jogavam online e viam as suas abordagens como eficazes,
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talvez porque estivessem ligados a figuras respeitadas e de
alto perfil na comunidade:
Eu idolatrava um jogador chamado “Hai” : : : . Ele era muito conhecido
por ser um Shot-Caller realmente vocal : : : . Tentei espelhar a forma
como o “Hai” era em equipe : : : . E principalmente isso moldou
minhas crenças sobre o que torna um jogador bom.
- Josué
A busca por esse tipo de material muitas vezes era feita fora do ambiente
de equipe e funcionava como uma fonte de aprendizagem autodirigida.
Curiosamente, houve uma notável ausência de jogadores recorrendo à sua
comissão técnica para obter feedback ou apoio ao treino, favorecendo a
referência e comparação com outros jogadores profissionais:
Na verdade, gostei da revisão de vod com meu parceiro de
pista : : : revisando como pessoas que são as melhores no jogo,
como a cena chinesa ou europeia também; eles são realmente
bons e nós apenas assistimos seus vods e discutimos isso. —Sam
No geral, o tema estado do treinamento destaca um padrão padrão de
treinamento que envolve um grande volume de jogos com pouca variedade ou
descanso. Embora seja esperado um investimento significativo de tempo no
treino para um desempenho especializado, a falta de variedade de atividades de
treino realizadas regularmente parece contrastar com as abordagens dos
atletas especialistas no desporto.Baker et al., 2003). O principal meio de
treinamento era jogar jogos completos, em equipe ou individualmente, e revisar
o jogo de cada um ou dos outros. Embora o treinamento em situações
semelhantes a jogos seja considerado benéfico pelos pesquisadores do esporte
(Ericsson, 1998), algum grau de isolamento e repetição de cenários de jogo e
habilidades técnicas é visto como necessário para experimentar o domínio e
desenvolver conhecimentos (Baker e Young, 2014), sugerindo que se isso
também pudesse ser implementado nos esportes eletrônicos, talvez níveis mais
elevados de desempenho possam ocorrer. Além disso, formas de treino não
específicas do jogo que poderiam ser esperadas no desporto, como o treino de
força e condicionamento, raramente eram mencionadas como parte dos
programas de treino dos jogadores. Da mesma forma, em contraste com o
quadro de treino deliberado, o descanso e a recuperação planeados não eram
características proeminentes dos regimes de treino dos jogadores.
A literatura sobre prática deliberada e desempenho especializado
defende uma variedade de abordagens e métodos de treinamento (Baker
et al., 2003), como o uso de metas, periodização, restrições de tarefas (
Farrow e Robertson, 2017) e intercalação (Carter e Grahn, 2016). Um foco
intencional direcionado a objetivos antes de jogar foi visto como um meio
eficaz de treinamento, mas não foi implementado universalmente, talvez
devido à complexidade percebida do jogo ou à falta de apoio na definição
de objetivos pessoais. O uso de restrições de tarefas, por exemplo, “blitz
scrims”, foi usado esporadicamente, mas não pareceu ser aplicado
intencionalmente para acoplar ações a informações-chave e desenvolver a
aprendizagem (Farrow e Robertson, 2017). Conceitos como intercalação
(ou seja, alternância simultânea entre tarefas de treino) estavam ausentes
nas experiências dos jogadores, mas podem ser uma alternativa benéfica à
abordagem predominante de treino bloqueado (Carter e Grahn, 2016). No
entanto, os jogadores não indicaram que tinham poder de decisão sobre
as actividades de treino realizadas no ambiente da equipa, pelo que os
treinadores das equipas são provavelmente alvos mais apropriados para a
educação nesta área.
Tema 2: Experiências de Treinamento: “Isso foi uma
perda de tempo”
Uma parte significativa da discussão para cada participante foi dedicada à
exploração das experiências de treinamento dos jogadores. Isso muitas vezes
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
TREINAMENTO EFICAZ EM LEAGUE OF LEGENDS 5
incluíram as suas percepções de eficácia para diferentes tipos de
treino, o impacto emocional e físico que o treino poderia ter, e
percepções de abordagens mais eficazes.
Subtema 2A: Falta de eficácia percebida
Embora a estrutura e os tipos de atividade fossem típicos nas experiências
da amostra atual, jogadores como James reconheceram que “está [o
treino] numa fase muito inicial e provavelmente não é o tipo de treino
mais eficiente que poderia ser”. Os jogadores muitas vezes sentiam que o
treinamento era ineficaz devido às restrições do próprio jogo. Por
exemplo, o treinamento baseado em equipe (isto é, scrims) foi
frequentemente descrito como sendo ineficaz devido à complexidade e
imprevisibilidade inerentes ao jogo de 4 a 5 jogos completos (com duração
aproximada de 30 a 60 minutos cada), o que limitou a oportunidade de
isolar ou deliberadamente pratique um cenário:
é estranho porque todo mundo, todo time de competição treina : : :
quatro vezes por semana, cinco vezes por semana, cinco jogos, mas
os treinos não são realmente uma boa maneira de melhorar. É como
nos esportes tradicionais, você joga futebol, você não vai e joga como
um treinamento de futebol de 90 minutos, como se você praticasse
arremessos, ou exercícios, ou mesmo táticas ou algo assim. —Kyle
Além disso, os jogadores mencionaram a falta de potencial para configurar ou
criar atividades de treino (por exemplo, treinos) dentro do próprio jogo:
Eu poderia explicar isso para quem não joga Liga é, no futebol : : : .
