O documento discute a política industrial brasileira "Nova Indústria Brasil" lançada pelo governo e analisa o contexto econômico internacional. A economia alemã e da UE encolheram no quarto trimestre de 2023, enquanto a China cresceu acima das expectativas, mas abaixo da média histórica. A desaceleração global torna a política industrial brasileira necessária para enfrentar os desafios atuais.
O documento discute a política industrial brasileira "Nova Indústria Brasil" lançada pelo governo e analisa o contexto econômico internacional. A economia alemã e da UE encolheram no quarto trimestre de 2023, enquanto a China cresceu acima das expectativas, mas abaixo da média histórica. A desaceleração global torna a política industrial brasileira necessária para enfrentar os desafios atuais.
O documento discute a política industrial brasileira "Nova Indústria Brasil" lançada pelo governo e analisa o contexto econômico internacional. A economia alemã e da UE encolheram no quarto trimestre de 2023, enquanto a China cresceu acima das expectativas, mas abaixo da média histórica. A desaceleração global torna a política industrial brasileira necessária para enfrentar os desafios atuais.
3 4 A necessária “Nova Indústria Brasil”: um prelúdio... 5 6 Lucas Milanez de Lima Almeida1 7 8 Esta semana, enquanto me preparava para escrever sobre as notícias econômicas 9 da semana passada, o governo brasileiro veio e lançou uma política industrial chamada 10 de “Nova Indústria Brasil” (NIB). Ela tem sido vista como uma bala de prata contra a 11 desindustrialização brasileira. Mas, antes de entendermos o contexto dessa medida, 12 vamos repercutir duas notícias da semana passada. 13 A primeira vem da Alemanha, país onde a economia diminuiu em 0,3%, puxada 14 pela queda nas exportações, nas vendas internas e na produção industrial. Com isso, o 15 país deve ser o de pior performance dentre os grandes em 2023. Além disso, como 16 maior economia europeia, isso também puxou para baixo os dados da União Europeia, 17 que em novembro chegou a três meses seguidos de queda na produção industrial. 18 A China foi um caso à parte, pois teve um crescimento de 5,2% em 2023. Esse 19 dado é melhor que o esperado pelo governo do país, mas ainda abaixo da média 20 histórica. Segundo os analistas ocidentais, o principal problema está no mercado 21 imobiliário chinês, que está em recessão há três anos. Além disso, devido às sanções e à 22 desaceleração da economia mundial, as exportações chinesas caíram pela primeira vez 23 desde 2016. 24 Apesar dos indicativos de que a economia dos EUA não está tão mal, os dados 25 internacionais confirmam que 2023 foi um ano de “pouso suave” e isso deve se repetir 26 no começo de 2024. É justamente isto que torna a “Nova Indústria Brasil” necessária 27 neste atual momento. 28 Não é de hoje que temos destacado a necessidade de o Brasil adotar uma política 29 industrial ampla e contundente. Isso não acontece desde os anos 1980, quando se iniciou 30 a Era da Globalização e a industrialização mundial passou por uma profunda 31 transformação. Agora, mais de 40 anos depois, a organização da produção de 32 mercadorias em escala internacional está sofrendo novas modificações. Isso se dá não 33 apenas em relação ao aspecto geográfico (antes concentrado na Ásia), mas também em 34 relação às tecnologias que guiam o desenvolvimento tecnológico (antes a informação e 35 comunicação). Essa é uma janela de oportunidade que o Brasil deve aproveitar. 36 O momento é tão crítico que até a vertente da literatura econômica que via a 37 política industrial com maus olhos passou a admiti-la, sob certas condições. Isso pode 38 ser visto em alguns pouquíssimos artigos de jornais que circulam no Brasil, mas, 39 principalmente, nos meios científicos internacionais. É tanto que até o Fundo Monetário 40 Internacional publicou recentemente um texto de lançamento do “Novo Observatório de 41 Política Industrial”, em que serão reunidos dados e documentos sobre o tema. 42 De acordo com o texto, as medidas adotadas por China, União Europeia e 43 Estados Unidos corresponderam a 48% do total em 2023. As medidas mais adotadas 44 foram os subsídios concedidos às empresas, mas também tiveram restrições às 45 importações e às exportações. Já as motivações variaram entre questões estratégicas de 46 competitividade, mudanças climáticas, segurança nacional e fatores geopolíticos.
1 1 Professor do DRI/UFPB, do PPGCPRI/UFPB e do PPGRI/UEPB; Coordenador do PROGEB.
2 (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; @almeidalmilanez; lucasmilanez@hotmail.com). 3 Colaboraram: Guilherme de Paula, Valentine de Moura, Helen Tomaz, Gustavo Figueiredo, Raquel Lima 4 e Paola Arruda. 47 O Brasil só agora entrou na disputa. Isto é sintomático, pois representa bem 48 nosso atraso em relação aos países mais avançados, quando o assunto é economia e 49 tecnologia. Reflete bem a nossa própria burguesia e nossos “liberais”, que em grande 50 parte se opõem ferreamente à “intervenção” estatal na economia (o que pode ser visto 51 pelas “opiniões” veiculadas nos maiores meios de comunicação). E isso pode ser um 52 problema. 53 Como se viu, a Confederação Nacional da Indústria aprovou a “Nova Indústria 54 Brasil”. Não é por menos, pois ela será a maior beneficiada pelas medidas e foi bastante 55 ouvida na elaboração da proposta. A questão é que os industriais brasileiros há muito 56 tempo não têm a mesma força política e, principalmente, econômica que já tiveram. Isso 57 pode pôr em xeque a efetividade das medidas, pois a grandeza da proposta requer 58 participação, também, do Estado e do setor bancário-financeiro. Se o objetivo é garantir 59 o desenvolvimento industrial sob os moldes capitalistas no país, será necessária a 60 participação ativa de todos nesse processo. 61 É esperar para ver até onde essa política vai na prática, porque na teoria ela 62 parece muito boa. Em breve falaremos mais dela.