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Resumo
O presente artigo procura saber se as patologias que se registam na reabilitação da linha Beira-
Machipanda, podem provocar o descarrilamento de comboios? Portanto, as apoquentações do
autor, fizeram com que se levantasse o seguinte tema “ Uma reflexão face às patologias que
estão na linha-férrea Beira – Machipanda , em reabilitação”. Aliado a isso, viu-se pertinente
desenvolver uma pesquisa, de modo a se conhecer a causa das patologias, identificar os
possíveis problemas futuros que podem advir delas, apurar as suas formas de mitigação e
sugerir as soluções.
Palavras chaves: reabilitação, descarrilamento, defeitos das linhas férreas, mitigação das
patologias das linhas férreas.
Abstract
This article seeks to know if the pathologies that are registered in the rehabilitation of the Beira
- Machipanda railway line can cause train derailments? Therefore, the author's concerns have
led to the following theme being raised: "A reflection on the pathologies that are present in the
Beira - Machipanda railway line undergoing rehabilitation". Allied to this, it was pertinent to
develop a research, in order to know the cause of the pathologies, identify the possible future
problems that may arise from them, ascertain the ways of mitigation and suggest solutions.
Observamos o descarrilamento dos comboios em Moçambique, que provoca a perda das vidas
humanas, prejuízos financeiros à empresa, e perdas dos deferentes bens. Esses acontecimentos,
associados às patologias que se observam na linha-férrea em reabilitação, levou o autor a
desenvolver esse estudo, com o tema, “Uma reflexão face às patologias que estão na linha-
férrea Beira – Machipanda, em reabilitação”.
Podemos fazer relato de alguns casos de descarrilamento dos comboios, ao nível do território
nacional. Em maio de 2019, na zona de Belas, no distrito de Vanduzi, na província de Manica,
um comboio que transportava carga descarrilou, resultando em perdas de vidas humanas,
ferimentos graves e ligeiros, a passagem dos comboios ficou limitado, fazendo com que se
registasse prejuízos aos dependentes dessa linha-férrea. A composição tinha 34 vagões, 3
tanques cisternas com 120 000 litros de gasóleo.
Em outubro de 2021, uma composição que transportava uma carga de 10 000 toneladas de
carvão mineral, de Moatize à Nacala porto, descarrilou quando quarenta dos cento e vinte
vagões caíram da ponte do rio Namutimba, na província de Niassa, cidade de Cuamba, tendo
atingido crianças que nadavam naquele rio.
No mês de julho, desse ano em curso, 2022, um comboio que transportava 300 passageiros
descarrilou na província de Maputo, em Marracuene, na passagem de nível, sem registar vítimas
mortais, nem ferimentos, todavia, a locomotiva abstruiu a passagem.
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americanos, com vista a melhorar as condições estruturais desse corredor, tanto como o
aumento da capacidade da própria via. Olhando nesse fio de pensamento, no que concerne o
melhoramento, levanta-se uma apoquentação, ao surgir algumas patologias, antes de conclusão
das obras. A análise científica das técnicas construtivas, tipologia das estruturas que são
aplicadas, não está vedada, face aos defeitos que se encontram, nessa ordem de ideias, o autor
levanta a seguinte reflexão, “Será que as patologias que se encontram na linha-férrea, em
reabilitação, Beira-Machipanda, não vão contribuir para os descarrilamentos dos comboios?”.
Nesse trabalho, olhando na reflexão do autor, parte-se às pesquisas científicas para apurar os
possíveis problemas do surgimento das patologias nessa linha-férrea.
Os objetivos específicos são: conhecer a causa das patologias que se registam ao se reabilitar
essa linha-férrea, identificar os possíveis problemas futuros que podem advir dessas patologias,
apurar as formas de mitigação desses defeitos e sugerir as soluções de mitigação.
2. Metodologia de pesquisa
Observação direta.
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3. Fundamentação teórica
3.1.Definições
Ferrovia, que pode ser designada de linha-férrea, caminho de ferro, via-férrea, tanto como
estrada de ferro, é o meio através do qual os comboios se deslocam, cujas linhas são feitas de
ferro.
Gabarito numa linhas-férrea é uma configuração geométrica das dimensões máximas, e a carga
máxima na base do qual o veículo ferroviário pode ser construído (Borges, 2012).