Você pode configurar cobranças de falta para praticar cobranças de
falta : : :você pode configurar suas peças como quiser. Você não pode
fazer isso em League of Legends, não existe uma maneira funcional
para mim, como jogador de League of Legends, escolher uma parte
do jogo e configurar um jogo em um estado onde eu possa praticar.
—Cris
Além disso, os jogadores realçaram que a qualidade do treino
também dependia da qualidade do treino adversário, uma vez que as
equipas raramente transportam pessoal para poder fazer scrim dentro do
seu plantel e exigem que um adversário jogue contra:
Às vezes você está pisoteando a outra equipe e pensa “isso foi
uma perda de tempo”, porque nem sempre ((pausa)) você não
consegue coletar dados de maneira confiável quando há um nível
tão alto em diferença de habilidade. -James
A questão do nível de habilidade dos outros era ainda mais
problemática na fila solo, já que tanto os oponentes quanto os próprios
companheiros de equipe são atribuídos aleatoriamente. Embora o nível
dos outros jogadores seja igualado até certo ponto através de sistemas de
classificação, Chris destacou que “você está com companheiros de equipe
aleatórios, dos quais você não conhece o valor, não sabe se eles vão
tentar, você não sei se eles vão permitir que você tenha um jogo
consistente.”
Os jogadores também expressaram que a fila solo, que é considerada uma
atividade de treinamento, carecia das qualidades necessárias para praticar
adequadamente para a competição e, portanto, de um "design representativo"
para atividades de aprendizagem (Pinder et al., 2011), como a ocorrência de
cenários que também podem aparecer no jogo competitivo:
Então, muitas vezes, você acabará jogando cenários no jogo que
não são realistas em um jogo competitivo : : : nove em cada 10
vezes, você estará jogando um cenário que, se surgiu em a em
um jogo competitivo, o treinador deve pausar o jogo e
repreender todo mundo, certo? —José
Não autenticado | Baixado em 11/10/23 17:10 UTC
6 ABBOTT, WATSON E BIRCH
Além disso, Josh observou que a solo queue também não tinha a
oportunidade de isolar um cenário específico e praticá-lo repetidamente,
pois “Há muitas coisas aleatórias que você não consegue treinar
ativamente com facilidade : : : . Você só pode jogar um cenário e depois
não pode jogá-lo novamente. Então você não aprende com isso.” Os
jogadores também estavam cientes de que essas atividades de
treinamento de fila solo, e seu histórico de vitórias e derrotas dentro delas,
estão direta e explicitamente ligadas à sua classificação no jogo, o que tem
implicações nas carreiras dos jogadores:
como uma quantidade embaraçosa de equipes, nas ERLs [Ligas
Regionais Europeias], eles olham para um jogador, jogador e sua
classificação, e isso será cerca de 70 ou 80% da ideia que eles têm
do jogador, ou do que eles pensam , como tornar o jogador bom.
—Kyle
Subtema 2B: Custo Emocional e Físico
Um padrão que se destacou em múltiplas transcrições foi a prevalência de
desafios emocionais e físicos que os jogadores experimentaram devido a
essas condições, restrições e volume de treinamento. Para alguns
jogadores, a falta de alternativas significativas para a fila solo representou
uma fonte de frustração e, como Owen identificou, pode ser “muito
perturbador para ser honesto, porque é a única coisa que você pode
fazer : : : . E também há uma grande ênfase na classificação da fila solo.”
Havia um desejo claro de todos os jogadores de que mais
ferramentas e opções estivessem disponíveis para treinamento. Por
exemplo, Kyle sugeriu, “como uma coisa, que seria incrível, mas nem é
possível agora, é se você pudesse simplesmente definir um jogo, a
partir de um certo ponto, ou até mesmo retroceder o jogo”.
Além disso, alguns jogadores se sentiram pressionados a jogar frequentemente
com o mínimo de folga, já que o jogo pode “desclassificar” os jogadores que considera
inativos, como explicou Owen, “como se eu tivesse passado o último mês
provavelmente subindo para 250.300 LP [ pontos no ranking], e perdi tudo em 2 dias
porque esqueci de jogar : : : . É uma tarefa árdua.
