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ESCOLAS DO CAMPO E A
RESISTÊNCIA ÀS POLÍTICAS
HEGEMÔNICAS: UMA
ANÁLISE EM SERRA DO
RAMALHO/BA
Nesse sentido políticas que buscam esse ajuste estrutural vem sendo
instituídas pelo MEC, a exemplo do Programa Nacional de Apoio
ao Transporte Escolar (PNATE) e do Programa Caminhos da
Escola, que tem incentivado a Nucleação Escolar e o deslocamento
de alunos do campo para a escola da cidade, ao custo do
fechamento das escolas do campo [...] (MOURA;SANTOS, 2012,
p. 68).
Quando refletimos sobre o projeto de Educação do Campo
reivindicado historicamente pelos movimentos sociais, entendemos a
urgência de as políticas públicas assegurarem não apenas o acesso do
estudante à educação, mas acesso e permanência na escola em sua
comunidade, considerando a pluralidade sociocultural dos povos do
campo.
...contrariando
PROJETO DE DESNUCLEAÇÃO
• Professores do município:
Serra do Ramalho: Secretaria de 571
Educação (2022) • Professores meio urbano:
126
• Escolas: 40 • Professores do campo: 445
• Escolas urbanas: 06 • Professores classes
• Escolas do campo: 34 (3 escolas multisseriadas: 80
quilombolas, uma escola
indígena, 5 escolas ribeirinhas,
uma escola serrana, 24 escolas
comunidades de
reassentamento) • Classes Multisseriadas na
• Escolas com classes Educação Infantil, nos anos
multisseriadas: 19 iniciais e finais do Ensino
Fundamental e na EJA.
FORMAÇÃO CONTINUADA
Hage (2014) reforça que a escola no local de vivência dos
sujeitos poderá cumprir de forma efetiva com seu processo
de escolarização e oportunizar o acesso a um serviço tão
básico que é a educação. O descumprimento desse quesito
coloca os estudantes em situações de vulnerabilidade, uma
vez que ao deslocar-se para outras realidades pode gerar
processos de exclusão e de descontentamento com a
escola. Esse fato pode levar à evasão e esfacelamento da
educação desses sujeitos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Percebemos que o município de Serra do Ramalho/BA caminha na
contramão do sistema hegemônico, que busca a desterritorialização dos
sujeitos do campo por meio da retirada dos estudantes de seu espaço.
O município vem atuando a partir da compreensão de que fechar
escolas do campo contribui com o despovoamento desse espaço e com
o rompimento dos modos de produção da vida com base na agricultura
familiar.
Nuclear/fechar escola no campo significa negar aos estudantes
campesinos o acesso ao conhecimento histórico/clássico produzido
pela humanidade com qualidade e conforto, pois o deslocamento desse
sujeito para outras realidades causa desconforto, cansaço e, na maioria
dos casos, o sofrimento de bullying nas escolas da cidade.
[...] quanto menos resistência houver maior
será o avanço das políticas neoliberais.
(FREITAS, 1995 apud SANTOS, 2011, p. 17)
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