A infraestrutura é formada pelas camadas que se encontram sob o balastro. Plataforma onde faz
parte aterros, taludes de escavação, incluindo as obras de arte que dão suporte a via, e sistema
de drenagem (Cordeiro, 2016).
Balastro é o material que é colocado nas linhas-férreas, resultante da britagem de rochas, onde
as travessas se apoiam.
Travessa é onde os carris se apoiam, elas podem ser de madeira, de aço, de betão, ou de
plásticos. Transmitem as cargas dos carris ao balastro.
Carris é uma viga de aço laminado, com uma seção transversal formada por cabeça, alma e
Patilha (Cordero, 2016, p.12)
Material de ligação é aquele que é usado para unir os carris, na parte do topo, de modo que a
via tenha a sua continuidade e observando o seu alinhamento.
Bitola é a distância interna entre as faces das cabeças de carris (Cordero, 2016).
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O nivelamento longitudinal é o parâmetro responsável pela regularidade do apoio dos rodados
em movimento e assegura a estabilidade vertical dos veículos (Rodrigues, Capitão & Fontul,
2013).
Escala da via é a diferença máxima na altura entre os carris exterior e interior, medida ao centro
da cabeça do carril (Rodrigues, Capitão & Fontul, 2013).
A reabilitação das vias tem como o objetivo de repor, melhorar as condições do seu
funcionamento. O trabalho de reabilitação pode incluir a substituição da superestrutura, a
destacar: carris, travessas e balastro ferroviário.
Pode se melhorar também as condições da infraestrutura, como é o caso das fundações da via,
geralmente até 2 m de profundidade abaixo da base da travessa.
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De facto, este aspeto é muito importante, quer no sentido de dimensionamento mais eficiente
da configuração estrutural, quer em termos da definição das obras.
Um carril numa via-férrea tem as funções de “resistir às cargas descarregadas pelo material
circulante e transmiti-las aos outros elementos da superestrutura da via; realizar o guiamento
das rodas; Conduzir energia elétrica em vias eletrificadas (correntes de sinalização e/ou retorno
da corrente de tração)” (Fortunato, Frontal, Paixão, Cruz, Cruz & Asseiceiro, 2014, p. 12):
3.5. Travessas
Ao escolher as categorias das travessas, deve se fazer uma análise minuciosa, pois cada
categoria, seja de madeira, ou de betão, tem as suas vantagens e desvantagens, portanto, a
seguir estão apresentados as vantagens e desvantagens das categorias de travessas.
Vantagens
As vantagens das travessas de madeiras são: menor custo inicial, resistem a grandes cargas por
eixo, fácil manuseio, bom isolamento elétrico, permite o uso de deferentes categorias de
fixação, possibilita a mudança do perfil do trilho sem troca de travessa, grande flexibilidade,
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rolamento suave, elasticidade, permite instalação nas juntas, absorve melhor as consequências
de um descarrilamento, e aceita reutilização em outras bitolas diferentes.
Desvantagens
3.5.2. Aço
Vantagens
As vantagens de travessas de aço são: vida útil elevada, maior estabilidade lateral da via,
possibilidade de emprego de diversas categorias de fixação, permite utilização em qualquer
traçado, facilidade de manuseio devido ao pequeno peso, permite reutilização após acidente na
linha, manutenção rígida da bitola mesmo em curvas com raios apertados;
Desvantagens
Vantagens
As vantagens de betão monobloco são: vida útil prevista é elevada, confere grande estabilidade
à via, invulnerabilidade ao fogo, invulnerabilidade a insetos e fungos, possibilidade de
fabricação próximo ao local de uso, possibilidade de produção ilimitada, manutenção rígida da
bitola, facilidade de controle de qualidade de fabricação, facilidade de inspeção, menor taxa de
aplicação, por km (menor quantidade por km) e admite diversas opções de fixações elásticas de
trilhos.
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Desvantagens
Vantagens
As vantagens de betão bi-blocos são: vida útil prevista é elevada, confere grande estabilidade à
via, invulnerabilidade ao fogo, invulnerabilidade a insetos e fungos, possibilidade de fabricação
próximo ao local de uso, facilidade de controle de qualidade de fabricação, facilidade de
inspeção, facilidade de manuseio, menor peso e maior possibilidade de reaproveitamento após
acidentes na via.