Além disso, para alguns jogadores, a duração dos jogos, os scrims e o tempo
gasto na fila para uma partida online deixavam pouco tempo para qualquer outra
coisa:
pode levar de 30 a 40 minutos para encontrar um jogo, e eu
trabalho oito horas por dia. Eu saio, tenho treinos das seis às
nove : : : . E também foi mentalmente desgastante ficar sentado
ali por 40 minutos, sem poder fazer nada além de esperar por
um jogo : : : . —Owen
A necessidade percebida de jogar um grande volume de partidas por dia e
de tirar poucos dias de descanso levou a problemas de saúde mais sérios em
alguns jogadores. Por exemplo, Conor manteve duas contas altamente
classificadas (indicando um grande volume de jogos em cada uma) durante a
temporada competitiva:
meu smurf [conta secundária] chegou perto do desafiante, mas decidi
decaí-lo [deixar inativo] porque não queria manter duas contas. Quer
dizer, tive alguns problemas no pulso, então decidi cancelar uma
conta : : : . Mas eu realmente não pude descansar muito porque : : : .
Eu ainda tinha uma competição e ainda precisava tocar, então usei
uma fita por quatro semanas. —Conor
Os entrevistados também mencionaram que a falta de controle sobre os
acontecimentos durante o treinamento pode ser prejudicial ao bem-estar:
Eles são [outros profissionais] jogando um jogo onde não sentem que têm
controle : : : . Eles não sentem que controlam aquelas 10 horas do dia em
que estão jogando, mas ainda assim seu trabalho está vinculado a isso
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
: : : .Isso apenas destrói você mentalmente, e você simplesmente dá uma
olhada. —Cris
Além disso, os jogadores fizeram referências frequentes a uma
cultura de overtraining (muitas vezes referida como “grinding”) e à
percepção de que esta é a forma ideal de treinar:
Basicamente, é dito que você deveria, se estiver jogando League,
você deveria gostar de spam no jogo 12 horas por dia, você
deveria jogar todas as horas do dia, você deveria jogar 15 jogos,
de fila solo por dia, se você quero ser o melhor. —Sam
Isso pode ter um impacto no bem-estar emocional:
[Eu] tenho me encontrado mentalmente em uma situação muito ruim,
quando tenho tendência a fazer isso, como se eu enviasse spam para o
jogo : : : . Eu costumo jogar pior a cada jogo, você sabe, porque você não
consegue manter o foco por mais oito horas : : : . Tenho dito a mim mesmo
quando me sinto cansado, como se não houvesse desculpa : : : . Estou
dizendo a mim mesmo que não sou bom o suficiente. —Sam
Chris ofereceu alguns insights sobre por que eles acham que abordagens como
essa são incentivadas e até possíveis nos esportes eletrônicos:
Você está fisicamente autorizado a jogar 12 partidas por dia. Considerando
que, se eu sair e tentar jogar 12 horas de futebol, vou morrer ((risos)) : : :
[é] muito perigoso para a minha prática, a longo prazo ((pausa)) a curto
prazo : : : se você pode descobrir que se você for dois a três por cento
melhor que a próxima pessoa, isso é o suficiente para dar um trampolim
em sua carreira: :: é uma nova indústria e, você sabe, apenas a natureza de
tentar entrar em equipes, o curto temporadas de longo prazo : : :
realmente incentiva ganhos de curto prazo em detrimento do crescimento
de longo prazo : : : a equipe se preocupa com os resultados agora. —Cris
Além disso, a complexidade do jogo em si, com inúmeras
variáveis, estatísticas, possíveis decisões e críticas que precisam
ser feitas para melhorar, impactou a diversão de alguns:
E então você pensa, “o que eu teria feito aqui?” Para dar um passo à
frente, um passo para trás. Se eu der um passo à frente, ainda
morrerei? Se eu der um passo para trás, eu vivo : : : você tem que
fazer isso pelo menos de vez em quando : : : . Mas às vezes é um
pouco difícil para a psique. —Ronan
Os entrevistados compartilharam vários relatos de comportamento
agressivo, frustrante e abusivo que experimentaram online na fila solo, e
discutiram o impacto emocional que isso poderia ter:
Eu acho que a razão pela qual eu estava tão blasé com todo mundo
dizendo uns aos outros para se matarem e coisas assim na fila solo
foi porque eu estava simplesmente entorpecido com isso : : : . É por
isso que sempre que algum dos meus amigos pergunta se deveria ou
não começar a jogar League, eu digo não, porque eles não vão gostar
nada da comunidade. —Rory
Para alguns, esse comportamento também se estendeu aos ambientes de
equipe e deixou um impacto duradouro na forma de abordar o jogo:
Lembro-me de um dos jogos em que morri, como o nível dois na
rota, e meu top laner literalmente suspirou, e ele disse, “ah, qual
é o sentido de jogar se Owen vai trollar” [jogar o jogo
intencionalmente]:: : e então eu tive essa mentalidade de jogar
com segurança, jogar de forma consistente : : : . Acho que isso
afetou bastante a mim e a minha proatividade : : : por muito
tempo eu tive aquela mentalidade de “não seja a razão de
perdermos”. —Owen
Não autenticado | Baixado em 11/10/23 17:10 UTC

Subtema 2C: Abordagens mais eficazes
Apesar da maioria dos jogadores em tempo integral jogarem mais de oito
jogos por dia (8 a 10 horas de treino) e tirarem um dia de folga por
semana, muitos reconheceram que havia abordagens mais eficazes do que
tentar jogar o maior volume possível de jogos:
Eu diria que enviar spam : : : enviar spam para jogos sem pensar ou
algo assim : : : não há nenhum benefício nisso em termos de
melhoria, como se você não ganhasse nada para melhorar. Você
ainda pode vencer, mas não necessariamente melhorará como
jogador, eu acho. -James
Na verdade, muitos jogadores sentiram que era mais produtivo jogar
menos jogos com um foco mais deliberado:
Por exemplo, se você for jogar três jogos de fila solo por dia, que
são totalmente focados, e você realmente quiser ser um pouco
mais consciente, então eles serão 10 vezes melhores do que
apenas enviar spam para 15 jogos por dia, sem rumo. —Kyle
Curiosamente, os jogadores notaram que esta crença nem sempre foi o
caso, com experiências de início de carreira seguindo a tendência de jogos de
alto volume:
O que fiz para treinar melhor do que antes : : : . Parei de jogar 10
horas de League of Legends por dia. Parei de jogar de 10 a 12
partidas por dia. E joguei de três a quatro partidas por dia
quando estava totalmente focado e pronto para jogar.
