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Em seguida, na experiência do amor, cada consciência busca colocar seu ser-para- outro

a salvo na liberdade do outro.


Mas basta que os amantes sejam vistos juntos por um terceiro para que cada qual
experimente a objetivação, não apenas de si, mas também do outro.
Objetivação é um processo pelo qual o espirito humano se afasta da sua real natureza
subjetiva. Esta é a verdadeira razão pela qual os amantes buscam a solidão. É porque a
aparição de um terceiro, seja quem for, é a destruição de seu amor, ou seja, com o
aparecimento desse terceiro vai prejudicar ou se calhar destruir o amor entre os dois,
porque “o amor é a dois” e não a três.
Mas a solidão de facto (estamos sós em nosso quarto) não é de forma alguma solidão de
direito. Na verdade, ainda que ninguém nos veja, existimos para todas as consciências e
temos consciência de existir para todos: Resulta que o amor, enquanto modo
fundamental de ser-para-outro, tem em seu ser-para-outro a raiz de sua destruição.
Em segundo lugar, o despertar do outro é sempre possível, a qualquer momento ele
pode fazer-me comparecer como objeto: daí a perpetua insegurança do amante.
Em terceiro lugar, o amor é um absoluto perpetuamente feito relativo pelos outros. Seria
necessário estar no mundo com o amado para que o amor conservasse seu caráter de
eixo de referência absoluto.
Na perspectiva de Sartre “o amor não mais consiste na justificação da existência, sendo
antes disso, um aliado, entre outras tarefas, na busca de realização existencial.
O masoquismo, tal como o sadismo, é assunção de culpabilidade. Sou culpado, com
efeito pelo simples fato de que sou objeto. Culpado frente a mim mesmo, posto que
consinto em minha alienação absoluta: culpado frente ao outro, pois dou-lhe a ocasião
de ser culpado, ou seja, de abortar radicalmente minha liberdade enquanto tal.
Masoquismo é uma tentativa, não de fascinar o outro por minha objetividade, mas de
fazer com que eu mesmo me fascine por minha objetividade-para-outro.

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