Desvantagens:
3.5.5. Plásticos
Vantagens
Desvantagens
As desvantagens de travessas plásticas são: alto custo inicial (apesar de ser fabricado com
plástico de reciclagem, o valor agregado ao material continua sendo elevado), trincas e fraturas
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na zona de pregação, excessiva variação de bitolas quando da elevada amplitude térmica à qual
o material é exposto e fraturas na região central.
Vantagens
As vantagens da superestrutura em laje são: alta resistência e durabilidade, pode ser usado em
parceria com travessa bi-bloco de betão e a laje pode conter outros materiais, como borracha.
Desvantagens:
MPS traduz-se por ações de vigilância e controlo que se destinam a detetar anomalias, antes
que estas possam causar danos, e visam recolher informações de diagnóstico que permitam
programar as ações de conservação (Rodrigues, Capitão & Fontul, 2013).
MC (Manutenção Corretiva)
Na manutenção das vias férreas depara-se com os problemas de avaria de empeno, que pode
ser entendida como, “alterações bruscas de nivelamento transversal, as quais se traduzem em
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irregularidades no apoio dos rodados, correspondendo à distância vertical de um ponto ao plano
formado pelos outros três “(Rodrigue, Capitão & Fontul, 2013).
Em certos casos, é necessário auxílio de equipamentos para poder se apurar, se a via apresenta
defeito ou não, nesse contexto, são deferentes tipos que se pode recorrer.
Cada equipamento é aplicável para umas certas categorias de defeito, assim podemos ver a
explicação:
George Stephenson criou a primeira locomotiva, que começou a circular no dia 27 de setembro
de 1825 que transportou 450 passageiros, a uma velocidade de 20 km/h. Mais tarde George se
juntou ao seu filho e formou a primeira fábrica de locomotiva no mundo.
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4. Descrição da linha-férrea Beira-Machipanda
Fora das políticas para a construção da linha-férrea que liga Beiras-Machipanda, a construção
propriamente dita início em 1893, e entrou em funcionamento em 1896, em pequeno cais no
porto.
Mediante as políticas do seu projeto, fundamenta-se a razão da ideia da construção dessa linha-
férrea:
A linha compreende uma extensão de 318 km. Nesse caso, o comboio não levava uma
velocidade acima de 30 km/h, pelas condições da via. Com a reabilitação reduzirá o tempo de
viagem, de 18h-12h, já com uma velocidade máxima permitida de 60 km/h. Cerca de 300 mil
toneladas de cargas eram escoadas para o vizinho Zimbábue, mas após a reabilitação, poderá
escoar cerca de 300 Milhões toneladas de cargas, o que vai trazer vantagens à Empresa, e a
economia do Zimbábue, tanto como para outros países da África Austral.
Ao longo dessa via, estão implantadas 14 Estações e 29 Apeadeiras, a sua gestão está integrada
no Corredor do Desenvolver da Beira.
A previsão para entrega das obras, está para a primeiro trimestre do ano de 2023. O lançamento
aconteceu em agosto de 2019, com a duração de 2 anos, com um investimento de 200 milhões
de dólares.
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Reabilitação da Linha Férrea, Beira-Machipanda, com vista a atender as questões de resiliência
e sustentabilidade, ainda se espera que melhore a capacidade de toneladas dos vagões que
circulam nessa linha, de 60 toneladas às 80 toneladas.
Fonte: Autor
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7. Coleta de Dados
As imagens que se seguem, mostram as patologias que foram identificadas pelo autor, durante
a reparação da linha-férrea, Beira-Machipanda:
Fonte: Autor
Imagem 3: Fissuras
Fonte: Autor
Imagem 4: Quebra devido o descarrilamento de comboio
Fonte: Autor
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Imagem 5: Aplicação de travessas de betão na junta de trilhos
Fonte: Autor
8. Análise dos dados
As fissuras têm o sentido, da parte superior da peça, e prolonga até ao meio da travessa, em
certos casos se divide em duas partes.
A maioria das peças apresenta três fissuras, duas das extremidades, uma no meio, mais
profunda.
9. Conclusão
A disposição das fissuras, com o sentido, de parte superior a inferior, logo ao meio vão, com
uma divisão da peça em duas partes, mostra que as peças com essas patologias, não apresentam
a resistência suficiente face ao carregamento.