-Cris
Ecoando pesquisas anteriores que descobriram que os jogadores relatam o uso
do estabelecimento de metas para ajudar no desempenho (Himmelstein et al., 2017),
os participantes consideraram que as formas mais eficazes de treinamento estavam
associadas ao estabelecimento e revisão de metas específicas, pois estas poderiam ser
utilizadas como forma de feedback construtivo para melhoria de desempenho:
Os scrims mais produtivos geralmente eram onde você tinha um
objetivo em mente, como, “Ok, vamos tentar e vamos tentar trabalhar
nesta parte do nosso jogo” e então realmente ter algum tipo de
chave, algum tipo de forma de medir essa parte do seu jogo depois.
-Cris
Conforme mencionado no tema 2b, as percepções de controle representaram
um fator importante para os jogadores, que pesquisas anteriores descobriram que
pode estar associado à habilidade e ao desempenho (Gucciardi e Dimmock, 2008).
Quando as percepções de controle estavam mais alinhadas com a realidade da
situação, os jogadores sentiram que estavam mais bem equipados para lidar com
quaisquer emoções negativas que pudessem surgir durante este treino:
Mas se você entrar na fila solo e entender que a única coisa com a
qual você deve se preocupar são as coisas que você pode controlar,
então você terá um tempo muito melhor : : : você meio que não pode
realmente ficar com tanta raiva disso. —Kyle
Além disso, os entrevistados sentiram que o estilo de vida saudável e
o apoio ao horário eram benéficos. Por exemplo, Kyle mencionou que
“pode ir até eles [treinadores], como se definissemos nossos horários
juntos. E sempre que tenho um problema, posso ir até eles e eles podem
fazer isso por mim.” De acordo com pesquisas anteriores (Kari e
Karhulahti, 2016) em que jogadores de esports de elite reconhecem os
benefícios do exercício físico no desempenho, esse equilíbrio também foi
reconhecido por Courtney, que valorizou “ter outra coisa em que pensar, e
depois algum treino físico, e depois jogar muito, e pensar sobre o jogo e
outras coisas : : : . acho que isso impede
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
TREINAMENTO EFICAZ EM LEAGUE OF LEGENDS 7
como o risco de queimar. Além disso, ficou evidente que a má gestão
do estilo de vida teve um impacto em aspectos como a fadiga, a
nutrição e o exercício, o que muitos sentiram que teve impacto no seu
desempenho:
Se eu tiver uma noite de sono ruim, posso aguentar por duas
ou três horas : : : . Mas quando, por exemplo, temos torneios,
são cinco horas de jogo : : : . Definitivamente, posso sentir
que fico exausto, se tiver um sono ruim, se tiver comida
errada para comer. —Ronan
Além disso, Chris observou por experiência própria que outros
jogadores “pularam refeições para jogar esses jogos todos os dias.
Portanto, eles não dormem bem, portanto, não fazem exercícios : : : e
depois brincam mais porque acham que precisam compensar.”
Na verdade, os jogadores destacaram como sentiam que melhorar
estes aspectos da sua vida e envolver-se no autocuidado os ajudou a
treinar de forma mais eficaz. Como Sam observou, “está demorando para
eu realmente gostar de dormir, acordar e não pensar instantaneamente
no jogo, tomar um banho, me preparar : : : isso também tem sido
realmente ajudar”.
Acho que o mais eficaz [inaudível] é dormir bem [sic] : : : uh horário
de sono. Tenha um bom café da manhã : : : . Antes de jogar, faça
alguns exercícios ou talvez medite : : : por 10 minutos. Então você
simplesmente joga alguns jogos de fila solo, eu sempre diria o que é
provavelmente o melhor para a maioria das pessoas, jogue três
jogos, depois faça uma pausa de 30 minutos e então você pode
seguir em frente para jogar mais. —Conor
Este subtema capta diversas abordagens que os participantes
consideraram capazes de melhorar a eficácia da formação. Por exemplo, alguns
participantes reconheceram a necessidade de se concentrarem naquilo que
estava sob o seu controlo e de se envolverem na definição de objetivos, o que
pode desempenhar um papel fundamental na autorregulação e demonstrou
estar positivamente relacionado com o desempenho nos desportos eletrónicos (
Trotter et al., 2021). Além disso, os participantes reconheceram a importância de
um estilo de vida equilibrado e a necessidade de pausas, o que se alinha com as
associações favoráveis entre atividade física e função cognitiva em jogadores
de esports (Difrancisco-Donoghue et al., 2021) e descanso e esgotamento no
esporte (Kellmann et al., 2018). Embora tais abordagens sejam consideradas
benéficas pelos atletas esportivos e sejam comuns no apoio da psicologia do
esporte ao esporte não informatizado (Harmison, 2006), não eram
características comuns dos regimes de treinamento dos jogadores aqui (Tema
1). Como tal, é necessária uma maior promoção e implementação (por exemplo,
por profissionais ou treinadores devidamente qualificados) destas práticas em
toda a indústria.
No geral, este segundo tema parece sustentar todos os outros temas e
subtemas e contém mensagens importantes para a indústria. Especificamente,
as abordagens atuais ao treino são geralmente consideradas pelos jogadores
como sendo subótimas em termos de eficácia e, em alguns casos, parecem ser
prejudiciais para a saúde e o bem-estar dos jogadores. Este tema parece
corroborar relatos da mídia sobre as consequências psicológicas negativas
associadas à cultura grind predominante nos esportes eletrônicos (Khan, 2020;
Kou, 2020) e ecoa descobertas de pesquisas recentes sobre esgotamento e
problemas de saúde mental em esportes eletrônicos (Smith et al., 2022). Os
jogadores muitas vezes expressaram frustração e sentiram-se prejudicados pela
incapacidade de se envolverem em treinos deliberados devido às restrições
técnicas de League of Legends (por exemplo, não serem capazes de recriar um
estado de jogo e repetir/ensaiar cenários). Isto contrasta fortemente com as
possibilidades disponíveis no desporto não informatizado, onde os cenários do
jogo podem ser (re)criados e (re)jogados no treino, com controlo sobre
parâmetros, tais como
Não autenticado | Baixado em 11/10/23 17:10 UTC
8 ABBOTT, WATSON E BIRCH
posicionamento do adversário, pontuação e tempo de jogo, proporcionando a
possibilidade de criar "projetos de aprendizagem representativos" onde a
prática pode simular melhor as condições e demandas da competição (Pinder et
al., 2011). A falta de controlo sobre as situações de treino e o tempo significativo
necessário para jogar jogos completos aumentam esta frustração e podem
predispor alguns dos comportamentos abusivos e “tóxicos” encontrados no
ambiente de treino (Tema 2b).
Tema 3: Mudança motivacional: "O teste decisivo para
cada jogador da liga é sua classificação"
Todos os participantes destacaram uma mudança gradual nas fontes de
motivação ao longo de suas carreiras. O que normalmente começou como
um esforço social e autónomo pareceu evoluir para um processo regulado
externamente, com alguns participantes a destacar o papel mediador do
pessoal e dos pares.
Subtema 3A: Começos Autônomos
Em todas as entrevistas, além de reconhecer que períodos de treino mais
curtos podem ser mais eficazes do que treinos de alto volume, houve
pouca indicação de que as abordagens de treino e as perceções da eficácia
do treino mudaram ao longo da carreira de um jogador. No entanto, foi
evidente uma mudança notável na motivação e orientação dos objectivos
dos jogadores ao longo das suas carreiras. Os jogadores começaram a
jogar League of Legends por motivos sociais, geralmente com amigos.
Como Courtney observou: “Acho que eu e meus amigos descobrimos
League of Legends, foi como se fosse a primeira temporada”. Nestas fases
iniciais, os jogadores notaram um sentimento de relacionamento e
competência crescente. Por exemplo, Chris sentiu que estava no seu
melhor ao subir no ranking da fila solo ao lado de amigos:
E subi bem rápido : : : isso foi com meus amigos, amigos da
escola : : : . E era apenas um hobby naquela época. Mas eu
brincava dia sim, dia não, quando voltava da escola. E
finalmente cheguei ao ponto em que alcancei um ELO alto o
suficiente para pensar que seria capaz de ganhar
campeonatos mundiais. —Cris
Poucos jogadores mencionaram que seu objetivo era se tornar
um profissional ou seguir uma carreira no esports nesta fase: “Então
fui gostar do torneio individual [Nome removido] como este evento
universitário para o qual meu amigo me arrastou. : : : Achei que seria
muito bobo : : : e acabei de ganhar” —Rory
Para alguns jogadores como Sam, o cenário profissional os
encontrou: “como eu estava no topo da escada [ranking], fui
contatado por um time turco. Então, quando me formei, voei para
a Turquia e foi aí que tudo começou.”