Não se fez nenhum tratamento da infraestrutura, cujas fundações não suportam a carga que é
transmitida a elas, fazendo com que as peças sejam tracionadas na parte superior da travessa.
Em algumas partes, as extremidades das travessas estão suspensas, pois, elas não estão sentadas
no balastro nivelado, nesse caso, o peso de comboio, em cada uma das extremidades das
travessas, sendo pontuais, tracionam a atravessa originando fissuras, isto é, apresentam apoio
na zona central.
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O não nivelamento da plataforma onde senta as travessas, e a inexistência ou insuficiência de
balastro, é fator que pode provocar o descarrilamento dos comboios, durante a reabilitação da
linha.
A união de dois caris sobre uma travessa, provoca a descarrega de uma força pontual, através
da extremidade de ligação, provocado pela influência do peso de comboio, antes de chegar
nessa travessa, portanto, essa prática condiciona o esmagamento das travessas.
Após a realização da pesquisa conclui-se que, as patologias que se registam nessa linha em
reabilitação, algumas podem causar o descarrilamento de comboios, e outras simplesmente
precisam de uma manutenção corretiva. O essencial para a equipa técnica, é não só se limitar
aos defeitos observáveis aos olhos humanos, mas aprofundar analisá-los, com auxílio de
equipamentos da especialidade, para que a linha em reabilitação, tenha uma qualidade
excepcional. Esperamos que antes dos inícios dos trabalhos, tenha se feito o estudo minucioso
das infraestruturas, de modo a minimizar os defeitos capazes de causar graves acidentes.
10. Sugestões
Deve-se fazer uma avaliação das patologias encontradas, se acontece em toda extensão nas
travessas colocadas. Se as travessas foram dimensionadas, e ensaiadas para funcionarem
assentem numa base plana, então deve se nivelar o apoio, de modo que a carga seja transmitida
ao solo de forma uniforme.
No caso de partes onde as fundações não são capazes de absorver as solicitações, deve se
estudar as infraestruturas, e melhorar a sua capacidade. Uma vez que, o defeito da infraestrutura
sempre vai provocar patologias na superestrutura.
Caso os Engenheiros que lideram os trabalhos, optem por substituição das travessas que só se
quebraram, e não se colmatar a origem dos defeitos, as novas travessas irão se quebrarem
também, exigindo sempre uma intervenção imediata, porém os comboios podem descarrilar.
Existem defeitos que não são possíveis identificar, só através de uma observação direta,
requerem equipamentos próprios, nesta ordem de ideia, deve-se fazer uma avaliação, para se
apurar defeitos que surgem, não visíveis. Ignorado essa etapa, pode acontecer o caso, de se
notificar a falha, através de descarrilamento de um comboio, o que é mais desvantajoso, coloca
em risco de vida da população, dos ocupantes, perda de carga, danos a própria linha- férrea e a
locomotiva, limitação de circulação de outros comboios.
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A Substituição das travessas danificadas pelo descarrilamento de comboio é pertinente, pois, se
ignorar essas travessas, os comboios continuando a circular, podem condicionar um acidente
grave.
Esperamos que a equipa técnica esteja a fazer os trabalhos, de modo a, colmatar os defeitos e
tenham uma observação científica aprofundada e sustentável, quanto à funcionalidade,
segurança e economia. Também reforcem a Manutenção Preventiva Sistemática (MPS).
A ignorância das bases científicas ou o seu desconhecimento, gera prejuízos que seriam
evitados por um simples conhecimento.
Referências bibliográficas
Fortunato, E.; Frontal, S.; Paixão, A.; Cruz, N.; Cruz, J.; Asseiceiro, F. (2014). Reabilitação
de uma Linha férrea de mercadorias.. Geotecnia n.º 131 – pp. 95-112. Coz
Rodrigues, D.D.; Capitão, S.; Fontul, S. (2013). Casos Práticos de Manutenção de Vias-
Férreas em Portugal. Instituto Politécnico de Coimbra.
Sampaio, T.H. (1988) Faculdade de ciências e letras Novos tempos, novas formas de
dominação: a construção do caminho de ferro de Beira em Mozambique (1891-1897)
https://www.cfm.co.mz/index.php/pt/documentos-e-media/destaques/385-arranca-a-
reabilitacao-da-linha-de-machipanda online
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