Subtema 3B: Regulação Externa
Tendo entrado no mundo dos esportes eletrônicos profissionais,
jogadores como Rory expressaram como tiveram que se ajustar ao
ambiente de equipe estruturado, onde “tudo o que estava sendo
ensinado para mim era totalmente novo”. Ronan observou que parte
desse ajuste envolveu aprender a se comunicar com uma equipe
completa, algo que envolveu um “processo realmente difícil de
aprender a falar enquanto jogava: :: como apenas dizer as coisas
necessárias enquanto estava no topo do domínio mecânico”. .” No
entanto, como Chris mencionou, as tensões entre companheiros de
equipe muitas vezes podem impactar a percepção da eficácia do
treinamento: “Uma discussão entre esses jogadores e o resto da
equipe. Essa foi provavelmente a pior experiência de treinamento.
Cada scrim parecia uma batalha difícil para conseguir algo produtivo.”
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
Foi notável que o papel da amizade e da interação social positiva na participação
dos jogadores tornou-se cada vez mais escasso – se não completamente ausente – à
medida que ascendiam na carreira profissional. Em vez disso, a influência da
classificação do jogo tornou-se proeminente. Os jogadores muitas vezes estavam
cientes de sua própria classificação e da de seus companheiros de equipe e do
impacto que isso poderia ter em seu treinamento. Na experiência de Owen, “isso [a
classificação atual] teve um impacto negativo em muitas coisas, até como se não
conseguíssemos bons scrims por causa disso. Mas os companheiros sempre
esperaram que eu fizesse pior.”
A classificação na fila solo foi percebida como refletindo o valor de
mercado do próprio jogador como profissional, mesmo quando ele está seguro
no elenco de uma equipe. Como Kyle observou, “só porque quanto mais alta
você é, mais atraente você parece”. Como tal, muitos jogadores sentiram que
eram obrigados a vencer na fila solo para obter sua classificação, em vez de
usar o modo de jogo como método de treinamento e avaliação de melhorias:
Bem, o teste decisivo para cada jogador da liga é a classificação, eles,
todos olham para a classificação e dizem: “É mais alto? É mais baixo?
Essa é a maneira, você sabe, muito baseada em resultados de dizer
que estamos melhorando em termos de consistência : : : em termos
de curto prazo, olhar para sua classificação não é uma boa ideia para
avaliar se você está melhorando ou não : : : [porque] é um jogo
aleatório, há quatro companheiros de equipe aleatórios e cinco
inimigos aleatórios. —Cris
Esta percepção da importância da classificação é ainda mais
destacada pelo uso de contas “smurf” por alguns. Josh explicou este ponto
com mais detalhes: “muitos jogadores vão praticar a ferramenta : : : . Ou
eles farão um smurf e se concentrarão apenas em obter o máximo de CS
['pontuação de fluência'] possível.” Aqui, os jogadores criam uma segunda
conta para jogar e praticar certos aspectos do jogo na fila solo sem o risco
de perder a classificação na conta principal.
Além disso, foi dada grande importância à vitória nestes jogos soloqueue
disputados fora dos horários de treino da equipa, o que alguns consideraram
que teve um impacto no bem-estar:
Eu não teria comido nada e estaria apenas jogando solo
queue : : : mas se eu perder, também ficarei muito triste o dia
inteiro : : : . E essa é obviamente uma maneira muito tóxica de
fazer isso : : : porque não é como se eu estivesse aprendendo
com as perdas. —Rory
Além disso, havia uma percepção de que não apenas os jogadores
"deveriam" vencer a maioria dos jogos solo-queue, mas que poderia até ser
benéfico ser excessivamente crítico consigo mesmo quando um jogo é perdido:
um dos melhores jogadores do mundo, “Faker”, tem uma taxa de vitória
de 50% a 52% ou algo assim na fila solo. Tipo, é literalmente impossível
vencer todos os jogos. Mas eu disse a mim mesmo durante anos : : : que
cada jogo que perdi, é minha culpa. E eu sou ruim. E eu gostaria de fazer
algo a respeito. O que é, em certo sentido, bom, certo? Porque então você
tende a gostar de melhorar. —Sam
A tendência para comparações de desempenho com outras referências
estendeu-se ao nível da equipe em treinamento. Mais especificamente, os
julgamentos de um jogador sobre a competência de sua equipe foram baseados
no resultado dos jogos contra adversários do scrim, e não em qualquer meio
auto-referenciado:
Bem, eu me lembro : : : tivemos, ah, alguns scrims que estavam indo muito
bem : : : a razão pela qual eu senti que eles estavam indo muito bem foi
porque estávamos treinando : : : a liga acima de onde estávamos, e na
verdade estávamos vencê-los ou gostar de empatar com eles no conjunto
geral de scrim : : : . Eu acho que todo mundo estava
Não autenticado | Baixado em 11/10/23 17:10 UTC

tipo motivado por isso e, uh : : : fez as pessoas pensarem que, ah, na
verdade somos uma equipe muito boa. -James
Tal como no Tema 2A, os jogadores reconheceram que estas comparações
com outras equipas podem não ser bons indicadores do desenvolvimento da
sua equipa, mas não mencionaram uma forma alternativa de avaliar o
progresso:
“Acho que comparar-se com equipes em scrims pode não ser a
melhor coisa, mas é difícil notar melhorias se não for baseado
nas equipes ao seu redor.” -James
Subtema 3C: O Papel do Coach
Nas transcrições, o papel do treinador foi mencionado em vários
graus. Para alguns, os treinadores foram vistos como tendo um papel
importante na redução da avaliação da eficácia e do desempenho do
treino da equipa focada nos resultados e referenciada por outros, e
no destaque de áreas de melhoria fora dos jogos apenas vencedores:
Eu acho que é, hum, principalmente o que os treinadores fazem para
mostrar que você melhorou durante a sessão de scrim, eles vão ficar
tipo, “Oh, você, você não teria feito isso no início da divisão. Mas
agora você está fazendo essa rotação.” -James
Houve poucos casos em que os jogadores mencionaram como o seu
treinador trabalhou com eles individualmente para fornecer feedback orientado
para a tarefa:
Então : : : você está apenas revisando seus jogos, é um a um com
seu treinador, ou pode ser que eu queira melhorar um conceito
do jogo. Então, tipo, ele vai embora, tipo fazer o dever de casa. E
como encontrá-lo em jogos profissionais. . . . E você gostaria de
passar por isso. —Kyle
Para além destes casos, o papel do treinador e o seu impacto na
motivação dos jogadores não foram descritos em detalhe. Alguns jogadores
falaram favoravelmente do seu treinador e indicaram que contribuíram para o
clima da equipa, como Ronan, que sentiu que “basta ter um treinador por perto
em cada equipa que se joga. . . [é] um recurso tão grande”, enquanto outros
como Kyle eram mais céticos e achavam que “há muitos posers semelhantes. . . .
E tem muita gente que gosta, gosta de conversar, mas não gosta muito de se
esforçar.”
No geral, este tema de mudança motivacional pode ser
visto como um antecedente ou consequência da natureza do
treino em League of Legends, conforme descrito no Tema 1.
Em termos do primeiro, os jogadores falaram da importância
da sua classificação pessoal de jogo, do desejo de vencer
contra adversários, mesmo em sessões de treinamento
(scrims), e as possíveis consequências limitantes da carreira de
não manter uma classificação de alto nível (por meio de
vitórias durante a fila solo), mesmo na temporada. Desta
perspectiva, abordagens alternativas de treinamento e
atividades que interfiram no jogo (por exemplo, restrições de
tarefas) ou exijam tempo longe dele (por exemplo,
treinamento físico, descanso ou brincadeiras com amigos)
podem ser percebidas como prejudiciais às suas chances de
subir na classificação. ou carreira. Por outro lado, a ênfase em
resultados, cultura de trabalho,Deci e Ryan, 1980). Outros
fatores capturados no Tema 2, por exemplo, a falta de eficácia,
a falta de escolha e a falta de controle percebido sobre o seu
treinamento (particularmente na fila solo), também deverão
contribuir para esta mudança no
JEGE Vol. 1, nº 1, 2023
TREINAMENTO EFICAZ EM LEAGUE OF LEGENDS 9
motivação. É importante ressaltar que uma “qualidade” mais externa de
motivação e um clima orientado para o desempenho/ego está fortemente
ligada ao esgotamento do atleta no esporte (Ingrell et al., 2019). Portanto, as
atuais práticas de formação podem minar a motivação e o envolvimento
sustentados necessários para atingir um nível de desempenho especializado,
conforme descrito pela estrutura de prática deliberada (Baker e Young, 2014).
Implicações práticas
Os resultados do nosso estudo têm várias aplicações práticas importantes para
os esportes eletrônicos de League of Legends europeus e para aqueles que
trabalham na área. Em primeiro lugar, são necessárias intervenções para
promover as práticas de formação mais eficazes identificadas nas nossas
conclusões e aliviar as consequências emocionais negativas da actual
abordagem “grind” (ou seja, prática de grande volume e baixa qualidade). Os
profissionais de psicologia do desporto aplicada estão bem posicionados para o
conseguir, por exemplo, melhorando os mecanismos de feedback através da
incorporação regular da definição de objectivos no treino, um pilar central do
desenvolvimento de competências (Ericsson et al., 1993). Desenvolvedores de
coaches, especialistas em psicologia organizacional e profissionais de recursos
humanos também terão conhecimentos relevantes para incorporar abordagens
práticas eficazes e sustentáveis em todos os níveis organizacionais. Incentivar
as organizações, de cima para baixo, a promover climas de treino mais
orientados para o domínio, que enfatizem a melhoria auto-referenciada em
detrimento de outras métricas referenciadas, poderia ser uma abordagem
eficaz aqui, por exemplo, reduzindo a importância atribuída à classificação dos
jogadores durante o treino durante a época. Em segundo lugar, os profissionais
aplicados e os investigadores têm um papel importante na educação das
principais partes interessadas sobre a importância de numerosos tópicos
psicológicos (por exemplo, bem-estar, esgotamento) e pedagógicos (por
exemplo, prática deliberada, apoio à autonomia) relevantes para o desempenho
dos desportos eletrónicos. Da mesma forma, as presentes conclusões podem
representar um “apelo à acção” para mais saúde,
Limitações e direções futuras de pesquisas
Uma limitação importante da nossa pesquisa é que o grupo de participantes compreendia uma população de jogadores exclusivamente
masculinos que atualmente competem no League of Legends europeu e, como resultado, nossas descobertas são limitadas tanto pelo
gênero quanto pela cultura. Mais pesquisas são necessárias em diferentes grupos demográficos e regiões de jogo profissional de League of
Legends. Além disso, nossa pesquisa entrevistou apenas jogadores e não incluiu as perspectivas dos treinadores ou da equipe, que podem
ser diferentes. As descobertas deste artigo destacam várias áreas importantes para pesquisas futuras. A pesquisa precisa demonstrar o
valor, através de uma série de métricas de desempenho, de abordagens e métodos de treinamento alternativos que provavelmente
reduzirão o potencial de consequências psicológicas negativas entre os jogadores e aumentarão a longevidade da carreira e a saúde e o
bem-estar pessoal. A partir das nossas descobertas, os métodos de treino existentes muitas vezes colocam ênfase em medidas de
desempenho e quantidade orientadas para o ego, em detrimento da qualidade da prática. Caminhos futuros poderiam se beneficiar ao
explorar a melhor forma de incentivar o desenvolvimento de domínio e conhecimento dentro das restrições de League of Legends, onde a
oportunidade de replicabilidade de cenários e repetição de habilidades é limitada. Também deve ser dada atenção à compreensão de
abordagens de treinamento mais individualizadas, já que os caminhos individuais dos jogadores em direção a níveis de desempenho
especializados provavelmente serão distintos ( os métodos de treinamento existentes muitas vezes colocam ênfase em medidas de
desempenho e quantidade orientadas para o ego, em detrimento da qualidade da prática. Caminhos futuros poderiam se beneficiar ao
explorar a melhor forma de incentivar o desenvolvimento de domínio e conhecimento dentro das restrições de League of Legends, onde a
oportunidade de replicabilidade de cenários e repetição de habilidades é limitada. Também deve ser dada atenção à compreensão de
abordagens de treinamento mais individualizadas, já que os caminhos individuais dos jogadores em direção a níveis de desempenho
especializados provavelmente serão distintos ( os métodos de treinamento existentes muitas vezes colocam ênfase em medidas de
desempenho e quantidade orientadas para o ego, em detrimento da qualidade da prática. Caminhos futuros poderiam se beneficiar ao
explorar a melhor forma de incentivar o desenvolvimento de domínio e conhecimento dentro das restrições de League of Legends, onde a
oportunidade de replicabilidade de cenários e repetição de habilidades é limitada. Também deve ser dada atenção à compreensão de
abordagens de treinamento mais individualizadas, já que os caminhos individuais dos jogadores em direção a níveis de desempenho
especializados provavelmente serão distintos (Ericsson, 2003). Igualmente premente é a investigação sobre o papel do treinador como um
decisor-chave no ambiente de treino e, mais especificamente, na educação e no apoio aos mesmos na utilização de
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práticas alternativas de formação, pedagogias e apoio ao bem-estar (
Watson et al., 2022).
Conclusão
Para concluir, nossa pesquisa representa uma primeira tentativa de desenvolver
uma compreensão das práticas de treinamento e sua eficácia percebida em
jogadores profissionais e semiprofissionais de League of Legends. Este novo
estudo foi necessário à luz da escassez de literatura científica nesta área e
relativamente aos relatos de consequências psicológicas negativas que
surgiram na mídia (Khan, 2020;Kou, 2020). Em termos de nossas descobertas,
nosso primeiro tema “o estado do treinamento” indica que existem práticas de
treinamento altamente padronizadas e socialmente reforçadas em League of
Legends, enquanto nosso segundo tema “experiências de treinamento” destaca
as visões equívocas que cercam a função e a eficácia destas práticas e a “cultura
grind” predominante. Dadas as associações com o mau bem-estar, é
urgentemente necessária investigação para identificar abordagens de formação
que apoiem tanto o desempenho como a saúde pessoal. A educação é
igualmente necessária para informar os jogadores e treinadores sobre essas
abordagens, bem como sobre as estratégias existentes de promoção da saúde
baseadas em evidências (por exemplo, descanso, autocuidado). Nosso tema
final, “mudança motivacional, ” captura como um clima abrangente orientado
para o desempenho culmina na degradação da motivação e experiência dos
jogadores. Portanto, o apoio à autonomia, o cumprimento de metas e as
intervenções climáticas motivacionais para as equipas, bem como a educação
relacionada para treinadores e pessoal organizacional, podem ser
particularmente benéficos aqui. Mais investigação é fundamental para
aumentar a base de evidências a partir da qual informar as intervenções tanto a
nível organizacional como individual.
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